Arquivo de categoria As Sete Igrejas do Apocalipse

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Livro: As Sete Igrejas do Apocalipse

A busca sobre as fontes do Apocalipse de São João tem, por muito tempo e frequentemente, ocupado as Mentes daqueles preocupados com a pesquisa de materiais externos. Essas fontes foram buscadas nas tradições orais, nos escritos apócrifos da cristandade antiga, nos documentos e tradições da Gnose judaico-cristã e até mesmo em experiências fantásticas e anormais baseadas em fenômenos atmosféricos. Mas o próprio conteúdo do Apocalipse está em rígida oposição a todos esses esforços, pois no texto dele, a explicação se repete mais de uma vez que o escritor do Apocalipse “viu e ouviu” o que ele contém “no espírito”.
O escritor do Apocalipse nunca se cansa de apontar, da maneira mais inequívoca que se possa imaginar, que o conteúdo do Apocalipse nada tem a ver com a horizontalidade espacial e temporal da tradição, boato ou plágio, mas que ele passou a existir simplesmente e apenas no caminho vertical da revelação do mundo espiritual.
Assim, por exemplo, o texto do Apocalipse começa com uma declaração definitiva sobre sua fonte, sua autoria e a forma como se originou: “A Revelação de Jesus Cristo, que Deus deu a Ele, para mostrar aos Seus servos … e Ele o enviou e manifestou por seu anjo a Seu servo João ”(Ap 1:1). Nessas palavras é caracterizado de maneira distinta e solene o caminho pelo qual o Apocalipse nasceu.

É o caminho da descida de Deus a Cristo-Jesus, de Cristo-Jesus ao Anjo do Apocalipse, do Anjo a São João e de São João aos leitores, ouvintes e guardiões das “palavras desta profecia.”.

As “Sete Cartas” às sete “Igrejas” referem-se não apenas a o futuro, mas também ao passado. Nessas Cartas julgava-se não apenas o que era então o tempo presente e as três futuras Épocas culturais (‘Igrejas’), mas também as três culturas do passado.
No entanto, antes de começarmos a estudar o conteúdo das Cartas às Sete Igrejas, devemos obter uma ideia mais definida da fonte da Revelação (o Apocalipse) de São João. Isso, também, está de acordo com a intenção do escritor, pois nas frases iniciais do Apocalipse ele não apenas indica essa fonte, mas no primeiro capítulo também mostra a figura espiritual daquele que invocou a Revelação (Ap 1:12-16).
Essa figura era “semelhante a um Filho do Homem”, portando os sinais das forças planetárias cósmicas, da mesma forma que seriam realizadas no “homem do futuro” (o “Filho do Homem”) durante o Período de Júpiter. Pois o arquétipo do “homem de Júpiter” – o “Filho do Homem” do futuro – deve ser retratado assim: a arbitrariedade deixará de ser possível em sua vida de pensamento. Fluxos de pensamento fluirão para sua cabeça assim como o cabelo cresce “por si mesmo”. E esses fluxos de pensamento fluindo do cosmos não serão unilaterais, eles não terão nenhuma “coloração” distinta, mas serão, em um sentido profundo e verdadeiro, “sintéticos”. Assim como a luz branca é uma combinação das sete cores, o pensamento cósmico do futuro será “branco” – “branco como lã, branco como a neve” (Ap 1:14).

1. Para fazer download ou imprimir:

F. Ph. Preuss – As Sete Igrejas do Apocalipse

2. Para estudar no próprio site:

As Sete Igrejas do Apocalipse

Por

F. PH. PREUSS

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz do Rio de Janeiro – RJ – 1963

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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PRÓLOGO

Ao falar sobre o Apocalipse, deseja o autor destas linhas esclarecer aos leitores que, reúnem-se, nesse último livro do Novo Testamento, todos os conhecimentos Iniciáticos até hoje conhecidos e que, literalmente, podem ser entregues ao público. A Justiça divina colocou, esse incomparável LIVRO dos sagrados conhecimentos, no fim dos quatro Evangelhos, antepondo ainda a esses o Velho Testamento com os seus incomparáveis ensinamentos das Leis da antiguidade.

A mais elevada Luz Espiritual foi posta por João de Patmos sobre o pergaminho, quando recebeu do Mensageiro de Deus, o Arcanjo Miguel, os ditames sobre o Apocalipse.

Para aqueles que procurarem conhecer esse livro tão somente por meio da inteligência, jamais o conseguirão, pois, ser-lhes-á fechado com sete selos. Nesse sentido, pode-se dizer que o Arcanjo, com seu Senhor, o Cristo, não desejavam intencionalmente utilizar-se apenas da inteligência. Queriam muito mais. Desejavam dos leitores dos versículos que soubessem interpretar no Céu a crônica da Terra. Por isso que foi escrito tão só para aqueles cuja inteligência já se tenha libertado do ilogismo e do dogmatismo. Em verdade, o Apocalipse, em sua estrutura figurada, mostra, incontestavelmente, o ilogismo a todos aqueles que procuram conhecê-lo tão somente pelo intelecto. Entretanto isso não acontece com o estudante que tenha conhecimentos espirituais, cuja lógica mental não o desvia da sabedoria, pois obterá esclarecimentos acima da inteligência comum que o ligam às Verdades Superiores contidas nas letras que não foram escritas. Um Escriba ou um Fariseu, jamais poderá penetrar na compreensão da Escritura, pois, sabe ler somente a letra. O Espiritualista sabe que os enigmas ilógicos são fontes de grande sabedoria, chaves para a lógica transcendental. É de se admirar que esse monumental livro não tenha sido destruído pelos Escribas e Fariseus, que se intitulavam doutores das Escrituras. Não foi queimado tão importante livro porque sabiam ser o autor do Apocalipse o mesmo que se recostava no peito do Senhor, e ainda mais, o escritor do Evangelho, João.

Disse Lutero, o grande reformador da Igreja Católica, eminente personalidade da teologia no seio do catolicismo, quando traduzira os sagrados livros e chegando ao Apocalipse: “seria melhor não mencionar este livro por faltar-lhe toda a lógica”. Lutero falou a verdade, visto tratar-se de um teólogo e se perguntássemos a qualquer componente de uma escola teológica, receberíamos a mesma resposta.

O místico e o ocultista dispensam a esse livro a máxima reverência. Esses, como sabem perfeitamente tratar-se de um livro Iniciático-místico-espiritual, desejam antes de tudo perceber a aparente irrealidade, isso é, a parte mística de sua forma enigmática, para depois, pela inteligência, transformá-la em lógica. Para o Ego, as verdades são perfeitas e claras, o que, entretanto, não acontece com o intelecto. O que para o intelecto não é lógico e cabível nos planos espirituais, devido à sua falta de comunicabilidade com os superplanos, isso mesmo é para o Ego compreensão e facilidade. O Ego trata da luz espiritual e o intelecto somente da luz refletora, a inteligência humana não divina.

Assim pode-se dizer que o Apocalipse não foi escrito para aqueles que se limitam a julgá-lo tão somente pelo intelecto. Para esse fim, é necessária uma inteligência lúcida, facilmente desdobrável, não acorrentada aos limites de qualquer direção, como o faz a lógica intelectual. O Ego está sempre desejoso de se expandir em todas as direções de seu hemisfério, que se constitui na soma da Universalidade – DEUS.

Deve-se dizer, ainda, sobre esse livro que, além de revelar-nos o passado, mostra-nos, também, cronologicamente, os acontecimentos passados, presentes e futuros. O grande ensinamento em torno das revelações do Apocalipse é este: “livrar a humanidade, dos pensamentos caóticos em favor dos de caridade; pôr um freio à desagregação moral, em prol da libertação benfeitora dos homens de sentimentos religiosos e nobres.” Os Céus aguardam a firmeza dos Espiritualistas porque o diabo foi solto. Isso podemos ver todos os dias. Os tempos mudaram rapidamente para a decadência nesses últimos cem anos, formando uma Babilônia bem pior do que a antiga. Esperam as Hierarquias o esclarecimento de uma inteligência espiritualizada da humanidade desta época; esse é o objetivo do Apocalipse em seus enigmas para que sejam inteligentemente decifrados, compreendidos e aplicados devidamente.

Em seguida, o autor destas páginas desenvolve seus conhecimentos obtidos pelos seus estudos esotéricos, após haver meditado sobre eles, incluindo seus próprios conhecimentos para poder, assim, cooperar com o leitor em seus estudos esotéricos, O autor parte do princípio de que a verdade deve ser transmitida, custe o que custar. Não se pode fazer segredo de seus conhecimentos. Todos os seres humanos têm o direito de receber o Maná dos Céus. Mesmo assim, não se atém à vanglória de ensinar a última palavra nesse assunto, pois, outros poderão atingir maiores alturas. Afirma, porém, que empregou o melhor de sua sinceridade nos estudos e meditações, e se sentirá bem recompensado se assim for entendido.

EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA

Tendo apreciado o que se lê no prólogo, seguimos no estudo dos versículos 12 e 13 do primeiro capítulo do Apocalipse, que assim diz:

Voltei-me para ver a voz que me falava; ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um Filho de Homem, vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um cinto de ouro. Os cabelos de sua cabeça eram brancos como lã branca, como neve; e seus olhos pareciam uma chama de fogo.”.

Vejamos o que o Apocalipse explica nestas duas frases: a involução humana desde o princípio de sua manifestação, quando tudo era matéria-espiritual, quando Deus se manifestou como o Verbo nas diversas densidades que evoluem, aperfeiçoando a alma humana ao máximo de sua qualidade, para depois, uma vez alcançado tal grau de perfeição, adquirir pela força de seu espírito, que dissolve todas as inferioridades, o ingresso no Corpo de Deus com seu próprio corpo divino, que é o seu Ego.

Analisando o versículo 12 que diz: “Voltei-me para ver a voz que me falava”, verificamos em que estado de consciência se achava o Apocalipse. Ele diz que desejava ver a voz que falava. Não se diz que se quer ver a voz; pode-se ouvir uma voz. Nesse ponto está caracterizada a faculdade que São João possuía. Claro é que a voz partia de uma entidade espiritual para a parte espiritual daquele que a ouvia. Nos planos superiores vê-se a voz, ao mesmo tempo que se ouve, pois, ali não existem olhos e nem ouvidos terrenos, se tratando tão somente de ouvidos e de olhos espirituais. Eis a razão por que João diz que “Voltei-me para ver a voz”. Ver e ouvir os planos da Cor e da Harmonia Celestiais que se constituem nas Regiões superiores do Mundo do Desejo e do Mundo do Pensamento.

Segue a frase: “ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro”. Vejamos o que se pode dizer sobre esta frase. Não se deve ler no sentido literal: “voltar-me” e sim “inspirado pelas circunstâncias profundas num ambiente espiritual, vi sete Candelabros”. Por que deveríamos dizer assim? Porque a alma e o Espírito não necessitam de se voltar para ver. O Espírito não tem olhos físicos. A direção das dimensões tem aspecto diferente. O que está aqui, pode estar lá como em cima ou embaixo, dependendo apenas experimentarmos com inteligência o que se quer pesquisar. Claro é que o Apocalipse usa uma linguagem que só pode ser compreendida pelo pesquisador que possua meios para se infiltrar em sua Mente, embora seja uma linguagem enigmática. Esse fato explica o versículo 3, que diz assim: “Feliz o leitor e os ouvintes das palavras desta profecia, se observarem o que nela está escrito, pois o Tempo está próximo.”.

Expliquemos: nem todos sabem ler o sentido educacional dos mistérios do Apocalipse, razão por que fala com realce: feliz o leitor, possuidor que são da sabedoria para lerem aquilo que se esconde atrás da palavra. Devem-se, também, guardar as coisas que se ouvem para vivermos nos mistérios do Verbo, pois, o tempo está próximo. Qual é o tempo próximo para o Iluminado? O passado se revelou a ele no presente, como também o futuro. Para o inteligente que saiba ler ou ouvir as palavras que guarda, os tempos estão presentes, porém, “presentes” não no sentido literal da palavra e sim que o futuro já lhe foi revelado no presente. Vira o Apocalipse aquilo que é do futuro e, assim, todos nós recebemos o conhecimento sobre o futuro, no presente.

Ao Esoterista foi reservado o conhecimento daquilo que é do futuro. Feliz ele é, portanto, pela razão de se aventurar ao estudo para que a alma ouça e sinta a luz que atravessa a palavra. O Verbo de Deus se manifestou a São João, e São João a nós.

A seguir, procuremos dar explicações sobre os sete candelabros de ouro. “Ouro” sempre significa a máxima pureza e, em nosso caso, a espiritualidade. Encontramos 7 Espíritos: 7 candelabros que guiam a humanidade através dos 7 Períodos, ou Dias de Manifestação, cada um com 7 Revoluções, com 7 Épocas do nosso Globo Terrestre. Sete Espíritos Arcangélicos dirigem a humanidade desde o princípio até o fim pelos eons dos tempos, alcançando, assim, a sua perfeição. São João vê, nessa visão, o Filho do homem, o “homem perfeito”, em forma de Arquétipo.

O versículo 13 afirma do seguinte modo o que foi exposto acima: “…e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um Filho de Homem, vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um cinto de ouro.”.

Lembremo-nos da palavra de Cristo: “Passarão o céu e a terra. Minhas palavras, porém, não passarão[1]. Dessa maneira, o Arquétipo foi formado antes que a Terra surgisse juntamente com o ser humano. Passará em seu curso que evolui pela mística contagem Rosacruz dos 7x7x7. O Arquétipo do “Homem da Terra” ou “Filho do Homem Perfeito”, é o ser humano primitivo, o “Espírito do Homem”, Adão. Terá que passar pelos Períodos, pelas Revoluções e pelas Épocas alcançando, assim, a perfeição individual para novamente ingressar como Filho do Homem no Espírito Universal.

Três importantes acontecimentos aguardam ao peregrino em sua caminhada evolucionante, a saber:

  1. Aperfeiçoamento na peregrinação.
  2. Encontro com o Filho de Deus em seu próprio íntimo: as Núpcias com Cristo.
  3. Após a união com   Cristo se reencontra com o Pai, ingressando no seu   Corpo Universal, no Período de Vulcano.

Aprofundando-nos em nossa contemplação sobre essa espiritualidade, perguntamos: qual é o caminho que nos conduzirá a esse ponto? Respondemos: O Apocalipse nos mostra um Ritual fundado em tempos remotos que nunca foi esquecido pelas Religiões avançadas e que jamais o será, em virtude de seu valor divino, pois, está no próprio Corpo de Deus. E como se manifesta Deus no Seu Ritual entregue à humanidade? Vejamos o que foi ordenado a Moisés: colocar um Candelabro de Ouro na Casa de Deus, no Tabernáculo no Deserto. O caminho da oração passava pelo Candelabro de Ouro de 7 braços para o encontro, mais tarde, com o Shekinah, a Luz Eterna em cor vermelha, ou seja, a Luz Criadora, do Espírito Santo, a parte feminina   da   onipotência, tal como denominação dos Cabalistas. A oração fervorosa ante o Candelabro resultava no transporte do seu íntimo às alturas. Lembremo-nos dos tempos de Moisés, quando o Corpo Vital não estava ainda tão firmemente ligado ao Corpo Denso, como em nossos dias. Existia ainda uma ligação com os planos superiores, porque a parte etérica se achava, ainda, em atividade nesses planos. O desligamento do Corpo Vital, durante a oração, se processava com mais facilidade do que hoje e o Ritual procurava infundir a sua ação espiritual naquele que se achava em oração, porque conexão existente entre o Corpo Vital e o Corpo Denso se afrouxa durante a oração.

O Símbolo Rosacruz tem 7 Rosas vermelho-sangue fulgurantes representando os 7 Candelabros de Ouro do Apocalipse. A Estrela Dourada radiante com cinco pontas nos fala da pureza; a cor de ouro simboliza a espiritualidade, qualidade futura do Corpo perfeito. Coincide isso com o fato de que os antigos Rosacruzes eram chamados “Cavalheiros de Ouro”, ou como Christian Rosenkreuz os denominava: “Cavalheiros da Pedra de Ouro”. As 7 Rosas estão arranjadas com uma coroa em cujo centro, pela peregrinação, se desenvolve o “homem invisível”, o “Filho do Homem”, o “Lápis Filosoforum” dos Alquimistas. Assim, pode-se dizer que, mais tarde, pelos próprios sacrifícios em seu Corpo, os Candelabros lentamente concentrarão as suas faculdades dominantes no Espírito e se apagarão no exterior para se iluminar no interior, invisivelmente. Os 7 Candelabros no aliar do corpo serão sublimados a favor do nascimento da Rosa Branca, invisível na Cruz do Corpo.

A seguir transcreveremos, novamente, o versículo 13 para entrarmos em maiores detalhes sobre ele: “…e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um Filho de Homem, vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um cinto de ouro.”.

Devemos dar maior expressão a respeito dos Candelabros. Sem Altar não existe o Candelabro, nem Sacerdote e nem Ritual. A Ordem Rosacruz tem no seu Templo um Altar com as 7 Rosas vermelho-sangue e o seu Ritual com o celebrante, achando-se esse, pela recitação do Ritual, à disposição de Deus para transmitir as Forças Divinas àqueles que se encontram no Templo. Claramente ensina o versículo para que se una aos 7 Candelabros ou às 7 Rosas, alguém semelhante ao Filho do Homem, trajado com vestes talares. Sabemos que só um Sacerdote pode usar vestes talares. O talar, em perfeita brancura e na altura do peito cingido com uma cinta cor de ouro, se obtém pelas purificações constantes no curso de renascimento em renascimento. A cinta, com a cor do Sol, demonstra a Força Universal Solar em transmissão à Terra, captada na hora do Ritual pelo Sacerdote e entregue à multidão. Devemos nos lembrar de que o Templo etérico invisível se alimenta, constantemente, das forças cósmicas de onde, por sua vez, são transmitidas para o Mundo visível àqueles que se acham congregados a esse Templo. Assim sendo, não existe dúvida sobre o ponto em que deve haver Sacerdotes. Afirmamos isto baseados no versículo 6, que diz o seguinte: “…e fez de nós uma Realeza e Sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele pertencem a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.”.

Cristo manda dizer a São João, por seu Mensageiro Solar Miguel, que escreva essas ordens. Não temos mais dúvidas de que devemos ter Sacerdotes a quem precisamos respeitar. Viu São João o Sumo-Pontífice com uma peculiaridade impressionante. Ela o descreve no versículo 14, assim: “Os cabelos de sua cabeça eram brancos como lã branca, como neve; e seus olhos pareciam uma chama de fogo.”.

Em seguida, diz o versículo 15: “Os pés semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz como voz de muitas águas”.

O versículo 16 fala ainda sobre o Sumo-Pontífice com tremenda majestade: “Na mão direita ele tinha sete estrelas, e de sua boca saía uma espada afiada, com dois gumes. Sua face era como o sol, quando brilha com todo seu esplendor.”.

Passo a passo, nos inteirando da significação dos versículos, encontramos as seguintes explicações: “Os cabelos de sua cabeça eram brancos como lã branca, como neve”, um ancião de quem não se sabe a idade; “Os pés semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha”, sem cinzas, pois, passara pelos séculos dos séculos, de Globo em Globo, chegando à Terra e se tornando Deus-Homem. “a voz como voz de muitas águas” – a sonoridade da Harmonia das Esferas.

O Apocalipse se achava à frente do Sumo-Pontífice, o Cristo-Solar. Esse tem, como sinal de Seu Reino, a coroa dos mundos – o Sol. Em Sua majestade, dirige a evolução e tem por símbolo de Sua dinastia, domínio e justiça as 7 estrelas em Sua mão direita. Cristo domina desde o Período de Saturno até o de Vulcano, desde o começo até o fim. Dirige os 7 Períodos em que Ele se acha como dador da Luz e da Vida. Sumo-Pontífice Ele é, pois, e tem em Si a voz de muitas águas – a Harmonia das Esferas – com dupla ação: a Harmonia que edifica e destrói a desarmonia. Da boca, lhe saía uma afiada espada de dois gumes, isto é, o Verbo cheio de entusiasmo e de Força Criadora, constante e dinâmica.

Os olhos são incomuns, fogosos, vendo tudo, ultrapassando as deficiências das criaturas; olhos que não perdoam a malignidade mental, a hipocrisia e a mentira, por serem opostas à Verdade. Olhos que fulminam o mal, mesmo tendo por Lei a tolerância. São olhos dos quais ninguém pode se ocultar. O Filho mostra na espada flamejante de Sua boca o Poder Criador e a vontade pelos olhos cheios de Luz. Esse é o protótipo de Sacerdote que São João viu, o Sumo-Sacerdote que constitui Sacerdote na Terra. Onde estão estes Sacerdotes? Poucos se encontram. Os Templos estão cheios de Escribas e Fariseus, de ídolos mortos-vivos; bonecos vivos e mortos vestidos com panos de seda de cores múltiplas e de ouro puro. O Sumo-Pontífice, porém, está vestido simplesmente com panos brancos e com uma cinta cor de ouro, e nada mais. O resto é vitalidade. Se um verdadeiro Sacerdote se levanta contra os Fariseus cegos, guiando outros cegos, o que fazem dele?

Enxotam-no do seu lugar, do seu Templo e crucificam-no. Acontece que, embora crucifiquem o Cristo todos os dias, a espada de dois gumes persiste nos escolhidos do Sumo-Pontífice. Estes continuam a se sacrificarem, como fizera Cristo pela humanidade. A sua linguagem é Fogo cheio de Vida e de entusiasmo, pois, sem esses atributos não existe sacrifício, nem instituição sacerdotal. Isto mostra o que São João viu, com referência ao Supremo Sacerdote, cujas qualidades devem estar nos que são os responsáveis pelo culto no Templo. Entusiasmo é o Verbo pronunciado com poder criador adquirido dos Planos Superiores em transmissão aos seres humanos, purificando-os de seus pecados. O Templo do Senhor é o Cosmos e cada sacerdote deve ser uma pedra no Templo Universal de seu Mestre. Bem fez Cristo ao responsabilizar o Apóstolo Pedro, pela Sua    Igreja Universal. O que foi feito na Igreja universal, já sabemos. Quem passar com Cristo pelo fogo   da    fornalha purificadora da evolução conseguirá   o   sacerdócio   por força do Verbo Divino que fala em seu coração, ou seja, o Templo Invisível de Deus. O resto será posto fora de ascenção, por falta do Verbo Vivificador.

A espada de dois gumes, bem afiada, vem nos dar como uma advertência, uma ordem, no sentido de que nos inteiremos da espiritualidade, para que possamos dar ao nosso Ego um ambiente divino. Caso contrário, este sucumbirá, se retardando a uma época anterior. Hoje seremos ensinados pelo Verbo Divino do Sumo-Pontífice e pelos Seus Sacerdotes, no sentido de que nos ambientemos e alimentemos do Corpo Divino de Cristo. Esse é o milagre que se opera em todo aquele que se beneficia da espada e dos olhos flamejantes em si mesmo, pela unificação das forças procedentes de seu corpo.

O Apocalipse é muito claro em sua expressão. Ele não nos ensina a nos tornarmos “doutores feitos em seminários e academias”, doutores de religião, títulos auferidos pelos seres humanos. Esses já conhecidos antes da era do Senhor, Ele dizia conter ninhos de víboras em seus corações. Destes jamais se necessitam em nossos tempos. Chegou o momento dos espiritualistas. A atividade do Verbo Divino deve ser demonstrada, assim como a sua Justiça e a sua Verdade. O Batismo de fogo do Espírito Santo cheio de entusiasmo da Páscoa, descrito nos Livros Sagrados, a vida íntima de cada Cristão esclarecido deve, como mais tarde poderemos verificar pela descrição das Cartas às 7 Igrejas, acabar com a maldade da indiferença da onda de vida humana. Os espiritualistas sabem e não se cansarão jamais de ensinar que Cristo é um Ser vivo, pois, aquele ídolo semelhante a um homem crucificado, não existe. Cristo vive e sempre será o soberano, tendo por Trono o Globo Solar. Diz São João: “Sua face era como o sol, quando brilha com todo seu esplendor.”. Estamos convencidos da presença de Cristo junto a São João ao pronunciar essa verdade.

Os espiritualistas sabem perfeitamente que, quando se fala de Jesus, não se refere a Cristo. Jesus é o filho de Maria e de José. Jesus é o renascimento do Espírito de Salomão. Aceitamos o ensinamento, segundo o qual os Corpos Denso e Vital de Jesus, aos 30 anos de idade, se achava a tal altura de desenvolvimento para receber a Iniciação antiga pelas águas do Rio Jordão e logo sentir o Batismo de Fogo do Espírito Santo que nunca mais o abandonou. Desde então, o Regente do Sol e da Terra, Cristo, passou a viver naquele Corpo Vital de Jesus. Compreendemos que na morte de Jesus os sofrimentos deste foram sentidos por Cristo, uma vez que estava intimamente ligado com ele. Cristo não podia morrer, pois, possuía – como possui – realmente, o Poder da Vida; era é o Espírito da Vida, e não da morte. Tem em Si o poder da transformação da morte em vida, como muitas vezes lemos nos Evangelhos. Explica-se isto o versículo 18: “o Vivente; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da Morte e do Hades.”.

Cristo em Jesus teve ou sentiu a morte igual às dos seres humanos da Terra. O Corpo Denso de Jesus era feito de “barro”, ao passo que Cristo é do Sol, onde não existe a morte. Assim, pela Sua transferência a uma criatura terrena, transmutou as disposições biológicas, espiritualizando o Corpo de Jesus ao ponto de transformá-lo em incorruptível, o que não se verifica geralmente com os corpos dos seres humanos. Ele mudou completamente as densidades físicas do Corpo de Jesus, razão pala qual, como já sabemos, não mais foi achado esse Corpo Denso, depois da crucificação, Cremos, então, como o versículo 18 diz: “…estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da Morte e do Hades”, que não podendo Cristo e nem Jesus morrer, logicamente Eles se acham constantemente em nossas vidas e em atividades vivificantes, e ninguém mais pode morrer ou seja aniquilado no inferno. Afirma isto o versículo 17: “Ao vê-lo, caí como morto a seus pés. Ele, porém, colocou a mão direita sobre mim assegurando: ‘Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último’”.

Cristo nos ensina algo imensurável, nos mostra o Seu Poder infinito. Um círculo sem começo e sem fim, o Alfa e Ômega… constante; tudo que era, tudo que é e tudo que será. A sempre existência e a impossibilidade da morte. “São João caiu a Seus pés como morto”. Não pôde suportar a formidável visão, e o que fez Cristo? Colocou a Sua mão direita sobre São João, uma benção equivalente a um Batismo Espiritual, a transmissão de poderes espirituais, ordenando-lhe não mais temer. Na mesma hora, sentira São João a perda da sensação da morte, e ressuscitou. Soube, daí, a não existência da morte e do Hades, pois, lhe disso o Supremo: “Eu sou o Primeiro e o Último”. Significa isto evidentemente que Ele salvará a todos e só depois será o “último”.

Após essa visão, São João saiu fortalecido, escrevendo o versículo 19 que Cristo lhe ordenara: “Escreve, pois, o que viste: tanto as coisas presentes como as que deverão acontecer depois destas.”.

Averiguemos o que São João teria visto na presença de Cristo. Por força de sua consciência interna, foi transportado e ensinado a ver os acontecimentos do passado, do presente e do futuro. Passaram-se ante a sua visão os panoramas dos Períodos, das Revoluções e das Épocas, desde o começo até o fim. E por que tudo isso foi ensinado? Foi ditado a São João que ensinasse os acontecimentos futuros. Os Ensinamentos do Apocalipse devem ser ensinados aos Esoteristas e a todos aqueles que, de boa vontade, se tornem capazes de utilizar tais prescrições em suas almas, aprimorando, assim, seus renascimentos em tempos futuros. As Religiões futuras não mais ensinarão a necessidade do sofrimento para se alcançar o Reino de Deus. A aceitação da Força Divina de Cristo, por si só, destrói o sofrimento e um novo Ser se levanta dos escombros do passado. Aquilo que hoje se refere à morte, deve ser destruído, diz Cristo, pois, “estive morto, mas eis que estou vivo”. Vivo dentro de cada um. Somos ressuscitados desde que Cristo ressuscitou da morte, e cada um ressuscitará a seu tempo, pois, “Eu sou o primeiro e serei o último”.

PRIMEIRA CARTA: À IGREJA DE ÉFESO

Prosseguindo nos estudos sobre os ensinamentos de São João, passamos a explicar o primeiro versículo do segundo capítulo: Éfeso representa o primeiro ciclo da civilização da nossa Época Ária. Todas as Épocas estão subdivididas em 7 civilizações. Presentemente, estamos no quinto ciclo, ou seja, na Igreja de Sardes.

Logo no começo do primeiro versículo, observamos o seguinte: “Ao Anjo da Igreja em Éfeso, escreve:…”.

Observa-se estar a Carta dirigida a um Anjo e não a uma das Igrejas, como mais tarde acontece com as demais. Dirige-se a carta a um Anjo, o Líder de uma civilização que tem como nota dominante a natureza de seu próprio Líder, levando-a até que a aurora de uma outra civilização ressurja. Lembremo-nos de Jeová, o Deus de Raça, guiando os povos até a chegada de Cristo. Dirige-se essa carta a um Anjo que guia a civilização no surgimento da Época Ária, logo depois da submersão da Atlântida no Oceano Atlântico,

O versículo continua assim: “Assim diz aquele que segura as sete estrelas em sua mão direita, o que anda em meio aos sete candelabros de ouro.”. 

Cristo rege os 7 Períodos, as 7 Revoluções de cada Período e, também, as 7 Épocas com os seus respectivos ciclos. Anda no meio dos candelabros da Igreja de Éfeso com a Sua Luz Espiritual, em defesa da evolução para iluminar internamente a humanidade. Os 7 candelabros têm a sua representação nos corpos, as “Luzes das Flores de Lotus”, assim conhecidas pelos hindus e denominados por Max Heindel de “Centros Espirituais”. Deve-se dizer a respeito desses Centros, que eles giram e fulguram em diferentes coloridos. Na civilização hindu, ou seja, na Igreja de Éfeso, os Centros Espirituais não estavam em condições de girarem assim como hoje, em nossa civilização atual. A inteligência não estava bem desenvolvida e, por isso, havia uma vidência negativa ou involuntária. A alma, naquela época, não estava autodinamicamente apta para se projetar aos Planos Superiores, como acontece com os seres devidamente educados sob o controle da Mente e da vontade. Somente os seres humanos santos conheciam as leis internas e sabiam se manifestar nos Planos Superiores. Observaram as Leis Divinas e trouxeram, das Hierarquias Angelicais, ensinamentos favoráveis aos seres humanos para o Mundo Físico e Mundo do Desejo. Eram intermediários entre os Deuses e os seres humanos.

O versículo 2 diz isto claramente: “Conheço tua conduta, tua fadiga e tua perseverança: sei que não podes suportar os malvados: puseste à prova os que se diziam apóstolos — e não são — e os descobriste mentirosos.”.

O versículo 3 reza assim: “És perseverante, pois sofreste por causa do meu nome, mas não esmoreceste.”.

Examinando ambos os versículos acima e respeitando a visão de São João, que na sua exaltação espiritual via o passado, verificamos o seguinte: aqueles que pereceram nas águas da Atlântida haviam exercido práticas espirituais invertidas, contrárias às Leis Divinas. Pela consciência espiritual, uma faculdade normal daqueles tempos, cada um se sentia autossuficiente em suas práticas transcendentais, pois, conheciam as Leis da Natureza, se sujeitando à uma vontade.

Os de Éfeso eram perseverantes por conhecerem a benignidade das Leis Divinas e foram os que se salvaram da malignidade atlante, preservando-se, em Éfeso, das máculas de seus antecessores. Respeitaram a Divindade e sujeitaram-se às Leis da Natureza, ignoravam o egoísmo, procurando viver como seres humanos em união com Deus.

Quanto aos falsos apóstolos-profetas, eles foram facilmente conhecidos e rejeitados, pois, entraram na penumbra atlante, imprópria, o que, entretanto, não se verificou com os verdadeiros profetas que desejavam o oposto, isto é, a vida com Deus, tendo anseios de Deus e dos Planos Superiores. Nesse ciclo, tudo que não era transcendental tinha o significativo de uma ilusão. Pseudos-guias da humanidade ensinaram a inutilidade da Terra e dos que nela viviam. Não acreditavam na beneficência de uma Terra santificada que os alimentava e nem se interessaram em cultivá-la para o seu próprio conforto. Viviam uma vida contemplativa, sem conforto e aguardavam a felicidade com a quase aniquilação e martirização de seus corpos precários, Naturalmente, tal forma de vida não os coordenava com as leis da evolução, que requeriam lutas e conquistas para os tempos futuros.

Fala nesse sentido o versículo 4, advertindo com todo rigor: “Devo reprovar-te, contudo, por teres abandonado teu primeiro amor.”.

Logo a seguir ensina o versículo 5: “Recorda-te, pois, de onde caíste, converte-te e retoma a conduta de outrora. Do contrário, virei a ti e, caso não te convertas, removerei teu candelabro de sua posição.”.

Procuremos desvendar esses dois versículos, vendo o que significa “abandonar o primeiro amor”. Estamos no mundo do Amor de Deus e em nossas vidas transcendentais, amamos a Deus. A vida dos Atlantes era oposta a Deus, era egocêntrica, como já explicamos linhas acima. Não se amavam uns aos outros, isto é, não amavam a criação de Deus na Terra e Suas leis na natureza; abandonaram a Deus e Sua soberania na criatura, como também a Hierarquia que os guiava por ordem superior. Eles amavam somente a si mesmos.

A Época Ária começou da mesma maneira como terminara a anterior, mas notava-se uma atividade oposta. Tal como os Atlantes procuravam subjugar as Leis da Natureza com a sua astúcia, sujeitando a força divina na natureza às suas ordens e destruindo e anulando a vontade de Deus em Sua criação, os Hindus, também, se afastaram do Amor de Deus ao abandonar a luta pela conquista da evolução, tornando a Terra sem valor e desprezada, não obstante toda sua beleza. Os atlantes tomaram conta da Terra com o seu egoísmo e os hindus abandonaram-na por desinteresse. Na imaginação do Hindu formou-se a descabível ideia de que a Terra não tinha valor e não compensava lutar por ela. A vida na Terra era somente uma ilusão, pois, o Corpo Denso seria mais tarde abandonado, tendo a vida seu prosseguimento em corpos superiores, no Nirvana. Acreditavam ao mesmo tempo na santidade de todas as criaturas, surgindo daí a idolatria das vacas e dos elefantes santos. Não tocavam nesses animais para não caírem em desgraças. Aliás, ainda hoje na Índia existe essa crendice. Tudo era divino, menos o próprio corpo, por se tratar de concepção que o qualificavam de ilusório. Martirizavam, assim, o Corpo Denso, julgando-o um instrumento inútil. Assim aconteceu por força das concepções errôneas de que a Terra devia ser abandonada, Terra essa de que foi feito o precioso veículo denso pelas Hierarquias, pela Vontade e pelo Amor de Deus.

Eis, pois, a explicação sobre a advertência de que trata o versículo 4: “Devo reprovar-te, contudo, por teres abandonado teu primeiro amor.”.

Quanto ao versículo 5, adverte com repreensão: “Recorda-te, pois, de onde caíste, converte-te e retoma a conduta de outrora. Do contrário, virei a ti e, caso não te convertas, removerei teu candelabro de sua posição.”, ou seja, o ciclo da civilização hindu. Só pela contemplação a Terra não poderia ser fertilizada porque o “homem feito de barro” deveria se utilizar dele em benefício de seu próprio corpo. Podia se beneficiar do fruto da Terra, do Espírito que a vivificava. Mostra o versículo a ordem de conquistar a bondade inerente à Terra e receber os benefícios do Espírito que anda no meio dos candelabros. Mesmo em nossos dias em que a civilização anda com passos largos, a Índia tende para as contemplações e idolatria das vacas santas. Nos últimos séculos essa tendência foi modificada. Swami Vivekananda[2] e Gandhi[3] emanciparam politicamente a Índia e, religiosamente, acharam caminhos para a concepção da Religião de Cristo. As novas gerações progrediram de acordo com a civilização, sem abandonar ao mesmo tempo a contemplação espiritual, formando, assim, uma fortaleza de paz em sua inteligência. Surge uma nova linhagem budista por reencarnação e se inicia uma lenta e perfeita revogação da desfavorável implantação das antigas castas e de suas leis dogmáticas e restritas. A abolição das castas por Gandhi mostra a influência do ocidente, como também da Religião Cristã, no oriente. A nova performance das ideias nos espíritos hindus une e amplia a vida social e científica de um grandioso povo com a evolução de todos os povos. O candelabro, que se achava na escuridão durante séculos, está agora brilhando com uma Luz Crística.

Segue-se o versículo 6, que confirma a exposição anterior: “Tens de bom, contudo, o detestares a conduta dos nicolaítas, que também eu detesto.”.

“Nicolaítas” quer dizer: “profetas falsos”. “Nicolaíta” foi uma palavra usada no tempo do Apocalipse, na Civilização Greco-Romana, tendo São João a empregado ideologicamente nos tempos passados. Ele chama de “profetas falsos” da velha Índia, os sacerdotes nicolaítas, pois, também no tempo de São João existiram sacerdotes sem escrúpulo, com a inverdade na boca, hipócritas e egoístas. Sabiam, com artifícios, enganar os crentes. Em nossos dias, embora estejamos longe da velha Índia e da Grécia, acontecem, infelizmente, as mesmas coisas, pois, existem ainda entre nós os nicolaítas. À margem da crença Cristã, existem a idolatria, as danças dos rituais da magia negra, a macumba com os sacrifícios dos animais que lembram a Atlântida; a primitiva Índia, o Egito e a Babilônia com os sacrifícios de animais em louvor a Deus; os Templos de Delfos da Grécia com a necromancia e a adivinhação dos obsidiados Druidas.

O Espírito se dirige a Éfeso com a certeza de ter se colocado em oposição aos nicolaítas, quando diz que Ele e os de Éfeso os odeiam. O ódio exprime, nessa situação, a luta contra as magias em detrimento da evolução. A luta dos espiritualistas se trava contra todos os artifícios nos cultos e, também, na política. Cristo dirigia a Sua palavra contra os sacerdotes, dizendo-lhes haver ninhos de víboras em seus corações. A política tem sua magia especial, a demagogia, o diabolismo da palavra. A massa popular facilmente se subordina à palavra diabolicamente aplicada, ajoelha-se e a adora.

Os primeiros sete versículos mostram, em seu resumo, os defeitos da vida contemplativa, deixando de realizar as obras necessárias em prol da futura geração do ciclo subsequente, isto é, da Igreja de Esmirna. A civilização acreditara na falsidade dos nicolaítas, para os quais a Mente se curvou. O Ego, em sua vontade de instrumentar seus corpos inferiores para as realizações materiais e espirituais, foi frustrado pela Mente inferior. As fraquezas do corpo carnal, os desejos e as emoções das partes inferiores do Corpo de Desejos, junto à Mente, tomaram posição contra a parte superior e positiva de uma vida verdadeiramente divina e abstrata. A vida consciente do Ego não chegou ao seu florescimento positivo. Grandes provas, tais como catástrofes e guerras, foram impostas à retardante humanidade, a fim de lhe abrir uma Mente com qualidade e discernimento.

O Apocalipse em seu versículo 7, formula uma advertência e, logo, uma sentença: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: ao vencedor, conceder-lhe-ei comer da árvore da vida que está no paraíso de Deus.”.

Muito bem! Aquele que tem ouvidos para ouvir os que falam por meio das profecias, ouça, porque fala o Espírito da Verdade às almas: “Aquele que vencer o mal, receberá o alimento do fruto da Árvore da Vida que se acha no Paraíso de Deus”, A “Arvore da Vida” é o Pai no Paraíso, que se constitui na absoluta pureza, de Quem o vencedor se alimenta. Somente aquele que tiver vencido a maldade, a ignorância e a Mente inferior e mentirosa, poderá, como vencedor, viver no Paraíso e desfrutar do alimento dado pela Árvore da Vida.

Mencionemos, a seguir, a quem as cartas foram dirigidas:

  1. Carta a Éfeso: Época Ária e Civilização Hindu.
  2. Carta a Esmirna: Época Ária e Civilização Babilônia-Assírio-Caldaica.
  3. Carta a Pérgamo: Época Ária e Civilização Persa-Greco-Romana.
  4. Carta a Tiatira: Época Ária e Civilização Romano-Celta.
  5. Carta a Sardes: Época Ária e Civilização Teuto-Anglo-Saxônica.
  6. Carta a Filadélfia: Época Ária e Civilização Aquária, depois da Anglo-Saxônica.
  7. Carta a Laodiceia: Época Ária e a última Civilização.

Após as 7 Cartas dirigidas às 7 Igrejas, ou sejam, às Civilizações durante a Época Ária surgirão, pela Lei da Precessão Solar, as 6ª e 7ª Épocas da 4ª Revolução do Período Terrestre. Cada Época com suas 7 Civilizações.

SEGUNDA CARTA: À IGREJA DE ESMIRNA

As palavras do versículo 8: “Ao Anjo da Igreja em Esmirna, escreve: Assim diz o Primeiro e o Último, aquele que esteve morto, mas voltou à vida.”.

Já sabemos que Cristo é o primeiro e será o último através dos séculos dos séculos. Mas, diz que foi morto, todavia, essa morte é bem diferente da nossa. Cristo não podia e nem pode morrer, senão jamais poderia viver. Não poderia Ele viver e nem o Cosmos, em sua complexidade e, por conseguinte, nem também em nós viver. Se, porém, admitimos a entrada do Espírito Solar na lenta vibração existente na Terra, significa, sem dúvida, um sofrimento para Ele. Como a Fraternidade Rosacruz corretamente ensina: “O Cristo sofre na Cruz da Terra”. O Seu Corpo é do Sol e não da Terra. A Sua morte temporária começou na mesma ocasião em que tomara o Corpo Denso e Vital de Jesus, quando do Batismo de Água no Rio Jordão. A Luz do Espírito de Vida tomou posse de um corpo terreno com vibrações opostas às do Sol. Bem sabemos o que aconteceu no ato da crucificação, quando Aquele magnificente Espírito Solar, ao se libertar do corpo terreno do sublime homem Jesus, iluminou de tal maneira o globo terrestre que chegou a ofuscar completamente a visão dos presentes, parecendo que o Sol se obscurecera.

Voltando nossas explicações sobre a Carta à Igreja de Esmirna, vemos que essa se dirige à Civilização Assírio-Babilônio-Caldaica, em cuja época não existiam sentimentos elevados. Formara-se uma luta pelo material, conquistando-se apenas valores terrenos em contraste com a Igreja de Éfeso, que era contemplativa. Foi conquistada a torre da Babilônia, representando a vida real-material. Essa civilização começou por procurar um Deus real, visível aos seus olhos: o Sol, a Lua e todas as Estrelas. A contemplação espiritual positiva era privilégio de poucos sacerdotes, em divergência ao ciclo anterior, onde existia a contemplação negativa das massas humanas. Naqueles tempos o Espírito Solar guiava, com a sua Hierarquia, a evolução na Terra, por fora, externamente. A Mente recebia melhores meios para se desenvolver e progredia, como ainda hoje progride, graças à constante influência das Forças Divinas suprassensíveis. Cristo se interpenetra incessantemente em nosso ser; pode-se, assim, atestar que a Sua constante morte, sempre presente em nossa existência, proporciona e beneficia a nossa evolução, a nossa existência em geral. Vivemos graças ao Seu enorme sacrifício. Ele morre para que vivamos. Bem diz o versículo: “o Primeiro e o Último, aquele que esteve morto, mas voltou à vida.”.

A salvação dos seres precede a “morte” do Espírito nas criaturas e só depois deverá vir a vivificação, a Ressurreição. Cristo se infunde no ser humano imperfeito e ressuscita nele o “Homem Divino”. O “Homem Espiritual” se encontra de maneira confusa, morto, mas deve viver em união com Cristo e, dessa forma, haverá salvação. Cristo vive assim no ser humano, como o ser humano vive em Cristo. Os espiritualistas sabem perfeitamente da união com Cristo ao falar sobre a comunhão. Não existe vida espiritual d’Ele separada. A desgraça da humanidade, em suas múltiplas formas, mostra não existir ainda união com Ele. As forças lucíferas, com a sua falsa luz, regem as Mentes dos responsáveis pela evolução, desde Babilônia até hoje.

O versículo 9 diz o seguinte: “Conheço tua tribulação, tua indigência — és rico, porém! — e as blasfêmias de alguns dos que se afirmam judeus, mas não são — pelo contrário, são uma sinagoga de Satanás!”.

Os Espíritos do bem e do mal surgem sempre com os seus defeitos e suas beneficências. Parece que um fio vermelho passa através dos tempos desde a criação até onde entramos, perfeitos, no Corpo de Deus. A falsa Mente deseja ignorar as Leis Divinas, procurando sempre impressionar pela ignorância caótica em que os semi-intelectuais facilmente caem. Deus, em Sua Onipotência, não quer em absoluto a submissão cega de Seus filhos, pelo contrário, deseja que eles conheçam as Leis Criadoras Universais que passam pelos próprios corpos desde os tempos remotos até o infinito. Os espíritos lucíferos rejeitaram esta Lei Divina e, por isso, fala o versículo: “Conheço tua tribulação, tua indigência”. A falsa luz blasfema contra tudo que é divino, empregando a mentira; Lúcifer é inteligente, dizendo de si mesmo ser judeu, um adiantado da evolução, um Iniciado, um criador. Diz bem o Apocalipse sobre esses “iniciados” pertencentes à Sinagoga de Satanás pela expressão da falsa luz de seus intelectos. Já nos tempos remotos babilônicos, se separaram os “homens de boa dos de má vontade”. O versículo faz referência aos de boa vontade: “és rico, porém!”. São ricos porque rejeitaram a má influência lucífera, seguindo as Leis Divinas Iniciáticas, a Inteligência Superior. A história nos mostra, com toda clareza, a destruição da Babilônia material, assim como em grande parte, a da intelectual. A Sinagoga de Satanás foi rejeitada e deu riquezas aos que se iniciaram de coração, como judeus.

Diz o versículo 10 o seguinte: “Não tenhas medo do que irás sofrer. Eis que o Diabo vai lançar alguns dentre vós na prisão, para serdes postos à prova. Tereis uma tribulação de dez dias. Mostra-te fiel até à morte, e eu te darei a coroa da vida.”.

Promete-nos esse versículo, para o futuro, uma vida coroada, uma vida diferente não igualável às passadas. Diz o versículo sobre as vidas passadas, que não podiam trazer a nossa soberania, antes que passássemos por sofrimentos e tribulações, caminhando sobre estes com as esperanças de conseguirmos a Coroa da Vida. O que é a Coroação da Vida? Não admitir e nem se entregar aos maus pensamentos, nem às sensações do Corpo de Desejos e emoções inferiores. Bem diz o versículo sobre esta particularidade de sofrimentos quando preconiza que “Eis que o Diabo vai lançar alguns dentre vós na prisão”, isto é, nos amarrar em nossas vaidades, em nosso egocentrismo, em apegos convencionais e nos aproveitarmos da ignorância do próximo para o nosso próprio bem estar.

Faz referência o versículo sobre tribulações de 10 dias. É claro que não se trata de 10 dias comuns. A conciliação entre o mal e o bem, não existe. Nós, Espíritos que somos, temos que nos salvar do mal e quanto tempo levaremos até recusá-lo, depende do reconhecimento de que o Salvador está constantemente batendo na porta do nosso coração. Ele bate 10 dias, desejoso de nos arrebatar do diabo que nos prendeu com suas algemas. A luta poderá durar um ciclo, ou mais, até que o Salvador nasça em nossas almas. Quem tiver passado fielmente os 10 dias até a morte das más qualidades desta civilização, receberá a Coroa da Vida, a soberania sobre esta e terá o ingresso à Nova Era. Isto acontece de civilização em civilização. A luta constante em si mesma e por si mesma sublima com o tempo todos os conhecimentos passados. Acolhidos são estes pelo Ego para mais tarde, em uma civilização posterior, aumentar o processo da purificação e de múltiplas coroações, como explica o Apocalipse.

Segue-se o versículo 11 com uma ameaça: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: o vencedor de modo algum será lesado pela segunda morte”.

Diz o versículo que “aquele que não vencer, sofrerá dano”, que significa a “segunda morte”. Qual é a primeira morte? A morte do Corpo Denso, necessitando, de tempos em tempos, renovação por sequentes renascimentos. A segunda morte se refere ao Corpo de Desejos. E por que morreria este? Já sabemos da intenção do Supremo Espírito que fala pelo Apocalipse, no sentido de que nos preparemos para a Iniciação. Para esse fim, devemos ativar o nosso Corpo de Desejos com sentimentos elevados e pensamentos puros. Como espiritualistas, conhecemos práticas meditativas e atividades caritativas que proporcionam aos corpos a devida elevação. Purifica-se o Corpo de Desejos e recebe a Mente a sua consequente luz. Estes são os fatores para a Iniciação.

Se acontecer o contrário, todos os Corpos não receberão o devido alimento e se agarrarão aos sentimentos infernais e pensamentos corruptos, razão por que ficarão esfomeados, atrofiados e, como resultado final, sofrerão a morte. Isso representa a segunda morte, o que equivale à perda da personalidade.

TERCEIRA CARTA: À IGREJA DE PÉRGAMO

Esta carta nos faz lembrar Moisés ao levar o povo escolhido, os Semitas Originais, do Egito para fora das muralhas construídas com o suor e sangue dos oprimidos. Embora a massa humana estivesse ausente da influência egípcia, as forças malignas espirituais dos antigos opressores continuaram a repercutir na Mente desse povo. A falsa luz lucífera reinava ainda em muitas inteligências e, assim, reconstituíram cultos a deuses de barro e de ouro. Balaão continuava o influenciar mortalmente às várias tribos israelitas. As leis de Jeová não tinham ainda se apoderado da maioria do povo e por isso, houve, em parte, a idolatria, como também a prática de Balac da magia negra. Estendeu-se essa corrupção até a chegada de Cristo, o Supremo Iniciado do Sol. Na história, encontramos constantemente defeitos de uma civilização anterior nas subsequentes. Formas mentais do passado se mesclam com as novas, prejudicando a mentalidade e suas expressões mais elevadas. E assim, não só as leis de Jeová corriam perigo, como também, por intermédio dos israelitas, a futura doutrina de Cristo. A luta no âmbito material, bem como nos transcendentais da Magia Branca e Negra, tomaram posições contrárias. As Leis de Jeová, mesmo com características de leis, tiveram por base o Amor, como mais tarde se manifestou por Cristo.

Quanto à diversidade de concepções da Igreja de Pérgamo com a Egípcia, lemos no versículo 12 o seguinte: “Ao Anjo da Igreja em Pérgamo, escreve: Assim diz aquele que tem a espada afiada, de dois gumes”.

A espada representa a justiça e essa se pronuncia com o Verbo. Por sua vez, o Verbo impõe força à justiça, edificando, fazendo justiça de um lado e, ao mesmo tempo, destruindo o outro. Ajustando-se um lado, aniquila-se o outro, qual seja a injustiça. A Lei de justiça consiste em edificar. Sobre a mentira, não há possibilidade de construir, razão por que o Verbo da justiça se torna perigoso a ela, e seus adeptos serão, implacavelmente, destruídos. A Justiça Divina em seu poder benigno, destrói em sua função a tudo quanto se lhe antepõe.

Esclarece bem nesse sentido o versículo 13: “Sei onde moras: é onde está o trono de Satanás. Tu, porém, seguras firmemente o meu nome, pois não renegaste a minha fé, nem mesmo nos dias de Antipas, minha testemunha fiel, que foi morto junto a vós, onde Satanás habita.”.

Cumpre-nos explicar o que João de Patmos, São João Evangelista, nos ensina minuciosamente. Cristo se refere à sua fiel testemunha nos tempos de Antipas como o último Profeta dos Israelitas, qual seja, São João Batista. O adversário de Batista era o Antipas, chamado Rei Agripa e, também, Herodes. A função de São João Batista era clamar pelo deserto dos sentimentos corruptos, quando pregava o arrependimento e, finalmente, batizar e levar a coletividade às cercanias da justiça e do amor de Cristo.

São João Batista, mais tarde, conforme o Evangelho Segundo São Mateus, cap. 14, vers. 3 ensina, foi encarcerado por ordem de Antipas Agripa Herodes[4]. E não é difícil saber a causa: Herodíades, a mulher de Herodes, não era sua esposa legítima. Era casada com o irmão de Herodes, chamado Felipe e tinha uma filha, Salomé. São João Batista revoltou-se contra Herodes, reclamando que respeitasse a esposa de Felipe. O versículo 4 mostra-nos a revolta com as seguintes palavras: “Não te é permitido tê-la por mulher”.

Herodes, como soberano da Judéia, ordenou o encarceramento do Profeta. Sua intenção era matá-lo, mas não podia fazê-lo porque temia a revolta do povo, porém, a ocasião não se fez demorar, pois, o drama se apresentou com a festa natalícia do soberano. Os acontecimentos se precipitaram e encontramos na personalidade de Herodíades, uma sacerdotisa pagã dotada de conhecimentos das práticas da Magia Negra. Conhecia muito bem a força espiritual do asceta João, que era oposta à sua. Os tempos de Cristo já haviam chegado às portas e o novo advento surgia com os milagres do Batismo. Lembramo-nos das Iniciações de São João Batista há cerca de 500 anos A. C., quando vivia como profeta Elias. Já naqueles tempos Elias falava sobre o Salvador. Cristo, por sua vez, dizia aos Seus Discípulos que Elias se achava presente, os quais sabiam da identidade com São João Batista. Herodíades sabia da espiritualidade do Profeta e não tendo a faculdade de atraí-lo com a sua magia sexual, se apoderou dela um insensato ódio planejando daí a destruição dele. Ela sabia que, se pudesse obter partes do Corpo Vital em união com ele, aumentariam suas forças mágicas.

Aconteceu, na festa de aniversário de Herodes, que Salomé dançou diante de todos e agradou o soberano, tendo esse, como recompensa, prometido lhe dar o que pedisse. Salomé, instigada por sua mãe, pediu a cabeça do Profeta, no que foi atendida. Herodíades, recebendo a sangrenta cabeça de João Batista, procurou se aproveitar da parte etérica do Corpo, mas, em virtude da sublime vibração desse, não logrou realizar a sua intenção. As vibrações do Mago Branco não podiam ser aproveitadas pela Magia Negra.

Verificamos, a seguir, as explicações do versículo 13, seu ensinamento e a conclusão a que chegamos: o Trono de Satanás tinha ligação com a personalidade que se achava no Trono da Judéia, Herodes, a sua ilegítima mulher, e com a filha dessa, Salomé. Jorrou na caverna do Diabo o sangue daquele que conservava o Verbo Divino como Profeta, João, o Batista. Esse não negava os preceitos da máxima Verdade, o Cristo, e a Justiça do Velho Testamento e, por isso, foi decapitado. A história do acontecimento dramático mostra nitidamente três movimentos eclesiásticos daqueles tempos. De um lado, os Israelitas divididos em duas direções, uma, composta de esoteristas, ou seja, a linhagem dos Essênios e semelhantes a esses, e a outra, constituída de Escribas e Fariseus, escravos da letra e da hipocrisia. A luta entre as duas linhagens era constante. A Sabedoria ensinada no deserto não podia penetrar na ferocidade dos Escribas e Fariseus. Uns acreditavam nas Leis de Deus, e os outros, nas convenções prescritas dos tronos de sacerdotes falíveis.

Além desses dois movimentos, encontramos o terceiro constituído dos que se sustentavam dos sacrifícios do sangue proveniente da vida dos animais e dos seres humanos: o Paganismo, a Magia Negra e a Idolatria. Três movimentos ou cultos que se mesclaram constantemente.

O versículo 14 nos faz entender o acima descrito: “Tenho, contudo, algumas reprovações a fazer: tens aí pessoas que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balac a lançar uma pedra de tropeço aos filhos de Israel, para que comessem das carnes sacrificadas aos ídolos e se prostituíssem”.

Já sabemos que Herodíades e sua filha Salomé, se entregaram ao culto de Balaão. Nas orgias, as mulheres dançavam e se prostituíam. Salomé, conforme ensina o Evangelho Segundo São Mateus, cap. 14, vers. 3, dançou no aniversário do Herodes. Herodíades se prostituiu, pois, era esposa de Felipe e não de Herodes. Essas festas surgiram no Egito e passaram para a época e templos da Grécia e de Roma. São João, o Israelita, não só seguira as leis que proibiam a prostituição, como também, sendo profeta e não casado, conservou as forças sublimes que possuía em seu corpo. O fogo espiritual serpentino de sua coluna vertebral estava todo em seu poder e se dirigia contra o veneno luciférico da serpente Herodíades.

Nas orgias de Balac, comiam-se animais sacrificados aos deuses. Os Israelitas, entretanto, atenderam estritamente às Leis, não se servindo das carnes e das bebidas destinadas aos deuses e nem se prostituíram. As festas sensuais não conseguiram contaminar os Filhos de Israel daquele tempo, preservando seus sentimentos dentro do espírito de sua Religião.

A divergência, então existente, estava nas qualidades de São João Batista que preparara o caminho do Senhor, divulgando a Doutrina de Cristo, pregando o Batismo e o Arrependimento dos Pecados, isto é, o Novo Evangelho, antes do Seu advento. Muito claro está que se tratava de um revolucionário no culto e no ritual religioso daquela época. Mais tarde, o próprio Salvador disse que iria sofrer as mesmas ou parecidas consequências de São João Batista.

Esclarecendo melhor os sentimentos decadentes daqueles tempos, quando lemos o versículo 15 que trata sobre a revolta contra o Clero, a saber: “Do mesmo modo tens, também tu, pessoas que seguem a doutrina dos nicolaítas”.

Quem são esses que sustentam a doutrina dos nicolaítas? Os Escribas, os Fariseus e o Clero. Não só o Clero egoísta usurpava o povo, como também aqueles que se arregimentaram na casta dos políticos e da força armada. Era com o suor que o povo sustentava esses nicolaítas. Raramente o Clero se interessava amorosa e religiosamente pelos que sofriam, a não ser com pretexto para obter regalias.

O versículo 16 demonstra como o Espírito deseja lutar contra as castas divergentes da verdadeira religião e contra os nicolaítas em geral: “Converte-te, pois! Do contrário, virei logo contra ti, para combatê-los com a espada da minha boca.”.

Na sequência dos versículos, vemos algo surpreendente. Desenrola-se um acontecimento dramático. A primeira fase é uma ameaça à civilização anterior à aparição de Cristo. Claro é que tal ameaça se dirige a qualquer civilização. Ele disse: “Converte-te, pois!”. Cristo não fala mansamente e sim dá uma ordem! Essa frase não dá margem para não se arrepender da vida errada. Devemos, portanto, acreditar na ordem, porque o bom senso e a razão assim o exigem, senão, como a frase bem o diz: “virei logo contra ti”. Aí está a força da espada que alcança todos aqueles que não se arrependerem. A espada de Sua boca, isto é, o Verbo benigno-destruidor atinge a deplorável inteligência humana para destruí-la. Justifica-se essa destruição dos ídolos vivos e mortos. Os mortos e os ídolos não servem para levar a civilização à frente. Os nicolaítas e suas camarilhas guerreiam contra as exigências do “homem interno”, o Ego. O Verbo divino, porém, pouco a pouco, abria Caminho para a alma e o coração dos oprimidos, dos humildes de espírito. O Reino de Cristo a eles falava.

No versículo 16 temos a sensação de que uma tempestade purificadora se aproxima. O Temporal Espiritual faz sentir a sua imperiosa potência, destruindo a infestada moral e a intelectualidade perversa imposta pelos dirigentes do culto e da política.

Observando em seguida o versículo 17, após o Temporal Espiritual, nos ocorre um sublime sentir de alívio, um tema sinfônico transcendental: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: ao vencedor darei do maná escondido, e lhe darei também uma pedrinha branca, uma pedrinha na qual está escrito um nome novo, que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”.

Vejamos o significado dessas palavras. Chega-nos do Espírito uma promessa: “ao vencedor darei do maná escondido…”, no sentido de uma recompensa por uma boa conduta. Se o versículo faz referência a um “vencedor”, é porque antes houve uma luta. Isso mesmo, o vencedor luta antes contra a obscuridade mental e a cristalização dos sentimentos. A Mente devia ser sempre assim, como um cristal puro, favorecendo a transparência da função divina do Ego nos Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso. Tendo em mira o objetivo do Ego em entregar de sua vida Cósmica o Amor Paterno e não tendo meios adequados para se manifestar, por estar impura a Mente, é facilmente compreensível a sua impossibilidade de levar a criatura às alturas onde ele, o Ego, coopera e tem seu verdadeiro âmbito. Quem vence, então, nesse sentido, incorpora em si qualidades tais, que receberá como recompensa o Maná escondido, imaterial, isto é, o alimento espiritual. Fala o versículo sobre o “maná escondido” que ninguém vê. Todavia, a qualificação, o desligamento entre as partes inferiores e as superiores, dão o direito ao alimento divino, podendo a alma conhecer e ver com que será alimentada.

Prosseguindo, promete o Espírito dar uma Pedra Branca, sobre a qual será escrito um Novo Nome que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.

A Ciência Oculta ensina a intangibilidade do Ego. Essa é a Pedra que ninguém conhece e por ninguém é encontrada. Não tendo colorido algum, sendo de perfeita brancura e sobre a qual será escrito um Novo Nome, terá a consciência divina aquele que se transportar da imperfeição à perfeição.

Quem é perfeito? Somente aquele que se conhece dentro das Forças Universais, capaz de criar de si mesmo, vivificar a si próprio nos planos espirituais, como também se tornar um auxiliar das Hierarquias Criadoras. Esse reconhecimento das forças criadoras em si mesmo se constitui no Novo Nome, conhecido tão somente por aquele que O recebe.

Nesse ponto, encerra-se a carta dirigida à Igreja de Pérgamo.

Resumindo em poucas palavras tudo quanto fora dito: o Espírito dirigente desse ciclo de civilização espera a rejeição dos ídolos, da corrupção dos sentimentos, da insensatez, da injustiça, provocada por uma Mente astuta, enfim, a limpeza geral, a catarse da Alma para que possa obter a livre atividade do Ego, chamado então o “Eu Sou”, o Novo Nome que foi escrito sobre o Ego.

QUARTA CARTA: À IGREJA DE TIATIRA

A terceira carta, dirigida à Civilização de Pérgamo, finaliza com o ensinamento da promessa em dar a pedra branca aos que vencerem as inferioridades da Mente e os instintos inferiores do corpo emocional. Foi ensinado estabelecer sentimentos positivos e elevados, como também pensamentos sublimes para mais tarde as almas encontrarem a união preciosa de seus Egos.

Terminada a Civilização de Pérgamo e havendo entrado na Igreja de Tiatira, a Civilização Teuto-Celta-Anglo-Saxônica, percebemos nessa, remanescentes características dos cultos do velho Egito, como também da Civilização Greco-Romana. As almas retinham ainda rituais dos tempos passados, que foram mesclados com os novos.

Percebe-se essa tendência quando lemos o versículo 18: “Ao Anjo da Igreja em Tiatira, escreve: Assim diz o Filho de Deus, cujos olhos parecem chamas de fogo e cujos pés são semelhantes ao bronze”.

Por esse versículo, manifesta-se pela primeira vez Aquele que fala, o FILHO DE DEUS. É uma surpresa acharmo-nos não só à Sua frente pela Sua palavra, como também em Sua presença. O Filho de Deus se manifesta a SI mesmo, apresentando-se em Sua majestade. Sentimos a Sua descida entre nós, chegando das Alturas para os seres humanos terrenos. Somente nessa civilização percebemos a Sua presença real, o que antes não acontecia. Por que razão? Por faltarem entre os seres humanos as devidas qualidades. Faltava o nexo, a união entre a alma e o Ego, o “EU SOU”. Somente depois de terem as almas conseguido unir-se com o “Eu superior”, o Filho de Deus descer à Terra desejoso de formar a Sua existência nas almas avançadas. Em Jesus-Cristo apresenta-se o Cristo, o “Deus no ser humano”. Coaduna-se por Lei Cósmica Deus e o ser humano. Praticamente, por assim dizer, não teria cabimento a separação entre Deus e a sua criatura, pois, se assim fora, existiria a desunião e o Egoísmo divinos. O que existe, no entretanto, é que as partes ainda falhas, isto é, ainda não desenvolvidas para a percepção divina, desviam o Ego de sua verdadeira Vida Divina. Até a 4ª Civilização não foi possível efetuar-se a ligação entre “Deus e o ser humano”, por expressar ela excessiva forma de personalismo. Isso excluía automaticamente o sentimento do Universalismo. A escravatura era o efeito daqueles que viviam a vida autocrática em prejuízo da coletividade, Deus estava “longe” e inacessível, razão por que se faziam imagens e se esculpiam deuses na Grécia e em Roma para que a multidão vivesse mais perto deles.

O anseio da massa em se comungar com um Deus e a maturidade dos espíritos pelos sofrimentos impostos pelos seus opressores, culminaram na descida do Filho de Deus, na 4ª Civilização. Não podia surgir somente em Espírito, pois, se assim sucedesse, não poderia se fazer conhecido. Não poderia, também, conhecer as dificuldades humanas, nem agir como Deus em forma humana realizando os milagres em Seus irmãos. Tinha de estabelecer de Si mesmo uma ponte entre as almas dos humanos e Deus. O Filho de Deus tinha o dever da promulgar uma doutrina em que não mais existisse a separação entre a criatura e Aquele que a criou.

Imaginando a forma descrita no versículo 18, perguntamos: Quem teria força suficiente para resistir aos Olhos de Chama de Fogo? Olhos flamejantes em espírito, invadindo todos os corpos, Corpos comuns não suportariam, mas aqueles dotados de uma preparação especial, almas equipadas com o poder e enriquecidas suportá-los-iam indubitavelmente. Essa imagem foi vista nos Céus e, assim, os Céus reclamam e proclamam em cada alma a vontade desses “olhos”. Assim como o Filho de Deus se apresenta ao Apocalíptico, igualmente deseja revelar-se a cada Ego.

O versículo fala ainda sobre os “pés semelhantes ao bronze polido”. Os “pés” fazem entender as partes inferiores que, uma vez atingido o estado de luminosidade, de luz incandescente, ou como o mesmo versículo bem o diz: “semelhante ao bronze polido” ou ainda como “se tivessem sido tirados de uma fornalha”, estariam automaticamente superadas.

Os tempos do Filho não mais se adaptam a tudo que é corrupção. As inferioridades e a escuridão não têm mais lugar. Isso é o que nos ensina aquele majestoso Ser que reluz com divino esplendor, propondo ao entendido unir-se totalmente com o “Eu superior”.

Prosseguindo, temos o versículo 19 que diz: “Conheço tua conduta: o amor, a fé, a dedicação, a perseverança e as tuas obras mais recentes, ainda mais numerosas que as primeiras”.

Fazendo uma retrospecção sobre o aprendizado até este ponto, encontramos o seguinte quadro:

Refere-se a 1ª Carta ao abandono do “primeiro amor”, mostrando a deficiência da vida contemplativa com o consequente abandono da terra e dos seus respectivos produtos, seu abençoado fruto.

A 2ª Carta apregoa a quem passar pelo ciclo satisfatoriamente e tenha nivelado de forma favorável à sua vida emocional, não sofrendo a “segunda morte” e o aniquilamento de seu Corpo de Desejos.

A 3ª Carta ensina que aquele que passar pelas provas anteriores, perseverando e insistindo em aumentar as qualidades da Mente e do Corpo Emocional, receberá a “pedra branca” com o novo nome, a consciência do seu Ego.

A 4ª Carta, em apreciação, que representa a 4ª Civilização da 5ª Época, ou seja, a Ária, mostra-nos com toda majestade, conforme bem o diz o versículo 18, o Filho de Deus na Terra.

O versículo 19 resume em si tudo o que se passou até essa civilização. Expomos a seguir os seguintes pormenores: reconheço os teus esforços em benefício da tua evolução. Sei como suportaste os sofrimentos até conseguires retomar o amor pela Terra, quando estavas em contemplação dos planos superiores. Sei que tiveste desviada a beleza dos Céus para poder te aplicares, material e fisicamente, na transformação da Terra crua. Elogio a tua paciência e provações que sofreste contra aqueles que desejaram desviar a tua atenção do Teu Deus e da Tua . Tens te beneficiado da tua Mente, última conquista, última obra tua, conseguindo atrair a mim o Filho de Deus em teu EU. Foste comigo libertado da escravidão e de toda a inferioridade.

Até este ponto, encontramos no Apocalipse a satisfação sobre os efeitos conseguidos, mas, surge um contraponto em detrimento ao exposto no versículo 20, que diz: “Reprovo-te, contudo, pois deixas em paz Jezabel, esta mulher que se afirma profetisa: ela ensina e seduz meus servos a se prostituírem, comendo das carnes sacrificadas aos ídolos”.

A seguir, damos algumas explicações, recapitulando os ensinamentos já mencionados, tendo em vista a importância de que se revestem.

Sabemos como foi possível ao Filho de Deus manifestar-se. Havia chegado a época em que os corpos humanos puderam receber maior afinidade com o Espírito, começando uma completa modificação para aqueles que estavam preparados para uma vida divina. O homem-animal-emocional tem que ser posto fora de ação para que, futuramente, possa se abrir nele o Reino dos Céus. Esse Reino foi primeiramente visto por São João em sua clarividência. Ninguém pode ver à vontade, mas, nos “Olhos de Fogo” e na “Espada saindo da Boca’, São João pôde vê-lo. Uma nova forma de vida, cheia de luz, aproximava-se, impondo uma experiência divina. A vontade dirigida pelo intelecto, por um intelecto puro e não pela destrutiva emoção. Mas, essa Mente deve ser educada. Já na velha Atlântida tinha a sua função, mesmo agindo astuciosamente. O intelecto acha-se hoje em nebulosidade, incerto, em atividade de uma lógica estreita, restrita e encurralada em limites, o que, aliás, não acontece com uma Mente poderosa que desconhece completamente qualquer limitação e vive em Deus. Entretanto, se a Mente caminhar sem nexo divino, os sentimentos, pensamentos e ideais sublimes facilmente destruir-se-ão pela injustiça da lógica sem luz. A história nos mostra claramente esse defeito da humanidade. Metodicamente ensinava-se, e ensina-se atualmente, a injustiça nas academias da lógica. O Apocalipse chama esse fenômeno da Mente ilógica, sem escrúpulo e sem verdade, de prostituta Jezabel. A Mente fria e somente cerebral, não se interessa pelo que é belo, filantrópico, cordial e verdadeiro. Com a sua luz falsa, procura mostrar-se interessante em seu vocabulário fascinante, porém, vazio, atraindo tudo quanto é benigno, para depois enganar.

A Igreja de Sardes (Época Ária e Civilização Teuto-Anglo-Saxônica) é a mais baixa das civilizações, O que se passa em nossa coletividade, no civismo em comum, é de entristecer. Jezabel reina com toda a sua perversidade e mesmo aqueles que a conhecem encontram dificuldades para se esquivar dela. Poucos são os que podem salvar-se. Muitas são as escolas que ensinam calculadamente a intelectualidade fria, os preceitos do “eu” inferior. Jezabel, a Mente falsa, profetisa de um falso deus, cria milhares de ídolos mentais com os quais sacrifica a verdade, alimentando-se das deformações das verdadeiras ideias e dos pensamentos desvirtuados do seu valor real.

Chegamos ao versículo 21, que diz: “Dei-lhe um prazo (a Jezabel) para que se converta; ela, porém, não quer se converter da sua prostituição”.

No período de Saturno nos foi dado o protótipo de um Corpo-Químico-Físico com a sua incorporada parte do Espírito Divino; no Período Solar, o protótipo do Corpo Vital com a sua parte superior de que se alimenta, ou seja, o Espírito de Vida, e no Período Lunar, as Hierarquias formaram o protótipo do seu Corpo de Desejos com a sua parte superior do Espírito Humano. Chegou a hora do Período Terrestre, no qual recebemos a Mente. Já se movimentou o nosso Globo por 3 1/2 Períodos de sua evolução total, desde o Período de Saturno, e cerca de 3 1/2 Revoluções, tendo já passado por 4 Épocas, encontrando-nos, atualmente, na 5ª, Civilização Ária das 5 Épocas, ou seja, na Igreja de Sardes.

Na Igreja de Tiatira, a Mente foi intimada a arrepender-se e abandonar a idolatria, pois, livrando-se dessa, alcançaria a luz, e a nuvem que ainda se acha à sua frente, desapareceria, recebendo então, a libertação para os planos superiores. Atrás da nuvem, existe a verdade.

Analisando o versículo 22, fala-nos ele sobre coisas horríveis que possam advir: “Eis que vou lançá-la num leito, e os que com ela cometem adultério, numa grande tribulação, a menos que se convertam de sua conduta”.

Essa advertência é dirigida à nossa civilização, qual seja, a Teuto-Anglo-Saxônica. Diz no referido versículo o Espírito das Igrejas: “Eis que vou lançá-la num leito”. Isso quer dizer que a Mente será imobilizada, cristalizada ou impossibilitada de pensar. Não só a nuvem existente turvaria a luz que se acha à sua frente, mas, também, a escuridão mental, a loucura e o cretinismo forçariam a Mente a recuar de seu verdadeiro estado. As futuras civilizações requererão da Mente sério empenho no conhecimento da música e da matemática, obrigando-a a pensar em cousas abstratas. Não queremos com isso dizer que não existam almas em nossa civilização atual que se dediquem a tais atividades. De fato, existem, entretanto, em nosso caso, necessário se torna que haja por parte da maioria dos seres humanos maior empenho nesse sentido, tendo em vista a futura civilização. A Mente só poderá adquirir a máxima capacidade quando tiver treinado devidamente as qualidades mencionadas. Os ocultistas em nossos dias já fazem, em parte, esse treinamento.

Pelos acontecimentos do último milênio, pode-se demonstrar os danos causados pelo pensamento mal dirigido. As guerras da Era Cristã mostram-se mais ferozes do que na idade do Paganismo. Inventaram, os mentalistas, e continuam inventando, terríveis engenhos para aniquilarem os seus semelhantes. A loucura tem suas raízes naqueles que pensam em matar. Não é com a Mente que se pensa? O resultado provém da causa e depois, quando se examina as estatísticas de enfermidades ocasionadas por pensamentos inadequados, verificamos as moléstias envolverem cerca de oitenta por cento dos nossos semelhantes. De todas essas coisas adverte-nos a Civilização de Tiatira, antecessora da nossa. Não obstante, muito pouco aprendemos, pois entramos mais ainda no materialismo e na discordância comum. No que concerne à parte de civilização, demos um passo à frente, porém, atrasamos cultural, estética e religiosamente.

Como complemento ao versículo 22, diz o seguinte, o 23: “Farei também com que seus filhos(?) morram, para que todas as Igrejas saibam que sou eu quem sonda os rins (a Mente) e o coração; e a cada um de vós retribuirei segundo a vossa conduta.”

Farei também com que seus filhos(?) morram”, isso é, os filhos da Mente, aqueles que foram criados na prostituição e não os do verdadeiro matrimônio por sentimentos da Verdade. As invenções malignas, como já sabemos, originam-se de uma inteligência desviada. Esses são “os seus filhos” que devem ser reconhecidos por todas as Igrejas futuras como os seus antepassados, que se perderam no labirinto dos erros do mal pensar. Diz o Espírito que “matará esses filhos do mal”. O que significa essa advertência? Já falamos sobre esse ponto anteriormente. Não obstante, julgamos necessário dar ainda as explicações abaixo.

A Mente que tenha se desvirtuado de sua verdadeira função não mais direito terá de se aplicar em futuras civilizações, conforme já se faz sentir presentemente. Essa Mente infrutífera será posta em letargia. O Espírito, com a sua Hierarquia, não conseguirá levar as Mentes incapacitadas para a frente. Se falássemos de uma genética mental, diríamos de um incesto destruidor, determinando a aniquilação da Mente. Olhando os hospitais de demência infantil, como também os de adultos, encontramos uma demonstração clara e insofismável daquilo que o Espírito ensina a respeito dos “filhos da Mente prostituída”.

Diz o Espírito “sondar a Mente e os corações”. Bem, aí está claro. Aquela Mente não contaminada, sabe da caridade porque o seu coração vibra em amor. Essa venceu o curso, sendo levada, portanto, em constante ascensão nos tempos. Recebe, como propalado foi, “segundo as suas obras”, em nosso caso, o aumento das faculdades mentais.

Seguindo o Apocalíptico no versículo 24, vemos aproximar-se um acontecimento fúnebre. Fala o Espírito: “Quanto a vós, porém, os outros de Tiatira que não seguem esta doutrina, os que não conhecem “as profundezas de Satanás” — como dizem —, declaro que não vos imponho outro peso”.

Expliquemos: “Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira”, isto é, os da Igreja Greco-Romana. Aqueles que continuarem a usar a mentira, não se sujeitando à verdade de uma Mente pura que o seu Ego lhe deseja impor, tais abomináveis intelectuais, intérpretes de negociatas com a palavra de Deus, que preferiram negociar com as profundezas de Satanás, corrompendo, assim, a Mente e fazendo confusão entre o bem e o mal, “não vos imponho outro peso”. O peso dessa carga já é suficiente para não alcançar a era que segue a esta.

Afirma esta explicação o versículo 25: “o que tendes, todavia, segurai-o firmemente até que eu venha”.

Refere-se o versículo 24 àqueles de pensamentos desvirtuados que terão, por insuficiência mental, a falta de meios necessários para se dominarem na nova Era, a Igreja de Sardes. Vem nos ajudar o versículo 25, dando-nos uma coragem propícia. Diz sobre “o que tendes, todavia, segurai-o”, armazenando em nossa Mente, juntado em todos os ciclos até hoje, que não devemos perder até que Ele venha.

Procuremos ampliar nossos conhecimentos com o versículo 26: “Ao vencedor, ao que observar a minha conduta até o fim, conceder-lhe-ei autoridade sobre as nações”.

As obras, a que o versículo se refere, significam o “Espírito de Amor”. Aquele que vencer os males, tendo incorporado em si as obras do bem, destruindo a maldade de sua Mente, “conceder-lhe-ei autoridade sobre as nações”. Terá poder sobre as nações em que sentido? “Aquele que contém em si as obras de amor desconhecem a separação entre os seres humanos, entre as nações e entre toda a onda de vida humana”. O adiantado da civilização, revestido de uma cultura interna, desconhece o que se denomina pelo vocábulo “separação”. Não existe essa separação e sim a “união” com a qual dominará sobre ou dentro das nações, vivendo em todas elas, onde imperará a verdadeira Fraternidade. Essa civilização ainda não existe, porém, virá com o ciclo chamado pelo Apocalíptico de “Igreja de Filadélfia” ou de “Época de Aquário”, como a denominam os esoteristas.

O versículo 27 dá expressão positiva e sem reservas quanto ao comportamento daqueles que firmemente se propõem viver em seu íntimo sob a luz da justiça. Diz o versículo o seguinte: “com cetro de ferro as apascentará, como se quebram os vasos de argila”.

Levando a efeito a aprendizagem durante os diversos ciclos, o ser entregou os respectivos requisitos à sua Mente a fim de conhecer de perto a justiça, Fala-se no versículo sobre “cetro de ferro”, cetro da justiça com o qual não somente Cristo rege a totalidade dos seres, mas, também, cada um haverá de se reger a si próprio. Esse será um fiel das potências Hierárquicas, pois, rege em si a favor de Deus. Esse será chamado o “justo”, reduzindo a pedaços, como se fossem objetos de barro, todo o convencionalismo, a hipocrisia, a mentira e a injustiça. Feitos de barro, por não ter resistência alguma, desfazendo-se facilmente em pó e nem se conhecendo mais, se foi ou não um objeto.

Cristo, por Sua vez, recebera ordem de Seu Pai para salvar a humanidade. Derrubar as concepções errôneas ideológicas das sociedades que se dizem temporárias e não temporárias eternas. Parece que as castas prepotentes ainda não se extinguiram. Esotericamente, pode-se dizer já estarem se extinguindo tais sociedades erradas. Entretanto, esotericamente, ainda existem seus esqueletos, faltando-lhes a alma. “Já está posto o machado à raiz das árvores”; assim ensina o Apocalipse. Espera-se dos espiritualistas que ajudem o Espírito das Igrejas a derrubar os vasos feitos de barro.

Chegamos, finalmente, ao versículo 28 da Igreja de Tiatira em que ouvimos a seguinte promessa: “conforme também eu recebi de meu Pai. Dar-lhe-ei ainda a Estrela da manhã.”.

O versículo 29 diz: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.

Que promessa extraordinária. Aquele que tiver cumprido a ordem, ou as ordens, imprescindíveis que são para a passagem à Nova Era, adquirido os poderes da alma e da Mente, unindo-se com o seu Ego, apresentando-se ao seu Cristo interno, da mesma forma como a estrela da madrugada se apresenta ao Sol nascente.

Chegamos, assim, ao término da 4ª Carta dirigida à Igreja de Tiatira.

QUINTA CARTA: À IGREJA DE SARDES

Na 4ª. Carta dirigida à Igreja de Tiatira, nos ensinou o “Espírito possuidor de Olhos como de Fogo”, que temos o poder e vontade em nosso divino Ego e que, como portadores dessas qualidades, acabemos com os preconceitos gerais, tais como os familiares, os coletivos, os religiosos e os de doutrinas, cujos derivados terminem em “ISMO”, a saber: nacionalismo, racismo, materialismo, idealismo, socialismo, catolicismo, rosacrucianismo e milhares e milhares de “ismos”. E por que motivo devem acabar? O Poder da Vontade em sua pureza divina e a Mente colocada em sua luz mais bela e justa, não mais necessitarão dessas instituições julgadoras, caritativas e educadoras. Tais “ismos” não significam outra coisa, senão fraquezas e, desse modo, ídolos mortos da Mente. Disse Cristo a esse respeito mui claramente: “E todo aquele que tiver deixado casas ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por causa do meu nome, receberá muito mais e herdará a vida eterna.[5]. Com essas palavras ficou, indubitavelmente, demonstrada a nossa universalidade, a nossa divindade infinita, senão jamais poderíamos entrar na infinitude divina, na qualidade de Ego que somos.

A Igreja de Sardes trata da Civilização Teuto-Anglo-Saxônica que se iniciara com a presença de Cristo e cujo término se dará quando o Sol, por Precessão, entrar no Signo de Aquário. Assim como a Era Teuto-Celta foi anteposta à Greco-Romana, a Teuto-Saxônica antecede à Igreja de Filadélfia, ou seja, à 6ª Civilização.

Como todas as civilizações nos fizeram cientes de não haver evolução repentina, mesmo que as constelações estelares mostrem as suas culminações exatas, reconhecemos, pelas forças que se conjugam antes de um ciclo acabar e um novo começar, a atração de suas qualidades. As almas que entram na arena de sua existência trazem, por Lei do Destino, afinidades com a civilização vindoura. Outras, aferradas ainda aos ciclos anteriores, mostram características de concepções passadas. Assim, existem mesclas e com essas as revoluções no campo civilizado. Resíduos anímicos desfavoráveis da velha Roma foram levados à Celta, Igreja de Sardes, à qual foram impostos o imperialismo, o materialismo e a brutalidade do capitalismo, como também a idolatria. Parece que no primeiro milênio Cristão nada se sabia daquilo que se chama Cristianismo. No começo e até a metade do segundo milênio, eram os regentes “homens sem coração”, assemelhando-se mais a monstros em corpos humanos. Tinham esses “monstros-Cristãos” a mesma tendência daqueles que viviam na velha Roma, como pagãos. Os próprios Cristãos eram os que por “amor a Deus” colocaram em cena os massacres religiosos e raciais, constituindo-se num de seus mais agradáveis divertimentos incendiar os corpos vivos dos que eram condenados como feiticeiros. O pretexto era “salvar” as suas almas enquanto seus corpos sofriam no fogo. Contrastando com tais acontecimentos horripilantes, faziam-se sentir almas de boa-fé que procuravam sua salvação na doutrina de Cristo. Os Templários, cavaleiros existentes anteriormente às Cruzadas, usavam embaixo de suas pesadas couraças um talar branco com uma cruz vermelha e, por serem opostos à doutrina teológica, o Clero exterminou-os. Os Templários eram esoteristas. O Clero era contrário, devido a um rito que não compreendera. Quando um cavaleiro ingressava na estirpe dos Templários, tinha que demonstrar visivelmente a sua aversão ao Catolicismo, isto é, ao paganismo católico. Traziam-lhe um crucifixo que, ao ser posto no chão, tinha que ser pisoteado, demonstrando o cavaleiro, assim, ser contrário a um deus morto. Antes dos Templários, os Muçulmanos, já 500 anos depois de Cristo, revoltaram-se contra as exigências contrárias aos Ensinamentos de Cristo Jesus. A célebre “Távola Redonda”, antecessora dos Rosacruzes, estivera em constante luta contra a hierarquia dos clérigos, por estarem esses destituídos do senso religioso. Dos múltiplos sofrimentos, renascera uma nova forma de pensar. O grito para salvar o Cristianismo surgia de todos os cantos. A música e a pintura trouxeram louvores a Deus, não superadas até hoje. Sociedades de ensinamentos Místicos surgiam por toda a parte. Menestréis e Alquimistas levantavam a sua voz. Em 1378, como que de repente, fez-se ouvir Cristian Rosenkreuz, Angelus Silesius, Jacob Boehme, Paracelso, Bacon, Swedenborg e muitos outros que ergueram bem alto a bandeira a favor de Cristo; figuram ainda nessa lista contra os hipócritas, o célebre Huss e Martin Lutero. Retrocedendo para os tempos logo depois de Cristo, houve sérias divergências entre os Israelitas. A aceitação da doutrina de Cristo Jesus separou a sociedade, pois, no começo até o apóstolo São Pedro rejeitou a São Paulo. Os circuncidados, também chamados circuncisos, não aceitaram como judeus aqueles não circuncidados. Naqueles tempos havia em Jerusalém somente judeus crentes, não pagãos. Os pagãos não eram considerados como crentes, como hoje, também o Catolicismo não aceita outras crenças como religiosas. Os doze Apóstolos eram circuncidados, israelitas lutando por aquela ainda não definida nova Sociedade de Cristo. A divergência não só se verificava entre os da , mas também entre os bárbaros romanos e os bárbaros pagãos teuto-anglo-saxões. Na floresta de Teutoburgo, no ano 9 D.C., os exércitos romanos foram liquidados, o que valeu por uma limpeza no cérebro dos mandatários romanos, senhores do mundo da idade em transição. Os judeus Cristãos tomaram posição contra os romanos. De um lado lutaram os Apóstolos fiéis aos conceitos de Cristo, pelo amor e perdão, do outro, ao mesmo tempo postos em pânico os poderosos de Roma, pela destruição de seus exércitos. O poderio romano foi destruído nos dois planos, isto é, de um lado, a impotência dos exércitos e do outro, pelos israelitas Cristãos e pagãos-Cristãos, no próprio coração do Império. Roma foi derrotada no seu plano real-materialista, como também no anímico-espiritual. Roma se rendeu. O Cristianismo pregado pelos Apóstolos tomou posição no Reino Romano, pondo Cristo-Rei no seu devido lugar de culto; os deuses feito gente, os Césares do Paganismo Idólatra, perderam as suas “cadeiras divinas”. Foi ordenado pelo “homem descoroado” a aceitação da Religião Cristã. A coletividade se sujeitou a essa ordem, para a qual, entretanto, não estava madura. Por ordem governamental, recebera o batismo de água, mas, intimamente, continuava a idolatria do paganismo. Com esse recurso, César ganhou uma batalha ideológica. Favoreceu o constante crescimento das fileiras Cristãs, não esperando uma revolta aberta contra o seu regime. Ele permaneceu no seu trono e com ele, mais um trono. Deus, na concepção do paganismo, precisava de um representante na Terra. Os Neo-Clérigos Cristãos, cheios de egoísmo da velha concepção pagã, colocaram e colocam ainda hoje, pessoas falíveis sobre um trono de ouro, forrado de seda púrpura, dizendo ter direito de julgar os seres humanos na Terra, por ter a primazia de ensinar a única Religião Universal.

Após esse ligeiro histórico, chegamos à Carta dirigida à Igreja de Sardes, que vem demonstrar não haver falhas no Império de Cristo. Deus não poderia e nem pode revogar as Suas Leis. O Seu plano deve ser posto em execução dentro das marchas das Igrejas, ou ciclos; as dívidas contraídas no passado devem ser apagadas, pois, não haverá no futuro possibilidades para as extinguir. Os irrealizáveis renascimentos frustrariam a transformação dos corpos inferiores em superiores. Os constantes renascimentos sempre trazem melhoramentos. A conformação terrena com o lado biológico, geológico e geográfico, futuramente, não mostrará a densidade como é a de hoje. Consta que aqueles que não pagarem as suas dívidas, enquanto houver possibilidades, sofrerão retardamento em sua evolução, o que seria uma recompensa amarga da justiça divina.

Adverte sobre esse acontecimento o primeiro versículo do terceiro capítulo, a saber: “Ao Anjo da Igreja em Sardes, escreve: Assim diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas. Conheço tua conduta: tens fama de estar vivo, mas estás morto.

“Sardes” é a nossa civilização, razão porque devemos valorizar e aproveitar ao máximo os seus ensinamentos.

No segundo capítulo já se falava sobre as 7 estrelas, significando os 7 Períodos, desde o de Saturno até o de Vulcano.

Quanto ao terceiro capítulo, esse se refere aos 7 Espíritos de Deus sobre os quais trataremos a seguir. Para esse fim, devemos nos lembrar dos Períodos e como os 7 Espíritos se manifestam nos diversos Astros. Preliminarmente, torna-se necessário que saibamos de que material foi feito o ser humano. Em cada Período se apresenta um novo material especial. Coerentes, os materiais formados do próprio Espírito de Deus ligados entre si, formarão o ser humano. A união dos corpos entre si se aperfeiçoa com o avanço de Período para Período. Unem-se os corpos e veículos adquiridos com os que serão juntados, representando, assim, os 7 Espíritos de Deus.

Elucidando o acima exposto verifica-se, conforme ensinam os Ensinamentos Rosacruzes, ter sido, no Período de Saturno, emanado o protótipo ou pensamento-forma do Corpo Denso – formado de material da Região Química do Mundo Físico –, que significa o primeiro Espírito de Deus dado à humanidade. No Período Solar, recebemos o segundo Espírito, ou seja, o protótipo do Corpo Vital – formado de material da Região Etérica do Mundo Físico. Na terceira Estrela, Período Lunar, recebemos o protótipo do Corpo de Desejos – formado de material do Mundo do Desejo –, representando o terceiro Espírito de Deus. Na quarta Estrela, o Período Terrestre, adquirimos o quarto Espírito o protótipo da Mente – formado de material da Região Concreta do Mundo do Pensamento. Assim, vamos adiante para as restantes três Estrelas, ou sejam, os Períodos de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, que desvendam os Espíritos ocultos em nosso ser. No fim das 7 Estrelas, teremos em nós os 7 Espíritos em perfeita harmonia. Seremos perfeitos, assim como perfeito é Ele, Deus.

Isso tudo está bem detalhado no Diagrama Os Sete Dias da Criação, que correspondem aos Sete Grandes Períodos Cósmicos, extraído do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, de Max Heindel, conforme abaixo:

Passamos, agora, a recapitular os nomes dos Corpos-Espíritos obtidos nos respectivos Períodos-Estrelas, devido à importância de que se revestem:

No Período de Saturno apresenta-se a primeira Estrela com o Primeiro Espírito, o pensamento-forma do Corpo Denso com o Espírito Divino no ser humano.

No Período Solar, surge a segunda Estrela com o Segundo Espírito, o pensamento-forma do Corpo Vital, com o Espírito de Vida.

No Período Lunar, a terceira Estrela com o Terceiro Espírito, o pensamento-forma do Corpo de Desejos, com o Espírito Humano.

No Período Terrestre, apresenta-se a quarta Estrela com o Quarto Espírito, o pensamento-forma da Mente.

Conforme demonstração acima, manifesta-se em cada Período um Corpo inferior ligado ao seu veículo superior, perfazendo, assim, dois veículos em cada Estrela, ou seja, um total de 6 Espíritos durante os três Períodos: Saturno, Solar e Lunar, os quais, adicionados à Mente, que se apresentara no Período Terrestre, temos então os 7 Espíritos de que trata o versículo primeiro.

Explicaremos, a seguir, a segunda frase do primeiro versículo: “…Conheço tua conduta: tens fama de estar vivo, mas estás morto.

Nessa frase, o Apocalíptico concentra os seus conhecimentos mui resumidamente sobre as ocorrências passadas. Dividi-la-emos, a seguir, em três partes para melhor compreensão:

  1. Conheço a tua conduta:
  2.  “…tens fama de estar vivo” e
  3. “…,mas estás morto”.

1ª: – Qual é a sua conduta? É aquela oriunda da execução dos nossos serviços, por meio de obras, fatos e atos, no plano material, como também no espiritual, desde o Período de Saturno até hoje. Quanto mais serviço executado dentro das civilizações, tanto mais cultura interna obtida.

2ª: – O último serviço por nós executado foi receber um “nome” que ninguém conhece, exceto aquele que o recebeu, o “Eu Sou”. Em outras palavras, o “Conhece-Te a Ti Mesmo”, a inteligência dizendo de si mesmo: “Eu tenho a Existência” em mim mesmo; sou individual (indivisível), separado das outras individualidades. Esse reconhecimento foi a última obra adquirida, embora o conhecimento sobre si mesmo se aperfeiçoe nos próximos ciclos. Mas, já temos o “nome” com que vivemos, que está em nosso Ego. O Ego é essencial e não tendo corpos diferentes, se constitui na verdadeira Vida. Vem de onde? Do Cristo, da Trindade Una de Deus. Sua Vida é a nossa, recebida por Sua Luz, se tornando a vida de cada ser humano. Vivemos à custa de Cristo em nossos Egos.

3ª: – A terceira frase do versículo diz: estão mortos os que vivem. De fato, a Igreja de Sardes parece morta, pois, todas as maldades que cometemos, e recebemos em troca a dor, vistas pelas experiências superiores, não podem ser chamadas de “vida”. O Espírito está praticamente morto nesta época decadente. Se não existissem alguns de boa-vontade e de grandes qualidades espirituais, a humanidade já há muito tempo teria deixado de existir. Hoje em dia é fácil a extinção das pessoas em massa. Estamos vivendo quase que afogados no materialismo cristalizante. Parece ser o mundo uma necrópole, arrebanhando desde já os vivos. São João Evangelista, na visão que tivera, pôde observar os quadros dos acontecimentos do século XX, vendo a cristalização da Mente. Em nossos dias existem computadores que sabem calcular, multiplicar, somar, subtrair, testar qualidades de material e até descobrir se alguém mente ou diz a verdade. Tanto assim que podemos nos empolgar pelo adiantamento da técnica; por outro lado, entretanto, se coloca uma sombra na Mente por causa da falta de sua aplicação nos assuntos em apreço. Façamos uma comparação grotesca: se conseguíssemos construir uma máquina e aplicá-la em nosso aparelho digestivo, aconteceria um fenômeno curioso. De repente, não mais teríamos esôfago, estômago e nem os restantes órgãos necessários, uma vez que se atrofiariam por falta de uso. A mesma coisa acontece com o cérebro, por falta de exercício em assuntos ligados a ele. A cérebro-eletrônico faz tudo, aciona-se um dispositivo apenas, e o resto se fará, corretamente, sem o auxílio de qualquer controle. Todavia, se desejarmos controlá-la, a máquina executará, também, o mesmo serviço. A consequência da falta de raciocínio se mostra na imoralidade de todas as classes e na sociedade em geral. Olhando as manobras da perniciosa política do mundo inteiro, verificamos em suas alocuções a farsa da paz. Todos pensam em guerra, em imensos necrotérios. Tudo está invertido. A nossa civilização é exatamente aquilo que disse São João: “vivemos, mas estamos mortos”.

Com a versão acima, chegamos ao segundo versículo que diz: “Torna-te vigilante e consolida o resto que estava para morrer, pois não achei perfeita a tua conduta diante do meu Deus”.

Como complemento, segue o terceiro versículo advertindo: “Lembra-te, portanto, de como recebeste e ouviste, observa-o e converte-te! Caso não vigies, virei como um ladrão, sem que saibas em que hora venho te surpreender”.

Procuremos entender o significado desses versículos: o nosso tempo atual está em constante convulsão. Torcem e se retorcem os mentalistas cerebrais para salvar as suas mentiras de época em época, para que sobrevivam. O desequilíbrio constante é uma demonstração clara e insofismável do falecimento da intelectualidade. O mundo parece um grande manicômio. Distanciaram-se os intelectuais dos sentimentos elevados, do Deus-Amor, com o qual deveriam agir e usufruir em abundância. O Supremo deu essa herança em equilíbrio à fria intelectualidade cerebral. Deus não deu ao ser humano a política financeira, nem a guerra   atômica. Se continuarmos, portanto, a levar a vida tão somente pelo intelecto, como vem sendo feito pela   maioria, perderemos ainda aquilo que está confirmado de bem em nossa Mente. Se os pensamentos forem inadequados, não passando mais ideias construtivas pela Mente, perderemos ainda aquilo que juntamos em vidas passadas. Aquele que não for obediente, lhe “será tirado até aquilo que ainda tenha”. Isso faz entender esta frase: “Torna-te vigilante e consolida o resto que estava para morrer”. Diz ainda o seguinte: “pois não achei perfeita a tua conduta diante do meu Deus”. Quais são as obras deste último milênio?   Vejamos a educação recebida nos últimos tempos. A educação das massas baseia-se sobre o medo, a superstição, o terror da incerteza, da desconfiança e da mentira. Essa é a nossa educação. Uma Mente embebida, encurralada nesses predicados negativos, que coisa boa poderá trazer? Perde-se na escuridão e na estupidez. O versículo bem o diz que “pois não achei perfeita a tua conduta diante do meu Deus”. O discernimento é, por si, só benigno e torna-se cooperador nas obras diante de Deus, porém, faltando essas, não há cooperação. O espiritualista está desejoso de receber a sua libertação no corpo divino e conhecer a linguagem inteligente do Absoluto. Aquele que ora, que medita e é caridoso, sendo um cooperador positivo e não somente um espectador, um laborioso na vinha, assim como foram os Apóstolos, esse naturalmente já se firmara no concerto luminoso, tendo, também, destruído a sua só intelectualidade. Cristo o confessará junto ao Seu Pai.

Em outras palavras, explicaremos mais uma vez os dois últimos versículos: Tudo que é mau, mostra em sua face o sinal da morte. A Mente pura sobrevive na Igreja de Sardes e entra pelas portas da Igreja de Filadélfia. Filadélfia somente existirá para aqueles que fortalecerem suas almas, que estejam providos de uma Mente pura e de uma vontade inquebrantável. Para o resto, as portas de Filadélfia se fecharão. O Espírito humano necessita, no futuro, da libertação da qual se utilizará para prestar maiores serviços na Universidade Cósmica.

Chegamos, assim, ao quarto versículo do terceiro capítulo, a saber: “Em Sardes, contudo, há algumas pessoas que não sujaram suas vestes; elas andarão comigo vestidas de branco, pois são dignas”.

O quinto versículo diz: “O vencedor se trajará com vestes brancas e eu jamais apagarei seu nome do livro da vida. Proclamarei seu nome diante de meu Pai e dos seus Anjos.

O versículo 6º. fala assim: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.

Recapitulemos, em parte, certos efeitos das lutas travadas até hoje para que possamos adaptar a nossa vida atual àquela que virá.

Na terceira Carta foi prometida a “Pedra Branca”, a Consciência do Ego, da qual resulta passar da inconsciência para a consciência; do semi-humano ao divino-humano, o “Eu Sou”.

Na quarta Carta deve-se salvar a Mente, unindo-a ao Ego. Esse trabalho será o mais importante, senão jamais existirão as vestes dos poucos que possam salvar-se, conforme salienta o terceiro versículo. Poucos conseguirão as “vestes brancas”; somente alguns, diz o quarto versículo, isto é, aqueles que não se contaminaram e nem se desviaram do plano divino. Poucos são os que mostram em sua aura a vestimenta necessária às Bodas Químicas, a união com Cristo, o Corpo-Alma. Aqueles poucos, dignos de suas vestimentas, entrarão, conforme bem o diz o quinto versículo, em perfeita harmonia nos tempos futuros. Confirma o Espírito que não riscará, de modo algum, o seu Nome do Livro da Vida. O Livro da Vida está no Corpo do Pai, e Cristo confessará diante de Seu Pai e dos Seus Anjos, o Nome daquele que venceu o mundo.

O sexto versículo ensina que já é hora de se ouvir com ouvidos mais puros as boas novas, pois, o tempo está iminente e o “Senhor virá como um ladrão”[6], à noite, quando ninguém O espere. Não olvidemos, pois, Filadélfia está às portas.

SEXTA CARTA: À IGREJA DE FILADÉLFIA

A 6ª Carta é a penúltima na Sinfonia dos 7 Ciclos, com a qual se aproxima a procissão da evolução para o ingresso no “Sanctum Sanctorum”, chegando-se, então, ao máximo para que seja libertada a alma na vindoura perfeição. Mostra-nos a carta o modo de aprovação em conhecer a vida feliz do futuro, quando não haverá o empecilho da inferioridade. As ligações com o passado deixarão de existir, pois, serão dissipadas, e as almas estarão perfeitamente aptas para entrar no Templo da Fraternidade, ou seja, Filadélfia. Os irmãos da caridade, da benignidade, do amor, enfim, todos aqueles de boa vontade, encontrarão a mesa já preparada para cear com o Senhor. Em Filadélfia, a discórdia não terá mais lugar, havendo compreensão até mesmo para os erros, os quais não atingirão àqueles da benignidade. Os conceitos de restrições unilaterais não existirão mais e os dogmas terão sido extintos. A religião do futuro será a Fraternidade, em cuja época todas as religiões de hoje terão desaparecido. Não haverá distúrbios nem mal-entendidos como se verifica hoje, em consequência das interpretações de ser esta ou aquela a religião privilegiada de Deus, outorgando direitos a alguns para encontrar os Céus e arremessando outros ao inferno, eternamente. Não poderá mais o sacerdote que, privilegiado hoje se julga por um sacramento, transmitir bênçãos a quem achar ele por bem fazê-lo, porque naquela época todos viverão dentro do verdadeiro sacramento, que é o de Deus, e não do ser humano. Não obstante, ainda haverá remanescentes entre a massa humana que não andarão corretamente e não compreenderão os tempos em que se encontram. Haverá, portanto, em Filadélfia e até na 7ª Igreja de Laodiceia, atrasados, deficientes ou, por assim dizer, maldosos. Todavia, não poderão naquela época como agora, satisfazer suas paixões e inferioridades, pois, serão reconhecidos por suas próprias maldades. A Fraternidade não poderá ser ludibriada pelo egoísmo, por isso que, tudo quanto for contrário a ela será automaticamente rejeitado. O “EU SOU”, vivendo nas almas, reconhecerá quem for deficiente em qualidade. Até em Filadélfia os escolhidos separar-se-ão dos ineptos por faltar a esses à luz do intelecto.

Compreende-se o acima mencionado lendo o versículo 7º do Capítulo 3: “Ao Anjo da Igreja em Filadélfia, escreve: Assim diz o Santo, o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, o que abre e ninguém mais fecha, e fechando, ninguém mais abre”.

Claro está que, quem fala é Cristo, a Verdade. Aquele que tem a verdade em Si, sempre a teve e sempre a terá, não modificando jamais o seu aspecto por ser absoluto. O Absoluto não se pode modificar, por ter todos os aspectos possíveis em Si e por ser a origem de todas as coisas manifestas e as não manifestadas. Acha-se a Verdade na Chave de David. O Apocalíptico, pela primeira vez, fala sobre algo palpável quando se refere a uma chave. A chave é geométrica, relacionando-se com a Verdade. A sua configuração é a de um hexagrama, ou seja, uma estrela de seis pontas e que era encontrada no escudo do Rei David; um triângulo perfeito para cima e outro para baixo. A perfeição dessa estrela jamais poderá ser igualada na forma ou na estética. As medidas são exatas e manifestam uma beleza extraordinária. Tal simetria nos proporciona um sentimento de perfeição divina. Hermes Trismegisto (“três vezes sábio”) proferiu o célebre axioma que já conhecemos: “Como é acima é abaixo”. Essa máxima verdade pode ser aplicada na Chave da David, pois, a ponta de baixo se apresenta em cima, e girando esse emblema para qualquer lado sempre mostrará una ponta para cima e a outra para baixo. As linhas se cruzam nas mesmas distâncias e nunca perdem o seu valor matemático. As forças sempre se encontram no mesmo nível, expressando a sua resistência mecânica inexpugnável. Deus é tão perfeito acima como é abaixo. Não existe diferença, pois, as forças são iguais em qualquer parte. Deus é perfeito em Si, como o é no ser humano. Dentro do microcosmo, que é o ser humano, está o Macrocosmo – Deus. As bases divinas são iguais acima como abaixo, e se virarmos a estrela, encontraremos as mesmas bases. As laterais não são auxiliares na forma; aparentemente são, mas, na realidade, são bases, dependendo apenas de girarmos o emblema. Em sua feição abstrata, já dissemos tratar-se da verdade, de Deus, e pelo lado material, conforme o desenho se apresenta, vemos harmonia em todas as direções. No plano abstrato, a direção não existe, pois, o Absoluto não tem medidas de direção, entretanto, temos a chave de David e para conhecermos a sua função, devemos desenvolver a força de aplicação em nós mesmos. Deus infiltra-se pelas partes de cima, colocando Sua ponta no nível mais baixo, para depois formar novo triângulo, colocando a Sua ponta no nível mais alto. Em sua configuração, encontramos duas pontas exatas em oposição. Deus em Sua espiritualidade, liga-se com a Sua ponta voltada para baixo; a mataria, para levantar-se com a mesma força ao ponto mais alto no ilimitado de Si mesmo. Ensina, a estrela, a união de Deus em seis diferentes direções, unidas com as Suas criações; em nosso caso, com a humanidade. Falando pela Bíblia, podemos dizer, com respeito à chave de David, o seguinte: “Assim como Deus vive no homem, também, o homem vive em Deus”.

“O Verbo-Espírito-Adam-Terreno” é igual ao Divino-Homem-Espiritual. A lógica dessas interpretações não é outra, senão que o espiritualista se habitue à convivência de Deus nele. O Ritual Rosacruz ensina perfeitamente esse fato. A chave está em nós mesmos, e com ela podemos abrir e fechar. Outro não será capaz de abrir onde nós abrirmos e nem de fechar onde nós fecharmos. E o que é que devemos abrir e fechar? A portinhola que nos abre e nos fecha os Céus, ou seja, a Glândula Pineal que se constitui na passagem pela qual nos projetamos às Alturas.

Só nós mesmos podemos abri-la e fechá-la. Cada um de nós possui a sua chave. O aspirante sabe como se projetar ao espaço por sua porta. Uma outra pessoa não pode ensinar-lhe esse serviço. Muito bem diz o versículo: “o que abre e ninguém mais fecha, e fechando, ninguém mais abre”. Essa é a lição. Ninguém e nenhuma força externa saberão abrir, a não ser o próprio Espírito, o Ego. Existe uma particularidade nesse ensinamento: O aluno valoroso, coordenador de suas forças, em suas experiências, será de uma forma qualquer ensinado por seu Mestre. O Mestre conhece a possibilidade de seu aluno que nem sempre sabe a sua posição à frente do suprassensível e assim, proporciona-lhe o ensinamento indireto de que necessita.

Em nossas explicações, chegamos a um ponto mui delicado. Devemos fazer um ligeiro retrospecto sobre os acontecimentos em nós mesmos. Foi ensinado ter o Ego que se comunicar com as partes superiores por intermédio de uma alma pura, após haver queimado suas impurezas. O prêmio se constitui na chave de David. As 5 Cartas levaram o candidato durante as 5 Igrejas a adquirir os elementos necessários para o ingresso no 6º Ciclo. Os Corpos e a Mente se coordenam na seguinte cronologia:

VeículosIgrejas
Corpo Densona Igreja de Éfeso
Corpo Vitalna Igreja de Esmirna
Corpo de Desejosna Igreja de Pérgamo
Mente Concretana Igreja de Tiatira
Mente Abstratana Igreja de Sardes

Durante as 5 Igrejas anteriores, reúne-se a essência dessas que culmina numa 6ª qualidade, o Amor. Cristo apresentou-se à Mente concreta em forma humana por demonstrações externas e tocava na Mente abstrata quando transformava o ódio em amor, por exemplo: ao andar sobre as águas. Efetuou as demonstrações, mas não pôde convencer a Mente que duvidava. Ficou o amor em suspenso nas almas adiantadas. A Igreja de Filadélfia requer a demonstração concreta e externamente em ações daquilo que existe em suspensão interna. Cristo deve ser encontrado face a face, assim como se o próprio semblante fosse o de Cristo, o qual deve olhar em nossos semblantes, como se   fossemos   o   Seu    próprio espelho.

A seguir temos o 8º versículo que diz: “Conheço tua conduta: eis que pus à tua frente uma porta aberta que ninguém poderá fechar, pois tens pouca força, mas guardaste minha palavra e não renegaste meu nome”.

 Prosseguindo com o 9º versículo completamos o anterior: “Vou entregar-te alguns da sinagoga de Satanás, que se afirmam judeus, mas não o são, pois Mentem; farei com que venham prostrar-se a teus pés e reconheçam que eu te amo”.

Simplifiquemos a redação do último versículo: “Farei vir e prostrarem-se aos teus pés aqueles que se declaram judeus e não o são”. Esses pertencem à Sinagoga de Satanás, pois, são mentirosos e para que saibam que meu amor está convosco.

Anteriormente, falamos sobre a “porta e a chave de David, que abre e fecha”. O versículo 8º trata sobre uma porta aberta que ninguém fecha. Temos que reavivar as explicações ditas anteriormente. É de suma importância para os tempos da 6ª Igreja a precipitação dos acontecimentos em movimento contínuo. Parece ser obrigação de cada um que saiba projetar-se pela porta aberta ao espaço. Quem consegue fazer isso? Aquele que não negou a palavra de Deus, guardando o Seu nome no Coração; aquele que, mesmo envolvido em fraquezas, não se esquecera que o seu coração guardava o amor. Deus é Amor e sem essa faculdade, diz o versículo, não poderemos ter ingresso em Filadélfia. O Espírito Divino espera dos Espíritos de Vida e Humano, que dominem nas órbitas de suas faculdades, passando livremente pela porta aberta de sua força de amor, criando no futuro sem cooperação do Corpo Denso.

A seguir, diz o versículo a respeito dos judeus que não o são, sendo antes mentirosos e pertencentes à Sinagoga de Satanás.

Como sempre, também nesse versículo não devemos ler a palavra de forma literal. Quem são os judeus que se confessam na Sinagoga de Satanás? São os mentirosos, os intelectuais, os escribas, enfim, os que prostituem e deixam prostituir a sua Mente. Somente o intelectual sabe dar um segundo sentido à palavra. Portanto, os que são apenas cerebrais, faltam-lhes o coração e, por isso, não são sinceros. São esses os judeus pertencentes à Sinagoga de Satanás. Resulta da mentira a incapacidade de passar pela porta. O hipócrita não crê nos sentimentos elevados, pois, o seu próprio coração está fechado. Satanás não tem coração e os que nele creem retardam-se na evolução. Muitos dos intelectuais e, também, aqueles emotivos de pouca inteligência, gostam de falar em amor. Deve-se, portanto, tomar todo cuidado contra esses, pois, nem um nem outro servem à vida positiva. Escolas de espiritualidade fictícia infundem no caráter a emoção, e como eles não raciocinam, não podem, também, tirar conclusões sobre os acontecimentos externos e nem a respeito dos fenômenos psíquicos. São criaturas que se entregam passivamente sem se responsabilizar por aquilo que lhes possa ocorrer. A sua inteligência é cega. Quanto aos outros, isto é, os que prostituem e deixam prostituir a sua Mente, se desarmonizam, conforme já temos demonstrado. Ambas as classes, por isso, tornar-se-ão ineptas para a vindoura estrutura dos acontecimentos.

Diz, ainda, o 8º versículo: “…pois tens pouca força, mas guardaste minha palavra e não renegaste meu nome”. À primeira vista, encontramos nessa frase uma atmosfera oposta. A questão de “pouca força” refere-se à vida real material e o resto, das coisas irreais. Acontece o seguinte: Aqueles que não se esforçarem para adquirir as fortunas terrenas têm pouca força na vida material, mas, são justamente os que guardaram e guardam o Verbo Divino-Amor, que não renegaram e não negam o nome incorporado no Pai, o Cristo. Depois dessa certeza do Verbo Divino incorporado nas almas que rejeitaram a materialização, virá a grande esperança como o versículo 9º deve ser entendido: “Vão se prostrar ante os pés daqueles que guardavam o nome de Deus em seus corações”. Vão se reconhecer àqueles que adquiriram a faculdade de guardar o nome de Deus. Se imaginarmos a atividade do coração, livre de todos os sentimentos inferiores, isto é, em sua qualidade divina, em seu poder perfeito, fácil será para a nossa alma sentir que tudo ao nosso redor se prostra aos nossos pés. Exemplificando o sentido de “prostração”, seria colocar à nossa frente o próprio Cristo. A Sua exaltação de uma ternura potencialíssima, faria com que nos prostrássemos ante Seus pés, visto o Seu íntimo tocar o nosso. Prostrar-nos-íamos tomados por Sua ilimitada Alma Divina, por não podermos suportar o Seu Amor. Isso mesmo acontecerá com todos aqueles que hoje falam gloriosamente das faculdades intelectuais, adorando o intelecto como se fosse Deus. Esses mesmos vão se prostrar ante a Ternura Divina. Vejamos, pois, o que ensina o 10º versículo: “Visto que guardaste minha palavra de perseverança, também eu te guardarei da hora da tentação que virá sobre o mundo inteiro, para colocar à prova os habitantes da terra”.

Esse versículo se caracteriza por sua mensagem indubitável sobre um acontecimento considerado mui sério. Não se fala de uma destruição da Terra, nem da extinção de seus habitantes e sim de uma provação, de uma tentação aos povos e de seu comportamento nessa ocasião. Quando na Igreja de Filadélfia, a Fraternidade Espiritual, teremos já purificado os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente. Em Sardes, prepara-se a união dos corpos sob a égide do Ego, mas, passarão ainda por essa preparação, almas de pequena envergadura. Em Filadélfia, serão submetidas à prova de qualificação para a Igreja de Laodiceia. Graças à paciência de que fala o versículo, há sempre uma possibilidade de se recuperar falhas da alma. A Fraternidade em Filadélfia proporcionará ainda essa possibilidade a todos, cujo caráter não conseguirá utilizar até lá a força unificadora da caridade. Assim, procura essa época dar o último retoque aos Filhos da Terra na iminência das mudanças dos ciclos. Serão levados os adiantados de Filadélfia à Laodiceia e mesmo lá, como mais tarde verificaremos, haverá novamente uma espécie de purificação antes da entrada em uma nova Revolução Cósmica, achando-se esta já sob o Signo de Capricórnio. A situação dos espiritualistas torna-se cada vez mais séria, em vista do aperfeiçoamento de suas qualidades. Os tempos que virão requerem qualidades cada vez mais sublimadas. Com respeito ao perdão de que hoje se fala, mais tarde será uma ilusão, por causa da impossibilidade em se obter remissão da inferioridade. Assim como não é possível a uma pedra flutuar em cima d’água, assim também acontecerá com as almas desprovidas de qualidades para esse ciclo.

Estamos chegando aos três últimos versículos, como seguem.

11º: “Venho logo! Segura com firmeza o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”.

12º: “Quanto ao vencedor, farei dele uma coluna no templo do meu Deus, e daí nunca mais sairá. Escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da Cidade do meu Deus — a nova Jerusalém, que desce do céu, de junto do meu Deus — e o meu novo nome”.

13º: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.

Simplesmente admiráveis são esses versículos. Se alguém quisesse compor uma sinfonia, somente poderia fazê-lo com notas feitas de Astros. O horizonte todo seria a sua pauta que se estenderia ao infinito. Sistemas Solares com todos os seus milhares e milhares de luzes seriam os instrumentos, e Deus mesmo, o divino regente de toda essa magnificente orquestra. Mas, chegamos à realidade dos versículos que se constituem nos movimentos impregnantes de um gigante: “Venho logo”. Esse “logo” é muito forte, pois, pode até amedrontar-nos. Isso quer dizer que o tempo do Espírito está quase presente, não demorará e breve ouviremos a batida na porta. E quando soar a batida não haverá tempo para se esperar, pois, ou abri-la-emos ou depois não mais nos será permitido fazê-lo. Se abrirmos a porta, saindo com a nossa coroa, entraremos no tempo futuro e Aquele que bateu em nossa porta, nos espera observando o fino ouro da nossa alma. Verifica a nossa perfeição e que ninguém conseguiu tirar a pedra preciosa da nossa coroa, ou seja, a vontade acumulada durante os passados ciclos. A Época Ariana tem ensinado as almas a manterem a coroa como sinal de “passe” para os tempos posteriores, a Era da Nova Jerusalém, a Igreja da Paz.

O 12º Versículo diz: “Quanto ao vencedor, farei dele uma coluna no templo do meu Deus”. Imaginando o Universo, o Templo de Deus, e nele sendo utilizado como coluna, temos a certeza do nosso corpo Divino. Imaginando um Templo com os nossos sentidos, sabemos da presença de uma base muito sólida. Sobre essa solidez, levantam-se as colunas. A mesma coisa acontece e acontecerá, ainda, nos tempos em que progride a Nova Jerusalém, acumulando forças para poder cooperar como uma coluna. O material deve ser bastante sólido. Os tempos passados deram à alma a devida têmpera. A Abóboda do Templo pousa sobre os tampos passados; as colunas chegaram lentamente através do passado à sua perfeição. Só assim, diz o versículo, seremos utilizados, ficando para sempre no corpo do Templo do Universo. O Nome de Deus será inscrito em nossas almas, o Seu Poder inteirado em nós e, também, o nome da Cidade, o Espírito da Paz. A Cidade de Deus chama-se a Nova Jerusalém, a Paz do Espírito descendo das Alturas.

Antigamente, quando teve começo a Terra, existia um paraíso. Éramos inocentes, vivíamos em paz e em perfeita harmonia, sem vontade própria. Deus e Seus Anjos guiavam-nos e éramos instrumentos em Suas mãos, impondo-nos, no decurso da involução e evolução, capacidades sujeitas à Sua vontade, sem a nossa cooperação. Mudaram-se os tempos até que chegamos a agir com autodeterminação, senhores dos nossos feitos, culpas e felicidades. Durante os ciclos passados e os futuros, aumentará a nossa vontade em conhecer as leis, desejosos de agirmos em uníssono com elas. Formamos em nós, sistematicamente, o Paraíso perdido, porém, agora o fizemos de maneira consciente, e não como antigamente, sem o devido conhecimento. Desta vez, conforme o próprio versículo 12 diz, “desce do céu” sobre aqueles que se prestam como colunas, a Nova Jerusalém. O Céu descerá com o Paraíso de Deus à Terra.

O Espírito das Igrejas dar-nos-á, nessa ocasião, também, o seu nome. Já conhecemos esse nome antes, que é Amor. No começo da Terra foi dado esse nome, mas, ninguém o conheceu. Deus amava a Seu Filho, fê-lo descer para que soubessem quem era e o que era Amor. Foi rejeitado na Igreja de Tiatira e morto, porém, pelo Amor foi ressuscitado; pela morte e pela ressurreição, inscreveu-se nos corações.

Aplicando uma parábola, poderíamos dizer: Em verdade, Cristo inscreveu-se com Seu Nome Amor nos corações, mas, não cresceu. Deixaram-no lá como uma criança, privando-o do necessário alimento. Alguns deram-lhe ainda tão pouco alimento, que quase o mataram de fome. Outros até mataram-no quando ainda era pequenino.

Essa parábola é o espelho da nossa Igreja de Sardes. Pulsa o Cristo em nossas vidas com toda boa vontade, bate à nossa porta desejoso de cear conosco e com o Seu Pai. A Sua Escritura é constante e não para de escrever o Seu Nome, a Sua aliança conosco em frente de Sua testemunha, o Pai. A nova aliança sempre foi e sempre será o Amor.

O último versículo é sempre uma recapitulação dos anteriores, pois, representa sempre uma advertência por sermos dignos dos ensinamentos, devendo, portanto, pormos em prática a Lei Divina: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.

SÉTIMA CARTA: À IGREJA DE LAODICEIA

Essa carta é a última da série sobre as 7 Igrejas do Apocalipse. Mostra-nos aqui, o Apocalíptico, os defeitos ainda existentes na última fase da Época Ária, à qual ele se dirige com palavras severas, principalmente aos insubordinados ao plano divino. Repreende os mal-intencionados inteligentes, como também aos preguiçosos da Mente. Anuncia, essa Carta, uma vida íntima com Cristo, devendo, portanto, ser desfeita a inferioridade e extintos o materialismo e o egoísmo. Ensina a Religião do coração com o Senhor, em que a alma produz o sacerdócio, indicado como Iniciado no Templo Vivente do Espírito Universal. Ensina-nos, esse capítulo, a Santa Ceia do Senhor com os escolhidos na Mesa de Seu Pai, iluminados pela Luz Absoluta que será irradiada do Trono de Deus. Satisfazendo-se, nessa mesa, aqueles que se cuidarem na evolução; os que sabiamente puderem somar os ensinamentos necessários para os tempos imediatamente posteriores à Época Ária. A Igreja de Laodiceia representa, enfim, um prelúdio de novos acontecimentos; venturas da alma iluminada nos ciclos posteriores.

Com o fim do ciclo de Laodiceia, a humanidade terá completado uma viagem evolutiva pelos seguintes campos de sua existência:

Faltarão, ainda, para alcançar a Noite Cósmica as 5ª, 6ª e 7ª Revoluções, e após a última dessas, o novo renascimento da Terra no Globo Espiritual do Período de Júpiter.

Grupos Étnicos ou civilizatórios que apareceram na Terra durante a Quinta Época
1Ariano, que se dirigiu para o sul da Índia
2Babilônico-Assírio-Caldaico
3Perso-Greco-Latino
4Céltico
5Teuto-Anglo-Saxônico
Desenvolvimento futuro – Os dois últimos grupos étnicos ou civilizatórios da Quinta Época, conforme Max Heindel
6Eslavo (Dois grupos étnicos ou civilizatórios mais se desenvolverão na nossa Época atual, um deles é o Eslavo. Quando, no transcurso de algumas centenas de anos, o Sol, pela precessão dos equinócios, tenha entrado no Signo de Aquário, o povo russo e os povos eslavos, em geral, alcançarão um grau de desenvolvimento espiritual que os levarão muito além de sua condição atual. Será a música o fator principal para atingir esse objetivo porque, nas asas da música, a alma por ela exaltada pode voar até o próprio Trono de Deus, lugar ao qual o intelecto não pode chegar. O desenvolvimento assim obtido não é permanente, por ser unilateral e não estar em harmonia com a lei da evolução. Para ser permanente, o desenvolvimento baseado na lei de evolução deve ser equilibrado. Por outras palavras, a espiritualização deve expandir-se através ou, pelo menos, ao mesmo tempo que o intelecto. Por esse motivo, a civilização eslava será de vida curta, mas grande e feliz enquanto durar, porque terá nascida da dor e do sofrimento sem conta. A lei de Compensação a levará ao oposto a seu devido tempo. Dos eslavos descenderá um povo que formará o último dos sete grupos étnicos ou civilizatórios da Época Ária.)
7Americano (New Atlantis) (Da mescla das diferentes nacionalidades, como atualmente se desenvolve na América, virá a “semente” para o último grupo étnico ou civilizatório, ao começar a Sexta Época. Do povo dos Estados Unidos descenderá o último de todos os grupos étnicos deste esquema evolutivo, que começará seu curso ao princípio da Sexta Época.)

Para o término da Época Ária faltam ainda duas Civilizações, conforme Max Heindel nos ensina, isto é, a eslava e a anglo-saxônica, as quais desenvolverão ao máximo a Mente abstrata. As presentes lutas no plano material entre os povos europeus, tendo de um lado os eslavos e do outro os anglo-saxões, encabeçados pelos americanos, é uma amostra perfeita dos acontecimentos futuros. Verifica-se, nessas lutas, a tendência para sobrepor-se em qualidade propriamente ditas às dificuldades das ideologias materialistas, procurando cada uma delas aumentar a capacidade atômica e as suas atividades nos conceitos material e político. Isso quer dizer que os cientistas se mobilizam em conhecimentos abstratos, colocando-os à disposição do bem ou mal-estar dos povos em geral.

Mesmo que os povos se amarrem ao materialismo e, também, na decadência moral, verifica-se no lado oposto os efeitos benéficos da ciência em seu prelúdio. O futuro transformará o cientista em um benfeitor imaterial. O espiritualista conhece de antemão os planos em que a humanidade terá que viver futuramente pela ciência já adquirida. O que importa realmente, dentre os distúrbios de nossa era, é adquirir em todos os campos o essencial, a parte abstrata.

Filadélfia mostra-nos o manancial fraterno, do qual, forma-se ao mesmo tempo o plano abstrato da Mente. Basta citar as 5 Revoluções em que a Mente deve ter sublimado, em parte, os materiais densos e superado a parte etérica do passado. Dessa maneira, a Mente abstrata encontrará a sua própria potência sentindo-se, por assim dizer, em seu elemento. A Terra diminui gradativamente a sua densidade e os EGOS encontrarão um ambiente mais sutil. Na 5ª. Revolução, os EGOS adquirirão atividades espirituais mais substanciais para que possam atuar adequadamente. Essas possíveis atividades são subsequentes ao ambiente mais espiritualizado. Uma vez ausente a cristalização e as formas físicas tenham se metamorfoseado, haverá ascensão mais pura no caráter biológico dos organismos viventes. Esclarecendo essa verdade, deve-se citar as palavras do Cristo: “Não se casar e nem ser casado”. As limitações do passado do indivíduo terão acabado. Não existirá o ambiente familiar no sentido de hoje, não havendo, também, mais sangue e nem carne. Depois das 5 Revoluções, haverá a preparação para o Período de Júpiter iniciado pela Igreja de Laodiceia. O Período de Júpiter lembra-nos o Lunar a respeito do Corpo Vital, cujo veículo mais denso, naquela época, era o Corpo Vital, como o será, também, no futuro Período de Júpiter. A maior densidade achava-se na Região Etérica e, consequentemente, os corpos tinham a sua densidade no mesmo plano. Porém, mesmo havendo aí um paralelo em qualidades, a consciência aqui será diferente, devido ao desenvolvimento do ser humano no Período Terrestre em que se efetuou a consciência do Ego. No Período Lunar existia uma consciência negativa, ao passo que no Terrestre desenvolveu-se a inteligência consciente, e no Período de Júpiter, existirá a consciência superada, isto é, a Consciência Cósmica. Isso se verificará pela ascensão constante aos planos superiores, lembrando os tempos do Período de Vênus, em que não mais haverá Corpo Vital, como aquele mais denso, e sim um Corpo de Desejos superior ainda àquele que existirá no Período de Júpiter. No Período Lunar não existia a Mente revelada, a qual encontrou a sua aplicação no Período Terrestre até a Igreja de Sardes, e daí para a frente com maior intensidade. No Período Lunar não existia Corpo Denso, assim como no de Júpiter, também, não haverá mais esse veículo, pois, tudo será superado. Em contraposição, encontramos a Mente abstrata por falta do Corpo Denso. Conclui-se daí, perfeitamente, a diferença entre os Corpo Vitais do Período Lunar e os do de Júpiter. Caracterizando ainda a diferença entre os Éteres do Período Lunar e os do de Júpiter, aprimoramo-nos em constatar que, como faltará no Período de Júpiter o Corpo Denso, a mesma coisa se sucederá com o “Corpo Vital-químico” e, também, com o “Éter de vida” do Corpo Vital, como atualmente existe. Em outras palavras, haverá uma redução de dois Éteres especiais que não mais existirão por falta de um corpo-químico no qual exercem presentemente suas funções.

Façamos, a seguir, nesta altura dos ensinamentos, uma retrospecção sobre a Mente desde o Período Lunar até hoje.

No Período Lunar, os Líderes da Humanidade, na qualidade de Anjos, ensinaram-nos funções, todas elas submetidas à vontade deles. Representavam elas, portanto, dentro dos corpos da humanidade um simples reflexo da vontade dos nossos Dirigentes. As forças cósmicas secundaram essas funções através de suas irradiações. Podia-se comparar aquela função com o nosso sistema nervoso involuntário de hoje. A respiração, digestão, assimilação, excreção, o metabolismo em geral, não agem sobre o sistema motor, que responde à consciência da nossa vontade. Verificamos que a inteligência superior, o Ego, toma conta das funções que estão ao alcance da nossa vontade. Apreciando esse fato, ressaltamos a semelhança do trabalho dos Anjos no Período Lunar com a função do Ego em nosso tempo.

No Período Terrestre, até as três e meia Revoluções, forma-se a Mente concreta em que as influências luciféricas se empenham para emancipá-la da Hierarquia Angélica.   As leis originais cósmicas   serão   postas   sob a custódia   da    própria inteligência, começando ao mesmo tempo um recesso da consciência superior. Não obstante, verifica-se uma lenta cristalização da Mente, resultando na inconsciência dos planos superiores. Formou-se uma inteligência, espiritual. Essa forma da Mente e sua deficiência começou na Época Atlante, caracterizando-se pelo domínio das circunstâncias gerais   apuradas pelas condições da época, não cogitando sequer obedecer à Religião. Subjuga-se a Religião às leis estipuladas pelos legisladores com as Mentes já diminuídas de valores   pela sua astúcia.

O Período Terrestre   tem   uma   significação   dupla:   a influência na primeira parte marciana e a segunda mercuriana. As primeiras três e meia Revoluções pertenceram ao desenvolvimento do Corpo de Desejos e de sua purificação, conhecendo sentimentos elevados, para depois, na parte mercurial, com   a   chegada    de Cristo, tirar vantagens dos sentimentos com uma Mente já   inclinada a superar a sua parte maligna e astuta. Portanto, depois de Cristo surgirá uma onda de Egos adiantados que, por presenciarem em seu íntimo os ensinamentos e as obras do Espírito de Vida, não se subordinarão aos Anjos Lunares e, muito, menos aos Lucíferos de Marte, tomando o caminho da Mente abstrata. Lentamente, a Alma Consciente e a Alma Intelectual colocam-se a favor da Era de Cristo.

Com essas apreciações verificamos as profecias da 7ª Carta dirigida à Igreja de Laodiceia, estando assim redigido o versículo 14 do Capítulo terceiro: “Ao Anjo da Igreja em Laodiceia, escreve: Assim fala o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da criação de Deus”.

Vejamos o significado dessas poucas palavras: O “Amém”, o princípio da criação, acha-se presente em Laodiceia. Se assim é entendido o “Amém”, sabemos tratar-se do fim da época. Ele se coloca como o último dos 7 ciclos da Época Ária; Cristo diz de Si mesmo o Alfa e o Ômega. Quer dizer, não somente o alfabeto das letras resumido na santa palavra “Amém”, como também o Alfa do Cosmos, as Estrelas em seu avanço. No corpo do Cristo Cósmico encontramos todas as criações, desde o átomo até o infinito não criado Deus. Ele achava-se antes do Período de Saturno, como Cristo se encontrava antes do Período Solar. É uma constante escala ascendente sem fim na parte divina. Tratando-se do princípio das coisas, da criação, fala o Alfa e o Ômega, que criou ou emanou de Si (diferenciou em Si mesmo) a onda humana com tudo que ela necessita para o desenvolvimento dela. Ele é a Luz e a Vida.

Os Budistas conhecem, também, a santa palavra quando cantam o Mantra “Aum”, correspondente ao nosso “Amém”. Sempre achamos no fim de qualquer oração o pequeno VerboAmém”, e por quê? Significa esse “Amém” a mesma coisa que o “Assim Seja”? Não. “Amém” é uma vibração envolvendo as nossas partes sensíveis em cumprimento a uma atividade espiritual para o espiritual, ao passo que o “Assim Seja” trata simplesmente do desejo para que se cumpra a oração. “Amém”, já por si só, é uma oração. Sabemos que a letra “a” está no princípio, a primeira letra, aliás, que o recém-nascido profere e, quando morremos pronunciamos o “om”. Que lei extraordinária!… Encontramos no começo da vida e de todas as coisas o “Alfa” e no fim o “om”. O princípio se une com o fim quando pronunciamos Aom, Aum ou Amém, constituindo – se, essa última, a expressão dos ocidentais. O oriental diz Aum ou Aom. É um círculo sem começo e sem fim. Sempre e em qualquer ponto pode existir o começo, como também o fim. O “Amém” do Apocalíptico está no começo, seguindo constantemente em si mesmo por todas as cadeias até o fim.

Nesse ponto, pode-se perguntar: Que finalidade terá o “Amém” no 7º Ciclo, no fim da 4ª Revolução Terrena? Respondemos: O Espírito nos acompanha desde o começo em nosso auxílio, procurando a aproximação por todos os tempos. Em Laodiceia estará mais perto de nós, incorporando uma parte de si em nós mesmos. Por causa da constante imperfeição, muitas qualidades divinas estavam afastadas. Depois do aperfeiçoamento, ligadas com o “Amém”, o Adam Espiritual e inconsciente do começo, une-se no fim quando se salva a si mesmo, apresentando-se como o Adam Espiritualizado. Esse Adam Humano encontra-se com o Amém-Deus.

A seguir, temos os versículos 15 e 16, advertindo, pela última vez, aqueles de má vontade, quais sejam, os intelectuais e os lerdos: “Conheço tua conduta: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar de minha boca”.

Verificamos que, embora tenha havido um grande progresso na espiritualização, existirão, todavia, no futuro, elementos com caráter ainda não definido. Não conseguiram ainda convencer-se de seus defeitos. Mostram-nos os versículos a existência de seres com o intelecto ainda sem a possibilidade de discernir, julgar, colocando-se numa neutralidade, que chegam a paralisar a ação mental. Os versículos dizem de suas qualidades, que não são “quentes” nem “frios”. Tendo, pelo menos, a compreensão de que a sua qualidade é fria, só por esse reconhecimento poderão tornar-se quentes, positivos. A aceitação da parte positiva da Mente, levará o candidato à Iniciação dos tempos vindouros distantes.

O Versículo 16, com a sua expressão “morno”, registra terminantemente a inaptidão daqueles sem caráter. Não almejam avanço, não são rebeldes, não são sábios, nem ladrões, são indiferentes. São vomitados da boca. Formam uma indigestão, um câncer para os tempos luminosos, representando seres cristalizados. Não são quentes nem frios, e sim mornos, lerdos. Em que camada de gente encontramos essa espécie? Entre os ignorantes, os hipócritas intelectuais, os que querem se valer por saber portar-se apenas esteticamente. A sua cara em geral é muito bonita, porém estão destituídos de alma. O Espírito de Laodiceia espera não só desse próprio ciclo, mas também do nosso, que se convençam do melhor, a fim de não serem vomitados da remodelação e ampliação do caráter. Quem tem ainda objeções, mistificações e desculpas das suas fraquezas é simplesmente um ignorante na questão apocalíptica. É um ignorante, um analfabeto no Espiritualismo, como o é em seus objetivos. O místico e o ocultista representam a vanguarda da vida após a 7ª Civilização, em que existirá a verdadeira Igreja universal e não a Católica Apostólica Romana ou as Protestantes dogmáticas, que se julgam, cada uma, a única verdadeira e universal, as quais serão completamente transformadas pela Igreja da Fraternidade de Filadélfia, o mesmo acontecendo com todas as seitas religiosas existentes atualmente.

Chegamos ao versículo 17, agravando-se as repreensões: “Pois dizes: sou rico, enriqueci-me e de nada mais preciso. Não sabes, porém, que és tu o infeliz: miserável, pobre, cego e nu”.

Antes de qualquer explicação em torno desse versículo, devemos salientar que os seus ensinamentos não só dizem respeito à Igreja de Laodiceia, mas também às civilizações desde Tiatira em diante. Portanto, as repreensões servem tanto para nós, como para as civilizações que surgirão. Passemos ao ensinamento do versículo.

Muitos ainda retardam a educação espiritual, permanecendo num estado de corrupção intelectual. São orgulhosos e se incham do pouco que possuem, não percebendo a desgraça, a miséria e a pobreza do seu interior. Esse miserável estado é a nudez na presença do Espírito, não estando, pois, adequadamente vestido para se apresentar perante seu Mestre e Salvador. A aura é turva e não tem brilho algum. Carece-lhe, pois, o brilho da verdade.

Fala perfeitamente nesse sentido o Versículo 18: “Aconselho-te a comprar de mim ouro purificado no fogo para que enriqueças, vestes brancas para que te cubras e não apareça a vergonha da tua nudez, e um colírio para ungires teus olhos e poderes enxergar”.

O Senhor espera que os de Laodiceia envidem o máximo esforço para comprar d’Ele e que se unam com Ele em comunhão espiritual, pois está desejoso de vender o Ouro de graça a quem possa comprar com o valor de sua alma. Quando o Supremo Senhor oferece Ouro refinado por fogo, quer dizer a qualidade espiritual mais pura existente, o Ouro dos Céus, para que enriqueçamos internamente, tornando-nos luminosos por dentro e por fora. Ele diz que nos dará novos vestidos em perfeita brancura, ou seja, corpos translúcidos. Não haverá mais sombra em nós, desaparecendo completamente a nossa nudez.

Deseja, o Supremo, Santificado seja o Seu Nome: que possamos ungir nossos olhos com um santo colírio; que vejamos as coisas por dentro e por fora, e que tenham os nossos olhos visão ilimitada. Quando do término de Laodiceia, os veículos superiores devem ter atingido um ponto tal de desenvolvimento, que culminará na sublimação do Corpo Denso, funcionando depois tão somente o Corpo Vital.

O Versículo 19 é rigoroso e definido: “Quanto a mim, repreendo e educo todos aqueles que amo. Recobra, pois, o fervor e converte-te!”.

Em todas as Igrejas se fala do arrependimento. Nesta também, mas fala-se igualmente de castigo por sermos amados por Ele. Presenciamos uma ação extrema dentro da tolerância divina, por querer salvar-nos. Parece paradoxo que sejamos amados e castigados ao mesmo tempo. O Espírito repele aquele que não aceita o Seu amor. A paciência terá alcançado o seu fim, não aceitando mais as bofetadas, nem dando mais a face esquerda e nem a direita. Acabou a paciência. Ele virá castigar-nos. A advertência é para que sejamos zelosos. Já nos prometeu as vestes brancas, porém, mais não pode nos prometer. Ofereceu comprarmos d’Ele ouro purificado pelo fogo dos tempos. Ofereceu, também, o Seu Amor, senão a ascensão será impossível.

Os versículos 20, 21 e 22 finalizam a Sinfonia de Deus: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo. Ao vencedor concederei sentar-se comigo no meu trono, assim como eu também venci e estou sentado com meu Pai em seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.

Cristo bate à porta, à porta do coração, em nossa consciência, em nossa inteligência, batendo nas veredas da verdade.

Quem passou vitoriosamente à frente, achando-se na Vanguarda, ouvirá a Voz e abrirá a porta dos Céus. Abrindo a porta que leva ao Céu, encontrará o Espírito que reina na Cidade de Jerusalém. A chave de David abriu-lhe a porta e desde então, flutua na Luz do Reino de Cristo, em que sentar-se-á com Ele e ceará no Trono de Deus a alimentação dos Deuses. Essa é a ceia, a comunhão com Deus. O pão das Igrejas não mais existirá, estando transpostas as limitações, pois, a transfiguração criou um novo corpo, ou seja, o corpo de Luz alimentado pelo fogo do Trono do Universo-Deus. Os corpos anteriores que receberam invisivelmente a Luz-Vital iluminam o interior das almas em comunhão com Ele, aqueles que foram salvos dos tempos passados. Os vencedores encontrarão a Paz na Cidade da Nova Jerusalém.

Bem-aventurados aqueles que ouvirem o que o Espírito disse através das Igrejas.

Apresentamos, com a melhor clareza de que fomos capazes, os Ensinamentos Iniciáticos dados por João de Patmos. Procuramos usar sempre uma linguagem mais simples possível para que, mesmo os não conhecedores dos termos esotéricos, tenham uma clara visão sobre a fulgurante mentalidade do Autor do Apocalipse. Repetimos os ensinamentos muitas vezes sobre o mesmo ponto de vista ou sobre um ângulo diferente. A repetição teve a sua razão de ser quando procuramos fixar a Mente em derredor de algo muito importante. As Escolas Esotéricas em geral, procuram ensinar seus alunos com o método da repetição, cuja razão consiste em gravar na alma maior consciência do que se quer ensinar. Sabemos que as impressões não morrem, de maneira que, numa vida futura, as impressões gravadas trarão o seu benefício. Quem se dedica à leitura da Bíblia, dos Evangelhos e da literatura espiritual, geralmente de tempo em tempo, querendo ou não, recebe esclarecimentos iniciáticos. Tivemos exclusivamente o interesse de transcrever aquilo que achamos razoável, convencidos, embora, de nossa pequena capacidade para dar melhores esclarecimentos; contudo, esperamos que os nossos leitores se inteirem mais nesse assunto tão imprescindível à nossa civilização, a fim de que possam receber ensinamentos completos nesse sentido. O autor, em que pese a sua fraca compreensão sobre o imenso monumento do Apocalipse, deseja ser, contudo, um cooperador de todos aqueles que estejam interessados na compenetração dos enigmas de tão majestoso livro. Ciente, também está de que, sendo apenas um simples Noviço Rosacruz, não poderia dar maiores ensinamentos além do que se lhe foi confiado até o momento.

Finalizando, permitam-nos insistir com a   mesma   frase   do Espírito das Igrejas:

“QUEM TEM OUVIDOS, OUÇA O QUE O ESPÍRITO DIZ ÀS IGREJAS”


[1] N.R.: Mt 24:35

[2] N.T.: Swami Vivekananda (1863-1902), nascido Narendranath Dutta foi o principal discípulo do místico do século XIX Sri Ramakrishna Paramahamsa e fundador da Ordem Ramakrishna. É creditado pelo crescimento da consciência inter-religiosa, trazendo o hinduísmo para o status de uma das principais religiões do mundo a partir do final do século XIX.

[3] N.T.: Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948) foi um advogado, nacionalista, anticolonialista e especialista em ética política indiano, que empregou resistência não violenta para liderar a campanha bem-sucedida para a independência da Índia do Reino Unido, e por sua vez, inspirar movimentos pelos direitos civis e liberdade em todo o mundo. O honorífico Mahātmā (sânscrito: “de grande alma”, “venerável”), aplicado a ele pela primeira vez em 1914 na África do Sul, é agora usado em todo o mundo.

[4] N.T.: Herodes, com efeito, havia mandado prender João. E o mandara prender, acorrentar e lançar no cárcere…

[5] N.R.: Mt 19:29

[6] N.R.: 1Tl 5:2

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