O Significado Esotérico de: “não a paz, mas sim a espada”

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Significado Esotérico de: “não a paz, mas sim a espada”

Eis que faço novas todas às coisas. E continuou: ‘Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras’.” (Ap 21:5), proclama a Presença na Revelação anunciando a visão etérica da cidade santa, a Nova Jerusalém.

Cristo, sem dúvida, veio ao mundo para tornar novas todas às coisas. Ele trouxe para a humanidade um novo Ensinamento de amor e fraternidade e permanece como Espírito Planetário, de onde podemos tirar proveito da nova e pura matéria do desejo, com a qual Ele penetra em nossa atmosfera. Quando Ele se manifestar novamente, na segunda aparição, Ele irá reinar sobre uma nova raça da humanidade regenerada, onde os Corpos Densos terão se tornado obsoletos.

Quando, finalmente, todas as coisas se tenham tornado novas, foi nos dito que uma era áurea nos espera. “Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram!” (Ap 21:4).

Quando todas as coisas tiverem sido feitas novas estaremos vestindo nossos brilhantes e dourados trajes nupciais, o nosso Corpo-Alma. Não haverá mais Corpos Densos, acompanhados de doença e morte. Na dourada cidade etérica, experimentaremos a imortalidade da vida eterna alegre e completa, sem a presença da dor. Deus deverá, realmente, enxugar todas as lágrimas, porque o que as causou deverá ter se acabado para sempre. Os seres inferiores terão evoluídos para seres superiores, o material para o espiritual e, deste modo, terá sido revelada a renovação de todas as coisas.

O auge será glorioso, mas o processo de transição de nosso estado atual até o revelado será com dor e tormentos. O obsoleto não será vencido sem protestos, pois a regeneração raramente vem sem revolta. Mudanças vantajosas e verdadeiras são muitas vezes lentas para que seus efeitos possam ser profundos e duradouros. Mudanças superficiais, baseadas em caprichos e, portanto, efêmeras, são mais fáceis de conseguirem, mas seus efeitos deixam muito a desejar, não são de longo alcance.

Basta observar a Natureza para se notar como o processo de mudança é realmente ponderado e, muitas vezes, cataclísmico. São necessários séculos para que as condições físicas de uma época substituam, por completo, as de outra. Mudanças geográficas, climáticas, fisiológicas e biológicas não são feitas, jamais, de um dia para outro e quase que, invariavelmente, há um elemento perturbador no processo. Vulcões, terremotos, mudança violentas e prejudiciais nos padrões do comportamento do clima e a ascensão e queda “literal” dos continentes: tudo isto são fatores de tais alterações.

Mesmo em períodos mais curtos, mudanças menores são acompanhadas por destruição que precede a regeneração. Incêndios nas florestas são seguidos por novo crescimento.

“Anos de vacas magras” durante os quais a seca, a fome e as pragas se manifestam, são seguidos por “anos de vacas gordas” durante os quais as perdas do período anterior são recuperadas, muitas vezes seguindo-se métodos mais eficientes do que os usados anteriormente. Alguma coisa foi aprendida como consequência da miséria e as mudanças resultantes, mesmo que sutis e pequenas, foram, consequentemente, instituídas.

Mudanças espirituais são, também, acompanhadas de revolta. Para se evoluir do egoísmo, típico da humanidade materialmente orientada, todo Ego precisa travar sua própria guerra contra seu caráter inferior, de batalha em batalha, até que um caráter mais alto, permanentemente virtuoso, surja triunfante.

Todos nós, no caminho espiritual, conhecemos bastante bem as dificuldades, frustrações e o desespero, assim como os momentos de exaltação, que caracterizam esta luta. Livrando-nos de nossos antigos padrões de pensamento, a atitude e a conduta posterior são difíceis, porque todos nós temos certos vestígios de egoísmo e sentimentos inferiores profundamente enraizados dentro de nós.

Desde os tempos em que os fundamentos do verdadeiro Cristianismo foram introduzidos por Cristo-Jesus, as mudanças foram acompanhadas de resistência, agitação, protesto e derramamento de sangue, assim como crueldades cometidas em nome da chamada “Cristandade”.

A divulgação do Cristianismo ortodoxo mostrou traços de interesse próprio. Durante séculos a Igreja vigente foi intolerante a todas as divergências e críticas a ela dirigidas e, mais tarde, houve proliferação de divisões da Igreja com diferentes denominações, todos convencidos de que suas interpretações dos princípios cristãos representavam, se não a verdade em si, certamente a mais lógica, compreensível e racional versão da verdade.

Muitos membros dessas seitas se convenceram, através dos anos, de que somente seus pontos de vista estavam certos e que aquele, cuja interpretação divergisse da sua, tinha de ser convertido, evitado ou combatido.

Assim, muitas formas, dogmas, credos e rituais foram introduzidos, encobrindo, substituindo e, portanto, alterando a simples essência dos verdadeiros ensinamentos de Cristo, transmitidos à humanidade pelos primeiros Cristãos e seus descendentes espirituais.

Vemos, então, que não somente mudanças, mas o que pode ser chamado contra-mudanças, acompanharam a divulgação dos Ensinamentos. Intrinsicamente eles eram e são elaborados para acabar com a desunião humana e promover a fraternidade. Abnegação, sacrifício e compaixão são seus princípios. Os valores espirituais mais avançados eram, inicialmente, adaptados a um contexto material somente na quantidade necessária para desenvolver a vida espiritual, num plano material. Aos poucos, porém, estes conceitos sublimes foram ocultados pelas adaptações e adições materiais do ser humano com o tempo, e a mensagem louvada de Cristo ficou quase perdida diante da proliferação de armadilhas feitas pelo próprio ser humano.

Houve, naturalmente, Egos avançados (superiores) mesmo nos séculos mais obscuros, que viveram e mostraram o verdadeiro Cristianismo por meio de suas vidas, pela conduta, pelo amor e pelo serviço.

E estes Egos poderiam ser Cristãos ou não, mas tinham o Cristianismo dentro de si – e estão no plano mais evolutivo, no caminho da mudança, das “coisas novas”, mais perto da palavra revelada.

Para o resto da humanidade, porém, a era das grandes mudanças ainda está para vir. Mas, no século XIX, os princípios de serviço, sacrifício próprio e universalidade começaram a receber uma aceitação ativa em larga escala. Muitas pessoas estão, agora, fervorosamente empenhadas em utilizar um ou todos estes princípios em suas vidas, como também mais ativamente ligadas ao bem-estar de seus companheiros. Muitas destas pessoas não se consideram Cristãos.

Alguns se desencantaram com as leis rígidas e intolerantes da ortodoxia. Outros aderiram a outras fés ou a crenças religiosas não organizadas. Os princípios de Cristianismo esotérico, contudo, depois de mais de 2.000 anos de distorções humanas e deturpações, provará sua invencibilidade e sua eternidade. Eles estão emergindo agora, com consciência, para o idealismo de homens e mulheres sensíveis e de visão em todos os lugares.

Eventualmente, o Cristianismo esotérico (na realidade, o verdadeiro Cristianismo trazido pelo Cristo) servirá como a Religião unificadora de toda a humanidade. No momento, porém, o que é mais importante não é o nome sob o qual os princípios esotéricos são expressos, mas, o fato de que eles estão sendo enunciados num âmbito cada vez maior.

Podemos dizer que a era da mudança, em oposição à da contra-mudança, começou verdadeiramente. Há ainda, uma resistência, um egoísmo e uma ignorância bastante grande das verdades Universais pelas quais estamos trabalhando. Porém, podemos esperar um progresso encorajador de vivência cristã.

A Era de Aquário, a nossa frente, verá o refinamento destes princípios, só observados agora pelos olhos dos visionários.

Cristo veio a Terra para que todas as coisas se tornassem novas, mas Ele não prometeu que o processo de mudança seria agradável. “Não penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas espada.” (Mt 10:34). A espada metafórica é o eliminar do velho, aquilo que não se adapta ao novo. Isto se aplica a instituições, costumes, atitudes raciais, formas de exploração material, mas, acima de tudo, se aplica ao estado interior de cada indivíduo. As condições exteriores que parecem regular nosso comportamento estão, na verdade, baseadas nas condições interiores da humanidade e do indivíduo, o que faz com que este estado permaneça mais tempo em vigor. Muitas vezes dizemos: “Não concordo com este procedimento, mas, por circunstâncias, sou forçada a isto”.

Devemos pensar, no entanto, que nada em que estejamos muito ou pouco envolvidos pode ser considerado alheio (externo) a nós, porque essa reação irá determinar seu efeito sobre nós mesmos. Portanto, “o que devemos dizer ou fazer, que nos é ainda muito difícil dizer ou fazer, é que mesmo que esta ou aquela condição exista, meu comportamento em relação a essa mesma condição será sempre o certo, o correto.”. Qualquer que seja a conduta do outro, a minha estará de acordo com os preceitos espirituais de compreensão, compaixão, bondade e ajuda.

Esta é a maneira pela qual devemos aplicar a espada a nós mesmos e abdicar totalmente do chamado desejo “natural” de vingança, justificação própria, proteção ou qualquer outro vestígio de egoísmo, vaidade ou orgulho. Devemos substituir estas atitudes por outras mais naturais e superiores, olhar todas as coisas dentro de um contexto universal, do bem comum e da maneira como elas se adaptam no plano divino para a evolução de todas as coisas. Estes mesmos fatores não se tornarão novos e nem poderiam, a não ser que este conceito seja o resultado do esforço de cada um de nós, o que refletirá na humanidade.

Cristo-Jesus nos disse que veio para trazer uma espada, mas Ele também nos advertiu para que a carregássemos. Cristo disse: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11:29-30). Isto quer dizer, simplesmente, que somos obrigados a carregar nossas próprias cruzes e segui-Lo, aderindo a Seus ensinamentos e vivendo a vida que Ele pregou e da qual Ele é o mais perfeito exemplo. Teremos que nos transformar em novos para que nos tornarmos seres espirituais compadecidos, destituídos de ambições e interesses materiais.

A melhor, mais rápida, mais segura e mais gratificante maneira de fazer isto é seguir os passos de Cristo, suportando o peso da experiência e da evolução, como Ele suportou e continua a suportar. Pode parecer, à primeira vista, que assumir nossas cargas espirituais seja difícil e, de certo modo, o é. O Caminho do Aspirante à vida superior se torna cada vez mais estreito e mais exigente e a necessidade de autodisciplina, autoconfiança e devoção total para atingir essa meta fica cada vez mais acurada. É, por vezes, muito difícil afastar os prazeres, o conforto e o auto engrandecimento da existência material, em favor da austeridade, do autossacrifício e de outras demandas feitas ao Aspirante à vida superior. Porém, as recompensas permanentes do esforço espiritual valem muito mais do que qualquer vantagem e conforto material temporário.

O Ego que aceita sua carga descobre que está em sintonia com a lei do “para frente, para cima, sempre”, o que caracteriza todo desenvolvimento. Sob esta lei, a inovação eventual de todas as coisas será inevitável. Depois, esta meta gloriosa de nossos esforços se tornará também antiquada, sendo substituída, por sua vez, por outro elevado estado de existência e consciência.

O Ego que permanece suficientemente adaptável para sempre cooperar com a lei do progresso contínuo, encontra uma tarefa muito mais fácil, no que se refere a sua evolução, do que aquele que adere obstinadamente ao “status quo” e permanece.

Sabemos que a evolução não admite ficar parado. As duas únicas alternativas que se nos apresentam são a regeneração ou a degeneração. Se, por conseguinte, não fizemos esforços para incluirmos na corrente da regeneração, nós nos encontraremos nas águas estagnadas da degeneração. A palavra regeneração é composta por duas palavras: “re” – que vem de “novamente”, e “generare” – que vem de “produzir, procriar ou criar”. Humanidade regenerada significa, portanto, a humanidade que foi criada novamente. Esta será a o tipo de ser humano que povoará a Nova Jerusalém, quando “todas as coisas se tornarem novas”.

Se optarmos pela regeneração, estamos, com efeito, nos recriando, nos tornando novos nos alicerces estabelecidos em vidas anteriores.

Todo renascimento, sem dúvida, é uma oportunidade para renovação, uma chance para nos tornarmos mais perfeitos e mais de acordo com as Verdades fundamentais, nas quais são baseados toda vida e todo progresso. Se todo Ego pudesse ao menos ficar ciente deste fato, desde seus primeiros anos de formação, que diferente aspecto de comportamento humano teríamos!

A Era da Nova Galileia chegará quando os seres humanos se provarem dignos. . . e “Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, somente o Pa.” (Mc 13:32).

Quanto mais cedo criarmos e fortalecermos dentro de nós as condições que visam uma recriação da humanidade, mais cedo seremos capazes de ajudar outros a assim agirem.

A perspectiva é empolgante e divertida, assim como atemorizante. Olhando para a história passada podemos traçar o desenvolvimento das realizações intelectuais, culturais e científicas do ser humano, desde os trabalhos mais primitivos na Idade da Pedra até seu alto grau de sofisticação atual. Algumas destas realizações são valiosas no sentido do desenvolvimento criativo do ser humano, no progresso material, outras concebidas para beneficiar a humanidade.

Muitos outros, porém, especialmente aqueles de décadas mais recentes, estão contribuindo muito para o desenvolvimento material universal, numa sociedade de consumo, angustiada.

Chegou a hora, portanto, de intensificar também nossa imagem espiritual. Conquistas materiais são somente acessórios temporários no quadro completo da evolução do ser humano, o progresso espiritual será infinito e eterno. Não há dúvidas de que o despertar para a regeneração humana já começou, porque as pessoas procuram a “verdade”, o “significado da vida”, a “identidade e o destino do indivíduo”, e sentem que não recebem essa resposta no mundo físico e material. Mais importante: seres humanos, em todos os cantos do mundo, se esforçam, mais do que nunca, para ajudarem seus irmãos.

A regeneração da onda de vida humana será feita deste material; o movimento já começou, façamos parte dele, o progresso deve ser também espiritual, progresso para nós e para cada ser humano.

(Traduzido da Revista “Rays from the Rose Cross” e Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 10/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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