Vamos olhar para o passado, vamos ficar do lado de fora de uma cidade murada, acho que é o Portão Oeste, enquanto os raios do Sol poente brilham intensamente sobre esta parte do grande recinto, e as sombras das colinas ao redor estão se estendendo sobre o vale, alertando uma grande companhia ali da escuridão que se aproxima e fazendo com que eles se voltem para a cidade.
O dia foi um dia que não pode ser esquecido, pois eles testemunharam muitas coisas maravilhosas, feitas por alguém cujo nome é “Jesus” e esta pergunta parece estar em todos os lábios: “É este o Messias que os profetas disseram que viria? Poderia o homem fazer essas coisas maravilhosas que hoje vimos?”. Este é o único tema que todos eles discutem enquanto passam em direção à cidade.
Mas vamos nos aproximar mais e ouvir, pois há aqueles espalhados entre esta companhia que sentiram o toque e ouviram as palavras “Sê tu completo” ditas, e sabem que alguém maior que os profetas veio.
E enquanto observamos, um se aproxima, um homem que age estranhamente às vezes, enquanto fala com seus companheiros. Ele move um braço para cima e para baixo, abrindo e fechando os dedos, sentindo as cordas e os músculos, beliscando com os dedos da outra mão, aqui e ali, pois ele sente uma nova vida no velho membro murcho, e a pergunta vem aos lábios daqueles, ao seu redor, “Não é este que estava sentado no Portão Oriental, perguntando um pouco daqueles que passavam indo ou vindo da cidade?” Sim, é ele, mas outros se aproximam.
Aqui está uma mãe que, com um amigo, conduz uma criança que, pela primeira vez, fica de pé e se move desajeitadamente como alguém que está aprendendo a andar, e a mãe sempre vigilante guardando (para que ele não caia) segura sua mão; mas ele se solta da mãe e fica sozinho, gritando: “Veja, mãe, como sou forte!” e no momento seguinte ele está enrolado nos braços de sua mãe e a comporta longamente reprimida da alma daquela mãe se abre, pois ela sabe que o toque do Mestre curou.
Outros seguem, e agora uma se aproxima, que parece ter acabado de acordar de um longo sono. Ela fala pouco, mas os grandes olhos estão se movendo e bebendo as belezas do mundo iluminado pelo Sol. Em seus braços estão as flores colhidas na beira da estrada e, enquanto ela levanta o rosto, pressiona uma linda flor em seus lábios. Neste momento, um pássaro passa por seu campo de visão, ela para maravilhada ao ver um corpo passando e se pergunta se este é o som que ela ouve de manhã cedo no jardim. Oh, como ela chora de alegria, enquanto a luz do Sol flui pelas janelas de sua alma, pois apenas algumas horas se passaram desde que a escuridão deu lugar à luz pelo toque deste Grande Curador.
Mas outros estão chegando, e um está com grande pressa. Ele levanta as mãos acima da cabeça e as palavras nos são transmitidas no ar parado: “Limpo, Limpo”. Este não é um daqueles que vieram ao anoitecer perto do Portão da Cidade para obter comida? Sim, queridos amigos, mas então seu grito foi: “Imundo, imundo!”, pois nenhum leproso pode se aproximar sem dar aquele aviso terrível. Ele agora corre para a cidade para se mostrar diante das autoridades para exame, pois este “Jesus de Nazaré” falou a palavra mágica; “Sê limpo” saiu dos lábios do Mestre, e como uma onda elétrica passou por cada fibra de seu Corpo.
E ali está a figura de um homem com os braços cruzados; ele está olhando para a cidade, e o ar suave da noite ainda está reverberando com as Palavras de Vida que Ele falou para a multidão, palavras tão suaves e sutis que você parecia sentir, em vez de ouvi-las: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós. Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que o salgaremos? Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte. Nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas no candelabro, e assim ela brilha para todos os que estão na casa. Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus. Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só ‘i’, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado. Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus. Aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos Céus. Com efeito, eu vos asseguro que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e a dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. (Mt 5:1-20)
Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não recebereis recompensa junto ao vosso Pai que está nos céus. Por isso, quando deres esmola, não te ponhas a trombetear em público, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, com o propósito de serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará. E quando orardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de fazer oração pondo-se em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará. (Mt 6:1-6)
E por qual poder Ele fez todas as suas obras poderosas, qual era o seu segredo? Ele disse: “Por mim mesmo, nada posso fazer: eu julgo segundo o que ouço, e meu julgamento é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” (Jo 5:30). E Ele também disse: “Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas.” (Jo 14:12). Há, portanto, um poder de cura latente dentro de cada um de nós, e quando fazemos como Ele ensinou e entramos dentro de nós mesmos, para orar a Deus-Pai, que é o Grande Médico, também sentiremos a vibração rítmica de Suas grandes asas de cura (“Mas para vós que temeis o meu nome, brilhará o sol de justiça, que tem a cura em seus raios.” (Ml 3:20)), enquanto a voz silenciosa do Consolador fala palavras de facilidade e paz: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso” (Mt 11:28).
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho de 1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Bem no fundo do nosso coração existe o anseio místico que foi implantado no primeiro Natal, quando a luz de Cristo fixou um lugar definido dentro e sobre este denso Planeta Terra.
A história do nascimento de Cristo quer seja entendida literal, mística ou simbolicamente, traz a cada um de nós uma verdade fundamental que eleva todo o nosso ser a uma altura não alcançada até então, à medida que nossas faculdades espirituais evoluem e funcionem para perceber e aceitar tal verdade.
Para o Aspirante à vida superior, as palavras de Cristo, “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6) carregam um significado transcendente. Parsifal pergunta: “Quem é o Graal?”. E a resposta indica uma elevada percepção espiritual:
Se tu foste por Ele convidado,
De ti o fato não será afastado…
À terra para Ele nenhum caminho conduz,
E a busca só nos afasta mais d’Ele, até,
Quando Ele próprio o Guia não é.
Uma verdadeira interpretação da lenda do Natal requer, antes de tudo, um entendimento. Por mais obscuro que ela seja no início, o nascimento do menino Jesus na manjedoura, no estábulo entre os animais, simboliza o primeiro e tênue nascimento da consciência de Cristo dentro de nós.
A minúscula chama interior, que é a chama de Cristo, está adormecida dentro de nós. Ela agora recebe um estímulo suficiente para crescer e se ampliar até que, afinal, nos tornemos um fator poderoso na nossa própria e o primeiro passo em direção a Deus-Pai, por meio do Cristo, o Deus-Filho.
Já alcançamos um estágio nesse Esquema de Evolução que percebemos o nosso veículo de expressão, um conjunto de Corpos e uma Mente, já o vivificamos, de modo que, entre os “animais” da nossa natureza inferior, na manjedoura ou no local de alimentação das nossas faculdades animais, o “bebê” da Consciência Crística nasce. A manjedoura, o berço do Menino Jesus, é um lugar de santuário.
Uma grande manifestação solar se concretiza no Natal. Os grupos de forças que compõem essa manifestação foram personalizados ao longo dos tempos. A história bíblica, quando interpretada corretamente, contém uma aproximação da verdade real. Toda a história do Natal é um símbolo universalmente aplicável.
Em uma data, que hoje chamamos de 25 de dezembro, nasceu o Irmão Maior Jesus, o ser humano que teve a benção de ceder seu Corpo Denso e o seu Corpo Vital – depois, quando tinha 30 anos de idade – ao Cristo, a Luz do Mundo, o portador da Luz espiritual para todos nós. Desde a antiguidade, muitos mitos dizem respeito ao nascimento do “Cristo místico”. Quer tenha nascido em uma caverna, um estábulo ou em outro lugar, esse nascimento tem dois grandes significados simbólicos:
1. O nascimento da “paz na terra aos homens de boa vontade”. A entrega de uma nova Lei a nós, expressa aqui: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.” (Jo 13:34).
2. O nascimento da consciência Crística para aqueles que, verdadeiramente, aspiram às alturas da verdade espiritual. Nenhuma contradição pode contrariar essa verdade universal.
Em sentido Cósmico, o Natal celebra a descida da Luz Divina, o Espírito penetrando e permeando a matéria. No sentido humano, é a descida do Filho de Deus, a Luz Espiritual, à matéria, a entrada do “Ego no Corpo Denso”.
A Véspera de Natal, entre 24 e 25 de dezembro, é considerada a noite mais sagrada do ano, porque nessa meia-noite as influências espirituais são as mais fortes. Na Iniciação, o candidato, por meio da visão espiritual, vê a mística Estrela de Belém, o Sol espiritual que brilhou na Noite Santa, que o conduz ao Cristo interior. Em seu coração ecoa uma canção profética e imortal: “Paz na terra e boa vontade para os homens. (Lc 2:14). Alegrai-vos, filhos da Terra, porque hoje vos nasceu um Rei” (Lc 2:11), os Serafins cantaram naquela Noite Santa, muito tempo atrás.
Presentes foram trazidos para o nascimento de Jesus no casebre do pastor — preciosas dádivas de ouro, incenso e mirra: poder espiritual, sabedoria e movimento foram derramados sobre a criança recém-nascida, a Luz Crística no coração humano, o bebê nos braços de sua mãe, a grande mãe Terra que carrega, nutre e preserva o minúsculo veículo vital. Esses dons, ou qualidades, foram derramados pelos gloriosos Magos dos reinos Cósmicos, que abençoam e enriquecem cada nascimento espiritual e individual.
Esses poderes, em relação à e irradiados pela luz prateada da esplêndida Estrela Crística, derramam sobre nós, ainda que fracos e sofredores, sua influência e força estimulantes, sem as quais o curso nesse Esquema de Evolução seria, para cada um de nós, muito mais difícil e prolongado.
Os Magos, elevados Iniciados, foram atraídos para o lugar sagrado por sua percepção interior e pelo conhecimento do evento cósmico que aconteceria: o nascimento do “Salvador do mundo”. Os três Reis Magos representam aqueles Egos avançados que foram reunidos em propósito comum das três Raças primárias. Seus dons significam as várias faculdades ou invólucros humanos que entram no processo de manifestação. Eles são conduzidos pela gloriosa Estrela ao “Salvador do Mundo”, cujo objetivo da forma física era fornecer um veículo material e etérico para um Espírito universal, o Cristo.
Um dos Reis Magos trouxe ouro, designado simbolicamente como o emblema do Tríplice Espírito.
O outro trouxe o incenso, que é uma substância física de natureza muito leve, frequentemente usada em serviços religiosos, simbolizando o nosso Tríplice Corpo.
E o outro trouxe mirra. É o extrato de uma planta aromática muito rara. Simboliza aquilo que nós (por meio do nosso Tríplice Espírito), trabalhando sobre o nosso Tríplice Corpo, extraímos por meio da experiência no Mundo Físico: a Tríplice Alma.
Maria, a mãe, era o foco da luz, o sagrado crisol etérico onde acontecia a transmutação dos elementos. Ela representa o ideal da pureza, devoção e humildade que torna possível o renascimento do mais evoluído dos Egos humanos.
Os pastores que viram a Estrela caracterizam a visão interior do Fogo Divino, conforme esse Fogo vem para aqueles no plano terrestre, cuja piedade abriu a janela da alma e ativou a Clarividência. O discernimento deles lhes permitiu ver a glória nos Céus e sentir os impulsos espirituais irradiando da Estrela maravilhosa.
A Estrela que simboliza a chama de forças concentradas para trazer à expressão material uma apresentação física do Logos, o “Salvador do mundo”.
Naquele dia o ar estava reverentemente silenciado, como se prendesse a respiração, pois naquele momento estava arrebatadoramente focado em Belém (que significa nascimento). Silêncio, solidão e adoração desenvolvem o olho perspicaz, o ouvido interno e o Espírito sensível.
Especialmente neste Natal não devemos centralizar nosso pensamento nessas verdades? Não devemos meditar sobre a verdadeira interpretação da sublime narrativa do Natal, aprofundando nosso conhecimento e avivando nossa compreensão sobre esse evento místico? Não devemos centrar nossos esforços na expansão de nossa capacidade de servir?
Celebremos este Natal prestando ao Menino Jesus o amor e a homenagem que Lhe são devidos, além dos nossos dons e bênçãos.
Regozijemo-nos com os pastores: “Porque vimos a Sua Estrela no oriente e viemos adorá-Lo” (Mt 2:2). Ele, que ilumina a cada um de nós que viemos ao mundo, permanecendo iluminando o nosso Caminho (querendo a gente ou não).
Afinal, como símbolo da Verdade e da Vida, a Estrela de Belém revela o caminho que conduz a Deus-Pai. Pois foi Cristo que nos ensinou: “Para onde Eu vou, vós também ireis” (Jo 14:2).
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross novembro/dezembro/1995 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Resposta. O Cordão Prateado permaneceu conectado com os veículos superiores de Jesus, que são a Mente e o Corpo de Desejos, e Jesus continuou trabalhando no Mundo do Desejo, até a crucificação de Cristo-Jesus, pois quando o Cordão Prateado é rompido, o influxo de vida aqui na Região Química do Mundo Físico cessa e o Corpo Denso morre. Não é possível transferir a conexão do Cordão Prateado dos veículos superiores de uma pessoa para os de outra. Assim, Jesus esteve conectado com seu Corpo de Desejos pelo Cordão Prateado durante todo o tempo em que Cristo usou o Corpo Denso dele. Isso, no entanto, não prejudicou os movimentos de Jesus, pois o Cordão Prateado, no seguimento entre o Átomo-semente do Corpo Vital e o Átomo-semente do Corpo de Desejos é capaz de extensão ilimitada. Na crucificação ou logo depois dela, o Cordão Prateado foi rompido e a morte do Corpo Denso ocorreu. Então Jesus foi liberado no Mundo do Desejo, levando consigo os Átomos-sementes de todos os seus veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente), e Cristo entrou na Terra e Se tornou o Espírito Planetário dela, função que persiste até hoje.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Maria, a mãe de Jesus, foi o coração de compaixão e compreensão. Quantos de nós teria prestado suficiente atenção à vida e ao trabalho de Maria?
Ela veio cumprir uma missão especial, assim como José e Jesus. A missão dela não foi somente dar à luz ao homem Jesus, que mais tarde cedeu seu Corpo Denso e o seu Corpo Vital a Cristo, mas veio também elevar as condições de toda a Humanidade em virtude do fato de que foi a mãe de Jesus, o indivíduo humano mais importante que já nasceu em toda a história do mundo.
Quando estudamos as vidas de Jesus e de Maria, nos surpreendemos um tanto com a resposta que ela recebeu de Cristo-Jesus, que lemos no Evangelho Segundo S. João 2:4 em relação à conversão da água em vinho. Ele lhe respondeu de um modo admoestador: “Que tenho eu contigo, mulher? Ainda não é chegada a minha hora”.
Porém fixemos atenção na resposta dela, dirigida aos servos: “Fazei tudo que Ele vos disser”. Note-se quão cuidadosamente ela aplainava o caminho para que se consumasse seu primeiro milagre.
Maria e José foram a Jerusalém para a festa da Páscoa, como era costume naqueles dias. Quando voltaram para casa perceberam que Jesus não estava entre eles, voltaram a Jerusalém para achá-lo e o procuraram durante três dias até que o encontraram no Templo entre os sábios e doutores. Todas as mães sabem o que se sente na busca de um filho perdido.
Maria, conhecendo a missão que Jesus trazia, estava desconcertada com seu desaparecimento. Quando o encontrou lhe perguntou por que havia se comportado daquela maneira para com seus pais, e vejamos a resposta dele, como se indica no Evangelho Segundo S. Lucas, 2:49: “Por que me procuráveis? Não sabeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?”. Isto não indica que Jesus, ainda sendo um rapazola, pois tinha então 12 anos, estava plenamente inteirado da parte que lhe correspondia representar, e que tinha que permitir que o Cristo utilizasse seu Corpo durante os três anos de seu ministério?
Maria em seu próprio nome nos traz à mente muitas coisas que nos sãos queridas. Vejamos a letra “M” quantas palavras começam com esta letra: Mãe, multidão, maná, matéria, metafísica, mar, e outras mais. Também temos outras Marias relacionadas com a vida de Jesus, e cada uma delas cumpriu sua missão.
De acordo com Max Heindel, sabemos que Maria e José foram grandes Iniciados. Estavam plenamente conscientes da missão que lhes cabia, assim como Jesus. Também sabemos que através de muitas vidas Maria, José e Jesus haviam renascidos juntos, principalmente Maria e Jesus. Assim como no caso dos grandes músicos, como é de notar nas vidas da célebre família dos Bach. Quando Cristo-Jesus falava com Maria e lhe dava aquelas respostas, era orientado por Cristo e não pelo homem Jesus.
Podemos entender melhor quando Cristo-Jesus, em seu último alento pôs Sua mãe aos cuidados de João, Seu Discípulo, segundo lemos no Evangelho Segundo S. João 19:26-27: “Vendo Jesus sua mãe, e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe“. Fica demonstrando assim o laço profundo entre a mãe e o filho, e que quase Seu último pensamento e ordem foram dela e para ela.
Nos tempos presentes, vemos a mulher tomando o lugar do homem, em alguns casos, e o homem tomando a lugar da mulher em outros casos. Natural e ótimo que isso está ocorrendo. No entanto, há coisas que só a mulher consegue fazer melhor que o homem e vice-versa. E não seria de outra forma, já que quando renascemos em um Corpo Denso feminino é porque escolhemos expressar com mais facilidade a Imaginação do que a Vontade. E quando renascemos em um Corpo Denso masculino é porque escolhemos expressar com mais facilidade a Vontade do que a Imaginação. Um desses lugares e afazeres vemos em um lar. A mulher tem muito mais facilidades, jeito e qualidades para transformar qualquer lugar em um lar e cuidar dele como nenhuma outra pessoa consegue fazer. Maria cumpriu seu trabalho familiar, em um lar, muito bem. Trabalhou com José, porém não encontramos nenhum indício de que ele tivesse ou exercera domínio sobre ela. Porém, encontramos muitos relatos do trabalho de Maria no lar. Sabemos que a veste de uma só peça que Jesus usava quando foi crucificado foi tecida por Maria.
A grande influência que as mulheres têm na vida dos homens está indicada pelo muito conhecido provérbio que diz: “A mão que embala o berço, governa o mundo”. O êxito do homem é, muitas vezes, devido a influência de sua esposa, mãe ou noiva. Temos muitos exemplos disto e todos os grandes homens dão muito crédito aos conselhos maternos. Abraham Lincoln (16º presidente norte-americano – 1861-1865) disse que tudo o que ele era e esperava ser se devia a sua mãe. Em todas a grandes crises encontramos a uma mulher por trás dos bastidores. Nem todas as mulheres com tais capacidades foram boas quando, então, provocaram muitos distúrbios no mundo, mas o fato é que sempre existe alguma mulher no fundo da questão.
De acordo com a Bíblia, José era muito mais velho do que geralmente se supõe. Quando lemos sobre sua participação no plano, notamos sobretudo, seu amoroso cuidado por Maria e Jesus, e sua devoção e completa obediência à vontade de Deus. Todos os seus pensamentos convergiam à ternura para com a mãe e o filho. José deu por cumprida sua missão quando Jesus estava pronto para ceder seu Corpo a Cristo. Somente Maria esteve com Cristo-Jesus com seu amor e devoção, até Cristo-Jesus libertou-se do Corpo Denso, na cruz.
Durante os trinta anos da vida de homem, Jesus obedeceu a todas as leis vigentes aqui. Porém quando o Cristo tomou posse do Corpo Denso e do Corpo Vital de Jesus, no batismo, começou a mudar as leis e dar novos ímpetos ao mundo. Tão logo Cristo-Jesus começou Seu ministério, as mudanças foram maiores e em três curtos anos consolidou a missão para a qual havia vindo, ou seja, a de Salvador do Mundo, inaugurando as condições Cristãs que temos hoje, para quem quiser abraça-las.
Não nos esqueçamos das outras Marias que tomaram parte nas vidas de Maria e de Jesus. Não é estranho que as três tivessem o nome de Maria? Cada uma delas ilumina alguma das fases da vida da mulher. A história de Maria e Marta é uma das quais estamos familiarizados. Por que Maria estava com Cristo-Jesus enquanto Marta trabalhava? Porque Maria Madalena limpou com azeite perfumado os pés do Nazareno? Por que elas tinham parte na missão de Cristo-Jesus? Maria Madalena é uma das Marias que mais nos intriga. Ela tomou parte na redenção. Ela trabalhou seu destino por meio da superação de sua Mente e de sua Alma. Todos sabemos que Maria Madalena havia quebrado muitas leis, porém com a ajuda de Cristo-Jesus, se redimiu, e começou uma nova vida.
Aproximava-se a hora em que Cristo-Jesus tinha que se apresentar aos Judeus como seu Rei e Messias prometido. Quantas alegrias sentiria o coração de Maria ao observar o seu filho fazendo os primeiros milagres de cura. Quanto teria sofrido ao saber que seu filho bem-amado teria que caminhar sozinho os anos restantes de Sua vida. Eis aqui uma grande lição para todas as mães. Quantas há que quando chegue a hora em que seus pequeninos tenham que provar suas próprias asas, e começar a viver suas próprias vidas, estão dispostas a lhes dar a liberdade de que necessitam?
Estudamos no Evangelho Segundo S. Mateus (12:46-50) que quando Cristo falava às multidões, Maria e Seus Irmãos vieram e desejavam falar-Lhe, e sua resposta foi: “Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos? Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Maria compreendeu isto porque sabia que já não tinha o mesmo laço familiar com o Cristo como o tinha com Jesus. Sabemos que durante os últimos dias e noites de prova, Maria falava com Deus e que teve que receber muitas bênçãos, porque valentemente continuou sua missão até o final.
Com a alegria que Maria teve com o menino entre os braços, também teve a dor de sustentar o corpo de Cristo-Jesus, enquanto José de Arimateia procurava o pano para envolver o corpo. Depois de Seu corpo ter sido levado, Maria foi com João Evangelista, pois já sabemos que esse a levou para sua casa e cuidou dela. Maria viveu o suficiente para saber que a missão para a qual ela e Jesus haviam vindo se havia cumprido, e que havia feito tudo de acordo com a vontade e guia Divina.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – setembro/1979 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Quando o autor estava viajando para a cidade de Columbus, EUA, foi mostrado a ele um horóscopo de uma criança, feito por sua tia. Notou-se que o rapaz ia atravessar uma série de crises que durariam seis anos. Durante esse intervalo, muitas coisas más saíram à superfície, e tudo dependeria de tratamento que lhe dispensassem em casa, e infelizmente, a atitude de seus pais era governada pela ignorância das causas ocultas. Em lugar de tolerância, amor e simpatia, não recebia mais do que sermões e castigos. Como se poderia esperar que ele ficasse bom, tratado dessa maneira?
Esses mistérios — as crianças — os temos sempre ao nosso redor. Da maneira como resolvamos o seu enigma dependerá o fruto que colheremos da nossa missão.
Fazer um horóscopo simples para ler o caráter não exige nenhuma inteligência fora do comum. O caráter é o destino, e se conhecermos o caráter de uma criança, poderemos acumular para nós mesmos grandes tesouros no céu, fortalecendo suas boas tendências e ajudando-a, com o exemplo e com o conselho, a evitar o mal.
Um dos melhores usos da Astrologia Rosacruz é, na opinião do autor, determinar o caráter das crianças e educá-las de forma tal que se fortaleçam os seus pontos fracos e se amorteçam as tendências para o mal. Na leitura do caráter, a Astrologia Rosacruz interpreta corretamente em 99% dos casos tendo-se alguma experiência, e nenhum pai, mãe ou responsável pode beneficiar mais a seu filho ou a sua filha do que estudando o horóscopo dele ou dela, e melhor será se ele aprender a fazê-lo por si mesmo. Enquanto isso, pode-se pedir a um Astrólogo Rosacruz, que conheça a Astrologia Rosacruz, que levante o tema para o filho ou para a filha.
Se bem que a Astrologia Rosacruz seja uma Ciência certa absolutamente, deve-se ter em conta que o Astrólogo Rosacruz é um ser humano e, portanto, falível. Ainda que o Astrólogo Rosacruz consciencioso, com muita habilidade, possa dar um horóscopo correto, pode, não obstante, enganar-se e, quando menos o imagina. O autor disse somente uma vez que uma certa predição não fracassaria e essa vez fracassou.
Havia uma escapatória que depois se viu, porém, os Aspectos eram tão fortes que parecia impossível que o acontecimento previsto pudesse fracassar. Esse acontecimento QUASE aconteceu, porém, ficou frustrado no momento crítico, demonstrando assim o poder da parte que admitia uma possível escapatória.
As predições, às vezes, fracassam devido a um fator que o astrólogo não pode prever: o livre arbítrio humano.
Enquanto os seres humanos se deixam arrastar pelas ondas da vida, levados daqui para ali pelos ventos das circunstâncias, a tarefa de predizer é fácil para o astrólogo competente e cuidadoso, que pode predizer corretamente para a grande maioria, pois os horóscopos mostram as tendências, e não levando em conta o esforço individual, a humanidade segue essas tendências sem resistência. Porém, quanto mais desenvolvido esteja o ser humano, tanto mais fácil é para o astrólogo equivocar-se; pois ele só pode ver as tendências; a vontade humana é um fator que não se pode calcular, por estar além das indicações do tema. Na natureza das coisas, deve haver esse elemento de incerteza. Se as condições fossem rígidas e inflexíveis, não havendo modificação possível, isso mostraria que um destino inexorável governava a vida humana, e de nada serviria o menor esforço para mudar tais condições, porém se as predições fracassam algumas vezes, isto é motivo de esperança, pois demonstra que dispomos de algum livre arbítrio.
Há uma classe de predições em que a Astrologia Rosacruz é quase infalível e de grande utilidade: a de determinar a afinidade entre as pessoas, de maneira que em vez de ser o matrimônio uma espécie de loteria, ou de azar, pode ser o resultado mais ou menos exato de tal união. Por certo não haveria necessidade de divórcio se um astrólogo competente houvesse recomendado a união.
Sabemos que a vida humana é governada por uma grande Lei da Natureza: a Lei de Consequência, a qual estabelece que todos os nossos atos são causas que produzem inevitáveis efeitos, tão seguramente como uma pedra atirada ao ar volta para a terra. Debaixo dessa grande lei tornamos a nos encontrar uma e outra vez com amigos e inimigos, e parece impossível que possamos estabelecer a mais estreita das relações, o matrimônio, com um estranho. O autor sabe que quando alguém pede um horóscopo sobre o seu matrimônio, se as predições são favoráveis, invariavelmente realizam a cerimônia, porque está de acordo com o seu desejo, porém quando o astrólogo se vê obrigado a predizer um desastre, também invariavelmente o interessado diz: “Este astrólogo não merece crédito”, e trata logo de casar-se, como deseja, ou então procura outro astrólogo que lhe dê uma resposta mais favorável.
O melhor de todos os empregos que se pode dar à Astrologia Rosacruz é no tratamento dos doentes, e este é o único emprego que o autor faz dessa ciência.
Temos falado da Lei de Consequência, que produz, a seu devido tempo, os resultados dos atos passados, sejam desta ou de outras vidas. As estrelas são o Relógio do Destino, por assim dizer, os doze Signos do Zodíaco correspondem ao mostrador do relógio, o Sol e os Planetas, com seus lentos movimentos, indicam o ano em que determinado acontecimento deve realizar-se, enquanto a Lua, animada de movimento mais rápido, nos indicará o mês.
Há certas pessoas que se encontram particularmente sob a influência da Lua: os lunáticos. Em suas vidas sentem especialmente todas as mudanças da Lua e os astrólogos podem predizer, nesses casos, não só o dia como até a hora em que as crises se manifestarão.
Quando alguém fica doente, as crises podem ser vistas no horóscopo e, por seu intermédio, é possível acompanhar a marcha da enfermidade, de maneira que os momentos mais propícios sejam aproveitados. Então os remédios curativos terão efeito muito maior. Se o médico não pode fazer muitos progressos devido a condições planetárias adversas, pode pelo menos dizer quando se produzirão as modificações.
Caso como este ocorreu com o autor na cidade de Duluth (Estados Unidos), quando lhe pediram para ajudar uma senhora que sofria de envenenamento do sangue. Os doutores já a haviam abandonado. Ao levantar o seu horóscopo, viu-se que sete anos antes ela tinha sofrido uma crise semelhante e que outra teria lugar daí há alguns dias, quando a Lua Nova agravaria as condições.
Sofria ela grandes angústias e toda a família se reunira em torno dela e já se despedia dos parentes, esperando morrer. Logo que a Lua obscureceu, começou a diminuir os sofrimentos e vinte minutos depois a paciente estava repousando com calma e sem dores.
Em dois dias o veneno baixou do abdômen para as pernas. Porém, a Lua Nova deteve o progresso, e ao terceiro dia começaram de novo as dores nos membros inferiores. Lutou-se contra a enfermidade durante três dias, e se bem que se conseguisse fazer as dores passarem com os tratamentos, elas voltavam uma ou duas horas depois, e tudo ficava como antes. Notou-se bem claramente que maior alívio não era possível até que a Lua chegasse a fase “cheia”. Foi dito isso à enferma, acrescentando-se que ao chegar aquela ocasião a enfermidade cederia aos tratamentos e que a dor cessaria. No dia designado, a senhora se levantou pela manhã e pôde pôr os pés no solo com facilidade: ela estava curada.
Um médico cirurgião de Portland dizia que a experiência lhe ensinara a executar todas as operações, sempre que possível, na Lua Crescente, porque então a vitalidade era maior e as feridas se curavam com maior rapidez do que quando a Lua estava no minguante.
Para o ocultista, os doze Signos do Zodíaco são os veículos visíveis das doze grandes Hierarquias Criadoras que ajudaram o ser humano a desenvolver-se até o seu atual estado de consciência própria, sendo o Sol a veste da Inteligência Espiritual mais elevada manifestada em nosso sistema, atualmente. Os sete Planetas, Urano, Saturno, Júpiter, Marte, Terra, Vênus e Mercúrio, são os corpos dos sete Grandes Anjos Estelares de que falam todas as Religiões: os sete Espíritos ante o Trono, os sete Arcanjos dos Maometanos; os sete Ameshapendas dos persas, os sete Rishis dos Indus etc. Eles agem de acordo com a Lei de Consequência e são os ministros do nosso Senhor, o Deus Solar, tendo cada um o cuidado de uma parte definida da Vontade de Deus.
Deles surgimos como espíritos, em sete raios, sendo que um deles é nosso Astro-Pai, subsistindo assim durante todas as nossas vidas. Esse fato não impede que nasçamos em diversos momentos e sob muitas configurações astrais, para que possamos adquirir variadas experiências, e nosso horóscopo mostrará qual é a estrela regente particular da nossa vida atual, porém não conheceremos o nosso Astro-Pai senão na última Iniciação (a Quarta Iniciação Maior ou Cristã).
Todos os que emanaram do mesmo Astro-Pai são irmãos no mais íntimo sentido, almas gêmeas, em todas as suas vidas terrestres, e ninguém pode entrar numa escola superior de ocultismo que não seja composta de irmãos do mesmo raio ou Anjo Estelar de que foram emanados. Isso é o que Cristo Jesus queria significar quando disse: “Vosso Pai e meu Pai” (Jo 20:17) dirigindo-se aos seus Discípulos.
Jesus e seus Discípulos eram almas gêmeas no mais alto significado, emanadas do mesmo raio. Aos fariseus, dá-lhes uma origem distinta, chamando-os filhos do mal, de Saturno ou Satanás. Porém, não se deve admitir que Saturno seja mau. Tem ele a cumprir uma missão no reino de Deus que também é boa: ele é a influência subjugadora, que produz a dor e põe um dique à nossa arrogância; é o tentador que mostra as nossas imperfeições, para purgar-nos do mal e fazer-nos perfeitos e virtuosos. E suas virtudes são muito grandes: castidade, justiça, retidão inflexível, se bem que lhe falte a compaixão e o amor, que vêm das forças do formoso Planeta Vênus. De Vênus vem também a música, as artes, que servem para elevar-nos para a natureza superior das coisas. Júpiter é o farol que nos inspira elevados pensamentos, nos dá devoção a Deus e aspirações altruístas. Marte dá-nos energia necessária para efetuar nosso trabalho na vinha do Senhor. Se não fosse por sua influência o ser humano não teria vigor nem coragem. Em seus Aspectos adversos produz as paixões, as guerras e as lutas, porém isso é devido a empregarmos mal as energias que dele recebemos, e da mesma maneira Vênus dará sensualidade e Júpiter, a indolência; porém, quando permitimos que as suas boas influências se desvirtuem e se pervertam por nossa natureza inferior, Saturno vem e nos submete a duras provas, às penas e tribulações, para fazer-nos voltar de novo ao caminho do progresso e da pureza.
Mercúrio é o Mensageiro dos Deuses, é a fonte da Sabedoria, da qual a Mente humana obtém o seu tom. É o menor dos Planetas, porém é o Anjo Estelar que tem a mais importante missão com respeito à Onda de Vida humana. De sua posição e configurações no horóscopo depende que a vida que começa seja devotada ao “Eu Superior” entregue às paixões inferiores, porque a Mente é o elo entre a natureza superior e a inferior, e se Mercúrio está colocado de tal forma que incline mais aos prazeres dos sentidos do que aos da alma e às alegrias superiores, o fim será muito triste. Mas deve-se sempre recordar que nenhum ser humano se vê compelido ao mal, e que quanto maior é a tentação tanto maior será a recompensa que obtém quando sabe sobrepor-se às paixões ou às tendências indicadas no horóscopo.
Os Astros impelem, porém não obrigam, de maneira nenhuma. Em última análise, somos árbitros do nosso destino, e, apesar de todas as más influências, está em nosso poder dominar nossas estrelas por meio da vontade, o báculo da nossa divindade, ante o qual tudo o mais deve inclinar-se.
Disse Ella Wheeler Wilcox, uma poetisa inspirada:
“Um barco segue rumo a leste, e outro a oeste, embora sopre o mesmo vento.
É a posição do leme e não o vento que determina a rota.
Como os ventos do mar são os desígnios do destino, conforme viajamos pela vida.
São os atos da alma que determinam a meta e não a calma ou a luta”.
(De Max Heindel – Traduzido da revista Rays from The Rose Cross e Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1978)
Junho de 1913
Um dos pontos de maior importância nessa lição mensal, e sobre o qual existe um mal-entendido generalizado, tem a ver com a vinda de Cristo e ao veículo que Ele usará. A Bíblia fornece esse ensinamento muito claramente e os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes estão em total acordo com ela; daí difere radicalmente da concepção atual e comum sobre esse assunto, tanto a da maioria dos Cristãos como entre aqueles que, involuntariamente ou por outras razões, apresentam falsos Cristos para enganar os incautos. É, portanto, de vital importância que os Estudantes da Escola Ocidental devem compreender este assunto completa e inteiramente, por isso, nós reiteraremos, resumidamente, os pontos de fundamental importância dos Ensinamentos Rosacruzes contidos no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” e em alguns outros livros da Fraternidade Rosacruz.
Cristo é o mais elevado Iniciado do Período Solar; a Terra era, então, formada de matéria de desejos e o Corpo mais denso do Arcanjo Cristo era formado deste material.
Ninguém pode formar um veículo de material que ele não tenha aprendido a moldar; por isso, o Espírito Cristo trabalhou com a nossa Humanidade de fora da Terra, da mesma forma que os Espíritos-Grupo guiam os animais, até que Jesus, voluntariamente, cedeu o seu Corpo Denso e seu Corpo Vital no Batismo. O Espírito Cristo, então, desceu e entrou nesses dois veículos e, usando esses dois Corpos para viver no Mundo Físico, forneceu o Seu ministério aos seres humanos, até que o Corpo Denso foi destruído no Gólgota, quando Ele se tornou o Espírito Interno e permanentemente presente da Terra. O Corpo Vital de Jesus foi guardado para o uso especial, para esperar o segundo advento de Cristo.
Cristo nos advertiu contra os imitadores, e surge a questão: “Como podemos distinguir o falso do verdadeiro?”. S. Paulo nos fornece informações bem definidas que, se prestarmos bem atenção nelas, estaremos salvos totalmente de enganos.
S. Paulo nos ensina (ICor 15:50): “Digo-vos, irmãos: a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus”. Ele insiste que esse Corpo será mudado à imagem do próprio veículo de Cristo (Fp 3:21[1]), e em (IJo 3:2[2]) encontramos o mesmo testemunho.
Assim, é evidente que qualquer pessoa que venha em Corpo Denso, se proclamando que é Cristo, é ou um demente, e digno de compaixão, ou um impostor, que merece desprezo e reprovação. Nem ficamos incertos quanto à natureza do veículo no qual encontraremos Cristo e seremos semelhantes a Ele. Na Primeira Epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses (4:17[3]) é-nos dito que encontraremos o Senhor no ar. Portanto, necessariamente devemos ter um veículo de textura mais delicada do que a do nosso Corpo Denso atual. A transformação exigirá séculos, no que diz respeito à maioria das pessoas.
Na Primeira Epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses (5:23[4]), São Paulo diz que o ser completo humano consiste de Espírito, Alma e Corpo. Quando finalmente abandonarmos o Corpo Denso, como Cristo o fez, nós funcionaremos num corpo chamado soma psuchicon (Corpo-Alma), como dito na Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios 15:44[5]. Em nossa literatura, esse é o Corpo Vital, um veículo feito de Éter, capaz de levitação e da mesma natureza do Corpo usado por Cristo depois da Crucificação. Esse veículo não está sujeito à morte, como o nosso Corpo Denso e é, finalmente, transmutado em Espírito, como aprendemos em nossa literatura e é confirmado na Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, no Capítulo 15.
Por conseguinte, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental estão em perfeita concordância com a Bíblia quando afirmam, mais enfaticamente, que Cristo nunca voltará “na carne” (isto seria um retrocesso para Ele). Da mesma maneira que a larva rompe o seu casulo que a aprisiona e se transforma em uma borboleta que voa entre as flores – processo deslumbrante de animada beleza – assim algum dia nós nos livraremos desse invólucro mortal que nos prende à Terra e ascenderemos ao céu como almas viventes, radiantes de glória, ansiosas por encontrar o nosso Salvador na “terra das almas”, o Novo Céu e a Nova Terra. Este é um dos pontos principais da doutrina da Escola Rosacruz, e nós confiamos que nossos Estudantes se esforçarão por assimilar totalmente este assunto, para que possam “dar uma razão” à fé deles.
(Cartas aos Estudantes – nº 31 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: “…que transfigurará o nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso, pela força que lhe dá poder de submeter a si todas as coisas”.
[2] N.T.: “Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas o que nós seremos ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.”
[3] N.T.: “em seguida nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor, nos ares.”
[4] N.T.: “O Deus da paz vos conceda santidade perfeita; e que o vosso ser inteiro, o espírito, a alma e o corpo sejam guardados de modo irrepreensível para o dia da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”
[5] N.T.: “…semeado corpo psíquico, ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo psíquico, há também um corpo espiritual.”. Na versão inglesa, o versículo 44 diz: “Existe um Corpo natural e um Corpo espiritual”; mas o Novo Testamento não foi escrito em inglês e, como os tradutores nada sabiam dos ensinamentos internos, não tinham ideia de como traduzir a palavra grega que para eles parecia sem sentido, por isso, a traduziram como a compreenderam. A palavra que é usada e traduzida como “corpo natural” é soma psuchicon. Soma é uma palavra grega que, todos concordam, é Corpo – não há dúvidas quanto a isto. Mas Psuchicon – psuche – (psyche) – a alma – um Corpo-Alma do qual nunca ouviram falar; provavelmente pareceu-lhes tolice, de maneira que traduziram a palavra como “Corpo natural”. É verdade que S. Paulo diz na 1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:23, que o ser de todo ser humano é Espírito, Alma e Corpo, mas, provavelmente, eles interpretaram Alma e Espírito como sinônimos. Existe, porém, uma grande diferença, como é explicado nos Mistérios Rosacruzes: este Corpo-Alma é o veículo a que S. Paulo se refere e no qual encontraremos Cristo. É composto de Éter e, portanto, capaz de levitação e de passar por paredes, uma vez que toda matéria densa é permeada com Éter. Os Auxiliares Invisíveis o usam hoje, como Cristo o fez.
Resposta: Enquanto o Sol entra em Câncer, no mês de julho o Senhor Cristo ascende ao Seu próprio mundo, o Mundo do Espírito de Vida. Esse é o reino onde a unidade e a harmonia reinam supremas, onde cessa toda a separatividade, onde reina a Fraternidade Universal. Cristo vive nesse Mundo cotidianamente, exatamente como nós vivemos aqui, no Mundo Físico, quando estamos encarnados.
O Mundo do Espírito de Vida também é a esfera de consciência que os primeiros Discípulos de Cristo contataram no Dia de Pentecostes. Isso será alcançado por toda a humanidade avançada no fim do presente Período Terrestre.
Por meio da operação do Cristo Cósmico é aqui que o Filho ou o princípio da Palavra e o segundo aspecto da Trindade, nosso Abençoado Senhor, contata a Hierarquia Criadora de Câncer, Querubins. Esses Seres celestiais são os guardiões de todos os lugares Sagrados no Céu e na Terra. Eles guardam até mesmo o maior mistério da vida. Sob a orientação do Senhor Cristo esse mistério sagrado é transmitido para baixo, de Câncer para o seu Signo oposto, Capricórnio, e fornecido para a Hierarquia Criadora dos Arcanjos ou Hierarquia Criadora de Capricórnio.
Foi por essa razão que o Salvador do Mundo, que veio para a Terra proclamando o mistério do Espírito Santo, teve o início da Sua primeira vinda sob o Signo de Capricórnio.
Para isso ter ocorrido, houve um tempo em que as forças de Capricórnio permearam a Terra para que fosse possível o nascimento do Mestre Jesus, da descendência de Davi, que se converteu no portador, cedendo o Corpo Denso e o Corpo Vital para Cristo (que como todo Arcanjo só sabe construir, como corpo mais denso, o Corpo de Desejos).
E assim, desde a Sua primeira vinda, a força Crística dourada, todo ano, recomeça o seu trabalho de auxílio para nos salvar, descendo da fonte do Sol, tocando a partir do lado externo da atmosfera terrestre no Equinócio de Setembro, passando pelo Mundo do Desejo durante novembro (Escorpião), passando pela Região Etérica do Mundo Físico durante dezembro (Sagitário) e chegando ao centro da Terra no Solstício de Dezembro (Capricórnio).
Que as Rosas floresçam em vossa cruz
Estava escurecendo na noite de Natal e a vovó estava sentada perto da lareira. Os membros mais jovens da família estavam ficando cansados e aproximaram-se dela, quando ela começou a cantar baixinho.
Uma vez, na cidade real de Davi,
Havia um humilde galpão de gado
Onde uma mãe colocou seu bebê
Em uma manjedoura como cama;
Maria era aquela mãe gentil,
Então os pequenos juntaram-se a ela porque todos conheciam os hinos de Natal.
“Vovó”, disse Charles, que tinha doze anos e já era bastante “crescido”, “não creio que a nossa professora da Escola Dominical saiba muito, pois no domingo passado ela disse que Cristo deve nascer dentro de nós. Apenas imagine isso! Um dos meninos lhe perguntou algo sobre isso e ela respondeu: ‘Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém e não dentro de você, na verdade você está desamparado’”.
“Certamente parece muito estranho, Charles, se você não tem a explicação”.
“Ora, vovó, você acredita que haja algum sentido nisso? Alguns meninos riram disso”.
“Se quiser, direi o que penso que significa”, disse a vovó.
“Ah, eu sei”, Grace gritou do sofá onde acariciava o gatinho. “A Srta. Brown, que pega a aula das meninas mais velhas, disse na semana passada que Cristo e Jesus não eram os mesmos, embora muitas vezes nós confundimos um com outro. Jesus era o filho de Maria e José, e por serem o melhor homem e a melhor mulher daquela época, o Anjo lhes disse que deveriam receber um filho pequeno. Ele se tornaria um homem maravilhoso, mas nasceria em uma manjedoura”.
“Grace, isso não ajuda sequer um pouco”, interrompeu Charles, “você não está deixando isso mais claro”.
“Todos os Anjos cantaram ‘Paz na Terra’”, disse a pequena Ellen ao lado da avó.
Grace continuou — “Jesus foi o melhor e mais santo homem que já existiu e quando foi batizado por João no rio Jordão, ele tinha trinta anos. Ele sabia que tinha preparado seu corpo para Cristo e quando o povo ao redor viu uma linda pomba voar sobre a cabeça de Jesus, ele já havia partido e subido para os Mundos Celestiais”.
“Isso”, acrescentou Grace em voz baixa, “foi quando Cristo, o Filho do nosso Pai, tomou o corpo de Jesus e viveu nele durante três anos”.
“Grace, sua professora lhe contou todos os fatos com muita clareza”, disse a vovó, “mas isso não responde exatamente à pergunta de Charles sobre ‘como pode Cristo nascer em nós’. Quando tentamos, como Jesus fez desde pequeno, fazer apenas o que sabemos ser certo, quando nos mantemos alegres e positivos e não deixamos que as coisas ou pessoas nos perturbem, quando tentamos fazer tudo o que vemos e sabemos que devemos fazer, quando tentamos amar a todos, mesmo as pessoas mesquinhas e rabugentas, então somos como Jesus e estamos preparando nossos corpos para que o amor de Cristo nasça dentro de nós”.
“Nenhum de nós poderia conter todo o amor de Cristo, mas cada um pode ter uma pequena parte dele colocada dentro de si, que crescerá assim como um bebê se transforma em algo forte e belo. E quando estivermos prontos para parar de dizer ‘não quero’ ou ‘não vou’ e deixarmos Cristo vir e nos guiar, Ele entrará em nosso coração. Ele nascerá lá e nos ensinará a amar como Ele ama. Cristo, você sabe, não é uma pessoa, mas um Espírito e pode facilmente entrar neste templo que estamos construindo para Ele e que chamamos de nosso corpo, seja ele grande ou pequeno. Quando Ele nasce dentro de nós, ficamos muito felizes e procuramos amar a todos”.
“Assim como faz a vovó”, disse Charles, enquanto se aproximava e a beijava.
“Ah, eu queria tanto ser assim”, disse Graça, pensativa.
“Vamos cantar ‘Ouça os Anjos da Guarda’”, pede a pequena Ellen do seu lugar junto ao joelho da avó.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1920 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
“O Serviço de Páscoa em Mount Ecclesia foi realizado, como de costume, ao nascer do Sol, ao redor da Cruz colocada na estrela de flores douradas, localizada no centro do gramado circular, em frente ao prédio da biblioteca. Em nenhum momento emitimos convites especiais ou nos esforçamos para ter um número específico de pessoas presentes, mas vale ressaltar que, como de costume em todos os eventos importantes, o número de presentes, multiplicado ou somado, fez o número 9, que é o “Número do Homem” e o número de graus dos mistérios menores para os quais a Fraternidade Rosacruz é uma escola preparatória. Nesta ocasião estiveram presentes 33 pessoas.
Às cinco e meia Max Heindel, como de costume no Serviço de Páscoa, tomou seu lugar ao lado da Cruz e dirigiu-se aos presentes. Ele disse, em parte, o seguinte:
‘Se entrássemos em uma igreja ortodoxa ou assistíssemos aos cultos feitos ao ar livre da manhã de Páscoa, realizados em muitos lugares por todo o país, provavelmente ouviríamos a história da ressurreição de um indivíduo chamado Jesus, que morreu por nossos pecados na Sexta-feira Santa e ressuscitou dos mortos no Domingo de Páscoa. Embora a história da vida de Jesus, conforme registrada nos Evangelhos, seja praticamente verdadeira e nós O amemos e veneremos pelo nobre trabalho que Ele fez e está fazendo pela humanidade, olhamos além: para a importância e o significado esotérico da Páscoa’.
‘Se esta fosse simplesmente uma festa para comemorar a morte de um indivíduo, então seria, à primeira vista, uma tolice fazer dela uma festa móvel; não fixamos a morte de Lincoln pelo Sol, como sabemos que é o caso da Páscoa em relação ao Cristo, como comumente se supõe; pois esse evento é sempre determinado pelas Conjunção do Sol e da Lua no Signo de Áries, o carneiro ou cordeiro. Primeiro, o Sol e a Lua devem chegar a uma Conjunção, que é a Lua Nova; depois a Lua deve seguir seu curso no meio do círculo do Zodíaco até que se torne uma Lua Cheia; então, o primeiro domingo seguinte a esse evento é o Domingo de Páscoa”.
‘Isso mostra claramente que não estamos comemorando a morte de um indivíduo, mas que este é um festival solar. No entanto, não adoramos o Sol, a Lua e as Estrelas. Fazer isso seria idolatria. No entanto, sabemos que o Sol é o veículo físico da Divindade, assim como os Planetas são os veículos dos Sete Espíritos diante do Trono. Portanto, percebemos que o Espírito de Cristo que iluminou o corpo de Jesus e entrou na Terra no Gólgota não completou o sacrifício de uma vez por todas, assim como o Sol, ao brilhar sobre a superfície da Terra apenas uma vez não pode fazer as plantas crescerem para sempre nem envolver a Terra com o seu calor continuamente. Mas a cada ano, quando o Sol desce em direção ao nodo ocidental, no Equinócio de Setembro, o raio vitalizante de Cristo entra na superfície da Terra e permeia nosso globo até o centro, que atinge quando o Sol está em seu ponto mais baixo de declinação e quando falamos do nascimento do Salvador, no Natal’.
‘Então, quando o Sol começa a ascender em direção ao Equinócio de Março, essa grande onda vitalizadora de força dinâmica volta a ascender à periferia da Terra, fertilizando os milhões de sementes adormecidas no solo. Ele impulsiona a seiva nas árvores e as faz brotar, de modo que a floresta se torna um abrigo nupcial para o acasalamento de animais e pássaros. Esta força cósmica de Cristo é libertada da escravidão da Terra na Páscoa, quando ela se esgota, depois de dar sua vida pelo mundo’.
‘Assim, há uma inspiração e uma expiração na natureza e o mundo não poderia existir sem essa impregnação anual pela força cósmica do Cristo, assim como não podemos existir sem respirar continuamente o ar oxigenado em que vivemos. Logo, de fato, o Cristo nos dá anualmente o pão da vida; mas não apenas em sentido físico. Há, além disso, uma efusão espiritual durante os meses de junho, julho, agosto e meados de setembro da qual podemos nos beneficiar muito, se estivermos dispostos a nos sintonizar com suas vibrações. Esse é o verdadeiro pão da vida no sentido mais elevado da palavra e sem ele nossas almas morreriam de fome; daí a nossa grande gratidão ao Cristo pelo seu sacrifício anual’.
Naquele momento, quando a borda superior do Sol se tornou visível apenas sobre as montanhas do Leste, Max Heindel solicitou aos reunidos: ‘Vejam o nascer do Sol’, enquanto agradecia silenciosamente e oferecia orações e louvores.
Quando o Sol nasceu completamente e a região circundante, verde e alegre com uma profusão de flores, estava banhada pelo Sol brilhante, Max Heindel proferiu aos reunidos a antiga Saudação de Páscoa, ‘O Senhor ressuscitou’, para a qual a resposta é: ‘Sim, Ele verdadeiramente ressuscitou’.
Isso concluiu os cultos na Cruz e o grupo se dirigiu à Pro-Ecclesia, onde foi realizado o tradicional culto de domingo de manhã.”
(Relato de Augusta Foss Heindel, publicado na Revista Rays from the Rose Cross de maio/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Uma compreensão esotérica do significado da Crucifixão revela que essa experiência é uma consumação gloriosa do Caminho da Cruz. Em lugar de exclamar: “Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?” (Mt 27:46), Cristo Jesus exclamou triunfalmente: “Deus meu, Deus meu, como me glorificaste!”.
Essas passagens da Bíblia nos fornecem exemplos para ajudar na nossa compreensão:
“Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como os malfeitores, um à direita, outro à esquerda”.
“Contudo, Jesus dizia: Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartiram as vestes d’Ele, e lançaram sortes”.
“O povo estava ali e a tudo observava. Também as autoridades zombavam e diziam: Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é de fato o Cristo de Deus, o escolhido”.
“Igualmente os soldados o escarneciam e aproximando-se, trouxeram-lhe vinagre, dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo”.
“Também sobre Ele estava esta epígrafe: ESTE É O REI DOS JUDEUS”.
“Então, Jesus chamou em voz alta: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E dito isso expirou” – (Lc 23:33 a 38-46).
A libertação do Espírito de Cristo do corpo de Jesus, o homem, possibilitou que a Terra recebesse um Espírito Planetário morador, e com a chegada dessa poderosa e purificadora força tornou possível para todo Aspirante à vida superior que o deseje, entrar no Caminho de Preparação e de Iniciação Rosacruz e alcançar as alturas da glória espiritual.
A inscrição colocada acima da cruz de Cristo Jesus, “lesus Nazarenus Rex ludaeorum”, dá a chave que tem lugar no corpo do ser humano que está no Caminho de Preparação e de Iniciação Rosacruz. As letras I N R I representam os nomes dos quatro elementos em idioma hebreu: lam – “água”; Nour – “fogo”; Ruach – “espírito” ou “ar vital”; labeshah – “terra”. Desses quatro elementos se compõe os nossos Corpos e por meio da espiritualização deles chega ao ponto em que Jesus chegou, podendo sair de seus veículos inferiores e viajar em seu Corpo-Alma. Como nos disse Max Heindel: “Este estado do desenvolvimento espiritual do Cristão Místico implica reversão da força sexual criadora de seu curso ordinário para baixo, mudando-a em um curso ascendente através da espinha dorsal tripartida, cujos três segmentos estão governados pela Lua, por Marte e Mercúrio, respectivamente, e nos quais os raios de Netuno acendem, então, o Fogo Espiritual regenerador.
Essa ascensão põe em vibração as duas Glândulas Endócrinas: Corpo Pituitário e a Glândula Pineal, provocando a visão espiritual, e golpeando o seio frontal inicia-se o ponto simbolizado pela coroa de espinhos, causando fortes dores à medida que a união com o Corpo Denso se queima por meio do Fogo Espiritual, o qual desperta esse centro de seu longo sono para uma vida vibrante ascendendo aos demais centros da estrela estigmática de cinco pontas que também são vitalizados, e todo o Corpo resplandece em uma glória dourada.
Então, em uma arrancada final, o grande vórtice do Corpo de Desejos localizado na posição referencial do lóbulo superior do fígado se liberta, e a energia marciana contida nesse veículo impele para cima o “veículo sideral” (assim chamado devido aos estigmas da cabeça, das mãos e dos pés que estão localizados na mesma posição relativas uns aos outros, como os pontos de uma estrela de cinco pontas), que ascende e atravessa a caveira (Gólgota), enquanto que o Cristão crucificado emite seu grito de triunfo: “Consumatum est” (está consumado) , e se eleva para as sutis esferas para buscar a Jesus, cuja vida imitou com tal êxito que daí para a frente não mais se separará d’Ele”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1983 – Fraternidade Rosacruz – SP)