O Estudo Bíblico Rosacruz é fundamental para o Estudante Rosacruz a fim de ajudá-lo a equilibrar cabeça-coração, intelecto-coração, razão-devoção, ocultista-místico Cristão.
Sabemos que os eventos na vida de Cristo representam etapas sucessivas no Caminho da Iniciação para os Cristãos (Místicos e Ocultistas) que estão trilhando esse caminho, que na Fraternidade Rosacruz é o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.
Nesse Estudo vamos detalhar o que são as Bem-aventuranças, como se capacitar para vivenciá-las e algumas significâncias esotéricas das primeiras Bem-aventuranças.
Para saber mais sobre esses assuntos é só clicar aqui: Estudos Bíblicos Rosacruzes: Estudos Bíblicos Rosacruzes: Significância Esotérica de alguns pontos – Evangelho Segundo S. Mateus: Capítulo 5 – Versículos de 10 a 12
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Resposta: (A seguinte é uma entrevista à rádio com uma Probacionista idosa, 97 anos e meio, em Michigan. A data da gravação foi 9 de setembro de 1987, e foi ao ar em 13 do mesmo mês. A entrevista foi com a própria filha).
Bette (nome da filha entrevistadora): Estou orgulhosa e feliz em apresentar nossa convidada especial, escritora, poeta, e vovó que pratica jardinagem e toca piano, diariamente. Ainda cozinha pratos deliciosos. Ela, Marika Kusserelis, gostaria de compartilhar um pouco de sua sabedoria dirigida a uma vida criativa e ativa após os noventa anos. Ela nos contará sobre a força criadora e o envelhecimento baseado no conhecimento por ela adquirido durante anos de estudo, observações, e experiência por uma longa vida. Mãe, diga-nos onde encontra tanta energia e inspiração?
Marika: Por falar em força criadora, gostaria de recitar a primeira parte de uma de minhas orações favoritas: “Não te pedimos mais luz, Senhor, senão olhos para ver a luz que já existe; não canções mais doces, senão ouvidos para ouvir as presentes melodias; não mais força, senão o modo de usar o poder que já possuímos; não mais amor, senão habilidade para transformar a cólera em ternura; não mais alegria, senão como sentir mais próxima essa inefável presença para dar, aos outros, tudo o que já temos de entusiasmo e coragem. Não te pedimos mais dons, amado Deus, mas apenas senso para perceber e melhor utilizar os dons preciosos que recebemos de Ti. Faze que dominemos todos os temores; que conheçamos todas as santas alegrias. Para que sejamos os Amigos que desejamos ser; para transmitir a verdade que conhecemos; para que amemos a pureza; para que busquemos o bem. E, com todo o nosso poder, possamos elevar todas as Almas, a fim de que vivam em Harmonia e na Luz de uma Perfeita Liberdade”. Nesta oração entendemos que estamos todos dotados de vontade divina em canais criadores e positivos, de conformidade com nossos talentos interiores. Deus deu-nos uma Mente na qual pode refletir sua Mente Divina e dirigir-nos para a d’Ele. É uma questão de auto entendimento. Um dos mais famosos antigos filósofos gregos, Sócrates, costumava ensinar repetindo: “Homem, conheças a Ti Mesmo“. É entendido que por meio do conhecimento próprio, a verdadeira natureza de nosso ser, alcançamos a chave que leva à força que existe em nós.
Estudando-nos, observando nosso pensar, nossas tendências emocionais, espirituais e físicas, e tentando melhorá-las, gradativamente obtemos conhecimento próprio, a “verdadeira natureza” de nosso ser. Isto confere razão a nossa fé, a chave que leva a força existente, aquela força criadora interna.
Bette: Diga-nos sobre a força criadora conforme a experimentou.
Marika: Tenho aprendido que toda natureza está pulsando na força criadora de Deus. O ser humano com todo seu provado intelecto pode ajudar-se a si mesmo e a dirigir energias para canais criadores positivos. Isto é muito importante para todos nós: descobrir o gene divino em nós e cooperar com as perfeitas Leis de Deus. Eu pessoalmente amo a Natureza: vejo Natureza na vontade de Deus. A Natureza é só criadora e sua criatividade é verdadeiramente científica, artística e bela. Tomemos como exemplo uma humilde flor silvestre: uma margarida do campo. Veremos como ela é feita com perfeição dentro de sua espécie. A ciência material não pode reproduzir sua vida, sua perfeição. A tecnologia ocupa seu lugar e desenvolveu-se muito para o nosso conforto e prazer, mas a vida é a verdadeira fonte da ciência: nossos cientistas devem ficar espiritualizados para descobrirem que eles próprios podem tornar-se criadores de vida como alguns mencionados na Bíblia. Mas hoje os cientistas não podem produzir vida como faz a Natureza.
Bette: O gene da Natureza é verdadeiramente inspirador, já que mencionou isto. Assim sendo, quanto mais tornamo-nos espiritualizados tanto mais poderemos tornar-nos criativos?
Marika: Sim.
Bette: O que dizer sobre o envelhecer e a criatividade? Envelhecendo podemos nos tornar mais criativos?
Marika: O que observei experimentando o envelhecimento tem sido um período valioso de criatividade, uma chance de empregar o conhecimento colhido da experiência de vida, oferecendo voluntariamente ajuda ao próximo. Tais ações ajudaram-me a conseguir mais e mais conhecimento sobre as lições da vida – o significado de Amor e de Fraternidade. Anos atrás, quando voluntária numa escola, fui solicitada a escrever sobre minhas ideias relativas à aposentadoria. Escrevi um curto ensaio que tenho aqui. Foi publicado num jornal escolar; poderia lê-lo para mim, Bette?
Bette: “Estudos sobre Gerontologia”, por Marika K. 77. A ‘aposentadoria’ – entendida aqui como o início de uma fase na vida onde não se precisa mais trabalhar para ‘fazer a vida’ ou ‘ganhar a vida’ ou ‘investir recursos financeiros para o futuro’ – é um período de maturidade, um momento em que somos dispensados de tarefas urgentes. É um período de criatividade, determinado pelo nosso calibre mental e pela experiência acumulada ao longo dos anos. Neste momento de descanso podemos, se quisermos, redescobrir talentos que poderiam ter sido enterrados durante os nossos anos mais ativos de trabalho e responsabilidade.
A ‘aposentadoria’ pode ser um período saudável, produtivo e alegre. Para muitos, pode ser saudável sem drogas ou estimulantes, se aplicarmos o autodomínio sobre os nossos hábitos físicos, emocionais e mentais. Através do pensamento positivo, da concentração e da meditação, podemos obter inspiração que poderemos direcionar para fora por meio de uma vontade forte e bem desenvolvida.
Podemos redescobrir nossos talentos, sejam eles escritos, pintura, bordado, jardinagem, bricolagem, colecionar, prestar assistência, voluntariar ou qualquer outra coisa. Acima de tudo, podemos criar uma atmosfera de beleza.
Somos parte de Deus, um criador por direito próprio. Temos poderes interiores latentes: poderes divinos potenciais que, no âmbito de um certo padrão de vida, podemos nos capacitar a criar uma vida útil mesmo nos últimos anos do nosso mais um renascimento terreno.
A ‘aposentadoria’, de fato, é um período de oportunidades para uma vida útil de serviço voluntário para o bem comum. Como resultado da minha própria experiência, quero estudar gerontologia para ajudar outras pessoas a se prepararem para a idade avançada que se aproxima.
Tenho mais de oitenta e sete anos de idade física, mas minha Mente e meu Coração parecem quase iguais aos de quando tinha sessenta e cinco anos.
Naquela época eu pensei que sessenta e cinco anos era idade avançada; agora me parece uma idade juvenil, e deveria ser assim. Às vezes, quando subo e desço os degraus e me seguro com cuidado para não cair, tenho uma sensação estranha dentro de mim porque me sinto jovem, apesar da fragilidade física.
Ainda trabalho no meu jardim e muitas vezes faço trabalhos árduos, como escavar cuidadosamente. Digo cuidado, porque descobri que fazer movimentos bruscos ou desajeitados pode machucar você quando for idoso. Nossos Corpos Densos são nossos instrumentos para alcançar a experiência terrena que leva ao desenvolvimento espiritual. É importante para o nosso bem-estar espiritual que tomemos os melhores cuidados para sermos saudáveis e vivermos a nossa vida atual na Terra o maior tempo possível. Isso pode ser feito se praticarmos o autodomínio em nossas vidas. Uma vontade autodidata é importante em todas as fases da vida. A chave é ‘ir para frente e para cima’, quer sejamos jovens ou idosos.
Um dia, trabalhando no jardim, senti tontura e meu coração batia forte. Imediatamente parei de me mover e respirei e permaneci na mesma posição. Em alguns momentos tudo ficou bem. Anteriormente eu havia experimentado as mesmas sensações quando caminhava pelo centro da cidade. Então também, automaticamente, parei de andar, fiquei parada e respirei bem devagar. Parecia que dei tempo a todo o meu organismo para recuperar o equilíbrio e em poucos segundos me senti normal.
Medo, ansiedade e confusão muitas vezes trazem mais problemas. No meu caso, o estilo da minha vida diária, especialmente a minha dieta vegetariana durante cinquenta anos, permitiu a ajuda que recebi durante as tonturas. Cada indivíduo deve reexaminar o assunto do seu ponto de vista pessoal. Uma coisa é certa: o medo é a principal causa de mais problemas; é falta de fé, ‘a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. . .,’[1], como aprendemos estudando a Epístola de S. Paulo aos Hebreus.
Falar de fé e medo me lembra da época em que adoeci com tuberculose e tive que deixar minhas duas meninas de três e quatro anos. Fiquei no hospital de 1929 a 1931. Meu medo era transmitir a doença à minha família e me preocupava continuamente com isso. Embora eu também estivesse orando continuamente, isso não me ajudou em nada porque minha fé não estava completa. O medo e a preocupação neutralizaram minha fé até ao nada. Em outras palavras, ‘eu vi e chorei’. O fato de meu medo ter anulado minha fé mudou minha condição de mal a pior.
Minha condição psicológica estava em um estado tão lamentável que isso se refletia em minhas expressões físicas e pessoais. Agora entendi isso claramente. Lembro-me de uma ocasião em que os médicos me examinaram com o fluoroscópio[2] e riram, talvez da ação repentina das minhas entranhas que estavam observando. Senti-me humilhada por ser objeto de sua pesquisa e não gostei nada disso. No entanto, quando se tem fé, deve-se estar consciente de que tudo funciona para o bem; Deus também cuida de nós por meio de nossos médicos, enfermeiras e todos os profissionais de saúde. Minha fé estava misturada com medo e os resultados foram desastrosos.
Mais tarde, minha condição começou a mudar para melhor. Eles me levaram para a varanda, onde todas os jovens e as jovens eram bonitas, de bochechas rosadas e sorridentes. Eles não pareciam se preocupar em ficar doentes. Isso foi um bom remédio para mim — ser mais otimista e alegre — e restaurou minha fé. Os médicos me colocaram em terapia ocupacional e eu desenhei um cobertor na forma quadrada: um desenho original de minha autoria. A seguir terminei essa minha pintura; pedi gesso para modelagem e fiz algumas formas e pintei com sucesso e arte, para admiração de meus médicos e enfermeiras. Estava mais contente e mais esperançosa por uma recuperação rápida.
Mais tarde, descobri que minha súbita mudança para melhor e minha condição psicologicamente melhorada também se deviam à ajuda espiritual extra dada em particular por um amigo. Também tive bons cuidados neste hospital, é claro, mas o mais importante de tudo é que estava livre do medo e isso estava acelerando minha recuperação. Mais tarde, na primavera, os médicos me deram alta e me reencontrei com minha família. Isso me deu a maior esperança. Meu marido contratou uma profissional do lar, que me ajudou no tratamento de repouso em casa, enquanto cuidava dos meus filhos e de manter a casa arrumada.
Aconteceu que a profissional do lar estava ligada a um ‘grupo de metafísicos’, como foi que entendi. Ela me trouxe alguns livros que informava sobre o poder do pensamento. No início não conseguia aceitar a ideia de que o pensamento, positivo ou negativo, tivesse muito a ver com a nossa vida, mas com mais estudos tentei colocar a teoria em prática.
Gradualmente comecei a passar mais tempo fora da cama. Fui às reuniões do ‘grupo metafísico’ e, finalmente, pude perceber que a fé é composta pelos nossos pensamentos e pela nossa confiança na ajuda dos poderes superiores. Continuo acreditando nisso até hoje e procuro viver minha vida em harmonia com os princípios da vida, a Lei da Natureza.
Depois disso, cada vez que eu ia ao hospital para fazer um check-up de rotina, os médicos me diziam: ‘Continue fazendo o que você está fazendo. Você está ficando cada vez melhor.’. Eles não me perguntaram o que eu estava fazendo e não contei a eles que, na época, eu estava sendo tratada por meio do Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz. A partir daí ganhei muita ajuda, não só para a minha saúde, mas também para as condições familiares em geral.
Ao visitar o hospital para fazer meus exames, perguntei sobre os jovens e as jovens de bochechas rosadas que estavam na varanda. Fiquei sabendo que depois que voltaram para casa, a maioria deles havia morrido. A minha própria experiência disse-me que as doenças crônicas são o resultado de venenos acumulados nos nossos Corpos Densos, resultantes da nossa longa desobediência às Leis da Natureza. A cura requer uma mudança de vida, uma mudança de hábitos e o desenvolvimento de uma natureza devocional para vencer os maus hábitos e estar em harmonia com a vida. Isto é o que nosso Senhor Cristo quis dizer quando Ele disse àqueles a quem Ele estava curando: ‘A tua fé te curou. Vá e não peque mais’[3]. Deve haver uma mudança completa de atitude para ser curado permanentemente. Foi o que aconteceu comigo: através da ajuda do Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz e dos cuidados dos Auxiliares Invisíveis, consegui fazer essa mudança na minha vida. Escapei de recaídas porque trabalhei duro para obedecer às Leis de Deus, mental, emocional e fisicamente.
Parece que a fé é o ‘Alfa e o Ômega’ das coisas da vida, quer sejamos jovens ou muito idosos. A fé, de fato, é a ‘substância’ que constrói as coisas esperadas. ‘Buscai primeiro o Reino dos Céus e todas as coisas boas vos serão acrescentadas’[4]. ‘Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á’[5]. “…porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo”[6]. Esta é a lei da vida: a Lei de Causa e Efeito.
No Livro do Apocalipse, também somos informados de que seremos uma lei para nós mesmos quando tivermos alcançado o autodomínio completo. Faremos isso servindo, agora, fielmente sob a Lei de Causa e Efeito. Existem também estágios maiores de desenvolvimento – estágios ilimitados que continuam indefinidamente. ‘A quem vencer, eu o farei coluna no Templo do meu Deus, donde jamais sairá’ (Apo 3:12)”.
Marika: As ideias expressas em meu artigo que escrevi em 1977 com 81 anos são as mesmas de hoje com 91. Há tanto a se dizer sobre envelhecer e nosso bem-estar. Entre outras coisas, a Ciência da Nutrição é, creio, um fator vital para todos nós idosos principalmente, bem como para qualquer idade. Conhecimento do significado da boa nutrição deveria ser um assunto obrigatório em nossas escolas tanto quanto o são leitura, escrita e fazer contas. Há tantos fatos necessários e práticos para a boa saúde individual – principalmente sobre a sábia nutrição, só que não tenho tempo para entrar em pormenores, mas noutra ocasião terei prazer em falar-lhe da ciência da boa nutrição. Posso compartilhar a experiência pessoal de mais de 91 anos com resultados bons e óbvios. Agradeço o convite a este programa.
Bette: Nós agradecemos, mãe, em compartilhar sua sabedoria conosco. Possa você e toda nossa audiência ter uma longa e saudável vida criativa!
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1985 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: Hb 11:1
[2] N.T.: Fluoroscopia é um exame que emprega radiação ionizante para obter imagens contínuas de uma parte do corpo. Também chamado de radioscopia, o teste emite os raios X aos poucos, possibilitando a observação das imagens em tempo real.
[3] N.T.: Lc 17:19
[4] N.T.: Mt 6:36
[5] N.T.: Mt 7:7
[6] N.T.: Lc 6:38
Os escritores e conferencistas debatem frequentemente os problemas da comunidade sob o título “Capital e Trabalho”. Eles nos dão, muitas vezes, uma impressão errada, como se o capital e o trabalho fossem duas coisas opostas e separadas, o capital de um lado e o trabalho do outro. A verdade, porém, é que o capital e o trabalho, juntos, constituem algo unitário, uma UNIDADE. O capital se tornou necessário e foi criado pelo trabalho, tanto físico como mental, pela labuta do cérebro e pelo suor da fronte. O capital e o trabalho não são independentes um do outro, mas cada um requer absolutamente o outro. Os trabalhadores físicos teriam que passar fome, se não fossem constantemente abastecidos pelo mundo das ideias; as ideias permaneceriam apenas ideias, se não fossem levadas à manifestação física pelo trabalho das mãos.
Muitos incidentes ilustram bem esse ponto. Alguns marinheiros amotinaram-se no mar e mataram o capitão e o imediato, mas esqueceram-se de que não restava alguém vivo que entendesse de navegação; o resultado foi a perda do navio e de todas as pessoas a bordo. Encontramos outra ilustração na vida dos dois irmãos, Jacó e Esaú; esse último correspondia ao trabalhador físico, enquanto Jacó possuía o instinto criativo. Esaú era dependente de Jacó; ele tinha que passar fome ou vender o seu direito de primogenitura ao irmão, que, pelo poder da Mente, fornecia ideias criativas e, com isso, até enganava o sogro capitalista, aumentando o seu rebanho com o truque sutil de colocar varas manchadas nos bebedouros para o gado, a fim de obter uma prole manchada.
Os zangões não são desejáveis em uma colmeia e os ociosos na família humana não estão ajudando a resolver o problema. Todos devem trabalhar e não haverá lugar para os ricos ociosos na nova ordem que se avizinha. Se todos tivessem desejos simples, acha que isso ajudaria a resolver o problema? Mas será que existe um padrão de desejos? Será que um ser humano de baixo desenvolvimento e sem senso de beleza desfrutaria adequadamente uma bela casa com instalações modernas? Então, afinal, não está tudo bem? Mas como é que podemos dizer isso quando o mundo inteiro se rebela, ameaça e se revolta? Algo deve estar errado em algum lugar.
Chamem os médicos da sociologia, que eles diagnostiquem o caso, pois o mundo está agonizando, sofrendo de uma circulação extremamente deficiente de sangue econômico; por “sangue econômico” quero dizer ouro, muito de um lado e pouco do outro; muito trabalho físico para uns e pouco para outros; um excesso de trabalho mental em um caso e pouco ou nenhum em outros. O dinheiro tem sido acumulado igual à comida, por medo da velhice e dos anos escassos que se aproximam.
O que é que se pode fazer? Os médicos estão bem equipados para diagnosticar, mas será que podem curar? Poderão remediar essa má circulação? Receio que não. Cada indivíduo tem que trabalhar na sua própria salvação, aprendendo que a vida, a verdadeira vida, está livre de conflitos e doenças e que os segredos, de tal vida, só podem ser descobertos vivendo com simplicidade e não tendo uma multidão de assuntos e desejos extravagantes; tal vida é muito grande para a preocupação, muito forte para o medo, muito feliz para o egoísmo.
À medida que descobrimos essa vida, a circulação melhorará, pois teremos menos razões para acumular. Com o tempo, poderemos também superar a falta de equilíbrio entre o trabalho físico e o mental. Não poderíamos prestar melhor serviço a Deus e ao mundo do que dar aos trabalhadores mentais uma oportunidade de trabalho físico durante parte do seu tempo e aos trabalhadores físicos, uma oportunidade de fazer algum trabalho mental. Na verdade, um sistema assim significaria uma bênção sem fim; o trabalhador físico se tornaria mais inteligente e o trabalhador mental, mais prático, pois os nossos melhores pensamentos surgem sempre durante o exercício físico. E ambos poderiam aprender a lição mais importante da vida: como é se sentir no lugar do outro.
Seria inútil estabelecer tal sistema pela força; deixemos que aqueles que se esforçam por viver a vida mais elevada, movidos por um coração verdadeiramente compassivo para com os seus semelhantes, comecem a instituir o sistema nos seus próprios negócios, tanto quanto possível. Nessa época de conflitos e inquietações, é encorajador saber que houve recentemente alguns casos em que pessoas renunciaram voluntariamente a possíveis lucros.
O ideal a que devemos chegar é o de trabalhar por amor e desejo de servir à comunidade, à nação e à todas as Ondas de Vida, e só acidentalmente promover os interesses do indivíduo. Pensem no entusiasmo que será criado quando tal programa se tornar universal e cada trabalhador estiver tão ansioso pelo sucesso do seu companheiro de trabalho quanto pelo seu próprio. E, como resultado, a condição de todos será muito melhorada mediante esse regime de cooperação e amor fraterno, em comparação com o sistema existente de luta egoísta e competição.
Que bênção será quando esse ideal se estabelecer em toda parte, como acabará acontecendo, quando esse amor altruísta que se interessa pelo bem-estar de todos os nossos semelhantes se tornar universal! Que todos aqueles que desejam sinceramente herdar o Reino dos Céus examinem mais uma vez o Evangelho de Cristo no que diz respeito ao seu ensino sobre esse assunto.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1920 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo promove a sua Individualidade, não a sua Personalidade. Sim, existe diferença entre o que busca promover a sua Individualidade, e o que vive na sua Personalidade. O verdadeiro Aspirante Rosacruz busca continuamente se ligar-se ao seu Cristo Interno – expressão da sua Individualidade – e se expressar superiormente em servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta deles e dele, que é a base da Fraternidade. É coerente, no sentido de que age segundo a consciência. Embora imperfeito ainda, cônscio das ciladas de sua natureza inferior (expressão da sua Personalidade), ele “ora e vigia” constantemente.
Ao contrário do que parece, a promoção da Individualidade, bem entendida, une e valoriza a Fraternidade, da mesma forma que cidadãos conscientes formam um povo e não massa.
Atende-se bem no que, sobre o assunto, escreveu Max Heindel, no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, a obra básica da Filosofia Rosacruz: “O método de realização espiritual Rosacruz difere de outros sistemas num ponto especial: procura, desde o princípio, emancipar o discípulo de toda dependência dos outros, tornando-o confiante em si, no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e lutar em todas as condições. Somente aquele que for bem equilibrado, pode ajudar ao débil”.
Há um perigo de se interpretar mal essa independência. Julgamos, rigorosamente, como dependência externa, inclusive a que se pode ter a nossa Personalidade, que não faz parte real de nosso “Eu Superior”. Isto quer dizer que o verdadeiro Aspirante Rosacruz não procura mestres, guias, instrutores, ídolos, “preferidos”, “seguidores” externos; que em nossa Fraternidade não há estres ou instrutores, senão orientadores no reto sentido de quem procura ajudar cada Estudante Rosacruz a se ajudar, a se libertar, a se independer, a se confiar para ser um valioso servidor na obra de Cristo na Terra. Aquele que gosta de proteção não pode ser um Aspirante Rosacruz, um Estudante Rosacruz de fato. Aquele que vive buscando novos autores, novos livros, “novas tendências”, novos conferencistas ou oradores da vez e correndo de uma a outra conferência, exposições, “retiros”, encontros, simpósios, seminários de oradores ilustres ou da “moda”, que se empolga, que vive repetindo ideias alheias e, afinal de contas, continua sendo o mesmo indivíduo, não pode ser um Aspirante Rosacruz, um Estudante Rosacruz de fato.
Perscrute-se letra a letra, linha a linha, página a página, no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e as demais obras de Max Heindel e veja-se que todas elas são libertadoras. Os Irmãos Maiores não gostam de dependências. Temos de gravar com letras de fogo em nossa consciência anestesiada pela escravidão do mundo, que somos “príncipes”, filhos de Deus, centelhas de seu Fogo, Espíritos feitos à Sua Imagem e Semelhança tendo dentro de nós todos os divinos atributos, latentes, à espera de desenvolvimento e potencialização. Somos criadores em formação, Cristos em desenvolvimento. “Não sabeis que sois templo do Altíssimo e o Espírito Santo habita em vós?” (ICor 3:16). “O Reino dos Céus está dentro de vós” (Lc 17:21). Ensinou-nos o próprio Cristo: “Aquilo que eu faço vós o fareis e obras maiores ainda” (Jo 14:12). São promessas bíblicas, são reconhecimento de nossa divindade em formação.
Mas para que essa Individualidade se forme harmoniosamente é necessário que se a oriente honestamente em humildade, em amor, em serviço, em entendimento. Não conhecemos outra Escola que o faça melhor, do que a Fraternidade Rosacruz! Ela não é obra de mestres terrenos, de literaturas rendadas, de promessas fantasiosas, de pretensas Iniciações. Os Irmãos Maiores que a ditaram, são elevados Iniciados, conhecidos por seus frutos. Ela é simples e profunda como a própria natureza; racional e lógica como a própria nudez simbólica da verdade. Ela reúne a que há de mais atual e conveniente às necessidades internas de cada um de nós, Egos ocidentais; é uma fase mais elevada do Cristianismo, aquilo que o Cristo ainda não podia ensinar em seu tempo, porque não podíamos suportar; é o alimento sólido do “adulto espiritual”.
Respeitamos o “leite das criancinhas”; a necessidade de dependência de muitas pessoas a outras; compreendemos a curiosidade dos que buscam coisas novas, porque se encantaram com as “vestes coloridas e não podem avaliar, ainda, a essência”. Mas a Escola Fraternidade Rosacruz se destina aos simples, aos essencialistas, aos sinceros, aos realizadores, aos servidores, aos humildes, aos corajosos que podem renunciar aos acenos do passado e “buscam alcançar o Reino dos Céus por assalto” (Lc 16:16), por seu próprio esforço e orientação esclarecida da Fraternidade. Não é uma dependência; é o reconhecimento de um método melhor, mais apropriado. O Irmão Maior leva em conta as possibilidades do verdadeiro Aspirante Rosacruz e, tendo já percorrido o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, previne os desvios retardantes e o prepara para vencer as dificuldades que defrontará.
A Escola Fraternidade Rosacruz (dizemos “de Max Heindel” só porque já andam deturpando o nome “Rosacruz”) é uma compilação atualizada de todos os mistérios antigos, conciliados com os mistérios Cristãos, de modo a dar a mentalidade inquiridora e dinâmica do povo ocidental, uma explicação lógica e simples do ser humano, do universo e de sua missão no mundo. Daí chamar-se “Escola Ocidental de Mistérios, preparatória para uma Nova Era – a de Aquário –, em que seus ensinamentos constituirão a futura Religião, o Cristianismo Esotérico”.
Compreende-se, então, que ela não pode ainda atrair grande número de pessoas, porque pressupõe qualidade, porque ensina primeiro a dar, a primeiro “buscar o Reino de Deus e Sua justiça”, e por mérito, como consequência natural o desenvolvimento interno lhe venha “como acréscimo”.
Essa é a Iniciação: um processo natural de desenvolvimento interno, como decorrência do mérito que se conquista pelo domínio de si mesmo e pelo serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta deles e dele, que é a base da Fraternidade. O resto é fantasia.
A Fraternidade Rosacruz é desinteresseira e sincera, desmascara ilusões e artificialismo pela simples apresentação de seus princípios racionais.
O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo que nela se inspira e forma se liberta de sua natureza inferior e concomitantemente, de todas as dependências externas. Não mais se desilude porque não se ilude. Sabe que seus poderes internos serão proporcionais a capacidade moral que ele desenvolve, para usá-los retamente. Não fala de si como um Mestre ou Instrutor, não conta suas “experiências”, não exibe seus recursos curadores – porque sabe que atrás de tudo isso está a Personalidade a reclamar preço, glória, reputação, que o distinga dos demais.
O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo é autêntico, simples, humilde, e tudo refere a Deus dentro de si; é o que ocupa o último lugar e o que busca mais servir, sem pretensões ulteriores.
Quão necessário e oportuno se compreender isto para avançar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz!
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – outubro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)
No seu sermão no Dia de Pentecostes S. Pedro proferiu: “Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida, com a Tua face me encherás de júbilo.” (At 2:28), quando Cristo apareceu com a descida do Espírito Santo em cumprimento da promessa do Cristo, e os Apóstolos anunciavam uma alegria espiritual de felicidade futura. Foi seguindo o conhecimento da vida conforme Cristo ensinou que S. Pedro conseguiu a intensa alegria dessa vida. S. Pedro foi, sem dúvida, a figura principal na formação do Cristianismo do primeiro século, pois ele foi a pedra sobre a qual Cristo construiria a Religião Cristã manifestada aqui e a ele foram fornecidas as simbólicas “chaves” do Reino do Céus. Crê-se que S. Pedro foi martirizado durante o reinado de Nero no ano 65, aproximadamente.
S. Pedro, um pescador galileu, na organização do Cristianismo recebeu ajuda e assistência do douto e missionário S. Paulo. A Religião Cristã se desenvolveu como uma instituição promotora de uma fé e de uma teologia.
A alegria de S. Pedro se baseava na prova e na fé de sua crença na Ressurreição, fortalecida pela vinda do Confortador ou Espírito Santo no Dia de Pentecostes. Esse é o ponto crucial de toda Religião Cristã: não existe a morte: “Creio na Ressurreição do Corpo e na Vida Eterna”.
Como isto é verdadeiro nesta estação do ano! Tempo de prazer e de alegria, com a natureza ornada ao máximo. Este tempo de beleza é o trabalho d’Ele, que deseja nos confortar e trazer Alegria ao Mundo, radiante e expressiva. O canto de alegria surge dos pássaros, dos animais e das plantas que dão tudo em troca do amor que lhes deu o Cristo que partiu. Descem sobre o Místico, vibrações de consciência que podem enchê-lo de alegria à sua aproximação, como sucedeu com S. Pedro.
Este período de júbilo, esta harmonia de formas, é o triunfo do Espírito sobre a Terra, e a manifestação do ritmo do amor. O Senhor nos mostrou Sua face e foi benigno conosco. Com o Espírito Santo ou, como ensina a Filosofia Rosacruz, com o Espírito Humano assumindo o trabalho do Cristo nesta estação lembremo-nos do primeiro dos três passos a dar, isto é, que pela união com o “Eu Superior” nos sobrepomos a nossa natureza interior.
Este primeiro passo é o que mais nos interessa atualmente. O primeiro auxílio que nos foi dado para consegui-lo foram as Religiões de Raça que nos ajudaram a conquistar o Corpo de Desejos, preparando-nos para a nossa união com o Espírito Santo a fim de ser extraída a Alma Emocional. O efeito total deste auxílio se viu no Dia de Pentecostes, pois o Espírito Santo é o Deus de Raça e todas as línguas são Sua expressão. Quando os Apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo, falaram várias línguas. Seus Corpos de Desejos haviam sido suficientemente purificados para produzir a união necessária e isto nos mostra o que o Discípulo conseguirá algum dia: o poder de falar todas as línguas, pois, então, a diferenciação em Raças separadas terá terminado.
As Religiões do Espírito Santo, as Religiões de Raça, se destinam a elevação da Onda de Vida humana por meio do sentimento de parentesco limitado a um grupo, família, tribo ou nação, e é este Deus de Raça que recebe as preces pelas vitórias nas batalhas, pelas chuvas, pelo aumento material dos rebanhos e pela repleção dos celeiros. Como essas preces são feitas pelo Corpo de Desejos por coisas temporais, não são puras como deveriam ser para conseguirem nosso desenvolvimento espiritual. Bem diferente da parte da Oração do Senhor (O Pai-Nosso) que pede pelo Corpo de Desejos é: “Não nos deixes cair em Tentação” – a tentação de desejar as coisas dos outros seres humanos.
Esta alegre estação do ano fornece expressão a sua vibração em palavras para exprimir o pensamento, que é o nosso mais elevado privilégio. Para podermos fazer isso precisamos de uma laringe vertical que nos permita falar. Foi quando nós, o Ego, entramos na posse dos nossos veículos que se tornou necessário usar parte da nossa força sexual criadora para a construção do cérebro e da laringe. A laringe foi construída enquanto o Corpo Denso estava curvado, do mesmo modo que fica o embrião humano, quando em gestação. À medida que o Corpo Denso se endireitava e ficava em pé, parte do órgão criador permaneceu com a parte superior do Corpo Denso e mais tarde se transformou em laringe e cérebro. Dessa forma obtivemos a consciência cerebral do Mundo externo a custa da metade do nosso poder criador, que antes era usado, integralmente, para exteriorizar outro ser.
Agora temos o poder de criar e exprimir o pensamento aqui. A laringe é mantida pelo poder da força sexual criadora que, quando purificada, se torna o poder anímico que, a seu tempo, invalidará os órgãos sexuais e nós, então, falaremos o Verbo criador.
No Simbolismo Rosacruz achamos a Rosa de brancura imaculada colocada no centro da Cruz, representando o lugar da laringe, pois aí está o poder criador puro que gera a magia da cura.
Durante este mês o Sol está passando pelo segundo Signo da Trindade Criadora, o Signo do princípio criador materno, Touro, regido pela senhora do amor, Vênus, e assistido pela Rainha da Noite, a Lua. A riqueza da Mãe Terra se espalha diante de nós para nosso júbilo e felicidade.
Acabamos de passar pelo mês apaixonado de Marte, introdutor, no início do Ano Novo, do princípio gerador masculino, no qual dominaram as atividades materiais, e estamos agora gozando o produto feminino da Senhora da Graça, Vênus, no qual o crescimento espiritual é manifestado na beleza da vida na forma.
Aquilo que fora paixão, agora foi transformado em amor por intermédio do Cristo, o Confortador, inundando a Terra com alegria e felicidade, à medida que a Voz da Natureza se faz ouvir pela Música das Esferas. Os trabalhadores foram convocados, o Fiat Criador foi proferido e a restauração do Templo na Terra está em andamento. Coalisão e unidade sob o vínculo da Deusa do Amor reflete a vida do Cristo.
Neste tempo, em que a aquisição das necessidades físicas é soberana para a preservação, é bom para nós lembrarmos que nós, o Ego, assim como o nosso Corpo, também precisamos de alimento para nosso crescimento e evolução. Nosso alimento consiste em atos e feitos de bondade, de consideração para com os outros e no esquecimento de nós mesmos.
A canção de júbilo em nossos corações, por aquilo que nos tem sido feito, deve encontrar seu eco nos outros quando, por nossa parte, fizermos algo por eles, pois, o Crescimento da Alma depende das Ações. Nossa Alma enfraquecerá se só a alimentá-la com livros, pois isso não acrescentar um átomo ao nosso Corpo-Alma. A menos que ponhamos em prática o que aprendemos, o conhecimento não produzirá dano considerável, pois somos responsáveis pelo que conhecemos e devemos pôr em bom uso os nossos talentos.
No juízo final será perguntado o que fizemos e não o que sabemos. “E, se Deus assim veste a erva que está no campo e amanhã é lançada ao forno, quanta mais a vós, homens de pouca fé” (Mt 6: 30).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1980 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Há somente dois caminhos no labirinto que é a vida. Um leva ao abismo insondável onde os corpos e as almas se movem velozmente num mundo de trevas feito pelo ser humano.
O outro leva às regiões elevadas onde Deus, o Bem, a Verdade e a Beleza reinam para sempre, onde as Mentes e as almas se fortalecem, vivem e crescem eternamente. É isso que Cristo nos ensinou aqui: “Vinde a mim todos os que trabalhais e vos achais carregados, e eu vos aliviarei.” (Mt 9:28). Aqui há flores de variados perfumes e fragrâncias, ouve-se o canto dos pássaros, o céu é mais azul e o ar mais limpo. A visão é fortalecida e é capacitada para penetrar mais profundamente nesse céu azul. Aqui a luz segue iluminando mesmo depois que o Sol se põe, as estrelas se movem mais rapidamente e o mistério da Páscoa da Ressurreição é revelado ao feliz mortal. O Espírito de Amor, o Cristo, luta ano após ano, no coração da Natureza; as aves, os rios, as flores, cada fibra de uma planta se entregam alegre e graciosamente para receberem em seu seio a carícia desse presente de amor, no dia de Páscoa – o presente do Pai, que nos dá seu Próprio Filho, ano após ano, para que tenhamos vida e a tenhamos abundantemente.
A Páscoa traz consigo um tão grande Poder Cósmico que pode romper todas as cadeias do sofrimento e da dor criadas pelas fraquezas e os erros dos seres humanos. Todo aquele que crucificar o corpo de pecado de seu interior por um esforço de vontade, poderá receber durante essa época, essa infusão de vida, que vem de Cristo, que se dá a nós, sem limites.
Pode ser um Jacó que, praticando a astúcia e o engano que lhe trazem prosperidade material, aprenda que isso lhe tira a paz da Mente e da Alma. E quando o tumulto do mundo cessa e o Espírito fala quietamente ao Espírito no silêncio da noite, sua alma clama e a luz se faz nela.
Pode ser uma Madalena que, desiludida e penitente se afasta do mundo em que tudo é engano, miragem, ilusão e sem piedade, para crucificar-se, a si mesma, na solidão e no desamparo. Mas, quando a tranquilidade e o sossego são mais intensos, maior é a eloquência do Espírito, porque aí o Espírito é chamado pelo próprio Espírito e pode ouvir a sua voz. O coração que se inclinar sincera e humildemente é elevado, sua alma recebe a palavra de Perdão, a graça tão esperada. Com lágrimas de felicidade prosseguirá seu caminho, confiantemente, enquanto repete alegremente: “Uma Nova Vida”, “Vai e não Voltes a Pecar”. O Cristo de Amor que tudo perdoa, nasceu dentro de si.
Pode ser um José, lutando por perdoar, consciente da miséria que seu ressentimento acarreta. Ou um Tomé que, desejoso de vida abundante, se agarra ao invólucro da dúvida e do ceticismo, que lhe roubam a doçura e o poder da fé que redime. “Mete aqui o teu dedo e vê as minhas mãos“, disse-lhe Cristo. Depois de convencê-lo disse novamente: “Tu crestes, Tomé, porque me viste, bem-aventurados os que não viram e creram.” (Jo 20: 27-28).
Na Páscoa, os braços universais do engrandecimento espiritual estão estendidos, prontos para elevar, todo aquele que o mereça, ao Reino dos Céus. Não podemos seguir dois caminhos – temos que escolher um e nos afastar do outro. Os Anjos se regozijam cada vez que um Aspirante à vida superior escolhe o caminho reto! Na Páscoa, legiões desses seres elevados esperam-nos ansiosos, com os braços estendidos para nos ajudar.
Que esta Páscoa seja para você, realmente, o Domingo da Ressurreição!
(Publicado na Revista “Serviço Rosacruz” – fevereiro/1985 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Em um lugar, a Bíblia nos leva a orar sem cessar, em outro, Cristo repudia a prática, dizendo que não devemos imitar aqueles que acreditam que são ouvidos por suas muitas palavras. É claro que não pode haver contradição entre as palavras do Cristo e as de seus discípulos; portanto, devemos reconstruir nossas ideias de oração de tal maneira que possamos orar sempre e, no entanto, sem expressão verbal ou mental volumosa.
Emerson disse:
Embora seus joelhos nunca se dobrem,
De hora em hora ao Céu suas preces sobem.
E sejam elas para o bem ou para o mal formuladas,
Ainda assim são respondidas e gravadas.
Em outras palavras, todo ato é uma oração que, sob a Lei de Causa e Efeito, traz resultados adequados. Conseguimos exatamente o que queremos e a expressão em palavras não é necessária; mas, a ação sustentada ao longo de uma certa linha indica o que desejamos, mesmo que nós mesmos não percebamos e, com o tempo, mais cedo ou mais tarde, de acordo com a intensidade do nosso desejo, vem aquilo pelo qual oramos. As coisas assim ganhadas ou alcançadas podem não ser o que realmente e conscientemente queremos; de fato, às vezes podemos conseguir algo que não queremos, algo que é uma maldição ou um flagelo, mas o ato da oração o trouxe para nós e devemos mantê-lo até que possamos legitimamente nos livrar dele.
Se jogamos uma pedra no ar, o ato não estará completo até que a reação leve a pedra de volta à terra. Nesse caso, o efeito segue a causa com tanta rapidez que não é difícil conectar os dois. Contudo, se enrolarmos a mola de um despertador, a energia será armazenada nela até que algum mecanismo a libere; então, vem o efeito, que é o toque de um sino e, embora possamos estar dormindo o sono do esquecimento, a reação da mola ocorreu da mesma forma. Assim também, os atos que esquecemos em algum momento ou outro produzem seus resultados de modo independente; dessa maneira, a oração da ação é respondida.
Mas, existe a verdadeira oração mística, a oração em que encontramos Deus cara-a-cara, como Elias o encontrou. Não no tumulto do mundo, o vento, o terremoto ou o fogo; mas, quando tudo está quieto a voz sem som fala conosco por dentro. Mas, o silêncio necessário para essa experiência não é um mero silêncio de palavras; não há sequer as imagens internas que geralmente passam diante de nós na meditação, nem há pensamentos, mas todo o nosso ser se assemelha a um lago calmo e cristalino. Nele, a Deidade Se reflete e experimentamos a unidade que torna a comunicação desnecessária, seja por palavras ou qualquer outra maneira, porque sentimos o que Deus sente. Ele está mais próximo do que nossas mãos e pés.
O Cristo nos ensinou a dizer: “Pai nosso que estais no Céus” … Essa oração é a mais sublime que pode receber expressão em palavras, mas a oração da qual estou falando pode, no momento da união, ser expressa em uma única palavra: “Pai”. O devoto, quando está realmente no clima da oração, nunca está longe de Deus. Ele não faz pedidos relativos à vida prática, porque tem esta promessa: “Deus é meu pastor e não me faltará”. A ele não foi ensinado isto: “procure primeiro o Reino dos Céus e todas as outras coisas lhe serão adicionadas?”. Porém, sua atitude talvez seja melhor entendida se considerarmos um cachorro fiel olhando com devoção ingênua o rosto do seu mestre; toda a sua alma se derrama através de seus olhos no amor que sente por ele. Da mesma forma, apenas com uma intensidade muito maior, a verdadeira visão mística para o Deus interno se derrama em adoração sem voz. Dessa maneira, podemos orar sem cessar, interiormente, enquanto trabalhamos como servos zelosos no mundo; pois vamos lembrar sempre que enquanto oramos ao Deus interno, devemos trabalhar para o Deus externo.
(por Max Heindel; publicado no Echoes de Mount Ecclesia de março/1914 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz de Campinas-SP-Brasil)
“Deus é Luz“, “Deus é Amor“, “Em Deus está a Vida“, uma trindade de inspirações divinas, de incomensurável valor, que se podem ler, respectivamente na 1ª Epístola de São João, Cap. 1, vers. 5; cap. 4, vers. 16 e o Evangelho Segundo São João, Cap. 1.
Três revelações que encerram dentro de si maravilhosas pérolas espirituais, quando profunda e humildemente meditadas. Se a elas associarmos o testemunho São Paulo: “O Espírito de Deus habita em nós” (1ª Epístola de São Paulo aos Coríntios, Cap. 3) conseguiremos preciosos temas para reflexão, criaremos um largo e claro horizonte na vida prática de um verdadeiro cristão.
Por meio dessas afirmações facilmente chegamos ao raciocínio dedutivo de que sendo Deus, Luz, sendo Ele Amor, adorar a Luz é amar a Deus e como Ele vive em cada um de nós, amar o próximo como a nós mesmos é amar o Deus Interior, parte do Deus Exterior, do Deus do Universo, é viver na Luz.
Porém, para que a meditação seja a mais profunda possível torna-se necessário conhecer não só os sinônimos de Luz, Amor e Vida, como os seus antônimos, respectivamente trevas, ódio e morte, como ainda o que são e o que produzem.
Luz é tudo aquilo que ilumina, seja interior, seja exteriormente; são seus sinônimos a claridade, a sabedoria, a faculdade de raciocinar.
Amor é um sentimento intenso de afeto, cujos sinônimos, altruísmo, amizade, caridade tornam-se importantes, na medida em que essa maravilhosa palavra, Amor, tem sido desvirtuada a tal ponto que aparece confundida com sexo e o desejo possessivo. Vida é um vocábulo mágico que encerra as ideias de origem, existência, respiração, alimento, atividade. Por sua vez trevas é a escuridão, a noite; o ódio é um sentimento de antipatia, em que o rancor, a aversão, o egoísmo, o ressentimento se misturam; finalmente, a morte é o término da existência (se bem que para o Espírito ela não exista) cujo espectro engloba a ruína, inércia, destruição e dor.
Por isso, viver nas trevas é percorrer a estrada da Vida na escuridão, no veículo, cegueira noturna da ignorância, sujeito às provas dolorosas dos erros; semear ódio e colher os frutos das inimizades, desarmonias, guerras, cujas consequências são essencialmente prejudiciais a quem semeia, na medida em que esse sentimento negativo consome glóbulos vermelhos, necessários à fixação do oxigênio, contido no ar, fonte de vida, e fomenta o aumento dos destruidores corpúsculos brancos no sangue, cuja multiplicação ocasiona a leucemia, perturbando todo o aparelho circulatório, sistema digestivo e nervoso.
Quanto ao espectro da morte, essa ilusão materialista, irmã das trevas (inferno) e do ódio (guerras) e o túmulo da inércia, da inatividade e da destruição, o fim do mentiroso e do hipócrita, do egoísta e rancoroso, da preguiça e da luxúria.
Não nos iludamos com o caminho do egoísmo e dos seus aliados: o ódio e destruição; eles poderão conduzir à ilusão do poder efêmero terreno, alicerçado na lama das trevas, da injustiça e da morte que ocasionará, mais cedo ou mais tarde, enorme queda na qual serão colhidas as sementes dolorosas espalhadas anteriormente até que as lições sejam aprendidas e equilibradas, o débito registrado no Infalível Banco Celestial, onde o crédito são as boas ações.
Procuremos, antes e sempre, o caminho que conduz à Luz, à Vida, caminho esse que tem como bússola, o Amor Puro e como Norte, Deus. Mas, procurar exige trabalho, perseverança, desejo sincero sem o que nada se conseguirá.
Como labor prioritário façamos uma profunda observação do valor da luz física e espiritual, especialmente desse último aspecto, comparemos com os seus antônimos, discirnamos as vantagens e os inconvenientes, analisemos os perigos das trevas e do ódio e certamente que tomaremos a decisão firme de trilhar o caminho da Luz e do Amor.
Ninguém crê que desejará viver às escuras, na noite sem Luz, onde só os ladrões e os criminosos se sentem bem. No entanto, todos nós nos sentimos melhor nos dias de Sol radiante do que nos dias de chuva. Como poderíamos viver sem a Luz do Sol físico, fonte de calor e energia que faz possível a vida nas plantas, nos animais e nos seres humanos?
Tal como quando o Sol físico brilha no horizonte, o nosso ambiente externo é claro, mais alegre e o céu está limpo, também, quando o Sol espiritual brilha dentro de nós, os pensamentos tornam-se mais claros, a mente límpida, transparente e pura e então, veremos a Deus, pois “só os puros de coração verão a Deus” (Mt 5). Essa prerrogativa própria dos verdadeiros profetas e dos Clarividentes voluntários, isto é, dos que veem claro (quando querem ver e quando veem sabem o que precisam fazer), é alcançado após várias vidas na Terra de serviço amoroso e desinteressado em prol da humanidade.
A Luz física do Sol, além de originar um ambiente mais alegre, produz ainda efeitos regeneradores, curativos e daí o célebre ditado: “Casas onde entra o Sol, não entram os médicos”, o que nos aconselha a traçarmos devidamente as habitações rasgando boas entradas de Luz, que em virtude de seu poder vibratório tem a faculdade de ajudar a afastar as entidades maléficas desencarnadas. Por isso as pessoas negativas, sensitivas, devem evitar locais às escuras, tal como aqueles onde se queimem velas de cera que atraem elementais e devem ser substituídas por velas de estearina.
Esses são apenas pequenos tópicos sobre o valor da Luz, que cada qual deverá por si aprofundar. Neste trabalho um passo importante deverá ser dado, um exame de consciência, muito útil para um conhecimento de nós mesmos. Ele é uma condição indispensável para que a Luz brilhe dentro de nós, conquanto se faça unicamente à noite, antes de se deitar, evitando os inconvenientes do julgamento constante. Analisados e efetuados todos esses esforços certamente que verificaremos quanto de errado existe em nós e quanto há que aperfeiçoar. Mas, para frente e para cima é o caminho, vencendo obstáculos diversos, entre eles os preconceitos. Para transpô-lo torna-te criança, não de meses, mas daqueles que cada um tiver, isto é, despe-te do teu falso saber, dos preconceitos que não permitem ver claro e alcançar a verdade, do orgulho intelectual, que é o príncipe do reino das trevas e abre a tua Mente, em espírito de criança, todos os olhos e ouvidos, sempre pronto a aprender e a crer, não como os levianos ou idiotas, mas como seres livres e atentos, porque “todo aquele que não receber o Reino de Deus, como uma criança, nele não entrará”. Só com espírito de criança receberemos a Luz verdadeira dos Céus, do reino da Verdade do Pai, o qual é manifestado em ti, pois “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em Vós?”. Tornando-te criança escuta a Voz do Pai que está em ti, ora e vigia constantemente, procurando o Reino dos Céus. Como orações o Pai-Nosso, oração por excelência, e a oração de São Francisco de Assis; conta ao Deus interno, os teus problemas e ansiedades; diariamente no silêncio do teu quarto medita; a seu tempo oportuno, acredite, a Luz Interior te dará a intuição necessária para a resolução dos problemas tal como devem ser equacionados e não como a natureza inferior, egoísta ou os preconceitos desejariam.
Como criança espiritual teremos de beber só leite, isto é, só poderemos beber a luz que a nossa Mente possa digerir, porém na medida em que progredirmos, nossa Mente aumentará a capacidade para captar luz mais forte e, então, receberemos alimento sólido. Por isso, é que São Paulo dizia: “Foi leite que vos dei a beber e não alimento sólido porque ainda não podereis suportá-lo“. Tal como entramos aqui na Região Química do Mundo Físico, como criança, bebendo leite no início e mais tarde comendo alimento sólido, também só como criança entraremos no Reino dos Céus, bebendo leite espiritual no princípio e mais tarde alimento sólido.
O mesmo acontece com a recepção da luz física, quando muito forte, a nossa lente da vista é incapaz de absorver devido ao nosso estado de evolução, no entanto, Seres evoluídos como os Arcanjos, conseguem evoluir nas elevadíssimas vibrações do Sol.
Como criança, não poderemos aspirar imediatamente a coisas elevadas, a grandes voos, mas adaptarmo-nos às coisas pequenas, simples, servindo dentro das nossas posses até que tenhamos bases sólidas, alicerçadas na verdadeira luz e no Amor Puro que nos permitirá cumprir missões mais elevadas, com os perigos e inconvenientes de quedas napoleônicas ou doutras, contestadas dia a dia.
Para uma análise discernente das diferenças entre o falso saber e a sabedoria verdadeira estudemos os ensinamentos bíblicos, expressão de sabedoria. Assim, São Paulo aconselha: “Não o sejais sábios em vós mesmos“. São Tiago esclarece: “Onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e obra perversa, essa a sabedoria terrena não é a que vem do alto; essa é primeiramente pura, depois pacífica, moderada, cheia de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia”.
Isso indica-nos que devemos ter cuidado com as nossas opiniões, designadamente com as ideias preconcebidas, que muitas das vezes nos obscurecem, evitar o orgulho intelectual, pôr em prática a verdadeira caridade, procurando a harmonia, na consciência de que a sabedoria vem de Deus e com Ele esteve sempre e existiu antes de todos os séculos e não é produto do nosso eu inferior, egoísta, orgulhoso.
Jesus-Cristo é a Luz do Mundo. “Quem O segue não andará nas trevas, mas terá a Luz da Vida” (Jo 8). Ora, os que o seguem são aqueles que fazem a vontade de Deus cumprindo as Suas leis, escutando as palavras do Mestre dos Mestres e pondo-as na prática (Mt 7).
“O que ama a correção, ama a sabedoria” (Pb 12). Por isso agrademos e sigamos os conselhos que nos deem e corrijamo-nos a nós mesmos, utilizando o exame de consciência.
“Aquele que ama o seu irmão vive na Luz, enquanto o que detesta está nas trevas e não sabe para onde vai“. Afinal o caminho da Luz é amar ao próximo em obras e em verdade como já tínhamos deduzido e que concorda com os ensinamentos de Cristo. Daqui que a Filosofia cristão-rosacruciana nos aconselha a servir amorosamente e de forma desinteressada e modesta e nos esclarece que esse é o caminho mais curto que conduz a Deus. Esse Amor Puro exige purificação dos veículos anímicos, no perfume das sete virtudes, simbolizadas nas rosas do emblema Rosacruz, e entre elas está a maior de todas, a caridade, mas a verdadeira, não a hipócrita.
Ela exige que o serviço seja desinteressado e modestamente executado, isto é, que se ajude sem esperar recompensa, quer ela seja monetária ou não, sem aspirar aos louvores, à gratidão, à fama, ou a ser admirado, que se faça bem com a mão direita sem que a esquerda o veja.
Fazer o bem para ser admirado ou fazê-lo apregoando-o não é amar, mas dar hipocritamente, com egoísmo, que é a vaidade das vaidades, rainha do reino das trevas. São Paulo nos esclareceu esse assunto dizendo: podemos distribuir toda a fortuna que possuímos para sustento dos pobres e até entregar o nosso corpo para ser queimado, mas se não tivermos caridade nada disso nos aproveitará. É que a caridade é sofredora, não é invejosa, não busca o seu interesse,não se irrita, folga com a verdade, tudo sofre, tudo suporta.
A caridade verdadeira exige que amemos os nossos inimigos, que façamos bem sem olhar a quem, com modéstia; não oprime ou engana seja quem for, mas liberta e ilumina o que dá e o que recebe.
Cumpramos nossos deveres, sirvamos amorosa e desinteressadamente, isto é, com agrado, com espírito de sacrifício, dedicação, zelo e sem interesse e no final de cada ação consideremo-nos como servos inúteis, tal como Cristo nos aconselhou, conhecedor profundo dos perigos da vaidade e do orgulho.
Procedendo nesse “modus-vivendi”, vamos construindo o nosso traje de bodas, o Corpo-Alma, veículo superior que nos iluminará com a Luz Superior, da intuição, da inspiração, da Clarividência, do gênio Criador. Assim, faremos subir a energia sagrada, numa transmutação alquímica, que nos abrirá a visão espiritual.
Para que todo esse trabalho individual floresça dois fatores devemos ter ainda em consideração. Um de natureza física: possuir um cérebro em boas condições, ele na Terra é o elo entre o Espírito e a matéria, é o instrumento da Mente no Mundo Físico. Como foi construído pela metade sexual de cada um é fácil concluir que devemos transmutar a energia sagrada, usando-a para gerar e regenerar, evitando os abusos.
Uma alimentação equilibrada, frugal, rica em vitaminas e minerais e em aminoácidos é outro fator importante. Dentro dos minerais merece realçar o fósforo, palavra derivada do grego “phós” que quer dizer luz e de phóros – portador ou reprodutor. Ele faz parte dos núcleos celulares do cérebro e do sistema nervoso. Note-se que é no núcleo, parte vital da célula, que está o célebre DNA, base da vida que os cientistas procuram descobrir plenamente para criarem vida. Essa, porém, é sagrada. Invisível, antes de se manifestar na forma e como sagrada a sua descoberta exige que os cientistas se tornem verdadeiros sábios, isto é, puros de coração, humildes, pois reconhecerão que o saber é divino verdadeiramente possuidor de altruísmo e caridade.
Para que esse mineral seja devidamente assimilado pelo organismo importa que tenhamos boas glândulas endócrinas, designadamente a hipófise, tireoide e paratireoide, o que exige o desenvolvimento do Amor Puro, da amizade sincera, qualidades Uranianas, do regente em astrologia científica, da hipófise que é Urano, além de que sejamos honestos, amigos da verdade e da razão, qualidades de um regenerado Mercúrio, que comanda as outras glândulas citadas. O outro fator é de natureza mental e denomina-se: concentração, muito difícil neste mundo cheio de ruídos, de más distrações etc.
É que tal como a luz concentrada numa lente se torna mais forte, luminosa e clara, também o pensamento concentrado produz ideias mais claras e profundas.
Um bom exercício é o Exercício Esotérico de Concentração ao acordar, tal como a Fraternidade Rosacruz solicita a todo Estudante Rosacruz fazer..
Chegados que somos ao final deste modesto trabalho apela-se para que cada qual faça uma meditação profunda sobre este tema e dia após dia aplique a luz que for efetivamente possuído de forma a que nos tornemos verdadeiros cristãos, construindo a Fraternidade Universal, dignos de viver na Era de Aquário.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz – janeiro/1982 – Fraternidade Rosacruz – SP)
1ª) “E disse-lhes muitas coisas em parábolas: ‘Eis que o semeador saiu para semear. E ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho e as aves vieram e a comeram. Outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra. Logo brotou, porque a terra era pouco profunda. Mas, ao surgir o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou. Outra ainda caiu entre os espinhos. Os espinhos cresceram e a abafaram. Outra parte, finalmente, caiu em terra boa e produziu fruto, uma cem, outra sessenta e outra trinta.‘” (Mt13:3-8).
2ª) “Propôs-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e começou a granar, apareceu também o joio. Os servos do proprietário foram procurá-lo e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Como então está cheio de joio?’ Ao que ele respondeu: ‘Um inimigo é que fez isso’. Os servos perguntaram-lhe: ‘Queres, então, que vamos arrancá-lo?’ Ele respondeu: ‘Não, para não acontecer que, ao arrancar o joio, com ele arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ‘Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo, recolhei-o no meu celeiro’.” (Mt 13:24-30).
3ª) “Propôs-lhes outra parábola, dizendo: ‘O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos seus ramos.‘” (Mt 13:31-32).
4ª) “Contou-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e pôs em três medidas de farinha, até que tudo ficasse fermentado.‘” (Mt 13:33).
5ª) “O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo; um homem o acha e torna a esconder e, na sua alegria, vai, vende tudo o que possui e compra aquele campo.” (Mt 13:44).
6ª) “O Reino dos Céus é ainda semelhante a um negociante que anda em busca de pérolas finas. Ao achar uma pérola de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra. O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha de tudo. Quando está cheia, puxam-na para a praia e, sentados, juntam o que é bom em vasilhas, mas o que não presta, deitam fora. Assim será no fim do mundo: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes. Entendestes todas essas coisas?” Responderam-lhe: ‘Sim’.” (Mt 13:45-51.).
7ª) “Então lhes disse: “Por isso, todo escriba que se tornou discípulo do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que do seu tesouro tira coisas, novas e velhas.” (Mt 13:52).
Há sete interpretações igualmente válidas e verdadeiras para cada parábola. Algumas dessas interpretações são mais profundas em seu significado do que as outras. A maior parte das pessoas está familiarizada com as interpretações exotéricas ou ao pé da letra. Agora, com o “Conceito Rosacruz do Cosmos” foi levantado o primeiro véu e podemos deixar em segundo plano essa forma de interpretação literal. A chave para entendimento das parábolas transcritas está no último versículo; algumas coisas são velhas e outras são novas; algumas são do passado, ao passo que outras virão ainda. Os outros Evangelhos fazem apenas menção das quatro primeiras parábolas. Por isso consideramos esse capítulo como a apresentação completa do símbolo.
A primeira parábola refere-se ao semeador – Deus – lançando a semente de uma nova Onda de Vida, os Espíritos Virginais (a presente humanidade) foram diferenciados pela primeira vez, dentro de Deus ou “plantados”.
A segunda parábola narra o fato de o semeador encontrar joio em seu campo, preferindo deixá-lo crescer juntamente com o trigo, a fim de não haver o perigo de destruir a boa semente. Alude ao Período Solar, onde surgiram pela primeira vez a luz e as trevas. Segundo uma tradição de origem oculta, alguns componentes dessa onda de vida recusaram-se a emergir na matéria, retardando, dessa forma, a nossa evolução. Deram margem a um primeiro esboço de egoísmo ou joio, em nossa onda de vida.
A terceira parábola, do grão de mostarda, refere-se ao Período Lunar, quando o ser humano recebeu o germe do Corpo de Desejos. A semente da mostarda, embora pequenina, desenvolve-se até transformar-se numa árvore de grandes dimensões. A mostarda é um condimento excitante do Corpo de Desejos. Seu uso desmedido pode afetar negativamente nossa natureza emocional.
A quarta parábola, a da pequena quantidade de fermento, corresponde ao Período Terrestre. No Velho Testamento todo o pão sacramentado deveria ser levedado, porque desse modo Jeová poderia manter o povo sob seu jugo. Mas Cristo iniciou a Nova Era – a Era de Aquário, ainda como anunciador – em que, lenta, mas seguramente, o amor altruísta vem sendo difundido. “No peito de cada indivíduo a força do altruísmo trabalha como se fora um fermento. Desse modo transforma-se o selvagem numa pessoa civilizada e com o tempo, esse, num Deus.” (“Conceito Rosacruz do Cosmos”).
A quinta parábola, do tesouro escondido, sugere o Período de Júpiter. Naquele longínquo período futuro, os seres componentes do atual reino mineral passarão por um estado de consciência análogo ao das plantas e nós trabalharemos com eles com a mesma desenvoltura com que os Anjos operam atualmente com o Reino Vegetal.
O desenvolvimento de nossas faculdades imaginativas habilitar-nos-á também a vitalizá-las. Dessa maneira, os “tesouros do reino dos céus no Período de Júpiter, não permanecerão escondidos no campo de nossos corpos nem na Terra. Contudo, deve desde já despender os melhores esforços a fim de desenvolver estas faculdades futuras”.
A sexta parábola, a da pérola de alto preço, assinala as condições do Período de Vênus, quando os minerais atuais alcançarão um estado de consciência semelhante ao dos nossos animais. A pérola é a única gema originária da ação de uma criatura viva: a ostra.
Segundo Max Heindel, no final do Período em questão, o ser humano estará em condições de revestir de cores e tons as formas por ele engendradas e vitalizadas. Assim, tal como o comprador de pérolas, o ser humano tudo fará para adquirir essa faculdade.
A sétima parábola, a da semelhança do escriba instruído com o pai de família, refere-se ao período derradeiro – o Período de Vulcano – quando as influências particulares do Espírito Divino serão as mais fortes, porquanto foi vivificado no correspondente Período de Saturno. Nesse período o joio será removido do trigo e estaremos prontos para o repouso cósmico.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1968 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Max Heindel
Reunimo-nos novamente esta noite com o propósito de concentrar nossos pensamentos na segunda parte do mandamento de Cristo: “curai os enfermos”. Pois consideramos essa parte do mandamento divino tão obrigatória para seus seguidores quanto a primeira parte, que nos exorta a “pregar o Evangelho”. Mas, se entendermos bem esse mandamento, não nos contentaremos em meramente tentar aliviar a dor, a tristeza profunda, a angústia e o sofrimento de qualquer um ou de qualquer número de pessoas. Tentaremos chegar à causa de todo sofrimento humano para que, eliminando a causa principal (a causa fundamental, a causa-raiz) possamos erradicar os efeitos. Para fazer isso, para chegar a uma conclusão verdadeira sobre a origem da tristeza profunda, da angústia e do sofrimento, ao tempo em que descobrimos os meios para sua erradicação permanente, devemos voltar ao passado distante; de fato, ao início da existência física.
A Bíblia foi dada ao mundo ocidental pelos Anjos do Destino que, estando acima de todos os erros, dão a cada nação a Religião mais adequada para guiá-la no caminho da sua evolução espiritual e física; e, se buscarmos a luz nessa fonte, certamente a encontraremos. Deve-se ter em mente que o Cristo ensinou a multidão por parábolas, mas deu aos Seus Discípulos o significado dessas parábolas e as coisas mais profundas sobre os mistérios do Reino dos Céus. São Paulo também ensinou uma verdade diferente, ou melhor, mais profunda (“carne”) para aqueles que eram fortes na fé, mas deu o “leite” das doutrinas mais elementares aos bebês. Da mesma forma, devemos entender que, além do significado que a Palavra de Deus carrega em sua face, há um lado mais profundo e oculto sobre o qual faremos bem em ponderar esta noite.
Aprendemos primeiro a ideia de que a Terra nem sempre foi como é hoje; que houve um imenso período de formação e que este Planeta deve ter passado por vários estágios de desenvolvimento antes de atingir a condição atual. Vemos nas nebulosas do céu, que agora são ígneas. Podemos entender que a umidade deve ser condensada por esse fogo da fria extensão do espaço; também podemos entender que essa umidade se evapora rapidamente quando entra em contato com um vórtice tão ardente e rodopiante; que o vapor gerado sobe ao espaço para ser ali condensado novamente pelo frio, passando assim por inúmeros ciclos de evaporação e condensação até que, finalmente, forma-se uma crosta ao redor do núcleo ígneo. Essa crosta se torna mais dura quando gradualmente a umidade supérflua é evaporada como uma névoa. A névoa eventualmente se reúne e condensa em uma nuvem, caindo novamente sobre o Planeta como um dilúvio e deixando as condições climáticas como as encontramos hoje na Terra. A esses estágios os Ensinamentos Rosacruzes chamam de Épocas, denominadas Época Hiperbórea, Época Atlante e Época Ária.
Não falaremos da primeira dessas Épocas mencionadas. Mas, durante a última parte da Época Lemúrica, quando a humanidade ainda vivia em ilhas cercadas de fogo na crosta em formação, os humanos eram muito diferentes da humanidade de hoje. Eles eram, de fato, gigantes de uma forma corporal que seria repulsiva para nossas atuais noções de simetria e beleza corporal; mas, diferiam de nós particularmente neste fato: o Ego ainda não tinha aprendido a administrar o seu corpo de forma adequada e permanente. Na verdade, eles não sabiam, naquela Época, que tinham corpos; eles os usavam tão inconscientemente quanto usamos atualmente o nosso aparelho digestivo. A visão deles estava totalmente focada nos Mundo espirituais e eles viam Deus face-a-face, ou melhor, aqueles que eles pensavam ser Deus; isto é, os Mensageiros Divinos que os guiaram como as crianças são guiadas por seus pais, porque naquela época eles não tinham desenvolvido a vontade, como temos hoje.
Estando inconscientes de seus corpos, eles não conheciam o nascimento nem a morte. A perda de um veículo físico acontecia frequentemente por causa das erupções vulcânicas que eram comuns em nossa Terra em formação; mas, era como a queda de uma folha seca da árvore e não produzia diferença alguma em sua consciência. Nem era o nascimento de um novo corpo um evento de distração, porque durante o nascimento e a morte sua consciência estava focada nos Mundos Invisíveis aos olhos físicos.
Em certas épocas do ano, os Anjos, que sempre foram os precursores do nascimento, conduziam essas hostes de humanos em grandes templos em que o ato propagativo era realizado como um ato de sacrifício sob os raios astrais (Sol, Lua e Planetas) apropriados. Nesses momentos de intenso contato íntimo, a atenção do ser humano era temporariamente desviada dos Mundos espirituais para a Região Química do Mundo Físico e, assim, “Adão conheceu sua esposa”.
Assim, a tônica do corpo, então concebido, estava em perfeita sintonia com a harmonia das esferas naquele momento e, portanto, o parto era indolor, a saúde era perfeita e a morte não aterrorizava a humanidade daquela época.
Mas, os Anjos não eram todos da mesma natureza. Havia duas classes; uma sintonizada com a Água e outra, com o Fogo. É a última classe que foi interpelada por Isaías (14:12) naquela maravilhosa passagem em que ele diz:
Ó Lúcifer, filho da manhã,
Como você caiu do Céu!
Dos Espíritos da Água, ou verdadeiros Anjos, o ser humano recebeu o cérebro; mas Lúcifer (lucis + ferre = o portador da luz; no original em hebraico temos Hêlêl = o brilhante), Espírito do Fogo, é o “doador de luz”. Dos Espíritos do Fogo veio a luz da razão.
O Corpo de Desejos do ser humano foi por eles impregnado de uma nova faculdade: impulso. E como era necessário que eles usassem um instrumento físico para seu próprio desenvolvimento, embora fossem incapazes de criar tal veículo, eles ensinaram ao ser humano para que esse tivesse um Corpo Denso e o esclareceram sobre o método pelo qual ele poderia gerar um novo veículo a qualquer momento, quando o antigo morresse, independentemente das condições astrais; e o ser humano, cedendo ao impulso dos Espíritos de Lúcifer, incitado pela paixão que eles incutiram, passou a considerar o ato gerador como meio de gozo e gratificação, em vez de um Sacramento. Assim, os corpos nascidos sob tais condições estavam fora de sintonia com a Harmonia Cósmica. Portanto, o parto tornou-se doloroso, a saúde ficou prejudicada e a Morte entrou em seu reinado como o “Rei dos Terrores”.
Enquanto Adão conhecia sua esposa apenas durante o tempo em que os Anjos presidiam o ato propagativo, sua consciência estava focada durante todo o tempo restante nos Mundos espirituais. Mas, as coisas tornaram-se radicalmente diferentes quando o ser humano tomou o assunto em suas próprias mãos. Quanto mais frequentemente ele conhecia sua esposa para autogratificação, mais frequente e completamente sua consciência se concentrava no Mundo Físico e mais ele perdia de vista os reinos superiores, até que finalmente eles foram esquecidos, ou quase. Portanto, o nascimento agora parece o começo da vida. Começa com dor para mãe e bebê; a própria vida costuma ser um caminho de dor e sofrimento, porque em Espírito nos sentimos órfãos de nosso Pai; e no final está a morte, o “Rei dos Terrores”, para introduzir o Espírito no que é, para nossa consciência física, um grande desconhecido, e tudo isso por causa do impulso e da paixão que os Espíritos marciais de Lúcifer gravaram em nossa natureza de desejo. E enquanto a luz do fogo da paixão manchar nossa natureza de desejo, esse regime deve continuar.
O Antigo Testamento começa com o relato de como o ser humano foi desviado de Deus pela falsa Luz dos Espíritos de Lúcifer, dando origem a toda tristeza profunda, angústia e sofrimento do mundo; termina com a promessa de que o Sol da Justiça surgirá com a Cura em suas asas. E no Novo Testamento encontramos o Sol da Justiça, a verdadeira Luz, vindo para salvar o mundo e o primeiro fato que se afirma sobre Ele é que seja de uma Imaculada Conceição.
Agora, esse ponto deve ser totalmente compreendido e deve ficar claro a partir do que foi dito anteriormente: que é a mácula luciferiana da paixão que trouxe tristeza, pecado e sofrimento ao mundo. Antes da impregnação do Corpo de Desejos com esse princípio demoníaco, a Concepção era Imaculada e um Sacramento. O ser humano caminhava então na presença dos Anjos, puro e livre de vergonha. O ato da fertilização era tão casto quanto o da flor. Portanto, quando o mal foi feito, imediatamente o mensageiro, ou Anjo, cingiu-os com folhas para imprimir neles o ideal que eles deveriam aprender a viver; ou seja, a castidade, como a planta é casta. Sempre que somos capazes de realizar o ato gerador de maneira pura, casta e desapaixonada como a planta, ocorre uma Concepção Imaculada e nasce um Cristo capaz de curar todos os sofrimentos da humanidade, capaz de vencer a morte e estabelecer a imortalidade, uma verdadeira luz para conduzir a humanidade para longe do fogo-fátuo da paixão; isso é feito através do autossacrifício pelo companheiro.
Esse, então, é o grande ideal pelo qual estamos lutando: purificar-nos da mácula do egoísmo e da busca egoísta. E, portanto, consideramos o emblema da Rosacruz como um ideal. Pois as sete rosas vermelhas tipificam o sangue purificado; a rosa branca mostra a pureza da vida e a estrela dourada e radiante simboliza aquela inestimável influência para a saúde, utilidade e elevação espiritual que irradia de cada Servo da humanidade.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)