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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Jó: a Nossa Própria História

O livro de Jó constitui uma das mais belas páginas das Sagradas Escrituras. Emoldurado por um lirismo sem igual, relata, esotericamente, as desventuras de um homem – anteriormente rico e poderoso – que num curto espaço de tempo viu-se despojado dos bens que possuía, de seus entes queridos e até da própria saúde: “Havia na terra de Hus um homem chamado Jó: era um homem íntegro e reto, que temia a Deus e se afastava do mal. Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. Possuía também sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas mulas e servos em grande número. Era, pois, o mais rico de todos os homens do Oriente.” (Jó 1:1-3).

Quando uma pessoa suporta com resignação um destino pontilhado de adversidades, diz-se, popularmente, que “ela tem uma paciência de Jó”. Isso, porém, não é exato. Quem conhece esse livro do Antigo Testamento sabe que Jó não era tão conformado assim. Tão logo caiu em desgraça, passou a contender contra a Divindade, lamentando profundamente seu estado.

No primeiro versículo delineia-se o perfil de Jó: era íntegro, reto, temente a Deus, rico, poderoso, etc. O próprio Senhor se orgulhava dele, a ponto de, num diálogo com Satanás, apontá-lo como modelo entre os homens.

Satanás, porém, ardilosamente, responde: “Mas estende tua mão e toca nos seus bens; eu te garanto que te lançará maldições em rosto.” (Jó 1:11).

E Jó foi provado. Perdeu todos os seus bens, servos e filhos. Contudo, em tudo isso não atribuiu a Deus falta alguma, a ponto de proclamar: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. Iahweh o deu, Iahweh o tirou, bendito seja o nome de Iahweh.” (Jó 1:21).

Satanás, contudo, não se deu por vencido. Voltou à carga. “Iahweh disse a Satanás: “Reparaste no meu servo Jó? Na terra não há outro igual: é um homem íntegro e reto, que teme a Deus e se afasta do mal. Ele persevera em sua integridade, e foi por nada que me instigaste contra ele para aniquilá-lo”. Satanás respondeu a Iahweh e disse: “Pele após pele! Para salvar a vida, o homem dá tudo o que possui. Mas estende a mão sobre ti e, fere-o na carne e nos ossos; eu te garanto que te lançará maldições em rosto”.

Seja!”, disse Iahweh a Satanás, “faze o que quiseres com ele, mas poupa-lhe a vida”. E Satanás saiu da presença de Iahweh. Ele feriu Jó com chagas malignas desde a planta dos pés até o cume da cabeça.” (Jó 2:3-7).

Quando as coisas chegaram a esse estado, Jó mudou seu comportamento. Aquele homem íntegro, justo, sempre pronto a adorar ao Senhor, tornou-se sombrio e revoltado. Amaldiçoou o dia de seu nascimento, procurou de todas as maneiras justificar suas queixas, protestando contra a severidade de Deus, lamentando a miséria em que caiu e afirmando nada mais esperar desta vida.

Em meio a todo esse sofrimento, recebe a visita de três amigos, Elifas, Bildade e Zofar, desejosos de consolá-lo de todo o mal que lhe sobreveio. Na realidade trataram apenas de repreendê-lo e acusá-lo de uma série de falhas, sem, contudo, procurarem explicar as razões de tanto sofrimento.

Surge outro personagem Eliú – mais sensato e esclarecedor – admoestando Jó e seus três amigos.

Finalmente o Senhor convence a Jó de sua ignorância. Este confessa e admite sua fragilidade diante das oscilações da vida. E, no último capítulo, Deus restaura a prosperidade de Jó: “Então Iahweh mudou a sorte de Jó, quando intercedeu por seus companheiros, e duplicou todas as suas posses.” (Jó 42:10).

Esta é a história de Jó, narrada literalmente. À luz do esoterismo, qual o significado profundo dessa narrativa? Analisemos, primeiramente, a figura do principal protagonista.

Jó, antes de mais nada, representa um ser humano convencional, observador, zeloso das tradições, das normas sociais vigentes, etc. É o seguidor da Lei no seu sentido rigorosamente literal e formalista. Não enxerga um palmo fora desses limites, é incapaz de vislumbrar alguma coisa além da forma, nem admite ao menos essa possibilidade. Foi condicionado desde tenra idade a “viver assim”. Nada o fará mudar, a não ser o sofrimento, esse indesejável, mas, às vezes, inevitável “tratamento de choque”.

Jó, outrora poderoso, seguro da proteção divina, imaginou-se depois o homem mais infeliz do mundo. Sua vida se resumia aos bens perdidos.

Notamos aí o sentido admiravelmente psicológico desse livro. Antigo, como a própria Bíblia, ele conserva uma juventude, um frescor, uma atualidade notável. Se tentarmos enquadrá-lo no cotidiano, encontraremos vários símiles.

Jó prefigura um ser humano moderno comum, alicerçando sua segurança nos valores e posses exteriores.

Não raro acredita em condições imutáveis, sequer imaginando a possibilidade de oscilações em sua posição socioeconômica. Imutáveis só mesmo as Leis Cósmicas. As condições materiais são transitórias, sujeitas a transformações. Não fosse assim a evolução seria impossível. Portanto, que segurança as coisas exteriores podem oferecer? Nenhuma é claro. As convenções, as tradições, o formalismo pouco ou nada ensejam em termos de segurança.

Não é de admirar que pessoas colocadas diante de uma situação como a de Jó caiam num desespero avassalador, capaz de levá-las até ao suicídio.

Tudo isso é decorrência de um desconhecimento da nossa verdadeira natureza. Nós somos um Espírito, uma Centelha Divina em evolução. No primeiro capítulo do Gênesis lemos que “O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus”. Cada um de nós é um microcosmo, tendo em si, potencialmente, todos os atributos do macrocosmo. Através da evolução procuramos dinamizar ou transformar em consciência essas faculdades latentes. Essa herança divina infinita todos nós a recebemos. O grau de evolução de cada um é determinado pela maneira como essa herança encontra sua expressão.

Em nosso íntimo existe uma fonte inesgotável de faculdades, um verdadeiro universo de possibilidades. Quantos, entretanto, estão conscientes dessa verdade? Uma minoria já desperta para a grande realidade do Espírito, a despeito das milenares exortações para o ser humano descobrir-se a si mesmo.

Séculos antes de Cristo, esse apelo já figurava no frontispício do templo de Delfos, na Grécia: “homem, conhece-se a ti mesmo”. É, ao mesmo tempo, um convite e um desafio a cada um de nós para empreender a mais fascinante de todas as jornadas: um mergulho em nós mesmos. As Escolas de Mistérios e as expressões esotéricas de todas as Religiões ensinam isso.

Eis porque Jó caiu numa prostração total. Ele, como todo ser humano convencional, não se conhecia intimamente. Toda sua conduta era orientada por fatores externos, por padrões estabelecidos de fora para dentro. É o escravo das fórmulas, das convenções. Não tem uma filosofia de vida própria; nada criou internamente. Qualquer mudança brusca em sua vida gera uma lamentável desorientação. Nem sequer lhe passa pela cabeça a ideia de que uma transformação em sua vida pode constituir-se na gestação de uma vivência superior.

As aparentes dificuldades nada mais são que estímulos para uma ascese espiritual, para a busca de níveis mais elevados de consciência. Dessa maneira, não há razão para desespero. Nossa origem é divina. No Universo só há um poder: o Poder de Deus. Portanto, o pessimismo, o desânimo, a angústia são uma negação de Deus no ser humano.

Todas as soluções podem ser encontradas no interior de cada um de nós, na imensidão de nossa real natureza. Max Heindel, em sua obra “Cartas aos Estudantes” recomenda-nos submeter todos os problemas ao “tribunal interno da verdade”. Nesse templo sentimos a Divina Presença em nós. Ali nos identificamos com a “Fonte de todas as coisas”. Naquele sacrário o Aspirante à vida superior pode afirmar: “Eu e o Pai somos um[1].

O próprio Cristo proclamou que o “Reino de Deus está dentro de nós” (Lc 17:21). “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.” (Jo 14:12). “Procurai o reino de Deus e Sua Justiça e todas as coisas ser-vos-ão dadas por acréscimo.” (Mt 6:33).

Ora, se o Reino de Deus, com todas as suas benesses, está dentro de nós basta procurá-lo para que nossa vida seja plenitude.

Tudo depende de nós, de como nós agimos ou reagimos às situações. Quando Cristo curava os enfermos, não afirmava: “Eu te curei”. Não. Simplesmente dizia: “Tua fé te curou. Vai e não peques mais para que não te suceda coisa pior.” (Jo 5:14). A fé não é uma qualidade adquirida, originária do exterior. É um atributo interno, um estado de espírito. É, no dizer de S. Paulo na Epístola aos Hebreus, capítulo 11, versículo 1: “Na certeza das coisas que se esperam a convicção de fatos que não se veem.”. É o sobrenatural manifesto no recôndito do ser. É esse estado de espírito que realizava as curas descritas nos Evangelhos. Encontrava-se no próprio indivíduo a possibilidade de curar-se pela fé e também de enfermar-se pela transgressão.

A Oração Rosacruz nos dá uma ideia de como todas as possibilidades e potencialidades estão em nós: “Não te pedimos mais luz ó Deus, mas olhos para ver a luz que já existe. Não te pedimos canções mais doces, senão ouvidos para ouvir as presentes melodias. Não te pedimos mais força, mas sim o modo de usar o poder que já possuímos. Não te pedimos mais dons, amado Deus, mas senso para perceber e melhor usar os dons preciosos que já recebemos de Ti”.

O que deflagra as causas é a maneira que se pensa, se sente e se crê em nosso íntimo. Isso determina nosso modo de agir, gerando, em consequência, efeitos correspondentes.

Não existe força no Universo capaz de nos atingir sem que tenhamos contribuído para tal. Deus, em manifestação no indivíduo, só almeja o crescimento. Deus é o único Poder infinito. Matemática e cientificamente é impossível haver dois infinitos, pois um anularia o outro. Não há mal exterior capaz de nos derrubar! O que nos infelicita é a nossa própria ignorância ou nosso acervo de atributos ainda não regenerados. É a nossa “natureza inferior”.

Satanás quer dizer “adversário”, “antagonista” ou “tentador”. Ao contrário do que muita gente pensa, não é o adversário do Deus macrocósmico. Já foi dito: “Deus é o único Poder infinito”. Satanás é nosso próprio adversário, e só nos atinge porque temos pontos frágeis, não porque é mais forte que o Divino em nós. Davi golpeou Golias em seu ponto fraco. Aquiles sucumbiu porque sua única parte vulnerável foi alvejada. As hordas bárbaras só lograram invadir o Império Romano por esse se encontrar debilitado pela permissividade, corrupção e desunião. O organismo humano só enferma quando suas defesas naturais se encontram combalidas.

Jó, naturalmente, não possuía “vivência interior”. Era um homem formalisticamente reto, íntegro e temente a Deus, revestido de tênue verniz ético, um superficialismo religioso, sujeito a um dia ser posto à prova, como de fato o foi. Chegara, portanto, a hora da verdade.

Os três amigos, ou seja, Elifaz, Bildade e Zofar, representam o raciocínio comum e as crenças tradicionais, válidos até certo ponto, mas sem poder suficiente para soerguer e fortalecer nos agudos momentos de crise.

O cotidiano nos é pródigo em exemplos de como isso é verdade.

Elifaz, Bildade e Zofar, no fundo também formalistas, limitavam-se a censurar seu amigo, sem ao menos tentar explicar as razões de Sua desgraça. E a Jó, impotente diante de todo esse quadro, nada mais restava senão justificar-se e atribuir à Divindade todos os males que o afligiam.

Surge, então, a figura de Eliú (a natureza superior) afirmando sabiamente: “Mas é o espírito no homem, o alento de Shaddai[2] que dá inteligência.”[3]. Argumenta com Jó até convencê-lo de sua própria ignorância, de sua falta de fé, de seu superficialismo. Jó aceita humildemente as ponderações, reconhecendo suas falhas. Era o prenúncio de mudança para melhor. No último capítulo lemos o relato de como Deus restaurou a prosperidade de Jó: “Então Iahweh mudou a sorte de Jó, quando intercedeu por seus companheiros, e duplicou todas as suas posses.[4].

Isso ocorre quando nós no nosso íntimo nos harmonizamos com tudo e com todos, comungando com a Divindade. Da agitação passamos a quietude, sentindo uma paz inimaginável. Já não pensamos em nós mesmos, não nos angustiamos com problemas; apenas oramos, vivemos e agimos em função das carências alheias. Ao atingir esse estado de consciência, de total esquecimento de nós mesmos, obtemos acesso a todas as riquezas e a todos os poderes. Tornamo-nos um instrumento, um canal de fluxo e expressão de todas as bênçãos e talentos.

Eis aí o significado desse livro. Em suas linhas deparamos com a luta travada continuamente em nosso interior. É, em realidade, a nossa história, a de um ser humano, ajudando-nos a ter uma visão objetiva de nós mesmos.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1980 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: Jo 10:30

[2] N.R.: o Todo-Poderoso

[3] N.R.: Jó 32:8

[4] N.R.: Jó 42:10

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Que Posso Eu Fazer para Ajudar Eficazmente?

Qualquer Religião ou Filosofia é benéfica unicamente na medida em que a praticamos em nossas vidas diárias e a capacidade de nossa compreensão é o grau em que traduzimos seus conceitos em ações, com o objetivo de ajudar.

Não podemos todos ser reis, presidentes ou líderes em nosso país ou esferas de atividades. Se, portanto, nossas circunstâncias são tais que não podemos ver nenhuma possibilidade, próxima ou distante, de executar coisas de “importância”, então, que podemos fazer para pôr em prática nossas ideias dentro de nossa própria família, da sociedade ou comunidade que pertencemos e na nossa vida diária de trabalho e atividades?

Para nós, Estudantes Rosacruzes, podemos atribuir que a Fraternidade Rosacruz, cujos ensinamentos estamos desejosos de aplicar, estão baseados ou conectados em alguma forma com Cristo, de maneira que, antes de tentar responder nossa pergunta, seria bom que tratássemos de entender, tão brevemente como seja possível, exatamente porque veio Cristo e o que foi que Ele procurou fazer e logo, tendo-O como nosso ideal, podemos, como Seus auxiliares, reajustar nossa pergunta inquirindo o que é que podemos fazer para continuar Sua obra.

Na Filosofia Rosacruz se nos ensina que Cristo veio preparar o caminho para a emancipação da humanidade do Espírito de Raça e Espírito de Família e reunir as raças, os povos e as nações separados em um vínculo de paz e de boa vontade, unindo toda a família humana em uma Irmandade Universal ou Fraternidade Universal, na qual todos, voluntária e conscientemente sigam a lei do Amor.

Cristo veio, portanto, preparar-nos para a libertação de qualquer tipo de governo externo, para fortalecer nossa Individualidade (nosso Tríplice Espírito) e o desenvolvimento da confiança própria pelo exercício do livre arbítrio.

À primeira vista, parece que ao fazê-lo, Ele frustraria Seu próprio objetivo de unirmo-nos a uma Fraternidade Universal de Amor, uma vez que, quanto mais duramente nos convertamos em indivíduos, mais nos inclinamos a ver unicamente nossos próprios direitos e ignorar os dos outros. Tornamo-nos imbuídos com um sentido de separatividade em que nos sentimos distintos dos demais seres, vivendo todos em um mundo no qual as condições são tais que devemos lutar por nossas próprias finalidades materiais, sem dar muita importância a se prejudicamos ou não aos demais nesse processo. É esse esforço para executar nossas próprias finalidades, sem considerar os outros, o que nos traz todas as lutas em nossas famílias e na sociedade, nos negócios e na vida em geral, quando estamos aqui renascidos.

Porém, com o desenvolvimento do nosso livre arbítrio, a ação e a reciprocidade de cada um durante o desenvolvimento dão um sentimento de responsabilidade pelo qual aprendemos a reconhecer os direitos dos outros e confessar que quando reclamamos nossos direitos queremos, na realidade, privilégios, porque não estamos preparados para assumir as responsabilidades que acompanham os direitos.

À medida que aprendermos a reconhecer os nossos semelhantes como indivíduos em estado de desenvolvimento, chegaremos à conclusão de que deve haver tolerância entre uns e outros e assim, gradualmente, obteremos a realização do ideal de Cristo representado onde todos, felizes e conscientes, seguem a lei do Amor. É, então, que começamos a perguntar a nós mesmos: onde posso me adaptar dentro do esquema das coisas? Que posso fazer para cooperar com a obra de Cristo e ajudar para que Seu ideal se realize? Uma vez que a forma ideal é que todos, satisfeitos e conscientes, sigam a lei do Amor, é evidente que qualquer coisa que façamos deve ser algo que ajudará a realizar o almejado e elevado estado de coisas.

Quando felizes e conscientes seguimos a lei do Amor, como poderá ela encontrar expressão em nossas vidas diárias? Seguramente no afeto e na ajuda, imbuídos com a simpatia que nasce da inteligência. Então não é a prática diária dessas coisas a resposta de nossa pergunta? Parece muito simples, porém quando tratamos de pô-las em prática, essas coisas não são nem simples e nem fáceis.

Na vida em família, quando as pessoas não vivem em harmonia, é sempre tão simples e fácil reconhecer o ponto de vista do outro com o objetivo de ter paciência e ajustar-se a si mesmo em vez de esperar sempre que o outro faça o ajuste necessário? Na vida dos nossos negócios, é fácil permanecer paciente e atento contra as injustiças dos superiores, os zelos dos colegas, as desonestidades dos concorrentes e os transtornos gerais da vida diária? E em nossa vida em geral se, por exemplo, um partido político que está no poder não representa nossa classe particular de político, podemos refrear um pouco a crítica maldosa e dar, ao menos, um pouco de crédito aos ideais que fielmente se seguem?

O exemplo é sempre muito mais eficaz que o predicar, e qualquer movimento nessa direção o faz um pouco mais fácil para que outros façam o mesmo, e ao fazê-lo, o círculo se amplia; e estamos de fato ajudando ativamente na grande obra de Cristo, unindo as nações separadas em vínculo de paz e amor. Ao falar algumas palavras de simpatia para aliviar uma alma oprimida, ou dando um sorriso para infundir alegria a outra pessoa, cooperaremos na obra de Cristo!

Assim estaremos cumprindo um dos preceitos Rosacrucianos, que diz que devemos nos esforçar cada dia para servir aos nossos semelhantes com amor, modéstia e humildade em qualquer oportunidade que se nos ofereça e ao fazê-lo estamos cumprindo uma das advertências de Cristo quando disse: “O que for o maior entre vós, seja o servo de todos” (Mt 20:26). Se é a grandeza da Alma o que desejamos, ali está a promessa e o caminho!

Outro preceito nos diz que o silêncio é uma das maiores ajudas no crescimento anímico, portanto, devemos procurar o ambiente de paz, equilíbrio e quietude. Ao praticar a benevolência, a reflexão, a simpatia e a inteligência estamos de fato criando tal ambiente, que levaremos conosco para onde quer que formos. Se nossa atitude habitual para com os demais é de uma inteligência simpática, expressada em bondade de pensamento e ação, devemos levar a paz em nosso íntimo e devemos adquirir equilíbrio, porque só assim não ficamos facilmente “transtornados” pelo que os outros dizem ou fazem. Assim, nos encontramos em todas as situações com uma tranquilidade e paz internas que são mais efetivas que todos os ruídos do mundo.

Estaremos cumprindo ainda um terceiro preceito, no qual, enquanto desenvolvemos inteligência, simpatia e afeto, devemos necessariamente aprender a ser indulgentes e isso conduz ao controle de si mesmo, que é um dos maiores passos para a própria segurança, virtude capital do Aspirante à vida superior.

Já nos foi dito em repetidas ocasiões, por meio da literatura Rosacruz e em nosso Ritual Devocional do Serviço do Templo que “o serviço amoroso desinteressado para com os outros é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus”. Como podemos oferecer serviço amoroso e desinteressado a outros, a não ser que desenvolvamos a qualidade inestimável da inteligência? É estranho, porém certo, que, se fazemos todos os dias as coisas comuns e simples de uma maneira simpática, bondosa e inteligente, estamos fazendo a obra do Mestre e ajudando a cumprir nossa oração diária “Venha a nós o Vosso Reino”. Na realidade, o Reino de Deus não pode vir a nós de outra maneira.

Volumes se têm escrito oferecendo soluções a todas as deficiências dos seres humanos quando temos a solução na simples sentença: “Amai-vos uns aos outros.”. É tão simples, que em nossa perversidade procuramos todas as classes de coisas complexas que, sendo muito humanas e materialistas, levam internamente a semente da sua própria destruição, enquanto o simples mandamento de Cristo leva dentro de si mesmo a semente de seu próprio êxito.

Poderia existir a horrível consequência de uma depressão econômica se o ser humano enfrentasse seu semelhante com inteligência e afeto? Poderia existir a fome, a miséria, a pobreza, a escravidão e todas essas coisas horríveis que resultam da manipulação do sistema do dinheiro para o benefício de alguns, se nos amássemos uns aos outros? Seguramente o remédio depende da educação do ser humano para usar o dinheiro e seu poder para o bem-estar de seus semelhantes, usando-o com boa vontade e simpatia.

Poderia existir a contenda política internacional e guerras se os diretores das nações fossem um pouco mais compreensivos dos pontos de vista das outras nações e com desejo sincero de obter o bem-estar comum? Se todos nós que somos as unidades de nossas nações agíssemos com inteligência e amor, não somente para com o nosso povo, mas também com todos os de outras nações, seguramente que seria uma arma de paz muito mais poderosa que todas as armas de guerra. É indiscutível que Cristo precisa de nossa ajuda para vencer Seu propósito de unir os seres humanos e nações que estão separados; e os povos e diretores de nações devem colaborar nessa tarefa.

Então por que não cooperamos hoje, agora, expressando a todos os seres, onde quer que se encontrem, a bondosa e simpática inteligência que com o tempo guiará a Fraternidade Universal, na qual todos, felizes e alegremente, seguirão a lei do amor?

(Traduzido da Revista “Rays From The Rose Cross” e publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1971-Fraternidade Rosacruz-SP) 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Para os que se desanimam em estudar nos Cursos de Astrologia Rosacruz

Muitos de nós quando se inscrevem nos Cursos da Fraternidade Rosacruz se enchem de muita alegria e entusiasmo. Esperam por uma nova lição e assim que ela chega, a leem e releem e tornam a ler, para assimilar o conteúdo e elaborar as respostas. Normalmente isso acontece com o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz, com o Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz e com o Curso de Estudos Bíblicos baseado nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Do mesmo modo, muitos de nós percebem que tal entusiasmo não acontece com os Cursos de Astrologia Rosacruz!

Alguns admitem até, durante anos, entender a astrologia como uma coisa de adivinhação e sem bases científicas, e iniciam o Curso de Astrologia Rosacruz até com essa cisma. Uns, vão entendendo, compreendendo, persistindo, persistindo e persistindo. Outros, tentam pular etapas, vão se enganando, e, aos poucos, vão desistindo ou fazendo sem a aplicação, ênfase e dedicação necessária e suficiente que se espera de um aspirante à Astrólogo Rosacruz.

As dúvidas sobre as bases científicas são naturais, pois é fruto de séculos de enganação com uma Astrologia que, muitas vezes, nos foi apresentada mais como uma adivinhação barata do que como uma Ciência Divina. Aqui está uma ótima oportunidade para se fazer o Exercício Esotérico do Discernimento, como fornecido no Livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos”. Como separar o mundano, o falso, do divino, do verdadeiro?

Que a Astrologia Rosacruz é uma Ciência Divina, isso não há dúvidas. Para atestar isso leia o livro “Astrodiagnose e Astroterapia”. Nesse livro, Max Heindel e Augusta Foss Heindel deixam claro que a Astrologia Rosacruz é uma Ciência Divina e deve ser utilizada única e exclusivamente para a Cura Definitiva (a cura que envolve o Corpo e a Alma, simultaneamente) das doenças e enfermidades (que nada mais são do que indicativos de lições que escolhemos aprender, ainda no Terceiro Céu, e que viemos nessa encarnação com partes do corpo que nos indicam, ainda latentes, que devemos prestar a atenção para nos dedicar a aprender tais lições e que, se insistimos em não aprendê-las, a latência se tornará ativa e a doença ou enfermidade se manifestará. Se nos mantemos alertas e aprendemos a lição, transformando (ou sublimando) aquele vício, defeito, falha ou problema em bom hábito – e depois em virtude – a doença ou enfermidade não se tornará ativa e passaremos a vida toda sem tal coisa se manifestar em sofrimentos e dores. Afinal, quaisquer coisas materiais que precisamos, teremos na medida, no tempo e quando for necessária. No livro “Teia do Destino” temos essa medida: “As invocações usadas para pedir coisas temporais são magia negra; pois temos a promessa de: ‘Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas’. Cristo nos indicou o limite a que podíamos aspirar no Pai Nosso, quando ensinou Seus discípulos a dizer: ‘O pão nosso de cada dia dai-nos hoje‘. Tanto no que diz respeito a nós mesmos como aos demais, devemos nos resguardar de ultrapassar esse limite na invocação científica”. Afinal, podemos considerar as enfermidades sob dois aspectos: a latente e a ativa. As tendências latentes estão indicadas pelas configurações adversas do Horóscopo. Se os pais são astrólogos ou tomam a sério os conselhos do astrólogo espiritual, a respeito das tendências de seus filhos, poderão ajudá-los de modo que as doenças possam ser evitadas ou, no caso em que isso não for possível, a pessoa possa ter condições de melhor lidar com elas e extrair o crescimento anímico que as doenças lhe proporcionam. É a mesma lei que diz: “se um elo de uma corrente está fraco, mas nunca a esticamos além do que ela pode, jamais se romperá”. Todavia, se as mesmas tendências de outras vidas, os abusos e as transgressões às leis de harmonia continuam nesta existência, aí se manifestarão os pontos débeis. Primeiramente surgem os sintomas, indícios de que a enfermidade se acha em processo de materialização (pois começa nos veículos Vital, de Desejos e Mente, para, finalmente, manifestar-se no Corpo Denso). “Quando se provocam os Aspectos adversos e a enfermidade aparece, as posições progredidas dos Astros orientam o curador a estabelecer um quadro completo do caso. Só o exame global do Horóscopo nos pode dar orientação segura do caráter da pessoa e o melhor modo de ajudá-la. A natureza física é indicada pelo Ascendente; pela posição e Aspectos do governante e suas configurações. Também precisamos examinar a sexta Casa, que rege a saúde e enfermidade. Isso tudo nos dará uma chave da natureza da enfermidade e o modo de removê-la ou contemporizá-la em estado latente. Por outro lado, devemos ver o papel que o enfermo deve desempenhar, em colaboração, e aí entra sua disposição física e tendências morais, marcadas pela posição do Sol e outros pontos do Horóscopo. Nossa esperança é que muitos profissionais da saúde de Mentes amplas e aquarianas, propensos a estudar um método mais avançado de diagnóstico, se achem dispostos a empregá-lo uma vez comprovada a sua eficácia”.

Quaisquer outros usos são distorções do objetivo da Astrologia Rosacruz e tende a cair na vala da adivinhação ou do palpite para se tentar conquistar algo material ou imaterial ou “justificar” o porquê do agir de um modo ou de outro. E esse tipo errado de uso é muito fácil de identificar, pois quem assim o faz, não utiliza somente o material da literatura Rosacruz para Astrologia, mas está sempre introduzindo material de outras fontes e que, logicamente, tem os mesmos objetivos de buscar “razões” para um comportamento, uma conquista de algum bem ou a justificativa para isso ou aquilo.

Um outro motivo que pode ser uma das causas dos desânimos é “descobrir” que a Astrologia Rosacruz aponta “tendências de ocorrer” e não a certeza inexorável que acontecerá. Aqui está outro equívoco, quando se esquece da máxima ocultista, como aprendemos na Astrologia Rosacruz: “os Astros impelem, mas não compelem” aplicada de maneira superficial e mesquinha. Sim! Tudo que está no nosso Tema são tendências. Nada nos é imposto, pois temos o livre arbítrio (somos criados à “imagem e semelhança de Deus”). Não é porque a pessoa tem Saturno de um modo ou de outro no Tema que tem que se comportar desta ou daquela maneira. No entanto, se ela tem Saturno assim e isso lhe dificulta resistir a alguma tentação (que, ao cair nela, ativará uma doença ou enfermidade) então, deve saber que todas as vezes que lidar com tais assuntos indicados, deve redobrar o seu cuidado, pois já sabe que tem dificuldades naqueles assuntos e a chance de cair na tentação é maior do que para outro irmão ou irmã que não tem Saturno assim. A medida, a intensidade, a dificuldade disso só a pessoa que tem o Saturno assim sabe. Por isso, é importante e indispensável cada um levantar o seu próprio Tema e interpretá-lo. Jamais solicitar a outrem fazer isso, sob pena de cair no erro de quem interpretou, ter uma análise superficial da questão ou, ainda, ser enganado de propósito. Se alguém utilizar a Astrologia Rosacruz para levantar o Tema de outras pessoas estará gerando destino maduro para si mesma (e a pessoa que solicitou também) que se transformará em dívidas a serem pagas nas próximas vidas. A única situação em que assim se faz é quando é para filhos com idade menor de 14 anos, desde que feito pelos pais ou pelo responsável, para entender como melhor ajudar a tais filhos na Cura definitiva.

O estudo em conjunto é muito importante, pois um ajuda o outro e todos saem ganhando, mas o foco tem que ser naquilo que a Astrologia Rosacruz se propõe: cura definitiva das doenças e enfermidades.

Lembremos: a saúde, tê-la ou não, está diretamente correlacionada com os assuntos como personalidade, finanças, filhos, amigos, casamento etc. E tudo isso se aprende nos três Cursos de Astrologia Rosacruz.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Só Coisa: a Vida

Quando Cristo estava na Terra, Ele constantemente enfatizou uma coisa: a Vida. Ele disse que era “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6) e que veio para que possamos tê-la em abundância. Essa era a Sua missão, trazer mais vida ao mundo. É para nós obtermos essa percepção da vida e da sua unidade, para que possamos encontrar o Cristo dentro de nós. Se não temos vida, então é nosso primeiro dever para com nós mesmos e nossos semelhantes não perder tempo, mas encontrar e aumentar essa vida interior.

Quando fazemos isso, desenvolvemos o poder de cura, que é o Cristo; e sem Ele (que é vida) nada podemos fazer. Em outras palavras, Ele disse “buscai primeiro o Reino de Deus (vida) e sua justiça (correto uso) e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” (Mt 6:33). Com a Mente aberta e os olhos que enxergam deve ser patente para todos nós que Ele quis dizer a vida, a única essência do Universo. Nela vivemos, nós nos movemos e existimos; vamos aonde queremos e como queremos, não podemos fugir da vida.

Assim, o Cristo, sabendo que essa consciência era a primeira coisa a se obter, porque com ela temos o poder de atrair todas as outras coisas para nós, disse que a vida era o caminho e que ela também é a verdade. Ele é tudo isso.

Então, se quisermos ter mais do Cristo, vamos desenvolver mais vida e manifestá-la em todos os nossos atos e pensamentos; que seja a luz brilhante que é vista e sentida por todos ao nosso redor; deixe-o pregar o sermão, em vez de palavras ditas sem a vida, pois são ociosas. O mundo precisa de homens e de mulheres despertos e Cristãos hoje e aqueles que atingiram até mesmo um grau dessa consciência de vida, portanto, o Cristo, são o fermento que deve fermentar, excitar, desenvolver a massa.

Cristo está conosco agora e não precisamos esperar um tempo futuro para a revelação desse Espírito Divino. Ele não entrou em nosso Planeta na hora da crucificação? Não é Ele o Espírito residente na Terra? E os produtos desta Terra não significam virtualmente o corpo e o sangue de Cristo? Não é a atmosfera a aura da Terra e não a respiramos constantemente desde o berço até o túmulo? Pondere bem sobre esses pensamentos e muito virá como resultado.

(por Max Heindel, publicado no Echoes nº 3 de Mount Ecclesia de 10 de agosto de 1913, traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

“Deus é Luz”

Deus é Luz“, “Deus é Amor“, “Em Deus está a Vida“, uma trindade de inspirações divinas, de incomensurável valor, que se podem ler, respectivamente na 1ª Epístola de São João, Cap. 1, vers. 5; cap. 4, vers. 16 e o Evangelho Segundo São João, Cap. 1.

Três revelações que encerram dentro de si maravilhosas pérolas espirituais, quando profunda e humildemente meditadas. Se a elas associarmos o testemunho São Paulo: “O Espírito de Deus habita em nós” (1ª Epístola de São Paulo aos Coríntios, Cap. 3) conseguiremos preciosos temas para reflexão, criaremos um largo e claro horizonte na vida prática de um verdadeiro cristão.

Por meio dessas afirmações facilmente chegamos ao raciocínio dedutivo de que sendo Deus, Luz, sendo Ele Amor, adorar a Luz é amar a Deus e como Ele vive em cada um de nós, amar o próximo como a nós mesmos é amar o Deus Interior, parte do Deus Exterior, do Deus do Universo, é viver na Luz.

Porém, para que a meditação seja a mais profunda possível torna-se necessário conhecer não só os sinônimos de Luz, Amor e Vida, como os seus antônimos, respectivamente trevas, ódio e morte, como ainda o que são e o que produzem.

Luz é tudo aquilo que ilumina, seja interior, seja exteriormente; são seus sinônimos a claridade, a sabedoria, a faculdade de raciocinar.

Amor é um sentimento intenso de afeto, cujos sinônimos, altruísmo, amizade, caridade tornam-se importantes, na medida em que essa maravilhosa palavra, Amor, tem sido desvirtuada a tal ponto que aparece confundida com sexo e o desejo possessivo. Vida é um vocábulo mágico que encerra as ideias de origem, existência, respiração, alimento, atividade. Por sua vez trevas é a escuridão, a noite; o ódio é um sentimento de antipatia, em que o rancor, a aversão, o egoísmo, o ressentimento se misturam; finalmente, a morte é o término da existência (se bem que para o Espírito ela não exista) cujo espectro engloba a ruína, inércia, destruição e dor.

Por isso, viver nas trevas é percorrer a estrada da Vida na escuridão, no veículo, cegueira noturna da ignorância, sujeito às provas dolorosas dos erros; semear ódio e colher os frutos das inimizades, desarmonias, guerras, cujas consequências são essencialmente prejudiciais a quem semeia, na medida em que esse sentimento negativo consome glóbulos vermelhos, necessários à fixação do oxigênio, contido no ar, fonte de vida, e fomenta o aumento dos destruidores corpúsculos brancos no sangue, cuja multiplicação ocasiona a leucemia, perturbando todo o aparelho circulatório, sistema digestivo e nervoso.

Quanto ao espectro da morte, essa ilusão materialista, irmã das trevas (inferno) e do ódio (guerras) e o túmulo da inércia, da inatividade e da destruição, o fim do mentiroso e do hipócrita, do egoísta e rancoroso, da preguiça e da luxúria.

Não nos iludamos com o caminho do egoísmo e dos seus aliados: o ódio e destruição; eles poderão conduzir à ilusão do poder efêmero terreno, alicerçado na lama das trevas, da injustiça e da morte que ocasionará, mais cedo ou mais tarde, enorme queda na qual serão colhidas as sementes dolorosas espalhadas anteriormente até que as lições sejam aprendidas e equilibradas, o débito registrado no Infalível Banco Celestial, onde o crédito são as boas ações.

Procuremos, antes e sempre, o caminho que conduz à Luz, à Vida, caminho esse que tem como bússola, o Amor Puro e como Norte, Deus. Mas, procurar exige trabalho, perseverança, desejo sincero sem o que nada se conseguirá.

Como labor prioritário façamos uma profunda observação do valor da luz física e espiritual, especialmente desse último aspecto, comparemos com os seus antônimos, discirnamos as vantagens e os inconvenientes, analisemos os perigos das trevas e do ódio e certamente que tomaremos a decisão firme de trilhar o caminho da Luz e do Amor.

Ninguém crê que desejará viver às escuras, na noite sem Luz, onde só os ladrões e os criminosos se sentem bem. No entanto, todos nós nos sentimos melhor nos dias de Sol radiante do que nos dias de chuva. Como poderíamos viver sem a Luz do Sol físico, fonte de calor e energia que faz possível a vida nas plantas, nos animais e nos seres humanos?

Tal como quando o Sol físico brilha no horizonte, o nosso ambiente externo é claro, mais alegre e o céu está limpo, também, quando o Sol espiritual brilha dentro de nós, os pensamentos tornam-se mais claros, a mente límpida, transparente e pura e então, veremos a Deus, pois “só os puros de coração verão a Deus” (Mt 5). Essa prerrogativa própria dos verdadeiros profetas e dos Clarividentes voluntários, isto é, dos que veem claro (quando querem ver e quando veem sabem o que precisam fazer), é alcançado após várias vidas na Terra de serviço amoroso e desinteressado em prol da humanidade.

A Luz física do Sol, além de originar um ambiente mais alegre, produz ainda efeitos regeneradores, curativos e daí o célebre ditado: “Casas onde entra o Sol, não entram os médicos”, o que nos aconselha a traçarmos devidamente as habitações rasgando boas entradas de Luz, que em virtude de seu poder vibratório tem a faculdade de ajudar a afastar as entidades maléficas desencarnadas. Por isso as pessoas negativas, sensitivas, devem evitar locais às escuras, tal como aqueles onde se queimem velas de cera que atraem elementais e devem ser substituídas por velas de estearina.

Esses são apenas pequenos tópicos sobre o valor da Luz, que cada qual deverá por si aprofundar. Neste trabalho um passo importante deverá ser dado, um exame de consciência, muito útil para um conhecimento de nós mesmos. Ele é uma condição indispensável para que a Luz brilhe dentro de nós, conquanto se faça unicamente à noite, antes de se deitar, evitando os inconvenientes do julgamento constante. Analisados e efetuados todos esses esforços certamente que verificaremos quanto de errado existe em nós e quanto há que aperfeiçoar. Mas, para frente e para cima é o caminho, vencendo obstáculos diversos, entre eles os preconceitos. Para transpô-lo torna-te criança, não de meses, mas daqueles que cada um tiver, isto é, despe-te do teu falso saber, dos preconceitos que não permitem ver claro e alcançar a verdade, do orgulho intelectual, que é o príncipe do reino das trevas e abre a tua Mente, em espírito de criança, todos os olhos e ouvidos, sempre pronto a aprender e a crer, não como os levianos ou idiotas, mas como seres livres e atentos, porque “todo aquele que não receber o Reino de Deus, como uma criança, nele não entrará”. Só com espírito de criança receberemos a Luz verdadeira dos Céus, do reino da Verdade do Pai, o qual é manifestado em ti, pois “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em Vós?”. Tornando-te criança escuta a Voz do Pai que está em ti, ora e vigia constantemente, procurando o Reino dos Céus. Como orações o Pai-Nosso, oração por excelência, e a oração de São Francisco de Assis; conta ao Deus interno, os teus problemas e ansiedades; diariamente no silêncio do teu quarto medita; a seu tempo oportuno, acredite, a Luz Interior te dará a intuição necessária para a resolução dos problemas tal como devem ser equacionados e não como a natureza inferior, egoísta ou os preconceitos desejariam.

Como criança espiritual teremos de beber só leite, isto é, só poderemos beber a luz que a nossa Mente possa digerir, porém na medida em que progredirmos, nossa Mente aumentará a capacidade para captar luz mais forte e, então, receberemos alimento sólido. Por isso, é que São Paulo dizia: “Foi leite que vos dei a beber e não alimento sólido porque ainda não podereis suportá-lo“. Tal como entramos aqui na Região Química do Mundo Físico, como criança, bebendo leite no início e mais tarde comendo alimento sólido, também só como criança entraremos no Reino dos Céus, bebendo leite espiritual no princípio e mais tarde alimento sólido.

O mesmo acontece com a recepção da luz física, quando muito forte, a nossa lente da vista é incapaz de absorver devido ao nosso estado de evolução, no entanto, Seres evoluídos como os Arcanjos, conseguem evoluir nas elevadíssimas vibrações do Sol.

Como criança, não poderemos aspirar imediatamente a coisas elevadas, a grandes voos, mas adaptarmo-nos às coisas pequenas, simples, servindo dentro das nossas posses até que tenhamos bases sólidas, alicerçadas na verdadeira luz e no Amor Puro que nos permitirá cumprir missões mais elevadas, com os perigos e inconvenientes de quedas napoleônicas ou doutras, contestadas dia a dia.

Para uma análise discernente das diferenças entre o falso saber e a sabedoria verdadeira estudemos os ensinamentos bíblicos, expressão de sabedoria. Assim, São Paulo aconselha: “Não o sejais sábios em vós mesmos“. São Tiago esclarece: “Onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e obra perversa, essa a sabedoria terrena não é a que vem do alto; essa é primeiramente pura, depois pacífica, moderada, cheia de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia”.

Isso indica-nos que devemos ter cuidado com as nossas opiniões, designadamente com as ideias preconcebidas, que muitas das vezes nos obscurecem, evitar o orgulho intelectual, pôr em prática a verdadeira caridade, procurando a harmonia, na consciência de que a sabedoria vem de Deus e com Ele esteve sempre e existiu antes de todos os séculos e não é produto do nosso eu inferior, egoísta, orgulhoso.

Jesus-Cristo é a Luz do Mundo. “Quem O segue não andará nas trevas, mas terá a Luz da Vida” (Jo 8). Ora, os que o seguem são aqueles que fazem a vontade de Deus cumprindo as Suas leis, escutando as palavras do Mestre dos Mestres e pondo-as na prática (Mt 7).

O que ama a correção, ama a sabedoria” (Pb 12). Por isso agrademos e sigamos os conselhos que nos deem e corrijamo-nos a nós mesmos, utilizando o exame de consciência.

Aquele que ama o seu irmão vive na Luz, enquanto o que detesta está nas trevas e não sabe para onde vai“. Afinal o caminho da Luz é amar ao próximo em obras e em verdade como já tínhamos deduzido e que concorda com os ensinamentos de Cristo. Daqui que a Filosofia cristão-rosacruciana nos aconselha a servir amorosamente e de forma desinteressada e modesta e nos esclarece que esse é o caminho mais curto que conduz a Deus. Esse Amor Puro exige purificação dos veículos anímicos, no perfume das sete virtudes, simbolizadas nas rosas do emblema Rosacruz, e entre elas está a maior de todas, a caridade, mas a verdadeira, não a hipócrita.

Ela exige que o serviço seja desinteressado e modestamente executado, isto é, que se ajude sem esperar recompensa, quer ela seja monetária ou não, sem aspirar aos louvores, à gratidão, à fama, ou a ser admirado, que se faça bem com a mão direita sem que a esquerda o veja.

Fazer o bem para ser admirado ou fazê-lo apregoando-o não é amar, mas dar hipocritamente, com egoísmo, que é a vaidade das vaidades, rainha do reino das trevas. São Paulo nos esclareceu esse assunto dizendo: podemos distribuir toda a fortuna que possuímos para sustento dos pobres e até entregar o nosso corpo para ser queimado, mas se não tivermos caridade nada disso nos aproveitará. É que a caridade é sofredora, não é invejosa, não busca o seu interesse,não se irrita, folga com a verdade, tudo sofre, tudo suporta.

A caridade verdadeira exige que amemos os nossos inimigos, que façamos bem sem olhar a quem, com modéstia; não oprime ou engana seja quem for, mas liberta e ilumina o que dá e o que recebe.

Cumpramos nossos deveres, sirvamos amorosa e desinteressadamente, isto é, com agrado, com espírito de sacrifício, dedicação, zelo e sem interesse e no final de cada ação consideremo-nos como servos inúteis, tal como Cristo nos aconselhou, conhecedor profundo dos perigos da vaidade e do orgulho.

Procedendo nesse “modus-vivendi”, vamos construindo o nosso traje de bodas, o Corpo-Alma, veículo superior que nos iluminará com a Luz Superior, da intuição, da inspiração, da Clarividência, do gênio Criador. Assim, faremos subir a energia sagrada, numa transmutação alquímica, que nos abrirá a visão espiritual.

Para que todo esse trabalho individual floresça dois fatores devemos ter ainda em consideração. Um de natureza física: possuir um cérebro em boas condições, ele na Terra é o elo entre o Espírito e a matéria, é o instrumento da Mente no Mundo Físico. Como foi construído pela metade sexual de cada um é fácil concluir que devemos transmutar a energia sagrada, usando-a para gerar e regenerar, evitando os abusos.

Uma alimentação equilibrada, frugal, rica em vitaminas e minerais e em aminoácidos é outro fator importante. Dentro dos minerais merece realçar o fósforo, palavra derivada do grego “phós” que quer dizer luz e de phóros – portador ou reprodutor. Ele faz parte dos núcleos celulares do cérebro e do sistema nervoso. Note-se que é no núcleo, parte vital da célula, que está o célebre DNA, base da vida que os cientistas procuram descobrir plenamente para criarem vida. Essa, porém, é sagrada. Invisível, antes de se manifestar na forma e como sagrada a sua descoberta exige que os cientistas se tornem verdadeiros sábios, isto é, puros de coração, humildes, pois reconhecerão que o saber é divino verdadeiramente possuidor de altruísmo e caridade.

Para que esse mineral seja devidamente assimilado pelo organismo importa que tenhamos boas glândulas endócrinas, designadamente a hipófise, tireoide e paratireoide, o que exige o desenvolvimento do Amor Puro, da amizade sincera, qualidades Uranianas, do regente em astrologia científica, da hipófise que é Urano, além de que sejamos honestos, amigos da verdade e da razão, qualidades de um regenerado Mercúrio, que comanda as outras glândulas citadas. O outro fator é de natureza mental e denomina-se: concentração, muito difícil neste mundo cheio de ruídos, de más distrações etc.

É que tal como a luz concentrada numa lente se torna mais forte, luminosa e clara, também o pensamento concentrado produz ideias mais claras e profundas.

Um bom exercício é o Exercício Esotérico de Concentração ao acordar, tal como a Fraternidade Rosacruz solicita a todo Estudante Rosacruz fazer..

Chegados que somos ao final deste modesto trabalho apela-se para que cada qual faça uma meditação profunda sobre este tema e dia após dia aplique a luz que for efetivamente possuído de forma a que nos tornemos verdadeiros cristãos, construindo a Fraternidade Universal, dignos de viver na Era de Aquário.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz – janeiro/1982 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Astrologia e a Páscoa

A Páscoa é sempre calculada da mesma forma[1], conforme é requerida pela tradição oculta, para apropriadamente simbolizar a significância cósmica do evento, e a esse respeito, ambos o Sol e a Lua são fatores necessários, já que a Páscoa não é, meramente, um festival solar. Não é somente a passagem do Sol pela linha do Equador, como ocorre todos os anos no Equinócio de Março que conta aqui, mas a Lua Cheia deve ter ocorrido após o Equinócio de Março. Então, o próximo domingo será a Páscoa, o dia da Ressurreição.

A luz do Sol de março deve ser refletida pela Lua Cheia, antes que o dia amanheça na Terra, e nisso há um profundo significado sobre esse método de determinar a Páscoa, como foi dito acima; e esse é o significado oculto: a humanidade não estava suficientemente evoluída para receber a Religião do Sol, a Religião Cristã de Fraternidade Universal, até que essa mesma humanidade fosse, completamente, preparada por meio das Religiões da Lua, as quais segregam e separam a humanidade em grupos, nações e raças. Isso tudo é simbolizado pela elevação anual do Espírito do Sol na Páscoa que vai sendo adiado até que a Lua Jeovística tenha trazido de volta e completamente refletido a luz do Sol da Páscoa.

Todos os fundadores das Religiões de Raça: Hermes, Buda, Moisés, etc. foram Iniciados nos Mistérios Jeovísticos. Eles eram Filhos de Seth. Nessas Iniciações eles se tornaram repletos de alma pelos seus respectivos Espíritos de Raça, e de cada um desses Espíritos de Raça falando através da boca de tais Iniciados forneceu as Leis ao seu povo, como por exemplo: o Decálogo de Moisés, as Leis de Manu, as verdades nobres de Buda, etc. Essas Leis manifestaram o pecado, porque o povo não as cumpria e não poderia guardá-las naquele estágio de evolução. Como consequência, esses povos produziram uma quantidade de Dívidas de Destino. O Iniciado e humano fundador da Religião de Raça tinha tomado para si mesmo essas Dívidas de Destino coletivo e, por isso, ele tinha que renascer de tempos em tempos para ajudar seu povo. Então Buda renasceu como Shankaracharya e teve outros inúmeros renascimentos. Moisés renasceu como Elias e, depois, como João Batista, mas Cristo, por outro lado, não precisou nascer, nem mesmo a primeira vez. Ele fez isso por Sua livre vontade para ajudar a humanidade, para revogar a lei, que traz o pecado, e emancipar a humanidade da Lei do pecado e da morte.

As Religiões de Raça do Deus lunar, Jeová, transmitem a vontade de Deus para a humanidade de um modo indireto por meio de videntes e profetas que foram instrumentos imperfeitos, assim como os raios lunares refletem a luz do Sol.

A missão dessas Religiões foi preparar a humanidade para a Religião universal do Espírito Solar, Cristo, que se manifestou entre nós sem um intermediário, como a luz que vem diretamente do Sol e “nós vimos Sua glória como o único primogênito do Pai[2], quando Ele ensinou o Evangelho do amor. A Religião Cristã não fornece Leis, mas prega o amor como um complemento da Lei. Portanto, nenhuma Dívida de Destino é gerada sob ela, e Cristo – que de antemão não tinha a necessidade de nascer – não será levado ao renascimento sob a Lei de Consequência, como foram os fundadores das Religiões de Raça lunares, que devem suportar, de tempos em tempos, os pecados de seus seguidores. Quando Ele aparecer será em um Corpo formado dos dois Éteres Superiores: o de Luz e o Refletor, o Dourado Manto Nupcial ou Corpo-Alma, chamado de Soma Psuchicon, por São Paulo que era muito enfático em sua asserção quando disse: “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus[3]. Ele afirma que nós devemos nos transformar e ser como Cristo, e se nós não podemos entrar no Reino em um corpo carnal, seria absurdo supor que o Rei da Glória usaria tal vestimenta, pesada e grosseira.

(retirado dos escritos de Max Heindel, Publicada na Revista Rays from the Rose Cross, de Março de 1978 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: (Ref.: Inst. Inf. UFRS) Para calcular o dia da Páscoa (Domingo), usa-se a fórmula abaixo (Fórmula de Gauss em 1750), onde o ANO deve ser introduzido com 4 dígitos. O Operador MOD é o resto da divisão. A fórmula vale para anos entre 1901 e 2099. A fórmula pode ser estendida para outros anos, alterando X e Y conforme a tabela a seguir (criada por Gauss até 1999 e estendida pelo autor até 2299):

faixa de anosXY
15821599222
16001699222
17001799233
18001899244
19002019245
20202099245
21002199246
22002299257

Para anos entre 1901 e 2099:
X=24
Y=5
a = ANO MOD 19
b= ANO MOD 4
c = ANO MOD 7
d = (19 * a + X) MOD 30
e = (2 * b + 4 * c + 6 * d + Y) MOD 7

Se (d + e) > 9 então DIA = (d + e – 9) e MES = Abril
senão DIA = (d + e + 22) e MES = Março

Há dois casos particulares que ocorrem duas vezes por século:

  • Quando o domingo de Páscoa cair em Abril e o dia for 26, corrige-se para uma semana antes, ou seja, vai para dia 19;
  • Quando o domingo de Páscoa cair em Abril e o dia for 25 e o termo “d” for igual a 28, simultaneamente com “a” maior que 10, então o dia é corrigido para 18.

Neste século estes dois casos particulares só acontecerão em 2049 e 2076.

[2] N.T.: Jo 1:14

[3] N.T.: ICor 15; 50

[1] N.T.: Jo 1:14

[2] N.T.: ICor 15; 50

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Crescimento Espiritual por meio do servir ao irmão e à irmã

 “Diga aos israelitas que me tragam uma oferta. Receba-a de todo aquele cujo coração o compelir a dar.” (Ex 25:2).

E, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos Céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.” (Mt 10:7-8).

A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido.” (Lc 12:48).

Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês.” (Lc 6:38).

E digo isto: ‘Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria’.” (IICor 9:6-7).

Esses belos versos, tão plenos de verdade espiritual, vêm sendo violados através de idades, muitas vezes por esforços intencionais de indivíduos frívolos, com propósito de ganho monetário em movimentos de ordem temporal ou programas efêmeros de ação. Faremos bem em tornarmo-nos como crianças, lendo esses versos sempre uma vez mais como se fora pela primeira vez. O tempo da lei passa lentamente. Não mais devemos ordenar nossas vidas conforme preceitos obscuros, como o que diz que “o Espírito, em si mesmo, vem aprendendo a cooperar com as Leis Universais que são as Leis de Deus, não por meio do medo, mas por intermédio de uma vaga consciência de interesse próprio”.

Tal princípio faz parte de uma técnica esotérica que apela para o interesse próprio, sob a justificativa de que não podemos alcançar a realização espiritual de uma só vez e esse é um meio indireto do indivíduo controlar seus poderes latentes e conquistar a expansão de consciência, tornando-se, então, apto para melhor trabalho ao próximo. Todavia, pensando bem, essa é uma forma sutil de egotismo, de fazer o indivíduo concentrar-se em si mesmo e acostumar-se a pensar em seu crescimento espiritual, apenas. É contrário ao princípio de “buscar primeiramente o Reino de Deus e Sua Justiça para que o resto venha por acréscimo” (Mt 6:33). Ademais, que alegria pode advir desse esforço?

Na Filosofia Rosacruz aprendemos a viver a tônica: SERVIR. Permanecendo como um canal aberto ao influxo vitalizante e amoroso da Luz Divina, devemos manter nosso poder de projeção. Contudo, é preciso usar nossas energias com discernimento, evitando a pretensão de fazer pelos outros aquilo que eles devem fazer por si mesmos. Ajudar é preparar os mais débeis a não depender dos outros e a servir conscientemente.

É certo que o serviço implica desempenho do papel de servo. Porém, a fase Cristã de “servo e sofredor” está quase a findar. Devemos olhar para a frente, para a igualdade da Fraternidade, quando, então, poderemos chamar a cada um: Amigo. Do nosso ponto de vista terreno e no estado de semi-cegueira em que nos encontramos, o caminho parece conter muitos altares e neles somos convidados a sacrificar nossos preciosos seres inferiores.

Dentro de nossa família não precisamos ser outra coisa senão aquilo que somos, autênticos, porque ela nos conhece por meio do conhecimento que o coração dá. Acaso somos suficientemente convictos e coerentes, de modo que os outros saibam o que está mais profundamente oculto em nossos corações? Experimentamos estranha alegria, no fato de nos encontrarmos vivos e conscientes? O gesto mais simples ou a lágrima compassiva, um sorriso acompanhado de um amor altamente desenvolvido, possuem o poder inerente de fazer fluir a vida de nosso irmão em paz inefável. Possamos consultar muitas vezes os nossos corações, dando o melhor de nosso amor e compreensão, a fim de que nossos amados irmãos não precisem depender de nossos serviços, mas possam desenvolver-se conosco, como iguais, fortes e confiantes em espírito, servindo conosco junto aos mais débeis nessa essencial obra de libertação humana e preparação da família de Aquário.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – janeiro/1966 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Aforismos Rosacruzes: sobre o nosso Treinamento Esotérico

  1. Herói não é o que realiza façanhas sensacionais, num lance de denodo. Herói é o que aceita o desafio das pequenas dificuldades diárias e as leva de vencida, uma a uma, mediante o conhecimento e domínio próprio. Cada vitória alcançada, cada pouco caso ou insulto perdoado, cada pensamento e sentimento de mágoa substituído por ato de boa vontade, manifestado em circunstância difícil, é um expressivo passo à frente, na direção de uma vida harmoniosa, feliz e cheia de paz.
  2. Ter fome e sede de justiça é aspirar ardentemente por essa condição ideal: de pensar, sentir e agir segundo a Vontade de Deus. Nessa aspiração, reza o Estudante Rosacruz: “Faze que as palavras de meus lábios e as meditações do meu coração sejam sempre agradáveis à Tua presença, ó Senhor, minha Força e meu Redentor”.
  3. Os Ensinamentos Rosacruzes dão uma ideia clara e lógica do mundo e do ser humano; convidam à discussão em lugar de evitá-la, para que aqueles que buscam a verdade espiritual possam satisfazer amplamente seu intelecto e as explicações que recebam sejam tão embasadas na ciência, como reverentemente devocionais. Esses Ensinamentos organizam e explicam os problemas da vida segundo um conjunto de leis tão imutáveis em sua esfera de ação, como imutável é a Estrela Polar no céu.
  4. Não somos forçados a agir em determinada direção por estarmos num determinado ambiente ou porque toda a nossa existência anterior nos deu uma tendência para uma exata finalidade. Com a divina prerrogativa do livre-arbítrio, o ser humano tem o poder da Epigênese ou iniciativa, de forma que pode adotar uma nova linha de conduta a qualquer momento que queira. Não poderá separar-se instantaneamente de toda a sua vida passada – isto requer muito tempo, talvez várias vidas – mas, gradualmente, pode ir cultivando o ideal que uma vez semeou.
  5. Há melhores meios que a dor, para quem deseja viver retamente. A dor é inevitável apenas para os que continuam a usar mal a liberdade.
  6. O livre arbítrio é um sagrado direito individual, e Deus, como Pai e pedagogo incomparável, sabe que precisamos de aprender a usá-lo, para um dia exercermos os deveres e direitos de cidadãos espirituais.
  7. Quanto mais comprometidos estamos com o passado, tanto menos livre arbítrio, e vice-versa. Nossa vida é como um quadro de luz e sombras, uma mescla de tristezas e alegrias, uma sinfonia ainda cheia de dissonâncias. Se queremos alcançar a felicidade futura, é importante não assumirmos novos e pesados encargos e ao mesmo tempo nos aplicarmos diligentemente a um bem orientado esforço da regeneração.
  8. A cadeia de causas e efeitos não é uma repetição monótona. Há sempre um influxo contínuo de causas novas e originais. Esta é a espinha dorsal da evolução – a única realidade que lhe dá sentido e a converte em algo mais que a simples expansão de qualidades latentes. É a “Epigênese” – o livre arbítrio, a liberdade para inaugurar algo inteiramente novo e não uma simples escolha entre dois cursos de ação. Este importante fator é o único que pode explicar de modo satisfatório o sistema a que pertencemos.
  9. Até certo ponto podemos modificar e até frustrar certas causas já posta em movimento, mas uma vez começadas, se outras medidas não forem tomadas, ficarão fora do nosso controle. Chama-se a isso destino “maduro” e os Senhores do Destino impedem quaisquer tentativas de fugir a tal classe de destino.
  10. Quando o ser humano começa a emancipar-se, deixa também de pensar em si como “a semente de Abraão”, ou como da “Família X”, ou “Família Y” e aprende a ver-se como um “eu”. Quanto mais cultivar esse “Eu”, mais libertará o sangue do Espírito de Família ou Nacional e mais se bastará como habitante do mundo.
  11. Enquanto amarmos somente a própria família ou nação, seremos incapazes de amar aos demais. Rompamos os laços do sangue, ainda limitados pelos laços de parentesco e da pátria, afirmemo-nos e bastemo-nos, e poderemos converter-nos em servidores desinteressados da humanidade. Quando o ser humano chega a tal cume, descobre que, em vez de perder a própria família, obteve todas as famílias do mundo. Todos serão para ele seus irmãos, seus pais, suas mães, de quem deve cuidar e a quem deve ajudar.
  12. O destino de um indivíduo gerado sob a Lei de Consequência é de grande complexidade, e envolve associação com outros Egos, encarnados e desencarnados, de todos os tempos. Igualmente, os encarnados em um determinado tempo podem não estar vivendo na mesma localidade, o que torna impossível cumprir o destino de um indivíduo em uma só vida ou em um só lugar. Por isso o Ego é trazido a um ambiente e a uma família com que esteja de algum modo relacionado.
  13. Um ideal é tão grande, quão grandes são os seus membros. Na medida em que, internamente, crescemos, elevamos nosso ideal por todos os meios ao nosso alcance. Ao mesmo tempo, o impulso de dar gera o efeito inevitável de receber. Não que ajamos com esse propósito de receber, senão que a Lei cósmica se incumbe de processar a mutualidade que nos eleva pelo SERVIR.
  14. Ninguém pode viver bem sem equilíbrio, portanto, se caíres antes as provas, não te desesperes. Tu és parcela de Deus e forças novas te reerguerão novamente. Enquanto permaneceres convicto de que és espírito, nada poderá derrubar-te, porém, se te limitares ao sentido efêmero desta vida material serás sempre presa fácil da tristeza, do desânimo, do ódio e de uma infinidade de sentimentos mesquinhos.
  15. Somos ofendidos quando e na medida em que admitimos a ofensa. Em última análise, pois, somos nós mesmos quem nos ofendemos.
  16. O ressentimento deixa cicatrizes na alma; o perdão restaura a epiderme do impacto recebido; a não-resistência é como a borracha: não resiste e nem se magoa ao impacto.
  17. O mal é como um raio: sai de “baixo” para ferir o céu; mas esse o devolve, para ferir o ventre que o gerou.
  18. O sábio extrai de cada experiência a lição que ela encerra e a transpõe. O ignorante não a enxerga e tem de novamente enfrenta-la, sob novos disfarces, em outras circunstâncias.
  19. Ninguém se ilude, a menos que se tenha iludido. Mas o se iludir é compreensível, no curso da ação humana. A desilusão é o desvelar das falhas, quebrando a magia da ignorância e nos despertando para níveis mais altos.
  20. Uma boa memória é aquela que esquece as falhas dos outros, mas lembra as lições.
  21. As invocações usadas para pedir coisas temporais são magia negra; pois temos a promessa de: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça e todas as outras coisas vos serão acrescentadas“.
  22. Ainda sobre “pedir coisas temporais”: Cristo nos indicou o limite a que podíamos aspirar no Pai Nosso, quando ensinou Seus discípulos a dizer: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje“.
  23. A oração é como a ativação do interruptor elétrico, que não cria a corrente, mas simplesmente fornece um canal através do qual a corrente elétrica pode fluir. Da mesma forma, a oração cria um canal através do qual a vida e a luz divinas se derramam em nós para nossa iluminação espiritual.
  24. A oração é um encantamento mágico, mas a menos que sua vida seja uma oração, você nunca receberá a resposta.
  25. A palavra perdida: você não pode proclamá-la, a menos que você tenha aprendido a vive-la em uma primeira vez.
  26. Quando você estabeleceu seu objetivo, nunca abrigue um pensamento de medo ou fracasso, mas cultive uma atitude de determinação invencível para alcançar seu objeto, apesar de todos os obstáculos, mantendo, constantemente, o pensamento de sucesso.
  27. Nenhuma lição é de valor real como princípio ativo de vida se a sua verdade for assimilada superficialmente.
  28. Quanto mais forte é a luz, mais forte a sombra projetada. Quanto mais alto os ideais, mais claramente podemos observar nossos defeitos.
  29. Se admitimos ser a Fraternidade Rosacruz inspirada desde os Planos Internos pelos Irmãos Maiores da Ordem do mesmo nome, não é menos verdade que ela, para sua manutenção e expansão, necessita de nosso apoio no plano físico. Portanto, colabore da forma que puder. Por favor, não se omita!
  30. Precisamos aprender a ficar sós em determinados momentos do dia, não para sentir a sensação de solidão, mas para nos unirmos a Deus, por meio da sua Essência em nós. Peçamo-Lhe ajudar-nos a manter abertos os canais de nossos veículos, a Sua manifestação. Isto nos inclina cada vez mais a identificação com os outros seres, a amá-los e servi-los apropriadamente.
  31. Tudo, em última análise, é presença ou ausência de Deus: bem e mal, alegria e tristeza, confiança e temor, luz e sombra, paz e intranquilidade. Só Deus é. Nossas transgressões as Leis da Natureza é que nos fizeram cientes do contraste desses extremos relativos, para que de novo e conscientemente agora, amemos e almejemos e busquemos a Deus, dentro e fora de nós.
  32. Quanto mais crescemos espiritualmente, menos as chamadas “influências maléficas” ou os Aspectos adversos nos afetarão. Eles são transmutados em bem.
  33. O Exercício Esotérico noturno de Retrospecção contribui para extirpar o panorama da vida no Purgatório e, também, sem esta capacidade para julgar corretamente, fica o neófito que entra nos Mundos invisíveis, sujeito aos enganos e ilusões de que o Mundo do Desejo está cheio.
  34. Há apenas uma lei: A Lei do Amor. É a lei básica do universo, alicerce das demais leis subsidiárias. Ela é que mantém coeso o universo. O amor é vida, mas o ódio é morte. Realmente, na medida em que pensamos e vivemos de acordo com a Lei do Amor, a harmonia, a beleza e a felicidade se manifestam em nossa vida. Contrariamente, “o salário do erro é a morte”.
  35. O Pai Nosso é, precisamente, um maravilhoso modelo de Oração, provendo as necessidades do Ser Humano, com nenhuma outra fórmula poderia fazê-lo. Em algumas frases curtas encerra todas as complexas relações de Deus com o ser humano.
  36. O ser humano perde na personalidade e na matéria a compreensão de seu ser espiritual. Sendo, porém, essencialmente divino, redime-se a si mesmo e a seu ambiente mediante a aspiração espiritual por meio da Luz de Cristo.
  37. O único e verdadeiro objetivo da verdadeira ciência e da verdadeira Religião deve ser ensinar ao ser humano a relação entre si e o infinito todo e a se elevar àquele exaltado plano de existência para que foi criado.
  38. O Exercício Esotérico noturno de Retrospecção contribui para extirpar o panorama da vida no Purgatório e, também, sem esta capacidade para julgar corretamente, fica o neófito, que entra nos Mundos invisíveis, sujeito aos enganos e ilusões de que o Mundo do Desejo está cheio.
  39. Devido a pureza de sua vida, o Corpo Vital se está desprendendo do Corpo Denso, exceto por cinco pontos saber, dois nas mãos, dois nos pés, e outro em alguma outra parte. Quando você tenha feito credor da instrução individual, o Mestre lhe dirá como pode se livrar de suas ligaduras.
  40. Quando você se tenha santificado e por esse motivo seja candidato a instrução individual, o Mestre lhe ensinará como arrancar os cravos, no entanto, terá que efetuar o trabalho.
  41. O que somos, o que temos, todas as boas qualidades são o resultado das próprias ações passadas. O que agora nos falta, mental, moral e fisicamente, pode ser nosso no futuro.
  42. Certamente, criamos agora as condições das futuras vidas, pelo que, em vez de lamentarmos a falta desta ou daquela faculdade desejada, empreguemos os meios necessários para adquiri-la
  43. Se uma criança, sem esforço aparente, com toda facilidade toca um instrumento musical, e outra toca com dificuldade, apesar de persistente esforço, isso demonstra, simplesmente, que a primeira se esforçou em alguma vida anterior e adquiriu eficiência na execução, enquanto que a outra, começando agora nesta existência, deve esforçar-se muito mais. Mas, se persistir, poderá na presente vida tornar-se superior à primeira, a menos que esta continue exercitando-se e aperfeiçoando-se
  44. A tendência natural evolutiva é de dentro para fora, de baixo para cima, sempre, e por isso a Filosofia Rosacruz – a escola de mistérios ocidentais – leva o Estudante Rosacruz a se redescobrir, a se conhecer e, tomando conhecimento de seu relativo estado de consciência, empreenda a tarefa de reeducação, de transmutação e libertação das sujeições da matéria.
  45. Os 3 grandes objetivos da evolução através da matéria são: 1) A espiritualização do caráter; 2) O desenvolvimento da vontade, para dirigir as faculdades obtidas pela experiência; 3) O desenvolvimento da Mente criadora para, em certo dia, podermos criar, direta e conscientemente.
PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Por que Jesus foi chamado “o Filho do Homem”?

Resposta: Na realidade, Ele não foi chamado assim; Ele chamou a Si mesmo assim “Quem dizem os homens que Eu sou o Filho do Homem?[1]. Ele foi chamado de “Filho do Homem” por Ele possuir um corpo humano, mas há nisso uma referência oculta ao Signo de Aquário, no qual explicaremos à frente. Então, o “Filho do Homem” retornará. Houve um tempo em que a humanidade adorou o Touro, quando o Sol, por Precessão de Equinócios, passava pelo Signo do Touro[2]. Todo ano, o Sol dirige-se para o norte e, em torno de 21 de março ele atinge o Equador. Isso é o que chamamos o primeiro grau do Signo de Áries. Em seguida, ele percorre todo o círculo e, em torno de 21 de março seguinte atinge novamente o Equador, mas chega um pouco antes – ele precede. No Equinócio de Março, quando o Sol passa pelo Equador, chegará um pouco antes ao primeiro grau de Áries do ano anterior, e assim, por Precessão dos Equinócios, o Sol percorre todos os Signos. Quando ele atravessou o Signo do Touro, como foi mencionado, os povos adoravam o Touro. Em seguida, ele passou pelo Signo de Áries, e adorar o “bezerro de ouro” tornou-se um pecado mortal. Deus convocou o Seu povo: “Saiam do Egito. Não adoreis mais o Touro, mas pelo sangue do Cordeiro tereis a vossa Páscoa[3]. Por essa razão, a verga e as ombreiras das portas foram aspergidas com o sangue do cordeiro e eles foram salvos pelo sangue do Cordeiro.

Então, Cristo nasceu, e Ele disse àqueles que queria como Seus Discípulos: “Afastai-vos do lugar onde se adora o cordeiro.”. (…) “Eu vou tornar-vos pescadores de homens”[4]. Ele, então, preparou para essa Era, quando o Sol está transitando pelo Signo de Peixes, nesses últimos 2000 e poucos anos. No decorrer desses 2.000 e poucos anos muitos de nós comem peixe às sextas-feiras, durante a estação da Quaresma, etc. Logo após a morte de Cristo, houve uma grande controvérsia: deveria Ele ser representado pelo símbolo de um cordeiro ou de um peixe? É por essa razão que os bispos usam uma mitra em forma de cabeça de peixe. O Salvador é assim indicado pelo Signo que o Sol percorre por Precessão dos Equinócios. Agora, ele está se aproximando da cúspide do Signo de Aquário, o grande Signo intelectual. Deixará, brevemente, o Signo da devoção, Peixes, onde as pessoas tem vivido uma fé cega. Nós estamos nos aproximando de Aquário e já começamos a sentir a sua influência, o grande Signo intelectual do “Filho do Homem”. Se estudarmos a nossa Bíblia corretamente e sem opiniões preconcebidas, verificaremos que o primeiro milagre de Cristo Jesus foi a transformação de água em vinho, nas bodas de Caná[5]. Não obstante, ao chegar ao término do Seu ministério, Ele revogou a antiga aliança, enviando Seus Discípulos a um local onde pudessem comer a refeição pascal. Ele disse-lhes:

Logo que entrardes na cidade, encontrareis um homem levando uma bilha de água. Segui-o até à casa em que ele entrar. Direis ao dono da casa: ‘O Mestre te pergunta: onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos?’ E ele vos mostrará, no andar superior, uma grande sala, provida de almofadas; preparai ali”. Eles foram, acharam tudo como dissera Jesus, e prepararam a Páscoa[6]. Eles seguiram as Suas instruções e, então, Ele veio, partiu o pão e deu graças. Depois passou a taça e disse: “Então, tomando um cálice, deu graças e disse: ‘Tomai isto e reparti entre vós; pois eu vos digo que doravante não beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus[7]. Este é o ponto, a questão. Ele disse aos seus Discípulos que procurassem um homem com uma bilha ou um jarro de água – o Signo de Aquário. Há somente um Signo em todo o Zodíaco em que aparece um homem, e Aquário está ali, com uma bilha que despeja água. Cristo Jesus chamou a Si mesmo de o “Filho do Homem” porque Ele trouxe a Religião da Era Aquariana, da Era de Aquário.

(Do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II” – Pergunta nº 93 – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Mt 16:13

[2] N.T.: a Era de Touro, na Época Atlante.

[3] N.T.: Ex 12:13

[4] N.T.: Mt 4:19

[5] N.T.: No terceiro dia, houve um casamento em Caná da Galileia e a mãe de Jesus estava lá. Jesus foi convidado para o casamento e os seus discípulos também. Ora, não havia mais vinho, pois o vinho do casamento tinha-se acabado. Então a mãe de Jesus lhe disse: ‘Eles não têm mais vinho’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Que queres de mim, mulher? Minha hora ainda não chegou’. Sua mãe disse aos serventes: ‘Fazei tudo o que ele vos disser’. Havia ali seis talhas de pedra para a purificação dos judeus, cada uma contendo de duas a três medidas. Jesus lhes disse: ‘Enchei as talhas de água’. Eles as encheram até à borda. Então lhes disse: ‘Tirai agora e levai ao mestre-sala’. Eles levaram. Quando o mestre-sala provou a água transformada em vinho — ele não sabia de onde vinha, mas o sabiam os serventes que haviam retirado a água — chamou o noivo e lhe disse: ‘Todo homem serve primeiro o vinho bom e, quando os convidados já estão embriagados serve o inferior. Tu guardaste o vinho bom até agora!’. Esse princípio dos sinais, Jesus o fez em Caná da Galileia e manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele.” (Jo 2:1-11).

[6] N.T. Lc 22:10-13

[7] N.T.: Lc 22-17-18

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Lado Oculto da Oração

Nós nos encontramos aqui, esta noite, com um objetivo duplo: primeiro, porque é domingo e realizamos o nosso habitual Ritual do Serviço Devocional do Templo Rosacruz; depois, como a Lua, hoje à noite, está em um Signo Cardinal[1], também realizamos a “Reunião de Cura”. Nesse sentido, é muito importante ter em Mente o fato de que os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, localizados no mundo, hoje concentraram seus pensamentos nessa Pró-Ecclesia com o mesmo objetivo que agora estamos tentando alcançar, isto é, gerar pensamentos de ajuda e de cura para concentrá-los em uma única direção para que possam estar disponíveis e ajudar os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz em seu trabalho benéfico para a humanidade.

No entanto, se realmente quisermos conseguir algo nessa direção, devemos ter uma compreensão bem definida e clara de qual é a nossa meta e conhecer o método mais adequado. Não é suficiente sabermos de modo vago que existem no mundo a doença e o sofrimento, nem que façamos uma ideia, também vaga, de auxílio para aliviar esse sofrimento, seja ele físico ou mental. Devemos fazer algo definitivo para atingir nosso objetivo e, portanto, será bom colocar diante de nossas Mentes uma ilustração que possa ajudar. Suponhamos que um de nossos prédios esteja em chamas e tenha muito lixo se acumulando em um de seus cantos; assim, por combustão espontânea, finalmente surge um incêndio. Temos mangueira, água e um bico de mangueira para que possamos jogar água no fogo e tentar apagá-lo. Mas, para fazer isso, precisamos primeiro ligar a torneira e apontar a mangueira de forma reta para o fogo; além disso, o fluxo de água deve ser adequado para lidarmos com o fogo. Não nos ajudará de forma alguma, se apenas derramarmos o fluxo de água pela metade ou se tivermos um pequeno fluxo para esguichar aqui e ali. Devemos apontá-lo diretamente para o centro do fogo, devendo ser adequado em força e volume para vencer o material em chamas. Se observarmos esses requisitos, seremos capazes de apagar o incêndio no edifício e, assim, conseguir nosso propósito pelo uso adequado de meios eficientes.

A cura de doenças oferece uma analogia perfeita, pois toda doença é, por assim dizer, realmente um fogo, o invisível fogo que é o Pai tentando dissolver as cristalizações que acumulamos em nossos corpos. Reconhecemos a febre como sendo um fogo, mas os tumores, como o câncer e outras doenças, são, também em realidade, o efeito desse fogo invisível, que tenta purificar o organismo e libertá-lo das condições que criamos ao transgredir as Leis da Natureza. Agora, aos pensamentos de Cura. Esse mesmo poder, que está procurando, lentamente, purificar o corpo, pode ser aumentado em alto grau, pela concentração adequada (é isso que a oração realmente é), desde que tenhamos as condições apropriadas.

Para ilustrar essas condições tomaremos como exemplo a tromba marinha. Talvez nenhum de nós tenha presenciado este fenômeno da natureza, que, embora maravilhoso, inspira pavor. Em geral, quando ele ocorre o céu parece aproximar-se da água; há no ar um tenso estado de concentração. Gradualmente, um ponto do céu desce até à superfície das águas e as ondas, em certa extensão, parecem saltar para cima, até que ambos, céu e mar, unem-se formando um redemoinho de voragem vertiginosa.

Algo semelhante ocorre quando uma pessoa ou um grupo de pessoas, está em prece fervorosa. Todas as forças da natureza que realizam nosso trabalho aqui estão trabalhando apenas no Éter — a eletricidade, a força expansiva do vapor ou outras, todas são etéreas —; entretanto, há forças no universo bastante mais potentes e sutis, entre elas o poder do pensamento. Se alguém se absorve numa intensa súplica a um poder superior, sua aura parece afunilar-se em forma muito semelhante à parte inferior da tromba marinha. Essa forma eleva-se no espaço a grande distância, e sintonizando-se com as vibrações do Cristo, do Mundo Interplanetário do Espírito de Vida, atrai para si uma Força Divina que penetra na pessoa ou no grupo de pessoas, e vivifica o pensamento-forma que elas criaram. Desse modo, o fim pelo qual se reuniram será atingido.

Mas gravemos bem em nossas mentes que esse processo de orar ou de concentrar, não é um frio processo intelectual. É PRECISO HAVER UM GRAU ADEQUADO DE SENTIMENTO PARA ATINGIR O FIM DESEJADO, POIS, SE NÃO ESTIVER PRESENTE ESTA INTENSIDADE DE SENTIMENTO, O OBJETIVO NÃO SERÁ ALCANÇADO. Este é o segredo de todas as preces milagrosas que a história registra: a pessoa que orava, fazia-o sempre com INTENSO FERVOR; todo o seu ser se submergia no desejo de obter aquilo por que orava, e dessa forma, elevava-se aos reinos divinos, trazendo de volta a resposta do Pai. No ano passado, tivemos um caso desse tipo na Fraternidade Rosacruz. Uma das trabalhadoras foi ferida em um acidente de carro e recebeu um impacto no cérebro. Naquela noite, nós todos nos juntamos em súplica silenciosa ao nosso Pai Celestial, aqui nesta Pró-Ecclesia, para que ela pudesse ser curada e ajudada. O escritor então percebeu distintamente a intensidade do sentimento e como ele deu origem àquele funil (similar à tromba marinha), na parte inferior do canal, que trouxe a resposta divina. Assim, naquela noite a consciência dela retornou, algo que é mais do que incomum nos anais de casos semelhantes.

Também descobrimos que em certas comunidades sagradas como, por exemplo, “a mesa redonda do Rei Artur” ou em um círculo de espiritualistas uma condição semelhante seja provocada. Os assistentes no primeiro círculo sintonizam-se com uma vibração comum, cantando certas canções, e assim unidos, formam um único funil áurico que traz (do Alto) tudo o que almejam, de acordo com a intensidade de seus desejos e sua concentração.

Essa vibração espiritual é tão poderosa que, às vezes, pode ser transmitida e permanecer em torno de objetos aparentemente inanimados. Por exemplo, muitas pessoas notaram, e algumas ficaram até impressionadas, as poderosas vibrações no órgão daqui. Você notará que há uma cópia do Cristo de Hoffman[2] sobre o órgão. Não há dúvida na Mente do orador que, quando Hoffman pintou esse quadro, ele sentiu muito intensamente a posição e o sentimento de Cristo no Getsemani; portanto, apegou-se à sua imagem uma representação desse mesmo canal áurico. Esse quadro não ficaria aqui, nem seria reproduzido em uma cópia impressa, se não fosse uma pintura feita aqui, na Pró-Ecclesia, por um de nossos membros que acessou o sentimento do artista original e foi equipado com o entendimento sobre o mistério do sofrimento de Cristo naquela hora solitária, também possui esse canal de aura e, portanto, as vibrações são sentidas emanando daí.

Tudo isso nos ensina que essa força está disponível e possa ser usada cientificamente com muito mais efeito do que se a usássemos de maneira aleatória, desejando vagamente isso, aquilo ou outra coisa. Mas há também um grande perigo se fizermos mau uso desse maravilhoso poder; portanto, façamos sempre nossas súplicas em favor dos outros; acrescentando estas palavras do Cristo: “Pai, Faça-se Tua Vontade e não a minha[3]. Caso contrário, estaremos suscetíveis a causar ferimentos onde ajudaríamos. Você provavelmente notou que eu disse “nossas súplicas para os outros”. Deixemos esta ideia se aprofundar em nossas Mentes — nunca devemos pedir qualquer coisa para nós mesmos. Isso é supérfluo; o Cristo nos deu garantia de que, se procurarmos “primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, todas as outras coisas serão acrescentadas[4] a nós. Possuímos também a promessa da Bíblia, “O Senhor é o meu pastor, não me faltará[5], e muitos anos de experiência demonstraram a esse orador que isso é um fato: se trabalharmos com a lei, para os outros, ela cuidará de nós, porque trabalhamos com ela.

O grande motivo da oração não estar sendo ouvida atualmente é que os suplicantes estão continuamente pedindo alguma coisa para eles mesmos, o que é contrário ao bem comum: se estivermos cuidando de nós mesmos e continuamente tentando obter o melhor de nós mesmos, independentemente de todos os outros, então não será necessário que Nosso Pai Celestial cuide de nós; contudo, no momento em que nos colocamos em Suas mãos para pensar em como podemos realizar Sua obra ou fazer Sua vontade na Terra, como está sendo feita no Céu, então nos tornamos Seus cooperadores, trabalhadores em “Sua vinha”. Cabe então a Ele cuidar de nós e podemos, assim, confiar plenamente que tudo o que for necessário para o nosso conforto material ou espiritual será iminente e a medida não será pequena, escassa ou mesquinha, mas receberemos uma quantidade completa, abarrotada, transbordante. Com esses pensamentos, entraremos em silêncio e, por dez minutos, concentremo-nos no objetivo para o qual nos reunimos: ajudar e curar nossos companheiros sofredores, particularmente aqueles que se inscreveram no Departamento de Cura para buscando ajuda às suas angústias.

(de Max Heindel; publicado na Revista Rays from the Rose Cross de agosto/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: Áries, Câncer, Libra e Capricórnio

[2] N.T.: Cristo no Jardim do Getsemani por Heinrich Hofmann ou Johann Michael Ferdinand Heinrich Hofmann (1824-1911) foi um pintor alemão do final do século XIX ao início do século XX. É principalmente conhecido por suas numerosas pinturas que retratam a vida de Jesus Cristo.

[3] N.T.: Lc 22:42

[4] N.T.: Mt 6:33

[5] N.T.: Sl 23

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