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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Cartas de Augusta Foss Heindel: Última Mensagem da Sra. Augusta Foss de Heindel

Querido amigo e querida amiga:

Eu, Augusta Foss Heindel, estando no ano oitenta e quatro de minha vida e, tendo em conta que, de acordo com as leis físicas, deverei, a qualquer momento, deixar o plano terreno, estou profundamente interessada e preocupada com o bom andamento desta obra, cuja continuidade nos foi confiada pelo meu esposo, inspirado pelo Mestre. Sinto-me no dever de escrever a cada um pessoalmente sobre assuntos de capital importância, relacionados com os ensinamentos Rosacruzes.

Como você já sabe, em 1898 eu me encontrei pela primeira vez com Max Heindel. Isso se deu em uma conferencia teosófica na cidade de Los Angeles. Atendi solicitação dele, emprestando-lhe e facilitando-lhe livros que o ajudaram muito em sua busca de um maior conhecimento das verdades espirituais. Fui sua companheira infatigável, e todos os dias ele ia à casa de minha mãe para que eu lhe ministrasse aulas de astrologia.

Anelando verdades mais profundas, Max Heindel esteve, em 1907, na Alemanha, onde esperava encontrar a ajuda de um mestre. Desiludido com o que encontrou, decidiu providenciar seu regresso aos Estados Unidos. Enquanto aguardava a partida do navio, recebeu a visita de um ser misterioso, que mais tarde reconheceu como sendo o “Mestre” (da Ordem Rosacruz) oferecendo-lhe conhecimentos de grande elevação.

Tais conhecimentos ser-lhe-iam ministrados sob a condição de não os divulgar a outrem. Deveriam permanecer em segredo. Como Max Heindel desejava compartilhá-los com outros buscadores da verdade, não aceitou a proposta. O “Mestre” se foi deixando-o só.

Novamente deparou com o “Mestre” em seus aposentos. O misterioso ser afirmou tê-lo submetido a uma prova, por sinal, vencida com muita segurança. Se tivesse aceitado à proposta de manter em sigilo aqueles ensinamentos, o Irmão Maior não mais teria voltado. Os Ensinamentos Rosacruzes deveriam ser condensados em um livro (“CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS”) e levados a público antes do encerramento da primeira década do século, isto é, até dezembro de 1909.

O primeiro bosquejo do livro foi feito no Templo, na Europa. Posteriormente, foi ampliado e enriquecido na atmosfera elétrica dos Estados Unidos, para onde Max Heindel voltou na primavera de 1908. O “Conceito” foi novamente revisado no verão de 1908 e completado em setembro do mesmo ano.

Logo em seguida iniciou-se a luta, renhida, diga-se de passagem, para editá-lo. Não se logrou êxito até o final do ano de 1909. Ao findar-se o outono de 1908, Max Heindel proferia conferências em Columbus, Ohio, fundando ali o primeiro Centro da Fraternidade. Dirigiu-se depois a Seattle e em agosto de 1909 organizou o primeiro Centro naquela cidade.

Em 10 de agosto de 1910, Max Heindel e Augusta contraíram matrimônio na cidade de Santa Ana, Califórnia. No dia seguinte ele encetou viagem a diversas cidades como Seattle, Portland e outras, com o intuito de realizar uma série de conferências. Durante essa viagem ele escreveu para a Sra. Augusta: “14 de agosto de 1910… Eu sempre lhe desejei falar sobre a orientação espiritual dos Irmãos Maiores. Devemos agir sempre segundo os ditames do nosso ‘Ser Interno’, até onde seja possível, independentemente dos conselhos dos demais, não importando quanto os admiremos e respeitemos. Somos responsáveis pelos nossos atos, ainda que outros nos induzam a praticá-los. Por isso temos de analisar os conselhos e sugestões recebidos para verificar se coincidem com nossa apreciação do reto e do justo. Uma noite você defendia o justo ainda que isso pudesse custar a sua felicidade. Eu não posso nem lhe contar como senti profundamente quando você me revelou. Esteja sempre firme em defesa da justiça e da retidão tal como as compreende, ainda que contra mim mesmo ou o Mestre quando encontrá-lo, ou contra as leis que você julga emanarem de Deus, porque o justo é o justo, não importa quem diga o contrário. É preferível cometer um erro por iniciativa própria do que por deferência a alguém. Temos de desenvolver a capacidade de manejar nossos veículos, mas, simultaneamente, devemos fazer o mesmo com nossa autoconfiança, guiando-a por meio do conhecimento do Eu Superior”.

“21 de agosto de 1910… O Mestre felicitou-me, dizendo ter esperança de algum dia poder recebê-la no Templo como uma filha e chamou-me de ‘filho’, coisa que não havia feito até então. Ademais eu o notei mais afetuoso do que nunca”.

“setembro de 1910… Senti-me feliz quando o Mestre anunciou esperar algum dia dar-lhe as boas-vindas como filha no Templo. Este é meu grande e sincero desejo: ver o dia em que juntos entraremos para receber a benção dos IRMÃOS”.

“12 de novembro de 1910… Meus amigos disseram às autoridades eclesiásticas que sou um verdadeiro e devoto cristão. Eu não teci comentários a respeito, mas sustento minhas palavras, fazendo referências sobre passagens bíblicas, coisa a que me habituei, ainda que em outras ocasiões eu o faça com maior frequência, porque nossos ensinamentos são cristãos por excelência”.

Algum tempo antes do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, Max Heindel regressou a Los Angeles, chegando em casa muito enfermo, pois sofria de uma debilidade cardíaca. Vivíamos em uma pequena moradia em Ocean Park, Califórnia, onde mesmo acamado escreveu sua carta aos Probacionistas. A Sra. Heindel imprimiu-a em uma antiga impressora manual, remetendo-a em envelopes personalizados. Isso aconteceu em dezembro de 1910. A elaboração das cartas aos Probacionistas prosseguiu à custa de ingentes esforços, ao longo dos doze meses subsequentes. Naquela época a Fraternidade foi denominada “ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE CRISTÃOS MÍSTICOS”, estabelecendo-se o lema: “UMA MENTE PURA, UM CORAÇÃO NOBRE E UM CORPO SÃO”.

Muitas vezes, tanto verbalmente como por escrito, Max Heindel referia-se a Sra. Augusta como “sua querida companheira na obra”. Consideravam-se insignificantes demais para executar uma tarefa de tamanha envergadura como a de difundir a Filosofia Rosacruz: “Nós temos orado muito, pedindo ajuda, contudo, quando olhamos para trás, constatamos quão benéficas tem sido as lições aprendidas em meio às lutas”.

“O que o ser humano aprende isso ele pode fazer. Eu e Augusta temos obtido conhecimento à custa de muito esforço. E outros que também estão trabalhando amorosa e tenazmente pelos mesmos ideais, ajudando e tratando de elevar a humanidade, também encontram uma ILUMINAÇÃO inaccessível àqueles que buscam somente vantagens materiais.”

Em 1911, Max Heindel e Augusta Foss Heindel adquiriram a área onde hoje encontra-se instalada a Sede Mundial e que ela chamava de “Mount Ecclesia”. Augusta vendeu propriedades e valores recebidos por herança e prazerosamente aplicou-os na ereção dos prédios de Mount Ecclesia.

Em janeiro de 1913, foram elaborados os estatutos conforme a lei, constituindo-se legalmente um órgão depositário das propriedades e administrador de Mount Ecclesia. Os estatutos foram registrados pelo Sr. e Sra. Heindel, os únicos conectados com a Fraternidade, e outros três desconhecidos, amigos do advogado contratado para tal fim.

Do livro “ENSINAMENTOS DE UM INICIADO”, no capítulo intitulado “Nosso Trabalho no Mundo”, extraímos o seguinte: “Quando adentramos ao Templo, bom espaço de tempo foi empregado em uma entrevista com meu Instrutor e nela foi delineado o trabalho da Fraternidade, tal como os Irmãos queriam que se levasse a cabo. A característica principal da ação era a de evitar até onde fosse possível uma organização excessivamente formal ou ao menos torná-la mais aberta, porque segundo as palavras de meu interlocutor, por boas que sejam as intenções, enquanto se institua cargos e consequente poder capaz de despertar a vaidade humana, a tentação surge muito atrativa para a maioria, anulando o nobre objetivo de fomentar a individualidade e autoconfiança a serviço de ideais superiores. As leis e regulamentos implicam limitações e por essa razão devem ser instituídas o menos que se puder. O Mestre ainda julgava possível permanecer a Fraternidade livre de toda a regulamentação,

Depois de 6 de janeiro de 1919, quando Max Heindel passou para o além, a Sra. Heindel, com o auxílio de alguns poucos e leais Probacionistas, continuou a dirigir todas as atividades esotéricas da Fraternidade Rosacruz sob a denominação de THE ROSICRUCIAN FELLOWSHIP, estabelecida por seu fundador em 1908.

Desafortunadamente, em 1943, alguns Probacionistas mal orientados, débeis ante a tentação do poder pessoal, fizeram menção de dominar e tomar em suas mãos os trabalhos esotéricos da Fraternidade, reivindicando todo o patrimônio em nome de sua organização temporal.

Os acontecimentos tomaram tal rumo a ponto de obrigar a Sra. Heindel, apoiada por um grupo de leais Probacionistas, a estruturar a entidade sob a égide das leis que protegem as igrejas e organizações religiosas no Estado da Califórnia. Isso tanto para assegurar o direito de todos como membros, como para usar as propriedades no serviço esotérico. Estabeleceu-se, então, uma forma democrática de governo eclesiástico.

Em nossa revista “ECOS” de 10 de outubro de 1913, destacamos o seguinte trecho da mensagem de M. Heindel: “Por nada, o Sr. e a Sra. Heindel devem ser colocados em um pedestal, pois não lhes compete tal lugar e nem alimentam pretensões dessa natureza. Todos têm a mesma oportunidade de servir e o serviço é o único caminho conducente à elevação. Não importa quão eficientes sejamos em servir, se nos vangloriamos de nossas obras, o único galardão será nossa efêmera glória pessoal. Não devemos reconhecer outra direção que a de Cristo, nem sequer a direção dos Irmãos Maiores, porque eles não determinam, mas aconselham como amigos. Devemos trabalhar incansavelmente para remover os blocos de pedra, obstrutores do caminho da humanidade. Isso pode ser feito da melhor maneira, seguindo a obra iniciada pelos Irmãos Maiores”.

No livro “ENSINAMENTOS DE UM INICIADO” lemos: “… e a Sra. Heindel está comigo nisto, como nos demais trabalhos”.

Na lição de julho de 1912, destacamos o seguinte trecho: “… mesmo com as facilidades atuais, não podemos fazer muito mais do que estamos fazendo no serviço de Cura. Eu e a Sra. Heindel temos somente quatro mãos e essas já se encontram ocupadíssimas. Uma poderosa plêiade de ajudantes espirituais nos fornece cobertura, todavia, somos o foco através do qual se dá o contato físico, e a verdadeira ajuda física constitui necessidade premente ao prosseguimento da obra”.

O futuro desta obra está em sua própria maneira de manter-se firme. E, somente pelos seus esforços e sacrifícios pessoais você poderá colaborar na consolidação da “ASSOCIAÇÃO DE CRISTÃOS MÍSTICOS”, a verdadeira Fraternidade Rosacruz. A força tremenda assim gerada levará nossos ensinamentos ao mundo inteiro.

Meu querido amigo e minha querida amiga: Agora você entenderá por que eu, sobrecarregada com tanta responsabilidade, necessito de assegurar-me por meio desta mensagem que depois de minha passagem, está grande obra cumprirá o destino previsto pelo Mestre, o Irmão Maior e Max Heindel.

Ponderei e concluí que a continuidade e a segurança de todas as atividades esotéricas devem ser confiadas somente aos Probacionistas e Discípulos que, eleitos pela Assembleia, possam efetuar o trabalho essencial na Sede Mundial e nos Centros localizados nas diferentes partes do mundo.

Para colaborar de acordo com sua eleição sob um sistema democrático, conduzindo o trabalho desta Sede, objetivando a divulgação desta Filosofia como tem sido feito até agora, tenho que designar desde este momento a Jorge Schwenk, Srta. Joyce Junsfor, Sra. Helena de Cash, Sr. Frank Bowman e o magistrado James R. Armstrong. Desejo que você continue a trabalhar leal e desinteressadamente com nossos representantes eleitos, os quais, ajudados por Deus, continuarão o trabalho da Fraternidade Rosacruz.

Desejo ansiosamente que todos os Estudantes Rosacruzes continuem seus estudos esotéricos e devocionais sob a orientação dos acima mencionados representantes, dos Probacionistas e que esses mesmos Estudantes possam, no devido tempo, tomar parte no trabalho e responsabilidade de difundir os Ensinamentos Rosacruzes.

AUGUSTA FOSS HEINDEL

Oceanside, 23 de janeiro de 1948

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1972-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Na busca de Cristo: quem você acha que Ele realmente é?

Existe só um Cristo. Atualmente, no mundo existem mais de bilhões de Cristãos – um bilhão, mil bilhões de cristãos – entretanto, desse um bilhão de cristãos, quantos serão capazes de chegar a um acordo quanto a “quem” aquele Cristo único é?

Existe só um Cristo e, através dos séculos, os homens e mulheres têm-no buscado. Muitas foram as sendas que seguiram. Algum seguiram o caminho ortodoxo, enquanto outros seguiram o oculto. Ainda outros, seguiram o caminho do Coração, enquanto outros seguiram o da Mente.

Existe só um Cristo. Entretanto, olhando através dos mais de dois mil anos passados encontramos diferentes ensinamentos, cada um deles proclamando ser aquele, o único, o verdadeiro ensinamento de Cristo.

Existe só um Cristo, mas muitos, vendo as divisões dos séculos passados, ficaram confusos e espantados, frustrados e de corações feridos sem saber qual desses grupos pregava o verdadeiro Cristo.

Desde que há só um Cristo, muitos acreditam que deve haver só uma Religião Cristã, um Ensinamento ou Doutrina. Procuram a “Verdadeira Igreja” e a “Religião Cristã Original”. Aqueles que proclamam ter encontrado àquela e única Religião Cristã fazem-no por ignorar ou alterar os fatos históricos. Quando olhamos para trás e estudamos o desenvolvimento do Cristianismo desde seu início, chegamos à conclusão de que nunca houve uma unidade completa entre os Cristãos.

Os primeiros Cristãos eram judeus e pregavam só para os judeus (At 11:19). E eram influenciados pelo ambiente, pela educação e pelos conhecimentos a que estavam habituados. Depois de algum tempo, os gentios foram também atraídos para estes novos ensinamentos. Em breve houve Cristãos Judeus e Cristãos Gentios, assim como Cristãos com tradições gregas, egípcias e até romanas.

O erro mais comum que foi cometido na procura do verdadeiro Cristo foi procurá-lo baseado em provas exteriores. Na realidade a única evidência que pode ser aceita, como prova absoluta, deve vir de dentro. Não é o que foi escrito em tábuas de argila ou de ouro, papiro ou papel o que conta; ou ainda quem escreveu ou disse. A única coisa que importa é o que está escrito nos nossos corações. A mensagem de Cristo não é de molde a estar enredada em dogmas teológicos. É pura e simples como são as palavras Luz e Amor.

Ninguém se interpõe entre o indivíduo e Cristo. Não é necessário ninguém nos dizer o que Cristo quis dizer e o que nós devemos ou não fazer. Fique tranquilos. Escute e Cristo falará. “Procura e encontrarás” (Mt 7:7-8).

Cristo não veio para uma igreja ou para um povo ou nação. Cristo veio para todos… Cristo é universal… Cristo é.

Como estudamos no poema Credo ou Cristo, de Max Heindel, no início do Conceito Rosacruz do Cosmos:

“Não ama a Deus quem ao semelhante odeia,

e lhe espezinha a Alma e o coração.

Aquele que se vale da ameaça do inferno para limitar

e anuviar-nos a Mente, não compreendeu ainda nossa meta final.

Todas as Religiões são dádivas abençoadas de Deus

e Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Por Deus mandado para aliviar o que leva pesado fardo

e dar paz ao triste, ao pecador e ao que luta.

Eis que o Espírito Universal veio

a todas as igrejas; não a uma apenas;”

O problema dos Cristãos primitivos, as perguntas que faziam, os problemas que enfrentavam e as divisões que se deram são as mesmas questões, problemas e divisões que enfrentamos hoje.

Não é indo atrás do tempo que podemos encontrar uma forma pura de Cristianismo. Devemos nos desligar do passado. Devemos olhar em frente na direção de um novo dia e uma nova Terra. O que nos consideramos como uma Religião Cristã hoje em dia, é, na realidade uma sombra do que está para vir. Afinal, “a Religião Cristã não teve ainda o tempo necessário para realizar o seu grande objetivo, que é unir todos nós em uma Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmão Maior. Até agora muitos de nós estão, ainda, sob a influência do dominante Espírito de Raça, pois os ideais do Cristianismo ainda são demasiado elevados para eles.

Cristo não pode ser encontrado em Sua forma completa nos escritos ou nas crenças dos primeiros tempos. Cristo pode ser encontrado no coração de todos a cada um de nós.

Que o Espírito de Cristo nos preencha a todos.

(Traduzido da Revista “Rays From The Rose Cross” e publicado na Revista “Serviço Rosacruz” – outubro/1979-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como devemos nos comportar quando participamos do ofício do Ritual do Serviço Devocional de Cura em um Centro Rosacruz

Na Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz, em Mount Ecclesia, em todas as “Datas de Cura”, às 18h30, há uma Reunião no Templo de Cura – com o ofício do Ritual do Serviço Devocional de Cura -, onde se condensa a Panaceia de Cura, sob a direção do Irmão Maior, a qual é enviada à Humanidade. Dessa reunião participam somente os Probacionistas Ativos da Fraternidade Rosacruz, pois é indispensável que se conheça a palavra de passe, a fim de que se possa ter acesso ao referido Templo de Cura. Quando se chega à área que o circunda, pede-se silêncio: não se pode conversar nada. Solicita-se que cada um chegue uns minutos antes do início da reunião e se ponha a meditar” (o negrito é nosso).

Não pretendemos aqui insinuar que a conduta de alguém mereça reparos por não se preparar convenientemente antes de assistir ao ofício do Ritual do Serviço Devocional de Cura da Fraternidade Rosacruz em um Centro Rosacruz. Não. Desejamos apenas reiterar um padrão de comportamento irreversível pela natureza essencial da Filosofia Rosacruz.

Os vários trabalhos desenvolvidos pela Fraternidade Rosacruz têm o condão de ensejar duplo benefício: individual e coletivo.

Qualquer pessoa pode assistir e participar do ofício do Ritual do Serviço Devocional de Cura em um Centro Rosacruz ou em um Grupo de Estudos Rosacruzes.

Consideremos, para exemplificar, o ofício do Ritual do Serviço Devocional de Cura, e seus elementos componentes: a música e o ritual (e o seu ofício)

A música (elevada e inspiradora) e o ritual (com seu mágico poder de unificação) formam um conjunto harmonioso, emitindo vibrações tão puras e poderosas, a ponto de excederem os limites da compreensão humana.

Para se auferir algum benefício dessas vibrações harmoniosas, necessário se torna sintonizar-se com elas.

O Estudante Rosacruz pode, frequentemente, sentir-se premido por dificuldades de toda ordem, quando deseja estabelecer a devida sintonia. Muitas vezes teve um dia atribulado com problemas de ordem profissional ou familiar. Ou, então, algumas provas – que estão aparando suas arestas, tornando possível reluzir seu diamante interno – lhe perturbaram o íntimo.

Nessas circunstâncias, dirige-se para um Centro Rosacruz ou a um Grupo de Estudos Rosacruzes, assaltado por depressões de toda espécie. Surge, então, a necessidade de um esforço maior: remover as nuvens interiores, substituindo-as por pensamentos e sentimentos de amor e paz.

É recomendável mentalizar o Símbolo Rosacruz e o ideal de regeneração e progresso anímico por ele encerrado. A harmonia será prontamente restabelecida e o Estudante Rosacruz poderá ingressar no ambiente onde se oficiará o Ritual do Serviço Devocional, preparando-se para participar do trabalho a ser realizado.

Pode ocorrer, também, outro fato: o dia que o Estudante Rosacruz passou se constituiu de uma sucessão de êxitos pessoais e eventos agradáveis. Ou, então, no percurso ele deparou com uma cena curiosa. Pode não resistir ao desejo de relatá-los aos irmãos ou às irmãs da Fraternidade Rosacruz, ao se aproximar ou já no interior do recinto. Isto é natural e compreensível em circunstâncias ordinárias. Contudo, o Estudante Rosacruz não deve se esquecer que na Fraternidade Rosacruz não há circunstâncias ordinárias, e os assuntos por ele abordados, em sua euforia, são estritamente mundanos e materiais. Eles não são afins à natureza e aos objetivos da Fraternidade Rosacruz. Fogem ao âmbito da reunião prestes a ser iniciada.

Além disso, a questão envolve outro aspecto de capital importância: a reverência para com tudo àquilo que é sagrado. Nunca fuja de nossa lembrança o seguinte: no Templo se encontra o Símbolo Rosacruz, e em torno do local se forma uma egrégora.

Tratar de assuntos completamente estranhos ao ideal Rosacruz, em tais circunstâncias é irreverência e desrespeito, só podendo acarretar graves prejuízos ao próprio Estudante Rosacruz, individualmente, e a Fraternidade Rosacruz, coletivamente.

Urge cada um se conscientizar da imensa responsabilidade assumida, ao se tornar membro da Fraternidade Rosacruz. Pense e medite sobre isso. Será muito importante para o desenvolvimento espiritual do próprio Estudante Rosacruz.

(de Gilberto A. V. Silos – Editorial da Revista Rosacruz – fevereiro/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Max Heindel, o aglutinador

Nesses anos transcorridos desde a passagem de Max Heindel, muito se falou a respeito de sua notável obra. A cada 23 de julho — data do seu nasci­mento — os Grupos e Centros Rosacruzes em atividade pelo mundo lhe rendem uma linda homenagem. Relembram as dificuldades com que se defrontou para iniciar o trabalho. Recordam certas passagens marcantes de sua vida, como o pri­meiro encontro com o Irmão Maior – que ele chamava de “Mestre” –, na Alemanha, ou o lançamento da pedra funda­mental em Mount Ecclesia, evento que prenunciou o grande porvir da Frater­nidade. Ressaltam também a grande odisseia vivida na elaboração e impres­são do livro Conceito Rosacruz do Cosmos.

Há, porém, na figura de Max Heindel um aspecto pouco abordado, conquanto importantíssimo na consolidação de sua obra: sua capacidade de aglutinar pes­soas em torno do Ideal Rosacruz.

A Fraternidade Rosacruz, embora inspirada desde os Planos internos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, que lhe emprestam o nome, começou do nada, do chão. À frente, apenas Max Heindel.

Sozinho, desprovido de recursos e com a saúde abalada, embora tendo em mãos o tesouro dos tesouros — a Filosofia Rosacruz — onde poderia ele chegar?

Que força misteriosa impelia esse homem aos maiores sacrifícios, conver­tendo-o em um polo de atração, uma fonte viva de magnetismo?

Somente alguém dotado de um acentuado poder de aglutinação poderia inspirar outras pessoas, indicando-lhes o Ideal Rosacruz e a necessidade de se trabalhar por esse Ideal.

Ao ensejo de mais um aniversário de nascimento de Max Heindel, transcrevemos abaixo o depoimento de Bessie Boyle Campbell, publicado há muitos anos em Rays from The Rose Cross de outubro de 1955. Essa Estudante Rosacruz e contemporânea de Max Heindel, deixa entrever em suas linhas as razões de o fundador da The Rosicrucian Fellowship ser um aglutinador por excelência.

“Meu primeiro encontro com Max Heindel foi em uma noite de 1908, em Yakima, Washington, à entrada de um salão de conferências. Eu havia lido no diário local o anúncio de sua conferência sobre “A vida depois da morte”, franqueada ao público. Ora, eu havia sido criada e educada em um ambiente estri­tamente episcopal e os assuntos dessa natureza espiritual eram incompreensí­veis para meus pais e imediatamente rechaçados por eles. Perguntei à minha irmã e mãe se podiam me acompanhar para assistir à conferência, pois o salão em que conferência se realizaria ficava em uma rua pouco recomendá­vel para uma moça andar sozinha… Não é demais dizer que não me deixaram ir. Mas ao forte impulso interno que me impelia tomei a resolução de ir só. Quando cheguei à entrada do salão, defrontei-me com três pessoas e logo re­conheci o casal Swigart e o próprio Max Heindel. Ao contemplar o rosto e a figura de Max Heindel, tive a sensação momentânea de me achar diante de um padre, embora ele estivesse trajado como qualquer homem de negócios. Pensei, depois, que essa impressão talvez se originasse da grande reverência que me despertava sua pessoa e isso me fizera associá-lo a um padre. Muito tempo depois, durante uma de suas aulas, ele nos contou que em seu renas­cimento anterior, há trezentos anos, havia sido um padre católico na França. Fiquei satisfeita ao ver confirmada minha intuição (…). “Observando o auditório daquele velho salão, onde Max Heindel proferiu a primeira de dez conferências, notei que, em sua maioria, era composto de men­digos e vagabundos que tinham ido ali mais para se proteger do frio e da neve do que propriamente para ouvi-lo. O conteúdo de sua dissertação estava além do meu alcance e entendimento; não obstante, seu forte magnetismo pes­soal e sua grande eloquência me levavam a crer firmemente em cada palavra que dizia, como se fosse uma grande verdade”. (…) “Compreendi que eu tivesse ouvido um grande homem, abordando assuntos transcendentais”. (…) “Senti que nesses ensinamentos houvesse encontrado o que há tempo buscava”. (…) “Muito depois eu lhe perguntei o que era isto: magnetismo pessoal. Ele me respondeu que foi um poder obtido mediante atos de bondade, nesta vida e nas anteriores. Explicou-me que isso é visto pelo Cristão Místico como uma aura dourada que os grandes mestres costumam pintar ao redor da cabeça dos Santos, em suas obras clássicas. Assisti a suas conferências e lições, nessa oca­sião, durante seis semanas, recomeçando tempos depois. Ele não havia publi­cado ainda a grande obra ‘Conceito Rosacruz do Cosmos’, pois não havia chegado o ano de 1909. Suas conferências e lições eram mimeografadas. Em 1910, assisti novamente a suas dissertações, já com público numeroso, em Los Angeles. De vez em quando, Max Heindel costumava entremear suas pales­tras com observações engraçadas, alegres, simpáticas. Outras vezes, permane­cia muito sério e circunspecto. Ele sentia uma grande compaixão por todas as almas que sofriam. Em 1911 recebi dele uma carta em que me comunicava haver iniciado os trabalhos de Cura Rosacruz. Nessa oportunidade eu passava por um precário estado de saúde, internada em um hospital de Pasadena-CA, com febre altíssima. De­pois de ler sua amável carta, meu quarto se inundou de luz e senti tal exaltação que não posso descrever. Eu vinha orando intensa e incessantemente quando isso aconteceu. Na manhã seguinte minha febre havia desaparecido por completo e, depois de alguns dias, achava-me em minha residência completamente restabelecida”. (…) “Minha mãe, que também chegou a ser Probacionista, faleceu em 1915. Max Heindel veio ao funeral e usou da palavra. Em certo momento ele me disse: ‘Bessie, coloque uma cadeira junto ao ataúde para que sua mãe possa se sentar-se’. Ele sorriu diante da cadeira, para nós vazia, e então lhe perguntei se ma­mãe se sentia feliz. Ele me respondeu: ‘Ela está muito séria e impressionada com a mudança’. Os trinta amigos que se achavam presentes ficaram muito impressiona­dos ao ouvir suas palavras. Max Heindel sempre irradiava uma dulcíssima simpatia e bondade, em sua habitual humildade. Sinto que, pela oportunidade de haver conhecido esta grande alma, recebi a maior bênção deste mundo, além do conhecimento da verdadeira Religião Cristã que me veio à Mente e ao Coração por seu intermédio”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho de 1975-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Servo de Todos

Em 23 de julho de 1865, a fria e loira Copenhagen via nascer um menino de nobre ascendência. Era um Von Grasshoff, nome cuja origem remontava à velha Prússia. No entanto, ele não viria desfrutar os privilégios inerentes à nobreza. Era um ser diferente dos demais. Não buscava o que a maioria almejava. Seus ideais, talvez para o vulgo, pareciam utópicos ou fantasiosos; mas constituíam sua força motriz. Em tenra idade deixou o lar e a terra natal: procurou a Escócia. Lá, sob as brisas gélidas do Mar do Norte, trabalhava num estaleiro e cursava a Faculdade de Engenharia Naval. Formou-se, trabalhando mais tarde como engenheiro-chefe em um navio, percorreu diversos países. Conheceu muitos povos. Observou os usos e costumes mais bizarros. Aumentou sensivelmente o seu já considerável cabedal de bens culturais. Sensibilizou-se diante do sofrimento humano. Isso lhe causava inquietação e pontilhava a alma de indagações: “Por que as pessoas sofrem? Como dissipar essas agruras?”. Procurava incessantemente respostas para tais dúvidas.

Mais tarde radicou-se nos Estados Unidos. Lá, movido pela ânsia de conhecimentos espirituais, ingressou em uma organização espiritualista da qual veio a se tornar mais tarde o vice-presidente. Sua atuação era destacada. Era um membro de escol. Contudo, ainda permanecia insatisfeito. A filosofia divulgada por essa Sociedade era a mescla de ensinamentos ocidentais e orientais, porém sem uma clara definição do que se ajustasse mais a uns ou aos outros. Max Heindel percebeu a diferença entre os ocidentais e os orientais. Admitia serem os primeiros eminentemente racionalistas, imediatistas, objetivos; dissemelhando, portanto, daqueles que habitavam a parte oposta do globo. Reconhecia conter o Cristianismo os ensinamentos mais apropriados à índole e natureza dos povos do ocidente. Mas como apresentar logicamente esses ensinamentos? Como projetar luz científica sobre a Bíblia? Como aqueles que não aceitavam o Cristo pela fé poderiam aceitá-lo pela razão?

Alguém lhe sugeriu procurar um grande ocultista na Alemanha, dando-lhe esperanças de dirimir suas dúvidas e aquietar sua alma, desejosa de respostas convincentes. Motivado pelo nobre desejo de servir ao gênero humano, Max Heindel não mediu esforços e na primeira oportunidade dirigiu-se às plagas germânicas. Lá, não vacilou em procurar a pessoa indicada. Localizou-a e entrevistou-se com ela; no entanto, longe de ficar satisfeito, decepcionou-se por completo.

Desiludido e frustrado, resolveu encetar a viagem de regresso ao Estados Unidos. Nesse ínterim, enquanto aguardava a chegada de um navio, passou por uma experiência que veio imprimir novos rumos à sua já tão sofrida existência. Recebeu em seus aposentos a visita de um ser misterioso homem que se intitulava membro de uma Ordem oculta possuidora de ensinamentos tão profundos que trariam as respostas tão ansiadas. Porém, tais conhecimentos lhe seriam franqueados sob a condição de serem mantidos em sigilo absoluto; isto é, de não serem revelados a quem quer que fosse, por motivo algum.

Max Heindel repeliu acerbamente essa proposta, afirmando que se algo semelhante lhe fosse benéfico, beneficiaria também aos outros. Reiteradas vezes ouviu a proposta e em todas manifestou sua absoluta desaprovação, até que a verdade veio à tona. Verificou, então, que durante esse tempo fora submetido a uma prova. Conseguindo superá-la com galhardia, credenciou-se a cumprir uma missão importante e nobilitante: divulgar publicamente os Ensinamentos Rosacruzes, até então acessíveis a uns poucos que, em virtude de méritos incontestes, constituíam-se a elite espiritual da humanidade. Mas dentre os ocidentais, muitos já se faziam dignos de receber tão profundos Ensinamentos. Além disso, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz sabiam que o ano de 1910 marcaria uma nova fase na história e que conhecimentos transcendentais deveriam ser levados a público. Max Heindel foi incumbido de realizar o trabalho. Entrou em contato com a Ordem Rosacruz e foi Iniciado em seus Mistérios, via as Iniciações Rosacruzes. Voltou aos Estados Unidos e condensou os Ensinamentos Rosacruzes que recebeu em um livro: Conceito Rosacruz do Cosmos. Embora estivesse em precaríssimo estado de saúde, não se furtou ao trabalho. Não obstante lutasse contra a carência de recursos materiais para imprimir o livro, jamais desanimou. Cônscio da importância de sua missão, não mediu esforços para concluir a obra até os fins de 1909. E ele conseguiu! Pronto o Conceito Rosacruz do Cosmos, novos horizontes se abriram, novas perspectivas de uma maior difusão da Filosofia Rosacruz foram surgindo. Mesmo acometido por uma séria moléstia cardíaca, Max Heindel intensificava suas atividades. Um espírito forte e indômito animava aquele corpo débil. Promovia conferências, escrevia, orientava a formação dos grupos de estudos Rosacruzes.

A década seguinte foi decisiva para o movimento. Max Heindel contraiu núpcias com Augusta Foss, sua companheira de ideal e, mais tarde, o seu braço direito. Juntos empreenderam uma viagem para a Califórnia à procura de um local que reunisse condições ideais para a instalação da Sede Central da Fraternidade Rosacruz. A missão logrou êxito! Foi adquirida uma gleba e pouco tempo depois era assentada a pedra fundamental com Max Heindel proferindo um discurso memorável[1]. Daí por diante, o lugar, chamado Mount Ecclesia, tornou-se o foco de irradiação dos Ensinamentos Rosacruzes para todo o mundo.

Max Heindel continuou trabalhando devotada, ininterrupta e incansavelmente até janeiro de 1919, quando seu corpo não mais resistiu aos constantes esforços. Esse grande espírito foi então para o Além, deixando uma obra de gigante.

Em síntese, eis alguns traços biográficos do insigne fundador da Fraternidade Rosacruz, um espírito devotado ao bem comum, um denotado buscador da verdade.

Que sua vida seja o nosso exemplo mais grato!

Que o imitemos em nossa luta pela difusão do Cristianismo Esotérico!

Mesmo enfrentando a incompreensão e a ingratidão, que tenhamos paciência e humildade para perseverar!

Que, diante das maiores dificuldades, tenhamos a fibra necessária para lutar a boa luta, oferecendo o incenso de nossa alma ao Cristo, o inspirador do movimento Rosacruz!

Que nossa querida Fraternidade Rosacruz possa contar sempre conosco, aconteça o que acontecer!

Que o nosso entusiasmo pelo ideal seja grandioso e contagiante!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho de 1970-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: O seguinte discurso foi proferido por Max Heindel aos nove irmãos presentes em Corpo Densos e a três Irmãos Maiores presentes nos seus Corpos Vitais, na ocasião da fundação da Fraternidade Rosacruz em Mount Ecclesia: Cristo disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, Eu estarei no meio deles” e como tudo que Ele disse essa declaração era a expressão da mais profunda sabedoria divina. Ela se apoia sobre uma lei da natureza tão imutável como o próprio Deus. Quando os pensamentos de dois ou três focalizam-se sobre qualquer objeto ou pessoa determinada, gera-se uma forma poderosa de pensamento como uma expressão definida de suas Mentes imediatamente projetada para seu objetivo. Seus efeitos ulteriores dependerão da afinidade entre o pensamento e a quem ele é endereçado, pois para conseguir gerar uma correspondência vibratória, sobre a nota soada pelo diapasão, é necessário outro diapasão afinado no mesmo tom.

Se forem projetados pensamentos e orações de natureza inferior e egoísta, apenas criaturas inferiores e egoístas responderão a eles. Essa espécie de oração nunca chegará até Cristo, como a água não pode correr montanha acima. Gravita para os demônios ou Elementais, que são totalmente indiferentes às sublimes aspirações manifestadas pelos que estão reunidos em nome de Cristo.

Como estamos reunidos hoje neste lugar a fim de assentar a pedra fundamental para a construção da Sede de uma Associação Cristã Mística, estamos confiantes em que, tão certo como a gravidade atrai uma pedra em direção ao centro da Terra, o fervor de nossas aspirações unidas atrairá a atenção do Fundador de nossa fé (Cristo) que, assim, estará entre nós. Tão certamente como diapasões com a mesma afinação vibram em uníssono, também o augusto “Cabeça” da Ordem Rosacruz (Christian Rosecross) faz sentir sua presença nesta ocasião quando a sede da Fraternidade Rosacruz está tendo início. O Irmão Maior que inspirou este movimento está presente e visível, pelo menos para alguns de nós. Estão presentes nesta maravilhosa ocasião e diretamente interessados nos acontecimentos formando o número perfeito — 12. Isto é, há três seres humanos invisíveis que estão além do estágio da humanidade comum, e nove membros da Fraternidade Rosacruz. Nove é o número de Adão, ou ser humano. Destes, cinco — número ímpar masculino — são homens, e quatro — número par feminino — são mulheres. Por sua vez, o número dos seres humanos invisíveis, três, apropriadamente representa a Divindade assexuada. O número dos que atenderam ao convite não foi programado pelo orador. Os convites para tomar parte nesta cerimônia foram enviados a muitas pessoas, mas apenas nove aceitaram. E, como não acreditamos no acaso, o comparecimento deve ter sido conduzido de acordo com os desígnios de nossos líderes invisíveis. Pode ser entendido também como a expressão da força espiritual por trás deste movimento, e não é necessária maior prova do que observarmos a extraordinária expansão dos Ensinamentos Rosacruzes, que se disseminaram por todas as nações da Terra nos últimos anos, despertando aprovação, admiração e amor nos corações de todas as classes e condições de pessoas, especialmente entre os seres humanos.

Enfatizamos isso como um fato notável, pois enquanto todas as outras organizações religiosas compõem-se em sua maioria de mulheres, os homens são maioria entre os membros da Fraternidade Rosacruz. Também é significativo que nossos membros profissionais da saúde sejam mais numerosos que os de outras profissões e que, em seguida, estejam as pessoas que exercem alguma posição nas igrejas Cristãs. Isso prova que aqueles que têm a prerrogativa de cuidar do corpo enfermo estão conscientes que causas espirituais geram fraqueza física, e estão tentando compreendê-las para melhor ajudar os enfermos e doentes. Demonstra também que aqueles cujo trabalho é cuidar das pessoas doentes estão tentando socorrer Mentes inquisidoras com explicações razoáveis sobre os mistérios espirituais. Reforçam, assim, sua fé esmorecida e tentam firmar seus laços com a Igreja, em vez de responder com máximas e dogmas não sustentadas pela razão, o que abriria totalmente as comportas para o mar agitado do ceticismo, afastando aqueles que procuram a luz através do porto seguro da Igreja, e levando-os para a escuridão do desespero materialista.

É um abençoado privilégio da Fraternidade Rosacruz socorrer a muitos que buscam, sinceramente, a verdade e que, embora ansiosos, são incapazes de acreditar no que lhes parece contrário à razão. Recebendo explicações razoáveis sobre a fundamental harmonia entre os dogmas e doutrinas apresentadas pela Igreja e as leis da natureza, muitos retornaram à sua congregação, regozijando-se com os companheiros, tornando-se mais fortes e melhores membros do que antes de se afastarem.

Qualquer movimento para perdurar deve possuir três qualidades divinas: Sabedoria, Beleza e Força. Ciência, Arte e Religião, cada uma possui, de certa forma, uma dessas qualidades. O objetivo da Fraternidade Rosacruz é unir e harmonizar umas com as outras, ensinando uma Religião que é tanto cientifica como artística, e reunir todas as Igrejas numa só grande Irmandade Cristã. Presentemente, o relógio do destino marca um momento auspicioso para o início das atividades da construção, erigindo um centro visível de onde os Ensinamentos Rosacruzes possam irradiar sua benéfica influência para aumentar o bem-estar de todos que estão fisicamente, mentalmente ou moralmente enfermos ou doentes.

Portanto, agora ergamos a primeira pá de terra no local da construção com uma prece pela Sabedoria, para guiar esta grande escola no caminho certo. Cavemos o solo, uma segunda vez, com uma súplica ao Mestre Artista pelo direito de introduzir aqui a Beleza da vida superior, de tal maneira a torná-la atrativa para a humanidade. Cavemos, pela terceira e última vez, com relação a esta cerimônia, murmurando uma prece pela Força, para que, paciente e diligentemente, possamos continuar o bom trabalho em perseverar e tornar este lugar um maior fator de elevação espiritual do que qualquer dos que nos antecederam.

Cavado o local do primeiro prédio, continuaremos, agora, plantando o símbolo maravilhoso da vida e do ser, o emblema da Escola de Mistérios ocidentais. O emblema consiste na cruz, representando a matéria, e nas rosas, que envolvem e rodeiam o tronco, representando a vida em evolução subindo cada vez mais alto pela crucificação. Cada um de nós, os nove membros, participará deste trabalho de escavação para este primeiro e maior ornamento de Mount Ecclesia. Vamos fixá-lo numa posição em que os braços apontem um para Leste e outro para Oeste, enquanto o Sol do meridiano projeta-o inteiramente em direção ao Norte. Assim, ele estará diretamente no caminho das correntes espirituais que vitalizam as formas dos quatro Reinos da vida: Mineral, Vegetal, Animal e Humano.

Sobre os braços e a parte superior desta cruz podemos ver três letras douradas, “C.R.C”, Christian Rosenkreuz, ou Christian Rosecross, as iniciais do Líder Augusto da Ordem. O simbolismo desta cruz está parcialmente explicado aqui e, também, em nossa literatura, mas seriam necessários volumes para dar uma explicação completa. Vamos olhar um pouco mais longe sobre o significado da lição que nos oferece este maravilhoso emblema.

Quando vivíamos na densa atmosfera aquosa da antiga Atlântida, estávamos sob leis completamente diferentes das que nos regem hoje. Quando deixávamos o corpo, não o percebíamos, pois nossa consciência estava focalizada mais nos Mundos espirituais do que nas densas condições da matéria. Nossa vida era uma existência contínua; não percebíamos nem o nascimento nem a morte.

Ao emergirmos para as condições aéreas da Época Ária, o mundo de hoje, nossa consciência dos Mundos espirituais desvaneceu-se e a forma tornou-se mais proeminente. Então, começou uma existência dupla, cada fase definidamente diferenciada da outra pelos eventos do nascimento e da morte. Uma dessas fases é a vida do espírito livre no reino celestial: a outra, um aprisionamento num corpo terrestre, que é virtualmente a “morte do espírito”, como está simbolizado na mitologia grega de Castor e Pólux, os gêmeos celestiais.

Já foi elucidado, em diversos pontos de nossa literatura, como o espírito livre ficou emaranhado na matéria pelas maquinações dos espíritos de Lúcifer, aos quais, Cristo se referiu como as falsas luzes. Isso ocorreu na ígnea Lemúria. Portanto, Lúcifer pode ser chamado o Gênio da Lemúria.

O efeito de seu erro não ficou totalmente aparente até a Época de Noé, compreendendo o período final Atlante e o início da nossa presente Época Ária. O arco-íris, que não poderia existir sob as condições atmosféricas anteriores, pairou com suas cores sobre as nuvens como uma inscrição mística quando a humanidade entrou na Época de Noé, onde a lei dos ciclos alternantes trouxe enchente e vazante, verão e inverno, nascimento e morte. Durante essa Época, o espírito não pôde fugir permanentemente do corpo mortal gerado pela paixão satânica primeiramente inculcada por Lúcifer. Suas repetidas tentativas de fugir para seu lar celestial são frustradas pela lei da periodicidade, pois, ao livrar-se de um corpo pela morte, será trazido para renascer quando o ciclo se completar.

Engano e ilusão não podem perdurar eternamente. Surgiu, portanto, o Redentor para purificar o sangue cheio de paixão, para pregar a verdade que nos libertará deste corpo de morte. Surgiu para inaugurar a Imaculada Concepção ao longo das linhas grosseiramente indicadas na ciência da eugenia, para profetizar uma nova Era, ‘um novo céu e uma nova terra’, onde Ele, a verdadeira Luz, será o Gênio; uma era em que florescerão a virtude e o amor, pelos quais toda a humanidade suspira e procura.

Tudo isso e a maneira de evoluir estão simbolizados na cruz de rosas que temos em frente. A rosa, na qual a seiva da vida está inativa no inverno e ativa no verão, ilustra com clareza o efeito da lei dos ciclos alternantes. A tonalidade da flor e seus órgãos reprodutores lembram o nosso sangue. No entanto, a seiva que flui é pura, e a semente é gerada imaculadamente, sem paixão.

Quando alcançarmos a pureza de vida assim simbolizada, estaremos libertos da cruz da matéria, e as condições etéricas do milênio estarão presentes. A aspiração da Fraternidade Rosacruz é apressar esse dia feliz, quando a tristeza, a dor, o pecado e a morte desapareçam e nós sejamos redimidos das fascinantes, mas escravizantes ilusões da matéria, e despertados para a suprema verdade da realidade do Espírito. Que Deus apresse e frutifique nossos esforços.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Ritual do Serviço do Solstício de Dezembro

FRATERNIDADE ROSACRUZ

Ritual do Serviço do Solstício de Dezembro

1. O Oficiante convida os presentes a cantarem, de pé, o Hino Rosacruz de Abertura

2. O Oficiante ilumina e descobre o Símbolo Rosacruz e apaga as luzes, exceto a que o ilumina o Símbolo e a que auxilia na leitura

3. Em seguida, fixa o olhar no Símbolo Rosacruz e fala a saudação Rosacruz:

“Queridos irmãos e irmãs:

Que as rosas floresçam em vossa cruz”

4. Todos respondem:E na vossa também.

5. Todos se sentam, menos o Oficiante.

6. Em seguida, o Oficiante começa a leitura do texto do Ritual:

Estamos agora no Solstício de Dezembro, tempo em que a luz do Sol definha para o hemisfério norte, onde o frio e a tristeza são intensos nessa ocasião. Mas, na noite mais longa e mais escura para aquele hemisfério, o Sol retoma o seu caminho de ascensão para o norte; a Luz de Cristo de novo nasce na Terra e todo o mundo rejubila. A onda de vida e luz espiritual que será a base do crescimento e do progresso do próximo ano, atinge o máximo de sua altura e poder. A Terra está agora mais próxima do Sol e seus raios espirituais incidem em ângulo reto sobre a superfície da Terra no hemisfério norte, promovendo a espiritualidade, enquanto as atividades físicas são mantidas em expectativa, devido ao fato de os raios solares incidirem em ângulo oblíquo sobre a superfície da Terra.

É da maior importância para o Estudante esotérico conhecer e compreender as condições particularmente favoráveis que prevalecem por ocasião do Natal, mais do que em qualquer outra ocasião, de modo a poder dirigir todas as suas energias na direção espiritual, de forma a poder percorrer, com menor esforço, uma distância muito maior nessa direção.

O apóstolo deu-nos uma maravilhosa definição da Divindade quando disse que “Deus é Luz”. Por isso a palavra Luz tem sido utilizada nos Ensinamentos Rosacruzes para ilustrar a natureza divina, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. É ensinado claramente nas Sagradas Escrituras de todos os tempos, que Deus é Um e Indivisível. Ao mesmo tempo verificamos que assim como a luz branca Una é refratada nas três cores primárias: vermelho, amarelo e azul, assim também Deus se apresenta em tríplice aspecto durante Sua manifestação, pelo exercício das três funções divinas: de Criação, Preservação e de Dissolução.

Quando Deus exerce o atributo de criação aparece como Jeová, o Espírito Santo; Ele é, então, o Senhor da Lei e da Geração e projeta a fertilidade solar diretamente através dos satélites lunares de todos os Planetas onde se torna necessário fornecer corpos para os seres evoluintes.

Quando Deus exerce o atributo de preservação com o propósito de conservar os corpos gerados por Jeová sob as Leis da Natureza, Ele aparece como o Redentor, o Cristo, e irradia os princípios do Amor e da Regeneração diretamente em qualquer Planeta onde as criaturas de Jeová requeiram este auxílio para se libertarem das malhas da mortalidade e do egoísmo, a fim de alcançar o altruísmo e a vida eterna.

Quando Deus exerce o atributo divino da dissolução, aparece como o Pai que nos chama de volta ao nosso lar celeste para assimilarmos os frutos da experiência e do crescimento anímico, por nós armazenado, durante o Dia da manifestação. Este solvente universal, o raio do Pai, emana então do Sol espiritual invisível.

Estes processos divinos de criação e nascimento, de preservação e de vida, de dissolução, morte e retorno ao Autor do nosso ser, vemos por toda a parte à nossa volta e reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Triuno em manifestação.

Será que já imaginamos um mundo espiritual onde não existem acontecimentos definidos, onde não há condições estáticas, onde o princípio e o fim de todas as aventuras, de todos os tempos, estão presentes no eterno “Aqui” e “Agora”?

Do seio do Pai há uma permanente saída das sementes das coisas e acontecimentos que entram no reino do “tempo” e do “espaço”. Aí, elas se cristalizam, gradualmente, e se tornam inertes, sendo necessária à sua dissolução para que possam dar lugar a outras coisas e a outros acontecimentos.

Não podemos fugir dessa Lei Cósmica; ela se aplica no reino do “tempo” e do “espaço”, inclusive ao próprio raio de Cristo. Da mesma maneira que os rios, cujas águas são lançadas no oceano, se enchem novamente quando as águas do mar são evaporadas e a eles retornam como chuva, para de novo correrem para o mar, num incessante fluxo e refluxo, assim também o espírito de amor está eternamente nascendo do Pai, dia a dia, hora a hora, fluindo interminavelmente no universo solar para nos remir do mundo da matéria que nos prende nas suas garras de morte. Onda após onda é assim impelida do Sol para todos os Planetas, dirigindo ritmicamente as criaturas que neles evoluem.

Dessa maneira é, no sentido mais real e mais literal, um Cristo recém-nascido que nós saudamos em cada festa de Natal que se aproxima, e o Natal é o acontecimento anual mais vital para toda a humanidade, saibamo-lo ou não. Não é apenas a comemoração da data natalícia do nosso amado Irmão Maior Jesus, mas o advento do rejuvenescedor amor-vida do nosso Pai Celestial, por Ele enviado para livrar o mundo das garras mortais do inverno. Sem esta nova infusão de vida e de energia divina, cedo pereceríamos fisicamente, e todo o nosso progresso regular teria sido inútil, pelo menos no que se refere às nossas atuais linhas de desenvolvimento.

Infinita fonte de amor divino, o nosso Pai Celestial ama-nos, assim como um pai ama seu filho, pois, Ele conhece a nossa debilidade física e espiritual; Ele reconhece a nossa dependência. Por isso, estamos agora esperando confiantemente o nascimento místico do Cristo de outro ano, carregado com nova vida e amor, enviados pelo Pai para nos socorrer da fome física e espiritual que seria inevitável, não fora essa dádiva de amor anual.

Com tempo, todo o mundo compreenderá que “Deus é Espírito” e que em Espírito e em Verdade deverá ser adorado. Nada podemos fazer para que possamos retratá-lo, pois Ele não é semelhante a nenhuma coisa existente nem no céu nem na Terra.

Podemos ver os veículos físicos de Jeová circulando como satélites em torno de vários Planetas; podemos ver o Sol, que é o veículo visível do Cristo; mas o Sol Invisível, que é o veículo do Pai, e a origem de tudo, aparece aos maiores videntes humanos apenas como uma oitava superior da fotosfera do Sol, como um anel de luz azul-violeta, por trás do Sol.

Porém não necessitamos vê-Lo; sentimos o Seu Amor, e este sentimento nunca é tão intenso como por ocasião do Natal, quando Ele nos dá o maior de todos os presentes: o Cristo do Ano Novo.

Toda e qualquer partícula de energia física provém do Sol visível; e é do invisível Sol espiritual que obtemos toda a nossa energia espiritual. No momento presente não podemos olhar diretamente para o Sol, se assim fizéssemos ficaríamos cegos. Podemos, porém, olhar para a luz solar refletida que vem da Lua. Assim também o ser humano não pode resistir ao impulso espiritual direto vindo do Sol e por isso esse impulso tem de ser enviado por meio da Lua, pelas mãos e por intermédio de Jeová, o regente da Lua, como Religião de Raça. Somente pela Iniciação é possível chegar ao contato direto com o impulso espiritual do Sol. Um véu pendia diante do Templo.

Dessa forma, na Noite Santa a que chamamos Noite de Natal, era costume entre os “homens sábios” (os Magos) – aqueles que estavam muito na vanguarda da humanidade comum – chamar aqueles que também se preparavam para se tornar sábios e conduzi-los à Iniciação, no interior dos Templos. Levavam-se a efeito certas cerimônias e os candidatos entravam em transe. Nesse tempo não seria possível a Iniciação em estado de vigília; tinha que ser cumprida em estado de transe.

Quando a percepção espiritual despertava nos candidatos, estes podiam ver através da Terra; não viam nenhum detalhe, mas a Terra se tornava transparente e eles viam o Sol do outro lado da Terra, viam o que se chamava a “A Estrela da Meia-Noite”.

Posteriormente foi possível ao ser humano receber o impulso espiritual mais diretamente, e quando chegou a ocasião em que o Espírito de Cristo pôde ser admitido na Terra – através da nossa evolução, um Raio do Cristo Cósmico veio até nós e se encarnou no corpo do nosso Irmão Maior Jesus. Foi assim que veio o Espírito de Cristo, o ponto de partida do impulso espiritual direto.

Exotericamente o Sol tem sido considerado desde tempos imemoráveis como o doador de vida, porque a multidão era incapaz de ver a grande verdade espiritual existente por trás desse símbolo material. No entanto, para além daqueles que adoravam o corpo celeste que viam com os olhos físicos, havia também, e ainda hoje há, uma pequena, porém crescente minoria, um sacerdócio consagrado mais pelas ações retas do que pelo ritual, que via e vê as verdades espirituais, essas verdades sob a forma de cerimonial, cerimonial esse que mudava de acordo com o tempo e com o povo a que era destinado. Para esses, a lendária Estrela de Belém brilha todos os anos como o Sol Místico da Meia-Noite que penetra nosso Planeta no Solstício de Dezembro e logo começa a irradiar, do centro do nosso globo, a Vida, a Luz e o Amor, os três atributos divinos. Estes raios de força e de esplendor espiritual enchem nosso globo com luz celestial que envolve todas as criaturas sobre a Terra, da menor à maior, indistintamente.

Nesta Noite Santa da qual acabamos de falar, quando o Cristo nasce, como um Sol, para iluminar a nossa escuridão, a influência espiritual é mais forte e pode ser atingida com muito maior facilidade. Esta é a grande verdade encoberta pela Estrela da Noite Santa, que iluminava a noite mais escura e comprida do ano – para o hemisfério norte (Esta noite mais escura e mais longa simboliza também o desesperado estado de alma daquele que procura a Iniciação).

Quando o Cristo aqui chegou, alterou as vibrações da Terra e desde então continua a alterá-las constantemente. Cristo rasgou o “Véu do Templo”. Ele tornou o Santo dos Santos – o lugar da Iniciação – acessível a “todo aquele que quiser”.

Desde então não houve mais necessidade de transe; não é mais necessário provocar estados subjetivos com o propósito de conseguir a Iniciação. Todo aquele que quiser penetrar no Templo para se iniciar, fá-lo-á em estado consciente.

Na Ordem Rosacruz, os nove Mistérios Menores, ou Iniciações Menores, se referem somente à evolução da humanidade durante o Período Terrestre; o quinto grau desses Mistérios conduz o candidato ao final do Período Terrestre quando a humanidade gloriosa estará assimilando os frutos desse Período, retirando-os dos sete Globos nos quais evoluímos durante cada dia de manifestação, para transportá-los ao primeiro dos cinco globos obscuros que constituem nossa vivenda durante a Noite Cósmica. Depois de ter visto o fim, no quinto grau, o candidato é informado sobre os meios pelos quais este final será atingido no decorrer das três Revoluções e meia que faltam para se completar o Período Terrestre; os quatro graus restantes são dedicados à iluminação do candidato a esse respeito. O nono ou último desses graus é atingido nos Solstícios de Junho e de Dezembro, tendo o candidato, por essa ocasião, obtido acesso a todas as camadas ou estratos da Terra.

Este é o grande destino que está reservado a cada um de nós. Disse o Cristo aos Seus discípulos: “Aquele que crer em Mim, fará as coisas que eu faço… e ainda maiores”. É um fato sublime sermos nós Cristos em formação; quanto mais cedo nos convencermos que devemos dar nascimento ao Cristo Interno antes de podermos ver o Cristo exterior, mais depressa chegará o dia da nossa iluminação espiritual. Cada um de nós será, oportunamente, conduzido pela Estrela até ao Cristo, mas é necessário acentuar que não seremos conduzidos a um Cristo exterior, mas ao Cristo que está no Interior.

“Embora Cristo possa nascer mil vezes em Belém,

Se não nascer dentro de ti, tua alma continuará extraviada”.

Entremos, agora, em silêncio e, por alguns instantes, concentremo-nos sobre o Amor Divino e o Serviço.

7. O período de concentração deve se prolongar por uns 5 minutos

8. Terminada a concentração, o Oficiante cobre o Símbolo Rosacruz e acende as luzes

9.   O Oficiante convida todos a se levantarem e a cantarem o Hino Rosacruz de Encerramento

10. O Oficiante profere a seguinte exortação de despedida:

“E agora, queridos irmãos e irmãs, que vamos partir de volta ao mundo material levemos a firme resolução de expressar, em nossas vidas diárias, os elevados ideais de espiritualidade que aqui recebemos, para que dia a dia nos tornemos melhores homens e mulheres, e mais dignos de sermos utilizados como colaboradores conscientes na obra benfeitora dos Irmãos Maiores, a Serviço da Humanidade”.

“QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ”

11. Apaga-se a luz do Templo

(todos devem se retirar do Templo em silêncio)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como Demonstrar Experiências Psíquicas?

Pergunta: Como podemos diferenciar entre as experiências ilusórias de um sonho comum e as experiências reais de um Auxiliar Invisível? Existe alguma maneira de provar que alguém esteve em certos lugares, fazendo um trabalho definido, enquanto o Corpo Denso estava dormindo na cama?

Resposta: Sim, se você realmente esteve fora do seu Corpo Denso e conseguiu reter essa memória até a hora de acordar, pode haver uma série de maneiras pelas quais você pode provar a si mesmo e, também, aos outros, se desejar, que você foi, pelo menos naquela ocasião, liberado de seu corpo, sendo capaz de funcionar como um Espírito livre no espaço. Muitas pessoas que leem um artigo de revista como esse, provavelmente, não estejam familiarizadas com a nossa Filosofia Rosacruz.

Portanto, começaremos do início, afirmando que o ser humano não é apenas o Corpo Denso que vemos com nossos olhos, mas que possui veículos feitos de texturas mais finas nos quais ele é capaz de funcionar, quando o Corpo Denso é colocado para descansar, durante o sono. É, de fato, a retirada do Espírito, junto à sua consciência e aos veículos mais sutis, que induz o sono. Na maioria das pessoas, o Espírito, vestido com seus veículos mais finos, paira perto do Corpo Denso, quando esse está em repouso. Geralmente medita sobre os assuntos do dia, mas não parece ter muito interesse em qualquer coisa relativa a isso, até que, por certos exercícios, o estudo da Filosofia Rosacruz e por viver uma vida plena, dedicada ao serviço amoroso e desinteressado para com os outros, é gradualmente despertado para a realidade da vida fora do Corpo Denso.

Então começa a fazer pequenas excursões de investigação. Se a pessoa seguiu o caminho do desenvolvimento espiritual negativo, passivo e perigoso, ela se alia a um grupo de espíritos afins — tudo depende do temperamento da pessoa em questão, pois nosso caráter não é alterado pelo fato de irmos dormir; nós somos lá, no Mundos invisíveis, o que somos aqui, no Mundo visível.

No entanto, há ocasiões em que um homem ou uma mulher se torna tão interessado no trabalho deste Mundo que, ao adormecer, o espírito não consegue se desvencilhar inteiramente do Corpo Denso. Está meio dentro e meio fora, em contato com as cenas dos Mundos invisíveis e ainda ruminando as ocorrências do dia anterior. Então, temos aquele estado de consciência confuso que chamamos de sonhos e esses constituem as experiências noturnas da maioria das pessoas. Mas, quando, como já foi dito, começamos a estudar a Filosofia Rosacruz e, acima de tudo, a viver uma vida de serviço amoroso e desinteressado para com os outros durante o dia; quando realizamos certos exercícios esotéricos à noite com fidelidade e zelo, um dos primeiros sintomas da verdadeira consciência durante a noite, e das experiências nos Mundos invisíveis, é o de sonhos caóticos e ilusórios se tornarem lógicos e racionais. Quando esse estágio é alcançado, nunca nos vemos andando com a cabeça debaixo do braço ou perseguindo uma vaca em um poste, porque sentimos que ela deveria se empoleirar no topo do poste, ou realizar truques idiotas desse tipo; mas descobrimos nós mesmos vivendo normalmente e lá fazendo as coisas da mesma maneira que faríamos aqui, salvo por certos fatos tais como se desejamos ir de um lugar a outro, não andamos a pé nem de carro, mas simplesmente, pelo próprio pensamento, nós nos elevamos no ar e nos deslizamos pelo espaço até chegar ao destino. Então, não somos impedidos por portas trancadas ou janelas fechadas, mas vamos diretamente, passando pela parede, para os cômodos onde desejamos estar e começamos a fazer o trabalho para o qual fomos até lá.

Além disso, podemos descobrir que o espaço e a distância quase deixaram de existir e que uma viagem até um amigo sofredor a alguns milhares de quilômetros de distância leva apenas um momento; contudo, essas coisas não indicam que estamos apenas tendo um sonho ilusório e comum, pois, como dissemos, tais são as leis do Mundos invisíveis que viajamos a uma velocidade maior do que a eletricidade, sempre que desejamos. Não há peso para os corpos invisíveis ao nosso olho físico. É nossa vontade que determina nosso lugar em relação à Terra. Podemos andar na rua ou planar sobre os telhados à vontade. Além disso, como é bem sabido que os átomos de todas as substâncias físicas não se tocam de fato, mas, digamos, nadam no mar de Éter, é perfeitamente possível ao Espírito, livre do Corpo Denso, passar seu corpo invisível pelos interstícios entre os átomos de uma parede de tijolo ou cimento, como Cristo fez quando apareceu aos Discípulos, depois que a porta do aposento onde estavam foi trancada.

Tendo esses fatos na sua Mente, suponha que alguma noite, estando fora do seu Corpo Denso, você conheceu uma pessoa e que, talvez, tenham trabalhado juntos por semanas ou meses; no decorrer da conversa você descobre que seu amigo mora em Nova York ou Londres e você teve a oportunidade de visitá-lo lá, enquanto funcionava em seu corpo invisível.  Suponhamos ainda que se tornou necessário que você fizesse uma viagem de negócios à cidade onde seu amigo está localizado. Você conta a ele sobre essa viagem em uma de suas excursões noturnas. Ele o convida para ser seu hóspede durante sua estada naquela cidade e você aceita o convite.

No dia seguinte, você parte para o seu destino e, na chegada, pega um carro conforme orientação dele, desce na esquina que você já conhece tão bem, sobe até a casa, bate à porta e seu amigo vem ao seu encontro. Ele o pega pela mão fisicamente, como costuma fazer etericamente, nos Mundos invisíveis. Você começa imediatamente a falar sobre coisas que fez fora do Corpo Denso e vocês se conhecem tão bem quanto velhos amigos do Mundo Físico; ou, em outras palavras, você continua o relacionamento no Corpo Denso, exatamente como se formou fora dele, nos Mundos invisíveis.

Essa é uma das formas de comprovar a realidade de suas experiências durante o período em que o corpo dormia. Embora tenhamos colocado o caso hipoteticamente, não é totalmente assim. O escritor, por exemplo, teve tais experiências em vários casos. Um deles foi contado no panfleto “Nosso Trabalho no Mundo” e, não relatando essas experiências apenas para fofocar, às vezes há um objetivo a ser obtido por meio do testemunho pessoal e, por isso, repetimos o relato aqui:

“Na época em que o escritor tinha, sem querer, é claro, passado pelo teste estabelecido pelos Irmãos Maiores para ver se ele provaria ser verdadeiro como o mensageiro deles, um desses Irmãos Maiores, que já havia entrado em minha presença quando a porta estava trancada, apareceu novamente e me notificou que havia sido selecionado para promulgar os Ensinamentos Rosacruzes, que deveria receber no Templo Rosacruz, na Região Etérica do Mundo Físico.  Para chegar àquele lugar, ele me orientou a seguir, na manhã seguinte, para certa estação ferroviária, em Berlim, comprar uma passagem para um lugar do qual nunca tinha ouvido falar e pegar um trem que iria para lá em um determinado horário. Assim, parti na manhã seguinte para a estação ferroviária mencionada, comprei a passagem para o referido destino e descobri que o trem partia no horário que nosso visitante me havia informado. Ao chegar ao destino, encontrei o próprio Irmão Maior vestido com seu Corpo Denso e, por ele, fui conduzido aos arredores do Templo, que não é composto de material da Região Química do Mundo Físico, mas etérico – ou seja formado de material da Região Etérica do Mundo Físico – e, portanto, invisível para as pessoas da vizinhança, que não estão cientes de que a Grande Escola da Sabedoria Ocidental estava localizada entre elas.

O escritor não estava dormindo quando o Irmão Maior entrou em seu quarto e deu as instruções que o levaram à reunião, nem ele foi capaz de focalizar sua visão espiritual à vontade ou deixar seu Corpo Denso, quando isso fosse desejado. Essas faculdades foram despertadas no momento da primeira Iniciação, que ocorreu no Templo da Ordem Rosacruz, logo depois; mas o Irmão Maior, nesse caso, se materializou o suficiente para permitir ao escritor vê-lo e, portanto, a experiência não prova o que pode acontecer quando o Corpo Denso está dormindo, mas demonstra que, no momento em que o escritor recebeu as instruções acima mencionadas, ele não estava sob alucinação e isso prova que é possível, para um Espírito livre, entrar em uma sala e ali se materializar para determinado propósito, como os Auxiliares Invisíveis não raramente têm que fazer. 

Quando o escritor diz “prova”, ele quer dizer, é claro, que provou esse fato a si mesmo. Cada um deve obter essa prova pessoal e esses fatos não podem ser “provados” para outra pessoa. O testemunho é dado apenas com o propósito de mostrar como tais coisas acontecem.

Ao relatar experiências pessoais, talvez não esteja fora de contexto dizer que uma vez esse escritor foi capturado por uma câmera. Vocês sabem que a câmera capta vibrações etéricas e que, embora muitas das chamadas fotografias de espíritos sejam imposturas, há também as reais. O incidente em questão aconteceu quando o escritor estava em um hospital, simplesmente recuperando-se de um colapso sério causado por vários anos de estudo muito rigoroso e excesso de trabalho. Antes disso, não tínhamos experiências psíquicas, mas em uma manhã de domingo, quando um querido amigo estava partindo para a Europa, nós nos sentimos particularmente solitários e intensamente desejosos de ver nosso amigo.

De repente, como num passe de mágica, nós nos encontramos fora da cama, olhando para o pobre corpo definhado que jazia inerte e adormecido; contudo, não sentimos medo e tudo parecia estar bem. Levados dali pelo desejo que originalmente nos libertara do Corpo Denso, viajamos em uma fração de segundo os 32 quilômetros até o porto de San Pedro, onde nos encontramos no navio, com nosso amigo. O barco estava prestes a partir e, nesse momento, um amigo em comum ligou uma câmera na praia. Quando o filme foi revelado, o rosto do escritor, com uma barba crescida de várias semanas, adquirida no hospital, era claramente visível. Desde então, essa foto foi reconhecida por um número dos nossos conhecidos que nem mesmo foram informados e é provável que esse caso pudesse realmente ser estabelecido de tal maneira que constituísse uma prova quase legal, pois poderia ser facilmente demonstrado que o escritor estava no hospital, quando o amigo dele, que estava a bordo daquele navio (que também está na fotografia, é claro) estivesse partindo e a foto foi feita. No entanto, o velho ditado: “um ser humano convencido contra sua vontade não muda sua opinião” é tão verdadeiro que, sem dúvida, uma grande porcentagem das pessoas a repudiaria como impostura, de qualquer maneira. Então, qual é a utilidade? A convicção deve vir de dentro, antes de ser aceita.

Também foram dadas algumas provas do fato de que algumas pessoas estão conscientes fora do Corpo Denso, em algumas das revistas Rays from the Rose Cross anteriores. Entre outras, o Dr. Stuart Leech, no número de setembro da Rays from the Rose Cross, conta a experiência que teve quando um de seus pacientes estava em estágio crítico por causa de apendicite. Tanto ele quanto os outros dois médicos visitaram o menino em seus corpos invisíveis, durante a noite, ajustando a situação para que, ao chegarem à consulta física na manhã seguinte, encontrassem o menino perfeitamente bem. Também publicamos a história da Srta. Kerin, que foi curada milagrosamente por um Auxiliar Invisível.  Ela foi vista em outras ocasiões ajudando os doentes e feridos nos campos de batalha da Europa, como muitos dos Auxiliares Invisíveis estão fazendo atualmente. Assim, há testemunho considerável sobre a evidência de que as pessoas que ainda vivem em seus Corpos Densos, durante o dia, estejam engajadas no trabalho espiritual durante a noite e que suas experiências, transportadas para a consciência desperta através da memória, não são sonhos ilusórios, triviais.

Entretanto, você pode perguntar: “Existe alguma maneira de provar que alguém esteve em determinado lugar, fazendo determinado trabalho?”. Você pode estar em algum lugar, fazendo algo e, ao acordar, deseja saber se foi um sonho ou um fato. Se for esse o seu caso, aconselhamos que, da próxima vez que se encontrar fora do Corpo Denso em algum lugar, em sua cidade natal, por exemplo, você possa, no dia seguinte, ir a esse local e observar alguns pequenos detalhes que possa reconhecer depois.

Suponha que você se encontre na sala de espera de uma estação ferroviária, em sua cidade. Conte as janelas da sala, conte os bancos e preste atenção especial na disposição deles; observe o lugar onde a cabine telefônica fica, se houver uma, e quaisquer outras coisas que você não tenha notado em suas visitas anteriores ao local e que não possam ser alteradas por alguém antes que você possa chegar lá na manhã seguinte. Anote os fatos o mais rápido possível para que não escapem da sua Mente e, a seguir, conforme sua conveniência, vá até a estação, entre na sala de espera e lá, conte as janelas, observe a disposição dos bancos, a cabine telefônica, etc. Isso, por si só, vai dar a você uma razão justa para acreditar que esteve lá durante a noite, se você descobrir que acertou no que trouxe da visita noturna para a vida diurna, pela memória. Se o lugar onde você se encontra, quando está fora do Corpo Denso, é a casa de um amigo, o que também acontece ocasionalmente, siga o mesmo método de anotar detalhes a que você não prestou atenção em suas visitas anteriores. Conte as cadeiras da sala, observe se há algum arranhão ou sinal na mobília que possa ser facilmente reconhecido em uma ocasião posterior e assim por diante, de acordo com as sugestões de sua própria engenhosidade. Dessa forma, você sem dúvida encontrará a prova que deseja ou o conhecimento de que se enganou ao acreditar que esteve lá.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro de 1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Caminho da Preparação – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

Vivemos no Mundo das Formas (Mundo Físico) que é de grande valor para a nossa evolução.  Serve como uma estação de experiência para nos capacitar a trabalhar corretamente nos Mundos Superiores.

Ao buscamos este caminho devemos compreender que “o caminho da Preparação precede ao caminho da Iniciação”.

Nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, aprendemos que todo desenvolvimento espiritual começa no Corpo Vital, formado de material da Região Etérica do Mundo Físico e que ainda é invisível para a maioria de nós, devido à necessidade de desenvolvermos a visão etérica, para tal. Esta Região Etérica está dividida em quatro Éteres: Químico, de Vida, de Luz e Refletor.

O Éter Químico é o canal para assimilação e excreção.

O Éter de Vida é a avenida para propagação e crescimento.

O Éter de Luz (Luminoso) gera o calor do sangue e é também o veículo da percepção sensorial.

O Éter Refletor é um dos mais importantes em nosso presente estado evolutivo e é por onde o Ego controla o Corpo Denso. Nele se mantêm os registros ou arquivos da nossa memória.

1. Para fazer download ou imprimir:

O Caminho da Preparação – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

O Caminho da Preparação

Por

um Estudante

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Português, 1964, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

Sumário

INSTRUÇÕES INICIAIS PARA O CAMINHO DA PREPARAÇÃO.. 4

INTRODUÇÃO.. 7

A PERSISTÊNCIA E O ÉTER QUÍMICO.. 15

A DEVOÇÃO E O ÉTER DE VIDA.. 19

o éter luminoso e a observação.. 23

o éter refletor e o discernimento.. 26

INSTRUÇÕES INICIAIS PARA O CAMINHO DA PREPARAÇÃO

Vivemos no Mundo das Formas (Mundo Físico) que é de grande valor para a nossa evolução.  Serve como uma estação de experiência para nos capacitar a trabalhar corretamente nos Mundos Superiores.

Ao buscarmos este caminho devemos compreender que “o Caminho da Preparação precede ao Caminho da Iniciação”. Nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental aprendemos que todo desenvolvimento espiritual começa no Corpo Vital, formado de material da Região Etérica do Mundo Físico, e que ainda é invisível para a maioria de nós, devido à necessidade de desenvolvermos a visão etérica para tal. Essa Região Etérica está dividida em quatro Éteres: Químico, de Vida, de Luz e Refletor. O Éter Químico é o canal para assimilação e excreção. O Éter de Vida é a avenida para propagação e crescimento. O Éter de Luz (Luminoso) gera o calor do sangue e é também o veículo da percepção sensorial. O Éter Refletor é um dos mais importantes em nosso presente estado evolutivo e é por onde o Ego controla o Corpo Denso. Nele se mantêm os registros ou arquivos da nossa memória.

Os dois Éteres inferiores (Químico e de Vida) desta região são compostos de átomos etéricos prismáticos e estão conectados com os processos físicos do Corpo Denso. É nos dois Éteres superiores (Luminoso e Refletor) que formaremos o Corpo-Alma (composto, justamente, por esses dois Éteres). Quando renascemos neste Mundo, trazemos certas tendências boas e/ou más, construtivas e/ou destrutivas que foram adquiridas em várias vidas passadas. Se durante a nossa vida procurarmos fortalecer o bem e transmutar o mal construiremos melhores Corpos e melhor caráter em cada vida. “Nossas observações, nossas aspirações, nosso caráter, etc., são devidos ao trabalho do Espírito nesses dois Éteres superiores, que se tornam mais ou menos luminosos de acordo com a natureza de nosso caráter e hábitos”.

Sabemos que a nota chave do Corpo Vital é a REPETIÇÃO. Pois, a formação de nosso caráter é estabelecida por meio de repetidas ações sejam boas ou más. Além disso “caráter é destino”. É fundamental que as verdades espirituais sejam sempre repetidas e vivenciadas, para que a nossa alma cresça em luminosidade; assim, nosso Espírito de Vida assimilará a essência das boas ações na construção do nosso Corpo-Alma. Isso porque quando se recapitula uma antiga situação, ela é vivenciada diferentemente pelo Estudante, pois este caminhou algumas etapas na vida e possui maior vivência para aprofundar, ainda mais, na mesma lição e encontrar verdades que não tinha percebido na primeira vez que teve a oportunidade de estudá-la. E vale ressaltar a importância do alimento que ingerimos e no cuidado também no nosso Corpo Denso, de alimentar elevados sentimentos e do reto pensar, pois todos os nossos veículos (Denso, Vital, de Desejos e Mente) estão interligados neste trabalho.

Nesta escola experimental, que é a vida, é de suma importância que cada um de nós tenha suas próprias experiências e que tiremos delas o melhor proveito possível. Nenhuma outra pessoa poderá fazer nosso próprio trabalho; cada um deve resolver seus próprios problemas uma vez que todos eles foram criados e colocados em ação por nós mesmos. Agora temos a oportunidade de estarmos aqui para transmutar nossas falhas, mas a ajuda que devemos receber é de Seres Superiores como os Irmãos Maiores, que estão sempre nos colocando em estado elevado, otimista e não negativo. As ações devem vir de dentro e respaldadas por nossa vontade e, por isso, devemos estar capacitados para tomar nossas próprias decisões e escolher nossos próprios meios de ação.

Porque com boas ações e serviços amorosos, prestados desinteressadamente nesta vida, é que formaremos o Corpo-Alma, veículo da Nova Dispensação.

No Conceito Rosacruz do Cosmos encontramos duas correntes de desenvolvimento espiritual que a humanidade segue. Ambas estão tecendo o Corpo-Alma ou Traje Dourado Nupcial a seu modo. Com o tempo, elas serão unidas, o que estabelecerá o “Abre-te Sésamo” para os Mundos invisíveis. Quando houver esta união, teremos a certeza de estarmos sendo regidos pela Lei do Amor.

“Que as rosas floresçam em vossa cruz”

INTRODUÇÃO

Bem-disse o Cristoas minhas ovelhas conhecem a minha voz[1]. Todo Aspirante Rosacruz verdadeiro, quando se defronta pela primeira vez com um dos nossos livros de Filosofia Rosacruz ou após ler algum material da Fraternidade Rosacruz, diz: “É o que eu estava procurando há muito tempo. Finalmente achei!”. E se lhe perguntarmos de onde lhe vinha essa aspiração, responderá: “É uma questão interna; eu tinha a intuição de que devia ser assim; parece-me lógico”. Isso revela que trazemos conosco o desenvolvimento anímico preparatório que nos habilitará a etapas superiores de desenvolvimento nesta vida. Então um dia, um aparente acaso nos leva a um website ou a uma rede social da Fraternidade Rosacruz, vemos em uma vitrine alguma daquelas capas características da nossa literatura Rosacruz ou entramos em um grupo de estudos da Fraternidade Rosacruz e, então, dentro de nós algo crepita, uma vozinha atravessa o véu de carne e reconhece o que já tínhamos estudado. Assim, lembramos a frase do Mestre a Tomé: “Bendito o que não vê, mas crê[2]. Realmente, como disse São Paulo, “A fé é a substância das coisas esperadas[3].

É muito natural que o Aspirante à vida superior almeje a Iniciação para conquistar maior capacidade de serviço ao próximo. No entanto, isso pressupõe esforço e perseverança. Assim também faz o indivíduo que estuda anos a fio e com afinco para se tornar médico e se habilitar a cuidar dos irmãos e irmãs doentes ou enfermos. Aqueles que buscam a Iniciação por mera curiosidade sobre coisas diferentes e fantásticas ou com intuitos interesseiros não têm fibra para conquistá-la. Podem, então, procurá-la pelo caminho fácil dos exercícios de respiração ou de espelho e, nesse caso, acabam dentro de um hospício ou hospital, ou no mínimo perturbados pelo resto da vida; também podem buscar um falso mestre que os “inicie” em determinado período e por certa quantia de dinheiro. Em todos os casos, arruínam-se ou se desiludem e concluem: “É uma farsa”. Ora, o verdadeiro mestre não se revela, senão no devido tempo, nem cobra qualquer valor!

As Leis da Natureza (as Leis de Deus) são bem fundamentadas. A Natureza não dá saltos. Todo desenvolvimento harmonioso é gradativo. Quando é conquistado mais rapidamente, como no Método Rosacruz, exige renúncia e dedicação; como no caso de alguém que se submeta a exames supletivos para ganhar tempo.

É muito lógico: se um médico precisa estudar dezoito anos (isso quando não é reprovado em alguma disciplina) para dominar regularmente a especialidade que abraçou, que é uma ciência material, como poderíamos abarcar a ciência da alma, que é muito mais complexa, em pouco tempo? Só mesmo uma alma velha e amadurecida poderia; mas nesse caso seu esforço foi feito anteriormente e ela dependia de um simples despertar, um esforço menor, para revelar-se nesta vida.

Já transcrevemos em vários livros e artigos um claríssimo trabalho de Max Heindel sobre o que é a Iniciação. Em resumo, podemos repetir: é algo interno e não será por exercícios materiais que vamos conquistá-la. O Corpo Denso influi sobre os veículos superiores e estes sobre o Corpo Denso, mas esta é uma parcela do assunto. A Iniciação abrange o desenvolvimento simultâneo dos diferentes veículos do ser humano, um atuando sobre os outros.

Podemos dizer que “o desenvolvimento espiritual começa pelo Corpo Vital”, o veículo dos hábitos e que os hábitos se formam pela REPETIÇÃO. Falamos aqui, é claro, de hábitos elevados, pois a repetição de atos degradantes, pensamentos baixos e sentimentos instintivos levam a costumes escravizadores que embrutecem o ser humano e lhe retardam a evolução. Nossos cursos por correspondência e por e-mail dão uma ideia global e pormenorizada de tudo o que convém à alma Aspirante. Com tais dados, qualquer pessoa poderá compreender em que sentido dirigir seus esforços e quais os novos hábitos que deva formar. Se somos insinceros ou dúbios, enganamos a nós mesmos. A água não se mistura com azeite. Se não temos decisão para renunciar a antigos hábitos errôneos, que nossa natureza inferior reclama, e procuramos acender uma “vela para Deus e outra para o Diabo”, nada conseguiremos. “Vinho novo não se põe em odre velho, porque rasga[4]; “nem se põe remendo novo em roupa velha[5], diz o Evangelho e muito judiciosamente. O novo “homem”, indicado por São Paulo, tem de ser NOVO mesmo, coerente.

Quando começamos novos e edificantes hábitos, físicos, morais e mentais, partimos ao encontro do ser humano ideal em nós que, segundo Platão, deve ser atleta, sábio e santo, ou, conforme nosso lema Rosacruz, “Corpo são; Coração nobre; Mente pura”. E o método para atingir esse ser humano ideal? Max Heindel o expôs de forma magistral na Conferência n° 11 do livro “O Cristianismo Rosacruz”. É a amorosa contribuição genérica de quem já foi muito adiante no caminho e volta para nos prevenir dos desvios retardantes, ensinando como chegar mais depressa ao cimo. Por isso, é uma orientação genérica. A Iniciação é muito pessoal e não pode ser dada por correspondência ou classe, segundo afirmam algumas escolas que inclusive e indevidamente têm o nome de Rosacruz. Indicado o Caminho, cada um se esforça em percorrê-lo.

E depois de certo ponto terá ajuda individual do Mestre, um Mestre verdadeiro, um Irmão Maior da Ordem Rosacruz que lhe respeitará a Epigênese. Essa etapa, na Escola Rosacruz, é o Discipulado, o quarto de sete graus. Até aí ele será preparado pela Fraternidade Rosacruz através dos cursos epistolares e orais, além de outras ajudas acessórias que você encontra nessa Escola, a Fraternidade Rosacruz.

OS ÉTERES

O Caminho da Preparação necessariamente deve preceder ao Caminho da Iniciação. O trabalho iniciático é preparado através do Corpo Vital, de um lado por ser ele o veículo dos hábitos para a formação do “novo homem” e, de outro, porque é indispensável ao Ego para funcionar fora do Corpo Denso com plena consciência nos Mundos suprafísicos. Particularizando a questão, dizemos que o Corpo de Desejos, que ganhamos como germe no terceiro Período, o Lunar, é relativamente novo e ainda não está organizado com órgãos, como o Corpo Vital e o Corpo Denso, mais antigos e mais próximos da perfeição. Desse modo, se o Corpo Vital não registrasse as impressões da vida para transmiti-las, durante os primeiros três dias e meio após a morte, ao Corpo de Desejos, não poderíamos ter atividade no Mundo do Desejo e, consequentemente, não poderíamos adquirir consciência e desenvolvê-la.

Todavia, como veículo de consciência a serviço do Ego, o Corpo Vital deve ser purificado de modo a permitir a natural divisão entre os dois Éteres superiores, o Refletor e o Luminoso, e os inferiores, o Vital e o Químico. Só a partir de então os dois Éteres superiores, formando o Corpo-Alma, o dourado manto nupcial das bodas do eu inferior com o eu superior, o “soma-psuchicon” citado por São Paulo, poderão ser retirados do corpo com o Corpo de Desejos e a Mente para formar o veículo de percepção e memória do Espírito.

No entanto, isso não é obtido de forma rápida, mas pela espiritualizarão dos Éteres e pelo domínio de suas funções. Nesse trabalho de preparação há quatro palavras-chave que mostram as qualidades a serem cultivadas, simultaneamente:

Esses são os meios de realização, as qualidades que sensibilizam o Corpo Vital. Mediante a persistência e a devoção os Éteres Químico e de Vida se capacitam para cuidar das funções que lhes estão afetas: o Químico, assimilação e excreção; o de Vida, o fornecimento do material que cimenta a assimilação e a condução da energia solar especializada pelo baço. São as funções vitais conservadoras do equilíbrio corporal durante o sono.

Explicando melhor, podemos dizer que a persistência consiste na repetição de hábitos sadios como o alimentar e o higiênico; e a devoção, no exercício de uma vida pura e idealista. É por isso que se aconselha os Aspirantes à vida superior (aconselhamos, não obrigamos) a adotar a alimentação vegetariana e racional, com todos os elementos necessários (vitaminas, sais minerais, proteínas), facilitando-lhes receitas e promovendo de tempos em tempos cursos práticos; fazemos exposições mensais sobre os “princípios ocultos de saúde e cura”; falamos sobre as razões científicas e ocultas dos benefícios da castidade progressiva, começando pelo “orar e vigiar”; abordamos o abandono de tóxicos e outros estímulos sensoriais e muito mais, até que o Aspirante à vida superior desfrute de um equilíbrio interno que lhe permita a divisão etérica mencionada. Quando a pureza de vida eleva a força criadora sexual que não é usada, gerada pelo Éter de Vida, até o coração, tal força passa a manter, durante o sono, a limitada e necessária circulação sanguínea, para assegurar a normalidade das funções vitais, enquanto trabalhamos fora do corpo.

Os dois Éteres inferiores são corporais e os superiores, espirituais. O desenvolvimento de ambos os grupos é paralelo e o de um se comunica com o outro. O Químico, que é o primeiro, atua sobre o terceiro, o Luminoso; e o segundo, o de Vida, sobre o Refletor. É fácil compreender a correlação: a agudeza e agilidade sensorial dependem do perfeito funcionamento vital; a robustez cerebral e da memória dependem do crescimento anímico, que nos permite maior assimilação do fósforo e, além disso, lembremos que o cérebro e a laringe foram construídos com metade da força criadora.

Com o aperfeiçoamento dos dois Éteres inferiores, por meio da persistência e da devoção bem entendidas, produz-se a desconexão entre eles e os superiores. Estes são espiritualizados pela observação e pelo discernimento até que, atraindo o Mestre pelo brilho da aura, o Aspirante é ensinado por ele mediante um esforço de vontade, como quem tira um fruto maduro da árvore, e sai do corpo levando esses Éteres, o Luminoso (sensorial) para ver e o Refletor (de memória) para recordar-se de seus conhecimentos na Terra, quando está no Mundo do Desejo, e registrar, trazendo de lá, a recordação de sua viagem e observações.

Resumindo o exposto, dizemos que os dois meios de desenvolvimento dos Éteres inferiores, a persistência e a devoção, incluem-se no exercício noturno de Retrospeção, que tem por finalidade desenvolver nossa natureza emocional e vibrar o vórtice correspondente à Glândula Pituitária, que é regida por Urano, oitava superior de Vênus. É o lado místico da nossa natureza. Quem tem esse lado preponderante nota que seja mais fácil o esforço nesse sentido. Os dois meios de desenvolvimento dos Éteres superiores, a Observação e o Discernimento, dizem respeito ao exercício matinal, de Concentração e Meditação, cuja finalidade é ativar o vórtice correspondente à Glândula Pineal, regida por Netuno, oitava superior de Mercúrio. É o lado ocultista ou intelectual da nossa natureza, mais facilmente executado pelos que desenvolveram essa tendência.

Os dois lados devem seguir paralelamente equilibrados para conseguirmos alcançar o casamento do homem e da mulher dentro de nós; ou seja, da Mente e do Coração.

Aos que têm mais facilidade em um lado, aconselhamos esforçarem-se mais diligentemente no outro, até conseguir o equilíbrio.

Dessa maneira e ao mesmo tempo, o Aspirante desenvolve sua Tríplice Alma: a Emocional com o cultivo dos Éteres inferiores; a Consciente pela observação bem orientada; e a Intelectual pelo discernimento.

A PERSISTÊNCIA E O ÉTER QUÍMICO

Como dissemos, a chave particular da sublimação do Éter Químico é a persistência. Mas como a persistência está intimamente relacionada com a repetição, que por sua vez é a chave geral do Corpo Vital, podemos dizer que a sublimação dos quatro Éteres se fundamenta na persistência em um caminho superior.

A maior sensibilidade corporal e, consequentemente, a facilidade de transubstanciação, do ponto de vista astrológico-científico, depende de Urano, que rege o Éter e de seus Aspectos benéficos, principalmente com o Ascendente, porque essa indicação mostra que já se armazenaram conquistas anteriores nesse campo.

Contudo, a persistência depende da boa vontade desenvolvida positivamente. Essa qualidade é revelada num horóscopo pelos Signos Fixos em seus ângulos e pelos Aspectos benéficos de Saturno (que rege o esqueleto, as cartilagens, a cristalização, a inércia, o “status quo”) com Marte (o Planeta do dinamismo), com o Sol (o Astro da vitalidade e do misticismo) ou com Júpiter (o Planeta do idealismo).

O idealismo pode estar presente num horóscopo sem a valiosa companhia da persistência. Isso sucede a muitos Aspirantes do espiritualismo. Veem-se atraídos pela beleza da filosofia oculta, mas não têm perseverança. Seus horóscopos revelam que essa conquista não foi feita em vida anterior e, portanto, deve ser feita agora. Porém muitos não se detêm o suficiente para examinar a questão e se encher de suficiente convicção para realizar essa tarefa. Vão de uma à outra escola, não terminam coisa nenhuma, não realizam os Exercícios Esotéricos matinal (de Concentração) e noturno (de Retrospecção), recomendados pela Fraternidade Rosacruz e, por fim, o resultado é pequeno. É como se alguém fosse aprender um ofício e ficasse cada dia em uma especialidade. Ao fim, torna-se uma colcha de retalhos. Entende um pouquinho de cada coisa e nada profundamente. Que seria de nossa ciência, se todos agíssemos assim? Ninguém seria médico ou engenheiro. E no campo ocultista, em que trabalhamos com a alma, bem mais complexa, que resultado podemos esperar, sem a persistência?

No entanto, é mera questão de persistir em um rumo que saibamos ser certo. O Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” nos explica muito bem, de um modo que nem mesmo a moderna psicologia poderia fazê-lo: o germe de uma ideia vem da Mente abstrata, imbuído da vontade espiritual (o atributo do Pai dentro de nós). Essa vontade atrai matéria mental concreta e toma forma: é já um pensamento-forma, imaginação (atributo do Filho). Desce à quarta região (a dos Sentimentos), para o Corpo de Desejos e ali é atraída para alguma sub-região segundo a sua natureza, em nosso caso para a superior (a do altruísmo, da filantropia e todas as demais qualidades superiores da vida da alma), onde, se a vontade é suficientemente forte, sujeita a matéria emocional e com ela se envolve para acionar os centros etéricos e agir sobre o cérebro, culminando na ação física (atividade, aspecto do Espírito Santo). Tudo isso em uma fração de segundos. No entanto, se a vontade é débil, não chega ao campo físico, por falta de impulso. Então fica registrado o esforço, ainda que fraco, na Memória (ou Mente) subconsciente. Quando fizer novo esforço, no mesmo sentido, ainda que novamente débil, por afinidade ele será atraído e somado ao esforço anterior e, assim, pela persistência, chegará um dia em que aquele intuito alcançará força suficiente para abrir caminho até a ação física. Então, assim, completamos o ideal, já que a “fé sem obras é morta.” (Tg 2:26).

Vejam, pois, a vantagem da persistência rumo ao caminho superior. É uma questão de repetição que forma o hábito e esse, como segunda natureza, leva-nos a agir automaticamente na direção tomada. Isso explica a força de nossos maus hábitos. Porém como o inverso também é verdadeiro, se VIGIARMOS e ORARMOS, deixando de fazer o que é inconveniente e concentrando forças em novos e bons hábitos, teremos a transubstanciação. Não lutamos contra o mal, porque isso traria recalques. Simplesmente, devemos nos concentrar no que é benéfico. O pensamento não pode manter no foco da consciência senão uma coisa de cada vez. Pois que seja ela o bem; o mal, pelo esquecimento, morrerá de inanição. Sabemos que os hábitos antigos são muito fortes e, vez por outra, somos arrastados à sua repetição. Contudo, persistamos no bem sem perder tempo em pensar nessas quedas. O que interessa é o bem. “A função faz o órgão”, o exercício faz o músculo e, portanto, nossa energia deve ser concentrada agora, à vontade do nosso entendimento, na busca de uma meta superior. E justamente esse conhecimento nos traz maiores responsabilidades. A quem mais se dá, mais se lhe exige. Quem sabe o que é o bem e não o pratica, erra duas vezes; por não fazer e por saber que seja bom.

No tocante ao Éter Químico, que disciplina a assimilação e a excreção, a persistência deve ser desenvolvida:

  1. – pelo exercício físico, que nos habilita a governar o Corpo Denso sem deixar acumular toxinas e gorduras ou desenvolver a preguiça. A atividade física ordenada conserva a atividade corporal e assegura boa circulação sanguínea para a perfeita eliminação dos resíduos internos
  2. – pela higiene, que deixa os poros abertos para um normal catabolismo
  3. – pela alimentação vegetariana, porque é de mais fácil assimilação, tem celulose para estimular os movimentos peristálticos dos intestinos na defecção, não está imbuída de instintos animais que não desejamos somar aos nossos e não supõe sacrifício de um irmão menos evoluído que sofre. Entretanto, a alimentação deve ser racional, contendo todos os elementos essenciais à normalidade orgânica. O Estudante recebe nossa orientação completa e
  4. – finalmente, pelo equilíbrio emocional, para que as Glândulas Endócrinas não fiquem prejudicadas na função conservadora do corpo.

A soma dessas realizações disciplina e sensibiliza o Corpo Denso de modo que suas células se põem a vibrar mais rapidamente, permitindo que os vórtices do Corpo de Desejos, que normalmente se paralisam em nosso estado de vigília, devido à condição atual de insensibilidade do Corpo Denso, comecem a girar, a princípio lentamente, até alcançar, com a continuidade da disciplina, maior rapidez. Então, vem o desabrochar das faculdades internas.

A DEVOÇÃO E O ÉTER DE VIDA

Entendamos que a trilogia ideal (MENTE PURA, CORAÇÃO NOBRE e CORPO SÃO), que constitui o lema Rosacruz, fundamenta-se sobretudo na disciplina e na espiritualização dos Éteres, sendo que o Químico afeta o corpo, o de Vida afeta a emoção e os dois superiores, o Luminoso e Refletor, afetam os sentidos e a Mente; ou seja, o intelecto. No entanto, frisamos sua interrelação e mútua influência. O primeiro, o Químico, tem relação com o terceiro, o Luminoso, influindo ambos sobre o Corpo Denso, pois a observação e a ação geram a Alma Consciente, que é o extrato das experiências do Corpo Denso, absorvidas pelo mais elevado aspecto espiritual do ser humano, o Espírito Divino. O segundo Éter, o de Vida, tem relação com o quarto, o Refletor, pois a disciplina do sexo pelas asas da devoção a ideais superiores eleva a força criadora não utilizada, através do coração, ao centro espiritual da Glândula Pituitária, ao mesmo tempo que desenvolve a capacidade de assimilar mais fósforo, fortificando as funções da memória e do discernimento para mais fiel interpretação mental do espírito. A elevação da força criadora acende o fogo espinhal de Netuno e faz vibrar o centro espiritual da Glândula Pineal. Aí temos, então, o equilíbrio perfeito entre a Mente e o Coração, estabelecendo uma ponte vibratória entre ambos os centros da cabeça para o abrir dos olhos espirituais.

Como sabem os Estudantes Rosacruzes, os dois polos são regidos pelos opostos zodiacais, Touro e Escorpião, sendo o primeiro a palavra e o segundo, o sexo. O segundo, para formar a Águia, que voa em busca das alturas, depende da força impulsora da energia criadora e sublimada. A força criadora desperdiçada é morte em todos os sentidos, pois retarda a evolução e enlaça cada vez mais o Ego às consequências dolorosas provocadas pelo embrutecimento do corpo, o que é contrário aos desígnios evolutivos. Por isso, Escorpião é o oitavo Signo, correspondente à oitava Casa, a Casa da morte. Conforme diz a Bíblia: “O salário do pecado é a morte[6]. Além disso, lembremos que com a metade da força criadora formamos o cérebro e a laringe para criar superiormente no futuro, como hermafroditas espirituais, e não temos outro caminho, senão o da sublimação da força criadora em benefício do órgão etérico que está sendo formado dentro do cérebro do ser humano, como uma flor cuja haste se apoia na laringe. Então a criação do Verbo será de um poder inimaginável, tendo em vista as rudimentares possibilidades da nossa laringe material. A força instintiva do rastejante Escorpião não é coisa desprezível que deva ser objeto de tabus, de repulsa ou considerada inferior. Essa interpretação errônea de falsos puritanos, de religiosos recalcados e de doutrinas orientais deve, necessariamente, dar lugar ao lógico discernimento. Para isso concorre a psicologia moderna, que supera a de Freud, explicando o mecanismo da emoção e a necessidade da catarse. Todavia, a Filosofia Rosacruz vai além: mostra como e por que sublimar essa força; que toda força é, em si, divina e boa e o erro está no seu mau uso, iniciado pela ignorante transgressão às Leis, com a decorrente perda de nosso estado de pureza e decretação de posteriores sofrimentos, “Comerás o pão com o suor do teu rosto”, desde o simbólico paraíso ou Éden. Agora, com a chave da razão, a meta evolutiva da presente Época Ária, vamos sublimar essa força.

Os prejuízos espirituais e físicos provenientes do recalque estão bem expressos no mito “Parsifal”, musicado por Wagner na ópera de mesmo nome. Ali, Amfortas (símbolo do ser humano) tenta destruir Klingsor (natureza inferior, instintos) com a lança do poder espiritual (o fogo de Netuno). De fato, Klingsor mutilou-se, mas como a paixão está no Corpo de Desejos e não no Corpo Denso, os instintos se manifestaram pela imaginação libidinosa, criando um castelo com jovens-flores que tentavam e desviavam para o mal os Cavaleiros do Graal (os sentimentos nobres). Com isso Amfortas foi ferido (recalque) e sofria cada vez, quando devia realizar a cerimônia para descobrir a lança e a taça, que correspondem à dor da consciência despertada perante o seu Cristo interno.

A questão é a de sublimar, à maneira de Parsifal (a pureza dentro de nós), que defrontando Klingsor e suas tentadoras flores (imaginações libidinosas) sentiu, por simpatia, o sofrimento de Amfortas e, fazendo o sinal da cruz com a espada (usando o bem, a oração), desfez o reino do mal; posteriormente, em peregrinação pelo mundo, no desenvolvimento da consciência e discernimento, jamais usou a lança para benefício próprio ou defesa de si mesmo. Essa mesma ideia está expressa na formosa lenda dos Maniqueus, em que os Filhos da Luz (altruísmo) vencem os Filhos das Trevas (instintos); mas, não desejando destruí-los, porque eram bons, dividem seu reino (a parte superior do Corpo de Desejos) com os vencidos. A mesma lenda estava presente entre os Essênios e constituiu um dos mais importantes rolos encontrados em 1947, no soterrado mosteiro de Qumran, às margens do Mar Morto.

Com isso não queremos induzir alguém à castidade absoluta. Ela é somente exigida nas Iniciações Maiores e, portanto, por poucos indivíduos. Atualmente, a união sexual é o método de procriação. Não há outra forma de fornecer corpos aos Egos que precisam renascer e é dever de todo aquele que seja são mental, moral e fisicamente facilitar o veículo e ambiente apropriado aos muitos espíritos em busca de novas experiências; isso, conforme os recursos e as oportunidades lhe permitam. Deveríamos realizar o ato da procriação como se fosse um sacramento e não para gratificar os sentidos; como se fosse uma oração espiritual. Isso é um ideal a ser alcançado aos poucos, na sublimação do Éter de Vida pela devoção a ideais superiores, pois assim usada, a força criadora seria necessária pouquíssimas vezes e sem o prejuízo do desenvolvimento espiritual, como sucedeu a José e Maria, pais de Jesus.

Por ser um tema muito delicado e profundo, cuja solução é fundamental aos que buscam o desenvolvimento espiritual, sua solução fica na dependência de cada Aspirante à vida superior, que deve estudá-la e resolvê-la por seu próprio discernimento, ajudado por nossa formosa filosofia, pela astrologia oculta e incentivado pelas maravilhosas promessas contidas na Bíblia e nas obras ocultistas.

“Ao que vencer, eu o farei coluna do Templo do meu Deus e dali jamais sairá.” (Apo 3:12)

O ÉTER LUMINOSO E A OBSERVAÇÃO

A observação é o emprego dos sentidos como meio de obter informações a respeito dos fenômenos que ocorrem ao nosso redor. Como dissemos, a observação e a ação geram a alma consciente, que representa a colheita de experiência do Espírito Divino, o mais elevado aspecto da nossa Trindade interna, através da sua contraparte, o Corpo Denso. É, pois, da maior importância para o nosso desenvolvimento espiritual que observemos fielmente tudo o que ocorre em nossa volta. Se não gravamos corretamente os eventos observados, provocamos uma discordância entre as imagens formadas na memória consciente, pela observação, e as recordações automáticas feitas fielmente através do Éter do ar, pela respiração, e que constitui a memória subconsciente. Essa memória é mais importante que a consciente e forma a maior parte da nossa atividade interna. A moderna psicologia está levando na devida conta esses registros. A filosofia Rosacruz, que alia ciência, arte e religião, explica logicamente essas coisas e possibilita a seus Estudantes alcançar o equilíbrio interno pela coerência entre essas duas memórias.

O ritmo e a harmonia do Corpo Denso se perturbam proporcionalmente às inexatidões das nossas observações durante o dia. É muito comum, ao Aspirante sincero e sensível, sentir uma desagradável sensação de mal-estar interno, quando diz alguma mentira, exagera uma verdade ou fornece uma versão maliciosa sobre algo. Quando chega a noite e ele faz seu exercício de Retrospecção, encontra a causa, isso quando não a percebe de imediato, como é comum. Quando não desfazemos essa desarmonia pelo arrependimento sincero e consciente, nossas atividades durante o sono a desfazem, mas apenas parcialmente. Porém a luta de vibrações, dia após dia, ano após anos, gradualmente destrói e endurece o nosso organismo até que ele se torne impróprio para o emprego do espírito neste mundo. Temos então de abandoná-lo e buscar novas experiências, mais tarde, em um novo e melhor corpo. Contudo, o Aspirante à vida superior dedicado pode amenizar esses transtornos e alongar sua estada nesta escola, pois é desejável que aprenda mais, quando já está no caminho. Na proporção direta à exatidão com que aprendemos a observar, obteremos paz interna, saúde e longevidade. Outro ponto importantíssimo: necessitaremos de menos horas de sono para restaurar as perdas corporais e psíquicas. O tempo de que necessita o Corpo de Desejos para restaurar e restabelecer o ritmo dos corpos depende da maneira como tenhamos empregado o Corpo Denso durante o dia. Se permitirmos que o Corpo Denso se agite entre emoções descontroladas ou desarmonia de observações, o Corpo de Desejos levará mais tempo, durante a noite, para restaurar a harmonia e o ritmo do Corpo Denso. Assim, vemos que o ser humano, o Ego, fica ligado ao seu corpo dia e noite. Contudo, quando aprendemos a descansar na ação e controlamos nossas energias durante o dia, evitando desperdiçá-las com palavras ou atos desnecessários; quando começamos a dominar nossos impulsos, a moldar nosso caráter e impedir desarmonia nas observações, então o Corpo de Desejos não precisa trabalhar durante a noite para restaurar o Corpo Denso. Grande parte da noite poderá, então, ser empregada para trabalharmos fora do corpo, livres como Auxiliares Invisíveis; isso ocorre quando os centros do Corpo de Desejos estão suficientemente desenvolvidos, como na maioria dos seres humanos inteligentes e equilibrados, de modo a permitir ao Ego estirar o cordão prateado e viajar no Mundo do Desejo, onde verá e ouvirá coisas de que geralmente não recordará até que haja efetuado a desconexão entre as partes inferior e superior do Corpo Vital, segundo já explicamos. É por isso que a maioria dos Probacionistas ainda é Auxiliar Invisível de forma inconsciente.

Do exposto pode o leitor avaliar a grande importância da observação correta, aliada à devoção a elevados ideais, alimentação pura, etc. Também, a persistência, sobretudo para chegarmos a um resultado superior pelo caminho mais curto, o caminho do meio, representado pelo cetro do símbolo do Caduceu de Mercúrio.

Para arrematar, podemos lembrar que a capacidade maior ou menor de observação está indicada no horóscopo científico, de modo a permitir que nos eduquemos e orientemos nossos filhos nesse importante ponto. Leia-se no Livro “A Mensagem das Estrelas” o seguinte trecho, sobre o assunto: “É um fato científico bem conhecido que a sensação depende da habilidade de sentir e interpretar a vibração do Éter e do ar, de acordo com o sentido correspondente (visão, olfato, paladar, tato ou audição). Os videntes antigos tomaram o báculo de Mercúrio como o símbolo de seus efeitos e entre outros segredos espirituais incorporados nas formas ondulantes das duas serpentes, branca e preta, enroscadas no báculo, há também este: Mercúrio é o originador de todo movimento vibratório, sendo, pois, um fator primordial no produto da sensação e no processo mental que dela depende. Portanto, a elevação de nossa consciência, como resultado dos processos mentais, conscientes, depende de Mercúrio, que rege nossa mente, nosso raciocínio. Daí vemos que um Mercúrio elevado (no Meio do Céu), forte e bem aspectado, agudiza nossos sentidos e torna a mente mais engenhosa e penetrante. Ao contrário, estando Mercúrio com Aspectos adversos, produz embotamento dos sentidos e torna a pessoa hipersensitiva, nervosa”. E como os Astros indicam o que nós construímos anteriormente, aceitamos com isso nossa responsabilidade no caso e tratamos de destecer o mal e tecer o bem, pois, se o destino foi construído por nós, também por nós pode ser modificado. E de fato está sendo, continuamente: “Os Astros impelem, mas não obrigam”. Podemos e devemos mudar o horóscopo, indicativo de nosso caráter. E a maneira científica e racional de fazer isso é a indicada por Max Heindel, neste trabalho, o livro “A Mensagem das Estrelas”.

O ÉTER REFLETOR E O DISCERNIMENTO

Dissemos que o discernimento é a chave particular de desenvolvimento do Éter Refletor, por meio do qual o espírito colhe as experiências que nutrem e formam a Alma Intelectual, para o enriquecimento do segundo aspecto da nossa divindade interna, o Espírito de Vida.

O discernimento é a faculdade que nos permite distinguir entre o essencial e o supérfluo, separando a realidade da ilusão, o permanente do transitório.

Na materializada vida de nossos dias somos impelidos a pensar que nós somos o Corpo Denso. Contudo, o discernimento nos ensina que somos Egos humanos (Espíritos Virginais da onda de vida humana manifestados), enquanto nossos Corpos (Denso, Vital, de Desejos) e o nosso veículo Mente são apenas prisões temporais, instrumentos à nossa disposição. O carpinteiro usa martelos e serrotes que lhe são instrumentos utilíssimos; no entanto, nunca lhe ocorre crer que ele seja tais ferramentas. Assim também, não devemos nos identificar demasiado com o Corpo, mas, com ajuda do discernimento, considerá-lo um valioso servidor, quando obedece fielmente aos nossos (Ego) ditames.

Considerando-o desse modo veremos que nos é possível realizar muitas coisas anteriormente inviáveis. É por isso que o discernimento gera a Alma Intelectual e nos fornece o primeiro impulso rumo à vida espiritual, porque nos mostra em que estado se encontram nossos Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente, ensinando-nos a ver quais pontos nos estão obstaculizando a marcha ascendente.

Contudo, esse desenvolvimento sozinho é parcial. O ocultista se desenvolve assim, por linhas intelectuais, buscando a verdade pela observação e discernimento. Observa e raciocina sobre o que vê, obtendo, desse modo, o conhecimento. Contudo, São Paulo advertiu que o conhecimento incha, enquanto o amor constrói, edifica e, antes que o conhecimento seja utilizado no desenvolvimento espiritual, é necessário aprendermos a senti-lo. Caso contrário, não poderemos vivê-lo. Portanto, o caminho completo é o ensinado pela Fraternidade Rosacruz, o da lanterna e do coração, o da Mente e do Coração, o do ocultismo e do misticismo, juntos, paralelamente. Assim, enquanto o discernimento nos mostra os pontos falhos, a devoção à vida superior nos ajuda a ser humildes, a reconhecer as próprias faltas, a eliminar os hábitos errôneos e os indesejáveis traços de caráter, sobrepondo-nos aos desejos inferiores e impulsos instintivos.

Nesse assunto de ver ou discernir há um ponto importantíssimo: os pensamentos de crítica devem ser evitados. É um péssimo hábito, muito prejudicial ao Aspirante. Devemos abster-nos da crítica, tanto quanto nos seja possível. O verdadeiro discernimento nos ensinará a ver, impessoalmente e de modo genérico, o que é bom e o que é mau. Mas não nos produzirá um sentimento em relação à causa, acontecimento ou pessoa observada. Esse é o ponto importante. O exame de um fato, uma ideia ou um objeto é necessário para que saibamos do seu valor. Olhar e discernir é legítimo e importante para que não nos suceda como àquele homem que, levando a extremo a recomendação bíblica de “não julgar para não ser julgado[7], acabou tornando-se um idiota, incapaz de saber o que era conveniente ou não. O que se deve evitar são os pensamentos agressivos, que ferem ou degradam, pois sabemos como são gerados os pensamentos-forma e como agem fora de nós, contra as pessoas a quem os dirigimos. Sabemos que eles voltam e depois agem sobre nós próprios. Por outro lado, o estado de crítica, de contínua insatisfação, obstrui a aura e impede o fluxo de pensamentos nobres e incentivadores que os Irmãos Maiores dirigem a todos.

A capacidade maior ou menor de discernimento é revelada, no horóscopo cientificamente levantado: por Mercúrio, que rege a vibração do Éter e permite a observação; por Saturno, o Planeta da consciência e da moral; por Júpiter, a Mente superior; e pela Lua, a Mente subconsciente. É uma qualidade mental a ser desenvolvida por quem a tendência a ser mais místico, sentimental, de se deixar levar pelo primeiro impulso. A preguiça mental é um grande mal. Devemos aprender a discernir. Igualmente triste é a cultura periférica dos que vivem a citar ideias alheias que não chegam sequer a compreender profundamente. Recomendaríamos, porém, que memorizemos e sempre recordemos a seguinte frase: “Os melhores mestres são esses: Quem? Por quê? Como? Quando? Onde?”, pois ela nos orienta em direção ao amor inato ao próximo e nos ajuda a aproveitar melhor nossos esforços sociais, muitas vezes malbaratados com coisas vãs.

F I M


[1] N.R.: Jo 10:27

[2] N.R.: Jo 20:29

[3] N.R.: Hb 11:1

[4] N.R.: Lc 5:33

[5] N.R.: Mt 9:16

[6] N.R.: Rm 6:23

[7] N.R.: Mt 7:1

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O “Novo Homem”: o movimento ascensional do ser humano na ascese expansiva

Se vós, porém, sois guiados pelo espírito, não estais debaixo da lei.” (Gl 5:18).

As perspectivas de evolução e de aperfeiçoamento promulgadas pela Ordem Rosacruz são a que há de mais cativante para o coração humano, e de mais grandioso para a sua inteligência e entendimento.

Até o advento da Fraternidade Rosacruz, que é o mesmo que dizer até o aparecimento do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, o mundo ocidental não havia conhecido revelação tão sublime das imensas possibilidades latentes da perfectibilidade do ser humano.

Max Heindel, o compassivo mensageiro da Ordem, desvelando o mistério oculto nos Evangelhos, abriu e completou o sentir da Verdade, pelo entendimento profundo dos destinos espirituais prometidos pelo Senhor Cristo.

Qual foi essa mensagem esclarecedora? Numa palavra toda se reduz a esse movimento ascensional que, tomando o ser humano nas formas mais primárias de sua carne, dos seus sentimentos e do seu pensamento, pouco a pouco, ao longo dos milênios, na ascese expansiva do latente Fogo Espiritual, o modela, o transforma, o eteriza, o transfigura em um novo indivíduo.

Lembremos como a Ordem Rosacruz realiza essa transfiguração. Estabeleceu sete etapas de desenvolvimento: Estudante Preliminar, Estudante Regular, Probacionista, Discípulo, Irmão Leigo, Adepto e Irmão Maior.

Durante as primeiras etapas de Estudante e de Probacionista, o Aspirante, por assim dizer, cursa as matérias básicas e constrói os fundamentos da sabedoria e da disciplina dos seus corpos. Assimilando a Filosofia, apreende o senso das realidades, apaga pouco a pouco as ilusões e domina, aprende a, gradualmente, dominar as forças obscuras de seu ser; toma contato com a Sabedoria e conhece os primeiros vislumbres da expansão do “eu”, os prenúncios da sua identidade substancial com todos os seres e coisas que o rodeiam.

Largos anos e, às vezes, vidas de trabalho, de cuidados e de esmorecimentos, de lutas e de desânimos, de quedas e de levantamentos, de augustas alegrias e de sofridos desesperos marcam esta fase preparatória do Aspirante, do ser humano novo em modelação. Mas, os esforços, as lutas, seu avanço no Caminho, são observações dos Mundos internos pelos Líderes e Condutores Espirituais. E, um dia os vislumbres tornam-se realidade viva, os obscuros contornos da visão Probacionista adquirem a nitidez ofuscante do Discípulo Iniciado. Assim, o ser humano novo adquire uma nova estatura do Espírito Vivificante.

Até aí debaixo da lei e da contingência, os poderes da mesma lei são, agora, impotentes para dominá-lo. As obras do falso “eu” ou “eu inferior”, os zelos, o amor-próprio, a vaidade, a ambição de posse, o espírito sectário, que ontem eram as características do “ser humano velho”, desvanecem-se para sempre. É o Espírito ou verdadeiro “eu” quem agora o dirige. E o “fruto do Espírito é a caridade, o gozo, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade, a longanimidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade contra estas coisas não há lei.” (Gl 5:22-23).

Mas, não imaginemos que atingido o grau de Discípulo, o “novo homem” entra numa fase de contemplação estática, absorvente, de mera assimilação dos favores dos Deuses. Não, pelo contrário!

Os poderes da ação, do trabalho, estão mais presentes, e mais presentes do que nunca em seus pensamentos, em seus nervos e em seus músculos. Seu pensamento é ocupado, as vinte e quatro horas do dia, com “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é santo, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama.” (Fp 4: 8).

Exemplo daqueles de que falava São Tiago em sua Epístola: “Sede, pois, fazedores da palavra e não ouvidores tão somente, enganando-vos a vós mesmos.” (Tg 1:22). Sua família, seus amigos, seus companheiros de trabalho, de associação no campo ou no mar, a sua terra, seu município, seu estado, sua pátria e a própria humanidade vão sentir a força propulsora de sua vontade, da sua cultura, da sua dedicação férrea às causas justas e nobres; vão beneficiar-se do esforço incomparável, quantas vezes do sacrifício, a par da mais extrema renúncia aos frutos do êxito.

Que poderemos, agora, imaginar das três etapas superiores do Caminho Rosacruz, do Irmão Leigo, do Adepto e do Irmão Maior? Iluminados nas transcendentes alturas do Bom, do Belo e da Verdade, são inconcebíveis as vivências e sublimidades do Ser. Max Heindel nos deixa antever algo da fecundidade da sua vida misteriosa, que aqui resumimos: “Os Irmãos Leigos vivem em diferentes partes do Mundo Ocidental e recebem uma ou mais Iniciações das Escolas de Mistérios Menores. São capazes de abandonar seu Corpo Denso, conscientemente, e assistir ou participar dos trabalhos no Templo dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Os Adeptos são graduados de uma Escola de Mistérios Menores e passaram, pelo menos, pela primeira das quatro Iniciações Maiores. A Doutrina Rosacruz diz que o Adepto pode construir novo Corpo Denso por processos ocultos de alquimia espiritual. Os Irmãos Maiores são graduados das Escolas de Mistérios Menores e, também, das Escolas de Mistérios Maiores (ou seja: já passaram pelas nove Iniciações (ou Mistérios) Menores e pelas quatro Iniciações (ou Mistérios) Maiores. São seres de sublime espiritualidade e fazem parte da Hierarquia planetária”.

Poderá haver qualquer Estudante Rosacruz, qualquer Aspirante, jubiloso da grandeza do caminho, com sinceridade de alma ansiosamente esperando no Senhor, “como o lavrador, na expectação de recolher o precioso fruto da terra” (Tg 5:7), que não se entregue com todo o ânimo a esta faina construtora, a esta ingente obra de auto edificação do novo ser?

Que nos falta? “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?” (ICor 3:16).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1958 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um decálogo para as relações humanas — Baseado nos ensinamentos de Cristo

Um decálogo para as relações humanas — Baseado nos ensinamentos de Cristo

Para que tenha valor ao indivíduo, a Religião deve produzir-lhe reforma interna. Conhecer a Religião praticada convencionalmente, de modo superficial, não nos traz proveito algum.

Contudo, para apreciar devidamente uma Religião, precisamos conhecê-la. Para conhecê-la precisamos estudá-la de modo conveniente. A Filosofia Rosacruz nos ajuda muito a conhecer o Cristianismo. Não poucos, com sua ajuda, retornaram à Bíblia, vendo-a sob nova luz.

Estivemos meditando sobre os princípios do Mestre, alusivos às relações humanas. Lemos várias vezes o Novo Testamento, anotando as citações que nos pareceram encerrar maior significância para o tema. Confirmamos, então, que o Novo Testamento seja o mais atualizado e profundo manual de relações humanas que existe no mundo!

Naturalmente, para esmiuçar as citações, buscando todos os seus alcances práticos, precisaríamos escrever um volumoso livro. Poucos se dispõem a ler obras volumosas e sérias. Buscamos, por isso, sintetizar nossas conclusões neste pequeno trabalho. Este decálogo deveria ser meditado e praticado por todos, pois abrange todas as esferas sociais. Desse modo, Cristo presidiria aos nossos diálogos, assegurando-nos êxito em todos as conversas!

1 — HARMONIZA-TE SEM DEMORA COM O TEU ADVERSÁRIO

Disse alguém: “Vive cada dia como se fosse o último de tua vida”. O que faríamos, se soubéssemos ter apenas um dia de vida ou, digamos, alguns dias? Como espiritualistas convictos da ação da Lei de Consequência e Renascimento, trataríamos, sem demora, de acertar todas as nossas pendências, desligando-nos de todos os compromissos terrenos! Não é lógico?

Enquanto mole, podemos corrigir um desnível no cimento. Mas depois que endurece não é possível, senão quebrando-o. Todas as coisas são mais facilmente acertadas no início, enquanto as razões estão frescas. Depois, convertem-se em destino maduro e a dor é inevitável durante a correção.

Contudo, se, ao buscarmos conciliação e harmonia, apesar da delicadeza, do tato e do intento sincero, encontrarmos no desafeto uma disposição rancorosa e agressiva, que nos afastemos calmamente, sem revide. É o que os Evangelhos ensinam, ao recomendar que se deva tirar o pó das sandálias, retirando-se do lar onde não se foi acolhido. O importante é que cada um cumpra sua parte com seu Deus. E não nos detenhamos nas querelas. Imitemos os rios, que não se chocam com as montanhas, porém as contornam e seguem a diante.

2 — SE ALGUÉM TE OBRIGAR A ANDAR MIL PASSOS, VAI COM ELE DOIS MIL

“Não resistais ao mal”, ensinou também o Cristo e isso diz respeito ao nosso comportamento interno. Importa que não reajamos negativamente a qualquer atitude ou circunstância adversa. São Bernardo ensinou: “Ninguém pode ferir-me ou atingir-me, senão eu mesmo. Depende, pois, de mim, rebaixar-me ou irritar-me e, desse modo, deixar-me atingir pelo inimigo de minha personalidade”. Devemos empreender sincero esforço na conquista do domínio próprio. O descontrole emocional, mormente entre os latinos, tem sido a causa frequente de úlceras, diabetes, enfartes e tantas outras doenças. Existe alegria de viver ou felicidade, quando não temos saúde? E como podemos cumprir nossos deveres para com nosso Espírito, nossa família e o gênero humano, sem condições normais que nos ajudem? Também incluímos neste assunto todos os pequenos desafios que diariamente nos ameaçam corroer a paciência: as dificuldades no trabalho e no lar, as esperas nas filas de ônibus e os apertos dentro deles…

3 — TODA ÁRVORE QUE NÃO DÁ BOM FRUTO É CORTADA E LANÇADA NO FOGO

Não existe inércia nem inutilidade na natureza. O órgão não usado é atrofiado. Os desafios da vida são naturais e necessários para o desenvolvimento proporcional a cada indivíduo. Aquele que se adapta e age construtivamente, progride; o que para, retrocede. Aí está o verdadeiro conceito de mocidade e velhice: internamente, aquele que desanima e empaca morre para a vida, cuja finalidade é o desenvolvimento das faculdades internas que herdamos do nosso Criador. O cristão consciente é honesto e dá o melhor que pode em seu trabalho, no lar ou na sociedade porque sabe que, ao retardar seu dever, ao negligenciar suas tarefas, descuida de si mesmo, recebendo dos outros exatamente na medida em que oferece. Isso se aplica aos indivíduos, às empresas e agrupamentos sociais. Quanto mais produzem, construtiva e legitimamente, tanto mais crescem — em todos os sentidos! É preciso vencer as tentações dos maus exemplos e das insinuações aparentemente justas. Um erro não justifica outro! Que cada um de nós cumpra o seu dever.

4 — NÃO É O QUE ENTRA PELA BOCA QUE CONTAMINA O SER HUMANO, MAS O QUE DELA SAI

“Falar é prata, calar é ouro” — diz o provérbio. Depois que falamos algo inconveniente, tornar-se difícil e embaraçoso ao nosso orgulho que nos retratemos. Uma mentira conduz a outras, acabando por subestimar as pessoas mentirosas. As palavras violentas e irritadas têm prejudicado ótimas situações e arruinado negócios. Estamos educando ou aconselhando? Se queremos ajudar e demonstrar amor, falemos com amor. Argumentamos com alguém? Então que mantenhamos o equilíbrio, a lógica e a humildade, porque o objetivo é a verdade e não ganhar ou perder a discussão.

O uso da palavra é um assunto bem importante. É o próprio uso do Verbo! Tão importante que Tiago lhe dedicou primoroso capítulo, o terceiro de sua carta, sobre o qual Max Heindel nos exorta a meditar de vez em sempre. Observa Heindel: “A tendência de falar mal dos outros ou admoestar as coisas más é magia negra, porque construímos no Mundo do Desejo uma forma negativa e a lançamos na pessoa ou coisa. Uma abelha, quando pica, deixa o ferrão e morre. Que seria das línguas das pessoas, se lhes sucedesse o mesmo?”.

Todo Cristão-esoterista conhece a Lei de Atração dos semelhantes: se nutrimos ódio por alguém, suscitamos a reação odiosa dessa pessoa; se o amamos, suscitamos-lhe amor; se, ao irmos ao encontro de alguém para resolver uma pendência, um assunto qualquer, pensamos negativamente, construímos com isso as condições negativas em nós e na outra pessoa; no entanto, se vamos de forma confiante e corajosa, parte do problema já foi resolvido.

5 — E QUEM QUISER SER O PRIMEIRO ENTRE VÓS, SEJA ESSE O SERVO DE TODOS

Eis o ideal de liderança, o verdadeiro sentido de liderança baseado no serviço amoroso do líder, em sua relação com os companheiros: exemplificar. Envolve não apenas um sentido de poder, mas também um de dever. Em vez de submeter e mandar, une-se aos outros e os soergue com seu entusiasmo, convicção e trabalho. No lar, no trabalho ou na Fraternidade, os dirigentes criam seres humanos, ajudam-nos a vencer, multiplicam-se por meio deles e logram seguramente os objetivos para o benefício comum, porque lhes conquistam a lealdade, lhes galvanizam o entusiasmo e criam um espírito de trabalho em conjunto e de harmonia contagiante.

O serviço amoroso e altruísta é a tônica da Fraternidade Rosacruz; vale dizer, a medula da doutrina Cristã. Nele reside o êxito de todas as atividades.

6 — APASCENTAI AS MINHAS OVELHAS

O respeito do ser humano pelo ser humano, como semelhante centelha espiritual, deixa muito a desejar. Nunca o mundo precisou tanto de amor como nos atuais tempos de materialismo, algo tão perigoso ao nosso natural desenvolvimento interno. Por isso, o mais deplorável na hora presente é o desânimo dos “homens de boa vontade”. Psicólogos e educadores estudam as causas dos problemas sociais, mas não poderão perscrutar profundamente o problema, enquanto não considerarem o ser humano em sua integralidade, como humano e espiritual. A menos que sejamos alimentados em todos os aspectos, haverá fome de algum lado, deficiências, enfermidades jamais sonhadas pelos materialistas, porque a função cria o órgão e a negligência de certos aspectos, justamente os mais complexos e elevados da natureza humana, trará consequências desastrosas!

A técnica moderna, em vez de servir ao ser humano, veio escravizá-lo em benefício de alguns. As máquinas avassalaram os operários, reduzindo-os a peças cujos movimentos são estudados para cada vez mais produzir. A vida egoísta e intensa das grandes cidades nos ilham em um círculo vicioso e pouco edificante. É uma indústria de neuróticos. Os hospitais de doenças nervosas se multiplicam.

Contam as estatísticas que, dentre as pessoas com cursos superiores, os que mais se suicidam são os médicos e, dentre eles, os psiquiatras! Na América do Norte, é alarmante o número das pessoas que morrem de enfarte nervoso, antes dos 50 anos. Na Europa, justamente nos países mais adiantados (Suíça, Suécia, Dinamarca), ocorrem os maiores índices de suicídio. Por quê? Se o objetivo do ser humano fosse meramente material, se ele fosse apenas um conjunto orgânico que se desfaz com a morte, por que essa angústia? A resposta é simples: estão esquecendo o ser humano real! As criaturas andam famintas de amor, apreciação, estímulo, criatividade, motivação. O ser humano precisa ser compreendido em sua inteireza. De novo surge, do fundo das idades, a Esfinge gigantesca e repete o desafio: ou me decifras ou te devoro! De novo o Cristo dentro de nós inquire a nossa consciência: tu Me amas? Então, apascenta as minhas ovelhas!

O Cristianismo Esotérico possui uma tremenda responsabilidade, um grande dever de divulgar, por todos os meios ao seu alcance, os aspectos integrais do ser humano e o modo de torná-lo realmente feliz e realizado, mas não segundo o ponto de vista material, imediatista; porém, conforme uma perspectiva ampla que atente não só ao presente, mas também ao futuro.

“Não só de pão vive o homem.” O dia em que se ensejar a cada ser humano os meios e motivações de crescimento interior, ver-se-á que eles hão de florescer a dimensões jamais sonhadas, em todos os aspectos.

7 — MAS, SE NÃO PERDOARDES AOS SERES HUMANOS, TAMPOUCO VOSSO PAI PERDOARÁ AS VOSSAS OFENSAS

O único antídoto eficaz para a enfermidade do ressentimento, do ódio e da amargura é o perdão. Mas o perdão terapêutico! Todos nós conhecemos, por experiência própria, o perdão superficial, de boca: “Eu o perdoei, mas ele acabou para mim!”. Isso não é perdão! O ressentimento persiste como um elo paradoxal: dizemos que não mais desejamos qualquer laço com o desafeto e, todavia, mantemo-nos algemados, relembrando sempre o seu erro. Dizemos que a pessoa acabou para nós e, no entanto, permanecemos igual a um carcereiro, prendendo-a ao nosso ressentimento.

A imagem não é exagerada. É real, para quem conhece as atividades do nosso Corpo de Desejos e sua relação com o Mundo do Desejo. O purgatório existe para desfazer os laços desamorosos que não foram desfeitos pela compreensão e perdão. O perdão terapêutico consiste em realmente perdoarmos o desafeto, dizendo convictamente para nós mesmos: “Eu o liberto do meu ressentimento por amor, na certeza de que tudo coopera com o bem”.

Os ressentimentos dividem os esforços coletivos cujos objetivos deveriam permanecer acima dos indivíduos. E a casa dividida não pode subsistir.

A resposta do Cristo para Pedro é bem significativa em relação à disposição que deveríamos costumeiramente adotar: “Devemos perdoar até setenta vezes sete”.

8 — TODA CASA DIVIDIDA CONTRA SI MESMA NÃO SUBSISTIRÁ

Quando Max Heindel fundou a Fraternidade Rosacruz, o Irmão Maior que o orientava recomendou-lhe que dispensasse, o quanto lhe fosse possível, a burocratização dos trabalhos, a criação de cargos etc. Max Heindel não conseguiu. A humanidade ainda não está preparada para essa elevada forma de trabalho em conjunto, onde cada um, independentemente de funções bem definidas, procura fazer o máximo, sem pensar em cargo ou natureza de trabalho. E as mesmas falhas humanas que ainda nos impedem de realizar essa colaboração espontânea e construtiva são as que motivam as dissenções.

O único líder é a IDEIA; e o único IDEAL É O CRISTO!

Se todos trabalhássemos para difundir, com o máximo das forças e faculdades, os maravilhosos ensinamentos da Filosofia Rosacruz, sem pensar em distinções, cargos ou elogios, que são ainda as propagandas de nossa personalidade, o Cristo seria mais bem alimentado! Não só dentro de nós, pelo serviço, como igualmente pelo soerguimento de nossos semelhantes.

As condições atuais exigem regulamentos, estatutos, cargos…, mas devemos aprender a transcender a época ou então ainda não estaremos capacitados para ensinar os ideais de uma nova época!

Não consideremos os aspectos externos das Sedes: a Fraternidade não é suas paredes ou móveis. Não critiquemos os oradores; eles estão fazendo o que podem para colaborar, mas têm suas falhas. Em vez de criticar, trabalhemos harmoniosa e conjuntamente pelo objetivo comum. Cada um de nós é algo muito valioso para a Fraternidade. Todas as trevas do mundo são incapazes de encobrir a luz de uma pequenina vela! E as velas reunidas iluminam o mundo.

Independentemente de tudo, façamos a nossa parte. Sobretudo, façamos parte ativa do Todo que é a Fraternidade. Ofereçamos nossos préstimos sem pretensão alguma.

A qualidade e a persistência de nossa colaboração, unidas pela compreensão, tolerância e adaptabilidade, darão credenciais de SERVOS DO SENHOR.

9 — ESTENDE A TUA MÃO!

Quando Cristo curou a mão atrofiada do homem que estava na sinagoga, ordenou: “Estende a tua mão!”. E o ideal de Cristo para a cura de todos os nossos males, para estabelecimento da real felicidade humana, continua a exigir de nós: “Estende a tua mão!”.

Além dos limites da nossa personalidade, estendamos a mão direita, símbolo universal de amizade, na direção do nosso próximo.

Como os braços metálicos que se entrelaçam e formam a tela de arame, homens e mulheres, brancos e negros, acima de credo, nacionalidade ou cor; acima de todos os convencionalismos, devem sair de si mesmos e se irmanar em uma autêntica família universal!

Cumprimente sentindo o que diz: “Bom dia!”, “Boa tarde!”, porque se a sua mão, em minha mão, não transmite amizade ou amor, também não transmite o Cristo, o único Ego para uma real Fraternidade.

Se isso se consumasse agora, todas as guerras, doenças e misérias acabariam!

10 — ASSIM, “TUDO O QUE QUISERDES QUE OS HOMENS VOS FAÇAM, FAZEI-O ASSIM TAMBÉM VÓS A ELES. PORQUE ESSA É A LEI E OS PROFETAS”

Deixamos propositalmente a Regra Áurea para o fim. Ela enfeixa e encerra tudo o que existe sobre as relações humanas. Nem seria preciso tecer comentários sobre ela. Tanto tem sido falado e escrito a seu respeito que pareceria ocioso acrescentar algo. Apenas lembraríamos sua estreita ligação com a Lei de Consequência e a Lei de Atração do semelhante. Sua aplicação é pessoal, nacional e internacional. Quer pô-la em prática amanhã mesmo? Então faça uma lista das coisas que gostaria que as pessoas lhe fizessem e, assim, faça-as para as outras pessoas. Mas não faça como o menino imediatista que plantou as sementes e todos os dias as desterrava para verificar se estavam crescendo. Plante e espere. Mas plante com amor. O amor, a água pura e o Sol morno dão vigor à planta humana e a faz produzir mais de cem frutos por um. Lembremos: nossa personalidade é apenas vara, um galho da videira do Cristo interior. E quanto mais Lhe fizermos a Vontade, tanto mais fluiremos pelos canais de Sua inteligência, Seu afeto e Sua vitalidade: os frutos de Deus para a criação de um mundo melhor!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1970)

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