Resposta:Em primeiro lugar, deveríamos lembrar que há cerca de sessenta bilhões de Espíritos Virginais em nossa Onda de Vida, percorrendo o Ciclo de Vida e Morte, vivendo parte do tempo no Mundo visível[1] e parte nos Mundos invisíveis. Atualmente, só há uns 1,6 bilhões[2] de seres humanos na existência física, o que representa o fluxo mais baixo e isso geralmente ocorre no fim de uma Era[3]. Durante um milhão de anos ou mais, desde que saímos da Atlântida, a média tem sido de cinquenta a sessenta milhões de pessoas. Pode-se, também, afirmar que os povos ocidentais representam a melhor parte dessa evolução e, portanto, cabe a nós lidarmos com os grandes problemas que são sempre incidentais a uma fase de transição.
Nas civilizações passadas, quando renascíamos aqui como mulher, éramos o árbitro do destino do mundo, enquanto, como ocorre no caso presente, quando renascemos aqui como homem somos o árbitro do destino do mundo. Estamos, agora, às vésperas de uma transição para uma nova Era, onde quando renascermos como mulher, novamente, exerceremos o cetro do poder e quando renascermos como homem teremos que nos submeter às ordens dos que renascerão como mulher, mas antes que isso aconteça, haverá uma Era de igualdade. Essa é chamada de Era de Aquário pelos ocultistas, e estamos começando a sentir os seus efeitos desde meados do último século[4], quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, entrou na Órbita de Influência de Aquário. No entanto, no momento, o Sol ainda está a dez graus de Peixes[5]. Pela marcha lenta do movimento chamado de Precessão dos Equinócios, o Sol só atingirá o primeiro grau de Aquário daqui a seiscentos anos, aproximadamente. Todavia, durante o transcorrer desse tempo haverá, claramente, tantas mudanças maravilhosas em nossas condições física, moral e mental que não somos capazes, no momento, de conceber como seremos nesse futuro.
Nós, que estamos renascidos agora em um Corpo Denso, seremos sucedidos por grupos de Espíritos Virginais da Onda de Vida humana que renascerão aqui, depois de nós, ainda mais evoluídos do que nós, que realizarão grandes reformas e, quando as pessoas, que se encontram atualmente renascidos aqui na Terra, renascerem novamente, cerca de quatrocentos anos da Era de Aquário já terão passado, de modo que o mundo terá avançado numa linha de desenvolvimento peculiar àquela Era. Os Espíritos atrasados que nascem numa atmosfera de grandes realizações intelectuais obterão, assim, uma imensa elevação, com base no mesmo princípio de um condutor elétrico que, quando colocado nas proximidades de um cabo de alta tensão, recebe automaticamente uma carga de menor voltagem. Assim, cada classe ou grupo que se eleva, ajuda também a elevar aqueles que estão abaixo dele na escala da evolução. A questão da população, então, não está inteiramente controlada pelos indivíduos ou por leis humanas. As Hierarquias Criadoras, que guiam a nossa evolução, encarregam-Se da questão conforme necessário para que se reverta em maior benefício de todos os envolvidos e o número da população concerne mais a Elas do que a nós.
Isso não significa que não podemos ou não devemos exercer o controle de natalidade, como sugerido por aqueles que são os responsáveis por esse movimento. Também é verdade que é preciso ajudar as pessoas no lugar onde elas estão e não onde deveriam estar. Os Ensinamentos Rosacruzes enfatizam o fato de que “semelhante atrai semelhante” e, portanto, é um dever dos que estão bem desenvolvidos física, moral e mentalmente prover um ambiente adequado para tantos Espíritos Virginais da Onda de Vida humana que precisam, na medida que suas condições físicas e financeiras permitam. Esse dever incide ainda mais sobre aqueles que estão também espiritualmente desenvolvidos, pois um irmão ou uma irmã altamente espiritualizada não pode entrar na existência física por meio de pais impuros ou não desenvolvidos espiritualmente. Contudo, quando um casal conclui que a gravidez é prejudicial para a saúde da mãe, ou quando a carga financeira está acima das possibilidades do casal, então eles devem viver uma vida de continência, não favorecendo a natureza passional e nem procurar por meios artificiais impedir a vinda de Egos, tirando-lhes a oportunidade de renascimento proporcionada pela indulgência sexual de tal casal.
É evidente que isso requer um considerável desenvolvimento espiritual e autocontrole. São poucos os capazes de viver tal vida, e seria o mesmo que pregar a continência para um muro de pedra do que para um espécime comum da Humanidade. Ele não pode compreender a necessidade disso. Ele até acredita que essa abstinência interferiria na sua saúde, pois falsas declarações a respeito da necessidade de exercer a função natural levaram a muitos resultados deploráveis. Ainda que ele pudesse ser persuadido a se abster pelo bem do seu cônjuge e dos filhos que já trouxe ao mundo, provavelmente seria incapaz de se conter, particularmente porque as pessoas que vivem em modestas condições, geralmente, não têm possibilidades de ter dormitórios separados, por exemplo. Por essa razão, é necessário ensinar a essas pessoas o controle de natalidade por meios científicos. Contudo, reiteramos que, embora as pessoas sejam incapazes de entender a razão pela qual a continência deva ser praticada e são incapazes de praticá-la por falta de autocontrole, os ensinamentos espirituais devem ser fornecidos repetidamente para que, da mesma forma que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, com o tempo as gerações vindouras aprenderão a considerar sua própria força de vontade para conseguir dominar sua natureza inferior. Sem um programa educacional visando à emancipação espiritual, as informações a respeito dos métodos físicos para limitar a natalidade nos lares sobrecarregados são extremamente perigosas.
Há outro aspecto da questão que merece ser elucidado. Foi dito que “a atitude da Mente da mãe, precisamente antes de receber o Átomo-semente, é importantíssima, pois determinará o tipo de criança que ela trará ao mundo. Um acesso repentino e intenso de raiva ou de medo, ou ainda, de paixão violenta nesse momento sagrado deixa o portal desprotegido e convida uma entidade indevida a entrar”. Além dos seres que vemos neste Mundo material, toda a atmosfera que nos cerca está repleta de criaturas ou entidades que se sentem atraídas por seres de natureza semelhante à delas. Assim como os músicos se reúnem nas salas de música ou os esportistas, nos clubes ou pistas de corrida e afins, essas entidades se reúnem ao redor de pessoas de natureza semelhante à sua. Assim como alcoólatras e bandidos procuram os bares, botecos e antros, homens e mulheres imorais são encontrados nas zonas de meretrício, assim também espíritos imorais reúnem-se em torno de um lar onde dão vazão às suas paixões de natureza inferior, satisfazendo-as muitas vezes no decorrer de uma noite ou de um dia.
Há certa classe de seres, demônios masculinos e femininos que vivem no Éter e foram chamados pelos antigos alquimistas de incubi e succubi, que se nutrem das paixões dos outros. Que oportunidade tem uma mãe que vive em tal ambiente de atrair um Espírito Virginal da Onda de Vida humana elevado para que renasça através dela? E, embora a concepção quase nunca esteja sincronizada com a união dos pais, podendo ocorrer a qualquer momento dentro de duas semanas ou mais a partir daquele acontecimento, uma mãe cercada por tais influências no lar nunca está livre delas. Algumas Religiões de algumas pessoas que chamamos de “selvagens” exigem até hoje que o ato procriador seja realizado no templo, e é assim que deve ser. Não há ato mais importante na vida e, em vez de ser condenado como vergonhoso, deveria ser exaltado à dignidade de um Sacramento e realizado sob as circunstâncias mais sagradas e inspiradoras possíveis. Se isso fosse concebido hoje como o foi na chamada Idade do Ouro[6], teríamos uma verdadeira elevação e um aprimoramento nas condições do mundo como, provavelmente, e não conseguiríamos alcançar por séculos.
(Pergunta nº 37 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: ou seja: Região Química do Mundo Físico.
[2] N.T.: população mundial no início do século XX. Atualmente a população mundial é estimada em torno de 8 bilhões de pessoas.
[3] N.T.: no caso a Era de Peixes nessa Época Ária.
[4] N.T.: aqui se refere ao Século XIX.
[5] N.T.: isso se refere ao início do Século XX.
[6] N.T.: O termo Idade de Ouro vem da mitologia grega, particularmente dos Trabalhos e Dias de Hesíodo, e faz parte da descrição do declínio temporal do estado dos povos através de cinco Eras, sendo o Ouro a primeira e aquela durante a qual a Raça de Ouro da Humanidade viveu. Por extensão, “Idade de Ouro” denota um período de paz primordial, harmonia, estabilidade e prosperidade. Durante esta Idade, a paz e a harmonia prevaleceram, pois as pessoas não tinham que trabalhar para se alimentar, pois a terra fornecia alimentos em abundância. Eles viveram até uma idade muito avançada com uma aparência jovem, eventualmente morrendo pacificamente, com espíritos vivendo como “guardiões”. Platão em Crátilo (397 e) relata a raça dourada dos humanos que veio primeiro. Ele esclarece que Hesíodo não quis dizer literalmente feito de ouro, mas bom e nobre.
Recentemente, um amigo, que vem fazendo o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz já a algum tempo, me escreveu pedindo um esclarecimento sobre um assunto que lhe causa alguma preocupação; e como essa dúvida pode ocorrer a outros Estudantes que não tiveram a oportunidade de expressá-la, achamos melhor utilizar essa Carta para esclarecer esse assunto. Tal assunto será de grande utilidade, mesmo para os que não o tenham observado sob o ponto de vista do nosso amigo. Ele não pretendeu reclamar, mas disse que solicitou o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz na esperança de obter algo que o ajude no seu desenvolvimento espiritual. Em vez disso, recebe mensalmente um pequeno sermão amável e, ainda queadmita queisso possa ser útil tanto para os iniciantes quanto para os Estudantes adiantados, pergunta: onde está propriamente a instrução? Outros autores de outras “filosofias” fornecem certos exercícios que ajudam os seus seguidores; e pergunta: por favor, poderíamos lhe oferecer alguns exercícios que desenvolvesse sua faculdade de escrever bem e com qualidade?
Não, não podemos fazer isso. Os Ensinamentos Rosacruzes foram elaborados para promover o progresso espiritual, em vez da prosperidade material, e não conhecemos nenhum exercício esotérico que traga riqueza material, quer diretamente quer por um estímulo anormal de um talento latente. Se o fizéssemos, não o ensinaríamos, pois tal uso do poder oculto ou esotérico é magia negra. “Buscai primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, e todas as outras coisas vos virão por acréscimo”[1], disse Cristo, e nós nunca cometeremos erros se seguirmos Seus conselhos. Se o nosso amigo ou qualquer outra pessoa quiser desenvolver uma faculdade latente somente para o bem, essa aspiração espiritual irá, em um determinado momento, se converter em realidade sem a necessidade de um exercício oculto ou esotérico específico, se for persistentemente executado e fortalecida pelo esforço físico por meio de atos, obras e ações.
Acerca das lições que são “pequenos sermões amáveis” podemos dizer que assim parecem, se lidas superficialmente. Mas se forem estudadas profundamente, há nelas uma grande quantidade de conhecimento oculto ou esotérico que é muito mais benéfico para o Estudante do que um exercício, como o que nosso amigo deseja. Há, no entanto, uma razão ou estratégia por trás disso que, pode à primeira vista parecer algo caótico ou sem sentido, ao fornecermos os Cursos dessa maneira. Talvez isso não tenha ficado claro para os Estudantes e, portanto, tentaremos esclarecer melhor o assunto. No entanto, tenha em mente que a comparação a seguir é feita com um legítimo propósito; não como uma crítica.
Além do fato de que a Escola Oriental de Ocultismo baseia os seus ensinamentos no Hinduísmo, enquanto a Escola dos Ensinamentos de Sabedoria Ocidental preconiza o Cristianismo – Esotérico, a Religião do Ocidente – há uma grande discrepância fundamental e irreconciliável entre os ensinamentos dos modernos representantes do Oriente e os dos Rosacruzes. De acordo com a versão do Ocultismo Oriental, o Corpo Vital – chamado “Linga Sharira” – é comparativamente sem importância, pois é incapaz de se desenvolver como um veículo de consciência. Ele serve apenas como um canal para a força solar, “prana”, e é um “elo” entre o Corpo Denso e o Corpo de Desejos, que é chamado “Kama Rupa”, também chamado de “Corpo Astral”. Esse, dizem eles, é o veículo do Auxiliar Invisível.
A Escola dos Ensinamentos de Sabedoria Ocidental nos ensina, como sua máxima fundamental, que “todo o desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital”, e o autor, como seu representante oficial e público, tem estado constantemente empenhado, desde o princípio do nosso movimento, tentando reunir e disseminar os conhecimentos referentes aos quatro Éteres e ao Corpo Vital. Muitas informações foram fornecidas no Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz” e nos livros que se seguiram da biblioteca da Fraternidade Rosacruz, mas as lições e Cartas mensais contêm os resultados das nossas investigações recentes e atualizadas. Constantemente estamos dissertando sobre esse Corpo Vital (vital num duplo sentido) diante das Mentes dos Estudantes para que, conhecendo e refletindo sobre ele, bem como lendo e prestando bastante atenção aos “pequenos sermões amáveis”, contidos nessas informações, possam de uma maneira consciente e inconscientemente tecer o “Dourado Manto Nupcial”[2]. Aconselhamos a todos que estudem essas lições cuidadosamente, ano após ano; pode haver nelas algo que pode até ser considerado sem valor ou superficial, mas há muito mais ouro nelas.
Desejamos a vocês um crescimento espiritual abundante durante o Ano Novo.
(Carta nº 74 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Mt 6:33
[2] N.T.: Traje Nupcial de Bodas ou Vestimenta Dourada para o Casamento Místico entre o “eu inferior” e o “Eu superior”, o “Soma psuchicon” ou o Corpo-Alma.
“Vocês precisam de paciência para que, depois de terem feito a vontade de Deus, possam receber a recompensa”[1].
Sem dúvida, S. Paulo viu a impaciência dos “Pequeninos”, como os Estudantes de hoje, ansiosos para “colher onde não haviam semeado” e se queixam de seu lento progresso. Primeiro a natureza e depois o espiritual, o crescimento do anterior e a analogia do superior. São necessários vinte e oito anos de vida terrestre para fazer da personalidade do ser humano um bebê primogênito; isto é, um indivíduo fisicamente adulto e seguro. É provável que um ser eterno e imortal possa desenvolver e definir um caráter cristão e uma profunda raiz espiritual em poucos anos?
O Espiritual só pode se desenvolver quando a Natureza cede, pois em um jardim a planta preferida floresce exatamente na proporção em que as ervas daninhas são arrancadas e o cultivo é restabelecido.
Nosso Salvador Cristo não prometeu transformar o ser humano. Ele prometeu “Poder” para se tornarem Filhos de Deus e “acreditar em Seu nome”. O poder de se tornar uma árvore ou flor perfeita está em uma semente, o pequeno começo do crescimento espiritual, está na “crença n’Ele”.
O jardineiro tem um trabalho a fazer: manter todas as ervas daninhas afastadas e cultivar a terra. A vida cresce na semente.
Quando alguém aceita a Cristo com o coração, ele dá a vida que crescerá para a perfeição espiritual para o cultivo. Os frutos do Espírito são todas as belas qualidades da alma que tornam uma vida nobre e útil, porém, não são vistas ao mesmo tempo produzidas em sua plenitude. A aparente mudança pode ser grande em relação à de um mundano – egoísta, mercenário, vaidoso e impuro – porém, leva tempo para desenterrar as velhas raízes e ervas daninhas, cujas sementes tendem a ter uma periodicidade de aparecer.
Muitos que se consideram firmemente estabelecidos no bem-estar, são pegos dormindo e derrubados por algum defeito do passado por falta de vigilância. A espiritualidade, em seus estágios iniciais, é facilmente desviada do coração por influências mundanas; ninguém precisa de uma amamentação mais prolongada para manter seu poder afetivo. O cérebro é o elo de conexão e os pensamentos mentais devem estar focados para alcançar seu ideal, a fim de se manter longe das muitas tentações que o mundo oferece, especialmente aos jovens.
Os Ensinamentos Rosacruzes apelam para os Cristãos que, de certa forma, se afastaram dos desejos da natureza e que, talvez, tenham sido plenamente experimentados e provados que estão carentes das qualidades que satisfazem a alma; contudo, a Natureza morre lentamente, as exigências da santidade são difíceis e, especialmente nos Cristãos com mais idade física, retroceder não é incomum. Muitos chegam a qualquer novo ensinamento para os obter “os pães e os peixes”, enquanto que um grande número se unem a uma igreja popular para curar seus males corporais e permanecer ali a fim de continuar recebendo as bênçãos da saúde. Esse motivo parece ser depreciativo para o crescimento da alma, mas, não se pode entrar em contato com a Espiritualidade sem sentir sua influência para a elevação; e assim, com o tempo, aqueles que chegam por razões egoístas podem se tornar seguidores sinceros da fé. Há muitas almas vacilantes indo de um culto a outro para encontrar descanso para as solas dos pés, e onde a Verdade for encontrada em maior medida, a grande multidão virá para o “pão da vida”. Elas podem ser muito sinceras, honestas, mas de modo alguns estão prontas para a Iniciação. As plantas que, às vezes, dão flores e frutos em abundância precisam ser transplantadas várias vezes antes de mostrarem seu verdadeiro vigor e, quando finalmente chegam ao lar permanente, ainda precisam esperar longos meses e até anos de desenvolvimento, antes que o fruto nasça. Somente a maturidade do tempo traz a produtividade total.
Analise as lágrimas de qualquer um dos verdadeiros Santos que se mantiveram na fé e terminaram o caminho para Deus; o caminho deles, certamente, não foi de rosas. Morrer diariamente para si mesmo, para as paixões da Natureza inferior, para a adoração material; sacrifícios diários na cruz do Corpo Denso, com olhos fixos no Senhor, com Cristo interno repleto no coração, com todos os presentes no altar na consagração à Humanidade. Os Cristãos são compostos de vários tipos e qualidades, parecido com os tipos das embarcações marítimas: alguns parecem apenas com barcos a remo amarrados à costa, com medo de se aventurar sozinhos; outros mais ousados, mas com medo de águas profundas; outros, então, como um navio veloz para passageiros, preparado para a viagem, bem equipado, o Capitão em seu posto, de olho na bússola. E mesmo assim, algumas vezes, batem em uma rocha ou falham em resistir a um vendaval, e afundam. Existem outros que parecem submarinos que exploram os segredos das profundezas.
Tais são os Adeptos na Fraternidade Rosacruz, talvez profundamente envolvidos nos segredos do governo, em missões importantes, guardiões avançados na pesquisa, difíceis de se encontrar, difíceis de destruir, vencedores do inimigo das almas. Depois, existem as aeronaves; essas são símbolos dos Irmãos Maiores, que navegam em outro elemento. Pois, Eles estão no ar, na atmosfera clara de um ar rarefeito, e enxergam além das brumas que escondem o passado e o futuro da nossa visão limitada. Esses tipos de pessoas não surgiram em um só dia. Há muito tempo de desenvolvimento entre o barco a remo frágil e o submarino ou a aeronave.
A paciência deve ter seu ciclo de trabalho terminado: a alma deve crescer de maneira ordenada, primeiro a folha, depois a espiga e depois a espiga cheia de milho. Um dia de cada vez, uma falha superada, um ato altruísta, um pensamento amoroso verdadeiramente universal; através de todos e de cada um de nossos passos no “Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz”. Não adianta se preocupar, não adianta se apressar; é uma daquelas situações onde é melhor fazer isso bem devagar, pois se você fizer isso muito depressa, você cometerá erros. Somente o tempo e a paciência podem curar a alma de sua incapacidade e levá-la à estatura total de “Uma pessoa em Cristo Jesus”[2]. A sequoia, a maior árvore do mundo, leva milhares de anos para atingir sua altura elevada, e as outras árvores de mais de cem anos parecem pequenas mudas delas, em comparação.
Estruturas fortes e permanentes avançam lenta e seguramente, contudo, são construídas para durar, suportar os vendavais, o estresse da vida. Aos Estudantes da Filosofia Rosacruz é muito bom o manter essas verdades, constantemente nas suas Mente (e não aumentar os encargos da sede de um Centro Rosacruz, escrevendo com espírito de crítica, de impaciência, como alguns que conheço. O escritor está longe, e mesmo assim, acaba entrando em contato com outros Estudantes que também demonstram essa falta de compreensão da vida). Os meios de crescimento, cultivo e poder da alma estão nas nossas mãos, em nossos lares e no ambiente ao nosso redor. Aqui e agora é o nosso lugar e hora para começar de novo, a cada dia abençoado para desenvolver um corpo espiritual, para preparar as glórias prometidas aos fiéis até o fim. “Você tem pouca força se cair no dia da adversidade”[3].
(Publicado na: Rays From The Rose Cross – janeiro/1916 – e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: Hb 10:36
[2] N.T.: IICor 12:2
[3] N.T.: Pb 24:10
Consideremos duas classes de obsessão, a saber, demoníaca e Elemental. Essa última é uma obsessão ou uma possessão das faculdades do paciente, em maior ou menor grau, por uma entidade invisível (espiritual). Pode haver ou não intervalos lúcidos, mas no caso registrado abaixo eles foram numerosos. No ocultismo, não pretendo ser nada que se aproxime da maestria, mas há muitas coisas sobre as quais posso dar conhecimento em primeira mão.
Não é da competência deste texto descrever os motivos e a origem de entidades como Elementais e Espíritos da Natureza, nem entraremos em nenhum dos planos superiores para descrever a forma ou composição química dos Elementais.
O Elemental é a mais simples de todas as influências externas que causam obsessão e é a primeira influência externa real ou ser real com o qual o diagnosticador Astro-médico entrará em contato.
A composição material real do Elemental é de um elemento, daí seu nome. É bom que o leitor lembre-se de que estamos falando aqui das vibrações que são mais elevadas do que o físico cotidiano, e que uma descrição completa do Elemental nos levaria a uma dissertação prolongada das forças que trabalham ao longo dos polos negativo e positivo ou dos quatro Éteres. Basta dizer aqui que o Elemental tem forma real e possui vida, principalmente obtida de sua pobre vítima humana. O casuísta pode exigir provas desta declaração antes de prosseguir. Eu respondo que é autodemonstrável e que o caminho para a verdade e o aprendizado está aberto a qualquer um que esteja disposto a pagar o preço. Este preço, no entanto, não é em recursos financeiros, e se o pesquisador for absolutamente materialista, ele fará bem em estudar os Ensinamentos Rosacruzes antes de fazer mais pesquisas médicas.
É bom se lembrar que a coisa mais fundamental na planta é invisível aos olhos físicos. O conhecimento supersensível é acessível a todos aqueles que buscam diligente e persistentemente.
Ao relatar este caso, nos ateremos tanto ao lado físico quanto for compatível com o assunto, e descreveremos este como um caso típico real de obsessão Elemental. Entre em qualquer instituição para doentes por insanidade e muitos casos semelhantes podem ser encontrados. Você pode argumentar como quiser e ridicularizar o quanto quiser, mas a verdade não será alterada para se adequar a nenhuma de nossas opiniões preconcebidas.
Sra. H., 26 anos, esposa de um mecânico honesto; mãe de três filhos; loira, com algumas marcas de beleza feminina; tamanho médio, razoavelmente bem construída; veio de uma família inteligente, mas neurótica, seu pai morreu em uma instituição para doentes por insanidade; pulmões e coração em boas condições e nenhuma história específica.
Ela era organizada, trabalhadora e naturalmente de uma disposição alegre. Durante o último confinamento, o trabalho de parto foi concluído em menos de uma hora sob a gestão eficiente do Dr. Muir, que a atendeu muitas vezes durante as sete semanas seguintes.
Na primeira semana do período de repouso, ela se saiu esplendidamente. Depois do nono dia, ela começou a ter ataques nervosos peculiares de vaga apreensão de perigo para seu bem-estar. Não houve febre em nenhum momento. O Dr. Muir, de alguma forma sutil, passou o caso para mim no início da oitava semana. Fui chamado pela primeira vez em 19 de janeiro, às cinco horas da tarde, e a encontrei sentada na cama segurando uma bolsa de água quente em cima do seio esquerdo, cabelo desgrenhado, rosto exibindo uma expressão maníaca; nem um piscar de olhos; olhos fundos nas órbitas, pupilas dilatadas; mãos e pés frios, mostrando circulação perturbada, embora o quarto estivesse confortavelmente aquecido; batimento cardíaco lento, fraco, mas regular. Ambas as pupilas estavam dilatadas e persistentemente se recusavam a contrair sob a influência de luz, hiosciamina, atropina, escopolamina, estricnina ou brometos. Sua conversa era sem nexo e ela estava apreensiva com medo de morrer imediatamente, e repetidamente fazia a mesma pergunta aos atendentes sobre sua morte iminente.
Lembrando que a íris controla o tamanho da pupila por meio dos músculos esfíncter e dilatador da pupila. A dilatação da pupila é chamada de midríase e ocorre quando a luz está baixa ou em situações de medo ou excitação. A contração da pupila é chamada de miose e acontece em ambientes com muita luz, quando os olhos convergem ou durante o sono.
Independentemente das garantias em contrário, ela perguntava cem vezes ou mais por dia se seu coração iria parar ou se ela algum dia se recuperaria. Ela estava rapidamente ficando acamada e qualquer tribunal de insanidade teria julgado, sem hesitação, uma candidata para ser internada em uma instituição psiquiátrica. Seu coração reagiu a uma injeção hipodérmica de estricnina; mas as pupilas, as “janelas da alma”, não cediam a nenhum estimulante que eu aplicasse.
Havia várias sensações nervosas metastáticas simulando uma marca travessa de histeria. O atendente médico pode sentir um sentimento ou atmosfera mais calorosa quando na presença do caso comum de histeria, seja a variedade travessa ou simiesca.
Seus intervalos lúcidos eram ligeiramente perceptíveis. Os pentabromidas produziram um sono razoavelmente bom, embora mais ou menos perturbado por sonhos que eram significativos para qualquer psicanalista.
Além da dosagem noturna de pentabromidas, prescrevi um tônico amargo, para ser tomado após as refeições. Decidi fazer tudo o que estivesse ao meu alcance como médico para salvá-la da instituição psiquiátrica; mas quanto mais eu fazia, mais sérios ficavam os sintomas, até o terceiro dia, quando decidi que o diagnóstico poderia ser modificado ou alterado de prostração nervosa para um caso simples de obsessão por Elemental, que tinha seus sintomas psiconeuróticos produzidos por um fator além do físico visível. As pupilas e a atitude eram patognemônicas.
Nessa situação extrema, um tratamento suprafísico foi iniciado para retirar o Elemental obsessor. Não é conveniente dar ao público a parte suprafísica do tratamento neste momento. Quase imediatamente a íris começou a se movimentar, por assim dizer, ou a reagir em vasos, os intervalos lúcidos tornaram-se mais longos e, em dez dias, toda a pupila assumiu um aspecto normal. Dentro de 36 horas do início do tratamento modificado, uma confissão veio da paciente. Ela declarou que desde os cinco anos de idade ela praticava a masturbação e continuava essa perversão sexual em intervalos ao longo da vida; também a praticava duas vezes desde seu último confinamento.
Os sintomas eram a manifestação direta desse Elemental que funcionava na Região Etérica do Mundo Físico. Como um vampiro invisível, ele havia crescido muito e estava roubando dessa bela mãe seu próprio princípio de vida. Sem ajuda, ela era impotente para se livrar desse Elemental.
Não há necessidade de elaborar sobre o tratamento, enquanto houver viés no julgamento diagnóstico do leitor. Ao fazer um diagnóstico, é bom que sejamos lentos em todos os casos neuróticos, pois primeiro devemos ter certeza de que os sintomas não têm origem física e que não pode haver obsessão de fato e/ou totalmente sem dilatação pupilar. É fácil perceber que não cometer erros no diagnóstico nesses casos é de suma importância para a reputação do diagnosticador e de séria importância para o pobre paciente. Na realidade, os nomes histeria, neurastenia e psiconeurose são subterfúgios vãos, usados para cobrir as multidões de nossa ignorância.
Em poucas palavras, a paciente tinha uma predisposição neurótica, um ambiente hostil, o estresse da maternidade; e uma prática maligna enfraqueceu ainda mais a possessão física e mental, fornecendo assim uma condição ideal como um convite à influência externa. O Elemental obteve uma área de consciência dela em uma data precoce, e como seus atos eram uma rendição de vida ao Elemental, esse cresceu muito, alimentando-se do Éter de Vida e foi capaz de obter a posse de mais áreas de sua consciência. Aos poucos, o Elemental se tornou a maior coisa dentro do Templo, destronando o Ego humano de seu “Trono da Razão”.
Nota — Embora a paciente seja capaz de cuidar de seus deveres domésticos, ela ainda continuou, um bom tempo, sob observação médica.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross – novembro/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Quando se comenta a precocidade de determinadas crianças é comum dizer-se que “nasceram antes da época”. Na realidade apenas expressam, agora, certas qualidades que caracterizarão ou farão parte do cotidiano nos tempos futuros.
Por outro lado, pergunta-se, frequentemente, qual a razão dos chamados “meninos ou meninas prodígios”, quando adultos, via de regras, manifestarem uma decepcionante mentalidade? Talvez encontremos a resposta ou respostas, dentro do próprio lar onde viveu e cresceu aquele ser.
Uma educação equivocada, quase sempre, é a causa desse aparente retrocesso. Os pais ou responsáveis, no afã egoísta ou megalomaníaco de ver seus filhos “brilharem” e sobrepujarem as outras crianças da mesma faixa etária, os forçam a seguir cursos e estudos próprios dos adultos, sobrecarregando-os em demasia. Dai o enorme desgaste nervoso e mental de um corpo desprovido de reservas suficientes e de cujo esforço se ressentirá pela vida afora.
Há como que uma indigestão mental ou embotamento intelectual provocado pela saturação. Os pais ou responsáveis devem conscientizar-se de que estas crianças devem ser entregues ao seu natural pendor em relação à aprendizagem e aquisição de conhecimentos.
Examinando a questão à luz dos Ensinamentos Rosacruzes depreende-se muita coisa. Encontramo-nos já dentro da Órbita de Influência de Aquário. À medida que avançamos na evolução e nos aproximamos da nova Era, a de Aquário, a precocidade tanto no aspecto físico como no intelectual se tornará mais frequente.
Na Era de Aquário desabrocharão faculdades extraordinárias, psíquicas e mentais, devendo predominar a intuição, o sentimento de fraternidade, a compaixão e qualidades afins. A Clarividência voluntária ou positiva, por exemplo, será um estado normal de visão, abrindo-se, em razão dela, perspectivas ora inimagináveis para a medicina e cirurgia, e para a investigação científica de um modo geral.
Percebe-se, amiúde, crianças e principalmente adolescentes, dotadas de qualidades excepcionais, sentirem-se deslocadas em seus próprios lares. Incompreendidas, acabam por se tornar revoltadas ou inibidas, atrofiando-se, dessa forma, potencialidades incomuns. Isso ocorre porque, geralmente, os pais ou responsáveis ignoram os princípios espirituais da educação. Empenham-se em educar exatamente como foram educados, sem entender que a vida é um verdadeiro caleidoscópio, girando a cada instante, fazendo sobressair renovadas e inusitadas facetas em todos os campos de atividade humana. Um princípio educacional considerado até revolucionário há quinze anos atrás, hoje pode estar até superado.
O lar é a base da educação infantil. Ele é o centro onde se sedimentam os verdadeiros traços de qualquer pessoa. Portanto, os pais ou responsáveis não devem esquecer-se de que sua função primordial é imprimir a vivência infantil uma orientação perfeitamente compatível com suas melhores tendências genotípicas, consoante métodos adequados da moderna psicopedagogia. Toda limitação ou restrição à atividade infantil é perniciosa: o que importa não é contrariar a Natureza, mas favorecer o que nela há de bom e belo.
Uma educação científico-espiritualista – e hoje não se pode educar conscientemente de outra forma – exige dos pais ou responsáveis e, também, educadores conhecimentos e experiências de vida de tal monta que, pelo menos em certa extensão deverão estar afinados com os ideais aquarianos. Não há outro caminho capaz de estimular a floração de uma Individualidade integral. E o ser humano do futuro será o “ser humano integral”, desenvolvido em todos os aspectos.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – junho/1982 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Religião já foi o fator dominante na vida. Foi assim na Idade Média. A Ciência, então, ocupou um espaço subordinado à Religião. Hoje as posições estão invertidas. A Religião foi relegada para o segundo lugar.
No passado distante, quando a Sabedoria de Mistérios guiava a civilização, essa desigualdade não existia. O coração se apegava a uma fé viva e a busca da Mente pela luz da razão prosseguia ao seu lado, em um relacionamento equilibrado.
Com o desaparecimento das Escolas de Mistérios e a sabedoria que fomentavam, a visão de totalidade que conferiam foi gradualmente perdida. Então a diferenciação e a especialização se desenvolveram.
Em nossa época, isso se tornou tão pronunciado que Religião e Ciência passaram a ser amplamente consideradas como pertencentes a esferas mutuamente exclusivas. A tendência é considerar a Religião como ligada apenas a assuntos pertencentes a outro mundo e, portanto, bastante divorciada da Ciência, que confina suas preocupações à Região Química do Mundo Físico, como dizem: aqui e agora. Esses são os infelizes conceitos errôneos que se desenvolveram no curso da era materialista em que vivemos.
Como consequência, desenvolveu-se um conflito entre as duas. Mas não de forma real. Não pode haver conflito entre Religião e Ciência, quando são vistas em sua verdadeira luz como dois aspectos diferentes, mas igualmente importantes, do Ser Divino e, assim, como abordagens igualmente válidas para se alcançar a realidade última. Neste plano físico de manifestação existem diferenciações nítidas. À medida que a consciência ascende aos planos superiores de expressão, ela finalmente atinge o ponto em que a unidade absoluta é atingida.
Aquilo que está em conflito em nome da Religião e da Ciência é, na verdade, uma Teologia superada, por um lado, e uma Ciência terrestre, por outro. Uma Teologia que era totalmente certa em sua época e serviu para nos ajudar a entender melhor nossa relação com Deus e os Mundos espirituais, por sua apresentação virtualmente inalterada, se tornou, em nosso tempo, o maior obstáculo ao reconhecimento, a aceitação e prática dos valores espirituais e básicos que foram adotados pela Religião verdadeira.
É função da Religião atender as nossas necessidades espirituais e interiormente. Para isso, ela sempre deve possuir uma Teologia adequada à sua tarefa. Isso não existe hoje!
Por isso, a Ciência que se desenvolveu é predominantemente materialista. Ela considera tudo o que pertence ao ser interior, aos Mundos espirituais, como fora do seu domínio. Assim, a Religião não está na Ciência e a Ciência não está na Religião. Enquanto essa condição prevalecer, haverá conflito entre as duas.
Certamente, o progresso está sendo feito de ambos os lados, da Religião e da Ciência, para efetuar uma reconciliação. A unidade entre as duas está perto de se restabelecer. E assim deve ser. A vida em um estado dividido pode durar até certo ponto. O materialismo confirmado pode perdurar, mas por um período limitado de tempo. A menos que os nossos recursos internos sejam reabastecidos, a nossa forma física murcha e morre. Após duas gerações de materialismo, o declínio se instala, se não houver renovação interior.
A harmonização e a unificação da Ciência com a Religião virão quando a Religião recuperar seus fundamentos Esotéricos (e não somente Exotéricos!), como ensinados nos Templos de Mistérios da antiguidade, e quando a Ciência física reconhecer que também há uma Ciência superior dentro da nossa compreensão que se estende às esferas do que realmente somos: um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui. A Ciência espiritual é a resposta para a carência espiritual de hoje, por um lado, e para a perspectiva materialista, por outro.
Uma era de Fé deu lugar a uma era de Razão. Ao fazer isso, o conservadorismo natural da Religião falhou em acompanhar o ritmo das razões, cada vez mais claras. Dessa maneira, a Fé religiosa e formal ainda tenta viver de acordo com dogmas que a moderna Mente racional e científica não pode e não aceita.
Os dogmas de uma época anterior devem ser reafirmados em termos de maior conhecimento, experiência acumulada e consciência cada vez maior. As reinterpretações periódicas dos Mistérios Sagrados são absolutamente imperativas para a restauração da Religião ao seu lugar de direito na vida diária do nosso mundo Cristão. Os dogmas religiosos do passado perderam seu domínio sobre nós, porque agora são pouco mais do que cascas das quais caíram os frutos vivos e crescentes que antes continham.
A Ciência também deve erguer seus olhos para horizontes mais amplos. Ela deve estender os limites de suas investigações para fenômenos que alcançam as frequências mais altas de expressão da vida. Ela ainda precisa reconhecer algumas faculdades dentro de nós, latentes ainda na grande maioria, mas desenvolvidas em poucos, por meio das quais também os planos internos da vida podem ser e estão sendo explorados, com descobertas organizadas no corpo de sabedoria chamado de Ciência espiritual.
Quando a Ciência acadêmica, como a conhecemos agora, reconhecer a legitimidade da Ciência oculta ou espiritual e seu cultivo como essencial para uma compreensão adequada das Leis e Forças operantes nessa Região Química do Mundo Físico, o Mundo dos efeitos, que ela aprendeu a manipular com tal habilidade maravilhosa, terá feito a adaptação necessária para dar as mãos à verdadeira Religião.
E quando a Religião tiver a coragem de reescrever boa parte de seus manuais doutrinários, santificados como se tornaram ao longo dos séculos de uso devotado, e reinterpretar as verdades encontradas nas Sagradas Escrituras do mundo à luz dos Ensinamentos Rosacruzes iniciáticos das antigas Escolas de Mistérios, então ela terá alcançado o lugar onde descobrirá sua unidade subjacente com uma Ciência que tudo abrange. A Religião e a Ciência terão alcançado um terreno comum. Elas terão subido a níveis esotéricos. Ambas terão contatado a Doutrina completa que é, ao mesmo tempo, científica e espiritual.
(Publicado na New Age Interpreter de abril-maio-junho de 1960 – Corinne Heline e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz-SP)
Ao contemplar o progresso da Humanidade, encontramos sempre uma tendência pesquisadora que aparece através dos tempos. Esta tendência é uma busca nossa em prol daquilo que, de novo, nos una com nosso Pai Celestial. Depois da época que designamos como “Queda do Homem”, instintivamente compreendemos que estávamos nos afastando do nosso Criador. Nós mesmos nos ausentamos da nossa Fonte até que o anelo de retornar se tornou tão grande que corrigimos os nossos erros e tomamos coragem para retornar ao nosso Pai Celestial. Esta é a história relatada por Cristo a Seus seguidores na Parábola do Filho Pródigo, que nos narra S. Lucas em seu Evangelho[1].
Nosso presente caminhar de esforço espiritual é determinado por nossas existências passadas, pelo menos em certa medida e, se desejamos obter uma perspectiva verdadeira de nossos objetivos presentes, devemos nos familiarizar com os registros dos acontecimentos do passado. As lendas de um povo são importantes em relação a isto. Essas lendas chegam até às origens de nossa consciência e, portanto, estão profundamente submergidas nos nossos corações. Quando só uma pequena parte da Humanidade podia ler, a sabedoria tinha de ser transmitida de uma geração a outra por meio da palavra. Os oradores, menestréis, trovadores e cantores iam de cidade em cidade, levando ao povo as notícias dos acontecimentos do dia anterior. Depois, cantavam seus velhos contos e lendas. Isto, geralmente, aconteciam nas praças das aldeias, após finalizarem os labores do dia.
Estas lendas, repetidas em forma de cançãoe de contos através dos anos, finalmente foram escritas para serem legadas à posteridade. Cada nação possui seu próprio acervo dessas tradições, que datam de remota antiguidade. Algumas destas lendas foram, sem dúvida, transmitidas à nós por Seres avançados que, assim, nos ajudavam a despertar a um nível de consciência superior e maior, dentro do plano de Deus para a nossa evolução.
É uma ideia errônea pensar que um mito seja uma ficção criada pela nossa fantasia, sem nenhum fundamento de realidade. Pelo contrário, um mito é uma área que contém, às vezes, as mais profundas e preciosas joias da verdade espiritual, pérolas de beleza tão rara e etérea que não podem ser expostas ao intelecto material. Com o fim de resguardá-las e, ao mesmo tempo, deixar que atuassem sobre nós para a nossa ascensão espiritual, as Hierarquias Criadoras que nos ajudavam na nossa evolução, invisíveis à nossa visão física, mas poderosas, deram estas verdades espirituais à nós, envoltas no pitoresco simbolismo dos mitos, para que pudéssemos atuar sobre os seus sentimentos até o instante em que o nosso nascente intelecto se tivesse desenvolvido e espiritualizado suficientemente a ponto de, ao mesmo tempo, sentir e conhecer.
A lenda do Santo Graal é uma destas antigas narrativas, assim como as histórias dos Cavaleiros da Távola Redonda. Os Ensinamentos Rosacruzes nos trazem o conhecimento de que alguns desses, em vários lugares, foram altos Iniciados dos Mistérios da Nova Dispensação (Iniciações Maiores). Também nos informam que antigamente, durante as assim chamada Idade Média, Jesus trabalhou com as Escolas Esotéricas com os Druidas da Irlanda e com os Trottes do norte da Rússia, num esforço para difundir, entre nós, o impulso espiritual. Conta-nos a lenda como aos Cavaleiros do Graal foram confiado o Cálice de José de Arimatéia, que tinha sido empregado por Cristo-Jesus na Última Ceia. A estes foram entregues também a Lança que feriu o peito do Salvador e o receptáculo que recolheu o sangue da ferida, quando se consumou a missão para a qual veio à Terra. Estas lendas não podem ser agora demonstradas materialmente, mas são inestimáveis como pontos focais para quem, intuitivamente, em seu esforço cultive o lado superior da vida aqui, enquanto renascido.
James Russel Lowell, em seu poema “A Visão de Sir Launfal”[2], nos conta a lenda de um dos Cavaleiros que partiu em busca do Santo Graal. Fala-nos, com profunda intuição poética, da vida de um homem que, depois de muito buscar, aprende por meio da experiência que devemos ser o guardião de nosso irmão. Conclui seu poema com o bem conhecido verso:
“A Santa Ceia é mantida, na verdade,
por tudo que ajudamos o outro em sua necessidade.
Pois a dádiva, só tem valor
Quando com ela vem o doador
e a três pessoas ela alimenta assim:
ao faminto, a si própria e a Mim.”.
Sir Launfal viajou até o fim do mundo para encontrar o Santo Graal, precisamente, na porta de seu próprio castelo. Vemos também que o Aspirante à vida superior deve, ao fim, encontrar a espiritualidade perto de si, em seu próprio coração. Pode ser que isso não se reconheça de momento, porque “ninguém pode reconhecer espiritualidade nos demais até que, em certa medida, a tenha desenvolvido em si mesmo”. Que é a espiritualidade? A ideia de que ela se manifeste somente por meio da oração e da meditação, é necessária e essencial para o crescimento da Alma; mas quando nossa vida é vivida alegremente no serviço, por amor à Humanidade e o fazemos para glória de Deus, nossa vida inteira se converte em oração.
Cristo-Jesus, nosso único Ideal, andou entre o povo e quando este necessitou de alimento físico alimentou-o. Deu a quem quisesse Seus Ensinamentos e curou os doentes e enfermos. No verdadeiro sentido, Ele foi um servidor da Humanidade. Quando participamos do Cálice da Comunhão o fazemos em Seu Nome e em memória do serviço que nos prestou.
O Cálice que Cristo-Jesus levou aos lábios na última Ceia foi utilizado por José de Arimatéia, na Crucificação para receber o Precioso Sangue de Vida que fluía da ferida do flanco do Salvador. Mais tarde esse Cálice foi dado em custódia aos Anjos e, quando se construiu um castelo – Monte Salvat – um lugar de paz onde toda a vida é sagrada, essa relíquia foi colocada sob a guarda de Cavaleiros castos e santos. Converteu-se, então, no Centro de onde fluem poderosas influências espirituais.
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – agosto/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)
[1] N.T.: 11Disse ainda: “Um homem tinha dois filhos. 12O mais jovem disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13Poucos dias depois, ajuntando todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa. 14E gastou tudo. Sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. 15Foi, então, empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. 16Ele queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! 18Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; 19já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. 20Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai. Ele estava ainda ao longe, quando seu pai o viu, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. 21O filho, então, disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’.22Mas o pai disse aos seus servos: ‘Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. 23Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, 24pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!’ E começaram a festejar. 25Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. 26Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. 27Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. 28Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. 29Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. 30Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’ 31Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois, esse teu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado!’”.
[2] N.T.: O leproso não ergueu o ouro do pó:
“Melhor para mim é a côdea de pão que o pobre me dá,
e melhor sua mão que me abençoará,
ainda que de mãos vazias de sua porta me deva afastar.
As esmolas que só com as mãos ofertadas,
não são as verdadeiras.
Inúteis são o ouro e as riquezas dadas
apenas como um dever a cumprir.
A mão, porém, não consegue a esmola abarcar,
quando vem daquele que reparte o pouco que tem,
que dá o que não é possível visualizar.
– esse fio de Beleza que tudo sabe unir,
que tudo sustenta, penetra e mantém –
o coração ansioso e estende a mão
quando Deus acompanha a doação,
alimentando a Alma faminta, que sucumbia só, na escuridão”.
Ao regressar, Sir Launfal encontra seu castelo ocupado por outro, sendo impedido de entrar nele.
Já velho, claudicante e alquebrado,
da busca do Santo Graal, ele voltou
pouco lhe importando o que para trás deixou.
Não mais luzia a cruz sobre seu manto,
mas fundo em seu coração a marca ficou:
a divisa do pobre e seu triste pranto.
De novo encontra o leproso que, outra vez, lhe pede uma esmola. No entanto, o cavaleiro agora responde de outro modo.
E Sir Launfal lhe disse: “Vejo em ti
a imagem d’Aquele que na cruz morreu.
Tu, também, tens a coroa de espinhos de quem padeceu,
muitos escárnios tens também sofrido
e o desprezo do mundo hás sentido.
As feridas em tua vida não faltaram
nos pés, nas mãos, no corpo, elas te machucaram.
Filho da clemente Maria reconhece quem eu sou
e vê que, através do pobre, é a Ti que eu dou.”
Um olhar aos olhos do leproso lhe traz recordações e reconhecimento, e:
Seu coração era só cinza e pó.
Ele partiu, em duas, sua única côdea de pão,
ele quebrou o gelo da beira do córrego
e ao leproso deu de comer e beber.
Uma transformação, enfim, ocorreu:
Não mais o leproso ao seu lado se curvava
Mas, à frente dele, glorioso se levantava.
(…)
E a Voz, ainda mais doce que o silêncio:
“Vê, Sou Eu, não temas!
Na busca do Santo Graal, em muitos lugares
Gastaste tua vida, sem nada lucrares.
Olha! Ei-lo aqui: o cálice que acabaste de encher
com a límpida água do regato que Me desse de beber.
Esta côdea de pão é Meu Corpo
que foi para ti partido.
Esta água é Meu sangue
que na cruz para ti foi vertido.
A Santa Ceia é mantida, na verdade,
por tudo que ajudamos o outro em sua necessidade.
Pois a dádiva, só tem valor
Quando com ela vem o doador
e a três pessoas ela alimenta assim:
ao faminto, a si própria e a Mim.”
Abaixo, em forma de livreto, você encontrará:
(*) Lembre sempre de preparar o ambiente com uma música apropriada. A melhor é o Adágio Molto e Cantabile – da Sinfonia nº 9 em Ré Menor de L. V. Beethoven, que você encontra clicando aqui.
O objetivo do Livreto é você poder imprimir como um livreto.
Assim, imprima frente e verso em “virar na borda horizontal” em impressoras que imprimem frente e verso.
Ou, caso sua impressora não imprima frente e verso, então imprima primeiro as folhas ímpares e depois no verso as folhas pares.
O tamanho também você pode escolher: cada 2 páginas em uma folha A4 ou cada 4 páginas em uma folha A4.
Tenha acesso ao Livreto clicando aqui.
O Estudante Rosacruz oficia o Ritual do Serviço Devocional de Funeral quando um irmão ou uma irmã falece e está prestes a ser enterrado (a) ou cremado (a).
É uma oportunidade, se quisermos real e eficazmente, de ajudar o irmão ou a irmã que está para iniciar mais uma vida celeste.
Esse momento importantíssimo para o irmão ou a irmã. Afinal, temos a Ciência do Nascimento, com o concurso de médicos obstétricos, parteiras experimentadas, antissépticos e todo o necessário para o conforto e segurança da criança que vai nascer e de sua mãe, mas nos falta a Ciência da Morte que nos permita despedir, convenientemente, dos nossos amigos deste Mundo e nos preparar para mais um nascimento nos Mundos Celestes.
Na hora do funeral, enterro ou da cremação (mesmo você não estando FISICAMENTE presente), se retire para um cantinho e faça o Ritual do Serviço Devocional de Funeral da Fraternidade Rosacruz.
Perceba que o Ritual é dividido em três partes bem distintas:
1ª – Preparação – composto por músicas e textos que visam preparar o ambiente, separando o ambiente externo (de onde vem o Estudante) do interno (para o interior do Estudante);
2ª – Meditação silenciosa – um minuto para meditarmos silenciosamente sobre o Amor, a Paz e a tranquilidade;
3ª – Alocução do Oficiante – texto sobre como devemos proceder nesse momento importantíssimo para o irmão ou irmã falecido (a).
4ª – Saída – composto pelo canto (ou declamação) da última estrofe do Hino Rosacruz de Encerramento que visa preparar os presentes para internalizar tudo o que aqui foi lido, ouvido e se concentrado, recebendo toda a força espiritual gerada durante a oficiação do Ritual, a fim de enviar ao irmão ou irmã falecido (a).
5ª – Serviço no Crematório ou no Cemitério – para ser feito exatamente no momento que antecede a cremação ou o enterro do irmão ou irmã falecido (a).
*********************
a) Aqui você tem acesso ao arquivo com o texto: Ritual do Serviço Devocional de Funeral
b) Aqui você tem acesso ao texto do Ritual do Serviço Devocional de Funeral:
“Deixa-me ver o caminho
Que ao céu me conduz;
Tudo o que Tu me dás
São dádivas de consolo.
Os Anjos chamam-me;
Mais perto quero estar,
Mais perto quero estar,
Meu Deus, de Ti!”
Queridas irmãs e irmãos:
“QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ”
Dediquemos um momento à meditação silenciosa sobre o Amor, a Paz e a tranquilidade.
Terminado um minuto o Oficiante faz a seguinte alocução:
“Não quero, porém, Irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não tem esperança”.
“Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com Ele.” (da Primeira Epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses Capítulo 4, Versículos de 13 a 14).
“Mas alguém dirá: como ressuscitarão os mortos? E com que corpos virão?”
“Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer!”
“E quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas simples grãos, como de trigo, ou outra semente qualquer”.
“Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente (ser humano) o seu próprio corpo”.
“Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos seres humanos, e outra é a carne dos animais, e outra a dos peixes, e outra é a das aves”.
“E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra dos terrestres”.
“Uma é a glória do Sol, e outra a glória da Lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela”.
“Assim, também, a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção: ressuscitará em incorrupção”.
“Semeia-se desprezível, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor”.
“Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual.” (da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, Capítulo 15, Versículos de 35 a 44).
Uma das provas do valor da Religião é o conforto que nos dá quando a dor e a tristeza põem à prova nossos corações. Para cumprir sua missão a Religião deve nos trazer conforto, particularmente por ocasião da separação final de nossos entes queridos. Quando a morte nos aflige, quando Deus quer terminar a vida terrena atual dos nossos parentes e amigos, quando nossos recursos humanos tenham sido esgotados, então procuramos na Religião a coragem e a fortaleza que nos permita suportar a carga da nossa grande perda e da nossa tristeza.
Como preenchem esses requisitos os Ensinamentos Rosacruzes? Em primeiro lugar, eles nos ensinam que a morte não é o fim e, também, como, sob a Lei de Consequência, o fruto de nossas ações nesta vida, sejam boas ou más, deve ser colhido em algum tempo futuro, pois a Bíblia nos diz: “Aquilo que o homem semear, isso mesmo colherá”.
Sabemos ser impossível cancelar nossos atos bons ou maus pelo simples fato de morrer, como também o é compensar nossos credores nos mudando para outra cidade. A dívida continua existindo e, algum dia e em algum lugar, deve ser liquidada.
Regozijamo-nos quando nasce uma alma, isto é, quando é encerrada em vestimento de barro; mas nos lamentamos quando ela abandona essa forma por ocasião a morte, porque não podemos perceber que essa conduta é exatamente o contrário do que deveria ser. Nós, o Espírito, somos aprisionados nessa camada de barro quando nascemos neste Mundo Físico para, durante muitos anos, nos sujeitarmos às dores, aos sofrimentos, às doenças e enfermidades que são a “herança da carne”. Porém, a vida física é necessária para que a alma possa aprender as lições na Escola da Vida.
Se devêssemos nos entregar à tristeza, isso deveria ser quando renascemos nesse Mundo, mas deveríamos nos regozijar quando a morte chega para nos libertar do sofrimento e dos incômodos da existência física. Se pudéssemos ver e sentir o alívio que sentem nossos entes queridos quando se libertam de um Corpo doente, em verdade ficaríamos felizes e não mais nos lamentaríamos. Imaginem uma pobre alma que esteja prisioneira num leito, doente, quando desperta nos Mundos invisíveis onde pode se mover à vontade, livre da dor e do sofrimento!
Não desejaríamos boa viagem a essa alma, em vez de nos lamentarmos?
Deus chamou nosso Amigo (a) <dizer o nome dele (a)> para cumprir maior tarefa, em campo maior, em outros Mundos, onde ele (a) não necessita de Corpo Físico (ou de Corpo Denso) e, por isso, ele (a) abandonou o que possuía.
<Faça um pequeno resumo das qualidades e atividades passadas do Amigo (a)>
Assim como uma criança comparece à escola dia após dia, para adquirir conhecimentos, tendo noites de descanso entre os dias de escola, enquanto desenvolve o seu corpo da infância até a estatura do adulto, assim também nós frequentamos a Escola da Vida durante uma sucessão de vidas habitando uma série de Corpos terrestres, de qualidade sempre melhorada, com os quais ganhamos experiência. É como disse o poeta Oliver Wendell Holmes:
“Constrói mansões mais duradouras, minha alma,
À medida que passam as velozes estações!
Abandona tua cripta anterior!
Que cada novo templo, melhor que o anterior,
Te separes do céu com cúpula maior,
Até que afinal te libertes,
Trocando tua concha por um oceano irrequieto de vida!”
Sabemos que nosso (a) Amigo (a) voltará algum dia, em algum lugar, com um Corpo melhor e mais aperfeiçoado do que o Corpo que agora abandonou. Sabemos que por ação da imutável Lei de Consequência, ele (a) deve voltar para que, por meio de vidas repetidas e de reiteradas amizades, seu amor natural possa aumentar e submergir num oceano de Amor.
A morte perdeu seu aguilhão no que diz respeito a nós, não porque tenhamos ficado endurecidos ou que amemos menos nossos parentes e amigos, mas porque estamos convencidos que temos provas absolutas de que a morte não existe. Não temos motivos para nos afligir, porque o Cordão Prateado se partiu e o Corpo Físico está para retornar ao pó de onde veio, pois sabemos que o nosso (a) Amigo (a), que é Espírito como todos nós, está mais vivo que nunca, e que está presente entre nós, embora invisível para muitos.
Entregamos à terra <ou fogo se for cremado>as vestimentas que esse Espírito habitou, para que seus elementos possam ser transferidos a outras formas pela alquimia da Natureza.
Como disse o poeta Arnold:
“O Espírito jamais nasceu!
O Espírito nunca deixará de ser!
Nunca houve tempo em que ele existisse;
O fim e o princípio são sonhos,
O Espírito permanece para sempre independente dos nascimentos e das mortes;
A morte não tem nenhuma influência sobre ele,
Embora pareça morta sua habitação”.
“Assim como tiramos uma roupa usada
E apanhamos outra, dizemos:
‘Hoje usarei esta!’
Assim também o Espírito abandona sua veste de carne
E parte para voltar a ocupar
Nova habitação, recém-construída”.
Elevemos uma prece pedindo ajuda de Deus para que nosso (a) Irmão (ã) que partiu possa logo receber seu novo serviço no outro lado.
Deus te guarde até retornar
Faze a vida virtuosa
No ideal da Cruz de Rosas
Até quando a voltes a saudar.
9. Segue o Serviço no Crematório ou no Cemitério
Agora, entregamos esta roupagem de carne já usada que se tornou muito pequena para o Espírito que conhecemos pelo nome de (dizer o nome do Amigo (a)) aos elementos dos quais veio.
Nosso Amigo (a) não foi para longe; ele (a) está entre nós embora invisível para aqueles a quem amou. Ele (a) está livre e revestido (a) do corpo apropriado para a vida superior a qual partiu; assim desejamos-lhe sucesso em seu novo ambiente.
A Morte Não Existe
A morte não existe. Os Astros escondem-se
para elevarem-se sobre novas terras.
E sempre brilhando no diadema celeste
espalham seu fulgor incessantemente.
A morte não existe. As folhas do bosque
converte em vida o ar invisível;
as rochas quebram-se para alimentar
o musgo faminto que nelas nascem.
A morte não existe. O chão que pisamos
converter-se-á, pelas chuvas do verão,
em grãos dourados ou doces frutos,
ou em flores com as cores do arco-íris.
A morte não existe. As folhas caem,
as flores murcham e secam;
esperam apenas, durante as horas do inverno,
pelo hálito morno e suave da primavera.
A morte não existe; embora lamentamos
quando as lindas formas familiares,
que aprendemos a amar, sejam afastadas
dos nossos braços
Embora com o coração partido,
vestido de luto e com passos silenciosos,
levemos seus restos a repousarem na terra,
e digamos que eles morreram.
Eles não morreram. Apenas partiram
para além da névoa que nos cega aqui,
para nova e maior vida
dessa esfera mais serena.
Apenas despiram suas vestes de barro,
para revestirem-se com traje mais brilhante;
não foram para longe,
não foram “perdidos”, nem partiram.
Embora invisível aos nossos olhos mortais,
continuam aqui e nos amando;
nunca se esquecem
dos seres amados que deixaram.
Por vezes sentimos sobre nossa fronte febril
sua carícia, um hálito balsâmico.
O Espírito os vê, e nossos corações
sentem conforto e calma.
Sim, sempre junto a nós, embora invisíveis
continuam nossos queridos Espíritos imortais
pois todo o universo infinito de Deus
É VIDA. – A MORTE NÃO EXISTE!
(John McCheery)
Muito já se escreveu sobre o amor, mas ninguém soube elevá-lo tanto, ninguém o revestiu de profunda clareza, e ao mesmo tempo de suprema transcendentalidade, como São Paulo no Capítulo XIII em sua Primeira Epístola aos Coríntios.
S. Paulo, longe de simplesmente tecer uma rebuscada apologia ao amor, como alguns podem julgar, procura apresentá-lo em suas reais dimensões. Suas palavras deixam transparecer uma clareza meridiana. Seus apelos são diretos e incisivos, dispensando concessões e ambiguidades.
Como Cristãos só nos resta empreender os maiores esforços por expressá-lo em nossas vidas diárias, buscando concomitantemente, compreendê-lo em suas raízes mais profundas.
1. Para fazer download ou imprimir:
A Eulogia do Amor – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz
2. Para estudar no próprio site:
A Eulogia do Amor
Por um Estudante
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido, Compilado e Revisado de acordo com:
Eulogy of Love
1ª Edição em Inglês, 1916, in The Rays from The Rose Cross – The Rosicrucian Fellowship
pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Sumário
O Amor Não se Conduz Inconvenientemente.. 10
O Amor Não Busca os Seus Interesses. 11
O Amor Não se Ressente do Mal.. 13
O Amor Não se Alegra com a Injustiça, mas se Regozija-se com a Verdade.. 14
O Amor Espera Todas as Coisas. 18
O Amor Suporta Todas as Coisas. 19
O Amor que o Estudante Rosacruz deve valorizar.. 21
————————————-
S. Paulo, o grande Iniciado, escreveu uma tese maravilhosa sobre o amor. Maravilhosa pela sua brevidade abrangente e pelo seu alcance todo-inclusivo. Abrange toda a gama do amor e o seu acorde dominante de altruísmo. Foi escrita para a Igreja de Corinto, uma cidade do sul da Grécia conhecida pelo seu abandono a todas as formas de luxo e sensualidade. Aplica-se ainda mais a nós, nesta época, pois começamos a responder às altas vibrações espirituais e podemos mais facilmente viver os seus profundos ensinamentos.
Este capítulo maravilhoso da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios é um epítome do amor altruísta, o amor ágape. É o ideal que devemos nos esforçar para alcançar. Sabiamente, nós o incorporamos no nosso Ritual do Serviço Devocional do Templo e o seu glorioso resumo diz o seguinte: “E agora permanecem a fé, a esperança e o amor; mas o maior destes é o amor”.
A fé é importante — a fé que pode remover montanhas. A esperança é necessária — a esperança que ilumina o horizonte distante, por mais escuro que seja o ambiente atual. Ambas são grandes auxiliares da vida superior e da Humanidade comum; mas o amor coroa tudo. O amor é o poder que move o universo. Não é meramente o poder sobre o Trono, mas o poder por trás do Trono.
No prefácio desse maravilhoso epítome do amor nos é dito que, sem ele, somos nada — apenas um “metal que soa ou um sino que tine”. O metal pode emitir sons melodiosos, pode expressar a perfeição da arte, mas lhe falta algo. Não é humano. Não soa os tons da Alma — a qualidade vibrante da vida.
Sem amor não temos expressão. Esse fato é ilustrado por todos os lados. Tomemos a arte, por exemplo. Sem a qualidade que designamos por “alma”, ela é apenas o que o seu nome indica, “arte”. Mas ponha amor nela e deixe que a Alma aquecida, ávida e brilhante se expresse por meio dele: assim a Alma vive.
A cultura tem pouco valor (exceto como um bem de boa criação) sem o amor animador que a inspira e vivifica. Quão vazias, quão artificiais são todas as tentativas de expressão, em qualquer linha, sem o ávido brilho da Alma que brota do amor! Grande parte da nossa arte moderna dá um testemunho lamentável da ausência desse fogo divino.
Trazido para a Personalidade, como emociona e encanta! Como ilumina um rosto humano! Como atrai! Como somos dolorosamente repelidos pela sua antítese e aborrecidos pela sua ausência! O rosto mais simples, com esse brilho interior que transparece nas suas feições, torna-se belo para nós. O rosto mais belo, de acordo com o padrão de contorno físico do mundo, torna-se repulsivo sem essa luz da Alma e nós nos afastamos dele com um estremecimento interior.
Essa bela luz da Alma não pode ser enganada, mas alguns dos seus efeitos podem ser simulados durante algum tempo. Alguns dos modernos ensinamentos de beleza podem permitir que se adquira um certo efeito do “metal que soa”. Pode tornar possível que alguém se torne um “sino que tine” muito melodioso, mas isso é tudo o que faz sem o belo amor espiritual por detrás dele — brilhando através dele.
É isso que esse amor faz por nós, no plano da nossa Personalidade. De fato, ele cria a Personalidade. Sem ele, não há encanto, não há poder de atração ou de agradar. Não há disfarce que tenha valor. A qualidade interior transparece através da máscara mais espessa. Não podemos simulá-la sem sermos detectados. Do amor emana algo, uma força que se faz conhecer e sentir. A imitação adquirida através da, assim chamada, cultura pode mostrar certos truques de vivacidade ou certas graças da sociedade, mas reconhecemos instintivamente a pose, a farsa, o fingimento. Conhecemos a diferença entre essa aparência de vida e o verdadeiro amor que anima, vivifica e inspira.
O amor de que falamos é Espírito-Vida, é Fogo. Ele transmuta todas as qualidades mais inferiores em ouro puro. É uma chama viva que irradia de um centro puro. Deve irradiar e deve irradiar para outras vidas. É esse o seu poder e a sua prerrogativa. Sentimos instantaneamente a sua presença. Alguns estão tão cheios dessa vibração, desse poder mágico, que sentimos quando nos aproximamos deles. Isso, queridos amigos e queridas amigas, é o que todos nós precisamos cultivar cada vez mais. Só isso fará com que o nosso centro de comunhão cresça e viva. Isso deve começar individualmente. Pode e deve manifestar-se coletivamente. Quando nós, como organização, pudermos expressar esse belo amor divino, não mais lamentaremos a falta de trabalhadores. Não precisaremos mais de propaganda ou tentativas de atrair as pessoas para nós. Elas não poderão se afastar de nós, se irradiarmos esse amor de Cristo.
Pelo teste dado na Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, analisemos este amor divino em manifestação. Vejamos como a nossa vida se ajusta a ele!
Outro teste: o amor vê demasiado longe para invejar. Reconhece o estatuto real do “Eu pessoal”. Sabe que os “Eus separados” são uma ilusão e pertencem ao plano da ilusão. Sabe que, na realidade, todos partilhamos o mesmo “Eu” e todos bebemos da mesma Fonte espiritual de acordo com a nossa capacidade de receber. Em uma visão cósmica, sabe que a sua vida, em todas as suas expressões e correlações, pertence a mim tal como a minha lhe pertence. Nós, diferenciados por um tempo, somos apenas expressões de várias linhas da Vida Única — o Espírito Único. Suas capacidades, seus talentos, seus dons e graças, o encanto da sua Personalidade, a sua beleza e nobreza, tudo isso é meu e, na minha consciência ampla eu os abraço e amo. São uma parte da Vida Cósmica — uma expressão da Deidade e, assim, pertencem a mim e a você. Por outro lado, o que eu sou na fase atual de desenvolvimento é uma parte da Vida Única e universal e por isso pertence igualmente a você. Logo, não há lugar para a inveja e o Amor não inveja.
Porque vê o “Eu pessoal” como ele realmente é; conhece todas as falhas e fraquezas, todas as debilidades e loucuras desse “Eu” limitado e as reconhece como parte do animal que tem que treinar, transmutar e glorificar, unindo-o ao Divino. Por isso, não há lugar para o orgulho ou ufanismo tolo — para a autoglorificação. Tudo que nos pertence individualmente, que é do nosso “Eu pessoal”, é a nossa limitação, a nossa imperfeição. É o transitório, a parte temporária — aquilo que se desvanecerá com a morte, se não for fundido com o que realmente somos: Espírito. Não é algo de que nos devamos orgulhar, particularmente. Quanto mais a Personalidade absorve algo da verdadeira beleza e brilho interiores, menos ela se torna uma Personalidade distinta e separada. Tudo que revelamos desse carácter interior que enriquece a vida é apenas uma expressão mais plena da Divindade interior e pertence igualmente a todos; por isso, o amor não pode ser orgulhoso.
Não se vangloria, porque vê o mundo com olhos de terna compaixão. Não encontra espaço para o orgulho próprio, porque o seu centro não é o “Eu pessoal”. Tendo desenvolvido algo de beleza ou de valor da vida universal, especializando-se em algumas graças espirituais, não vê razão para orgulho ou vanglória. Se o “Eu pessoal” e separado adquiriu algum encanto próprio, alguma beleza, virtude ou graça, o amor sabe que tudo isso deve ser extraído, absorvido pelo “Eu superior” e levado adiante para enriquecer a vida universal — tanto para um como para outro.
É indecoroso brincar com coisas sagradas, ter pensamentos impuros, manter uma sugestão impura na Mente ou transmitir essa sugestão a outra pessoa. Todas as insinuações secretas, os duplos sentidos, as piadas tolas que sugerem sensualidade, tudo aquilo que rebaixa a vida e arrasta a Alma para baixo é inconveniente e o Amor não pode permitir ou suportar isso. O amor é castidade, é pureza, é brilho, beleza, serenidade — mas energia radiante. Sendo puro, não pode se afiliar à impureza; mas queridos amigos e queridas amigas, aqui está uma verdade oculta que, às vezes, não conseguimos descobrir: o amor brilha e transmite sua própria pureza mística às manchas mais sombrias da Alma de outra pessoa. Pode, pelo seu poder absorvente, transformar a vida que toca. O amor nunca toma atitudes de superioridade. O amor não se afasta do pecador penitente com um sentimento de autogratificação por suas próprias virtudes. Não pode comportar-se de forma contrária à sua natureza interior, mas pode e deve se aproximar de outras vidas — mesmo aquelas que chamamos de degradadas, a fim de irradiar o seu poder que abençoa e ajuda. A energia radiante do amor destrói o mal.
Porque o Cristo-Amor não reivindica nada para si mesmo. Suas correntes divinas fluem através da vida, trazendo bênçãos para todas as outras vidas que toca. Procura não guardar, acumular ou reter para si mesmo. Quando isso acontece, deixa de ser amor — mistura-se com a liga do desejo. Desejo é a vontade de possuir algo para si ou para outro “eu” que amamos. Está tudo bem em um determinado estágio do nosso crescimento, porque precisamos do estímulo que ele transmite. Quando manifestado em suas fases mais elevadas, acelera, inspira e leva aos impulsos mais elevados. Refinado até à essência, manifesta-se no mais terno amor materno, amor que deseja apenas para o filho o seu amor. Este amor está muito próximo da fronteira do divino, mas ainda é humano e limitado, pois está misturado com a liga do “eu”. Somente quando amamos aquilo que não nos pertence em qualquer sentido especial — aquilo sobre o qual não temos direito e que nunca nos beneficiará de forma alguma — é que realmente amamos com o amor divino. O amor é a energia radiante que se derrama em todas as formas. Seu poder restritivo é a devoção altruísta. Não busca o que é seu, não busca qualquer bem ou ganho para si mesmo. Em algum ponto da escala, a energia emitida e representada pelo desejo pode ser direcionada para dentro e usada como força espiritual. Então ela se funde com o amor.
Existem inúmeros graus de amor, porém mantendo continuamente o ideal mais elevado no pensamento o estágio sublime do perfeito amor de Cristo pode ser alcançado. Quando essa chama pura brilhar dentro de nós, enviaremos um poder vivificante, um calor, uma energia radiante que todos sentirão no mais breve contato. Nós o vemos brilhar nos olhos e sentimos seu hálito perfumado de vez em quando em alguns raros momentos. É a bênção mais rica do mundo — este poder de amar — e é um poder porque não procura o que é seu. Nem sequer pede que seja devolvido. É como a luz do Sol espalhando bênçãos e inspirando vida: só porque é amor!
Nunca se ofende, nunca se exaspera — mesmo quando a intenção é ofender. Todos os ataques de língua afiada, as calúnias venenosas, os significados desvirtuados que os insensíveis, os mal-intencionados, os invejosos e os cruéis lançam contra a Alma consagrada caem inofensivamente. Eles caem dessa forma porque o amor verdadeiro consagrado aos fins mais elevados e não pode parar no caminho para considerar o mal; ele não tem tempo de se sentir magoado nem inclinação para se sentir ofendido. Conhece a Lei de Deus: “que tudo se reverterá para o remetente do mal” e tem compaixão da Alma ignorante e tola que pratica esses crimes contra o amor. O amor não é facilmente provocado.
Porque a sua própria essência é pura. O Cristo-Amor não poderia pensar mal do outro, porque não há mal dentro dele. Quando falamos mal de outra pessoa, traímos a nós mesmos — a qualidade interior de nossas Almas. Podemos ser forçados a reconhecer o mal ou a falha no outro, mas instantaneamente direcionamos o fluxo de amor radiante sobre ele e nos esforçamos para transmutá-lo ou consumi-lo. Apenas criticar é totalmente mal e não tem lugar em uma organização como essa. Os puros de coração, e não apenas os exteriormente puros, nunca procuram o mal. Quando o encontram, eles ficam tristes com isso e tentam com sua própria força maior ajudar o coração em dificuldades do irmão ou irmã a superá-lo. Todos os pensamentos malignos que permitimos vagar em nossos cérebros vêm de um plano inferior onde todos os acréscimos imundos de eras se acumularam. A corrente passa por nós continuamente através dos Éteres; mas lembre-se de que só nos apropriamos daquilo com que temos afinidade. Portanto, a qualidade do nosso pensamento mostra a nossa natureza interior. Nós nos autocondenamos quando pensamos o mal de outra pessoa; quando pensamos o mal em nós mesmos, revelamos a qualidade interior de nossa natureza.
Ele não poderia se alegrar com a injustiça, porque o seu propósito é o desenvolvimento, a expansão, a manifestação da unidade na diversidade e o seu ser é a harmonia, a vida. Alegrar-se com a injustiça seria alegrar-se com aquilo que perturba, desintegra, destrói! Ele se alegra com a verdade e busca continuamente. Ele conduz à verdade e é a própria verdade, quando manifesta sua expressão última e plena.
Se imaginarmos, por um momento, que o amor pode andar à deriva por jardins de rosas, escapando das tempestades da vida e dos seus males, não conseguiremos perceber a sua verdadeira natureza. O amor tem que sofrer, quando está aprisionado na forma. A sua própria natureza — energia radiante que procura expressão no plano físico, no meio de todos os “tipos e condições de servidão” — necessita de dor e tristeza.
A própria natureza do amor encontra em um verdadeiro Centro da Fraternidade Rosacruz (onde há um Templo onde se oficia os Rituais, onde há um Departamento de Cura e onde há Reuniões de Estudos focados em estudar fielmente e tão somente os Ensinamentos Rosacruzes) um campo para essa expressão. As diferentes Personalidades dos Estudantes Rosacruzes daquele Centro — muitas vezes desarmoniosas e, infelizmente, por vezes discordantes ao ponto do antagonismo —, as diferentes opiniões e ideias deles, os preconceitos e desejos deles, as várias formas de vaidade e egoísmo deles, tudo isso fornece um campo rico para a plena frutificação do amor através da provação e da dor. O amor idealiza-se quando é exposto por meio da Personalidade e, quando se desilude, surge o sofrimento. Isso é exemplificado não apenas nos nossos amores individuais, mas no coletivo, em nossas uniões para: o serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao irmão e à irmã, focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade, o estudo e a expressão, por exemplo.
Ora, se o amor pode suportar este processo de desilusão, então é amor. A imitação, que é apenas uma forma de desejo pessoal, desaparece e morre sob o estresse e a tensão da experiência. Por exemplo, somos atraídos pela Fraternidade Rosacruz. Formamos uma concepção ideal da mesma e realizamos suas atividades com um entusiasmo fulgurante. Mas nada do que encontra expressão física é ideal e, por isso, logo nos deparamos com a decepção! Na expressão das diferentes Personalidades, que ainda não estão totalmente dominadas por nós, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui, encontramos muita coisa que entra em conflito com os nossos ideais e, na repentina oposição de sentimentos que se segue, ficamos doentes do coração e somos levados a nos afastar. Mas aqui está a prova do amor. Se ele não pode resistir a um teste tão pequeno, como trilharemos o Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz?
O amor sofre por muito tempo. Não há limite de tempo para ele. O amor pode produzir muitas eras ou vidas de provação e carga, porque nos tornamos vencedores quando suportamos todos os testes. Os portões do Templo se abrem apenas para aqueles que se tornaram fortes por meio do amor e do sofrimento. A verdadeira grandeza é demonstrada pelo domínio de todas as situações e o amor se prova pelo seu poder de suportar. O amor é bondoso.
Amigos e Amigas, há um mundo de significado nessa pequena palavra: bondade. É dito que ela siga o sofrimento como um efeito. O amor nunca retalia quando lhe é feita uma injúria. Nunca imagina que uma ofensa foi feita. Nunca é ingrato quando lhe é feita uma gentileza. Nunca é invejoso. Nunca diz coisas rancorosas e maldosas. É bondoso no sentido mais completo da palavra. Nós nos magoamos tanto uns com os outros, quando não amamos verdadeiramente. Mas esse amor que estamos considerando agora ministra de mil maneiras ternas e belas ao Amado, seja ele individual ou reunido em um corpo como a nossa Fraternidade Rosacruz. O amor, que é o ideal pelo qual nos esforçamos, é bondoso.
Podemos imaginar situações em que o “amor” pode ser orgulhoso no seu sofrimento. Ele pode se afastar em um distanciamento ofendido e recusar a ser bondoso. Mas isso, caros amigos e caras amigas, é o amor fictício! O verdadeiro amor sofre muito e é bondoso. Mais do que tudo, ele teme causar dor ao outro. Prefere sofrer a magoar o outro, mesmo que tenha sido gravemente prejudicado. Nunca se vinga quando recebe uma injúria. Nunca imagina que uma ofensa foi feita. Nunca é ingrato quando recebe uma gentileza. Nunca é invejoso. Nunca diz coisas rancorosas e maldosas. É bondoso no sentido mais completo da palavra. Nós nos magoamos muito quando não amamos verdadeiramente. Mas esse amor que estamos considerando agora trata o Amado de mil maneiras ternas e belas, seja ele individual ou coletivo como um corpo igual à nossa Fraternidade Rosacruz. O amor, que é o ideal pelo qual nos esforçamos, é bondoso.
A esperança brota de fato e perene no seio humano, quando este amor de que falamos a inspira. O desespero não consegue encontrar um lugar onde seu veneno nocivo possa se alojar, quando esta chama do Amor Divino arde continuamente. Nas cavernas mais sombrias da Terra nunca poderá apagar este fogo e a sua luz. Ele destrói os gases venenosos e a esperança brilha como um farol, pois ela está inclusa no amor.
Pode carregar fardos pesados e nunca vacilar. Pode suportar os fardos dos outros e nunca hesitar. Sua força de Alma brilhante lhe confere muito poder.
Aprende através do sofrimento a suportar pacientemente. Permite que os corações humanos perseverem. É a inspiração da vida. Suporta o sofrimento com sua energia radiante que anima. Pode tornar a Alma grande e elevada, permitindo-lhe, como tão belamente foi expresso, “navegar com um vento favorável através de muitas tempestades e no meio das ondas desfrutar de uma bela calma”[1].
Quando deixamos de aprender algumas das nossas lições da vida, é porque ainda não conhecemos este amor na sua plenitude. Quando ficamos fracos e cedemos a alguma tentação sutil, é porque ainda não nos tornamos um canal para essa força extraordinária. Quando falhamos em algum dever, é porque as correntes de amor são desviadas e não atingem nossas almas com seu poder animador e vivificante. Quando nos desviamos e desanimamos diante das tarefas desesperadoras, é porque ainda não conhecemos esse amor de que falamos. Nunca poderemos falhar enquanto ele brilhar dentro de nós e irradiar, a partir de nós, correntes de força viva. É a própria vida e sem ela somos meras sombras ou autômatos mecânicos.
De acordo com este padrão podemos ver que muito do nosso assim-chamado amor é desejo. Pode ser um desejo que foi refinado até sua essência, mas ainda assim é um desejo, em última análise.
Talvez aqui surja uma questão: se o desejo é movimento, como se diz, como pode o amor maior estar separado do desejo? Quando Deus, que é Amor, começa a Se manifestar, Ele não deseja expressão? Ele flui por todo o universo e Se manifesta através dessas inúmeras formas. O que faz com que Ele Se manifeste? Não é desejo? Mas há uma diferença fundamental entre o desejo que move o Amor Divino em Sua missão benéfica e aquele que leva nossos corações humanos a agirem. O amor de Deus circula pelo Universo como as correntes arteriais em nosso microcosmo, trazendo vida, energia vital e cura; além disso, ele reúne em seu retorno, através de outros canais, todos os acréscimos, impurezas e manchas da nossa Personalidade e os transmuta, purifica e envia de novo em forma de corrente de amor para abençoar e rejuvenescer.
Quando amamos com o Amor Divino, não desejamos para nós mesmos, mas para o outro. Quando desejamos para nós mesmos, poluímos a pura corrente do amor e a enviamos carregada de veneno. Há um trabalho muito bonito que alguns dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz fazem pela Humanidade — e do qual todos nós podemos participar, se quisermos. À meia-noite, eles reúnem todos os maus pensamentos e forças que foram enviados durante o dia e, através da alquimia divina do amor, transmutam em forças para o bem. Algum trabalho poderia ser mais bonito? Vejamos se algo neste trabalho precisa ser feito por nós.
Nós podemos nos transformar em canais de bênçãos para a Humanidade, usando a força do nosso pensamento para os fins mais puros e elevados. No nosso Ritual do Serviço Devocional do Templo, falamos em sermos usados como “canais conscientes na obra benfeitora dos Irmãos Maiores à serviço da Humanidade”. Também usamos o Amor como tema da nossa meditação. Este amor é o poder que devemos usar em nossa vida superior. Nós o pervertemos em nosso desenvolvimento passado. Nós o usamos para atrair coisas para nós mesmos. Muitos dos nossos cultos e das nossas sociedades religiosas fazem isso agora em um grau alarmante. Podemos pensar em bens materiais ou tesouros emocionais, desejos e vontades do coração. Ele pode ser usado para atrair amor humano ou graças espirituais para nós. Seja o que for que procuremos ou desejemos para enriquecer nosso “Eu pessoal” de alguma forma, é uma perversão da força que chamamos de amor. Em um estágio do nosso avanço, isso se torna mau, se houver excesso.
Precisamente aqui, eu gostaria de falar sobre uma tendência entre as “escolas de pensamento superior” de ignorar o chamado amor humano (o amor filia) ou de refiná-lo até que mal seja uma essência. Para muitos ainda é difícil traçar uma linha entre o amor filia e o amor ágape. Quantos de nós, ao iniciar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, ficamos extremamente intrigados ao saber até que ponto podemos manter, guardar ou valorizar os nossos amores humanos? De alguma forma, talvez lendo superficialmente essas linhas, adquirimos a noção de que todo amor entre homem e mulher ou pais e filhos pertença a um plano inferior e deva ser renunciado. Na verdade, ele deve ser transcendido em algum estágio futuro, mas deve ser mantido e valorizado até que tenha servido ao seu propósito mais completo. O ponto de vista faz toda a diferença. Se o mantivermos para fins egoístas, ele se tornará um erro. Se o nosso amor se estende para abençoar o outro coração; se a alegria que sentimos em ser amados tem o seu centro no ser amado, então ele está de acordo com a Lei de Deus. E algum dia, amando assim, nossa consciência será estendida para abranger toda a Humanidade. Então conheceremos o verdadeiro significado e valor do amor, o amor ágape.
A razão pela qual o Estudante Rosacruz aprende que deva valorizar apenas o amor ágape é porque grande parte do nosso amor filia está misturado com o desejo egoísta. No entanto, até mesmo esse desejo tem a sua parte no grande plano cósmico; ele é a força dinâmica que nos faz agir. Marte representa a energia dinâmica e rege a natureza de desejo. Essa força, às vezes, atua de maneira muito sutil, quando misturada com os acréscimos da nossa Personalidade. Trabalhando através do raio de Marte, ele deseja e envia energia para cá e para lá, sem propósito, razão ou método. Mas Mercúrio, o símbolo da razão, está agora intervindo para ensinar como essa força de desejo deve ser usada. Então o raio de Vênus entra e nos inspira com um amor mais puro e impulsos mais nobres. Ele reúne e prende com um cinto de ouro os corações que toca. Além disso, acelera com sua radiante energia as almas que unifica. O raio de Vênus, na melhor das hipóteses, não busca o que é seu. Ele olha com seu lindo e terno amor para a outra Alma e abençoa com seu poder conquistador. Ele atrai para si todas as forças em conflito e as harmoniza, une e mantém. É o raio de Vênus que nos dá os amores humanos (que é o amor filia) que são ideais, a nossa rica música emocional, a vida artística, os interesses e laços pessoais, o encanto de Personalidades fascinantes que conquistam e atraem todos para si. É uma influência muito bonita e bastante benéfica. Ela mantém as vidas humanas unidas por um vínculo poderoso: ela dá vida, cor e charme.
A existência pareceria muito vazia e monótona sem o raio de Vênus. Não deve ser sufocado ou descartado, mas, isto sim, tomado e usado como um grande propulsor para o nosso progresso ascendente. O poder de amar e de atrair amor é um dom elevado, deve ser valorizado como tal e usados para os fins mais nobres. Mas o raio de Vênus, por mais bonito que seja, não é tudo; ele também serve a um propósito e deve desaparecer. Existe um Poder maior, uma Força superior que está entrando em nossa evolução. Foi Isso que começou a tocar a Humanidade entre as colinas da Judéia, quando o Mestre dos mestres as pisou com Seus pés sagrados. Isso nós chamamos de raio de Urano. É ele que os mais avançados da Humanidade estão começando a enfrentar agora. Esse Amor combina as influências de Marte e Vênus. É o amor ágape! É, ao mesmo tempo, extrovertido e introvertido. Possui toda a doçura e encanto, toda a beleza e harmonia do raio de Vênus. Possui toda a energia dinâmica e força do raio de Marte. É Espírito, fogo, vida, luz. É tudo que o amor expressa — é amor ágape. É a Divindade interior em manifestação. É o Deus-Amor.
O “Eu pessoal” não é o centro desse amor. Ele flui e transmuta tudo dentro do “Eu pessoal” em propósitos mais elevados, em ideais mais puros. Ele forma os nossos ideais e se eleva das terras baixas e dos vales da vida até às alturas onde a nossa visão pode abranger horizontes distantes.
Vemos, então, o significado e o propósito do amor. Sabemos que é uma parte da Chama universal e de forma alguma deve ser confinada dentro de formas — limitada, condicionada, restringida. Quando esse amor ágape nos possui, vemos todos como um e reconhecemos a Divina Essência oculta em cada um de nós. Afinal, nossas Personalidades são meras máscaras e quando adoramos a Personalidade, adoramos uma mera aparência — uma quimera que serve a um propósito temporário, mas que se dissolverá como a névoa diante do Sol na luz maior para a qual iremos. Tudo o que é belo e verdadeiro, tudo que é valioso em nossa Personalidade brilhará com uma juventude imortal e resplandecerá no grande Deus-Luz. Tudo o que é belo, doce e puro na máscara que usamos em cada vida terrena perdurará, pois faz parte do Deus interior. Aquilo que está ligado ao animal perecerá ou se dissolverá. Na verdade, nada perece, mas certas manifestações se desintegram e retornam a suas partes componentes. Só continua aquilo que é mantido unido pela Vida – o que tem coerência e unidade. A vida é Deus e Deus é Amor. Portanto, o Amor é o poder, a força que vence a morte e que incorpora na Alma a vida imortal. Este Amor de Cristo é como a radioatividade e flui do seu centro brilhante no Espírito, abençoando todos na periferia do seu Poder mágico.
Vamos aplicar o teste a nós mesmos como Fraternidade Rosacruz – o teste do raio de Urano (o amor ágape). Nós amamos? Estamos interessados apenas no grande trabalho a ser realizado para elevar, ajudar e ensinar a Humanidade? Deixamos de lado nossos próprios sentimentos e interesses individuais em prol de uma vida maior, de um motivo mais elevado, da vida de serviço? Estamos consagrados à vida superior, ao Ideal de Cristo? Ou magnificamos nossas Personalidades, adorando cegamente em algum santuário de grandeza imaginária ou criticando de forma ignóbil os nossos irmãos e as nossas irmãs? Permitimos que nossas pequenas animosidades e preconceitos pessoais nos levem a retardar o trabalho que nos comprometemos a fazer? Temos inveja do mérito superior e procuramos menosprezar ou destruir a influência daqueles que podem ter captado uma visão da verdade mais clara do que a nossa? Em outras palavras, estamos vivendo de acordo com a definição de amor do Cristo, o amor ágape? Esse amor é a Chama pura que acende todas as nossas pequenas lâmpadas. Somos parte da Chama, parte da corrente que dá luz; mas muitas vezes nos fechamos em nosso pequeno mundo e pensamos que a luz que possuímos pertence exclusivamente a nós mesmos. Não consideramos os outros “Eus”. Ligamos nossa corrente e fechamos nossas cortinas, imaginando que estejamos isolados do mundo. Mas lá embaixo, na rua, há um poderoso arco de luz e por trás dele há uma corrente que atravessa os outros onde existem forças poderosas. No entanto, não se origina aí. Ainda mais atrás — mais profundamente onde a paixão cessa e as forças elementais nascem — a corrente começa e termina. Seu circuito está completo em Deus.
Queridos amigos e queridas amigas, as nossas pequenas Personalidades deveriam encolher e desaparecer no nada diante dessa Grande Luz. Não deveríamos ser meros colecionadores ocupando o cargo mercurial, mas forças, poderes, um centro muito radiante que difunde a nossa luz para todos ao nosso redor. Expressaríamos assim a oitava superior de Mercúrio que é Netuno e a oitava superior de Vênus, que é Urano Isso é o que deveríamos fazer, queridos amigos e queridas amigas, no nosso atual estágio de avanço. Se evoluímos o bastante no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz para nos unirmos aqui como um Centro da Fraternidade Rosacruz ao longo dessas linhas mais elevadas, certamente deveríamos ser capazes de deixar de lado o nosso amor-próprio, a nossa vaidade mesquinha, a nossa presunção, a nossa sensibilidade mórbida, nossas calúnias e críticas indelicadas — tudo que, na verdade, é falso, feio e discordante. Deveríamos ser capazes de nos unir no único objetivo da vida superior: o serviço à Humanidade, que é serviço a Deus. Que diferença faz se a Essência Divina se expressa como você ou eu? A forma específica através da qual funciona realmente não importa. É a Essência interior que nós servimos.
Se irradiamos amor, pouco importa o que mais nos falta. Se não expressarmos em nosso coração e em nossa vida a prova que Cristo nos deu, pouco importa quais outras qualificações tenhamos. Riqueza, cultura, mentalidade brilhante, realizações intelectuais — tudo aquilo a que o mundo se curva em homenagem servil — é nada sem amor.
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver amor, serei como o metal que soa ou como o sino que tine”. “E ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e todo ciência; e ainda que eu tenha tamanha fé a ponto de remover montanhas, se não tiver amor, nada serei”. “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará”.
Portanto, queridos amigos e queridas irmãs, o amor é Deus e sem Ele nós somos meras conchas, unidades isoladas e sem vida, sem propósito, átomos à deriva no mar cósmico. Mas com esse amor preenchendo todo o nosso ser e brilhando através de nós, nós nos tornamos forças poderosas trabalhando com a vida cósmica.
FIM
[1] N.T.: Trecho do Livro St. Elmo de Augusta Jane Evans (1835-1909), escritora estadunidense.