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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Shakespeare à Luz dos Ensinamentos Rosacruzes

As obras de Shakespeare, assim como os dramas musicais de Wagner, o Fausto de Goethe, a Divina Comédia de Dante e muitos outros livros de igual valor são designados Esotéricos, embora de leitura Exotérica. Eles são comunicações diretas dos centros planetários da Divina Sabedoria.

Podemos dizer que a literatura que lida com a vida espiritual e é construída em torno de Mestre e Salvadores do mundo e, além disso, se revestem de uma estrutura baseada nos mistérios, torna-se, em virtude destes vários atributos e elementos, escrituras sagradas. Todas as outras literaturas têm menor classificação.

Voltando à análise da literatura não sagrada, encontraremos, por sua vez, que ela se divide em duas. Na primeira, temos a literatura que é possuidora de um sentido “interno”; na segunda, o “externo” somente. A primeira, como as escrituras sagradas, está fundamentada nos Mistérios e contém, na sua forma externa, um véu de Sabedoria Arcana claramente organizada, enquanto na outra classe tal esoterismo não está presente. Há trabalhos sobre assuntos espirituais, experiência religiosa e mesmo sobre os Mistérios que não possuem este sentido interno. Eles podem ser trabalhos altamente inspirados, contudo somente simplesmente estruturados. Por outro lado, temos trabalhos como os dramas de Shakespeare que o mundo não reconhece como literatura “espiritual”, mas que, em virtude de sua dupla estrutura, cultuam um compêndio de Sabedoria Iniciática só comparável a das sagradas escrituras.

No caso de Shakespeare, a fonte foi os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Para o esoterista, nenhuma outra evidência disto é necessária senão os trabalhos mesmos. Mas, sinais específicos, ocultamente transmitidos, estão também presentes nos dramas.

Max Heindel é a autoridade para a citação de que as obras que trazem o nome de Shakespeare e aquelas que trazem o nome de Bacon foram influenciadas pelo mesmo Iniciado Rosacruz.

Há 2 meios de você acessar esse Livro:

1.Em formato PDF (para download):

Shakespeare à Luz dos Ensinamentos Rosacruzes – Introdução à Obra de Shakespeare – Um Sonho de Uma Noite de Verão

Shakespeare à Luz dos Ensinamentos Rosacruzes – Introdução à Obra de Shakespeare – Shakespeare e o Casamento Místico

Shakespeare à Luz dos Ensinamentos Rosacruzes – Introdução à Obra de Shakespeare – Shakespeare e a Lei do Renascimento

2.Para ler no próprio site:

Shakespeare à Luz dos Ensinamentos Rosacruzes

Introdução à Obra de Shakespeare

Um Sonho de Uma Noite de Verão[1]

É bem conhecido o ditado “não havia fadas na Inglaterra antes de Shakespeare”.

No entanto, mesmo antes que o puritanismo tivesse extinguido a alegria da velha Inglaterra, essa era o próprio recreio das “pessoas pequenas”. Apareciam das sebes e provocavam os viandantes, faziam travessuras com os jovens e as donzelas nos caminhos dos amantes; todos os bosques e prados mostravam “anéis de fadas” onde realizavam os seus bailes; tinham pontos de encontro nos pântanos de Yorkshire e nas planícies de Devon; as sereias penteavam-se nas falésias de Dover; e o alegre e brincalhão Robin Bom-camarada era uma palavra corrente em todo o país.

Sim, os contos de fadas existiam, mas a crença neles era irregular e casual. Para algumas pessoas, eram realidades que faziam parte do seu quotidiano; para outras, eram apenas histórias bonitas ou assustadoras que se contava nas noites de verão ao luar ou à volta da lareira nas longas noites de inverno. Foi necessária a mão divinamente guiada do poeta para reunir todos os fios confusos, tecê-los em uma obra-prima e apresentá-la à Humanidade: aqui está o Mundo das Fadas das vossas chamadas “fantasias”; ele está vivo, é verdadeiro e real; é uma parte muito importante da vida no nosso globo!

No entanto, a grande lei da evolução funciona em espiral por toda parte. Há mais de 300 anos que os críticos tentam rebaixar o nível do Um Sonho de uma Noite de Verão de Shakespeare mediante interpretações tão cheias de equívocos que chegam a ser um sacrilégio. Essa obra foi escrita em 1590, aproximadamente. Mas só por volta de 1910 ela foi erguida na espiral do pensamento avançado. Não havia fadas antes da obra Um Sonho de uma Noite de Verão. Shakespeare nos deu o Mundo das Fadas; no entanto, apenas quando a grande Luz Branca dos Ensinamentos Rosacruzes foi derramada sobre ele é que esse Mundo das Fadas apareceu na sua pureza e dignidade como parte integrante e sagrada da casa de Deus na Terra. Que a palavra sagrada penetre profundamente nos nossos corações. Um Sonho de uma Noite de Verão, apesar de borbulhar de riso, alegria, diversão, travessuras e truques, é uma peça sagrada e como tal foi citada por Max Heindel no texto do Ritual do Serviço Devocional do Solstício de Junho e em outros livros da Fraternidade Rosacruz.

A Noite de Natal e a Noite do Solstício de Junho são os dois polos da atividade divina que se manifesta na Terra durante o ciclo do ano. No meio do inverno (em dezembro para o hemisfério norte), sob os raios oblíquos do Sol, a atividade espiritual atinge o seu pico, a Natureza é abafada em uma grande quietude, uma expetativa de escuta, e na noite mais longa, a noite mais escura, a Estrela do Espírito brilha mais intensamente e o Cristo nasce na Terra.

Mas, como lemos no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos: “A evolução é a história da progressão do Espírito no tempo”. E o tempo está indissoluvelmente ligado à matéria. Enquanto a nossa Onda de Vida passa por esta Terra em Involução e Evolução, a existência material, a forma corporal e a manifestação física são necessárias e, a menos que o polo oposto, o da atividade física, seja mantido, o Espírito não pode continuar o seu caminho de “progressão no tempo”. Todos nós, o nosso Planeta e tudo o que nele existe de vida mineral, vegetal, animal e humana, temos de recolher essa experiência da existência física para podermos evoluir de centelhas Divinas a seres Divinos autoconscientes, cocriadores junto às Hierarquias Criadoras e copossuidores da Glória de Deus. Assim, no Solstício de Junho, sob os raios perpendiculares do Sol, as atividades físicas atingem o seu auge e, durante a noite mais curta e luminosa do ano, a de 24 de junho, as mil vozes da Natureza juntam-se em cânticos, risos e murmúrios alegres e os Espíritos da Natureza realizam o seu festival anual, uma festa de regozijo porque fizeram bem o seu trabalho e a vida física na Terra está assegurada por mais um ano.

O Mundo das Fadas de Shakespeare inclui todos os Espíritos da Natureza mencionados nos Ensinamentos Rosacruzes; esses Espíritos — sejamos muito claros sobre isso — são servos de Deus, agentes de Deus, que trabalham sob a direção das Hierarquias Criadoras que guiam nossa evolução. As ações dos Espíritos da Natureza, muitas vezes, parecem incoerentes e irresponsáveis para nós. Por quê? Porque ainda compreendemos mal o funcionamento das Leis da Natureza. Quando o ser humano está em harmonia com as Leis da Natureza e os Espíritos da Natureza lhe são simpáticos, ele os chama de “bons”. Quando ele está em desarmonia com as Leis da Natureza e elas parecem antagonizá-lo, ele as chama de “más”. Porém, todos trabalham juntos para o bem, a serviço da evolução. Os Espíritos precisam de corpos para adquirir experiência. Os Espíritos da Natureza são trabalhadores que constroem corpos, são criadores de forma. É por isso que no Fausto, de Goethe, eles aparecem à chamada de Mefistófeles que, em um dos seus muitos aspectos, é Satanás ou Saturno, o construtor da forma.

Ora, “Um Sonho de uma Noite de Verão” não é apenas o relato da Festival das Fadas no auge das suas atividades bem-sucedidas, mas também se preocupa muito com os males e as provações dos amantes e com a sua feliz união no final. Alguns críticos interpretam a peça como um espetáculo de amor inspirado nos perfumes de uma noite de verão, “Maluquice de uma noite de verão”. Essa é a interpretação mais triste de todas. E aqui, em particular, recordemos que Um Sonho de uma Noite de Verão é uma peça sagrada, apesar de muitos absurdos que são aparentes. Uma “peça” sim, mas apresentada para nós por um grande Iniciado para que possamos ver com ele as Forças da Natureza “brincando” no mundo.

Os Espíritos da Natureza estão sempre e particularmente interessados nos amantes e nos seus assuntos; eles gostam de provocar o jovem e a donzela enamorados, mas apenas durante algum tempo; depois, esses Espíritos os consolam e aproximam; ao final, eles pedem para serem convidados para o casamento e concedem ao casal feliz três desejos no dia do casamento. Os Espíritos da Natureza são construtores da forma e, como tal, precisam da atração entre os sexos para providenciar corpos para as almas que chegam. Um Sonho de uma Noite de Verão é uma Festa de Casamento regida por uma grande característica cósmica: a atração entre os sexos é um fator necessário em certos estágios da evolução em que o Espírito precisa de veículos físicos e densos para acumular experiência e, por isso, devido à sua missão Criadora ao Serviço do plano divino, o Amor entre homem e mulher é sagrado e o Matrimônio é um Sacramento; assim, temos que ter pena das almas mais jovens que o olham de maneira frívola e interpretam Um Sonho de uma Noite de Verão como uma graciosa e espirituosa brincadeira de fazer amor, quando ele é uma Peça Misteriosa realizada nos recintos sagrados do santuário da vida.

Shakespeare à Luz dos Ensinamentos Rosacruzes

Um Casamento Cósmico segundo Shakespeare

Quando o Poeta Iniciado, Goethe, terminou o seu drama místico, Fausto, disse sorrindo: “Nesta peça eu escondi muitos mistérios que manterão os críticos ocupados durante pelo menos cinquenta anos”. “Um Sonho de uma Noite de Verão”, de Shakespeare, manteve-os assim ocupados durante mais de trezentos anos e não estão agora mais perto da solução dos problemas ocultos dessa magistral obra do que em 1° de maio de 1594, quando foi apresentada pela primeira vez nas festividades do casamento de um dos patronos aristocráticos de Shakespeare, na corte da Rainha Isabel; então as pessoas se perguntavam por que uma peça de maio[1] se chamava “Um sonho de uma noite de verão”.

Muitos diziam naquela época, como dizem hoje, que as passagens que se referem ao primeiro de maio como a data do casamento do Duque Teseu foram inseridas na peça escrita por volta de 1590 como um elogio ao casal recém-casado perto do trono de Isabel. Essa é a forma mais fácil de evitar o fato embaraçoso de o poeta, no seu grande e misterioso drama nupcial, identificar o 1° de maio com o 25 de junho. A maioria dos expoentes ainda se contenta com essa solução, embora ela pareça bastante incompatível com a dignidade de um Shakespeare.

Alguns o desculpam com base em “erros ortográficos”; outros ainda o acusam de ter feito malabarismos com as datas, assim como o acusam frequentemente de ignorância ou de descuido em relação a fatos históricos, mitológicos ou geográficos. Ele, o Iniciado que sabia tudo o que aqueles que tentam em vão minimizar a sua grandeza não sabem! Gostam de acentuar a sua ignorância em geografia, por exemplo, porque na sua outra peça de mistério, a Tempestade, os navios singram para a Boêmia, que fica longe do oceano.

Sim, hoje em dia! Mas, no século XII, a Boêmia era um poderoso império que se estendia até ao Mar Adriático. Shakespeare, como é óbvio, conhecia esse fato e sabia bem “do que se tratava”, ao nos dizer que, quando o Duque Teseu de Atenas se casou com Hipólita, a sábia rainha das Amazonas, a data do Dia de Solstício de Verão era 1° de maio.

Vemos o grande iniciado sorrindo com o seu sorriso gentil, como um pai sorri para os filhos que não podem ferir a sua dignidade quando, com razões superficiais e infantis, explicam seus ditos e feitos que ultrapassam a sua compreensão.

Não se confia às crianças a guarda da chama luminosa; — só quando um número suficiente de pessoas que vivem no ocidente atingiu a fase adulta é que se acenderam para elas as velas tão poderosas como temos, por exemplo, nos livros “Conceito Rosacruz do Cosmos” e “A Mensagem das Estrelas” – só para citar dois exemplos –, ambos do Iniciado Max Heindel. Esses livros não são meros manuais da Filosofia Rosacruz ou Astrologia Rosacruz, mas poderosos portadores de luz que levam a iluminação para todos os caminhos da vida. Não podemos compreender as obras dos grandes poetas, músicos, pintores e escultores sem a sua ajuda; e a razão para isso é facilmente encontrada. As pessoas que conhecemos como gênias que estavam muito à frente do seu tempo e, em muitos casos, foram iniciados da Ordem Rosacruz, nos deram a Religião Cristã Esotérica por meio de símbolos e parábolas, pois toda grande Arte é basicamente religiosa e a sua missão evolutiva é afirmada naquelas famosas palavras de Richard Wagner, frequentemente citadas por Max Heindel: “Onde a Religião se torna artificial está reservado à Arte salvar o espírito da Religião”. Max Heindel, como porta-voz dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, deu à Humanidade o conhecer a Religião Cristão Esotérica em uma linguagem simples e por meio dos livros que contêm os Ensinamentos Rosacruzes que são lições completas que temos que consultar e estudar a fundo, se quisermos compreender a beleza misteriosa dos roteiros imortais escritos pelos nossos mestres-artistas em cores, palavras ou tons.

Uma biblioteca inteira de obras eruditas sobre Shakespeare não pode ajudar a resolver o problema do “Sonho de uma Noite de Verão”, pois a informação valiosa que contêm é exotérica e ignora o potente fator da Astrologia Rosacruz. Mas se, com ajuda dos Ensinamentos Rosacruzes focarmos nossa atenção no fato de o “Sonho de uma Noite de Verão” ser um grande desfile do Sol e depois seguirmos a pista dada na sua explicação dos ciclos evolutivos ligados à Precessão dos Equinócios, a perplexidade se transforma em compreensão e a discrepância, em concórdia.

Como vimos anteriormente, o “Sonho de uma Noite de Verão” é uma apoteose das Forças da Natureza no auge das suas atividades, o grande “Festival das Fadas”, ou dos construtores da forma, que se regozijam porque fizeram bem o seu trabalho e asseguraram a vida física na Terra por mais um ano, para que o Espírito, em seu Caminho de Evolução, possa se manifestar através dos Corpos e dos veículos. Esse ponto culminante das forças físicas estimuladas pelo Sol ocorre todo ano entre 21 e 25 de junho, no polo oposto ao ponto culminante das forças espirituais, que ocorre entre 21 e 25 de dezembro, também todo ano.

Se a data do casamento na peça foi 1° de maio, o drama está aparentemente desequilibrado em relação ao Natal, afastado do caminho do Sol. — Sabemos que decorrem exatamente quatro dias entre o início da peça e o triplo casamento no final, pois o Duque Teseu abre-a com as palavras “Quatro dias felizes trazem outra Lua[2] e a Rainha Hipólita acrescenta:

Mergulharão depressa quatro dias na negra noite;

Quatro noites, presto, farão escoar o tempo como em sonhos.

E então a lua que, como arco argênteo,

no céu ora se encurva, verá a noite solene do esposório.

Depois, no final do Ato IV, na Cena I, nesse maravilhoso discurso referente aos seus cães de caça, que soa como uma marcha triunfante composta por harmonias majestosas, informa os seus ouvintes de que “agora a nossa observação está feita” e elucida a ocasião para essa observação, que se realizou em bosques e florestas e não no templo, acrescentando a respeito dos amantes: “Decerto madrugaram, para os ritos observarem de maio”. Esse Dia de Maio é o dia do casamento.

Ouvimos de novo o duque Teseu:

no templo, agora mesmo,

estes dois pares vão se unir para sempre.

Mais tarde, os bons artesãos não-gramaticais dizem: “Mestres, o duque vem vindo do templo, onde se casaram, juntamente com ele, mais três senhores e três senhoras.[3]. Depois, a companhia festiva será recebida no palácio, até que Teseu lembra:

Com a língua de ferro a meia-noite já deu doze batidas.

Para a cama, namorados! É quase hora das Fadas.

E agora a cena é inteiramente entregue às Fadas que cumprem o que no dia anterior Oberon, o rei das Fadas, anunciou à sua rainha, Titânia:

Já que nossa discórdia mal sofrida em harmonia se mudou garrida,

iremos amanhã, solenemente, dançar, à meia-noite,

bem em frente do quarto de Teseu.

Solstício de Junho (estação de verão para o hemisfério norte), — o Festival das Fadas! — para as fiéis Forças da Natureza, a grande, alegre e solene ocasião do ano! Os discursos de Titânia estão repletos de alusões ao Solstício de Junho. Mas não precisamos citá-las, pois o espírito do drama fala por si só. A peça está impregnada de Solstício de Junho, respira Solstício de Junho, canta e dança Solstício de Junho…, mas é mais rica em mistério e mais profunda em promessa do que um simples Solstício de Junho possa dar. Lembremo-nos do que Max Heindel ensina sobre os ciclos menores contidos nos maiores. Os ciclos diurno, anual e precessional são os ciclos do Sol. Uma nova vida é prometida a nós no Solstício de Junho através de Hermia e Lysander, Helena e Demetrius, os dois casais humanos cujo amor é abençoado pelas Fadas; vida abundante é prometida a toda a natureza pela reunião de Titânia e Oberon, o rei e a rainha das Fadas que, após um período de discórdia, celebram de novo o seu casamento e prometem abençoar a Terra com fecundidade. Mas, uma nova vida de um significado muito mais elevado e ampliado é prometida por meio do casamento de Teseu e Hipólita, esses dois seres exaltados que não são humanos nem Fadas, mas representantes cósmicos.

Shakespeare conhecia a mitologia e o seu simbolismo cósmico! Não acidentalmente, mas de forma muito deliberada, escolheu a Grécia como cenário para o seu drama. As Fadas, tipicamente do noroeste, em seu aspeto cosmopolita de Forças da Natureza, podiam ser facilmente transferidas para a Grécia; a sua rainha e o seu rei, Titânia e Oberon, são originários da Índia; assim, os arianos orientais e ocidentais contribuem a partir da sua tradição. Mas, nos mitos gregos foi encontrado o maravilhoso simbolismo dos “cães do céu” — a hoste estrelada — que acompanham a carruagem do deus Sol em uma corrida alegre “com a boca cheia de sinos, um debaixo do outro” e o saúdam com “gritos afináveis” — a música das esferas — aos quais a Terra ecoante responde.

vai minha amada apreciar a orquestra de meus fortes lebréis. (…)

Tão galante barulheira jamais havia ouvido;

o bosque, o céu, as fontes, tudo, tudo, era em torno uma crebra gritaria.

Em parte alguma nunca ouvira música tão discorde, trovão tão agradável.

Ouvimos uma voz calma no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” confirmando as rapsódias do mito e da poesia: “Pitágoras não fantasiava quando falou da música das esferas, porque cada um dos Corpos celestiais tem seu tom definido e, juntos, formam a sinfonia celestial”[4].

Finalmente, na mitologia grega este deus Sol, em uma de suas fases de Precessão, é representado por Teseu, o herói forte que matou o touro “devorador de homens”, o Minotauro. Esse terrível monstro tinha a sua fortaleza no Labirinto da ilha de Creta. Os atenienses tinham de oferecer todos os anos sete jovens e sete donzelas às mandíbulas cruéis desse touro. Ele representa o espírito do Ciclo Taurino e da Era de adoração ao touro[5] — o espírito da mais extrema crueldade e do mais cru materialismo ao qual os filhos e filhas da Humanidade eram sacrificados.

O espírito da Era de Touro foi morto por Teseu, o Sol. Isso significa que a Era de Touro terminou porque o Sol, por Precessão dos Equinócios, estava prestes a deixar a constelação de Touro e entrar em Áries. Max Heindel nos informa que em 498 d.C. o Sol cruzou o equador celeste no Equinócio de Março em 21 de março, a 0 grau de Áries. O Sol leva em torno de 2.156 anos para percorrer, pelo movimento da Terra Precessão dos Equinócios, os 30 graus de uma constelação. Ele entrou no 30° grau de Áries, o carneiro ou cordeiro, em 1658 a.C. e, portanto, 1659 a.C. é o último ano da Era de Touro.

Para nós, Áries é um Signo masculino; na astrologia grega era considerado um Signo feminino e o seu regente, o Planeta Marte, era representado não por um deus, mas por uma deusa, nomeadamente Palas Athena, a deusa da guerra e da sabedoria. A analogia entre Palas Athena e Hipolyta, a sábia rainha-guerreira, é evidente. Assim, 1659 a.C., o último ano da Era antiga ou de Touro, é o ano do casamento de Teseu, o Sol, com Hipólita, o Espírito Guardião da nova Era ou a Era de Áries, para que no próximo Equinócio de Março, 1658 a.C., ele pudesse entrar em sua nova casa, Áries, junto à parceira da sua exaltação.

Assim temos o ano; como é que obtemos a data? No que diz respeito à contagem do calendário, as nações antigas seguiam o exemplo da Babilônia ou da Caldeia, que eram seus mestres em todos os assuntos relacionados com a astrologia e a astronomia.

O calendário de Caldeia, que os egípcios, os gregos e os romanos, até ao tempo de César, copiaram, seguia de perto a trajetória do Sol e baseava-se em dois acontecimentos cíclicos: o menor e relativo ao Equinócio de Março e o maior, relativo à Precessão dos Equinócios. Assim, em 1659 a. C. o mês do “Equinócio de Março” foi janeiro e o mês do “Solstício de Junho” foi abril.

A Era de Touro dominou de 3814 a 1659 a.C. Na nossa Era de Peixes – em que nos encontramos atualmente –, estamos afastados de Touro por duas constelações e cada constelação através da qual o Sol passa por Precessão dos Equinócios coloca o ponto do Equinócio de Março um mês à frente. Os caldeus tinham meses lunares de 29 dias e, em certos intervalos, um mês bissexto, em vez do nosso ano bissexto. Se contarmos 91 dias entre o Equinócio de Março e o “Solstício de Junho” e tivermos em conta os meses mais curtos, então veremos que o 23 de abril do nosso calendário equivale ao 26 de abril do calendário caldeu da Era de Touro. Assim, o “Solstício de Junho” na Era de Touro aconteceu entre 26 de abril e 1° de maio; o Casamento Cósmico teve lugar em um dia de “Solstício de Junho”, 1° de maio de 1659 a.C.


[1] N.T.: já que a estação de verão do hemisfério norte se inicia em junho.

[2] N.T.: Ato I – Cena I

[3] N.T.: Ato IV – Cena II

[4] N.T.: Capítulo III – O Ser Humano e o Método de Evolução – O Primeiro Céu

[5] N.T.: A Era de Touro na Época Atlante.

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[1] N.T.: Anexamos aqui a obra completa (domínio público) do Um Sonho de uma Noite de Verão.

Sonho de uma Noite de Verão

William Shakespeare

Edição Ridendo Castigat Mores

Fonte Digital

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO

(A Midsummer-Nigth´s Dream)

William Shakespeare

ÍNDICE

ATO I

Cena I — 7

Cena II — 18

ATO II

Cena I — 24

Cena II — 36

ATO III

Cena I — 43

Cena II — 53

ATO IV

Cena I — 74

Cena II — 85

ATO V

Cena I — 88

Cena II — 105

PERSONAGENS

TESEU, Duque de Atenas.

EGEU, pai de Hérmia.

LISANDRO, apaixonado de Hérmia. DEMÉTRIO, apaixonado de Hérmia. FILÓSTRATO, diretor de festas na corte de Teseu.

QUINCE, carpinteiro.

SNUG, marceneiro. BOTTOM, tecelão. FLAUTA, remenda-foles. SNOUT, caldeireiro.

STARVELING, alfaiate.

HIPÓLITA, rainha das amazonas, noiva de Teseu. HÉRMIA, filha de Egeu, apaixonada de Lisandro. HELENA, apaixonada de Demétrio.

OBERON, rei dos elfos. TITÂNIA, rainha dos elfos. PUCK, ou o Bom Robim.

FLOR-DE-ERVILHA, elfo.

TEIA-DE-ARANHA, elfo.

TRAÇA, elfo.

SEMENTE-DE-MOSTARDA, elfo.

Outros elfos do séquito de Oberon e Titânia. Séquito de Teseu e Hipólita.

ATO I

Cena I

Atenas. O palácio de Teseu. Entram Teseu, Hipólita, Filóstrato e pessoas do séquito.

TESEU — Depressa, bela Hipólita, aproxima- se a hora de nossas núpcias. Quatro dias felizes nos trarão uma outra lua. Mas, para mim, como esta lua velha se extingue lentamente! Ela retarda meus anelos, tal como o faz madrasta ou viúva que retém os bens do herdeiro.

HIPÓLITA — Mergulharão depressa quatro dias na negra noite; quatro noites, presto, farão escoar o tempo como em sonhos. E então a lua que, como arco argênteo. no céu ora se encurva, verá a noite solene do esposório.

TESEU — Vai, Filóstrato, concita os atenienses para a festa, desperta o alegre e buliçoso espírito da alegria, despacha para os ritos fúnebres a tristeza, que essa pálida hóspede não vai bem em nossas pompas. (Sai Filóstrato.) De  espada  em  mão  te  fiz  a  corte,  Hipólita; o  coração te conquistei à custa de violência; mas quero desposar-te com música de tom mais auspicioso, com pompas, com triunfos, com festejos.

(Entram Egeu, Hérmia, Lisandro e Demétrio.) EGEU — Salve, Teseu, nosso famoso duque!

TESEU — Bom Egeu, obrigado. Que há de novo?

EGEU — Cheio de dor, venho fazer-te queixa de minha própria filha, Hérmia querida. Vem para cá, Demétrio. Nobre lorde, tem este homem o meu consentimento para casar com ela. Agora avança. Lisandro. E este, meu príncipe gracioso, o peito de Hérmia traz enfeitiçado. Sim, Lisandro, tu mesmo, com tuas rimas! Prendas de amor com ela tu trocaste; sob a sua janela, à luz da lua, cantaste-lhe canções com voz fingida, versos de amor fingido, e cativaste as impressões de sua fantasia com cachos de cabelo, anéis, brinquedos, ramalhetes, docinhos, ninharias, mensageiros de efeito decisivo nas jovens ainda brandas. Com astúcia, à minha filha o coração furtaste, mudaste-lhe a filial obediência em dura teimosia. Por tudo isso, meu mui gracioso duque, se ela, agora. diante de Vossa Graça, com Demétrio não quiser se casar, eu me reporto à antiga lei de Atenas que confere aos pais direito de dispor dos filhos.  É  minha  filha,  posso  dispor  dela.  Ou  a entregarei para este cavalheiro, ou para a morte, o que, sem mais delongas, segundo nossa lei, deve ser feito.

TESEU — Hérmia, que respondeis? Sede prudente, bela menina. Como a um deus devíeis ver sempre vosso pai, um deus que vossa formosura plasmou, pois sois apenas a cera a que ele conferiu a forma, restando-lhe o poder de con- servá-la, ou de esfazer a imagem. É Demétrio cavalheiro mui digno.

HÉRMIA — E assim Lisandro.

TESEU — Sim, em si mesmo; mas uma vez que ele com vosso pai não conta, deveríeis o outro considerar como o mais digno.

HÉRMIA — Ah, se meu pai o visse com meus olhos!

TESEU — Com o juízo dele é que razoável fora que vossos olhos vissem.

HÉRMIA — Vossa Graça me perdoe, mas não sei que força oculta me dá tanta ousadia, nem compreendo como a minha modéstia me consente defender minha causa em tal presença. Suplico a Vossa Graça declarar-me o que de pior me tocará por sorte, se eu me negar a desposar Demétrio.

TESEU — Ou morrer morte crua, ou, para sempre, sair da sociedade. Por tudo isso, formosa Hérmia, falai com vossas próprias aspirações, pensai na mocidade, examinai a fundo vosso sangue e vede se é possível suportardes um hábito de freira, para o caso de recusardes a paterna escolha, ficar encarcerada para sempre num convento sombrio, como estéril irmã passar a vida, hinos dolentes cantar à lua infrutuosa e fria. Abençoados três vezes os que podem, dessa maneira, dominar o sangue e a peregrinação fazer virgínea. Mas muito mais feliz na terra é a rosa que destilar se deixa do que quantas no espinho virgem crescem, vivem, morrem em sua solitária beatitude.

HÉRMIA — Assim crescer prefiro, meu bom lorde. viver e perecer, a ver os sacros privilégios de minha mocidade em poder de um senhor, cujo aborrido jugo minha alma do íntimo repele.

TESEU — Refleti mais um pouco. Na outra lua quando tiver de ser selado o liame sempiterno entre mim e a minha amada — nesse dia tereis de decidir-vos ou a morrer por desacato franco à vontade paterna, ou a ser esposa de Demétrio, ou a fazer no altar de Diana juramento de eterna austeridade num viver virginal e solitário.

DEMÉTRIO — Hérmia, concorda; e tu, Lisandro, deixa da pretensão de opor teus fracos títulos ao meu direito certo e indiscutível.

LISANDRO — Do pai de Hérmia, Demétrio, o afeto tendes; casai com ele, então; seja ela minha.

EGEU — Lisandro zombador, é bem verdade que o meu amor é dele, e pois vai dar-lhe tudo quanto possuo: Hérmia pertence-me; todo o direito que sobre ela tenho a Demétrio o transfiro.

LISANDRO — Eu sou, milorde. de família tão nobre quanto a dele; de patrimônio igual somos herdeiros; maior é o meu amor. Quanto aos favores da fortuna, mimoso sou como ele, se não mais. Finalmente, o que suplanta todas essas vanglórias: sou amado da irresistível Hérmia. Por que causa não me bater em prol do meu direito? Demétrio — ao rosto lanço-lhe isto — a filha de Nedar namorou e a alma ganhou-lhe, e ela, coitada, piamente o adora, adora até quase à loucura a este homem volúvel e culpado.

TESEU — Sim, já ouvira falar por alto nisso e pretendia conversar com Demétrio a esse respeito; mas por excesso de negócios próprios não me lembrou fazê-lo. Mas, Demétrio, vinde comigo; e vós, também, Egeu. Tenho de vos dizer duas palavras muito em particular. No que respeita vossa pessoa, irresistível Hérmia, fazei esforço para que os caprichos deixeis de acordo com o querer paterno; se não, será forçoso vos dobrardes às leis de Atenas que, de nenhum modo, podemos atenuar: ou morte crua, ou o juramento de viver solteira. Minha Hipólita, vamos. Que se passa contigo. meu amor? Vinde conosco, Demétrio e Egeu; necessidade tenho de ambos vós, não somente para a festa, como também para tratar convosco de algo que aos dois de perto diz respeito.

EGEU — Alegres e obedientes vos seguimos. (Saem Teseu, Hipólita, Egeu, Demétrio e séquito.)

LISANDRO — Então, minha querida, por que as faces tão pálidas assim? Qual o motivo de murcharem tão rápido essas rosas?

HÉRMIA — Talvez por falta da água que lhes viesse da tempestade dos meus próprios olhos.

LISANDRO — Oh Deus! Por tudo quanto tenho lido ou das lendas e histórias escutado, em tempo algum teve um tranqüilo curso o verdadeiro amor. Ou era grande do sangue a diferença…

HÉRMIA — Oh sofrimento! Nascer no alto e aceitar o cativeiro!

LISANDRO — … ou mui disparatadas as idades…

HÉRMIA — Oh dor! Unir-se a mocidade às

cãs!

LISANDRO — … ou tudo os pais, sozinhos, decidiam…

HÉRMIA — Não há maior inferno: estranhos olhos para escolher o amor!

LISANDRO — … ou, quando havia simpatia na escolha, a guerra, as doenças, e a morte, conjuradas, o assaltavam, qual simples som dei- xando-o, transitório, tão curto corno um sonho, movediço como uma sombra instável, tão ligeiro como raio de noite tempestuosa que, de súbito, rasga o céu e a terra, mas que antes de podermos dizer “Vede!” pelas fauces das trevas é tragado. Tudo o que brilha, assim, em ruína acaba.

HÉRMIA — Se sempre contrariados foram todos os amantes sinceros, é que o próprio destino o determina desse modo. Que nos ensine, pois, a ser pacientes a nossa provação, já que é desdita fatal dos namorados, como os sonhos, pensamentos, suspiros, dores, lágrimas, do pobre amor são companheiros certos.

LISANDRO — Isso consola. Porém, Hérmia, escuta-me: a sete léguas, só, de Atenas mora minha tia, uma viúva muito rica que, por filhos não ter, me considera seu herdeiro exclusivo. Em casa dela, minha Hérmia encantadora, poderemos casar-nos, por ficarmos, então, fora das rigorosas leis dos atenienses. Se me amas, foge da mansão paterna na noite de amanhã. No bosquezinho a uma légua distante da cidade deverás encontrar-me, justamente onde uma vez te vi em companhia de Helena a realizar os sacros ritos de uma manhã de maio.

HÉRMIA — Meu bondoso Lisandro, eu juro pelo mais potente arco do deus Cupido, por sua seta melhor de penas de ouro, pelas meigas pombas de Vênus, pelo que une as almas e confere ao amor virentes palmas, pelas chamas em que se abrasou Dido após abandoná-la o Teucro infido, pelas juras que a todos os instantes violado têm os homens inconstantes, mais do que numerosas, infinitas, do que as que foram por mulheres ditas: amanhã, sem faltar, no grato abrigo de que falamos, estarei contigo.

LISANDRO — Não faltes à palavra. Ai vem Helena.

(Entra Helena.)

HÉRMIA — Formosa Helena, por que tanta pressa?

HELENA — Eu, formosa? Desmente-te depressa. Ama Demétrio a tua formosura; nesses olhos encontra a luz mais pura; acha ele em tua voz mais melodia do que o pastor na doce cotovia, quando o trigo nos campos enverdece e o pilritei- ro de botões se tece. Se, como as doenças, fosse contagiosa também a formosura, eu, jubilosa, me fizera infectar, ó Hérmia bela! de teus encantos, sem maior cautela; com tua voz ficara nos ouvidos; teu olhar, nestes olhos combalidos; tua fala de música esquisita consolidar viria a minha dita. Se o mundo fosse meu, ficando fora Demétrio, de todo ele, sem demora, me desfizera, caso conseguisse tua beleza obter, tua meiguice, porque sendo, como és, o meu contraste, seu coração bondoso conquistaste.

HÉRMIA — Faço-lhe cara feia, ele me adora.

HELENA —          Tivesse eu risos feios desde agora!

HÉRMIA — Digo-lhe doestos, e ele amor me vota.

HELENA — Quem me dera na voz tão doce nota!

HÉRMIA — Vai de par seu ardor com o meu desdém.

HELENA — Com o seu desprezo o meu amor também.

HÉRMIA —         De      tal        loucura a culpa              não é minha.

HELENA — É de tua beleza. Fosse a minha!

HÉRMIA — Coragem! Por mais tempo ele não há de fazer juras com tal tenacidade, que eu e Lisandro, há um momento, apenas, resolvemos fugir, sem mais, de Atenas. Para mim era Atenas o paraíso, quando não me encantara o seu sorriso. Como é terrível este fogo interno para, assim, transformar o céu no inferno!

LISANDRO — Não queremos, Helena, ocultar nada: amanhã, quando Febe a luz prateada nas águas refletir, cobrindo a relva de pérolas e encanto dando à selva, hora mais que propícia para a fuga de quem, como nós dois, o amor conjuga, eu e Hérmia combinamos da cidade deixar as portas, rumo à liberdade.

HÉRMIA — Naquele bosque em que, sobre canteiros de primavera, instantes tão fagueiros passamos tantas vezes, atenuando com nossas confissões este ardor brando, eu e Lisandro, que minha alma adora, nos reuniremos ao raiar da aurora. Se em Atenas não temos pouso amigo, alhures acharemos grato abrigo. Reza por nós, minha querida Helena, e com Demétrio encontres vida amena. Cumpre, Lisandro, agora o prometido por mais que te angustie o dolorido coração: do alimento dos amantes privaremos a vista alguns instantes.

LISANDRO — O voto hei de cumprir, minha Hérmia  bela.  (Sai  Hérmia.)  Formosa  Helena, adeus. Como eu a ela, possa Demétrio ser-te dedicado, transformando em ventura o teu cuidado. (Sai.)

HELENA — Como é possível que a felicidade possa reinar em tal desigualdade! Em toda Atenas sou considerada tão formosa quanto Hérmia; mas a nada quer Demétrio atender. Ele, somente, ver não pode o que enxerga toda a gente. Erra ele ao se deixar pender do lindo semblante de Hérmia, tal como eu, caindo em igual erro, prendo o coração na sua compostura sem senão. As coisas baixas, sem valia alguma, de crassas deixa o Amor leves qual pluma. O Amor não vê com os olhos, mas com a mente; por isso é alado, e cego, e tão potente. Nunca deu provas de apurado gosto; cego e de asas: emblema de desgosto. Eterna criança: eis como é apelidado, por ser sempre na escolha malogrado. Como os meninos quebram juramentos, perjura o Amor a todos os momentos. Assim Demétrio, quando Hérmia não via, me granizava juras noite e dia; mas ao calor do seu formoso riso dissolveu-se de súbito o granizo. Da formosa Hérmia vou contar-lhe a fuga. É certeza: no bosque ele madruga, para segui-la. A mim essa notícia vai ensejar de vê-lo a hora propícia. Se o vir na ida e na volta, de corrida, feliz me considero e enriquecida. (Sai.)

Cena II

O mesmo. Um quarto em casa de Quince. Entram Quince, Snug, Bottom, Flauta, Snout e Starveling.

QUINCE — Está aqui toda a nossa companhia?

BOTTOM — Será melhor chamardes um por um, de acordo com a lista.

QUINCE — Aqui está o papel com a indicação do nome de todos os que em Atenas foram considerados capazes de representar o nosso interlúdio, diante do duque e da duquesa, na tarde do dia do seu casamento.

BOTTOM — Primeiro, Peter Quince, conta- nos o enredo da peça; depois, lê o nome dos atores, para entrarmos logo no assunto.

QUINCE — Ora bem, a nossa peça se intitula: A mais lamentável comédia, a mais cruel morte de Píramo e Tisbe.

BOTTOM — Uma bela peça, é o que vos digo, e divertida. E agora, meu bom Peter Quince, fazei a      chamada         dos      atores, pela         lista.    Mestres, espalhai-vos!

QUINCE — Respondei à medida que eu for chamando. Nick Bottom, tecelão!

BOTTOM — Presente. Dizei qual seja a minha parte e prossegui.

QUINCE — Vós, Nick Bottom, estais inscrito para o papel de Píramo.

BOTTOM — Quem é Píramo? Amante ou tirano?

QUINCE — Amante, que se mata galantemen- te por questões de amor.

BOTTOM — Para sua execução será forçoso derramar algumas lágrimas. Se me toca esse papel, a assistência que tome conta dos olhos; provocarei tempestades, saberei de algum modo lamentar-me. Vamos aos outros. Contudo, ficaria melhor no papel de tirano; daria um Hércules de mão cheia, um rompe-e-rasga de partir um gato em dois. O pico furioso no mar estrondoso já vem tormentoso romper a prisão. O carro nitente de Fibo esplendente vencer não consente o fado bufão. Grandioso! Nomeai agora os outros comediantes. Essa é a verdadeira disposição de Ercles, a disposição de um tirano. Um apaixonado é mais sentimental.

QUINCE — Francisco Flauta, remenda-foles.

FLAUTA — Presente, Peter Quince.

QUINCE — Tereis de ficar com Tisbe.

FLAUTA — Quem é Tisbe? Cavaleiro andante?

QUINCE — É a mulher que Píramo deve amar.

FLAUTA — Ora, por minha fé, não me deis papel de mulheres; a barba já me está a apontar.

QUINCE — Pouco importa; representareis de máscara, ficando ao vosso arbítrio falar com voz tão fina quanto quiserdes.

BOTTOM — Se eu puder ocultar o rosto, dai- me também o papel de Tisbe; falarei com uma vozinha monstruosa: Tisne! Tisne! Ah, Píramo, meu grande amor! A tua querida Tisbe, a tua esposa idolatrada!

QUINCE — Não! Não! Representareis Píramo, e vós, Flauta, Tisbe.

BOTTOM — Está bem; prossegui. QUINCE — Robim Starveling, alfaiate. STARVELING — Presente, Peter Quince.

QUINCE — Robim Starveling, tereis de fazer o papel da mãe de Tisbe. Tom Snout, caldeireiro.

SNOUT — Presente, Peter Quince.

QUINCE — Vós, o pai de Píramo; eu, o pai de Tisbe; a Snug, marceneiro, tocará o papel do leão. Penso que desse modo fica bem arranjada a comédia.

SNUG — Já está escrita a parte do leão? Se a tiverdes aí, dai-ma logo, por obséquio, que eu sou um tanto lerdo para aprender as coisas.

QUINCE — Tereis de representá-la ex tempore, por consistir tudo apenas em rugir.

BOTTOM — Dai-me, também, o papel de leão. Hei de rugir de maneira que ficarão comovidos os corações; hei de rugir de modo tal, que o duque exclamará: Que ruja outra vez! Que ruja outra vez!

QUINCE — Se o fizerdes por maneira muito terrível, incutireis pavor na duquesa e nas demais senhoras, a ponto de soltarem gritos, o que seria mais que suficiente para nos enforcarem a todos.

TODOS — Para nos enforcarem. As nossas mães perderiam os filhos.

BOTTOM — Concordo, amigos, que, se de susto fizerdes as senhoras perder o juízo, só lhes restará a discrição de nos enforcar. Mas no meu caso agravarei de tal modo a voz, até rugir tão do- cemente como uma pombinha mamante; rugirei como um rouxinol.

QUINCE — Para vós só ficará bem o papel de Píramo, por ser Píramo indivíduo de fisionomia agradável, um tipo bem apessoado, próprio para ser visto em dias de verão, um cavalheiro encan- tador, em suma. Por isso, tereis de representar Píramo.

BOTTOM — Está bem; representarei Píramo.

Que barba ficará melhor nesse papel?

QUINCE — Ora, a que quiserdes.

BOTTOM — Hei de desincumbir-me dele ou seja com a barba cor de palha, ou com a cor de laranja bronzeada, ou com a de púrpura legítima, ou com a da cor da coroa da França, vosso amarelo perfeito.

QUINCE — Algumas das vossas coroas francesas são desprovidas de pelos, motivo por que tereis de representar sem barba. Mas, senhores, aqui tendes os papéis. Suplico-vos, peço-vos e concito-vos a aprendê-los para amanhã à noite. Procurai-me no bosque do palácio, a uma milha da cidade, logo que a lua sair. Aí ensaiaremos; porque se nos reunirmos na cidade não faltaria quem nos farejasse, ficando conhecido todo o nosso plano. Nesse meio tempo farei uma relação dos artigos necessários para a nossa representação. Peço-vos que não falteis.

BOTTOM — Lá estaremos para ensaiarmos a peça por maneira obscena e corajosa. Esforçai- vos; sede perfeitos. Adeus.

QUINCE — O encontro é junto do carvalho do duque.

BOTTOM — É quanto basta. Ou vai ou racha! (Saem.)

ATO II

Cena I

Um bosque perto de Atenas. Uma ƒada e Puck entram por lados diƒerentes.

PUCK — Olá, espírito! Para onde vais?

FADA — Nos densos cerrados, no bosque fa- gueiro, nos belos gramados por tudo me esgueiro mais apressada que a lua quando na mata flutua. Contente, sirvo à rainha das fadas, senhora minha e sobre o relvado faço de seus círculos o traço. As altivas primaveras ela as adora deveras; em seu doirado vestido de traçado mui garrido, há rubis, muito perfume, de que as fadas têm ciúme. Ora sacudo as pétalas das rosas à procura das pérolas donosas porque às orelhas ponha re- dolentes das primaveras lúcidos pingentes. Adeus, espírito travesso; é hora; já vem a fada e os elfos; vou-me embora.

PUCK — Para este ponto o rei já se encaminha. Cuidado! Não se encontre com a rainha,  pois  Oberon  se  mostra  estomagado deveras por lhe haver ela roubado o gracioso menino da Índia oriundo. Na opinião dela é o pajem sem segundo. O ciumento Oberon deseja- ria em seu séquito vê-lo noite e dia, para, juntos, passearem na floresta. Ela, porém, de nada se molesta; retém o lindo pajem, venturosa, e grinaldas lhe tece cor-de-rosa. Nos olhos dele encontra a luz mais pura. Assim, quando nas fontes, porventura, os dois se vêem, num vergel umbroso, à luz do luar, num bosque nemoroso, a tal ponto discutem, que, de medo, nas bolotas os elfos ficam quedos.

FADA — Se esquecida de todo não pareço, tu és aquele espírito travesso de nome Bom Robim. És tu que enleias de noite as raparigas das aldeias, tiras do leite a nata e, de mansinho, desajustas as peças do moinho; fazes que a batedora de manteiga se esbofe sem proveito e que a taleiga de cerveja, por vezes, não fermente; que ris às gargalhadas, de inclemente, do viajante noturno exausto e lasso, pós o teres transviado um bom pedaço. Mas quem de meigo Puck e de trasguinho te chama, a esse auxilias com carinho, fazes que refloresça quanto é dele, lhe dás suma ventura. Dize: és ele?

PUCK — Fada, acertaste. Eu sou, realmente, o ledo vagabundo noturno que brinquedo faço de tudo, porque a todo instante alegre de Oberon deixe o semblante. Como ele ri gostoso, ao ver o efeito, sobre um cavalo gordo, do meu jeito de relinchar qual égua calorosa. Às vezes ponho tudo em polvorosa, quando me escondo, qual maçã cozida, no jarro de uma velha delambida: tropeço-lhe nos beiços, sem que o veja, e no regaço entorno-lhe a cerveja. A sábia tia, às vezes, numa história de enredo triste e perenal memória, pensa me ter, qual um banquinho, à mão; então me afasto e, bum! vai ela ao chão, e enxertando na história um disparate reclama em altas vozes o alfaiate, sem parar de tossir. Em gargalhadas as comadres rebentam, de malvadas, saltam de gozo e juram, da janela, não terem visto uma hora como aquela. Retira-te; Oberon vem com o seu bando.

FADA —      E a senhora também. Fosse ele andando!

(Entra, por um lado, Oberon com o seu séquito: por outro, Titânia com o dela.)

OBERON — Orgulhosa Titânia, é mau indício assim nos encontrarmos ao luar.

TITÂNIA — O ciumento Oberon! Fadas, partamos; abjurei do seu leito e companhia.

OBERON — Detém-te, presunçosa; acata as ordens de teu senhor.

TITÂNIA — Então, senhora eu sou. No entanto eu sei que do país das fadas vieste furti- vamente, após a forma tomares de Corino, e o dia inteiro na avena rude versos amorosos a Fílida cantavas. Por que causa vieste aqui ter, deixando a Índia longínqua? Certamente tão-só pela imperiosa Amazonas de botas elegantes, vossa guerreira amada, que está a ponto de casar com Teseu.

OBERON — Não te envergonhas, Titânia, de atirar-me esses remoques pelo interesse que eu dedico a Hipólita, se eu não ignoro que amas a Teseu? Com tua ajuda, numa noite fosca, não pode ele fugir de Perigônia, que ele próprio raptara? Quem não sabe que o fizeste violar os juramentos feitos a Egle formosa, a Ariadne, a Antíopa?

TITÂNIA — Tudo isso é o ciúme que a inventar vos leva. Desde aquele verão, nunca podemos nos reunir na floresta, pelos prados, nas colinas, nos bosques, junto às fontes em que os juncos vicejam, pelas praias sonorosas do mar, para dançarmos em coro ao som dos ventos sibilantes, sem que em nossa alegria não nos víssemos perturbadas por tuas invectivas. Por isso os ventos, como em represália de em vão nos assobiarem, do mar vasto aspiraram vapores con- tagiantes, e estes, pelo país se derramando, tanto deixaram  túmidos  os  rios,  que  as  margens inundaram, de orgulhosos. Em vão os bois no jugo se cansaram; perdeu o suor o lavrador; o verde trigo podre ficou antes de a barba juvenil lhe nascer; os currais se acham vazios nas campinas alagadas; cevam-se os corvos no pestoso gado: as quadras de pelota estão desertas e cobertas de lama; quase esfeitos na verde relva os belos labirintos, porque ora já ninguém neles transita. Falta aos homens mortais o frio inverno; com hinos e canções, as noites claras já não são abençoadas como outrora. E assim, a lua, que o mar vasto impera, pálida de rancor, todo o ar deixa úmido, abundando os catarros. Em tamanha desordem vemos as sazões trocadas: do seio brando da virente rosa sacode a geada a cândida cabeça, enquanto sobre o queixo e nos cabelos brancos do velho inverno, por escárnio, brotam grinaldas de botões odoros do agradável estio. A primavera, o estio, o outono procriador, o inverno furioso as vestes habituais trocaram, de forma tal que o mundo, de assombrado, para identificá-los não tem meios. Pois bem; toda essa prole de infortúnios de nossas dissenções, tão-só, provêm; geradores e pais somos de todos.

OBERON — Dai o remédio, então; tendes os meios. Por que há de contrariar, sempre, Titânia seu Oberon? Não peço muito, apenas uma criança perdida, para dela fazer meu pajenzinho.

TITÂNIA — Tal cuidado tirai do coração. Nem todo o reino das fadas me comprara este menino. Ao meu culto sua mãe era votada, Muitas e muitas vezes, na atmosfera perfumada das Índias, me aprazia ouvi-la discretear, tê-la ao meu lado nas amarelas praias de Netuno a admirar os cargueiros balouçantes sobre as ondas inquietas. Como ríamos, ao ver as velas enfunar-se, grávidas ao parecer, sob os lascivos beijos dos ventos buliçosos! Imitando-as, a andar com irresistível gaiatice — grávida, então, do meu donoso pajem — por terra a velejar se punha, em busca de ninharias mil para ofertar-me, voltando após, como de viagem longa, de sua gentil carga mui vaidosa. Mas, porque era mortal, morreu no parto deste menino que, por amor dela, recolhi para criar. Por isso, agora, pela mesma razão dele não largo.

OBERON — Neste bosque morar é vosso intento?

TITÂNIA — Até o dia, talvez, do casamento de Hipólita e Teseu. Se com tratável disposição quiserdes tomar parte de nossa alegre ronda e ver os ludos à clara luz da lua, sois bem-vindo. Se não poupai-me, que eu terei cuidado de evitar vossos sítios preferidos.

OBERON — Dá-me o menino e eu seguirei contigo.

TITÂNIA — Nem por todo o teu reino. Vamos, duendes! A ser da paz amigo nunca aprendes.

(Sai Titânia com seu séquito.)

OBERON — Bem; segue o teu caminho; deste bosque não sairás sem que por esta injúria te venha a atormentar. Vem para perto, meu gentil Puck. Certo ainda te lembras de quando eu me sentei num promontório, a ouvir uma sereia que se achava no dorso de um golfinho e que tão doces melodias cantava, que o mar bravo deixava apaziguado com seu canto, tendo várias estrelas loucamente suas órbitas deixado só com o fito de escutar a canção. Ainda te lembras?

PUCK — Perfeitamente.

OBERON — Nesse mesmo instante pude ver, o que a ti fora impossível, como Cupido, inteira- mente armado, se atirava entre a terra e a lua fria. A mira havia posto numa bela vestal que o trono tinha no ocidente; com energia e decisão dispara do arco a flecha amorosa, parecendo que cem mil corações ferir quisesse. No entanto eu pude ver a ardente flecha do menino esfriar-se sob a influência da aquosa lua e de seus castos raios, continuando a imperial sacerdotisa seu virginal passeio, inteiramente livre de pensamen- tos amorosos. Vi bem o ponto em que caiu a flecha do travesso Cupido: uma florzinha do ocidente,   antes   branca   como   leite,   agora purpurina, da ferida que do amor lhe proveio. “Amor ardente” é o nome que lhe dão as raparigas. Vai buscar-me essa flor; já de uma feita te mostrei essa planta. Se deitarmos um pouco de seu suco sobre as pálpebras de homem ou de mulher entregue ao sono, ficará loucamen- te apaixonado por quem primeiro vir, quando desperto. Vai buscar-me essa planta; mas retorna antes de duas léguas no mar vasto nadar o leviatã.

PUCK — Porei um cinto na terra em quatro vezes dez minutos. (Sai.)

OBERON — De posse desse suco, hei de achar meio de surpreender Titânia adormecida, para nos olhos lhe deitar o liquido Ao despertar, o que enxergar primeiro, seja leão, urso, lobo, touro, mono buliçoso ou irrequieto orangotango, perseguirá com alma enamorada. E antes de eu lhe tirar da vista o encanto, o que farei com o suco de uma outra erva, obrigá-la-ei a me entregar o pajem. Mas quem vem vindo aí? Sendo invisível, poderei escutar-lhes a conversa.

(Entra Demétrio, seguido de Helena.)

DEMÉTRIO — Não te dedico amor; não me persigas, Onde Lisandro se acha e Hérmia formosa? Quero matá-lo e ser por ela morto. Disseste que ambos nesta selva estavam; como selvagem,  no  entretanto,  eu  corro  desesperado seus recantos todos sem poder encontrar Hérmia adorada. Vai-te! Fora daqui! Não me persigas!

HELENA — imã de coração endurecido, sou por vós atraída, mas de ferro não tenho o coração; como o aço é puro. Cessai de me aliciar e, incontinenti, deixarei de seguir-vos.

DEMÉTRIO — Alicio-vos? Acaso já vos disse galanteios? Ou com franqueza não vos falo sempre que não vos amo nem vos posso amar?

HELENA — Por isso mesmo é que vos amo tanto. Vosso cãozinho sou. Demétrio altivo, quanto mais me baterdes, mais afável hei de me revelar. Como cãozinho me tratai; repeli-me, dai- me golpes, não vos lembreis de mim, deixai-me à toa; mas por mais que de tudo eu seja indigna, permiti que vos siga. Mais modesto lugar em vosso amor não me é possível. Mas para mim será título honroso como vosso cãozinho ser tratada.

DEMÉTRIO — Não me forceis a repugnância da alma; sinto-me mal só de vos ver o rosto.

HELENA — E eu doente fico, quando não vos vejo.

DEMÉTRIO — Comprometeis demais vosso recato saindo da cidade, dessa forma, para vos entregardes indefesa a um homem que faz timbre em desprezar-vos, e assim confiando às tentações da      noite e aos maus conselhos de um lugar deserto o tesouro de vossa virgindade.

HELENA — Vossa virtude é a minha segurança. Quando o rosto vos vejo, deixa a noite de ser noite; por isso, não presumo que seja noite agora. Nem me faltam mundos de companhia nestes bosques, por serdes para mim o mundo todo. Como, pois, se dirá que eu estou sozinha, se o mundo todo agora me contempla?

DEMÉTRIO — Vou deixar-te, esconder-me pelas brenhas e às feras impiedosas entregar-te.

HELENA — Qualquer fera selvagem tem mais brando coração do que vós. Fugi, embora, que a história mudareis: Apoio corre e Dafne lhe dá caça; a meiga pomba persegue o abutre; a tímida gazela corre apressada empós do imano tigre, esforço inútil, quando o valor foge e no seu rasto segue a covardia.

DEMÉTRIO — Não quero discutir contigo; deixa-me. Mas se me acompanhares, fica certa de que no bosque te farei violência.

HELENA — Ofendes-me no templo, na cidade, no campo, em toda parte. Ora, Demétrio! Tua atitude o sexo nos humilha. Lutas de amor não são para mulheres; no entanto a corte me fazer não queres. (Sai Demétrio.) Vou te seguir e um céu fazer do inferno; morta por ti, ganho terei eterno. (Sai.)

OBERON — Adeus, ninfa! Este bosque ele não deixa sem que de lhe fugires tenha queixa. (Puck torna a entrar.) Trouxeste a flor? Sê, pois, bem-vindo, espírito vagueante.

PUCK — Ei-la aqui.

OBERON — Agradecido. Sei o lugar onde há belo canteiro que o ar embalsama de agradável cheiro do tomilho selvagem, da sincera violeta e da graciosa primavera, onde há latada de fragrantes rosas e madressilvas nímio dulçorosas. Titânia ai parte da noite dorme sob gracioso dossel petaliforme, por danças e canções acalentada. A serpe ai deixa a pele variegada, grande bastante para de vestido a uma fada servir, fino e comprido. Pôr-lhe-ei nos olhos este suco brando, de odiosas fantasias lhe deixando cheia a imaginação. Toma uma parte dele também, e do poder comparte que com ele te confio. Na floresta te cumpre achar uma ateniense mesta que, desprezada, de paixão se fina por altivo rapaz de alma ferina. Quando a dormir o achares, de mansinho nas pálpebras lhe deita um bocadinho do suco. Mas cuidado! É indispensável que, ao despertar, tenha ele à vista a amável dama que ora despreza. Muito fácil te será  conhecê-lo,  que  ele  o  grácil  traje  dos  atenienses apresenta. Sendo tu cuidadoso, ele violenta paixão há de sentir, mais acendrada do que revela a jovem namorada. Volta antes que primeiro cante o galo.

PUCK — Ficai tranqüilo; saberei achá-lo. (Saem.)

Cena II

Outra parte do bosque. Entra Titânia, com seu séquito.

TITÂNIA — Vamos à ronda! Urna canção de fadas! E, após um terço de minuto, fora! Umas, para matar nos botões róseos as lagartas nocivas; outras, para fazer guerra aos morcegos e tirar- lhes as asas, porque couro não nos falte para os casacos dos pequenos elfos; espantareis vós outras as corujas que piam toda a noite e o nosso bando caprichoso contemplam espantadas. Cantai até que eu durma e retirai-vos a trabalhar, deixando-me em repouso.

(As ƒadas cantam.)

I

Serpes manchadas, feios ouriços sapos nojentos, fugi asinha; que nossas vozes vos dêem sumiço enquanto dorme nossa rainha. Canta conosco, em porfia, rouxinol, a melodia: lula-lula- lulabia, lula-lula-lulabia. Que nossa orquestra de nossa mestra afaste qualquer magia. Boa noite com lulabia.

II

Aranhas feias não fiqueis perto, correi com vossas patas peludas; fugi, besouros, para o deserto, deixai-nos quietas nas matas mudas. Canta conosco, em porfia, rouxinol, a melodia: lula.lula-lulabia, lula-iula-lulabia. Que nossa orquestra de nossa mestra afaste qualquer magia. Boa noite com lulabia.

FADAS — Saiamos com bem cautela; fique uma de sentinela.

(Saem as ƒadas; Titânia dorme.)

(Entra Oberon e espreme a planta nas pálpebras de Titânia.)

OBERON — O primeiro que enxergares quando daqui despertares, de gesto e formas alvares, amarás de coração, seja urso, gato ou leão. Farás dele o teu querido; terás o peito rendido como às setas de Cupido. (Sai.)

(Entram Lisandro e Hérmia.)

LISANDRO — De tanto andar, querida, estás cansada. Para ser franco, erramos o caminho. Hérmia, repousarás, se isso te agrada; o escuro poderá te ser daninho.

HÉRMIA — Um leito, então, ajeita em qualquer ponto, que neste banco o meu já se acha pronto.

LISANDRO — De um punhado de relva, travesseiro poderemos fazer. O verdadeiro amor nunca divide: uma lealdade, dois corações num leito, sem maldade.

HÉRMIA — Não, Lisandro; nem mesmo num deserto convirá que de mim tu durmas perto.

LISANDRO — O querida, ofender-te não queria com o que propus. É fruto da alegria quanto avancei. Só disse que no peito me bate um coração, a ti sujeito; e que eles, juntos, formam neste instante um coração apenas, muito amante. Se nossas almas o amor forte as liga, a vivermos unidos nos obriga. Em teu leito, portanto, me consente, porque contigo sempre estou presente.

HÉRMIA — Lisandro se mostrou muito eloqüente. Padecerá demais minha altivez, se eu disser que ele fala com dobrez. No entanto, amigo, prova o teu carinho. Não falo em tom zangado ou de escarninho. Por cortesia e amor de mim te afasta. Fala eloqüente, apenas, não nos basta; mas neste instante, de o dizer não coro, exige o imperativo do decoro que entre um rapaz virtuoso  e  sua  amada  barreira  se  interponha adiamantada. Por isso, adeus; que dure quanto a vida a lealdade de tua alma estremecida.

LISANDRO — Amém; eis como encerro essa oração. Sem teu amor, me pare o coração. (Aƒasta-se.) Eis meu leito; que o sono te acalente.

HÉRMIA — E te conceda um sonho sorridente.

(Dormem.) (Entra Puck.)

PUCK — Todo o bosque hei percorrido, sem que ateniense garrido pudesse achar, porque o amor transmudasse com esta flor. Noite e silêncio. Que vejo? Traje ateniense a varejo? Eis o homem de que meu mestre falou, de peito silvestre, que de todo não se agrada da ateniense apaixonada. Coitadinha! Está tão longe deste bruto e frio monge! (Espreme a ƒlor nas pálpebras de Lisandro.) Ora nos olhos, maluco, desta flor te deito o suco porque, com sua magia, não te consinta, de dia nem de noite, o meigo sono desses olhos ficar dono. Acorda logo; já vou, porque Oberon me chamou. (Sai.)

(Entram Demétrio e Helena, a correr.)

HELENA — para! Ainda mesmo que me dês a morte.

DEMÉTRIO — Fora! Não me persigas desta sorte.

HELENA — Deixas-me neste escuro e vais sozinho?

DEMÉTRIO — Para trás! Não me cortes o caminho.

(Sai Demétrio)

HELENA — Esta caça amorosa me fez lassa; aumento com os pedidos a desgraça. Hérmia é feliz, esteja onde estiver; olhos assim não os possui mulher. Como pode ter olhos tão brilhantes? Não de chorar; que a todos os instantes, chorando como choro, eu deveria ter nos olhos mais luz que o claro dia. Sim, é certo: sou feia como um urso. Para feiúra tal não há recurso. As próprias feras que me vêem, de medo afundam mais e mais pelo arvoredo. Que muito, pois, que, em frente de tal monstro, fuja Demé- trio, quando amor demonstro? Qual infernal e enganador espelho me disse que ao de Hérmia era semelho meu deformado rosto? Mas, que vejo? Lisandro aqui? Não pode ser gracejo. Está dormindo ou morto? Nem ferida percebo, nem qualquer arma homicida. Lisandro, despertai! Estais doente?

LISANDRO (despertando) — Ó transparente Helena! Incontinenti me atirarei por ti no próprio fogo. A natureza mostra, neste afôgo, sua arte sublimada, permitindo que através desse peito casto e lindo teu coração eu veja. Dize-me: onde Demétrio, aquele vil, ora se esconde? Oh, que nome vilíssimo! De nada vale, senão para cortá-lo a espada.

HELENA — Não, bom Lisandro; não digais tal coisa. Somente porque a Hérmia amar ele ousa? Ela vos tem amor; ficai contente.

LISANDRO — Com o amor de Hérmia? Não, não sou demente. Como lastimo as horas que ao seu lado passei, cheias de tédio, a meu mau grado! Amo a Helena; a tal Hérmia me era estorvo. Quem não troca uma rola por um corvo? O homem pela razão é conduzido; e esta me deixa ao teu valor rendido. Amadurece tudo em tempo certo. Eu era muito moço; ora liberto me acho da inexperiência e da ilusão. Homem feito, dirige-me a razão, que em teus olhos um livro me oferece onde leio do amor a ardente prece.

HELENA — Por que nasci para tamanha afronta? Que vos fiz? Essa fala me amedronta. Não basta, jovem, nunca eu ter podido prender Demétrio ao meu coração fido, para que com tão grande inconveniência venhais zombar de minha insuficiência? Depõe contra vossa honra, sobremodo, a corte me fazerdes desse modo. Passai  bem,  confessar  ser-me-á  forçoso  que nunca vos julguei tão desgracioso. Porque um moço despreza uma donzela, não se conclui que um outro abuse dela. (Sai.)

LISANDRO — A Hérmia não percebeu. Dorme até o dia, que em mim não tem poder tua magia. Pois, como a mais violenta indigestão nos vem dos doces que mais gratos são, e as heresias com maior fereza odeia quem já delas se viu presa: tu, minha indigestão, minha heresia, serás por mim odiada noite e dia. No amor vou revelar-me verdadeiro, sendo de Helena bela o cavaleiro (Sai.)

HÉRMIA (despertando) — Lisandro, acode! Tira-me a serpente que no seio me causa dor pungente. Só em ti, meu Lisandro, acho guarida; vê como o medo me deixou transida. Quis parecer-me que uma serpe o peito me devorava, e tu tão satisfeito! Lisandro! Fala! Já te foste embora? Não me respondes? Fala sem demora. Tremo de susto. Onde te ocultas? Onde? Por todos os amores me responde. Sinto que não te encontras ao meu lado; pois vou te achar e dar remate ao fado. (Sai.)

ATO III

Cena I

Um bosque. Titânia está deitada, a dormir. Entram Quince, Snug, Bottom, Flauta, Snout e Starveling.

BOTTOM — Estamos todos reunidos?

QUINCE — Sem faltar um. Aqui temos um lugar maravilhosamente conveniente para ensaiarmos. Este pedaço de chão verde servirá de palco; esta sebe de madressilvas, de camarim. Vamos representar como se estivéssemos diante do duque.

BOTTOM — Peter Quince…

QUINCE — Que estás a dizer, valente Bottom?

BOTTOM — Nesta comédia de Píramo e Tísbe há coisas que jamais poderão agradar. Primeiro: Píramo terá de sacar da espada para se matar, espetáculo insuportável para as senhoras. Que respondeis a isso?

NOUT — Por Nossa Senhora! É perigoso!

STARVELING — A meu ver, será conveniente suprimirmos a mortandade.

BOTTOM — De forma alguma. Tenho uma idéia que reporá as coisas em seus eixos. Escreve-me um prólogo, de forma que o prólogo pareça dizer que não ocasionamos nenhum mal com as espadas e que Píramo não morre realmen- te. E para maior tranqüilidade, dizei-lhes que eu, Píramo, não sou Píramo, mas Bottom, o tecelão. Isso os deixará sem medo de todo.

QUINCE — Muito bem; havemos de ter esse prólogo, que deverá ser escrito em versos de seis sílabas e de oito.

BOTTOM — Não! Acrescenta mais duas sílabas e escreve-o em versos de oito e oito.

SNOUT — O leão não causará medo às senhoras?

STARVELING — Eu também já pensei nisso.

BOTTOM — Mestres, será conveniente refletir sobre o caso. Trazer um leão — Deus nos acuda!

— para o meio de senhoras, é uma coisa pavorosa, pois não há fera volátil mais terrível do que um leão com vida. É isso que precisamos considerar.

SNOUT — Nesse caso será conveniente que outro prólogo declare ao público que não se trata de um leão de verdade.

BOTTOM — Nada disso; bastará dizerdes o nome de quem o representar e arranjar modo para que se lhe veja o rosto através do pescoço do leão, por onde ele próprio falará, mais ou menos com este defeito: “Senhoras”, ou “lindas senhoras”, “desejara”, ou “suplicara” ou “vos concito a não terdes medo e a não tremer. Minha vida pela vossa. Se pensais que eu venho aqui como um leão, não daria nada pela minha vida. Não, longe de mim tal coisa; sou um homem como os demais”. Nessa altura ele declinará seu verdadeiro nome, dizendo francamente que é Snug, o marceneiro.

QUINCE — Muito bem; faremos desse modo. Mas ainda temos duas outras coisas difíceis, a saber: trazer o luar para dentro do quarto, porque, como o sabeis, Píramo e Tisbe se encontram à luz da lua.

SNUG — Haverá lua na noite de nossa representação?

BOTTOM — Um calendário! Um calendário! Vede no almanaque! Procurai o luar! Procurai o luar!

QUINCE — Há lua, realmente, nessa noite.

BOTTOM — Nesse caso, bastará deixardes aberto um dos lados do janelão do quarto em que representarmos, para que o luar penetre por ele.

QUINCE — Assim ficará bem; mas será melhor se alguém entrar em cena com uma lanterna e um feixe de espinhos, declarando que vem para desfigurar ou para representar a pessoa do luar. Mas há outro ponto: precisamos de um muro no salão, porque a história diz que Píramo e Tisbe conversavam através de uma frincha do muro.

SNUG — Não será possível trazer um muro.

Que dizeis, Bottom?

BOTTOM — Alguém terá de fazer o papel de muro, com um pouco de greda, gesso ou argamassa na roupa, a fim de significar o muro, devendo colocar os dedos deste modo, para que Píramo e Tisbe falem através da fresta.

QUINCE — Desse jeito ficará bem. Agora, quem tiver mãe que se sente para ensaiar o seu papel. Píramo, dai início; depois de recitardes a vossa parte, acolhei-vos à sebe; o mesmo farão os outros, de acordo com as respectivas deixas.

(Entra Puck, no ƒundo.)

PUCK — Quem são os cascas-grossas que assim gritam tão perto do lugar em que repousa nossa rainha excelsa? Oh, novidade! Um ensaio teatral! Ótimo. Ouvinte vou ser da peça, e ator, conforme o caso.

QUINCE — Fala, Píramo! Tisbe, vem para a frente!

BOTTOM — “Tisbe, tal como as flores horrorosas…”

QUINCE — Odorosas! Odorosas!

BOTTOM — “… as flores odorosas, tens o hálito, querida, perfumado. Mas ouço vozes; um momento espera-me: depressa voltarei para o teu lado.” (Sai.)

PUCK — Nunca se viu um Píramo como este. (Sai.)

FLAUTA — Sou eu que falo agora?

QUINCE — Certo! Certo! Porque precisais compreender que ele saiu somente para verificar que barulho era aquele; mas, não demora, tornará a entrar.

FLAUTA — “Ó Píramo radiante, ao branco lírio igual, tão rubro quanto a rosa em cândida roseira, esperto juvenil, judeu sacerdotal, fiel qual potro altivo em rápida carreira. No túmulo de Nico eu devo te encontrar.”

QUINCE — “Túmulo de Nino”, homem! Mas ainda não é hora de dizerdes isso. Só quando ti- verdes de responder a Píramo. Dizeis de uma só vez todo o vosso papel, com deixa e tudo. Píramo, entrai. Vossa deixa já passou; é “em rápida carreira”.

FLAUTA — Oh! “Fiel qual potro altivo em rápida carreira.”

(Torna a entrar Puck, seguido de Bottom, com cabeça de burro.)

BOTTOM — “Tudo isso, ó bela Tisbe, em teu regaço eu ponho…”

QUINCE — Oh! Terrível! Monstruoso! Estamos enfeitiçados! Fugi, mestres! Socorro!

(Saem os comediantes.)

PUCK — Vou perseguir-vos sem vos dar sossego, por vales, montes, pela mata espessa; ora como corcel, ora morcego, ou sapo, ou chama, ou urso sem cabeça; como cavalo, ou leão, macaco, ou burro, relincho forte e rujo, guincho e zurro. (Sai.)

BOTTOM — Por que terão corrido? Decerto imaginaram alguma maroteira para me meter medo.

(Volta Snout.)

SNOUT — O Bottom, estás mudado! Que vejo em tua cabeça?

BOTTOM — Que vedes? Vedes uma cabeça de burro, a vossa; não será isso?

(Sai Snout.) (Volta Quince.)

QUINCE — Deus te abençoe, Bottom! Deus te abençoe. Estás transformado. (Sai.)

BOTTOM — Compreendo a brincadeira. Querem fazer-me de asno, para eu me amedrontar, como se fosse possível semelhante coisa. Mas façam o que fizerem, não arredarei o pé daqui. Passearei de um lado para o outro, e pôr-me-ei a cantar, para que eles percebam que não estou com medo. O melro negro e catita de biquinho alaranjado, o tordo de voz bonita, o carricinho espantado…

TITÂNIA (acordando) — Que anjo me desperta do meu leito de flores?

BOTTOM — O pardal, a cotovia, a rolinha, o tentilhão, o cuco a cantar de dia sem que os homens digam “Não”, porque, em verdade, quem se poria a raciocinar com um pássaro tão estúpido? Quem diria a um pássaro que ele men- te, por mais que repita: “Cuco”?

TITÂNIA — Canta outra vez, gentil mortal, te peço. Tua voz os ouvidos me enamora, como o teu corpo os olhos me arrebata. E de tal modo a tua formosura me enleva e me comove, que eu proclamo, sem mais desculpas procurar, que te amo.

BOTTOM — Quer parecer-me, senhora, que para tanto vos assiste razão muito minguada. No entanto, para dizer a verdade, hoje em dia a razão e o amor quase não andam juntos. É pena que alguns vizinhos honestos não se esforcem para deixá-los amigos. Como vedes, eu também posso ser espirituoso, em se oferecendo ocasião.

TITÂNIA — És tão sábio quanto belo.

BOTTOM — Nem tanto assim; se eu tivesse espírito suficiente para sair deste bosque, teria tudo o de que necessito.

TITÂNIA — Não ponhas noutra parte o coração; no bosque ficarás, queiras ou não. Um espírito eu sou, de voz sincera; verão perene em meu país impera, e amor te voto. Por tudo isso, vem; silfos belos vais ter, como eu, também, que jóias te trarão do mar profundo, e te farão dormir sempre jucundo. Da mortal grosseria vou livrar-te e em espírito aéreo transformar-te. Traça! Mostarda! Flor-de-Ervilha! Teia!

(Entram quatro silƒos.)

TRAÇA — Pronto!

SEMENTE-DE-MOSTARDA — Eu também! FLOR-DE-ERVILHA — Aqui!

TODOS QUATRO — Para onde iremos?

TITÂNIA — Sede corteses com este gentil- homem; bailai em torno dele, dando saltos graciosos, porque a vista se lhe agrade. Dai-lhe damascos doces sem demora, uvas rosadas, figo verde e amora. Aliviai as abelhas em pletora. De suas pernas aprestai candeeiro, que acendereis depressa no luzeiro dos vaga-lumes, e amarrai, ligeiro, asas de mariposa transparente, porque os raios da lua impertinente não lhe causem aos olhos dor pungente. Elfos, cumprimentai-o ale- gremente.

FLOR-DE-ERVILHA — Salve, mortal! TEIA-DE-ARANHA — Salve!

TRAÇA — Salve!

BOTTOM — De todo o coração peço perdão a Vossas Senhorias. Como é que Vossa Senhoria se chama?

TEIA-DE-ARANHA — Teia-de-Aranha.

BOTTOM — Desejo ficar vos conhecendo mais de  perto,  meu  bom  mestre  Teia-de-Aranha.

Quando eu me cortar o dedo, terei a ousadia de vos utilizar. Vosso nome, honesto cavalheiro?

FLOR-DE-ERVILHA — Flor-de-Ervilha.

BOTTOM — Peço-vos que me recomendeis à senhora Vagem, vossa mãe, e ao mestre Grão-de- Bico, vosso pai. Caro mestre Flor-de-Ervilha, espero que em futuro próximo estreitemos as relações. Vosso nome, senhor, por obséquio?

SEMENTE-DE-MOSTARDA — Semente-de-Mostarda.

BOTTOM — Caro mestre Semente-de-Mostar- da, conheço perfeitamente vossa paciência. O covarde e agigantado Rosbife já devorou muitos cavaleiros de vossa casa. Podeis ficar certo de que os vossos parentes já me deixaram muitas vezes com os olhos cheios de lágrimas. Desejo travar conhecimento mais íntimo convosco, caro mestre Semente-de-Mostarda.

TITÂNIA — Levai-o para o quarto de boninas. Úmida, a lua espalha a claridade. Quando ela chora, as flores pequeninas a perda choram de uma virgindade. A língua lhe amarrai, mas com bondade.

(Saem.)

Cena II

Outra parte do bosque. Entra Oberon.

OBERON — Saber eu desejara se Titânia já despertou, e mais: o que primeiro lhe caiu sob os olhos, de que esteja perdida de paixão. Mas eis que chega meu mensageiro. (Entra Puck.) Então, travesso espírito, qual foi a brincadeira mais estranha que aparelhaste neste bosque mágico?

PUCK — A rainha se encontra loucamente de um monstro apaixonada. Quase em frente do sagrado lugar em que ela a sono mui tranqüilo se achava em abandono, unia tropa de artífices de Atenas, capazes de trabalho rude, apenas, para ganhar o pão com o suor do rosto, ensaiava uma peça de mau gosto, para o dia solene do himeneu da Amazona garbosa e o grão Teseu. O casca- grossa de mais rude engenho de todos eles, que, com muito empenho, de Píramo fazia, a cena deixa por um momento, à espera de sua deixa. Eu, então, da ocasião me aproveitando para em um monstro o transformar, infando, sobre os ombros lhe pus, sem mais demora, de burro uma cabeça. Eis chegada a hora da resposta de Tisbe, o instante azado para na peça eu por o meu bocado. Ao vê-lo, os outros, tal como bulhento bando de patos bravos, no momento em que percebem caçador matreiro que para eles se arrasta sorrateiro, ou como gralhas de pés rubros, quando a um tiro súbito, a gritar, voando, se espalham pelo céu — cheios de medo também se afundam logo no arvoredo. Para mais assustá- los, sapateio sem parar, deles todos pelo meio: uns sobre os outros caem, por socorro gritando, em desespero: Atenas! Morro! Minguando-lhes o senso na medida que aumenta o medo, quanto não tem vida lhes causa dano, que, pelos caminhos vão deixando nas pontas dos espinhos aqueles membros do teatro imbele parte das roupas, dos chapéus, da pele. Dominados, assim, todos do medo, deixei-os ir. Só fica no brinquedo nosso Píramo, em burro transformado. Nesse instante, porém, tendo acordado. Titânia, apaixonou-se loucamente do belo monstro que lhe estava em frente.

OBERON — Eu próprio melhor plano não teria podido excogitar. Mas a magia da planta no ateniense já puseste, conforme te falei, de peito agreste?

PUCK — A dormir o encontrei, Já liquidado ficou também esse negócio. Ao lado dele estava a ateniense desprezada que por ele vai ser alcançada.

(Entram Demétrio e Hérmia)

OBERON — Põe-te de lado; eis o ateniense duro.

PUCK — Ela é a mesma; mas que este é outro eu juro.

DEMÉTRIO — Por que tais expressões gastais comigo? Deixai rigores para o vosso inimigo.

HÉRMIA — Com censuras agora me contento, mas sobejas razões teu ardimento num crescendo me dá de amaldiçoar-te. Se de Lisandro a vida, em qualquer parte, no sono tu tiraste, e já manchado de sangue tens o pé, nenhum cuidado te cause prosseguir na furibunda devastação: a perna inteira afunda,.. Oh! mata-me, também! O sol não era tão fiel ao dia, como ele a mim. Possível lhe seria fugir de mim, para fazer-me guerra? Mais fácil fora acreditar que a terra se deixasse furar por uma pua e que emitisse através dela a lua sua luz clara para, do outro lado, deixar o irmão ao meio-dia enfiado. Dúvida já não tenho: és assassino; esse rosto o proclama, o olhar ferino.

DEMÉTRIO — O aspecto devo ter de assassinado,   não de assassino, porque transpassado me deixou tua insólita crueldade. Mas brilhas com tão grande claridade, apesar da feição dura e severa, como a luzente Vênus na alta esfera.

HÉRMIA — A que vem isso com Lisandro, agora? Ah, bom Demétrio, dá-mo sem demora.

DEMÉTRIO — Antes eu dera aos cães sua carcaça.

HÉRMIA — Sai, monstro! Cão! Desfaçatez tão crassa minha paciência virginal esgota. Já não tenho esperança nem remota. Sei que o mataste; mas, como um bargante, dos homens fugir deves de ora em diante. Oh! Por amor de mim, conta-me tudo, que em minha grande dor encontro escudo. De frente a olhá-lo sempre te abstiveste, e, no sono, o mataste? Oh peito agreste! Poderia algum verme, alguma cobra, tão depressa causar tão hedionda obra? Víbora, disse, que ela mais pungente picada do que tu não dá, serpente!

DEMÉTRIO — Funda-se nalgum erro o teu cuidado. Se Lisandro está mal, não sou culpado, nem sei que morto esteja ele, também.

HÉRMIA — Dize, então, por favor, que ele está bem.

DEMÉTRIO — Se o disser, que vantagem me vem disso?

HÉRMIA — A de jamais me ver; maior serviço possível não será, como ora o faço, sejas ou não culpado em seu trespasso. (Sai.)

DEMÉTRIO — Nessa disposição não há segui- la. Vou esperar que fique mais tranqüila e procurar dormir. Quando em falência se acha o sono, menor é a resistência ao peso da tristeza. Desta sorte talvez melhor esse ônus eu suporte. (Deita-se e dorme.)

OBERON — Que fizeste? Houve engano manifesto; foi posto o suco em um amante honesto; deixaste falso um fido namorado, sem que o remisso fosse castigado.

PUCK — O fado o quis; para um sincero amante, mil falsos há de haver a cada instante.

OBERON — Percorre a mata, mais veloz que o vento, e acha Helena de Atenas num momento. De aqui trazê-la ficas incumbido, enquanto o peito eu mudo ao moço infido.

PUCK — Já vou! Já vou! Vê como eu vou ligeiro, tal qual seta de Tártaro guerreiro. (Sai.)

OBERON — Botão de rosa ferido pela flecha de Cupido, (Espreme a ƒlor nos olhos de Demétrio.) no espírito entra vencido deste moço adormecido. Ao despertar, ao ruído que ela fizer, que rendido se lhe torne o peito fido.

(Volta Puck.)

PUCK — Capitão do nosso bando de duendes, já vem andando para cá Helena bela e o jovem da tal querela por mim causada, também. Ora dizei se convém prosseguir na brincadeira, porque a tenhamos inteira. Oh mestre! Como são loucos os mortais! De senso há poucos.

OBERON — Retira-te; ao vir o par vai Demétrio despertar.

PUCK — Dois namorados para uma só mulher! Não há nenhuma brincadeira que me agrade, como ciúme de verdade.

(Entram Helena e Lisandro.)

LISANDRO — Por que dizes que tudo é só ironia? Se assim fosse, tão fundo eu não chorara. No meu pranto comprova-se a magia que exerce em mim tua figura rara. Como haveria em meu amor suspeita, se minha fé se encontra a ti sujeita?

HELENA — Vossa ousadia aumenta; é uma querela santa e infernal matar o amor com juras. Vossa fé é só de Hérmia; abris mão dela? Vossas juras são falsas e inseguras. Como conto falaz é o juramento que a ela e a mim fazeis num só mo- mento.

LISANDRO — Ao lhe jurar amor, não tinha eu senso.

HELENA — E ao deixarde-la, menos; é o que eu penso.

LISANDRO — Demétrio a Hérmia idolatra e vos detesta.

DEMÉTRIO (despertando) — Ó Helena, deu- sa, ninfa sublimada, que há de mais fascinante que a alvorada desses olhos tão lindos? Tosco e baço é o cristal junto deles; um pedaço de cereja esses lábios tentadores que a toda hora me falam só de amores. A neve virginal do Tauro altivo, sempre apagada pelo vento estivo, em corvo se transforma, horrente e feio, quando agitas a mão, num galanteio. Oh! Vou beijar a sede da ventura, essa princesa feita de luz pura!

HELENA — Oh dor! Vejo que estais de acordo, acinte, para de mim zombar com tal requinte. Se em vós houvesse sombra de respeito, jamais me ofenderíeis desse jeito. Odiar-me não vos basta; a zombaria nesta farsa a vosso ódio se associa. Se fôsseis homens, como a forma o mostra, não daríeis de vós tão triste mostra, zom- bando assim de mim, com tantas juras, porque me causem tão-somente agruras. Sois rivais, porque tendes amor a Hérmia, e ainda rivais para zombar de Helena. Oh feito altivo! Oh sublimada empresa!  Fazer  chorar  quem  se  acha  ora  indefesa. Cavalheiro nenhum ofenderia uma virgem qualquer, nem tiraria a paciência dela, por folia.

LISANDRO — Demétrio, sois cruel; tenho certeza de que a Hérmia amais. Usemos de franqueza: de todo o coração te cedo a parte que eu ter pudesse em seu amor; desta arte me cedereis também vosso quinhão do amor de Helena, a quem estendo a mão.

HELENA — Jamais se ouviu tão vã declaração.

DEMÉTRIO — Lisandro, não me causas alegria; de Hérmia saber não quero. Se algum dia lhe tive amor, está tudo acabado. Tal amor foi um simples convidado que em seu peito morou, mas que, ao presente, para Helena retorna alegremen- te.

LISANDRO — Não creias nisso, Helena.

DEMÉTRIO — Não permito que menoscabes o meu peito aflito. Se insistes, provarás a minha espada. Mas eis que vem chegando a tua amada.

(Entra Hérmia.)

HÉRMIA — A noite que da vista tira tudo deixa o ouvido dez vezes mais agudo. Quanto parece a vista ter perdido, em agudeza ganha o outro  sentido.  Bom  Lisandro,  não  foste  ora  encontrado com o auxílio da vista. Se ao teu lado me vejo, é que tua voz estremecida de guia me serviu nesta corrida. Por que me abandonaste tão sozinha?

LISANDRO — Para ir ver meu amor, minha rainha.

HÉRMIA — Que rainha ou amor de mim te aliena?

LISANDRO — A amada de Lisandro, a bela Helena, que ao teu lado ficar não me deixava e que brilha, com sua coma flava, por tudo ilumi- nando a noite escura mais do que esses luzeiros de luz pura. Por que me buscas? Pois não viste ainda que por ti sinto antipatia infinda?

HÉRMIA — Não dizes o que pensas; é impossível.

HELENA — Hérmia está ao lado deles; será crível? Vejo que os três estão, de igual maneira, mancomunados nesta brincadeira, para rirem de mim. Ó ingrata Hérmia, jovem maldosa, de comum acordo vos pusestes com estes dois mancebos. para tamanho escárnio me atirardes? As confidências que fazer soíamos, nossos votos de irmã, tantos momentos de conversa amigável, quando o tempo de passadas velozes nós culpávamos por nos vir separar: tudo esquecestes? A amizade dos bancos escolares? A inocência da infância? Hérmia, nós duas como deusas prendadas, muitas vezes a mesma flor tecemos com agulhas, de um modelo valendo- nos, sentadas numa almofada só, cantarolando sempre no mesmo tom iguais cantigas, como se corpos, mãos, almas e vozes em comum nós tivéssemos. Desta arte crescemos juntas, aparen- temente separadas, mas, ainda assim, unidas; dois frutos amorosos num só talo, um coração apenas em dois corpos ao parecer, tal como dois escudos encimados por uma crista apenas. Quereis romper uma amizade dessas, para ao lado vos pordes desses moços que escarnecem de vossa pobre amiga? Não é procedimento de amizade, nem é conduta feminil, tampouco. Por mim, todo o meu sexo te condena, muito embora eu, somente, a injúria sinta.

HÉRMIA — De espanto me enche esse discurso insólito. De vós não zombo; o que suponho certo, é que alvo sou de vossa zombaria.

HELENA — Instigado por vós não foi Lisandro a me seguir e me fazer encômios por pura zomba- ria, enaltecendo-me os olhos e a figura? Não fizestes que este outro vosso admirador, Demétrio

— que, até há pouco, com o pé me repelia — me chamasse de ninfa, deusa, rara, preciosa, celestial, irresistível? Por que fala desta arte a quem detesta? Por que razão Lisandro ora se mostra  perjuro  ao  vosso  amor  que  a  alma  lhe adorna, e afeição me protesta formalmente, se instigado por vós não se encontrasse? Por ser destituída dos encantos que vos são próprios e não ter nenhuma sorte no amor, amando como o faço, sem ser correspondida? Isso piedade despertar deveria, não desprezo.

HÉRMIA — De vossa fala o nexo não percebo.

HELENA — Continuai a fingir olhares tristes e, quando eu me virar, fazei caretas; um para o outro piscai; levai avante vossa pilhéria fina; a brincadeira bem planejada vai passar à história. Se de moral, piedade, ou sentimento fosseis dotados, não me escolheríeis para objeto de vosso passatempo. Mas passai bem; em parte é minha a culpa; a ausência ou a morte ensejará o remédio.

LISANDRO — Não vás, gentil Helena; ouve- me os votos, amor, vida, minha alma, Helena linda!

HELENA — Admirável!

HÉRMIA — Meu bem, não troces dela.

DEMÉTRIO — Se com seus rogos Hérmia o não convence a força empregarei.

LISANDRO — Tuas ameaças me obrigam tanto quanto o seu pedido. Amo-te, Helena. Sim, por minha vida, por esta vida que por ti arrisco, juro provar que falsidade afirma quem se atreva a dizer que eu não te adoro.

DEMÉTRIO — Maior  que o  dele é o meu amor. afirmo-o.

LISANDRO — Então vinde comigo. DEMÉTRIO — Neste instante.

HÉRMIA — A que tende, Lisandro, a brincadeira?

LISANDRO — Para trás, negra etíope! DEMÉTRIO — Ele finge que está furioso mas, realmente, abstém-se de me seguir. Homem pacato, vamos!

LISANDRO (a Hérmia) — Gata, vai te enforcar! Bardana! Monstro! Se não, serás tratada como víbora.

HÉRMIA — Por que tão rude assim ficais de súbito? Qual a causa, meu bem, dessa mudança?

LISANDRO — Teu bem, Tártara escura? Para trás, vomitório! Veneno odioso, fora!

HÉRMIA — Estais brincando? HELENA — Sim, e vós com ele.

LISANDRO — Demétrio, manterei  minha palavra.

DEMÉTRIO — Quisera ter a obrigação escrita por vossa própria mão, pois estou vendo que obrigação mui fraca ora vos prende. Vossa palavra para mim não vale.

LISANDRO — Como! Devo bater-lhe? Assassiná-la? Embora a odeie, mal não lhe desejo.

HÉRMIA — Como! É possível maior mal do que isso de me odiardes assim? Ódio votardes- me? Por quê? Por quê? Oh Deus! Amor, que houve? Hérmia não sou e vós não sois Lisandro? Sou tão formosa agora quanto era antes. Amáveis-me esta noite, e nesta mesma noite me rejeitais. Serei forçada, pois, a pensar — oh! Deus tal não permita! — que de caso pensado me deixastes. Dizei: é isso?

LISANDRO — Sim, por minha vida, e não te quero ver nunca jamais. Perde, pois, a esperança; não te iludas, não me faças perguntas sem sentido. Não é pilhéria, podes estar certa; nada há mais verdadeiro; tenho-te ódio e apaixonada- mente a Helena adoro.

HÉRMIA — Ai de mim! Feiticeira! Vil gusano, ladra de amor! Durante a noite viestes para roubar o coração do peito do meu amado?

HELENA —Fina, realmente! Pudor não tendes virginal, modéstia, resquício de vergonha? Será crível? Quereis forçar-me a gentil boca a dar-vos respostas impacientes? Oh! Que opróbrio! Fora, boneca falsa!

HÉRMIA — É assim: boneca! Esclarece-se agora a brincadeira. Começo a perceber que ela o confronto fez de nossas alturas, insistindo no seu porte mais alto, na aparência mais elevada, em sua alta compostura, e desse modo pode seduzi- lo. Subistes tanto em sua estima, apenas por eu ser anãzinha e diminuta? Qual é minha estatura? Vamos, fala, varapau rebocado. Sou pequena, não é verdade? Mas não tanto, ainda, que com as unhas os olhos não te alcance.

HELENA — Senhores, muito embora estejais todos de mim fazendo troça, por obséquio não consintais que mal ela me cause. Nunca fui má, nem queda jamais tive para essas discussões; mulher me sinto até mesmo na minha covardia. Não deixeis que me bata, pois decerto não pensais que por ela ser mais baixa do que eu, serei capaz de dominá-la.

HÉRMIA — Baixa, baixa outra vez.

HELENA — Hérmia bondosa, não vos mostreis zangada assim comigo. Sempre vos tive amor; ofensa alguma jamais vos fiz e sempre fui discreta com relação a vossas confidências. Sim, por amor, apenas, de Demétrio, lhe revelei que havíeis combinado fugir para este bosque; ele seguiu-vos; eu o segui, também, por amor dele, mas fui por ele repelida, sobre me ver ameaçada de pancada e até mesmo de morte. Mas agora, se deixardes que em paz eu me retire, não mais vos seguirei; torno com a minha loucura para Atenas. Sim, deixai-me; bem vedes como eu sou simples e dócil.

HÉRMIA — Voltai logo; quem é que vos retém?

HELENA — O louco coração que atrás eu deixo.

HÉRMIA — Com Lisandro, não é? HELENA — Não, com Demétrio.

LISANDRO — Não tenhas medo, Helena; nenhum dano ela te causará.

DEMÉTRIO — De nenhum modo, senhor, ainda mesmo que do lado dela vos coloqueis.

HELENA — Quando zangada, sarcástica ela fica e arrebatada. Verdadeira raposa era na escola; apesar de pequena, é perigosa.

HÉRMIA — “Pequena”, sempre; é só “pequena”  e  “baixa”.  Permitis  que  me  insulte desse modo? Deixai-me segurá-la um só momen- to.

LISANDRO — Para trás, anãzinha! Dedo mínimo, ser composto de grama retardante, se- mente, conta de rosário, fora!

DEMÉTRIO — Insistis por demais junto a uma dama que não desce a aceitar-vos os serviços. Deixai-a só; não mais faleis de Helena, nem tomeis seu partido, pois se a mínima demonstração de amor lhe revelardes, pagareis caro.

LISANDRO — Ela já não me prende. Se tens coragem, segue-me; vejamos qual de nós dois a Helena tem direito.

DEMÉTRIO — Seguir-te? Não! Irei junto contigo, rosto com rosto.

(Saem Lisandro e Demétrio.)

HÉRMIA — Vós, senhora, a causa sois dessa briga; não convém sairdes.

HELENA — Em vós eu não confio; não me agrada ficar em companhia amaldiçoada. Se dessas mãos me podem vir feridas, para correr tenho eu pernas compridas. (Sai.)

HÉRMIA — Não sei o que pensar dessas mexidas. (Sai.)

OBERON — Tudo provém de tua negligência. Sempre te enganas, caso não se trate de alguma brincadeira voluntária.

PUCK — Ó rei das sombras, podeis crer-me: houve erro. Não disseste que fácil me seria reconhecer o moço, pelas vestes de modelo ateniense? Não mereço censura desta vez, pois encantado deixei de Atenas jovem namorado. Mas alegra-me ver tudo assim torto, que para mim não há melhor desporto.

OBERON — Viste que os dois rivais foram em busca de uma clareira para duelo. Embrusca depressa a noite, bom Robim; defronte deles espalha as trevas do Aqueronte; aparta um do outro os moços namorados e os faze andar por diferentes lados. Imita de Lisandro a voz aguda, porque mais a Demétrio o ódio sacuda; ou de Demétrio finge a voz, de modo que não se encontrem nunca e, sobremodo cansados, possa o sono, irmão da morte, surpreendê-los com seu pesado porte, infundindo-lhes plácido sossego com suas tenras asas de morcego. Depois, nos olhos de Lisandro espreme desta outra plantazinha o suco estreme, que apresenta a virtuosa propriedade de lhes restituir a claridade, da ilusão lhes deixando inteiramente liberta a vista, o coração e a mente. Despertos, pensarão que esta balbúrdia tivesse sido, tão-somente, estúrdia visão, talvez um simples sonho, apenas.

Voltarão, desse modo, para Atenas os dois casais de fidos namorados, em laços sempiternos amarrados. Enquanto isso fizeres com carinho, pedirei a Titânia o pajenzinho, da vista logo lhe ti- rando o encanto que a faz de um monstro apaixonar-se tanto.

PUCK — Meu rei dos duendes, isso vai ser, feito com toda a pressa, como o pede o pleito, que os velozes dragões da noite escura não cessam de apartar com a viatura aquelas nuvens negras. Não demora, vai nos surgir o anunciar da aurora, ante o qual os espíritos nefandos procuram logo o cemitério, aos bandos; os espectros de quantos pelas ondas, ou nas encruzilhadas, as hediondas sepulturas tiveram, para os leitos de vermes já se foram, com trejeitos; de medo de mostrar suas vergonhas, escondem da luz clara as caranto- nhas, ocultando de grado o aspecto impuro na negra noite de sobrolho escuro.

OBERON — Nossa essência, porém, é diferente. Com o amante da Aurora, no nascente rubicundo costumo divertir-me; às vezes, como caçador, a firme terra me apraz cortar, até que a rubra porta ecoa a Netuno nos descubra, com amarelo de ouro colorindo a verde superfície do mar lindo. Mas apressa-te; a mágica abrevia; urge fazer tudo isso antes do dia.

(Sai Oberon.)

PUCK — Com toda a velocidade vou trazê-los. Nenhum há de me escapar. Minha vontade nas choupanas, na cidade, por tudo tem validade. Trazê-los vou, sem maldade, com toda a velocidade. Lá vem um.

(Entra Lisandro.)

LISANDRO — Tua fúria, Demétrio, deu em nada?

PUCK — Aqui, vilão! Arranca logo a espada! LISANDRO — Já vou! Já vou!

PUCK — Então, para a clareira me acompanha.

(Sai Lisandro, na direção da voz.) (Volta Demétrio.)

DEMÉTRIO — Lisandro, essa carreira de veloz gamo impede que eu conheça em que buraco escondes a cabeça.

PUCK — Covarde, com as estrelas é tua briga? Ou com as árvores? Mandas que te siga, e te escondes de mim? Bonito duelo! Vem, menino; uma vara de marmelo tenho aqui, pois vergonha fora, imensa, com ferro te punir por esta ofensa.

DEMÉTRIO — Já vais ver. Onde estás?

PUCK — É muito fácil seguir-me a voz tua figura grácil.

(Saem.)

(Volta Lisandro.)

LISANDRO — Sempre me vai à frente em meu caminho; mas, ao querer pegá-lo, estou sozinho. Corro a valer, mas ele é mais veloz; só tem forças nas pernas e na voz. Exausto estou de tanta correria. Vou descansar. (Deita-se.) Vem, abenço- ado dia! Se eu vir de novo a tua luz risonha, me pagará Demétrio esta vergonha. (Dorme.)

(Voltam Puck e Demétrio.)

PUCK — Olá, covarde! Em que lugar te escondes?

DEMÉTRIO — para, se tens coragem. Não respondes? Por tudo corres, a mudar de posto, sem que jamais eu possa ver-te o rosto. Onde estás?

PUCK — Aqui mesmo; não me fujas.

DEMÉTRIO — Vamos brigar no claro; só corujas podem ver em tamanha escuridão. Se eu te pegar de dia… A lassidão me constrange a medir a compostura em qualquer parte…nesta pedra dura. (Deita-se e dorme.)

(Volta Helena.)

HELENA — Ó noite tediosa e cansativa, passa depressa! Vem, radiante aurora! porque a Atenas eu possa chegar viva, livre de quem minha alma em vão implora. Sono, que esquecer fazes a agonia, liberta-me da minha companhia. (Deita-se e dorme.)

PUCK — Somente três? Falta gente porque o outro par descontente fique completo. Coitada! Como vem triste e cansada, por Cupido transtornada!

(Volta Hérmia.)

HÉRMIA — Jamais tal dor senti, tanto cansa- ço; toda molhada estou, dilacerada; não me é possível dar mais um só passo; os pés não me obedecem quase nada. Aqui esperarei o dia belo;Deus proteja a Lisandro nesse duelo. (Deita- se e dorme.)

PUCK — No solo duro dorme; conjuro de grande efeito transforme o peito também deste namorado. (Deita o suco da planta nos olhos de Lisandro.) Quando acordares com novos ares, fiques rendido do peito fido de que já foste afeiçoado. Cada mulher com um varão, proclama velho rifão com muita boa intenção. Com prosa lhana João pega Joana. Quem boa potranca tem, acha que tudo está bem. (Sai.)

ATO IV

Cena I

Bosque. Lisandro, Demétrio, Helena e Hérmia dormem. Entram Titânia e Bottom, com o séquito de silfos. Oberon, atrás, invisível.

TITÂNIA — Vem sentar-te entre as flores odorosas, porque o rosto eu te alise como dantes, a cabeça te cubra só de rosas e te beije as orelhas elegantes.

BOTTOM — Onde está Flor-de-Ervilha? FLOR-DE-ERVILHA — Presente!

BOTTOM — Flor-de-Ervilha, coça-me a cabeça. Onde está monsieur Teia-de-Aranha?

TEIA-DE-ARANHA — Presente!

BOTTOM — Monsieur Teia-de-Aranha, meu caro monsieur, tomai de vossas armas, matai-me a abelha de ancas vermelhas que se acha naquele cardo e trazei-me, caro monsieur, seu saco de mel.  Não  vos  afobeis  demasiadamente  nessa operação, monsieur, e tende cuidado, meu bom monsieur, para que o saco de mel não venha a se romper. Pesar-me-ia, signior, ver-vos inundado de mel. Onde está monsieur Semente-de-Mostarda?

SEMENTE-DE-MOSTARDA — Presente!

BOTTOM — Dai-me o punho, monsieur Se- mente-de-Mostarda. Por obséquio, deixai esses cumprimentos, meu caro monsieur.

SEMENTE-DE-MOSTARDA — Que ordenais?

BOTTOM — Nada, meu caro monsieur a não ser que queirais ajudar o Cavaleiro Teia-de- Aranha a me coçar. Estou precisando ir ao bar- beiro, monsieur, pois quer parecer-me que estou com o rosto maravilhosamente peludo. Sou um asno tão delicado, que se um pelo, que seja, me faz cócegas, sou obrigado a me arranhar.

TITÂNIA — Amor, desejas ouvir boa música? BOTTOM — Sou dotado de ouvido razoavelmente musical. Que venha, pois, o bombo e os martelos.

TITÂNIA — Ou dize, amor, o que comer preferes.

BOTTOM — Magnífico! Uma quarta de forragem. Mastigaria, também, com muito gosto aveia seca. Parece-me que aceitaria de bom grado um bom feixe de feno. Não há o que se compare ao feno perfumado!

TITÂNIA — Disponho de um travesso e esper- to silfo, capaz de, num momento, trazer nozes do celeiro do esquilo irrequieto.

BOTTOM — Preferira um ou dois punhados de ervilhas secas. Mas, por obséquio, não permitais que vossa gente me perturbe. Sinto-me tomado por uma grande exposição de dormir.

TITÂNIA — Dorme, enquanto estes braços te acalentam. Elfos, parti depressa; dispersai-vos! (Saem os elƒos.) Assim se enlaçam, gentilmente, a rude madressilva e a dos bosques, perfumada; a hera, desta arte, com meiguice, os dedos nodosos do olmo docemente afaga. Quanto te quero! Quanto te idolatro!

(Adormecem.) (Entra Puck.)

OBERON — Bem-vindo, bom Robim. Vê que beleza! Sua loucura, agora, me dá pena. Quando a encontrei, há pouco, atrás do bosque, procu- rando para este odioso lorpa presentes e regalos, repreendi-a, chegando a me zangar, por lhe haver ela as fontes circundado cabeludas com grinalda de flores odorosas. As próprias gotas do mimoso orvalho, que nos róseos botões, por vezes, ficam como redondas pérolas do Oriente, então nos lindos cálices estavam como doridas lágrimas, que a própria desgraça lastimassem. Pós havê-la censurado e haver-me ela em brandos termos impetrado paciência, o pajenzinho lhe requeri, o que ela de boamente me concedeu, mandando que seus elfos para os meus aposentos o levassem, no domínio das fadas. Então vendo-me de posse do menino, vou tirar-lhe dos olhos a cegueira intolerável. Gentil Puck, retira o inadequado capacete da fronte do ateniense, para que, ao despertar, junto com os outros voltem para a cidade, convencidos de que os vários sucessos desta noite não passaram de simples pesadelos num sono atormentado. Mas primeiro desencantar me apraz nossa rainha. (Tocando os olhos de Titânia com uma erva.) Como eras antes, serás; como antes vias, verás; pois o botão de Diana de Cupido esfaz a liana. Titânia, minha flor, desperta logo!

TITÂNIA — Meu Oberon, que pesadelo horrí- vel! Quis parecer-me que eu apaixonada era de um asno.

OBERON — Ali, vede, se encontra vosso amor.

TITÂNIA — Como foi possível isso? Como a vista me ofende essa figura!

OBERON — Silêncio alguns instantes. Sem demora transforma-o, bom Robim. Titânia, agora manda vir música e em profundo sono os sentidos mergulha deles todos.

TITÂNIA — Música, olá! Para encantar o sono!

(Música.)

PUCK — De um bobo, ao despertares, serás dono.

OBERON — Músicos, prossegui! Vamos, querida, as mãos nos demos. Ora esforço envida para que todos quantos na comprida noite sonharam tenham feliz vida. Já que nossa discórdia mal sofrida em harmonia se mudou garrida, iremos amanhã, solenemente, dançar, à meia-noite, bem em frente do quarto de Teseu, porque ridente lhe seja a grande prole e, alegre- mente, compareça ante o altar toda esta gente para cultuar Amor, o deus potente.

PUCK — Rei dos duendes, já anuncia a manhã a cotovia.

OBERON — Então, querida, a ventura sigamos da noite escura; podemos dar volta ao mundo em pouco mais de um segundo.

TITÂNIA — Vamos, amor; em caminho me re- lata com carinho de que modo me encontraste a dormir neste contraste.

(Saem.)

(Ouve-se toque de trompa. Entram Teseu, Hipólita, Egeu e séquito.)

TESEU — Um de vós vá chamar o guarda- caça. Já completamos o ritual sagrado; e uma vez que a manhã vamos ter livre, vai minha amada apreciar a orquestra de meus fortes lebréis. Desa- trelai-os no vale do oeste; corram livremente. Depressa! Ide chamar o guarda-caça. Minha rainha, daquele alto monte ouviremos melhor a conjunção dos ecos, a ladrar em confusão.

HIPÓLITA — Presente eu fui com Hércules e Cadmo, quando, com cães de Esparta, o urso caçavam na floresta de Creta. Tão galante barulheira jamais havia ouvido; o bosque, o céu, as fontes, tudo, tudo, era em torno uma crebra gritaria. Em parte alguma nunca ouvira música tão discorde, trovão tão agradável.

TESEU — Estes meus cães também provêm de Esparta; pelo manchado todos têm, queixada muito larga, as orelhas derrubadas, sempre a varrer o orvalho matutino; de pernas tortas e papada, todos, fazem lembrar os touros da Tessália. Um tanto lerdos são no encalço às feras, é verdade; mas, quando todos ladram, lembram toque de sinos; gritaria mais harmoniosa nunca foi sentida nem provocada pelo som dos cornos ouvidos na Tessália, em Creta e Esparta. Ides julgar vós mesma, após ouvi-los. Mas, devagar! Que ninfas serão estas?

EGEU — Esta, milorde, é minha filha; dorme profundamente; aquele, ali, é Lisandro; aquele outro, Demétrio; Helena, aquela, Helena, filha de Nedar, o velho. Espanta-me encontrá-los aqui juntos.

TESEU — Decerto madrugaram, para os ritos observarem de maio e, tendo ouvido falar de nossas intenções, vieram, para dar maior graça a estes festejos. Mas Egeu, uma coisa eu desejara que me dissesses: hoje não é o dia em que prometeu Hérmia decidir-se sobre a escolha do noivo?

EGEU — Sim, milorde.

TESEU — Mandai que os caçadores os despertem com seus toques de trompa. (No interior, toque de trompa e alaridos. Lisandro, Demétrio, Hérmia e Helena despertam e se levantam.) Então, amigos? Bom dia! Já passou São Valentim; só agora é que estes pássaros se casam?

LISANDRO — Perdão, milorde.

(Lisandro e os demais se ajoelham.)

TESEU — Levantai-vos, peço. Sei que rivais sois ambos e inimigos. Onde se viu no mundo tal concórdia, chegando o ódio a ficar tão sem ciúme, que calmamente durma ao lado do ódio?

LISANDRO — Confuso, meu bom lorde, é que vos falo, meio a dormir, ainda, e mal desperto. Não saberei dizer com segurança como vim ter aqui. Mas se não erro — que é meu desejo ser veraz em tudo… Sim, é isso mesmo; agora me recordo — fugi com Hérmia, sendo intenção nossa ir para algum lugar longe de Atenas, por fugirmos às leis dos atenienses.

EGEU — Basta, basta, milorde! É o suficiente. Exijo que sobre ele a lei recaia. Iam fugir. Demétrio, tencionavam a mim e a ti burlar; a ti, privando-te da esposa; a mim, deixando-me em estado de não poder cumprir o prometido.

DEMÉTRIO — Milorde, revelou-me a linda Helena que eles iam fugir e tencionavam neste bosque ocultar-se. Transtornado como me achava, vim no encalço deles, por amor me seguindo a linda Helena. Mas milorde, não sei por que potência — mas que foi algo superior, é certo

— toda a paixão que a Hérmia eu dedicava se derreteu qual neve, só restando dela a memória como de um brinquedo que na infância me houvesse deleitado. A alegria exclusiva dos meus olhos, a inabalável fé, minha virtude é Helena, simplesmente. Nós, milorde, já éramos noivos antes de eu ver Hérmia; mas, tal como a um doente, repugnava-me esse alimento. Agora, tendo o gosto natural recobrado com a saúde, desejo-a, adoro-a, só por ela anseio, e ser prometo eternamente fido.

TESEU — Belos amantes, como vos achastes no momento preciso! Com mais calma me contareis o resto dessa história. Egeu, vou contrariar tua vontade: no templo, agora mesmo, estes dois pares vão se unir para sempre. E, pois a meio já se encontra a manhã, será forçoso adiarmos nosso plano de caçada. Voltemos para Atenas; três a três, bela festa farão de uma só vez.

(Saem Teseu, Hipólita, Egeu e séquito.)

DEMÉTRIO — Tudo quanto passou se me afigura pequenino e indistinto, como ao longe montanhas que com as nuvens se confundem.

HÉRMIA — Pareço ter a vista perturbada, todas as coisas enxergando em dobro.

HELENA — É o que eu digo, também. Achei Demétrio como jóia que, embora pertencendo-me, parece não ser minha.

DEMÉTRIO — Tens certeza de que estamos despertos? Só parece que ainda dormimos, que tudo isto é sonho. O duque não esteve aqui? Não disse que fôssemos com ele?

HÉRMIA — Esteve, e junto meu pai também se achava.

HELENA — É assim Hipólita.

LISANDRO — Mandou que ao templo todos o seguíssemos.

DEMÉTRIO — Então tudo é verdade; não es- tamos dormindo. Acompanhemos logo o duque e em caminho contemos nossos sonhos.

(Saem.)

BOTTOM (despertando) — Quando chegar a minha vez, chamem-me, que eu responderei. Minha próxima fala é: “Formosíssimo Píramo!” Olá, Peter Quince! Flauta, remenda foles! Snout, caldeireiro! Starveling! Deus do céu! Foram-se todos, e me deixaram a dormir. Tive uma visão extraordinária. Tive um sonho, que não há enten- dimento humano capaz de dizer que sonho foi. Não passará de um grande asno quem quiser explicar esse sonho. Parece-me que eu era… Não há quem seja capaz de dizer o que eu era. Parece- me que eu era… e parece-me que eu tinha… Só um  bufão  maltrapilho  seria  capaz  de  tentar explicar o que me pareceu que eu era. Não há olho de homem que tenha visto, nem orelha de homem que tenha ouvido, nem mãos de homem que tenham gostado, nem língua que haja concebido, nem coração que haja relatado o que foi o meu sonho. Vou pedir a Peter Quince que escreva uma balada a respeito desse sonho, que receberá o título de “O sonho de Bottom”, por ser um sonho embotado, e a cantarei no fim da peça, diante do duque. É possível, até, que, para deixá- la mais graciosa, eu a cante depois da morte de Tisbe. (Sai.)

Cena II

Atenas, um quarto em casa de Quince. Entram Quince, Flauta, Snout e Starveling.

QUINCE — Mandastes alguém à casa de Bottom? Ele já voltou para casa?

STARVELING — Não há notícias dele; decerto foi levado para alguma parte.

FLAUTA — Se ele não voltar, ficará estragada a comédia; não poderá ser representada, não é verdade?

QUINCE — De jeito nenhum; em toda Atenas não tendes ninguém como ele para fazer o papel de Píramo.

FLAUTA — É a pura verdade; ele é simples- mente o maior engenho dos artesãos de Atenas.

QUINCE — E a melhor pessoa, também; quanto à doçura da voz, é um verdadeiro fenício.

FLAUTA — “Fênix”, homem é o que quereis dizer! Fenício — Deus nos acuda! — não é coisa nenhuma.

(Entra Snug.)

SNUG — Mestres, o duque vem vindo do templo, onde casaram, juntamente com ele, mais três senhores e três senhoras. Se nossa peça não houvesse ficado apenas em ensaio, seríamos hoje gente grande.

FLAUTA — Oh, o nosso valente Bottom! Desse modo ele perde uma renda vitalícia de seis pences por dia. Sim, não poderia deixar de ganhar seis pences por dia. Quero que me enforquem, se o duque não lhe desse seis pences diários pela representação de Píramo. É o que ele merecia para representar Píramo: ou seis pences por dia, ou nada.

(Entra Bottom.)

BOTTOM — Onde estão os rapazes? Onde estão esses corações?

QUINCE — Bottom! Oh dia corajoso! Que hora felicíssima!

BOTTOM — Mestres, tenho coisas maravilhosas para vos contar, mas não me pergunteis nada, porque se eu vo-las referisse, não  seria  um  ateniense  da  gema.  Hei  de  vos contar tudo, tintim por tintim, exatamente como se passou.

QUINCE — Conta-nos o que houve, amável Bottom.

BOTTOM — Não direi uma só palavra. Tudo o que vos posso dizer é que o duque já jantou. Ide buscar as roupas, ponde bons atacadores nas barbas e fitas novas nos escarpins. Reunamo-nos no palácio; que todos repassem os seus papéis, porque, para dizer tudo em poucas palavras, a nossa peça foi a preferida. Em todo o caso, que Tisbe se apresente de roupa limpa, o que tiver de fazer o papel de leão não deve cortar as unhas, a fim de parecerem garras. Finalmente, meus caros atores, será conveniente não comerdes alho nem cebola, pois será preciso que exalemos um doce alento, não tendo eu dúvida de que todos vão achar a nossa comédia muito doce. E agora nem mais uma palavra. Adiante! Marchai! Adiante! (Saem.)

ATO V

Cena I

Atenas. Uma sala no palácio de Teseu. Entram Teseu, Hipólita, Filóstrato, ƒidalgos e séquito.

HIPÓLITA — Estranha história, meu Teseu, nos contam todos esses amantes.

TESEU — Mais estranha do que veraz, decer- to. É-me impossível acreditar em fábulas antigas e em histórias de fadas. Os amantes e os loucos são de cérebro tão quente, neles a fantasia é tão criadora, que enxergam o que o frio entendimento jamais pode entender. O namorado, o lunático e o poeta são compostos só de imaginação. Um vê demônios em muito maior número de quantos comportar pode a vastidão do inferno: tal é o caso do louco, O namorado, não menos transtornado do que aquele, enxerga a linda Helena em rosto egípcio. O olho do poeta, num delírio excelso, passa da terra ao céu, do céu à terra, e como a fantasia dá relevo a coisas até então desconhecidas, a pena do poeta lhes dá forma, e a essa coisa nenhuma aérea e vácua empresta nome e fixa lugar certo. É a imaginação tão caprichosa, que para qualquer mostra de alegria logo uma causa inventa de alegria; e se medo lhe vem da noite em curso, transforma um galho à- toa em feroz urso.

HIPÓLITA — Contudo, as ocorrências desta noite, tal como eles as contam, e as mudanças por que todos passaram, testificam algo mais do que simples fantasia, que certa consistência acaba tendo, conquanto seja tudo estranho e raro.

TESEU — Alegres e felizes, os amantes vêm vindo para cá. (Entram Lisandro, Demétrio, Hérmia e Helena.) Muita alegria, gentis amigos; alegria e belos dias de amor vos sejam companheiros dos ternos corações.

LISANDRO — Maior ventura possais achar em vossos reais passeios, no leito nupcial e nos banquetes.

TESEU — Ora bem; que folias ou bailados teremos para encher estas três horas tão longas que medeiam entre a ceia e a hora de ir repousar? Onde se encontra nosso chefe habitual de distrações? Que passatempos há? Não há nenhuma peça teatral para aliviar a angústia desta hora infinda? Ide chamar Filóstrato.

FILÓSTRATO — Presente, grão Teseu.

TESEU — Com o que contamos para nos divertirmos esta noite? Que música? Que peça? De que modo mataremos o tempo preguiçoso, se não tivermos diversão alguma?

FILÓSTRATO — Neste papel vereis em breves linhas o que foi ensaiado. Vossa Alteza dirá o que deseja ver primeiro. (Dá-lhe um papel.)

TESEU — “A luta dos Centauros, ao som de harpa cantada por eunuco ateniense.” Nada disso; não serve, que essa história já foi por mim contada a minha noiva para glorificar meu parente Hércules. “A orgia das Bacantes embria- gadas; como o vate de Trácia estraçalharam.” É peça antiga; foi representada, quando voltei de Tebas, vitorioso. “As nove Musas lastimando a morte da Ciência, falecida na miséria.” Decerto é alguma sátira mordente, que não ficará bem em nossas núpcias “Cena curta e tediosa do mancebo Píramo e sua amada, a bela Tisbe; tragédia divertida.” Ora! Tragédia divertida! Tediosa, a um tempo, e curta! É o mesmo que dizer fogo gelado, neve cor de azeviche. Como acordo poremos em tão grande discordância?

FILÓSTRATO — É uma peça, senhor, de dez palavras. Jamais vi coisa que tão curta fosse. Mas, milorde, ainda assim, com dez palavras, tem palavras demais, por ser tediosa, pois não contém palavra alguma certa, nem ator que vá bem. É muito trágica, sem dúvida, milorde, porque Píramo acaba por matar-se. Ao ver o ensaio, me vieram lágrimas aos olhos, força me será confessar; mas nunca soube que jamais a risada barulhenta tivesse provocado tantas lágrimas.

TESEU — Quais são os comediantes?

FILÓSTRATO — Gente rude, senhor, de mãos calosas, que em Atenas exercem seus ofícios e que nunca haviam trabalhado com o espírito. Pela primeira vez, com esta peça a memória assaz débil martirizam, para brilho de vosso casamento.

TESEU — Então vamos ouvi-la.

FILÓSTRATO — Não, milorde; não é digna de vós; já vi o ensaio; não vale nada, nada em todo o mundo, a menos que possais encontrar causa de distração no zelo doloroso com que se martirizam, tão-somente para vos distrair.

TESEU — Desejo ouvi-los, pois nunca poderá ser ofensivo quanto a simplicidade e o zelo ditam. Fazei-os vir. Senhoras, assentai-vos.

(Sai Filóstrato.)

HIPÓLITA — Tais situações me causam sempre pena, quando a incapacidade se maltrata e o zelo a morrer vem nos seus esforços.

TESEU — Ora, querida, não vereis tal coisa.

HIPÓLITA — Mas se os coitados nada entendem da arte!

TESEU — Tanto mais generosos haveremos de ser, quando por nada os aplaudirmos. Prazer nos causarão seus próprios erros. Quando o pobre dever nada consegue, busca o nobre respeito unicamente a intenção, não o mérito. A minha vinda, sábios eminentes determinaram me saudar com longos discursos estudados. Tive o ensejo de os ver tartamudear e ficar pálidos, interromper uma sentença em meio, o nervoso afogar-lhes a palavra já tão exercitada, até que mudos se tornaram, sem dar-me as boas-vindas. Podeis crer-me, querida: do silêncio tirei a saudação, e li na própria modéstia da lealdade te- merosa mais do que falar pode a língua fácil e a eloqüência audaciosa e petulante. Fala mais o dever, com língua atada, muito mais, quando é mudo e não diz nada.

(Volta Filóstrato.)

FILÓSTRATO — Vossa Graça o permite? Aí vem o Prólogo.

TESEU — Deixai-o vir. (Toque de trombetas.)

(Entra Quince, no papel de Prólogo.)

PRÓLOGO — Se ofendemos, não é porque o queiramos. Deveis pensar que se vos ofendemos é com boa vontade. Ora aqui estamos só com o fim de mostrar o que queremos. O que nos traz é o vosso desagrado; toda nossa intenção será so- mente dar-vos mais alegria e mais enfado. Dei- xando arrependida tanta gente, nosso grupo aqui chega; só em vê-lo, podereis conhecer nosso desvelo.

TESEU — Este camarada não faz muito caso da pontuação.

LISANDRO — Montou no prólogo como num potro xucro, que não para de correr. A moral é boa, milorde: não basta falar, mas saber falar.

HIPÓLITA — Realmente, tocou no prólogo como o fazem as crianças com o flajolé, produzindo apenas sons, que não chegam a fazer música.

TESEU — O discurso dele parece uma cadeia enleada: os elos estão inteiros, mas numa grande desordem. De quem é a vez, agora?

(Entram Píramo e Tisbe, o Muro, o Luar e o Lego, como em uma pantomíma.)

PRÓLOGO — Senhores e senhoras, porventura vos causa espanto a vista desta gente; Vedes aqui de Píramo a figura e da formosa Tisbe; é bem patente. Este homem com caliça, representa o muro que separa os namorados, por cuja fresta sempre pachorrenta eles desabafam seus cuidados. Este outro de lanterna, cão e espinhos, representa o luar, pois é sabido que os amantes trocavam seus carinhos no sepulcro de Nino falecido. Este é o leão de juba atrapalhada, que fez Tisbe fugir apavorada por ter vindo à entrevista antecipada. Mas, ao fugir, deixou cair o manto, que o leão, logo, sujou todo de sangue; Píramo, ao vir, sem ter corrido tanto, vendo ferido o manto, fica exangue. A espada, então, sangrenta, enfia inteira no peito em que fervia o sangue ardente; Tisbe, que estava sob uma amoreira, saca o punhal e morre, O subseqüente vos será relatado pelo Luar, o Muro e o Leão, que ides ouvir falar.

(Saem o Prólogo, Píramo, Tisbe, o Leão e o Luar.)

TESEU — Admiro-me de ouvir falar um leão. DEMÉTRIO — Não há                                  de que               se admirar, milorde; se tantos asnos falam, por que um leão não há de poder fazer a mesma coisa?

MURO — Vê-se neste entremez de enredo obscuro que eu, de nome Snout, represento um muro, um muro, podeis crer — coisa estupenda!

— que apresenta um buraco, frincha ou fenda, por onde Tisbe e Píramo a amargura reclamavam da vida, a sorte dura. Estas pedras e esta áspera argamassa dizem que muro eu sou, muro de raça, e este é o buraco, de um e de outro lado, por onde fala o par enamorado.

TESEU — Pode-se exigir melhor discurso de cal e cabelos?

DEMÉTRIO — O tabique mais espirituoso, milorde, de que já ouvi falar.

TESEU — Píramo se   aproxima do muro. Silêncio!

(Volta Píramo.)

PÍRAMO — O noite de olhar negro, ó noite escura, que sempre estás onde não se acha o dia! Ó noite negra! O minha desventura! Tisbe não chega! A pobre desvaria. E tu, muro querido, ó doce muro, que entre o terreno meu e o do pai dela te levantas cruel, não sejas duro, uma fresta me mostra ou uma janela. (O Muro aƒasta os dedos.) Graças, bom muro; Jove há de amparar- te. Mas, que vejo? Em vão Tisbe ora procuro. Possas, muro, rachar-te em toda parte, por me deixares espiar no escuro.

TESEU — A meu ver, o muro deveria também amaldiçoar, por ser dotado de sensibilidade.

PÍRAMO — Não, senhor; isso ele não faz, posso asseverar-vos. “Espiar no escuro” é a deixa de Tisbe. Está na hora de ela entrar, e eu devo espiá-la através do muro. Aí vem ela.

(Volta Tisbe.)

TISBE — O muro, que meu pranto tens ouvido, por de Píramo doce me afastares, quantas vezes beijei, muro querido, tuas faces de cal, irregulares.

PÍRAMO — Ouço voz; vou correndo para a fresta, porque de Tisbe a bela face eu veja. Tisbe!

TISBE — Amor! Que alegrão tua voz me apresta.

PÍRAMO — Alegre ou não, que amado sempre eu seja e, qual Lisandro, eterno namorado.

TISBE — E eu, outra Helena, até que o queira o fado.

PÍRAM — Como Sáfalo e Procro sou constante.

TISBE — Como Sáfalo e                 Procro eu, fiel amante.

PÍRAMO — Dá-me um beijo através deste vil muro.

TISBE — Não te beijei; beijei o barro duro. PÍRAMO — Ao sepulcro de Nino vais agora?

TISBE — Ou viva ou morta, estarei lá numa hora.

(Saem Píramo e Tisbe.)

MURO — Desta arte eu, muro, minha parte fiz; ora o muro retira-se feliz. (Sai.)

TESEU — Já foi derrubado o muro que separava os dois vizinhos.

DEMÉTRIO — Não há remédio, milorde, uma vez que as paredes se obstinam em ouvir sem aviso prévio.

HIPÓLITA — É a peça mais tola que eu já vi.

TESEU — As melhores produções desta classe não passam de simples sombra, e as piores deixarão de o ser, se a imaginação vier em seu auxílio.

HIPÓLITA — Mas nesse caso é a vossa imaginação que trabalha, não a deles.

TESEU — Se não pensarmos deles mais mal do que eles próprios pensam, poderão passar por excelentes pessoas. Eis que nos chegam dois nobres animais, um homem e um leão.

(Voltam o Leão e o Luar.)

LEÃO — Senhoras minhas que tremeis de medo,  quando  um  ratinho  vedes,  monstruoso; que faríeis, se ouvísseis no arvoredo rugir, de longe embora, o leão raivoso? Sabei, pois, que sou Snug, o marceneiro; nem leão, nem leoa, homem verdadeiro. Se agora eu fosse fera que intimida, nada daria pela minha vida.

TESEU — Eis um animal verdadeiramente cortês e de boa consciência.

DEMÉTRIO — É o melhor animal, milorde, que eu já vi em toda a minha vida.

LISANDRO — Este leão, quanto ao valor, é raposa legítima.

TESEU — E quanto à discrição, um verdadeiro ganso.

DEMÉTRIO — Não é assim, milorde, porque o seu valor não pode carregar a discrição, como o faz a raposa com o ganso.

TESEU — O de que tenho certeza é que sua discrição não pode carregar o seu valor, porque o ganso não carrega a raposa. Muito bem; entreguemo-lo à sua discrição e ouçamos a lua.

LUA — Eis na lanterna a lua com seus chifres…

DEMÉTRIO — O ator devia trazer os chifres na cabeça.

TESEU — Mas é lua cheia; os cornos estão invisíveis na circunferência.

LUA — Eis na lanterna a lua com seus chifres, tal como eu, que pareço o homem da lua.

TESEU — De todos os erros este é o mais aberrante; o homem deveria pôr-se dentro da lanterna; se não, como poderá passar pelo homem da lua?

DEMÉTRIO — Não tem coragem de entrar na lanterna, só de medo da vela; bem vedes que já está inflamado.

HIPÓLITA — Já estou enfarada dessa lua; quem dera que ela se alterasse!

TESEU — Pela pouca luz de sua discrição, podemos concluir que está na fase minguante. Apesar disso, por delicadeza e todas as espécies de razão, teremos de agüentá-la o tempo todo.

LISANDRO — Adiante, lua!

LUA — Tudo o que tenho a vos dizer é comunicar que esta lanterna é a lua; eu, o homem da lua; este feixe de espinhos, meu feixe de espinhos, e este cachorro, meu cachorro.

DEMÉTRIO — Nesse caso, tudo isso deveria estar dentro da lanterna, por se encontrarem na lua. Mas, silêncio! Tisbe vem chegando.

(Volta Tisbe.)

TISBE — Eis a tumba de Nino; onde está Píramo?

LEÃO (rugindo) — R-r-r-ó-ó-ó!!! (Tisbe ƒoge.)

DEMÉTRIO — Bem rugido, leão! TESEU — Bem corrido, Tisbe!

HIPÓLITA — Bem iluminado, lua! Realmente, a lua brilha com bastante graça.

(O Leão estraçalha o manto de Tisbe e sai.) TESEU — Bem rasgado, leão!

DEMÉTRIO — Agora entra Píramo. LISANDRO — E assim desaparece o leão. (Volta Píramo.)

PÍRAMO — Ó lua, brilhas com clarão solar! Eu te agradeço, ó lua, a luz fulgente, porque pretendo Tisbe ora avistar à clara luz de tua áurea corrente. Mas, para! oh dor! Donzel do amor! Oh, visão cruel e horrorosa! Estou desperto? Pode ser certo? Oh, minha franga formosa! Teu rubro manto me aumenta o pranto.

Aproximai-vos, Fúrias! Tudo acabou! Fado, aqui estou! Vem por fim a estas lamúrias!

TESEU — Essa lamentação, motivada pela morte de um ente querido,

quase daria para entristecer a gente.

HIPÓLITA — Por minha alma, faz-me pena o pobre homem.

PÍRAMO — Por que fizestes leões, ó Natureza? Um leão me estraçalhou a namorada, a mais lin- da mulher da redondeza, que vives isto é, viveu sempre adorada. Nada conforta-me. Lâmina; corta-me o coração. Sim, deste lado vai ser varadopor esta mão. (Apunhala-se.) Já tenho calma; ao céu minha alma foi-se a correr. Some- te, língua! Lua, essa míngua me faz morrer, morrer, morrer…

(Sai a Lua.)

DEMÉTRIO — Não teve sorte; tirou um ás, por ter ficado só.

LISANDRO — Menos do que um ás, homem; que ele está morto; agora é nada.

TESEU — Com a ajuda de um cirurgião, po- deria tornar à vida e provar que é um asno.

HIPÓLITA — Por que motivo o Luar foi embora antes de Tisbe voltar e encontrar o amante?

TESEU — Há de achá-lo à luz das estrelas. AI vem ela; suas lamentações põem fim à peça.

(Volta Tisbe.)

HIPÓLITA — Segundo o meu gosto, ela não deveria lastimar a perda de um Píramo como este. Espero que seja breve.

DEMÉTRIO — Se pesássemos Píramo e Tisbe, uma palhinha faria pender a balança. Ele, como homem, Deus nos acuda! Ela, como mulher, Deus nos proteja!

LISANDRO — Seus belos olhos já descobri- ram Píramo.

DEMÉTRIO — Vai começar a se lamentar, videlicet:

TISBE — Dormes, querido? Como! Ferido? Píramo, acorda! Fala, estás mudo? Acabou tudo; da voz rompeu-se-me a corda. Sinto-me louca. A essa tua boca, essa boca açucarada, levou a Morte de negro porte, deixando-me abandonada. Chorei bastante. Parca gigante, de aparência falsa e treda, já lhe cortaste do belo engaste o fio vital de seda. Língua, calada! Vem, bela espada, coloca-me aos pés de Deus. A que foi linda, Tisbe, aqui finda, a todos dizendo adeus, adeus, adeus… (Morre.)

TESEU — O Luar e o Leão ficaram para enterrar os mortos.

DEMÉTRIO — Sim, e o Muro, também.

BOTTOM — Não, posso asseverar-vos; já foi derrubado o muro que separava os pais deles. Desejais agora ver o epílogo, ou preferis uma dança bergamasca, executada por dois homens de nossa companhia?

TESEU — Não, por obséquio; nada de epílogo. Vossa peça não necessita de escusas, porque quando morrem todos os atores, nenhum merece censuras. Por minha fé, se o autor da peça houvesse representado o papel de Píramo e se tivesse enforcado com uma liga de Tisbe, teria feito uma linda tragédia, como de fato o fez, e muito bem representada. Que venha, então, a dança bergamasca, ficando de lado vosso epílogo. (Dança.) Com a língua de ferro a meia-noite já deu doze batidas. Para a cama, namorados! É quase hora das fadas. Receio muito que a manhã passemos dormindo a sono solto, como, espertos, uma parte da noite desfrutamos. Serviu bastante esta grosseira peça para entreter a noite preguiçosa. Caros amigos, todos para o leito. Vamos ter de festejos quinze dias, com representações e outras folias.

(Saem.)

Cena II

Entra Puck.

PUCK — Ruge o leão a cada passo, uiva o lobo para a lua, ressona o campônio lasso, des- lembrado da charrua. Consomem-se na lareira as últimas acendalhas; o pio da ave agoureira fala ao doente em mortalhas. Nesta hora da noite escura as pobres almas andejas se esgueiram da sepul- tura rumando para as igrejas. Nós, os elfos, que a parelha de Hécate sempre seguimos, e da luz do sol, vermelha, como num sonho, fugimos, de guarda estamos agora. Nenhum rato, em qualquer hora, a paz deixe perturbada desta casa abençoada. Com vassoura eu vim na frente para limpar o batente e jogar nesta hora morta todo o pó atrás da porta.

(Entram Oberon, Titânia e séquito.)

OBERON — Por tudo a luz espalhai do quase extinto carvão. Elfos e fadas, dançai, aproveitan- do o clarão, e, seguindo o meu caminho, cantai comigo baixinho.

TITÂNIA — Aprendei, primeiro, a toada com letra bem cadenciada; depois, com graça, dance- mos e esta casa abençoemos.

(Cantam e dançam.)

OBERON — Enquanto a aurora se atrasa, rondai todos esta casa, que ao tálamo principal vou lançar a bênção real. Sua prole numerosa será sempre venturosa. Os três casais que aqui estão em concórdia viverão; seus filhos não serão presa das manchas da Natureza. Beiço de lebre, sinais e outros defeitos que tais, que deixam triste o aleijão, seus filhos nunca terão. Com orvalho consagrado cada elfo cumpra o recado, este palácio abençoando e paz por tudo espalhan- do. Jamais caia em abandono, feliz seja sempre o dono. Mãos à obra, agora, sem mais demora! Ide ver-me antes da aurora.

(Saem Oberon, Titânia e séquito.)

PUCK — Se vos causamos enfado por sermos sombras, azado plano sugiro: é pensar que esti- vestes a sonhar; foi tudo mera visão no correr desta sessão. Senhoras e cavalheiros, não vos mostreis zombeteiros; se me quiserdes perdoar, melhor coisa hei de vos dar. Puck eu sou, honesto e bravo; se eu puder fugir do agravo da língua má da serpente, vereis que Puck não mente. Liberto, assim, dos apodos, eu digo boa-noite a todos. Se a   mão     me derdes, agora,       vai       Robim, alegre, embora. (Sai.)

FIM


Shakespeare e a Lei do Renascimento

Não faz muito tempo um Estudante Rosacruz enviou uma pergunta para aqui, em Mount Ecclesia. Ele perguntou se uma pessoa que deseje, no seu íntimo, não renascer na Terra, jamais renascerá.

Os Ensinamentos Rosacruzes afirmam que uma das principais Leis que guiam a evolução é a Lei do Renascimento, auxiliada pela sua irmã gêmea, a Lei de Consequência. Essas duas grandes Leis devem satisfazer o coração, o intelecto e a vontade. Elas são absolutamente justas e lógicas, mas cheias de esperança e promessa; elas dão um amplo espaço à vontade impetuosa e magistral dos filhos e filhas de Caim, que se recusam a seguir docilmente os líderes e querem trabalhar ativamente em sua própria evolução. Mesmo assim, o coração tenta dobrar a Lei de acordo com a sua impaciência, o intelecto gosta de fazer dela uma base de especulações e a vontade está ansiosa por afirmar a sua superioridade sobre ela. Quando eu me libertarei da Roda de Nascimentos e Mortes? Assim questiona o coração que acredita que a repetição da existência terrena, com as suas tristezas, seus sofrimentos e suas separações dolorosas seja demasiado difícil de suportar e anseia pela felicidade celestial e ininterrupta. Quantas vezes tenho de renascer e em que intervalos cíclicos ou rotações? Em que período da evolução a Lei do Renascimento será substituída por outra mais elevada? Assim pergunta o intelecto que gostaria de reduzir a Lei de Deus a um calendário ou fórmula matemática. E a vontade grita triunfante: assim que eu me recuso a renascer, a Lei deixa de funcionar.

A vontade, como a mais elevada faculdade do ser humano, é o seu direito. Max Heindel ensina no Conceito Rosacruz do Cosmos que o renascimento depende da vontade do Ego. Quando ele já não quer renascer, está livre. Só que esse direito é constituído de tal forma que não pode se recusar a renascer até ter atingido um certo grau no Caminho de Iniciação Rosacruz. Aqui, como nos casos anteriores, ouvimos um grande poeta acompanhando harmoniosamente esse processo. O problema parece complexo e intrincado. Mas o poeta-iniciado, Shakespeare, resolve em 16 palavras: “Os homens devem suportar tanto a sua partida quanto a sua vinda — a maturidade é tudo”. Essas palavras, que se encontram no drama Rei Lear, parecem ao mundo as mais enigmáticas das afirmações de Shakespeare, mas para nós, que as lemos sob a luz dos Ensinamentos Rosacruzes, estão entre as suas maiores verdades!

“Os homens devem suportar tanto a sua partida quanto a sua chegada”. O próprio ritmo das palavras parece transmitir a sequência rítmica de nascimento e morte, morte e nascimento em uma alternância constante e inquieta. Para cima e para baixo, para baixo e para cima o Ego viaja em um movimento cíclico e incessante, descendo à matéria para um período escolar sob a disciplina rigorosa da vida terrena e subindo aos Mundos celestes para um período de férias felizes e atividade intensa. Assimilar a experiência da vida terrena e preparar as condições para a próxima vida — eis o trabalho do Ego nos Mundos celestiais. Depois outro nascimento, mais um dia de escola com mais experiências. E isso se repete em intervalos cíclicos de 1.000 anos, geralmente. Não importa quantas vezes estivemos aqui, pecamos, sofremos e aprendemos, precisamos continuar, continuar… A lei é imutável. “Os homens precisam suportar a sua partida e a sua vinda”. Precisam porque eles próprios assim desejam. A imutabilidade da Lei atua a partir do interior, não do exterior.

No livro Conceito Rosacruz do Cosmos lemos que: “Depois de um tempo (de permanência no Terceiro Céu) vem ao Ego o desejo de novas experiências e a contemplação de um novo nascimento”. Nenhuma força externa o estimula isso, o próprio desejo do Ego confere o estímulo para o renascimento. Pois o Ego, na Região do Pensamento Abstrato, onde fica o Terceiro Céu, onde nenhuma matéria turva a sua percepção, é muito sábio e sabe que um novo mergulho na matéria física, outro período escolar na Terra, é absolutamente necessário para o seu desenvolvimento em direção ao objetivo final, que é a onisciência divina. A consciência total inclui todos os planos de consciência, tanto os mais baixos como os mais elevados, e o Ego compreende a necessidade de acumular experiência nos graus escolares mais baixos na Terra, de modo a estar apto para os mais avançados nos Mundos superiores. O coração insensato, enquanto palpita com a dor e a desilusão da vida terrena, anseia pela felicidade, mas o Ego, que é sábio, prepara-se deliberadamente para deixar a sua morada feliz no Céu e procurar de novo esta mesma existência terrena da qual o coração se ressente, pois ele sabe que “o propósito da vida não é a felicidade, mas sim a experiência” (livro Conceito Rosacruz do Cosmos). Ele deseja voltar até que todas as experiências, que a vida terrena proporciona, sejam reunidas e todas as lições que a vida terrena ensina sejam aprendidas. Só então o Ego estará pronto para experiências e lições em estágios mais elevados da existência. Amadurecimento é tudo!

Mas qual é a prova dessa maturidade, qual é a sua expressão? Como ela se manifesta? — Não é uma maturidade do intelecto que possa ser provada diante de uma banca de examinadores. A bela palavra “amadurecimento” indica um estado de Ser; vemos o grão dourado e o fruto doce, uma perfeição alcançada pelo crescimento natural que expande, suaviza e amacia cada átomo. Desaparecem então a dureza e a aspereza, que são atributos da falta de maturidade, e ganha-se uma bela suavidade! A dureza vem do “eu” que não tem consideração pelo outro; a aspereza surge da paixão que afasta os outros; a suavidade emerge do amor desinteressado. Não há outro teste, não há outra prova. Se o nosso estado de ser se manifesta como amor-próprio e paixão, então não estamos maduros; se ele se manifesta como Serviço amoroso e compaixão, então atingimos a maturidade.

Existem almas mais jovens que julgam demonstrar amadurecimento ao manifestarem desprezo e cansaço pela vida terrena, afirmando que a Terra já não exerce qualquer atração sobre elas, que esperam encontrar em outras esferas a felicidade que aqui não é possível. Felicidade! Aqui está novamente o “eu”, embora disfarçado de saudade dos Mundos celestes. O ser humano aparentemente espiritualizado que denuncia a Terra e deseja o Céu em nome da felicidade está tão enredado nas malhas do “eu” quanto o franco materialista que se agarra à Terra como o campo de caça para suas paixões e não pensa no Além. Os que se rebelam contra as lições da vida terrena amam tanto a si mesmos que não querem amar o outro e o sábio poeta balança tristemente a cabeça para eles: “Como são pobres os que não têm paciência” (Otelo). Porque a derradeira lição a ser aprendida aqui na Terra é perder o “eu” e encontrar o outro. A essência de todas as experiências a serem acumuladas aqui é o amor compassivo. Com o objetivo de ganhar a consciência total, nós temos que carregar cada criatura viva, com suas riquezas e tristezas, para a nossa consciência; isso só pode ser feito através da compaixão.

“Ser ou não ser, eis a questão!” (Hamlet). Quando é que a vontade do Ego decretará que nunca mais precisará “ser” em um Corpo Denso? Quando soubermos preservar a estabilidade da paciência, tanto nas alegrias como nas tristezas da vida, quando a alegria não nos levar ao êxtase nem a tristeza, ao desespero; quando não tivermos tempo a perder com os nossos desejos nem força para as nossas emoções, porque todas as nossas atividades estarão ocupadas de outra forma. O Aspirante à vida superior verdadeiramente maduro, aquele que se aproxima da libertação do nascimento e da morte, não fala nem discute sobre felicidade ou infelicidade, nem usa seu tempo para pensar nisso. Pacientemente, ele faz o seu trabalho diário como Auxiliar Visível ou Invisível, construindo, construindo o tempo todo, construindo estradas que levam para longe de si mesmo, para o fundo do coração, da vida, da necessidade do seu irmão e da sua irmã. E eis como é maravilhosa a lei do amadurecimento! Esse paciente construtor, que ajuda os outros infalivelmente, constrói e amadurece dentro de si mesmo aquilo que o pobre anseia em vão: o Corpo-Alma indestrutível que não pode ser prejudicado pela morte e, portanto, não precisa ser renovado pelo nascimento. — Pois o Ego, quando finalmente se desfizer do Corpo Denso, deverá ter um veículo pronto para funcionar, uma roupa com a qual se vestir.

A morte e o renascimento significam uma interrupção do contato entre este Plano de existência (Região Química do Mundo Físico) e os superiores (Mundos invisíveis à visão física). Enquanto estou nos Céus, estou morto para a Terra. Enquanto estou na Terra, estou morto para os Mundos Celestes. De eras em eras, a beleza celestial brilha, a música celestial soa e as almas vibram umas com as outras em perfeita harmonia.

“Mesmo o menor globo que tu possas contemplar,

No seu movimento canta como um anjo,

Um quieto coro para os querubins de olhos jovens.

Tal harmonia existe nas almas imortais,

Mas enquanto estas vestes decadentes e enlameadas

Grosseiramente as encerrarem, não podemos ouvir”.

(O Mercador de Veneza)

Max Heindel nos diz que “Adão” significa “terra vermelha” e qualifica a matéria terrosa da qual, nos dias lemurianos, o corpo do primeiro Adão foi feito com “lama vulcânica, vermelha e quente”[1]. A Bíblia chama essa “veste lamacenta de decomposição”, pertencente ao primeiro Adão, de “o corpo da nossa humilhação”; mas nos assegura que ela será transformada até se assemelhar ao corpo glorioso do segundo Adão, que é o Cristo. Quando deixarmos de lado, pela última vez, essa veste de lama e imperfeição, então, em nosso Corpo-Alma amadurecido, um corpo de glória e perfeição, teremos um veículo que nos unirá a Terra e ao Céu. Nas asas da nossa dourada veste nupcial nós contataremos tanto o Céu como a Terra, porque seremos capazes de nos mover e funcionar em perfeita liberdade e consciência em Planos que, para nós, estão atual e tristemente separados uns dos outros pelo nascimento e pela morte. Max Heindel diz: “O Reino dos Céus foi invadido (Mt 11:12), há homens e mulheres que já aprenderam, através de uma vida santa e útil, a deixar de lado o corpo de carne e osso, intermitente ou permanentemente, e a caminhar pelos Céus com pés alados, empenhados nos negócios do seu Senhor e vestidos com as etéreas vestes nupciais da nova dispensação”1.

As tendências do “eu” são de contração, de endurecimento, de atração para baixo, de fechamento e de isolamento, correspondendo às qualidades dos dois Éteres inferiores que mantêm o Corpo Denso. A tendência do amor é expandir-se, suavizar-se, unir-se, elevar-nos, em correspondência com as qualidades dos dois Éteres superiores que estão incorporados no Corpo-Alma. O “eu”, junto dos dois Éteres inferiores, é responsável pela cristalização; o amor, junto dos dois Éteres superiores, produz a rarefação. Na linguagem dos alquimistas, os dois Éteres superiores eram chamados de “fogo” e “ar”, enquanto os dois Éteres inferiores eram comparados à “terra” e à “água”. Quando uma vida de serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), esquecendo os defeitos do irmão ou da irmã ao seu entorno, focado na divina essência oculta em cada um de nós, que é a base da Fraternidade tiver amadurecido, soltado e moldado os dois Éteres superiores, então o Ego, revestido do seu Corpo-Alma, que é rarefeito, glorificado e etéreo, será elevado para sempre acima da necessidade da existência física e, liberto da Lei do Renascimento, poderá exclamar com o poeta: “Eu sou fogo e ar, os meus outros elementos, eu os dou à vida inferior.” (Antônio e Cleópatra).

“O amor será a palavra-chave da próxima Era, do mesmo modo que a Lei é a palavra-chave da presente ordem. A expressão intensa das qualidades mencionadas acima aumenta a luminosidade fosforescente é a densidade dos Éteres em nossos Corpos Vitais; as correntes ígneas cortam a ligação com os cuidados e as preocupações do dia a dia, e o ser humano, uma vez nascido da água em sua emersão da Atlântida (Hamlet) (tal como na Lemúria era nascido da terra), agora nasce do espírito, para o Reino de Deus1.


[1] N.T.: Capítulo X do Livro Coletâneas de um Místico – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz: CAPÍTULO X – A PRÓXIMA ERA

Quando falamos da “Próxima Era”, “do Novo Céu e da Nova Terra” mencionados na Bíblia e, também, da “Era de Aquário”, as diferenças entre elas podem não ser claras nas Mentes dos nossos Estudantes Rosacruzes. A confusão dos conceitos é um dos campos mais férteis para a falácia, e os Ensinamentos Rosacruzes procuram evitar isso usando uma nomenclatura ou um conceito particularmente definido. Algumas vezes, um esforço extra se faz necessário para dissipar a confusão ou a distorção gerada por concepções nebulosas engendradas por outros, tão sinceros como o presente escritor, porém, não tão afortunados em ter acesso aos incomparáveis Ensinamentos da Sabedoria Ocidental.

Em nossa literatura aprendemos que quatro grandes Épocas de desenvolvimento gradual precederam a atual ordem das coisas; que a densidade da Terra, suas condições atmosféricas e as Leis da Natureza que prevaleciam numa Época eram tão diferentes das de outras Épocas, como a correspondente constituição fisiológica da Humanidade em uma Época era bem diferente das de outras Épocas.

Os corpos de ADM (o nome significa terra vermelha), a Humanidade da ígnea Lemúria, foram formados do “pó da terra”, da lama vermelha, quente e vulcânica, e estavam adaptados ao meio ambiente deles. A carne e o sangue teriam se atrofiado e se enrugado, especialmente pela perda de umidade, no calor intenso daqueles dias e, embora adaptados às condições presentes, São Paulo nos diz que “eles não podem herdar o Reino de Deus” (ICor 15:50). É evidente, portanto, que antes que uma nova ordem de coisas possa ser inaugurada, a constituição fisiológica da Humanidade precisa ser radicalmente alterada, isto sem mencionar a atitude espiritual. Serão necessários milhões de anos para regenerar toda a Onda de Vida humana e torná-la apta a viver em corpos etéricos (Corpos Vitais).

Por outro lado, nem mesmo um novo ambiente surge de um momento para o outro, mas a terra e os povos vêm evoluindo juntos, desde os menores e mais primitivos primórdios. Quando a neblina da Atlântida começou a assentar, alguns dos nossos antepassados já haviam desenvolvido pulmões embrionários, e foram compelidos a subir para as montanhas muito antes de seus pares ou companheiros. Eles vagaram pelo “deserto” enquanto a “Terra Prometida” estava emergindo das névoas mais tênues e, ao mesmo tempo, seus pulmões em crescimento estavam os preparando e os ajustando para viverem sob as condições atmosféricas atuais.

Mais duas Raças nasceram nas bacias da Terra, antes que uma sucessão de inundações os forçasse a ir para as montanhas; a última inundação aconteceu no momento quando o Sol entrou no Signo aquoso de Câncer, há cerca de dez mil anos atrás, como disseram os sacerdotes egípcios a Platão. Como vimos, não há uma mudança súbita no organismo humano ou no meio-ambiente para toda a Onda de Vida humana, quando uma nova Época é introduzida, mas uma sobreposição de condições que tornam isso possível para a maioria dos seres da Onda de Vida humana, por meio de um ajustamento gradual para entrar na nova condição, embora a mudança possa parecer súbita ao indivíduo que fez toda a mudança preparatória inconscientemente. A metamorfose do girino, de um habitante do elemento aquoso para um habitante do elemento aéreo, fornece uma analogia do passado, e a transformação de uma lagarta em uma borboleta se elevando pelo ar é uma ilustração apropriada da próxima Era. Quando o celestial marcador do tempo entrou em Áries, por Precessão (Movimento de Precessão dos Equinócios), um novo ciclo se iniciou e as “boas-novas” foram pregadas por Cristo. Ele enfatizou que o Novo Céu e a Nova Terra não estavam ainda prontos, quando disse a Seus discípulos: “Não podes seguir-me agora aonde vou, mas me seguirás mais tarde” (..) (Jo 13:36) “vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo” (Jo 14:2-3).

Mais tarde São João viu, numa visão, a Nova Jerusalém procedendo do Céu e São Paulo exortou os Tessalonicenses “pela palavra do Senhor” (ITess 4:15) que aqueles que vivem em Cristo, na Sua próxima vinda, deverão ser arrebatados no ar para se encontrarem com Ele e estar com Ele para a Nova Era.

Porém, durante essa mudança, há pioneiros que entram no Reino de Deus antes de seus irmãos e de suas irmãs em Cristo. Cristo disse, no Evangelho Segundo São Mateus 11:12: “Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e violentos se apoderam dele”. Essa não é uma tradução correta. A tradução deve ser: “O Reino dos Céus foi invadido (biaxetai) e os invasores se apoderaram dele”. Homens e mulheres já aprenderam, por meio de vidas santas e baseadas na prestação de serviços e auxílios, a deixar de lado o corpo de carne e de sangue, seja intermitente ou permanentemente, e caminhar pelos céus com pés alados, atentos aos assuntos do Senhor deles, vestidos do etérico “Manto Nupcial” (Corpo-Alma) da Nova Dispensação. Essa mudança pode ser conseguida por meio de uma vida de simples serviço, de ajuda, de auxílio e de oração e prece, como a praticada pelos Cristãos devotos, não importando a que igreja estejam afiliados, assim como por meio dos Exercícios Esotéricos específicos fornecidos pela Fraternidade Rosacruz. Esses Exercícios Esotéricos não trarão nenhum resultado, a não ser que sejam acompanhados por frequentes atos de amor, pois o amor será a palavra-chave da próxima Era, do mesmo modo que a Lei é a palavra-chave da presente ordem. A expressão intensa das qualidades mencionadas acima aumenta a luminosidade fosforescente é a densidade dos Éteres em nossos Corpos Vitais; as correntes ígneas cortam a ligação com os cuidados e as preocupações do dia a dia, e o ser humano, uma vez nascido da água em sua emersão da Atlântida, agora nasce do espírito, para o Reino de Deus. A força dinâmica do seu amor abriu um caminho para a terra do amor, e é indescritível o regozijo daqueles que já se encontram lá quando novos invasores chegam, pois cada um que chega apressa a vinda do Senhor e o estabelecimento definitivo do Reino.

Entre os religiosamente inclinados há um clamor definido e incessante: “Quanto tempo, Oh Senhor, quanto tempo?”. E, apesar da afirmação enfática de Cristo de que o dia e a hora são desconhecidos, mesmo para Ele, profetas continuam ganhando credibilidade quando predizem Sua volta para uma determinada data, embora cada um se frustra quando o dia passa e nada acontece. A questão também tem sido debatida entre nossos Estudantes Rosacruzes, e esse capítulo é uma tentativa de mostrar a falsa ou errada ideia de esperarmos pelo Segundo Advento no próximo ano, nos próximos cinquenta ou nos próximos quinhentos anos. Os Irmãos Maiores se recusam a expressar uma opinião e assinalam só o que deve ser realizado primeiramente.

Nos dias de Cristo, o Sol estava ao redor dos sete graus de Áries. Foram necessários quinhentos anos para, por Precessão, chegar ao décimo terceiro grau de Peixes. Durante este tempo, a nova igreja viveu fases de violência ofensiva e defensiva, justificando bem as palavras de Cristo: “Eu não vim trazer a paz, mas uma espada” (Mt 10:34). Passaram-se mais mil e quatrocentos anos sob a influência negativa de Peixes, que tem fomentado o poder da igreja e sujeitado o povo pelo credo e pelo dogma.

Em meados do último século (Século XIX), o Sol entrou na Órbita de Influência do Signo científico de Aquário e, embora ainda leve cerca de seiscentos anos para que a Era de Aquário comece, é altamente instrutivo notar que mudanças o mero contato com esse Signo tem acontecido e disponibilizadas para o uso no mundo. Nosso limitado espaço nos impede de enumerar os maravilhosos avanços realizados desde então; mas não demais dizer que a ciência, as invenções e a indústria decorrente desse desenvolvimento, tem mudado o mundo completamente, tanto na vida social como nas condições econômicas. Os grandes progressos realizados por meio da comunicação, têm contribuído muito para quebrar as barreiras do preconceito racial, nos preparando para as condições da Fraternidade Universal. Os instrumentos de destruição têm sido elaborados tão assustadoramente eficientes, que as nações militantes serão forçadas, dentro de pouco tempo, a “quebrar as suas espadas, transformando-as em arados, e as suas lanças, a fim de fazerem podadeiras” (Is 2:4). A espada tem tido seu reinado durante a Era de Peixes, mas a ciência governará na Era de Aquário.

Na terra do sol poente podemos esperar vislumbrar as condições ideais da Era de Aquário: uma mescla de Religião e ciência, formando uma ciência religiosa e uma Religião científica, que proporcionarão a saúde, a felicidade e o regozijo de uma vida vivida em sua plenitude.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Som e os Éteres – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

A matéria contida neste livro foi compilada de trabalhos de Max Heindel e acrescidos com conhecimentos de astronomia e contém informações muito valiosas sobre as relações entre o som e os Éteres e como a Ciência material lida com esse assunto (mesmo não reconhecendo, atualmente, o Éter, já que no passado o reconheceu e trabalhou muito com ele).

1. Para fazer download ou imprimir:

O Som e os Éteres – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

O Som e os Éteres

Por um Estudante

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido e Revisado de Temas Rosacruces – Tomo II – El Sonido y los Éteres – Centro Rosacruz Max Heindel de Buenos Aires – Argentina – 1983

pelos Irmãos e pelas Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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Sumário

INTRODUÇÃO.. 4

CAPÍTULO 1 – UM SOM DE VIDA.. 5

CAPÍTULO 2 – OS SONS DO CORPO VITAL SUBSÔNICOS E SUPERSÔNICOS. 10

CAPÍTULO 3 – NOVAS RELEVAÇÕES. 15

CAPÍTULO 4 – OS NÚMEROS E O RITMO DO UNIVERSO: LEI DE BODE.. 22

CAPÍTULO 5 – A ASTRONOMIA ENTOA UMA NOVA CANÇÃO.. 29

CAPÍTULO 6 – KEPLER, O MÍSTICO ASTRÓLOGO ASTRÔNOMO.. 36

CAPÍTULO 7 – O SER HUMANO, CÂNTICO DE DEUS. 43

INTRODUÇÃO

Os Éteres constituem a Região Etérica do Mundo Físico. Eles são em número de quatro:

-Éter Químico: é o Éter através do qual as forças atuam para manter e nutrir o Corpo Denso (mantém a forma).

-Éter de Vida: é o Éter pelo qual atuam as forças de propagação, cujo objetivo é a manutenção das espécies (mantém as espécies).

-Éter de Luz ou Luminoso: é a fortaleza do cérebro-Mente, porque ele é o assento de toda a percepção sensorial tanto interna, quanto abaixo e acima do âmbito dos órgãos dos sentidos.

-Éter Refletor: é o armazém da memória do ser humano e reflexo da Memória da Natureza (aqui registra-se todos os eventos que são produzidos no Mundo). É, também, através deste Éter que o Ego direciona seus veículos.

O Corpo Vital do ser humano é composto de quatro Éteres.

CAPÍTULO 1 – UM SOM DE VIDA

Em lições anteriores foi dito que os ocultistas reconhecem, já há muito tempo, a existência de um “som de vida” acompanhando todas as coisas viventes e crescentes. A ciência moderna está agora chegando a este campo, assim como a outros campos de fenômenos etéricos, anteriormente admitidos apenas pelos ocultistas.

Houve sempre e ainda há muita confusão a respeito da Clariaudiência[1] ou audição extrassensorial. Mais do que em outros campos, talvez, contam-se histórias de distúrbios mentais, acompanhados de “audição de vozes” ou outros sons. Os médicos muito têm a dizer, também, acerca de “ruídos na cabeça” em geral, dos quais se diz frequentemente que prenunciam a surdez. Agora, a ciência contemporânea aproxima-se mais do “oculto”, como nos dá conta a informação acerca de experiência em laboratórios modernos, tornando possível uma avaliação mais realista.

Há algum tempo, o dr. Albert P. Seltzer, da Universidade de Pennsylvania, escreveu na revista Today’s Health (publicada pela American Medical Association) que ninguém deve desesperar-se por sofrer de ruídos na cabeça (chamados “tinnitus” pelos especialistas). Eles não são, necessariamente, os precursores da surdez, nem da insânia. Diferentemente dos sons normais, esses ruídos da cabeça não se originam nas ondas sonoras que chegam ao tímpano, mas em causas internas, algumas das quais são físicas como o cerume do conduto auditivo, pressões ou tensões nervosas, infecções no ouvido médio, obstruções na trompa de Eustáquio[2] (passagem entre o ouvido e a garganta), bloqueio da passagem do ar nas narinas, etc.

Segundo o dr. Seltzer, tais condições poderiam, usualmente, ser corrigidas por meios médicos. Na opinião de outro médico, existem tantas causas possíveis de ruídos na cabeça que a cirurgia deveria ser evitada, se possível, pois uma operação após outra pode ser levada a efeito nos ouvidos, no nariz e na garganta, e a verdadeira raiz do problema se encontra no sistema nervoso, por exemplo. A remoção do cerume seria relativamente simples, assim como outras correções menores no nariz e garganta. Porém, não há garantia de que ainda a cirurgia extensiva pudesse deter os ruídos.

Para os ocultistas, alguns desses ruídos são etéricos, pertencem ao Corpo Vital, sendo, em verdade, perfeitamente normais e audíveis quando as faculdades espirituais começam a se desenvolver.

A ciência física já começa a verificar isso. Em certas experiências com câmaras à prova de ruídos, na profundidade da Terra, constatou-se que cada um, sem exceção, ouviu um som agudo e intenso – descrito de maneira algo diferente por várias pessoas – e os cientistas observaram que, face à câmara ser totalmente à prova de efeitos sonoros, estes ruídos não podiam ser outra coisa, além de sons, produzidos pelo corpo, pelo fato de viver.

A experiência com a câmara explica o porquê a surdez total ou parcial é associada com os ruídos da cabeça. Uma vez eliminados os ruídos externos, o indivíduo torna-se consciente dos sons interiores. Estes, na verdade, encontravam-se ali o tempo todo, mas não eram percebidos. Independente de todas as causas físicas, o som dos processos vitais faz-se, então, audível.

O cientista observa que os ruídos da cabeça podem principiar sem sinais prévios. Apresentam-se também em pessoas normais, a despeito de sua maior incidência em quem sofre de surdez. Alguns tornam-se conscientes desses ruídos quando adormecem ou então ao despertar. Outros percebem nos instantes iniciais da aplicação da anestesia. Os ruídos são, algumas vezes, suaves e vibráteis, ou também se assemelham à madeira quando está sendo serrada, ou com a explosão de um motor, ou com o vapor escapando de uma caldeira, ou com o silvo de uma serpente.

É significativo que em certos antigos fragmentos de documentos ocultistas se faz menção do “canto da serpente”, ouvido pelo Iniciado, quando uma certa essência ígnea ascende por um canal até o cérebro.

Evidentemente, é o que chamamos de “o fogo-espírito espinhal”. Antigamente o cérebro era comparado à cabeça de uma serpente. As escrituras antigas mencionam também aquilo que denominaríamos de som de campainhas. Alguns destes ruídos, em sentido moderno, são idênticos ao tinir de uma campainha de telefone ou ao repicar de sinos. Achava-se, então, que a Serpente falaca com muitas vozes; e em sons captados por diferentes pessoas, como assinalaram os médicos, encontram-se tons musicais e vocais, algumas vezes em alta voz, diretamente ao ouvido.

A natureza de muitos destes sons está sendo confirmada, agora, por novos descobrimentos científicos, amplamente divulgados. Por exemplo: um médico descobriu, acidentalmente, durante uma cirurgia cerebral que quando a agulha elétrica tocava certas áreas do lóbulo temporal do paciente, este se tornava consciente dos sons, tão claramente como se houvesse um rádio ligado no recinto, associando-os, também, com recordações de acontecimentos passados. Disto se deduz que se as mesmas células são estimuladas de outra maneira que não seja com uma agulha elétrica, de um modo, todavia desconhecido para a ciência, a pessoa ouvirá sons aparentemente presentes e reais fisicamente. Alguém pode afirmar que ciência abordou a questão da “memória eletrônica”, de fato conectada com o cérebro etérico.

Agora vejamos como estas áreas cerebrais podem ser estimuladas a produzir sons de uma natureza etérica, percebidos como se fossem reais fisicamente.

Quando o Ego se isola do mundo exterior, preparando-se para o sono, revoluteando, porém, dentro de sua habitação física, torna-se consciente dos sons do Corpo Vital. Os ruídos de motor – funcionando ou serrando madeira – pertencem ao campo eletromagnético do corpo, no qual os vórtices movem-se com um zumbido comparado, por Max Heindel, ao das abelhas. Há ocasiões em que este zumbido parece se interromper. Max Heindel afirmou, citando alguns exemplos desta natureza, que um violento som de zumbido provém do choque de vibrações quando uma entidade dos planos internos procura obsidiar o Corpo de uma pessoa viva.

A nota-chave do Corpo Vital (ensejada pelo Arquétipo) soa na medula oblonga[3], onde arde a “chama da vida”. Neste lugar ouve-se o som discordante, quando da tentativa de obsessão. A “chama da vida” arde na medula, vibrando freneticamente ao mesmo tempo em que percebe o som. Na Escola de Mistérios tais casos são virtualmente desconhecidos, como resultado da vivência pura – física e mental – do neófito, o qual não se deixa atingir por influências maléficas.

Quando forças poderosas começam a fluir no Corpo Vital como fruto do treinamento espiritual, é natural a aceleração dos ritmos normais do organismo vital. Uma certa inércia deve ser superada, porque o materialismo amortece os sistemas nervosos, e estes devem ser sensibilizados pelo trabalho espiritual. Isto pode ser percebido como uma sensação de vibração nos ossos do crâneo, ou nos vórtices do Corpo de Desejos, assim como naqueles pontos do Corpo Vital por onde fluem as correntes vitais – tradicionalmente simbolizados na Crucifixão – ou seja nas mãos, pés e cabeça, nos quais Cristo foi ferido. Muitos Estudantes Rosacruzes tornam-se conscientes disso.

Os sons captados bem próximos do ouvido, algumas vezes, sobressaltam o indivíduo desperto quando está quase adormecido. Assemelham-se à brilhante luz que algumas vezes cintila ante os olhos fechados, quando se dorme ou se desperta. Em ambos os casos, o Ego envolto em seus veículos superiores, desliga-se da vestimenta corporal, preparando-se para dela sair. Nestas circunstâncias faz-se consciente dos planos internos.

Já se afirmou que quando um indivíduo se encontra fora de seu corpo, parece-lhe expandir-se e crescer em todas as direções. Isto provêm das novas sensações que o abordam de todos os lados no Mundo do Desejo. Muitos Estudantes Rosacruzes passaram pela experiência de flutuar até à cabeça do corpo, percebendo que a consciência parecia estender-se para fora, ao redor do crâneo. A sensação de expansão, característica de tais estados, evidencia-se também em outras formas. Algumas vezes há um som como que “crepitando” na cabeça ou nos ouvidos. Ou então outros ruídos sugerindo uma mudança de vibração, porque isto é o que os sons realmente indicam.

A situação, por suposto, é diferente daquela em que se percebe a “crepitação” quando se sobe uma colina ao nível do mar: aí a sensação origina-se da mudança de pressão atmosférica. Não obstante serem diferentes, as situações são análogas. A mudança de atitude psíquica, por assim dizer, produz variações na vibração, e como o Ego encontra-se conectado com o Corpo Denso, o som parece ocorrer no espaço físico.

CAPÍTULO 2 – OS SONS DO CORPO VITAL SUBSÔNICOS E SUPERSÔNICOS

Há somente três décadas a ciência chegou a compreender que a vibração da voz é transmitida tanto através dos ouvidos como da garganta e da boca. Isto poderia ter sido antecipado, posto que sentimos as vibrações vocais agitando a estrutura óssea do crânio. Porém, como muitos outros fenômenos, passou despercebido. Agora, não obstante, sabemos que os inventores estão tratando de aperfeiçoar dispositivos que permitam a pilotos de aviões emissores de sons de alta potência, “falar com seus ouvidos” por meio de um microfone especialmente desenhado que capte naturalmente a linguagem articulada. Os sons secundários são transmitidos mediante auriculares de estetoscópio. O cientista não sabe, todavia, como é transmitida a linguagem auricular, mas supõe ser pela trompa de Eustáquio, ou talvez, pelos ossos da cabeça, ou por ambas as vias.

Evidentemente, alguns dos ruídos da cabeça ou tinnitus, de que falam os médicos, devem também pertencer às ondas de linguagem transmitida desta maneira ao cérebro do paciente, além dos perfeitamente normais sons etéricos transmitidos ao “ouvido interno” do Corpo Vital, que está incluído com o outro ouvido físico no processo da audição. Os Clariaudientes comentam o fato de que ao ouvir sons dos planos espirituais, algumas vezes, são conscientes de vibrações na língua, boca e garganta, assim como no ouvido, demonstrando-se que existe uma resposta simpática por todas as partes.

Os físicos afirmam haver muitas classes de ondas sonoras, algumas demasiadas altas para serem ouvidas por ouvidos humanos e outras demasiadas baixas. Para as ondas sonoras abaixo de 500 ciclos por segundo, os ouvidos de um gato podem não ser tão sensíveis como os do ser humano. As mais baixas notas, para as quais o ser humano é sensitivo, são realmente sentidas mais que ouvidas. Uma frequência de 20 segundos soa não como um tom, mas como som palpitante baixo. As notas demasiadas baixas para serem ouvidas são, algumas vezes, sentidas como vibrações no Corpo.

A isso o ocultista acrescenta que os processos vitais do Corpo que residem no campo eletromagnético emitem vibrações, ou são vibrações percebidas pelo ouvido etérico interno sob circunstâncias especiais. Os sons do Corpo Vital são tanto subsônicos como supersônicos, mas são gerados dentro do Corpo: não se originam no exterior. Ao mesmo tempo é evidente por si mesmo que tanto os “subsônicos” como os “supersônicos” atuam sobre o Corpo Vital desde fora e podem matar se usados de certa forma, ou promover vida e saúde se empregados de outra.

Em um antigo artigo, como resposta a uma pergunta em nossa revista “Rays from the Rose Cross” (de novembro de 1964) encontramos sobre o som e seus efeitos. O consulente disse: “Muito se faz no campo da vibração; e demonstrou-se que a enfermidade e a saúde são questão de vibrações e de ritmos variáveis. Se se pode romper o ritmo em um dado lugar e impor um novo tempo sobre eles, aparentemente os prótons e os elétrons voltam a reunir-se em diferentes proporções, formando um padrão diferente: aparece um tecido ou substância de diferente classe. Este processo demonstra que dentro do ser humano há uma vontade ou força que pode atuar desde os modelos segundo os quais constroem seus tecidos, e mudando seu ritmo pode produzir outro desenho no mesmo espaço. Vocês concordam com isso?”.

De onde foi fornecida a seguinte resposta: “Se nos assegura por parte da ciência oculta que não há limite para o poder do Espírito na cura, de tal modo que podemos dizer com segurança: qualquer enfermidade ou doença pode ser curada. Isto nos foi demonstrado por Cristo-Jesus em Seu ministério. Porém, nem toda pessoa encontra-se qualificada para efetuar uma cura fenomenal instantânea… O ponto de vital importância é a transformação que deve partir de dentro do indivíduo.”.

Temos a afirmação de Max Heindel: “O Corpo Vital emite um som idêntico ao zumbido de um besouro. Durante a vida estas ondas sonoras etéricas atraem e colocam os elementos químicos de nosso alimento de tal modo a formar órgãos e tecidos. Conforme as ondas sonoras etéricas do nosso Corpo Vital estejam em harmonia com a nota-chave do Arquétipo, os elementos químicos com os quais nutrimos o Corpo Denso são adequadamente dispostos e assimilados, e a saúde prevalece… mas quando as ondas sonoras do Corpo Vital variam em relação à nota-chave arquetípica, esta dissonância coloca os elementos químicos do nosso alimento em uma disposição incongruente com as linhas de força do Arquétipo.”

Os Auxiliares Invisíveis são ensinados a utilizar o som em seu trabalho de cura nos planos internos. Isso consiste em emitir um som que se harmoniza com a nota-chave do Corpo do paciente, a qual o Auxiliar Invisível pode ouvir quando se encontra fora do Corpo, e isto ajuda a realinhar os elementos orgânicos em harmonia com a nota-chave.

O ultrassom é muito utilizado na sociedade humana. Os cirurgiões usam-no, e aperfeiçoam meios para empregá-lo na cirurgia cerebral. É especialmente útil neste campo devido a que os vasos sanguíneos são muito resistentes às ondas sonoras, e assim o perigo de hemorragia diminui consideravelmente. Mais ainda: a onda sonora pode ser enfocada tanto na matéria branca como na matéria cinzenta do cérebro.

Todos esses descobrimentos da física moderna indicam uma renovação das técnicas conhecidas pelos ocultistas há muitos séculos por intermédio das quais o som foi invocado, usualmente em várias formas de canto, para produzir curas milagrosas. A ciência está, verdadeiramente, no umbral do descobrimento da “Palavra Perdida”.

O Corpo Vital é capaz de receber sons exteriores em forma de vibrações o que, se está em harmonia com a nota-chave arquetípica que enseja a nota-chave do Corpo Vital, fortalece os modelos etéricos construídos pelo Arquétipo e promove a saúde. Mas se pelo contrário, o som não se harmoniza com a nota-chave arquetípica, então tenderá a romper os modelos etéricos, podendo produzir a enfermidade, a doença e até a morte.

“Por esta razão, muito daquilo que é denominado ‘música moderna’ pode deixar os nervos em frangalhos”.

Contudo, a música moderna não é inteiramente má. Introduziu ritmos novos e surpreendentes que ensejam o efeito benéfico de destruir modelos antiquados de pensamento e emoção, e de afrouxar alguns, dos modelos cristalizados do Corpo Vital da Onda de Vida humana. Alguma destruição é necessária para que se dê um passo adiante na evolução, de modo a eliminar as condições cristalizantes. O processo de industrialização até metade do século XX trouxe muita depressão às vidas dos povos do mundo ocidental, e somente os violentos ritmos de jazz e outras excentricidades da música moderna puderam rompê-la. Para milhões de trabalhadores mergulhados na apatia e no desespero, os excitantes alaridos e os rugidos reverberantes da orquestra de jazz foram uma bênção, devolvendo-lhes uma renovada esperança e interesse pela vida. Mas, uma vez realizada a obra de despertar o ser humano do século XX da apatia, florescem condições no sentido de realizar-se algo construtivo. Isto se torna possível agora sob os albores da Era de Aquário, à perspectiva de um novo tipo de música.

De todos os órgãos dos cinco sentidos, o ouvido é o mais altamente desenvolvido. Depende de sua sensibilidade mais que qualquer outro órgão sensorial, porquanto a música tem o poder de conectar o Ego diretamente com a Região do Pensamento Concreto – a pátria da música – onde os Arquétipos de tudo o que existe são construídos por sons musicais. E, diga-se de passagem, o ouvido está longe de ser o maravilhoso instrumento que está destinado a ser algum dia. Por exemplo: “há cerca de 10.000 fibras de Corti[4] localizadas no ouvido interno, cada uma capaz de interpretar aproximadamente 25 gradações de tom em cada ouvido. Na presente época, o ouvido de uma pessoa normal não responde mais que de 3 a 10 das possíveis 250.000 gradações de tom. Assim, nos damos conta de que o sentido da audição se encontra na mesma condição do sentido da visão; existe uma possibilidade de ouvir-se inumeráveis sons, tal como de perceber-se muitas gradações de luz. Tempo virá, como aprendemos na Fraternidade Rosacruz, em que os sentidos da visão e audição não mais se localizarão em determinadas áreas, mas estarão distribuídos por todo o Corpo Denso: o ser humano verá e ouvirá com a totalidade do seu Corpo. Então, a visão e a audição se mesclarão em um só sentido, o qual poderá “ver o som” e “ouvir a cor”. Os sentidos do paladar e do olfato também se unificarão. Os dois novos sentidos se absorverão na faculdade da sensação que, por sua vez, se manifestará como conhecimento, e a laringe emitirá a ‘Palavra Criadora’”.

CAPÍTULO 3 – NOVAS RELEVAÇÕES

Foi mencionada em lições anteriores que não há diferença entre as ondas sonoras e as ondas luminosas. A diferença comumente reconhecida é a de que o som não se transmite através do vácuo e a luz sim. Portanto, na terminologia da ciência oculta falamos de um “Éter Luminoso interplanetário”, que é também evidentemente interestelar, pois existe onde quer que a luz viaje através do espaço. Outra diferença entre as ondas sonoras e luminosas é a classe de onda característica de cada uma, como vimos anteriormente. As ondas sonoras são “longitudinais”, ao passo que as luminosas são “transversais”[5].

As ondas luminosas irradiam-se em todas as direções, a partir de uma fonte luminosa, à velocidade de 300.000 quilômetros por segundo, o que é praticamente instantâneo, pelo que diz respeito ao olho humano sob condições ordinárias. Quando se acende uma lâmpada em um quarto escuro, todo o recinto se ilumina instantaneamente, ao que parece por causa da grande velocidade da luz. Com referência à luz que nos vem de estrelas longínquas, sabemos que em alguns casos ela demora muitos milhões de anos para chegar à Terra e ser percebida pelo olho humano. E quando contemplamos a estrela, ele pode ter deixado de existir há muito tempo. E se por algum meio ainda não descoberto pela ciência pudéssemos aumentar e estudar a imagem estelar tal como nos chega, veríamos condições, na estrela, tal como eram a milhões de anos atrás, quando a luz abandonou sua superfície para iniciar sua viagem através do espaço. No caso de supernova, por exemplo, a luz chegaria à Terra e continuaria viajando por milhões de quilômetros. E, como sugeriu um astrônomo, é possível que em algum mundo distante, para algum povo estranho e desconhecido, a Estrela de Belém fosse realmente uma supernova, o que seria uma explicação materialista a seu respeito. A Estrela Crística dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental é, isso sim, um fenômeno místico pertinente ao Sol Espiritual do nosso próprio Sistema Solar: não é considerada uma supernova. Astronomicamente falando, todavia, uma supernova pode também ter brilhado naquela noite, ou noites, quando a Estrela de Belém brilhou sobre nosso mundo. Um não exclui a outro.

Mencionamos as diferenças entre a luz e o som, mas existe uma estranha e notável similitude, como o sugere a Tabela das Vibrações do livro Conceito Rosacruz do Cosmos (Tabela das Vibrações – Cujos efeitos são reconhecidos e estudados pela Ciência – por William Crookes (1832-1919), químico e físico britânico):

Observe-se que, quando se duplica o número de vibrações surge uma oitava. A figura abaixo deixa isso mais claro:

Esta lei das oitavas governa os fenômenos sonoros assim como os luminosos, embora as duas classes de ondas sejam distintas. A lei das oitavas diz respeito não somente à luz visível, pertencente ao nosso espectro solar, como também à gama total dos fenômenos eletromagnéticos. As leis da ressonância indicam como as ondas podem, unidas, harmonizar e gerar energia. Também explicam como as ondas podem excluir outra que não esteja em harmonia. Os físicos esclarecem que as ondas longitudinais formam conchas esféricas que se alargam cada vez mais. Em cada concha o ar se rarefaz, enquanto nas conchas intermediárias se condensa. A distância do centro de uma condensação ao centro da seguinte condensação é denominada a longitude de onda dessa onda sonora. As ondas resultam de que quando uma onda sonora passa através do ar, faz com que as moléculas vibrem e se movem.

Tal como a luz, o som pode refletir-se, como o sabemos pelo eco: o reflexo múltiplo das ondas sonoras que produz a reverberação do som nos grandes auditórios.

Quando dois corpos têm a mesma frequência de vibração, ocorre o fenômeno da “vibração simpática”. Assim, quando um diapasão vibra, outro diapasão à curta distância responderá, se tem a mesma frequência vibratória do primeiro.

As vibrações simpáticas podem ser observadas em muitos lugares. Quando são tocadas algumas notas em um piano, pequenos objetos da casa podem começar a vibrar. A ruptura de um recipiente contendo líquido no seu interior ao tocar-se uma nota, também pertence aos fenômenos da vibração simpática.

As ondas sonoras podem ser reforçadas por ondas refletidas: é um fenômeno chamado ressonância.

Estes fenômenos do som e da luz são todos físicos; não são etéricos. A ciência oculta, não obstante, observou, faz muito tempo, que nos planos internos, começando com a Região Etérica do Mundo Físico, as assim chamadas leis físicas da luz e do som têm um desenvolvimento correlato para a qual os aspectos físicos têm uma relação de sombra ou coisa análoga.

O tom musical depende da regularidade de uma vibração, enquanto o ouvido humano chama de “ruído” a uma vibração sonora irregular. Explica-se nos livros que “os corpos que vibram em uma faixa regular têm uma frequência definida e produzem tons musicais. Os corpos que não vibram em uma faixa regular produzem ruídos”. Já explicamos que quando um tom apresenta uma frequência vibratória correspondente ao dobro da frequência de outro tom, constitui uma oitava desse tom. Isto é, encontra-se a uma oitava acima dele. Os tons maiores e os menores são vibrações dentro da oitava.

Todos estes fenômenos sonoros têm lugar em um ambiente material tal como o ar, a água, etc. As vibrações luminosas, porém, são independentes destes meios, ainda que possam ser afetadas por eles. O vapor d’água no ar, por exemplo, empanará a imagem de uma estrela.

Com o objetivo de colocar à disposição do Estudante Rosacruz uma orientação no estudo da luz e do som, mencionamos o seguinte:

Existem quatro teorias principais sobre a natureza da luz. Todas encontram-se, contudo, em processo de comprovação e novas definições podem ser propostas de tempos em tempos, para consolidá-las. O ocultista, portanto, não deve abandonar as teorias ocultas da luz e do som, simplesmente porque a ciência do presente dia não está de acordo em todos os casos com os ensinamentos esotéricos. Algumas vezes nota-se discrepâncias referentes à terminologia e a ciência se contradisse a si mesma em muitos casos e pode fazê-lo novamente…

1. Teoria Corpuscular: segundo Newton, a luz é uma corrente de partículas ou corpúsculos emanados de um corpo luminoso em todas as direções.

2. Teoria das Ondas: a similaridade entre a luz e o som foi explicada por Huygens sob a premissa de que a luz consiste em ondas etéreas que partem da fonte luminosa como as ondas que se formam ao redor de uma pedra que se deixa cair na água. As ondas luminosas são transversais, enquanto as sonoras são longitudinais.

3. Teoria Eletromagnética: Maxwell tratou de explicar a gênese da luz por meio de sua teoria eletromagnética. Demonstrou que quando uma carga elétrica é posta em vibração, emite ondas transversais em todas as direções. Denominou-as de “ondas eletromagnéticas”. Todas, sem ter em conta a longitude da onda, viajam à mesma velocidade: 300.000 quilômetros por segundo. A luz visível do nosso Sol pertence a estas ondas eletromagnéticas.

4. Teoria do Quantum: esta é mais recente, e amplamente sustentada. Afirma que “a luz é emitida pelos átomos de um corpo luminoso em conjuntos de energia separados que se chamam quanta ou fótons. Estes fótons assemelham-se aos corpúsculos da teoria de Newton em alguma extensão, mas em lugar de serem partículas de matéria são conjuntos de energia. Todos os fótons viajam à mesma velocidade, mas podem conter diferentes quantidades de energia. A energia constante de um fóton determina sua cor. Com a finalidade de explicar alguns fenômenos luminosos, tais como a interferência, é necessária supor que todo fóton é acompanhado, de alguma forma, de uma onda que determina sua conduta.

Todas estas quatro teorias sobre a luz são úteis, mas não se harmonizam inteiramente.

A despeito destas leis físicas que regem a luz e o som, as ciências chamadas extrassensoriais afirmam que o som pode ser ouvido por meios não físicos a qualquer distância, e que esta não parece fazer diferença com respeito ao som percebido clariaudientemente. A mesma coisa é certa com respeito à visão da luz, chamada Clarividência.

Note-se também que a ultrassônica ou supersônica não pertence necessariamente aos reinos etéricos. Constituem sons físicos, além do campo auditivo humano, mas podem ser captados por meio de instrumentos físicos.

O som etérico, como é conhecido da ciência oculta, é som originário do plano etérico. E se bem os Éteres são parte do Mundo Físico e, portanto, em certo grau sujeitos a todas as leis físicas conhecidas da ciência moderna, existem sutis diferenças. O assim chamado “quarto estado da matéria”, tecnicamente denominado “plasma” é também físico, e não etérico. O “quarto estado da matéria” do ocultista é também diferente deste. Porém, é nestas regiões onde a ciência física hoje se aproxima do domínio oculto. E dentro de poucas décadas, poderemos ver a ciência física irrompendo no mundo dos Éteres.

CAPÍTULO 4 – OS NÚMEROS E O RITMO DO UNIVERSO: LEI DE BODE

Uma das maravilhas do universo é a forma misteriosa com que os números se ajustam em padrões ou classificações, por motivos que os matemáticos desconhecem. Nada pode afirmar porque os números atuam dessa maneira. É simplesmente um fato que assim o fazem.

Século após século, os matemáticos continuam descobrindo novos jogos que os números podem fazer e aprendem a usar estes jogos numéricos para explicarem as Leis da Natureza e do universo, que parecem manter alguma estranha correlação com eles.

H. D. F. Kitto[6] escreve (no livro “Os Gregos”): “Sucede que eu mesmo posso agir pessoalmente e por um momento estava capacitado para fazer isto (isto é, imaginar o impacto do descobrimento matemático sobre uma Mente arejada) por uma investigação matemática levada a efeito por mim, certa vez, e que me provocou insônia.

Ocorreu-me perguntar-me qual era a diferença entre o quadrado de um número e o produto de seus vizinhos ao lado: 10 x 10 é igual a 100, e 11 x 9 é igual a 99: um número a menos. Era interessante constatar que a diferença entre 6 x 6 e 7 x 5 era exatamente a mesma. E com crescente interesse descobri e provei algebricamente a lei de que este produto deve ser sempre um menos que o quadrado. O passo seguinte foi considerar a conduta do vizinho do lado, mas só de um. E foi com grande satisfação que revelei a mim mesmo todo um sistema de conduta numérica acerca da qual meus professores de matemática deixaram-me em completa ignorância (alegro-me em dizê-lo). Meu espanto aumentou quando resolvi as séries de 10 x 10 = 100, 9 x 11=99, 8 x 12=96, 7 x 13= 91… e constatei que as diferenças eram sucessivamente 1, 3, 5, 7, a série de números ímpares. Maravilhado fiquei ao descobrir que, subtraindo cada produto sucessivo de 100, produz-se a série 1, 4, 9, 16”.

“Eles nunca me disseram, e eu jamais suspeitara que os números fizessem estes formosos jogos, um com o outro, de eternidade a eternidade, independentemente (aparentemente) do tempo, do espaço e da Mente humana.

Foi um vislumbre impressionante de um universo novo e perfeito. Então supus o que sentiram os pitagóricos quando fizeram estes mesmos descobrimentos. A verdade última e simples que os jônios estavam tratando de descobrir em algo físico, era realmente o número. Disse Heráclito[7] que tudo está sempre mudando? Aqui há coisas que não mudam, entidades eternas, livres da carne que se corrompe, independente dos sentidos imperfeitos, perfeitamente concebíveis à Mente. Mais ainda: posto que o número foi concebido especialmente, estas entidades matemáticas tinham uma qualidade que os gregos denominavam de qualquer coisa perfeita: eram simétricas, sendo o Logos (ideia) existente nela, um padrão”.

As “Tábuas de Pitágoras”[8], consideradas reverentemente como algo milagroso pelo mundo antigo, eram simplesmente o que agora chamamos de tábuas de multiplicação (tabuada). A geometria escolar, hoje considerada algo simples, e casual, comoveu a gente grega.

Há, também, a lei de vibração musical, a que Pitágoras descobriu para o mundo ocidental. Segundo ela, quando se duplica um certo número de vibrações, produz-se um som que é a oitava do primeiro som. E uma coisa bem curiosa, algo similar, pode ser encontrada na astronomia. Os metafísicos e os ocultistas, geralmente, consideram-se um exemplo da maneira com que o número governa a criação e todos os fenômenos materiais. Sabemos dos “números mágicos” da física nuclear e de que os átomos que têm certos números definidos de cargas no núcleo, constituem os mais estáveis, sendo estes os átomos fundamentais do universo natural.

Na astronomia foi descoberta uma lei chamada Lei de Bode, que novamente exemplifica a Lei dos Números e seu concomitante de vibração (Os físicos modernos falam comumente de “frequências vibratórias” ou, simplesmente, de “frequências”. Mas estas “frequências”, todavia, referem-se à vibração, ou formas de vibração, no sentido mais antigo do tempo).

A Lei de Bode[9] em astronomia não é mais que uma lei de números, uma lei das relações numéricas que existem entre os Planetas e o Sol do nosso Sistema Solar, pela qual as distâncias entre os Planetas e o Sol ocorrem segundo uma progressão numérica definida. Max Heindel comenta a Lei de Bode no livro “Astrologia Científica e Simplificada”, cuja leitura recomendamos aos Estudantes Rosacruzes. Ele afirma: “A lei é esta: se escrevemos uma série de quatro números, adicionando 3 ao segundo, 6 ao terceiro, 12 ao quarto, etc., duplicando a quantidade somada cada vez, a resultante série de números constitui uma aproximação acentuada das distâncias relativas entre os Planetas e o Sol, com exceção de Netuno”. No lugar deste poderíamos colocar Plutão, que não havia sido descoberto no tempo de Max Heindel, porém, situa-se no lugar correto segundo a Lei de Bode. Plutão, com efeito, encontra-se no lugar em que, segundo a Lei de Bode, deveria estar Netuno, estando este ao redor de 12 milhões de quilômetros do Sol.

Não existe razão conhecida do “porquê” na música, duplicando as vibrações produz-se um tom que, para o sentido humano é a oitava do som repetido ou duplicado. Não existe razão alguma do porquê duplicando o número somado a quatro (o número 4 mesmo é igualmente inexplicável) devem produzir-se os números indicativos das distâncias relativas entre os Planetas e o Sol e um do outro. Isto é o que encontramos e o ocultista considera-o como outro exemplo da Lei de Vibrações que pertence a esse tom universal, ou som da Palavra Cósmica, que ao ser emitido dá existência à criação, mantendo o universo mediante suas harmonias.

A seguinte representação da Lei de Bode completa a explicação de Max Heindel em “Astrologia Científica Simplificada”:

Mercúrio……………4

Vênus………………..(4-3)

Terra………………….(4-6)

Marte…………………(4-12)

Asteroides…………..(4-24)

Júpiter…………………(4-48)

Saturno………………..(4-96)

Urano…………………..(4-192)

Netuno…………………(4-384)

Se dividimos a série anterior por 10, obtemos como convencionando a distância da Terra ao Sol, e os outros Planetas em termos da distância da Terra ao Sol: perto de 149.668.992 de quilômetros.

Note, também, que está indicado os números relativos da Lei de Bode, com Netuno ocorrendo com 38,8, se bem sua distância real esteja representada pelo número 30. Agora colocamos Plutão na lista, abaixo de Netuno, e encontramos o número “real” de Plutão: 39,5, que é unicamente subtraído ao número de Netuno, conforme a Lei de Bode.

O cientista analisa os fatos da ciência, contudo o filósofo da ciência pondera acerca destes fatos e os interpreta em termos da verdade, da consciência ou da Religião, ou de qualquer outra coisa que lhe agrade. Todo ser humano pensante é, portanto, um filósofo da ciência, e muitos dos grandes descobrimentos no domínio da lei científica chegaram a produzir-se mediante a filosofia dos leigos.

Não podemos então filosofar nesse assunto da Lei de Bode e da deslocação do Planeta Netuno? Os números são os indicadores da ação das grandes Leis da Vibração. O padrão tonal do nosso Sistema Solar implica em que um corpo cósmico exista no campo entre Marte e Júpiter, e no ponto onde Plutão tem sua órbita.

Rudolf Thiel[10], escritor alemão versado em astronomia, conta a história de como a Lei de Bode mereceu aprovação com o descobrimento do asteroide Ceres, o primeiro asteroide descoberto, no ano de 1801. No ano seguinte foi descoberto Palas, logo após Juno e, posteriormente, Vesta. Dois mil (2.000) asteroides foram registrados desde essa época, mas o número daqueles ainda não descobertos é estimado por alguns astrônomos como sendo mais de 50.000.

Os astrônomos e os leigos perguntaram-se se talvez tenha havido um Planeta certa vez em uma órbita entre Marte e Júpiter, e ao explodir deixou estes fragmentos. Outros opinam que se trata de fragmentos de Luas que giraram em redor de outros Planetas: de Mercúrio e Vênus, de Marte e Júpiter, e ainda de Saturno. Também se julga que talvez alguns dos cometas e meteoros que pertencem ao nosso Sistema Solar são fragmentos de Planetas que explodiram no espaço cósmico e logo retornaram. O cometa de Enke, com uma evolução orbital de somente 3 1/3 de anos, cai dentro da órbita de Mercúrio, entre Mercúrio e o Sol, sendo denominado de “Vulcano” por alguns antigos astrônomos, enquanto outros afirmam que o misterioso Vulcano nunca foi um Planeta, mas sim em realidade o Sol Interior. O asteroide Hermes viaja muito próximo à Terra, quase junto à Lua. E temia-se há poucos anos, que o asteroide Eros passasse raspando a Terra. Contudo, passou a grande distância e não houve incidentes. O cometa Halley mantém um ciclo de aproximadamente 76 anos, viajando fora da órbita de Netuno, entre Netuno e Plutão, e regressando novamente ao Sol.

Puderam Pitágoras e seus colaboradores conjeturar sobre um lugar vazio no esquema solar, especulando sobre um Planeta desintegrado ou perdido? É inquestionável que eles estabeleceram dados para os corpos celestes, porque calcularam o tamanho e a distância do Sol e da Lua, a partir da Terra. Houve, porém, um erro considerável em seus cálculos. Talvez o mito dos “Anjos caídos” provenha da memória de alguma catástrofe cósmica relativa ao Planeta que explodiu entre Júpiter e Marte, porque tal explosão deve ter abalado todo o Sistema Solar. A Terra, por exemplo, pode ter trepidado em seu eixo, dando origem ao mito grego de Faeton, quem, segundo se diz, conduzia o carro do Sol, mas perdeu o controle de seus cavalos. Assim, o Sol passou a dançar aqui e ali, acima e abaixo, no firmamento.

Os Sete Espíritos Planetários foram conhecidos pelos gregos como os sete titãs. E há uma lenda da guerra dos titãs com Urano, cujo nome significa céu.

CAPÍTULO 5 – A ASTRONOMIA ENTOA UMA NOVA CANÇÃO

Não é necessário discutir aqui, minuciosamente, as teorias dos antigos mestres das Escolas de Mistérios da Grécia: Pitágoras, Platão e seus sucessores. É interessante, porém, observar que os antigos videntes e astrônomos reconheceram a existência de um centro espiritual ígneo ao redor do qual o Sistema Solar parecia dar voltas: um “Sol Central” ou “Fogo Central”, que não era o Sol. E a revolução em torno deste Fogo Central era a causa, segundo eles, da Precessão dos Equinócios[11].

O Grande Ano Platônico não estava longe do Grande Ano Sideral[12] da moderna Astronomia. E é evidente que o Fogo Central de Platão deve estar relacionado com o círculo imaginário descrito no céu, no Polo Norte, pela rotação do eixo terrestre, porque todas as estrelas, assim como o Sol, a Lua e os Planetas, giram em círculos ao redor do Polo (mas existe outra possibilidade como veremos). Pitágoras algumas vezes chamou a isto uma “Contra-Terra”, mais que “Contra-Sol”, por causa, evidentemente de sua associação com as condições terráqueas. Existe um número específico de estrelas ao redor do Polo Norte celeste, para o qual o Polo Terrestre aponta no curso do Grande Ano Sideral. Existem também tempos, no curso deste Grande Ano, nos quais o Polo não aponta uma estrela, senão um espaço entre as estrelas. Quando o Polo aponta uma estrela específica, é compreensível que essa estrela parece ser uma “Contra-Estrela”. Quando, porém, o Polo aponta para o espaço, os antigos, naturalmente imaginaram a hipótese de uma “Terra Invisível”, ou “Contra-Terra”, ao redor da qual o Polo girava durante o Grande Ano.

Os romanos adotaram a Astronomia e a filosofia gregas, assim como a arte e a literatura da Grécia. E entre os sábios romanos, assim desenvolvidos, esteve Cipião, o Jovem, de quem Cícero[13] conta uma história interessante.

Este Cipião sonha que ascende à Via Láctea, donde ouve majestosa harmonia fluir através do espaço, e pergunta a seu avô, Cipião, o Velho, que mora ali como espírito entre outros espíritos bem-aventurados: “Que é este grande e agradável som que enche meus ouvidos?” O avô responde: é a harmonia dos acordes que representam os intervalos dos tons emitidos pelos Planetas e que são produzidos pelos movimentos das esferas em suas órbitas. A esfera mais exterior, Saturno, emite a nota mais alta, devido a que se move mais rapidamente em sua larga trajetória.

A Lua emite a mais baixa (mas outros antigos escritores invertem isto, afirmando que a Lua emite a mais alta nota e Saturno a mais baixa da escala solar. E Milton concorda com este último ponto-de-vista).

Segundo o sistema de Ptolomeu[14] – que se referia a Aristóteles principalmente – cada Planeta era levado ao redor dos céus em uma esfera invisível, e o Arcanjo ou Poder Celestial do Planeta residia na esfera. Uma esfera se acomodava dentro da outra: a de Saturno sendo a mais externa, e a esfera das estrelas fixas mais além da de Saturno. O Arcanjo ou “Deus da esfera” conduzia o Planeta pelos céus como uma lâmpada. Havia alguns homens, todavia, mesmo nos tempos antigos, que sustentavam a ideia de que os Planetas se moviam ao redor do Sol, e que cada corpo planetário individual, tal como se contemplava no espaço, era a indicação externa de um Espírito ou Deus Arcangélico. Este ponto-de-vista, por suposto, chegou a prevalecer, já que o sistema de esferas de Ptolomeu foi gradualmente abandonado junto com seu conceito geocêntrico. O que sucede aqui, é que os filósofos construíram uma filosofia sobre a Astronomia de Ptolomeu, e essa por sua vez, converteu-se em base da Religião.

Ainda hoje, a Religião moderna está procurando conformar-se com a nova Astronomia de nosso próprio tempo, e com toda propriedade, porque é correto hoje, como sempre foi, que o ser humano, em certos sentidos, cria seus próprios deuses, à sua própria imagem. Daí que os gregos dissessem que o “Homem é a medida do Universo”.

Portanto, quando a Astronomia Ptolomaica (geocêntrica) encontrava aceitação acreditava-se que a Música das Esferas provinha da grande esfera invisível ou de cristal que conduzia a cada Planeta, e na qual, verdadeiramente, residia o Espírito Arcangélico. Os místicos diziam que a música era o canto do Espírito, e não o som produzido pelo Planeta em revolução. Com a Astronomia heliocêntrica (o Sol no centro), chegou a ser dominante a ideia de que o Planeta mesmo emitia os sons, e que o Planeta era o corpo de um deus ou Arcanjo. Estas ideias eram as interpretações dos fenômenos científicos, oferecidas pelos místicos, os videntes e os filósofos.

Agora estamos em posição de observar porque Max Heindel afirmou que desde o ponto-de-vista do Mundo do Desejo o sistema Ptolomaico conservava pontos de valor. O ser humano é, todavia, em sua consciência, grandemente geocêntrico. Desde o ponto-de-vista do mundo da alma, que vê o Universo em seu aspecto espiritual interno, aquele é um complexo de seres viventes, e o canto destes seres, coletivamente falando, constituiu a palavra de Deus, o Verbo, que cantando produz a criação a partir do caos primordial e que o sustêm no processo da evolução.

A evolução é um cântico contínuo de Deus. Esta canção cósmica, afirma Max Heindel, modela ou agrega a Substância Raiz Cósmica em formas e figuras, semelhantemente como as vibrações musicais modelam figuras na areia, segundo as experiências de Figura de    [15].

Na meditação sobre o som cósmico ou Verbo, tal como incorporado nestes Arcanjos cantantes, a “esfera” da que se pensa que se estende pelo espaço interno dentro da órbita da revolução do Planeta, converte-se em “aura” do Espírito Planetário e simboliza um estado de consciência cósmica. Cada uma das esferas encerra e interpenetra a seguinte esfera menor, e todas se aninham dentro da esfera de estrelas fixas, que por sua vez se acomoda na Esfera do Espaço, Mente Primordial, que é a inteligência ordenadora e governadora de todas as esferas. Mais além encontra-se o Uno que é incompreensível e abarca tudo.

As nove esferas cósmicas do Sistema Ptolomaico davam voltas ao redor da Terra, considerada “a pedra fundamental do Universo”. A ordem dos Planetas era contada a partir da Terra, assim: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno, seguido, como dissemos, pela esfera de estrelas fixas, encerradas no Primum Mobile ou Mente Primordial, culminando na Inefável Unidade.

Estas esferas estão acomodadas, uma dentro da outra, com a Terra no centro, e cada uma é governada por um “Deus”, ou Arcanjo, que faz a esfera dar voltas, conduzindo o Planeta ao redor de si mesmo, em sua órbita. Cada invisível esfera é a “aura” de influência do Arcanjo, do qual o Planeta visível é um representante ante os sentidos da Humanidade, uma espécie de sinal, por assim dizer, ensejado pelo Espírito Planetário. O Planeta é assim, um símbolo do Arcanjo. Este é o conceito que os antigos místicos usaram como base das meditações Astronômicas, por meio das quais desejavam alcançar uma visão cósmica.

A meditação sobre e nestas esferas, em muitos casos, abriu a Mente a uma revelação do Espírito Arcangélico do Planeta, que está, por suposto, presente em todas as partes do espaço mental:

• Miguel para o Sol,

• Rafael para Mercúrio,

• Anael para Vênus,

• Gabriel para a Lua,

• Samael para Marte,

• Zacariel para Júpiter,

• Cassiel para Saturno;

• Ituriel para Urano.

Há outros nomes também para o Arcanjo que incluía em sua consciência uma grande Hierarquia de Anjos. É bom recordar que estes nomes de Arcanjos, que nos parecem hebreus, eram familiares a todo o império persa ao oeste do Eufrates, onde o aramaico (língua falada por Jesus) era o idioma comercial e oficial.

No sistema heliocêntrico, cada Planeta é fisicamente um Arcanjo encarnado, voando ao redor dos céus, no espaço exterior, enquanto sua aura se estende em torno de cada Planeta separadamente, no espaço interno. Os ocultistas dizem que a aura astral dos Planetas Vênus e Marte se entremesclam com aura da Terra, porque estes dois Planetas são nossos vizinhos mais próximos, com exceção da Lua, que é nosso satélite e parte de nós mesmos. A entremescla das auras de Vênus e Marte, indica um laço evolutivo muito próximo entre os três Planetas. No sistema Ptolomaico as duas esferas mais próximas, depois da Lua, eram Mercúrio e Vênus.

Podemos expressar a relação da Terra com Marte e Vênus de outra forma, dizendo que os Corpos de Desejos destes Planetas mesclam-se, uns com os outros, exatamente como quando três seres humanos estão separados, uns dos outros, por poucos centímetros: suas auras se mesclam e todos tendem a reagir ao estado emocional de qualquer deles. Podemos também notar que no espaço mental todas as esferas planetárias se entremesclam com referência a seus Corpos Mentais ou auras mentais, sugerindo que o contato telepático pode ser estabelecido com outros Planetas, muito tempo antes de que seja possível viajar até eles, seja em Corpo-Alma, seja em Corpo Denso.

Shakespeare expressa tal estudo do sistema heliocêntrico quando diz: “Não existe a menor orbe que tu contemples, que em seu movimento como um Anjo não cante, imitando os Querubins de olhos brilhantes. Mas, enquanto essa lodosa vestimenta de podridão a encerre, não poderemos ouvir a canção”.

E assim também, em palavras que Shakespeare deve ter lido, Cipião, o Velho, explicou a seu neto que “os ouvidos dos mortais estão cheios deste som, mas são incapazes de ouvi-lo”. E Macrobius escreveu: “Não captamos o som da música que surge do constante redemoinho das esferas, devido a que é demasiado grande para introduzir-se no estreito espaço de nossos ouvidos”.

CAPÍTULO 6 – KEPLER, O MÍSTICO ASTRÓLOGO ASTRÔNOMO

Kepler[16] foi um verdadeiro místico. Afortunadamente viveu em uma época em que, ainda, era possível a um cientista proclamar seu misticismo abertamente, sem sacrificar seu prestígio. Afirmou ter ouvido a Música das Esferas e declarou que estava recebendo iluminação divina em seu trabalho científico. “A geometria é única e eterna.”, dizia, “um reflexo do Espírito Divino”.

Um dia subitamente inspirado, escreveu o seguinte: “Colocai o cubo entre Saturno e Júpiter. O cubo limitará a órbita de Júpiter. Colocai o tetraedro entre Júpiter e Marte: limitará a órbita do último. Colocai o dodecaedro entre Marte e a Terra. O dodecaedro limitará a órbita da Terra. Colocai o icosaedro entre a Terra e Vênus. Ele limitará a órbita de Vênus. Colocai o octaedro entre Vênus e Mercúrio. O octaedro limitará a órbita de Mercúrio”.

Estas figuras geométricas são os cinco sólidos básicos da teoria pitagórica. A situação apresentada por Kepler indica uma correlação com a ordem dos Planetas do sistema heliocêntrico, que Copérnico[17] havia redescoberto menos de um século antes.

Mais tarde escreveu: “Comecei esta investigação para meu particular regozijo. Sou tentado a gritar: Apartai-vos de mim, porque sou um pecador! Mas daqui por diante interessar-me-ei unicamente por Sua Glória, porque nós, os astrônomos, somos também os profetas de Deus, através do Livro da Natureza.” (Similarmente, um antigo texto afirma ter Abrão aprendido a Lei de Deus por meio da astronomia).

Ao formular suas três leis, Kepler[18], como Copérnico, usou sua imaginação. Copérnico visualizou o Sistema Solar centralizado no Sol, contudo julgava que as órbitas dos Planetas constituíssem círculos. Kepler, um místico cientista da maior envergadura, elaborou a tarefa de descrever as três grandes leis do movimento planetário, indicando que suas órbitas formavam elipses e não círculos.

Ele contemplou mentalmente o Sistema Solar desde um ponto situado em uma estrela distante, observando a Terra em movimento ao redor do Sol. Deduziu matematicamente que seus movimentos deviam constituir órbitas elípticas.

Comprovou sua primeira visão intelectual, colocando-se mentalmente a si mesmo no espaço. Logo procurou demonstrar matematicamente que a verdade não podia ser outra, a não ser a evidenciada do modo pelo que contemplou. Assim, ele era antes de tudo um matemático. Suas visões caminhavam de mãos dadas com a compreensão matemática, em uma forma impossível de ser percebida pelo não matemático. E ainda mais: não foram somente as matemáticas que revelaram a Kepler as três leis. Encontrava-se presente uma certa clarividência intelectual. Posteriores observações como telescópio demonstraram a correção tanto de suas visualizações como de seus cálculos.

O fato de que suas elipses (ovais) tivessem dois focos, em vez de um, lhe perturbou a Mente por muito tempo. Viu-se forçado a aceitá-lo ante as evidências, mas nunca encontrou uma explicação. Por que devia haver um segundo foco, um lugar vazio, além do foco ocupado pelo Sol, ao redor do qual giravam os Planetas? Kepler mostrava-se relutante em aceitar o conceito grego do círculo perfeito, com um foco em um ponto central, porém, não divisou outro caminho, pois foi conduzido em uma nova direção.

Ao considerar a luta de Kepler por compreender o porquê dos dois focos de suas elipses planetárias, o Estudante Rosacruz recorda novamente a “contra-Terra” pitagórica, que os pitagóricos diziam ser a causa da Precessão dos Equinócios. A astronomia moderna sustenta que o efeito gravitacional da Lua faz com que a Terra gire em torno de seu eixo. Isto, por sua vez, produz a Precessão dos Equinócios. Mas, os pitagóricos (e os platônicos também) evidentemente não incluíam a Lua. Assim é que talvez eles realmente suspeitassem de que uma ou mais órbitas planetárias – provavelmente a da Terra – não era circular, mas elíptica e de que o Planeta girava ao redor de dois focos em lugar de um só.

Os escritores não esclarecem, ao comentarem os fragmentos pitagóricos, se Pitágoras escreveu acerca de uma anti-Terra ou de um anti-Sol. Não obstante, qualquer deles seria, talvez, um esforço para explicar um dos dois focos de uma órbita planetária elíptica.

Acreditou Kepler na Astrologia? Ele chegou gradualmente a abandonar a crença na influência do Zodíaco, mas continuou a aceitar a ideia de que os Aspectos astrológicos exerciam alguma influência sobre a Terra e o ser humano. “Observai”, escreveu, “se, hoje os Planetas estão a 89 graus um do outro, nada acontecerá no ar. Mas amanhã, quando alcançarem os 90 graus completos, levantar-se-á uma súbita tempestade. O efeito, portanto, não provêm de um único Astro, senão de um ângulo, do segmento harmônico do círculo”. A astronomia de nosso próprio tempo redescobriu estes mesmos Aspectos e indicou sua conexão com as radiações, as manchas solares e ainda com os terremotos. É somente questão de tempo: os cientistas estudarão os horóscopos dos indivíduos.

Kepler dizia que a alma humana recebia, ao nascer, emanações planetárias, porque levava em si mesma as harmonias subjacentes: reagia indistintamente a proporções geométricas e continuava respondendo às mesmas durante toda a vida. Afirmou também: “Deus fez a música durante a Criação; também ensinou a Natureza a tocar: em verdade, ela repete o que Ele ensinou”. Tão complicada era a filosofia de Kepler acerca da música cósmica, que Rudolf Thiel comentou: “Comparada com o sistema de Kepler, a pitagórica música das esferas era como que uma lira contra toda uma orquestra”.

Kepler descobriu que os Aspectos astrológicos estavam relacionados com o número total de degraus de um círculo (não elipse) na proporção de 1:2, 2:3, 3:4, 4:5, 5:6, 3:5, 5:8. Levou a ideia mais adiante dizendo que “se mudarmos a forma do círculo, convertendo-o em uma corda de violino, os ângulos astrológicos correspondem às diferentes longitudes da corda que produzia a harmonia”. Seguramente os pitagóricos devem ter descoberto algo parecido em seu tempo, ainda que não tenha chegado até nós. Acreditou-se por longo tempo que o vidro branco transparente era desconhecido no tempo dos romanos. Porém, as recentes descobertas arqueológicas indicam o contrário: os romanos podem ter conhecido tal vidro. No entanto, toda a evidência disto perdeu-se com a queda da cultura greco-romana. A fórmula teve de ser redescoberta nos séculos recentes. A mesma coisa é certa acerca dos complicados relógios astronômicos. Sabe-se que foram inventados pelos gregos, pois um deles foi retirado do fundo do Mediterrâneo, de um barco naufragado. Antes, cria-se que os gregos eram demasiado filósofos, demasiado artistas, excessivamente refinados, para inventar um engenho desse tipo.

Kepler estava certo da existência de uma base harmônica para todas as atividades do Sistema Solar. E enumerou uma relação matemática entre as distâncias dos Planetas entre si, e de cada um deles com relação ao Sol, e suas velocidades. Esta relação se expressa na regra segundo a qual “os cubos das distâncias médias de qualquer par de Planetas com relação ao Sol, são os quadrados de seus tempos periódicos de revolução”. Descobriu isto como se fosse por um acidente divinamente ordenado, no curso de experiências, de provas e erros. Avançou com cada prova em ordem meticulosa até a correta conclusão, como muitos grandes descobrimentos científicos foram realizados. Tal aconteceu como se em realidade alguém estivesse guiando o cientista na série de acidentes que devem conduzir inevitavelmente à meta.

Hoje em dia vivemos na época da radioastronomia. “Ouvidos gigantes” são construídos para captar as mensagens que percorrem o espaço, procedentes de todas as estrelas, Planetas, satélites, meteoros, galáxias, nebulosas e, também, dos gases, especialmente hidrogênio – a substância mais abundante no espaço interestelar. O canto do hidrogênio provém do espaço, mas também dos corpos celestes. Sua cor é o vermelho, esse vermelho descrito por Max Heindel como a tonalidade primária, o “calor” existente na longínqua aurora do nosso Sistema Solar, no que conhecemos como Período de Saturno e sua recapitulação no Período Terrestre. Ali existia “calor”, “vermelho”, e o “canto do hidrogênio”.

Não é, entretanto, uma música possível de ser ouvida com o ouvido astronômico, mas somente o zumbido e o murmúrio das grandes máquinas que transmitem os sussurros do espaço. Não são as estrelas que ouvimos cantar, senão as máquinas murmurando suas respostas ao som das asas cósmicas. Mas temos ouvido suficiente para saber que os antigos estavam certos ao sentirem uma mística simpatia pela Via Láctea onde, diziam, moravam os deuses em seus palácios, e onde Cipião falou com seu avô – ali morando com os deuses em celestial bem-aventurança – e ouviu uma música divina soando ao seu redor.

A Via Láctea é nossa própria galáxia (a que pertence nosso Sistema Solar, um diminuto Sistema). E quando, da Terra, o ser humano contempla a constelação de Sagitário, à noite, olha na direção de algum grande centro invisível dos abismos do espaço, ao redor do qual nossa própria galáxia gira. Ali mora o Deus da galáxia, mesmo que não se possa dizer se sob a forma de um Fogo Central ou de um Poder Invisível em uma nuvem. Sabemos unicamente que as estrelas de Sagitário pendem como uma cortina entre nós e essa distante e oculta Glória, esse Shekinah do profundo e secreto lugar no coração do universo, ao qual a Mente se volta e o Coração exclama: “Quem és Tu, Senhor?”.

CAPÍTULO 7 – O SER HUMANO, CÂNTICO DE DEUS

Outra noite eu vi a eternidade

Como um grande anel de Luz pura e sem fim.

Entretanto ela brilhava calmamente

E sob ela, o Tempo em horas, dias e anos,

Conduzido pelas esferas,

Movia-se como uma vasta sombra,

Na qual o mundo

E todo seu cortejo eram lançados.

Henry Vaughn

No princípio era o Verbo[19], escreveu o apóstolo amado, S. João. E a ciência oculta está de acordo em que “tanto o universo como o ser humano foram criados pelo som”. Afinal, pelo universo inteiro soa um tríplice cântico, o cântico do Absoluto. O cântico é uno, mas possui três aspectos:

-Poder ou harmonia

-Verbo ou melodia e

– Movimento ou ritmo.

Este cântico universal é literalmente energia primordial por meio da qual Ele se manifesta. É verdadeiramente uma música, ainda que a sensibilidade humana, todavia, não seja tal a ponto dela ser ouvida fisicamente. Mas, ouvindo ou não, o ser humano em verdade se move, vive e tem seu ser em um universo de harmonia tonal.

Os físicos modernos afirmam que a ideia grega da harmonia das esferas – ainda os mistérios orquestrais de Kepler – foi posta fora de época pela infinita complexidade do universo, como se mostra aos astrônomos hoje em dia. Não há esquema musical conhecido do ser humano que possa harmonizar essa complexidade, disse o astrofísico. Talvez seja parte desta complexidade o que produziu a música excêntrica e sem melodia, hoje proeminente. Mas a tudo isso o ocultista responde que a Era de Aquário aprenderá primeiro a discernir, logo a compreender e, finalmente, a amar uma Nova Música do Universo. Sabemos que muitas pessoas musicalmente incultas são incapazes de apreciar a música erudita[20]: para seus ouvidos é “ruído”. Similarmente, a música cósmica, que é mais que a música das esferas do nosso Sistema Solar ou de nossa galáxia, deve ser aprendida por um novo tipo de seres humanos.

Afinal, o maravilhoso coro cósmico, estando além da capacidade perceptiva do ser humano é reduzido a potências menores pelo Logos do nosso Sistema Solar, que é seu Criador, e se mostra a conhecer a essa Terra como: Vontade (Melodia), Sabedoria (Harmonia) e Atividade (Ritmo). Assim, ouvir a música das esferas é uma experiência iniciatória transcendental para o espiritualmente iluminado. Assim como os tons celestiais são registrados por ouvidos bem-aventurados que ouvem, assim também olhos bem-aventurados registram um arco-íris de cores acompanhando esses tons. Platão esteve entre os iluminados que escutaram e contemplaram essas glórias supremas. São descritas com entendimento iniciático por Shakespeare. S. João refere-se a elas repetidamente ao relatar a Revelação[21].

Posto que o Fiat Criador do Absoluto, pleno de tons poderosos, é tríplice por natureza, os números um, dois e três são a base de toda manifestação. A Teologia Cristã se refere a esse tríplice poder sob a forma da Santíssima Trindade, e ensina corretamente que todas as coisas visíveis e invisíveis vêm à manifestação procedendo d’Ele.

Como estudamos no livro “A Música: a Nota-chave da Evolução Humana”, de Corinne Heline: “Todas as criações do Sistema Solar se formam por meio de emanações tonais das doze Hierarquias Criadoras. A base alquímica de todas as coisas é o Fogo e a Água, em conjunção com seus elementos complementares de Terra e Ar. Esses compõem a sinfonia zodiacal onde ressoa o coro celeste no supremo cântico: e o Espírito de Deus (Fogo) se movia sobre a face das águas (Água). A combinação dos poderes do Fogo, da Água, do Ar e da Terra é expressa em combinações mantrâmicas, de que são familiares exemplos: INRI, JHVH, AMEN, e o Verbo. No primeiro dos dias da criação, o quádruplo poder se encontrar potencialmente presente. Nos dias subsequentes faz-se progressivamente ativo, até alcançar completa expressão no último ou sétimo dia da criação. O poder dominantemente operativo em cada um dos sete dias ou períodos entona-se com a nota-chave musical de cada um dos Planetas de nosso Sistema Solar. Assim, cada dia acrescenta sua nota particular ao grande conjunto, à medida que os poderes inatos do espírito se manifestam em forma crescente. Quando foi tocada a nota final, ou sétima, o poder do Verbo que é Deus – o Bem Universal – ressoa como uma oitava gloriosa, que é o todo completo e perfeito.

Tudo isso complementa a afirmação de Max Heindel segundo a qual a música divina, quando soa na Substância-Raiz-Cósmica, cria as formas de todas as coisas, analogamente às figuras de Chladni, formadas quando uma lâmina metálica com areia é colocada em vibração por meio de um arco de violino. Esse é um antigo ensinamento das Escolas de Mistérios.

Ao descer dos vastos espaços cósmicos até aos recantos mais obscuros da Terra, o cântico entoado por Deus assume forma na Humanidade. Para o ocultista científico, o nascimento é um tríplice acontecimento. O primeiro é o nascimento físico, acontecimento experimentado por toda a Humanidade. O segundo é um novo nascimento mediante a regeneração espiritual ou Iniciação, experiência que é alcançada somente pelos mais avançados da Onda de Vida humana. O terceiro nascimento é a entrada no conhecimento cósmico, que estabelece contato direto com as atividades das Hierarquias Criadoras. Esse é o estado de adiantamento dos Mestres e Senhores da Compaixão, aqueles que estão ajudando a evolução e o progresso planetários.

Em virtude de ter passado por esse tríplice nascimento, o grande instrutor egípcio Thoth foi denominado pelos gregos de Hermes Trismegisto[22] ou Hermes Três Vezes Grande. A Divina Comédia de Dante contém uma velada alusão às suas experiências pessoais com Hierarquias estelares, que tiveram lugar depois de ele ter alcançado o tríplice nascimento. O que alguém fez, outro pode fazê-lo. A mesma meta sublime aguarda a todos que sejam dignos dela.

Nos mais primitivos estados da encarnação humana, a música foi utilizada pelas Hierarquias Criadoras para modelar os corpos humanos. Na presente época materialista, a música é usada para despertar as almas dos seres humanos.

A ciência espiritual descobriu evidência de quatro grandes períodos nos quais a evolução humana prosseguiu paralelamente com a evolução do nosso universo e Sistema Solar. Três fazem parte do passado, e a Humanidade agora trabalha pela sua libertação no presente quarto Dia da Criação, denominado Período Terrestre. Três períodos mais, ou Dias de Deus, virão a seguir, durante os quais a personalidade será transmutada em Espírito e o Espírito religado a Deus, em plena consciência de sua fonte e natureza divinas.

Durante os passados três Dias de Deus e, também, no presente quarto Dia, Hierarcas Cósmicos têm guiado nossa evolução. Sua obra pela Humanidade está indicada nos céus estelares”.

Mas, aqueles poderes espirituais vistos hoje em dia externamente como estrelas, foram em remotas épocas simplesmente vastas irradiações de inteligência e poder, incluindo não simplesmente os poderes que trabalharam na raiz da matéria, se não também as energias cósmicas que são individualizadas e concentradas nas emoções humanas. Os grandes Poderes do Universo não são seres sem sentimentos ou emoções. Diferem da Humanidade, pois que suas emoções são de caráter universal, “tecendo de estrela em estrela”, enquanto são, simultaneamente, conscientes de cada diminuto átomo do universo. O espaço e o tempo não obstam a atividade desses poderosos hierarcas universais. Suas emanações projetadas criaram as nebulosas e desenvolveram sistemas solares. E ainda quando alguma distante estrela não constitua senão a sombra da estrela real que se deslocou em sua órbita ou talvez tenha desaparecido no espaço, as emanações espirituais continuam trabalhando.

No primeiro grande dia da evolução da Humanidade, o espaço era obscuro. O calor, não obstante, encontrava-se presente na forma cósmica. A Hierarquia Criadora Senhores da Chama, a cujo cargo estava este Período, o de Saturno, era uma hoste de seres associados com o que é hoje em dia a constelação de Leão. São chamados os Senhores da Chama por causa da brilhante luminosidade de suas auras e de seus grandes poderes espirituais, como disse Max Heindel. A Bíblia chama-os de Tronos. Esses seres projetaram na consciência humana o arquétipo-semente do Corpo Denso que possuímos hoje em dia. Esse arquétipo-semente está arraigado em um particular átomo do coração chamado Átomo-semente do Corpo Denso. O Signo de Leão rege o coração, onde o Átomo-semente do Corpo Denso está localizado.

Similarmente, no segundo Dia de Deus – conhecido como Período Solar – o elemento-raiz do Ar foi acrescentado, e o calor converteu-se em luz. Agora o arquétipo-padrão do Corpo Vital foi dado pelas Hierarquia Zodiacal de Virgem ou Hierarquia Criadora do Senhores da Sabedoria. No terceiro dia – conhecido como Período Lunar – a umidade foi acrescentada ao calor e luz, e uma névoa ígnea cósmica (nebulosa) foi o resultado, enquanto o arquétipo-semente do Corpo de Desejos foi dado pela Hierarquia Zodiacal de Libra ou Hierarquia Criadora dos Senhores da Individualidade. No quarto Dia, que é o nosso Período Terrestre, foi acrescentado o germe da Mente, como dom da Hierarquia Zodiacal de Sagitário, a Hierarquia Criadora dos Senhores da Mente. Essa constelação (junto com partes de Escorpião) é o véu de estrelas localizado ante o centro invisível de nossa galáxia. As outras constelações estão implicadas nas atividades complementares da Alma e do Espírito (Ver o Conceito Rosacruz do Cosmos).

Desde o ponto de vista oculto, portanto, não dissemos mais que a verdade literal quando falamos da Humanidade como um Cântico de Deus, e o horóscopo sua carta musical, harmonizada com uma nota estelar ou acorde cósmico peculiar.

Foi dito corretamente que o Ego se harmoniza com a nota-chave de um dos Espíritos Planetários que estão ante o Trono de Deus, o Deus do nosso Sistema Solar. Por meio da meditação e do trabalho interno pode-se descobrir a referida nota-chave. E é certo que à medida que o Aspirante à vida superior continua crescendo espiritualmente esta nota básica aumenta em volume e intensidade até se converter em um canto vitorioso que vence a dissonância das configurações de Quadraturas ou Oposições do horóscopo, e se absorve em um coral triunfante.

A ciência oculta ensina que nos reinos elevados da música está o principal fator motivante de todo ser. Por meio da música desabrocham as flores e a vida vegetal é sustentada. Por meio da música os Seres Celestiais se comunicam uns com os outros: sua linguagem é o canto.

FIM


[1] N.T.: Clariaudiência é a habilidade da pessoa em ouvir sons nos Mundos suprafísicos. Uma pessoa que é clariaudiente ouve sons e vozes de reinos superiores e de outras dimensões que são inaudíveis para os outros.

[2] N.T.: A tuba auditiva ou Trompa de Eustáquio é um canal que liga a orelha média à faringe e que ajuda a manter o equilíbrio da pressão do ar entre os dois lados da membrana timpânica.

[3] N.T.: bulbo raquidiano, medula oblongata, medula oblonga ou simplesmente bulbo é a porção inferior do tronco encefálico, juntamente com outros órgãos como o mesencéfalo e a ponte, que estabelece comunicação entre o cérebro e a medula espinhal. Relaciona-se também com funções vitais como a respiração, os batimentos do coração e a pressão arterial; e com alguns tipos de reflexos, como mastigação, movimentos peristálticos, fala, piscar de olhos, secreção lacrimal e vômito (mais específico da área postrema).

[4] N.T.: ou órgão espiral ou, ainda, órgão de Corti que é o órgão sensorioneural da orelha interna, integrando cóclea. É um composto de células sensoriais (ou células ciliadas) e fibras nervosas que fazem sinapse entre si, além de estruturas anexas e de suporte. O órgão foi nomeado em homenagem ao anatomista italiano Marquês Alfonso Giacomo Gaspare Corti (1822–1876), que conduziu a pesquisa microscópica do sistema auditivo dos mamíferos e o descobriu em 1850.

[5] N.T.: Ondas longitudinais – são aquelas em que a vibração ocorre na mesma direção do movimento; um exemplo são as ondas sonoras. Na figura ao lado podes observar que a vibração provocada pela mão, tem a mesma direção da onda (São, ambas horizontais). Ondas transversais – são aquelas em que a vibração é perpendicular à direção de propagação da onda; exemplos incluem ondas numa corda e ondas eletromagnéticas. Na figura ao lado, observas um exemplo onde a vibração provocada é na direção vertical (para cima e para baixo) e a corda desloca-se na horizontal (da esquerda para a direita).

[6] N.T.: Humphrey Davy Findley Kitto, FBA (1897-1982) foi um estudioso clássico britânico. Seu tratado geral de 1952, Os Gregos, cobriu toda a gama da cultura grega antiga e tornou-se um texto padrão.

[7] N.T.: Heráclito (português brasileiro) de Éfeso (aproximadamente 500 a.C. – 450 a.C.) foi um filósofo pré-socrático considerado o “Pai da dialética”. Recebeu a alcunha de “Obscuro” principalmente em razão da obra a ele atribuída por Diógenes Laércio, Sobre a Natureza, em estilo obscuro, próximo ao das sentenças oraculares. Na vulgata filosófica, Heráclito é o pensador do “tudo flui” e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda.

[8] N.T.: A tabela pitagórica (também chamada de tábua ou tabela da multiplicação) é um quadro de dupla entrada no qual são registrados os resultados das multiplicações, de uma vez um até 10 vezes 10. A multiplicação é uma operação matemática aprendida nos primeiros anos da escola. Existem dois métodos tradicionais para sua aprendizagem: as tabelas de multiplicação e a tabela pitagórica. Em que consiste? Em uma tabela são distribuídos dois eixos, um horizontal e outro vertical. Em cada um deles os números 1 a 10 são distribuídos e, em seguida, uma malha quadrícula com uma casinha é desenhada para cada multiplicação entre os números dos dois eixos. Em seguida, multiplicam-se os números do eixo horizontal com os do eixo vertical, posteriormente, coloca-se o resultado na casinha correspondente da grade. Qualquer um dos eixos ou colunas pode funcionar como multiplicando ou multiplicador. Uma vez que todos os números possam ser multiplicados, a tabela pitagórica está completa. A tabela pitagórica é mais visual do que a tabela de multiplicação tradicional. De qualquer forma, os dois sistemas de aprendizagem são válidos e complementares. Muitos professores ensinam as tabelas tradicionais e mais tarde explicam a mecânica da tabela pitagórica para reforçar a aprendizagem:

[9] N.T.: Também chamada de lei de Titius-Bode que é uma fórmula empírica que parte de uma progressão geométrica para determinar as distâncias dos Planetas do Sistema Solar, dadas em unidades astronómicas, em relação ao Sol.

[10] N.T.: Ferdinand “Rudolf” Thiel (1899-1981) foi um escritor alemão.

[11] N.T.: A Precessão dos Equinócios é o movimento cíclico realizado pela Terra ao redor do plano de sua eclíptica. A Precessão dos Equinócios é um dos vários movimentos realizados pela Terra e corresponde ao deslocamento circular efetuado pelo planeta em torno do eixo de sua eclíptica. Quando o Sol, na sua ronda aparente pela eclíptica, atravessa o equador celeste em março – o Equinócio de Março – ele “anda para trás “ contra o céu das estrelas fixas, cerca de 1 grau a cada 72 anos e ½ . A oscilação lenta do eixo da Terra sobre sua própria posição faz com que cada um dos polos trace um círculo cujo raio é de 230 ½ no céu; isso faz com que estrelas diferentes fiquem diretamente acima dos polos, durante cerca de 25.800 anos. Assim, podemos dizer que, a cada 2.160 anos, acontece uma nova Era. Se 2.160 anos atrás o eixo da Precessão do Equinócio se encontrava entre os Signo de Áries e o Signo de Peixes, podemos dizer que atualmente o ponto em Março do Equinócio se encontra entre os Signos de Peixes e o signo de Aquário, se movendo na direção de Aquário. Por essa razão, quando falamos em Era de Aquário não podemos definir com precisão o momento de seu início. Nenhum astrólogo ousaria definir com exatidão essa data. Talvez mais perto do ano 2.160.

[12] N.T.: É contado por meio do aparente movimento do Sol na abóbada celeste, em relação às 12 constelações zodiacais. A volta completa dura cerca de 25.920 anos, e cada idade ou era é marcada pelo alinhamento do Sol (e consequentemente todo o Sistema Solar) com uma das Constelações, e dura cerca de 2.148 anos, sendo marcada por suas características natas. Isso pode ser explicado através de um fenômeno chamado Precessão dos Equinócios, que é a oscilação da Terra ao redor de seu eixo, o que faz com que o norte aponte sucessivamente para diferentes estrelas no decorrer do tempo.

[13] N.T.: Marco Túlio Cícero (106 – 43 a.C.) foi um advogado, político, escritor, orador e filósofo da gens Túlia da República Romana.

[14] N.T.: Cláudio Ptolemeu, ou apenas Ptolemeu ou Ptolomeu (90 – 168), foi um cientista grego que viveu em Alexandria, uma cidade do Egito. Ele é reconhecido pelos seus trabalhos em matemática, astronomia, geografia e cartografia. Realizou também trabalhos importantes em óptica e teoria musical.

[15] N.T.: Os nós de vibração de uma placa elástica fina formam linhas características da frequência específica que foi animada. A materialização dessas linhas com um pó, geralmente o pó de lycopodium, forma as figuras de Chladni. O nome das figuras origina-se do físico alemão Ernst Chladni. Uma vez a placa de metal fixada ao suporte, coloca-se areia e, em seguida, põe-se o dispositivo a vibrar, por exemplo, com um arco que é friccionado verticalmente na borda do prato. Com a fricção do arco, a placa vibra, a areia se move das zonas de vibração forte para as áreas onde a vibração é menos forte ou mesmo inexistente (os nós de vibração da onda estacionária), assim formando as figuras de Chladni.

[16] N.T.: Johannes Kepler (1571-1630) foi um astrônomo, astrólogo e matemático alemão. Considerado figura chave da revolução científica do século XVII é, todavia, célebre por ter formulado as três leis fundamentais da mecânica celeste, denominadas Leis de Kepler, tendo estas sido codificadas por astrônomos posteriores com base nas suas obras Astronomia Nova, Harmonices Mundi e Epítome da Astronomia de Copérnico. Essas obras também forneceram uma das bases para a teoria da gravitação universal de Isaac Newton.

[17] N.T.: Nicolau Copérnico (1473-1543) foi um astrônomo e matemático polonês que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista e médico. Sua teoria do Heliocentrismo, que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente Teoria Geocêntrica (que considerava a Terra como o centro), é considerada como uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia.

[18] N.R.: “A primeira lei de Kepler afirma que a órbita dos planetas que giram em torno do Sol não é circular, mas sim elíptica. Além disso, o Sol sempre ocupa um dos focos dessa elipse. Apesar de elípticas, algumas órbitas, como a da Terra, são muito próximas de um círculo, pois são elipses que apresentam uma excentricidade muito pequena. A excentricidade, por sua vez, é a medida que mostra o quanto uma figura geométrica difere-se de um círculo e pode ser calculada pela relação entre os semieixos da elipse.” “A segunda lei de Kepler afirma que a linha imaginária que liga o Sol aos planetas que o orbitam varre áreas em intervalos de tempo iguais. Em outras palavras, essa lei afirma que a velocidade com que as áreas são varridas é igual, isto é, a velocidade aureolar das órbitas é constante.”

“A terceira lei de Kepler afirma que o quadrado do período orbital (T²) de um planeta é diretamente proporcional ao cubo de sua distância média ao Sol (R³). Além disso, a razão entre T² e R³ tem exatamente a mesma magnitude para todos os astros que orbitam essa estrela.”

[19] Jo 1:1

[20] N.T.: é a música de concerto, chamada popularmente de música clássica, é a principal variedade de música produzida ou enraizada nas tradições da música secular e litúrgica ocidental. Apesar do nome que remete a algo do ‘passado’ ou ‘antigo’, esta variedade de música é escrita também nos dias de hoje, através de compositores do século XXI que criam obras inéditas, originais e atuais. É aquela que se baseia principalmente na clareza, no equilíbrio, na objetividade da estrutura formal, em lugar do sentimentalismo exagerado ou da falta de limites de linguagem musical. A música clássica frequentemente se distingue pelo amplo uso que faz de instrumentos musicais de diferentes timbres e tonalidades, criando um som profundo e rico. Os diferentes movimentos da música clássica foram afetados principalmente pela invenção e modificação destes instrumentos ao longo do tempo. Embora a música clássica não tenha um “conjunto” de instrumentos necessários para que certos padrões de sua execução sejam preenchidos, os compositores escrevem suas obras tendo em mente diferentes conjuntos instrumentais: orquestras (composta por todas as famílias instrumentais acústicas: as cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo), as madeiras (flauta, oboé, clarineta, fagote, etc.), os metais (trompete, trompa, trombone, tuba) e a percussão (tímpano, gongo, xilofone etc.). Saxofone e violão eventualmente também participam de uma orquestra, além de pianos, órgãos e celestas. Para as orquestras são escritas as sinfonias. Quando se destaca um instrumento da orquestra que será a voz principal, para o qual a melodia foi composta, trata-se de um concerto. Mesmo destacando-se um instrumento ou conjunto de instrumentos nos concertos, a orquestra toda pode estar presente. As orquestras também realizam os acompanhamentos das óperas, que são compostas para a voz humana. A voz pode ser classificada da mesma maneira que os instrumentos, observando-se a extensão de notas alcançada por ela. As vozes mais agudas são chamadas “soprano”, as vozes mais graves são os “baixo”, que alcançam as notas mais graves)), conjunto de sopros (trompete, trompa, trombone, tuba), orquestra de câmara: Formada predominantemente por instrumentos de corda, podendo ter em algumas formações a presença de alguns sopros de madeira.

[21] N.T.: O Livro do Apocalipse, na Bíblia.

[22] N.T.: Hermes Trismegisto é uma figura mítica de origem sincrética. Essa figura mítica indica o deus Thoth dos antigos egípcios, considerado o inventor das letras do alfabeto e da escritura, escrita dos deuses e, portanto, revelador, profeta e intérprete da divina sapiência e do divino logos. Quando os gregos tiveram conhecimento desse deus egípcio, descobriram que apresentava muitas analogias com seu deus Hermes, intérprete e mensageiro dos deuses, e o qualificaram com o adjetivo “Trismegisto” que significa “três vezes grandíssimo”. Na antiguidade tardia, especialmente nos primeiros séculos da era imperial (sobretudo nos séculos II e III depois de Cristo), alguns teólogos e filósofos pagãos, em contraposição ao Cristianismo galopante, produziram uma série de escritos, conhecidos como literatura hermética, apresentando-os sob o nome desse deus, com a evidente intenção de opor às Escrituras divinamente inspiradas dos Cristãos, como outras escrituras difundidas como divinas “revelações”. A literatura hermética hoje em dia está quase perdida.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Audiobook – A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Prefácio
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte I – 1 – A Natureza da Visão Etérica
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte I – 2 – O Éter Químico no Corpo Humano
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte I – 3 – Átomos e Moléculas
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte II – 4 – O Éter de Vida e a Genética
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte II – 5 – A Espiral da Vida
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte II – 6 – O Magnetismo Orgânico versus o Inorgânico
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte II – 7 – O Éter de Vida e o Fogo Cósmico
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte II – 7 – Resumo
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte II – 8 – Estrela e Espiral
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte II – 9 – O Éter de Luz e o Sol
A Visão Etérica e o que Ela Revela – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz – Parte II – 10 – A Visão do Ocultista sobre o Éter de Luz

Em publicação…

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Oração para cada um dos Embaixadores: dos Espíritos Planetários, do Sol e da Lua – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

Como uma grande nação envia seus embaixadores e plenipotenciários a outras nações, então também há embaixadores de cada um dos grandes Anjos e Arcanjos Astrais (dos Planetas, do Sol e da Lua), presentes em nossa Terra.

A Lua é o nosso satélite e não está na mesma posição que os outros Astros. Os embaixadores desses Astros são Arcanjos, enquanto Gabriel é um Anjo.

O astrólogo ocultista, no entanto, que sabe o que quer e pode trabalhar em harmonia com as forças astrais, aborda diretamente os embaixadores desses Astros e obtém seu objetivo mais facilmente dessa maneira.

Ele estuda as horas astrais, quando aqueles Astros governam e, na época apropriada, profere seu pedido, que é, geralmente, para outra pessoa ou para a iluminação espiritual sobre certos assuntos a serem usados para o bem comum.

1. Para fazer download ou imprimir:

Oração para cada um dos Embaixadores: dos Espíritos Planetários, do Sol e da Lua – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

Oração para cada um dos Embaixadores: dos Espíritos Planetários, do Sol e da Lua

Por um Estudante

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido, Compilado e Revisado

pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

Sumário

INTRODUÇÃO

INVOCAÇÃO

ORAÇÃO A GABRIEL

ORAÇÃO A SAMAEL

ORAÇÃO A RAFAEL

ORAÇÃO A ZACARIEL

ORAÇÃO A ANAEL

ORAÇÃO A CASSIEL

ORAÇÃO A MIGUEL

ORAÇÃO A ITURIEL

ORAÇÃO A NETUNO

INTRODUÇÃO

Para entender o que é a oração use a ilustração de uma casa de energia elétrica com fios para as diferentes casas da cidade. Em cada casa há um interruptor e, quando a gente o aperta, a potência que estava até lá fora nos fios e subestação de energia elétrica entra na nossa casa, ilumina-a ou põe motores para funcionar, de acordo com as leis de sua manifestação. Podemos dizer que Deus, principalmente, e os Sete Espíritos Planetários correspondem secundariamente à subestação de energia elétrica que está conectada a todos, e a oração pode ser dita como o interruptor pelo qual nos colocamos em contato com a luz e a vida divina, permitindo que ela flua para nós e nos ilumine para a nossa elevação espiritual.

É uma lei que a eletricidade fluirá facilmente ao longo do cobre ou outros metais, mas é bloqueada pelo vidro, e antes que possamos obter a eletricidade em nossas casas, devemos ter um interruptor feito em conformidade com essa lei, um interruptor de cobre. Se usássemos um interruptor de vidro, não obteríamos eletricidade; o interruptor de vidro seria uma maneira mais eficaz de excluir o fluido elétrico da nossa habitação. De forma semelhante, se nossas orações (que correspondem ao interruptor) estão em conformidade com as leis de Deus, o propósito divino pode se manifestar através de nós, e nossas orações podem ser respondidas; mas se rezamos ao contrário da vontade de Deus, então uma oração funcionará de maneira semelhante a um interruptor de vidro em um circuito elétrico.

Como uma grande nação envia seus embaixadores e plenipotenciários a outras nações, então também há embaixadores de cada um dos grandes Anjos e Arcanjos Astrais, presentes em nossa Terra. Seus nomes são os seguintes:

  • Ituriel é o embaixador de Urano;
  • Cassiel é o embaixador de Saturno;
  • Zacariel é o embaixador de Júpiter;
  • Samael é o embaixador de Marte;
  • Anael é o embaixador de Vênus;
  • Rafael é o embaixador de Mercúrio;
  • Miguel é o embaixador do Sol;
  • Gabriel é o embaixador da Lua.

A Lua é o nosso satélite e não está na mesma posição que os outros Astros. Os embaixadores desses Astros são Arcanjos, enquanto Gabriel é um Anjo.

Normalmente, a humanidade ora a Deus. Essas orações são, no momento, principalmente egoístas e ignorantes. As orações de tais pessoas não podem receber atenção dos embaixadores que têm a cargo os diferentes departamentos da vida, mas geralmente são atendidas, na medida do possível, pelos Auxiliares Invisíveis, que trabalham para a elevação de seus irmãos. O astrólogo ocultista, no entanto, que sabe o que quer e pode trabalhar em harmonia com as forças astrais, aborda diretamente os embaixadores desses Astros e obtém seu objetivo mais facilmente dessa maneira. Ele estuda as horas astrais, quando aqueles Astros governam e, na época apropriada, profere seu pedido, que é, geralmente, para outra pessoa ou para a iluminação espiritual sobre certos assuntos a serem usados para o bem-comum.

(do Livro: “A Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. I – pergunta 162 – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

Os Rosacruzes ensinam que os Planetas, o Sol e a Lua exercem domínio sobre os dias da semana, que representam os sete dias da criação (Períodos).

Sábado é o dia de Saturno e corresponde ao Período de Saturno.

Domingo é o dia do Sol e corresponde ao Período Solar.

Segunda-feira é o dia da Lua e corresponde ao Período Lunar.

Terça-feira é o dia do deus da guerra nórdica, Tyr, e corresponde à metade marciana do Período Terrestre.

Quarta-feira é o dia do Mercúrio nórdico, Wotan, e corresponde à metade mercurial do Período Terrestre.

Quinta-feira é o dia de Thor, o Júpiter nórdico, e corresponde ao Período de Júpiter.

Sexta-feira é o dia de Freia, a Vênus nórdica, e corresponde ao Período de Vênus.

Nessa disposição sucessiva começada o domingo é regido pelo Sol, a segunda-feira é regida pela Lua, a terça-feira é regida por Marte, a quarta-feira é regida por Mercúrio, a quinta-feira é regida por Júpiter, a sexta-feira é regida por Vênus e o sábado é regido por Saturno.

(do Livro: “Astrologia Científica e Simplificada” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

 

INVOCAÇÃO

Sob o nome misterioso e soberano de Cristo-Jesus, que está sobre todo o nome e ante o qual se dobrem todos os joelhos no Céu, na Terra e sob a Terra, elevo meu pensamento à presença do Pai Universal, a Única Vida, a Suprema Realidade. Ao fazê-lo, tangido por Tua Luz, reconheço que meu Espirito é uma emanação da grande unidade de Teu Espírito, sendo assim divino em Tua essência.

Meu Eu Superior, meu Espírito, o Ser Interno e verdadeiro não pode estar enfermo, pois é uma emanação de Ti, ó Deus, e Uno Contigo.

Faze com que o poder dessa grande verdade penetre em minha alma, dissipando os erros, as ilusões, as opiniões falsas e as aparências enganosas da sensualidade, causa de todos os meus infortúnios.

Ilumina-me para que eu compreenda e sinta que sou feliz, pois na qualidade de Espírito Eterno e Divino, ainda que neste Teu plano inferior, possa desfrutar da profunda Paz de Cristo e de Tua Harmonia Eterna.

Seu Verbo vivente ressoa de novo e me diz: “Faça-se a Luz”.

Por meio dessa Luz, a fonte de toda inteligência espiritual, percebo que a minha salvação em Espírito e em Cristo é algo que devo realizar aqui e agora, que é a única eternidade. Fortalecido por essa sublime verdade, eu me vislumbro salvo por Cristo que está em Teu Seio. Eu estou com Ele e n’Ele protegido nesse secreto lugar por Teu Amor.

O sofrimento e as enfermidades, a dor e a morte e o temor inquietante que isso me inspira não poderão me atormentar mais.

A Luz de Tua própria inteligência, em meu íntimo, permite me ver como Espírito criado a Tua própria imagem e semelhança, indissoluvelmente unidas ao Teu próprio Ser, o qual me protege contra o mal e as enfermidades.

Em nome de Cristo, através de Quem minha vida está oculta em Ti, Pai Universal, afirmo, por , que estou livre de todos os males.

Recomendo-lhe a salvação de minha alma, Deus de Paz, para que a torne nova e a preserve com meu Espírito e Corpos, em unidade harmoniosa.

Confio em Tua Sabedoria, Teu Amor e Poder ilimitados para que a Tua Própria ideia de homem (mulher), feito (a) a Tua Imagem e Semelhança, se manifeste através de mim.

(*) recomendamos repetir diariamente essa invocação, antes da prece ao Arcanjo ou Anjo do dia

 

ORAÇÃO A GABRIEL

Embaixador da Lua à Primeira Hora das Segundas-feiras

Ajuda-me Senhor a ser firme, paciente e perseverante. Necessito ser mais equilibrado (a), assim como estabilizar a minha Mente e meus sentimentos. Desejo ser mais realista e estável, aprendendo a me sentir bem aonde me encontro, sem que me afetem as mudanças ocorridas sem uma verdadeira razão ou propósito.

Não me deixarei levar por impressões negativas. Verei tudo com bons olhos e não permitirei que me domine a susceptibilidade. Cumprirei com todos os meus deveres levando-os até ao fim com diligência. Procurarei obter um conhecimento profundo sobre todas as coisas.

Invoco e chamo em meu auxilio as forças divinas de Gabriel, o Poderoso Anjo governante da Lua, representante da: Sensibilidade, Simpatia e Fecundidade e do Poder Criador de Deus, para que confirme em minha alma Suas qualidades superiores de que se acha adornado.

Ajuda-me a reforçar em meu Espírito a Imaginação, a Estabilidade, o Equilíbrio e a Firmeza.

Assim Seja

 

ORAÇÃO A SAMAEL

Embaixador de Marte à Primeira hora das Terças-feiras

Ajuda-me, Senhor, a ser calmo (a), paciente e tolerante, dominando a violência do meu temperamento e sujeitando-o sempre ao que seja justo. Desejo sempre agir prudente e harmoniosamente. Em vez de levar sempre o pé ao acelerador procurarei levá-lo ao freio, mantendo, assim, o total domínio de minhas emoções.

Tratarei a todos os meus semelhantes com respeito, consideração, cortesia e equanimidade. Não quero e não devo ser exigente e autoritário (a). Serei tolerante e defenderei o próprio direito deles à liberdade. Ouvirei, com mais atenção, os conselhos que me forem dados e os usarei como um meio de sã retificação.

Empregarei a força vital de que sou depositário (a) para o bem e ajuda aos mais débeis. Tudo farei movido (a) pelo espírito do serviço altruísta.

Em mim sempre predominará a suavidade do cordeiro e não a agressividade do carneiro.

Aspiro, ardentemente, afastar dos meus sentimentos todo desejo de revanche. Procurarei abolir do meu ser todo vestígio de egoísmo.

Invoco e chamo em meu auxílio as poderosas e dinâmicas forças de Samael, o exaltado Gênio Governante de Marte, representante da Dinâmica Energia de Deus, para que confirme em meu ser Suas construtivas qualidades superiores, reforçando o Entusiasmo, a Coragem e a Vontade.

Assim Seja

 

ORAÇÃO A RAFAEL

Embaixador de Mercúrio à Primeira hora das Quartas-feiras

Ajuda-me, Senhor, a controlar e dominar minha Mente. Necessito examinar todas as coisas com paciência e equanimidade. Só tomarei qualquer decisão depois de analisá-la com todo o cuidado. Compreendendo que devo ser honesto (a) e leal em minhas palavras e ações. Direi somente o que for coerente e verdadeiro. Não mentirei e nem procurarei tirar partido em meu trato com os demais.

Jamais abusarei da ingenuidade ou ignorância dos meus semelhantes; pelo contrário, aplicarei meu saber e entendimento em ajudá-los. Nunca falarei mal de ninguém. Pretendo cultivar a serenidade e a abnegação, o amor e o respeito a todos os seres.

Invoco e chamo em meu auxílio as Divinas Forças de Rafael, o inteligente Gênio Governante de Mercúrio, representante da Sabedoria e Inteligência de Deus, para que confirme em minha alma as superiores qualidades de que está investido. Reforce em meu Espírito o Domínio Próprio, o Equilíbrio e a Verdade.

Assim Seja

 

ORAÇÃO A ZACARIEL

Embaixador de Júpiter à Primeira hora das Quintas-feiras

Ajuda-me, Senhor, a ser justo (a), honrado (a) e sincero (a). Necessito e devo ser sóbrio (a) e modesto (a) e rejeitar a ostentação e a vaidade; não quero mais viver de aparências e extravagâncias, aparentando riquezas que não tenho e virtudes que não possuo.

Quero manter-me em uma justa ordem de vida e ser estrito (a) cumpridor (a) de minhas obrigações e deveres.

Unir-me-ei às pessoas de honesto e simples viver, de fé no bem e em Deus. Respeitarei e tratarei de me manter e me sujeitar aos mais sãos princípios da Religião; não frequentarei lugares de duvidoso viver e nem agirei à margem da Lei. Serei honesto (a) e justo (a) com todos os meus semelhantes. Fugirei do jogo e das especulações aventureiras e trabalharei honestamente para ganhar o pão de cada dia.

Invoco e chamo em meu auxilio as Forças Divinas de Zacariel, o Sábio e Generoso Gênio de Júpiter, representante do Altruísmo, da Benevolência e Misericórdia de Deus, para que afiance em minha alma Suas Maravilhosas qualidades. Confirme em meu Espirito a Bondade, Religiosidade, Honradez e o Respeito à Lei.

Assim Seja

 

ORAÇÃO A ANAEL

Embaixador de Vênus à Primeira hora das Sextas-feiras

Ajuda-me, Senhor, a ser paciente e perfeito (a). Induze-me à abnegação e ao amor desinteressado.

Afasta-me da obstinação e da sensualidade. Desenvolva em mim a tolerância, o perdão e a maleabilidade.

Desejo o equilíbrio em minhas energias vitais e a frugalidade na minha alimentação. Evitarei a solidão e a teimosia, expressando a sociabilidade e a justiça. Procurarei cultivar o valor moral das coisas, tudo fazendo para expressar a Bondade, Beleza e Verdade da vida de Deus.

Vem Anael, amoroso Gênio Governante de Vênus, com tuas forças divinas, confirmar e reforçar em meu espírito o Amor, a Arte e Virtude, expressando-os diariamente em minha vida.

Assim Seja

 

ORAÇÃO A CASSIEL

Embaixador de Saturno à Primeira hora de Sábado

Justo e paciente Gênio Governante de Saturno ajuda-me a ser justo (a), benevolente, amoroso (a) e tolerante, sociável e amistoso (a). A ver tudo com bons olhos, alegres e otimistas. Não quero ver o mal em coisa alguma, pois em tudo existe o bem. Não permitirei que me impressione o aparente mal. Serei amigo (a) de todos e procurarei cultivar e manter minhas amizades com verdadeiro espirito altruísta.

Não quero e não devo viver isolado (a) dos demais. Desejo tratar a todos com delicadeza e consideração; saberei perdoar as faltas que cometam contra a minha humildade e compreensão. Agora e sempre, quando receber um mal, em vez de levar pelo espirito da vingança, imporei a mim mesmo (a) o espírito da tolerância. Anelo ser altruísta, generoso (a) e um instrumento do Bem em meu ambiente.

Invoco e chamo em meu auxílio as forças divinas de Cassiel, o Justo Gênio Governante de Saturno, representante da Justiça, do Direito e da Suprema Ordem de Deus, a fim de reforçar em minha alma Suas sábias e profundas qualidades. Confirme em meu Espírito os princípios do Direito, da Ordem, Paciência, Justiça e Paz.

Assim Seja

 

ORAÇÃO A MIGUEL

Embaixador do Sol à Primeira hora de Domingo

Ajuda-me, Senhor, a ser modesto (a), simples e generoso (a). Não serei imponente e nem autoritário (a), mas reverente. Não farei que se cumpra a minha vontade, senão a Tua, meu Pai.

Mostrar-me-ei respeitoso (a) e amável com todos os meus semelhantes e extinguirei todo o orgulho vão que me possa afastar do Teu Amor.

Amarei a todos os meus irmãos como queres que sejam amados, e sempre que manifestar em mim o desejo de ser o primeiro (a), serei o último (a) e servidor de todos.

Protegerei aos humildes e débeis; respeitarei meus superiores e acatarei   as determinações deles com toda a lealdade. Serei sincero (a) e justo (a) em todas as circunstâncias.

Ajuda-me, Senhor, a alcançar esse sublime ideal!

Invoco em meu coração as Divinas Forças de Miguel, o Poderoso Gênio da Luz, governante do Sol, representante da Autoridade, do Poder e da Justiça de Deus, para que confirme em minha alma Suas qualidades Superiores

Fortaleça, em meu Espírito, a Dignidade, Disciplina e o acato a toda Justiça.

Assim Seja

 

ORAÇÃO A ITURIEL

Oitava superior de Vênus (para ser feita à primeira hora das sextas-feiras)

Faze Senhor que eu seja paciente, tolerante e justo (a) com todos. Preciso controlar meu temperamento e amoldar-me às circunstâncias. Quero me desfazer de toda exaltação imprudente que prejudique a alguém. Amarei a meus semelhantes como a mim mesmo (a) e serei extravagante com suas ideias, sem tratar de impor as minhas.

Respeitarei a organização social e não cairei mais em radicalismos destrutivos. Defenderei a justiça e a ordem. Quero me manter sempre respeitoso (a) a todas as normas morais, éticas e espirituais sem me deixar levar por nenhum extremismo. Não serei extravagante, nem excessivo (a) em nada; quero respeitar os bons costumes; tratarei de ser justo (a) ao repelir o passado, aproveitar o presente e aplaudir o futuro.

Desejo dominar o sensualismo e conduzir a força criadora por canais construtivos. No futuro submeterei minhas ideias e desejos de mudança e renovação à uma minuciosa análise e à mais pura lógica, sem me deixar impressionar por minhas ilusões utópicas e descabidas. Porei todas as minhas forças e capacidade a serviço da comunidade; anelo me converter em amigo (a) de todos e os servir desinteressadamente em qualquer ocasião possível.

Sem deixar de abandonar a linha de maior progresso para todos, respeitarei o passado e buscarei na história da humanidade todas as valiosas experiências acumuladas para apontar com elas as bases do futuro.

Para tudo isso eu desejo, invoco e clamo em meu auxílio as Forças Divinas de Ituriel, o Generoso Governante de Urano, o representante do Altruísmo, da Confraternidade Humana, do Amor desinteressado e da Generosidade de Deus para que reforce em mim Suas amantes qualidades e confirme em meu Espírito a Caridade, Tolerância, Magnanimidade e Paciência.

Assim Seja

 

ORAÇÃO A NETUNO

Oitava superior de Mercúrio (para ser feita à primeira hora das quartas-feiras)

Ajuda-me, Senhor, a ser firme, positivo (a) e seguro (a) governante de minha pessoa, desenvolvendo em mim a Divina Vontade. Necessito compreender e ver a realidade de todas as coisas. Não me deixarei arrastar por falsas imaginações, sonhos utópicos ou meras fantasias, nem me impressionarei por sugestões quiméricas que careçam de fundamentos. Serei senhor (a) de mim mesmo (a) e independente dos demais em todas as coisas.

Meu Espírito não se submeterá a qualquer influência estranha. Desde já comando minha própria vida. Afastarei a superstição de todo o meu ser, e não temerei coisa alguma. Tenho absoluta fé em Deus, no Deus de todos e Naquele que trago dentro de mim mesmo (a). Jamais me envolverei em coisas que aparentam fraude, ambiguidade ou trapaça, submetendo todas as minhas ações, pensamentos e palavras à Luz da Verdade, sem vacilar em minhas negações ou afirmações. Assim, evitarei consequências desagradáveis e gozarei paz e segurança.

Invoco e chamo o auxílio das Forças Divinas de Netuno, representante da Suprema Sabedoria, Intuição, Música Celestial e Divina Inspiração de Deus.

Oh! Divino Mestre, reforce em minha alma, a poesia, a ética, o domínio próprio, o sentimento e a Unidade de Toda a Vida em que todos vivemos, nos movemos e temos o nosso ser.

Assim Seja

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz entre setembro/1967 e junho/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Audiobook – Astro-diagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz

Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-Prefácio
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-Introdução
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.1-Capítulo 1- Propriedades Anatômicas e Fisiológicas dos Signos
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.1-Capítulo 2 – Regências e Qualidades – Correlação da Anatomia e Fisiologia com o Zodíaco
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.1-Capítulo 3 – Simpatia e Antipatia
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.1-Capítulo 4 – A Ciência do Reto Viver
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.1-Capítulo 5 – A Mentalidade
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.1-Capítulo 6 – As Influências da Sexta Casa
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.1-Capítulo 7 – Passos Preliminares do Diagnóstico
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.1-Capítulo 8 – Sugestões e Auxílios para o Curador e para a Curadora
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.1-Capítulo 9 – Aforismos
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.1-Capítulo 10 – Diagnóstico pelas Mãos e Unhas
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 11 – Nº 1 – Uma Lição como Modelo de Interpretação
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 12 – Nº 1A 1B 1C – Os Ouvidos
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 13 – de 2A a 2H – Os Olhos
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 14 – de 3B a 3G – Garganta
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 15 – de 4A a 4C – Os Pulmões
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 16 – de 5A a 4E – Coração
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 17 – de 6A a 6D – Estômago
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 18 – de 7A a 4H – Os Rins
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 19 – de 8A a 8E – Sexo
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 20 – de 9A a 9E – Coluna Vertebral
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 21 – de 10A a 10D – Fígado e Vesícula Biliar
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 22 – de 11A a 11I – Circulação
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 23 – de 12A a 12B – Hanseníase
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 24 – de 13A a 13G – Paralisia
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 25 – de 14A a 14F – Nervos
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 26 – de 15A a 14C – Ossos
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 27 – de 16A a 16B – Espíritos Obsessores ou Espíritos de Controle
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 28 – de 17A a 17D – Glândulas Endócrinas ou de Secreção Interna
Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva – Max Heindel e Augusta Foss Heindel -FRC em Campinas-SP-Brasil-P.2-Capítulo 29 – de 18A a 18H – Condições Especiais

Em Publicação…

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Audiobook – Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz

A Mensagem das Estrelas-Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz – Introdução
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.1-A Evolução Segundo o Zodíaco
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.2-O Grau de Suscetibilidade às Vibrações Astrais
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.3-Você nasceu sob uma estrela da sorte
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.4-A Leitura do Horóscopo
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.5-A Influência dos Doze Signos quando Ascendentes
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.6-A Natureza Intrínseca dos Astros
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.7-As Crianças dos Doze Signos do Zodíaco
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.8-Sol, o Doador da Vida
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.9-Vênus, o Planeta do Amor
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.10-Mercúrio-O Planeta da Razão
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.11-A Lua-Fecundação
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.12-Saturno, o Planeta da Dor
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.13-Júpiter, o Planeta da Benevolência
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.14-Marte, o Planeta da Ação
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.15-As Oitavas Planetárias
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.16-Urano, o Planeta do Altruísmo
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.17-Netuno, o Planeta da Divindade
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.18-A Doutrina da Delineação em Poucas Palavras
A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel-FRC em Campinas-SP-Brasil-C.19-A Mente a o Astro Regente

Em Publicação…

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Audiobook: O Lado Oculto da Guerra – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

O Lado Oculto da Guerra – Prefácio – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
O Lado Oculto da Guerra – Cap. I – A Parte da Guerra travada nos Mundos invisíveis – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
O Lado Oculto da Guerra – Cap. II – Exemplos da Atuação dos Espíritos de Raça, Confundidos com Outros Seres Divinos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
O Lado Oculto da Guerra – Cap. III – Visão Espiritual aberta temporariamente- Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
O Lado Oculto da Guerra – Cap. IV – Solicitando uma explicação ao Irmão Maior- Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
O Lado Oculto da Guerra – Cap. V – Os Dezesseis Caminhos para a Destruição- Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

FIM

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Livro: Interpretações Astrológicas de Temas de Crianças – Vol. IV – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

Como indicado no Livro: Mensagem das Estrelas, Capítulo XVIII, A Doutrina da Delineação em Poucas Palavras (para acessá-lo clique aqui), Max Heindel utilizou a técnica da combinação das palavras-chave de todos os outros Astros e Aspectos da Tabela que consta naquele capítulo para fazer as interpretações desses horóscopos e sugere que os Estudantes Rosacruzes também o façam. Nas palavras dele: “Isso os capacitará a uma boa leitura de qualquer horóscopo, mesmo com pouca prática. Para mais demonstrações práticas desse método sugerimos aos Estudantes que examinem os horóscopos de crianças publicados nos Livros Interpretações Astrológicas de Temas de Criança. Esses horóscopos constituem uma fonte de ensino que nenhum Estudante Rosacruz desejoso de se aperfeiçoar na ciência estelar pode dispensar. As palavras-chave proporcionarão o que foi dito a respeito da natureza geral dos Astros sob consideração; isso ele poderá combinar com a natureza dos Signos e das Casas em que os Astros estão, caso queira uma interpretação completa.”.

Essas interpretações astrológicas dos horóscopos feitas por Max Heindel, mensageiro dos Irmãos Maiores da Rosacruz e fundador da Fraternidade Rosacruz, foram publicadas primeiramente na Revista da Fraternidade Rosacruz, Rays from the Rose Cross, durante os anos de 1918 e 1919.

Não foram impressas anteriormente em formato de livro, mas a base espiritual de sua apresentação, juntamente com sua clareza e concisão, as fez merecedoras de uma audiência maior.

Acreditamos que todos os Estudantes de Astrologia irão achar o estudo dessas vinte e oito delineações de um valor especial para aprender a interpretar corretamente os diferentes Aspectos dos Astros, assim como a sintetizar o mapa como um todo.

O conselho sábio dado aos pais das crianças representadas é outro recurso valioso dessas leituras.

“Se você é um pai ou uma mãe o horóscopo ajudará você a detectar as más intenções em seu filho ou sua filha e ensinará você como é melhor “prevenir do que remediar”. Também mostrará a você os pontos positivos nele ou nela, de modo que você possa ajudar a formar, a partir do seu filho ou filha, um homem ou uma mulher bem melhor, com o Ego que lhe foi confiado. O horóscopo lhe revelará fraquezas sistemáticas e permitirá que você proteja a saúde do seu filho ou da sua filha; mostrará quais talentos existem e como a vida pode ser vivida em toda a sua plenitude. Portanto, a mensagem dos Astros que estão em marcha é tão importante que você não pode se dar o luxo de ignorar isso tudo.”

Max Heindel

Oceanside CA, Setembro de 1915

1. Para fazer download ou imprimir:

Interpretações Astrológicas de Temas de Crianças – Vol. IV – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

ÍNDICE

PREFÁCIO.. 3

ADA N. – NASCIDA EM 30 DE JUNHO DE 1918 ÀS 5:02 PM… 6

ALAN B. O. – NASCIDO EM 18 DE OUTUBRO DE 1911 ÀS 12:20 AM… 10

ALICE E. – NASCIDA EM 15 DE JANEIRO DE 1913 ÀS 2:00 PM… 13

BETTY LOUISE F. – NASCIDA EM 28 DE ABRIL DE 1917 ÀS 1:20 AM… 16

DOROTHY A. H. – NASCIDA EM 12 DE DEZEMBRO DE 1913 ÀS 4:10 AM… 20

EDITH B. – NASCIDA EM 2 DE JUNHO DE 1912. 22

ELEANOR D. – NASCIDA EM 11 DE DEZEMBRO DE 1914 ÀS 1:40 AM… 26

ELIZABETH ELLEN S. NASCIDA EM 14 DE NOVEMBRO DE 1913 A 1:00 PM… 29

ELLIS ELDON D. – NASCIDO EM 25 DE FEVEREIRO DE 1907 ÀS 3:00 AM… 32

ERMAN C. – NASCIDO EM 23 DE JANEIRO DE 1913 ÀS 3:00 AM… 35

ETHEL C. – NASCIDA EM 1 DE JANEIRO DE 1899 ÀS 4:00 AM… 38

GERTRUDE B. – NASCIDA EM 22 DE MAIO DE 1915 ÀS 3:32 AM… 40

Gladys G. – Nascida em 10 de abril de 1904 às 7:10 AM… 43

Guy S. M. – Nascido em 26 de setembro de 1916 às 4:25 PM… 46

Gwennyth C. C. – Nascida em 3 de Agosto de 1901 às 7:00 PM… 50

Harold C. – NASCIDO EM 7 de agosto de 1917 às 8:30 PM… 52

Hazel P. – Nascida em 27 de Agosto de 1895 às 9:30 am… 55

Helen G. – NASCIDA EM 18 de julho de 1912 às 4:00 AM… 57

Herbert W. – Nascido em 13 de janeiro de 1908 às 7:30 PM… 60

HOWARD ARTHUR R., NASCIDO EM 17 DE DEZEMBRO DE 1913 ÀS 7:11 AM… 63

JOSEPHINE B. – NASCIDA EM 13 DE ABRIL DE 1915 ÀS 4:30 AM… 66

M. B. R. – NASCIDO EM 21 de setembro de 1916 às 0:30 Pm… 69

MARIE W. M. – NASCIDa EM 25 de Julho de 1913 às 8:20 PM… 72

May M. D. – NASCIDA EM 17 de março de 1909 às 7:30 AM… 76

Mildred B. – NascidA EM 6 de abril de 1905 às 11:15 AM… 79

Miska Maria D. – NASCIDA EM 28 de outubro de 1901 às 11:00 PM… 83

MURIEL P. – NASCIDA EM 23 de abril de 1905 às 0:15 AM… 85

ADA N. – NASCIDA EM 30 DE JUNHO DE 1918 ÀS 5:02 PM

EM FRESNO, CALIFÓRNIA, EUA

No momento do nascimento de Ada, havia quatro Signos Comuns nos ângulos e a magnética, imaginativa, plástica, mutável e emocional Lua estava em Sextil com o harmonioso, artístico, belo, adorável, suave e afetuoso Vênus. Ela também estava em Trígono com o oculto, profético, inspirador, espiritual, devocional e musical Netuno. Isso proporcionará a Ada uma disposição muito sonhadora e uma imaginação extremamente fértil e vívida, um amor ao prazer, à música e arte, uma personalidade envolvente, muito atraente para o sexo oposto, porque tende a ser gentil, afetuosa e simpática. Isso tende a sucessos gerais na vida e lhe proporcionará um talento considerável como uma musicista inspiradora.

Há também um Trígono do energético, entusiástico e construtivo Marte com Júpiter, que ajudará a torná-la um pouco mais prática do que seria de outra forma; mas tende a torná-la muito extravagante e pródiga com seu dinheiro, de modo que em algum momento ela poderá sentir o aperto da pobreza. Portanto, seria bom se vocês pudessem instrui-la durante a infância sobre o uso correto do dinheiro.

A Lua também está em Trígono com Netuno e isso fornecerá a ela um aumento da faculdade da imaginação a um ponto superlativo. Favorece sonhos e visões proféticas que fornecerão a ela a chance de se colocar em contato com os Mundos invisíveis. Indica habilidade nas artes ocultas e sucesso em sua prática, pois torna a natureza extremamente inspiradora, mas também proporciona uma disposição gentil e simpática, a mesma que já foi observada no caso de Vênus.

As qualidades espirituais podem não ser aparentes, mesmo para a própria Ada, mas serão latentes e capazes de desenvolvimento. Também é seguro dizer que em algum momento, ou outro durante sua vida, ela terá oportunidades de entrar em contato e será muito atraída pelo oculto, quer as qualidades da alma sejam subsequentemente desenvolvidas ou não.

Saturno, o Planeta da cautela, do método, sistema, da perseverança, do tato e da diplomacia, está sem Aspectos e, portanto, não podemos procurar essas características na natureza de Ada. Seu personagem será dominado pela Lua, Netuno e Vênus, o que proporcionará a ela dificuldades em ser prática.

Também descobrimos que o inteligente, versátil, eloquente e hábil Mercúrio, o Planeta da razão, está sem Aspectos; este é outro ponteiro na mesma direção. Será difícil para ela aprender as lições comuns da vida, mas terá outros meios de obter conhecimento e será um tanto diferente do normal para as outras crianças.

Sua falha principal está indicada pelo preguiçoso e sem ambições Sol em Quadratura com a sonhadora, vacilante, insípida, frívola e preocupante Lua, e com o egoísta, discordante, apaixonado e temperamental Marte. Isso, às vezes, fornecerá a ela ser uma criança muito difícil de controlar. Se isso acontecer a sua Mente será vacilante, incapaz de decidir sobre um curso ou outro, onde quer que haja uma escolha; impaciente e temperamental quando é forçada a fazer algo que não deseja.

Como já foi dito, é fornecida a ela uma natureza sonhadora e sem energia, exceto em certas direções, principalmente nas atividades sociais e na música. Portanto, será necessário que vocês se esforcem para controlar essas qualidades indesejáveis durante a infância. Certifiquem-se de tentar inculcar sistema e método, também perseverança, de modo que quando ela concordar em fazer qualquer coisa, ela seja forçada a seguir com sua resolução, para o bem ou para o mal, para que ela possa aprender pela experiência real como formar julgamentos.

Existe outra desvantagem na educação de Ada. O Sol, que é o doador da vida, está em Quadratura com a Lua, o árbitro principal das funções femininas e, consequentemente, da saúde. Estando em Quadratura em Signos Cardinais, o Sol estando no Signo fraco de Câncer, mostra que a vitalidade de Ada não é muito forte, principalmente porque a Lua está em Oposição a Marte, o Planeta da energia dinâmica. Por causa disso, ela será naturalmente muito mimada, e com razão, mas ao mesmo tempo vocês devem ver que enquanto está mimando as deficiências físicas, vocês não põem em risco o bem-estar espiritual da alma, pois estamos aqui em vida para aprender pela experiência as lições da grande escola e, a menos que nos apliquemos, teremos que continuar voltando vida após vida para aprender as mesmas lições; portanto, vocês devem se esforçar para encontrar o meio-termo dourado entre a simpatia correta e os mimos desnecessários.

Saturno em Leão, o Signo que governa o coração, e Marte em Libra, o Signo que governa os rins, nos mostram dois pontos fracos principais em sua constituição física.

O Sol está no Signo de Câncer, regendo o estômago e afligido. Isso indica que o coração, os rins e o estômago são os elos fracos da cadeia.

Portanto, vocês devem ter cuidado com sua dieta; também vejam que ela não se esforce demais nas brincadeiras e prejudique indevidamente a saúde. Lembrem-se de que, por meio do cuidado adequado e inteligente na infância até mesmo as grandes aflições podem ser superadas.

ALAN B. O. – NASCIDO EM 18 DE OUTUBRO DE 1911 ÀS 12:20 AM

EM UTICA, N.Y., EUA

Aqui encontramos quatro Signos Fixos nos ângulos do horóscopo, mostrando que Alan é convicto por onde quer que ande, o que é muito bom, desde que seus esforços sejam direcionados por canais adequados. Também descobrimos que Vênus, o Planeta do amor, está em Sextil com Júpiter, o Planeta da

benevolência, e em Trígono com Saturno, o Planeta do método, dos processos, da ordem, previsão e capacidade construtiva. Isso lhe proporciona uma natureza basicamente gentil e benevolente, juntamente com algumas das melhores qualidades que garantem o sucesso na vida. Mercúrio, o Planeta da razão, precede o Sol para iluminar o intelecto, e Marte, o Planeta da energia dinâmica, está em um Signo mercurial, que também tende a aguçar a habilidade para ser divertido. Assim, vemos que Alan está muito bem equipado para fazer a sua parte e ser bem-sucedido na batalha da vida.

Contudo, o seu horóscopo não mostra apenas coisas boas, e podemos dizer felizmente isso, porque são os obstáculos e as obstruções, as provações e tentações que nos ajudam a desenvolver nosso músculo espiritual para superá-los, desde que escolhamos a direção correta. Aqui descobrimos que Vênus, o Planeta do amor, está em Quadratura com Marte, o Planeta do impulso e da paixão, e Vênus está na 2ª Casa, governando as finanças; isso mostra uma tendência amorosa bastante desenfreada por parte do Alan, e que ele poderá desperdiçar grande parte de seus bens em uma vida desregrada e sofrer por isso.

Portanto, é dever dos pais instruí-lo cuidadosamente, desde os primeiros anos em que possa compreender a respeito, da tristeza profunda e do sofrimento que poderão surgir devido a essa tendência. A configuração é de Signos Comuns e flexíveis, Virgem e Gêmeos, e se vocês utilizarem da franqueza e sinceridade para com ele, terão a oportunidade de serem bem-sucedidos em seus apelos à razão e ao seu lado sensível, poupando-lhe de muitos problemas e experiências desagradáveis.

Já falamos da mentalidade brilhante do Alan, mas isso tem seus perigos, pois ele possui um espírito de investigação, e como o Sol e Mercúrio estão em Quadratura com Urano e Netuno, os Planetas que lidam com o ocultismo, será motivo de grande apreensão, caso ele mergulhe em uma destas fases negativas

do ocultismo e se torne seduzido pela mediunidade e seja dominado pelos espíritos de controle; pois Netuno está na Casa da tristeza, angústia e autodestruição, no Signo psíquico de Câncer, e Urano está na 6ª Casa, governante das doenças.

Portanto, durante a infância, vocês devem tomar cuidado em mantê-lo afastado de movimentos, reuniões e dos respectivos locais onde haja a evocação de espíritos e outras forças negativas, seja de maneira direta ou indireta, parcial ou completa, e nunca permitam que ele esteja na companhia de pessoas que adotam tal prática. Este problema ele terá que enfrentar em algum momento, porém, se ele for prevenido, ele também será precavido e, portanto, o conhecimento desses assuntos é essencial para que ele se mantenha fora de perigo.

Com relação à saúde, descobrimos que Marte, o Planeta da febre e inflamação, está em Gêmeos, o Signo que governa os pulmões, e em Quadratura com a Lua, que domina o fluxo corrente de ar nesses órgãos. Saturno, o Planeta do frio e da obstrução, está no Signo de Touro, governante da garganta, e todos esses sinais apontam para uma inflamação das mucosas, devido à falta de ar, portanto, é aconselhável que vocês ensinem a ele exercícios respiratórios fisioterápicos para que ela possa desenvolver uma capacidade pulmonar para resistir ao frio do inverno e aumentar sua vitalidade, que também está comprometida pela Quadratura de Netuno e Urano com o Sol.

ALICE E. – NASCIDA EM 15 DE JANEIRO DE 1913 ÀS 2:00 PM

EM PUERTO RICO, EUA

O primeiro aspecto que observamos nessa figura é que a Lua está na 12ª Casa, a da tristeza profunda, angústia e autodestruição, e em Quadratura com o Sol, doador de vida. Essa é a única nota que está totalmente em desacordo com o restante do horóscopo, pois assinala uma Mente vacilante, decepções, dificuldades financeiras e infortúnios gerais na vida, principalmente por existir uma tendência a uma personalidade egoísta e proibitiva. Como o Aspecto vem da 12ª Casa é, no entanto, algo latente e que pode ser superado por um treinamento adequado na infância, para que praticamente não seja ativado durante a vida. E vocês, como pais, devem prestar atenção e tentar erradicar essas características sempre que elas se mostrarem. E como o lado bom desse horóscopo é muito mais forte do que a tendência adversa já mencionada, não há dúvida de que vocês serão capazes de ajudar a superar.

Mesmo porque esse é um bom horóscopo e muito forte. Os quatro Signos Fixos estão nos ângulos, indicando uma vontade forte e muita determinada. E esse também é um cenário em que Saturno desempenha um papel particularmente bom e mostra todas as suas boas qualidades. Pois ele está no Ascendente e em Trígono com o Sol e Urano, Sextil com Netuno. Isso fornecerá a Alice uma disposição metódica e organizada. Isso lhe proporcionará a modéstia, a habilidade para o tato, a diplomacia; também, muito econômica e uma boa gerente de qualquer negócio. Ela estará bem-preparada para assumir responsabilidades, pois isso lhe confere uma intuição muito profunda e penetrante, de modo que ela certamente obterá sucesso em tudo que empreender. Portanto, ela certamente crescerá na vida.

A Quadratura da Lua com o Sol, provavelmente, causará inveja considerável por parte daqueles que, desde o princípio, serão seus superiores, mas o Trígono de Saturno com Urano lhe proporcionará persistência, perseverança e todas as outras qualidades necessárias para se posicionar acima de qualquer oposição e chegar ao topo da escada, onde os outros procurarão admirá-la. Os demais aspectos do horóscopo contribuem para esse objetivo e apontam na mesma direção. Marte, o Planeta da energia dinâmica, está em Conjunção com Mercúrio, o Planeta da razão e da destreza; e, também, com Júpiter, o Planeta da nobreza, da boa amizade e todas as outras qualidades desejáveis. Isso proporcionará a Alice uma Mente prática, mecânica, construtiva e empreendedora, uma personalidade muito magnética, entusiasta e cheia de energia, por meio da qual atrairá outras pessoas para si. Isso proporcionará a ela a franqueza, a abertura para conversar, honestidade e a autossuficiência. Sempre pronta para ajudar outras pessoas que precisam e, por isso, ela ganhará inúmeros amigos.

Contudo, seria bom que ela procurasse ter mais amigos do sexo masculino, pois, devido à configuração já mencionada – Quadratura da Lua com o Sol, a Lua estando na 12ª Casa, da tristeza profunda, da angústia e inimizade secreta e hostilidade – as mulheres irão se mostrar falsas e traiçoeiras com ela, apesar de todos os seus esforços em ajudá-las. Saturno no Ascendente tem a tendência de tornar as pessoas tímidas, para evitar a companhia de outras pessoas, porém, no horóscopo de Alice, descobrimos que Marte e Mercúrio estão em Sextil com Vênus, o Regente do Ascendente. Isso proporcionará a Alice um elevado gosto pela música e pelo convívio social prazeroso, para que ela desfrute a vida em sua plenitude, e as indicações da 8ª Casa mostram que, além do ganho financeiros é provável que ela obtenha uma herança e, portanto, sempre estará em boas circunstâncias financeiras.

No que diz respeito à saúde, no entanto, descobrimos, infelizmente, que Alice não se encontra como em outras circunstâncias da vida, pois mesmo que Saturno esteja bem Aspectado, sua posição no Ascendente enfraquece o organismo até certo ponto e a Lua, que é a significadora de saúde para uma mulher está em Quadratura com o Sol, doador da vida, na 12ª Casa, também é uma indicação de que a prudência seja necessária. Cuidado com as gripes durante a infância e não deixe que sobrecarregue suas forças.

BETTY LOUISE F. – NASCIDA EM 28 DE ABRIL DE 1917 ÀS 1:20 AM

EM OAKLAND, CALIFÓRNIA, EUA

temos uma menininha com uma 10ª Casa extremamente bem-fortificada: o Sol vivificante para que ela atraia a atenção daqueles que tem autoridade e seja capaz de ajudá-la a crescer socialmente; o grande benéfico, Júpiter, fornecendo um testemunho adicional de um relacionamento social onde prevaleça o favor, as coisas boas e a cordialidade; o gentil Vênus, que promove o prazer e o regozijo, está particularmente forte por causa de sua posição em Touro, o Signo que Vênus rege. Mercúrio, o Planeta da razão e da expressão, também está na 10ª Casa, mostrando a habilidade para conversações.

Marte, o Planeta da energia dinâmica, está perto do Meio do Céu no Signo que ele rege, Áries, proporcionando a ela uma natureza cheia de determinação e determinada a ser bem-sucedida, e é certo que ela sempre será uma líder em qualquer cenário em que se encontre, pois tem uma habilidade muito excepcional para isso. Contudo, uma posição elevada na sociedade sempre coloca aquele que a mantém a mercê da inveja e dos ciúmes daqueles que não têm tanta competência, e Betty não será exceção à regra. O turbulento Marte está em Áries, o Signo que governa a cabeça e Saturno, o Planeta que governa o esqueleto, o Planeta de inimigos secretos e maliciosos, e está na 12ª Casa, a Casa da tristeza, da angústia e da autodestruição.

Isso mostra uma tendência a uma atitude arrogante e dominadora, um mau hábito de se zangar repentinamente e consequentes problemas com pessoas que tentarão prejudicá-la, cujas ações será muito difícil de se certificar, porque serão dissimuladas. Bem, aqui é o ponto em que vocês podem ajudar muito a Betty, ensinando-a a praticar o autocontrole e a paciência com os outros; a também ser gentil e misericordiosa. É uma benção para vocês e para Betty que esse horóscopo tenha sido levantado enquanto ela ainda está em sua infância. Isso lhe proporciona a chance de trabalhar com ela desde o início da vida e, pelo conhecimento da principal falha latente nela, vocês podem lhe prestar um serviço incalculável, ajudando-a a superar tudo isso.

Toda demonstração de se zangar repentinamente deve ser tratada com firmeza, mas com gentileza. Há um método usado com muito sucesso e benefício para a criança: consiste em colocar dois espelhos em um canto e sempre que a criança se zangar repentinamente, sentá-la em uma cadeirinha perto dos dois espelhos, para que não possa se virar, mas que seja forçada a ver suas características distorcidas no vidro. O efeito é geralmente mágico; a criança não gosta de se ver nesse estado e, depois de alguns instantes, sorri por entre as lágrimas, e o acesso de se zangar terá passado.

Assim, com o tempo, as crianças aprendem o autocontrole e o que quer que seja firmemente inculcado durante os primeiros sete anos de vida, quando os hábitos são formados no Corpo Vital que ainda está para nascer, permanece com elas durante o resto de sua existência na Terra. Nesse momento é a hora de começar o trabalho de ajudá-la. Vocês verão que Betty é uma criança muito inquieta, pois a agitada Lua e Netuno, o andarilho sem casa, estão em Conjunção com seu Ascendente.

Isso lhe proporcionar um desejo de viajar insaciável, mas ela se beneficiará de todas as mudanças que fizer, pois ela tem uma Mente profunda e poderosa, fornecida pelo Sextil de Mercúrio com Saturno, e sempre se sairá bem, não importa o quão arriscado possa parecer; exceto em uma coisa. O casamento lhe trará problemas, pois o Sol, que é o significador do marido para uma mulher, e Vênus, o Planeta do amor, estão em Quadratura com a Lua e Netuno.

Além disso, Urano, o Planeta da liberdade e da independência, está na 7ª Casa, que rege o casamento, e isso mostra que ela nunca se submeterá às restrições que são necessariamente incidentes na vida de casados e, consequentemente, se ela tentar esse empreendimento, será uma falha sombria. Com relação à saúde, descobrimos que Saturno está em Câncer, o Signo que rege o estômago, e na 12ª Casa, denotando doenças e confinamentos. E em Quadratura com Marte, o Planeta do fogo e da febre, mostrando que Betty é suscetível a distúrbios digestivos e febris.

Contudo, sempre defendemos que mais vale prevenir do que remediar e se isso é aplicado na infância, poderá ser salva na adolescência ou na idade adulta. Portanto, se vocês forem cuidadosos ao ensinar Betty a comer corretamente, isso pode ser superado. Ela será muito exigente com a comida e terá preferência por doces e bolos, que arruinarão seu estômago, mas se vocês a ensinarem a seguir uma boa dieta sensata desde a infância, isso também poderá ser alterado.

DOROTHY A. H. – NASCIDA EM 12 DE DEZEMBRO DE 1913 ÀS 4:10 AM

EM BERKELEY, CALIFÓRNIA, EUA

Aqui temos uma pequena jovem delicada que precisa de todo o cuidado que seus pais possam lhe prover, a fim de trazê-la com segurança à feminilidade e torná-la forte e saudável. Temos quatro Signos Fixos nos ângulos; essa ajuda é para fortalecer a saúde e a habilidade do seu corpo em combater as doenças, mas, infelizmente, o Sol que é o doador da vida, está em Oposição a Saturno, o Planeta da obstrução, e Vênus está em Oposição à Lua, que é o principal fator na saúde de uma mulher. Vocês deveriam sempre tomar cuidado para que ela não seja exposta ao frio durante a infância e, isso seria algo muito bom para que, quando ela ficasse mais velha, pudesse compreender o que isso significa e, também, o porquê da necessidade de seguir as orientações para fazer exercícios respiratórios específicos, com o objetivo de que ela aprenda a usar os pulmões em sua capacidade máxima.

E acima de tudo, certifiquem-se de não a sobrecarregar com roupas apertadas ou usar corpetes ou cintas apertadas; ela deve ficar perfeitamente mais livre possível para fazer movimentos de seu corpo e deve ficar o máximo possível ao ar livre, e pelo maior tempo possível; isso, é claro, mais fácil na maior parte do tempo na ensolarada Califórnia. Com relação à Mente, descobrimos que ela será bem cuidada por Mercúrio, o Planeta da razão e expressão, e que está no Ascendente, vindo antes do Sol. Ele está na cúspide, entre Escorpião e Sagitário e em Conjunção com o gentil Planeta Vênus. Daqui podemos concluir que Dorothy será extremamente brilhante e rápida em suas atividades mentais e que ela aprenderá sem aparentemente ter que se aplicar. Ela, também, terá um tipo particular de caráter muito amigável e amoroso.

A Oposição do Sol com Saturno, que ocorre da 2ª à 8ª Casa, ambas governando as finanças, e a Oposição de Vênus com a Lua, que é das mesmas Casas, mostra que há uma probabilidade de Dorothy receber uma ou mais heranças, mas também que ela terá problemas em lidar com elas. Portanto, seria aconselhável focar a atenção e aos cuidados extras de como ela deve lidar com esse assunto, e embora ela não seja o que chamamos de abastada, pode-se dizer que ela terá sempre o suficiente para viver bem. Portanto, a principal responsabilidade de vocês como pais será salvaguardar a saúde dela, para que possa aproveitar seus recursos financeiros e não os gastar em desperdícios e coisas fúteis.

EDITH B. – NASCIDA EM 2 DE JUNHO DE 1912

EM JUNEAU, ALASKA, EUA

No momento do nascimento de Edith, Saturno estava em Conjunção com Mercúrio na 9ª Casa, que governa a Mente, e isso proporciona a ela uma tendência para a preocupação e para a dúvida, para ser sarcástica e cética em questões religiosas. A Lua, o outro significador da Mente, não tem Aspectos em Capricórnio; portanto, Edith assumirá as características do Signo saturnino e parecerá fria e não afetada superficialmente, por mais profundamente que ela possa sentir sobre qualquer assunto. O Sol, que é a maior influência espiritual, está na 10ª Casa, mas está em Oposição a Júpiter, o legislador, e isso a torna muito impaciente com a contenção, uma característica que será acentuada pela Oposição de Marte a Urano. Tanto o Sol em Gêmeos, quanto a 10ª Casa, e Marte em Leão, a deixam imensamente orgulhosa, e se vocês tentarem destruir sua autoestima ou tirar sua alegria na vida ou tirar a sua fé e alegria em quem ela é, ou tirar seus sonhos e a vida que ela espera, vocês simplesmente a aniquilarão, pois ela nunca superará a humilhação.

Saturno em Conjunção com Mercúrio na 9ª Casa proporcionará a ela facilidade em pensar em punições até que a vida se torne insuportável para ela. Portanto, vemos que Edith é de uma natureza extremamente difícil de criar, e vai exigir a paciência, o amor e a devoção de vocês para criá-la direito. Há, entretanto, sob o exterior orgulhoso frio e inacessível, um vulcão de amor, representado por Urano em Trígono com Vênus, e a atitude externa resulta em parte de uma tentativa de esconder esse lado de sua natureza. É essa natureza de amor que vocês, como pais, devem se esforçar para fomentar com o seu amor.

Ela terá muitas variações de humores; Vênus em Gêmeos confere inconstância de afeição e seu Trígono com Urano a tornará muito pouco convencional quando crescer até a meninice.

Portanto, vocês devem se esforçar para tornar o lar tão atraente que ela nunca mais desejará estar em outro lugar. Júpiter na 4ª Casa proporcionar a ela um amor pelo lar e um orgulho dele que pode ser nutrido com grande vantagem.

O que vai causar a Edith o maior problema em sua vida é que ela não consegue se expressar exatamente como quer. Em primeiro lugar, suas ideias estão muito avançadas para a maioria das pessoas, e Saturno em Conjunção com Mercúrio, em Touro, o Signo da voz, fornece a ela uma disposição em falar coisas que chocam outras pessoas, que a interpretarão mal e a caluniarão, e sua frieza à atitude externa será em grande parte devido a esse fato, pois naturalmente ela logo perceberá que não importa o quão bem suas intenções sejam, ela está fadada a ser mal compreendida, e ela realmente tem direito a toda a tolerância e simpatia que pode ser dada a ela. Essa posição da 9ª Casa também a torna sujeita a ações judiciais, e a perda inevitavelmente seguirá daí. Ela deveria ser ensinada a se proteger e nunca, sob qualquer provocação, ir à justiça.

Edith sempre será confortavelmente abastecida com as coisas do mundo. Marte em Leão e Júpiter na 4ª Casa mostram que isso é particularmente verdadeiro na última parte da vida. Essa é uma bênção em todas as suas provações e dificuldades; além disso, ela nunca será má e mesquinha com o que tem, mas sempre doará coisas liberalmente e até generosamente aos amigos.

Infelizmente, porém, como Marte está na 11ª Casa em Oposição a Urano, os beneficiários de sua generosidade quase invariavelmente serão muito ingratos e aumentarão a decepção em sua vida. Ela é generosa e certamente ganhará com sua generosidade, não importa o que os outros façam em troca.

Haverá mais de um casamento, pois o Sol, que é o significador da mulher, está em Gêmeos, um Signo duplo, e Peixes, outro Signo dual, está na 7ª casa; assim, ela está fadada a experimentar, em algum grau, o amor do qual tem fome; embora, infelizmente, seus ideais sejam tão elevados que seria impossível para o parceiro viver de acordo com eles.

Com relação à saúde, certifique-se de que ela não pratique exercícios pesados na infância. O Sol em Oposição a Júpiter e Marte em Leão, o Signo do coração, em Oposição a Urano, mostra tendências para a agitação do coração. Existem certos exercícios físicos e de respiração profunda que corrigirão essa tendência, de modo que com o passar dos anos a ação do coração ficará forte e rítmica, se for cuidada desde o início.

Este é um caso em que um pai pode prestar um serviço maravilhoso à filha sabendo dessa falha e aplicando o máximo de prevenção. Algum dia os médicos aprenderão Astrologia em suas escolas e, então, serão uma verdadeira ajuda para os pais, levantando horóscopos dos filhos que trazem ao mundo e aconselhando desde o início como devem ser tratados.

Quanta tristeza e problemas eles poderiam economizar se fossem assim iluminados e capazes de dar conselhos valiosos aos pais. Então, mais tarde na vida da criança, eles poderiam observar e ver como as tendências funcionavam; assim, ajudando a cultivar Corpos Densos fortes e saudáveis para a expressão do espírito. A Conjunção de Saturno com Mercúrio em Touro apresenta tendência a resfriados na garganta, mas a respiração, conforme recomendado acima, também ajudará a controlar esse efeito.

ELEANOR D. – NASCIDA EM 11 DE DEZEMBRO DE 1914 ÀS 1:40 AM

EM NEVADA, EUA

Aqui temos outra jovem brilhante e versátil, pois descobrimos que Mercúrio, o Planeta da razão, está em Sextil com a Lua, o Astro da imaginação, e com Urano, o Planeta da intuição, e, também, em Conjunção com Vênus, o Planeta do amor e da beleza. Isso proporciona à Eleanor uma Mente muito rápida e intuitiva; será excepcionalmente assim e, além disso, proporciona a ela a capacidade de se expressar em uma bela linguagem conferida pela Conjunção de Vênus e Mercúrio. Assim, atrairá uma série de amigos e será muito solicitada por todos que a conhecem, particularmente por pessoas do sexo oposto. E descobrimos que, nesse aspecto, ela também nasce sob uma boa estrela, pois Júpiter, o Planeta da benevolência, cordialidade e jovialidade, está na 5ª Casa, que governa os namoros, e ele está em Sextil com o Sol e Marte, que são os significadores do casamento para uma mulher.

Marte rege a 7ª Casa, que governa o casamento, e a 2ª Casa, que governa as finanças, e por sua Conjunção com o vitalizante Sol e seu Sextil com Júpiter, o Planeta da benevolência e da opulência, certamente é muito evidente que Eleanor se beneficiará enormemente do casamento, tanto no que diz respeito à felicidade quanto nas circunstâncias financeiras. Assim, pode dar a impressão de uma vida singularmente cheia das coisas boas e abençoada pela ausência das coisas más, mas há um ponto sinistro que merece sua atenção, ou seja, a Lua em Quadratura com Saturno. A Lua é o Astro da fecundação; ela, por assim dizer, frutifica as sementes dos eventos que são semeados em nossas vidas e os faz acontecer, e Saturno é o Planeta da obstrução, que sempre retêm tudo o que entra em contato com ele.

Assim, essa Quadratura pode causar decepções na vida; aquelas que, naturalmente, temos um motivo para esperar, se tornarão realidade frustradas ao parecer por circunstâncias fora de nosso controle. E a Lua está na Casa da profunda tristeza, angústia e autodestruição, a 12ª Casa, mostrando que dessa causa surgirá os sofrimentos de Eleanor. Há, no entanto, tanta coisa no horóscopo que é improvável que isso tenha todo o efeito igual ao de um horóscopo onde existem muitas outras Quadraturas e Oposições. Contudo, não há dúvida de que, como o Sol e Marte em Conjunção lhe proporcionarão uma grande quantidade de energia, vitalidade e ambição impulsiva, esse Aspecto entre Saturno e a Lua define uma espécie de roda de equilíbrio para conter sua impaciência e ensiná-la a ser paciente.

Também encontramos Netuno, o Planeta da inspiração, em Leão, o Signo do coração e do sentimento, e Vênus está prestes a entrar em Sagitário e está em Conjunção com Mercúrio. Mercúrio faz um Trígono com Netuno e proporcionará a Eleanor um talento que se expressará por meio de músicas inspiradoras, com uma capacidade incomum de se apresentar. Esse talento deve ser cultivado desde os primeiros anos, pois será uma fonte de grande prazer para Eleanor e a todos com quem ela entrar em contato. Com relação à saúde, descobrimos que há uma grande quantidade de fogo na natureza fornecida pelo Sol e por Marte, mas Saturno está prestes a entrar no Signo de Câncer, que rege o estômago, e ele está em Quadratura com a Lua. Sem dúvida, isso causará problemas na digestão, a menos que Eleanor seja ensinada a ter cuidado com seus hábitos alimentares. A Lua está em Libra, e em Quadratura com Saturno, o Planeta da obstrução, também proporcionará uma tendência à obstrução da urina, pois Libra, o Signo onde a Lua está, governa os rins. Assim, há uma tendência do estômago e dos rins estarem com a temperatura muito abaixo do que a normal, que deve ter sua cuidadosa atenção, para que isso possa ser evitado enquanto a ela está crescendo e a capacidade do seu corpo em lutar contra as doenças está sendo fortalecida.

ELIZABETH ELLEN S. NASCIDA EM 14 DE NOVEMBRO DE 1913 A 1:00 PM

EM OAKLAND, CALIFORNIA, EUA

Nesse horóscopo encontramos o Signo intelectual avançado de Aquário no Ascendente, com Urano, seu Regente, nele, e esse é o Planeta com mais Aspectos em todo o horóscopo. Ele forma um Sextil com Mercúrio, o Planeta da razão, um Trígono com a Lua, o Planeta da imaginação, uma Oposição a Netuno, a oitava de Mercúrio, e uma Quadratura com Vênus, sua própria oitava. Isso marca Elizabeth como um forte caráter uraniano, com os defeitos e as virtudes desse Signo e desse Planeta.

Isso proporcionará a ela muita intuição e engenhosidade, com ideias originais muito à frente do seu tempo, extremamente ciumenta dos seus direitos e da sua liberdade, e muito impaciente com as restrições; boêmia e extremamente não convencional em seus gostos, em suas ideias e em seus hábitos; além disso, é absolutamente certo que ela não pode ficar longe do estudo do ocultismo, da mesma forma que um pato não pode ficar sempre fora da água. Enquanto criança, vocês descobrirão que ela “verá coisas”, e não está claro em nossa Mente se ela perderá esta faculdade como as crianças costumam fazer ou não; mas se o fizer, ela retomará o contato com os Mundos invisíveis em um estágio posterior da sua vida.

O doador de vida Sol, em Trígono com Marte, o Planeta da energia dinâmica, proporcionará a ela uma grande quantidade de energia vital, que lhe assegurará uma abundância de energia e vigor, e a Lua, que é o significador particular da saúde para um mulher, e que está em Trígono com Urano mostra que ela terá, ao mesmo tempo, um temperamento extremamente sensível e tenso. Essas qualidades nem sempre são encontradas juntas, pois aqueles que são muito sensíveis e muito tensos, geralmente, também são muito delicados, mas se Elizabeth não abusar seriamente de seu corpo, ela será, ao mesmo tempo, tensa, sensível e saudável. O ponto mais fraco do seu organismo, geralmente, é indicado por Saturno. Ele está em Gêmeos, o Signo que rege os pulmões, mas como ele não tem Aspectos e, portanto, não está afligido, ela provavelmente não terá problemas vindos daquela direção.

Há, entretanto, outro ponto em que as forças vitais dela podem ser minadas, e o principal valor para vocês, como pais desta leitura, será descobrir isso. Como dissemos no início, Elizabeth será muito pouco convencional em suas ideias e descobrimos que Urano, o Planeta da não-convencionalidade, está em Quadratura com Vênus, o Planeta do amor, que está em Escorpião, o Signo que governa os órgãos genitais, sendo que Urano está na décima segunda Casa, a Casa da tristeza, dos problemas e da autodestruição. Isso mostra que Elizabeth será imbuída por um desejo sexual muito forte, e que ela pode se esforçar para satisfazer esse desejo de uma maneira incomum, a ponto de prejudicar sua saúde. Portanto, é absolutamente necessário que uma estrita vigilância seja mantida sobre ela durante os dias da infância, que ela receba instruções tão claramente quanto possível sobre os perigos do abuso dessa função, e que ela dever ser educada com uma dieta fria[1] e não estimulante, sem ovos, carnes de animais (mamíferos, aves, peixes, anfíbios, répteis, frutos do mar), especiarias ou temperos fortes. Ela também deve ser colocada para executar atividades, ou brincar, de uma natureza extenuante, para que possa ter uma válvula de escape para sua vitalidade. Se vocês cuidarem dela, com respeito a esses assuntos, é provável que possa eliminar essa falha latente; mas não se engane, o Aspecto é de Signos Fixos, o que mostra que está muito arraigado em sua natureza e exige um tratamento forte, persistentemente continuado.

ELLIS ELDON D. – NASCIDO EM 25 DE FEVEREIRO DE 1907 ÀS 3:00 AM

EM HARPER CO., OKLAHOMA, EUA

Esse é um horóscopo forte, tanto para o bem como para o mal. Existem quatro Signos Cardinais nos ângulos, proporcionando a Ellis uma natureza ativa e enérgica. Saturno, o Regente do Ascendente, está em Conjunção com Mercúrio. Isso pode tornar a Mente profunda e lhe confere poder de concentração, além disso, existe a tendência de ver o lado sombrio das coisas. No entanto, isso é consideravelmente modificado pelo Sextil de Saturno com Vênus, o Planeta do amor, da luz e da alegria, de modo que, provavelmente, o um sentimento de grande tristeza e falta de esperança não será tão profundo quanto se fosse o contrário. Além disso, o Sol, que é o doador de vida, está em Trígono com Júpiter, o Planeta do otimismo, e, também, em Trígono com Netuno e em Sextil com Urano, o Planeta da intuição.

Todas essas influências iluminam a disposição e lançam a luz do sol na vida dele. Porém, Marte, o Planeta da energia dinâmica, está na 12ª Casa em Quadratura com Saturno, o Planeta da obstrução, indicando uma tendência a um sentimento de grande tristeza (todas as vezes que algo terrível acontecer com ela) e autoanulação. Isso proporcionará a Ellis uma tendência a se enraivecer de repente e excepcionalmente violento, o que poderá lhe causar problemas. Tudo isso torna sua natureza cruel, egoísta e enganadora e isso poderá gerar inimizades com os que o cercam. Até existe o risco passivo de prisão.

Infelizmente ele já tem dez anos de idade e, portanto, o melhor período para trabalhar sobre essas tendências com ela ficou para trás. No entanto, a aflição ocorre a partir de Signos Comuns ou flexíveis e há tantas outras boas características nesse horóscopo que torna possível a vocês ajudarem a moldar o caráter dele, de tal maneira que poderão ajudá-lo a minimizar essas tendências. Provavelmente vocês já perceberam essas características em manifestações embrionárias e já lutam contra elas. Nesse caso, deve ser possível ajudá-lo a superar.

Acima de tudo, tentem ensiná-lo a refrear a sua tendência a se enraivecer de repente, pois, sem dúvida, qualquer que seja o problema que lhe ocorrer, será porque, no momento, em que ele perder o controle de si mesmo, agirá precipitadamente pelo impulso momentâneo. No que diz respeito as fortunas financeiras, Ellis vai ter muitos altos e baixos na vida. O Sol está em Trígono com Júpiter, o Planeta da opulência, de modo que a coisas boas na área financeira podem ocorrer, às vezes, com ele e lhe proporcionará abundância em relação os bens do mundo, frequentemente de maneira mais súbita e inesperada, como indica o Sextil do Sol com Urano.

Contudo, a Quadratura de Marte na 12ª Casa, a Casa do sentimento de tristeza profunda, pode proporcionar perdas e dificuldades financeiras. Ele terá disponível uma quantia considerável, mas tende a não ser capaz de mantê-lo e algo semelhante tende a ocorrer com a sua saúde. A sua saúde e a habilidade do seu corpo para enfrentar as doenças e enfermidades é fisicamente forte, mas a Quadratura de Marte com o Sol e Saturno mostra uma tendência a gripes e febres, doenças inflamatórias e acidentes e uma natureza sensual que poderá minar sua vitalidade; em suma, como dissemos no início da leitura do horóscopo, é uma natureza forte, dividida entre o bem e o mal e, de acordo com o que ele escolher, a vida será feliz ou infeliz.

Contudo, existe uma bênção mostrada nesse horóscopo, que é uma quantidade considerável de liberdade de escolha para que ele tenha a chance de escolher por si mesmo, sem ser seriamente prejudicado, e se vocês puderem ajudá-lo apenas na questão do autocontrole, minimizará maravilhosamente as tendências para os problemas futuros e aumentará suas chances de uma vida bem-sucedida e feliz na mesma intensidade.

ERMAN C. – NASCIDO EM 23 DE JANEIRO DE 1913 ÀS 3:00 AM

EM OGDEN, IOWA, EUA

Esse é um horóscopo estranho e bem focado: cinco dos Astros estão na 2ª Casa, que rege as finanças, sendo três no Signo terrestre de Capricórnio; Saturno está no Signo terrestre de Touro; e Virgem, o terceiro da triplicidade terrestre, está no Meio do Céu. Com as boas configurações que estão nesse horóscopo, o qual indica uma carreira material de muito sucesso, duvidamos se Erman, algum dia, ouvirá ou se interessará por algo que tenha a ver com a vida superior, embora à sua maneira ele crescerá e se desenvolverá pelo cumprimento fiel das responsabilidades que serão colocadas sobre seus ombros.

Marte, o Planeta da energia dinâmica, é o Regente do horóscopo, já que Escorpião está no Ascendente. Ele está na 2ª Casa em Conjunção com Júpiter, o Planeta da benevolência e opulência, mostrando que Erman tem uma natureza aberta, generosa e liberal, cheia de energia, iniciativa e ambição, que ele será muito filantrópico e de espírito público, um líder em tudo o que ele empreender. Pois isso também lhe proporciona a capacidade de gerenciar e dirigir os outros de uma maneira gentil, o que garantirá o respeito e a lealdade dos outros.

Saturno, o Planeta da justiça, do sistema, da ordem, do método e da premeditação, do tato e da diplomacia, indica uma Mente profunda, marcada por um comportamento calmo, seriamente atenciosa, caracterizada por pensamentos cuidados e fundamentados, capaz de assumir muitas responsabilidades e ocupar importantes cargos de confiança, com honra para si mesmo e satisfação para aqueles que o colocam lá. Mostra, também, que ele tem uma natureza empresarial cuidadosa, conservadora, íntegra e honrada, pela qual conquistará o respeito e a estima da comunidade e, incidentalmente, a localização de todos esses Astros – Júpiter, Marte, o Sol, Mercúrio e Urano – na 2ª Casa, governando as finanças e com Aspectos benéficos, indica que ele acumulará considerável riqueza, apesar disso ele será livre, liberal e generoso em seu trabalho filantrópico e humanitário.

Honras políticas também são indicadas, mas nessas ocasiões o único aspecto ruim é: Mercúrio, o Planeta da expressão, em Oposição a Netuno, sua oitava superior, proporcionará a difamação e calúnia, que, no entanto, não podem realmente afetar uma natureza como a de Erman.

No que diz respeito à saúde, o Sol em Conjunção à Urano, no Signo de Aquário, atuará no Signo oposto de Leão, que governa o coração, e isso proporciona uma tendência à palpitação.

Mas como Saturno, o Planeta da obstrução, está em Trígono com Júpiter, não achamos que isso jamais se tornará sério. Por outro lado, Mercúrio, o Regente do sistema nervoso, em Oposição a Netuno, o Planeta do caos, em Câncer, o Signo que rege o estômago, mostra que há uma tendência à indigestão, e a única coisa que pode prevenir isso é a vida simples, que acreditamos que vocês ensinarão a Erman tanto por preceito quanto por exemplo durante sua infância, para que quando ele crescer não se sinta impelido a satisfazer seu apetite indevidamente. O Sol e Urano em Oposição à Ascelli, uma mancha nebulosa em 6º de Leão, também indicam uma leve tendência à fraqueza dos olhos.

Portanto, seria melhor que vocês o observassem desde a mais tenra idade, de modo que se a qualquer momento vocês o virem semicerrar os olhos ou forçar, vocês possam ter olhos dele cuidados por um oftalmologista competente e evitar complicações nos últimos anos de vida.

O único outro Aspecto que não mencionamos é o Sextil de Vênus, o Planeta do amor, na Quarta Casa, indicando o lar, e Mercúrio, o Planeta da razão e da expressão.

Esse, também, é um Aspecto benéfico para ganho material na vida, mas, além disso, torna a natureza otimista, espirituosa, bem-humorada e genial. Vênus é a senhora da cúspide da 7ª Casa, e Mercúrio, o Senhor do Signo que Gêmeos, interceptou na Sétima Casa, que rege o casamento. Portanto, isso mostra também um casamento feliz, afortunado e próspero.

Na verdade, Erman é muito fortunado, e acreditamos que ele perceberá tudo de bom previsto em seu horóscopo.

ETHEL C. – NASCIDA EM 1 DE JANEIRO DE 1899 ÀS 4:00 AM

EM YARMOUTH, NOVA ESCÓCIA – CANADÁ

No momento do seu nascimento, Júpiter, o grande Planeta benéfico das coisas boas que acontecem na vida, estava no Ascendente no Signo marcial de

Escorpião. Isso lhe proporciona uma natureza energética e uma disposição jovial, enchendo-a de vitalidade e um magnetismo que a torna muito atraente para todos com quem entra em contato, mas particularmente para os do sexo oposto, pois Júpiter também está em Sextil com o Sol, o que indica o parceiro no horóscopo da mulher.

Portanto, temos muita dúvida se ela se manterá em uma atividade profissional por muito tempo. Ela, muito provavelmente, será obrigada a achar alguém que desejará monopolizá-la e mesmo sendo é, também, uma conclusão inevitável que o casamento proverá felicidade e benéfico para ela. Do ponto de vista financeiro, essa configuração de Sol com Júpiter, o Regente da sua 2ª Casa, mostra que ela sempre terá uma abundância de bens materiais, de modo que, em muitos assuntos, tudo parecerá bom e próspero para ela, mas há um ponto específico em que ela poderá encontrar problemas e que poderá causar muita dor de cabeça, e, se possível, será melhor prepará-la para essa situação aplicando a sugestão de que “é melhor prevenir do que remediar”. Isso está relacionado à maternidade.

Marte, o Planeta da cirurgia, está elevado e no 5º Signo, Leão. Marte governa, também, a 5ª Casa, que rege os filhos, o namoro e o prazer. Isso mostra, por sua configuração com Urano, que ela pode ter problemas no parto e, portanto, seria de grande benéfico fazer exercícios durante o período da gravidez. Se ela fizer isso, não temos dúvidas, de que poderá escapar e enfrentar o perigo desses eventos sem a aplicação de quaisquer instrumentos cirúrgicos, mas se ela se deixar levar pela negatividade durante esse período e relaxar, atrairá problemas.

Caso seja necessário procurar emprego até próximo ao casamento, Júpiter em Escorpião, o grande Signo da cura, e na 12ª Casa indica sucesso como uma enfermeira e todos os Astros da 1ª Casa dela mostram que ela é muito benevolente e de natureza atraente com um grande magnetismo e um efeito

calmante sobre os outros; essas qualidades a ajudarão a beneficiar os outros aliviando dores e sofrimentos delas.

GERTRUDE B. – NASCIDA EM 22 DE MAIO DE 1915 ÀS 3:32 AM

EM SAN FRANCISCO, CALIFÓRNIA, EUA

Aqui está outra pequena jovem com uma mentalidade incomum, pois descobrimos que Urano, o Planeta da intuição, está em seu próprio Signo intelectual, Aquário, e em Trígono com Mercúrio, o Planeta da Razão, que também está Essencialmente Dignificado (no seu Regente) em seu próprio Signo de Gêmeos. Isso proporcionará a ela muita originalidade em seu pensamento, na sua linguagem e ação, além de lhe proporcionar uma faculdade incomum de expressão. Também encontramos Saturno, o Planeta da obstrução, em Sextil com a Lua, o Astro da imaginação, o que proporciona à Gertrude uma imaginação esplêndida, mas sempre será mantida dentro de limites, de modo que ela nunca se tornará visionária.

Finalmente, encontramos Júpiter, o Planeta do altruísmo, da benevolência e cordialidade, em Trígono com Netuno, a oitava superior de Mercúrio. Júpiter está no seu Regente, o Signo de Peixes, e Netuno está Exaltado no Signo psíquico de Câncer, que proporcionará a oportunidade de Gertrude entrar em contato com o Mundos invisíveis, em algum momento da sua vida, e proporcionará a ela uma margem ampla de sua mentalidade, a mais do que essa esfera de ação atual. Ela também tenderá a ter uma personalidade muito cativante e significativa, pois Vênus, o Planeta da Beleza, está surgindo no seu Regente, o Signo, Touro, e em Sextil com Saturno e Trígono com a Lua.

Isso proporcionará a ela muito solicitação, principalmente por parte das pessoas mais velhas do que ela. Há, no entanto, um lado de sua natureza que não é muito desejável; isso está indicado por Marte, o Planeta do impulso e mau humor, em Conjunção com Vênus e Quadratura com Netuno e, também, pelo Sol em Quadratura com a Lua; o Sol em sua Individualidade e a Lua em sua Personalidade. Claramente, haverá uma luta entre a natureza superior e a inferior, e ela tenderá a ter uma mania de facilmente se zangar, caso não lhe seja imputado algumas restrições. Isso tenderá a lhe trazer muitos problemas, como indicado por Marte na 12ª Casa, a da tristeza e autodestruição.

Portanto, deve ser dever dos pais guiá-la, cuidadosamente, durante os anos da infância e nunca permitir que um comportamento de se zangar com tamanha facilidade passe sem uma repreensão adequada, não necessariamente na forma de punição, mas de maneira que ela ganhe autocontrole e equilíbrio mental. Com relação à saúde, descobrimos que Marte, o Planeta da energia dinâmica, está Essencialmente Dignificado (no seu Regente) em seu próprio Signo, Áries, e em estreita Conjunção com o Planeta Vênus, e na cúspide do Ascendente. Touro, no Ascendente, é um sinal de grande vitalidade, e Vênus e Marte são mais esplendidamente fortalecidos por um Trígono com a Lua, que é o significador particular de saúde no horóscopo da mulher. Portanto, podemos considerar que Gertrude terá uma saúde esplêndida por toda a vida, mas a Quadratura de Marte em Áries, que governa a cabeça, com Netuno, proporcionará a ela uma propensão a dor de cabeça. E Saturno em Câncer pode lhe causar problemas no estômago, a menos que seja cuidadosa. Ensine-a a comer para viver, evitar comer avidamente e ser gulosa.

Gladys G. – Nascida em 10 de abril de 1904 às 7:10 AM

EM ALBUQUERQUE, NOVO MÉXICO, EUA

Aqui temos uma jovem com os quatro ângulos do horóscopo com Signos Fixos; isso indica que ela é bem definida em suas ideias e uma vez formulada uma conclusão, não será fácil mudar de opinião. Isso é bom para ela, porque a maioria das pessoas é muito instável e mutável e as únicas pessoas que realmente realizam alguma coisa são pessoas com uma vontade forte. Portanto, Gladys deve se cuidar para que permaneça aberta às opiniões racionais e não seja teimosa; isso é uma maneira excelente de não desperdiçar suas ideias. Verificamos no horóscopo que Gladys tem um excelente dom em se expressar, pois Marte, o Planeta da energia dinâmica, está em Conjunção com Mercúrio, o Planeta da expressão, que está no Signo de Touro, que governa a garganta.

Portanto, é evidente que ela nunca está sem uma resposta ou sem argumentos para defender o seu lado a qualquer ideia que possam expor a ela. Contudo, infelizmente, essa Conjunção ocorre na 12ª Casa, que é a Casa da tristeza profunda, da angústia e da autodestruição. Portanto, Gladys deve tomar cuidado para não ser radical demais em suas expressões, ou poderá ter problemas futuros devido a esse comportamento. Por outro lado, se usar o dom exposto acima com critério e bom senso, será um de suas principais vantagens que a ajudará a avançar para uma boa posição, tanto social quanto economicamente.

Ela está bem-preparada para ter e manter tal posição; a Mente é brilhante e rápida, como indicado por essa mesma Conjunção de Marte com Mercúrio. Porém, não faltará profundidade, pois encontramos a Lua, que é outro significador da Mente, em Conjunção com Saturno, o Planeta da obstrução. Essa mão obstrutiva de Saturno sempre exerce uma influência muito benéfica, quando afeta os significadores da Mente, pois proporciona uma profundidade e concentração específica à Mente, impedindo-a de ser instável e permitindo à pessoa focar em um ponto, para que possa se concentrar por completo e estudar qualquer problema que lhe tenha chamado a atenção. Além disso, Saturno e a Lua estão no Signo intelectual de Aquário e em Sextil com o Sol, que é muito poderoso em seu Signo de Exaltação, Áries.

Todas essas coisas mostram que Gladys tem uma mentalidade de uma qualidade positiva incomum e que tenderá a ter êxitos por meio do próprio esforço; logicamente, somente se puder se controlar em relação aos assuntos conforme detalhados nos parágrafos acima. Também, a Conjunção da Lua com Saturno mostra que ela não é tagarela, mas consegue manter um segredo dos outros e guardar o seu próprio. Esse é um aspecto muito valioso da vida. Apenas em uma coisa Gladys deve tomar cuidado: amigos. Pois descobrimos que Vênus, o Planeta do amor, está na 11ª Casa, que governa os amigos, e em Conjunção com a Cauda do Dragão Saturnina e, também, em Quadratura com Urano.

Portanto, ela poderá sofrer por traição e fraude por parte de seus amigos e eles a derrubarão com facilidade, e sem nenhum motivo aparente. Isso se aplica particularmente aos jovens. Ela terá mais sucesso se escolher para amigos aqueles que são mais velhos do que ela.

Com relação à saúde, verificamos que Saturno não está afligido e até está com um Aspecto de Sextil com o Sol, o doador da vida. Portanto, pode-se dizer que Gladys desfrutará de boa saúde por toda a vida, porém, o ponto mais fraco de seu sistema será o coração, porque Saturno está em Aquário e trabalha de maneira oposta no Signo de Leão, que governa esse órgão. Ele também, devido a sua posição em Aquário, lhe causará alguns problemas devido ao frio nos membros inferiores; portanto, seria prudente tomar cuidado em não exercitar demais o coração com exercícios violentos, como correr, pular ou algo parecido.

Guy S. M. – Nascido em 26 de setembro de 1916 às 4:25 PM

EM SAN DIEGO, CALIFÓRNIA, EUA

Aqui temos um pequeno rapaz que é muito afortunado em certas dimensões, pois aquilo que determina nosso sucesso ou fracasso na vida é o nosso caráter e as nossas características. Esses colorem a nossa perspectiva da vida e impelem nossas ações em uma direção ou em outra. Essa criança tem Urano, o Planeta da intuição, em estreito Trígono com Mercúrio, o Planeta da razão, e ambos estão em Signos de Ar, onde estão mais fortes. Assim, ele tende a ser muito rápido em pensar e em compreender as coisas para tirar conclusões corretas a respeito de qualquer problema que for colocado diante dele. Sempre que ele encontrar alguém, será capaz de ler o seu caráter como um livro e, dessa maneira, será capaz de selecionar seus companheiros dentre aqueles que serão benéficos para ele e evitar aqueles que o prejudicariam.

Saturno é o Planeta da obstrução, mas não devemos concluir que essa é sempre uma qualidade adversa, pois quando ele está com Aspectos benéficos, ele nos mantém afastados de ações impulsivas, das quais mais tarde lamentaríamos, e ele provê as condições que torna fácil praticar a premeditação, virtude, justiça entender o processo como um todo, etc. No horóscopo de Guy, Saturno está duplamente forte porque está em Conjunção com o nó ocidental da Lua, chamado também de Cauda do Dragão, e ambos estão colocados no Signo Cardinal de Câncer. Isso intensifica a sua ação, e Saturno está em Sextil com o Sol e a Lua que, em um horóscopo, representam a individualidade e a personalidade, respectivamente.

Essa é uma parte do horóscopo muito boa, especialmente quando tomado em conjunto com o que já mencionamos, a saber, Urano em Trígono com Mercúrio, pois ele o protegerá efetivamente contra os impulsos, de modo que, mesmo que ele possa perceber com precisão que as intenções de certas pessoas em relação a ele não são boas, esse Sextil do Sol, da Lua e de Saturno lhe confere tato e diplomacia, para que ele não as deixe saber o que vê, mas as evite sem ofendê-las. Em outros casos, onde ele sente que as pessoas serão benéficas para ele, ele também terá as qualidades para atraí-las e alegrá-las em servi-lo por causa das excelentes virtudes saturninas conferidas pelo cenário que estamos considerando.

Por causa dessas qualidades, Guy se desenvolverá bem na vida, principalmente por seus próprios esforços, e alcançará uma posição relativamente elevada e de responsabilidade, levando consigo o respeito de todos com quem ele entrar em contato. Seu pior defeito é mostrado por Marte, o Planeta do impulso, em Quadratura com Urano, o Planeta da ação semelhante a um raio, o último estando na Décima Segunda Casa, a da tristeza, dos problemas e do abatimento. Isso mostra, em primeiro lugar, que Guy tem uma tendência muito violenta para se tornar zangado de repente e facilmente o que é suscetível, em momentos desprotegidos, de anular o autocontrole saturnino e se expressar de uma maneira tão surpreendente que um raio do céu pode parecer lento em comparação.

Vocês ainda têm vários anos em que sua personalidade pode ser moldada com o maior sucesso e deve ser o esforço sincero de vocês ensiná-lo a se autocontrolar, pois, a menos que ele seja ensinado, essa característica mitigará consideravelmente o sucesso na vida. As pessoas sempre perdem o respeito por umas pessoas que não consegue manter a calma; vocês têm um bom terreno para trabalhar na dimensão que explicamos acima e esse objetivo pode ser alcançado; de fato, ele alcançará em algum momento, pois, caso contrário a experiência o ensinará e ele aprenderá sentindo na pele. Contudo, é muito mais fácil e ajudará muito se puder ser ensinado a ele durante os anos da infância, de um a sete anos.

Em relação à saúde, notamos que Marte, o Planeta da expressão positiva sexual, está em Escorpião, o Signo que rege os órgãos geradores, em Quadratura com Vênus, regente da força sexual negativa, colocada na Sexta Casa, a da doença; e Marte também está em Quadratura com Urano, que é a oitava superior ou a expressão elevada de Vênus. Urano está na Décima Segunda Casa, governando hospitais e semelhantes locais de confinamento. Isso mostra que a natureza sexual de Guy é muito forte e que o abuso dela pode causar doenças e confinamentos; portanto, seria vantajoso se a natureza horrível das doenças causadas pelo abuso das funções generativas lhe fosse explicada minuciosamente durante a adolescência e se lhe fosse ensinada a santidade da paternidade. Também encontramos, como já mencionado, Saturno, o Planeta da obstrução, associado à Cauda do Dragão em Câncer, o Signo que rege o estômago. Isso mostra que a digestão é inerentemente fraca, embora não haja aflições, mas até um bom Aspecto do Sol e da Lua. Indica um ponto fraco no corpo e, portanto, seria bom cuidar dele e ensiná-lo a comer apenas as coisas que lhe são boas.

Gwennyth C. C. – Nascida em 3 de Agosto de 1901 às 7:00 PM

EM NORTH WALES, PENSILVÂNIA, EUA

Descobrimos que na data do seu nascimento Saturno estava no Ascendente no Regente Signo de Capricórnio e Retrógrado. Júpiter e Urano também estavam Retrógados. Os Astros também estão espalhados por todo o horóscopo. Isso mostra que você tem uma natureza muito versátil e é capaz de mudar de opinião em muitas coisas, mas é tímida em se apresentar perante o público ou diante de qualquer pessoa estranha, e essa condição continuará sendo difícil pelo menos até o vigésimo sétimo ano, quando alguns dos Planetas mencionados se tornarão Diretos.

Naquele momento, porém, o Sol, que é o significador do parceiro no horóscopo de uma mulher, estará em Conjunção com Vênus, em sua sétima Casa e é provável que você encontre alguém com quem se sinta inclinada a se casar. No entanto, isso significaria o fim de qualquer carreira que você tivesse escolhido no mundo dos negócios, pois assumiria os deveres de cuidar de casa e do lar. Porém, enquanto isso, se for necessário encontrar algum emprego com o qual possa se sustentar, vemos que deve ser uma ocupação em algum lugar isolado, longe dos olhos do público e você, provavelmente, encontrará trabalho como enfermeira em um hospital e será de uma ótima realização profissional, pois Júpiter está na 12ª Casa que governa esses tipos de instituições.

Qualquer que seja a ocupação que você ocupe, no entanto, pode ter certeza de que é apenas temporária, pois, como foi dito, no seu vigésimo sétimo ano, provavelmente ocorrerá um casamento e a pessoa indicada em seu horóscopo, pelo Trígono de Sol com Urano, será um marido muito bom e dedicado.

Harold C. – NASCIDO EM 7 de agosto de 1917 às 8:30 PM

EM NOVA YORK, NY, EUA

Aqui temos um jovem com uma das configurações que mais lhe ajudarão sempre a ser bem-sucedido de toda a gama astral; o Sol, que dá a vida, está em Trígono com a Lua, que é o fator fecundante da natureza. O Sol está em seu próprio Signo, Essencialmente Dignificado (ou no Regente), e a Lua está na 1ª Casa, no Signo Cardinal de Áries. Não há melhor indicação de sucesso geral na vida. É a marca de uma alma com muitas boas qualidades que é voltada a encontrar o reconhecimento por elas. Há uma natureza sincera com uma vontade forte, um ideal elevado e uma adaptabilidade às circunstâncias e condições, de modo que, independentemente do ambiente, ele está voltado a tirar o melhor proveito disso. Essa condição também assegura a ajuda de pessoas que são mais elevadas que ele na escala social e pode ajudá-lo a se elevar acima de seus conhecidos da mesma idade ou que tem o mesmo tipo de emprego ou, ainda, da mesma classe social, portanto, sempre terá o favor daqueles que estão em posição de autoridade, caso pleiteie uma mudança de posição social; e ele sempre encontrará a porta aberta em outro emprego e com um bom salário lhe esperando. De fato, a Lua, sendo governante da 2ª Casa, e em Trígono com o Sol vivificante, lhe proporcionará, provavelmente, o acúmulo de uma fortuna confortável.

Contudo, essas coisas não vão cair em seu colo; terá que se esforçar para recebê-las, pois, Áries, o Signo onde a Lua se encontra, está interceptado, e um Astro em um Signo interceptado nunca terá o mesmo poder de um Signo que detém uma das cúspides. Vemos, da Quadratura de Júpiter com Mercúrio, que há uma tendência à autoindulgência e indolência mental, que devem ser superadas para garantir o que é prometido pelo Sol e pela Lua. Portanto, vocês devem estimular cuidadosamente, hábitos sobre metodologia, organização e devoção ao dever em Harold, enquanto ele cresce durante os anos da infância, pois, hábitos bons ou ruins são formados especialmente nos primeiros sete anos.

Conhecendo seus pontos fracos, vocês têm o privilégio inestimável de ajudá-lo a fortalecer seu caráter, e se vocês lhe ensinar uma devoção ao dever, independentemente do conforto pessoal, os hábitos então formados o levarão a não se entregar a indolência e o conduzirão na estrada do sucesso. Pois sua Mente é brilhante, rápida em compreender as coisas e com muita energia e determinação, como mostrado por Marte, o Planeta da energia dinâmica, em Sextil com Mercúrio, o Planeta da razão. Ele sempre tende a ser mentalmente muito rápido em compreender as coisas e não difícil de ser enganado, contudo, é a indolência física que vocês precisam ajudá-lo a superar.

Com relação à saúde, vemos que o dador da vida, o Sol que dá vida, em Trígono com a Lua é uma das maiores promessas de uma boa saúde em geral, pois aumenta as forças vitais que surgem através do corpo e mesmo que a doença, em algum momento, tome conta de Harold, ele tem maravilhosos poderes de recuperação.

No entanto, existem alguns pontos fracos em seu organismo, da mesma forma que há em qualquer outro organismo. Marte, o Planeta da energia dinâmica, em Conjunção com a Cauda do Dragão Saturnina em Câncer, o Signo que rege o estômago, e estando Saturno, o Planeta de obstrução, em Leão, o Signo que rege o coração, mostram que esses são os pontos mais vulneráveis. Ensine a Harold a vida simples desde a infância, para que seu estômago não seja injustamente abusado, caso contrário isso lhe trará muitos problemas e grandes sofrimentos, causados por enfermidades. Vocês também devem observar para ele não esteja sujeito à tensão relacionada ao esporte e ao atletismo, pois o coração sofreria e, nos anos vida, quando o corpo começar a ficar menos flexível, ele teria que pagar pelas imprudências da juventude com dor e sofrimento. No entanto, é muito mais fácil, na juventude, prevenir do que remediar, abstendo-se de esforços violentos, e com os devidos cuidados diários, não há razão para Harold não ter uma vida longa, saudável e feliz.

Hazel P. – Nascida em 27 de Agosto de 1895 às 9:30 am

 EM IOWA, EUA

No momento do seu nascimento, quatro Signos Cardinais estavam nos ângulos, mostrando uma vida de ação e que você tem muita energia.

O Signo artístico de Libra está no Ascendente, e Vênus está em Sextil com Júpiter, o Planeta da benevolência, e com a Lua, o Astro da fecundidade. Assim, você tem uma natureza inerentemente artística e um amor à beleza; os Astros se distribuindo por cerca de metade do seu horóscopo demonstra que você tem uma boa dose de versatilidade, acrescido a isso a 11ª Casa muito bem fortificada com o Sol, o doador da vida, Mercúrio, o Planeta da razão, e Marte, o Planeta da energia dinâmica, no Signo de Virgem.

A Conjunção de Marte e Mercúrio proporciona a você uma capacidade latente de escrever e a presença do Sol também lhe proporciona encontros com amigos que, na sociedade, estão mais elevados do que você e que lhe ajudarão a realizar suas esperanças, seus desejos e suas ambições. Se você ainda não o fez, deve começar o estudo da escrita e da linguagem.

Há uma coisa que particularmente a atrapalha na vida: é a timidez. Saturno, o Planeta da obstrução, está em sua 1ª Casa em Quadratura com Júpiter, o Planeta da benevolência, opulência, etc. Júpiter está na 10ª Casa. Supere sua timidez e você descobrirá que todos os obstáculos se afastarão de você e que seu caminho na vida será mais claro.

Ao olhar para o seu horóscopo, notamos que a Lua está em Antares, o ponto nebuloso em Sagitário, e em Quadratura com Sol e Mercúrio. Isso demonstra que os seus olhos estão fracos e aconselhamos que você consulte um bom oftalmologista para que eles sejam analisados e, se for o caso, que sejam prescritos óculos adequados, a fim de evitar qualquer tensão indevida nesses órgãos vitais.

Helen G. – NASCIDA EM 18 de julho de 1912 às 4:00 AM

EM CHIPPESA FALLS, WISCONSIN, EUA

No momento do nascimento de Helen encontramos o fraco Signo de Câncer no Ascendente e isso, geralmente, proporciona uma vitalidade pobre, porém,

no caso de Helen esse presságio foi alterado pelo fato de que o Sol e Vênus estão lá e o Sol está em Sextil com a Lua. Esta é uma configuração maravilhosa porque fortalecer a saúde e a habilidade do corpo para lutar contra a doença e enfermidade e é um dos Aspectos mais favoráveis para uma vida bem-sucedida. Aumenta a energia e a determinação para ser bem-sucedido, torna-a adaptável às circunstâncias e mostra que ela terá o auxílio de pessoas acima dela na escala social, que a ajudarão e serão amigas durante toda a vida, para que ela alcance uma posição superior em sua esfera de existência e possa conquistar a honra, estima e amizade dos outros.

Caso haja necessidade de procurar emprego, ela não terá dificuldade em encontrá-lo e poderá receber uma boa remuneração e promoção rápida. Ela conquistará seu caminho por sua maneira gentil e atenciosa demonstrada nos seus atos. Mercúrio, o Planeta da razão, está sem Aspecto no horóscopo de Helen. Isso mostra que ela poderá não ser uma pessoa boa para utilizar a argumentação lógica. Ao mesmo tempo, ela poderá ter conclusões corretas, pois Urano, o Planeta da intuição, está em Sextil com Júpiter e em Trígono com Saturno. Isso, junto com o Sextil da Lua com Netuno, mostrará que a intuição proporcionará uma solução correta de qualquer problema que ela tenha.

Contudo, também há adversidades no horóscopo da Helen. Descobrimos que, subjacente a essa natureza externa, há outra que poderá aparecer às vezes e está indicada por Marte em Quadratura com Saturno e Júpiter. Quando estiver respondendo a esses Aspectos adversos, ela poderá apresentar uma tendência violento para ficar zangada de repente e facilmente e uma natureza muito impulsiva. Saturno e Júpiter estão em Oposição na 5ª e 11ª Casas, e sob tais condições ela também pode apostar em especulações e perder. Com isso, também poderá se relacionar com pessoas de uma natureza desonesta, indicadas por Saturno na 11ª Casa, e tais pessoas podem levá-la a ruína.

Vocês ainda têm alguns anos nos quais será possível ensiná-la o controle necessário de dessa tendência a se zangar de repente e facilmente e nós insistimos, seriamente, que vocês não permitam que nenhuma oportunidade passe e que nenhuma demonstração de paixão se mostre, sem lidar com isso de maneira adequada, pois essa é sua pior falha e poderá trazer muito prejuízo ao seu sucesso na vida. Já dissemos algo em relação a sua saúde em conexão com o Aspecto entre o Sol e a Lua, mas vemos que Saturno está em Gêmeos, o Signo que rege os pulmões. Ele está em Quadratura com Marte e em Oposição a Júpiter. Isso mostra que os pulmões são o ponto mais fraco da anatomia de Helen e que ela precisará de roupas quentes para manter esses órgãos sempre bem protegidos. Vocês também devem fazer com que ela participe de aulas de exercícios físicos e que faça exercícios respiratórios, especialmente nos anos mais jovens, pois os hábitos formados permanecerão ao longo de toda a vida e evitarão sérias desenvolvimentos dessa dificuldade. É uma das maiores bênçãos do horóscopo quando nos mostra nossos pontos fracos e nos vale sempre mais prevenir do que remediar e confiamos que vocês aproveitarão adequadamente essa sugestão que damos.

Herbert W. – Nascido em 13 de janeiro de 1908 às 7:30 PM

EM BELLINGHAM, WASHINGTON, EUA

Aqui temos um jovem nascido sob condições que lhe ajudarão sempre a ser bem-sucedido. Pois, no momento de seu nascimento, o régio Signo de Leão estava no Ascendente com o grande Planeta benéfico Júpiter um pouco acima do horizonte. Isso lhe proporcionará um temperamento amistoso e jovial que, certamente, atrairá muitos amigos ao longo da vida. Também verificamos que havia quatro Signos Fixos nos ângulos, no momento do nascimento de Herbert. Isso mostra que ele tem um caráter forte, capaz de tirar suas próprias conclusões e com uma força física ou mental que permite que ele continue fazendo algo por um longo tempo sem se cansar suficiente para impor, uma vez formadas, as suas ideias. De modo que, embora ele tenha um temperamento muito gentil, ele também será bastante firme, e isso contribuirá muito para o seu sucesso. A Lua, sendo significadora da Mente, está no Signo mercurial de Gêmeos e em Sextil com Júpiter, o Planeta do otimismo, da benevolência e cordialidade; ela também está em Sextil com Marte, o Planeta da energia dinâmica, que está Essencialmente Dignificado (no seu Regente) no Signo de Áries.

Isso proporcionará ao Herbert uma Mente muito ativa e benevolente, percepção rápida e uma imaginação aguçada. Juntando isso ao fato de que Mercúrio, o portador da luz, estar antes do Sol, verificamos que os poderes mentais de Herbert estão muito acima da média. Também descobrimos que o Sol, em Conjunção com Mercúrio, está em Sextil com Saturno, o Planeta da organização, ordem, habilidade mecânica, justiça e do pensar cuidadosamente antes de sair fazendo; isso fornece profundidade a sua Mente e lhe proporcionará a faculdade de construção mecânica e da capacidade executiva. Todas essas coisas contribuem para o sucesso ao longo da vida.

Existe apenas um Planeta no horóscopo que está sem Aspecto e solitário, o Planeta do amor, Vênus. Por outro lado, descobrimos que Netuno e Urano estão em Oposição e que isso ocorre na 5ª e na 11ª Casa; a 5ª Casa governa o amor e o namoro antes do casamento. Urano, a oitava de Vênus, está afligido pela Oposição com Netuno. Assim, podemos julgar que Herbert é capaz de adotar algumas das ideias uranianas a respeito do amor e do casamento para as quais a sociedade ainda não está pronta, e que essa visão pode levar a relacionamentos clandestinos que trarão tristezas e problemas a seu tempo. Seria, portanto, bom ensiná-lo a sacralidade da relação entre os sexos e como e porque isso deveria estar confinado nos laços do casamento sob a atual constituição da sociedade. Se vocês puderem ajudar a torná-lo um pouco mais ortodoxo em suas ideias ao longo dessa linha, ele economizará uma grande dose de profunda tristeza e decepção.

Saturno, na 8ª Casa em Peixes, o 12º Signo indicador da tristeza, dos problemas, etc., e em Sextil com o Sol, mostra que há uma probabilidade de Herbert receber uma herança, mas que ele terá um problema considerável por causa disso e, portanto, seria bom que alguém o instruísse em como se munir de instrumentações legais que o amparasse, de modo a reduzir as possibilidades de ter problemas com os outros ou com a lei, sobre esse assunto.

Com relação à saúde, encontramos Saturno em Peixes, o Signo que governa os pés. Isso é uma indicação de má circulação nas extremidades e consequentes gripes; também obstrução na região abdominal, mas como Saturno está em Sextil com o Sol que dá vida e não é afetado por uma Quadratura ou Oposição, podemos concluir que essas tendências, provavelmente, serão muito leves e podem ser bastante minimizadas pelo cuidado tanto nos exercícios físicos como no uso de roupas.

Portanto, vocês, como pais, devem tentar inculcar nela o mais elevado respeito pelas convenções e seu lema deve ser evitar até mesmo a mais leve aparência do mal, pois, assim fazendo vocês pouparão a ela muitas tristezas e muitos problemas.

HOWARD ARTHUR R., NASCIDO EM 17 DE DEZEMBRO DE 1913 ÀS 7:11 AM

EM NOVA YORK, NY, EUA

Na época do nascimento de Howard, o Signo de Sagitário estava no Ascendente junto com o Sol, Vênus e Mercúrio. Isso mostra que ele está fortemente marcado pelas características desse Signo, de natureza cheia de humor, jovial, mas inquieto e apaixonado por esportes e exercícios ao ar livre. Também há uma tendência nesse Signo de ser um tanto impulsivo. Essas características do Signo de Sagitário são muito realçadas pela Conjunção de Vênus, o Planeta do amor, com Mercúrio, o Planeta da razão, e o Trígono entre a Lua e Vênus. Eles proporcionarão a ele muita atratividade e amabilidade por parte dos outros.

Aliás, eles também lhe proporcionarão bons retornos financeiros; ele tem mais chances de ser bem-sucedido em alguns negócios relacionados com o atendimento à clientes que apreciem iguarias, como confeitaria, sorveteria e produtos similares. Contudo, o sucesso na vida não chegará a Howard apenas por causa de sua personalidade atraente e modos suaves. Ele será um bom empresário de primeira linha. A Lua é um dos significadores da Mente e está em Sextil com Saturno, o Planeta da prudência e da parcimônia. Isso proporcionará a Howard tato e diplomacia para que ele saiba como lidar e orientar os outros; isso proporcionará a ele as qualidades da atenção e do conservadorismo, da economia e do cuidado com todos os assuntos de negócios, de modo que tudo o que empreender está destinado a prosperar e ele, sem dúvida, assumirá uma posição de responsabilidade por si mesmo no mundo. A inquieta Lua em Oposição ao errático Urano indica suas falhas mais proeminentes como impaciência e inquietação, sempre que a menor limitação for colocada ante ele. Ele não pode e não suportará restrições; sob tal provocação ele se irritará e se tornará extremamente sarcástico. Esta é uma falha em um caráter que tem tudo para ser esplêndida que, talvez, vocês possam fazer muito para erradicá-la durante os anos da infância, pois está previsto que, a menos que isso seja corrigido, ele terá muitos problemas com os amigos e perderá o apoio das e respeito pelas pessoas que ele poderá ofender.

Também temos Júpiter, o Planeta da benevolência, em Oposição a Marte, o Planeta da energia dinâmica, e Netuno, o Planeta que indica fraude e logro, quando está sob tensão. Isso mostra que Howard, às vezes, será muito impulsivo em sua generosidade e que, por conta disso, está sujeito a sofrer de fraudes e desonestidade por parte de outras pessoas. O Sextil da Lua com Saturno, o Planeta da prudência, normalmente o protegerá, mas há momentos em que essa influência é enfraquecida pelos trânsitos e, então, os outros Aspectos podem torná-lo sujeito às já mencionadas adversidades por parte de pessoas inescrupulosas. Se ele souber disso, provavelmente, será capaz de se proteger contra isso.

No que diz respeito à saúde, vemos que a inquieta Lua está em Oposição ao espasmódico Urano em Leão, o Signo que governa o coração. Assim, esse órgão é marcado como um dos pontos fracos, e vocês farão bem em protegê-lo contra o esforço excessivo durante a infância; além disso, para alertá-lo de que o sofrimento inevitavelmente surge nos anos posteriores, quando o coração é muito exigido no início da vida. Temos Marte, o Planeta de energia dinâmica, em Conjunção com Netuno no Signo de Câncer, que rege o estômago. Isso mostra que Howard pode sobrecarregar seu estômago com coisas que são inadequadas para o seu organismo e sofrer por causa disso. Essa tendência, provavelmente, pode ser corrigida se vocês o ensinarem a seguir uma dieta simples durante a infância. Também vemos Saturno, o Planeta da obstrução, no Signo de Gêmeos, que rege os pulmões e em Oposição a Vênus, o Planeta que rege a circulação venosa. Isso mostra uma tendência ao frio no peito e deve ser corrigido ensinando-lhe um sistema de exercícios respiratórios, de modo que seus pulmões possam estar bem desenvolvidos durante a infância e a juventude. Se isto for feito, não há razão para que, com todas as boas indicações neste horóscopo, ele não seja um indivíduo saudável, mas é sempre melhor aplicar o máximo de prevenção antes que algo de natureza grave ocorra.

JOSEPHINE B. – NASCIDA EM 13 DE ABRIL DE 1915 ÀS 4:30 AM

EM SCHENECTADY, N.Y., EUA

No momento em que Josephine nasceu, encontramos quatro Signos Comuns nos ângulos com o Ascendente em Peixes e isso, geralmente, proporciona uma natureza preguiçosa e indolente; mas, nesse caso, notamos que são os últimos graus dos Signos que estão nos ângulos, de modo que, na realidade, eles não têm poder, pois os ângulos são ocupados pelos Signos Cardeais que proporcionam mais energia, vida e ação. Também encontramos cinco Astros agrupados na 1ª e na 12ª Casas, tornando a natureza focada em uma extensão considerável, e podemos primeiro notar que Mercúrio, o Planeta da razão e da expressão, está em Conjunção com a Lua, o Planeta da imaginação, em Áries, o Signo que governa a cabeça e o cérebro. O doador de vida, o Sol, está em Touro e em Sextil com Netuno, o Planeta da inspiração. Isso proporciona um caráter esplêndido e uma excelente mentalidade. Vocês descobrirão que Josephine tem uma natureza agressiva e ambiciosa, pronta para combater quaisquer obstáculos que a impeçam; muito inteligente e otimista, com plena confiança em sua própria habilidade.

Isso é um grande trunfo, pois há muitas pessoas que são muito capazes, mas não têm a confiança em si mesmas e o otimismo necessário para seguir em frente e ter sucesso na vida. Vocês também descobrirão que Josephine fala muito bem; na verdade, ela provavelmente se tornará uma palestrante inspiradora.

Há apenas um defeito em relação a isso: ela terá uma tendência a exagerar e a ser um tanto melindrosa; portanto, seria bom tentar prendê-la aos fatos como eles são e desencorajar os exageros desde a infância. Ela também tem um talento latente como musicista inspiradora; provavelmente sua melhor expressão será em instrumentos de cordas, pois essa parece ser a especialidade de Netuno. Vênus, o Planeta do amor e da arte, em Conjunção com Júpiter, o Planeta da benevolência, opulência, filantropia e boa camaradagem, proporcionará a ela muitos amigos do tipo mais desejável, e como Vênus é a senhora da Segunda Casa, governando as finanças, podemos também julgar que ela terá considerável sucesso financeiro, que usará em parte em sua própria maneira refinada para trazer beleza para sua vida, e em parte em esquemas filantrópicos e benevolentes. Essa também é uma boa indicação de sucesso no casamento, e todo o posicionamento das estrelas nessa parte do horóscopo indica uma conexão de maneira proeminente e prática com alguma sociedade ou movimento oculto.

Ela tem uma falha grave, indicada pelo turbulento, impulsivo e imprudente Marte em Quadratura com o obstrutivo, malicioso e rancoroso Saturno. Isso mostra que ela tem um temperamento muito ruim e uma tendência a manter rancor, mas como a configuração ocorre a partir de Signos Comuns, deve ser possível superá-la, e qualquer ajuda que vocês possam dar a Josephine, nesse sentido, tenderá a suavizar seu caminho na vida e torná-lo melhor para si mesma e para aqueles com quem ela entrar em contato. Uma expressão precipitada da qual a pessoa pode se arrepender, mesmo quando a avisa, pode desfazer uma amizade e um amor que levou anos para construir, de uma hora para outra. Portanto, trabalhe duro com ela a esse respeito.

Com relação à saúde, descobrimos que Josefina é de uma natureza muito sensível, conforme indicado pelo Sextil do Sol com Netuno e a Lua em Conjunção com Mercúrio. É provável que o problema surja de Netuno no Signo de Câncer, que governa o estômago. Isso mostra que é necessário cuidado com a alimentação, ou ela terá problemas de estômago.

Saturno, o Planeta das obstruções e resfriados, no Signo de Gêmeos, governando os pulmões, e em Quadratura com o inflamável Marte, mostra que há uma tendência a problemas naquele ponto, e recomendamos um clima mais ameno do que aquele em que vocês vivem, se isso for possível; caso contrário, certifique-se de que ela está bem protegida dos rigores do inverno. Vocês não precisam, no entanto, ficar indevidamente alarmados com essas tendências, pois com Marte, o Planeta da energia dinâmica e vitalidade, no Ascendente próximo à cúspide de Áries, seus poderes de recuperação serão tais que ela eliminará as doenças rapidamente e completamente.

M. B. R. – NASCIDO EM 21 de setembro de 1916 às 0:30 Pm

EM CHICAGO ILLINOIS, EUA

Esse pequeno companheiro chega até nós sem um nome, pois seus pais deixaram de fornecê-lo ao enviar a data de nascimento e podemos dizer que, à primeira vista, foi uma surpresa para nós que essa criança tenha sobrevivido ao nascimento, pois encontramos a Lua em Conjunção com a Cauda do Dragão saturnina e com Saturno, o Planeta da morte e obstrução, tudo na Oitava Casa, que é a Casa da morte. Entretanto, uma inspeção mais minuciosa do horóscopo mostra que o Sol, que é o doador da vida, está em Sextil a esses fatores da morte e, assim, a criança sobreviveu e provavelmente viverá até uma idade avançada, pois Saturno, sob bons Aspectos, fornece muita tenacidade persistente.

O Sol está muito elevado e próximo ao Meio do Céu, portanto, extremamente poderoso e em Sextil com Saturno, o Planeta da organização, do método, da habilidade mecânica, etc., e com a Lua, o Planeta da fecundação, que traz à vida e ação tudo o que é mostrado pelos outros Astros, indica que esse garotinho será dotado de várias virtudes cardeais que contribuem para o sucesso geral da vida, independentemente do fato de existirem vários testemunhos no horóscopo que apontam para o contrário. Sua principal falha é mostrada por Mercúrio, o Planeta da expressão, em Quadratura com a Lua e Saturno, o Planeta do engano.

Isso indica a tendência de ser falso e, como não pode haver sucesso na vida, a menos que seja baseado no firme fundamento de honestidade e integridade, os pais devem pegá-lo pela mão com muita firmeza e tentar erradicar essa falha, sempre que ela se mostrar. No que diz respeito à saúde, descobrimos que existem vários pontos fracos em seu horóscopo. A Lua, a Cauda do Dragão e Saturno estão em Câncer, o Signo que domina o estômago. Isso mostra uma tendência decidida a obstruir a função digestiva e exige o melhor cuidado em educá-lo na ciência da vida correta.

Obviamente, isso deve ser feito pelo exemplo: para as crianças, se lhes for negado o que seus pais apreciam e se deleitam, algum tempo depois satisfará seu próprio desejo pelos luxos que não lhes são dados na infância e, a partir daí um sentimento amargo em relação aos pais que os privam será alimentado. Também encontramos Urano, o Planeta da ação espasmódica, em Oposição a Vênus, que governa o sangue venoso. Vênus está em Leão, o Signo que governa o coração, e, portanto, podemos julgar que o coração do pequenino não é forte e que pode palpitar, a menos que seja tomado cuidado para instruí-lo, desde os primeiros anos da infância, a não se exercitar correndo, pulando ou qualquer outro movimento violento, acima de um determinado limite indicado por um cardiologista. Isso está a seu favor, no entanto, pois o Sol é o mais elevado de todos os Astro, enérgico e livre de todas as aflições, de modo que, mesmo quando a doença atingir o pequeno, ele logo se recuperará.

MARIE W. M. – NASCIDa EM 25 de Julho de 1913 às 8:20 PM

EM NEWARK, N.J., EUA

Na época do nascimento de Marie, o Sol estava em Sextil com Marte, e isso lhe proporciona uma disposição franca e aberta. Contundente, mas direta, ela é enérgica e ambiciosa, mas muito dominadora, portanto, sujeita a ter a antipatia dos outros. Isso se aplicará particularmente no lar, pois Saturno, o Planeta da obstrução e do egoísmo, está em Conjunção com Vênus, o Planeta do amor, em Gêmeos, o Signo da 3ª Casa, a Casa das irmãs e dos irmãos, e como esse Signo está na Cúspide da 4ª Casa, que indica o lar, podemos supor que toda a atmosfera doméstica será permeada por esse espírito de Maria, se ela permitir, mas claro, ela não deveria. É o dever de vocês como pais neutralizar esse egoísmo latente; nunca permita que ela negligencie compartilhar com os outros o que quer que seja dado a ela.

Se vocês persistirem nisso durante os primeiros sete anos da vida dela, é provável que o hábito de compartilhar seja formado e tornará a vida muito mais agradável para ela e aos que estão por perto. No horóscopo, o Sol sempre indica a individualidade e a Lua representa a personalidade. Aqui no horóscopo de Marie eles estão em Quadratura, mostrando que haverá uma luta constante entre a natureza superior e a inferior. Isso é realmente bom, pois indica que a alma está despertando para a vida superior e, no final, é obrigada a dominar os traços indesejáveis. Contudo, enquanto essa grande luta se trava, às vezes e por vidas, a personalidade, que é tudo o que costumamos ver, não nos atrai, pois, esses aspectos geralmente se manifestam de uma natureza vacilante, incapaz de chegar a conclusões e realizar um programa; eles estão sempre oscilando e tudo está em jogo.

Há uma oportunidade esplêndida para vocês, como pais, ajudarem essa alma que veio a vocês em busca de orientação. Durante os primeiros anos da infância, vocês podem fazer muito para ajudá-la a corrigir os defeitos latentes, por isso, quando Marie tiver tomado uma decisão, se é boa ou ruim em sua opinião, não permita que ela volte atrás na primeira decisão sem mostrar uma razão muito boa, pois mesmo que cometa um erro, aprenderá algo com isso e estará mais apta a formar uma conclusão correta da próxima vez. Urano é o Planeta do não convencional; está na 12ª Casa, que nos traz nossas tristezas e problemas, e está em Oposição ao Sol, que no horóscopo de uma mulher indica o marido. Isso mostra que se Maria conseguir se casar, apesar do fato de Saturno, o Planeta da obstrução, estar em Conjunção com Vênus, o Planeta do amor, o marido será um devasso, causando-lhe muita infelicidade, talvez até uma doença de uma natureza muito indesejável.

Portanto, é absolutamente essencial que ela aprenda profundamente o que é certo e errado quanto à relação dos sexos. No que diz respeito à saúde, encontramos o Sol, o dador da vida e Marte, o Planeta de energia dinâmica, em Sextil. Isso é bom, mas infelizmente é contrabalançado pela Quadratura entre os luminares; um Sol afligido sempre tem um efeito prejudicial sobre a saúde, e a Lua é o significador da saúde para uma mulher. Esses dois luminares estão adversamente configurados na 6ª Casa, que governa a saúde, e podemos, portanto, concluir que a constituição de Marie não é robusta; ela precisa de cuidados. O ponto fraco é mostrado por Saturno, o Planeta da obstrução, que está no Signo de Gêmeos, que rege os pulmões.

Marte também está prestes a entrar nesse Signo. Isso significa que Maria deve ser cuidadosamente protegida contra gripes, mas não adianta transformá-la em uma planta de estufa. É melhor se esforçar para fortalecê-la. A aflição do Sol no Signo de Leão, que rege o coração, particularmente sua Oposição a Urano, o Planeta da excitabilidade, mostra que há uma tendência à palpitação; portanto, Maria deve fazer exercícios mais suaves para promover a saúde. E por último, mas não menos importante, encontramos uma aflição latente que nos alegra com o privilégio de escrever este horóscopo e ajudar um semelhante. Neste horóscopo, o quente e inflamatório Marte está no conglomerado nebular do Zodíaco chamada Plêiades (Touro, 29°).

Também encontramos o ardente Sol em outro conglomerado nebular chamado Ascelli (Leão 6°), em Quadratura com a Lua e em Oposição a Urano. Isso nos mostra que há uma fraqueza latente nos olhos de Marie, que vocês devem observar com muita atenção e de perto, para que na primeira manifestação possam ser dados, de acordo com as orientações de um oftalmologista experiente, para salvaguardar a visão dela e prevenir quaisquer complicações graves que possam resultar por negligência. Nesse ínterim, a mantenha longe do brilho do Sol, especialmente do reflexo na neve, tanto quanto possível, e usem todos os meios de bom senso que sua razão possa sugerir para impedir que a tendência latente se manifeste. Se vocês fizerem sua parte, Marie provavelmente nunca terá problemas sérios, mas negligenciar é perigoso.

May M. D. – NASCIDA EM 17 de março de 1909 às 7:30 AM

EM KENNETH, CALIFÓRNIA, EUA

No momento do nascimento de May, quatro Signos Cardinais (ou Cardeais) estavam nos ângulos, indicando que a sua vida seria ativa e, também, encontramos o Sol, que é o doador da vida, e traz ação para a nossa existência, em Sextil com a Lua e Urano, o Planeta da originalidade e intuição. Isso confere a May uma natureza original, intuitiva, mas um tanto independente e não convencional. Ela irá querer ter a sua própria opinião sobre as coisas e moldar seu próprio curso na vida sem ouvir sugestões das pessoas que possam impedir ou interferir. Isto é muito bom, pois há muitas pessoas no mundo que desejam preguiçosamente serem bem-sucedidas, mas que não se esforçam e nem se motivam para alcançar isso e, por isso, nunca conseguem. Existe, é claro, o perigo daquelas pessoas com o mesmo temperamento de May também chegarem aos extremos, mas se elas puderem continuar no rumo certo, elas se beneficiarão a si mesmo e beneficiarão as outras pessoas com quem entrarem em contato.

Agora que vocês conhecem essa tendência, provavelmente também poderão ajudá-la durante os anos da infância a formar suas ideias e ideais, de tal maneira que ela não se torne extremista. Essa configuração também fornece a May uma inclinação distinta em relação ao lado oculto da natureza, a fim de que ela possa desenvolver a sua capacidade intuitiva e, dessa forma, ela saberá, sem sombra de dúvidas, qual é a linha de ação correta que deve seguir. Esse é um Aspecto esplêndido para ser bem-sucedida na vida e ter popularidade; infunde à personalidade uma energia e um magnetismo que não deixarão de atrair os outros e, assim, ela colherá benefícios com isso.

Também encontramos Vênus, o Planeta do amor e da atração, em Sextil com Marte, o Planeta da energia dinâmica. Isso mostra que May pode depender de circunstâncias financeiras confortáveis. Ela terá um poder aquisitivo esplêndido, mas também uma tendência a gastar seus recursos o mais rápido possível. É provável que ela seja um excelente exemplo do velho ditado: “o que vem fácil, vai fácil”. E isso também se aplica em outra direção, pois a torna um tanto quanto perigosamente atraente para o sexo oposto. Dizemos “perigosamente” porque Marte, altamente Elevado na 10ª Casa do horóscopo de uma mulher, sempre a sujeita a calúnias e aos escândalos.

Além disso, encontramos Saturno, o Planeta da obstrução, em Quadratura com Marte e Mercúrio, o Planeta da mentalidade, em Oposição a Júpiter, o Planeta da autoindulgência, na 5ª Casa, governante do namoro e dos filhos. Portanto, vocês devem ensinar May a ser muito cautelosa em suas ações e a evitar até qualquer comportamento que alguém possa achar que é mau, não apenas fugindo daquilo que é mau, como fugindo daquilo que parece mal, para que ela possa escapar da tristeza profunda e dos problemas que sempre estão relacionados à indiscrição, seja a censura real merecida ou não.

Falamos no início dessa interpretação astrológica da intuição de May, mas há outro Aspecto que modifica isso, desde que ela responda a essa influência. Isto é Mercúrio em Oposição a Júpiter, que está no Signo Mercurial de Virgem. Isso incrementa a sua mentalidade e a torna mais alerta, mas também a deixa vacilante e com medo de confiar em sua intuição. Portanto, ela tenderá a perder oportunidades, deixando-as escapar ou tomando decisões ou fazendo mudanças infelizes. Se vocês puderem ensiná-la a confiar sempre em sua primeira impressão, independentemente de qualquer coisa que ela possa pensar ou sentir posteriormente, vocês a ajudarão a superar esse problema. Ela também tem uma falha de fazer as coisas com pressa, e daí gerar maus resultados, devido à tendência de se tornar zangada repentina e facilmente, se apegando demais aos seus erros, ainda que supostos. Esta é uma condição muito infeliz e, quando a virem com esse humor, tentem fazê-la se libertar e mostrar-lhe o perigo, assim que tiver idade suficiente para compreender isso.

Com relação à saúde, descobrimos que Saturno em Áries, o Signo que governa a cabeça, em Quadratura com Marte, a tornará sujeita a dores de cabeça, constipação das fossas na cabeça, prurido no nariz e olhos lacrimejantes. A razão pode ser encontrada no fato de que Saturno, o Planeta da obstrução, também está em Quadratura com Netuno no Signo de Câncer, que governa o estômago. É necessária atenção à dieta desde a mais tenra infância e, se ela for educada com uma seleção muito simples de alimentos, com o máximo de exercícios ao ar livre possível, provavelmente, evitará que essa tendência se desenvolva.

Mildred B. – NascidA EM 6 de abril de 1905 às 11:15 AM

EM WICHITA, KANSAS, EUA

Aqui temos uma jovem interessante que é uma musicista natural inspirada, como mostram os quatro Astros em Touro, o Signo da arte e da música. Encontramos Vênus, o Planeta do amor e da harmonia, Essencialmente Dignificado em Touro; também encontramos a Lua, o Astro da fecundação, que frutifica tudo na Terra, inclusive os talentos. Há Mercúrio também, o Planeta da expressão e da destreza, proporcionando a Mildred não apenas a capacidade de aprender e amar a música, mas de como se apresentar e expressar em si mesma; e por último, não menos importante, Júpiter, o Planeta da devoção e dos ideais.

Esses Astros estão todos na 11ª Casa, que rege esperanças, os desejos e as aspirações, mostrando que os ideais e ambições de Mildred serão realizados e, também, podemos dizer que o Sol está em seu Signo de Exaltação, Áries, onde é muito forte e poderoso. O Sol percorre um grau por ano, aproximadamente, a partir do momento do nascimento. Assim, aos catorze anos de idade, ele entrará no Signo de Touro, e aos dezoito forma uma Conjunção com Mercúrio, depois com a Lua, depois com Júpiter e depois com Vênus. Assim, dos dezoito aos vinte e cinco anos, Mildred pode esperar que seus sonhos se realizem da maneira mais bela e, aos vinte e nove, quando o Sol estiver em Conjunção com Vênus, ela encontrará um companheiro de vida e conquistará os desejos de seu coração, pois o Sol em um horóscopo feminino sempre significa o parceiro do casamento.

Mildred não é aquela pessoa que flutua nos céus e de meros sonhos, pois Saturno, o Planeta do tato e da diplomacia, da concentração, da organização, da virtude, etc., está em Sextil com Mercúrio, a Lua e Júpiter. Isso lhe proporciona uma cabeça fria e claros poderes de raciocínio. No entanto, há um “mas” em tudo isso e um “se”. Ou seja, descobrimos que o Sol, que é o doador da vida, e Marte, o Planeta da energia dinâmica, estão sem Aspectos. Ambos são fortes, o Sol está altamente elevado e Exaltado e Marte está Essencialmente Dignificado em Escorpião, mas, como estão sem Aspectos não são fatores tão fortes no horóscopo, como quando estão formando Aspectos com outros Astros.

Portanto, ela pode não ter ou expressar a energia adequada necessária para obter o melhor de sua vida e deve perceber claramente que o horóscopo mostra apenas tendências, mas não faz as coisas acontecerem, a menos que trabalhemos para isso. É necessário que todos ajudem os seus Astros; pois do contrário eles não poderão nos ajudar. Vamos dar uma ilustração, como exemplo: o sistema humano é automático em grande parte e, quando nos acostumamos a jantar às doze horas, automaticamente sentimos fome naquele momento. Assim, somos ansiados por esse desejo de comida para ir buscar o nosso jantar; mas, embora o desejo possa aparecer, a menos que caminhemos para a mesa e façamos o trabalho físico de comer e mastigar nossa comida, a fome permanecerá. É o mesmo com os Aspectos no horóscopo. Eles darão o impulso interno e a oportunidade para a realização de toda qualidade e tudo de bom ou ruim, mas, a menos que nós mesmos ajudemos a trazer essas coisas, eles permanecerão latentes. Mildred agora tem idade suficiente para entender esse ponto e perceber que ela mesma deve fazer algum trabalho ou, caso contrário, as coisas que a representam no horóscopo podem não acontecer.

Ela não pode desenvolver suas faculdades musicais simplesmente -se sentando e sonhando com o dia em que estará em uma grande sala de concertos, onde ela será o centro das atenções de todos os olhos e ouvidos, enquanto reproduz sinfonias maravilhosas. Ela deve seguir o curso habitual e começar com pequenas coisas, antes de poder fazer as melhores. Ela deve focar no trabalho e, com o tempo, realizará seus objetivos. Os pais devem estimulá-la e incentivá-la a estudar, de todas as maneiras possíveis.

Ela será mais atraída e mais bem-sucedida em abranger o lado devocional da música, particularmente em instrumentos parecidos com o órgão de tubos. Isso é demonstrado pela colocação de Saturno na 9ª Casa, regendo na igreja ou em uma obra religiosa, e a inspiração vem de seu Trígono com Netuno em Câncer, o Signo psíquico inspirado. Na época do nascimento de Mildred, Netuno estava ascendendo em Câncer. Essa configuração sempre proporciona uma tendência a resfriados e Câncer é um Signo de pouca vitalidade; portanto, é bom proteger Mildred contra essas tendências. Isso também tende a causar problemas no estômago e Marte em Escorpião é capaz de produzir hemorroidas, se seu desejo por alimentos altamente condimentados for realizado.

Miska Maria D. – NASCIDA EM 28 de outubro de 1901 às 11:00 PM

EM DENVER, COLORADO, EUA

Pelo seu horóscopo, vemos que a Lua e Mercúrio estão sem Aspectos com Astros. Isso dificultará o trabalho mental para você, embora o Sol e Mercúrio estejam no Signo marcial de Escorpião e, assim, energizem a Mente, em certa

medida. Contudo, para compensar esse presságio desfavorável, encontramos Urano, o Planeta da intuição, em Conjunção com Marte, o Planeta da energia dinâmica na nona Casa, no Signo de Sagitário, que governa a Mente. Portanto, você tem a capacidade de entender as coisas de maneira intuitiva e possui uma mentalidade muito original, o que resulta em não ser necessário que você utilize o processo mais lento ou de raciocinar sobre as coisas. Você sempre pode depender de sua primeira impressão e descobrirá que isso será prejudicial, se você não agir de acordo com os estímulos daquela voz interior.

Saturno, o Planeta da obstrução, está em Conjunção com Júpiter, o Planeta da lei, religião e filosofia no Signo saturnino de Capricórnio. Isso também afeta sua Mente. Isso irá estabilizá-la para que você não seja susceptível de sair pela tangente. Todos os Astros, exceto a Lua e Netuno, estão agrupados em torno da quarta, quinta e sexta Casas e, ao nosso ver, o interesse centra-se na quinta Casa, que tem a ver com o ensino e a diversão, as atividades educacionais, etc. Lá encontramos Urano, o Planeta da originalidade, em Conjunção com Marte, o Planeta da energia dinâmica, e Vênus, o Planeta da harmonia.

Isso mostra que o ensino será uma boa vocação para você, mas não o ensino na escola comum. Você seria mentalmente incapaz de praticar isso e se desgastaria à toa. Sua capacidade segue linhas originais de expressão, cultura física, higiene e dieta. O Sol e Mercúrio em Escorpião lhe proporcionarão uma inclinação nessa direção e Saturno, em Conjunção com Júpiter, na sexta Casa, a ajudará a permanecer em tudo o que empreender, de modo que você alcance o sucesso na empreitada.

No que diz respeito ao casamento, recomendamos que você não entre nesse tipo de relacionamento, devido às configurações da quinta Casa, já mencionadas. Você acharia extremamente difícil se associar a rapazes sem se arriscar. Existe uma condição de perigo e trapaça nas relações ou no namoro e no casamento, se isso acontecer, que achamos melhor que você não a faça,

pelo menos até os anos mais maduros; além disso o seu horóscopo também mostra alguma dificuldade por problemas no parto.

MURIEL P. – NASCIDA EM 23 de abril de 1905 às 0:15 AM

EM BROOKLYN, NY, EUA

Aqui temos uma mocinha com um calibre mental muito incomum, pois vemos que Saturno, o Planeta da premeditação e concentração, está em Sextil com Urano, o Planeta da intuição, e em Trígono com Netuno, o Planeta da percepção espiritual, também em Sextil com o Sol que proporciona a vida e com Mercúrio, o Planeta da razão. Não há realmente nenhum superlativo na linguagem que seja suficientemente forte para transmitir uma ideia de como é essa Mente, e não sabemos como descrevê-la. Todos nós sabemos o que é a razão, o que é a premeditação, mas juntá-los à intuição e à percepção espiritual e amalgamar tudo isso em uma única Mente humana pode torná-la nada mais, nada menos do que sublime. E isso não é tudo, pois Vênus, o Planeta do amor, e Júpiter, o Planeta da benevolência, estão em Conjunção, e em Sextil com Netuno e em Trígono com Urano. Portanto, Muriel deve ter um caráter de rara beleza, que é muito difícil ser encontrado nesse Planeta de profunda tristeza, ou seria transformado em um jardim de regozijo.

Verificamos, também, que ela possui um dos mais belos talentos latentes, a saber, a música de natureza altamente inspiradora, como mostrado por Vênus, o Planeta do amor e da arte, em Sextil com Netuno, o Planeta que parece ser o transportador da música inspiradora. Vênus também está em Trígono com Urano, o Planeta da originalidade. Isso mostra que ela não será uma imitadora, mas uma criadora original, capaz de compor sua própria música, trazendo do Mundo Celestial os acordes que ouve. Além disso, vemos que Vênus, o Planeta da arte, está Essencialmente Dignificado em seu próprio Signo, Touro, que governa a garganta e em Conjunção com Júpiter e com Mercúrio, o Planeta da expressão, também em Sextil com Netuno e em Trígono com Urano. Isso mostra que ela tem uma voz de calibre muito incomum, que deve ser treinada.

Contudo, toda rosa tem seus espinhos, nada e ninguém é totalmente bom nesse mundo; todo mundo tem pontos fracos, uns mais outros menos, e vemos Marte, o Planeta da energia dinâmica, embora esteja altamente Elevado e Essencialmente Dignificado em seu próprio Signo, Escorpião, está sem Aspecto e Retrógrado. Isso tira a qualidade de ser forte de Muriel. Também vemos que a Lua, que é o significador da saúde para a mulher, está confinada e sem Aspecto na 12ª Casa, indicando o confinamento e a restrição devido a imperfeições corporais. Então, também vemos Urano, o Planeta errático e espasmódico, no fraco Signo de Capricórnio, próximo do Ascendente e em Oposição a Netuno, o Planeta do caos e da angústia, no Signo de Câncer, que rege o estômago.

A julgar por esses sinais, descobrimos que Muriel é de uma natureza extremamente tensa, que há uma fraqueza dos órgãos digestivos, que se manifestará em desarranjo nervoso, e que, como consequência, ela pode ser confinada em hospitais para seu grande detrimento.

Portanto, advertiríamos os pais, quando a doença acontecesse, para que tivessem muito cuidado com a dieta de Muriel e nunca permitissem que ela fosse retirada do lar para esse tipo de tratamento, pois com os dois benéficos Planetas na Casa do lar (Júpiter e Vênus) e o dador de vida Sol e Mercúrio próximos à cúspide da 4ª Casa, é certo que ela se recuperará muito mais rapidamente no seu lar do que em qualquer outro lugar e, assim,  isso a poupará de muito sofrimento desnecessário, pois seu corpo está muito fraco e precisa de todos os cuidados ternos que podem ser prestados até que ela atinja a maturidade e seja capaz de cuidar de si mesma.

F I M


[1] N.T.: além de preferir alimentos em temperatura ambiente ou mornos (não muito quentes), aqui prefira os seguintes alimentos: frutas como bananas, morangos, melancias, kiwi, damascos; leites e iogurtes; chá verde frio; vegetais como: cenouras, cogumelos, tomates, aspargos, alface e beringela. Evitar, por não fazer parte de uma dieta fria, ou comer o mínimo necessário: cebolas, pimentas, alhos, gengibre, batatas, brócolis, espinafres, feijões, maçãs, laranjas, mangas, mostarda.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Livro: O Testamento de São João Batista – F PH Preuss

Cristo Jesus bem o disse: “Meu Reino não é deste mundo”.

E esse anúncio do Novo Reino foi perfeitamente compreendido por São João Batista, último Profeta em Israel, que servia de arauto da Nova Era, preparando e endireitando as veredas do Senhor dos Exércitos Espirituais. Pela sua boca falava o Espírito Santo, assim como sucedeu a todos os profetas surgidos até então.

Em São João Batista cerravam-se as portas do passado, do “Velho Homem”, tendo início a alvorada do “Novo Homem”. Estes acontecimentos estão bem representados pelas figuras de São João Batista e de Jesus. João, como preparador das veredas para o Novo Homem, pregava no deserto, batizando para o arrependimento com as seguintes palavras: “Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”.

1. Para fazer download ou imprimir:

O Testamento de São João BatistaFrancisco Phelipp Preuss – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

O TESTAMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA

Por

F. PH. PREUSS

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz de Santo André – SP – 1974

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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Sumário

INTRODUÇÃO.. 4

DIFERENÇAS ENTRE O BASTIMO DE ÁGUA E O BATISMO DE FOGO.. 5

A VERDADE COMO CONSTANTE CRIAÇÃO DE NOVAS PERSPECTIVAS. 17

ESCLARECIMENTOS À PARTE.. 19

INTRODUÇÃO

Conheço tua conduta: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar de minha boca.” (Ap 3:15-16).

O autor deseja, inicialmente, dirigir algumas palavras ao prezado leitor, a respeito da severidade com que são feitas certas afirmações no decorrer deste artigo. Elas não se destinam a nenhuma organização religiosa, e sim a todos aqueles que sinceramente desejam seguir a Ordem de Melquisedeque, isto é, a Ordem Sublime do Cristo Espiritual.

DIFERENÇAS ENTRE O BASTIMO DE ÁGUA E O BATISMO DE FOGO

A separação dos Mundos Espirituais e Material acentua-se cada vez mais. Soa, pois, a hora da decisão final, contra ou a favor de Cristo que neste final dos tempos encaminha suas ovelhas a pastos Espirituais, isto é, a um outro Reino, que não é deste mundo. Jesus bem o disse: “Meu Reino não é deste mundo[1]. E esse anúncio do Novo Reino foi perfeitamente compreendido por São João Batista, último Profeta em Israel, que servia de arauto da Nova Era[2], preparando e endireitando as veredas do Senhor dos Exércitos Espirituais. Pela sua boca falava o Espírito Santo, assim como sucedeu a todos os profetas surgidos até então. Em São João Batista cerravam-se as portas do passado, do “Velho Homem”, tendo início a alvorada do “Novo Homem”. Esses acontecimentos estão bem representados pelas figuras de São João Batista e de Jesus. São João Batista, como preparador das veredas para o “Novo Homem”, pregava no deserto, batizando para o arrependimento com as seguintes palavras: “Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.”[3].

As páginas que se seguem, portanto, têm como finalidade trazer, a visão interna do leitor, a diferença entre estes dois Batismos a que São João Batista se refere. Essa diferença deve, portanto, ser esclarecida, trazida à luz da razão e da lógica. Assim, se surgirem, durante os esclarecimentos que desejamos fazer a respeito deste acontecimento, já tão discutido pela massa, palavras um tanto severas, isto não significa que seja, mas, sim, que existe em nós o desejo de cooperar para um melhor entendimento da missão de Cristo em sua atividade libertadora, bem como do trabalho de São João Batista, que veio para preparar os caminhos do Senhor da Terra. Da missão transcendental de São João Batista, Cristo Jesus dá testemunho chamando-o de muito mais que profeta (Mt 11:9). Portanto, ser “muito mais que profeta” é estar acima da humanidade e, também, daqueles que anteriormente foram chamados para suas respectivas missões como profetas. Convém frisar que aquele que dá testemunho de São João Batista é o próprio Senhor Cristo, em quem depositamos inteira confiança. Os anais místico-esotéricos revelam que São João Batista é o próprio Elias renascido e, portanto, um Ser de grande evolução espiritual no círculo cósmico. Elias, segundo o Velho Testamento, cerca de 800 anos antes de Cristo, subiu aos céus num redemoinho de fogo[4], ante os olhos estupefatos de seus Discípulos. E esse mesmo Elias foi de novo enviado para preparar o caminho do Senhor, que viria para batizar com Fogo e Espírito. Se retornarmos ao Evangelho Segundo Lucas cap. 12 vers. 49 podemos complementar esse fato, com as seguintes palavras de Cristo: “Eu vim trazer fogo à terra, e como desejaria que já estivesse aceso!”. E nos versículos 50 e 51 lemos: “Devo receber um Batismo, e como me angustio até que esteja consumado! Pensais que vim para estabelecer a paz sobre a terra? Não, eu vos digo, mas a divisão.”.

Se imaginarmos a profundidade do momento em que foram pronunciadas tais palavras, que inspiram força e domínio espirituais sem par, e procurarmos senti-las ecoando em nosso íntimo, em nosso próprio Espírito – ou seja: em nós que somos de fato –, poderemos compreender perfeitamente esse instante supremo da mudança dos tempos, da substituição do velho Batismo pelo novo Batismo de Fogo e do Espírito, ocorrido logo após o singular Batismo pelo qual o Senhor, antes, haveria de passar: o Batismo de Sacrifício no Gólgota. Somente após esse Sacrifício tornou-se possível o Batismo prometido por Cristo, quando o fogo de seu espírito jorrou sobre o universo. Eis aí então, o lançamento sobre a Terra de Seu Fogo Espiritual, que vem para separar o joio do trigo ou, segundo outras palavras do evangelho, “os bodes das ovelhas[5]. Todo estudioso do ocultismo sabe perfeitamente, que somente através do sacrifício de sangue é possível a salvação, a libertação da matéria. Assim, Cristo Jesus, o Senhor, projetou sobre a humanidade, o Fogo do Espírito, sendo o primeiro ressurreto de sangue. Portanto, todo aquele que passa pelo Batismo de Fogo e Espírito, é estigmatizado, recebe os sinais do sacrifício de sangue. Muitos se admirarão de nossas palavras e julgá-las-ão obscuras. Nós, porém, dizemos: os tempos são chegados.

Muito do que estava em oculto será revelado; Cristo rasgou o Véu do Santo dos Santos, abrindo o caminho para todo aquele que queira vir e herdar a Sabedoria dos Tempos.

As Religiões de hoje em dia perdem cada vez mais sua força e valor efetivos, assim como sucedeu as Religiões do passado. Isto aconteceu devido ao avanço e a evolução das várias filosofias e ciências conquistadas, pela humanidade, até o presente. Conceitos rígidos e dogmáticos foram despejados de bordo do navio evolutivo por serem um lastro inútil que vinha pesando sobre a força mais lúcida em avanço. A espiral da sabedoria cada vez mais toca alturas fecundas no que se refere aos conhecimentos gerais, e mais se aproxima de verdades maiores, deixando de admitir conceitos obsoletos e ultrapassados. Os conceitos rígidos e dogmáticos estão sendo repelidos pela marcha inexorável da evolução. O Cristianismo, desde o seu início, vem sofrendo os impactos destruidores da inteligência humana, em detrimento da elevada posição espiritual oferecida a toda humanidade desde o advento do Novo Batismo. O intelecto humano, com suas mil e uma acrobacias, conseguiu arrastar em seus trilhos a quase totalidade dos seres humanos, numa direção totalmente antidivina, corrupta. O que revelaremos mais adiante, nesse humilde trabalho, vem propor aos seres humanos uma mudança completa no conceito do Batismo. Uma mudança que venha mostrar, positivamente, que é possível arrancar a humanidade desse beco sem saída onde se embrenhou. E para tanto, afirmamos, não falta auxílio das Hierarquias Criadoras, presidida por Cristo desde o Seu sacrifício, de modo a inverter a marcha degenerescente para um sentido regenerador.

Infelizmente, como bem atestam os fatos históricos, após o supremo sacrifício de Cristo, teve início a divisão da Cristandade. O Ensinamento Universal foi dividido por uma Igreja que se denomina Cristã Oriental e outra Ocidental. A cisma protestante, por sua vez trouxe a divisão da Igreja Ocidental em inúmeras outras igrejas que em nome de Cristo se digladiaram em sangrentas guerras religiosas, desde o século XV e XVII. E assim o Filho de Deus teve o seu ensinamento esfacelado, desvirtuado de seu verdadeiro sentido libertador. Dogmas, os mais diversos, dos quais Cristo jamais falou ou ensinou, foram inventados. Foi introduzido, no conceito religioso, o paganismo e a astúcia dos seres humanos, que malevolamente desejavam a todo custo dominar as massas, pretendendo fechar as portas dos Céus a todos àqueles que insistissem em seguir os puros ensinamentos do Cristo, em troca de um céu imaginário por eles inventado.

Nós, particularmente, afirmamos que é chegado o tempo de abolir o Batismo de Água, já na época de Cristo julgado insuficiente e transitório conforme atestam as próprias palavras de São João Batista: “Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” (Mt 3:11). Tornou-se necessário passar pelo Batismo do Novo Ser Humano (Fogo e Espírito), porquanto as velhas coisas encontravam-se no princípio do fim.

Os doutores da lei mosaica, convertidos apenas superficialmente ao Cristianismo, reintroduziram o Batismo de Água, aplicado pelos Israelitas no Mar Morto (Essênios).

Da mesma forma operou-se a introdução do paganismo no seio das igrejas, sinal inequívoco de regressão a idolatrias já condenadas pelo Antigo Testamento! O “Não farás para ti imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou nas águas que estão debaixo da terra[6] e, depois pelo Novo Testamento: “Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade[7]. Cristo não ensinou a aplicação de saliva ao adulto ou recém-nascido durante o batismal, levado a efeito entre os pagãos de Roma, pelas sacerdotisas conhecidas como Sibilas (Adivinhas da Mitologia Greco-Romana). Nos tempos atuais, quando se prega o ecumenismo atuais fariseus e escribas, interessados na separação por ideias e atitudes personalistas, demonstram cabalmente que, o que realmente buscam não é o único e verdadeiro Deus. Eis aí o grande mal de todos aqueles que desejam dominar a humanidade. Devemos lembrar-nos que no tempo de Cristo Jesus, um único Sumo-Pontífice dirigia o Sinédrio como todo-poderoso dos Judeus. E hoje, quantos pseudo-pontífices existem nesta variedade de Sinédrios, intitulados Cristãos?

Se dizemos tudo isso aqui, o fazemos com profunda dor e anelo intenso de ver acabarem-se por completo os erros e as intrigas entre os que se chamam Cristãos. Cristo trouxe, pelo Batismo de Fogo, novas condições atmosféricas e espirituais, a fim de limpar todo rebento da velha árvore, para que dê novos frutos. Portanto, insistimos em considerar apenas válido o Batismo de Fogo, preconizado por São João Batista e consumado em Cristo. Esse Batismo foi experimentado por Paulo de Tarso no caminho de Damasco quando, consoante o relato no Livro Atos dos Apóstolos[8], ele foi ofuscado até a cegueira completa durante dias, pela Luz de Cristo.

No Pentecostes[9] deu-se a mesma coisa. A mesma Luz que brilhou sobre São Paulo envolveu os Apóstolos em seus corações, ensinando-lhes a presença de Deus em seu interior.

No acima exposto não desejamos, absolutamente, condenar aqueles que se deixam batizar na Santa Trindade de Deus, e nem tampouco aqueles que conferem esse Batismo utilizando, em seus processos mágicos, a água. Todas as Religiões têm pleno direito de fazer uso de seus poderes mágico-ritualísticos em favor da fé que confessam. Assim, o Batismo nas igrejas Cristãs, mesmo com alguma modificação ritualística tem o seu valor como base de salvação e santificação. O Batismo apenas representa um valor a ser adquirido pelo batizando, isto é, a sua introdução na igreja Santa e Una, a “Igreja Invisível”, tão bem conhecida pela massa como Corpus Christi, a Santa Comunhão dos Eleitos. Daí poder-se falar de uma vida verdadeiramente Cristã.

Na realidade, as diferentes Igrejas pretendem, cada qual a seu modo, possuir as chaves de um reino de bem-aventurança, em perfeita união com Deus. Um leigo simples e inteligente ao ouvir tais declarações lança a seguinte pergunta: “Sendo assim, deve-se considerar totalmente impossível uma comunhão com o Criador sem a interferência da Igreja?”. Será necessário, para tanto, a intervenção episcopal?

Isto nos leva novamente ao tema do Batismo, o qual é considerado como o bálsamo supremo para aliviar o ser humano de suas penas e salvá-lo de suas maldades, ou melhor, da maldade cometida por seus primeiros pais, Adão e Eva, no Jardim do Éden. A existência cerimonial do Batismo explica-se por aquilo que se denomina “exorcismo do diabo”, o qual, a partir da “Queda do Homem”, passou a dominar o mundo.

Já dissemos anteriormente que as Escrituras apresentam dois diferentes Batismos: o primeiro pode ser definido como Arrependimento, segundo as próprias palavras de São João, o Batista. (Mt 3:11)[10]. Assim como São João Batista, os Israelitas Essênios no Mar Morto batizavam com água para o arrependimento dos pecados.

Logo em seguida vemos Jesus sendo batizado por São João Batista aos 30 anos de idade, tornando-se, a partir daí o Cristo Jesus, Aquele que não mais batizaria com água e sim com Fogo e Espírito, de acordo com o testemunho do próprio São João Batista.

Assim o Fogo do Espírito Santo foi aplicado a toda a Humanidade para salvação, e não mais para arrependimento. Essa é a grande diferença entre o Batismo de Água e o Batismo de Fogo e Espírito. Podemos dizer que o Batismo de Água provoca o conhecimento dos Mundos espirituais por sufocação, enquanto o Batismo de Fogo e Espírito Santo leva a uma comunhão direta com o Fogo do Cosmos do Espírito Universal. Esperamos que o amado leitor nos tenha acompanhado atentamente até aqui, não em espírito de aceitação ou negação daquilo que vimos expondo, mas, investigando juntamente conosco, desbravando corajosamente, sem quaisquer prejuízos, este grande emaranhado de erros e superstições em torno do Evangelho. Isto equivale a uma libertação de todo elemento estranho à verdade, venha ele de onde vier.

No Evangelho Segundo São Mateus, Cap. 3, versículo 11 encontra-se escrito, como já mencionamos: “Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.”. Esse pronunciamento vem de São João Batista; eis que, de maneira alguma poderá ser modificado ou torcido, tão positivo ele é. Dizemos: água é água e fogo é fogo! Alguns dos leitores bem poderiam inquirir a respeito da idoneidade de São João Batista. O Profeta Isaías, 748 anos antes de Cristo, fala no Capítulo 40, versículo 3, as mesmíssimas e célebres palavras de São João Batista, isto é, proclama a vinda de um precursor: “Uma voz clama: “No deserto, abri um caminho para Iahweh; na estepe, aplainai uma vereda para o nosso Deus.’”.

Completam-se estas mesmas palavras, após quase 750 anos, no Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 3, versículos 1, 2 e 3 com o seguinte: “Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizendo: ‘Arrependei-vos, por que o Reino dos Céus está próximo’. Pois foi dele que falou o profeta Isaías, ao dizer: ‘Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, tornai retas suas veredas.’”.

Dessa maneira bem podemos compreender que, assim como chegava o Reino dos Céus com a vinda do Senhor, haveria, naturalmente, uma mudança dos tempos, o que de fato se deu. Como prova disto, passamos novamente à palavra do Santo Livro, a Bíblia, que no Evangelho de São Mateus, Capítulo 3 e versículos de 13 a 17, diz o seguinte: “Nesse tempo, veio Jesus da Galileia ao Jordão até João, a fim de ser batizado por ele. Mas João tentava dissuadi-lo, dizendo: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?”. Jesus, porém, respondeu-lhe: “Deixa estar por enquanto, pois assim nos convém cumprir toda a justiça”. E João consentiu. Batizado, Jesus subiu imediatamente da água e logo os céus se abriram e ele viu o Espírito de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele. Ao mesmo tempo, uma voz vinda dos céus dizia: “Este é o meu Filho amado, em quem Me comprazo”.

Pelo diálogo acima, entre São João Batista e Jesus, damo-nos conta de que ambos tinham conhecimento do Batismo vindo das Alturas. Logo já sabia, antes, do Batismo de Fogo que sucederia ao Batismo de Água. Por isso testemunhou visualmente esse Batismo, quando viu abrirem-se os Céus e o Espírito Santo (Fogo) desceu como pomba, com o propósito de tocar o Mestre. Logo, impõe-se historiarmos as duas formas de Batismos, isto é, o de Água e o de Fogo, pois se trata de dois mundos ou estados de consciência diferentes. O Cristianismo popular até agora falou apenas da necessidade da água, tendo-a sempre utilizado em seus ritos.

O exposto nos suscita a seguinte pergunta: qual a razão do Batismo de Água, desde que já se havia anunciado o advento daquele que batizaria com Espírito? Em verdade, trata-se de dar ao candidato dos Mistérios[11] o conhecimento de seu estado espiritual. Os israelitas Essênios, que formavam uma comunidade à parte a qual pertencia São João Batista – filho de Isabel e Zacarias –, sabiam que quando se submerge alguém na água, os seus corpos sutis, por falta de condições biológicas de respiração de ar, abandonavam, em parte, o Corpo Denso (corpo físico), da mesma forma como acontece num afogamento. Antes de o indivíduo se afogar completamente, o Espírito se encontra consciente dentro de seu nível interno, conhecendo-se a si mesmo como um ser espiritual entre outros seres semelhantes, que se encontram em seu nível, estando só parcialmente ligado ao seu Corpo Denso. Acontece, porém, que esse quase afogamento, sem dúvida, era uma operação um tanto brutal, causando algum sofrimento. Os Essênios conheciam perfeitamente o ponto exato em que o candidato aos Mistérios podia ser novamente levado para fora da água, enriquecido com os conhecimentos obtido nos planos superiores. Dessa forma, o candidato tinha plena certeza da existência de uma vida espiritual, o que o levava a morrer para tudo quanto é material. Ele era um morto para o Mundo material, e nascido para os Céus. Esclarecido isso, pudemos agora dizer algo a respeito do Batismo de Fogo e Espírito, ao qual São João Batista se refere. Saibamos, outrossim, que não somente o iluminado São João Batista falava pelo Espírito Santo, como também todos os profetas do Antigo Testamento.

Vimos que na ocasião do Batismo do Senhor Jesus os Céus se abriram, e o Espírito Santo desceu como pomba sobre Ele. Aquilatamos esse acontecimento com uma maior compreensão espiritual: São João Batista tinha visão espiritual, tendo visto, portanto, a descida do “Fogo Espiritual do espaço universal” como pomba, o que esotericamente compreendido significa: paz, Reino dos Céus. Nesse mesmo instante foi conferido o Verbo a Jesus, e esse mesmo Verbo diz: “Este é o meu Filho amado, em quem Me comprazo”.

Cientificamo-nos da grande importância da manifestação pela luz, conforme relata o primeiro Capítulo do Evangelho Segundo São João. O Verbo-Deus manifestando-se como Luz ao mandato: fiat lux (Faça-se a Luz), pronunciado pela essência do Fogo-Luz, o Verbo Absoluto. Marquemos profundamente em nossas Mentes essa abstração, pois é a chave para muitos mistérios.

Sabemos perfeitamente que Jesus, em existências anteriores, vivera na Personalidade de Salomão, na Judeia, e como Krishina, na Índia, sendo ali conhecido como um Salvador. Nessas duas Personalidades habitava a Fogo do Espírito Santo, não havendo, porém, a manifestação mais abundante, plena, do Espírito do Verbo, o que se deu na Personalidade de Jesus de Nazaré, que se transformou, por isso, em Salvador do Mundo. Cristo, o Princípio da Criação, desde esse instante, passou a guiar a Humanidade por força da essência do Fogo (Luz), do qual era portador puríssimo o sangue de Jesus, que posteriormente foi derramado e infuso no globo terrestre. Ele é a Luz e o Amor do Pai, para que, auxiliados por essa Luz e Amor infinitos, os seres humanos de boa vontade dessem início ao seu trabalho de construção do novo Templo da Humanidade, tendo Cristo como Pedra Angular. A presença do Cristo Solar garantia, dessa maneira, a Terra e a Humanidade, o regresso ao Sol, a sua origem. Essa atuação irradiante da Luz Cósmica era decisiva, peremptória, não havendo, portanto, outra via, pois, o Céu se havia movido a favor da Salvação da Humanidade. O Mundo não haveria de perecer, mas seria salvo, e desse modo a essência do fogo, o Verbo, conferia a Jesus o Raio de sua excelsa atuação, a fim de que todos aqueles que cressem em Jesus, o Cristo, pudessem receber o Batismo de Fogo, com a finalidade da regeneração espiritual. Assim, todos morriam em Jesus, o Senhor, para renascer pelo Fogo do Espírito Santo em Cristo. Todo, pois, que aceita o sacrifício da Luz Universal, o Verbo por meio do Sangue de Jesus, traz em si, devido a esse derramamento de Sangue-Espírito, o sinal do Batismo de Fogo. Aquele que não traz esse sinal se encontra ainda preso às águas do Mar Morto do Antigo Testamento, tal como ainda hoje se encontram as Sinagogas e Igrejas, que se dizem orientadas pelo Espírito Santo (Jeová) e para simbolizá-lo mantêm sempre acesas luzes vermelhas em seus Altares. Cristo, porém, não mais se manifesta por meio de luz externa alguma; Ele está presente nas almas de todos os seres humanos como Luz Salvador-Interna, atuando verdadeiramente em todos aqueles que vivem consoante a Lei de Deus, o Senhor do Verbo.

Segundo as palavras do próprio São João Batista, o Batismo de Água vigorou até a vinda do Messias (Salvador). Ele havia sido empregado, cerimonialmente, para o arrependimento, desde a passagem dos israelitas no Mar Morto, até às águas do Jordão, como já mencionamos. Tudo não passava apenas de um Ritual, de uma confirmação do pacto feito entre Deus e o povo de Israel (ICo10:1-4)[12]. As palavras de São João Batista no Batismo de Jesus são totalmente radicais em sua oposição ao Batismo de Água, pois, como foi dito, Cristo liberta os seres humanos por um processo exclusivamente interno, coabitando, como Espírito Universal, como Energia Cósmica irradiante, com toda a Humanidade. Desde o seu advento, alimenta-se a Humanidade, então, pelo constante Batismo de Luz e Fogo, que desce em ondas rítmicas, como pomba (Paz) nas almas dos seres humanos, à semelhança do que se deu no Jordão, quando um Raio da Luz de Deus penetrou a alma do homem Jesus.

A partir daí, teve início o grande Plano de Redenção. Na Santa Ceia evidencia-se a vitória desse plano iniciado e em pleno andamento, a vitória da transformação, quando os doze Apóstolos recebem Pão e Suco da Videira (repare: não havia vinho, mas apenas pão, um produto vegetal, e o fruto da videira, outro vegetal. O suco recém-extraído da uva não contém um espírito proveniente da fermentação e decomposição, mas é um alimento vegetal puro e nutritivo), à semelhança do Corpo e Sangue de Deus. É de se lamentar, no entanto, que a maior parte dos que se dizem batizados não tenham sentido ainda essa grande verdade, continuando, portanto, presos às águas do Mar Morto. Ressaltamos bem o fato, como já foi uma vez explicado, que o Espírito Universal modificou, abruptamente, as condições cósmicas. O Céu se deu num amplo amplexo à Terra obscura. A continuidade do Batismo de Água somente poderia trazer, como efeito, da extremada subordinação à Lei e à letra, a separação da Cristandade em várias seitas.

Dessa forma a Humanidade se perdeu por caminhos ilusórios. Ao invés de preparar em si mesma, em sua alma, os caminhos do Senhor, continuou a crer mais na água morta que na espiritualização da Mente e da Alma. O Monte da Transfiguração tinha que ser alcançado na alma dos seres humanos, assim como aconteceu com Cristo, pois a iluminação interna provém d’Ele para todos. Chame-se essa Luz como quiser, dê-se-lhe o nome que se queira dar. Não importa. É a mesma Luz da Sabedoria de Deus, o “Filho Bem-amado”. Deus deseja residir na alma do ser humano, internamente e para tanto, não precisa cerimonial externo algum. A Humanidade deve se assemelhar a Deus. E Deus é Amor! Dessa forma, reconhecemo-nos uns aos outros na Luz e no Amor de Deus, para sermos reconhecidos no espírito que é de Deus. Todo aquele que confesse ter vindo Jesus-Cristo a sua carne, a sua alma, faz-se divino e nasce em Deus, e todo aquele que nega ter vindo Jesus-Cristo em sua carne e não libertado, o princípio espiritual divino, adormecido em seu interior, não é de Deus. Em verdade não há sinal externo que possa demonstrar a presença de Deus. Contudo acumulamos forças sobrenaturais facilmente reconhecíveis, se realmente pretendemos acompanhar a Deus em seus caminhos, em nossa alma, com aquela simples, quase infantil, compreensão de que Deus é Amor, e quem vive em amor, está em Deus e Deus nele. (IJo 4:16).

Esse amor sempre nos acompanha, onde quer que estejamos. “Ainda que eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois estás junto a mim” (Sl 23), mais próximo do que nossas mãos e nossos pés. À noite adormecemos com Ele, sonhamos com Ele, despertamo-nos com Ele, falamos cada palavra junto d’Ele. Em todos os nossos serviços, fazemo-Lo acompanhar-nos, numa constante transmissão de Amor, em inalterável serenidade e paz. Em tudo isso, reconhecemos a Sua presença. E se nos amamos uns aos outros, conforme o Seu mandamento, não tenhamos dúvida: Ele estará em nós, conferindo-nos o seu Batismo de Fogo e Espírito. A Água Viva brota de nosso interno Santuário, em transbordante amor para com tudo e com todos, trazendo-nos um vivo sentimento de união com todas as criaturas. Nessa universalidade divina, não há mais tempo, nem espaço, nem criatura, nem criador, nem razão, mas apenas Unidade, o Eterno “Eu Sou”, existência absoluta no Absoluto. Participamos deste elevado estado como Filhos de Deus, e como novas Criaturas. Trazemos em nossas testas o Sinal do “Filho do Homem”, isto é, o Triângulo ígneo representativo do Pai, Filho e Espírito Santo, que se manifesta como Amor.

Percebe-se em volta de todo aquele que se confessa a esse Amor Crístico, algo como que auréola, plena das mais santas vibrações transmitidas em forma de grande compaixão e amor-sacrifício por onde caminhem a dor, a miséria e o sofrimento. Lembremo-nos dos Profetas, Apóstolos e dos verdadeiros benfeitores da humanidade: Platão, Sócrates, Hipócrates, São Francisco de Assis, Santo Agostinho, Jacob Boehme, Max Heindel e tantos outros grandes idealistas, que através de seus ensinamentos fizeram ecoar nas fibras dos mais empedernidos corações o eterno hino do Amor. Através de todos eles circulava o Fogo do Espírito de Deus, pois do contrário não poderiam, com tanta energia, proclamar a presença Divina. Os escribas, pelo contrário, jamais puderam fazer vibrar os corações, pois não falava neles a Divina Luz, e sim a inteligência fundamentada apenas na lógica humana.

A VERDADE COMO CONSTANTE CRIAÇÃO DE NOVAS PERSPECTIVAS

Nunca houve possibilidade de determinar o que é a Verdade. Pode-se apenas dizer que ela é uma constante criação de novas perspectivas pelo Grande Todo. Portanto, impossível de ser conhecida apenas pelo raciocínio humano. Por isso, mesmo Cristo não respondeu a Pilatos quando este o interrogou: “Que é a Verdade?[13]. Nesse instante defrontam-se o tempo e a eternidade, o brilho da dialética do mundo e o eterno fulgor de outro mundo, pois não disse Cristo Jesus: “O meu reino não é deste mundo”? (Jo 18:36). E depois, o que adiantaria falar-lhe (a Pilatos) a respeito da Verdade se não estava interiormente amadurecido para reconhecê-la? E nos tempos atuais, de que nos adiantaria especularmos a respeito da Verdade ou de Deus, se O reconhecemos em nós mesmos? A ingratidão, o mal e a miséria cravaram tão fortemente suas espadas nos corações dos seres humanos, que esses não mais podem sentir a pulsação constante do Amor Infinito, que desce em ilimitada compaixão até nós, desde os planos do Ser Universal.

Para total infelicidade do gênero humano, esse Amor Divino encontra sempre a oposição do “amor” humano, egoísta e autoconservador. E assim a Humanidade se assemelha a um rebanho de cegos conduzido por um guia cego. Originalmente, a Humanidade foi criada como moradora do Jardim do Éden. Cintilava sua veste como pedras preciosas. Era ungida como Querubim, parecendo como pedra afogueada entre as estrelas do firmamento, palavras estas pronunciadas pelo Profeta Ezequiel (28:13 e 14)[14]. Devem ser lidas muitas vezes essas dramáticas acusações! Originalmente, a Humanidade foi criada para andar pelas mãos de Deus, numa perfeita ligação de amor. Nesta santa intimidade não é possível conhecer-se o mal, a separação e a dor, mas constantemente o sentimento da felicidade e a paz. Não se trata aqui, absolutamente de uma exaltação ou de arroubos místicos. Esse encontro com Deus é permanente. É Deus reconhecendo-se a Si mesmo em Sua criatura, e essa se encontrando a si própria no seu Criador. “Lumine de lumine, lumine de lumine…!”. Essa sensação de intimidade entre Deus e o ser humano não pode ser explicada, pois ela se realiza no mais recôndito, onde a percepção se torna sublime, transcendental e imaterial. Não é possível reconhecer a presença de Deus por meio de palavras, nem formular regras para conhecê-lo em nosso Espírito, pois o cálice transborda de alegria. Qual o Santo ou a Santa que alguma vez se expôs a uma sabatina de tal espécie? Isto seria blasfêmia. Conhecer a Deus somente é possível àquele que prova em si a Sua presença.

No entanto, saibamo-Lo ou não, Ele nos envolve em Sua Eterna Luz, à espera de nossa manifestação em sentido de orientador superior, a fim de que a Sua Plenitude e o Seu Espírito possam penetrar em nossa aura, em nossa Individualidade, em nossa inteligência. Este e o Seu eterno anseio. E quando a criatura conhece a dor, o sofrimento, estes não são causados por um afastamento de Deus, e sim pela própria criatura. Muitas vezes ouve-se alguém dizer: “Por que Deus permite isto ou aquilo?”. Então encontramos a única resposta: “Os seres humanos cerraram a passagem à Luz que tem como único objetivo alimentar as suas almas, a fim de que não mereçam, mas tenham a Vida Eterna”. Afirmamos veementemente: a criatura que se volta novamente a Deus, o Fogo do Amor Divino não tardará com o Seu Batismo. Assim, o Batismo de Fogo é sempre renovado, até que o derradeiro se cumpra, culminando no total renascimento da criatura para o Reino dos Céus. O Fogo trazido a Terra por Cristo está ardendo e toda criação geme como em dores do parto à esperada manifestação do Filho de Deus.

ESCLARECIMENTOS À PARTE

No 4º Capítulo, nos versículos 1 e 2 do Evangelho Segundo São João (o Discípulo que Jesus amava) lemos o seguinte: “Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e batizava mais que João — ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos”, e no versículo 9 o diálogo entre a mulher samaritana e Jesus dizendo-lhe: “Diz-lhe, então, a samaritana: “Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?”. (Os judeus, com efeito, não se dão com os samaritanos.)”. E logo o versículo 10, diz: “Jesus lhe respondeu: ‘Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!’”. (Nesse caso “Água Viva” não se deve compreender como um rio em movimento).

Nos versículos 13, 14 (Jesus lhe respondeu: “Aquele que bebe desta água terá sede novamente; mas quem beber da água que eu lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna”), Cristo ensina Sua eterna vida. E nos versículos 20, 21 e 22 (Nossos pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar”. Jesus lhe disse: “Crê, mulher, vem a hora em que nem sobre esta montanha nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus). Ele nos ensina sobre os Iniciados em espírito que trazem em si a Paz do Espírito do Pai, que reinará com Seus filhos na cidade luminosa de Jerusalém, com Cristo sendo o Sumo Pontífice, o “Rei de Salém”. Entende-se o termo judeu e israelita no sentido de “o iluminado pela água da vida para toda eternidade”. Falava Cristo, à mulher de Samaria, de uma água morta a qual jamais poderia matar a sede, referindo-se ao mesmo tempo a água que Ele oferecia, isto é, o Espírito da Vida que eliminava a sede para toda eternidade. Esta água não teria nada a ver com aquela de que os seres humanos e animais bebem, e sim com a Água corrente do Fogo do Espírito Santo com que o Salvador batizava, atuante no Corpo de Cristo. Sabemos destarte, que essa água é a portadora da Vida Eterna, transmitida por Cristo. Assim, tendo bem compreendido o que foi dito acima, torna-nos lógico que Cristo não necessitava de Batismo algum, pois, bem diz o Evangelho Segundo São Mateus, no Capítulo 3, versículos 14 e 15, ao se aproximar Jesus para ser batizado por São João Batista: “‘Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?’. Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Deixa estar por enquanto, pois assim nos convém cumprir toda a justiça’”.

Evidentemente não necessitava do Batismo, pois era o Senhor do Mundo! Em verdade, sempre houve entre os sumo-sacerdotes, desde a existência do Tabernáculo no Deserto, o Lavabo de Bronze (pia batismal) no qual se purificavam, antes de entrar na Sala Oeste onde brilhava a Glória da Shekinah, a luz vermelha, representativa do Espírito Santo, com quem entrava em contato. Note-se que se tratava aí de Comunhão com o Senhor Deus, quando eram recebidas as ordens para o povo. Nesse momento, havia entre aquele que se havia purificado (batizado) e Deus uma estreita relação, mesmo que o Pontífice não conhecesse a face do Espírito Santo. Como havia passado pela água do Lavabo de Bronze, exposta às forças cósmicas durante as lunações em que Jeová dominava, resultara a purificação do Corpo Denso, do Corpo Vital e do Corpo de Desejos do sumo-sacerdote, estabelecendo-se a comunhão entre Jeová e o sumo-sacerdote e, assim o Verbo que saía da boca do Senhor não era desvirtuado.

Nesse ponto convidamos o leitor a se deixar levar pela própria intuição, a fim de apreciar maiores conhecimentos espirituais que se seguem.

O ponto máximo dessa purificação pela água deu-se com o povo israelita, quando da travessia do Mar Vermelho. Ali, como um grande e único grupo humano, passando pelas Águas, foram guiados por uma coluna de fogo, provocando uma purificação em massa. Este acontecimento, bem o explica São Paulo, na sua Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 10, versículos de 1 a 4, com as seguintes palavras: “Não quero que ignoreis, irmãos, que os nossos pais estiveram todos sob a nuvem, todos atravessaram o mar e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual, e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo.”.

Estas palavras fundamentais de São Paulo mostram e explicam bem que a unidade deveria ser mantida pela relação existente entre a comunhão israelita e a posterior consagrada à crucifixão de Jesus-Cristo. Tanto antigamente como na atualidade, os candidatos à purificação recebem o “Pão e Suco da Videira”, símbolos da presença do alimento Divino para salvação. A essa altura relembramos que tanto as sinagogas como as igrejas ostentam em seus altares a mesma luz vermelha, símbolo da presença do Espírito Santo. Bem diz São Paulo que o Cristo se achava na nuvem, na coluna fogosa na passagem dos israelitas pelo Mar Vermelho. Isto nos mostra cabalmente a perfeita unidade de Deus, mesmo quando se fala em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. O Espírito Universal é “UM”, e não três nem cinco nem dez! Visto dessa forma o assunto torna-se claro. O Batismo de Água valorizava os preceitos e ensinamentos dados por Moisés por meio do Espírito Santo. E logo depois, quando o Cristo passou com o povo escolhido através do Mar, impôs-lhe o conhecimento do espiritual Fogo Invisível. O espiritualista, em seus Corpos purificados, reconhece a mesmíssima coluna fogosa em sua própria coluna espinhal, o Fogo Sagrado do Espírito Santo.

Notemos que, em tempos remotos, tudo se manifestava externamente, de forma inconsciente, devido ao estado involutivo da criatura humana. Essa, com o passar dos tempos, paulatinamente foi tomando consciência de uma vida externa – do Mundo material ao seu redor. E assim sendo, a vida espiritual se encontrava em quase completa escuridão, sendo desvendada por alguns poucos vanguardeiros que iam desenvolvendo órgãos de percepção espiritual. Semelhantemente, hoje em dia, esse reconhecimento interior de Deus se encontra velado para a maioria dos seres humanos, por não possuírem ainda órgãos aperfeiçoados necessários para tal finalidade. Deus fala hoje como antigamente as Almas dos seres humanos. Mas, a virtude de Deus não alcança aquele que não aceita, que não a cultiva em si mesmo. Falta-lhe a devida fé; falta-lhe o devido amor incondicional; falta-lhe a devida força para uma entrega total de si mesmo a esse Amor maior, sem a qual não se pode viver e nem se consegue a divina ascensão do próprio ser.

Nessa prospecção lembramo-nos de ter falado a respeito da atuação externa de Cristo, quando da passagem do povo judeu pelas águas do Mar Vermelho, o que equivaleu a um Batismo externo. Após muito vagar pelo deserto, surgiu o amadurecimento tão esperado, que lhe permitiu receber o Batismo interno ministrado por Cristo. A fim de atingir este amadurecimento, foram necessários longos anos de penúrias e de sofrimentos constantes, de contendas e perseguições, de reedificações do Tabernáculo no Deserto e do Templo de Jerusalém. Os Macabeus[15], organização militar da Judeia, já não mais resistindo aos exércitos bem mais fortes, inclusive os de Roma, não encontravam outra solução senão evadir-se pelo suicídio nas montanhas da Palestina. Estas tremendas provas porque passaram somente podia levá-los a uma seleção, a uma depuração, a uma preparação para o advento de Jesus, posteriormente Jesus-Cristo, que os conduziria a libertação por meio de um Batismo mais extraordinário. E essa libertação, ou seja, Salvação, somente podia ser lograda dentro do sangue da Humanidade, por meio do sacrifício de Jesus. Vejamos, porém, mais de perto esse importante acontecimento. O purificado sangue de Jesus era algo preciosíssimo, pois era cheio da força do Espírito Santo, e deste modo, o Espírito Universal podia penetrar, perfeitamente, em todas os Estratos da Terra[16], purificando-a. Assim, Jesus trazia às almas humanas o Batismo da Salvação, o Batismo do Sangue, sangue de Jesus no sangue do ser humano. As forças divinas puderam penetrar até o âmago da natureza humana, e Cristo fez-se um de nós! A partir de então, tornou-se possível receber as vibrações do Sol diretamente, pois o sangue de Jesus servira de veículo entre a Humanidade e as forças solares. Verdadeiramente a Luz não mais seria recebida por intermédio do Regente da Lua, ou seja, Jehovah (ou Jeová, Javé, Iahweh, Yaweh, YHWH), e sim do Arcanjo Solar, o Cristo que, manifestando-se pelo Corpo Denso e Corpo Vital de Jesus, na Terra, sofreu o derramamento de sangue no Gólgota; e através do sangue penetrou nosso Globo e se tornou Espírito Planetário da Terra.

Na Santa Ceia, esse mesmo Espírito testemunha pelos lábios de Cristo Jesus: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.”[17]. Note-se que Ele não disse: “isto representa o meu corpo”, e sim: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.”.

Da mesma forma tomando o cálice e dando graças deu-o aos Discípulos, dizendo: “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados.[18].

Desse momento em diante, a fase final da história da Salvação precipitava-se. O símbolo da Eucaristia é um dos mais belos e mais santos dentro dos Mistérios. O pão que Cristo tomara, e que apontara como sendo o Seu corpo, e o cálice da Nova Aliança representam, nesse sublime rito, a Terra e tudo que ela contém (nesse caso o pão feito de trigo, e o suco da videira). Eles receberiam, no ato final do grande Sacrifício Cósmico de Cristo, a vitalidade e a Luz do Mundo do Espírito de Vida, não somente do exterior como do interior da Terra. Deste modo o globo terrestre vem passando por uma alquimização constante, efetuada pela Luz de Cristo. Assim como Cristo penetrou nos corpos dos Discípulos por meio do “pão e do suco da videira”, tem penetrado também em todos aqueles que chegaram a compreender e aplicar a ciência da transmutação em seus corpos – a transmutação por meio do Amor espiritual, ou seja, impessoal).

Tal alquimia não admite fermento estranho na massa, pois, a própria vida-luz que o Discípulo traz interiormente é suficiente para o seu crescimento. Na Antiga Dispensação[19] os israelitas tinham de entregar o “pão ázimo”, isto é, não fermentado. Esse ensinamento significa que em tudo quanto há fermentação, existe o signo da morte. Da mesma forma, Cristo entregou (como os judeus na Páscoa) o pão não fermentado. Nisso entendemos que, aquele que toma o “pão e suco da videira” não fermentado – o Corpo de Cristo – jamais perecerá. A pureza do corpo espiritual jamais poderá fermentar. Entendemos assim, que Cristo, não somente na ocasião da Páscoa, fez a entrega do pão ázimo (Seu Corpo), mas o faz constantemente, até que o Espírito se faça presente em toda plenitude num corpo não fermentado.

As águas da morte haviam passado, e a pura espiritualização pelo fogo tomou o lugar de tudo aquilo que fermentava. O Fogo da Ressurreição nasceria em tudo o que continha a podridão do fermento. Na crucifixão foi entregue o Fogo do Espírito Triuno, para que a pureza pudesse ser extraída da impureza; e o ouro puro, da escória. Verificamos, assim, a constante presença de Deus, quando diariamente partimos o pão em memória d’Ele. Em cada partícula que tocamos com nossas mãos e ingerimos com devoção a Ele, recebemos o Batismo de Fogo, em virtude de seu Sangue Purificador. Unimo-nos a Ele todos os dias, a todo instante, pois o Espírito não fermenta e, assim, temos a Vida Eterna como ele nos prometeu.

Afirma-se daí, que a criatura jamais deveria pensar em si mesma como sendo apenas um ser feito de carne e osso e sim, participante do Espírito, jamais exposto à fermentação ou deterioração. Depende apenas de si o deixar-se fermentar ou não, o viver na luz da Vida Eterna ou nas trevas da corrupção, quer física, quer etérica ou emocional e intelectualmente. Os nossos Corpos superiores recebem sempre poderes de qualidades divinas por força da Ordem Divina, reinante em todo o Cosmos. Na parábola da videira encontramos referência sobre esta afirmação (Evangelho Segundo São João 15:1-5[20]).

Daí se infere que vivemos sob constante influxo de Forças Divinas que nos envolvem e interpenetram. Asseveramos, portanto, que a única condição para permanecermos nessas Forças Divinas (no Cristo) é o desejo, o anelo sempre contínuo de sermos tais como ramos de uma árvore alimentados por Sua vida. Assim como o Pai preserva a videira, com toda a certeza preservará os ramos que nela permanecem.

Por essa verdade absoluta tão bem explicada por Cristo ao transmitir o conceito da Eternidade do ser humano em Deus, existindo na Eterna Unidade, ou no Verbo Infinito, deve o candidato saber, e por fim sentir, o plano espiritual em seu Ego como Batismo de Fogo e Espírito, de maneira concisa e exata, para não mais desviar-se da profunda base existente na videira, no Fogo do Pai, do Filho e da constante criação do Espírito Santo em seu próprio Ego, Cristo no ser humano. Saibamos que o Fogo do Espírito Universal jamais conhecia limitações em qualquer extensão material, intelectual ou mesmo em si, como elemento do Absoluto. O ser humano, que é incluído em todas as partes divinas por causa de sua divina descendência, reconhece, assim como Deus mesmo, a sua ilimitação. Ressaltamos, porém, que existem limitações apenas para quem não consegue, em sua meditação espiritual ou em sua alma, conviver com a sua ilimitação. Essa frustração resulta de sua Mente não acessível ao ambiente em sua extensão iluminada, ainda não suficientemente aplicada ou aplicável em atividades puras. Todo espiritualista sabe, perfeitamente, que cada pensamento representa uma onda de “luz”, movimento luminoso que é qualidade da divina onipotência.

Essa linguagem encontramos em todos os livros sagrados, na música, literatura e na escultura, em que o Espírito de Deus é fator cooperante. É de suma importância a criatividade na obra artística, pois se percebe quanta força divina tem atravessado, ou tinha possibilidade de se manifestar na alma do artista e, com poder interno, podia expressar-se na pauta musical, na tela, ou na pedra de mármore.

Adicionemos ainda algumas palavras ao mesmo assunto, pois se trata do “Espírito Santo” em nossa Individualidade. Se pertencemos, como Egos, à substância de Deus, mesmo afastados da Luz Central existimos em qualidade espiritual nos Corpos divinos do Sistema Solar, como participantes de todos os sistemas e de suas qualidades, desde o mais sutil-abstrato, “Onisciência de Deus”, até o material mais grosseiro do mundo Planetário-Estelar.

Com essas reflexões entendemos pertencer ao princípio das coisas, a Deus, ao Caos, em exata harmonia com as leis coordenadoras d’Ele, embora sejam imensuravelmente elevadas à nossa compreensão mental. Porém, pelo pensamento abstrato, podemos compreender muito bem onde o nosso ser interior tem a sua função sublime e absoluta.

A esta altura esperamos que o prezado leitor haja alcançado o sentido do “Batismo de Fogo e Espírito” por meio dessas explicações. Atentemos, a seguir, as palavras de Cristo quando nos ensina: “Antes que Abraão fosse, Eu era[21]. A palavra de Cristo é verdade que conduz à totalidade da criação. Portanto, pertencemos a qualidade dos poderes de Cristo. Facilmente vislumbramos nessas palavras a nossa origem, coincidindo com Aquele a quem Ele pertencia, ou seja, Criador do Universo e, em particular, a evolução do Sistema Solar ao qual pertence o nosso globo terreno.

Devemos ainda exigir esclarecimento para retificar um erro grave que os dogmas cometem quando dizem que, após a crucificação, Cristo desceu ao inferno ou, a “mansão dos mortos”, ressuscitando no terceiro dia. Compreendamos que isto jamais aconteceu, pois Cristo incorporava em Si qualidades celestiais, mercê das quais jamais precisaria descer a um inferno ou “mansão dos mortos”! Ele era o Senhor da vida! A, palavra inferno tem o sentido etimológico de “o mais inferior”, designativo de um estado vibratório lento, que deve ser acelerado no processo de espiritualização dos veículos. Eis o que deve acontecer aos seres humanos, pois a Terra e a sua Humanidade deverão ser salvas.

O Batismo pelo Fogo e Espírito deveria realizar-se para que não sucedesse ao nosso Globo e Corpos a extrema condensação que a Luz sofreu. Entendamos que o Fogo deveria permear e sutilizar a Terra que perigava devido a sua vibração demasiado lenta. A Terra e seus habitantes foram salvos da destruição devido a poderosa atividade Solar incorporada no próprio Cristo. Analogamente devemos também acreditar na constante reaparição do globo terrestre, pois ele renasce ciclicamente, tal como nós, Espírito, renascemos com nossos Corpos aqui. Não é possível imaginarmos quantas vezes e em quantos Sistemas Solares o globo que habitamos já pode ter existido, pois se trata de uma constante evolução. As Galáxias estão a nossa disposição. Devemos lembrar-nos, de uma vez para sempre, que a Luz Divina (Deus é Luz) representa uma constante circulação, como se fosse o Sangue do Espírito do Todo Uno, indestrutível, eterno e de total potência. Existe sim, uma constante ação criadora da qual nos beneficiamos e que podemos chamar: a consciência do Batismo de Fogo e Espírito.

F I M


[1] N.R.: Jo 18:36

[2] N.R.: A Era de Peixes que se avizinhava

[3] N.R.: Mt 3:11

[4] N.R.: IIRs 2

[5] N.R.: Mt 25:32

[6] N.R.: Ex 20:4

[7] N.R.: Jo 4:24

[8] N.R.: Saulo, respirando ainda ameaças de morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote. Foi pedir-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de poder trazer para Jerusalém, presos, os que lá encontrasse pertencendo ao Caminho, quer homens, quer mulheres. Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “Saul, Saul, por que me persegues?”. Ele perguntou: “Quem és, Senhor?”. E a resposta: “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Mas levanta-te, entra na cidade, e te dirão o que deves fazer”. Os homens que com ele viajavam detiveram-se, emudecidos de espanto, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Saulo ergueu-se do chão. Mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Conduzindo-o, então, pela mão, fizeram-no entrar em Damasco. Esteve três dias sem ver, e nada comeu nem bebeu. Ora, vivia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor lhe disse em visão: “Ananias!”. Ele respondeu: “Estou aqui, Senhor!”. E o Senhor prosseguiu: “Levanta-te, vai pela rua chamada Direita e procura, na casa de Judas, por alguém de nome Saulo, de Tarso. Ele está orando e acaba de ver um homem chamado Ananias entrar e lhe impor as mãos, para que recobre a vista”. Ananias respondeu: “Senhor, ouvi de muitos, a respeito deste homem, quantos males fez a teus santos em Jerusalém. E aqui está com autorização dos chefes dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome”. Mas o Senhor insistiu: “Vai, porque este homem é para mim um instrumento de escol para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis, e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome”. Ananias partiu. Entrou na casa, impôs sobre ele as mãos e disse: “Saul, meu irmão, o Senhor me enviou, Jesus, o mesmo que te apareceu no caminho por onde vinhas. É para que recuperes a vista e fiques repleto do Espírito Santo”. Logo caíram-lhe dos olhos umas como escamas, e recobrou a vista. Recebeu, então, o batismo e, tendo tomado alimento, sentiu-se reconfortado. (At 9:1-19)

[9] N.R.: Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimissem. Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos vindos de todas as nações que há debaixo do céu. Com o ruído que se produziu a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma. (At 2:1:6)

[10] N.R.: Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.

[11] N.R.: Iniciações

[12] N.R.: Não quero que ignoreis, irmãos, que os nossos pais estiveram todos sob a nuvem, todos atravessaram o mar e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual, e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo.

[13] N.R.: Jo 18:38

[14] N.R.: “Estavas no Éden, jardim de Deus. Engalanavas-te com toda sorte de pedras preciosas: rubi, topázio, diamante, Crisólito, cornalina, jaspe, lazulita, turquesa, berilo; de ouro eram feitos os teus pingentes e as tuas lantejoulas. Todas essas coisas foram preparadas nos dias em que foste criado. Fiz de ti o querubim protetor de asas abertas; estavas no monte santo de Deus e movias-te por entre pedras de fogo.”

[15] N.T.: Foram os integrantes de um exército rebelde judeu que assumiu o controle de partes da Terra de Israel, até então um estado-cliente do Império Selêucida. Os Macabeus fundaram a dinastia dos Hasmoneus, que governou de 164 a 37 a.C., reimpuseram a Religião judaica, expandiram as fronteiras de Israel e reduziram no país a influência da cultura helenística. Seu membro mais conhecido foi Judas Macabeu, assim apelidado devido à sua força e determinação. Os Macabeus durante anos lideraram o movimento que levou à independência da Judeia, e que reconsagrou o Templo de Jerusalém, que havia sido profanado pelos gregos. Após a independência, os hasmoneus deram origem à linhagem real que governou Israel até sua subjugação pelo domínio romano em 37 a.C.

[16] N.R.: Ante a visão do Clarividente treinado, do Iniciado nos vários graus dos Mistérios, a Terra apresenta-se composta de camadas, à semelhança de uma cebola, cada camada ou Estrato cobrindo outra. Há nove Estratos e um núcleo central, dez no total. Tais estratos são revelados ao Iniciado gradualmente, um estrato em cada Iniciação, de modo que, ao final das nove Iniciações Menores domina todas as camadas, mas ainda não tem acesso aos segredos do núcleo central. Que é o assento da consciência do Espírito da Terra. Os Estratos não têm espessuras iguais; em realidade uns são muito mais delgados do que outros. Começando pelo mais externo, aparecem na seguinte ordem:

-Terra Mineral: é a crosta pétrea da Terra, com que lida a Geologia no tanto que lhe tem sido possível penetrá-la.

-Estrato Fluídico: a matéria desse Estrato é mais fluídica que a da crosta exterior, mas não é líquida e sim parecida a uma pasta espessa.

-Estrato Vaporoso: no primeiro e no segundo Estratos não há realmente vida consciente. Já nesse existe uma corrente de vida que flui e pulsa continuamente.

-Estrato Aquoso: estão as possibilidades germinais de tudo quanto existe na superfície da Terra.

-Estrato Germinal: existe a fonte primordial da vida, da qual brotou o impulso que construiu todas as formas da Terra.

-Estrato Ígneo: por estranho que pareça esse Estrato possui sensações. O prazer e a dor, a simpatia e a antipatia produzem aqui seu efeito sobre a Terra. Daqui até a superfície da Terra há certo número de orifícios em diferentes lugares. Seus terminais na superfície são chamados “crateras vulcânicas”.

-Estrato Refletor: nele todas as forças que conhecemos como “Leis da Natureza” existem como forças morais, ou melhor, imorais.

-Estrato Atômico: tem a propriedade de multiplicar as coisas que nele estão, porém, isto se aplica somente às coisas já formadas definitivamente.

-Expressão Material do Espírito Terrestre: aqui existem correntes em forma lemniscata, intimamente relacionadas com o cérebro, o coração e os órgãos sexuais da Onda de Vida humana.

-Centro do Ser do Espírito Terrestre: nada mais pode ser dito presentemente a respeito, salvo que é a semente primeira e última de tudo quanto existe tanto dentro como sobre a Terra.

[17] N.R.: Mt 26:26

[18] N.R.: Mt 26: 27-28

[19] N.R.: Primeira e Segunda Dispensação de um total de quatro.

[20] N.R.: Eu sou a verdadeira videira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo em mim que não produz fruto ele o corta, e tudo o que produz fruto ele o poda, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais puros, por causa da palavra que vos fiz ouvir. Permanecei em mim, como eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer.

[21] N.R. Jo 8:58

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Audiobook, Audiolivro e “livro falado” dos livros da literatura da Fraternidade Rosacruz

Temos vários audiobooks publicados no nosso site (para vários livros que publicamos). Mas afinal, o que significa um audiobook?

Audiobook ou Audiolivro nada mais é do que a transcrição em áudio de um livro impresso digital ou fisicamente.

Basicamente, é a gravação de um narrador lendo o livro de forma pausada e o arquivo é disponibilizado para o público por meio de sites. Assim, ao invés de ler, o interessado pode escolher ouvi-lo.

Cabe aqui uma explicação mais detalhada, pois os audiobooks que publicamos envolve o conceito de “livro-falado”.

E qual é a diferença?

Um audiobook que obedece ao conceito de “livro-falado” tenta ser uma versão a mais aproximada possível do “livro em tinta” (livro impresso), a chamada “leitura branca”, que, mesmo desprovida de recursos artísticos e de sonoplastia, obedece às regras da boa impostação de voz e pontuação, pois parte do princípio de que quem tem de construir o sentido do que está sendo lido é o leitor e não o ledor (pessoas que utilizam a voz para mediar o acesso ao texto impresso em tinta para pessoas visualmente limitadas).

Para que serve audiolivro?

O audiolivro é um importante recurso, na inserção do no ecossistema da leitura, para:

  • o incentivo à leitura e promoção da inclusão de pessoas com deficiências visuais ou disléxicos
  • quem tem dificuldades para ler ou até que, infelizmente, não sabem ler
  • para quem gosta de aprender escutando, já que a forma de absorver conhecimento varia de indivíduo para indivíduo.
  • para crianças dormirem durante a noite.
  • para desenvolver a cognição. Ao escutar um audiobook, a cognição pode ser desenvolvida de uma forma mais ampla, uma vez que, além de escutar, será necessário imaginar as situações, diferenciar ambientes e personagens.

O audiolivro é apreciado por um público de diversas idades, que ouve tanto para aprendizado como para entetenimento.

Um audiolivro traz a obra literária contada oralmente, a qual é interpretada por aquele que ouve, a partir de suas próprias experiências, conhecimentos, sensações e emoções, dado as características de locução de quem está gravando.

O que é melhor ouvir audiobook ou ler?

Essa maneira de consumir literatura tem também uma vantagem inesperada: já há estudos que apontam que o cérebro humano é mais propenso a criar imagens significativas quando está ouvindo uma história do que quando lê. Ou seja: audiobooks podem ser mais benéficos à imaginação que outros formatos de livro.

Qual é a diferença entre ler e ouvir?

Ler apenas se desenvolve mediante um conjunto de metodologias próprias, já ouvir, em caso de funcionamento estrutural normal, desenvolve-se informalmente.

Porque ouvir audiobook?

Os audiobooks são ótimas opções para aqueles momentos em que não estamos exatamente ocupados, mas que também não podemos pegar um livro para ler, como, por exemplo, qual está dirigindo algum meio de transporte, ou fazendo atividades rotineiras onde se pode dividir a atenção.

Os audiobooks que temos disponíveis no nosso site, atualmente são:

Audiobook: A Teia do Destino

Audiobook: Como Conheceremos Cristo Quando Voltar?

Audiobook: Conceito Rosacruz do Cosmos

Audiobook: Curso para Auxiliar o Exercício de Concentração

Audiobook: Ensinamentos de um Iniciado

Audiobook: Esme Swainson – As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco – muito bom inclusive para as crianças.

Audiobook: Iniciação Antiga e Moderna

Audiobook: Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel

Audiobook: Max Heindel e a Fraternidade Rosacruz – 2ª Edição – por Ger Westenberg

Audiobook: O Corpo de Desejos

Audiobook: O Corpo Vital

Audiobook: O Falecimento e a Vida depois dele

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