Arquivo de tag Região do Pensamento Concreto

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Renascimento é diferente de Reencarnação: entenda o porquê

O vocábulo “renascimento” se constitui, no campo linguístico, do prefixo “re”, mais “nascimento”. Significa, etimologicamente, nascer de novo. E o nascer de novo é o renascimento do Ego em cada plano.

Difere, portanto, da reencarnação, cujo significado é entrar na carne. Popularmente, essas duas expressões são usadas como se fossem sinônimos, mas, a nós, Estudantes Rosacruzes, que nos foi transmitida pelo fiel mensageiro da Ordem Rosacruz, Max Heindel, cabe entendermos os termos com precisão, pois sabemos quão importante é a gravação certa no Corpo Vital, do que aprendemos. Assim, usaremos cada umas dessas palavras em seu exato sentido.

Vamos dizer algo a respeito do renascimento. Depois do Ego ter feito os últimos preparativos, no Terceiro Céu, a fim de renascer com seus Corpos e veículos aqui mais uma vez e chegado o momento de sua descida, se encontra despido de Corpos e veículos tendo, tão somente, as forças dos quatro Átomos-sementes, ou seja, o núcleo do Tríplice Corpo e da Mente.

Devemos lembrar aqui, que falarmos de Ego ou de Tríplice Espírito vem a ser a mesma coisa, pois estamos nos referindo a uma só realidade. A essência é a mesma. As expressões é que são sinônimas.

Ao iniciar a sua jornada, o Ego desce à subdivisão mais elevada da Região do Pensamento Concreto. Com o despertar das forças mentais conquistadas em vidas anteriores, que se achavam latentes no respectivo Átomo-semente, atrai e incorpora em si mesmo o material que lhe é necessário para construir um veículo por meio da qual poderá funcionar nesse Mundo. Adotando o mesmo processo, desce o Ego às outras três Regiões inferiores do Mundo do Pensamento Concreto, completando, consequentemente, a formação da sua nova Mente.

Continuando em sua descida, atinge o Ego a sétima Região do Mundo do Desejo, da qual atrai o material afim e indispensável, agrupando-o em torno de si. Prosseguindo, desce ele à sexta Região, onde adquire, também, o material afim que lhe é imprescindível. Segue, fazendo o mesmo até alcançar a primeira Região do Mundo do Desejo. Completa-se, dessa maneira, a formação do seu novo Corpo de Desejos.

Em seguida, desce o Ego à sétima Região do Mundo Físico, isto é, a Região Etérica do Éter Refletor. A formação do Corpo Vital não é, entretanto, tão simples como acontece com a formação do Corpo de Desejo e da Mente, a que anteriormente nos referimos. Só em um ponto é idêntica, ou seja, na quantidade e qualidade do material a ser atraído, obedecendo, ainda, a mesma lei que rege os corpos superiores: a Lei da Semelhança ou Lei da Atração. Para construir o Corpo Vital e colocá-lo no ambiente adequado, trabalham, em número de quatro, os Anjos Relatores, também conhecidos por Senhores do Destino ou Anjos do Destino. Esses Seres são portadores de incomensurável sabedoria. Estão acima de todo e qualquer erro. Eles fazem com que seja incorporado o Éter Refletor no Corpo Vital, em formação, para que as cenas da vida que seguirá, reflitam nele. Convém notar que, além dos habitantes do Mundo Celeste participam da construção do Corpo Vital, os espíritos elementais. Integra, finalmente, a plêiade de construtores desse Corpo, o Ego que se prepara para renascer com seus Corpos e veículos aqui, incorpora também a quinta-essência dos seus Corpos Vitais anteriores, realizando, ainda, um pequeno trabalho original. Esse trabalho possibilita ao Ego expressar-se, na vida prestes a ter início, de modo individual e original, quer dizer, não determinado por ações de existências pretéritas. Verificamos, assim, que as causas e efeitos não se constituem numa repetição rotineira. Constatamos, isso sim, a existência palpitante e viva de um influxo constante de causas novas e originais. Temos aí, a Involução e a Evolução completadas, cabalmente, pela Epigênese. Podemos dizer, em outras palavras, que a Epigênese consiste na liberdade de que desfruta o Ego, no sentido de criar, em cada renascimento, coisas novas. Ele atua, nessa parte, sempre de maneira original. Convém lembrarmos que a Fraternidade Rosacruz é a única que fala na Epigênese. Além de falar, devemos convir, o faz com invulgar sabedoria, esclarecendo o ponto de vital importância, concernente às possibilidades do Ego, em seu roteiro evolutivo.

Na matriz do Corpo Vital vamos encontrar a formação, órgão por órgão, do Corpo Denso.

Relativamente ao Átomo-semente do Corpo Denso, situa-se, como nos ensina Max Heindel, no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, na cabeça triangular de um dos espermatozoides do sémen paterno. Nesse espermatozoide, unicamente, é que reside a possibilidade de fertilização. Nesta altura, entende-se perfeitamente, a causa de uniões estéreis.

Voltando ao Átomo-semente, esse, devemos recordar, é o determinador da quantidade e qualidade da matéria para que se possa formar o Corpo Denso, que é feito, tomando-lhe como modelo, o Corpo Vital.

Apesar de restrita a atividade doEgo na construção do Corpo Denso, neste ele incorpora a quinta-essência das qualidades físicas das vidas anteriores. E, muito embora o Ego tome, imprescindivelmente, os materiais dos corpos do pai e da mãe, a fim de formar o seu, esse não traz com exatidão, as mesmas características dos corpos paternos. Como se vê, o referido Corpo Denso é a expressão do próprio Tríplice Espírito ou Ego renascente. A hereditariedade poderá explicar alguma coisa, porém, jamais tudo. Não esclarece, por exemplo, as qualidades da alma, as quais são absolutamente individuais. Cada Ego, ao renascer, traz características próprias. Estão ligadas às suas existências passadas, pois são o fruto de seu mérito ou demérito nelas.

Após a impregnação do óvulo, o Corpo de Desejos da mãe trabalha sobre ele, seguramente, durante espaço de tempo que vai de 18 a 21 dias. Nesse período, o Ego se encontra fora da matriz materna, todavia mantém-se em contato com ela.  Acha-se ele, em seu Corpo de Desejos e em sua Mente. Decorrido esse prazo, ele entra no corpo da mãe. Daí por diante, o Ego incuba seu novo Corpo até que se dê o nascimento da criança, iniciando-se, assim, a nova vida aqui. Desse modo, acaba o Ego de chegar ao máximo de sua descida, pois atingiu o ponto mais denso que ele deve descer: a Região Química do Mundo Físico. Ele vive, nesse Mundo, habitando um Corpo Denso, como estamos, por exemplo, todos nós aqui, até que lhe advenha mais uma morte aqui, com a qual o Ego começa a sua viagem de retorno aos Mundos Celestes.

A ruptura do Cordão Prateado ocasiona a morte. Com essa, abandona o Ego o Corpo Denso, que foi o último a ser, por ele, adquirido.  Permanece, entretanto, durante três dias e meio, aproximadamente, na Região Etérica do Mundo Físico, pairando sobre o Corpo Denso e assimilando as experiências da existência terrestre que acabou de terminar. Feita essa assimilação, entra o Ego no Purgatório, situado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, levando consigo os Átomos-semente dos Corpos Denso e do Corpo Vital. Ali se desenrola de novo, o Panorama da Vida passada, apresentando todos os incidentes dela em que prejudicou alguém – por omissão ou por querer –, incorporando ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, a consciência que atuará no futuro como impulso para não repetir o mal cometido. Purgados os maus hábitos, vícios, falhas e omissões, passa ele ao Primeiro Céu, que se situa nas três Regiões Superiores do Mundo do Desejo. Aqui, desenrola-se de novo, o Panorama da Vida passada, apresentando todos os incidentes dela em que ajudou alguém – por fatos ou boas e sinceras intenções –, incorpora ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, a qualidade de sentimento reto que atuará no futuro como impulso para o bem e repulsão para o mal. No Mundo do Desejo o Ego permanece, em média, um terço do tempo da vida que terminou. Esse período de tempo poderá, entretanto, ser maior ou menor, dependendo do grau de espiritualização dele.

A seguir, entrando no Segundo Céu, encontra-se o Ego envolto no veículo mental, contendo esse a quinta-essência dos três veículos abandonados. Agora, acha-se ele, em sua verdadeira pátria. Leva vida ativa e variada, assimila os frutos de sua última vida terrestre, procura também, ir preparando o ambiente, ou seja, o ambiente na terra, tendo em vista o seu próximo renascimento. Prestam-lhe colaboração, como sabemos, todos os habitantes do mundo celeste, alterando as formas físicas e produzindo mudanças em seu aspecto, conforme a necessidade.

Nos Mundos Celestes o Ego aprende a construir os seus veículos e a usá-los no Mundo Físico. O músico aprende a construir mãos próprias e ouvido perfeito para captar com precisão o som. Ao despertar no Segundo Céu, ouve o Ego a música das esferas. O ser humano tem, por destinação, converter-se em inteligência criadora. Assim, chegará a ser algum dia, verdadeiro artífice de seu destino, deixando, portanto, de ser escravo dele.

Passa o Ego, em seguida, ao Terceiro Céu, onde faz os últimos preparativos, a fim de empreender outra vez, nova descida aqui, na Região Química do Mundo Físico. Leva o Ego, de conformidade com esclarecimento de Max Heindel, geralmente, 1.000 anos de um renascimento a outro, salvo exceções, ou seja: considerando a sua evolução espiritual ou missão que tenha de realizar, poderá ser esse espaço de tempo, bastante reduzido. Com o próprio Max Heindel, isto aconteceu, pois levou, do penúltimo renascimento ao último, apenas uns trezentos anos. Outra exceção é a criança. Essa, como ao morrer é inocente, não lhe tendo nascido o Corpo de Desejos, razão por que não pecou, vai diretamente para o Primeiro Céu onde é bem recebida por parentes ou adotada por alguém e permanece de um a vinte e um anos, a fim de renascer.

Quando o ser humano passou pelas nove Iniciações Menores e, também, pelas quatro Grandes Iniciações libertou-se, totalmente, da roda de nascimentos e mortes. Poderá renascer na Terra e geralmente o faz, mas não por sua causa, e sim, unicamente por causa da Humanidade. Nesta altura, temos plena convicção de que só a Teoria do Renascimento satisfaz, dentro da lógica e do bom senso, atendendo, com perfeição toda e quaisquer necessidades evolutivas da Humanidade. Para essa Teoria, cada alma é parte integrante de Deus e está desenvolvendo, por meio de vidas sucessivas, em corpos de crescente perfeição, os latentes poderes divinos em energia dinâmica. Ninguém se perde. Todos, a seu tempo, alcançarão a perfeição, integrando-se em Deus, e levarão o fruto anímico de sua peregrinação através da matéria. Quanto às teorias materialista e teológica, têm visão sobremaneira estreita, que não resistem à análise, desde que se ponha um pouco de bom senso. Não satisfazem nem mesmo os elementares de justiça ou de lógica.

O Espírito Divino, emanando de si o Corpo Denso, obtém como fruto a Alma Consciente. O Espírito de Vida emana de si o Corpo Vital, obtém a Alma Intelectual. O Espírito Humano emana de si o Corpo de Desejos e obtém a Alma Emocional.

São nessas descidas e subidas que realizamos, vindo até o Mundo Físico e subindo, após a morte, até o Mundo Celeste, que nos tornamos artífice do nosso destino, pois nos converteremos em Inteligência Criadora.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Som e os Éteres – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

A matéria contida neste livro foi compilada de trabalhos de Max Heindel e acrescidos com conhecimentos de astronomia e contém informações muito valiosas sobre as relações entre o som e os Éteres e como a Ciência material lida com esse assunto (mesmo não reconhecendo, atualmente, o Éter, já que no passado o reconheceu e trabalhou muito com ele).

1. Para fazer download ou imprimir:

O Som e os Éteres – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

O Som e os Éteres

Por um Estudante

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido e Revisado de Temas Rosacruces – Tomo II – El Sonido y los Éteres – Centro Rosacruz Max Heindel de Buenos Aires – Argentina – 1983

pelos Irmãos e pelas Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

Sumário

INTRODUÇÃO.. 4

CAPÍTULO 1 – UM SOM DE VIDA.. 5

CAPÍTULO 2 – OS SONS DO CORPO VITAL SUBSÔNICOS E SUPERSÔNICOS. 10

CAPÍTULO 3 – NOVAS RELEVAÇÕES. 15

CAPÍTULO 4 – OS NÚMEROS E O RITMO DO UNIVERSO: LEI DE BODE.. 22

CAPÍTULO 5 – A ASTRONOMIA ENTOA UMA NOVA CANÇÃO.. 29

CAPÍTULO 6 – KEPLER, O MÍSTICO ASTRÓLOGO ASTRÔNOMO.. 36

CAPÍTULO 7 – O SER HUMANO, CÂNTICO DE DEUS. 43

INTRODUÇÃO

Os Éteres constituem a Região Etérica do Mundo Físico. Eles são em número de quatro:

-Éter Químico: é o Éter através do qual as forças atuam para manter e nutrir o Corpo Denso (mantém a forma).

-Éter de Vida: é o Éter pelo qual atuam as forças de propagação, cujo objetivo é a manutenção das espécies (mantém as espécies).

-Éter de Luz ou Luminoso: é a fortaleza do cérebro-Mente, porque ele é o assento de toda a percepção sensorial tanto interna, quanto abaixo e acima do âmbito dos órgãos dos sentidos.

-Éter Refletor: é o armazém da memória do ser humano e reflexo da Memória da Natureza (aqui registra-se todos os eventos que são produzidos no Mundo). É, também, através deste Éter que o Ego direciona seus veículos.

O Corpo Vital do ser humano é composto de quatro Éteres.

CAPÍTULO 1 – UM SOM DE VIDA

Em lições anteriores foi dito que os ocultistas reconhecem, já há muito tempo, a existência de um “som de vida” acompanhando todas as coisas viventes e crescentes. A ciência moderna está agora chegando a este campo, assim como a outros campos de fenômenos etéricos, anteriormente admitidos apenas pelos ocultistas.

Houve sempre e ainda há muita confusão a respeito da Clariaudiência[1] ou audição extrassensorial. Mais do que em outros campos, talvez, contam-se histórias de distúrbios mentais, acompanhados de “audição de vozes” ou outros sons. Os médicos muito têm a dizer, também, acerca de “ruídos na cabeça” em geral, dos quais se diz frequentemente que prenunciam a surdez. Agora, a ciência contemporânea aproxima-se mais do “oculto”, como nos dá conta a informação acerca de experiência em laboratórios modernos, tornando possível uma avaliação mais realista.

Há algum tempo, o dr. Albert P. Seltzer, da Universidade de Pennsylvania, escreveu na revista Today’s Health (publicada pela American Medical Association) que ninguém deve desesperar-se por sofrer de ruídos na cabeça (chamados “tinnitus” pelos especialistas). Eles não são, necessariamente, os precursores da surdez, nem da insânia. Diferentemente dos sons normais, esses ruídos da cabeça não se originam nas ondas sonoras que chegam ao tímpano, mas em causas internas, algumas das quais são físicas como o cerume do conduto auditivo, pressões ou tensões nervosas, infecções no ouvido médio, obstruções na trompa de Eustáquio[2] (passagem entre o ouvido e a garganta), bloqueio da passagem do ar nas narinas, etc.

Segundo o dr. Seltzer, tais condições poderiam, usualmente, ser corrigidas por meios médicos. Na opinião de outro médico, existem tantas causas possíveis de ruídos na cabeça que a cirurgia deveria ser evitada, se possível, pois uma operação após outra pode ser levada a efeito nos ouvidos, no nariz e na garganta, e a verdadeira raiz do problema se encontra no sistema nervoso, por exemplo. A remoção do cerume seria relativamente simples, assim como outras correções menores no nariz e garganta. Porém, não há garantia de que ainda a cirurgia extensiva pudesse deter os ruídos.

Para os ocultistas, alguns desses ruídos são etéricos, pertencem ao Corpo Vital, sendo, em verdade, perfeitamente normais e audíveis quando as faculdades espirituais começam a se desenvolver.

A ciência física já começa a verificar isso. Em certas experiências com câmaras à prova de ruídos, na profundidade da Terra, constatou-se que cada um, sem exceção, ouviu um som agudo e intenso – descrito de maneira algo diferente por várias pessoas – e os cientistas observaram que, face à câmara ser totalmente à prova de efeitos sonoros, estes ruídos não podiam ser outra coisa, além de sons, produzidos pelo corpo, pelo fato de viver.

A experiência com a câmara explica o porquê a surdez total ou parcial é associada com os ruídos da cabeça. Uma vez eliminados os ruídos externos, o indivíduo torna-se consciente dos sons interiores. Estes, na verdade, encontravam-se ali o tempo todo, mas não eram percebidos. Independente de todas as causas físicas, o som dos processos vitais faz-se, então, audível.

O cientista observa que os ruídos da cabeça podem principiar sem sinais prévios. Apresentam-se também em pessoas normais, a despeito de sua maior incidência em quem sofre de surdez. Alguns tornam-se conscientes desses ruídos quando adormecem ou então ao despertar. Outros percebem nos instantes iniciais da aplicação da anestesia. Os ruídos são, algumas vezes, suaves e vibráteis, ou também se assemelham à madeira quando está sendo serrada, ou com a explosão de um motor, ou com o vapor escapando de uma caldeira, ou com o silvo de uma serpente.

É significativo que em certos antigos fragmentos de documentos ocultistas se faz menção do “canto da serpente”, ouvido pelo Iniciado, quando uma certa essência ígnea ascende por um canal até o cérebro.

Evidentemente, é o que chamamos de “o fogo-espírito espinhal”. Antigamente o cérebro era comparado à cabeça de uma serpente. As escrituras antigas mencionam também aquilo que denominaríamos de som de campainhas. Alguns destes ruídos, em sentido moderno, são idênticos ao tinir de uma campainha de telefone ou ao repicar de sinos. Achava-se, então, que a Serpente falaca com muitas vozes; e em sons captados por diferentes pessoas, como assinalaram os médicos, encontram-se tons musicais e vocais, algumas vezes em alta voz, diretamente ao ouvido.

A natureza de muitos destes sons está sendo confirmada, agora, por novos descobrimentos científicos, amplamente divulgados. Por exemplo: um médico descobriu, acidentalmente, durante uma cirurgia cerebral que quando a agulha elétrica tocava certas áreas do lóbulo temporal do paciente, este se tornava consciente dos sons, tão claramente como se houvesse um rádio ligado no recinto, associando-os, também, com recordações de acontecimentos passados. Disto se deduz que se as mesmas células são estimuladas de outra maneira que não seja com uma agulha elétrica, de um modo, todavia desconhecido para a ciência, a pessoa ouvirá sons aparentemente presentes e reais fisicamente. Alguém pode afirmar que ciência abordou a questão da “memória eletrônica”, de fato conectada com o cérebro etérico.

Agora vejamos como estas áreas cerebrais podem ser estimuladas a produzir sons de uma natureza etérica, percebidos como se fossem reais fisicamente.

Quando o Ego se isola do mundo exterior, preparando-se para o sono, revoluteando, porém, dentro de sua habitação física, torna-se consciente dos sons do Corpo Vital. Os ruídos de motor – funcionando ou serrando madeira – pertencem ao campo eletromagnético do corpo, no qual os vórtices movem-se com um zumbido comparado, por Max Heindel, ao das abelhas. Há ocasiões em que este zumbido parece se interromper. Max Heindel afirmou, citando alguns exemplos desta natureza, que um violento som de zumbido provém do choque de vibrações quando uma entidade dos planos internos procura obsidiar o Corpo de uma pessoa viva.

A nota-chave do Corpo Vital (ensejada pelo Arquétipo) soa na medula oblonga[3], onde arde a “chama da vida”. Neste lugar ouve-se o som discordante, quando da tentativa de obsessão. A “chama da vida” arde na medula, vibrando freneticamente ao mesmo tempo em que percebe o som. Na Escola de Mistérios tais casos são virtualmente desconhecidos, como resultado da vivência pura – física e mental – do neófito, o qual não se deixa atingir por influências maléficas.

Quando forças poderosas começam a fluir no Corpo Vital como fruto do treinamento espiritual, é natural a aceleração dos ritmos normais do organismo vital. Uma certa inércia deve ser superada, porque o materialismo amortece os sistemas nervosos, e estes devem ser sensibilizados pelo trabalho espiritual. Isto pode ser percebido como uma sensação de vibração nos ossos do crâneo, ou nos vórtices do Corpo de Desejos, assim como naqueles pontos do Corpo Vital por onde fluem as correntes vitais – tradicionalmente simbolizados na Crucifixão – ou seja nas mãos, pés e cabeça, nos quais Cristo foi ferido. Muitos Estudantes Rosacruzes tornam-se conscientes disso.

Os sons captados bem próximos do ouvido, algumas vezes, sobressaltam o indivíduo desperto quando está quase adormecido. Assemelham-se à brilhante luz que algumas vezes cintila ante os olhos fechados, quando se dorme ou se desperta. Em ambos os casos, o Ego envolto em seus veículos superiores, desliga-se da vestimenta corporal, preparando-se para dela sair. Nestas circunstâncias faz-se consciente dos planos internos.

Já se afirmou que quando um indivíduo se encontra fora de seu corpo, parece-lhe expandir-se e crescer em todas as direções. Isto provêm das novas sensações que o abordam de todos os lados no Mundo do Desejo. Muitos Estudantes Rosacruzes passaram pela experiência de flutuar até à cabeça do corpo, percebendo que a consciência parecia estender-se para fora, ao redor do crâneo. A sensação de expansão, característica de tais estados, evidencia-se também em outras formas. Algumas vezes há um som como que “crepitando” na cabeça ou nos ouvidos. Ou então outros ruídos sugerindo uma mudança de vibração, porque isto é o que os sons realmente indicam.

A situação, por suposto, é diferente daquela em que se percebe a “crepitação” quando se sobe uma colina ao nível do mar: aí a sensação origina-se da mudança de pressão atmosférica. Não obstante serem diferentes, as situações são análogas. A mudança de atitude psíquica, por assim dizer, produz variações na vibração, e como o Ego encontra-se conectado com o Corpo Denso, o som parece ocorrer no espaço físico.

CAPÍTULO 2 – OS SONS DO CORPO VITAL SUBSÔNICOS E SUPERSÔNICOS

Há somente três décadas a ciência chegou a compreender que a vibração da voz é transmitida tanto através dos ouvidos como da garganta e da boca. Isto poderia ter sido antecipado, posto que sentimos as vibrações vocais agitando a estrutura óssea do crânio. Porém, como muitos outros fenômenos, passou despercebido. Agora, não obstante, sabemos que os inventores estão tratando de aperfeiçoar dispositivos que permitam a pilotos de aviões emissores de sons de alta potência, “falar com seus ouvidos” por meio de um microfone especialmente desenhado que capte naturalmente a linguagem articulada. Os sons secundários são transmitidos mediante auriculares de estetoscópio. O cientista não sabe, todavia, como é transmitida a linguagem auricular, mas supõe ser pela trompa de Eustáquio, ou talvez, pelos ossos da cabeça, ou por ambas as vias.

Evidentemente, alguns dos ruídos da cabeça ou tinnitus, de que falam os médicos, devem também pertencer às ondas de linguagem transmitida desta maneira ao cérebro do paciente, além dos perfeitamente normais sons etéricos transmitidos ao “ouvido interno” do Corpo Vital, que está incluído com o outro ouvido físico no processo da audição. Os Clariaudientes comentam o fato de que ao ouvir sons dos planos espirituais, algumas vezes, são conscientes de vibrações na língua, boca e garganta, assim como no ouvido, demonstrando-se que existe uma resposta simpática por todas as partes.

Os físicos afirmam haver muitas classes de ondas sonoras, algumas demasiadas altas para serem ouvidas por ouvidos humanos e outras demasiadas baixas. Para as ondas sonoras abaixo de 500 ciclos por segundo, os ouvidos de um gato podem não ser tão sensíveis como os do ser humano. As mais baixas notas, para as quais o ser humano é sensitivo, são realmente sentidas mais que ouvidas. Uma frequência de 20 segundos soa não como um tom, mas como som palpitante baixo. As notas demasiadas baixas para serem ouvidas são, algumas vezes, sentidas como vibrações no Corpo.

A isso o ocultista acrescenta que os processos vitais do Corpo que residem no campo eletromagnético emitem vibrações, ou são vibrações percebidas pelo ouvido etérico interno sob circunstâncias especiais. Os sons do Corpo Vital são tanto subsônicos como supersônicos, mas são gerados dentro do Corpo: não se originam no exterior. Ao mesmo tempo é evidente por si mesmo que tanto os “subsônicos” como os “supersônicos” atuam sobre o Corpo Vital desde fora e podem matar se usados de certa forma, ou promover vida e saúde se empregados de outra.

Em um antigo artigo, como resposta a uma pergunta em nossa revista “Rays from the Rose Cross” (de novembro de 1964) encontramos sobre o som e seus efeitos. O consulente disse: “Muito se faz no campo da vibração; e demonstrou-se que a enfermidade e a saúde são questão de vibrações e de ritmos variáveis. Se se pode romper o ritmo em um dado lugar e impor um novo tempo sobre eles, aparentemente os prótons e os elétrons voltam a reunir-se em diferentes proporções, formando um padrão diferente: aparece um tecido ou substância de diferente classe. Este processo demonstra que dentro do ser humano há uma vontade ou força que pode atuar desde os modelos segundo os quais constroem seus tecidos, e mudando seu ritmo pode produzir outro desenho no mesmo espaço. Vocês concordam com isso?”.

De onde foi fornecida a seguinte resposta: “Se nos assegura por parte da ciência oculta que não há limite para o poder do Espírito na cura, de tal modo que podemos dizer com segurança: qualquer enfermidade ou doença pode ser curada. Isto nos foi demonstrado por Cristo-Jesus em Seu ministério. Porém, nem toda pessoa encontra-se qualificada para efetuar uma cura fenomenal instantânea… O ponto de vital importância é a transformação que deve partir de dentro do indivíduo.”.

Temos a afirmação de Max Heindel: “O Corpo Vital emite um som idêntico ao zumbido de um besouro. Durante a vida estas ondas sonoras etéricas atraem e colocam os elementos químicos de nosso alimento de tal modo a formar órgãos e tecidos. Conforme as ondas sonoras etéricas do nosso Corpo Vital estejam em harmonia com a nota-chave do Arquétipo, os elementos químicos com os quais nutrimos o Corpo Denso são adequadamente dispostos e assimilados, e a saúde prevalece… mas quando as ondas sonoras do Corpo Vital variam em relação à nota-chave arquetípica, esta dissonância coloca os elementos químicos do nosso alimento em uma disposição incongruente com as linhas de força do Arquétipo.”

Os Auxiliares Invisíveis são ensinados a utilizar o som em seu trabalho de cura nos planos internos. Isso consiste em emitir um som que se harmoniza com a nota-chave do Corpo do paciente, a qual o Auxiliar Invisível pode ouvir quando se encontra fora do Corpo, e isto ajuda a realinhar os elementos orgânicos em harmonia com a nota-chave.

O ultrassom é muito utilizado na sociedade humana. Os cirurgiões usam-no, e aperfeiçoam meios para empregá-lo na cirurgia cerebral. É especialmente útil neste campo devido a que os vasos sanguíneos são muito resistentes às ondas sonoras, e assim o perigo de hemorragia diminui consideravelmente. Mais ainda: a onda sonora pode ser enfocada tanto na matéria branca como na matéria cinzenta do cérebro.

Todos esses descobrimentos da física moderna indicam uma renovação das técnicas conhecidas pelos ocultistas há muitos séculos por intermédio das quais o som foi invocado, usualmente em várias formas de canto, para produzir curas milagrosas. A ciência está, verdadeiramente, no umbral do descobrimento da “Palavra Perdida”.

O Corpo Vital é capaz de receber sons exteriores em forma de vibrações o que, se está em harmonia com a nota-chave arquetípica que enseja a nota-chave do Corpo Vital, fortalece os modelos etéricos construídos pelo Arquétipo e promove a saúde. Mas se pelo contrário, o som não se harmoniza com a nota-chave arquetípica, então tenderá a romper os modelos etéricos, podendo produzir a enfermidade, a doença e até a morte.

“Por esta razão, muito daquilo que é denominado ‘música moderna’ pode deixar os nervos em frangalhos”.

Contudo, a música moderna não é inteiramente má. Introduziu ritmos novos e surpreendentes que ensejam o efeito benéfico de destruir modelos antiquados de pensamento e emoção, e de afrouxar alguns, dos modelos cristalizados do Corpo Vital da Onda de Vida humana. Alguma destruição é necessária para que se dê um passo adiante na evolução, de modo a eliminar as condições cristalizantes. O processo de industrialização até metade do século XX trouxe muita depressão às vidas dos povos do mundo ocidental, e somente os violentos ritmos de jazz e outras excentricidades da música moderna puderam rompê-la. Para milhões de trabalhadores mergulhados na apatia e no desespero, os excitantes alaridos e os rugidos reverberantes da orquestra de jazz foram uma bênção, devolvendo-lhes uma renovada esperança e interesse pela vida. Mas, uma vez realizada a obra de despertar o ser humano do século XX da apatia, florescem condições no sentido de realizar-se algo construtivo. Isto se torna possível agora sob os albores da Era de Aquário, à perspectiva de um novo tipo de música.

De todos os órgãos dos cinco sentidos, o ouvido é o mais altamente desenvolvido. Depende de sua sensibilidade mais que qualquer outro órgão sensorial, porquanto a música tem o poder de conectar o Ego diretamente com a Região do Pensamento Concreto – a pátria da música – onde os Arquétipos de tudo o que existe são construídos por sons musicais. E, diga-se de passagem, o ouvido está longe de ser o maravilhoso instrumento que está destinado a ser algum dia. Por exemplo: “há cerca de 10.000 fibras de Corti[4] localizadas no ouvido interno, cada uma capaz de interpretar aproximadamente 25 gradações de tom em cada ouvido. Na presente época, o ouvido de uma pessoa normal não responde mais que de 3 a 10 das possíveis 250.000 gradações de tom. Assim, nos damos conta de que o sentido da audição se encontra na mesma condição do sentido da visão; existe uma possibilidade de ouvir-se inumeráveis sons, tal como de perceber-se muitas gradações de luz. Tempo virá, como aprendemos na Fraternidade Rosacruz, em que os sentidos da visão e audição não mais se localizarão em determinadas áreas, mas estarão distribuídos por todo o Corpo Denso: o ser humano verá e ouvirá com a totalidade do seu Corpo. Então, a visão e a audição se mesclarão em um só sentido, o qual poderá “ver o som” e “ouvir a cor”. Os sentidos do paladar e do olfato também se unificarão. Os dois novos sentidos se absorverão na faculdade da sensação que, por sua vez, se manifestará como conhecimento, e a laringe emitirá a ‘Palavra Criadora’”.

CAPÍTULO 3 – NOVAS RELEVAÇÕES

Foi mencionada em lições anteriores que não há diferença entre as ondas sonoras e as ondas luminosas. A diferença comumente reconhecida é a de que o som não se transmite através do vácuo e a luz sim. Portanto, na terminologia da ciência oculta falamos de um “Éter Luminoso interplanetário”, que é também evidentemente interestelar, pois existe onde quer que a luz viaje através do espaço. Outra diferença entre as ondas sonoras e luminosas é a classe de onda característica de cada uma, como vimos anteriormente. As ondas sonoras são “longitudinais”, ao passo que as luminosas são “transversais”[5].

As ondas luminosas irradiam-se em todas as direções, a partir de uma fonte luminosa, à velocidade de 300.000 quilômetros por segundo, o que é praticamente instantâneo, pelo que diz respeito ao olho humano sob condições ordinárias. Quando se acende uma lâmpada em um quarto escuro, todo o recinto se ilumina instantaneamente, ao que parece por causa da grande velocidade da luz. Com referência à luz que nos vem de estrelas longínquas, sabemos que em alguns casos ela demora muitos milhões de anos para chegar à Terra e ser percebida pelo olho humano. E quando contemplamos a estrela, ele pode ter deixado de existir há muito tempo. E se por algum meio ainda não descoberto pela ciência pudéssemos aumentar e estudar a imagem estelar tal como nos chega, veríamos condições, na estrela, tal como eram a milhões de anos atrás, quando a luz abandonou sua superfície para iniciar sua viagem através do espaço. No caso de supernova, por exemplo, a luz chegaria à Terra e continuaria viajando por milhões de quilômetros. E, como sugeriu um astrônomo, é possível que em algum mundo distante, para algum povo estranho e desconhecido, a Estrela de Belém fosse realmente uma supernova, o que seria uma explicação materialista a seu respeito. A Estrela Crística dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental é, isso sim, um fenômeno místico pertinente ao Sol Espiritual do nosso próprio Sistema Solar: não é considerada uma supernova. Astronomicamente falando, todavia, uma supernova pode também ter brilhado naquela noite, ou noites, quando a Estrela de Belém brilhou sobre nosso mundo. Um não exclui a outro.

Mencionamos as diferenças entre a luz e o som, mas existe uma estranha e notável similitude, como o sugere a Tabela das Vibrações do livro Conceito Rosacruz do Cosmos (Tabela das Vibrações – Cujos efeitos são reconhecidos e estudados pela Ciência – por William Crookes (1832-1919), químico e físico britânico):

Observe-se que, quando se duplica o número de vibrações surge uma oitava. A figura abaixo deixa isso mais claro:

Esta lei das oitavas governa os fenômenos sonoros assim como os luminosos, embora as duas classes de ondas sejam distintas. A lei das oitavas diz respeito não somente à luz visível, pertencente ao nosso espectro solar, como também à gama total dos fenômenos eletromagnéticos. As leis da ressonância indicam como as ondas podem, unidas, harmonizar e gerar energia. Também explicam como as ondas podem excluir outra que não esteja em harmonia. Os físicos esclarecem que as ondas longitudinais formam conchas esféricas que se alargam cada vez mais. Em cada concha o ar se rarefaz, enquanto nas conchas intermediárias se condensa. A distância do centro de uma condensação ao centro da seguinte condensação é denominada a longitude de onda dessa onda sonora. As ondas resultam de que quando uma onda sonora passa através do ar, faz com que as moléculas vibrem e se movem.

Tal como a luz, o som pode refletir-se, como o sabemos pelo eco: o reflexo múltiplo das ondas sonoras que produz a reverberação do som nos grandes auditórios.

Quando dois corpos têm a mesma frequência de vibração, ocorre o fenômeno da “vibração simpática”. Assim, quando um diapasão vibra, outro diapasão à curta distância responderá, se tem a mesma frequência vibratória do primeiro.

As vibrações simpáticas podem ser observadas em muitos lugares. Quando são tocadas algumas notas em um piano, pequenos objetos da casa podem começar a vibrar. A ruptura de um recipiente contendo líquido no seu interior ao tocar-se uma nota, também pertence aos fenômenos da vibração simpática.

As ondas sonoras podem ser reforçadas por ondas refletidas: é um fenômeno chamado ressonância.

Estes fenômenos do som e da luz são todos físicos; não são etéricos. A ciência oculta, não obstante, observou, faz muito tempo, que nos planos internos, começando com a Região Etérica do Mundo Físico, as assim chamadas leis físicas da luz e do som têm um desenvolvimento correlato para a qual os aspectos físicos têm uma relação de sombra ou coisa análoga.

O tom musical depende da regularidade de uma vibração, enquanto o ouvido humano chama de “ruído” a uma vibração sonora irregular. Explica-se nos livros que “os corpos que vibram em uma faixa regular têm uma frequência definida e produzem tons musicais. Os corpos que não vibram em uma faixa regular produzem ruídos”. Já explicamos que quando um tom apresenta uma frequência vibratória correspondente ao dobro da frequência de outro tom, constitui uma oitava desse tom. Isto é, encontra-se a uma oitava acima dele. Os tons maiores e os menores são vibrações dentro da oitava.

Todos estes fenômenos sonoros têm lugar em um ambiente material tal como o ar, a água, etc. As vibrações luminosas, porém, são independentes destes meios, ainda que possam ser afetadas por eles. O vapor d’água no ar, por exemplo, empanará a imagem de uma estrela.

Com o objetivo de colocar à disposição do Estudante Rosacruz uma orientação no estudo da luz e do som, mencionamos o seguinte:

Existem quatro teorias principais sobre a natureza da luz. Todas encontram-se, contudo, em processo de comprovação e novas definições podem ser propostas de tempos em tempos, para consolidá-las. O ocultista, portanto, não deve abandonar as teorias ocultas da luz e do som, simplesmente porque a ciência do presente dia não está de acordo em todos os casos com os ensinamentos esotéricos. Algumas vezes nota-se discrepâncias referentes à terminologia e a ciência se contradisse a si mesma em muitos casos e pode fazê-lo novamente…

1. Teoria Corpuscular: segundo Newton, a luz é uma corrente de partículas ou corpúsculos emanados de um corpo luminoso em todas as direções.

2. Teoria das Ondas: a similaridade entre a luz e o som foi explicada por Huygens sob a premissa de que a luz consiste em ondas etéreas que partem da fonte luminosa como as ondas que se formam ao redor de uma pedra que se deixa cair na água. As ondas luminosas são transversais, enquanto as sonoras são longitudinais.

3. Teoria Eletromagnética: Maxwell tratou de explicar a gênese da luz por meio de sua teoria eletromagnética. Demonstrou que quando uma carga elétrica é posta em vibração, emite ondas transversais em todas as direções. Denominou-as de “ondas eletromagnéticas”. Todas, sem ter em conta a longitude da onda, viajam à mesma velocidade: 300.000 quilômetros por segundo. A luz visível do nosso Sol pertence a estas ondas eletromagnéticas.

4. Teoria do Quantum: esta é mais recente, e amplamente sustentada. Afirma que “a luz é emitida pelos átomos de um corpo luminoso em conjuntos de energia separados que se chamam quanta ou fótons. Estes fótons assemelham-se aos corpúsculos da teoria de Newton em alguma extensão, mas em lugar de serem partículas de matéria são conjuntos de energia. Todos os fótons viajam à mesma velocidade, mas podem conter diferentes quantidades de energia. A energia constante de um fóton determina sua cor. Com a finalidade de explicar alguns fenômenos luminosos, tais como a interferência, é necessária supor que todo fóton é acompanhado, de alguma forma, de uma onda que determina sua conduta.

Todas estas quatro teorias sobre a luz são úteis, mas não se harmonizam inteiramente.

A despeito destas leis físicas que regem a luz e o som, as ciências chamadas extrassensoriais afirmam que o som pode ser ouvido por meios não físicos a qualquer distância, e que esta não parece fazer diferença com respeito ao som percebido clariaudientemente. A mesma coisa é certa com respeito à visão da luz, chamada Clarividência.

Note-se também que a ultrassônica ou supersônica não pertence necessariamente aos reinos etéricos. Constituem sons físicos, além do campo auditivo humano, mas podem ser captados por meio de instrumentos físicos.

O som etérico, como é conhecido da ciência oculta, é som originário do plano etérico. E se bem os Éteres são parte do Mundo Físico e, portanto, em certo grau sujeitos a todas as leis físicas conhecidas da ciência moderna, existem sutis diferenças. O assim chamado “quarto estado da matéria”, tecnicamente denominado “plasma” é também físico, e não etérico. O “quarto estado da matéria” do ocultista é também diferente deste. Porém, é nestas regiões onde a ciência física hoje se aproxima do domínio oculto. E dentro de poucas décadas, poderemos ver a ciência física irrompendo no mundo dos Éteres.

CAPÍTULO 4 – OS NÚMEROS E O RITMO DO UNIVERSO: LEI DE BODE

Uma das maravilhas do universo é a forma misteriosa com que os números se ajustam em padrões ou classificações, por motivos que os matemáticos desconhecem. Nada pode afirmar porque os números atuam dessa maneira. É simplesmente um fato que assim o fazem.

Século após século, os matemáticos continuam descobrindo novos jogos que os números podem fazer e aprendem a usar estes jogos numéricos para explicarem as Leis da Natureza e do universo, que parecem manter alguma estranha correlação com eles.

H. D. F. Kitto[6] escreve (no livro “Os Gregos”): “Sucede que eu mesmo posso agir pessoalmente e por um momento estava capacitado para fazer isto (isto é, imaginar o impacto do descobrimento matemático sobre uma Mente arejada) por uma investigação matemática levada a efeito por mim, certa vez, e que me provocou insônia.

Ocorreu-me perguntar-me qual era a diferença entre o quadrado de um número e o produto de seus vizinhos ao lado: 10 x 10 é igual a 100, e 11 x 9 é igual a 99: um número a menos. Era interessante constatar que a diferença entre 6 x 6 e 7 x 5 era exatamente a mesma. E com crescente interesse descobri e provei algebricamente a lei de que este produto deve ser sempre um menos que o quadrado. O passo seguinte foi considerar a conduta do vizinho do lado, mas só de um. E foi com grande satisfação que revelei a mim mesmo todo um sistema de conduta numérica acerca da qual meus professores de matemática deixaram-me em completa ignorância (alegro-me em dizê-lo). Meu espanto aumentou quando resolvi as séries de 10 x 10 = 100, 9 x 11=99, 8 x 12=96, 7 x 13= 91… e constatei que as diferenças eram sucessivamente 1, 3, 5, 7, a série de números ímpares. Maravilhado fiquei ao descobrir que, subtraindo cada produto sucessivo de 100, produz-se a série 1, 4, 9, 16”.

“Eles nunca me disseram, e eu jamais suspeitara que os números fizessem estes formosos jogos, um com o outro, de eternidade a eternidade, independentemente (aparentemente) do tempo, do espaço e da Mente humana.

Foi um vislumbre impressionante de um universo novo e perfeito. Então supus o que sentiram os pitagóricos quando fizeram estes mesmos descobrimentos. A verdade última e simples que os jônios estavam tratando de descobrir em algo físico, era realmente o número. Disse Heráclito[7] que tudo está sempre mudando? Aqui há coisas que não mudam, entidades eternas, livres da carne que se corrompe, independente dos sentidos imperfeitos, perfeitamente concebíveis à Mente. Mais ainda: posto que o número foi concebido especialmente, estas entidades matemáticas tinham uma qualidade que os gregos denominavam de qualquer coisa perfeita: eram simétricas, sendo o Logos (ideia) existente nela, um padrão”.

As “Tábuas de Pitágoras”[8], consideradas reverentemente como algo milagroso pelo mundo antigo, eram simplesmente o que agora chamamos de tábuas de multiplicação (tabuada). A geometria escolar, hoje considerada algo simples, e casual, comoveu a gente grega.

Há, também, a lei de vibração musical, a que Pitágoras descobriu para o mundo ocidental. Segundo ela, quando se duplica um certo número de vibrações, produz-se um som que é a oitava do primeiro som. E uma coisa bem curiosa, algo similar, pode ser encontrada na astronomia. Os metafísicos e os ocultistas, geralmente, consideram-se um exemplo da maneira com que o número governa a criação e todos os fenômenos materiais. Sabemos dos “números mágicos” da física nuclear e de que os átomos que têm certos números definidos de cargas no núcleo, constituem os mais estáveis, sendo estes os átomos fundamentais do universo natural.

Na astronomia foi descoberta uma lei chamada Lei de Bode, que novamente exemplifica a Lei dos Números e seu concomitante de vibração (Os físicos modernos falam comumente de “frequências vibratórias” ou, simplesmente, de “frequências”. Mas estas “frequências”, todavia, referem-se à vibração, ou formas de vibração, no sentido mais antigo do tempo).

A Lei de Bode[9] em astronomia não é mais que uma lei de números, uma lei das relações numéricas que existem entre os Planetas e o Sol do nosso Sistema Solar, pela qual as distâncias entre os Planetas e o Sol ocorrem segundo uma progressão numérica definida. Max Heindel comenta a Lei de Bode no livro “Astrologia Científica e Simplificada”, cuja leitura recomendamos aos Estudantes Rosacruzes. Ele afirma: “A lei é esta: se escrevemos uma série de quatro números, adicionando 3 ao segundo, 6 ao terceiro, 12 ao quarto, etc., duplicando a quantidade somada cada vez, a resultante série de números constitui uma aproximação acentuada das distâncias relativas entre os Planetas e o Sol, com exceção de Netuno”. No lugar deste poderíamos colocar Plutão, que não havia sido descoberto no tempo de Max Heindel, porém, situa-se no lugar correto segundo a Lei de Bode. Plutão, com efeito, encontra-se no lugar em que, segundo a Lei de Bode, deveria estar Netuno, estando este ao redor de 12 milhões de quilômetros do Sol.

Não existe razão conhecida do “porquê” na música, duplicando as vibrações produz-se um tom que, para o sentido humano é a oitava do som repetido ou duplicado. Não existe razão alguma do porquê duplicando o número somado a quatro (o número 4 mesmo é igualmente inexplicável) devem produzir-se os números indicativos das distâncias relativas entre os Planetas e o Sol e um do outro. Isto é o que encontramos e o ocultista considera-o como outro exemplo da Lei de Vibrações que pertence a esse tom universal, ou som da Palavra Cósmica, que ao ser emitido dá existência à criação, mantendo o universo mediante suas harmonias.

A seguinte representação da Lei de Bode completa a explicação de Max Heindel em “Astrologia Científica Simplificada”:

Mercúrio……………4

Vênus………………..(4-3)

Terra………………….(4-6)

Marte…………………(4-12)

Asteroides…………..(4-24)

Júpiter…………………(4-48)

Saturno………………..(4-96)

Urano…………………..(4-192)

Netuno…………………(4-384)

Se dividimos a série anterior por 10, obtemos como convencionando a distância da Terra ao Sol, e os outros Planetas em termos da distância da Terra ao Sol: perto de 149.668.992 de quilômetros.

Note, também, que está indicado os números relativos da Lei de Bode, com Netuno ocorrendo com 38,8, se bem sua distância real esteja representada pelo número 30. Agora colocamos Plutão na lista, abaixo de Netuno, e encontramos o número “real” de Plutão: 39,5, que é unicamente subtraído ao número de Netuno, conforme a Lei de Bode.

O cientista analisa os fatos da ciência, contudo o filósofo da ciência pondera acerca destes fatos e os interpreta em termos da verdade, da consciência ou da Religião, ou de qualquer outra coisa que lhe agrade. Todo ser humano pensante é, portanto, um filósofo da ciência, e muitos dos grandes descobrimentos no domínio da lei científica chegaram a produzir-se mediante a filosofia dos leigos.

Não podemos então filosofar nesse assunto da Lei de Bode e da deslocação do Planeta Netuno? Os números são os indicadores da ação das grandes Leis da Vibração. O padrão tonal do nosso Sistema Solar implica em que um corpo cósmico exista no campo entre Marte e Júpiter, e no ponto onde Plutão tem sua órbita.

Rudolf Thiel[10], escritor alemão versado em astronomia, conta a história de como a Lei de Bode mereceu aprovação com o descobrimento do asteroide Ceres, o primeiro asteroide descoberto, no ano de 1801. No ano seguinte foi descoberto Palas, logo após Juno e, posteriormente, Vesta. Dois mil (2.000) asteroides foram registrados desde essa época, mas o número daqueles ainda não descobertos é estimado por alguns astrônomos como sendo mais de 50.000.

Os astrônomos e os leigos perguntaram-se se talvez tenha havido um Planeta certa vez em uma órbita entre Marte e Júpiter, e ao explodir deixou estes fragmentos. Outros opinam que se trata de fragmentos de Luas que giraram em redor de outros Planetas: de Mercúrio e Vênus, de Marte e Júpiter, e ainda de Saturno. Também se julga que talvez alguns dos cometas e meteoros que pertencem ao nosso Sistema Solar são fragmentos de Planetas que explodiram no espaço cósmico e logo retornaram. O cometa de Enke, com uma evolução orbital de somente 3 1/3 de anos, cai dentro da órbita de Mercúrio, entre Mercúrio e o Sol, sendo denominado de “Vulcano” por alguns antigos astrônomos, enquanto outros afirmam que o misterioso Vulcano nunca foi um Planeta, mas sim em realidade o Sol Interior. O asteroide Hermes viaja muito próximo à Terra, quase junto à Lua. E temia-se há poucos anos, que o asteroide Eros passasse raspando a Terra. Contudo, passou a grande distância e não houve incidentes. O cometa Halley mantém um ciclo de aproximadamente 76 anos, viajando fora da órbita de Netuno, entre Netuno e Plutão, e regressando novamente ao Sol.

Puderam Pitágoras e seus colaboradores conjeturar sobre um lugar vazio no esquema solar, especulando sobre um Planeta desintegrado ou perdido? É inquestionável que eles estabeleceram dados para os corpos celestes, porque calcularam o tamanho e a distância do Sol e da Lua, a partir da Terra. Houve, porém, um erro considerável em seus cálculos. Talvez o mito dos “Anjos caídos” provenha da memória de alguma catástrofe cósmica relativa ao Planeta que explodiu entre Júpiter e Marte, porque tal explosão deve ter abalado todo o Sistema Solar. A Terra, por exemplo, pode ter trepidado em seu eixo, dando origem ao mito grego de Faeton, quem, segundo se diz, conduzia o carro do Sol, mas perdeu o controle de seus cavalos. Assim, o Sol passou a dançar aqui e ali, acima e abaixo, no firmamento.

Os Sete Espíritos Planetários foram conhecidos pelos gregos como os sete titãs. E há uma lenda da guerra dos titãs com Urano, cujo nome significa céu.

CAPÍTULO 5 – A ASTRONOMIA ENTOA UMA NOVA CANÇÃO

Não é necessário discutir aqui, minuciosamente, as teorias dos antigos mestres das Escolas de Mistérios da Grécia: Pitágoras, Platão e seus sucessores. É interessante, porém, observar que os antigos videntes e astrônomos reconheceram a existência de um centro espiritual ígneo ao redor do qual o Sistema Solar parecia dar voltas: um “Sol Central” ou “Fogo Central”, que não era o Sol. E a revolução em torno deste Fogo Central era a causa, segundo eles, da Precessão dos Equinócios[11].

O Grande Ano Platônico não estava longe do Grande Ano Sideral[12] da moderna Astronomia. E é evidente que o Fogo Central de Platão deve estar relacionado com o círculo imaginário descrito no céu, no Polo Norte, pela rotação do eixo terrestre, porque todas as estrelas, assim como o Sol, a Lua e os Planetas, giram em círculos ao redor do Polo (mas existe outra possibilidade como veremos). Pitágoras algumas vezes chamou a isto uma “Contra-Terra”, mais que “Contra-Sol”, por causa, evidentemente de sua associação com as condições terráqueas. Existe um número específico de estrelas ao redor do Polo Norte celeste, para o qual o Polo Terrestre aponta no curso do Grande Ano Sideral. Existem também tempos, no curso deste Grande Ano, nos quais o Polo não aponta uma estrela, senão um espaço entre as estrelas. Quando o Polo aponta uma estrela específica, é compreensível que essa estrela parece ser uma “Contra-Estrela”. Quando, porém, o Polo aponta para o espaço, os antigos, naturalmente imaginaram a hipótese de uma “Terra Invisível”, ou “Contra-Terra”, ao redor da qual o Polo girava durante o Grande Ano.

Os romanos adotaram a Astronomia e a filosofia gregas, assim como a arte e a literatura da Grécia. E entre os sábios romanos, assim desenvolvidos, esteve Cipião, o Jovem, de quem Cícero[13] conta uma história interessante.

Este Cipião sonha que ascende à Via Láctea, donde ouve majestosa harmonia fluir através do espaço, e pergunta a seu avô, Cipião, o Velho, que mora ali como espírito entre outros espíritos bem-aventurados: “Que é este grande e agradável som que enche meus ouvidos?” O avô responde: é a harmonia dos acordes que representam os intervalos dos tons emitidos pelos Planetas e que são produzidos pelos movimentos das esferas em suas órbitas. A esfera mais exterior, Saturno, emite a nota mais alta, devido a que se move mais rapidamente em sua larga trajetória.

A Lua emite a mais baixa (mas outros antigos escritores invertem isto, afirmando que a Lua emite a mais alta nota e Saturno a mais baixa da escala solar. E Milton concorda com este último ponto-de-vista).

Segundo o sistema de Ptolomeu[14] – que se referia a Aristóteles principalmente – cada Planeta era levado ao redor dos céus em uma esfera invisível, e o Arcanjo ou Poder Celestial do Planeta residia na esfera. Uma esfera se acomodava dentro da outra: a de Saturno sendo a mais externa, e a esfera das estrelas fixas mais além da de Saturno. O Arcanjo ou “Deus da esfera” conduzia o Planeta pelos céus como uma lâmpada. Havia alguns homens, todavia, mesmo nos tempos antigos, que sustentavam a ideia de que os Planetas se moviam ao redor do Sol, e que cada corpo planetário individual, tal como se contemplava no espaço, era a indicação externa de um Espírito ou Deus Arcangélico. Este ponto-de-vista, por suposto, chegou a prevalecer, já que o sistema de esferas de Ptolomeu foi gradualmente abandonado junto com seu conceito geocêntrico. O que sucede aqui, é que os filósofos construíram uma filosofia sobre a Astronomia de Ptolomeu, e essa por sua vez, converteu-se em base da Religião.

Ainda hoje, a Religião moderna está procurando conformar-se com a nova Astronomia de nosso próprio tempo, e com toda propriedade, porque é correto hoje, como sempre foi, que o ser humano, em certos sentidos, cria seus próprios deuses, à sua própria imagem. Daí que os gregos dissessem que o “Homem é a medida do Universo”.

Portanto, quando a Astronomia Ptolomaica (geocêntrica) encontrava aceitação acreditava-se que a Música das Esferas provinha da grande esfera invisível ou de cristal que conduzia a cada Planeta, e na qual, verdadeiramente, residia o Espírito Arcangélico. Os místicos diziam que a música era o canto do Espírito, e não o som produzido pelo Planeta em revolução. Com a Astronomia heliocêntrica (o Sol no centro), chegou a ser dominante a ideia de que o Planeta mesmo emitia os sons, e que o Planeta era o corpo de um deus ou Arcanjo. Estas ideias eram as interpretações dos fenômenos científicos, oferecidas pelos místicos, os videntes e os filósofos.

Agora estamos em posição de observar porque Max Heindel afirmou que desde o ponto-de-vista do Mundo do Desejo o sistema Ptolomaico conservava pontos de valor. O ser humano é, todavia, em sua consciência, grandemente geocêntrico. Desde o ponto-de-vista do mundo da alma, que vê o Universo em seu aspecto espiritual interno, aquele é um complexo de seres viventes, e o canto destes seres, coletivamente falando, constituiu a palavra de Deus, o Verbo, que cantando produz a criação a partir do caos primordial e que o sustêm no processo da evolução.

A evolução é um cântico contínuo de Deus. Esta canção cósmica, afirma Max Heindel, modela ou agrega a Substância Raiz Cósmica em formas e figuras, semelhantemente como as vibrações musicais modelam figuras na areia, segundo as experiências de Figura de    [15].

Na meditação sobre o som cósmico ou Verbo, tal como incorporado nestes Arcanjos cantantes, a “esfera” da que se pensa que se estende pelo espaço interno dentro da órbita da revolução do Planeta, converte-se em “aura” do Espírito Planetário e simboliza um estado de consciência cósmica. Cada uma das esferas encerra e interpenetra a seguinte esfera menor, e todas se aninham dentro da esfera de estrelas fixas, que por sua vez se acomoda na Esfera do Espaço, Mente Primordial, que é a inteligência ordenadora e governadora de todas as esferas. Mais além encontra-se o Uno que é incompreensível e abarca tudo.

As nove esferas cósmicas do Sistema Ptolomaico davam voltas ao redor da Terra, considerada “a pedra fundamental do Universo”. A ordem dos Planetas era contada a partir da Terra, assim: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno, seguido, como dissemos, pela esfera de estrelas fixas, encerradas no Primum Mobile ou Mente Primordial, culminando na Inefável Unidade.

Estas esferas estão acomodadas, uma dentro da outra, com a Terra no centro, e cada uma é governada por um “Deus”, ou Arcanjo, que faz a esfera dar voltas, conduzindo o Planeta ao redor de si mesmo, em sua órbita. Cada invisível esfera é a “aura” de influência do Arcanjo, do qual o Planeta visível é um representante ante os sentidos da Humanidade, uma espécie de sinal, por assim dizer, ensejado pelo Espírito Planetário. O Planeta é assim, um símbolo do Arcanjo. Este é o conceito que os antigos místicos usaram como base das meditações Astronômicas, por meio das quais desejavam alcançar uma visão cósmica.

A meditação sobre e nestas esferas, em muitos casos, abriu a Mente a uma revelação do Espírito Arcangélico do Planeta, que está, por suposto, presente em todas as partes do espaço mental:

• Miguel para o Sol,

• Rafael para Mercúrio,

• Anael para Vênus,

• Gabriel para a Lua,

• Samael para Marte,

• Zacariel para Júpiter,

• Cassiel para Saturno;

• Ituriel para Urano.

Há outros nomes também para o Arcanjo que incluía em sua consciência uma grande Hierarquia de Anjos. É bom recordar que estes nomes de Arcanjos, que nos parecem hebreus, eram familiares a todo o império persa ao oeste do Eufrates, onde o aramaico (língua falada por Jesus) era o idioma comercial e oficial.

No sistema heliocêntrico, cada Planeta é fisicamente um Arcanjo encarnado, voando ao redor dos céus, no espaço exterior, enquanto sua aura se estende em torno de cada Planeta separadamente, no espaço interno. Os ocultistas dizem que a aura astral dos Planetas Vênus e Marte se entremesclam com aura da Terra, porque estes dois Planetas são nossos vizinhos mais próximos, com exceção da Lua, que é nosso satélite e parte de nós mesmos. A entremescla das auras de Vênus e Marte, indica um laço evolutivo muito próximo entre os três Planetas. No sistema Ptolomaico as duas esferas mais próximas, depois da Lua, eram Mercúrio e Vênus.

Podemos expressar a relação da Terra com Marte e Vênus de outra forma, dizendo que os Corpos de Desejos destes Planetas mesclam-se, uns com os outros, exatamente como quando três seres humanos estão separados, uns dos outros, por poucos centímetros: suas auras se mesclam e todos tendem a reagir ao estado emocional de qualquer deles. Podemos também notar que no espaço mental todas as esferas planetárias se entremesclam com referência a seus Corpos Mentais ou auras mentais, sugerindo que o contato telepático pode ser estabelecido com outros Planetas, muito tempo antes de que seja possível viajar até eles, seja em Corpo-Alma, seja em Corpo Denso.

Shakespeare expressa tal estudo do sistema heliocêntrico quando diz: “Não existe a menor orbe que tu contemples, que em seu movimento como um Anjo não cante, imitando os Querubins de olhos brilhantes. Mas, enquanto essa lodosa vestimenta de podridão a encerre, não poderemos ouvir a canção”.

E assim também, em palavras que Shakespeare deve ter lido, Cipião, o Velho, explicou a seu neto que “os ouvidos dos mortais estão cheios deste som, mas são incapazes de ouvi-lo”. E Macrobius escreveu: “Não captamos o som da música que surge do constante redemoinho das esferas, devido a que é demasiado grande para introduzir-se no estreito espaço de nossos ouvidos”.

CAPÍTULO 6 – KEPLER, O MÍSTICO ASTRÓLOGO ASTRÔNOMO

Kepler[16] foi um verdadeiro místico. Afortunadamente viveu em uma época em que, ainda, era possível a um cientista proclamar seu misticismo abertamente, sem sacrificar seu prestígio. Afirmou ter ouvido a Música das Esferas e declarou que estava recebendo iluminação divina em seu trabalho científico. “A geometria é única e eterna.”, dizia, “um reflexo do Espírito Divino”.

Um dia subitamente inspirado, escreveu o seguinte: “Colocai o cubo entre Saturno e Júpiter. O cubo limitará a órbita de Júpiter. Colocai o tetraedro entre Júpiter e Marte: limitará a órbita do último. Colocai o dodecaedro entre Marte e a Terra. O dodecaedro limitará a órbita da Terra. Colocai o icosaedro entre a Terra e Vênus. Ele limitará a órbita de Vênus. Colocai o octaedro entre Vênus e Mercúrio. O octaedro limitará a órbita de Mercúrio”.

Estas figuras geométricas são os cinco sólidos básicos da teoria pitagórica. A situação apresentada por Kepler indica uma correlação com a ordem dos Planetas do sistema heliocêntrico, que Copérnico[17] havia redescoberto menos de um século antes.

Mais tarde escreveu: “Comecei esta investigação para meu particular regozijo. Sou tentado a gritar: Apartai-vos de mim, porque sou um pecador! Mas daqui por diante interessar-me-ei unicamente por Sua Glória, porque nós, os astrônomos, somos também os profetas de Deus, através do Livro da Natureza.” (Similarmente, um antigo texto afirma ter Abrão aprendido a Lei de Deus por meio da astronomia).

Ao formular suas três leis, Kepler[18], como Copérnico, usou sua imaginação. Copérnico visualizou o Sistema Solar centralizado no Sol, contudo julgava que as órbitas dos Planetas constituíssem círculos. Kepler, um místico cientista da maior envergadura, elaborou a tarefa de descrever as três grandes leis do movimento planetário, indicando que suas órbitas formavam elipses e não círculos.

Ele contemplou mentalmente o Sistema Solar desde um ponto situado em uma estrela distante, observando a Terra em movimento ao redor do Sol. Deduziu matematicamente que seus movimentos deviam constituir órbitas elípticas.

Comprovou sua primeira visão intelectual, colocando-se mentalmente a si mesmo no espaço. Logo procurou demonstrar matematicamente que a verdade não podia ser outra, a não ser a evidenciada do modo pelo que contemplou. Assim, ele era antes de tudo um matemático. Suas visões caminhavam de mãos dadas com a compreensão matemática, em uma forma impossível de ser percebida pelo não matemático. E ainda mais: não foram somente as matemáticas que revelaram a Kepler as três leis. Encontrava-se presente uma certa clarividência intelectual. Posteriores observações como telescópio demonstraram a correção tanto de suas visualizações como de seus cálculos.

O fato de que suas elipses (ovais) tivessem dois focos, em vez de um, lhe perturbou a Mente por muito tempo. Viu-se forçado a aceitá-lo ante as evidências, mas nunca encontrou uma explicação. Por que devia haver um segundo foco, um lugar vazio, além do foco ocupado pelo Sol, ao redor do qual giravam os Planetas? Kepler mostrava-se relutante em aceitar o conceito grego do círculo perfeito, com um foco em um ponto central, porém, não divisou outro caminho, pois foi conduzido em uma nova direção.

Ao considerar a luta de Kepler por compreender o porquê dos dois focos de suas elipses planetárias, o Estudante Rosacruz recorda novamente a “contra-Terra” pitagórica, que os pitagóricos diziam ser a causa da Precessão dos Equinócios. A astronomia moderna sustenta que o efeito gravitacional da Lua faz com que a Terra gire em torno de seu eixo. Isto, por sua vez, produz a Precessão dos Equinócios. Mas, os pitagóricos (e os platônicos também) evidentemente não incluíam a Lua. Assim é que talvez eles realmente suspeitassem de que uma ou mais órbitas planetárias – provavelmente a da Terra – não era circular, mas elíptica e de que o Planeta girava ao redor de dois focos em lugar de um só.

Os escritores não esclarecem, ao comentarem os fragmentos pitagóricos, se Pitágoras escreveu acerca de uma anti-Terra ou de um anti-Sol. Não obstante, qualquer deles seria, talvez, um esforço para explicar um dos dois focos de uma órbita planetária elíptica.

Acreditou Kepler na Astrologia? Ele chegou gradualmente a abandonar a crença na influência do Zodíaco, mas continuou a aceitar a ideia de que os Aspectos astrológicos exerciam alguma influência sobre a Terra e o ser humano. “Observai”, escreveu, “se, hoje os Planetas estão a 89 graus um do outro, nada acontecerá no ar. Mas amanhã, quando alcançarem os 90 graus completos, levantar-se-á uma súbita tempestade. O efeito, portanto, não provêm de um único Astro, senão de um ângulo, do segmento harmônico do círculo”. A astronomia de nosso próprio tempo redescobriu estes mesmos Aspectos e indicou sua conexão com as radiações, as manchas solares e ainda com os terremotos. É somente questão de tempo: os cientistas estudarão os horóscopos dos indivíduos.

Kepler dizia que a alma humana recebia, ao nascer, emanações planetárias, porque levava em si mesma as harmonias subjacentes: reagia indistintamente a proporções geométricas e continuava respondendo às mesmas durante toda a vida. Afirmou também: “Deus fez a música durante a Criação; também ensinou a Natureza a tocar: em verdade, ela repete o que Ele ensinou”. Tão complicada era a filosofia de Kepler acerca da música cósmica, que Rudolf Thiel comentou: “Comparada com o sistema de Kepler, a pitagórica música das esferas era como que uma lira contra toda uma orquestra”.

Kepler descobriu que os Aspectos astrológicos estavam relacionados com o número total de degraus de um círculo (não elipse) na proporção de 1:2, 2:3, 3:4, 4:5, 5:6, 3:5, 5:8. Levou a ideia mais adiante dizendo que “se mudarmos a forma do círculo, convertendo-o em uma corda de violino, os ângulos astrológicos correspondem às diferentes longitudes da corda que produzia a harmonia”. Seguramente os pitagóricos devem ter descoberto algo parecido em seu tempo, ainda que não tenha chegado até nós. Acreditou-se por longo tempo que o vidro branco transparente era desconhecido no tempo dos romanos. Porém, as recentes descobertas arqueológicas indicam o contrário: os romanos podem ter conhecido tal vidro. No entanto, toda a evidência disto perdeu-se com a queda da cultura greco-romana. A fórmula teve de ser redescoberta nos séculos recentes. A mesma coisa é certa acerca dos complicados relógios astronômicos. Sabe-se que foram inventados pelos gregos, pois um deles foi retirado do fundo do Mediterrâneo, de um barco naufragado. Antes, cria-se que os gregos eram demasiado filósofos, demasiado artistas, excessivamente refinados, para inventar um engenho desse tipo.

Kepler estava certo da existência de uma base harmônica para todas as atividades do Sistema Solar. E enumerou uma relação matemática entre as distâncias dos Planetas entre si, e de cada um deles com relação ao Sol, e suas velocidades. Esta relação se expressa na regra segundo a qual “os cubos das distâncias médias de qualquer par de Planetas com relação ao Sol, são os quadrados de seus tempos periódicos de revolução”. Descobriu isto como se fosse por um acidente divinamente ordenado, no curso de experiências, de provas e erros. Avançou com cada prova em ordem meticulosa até a correta conclusão, como muitos grandes descobrimentos científicos foram realizados. Tal aconteceu como se em realidade alguém estivesse guiando o cientista na série de acidentes que devem conduzir inevitavelmente à meta.

Hoje em dia vivemos na época da radioastronomia. “Ouvidos gigantes” são construídos para captar as mensagens que percorrem o espaço, procedentes de todas as estrelas, Planetas, satélites, meteoros, galáxias, nebulosas e, também, dos gases, especialmente hidrogênio – a substância mais abundante no espaço interestelar. O canto do hidrogênio provém do espaço, mas também dos corpos celestes. Sua cor é o vermelho, esse vermelho descrito por Max Heindel como a tonalidade primária, o “calor” existente na longínqua aurora do nosso Sistema Solar, no que conhecemos como Período de Saturno e sua recapitulação no Período Terrestre. Ali existia “calor”, “vermelho”, e o “canto do hidrogênio”.

Não é, entretanto, uma música possível de ser ouvida com o ouvido astronômico, mas somente o zumbido e o murmúrio das grandes máquinas que transmitem os sussurros do espaço. Não são as estrelas que ouvimos cantar, senão as máquinas murmurando suas respostas ao som das asas cósmicas. Mas temos ouvido suficiente para saber que os antigos estavam certos ao sentirem uma mística simpatia pela Via Láctea onde, diziam, moravam os deuses em seus palácios, e onde Cipião falou com seu avô – ali morando com os deuses em celestial bem-aventurança – e ouviu uma música divina soando ao seu redor.

A Via Láctea é nossa própria galáxia (a que pertence nosso Sistema Solar, um diminuto Sistema). E quando, da Terra, o ser humano contempla a constelação de Sagitário, à noite, olha na direção de algum grande centro invisível dos abismos do espaço, ao redor do qual nossa própria galáxia gira. Ali mora o Deus da galáxia, mesmo que não se possa dizer se sob a forma de um Fogo Central ou de um Poder Invisível em uma nuvem. Sabemos unicamente que as estrelas de Sagitário pendem como uma cortina entre nós e essa distante e oculta Glória, esse Shekinah do profundo e secreto lugar no coração do universo, ao qual a Mente se volta e o Coração exclama: “Quem és Tu, Senhor?”.

CAPÍTULO 7 – O SER HUMANO, CÂNTICO DE DEUS

Outra noite eu vi a eternidade

Como um grande anel de Luz pura e sem fim.

Entretanto ela brilhava calmamente

E sob ela, o Tempo em horas, dias e anos,

Conduzido pelas esferas,

Movia-se como uma vasta sombra,

Na qual o mundo

E todo seu cortejo eram lançados.

Henry Vaughn

No princípio era o Verbo[19], escreveu o apóstolo amado, S. João. E a ciência oculta está de acordo em que “tanto o universo como o ser humano foram criados pelo som”. Afinal, pelo universo inteiro soa um tríplice cântico, o cântico do Absoluto. O cântico é uno, mas possui três aspectos:

-Poder ou harmonia

-Verbo ou melodia e

– Movimento ou ritmo.

Este cântico universal é literalmente energia primordial por meio da qual Ele se manifesta. É verdadeiramente uma música, ainda que a sensibilidade humana, todavia, não seja tal a ponto dela ser ouvida fisicamente. Mas, ouvindo ou não, o ser humano em verdade se move, vive e tem seu ser em um universo de harmonia tonal.

Os físicos modernos afirmam que a ideia grega da harmonia das esferas – ainda os mistérios orquestrais de Kepler – foi posta fora de época pela infinita complexidade do universo, como se mostra aos astrônomos hoje em dia. Não há esquema musical conhecido do ser humano que possa harmonizar essa complexidade, disse o astrofísico. Talvez seja parte desta complexidade o que produziu a música excêntrica e sem melodia, hoje proeminente. Mas a tudo isso o ocultista responde que a Era de Aquário aprenderá primeiro a discernir, logo a compreender e, finalmente, a amar uma Nova Música do Universo. Sabemos que muitas pessoas musicalmente incultas são incapazes de apreciar a música erudita[20]: para seus ouvidos é “ruído”. Similarmente, a música cósmica, que é mais que a música das esferas do nosso Sistema Solar ou de nossa galáxia, deve ser aprendida por um novo tipo de seres humanos.

Afinal, o maravilhoso coro cósmico, estando além da capacidade perceptiva do ser humano é reduzido a potências menores pelo Logos do nosso Sistema Solar, que é seu Criador, e se mostra a conhecer a essa Terra como: Vontade (Melodia), Sabedoria (Harmonia) e Atividade (Ritmo). Assim, ouvir a música das esferas é uma experiência iniciatória transcendental para o espiritualmente iluminado. Assim como os tons celestiais são registrados por ouvidos bem-aventurados que ouvem, assim também olhos bem-aventurados registram um arco-íris de cores acompanhando esses tons. Platão esteve entre os iluminados que escutaram e contemplaram essas glórias supremas. São descritas com entendimento iniciático por Shakespeare. S. João refere-se a elas repetidamente ao relatar a Revelação[21].

Posto que o Fiat Criador do Absoluto, pleno de tons poderosos, é tríplice por natureza, os números um, dois e três são a base de toda manifestação. A Teologia Cristã se refere a esse tríplice poder sob a forma da Santíssima Trindade, e ensina corretamente que todas as coisas visíveis e invisíveis vêm à manifestação procedendo d’Ele.

Como estudamos no livro “A Música: a Nota-chave da Evolução Humana”, de Corinne Heline: “Todas as criações do Sistema Solar se formam por meio de emanações tonais das doze Hierarquias Criadoras. A base alquímica de todas as coisas é o Fogo e a Água, em conjunção com seus elementos complementares de Terra e Ar. Esses compõem a sinfonia zodiacal onde ressoa o coro celeste no supremo cântico: e o Espírito de Deus (Fogo) se movia sobre a face das águas (Água). A combinação dos poderes do Fogo, da Água, do Ar e da Terra é expressa em combinações mantrâmicas, de que são familiares exemplos: INRI, JHVH, AMEN, e o Verbo. No primeiro dos dias da criação, o quádruplo poder se encontrar potencialmente presente. Nos dias subsequentes faz-se progressivamente ativo, até alcançar completa expressão no último ou sétimo dia da criação. O poder dominantemente operativo em cada um dos sete dias ou períodos entona-se com a nota-chave musical de cada um dos Planetas de nosso Sistema Solar. Assim, cada dia acrescenta sua nota particular ao grande conjunto, à medida que os poderes inatos do espírito se manifestam em forma crescente. Quando foi tocada a nota final, ou sétima, o poder do Verbo que é Deus – o Bem Universal – ressoa como uma oitava gloriosa, que é o todo completo e perfeito.

Tudo isso complementa a afirmação de Max Heindel segundo a qual a música divina, quando soa na Substância-Raiz-Cósmica, cria as formas de todas as coisas, analogamente às figuras de Chladni, formadas quando uma lâmina metálica com areia é colocada em vibração por meio de um arco de violino. Esse é um antigo ensinamento das Escolas de Mistérios.

Ao descer dos vastos espaços cósmicos até aos recantos mais obscuros da Terra, o cântico entoado por Deus assume forma na Humanidade. Para o ocultista científico, o nascimento é um tríplice acontecimento. O primeiro é o nascimento físico, acontecimento experimentado por toda a Humanidade. O segundo é um novo nascimento mediante a regeneração espiritual ou Iniciação, experiência que é alcançada somente pelos mais avançados da Onda de Vida humana. O terceiro nascimento é a entrada no conhecimento cósmico, que estabelece contato direto com as atividades das Hierarquias Criadoras. Esse é o estado de adiantamento dos Mestres e Senhores da Compaixão, aqueles que estão ajudando a evolução e o progresso planetários.

Em virtude de ter passado por esse tríplice nascimento, o grande instrutor egípcio Thoth foi denominado pelos gregos de Hermes Trismegisto[22] ou Hermes Três Vezes Grande. A Divina Comédia de Dante contém uma velada alusão às suas experiências pessoais com Hierarquias estelares, que tiveram lugar depois de ele ter alcançado o tríplice nascimento. O que alguém fez, outro pode fazê-lo. A mesma meta sublime aguarda a todos que sejam dignos dela.

Nos mais primitivos estados da encarnação humana, a música foi utilizada pelas Hierarquias Criadoras para modelar os corpos humanos. Na presente época materialista, a música é usada para despertar as almas dos seres humanos.

A ciência espiritual descobriu evidência de quatro grandes períodos nos quais a evolução humana prosseguiu paralelamente com a evolução do nosso universo e Sistema Solar. Três fazem parte do passado, e a Humanidade agora trabalha pela sua libertação no presente quarto Dia da Criação, denominado Período Terrestre. Três períodos mais, ou Dias de Deus, virão a seguir, durante os quais a personalidade será transmutada em Espírito e o Espírito religado a Deus, em plena consciência de sua fonte e natureza divinas.

Durante os passados três Dias de Deus e, também, no presente quarto Dia, Hierarcas Cósmicos têm guiado nossa evolução. Sua obra pela Humanidade está indicada nos céus estelares”.

Mas, aqueles poderes espirituais vistos hoje em dia externamente como estrelas, foram em remotas épocas simplesmente vastas irradiações de inteligência e poder, incluindo não simplesmente os poderes que trabalharam na raiz da matéria, se não também as energias cósmicas que são individualizadas e concentradas nas emoções humanas. Os grandes Poderes do Universo não são seres sem sentimentos ou emoções. Diferem da Humanidade, pois que suas emoções são de caráter universal, “tecendo de estrela em estrela”, enquanto são, simultaneamente, conscientes de cada diminuto átomo do universo. O espaço e o tempo não obstam a atividade desses poderosos hierarcas universais. Suas emanações projetadas criaram as nebulosas e desenvolveram sistemas solares. E ainda quando alguma distante estrela não constitua senão a sombra da estrela real que se deslocou em sua órbita ou talvez tenha desaparecido no espaço, as emanações espirituais continuam trabalhando.

No primeiro grande dia da evolução da Humanidade, o espaço era obscuro. O calor, não obstante, encontrava-se presente na forma cósmica. A Hierarquia Criadora Senhores da Chama, a cujo cargo estava este Período, o de Saturno, era uma hoste de seres associados com o que é hoje em dia a constelação de Leão. São chamados os Senhores da Chama por causa da brilhante luminosidade de suas auras e de seus grandes poderes espirituais, como disse Max Heindel. A Bíblia chama-os de Tronos. Esses seres projetaram na consciência humana o arquétipo-semente do Corpo Denso que possuímos hoje em dia. Esse arquétipo-semente está arraigado em um particular átomo do coração chamado Átomo-semente do Corpo Denso. O Signo de Leão rege o coração, onde o Átomo-semente do Corpo Denso está localizado.

Similarmente, no segundo Dia de Deus – conhecido como Período Solar – o elemento-raiz do Ar foi acrescentado, e o calor converteu-se em luz. Agora o arquétipo-padrão do Corpo Vital foi dado pelas Hierarquia Zodiacal de Virgem ou Hierarquia Criadora do Senhores da Sabedoria. No terceiro dia – conhecido como Período Lunar – a umidade foi acrescentada ao calor e luz, e uma névoa ígnea cósmica (nebulosa) foi o resultado, enquanto o arquétipo-semente do Corpo de Desejos foi dado pela Hierarquia Zodiacal de Libra ou Hierarquia Criadora dos Senhores da Individualidade. No quarto Dia, que é o nosso Período Terrestre, foi acrescentado o germe da Mente, como dom da Hierarquia Zodiacal de Sagitário, a Hierarquia Criadora dos Senhores da Mente. Essa constelação (junto com partes de Escorpião) é o véu de estrelas localizado ante o centro invisível de nossa galáxia. As outras constelações estão implicadas nas atividades complementares da Alma e do Espírito (Ver o Conceito Rosacruz do Cosmos).

Desde o ponto de vista oculto, portanto, não dissemos mais que a verdade literal quando falamos da Humanidade como um Cântico de Deus, e o horóscopo sua carta musical, harmonizada com uma nota estelar ou acorde cósmico peculiar.

Foi dito corretamente que o Ego se harmoniza com a nota-chave de um dos Espíritos Planetários que estão ante o Trono de Deus, o Deus do nosso Sistema Solar. Por meio da meditação e do trabalho interno pode-se descobrir a referida nota-chave. E é certo que à medida que o Aspirante à vida superior continua crescendo espiritualmente esta nota básica aumenta em volume e intensidade até se converter em um canto vitorioso que vence a dissonância das configurações de Quadraturas ou Oposições do horóscopo, e se absorve em um coral triunfante.

A ciência oculta ensina que nos reinos elevados da música está o principal fator motivante de todo ser. Por meio da música desabrocham as flores e a vida vegetal é sustentada. Por meio da música os Seres Celestiais se comunicam uns com os outros: sua linguagem é o canto.

FIM


[1] N.T.: Clariaudiência é a habilidade da pessoa em ouvir sons nos Mundos suprafísicos. Uma pessoa que é clariaudiente ouve sons e vozes de reinos superiores e de outras dimensões que são inaudíveis para os outros.

[2] N.T.: A tuba auditiva ou Trompa de Eustáquio é um canal que liga a orelha média à faringe e que ajuda a manter o equilíbrio da pressão do ar entre os dois lados da membrana timpânica.

[3] N.T.: bulbo raquidiano, medula oblongata, medula oblonga ou simplesmente bulbo é a porção inferior do tronco encefálico, juntamente com outros órgãos como o mesencéfalo e a ponte, que estabelece comunicação entre o cérebro e a medula espinhal. Relaciona-se também com funções vitais como a respiração, os batimentos do coração e a pressão arterial; e com alguns tipos de reflexos, como mastigação, movimentos peristálticos, fala, piscar de olhos, secreção lacrimal e vômito (mais específico da área postrema).

[4] N.T.: ou órgão espiral ou, ainda, órgão de Corti que é o órgão sensorioneural da orelha interna, integrando cóclea. É um composto de células sensoriais (ou células ciliadas) e fibras nervosas que fazem sinapse entre si, além de estruturas anexas e de suporte. O órgão foi nomeado em homenagem ao anatomista italiano Marquês Alfonso Giacomo Gaspare Corti (1822–1876), que conduziu a pesquisa microscópica do sistema auditivo dos mamíferos e o descobriu em 1850.

[5] N.T.: Ondas longitudinais – são aquelas em que a vibração ocorre na mesma direção do movimento; um exemplo são as ondas sonoras. Na figura ao lado podes observar que a vibração provocada pela mão, tem a mesma direção da onda (São, ambas horizontais). Ondas transversais – são aquelas em que a vibração é perpendicular à direção de propagação da onda; exemplos incluem ondas numa corda e ondas eletromagnéticas. Na figura ao lado, observas um exemplo onde a vibração provocada é na direção vertical (para cima e para baixo) e a corda desloca-se na horizontal (da esquerda para a direita).

[6] N.T.: Humphrey Davy Findley Kitto, FBA (1897-1982) foi um estudioso clássico britânico. Seu tratado geral de 1952, Os Gregos, cobriu toda a gama da cultura grega antiga e tornou-se um texto padrão.

[7] N.T.: Heráclito (português brasileiro) de Éfeso (aproximadamente 500 a.C. – 450 a.C.) foi um filósofo pré-socrático considerado o “Pai da dialética”. Recebeu a alcunha de “Obscuro” principalmente em razão da obra a ele atribuída por Diógenes Laércio, Sobre a Natureza, em estilo obscuro, próximo ao das sentenças oraculares. Na vulgata filosófica, Heráclito é o pensador do “tudo flui” e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda.

[8] N.T.: A tabela pitagórica (também chamada de tábua ou tabela da multiplicação) é um quadro de dupla entrada no qual são registrados os resultados das multiplicações, de uma vez um até 10 vezes 10. A multiplicação é uma operação matemática aprendida nos primeiros anos da escola. Existem dois métodos tradicionais para sua aprendizagem: as tabelas de multiplicação e a tabela pitagórica. Em que consiste? Em uma tabela são distribuídos dois eixos, um horizontal e outro vertical. Em cada um deles os números 1 a 10 são distribuídos e, em seguida, uma malha quadrícula com uma casinha é desenhada para cada multiplicação entre os números dos dois eixos. Em seguida, multiplicam-se os números do eixo horizontal com os do eixo vertical, posteriormente, coloca-se o resultado na casinha correspondente da grade. Qualquer um dos eixos ou colunas pode funcionar como multiplicando ou multiplicador. Uma vez que todos os números possam ser multiplicados, a tabela pitagórica está completa. A tabela pitagórica é mais visual do que a tabela de multiplicação tradicional. De qualquer forma, os dois sistemas de aprendizagem são válidos e complementares. Muitos professores ensinam as tabelas tradicionais e mais tarde explicam a mecânica da tabela pitagórica para reforçar a aprendizagem:

[9] N.T.: Também chamada de lei de Titius-Bode que é uma fórmula empírica que parte de uma progressão geométrica para determinar as distâncias dos Planetas do Sistema Solar, dadas em unidades astronómicas, em relação ao Sol.

[10] N.T.: Ferdinand “Rudolf” Thiel (1899-1981) foi um escritor alemão.

[11] N.T.: A Precessão dos Equinócios é o movimento cíclico realizado pela Terra ao redor do plano de sua eclíptica. A Precessão dos Equinócios é um dos vários movimentos realizados pela Terra e corresponde ao deslocamento circular efetuado pelo planeta em torno do eixo de sua eclíptica. Quando o Sol, na sua ronda aparente pela eclíptica, atravessa o equador celeste em março – o Equinócio de Março – ele “anda para trás “ contra o céu das estrelas fixas, cerca de 1 grau a cada 72 anos e ½ . A oscilação lenta do eixo da Terra sobre sua própria posição faz com que cada um dos polos trace um círculo cujo raio é de 230 ½ no céu; isso faz com que estrelas diferentes fiquem diretamente acima dos polos, durante cerca de 25.800 anos. Assim, podemos dizer que, a cada 2.160 anos, acontece uma nova Era. Se 2.160 anos atrás o eixo da Precessão do Equinócio se encontrava entre os Signo de Áries e o Signo de Peixes, podemos dizer que atualmente o ponto em Março do Equinócio se encontra entre os Signos de Peixes e o signo de Aquário, se movendo na direção de Aquário. Por essa razão, quando falamos em Era de Aquário não podemos definir com precisão o momento de seu início. Nenhum astrólogo ousaria definir com exatidão essa data. Talvez mais perto do ano 2.160.

[12] N.T.: É contado por meio do aparente movimento do Sol na abóbada celeste, em relação às 12 constelações zodiacais. A volta completa dura cerca de 25.920 anos, e cada idade ou era é marcada pelo alinhamento do Sol (e consequentemente todo o Sistema Solar) com uma das Constelações, e dura cerca de 2.148 anos, sendo marcada por suas características natas. Isso pode ser explicado através de um fenômeno chamado Precessão dos Equinócios, que é a oscilação da Terra ao redor de seu eixo, o que faz com que o norte aponte sucessivamente para diferentes estrelas no decorrer do tempo.

[13] N.T.: Marco Túlio Cícero (106 – 43 a.C.) foi um advogado, político, escritor, orador e filósofo da gens Túlia da República Romana.

[14] N.T.: Cláudio Ptolemeu, ou apenas Ptolemeu ou Ptolomeu (90 – 168), foi um cientista grego que viveu em Alexandria, uma cidade do Egito. Ele é reconhecido pelos seus trabalhos em matemática, astronomia, geografia e cartografia. Realizou também trabalhos importantes em óptica e teoria musical.

[15] N.T.: Os nós de vibração de uma placa elástica fina formam linhas características da frequência específica que foi animada. A materialização dessas linhas com um pó, geralmente o pó de lycopodium, forma as figuras de Chladni. O nome das figuras origina-se do físico alemão Ernst Chladni. Uma vez a placa de metal fixada ao suporte, coloca-se areia e, em seguida, põe-se o dispositivo a vibrar, por exemplo, com um arco que é friccionado verticalmente na borda do prato. Com a fricção do arco, a placa vibra, a areia se move das zonas de vibração forte para as áreas onde a vibração é menos forte ou mesmo inexistente (os nós de vibração da onda estacionária), assim formando as figuras de Chladni.

[16] N.T.: Johannes Kepler (1571-1630) foi um astrônomo, astrólogo e matemático alemão. Considerado figura chave da revolução científica do século XVII é, todavia, célebre por ter formulado as três leis fundamentais da mecânica celeste, denominadas Leis de Kepler, tendo estas sido codificadas por astrônomos posteriores com base nas suas obras Astronomia Nova, Harmonices Mundi e Epítome da Astronomia de Copérnico. Essas obras também forneceram uma das bases para a teoria da gravitação universal de Isaac Newton.

[17] N.T.: Nicolau Copérnico (1473-1543) foi um astrônomo e matemático polonês que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista e médico. Sua teoria do Heliocentrismo, que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente Teoria Geocêntrica (que considerava a Terra como o centro), é considerada como uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia.

[18] N.R.: “A primeira lei de Kepler afirma que a órbita dos planetas que giram em torno do Sol não é circular, mas sim elíptica. Além disso, o Sol sempre ocupa um dos focos dessa elipse. Apesar de elípticas, algumas órbitas, como a da Terra, são muito próximas de um círculo, pois são elipses que apresentam uma excentricidade muito pequena. A excentricidade, por sua vez, é a medida que mostra o quanto uma figura geométrica difere-se de um círculo e pode ser calculada pela relação entre os semieixos da elipse.” “A segunda lei de Kepler afirma que a linha imaginária que liga o Sol aos planetas que o orbitam varre áreas em intervalos de tempo iguais. Em outras palavras, essa lei afirma que a velocidade com que as áreas são varridas é igual, isto é, a velocidade aureolar das órbitas é constante.”

“A terceira lei de Kepler afirma que o quadrado do período orbital (T²) de um planeta é diretamente proporcional ao cubo de sua distância média ao Sol (R³). Além disso, a razão entre T² e R³ tem exatamente a mesma magnitude para todos os astros que orbitam essa estrela.”

[19] Jo 1:1

[20] N.T.: é a música de concerto, chamada popularmente de música clássica, é a principal variedade de música produzida ou enraizada nas tradições da música secular e litúrgica ocidental. Apesar do nome que remete a algo do ‘passado’ ou ‘antigo’, esta variedade de música é escrita também nos dias de hoje, através de compositores do século XXI que criam obras inéditas, originais e atuais. É aquela que se baseia principalmente na clareza, no equilíbrio, na objetividade da estrutura formal, em lugar do sentimentalismo exagerado ou da falta de limites de linguagem musical. A música clássica frequentemente se distingue pelo amplo uso que faz de instrumentos musicais de diferentes timbres e tonalidades, criando um som profundo e rico. Os diferentes movimentos da música clássica foram afetados principalmente pela invenção e modificação destes instrumentos ao longo do tempo. Embora a música clássica não tenha um “conjunto” de instrumentos necessários para que certos padrões de sua execução sejam preenchidos, os compositores escrevem suas obras tendo em mente diferentes conjuntos instrumentais: orquestras (composta por todas as famílias instrumentais acústicas: as cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo), as madeiras (flauta, oboé, clarineta, fagote, etc.), os metais (trompete, trompa, trombone, tuba) e a percussão (tímpano, gongo, xilofone etc.). Saxofone e violão eventualmente também participam de uma orquestra, além de pianos, órgãos e celestas. Para as orquestras são escritas as sinfonias. Quando se destaca um instrumento da orquestra que será a voz principal, para o qual a melodia foi composta, trata-se de um concerto. Mesmo destacando-se um instrumento ou conjunto de instrumentos nos concertos, a orquestra toda pode estar presente. As orquestras também realizam os acompanhamentos das óperas, que são compostas para a voz humana. A voz pode ser classificada da mesma maneira que os instrumentos, observando-se a extensão de notas alcançada por ela. As vozes mais agudas são chamadas “soprano”, as vozes mais graves são os “baixo”, que alcançam as notas mais graves)), conjunto de sopros (trompete, trompa, trombone, tuba), orquestra de câmara: Formada predominantemente por instrumentos de corda, podendo ter em algumas formações a presença de alguns sopros de madeira.

[21] N.T.: O Livro do Apocalipse, na Bíblia.

[22] N.T.: Hermes Trismegisto é uma figura mítica de origem sincrética. Essa figura mítica indica o deus Thoth dos antigos egípcios, considerado o inventor das letras do alfabeto e da escritura, escrita dos deuses e, portanto, revelador, profeta e intérprete da divina sapiência e do divino logos. Quando os gregos tiveram conhecimento desse deus egípcio, descobriram que apresentava muitas analogias com seu deus Hermes, intérprete e mensageiro dos deuses, e o qualificaram com o adjetivo “Trismegisto” que significa “três vezes grandíssimo”. Na antiguidade tardia, especialmente nos primeiros séculos da era imperial (sobretudo nos séculos II e III depois de Cristo), alguns teólogos e filósofos pagãos, em contraposição ao Cristianismo galopante, produziram uma série de escritos, conhecidos como literatura hermética, apresentando-os sob o nome desse deus, com a evidente intenção de opor às Escrituras divinamente inspiradas dos Cristãos, como outras escrituras difundidas como divinas “revelações”. A literatura hermética hoje em dia está quase perdida.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Arquétipos

Os Arquétipos são criados por forças arquetípicas que trabalham nas quatro Regiões inferiores do Mundo do Pensamento Concreto. Arquétipos vivem, movem-se e criam, como a qualquer coisa mecânica feita pelo ser humano – mas sem racionalidade. Quando o Arquétipo é construído e colocado em vibração, e enquanto a forma continuar vibrando, a vida é sustentada. Quando o Arquétipo cessa de vibrar, a forma se desintegra.

Se quiser saber mais sobre esse interessante assunto é só acessar aqui: Arquétipos

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Canção do Ser

A música é a “canção do ser”, cantada por Deus, o Mestre Supremo, através do tempo e do espaço. O primeiro versículo do Evangelho Segundo São João revela a importância do tom ou música em nossa criação ou evolução espiritual, pois as palavras: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”, podem ser interpretadas desta forma: “No princípio era a Música e a Música estava com Deus e a Música era Deus”, pois São João ao usar o termo o ‘Verbo’, sugere tom ou vibração harmoniosa e toda vibração ou tom harmonioso pode se chamar de música. Esse foi o Fiat Criador que fez com que tudo existisse.

O Deus de nosso Sistema Solar se manifesta em três aspectos: Vontade, Sabedoria e Atividade.

A Vontade de Deus trouxe à existência a melodia ou o tom: depois, em Sua Sabedoria, harmonizou esta melodia em forma e depois, por Sua Atividade, fez que esta forma do tom se fizesse movimento ou ritmo, pulsando com rítmica cadência a tudo o que vive e se move.

De modo que através da Criação tudo canta, tudo é música, ou foi criado por ela. Assim sucede com o compositor quando toma uma melodia, harmoniza-a e lhe dá ritmo, fazendo que sua composição seja uma reprodução infinitesimal de criação do arquétipo todo poderoso de Deus.

O livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” diz que as formas que vemos ao nosso redor são sons-figuras cristalizadas das forças arquetípicas que trabalham nos Mundos Celestes. Quão ignorante encontra-se a humanidade, em sua quase totalidade, sobre o fato de que o mesmo veículo em que cada qual funciona e vive neste Mundo Físico, foi construído por meio da música na Região do Pensamento Concreto! Sem essa música nós não teríamos um Corpo Denso no qual funcionar neste Mundo Físico, ainda que a maior parte das pessoas sejam ignorantes desta realidade e pensem que a música seleta é somente para os poucos escolhidos que a compreendem. Algum dia, em algum renascimento, cada um de nós teremos que despertar as vibrações dessa música, teremos que nos fazer conscientes de seu poder etéreo e espiritual. Antes de que tenhamos terminado de viver na Terra através de seus diferentes períodos, teremos que nos tornar músicos, pois teremos em nosso Esquema de Evolução que nos converter em criadores de verdade por meio do som e da palavra para podermos emanar o tom do Fiat Criador. Isto teremos que fazer para complementar nosso destino.

Existem três classes de seres humanos que não são músicos, mas ocupam uma escala diferente dentro desta possibilidade.

Primeiro: os que manifestam abertamente que a música não lhes interessa para nada; em seu estado presente, esses seres ficam fora de nossa consideração por enquanto.

Segundo: aqueles que manifestam certa inclinação e a escutam com agrado, mas dizem que não a entendem; para estes há uma esperança de que cheguem a ser músicos num futuro próximo.

Terceiro: os que ainda sem ser músicos, todavia, mostram uma grande ansiedade por ela e frequentam os lugares de concerto para escutar com verdadeira devoção; estas pessoas acham-se muito próximas de alcançar o talento musical. Elas despertaram em vidas passadas algum interesse musical, aumentando-o até certo grau e convertendo-se em amantes intensos de sua sublime beleza. Estes seres, através da sublimada essência acumulada, poderão tocar repentinamente algum instrumento musical, ou faculdade para cantar. Desenvolverão assim este talento por várias vidas até converterem-se em criadores de música, isto é, em compositores. Então, começam a penetrar mais além do físico, afinando-se às vibrações musicais do Segundo Céu, a Região do Pensamento Concreto, especialmente durante a vida que existe entre os renascimentos.

Existe um regozijo na criação da música que é somente comparável com uma coisa: a Iniciação Mística. Ela é, em sua própria expressão, um grau menor desta Iniciação, quando o compositor se torna o suficientemente avançado para compor grandes obras; chega, então, às vibrações cósmicas mais elevadas que as que alcança o compositor ordinário e neste exaltado estado, encontra-se mais perto de Deus, assim como o Iniciado Místico está mais perto de Deus que o ser humano ordinário. Quando o compositor penetra nestas elevadas vibrações do Segundo Céu, está escutando realmente a palavra de Deus. A verdade está ainda a uma grande distância, mas já se encontra em grande adiantamento em sua evolução, uma posição conquistada com o esforço de muitas vidas; não um privilégio como muitos creem, mas uma recompensa ao trabalho empreendido.

É certo que o escultor, o poeta e o pintor também se afinam às vibrações celestiais, mas as vibrações que eles empregam situam-se na Região mais elevada do Mundo do Desejo, conhecida como Primeiro Céu, enquanto os músicos vão mais alto, ou seja, à Região do Pensamento Concreto, no Segundo Céu, onde o tom é o originador da cor e da forma. Assim, de todas as artes e credos em questões de arte, a música e o músico são os que chegaram mais alto e, portanto, é a mais elevada expressão da vida da alma que temos em nossa existência e é lógico pensar que tem uma mais refinada influência sobre o Corpo de Desejos que qualquer outra das partes. Como diz Max Heindel: “Não há outra classe superior à do músico. A ele corresponde a mais alta missão, porque como um modo de expressão para a vida da alma, a música reina suprema”. Também diz: “Somente na Região do Pensamento Concreto, onde os arquétipos de todas as coisas se unem no grande coro celeste de que falou Pitágoras: a harmonia das esferas, encontramos a verdade revelada em toda sua beleza”. Vemos, portanto, que é ali, naquela Região da Verdade em toda sua beleza, onde se acha o lugar da música.

Pergunta-se por que, se a música é tão bom estímulo para o crescimento espiritual, frequentemente encontramos músicos cujas vidas, no sentido moral e ético, não estão de acordo com suas habilidades artísticas. Acredita-se que um músico devesse se encontrar, em todos os aspectos, ao nível de seu gênio criador, mas não é assim. A razão disto é que os gênios dedicaram o melhor de suas vidas passadas ao desenvolvimento da música exclusivamente, abandonando outras fases morais da vida e outros detalhes importantes. Assim, gravando constantemente essa devoção nos Átomos-semente dos seus Corpos e os desenvolvendo mais e mais em cada vida, fica tão profundamente impressa que a pode expressar nos planos superiores musicalmente, apesar de suas deficiências gerais em muitos outros aspectos humanos.

Na vida que segue à morte finaliza sua existência nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, onde o ser purga seus erros da vida passada, e depois ascende ao Primeiro Céu – localizado nas três Regiões superiores do Mundo do Desejo – para receber a recompensa das ações de sua vida anterior. Então, purifica-se e está pronto para gozar do descanso que existe entre renascimentos.

Ao deixar o Primeiro Céu, encontra-se envolto em uma beatífica quietude, uma paz absoluta, tão perfeita e completa que é difícil explicar.

Pela primeira vez, desde que começou seu último renascimento, goza a plenitude desta paz, que o absorve todo.

Todos conhecemos a paz que pode existir neste Mundo Físico, até certo ponto, mas quando o Ego chega a este Segundo Céu percebe pela primeira vez o verdadeiro sentido do termo “paz”, ainda que sem nenhum de seus sentidos, pois já não os necessita.

Quando seu Espírito se banha nesta profunda tranquilidade e absorve da mesma tudo o que é capaz, segundo seu alcance espiritual, encontra-se pronto para as atividades do Segundo Céu. O fato de ter desenvolvido, no passado, sua capacidade musical o recompensará grandemente, porque suas experiências neste reino estão todas relacionadas com sua capacidade para compreendê-la.

A partir daí começa a preparação para seu próximo renascimento por meio da absorção espiritual.

No umbral do Segundo Céu é despertado o estado de paz e quietude, no qual está submerso por meio do som da música perfeita. Conforme cruza este umbral, entra no lugar de trabalho de Deus, envolto neste maravilhoso som da música. Para o músico, principalmente, este é o paraíso perfeito.

O Segundo Céu está situado na Região do Pensamento Concreto; todo pensamento aqui é uma expressão do som. Tudo o que existe chega à existência por meio do som. É a vibração de vida, ritmo pulsante, melodioso e harmonioso.

Este reino molda todas as coisas e lhes dá forma: as rochas, areias, flores, aves, animais e o ser humano. Aqui o Ego é recebido pela música mais sublime que possa experimentar, algo que transcende a tudo que tenha escutado na Terra. Este é o paraíso dos compositores, onde podem se entregar ao sonho do som vívido, como sonhava na Terra sem o lograr.

Se deseja renascer como músico, prepara-se para isto enquanto está neste reino. Aprende a desenvolver o sentido do ouvido, mãos e nervos que sejam super sensitivos. Para isto, é ajudado pelas mais elevadas Hierarquias Criadoras.

Max Heindel nos diz que a habilidade musical depende do ajuste dos canais semicirculares do ouvido e que é necessário não só ter o ajuste apropriado destes canais, mas que também há que ter extremadamente delicadas as “fibras de Corti”, das quais existem umas dez mil no ouvido humano, sendo cada uma capaz de interpretar umas vinte e cinco gradações de tom.

Estas fibras no ouvido da maioria das pessoas não respondem a mais de três ou dez das possíveis gradações. Um músico ordinário não possui mais de quinze sons em cada fibra, mas o mestre musical requer uma categoria superior. Portanto, é fácil compreender o porquê os mestres das mais elevadas Hierarquias Criadoras ajudam o músico, especialmente o compositor, durante o tempo em que se encontra construindo seu arquétipo para seu próximo Corpo Denso, como diz Max Heindel: “o mais alto grau de seu desenvolvimento, torna-o merecedor, além de requerer ajuda, e o instrumento por meio do qual o ser humano se faz sensível à música é o órgão mais perfeito do corpo humano”.

O ouvido do ser humano começou seu desenvolvimento no Período de Saturno, de modo que é o mais desenvolvido do tempo presente de todos os sentidos físicos.

Enquanto pode compor esta música perfeita quando se encontra no Segundo Céu, o compositor não pode expressá-la com a mesma pureza neste plano físico, pois se encontra impelido pelas baixas vibrações do Corpo Denso e a Mente não pode alcançar até as mais altas regiões do som.

Não obstante, com o tempo chegaremos tão alto em nossa evolução que poderemos vibrar facilmente com esse Mundo e expressar seus sons em nossas vidas diárias. É a música a que faz o Arquétipo individual e quanto mais desenvolvemos esse sentido, mais glorioso é o tom e a harmonia que o criam.

A nota-chave individual do corpo humano situada na parte de trás da cabeça é um tom, um definido tom musical, que constrói e mantém unida a massa de células que compõem nosso Corpo Denso.

Quando nos submergimos na música, ela permanece entre nós e as coisas desagradáveis da vida, a sordidez do materialismo, que geralmente oprime nosso coração, diminui por meio do toque gentil da música.

É um grande tônico para os nervos. Se alguém se sente cansado e esgotado e deixa seu corpo em repouso para escutar música clássica (ou erudita) seleta, as vibrações do corpo podem, em uns poucos momentos, elevar-se e desfazer a fadiga.

Quando aprendermos a usar a música em sua relação apropriada como nossos distintos veículos: Mente, Corpo de Desejos, Corpo Vital, por meio do Corpo Denso não necessitaremos mais de medicinas para nos curar.

Em Deus tudo é Melodia, Harmonia e Ritmo, porque os pensamentos de Deus são todos Melodia; as criações de Deus são Harmonia e os movimentos (ou gestos) de Deus são Ritmos. Se Deus emprega a música como meio criador, porque não havemos de imitá-Lo, empregando-a para formar nosso “Eu Superior”?

Max Heindel diz: “Sobre as asas da música a alma podo voar para o trono do Deus, onde o mero intelecto não pode chegar”.

Temos estas inspiradas mensagens que nos foram dadas para nossos corações e para nosso estímulo, sem ter em conta qual seja o grau de interesse presente pela música.

A música é sempre um aliciante para a alma e para apressar a formação de uma maior consciência.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – janeiro-fevereiro/1988-Fratrernidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Criação, os Arquétipos (formados de som) e o que tem a haver com as 12 Hierarquias Criadoras

Existem doze as Hierarquias Criadoras (ou Hierarquias Zodiacais) distintas que têm trabalhado com a humanidade desde o início do Período de Saturno. Seus nomes são:

Cada uma dessas Hierarquias Criadoras possui uma nota-chave:

  • Áries: Réb maior
  • Touro: Mib maior
  • Gêmeos: Fá# maior
  • Câncer: Sol# maior
  • Leão: Lá# maior
  • Virgem: Dó natural maior
  • Libra: Ré maior
  • Escorpião: Mi maior
  • Sagitário: Fá maior
  • Capricórnio: Sol maior
  • Aquário: Lá maior
  • Peixes: Si maior

A nota-chave de uma peça musical é a nota tônica ou o tom fundamental sobre o qual a composição musical é construída.

O período total da involução e evolução do ser humano está fundamentado na escala musical, que é de origem celestial.

Max Heindel nos diz que a humanidade passou por três estágios elementares antes do Período de Saturno, e estes estágios estão representados na extremidade inferior do teclado do piano por: Lá, Lá# e Si.

O Período de Saturno começa com o som representado por Dó baixo no teclado do piano e sobe até Si, cujo tom está incluído, perfazendo 12 notas, 7 das quais são brancas e 5 escuras. Sete Irmãos da Ordem da Rosacruz saem pelo mundo e trabalham entre a humanidade. Cinco não são vistos no mundo.

Antes dos seres humanos perderem contato com a Região do Pensamento Concreto eles sabiam que essa era uma Região de sons musicais e que esses sons permearam e construíram todos os Arquétipos de todas as coisas existentes no Mundo do Desejo e no Mundo Físico, incluindo eles próprios, portanto, tinham esses sons dentro de si mesmos.

Sabiam que eram instrumentos musicais vivos, cujos sons eram ouvidos por eles próprios através de um tipo de percepção sensorial interna. A superconsciência do ser humano sabe tudo isto, como também conhece o poder tremendo contido nesses sons musicais.

Tendo perdido o poder de controle desta força interior e também de contatá-la verdadeiramente dentro de si, o ser humano tem procurado, por meio de instrumentos musicais, reproduzir externamente os sons vagamente percebidos em sua memória meio submersa.

 (trecho do Livro: A Escala Musical e o Esquema de Evolução, digitalmente publicado pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Gostaria de saber: Max Heindel pode operar no plano do Ego? Em caso afirmativo pergunto se ele poderá comunicar-se com meu Ego e fornecer-me as seguintes informações por mim desejadas: saber quem é meu Ego e que pretende ele com esta vida terrena e, também, como poderia ter consciência dele, diária e ininterruptamente.

Nesta vida terrena, quando estamos despertos, nós, o Ego – um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui – funcionamos no Mundo visível como um Espírito interior, mas durante as horas de sono nós trabalhamos a partir do Mundo do Desejo, onde também permanecemos por algum tempo após mais uma nossa morte aqui. Os estágios posteriores da existência post-mortem serão vividos na Região do Pensamento Concreto, onde está o Segundo Céu. Acima desse, está a Região do Pensamento Abstrato, onde está o Terceiro Céu, atualmente o nosso lar. E é nesse ciclo que excursionamos pela Terra com o fim de ganharmos experiências e crescimento espiritual.

Enquanto vivemos aqui na Terra formamos certas ligações com outros que, de acordo com a Lei de Causa e Efeito produzirão seus efeitos, mais cedo ou mais tarde. Isso tem a aparência de sorte ou destino.

Em virtude de transgressões voluntárias ou ignorantes das Leis de Deus, em renascimentos passados, nós acumulamos uma dívida de más ações que devem ser liquidadas em algum tempo.

Devemos colher o que semeamos, antes que nos tornemos puros e livres em espírito. O conhecimento dessa “sorte” iminente, quando uma parte da dívida já está paga, nos paralisaria, e a visão total de toda a horrenda dívida, provavelmente, nos esmagaria por mais fortes que fôssemos, a menos que tivéssemos nos tornados pelo menos um pouco iluminados e capazes de nos conformar com as Leis da Natureza. Quando essa grande luz brilhar dentro do nosso coração e nos sentirmos como um “espírito pródigo”, apartado do nosso Pai do céu, quando exclamarmos no íntimo do nosso coração: “Eu irei para meu Pai”, e que esse desejo esteja sempre ante a nossa visão espiritual, então, pela primeira vez enfrentaremos a concretização do nosso destino, chamada pelos ocultistas “Guardião do Umbral”.

Essa entidade nos encontra na porta entre os Mundos visível e invisíveis. Quando tentamos entrar nesse mundo que conhecemos anteriormente por meio da visão espiritual, nos defrontamos com esse “Guardião do Umbral”, e não podemos passar antes que o tenhamos reconhecido.

Todos nós devemos enfrentar esse espectro horrendo, tal como Clyndon o fez na novela “Zanoni”, da autoria de Bulwer Lutton; esse espectro não se manifesta à Humanidade comum, mesmo nos períodos entre a morte e o renascimento, porém, o neófito, como já foi explicado, deve encará-lo, reconhecê-lo e tentar passar por ele.

Como neófito, devemos proferir um voto solene de fazer tudo o que for possível e necessário para liquidarmos a dívida de que o fantasma é uma concretização e, também, o voto de silêncio sobre todas as coisas ali ocorridas.

Quando a consultante pergunta quem é seu Ego, pede justamente a informação que o “Guardião do Umbral” dos Mundos invisíveis esconde sob a caritativa Lei da Natureza que ninguém tem o privilégio de quebrar. Até que tenha atingido a força espiritual para ultrapassá-lo e aprender por si próprio, isso deve permanecer escondido de si.

E, mesmo então, não haverá um intercâmbio ininterrupto e consciente entre o “Eu superior” e a Personalidade, o “eu inferior”.

Isso pertence a um estágio voluntário muito posterior, quando já tivemos inteiramente espiritualizado nossos veículos. Há, pois, somente um caminho a ser seguido: é aplicar-se diligentemente ao problema.

Se continuar a buscar, encontrará, mas lembre-se, não há meios fáceis de chegar a esse conhecimento. Ninguém pode fornecê-lo ou vendê-lo pronto para ser usado. Quanto a nós, que estamos mais avançados, tudo o que podemos fazer pelos outros é indicar-lhes o caminho, encorajando-os a encetá-lo até o fim, a despeito de todos os revezes e obstáculos, confiantes de que o que um ser humano faz, qualquer outro pode fazer. Cada um de nós tem o mesmo poder divino e está habilitado a ser bem-sucedido em tudo o que fizer.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz agosto/1980 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Nove Sinfonias de Beethoven – Correlacionadas com as Nove Iniciações Menores – Quarta Sinfonia

AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN – Correlacionadas com as Nove Iniciações Menores – Quarta Sinfonia

Por Corinne Heline

CAPÍTULO IV – QUARTA SINFONIA – SI BEMOL MAIOR – OPUS 60

“A Quarta Sinfonia é como uma donzela grega entre dois gigantes Nórdicos.”

Robert Schumann[1]

A Quarta das Nove Sinfonias foi composta no verão de 1806. Foi feita numa das mais agradáveis cercanias e sob condições de serenidade interna e externa. À sinfonia, que então surgiu, Romaine Rolland[2] se referiu poeticamente como “uma pura e perfumada flor que guarda como um tesouro o perfume daqueles dias”.

Foi dito anteriormente que o número “três” (força) é uma emanação masculina dos valores vibratórios combinados do número “um” (poder) e do número “dois” (amor). O número “quatro” (beleza) é uma emanação feminina formada pela mistura do número “um” (poder), número “dois” (amor) e número “três” (força). Assim, há uma íntima relação entre força e beleza. As duas principais colunas na entrada do Templo de Salomão têm gravadas as palavras força e beleza. É interessante notar que vários escritores encontram nas Sinfonias de Beethoven uma estreita relação entre a Terceira e a Quarta. A Terceira Sinfonia está centralizada em poder e força e a Quarta Sinfonia, em amor e beleza. “Em suas características masculinas”, escreve Alexander Wheelock Thayer[3], “Beethoven atinge o cimo das montanhas com fogo celestial; em suas características femininas, ele enche os vales com doçura celestial”. Esta, a proeminentemente feminina Quarta Sinfonia, ele ouve como a “sinfonia do sonho”.

No desenvolvimento da força anímica pura, a beleza está sempre latente em seu coração, e a essência da verdadeira beleza espiritual será sempre encontrada para possuir uma certa força interna. A Quarta Sinfonia tem sido chamada de Sinfonia da felicidade e seus quatro movimentos identificados com as qualidades de serenidade, felicidade, beleza e paz.

Considerando as quatro partes, o introdutório Adagio é caracterizado por uma doçura angelical; possui uma profunda e mística serenidade. “Sua forma é tão pura e o efeito de sua melodia tão angelical”, escreve Hector Berlioz, “e tão irresistível ternura que a arte prodigiosa através da qual essa perfeição é atingida desaparece completamente. Desde os primeiros compassos, somos tomados por uma emoção que chega ao final tão poderosa em sua intensidade, que só entre os gigantes da arte poética podemos encontrar algo comparável com essa sublime página do gigante da música”; ele conclui, “a impressão produzida por esse Adagio se parece com aquela que experimentamos quando lemos o comovente episódio de Francesca da Rimini[4] na Divina Comédia[5].

O segundo movimento, um Adagio em Mi bemol Maior, respira um fervor que outra vez alguns comentaristas procuraram ligar à vida amorosa pessoal do compositor. Mas aqui, Berlioz, como Wagner, percebe a verdadeira, sublime e impessoal fonte de inspiração de Beethoven. “O ser que escreveu tal maravilha de inspiração como esse movimento”, diz Berlioz, “não é um homem. Deve ser a canção do Arcanjo Miguel quando contempla a sublevação do limiar do Céu”.

O terceiro movimento (Allegro Vivace[6]) invoca um completo deleite. É brilhante e fascinante. Há felicidade nas cordas, nos instrumentos de sopro e no harmônico soar dos tambores. É uma verdadeira canção de beleza que a alma receptiva vem realizar como imortal em si mesma, não tendo nem começo nem fim. Nesse ponto, somos levados a exclamar com Wagner de que é música que não pode ser entendida de outra forma a não ser através da “ideia de magia”.

O Finale termina numa “brilhante perspectiva em que a harmonia dos Mundos visível e invisíveis se encontram e se comunicam. Ele respira uma doce e terna bênção de paz. É a paz que vem só para a alma que aprendeu a transmutar as dificuldades e problemas em pura beleza anímica. O mais alto significado do número “quatro” é essa habilidade do iluminado, ou cristianizado, se elevar sobre as limitações da vida humana e vagarosa, mas certamente, transformar o áspero Ashlar[7] em um perfeito cuboide.

A QUARTA INICIAÇÃO

A Quarta Iniciação está relacionada com a quarta camada da Terra chamada de Estrato Aquoso. Lá estão refletidas as forças da esfera mental da Terra conhecida como Região do Pensamento Concreto. A Terceira Iniciação tem a ver com a superação da natureza de desejo. O próximo passo na realização é a iluminação ou espiritualização da Mente. Isso envolve longos e árduos processos e necessita de muitas vidas para sua completa consumação. Para a pessoa comum, a Mente é escrava da Personalidade. A vida está completamente centrada no “Eu” ou naquilo que se relaciona com a vida pessoal. Quando o ser entra no Caminho, aprende a desligar a Mente da Personalidade gradualmente e a ligá-la com o Espírito. É então que a Mente se torna uma luz, uma luz que ilumina o mundo. A vida e o trabalho de tal ser traz a marca da imortalidade.

Um dos mais profundos livros da Bíblia e uma das mais belas lendas iniciáticas em toda a literatura mundial é o Livro de Jó. É a história do Grande Triunfo. Enquanto o Espírito está ligado aos três amigos, o Corpo Denso, o Corpo de Desejos e a Mente, a Personalidade está sujeita a todas as dificuldades e limitações da vida física tais como pobreza, doença e morte.

O acontecimento supremo na vida de Jó foi o aparecimento de Eliú[8]. Sua vinda vitoriosa representa a separação da Mente da Personalidade e sua união com o Espírito. Essa iluminação ou Cristianização da Mente é a realização relatada na Quarta Iniciação e descrita musicalmente na Quarta Sinfonia. Quando Jó alcança esse estágio de desenvolvimento espiritual, seu Corpo Denso é recuperado, sua saúde se restabelece e até a vida de seus filhos é restituída. Jó é agora, nas palavras do poeta, “o senhor de seu destino e o capitão de sua alma”[9].

Na Quarta Iniciação, as forças do Mundo do Pensamento estão refletidas na quarta camada, chamada de Estrato Aquoso. Esse reino não é composto de água como pensamos desse elemento, mas é cheio de uma névoa luminosa e prateada, na qual estão refletidos os modelos arquetípicos que estão por trás de todas as coisas criadas.

O Mundo do Pensamento Concreto, onde está o Segundo Céu, é o lar de todos esses modelos arquetípicos. É lá, entre as vidas na Terra, que o Ego passa muito tempo aprendendo como construir o Arquétipo que será o modelo do seu próximo corpo terreno.

É importante notar que é no plano mental que esses modelos arquetípicos são construídos, pois isso nos dá um conceito mais claro do tremendo poder do pensamento criador. Na Quarta Iniciação, o candidato aprende como usar o poder construtivo e criativo do pensamento e a realização de que, por esse modo, ele constrói ou destrói sua vida. Pelo poder do pensamento, ele pode se degradar ou se glorificar. Os movimentos metafísicos Cristãos estão prestando um importantíssimo serviço no mundo de hoje ao considerarem o poder do pensamento construtivo como seu ensinamento fundamental. É verdade que os pensamentos são coisas. A Bíblia expressa essa profunda verdade na citação: “Como um homem pensa em seu coração, assim ele é.”[10].


[1] N.T.: Robert Alexander Schumann (1810-1856) foi um pianista, compositor e crítico musical alemão.

[2] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.

[3] N.T.: Alexander Wheelock Thayer (1817-1897) foi um bibliotecário e jornalista americano que se tornou o autor da primeira biografia acadêmica de Ludwig van Beethoven, ainda após muitas atualizações considerada uma obra padrão de referência sobre o compositor.

[4] N.T.: Francesca da Rimini (Francisca da Polenta) (1255–1285) foi uma nobre medieval italiana, filha de Guido da Polenta, governante de Ravena, fonte de inspiração de Dante Alighieri, que a retratou na Divina Comédia. Seu pai, Guido da Polenta, era o governante da cidade e estava em guerra com a família Malatesta, de Rimini. Quando as famílias negociaram um acordo de paz, por conveniência, Guido concedeu Francesca em casamento para Giovanni Malatesta (Gianciotto), o filho mais velho de Malatesta da Verucchio, lorde de Rimini. Giovanni era um homem culto, porém de péssima aparência e tinha o corpo deformado. Guido sabia que Francesca não concordaria com o casamento de modo que ele foi realizado por procuração através do irmão mais novo, Paolo Malatesta, que era jovem e bonito. Francesca e Paolo não demoraram a se apaixonar. De acordo com Dante, Francesca e Paolo foram seduzidos pela leitura da história de Lancelote e Ginevra, e se tornaram amantes. Posteriormente foram surpreendidos e assassinados por Giovanni. Dante utilizou o romance de Lancelot, a fim de caber no âmbito do regime de amor poesia lírica, que emula Francesca no Canto V do Inferno.

[5] N.T.: A Divina Comédia (em italiano: La Divina Commedia, originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia por Giovanni Boccaccio) é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso.

[6] N.T.: Chama-se de andamento o grau de velocidade do compasso. No italiano, idioma utilizado tradicionalmente na música, andamento se traduz como tempo, frequentemente usado como marca em partituras. Por exemplo o Allegrissimo ou Allegro vivace – é muito rápido: 172–176 bpm (batidas por minuto).

[7] N.T.: Ashlar é a melhor unidade de alvenaria de pedra, geralmente cuboide retangular, mencionada por Vitruvius como opus isodomum, ou menos frequentemente trapezoidal. Cortado com precisão “em todas as faces adjacentes às de outras pedras”, o silhar é capaz de fazer juntas muito finas entre os blocos, e a face visível da pedra pode ter a face da pedreira ou apresentam uma variedade de tratamentos: trabalhado, polido suavemente ou processado com outro material para efeito decorativo. Os blocos de Ashlar têm sido usados ​​na construção de muitos edifícios como uma alternativa ao tijolo ou outros materiais. A palavra é atestada no inglês médio e deriva do francês antigo aisselier, do latim axilla, diminutivo de axis, que significa “prancha”.

[8] N.T.: ou Elihu é um crítico de Jó e seus três amigos no Livro de Jó da Bíblia Hebraica. Diz-se que ele era filho de Barachel e descendente de Buz, que pode ter sido da linha de Abraão (Gn 22:20-21 menciona Buz como sobrinho de Abraão). Eliú é apresentado em Jó 32:2, no final do Livro de Jó. Seus discursos compreendem os capítulos 32-37, e ele abre seu discurso com mais modéstia do que os outros consoladores. Eliú se dirige a Jó pelo nome (Jó 33:1, 33:31, 37:14) e suas palavras diferem daquelas dos três amigos em que seus monólogos discutem a providência divina, que ele insiste estar cheia de sabedoria e misericórdia. O prefácio do narrador Jó 32:4-5 e as próprias palavras de Eliú em Jó 32:11 indicam que ele estava ouvindo atentamente a conversa entre Jó e os outros três homens. Ele também admite seu status como alguém que não é um ancião (32:6-7). Como revela o monólogo de Eliú, sua raiva contra os três anciãos era tão forte que ele não conseguia se conter (32:2-4). Um “jovem raivoso”, ele critica tanto Jó quanto seus amigos: Tenho palavras para responder a você e seus amigos também. Eliú afirma que os justos têm sua parte de prosperidade nesta vida, não menos que os ímpios. Ele ensina que Deus é supremo, e que a pessoa deve reconhecer e se submeter a essa supremacia por causa da sabedoria de Deus. Ele extrai exemplos de benignidade, por exemplo, das constantes maravilhas da criação e das estações. Os discursos de Elihu terminam abruptamente e ele desaparece “sem deixar rastro”, no final do Capítulo 37.

[9] N.T.: do poema “Invictus” do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903).

[10] N.T.: Pb 23:7

*****

Aqui a Quarta Sinfonia em MP3:

Beethoven- Symphony #4 In B Flat, Op. 60 – 1. Adagio, Allegro Vivace
Beethoven- Symphony #4 In B Flat, Op. 60 – 2. Adagio
Beethoven- Symphony #4 In B Flat, Op. 60 – 3. Allegro Vivace
Beethoven- Symphony #4 In B Flat, Op. 60 – 4. Allegro Ma Non Troppo
PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Diagrama 7 – O Período de Saturno

Aproveitemos esse primeiro diagrama sobre Esquema da Evolução e definamos alguns conceitos da terminologia Rosacruz. Isso muito ajudará ao Estudante Rosacruz no entendimento do Caminho, Obra, Esquema da Evolução.

Nesse Esquema de Evolução está inserido um Caminho da Evolução e tudo isso compõe a Obra da Evolução.

Não será demais fazer aqui uma recomendação relativa aos diagramas empregados como ilustração.

O Estudante deve recordar que não pode nunca ser exato o que é reduzido das suas reais dimensões. O desenho de uma casa pouco significaria se nunca tivéssemos visto uma casa.

Nada mais veríamos no desenho do que linhas e manchas e não nos sugeriria significado algum.

Os diagramas empregados para ilustrar as coisas suprafísicas são representações muito menos verdadeiras do que o desenho citado.

As três dimensões do desenho da casa foram reduzidas somente a duas, enquanto os Períodos, Mundos e Globos são realidades de quatro a sete dimensões.

Logo, os diagramas de duas dimensões com que se intenta representá-los estão muito longe da realidade!

Devemos ter sempre em mente que esses Mundos se interpenetram, que os Globos se interpenetram e que o modo como aparecem nos diagramas é análogo ao retirar todas as peças de um relógio, colocando umas ao lado das outras, para mostrar o modo dele indicar as horas.

Para que esses diagramas sejam de alguma utilidade para o Estudante é necessário que deles forme uma concepção espiritual. Caso contrário, mais servirão para confundir do que para iluminar.

Um Globo é um Campo de Evolução, ou seja: um local com um ambiente completo e condições perfeitas para a EVOLUÇÃO de inúmeras Ondas de Vida.

No atual DIA DE MANIFESTAÇÃO percorremos 7 GLOBOS de diferentes Densidades, ou seja: 7 Campos de Evolução diferentes!

A cada um desses Globos nomeamos com uma letra. Começa com a letra A e vai até a letra G.

Repare que a ordem sempre será essa, em qualquer Período que estejamos:

– sempre os Globos A e G serão os mais sutis, ou seja, ocuparão o Mundo, ou a Região desse Mundo que possuem a matéria mais sutil, menos densa, mais espiritualizada do que todos os outros 5 Globos

– sempre o Globo D será o mais denso, ou seja, ocupará o Mundo, ou a Região desse Mundo que possui a matéria mais inferior, mais densa, menos espiritualizada do que todos os outros 6 Globos

– sempre os Globos B, C, E e F serão os “de passagem”, intermediários, ocupando Mundos cujas matérias não são tão densas com o do Globo D e nem tão sutis como as dos Globos A e G.

Cada Globo ou cada Campo de Evolução possui diferentes e perfeitas condições para:

•        Praticar as ações, atos e obras

•        Aprender as lições resultantes dessas ações, atos e obras

•        Assimilar os resultados dessas lições aprendidas

•        Incorporar a quinta essência dessas lições nos nossos veículos

Uma Revolução é uma volta completa pelos 7 Globos ou a passagem pela onda de vida evolucionante (a nossa, por exemplo) UMA VEZ por todos os 7 Globos, em 3 Mundos ou de Regiões desses Mundos de diferentes densidades.

Veja que o que nós mergulhamos em densidade na metade da Revolução, indo do Globo A até primeira metade do Globo D, nós nos elevamos desde a segunda metade do Globo D até o Globo G.

Repare também que descemos conquistando os Mundos e Regiões na metade da Revolução, indo do Globo A até primeira metade do Globo D.

Depois nós assimilamos totalmente a aprendizagem desde a segunda metade do Globo D até o Globo G.

Uma Revolução, do ponto de vista desse momento temporal, varia e pode levar bilhões de anos.

Primeiramente, uma parte da evolução realiza-se no Globo A, situado no Mundo 1, o mais sutil dos Mundos desse Período.

Gradualmente, a vida evolucionante vai-se transferindo ao Globo B, situado no Mundo 2 (aqui podendo ser uma Região de um Mundo), um pouco mais denso, onde se realiza um novo grau de evolução.

Em devido tempo, a vida evolucionante está pronta para entrar no Globo C, situado e composto de substância ainda mais densa do Mundo 3 (aqui podendo ser uma Região de um Mundo).

Depois de aprender as lições correspondentes a esse estado de existência, a onda de vida segue até o Globo D, situado e formado de substância mais densa (aqui podendo ser uma Região de um Mundo).

Este é o grau mais denso de matéria alcançado pela onda de vida durante o Período.

Esse é o estado involucionário e a substância dos Mundos faz-se cada vez mais densa e, ao longo do tempo, tudo tende a fazer-se cada vez mais denso e mais sólido.

Desse ponto a onda de vida é levada para cima novamente, ao Globo E que está situado na região menos densa do Mundo 3 (aqui podendo ser uma Região de um Mundo), tal como estava o Globo C, embora as condições não sejam as mesmas.

Mas, como o caminho evolutivo é composto de espirais dentro de espirais, ainda que se passe por idênticos pontos, não se apresentam nunca as mesmas condições, mas outras, em plano superior e mais avançado.

Completado o trabalho no Globo E, efetua-se o passo seguinte no Globo F, situado, como no Globo B, no Mundo 2, dali subindo ao Globo G.

Perceba: do Globo A à metade do Globo D mergulhamos em matéria de crescente densidade. Chamamos essa parte da Revolução de: Involução de uma Revolução.

Exatamente na metade do Globo D atingimos o nadir: o ponto mais denso dessa Revolução. Daqui para frente o caminho só nos leva a campos de evolução menos densos, mais sutis.

Assim, da metade do Globo D até o Globo G nos elevamos em matéria de decrescente densidade, de maior sutilidade. Chamamos essa parte da Revolução de: Evolução de uma Revolução.

Resumindo até aqui: quando se efetuou esse trabalho, a onda de vida deu uma volta em torno dos sete Globos, primeiro para baixo e depois para cima, através dos quatro Mundos.

Esta jornada da onda de vida denomina-se uma Revolução.

Agora vamos estudar o conceito de Período: sete Revoluções pelos sete Globos em 3 Mundos ou Regiões desses Mundos de diferentes densidades formam um Período.

Assim, quando a onda de vida completou sete voltas em torno dos sete Globos, ou sejam sete Revoluções, termina o Período.

Note que em cada Período há um ponto por onde entramos no Período  – sempre pelo Globo A – e um ponto onde saímos do Período – sempre pelo Globo G.

Vamos ver agora um exemplo de um Período completo:

O Período de Saturno é o primeiro dos sete Períodos. Nesse primeiro estágio os Espíritos Virginais dão o primeiro passo na evolução da Consciência e da Forma. Conforme mostra o Diagrama 7, esse impulso evolutivo dá sete voltas ao redor dos sete Globos, A, B, C, D, E, F e G, na direção indicada pelas setas.

Primeiramente uma parte da evolução se realiza no Globo A, situado no Mundo do Espírito Divino, o mais sutil dos cinco mundos que formam o nosso campo de evolução. Então, gradualmente, a vida que está evoluindo é transferida ao Globo B, que se situa no Mundo do Espírito de Vida, algo mais denso, onde ela passa por outro estágio evolutivo. No devido tempo, a vida que está evoluindo está pronta para entrar na arena do Globo C, composto da substância ainda mais densa da Região do Pensamento Abstrato, onde está situado. Depois de aprender as lições correspondentes a esse estado de existência, a onda de vida segue até o Globo D, formado da substância da Região do Pensamento Concreto, onde também está situado. Esse é o grau mais denso de matéria alcançado pela onda de vida durante o Período de Saturno.

Desse ponto a onda de vida é levada para cima novamente, ao Globo E, situado na Região do Pensamento Abstrato tal como o Globo C, embora as condições não sejam as mesmas. Esse é o estágio involucionário de modo que a substância dos mundos se faz cada vez mais densa. Ao longo do tempo tudo tende a fazer-se cada vez mais denso e mais sólido. Entretanto, como o caminho evolutivo é uma espiral, é claro que, ainda que se passe pelos mesmos pontos, nunca mais se apresentam as mesmas condições, mas outras em plano superior e mais avançado.

Completado o trabalho no Globo E, efetua-se o passo seguinte para o Globo F, situado no Mundo do Espírito de Vida como o Globo B, dali subindo ao Globo G. Quando se efetuou esse trabalho, a onda de vida deu uma volta em torno dos sete Globos; uma vez para baixo e outra para cima, através dos quatro Mundos, respectivamente. Esta jornada da onda de vida denomina-se uma Revolução, e sete Revoluções formam um Período. Durante um Período a onda de vida dá sete voltas descendo e subindo através de quatro Mundos.

Quando a onda de vida deu sete voltas em torno dos sete Globos, completando as sete Revoluções, terminou o primeiro Dia da Criação. Seguiu-se uma Noite Cósmica de repouso e assimilação, depois da qual teve início o Período Solar.

(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Cérebro e a Mente

O Cérebro e a Mente

Como todos os outros corpos ou órgãos por meio dos quais os veículos superiores e nós, o Ego, trabalhamos, o cérebro teve início antes que o germe da Mente fosse dado ao ser humano. Na Primeira Revolução do Período Terrestre, recapitulação do Período de Saturno, antes que o ser humano tivesse um Corpo Denso químico, quando ainda era um pensamento-forma e não havia se cristalizado o suficiente para ser chamado de químico, o primeiro impulso foi dado para construir a parte frontal do cérebro.

Portanto, nosso cérebro remonta ao início do Período Terrestre; naquele tempo distante, a substância da qual o cérebro foi construído era material de desejo, matéria da finura e plasticidade do Mundo do Desejo. Havia, entretanto, apenas um impulso, um cérebro germinativo, por assim dizer, e foi somente na quarta Revolução e na terceira Época, a Lemúrica, que realmente construímos um cérebro físico, composto de matéria mineral. Isso foi feito por meio da separação dos sexos, conforme estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos e na Bíblia. Metade da força criadora foi canalizada para cima, construindo o cérebro e a laringe.

O objetivo desse cérebro era funcionar como um veículo para a Mente. Há uma distância muito longa entre os primórdios do cérebro, na Primeira Revolução do Período Terrestre, e o seu desenvolvimento atual. Mesmo assim, hoje, apesar do nosso maravilhoso progresso, estamos apenas tocando a orla daquilo que ele deve ser. Provavelmente, nenhuma pessoa que vive entre a humanidade comum de hoje está usando mais da metade da massa cinzenta do cérebro.

Os antigos, não considerando os Iniciados, não tinham conhecimento das funções do cérebro. A palavra cérebro não ocorre em uma única parte da Bíblia. Os hebreus, em comum com outras raças antigas, aparentemente não tinham ideia de que o cérebro fosse o órgão de expressão da Mente. Eles pensavam que a Mente estivesse nos rins. Davi, em um de seus Salmos, disse: “o Senhor prova o coração e os rins”. Substitua a palavra “Mente” por “rins” e ela se torna inteligível. Jeremias, ao falar dos hipócritas daquela época, disse (Jr 12:2) que eles tinham o Senhor em suas bocas, mas não em seus rins (Mentes). No entanto, mesmo antes que os hebreus localizassem a Mente nos rins, os antigos babilônios a colocaram no fígado. Tanto quanto pode ser verificado, eles foram os primeiros a entender a Mente como um órgão corporal.

Alcemon, o pitagórico de Crotona, que viveu por volta de 500 a. C., foi o primeiro a mencionar o cérebro como o veículo do pensamento; porém ninguém deu atenção às suas afirmações, embora Platão, que viveu cerca de 200 anos depois, tenha desenvolvido a mesma teoria, mas de uma forma puramente especulativa, sem dar nenhuma razão para sua crença como Alcemon fizera. Aristóteles afirmava que o cérebro era um órgão de resfriamento que gelava o sangue para o coração e descobrimos, assim, que ao longo dos séculos, a Mente, como órgão do pensamento, foi atribuída primeiro a uma parte do corpo, depois a outra…

Em tempos bem modernos, sustentava-se a teoria de que “o cérebro fosse uma glândula que segregava pensamento como o fígado segrega a bile”. E hoje ainda existem muitos que, embora não o expressem de forma tão direta como visto na frase que acabamos de citar, pensam realmente assim, pois afirmam que não é uma presença animadora no Corpo Denso que tem o poder de pensar, mas que a capacidade de pensar é inerente ao próprio cérebro, estando tal ideia, em última análise, apenas um pouco afastada da “secreção de pensamento”.

O cérebro é dividido em dois hemisférios e os dois, no que diz respeito à matéria cinzenta, são exatamente iguais em todas as aparências, porém há uma diferença: o centro da fala (a Área de Broca) se desenvolve apenas em um hemisfério. O outro fato curioso foi trazido à tona: todas as pessoas destras têm o centro da fala desenvolvido no hemisfério esquerdo e as pessoas canhotas, no hemisfério direito: no entanto, nas pessoas ambidestras o centro da fala está presente em ambos os hemisférios.

Outro fato interessante é que ninguém nasce com o centro da fala já desenvolvido. Em geral, todos os bebês ouvem e enxergam ao nascer, embora não focalizem bem a visão, mostrando que nascem com os centros de visão e audição já construídos no cérebro; contudo, a criança precisa esperar um tempo que varia de dez meses a vários anos, em casos extremos, antes que a faculdade da fala seja adquirida.

A Ciência Material não nos dá qualquer explicação sobre essa variação no uso dos sentidos; mas, se olharmos para o nosso Conceito Rosacruz do Cosmos, encontraremos o motivo. Lá, aprendemos que o ouvido é o órgão sensorial mais antigo e mais desenvolvido que temos. Em seguida, descobrimos que, na Época Polar, o tato era um sentido localizado. A Ciência Material não conseguiu encontrar no cérebro o centro do tato (apesar de sempre haver algumas hipóteses); ela se pergunta sobre sua ausência e diz que ainda não está localizado com certeza ; porém os Estudantes Rosacruzes da Fraternidade Rosacruz sabem que durante a Época Polar o tato estava localizado na Glândula Pineal e, desde então, foi distribuído por todo o corpo e a sensação do tato nunca mais estará localizada no cérebro, pois atingiu um estágio de relativa perfeição.

Nenhuma menção especial é feita no Conceito Rosacruz do Cosmos ao sentido do paladar, mas por um processo de raciocínio podemos chegar à conclusão de que foi um dos sentidos desenvolvidos em um estágio inicial da nossa evolução, pois o bebê demonstra muito rapidamente sua capacidade para reconhecer doces, quando colocados em sua boca.

A capacidade de nos expressar pela fala pertence apenas ao ser humano. Nenhum dos Reinos inferiores, em desenvolvimento da consciência, pode se expressar dessa forma. Ela foi adquirida na Época Lemúrica, mas devemos lembrar que nessa Época não usávamos palavras como fazemos hoje. Naquela Época, “sua linguagem consistia em sons parecidos com os da natureza”, diz o Conceito Rosacruz do Cosmos. A habilidade de usar palavras para expressar os sentimentos veio depois.

O Lemuriano era capaz de perceber a Luz através dos pontos sensibilizados que mais tarde se desenvolveram nos nossos olhos atuais. O Conceito Rosacruz do Cosmos não afirma qual sentido foi aperfeiçoado primeiro, mas podemos razoavelmente concluir que o olho foi construído antes que a faculdade da fala fosse aperfeiçoada, pois sabemos que a prática gera perfeição e a longa prática no uso do ouvido e do paladar, também ao construir esses centros em cada novo Corpo Denso que ocupamos, nos permitiu construí-los em um período mais curto do que os centros de faculdades adquiridos posteriormente.

Assim, durante a vida pré-natal, fazemos o trabalho das primeiras Revoluções e Épocas iniciais e continua até nossos dias atuais, no que diz respeito aos centros de audição e paladar; assim, a criança nasce com a capacidade de ouvir e o paladar totalmente desenvolvido, porque os centros desses sentidos estão, aparentemente, embutidos no cérebro. O sentido da visão, sendo um desenvolvimento posterior, não é perfeito: embora o centro esteja embutido no cérebro e a criança possa ver ao nascer, é necessário um tempo mais longo do que a duração da vida pré-natal para aprender a usar os olhos físicos e focá-los corretamente.

Embora a fala aperfeiçoada possa não ser uma aquisição posterior à visão, é o único dos sentidos que não compartilhamos com o Reino animal e é necessário mais tempo para aperfeiçoá-lo. Carecemos da prática que nos capacita a construir o centro para a fala, na vida pré-natal, e a criança nasce enquanto ainda está no estágio Lemuriano de seu desenvolvimento. Como o antigo Lemuriano, ela enuncia os sons e continua a fazê-lo até que, com o tempo, tenha terminado o trabalho sobre aquele centro e, gradualmente, de maneira gaguejante e hesitante, aprenda a se fazer compreender por meio da palavra falada.

Também pode ser que as variações observadas no período necessário para o desenvolvimento do centro da fala dependam da evolução dessa espiral particular. Talvez isso nos dê uma pequena iluminação sobre a maneira pela qual os antigos Lemurianos eram capazes de se comunicar uns com os outros, usando apenas sons ululantes, quando nos lembramos da rapidez com que as mães podem interpretar os desejos do seu bebê a partir do caráter do choro.

O centro da fala é frequentemente destruído por acidente, doença, etc. Quando o acidente ocorre na infância, foi notado que, depois de um período variável (dependendo um pouco da idade da criança), a faculdade da fala é recuperada. O Ego constrói um novo centro na Área de Broca, no hemisfério oposto. Em todos os casos, na investigação por exame post mortem (o único meio de investigação aberto ao cientista material), o novo centro é aparente, porque o antigo pode ser visto em sua condição destruída.

O cérebro da criança é plástico, como o resto do corpo, e pode ser facilmente moldado para atender às necessidades do Ego; no entanto, nos adultos essa capacidade parece não existir. Em todos os casos de adultos em que foi possível investigar, após a morte, demonstrou-se que a recuperação parcial da faculdade da fala ocorreu por uma reconstrução daquele centro ferido e não pela instalação de um novo centro.

Todos nós conhecemos esta frase: “O pensamento sulca o cérebro”. Isso é literalmente verdade: a matéria cinzenta dobra-se repetidamente sobre si mesma e novas áreas do cérebro são formadas, como prateleiras em uma biblioteca, uma acima da outra. Se você deseja estudar um novo idioma, por exemplo, deve fazer uma nova prateleira e nós podemos, assim, organizar novas áreas do cérebro para realizar novas funções; contudo, a dificuldade com que isso é feito aumenta com o avanço da idade. Existem grandes áreas no cérebro que são lisas e sem sulcos; a dedução lógica é que não estamos usando essas partes. Isso nos dá uma ideia de como nossos cérebros podem desenvolver uma capacidade mental aumentada, no futuro, viabilizando que essas áreas lisas sejam cultivadas.

Vamos deixar o cérebro de lado, por enquanto, e dar uma olhada rápida na Mente. Na terceira Época ou Época Lemúrica, os pioneiros que se prepararam para a recepção da Mente receberam o seu núcleo dos Senhores da Mente, que irradiaram de si mesmos a substância que ajudou o ser humano a construir a Mente germinativa; mas a maioria da humanidade não estava pronta, naquela época, para esse novo passo e teve que esperar até a Época Atlante. A Mente é o nosso último veículo adquirido e o mais importante. Na grande maioria das pessoas, ela é informe e desorganizada: está em seu estágio mineral e tem poder apenas sobre os minerais. Poucos são capazes de ter pensamentos originais; tudo o que muitos de nós fazem é refletir os pensamentos de outras pessoas, estejam elas nos Mundos visível ou invisíveis.

“A Mente foi dada ao ser humano para que, pela obra do Ego através dela, o Pensamento e a Razão pudessem ser desenvolvidos, de modo que o desejo possa ser conduzido por canais que levem à obtenção da perfeição espiritual”. A Mente é composta da substância da Região do Pensamento Concreto e é, atualmente, uma essência semelhante a uma nuvem. Sendo o veículo mais jovem, ele tem um período de desenvolvimento mais curto do que nossos outros veículos e leva vinte e um anos, após o nascimento do Corpo Denso, para trazê-la à luz. É nosso desejo de conhecimento que nos impele a pensar; portanto, o egoísmo está na base de nossa capacidade de refletir.

A Mente é, temporariamente, extraída do Corpo Denso durante o sono, mas quando a morte acontece, ela é retirada permanentemente e permanece com o Ego, até que ele deixe o Segundo Céu e vá para o Terceiro, quando ela é dissolvida e sua a substância é deixada na Região do Pensamento Concreto.

Vamos olhar para frente e ver como será a Mente nos Períodos futuros. Como agora, durante o Período Terrestre, ela está em seu estágio mineral, atingirá o estágio de planta no Período de Júpiter; então se tornará viva e seremos capazes de trabalhar com vida, com plantas vivas, como os Anjos estão fazendo agora. Seremos capazes de criar vida pela imaginação e dar existência pelo pensamento a formas que viverão e crescerão como plantas; teremos a orientação do Reino vegetal nesse Período (nossos minerais atuais). No Período de Vênus, o Reino vegetal terá avançado para o Reino animal e nós daremos a eles formas vivas, com sentimento. No Período de Vulcano, nossas Mentes terão alcançado o estágio em que poderão criar ou propagar outras Mentes e nós daremos para a humanidade daquele Período a Mente germinativa.

Tendo visto uma breve revisão de várias fontes, da origem e do desenvolvimento do cérebro e da Mente, vejamos se podemos descobrir de que modo a Mente usa o cérebro como um veículo físico de expressão. Talvez devamos nos perguntar como nós combinamos os dois, porque nós, o Ego, estamos na base da Mente. Somos informados no Conceito Rosacruz do Cosmos de que o Éter Refletor é o meio pelo qual o pensamento é impresso no cérebro. Existem vários métodos pelos quais um pensamento pode atingir o cérebro. O primeiro, e mais geralmente usado, é o descrito no Conceito Rosacruz do Cosmos, em que estudamos os Éteres. Estamos todos perfeitamente familiarizados com este método — como o pensamento é lançado, já como forma de desejos, no Corpo de Desejos e, se a Força de Atração é despertada, então esse pensamento entra em espiral no Corpo de Desejos, é estimulada a forma de desejos, como se fosse acrescentada energia ao pensamento-forma e ela é revestida de matéria de desejo: então pode atuar no cérebro etérico e, por meio desse, no cérebro físico, para compelir a ação.

Se a Força de Repulsão for despertada no Corpo de Desejos, ocorrerá uma luta entre a força espiritual, na forma de pensamento, e o Corpo de Desejos; sabendo desse fato, devemos ser cuidadosos para que, quando nós, como Egos, desejamos despertar uma boa ação, a forma de pensamento que enviamos tenha por trás dela, e dentro dela, suficiente vontade e energia espiritual para que possa lutar por seu caminho, apesar da Força de Repulsão, assegurando o material de desejo necessário para se incorporar, em vez de ser expulsa do Corpo de Desejos. Se houver pouca vontade, poucas das nossas boas disposições se tornarão mais do que impulsos, pois a força espiritual está ausente.

Outro método pelo qual o Ego pode imprimir pensamentos no cérebro é por meio do sangue. O sangue é o veículo do Ego e carrega nossos sentimentos e emoções. É, em certo sentido, o veículo da memória subconsciente (ou Mente subconsciente) e está em contato com a Memória da Natureza, que é muito mais precisa do que a memória consciente (ou Mente consciente). As imagens do Éter Refletor são transportadas para os pulmões pelo ar que respiramos e a partir daí, transmitidas ao sangue; à medida que o sangue flui para todas as partes do corpo, incluindo o cérebro, uma impressão mais ou menos distinta daquilo que ele contém em seu depósito, incluindo o pensamento subconsciente, pode ser impressa no cérebro pelo Ego, caso se tornar necessário.

Outra maneira é pela memória superconsciente (ou Mente superconsciente) – também chamada de memória Supraconsciente -, inata ao Espírito de Vida, que é capaz de se imprimir diretamente no Éter Refletor do Corpo Vital sem a necessidade de se revestir de matéria de desejo: isso é a intuição ou a consciência que fala conosco. De uma quarta forma, o Espírito de Vida pode transmitir sua mensagem de sabedoria diretamente ao coração, que instantaneamente a transmite ao cérebro por meio do nervo pneumogástrico, resultando as primeiras impressões, os impulsos intuitivos do Espírito de Vida.

Tendo rastreado a origem e o desenvolvimento da Mente e do cérebro, olhado para o futuro e tido um vislumbre da evolução da Mente durante os três Períodos que virão e compreendido amplamente o quanto as nossas Mentes atuais permitirão a imensidão desse plano final, consideremos agora alguns dos métodos pelos quais o desenvolvimento da Mente e do cérebro pode ser realizado, ambos tendo como objetivo do desenvolvimento a evolução espiritual do Ego.

Vamos começar com o cérebro: todos nós conhecemos a conexão íntima que existe entre o cérebro, o sistema nervoso e o sangue. O sangue é o meio pelo qual o alimento é levado às várias partes do corpo e o tipo de alimento que comemos deve ter grande influência sobre o cérebro. O Conceito Rosacruz do Cosmos nos informa que “o fósforo é o elemento particular por meio do qual o Ego é capaz de expressar o pensamento e influenciar o Corpo Denso”.

O fósforo se encontra em maior concentração no cérebro e “a proporção e variação desta substância corresponde ao estado e estágio de inteligência do indivíduo… Portanto, é de grande importância ao Aspirante à vida superior que vai usar seu corpo, pois o trabalho mental e espiritual deve suprir seu cérebro com a substância necessária para esse propósito”. Mais uma vez, Max Heindel diz: “Além disso, devem ser selecionados os alimentos que são mais facilmente digeridos, porque quanto mais facilmente a energia dos alimentos é extraída, mais tempo o organismo tem para se recuperar, antes de ser necessário repor o fornecimento”.

É importante que os vários órgãos fornecidos com a finalidade de livrar o corpo dos resíduos devem ser mantidos em perfeito funcionamento (e isso inclui a pele), ou o sangue ficará envenenado e transportará esse veneno para o cérebro, produzindo lentidão mental e, às vezes, até estupor.

Sabemos, por nossos Ensinamentos Rosacruzes, que a força criadora construiu o cérebro em primeiro lugar e é razoável concluir que a mesma força melhorará o cérebro, se for direcionada para cima e não desperdiçada por ordem do Corpo de Desejos.

Para entender o próximo método de melhora do cérebro, vamos recordar o que foi dito no início deste artigo a respeito de diferentes áreas do cérebro serem dedicadas a diferentes linhas de pensamento. Todos nós temos, dentro de nossos cérebros, certas áreas dedicadas ao pensamento egoísta. O pensamento destrói o tecido e, como nos diz o Conceito Rosacruz do Cosmos, o tecido destruído, assim como todos os outros resíduos do corpo, é substituído por novo tecido pelo sangue.

O coração era um músculo involuntário, mas aos poucos está se tornando um músculo voluntário, desenvolvendo listras ou estrias cruzadas como os outros músculos voluntários. Essas listras cruzadas podem ser incrementadas por certos exercícios ocultos, de modo que o tempo necessário para desenvolver o coração e torná-lo um músculo voluntário pode ser bastante reduzido pelo treinamento oculto; quando o coração se tornar um músculo voluntário totalmente desenvolvido, a circulação do sangue passará do controle do Corpo de Desejos para o influência absoluta do Espírito de Vida; esse veículo poderá então cancelar o suprimento de sangue para as áreas do cérebro dedicadas a propósitos egoístas: já que os pensamentos egoístas destruirão os tecidos e nenhum suprimento novo de sangue será enviado para aquele lugar, eles irão se atrofiar, gradualmente. Ao mesmo tempo, as áreas dedicadas ao pensamento altruísta serão aumentadas pelo maior suprimento de sangue e, dessa forma, o cérebro se tornará um fator poderoso no desenvolvimento espiritual.

Resta ver como a Mente pode ser melhorada. A concentração é um dos grandes auxílios, já que, por meio dela, a Mente torna-se direcionada; também pelos estudos do pensamento abstrato, preservando o estado fluídico de adaptabilidade, ou seja, mantendo a Mente aberta para que não se cristalize em uma linha de pensamento, mas esteja sempre pronta a assimilar novas verdades. A Religião é uma forma de ajudar a melhorar a Mente. Quando nossa Mente era nova, ela se fundiu com o Corpo de Desejos e, assim, as Religiões de Raça foram dadas para emancipar a Mente do desejo. A Mente deve ser mantida em seu devido lugar, como um elo entre o “Eu superior” e a Personalidade; deve, assim, procurar dar as mãos para o “Eu superior”; dessa forma seremos salvos das experiências que surgem quando a Mente fornece uma aliança ao Corpo de Desejos.

O Conceito Rosacruz do Cosmos afirma que a oração pela Mente é a parte mais importante da Oração do Senhor, o Pai-Nosso. Afirma ainda: “o espelho da Mente contribui cada vez mais para o crescimento espiritual, à medida que os pensamentos que ele transmite para o Ego, e a partir dele, aperfeiçoam-no para um brilho máximo, aguçando e intensificando seu foco cada vez mais para um único ponto, perfeitamente flexível e sob o controle do Ego”. É de grande importância que tenhamos apenas o tipo certo de pensamentos em nossa Mente, porque pensamentos de caráter semelhante serão atraídos a nós pelos pensamentos que já estão em nossa Mente. Se tivermos pensamentos espirituais, eles crescerão e aumentarão, porque “semelhante atrai semelhante”. A Mente, assim como todos os outros veículos, pode ser espiritualizada pelo cultivo das faculdades da observação, discriminação e memória, devoção a ideais elevados, oração, concentração e do uso correto das forças vitais.

Por último, todo trabalho que fizermos em nosso Corpo de Desejos, purificando os desejos e emoções, será extraído do Corpo de Desejos em forma da Alma Emocional e nos Mundos celestes ela será amalgamada ao Espírito Humano, o que resultará em Mentes melhores em vidas futuras.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de jul/1918 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Efeito do Temor do Ponto de Vista Espiritual

O Efeito do Temor do Ponto de Vista Espiritual

Sabemos que no nosso Sistema Solar evoluem muitas ondas de vida.

No Mundo Físico, cuja Região Química é a que chamamos de visível, estão as ondas de vida mineral, vegetal, animal e humana. Falaremos aqui da nossa onda de vida, a humana.

Vamos voltar um pouco no tempo e lembrar que, na Época Lemúrica, o Ego tomou posse de seus veículos, constituindo os órgãos dos sentidos, a laringe e, sobretudo, o cérebro. E parte da força sexual criadora foi empregada na construção do cérebro, órgão com que o Ego adquiriu o poder de criar e de expressar pensamentos aqui no Mundo Físico.

O ser humano é constituído por quatro veículos: Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente; cada um desses veículos é formado de matéria de seu respectivo Mundo. E é com esses corpos que nos preparamos para trabalhar, aprender e servir aqui neste Mundo que é o baluarte de nossa evolução.

Nós, como Egos, através da Região do Pensamento Abstrato, utilizamos os sentidos para observar o mundo exterior e por meio dessas impressões obtidas são gerados os sentimentos e emoções no Corpo de Desejos que finalmente são refletidos na Mente. Aí surgem as “ideias” que revestida de material mental da Região do Pensamento Concreto se expressam através da Mente em “pensamento-forma” ou imaginação.

O pensamento é a mola que impulsiona toda a atividade humana. E hoje em dia nos encontramos em meio de tantas mudanças internas e externas, muitas vezes repentinas e sempre acompanhadas de um estado de agitação e desassossego. Onde as Mentes das pessoas têm estado em constante alteração, isso acaba por se refletir nos seus atos, nos seus pensamentos e também no modo de se expressar.

É no caminho da espiritualidade que devemos tentar superar um dos maiores obstáculos que o Aspirante enfrenta: o temor. Acredito que qualquer pessoa tenha passado por isso e continuará passando, se não procurar vencer essas debilidades e aprender com elas.

Os temores que nos assombram são: o desastre, a perda de um familiar ou amigo, o fracasso, a enfermidade, o medo de andar de avião, de água, da morte, a timidez e tantos outros que existem, dos quais, por meio de desculpas nos escondemos de alguma maneira para não os enfrentar.

Acontece que se agirmos dessa maneira, negaremos nosso Deus Interno. Pois sabemos que esses temores nada mais são do que uma debilidade da nossa Mente humana, uma fraqueza da nossa imaginação, uma desconfiança em nós mesmos.

Que efeitos o temor pode nos causar?

Os efeitos do temor sobre o Corpo de Desejos são muitos prejudiciais ao nosso desenvolvimento anímico. Para se ter uma ideia, podemos comparar o temor à água, quando congelada, porque os Corpos de Desejos das pessoas que abrigam esses pensamentos, estão imóveis, como o gelo e nada pode alguém dizer ou fazer que irá alterar essa condição ou situação da pessoa.

Sempre que alguém tiver um pensamento de temor, irá congelar as correntes do Corpo de Desejos e com isso a pessoa se isolará de receber amor, simpatia e carinho de todos que a rodeiam.

Os efeitos dele no Corpo Vital também são danosos. Pois sabemos que o sangue é o mais elevado produto do Corpo Vital.

Quando se cria um Pensamento-forma de natureza destrutiva, projeta-se esse pensamento no mundo e gasta-se inutilmente sua energia que depois do trabalho executado é retornado ao criador com mais força do que foi. O resultado dessa viagem é impresso via Éter Refletor no que chamamos de Mente subconsciente.

O pensamento negativo também destrói os tecidos do Corpo Denso. Eles acabam por destruir o poder de resistência do corpo, expondo-o a várias enfermidades.

Então, podemos perceber que a cada ato que realizamos, a cada emoção que expressamos, a cada pensamento que emitimos, estamos fazendo repercutir em nossa saúde, em nosso ambiente e também em nosso destino, seja construtiva ou destrutivamente.

Portanto, toda vez que isso acontecer seremos influenciados pelas vibrações mais baixas do Mundo do Desejo e apoiaremos unicamente a parte humana do nosso ser, esquecendo a parte divina. Toda vez que nos alimentamos de pensamentos negativos, alimentaremos nosso arquétipo de substância mental negativa, atrasando, consequentemente, a construção do nosso Templo, assim como a nossa chegada até o Pai. Violaremos a Lei do Amor, trazendo desordem e sofrimento a nós.

Existe, no Mundo do Desejo, a Lei de Atração, que está constantemente agindo em nossas vidas. Sabemos que “semelhante atrai semelhante” ou que “o imã atrai a limalha de ferro”. Isso é muito notado quando as coisas ao nosso redor começam a não correr bem, quando achamos que o mundo inteiro está contra nós, quando a nossa saúde não vai bem, quando as coisas materiais nos são negadas e até mesmo as espirituais. E toda vez que nos alimentamos desses sentimentos, seremos mais e mais suscetíveis a erros e fraquezas.

De que vale termos olhos e não vermos? Termos recursos e não sabermos apreciar o verdadeiro, o belo e o bom? É momento de mudar a maneira de pensar. É momento de mantermos firmemente o nosso foco mental em pensamentos elevados. Encontraremos muita ajuda por parte dos Líderes Espirituais que esperam de nós essa atitude louvável para progredir.

Porque nós somos dotados do livre-arbítrio, portanto só quando expressamos a força de vontade interna é que começaremos a receber a ajuda necessária, mas mergulhados na ignorância acabamos por empregá-lo mal.

É por meio de pensamentos de amor e bondade que despertaremos qualidades boas nos outros. É por esses pensamentos também que atrairemos pessoas com boas qualidades. É através deles que poderemos curar nossas enfermidades. E como buscar o equilíbrio no meio de todo esse tormento?

No livro da Revelação (Apocalipse) lemos: “Ao que vencer, farei dele um pilar do templo do meu Deus e dele não sairá mais”. Devemos buscar a fé como instrumento poderoso para expulsar o temor de nosso espírito, pois ela é o canal que se abre com Deus e nos coloca internamente ligados a Ele. Devemos também permanecer leal a nosso propósito de vida que é estarmos neste mundo para adquirir experiência e não a busca da felicidade.

Devemos também mediante a oração produzir pensamentos delicados e puros que possam purificar o Corpo Vital. A oração do Pai Nosso, dada por Cristo, é a mais completa de todas.

Ela ajuda na conquista do domínio próprio por meio da repetição (nota-chave do Corpo Vital) e harmoniza o Corpo Vital tornando-nos mais fraternos. Em Romanos Cap. 12:2 lemos: “Não vos conformeis com este mundo; mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento (espírito), para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe agrada e o que é perfeito“.

Lembre-se: “Herói não é o que realiza façanhas sensacionais. Herói é o que aceita o desafio das pequenas dificuldades diárias, uma a uma, mediante o conhecimento e o domínio próprio. Cada vitória alcançada, cada pouco caso ou insulto perdoado, cada pensamento e sentimento de mágoa substituído por ato de boa vontade, manifestado em circunstância difícil, é um expressivo passo à frente, na direção de uma vida harmoniosa, feliz e cheia de paz”.

Portanto, como o pensamento é uma força criadora que sempre precede nossas ações, devemos ter somente pensamentos de pureza, pensamentos construtivos e construirmos nosso arquétipo de substância mental elevada.

Max Heindel diz no “Conceito Rosacruz do Cosmos” (nossa obra básica) que: “O que somos, o que temos, todas nossas boas qualidades, são o resultado de nossas próprias ações no passado. E aquilo que precisamos física, moral e mentalmente, poderá ser nosso no futuro“.

“Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

Idiomas