São João Batista, o Precursor

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

São João Batista, o Precursor

São João, durante as viagens que realizava de Juta a Jerusalém, presenciava os atos de extrema crueldade dos soldados romanos e a afrontosa cobrança de impostos. Os serviços do Templo se revestiam de um caráter mundano e o povo vivia debaixo de uma execrável opressão. São João indignou-se contra esse estado de coisas e sua índole, totalmente avessa a tais injustiças, impeliu-o mais tarde a censurar acerbamente o Estado e a Igreja.

Desde a infância mostrava-se diferente dos de sua geração. As outras crianças olhavam-no como se ele pertencesse a outro mundo. O convívio com seus elevados pais, e as instruções que recebia, tornavam-no apto a cumprir uma missão de destaque.

Embora tivesse passado pelas provas que o habilitavam ao noviciado no Templo, seu Espírito encontrava-se além. Não lhe estava destinada uma vida de mera rotina. Uma grande missão o esperava.

Depois da morte de seus pais, São João defrontou-se com o problema comum a todos os Aspirantes que procuram se dedicar de corpo e alma à Vida espiritual, isto é, manter-se equilibrado entre as coisas do Espírito e as do mundo. Como sacerdote teria pela frente uma Vida relativamente tranquila. Seus deveres para com o Templo restringiam-se a umas poucas semanas durante o ano. Isso lhe desagradava profundamente. Jamais se conformaria em servir a uma Religião formal, em que os ritos purificadores eram celebrados por pessoas devotas ao “príncipe do mundo”. Tudo ao seu redor lembrava os rogos das viúvas e os choros dos órfãos, enquanto os publicanos ofereciam as suas infindáveis orações, sem vestígio algum de espiritualidade.

São João ponderou sobre essas coisas e acabou retirando-se para o deserto. Viveu durante quase vinte anos na solidão, a que já se habituara desde sua existência passada quando renasceu como o rude profeta Elias. Nesse isolamento, encontrou todas as condições para preparar-se devidamente como o precursor da Nova Dispensação.

A Galileia, no tempo de São João, era a encruzilhada do mundo, povoada por uma mistura de raças de natureza arrojada, movidas pelo espírito de aventura. Esse trecho do território palestiniano caracterizava-se pela sua grande densidade demográfica, e pela sua população cosmopolita. Fenícios, gregos e pessoas do extremo leste eram figuras familiares nas cidades da Galileia. São João, em contato com esses povos, adquiriu um sentimento de liberalismo, desprendendo-se das convenções tão naturais ao seu povo. Os galileus eram detestados de forma particular pelos saduceus, a mais ortodoxa das castas sacerdotais. Ponderavam sobre o atroz sofrimento em que viviam sob o jugo romano e alimentavam sólidas esperanças quanto à vinda do Messias profetizada pelos livros ocultos. Ressalte-se que todos os Apóstolos, com exceção de Judas Iscariotes, eram originários da Galileia.

Depois de longo período de provas no deserto, São João iniciou a grande missão de arauto da Era de Peixes. O íntimo contato travado com a natureza e com seres superiores facultou-lhe distinguir instantaneamente o falso do verdadeiro, o real do irreal. Sua voz desafiadora e vibrante marcou-o realmente como a “Voz que Clama no Deserto”. Organizou uma escola preparatória em que seus Discípulos recebiam profunda orientação e ensinamentos alusivos à vinda do Messias (o Cristo). Um dos passos iniciáticos dessa Escola era o Batismo que, no Cristianismo Esotérico não consiste apenas na imersão, mas trata-se de um ritual conferindo poderes de Clarividência.

Cristo dirigiu-se a São João para submeter-se ao ritual do Batismo às margens do Jordão, inaugurando, assim, o seu Ministério.

São João preparou-se durante anos para uma missão que, embora durasse apenas seis meses, revestiu-se de grande importância como movimento preparatório à vinda d’Aquele a quem a seu devido tempo “todo joelho se dobrará e toda língua confessará”.

(Publicado na Revista Rosacruz – agosto/1968-Fraternidade Rosacruz-SP)

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