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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Valor do Inventário Espiritual

O ano passado, com tudo o que nos proporcionou em termos de venturas e tristezas, êxitos e malogros, já faz parte do passado. É mister, entretanto, proceder-se a um inventário espiritual. O Estudante Rosacruz sincero, por certo, analisará sua atuação durante o período recém-findo, objetivando verificar a extensão de seu progresso e a estatura de seu patrimônio moral. É uma autoanálise. Seguramente evidenciará as falhas de caráter e as virtudes já conquistadas. Fará vir à tona uma série de distorções subconscientes. Mostrará, enfim, as debilidades a serem substituídas gradativamente pelas qualidades opostas, e os pontos positivos que deverão ser fortalecidos. É um dever ao qual não podemos nos eximir.

Não olvidemos o trabalho empreendido pelo Espírito de Cristo, cujo clímax é atingido pelo Natal. Estejamos cientes de nossa responsabilidade perante essa ajuda. O refrão popular “Deus ajuda a quem se ajuda” tem sua razão de ser. Não poderemos usufruir dessa infusão de energia espiritual se nos mantivermos “impermeáveis” a ela. Nosso crescimento será maior e mais rápido na medida em que agirmos consoante a Lei Cósmica.

É lógico, o ser humano mundano é também envolvido pelo Auxílio Crístico, porém em amplitude bem menor do que o espiritualista que se esforça por tornar-se não só um elemento receptível, mas também um canal a espargir as mais elevadas benções. Na proporção em que se aumenta a capacidade de dar, ampliam-se as possibilidades de receber. É uma Lei!

É importante conscientizarmo-nos de que somos canais. Mas só isso não basta. O canal necessariamente deverá estar limpo e desimpedido para que o fluxo através dele não sofra solução de continuidade. Aí encontramos o valor do inventário espiritual. Ele nos propicia o real vislumbre dos atritos a serem eliminados, dando-nos a dimensão exata do trabalho de purificação e regeneração a ser executado.

É louvável nosso desejo de ajudar a Humanidade. É compreensível e confortadora nossa ânsia de trabalhar na “Vinha do Senhor”. Contudo, nós o faremos mais eficientemente se nos libertamos pouco a pouco de nossas falhas.

Preparemo-nos convenientemente para a labuta do ano entrante, delineando alguns objetivos a serem colimados. E que um deles seja o aprimoramento de nosso caráter.

(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Rosacruz – janeiro/1973 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Vitalizemos nosso Arquétipo para Aumentar Nossos Esforços Sempre

Como o pensamento ao final de cada ciclo se volta naturalmente ao passado, é oportuno considerar com que velocidade o tempo ocorre e quão ilusória e evanescente é a vida no mundo dos fenômenos, aqui.

Isso nos faz lembrar, também, como é precioso nosso tempo e a responsabilidade enorme que temos no justo emprego que dele fazemos.

Em verdade, o tempo deveria ser utilizado, quanto mais possível, de modo edificante para que resultasse em maior crescimento da nossa alma. Caso contrário, que aproveitaria o indivíduo “ganhar o mundo inteiro se viesse a perder a sua alma?” (Mc 8:36).

Esta é uma época de sementeira e segundo nos foi ensinado: “aquele a quem muito é dado, muito também lhe será exigido.” (Lc 12:48), incumbe-nos tomar senso de responsabilidade de nossos atos. Respondemos não só pelo que fizemos, como igualmente, pelo que deixamos de fazer. E consoante a gradação de consciência, nós, Estudantes Rosacruzes, que possuímos íntimo conhecimento dos propósitos de Deus e de todas as oportunidades que nos oferece, por mediação amorosa dos Irmãos Maiores, haveremos de responder em maior extensão da responsabilidade, pelo uso que fazemos do tempo.

Do exposto podemos compreender que todos os nossos atos produzem um efeito direto nos Arquétipos dos nossos veículos, influindo na Lei da Vida e da Evolução, de modo a fortalecer o Arquétipo (ocasionando um prolongamento da vida para lograr o máximo de experiência e desenvolvimento anímico, na proporção da capacidade de adaptação e de aprendizado) ou enfraquecendo-os por transgressões à Lei e desarmonia arquetípica, perdendo oportunidade de evoluir pela antecipação da morte.

Aquele que sabe aproveitar suas oportunidades e bem utilizar seu tempo poderá, em poucos renascimentos, conseguir um grande avanço espiritual e aproximar-se da perfeição. Contrariamente, o que malgasta a corrente vital e conscientemente busca fugir a seus deveres de consciência ou aplica suas energias de modo destrutivo, se distanciará da meta, atraindo as mais dolorosas experiências – único meio de recuperação das almas teimosas.

Todos os atos contrários à Lei encurtam a vida, aumentando o número de renascimentos e protelando o “Dia da Libertação”.

A Bíblia, exata e verídica como é, exorta-nos a fazer o bem para que se prolongue nossa vida sobre a Terra. Essa lei abarca todos os seres vivos sem exceção, mas tem maior significação nas vidas daqueles que já estão conscientemente laborando na “Vinha do Senhor”, do que nas dos que desconhecem as Leis. O conhecimento destas verdades deve aumentar uns dez ou até um cento de vezes nosso zelo e interesse em fazer o bem. E mesmo que hajamos começado tarde – como dizem alguns amigos ou algumas amigas – poderemos facilmente acumular um tesouro enorme nestes últimos anos bem aproveitados de nossa existência em fazer o bem, maior até do que em grandes períodos de vidas anteriores, de semi-inconsciência. Sobretudo, estamos nos colocando em linha para iniciar em esferas mais elevadas nossas futuras existências aqui na Terra.

Assim, pois, alimentamos o mais firme propósito de utilizar, do melhor modo possível, nosso tempo e nossas oportunidades na firme esperança de que os frutos colhidos no ano que passou servirão de semente para aumentar nossos esforços no ano entrante.

É o que desejamos a todos expressando melhor augusto de que o Ano Novo seja pleno de realizações espirituais.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1967 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Estação da Primavera

Entramos na Primavera, a mais bela estação do ano. As matas cobrem-se de luxuriante verde-esmeralda, jardins adornam-se de suas mais preciosas joias, as flores dos seus variados matizes.

Os pássaros vestem-se de cores, os cantos florestais tornam-se possantes sinfonias, os arroios correm cristalinos, contentes, saltitando aos beijos mornos do novo Sol, que tudo atrai, fecunda, rejuvenesce num poema de cósmica beleza, em formas e sons. Tudo é euforia, festejando o maravilhoso evento.

E para nós, Estudantes Rosacruzes, torna-se este evento ainda mais festivo, num motivo de júbilo e contentamento, pela volta de nosso Salvador e sustentador, o Cristo Cósmico.

A esposa, quando espera pelo esposo, ou o esposo quando espera a esposa ajeita-se da maneira mais agradável aos olhos do seu amado ou da sua amada. Veste-se da maneira mais apreciada, se arruma do jeito que melhor pode e enche-se de júbilo e de cantos. Da mesma forma, assim terá que acontecer conosco, à volta anual de Cristo, nosso Salvador, nosso Redentor, nosso único Ideal. Teremos que nos preparar fisicamente e espiritualmente para esse grande acontecimento, desalojando a sujeira dos baixos instintos, a poeira da vaidade e do orgulho, revestindo-nos do “homem novo” – como nos ensina São Paulo na sua Epístola aos Efésios (4:22-24): “despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade” –, vivificado em Cristo. Tornemo-nos quais crianças, em simplicidade e novidade de espírito. Fortaleçamo-nos, ou melhor, alimentemos o Cristo criança que em nós há de nascer, através da , da Esperança e do Amor e, acima de tudo, pelo emprego de nossos dons e talentos no trabalho dignificante, amoroso, e desinteressado a todas as criaturas. Imitemos a sábia Natureza que nesta época, dá-se toda generosa, sem limites, através dos tenros frutos que nos alimentam, das chuvas abundantes e amigas, das graciosas flores multicoloridas enfeitando-nos os olhos e a alma.

Façamos, como a Natureza, o “dom” de nós mesmos, “servindo e amando”, ativando e desabrochando o princípio amor dentro de nós, pois, como um instrumento não responde à nota vibrada por outro se não estiverem ambos afinados no mesmo diapasão, da mesma forma, se não afinarmo-nos, por meio da renúncia e de um plano de trabalho sincero, e cheios de boa vontade, à nota Crística, tudo o que fizermos será em vão, porque somente desabrochando e deixando agir o princípio Amor, atributo do Filho, o Cristo, poderemos encontrá-lo, vê-lo face a face dentro de nós mesmos como disse Angelus Silésius:

“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,

se não nascer dentro de ti mesmo,

tua alma seguirá extraviada.”

Somente pela percepção consciente do Cristo interior é que poderemos perceber e sentir o Cristo exterior e nada melhor do que esta época para preparar-nos como digna morada para Ele.

Conforme for se dando essa iluminação interna, ativada pelas Luzes de Cristo nessa Sua descida anual em nosso Planeta, Sua verdadeira Cruz, poderemos, então, tornar-nos trabalhadores conscientes na “Vinha do Senhor” e termos o privilégio de executar a sua tarefa guiando o nosso Planeta. E para tanto, empenhemo-nos, desde já, como servos vigilantes, no trabalho altruístico e amoroso, apressando assim, o grande dia da Libertação de Cristo e a vinda de Seu Reino, a Nova Jerusalém. Esperemos, portanto, com intensa alegria, desde já, quando as Forças Crísticas são ativadas, e com todo o anelo do nosso coração repitamos em tom de amor e humildade: “Senhor, não sou digno que entreis debaixo do meu teto; dize, porém, uma palavra, e minha alma será salva.” (Mt 8:8).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1969 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Palavra-Chave dos Ensinamentos Rosacruzes

Maio de 1912

O tema central da lição do mês passado foi que é nosso dever transmitir os frutos do nosso estudo, em um esforço para beneficiar o mundo. Mas, geralmente, os místicos se mantêm afastados dos seus semelhantes e, por isso, o mundo duvida deles e de suas crenças. Isso não deveria ser assim, e a análise provará que os ensinamentos contestados são relativamente insignificantes, e que a parte mais vital dos ensinamentos encontrarão pronta aceitação e prepararão o caminho para futuras instruções.

O valor de qualquer ensinamento depende do seu poder em tornar as pessoas melhores aqui e agora; fazê-las amáveis, gentis, atenciosas e ponderadas em seus lares, meticulosas e cuidadosas nos negócios, leais com os amigos, dispostos e capazes de perdoar seus inimigos; e qualquer ensinamento assim que é facilmente aplicado e que conduzirá a semelhantes resultados, não precisará de maiores recomendações.

Onde devemos procurar por tal ensinamento? Temos uma monumental cosmogonia que descreve os Períodos do mundo, as Revoluções, as Épocas e as Raças. O estudo dela tornará as pessoas mais bondosas? Ou, se pudéssemos induzi-las a esquadrinhar os mistérios dos números e dos nomes contidos na Cabala, se tornarão mais conscienciosas? Certamente que não; portanto, tal conhecimento é de menor importância. As pessoas terão mais moralidade se nós as ensinássemos sobre a Involução e a Evolução, ou se lhes descrevêssemos a jornada cíclica da alma através do Purgatório e do Céu? Isto não necessariamente, pelo menos até tê-las convencidas de que sob Lei de Consequência estamos sujeitos ao Renascimento e a colher o que semeamos. Mesmo uma simples sugestão de tal crença poderia afastar de nós muitas pessoas.

Mas, você perguntará, então o que sobrou dos nossos ensinamentos? O maior ensinamento de todos e o mais prático. Aquele que não despertará antagonismos em nenhum devoto de qualquer Religião, nem sequer em um agnóstico, pois não é preciso rotulá-lo de ensinamento religioso. Produzirá resultados mais benéficos desde o dia em que for aplicado, e afetará também as vidas futuras sem ter em conta se a pessoa que a pratica ouviu ou não a palavra “Rosacruz”, ou aprendeu alguma coisa dos nossos ensinamentos.

Se realmente você quer trabalhar na “vinha do Senhor” – o mundo – não se isole. O estudo abstrato pode ocupar uma agradável parte do tempo, mas você deve sair para o mundo; deve ganhar a confiança das pessoas na igreja, no clube, no emprego, no serviço, no lazer. Se você der um bom exemplo, lhes perguntarão qual é o seu segredo, e você terá o privilégio de lhes fornecer o maior de todos os ensinamentos jamais conhecido, que é: O Segredo do Crescimento da Alma.

Você poderá falar com eles algo como o seguinte:

“Todas as noites, depois de me deitar, revejo os acontecimentos do dia, em sentido inverso. Eu tento me julgar imparcialmente. Eu me culpo onde a culpa é devida, me arrependo e tomo a decisão de me emendar, de me reformar. Eu me elogio, se o elogio é meritório, e decido ser melhor no dia seguinte. Com frequência, falho em meus bons propósitos, mas continuo com as minhas tentativas e, pouco a pouco, vou obtendo êxito nesse propósito.”

Essa é a propaganda diferenciada.

(Carta nº 18 – do Livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Moderação e o Discernimento

Nosso Corpo Denso é uma máquina esplendidamente organizada e, em grande medida, autoajustável. Mas, mesmo a melhor máquina fica fora de serviço, se não for mantida em funcionamento por alguém que conheça seu mecanismo e, portanto, evite que sua complexa estrutura seja danificada. Se, devido ao desgaste ou ao estrago, manifestar-se um funcionamento impróprio, a mão hábil será capaz de consertar o instrumento e ele será de novo útil.

No entanto, quantos de nós sabem alguma coisa sobre a máquina mais maravilhosa na terra de Deus, o veículo mais perfeito que possuímos: o nosso Corpo Denso? Fingimos operar essa máquina delicada, abusamos dela todos os dias e de muitas maneiras, pecando contra a lei e, depois, culpamos todos os outros, exceto o verdadeiro culpado, quando o pobre e maltratado Corpo Denso se recusa a trabalhar.

Muitos, de fato, são os pecados de omissão e ação responsáveis pela doença. Mas, um dos pecados mais comuns de todas as épocas é a gula. Não vivemos para comer, mas comemos para viver. É seguro dizer que todos comemos demais. A razão física para a maioria das doenças é comer demais: empanturrar-se. Infelizmente, a profissão médica incentiva muita comida, principalmente nos momentos em que pouca ou nenhuma deve ser ingerida, para que o sistema entupido possa ter uma chance de se livrar dos venenos devido à comida que não foi digerida e está fermentando e se decompondo no intestino.

A questão da dieta é muito difícil.  “A comida que é alimento para um é o veneno de outro”. Cada um é uma lei para si mesmo. Não se pode dizer o que e quanto uma pessoa deve comer. Muitos fatores devem ser considerados. Um ser humano que vive uma vida extenuante ao ar livre requer uma dieta diferente daquele que tem hábitos sedentários. Mais uma vez, o alimento adequado a um indivíduo saudável e robusto não serviria para uma pessoa cuja capacidade digestiva esteja prejudicada. Não se trata de quanto comemos, mas do quanto somos capazes de administrar, de construir carne e sangue sadios em nosso Corpo Denso. É algo relativo à digestão e isso significa quebrar a estrutura complexa dos alimentos em substâncias simples. Essas são absorvidas pelo sangue e transportadas para todas as células do nosso Corpo Denso; elas se tornam ossos, nervos, músculos, etc. Esse processo é chamado de assimilação.

Digerir significa decompor o alimento que comemos; para assimilar, para construir as partículas assim adquiridas em um corpo, de modo que somos de fato o que comemos. Todos estão ansiosos e querem saber o quanto comer, mas ninguém se pergunta o quanto consegue digerir. Como já foi dito, a maioria de nós come demais; tomamos muito mais comida do que o necessário para reparar o Corpo Denso; a máquina fica então entupida de cinzas e segue-se a doença e a enfermidade, porque o Corpo Denso não é capaz de digerir todo o combustível injetado; assim, a comida fermenta. Sentir o cheiro do conteúdo de uma lata de lixo meio podre nos dá uma ideia de como é o nosso interior nessas condições.

Suponha que nossa capacidade digestiva seja grande o suficiente para cuidar do suprimento excessivo de comida; mesmo nesse caso muita energia nervosa é desperdiçada, a qual poderia ser usada pelo Aspirante à vida superior para um propósito mais nobre. Além disso, muito mais produtos residuais devem ser eliminados pelos rins, intestinos, pulmões e pele. Por fim, chega o momento em que a pobre máquina fica sobrecarregada, quebra e todas as doenças ou enfermidades se manifestam. É então que clamamos por ajuda, que é dada pela Fraternidade Rosacruz; no entanto, para ficarmos bem temos que aprender a refrear nosso apetite, uma coisa difícil, mas que oferece ampla oportunidade à autodisciplina e à abnegação. Além da vantagem espiritual que ganhamos ao superar os desejos de gula do Corpo Denso, o sacrifício é cem vezes recompensado pela força do Corpo Denso, pela clareza e pela tranquilidade da Mente, que é a nossa recompensa.

Como poderíamos trabalhar na “vinha do Senhor”, se não houvesse uma única deficiência para destruir nossa capacidade de concentrar as forças! O doente, infelizmente, não passa de um pobre trabalhador e é loucura perder tempo na ociosidade porque estamos doentes, quando podemos fazer o bem e conhecer a alegria, o prazer de trabalhar como cooperador de Deus!

A maioria de nós, ao refletir sobre o assunto, reconhece que come demais, mas podemos comer com moderação e ainda pecar contra as leis naturais. A combinação de alimentos é tão importante quanto a qualidade deles. Tanto a moderação quanto o discernimento são essenciais para construir bem e com sabedoria o “Templo de Deus”, que é o nosso Corpo Denso.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Responsabilidade e o Privilégio em Ajudar

A Astrologia Espiritual, tal como é ensinada pela Fraternidade Rosacruz – a Astrologia Rosacruz – é um esquema tão singelo que permite a qualquer pessoa, com suficiente prática, a possibilidade de penetrar e conhecer os arcanos mais profundos da alma humana, desvelando seus temores, suas falsas esperanças, aspirações, seus vícios e defeitos mentais, morais e físicos, que nada mais são do que as causas das doenças e enfermidades dessa pessoa.

Moisés recebeu a ordem de descalçar as sandálias ante a sarça ardente, em reconhecimento ao fato de encontrar-se sobre um solo sagrado e iluminado por uma presença espiritual. Se toda luz do mundo fosse enfocada sobre um determinado artista, seu corpo refletiria essa claridade deslumbrante. Mas seria uma luz artificial, externa e, desse modo, os seus segredos, o seu íntimo, continuariam encobertos. Mas, quando o ator aparece no palco da vida e os raios astrais se concentram sobre ele, por meio do horóscopo natal, torna-se transparente. Podemos, então, penetrar-lhe nos mais íntimos recantos anímicos, pondo em evidência todas suas tendências. Qualquer pessoa que saiba ler as escrituras astrais, movida pelo amor desinteressado e desejo de ajudar, recebe a intuição para deduções surpreendentes, orientando o interessado na solução de problemas que nem ele próprio sabe definir claramente. Pode dar-lhe as mais acertadas diretrizes e contar-lhe as pulsações vitais, como se fosse as de sua própria alma.

Por tal motivo podemos ponderar, muito oportunamente, que o lugar em que se encontrava Moisés não era mais sagrado do aquele sobre o qual está o Astrólogo espiritual Rosacruz.  O horóscopo que nos põem às mãos nos traz uma altíssima responsabilidade. Nunca será demasiado insistir nisso. Estamos com uma alma sobre a nossa palma da mão. Tudo o que dissermos e orientarmos e o modo como fazemos, influi poderosamente na pessoa interessada e na cura. E a par dessa responsabilidade carreamos, também, um maravilhoso privilégio: o de servir, o de contribuir para a regeneração de alguém, de orientá-lo corretamente a elevar-se no mundo em direção às altas finalidades a que Deus o consagrou, a partir da sua disposição para a cura das suas doenças e enfermidades. Por isso deve o Astrólogo Rosacruz, para realizar integralmente sua missão, levar uma vida extremamente pura, de modo a ser digno de permanecer na presença sublime de um Espírito Humano, tal como se revela no mapa astrológico.

O Astrólogo Rosacruz deve ter muito cuidado para não enganar a si mesmo, evitando transferir, inconscientemente, para o próximo, suas próprias limitações. É preciso absoluta imparcialidade para aproveitar o privilégio de ajudar espiritualmente alguém, através da interpretação da mensagem astral. Capacidades refinadas se juntam às intelectuais ou movidas por outros sentimentos inferiores jamais podem realizar essa missão: tanto se prejudicam, acumulando um destino maduro com a prostituição de uma ciência espiritual sagrada, como, por esse modo inconveniente, fecham os canais da intuição, indispensáveis para penetrar os aspectos mais sutis de um tema. Infelizmente, em todas as épocas tem havido pessoas que prostituem essa ciência sublime, pelo apego a uma utilidade sórdida, maculando-a no serviço de desígnios vis. Não é de admirar, pois, com tantos e tais charlatões, venha a Astrologia sendo deturpada e, com o tempo, considerada “crendice tola”, exercida por interesse do falso astrólogo para alimentar ilusões.

Deus não pode ser frustrado: “o que o ser humano semear, isso mesmo colherá”. Se traímos a causa que a oportunidade nos confia e abusamos do privilégio que nos é oferecido, veremos amanhecer, cedo ou tarde, o dia do ajuste de contas. Como consequência de nosso sacrilégio teremos, um dia, de provar o pão da amargura. Não nos esqueçamos: “Aquele à quem muito é dado, muito lhe será exigido”.

Rogamos a Deus que os queridos irmãos, queridas irmãs possam viver sempre à altura de merecer e de bem aproveitar as múltiplas oportunidades de desenvolvimento anímico que Deus lhes oferece, por meio do serviço ao próximo. Aqui está a súmula da Doutrina Cristã inteira. E que o conhecimento astrológico Rosacruz que, por ventura, você está adquirindo poderá ajudá-lo a penetrar na compreensão dessa missão e a realizá-la devidamente, valorizando sua ajuda e dignificando o privilégio maior que pode merecer um ser humano: o de ser partícipe da “Vinha do Senhor” e que é a Luz do Mundo.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – agosto/1968)

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