Pergunta: O Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – o “Conceito” – está desatualizado?

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – o “Conceito” – está desatualizado?

Pergunta: O Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – o “Conceito” – está desatualizado?

Resposta: Desde que foi publicado, em 1909, o “Conceito Rosacruz do Cosmos” exerceu reconhecida influência no espiritualismo em geral, suscitando a criação de entidades rosacruzes independentes, algumas delas dedicadas a inteira divulgação das obras de Max Heindel. Tudo isto é auspicioso, para que se cumpra a missão prevista pelo Irmão Maior.

Todavia, o que destoa e enfeia é que, no esforço de autoafirmação, alguns “amigos”, em vez de juntar-se conosco, buscam subestimar a Max Heindel, pretendendo haver-lhe enxertado revelações mais altas e atualizadas.

Uma pessoa pequena (por dentro), no esforço de subir, pisa nos outros. Eis uma constatação: se alguém está seguro de si, não precisa se esforçar para SER. Ele JÁ É! Mas aquele que está inseguro procura diminuir os outros, pensando, com isso, ficar mais alto que eles.

É compreensível que isto suceda nos meios sociais comuns porque ali, como se costuma dizer, é “cada um por si e Deus por todos”: uma competição não fraterna.

Mas, que dizer quando isto parte de alguém que pratica a espiritualidade há muito tempo? Alguém que ocupa a direção de movimentos espiritualistas?

Tempos atrás uma estudante veio me dizer que não queria continuar o curso preliminar de Filosofia Rosacruz. Respondi-lhe: “Não há problema. Nem precisa comunicar a Sede Central. Respeitamos o livre arbítrio. Cada um é livre para entrar e sair, sem qualquer compromisso conosco”. “Aí ela acrescentou: o ‘Conceito’ já está ultrapassado…”. Perguntei-lhe: “As Senhora já o estudou bem?”. Ela disse, sem jeito: “Não… nem o li inteiro. Estou na 4ª lição. Mas, uma pessoa muito entendida me disse isso”. Calei-me.

Tenho pensado nisso, não por mágoa, mas para meditar sobre o assunto. Lembrei-me da parte introdutória de “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, sobre aqueles que não aproveitam uma contribuição ou porque não ouviram falar sobre o tema ou porque não concordam com suas opiniões. Recordei, principalmente, aquela frase no Conceito: “A única opinião digna de ser levada em conta é a que tem, com base, o conhecimento”.

Há um vestibular para ingressar-se numa faculdade. O vestibular é importante para avaliar os que estão em nível de frequentá-la e aproveitá-la. Há, também, uma “advertência” na “introdução” do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, para que a pessoa se dispa das pretensões e se torne “como uma criança”, para, com a mente aberta, sem preconceitos, possa aproveitar o conteúdo. Só nesse estado de receptividade (não de inocência) a intuição pode falar; só desse modo a sabedoria interna nos permite sentir o “sabor” da verdade. Só uma Mente aberta descobre a coerência lógica.

Max Heindel é muito modesto. Cônscio de sua responsabilidade, como mensageiro da Ordem Rosacruz, ao fundar a Fraternidade Rosacruz, que é o aspecto humano, preparatório – o cursinho para a Faculdade – sinceramente diz: “Esta obra não é infalível porque não há, sobre este complicado assunto, qualquer revelação que abranja tudo”. O autor não é onisciente, nem os outros são. O Conceito Rosacruz do Cosmos está longe de ser a última palavra sobre este assunto. “À medida que avançamos, apresentam-se aos nossos olhos novos aspectos e esclarecem-se muitas coisas que antes, só víamos como através de um cristal embaçado” (Conceito).

Prossegue Max Heindel: “Está obra encerra apenas a compreensão do autor sobre os ensinamentos Rosacruzes acerca do mistério do mundo, revigorados, ainda, por suas investigações pessoais nos mundos invisíveis”. “Tendo se esforçado o máximo para apresentar ideias verdadeiras, considera-se, também na obrigação de deter-se da possibilidade de a obra vir a ser considerada como ensinamento dogmático dos ensinamentos Rosacruzes. Sem está recomendação talvez esta obra tivesse mais valor para alguns estudantes, mas isto seria inconveniente para a Fraternidade e para o estudante, porque se manifestaria a tendência de atribuir a Fraternidade a responsabilidade dos erros que, neste trabalho, como em toda a obra humana, podem ter escapado. Eis a razão desta advertência”. (Conceito)

Por outro lado, diz ele: “Durante quatro anos o autor continuou as suas investigações dos mundos invisíveis e experimentou a expansão de consciência relativa a esses reinos da Natureza (…). Pelo que pode investigar por si próprio, que os ensinamentos deste livro, que são da Fraternidade, estão de acordo com os fatos, tais como ele os conhece diretamente. A Fraternidade Rosacruz tem a concepção mais lógica e ampla sobre o mistério do mundo. O autor crê firmemente que, por lhe parecerem absolutamente certas as linhas mestras desta filosofia, todas as filosofias do futuro as seguirão”. (Conceito).

Vamos, agora, a meditação do assunto “ultrapassado” e “desatualizado” como também já ouvi de outra escola com o nome de “rosacruz”.

Em primeiro lugar, para avaliar uma obra é preciso estudá-la com a Mente aberta. Depois que se a estuda, a apreciação que dela fazemos é de ordem pessoal: seguindo nosso ponto de vista, porque ninguém pode ver ou perceber além de seu nível interno. É, pois, uma opinião pessoal.

Em segundo lugar, para que nossa apreciação de uma obra seja realmente válida para todos, é indispensável que estejamos acima do nível do autor. Só quem está em nível superior pode apreciar o que está abaixo dele. Pergunto: a pessoa que diz: “O ‘Conceito’ está ultrapassado”, encontra-se acima do nível de Max Heindel? Sabemos que ele alcançou a quarta Iniciação menor (região arquetípica do Mundo do Pensamento, onde constatou muitas realidades) e, além disso, teve a assistência de um Iniciado Maior em virtude de sua missão, como fundador da Fraternidade Rosacruz. Alguma dessas pessoas tem mais evolução do que ele? Se não tem, estarão incorrendo naquela falha apontada por um passo evangélico: “A sabedoria se torna estultícia para quem não a percebe”. Um sábio é, muitas vezes, tido por louco, pela maioria ignorante que não o compreende.

Em terceiro lugar: o que é estar ultrapassado? Ou desatualizado? Porque a edição do “Conceito” foi em 1909 e estamos numa época de velocidade? Já ouvi também esse argumento. Fiquei com pena dos Vedas que vem de 8.000 anos antes de Cristo; fiquei com pena dos ensinamentos de Zoroastro, de Buda, de Pitágoras etc.. E a Bíblia? Por que a estudam ainda? Não serão, também, velharias? Verdades anacrônicas?

Dirá alguém, em defesa: Mas a Bíblia é diferente. Lá está escrito: “Tudo passará, mas minhas palavras não passarão”.

Por quê? Porque são verdades eternas? E as de Buda? E as de Zoroastro? E as de Pitágoras?

Em verdade, as realidades constatadas dos mundos invisíveis não são passageiras. São verdades permanentes. Apenas a sua transmissão aos seres humanos comuns é que merece um modo adequado. Segundo o nível de evolução, os costumes, as tendências etc., os Iniciados transmissores dessas verdades apresentam-nas de modo acessível, em vários graus, atendendo a todos. É como apresentar a mesma pessoa em roupagens diferentes. Assim, a novidade não está na verdade, mas na sua forma de apresentação. Podemos gostar mais de um vestido do que outro, considerando-o mais moderno e atraente: a questão de preconceito, de moda. Já no campo espiritual, a coisa é mais séria, pois o método ou o modo de apresentação de uma filosofia pressupõe razões mais profundas. Por exemplo, a Filosofia Rosacruz tem a finalidade de atender a razão lógica da mentalidade ocidental, a fim de que possamos compreender e aceitar as verdades espirituais e comecemos a falar uma fé racional. Seu campo há de estender-se por muitos séculos, conforme diz Max Heindel: “As linhas mestras desta Filosofia orientarão as filosofias do futuro”. Em questão espiritual, o fator tempo entra numa dimensão muito mais ampla. De fato, embora os evangelhos tenham transmitido os ensinamentos orais do Cristo há 2.000 anos atrás, quem pode dizer de sã consciência, que os segue cabalmente? Quem pode dizer-se cristão no profundo sentido de quem vive os ensinamentos do Mestre?

Daqui depreendemos o sentido de atual ou presente; de desatual ou passado. Enquanto não atingimos a vivência de algo, estamos aquém dele. Nesse caso, tal ensinamento está no futuro em relação a nosso nível de ser. Quando o atingimos, o conhecimento se torna presente. E só quando o ultrapassamos é que ele se torna passado. Pergunto: Quem ultrapassou o “Conceito”? Quem realizou o que ali se ensina? Respondam as pessoas que procuram justificar suas escolas como superiores. Não são as palavras que dão gabarito, mas o nível de ser.

Em ciência, quando uma mentalidade avançada (muitas vezes inspirada pelos Irmãos Maiores, que são os guardiões dos poderes) descobre novos princípios, anulando erros anteriores, dizemos que houve evolução: ultrapassamos conceitos tidos por certo, mas que se revelaram parcial ou totalmente falsos. No campo espiritual, mais elevado, as probabilidades de engano se tornam menores, ainda mais que lá tomamos contato com a realidade mesma e não com sua enganosa aparência física. Daí que as obras sérias atravessem séculos e milênios, atendendo a evolução de certo período. Quando mudam é mais na forma de apresentação, como dissemos.

Enfim, nenhuma realidade deixa de sê-lo, pelo simples fato de que a neguem alguns. Os seres humanos estão limitados a seu nível e muitas vezes cometem imprudência de atacar o que não alcançam, pela pretensão de justificar sua verdade relativa como padrão universal.

Isso nos honra. Como disse alguém: “Por que fulano me critica? Nunca lhe fiz nenhum bem!”.

(P&R da Revista Serviço Rosacruz jul/76 – Fraternidade Rosacruz SP) 

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