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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Renascimento é diferente de Reencarnação: entenda o porquê

O vocábulo “renascimento” se constitui, no campo linguístico, do prefixo “re”, mais “nascimento”. Significa, etimologicamente, nascer de novo. E o nascer de novo é o renascimento do Ego em cada plano.

Difere, portanto, da reencarnação, cujo significado é entrar na carne. Popularmente, essas duas expressões são usadas como se fossem sinônimos, mas, a nós, Estudantes Rosacruzes, que nos foi transmitida pelo fiel mensageiro da Ordem Rosacruz, Max Heindel, cabe entendermos os termos com precisão, pois sabemos quão importante é a gravação certa no Corpo Vital, do que aprendemos. Assim, usaremos cada umas dessas palavras em seu exato sentido.

Vamos dizer algo a respeito do renascimento. Depois do Ego ter feito os últimos preparativos, no Terceiro Céu, a fim de renascer com seus Corpos e veículos aqui mais uma vez e chegado o momento de sua descida, se encontra despido de Corpos e veículos tendo, tão somente, as forças dos quatro Átomos-sementes, ou seja, o núcleo do Tríplice Corpo e da Mente.

Devemos lembrar aqui, que falarmos de Ego ou de Tríplice Espírito vem a ser a mesma coisa, pois estamos nos referindo a uma só realidade. A essência é a mesma. As expressões é que são sinônimas.

Ao iniciar a sua jornada, o Ego desce à subdivisão mais elevada da Região do Pensamento Concreto. Com o despertar das forças mentais conquistadas em vidas anteriores, que se achavam latentes no respectivo Átomo-semente, atrai e incorpora em si mesmo o material que lhe é necessário para construir um veículo por meio da qual poderá funcionar nesse Mundo. Adotando o mesmo processo, desce o Ego às outras três Regiões inferiores do Mundo do Pensamento Concreto, completando, consequentemente, a formação da sua nova Mente.

Continuando em sua descida, atinge o Ego a sétima Região do Mundo do Desejo, da qual atrai o material afim e indispensável, agrupando-o em torno de si. Prosseguindo, desce ele à sexta Região, onde adquire, também, o material afim que lhe é imprescindível. Segue, fazendo o mesmo até alcançar a primeira Região do Mundo do Desejo. Completa-se, dessa maneira, a formação do seu novo Corpo de Desejos.

Em seguida, desce o Ego à sétima Região do Mundo Físico, isto é, a Região Etérica do Éter Refletor. A formação do Corpo Vital não é, entretanto, tão simples como acontece com a formação do Corpo de Desejo e da Mente, a que anteriormente nos referimos. Só em um ponto é idêntica, ou seja, na quantidade e qualidade do material a ser atraído, obedecendo, ainda, a mesma lei que rege os corpos superiores: a Lei da Semelhança ou Lei da Atração. Para construir o Corpo Vital e colocá-lo no ambiente adequado, trabalham, em número de quatro, os Anjos Relatores, também conhecidos por Senhores do Destino ou Anjos do Destino. Esses Seres são portadores de incomensurável sabedoria. Estão acima de todo e qualquer erro. Eles fazem com que seja incorporado o Éter Refletor no Corpo Vital, em formação, para que as cenas da vida que seguirá, reflitam nele. Convém notar que, além dos habitantes do Mundo Celeste participam da construção do Corpo Vital, os espíritos elementais. Integra, finalmente, a plêiade de construtores desse Corpo, o Ego que se prepara para renascer com seus Corpos e veículos aqui, incorpora também a quinta-essência dos seus Corpos Vitais anteriores, realizando, ainda, um pequeno trabalho original. Esse trabalho possibilita ao Ego expressar-se, na vida prestes a ter início, de modo individual e original, quer dizer, não determinado por ações de existências pretéritas. Verificamos, assim, que as causas e efeitos não se constituem numa repetição rotineira. Constatamos, isso sim, a existência palpitante e viva de um influxo constante de causas novas e originais. Temos aí, a Involução e a Evolução completadas, cabalmente, pela Epigênese. Podemos dizer, em outras palavras, que a Epigênese consiste na liberdade de que desfruta o Ego, no sentido de criar, em cada renascimento, coisas novas. Ele atua, nessa parte, sempre de maneira original. Convém lembrarmos que a Fraternidade Rosacruz é a única que fala na Epigênese. Além de falar, devemos convir, o faz com invulgar sabedoria, esclarecendo o ponto de vital importância, concernente às possibilidades do Ego, em seu roteiro evolutivo.

Na matriz do Corpo Vital vamos encontrar a formação, órgão por órgão, do Corpo Denso.

Relativamente ao Átomo-semente do Corpo Denso, situa-se, como nos ensina Max Heindel, no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, na cabeça triangular de um dos espermatozoides do sémen paterno. Nesse espermatozoide, unicamente, é que reside a possibilidade de fertilização. Nesta altura, entende-se perfeitamente, a causa de uniões estéreis.

Voltando ao Átomo-semente, esse, devemos recordar, é o determinador da quantidade e qualidade da matéria para que se possa formar o Corpo Denso, que é feito, tomando-lhe como modelo, o Corpo Vital.

Apesar de restrita a atividade doEgo na construção do Corpo Denso, neste ele incorpora a quinta-essência das qualidades físicas das vidas anteriores. E, muito embora o Ego tome, imprescindivelmente, os materiais dos corpos do pai e da mãe, a fim de formar o seu, esse não traz com exatidão, as mesmas características dos corpos paternos. Como se vê, o referido Corpo Denso é a expressão do próprio Tríplice Espírito ou Ego renascente. A hereditariedade poderá explicar alguma coisa, porém, jamais tudo. Não esclarece, por exemplo, as qualidades da alma, as quais são absolutamente individuais. Cada Ego, ao renascer, traz características próprias. Estão ligadas às suas existências passadas, pois são o fruto de seu mérito ou demérito nelas.

Após a impregnação do óvulo, o Corpo de Desejos da mãe trabalha sobre ele, seguramente, durante espaço de tempo que vai de 18 a 21 dias. Nesse período, o Ego se encontra fora da matriz materna, todavia mantém-se em contato com ela.  Acha-se ele, em seu Corpo de Desejos e em sua Mente. Decorrido esse prazo, ele entra no corpo da mãe. Daí por diante, o Ego incuba seu novo Corpo até que se dê o nascimento da criança, iniciando-se, assim, a nova vida aqui. Desse modo, acaba o Ego de chegar ao máximo de sua descida, pois atingiu o ponto mais denso que ele deve descer: a Região Química do Mundo Físico. Ele vive, nesse Mundo, habitando um Corpo Denso, como estamos, por exemplo, todos nós aqui, até que lhe advenha mais uma morte aqui, com a qual o Ego começa a sua viagem de retorno aos Mundos Celestes.

A ruptura do Cordão Prateado ocasiona a morte. Com essa, abandona o Ego o Corpo Denso, que foi o último a ser, por ele, adquirido.  Permanece, entretanto, durante três dias e meio, aproximadamente, na Região Etérica do Mundo Físico, pairando sobre o Corpo Denso e assimilando as experiências da existência terrestre que acabou de terminar. Feita essa assimilação, entra o Ego no Purgatório, situado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, levando consigo os Átomos-semente dos Corpos Denso e do Corpo Vital. Ali se desenrola de novo, o Panorama da Vida passada, apresentando todos os incidentes dela em que prejudicou alguém – por omissão ou por querer –, incorporando ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, a consciência que atuará no futuro como impulso para não repetir o mal cometido. Purgados os maus hábitos, vícios, falhas e omissões, passa ele ao Primeiro Céu, que se situa nas três Regiões Superiores do Mundo do Desejo. Aqui, desenrola-se de novo, o Panorama da Vida passada, apresentando todos os incidentes dela em que ajudou alguém – por fatos ou boas e sinceras intenções –, incorpora ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, a qualidade de sentimento reto que atuará no futuro como impulso para o bem e repulsão para o mal. No Mundo do Desejo o Ego permanece, em média, um terço do tempo da vida que terminou. Esse período de tempo poderá, entretanto, ser maior ou menor, dependendo do grau de espiritualização dele.

A seguir, entrando no Segundo Céu, encontra-se o Ego envolto no veículo mental, contendo esse a quinta-essência dos três veículos abandonados. Agora, acha-se ele, em sua verdadeira pátria. Leva vida ativa e variada, assimila os frutos de sua última vida terrestre, procura também, ir preparando o ambiente, ou seja, o ambiente na terra, tendo em vista o seu próximo renascimento. Prestam-lhe colaboração, como sabemos, todos os habitantes do mundo celeste, alterando as formas físicas e produzindo mudanças em seu aspecto, conforme a necessidade.

Nos Mundos Celestes o Ego aprende a construir os seus veículos e a usá-los no Mundo Físico. O músico aprende a construir mãos próprias e ouvido perfeito para captar com precisão o som. Ao despertar no Segundo Céu, ouve o Ego a música das esferas. O ser humano tem, por destinação, converter-se em inteligência criadora. Assim, chegará a ser algum dia, verdadeiro artífice de seu destino, deixando, portanto, de ser escravo dele.

Passa o Ego, em seguida, ao Terceiro Céu, onde faz os últimos preparativos, a fim de empreender outra vez, nova descida aqui, na Região Química do Mundo Físico. Leva o Ego, de conformidade com esclarecimento de Max Heindel, geralmente, 1.000 anos de um renascimento a outro, salvo exceções, ou seja: considerando a sua evolução espiritual ou missão que tenha de realizar, poderá ser esse espaço de tempo, bastante reduzido. Com o próprio Max Heindel, isto aconteceu, pois levou, do penúltimo renascimento ao último, apenas uns trezentos anos. Outra exceção é a criança. Essa, como ao morrer é inocente, não lhe tendo nascido o Corpo de Desejos, razão por que não pecou, vai diretamente para o Primeiro Céu onde é bem recebida por parentes ou adotada por alguém e permanece de um a vinte e um anos, a fim de renascer.

Quando o ser humano passou pelas nove Iniciações Menores e, também, pelas quatro Grandes Iniciações libertou-se, totalmente, da roda de nascimentos e mortes. Poderá renascer na Terra e geralmente o faz, mas não por sua causa, e sim, unicamente por causa da Humanidade. Nesta altura, temos plena convicção de que só a Teoria do Renascimento satisfaz, dentro da lógica e do bom senso, atendendo, com perfeição toda e quaisquer necessidades evolutivas da Humanidade. Para essa Teoria, cada alma é parte integrante de Deus e está desenvolvendo, por meio de vidas sucessivas, em corpos de crescente perfeição, os latentes poderes divinos em energia dinâmica. Ninguém se perde. Todos, a seu tempo, alcançarão a perfeição, integrando-se em Deus, e levarão o fruto anímico de sua peregrinação através da matéria. Quanto às teorias materialista e teológica, têm visão sobremaneira estreita, que não resistem à análise, desde que se ponha um pouco de bom senso. Não satisfazem nem mesmo os elementares de justiça ou de lógica.

O Espírito Divino, emanando de si o Corpo Denso, obtém como fruto a Alma Consciente. O Espírito de Vida emana de si o Corpo Vital, obtém a Alma Intelectual. O Espírito Humano emana de si o Corpo de Desejos e obtém a Alma Emocional.

São nessas descidas e subidas que realizamos, vindo até o Mundo Físico e subindo, após a morte, até o Mundo Celeste, que nos tornamos artífice do nosso destino, pois nos converteremos em Inteligência Criadora.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Coração Sábio

 

Suponhamos que Nosso Senhor nos aparecesse em sonho, tal como o fez com Salomão, e nos fizesse a mesma solicitação: “Pede-me o que queres que eu te dê” (IIRe 3:5). Qual seria a nossa resposta, a resposta de uma pessoa comum, a tão vil pergunta? Responderia com o mesmo desinteresse com que o fez Salomão?

Em sonhos, aos vinte anos, o jovem Salomão foi convidado por Deus-Espírito Santo (Jeová) para que lhe dissesse o que é que mais desejava para governar o seu povo. A sua resposta foi: “’Tu demonstraste uma grande benevolência para com teu servo Davi, meu pai, porque ele caminhou diante de ti na fidelidade, justiça e retidão de coração para contigo; tu lhe guardaste esta grande benevolência, e lhe deste um filho que está sentado hoje em seu trono. Agora, pois, Iahweh meu Deus, constituíste rei a teu servo em lugar de meu pai Davi, mas eu não passo de um jovem, que não sabe comandar. Teu servo se encontra no meio do teu povo que escolheste, povo tão numeroso que não se pode contar nem calcular. Dá, pois, a teu servo um coração que escuta para governar teu povo e para discernir entre o bem e o mal, pois quem poderia governar teu povo, que é tão numeroso?’. Agradou ao Senhor que Salomão tivesse pedido tal coisa; e Deus lhe disse: ‘Porque foi este o teu pedido, e já que não pediste para ti vida longa, nem riqueza, nem a vida dos teus inimigos, mas pediste para ti discernimento para ouvir e julgar, vou fazer como pediste: dou-te um coração sábio e inteligente, como ninguém teve antes de ti e ninguém terá depois de ti. E, também, o que não pedis- te, eu te dou: riqueza e glória tais, que não haverá entre os reis quem te seja semelhante’”. (IRs 3:6-13)

Vemos aqui que o trabalho intelectual, só por si, não pode ser a verdadeira felicidade da vida. A verdade infinita não pode ser captada pelo cérebro material. Aquele que procura alcançar a verdade somente pelo trabalho intelectual, sem consultar o Coração, encontrará dificuldades incalculáveis. O Coração é a sede da sabedoria e o cérebro é a sede do intelecto que raciocina e recebe a vida do Coração. O Coração e o cérebro devem trabalhar em concordância e de forma harmônica, para destruir o dragão da ignorância que permanece no umbral do templo.

Tratemos de nos imaginar no longínquo período desse Caminho de Evolução, quando acabávamos de emergir da pesada e nebulosa atmosfera da Atlântida (Egito antigo). Veríamos um Corpo Denso “animal” maciço, quase sem a cabeça, vivendo unicamente por meio dos sentidos, mas, em contato com os Seres Superiores, com os quais podíamos nos comunicar, em estado como o de sonho. Mas, à medida que o cérebro principiou a se desenvolver, fomos perdendo, gradualmente, a consciência dos Seres Superiores. Adquirimos e desenvolvemos o cérebro, mediante um sacrifício.

Não somente é necessário que o nosso cérebro seja organizado, como veículo por meio do qual devemos manifestar (não criar!) o pensamento, como também deve se tornar agora necessário que a porta do cérebro seja aberta e o poder do entendimento desenvolvido. Devemos, primeiramente, aprender a pensar por meio da Mente inferior. Max Heindel escreveu no livro “A Teia do Destino” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz que a Mente nos foi fornecida depois que adquirimos o Corpo Denso, depois o Corpo Vital e depois o Corpo de Desejos. O quarto veículo, a Mente, era o instrumento por meio do qual nós, o Ego, devíamos desenvolver os outros três Corpos até fazer com que eles alcançassem um estágio com o qual pudessem ser utilizados para nos elevar no Caminho de Evolução. Esse elo do intelecto não é presentemente mais do que uma nuvem informe, apenas digna do nome de veículo, mas que conecta os nossos três veículos conosco, o Ego.

Esses quatros veículos são as nossas ferramentas no Caminho de Evolução. Estamos fortemente restringidos nas nossas manifestações, devido a que o recém-nascido veículo mental está subordinado ao poderoso Corpo de Desejos, que assume, geralmente, o domínio da Personalidade (aquilo que construímos a cada renascimento aqui).

Estamos muito longe de poder sequer suspender a evolução da Mente, acelerada vertiginosamente pelo atual sistema educativo e as possibilidades do desenvolvimento ulterior que pode alcançar. Quanto maior é o poder, tanto maior também é o perigo que temos de empregar mal a nossa Mente. Se a astúcia, uma manifestação via Corpo de Desejos que usamos pela Mente, se desenvolvesse antes que o Coração e se esses dois órgãos deixassem de trabalhar harmonicamente, um com discernimento e o outro compassivamente, então o mundo teria muito que sofrer. Não é mais perigoso do que uma pessoa cujo intelecto se tenha desenvolvido ao excesso e que entre em contato com os seus semelhantes somente com a fria e penetrante mentalidade. Atualmente corremos o grave perigo de nos desviar do caminho puramente espiritual, ao investigar o conhecimento unicamente pelas linhas mentais e pensando muito raras vezes, como poderia utilizar a nossa Mente para o bem-estar e felicidade da Humanidade. Max Heindel chamou sempre a atenção dos Estudantes Rosacruzes sobre o ideal do desenvolvimento do Coração, insistindo na necessidade de combinar harmonicamente os poderes do Coração com os da Mente. Os Estudantes Rosacruzes devem ter presente que, em todas essas aquisições, deve existir sempre a compreensão do Coração, tal como Salomão aconselha nos seus Provérbios, justamente no Livro dos Provérbios na Bíblia, um Coração que com a ajuda do intelecto eleve a Humanidade para uma Fraternidade sã e amorosa, prelúdio da Fraternidade Universal.

Uma educação puramente mental não pode produzir um Coração sapiente; são necessárias, além disso, as múltiplas experiências vividas por nós, vida após vida, no nosso trabalho diário. O serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), esquecendo os defeitos dos nossos irmãos e nossas irmãs, focando na divina essência oculta em cada um deles, no qual o intelecto e o Coração marcham de acordo é a base dessas experiências, as quais se acumulam e arquivam no pequeno Átomo-semente do Corpo Denso – verdadeiro armazém de nós, o Ego – que todos possuímos na posição referencial do ápice no ventrículo esquerdo do nosso Coração.

Os irmãos e as irmãs inquietos e descontentes que constantemente passam de um ensino a outro – de uma escola a outra, de um movimento ao outro, de uma seita a outra – em busca de coisas novas e maravilhosas, mas que nunca aprofundam naquilo que estudam, nem vivem segundo os ensinos que recebem e, portanto, nada realizam, e que no melhor dos casos somente se contentam com a concentração e as pregações, pode se assegurar que fracassam na missão deles, pois não despertaram o Coração.

Salomão proclamou o poder da vida interna. O próprio nome de Salomão sugere imediatamente a busca íntima da mais elevada sabedoria espiritual. O Deus interno é a vida do Coração, é a “palavra-chave”. Salomão, pelo seu desinteresse a coisas materiais, contentou-se em pedir somente um Coração sapiente, e por isso obteve de Jeová um grande reino, uma grande riqueza e sabedoria que lhe permitiu distinguir o bem e o mal. A pureza de Coração e o poder da Mente devem trabalhar harmonicamente. O Mestre dos Mestres, Cristo, nosso amado Redentor, ensinou que nós devíamos nos tornar como crianças para poder ter acesso e penetrar na verdade. Quando a “cabeça” e o Coração trabalham em perfeito entendimento, se completam e se transformam num só.

O sábio de Coração compreensivo, que adquiriu um perfeito domínio sobre as suas emoções, desejos e sentimentos, cuja “cabeça” e Coração vibram em uníssono com a divina harmonia dos Reinos invisíveis da natureza, gozará do privilégio de conhecer a Verdade e a sua vida refletirá os princípios mais elevados.

Há muitos petulantes que pretendem ser controlados pelo seu intelecto, não admitindo nem crendo que as suas vaidades possam ser tão somente uma expressão emocional, e que, desde logo são incapazes de reconhecer. O ser verdadeiramente livre, não é controlado nem pelo seu intelecto nem por suas emoções, seus desejos e sentimentos. Ele é o próprio senhor, o único comandante de seu navio. Pelo poder da vontade e da razão domina os seus pensamentos, desejos, suas emoções e seus sentimentos e assim, essa pessoa, adquire a sabedoria.

O Coração e o cérebro são instrumentos de valor inestimável que Deus nos ofertou; dois instrumentos que deveríamos já controlar. Desgraçadamente e com demasiada frequência não governamos nenhum dos dois, pois ainda impera o egoísmo, que insistimos em manter no nosso Corpo de Desejos e que causa a desarmonia, as nossas doenças, enfermidades e os nossos atrozes sofrimentos.

Quando as nossas faculdades superiores são ativadas por nós (por meio do Treinamento Esotérico) e a “cabeça” e o Coração trabalham harmoniosamente, então, vamos nos transformando, nos convertendo em verdadeiros Cristãos esotéricos.

Muitos irmãos e muitas irmãs que já alcançaram uma elevada estatura espiritual (na Fraternidade Rosacruz conhecidos como Adeptos e Irmãos Maiores) deixaram bem gravado a “marca de seus pés nas areias do tempo” e as suas vidas ofereceram incalculáveis benefícios a nós. Mas, há um dentre eles, muito mais elevado do que os Irmãos Maiores, que se mantém no pináculo da grandeza; um, cujo precioso legado para nós foi a Religião Cristã. Sua grandeza cresce sem cessar no espírito dos povos e depois de mais de dois mil anos de adoração, muitos de nós principiam a compreender o que foi e é esse Espírito Excelso, que veio à Terra por poucos anos. O Seu Coração compreensivo deu ao mundo “O Sermão da Montanha”, um sermão tal que nenhum de nós poderá jamais pronunciar de novo.

Cristo-Jesus permanece supremo como o único, de Coração sapiente, que veio nos redimir da doença e da enfermidade física, emocional e mental. A Sua sublime figura está sempre presente ante os olhos do Estudante Rosacruz, pois Ele é o seu único ideal. Os Ensinamentos Rosacruzes, que nos foram legados pelo nosso querido Max Heindel, nos indicam com clareza o caminho pelo qual o Estudante Rosacruz pode, com o tempo e mediante sacrifícios e uma vida reta, alcançar a força espiritual que lhe proporcionará a sabedoria expressa por Salomão e concedida por Jeová.

A consciência Crística, que um dia alcançaremos por meio da Mente e do Coração, elevará o fiel e sincero Estudante Rosacruz até as alturas do conhecimento espiritual, no qual ele também será um dos eleitos de Deus, selecionado pelos Irmãos Maiores, por ter alcançado a consciência de Deus; pois, que não procurou riquezas, nem poder, nem fama, nem conhecimentos, mas, unicamente, trabalhou infatigavelmente para alcançar a sapiência para ser útil aos irmãos e às irmãs ao seu redor.

A verdadeira sabedoria e um Coração compreensivo, como o que teve Salomão, não se podem adquirir senão “Vivendo a Vida” e utilizando cada experiência, na qual o Coração e a “cabeça” marcham unidos, como pedra indicadora ao longo do caminho.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1959 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Parece ter havido um grande declínio da fé nesses últimos anos. Do ponto de vista oculto, qual o remédio para isso?

Resposta: Há uma razão oculta para o declínio da fé, e é inútil discutir um remédio até que uma causa tenha sido descoberta. Nenhuma medida não planejada ou bem direcionada fará com que a Humanidade retorne, permanentemente, ao caminho da retidão. Vamos, primeiro, considerar algumas das causas, normalmente, apontadas e então poderemos compreender melhor a razão científica oculta.

Frequentemente ouvimos dizer, de uma maneira irônica, que a razão pela qual as igrejas estão vazias é que o ministro, pastor ou padre não tem nenhuma mensagem nova, mas está continuamente apresentando ou usando de outra forma e de novo, sem nenhuma mudança ou melhoria substancial, as antigas histórias da Bíblia. Tal expressão de repreensão ou desaprovação perde sua força no momento em que perguntamos: “Sabemos a Bíblia de cor?”. Fazemos com que uma criança repita a tabuada de multiplicação, indefinidamente, até que a conheça e saiba aplicá-la. É mais importante que conheçamos a Bíblia profunda e completamente do que a criança se lembrar da tabuada; por isso a repetição é necessária.

Os Atenienses, quando se reuniam na Colina de Marte[1], sempre buscavam algo novo que lhes proporcionasse material para discussão, mas algo mais é necessário para o crescimento da alma. S. Paulo nos ensina, especificamente, que “ainda que eu conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor, (…) nada serei[2].

A expressão de repreensão ou desaprovação relativa aos bancos vazios se baseia, particularmente, nas igrejas protestantes e católicas de todas as denominações ditas “modernas” e em vários países e, entretanto, não seria fora de propósito fazer uma comparação entre o método empregado por essas igrejas e o método empregado por uma igreja tradicional e histórica, seja ela de uma Religião Protestante ou de uma Religião Católica. Se estivermos ansiosos por aprender alguma coisa sobre essas igrejas tradicionais e históricas, devemos pôr de lado o preconceito e nos empenharmos em considerar os méritos e os deméritos de cada uma de uma maneira imparcial.

Vamos, primeiramente, examinar uma igreja protestante ou católica tradicional ou histórica, em que o ministro, pastor ou padre se empenha em transmitir o Evangelho às pessoas. Muitos de seus assentos estão vazios. Entre aqueles presentes, geralmente, o número de mulheres supera de seis vezes ou mais o número de homens. O ministro, pastor ou padre é, normalmente, sério e intenso e se esforça para ser eloquente quando se dirige à Divindade na oração, mas ele já ouviu tantas vezes a expressão de repreensão e desaprovação sobre a repetição que sempre teme que seus ofícios sejam parecidos, não importa a que grau. Procurará apresentar uma nova oração, um novo sermão, um novo hino, tudo tão novo quanto possível, a fim de evitar essa terrível repreensão e desaprovação. Ele está quase tendo um colapso nervoso por causa do pensamento atormentador de que seus fiéis possam achá-lo “chato, repetitivo e nada original”.

Em seguida, vamos a uma igreja “popular” – dita moderna, atualizada e “inovadora” – e vejamos que métodos elas usam. O ministro, pastor ou padre dessas igrejas é sempre “progressista” e está “atualizado”. Há, frequentemente, algo tão grande como um ginásio para esportes e uma equipe de “animação” ligada ao estabelecimento. Todas as noites da semana há uma reunião relacionada a este, àquele ou a outro clube, grupo ou segmento específico com um determinado nome que chama a atenção. Há piqueniques, festas ao ar livre, shows e comemorações, além de ceias e refeições na igreja. Muitas vezes, há reuniões só para os homens e outras só para as mulheres, geralmente intercaladas, de modo que sempre há uma fantasmagoria deslumbrante, sem um momento monótono durante a semana, e no domingo – ah, esse é o verdadeiro deleite, a grande atração – então, é o ministro, o pastor ou o padre que os entretém, como só ele sabe fazer. Ele é auxiliado por um grupo musical ou coro sem igual, muitas vezes composto por artistas. A música não é particularmente religiosa, exceto que, como toda boa música oriunda do mundo celestial, ela fala do ser humano espiritual e desperta as recordações do nosso lar eterno. É um atrativo para os amantes da música e, por isso, atrai centenas de pessoas.

Entre a abertura e o encerramento do programa musical há o que chamam de “sermão”. Uma pessoa conhecida nos relatou que, certa vez, ficou chocado ao entrar numa igreja e ver no púlpito esta inscrição: “Eu não prego o Evangelho”. As palavras do contexto: “Que a tristeza venha a mim se o fizer”, estavam ocultas do outro lado do púlpito, e o efeito deve ter sido espantoso, é o mínimo que se pode dizer. Contudo, é um lema que pode ser encontrado no púlpito de mais de uma igreja “progressista”, pois, embora o “sermão” possa começar com uma citação bíblica, essa é, geralmente, a única referência à palavra de Deus. O restante é um excelente discurso sobre qualquer tópico mais em evidência no panorama local ou nacional ou, se as fontes sociais e políticas se tornarem escassas, há sempre problemas a serem abordados relativos à temperança e a pureza. É bem verdade que são temas gastos como os Evangelhos, mas, se o pastor, o padre ou o ministro levar uma garrafa de cerveja ao púlpito e arremessá-la com furor, despedaçando-a como uma coisa maldita, poderá apelar para o gosto ávido de sensacionalismo que será, posteriormente, desenvolvido pela maioria dos ouvintes dele. Mas, de repente, o pastor, o padre ou o ministro “progressista” recebe uma chamada para ir construir uma outra igreja em outro lugar.

Isso é universalmente admitido: sob a tutela continuada de um só pastor, ministro ou padre, os frequentadores da igreja perdem o interesse. Entretanto, isso não é por causa desses ministros, padres ou pastores não serem sinceros e esforçados em sua obra. A grande maioria é exemplar, sob todos os aspectos, mas, de certa forma, não conseguem manter sua influência sobre as pessoas. Algumas denominações religiosas distribuem, por um certo período, as igrejas sob sua jurisdição a seus ministros, pastores ou padres, e esgotado esse tempo, os transferem para outra seção, em que trabalharão por um outro período.

Pode-se dizer muita coisa a favor e contra esses diversos esquemas, mas isso está além da presente discussão. Para combater a falta de interesse parece só haver um remédio suficientemente capaz de obter a aprovação geral e de produzir um entusiasmo, nem que seja temporário: o reavivamento.

As pessoas se juntam para ouvir um estranho, que sempre possui uma personalidade forte, dominante e agressiva, com uma voz que abrange várias oitavas, que vão desde uma súplica em voz sussurrante que cativa o pecador subjugado, até o som estridente que soa como um golpe de condenação aos ouvidos dos recalcitrantes. Como o pastor, ministro ou padre “progressista”, ele é habilmente auxiliado por um pessoal treinado, um coro e um conjunto de instrumentos musicais, tudo arranjado para fazer um apelo poderoso às sensações. Milhares de pessoas são “convertidas” e a religião (?) recebe um novo influxo vital naquela comunidade.

Contudo, infelizmente, isso dura pouco. É um fato incontestável que, após um curto espaço de tempo, a maioria, exceto uma diminuta parcela dos convertidos, reincide, e o pobre ministro, pastor ou padre deve continuar a lutar para dar uma aparência de “religião” a uma comunidade cada vez mais negligente em assuntos espirituais.

Esse estado de coisas se tornou tão notório que, comparativamente, poucos jovens ingressam, hoje em dia, nos seminários ou nas escolas formadoras de pastores ou ministros. Há, por isso, um declínio tanto em termos de fiéis na igreja quanto no de ministros, pastores ou padres, fato que, se continuar, só pode ter um fim: a extinção da igreja Protestante ou Católica.

Quando investigamos os métodos da igreja da Religião Católica, a título de comparação e chegamos à conclusão correta quanto ao poder de atração dela, nós notamos, em primeiro lugar, o contraste absoluto existente entre o ofício realizado lá e o ofício realizado na igreja da Religião Protestante. Se nos detivermos por um instante à porta de uma dúzia de edifícios de denominações protestantes, verificaremos que cada ministro ou pastor trata de um tópico diferente, mas nós podemos ir a qualquer igreja da Religião Católica em qualquer parte do mundo, e veremos que todas aplicam o mesmo ritual no altar, nas mesmas datas. O que o padre pode dizer do púlpito é irrelevante diante do fato importantíssimo acima mencionado, pois palavras são vibrações. Elas são criadoras, como o demonstram as figuras geométricas formadas na areia e nos esporos pela voz de um cantor, e a Missa, entoada em inúmeras igrejas da Religião Católica espalhadas por todo o mundo, ecoa com força cumulativa pelo universo como um hino poderoso, influindo sobre todos os que estão sintonizados com ela, elevando seu fervor religioso e sua lealdade para com a sua igreja, de uma forma inigualável em relação aos esforços isolados e eventuais de indivíduos, não importa quão sinceros sejam.

Notem, então, o poder acumulativo de um ritual. O efeito oculto decorrente do esforço concentrado obtido ao usar textos idênticos em todas as igrejas da Religião Católica (as partes “fixas” da missa, a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Comunhão) existentes no mundo, gera um efeito cumulativo que pode ser sentido por cada participante da missa que estiver sintonizado com ele. Esse efeito é muito mais forte, pois o ofício é entoado num determinado tom na Missa.

Assim, resumindo esse aspecto da questão, as tentativas individuais persistentemente continuadas dos pastores ou ministros das igrejas da Religião Protestante para guiar o seu povo com sermões novos e originais são um fracasso, enquanto esforços combinados centralizados em rituais uniformes, repetidos ano após ano, como os que são praticados nas igrejas da Religião Católica atraem grande audiência.

Para melhor entender esse mistério e aplicar a solução inteligentemente, é necessário compreender a constituição do ser humano, tanto durante o crescimento dele, como quando se torna um adulto, quando aqui renascido.

Além do corpo humano visível, o Corpo Denso, que vemos com nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que não são vistos pela grande maioria das pessoas. Contudo, não são apêndices supérfluos do Corpo Denso, mas, na realidade, muito mais importantes por serem as fontes de toda ação. Sem esses veículos superiores, o Corpo Denso ficaria inerte, insensível e morto.

Chamamos o primeiro desses veículos de Corpo Vital, por ele ser o caminho da vitalidade que fermenta a massa inanimada do invólucro mortal durante os anos de vida, e que nos fornece a força para nos movermos.

O segundo veículo é o Corpo de Desejos, a base das nossas emoções, desejos e sentimentos, que galvaniza esse Corpo Denso a entrar em ação. Esses três veículos (Corpos Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) unidos à Mente, constituem a Personalidade que é, então, regida por cada um de nós (o Ego, a Individualidade, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui). Cada um dos Corpos e o veículo Mente que citamos tem a sua própria natureza essencial, e podemos dizer que a palavra-chave do Corpo Denso é “inércia”, visto que nunca se move, a menos que seja impelido a isso por esses Corpos invisíveis mais sutis. A palavra-chave do Corpo Vital é “repetição”. Isso é facilmente entendido, quando consideramos que, embora ele tenha o poder de movimentar o Corpo Denso, tais movimentos resultam apenas de impulsos repetidos da mesma espécie. Ele é ensinado a coordenar os movimentos do Corpo Denso de acordo com a nossa vontade, a vontade do Ego. Se nos sentarmos diante de um instrumento musical, como um órgão, pela primeira vez e tentarmos tocar, não seremos capazes de movimentar os dedos de maneira a produzir os sons adequados. Esforços repetidos são necessários para executar, até mesmo os mais simples movimentos coordenados dos dedos para resultar em uma harmonia correta. Essa necessidade de repetição revela uma máxima oculta que diz que “todo desenvolvimento oculto começa com o treinamento do Corpo Vital”.

Por outro lado, o Corpo de Desejos, que sentimos como sendo a nossa natureza emocional e de desejos, está sempre procurando algo novo. Esse desejo por mudança de condição, mudança de ambiente, mudança de humor, amor à emoção, ao desejo e à sensação, se deve às atividades do Corpo de Desejos, o qual é semelhante ao mar durante uma tempestade, com ondas que se agitam sem destino, cada qual mais poderosa e destrutiva quando estão desenfreadas e sem ligação com o poder diretor central.

A Mente, na realidade, é o foco através do qual nós, o Ego, tentamos subjugar a Personalidade e guiá-la de acordo com a habilidade durante seu período evolucionário. Mas, atualmente, esse foco é tão vago e indefinido que a maioria das pessoas não o percebe; portanto, são guiadas principalmente pelos seus sentimentos, desejos e emoções, sem muita obediência à razão ou ao pensamento.

Reconhecendo o grande e maravilhoso poder do Corpo de Desejos e a receptividade dele ao “ritmo”, que se pode considerar sua palavra-chave, a teologia progressista se dirigiu e focalizou seus esforços em direção a esse Corpo, o Corpo de Desejos. É essa a parte da nossa natureza que se diverte com os espetáculos do sensacional tipo de pastor, padre ou ministro que gosta de apresentar novidades para atrair e manter a atenção. É esse Corpo de Desejos que vibra e geme sob a linguagem bombástica do pastor, ministro ou padre, vibrante de emoção, que se eleva e decai conforme a cadência bem calculada da voz do orador. Uma unidade vibratória é logo estabelecida, como um estado real de hipnose, em que a vítima não pode evitar de se juntar aos demais em um estado emocional de lamentações, de “arrependimentos”, da mesma forma que a água não pode deixar de correr encosta abaixo. Nesse momento, eles pensam intensamente na enormidade de seus pecados e todos anseiam pelo início de uma vida melhor. Infelizmente, a próxima onda de simpatia, gerada pela natureza emocional deles, esquece tudo o que foi dito pelo pregador assim como todas as resoluções deles, e eles se encontram exatamente no mesmo ponto em que estavam antes, para o dissabor e pesar do evangelista interessado.

Consequentemente, todos os esforços realizados para elevar a Humanidade, agindo sobre o instável Corpo de Desejos, são e serão sempre inúteis. Esse é um fato reconhecido por todas as escolas ocultas de todas as épocas – em especial pela Fraternidade Rosacruz –, e é por essa razão que a Fraternidade Rosacruz se dedica e foca na mudança do Corpo Vital, operando com sua palavra-chave, que é a repetição. Para esse fim, a Fraternidade Rosacruz possui Rituais adequados à Humanidade nos diferentes estágios do desenvolvimento de cada um e, dessa forma, promove, lenta, mas seguramente, o crescimento da alma, independentemente do fato do ser humano estar ciente ou não de estar sendo trabalhado dessa maneira. O Antigo Templo de Mistérios Atlante, ao qual nos referimos como sendo o Tabernáculo no Deserto, tinha determinados Rituais prescritos no monte pelo Divino Hierarca, que era seu mestre particular. Certos Rituais eram realizados durante os dias da semana. Outros no Sabbath, e outros Rituais por ocasião da Lua Nova e nos grandes festivais solares. Nenhum sacerdote, seja qual fosse o grau a que pertencesse, tinha o poder de alterar esse Ritual, pois se o fizesse sobreviria o sofrimento e penalidade de morte.

Encontramos, também, mesmo entre outros povos antigos – os indianos, os caldeus e os egípcios – a evidência de um Ritual que usavam em seus ofícios religiosos. Entre os egípcios, por exemplo, encontramos o chamado Livro dos Mortos, como evidência do valor oculto e do objetivo de tais ofícios ritualísticos. Mesmo entre os gregos, embora fossem notoriamente individualistas e ansiosos para expressar suas próprias concepções, encontramos o Ritual nos mistérios. Posteriormente, durante a chamada Era Cristã, encontramos o mesmo Ritual, ocultamente inspirado, na Religião Católica, como meio de promover o crescimento da alma, por meio do trabalho sobre o Corpo Vital.

É verdade que houve abusos no âmbito desses vários sistemas religiosos (tanto na Religião Católica como na Religião Protestante). Nem sempre os ministros, pastores ou padres foram homens santos, e nem sempre suas mãos se encontravam limpas e imaculadas, quando ministravam o sacrifício ou Ritual. É bem verdade que os abusos, às vezes, se intensificaram tanto, que foram necessárias reorganizações. Um exemplo foi o próprio movimento Protestante iniciado por Martinho Lutero, a fim de acabar com os abusos que haviam surgido dentro da Religião Católica. Não obstante, todos esses sistemas tinham em si a semente da verdade e do poder, visto que trabalhavam para o desenvolvimento do Corpo Vital, portanto, a despeito do sacerdote (padre, ministro ou pastor) ser corrupto, os Rituais sempre mantinham o seu grande poder. Por isso, quando os reformadores abandonaram o Ritual, eles se achavam exatamente na mesma posição que a dos Atenienses na Colina de Marte: viram-se forçados a buscar algo novo. Em cada denominação religiosa há um desejo pela verdade. Cada uma delas existentes na atualidade luta a seu modo para resolver o problema da vida. No entanto, cada uma está tocando uma nova nota de uma forma casual e, por essa razão, estão todas falhando. A Religião Católica, com todos os seus abusos, ainda conserva uma ascendência admirável sobre seus adeptos devido ao poder combinado do seu Ritual.

Para que possamos aprender com os irmãos e as irmãs da Religião Católica e da Religião Protestante que por meio de Rituais repetitivos, mesmo sem ter a consciência, focam no Corpo Vital, devemos primeiramente considerar que “a união faz a força”. Refletimos sobre as palavras de Abraão Lincoln: “Unidade nas coisas essenciais, liberdade nas não essenciais e caridade em tudo”, devem ser adotadas antes que alguma coisa possa ser feita.

Antes que um Ritual possa produzir seu máximo efeito, aqueles que devem utilizá-lo para crescer precisam se sintonizar com ele. Isso exige trabalho em seus Corpos Vitais, enquanto esses veículos ainda estão em formação.

É matéria de conhecimento oculto que o nascimento é um acontecimento quádruplo, e esse nascimento do corpo físico é apenas um passo dentro do processo. O Corpo Vital submete-se também a um desenvolvimento análogo ao crescimento intrauterino do Corpo Denso. Ele nasce, aproximadamente, no sétimo ano de vida. Durante os sete anos seguintes, o Corpo de Desejos amadurece e nasce, aproximadamente, aos quatorze anos, quando se atinge a adolescência. A Mente nasce aos vinte e um, quando se inicia a vida adulta.

Esses fatos ocultos são bem conhecidos da Religião Católica e, enquanto muitos ministros e pastores protestantes trabalham sobre a natureza emocional (sobre o Corpo de Desejos), que está sempre à procura de algo novo e sensacional sem imaginar a futilidade da luta e o fato de que é esse veículo descontrolado que afasta as pessoas das igrejas em busca de novidades mais sensacionais, a Religião Católica, ocultamente informada, concentra seus esforços nas crianças. “Deem-nos crianças até aos sete anos, e elas serão nossas para sempre”, dizem eles, e estão corretos. Durante esses sete anos tão importantes, eles inculcam suas ideias nos Corpos Vitais plásticos dos que estão sob sua tutela, por meio da repetição. As orações repetidas, o tempo e o tom dos vários cânticos, tudo exerce um poderoso efeito sobre o Corpo Vital em desenvolvimento. Não importa que o Ritual seja celebrado numa língua desconhecida, pois, para o Ego, essa mensagem vibratória é um cântico de cor divina, inteligível para todos os Espíritos. Também não importa que a criança repita como um papagaio, sem entender, contanto que repita o que lhe é dado. Quanto mais, melhor, pois essas vibrações ocultas se incorporam em seu Corpo Vital antes que esse se consolide, e permanecem com ela por toda a vida. Cada vez que a Missa é entoada pelo padre em qualquer parte do mundo, o poder vibratório cumulativo do seu esforço agita os que têm suas linhas de força em seus Corpos Vitais, de maneira tal que são atraídos para a igreja por uma força geralmente irresistível. Isso se baseia no mesmo princípio de que ao ser vibrado um diapasão todos os outros de tom idêntico também começam a vibrar.

Alguns católicos voltaram-se contra a Igreja Católica, mas, subconscientemente e no fundo, eles permaneceram católicos até a morte, pois é extremamente difícil mudar o Corpo Vital, e as linhas de força construídas dentro dele, durante seu período gestatório, são mais fortes do que quase todas as vontades individuais.

Disso se infere que, se nós quiséssemos mudar a tendência do mundo de perseguir o prazer e a satisfação dos sentidos em detrimento da Religião, faríamos bem em começar com as criancinhas. Se as reunirmos ao pé do altar e as ensinarmos a amar a Casa de Deus – uma igreja verdadeira –, incorporando determinadas orações universais e partes do Ritual em seus Corpos Vitais em formação, evitando posturas impróprias para um Templo, mas cultivando em todos os que entrarem ali o ideal de reverência para com um lugar santo, aos poucos construiremos em volta da estrutura física de pedra, um templo invisível de Luz e Vida, tal como descrito pelo personagem Manson em “O Servo na Casa”[3].

(Pergunta nº 161 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” Volume II -Fraternidade Rosacruz – Max Heindel)


[1] N.T.: O Areópago ou a Colina de Marte é um afloramento rochoso proeminente localizado a noroeste da Acrópole em Atenas, Grécia. Seu nome em inglês é a forma composta do latim tardio do nome grego Areios Pagos, traduzido como “Monte de Ares”. Nos tempos clássicos, era o local de um tribunal, também frequentemente chamado de Areópago, que julgava casos de homicídio deliberado, ferimentos e questões religiosas, bem como casos envolvendo incêndios criminosos em oliveiras. O Areópago, como a maioria das instituições da cidade-estado, continuou a funcionar na época romana, e foi a partir desse local, extraindo do significado potencial do altar ateniense para o Deus Desconhecido, que o Apóstolo São Paulo teria proferido o famoso discurso: “De pé, então, no meio do Areópago, Paulo falou:’ Cidadãos atenienses! Vejo que, sob todos os aspectos, sois os mais religiosos dos homens. Pois, percorrendo a vossa cidade e observando os vossos monumentos sagrados, encontrei até um altar com a inscrição: ‘Ao Deus desconhecido’. Ora bem, o que adorais sem conhecer, isso venho eu anunciar-vos. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos humanas.’” (At 17:22-24).

[2] N.T.: ICor 12:13

[3] N.T.: “O Servo da Casa” (The Servant in the House) de Charles Rann Kennedy (1871-1950): foi um escritor anglo-americano. No Segundo Ato: “Ao entrar, você ouve um som – um som como o de algum poderoso poema cantado. Ouça por bastante tempo e você aprenderá que ela é feita das batidas dos corações humanos, da música sem nome das almas dos homens — isto é, se você tiver ouvidos. Se você tiver olhos, verá em breve a própria igreja – um mistério iminente de muitas formas e sombras, saltando do chão até a cúpula. O trabalho de nenhum construtor comum!

Os seus pilares erguem-se como os troncos musculosos dos heróis: a doce carne humana dos homens e das mulheres molda-se nos seus baluartes, forte, inexpugnável: os rostos das crianças riem de cada pedra angular: os terríveis vãos e arcos da são as mãos unidas dos camaradas; e nas alturas e nos espaços estão inscritas as inúmeras reflexões de todos os sonhadores do mundo. Ainda está sendo construído – construído e construído. Às vezes o trabalho avança em trevas profundas: às vezes sob uma luz ofuscante: ora sob o peso de uma angústia indescritível: ora ao som de grandes risadas e gritos heróicos como o grito de um trovão. [Mais suave.] Às vezes, no silêncio da noite, podem-se ouvir as pequenas marteladas dos camaradas que trabalham na cúpula – os camaradas que subiram à frente.”

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Nosso Próprio Reflexo

O nosso mundo interior é refletido por nossos pensamentos, sentimentos, nossas emoções, palavras, ações, obras e nossos atos. O observador perspicaz sabe disso. Nos Evangelhos encontramos a evidência dessa verdade na citação: “Pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12:34).

Frequentemente, agimos de modo ambíguo, por isso somos incoerentes, semelhantes aos fariseus que se amoldavam à conveniência das circunstâncias: “Pode jorrar, de uma mesma fonte, água doce e amarga?” (Tg 3:11).

Curioso é observar que não suportamos nossos próprios defeitos e os projetamos sobre os outros. Geralmente, o mais malicioso é que vê e critica a malícia no semelhante; o desonesto (em algum âmbito obscuro para ele) é o que mais condena o roubo. É um grito estrangulado da consciência que está sempre em busca de apontar a verdade que também está no nosso interior. Quando tentaram o Cristo, com a mulher adúltera (e os fariseus trouxeram apenas a mulher, quando a Lei prescrevia o mesmo castigo ao homem que adulterava com ela), Ele os desconcertou com o conhecimento que tinha da natureza humana. “Aquele que estiver isento de pecado, seja o primeiro a atirar a pedra” (Jo 8:7) . E diz a tradição que o Mestre, tranquilamente reclinado sobre o solo, escrevia com uma vara sobre a areia, em que cada fariseu via escritos seus defeitos pessoais. Certamente é um símbolo da consciência que, dentro de cada um, ia clamando seus defeitos para arrasar a pretensão de juiz daquela mulher.

Qualquer pessoa que estudou um pouco a Filosofia Rosacruz compreende o quão necessário se torna o autoconhecimento. Nenhuma elevação espiritual é possível sem essa condição. À medida que vamos nos conhecendo, pela prática dos Exercícios Esotéricos Rosacruzes de Observação e de Discernimento e do Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, prescritos pela Fraternidade Rosacruz, vamos consolidando e fortalecendo aquilo que aprendemos. Consideramos esse conhecimento e, subsequentemente, o domínio de si mesmo, como a pedra fundamental do progresso interno e da felicidade. Goethe, o grande Iniciado, criador de “Fausto” o definiu bem: “O homem se liberta de todas as limitações que o encandeiam, apenas quando alcança o domínio de si mesmo”. E Cristo mostra o caminho: “Conhecereis a verdade e a Verdade vos libertará” (Jo 8:32).  Essa máxima representa a Verdade que está dentro de nós, pela sujeição de tudo a nós, o Ego, o “Eu Superior”. Nenhuma ciência, nenhum conhecimento, nenhuma arte ou posse representa uma finalidade na vida. Tudo tem valor, na medida em que se incorpore e expresse o que há de espiritual em nós.

Em síntese e reproduzindo S. Paulo: temos uma Mente carnal e uma Mente espiritual, um Corpo de Desejos, dividido em uma parte inferior e outra parte superior. Aqui residem as origens de nossas controvertidas expressões. Nós, o Ego, concebemos a ideia, mas quando ela se reveste de uma forma na Região do Pensamento Concreto, sofre a influência escravizante do Corpo de Desejos, que se unindo à Mente, desde a Época Atlante, formou em nós uma espécie de “alma animal”.

Mas, não basta conhecer a Verdade. Ela apresenta a solução, mas, é mister alcançá-la. Como nos libertar e nos regenerar, nos tornando, de novo, à condição de ser espiritual, filho e herdeiro de Deus?

O livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, em sua última parte expõe magistralmente essa questão. Tudo se resume na prática dos Exercícios Esotéricos Rosacruzes recomendados e num persistente esforço de repetir o bem na vida diária. Em verdade, aquilo que em nós vê o defeito e o mal nos outros, é o lado inferior. O lado superior possui apenas a Força de Atração, simpatia, o amor, a filantropia, o Poder Anímico, a Força Anímica, a Vida Anímica e de todas as demais qualidades superiores da vida. Por isso vê apenas o bem, o amigo, o semelhante, o espírito e a essência que, unido a nós e a todos, forma a Onda de Vida humana ou Hierarquia Criadora de Peixes (aos Espíritos Virginais da Onda de Vida humana em evolução), Filhos de Deus, transitoriamente diferenciados na cor da pele e nas condições externas.

O Aspirante à vida superior deve se esforçar diariamente para sublimar seu “eu inferior”. Se for permissivo a ponto de deixar suas condutas ditadas pelo lado inferior, poderá ser comparado a um animal irracional. Em verdade, o ser humano dominado por sua Personalidade se torna inferior aos próprios animais.

A Onda de Vida humana é racional e detentora de uma Mente. Essa deve ser exercitada e espiritualizada. O Estudante Rosacruz está vigilante para essa verdade. Não se expõe à insensatez pela imposição, aos outros, de suas ideias. Tão pouco sofre sem proteções a insensatez dos outros. Em todas as suas ações procura ser prudente, sábio, amoroso e justo, expressando o que tem de superior. Apenas assim, poderá se elevar e, ao mesmo tempo, elevará os demais, edificando e perfumando todos os ambientes em que passar

(Publicado na Revista Rosacruz – janeiro/1966 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Cura e as Vibrações Astrais

A Astrologia Rosacruz nos informa que a sexta Casa de um horóscopo está associada à doenças, enfermidades e à saúde, e o Regente natural desse departamento da vida é o Signo de Virgem, o símbolo da pureza e do serviço.

O maior de todos os curadores, Cristo, nasceu de uma virgem (pureza e serviço), e toda a vida d’Ele foi trilhada por esses preceitos.

Observemos agora outro Signo que está relacionado com a cura: Escorpião.

Vemos esse Signo representado por um escorpião (animal rastejante) e pela águia (animal que voa), ou mesmo pela fênix (ave que, mitologicamente, consegue ressurgir das próprias cinzas) e devemos nos esforçar e trabalhar internamente para que possamos elevar “nosso escorpião” (pois todos nós o temos em nosso horóscopo, em alguma Casa em particular) do nível rastejante à águia ou fênix, que sulca os céus cheia de majestade, alcançando a regeneração, palavra essa, intimamente associada à Hierarquia Planetária de Escorpião.

Dessa forma, trabalharemos espiritualmente para que nossa sexta Casa, a Casa da saúde (Virgem) seja regenerada (Escorpião).

É interessante notar que entre os Signos de Virgem (pureza e serviço) e Escorpião (regeneração) encontra-se Libra, como que formando uma ponte celestial, unindo-os. O Signo de Libra está associado ao equilíbrio e à justiça, atributos esses que devemos cultivar em nosso íntimo.

Interessante também notar como está sendo difundido entre a classe médica o axioma hermético: “a cura está intimamente associada à mudança de hábito”.

É inquestionável que determinados hábitos trarão consequências nocivas à nossa saúde: bebidas alcoólicas, tabaco (qualquer que seja o tipo, inclusive as drogas), vida sedentária, alimentação inadequada e outros conhecidos maus hábitos.

Contudo há outra mudança de hábito que não deve ser descuidada, a que diz respeito aos nossos desejos, emoções, sentimentos e, dado a nossa Mente estar “contaminada” pelo Corpo Desejos, os nossos pensamentos. A medicina já comprovou que pessoas pessimistas, tristes, magoadas, tensas, nervosas, invejosas, mentirosas, orgulhosas, raivosas, impacientes, intolerantes, gulosas, avarentas, sovinas, coléricas, egoístas e afins possuem uma tendência à queda do sistema imunológico e, consequentemente, tendência a ficarem enfermas ou doentes.

Servindo amorosa e desinteressadamente – portanto o mais anonimamente possível – o irmão e a irmã ao seu lado, esquecendo os defeitos deles e buscando servir a divina essência que está oculta em cada um de nós, e que é a base da Fraternidade (Aspectos benéficos do Signo de Virgem) e vivendo uma vida equilibrada (Aspectos benéficos do Signo de Libra) alcançaremos nossa regeneração (Aspectos benéficos do Signo de Escorpião). Essa é a receita!

(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz-SP de maio-junho/2002-Colaboração do Centro Rosacruz de Santo André-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: O que o Discípulo pode esperar do Mestre

Janeiro de 1914

Cristo disse: “Pelos seus frutos os conhecereis”[1]. Suponhamos que ervas daninhas pudessem falar. Acreditaríamos em suas pretensões se elas declarassem serem parreiras? Certamente não; nós procuraríamos os seus frutos. E, a menos que elas fossem capazes de produzirem uvas, os protestos delas – não importa quão vociferantemente os pudessem fazer – não nos causariam impressão. Nós somos suficientemente sensatos em assuntos materiais para nos precavermos contra decepções; então, por que não aplicamos o mesmo princípio para outros departamentos da vida? Por que não usar sempre o bom senso? Se assim fizéssemos, ninguém nos poderia impor os seus pontos de vista em assuntos espirituais, pois cada reino da natureza é governado por uma lei natural, e a analogia é a chave mestra para todos os mistérios e uma proteção contra as decepções.

A Bíblia nos ensina muito, mas muito claramente, que nós devemos testar e provar os espíritos e julgá-los de acordo[2]. Se fizermos isso, nunca seremos enganados por pretensos mestres; e salvaremos a nós mesmos, aos nossos familiares e aos conhecidos – inclusive da Fraternidade Rosacruz – de muita tristeza, muita angústia, muita dor e de muita ansiedade, inquietação e aflição.

Vamos, então, analisar a questão e vejamos o que temos o direito de esperar de quem pretende ser um mestre. Para isso, devemos, primeiramente, nos fazer a pergunta: “Qual é o propósito da existência no universo material?”. E podemos responder a essa pergunta dizendo que é a evolução da consciência. Durante o Período de Saturno, quando a nossa constituição era semelhante à dos minerais, a nossa consciência era como a de um médium expulso do seu corpo por Espírito de Controle em uma reunião se evoca espíritos desencarnados para se materializar, onde uma grande parte dos Éteres, que compõem o Corpo Vital, foi removida. Então, o Corpo Denso está em um transe muito profundo. No Período Solar, quando a nossa constituição era semelhante à das plantas, a nossa consciência permanecia como no estado de sono sem sonhos, no qual o Corpo de Desejos, a Mente e o Espírito estão do lado de fora, deixando o Corpo Denso e o Corpo Vital em um leito ou em um lugar dormindo. No Período Lunar, tivemos uma consciência pictórica, correspondente ao sono com sonhos, quando o Corpo de Desejos está apenas parcialmente removido do Corpo Denso e do Corpo Vital. Agora, aqui no Período Terrestre, a nossa consciência foi ampliada para abarcar objetos fora de nós próprios, mediante uma posição concêntrica de todos os nossos veículos, como acontece quando estamos acordados.

Durante o Período de Júpiter, os Globos sobre os quais progrediremos estarão situados de forma semelhante ao que estavam no Período Lunar. E a consciência pictórica interna que, então, possuiremos será exteriorizada, pois o Período de Júpiter está no arco ascendente desse Esquema de Evolução. Assim, em vez de ver as imagens dentro de nós mesmos, poderemos, quando falarmos, projetá-las sobre a consciência daqueles a quem nos dirigimos.

Por conseguinte, quando alguém se intitula um Mestre, ele deve ser capaz de fundamentar sua afirmação dessa maneira, pois os Mestres verdadeiros, os Irmãos Maiores, que estão agora preparando as condições de evolução que devem ser obtidas durante o Período de Júpiter, têm a consciência pertinente àquele Período. Portanto, eles são capazes, e sem esforço algum, de utilizar essa linguagem pictórica externa e, assim, imediatamente dão evidências claras de sua identidade. Somente eles são capazes de guiar outros com segurança. Aqueles que não se desenvolveram a tal ponto, mesmo que possam estar até iludidos a seu próprio respeito e até imbuídos de boas intenções, não são dignos de confiança, e não devemos lhes dar crédito. Esta é uma aferição absolutamente infalível; e as pretensões de quem não pode mostrar seus frutos não tem maior valor do que a erva daninha mencionada daninhas mencionadas no nosso parágrafo inicial.

Todos os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz possuem esse atributo; e eu confio que nenhum dos nossos Estudantes, no futuro, se deixará enganar em seguir exercícios ou passar por cerimônias planejadas por qualquer pessoa que não seja capaz de produzir o fruto, e evocar imagens vivas na consciência daqueles com quem ele fala.

(Carta nº 38 do livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Mt 7:16

[2] N.T.: IJo 4:1

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Cinco Panoramas da Vida

À medida que nós, como Espírito em evolução – o Ego –, atravessamos os vários planos durante a nossa existência, defrontamos com os cinco Panoramas da Vida abaixo relacionados. Max Heindel explica os quatro primeiros no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e o quinto, no livro “Cristianismo Rosacruz”.

Os panoramas são os seguintes:

Panorama 1 – Após a morte;

Panorama 2 – No Purgatório;

Panorama 3 – No Primeiro Céu;

Panorama 4 – Na Preparação para o Próximo RenascimentoTerceiro Céu; e

Panorama 5 –No momento da entrada do Espírito na matriz do útero materno.

1 – Considerações sobre o Panorama de Vida “Após a morte”.

Toda nossa existência individual aqui na Terra, do nascimento até a morte, fica gravada no Corpo Vital, que é o repositório das memórias conscientes. Nesse Corpo, mais exatamente no polo negativo do Éter Refletor, que é o assento da memória subconsciente, estão todos os atos e experiências de todas as vidas passadas desde quando recebemos o Átomo-semente no Período de Saturno.

Após a morte, somos direcionados a rever, na ordem inversa, o panorama seguindo da morte até o nascimento. Nesse momento, somos apenas um expectador ante esse panorama da vida passada, pois, não expressamos nenhum sentimento pelo fato de estarmos ainda na Região Etérica do Mundo Físico. Sentimento é um atributo existente no Mundo do Desejo.

Esse Panorama da Vida dura de algumas horas até aproximadamente três dias e meio. Quando a resistência do Corpo Vital atinge seu limite máximo e não conseguimos mais nos manter desperto para rever esse Panorama da Vida, o Corpo Vital entra em colapso encerrando seu trabalho e somos impelidos a entrar no Mundo do Desejo. Assim, os veículos superiores – Corpo Vital (Éter Luminoso e Refletor), de Desejos e a Mente – são vistos abandonando o Corpo Denso em um movimento em espiral, levando consigo as forças do Átomo-semente que se localiza no ponto referencial do ápice do ventrículo esquerdo do coração. Esse é o Átomo-semente permanente do Ego, pois, será o núcleo que servirá para compor o Corpo da próxima encarnação. E os dois Éteres inferiores permanecem com o Corpo Denso inerte para desintegrarem-se.

Por isso, é oportuno que o “morto” não seja perturbado por lamentações e histeria até que termine essa gravação para que ela possa ser impressa no Corpo de Desejos de forma clara e nítida. Quando pudermos compreender que a morte é apenas um fim no Mundo Físico e um nascimento nos Mundos Espirituais, certamente, deixaremos de produzir sofrimento aos nossos entes queridos no leito de morte.

2 – Considerações sobre o Panorama de Vida “No Purgatório”.

Ao despertar do nosso Panorama da Vida depois da morte, no Purgatório, que está localizado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, assumimos imediatamente a aparência do Corpo que tínhamos durante a vida recém-terminada. Portanto, seremos reconhecidos por qualquer outro ser humano que porventura conhecemos, enquanto encarnado.

O Panorama da Vida “Após a morte”, como vimos acima, ocorreu na ordem inversa, isto é, da morte até o nascimento, porém, sem expressão de sentimento. Agora vemos a necessidade de purgar toda matéria mais grosseira de desejos, e novamente é revisto todo o Panorama da Vida em sentido inverso. A missão do Purgatório é erradicar os nossos hábitos prejudiciais, corrigindo as debilidades e vícios que retardam o nosso progresso, tornando impossível sua gratificação. Sofremos exatamente e com tripla intensidade o que fizemos os outros sofrerem, com os desejos, sentimentos e emoções inferiores gerados (por exemplo: ódio, intolerância, crueldade, raiva, inveja, etc.) e, também, pelas oportunidades perdidas na vida por nossa própria culpa e que foram traduzidas em desejos inferiores (culpa, medo, preguiça, desleixo, folga, etc.). E é graças a esse sofrimento e dor que aprendemos a gerar os desejos, sentimentos e emoções antônimos daqueles inferiores, dirigindo-os ao nosso próximo, numa vida futura e, também, aprendemos a lição de aproveitar melhor as oportunidades surgidas. Esse período no Purgatório dura aproximadamente um terço dos anos que vivemos em Corpo Denso.

Portanto, se quisermos escapar ou economizar esse tempo no Purgatório após a morte, vale salientar o enorme valor do exercício da Retrospecção para vivermos o nosso Purgatório todas as noites enquanto encarnados, introduzindo no Espírito, como sentimento correto, a essência das experiências diárias.

3 – Considerações sobre o Panorama de Vida “No Primeiro Céu”.

Findo todo o processo do Purgatório, os resultados dos sofrimentos são incorporados ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, o que nos comunica a qualidade de reto sentimento que atuará, no futuro, como impulso para o bem e repulsão ao mal. Então, nós, o Espírito, elevamo-nos ao Primeiro Céu, que está situado nas três Regiões mais elevadas do Mundo do Desejo: Vida Anímica, Luz Anímica e Poder Anímico. Aqui, o Panorama da Vida da vida desenrola-se outra vez, mas então as boas obras da vida são a base dos nossos sentimentos. Sentimos toda a felicidade que causamos aos outros, na vida anterior, e a gratidão que eles sentiram. Também sentimos alegria pelos aspectos espirituais dos atos construtivos realizados. Aprendemos a lição de que o bem e a verdade trazem uma recompensa suprema. No Primeiro Céu, nós, também, concretizamos os nossos desejos construtivos que alimentamos durante a vida terrestre e que não foram realizados. Aqui o que prevalece é o caráter.

Quando terminam todas as lições aprendidas no Primeiro Céu e depois de serem impressas no Átomo-semente do Corpo de Desejos, junto com a “essência” recolhida no Purgatório produzimos uma profunda convicção do que realmente é valioso para ser utilizado nos renascimentos futuros.

Assim, estamos prontos para realizar a transição para o Mundo do Pensamento.

4 – Considerações sobre o Panorama de Vida “Na Preparação para o Próximo RenascimentoTerceiro Céu.

Para nos situarmos, o Mundo Físico é o mundo da forma. O Mundo do Desejo, em que se acham o Purgatório e o Primeiro Céu, é especialmente o mundo da Cor. Mas, o Mundo do Pensamento, em que estão localizados o Segundo Céu e o Terceiro Céu, é o mundo do Som.

Depois de ter esgotado todas as experiências da vida passada, relacionadas aos desejos, sentimentos e emoções, nós, o Ego, abandonamos o Corpo de Desejos e entramos no Segundo Céu, situado na Região do Pensamento Concreto, o mundo dos sons. Música de caráter sublime constitui uma das delícias especiais dessa região. O Segundo Céu é o nosso verdadeiro lar. Ali permanecemos, geralmente, durante vários séculos, levando uma existência muito ativa e preparando o ambiente da próxima vida.

O quarto Panorama da Vida não acontece até que cheguemos ao Terceiro Céu. Que correspondente à Região do Pensamento Abstrato. Nós, o Tríplice Espírito – o Ego, o Espírito em evolução – estamos desnudos, pois, deixamos para traz os quatro veículos inferiores, porém, retivemos os Átomos-semente de cada um, para que sirvam, no futuro, à formação de novos veículos. Para a maioria de nós, no estado de evolução atual, o Terceiro Céu não é um lugar de atividade, porque suas vibrações são demasiadas superiores para a maioria de nós. A maioria de nós descansa; flutua na divina harmonia que enche essa Região e obtém as forças necessárias para renascer. Quando assimilamos suficiente força espiritual, desejamos novas experiências na Escola da Vida para nos aperfeiçoarmos.

Contemplamos então, um novo nascimento e aí surge uma série de quadros ante a nossa visão – um Panorama da Vida da nova vida que nos espera. Lembrando que esse Panorama da Vida irá conter somente os acontecimentos principais. Quanto aos detalhes é nos dada a própria liberdade de escolha. E essa visão do Panorama da Vida é do berço ao túmulo (ou seja: não é inversa) e o objetivo visto dessa maneira é mostrar como certas causas ou atos produzem certos efeitos.

Com a escolha feita prepara-se o nosso retorno ao nascimento, atraindo a quantidade de material necessário que deverão compor nossos Corpos e veículo para vivenciar naquele Panorama da Vida escolhido anteriormente.

Depois da escolha feita no Terceiro Céu, ficamos atrelados ao ajuste de contas e não podemos mais modificá-lo.

5 – Considerações sobre o Panorama de Vida “No Momento da Entrada do Espírito na Matriz do Útero Materno”.

Depois de atraído todo o material para composição de nossos Corpos e veículo que deveremos utilizar no novo nascimento ficamos com a nova roupagem flutuando constantemente próximo a nossa futura mãe que, sozinha, trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização, antes que o feto possa entrar no corpo.

O momento de entrada na matriz vital do útero é de grande importância na nossa vida, como afirma Max Heindel, “pois quando se põe em contato pela primeira vez com a já mencionada matriz do Corpo Vital, novamente comtempla o Panorama da vida que tem pela frente, e o que foi impresso naquela matriz pelos Anjos do Destino com o objetivo de dar-lhe as necessárias inclinações para liquidar as causas maduras na vida futura”.

Porém, se nos rebelamos contra o que está reservado para nossa vida futura, podemos tentar escapar a essa nossa prisão do futuro Corpo Denso. Mas, não podemos mais romper essa conexão e ficarmos forçando essa saída, o que muitas vezes pode provocar o deslocamento da cabeça do Corpo Vital com a cabeça do Corpo Denso que está se formando na matriz. De modo que o Corpo Vital ao nascer não estará concêntrico com o Corpo Denso, isto é, a cabeça do Corpo Vital estará acima do Denso. Essa nossa ação poderá se manifestar em termos que nascer e viver mentalmente como um idiota congênito.

Mesmo em condições favoráveis, passar pelo útero sempre trará uma tensão grande e penosa. Daí a importância dos pais em viver o mais harmoniosamente possível durante a gestação de seus filhos; com esse ambiente será possível ajudá-los no próximo nascimento.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Símbolos e Emblemas: qual a diferença entre eles e para que servem

Em todas as atividades filosóficas religiosas aparecem, frequentemente, os símbolos. O esoterista conhece um bom número deles e, por isso, pode interpretar logicamente os mitos. O Cristão esoterista sabe que a Bíblia não é um “livro aberto”. Ao contrário, é um compêndio riquíssimo, composto pelos Anjos do Destino, com tal Sabedoria que pode ser interpretada validamente por muitos modos. Podemos fazer uma ideia disso, pela citação de S. Paulo apóstolo, em uma de suas Epístolas: “a história de Sara e Agar é simbólica[1]. “Cristo-Jesus dizia falar por meio de parábolas, a fim de que, ouvindo-o, não o entendessem”. Em outra passagem, S. Paulo, pedagogicamente, afirma: “aos pequeninos na doutrina damos leite; aos adultos, alimento sólido[2]. Pelo exposto vemos que os livros mais profundos se constituem de “chaves” ou “mistérios” que vão sendo desvelados pelos seres humanos, na medida de sua iluminação interna.

Realmente, todas as coisas criadas devem ser consideradas de um duplo ponto de vista: espiritual e material. O Cristão-cientista leva evidente vantagem na compreensão de tudo, porque tem essa visão global. Ele sabe que o plano espiritual é o mundo das causas e o material, o dos efeitos. A visão do materialista é parcial e defeituosa, sendo amiúde induzido a erros. Também o Cristão místico muitas vezes se engana, porque dedica pouca atenção às leis da matéria. O ideal é a fusão da Ciência, Religião e Arte, ensinada pela Fraternidade Rosacruz e conducente a uma compreensão integral, una, coerente, dos aspectos externo e interno, do micro e do macrocosmo.

Que os Mundos espirituais são os das causas e o Mundo material, o dos efeitos, não há dúvida. Podemos comprová-lo a cada passo. O ser humano, racional que é, nada faz que não seja precedido pelo pensamento, pelo planejamento. Tudo o que existe ao nosso redor nasceu primeiramente de um pensamento, que era invisível a todos, menos a seu criador. O início do Evangelho de S. João, o mais profundo e misterioso dos quatro, afirma que “tudo nasceu do Verbo[3] e tudo o que vemos manifesto, inclusive nós, é carne provinda do Verbo.

No mundo mental, a Hierarquia Zodiacal de Sagitário, os Senhores da Mente, já em estado criador são os responsáveis pela formação dos quatro Reinos em evolução. Eles nos deram o germe da Mente e nos ajudam a desenvolvê-la. Nesse plano, consideram nossa evolução e Epigênese admitindo nossa interferência na formação de nossos futuros corpos e do ambiente em que vamos renascer, quando ainda estamos na vida antenatal.

De cada coisa criada – nossos veículos, os de um determinado animal, vegetal, um continente – há naquele plano mental um molde vivente, chamado Arquétipo, que é a origem vibratória que modela e sustenta as coisas manifestadas. Tais Arquétipos têm, cada um, determinado tempo de vibração, durante o qual a forma se mantém. Vencido esse prazo, deixa de vibrar e a forma se desfaz, porque a energia que a mantinha coesa se afasta, voltando à sua origem para formação de novos Arquétipos. É a morte física. Fica, todavia, na Memória da Natureza, uma gravação da forma criada, permitindo que, em qualquer tempo futuro, um Iniciado de quarto grau, como foi Max Heindel, possa verificar, na Região arquetípica do Mundo do Pensamento, os sucessos do passado, tais como foram e não como a história os relata.

Muitas vezes ocorre que uma coisa criada seja a combinação de vários Arquétipos. E muitas vezes um Arquétipo é modificado para que a forma, neste Mundo material, também o seja. É o caso, por exemplo, de certa região que sofra modificações, em virtude de uma erupção vulcânica. É o caso de todas as mudanças havidas através dos tempos no globo terrestre. Mas, as modificações, primeiramente, ocorrem no plano mental e depois no físico. É o mesmo que um indivíduo que, anos após haver construído sua casa, faz uma reforma e a modifica. Para isso ele modificou o primeiro planejamento, em sua Mente, atendendo a certas conveniências. Isso nos mostra como realmente “o que é em cima é como o que está embaixo”.

Esse preâmbulo é importante fundamento para o tema que nos propomos, sobre símbolos e emblemas.

Que é um símbolo? É a representação de uma verdade espiritual. É bem diferente de emblema.

Que é um emblema? É a combinação de certas ideias e coisas, de um ponto de vista material ou filosófico.

Nesta época de conquistas espaciais tem se falado como poderíamos fazer-nos compreender por habitantes de outros Astros ou de outros Sistemas Solares. Pois nós respondemos: através dos símbolos. Se projetarmos, por exemplo, um triângulo perfeito, damos imediatamente, a qualquer ser racional, deste ou de outros Sistemas Solares, a ideia de uma trindade em um. E por que entenderão? Porque somos todos, nós e eles, essencialmente Espíritos e o íntimo nos revela a significação do símbolo, não importa quão diferente seja nosso exterior do deles. Já o emblema, não; ele é o resultado do mundo fenomênico. Um brasão que represente um município, combinando ideias e coisas caracterizadoras dessa região, nada ou pouco dirá a um habitante de terras distantes, necessitando ser interpretado.

É verdade que também o símbolo, para ser compreendido com certa profundidade, deverá ser interpretado por pessoa competente. Mas, os significados do símbolo encontram eco em nosso interior, provocam certas vivências internas, reações espirituais, porque nosso íntimo reconhece algo familiar, que está sendo gravado em nossa persona ou natureza humana. O emblema já não provoca essa correspondência interna. No máximo, atende a certa correlação lógica de coisas e fatos. Às vezes, nem isso, como é o caso da pintura moderna, em que as representações exprimem uma indefinida vivência de seu criador.

A cruz é um símbolo. Ela corresponde a um conjunto de Arquétipos e de verdades pré-existentes. O madeiro inferior, partindo de baixo para cima, é uma expressão do reino de vida vegetal, porque as forças vitais mantenedoras do reino vegetal se exteriorizam, de dentro do Globo para a periferia, das raízes para as copas. O madeiro horizontal simboliza o Reino de vida animal, porque as forças espirituais mantenedoras desse Reino transitam pela superfície da Terra, passando pela espinha dorsal dos animais. Nenhum deles, por isso, pode manter-se durante muito tempo em posição vertical, pois morreria por falta desse influxo do Espírito-Grupo. O madeiro superior corresponde ao Reino de vida humano, porque as forças espirituais que se infundem em nós, vêm de cima para baixo. Assim, a cruz, fixada no solo mineral, é um conjunto de Arquétipos correspondentes aos quatro Reinos atualmente em evolução na Terra. Representa, igualmente, o conjunto instrumental do ser humano, a série de Corpos pelos quais atualmente se expressa: o Corpo Denso (o solo em que se fixa a cruz, o mundo em que evolucionam os elementos de que ele se formou), o Corpo Vital (o madeiro inferior, a capacidade etérica de metabolismo, procriação, capacidade sensorial, calor e circulação sanguíneos, memória), o Corpo de Desejos ou emocional (madeiro horizontal, capacidade de movimento, instintos, desejos e emoções) e veículo Mente (madeiro superior, laringe em vertical, influxo espiritual de cima para baixo, capacidade racional).

Dentre os materiais que Max Heindel recebeu dos Irmãos Maiores, para fundação da Fraternidade Rosacruz, está o símbolo da Cruz e das Rosas. Consiste numa Cruz trilobada e branca sobreposta a uma Estrela Dourada de cinco pontas. No centro da Cruz há uma rosa branca, rodeada por uma quase coroa de sete rosas vermelhas.

Já vimos o simbolismo da Cruz. É uma realidade arquetípica ter uma correspondência no Mundo do Pensamento Concreto. A cruz representa a cadeia completa de veículos pelos quais se expressa o gênero humano. Representa, igualmente, os quatro Reinos em evolução na Terra. As razões já foram explicadas.

As rosas simbolizam os Centros sensoriais do Corpo de Desejos, os pontos de percepção que devem ser despertados em nosso Corpo de Desejos. São faculdades latentes adormecidas, cujo despertar corresponde ao desabrochar das rosas das virtudes. O ser humano é uma planta invertida. A planta recebe o alimento pelas raízes e o encaminha para cima. O ser humano o toma em cima, pela boca, e o dirige para baixo. Os órgãos geradores da planta são a flor, coisa bela que deleita a quem a vê; que inspira o artista. A geração é feita castamente, sem paixão. O ser humano tem seus órgãos geradores em baixo e os esconde com vergonha. Seu ato gerador é mesclado de paixão. Desse modo, a flor simboliza um ideal de pureza que o ser humano deve alcançar um dia, quando haja sublimado seus instintos e dirija a força sexual criadora à cabeça, para despertar os dois centros sensoriais situados no crâneo.

Surge, então, a Clarividência, a iluminação, e a cabeça se converte numa auréola de luz, cuja haste etérica desce pela laringe, como autêntica flor espiritual. Nos trabalhos da Fraternidade Rosacruz, o Oficiante (o Estudante Rosacruz que está oficiando o Ritual do Serviço Devocional) sempre se dirige aos presentes com a saudação “que as rosas floresçam em vossa cruz”. É o desejo que ele expressa de que essa iluminação interna se realize em cada Aspirante à vida superior. Os ouvintes retribuem dizendo: “E na vossa também!”. As rosas são vermelhas, não o vermelho da paixão do sangue venoso, senão a expressão de energia pura. A rosa branca do centro é a súmula, a síntese das cores, o símbolo da Unidade de nossas virtudes.

Quando Max Heindel concebeu esse símbolo sob orientação dos Irmãos Maiores, sendo um Iniciado que havia atingido a Região Arquetípica do Mundo do Pensamento Concreto, sabia que ele correspondia a uma realidade espiritual com força interna para suscitar, no íntimo de quem o vê, uma mensagem de regeneração, um convite à elevação, algo que faz bem a nossa Alma. Não deve, pois, ser alterado em nenhum de seus detalhes, porque a forma mental de um emblema (pois não seria um símbolo) semelhante seria atraída ao Arquétipo verdadeiro, pela similitude vibratória da forma, provocando desarmonias no ideal de quem o criou.

Pelo exposto podemos compreender que os verdadeiros símbolos têm raiz espiritual e só podem ser transmitidos por um Iniciado. Aquilo que os neófitos criam para representar a mensagem que desejam transmitir a seus companheiros é apenas emblema, sem força de gerar em nossa alma os impulsos vibratórios induzidos dos Mundos internos. É por isso que os Evangelhos dizem: “Não temos outra autoridade senão a que recebemos dos céus; não precisamos combater nada; o que vem de Deus subsiste; o que vem do ser humano, logo passa”. “Mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6; 33).

Dessa fonte interna, quando começa a jorrar, é que provém a inspiração, a intuição, o magnetismo que atrai o poder de comunicar a ideia, a capacidade de congregar seres humanos e esforços.

A força comunicada pelos símbolos é que tem eternizado o Cristianismo. A força da Religião antiga judaica, transmitida por Moisés, igualmente residia nas coisas ocultas. O Tabernáculo no Deserto com suas dimensões, formas e finalidades era um símbolo do universo, do mundo e do ser humano. Por isso ainda se conserva o Antigo Testamento, que, junto ao Novo Testamento, constitui o mais completo documento evolucionário jamais dado à Humanidade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1968 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: Gl 4:24

[2] N.R.: ICor 3:1-3

[3] N.R.: Jo 1:1

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Nossos Corpos e Veículo: Suas Funções e Interações

A Terra na qual vivemos é composta de outros Mundos além deste que percebemos com os nossos sentidos.

Do mesmo modo, nós somos compostos de outros Corpos além deste Corpo que percebemos com os nossos sentidos físicos, o Corpo Denso.

Pensando mais profundamente, chegaremos à conclusão de que os demais corpos que possuímos devem ser compostos dos materiais desses outros Mundos que a Terra possui. Pois é uma lei cósmica que para podermos funcionar em um determinado Mundo ou Região de um Mundo, deve-se construir um Corpo com material ou matéria desse Mundo ou dessa Região, cujo material é diferente daquele de que é composto o nosso Corpo Denso.

Dá-se o nome de Corpo Vital ao corpo formado por matérias da Região Etérica do Mundo Físico, os Éteres.

Dá-se o nome de Corpo de Desejos ao corpo formado de matéria do Mundo do Desejo.

E dá-se o nome Mente, ao veículo formado por matéria da Região Concreta do Mundo do Pensamento.

Esses 3 corpos e o veículo mental são os instrumentos por meio dos quais trabalhamos para aprender, para servir e para viver.

S. Paulo chamou o Corpo Denso e o Corpo Vital de “corpo natural”, composto de sólidos, líquidos, gases e éteres. E de “corpo espiritual”, o Corpo de Desejos e a Mente (ICor 15:44-49).

Esses Corpos se interpenetram na seguinte ordem: o Corpo Vital interpenetra o Corpo Denso; o Corpo de Desejos interpenetra os Corpos Denso e Vital; e a Mente interpenetra o Corpo Denso, o Corpo Vital e Corpo de Desejos. Ou seja, os Corpos ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo. Todos eles são concêntricos, uns com os outros.

Falemos um pouco sobre o Corpo Denso. O Corpo Denso é o nosso mais valioso instrumento, não só por ser o mais antigo, mas também o mais organizado.

Sem dúvida é o mais grosseiro dos Corpos – no conceito de massa e peso que temos, a partir da Região Química do Mundo Físico – e por nos colocar em contato com a Região Química do Mundo Físico, traz-nos todas as qualidades e deficiências que já conhecemos. Entretanto, é o mais bem construído, basta lermos nos livros de anatomia e fisiologia que logo chegaremos a essa conclusão.

Um outro ponto interessante é lembrarmos que o baluarte da nossa evolução é aqui no Mundo Físico e, para aprendermos tudo que esse Mundo possa nos oferecer, é preciso ter um corpo bem-organizado a fim de, um dia, alcançarmos a perfeição e o domínio dos elementos e Leis deste Mundo.

Como disse S. Paulo em ICor 6:19-20: “Não sabeis que o corpo é o templo do Espírito Santo, que em vós? (…) Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo”.

E ainda: o Corpo Denso é o “Templo de Deus”, o templo do Espírito interno, um Templo vivo e devemos cuidar bem dele se quisermos funcionar conscientemente nele e, realmente viver nele.

Um cuidado especial que deve ser tomado está relacionado à alimentação. Durante toda a vida o Corpo Denso está sujeito a um processo de solidificação, o que o torna cada vez mais duro conforme passamos pela infância, adolescência, juventude, virilidade e velhice. A causa desse processo é um crescente depósito de fosfato de cálcio, carbonato de cálcio, sulfato de cálcio e outras substâncias minerais encontradas nos alimentos. Essa solidificação endurece os vasos sanguíneos, os músculos e as outras partes do corpo que movimentamos. Esse processo também obstrui os capilares tornando a circulação sanguínea deficiente e, consequentemente, os órgãos que se alimentam do sangue que ali transita.

Podemos retardar esse processo escolhendo alimentos que contenham pouca matéria calcária ou terrosa, estimular a transpiração, principalmente por meio de atividades físicas. Também evitar alimentos estimulantes e alimentos de difícil assimilação pelo nosso corpo.

Enfim: nossa alimentação deve ser alterada conforme se passam os anos e conforme altere o nosso ritmo de vida. É impossível dar uma regra geral sobre nutrição, pois “o que é alimento para uma pessoa, pode ser veneno para outra”.

A assimilação é um processo natural e diferente para cada um. A reação química aos alimentos quando fora do Corpo Denso segue leis bem definidas.

Entretanto, quando dentro do Corpo Denso, são impregnadas pela vida, pelo sentimento e pelo pensamento de cada um de nós de uma maneira individual.

É por isso que as moléculas individualizadas são difíceis de serem assimiladas por nós, tais como a da carne. Isso sem se falar das calcárias contidas nela. E isso sem se falar no aspecto moral de obrigarmos as pessoas a matarem os animais para nos fornecer alimento.

Apesar de termos tabelas que nos orientem, de fazermos exercícios físicos que nos colocam em forma, de cuidarmos dos alimentos que ingerimos, é indispensável ter uma atitude interna positiva sobre a alimentação. Façamos, sempre, esta pergunta: “comemos para viver ou vivemos para comer?”.

Do ponto de vista oculto é importante que vivamos o maior tempo possível em cada Corpo Denso. Pois se leva muitos anos até que consigamos educar tal Corpo, sendo necessário passarmos pela infância, adolescência e, finalmente chegarmos à virilidade. E só a partir do ponto em que despertamos para a vida espiritual é que, realmente, vivemos! Portanto, se quisermos dirigir plenamente o nosso Corpo temos que dar uma especial atenção à alimentação.

A mais pura expressão do Corpo Denso pode ser encontrada no nosso sistema esquelético, nas cartilagens, nos tecidos, na pele e nos pelos. Esses traduzem uma das suas principais funções: o de dar estrutura e sustentação. Astrologicamente os signos estão também relacionados com o Corpo Denso. Através do Signo de Câncer, renascemos neste Mundo Físico e, através do Signo de Capricórnio, o deixamos.

Agora, de nada valeria o Corpo Denso se não tivéssemos um Corpo Vital para vitalizá-lo. É o Corpo Vital que nutre o Corpo Denso. Ele é a exata contraparte do Corpo Denso. É formado pelos quatro Éteres: Éter Químico – responsável pela assimilação dos alimentos e pela excreção dos produtos não utilizados; Éter de Vida – responsável pela propagação da espécie; Éter Luminoso ou Éter de Luz – responsável pelo calor do sangue, pela circulação da seiva e pelos sentidos; e Éter Refletor – responsável pela memória.

Apesar de ser a contraparte do Corpo Denso, o Corpo Vital é ligeiramente maior, estendendo-se cerca de 4 cm além da periferia do Corpo Denso. Cada átomo do Corpo Vital penetra em cada átomo do Corpo Denso fazendo-o vibrar numa frequência que é a nota-chave de cada pessoa, imbuindo a cada átomo a força vital. Podemos ter um certo vislumbre disso quando “adormece”, por exemplo, a nossa mão, quando a circulação do sangue diminui. A sensação de formigamento e de dor são os átomos do Corpo Vital reanimando os átomos do Corpo Denso, aumentando-lhes a vibração até a frequência da nota-chave.

O Corpo Denso nasce assim que renascemos neste Mundo Físico. Já o Corpo Vital só nasce por volta dos sete anos, e assim só o Éter Químico. Os outros Éteres entram em atividade total em cada 7 anos subsequentes. Esses são os motivos de vermos o crescimento do Corpo Denso, uma vez que vemos o Corpo Denso através dos olhos físicos. Mas, para ver o Corpo Vital devemos desenvolver a visão etérica, a visão dos Éteres. Ela é uma extensão da visão física, já que ambas servem para ver as “coisas” do Mundo Físico. Através dela pode-se ver os Corpos Vitais e os Éteres trabalhando em toda natureza.

Toda e qualquer doença se manifesta no Corpo Vital e é só depois que se manifesta no Corpo Denso. Quando temos saúde, o Corpo Vital emite um som contínuo semelhante à de um besouro. Mas, quando estamos enfermos o som decresce em amplitude, os átomos vibram desarmonicamente. A nota desse som difere de pessoa para pessoa e é determinado pelo ascendente quando nascemos.

O Corpo Vital especializa a força vital que provém do Sol. É essa força que usamos para nos mantermos conscientes neste Mundo Físico e para expelirmos os microrganismos que causam doenças.

Quando comemos em demasia utilizamos muito dessa força vital para digerir o alimento. Daí a sonolência que advém. Aqui também vemos a importância da alimentação.

O desenvolvimento do Corpo Vital é feito mediante a repetição de coisas boas; pois ele é o nosso veículo dos hábitos e para que uma coisa boa se torne um hábito é necessário repeti-la muitas vezes. A intensidade com que realizamos e tornamos a realizar as coisas boas, constrói os bons hábitos. Daí a importância do exercício noturno de Retrospecção em nos lembrar das coisas boas que fizemos durante o dia, reforçando-as e das coisas não boas, rechaçando-as.

As experiências repetidas nele podem criar o hábito. A oração é um dos meios de produzir pensamentos delicados e puros que agem sobre o Corpo Vital, purificando-o. A oração do Pai Nosso, promulgada por Cristo, é a mais completa de todas. Sua repetição nos ajuda a conquistar o domínio próprio, a harmonizar o Corpo Vital e a nos tornarmos mais fraternos.

As forças do Corpo Vital têm sua mais pura expressão no Corpo Denso através do baço, do sangue, do coração, do sistema circulatório, das glândulas endócrinas e dos órgãos sensoriais. Astrologicamente, os Astros estão relacionados com o Corpo Vital. E através dele, no nosso mapa astral e nas configurações astrológicas temos toda gama de aprendizagem e as oportunidades para fazer coisas boas, repeti-las, transformá-las em hábitos e, extraindo a quintessência deles, assimilá-los como virtudes.

De nada adiantaria possuir o Corpo Vital que nos possibilita movimentar o Corpo Denso se não tivéssemos o Corpo de Desejos que nos dá o incentivo para a ação, para movimentar o Corpo Denso. É ele que nos dá o interesse, ou o desinteresse, para desejar algo.

É por causa dele que somos capazes de sentir desejos, sentimentos, emoções e paixões. O Corpo de Desejos não tem a mesma forma que os Corpos Denso e Vital. Durante a vida aqui na Região Química do Mundo Físico (enquanto estamos renascidos aqui) tem a aparência de um ovoide que envolve completamente o Corpo Denso, atingindo de 33 a 44 cm para fora desse Corpo, na Humanidade comum.

O Corpo de Desejos só nasce por volta dos 14 anos de idade, marcando o início da puberdade – em que começa a atração pelo sexo oposto, com seus desejos desenfreados e demais características próprias dessa fase.

Assim como enxergamos o Corpo Vital com a visão etérica, assim também, para enxergarmos o Corpo de Desejos é preciso a visão espiritual do Mundo do Desejo. Então, o veremos formado de vórtices que giram, no ser humano comum, no sentido dos ponteiros do relógio, e que têm como centros determinados pontos do Corpo Denso. Também veremos que ele apresenta todas as cores e nuances que conhecemos e outras que nem imaginamos que exista. Essas cores variam de pessoa para pessoa, e dependem das emoções e desejos que em determinado momento experimentamos. No nosso tema astrológico é o Astro Regente que imprime sua própria cor no nosso Corpo de Desejos. Por exemplo, se for Marte haverá uma tonalidade básica vermelha carmim no nosso Corpo de Desejos. Mas, isso varia de acordo com o momento ou do trabalho que o Ego faz sobre seus Corpos.

Ainda não dominamos o nosso Corpo de Desejos. Por esse motivo principal ainda somos vítimas da Lei – base da religião de raça – que tem como um dos principais objetivos subjugar o desejo.

Como disse S. Paulo em sua Epístola aos Romanos Cap. 7 Vers. 14 a 19: “Não entendo absolutamente o que faço, pois não faço o que eu quero, mas faço o que aborreço (…) eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetivá-lo. Não faço o bem que queria, mas faço o mal que não quero”. O mal aqui é o desejo incontrolado que nos faz satisfazer os nossos sentidos, independentemente de serem egoístas ou não; se prejudicam os outros ou não.

Fazer o mal aqui é relativo e depende de cada um.

Antes de despertarmos para o caminho espiritual, tudo nos é permitido. Se esse despertar ocorrer, pouco a pouco a percepção de que muito do que fazemos não é bom e fruto do egoísmo necessariamente ocorrerá. Pouco a pouco, então, passaremos ao domínio de nós mesmos e do nosso Corpo de Desejos. Como diz S. Paulo em sua Primeira Epístola aos Coríntios Cap. 6 Vers. 12: “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma”.

Importa ao Aspirante à vida superior: “estar no Mundo, mas não ser do Mundo”. E, para sabermos quão dominado está o nosso Corpo de Desejos, vem a tentação. Ela é a prova se estamos aptos a subir mais um degrau ou não!

As forças do Corpo de Desejos têm sua mais pura expressão no Corpo Denso através do fígado, dos músculos, do sistema reprodutivo e do sistema metabólico. Essa expressão dele é que impele o Corpo Denso à ação.

Astrologicamente falando, as Casas astrológicas estão também relacionadas com o Corpo de Desejos. Através delas temos toda a gama de assuntos que nos despertam o Sentimento de Interesse – provocando a Força de Atração ou a Força de Repulsão – ou o Sentimento de Indiferença. Por meio das Casas astrológicas, temos o incentivo para a ação ou a deliberação para refreá-la. E é interessante ressaltar que o Sentimento de Interesse e o Sentimento de Indiferença são “as alavancas que movem o Mundo”.

Para distinguirmos se os nossos desejos estão se tornando mais superiores, mais puros (entendamos aqui, mais superiores e mais puros, como desejos que são criados a partir de material das três Regiões Superiores do Mundo do Desejo, quais sejam, Poder Anímico, Luz Anímica e Vida Anímica; como exemplos citamos o altruísmo, a fraternidade, a filantropia, etc.); dependendo da natureza de nossas ações a Mente que regulará ou equilibrará os impulsos advindos dos nossos desejos. É ela que proporciona a qualidade refreadora pelo pensamento. É através dela que temos a capacidade de expressar nossas ideias e pensamentos-formas.

Ainda não nos acostumamos a viver com um raciocínio ordenado e consecutivo. Portanto, o que nos impulsiona mais são os desejos; não o raciocínio, o dever, mas, sim, o prazer. Isso ainda se dá porque a Mente está no seu primeiro estágio de evolução, o estágio dito mineral. Seu formato ainda é uma nuvem disposta em torno da nossa cabeça física. Por ser o veículo mais recente que recebemos então a sua utilização é muito incipiente. A Filosofia Rosacruz ensina várias técnicas e Exercícios Esotéricos para ajudar-nos a melhorar a utilização desse valioso veículo. Com isso, tempo virá em que ela será mais ativa e bem mais desenvolvida, chegando ao seu estágio de Corpo, no caso, Corpo Mental.

A Mente nasce por volta dos 21 anos de idade, quando atingimos a fase conhecida como maioridade. As forças da Mente acham sua mais pura expressão, no Corpo Denso, através do cérebro, do Sistema Nervoso e dos pulmões. Essas partes “iluminam” o Corpo Denso.

Nós agimos e utilizamos esses três Corpos e um veículo para evoluirmos. Durante as horas de vigília – quando estamos “acordados” na Região Química do Mundo Físico – o Corpo de Desejos e a Mente estão destruindo o Corpo Denso, através do pensamento e do desejo, que provocam o movimento e destroem os tecidos, órgãos, sistemas e demais partes do Corpo Denso. Já o Corpo Vital – que é cópia fidedigna do Corpo Denso – trabalha para reconstruí-lo, constantemente. Aos poucos, o Corpo Vital vai perdendo a força vital de tanto corrigir os estragos. Por fim paralisa-se, vem o sono e temos que dormir. Aí, então, começa, efetivamente, o trabalho de restauro do Corpo Denso pelo Corpo Vital: saímos do nosso Corpo Denso, levando conosco os dois Éteres Superiores do Corpo Vital – o Éter Luminoso e o Éter Refletor –, o Corpo de Desejos e a Mente, deixando junto ao nosso Corpo Denso, os dois Éteres Inferiores do Corpo Vital – o Éter Químico e o Éter de Vida. Permanecemos ligados pelo Cordão Prateado.

E, assim, depois de uma noite tranquila, de sono restaurador, estamos prontos para mais um dia de vigília, nesta escola da vida. Afinal, o baluarte da evolução é aqui, renascido, na Região Química do Mundo Físico!

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Razões pelas quais o Hipnotismo e a Mediunidade devem ser evitados

No princípio do nosso desenvolvimento nesses Esquema de Evolução todos nós éramos Clarividentes involuntários, por ser débil o laço existente entre o Corpo Vital e o Corpo Denso. Foi essa a nossa condição, por exemplo, na Época Lemúrica desse Período Terrestre. Temos, no livro Conceito Rosacruz do Cosmos, uma descrição detalhada de: quando foi, porque tinha que ser assim e para que serviu naquele momento. De então para cá, os nossos Corpo Denso e Corpo Vital se compenetraram muito mais intimamente; isso na maioria de nós; porém, entre nós há o que chamamos de “pessoas sensitivas”, onde esse laço entre os dois Corpos citados é pouco firme. É essa debilidade desse elo que constitui a diferença entre as “pessoas sensitivas” e as “pessoas não sensitivas”, inconscientes de toda classe de vibrações não perceptíveis pelos cinco sentidos.

Ainda temos duas classes de “pessoas sensitivas” entre nós: a primeira classe é composta daquelas que não estão, ainda, firmemente ligadas à matéria, como muitos irmãos e muitas irmãs que ainda estão no caminho descendente desse Esquema de Evolução (ou seja: ainda não atingiram o nadir da materialidade, não alcançaram o ponto de domínio da Região Química do Mundo Físico – mormente os que nascem e vivem no lado oriental do nosso Planeta Terra); a segunda classe é composta daquelas que estão na vanguarda da evolução (ou seja: já atingiram o nadir da materialidade, já alcançaram o ponto de domínio da Região Química do Mundo Físico (aqui incluindo os que estão buscando treinamento esotérico para viver conscientemente na Região Etérica do Mundo Físico) – mormente os que nascem e vivem no lado ocidental do nosso Planeta Terra).

Essa segunda classe de pessoas podemos dividir em dois tipos. No primeiro tipo estão as pessoas que, por vontade própria, desenvolvem a força vibratória dos órgãos agora unidos com o Sistema Nervoso voluntário. Convertem-se, por treinamento esotérico, em Clarividentes voluntários ou positivos; nessas pessoas os centros sensoriais dos seus Corpos de Desejos produzem vórtices que giram no sentido do movimento dos ponteiros de um relógio analógico.

E no segundo tipo estão as pessoas de “vontade fraca”, que se deixam se desenvolver em maneira passiva (ou seja: ativam a reminiscência daquele momento desse Esquema de Evolução que descrevemos no início desse texto; afinal é muito mais fácil revivenciar algo que já experimentou no passado do que conquistar algo novo). Despertam o Plexo Celíaco (ou Plexo Solar) e outros órgãos unidos com o Sistema Nervoso involuntário e desenvolvem um estado de consciência dos planos interiores, como imagem refletida num espelho, semelhante à consciência que nós possuíamos na Época Lemúrica. Os centros sensoriais dos seus Corpos de Desejos giram ao contrário do movimento dos ponteiros de um relógio analógico. Assim, convertem-se em Clarividentes involuntários ou negativos (por exemplo, os médiuns), sem controle próprio algum sobre a faculdade desse tipo de Clarividência. Muitas vezes, são vítimas de espíritos inferiores, apegados à Terra – irmãos e/ou irmãs que morreram e que não quiseram entrar no Purgatório e começarem, de fato, a viver a vida celeste – que, dizendo-se “Guias”, “Líderes”, “espíritos de luz”, “fulano ou ciclano”, desenvolvem suas vítimas como, por exemplo, “médiuns de transe”.

Se a união entre os Corpos Denso e Vital do Clarividente involuntário é particularmente frouxa, desenvolvem-no como, por exemplo, “médium de materialização”. Espíritos de elevada natureza moral nunca exercem controle sobre nenhuma pessoa, pois conhecem métodos muito mais eficazes de prestar auxílio a quem precisa e compreendem o quanto é prejudicial para ele e para a pessoa que precisa de ajuda burlar o livre arbítrio e tomar posse de um Corpo que não é seu. São os espíritos inferiores e apegados à Terra que se encarregam disso.

A morte não tem poder de transformação. Não converte o pecador em santo, nem o ignorante em sábio. É patético, para o Clarividente voluntário treinado ver espíritos carentes de experiência controlarem “pessoas sensitivas” daquele segundo tipo descrito acima.

O espírito inferior e apegado à Terra inexperiente, às vezes, entra e toma posse do Corpo, de modo que não pode sair dele, quando quiser. Então, o Ego – o dono do Corpo Denso – perdeu seu Corpo e a sua Personalidade muda completamente.

Os elementais são uma classe de espíritos sub-humanos. Frequentemente, tomam posse dos Corpos de Desejos, já abandonados por seres humanos inferiores, e têm poder sobre os Clarividentes involuntários, como “espíritos de controle”. Na materialização dos espíritos, o Éter do Corpo Vital do Clarividente involuntário é retirado por meio do baço e usado como meio de materialização, atraindo partículas de pó, para torná-lo visível. Esse procedimento debilita seriamente a vitalidade do Clarividente involuntário e, não raro, um extremo esgotamento leva-o a consumir bebidas alcoólicas, drogas e outros estimulantes.

Às vezes, durante anos, “espíritos de controle” perversos assumem atitudes de santos, precisamente para controlar suas vítimas. Geralmente só proclamam trivialidades altissonantes e hipocrisias insensatas, de nenhum valor. Alegram-se em enganar suas vítimas, abandonando-as posteriormente. Depois de ter dominado um Clarividente involuntário durante toda a vida, podem, na morte, usurpar os veículos que mantêm a experiência da vida e retê-los durante séculos, atrasando terrivelmente a evolução do Ego. Por conseguinte, aconselhamos insistentemente, a todos os Estudantes Rosacruzes: nunca consintam ser guiados, ou controlados, por espíritos de irmãos ou de irmãs desencarnados (que estão apegados à Terra e exerçam a função de “espírito de controle”) que não possam ver e sobre os quais nada saibam. É necessário não abandonarmos, jamais, o controle de nós mesmos. Afinal o domínio próprio, o autocontrole é uma das principais qualidades que o Estudante Rosacruz deve cultivar e vivenciar nessa vida.

No hipnotismo, o hipnotizador obtém controle sobre a vítima, induzindo-a, primeiro, a fazer-se perfeitamente negativa, ou passiva. Depois, agindo na cabeça do Corpo Vital do indivíduo, oprime-a, de tal modo, que a desliga da cabeça física, fazendo-a cair em volta do pescoço. O contato entre o Ego e o Corpo Denso fica cortado, como durante o sono. Então, a cabeça física fica com o éter do Corpo Vital do hipnotizador. Desse modo, o hipnotizador obtém poder sobre o indivíduo e, pelo contato assim estabelecido, pode transmitir e obrigar a pessoa hipnotizada a cumprir sua vontade. Estabelecido o domínio sobre a vítima, pode mantê-lo o tempo que queira e independentemente de toda distância. Só a morte pode romper esse contato.

De nenhum modo é recomendável ao Estudante Rosacruz assistir à reuniões, sessões ou quaisquer encontros onde há a condição de possessão por “espíritos de controle”, parcial ou totalmente em Corpo Densos de irmãos ou irmãs que se prestam como Clarividentes involuntários (e que querem induzir aos presentes a fazer o mesmo, ainda que esses estejam inconscientes, na maioria das vezes, por desconhecimento das consequências na vida deles), ou demonstrações de hipnose ou hipnotismo, porque existe o perigo de algum “espírito inferior” se apegar ao Estudante Rosacruz, causando muitos mais incômodos, dado o processo de Treinamento Esotérico que esse está se desenvolvendo.

A prancheta é outro meio pelo qual os “espíritos desencarnados” e/ou os elementais podem dominar os crédulos. Ao empregar esse objeto, como diversão, uma pessoa negativa é, gradualmente, colocada sob controle, primeiro a mão e o braço usados e, finalmente, toda a Personalidade. Os pais não devem nunca permitir a seus filhos usar a prancheta como brinquedo!

Há um meio de nos proteger contra influência e domínios externos: vivendo uma vida pura e empregando os dias em atos de servir a Deus e aos seres humanos, elaborando pensamentos e atos de natureza pura e nobre, sempre. Assim, aumentamos e convertemos em positivos nossos veículos sutis, de maneira que nenhuma entidade possa forçar a entrada em nossa aura, nem exercer qualquer controle sobre nós (“contra a luz a trevas nunca prevalecem”). Assim, também, construímos o Corpo- Alma, com os Éteres superiores, uma força espiritual radiante que nenhuma entidade de fora pode subjugar.

O objetivo do método de desenvolvimento Rosacruz é precisamente este: emancipar o Estudante Rosacruz da dependência dos outros (encarnados ou desencarnados) e obter confiança em si mesmo, no mais alto grau.

Se formos escravos, ou instrumentos de hipnotizadores, ou de espíritos desencarnados, ou de elementais, nunca poderemos obedecer ao Deus interno, nem escutar as ordens do nosso “Eu superior”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1972-Fraternidade Rosacruz-SP)

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