Os importantes passos da vida de nosso Salvador, Cristo, conforme narrados pelos quatro Evangelhos, compõem o esquema geral de Iniciação para todos nós, enquanto desenvolvemos gradualmente o Espírito do Cristo em nosso interior, o Cristo Interno.
Os quatro Evangelhos descrevem, dramaticamente e em símbolos, os incidentes que serão encontrados no nosso Caminho da Santidade.
Sabemos que havia três seres dentre os Discípulos mais íntimos do Cristo que alcançaram o pináculo da Iniciação. E os Evangelhos contêm um maravilhoso relato de do elevado contatos deles com a Memória da Natureza. Os três Discípulos eram: João, o bem-amado ou, em outras palavras, o mais avançado; Tiago, o primeiro a sacrificar sua vida pelos preceitos da nova Religião instituída por Cristo – o Cristianismo, e Pedro, a rocha, simbolizando o poder da fé e obras, sobre as quais a Religião Cristã foi estabelecida. Diz o Evangelho que “os levou para o Monte”[1], explica Max Heindel que esse é um termo místico significando a Iniciação.
Max Heindel não foi um intérprete das Escrituras, segundo o seu próprio entendimento. As informações mencionadas foram colhidas através de visão espiritual e contato pessoal com a Região do Pensamento Concreto, na qual o Iniciado pode examinar as verdadeiras gravações feitas na Memória da Natureza.
Um dos mais importantes pontos desse relato é que os Discípulos averiguaram, durante a sua Iniciação, a realidade do Renascimento, uma vez que Moisés e Elias eram expressões de um mesmo espírito. Esse fato ilustrava o que o Cristo havia lhes dito a respeito de João Batista: “Esse é Elias, que devia vir”[2].
Dessa forma, fica mais e mais aparente que o Cristo ensinava reservadamente aos seus Discípulos o fato do Renascimento. Porém, essa doutrina deveria constituir um ensinamento esotérico por muito tempo, conhecido somente de alguns pioneiros. É da maior significação que o trabalho real de Cristo-Jesus começou após a Transfiguração, quando preparou setenta pessoas como mensageiras e as enviou em grupos de dois para cada lugar onde elas deveriam ir.
Nos lugares onde eram bem recebidas, deviam ficar, curar os enfermos e pregar as boas novas. Quando não as recebiam, deveriam sacudir “o próprio pó das suas sandálias”.
Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que há três passos importantes no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz: o primeiro, quando o Estudante Rosacruz dá o primeiro passo, atraindo a atenção do Irmão Maior; o segundo, quando é admitido para o Probacionismo e assume a solene obrigação de servir a Humanidade por meio do sacrifício de sua natureza inferior (“eu inferior) ao Eu superior, ocasião em que a sua aura se mescla com a do Irmão Maior. O próximo passo é o Discipulado: não poderá mais voltar atrás, já que caminho do Discipulado foi comparado com a torre de uma igreja: estreita-se gradativamente até o topo, encontrando a solitária cruz.
Aí é o ponto máximo de provação do Aspirante à vida superior e os grandes problemas de disciplina espiritual aparecem, inicialmente, como dificílimos. No entanto ele deve continuar a trabalhar consciente e inconscientemente para frente e para cima, rumo ao próximo passo que é o de Irmão Leigo ou Irmã Leiga, para o grande clímax que na história do mais nobre de todos que tenham percorrido o Caminho do Cristão Místico foi chamado de Transfiguração.
A Transfiguração representa uma ocorrência, durante a qual um processo de transfiguração se efetua no corpo do Iniciado. A essência das experiências vividas e a união da Mente com o Coração produzem uma luz radiante que penetra todos os seus Corpos e veículos.
Temos agora uma melhor compreensão a respeito da Transfiguração, conforme narrada nos Evangelhos. Devemos lembrar que foram os veículos de Jesus que ficaram temporariamente afetados pelo Espírito de Cristo na Transfiguração. Escreve Max Heindel: “A Transfiguração, de acordo como é revelada na Memória da Natureza, mostra o corpo do Cristo de um branco deslumbrante, assim evidenciando Sua ligação com o Deus-Pai, o Espírito Universal. Não há nada no mundo tão raro e precioso como aquele extrato do ser humano: o Cristo Interno. E quando cresce, ele brilha através do corpo transparente como a Luz do Mundo”.
O estudo cuidadoso da vida de Cristo-Jesus, conforme relatada pelos Seus Discípulos, nos quatro Evangelhos, mostrará que Ele deixou a Sua orientação para qualquer tipo de problema que nós, como Aspirantes à vida superior, eventualmente encontraremos no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Derramando a Sua enorme força espiritual sobre nós, Ele acalma as tempestades do excesso emocional, cura a grande enfermidade que é a ignorância, devolve a visão aos cegos pelo materialismo, expulsa os demônios do ódio e do egoísmo, derrotando o último grande adversário: o medo da morte. Aqui temos o verdadeiro sentido da redenção: a vitória sobre a alienação do ser humano dele mesmo, dos outros e de Deus!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: At 1:12
[2] N.R.: Mt 11:14
O Estudo Bíblico Rosacruz é fundamental para o Estudante Rosacruz a fim de ajudá-lo a equilibrar cabeça-coração, intelecto-coração, razão-devoção, ocultista-místico Cristão.
Sabemos que os eventos na vida de Cristo representam etapas sucessivas no Caminho da Iniciação para os Cristãos (Místicos e Ocultistas) que estão trilhando esse caminho, que na Fraternidade Rosacruz é o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.
Nesse Estudo vamos detalhar o que são as Bem-aventuranças, como se capacitar para vivenciá-las e algumas significâncias esotéricas das primeiras Bem-aventuranças.
Para saber mais sobre esses assuntos é só clicar aqui: Estudos Bíblicos Rosacruzes: Estudos Bíblicos Rosacruzes: Significância Esotérica de alguns pontos – Evangelho Segundo S. Mateus: Capítulo 5 – Versículos de 10 a 12
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Resposta: Talvez uma razão fundamental para tanto distúrbio e violência entre nós seja o fato de que nós estamos atravessando um período em que forças antagônicas lutam por dominar a nossa consciência e o mundo que nos cerca.
A Filosofia Rosacruz afirma “o caminho evolucionário da Humanidade está indissoluvelmente ligado as Hierarquias Criadoras que regem os Astros e são os Signos do Zodíaco”.
A passagem do Sol e dos Astros através dos doze Signos zodiacais assinala o nosso progresso no tempo e no espaço. “Presentemente, o Sol, pelo movimento chamado de Precessão dos Equinócios, percorre o Signo de Peixes, encerrando uma Era de superstição e escravidão intelectual. Estamos já penetrando na Órbita de Influência de Aquário, um Signo intelectual, científico e altruísta. Desta forma sofremos a ação de vibrações Astros diferentes em nossa consciência e ao nosso redor”.
Os menos evoluídos são incapazes de manter-se num ponto de equilíbrio desejável para um progresso mais seguro.
Outro ponto a considerar: os separatistas Espíritos de Raça, engendrando diferentes Religiões, costumes, idiomas, tradições, leis, etc., influenciam grande parte da Humanidade, promovendo atritos e guerras. Lembrando que o objetivo dessas Religiões de Raça – mantidas pelos Espíritos de Raça é para que a pessoa que está sob tais Religiões se esforcem para conquistar o seu Corpo de Desejos. Somente com o unificante poder do Cristo, pode-se eliminar a força dos Espíritos de Raça, removendo assim a causa principal da violência.
Cristo encontra-se além dos outros Arcanjos, pois é o mais elevado Iniciado do Período Solar; o Arcanjo que aprendeu tudo que um Arcanjo deve aprender nesse Esquema de Evolução. Seu veículo inferior é o Espírito de Vida, não usando outro mais denso. O Mundo do Espírito de Vida é o primeiro mundo cósmico, ou seja: o Mundo onde não existe a separatividade, somente a Fraternidade. Unicamente pelo poder do Espírito de Vida é que o sentimento extremado de nacionalidade pode ser superado e a Fraternidade Universal tornar-se uma realidade.
Deve também ser lembrado que ao final de ciclos evolutivos (que é o momento que estamos: final da Era de Peixes, mas já na Órbita de Influência da Era de Aquário) renascem muitos Egos poucos evoluídos, os quais recebem assim sua oportunidade final de avançar suficientemente a ponto de não se perderem de seu grupo evolucionário. É desnecessário dizer que os Egos menos evoluídos são provocadores das ondas de violência, desejando atingir seus objetivos.
Outro fator a ser considerado diz respeito às dívidas de Destino Maduro (aquelas que só podem ser resgatadas através da expiação) geradas no passado por indivíduos e nações. Desde os tempos em que começamos a fazer uso do nosso livre arbítrio, o egoísmo e a crueldade compuseram parte do cenário terrestre. Debaixo da Lei de Causa e Efeito toda maldade deve ser resgatada com sofrimento, dor ou algo parecido. Se vivemos pela espada, morreremos pela espada. Se não acontecer em uma existência, sobrevirá na outra. Somos livres para decidir por um curso de ação, porém, essa liberdade nos traz a consequente responsabilidade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz junho/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: As adversidades são mais benéficas que os fatos agradáveis que nos sucedem. O indivíduo comum – mormente o que não se dedica aos estudos espirituais esotéricos dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental – dificilmente aceitará ou compreenderá esta afirmação, mas o Aspirante à vida superior, por certo, reconhecerá a verdade subjacente nestas palavras.
Em uma de suas “Cartas aos Estudantes”, Max Heindel afirma categoricamente: ” As provas são um sinal de progresso e uma causa de grande regozijo”[1]. E segue explicando que, uma vez alguém reconheça suas responsabilidades espirituais e enverede pelo caminho da espiritualidade, passa a receber contínuas oportunidades de expiar as “dívidas morais” contraídas em vidas passadas sob a Lei de Causa e Efeito.
Todo ato perverso cometido e todo pensamento desarmonioso emitido devem ser compensados. Deve haver restituição, seja diretamente a pessoa atingida, seja por meio de serviço altruísta prestado a outrem. Se o indivíduo sofre, é porque violou as Leis da Natureza – que são as Leis de Deus – e não pela vontade de um “Deus caprichoso”.
As adversidades que se manifestam como privações e sofrimento, em realidade, são oportunidades de aprendermos nossas lições – lembrando: que nós mesmo escolhemos! – e, consequentemente, crescer moral, mental e espiritualmente. Devemos expiar, aprender e crescer. Cabe-nos superar todos os resíduos de destino. Isso é imprescindível se desejamos ser suficientemente puros para conquistar o elevado grau de espiritualidade, exigível na culminação de nossos esforços para o despertamento do Cristo interno. Naturalmente, quanto mais rápido isso acontecer, mais aptos estaremos para assumir nossa responsabilidade de servir à Humanidade.
Mais capacitados, ainda, estaremos para ajudar nossos semelhantes a trilharem o mesmo Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz que agora estamos percorrendo.
Cada prova a nos atormentar, cada dilema a nos confundir, cada sensação de dor ou conflito – seja existencial ou espiritual – a nos abalar, representam oportunidades de crescimento. O recebimento dessas oportunidades é, em si mesmo, um sinal de progresso.
As Potestades Superiores estão conscientes de nossos primeiros esforços no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Reconhecendo nosso empenho sincero, imediatamente fazem com que as provas se interponham em nossa caminhada.
Entendidos dessa forma, esses obstáculos são, inquestionavelmente, grandes bênçãos em nossas vidas!
Os benefícios que as provações nos trazem dependem de nossa atitude em relação a elas. Se deploremos nosso destino, só nos preocupamos; se, de alguma forma, reagimos negativamente, fazendo concessões à natureza inferior, perderemos a oportunidade de progredir. Se não aprendermos a lição da primeira vez, podemos estar seguros de que outra oportunidade se oferecerá e, provavelmente bem mais desagradável.
Não podemos fugir indefinidamente. O fracasso da primeira vez significa uma segunda prova ou quantas mais forem necessárias. Neste caso, a adversidade já deixou de ser uma benção para se converter num obstáculo ao nosso progresso.
Se reconhecermos em cada prova a sua verdadeira natureza; se encararmos o problema de frente, com alegria e otimismo, convictos de que no final tudo se resolverá satisfatoriamente, então, veremos como as coisas não são tão amargas como imaginávamos. Se reagimos a cada dificuldade, inspirados nos Ensinamentos Cristãos – como preconizados pela Fraternidade Rosacruz –, nos cuidando de, sob a mais extrema provação, agir compassivamente, fazendo o possível para promover a harmonia, daremos um grande passo em direção a nossa meta espiritual. Aprenderemos importantes lições de uma forma menos dolorosa e seremos beneficiados com um crescimento anímico inimaginável. Então, certamente, a adversidade terá sido um privilégio.
As provas, como bem o sabemos, assumem formas diversas. Vão desde o mais evidente até o incrivelmente sutil. Chegam a nos desafiar em assuntos de bem-estar físico e estabilidade emocional. Entram em nossas relações com a família, os amigos e conhecidos. Importuna-nos no trabalho e perturbam nosso descanso. Frustram nossos planos e interferem com nossas esperanças e nossos ideais.
Em certo sentido, é correto afirmar que estamos sendo constantemente provados. E se vivermos cada minuto de nossas vidas como sabemos que Cristo desejaria que o vivêssemos, então passaremos todas nossas provas gloriosamente.
Considere por um momento o significado desta afirmação: “Se vivermos cada minuto de nossas vidas como sabemos que Cristo desejaria que o vivêssemos”. Há, dentro de nós, uma pequena voz chamada consciência, dizendo como nos portar em qualquer eventualidade.
Devemos responder com paciência e amor, não importa que injustamente pareçamos ser tratados por outro indivíduo. Sabemos que se alguém necessita de ajuda, devemos prestá-la, deixando de lado nossos interesses pessoais. Sabemos, também, que em momentos de dificuldades econômicas, aparentemente sem solução, se apresentam, por si mesmas, saídas alternativas, quando recorremos a meditação e oração – como nos ensinam a Filosofia Rosacruz. E sabemos, ainda, que nossas aparentes tribulações perdem importância quando, observando o mundo ao redor, constatamos a situação muito mais desesperadora de outras pessoas. Aí, então, nos sentimos impelidos a aliviar seus sofrimentos.
Se, depois de estudarmos os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, nos perguntarmos como agiria o Cristo em uma determinada situação, logo o saberíamos. O Cristo em todas as circunstâncias seria compassivo, paciente, compreensivo e amoroso. E nós podemos agir dessa forma… se o quisermos. Afirmar tudo isso é fácil, e crer também. Difícil é fazê-lo! Mas, podemos manifestar essas elevadas virtudes… se o quisermos. Isso, claro, é difícil, porque via de regra “não o queremos”. Nossa natureza de desejos predomina sobre a razão e obtém o melhor do nosso Eu Superior. Os sentimentos de altruísmo sucumbem ante a tirania da Personalidade e o amor fraternal é vencido pela satisfação de si mesmo.
Quando fracassamos em uma de nossas provas podemos estar certos de que isso aconteceu por uma razão egoísta. É muito mais cômodo retribuir com a mesma moeda e tratar com agressividade alguém que nos tenha acusado injustamente, ou agindo de má fé. Requer-se um caráter altamente evoluído para “caminhar o outro quilômetro”[2], procurar a “divina essência oculta” dentro de tal pessoa e se sobrepor as suas palavras vilipendiosas.
É egoísmo fugir de uma situação, porque a fuga, naquele momento, parece ser o caminho mais fácil, uma forma de alívio ou a saída para não encarar o problema de frente.
É egoísmo nos preocupar, nos impacientar, alimentar temores, porque isso é desperdiçar tempo valioso que melhor seria empregado em propósitos construtivos.
Em realidade, é egoísmo fazer coisa que nos impeça de passar por uma prova, porquanto consiste numa recusa em progredir. O crescimento de um indivíduo acrescenta muito à evolução da Onda de Vida humana. Caso uma só pessoa relute em fazer sua parte, impedirá que nossa Onda de Vida avance um pouco mais.
Se alguém considera exagerada esta afirmação lembre-se de que “uma corrente e tão forte como seu elo mais fraco”. Qualquer pessoa incapaz de assumir sua responsabilidade e se empenhar no seu fortalecimento mental, moral e espiritual, está debilitando a corrente que é a nossa Onda de Vida.
Não esqueçamos: esta mesma Onda de Vida está destinada a evoluir até o ponto de, vestida com o Dourado Traje de Bodas – o Corpo-Alma-, se tornar capaz de fazer a Terra levitar no espaço, liberando o Espírito de Cristo dos grilhões que o prendem ao nosso Planeta.
Se pensarmos como fracasso em passar por uma prova constitui um obstáculo à consumação desse glorioso dia, talvez sejamos mais persistentes e escrupulosos em nossos esforços.
Então, aprendamos a aceitar nossas adversidades como bênçãos, recordando que procedendo assim ajudaremos a nós mesmos, a nossos semelhantes e ao Espírito de Cristo.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1986 – Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: Carta ao Estudante nº 72 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
[2] N.R.: Mt 5:39
As “Escrituras” apresentam as várias seções da Oração do Senhor na ordem adequada a nós, operando em seu nível mais alto, que está em contato com Deus. Na discussão que se segue, que parte do ponto de vista de nós focados em nosso nível mais inferior, na Região Química do Mundo Físico, a ordem das seções foi alterada para enfatizar nossos níveis graduados de aplicação.
A Oração do Senhor pode ser interpretada de vários pontos de vista diferentes, todos válidos. No nível mais baixo ou exotérico, é pura e simplesmente uma oração de pedido contendo um conjunto de reivindicações a Deus. Uma indicação clara de que essa oração se aplica a outros níveis também é o fato de que, como pedidos, certas partes da oração soam incongruentes ou são enganosas.
Provavelmente, a frase mais chocante e incongruente é o pedido a Deus para “não nos deixeis cair em tentação”, pois certamente Deus sabe o que faz. Pedir a Deus pelo nosso pão diário é incerto, pois isso não faz “o maná cair do céu”. Há um processo social complicado de produção e distribuição de alimentos. Aqueles que estão diretamente envolvidos na produção de alimentos fazem um excedente para a comunidade distribuir para aqueles que ajudam de outras maneiras. Em outras palavras, o pão diário tem que ser ganho pelo serviço à comunidade.
Todas essas dificuldades são esclarecidas quando a prece é interpretada de níveis progressivamente mais altos ou esotéricos. De um ponto de vista um pouco mais elevado, que é direcionado para dentro de nós, a Oração do Pai-Nosso se torna um manual de instruções para o cuidado e manutenção dos nossos vários veículos que nós, Espírito, possuímos. Quando assim considerada, a Oração revela a complexidade desses veículos. Primeiramente, recebemos um Corpo Denso e o “manual de instruções” diz: “Dê-lhe comida, diariamente”. “Perdão” é o bálsamo para o próximo veículo, o Corpo Vital que permeia o Corpo Denso e produz vitalidade ou a falta dela.
A matéria física, por exemplo, o cálcio, nunca fica doente; é a força vital e organizadora que, quando funciona mal, produz, nesse caso, as doenças ósseas. Isso se deve ao “pecado” ou transgressão das Leis de Deus. Em um nível óbvio, a raiva e a irritabilidade são fontes bem conhecidas de doenças. Em um nível mais sutil, todas as doenças são causadas por emoções, sentimentos e desejos em desarmonia (ou seja, criados a parte do uso de material das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo). Quando a harmonia mental e espiritual é restaurada, a força vital funciona em harmonia e ficamos sadios e não doentes. “Tentação” é o problema dos nossos desejos, sentimentos e das nossas emoções, mostrando a necessidade de controlá-los. Somos nós que devemos controlar nossos desejos para não cair nas tentações.
“Livrai-nos do mal” é uma diretriz para a Mente, pois a razão pode ser usada objetivamente e sem emoção para planejar atos bons ou ruins.
É somente no nível do pedido que a oração é passiva. Em qualquer grau mais elevado, ela é dinâmica, pois requer uma ação definida nossa. Como um “manual de instruções”, a Oração não apenas mostra a complexidade dos nossos veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente), mas também a responsabilidade dada por Deus em reação a eles, por isso temos que cuidar dos nossos veículos e usá-los sabiamente.
No próximo nível mais alto, um direcionado para fora, a Oração do Senhor é um manual ambiental que define as nossas relações com um ambiente complexo que inclui nossos semelhantes. No nível físico, a Terra deve ser mantida como uma fonte contínua de alimento (o “pão diário”) e temos que cuidar e zelar do nosso ambiente físico para mantê-lo como fonte renovável de vida e energia, que são a base da ciência da ecologia. Assim como podemos poluir a Terra física e torná-la um deserto, também podemos poluir as atmosferas vitais, emocionais e mentais ao nosso redor. Certas áreas podem se tornar salubres ou irritantes; certas atmosferas podem gerar raiva e violência ou promover tranquilidade; e certos grupos podem fomentar o pensamento maligno, egoísta ou o planejamento altruísta. Assim, a Oração indica que o nosso ambiente também é deixado sob nossos cuidados e custódia e temos que trabalhar ativamente para mantê-lo bem, porque somos tão responsáveis pelas condições ao nosso redor quanto pelas condições dentro de nós.
Outro passo para cima eleva a oração a níveis espirituais onde define claramente as nossas qualidades espirituais e nosso relacionamento com Deus. A oração é dirigida a “nosso Pai” nos “Céus”. Nosso Pai é conhecido somente através de Sua Vontade, um Princípio abstrato — razão pela qual Cristo não pôde “mostrar” o Pai aos seus Discípulos como solicitado por eles (Jo 14:1). O que podia ser visto era Cristo fazendo a Vontade do Pai (Jo 14:8-11). Similarmente, o princípio abstrato da justiça não pode ser mostrado, exceto através de pessoas praticando as Leis de Deus. A frase de abertura nos lembra que é em prol da Vontade de Deus que estamos aqui na Terra e a tarefa a ser cumprida é dada por este pedido: “Seja feita a Tua Vontade assim na Terra como no Céu”. “Céu” é onde Deus governa e Sua Vontade é feita; Cristo indicou que o “Céu” está entre nós (Lc 17:21). Esta fase da oração ensina que a Vontade de Deus, que é o Princípio espiritual do Amor dentro de nós, deve ser manifestado na Terra.
O poder energizante que torna possível a manifestação da Vontade de Deus é o “nome” de Deus usado em um sentido similar ao “nome da lei” que motiva a conduta dos oficiais da lei, ou o “nome da caridade, misericórdia, piedade” e assim por diante, usado como força motivadora. Quando Adão – nós, como Humanidade, na Época Polar – “nomeou” os animais (Gn 2:19), ele deu força à forma; isto é, ele energizou “modelos de argila” (terra). Na realidade são níveis de matéria energizante. Forças energizantes podem ser usadas para o bem ou para o mal, de maneira altruísta ou egoísta; portanto, a Oração insiste que o “nome” de Deus, que é uma força criadora, seja “santificado”; isto é, usado reverente e responsavelmente para criar apenas o bem em todos os níveis (físico, vital, emocional e mental).
“Venha a nós o vosso Reino” relaciona-se diretamente com a missão do Cristo de despertar Deus ou o Bem em nós, quando este governar a Terra, mas não como um Reino dividido onde as obras de Deus e do diabo correspondem a direções conflitantes do nosso Eu superior e “eu inferior”; mas como um reino imaculado, unificado e inspirado por Cristo sob a direção do nosso “Cristo interior” (Cl 1:27), com seus Eu superior e “eu inferior” combinados em nós.
Por fim, a frase final “porque vosso é o reino, o poder e a glória para sempre” dedicam todo o projeto, depois de concluído, como uma oferta de amor ao nosso Pai, Deus.
À medida que nos desenvolvemos espiritualmente, nos tornamos mais e mais conscientes das forças complexas e maravilhosas que o auxiliam e a Oração se torna uma prece de louvor e ação de graças. Percebemos que somos Ego, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana, manifestado aqui como um Tríplice Espírito feitos à imagem de um Deus Trino (Pai, Filho e Espírito Santo) e estamos desenvolvendo os três aspectos espirituais (Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano) em nós, usando as contrapartes veiculares deles (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos, respectivamente). As várias partes da Oração mostram as ligações e dependências de nossos veículos com nosso Tríplice Espírito e, finalmente, com nosso Deus Trino. Cada veículo é uma expressão e está sob cuidado e orientação contínuos de um dos nossos três aspectos. O Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos representam cada uma das qualidades e a Mente é a ponte ou elo. A Oração, neste nível, nos eleva a um estado equilibrado e tranquilo, onde nos tornamos um radiador silencioso de louvor e ação de graças que, por sua vez, exerce um efeito edificante sobre nós mesmos e sobre o nosso ambiente no entorno.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/2003 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Resposta. A Filosofia Rosacruz afirma que Cristo nunca retornará em um Corpo Denso. Em vez disso, a Segunda Vinda será em um Corpo Vital e somente aqueles que desenvolverem seus Corpos-Almas o bastante para serem capazes de funcionar neles conscientemente estarão cientes da Sua presença, quando Ele vier. O tempo do retorno d’Ele nenhum ser sabe, a não ser Deus-Pai. Mas mesmo agora Cristo – como um raio do Cristo Cósmico – está conosco durante seis meses, todo ano, como Espírito Planetário que reside na Terra, mas não em um corpo tangível que possa ser visto, como veio na Sua primeira vinda.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Sim, tenho sofrido por alguns meses. Podem me perguntar: “Por que não me inscrevo no Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz, para me submeter à Cura Rosacruz?”. Eu já fiz isso imediatamente após o primeiro ataque agudo da doença que me acomete.
Acreditei que todos que fizeram a inscrição no Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz fossem rapidamente curados. Receio que não tenha estudado cuidadosamente as orientações que tive acesso de como tudo isso funciona. Estudando com mais atenção reparo que não encontro nenhuma declaração ali que me faça concluir que Cristo, nosso Grande Médico, curou ou mesmo aliviou todos que foram até Ele.
Lemos: “Ele curou muitos.”[1]. “Ele expulsou demônios.”[2]. “Ele ressuscitou dos mortos.”[3] Mas não consigo me lembrar de que esteja declarado em nenhum lugar que ele curou todos os que vieram a Ele com suas doenças e enfermidades; ou que as curas foram todas instantâneas.
As curas mais marcantes são registradas para nossa ajuda, e são mencionadas como milagres. Mas Cristo declarou distintamente “Seja feita segundo a tua fé”[4], e “A tua fé te salvou, vai em paz”[5]; mas lemos em outro lugar “A fé sem obras é morta.”[6] — uma fé morta não poderia ajudar na cura. Novamente lemos, “Ele não pôde fazer nenhuma obra poderosa ali por causa da incredulidade deles”[7], o que parece mostrar que uma fé viva e atuante tem muito a ver com a cura. Não colocando todo o trabalho no Irmão Maior, mas nós mesmos nos esforçando para encontrar a causa, para aprender onde transgredimos as Leis da Natureza, e nos pondo a trabalhar fielmente para ordenar nossas vidas de acordo com essas Leis. Então as forças Cósmicas podem trabalhar através de nós sem obstrução — sem causar doenças.
Repetidamente Cristo nos exorta a ter Fé que seja “fé viva”, não “fé cega”.
Você está me perguntando de onde vem o poder de curar? Cristo também responde a essa pergunta. “Por mim mesmo, nada posso fazer; o Pai faz as obras”[8]; e essa é a resposta de todos conectados com o trabalho de cura.
Você pergunta: “Se estou realmente tentando sinceramente seguir fielmente as Leis de Deus, por que não fui curado há muito tempo?”. Minha visão espiritual pode estar tão ofuscada pelo longo desuso que não consigo perceber claramente quando estou fazendo o certo ou o errado, e muitas vezes quando desejo fazer o certo, uma força parece me arrastar para o caminho oposto. Até que eu tenha desenvolvido a força de vontade para resistir a esses ataques, não posso caminhar firmemente para a frente; mas mesmo se pudesse, ainda assim minha oração sincera pode não ser respondida da maneira que desejo, porque as causas que foram postas em movimento não devem ser interrompidas apenas porque desejo ter facilidade; meu irmão e minha irmã também devem ser considerados.
Ah, não! Não há fatalismo nisso, apenas desejo de servir aos outros, em vez de atrapalhá-los para meu prazer e conforto.
Deixe-me contar um episódio que li na vida de um homem. Ele viveu muitos anos atrás, numa época em que as pessoas eram mortas se sua Religião não tivesse a aprovação dos que estavam no poder.
Ele era muito pobre, mas estava sempre ajudando os que estavam em apuros e sem querer nada em troca, e pregando uma nova doutrina nas ruas e nos lugares do campo, onde multidões vinham ouvi-lo; e quando descobriram que ele podia curar as pessoas, trouxeram muitos que estavam doentes, sentindo que de alguma forma milagrosa ele poderia curá-los, o que ele frequentemente fazia.
Ele não reivindicou nenhum poder próprio, mas em resposta a perguntas declarou que Deus trabalhou através dele. Aqueles em autoridade chamaram isso de profanidade e enviaram um guarda para prendê-lo.
Ele era o que chamamos de Clarividente e podia prever exatamente o que estava prestes a acontecer — ele sabia que os guardas o prenderiam, ele seria julgado, condenado e morto. Olhando para o futuro, sua coragem parecia falhar, então, no crepúsculo da noite, ele foi a um jardim solitário e orou a Deus para que, se possível, ele pudesse ser poupado dessa grande provação; ele orou com grande fervor, terminando com as palavras bem conhecidas: “não seja feita a minha vontade, mas a Tua”.
Mas não foi possível alterar os eventos. Tudo aconteceu como ele havia previsto, e ele sofreu uma morte dolorosa nas mãos de seus perseguidores.
Eu recitei esta história para mostrar a você que as orações nem sempre são atendidas, mesmo as orações do melhor homem que já viveu. Ter feito isso naquele momento teria alterado todo o plano de salvação para a Humanidade; e pela mesma causa, em um grau extremamente minúsculo, nossas orações e preces para a remoção de nossos sofrimentos não podem ser respondidas, a menos que a lição tenha cumprido seu propósito, caso contrário, a ordem cósmica seria destruída.
Às nossas súplicas por saúde, ou por qualquer outra coisa, devemos acrescentar sinceramente: “Seja feita a Tua vontade”. Somos seres tão duros de coração que, muitas vezes, é somente por meio de doenças ou sofrimento que nós mesmos nos despertarmos para as realidades da vida, mas você pode ter certeza de que, assim que a lição for aprendida, o pecado expiado, a restrição será removida (Lição aprendida; Ensino suspenso).
Na Oração do Senhor – Oração do Pai-Nosso – pedimos que a vontade do Pai seja feita em nossos Corpos. Não é Seu plano que um de nós sofra de doença ou qualquer outra aflição, mas mesmo o mais sábio entre nós, por meio de nossa ignorância das Leis da Natureza, libera forças que causam sofrimento físico. Outros, sabendo qual é o caminho certo, persistem em tomar a estrada errada — esses, somos informados, serão “espancados com muitos açoites”[9]. Se um destes últimos nomeados (talvez eu mesmo) solicitar cura, pareceria justo para você se Deus removesse a aflição imediatamente, se eu não tivesse reconhecido onde havia quebrado a Lei de Deus, me arrependido da ofensa e desejado andar com mais cuidado no futuro?
Pelo que eu disse, você verá que não estou culpando ninguém, além de mim mesmo, pela minha falta de saúde perfeita. Quando eu me ajustar às Leis da Natureza, serei merecedor da cura.
Vamos nos esforçar para saber que podemos fazer,
O que eleva, enobrece é certo e verdadeiro,
Com amor a todos e ódio a ninguém,
Vamos evitar nenhum dever que deve ser feito.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro de 1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: Mc 1:32
[2] N.T.: Lc 4:33-37
[3] N.T.: ICor 15:20
[4] N.T.: Mt 8:13
[5] N.T.: Mc 5:34
[6] N.T.: Tg 2:14
[7] N.T.: Mt 13:58
[8] N.T.: Jo 5:30-31
[9] N.T.: Lc 12:47
Há uma história sobre uma criança de uma casa imunda que foi à escola e foi ensinada a lavar o rosto. Ele voltou para casa com uma aparência tão melhor que sua mãe lavou o rosto. Os vizinhos entraram, viram a grande mudança e fizeram a experiência com os seus rostos, até que todos os moradores naquela rua e inclusive a rua ficaram com uma aparência melhor. Isso mostra o poder do exemplo. Não é necessário falar uma palavra. Nenhuma explicação precisa ser dada, se houver um exemplo a seguir. A influência do exemplo é magnética. Captamos significados tanto por gestos ou olhares quanto por palavras.
Ninguém entendia a natureza humana tão bem como Cristo. Ele apela aos milhões de excluídos para que olhem para Ele, pelo exemplo. Ele os encoraja em todos os aspectos, não importa o quão baixo tenham caído, a se voltarem para Ele. Ele sabia que a Humanidade é movida mais pelo encorajamento do que por qualquer outro motivo. Diga a uma pessoa que ela é uma tola, e você a deixa com raiva, ou então paralisa seus esforços. Diga-lhe que ela perdeu todas as chances, estragou todas as oportunidades e não está apta para viver, e você poderá sobrecarregá-la com toda a angústia do desespero absoluto. Foi somente quando as pessoas se apresentaram diante de Cristo, vangloriando-se da justiça delas próprias, que Ele se voltou contra elas com a fúria de um tornado; em todas as outras ocasiões, a bondade acompanhou os convites de Cristo, porque Ele viu as fontes da ação, a força da tentação; ninguém foi tão compassivo.
Aqui está uma lição para nós sobre como lidar com crianças. Se quisermos que vivam melhor, não devemos tratá-las como se fossem jovens demônios. Se você quer que a criança seja uma pessoa gentil, cordial e educada, não diga constantemente como ela é estranha. Uma maneira segura de deixar a criança aborrecida é dizer-lhe, diariamente, quão estúpida ela é. Mas a maneira mais segura de perder toda a influência sobre ela é zombar dela. Se você quiser ser útil aos outros, mostre-lhes que você é agradável a eles. Descubra o que há de melhor em cada um e a partir daí ajude-os a se desenvolver. Os piores homens e as piores mulheres têm algo de bom dentro deles. Vá até eles com uma carranca ou palavras ofensivas e você perderá toda a influência sobre eles. Vamos cultivar um sorriso. É fácil quando você adquire o hábito!
Que imensa fé Cristo demonstrou quando começou com esse elogio: “Vós sois o sal da terra”[1], “Vós sois a luz do mundo”[2]. Aqueles que nunca suspeitaram que tinham qualquer poder para fazer o bem, foram instruídos a deixar sua luz brilhar, a lançar um círculo de brilho onde quer que estivessem – no círculo familiar, na vizinhança, no país. Eles deveriam dar o exemplo. Não para dizer a verdade – apenas para colocá-la em prática. A sabedoria da Regra de Ouro: “Em todas as coisas façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam”[3] está se tornando mais clara a cada dia.
A pessoa egoísta é a sua pior inimiga.
Se você quer que alguém te respeite, respeite-o.
Se você deseja que alguém seja tolerante com você, seja tolerante com os outros.
É uma pena que não compreendamos melhor a influência do exemplo. Há alguns que podem ser iluminados o suficiente para iluminar uma cidade inteira e que nem sequer iluminam o seu próprio lar. Muitos perdem a oportunidade, tentam fazer a coisa certa, mas da maneira errada. Se eles dão, eles reclamam. Deus quer um doador alegre. Se começam a aconselhar, assumem um tom sepulcral ou ditatorial. “O mal que eles não querem, isso eles fazem; o bem que fariam, mas não o fazem”[4]. O poder do seguidor de Cristo hoje está em seu exemplo. O mundo hoje está razoavelmente bem familiarizado com os preceitos de Cristo. Eles procuram agora a prática da verdade do Evangelho, o espírito de altruísmo que visa servir toda a Humanidade, uma Fraternidade de seres humanos cujos fundamentos estão profundamente assentados nos preceitos do nosso único Mestre, Cristo. Até que chegue esse momento, esperamos em vão a nova Era, a Era de Aquário.
Cristo não pode reinar sobre um povo egoísta. Estudemos cuidadosamente qual foi o exemplo que demos no passado e, à medida que caminhamos em direção à Noite Santa, resolvamos usar as oportunidades que nos são dadas para o serviço altruísta na “Vinha do Senhor”, para que “possam dar frutos cem vezes mais”[5].
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: Mt 5:13
[2] N.T.: Mt 5:14
[3] N.T.: Mt 7:12
[4] N.T.: Rm 7:18
[5] N.T.: Jo 15:15
Saturno, o grande justiceiro, já se encontra no umbral da nova Era para ensinar lições de humildade e serviço, ainda que às custas de dor e sacrifício. É o tempo em que nós deveremos vencer a nossa natureza inferior até nos transformarmos em “super-seres humanos”. Através das preservações saturninas, pela purificação de sua natureza mais grosseira, aprenderemos suas lições, nos preparando para viver num mundo novo. Somente se formos esclarecidos seremos conclamados pelas Hierarquias Criadoras a colaborar no insano trabalho de consolidação da nova Era, a de Aquário.
Obviamente, cada um de nós possui dons naturais para executar algum trabalho especial na evolução, e quando nos achamos envolvidos nessa tarefa, encontramos uma invulgar satisfação. Entretanto, quando invadimos um campo alheio, produzimos confusões e fracassos. Sempre existem, entre nós, os invasores. São irmãos e irmãs fracassados que interferem nos esforços dos mais fortes, tratando de usurpar os talentos desses. Os fortes, postados na vanguarda da evolução, são nossos atuais líderes no desenvolvimento espiritual. Ao invés de estorvar o plano evolutivo, esses colaboram com ele. É com essas pessoas fortes que as Hierarquias trabalharão. São as pedras angulares do progresso dos autênticos aquarianos.
O nascimento de um mundo novo ocorre sempre em meio a mazelas, verdadeiros escombros, que estorvam e devem ser removidos. Isso acontece por meio de muito sofrimento. Um irmão ou uma irmã rebelde se perguntará sempre: Por que me ocorrem tantas experiências dolorosas? A resposta é essa: porque não age de acordo com as leis da evolução, as Leis de Deus. Tais rebeldias, amiúde inconscientes, ocasionam, via de regra, a perda dos bens amealhados egoisticamente. O novo deve substituir o velho. Quem não segue a nova corrente perece, inevitavelmente. Tal é a realidade da vida que está às portas e projeta sua sombra sobre a civilização atual. Tudo isso nada mais é que a realização de uma profecia. Acaso Cristo não a revelou quando afirmou: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens?”[1].
Relembrando a nossa história pode-se observar que, em certas etapas da evolução, produzimos uma grande depravação tal como a descreve a Bíblia. Os grandes pecados sempre precederam o despertamento dos povos (os nossos despertamentos!) à vida espiritual. Os esforços para nos elevar provocam uma resistência encarniçada das forças do mal (sim! Elas existem e foram criadas por nós!) que, então, redobram sua oposição ao bem, na tentativa de destruí-lo. Contudo, isso não deve nos alarmar, pois a Vontade Divina preside sempre tudo aquilo que é Bom e Verdadeiro, de tal forma a não deixar perder-se nenhum valor autêntico.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – setembro/1986 – Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: Mt 24:30
A reverência pela Vida, pelo Amor e pela Luz, perfeitamente compreendida em toda intensidade do significado dessas três poderosas palavras, só pode ser conseguida depois que o significado transcendente do sagrado Sol se torne parte do nosso conhecimento interior como Sabedoria e Amor.
Os êxtases divinos que vêm, como recompensa aos “puros de coração”, trazem consigo um conhecimento de Deus e esse conhecimento encerra em si a majestade do nosso Deus Solar, cujos poderes estão por trás do Sol físico, visível.
A glória do nosso Deus Solar é muito pouco avaliada por nós. Não somos agradecidos pelo Seu enorme sacrifício.
Por trás do Sol físico há o Sol Espiritual, invisível aos nossos olhos mortais. Este Sol Espiritual é, na realidade, nosso Pai que está nos céus. “N’Ele vivemos, nos movemos e temos a nosso ser”[1].
Não nos maravilha que os antigos Caldeus, com sua sabedoria divina que era parte inerente de sua consciência, consciência essa muita diferente da nossa atual, adorassem o Sol. Pois eles conheciam diretamente, em primeira mão, que esse grande Espírito Solar era, na realidade, seu Pai e que a Vida, o Poder e a Luz de todo o nosso Sistema Solar eram Seus.
No poderoso movimento que agora sacode a Terra com a finalidade de nela fermentar o amor e a inteligência espiritual, no movimento da Fraternidade Rosacruz, mais uma vez a Astrologia Rosacruz encontra seu lugar, lugar sagrado que conservou durante muito tempo nas civilizações passadas. Em vista desse fato, é aconselhável mostrar qual o propósito real do Sol na Astrologia Rosacruz, isto é, seu propósito como veículo de Deus e como o horóscopo de nascimento é um mapa sagrado; é uma assinatura nossa – um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui – escrita nos céus.
O Sol é o centro do nosso Sistema Solar. É a Luz, o Amor e a Vida que alimentam nosso Sistema Solar. A Luz Espiritual é o Pai, o aspecto Vontade; o Amor é o aspecto Filho (Cristo) e a Vida é o Espírito Santo (Jeová), o aspecto atividade ou fecundante. Essa Trindade Divina forma o Deus Trino e Seu Poder é representado na Astrologia Rosacruz pelo Sol que alimenta e serve nosso organismo como um todo.
Conhecendo esses fatos é nosso dever auxiliar, prestar assistência e servir aqueles que necessitam. Tanto isso é verdadeiro que na Era de Aquário aqueles que fizeram mau uso dos seus conhecimentos da Astrologia Rosacruz para fins egoístas, como meio de obter ganho (seja financeiro ou de fama ou de poder), perderão o seu conhecimento. A Astrologia Rosacruz será conhecida somente por aqueles que olham essa Ciência Divina e Sagrada com santa intenção.
À luz dos fatos precedentes, consideremos o lugar e a força do Sol num horóscopo. O Sol, como centro de toda vida e de todo ser, é a nota-chave de qualquer horóscopo. A força básica, inerente ao motivo, é determinada pela força e posição do Sol, completada pela da Lua. Os Planetas são os distribuidores de destino, e o Ascendente significa o ser humano físico.
A força do Sol pode, é logico, ser modificada pelo Signo que o contenha. Os Signos Fixos lhe dão mais força, seguindo dos Signos Cardeais (ou Cardinais) e depois os Signos Comuns. Um Sol numa Casa Angular também mostra a força com a qual somos fortalecidos para enfrentarmos as adversidades da vida psicofísica.
A 1ª Casa é um angulo feliz para o Sol. É um lugar de força e fornece abundância de vitalidade, quando ele não está afligido por Aspectos adversos (Quadratura, Oposição e algumas Conjunções adversas). Reconhece-se facilmente uma pessoa com o Sol na 1ª Casa, porque tem Personalidade que ela consegue comandar. É o que pode ser chamado de “Dignidade Solar”. As “almas mais velhas” é que têm o Sol na 1ª Casa e são caracteres esplendidos. Dessas, temos exemplo notável em Max Heindel que tinha o Sol nos primeiros graus de Leão. Nesses indivíduos, se vê o Sol em seus rostos, pois possuem o que chamamos de expressão solar. Tais indivíduos conseguem grande desenvolvimento espirituais com Aspectos benéficos ou adversos. Uma pessoa já despertada, mesmo com um horóscopo cheio de Aspectos adversos, transmuta os obstáculos e os egoísmos, fazendo-os de degraus para o altruísmo, dependendo da força e do modo de aplicação da vontade despertada.
Contrariando a opinião popular a respeito, vemos que a 4ª Casa é uma posição muito forte para o Sol. Podemos chamar a 4ª Casa de ângulo magnético-psíquico. Em geral, como se passa nessa Casa como real, espiritual, esse ângulo é o mais forte dos quatro. O Sol na 4ª Casa fornece a maior parte dos obstáculos e impedimentos durante a vida física. Contudo, quando o Sol está fortalecido, proporciona à pessoa coragem e habilidade ativa para se sobrepor aos obstáculos e se ela tiver força de vontade já desenvolvida, ganhará grande crescimento anímico com isso. Seu estado evolucionário se elevará, conforme a quantidade de trabalho progressista que tenha feito durante esse renascimento. Com o Sol nessa posição há abundância de possibilidades espirituais latentes, trazidas dessa vida ou de vidas passadas. Todavia, essas possibilidades serão, por certo, cerceadas e incapazes de terem expressão completa. O nadir é um ponto psíquico e oculto, e traz abundantes dificuldades; mas também fornece força suficiente para que a pessoa se sustenha em todas as situações difíceis. O “teste supremo da alma” vem, em geral, àqueles que têm o Sol na 4ª Casa.
O Sol na 7ª Casa fornece um esplêndido campo de ação para os sentimentos mais nobres e para as emoções mais elevadas. De acordo com o estado e Destino Maduro da pessoa, assim serão as experiências que terá com o púbico e suas relações. Na Era de Aquário, agora próxima, as pessoas com o Sol na 7ª Casa serão procuradas para serem elevadas a posições em que muito beneficiarão a Humanidade. Esse ângulo, portanto, é um ponto estratégico para a alma sábia se expressar em suas relações com os companheiros de viagem do porto do Nascimento ao porto da Morte.
O Sol na 10ª Casa está em posição idêntica à da primeira. No entanto, a 10ª Casa lhe aumenta o poder. Habilita a pessoa para os lugares de autoridade e da dignidade. Essa posição proporciona às pessoas força e propósito e não importa a esfera em que vivam, serão bem conhecidas, tanto no bem como no mal.
Todos os Aspectos, benéficos ou adversos, deverão ser cuidadosamente considerados. Os Aspectos adversos fornecem incentivo e força para melhorar no caminho espiritual. Proporcionam desejos de transmutar o que é inferior no que é mais elevado. Os Aspectos adversos do Sol impelem as almas despertadas para a sua realização e se elas possuírem a coragem necessária, obterão vitórias genuínas, que lhes fornecerão simetria anímica, isto é, “a cabeça e o coração” unidos em perfeito equilíbrio, como é o ideal Rosacruz.
Há horóscopos com Aspectos benéficos cujos possuidores são pessoas indolentes, preguiçosas e que não tem inclinação para tomarem os negócios de Deus-Pai; por outro lado, há horóscopos com Aspectos adversos, cujas pessoas são impelidas por uma fome anímica enorme que as fazem ativas, determinadas, que tudo fazem para se sobreporem a vida material, grosseira. Quando um horóscopo está com muitos Aspectos adversos há, em geral, uma grande necessidade interna de luz, quer isso se manifeste ou não, o que depende da Vontade espiritual.
Os Aspectos adversos, especialmente entre o Sol (Espírito) e Marte (os sentidos), invariavelmente oferecem os melhores caminhos para o nosso avanço espiritual, se soubermos escolhê-los. Tais Aspectos proporcionam a nós excelente oportunidade para muito desenvolvimento espiritual. De fato, estando despertados espiritualmente quase sempre mudamos o nosso temperamento e a nossa Personalidade pelo uso correto das forças dinâmicas ativas entre o Sol e Marte. Além disso, é axiomático que todas as pessoas ativas têm, indubitavelmente, algum Aspecto entre Marte e o Sol, pois, onde há Aspecto, seja ele benéfico ou não, há ação! Onde não há, dificilmente há ação.
Os que são espiritualmente “vivos” sabem como pôr sua força anímica (a Lua) como mediadora entre as forças de Marte e as altas vibrações do Sol. Dessa alquimia mística, dessa divina sublimação surgirá uma essência que confere poder e liberdade espiritual.
O segredo do Sol é o segredo da vida. Aquele que ordena sua vida sabiamente, com inteligência aquariana, será purificado e transmutado por meio do caminho do Sol constituído pelos doze símbolos divinos, os doze Signos de Zodíaco.
Pelo estudo reverente da Astrologia Rosacruz pode-se chegar à união espiritual com a consciência do Cristo.
O poder do Sol vitaliza todo o Cosmos, rico em diversidade, embora esplêndido na unidade. A variedade unitária da natureza é espantosa em sua glória, estupenda em sua magnificente beleza. Tempo virá em que as pessoas que estão imersas em pompa e nos desejos físicos, deverão sair da escuridão em busca da Luz.
Aqueles que vibram com a força do Sol estão, agora, tentando destruir as condições cristalizadas do mundo; está fornecendo verdades que fermentarão toda a Terra no futuro, verdades que darão maior incentivo a nós para viver a Vida de Cristo, verdades que terão de ser praticadas e compreendidas antes que a Era de Aquário chegue.
A avareza, a luxúria, o ódio, a ignorância e todas as outras limitações que nos mantêm presos devem ser afastadas, devem ser repelidas pelos processos de limpeza promulgados pelos vanguardeiros. Estamos num dia de transição, num dia de purificação. A força do Cristo está cada vez mais se fortificando na Terra e saiba a maioria ou não, creia ou não, o regime de Cristo está se estabelecendo, apesar da aparente contradição das atuais condições do mundo. A harmonia, a cooperação, o altruísmo se tornarão realidade e substituirão os mitos que hoje são ensinados e que são discutidos por aqueles que menos os praticam no mundo.
Deste fervente caldeirão da idade moderna surgirá, todavia, a democracia de Aquário, a Democracia de Cristo, um estado de vida agradável e harmonioso que vem sendo previsto. A simpatia, a compreensão, a tolerância, a amizade, a compaixão e a fraternidade humana serão fatos e não teorias. Pois, acreditemos ou não, somos os guardiões dos nossos irmãos e das nossas irmãs, e os verdadeiros aquarianos serão aqueles que farão a Sua Vontade, a Vontade d’Aquele que os enviou a Sua “Vinha”.
E em cada horóscopo do ser humano, o Sol nos fornece a conhecer seu estado aquariano, se tivermos conhecimento bastante para ler essa mensagem mística.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/1960 – Fraternidade Rosacruz – SP – Traduzido de “Rays from the Rose Cross” pela Fraternidade Rosacruz do Rio de Janeiro em 1935)
[1] N.T.: At 17:28