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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Finalidade da Vida Humana aqui

A Finalidade da Vida Humana aqui

Ensina, a Sabedoria Ocidental, que a vida é um constante “vir a ser”. São Paulo afirmava que “morria todos os dias”. Concluímos que o ser humano de hoje não é o mesmo de ontem, e o de hoje não será o mesmo de amanhã, porque esse já o terá ultrapassado, apesar de todas as aparências em contrário.

Há um princípio ativo na vida que determina: “nada se perde e tudo tende para melhor”. Esse princípio tem dois aspectos que designamos como evolução e transfiguração. Evolução, (do Latim “Evolutio” = abrir) é o processo de pôr para fora aquilo que está contido ou implícito em alguma coisa. Transfiguração (ato de transfigurar) significa mudar a forma, modificar para melhor a figura ou a aparência, tal como se deu com Cristo-Jesus no “Monte”.

Podemos admitir que a Evolução leva à Transfiguração gradativa, para a mudança de condições requeridas ao final de cada Época, Revolução e Período, capacitando-nos a ingressar e viver sob novas e futuras condições.

Até a primeira metade do Período Terrestre, em que atualmente evoluímos, o ser humano era guiado, ou levado ao desenvolvimento, pelas mãos e orientação de Grandes Hierarquias, delas recebendo os germes dos vários veículos que deveria formar e aperfeiçoar, em seu esforço de expressão nos vários mundos ou planos.

No primeiro Período, o de Saturno, o ser humano, Ego, encerrado em condições que lhe toldavam completamente a consciência de sua origem divina, recebeu o germe de seu corpo químico, o Corpo Denso. No segundo Período, o Solar, envolvido ainda mais em véus de veículos que obscureciam sua consciência espiritual, recebeu o germe de seu corpo etérico ou Corpo Vital. No terceiro Período, o Lunar, envolto em mais uma capa, a do corpo emocional ou Corpo de Desejos, cujo germe então recebeu, se distanciou ainda mais de sua origem divina. Nesse processo de aquisição e envoltura dos germes dos veículos o ser humano foi desenvolvendo sua consciência exterior. Assim, paralelamente, foram sendo despertados nos Egos determinados graus de consciência correspondentes aos que hoje possuem três Reinos inferiores de vida em evolução na Terra:

  1. No Período de Saturno recebeu o germe do Corpo Denso e adquiriu a consciência de transe profundo (dos atuais minerais);
  2. No Período Solar recebeu o germe do Corpo Vital e desenvolveu a consciência de sono sem sonhos (dos atuais vegetais);
  3. No Período Lunar recebeu o germe do Corpo de Desejos, desenvolvendo a consciência de sono com sonhos (dos atuais animais).

Lembramos que no decorrer de toda essa trajetória, tais germes foram sendo trabalhados, adaptados e desenvolvidos, de modo a poderem suportar novas e diferentes condições e tornarem-se melhores no período seguinte. Assim, o germe do Corpo Denso, dado ao Ego no Período de Saturno, como germe, foi por ele melhorado inconscientemente, com ajuda das Hierarquias, através desse Período e dos posteriores, já citados, o mesmo acontecendo com os demais germes. Presentemente, vemos o fruto desse trabalho, expresso num Corpo cuja perfeição maravilha nossos cientistas. Igualmente temos defesas e recursos vitais e sensoriais (Corpo Vital) notáveis, a ponto de os médicos reconhecerem que eles apenas ajudam, mas que o organismo é que realmente realiza tudo numa cura ou recuperação. Temos sentimentos elevados; o altruísmo, graças a Deus vai crescendo no mundo. Eis a revelação incontestável da evolução germinal de nossos veículos. O Corpo Denso por ser o mais antigo, é o mais aperfeiçoado, seguindo-se, em ordem, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos.

A Fraternidade Rosacruz dedica especial atenção ao desenvolvimento dos diferentes veículos notadamente do Corpo Vital, porque o ser humano deve aprender a espiritualizar seus corpos, através dos diversos renascimentos, em corpos gradualmente mais refinados, até abandoná-los definitivamente, levando a capacidade de criar e de funcionar nesses veículos e planos.

Até meados da Época Atlante, no presente Período, o Ego se veio envolvendo em graus de consciência cada vez mais densas, culminando com a matéria física. Esse envolvimento é designado, na Filosofia Rosacruz, como involução, envolvimento ou enrolamento. Tudo que é envolvido por alguma coisa não demonstra sua forma ou natureza original. À medida que vamos tirando os vários envoltórios começamos a ter uma concepção de sua real natureza, até que, ao tirar-lhe o último dos envoltórios, ficamos sabendo de sua origem. Assim é o Ego ou o ser humano real. Como Ego, veio se envolvendo, inconscientemente, com ajuda de exaltados Seres, em sua Involução. Chegou o tempo em que, com ajuda de seu último instrumento, a Mente, cujo germe lhe foi dado na Época Atlante, ele atingiu a consciência de si mesmo e passou a trabalhar, sozinho, na evolução de seus corpos, para sua transubstanciação, espiritualização e retirada gradual desses envoltórios que obscurecem a Luz e a Consciência. A Filosofia Rosacruz mostra que chegou o momento da luz interna brilhar um pouco mais. O ser humano deve expandir sua consciência. E essa expansão será possível por meio de um trabalho definido, que atua sobre o Corpo Vital. Note-se bem: um trabalho definido, peculiar, que atua sobre o Corpo Vital. Quer dizer que essa tarefa não deverá ser feita diretamente sobre o Corpo Vital, senão indiretamente. Ainda mais: a pessoa que a executar definidamente, não deve pensar em seu autoaperfeiçoamento, isto é, um particular esforço de melhorar seu Corpo Vital. Não! Ele é ensinado a fazer essa tarefa sem esperar recompensas e mediante o serviço ao próximo. A Sabedoria Ocidental, exposta por Max Heindel (fundador da Fraternidade Rosacruz) em a obra básica “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, como nas demais obras complementares, diz que o Aspirante à vida superior deve executar o “Serviço sincero, amoroso e desinteressado aos demais”. E por “demais” quis ele significar não apenas os “semelhantes”, os “seres humanos”, senão os demais reinos da Natureza. É o mesmo sentido dado nos Evangelhos ao “amar o próximo como a nós mesmos”.

Até os estágios de consciência de sono profundo e de sono sem sonhos, não houve uma palavra-chave para superar os obstáculos que se interpunham ao ser humano, a fim de facilitar-lhe a passagem de um a outro Período. Foi somente nas Épocas que precederam a atual para o conseguimento de uma condição que lhe possibilitaria passar para o Período seguinte.

Este Período, o Período Terrestre, está dividido em Épocas, que são reproduções ou recapitulações melhoradas do trabalho executado pelo ser humano em Períodos anteriores, sob orientação das Grandes Hierarquias. Diríamos, comparativamente, que os períodos equivalem a um ano de trabalho e as Épocas a 24 horas ou um mês de trabalho.

A Época Polar (a primeira) equivale, em ponto menor, ao Período de Saturno;

A Época Hiperbórea (a segunda) equivale, em ponto menor, ao Período Solar;

A Época Lemúrica (a terceira) equivale, em ponto menor, ao Período Lunar;

Nessas Épocas recapitulamos o trabalho dos Períodos correspondentes.    Somente na quarta Época, a Atlante e a subsequente, a Época Ária atual, é que realmente começou o trabalho propriamente dito, do Período Terrestre.

Voltando à questão das palavras-chave, a Filosofia Rosacruz nos ensina que nas primeiras Épocas (a Polar e a Hiperbórea) predominava a inconsciência e, por isso, não houve palavras-chaves. A partir da Época Lemúrica, passou a humanidade a desenvolver a consciência onírica ou subconsciente. As Hierarquias Criadoras iniciaram, então, o processo de nos dar uma palavra-chave, ou seja, uma Religião ou meio de desenvolvimento, uma condição que nos auxiliasse na caminhada para a perfeição. Essa palavra-chave que nos auxiliaria a transpor a Época Lemúrica para a Atlante nos foi ensinada pelos Líderes da humanidade por meio de quando renascíamos como mulheres de então, mais receptivas. Eis como foi ensinada: “Você tem um corpo”. Chamava, pois, nossa atenção, para a existência de um Corpo Denso, tangível, do qual não tínhamos consciência, porque estávamos focalizados nas esferas da vida subjetiva. Essa frase nos foi repetida milhões de anos, seguidamente, até passarmos para a quarta Época, a Atlante. Nessa Época, a palavra-chave ensinada pelas Hierarquias Criadoras tinha dois sentidos: um esotérico (oculto) e o outro exotérico (exterior material). A palavra-chave era: “Aspire a Luz”. O sentido exotérico correspondia ao interesse que começava a delinear-se em nós: o desejo de mais luz, pois habitávamos as profundidades da Terra, os vales, as cavernas, os grotões, onde a neblina espessa, quase água, a tudo e a todos envolvia num triste véu cinzento sob o qual o sol nos aparecia como um foco indefinido e nebuloso, semelhante à lâmpada da rua em dia de forte neblina. Pelo interno desejo de mais luz, ouvíamos, então, interessados, a palavra-chave, pronunciada pelos Líderes da Humanidade. À medida que aspirávamos a luz, íamos subindo em direção aos altiplanos e mesetas da Terra, onde a luz solar era mais visível. Nesse esforço de ascensão fomos gradativamente mudando nossas condições respiratórias, das primitivas, por guelras ou brônquios semelhantes às dos peixes e desenvolvendo pulmões. Essa é a razão porque a ciência supõe que a vida humana evoluiu da água. Notemos também: o desenvolvimento dos pulmões e a construção das costelas, apoiadas no osso externo é o significado do símbolo “arca de Noé”, na qual os mais adiantados puderam passar para a atual Época Ária.

É racional e lógico: atualmente não podemos fugir à regra sobre a necessidade de uma palavra-chave indicativa do exercício ou método para enfrentarmos a sexta Época, chamada na nomenclatura Rosacruz de a Nova Galileia. A Filosofia Rosacruz nos ensina que os Líderes da Humanidade, embora agora trabalhando indiretamente, chegaram à conclusão de que, para vencer este ponto perigoso de cristalização e existência material, só poderíamos evoluir com interferência direta, com uma ajuda especial. Essa ajuda tornou-se efetiva pela vinda de Cristo, encarnado no corpo de Jesus de Nazareth por três anos. Somente após os efeitos da purificação levada a efeito por Cristo no Planeta Terra nos foi possível atingir condições internas para aspirar e praticar a nova palavra-chave salvadora. Cristo é realmente o salvador da humanidade. Ele nos mostrou que o trabalho de Transfiguração, correlato do processo evolutivo, começou após as mudanças internas que sua vinda processou na Terra e em nós.

A palavra-chave está contida no Cristianismo Esotérico, particularmente no Cristianismo Rosacruz, para todo aquele que desejar praticá-la. Hoje, o êxito não depende do pronunciamento, isto é, do fato de ouvir-se ou de pronunciar-se passivamente determinada frase, como em Épocas anteriores. Antigamente era assim, em razão de nossa vivência subconsciente. Agora são-nos dados métodos ou disciplinas que deverão ser por nós vividos. Daí o dizermos ao Estudante Rosacruz que ele deverá ser um “sacrifício vivente”, que deverá realmente “viver a vida”, a fim de que as capas que envolvem sua Luz possam pouco a pouco serem removidas, ou melhor, transfiguradas, para formação de um novo veículo.

Conforme dissemos atrás, a palavra-chave a ser vivida neste fim de Época e início de idade preparatória da futura Sexta Época, está contida no “Novo Testamento”, sob a forma inédita de um conjunto de regras ou disciplinas, ensinadas e vividas por Cristo, fundamentadas no Amor. Essas regras ou disciplinas fundamentadas no amor impessoal são, em síntese: “Amai ao próximo como a vós mesmos”, isto é, com o mesmo interesse que temos por tudo que nos possa beneficiar ou agradar. Amar é uma ação, uma atividade. Portanto, a palavra-chave para Época atual não é uma fórmula mágica a ser recitada, senão uma atividade a ser executada com renúncia e amoroso interesse, para benefício do próximo.

Tal atividade tem dois polos: subjetivo, oculto, invisível e o objetivo, visível, externo. Na esfera subjetiva e oculta, processa-se o desenvolvimento silencioso por meio da meditação, da atenção, da vigilância interna, mental e sentimental, no aperfeiçoamento da capacidade de serviço ao próximo. Em resumo, é a prática do domínio próprio, por amor, isto é, para melhor servir, pois estamos aprendendo a nos dominar, não para tirar vantagens pessoais de engrandecimento ou poder, mas para adquirir mais qualidade no serviço ao semelhante. A prática dessa ação amorosa e subjetiva é fundamental. Sem ela, o polo objetivo, externo, se inutiliza porque ficará restringido, limitado, às expressões puramente humanas e sujeito quase sempre aos juízos antecipados, à impaciência, aos temperamentos, gostos, preferências, tendências e comodismo. Realizada a ação subjetiva, então, o verdadeiro “Eu”, o “Superior”, poderá espelhar-se, expressar-se numa ação externa eficiente, justa e amorosa. De fato, como pode o Aspirante à vida superior servir objetivamente ou praticar a caridade se ainda está sujeito às fraquezas humanas? É o caso do cego dirigindo outro cego. Por isso insistimos na necessidade da ação subjetiva fundamental. Sem ela a ação externa e objetiva não pode ser positiva, constante, bem orientada. Ademais, esse preparo interior, representado pelo domínio próprio, em última análise é o processo do conhecimento próprio.

Para amar, cristãmente falando, é necessário um aprendizado. Isso pode causar estranheza e suscitar uma pergunta: “para amar é necessário preparo?”. Respondemos: sim. No ato ou atividade amorosa, o executante não escapa, por força da lei, ao fator responsabilidade. As consequências de um relacionamento imperfeito resultam sempre em desagradáveis e até funestos.

Por isso, como qualquer outra atividade, a amorosa requer um aprendizado, perfeitamente delineado pelo Mestre, que afirmou: “Buscai, primeiramente, o Reino de Deus e Sua Justiça, e tudo o mais te será dado por acréscimo”. Esse acréscimo quer dizer: todos os nossos desejos, intenções se realizarão, inclusive a aspiração de bem Servir, segundo a disciplina de “Buscai o Reino de Deus…”. Mas, pergunta-se: “onde está o Reino de Deus?”. Novamente o Mestre responde (pois nada ele deixou em lacuna): “O Reino de Deus está dentro de vós”. Essa frase do Senhor equivale ao dito que lhe foi anterior: “Homem, conhece-te a ti mesmo”. É também correlata ao domínio próprio, à atividade subjetiva a que o Aspirante deve submeter-se para que, amando sabiamente, possa realmente servir aos semelhantes. Concomitantemente, pois, à prática do serviço amoroso e desinteressado, deve o Aspirante exercitar o serviço de introspecção, de análise de suas razões, de seus motivos, de seus impulsos, de seu temperamento, de suas tendências, a fim de que adquira eficácia e firmeza em seu modo de agir. Um médico não pode curar sem primeiramente submeter-se a longo preparo teórico e prático. Da mesma forma porque a lei é a mesma em qualquer atividade – deve o Aspirante Rosacruz exercitar-se longa, paciente, perseverante e cuidadosamente, para conquistar uma visão mais ampla e clara do objeto de seu amor: isso remete-o ao conhecimento próprio.

Portanto, a palavra-chave, para estes tempos prestes a findar-se, é: Serviço amoroso e desinteressado aos demais. Por meio dessa prática, tal como aconteceu nos dias de Noé, quando a humanidade desenvolveu pulmões para poder viver num ambiente em que predominava a adversidade, a luz solar e o oxigênio, pondo plenamente em prática uma aspiração com características materiais, assim também nós, a atual humanidade, deveremos formar uma réplica luminosa, etérica, de nosso Corpo Denso; uma forma bem mais sutil, mais perfeita, um “glorioso refúgio”, que será a “soma psuchicon” mencionado por São Paulo Apóstolo, o Corpo-Alma, o dourado manto nupcial da união do “eu inferior” com o “Eu Superior”, dentro do ser humano.

(De José Gonçalves Siqueira, publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro de 1968)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Emblema Rosacruz: uma maravilhosa fonte de inspiração para a meditação

O Emblema Rosacruz: uma maravilhosa fonte de inspiração para a meditação

O simbolismo é o meio pelo qual o espírito tenta se expressar à Mente do ser humano. É o nosso meio de comunicação com os outros. A palavra é o símbolo de uma ideia e, portanto, a literatura, a música, a arte, o teatro, a dança ou muitas outras técnicas simbolizam a ideia que uma Mente deseja transmitir a outra.

Em épocas passadas, as Mentes mais altamente evoluídas transformaram a ideia de Deus em imagem ou outra forma para os menos evoluídos. Muitas vezes o ser humano mais jovem adorava o símbolo, não sendo capaz de entender o espírito da forma.

Hoje, a palavra Deus significa muito para alguns de nós; contudo, não adoramos a palavra, mas o ideal que ela traz à Mente. Até a meditação sobre a palavra Deus pode dar muito alimento ao espírito. Quanto mais podemos obter a partir de um símbolo mais rico como o Emblema Rosacruz? Ele é dado a nós como alimento espiritual. Não há transubstanciação, de modo que a coisa em si seja santa, embora saibamos que um emblema usado há anos gradualmente absorva algumas das vibrações do serviço em que é usado. Ele então as exterioriza novamente para que alguém sensível possa sentir. O ideal por trás de um símbolo pode ser de grande valor espiritual na vida daqueles que o usam de maneira compreensiva.

Hoje, temos no idioma uma pequena palavra de apenas uma letra e ela representa o ser humano inteiro — Corpo, Mente e Espírito. É usada pelo ser humano para representar qualquer uma das suas partes ou o todo, de acordo com seu conhecimento. Essa palavra, ou símbolo, foi usada para representar o corpo do ser humano, quando sua consciência começava a enxergar o fato de que ele tivesse um corpo físico. Esse é o braço inferior da cruz. Quando a compreensão do ser humano sobre si mesmo foi além, ele adicionou um braço ao topo e depois o outro, fazendo o tau ou “T”. Essa é a Chave Egípcia da Vida. A linha horizontal simboliza a vitalidade humana e sua natureza emocional. Quando começamos a pensar, o topo foi adicionado, criando a verdadeira cruz romana. Isso completa o quádruplo veículo material do ser humano — Corpo Denso ou Químico, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente. É nessa cruz de matéria que o espírito do ser humano tem sido crucificado desde a fundação do mundo e nós aí permaneceremos até os dias de libertação, quando conheceremos a “liberdade gloriosa dos Filhos de Deus”. Até agora, enquanto nossos ideais permanecem materialistas, a cruz é negra, símbolo da matéria; mas quando espiritualizarmos nossos ideais através do serviço aos outros, embranqueceremos a cruz. Hoje a humanidade é, em termos simbólicos, uma cruz branca com uma linha preta sobre ela. Estamos reconhecendo os direitos alheios, os ideais de fraternidade e autossacrifício pelos outros estão crescendo. A cruz branca e pura simboliza a casta vida dedicada de um servo da humanidade, um ajudante invisível. A cruz da Rosacruz possui três meios círculos no final de cada braço, totalizando doze. Esse é o símbolo do ser humano cósmico, do qual o humano é o microcosmo. Representa as doze Hierarquias que hoje se manifestam como Signos do Zodíaco e ensina o ser humano a governar esse veículo quádruplo no qual trabalham junto ao Ego. São necessárias doze bolas para cobrir uma bola do mesmo tamanho; do mesmo jeito, os grandes mestres espirituais tiveram doze discípulos e o Ego tem doze faculdades psíquicas que cobrem o ser humano espiritual.

Aparentemente, do centro da cruz irradia a estrela de cinco pontas com uma ponta para cima. Este é o símbolo do Manto Nupcial que cada ser humano está tecendo para si próprio por meio de atos amorosos e altruístas realizados através do corpo. À medida que a cruz se torna mais branca, a estrela surge mais luminosa, até chamar a atenção de um dos Grandes e Amorosos, que colocará o ser humano em contato com a Escola de Mistérios onde ele terá um crescimento muito mais rápido em espiritualidade do que se estivesse sozinho na jornada para Deus. A estrela é dourada e está próxima da cor do amor de Cristo, que deve ser o motivo da ação. O amarelo é símbolo do Segundo Aspecto da Deidade, o Filho ou Cristo; mas atualmente a humanidade não pode manifestar o amarelo puro do amor de Cristo. Precisamos transformá-lo na cor laranja do ouro. Necessitamos desenvolver o Corpo-Alma, ou, nas palavras de Cristo, o Manto Nupcial, antes que o Filho possa nascer em nós ou que possamos participar da festa do casamento. Atrás da estrela e da cruz está um campo infinito feito de azul, que é o símbolo do puro Espírito do mesmo jeito que o céu azul simboliza o caos do qual surgiu a manifestação. Esse é o Primeiro Aspecto da Divindade, o Pai. Cristo disse que Ele devesse submeter todas as coisas a Si mesmo para, então, entregar o Reino ao Pai. Sabemos pouco sobre o que esse Reino deva ser ou sobre seus poderes e esse pouco chega a nós por intermédio dos ensinamentos do Filho. Portanto, o azul é tingido de amarelo e não é puro, sendo mais como a turquesa, muito translúcido e cheio de vida.

Pendurada na cruz está a coroa de sete rosas vermelhas, vagens com sementes desprovidas de paixão, o símbolo do poder criativo e divino do sexo purificado e elevado a uma posição superior. O vermelho simboliza o Terceiro Aspecto da Deidade, o Espírito Santo. Essa é a única cor pura mostrada no símbolo e, hoje, a humanidade é capaz de pensar de forma abstrata, que é o poder do Espírito Santo. A vida do ser humano está no sangue e, portanto, devemos purificar e elevar a vibração do sangue mediante uma vida de serviço ativo, antes que possamos manifestar a Estrela da Esperança e atrair o Mestre para nós. Assim como a rosa é o produto mais elevado do mundo das flores, o ser humano alcança a mais alta posição que possa conseguir quando transmuta as forças impuras da vida do sangue cheio de paixão na força criativa da vida limpa do Espírito de Vida.

Assim, vemos que o emblema Rosacruz seja um símbolo da evolução passada da humanidade, da sua posição atual e dos ideais pelos quais ela deve trabalhar no futuro. É uma maravilhosa fonte de inspiração para a meditação.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross em 05/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)

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