Com o Solstício de Junho, Cristo passa aos mais elevados planos espirituais da esfera terrestre que, biblicamente, se descrevem como “o Trono do Pai”.
Aqui Cristo se converte em um canal para o derramamento das forças das Doze Hierarquias Zodiacais, incluindo os Serafins, Querubins e Senhores da Chama. No Solstício de Junho, cada átomo da Terra fica impregnado da luz-glória desse divino poder espiritual.
Isso Cristo faz depois de ter trabalhado na e com o Planeta Terra (e, portanto, com todos os seres que evoluem nesse Campo de Evolução) desde o Equinócio de Setembro até o Equinócio de Março ou o período entre o Domingo de Páscoa e o Domingo de Pentecostes. Esse é o ritmo redentor do Cristo Cósmico. Esse é o Seu trabalho com a gente, desde a Sua vinda ao nosso Planeta por meio dos Corpos de Jesus (quando se converteu, depois, no Regente da Terra), e assim continuará até que a gente alcance um ponto em que sejamos capazes de nos encarregar, nós mesmos, do trabalho da redenção coletiva, sem a necessidade de Sua ajuda imediata.
Lembrando que no Equinócio de Setembro, a radiação dourada de Cristo, que vai sendo derramada sobre a Terra, gradualmente penetra nas suas capas atmosféricas e, logo, o globo terreno inteiro até que, no Solstício de Dezembro, alcança o seu coração. Durante os seis meses de junho à dezembro se movem ao longo do arco descendente; durante os seis meses de janeiro à junho, que culminarão no Solstício de Junho, se elevarão ao longo do arco ascendente.
No Solstício de Junho os Anjos e Arcanjos celebram as festividades. A beleza, o esplendor e o poder espiritual que impregnam, tanto o céu como a Terra, nessa elevada época, não podem se descrever adequadamente pela linguagem humana, mas está além do que pode se ver pela visão humana.
A estação do Natal se celebra universalmente, mas a festa do Solstício de Junho passa quase sempre despercebida. E, ainda que isso é certo no plano físico, é muito diferente nos Mundos espirituais. Note que a liturgia Cristã associa esse tempo do Solstício de Junho ao festejo de S. João Batista, o Precursor (24 de Junho), que antecede e anuncia o Solstício seguinte, o de Dezembro. Daí as palavras de S. João Batista: “Fui enviado adiante d’Ele.” (Jo 3:28) e “Ele deve crescer, e eu diminuir.” (Jo 3:30).
No Solstício de Junho as atividades físicas da Natureza estão no seu máximo, e por isso a “Noite de São João” é o grande Festival das Fadas que trabalham na construção do universo material, que alimentam o gado, que amadurecem o grão e que saúdam com alegria e agradecem a crista da onda de força, que é a ferramenta que usam para modelar as flores, então estonteante variedade de delicadas formas conforme seus arquétipos e para tingi-las de inúmeras matizes que fazem a delícia e o desespero dos artistas!
Nessa grandiosa noite, todos esses pequenos servidores se reúnem para o Festival das Fadas, vindos dos pântanos e das florestas, dos vales e das clareiras. Realmente eles cozinham e fazem os seus alimentos etéricos e posteriormente dançam em êxtases de alegria – a alegria de terem cumprido suas importantes tarefas na economia da Natureza.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
A história da Astrologia é a história do pensamento e das nossas aspirações. A ciência astrológica foi aperfeiçoada pelos magos filósofos da Época Atlante, estando, de um lado o surgimento do sacerdócio ariano e a profanação dos mistérios (ciências) e do outro o declínio dos últimos atlantes. Nesse momento começou a haver a separação: Astrologia e Medicina.
Os sacerdotes religiosos não mais exerceram o monopólio sobre as artes proféticas e médicas, separando-se da fundamental unidade entre as ciências físicas e espirituais. Surgiram novas categorias de: adivinhos e curadores, representantes do aprendizado da essência do conhecimento dividido e de fragmentos não cooperativos, assim como inúmeras partes discordantes: bruxaria, especialistas, comerciantes de horóscopos, experimentalistas, charlatães e supersticiosos.
Já na Idade Média, tivemos o nobre médico Paracelso dizendo: “Feliz o homem que não venha perecer pela mão de seu médico” e a Astrologia emitindo predições terríveis, com amuletos astrais, predizendo a sorte e superficialidades.
A despeito de tudo isso, grupos de seres humanos cultos e iluminados preservaram os segredos esotéricos da medicina e da astrologia, mantendo o conhecimento interpretado misticamente e os segredos espirituais: restaurados, ocultos do vulgo e dados somente àqueles que anelavam por coisas do espírito. Entre esses grupos de seres humanos estavam os Rosacruzes.
Agora, no Mundo moderno vemos educadores que ignoram os valores espirituais; vemos a ciência material tornar-se uma instituição orgulhosa, que ignoram a alma, fascinados pela matéria não deixando lugar para o misticismo. Como resultado, temos uma desilusão geral e um abatimento pela insignificância das coisas materiais: fuga, desespero e tristeza. Tudo isso, somado a proximidade da Era de Aquário, da qual já estamos sentindo as suas fraternas influências, presenciamos: a volta do misticismo – trazendo um novo padrão interpretativo; o interesse renovado pela Astrologia e Cura e um apego pela Teoria Microcósmica (conceito de ordem e relação universal).
Observem que os primitivos Rosacruzes se apegaram a Teoria Microcósmica – geralmente rejeitada pela ciência. Paracelso foi o expoente mais destacado deste conceito de ordem e relação universal: “Assim como existem estrelas nos céus, assim também há estrelas dentro do ser humano. Portanto, nada existe no universo que não tenha seu equivalente no microcosmo (o corpo humano)” e “O espírito do ser humano deriva das constelações (estrelas fixas); sua alma, dos estelares; e seu corpo, dos elementos”.
Vejam no Livro do Gênesis, na Bíblia onde lemos que “Deus fez o homem a Sua imagem e semelhança”. E ao definirmos o Macrocosmo como a difusão do cosmos infinita com as suas: ilhas, galáxias, nebulosas, estrelas, estelares, corpos celestes onde inumeráveis formas de vida estão sempre evoluindo e; o Microcosmo como as células do nosso corpo incontáveis como as estrelas do céu e inumeráveis categorias de coisas vivas, espécies, tipos, gêneros se desenvolvendo dentro: da carne, dos músculos, dos ossos, dos tendões, chegaremos à chave mestra para todos os mistérios: “Como é em cima, assim é embaixo”.
Aqui, então, podemos definir a Astrologia como a inter-relação das forças celestiais entre o Macrocosmo e o Microcosmo, entre o externo a nós e o nosso interior, além de ser uma instrumentadora para a realização da Lei de Consequência ou Lei de Causa e Efeito:
Que ninguém se iluda: só colhemos aquilo que semeamos.
A grande maioria de nossas doenças e enfermidades origina-se no nosso comportamento negativo face às circunstâncias e, quase sempre, envolvendo o nosso semelhante. É a velha história ou velho e misterioso conselho dado por Cristo no Sermão da Montanha: “se qualquer membro do teu corpo te escandalizar (o mau uso) arranca-o e joga-o fora…”. E é o que fazemos literalmente antes de renascer!
Vejamos, agora, a questão do diagnóstico das nossas doenças ou enfermidades. Obviamente há dois tipos: através de efeitos ou através da causa.
Através dos efeitos baseia-se em sintomas externos ou reação dos medicamentos
Através da causa vai à origem da doença ou enfermidade. É esse o método preconizado pela Astrodiagnose e Astroterapia, preconizadas pela Astrologia Rosacruz, envolvendo: o conhecimento dos melhores métodos para efetuar a cura; o tratamento que melhor o paciente responderá e o caráter do doente ou enfermo (forte, débil, negativo, emocional).
Pois, enquanto os exames médicos mostram as condições do nosso Corpo Denso no momento, o horóscopo mostra as doenças ou enfermidades latentes de toda essa nossa vida terrestre. Deste modo temos tempo suficiente para: prevenir-nos, minimizar os efeitos e até não ter essa doença ou enfermidade, pois: “os Astros impelem, mas não obrigam”!
E isso é possível porque a Astrodiagnose e Astroterapia indica o dia em que as crises vão se manifestar e quando as influências adversas diminuirão. Com o conhecimento de que a recuperação ocorrerá, nós temos forças para suportar e oferecer ajuda e esperança.
Todos sabem que estamos sujeitos aos seguintes tipos de doenças e enfermidades: física, emocional e mental.
Nós construímos nosso Corpo Denso e o controlamos. Havendo doença ou enfermidade nele concluímos que nós não fizemos o nosso trabalho como deveria ser. E isso é expresso nas duas classes de doenças e enfermidades apontadas em um horóscopo:
Para aplicarmos no estudo dessa ciência e dessa arte de obter conhecimento científico das doenças e enfermidades, das suas causas, segundo indicações dos Astros, e dos meios de curar é necessário, pelo menos 7 ações cotidianas para toda a nossa vida:
Que as Rosas floresçam em vossa cruz
Junho de 1913
Um dos pontos de maior importância nessa lição mensal, e sobre o qual existe um mal-entendido generalizado, tem a ver com a vinda de Cristo e ao veículo que Ele usará. A Bíblia fornece esse ensinamento muito claramente e os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes estão em total acordo com ela; daí difere radicalmente da concepção atual e comum sobre esse assunto, tanto a da maioria dos Cristãos como entre aqueles que, involuntariamente ou por outras razões, apresentam falsos Cristos para enganar os incautos. É, portanto, de vital importância que os Estudantes da Escola Ocidental devem compreender este assunto completa e inteiramente, por isso, nós reiteraremos, resumidamente, os pontos de fundamental importância dos Ensinamentos Rosacruzes contidos no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” e em alguns outros livros da Fraternidade Rosacruz.
Cristo é o mais elevado Iniciado do Período Solar; a Terra era, então, formada de matéria de desejos e o Corpo mais denso do Arcanjo Cristo era formado deste material.
Ninguém pode formar um veículo de material que ele não tenha aprendido a moldar; por isso, o Espírito Cristo trabalhou com a nossa Humanidade de fora da Terra, da mesma forma que os Espíritos-Grupo guiam os animais, até que Jesus, voluntariamente, cedeu o seu Corpo Denso e seu Corpo Vital no Batismo. O Espírito Cristo, então, desceu e entrou nesses dois veículos e, usando esses dois Corpos para viver no Mundo Físico, forneceu o Seu ministério aos seres humanos, até que o Corpo Denso foi destruído no Gólgota, quando Ele se tornou o Espírito Interno e permanentemente presente da Terra. O Corpo Vital de Jesus foi guardado para o uso especial, para esperar o segundo advento de Cristo.
Cristo nos advertiu contra os imitadores, e surge a questão: “Como podemos distinguir o falso do verdadeiro?”. S. Paulo nos fornece informações bem definidas que, se prestarmos bem atenção nelas, estaremos salvos totalmente de enganos.
S. Paulo nos ensina (ICor 15:50): “Digo-vos, irmãos: a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus”. Ele insiste que esse Corpo será mudado à imagem do próprio veículo de Cristo (Fp 3:21[1]), e em (IJo 3:2[2]) encontramos o mesmo testemunho.
Assim, é evidente que qualquer pessoa que venha em Corpo Denso, se proclamando que é Cristo, é ou um demente, e digno de compaixão, ou um impostor, que merece desprezo e reprovação. Nem ficamos incertos quanto à natureza do veículo no qual encontraremos Cristo e seremos semelhantes a Ele. Na Primeira Epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses (4:17[3]) é-nos dito que encontraremos o Senhor no ar. Portanto, necessariamente devemos ter um veículo de textura mais delicada do que a do nosso Corpo Denso atual. A transformação exigirá séculos, no que diz respeito à maioria das pessoas.
Na Primeira Epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses (5:23[4]), São Paulo diz que o ser completo humano consiste de Espírito, Alma e Corpo. Quando finalmente abandonarmos o Corpo Denso, como Cristo o fez, nós funcionaremos num corpo chamado soma psuchicon (Corpo-Alma), como dito na Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios 15:44[5]. Em nossa literatura, esse é o Corpo Vital, um veículo feito de Éter, capaz de levitação e da mesma natureza do Corpo usado por Cristo depois da Crucificação. Esse veículo não está sujeito à morte, como o nosso Corpo Denso e é, finalmente, transmutado em Espírito, como aprendemos em nossa literatura e é confirmado na Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, no Capítulo 15.
Por conseguinte, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental estão em perfeita concordância com a Bíblia quando afirmam, mais enfaticamente, que Cristo nunca voltará “na carne” (isto seria um retrocesso para Ele). Da mesma maneira que a larva rompe o seu casulo que a aprisiona e se transforma em uma borboleta que voa entre as flores – processo deslumbrante de animada beleza – assim algum dia nós nos livraremos desse invólucro mortal que nos prende à Terra e ascenderemos ao céu como almas viventes, radiantes de glória, ansiosas por encontrar o nosso Salvador na “terra das almas”, o Novo Céu e a Nova Terra. Este é um dos pontos principais da doutrina da Escola Rosacruz, e nós confiamos que nossos Estudantes se esforçarão por assimilar totalmente este assunto, para que possam “dar uma razão” à fé deles.
(Cartas aos Estudantes – nº 31 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: “…que transfigurará o nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso, pela força que lhe dá poder de submeter a si todas as coisas”.
[2] N.T.: “Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas o que nós seremos ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.”
[3] N.T.: “em seguida nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor, nos ares.”
[4] N.T.: “O Deus da paz vos conceda santidade perfeita; e que o vosso ser inteiro, o espírito, a alma e o corpo sejam guardados de modo irrepreensível para o dia da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”
[5] N.T.: “…semeado corpo psíquico, ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo psíquico, há também um corpo espiritual.”. Na versão inglesa, o versículo 44 diz: “Existe um Corpo natural e um Corpo espiritual”; mas o Novo Testamento não foi escrito em inglês e, como os tradutores nada sabiam dos ensinamentos internos, não tinham ideia de como traduzir a palavra grega que para eles parecia sem sentido, por isso, a traduziram como a compreenderam. A palavra que é usada e traduzida como “corpo natural” é soma psuchicon. Soma é uma palavra grega que, todos concordam, é Corpo – não há dúvidas quanto a isto. Mas Psuchicon – psuche – (psyche) – a alma – um Corpo-Alma do qual nunca ouviram falar; provavelmente pareceu-lhes tolice, de maneira que traduziram a palavra como “Corpo natural”. É verdade que S. Paulo diz na 1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:23, que o ser de todo ser humano é Espírito, Alma e Corpo, mas, provavelmente, eles interpretaram Alma e Espírito como sinônimos. Existe, porém, uma grande diferença, como é explicado nos Mistérios Rosacruzes: este Corpo-Alma é o veículo a que S. Paulo se refere e no qual encontraremos Cristo. É composto de Éter e, portanto, capaz de levitação e de passar por paredes, uma vez que toda matéria densa é permeada com Éter. Os Auxiliares Invisíveis o usam hoje, como Cristo o fez.
Resposta: Em todos os quatro Evangelhos encontramos que Cristo pregou o evangelho da saúde, curou todos os que o procuraram (e quiseram ser curados) e enviou os seus Discípulos ao mundo com dois mandamentos: “pregar o evangelho e curar os enfermos”.
Estes dois mandamentos são prescritos também pela Ordem Rosacruz, cujos Irmãos Maiores são “médicos da alma”, porque a doença e a enfermidade se manifestam primeiro no Corpo Vital, que é o veículo da alma. E a cura é focada nesse veículo invisível. Durante o sono, quando saímos do nosso Corpo Denso e funcionamos nos Mundos espirituais, a cura é mais rapidamente alcançada. Os Estudantes Rosacruzes, a partir do grau de Probacionismo – desse que sejam Probacionistas Ativos e cumpram com a “Obrigação” –, são treinados para participar desse trabalho particular.
(*) Qualquer pessoa (que esteja doente ou enferma e deseja a Cura pelo Método Rosacruz) pode solicitar a sua inscrição no Departamento de Cura de um Centro Rosacruz que possua um Templo Rosacruz da Fraternidade Rosacruz. Aqui há mais informações de como proceder.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1978 – Fraternidade Rosacruz-SP)
No seu sermão no Dia de Pentecostes S. Pedro proferiu: “Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida, com a Tua face me encherás de júbilo.” (At 2:28), quando Cristo apareceu com a descida do Espírito Santo em cumprimento da promessa do Cristo, e os Apóstolos anunciavam uma alegria espiritual de felicidade futura. Foi seguindo o conhecimento da vida conforme Cristo ensinou que S. Pedro conseguiu a intensa alegria dessa vida. S. Pedro foi, sem dúvida, a figura principal na formação do Cristianismo do primeiro século, pois ele foi a pedra sobre a qual Cristo construiria a Religião Cristã manifestada aqui e a ele foram fornecidas as simbólicas “chaves” do Reino do Céus. Crê-se que S. Pedro foi martirizado durante o reinado de Nero no ano 65, aproximadamente.
S. Pedro, um pescador galileu, na organização do Cristianismo recebeu ajuda e assistência do douto e missionário S. Paulo. A Religião Cristã se desenvolveu como uma instituição promotora de uma fé e de uma teologia.
A alegria de S. Pedro se baseava na prova e na fé de sua crença na Ressurreição, fortalecida pela vinda do Confortador ou Espírito Santo no Dia de Pentecostes. Esse é o ponto crucial de toda Religião Cristã: não existe a morte: “Creio na Ressurreição do Corpo e na Vida Eterna”.
Como isto é verdadeiro nesta estação do ano! Tempo de prazer e de alegria, com a natureza ornada ao máximo. Este tempo de beleza é o trabalho d’Ele, que deseja nos confortar e trazer Alegria ao Mundo, radiante e expressiva. O canto de alegria surge dos pássaros, dos animais e das plantas que dão tudo em troca do amor que lhes deu o Cristo que partiu. Descem sobre o Místico, vibrações de consciência que podem enchê-lo de alegria à sua aproximação, como sucedeu com S. Pedro.
Este período de júbilo, esta harmonia de formas, é o triunfo do Espírito sobre a Terra, e a manifestação do ritmo do amor. O Senhor nos mostrou Sua face e foi benigno conosco. Com o Espírito Santo ou, como ensina a Filosofia Rosacruz, com o Espírito Humano assumindo o trabalho do Cristo nesta estação lembremo-nos do primeiro dos três passos a dar, isto é, que pela união com o “Eu Superior” nos sobrepomos a nossa natureza interior.
Este primeiro passo é o que mais nos interessa atualmente. O primeiro auxílio que nos foi dado para consegui-lo foram as Religiões de Raça que nos ajudaram a conquistar o Corpo de Desejos, preparando-nos para a nossa união com o Espírito Santo a fim de ser extraída a Alma Emocional. O efeito total deste auxílio se viu no Dia de Pentecostes, pois o Espírito Santo é o Deus de Raça e todas as línguas são Sua expressão. Quando os Apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo, falaram várias línguas. Seus Corpos de Desejos haviam sido suficientemente purificados para produzir a união necessária e isto nos mostra o que o Discípulo conseguirá algum dia: o poder de falar todas as línguas, pois, então, a diferenciação em Raças separadas terá terminado.
As Religiões do Espírito Santo, as Religiões de Raça, se destinam a elevação da Onda de Vida humana por meio do sentimento de parentesco limitado a um grupo, família, tribo ou nação, e é este Deus de Raça que recebe as preces pelas vitórias nas batalhas, pelas chuvas, pelo aumento material dos rebanhos e pela repleção dos celeiros. Como essas preces são feitas pelo Corpo de Desejos por coisas temporais, não são puras como deveriam ser para conseguirem nosso desenvolvimento espiritual. Bem diferente da parte da Oração do Senhor (O Pai-Nosso) que pede pelo Corpo de Desejos é: “Não nos deixes cair em Tentação” – a tentação de desejar as coisas dos outros seres humanos.
Esta alegre estação do ano fornece expressão a sua vibração em palavras para exprimir o pensamento, que é o nosso mais elevado privilégio. Para podermos fazer isso precisamos de uma laringe vertical que nos permita falar. Foi quando nós, o Ego, entramos na posse dos nossos veículos que se tornou necessário usar parte da nossa força sexual criadora para a construção do cérebro e da laringe. A laringe foi construída enquanto o Corpo Denso estava curvado, do mesmo modo que fica o embrião humano, quando em gestação. À medida que o Corpo Denso se endireitava e ficava em pé, parte do órgão criador permaneceu com a parte superior do Corpo Denso e mais tarde se transformou em laringe e cérebro. Dessa forma obtivemos a consciência cerebral do Mundo externo a custa da metade do nosso poder criador, que antes era usado, integralmente, para exteriorizar outro ser.
Agora temos o poder de criar e exprimir o pensamento aqui. A laringe é mantida pelo poder da força sexual criadora que, quando purificada, se torna o poder anímico que, a seu tempo, invalidará os órgãos sexuais e nós, então, falaremos o Verbo criador.
No Simbolismo Rosacruz achamos a Rosa de brancura imaculada colocada no centro da Cruz, representando o lugar da laringe, pois aí está o poder criador puro que gera a magia da cura.
Durante este mês o Sol está passando pelo segundo Signo da Trindade Criadora, o Signo do princípio criador materno, Touro, regido pela senhora do amor, Vênus, e assistido pela Rainha da Noite, a Lua. A riqueza da Mãe Terra se espalha diante de nós para nosso júbilo e felicidade.
Acabamos de passar pelo mês apaixonado de Marte, introdutor, no início do Ano Novo, do princípio gerador masculino, no qual dominaram as atividades materiais, e estamos agora gozando o produto feminino da Senhora da Graça, Vênus, no qual o crescimento espiritual é manifestado na beleza da vida na forma.
Aquilo que fora paixão, agora foi transformado em amor por intermédio do Cristo, o Confortador, inundando a Terra com alegria e felicidade, à medida que a Voz da Natureza se faz ouvir pela Música das Esferas. Os trabalhadores foram convocados, o Fiat Criador foi proferido e a restauração do Templo na Terra está em andamento. Coalisão e unidade sob o vínculo da Deusa do Amor reflete a vida do Cristo.
Neste tempo, em que a aquisição das necessidades físicas é soberana para a preservação, é bom para nós lembrarmos que nós, o Ego, assim como o nosso Corpo, também precisamos de alimento para nosso crescimento e evolução. Nosso alimento consiste em atos e feitos de bondade, de consideração para com os outros e no esquecimento de nós mesmos.
A canção de júbilo em nossos corações, por aquilo que nos tem sido feito, deve encontrar seu eco nos outros quando, por nossa parte, fizermos algo por eles, pois, o Crescimento da Alma depende das Ações. Nossa Alma enfraquecerá se só a alimentá-la com livros, pois isso não acrescentar um átomo ao nosso Corpo-Alma. A menos que ponhamos em prática o que aprendemos, o conhecimento não produzirá dano considerável, pois somos responsáveis pelo que conhecemos e devemos pôr em bom uso os nossos talentos.
No juízo final será perguntado o que fizemos e não o que sabemos. “E, se Deus assim veste a erva que está no campo e amanhã é lançada ao forno, quanta mais a vós, homens de pouca fé” (Mt 6: 30).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1980 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Por toda a parte, à nossa volta, vemos como ao se levantar o Sol se esparge a luz e à vida; logo sobe até ao mais alto do céu para se pôr depois, ao final do dia, no horizonte ocidental, em luminosas labaredas com infinita variação de tons de indescritível beleza, que nenhum pincel é capaz de reproduzir na tela, de modo perfeito.
Então a Lua, luminar da noite, se levanta sobre os cerros do leste trazendo consigo para o zênite as inumeráveis estrelas e constelações, seguindo o Sol na sua ininterrupta dança circular. A escritura estelar descreve assim no mapa do céu a evolução passada, presente e futura do ser humano dentro do marco das constantes mudanças do mundo concreto, sem descanso, nem tranquilidade, enquanto o mundo existir.
Quando estamos no hemisfério norte do Planeta Terra, percebemos que nesse sempre variável caleidoscópio dos céus há uma estrela, apenas uma, que permanece tão relativamente estacionária que, sob o ponto de vista da nossa vida efêmera de 50, 60 ou 100 anos, é um ponto fixo — a Estrela do Norte (Estrela Polar é a estrela mais brilhante da constelação da Ursa Menor, e situa-se aproximadamente no polo norte celeste, daí recebendo seu nome. Por este motivo, ela permanece praticamente fixa no céu noturno, enquanto todas as outras estrelas parecem girar ao seu redor. A Estrela Polar tem sido usada, há séculos, como referência para orientação, tendo sido crucial, por exemplo, na navegação).
Quando o marinheiro vai no seu navio sobre a imensidade dos mares, está certo de chegar são e salvo ao porto desejado, desde que se oriente pela estrela polar. Nem mesmo quando nuvens escuras escondem esse guia ele se atemoriza, porque tem uma agulha magnetizada por um poder misterioso, que em tempo claro, de chuva ou treva, aponta sempre, invariavelmente, para aquela estrela imóvel, permitindo ao navegante se orientar na solidão do mar com tanta segurança como se visse a própria estrela.
Na verdade, os céus proclamam as maravilhas do Senhor, como estudamos nessa passagem dito pelo salmista: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento mostra a Sua obra. Dia após dia se exterioriza pelas palavras e, noite após noite, revela o Seu conhecimento. Não há discurso nem linguagem onde a Sua voz não seja ouvida. A Sua linha cruza toda a Terra e as Suas palavras vão até aos confins do Mundo. Neles pôs um tabernáculo para o Sol, o qual é como um noivo saindo da sua câmara ou um atleta regozijando-se ante a perspectiva de entrar numa corrida.” (Sl 19).
O que sucede no macrocosmo, o grande mundo fora de nós as repete no pequeno círculo das nossas próprias vidas, o microcosmo. Quando nascemos, o “sol da vida” se levanta e começamos a ascensão para a meninice, juventude até ao zênite da idade madura.
O mundo, na sua constante mudança, forma o ambiente em torno de nós incluindo pais, irmãos e tudo o que nos rodeia. Com amigos, conhecidos e inimigos temos de fazer frente a batalha da vida e de a sustentar com a força adquirida em vidas passadas pagando, assim, as dívidas contraídas e levando as cargas dessa vida ou talvez aumentando o seu peso, segundo a nossa sabedoria ou ignorância.
Mas no meio de todas as circunstâncias da vida e das vicissitudes da existência há sempre um grande guia que, como a Estrela Polar, nunca nos falta à vista, tal como a imóvel Estrela do Norte, um guia sempre disposto a nos ajudar a dirigir a nave da nossa vida para o porto de salvação: Deus. É significativo ler na Bíblia que os Sábios ou Magos, na sua busca do Cristo – nosso grande Instrutor Espiritual — seguiram também uma estrela que os conduziu a essa grande luz.
Que diríamos do capitão de um barco que abandonasse o leme e deixasse o barco ser arrastado pela correnteza, expondo-o assim ao azar dos ventos? Estranharíamos que esse barco se esfacelasse contra as rochas e ele perdesse a sua vida no naufrágio? Certamente que não. O chocante seria que chegasse ao porto, são e salvo.
No céu está inscrita, em caracteres cósmicos, uma maravilhosa alegoria. Igualmente está escrita em nossas vidas e nos induz a renunciar à vida sempre flutuante da matéria, para seguir a vida eterna de Deus. Não nos deixaram sem guia, ainda que o céu da carne, o orgulho da vida e as paixões nos ceguem durante algum tempo. Porque, tal como a agulha magnética do marinheiro aponta para a Estrela Polar, assim nós, o Ego – um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui – somos impelidos para a nossa origem, com um desejo e um anseio que nunca poderão ser totalmente suprimidos, por muito que tombemos nas profundidades do materialismo.
Muitos estão buscando atualmente um remédio para esse impulso interior, parece que algo os impele, sem que saibam em que consiste; algo que os leva sempre para diante, buscando o espiritual para chegar a maiores alturas: a nosso Pai que está no Céu.
Aprendemos com Davi: “Se subir ao céu, Tu lá estás; e se eu fizer no inferno a minha cama, Tu estarás ali também”. “Se eu tomar as asas da Alva; se habitar na extremidade do mar, ainda lá me guiará a Tua mão, e me susterá a Tua direita.” (Sl 139:8-10).
E no Salmo 8:4-6: “Quando eu vejo os Teus Céus, obra dos Teus dedos; a Lua, e as estrelas, que Tu estabelecestes: Que é o homem para Tu te lembrares dele? Ou o filho do homem, para Tu o visitares? E que Tu o fizeste pouco menor que os Anjos; que o coroaste de glória e de honra?”
Tudo isto não é novo para os que buscam a Luz e que tem feito o que podem para viver a vida reta, voltada para as coisas espirituais e não voltada para as coisas materiais. Mas o perigo está em que mesmo esses podem se tornar indiferentes ou espiritualmente estacionários.
Por esta razão, como o timoneiro está sempre de sobreaviso, observando a bússola que o guia, assim é da maior importância que vigiemos continuamente porque, de outro modo, adormeceremos e o navio da nossa vida sairá fora do seu rumo e se perderá.
Olhemos, pois, com firmeza para essa Estrela de Esperança, essa grande Luz Espiritual, e única coisa que merece a pena viver: a VIDA DE DEUS.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – maio/1979 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Como o leitor afirma, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental estão compreendidos na Filosofia Rosacruz que, adicionalmente, inclui grande quantidade de informações sobre os planos invisíveis e suas leis, onde nós, entre renascimentos, vivemos.
O Cristianismo Esotérico fornece, sem sombra de dúvida, significado oculto ou esotérico à doutrina Cristã. Os fatos esotéricos são verdades eternas, cuja interpretação varia segundo os diversos movimentos Cristãos.
O Cristianismo popular, na sua forma de uma casca de noz, diz que Cristo, o Filho de Deus, veio à Terra há quase dois mil anos, para se tornar o salvador espiritual da Onda de Vida humana, por meio da crença das doutrinas que enunciou e por viver uma vida de acordo com elas. Também afirma que os nossos pecados contra as leis de Cristo são perdoados e apagados sob certas condições as quais são promulgadas desde tempo considerável, sob diferentes denominações.
A interpretação esotérica do Cristianismo, em seu aspecto global, não contradiz as doutrinas básicas preconizadas pelo Cristianismo popular, porém mostra mais exatamente o que realmente sucede. Cristo é um grande Ser, de elevado desenvolvimento espiritual, a mais alta expressão arcangélica, isto é, o mais elevado iniciado da Onda de Vida que evolucionava como a “humanidade” no longínquo Período Solar, há muitos e muitos milhões de anos. Cristo veio à Terra a fim de nos influenciar espiritualmente, irradiando Suas vibrações de luz e de amor, do interior do Globo terrestre. Desde então, continuamente nos envolve das mais altas influências espirituais.
Esse constante influxo da espiritualidade de Cristo à Terra e a nós está transmutando pouco e pouco, o nosso caráter. Nós já não somos tão bárbaros e cruéis como há dois ou três milênios atrás. O objetivo mais elevado e derradeiro de Cristo é o de nos espiritualizar a tal grau, que adquiramos o senso de unidade de cada um com todos, nos tornando uma família mundial, onde cada um de nós se identifique perfeitamente com o nosso semelhante, com eliminação de toda separatividade, preconceito e egoísmo, geradores de conflitos, guerras e crimes. Assim poderemos admitir que o bem-estar de um, será o bem-estar de todos, uma vez que somos parte integrante e sentida, do todo. Qual uma dura vida escolar, teremos que passar muitas vezes por este Mundo material, até que possamos compreender e empreender esforços no sentido de sublimar nosso caráter egoísta e brutal, nos tornando em virtudes Cristas conducentes a confraternização universal. Porém, a felicidade e alegria que experimentaremos no futuro, quando a influência de Cristo haja colimado seus objetivos, serão tão grandes, tão profundas, que Sua vivência jamais poderia ser avaliada em nossas condições atuais, tão grande é o contraste com nossa forma de sentir de hoje!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz janeiro/1971 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Maio de 1913
Na lição do mês passado, vimos o valor da dissonância na música; também, o papel correspondente do mal no mundo, isto é, enfatizamos por contraste a beleza e a harmonia do bem. Assim, à primeira vista, pode parecer que o mal aparente foi concebido por Deus, o Autor e Arquiteto do nosso sistema – como se Ele fosse responsável por toda a dor, todo sofrimento, toda tristeza e angústia sob os quais o mundo todo geme. No entanto, esse não é o caso. A Bíblia diz claramente que os Elohim, que são os agentes de Deus, “viram que isso era bom” quando o trabalho foi concluído. O nosso livro Conceito Rosacruz do Cosmos[1] e [2] e as Conferências 13[3] e 14[4] do livro Cristianismo Rosacruz explicam detalhadamente o relato da Bíblia de como o aparente mal entrou através dos Espíritos de Lúcifer; e que quando o mal entrou, as forças que trabalham para o bem o utilizaram para servir a um propósito benéfico e para alcançar um bem maior do que seria possível sem esse fator.
Na última parte da Época Lemúrica e nos primeiros tempos da Época Atlante, nós éramos puros e inocentes – o dócil protegido dos Anjos guardiães que guiaram todos cada passo o nosso caminho do desenvolvimento.
Nós não possuíamos a razão; essa era desnecessária quando só havia um caminho a seguir, pois nesse estado não havia escolha. Os Senhores de Vênus foram enviados para promover a bondade, o amor e a devoção. Se nenhum fator perturbador tivesse entrado, essa Terra teria permanecido um paraíso, e nós teríamos permanecido nela como uma bela flor. A dor, o sofrimento, a tristeza, a angústia e as doenças seriam desconhecidas. Sob o regime dos Anjos lunares e dos Senhores de Vênus, automaticamente, nós teríamos nos tornados sábios, porque não teria tido outra alternativa. Quando os Espíritos de Lúcifer abriram os nossos olhos para outra direção e os Senhores de Mercúrio promoveram a razão para nos guiar, tornamo-nos potencialmente maior que ambos, como exigido àqueles que seguem o caminho espiral da evolução.
Assim, equipado com as faculdades de escolha e da razão, é nossa prerrogativa gloriosa se elevar até o pináculo da maior perfeição possível nesse Esquema de Evolução. Por isso, Cristo disse: “Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço; e obras maiores que estes farão.”[5].
Aprendamos, do mito de Fausto[6], a seguir os passos dos nossos preceptores, usando o aparente mal para alcançar um bem maior; aprendamos a não ser vencidos pelo mal, mas a vencê-lo e transmutá-lo em bem. Há um ditado que diz que “o que quer que seja, é o melhor”[7]. Se isso fosse verdade, não haveria incentivo para lutar por algo mais elevado, melhor ou maior. As palavras do Salvador nos impelem a avançar e as lendas, como a do mito de Fausto, nos ensinam como utilizar as forças aparentemente destrutivas e subversivas.
A quem muito é dado, muito lhe será exigido. Os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, que recebem os avançados Ensinamentos avançados da Sabedoria Ocidental, são particularmente compromissados a fazer os maiores esforços. Que nos esforcemos com todas as nossas forças para viver à altura do nosso grande privilégio.
P.S. Muitos novos Estudantes foram adicionados a nossa lista desde que pedimos suas orações diárias para os trabalhadores em Mount Ecclesia. Assim, sentimos que servirá a um bom propósito reiterar o pedido de que nos incluam em suas devoções para que a Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz possa se tornar um Centro Espiritual mais eficiente. Como sabem pelos prospectos enviados, estamos prestes a abrir a Escola de Cura e, neste passo importante, sentimos como nunca a necessidade da Graça Divina. Ajudem-nos, por favor, para que possamos ser bem-sucedidos.
(Cartas aos Estudantes – nº 30 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Os Espíritos Lucíferos
Esses espíritos eram uma classe de atrasados da Onda de Vida dos Anjos. No Período Lunar estavam muito além da grande massa que atualmente constitui os mais avançados da nossa Humanidade. Não progrediram tanto como os Anjos, que eram a Humanidade pioneira do Período Lunar, entretanto, estavam tão avançados do que a nossa Humanidade atual que era impossível para eles tomar um Corpo Denso como nós fizemos; ainda mais, eles não poderiam obter conhecimento sem o uso de um órgão interno, um cérebro físico. Estavam a meio caminho entre o ser humano, que tem cérebro, e os Anjos que não necessitam dele – em uma palavra, eram semideuses.
Eles estavam, assim, em uma situação muito séria. O único caminho que puderam encontrar para se expressarem e adquirir conhecimento foi usar o cérebro físico do ser humano. Através dele podiam se fazer compreender por um ser físico dotado de cérebro, o que os Anjos não podiam fazer.
Como dissemos, o ser humano, na última parte da Época Lemúrica, não podia ver o Mundo Físico, tal como nós o vemos atualmente, pois estava inconsciente do Mundo exterior. O Mundo do Desejo lhe era muito mais real. Tinha a consciência do sono com sonhos do Período Lunar, uma consciência pictórica interna. Os Lucíferos não encontraram dificuldade alguma em se manifestarem a essa consciência interna e lhe chamar a atenção para a forma exterior, que antes o ser humano não tinha percebido. Ensinaram-lhe como podia deixar de ser simplesmente o escravo dos poderes exteriores e como poderia se converter em seu próprio dono e senhor, se parecendo aos deuses, “conhecendo o bem e o mal”.
Outrossim, fizeram compreender que não devia ter apreensão quanto à morte do Corpo; que possuía em si a capacidade de formar novos Corpos, sem necessidade da intervenção dos Anjos. Todas essas coisas os Lucíferos disseram com o único propósito de que o ser humano dirigisse sua consciência ao exterior, para que eles aproveitassem e adquirissem conhecimentos conforme o ser humano os fosse obtendo.
Estas experiências resultaram em dor e sofrimento, o que, antes, o ser humano não conhecia, mas deram também a inestimável bênção da emancipação das influências e direção alheias e o ser humano iniciou a evolução de seus poderes espirituais. Essa evolução, um dia, permitir-lhe-á construir por si próprio, com tanta sabedoria como os Anjos e os outros Seres que o guiaram antes de exercitar sua vontade.
Antes dos seres humanos serem iluminados pelos Espíritos Lucíferos não conheciam enfermidades, nem dor, nem morte. Essas coisas foram o resultado do emprego ignorante da faculdade propagadora e de seu abuso na gratificação dos sentidos. Os animais em estado selvagem são livres de enfermidades e dores, porque se propagam sob o cuidado e direção dos sábios Espíritos-grupo, nas épocas do ano propícias a tal objetivo. A função sexual tem por única finalidade a perpetuação das espécies e não a gratificação dos desejos sensuais, seja qual for o prisma pelo qual se examine a questão.
Se o ser humano continuasse sendo um autômato guiado por Deus, não teria conhecido, até hoje, nem a enfermidade, nem a dor, nem a morte, mas também não teria obtido a consciência cerebral e a independência resultante da iluminação proporcionada pelos Espíritos Lucíferos, os “dadores da luz”. Eles abriram o entendimento e ensinaram a empregar a obscura visão para obter conhecimento do Mundo Físico, o qual estavam destinados a conquistar.
Desde esse tempo, duas forças agem no ser humano. Uma, a dos Anjos, se dirige para baixo, para a propagação e, por meio do Amor, forma novos seres na matriz. Os Anjos são, portanto, os perpetuadores da Raça. A outra força é a dos Espíritos Lucíferos, os investigadores de todas as atividades mentais. Dirige para cima, para o trabalho cerebral, a outra parte da força sexual.
Os Lucíferos são também chamados “serpentes”. Diversas mitologias assim os representam. Diremos mais sobre eles quando chegarmos à análise do Gênese. No momento já dissemos o bastante para encaminhar a investigação para o progresso evolutivo que trouxe o ser humano desde os tempos remotos, através das Épocas Atlante e Ária, até nossos dias.
O que temos dito acerca da iluminação dos lemurianos se aplica somente à minoria daqueles que viveram na última parte daquela Época, e foram a semente das sete Raças atlantes. A maior parte dos lemurianos era análoga aos animais, e as formas ocupadas por eles degeneraram para as dos selvagens e antropoides atuais.
Recomendamos ao Estudante gravar cuidadosamente que as formas é que degeneram. Devemos sempre recordar que há uma distinção importantíssima entre os Corpos (ou formas) de uma Raça, e os Egos (ou vidas) renascentes nesses Corpos de Raça.
Quando nasce uma Raça, as formas, animadas por certo grupo de espíritos têm a inerente capacidade de evoluir somente até certo grau. Na Natureza nada pode parar. Quando uma Raça atinge o limite de sua evolução, os Corpos ou formas dessa Raça começam a degenerar, caindo de forma para forma até a Raça extinguir-se.
A razão disso não se encontra longe. Novos Corpos de Raça aparecem flexíveis e plásticos, que proporcionam, aos Egos neles renascentes, grande margem de condições para melhorar esses veículos e, por consequência, eles mesmos progredirem. Os Egos mais avançados nascem nesses Corpos e melhoram-nos o mais que podem. Contudo, sendo esses Egos unicamente aprendizes, não podem evitar que esses veículos se cristalizem lentamente, até chegar ao limite mínimo de eficiência que esse Corpo seja capaz de proporcionar. Então, novas formas são criadas para proporcionar aos Egos de uma nova Raça maior margem de experiência e desenvolvimento. Os Corpos descartados se convertem em habitações de Egos menos avançados, que os aproveitam como degraus do largo caminho do progresso. Desta sorte, os antigos Corpos de uma Raça vão sendo empregados por Egos de crescente inferioridade, e degeneram gradualmente, até que já não haja Egos suficientemente inferiores que possam obter algum proveito do renascimento em tais Corpos. As mulheres se tornam estéreis e os Corpos da Raça morrem.
Podemos facilmente mostrar esse processo por meio de certos exemplos. A Raça teutônica-anglo-saxônica (especialmente o ramo americano) tem um Corpo mais brando e flexível e um Sistema Nervoso mais sensível do que qualquer outra Raça dos tempos atuais. Os indianos e os negros, por terem Corpos muito mais endurecidos e Sistema Nervoso mais rude, são muito menos sensíveis aos ferimentos. Um indiano continua lutando depois de receber ferimentos, cujo choque bastaria para derrubar ou matar um branco, enquanto o indiano se restabelece imediatamente. Os aborígines australianos (Bushmen) são um exemplo palpável da morte de uma Raça, devido à esterilidade, apesar de todos os esforços que o governo britânico vem fazendo para perpetuá-los.
Diz-se que onde entra a Raça branca as outras Raças desaparecem. Os brancos têm sido acusados de terríveis opressões sobre as outras Raças, tendo massacrado multidões de nativos indefesos e desprevenidos, como prova a conduta dos espanhóis com os antigos peruanos e mexicanos, se temos que apontar um entre tantos exemplos. As obrigações resultantes de tais abusos de confiança, de inteligência e de poder serão pagas até o último centavo, por aqueles que neles incorreram. Todavia, ainda que os brancos não tivessem massacrado, escravizado, martirizado e maltratado as antigas Raças, elas desapareceriam, sem bem que mais lentamente. Tal é a Lei da Evolução, a ordem da Natureza. No futuro, quando os Corpos das Raças brancas forem habitados por Egos que atualmente ocupam Corpos das Raças vermelha, negra, amarela ou parda, terão degenerado tanto que também desaparecerão, para serem substituídos por outros e melhores veículos.
A Ciência fala unicamente de evolução. Porém, não considera as linhas de degeneração que, lenta, mas seguramente, estão destruindo os Corpos, levando-os a tal extremo de cristalização que já não podem ser utilizados.
[2] N.T.: A “Queda do Homem”
Ainda sobre a análise do Gênesis, podemos juntar mais algumas palavras sobre “a Queda”, à base do Cristianismo popular. Se não tivesse havido queda não haveria necessidade de “plano de salvação”.
Quando em meados da Época Lemúrica se efetuou a separação dos sexos (na qual trabalharam Jeová e seus Anjos), o Ego começou a agir ligeiramente em seu Corpo Denso, criando órgãos internos. Naquele tempo, o ser humano não tinha plena consciência de vigília, tal como possui hoje, mas com metade da força sexual, construiu o cérebro para expressão de pensamento, na forma já indicada. Estava mais desperto no Mundo Espiritual do que no Físico, mal podia ver seu Corpo e era inconsciente do ato de propagação. A afirmação da Bíblia de que Jeová adormeceu o ser humano, nesse ato é correta. Não havia nem dor nem perturbação alguma relacionada com o parto. Sua obscura consciência do ambiente não o inteirava, ao morrer, da perda do Corpo nem, ao renascer, da entrada noutro Corpo Denso.
Recorde-se: os Espíritos Lucíferos eram uma parte da Humanidade do Período Lunar, os atrasados da Onda de Vida dos Anjos. Eram demasiado avançados para tomarem um Corpo Denso físico, mas necessitando de um “órgão interno” para aquisição de conhecimento podiam trabalhar por meio deum cérebro físico, coisa fora do poder dos Anjos ou de Jeová.
Esses espíritos entraram na coluna espinhal e no cérebro e falaram à mulher, cuja imaginação, conforme já se explicou, tinha sido despertada pelas práticas da Raça Lemúrica. Sendo a consciência predominantemente interna, pictórica, e porque tinham entrado em seu cérebro por meio da medula espinhal serpentina, a mulher viu aqueles espíritos como serpentes.
No preparo da mulher estava incluído assistir e observar as perigosas lutas e feitos dos seres humanos que se exercitavam no desenvolvimento da vontade. Muito frequentemente os Corpos morriam nas lutas.
A mulher se surpreendia ao ver essas coisas tão raras e tinha obscura consciência de que algo estranho acontecia. Embora consciente dos espíritos que perdiam seus Corpos, a imperfeita percepção do Mundo Físico não lhe dava poder para revelar aos amigos que seus Corpos físicos tinham sido destruídos.
Os Espíritos Lucíferos resolveram o problema “abrindo-lhe os olhos”. Fizeram-na ciente dos Corpos, o seu e o do homem, e ensinaram-na como podiam conquistar a morte, criando Corpos novos. A morte não poderia mais dominá-los porque, como Jeová, teriam o poder de criar à vontade.
Assim, Lúcifer abriu os olhos da mulher, e ela, vendo, ajudou o homem a abrir o seu. Desta maneira, de forma real, se bem que obscura, começaram a “conhecer” ou a se perceberem uns aos outros e, também, ao Mundo Físico. Fizeram-se conscientes da morte e da dor, aprendendo a diferenciar o ser humano interno da roupagem que usava e renovava cada vez que era preciso dar um novo passo na evolução. O ser humano deixou de ser um autômato. se converteu num ser que podia pensar livremente, à custa de sua imunidade à dor, às enfermidades e à morte.
Interpretar o comer do fruto como um símbolo do ato gerador não é uma ideia absurda, como demonstra a declaração de Jeová (que não é um capricho, mas a declaração formal das consequências que adviriam do ato): morreriam e a mulher teria seus filhos com dor e sofrimento. Jeová sabia que o ser humano, agora com a atenção fixada em sua roupagem física, perceberia a morte, e que, não tendo ainda sabedoria para refrear as paixões e regular a relação sexual pelas posições dos Astros, o abuso da função produziria o parto com dor.
Para comentadores da Bíblia sempre tem sido um enigma relacionar o comer de uma fruta com o nascimento de uma criança. A solução é bem fácil quando se compreende que o comer a fruta simboliza o ato gerador, ato pelo qual o ser humano se converte em algo “semelhante a Deus”, conhece sua espécie e se capacita para gerar novos seres.
Na última parte da Época Lemúrica, quando o ser humano se arrogou o direito de praticar sem peias o ato gerador, foi sua poderosa vontade que lhe permitiu realizá-lo. “Comendo da árvore do conhecimento” quando quisesse, se capacitou para, livremente, criar um Corpo novo ao perder o antigo veículo.
Geralmente, a morte é considerada algo temível. Se o ser humano também tivesse “comido da árvore da Vida” teria aprendido o segredo de vitalizar perpetuamente seu Corpo, o que teria sido ainda pior. Nossos Corpos atuais não são perfeitos, mas os desses tempos antiquíssimos eram excessivamente primitivos. Por isso, foi bem fundada a medida quando as Hierarquias Criadoras impediram o ser humano de “comer da árvore da vida”, impedindo de renovar o Corpo Vital. Se o tivesse conseguido ter-se-ia feito imortal, mas não poderia mais progredir. A evolução do Ego depende da evolução dos seus veículos. Se não pudesse obter novos e mais perfeitos veículos por meio de sucessivas mortes e renascimentos, ter-se-ia estagnado. É máxima oculta: quanto mais frequentemente morremos, melhor poderemos viver. Cada nascimento proporciona uma nova oportunidade.
Como vimos, o ser humano obteve o conhecimento por via cerebral, com o concomitante egoísmo, à custa do poder de criar sozinho, e a vontade livre à custa da dor e da morte. Quando aprender a empregar a inteligência para o bem da Humanidade, adquirirá poder espiritual sobre a vida, e se guiar-se-á por um conhecimento inato muito superior à atual consciência manifestada por via cerebral, tão superior a esta como a sua consciência de hoje é superior à consciência animal.
A queda na geração foi necessária à construção do cérebro, que é um meio indireto de adquirir conhecimento. Será sucedido pelo contato direto com a Sabedoria da Natureza. Então, sem cooperação alguma, o ser humano poderá utilizar esta Sabedoria na geração de novos Corpos. A laringe falará novamente a “Palavra perdida”, ou “Fiat Criador”, outrora empregada pelos antigos lemurianos sob a direção dos grandes instrutores, para criar vegetais e animais.
Será um criador de verdade e não na forma relativa e convencional do presente. Empregando a palavra apropriada ou a fórmula mágica poderá criar um Corpo novo.
[3] N.T.: CONFERÊNCIA Nº 13 – OS ANJOS COMO FATORES DA EVOLUÇÃO
Quando falamos de evolução, a ideia disso no ocidente é, principalmente, focada no materialismo. Acostumamo-nos a olhar a matéria pelo ponto de vista puramente científico: que o nosso Sistema Solar procede daquilo que, uma vez, foi uma incandescente nebulosa, cujas correntes foram geradas e postas em um movimento a partir de um movimento espontâneo. Essa nebulosa assumiu a forma esférica e lançou de si anéis conforme se contraía. Esses anéis se romperam e formaram, assim, os Planetas que se esfriaram e se solidificaram. Pelo menos um Planeta – nossa Terra – espontaneamente gerou organismos simples que mais tarde, pelo processo evolutivo, se tornaram cada vez mais complexos, elevando-se na escala através dos Radiados (ouriços, estrelas do mar, etc.), depois pelos Moluscos (ostras, mexilhões, etc.) e daí pelos Articulados (caranguejos, lagostas, etc.) até as espécies vertebradas. Após percorrer as quatro classes de vertebrados – Peixes, Répteis, Aves e Mamíferos – esse impulso evolutivo espontâneo alcançou o seu mais elevado estágio no ser humano, que é considerado a fina flor da evolução – a mais elevada inteligência do Cosmos.
O cientista materialista expressará desprezo ou impaciência com tudo aquilo que sugere a existência de um Deus, ou mesmo de qualquer outro agente externo, como totalmente desnecessária para explicar o universo. Em apoio a essa sua posição, ele pega uma vasilha com água e despeja nela um pouco de óleo. A água representa o espaço, e o óleo a nebulosa incandescente. A seguir, ele começa a mexer o óleo, girando-o na vasilha até formar uma “bola” no centro, e essa vai engrossando mais nas bordas, formando um anel, até se desprender desse anel. Isto formará uma esfera menor e revolve sobre a massa central como um Astro em volta do Sol. Então, o cientista pode, triunfalmente, se voltar e indagar com um sorriso compassivo: “Agora, você viu quão natural é isso, como é supérfluo o seu Deus?”
Na verdade, é de causar pasmo a constatação de quão obtusas podem ser as mais brilhantes inteligências quando influenciadas por noções preconcebidas. É de pasmar também que alguém, capaz de idealizar essa excelente demonstração, seja ao mesmo tempo incapaz de ver que ele próprio representa, em sua experiência, o Autor do nosso sistema a quem chamamos Deus, porque a experiência jamais teria sido imaginada, nem o óleo jamais teria sido posto a girar sobre a água, formando algo semelhante a um sistema planetário, não fora o pensamento e a ação atuarem sobre a matéria. Por isso, ao invés de provar a “superficialidade” da existência de Deus, sua demonstração da teoria nebular prova, no sentido mais amplo, a absoluta necessidade de uma Causa Primeira – seja ela chamada Deus ou tenha qualquer outro nome. Percebendo isto foi que Herbert Spencer, o grande pensador do século XIX, rejeitou esta teoria. Contudo, foi por sua vez incapaz de explicar satisfatoriamente a origem do sistema solar independentemente da mesma, que considerou falha. A ciência, pois, embora não queira reconhecê-lo, também apoia a teoria da origem do mundo que requer a ação inteligente de um ser ou seres estranhos à matéria do universo: um Criador ou Criadores.
Propriamente compreendida, essa teoria está em perfeita harmonia com a Bíblia que nos fala de um certo número de diferentes Seres que tomam parte ativa na evolução da Terra e das criaturas que nela vivem. Ouvimos falar de Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, Tronos, Principados, Poder das Trevas, Poder dos Ares, etc., de modo que a Mente indagadora não pode deixar de perguntar: “Quem são todos eles? que papel desempenharam no passado? e qual o seu trabalho no presente?” Porque a Mente indagadora não pode acreditar que os Anjos sejam seres humanos transformados pela morte em entidades espirituais cujo único prazer e única tarefa consiste em soprar uma trombeta e dedilhar uma harpa, quando na vida terrena eram incapazes até de distinguir uma nota de outra. Tal suposição contraria a razão e está em desacordo com todos os métodos da Natureza, que exige que nos esforcemos para desenvolver nossas faculdades.
Os ensinamentos ocultos – em harmonia com a Bíblia e com as modernas teorias científicas – e que se encontram no Capítulo “Análise Oculta do Gênesis” de “O Conceito Rosacruz do Cosmos” dizem que o corpo que agora é a Terra nem sempre foi tão denso e sólido como no presente, mas que já passou por três Períodos de desenvolvimento antes de chegar ao atual Período Terrestre, e que, “após este, haverá ainda mais outros três antes de completar-se nossa evolução”.
Durante os três Períodos precedentes à nossa atual condição, isto que agora é a Terra, juntamente com o ser humano sobre ela, foram ambos gradativamente solidificados a partir de um sutil estado etéreo até outro de densidade muito maior do que é presentemente. Enquanto a “Involução” – o processo de consolidação – prosseguia, o Espírito que agora é o Ego humano construía um corpo ou um veículo para cada grau de densidade. Trabalhava inconscientemente, mas nisso era ajudado por diferentes Hierarquias espirituais, tais como os Tronos, os Querubins e os Serafins.
Quando o máximo de densidade foi alcançado, o Espírito teve a consciência despertada para si mesmo como um Ego separado no mundo material. Este foi o ponto decisivo para o retorno, pois, uma vez consciente, o Espírito não pode continuar submergindo-se na matéria. Assim, à medida que sua consciência espiritual paulatinamente desponta, ele também aos poucos espiritualiza seus corpos, deles extraindo a alma que é a essência do poder de cada um.
Deste modo, ele se elevará gradativamente das regiões materiais mais densas, juntamente com a Terra, durante o resto do Período Terrestre e nos três Períodos subsequentes.
Nos primórdios da evolução, o tríplice “Espírito Virginal” estava “desnudo” e era inexperiente. Sua Involução implicava na construção de corpos, o que ele conseguiu inconscientemente com a ajuda de poderes superiores. Quando seus corpos foram concluídos e o Espírito tornou-se consciente, então a Evolução teve início. Mas esta exige crescimento anímico, que só pode ser alcançado mediante os esforços individuais do espírito no ser humano, o Ego, que ao final desta fase possuirá poder anímico como fruto de sua peregrinação através da matéria. E será daí uma Inteligência Criadora.
Os Rosacruzes deram aos sete Períodos de desenvolvimento os nomes dos Astros que regem os dias da semana porque, usando o termo em seu sentido mais amplo, tais Períodos são os Sete Dias da Criação. Significam também metamorfoses da Terra, nada tendo a ver com os Astros no céu, exceto que as condições que eles representam aproximam-se das dos Astros de mesmo nome, como segue: 1) Período de Saturno; 2) Período Solar; 3) Período Lunar; 4) Período Terrestre (cuja primeira metade é chamada “Marciana” e a segunda “Mercurial”, segundo o exposto no “Conceito Rosacruz do Cosmos”); 5) Período de Júpiter; 6) Período de Vênus; 7) Período de Vulcano.
Nossa evolução começou na Terra como ela era no quente e escuro Período de Saturno, em que a matéria era constituída de uma substância gasosa extraída da Região do Pensamento Concreto. Ali, o Espírito Divino (que é o mais elevado aspecto do tríplice “Espírito Virginal”, feito à semelhança de Deus) foi despertado pelos Senhores da Chama, também chamados Tronos no esoterismo Cristão, os quais irradiaram de si próprios o germe do pensamento-forma como contraparte material do Espírito Divino. Este pensamento-forma foi mais tarde aperfeiçoado e consolidado na forma do Corpo Denso do ser humano, pelo que o seu mais elevado Espírito e o mais inferior dos seus corpos são frutos do Período de Saturno.
No Período Solar, a Terra alcançou a densidade do Mundo do Desejo, convertendo-se em algo assim como um nevoeiro incandescente de brilhante luminosidade. Então, os Querubins despertaram o segundo aspecto do Espírito Virginal tríplice: o Espírito de Vida. Sua contraparte – o Corpo Vital – nasceu aí como pensamento-forma e foi feito para interpenetrar o Corpo Denso germinal que se tinha consolidado e alcançado a mesma densidade da Terra. Foi, portanto, formado de matéria de desejos.
Ao fim das condições a que chamamos Período Solar, o ser humano possuía um duplo espírito e um duplo corpo.
No Período Lunar, a densidade da Terra aumentou a tal ponto que alcançou o estado de matéria que constitui a chamada Região Etérica. Era então um núcleo ígneo envolto em vapor e recoberto por uma atmosfera de nevoeiro quente ou de gás também vaporoso e quente. Quando a água esquentava pela proximidade com o núcleo ígneo, dele se afastava evaporando-se para o exterior; e quando resfriada pelo contato com o espaço externo, o vapor tornava a descer em direção ao núcleo ígneo.
Dessa substância úmida é que se formou o corpo mais denso dos “homens aquáticos”. O pensamento-forma do Corpo Denso havia se consolidado em um gás úmido; o pensamento-forma do nosso atual Corpo Vital havia descido até o Mundo do Desejo, pois da matéria desse Mundo foi formado, conforme vimos anteriormente. O pensamento-forma do nosso atual Corpo de Desejos foi acrescentado a esse duplo corpo no Período Lunar, tendo sido os Serafins que despertaram aí o terceiro aspecto do Espírito Virginal: o Espírito Humano. Foi então que o Espírito Virginal se tornou um “Ego”, de modo que, ao fim do Período Lunar, o ser humano nascente possuía um Tríplice Espírito e um Tríplice Corpo, a saber:
1) o Espírito Divino e sua contraparte – o Corpo Denso;
2) o Espírito de Vida e sua contraparte – o Corpo Vital;
3) o Espírito Humano e sua contraparte – o Corpo de Desejos.
O Tríplice Corpo é a “sombra” do Tríplice Espírito, lançada na Região do Pensamento Concreto nos três Períodos que precederam o atual Período Terrestre. Desde ali, todos esses pensamentos-forma condensaram-se: 1 grau o Corpo de Desejos, 2 graus o Corpo Vital e 3 graus o Corpo Denso, antes de alcançarem sua presente densidade.
Os Senhores da Chama (Tronos), os Querubins e os Serafins trabalharam para o ser humano voluntariamente e por puro Amor. De uma evolução como a nossa, eles nada podiam aprender. Agora que já se retiraram no atual Período Terrestre, os “Poderes” (Exusiai) do Cristianismo Esotérico – chamados Senhores da Forma pelos Rosacruzes – assumiram um encargo especial, porque este é um Período eminentemente da “Forma” e foi esta Hierarquia espiritual quem deu a todas as coisas suas atuais, definidas e nítidas formas concretas, as quais eram incipientes e indistintas nos Períodos anteriores.
Além das Hierarquias espirituais mencionadas, houve outros que ajudaram, mas vamos ater-nos somente aos seres que alcançaram no desenvolvimento a condição de humanos nos três Períodos precedentes. Esses seres avançaram naturalmente, de modo que os homens do Período de Saturno estão agora três passos à frente dos humanos atuais, sendo conhecidos como “Senhores da Mente”. A humanidade do Período Solar encontra-se dois passos adiante de nós e são chamados “Arcanjos”. E a humanidade do Período Lunar acha-se apenas um passo à nossa frente: são os “Anjos”.
Os Períodos são dias da Criação e, entre cada dois Períodos, há um intervalo de repouso ou atividade subjetiva – uma Noite Cósmica, análoga à noite de sono restaurador que desfrutamos entre um dia e outro de nossa vida terrena. Quando a vida evoluinte emerge do “Caos” na aurora de um novo Período, efetua-se em primeiro lugar uma recapitulação um grau à frente do trabalho realizado nos Períodos anteriores, antes de iniciar-se a obra do novo Período. Assim é alcançado o apogeu da perfeição capaz de ser atingida.
Portanto, a evolução do ser humano sobre a Terra, tal como se acha agora constituída, divide-se em “Épocas”, nas quais ele primeiro recapitula o seu passado, indo depois em frente às condições que prefiguram desenvolvimento e que só alcançarão expressão plena em Períodos futuros.
Na primeira – ou Época Polar – “Adão” ou humanidade – foi formado de “terra”. Atravessava ele aquela fase puramente mineral do Período de Saturno em que possuía somente o Corpo Denso, modelado por ele próprio sob a orientação dos Senhores da Forma. Estava submerso no então escuro e gasoso Astro que acabava de emergir do caos, “sem forma e vazio”, como diz a Bíblia. Pois, do mesmo modo que as framboesas são formadas de pequenas bagas, assim foi a nossa “mãe Terra” formada da multidão de corpos densos parecidos com minerais de todos os reinos, e as correntes de vida que se expressavam como minerais, animais e homens, trabalhavam para libertá-los.
Na segunda – ou Época Hiperbórea – disse Deus: “Haja luz”, e o calor transformou-se em uma nuvem incandescente idêntica àquela do Período Solar. Nessa Época, foi o Corpo Denso do ser humano interpenetrado por um Corpo Vital, ficando a flutuar de um lado para outro sobre a Terra ígnea como uma enorme coisa em forma de saco. O ser humano era então como as plantas porque dispunha dos mesmos veículos que estas possuem agora, enquanto os Anjos o auxiliavam a organizar seu Corpo Vital, conforme continuam fazendo até o presente.
Isso pode parecer uma anomalia, já que os Anjos são a humanidade do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Mas não é, porque somente no Período Lunar a Terra evoluinte condensou-se em Éter, tal como o que agora forma a substância de nosso Corpo Vital. A humanidade de então (os atuais Anjos) aprenderam ali a construir seus corpos mais densos de matéria etérea, assim como aprendemos a construir os nossos com matéria sólida, líquida e gasosa da Região Química. E nisso os Anjos tornaram-se peritos, conforme seremos também na construção de nossos corpos densos ao fim do Período Terrestre.
Eles estão, portanto, especialmente preparados para ajudar as outras ondas de vida em funções que digam respeito às importantes expressões do Corpo Vital. Ajudam assim na formação e manutenção das plantas, dos animais e do ser humano, relacionando-se muito de perto com a assimilação, crescimento e propagação desses reinos. Os Anjos anunciaram o nascimento de Isaac ao fiel Abraão, mas foram também os arautos da destruição de Sodoma por abusar-se ali das funções criadoras. O Anjo Gabriel (não Arcanjo, de acordo com a Bíblia) predisse os nascimentos de Jesus e João. Outros Anjos já haviam anunciado os nascimentos de Samuel e Sansão.
Os Anjos atuam particularmente nos corpos vitais dos vegetais porque a corrente de vida que anima esse reino iniciou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos e trabalhavam com os vegetais do mesmo modo que agora trabalhamos com os minerais. Há, portanto, uma afinidade especial entre o Anjo e o Espírito-Grupo das plantas. Pode-se assim explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também alcançou enorme estatura na segunda Época – ou Época Hiperbórea – que estava principalmente a cargo dos Anjos. A mesma coisa se dá com a criança em sua segunda Época setenária de vida, porque então os Anjos podem trabalhar mais amplamente sobre ela de maneira que, ao fim dessa Época, aos quatorze anos, a criança alcança a puberdade e torna-se apta a reproduzir sua espécie – também com a ajuda dos Anjos.
A terceira – ou Época Lemúrica – apresentava condições análogas ao Período Lunar, embora mais densas. O núcleo ígneo da Terra ficava ao centro. Envolvendo-o, havia uma fervilhante camada de água em ebulição que, por sua vez, era envolvida na parte mais externa por uma atmosfera vaporosa de “neblina ardente”, pois assim “havia Deus dividido a terra das águas”, segundo o Gênese. Com a umidade mais densa do vapor, podia o ser humano viver em ilhas com crostas sólidas em formação espalhadas num mar de águas ferventes. Sua forma era então completamente firme e sólida, possuía tronco e membros e a cabeça começava a formar-se. O Corpo de Desejos foi acrescentado e aí o ser humano passou ao encargo dos Arcanjos.
Temos aqui outra vez o que se parece com uma anomalia, pois os Arcanjos foram a humanidade do Período Solar, Período em que nasceu o Corpo Vital, quando o ser humano não possuía ainda Corpo de Desejos. A dificuldade, porém, se desvanece quando recordamos que cada veículo nosso é a sombra de um dos aspectos do Espírito, conforme dissemos anteriormente, e que tais veículos não foram dados por essas Hierarquias. Estas simplesmente ajudam o ser humano no aperfeiçoamento de determinado veículo, dada a sua especial aptidão para trabalhar com a matéria dele. Os Arcanjos são educadores do nosso Corpo de Desejos, pois se fizeram peritos na construção e uso de tal veículo quando eram humanos no Período Solar. Neste Período, eles construíram o seu corpo mais denso com “matéria de Desejos”, da mesma forma que agora construímos nosso corpo mais denso com matéria química mineral.
Os Arcanjos são também o principal apoio do Espírito-Grupo animal, porque os atuais animais começaram como minerais no Período Solar. Na Época Lemúrica, o ser humano encontrava-se em idêntica situação à daqueles na Época atual: o Espírito estava fora do corpo que tinha de dirigir, ainda que os corpos de todos já estivessem sido impregnados com o germe da personalidade individual, conforme esclareceremos a seguir. Deste modo, os homens não eram tão fáceis de guiar como os animais do presente, pois o espírito separado de cada um destes ainda está inconsciente. O desejo então predominava, necessitando por isso de uma forte sujeição. Isto foi feito em alguns dos mais dóceis entre a nascente humanidade da Época Lemúrica, sendo que estes, no devido tempo, vieram a ser instrutores dos demais. A grande maioria, contudo, não recebeu tal vantagem.
Na quarta – ou Época Atlante – teve início o verdadeiro trabalho do Período Terrestre. O Tríplice Espírito estava destinado a entrar no Tríplice Corpo e converter-se num Espírito interno para alcançar pleno domínio sobre seus veículos, mas faltava ainda o elo da Mente. Tal elo, nós o devemos aos Senhores da Mente que haviam antes impregnado os corpos com a sensação de personalidade separada. Esta preponderou sobre a primitiva sensação de unidade com o todo, possibilitando a cada um colher experiências individuais de condições semelhantes.
Os Senhores da Mente alcançaram o estado humano no Período de Saturno. Não eram “deuses” vindos de uma evolução anterior como os Querubins e os Serafins. Daí a tradição oriental de os chamar de “A-suras” – “Não-deuses” – e a Bíblia os denominar “Poderes das Trevas”, em parte porque procederam do escuro Período de Saturno e em parte porque os considera como o mal. São Paulo apóstolo fala do nosso dever de lutar contra eles.
São Paulo estava certo, mas é bom compreendermos que não existe nada absolutamente de mal, e que no passado eles foram os benfeitores do gênero humano. O mal não é outra coisa senão o bem mal colocado ou não desenvolvido. Por exemplo: suponhamos um especialista em fabricação de órgãos que construa um, todo especial – sua obra-prima. Neste caso, ele é uma encarnação do bem. Mas se ele leva o órgão até a igreja e, mesmo não sendo músico, insiste em tocá-lo substituindo o organista, então ele representa o mal.
Quando os Senhores da Mente eram humanos no Período de Saturno e a Terra era constituída de substância da Região do Pensamento Concreto, aí começamos nossa evolução como minerais. Então, os Senhores da Mente aprenderam a construir seus corpos mais densos com esses minerais, do mesmo modo que agora construímos nossos corpos dos presentes minerais. Assim, especializaram-se no uso dessa “matéria mental”, estabelecendo também, portanto, uma relação extraordinariamente íntima conosco.
Chegado o tempo em que o Tríplice Corpo estava pronto para que o Espírito nele habitasse, o ser humano precisou da Mente para servir como elo entre o Espírito e o corpo. Mas isto os deuses não lhe podiam dar. Era demasiado para eles. Os Arcanjos e os Anjos ainda não podiam criar, mas os Senhores da Mente já haviam alcançado o terceiro Período além daquele em que tinham sido humanos, tornando-se, pois, Inteligências Criadoras. Assim, puderam naturalmente preencher a lacuna irradiando de si a substância de que está formada a nossa Mente.
Procedendo de tal forma, nossa Mente tinha de ser, como é de fato, naturalmente separatista e inclinada a ressentir-se da autoridade. Devia ser o instrumento do infante Espírito no governo do Tríplice Corpo e um freio ao desejo imoderado. Contudo, ela veio acrescentar ao desejo a poderosa astúcia, depois paixão e malvadez, sendo por si mesma mais difícil de domar que um potro selvagem. À Mente, agrada mais dominar o inferior do que obedecer ao superior. Por conseguinte, a paixão e a perversidade predominaram na Época Atlante. A raça degenerou e então tornou-se imperiosa a criação de outra e sob diferentes condições.
Entretanto, a atmosfera quente e vaporosa da Lemúria havia-se esfriado e condensado, convertendo-se em espesso nevoeiro na Época Atlante. Ali viveram os “niebelungen” (“filhos da névoa”) das velhas lendas, que foram os atlantes. Então, Deus ordenou que “as águas se juntassem em um lugar e que aparecesse a terra seca”. A névoa condensou-se gradualmente, caindo em torrentes e inundando os vales da Atlântida. A raça perversa pereceu, com exceção de uns poucos, conhecidos depois como “o povo eleito”, e escolhidos para serem o núcleo da atual raça ariana e herdarem a terra prometida: a Terra como é agora constituída. Estes poucos foram salvos conforme relatado diversamente nas histórias de Noé e Moisés, este tirando o povo de Deus do Egito (Atlântida) e guiando-o através do Mar Vermelho (o dilúvio ou inundação atlântica), onde o Faraó (o malvado rei atlante) pereceu com todos os seus seguidores.
As Hierarquias espirituais têm sido seriamente embaraçadas em seus esforços para ajudar o ser humano desde a Época em que este recebeu a luz da razão e se lhe abriu o entendimento, porque então tinha de lidar com assuntos dos quais não possuía o menor conhecimento, como por exemplo a propagação da espécie. Por ignorar as Leis Cósmicas que a regiam, o parto tornou-se doloroso e a morte converteu-se na experiência mais frequente e desagradável. Severas medidas impuseram-se, portanto, para controlar a natureza inferior. Isto foi feito por Jeová, o mais alto Iniciado do Período Lunar e regente dos Anjos, auxiliado nessa tarefa pelos Arcanjos, que são os Espíritos de Raça (Dn 12:1).
Jeová ajudou o ser humano a controlar a Mente e a dominar o Corpo de Desejos impondo leis e decretando castigos para as transgressões. O temor de Deus opôs-se então aos desejos da carne, e assim foi o pecado manifestado ao mundo.
Os Arcanjos, como Espíritos de Raça, lutavam a favor ou contra uma nação por intermédio de outra para castigar aquela em que houvesse pecado (Dn 10:20).
Eram os Anjos que faziam vicejar ou secar os trigais e vinhedos; os que aumentavam ou diminuíam os rebanhos; os que multiplicavam ou reduziam a família, conforme fosse necessário recompensar ou punir o ser humano por sua obediência ou transgressão às leis do Chefe dos Espíritos de Raça – Jeová. Sob o reinado deste, todas as religiões de raça – Confucionismo, Taoísmo, Budismo, Judaísmo, etc. – floresceram e atuaram no Corpo de Desejos como Religiões do Espírito Santo. Jeová ajudou o ser humano a dominar o Corpo de Desejos porque este foi obtido no Período Lunar.
Mas a Lei conduz ao pecado, pois é separatista. Além disso, o ser humano deve aprender a agir bem independentemente do medo. Portanto, Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, veio para ensinar a Religião do Filho, que atua sobre o Corpo Vital, obtido no Período Solar. Ele ensinou que o Amor é superior à Lei. O amor perfeito lança fora o temor e liberta a humanidade do racismo, da casta e do nacionalismo, conduzindo-o à Fraternidade Universal, que será um fato quando o cristianismo for vivenciado.
Quando o cristianismo haja espiritualizado plenamente o Corpo Vital, um passo ainda mais elevado será dado com a Religião do Pai, o qual, como o mais alto Iniciado do Período de Saturno, ajudará o ser humano a espiritualizar o corpo que obteve nesse Período: o Corpo Denso. Então, até a Fraternidade Universal será superada. Não haverá mais eu ou tu, porque todos serão conscientemente “Um” em Deus, e o ser humano terá sido emancipado da tutela dos Anjos, dos Arcanjos e dos Poderes ainda maiores.
[4] N.T: Lúcifer: Tentador ou Benfeitor
Ao olharmos o mundo ao nosso redor, constatamos que não há fato mais evidente do que aquele expresso pelo poeta hebreu: “Poucos são os dias do homem, e plenos de desgraça”. E perguntamo-nos, naturalmente: “Por que deve ser assim?”
O teólogo afirma que Deus decretou que sofrêssemos porque nossos primeiros pais pecaram ao serem tentados pelo diabo. E procura justificar Deus nesta frase burlesca: “Na queda de Adão, todos pecamos.” Mas por que o comer-se uma maçã, como causa, deve merecer o castigo do parto doloroso como efeito? Isto tem sido sempre um enigma difícil para os comentaristas da Bíblia. E como poderia um Deus sábio e amoroso decretar tanta miséria sobre toda a raça humana só pela tão irrelevante falta de um casal? Isto é tão difícil de entender que justifica até certo ponto a Robert Ingersoll quando exclamou: “Um Deus honesto é a obra mais nobre do homem!”
Semelhante anomalia nasce naturalmente da falta de conhecimentos ocultos e da consequente interpretação materialista dessa mina de informação esotérica que é a Bíblia.
Para conseguirmos um esclarecimento verdadeiro no que tange à dor e à tristeza, devemos, de início, basear-nos na informação puramente oculta, procurando ver então que luz lança a Bíblia sobre a mesma.
Recordemos que quatro grandes Épocas ou Idades precederam a nossa presente Época Ária: a Polar, a Hiperbórea, a Lemúrica e a Atlante.
Na Época Polar, o homem dispunha apenas de um Corpo Denso precariamente organizado. Daí que estivesse inconsciente e imóvel como os minerais que agora são assim constituídos. Na Época Hiperbórea, seu Corpo Denso foi envolvido por um Corpo Vital, ficando o Espírito “flutuando” fora. Os efeitos de tal natureza podem ser constatados pelo exame dos vegetais que, no presente, são analogamente constituídos.
Neles, podemos ver a repetição permanente, a formação de talos e folhas em sucessão alternada que prolongar-se-iam infinitamente caso não houvesse outra influência. Mas, como a planta não tem um Corpo de Desejos separado, o Corpo de Desejos da Terra, o Mundo do Desejo, endurece o vegetal e impede em determinado ponto o seu excessivo crescimento para cima. A força criadora, impedida de expressar-se no fazer a planta crescer mais ainda, busca outra saída: forma as flores nessa planta e encaixa-se na semente, de forma que possa crescer de novo em outra planta.
Na Época Hiperbórea, em que o homem se encontrava em condições idênticas, seu Corpo Vital fazia-o crescer a gigantescos tamanhos. Agindo sobre ele, o Mundo do Desejo levava-o a expelir sementes parecidas com esporos, das quais outro Ego humano apoderava-se ou eram utilizados pelos Espíritos da Natureza na construção de corpos para os animais que começavam a emergir do Caos (a onda de vida mais avançada começa primeiro, no início de um período, e retorna por último ao Caos: as ondas de vida que se seguem – animal, vegetal e mineral – começam mais tarde e retornam mais cedo).
Portanto, na Época Hiperbórea, quando o homem era constituído identicamente aos vegetais, seu Corpo Vital formou vértebra sobre vértebra e teria continuado a formá-las caso um Corpo de Desejos individual não houvesse sido dado na Época Lemúrica. Este corpo começou a endurecer a estrutura e a restringir a tendência a um maior crescimento. Como resultado, o crânio, a flor que se encontra na ponta do caule (da coluna vertebral), estava incipientemente formado.
Contrariada em seus esforços para construir uma forma maior, tornou-se necessária à força criadora no Corpo Vital buscar uma nova saída pela qual pudesse continuar a crescer em outro ser humano. O homem então tornou-se hermafrodita, capaz de gerar sozinho um novo corpo.
A planta não tem Corpo de Desejos individual, daí não sentir paixão. Apenas estende seu órgão criador – a flor – casta e inocentemente em direção ao Sol, uma das coisas mais belas e encantadoras que existem.
No ser humano, o Corpo de Desejos individual deve necessariamente produzir a paixão e o desejo, a menos que seja subjugado de algum modo. Por conseguinte, o ser humano, tanto figurada quanto literalmente, é o inverso da casta planta, pois é apaixonado, tem órgãos criadores voltados para a Terra e deles se envergonha. A planta toma seu alimento por baixo, pela raiz; o ser humano se alimenta por cima, pela cabeça. O ser humano inala o vivificante oxigênio e exala o deletério dióxido de carbono. Este é absorvido pela planta que lhe extrai o veneno e devolve ao ser humano o princípio vitalizante.
Com a finalidade de controlar a paixão e prevenir o abuso da função criadora, diversas medidas foram tomadas pelos Líderes encarregados da Evolução.
Esta criatura semianimal de meados da Época Lemúrica, embora horrenda em seu aspecto, era, no entanto, um diamante bruto, destinada a tornar-se mais tarde o instrumento perfeito e o formoso templo de um Espírito interno. Para isto, era preciso um mecanismo de controle, um cérebro, e um segundo sistema nervoso, capazes ambos de serem comandados pela Vontade, que era a força do morador em perspectiva, o Ego.
O total da força criadora podia ter sido usado com esse propósito, mas, como o uso de qualquer ferramenta causa o seu desgaste, um plano para substituir o instrumento gasto quando abandonado pelo Espírito, na morte, foi também idealizado, e assim a força criadora em cada ser humano foi dividida: metade continuou fluindo para cima, como antes, para construir um cérebro e uma laringe, através dos quais o Espírito pode controlar seus instrumentos e expressar-se em pensamentos e palavras; e a outra metade foi impelida para baixo, aos órgãos criadores, para reprodução.
Este arranjo valeu mais para prevenir os abusos, já que tornou mais difícil a geração. Antes da separação dos sexos, cada um podia gerar sem ajuda. Depois da divisão, fez-se necessário a cada um procurar a cooperação de outrem que possuísse a metade oposta da força sexual necessária à reprodução.
A mudança de voz dos rapazes na puberdade mostra a relação que existe entre os órgãos criadores e a laringe. Uma vez que metade da força sexual constrói o cérebro, aquele que se super-excede no uso do sexo converte-se em idiota. Por outro lado, o pensador profundo, particularmente o espiritualista, sente pouca ou nenhuma inclinação para o coito, já que emprega a maior parte de sua energia criadora no cérebro.
Apenas os Anjos trabalharam com o homem na Época Hiperbórea, quando este dispunha somente do Corpo Denso e do Corpo Vital, mas, na Época Lemúrica, – quando o Corpo de Desejos lhe foi acrescentado – os Arcanjos também começaram a participar do trabalho, ajudando o infante Espírito humano a controlar seus futuros veículos. Assim, pois, neutralizaram eles o Corpo de Desejos de tal modo que o mesmo só se tornava sexualmente ativo em determinadas épocas do ano. Na última parte da Época Lemúrica e princípio da Época Atlante, o cérebro e o sistema cérebro-espinhal haviam evoluído o suficiente para permitir que o elo da Mente fosse estabelecido. Então, o Ego começou a penetrar aos poucos em seus corpos, tornando-se assim um espírito interno em meados da Época Atlante, plenamente consciente de seu ambiente externo. Antes que a entrada nos corpos fosse completada – especialmente na última parte da Época Lemúrica – a consciência do homem estava voltada para dentro, sendo ele mais consciente do mundo espiritual. Nascimento e morte eram, portanto, inexistentes para, do mesmo modo que o brotar, secar e cair de uma folha não existe para a planta. Sua consciência permanecia continuamente nos mundos internos quer tivesse ou não um corpo, pois era inconsciente deste, embora utilizando-o por completo, à semelhança do que ocorre no uso de nosso estômago e pulmões, isto é, utilizamo-los inconscientemente.
Nas aludidas épocas do ano, os Arcanjos suspendiam sua influência restritiva sobre os Corpos de Desejos. Então, os Anjos conduziam os seres humanos a grandes templos, onde o ato gerador era realizado nos momentos estelares mais propícios. As viagens de lua-de-mel de nossos dias são reminiscências atávicas daquelas migrações com propósitos geradores e mostram a relação que tinham com os corpos celestiais pela denominação “lua-de-mel”.
Quando a propagação havia sido efetuada, o Corpo de Desejos era novamente neutralizado. Em consequência, o parto era totalmente indolor, conforme se dá atualmente com os animais, que se encontram em idênticas condições.
Esse era um estado livre de cuidados, mas o homem era extremamente limitado em sua consciência, sendo guiado e controlado independentemente de sua vontade por agentes externos. Se tais condições houvessem prevalecido, o homem continuaria sendo um autômato guiado por Deus. Nunca poderia tornar-se uma Inteligência Criadora autoconsciente – conforme está destinado a ser – até que afastasse toda sujeição e atuasse em sua própria salvação.
Por conseguinte, exaltados Guias de uma evolução mais avançada foram enviados para instruir o homem e despertá-lo para conhecer o mundo externo ou material. Drásticas medidas impuseram-se, então, naturalmente, e por seguidas eras. Os meninos eram exercitados no desenvolvimento da Vontade, que era a contraparte espiritual de sua força criadora positiva. Faziam-nos carregar pesados fardos, ensinando-os a fortalecerem os braços pela vontade. Os rapazes eram obrigados a se enfrentarem em lutais brutais; seus membros eram estropiados; seus corpos eram queimados ou empalados, etc., num esforço para despertar o Ego à consciência do Corpo Denso e do mundo externo.
As mulheres eram conduzidas às imensas florestas em formação que vicejavam luxuriantes no solo úmido e quente. Eram expostas à fúria das tempestades e furacões que assolavam a Terra na Época Lemúrica e levadas a contemplar as erupções vulcânicas, o que produzia imagens ante sua visão interna. Faziam-nas presenciar também lutas ferozes entre os homens com o objetivo de despertar-lhes a Imaginação.
Imaginação é o polo espiritual negativo da força criadora, que reflete na consciência interna as cenas do mundo externo como se fossem sonhos. Deste modo, as mulheres foram as primeiras a dar-se conta da existência do Mundo Físico e do Corpo Denso, pelo que começaram a pregar o evangelho do corpo do homem, a quem falaram daquela obscura percepção inicial da existência física.
Em nossos dias, aqueles que começaram a sentir a alma e por isso tentam pregar o evangelho do mundo espiritual onde o Espírito vive, geralmente encontram a barreira da incredulidade e do ridículo, tal como aconteceu às mulheres lemúricas quando tentaram convencer seus contemporâneos de que tinham um Corpo Denso.
Entre as observações feitas por essas videntes, estava o fato de que às vezes o homem perdia o seu corpo, o qual se desintegrava. Elas podiam continuar a vê-lo no mundo espiritual conforme o viam antes, mas como ele se havia ido da existência material, isso as deixava confusas.
Dos Anjos, nenhuma informação elas podiam obter, pois, ainda que estes atuassem sobre o Corpo Denso, não o faziam diretamente, mas usavam o Corpo Vital como transmissor, não se podendo fazer entender por um ser que raciocinasse cerebralmente. Os Anjos conseguiram o conhecimento sem precisar utilizar o raciocínio, pois externaram todo o seu amor em seu trabalho, recebendo em troca torrentes de Sabedoria Cósmica. O ser humano também cria pelo amor, embora seu amor seja egoísta. Ele ama porque deseja. A cooperação na propagação é um exemplo, porque nisso ela participa somente com a metade da força criadora. A outra metade é conservada egoisticamente para manter seu próprio órgão pensante – o cérebro – e utiliza-se dessa metade também egoisticamente para pensar, porque deseja conhecimento. Daí, ele precisar esforçar-se e raciocinar para obter sabedoria. No devido tempo, porém, ele alcançará um estado muito superior ao dos Anjos e Arcanjos. Então, haverá ultrapassado a necessidade dos órgãos criadores inferiores: criará por meio da laringe, podendo “fazer do verbo carne”.
Naquela fase, a mulher também não podia raciocinar, pois, tendo sido a Mente dada pelos Poderes das Trevas, era naturalmente obscura. De forma que, antes de poder ser utilizada para correlacionar fatos, precisava ser iluminada. Somente depois de ter isso acontecido, pôde o homem lançar a “Luz da Razão” sobre os seus problemas.
É aqui que pela primeira vez ouvimos falar de “Lúcifer” – o “Portador de Luz” – que falou à mulher e ajudou-a a solucionar o enigma, indicando-lhe como, com a cooperação do homem, poderia ela exercer a função criadora independentemente dos Anjos, de modo a prover de novo corpos àqueles que os tivessem perdido, escapando dessa maneira à morte.
Ele pergunta se Deus os havia proibido de comer os frutos das árvores. É-lhe dito, então, que haviam sido proibidos de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal sob pena de morrerem.
Que a árvore do conhecimento é uma expressão simbólica da função geradora, torna-se evidente quando recordamos quão limitada era a consciência humana naquela época. O homem não conhecia ou não se dava conta de nada fora de si mesmo; seus olhos ainda não haviam sido abertos; sua consciência era interna, como a consciência pictórica dos nossos sonhos, exceto em que não era confusa. Mas achava-se tão alheio ao mundo e aos seres externos, como em nossos dias estamos do mundo espiritual, salvo nas ocasiões em que era conduzido aos templos e posto em íntimo contato sexual com outro ser humano. Então, por um momento, o Espírito rompia o véu da carne e homem e mulher se conheciam um ao outro em Corpo Denso. Para o Iniciado, a Bíblia registra isso de maneira maravilhosamente iluminadora quando usa a mesma expressão em muitas passagens, tais como: “Adão conheceu sua mulher”, e na pergunta de Maria: “Como poderei conceber, visto que não conheço homem? As dores do parto são, pela lógica, mais uma penalidade pela violação de uma regra de relação sexual do que um castigo por se haver comido uma maçã.
A serpente disse à mulher: “É certo que não morrereis, porque Deus sabe que no dia em que dela comerdes abrir-se-vos-ão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal “. Este último era ainda desconhecido para o homem.
Seguindo o conselho, a mulher obteve a cooperação do homem e, mediante a força de vontade, libertaram seus corpos de desejos. Esta faculdade era então muito mais poderosa que agora, porque é lei que toda nova faculdade sempre é adquirida à custa do enfraquecimento de outro poder anterior, como quando se adquiriu a faculdade de pensar ao preço da metade da força criadora. A força de vontade do homem era tal que a preocupação de Deus “receando que o homem comesse também da árvore da vida e se tornasse imortal” estava plenamente justificada, pois, tivesse ele se apoderado do segredo para renovar o Corpo Vital e o denso, teria sido capaz de criar um corpo e vitalizá-lo para sempre. Então, a morte não teria verdadeiramente existido, mas tampouco teria havido qualquer evolução. E, como o homem então não sabia – e não sabe até agora – construir um corpo perfeito, a posse daquele segredo teria sido, com efeito, a maior de todas as calamidades. A morte não é uma desgraça, mas um amigo, quando chega naturalmente, porque liberta-nos de um ambiente cujo proveito já haurimos e de um corpo que já nos tolhe. Isto para que possamos ter outra oportunidade de aprender novas lições em novo e melhor corpo.
O uso desenfreado da função sexual resultou em fazer o homem cada vez mais consciente do seu corpo. “Seus olhos foram abertos” e sua atenção focalizou-se mais e mais no Mundo Físico até que, gradativamente, todos se esqueceram dos mundos superiores, chegando muitos a descrer de que o homem habita um espírito imortal. A morte do corpo converteu-se para eles em uma coisa terrível, uma tremenda calamidade, a despeito de todas as afirmações em contrário, pois acreditavam na aniquilação total. Assim, ainda que a palavra de Lúcifer fosse verdadeira quanto à criação de um novo corpo, a palavra do Anjo o fora ainda mais, porque de fato a morte não existiu até o homem haver perdido sua consciência dos mundos superiores.
Quanto ao anátema: “Em dores darás à luz teus filhos”, não se trata absolutamente de uma maldição. A frase bíblica é apenas o enunciado dos efeitos que inevitavelmente resultariam do abuso ou uso ignorante da função criadora.
Enquanto essa se realizava sob a sábia orientação dos Anjos, em certas épocas do ano em que as forças cósmicas entre os planetas eram mais favoráveis, o parto efetuava-se sem dor, mas, como o homem era e é ignorante desses fatores, a transgressão às suas regras resultou em dor.
Por conseguinte, o cérebro e o órgão vocal foram adquiridos ao custo da metade da força criadora. A emancipação da guia dos Anjos, o poder de iniciativa na ação para a escolha do bem ou do mal, e a consciência do mundo material, isso tudo é nosso ao preço da tristeza, da dor e da morte.
Mas todas as coisas no mundo trabalham para o bem no reino de Deus. Mesmo aquilo que é mal transmuta-se, por meio de sutilíssima alquimia espiritual, em trampolim para um bem maior.
Tendo sido exilado do Jardim do Éden – a Região Etérea – por ter aprendido a conhecer o mundo material mediante repetidos abusos sexuais que focalizaram sua atenção aqui, o homem começou a ter seu Corpo Denso endurecido por esse crescente uso do Corpo de Desejos. Então, precisou de alimento e abrigo. Deste modo, impunha-se a habilidade física, a destreza, para que seu corpo fosse sustentado. A fome e o frio, portanto, foram os látegos do mal que despertaram essa habilidade, pois forçaram o homem a pensar e agir no sentido de prover suas próprias necessidades. E assim, gradativamente, ele aprendeu a ser prudente. Aprendeu a acumular para essas contingências antes mesmo que elas surgissem, porque os tormentos da fome e do frio já o haviam ensinado a prevenir-se. Assim é que a sabedoria é sofrimento cristalizado. Quando podemos serenamente contemplar os sofrimentos nossos que ficaram para trás, extraindo deles as lições que trouxeram, então eles se convertem em fontes de sabedoria e de futuros regozijos, porque através deles é que aprendemos o conhecimento aplicado, a única salvação. Isto pode parecer uma asserção indelicada e duvidosa, mas, se experimentarmos meditar sobre o assunto, concluiremos que ela é tão absolutamente verdadeira e possível de demonstrar como dois e dois são quatro.
Sobre a pergunta: “Quem são esses Lucíferes?” (pois, embora a Bíblia pareça referir-se a uma pessoa apenas, é um erro considerarmos essa singularidade; o mesmo se dá com referência a Deus no singular, no primeiro capítulo do Gênese), esta classe de Seres pertence a uma onda de vida que alcançou um estado evolutivo muito superior ao de nossa humanidade no Período Lunar, mas que ficou um pouco aquém do desenvolvimento alcançado pelos Anjos. Os Lucíferes são semideuses, mas não puderam possuir um Corpo Denso como o homem, nem puderam adquirir experiências, conforme acontece com os Anjos. Precisavam para isso de um cérebro e de uma medula espinhal. Portanto, quando o homem havia construído tais instrumentos, foi para proveito deles que o instigaram a usá-los sem demora.
Naquela época, a incipiente consciência do homem estava voltada para dentro. Por isso, ele via seus órgãos internos e os construía com a mesma força que agora se exterioriza para construir casas, navios, etc., e os músculos externos de seu corpo. Deste modo, a mulher, que estava mais avançada em tal direção em virtude de ter exercitado sua Imaginação, viu a inteligência encarnada em sua medula espinhal serpentina, de maneira que, num estado posterior, quando o homem recordou essa experiência, a serpente pareceu-lhe a semelhança mais próxima daquilo que desejava exprimir a respeito.
Esta ideia transparece por toda a Bíblia. No Capítulo XIV do livro do profeta Isaías, ele é chamado Lúcifer (a “estrela da manhã”), rei de Babel-On (a “porta do Sol”), cidade situada sobre sete colinas, com domínio sobre o Mundo.
A humanidade deixou então de agir uniformemente, dividindo-se em diversas nações guerreiras. Isto foi a geratriz de todos os males imagináveis, e que a Revelação denomina “Rameira” ao descrever sua queda.
Como suprema antítese, ouvimos falar de uma outra “Luz do Mundo”, de outra “luminosa estrela da manhã”, de uma luz verdadeira (Cristo) que se erguerá após a queda da Babilônia e reinará para sempre na cidade da paz – Jer-u-salem – também chamada “Noiva”. Esta descerá dos céus e terá doze portais que nunca se fecharão, embora a preciosa árvore da vida esteja lá dentro. Iluminação externa não existe, pois nela toda a luz está dentro, e a noite não existe.
Essa cidade é verdadeiramente maravilhosa, e a maior antítese da outra, jamais imaginável. Mas o que significam essas duas cidades, já que uma interpretação literal para ambas está fora de cogitação? Admitindo-se que a Babilônia tenha existido, tal cidade não era literalmente conforme a descreveram. Por outro lado, a futura “Nova Jerusalém” é contrária a todas as leis conhecidas da natureza. Estas duas cidades devem, portanto, ser apenas simbólicas.
A fim de decifrarmos seu significado, consideremos as duas cidades situadas no alto de sete colinas ou montes, posição que oferece uma especial vantagem à observação. Moisés foi à “montanha” e “viu” e “ouviu”, o mesmo acontecendo àqueles que subiram ao “monte” da transfiguração. Daniel compara a Babilônia à cabeça da estátua que Nabucodonosor viu em sonhos. E na cabeça humana existem sete pontos de observação: dois olhos, dois ouvidos, dois orifícios nasais e uma boca. Sobre estes, situa-se o cérebro, de onde o “dador de Luz” – a razão – governa o pequeno mundo, o microcosmo, assim como o Grande dador de Luz – Deus – governa o macrocosmo.
A razão é produto do egoísmo, pois é gerada pela Mente dada pelos “Poderes das Trevas” em um cérebro construído pela metade da força sexual egoisticamente acumulada, e que foi estimulada pelos egoístas Lucíferes. Por conseguinte, ela é a “semente da serpente” e, embora possa ser convertida em sabedoria mediante a dor e a tristeza, deve, contudo, dar lugar a algo superior: a intuição, que significa “ensino que provém de dentro”. Sendo uma faculdade espiritual, a intuição faz-se presente de modo equitativo em todos os Espíritos – quer estejam estes funcionando num corpo masculino, quer num corpo feminino – muito embora manifeste-se mais enfaticamente nos Egos encarnados em organismos femininos, pois nestes a contraparte do Espírito de Vida (o Corpo Vital) é masculina ou positiva. Sendo, pois, uma faculdade do Espírito de Vida, a intuição pode apropriadamente ser chamada “semente da mulher”, de onde emanam todas as tendências altruísticas e, mediante as quais, todas as nações do mundo, lenta, mas seguramente, agrupar-se-ão até formarem uma Fraternidade Universal de amor sem preconceito de raça, sexo ou cor.
Nosso cérebro, entretanto, não é um todo homogêneo. Divide-se em duas metades, e, de acordo com os fisiologistas, a grande maioria das pessoas utiliza-se principalmente de apenas um desses hemisférios cerebrais: o esquerdo. O outro hemisfério, o direito, é ativo só parcialmente. O coração também se situa no lado esquerdo do nosso corpo, mas começa a dirigir-se para o lado “direito”. O cérebro “direito” tornar-se-á cada vez mais ativo de modo que, em consequência destas duas alterações fisiológicas, o caráter do homem será completamente modificado. O lado esquerdo está sob o domínio dos Lucíferes e entregue ao egoísmo, mas o Ego terá, por sua vez, crescente domínio sobre ele à medida que o lado direito do cérebro vá conquistando o poder de atuar sobre o corpo inteiro como “critério reto”.
Que esteja havendo uma mudança no coração que faz dele uma anomalia, um enigma, não é novidade para os fisiologistas. Temos duas grandes classes de músculos. Uma delas está sob o controle da vontade, como por exemplo os músculos dos braços e das mãos. Estes são estriados em dois sentidos: longitudinal e transversal. Os músculos involuntários que respondem pelas funções que estão fora do alcance da vontade e que não podem ser acionados pelo desejo são estriados apenas no sentido longitudinal. Mas, destes, o coração é a única exceção. Ele não está sob o domínio do desejo, contudo começa a mostrar estrias transversais como um músculo voluntário.
No devido tempo, essas estrias transversais ter-se-ão desenvolvido plenamente, e o coração estará sob o nosso controle. Então seremos capazes de dirigir a corrente sanguínea para onde queiramos fazê-lo. Poderemos ainda limitar o suprimento normal do sangue para o hemisfério cerebral esquerdo, provocando, desta maneira, a queda de Babilônia, a cidade de Lúcifer.
Quando o sangue puder ser enviado para o hemisfério cerebral direito, estaremos construindo a Nova Jerusalém. Por enquanto, preparamo-nos para aquela era, construindo as estrias transversais no coração por meio de ideais altruísticos ou, no caso do discípulo, enviando para lá as correntes sexuais através do caminho da direita do coração.
Recordemos que os Querubins despertaram o Espírito de Vida – a fonte do amor divino – cuja contraparte é o Corpo Vital, o meio de propagação, e que, quando o homem foi expulso da Região Etérea com suas quatro camadas de éter, o Jardim do Éden, por ter usado indevidamente a força sexual, um Querubim postou-se à sua entrada empunhando uma espada flamejante. O uso apropriado da força sexual constrói um órgão que dará ao homem a chave dos Mundos internos e o ajudará a criar por meio do pensamento. Então, a tristeza e a dor não mais existirão e ele terá entrado na senda que conduz à Cidade da Paz – Jer-u-salem.
A Lemúrica sucumbiu pelo fogo, em meio a terríveis cataclismas vulcânicos, surgindo em seu lugar a Atlântida. No devido tempo, esta foi sepultada sob as águas, dando lugar à Ariana – a Terra como a vemos na atual Época Ária – e que logo passará. As Salamandras começam a avivar o fogo na forja, a fim de que se façam “um novo Céu e uma nova Terra” a que as Escolas de Mistério do Ocidente chamam de “Nova Galileia”.
Nas duas primeiras épocas, o homem desenvolveu um Corpo e o vitalizou; na Época Lemúrica, desenvolveu o Desejo; a época Atlante produziu a Habilidade; e o fruto da Época Ária é a Razão.
Na Nova Galileia, a humanidade terá um corpo muito mais delicado e etéreo que agora, a Terra também será transparente e, como resultado, esses corpos responderão mais facilmente aos impactos espirituais da Intuição. Tais corpos não conhecerão o cansaço, daí não precisarem das noites para repouso, as quais também não existirão. Os doze nervos cranianos, que são os portais para o trono da consciência, nunca estarão fechados. Além disso, a Nova Galileia será formada de éter luminoso e transmitirá luz solar. Essa será uma terra de paz (Jer-u-salem), pois a Fraternidade Universal unirá todos os seres de toda a Terra no Amor. A morte não poderá existir porque a árvore da vida – a faculdade de gerar energia vital – será possibilitada através do já referido órgão etéreo da cabeça, o qual estará aperfeiçoado naqueles que desde agora estão sendo escolhidos para serem os precursores da humanidade nessa Era vindoura.
Fala-se dessa raça futura como sendo a “Raça de Cristo”. Entenda-se, porém, que tal denominação não se deve ao Cristo externo, mas sim porque a humanidade de então terá desenvolvido o princípio Crístico dentro de si, agindo somente pelos ditames do espírito através da Intuição, de modo que tudo o que fizer será feito por Amor. Somente por tal progresso individual pode a salvação da Raça ser efetuada, pois, conforme Angelus Silesius:
“Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma ficará perdida.
Em vão olharás a Cruz do Gólgota
A menos que dentro de ti Ela seja novamente erguida.”
[5] N.T.: Jo 14:12
[6] N.T.: Ao mencionar o nome de Fausto, a maioria da gente culta pensa na adaptação teatral desta ópera, feita por Gounod. Alguns admiram a música, mas o argumento não parece impressionar ninguém, de modo particular. Tal como se apresenta nesta ópera, a história parece ser demasiadamente comum: um homem sensual atraiçoa uma donzela ingênua e abandona-a, depois, para que expie sua loucura e sofra o resultado do seu excesso de confiança. A magia e bruxaria de algumas cenas da obra são consideradas, pela maioria das pessoas, como fantasias de um autor, aí introduzidas para dar às ações sórdidas mais vigor e interesse. Quando Fausto é levado por Mefistófeles aos infernos e Margarida sobe ao céu nas asas angelicais, no final, as pessoas imaginam que esta é a moral que convém para concluir dignamente a obra. Todavia, pouca gente sabe que a ópera de Gounod está baseada no drama de Goethe (um poema trágico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, dividido em duas partes. Está redigido como uma peça de teatro com diálogos rimados, pensado mais para ser lido que para ser encenado. É considerado uma das grandes obras-primas da literatura alemã.). Os que estudaram esse drama, forma dele uma ideia muito diferente da que o argumento da ópera sugere. Somente os poucos místicos iluminados veem na obra de Goethe a mão inequívoca de um companheiro Iniciado e iluminado e reconhecem, perfeitamente, a grande significação cósmica da obra. É preciso compreender, claramente, que a história de Fausto é um mito, tão antigo como a Humanidade. Goethe apresentou-o numa forma mística apropriada, esclarecendo um dos mais antigos problemas da atualidade: a relação e a luta entre a Maçonaria e o Catolicismo, já examinada, sob outro ponto de vista, num livro anteriormente publicado “A Maçonaria e o Catolicismo-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz”.
[7] N.T.: do livro: “Whatever is, is best: A collection of poems” de Ella Wheeler Wilcox, cuja frase: “Não, o que quer que seja, é o melhor”, foi dita por Theophilus Lindsey, teólogo e clérigo unitário inglês (3 de novembro de 1808), a um amigo que sugeriu que Lindsey foi fortalecido pelo ditado: “Tudo o que é, está certo”.
Resposta: Enquanto o Sol entra em Câncer, no mês de julho o Senhor Cristo ascende ao Seu próprio mundo, o Mundo do Espírito de Vida. Esse é o reino onde a unidade e a harmonia reinam supremas, onde cessa toda a separatividade, onde reina a Fraternidade Universal. Cristo vive nesse Mundo cotidianamente, exatamente como nós vivemos aqui, no Mundo Físico, quando estamos encarnados.
O Mundo do Espírito de Vida também é a esfera de consciência que os primeiros Discípulos de Cristo contataram no Dia de Pentecostes. Isso será alcançado por toda a humanidade avançada no fim do presente Período Terrestre.
Por meio da operação do Cristo Cósmico é aqui que o Filho ou o princípio da Palavra e o segundo aspecto da Trindade, nosso Abençoado Senhor, contata a Hierarquia Criadora de Câncer, Querubins. Esses Seres celestiais são os guardiões de todos os lugares Sagrados no Céu e na Terra. Eles guardam até mesmo o maior mistério da vida. Sob a orientação do Senhor Cristo esse mistério sagrado é transmitido para baixo, de Câncer para o seu Signo oposto, Capricórnio, e fornecido para a Hierarquia Criadora dos Arcanjos ou Hierarquia Criadora de Capricórnio.
Foi por essa razão que o Salvador do Mundo, que veio para a Terra proclamando o mistério do Espírito Santo, teve o início da Sua primeira vinda sob o Signo de Capricórnio.
Para isso ter ocorrido, houve um tempo em que as forças de Capricórnio permearam a Terra para que fosse possível o nascimento do Mestre Jesus, da descendência de Davi, que se converteu no portador, cedendo o Corpo Denso e o Corpo Vital para Cristo (que como todo Arcanjo só sabe construir, como corpo mais denso, o Corpo de Desejos).
E assim, desde a Sua primeira vinda, a força Crística dourada, todo ano, recomeça o seu trabalho de auxílio para nos salvar, descendo da fonte do Sol, tocando a partir do lado externo da atmosfera terrestre no Equinócio de Setembro, passando pelo Mundo do Desejo durante novembro (Escorpião), passando pela Região Etérica do Mundo Físico durante dezembro (Sagitário) e chegando ao centro da Terra no Solstício de Dezembro (Capricórnio).
Que as Rosas floresçam em vossa cruz