Os “Filhos do Fogo” encontram na ação o fundamento da vida. Eles não fogem à luta, à dificuldade. Preocupam-se com a ociosidade da inércia. Miram-se na Mãe Natureza e contentam-se com o repouso da noite. Nos fins de semana e nas férias são dinâmicos, também. Apenas fazem coisas diferentes, para higiene mental.
Pode parecer natural que uma pessoa, lutando pela vida, deseje que as dificuldades desapareçam, que acabem os problemas e decepções. Mas, pensando bem, é a vontade do Pai que se deve fazer e não a nossa. Os Anjos Arquivistas (também chamados de Anjos do Destino, Anjos Relatores ou Senhores do Destino) já destinaram a cada um e a todos exatamente o que necessitam para seu desenvolvimento espiritual. Muitas vezes, quando pensamos ajudar nossos filhos, facilitando-lhes todos os passos, erramos redondamente, pois, estamos lhes roubando a experiência e o crescimento anímico decorrente. Podemos, isto sim, orientá-los inteligentemente.
A vida não é “ter resolvido todos os problemas”, senão “buscar resolvê-los”. Cada providência necessária exige força de vontade. E a cada ato, nesse sentido, alguma coisa cresce e fica mais forte dentro de nós. Aquele que luta e vence, através da experiência, tem sempre mais autoridade porque viveu e avaliou essas experiências. Muitas vezes não compreendemos o propósito de Deus. Queixamo-nos, resmungamos, nos esquecendo que muita coisa estava prevista em nossas vidas – escolhidas por nós mesmos no Terceiro Céu, entre um renascimento aqui e outro! – a fim de nos tornar um pouco melhores, a caminho da perfeição.
Aprendemos, todas as vezes que nos dedicamos aos Estudos Bíblicos Rosacruzes, com o Cristo: “Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5:48) e, também: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai” (Jo 14:12). Deduz-se, logicamente, que se não pode atingir a estatura de Deus nem a grandiosidade de Cristo em uma só vida e nestas frases, o Renascimento, ensinado pela Escola Fraternidade Rosacruz, encontra irrespondíveis argumentos, além de outras existentes na Bíblia.
Aceitemos, pois, o esposo ou a esposa que recebemos de Deus, os Egos que vieram morar nas formas que geramos – nossos filhos – e todas as demais pessoas que em nossa vida escolhemos ou não para nos relacionar e todas as coisas a nossa volta. Todas elas fazem parte de um programa inteligente de redenção. Aproximam-nos mais do que o conforto, dão-nos confiança e valorização. Grandes seres humanos, autênticos líderes de nosso Mundo ocidental, consideraram como os maiores e mais felizes momentos de sua vida não os em que foram condecorados, nem quando lograram alcançar o cume de suas carreiras, mas quando perderam tudo e confiantemente recomeçaram. Eis porque, frequentemente, encontramos nos escritórios de grandes companhias o magnífico trabalho poético de Rudyard Kipling, “If” (Se)¹: a luta gigantesca que se segue é justamente o que consolida no indivíduo a possibilidade de dirigir seu trabalho futuro com firmeza.
Nos momentos de conforto esses indivíduos se esqueceram de Deus, mas quando lutavam por sua sobrevivência lembravam-se d’Ele e diziam: “Senhor, dai-me sabedoria para aceitar as dificuldades, e coragem para procurar resolvê-las”.
Neste esforço de encontrar a solução não se contam apenas os grandes momentos, mas, também as pequenas vitórias, os impasses, as esperas e até mesmo as derrotas. Para quem está trilhando o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz nos observam atentamente as nossas reações para avaliar o grau de entendimento e firmeza, sem os quais não podemos construir nada de mais edificante em nossas aspirações espirituais. A vida, por esses momentos, corrige o que há de fantasioso em nosso modo de ver.
Aceitemos, pois, caros irmãos e caras irmãs, as lutas, não por conformismo, mas como oportunidades para vencermos a nós mesmos. De que valeria resolvermos todos os problemas? Ficaríamos então, como simples espectadores e não como participantes da vida. Poucos foram os seres humanos famosos que desfrutaram, em vida aqui, o galardão de seus feitos. E estes poucos, no meio de sua segurança e conforto olharam com saudade para os tempos em que eram vulneráveis, inseguros e assustados, porque nesses momentos viviam. Assim, quando perceberem que está invejando alguém que parece “ter resolvido todos os seus problemas”, parem e perguntem a si mesmos: “queremos realmente imunidade contra os desafios da vida”? Queremos realmente isenção das esperanças e desânimos, confusões e esforços, o gélido medo da derrota a gosto do triunfo? Se forem honestos, saberão que não querem. E saberão também que na verdade ninguém chega a ter “todos os problemas resolvidos enquanto houver problemas a solucionar, pessoas a ajudar e amor a partilhar”. O sentimento de participação nos problemas sociais é Fraternidade.
Levantemo-nos, pois, que estamos ainda dormindo, despertemo-nos para a ação inteligente e amorosa, de modo a valorizar o talento do tempo que nos deu o Senhor. Há alguma coisa a fazer? Se é digna, se é dos “negócios do Senhor”, por que não Eu? Façamo-la! – malgrado nossas imperfeições, porque por meio da ação, dos pequenos e grandes embaraços, é que chegaremos a ser o que nos está destinado.
¹ SE (IF)
SE está calmo – enfrentas – a turba contrafeita,
que te assedia e acusa: “FOI VOCÊ!”.
E – confiante em ti próprio – ante a suspeita,
tens o bom senso de saber por quê;
SE és capaz de esperar paciente e mudo,
E, em sendo caluniado, refletir,
Sem dar asas ao ódio e, sobretudo,
sem ostentar bondade nem fingir;
SE sonhas e, dos sonhos despertando,
executa as múltiplas ações;
SE te manténs inalterável, quando
da derrota ou do triunfo ecoam sons;
SE és capaz de escutar palavras tuas
deturpadas por vil difamador;
Ver por terra, antes mesmo que as concluas,
todas as causas e por que deste suor;
SE arriscas entre as mãos da gente astuta,
tudo o que tens – teu último vintém –
E, em perdendo, te lanças para a luta,
sem nunca murmurar palavra a alguém;
SE és capaz de juntar de novo as forças,
para novas empresas empreender,
E, embora exaustas, mortas, tu as torças
a golpes de vontade e de querer;
SE ocupas todo o espaço de um minuto
com sessenta segundos triunfais;
SE pagas aos magnatas o tributo,
sem jamais esquecer os teus iguais;
E ainda – se frequentas o mercado,
conservando ilibado o nome teu;
Terás o mundo inteiro conquistado,
E – mais que isso – és um ser humano de verdade, filho meu!
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz agosto/1964-Fraternidade Rosacruz-SP)
Os Solstícios marcam o momento em que a vibração terrestre é mais elevada e em que os Raios Cósmicos da Vida Crística entram profundamente (Solstício de Dezembro) ou saem definitivamente (Solstício de Junho).
Juntamente com os Equinócios de Março e Setembro constituem os pontos decisivos na vida do Grande Espírito da Terra, Cristo.
O dia em que marca a véspera do Equinócio de Março é o dia em que um Aspirante à vida superior deve oficiar o Ritual do Serviço Devocional do Equinócio de Março.
Aqui o Aspirante à vida superior tem todo o material necessário e suficiente para para oficiar esse importantíssimo Ritual: RITUAL DO SERVIÇO DEVOCIONAL DO EQUINÓCIO DE MARÇO.
E aqui você tem um livreto: Livreto: Ritual do Serviço Devocional do Equinócio de Março
O Equinócio (seja o Equinócio de Março, seja o Equinócio de Setembro) é um fenômeno astronômico que acontece quando os raios solares incidem diretamente sobre a linha do Equador celeste. Isso resulta no fato de que nesse dia os hemisférios norte e sul da Terra recebam a mesma quantidade de luz e escuridão, ou seja: dia e noite tem a mesma duração.
Atualmente o dia do Equinócio de Março varia: tem ano que cai dia 20, tem ano que cai dia 21. Esse fato ocorre porque o período entre dois Equinócios de Março não tem exatamente 365 dias, fazendo com que a hora precisa do Equinócio de Março varie ao longo de um período de dezoito horas, tendo como efeito o não encaixe, necessariamente, no mesmo dia todo ano.
No Equinócio de Março o Sol “cruza” (aparentemente, tendo como referência uma pessoa que está na Terra) o Equador celeste de Sul para Norte – como sabemos a Astrologia funciona em projeção geocêntrica e consultando as Efemérides planetárias verificaremos que à medida que os dias se vão aproximando de Março, a declinação do Sol vai diminuindo: passa de 23º 26′ em torno de 21/12 para 0º em torno de 20/3.
O Equinócio de Março marca o início astronômico de uma estação do ano: o outono no hemisfério sul e a primavera no hemisfério norte.
O Equinócio de Março marca o fim do anual “Drama Cósmico” que envolve a descida do Raio do Cristo sobre a matéria da nossa Terra e que tem os três principais eventos: o Nascimento Místico (celebrado pelo Natal), a Morte Mística e a Libertação.
O Nascimento Místico, na ocasião do Natal, é quando o impulso de vida do Cristo Cósmico penetrou na Terra da última vez. Desse momento até o Equinócio de Março, há se cumprido a Sua maravilhosa magia de fecundação. Agora, no momento em que o Sol cruza o Equador, quando transita do hemisfério sul para o hemisfério norte, a força de Cristo passa dos planos físicos para os planos espirituais da Terra, se libertando da Cruz da matéria para subir, novamente, ao Trono do Pai (onde chega no Solstício de Junho), deixando a Terra revestida de vida para ser usada nas atividades físicas dos próximos meses.
É, também, o tempo em que o Cristo Cósmico se liberta dos grilhões que O tem mantido escravo durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Então, esse Ser radiante penetra nos planos espirituais da Terra para trabalhar ali com as Hierarquias celestiais e com os membros da Humanidade que também estão nesses planos espirituais.
Esse é o ritmo redentor do Cristo Cósmico e é o Seu trabalho conosco, desde a Sua vinda ao nosso Planeta Terra, por meio dos Corpos Denso e Vital de Jesus, e assim continuará até que alcancemos um ponto em que sejamos capazes de nos encarregarmos do trabalho da redenção coletiva, sem a necessidade de Sua ajuda imediata, ou seja: de manter esse Campo de Evolução, que chamamos de Terra, por nós mesmos.
Uma vez conhecida essa verdade e tudo o que ela implica, quem é Cristão (Místico ou Ocultista) converte em sua máxima aspiração ao se qualificar a si mesmo para se fazer digno de compartilhar, fraternalmente, todos os sofrimentos de Cristo, fazendo o possível para aproximar o dia em que chegue ao fim esse sacrifício d’Ele, que Ele segue realizando para que cada um de nós tenha vida e vida em abundância.
Para nós, Aspirantes à vida superior, o Equinócio de Março é um dos pontos culminantes do ano. As palavras-chaves desse evento são a liberdade e a emancipação, que conduzem a uma vida mais extensa. Assim que é o momento mais propício para que, se já alcançamos um elevado nível espiritual no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, rompamos os laços que nos atam e penetramos na regozijosa liberdade Crística.
Seja otimista! Está aí um exemplo de você construir e manter formas do Mundo do Desejo colhida de materiais das três Regiões superiores do Mundo do Desejo. Não deixe se perturbar pelos obstáculos quotidianos. Encara-os com coragem e os contorne serenamente. A calma e o bom senso são os meios eficientes para afastar as nuvens negras que toldam o seu semblante. Se algo atormenta a você, procure averiguar de onde provém. Por certo será criação sua, através do uso negativo que você fez da palavra ou do pensamento. Procura a causa dos seus males e tenta eliminá-los racionalmente.
Ninguém pode viver bem sem equilíbrio, portanto, se você cair ante as provas, não se desespere. Você é parcela de Deus e forças novas lhe reerguerão novamente. Enquanto você permanecer convicto de que é um Ego, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui, nada poderá lhe derrubar, porém se você limitar ao sentido efêmero desta vida material, será sempre presa fácil da tristeza, do desânimo, do ódio e de uma infinidade de sentimentos mesquinhos.
Não maldiga as duras lutas que a vida impõe a você. Elas constituem meios de sua elevação espiritual, sacudindo o pó da sua consciência embotada, lhe arrancando da inércia que o acorrenta, lhe despertando para a vida espiritual, criando dentro de você mesmo novos anseios, ideais elevados, culminando pelo desabrochar do Cristo Interno. Assim, procura enxergar a vida através de um prisma diferente, que imprima em seu ser a coragem de lutar e a esperança, sempre a esperança, mesmo ante os maiores revezes.
Os problemas que surgem diariamente não devem ser encarados como dificuldades a superar, mas sim como oportunidade de agir. A ação bem dirigida, o trabalho executado com finalidade construtiva e o labor altruísta formam um poderoso dínamo que, inevitavelmente, preserva o equilíbrio em sua vida. Nunca estejas ocioso, pois assim permanecendo, as preocupações logo lhe assaltariam advindo o pessimismo, o medo, a angústia; estas tenebrosas paixões que lhe intoxicam espiritual e fisicamente. Não se deixe dominar por elas, mas as subjugue. Nós, seres humanos, nos dividimos em duas grandes classes: as dos ocupados e a dos extremamente preocupados. Enquadre-se na primeira dessas duas grandes classes, sempre!
Não se esqueça que cada momento é precioso no sentido de criar novas causas que determinem um porvir mais elevado. Por conseguinte, semeia o bem a cada instante, através do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta nos irmãos, nas irmãs e em nós – que é a base da Fraternidade. Esta é a magna chave do crescimento anímico, do crescimento da sua Alma. Utilize-a sempre.
Não desperdice seu tempo com futilidades. Empregue-o inteligente e altruisticamente em benefício daqueles que carecem de ajuda. Cada minuto aproveitado em obra de tal envergadura representa um grande passo no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Já imaginou o que poderia ser realizado em apenas um minuto? Num ínfimo espaço de tempo como este, se poderia realizar algo cuja grandiosidade se estenderia até por muito tempo. Uma simples, porém, sincera e calorosa, palavra de estímulo pronunciada em alguns poucos segundos, pode até evitar uma tragédia. São múltiplas as maneiras de servir, importando apenas o sentimento que dinamiza tal ação.
Assim, alimentando ideais elevados, se dedicando ao sublime mister de servir a Humanidade, indicando-lhes um meio de elevação espiritual, você se colocará numa posição em que as coisas passageiras deste mundo material não mais o afetarão, pois se harmonizará com as Leis de Deus. Então, poderá afirmar como o apóstolo S. Paulo: “Não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1967 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Como estudamos no livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz: “os Símbolos Divinos que foram dados a nós, de tempos em tempos, falam àquele fórum da verdade que está dentro de nossos corações, e despertam nossa consciência para ideias divinas inteiramente além das palavras. Portanto, o simbolismo, que desempenhou um papel importantíssimo em nossa evolução passada, ainda é uma necessidade primordial em nosso desenvolvimento espiritual; daí a conveniência de estudá-lo com nossos intelectos e nossos corações.”
Contemplando as rosas na cruz do Símbolo Rosacruz primeiro notamos que elas são da cor vermelho-sangue, cuja cor representa as atividades de Deus na natureza se manifestando como o Espírito Santo. O paralelo humano aponta para o mistério do Sangue Purificado.
O sangue é o veículo através do qual nós, o Ego, mantemos o controle do nosso Corpo Denso, e em particular através do ferro mediado por Marte, tornando possível o calor necessário no sangue. Por meio dos processos de viver retamente, as vibrações do Corpo Denso são harmoniosamente elevadas e o sangue é purificado e transformado no Sangue de Cristo. Este é um dos processos regeneradores do Cristo em nós, o nosso Cristo Interno. Alguns dos frutos desta condição são que o Corpo Denso se torna um instrumento nosso mais sensível e responsivo. Os poderes dele de imunidade são fortalecidos. Se alguém sofrer a picada de uma cobra venenosa, o veneno é neutralizado e eliminado, como afirma a Bíblia.
Quando Cristo-Jesus ressuscitou dos mortos, Ele veio aos Seus apóstolos e os imbuiu com o Poder do Espírito Santo em cumprimento à Sua promessa. Este foi o Batismo de Fogo. Ele só pode ser invocado com segurança, quando estamos estabelecidos nos Princípios de Cristo, os Princípios Crísticos. Nos Mistérios ou Iniciações, este Batismo é a realização do Casamento Místico, ou a união da Personalidade (o “eu inferior”) com a Individualidade (o “Eu superior”). As barreiras na Mente concreta são queimadas e grandes obras seguem.
Assim como as sete Rosas Vermelho-sangue no Símbolo Rosacruz se referem, macrocosmicamente, às sete Hierarquias Criadoras atualmente ativas na evolução humana, no nível microcósmico elas se referem aos sete dons pentecostais que cada Aspirante à semelhança de Cristo alcançará.
A Primeira Rosa é um penhor da bela promessa de Clarividência e Clariaudiência, ou visão clara e audição clara dos Mundos invisíveis. Quando, no progresso espiritual científico no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, os canais dos sentidos forem limpos de obstruções e harmoniosamente sintonizados com vibrações supranormais, essas habilidades serão adquiridas. Eles estão sob o controle da vontade iluminada e são usadas no amor para justamente o serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada irmão e em cada irmã no nosso entorno. Esta primeira Flor do Espírito tem sua raiz, folha e seu broto na vida diária simples. A observação é o começo de toda a realização espiritual. Você veria claramente? Então deseje de todo o coração ver “de maneira direta” – sem instrumentos físicos ou por meio de outra pessoa – e compreensivamente. Livre a Mente do preconceito e das opiniões preconcebidas. Absorva a verdade do que você contempla, deixando de lado todas as ilusões do “eu inferior” que distorcem a sua visão. Somente os olhos do amor podem ver a verdade. A audição clara, a Clariaudiência, também depende das qualidades acima e do cultivo de um foco pronto e completo da atenção. Você chegará a entender outras pessoas muito melhor pelo cultivo e persistência em fazer o Exercício Esotérico de Observação, focando a sua atenção em uma atitude gentil e, assim, as revelações seguirão.
A Segunda Rosa é o símbolo da profecia. Este poder do Espírito Santo fornece o discernimento das causas de eventos passados e presentes e confere a inspiração para prever o futuro. É essencialmente um poder intelectual de discernimento aguçado. E isso se obtém com a prática constante do Exercício Esotérico de Discernimento. O Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz exige o cultivo da capacidade de identificar o essencial entre o não essencial na experiência e evolução humanas. Cego para o futuro que estão criando por atividade não iluminada, uma Humanidade sofredora clama por líderes de visão verdadeira. Esta condição escurecida é um resultado da Mente concreta estar em seu estágio de evolução de Saturno ou mineral; ela ainda não despertou na consciência espiritual. Estamos construindo formas de pensamento e desenvolvendo faculdades, mas não dotamos a Mente com a sabedoria do Coração. Devemos aprender a correlacionar adequadamente Causa e Efeito. Sem essa habilidade, não estamos nem preparados para receber e seguir um profeta, porque não desenvolvemos os meios infalíveis para provar sua verdade. Então, tateamos até que, em conformidade com as Leis Divinas, escrevemos nas “tábuas de carne de nossos corações”[1]. “Ainda que eu tenha o dom de profecia e não tenha amor, nada sou.”[2] Então, no amor, estudamos causa e efeito e aprendemos a profetizar.
A Terceira Rosa designa o poder de ensinar a Verdade e o conhecimento que a Verdade gera. Aprendemos por meio dos sentidos, das emoções e do pensamento, mas todas essas faculdades estão sujeitas a erros. Todo entendimento verdadeiro se origina no “Eu superior”; ele vem de cima. Embora primeiro tome forma na Mente abstrata, ele deriva sua sabedoria e seu poder do Mundo do Espírito da Vida.
À medida que nos afastamos da vida pessoal e nos esforçamos para viver a vida espiritual, gradualmente, estabelecemos linhas de força ou canais de comunicação entre a Mente concreta e a Mente abstrata. Finalmente, com a ajuda do Espírito Santo, o Casamento Místico é consumado. A partir desse momento, a Verdade é discernida em medida cada vez maior. Não precisamos mais confiar inteiramente nos registros dos outros. Lemos no livro Memória da Natureza, que é o pergaminho de Deus. O julgamento justo é alcançado, e podemos então distinguir, infalivelmente, entre profetas verdadeiros e falsos. Ensinar no conhecimento da Verdade nos ajuda a ser todas as coisas para todos os seres humanos e fornecer a eles o que é realmente necessário, de acordo com suas necessidades. É então que nos tornamos canais verdadeiros e autoconscientes para os Irmãos Maiores em seu trabalho pela Humanidade. Então “nascerá o Sol da Justiça, com cura em Suas asas” (Mal 4:2).
A Quarta Rosa convida à meditação sobre a natureza do Poder de Cura, os métodos de adquiri-lo e os frutos de sua operação. Da Divindade em nós emanam três fluxos especializados de energia radiante: Força de Vontade, Sabedoria e Atividade, correlacionados aos raios azul, amarelo e vermelho, respectivamente. O Poder de Cura é essencialmente do raio dourado, tendo sua fonte no Espírito da Vida, operando através da Alma Intelectual sobre a Mente. A natureza desta vibração é harmonizadora e vitalizante. Deus é Amor, Sabedoria e Luz; portanto, todo o sofrimento e toda a discórdia na experiência humana são o resultado de expressar nossas energias fora de harmonia com as Leis Divinas, que é sempre imutável. Durante a metade marciana do presente Período Terrestre ou, mais especificamente, até a metade da quarta Revolução no Globo D do Período Terrestre, a tônica principal da atividade humana foi caracterizada pela diferenciação, repulsão e força centrífuga. Durante a metade mercuriana (da metade da quarta Revolução no Globo D do Período Terrestre em diante), estamos lentamente aprendendo a verdadeira relatividade e as Leis da Natureza. O Discípulo da Cura deve seguir as sequências indicadas na analogia divina. Ele deve endireitar os caminhos do Senhor[3] em si mesmo. Paz, purificação, compreensão e amor devem se tornar seu estado de ser. Entre os frutos da Cura Espiritual Rosacruz, a recuperação de doenças físicas é o último fator a ser considerado, pois é o efeito da saúde, força e regeneração primeiramente transmitido aos veículos superiores. Devemos lidar com as causas da discórdia. Todos os métodos de cura que não consideram esse processo de regeneração como primordial apenas frustram a Natureza em suas medidas corretivas, que estão lenta, mas seguramente nos levando à conformidade com as Leis Divinas.
A Quinta Rosa simboliza o poder de expulsar demônios. “Fará coisas ainda maiores do que estas”[4]. Este poder da Mente Divina, a Mente Crística, inclui a capacidade de nos libertar de todas as formas de obsessão em inimizade com Deus e o ser humano. Residências para os psiquicamente perturbados estão lotadas de infelizes que são vítimas de vários tipos de obsessão, desde a de um pensamento ou emoção até a de entidades desencarnadas. Vamos esperar libertá-los pela promessa fiel de nosso Salvador. Aprendemos a natureza dos demônios por uma longa lista de qualidades descritas em qualquer enciclopédia bíblica. Violência, luxúria, engano, sutileza, orgulho, mentira, crueldade e medo são algumas das enumeradas. Aqui temos um esboço claro da obra que cada Discípulo de Cristo deve primeiro realizar dentro de si mesmo. Como podemos esperar expulsar demônios dos outros sem primeiro expulsá-los de nós mesmos! Vamos “vigiar e orar, para que não entremos em tentação”[5].
A Sexta Rosa relembra à nossa aspiração o poder glorioso da Palavra manifestado por nosso Senhor quando Ele acalmou a tempestade no mar da Galileia[6] e liberou a vida da figueira estéril[7]. Existem grandes Inteligências que comandam as atividades dos Elementais do Fogo, Ar, da Água e Terra. A Mente Crística pode comungar com esses seres espirituais e modificar as atividades de seus encargos. O cultivo do poder da Palavra tem seu humilde começo na condução de nossas atividades diárias. Quando consagramos o privilégio sagrado da fala à verdade e ao amor, um poder gradualmente impregna a palavra, e nossos ouvintes sentem algo dentro de si concedendo consentimento. Confiança e compreensão brilham de alma para alma: “Que as palavras da minha boca e as meditações do meu coração sejam agradáveis a Tua presença, ó Senhor, minha força e meu Redentor.”
A Sétima Rosa é emblemática do poder glorioso de ressuscitar os mortos. Como todos os outros dons espirituais, ela tem muitas aplicações. De uma forma geral, significa a sobrevivência do verdadeiro Eu após a morte da Personalidade ou do “eu inferior”. Elias ressuscitou o filho da viúva como uma testemunha do poder de Deus. Cristo Jesus ressuscitou Lázaro como uma testemunha do poder de Deus, naqueles a quem Ele envia como mensageiros para uma Humanidade espiritualmente adormecida.
A ressurreição de Lázaro é o símbolo da Iniciação espiritual. Quando o tempo de preparação é cumprido, a alma na consciência desperta se separa do Corpo Denso e entra nos Mundos invisíveis onde o propósito divino é revelado e os registros das fases passadas da evolução humana são mostrados na Memória da Natureza.
Sabedoria e maestria das forças da Alma e do Espírito dotam o Iniciado com poder glorioso para guiar e auxiliar a Humanidade. O medo da morte é conquistado e a morte física é reconhecida como um evento misericordioso na Vida Eterna.
Mas podemos ressuscitar os mortos no poder da revelação que nos chegou nos ensinamentos dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Por nossa compreensão e pelas experiências que nos chegaram como Probacionistas e Discípulos, estamos equipados com conhecimento que pode convencer as pessoas que acreditam ser apenas entidades físicas condenadas à extinção na morte, que são essencialmente divinas e eternas em ser. Então nós os ressuscitamos dos mortos. “Ó Morte, onde está teu aguilhão, ó Sepultura, onde está tua vitória”[8], quando conhecemos o propósito da vida e nosso parentesco com nosso Criador?
A Rosa Branca que a Fraternidade Rosacruz utiliza: no Ritual do Serviço Devocional do Templo, no Ritual do Serviço Devocional de Cura e outros Rituais do Serviço Devocional é o início e o fim dos seus Símbolos de aspiração espiritual. No Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz, simboliza a paz e purificação, duas condições que devem ser estabelecidas como estados de ser antes que as obras superiores sejam alcançadas. Na analogia sublime, a Rosa Branca indica a transmutação de todos os poderes na Luz Branca de Deus. Na luta diária para conformar nossas vidas ao Plano Divino, estamos construindo o Corpo-Alma, o corpo celestial de luz, no qual funcionamos como Auxiliares Invisíveis.
“São as pequenas sementes de pensamentos gentis que são espalhadas aqui e ali, Que produzem uma colheita abundante, para que todo o mundo possa compartilhar.”
(Publicado na Revista Rays from The Rose Cross de novembro-dezembro/1997 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: Começaremos de novo a nos recomendar? Ou será que, como alguns, precisamos de cartas de recomendação para vós ou da vossa parte? Nossa carta sois vós, carta escrita em nossos corações, reconhecida e lida por todos os homens. Evidentemente, sois uma carta de Cristo, entregue ao nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações!”. Tal é a certeza que temos, graças a Cristo, diante de Deus. (IICor 3:1-5)
[2] N.T.: ICor 13:2
[3] N.T.: Is 40:3-4 e Is 45:2-3, e em Pb 3:6-10
[4] N.T. Jo 14:12
[5] N.T.: Mt 26:41
[6] N.T.: Depois disso, entrou no barco e os seus discípulos o seguiram. E, nisso, houve no mar uma grande agitação, de modo que o barco era varrido pelas ondas. Ele, entretanto, dormia. Os discípulos então chegaram-se a ele e o despertaram, dizendo: “Senhor, salva nos, estamos perecendo!”. Disse-lhes ele: “Por que tendes medo, homens fracos na fé?”. Depois, pondo-se de pé, conjurou severamente os ventos e o mar. E houve uma grande bonança. Os homens ficaram espantados e diziam: “Quem é este a quem até os ventos e o mar obedecem?”. (Mt 8:23-27)
[7] N.T.: Contou ainda essa parábola: “Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Veio a ela procurar frutos, mas não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho buscar frutos nesta figueira e não encontro. Corta-a; por que há de tornar a terra infrutífera?’ Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda este ano para que eu cave ao redor e coloque adubo. Depois, talvez, dê frutos… Caso contrário, tu a cortarás’”. (Lc 13:6-9)
[8] N.T. ICor 15:55
Pergunta: De onde o pintor tira sua inspiração?
Resposta: Principalmente do Mundo das cores – o Mundo do Desejo.
Pergunta: Por que a música é diferente e superior a todas as outras artes?
Resposta: Isso pode ser compreendido quando refletimos que uma estátua ou uma pintura, quando criada, é permanente, enquanto a música é mais elusiva e deve ser recriada cada vez que a ouvimos, se quisermos ter toda a fidelidade do criador.
Pergunta: A música pode ser aprisionada por dispositivos mecânicos?
Resposta: Sim, mas a música assim produzida perde muito da doçura comovente que possui quando vem fresca do seu próprio Mundo.
Pergunta: Qual é o órgão sensorial mais perto da perfeição do nosso Corpo Denso?
Resposta: O ouvido.
Pergunta: Por que o ouvido está mais perto da perfeição do que o olho?
Resposta: Porque o ouvido ouve todos os sons sem distorção, enquanto o olho frequentemente distorce o que vemos.
Pergunta: Além do ouvido musical, o que mais o músico deve aprender a construir?
Resposta: Uma mão longa e fina com dedos finos e nervos sensíveis.
Pergunta: Por que ninguém pode habitar um Corpo mais eficiente do que ele é capaz de construir?
Resposta: Porque primeiro aprendemos a construir um Corpo de certo nível e depois aprendemos a viver nele. Dessa forma, aprendemos a discernir seus defeitos e nos é ensinado a remediá-los.
Pergunta: Em que trabalhamos inconscientemente durante a nossa vida pré-natal?
Resposta: Na construção dos nossos Corpos.
Pergunta: Quando trabalhamos conscientemente na construção dos nossos próprios Corpos?
Resposta: Quando atingimos o nível onde a quintessência dos nossos Corpos anteriores já foi totalmente assimilada e não temos mais lições a aprender aqui; então trabalhamos conscientemente na construção dos nossos Corpos.
Pergunta: O que fornece poder a nós para construir Corpos para uma nova vida aqui?
Resposta: Quanto mais avançamos e quanto mais trabalhamos em nossos veículos, com o objetivo de torná-los imortais, mais poder temos para construir Corpos para uma nova vida aqui.
Pergunta: Quando um Estudante Rosacruz avançado no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz começa a construir conscientemente os seus próprios Corpos?
Resposta: Algumas vezes, assim que o trabalho durante as três primeiras semanas (que pertence exclusivamente à mãe) é concluído.
Pergunta: Quando a “Epigênese” começa?
Resposta: Quando o período de construção inconsciente termina, temos a chance de exercer nosso nascente poder criador. Então, o verdadeiro e original processo criador começa.
Pergunta: Onde aprendemos a construir nossos veículos?
Resposta: Nos Mundos celestes.
Pergunta: E onde aprendemos a usar nossos veículos?
Resposta: No Mundo Físico, renascidos aqui na Região Química do Mundo Físico.
Pergunta: O que a Natureza nos fornece e nos ensina?
Resposta: A Natureza fornece todas as fases da experiência, de maneira tão maravilhosa e com uma sabedoria tão consumada que, à medida que aprendemos a ver mais profundamente seus segredos, ficamos mais impressionados com nossa própria insignificância e ganhamos uma reverência cada vez maior por Deus.
Pergunta: O que pode ser deduzido da grande complexidade da natureza?
Resposta: A existência factual de um Autor Divino e inteligente do Universo.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro/1920 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Tantas pessoas ouvem e veem o termo “o Caminho”, mas quanto à sua localização, poucos sabem ou parecem se importar. Toda a Humanidade deve, mais cedo ou mais tarde, chegar ao lugar onde a entrada dele está escondida. No primeiro portão, guardando a entrada do Caminho, sacrifícios são exigidos e é o Ego (o que realmente você é, ou seja, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana) que os exige. Aparentemente, você é chamado a fazer esses sacrifícios pelo bem dos outros, mas eles são realmente para o bem final da sua própria alma. Esse fato é escondido do neófito até que ele tenha feito os sacrifícios. Há muitos portões pelos quais você tem que passar antes de chegar ao teste final. Em cada um deles, você deve ser capaz de desistir de algo.
Lembre-se que as coisas que são valiosas para você no Mundo exterior, absolutamente, não têm nenhum valor no Caminho. Orgulho e ambição são duas coisas que são “excesso de bagagem” e quanto mais cedo forem deixadas de lado, mais cedo você encontrará o Caminho. Muitas coisas que eram úteis no mundo serão um fardo no Caminho.
Os portões para o Caminho não podem ser revelados a você por outra pessoa; mas outra pessoa pode fornecer as regras pelas quais você pode encontrá-los. Depois de ter passado pelo primeiro portão, certifique-se de que seus motivos estejam certos, porque se você tiver o mínimo de egoísmo restante, achará ainda mais difícil eliminá-lo.
Depois de chegar ao último estágio, o neófito deve colocar sua própria alma na balança, antes que ele possa passar pelo Guardião do portão. Ele será questionado se quer continuar sozinho e se desenvolver, ou se deseja parar onde está e ajudar os outros; se ele escolher continuar, ele falhará em seu teste, mas ele nem saberá que falhou. No entanto, quem, neste último portão, estiver disposto a sacrificar seu próprio progresso para ajudar os outros, descobrirá que este foi o último teste para ver se cada pedaço de egoísmo foi erradicado.
Você descobrirá que ficar para trás para ajudar os outros pode, por muito tempo, parecer algo ruim, pois aqueles a quem você quer ajudar podem recusar a sua ajuda; eles talvez pensem que você esteja interferindo em seus assuntos e podem até tratá-lo com desprezo. Mas isso também é um teste, já que é necessário observar se você pode permanecer na ingratidão e injustiça e, ainda assim, estar disposto a continuar. A alma neste estágio deve ser crucificada por experiências desse tipo. Depois que permite que isso aconteça, uma grande paz se seguirá, junto de uma felicidade além das palavras. Então o neófito, que é um Aspirante à vida superior, saberá que algo foi ganho e não pode ser tirado.
Após essa avaliação, a dualidade que constantemente incomodava o neófito não está mais em evidência, pois o “Eu superior” e o “eu inferior” se tornaram um. Não há palavras que possam descrever o estado de consciência resultante dessa fusão: ele precisa ser experimentado para ser compreendido.
O Discípulo agora não precisa de algo que esteja fora de si mesmo, pois conhece a Lei e se tornou um com ela. Ele não se preocupa quando vê seus amigos passando por experiências amargas, porque sabe que apenas dessa maneira a consciência da sua própria Divindade será revelada a eles.
E se tornou uma seta no Caminho, que nada mais é do que o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz!
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março de 1921, e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Com a aproximação do Natal, quando os corações mais de perto se aconchegam em busca de calor humano, sentimos que toda uma ambientação peculiar às comemorações se faz presente: multiplicamos as luzes noturnas, numa profusão multicolorida; enfeitamos as nossas casas; decoramos a cidade; apressamos nossos passos; compramos presentes; formulamos votos e bons desejos, felicitações são retribuídas.
É Natal. É festa. É alegria.
Contudo, nossos corações se voltam ao passado para reviver as cenas cujo simbolismo estamos habituado a comemorar e cujo sentido mais profundo aprendemos a conhecer na Fraternidade Rosacruz.
Rememoramos não mais o artificialismo das luzes em seus variados matizes, mas a iluminação interior daquele amoroso Ser e dos Seus seguidores diretos, que almejamos alcançar.
Relembramos não mais os enfeites das vitrines, porém o luminoso semblante daqueles que hoje representam os verdadeiros Amigos sinceros, dadivosos, simples, cheios de entendimento Cristão e coerentes na prática de sagrados princípios não apenas em uma época especial do ano, mas dia após dia, hora após hora, numa expressiva e ininterrupta oração.
Recordamos não mais as compras de presentes custosos e materiais, mas a dádiva de ajudar os semelhantes com todos os nossos valores físicos, emocionais, mentais, anímicos e espirituais, no sagrado labor desta causa Rosacruz, na convicção de que o fazemos para Ele.
Evocamos, acima de tudo o que nos relembra esta data, a figura inesquecível de nosso amado Irmão Maior, Jesus de Nazaré, que tornou possível o maior trabalho de redenção já realizado neste mundo. E, por associação, a figura luminosa do Cristo, cuja volta anual a nosso Planeta regalvaniza em escala ascendente as suas vibrações purificadoras; dá novo alento vital aos seres vivos; enxameia de altruísmo os corações das pessoas na proporção da afinidade delas, mas buscando sempre dissolver a crosta de egoísmo delas e transformara essa crosta na branca, na brilhante joia em que um dia se tornará.
Invocamos a Sua mensagem unificadora, desfraldada como Verdade, Beleza e Bondade acima de todas as limitações e preconceitos, cobrindo todos os povos e condições, espraiando-se na forma do Caminho único de ascensão a Deus, cada vez mais encarecido e evidenciado pelas nossas lutas, discórdias e nossos sofrimentos.
E nos dispomos, então, não mais à pressa enganosa dos passos que não conduzem a lugar algum; contudo, ao andar resoluto e bem orientado de quem já conhece o Caminho e está trilhando o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – dezembro de 1966 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Somente quando o conhecimento espiritual se converte em parte integrante da nossa vida é que nos tornamos “senhor” do nosso próprio Templo: o Corpo Denso. Quando a Consciência Crística desabrochar e dirigir esse veículo, poderemos sentir e compreender realmente o verdadeiro espírito do Natal, que passou e que se estende como tal até a Epifania do Senhor. Contudo, há um pré-requisito, uma condição prévia e irrevogável para que esse processo de conscientização Crística ocorra. Trata-se da erradicação do egoísmo — esse terrível flagelo. Devemos cultivar primeiramente o sentimento de amor e da pureza para que possamos trilhar, com segurança, o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.
As presentes condições em que vivemos são filhas do egoísmo e perturbam sobremaneira o já frágil equilíbrio daqueles inclinados ao materialismo. Mesmo entre os Estudantes Rosacruzes, apesar de possuirmos conhecimento sobre as verdades profundas da vida, há quem, entre nós, emita pensamentos críticos e destrutivos. Obtivemos conhecimento, mas muitos de nós ainda não permitiram à Luz do Cristo Interno iluminar e dirigir as vidas deles.
Uma mudança efetiva e consciente no nosso íntimo deve abrir novas perspectivas de crescimento. É importante que essa mudança ocorra porque a Consciência Crística nasce do mais puro amor. Nenhuma condição inferior pode ser transmutada mediante o criticismo, essa antítese da Luz. Para a irradiação da Luz de Deus, necessitamos de pensar e trabalhar construtivamente. A Sabedoria Divina se manifesta unicamente se nos convertemos num adequado receptáculo dessa Luz, por meio de uma vida reta.
Cristo afirmou: “Vós sois a Luz do mundo” (Mt 5:14). Cabe a nós aproveitarmos a vibração espiritual mais exuberante nessa época Santa do ano para meditar sobre o privilégio de “ser a luz do mundo”. É um privilégio e responsabilidade daqueles que optaram por entrar pela “porta estreita”.
Possamos dedicar nossos esforços em irradiar essa Luz, deixando-a resplandecer em forma de simpatia e amor, para que o Cristo, assim, encontre morada em nossos corações. Todos nós seremos beneficiados com isso e o dia de “paz e boa vontade entre os homens” (Lc 2:14) se encontrará mais próximo do que nunca. Uma vez isso aconteça, jamais retornaremos às limitadas condições do passado. Terá assim o Cristo Interno estabelecido uma perfeita união com o Cristo Cósmico. Estaremos preparados, então, para nos oferecermos amorosamente a serviço da Fraternidade Universal. Que todos possam participar dessa Grande Obra, inspirados na lição que o Natal oferece a cada ano que passa!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – dezembro/1986-Fraternidade Rosacruz-SP)
“15Quando os Anjos os deixaram, em direção ao céu, os pastores disseram entre si: “Vamos já a Belém e vejamos o que aconteceu, o que o Senhor nos deu a conhecer”. 16Foram então às pressas, e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura.” (Lc 2:15-16)
Mas, afinal, quem eram esses pastores que se mantinham vigilantes à noite?
Grande fonte econômica daqueles tempos era a criação de caprinos (ovelhas, carneiros e afins) e, por essa razão, centenas de pastores viviam pelas colinas da Judeia, sem que, entretanto, a maioria notasse algo de extraordinário naquela noite. O Estudante Rosacruz, ávido estudante do Cristianismo Esotérico sabe, porém, que esses pastores, a quem o Anjo do Senhor apareceu, eram os Iniciados da Religião trazida na Época Ária (a “Religião do Cordeiro”, a Religião Cristã) e, como seres humanos de elevada espiritualidade que eram, sendo Clarividentes voluntários ou positivos, puderam perceber o Anjo mensageiro e clariaudientemente ouvir os cantos celestiais, proclamando a Nova Era, a Era de Peixes, que se inaugurava naquela noite, pois já estavam sobre a “Órbita de Influência” do Signo de Peixes, por Precessão dos Equinócios. Na verdade, foi uma Noite Santa para a toda a Humanidade; foi a abertura de um novo caminho que finalmente nos livrará da Roda de Nascimentos e Mortes aqui, possibilitando a todos aqueles que desejarem, beber da Água da Vida.
Por meio dos Estudos Bíblicos Rosacruzes aprendemos que o nome Davi significa “bem-amado”; Belém, a “casa de pão” ou o “princípio coração”, feminino, manifestando-se em todas as coisas, desde o minúsculo átomo até o onipresente Deus. E, por meio desse conhecimento, aprendemos que o desejo, sentimento e a emoção devem ser purificados e esse amor ou princípio do coração deve ser expandido antes de Cristo poder nascer dentro de nós (o Cristo Interno), pois as passagens da Bíblia nos mostram, similarmente, que o grande princípio Redentor do Amor não poderá nascer em nenhum outro lugar, a não ser em Belém, que é a representação da vida purificada, a vida Crística.
O Irmão Maior Jesus nasceu numa manjedoura, onde os animais se alimentavam. Esse lugar tem uma significância esotérica profunda, pois representa a natureza dos desejos, sentimentos e das emoções inferiores, que deve ser regenerada antes que o Poder do Criador possa nascer na estalagem, esse lugar que simboliza a “cabeça”. Assim, cada neófito no Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz deve, também, deixar Nazaré, símbolo da vida material, e iniciar a jornada a Belém, símbolo da vida impessoal purificada.
Assim, cada neófito verificará, a princípio, que não há acomodações na “estalagem” e que o nascimento deve ter lugar numa “manjedoura”, onde os “animais” se alimentam. Esse é realmente o significado do Natal!
Pouco significa para Jesus que reverenciemos o seu nascimento na Noite Santa, pois o importante é que possamos aprender a seguir o Cristo, encontrando o Caminho que nos conduzirá à realização da nossa Noite Santa individual.
Assim, levamos à frase de profundo recado esotérico de Angelus Silesius: “Embora Cristo nasça mil vezes em Belém, se não nascer em teu coração, tua alma segue extraviada”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1967 – Fraternidade Rosacruz-SP)