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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como devo Proceder nessa Época Santa do Ano?

Já está marcado nos céus o início de uma ação predecessora, isto é, que precede a um grande acontecimento. A 21 de setembro iniciou-se, mais uma vez, a descida de um Raio do Cristo Cósmico, e no dizer de nosso irmão Max Heindel, “um cântico harmonioso, rítmico e vibratório”, maravilhosamente descrito na lenda do Nascimento Místico, como um “hosana” cantado por um coro angelical, enche a atmosfera planetária e opera sobre todos nós como um impulso à aspiração espiritual.

Pelo Natal o Cristo nascera, mais uma vez, no centro da Terra, para vivificá-la e para, de novo, dar Sua vida a todos os Reinos da Natureza que evoluem nesse Planeta. Já o trabalho maior que tem um paralelo: o trabalho menor. A uma ação macrocósmica corresponde uma ação microscópica. Há uma disposição de forças em cada criatura – em cada microcosmo – o que tende a levá-la, por esta época, a consciência de seu Cristo interno. Toda a vida se predispõe a esse grande acontecimento, tanto no maior como no menor…

Tudo se adapta ao desígnio maior. Toda a natureza se rende, toda a vida instintiva cede passo à ação hierárquica dos valores mais elevados. A ação adaptativa se mostra em toda a sua plenitude e a razão está, então, como nosso irmão Max Heindel quando diz que: “a adaptabilidade é a chave do progresso e da evolução”.

Todos os anos há uma tentativa, uma ação de ordem espiritual no sentido de tornar a matéria física mais sensível aos impactos do Espírito. Está, portanto, em ação, tal como nos anos anteriores, um processo mais direto de sutilização da matéria por força desse “cântico harmonioso, rítmico e vibratório” que teve início a 21 de setembro.

O trabalho de Cristo começou novamente. Novas condições de vida, embora imperceptíveis para a maioria, surgirão a contar desse dia, em relação aos anos anteriores.

O processo alquímico no Cosmo se desenvolve sem interrupção através da adaptação integral da Natureza à Ação Crística. No microcosmo, a ação do Cristo interno deveria ser paralela à do Cristo Cósmico, mas não o é. As razões de ordem pessoais tolhem essa ação e a adaptação, quando há, se processa intermitentemente. O ser humano sofre, principalmente por falta de visão, por não poder ou querer dilatar seu horizonte.

Porém, a criatura nunca está desamparada. Existe sempre um auxiliar de Cristo junto a cada ser e, entre esses Auxiliares estão os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, fornecendo os meios necessários para a criatura adaptar-se à Ação Crística.

Dizem eles: “Se aspiramos conhecer a Deus e obter a Sabedoria Divina, devemos estudar a atividade do Divino Princípio em nossos corações. Devemos escutar-lhe a voz com o ouvido da inteligência e ler-lhe as palavras com a luz do divino amor, porque o único Deus que o ser humano pode conhecer é o seu próprio Deus pessoal, Uno com o Deus do Universo” (Livro: Cartas Rosacruzes). Este é o símbolo proposto por Cristo quando disse: “ninguém pode conhecer o Pai senão por mim”, isto é, pelo princípio Crístico microcósmico interno.

Tomás de Kempes diz no Livro “Imitação de Cristo”: “Filho, eu devo ser o teu supremo e último fim, se desejas ser verdadeiramente feliz. Esta intenção purificará teu coração, tantas vezes apegado desregradamente a ti mesmo e as criaturas. Porque se em alguma coisa te buscas a ti mesmo, logo desfaleces e afrouxas. Refere, pois, tudo a mim, principalmente porque eu sou quem te deu tudo. Considera todos os bens como dimanados do Sumo Bem e, por isso refere tudo a mim como sua origem”.

A “Luz do Mundo” diz: “Procura primeiro o Reino de Deus… o Reino de Deus está dentro de ti”.

Cristo e Seus Auxiliares aí estão levando a criatura pela procura de um valor interior, à condição real de Filho de Deus.

Eis porque atualmente se faz ouvir “um cântico como um hosana entoado por um coro angelical, enchendo a atmosfera planetária, impulsionando-nos a aspiração espiritual”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

“Paz na Terra entre os Homens”

“Paz na Terra entre os homens”! Essas palavras mágicas vem ecoando pelos dos séculos. Em plena era da tecnologia constituem-se na maior, na mais angustiante aspiração humana.

Não podemos afirmar que haja paz no mundo. Em algum momento e em algum lugar, um conflito separa irracionalmente, os seres humanos. Os momentos de trégua, fugazes interlúdios, quantas e sofridas vezes prenunciam o recrudescimento da porfia…

Há mais dois mil anos a humanidade também ansiava pela paz. O advento do Messias representava a redenção. Ele fora proclamado, séculos antes, o Príncipe da Paz, por Isaías. Mas o Cristo, utilizando os dois veículos inferiores de Jesus, pode conhecer a natureza humana: “Não vim trazer-vos a paz, mas uma espada“. A dissenção medraria entre seus próprios seguidores. E estes negariam os princípios do Mestre nas lutas movidas contra os não-cristãos.

“A Religião impropriamente chamada Cristã”, diz Max Heindel, foi responsável por ignominiosos derramamentos de sangue. “Nos campos de batalha e durante a vigência da Inquisição cometeram-se atrocidades inqualificáveis em nome do doce e meigo Nazareno. A ‘espada e o vinho’, isto é, a cruz e o cálice pervertidos, foram os meios de que se valeram as poderosas nações chamadas Cristãs, para dominar os povos pagãos e as nações mais fracas, embora professando a mesma fé de seus conquistadores”.

A humanidade ainda não logrou a paz. Ainda vive em meio a conflitos armados. Permanece confusa ante o choque de ideias. Mas esse estado de coisas há de ensinar-lhe algo proveitoso e capaz de mudar seu caminho. Há algum meio mais eficaz para demonstrar a beleza do entendimento e a necessidade de união, do que compará-los com o panorama de guerras, egoísmo e ódio dominante?

“Quanto mais forte é a luz, tanto mais profunda e a sombra que projeta”. Assim, quanto mais elevados nossos ideais, mais claramente percebemos nossas debilidades.

Lamentavelmente, nas condições atuais de desenvolvimento, a maioria de nós só pode aprender por meio de duríssimas experiências: é mister sofrer a enfermidade ou a doença para se reconhecer as excelências da saúde.

Nenhuma lição encerra valor real como princípio ativo de vida, caso sua verdade seja assimilada apenas superficialmente. Deverá ser assimilada pelo coração, pela aspiração e pela amargura. A lição mais importante, que, deste modo, o ser humano deve aprender é: “o que não beneficia a todos, não beneficia realmente a ninguém”.

Estamos vivendo a atmosfera do Natal! Mais uma vez encontramo-nos com o Cristo, quer estejamos conscientes ou não dessa realidade. Possa Seu estímulo espiritual sensibilizar o coração humano para os aspectos positivos da existência. Cultivemos as virtudes essenciais do cristianismo. Aperfeiçoemos nossa capacidade de dar e amar. Só o altruísmo conseguirá reunir os seres humanos em uma Fraternidade Universal. Para tanto, procuremos nos tornar universais em nossas simpatias, cultivando, também, o sentimento de empatia: é o mesmo que viver a chamada “regra de ouro”.

Aproveitemos a santidade da época para uma reavaliação de nossas vidas. E, principalmente, levemos a paz conosco, desejando e orando para que gradativamente, o mundo possa conquistá-la em caráter permanente. Que a influência unificadora do Cristo encontre, dia a dia, corações mais receptivos. Caminhemos sempre com renovadas esperanças em um mundo melhor. Aprendamos a conhecer, como Whitman, “a amplitude do tempo”[1] e a olhar além das passadas e presentes crueldades, o caminho da Fraternidade Universal. Esta marcará o grande novo passo do progresso humano em sua larga e gloriosa jornada desde o ser mais desprovido de grandeza até Deus, desde o protoplasma até a consciência una com o Pai, esse… “distante e divino acontecimento para o qual se move a criação inteira”.

 (por Gilberto A. V. Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz – dezembro/1975 – Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP)


[1] N.R.: Quem vai ali? Cheio de realizações, tosco místico, nu;

Como extraio energia da carne que consumo?

O que é um homem afinal? O que sou eu? O que és tu?

Tudo o que marco como sendo meu tu deves compensar

com o que é teu.

De outro modo seria perda de tempo me ouvir.

Não lanço a lamúria da minha lamúria pelo mundo inteiro,

De que os meses são vazios e o chão é lamaçal e sujeira.

Choradeira e servilismo são encontrados junto com os

remédios para inválidos, a conformidade polariza-se

no ordinário mais remoto.

Uso meu chapéu como bem entender dentro ou fora de casa.

Por que eu deveria orar? Por que deveria venerar e ser cerimonioso?

Tendo inquirido todas as camadas, analisado as minúcias,

consultado os doutores e calculado com perícia,

Não encontro gordura mais doce do que aquela que se prende aos meus próprios ossos.

Em todas as pessoas enxergo a mim mesmo, em nenhuma vejo mais do que eu sou, ou um grão de cevada a menos.

E o bem e o mal que falo de mim mesmo eu falo delas.

Sei que sou sólido e sadio.

Para mim os objetos convergentes do universo

perpetuamente fluem,

Todos são escritos para mim, e eu devo entender o que a escrita significa.

Sei que sou imortal,

Sei que a órbita do meu eu não pode ser varrida pelo

compasso de um carpinteiro,

Sei que não passarei como os círculos luminosos que as crianças fazem à noite, com gravetos em brasa.

Sei que sou augusto.

Não perturbo meu próprio espírito para que se defenda ou seja compreendido,

Vejo que as leis elementares nunca pedem desculpas,

(Reconheço que me comporto com um orgulho tão alto quanto o do nível com que assento a minha casa, afinal).

Existo como sou, isso me basta,

Se ninguém mais no mundo está ciente, fico satisfeito.

E se cada um e todos estiverem cientes, satisfeito fico.

Um mundo está ciente e esse é incomparavelmente o maior de todos para mim, e esse mundo sou eu mesmo,

E se venho para o que é meu, ainda hoje ou dentro de dez mil anos, ou dez milhões de anos,

Posso alegremente recebê-lo agora, ou esperá-lo com alegria igual.

Meus pés estão espigados e encaixados no granito,

Debocho daquilo que chamas de dissolução,

E conheço a amplitude do tempo.

Song of Myself – Walt Whitman

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Dádiva da Graça

Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo — pela graça fostes salvos! — e com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, em Cristo Jesus, a fim de mostrar nos tempos vindouros a extraordinária riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco, em Cristo Jesus. Pela graça fostes salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é o dom de Deus: não vem das obras, para que ninguém se encha de orgulho. Pois somos criaturas dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras que Deus já antes tinha preparado para que nelas andássemos.” (Ef 2:4-10).

A beleza e o poder transcendentes da Religião Cristã baseiam-se no fato de dar a seus seguidores uma oportunidade para renunciar à vida comum, circunscrita pela lei e penetrar numa vida anímica, na qual há mais amor, misericórdia e graça. Esses atributos manifestam-se particularmente pela influência de Cristo, o segundo Aspecto do Deus Trino – nosso Criador.

O Cristianismo Esotérico nos ensina que no começo da nossa evolução setenária de manifestação, Deus diferenciou dentro de Si mesmo uma hoste de Espíritos Virginais, cada um possuindo potencialmente os poderes de seu Criador, a fim de que, pela evolução, esses poderes se convertessem em faculdades dinâmicas. Nesse plano original não existia previsão em relação ao pecado e à morte.

Durante a Época Lemúrica do nosso presente Período Terrestre, houve um tempo em que “um cérebro tornou-se necessário ao desenvolvimento do pensamento e da laringe para sua expressão verbal. Para isso, então, a metade da força criadora foi dirigida para cima, a fim de que o ser humano formasse esses órgãos”. Foi assim que o ser humano, até então hermafrodita, tornou-se unissexuado e forçado a procurar um ser do outro polo ou sexo, um complemento, necessário quando desejava criar um corpo, para gerar um novo instrumento que servisse a um espírito irmão para uma fase mais elevada de evolução.

Enquanto o ato criador era amorosamente realizado sob a sábia orientação dos Anjos, a existência do ser humano estava livre da tristeza, da pena e da morte. Mas, ao ficar sob a tutela dos Espíritos Lucíferos, depois de ter “comido o fruto da Árvore do Conhecimento”, passou a perpetuar a raça humana, sem levar em conta a influência das linhas de força astrológicas, transgredindo a Lei de Deus e seus corpos se cristalizaram cada vez mais até o ponto de tirar-lhe a percepção espiritual, sujeitando-o à morte de maneira muito mais notória do que então se processava. Dessa forma, foi forçado a criar corpos mais frequentemente, em proporção à diminuição do período de vida terrestre e, portanto, de experiências necessárias à evolução espiritual. Os guardiões celestiais levaram-no para fora do “jardim do amor” (do Éden), para o deserto do mundo. Então a humanidade se tornou responsável perante a Lei de Causa e Efeito, que governa o Universo, por suas ações.

Ao tempo da vinda de Cristo, a maioria da humanidade tinha se tornado tão cristalizada, que se encontrava a ponto de retrogradar. Uma ajuda teria que ser dada. Daí, Cristo, o mais elevado Iniciado do Período Solar, voluntariamente, veio à Terra; penetrou no nosso globo por meio do sangue de Jesus, vertido na crucifixão e, desde então, irradia do centro do nosso Planeta as tremendas vibrações do poder unificante de seu Amor-Sabedoria. O Mundo do Desejo e a Região Etérica do Mundo Físico da Terra foram, então, purificados, tornando-se mais utilizável para os Corpos de Desejos individuais dos seres humanos, formados ao voltarmos a cada renascimento aqui.

Esse grande sacrifício (ainda em desenvolvimento, pois Ele, o Cristo, “estará conosco até a consumação dos séculos” ou destes tempos de materialidade), tornou possível aos seres humanos impregnarem-se com o altruístico amor de Cristo e transcenderem a Lei ou temperar a Lei com o amor; a fim de penetrar na esfera de vida abençoada pelo tesouro adicional de “Sua Graça“.

Essa “dádiva benéfica de Deus” acena para todos aqueles que se dispõem a abraçar a vida de pureza, de serviço e alcançar a libertação das restrições da queda, ou seja, a salvação.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – outubro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Consolador: saber quem é para não fazermos confusões e não usar no nosso dia a dia

Convém-vos que Eu vá, porque se Eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém. Eu for, Eu vo-Lo enviarei.” (Jo 16:7)

Essas palavras de “consolo” ditas por Cristo a Seus Discípulos, justamente antes de ser conduzido à Sua crucificação, foram uma promessa de que alguém tomaria Seu lugar e seguiria a Sua obra.

A pergunta surge agora: “Quem é esse Consolador e como está continuando o trabalho de Cristo?”. Foi Cristo quem disse que o Consolador é o Espírito Santo, o qual será enviado pelo Pai em Seu Nome e nos recordará todas as coisas que Ele nos disse.

Conforme estudamos no Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”: “No Mundo mais elevado do sétimo Plano Cósmico habita o Deus do nosso Sistema Solar. Este grande Ser é de manifestação tríplice, semelhantemente ao Ser Supremo. Seus três aspectos são: Vontade, Sabedoria e Atividade, atribuições do Pai, do Filho e do Espírito Santo, respectivamente. Ao final do Período de Saturno um Senhor da Mente conseguiu aprender tudo que precisava aprender até o Período de Vulcano, alcançado o mérito de construir um Corpo com material do Mundo de Deus. Assim, se tornou responsável pelas atribuições divinas do ‘Pai’, por ser o mais elevado Iniciado da humanidade do Período de Saturno. Já ao final do Período Solar um Arcanjo conseguiu aprender tudo que precisava aprender até o Período de Vulcano, alcançado o mérito de construir um Corpo com material do Mundo de Deus Assim, se tornou responsável pelas atribuições divinas do ‘Filho’, Cristo, por ser o mais elevado Iniciado da humanidade do Período Solar. Ao final do Período Lunar um Anjo conseguiu aprender tudo que precisava aprender até o Período de Vulcano, alcançado o mérito de construir um Corpo com material do Mundo de Deus. Assim, se tornou responsável pelas atribuições divinas do ‘Espírito Santo’, Jeová, por ser o mais elevado Iniciado da humanidade do Período Lunar.”.

Não é nada fácil explicar verdades esotéricas de modo que possam ser compreendidas e cridas, o que sucede unicamente quando a Mente houver chegado a um certo estado de seu desenvolvimento, evoluindo para um Corpo, o Corpo Mental.

Essa é a base comum na qual toda Ciência e toda Religião deve encontrar, e a seu devido tempo encontrará a estrutura fundamental de todas as coisas, o começo da ciência da existência e da criação. Do “um” procede o “dois”, e desses, o terceiro desenvolve a sempre presente Trindade da Unidade. Dos três aspectos ou um total, provém o quarto, e mais tarde o sétimo, o nono e o décimo segundo, pois que o Universo está baseado em leis matemáticas que dirigem suas energias.

Em certos períodos de evolução um desses três princípios aparece como predominante, mas, sem dúvida, os outros dois estão presentes. A principal característica do Pai é o poder da Vontade; a do Filho ou Cristo é o Amor-Sabedoria; e a do Espírito Santo ou Jeová é a Atividade. De modo que na Atividade temos em certo grau, o poder do Amor-Sabedoria e da Vontade em uma ou outra forma. A Ciência e a Religião se encontram nesses fundamentos comuns, pois, que cada uma delas comprova a verdade da outra.

Nossa fé e nossa crença na existência estão baseadas sobre essa Trindade quando aceitamos a doutrina de que o ser humano é Espírito, Alma e Corpo e, portanto, feito à imagem de Deus, de acordo com o axioma hermético: “Assim como é em cima, é em baixo”.

Aceitando o fato de que o Consolador é o Espírito Santo ou Jeová, vejamos o que diz nosso livro de texto o “Conceito Rosacruz do Cosmos”, sobre a matéria. Informa-nos que Jeová, o Espírito Santo, foi o maior Iniciado do Período Lunar, líder dos Anjos e Regente de todas as Luas, incluindo a nossa.

O trabalho de Jeová é o de construir corpos e formas, por meio do endurecimento ou cristalização das forças lunares. Portanto, é o “dador dos filhos”, ou seja, o que proporciona o corpo ou a forma; os Anjos são Seus assistentes nessa tarefa. Os Anjos foram a humanidade no Período Lunar e são exímios construtores do Éter e trabalham especialmente com as plantas, que passaram pelo seu estado mineral naquele Período. O Corpo Vital é o veículo cotidiano dos Anjos e, portanto, são construtores do Corpo Vital que dá a forma ao Corpo Denso da planta, do animal e do ser humano. Nesse trabalho são assistidos, também, pelos Senhores da Forma.

Agora, coordenemos essas coisas com o mistério da presente estação, a Páscoa da Ressurreição (Semana Santa), quando Cristo, por meio da Ressurreição, ascende ao céu.

Cristo, para o Cristão Místico, é o Senhor da Vida que está relacionado com tudo o que vive em nossa terra e na Páscoa dá Sua vida para nós e por nós, morrendo para a Terra e nascendo no Céu.

Quando Ele nos deixa, envia-nos o Consolador, o Espírito Santo, Jeová, O qual fornece as atividades necessárias para nós. Pois bem, Jeová é o construtor de corpos e formas, e por meio da Sua atividade temos as miríades de formas de plantas, animais e de seres humanos que aparecem em magnífica profusão durante os meses de março, abril, maio e meados de junho. Esse é o trabalho de Jeová como Senhor da Criação, e nesta época, cobre a vida dada por Cristo como Espírito Planetário, com a forma. É assim que o Consolador enviado pelo Pai, a pedido de Cristo, pode nos trazer ante nós todas as coisas que Cristo nos disse.

Cristo como Espírito morador do nosso Globo, desde o Natal até a Páscoa, tem eterizado a Terra em sua passagem desde o centro até a periferia da mesma, e é com esse Éter que Jeová e Seus Anjos modelam o invólucro etérico que fornece formo ao corpo ou forma da matéria física.

O Éter Crístico contém um ingrediente solar, uma força solar; assim sendo, ao criar essa forma de Éter, Jeová e Seus Anjos têm que receber a ajuda de alguns Arcanjos, os quais foram a humanidade do Período Solar e trabalham com a substância de desejos, que interpenetra o Corpo Vital.

É, pois, evidente, que nossa evolução está ligada com as forças Solares e Lunares e também, em menor grau, com os demais corpos celestiais. Portanto, o estudo da Divina Ciência da Astrologia Rosacruz deve merecer a devida consideração na investigação do mistério da vida.

Em geral, a humanidade hoje em dia, responde principalmente aos efeitos de Saturno, Vênus e Marte: “o Pai, o Filho e o Espírito Santo”, dos quais obtemos o poder da Vontade, do Amor-Sabedoria e da Atividade em suas várias formas e graus.

Desde o Natal até a Páscoa temos sido testemunhas do poder e amor mediante o sacrifício de Cristo, na Estação da Páscoa, com a cruz do Sol sobre o equador celestial, nós passamos do amor espiritualizado de Cristo através do Signo de Peixes que termina o trabalho de Cristo na Terra, e entramos no Signo de Áries, o Signo da atividade e, portanto, o poder de Jeová, e por esta razão temos esse período intenso de atividades na produção das formas. Assim é que o Consolador vem a nós para completar o trabalho feito por Cristo para nós. Enquanto esta época constitui o período especial em que o Consolador, por meio de Seu trabalho, se torna proeminente, não devemos esquecer que ocultos para nossa vista física se acham o Pai e o Filho guiando esse trabalho, pois que esses três aspectos de Deus estão mesclados e em realidade não separados, daí a razão da frase de Cristo: “Meu Pai e Eu somos um“. Assim como na Religião, é na Ciência. Existem em ambos o Exotérico e o Esotérico, porque é sempre o invisível que produz o visível, e disso somos conscientes quando passamos da própria consciência para a consciência cósmica.

Esta é a época da criação, do nascimento e por toda parte a natureza manifesta seus esforços para produzir abundantemente através de esforços materiais e com eles vêm as tentações de edificar tesouros aqui na Terra, o impulso da própria conservação do corpo, os desejos animais de Marte. Sem dúvida, esta é também a época da exaltação do Sol à medida que retorna aos céus levando-nos ao lar do Espírito, se seguimos a Cristo. À medida que procuramos ajudar a Cristo em Sua tarefa de levar o peso e a carga da Terra, sendo melhores Cristãos, oxalá que possamos trabalhar com o Consolador com maior interesse em benefício da humanidade. No passado tratamos de acrescentar brilho a alma, assim, no presente podemos melhorar o Corpo Denso ou forma para que a Luz da Alma ilumine nosso ser. Assim é que “possa nossa luz brilhar ante os seres humanos, para que vejam nossas boas obras e glorifiquem a nosso Pai que está no céu“.

Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro” – (I Jo 4:6).

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – janeiro/1983 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Qualidade Importante: saibamos usá-la aqui

O valor é uma das nossas emoções ou qualidades mais construtivas; ele engendra a esperança e a fortaleza interna.

Qual é o valor? Sendo uma qualidade do Coração e da Mente, ele nos permite arrostar com firmeza as mais ásperas dificuldades. Permite manejar situações ou condições que exigem dos nossos recursos internos em menor ou maior grau de intensidade.

Essa característica positiva forma uma aura brilhante, capaz de repelir pequenas moléstias de tal maneira que não afeta profundamente as emoções, enquanto as experiências mais significativas são enfrentadas inteligentemente, após examinadas todas as facetas da questão. Tal atitude atrai pessoas não dotadas dessa mesma disposição, cujos temores conduzem-nas a situações desagradáveis. Os fortes são como magnetos: atraem os mais débeis (os temerosos).

Aos Estudantes Rosacruzes convém envidar esforços no sentido de compreender essa característica que repele o medo.

O Senhor é minha luz e salvação: de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza de minha vida: quem me atemorizará?” (Sl 27:1). Iahweh (Jeová, Javé, o Senhor) usou o temor para ensinar a existência de Deus a certa parte de nós, quando renascimentos naqueles tempos. Até então nós orávamos a vários deuses, temendo ofender a qualquer um deles. Mas, como haviam chegado a uma determinada etapa do nosso desenvolvimento, outro passo adiante foi planejado pelas Hierarquias Criadoras. Se nós, enquanto renascidos naquele tempo, obedecêssemos a essa nova Lei seríamos recompensados com riquezas, prole numerosa, terras ou gado. Nós obedecíamos para evitar a punição de um Deus vingativo.

Há mais de dois mil anos surgiu uma Lei superior prescrevendo a que “nos amássemos uns aos outros”. A Lei Jeovística nos condicionou a depender de um poder externo para preservar nossos costumes e nosso bem-estar. O ideal do Cristo, porém, prevê o desenvolvimento de uma qualidade interna, até agora raramente empregada pela grande maioria de nós.

Somos partes de Deus. Assim, temos potencialmente todos os poderes do nosso Criador, Deus. Cada passo em nossas experiências nos ensina um novo ideal e nos faz florescer certas qualidades já inerentes a Ele.

São Paulo nos ensinou: “porque Deus não nos deu o espírito do temor, mas o de fortaleza, de amor e equilíbrio.” (IITm 1:1). E São João evangelista, na sua Primeira Epístola nos ensinou: “E no amor não há temor; mas o perfeito amor elimina o temor: porque o temor tem pena. Por isso, o que teme não está perfeito no amor.” (IJo 4:18).

A vida sem problemas é uma impossibilidade, pelo menos agora, porque como seres espirituais criadores não somos perfeitos. Consequentemente, temos que aceitar experiências e aprender a viver com valor. Essas experiências constituem oportunidades de aprender e adquirir sabedoria. É esse o valor da nossa vida após vida aqui, até aprendermos tudo e não precisarmos ficar preso a essa “roda de nascimentos e mortes”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Lição do Natal que devemos Relembrar todos os Anos

Novamente nos encontramos na Estação do Natal, o período mais santo do ano. Retrocedamos mais de vinte séculos, e entremos numa singela casinha da cidade de Nazaré, na Galileia, para contemplarmos, deslumbrados, uma tocante cena. O Anjo Gabriel, enviado por Deus a Maria, esposa do varão José, exclamou-lhe: “Salve mui favorecida; o Senhor é convosco, Bendita sois entre as mulheres”. Maria está perturbada e o Anjo a tranquiliza, dizendo: “Não temas, porque achaste Graça junto de Deus; conceberás e parirás um filho, e o chamarás Jesus, Este será grande e chamado Filho do Altíssimo, e Lhe dará o Senhor Deus o trono de Davi, seu pai”.

São passados nove meses. Voltemos novamente o nosso olhar para uma estrada que vai de Nazaré a Belém, na Judeia. Acompanhemos José e Maria (prestes a ser mãe), caminhando com a finalidade de dar cumprimento à ordem de César Augusto, de que todos fossem recenseados. O casal chega a uma hospedaria, porém não encontra lugar. Pacientemente, Maria e José encaminham-se para outro local. É noite. Estamos em uma colina. Sob frondosa árvore, pastores com seus rebanhos repousam. Uma estranha magia e deslumbrante luz envolvem a paisagem. Ouve-se um cântico de glória despertando os pastores. Um formoso Anjo, acompanhado da Milícia Celestial, surge entoando a “Glória a Deus nas maiores alturas e Paz aos homens de boa vontade a quem Ele quer bem”. Os pastores estão temerosos, mas são tranquilizados pelas palavras do Anjo: “Não temais, pois eu vos trago uma boa nova de grande gozo e que o será para todo o povo, é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, um Salvador. Eis para vós um sinal: Encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada numa manjedoura”.

Os Anjos retornam para os céus. Acompanhemos os pastores dirigindo-se a Belém, e vejamos o santo acontecimento. Uma estrela de incomparável fulgor está próxima à estrebaria. Dentro estão Maria e José reclinados sobre uma manjedoura, contemplam uma adorável criança. Eis Jesus, nosso amado Irmão Maior! Despojado de todo conforto material, mas envolto pela Glória do Senhor, presenteado com Ouro, Incenso e Mirra por três reis vindos de longe, guiados pela fulgurante estrela, eis a Santa Criança! Que maravilhoso exemplo de amor, desprendimento e humildade. Que sublime lição nos dá Jesus, ao nascer em uma estrebaria! Ele, um iniciado e filho de iniciados, havia percorrido o caminho da santidade através de muitas vidas. Recebeu a maior honra concedida a um ser humano, ceder Seus Corpos Denso e Vital para Cristo, um Raio do Cristo Cósmico, auxiliar a humanidade em sua jornada evolutiva.

Nos países frios, a comemoração em 25 de dezembro foi adotada pela Igreja com a finalidade de cristianizar a festa de Deus Sol, até então considerada uma festa pagã, uma adoração ao Sol físico. Tal data foi observada mais tarde pelas demais nações cristãs. De acordo com os ensinamentos dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, os Solstícios de Junho e de Dezembro e os Equinócios de Março e Setembro são pontos de alternância, de mudança na vida do Grande Espírito da Terra, um Raio do Cristo Cósmico, que veio substituir a Lei pelo Amor, aparecendo como “um homem entre os homens”, demonstrando que somente de dentro é possível conquistar a separatista Religião de Raça – que age de fora – e estabelecer a Fraternidade Universal.

O sacrifício de Cristo encerra a comprovação que se processa com o advento do Equinócio de Setembro e o lançamento da semente anímica da época do Natal. Portanto, não se comemora meramente o nascimento do nosso amado Irmão Maior Jesus de Nazaré, senão o influxo rejuvenescente de amor e vida.

Como poderemos considerar esse processo de manifestação da Onda Crística em nosso hemisfério (Sul), sabendo-se que as Estações são opostas? Note aqui que uma coisa – que é a mais importante de tudo, pois garante o trabalho do Cristo por todo o Planeta Terra – que se mantém idêntica tanto para o hemisfério norte como para o hemisfério sul, independentemente da inversão das estações: é a distância, maior ou menor, entre o Sol e o Planeta Terra. Sabemos que a Terra translada em torno do Sol por meio de uma órbita elíptica (não circular), ao longo do ano, e que o Sol ocupa um dos focos dessa elipse (lembrando que a elipse tem dois focos). Próxima a data que temos o Solstício de Dezembro (o ponto conhecido como periélio da Terra ocorre entre 2 e 6 de janeiro de cada ano), o foco em que o Sol se encontra está mais próximo da Terra, o que resulta a Terra estar permeada mais fortemente pela aura do Sol espiritual, com o correlativo aumento do Fogo Sagrado inspirador de crescimento anímico em nós. Inversamente, no Solstício de Junho (o ponto conhecido como afélio da Terra ocorre entre 2 e 6 de julho de cada ano) o foco em que o Sol se encontra está mais longe da Terra, o que provoca uma diminuição de espiritualidade, portanto, uma intensificação e pujança da vitalidade física. Assim, é natural que a partir do Equinócio de Setembro – período em que a espiritualidade do Sol começa a se intensificar aqui na Terra e, inversamente, a vitalidade física começa a se enfraquecer, todos sintam, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, uma certa atenuação para se tratar dos assuntos materiais e, em contrapartida, uma maior propensão para o recolhimento interno onde se predomina o tratamento a assuntos espirituais.

(publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Entendendo a nossa situação antes e durante o tempo da primeira vinda de Cristo: o Povo Escolhido – Semelhanças com alguns aspectos atuais

Por mais de mil anos o povo judeu aguardara a vinda do Salvador. Nesse acontecimento fundamentara suas mais gloriosas esperanças. No cântico e na sua profecia, no ritual do templo e nas orações domésticas haviam envolvido o Seu nome. Entretanto, por ocasião de Sua vinda, não O conheceram. O Bem-Amado do céu foi para eles “como raiz de uma terra seca”; não tinha “parecer nem formosura”; e não Lhe viam beleza nenhuma para que O desejassem. “Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam.” (Is 53:2 e Jo 1:11).

Todavia, Deus escolhera a Israel. Ele o chamara para conservar entre os seres humanos o conhecimento de Sua lei, e dos símbolos e profecias que apontavam para o Salvador. Desejava que fosse como fonte de salvação para o mundo. O que Abraão fora na terra de sua peregrinação, o que fora José no Egito e Daniel nas cortes de Babilônia, deveria ser o povo hebreu entre as nações. Cumpria-lhe revelar Deus aos seres humanos.

Na vocação de Abraão, Deus dissera: “Abençoar-te-ei… e tu serás uma bênção… e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12:21-3). O mesmo ensino foi repetido pelos profetas. Ainda depois de Israel ter sido arruinado por guerras e cativeiros, pertencia-lhe a promessa: “Então os restos de Jacó estarão no meio de muitos povos, como um orvalho que vem do Senhor, e como gotas de água que caem sobre a erva, sem dependerem de ninguém, e sem esperarem nada dos filhos dos homens” (Mq 5:7). A respeito do templo de Jerusalém, o Senhor declarou por intermédio de Isaías: “Minha casa será chamada casa da oração para todos os povos.” (Is 56:7).

Mas os israelitas fixaram suas esperanças em grandezas mundanas. Desde o tempo de sua entrada na terra de Canaã, apartaram-se dos mandamentos de Deus e seguiram os caminhos dos gentios. Era em vão que Deus enviava advertências por Seus profetas. Em vão sofriam eles o castigo da opressão gentílica. Toda reforma era seguida da mais profunda apostasia.

Houvessem os Filhos de Israel sido leais ao Senhor, e Ele teria podido cumprir Seu desígnio, honrando-os e exaltando-os. Houvessem andado nos caminhos da obediência, e tê-los-ia exaltado “entre todas as nações que criou para louvor, e honra, e glória Sua”. “Todos os povos da terra verão que é invocado sobre ti o nome do Senhor”, disse Moisés; “e temer-te-ão”. “Os povos… ouvindo todos estes preceitos” dirão: “Eis um povo sábio e inteligente, uma nação grande.” (Dt 26:19; 28:10; 4:6). Devido a sua infidelidade, porém, o desígnio de Deus só pôde ser executado por meio de contínua adversidade e humilhação.

Foram levados em sujeição a Babilônia, e espalhados pelas terras dos pagãos. Em aflição renovaram muitos a sua fidelidade ao concerto de Deus. Enquanto penduravam suas harpas nos salgueiros, e lamentavam o santo templo posto em ruínas, a luz da verdade brilhava por meio deles e difundia-se entre as nações o conhecimento de Deus. O sistema pagão de sacrifícios era uma perversão do sistema que Deus indicara, e muitos dos sinceros observadores dos ritos pagãos aprenderam com os hebreus o significado do serviço devidamente ordenado, apoderando-se, com fé, da promessa do Redentor.

Muitos dos exilados sofreram perseguição. Não poucos perderam a vida em virtude de sua recusa de observar as festividades pagãs. Quando idólatras se levantaram para esmagar a verdade, o Senhor levou Seus servos à presença de reis e governadores para que estes e seu povo pudessem receber a luz. Repetidamente os maiores monarcas foram levados a proclamar a supremacia do Deus a quem seus cativos hebreus adoravam.

Mediante o cativeiro da Babilônia, os israelitas foram realmente curados do culto de imagens de escultura. Durante os séculos que se seguiram, sofreram opressão de seus inimigos gentios, até que se afirmou neles a convicção de que sua prosperidade dependia da obediência prestada à lei de Deus. Mas com muitos deles a obediência não era motivada pelo amor. Tinham motivo egoísta. Prestavam a Deus um serviço exterior como meio de atingir a grandeza nacional. Não se tornaram a luz do mundo, mas excluíram-se do mundo a fim de fugir à tentação da idolatria. Nas instruções dadas a Moisés, Deus estabeleceu restrições à associação deles com os idólatras; estes ensinos, porém, haviam sido mal interpretados. Visavam preservá-los contra as práticas dos gentios. Mas foram usados para estabelecer uma parede de separação entre Israel e todas as outras nações. Os judeus consideravam Jerusalém como seu céu, e tinham reais ciúmes de que Deus mostrasse misericórdia aos gentios.

Depois da volta de Babilônia, foi dispensada muita atenção ao ensino religioso. Ergueram-se por todo o país sinagogas, nas quais a lei era exposta pelos sacerdotes e escribas. E estabeleceram-se escolas que, a par das artes e ciências, professavam o ensino dos princípios da justiça. Esses agentes perverteram-se, porém. Durante o cativeiro, muitos do povo haviam adquirido ideias e costumes pagãos, os quais foram introduzidos em seu serviço religioso. Conformaram-se, a muitos respeitos, com as práticas dos idólatras.

À medida que se apartavam de Deus, os judeus perderam em grande ponto de vista os ensinos do serviço ritual. Esse serviço fora instituído pelo próprio Cristo. Era, em cada uma de suas partes, um símbolo d’Ele; e mostrara-se cheio de vitalidade e beleza espiritual. Mas os judeus perderam a vida espiritual de suas cerimônias, apegando-se às formas mortas. Confiavam nos sacrifícios e ordenanças em si mesmos, em lugar de descansar n’Aquele a quem apontavam. A fim de suprir o que haviam perdido, os sacerdotes e rabis multiplicavam exigências por sua conta; e quanto mais rígidas se tornavam, menos manifestavam o amor de Deus. Mediam sua santidade pela multidão de cerimônias, ao passo que tinham o coração cheio de orgulho e hipocrisia.

Com todas as suas minuciosas e enfadonhas injunções, era impossível guardar a lei. Os que desejavam servir a Deus e procuravam observar os preceitos dos rabinos, mourejavam sob pesado fardo. Não podiam encontrar sossego das acusações de uma consciência turbada. Assim operava Satanás para desanimar o povo, rebaixar sua concepção do caráter de Deus, e levar ao desprezo a fé de Israel. Esperava estabelecer a pretensão que manifestara quando de sua rebelião no céu – que as reinvindicações de Deus eram injustas, e não podiam ser obedecidas. Mesmo Israel, declara ele, não guardava a lei.

Ao passo que os israelitas desejavam o advento do Messias, não tinham um reto conceito da missão que Ele vinha a desempenhar. Não buscavam redenção do pecado, mas libertação dos romanos. Olhavam o Messias por vir como um conquistador para quebrar a força do que os oprimia, e exaltar Israel ao domínio universal. Assim estava preparado o caminho para rejeitarem o Salvador.

Ao tempo do nascimento de Jesus, a nação estava irritada sob o governo de seus dominadores estrangeiros, e atormentada por lutas internas. Fora permitido aos judeus manterem a forma de um governo separado; mas coisa alguma podia disfarçar o fato de se achavam sob o jugo romano, ou reconciliá-los com a restrição de seu poder. Os romanos pretendiam o direito de indicar ou destituir o sumo sacerdote, e o cargo era muitas vezes obtido pela fraude, o suborno e até pelo homicídio. Assim o sacerdócio se tornava mais e mais corrupto. Todavia os sacerdotes ainda ostentam grande poder, e o empregavam para fins egoístas e mercenários. O povo estava sujeito as suas desapiedadas exigências, e era também pesadamente onerado pelos romanos. Esse estado de coisas causava geral descontentamento. Os levantes populares eram frequentes. A ganância e a violência, a desconfiança e apatia espiritual estavam corroendo o próprio âmago da nação.

O ódio dos romanos, bem como o orgulho nacional e espiritual, levaram os judeus a se apegarem ainda rigorosamente as suas formas de culto. Os sacerdotes tentavam manter reputação de santidade mediante escrupulosa atenção às cerimônias religiosas. O povo, em seu estado de trevas e opressão, e os príncipes, sedentos de poder, ansiavam a vinda d’Aquele que havia de vencer seus inimigos e restaurar o reino a Israel. Eles tinham estudado as profecias, mas sem percepção espiritual. Esqueciam, portanto, os textos que apontavam à humilhação a primeira vinda de Cristo, e aplicavam mal os que falavam da glória do segundo. O orgulho lhes obscurecia a visão. Interpretavam a profecia segundo seus desejos egoístas.

Note a semelhança que se repetiu durante todo esse tempo da primeira vinda de Cristo, ao longo da história com as pessoas e que em muitos casos continuam hoje: ou não reconhecem o Cristo como o nosso Salvador e Redentor, ou preferem continuar a “barganhar com Deus por aquisições materiais” ou, ainda, fazem de conta de acreditam em Cristo, mas na prática agem de forma ou contrária ou com desdém.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – setembro/1979 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Audiobook: Como Conheceremos Cristo Quando Voltar? – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

INTRODUÇÃO

Vamos conceituar, primeiro, o que é um Audiobook ou Audiolivro: nada mais é do que a transcrição em áudio de um livro impresso digital ou fisicamente.

Basicamente, é a gravação de um narrador lendo o livro de forma pausada e o arquivo é disponibilizado para o público por meio de sites. Assim, ao invés de ler, o interessado pode escolher ouvi-lo.

Um audiobook que obedece ao conceito de “livro-falado” tenta ser uma versão a mais aproximada possível do “livro em tinta” (livro impresso), a chamada “leitura branca”, que, mesmo desprovida de recursos artísticos e de sonoplastia, obedece às regras da boa impostação de voz e pontuação, pois parte do princípio de que quem tem de construir o sentido do que está sendo lido é o leitor e não o ledor (pessoas que utilizam a voz para mediar o acesso ao texto impresso em tinta para pessoas visualmente limitadas).

Para que serve audiolivro?

O audiolivro é um importante recurso, na inserção do no ecossistema da leitura, para:

  • o incentivo à leitura e promoção da inclusão de pessoas com deficiências visuais ou disléxicos
  • quem tem dificuldades para ler ou até que, infelizmente, não sabem ler
  • para quem gosta de aprender escutando, já que a forma de absorver conhecimento varia de indivíduo para indivíduo.
  • para crianças dormirem durante a noite.
  • para desenvolver a cognição. Ao escutar um audiobook, a cognição pode ser desenvolvida de uma forma mais ampla, uma vez que, além de escutar, será necessário imaginar as situações, diferenciar ambientes e personagens.

O audiolivro é apreciado por um público de diversas idades, que ouve tanto para aprendizado como para entretenimento.

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Como Conheceremos Cristo Quando Voltar – Introdução
Como Conheceremos Cristo Quando Voltar – Parte 1 – Quem é Cristo
Como Conheceremos Cristo Quando Voltar – Parte 2 – Por que Cristo veio à Terra pela primeira vez?
Como Conheceremos Cristo Quando Voltar – Parte 3 – Por que Ele deve vir outra vez?
Como Conheceremos Cristo Quando Voltar – Parte 4 – Como conheceremos Cristo quando Ele voltar?

FIM

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Unidade de Cada Um com Todos

Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque se vivemos, para a Senhor vivemos, e se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morremos, somos do Senhor, porque para isto também morreu Cristo, e ressuscitou, e tornou a viver; para ser Senhor, tanto dos mortos como dos vivos.” (Rm 14:7-9).

De todas as verdades que recebemos dos Ensinamentos Rosacruzes, a mais importante e essencial para o nosso progresso é aquela que enuncia “a fundamental unidade de cada um com todos”. Quanto mais rápida e completamente possamos aprender essa verdade fundamental, tanto mais brevemente transcenderemos a guerra e os males, nos integrando no rumo ascensional da evolução.

A Filosofia Rosacruz nos ensina que o Universo, e tudo o que nele se encontra, funciona de acordo com um modelo divino, baseado em leis imutáveis, as Leis de Deus. No início de nossa grande peregrinação setenária interna e externamente na matéria, nosso Deus Solar diferenciou dentro de si uma hoste de Espíritos Virginais, possuindo cada um deles a consciência total e dotado potencialmente de todos os poderes de seu Criador, que as enviou a materialidade, manifestados como Egos humanos.

Esses Espíritos, no curso de sua longa peregrinação, adquiriram veículos individuais de crescente densidade, que lhes deram a ilusão de separatividade. Além disso, a fim de ajudá-Los a levar a carga humana, as Hierarquias Criadoras os separaram em Raças e lhes deram Religiões peculiares, adaptadas as necessidades desses Egos humanos, agora já enclausurados em um Tríplice Corpo e em uma Mente. Contudo, o egoísmo neles suscitado pelos Espíritos Lucíferos originou excessiva cristalização em seus corpos rácicos, de tal modo que, com o tempo, a maioria dos Egos humanos estava a ponto de retroceder e se perder nesse Esquema de Evolução.

Com intuito de evitar um atraso desastroso na evolução dos Egos humanos, Cristo – o mais elevado dos Arcanjos –, o poderoso Espírito Solar, uma emanação do Princípio do Cristo Cósmico e incorporação do poder do Amor-Sabedoria – o segundo aspecto de Deus –, voluntariamente veio a Terra e nela viveu pelo espaço de três anos e meio nos Corpos Denso e Vital (já que como Arcanjo, o Cristo tem como Corpo mais inferior o Corpo de Desejos) de um homem – chamado Jesus – que era um alto iniciado da Onda de Vida humana – composta dos Egos humanos. Jesus foi especialmente preparado para desempenhar a parte dele nesse importante drama cósmico. Com isso Cristo, pode se manifestar como “um homem entre os homens”, e possuindo uma cadeia de veículos desde um Corpo Denso até um Corpo formado de material do Mundo de Deus. Na crucificação, o Espírito de Cristo deixou os Corpos de Jesus e por meio do sangue dele entrou na Terra, tornando- se a Espírito Interno do nosso Planeta, o Regente Planetário. Desde então irradia, com intensidade crescente, poderosíssimas vibrações através da Terra, que é a Sua vida, a Sua luz e o Seu amor.

Cristo representa o princípio Unificante que se difunde no Universo – o Segundo Aspecto Macrocósmico do Deus de nosso Sistema Solar, bem como do microcósmico, no ser humano. A vinda desse Poder a Terra trouxe um ímpeto definido à nós, no sentido de nos livrar das cadeias da Raça, do credo e do sexo. Deu-nos, igualmente, a possibilidade para compreender o princípio da unidade de cada um com todos, de modo a pô-lo em prática, na conquista de uma verdadeira fraternidade humana.

Realmente não podemos fugir a realidade de que todos nós, quer nos planos invisíveis, quer no plano visível, estamos unidos por intangíveis e indissolúveis laços do Espírito, tão reais como as que unem a Luz com o Sol de onde veio.

Desse modo, tudo a que nós, como indivíduos, possamos pensar, sentir, dizer ou fazer afeta não somente a nós mesmos como também aos nossos semelhantes, tanto os remotamente distantes com os que estão próximos de nós.

Ainda que o tentássemos por todos os meios não podemos viver apenas como indivíduos ou famílias ou comunidades ou nações separados, porque realmente vivemos num mundo só, que compenetra tudo. Funcionando em nossos veículos, nesse Mundo material, vivemos nesse Mundo; deixando esses veículos, pela morte, entramos nos reinos suprafísicos – nos Mundos suprafísicos ou Mundos invisíveis aos olhos físicos –, mas continuamos fazendo parte do nosso Criador e estamos sob Sua guarda.

Para onde me irei de teu Espírito ou para onde fugirei de Tua face? Se subir aos céus aí estás; se fizer no Sheol a minha cama, eis aí também estás; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e tua destra me sustentará.” (Sl 139:7-10).

O Senhor é meu pastor; não me faltarás. Em verdes pastagens, guia-me mansamente a águas tranquilas, refrigera minha alma, guia-me pelas veredas da justiça, por amor de Seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo.” (Sl 23:1-4).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Senda: o Caminho Estreito e Direto para o seu Desenvolvimento Espiritual Rosacruz

Solitário, cego e nu. Eis o início da longa jornada. Aquele que tanto buscou, passo a passo, a Senda, com suas carnes sangrando pelas pedras e espinheiros do caminho estreito e tortuoso, vê-se de repente no umbral da vida, sem paralelos, sem apoio. No princípio tudo lhe parece vazio e aterrador, mas, já não pode voltar atrás. Tem que avançar mais, sempre mais, já se ouviu a ordem: “Queimem os barcos”[1]. Agora terá de enveredar-se pela Senda afora ou estagnar-se, o que significa morte. Cristo não chama à Senda qualquer um, pois somente às ovelhas sedentas de Verdade e de Vida é que se lhes abrem as portas gigantescas do infinito saber. O Discípulo terá que, sozinho, compreender e lutar no silêncio, sem apoio e sem voz alguma que o oriente e console, até atingir a meta: a morada do Mestre – Cristo –, que o conduzirá pela estrada de ouro do saber, até à Iniciação.

Antes, porém, terá o Discípulo de aprender a guiar seus próprios passos, cuidadosamente, para não cair. Terá de aprender a ouvir, ver, ousar e calar, seguindo apenas a voz do silêncio eterno. Não adiantará perguntar, pois não obterá resposta. Apenas com seu humano saber e sua inteligência escolherá os próprios caminhos. Enfrentará tempestades em mares bravios e lutará em batalhas gigantescas, terrificantes, no mais profundo abandono, até que se apontem os primeiros raios do Sol nascente, rompendo as trevas noturnas da humana ignorância. Então, uma voz potente como as águas dos mares da Terra, lhe dirá: “Vinde, benditos de meu Pai.” (Mt 25:34). E será então chamado de “o Liberto”!

(Publicado na Revista Rosacruz – outubro/1969-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.T.: Há vários exemplos na história, de comandantes valorosos que fizeram a mesma coisa. Dizem que os Vikings faziam o mesmo – ao chegar num porto para invadir um território e conquistá-lo – queimavam seus navios para impedir qualquer possibilidade de recuo. “Queimar as Naus” significa, pois, vencer ou vencer! Outro exemplo foi o do conquistador espanhol Hernán Cortez e foi utilizada de maneira motivacional. Conta-se que ao chegar em terras mexicanas e notar apreensão e medo em seus soldados, Cortez, para impedir que seus soldados fugissem acovardados, ateou fogo aos navios. Não havia modo de voltar atrás. Ou venciam ou morriam. Também dizem que César mandou queimar os navios e os remos, quando chegaram na Inglaterra, para ninguém fazer corpo mole diante do inimigo. Sem alternativas para voltar para casa, eles tinham que vencer ou vencer.

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