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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Processo de Iniciação Cristã Mística

Além do sistema de Iniciação Rosacruz, apropriado para aqueles que querem seguir o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz pela luz da razão, há outro Caminho para aqueles que querem trilhar pela fé e, do mesmo modo que há grandes vantagens no processo de conhecimento e de consciência deliberada da Iniciação Rosacruz, a Iniciação Cristã Mística é tocante e formosa. Somente aqueles que estão livres da dominação do intelecto, que pode se abster de fazer perguntas e consegue obter tudo que precisa de modo simples, por meio de uma fé “infantil” pode trilhar esse Caminho.

A Bíblia toda é um livro que contém diferentes sistemas de Iniciação e Iluminação para diferentes fases de desenvolvimento. Não há nenhuma dúvida que Cristo-Jesus viveu e passou pelas experiências narradas nos quatro Evangelhos, mas também é verdade que esses Evangelhos são fórmulas de Iniciação, e que Cristão Místico segue Cristo-Jesus por aquele Caminho, embora ele esteja sempre inconsciente que passa por um desenvolvimento oculto.

A base estabelecida em vidas passadas o atrai, em um renascimento aqui, a pais de natureza pura; assim, o corpo dele é imaculadamente concebido.

Quando a Humanidade emergiu das águas da Atlântida, ela perdeu o espírito de Amor e de Fraternidade e se tornou interesseira e caracterizada pelo egotismo (ou seja: sempre mostrando um senso exagerado de auto-importância, sempre querendo ser o centro de tudo). O espírito de Amor e Fraternidade Universal são trazidos, novamente, por meio do Cristão Místico quando ele vai sob água do Batismo e sente o pulsar do Grande Coração de Deus batendo no peito dele.

O egotismo e o egoísmo construíram um véu entre Deus e o ser humano, e quando descontruídos, o amor ilumina o Caminho para os lugares secretos. No Monte da Transfiguração o Cristão Místico vê a continuidade da vida pelo renascimento em diferentes Corpos. Moisés, Elias e João Batista são expressões do mesmo Espírito (do mesmo Ego) imortal.

As formas são utilizadas como trampolins para a vida em evolução. As formas do mineral são adequadas para nutrir as plantas, portanto: as plantas têm uma dívida de gratidão para com o mineral. As formas das plantas são destruídas para alimentar o animal e o ser humano; portanto: nós temos uma dívida para com as plantas. Assim, o inferior serve ao superior, portanto, há de haver um retorno, em troca; para restaurar o equilíbrio, os seres superiores devem servir os seres inferiores, como líderes, instrutores, guardiães e, para inculcar a lição de que os seres inferiores – então aprendizes – têm uma reivindicação de ser servido, o Cristão Místico lava os pés dos seres inferiores que estão sob a tutela dele. Para ele nada é serviço de baixo ou nenhum valor; se uma tarefa desagradável deve ser realizada, ele a faz com avidez, para salvar os outros.

Mas, embora ele sirva aos outros com o maior prazer, ele deve aprender a suportar seu fardo sozinho. Quando ele passa pelo Getsemani, mesmo aqueles que estão mais próximos dele dormem. Quando ele está condenado ao ostracismo e pelo mundo, eles também o negam; assim, ele é ensinado a não olhar para ninguém, mas a confiar apenas no Espírito (no Deus interno).

Ele, então, percebe que Ele é um Espírito e que o Corpo é uma cruz que ele deve suportar pacientemente. Os vórtices desenvolvidos por seus atos e prática dos Exercícios Esotéricos lenta, mas seguramente despregam o Corpo Vital do Corpo Denso e o crucificado sobe nas esferas mais elevadas, com tamanho regozijo que o faz clamar, com um grito regozijante: “Consummatum est” (está consumado). Ele é, então, um cidadão dos Mundos visível e invisíveis, do mesmo modo que o Aspirante à vida superior que busca o Caminho de Preparação pela Iniciação Rosacruz, pois ambas as escolas se encontram na “Cruz”.

(Por Max Heindel – Publicado no Echoes from Mount Ecclesia de Agosto de 1913 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Poder do Amor

“O Amor nasce do Pai eternamente, dia a dia, hora a hora, impregnando constantemente o Universo Solar para nos redimir do mundo da matéria que nos mantém presos à morte. É impelido do Sol, onda a onda para todos os Planetas, estimulando ritmicamente todas as criaturas que neles evoluem” (Livro “Coletâneas de um Místico” – Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)).

Tal é a natureza do Amor Cósmico que nos faz estremecer, e que um dia, eventualmente, todos nós seremos capazes de emanar também; temos plena consciência desse Amor Cósmico, a mais sublime das emoções, que nos é oferecida por meio do Cristo recém-nascido no Natal de cada ano.

O nascimento místico de Cristo, repleto da nova vida e do Amor do Pai, é nos dados para nos salvar da fome física e espiritual que nos destruiria se não fosse essa dádiva anual de Amor.

O Amor que faz pulsar os corações de todos os sistemas religiosos, independentemente das divergências que possam aparentar, é a pedra de toque de toda a criação.

A maneira como cada um de nós, participante do processo evolutivo, é receptivo e responde ao Amor, e aprende eventualmente a transmiti-lo, determina o nosso grau e nível de ascensão na escada do desenvolvimento (desde a completa ignorância até a total consciência; depende de nós). A maioria de nós conhece o que considera “amor” sob três formas.

Primeiro, a paixão marciana, a luxúria que não tem nada a ver com a faceta espiritual do Amor.

Segundo, o amor pessoal de Vênus, a que a maior parte de nós responde. É uma forma de amor egoísta, separatista e exclusivista.

Finalmente, o altruísmo uraniano – o amor que engloba todos os seres igualmente e que Cristo veio nos ensinar, como a palavra-chave do Seu reino, que ultrapassa a concepção ou os limites da compreensão de grande parte de nós.

O amor ao nosso “semelhante”, ou seja, o amor a todos os nossos irmãos e nossas irmãs, é o mandamento supremo e ultrapassa todas as leis do passado. Cristo-Jesus foi claro ao nos deixar a mensagem de que as Leis da Religião de Raça haviam servido a seu objetivo, mas que, a partir de então, todas as Leis passariam a ser subordinadas ao Amor. Atingimos um ponto da sua evolução em que nos foi pedido que aprendêssemos a fazer o bem por amor ao bem, e não por receio das consequências dos nossos erros. “O Amor perfeito elimina todo o medo.” (IJo 4:18) – quando aprendermos a irradiá-lo, de nós próprios, fará bem a nós e ao nosso semelhante, automaticamente.

O Amor é a força criadora que emanamos a fim de criar outro ser. Os Anjos projetam todo o seu amor, sem desejo ou egoísmo, e são banhados em troca pela corrente da Sabedoria Cósmica. Projetamos apenas uma parte do nosso amor e guardamos o resto, utilizando-o na construção dos nossos órgãos de expressão interno e no nosso próprio aperfeiçoamento. Desse modo o amor que conseguimos expressar se tornou egoísta e sensual. Usando parte do poder criador da nossa alma, amamos egoisticamente, porque necessitamos de outra pessoa para colaborar no processo de propagação da espécie humana (se todos resolvessem não ter mais filhos – o que é impossível, pois “os Anjos do Destino estão acima de todos os erros e dão a cada um e a todos exatamente o necessitam para o seu desenvolvimento” – não teríamos mais a espécie humana nesse Planeta.). E com a outra parte do poder criador usamos para expressar nossos pensamentos aqui na Região Química do Mundo Físico, embora também por razões egoístas, pois a nossa ambição é obter mais conhecimentos.

Temos agora a responsabilidade de nos purificar do pecado, do egoísmo. Só quando o fizermos é que compreenderemos e seremos capazes de exprimir o Amor Altruísta e Espiritual – o Amor Crístico.

A vida é o que temos de mais precioso, pois “Não há Amor maior do que o do ser humano que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15:13). Ao cultivarmos o altruísmo, aprendemos, figurativamente, a dar a nossa vida, a sacrificar o “Eu pessoal” – “eu inferior” – pelo nosso semelhante, atingindo o estado do Amor Crístico.

Atualmente, a razão nos controla, aliando-se à causa da natureza de desejos, emoções e sentimentos. Essa soberania terá de ser sucedida pela do amor que, presentemente, age independentemente (e por vezes, contrariamente) aos ditames da razão. Na Sexta Época (a próxima), na Nova Galileia, o que chamamos de Amor não será egoísta e a razão servirá à causa da Fraternidade Universal, e aprovará o que o Amor lhe ditar. Todos trabalharão para o bem comum, pois o interesse egoísta terá desaparecido para sempre.

Assim, o Estudante Rosacruz que procura acelerar a sua evolução deve aprender, desde agora, a ambicionar apenas aquele amor “que é da alma e que envolve todos os seres vivos, superiores e inferiores, e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe” (como estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel-Fraternidade Rosacruz). O amor de indivíduos, que exclui outros, terá pouco a pouco de ser substituído pelo amor do todo. Os ensinamentos espirituais do passado requeriam que amássemos nossos familiares e, embora essa exortação continue sendo válida ainda hoje, os ensinamentos mais recentes nos dizem que ampliemos esse amor partilhando-o com toda a “família humana”.

Infelizmente, é vulgar que a Mente humana confunda o “amor” com a “paixão”. O primeiro, porém, nada tem a ver com a segunda, como se pode claramente depreender da ópera “Parsifal” (ópera de três atos do com a música e libreto do compositor alemão Richard Wagner, muito estudada no Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz), em que esse diz a Kundry que representa o Corpo Denso: “perderíamos a eternidade se cedesse a ti, nem que fosse só por uma hora… assim, vou salvar-te e libertar-te da maldição da paixão, pois a amor que te consome é sensual, apenas; entre ele e o amor verdadeiro dos corações puros existe um abismo tão grande como entre o céu e o inferno”.

Sabemos, também, que as crianças geradas num momento de paixão ardente e sem amor, ou sob a ira ou a embriaguez, têm probabilidades de nascer com veículos mais fracos e uma vida mais curta do que aquelas geradas em condições de harmonia e de verdadeiro amor. O Corpo Vital, que é o veículo do amor, determina o desenvolvimento e a formação do Corpo Denso.

É infinitamente melhor ser capaz de sentir e exprimir o amor do que o definir. Podemos pregar e exortar outros a amar, mas, enquanto não tivermos aprendido verdadeiramente a arte de amar como Cristo amou, não nos encontraremos mais perto de sua realização do que agora. Podemos fazer os nossos Exercícios Esotéricos Rosacruzes fielmente; podemos oficiar todos os Rituais Rosacruzes, mas os resultados serão nulos se não forem constantemente acompanhados de atos de amor Crístico! A expressão intensa do amor na sua forma de serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), esquecendo os defeitos dos outros, e focando na divina essência oculta – que é a base da Fraternidade – aumenta a densidade fosforescente dos dois Éteres superiores do nosso Corpo Vital. Assim construímos o nosso Corpo-Alma.

A sabedoria, a expressão do princípio Crístico, só é possível quando o conhecimento estiver aliado ao amor. E só quando essa união for consumada é que teremos a certeza de que as nossas ações terão o único fim de promover o bem comum e não (muito embora apenas inadvertidamente) os nossos fins egoístas.

O Poder do Amor é bem conhecido de todos. Não se opõe nunca aos planos de Deus; e consegue inspirar pessoas a fazer esforços para os quais nunca se supuseram capazes. É uma força que age tão perfeitamente por meio da expressão de objetivos criadores humanos, como de criações cósmicas. É um agente de transformação que, quando encontra a sua forma de expressão adequada, ultrapassa todas as formas do mal e transmuta o próprio ódio em Amor.

Deus é Amor, e se amamos uns aos outros, Deus está em nós e nós n’Ele” (IJo 4:12).

O verdadeiro Amor é divino e descreve a solidariedade de “Espíritos livres”. A paixão é diabólica e o que a ela cede se torna escravo do pecado. Eis o princípio em que se baseia a exortação de amar segundo o Espírito (o Ego) e não segundo a “carne”.

Temos, pois, de aprender a elevar o amor do âmbito passional ao Reino Espiritual, a fim de permitir a igualdade entre o homem e a mulher. Embora a “supremacia masculina” não represente o peso social que foi no passado (apesar de ainda existir e em muitos lugares e situações com a tal supremacia do passado), é necessário que nos lembremos de que os opressores de uma época serão os oprimidos da época seguinte (pois renascemos alternadamente: uma vez homem, outra vez mulher) e que, portanto, só nos elevaremos quando a igualdade total dos sexos deixar de ser um conceito hipotético e se tornar um fato real e concreto.

Atualmente, a ciência médica considera o coração como um músculo involuntário, constituído ao longo do comprimento, pelas fibras que se encontram geralmente nesse tipo de músculo. Contudo, o aparecimento de fibras horizontais tem deixado os cientistas perplexos, pois desconhecem que elas significam o controle que o Ego eventualmente terá sobre o coração. Ao manifestar-se cada vez mais o princípio do amor altruísta essas fibras horizontais se tornarão mais numerosas e nós, Ego, poderemos, então, atingir a soberania do coração com maior facilidade, e um dia saberemos regular a quantidade de sangue necessária ao cérebro, alimentando o lado dedicado a atividades altruístas e filantrópicas e deixando “à mingua” o outro, que se dedica a fins meramente egoístas. Assim, a circulação sanguínea passará eventualmente a ser controlada unicamente pelo unificante Espírito de Vida – um dos nossos três veículos superiores –, o Espírito do Amor, enquanto os centros de expressões dos pensamentos egoístas, que usamos hoje, serão atrofiados.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – março/1985 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Segunda Vinda de Cristo

E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco, e o que estava montado sobre ele chamava-se Fiel e Verdadeiro, e com justiça julga e peleja”.

Os seus olhos eram chama de fogo, e na sua cabeça estavam muitos diademas; e tinha um nome escrito que ninguém sabe senão ele mesmo”.

E vestia uma capa imersa no sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus”.

E os exércitos que estão no céu seguiam-no sobre cavalos brancos, e vestidos de linho finíssimo, branco e puro”.

Da sua boca saia uma espada afiada para com ela ferir as nações; e ele as regerá com uma vara de ferro, e ele é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo Poderoso”.

Ele traz sobre a sua capa e sobre a sua coxa este nome escrito: REI DOS REIS e SENHOR DOS SENHORES” (Apo 19:11-16).

Vamos a significância esotérica de algumas palavras: o cavalo simboliza o intelecto ou a inteligência. Também é comum a associação entre as expressões “branca” com a pureza. Daí se poder relacionar o primeiro dos versículos dessa passagem da Revelação de São João com a Mente purificada e espiritualizada, alvo a ser atingido pela humanidade. A vida de pureza e de serviço amoroso aos demais, exemplificada por Cristo-Jesus, durante todo seu Ministério sobre a Terra, não somente levará o neófito a espiritualização de sua Mente, como também limpará seu sangue (o Lar do Ego) dos desejos, sentimentos e emoções inferiores e das paixões – tudo isso formamos usando material das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo –, atraindo os dois Éteres superiores do Corpo Vital (Éter Luminoso e Éter Refletor) componentes do Corpo-Alma ou Vestido Dourado Nupcial, a ser usado por todos aqueles que viverão na Nova Galileia (a Sexta Época do Período Terrestre) sob a regência do Cristo. A “Palavra de Deus” é o Segundo Aspecto da Trindade, o Amor-Sabedoria, a respeito do qual São João fala em seu Evangelho: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1:1).

A espada, muitas vezes, é o símbolo da energia positiva, da Mente superior (ou Mente abstrata, para diferenciarmos a Mente concreta que está “contaminada” pelos desejos), levando avante o conflito entre a verdade e o erro. Esse conflito deve perdurar até que a influência separativa dos Espíritos de Raça e a Mente concreta — unida com o desejo — tenha sido suplantada pelo unificante poder do Cristo.

O Raio do Cristo Cósmico veio a Terra (no Gólgota) para se tornar o Espírito Planetário interno desse Planeta, irradiando o Seu poderoso Amor, Sua poderosa Luz e Vida para nos auxiliar, em trabalho de redenção de nossas transgressões passadas e presentes das Leis de Deus. Quando tenhamos evoluído a ponto dos nossos Corpos-Almas estarem suficientemente fortes para manter flutuando a Terra em sua órbita — Serviço esse atualmente realizado pelo Cristo — Ele retornará, no Corpo Vital de Jesus, o qual está sendo preservado cuidadosamente em um sarcófago de cristal no centro da Terra, por alguns Irmãos Maiores. Então, Ele reinará entre nós, que formaremos uma Humanidade purificada e regenerada.

Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que a Segunda Vinda de Cristo não ocorrerá provavelmente antes de que o Sol, por Precessão, entre no Signo de Capricórnio. É evidente que a nossa atual condição está longe ainda daquele estado espiritual necessário para a próxima vinda do Cristo. Contudo, como os Raios Crísticos se tornam mais e mais poderosos, ano após ano, e recebemos a vibração do humanitário Signo de Aquário, indubitavelmente faremos maior e mais rápido progresso desenvolvendo nossos Corpos-Almas a fim de que possamos “encontrar Cristo no ar e estar com Ele para todo o sempre.” (ITes 4:17).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/72 – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Origem do Natal

Os materialistas se recusam a aceitar o formoso relato sobre o nascimento de Jesus e frequentemente formulam esta pergunta: “Se Cristo veio ao mundo para salvar os seres humanos do pecado e da morte, quem salvará as milhões e milhões de almas que estavam em manifestação antes da Era Cristã, que data de apenas um pouco mais de 2000 atrás”?

Disse São João Evangelista: “Porque Deus amou de tal maneira o mundo que lhe deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que n’Ele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. Porque não O enviou Deus para condenar o mundo, mas para que o mundo se salve por Ele.” (Jo 3:16).

Essas palavras de Cristo-Jesus têm dado o que pensar a muitos e até fizeram que alguns se afastassem de sua fé em Deus, porque: “…como pode alguém acreditar na Paternidade de Deus e Sua Bondade: como pode alguém crer no amor desse grande Espírito e, também, pensar que Ele deixou de dar o necessário a Seus filhos, em todas as épocas? Quem pode continuar crendo n’Ele, se foi tão cruel a ponto de enviar Seu único Filho para salvar apenas uma pequena parte de seus outros filhos humanos? Quem pode crer, tal como o creem os ortodoxos, que esse amoroso Pai tivesse permitido que a maioria de seus filhos fosse arrojada às trevas para sofrer eternamente, apenas por que vieram antes de Cristo? Diante disso, é de surpreender que as Religiões de Buda, Maomé e Zoroastro continuem florescendo, embora reconheçamos que os ensinamentos do Mestre Cristo-Jesus preencham as necessidades da nova onda evolutiva?”.

Os ministros ortodoxos afirmam que o Natal começou a ser celebrado apenas uns quatrocentos anos depois de Cristo. De fato, nada existe na história para confirmar que os Cristãos tivessem celebrado esse acontecimento nos primitivos tempos do Cristianismo. Mas, isso é fácil de se compreender. Até sua oficialização, o Cristianismo sofria cruéis perseguições. Ademais, o paganismo fortemente espalhado então desvirtuaria a pureza de sua apresentação. Os essênios eram devotos e pouco dados a práticas externas, como o faziam os fariseus. Mais tarde, a própria exigência do povo pelo cerimonial estabeleceu essa prática. Vejamos o Antigo Testamento e leiamos sobre os grandes festivais promovidos pelo povo naqueles remotos tempos e que correspondem a nossos presentes festejos de Natal e Páscoa de Ressurreição.

Os antigos eram muito dados a cerimoniais. Seus festivais eram religiosamente observados, ainda mais do que as festas religiosas de hoje. Vejamos os festivais dos tempos de Abraão: Moisés deu instruções bem definidas a seus seguidores em relação a essas cerimônias, que deveriam acontecer com seus ritos Religiosos. Moisés é o autor dos cinco primeiros livros da Bíblia (Pentateuco) e seus Dez Mandamentos são a pedra angular de todas as atuais Religiões. Os antigos festivais eram terrivelmente desfigurados com ritos que as pessoas modernas considerariam repulsivos. Em algumas ocasiões não apenas eram imolados animais no Altar dos Sacrifícios, senão que o próprio sangue humano corria, para apaziguar a fúria dos deuses pagãos. Quase todos os festivais eram oferecidos ao Deus do Sol e muitas das Religiões antigas se achavam mescladas com os mitos solares. No Solstício de Dezembro, quando o Sol chega à sua mais baixa declinação sul e deve empreender a marcha ascendente rumo ao norte, converte-se num salvador de vidas e, então, renasce o deus-sol.

Em algumas das Religiões antigas, encontramos o relato da mãe e do filho divino. Na Índia, Krishna nasceu como um salvador e seus pais tiveram que fugir de sua terra devido ao decreto do Rei Karnsa de matar toda criança de sexo masculino recém-nascido. Na história do nascimento de Krishna encontramos os Anjos, os Pastores e os Magos. A história da vida deste deus-sol da Índia é muito parecida à de Cristo Jesus.

Na história da Babilônia encontramos o deus do sol, Tammuz, que nasceu de uma mãe virgem. Uma lenda similar é a do deus Apolo. Encontramos, também, o mesmo mistério em relação à data de nascimento desses deuses, que foi igual à de Jesus.

Em todos os relatos dos nascimentos dos grandes Mestres existe a aparição de um Anjo anunciando a uma Virgem que Deus a havia escolhido para mãe de uma divina criança. A história difere mui ligeiramente nas distintas Religiões. O idioma, o cerimonial e os costumes é que motivam essas diferenças secundárias.

Afinal, por que a Virgem e um menino divino aparecem nessas Religiões antigas, inclusive na classificadas de pagãs? Isso não é uma prova que deve existir alguma conexão entre esses mitos, os quais coincidem maravilhosamente com o nascimento do Salvador e com a marcha do Sol através do Zodíaco? Em alguns desses relatos fala-se de um grande silêncio existente em toda a Terra, no momento do nascimento. Tudo era silêncio. Isso é uma realidade no Solstício de Dezembro. No hemisfério norte da Terra, a vida vegetal parece descansar. A força de Deus se aquieta por algum tempo. A seiva se recolhe nas raízes. Os ramos e os talos se desnudam. A vida dorme e o Sol penetra no reino de Saturno, Capricórnio. A Terra é uma massa vivente que respira, mas nesse tempo parece reter seu alento, como o faz uma pessoa quando vai realizar um ato muito importante.

O nascimento do Sol é como uma exalação da vida do Cristo, sentido por toda a Humanidade. O Natal, nascimento místico, é um período de regozijo para a Terra, bem como o é principalmente para a Humanidade, porque então os Anjos portam correntes de júbilos.

O mito do Sol existente nas Religiões antigas, encarado sob o ponto de vista da Astrologia e da Astronomia, fala-nos do grande Plano Cósmico. O Sol em seu caminho pelos Signos do Zodíaco é uma manifestação atual das glórias do Universo de Deus. Por enquanto é apenas uma manifestação externa de uma verdade maior, o Filho cósmico, o Cristo, por quem flui toda a vida de Deus em favor da Humanidade. Ele é o grande portador da vida, cujo veículo material nasceu há mais de 2000 anos atrás. Veio à Terra para que por Seu intermédio pudesse Deus acender em todo ser humano a chama do Amor divino, os atributos do Segundo Aspecto de Sua Natureza. Igualmente nessa época nasce o Sol em sua subida ao Norte, brilhante e com mais força e vigor, mais próximo da Terra, para renovar a vida em toda a Natureza.

Se examinarmos esse grande evento anual do Natal sob os dois pontos de vista, o pagão e o festival do deus-sol em sua jornada pelos Signos do Zodíaco e relacionamos com o relato do nascimento do Filho de Deus de uma Virgem, nosso Amor e reverência pelas Páscoas modernas em vez de decrescer, aumentarão, mesmo que os textos Cristãos ortodoxos afirmem que as festas que se celebravam nos tempos pré-Cristãos eram pagãs.

O exposto, que a história nos conta, revela que nós sempre buscamos uma Religião. Nossa alma sempre ansiou por Deus. Por mais cruel que haja podido ser essa concepção de Deus para conosco, não invalida nem diminui a realidade de Sua existência. Desde a época em que os nossos olhos foram abertos para o mundo e o véu do conhecimento de nós mesmos foi retirado, fomos buscando resolver os grandes mistérios da vida. À medida que cresçamos em Sabedoria e compreensão espiritual, a verdadeira luz nos será mostrada no caminho, essa luz que esteve escondida nas dobras dos séculos que passaram. Então poderemos verificar que os deuses, assim como a nossa Mente, crescem junto com as Religiões para ganhar em consciência. Assim também deve crescer nosso ideal do Natal, em amor e beleza. Quando o Cristo-menino nasça e se alimente em nossos corações poderemos entender perfeitamente o sentido destes versos de Angelus Silesius: “Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém, enquanto não nascer dentro de ti, tua alma estará extraviada. Olharás em vão a Cruz do Gólgota enquanto ela não se erguer em teu coração também”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1965-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Há uma alma-companheira que tenha uma forte conexão com a outra, o suficiente e apropriada a cada uma delas para viverem juntas por toda a eternidade? Se assim for, não seria melhor se manter solteiro por mil anos, do que se casar com a pessoa errada?  

Resposta: Assim como a luz é refratada nas sete cores do espectro, quando passa pela nossa atmosfera, assim também os Espíritos que estão diferenciados dentro de Deus são refratados em sete grandes raios. Cada classe está sob a direção e o domínio direto de um dos Sete Espíritos diante do Trono, que são os gênios planetários, os Anjos Estelares. Todos os Espíritos Virginais nos seus sucessivos renascimentos estão, continuamente, se misturando entre eles a fim de que possam obter as mais variadas experiências; no entanto, aqueles que foram emanados do mesmo Anjo Estelar são sempre irmãs ou almas-gêmeas e, quando elas buscam a vida superior, elas devem entrar no caminho da Iniciação através de um ambiente específico composto por membros do mesmo raio dos quais se originaram e, assim, retornar à fonte primordial deles. Portanto, todas as Escolas ocultistas são divididas em sete, uma para cada classe de Espíritos. Essa foi a razão pela qual Cristo-Jesus disse a seus Discípulos: “Vosso pai e meu” – ninguém poderia ter um contato tão próximo com Ele quanto seus Discípulos, exceto aqueles pertencentes ao mesmo raio.

Como acontece com outros mistérios, essa linda doutrina foi adulterada para um significado físico ou material, como acontece na concepção popular de almas gêmeas ou afinidades entre duas pessoas; quando se diz que um homem e uma mulher se casam porque encontraram a alma-gêmea. Nesses casos, a doutrina das almas-gêmeas serve como justificativas para encobrir a um casamento às escondidas ou às pressas e o adultério. Essa é uma perversão abominável. Cada Espírito é completo em si mesmo, assume um corpo masculino ou feminino em diferentes renascimentos para aprender as lições da vida e, é apenas durante o estágio atual de seu desenvolvimento que existe uma característica como o sexo. O Ego existia antes do sexo e persistirá depois que tiver decorrido essa fase de manifestação ora como um sexo, outra como outro.

(Pergunta nº 22 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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O Desapego

Do ponto de vista filosófico Rosacruz, desapego é a capacidade que desenvolvemos para gerir todas as coisas sem o sentimento de posse, qual o administrador ciente de que as deve utilizar, edificante e transitoriamente, como instrumento de evolução.

O desapego, aliado ao reto uso de tudo que está à nossa disposição no mundo, constituem dois importantes pilares da felicidade humana. Aliás, o uso egoísta de alguma coisa já constitui, em si, um apego. Assim, o desapego inclui o bom uso de todos os talentos. São, ambos, duas virtudes que se mesclam e mutuamente se fortificam para estabelecimento de nossa paz interna e crescimento anímico.

Muitas vezes as pessoas confundem o desapego com a indiferença. É um grave equívoco! Devemos ter interesse pela vida e por tudo que ela nos oferece. Se estamos no mundo e ele figura para nós uma autêntica escola de aplicação de nossas faculdades, de experiências e de desenvolvimento, a indiferença seria uma negação lamentável. Aqueles que possuem corpos ocidentais não devem cair na indiferença, por terem estágio de evolução e necessidades específicas diferentes de outras partes do mundo. A indiferença pode ser, para outros povos, uma necessidade, ainda hoje, mas nesses casos, outros métodos devem ser empregados que lhes são apropriados. No ocidente, a indiferença é algo inútil e embrutecedor que nos retarda e dificulta o contato com a vivência dos planos superiores. Para aqueles que já ultrapassaram a necessidade de inércia, mesmo no oriente, essa inércia tem sido responsável, em grande parcela, por atrasos na evolução espiritual de algumas raças. A prática da indiferença pode libertar a pessoa da escravidão da Lei da Causa e Efeito, porém ela não promove, sequer, “um grama” de crescimento moral ou anímico. Por outro lado, não desejamos pender para o extremo oposto, em que se encontram os povos ocidentais. Dizem-se Cristãos e não perceberam que o demasiado apego deles às coisas do mundo jamais foram ensinadas por Cristo-Jesus. A Fraternidade Rosacruz, como Escola de Mistérios Ocidentais, como Cristianismo Esotérico, propõe-se a trabalhar pelo estabelecimento de uma nova compreensão da vida, consoante a reta acepção da doutrina Cristã.

Tudo tem seu lado bom e esse aspecto positivo deve ser claramente distinguido e utilizado pelo Aspirante à Espiritualidade. Somos, essencialmente, Espíritos e trabalhamos no mundo, por meio de nossos veículos, para gerenciar e conhecer as matérias de todos os planos até conseguir descobrir todas as leis que os regem e os empregarmos nos propósitos do Espírito: serviço amoroso e desinteressado ao irmão e à irmã ao seu lado, focado na divina essência oculta em cada um de nós, que é a base da Fraternidade. O Corpo Denso que utilizamos não é nosso; foi-nos oferecido pelo concurso de nossos pais e tomado por empréstimo ao Reino Mineral, dentro do Esquema de Evolução regidos pelos Senhores da Forma, a Hierarquia de Escorpião. Devemos essa gratidão aos Minerais. Não fora o Corpo Denso seríamos fantasmas, invisíveis, sem possibilidade de atuar e manejar no plano material da Terra. Não aprenderíamos suas ricas lições. Cuidemos, pois, desse veículo, convenientemente, a fim de que se torne uma útil ferramenta de nosso Espírito. Alimentação adequada, higiene, exercício razoável. Com isso o devolvemos, pela morte, com suas partículas enriquecidas, para formação de melhores corpos futuros. Também, assim fazendo, estamos prestando um serviço à causa evolutiva dos minerais, que se elevam à interpenetração de nossa consciência vibratória. Eles são nossos pupilos. Desde agora e pelos períodos futuros trabalharemos sobre eles, servindo-nos deles para nossa evolução e a eles servindo ao mesmo tempo, dentro do maravilhoso e amoroso plano de mútuo serviço e evolução dos reinos criados.

Não há como negar as finalidades do plano material. Mas, também não devemos fugir dessa compreensão espiritual para cairmos no ridículo de nos identificarmos com o corpo e julgarmos até que ele é nós. Nada disso. Uma coisa é a casa, outra o morador. A casa mostra o que é o morador. Suas condições e aspectos contam a mentalidade de quem a habita. Ingere bebidas alcoólicas? Fuma? Consome drogas que alteram a sua consciência de vigília? Alimenta-se mal? Negligencia os hábitos de higiene? Não sabe assegurar as condições de vida saudável: ar, silêncio, árvore e espaço? Então é um mau administrador de seu próprio lar, o corpo. Não tem condições nem força moral para orientar outros. Está fadado a tornar-se enfermo. E, sem saúde, de que lhe valerão as demais coisas? A saúde influi no modo como vemos nosso exterior.

É um apego ignorante esse dos vícios, da gula, do comodismo. Os males que observamos ao nosso redor contam os desvios dessa natureza; deveríamos ter vergonha deles e decididamente tomar o rumo certo. No entanto, quantas pessoas conhecem as leis da alimentação, da higiene e da saúde, embora se alimentem várias vezes por dia? Não é um contrassenso?

E o veículo etérico, o Corpo Vital? Igualmente importante em nossa existência e plano de aprendizado, pois nos assegura o metabolismo, capacita-nos à procriação, à atividade sensorial, ao estabelecimento do calor e da circulação sanguíneos e a ele devemos a capacidade da memória; a base de todo o conhecimento material. Quão importante é? É, por assim dizer, uma contribuição vegetativa. Suas funções são exercitadas por nós, como um aluno que trabalha sobre aparelhos laboratoriais e elementos químicos, produzindo reações diversas. Justifica podermos usar mal essas funções? Isso indica mau aproveitamento dos alunos humanos. Se a assimilação e a excreção não se fazem normalmente, é sinal de abuso anterior. Devemos aprender a nos alimentar, compreendendo quais as finalidades do alimento em nossa vida e não para satisfação de apetites e gostos pervertidos. A natureza é governada por leis sábias e denota logo as transgressões, muitas vezes de forma bem dolorosa aos responsáveis. E quanto ao sexo? A força criadora é a grande fonte de energia em todos os campos: físico, emocional e mental. O uso abusivo e desvirtuado dessa força tem trazido males sem conta ao ser humano. Situemo-nos num campo de equilíbrio, conciliando os conhecimentos científicos com os espirituais, a fim de que sejamos homens e mulheres racionais e não pessoas movidas por incontroláveis impulsos instintivos. A literatura Rosacruz é rica na elucidação desse delicado assunto, que reclama compreensão e melhor expressão prática.

Neste, como nos pontos precedentes e posteriores, a chave é uma iluminada compreensão das leis regentes e a coragem de assumir a função de Espírito, governante e não escravo dos bens que administra.

E, passando as funções sensoriais, poderíamos lembrar a curiosidade mórbida, a sede constante de coisas novas, sem outra finalidade senão a de quebrar a rotina. Mesmo no espiritualismo, quantas pessoas existem que atribuem valor às coisas novas! Encantam-se com as versões originais, com os novos modos de expressão e, sobretudo, com novos conhecimentos como se nisso consistisse a evolução espiritual! Puro engano. A natureza não mudou os aspectos do céu, nem os da flora. Achamos insípida a árvore do quintal porque a vemos sempre. No entanto, ali está ela a desafiar nosso conhecimento. Bem pouco ainda conhecemos de tudo o que vemos todos os dias. Aí está a ciência para testificar, com seus avanços, aspectos nunca vistos, conhecimentos nunca imaginados, em coisas que se veem e estudam desde há muitos séculos! Curiosidade no sentido positivo de ânsia de saber estar bem; mas de “mariposear” de escola em escola, de livro em livro, é rematada tolice. Acabam os tais por sofrer a indigestão de tantos e contraditórios conhecimentos e impressões assimilados sem a necessária mastigação. Pior ainda: nesse particular, o apego é usura dos vaidosos intelectuais que se julgam riquíssimos com os muitos conhecimentos que memorizam e repetem aos maravilhados ignorantes. A lei é dar e receber. O que estaciona apodrece e contamina. Isso acontece com o avaro intelectual. Apego tolo, inconsistente. A semente que não se desfaz e não se multiplica na terra, jamais poderá produzir e saciar a sede e fome dos necessitados do Senhor.

Agora o Corpo de Desejos. Ele é relativamente recente, não tem órgãos. Simplesmente forma vórtice ou pontos de concentração de força, coincidentes com centros etéricos, cujo despertar abre os olhos do neófito ao Mundo do Desejo. O Corpo de Desejos é o incentivo para a ação. De nada valeriam os músculos e nervos do Corpo Denso nem a vitalidade infundida pelo Corpo Vital se não houvesse o incentivo do Corpo de Desejos para tirar-nos do estado de inércia. Ao mesmo tempo, o Corpo de Desejos nos permite sentir emoções e desejos, dor e alegria. Ele se compõe de uma parte inferior (desejos egoístas, paixões) e outra superior (altruísmo, filantropia e outras vivências elevadas).

O que em nós provoca repulsão, separação, distinção entre o meu e o teu, é a parte inferior do Corpo de Desejos. Nosso Corpo de Desejos foi dividido em superior e inferior no início de nosso estado humano; no fim da Época Lemúrica e início da Época Atlante. Desde então a parte superior vai sendo aumentada com nosso desenvolvimento interno, na medida em que vamos nos afastando das condições animais de outrora e definimos nossa condição de seres racionais e espirituais. Como indicam as lendas místicas antigas, a luz dominará as trevas, isto é, os instintos e impulsos irregenerados do passado irão se transubstanciando e convertendo-se em luz. Até que isso suceda, precisamos orar e vigiar atentamente, persistindo em hábitos bons, mediante orientação devida para que não subsistam insatisfações e frustrações. O Corpo de Desejos inferior é a fonte principal do egoísmo. Faz-nos sofrer muito porque incute o sentimento de posse: posse de dinheiro e bens, posse de fama, posse de amor e posse de poder. O desejo de posse é desmedido. Quer sempre mais. E quando nos conflitos de interesses com os demais perdemos algo, sofremos, porque nos separam daquilo que julgávamos nosso.

Querem exemplos? Uma mulher diz às amigas: “minha filha vai se casar muito bem; o noivo está bem de vida, tem carro e apartamento, triunfou na vida”. Por que não diz: “o moço tem excelente caráter. Já tomei informações cuidadosas a seu respeito. Mesmo que não chegue a ter grande conforto sei que fará minha filha feliz porque tem todas as qualidades para isso”. Se de um lado o êxito material é sinal de confiança própria, decisão, descortino, competência, de quem o conquistou, por outro prisma sabemos que a maioria das fortunas foi acumulada por meios ilícitos, sem lastro espiritual e, portanto, fadada ao desmoronamento e ruína moral. Por que, então, darmos tanto valor ao dinheiro, à posição, à aparência, esquecendo as legítimas conceituações de “elite” e de valor? Não se diz que a letra mata e o Espírito vivifica? Onde está a consideração à essência? Isso, no fundo, é materialismo crasso, é culto ao exterior, às vestes, à casca, que hoje é e amanhã apodrece debaixo da terra, roída pelos vermes. Que é da exortação de Cristo “acumulai riquezas no céu que são eternas e não na terra que o ladrão rouba, a ferrugem destrói e a traça rói”? Sabemos que o exterior é transitório porque vemos a ação da morte física todos os dias.

Dizemo-nos Cristãos. Então, por que essa ânsia de viver intensamente os prazeres do mundo se não nos trazem paz interior? E por que apoiarmos, inteiramente, nossas vidas num afeto para que ele caia juntamente com aquela ou aquele que é falível, que tem defeitos, que tem egoísmo também? Podemos exigir que nos deem felicidade e afetos perfeitos, quando não há perfeição entre os seres humanos? Não é razoável esperar que os outros falhem como nós? Quem se ilude é quem se desilude. O egoísmo, o apego, é que nos obscurece a razão em tudo. Quem avalia e reconhece as próprias limitações, compreende que elas existem nos outros também e não lhes exige a perfeição que lhes dá. Esse é o ponto inicial do bom relacionamento e da convivência harmoniosa. Quem tem afeto dá sem esperar retribuição. Dar com mira em retribuição é desvirtuar o afeto, condicionando-o ao egoísmo. Quem dá sempre recebe.

Finalmente, desapego do ponto de vista mental (por meio do nosso veículo Mente) é considerar que as ideias também são transitórias e valores a serem postos a juros. Se julgamos possuir a verdade, estamos mal. A verdade integral não está em nenhuma pessoa particular. Nossas ideias e conceitos do mundo, das pessoas e de nós próprios, são muito limitados e passíveis de muito aprimoramento. Se a ciência não tivesse disposta a sempre revisar seus princípios, estaria irremediavelmente estagnada. Só quem tem sua Mente fluídica, receptiva, sem apegar-se às próprias ideias, disposto a examinar tudo e escolher o melhor está em condições de evoluir mentalmente.

Tudo parte de dentro para fora e de nós para os outros. Aquele que conhece a si mesmo aprende a conhecer os semelhantes assuntos como a Deus, à cuja semelhança foi criado. Aquele que domina pode participar efetivamente de um trabalho de equipe. Todas as coisas do céu e da Terra estão dentro de nós também. Quando as conhecemos e as controlamos em nós podemos conhecê-las e compreendê-las nos outros e realmente ajudar a que também consigam os nossos resultados.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Tentações no Deserto e como correlacionamos com as nossas do dia a dia

Hoje podemos agrupar as tentações (provas, testes) que passamos em três grupos que também fazem parte dos motivos que nos foram fornecidos pelos responsáveis atuais em nos ajudar a caminhar neste Esquema de Evolução (as Hierarquias Criadoras), os quais são: Fama, Fortuna e Poder. Exercite agrupando as tentações em um desses grupos. Ajuda muito identificar quando se trata de uma tentação (prova, teste) e o que falar para si mesmo para não cair na tentação, que aí sim é o pecado!

O objetivo de nos ensinar como devemos agir aqui renascidos é para obtermos experiências e aprendermos com elas, mas hoje o que vemos é que estamos as usando erroneamente, quando não astutamente.

A Fama que muitos buscam envolve a vaidade exacerbada, esforços até irracionais cada vez mais para ser “popular”, bem-sucedidos focando só nos bens materiais, buscando o topo, insistindo em mostrar um conhecimento que não se tem (que nem esforço se fez para tentar consegui-lo), e por aí vai.

Logicamente gera muita inveja, cobiça, raiva, ciúmes, traições e outros sentimentos, emoções e desejos afins. E, consequentemente, afeta o Corpo Denso ativando doenças e enfermidades que estavam latentes.

Para os verdadeiros Cristãos a única Fama que se deveria buscar é: sendo um exemplo de como viver a vida, uma seta no Caminho de Evolução, um servo de todos, um servidor amoroso, sendo verdadeiros amigos (as), sendo pessoas justas, humildes, deveriam ser anônimas, usando a capacidade de transmitir a boa nova, de transmitir os Ensinamentos Cristãos Rosacruzes.

Já a Fortuna que muitos estão buscando é o acúmulo de bens materiais (posses, dinheiro, recursos financeiros e tudo o que representa grandes quantidades de coisas da Região Química do Mundo Físico, muitas vezes, ilógicas e até irracionais): “muito dinheiro no bolso e saúde para dar e vender”.

Logicamente isso gera muita preocupação, angústia, medo, avareza, cristalização, raiva, ódio, inveja, insatisfação contínua e outros sentimentos, emoções e desejos afins. E, consequentemente, afeta o Corpo Denso ativando doenças e enfermidades que estavam latentes.

Para os verdadeiros Cristãos a única Fortuna que se deveria buscar é aquela que “não tem dinheiro que pague”; a que nos leva a adorar somente a Deus (acima de tudo e unicamente Ele), pois o Reino de Deus é Celeste (aqui somos peregrinos, viajantes, temporários e daqui nada de bem material levamos), não terrestre; é  uma maior quantidade de oportunidades para aprendermos a servir amorosa e desinteressadamente (e, portanto, o mais anônimo possível) o irmão e a irmã que estão ao nosso lado, esquecendo os defeitos deles e focando na divina essência oculta que há em cada um de nós (e que é a base da Fraternidade); ou seja, uma maior quantidade de experiências vividas, usando bem os recursos e talentos que temos.

E o Poder que muitos buscam envolve o querer ser melhor que o outro ou a outra, o tratar mal uns aos outros (para mostrar o que “você sabe com quem está falando?”, o desprezo (por omissão ou por comissão) por aqueles que a pessoa entende que estão “abaixo dela” (seja em qualquer dimensão) ou porque não “interessa nada daquela pessoa”, o mostrar por meio de posses materiais (que nunca se sacia) o quanto é poderoso (a), pessoas onde chegam querem ser notadas (conhecidas popularmente como: peruas, pavões), gostam de fazer os outros sofrer (exercendo o poder sobre elas), e há muitas relações tóxicas e por aí vai.

Logicamente gera muito orgulho falso, arrogância, autocracia, crueldade, ostentação, vaidade, despotismo, tirania, inveja, cobiça, raiva, e outros sentimentos, emoções e desejos afins. E, consequentemente, afeta o Corpo Denso ativando doenças e enfermidades que estavam latentes.

Para os verdadeiros Cristãos o único Poder que se deveria buscar é: aquele que nos ajuda a discernir onde se deve e como se deve servir amorosa e desinteressadamente (e, portanto, o mais anônimo possível) o irmão e a irmã que estão ao nosso lado, esquecendo os defeitos deles e focando na divina essência oculta que há em cada um de nós (e que é a base da Fraternidade); e nesse sentido como devemos utilizar as qualidades expressas pelo conceito de palavras como fraternidade, autoridade, lealdade, dignidade, nobreza, generosidade e emoções, desejos e sentimentos afins.

No Evangelho Segundo São Mateus nós vemos que o Cristo foi tentado por três vezes (na Fama, Fortuna e Poder) e não cedeu à nenhuma, Ele não caiu nessas terríveis tentações e ainda nos deixou ensinamentos de como combatê-las (desde que saibamos agrupá-las):

– SE a tentação for do agrupamento FAMA, então a solução para quando chegar a tentação, não cairmos, é lembrar, repetir e orar com a seguinte frase: ‘Não tentarás ao Senhor teu Deus.’.

– SE a tentação for do agrupamento FORTUNA, então a solução para quando chegar a tentação, não cairmos, é lembrar, repetir e orar com a seguinte frase: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto.’.

– SE a tentação for do agrupamento PODER, então a solução para quando chegar a tentação, não cairmos, é lembrar, repetir e orar com a seguinte frase: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.’.

Se somos verdadeiros Cristãos, se temos o Cristo como nosso Ideal, devemos prestar muita atenção para não cairmos também nessas tentações.

O mundo está cheio de armadilhas, portanto, devemos estar vigilantes, em oração sempre para não cairmos, não nos desviarmos do Caminho de nossa realização espiritual seguindo o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

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Figura: Mosaíco do Século XII na Basílica de S. Marcos, Veneza – autor: anônimo

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Canais de Cura

Curar é uma palavra mágica. Uma palavra capaz de fazer soar uma corda dentro de todos os corações. Quem, dentre nós, nunca sentiu interiormente um movimento de piedade e desejou possuir mãos com o dom de curar? Que coração não se comoveu ante a possibilidade de suprimir a dor, o sofrimento e a enfermidade, obstáculos a limitar a livre expressão de nossos irmãos? Tantos pediram esse poder divino em suas orações. Tão poucos se dão conta do que pedem e do sacrifício que isso encerra.

Através das idades, o ser humano vem buscando incessantemente a fórmula mágica – a panaceia – para remover os males do Corpo e da Mente. Durante a marcha dos séculos apareceram curadores divinos que verdadeiramente procuraram extrair a água da “Fonte da Cura”, oferecendo-a aos sofredores.

Esses curadores, todavia, não eram a fonte, nem a água. Eram unicamente canais, instrumentos para a condução da Graça Divina à Humanidade enferma. O maior curador de todos os tempos foi Cristo-Jesus, o canal mais perfeito que já caminhou sobre a Terra. Foi o mais exaltado instrumento através do qual a Luz, a Vida e o Amor do Pai puderam encontrar expressão. Amiúde dizia: “Não sou Eu, mas o Pai em Mim que faz as obras[1]. Ele mesmo nos deixou a promessa de que faríamos tudo o que fez. Ressaltou a possibilidade de convertermo-nos em canais por onde possam expressar-se atos de misericórdia e cura.

Para seguirmos Seus passos, tornando-nos canais radiantes de luz e força curadora, devemos aspirar a sermos curadores. A aquisição do conhecimento, embora se constituindo em um mero princípio nesse trabalho, é um passo necessário. Do devido uso do conhecimento surge o poder.

A aquisição do conhecimento constitui sempre um prelúdio para sua utilização. A Fraternidade Rosacruz ensina como as leis operam sobre os planos físico, mental, emocional e espiritual. À proporção que se medita sobre eles, as portas da inteligência começam a se abrir, ampliando nossa consciência. Desenvolvem, também, nossa intuição e percepção interna, se convertendo, gradativamente, em uma ferramenta mais eficiente, um instrumento mais útil para conduzir a “Água da Vida” aos outros.

Contudo, para que nos convertamos realmente em verdadeiros canais de cura, um preceito deve ser entendido e consolidado em nosso interior: “o Cristo” – o Senhor da Cura – é a encarnação do Princípio do Amor Divino. E se desejamos aprender a curar, cumpre-nos, antes de tudo, aprender a amar. O amor não é meramente um sentimento, nem uma emoção, mas um princípio atual, um poder divino latente em cada um de nós. É a influência que sustenta, reserva e protege toda a criação. E, naturalmente, toda cura está contida no amor. É fácil ver em proporção ao nosso desenvolvimento do Princípio de Cristo – poder do amor dentro de nós – se crescemos em graça e habilidade para curar e abençoar.

Cristo-Jesus, como sabemos, produziu milagres na arte de curar, era possuidor da habilidade de curar instantaneamente aqueles que mereceram essa benção.

Como se verificaram esses milagres? Max Heindel nos oferece uma explicação iluminadora: o Cristo encarna dentro de Si mesmo a síntese das vibrações astrais, assim como a oitava encerra todos os sons da escala. Emitia de Si mesmo a verdadeira e correta influência astrológica, necessária em cada caso particular de cura. Era capaz de perceber a desarmonia da pessoa enferma ou doente. Sabia como eliminá-la em seguida, pela virtude de seu exaltado desenvolvimento, pois Ele é o canal de cura perfeito. Não necessitava mais reparação, pois obtinha resultados imediatos substituindo a discórdia astrológica – causadora da enfermidade ou da doença– pela harmonia.

Essa referência às vibrações astrológicas em relação à cura é um ponto vital a ser considerado na arte de curar. Portanto, contemplemos os Astros, pois ali encontramos a Escritura de Deus estampada. Ali, no firmamento, existem verdades sagradas ocultas, reveladas apenas àqueles que aspiram a ler as inscrições astrais.

Na ciência da Astrologia Rosacruz, a sexta Casa se associa à enfermidade e à saúde. O Regente natural desse departamento da vida é Virgem, a Virgem Imaculada, o símbolo da pureza, do discernimento e do serviço. O maior de todos os curadores nasceu da Virgem. À medida que crescemos em qualidade de serviço e pureza, apressamos o nascimento do Cristo-Menino dentro de nós. Enquanto não houver o nascimento de Cristo dentro de nós, não poderemos nos converter em curadores afortunados. Está aí uma lição ensinada por Virgem.

Observemos agora o Signo que rege a cura. Vejamos o dinâmico Escorpião representado pelo escorpião, pela serpente e pela águia. A serpente representou sempre a força criadora: envelhecida se converte em escorpião ou degeneração. Elevada e transmutada, porém, se transforma no símbolo da águia, a regeneração. É interessante observar uma característica das pessoas com Ascendente em Escorpião: possuem uma habilidade natural para curar.

Nos velhos livros de astronomia a constelação de Escorpião abrangia também a de Libra. Assim, Virgem e Escorpião permaneceram lado a lado nos céus. Depois, parte da constelação de Escorpião serviu para formar os pratos da balança (Libra). Isso, em si mesmo, é muito significativo. Em um lado dos céus estrelados permanecia Virgem, a Imaculada Virgem; no outro, está Escorpião. E reluzindo entre eles, em refinada beleza, estão os pratos de Libra, formando uma verdadeira ponte de amor, harmonia, beleza, equilíbrio e proporção unindo os dois Signos representativos da saúde e cura.

Que formosas lições podemos aprender contemplando esses Signos zodiacais. As Hierarquias celestiais expressando-se através deles nos ajudarão a desenvolver poderes divinos, convertendo-nos em canais individuais de cura. Encontramos a pureza, o discernimento e o serviço simbolizados por Virgem devendo mesclar-se com o amor, beleza e equilíbrio de Libra, além de combinar-se com o poder de cura de Escorpião.

Com esse ideal como nossa meta – pois sem ideais elevados não faríamos nenhum progresso – nossos Corpos se transformam em canais radiantes, tornando-nos dignos de confiança e capazes de fazer bom uso do poder curador.

Em nossa contemplação dos símbolos celestiais destacamos Libra, a ponte celestial entre Virgem e Escorpião. No palácio de Libra mora o amor, o Princípio Crístico – a chave mágica para a verdadeira cura. Como seus companheiros naturais notamos a beleza, a harmonia, a música, o equilíbrio, a justiça e a proporção.

Libra carrega os pratos da alegria e da tristeza. Se cruzarmos sem perigo a ponte de Libra, conduzindo desde Virgem à terra misteriosa de Escorpião (cura), devemos primeiramente equilibrar tais pratos. Em um deles permanece Vênus – o Regente desse Signo – símbolo da alegria. No outro encontramos Saturno – Exaltado em Libra – representando a tristeza. Este equilíbrio da alegria e tristeza em nossas vidas pessoais encerra uma poderosa lição e um grande desafio. Não se pode encontrar uma melhor descrição desse equilíbrio que nas palavras do poeta Khalil Gibran:

“Vossa alegria é vossa tristeza descoberta.

E do manancial onde aflora vosso riso, jorram amiúde vossas lágrimas.

E como mais poderia ser?

Enquanto se aprofunda vossa tristeza, mais alegria poderá obter.

Alguns dirão: A alegria é maior que a tristeza;

E outros afirmarão: A tristeza é maior.

Porém, eu vos digo que são inseparáveis.

Juntas vêm, e enquanto uma permanece só à mesa,

Recorde que a outra está dormindo em vosso leito.

Certamente estais suspensos, como os pratos,

Entre vossas alegrias e tristezas”.

Somente quando aprendermos a equilibrar alegria e tristeza em nossas reações às experiências da vida poderemos adentrar a casa do tesouro de Libra.

Assim, ao delinearmos, individualmente, o modelo de nossas vidas, investimo-nos das qualidades positivas exemplificadas por esses nobres Signos. Ao fazê-lo, nos capacitaremos para a missão de Curadores Divinos. Esforcemo-nos em nos converter não em curadores, mas em canais puros, através dos quais o poder de cura do nosso Pai Celestial possa fluir. Cristo nos ensinou isso na expressão: “Não se faça a minha vontade, mas a Sua, Pai[2]. Assim não correremos o risco de fazer uso indevido desse poder celestial.

Um poeta desconhecido nos enseja a chave nestas palavras:

“Se possuis o coração compassivo,

o cérebro onisciente, a mão que cura,

A sempre radiante coroa de sabedoria e amor,

Se podes obter tudo isto e ser um Deus,

Não busques a fama: unicamente o Serviço Amoroso

Obtém este poder”.

Essas últimas palavras nos deixam entrever o segredo da cura, como pode ser observado nos céus: serviço (Virgem) no amor (Libra); esse dom pode ser adquirido (Escorpião).

Os céus indicam o caminho da cura. Nós, Aspirantes à vanguarda do trabalho espiritual, podemos e devemos nos converter em uma verdadeira legião de luz – canais de luz – pois, como Filhos de Deus, temos o privilégio de apressar o dia quando o “Sol da retidão levantar-se-á com a Cura em suas asas[3].

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – outubro/1976-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: Jo 14:10

[2] N.R.: Lc 22:42

[3] N.R.: Ml 4:2

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Dois Caminhos: a porta estreita e a porta larga – o que você escolhe?

“Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à Vida. E poucos são os que o encontram.” (Mt 7:13-14).

Para o leitor profano, estas palavras de Cristo-Jesus parecerão detestáveis e seu aspecto apavorante foi usado livremente por muitos padres e pastores de igrejas que pregam o Cristianismo popular, que continuam atuando sob o impulso do regime jeovístico do medo, com a intenção de amedrontar as suas congregações a levar uma vida mais religiosa. Mas, quando se interpretam sob a luz reveladora dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, indicam as verdades e belezas do Caminho Espiritual – a vida “mais abundante”, na qual todas as nossas faculdades latentes se desenvolvem em uma bela floração. Em verdade a vida, de acordo com as Leis de Deus que nos governam e governam todo o universo, requer o sacrifício de coisas que chamam aos sentidos, mas também brindam uma mudança de percepção, que estabelece uma apreciação mais penetrante e o poder de desfrutar das coisas reais da vida. Gradualmente, “um Coração Nobre, uma Mente Pura e um Corpo São” trabalham em perfeito acordo para proporcionar paz e satisfação sempre crescentes.

Vivendo como o faz em meio de incontáveis atrações aos sentidos, podemos até achar mais fácil seguir a linha de menor resistência e agradar aos sentidos. Não obstante, o tempo tem que chegar quando a aversão, a saúde prejudicada e o sofrimento levam a prestação de contas e ao desejo de conhecermos as joias da vida espiritual. Começamos a abandonar o caminho da vida sensual, e aprendemos a falar e a atuar em harmonia com a Vontade de Deus, que governa tudo.

Quando Cristo convidou a todos para entrar pela “porta estreita”, estava chamando o Eu Superior em nós (o Ego, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui), a nossa parte que sempre se dirige às estrelas, que sempre aspira às alturas, como o simboliza o Signo de Sagitário. Somente por períodos temporários essa voz interna em nós pode ser silenciada, porque embora enterrado entre as capas da materialidade, nós, o Ego, anelamos por nosso lar primitivo com o nosso Criador, Deus. Há sempre um impulso interno para um modo mais espiritual de vida!

Como Espíritos diferenciados em Deus (não de Deus), como imortais, passando tempos incontáveis através do Ciclo de Vida que conduz desde os Céus até a materialidade, e desde o mundo material, de retorno para os planos superiores, realmente um novo Dia Evolutivo chega, e algo em muitos de nós cai para adiante, enquanto que em outros de nós, não havendo conseguido se capacitar, são colocados em outro meio ambiente para cumprir o trabalho que não fizeram e, portanto estão atrasados.

Aqueles dentre nós que têm a face voltada para a Luz, reconhecem o enorme Poder do Espírito e não admitem frustração alguma no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Quando uma vez a pessoa houver despertada e for devidamente ativa, o “eu inferior” é sentenciado à morte. A vida dos sentidos perde suas atrações, e o Caminho, no qual se crucifica a Personalidade pela eterna glória de Deus, se converte cada vez mais luminoso e sedutor. Cada dia de amor e serviço amoroso e desinteressado (e, portanto, o mais anônimo possível) prestado ao irmão e à irmã que está ao lado, focando na divina essência oculta em cada um deles – que é a base da Fraternidade – traz certo adiantamento para o Reino da “Vida”, a vida abençoada de atividades e progresso no Grande Jardim de Deus.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – agosto/1981 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Trabalho com as Crianças

A necessidade urgente da hora é um ambiente adequado e de educação para as crianças. A carência disso se deve à falta do amor de Cristo no mundo e causa naufrágios à beira do caminho.

O Menino Jesus representou a Humanidade desde o berço até o túmulo. Há uma agitação terrível em todos os lugares. O clamor das crianças que estão sendo negligenciadas atingiu o plano universal e chegou ao Trono nas Alturas. O Pai ouviu e enviou seu mensageiro à Terra para despertar o coração feminino do mundo. Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz têm uma mensagem a dar que é mais geral do que apenas para o coração da mulher — é para a alma da mulher do mundo.

O objetivo é ensinar as crianças como usar melhor os poderes da imaginação. Isso produz um pensamento normal e correto, o que contribuem para vidas normais e corretas. Ao direcioná-los para que pensem corretamente, elas aprendem a agir corretamente e se desenvolvem como a rosa — desdobrando-se ansiosa e impacientemente —, abrindo seus corações para beber o Sol da manhã.

Se a imaginação for corretamente dirigida, a felicidade futura da criança estará assegurada. As forças mais poderosas do mundo estão em silêncio. Elas se tornam benéficas quando corretamente usadas, mas destrutivas quando mal-empregadas. Esse conhecimento é óbvio em relação às forças mecânicas como vapor, eletricidade, telegrafia sem fio, etc. Mas, poucos aprenderam a aplicar esse conhecimento ao reino da Mente, onde as forças do pensamento (as mais poderosas de todas) estão em ação; onde elas estão sendo geradas e enviadas como forças de salvação ou destruição, pois os pensamentos são coisas.

Toda a sabedoria possível ao ser humano neste plano material deve ser encontrada no autodomínio e, seguindo o mandamento de Cristo-Jesus, “Ame seus inimigos”, ganharemos uma sabedoria sublime. Ao dominar e transmutar essas forças do pensamento, nos tornaremos senhores do mundo ao nosso redor. As guerras, as pragas e a fome são o encontro, o choque entre as forças de pensamento que foram mal direcionadas. Essas forças trazem tudo à manifestação.

Devemos ensinar as crianças a ajustar seus pensamentos de modo a cooperar com Deus. Elas devem ser ensinadas a realizar dentro de si mesmas a destruição do mal por intercessão do bom pensamento e, assim, trabalhar em harmonia com a lei divina.

(Publicado na Revista Rays from the Rosecross de julho de 1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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