Arquivo de categoria Filosofia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Há métodos de erradicação das matérias calcáreas ou terrosas que entram nos nossos Corpos Denso devido a métodos errados na dieta alimentar?

Resposta: A questão mostra que o perguntante está ciente de que nossos Corpos Densos estão, gradualmente, endurecendo desde infância até a velhice, por conta das substâncias calcárias contidas na maioria dos alimentos com os quais normalmente nutrimos nossos Corpos Densos. Essa matéria calcárea é, inicialmente, depositada nas paredes das artérias e veias, causando o que já é bem conhecido pelos profissionais de saúde como: arteriosclerose, aterosclerose, arteriolosclerose e arteriosclerose de Monckeberg [1] ou endurecimento das artérias. As artérias de uma criança pequena são extremamente macias e elásticas, como um tubo de borracha, mas gradualmente, à medida que avançamos na infância, juventude e em direção à velhice, as paredes das artérias se tornam mais duras em consequência dos depósitos de carbonato de cálcio deixados pelo sangue que passa por elas. Assim, com o tempo, elas podem se tornar tão rígidas e inelástica como, por exemplo, a haste de um cachimbo de barro[2]. Então, as artérias se tornam quebradiças e podem se romper, causando hemorragia e morte. Há um ditado que diz que “um homem é tão velho quanto suas artérias”[3]. Se pudermos limpar as artérias e os capilares dessa matéria terrosa, podemos prolongar muito a vida e a utilidade do nosso Corpo Denso.

Do ponto de vista oculto, é claro, “não importa se vivemos ou morremos”, como diz o ditado, pois a morte para nós não significa aniquilação, mas apenas a mudança da consciência para outras esferas; no entanto, quando trazemos um veículo através dos anos da infância – onde não somos capazes de prestar o devido serviço ou de ajudar como se deve –, passando pelos anos da juventude – onde temos dificuldades em controlar os nossos desejos e, muitos se entregam a satisfazê-los desenfreadamente –, e chegamos ao tempo de conseguir praticar o discernimento, quando estamos realmente começando a ganhar a experiência que tanto precisamos, então quanto mais pudermos prolongar o tempo de vida aqui, mais podemos adquirir e aprender o que precisamos. Por esta razão, é de um certo valor prolongar a vida do Corpo Denso.

Para atingir este resultado, devemos primeiro selecionar os alimentos que estejam menos impregnados com substâncias asfixiantes ou terrosas que causam o endurecimento das artérias e capilares. Alimentos que não contêm tais substâncias são, por exemplo, todos os vegetais verdes e todo e qualquer tipo de fruta. Em seguida, é importante erradicar a matéria asfixiante que já absorvemos, se isso for possível, mas a Ciência ainda não encontrou nenhum alimento ou medicamente que, com certeza, produz esse efeito. Banhos elétricos[4] foram considerados extremamente benéficos, mas não totalmente satisfatórios. O buttermilk[5] é o melhor agente para erradicar essas substâncias terrosas, e depois vem o suco de uva. Se tomadas continuamente e em quantidades generosas, essas substâncias melhorarão consideravelmente a condição endurecida das artérias.

(Pergunta nº 40 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: O termo arteriosclerose é considerado mais genérico, significando o enrijecimento e a consequente perda de elasticidade da parede arterial, abarcando os demais tipos. A aterosclerose é uma doença inflamatória secundária a lesões na camada íntima, que tem como principal complicação obstrução crônica e aguda do lúmen arterial. A arteriolosclerose se refere ao espessamento das arteríolas, particularmente relacionada à hipertensão arterial sistêmica. Já a esclerose calcificante da média de Monckeberg designa a calcificação, não obstrutiva, da lâmina elástica interna ou da túnica média de artérias musculares. Essas doenças e enfermidades estão relacionadas com o “colesterol ruim”.

[2] N.T.: Uma artéria da haste de cachimbo é um vaso calcificado que aparece como um padrão de “trilho” em radiografias. É um resultado da calcinose medial de Mönckeberg, uma condição que afeta a túnica média de artérias de médio porte.

[3] N.T.: é uma citação do médico inglês do século XVII Thomas Sydenham, o que significa que o envelhecimento cronológico é caracterizado pelo enrijecimento das artérias.

[4] N.T.: No século XIX, banhos elétricos eram um tratamento médico que usava eletricidade de alta voltagem para eletrificar pacientes. O objetivo era estimular a circulação e a função dos órgãos. Nos EUA, esse tratamento foi chamado de Franklinização, em homenagem a Benjamin Franklin. O processo se tornou amplamente conhecido depois que Franklin o descreveu em meados do século XVIII, mas depois disso foi praticado principalmente por charlatões. Golding Bird o trouxe para o Guy’s Hospital em meados do século XIX e caiu em desuso no início do século XX.

[5] N.T.: O leitelho ou leite de manteiga é um líquido que se obtém com o batimento da nata (previamente ajustado o seu conteúdo em gordura) em manteiga. No processo de preparação da manteiga, deve-se ter o cuidado de não elevar muito a temperatura porque ocorre a diminuição do tamanho dos glóbulos de gordura causando perda de matéria gorda, que fica misturada no leitelho, diminuindo o rendimento da manteiga. O teor de acidez também interfere na produção de manteiga, induzindo a precipitação parcial da caseína, ocasionando uma obstrução na centrífuga. Tradicionalmente, era o líquido deixado para trás depois de extrair a manteiga do creme curado, no entanto, atualmente a maioria dos leitelhos são cultivados. É muito simples preparar buttermilk caseiro. Tudo que você irá precisar é de nata ou creme de leite fresco. No processador, bata o creme de leite fresco ou nata durante 10 minutos. Você perceberá que uma bola de manteiga se formará, mas um líquido estará no processador separado da manteiga. Use uma peneira para separar a manteiga do líquido formado. Esse líquido é o leitelho!

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Por favor, qual é a compreensão Rosacruz sobre a quarta dimensão?

Resposta: A quarta dimensão é uma dimensão espiritual e não física. Existem apenas três dimensões físicas:  comprimento, largura e espessura. O universo físico não vai além dessas três dimensões. A quarta dimensão, sendo de natureza espiritual, abre os Mundos espirituais à nossa percepção. É uma dimensão interior; isto é, ela não se estende pelo espaço em uma nova direção, mas penetra na natureza interna da matéria. A única maneira pela qual nós, com nossas Mentes concretas exercitadas para trabalhar com formas tridimensionais, podemos obter uma concepção da quarta dimensão é por analogia, como segue.

Suponha que existisse um universo bidimensional, um plano sem espessura; suponha também que existissem seres bidimensionais nesse plano, também sem espessura. Então a terceira dimensão, que conhecemos como espessura, seria para eles uma qualidade desconhecida e nós, que vivemos nela, seríamos considerados por eles como, por exemplo, Anjos, deuses ou seres afins. Além disso, o mundo tridimensional com o qual estamos familiarizados seria infinitamente maior do que o plano bidimensional com o qual esses seres bidimensionais estariam familiarizados.

A relação da quarta dimensão com a terceira é igual a da terceira com a segunda. A quarta dimensão, ou dimensão interna, começa perpendicularmente às três dimensões com as quais estamos familiarizados e prossegue na matéria em direção interna. Podemos ir em direção interior às qualidades espirituais da matéria por um número infinito de bilhões de quilômetros.

Nunca seremos capazes de compreender a quarta dimensão espacial até que a quarta dimensão da nossa Mente seja aberta; isto é, até desenvolvermos o sexto sentido. Além da quarta dimensão, temos a quinta, a sexta e a sétima dimensões e cada uma delas mostra a nós um Universo inteiramente novo. O Mundo do Desejo tem quatro dimensões, o Mundo do Pensamento tem cinco dimensões, o Mundo do Espírito de Vida tem seis dimensões e o Mundo do Espírito Divino tem sete dimensões. Todo Estudante Rosacruz deveria ter alguma compreensão da quarta dimensão, pois sem ela não podemos formar uma concepção verdadeira dos Mundos espirituais. O Método Rosacruz de Conhecimento Direto nos capacita para isso.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como pode ser conquistada a Clarividência Voluntária?

Resposta: Tudo o que podemos dizer aqui é indicar os primeiros passos conducentes à aquisição dessa faculdade. O primeiro exercício desenvolve a concentração mental – é o Exercício Esotérico Rosacruz matutino da Concentração – e a ocasião mais indicada para iniciar e desenvolver essa prática é pela manhã logo ao despertar. Antes que os cuidados do dia nos assoberbem, pomo-nos relaxados e cômodos, apenas a Mente vigilante é enfocada nesse exercício. Nessa ocasião, recém-chegados dos Mundos internos, mais facilmente poderemos trazer à Mente as impressões e imagens que lá tivemos.

A técnica é a seguinte: não se movimente. Relaxado e cômodo focalize mentalmente o exercício. O estado relaxado do Corpo Denso não apenas objetiva a confortável posição, mas principalmente a permitir a cada músculo do Corpo Denso não ficar em estado de tensa expectativa. A tensão muscular frustra os objetivos do exercício. Ao se por tenso, o Estudante Rosacruz desperta e dá ênfase ao Corpo de Desejos, que se expressa pelos músculos estriados (ou voluntários) e tendões do corpo, o qual impede a calma necessária à concentração mental.

Primeiramente, devemos fixar nosso pensamento firmemente num ideal ou em algo elevado, sem desviar-se. Alguns exemplos são: o Símbolo Rosacruz, uma rosa, os cinco primeiros versículos do Evangelho Segundo de S. João, entre outros. É tarefa difícil, mas devemos persistir com entusiasmo, sem esmorecimentos, até que a possamos realizar bem, o esforço compensa, pois leva seguramente a resultados maravilhosos.  Veja: qualquer objeto poderá ser utilizado, de acordo com o temperamento e a capacidade mental do Aspirante à vida superior, contanto que puro e edificante. A lembrança do Cristo poderá ser um motivo de concentração. As flores, particularmente, poderão servir a este propósito. Se é a figura de Cristo-Jesus, devemos imaginá-lo como um Cristo real, dotado de expressão. Assim, deve tudo ser construído como ideal vivente e não estático e morto. Se escolhermos uma flor devemos, em imaginação, tomar a semente, enterrá-la no solo e fixarmo-nos neste quadro. No momento veremos a semente brotar, estendendo suas raízes que penetram na terra em forma espiralada. Dos seus principais ramos percebemos inúmeras radículas projetarem-se em todas as direções. Depois vemos a haste se projetar para cima rompendo a superfície da terra, surgindo como um diminuto pedúnculo. Um diminuto raminho surge da haste principal. Depois outro raminho. E mais outros, até o despontar de alguns botões. Presentemente, o que desperta mais a atenção são inúmeras folhas. Surge depois um botão no topo. Este botão cresce até que as pétalas de uma rosa vermelha surjam ao lado das folhas verdes, impregnando o ar com perfume dulcíssimo.

Veja: a concentração é um processo gradual. O primeiro quadro que o Aspirante à vida superior constrói será, naturalmente, obscuro e pobre. A pouco e pouco, através do exercitamento, poderá sobrepujar essas limitações, construindo, então, uma imagem real e viva.

Quando o Aspirante à vida superior se tornar apto a formar tais quadros e sobre eles mantiver a Mente enfocada, poderá retirá-los rapidamente do campo mental, conservando-se alheio a qualquer pensamento, na expectativa do que surgirá em lugar da imagem. Durante algum tempo, talvez, nada venha a ocorrer. Contudo, exercitando-se fiel e pacientemente todas as manhãs, tempo virá em que, ao afastar o quadro que tenha imaginado, o Mundo do Desejo se abrirá a seus olhos internos. A princípio poderá ser uma rápida visão, porém será uma mensagem daquilo que virá oportunamente.

Afinal o pensamento foi conquistado pelo emprego de metade de nossa força sexual criadora. Portanto, é também criador. Ele representa o poder de formar imagens, quadros, formas, mentais, segundo as ideias que internamente suscitamos. O pensamento é nosso principal poder. Nosso destino de seres racionais é de obter sobre ele absoluto domínio. Qualquer um, devidamente orientado, pode antecipar essa meta gloriosa e descortinar possibilidades inacreditáveis. O controle sobre a Mente permite a manifestação de imaginações reais, geradas por nós mesmos, o Ego, e não simples ilusões induzidas inconscientemente por condições exteriores.

O pensamento é o mais poderoso meio de obtenção do conhecimento. Se o concentrarmos sobre um assunto, ele abrirá caminho através dos obstáculos e resolverá o problema.

Nada está além da humana compreensão, quando chegamos a controlar e utilizar a força do pensamento. Geralmente dissipamos, dispersamos e enfraquecemos o pensamento-forma e em tal caso será de pouca utilidade, porque não atrai nem suscita no plano mental os dados necessários à global compreensão do assunto em foco. Todavia, uma vez estejamos devidamente preparados para o reto uso do poder mental, todo o conhecimento estará a nossa disposição. A importância disso só o avaliará devidamente o que tenha vislumbrado os resultados da Concentração. O Aspirante à vida superior não pode se furtar a essa meta. A princípio ficará aborrecido porque, ao tentar concentrar, a Mente foge e notará que pensa em tudo a que se encontra sob o Sol, em vez de fixar no ideal ou objeto proposto. Mas não deve desanimar. Com o tempo e perseverança o domínio se tornará menos difícil e os seus sentidos vão se disciplinando, até conseguir relativa concentração do foco mental.

O principal fator de êxito para lograrmos concentrar bem é a persistência; seguido de perto pela perseverança, obstinação, repetição, até vencer a luta. O que é mais difícil traz frutos mais valiosos. Sem persistência resultado algum poderá ser obtido. É inútil fazermos esse Exercício Esotérico Rosacruz em uma, duas ou três manhãs ou mesmo semanas, para, depois negligenciá-los, falhando, interrompendo, reiniciando. Para ser efetivo, o exercício deverá ser feito fielmente todas as manhãs, sem nenhuma falha. Melhor ainda se for à mesma hora e lugar porque se irá formando uma força vital que auxiliará e abreviará a meta. E uma vez conquistado um bom resultado, devemos continuar o exercício, pois a natureza não admite inação. “O exercício assegura o resultado, como a função faz o órgão”. Toda função que só interrompe, vai retrocedendo e se atrofiando. O Exercício Esotérico metódico e constante mantém em ascensão e evolução todas as coisas.

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz maio/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Desprendimento é uma das mais necessárias Qualidades da Alma

Nesta época em que as vibrações do Cristo Solar se fazem sentir mais amplamente na esfera pesada da Terra, se formos meditar sobre o Seu imenso sacrifício de Amor renovado em cada Natal, chegaremos infalivelmente ao desprendimento.

Porque é pelo desprendimento de Si mesmo que o Adorável Espírito desce anualmente do Seio do Pai para revitalizar nosso Planeta Terra; e será também pelo desprendimento, que chegaremos um dia, com Ele, ao Trono do Pai. Portanto, nesta época solene será oportuno pensarmos um instante no que seja o desprendimento; será interessante considerarmos que se trata de uma força interna que nos ensina a viver na “carne” uma vida separada, independente, liberta de todas as coisas e de todos os seres.

O desprendimento faz, realmente, nos sentirmos em nós mesmos, mas desapegado de nós mesmos como um ser humano, liberto da nossa própria tirania e da tirania de todas as coisas que nos cercam, das coisas que podem nos escravizar a qualquer sentimento transitório. Poderemos, assim, realizarmos as coisas do mundo sem preocupação com essas mesmas coisas, desligados das decepções, dos desafetos, das traições e das maldades. Viveremos aplicando a Lei de Causa e Efeito – ou Lei de Consequência –, e compreendendo que os efeitos e as causas estão no coração de cada um de nós.

O desprendimento desperta a Individualidade, nos leva à libertação dos apegos a que a Personalidade costuma nos cingir. Na verdade, quando desprendidos não sentimos necessidade de perdoar os males que nos fazem, porque começamos a perceber que o perdão é o resultado do nosso próprio egoísmo, que se perdoamos as ofensas que nos fazem, estamos apenas satisfazendo a nós mesmos, procurando agradar ao nosso “eu inferior”. Isso porque, para chegar ao desejo de perdoar, tivemos que atravessar, em maior ou menor escala, o caminho do ressentimento. Quem não se ressente e não odeia, nada terá a perdoar de ninguém. O próprio Cristo, no momento supremo do Seu martírio, ao ouvir, do alto da cruz, os apupos da multidão, não disse: “Eu vos perdoo!”, mas, “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem!” (Lc 23:34). Mesmo na Oração do Senhor, o Pai-Nosso, o perdão aos nossos devedores a que se referiu Cristo-Jesus, quando ensinou a sublime oração a Seus Discípulos, quis significar que não devemos imputar dívidas aos nossos semelhantes, quando nós próprios não estamos livres de contrair essas mesmas dívidas. Se formos mesmo refletir um pouco, veremos que as dívidas dos outros para conosco são realmente nossas próprias dívidas, porque tudo o que nos sucede é sempre fruto do nosso próprio merecimento: que nada teremos que perdoar a outro irmão ou a outra irmã; teremos, sim, que pedir perdão a Deus por merecer ainda que alguém nos ofenda, que a vida nos seja madrasta, que o mal nos persiga na forma de seres ou de acontecimentos adversos.

E, quando chegarmos a viver sob esse entendimento, acabaremos encarando todas as coisas com naturalidade. Nada nos causará espanto ou admiração, nada nos amedrontará ou há de nos assustar jamais. Seremos igualmente equilibrados, tanto na dor, como no prazer, de modo que nada poderá abalar a nossa segurança íntima. Manteremos uma atitude de completa serenidade, porém, não ficaremos alheio ao que se passa em torno de nós. Pelo contrário, a todos procuraremos ajudar com carinho e atenção. Apenas manteremos a nossa aura fechada a qualquer incursão estranha a nossa própria vontade.

Quando desprendidos amamos nosso irmão, nossa irmã, nossa família, nossos amigos, todos ao nosso reder, mas não deixamos de conservar, mesmo dentro desse amor, a nossa própria Individualidade. Seremos capazes de agir e de pensar, de amar e de viver pelos que nos são caros, mas viveremos sem entregas, para os ajudar a viver, para lhes minorar os pesares, para os confortar na mágoa, para lhe dar felicidade. Isso será justamente o que há de importar mais ao nosso coração: dar felicidade, tornando mais fácil e mais bela a vida do nosso semelhante. E não só no ambiente do lar, mas a todos os seres com quem entramos em contato, estenderemos os nossos propósitos de Amizade Fraternal. Seremos bom, amigo ou amiga, correto com todos, compreensivo e tolerante, mas tolerante no sentido mais puro, porque a tolerância mal compreendida pode ser uma espada de dois gumes. Tanto poderá resultar de um sincero desprendimento nosso, como do egoísmo também nosso. Isso porque, muitas vezes, podemos tolerar por medo, ou para nos beneficiar, ou para nos engrandecer aos olhos do mundo, e não por amor ao nosso semelhante e a Deus nele.

Para sabermos tolerar com amor, compreendendo os erros dos outros através da Lei de Causa e Efeito, temos que ser desprendidos, e desprendidos até da nossa própria tolerância. Esse desprendimento tem que vir de dentro, do nosso foro íntimo, da sinceridade dos nos pensamentos, do nosso equilíbrio de sentimentos, desejos e emoções.

Para chegarmos ao desprendimento, devemos procurarmos sentir a todos como irmãos e irmãs em nossos corações, respeitando igualmente tanto uns como outros; eliminando as preferências, procurando ser igualmente gentis com todos, jamais deixando romper a barreira de nosso próprio “eu inferior” diante de nenhuma pessoa, por mais afins que sejamos com ela, por mais que a estimemos ou a prefiramos dentre outras. Respeitaremos a nós mesmos diante de qualquer criatura, evitando a entrega de nossos pensamentos, de nossas ideias, de nossos sentimentos, desejos e/ou emoções. Não externaremos nossos pensamentos com frouxidão de palavra, não diremos de nossas qualidades, nem de nossos defeitos, senão em circunstâncias muito especiais, quando servir para ajudar alguém. Devemos sentir pelos outros o mesmo respeito que sentimos por nós mesmos. Poremos de lado as intimidades, jamais dizendo mais a um do que a outro, procurando não sentir mais de um do que de outro.

Não esqueçamos que o desprendimento é a qualidade anímica necessária para que possamos enfrentar, um dia e com equilíbrio, o nosso Guardião do Umbral. Não esqueçamos que, em qualquer circunstância, para viver na Terra entre os irmãos e as irmãs, em nosso “corpo de carne”, ou para prosseguir na vida além do véu, é o desprendimento a chave mestra que nos abrirá as portas do nosso próprio Céu, permitindo, num futuro grandioso, que atinjamos a glória de nosso Pai Celeste.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1978 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma lembrança ao Irmão Maior, Jesus de Nazaré

Com a aproximação do Natal, quando os cora­ções mais de perto se aconchegam em busca de calor humano, sentimos que toda uma ambientação peculiar às comemorações se faz presen­te: multiplicamos as luzes noturnas, numa pro­fusão multicolorida; enfeitamos as nossas casas; decoramos a cidade; apressamos nossos passos; compramos presentes; formulamos votos e bons de­sejos, felicitações são retribuídas.

É Natal. É festa. É alegria.

Contudo, nossos corações se voltam ao passado para reviver as cenas cujo simbolismo estamos habituado a comemorar e cujo sentido mais profundo aprendemos a conhecer na Fra­ternidade Rosacruz.

Rememoramos não mais o artificialismo das luzes em seus variados matizes, mas a ilu­minação interior daquele amoroso Ser e dos Seus seguidores diretos, que almejamos alcançar.

Relembramos não mais os enfeites das vitrines, porém o luminoso semblante daqueles que hoje representam os verdadeiros Amigos sinceros, dadivosos, simples, cheios de entendi­mento Cristão e coerentes na prática de sa­grados princípios não apenas em uma época especial do ano, mas dia após dia, hora após hora, numa expressiva e ininterrupta oração.

Recordamos não mais as compras de presentes custosos e materiais, mas a dádiva de ajudar os semelhantes com todos os nossos valores físicos, emocionais, men­tais, anímicos e espirituais, no sagrado labor desta causa Rosacruz, na convic­ção de que o fazemos para Ele.

Evocamos, acima de tudo o que nos relem­bra esta data, a figura inesquecível de nosso amado Irmão Maior, Jesus de Nazaré, que tor­nou possível o maior trabalho de redenção já realizado neste mundo. E, por associação, a figura luminosa do Cristo, cuja volta anual a nosso Planeta regalvaniza em escala ascendente as suas vibrações purificadoras; dá novo alento vital aos seres vivos; enxameia de altruísmo os corações das pessoas na proporção da afinidade delas, mas buscando sem­pre dissolver a crosta de egoís­mo delas e transformara essa crosta na branca, na bri­lhante joia em que um dia se tornará.

Invocamos a Sua mensagem unifi­cadora, desfraldada como Verdade, Beleza e Bondade acima de todas as limitações e preconceitos, cobrindo todos os povos e condições, espraiando-se na forma do Caminho único de ascensão a Deus, cada vez mais encarecido e evidenciado pelas nossas lutas, discórdias e nossos sofrimentos.

E nos dispomos, então, não mais à pressa enganosa dos passos que não conduzem a lugar algum; contudo, ao andar resoluto e bem orientado de quem já conhece o Caminho e está trilhando o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – dezembro de 1966 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Ser a Luz do Mundo

Somente quando o conhecimento espiritual se converte em parte integrante da nossa vida é que nos tornamos “senhor” do nosso próprio Templo: o Corpo Denso. Quando a Consciência Crística desabrochar e dirigir esse veículo, poderemos sentir e compreender realmente o verdadeiro espírito do Natal, que passou e que se estende como tal até a Epifania do Senhor. Contudo, há um pré-requisito, uma condição prévia e irrevogável para que esse processo de conscientização Crística ocorra. Trata-se da erradicação do egoísmo — esse terrível flagelo. Devemos cultivar primeiramente o sentimento de amor e da pureza para que possamos trilhar, com segurança, o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.

As presentes condições em que vivemos são filhas do egoísmo e perturbam sobremaneira o já frágil equilíbrio daqueles inclinados ao materialismo. Mesmo entre os Estudantes Rosacruzes, apesar de possuirmos conhecimento sobre as verdades profundas da vida, há quem, entre nós, emita pensamentos críticos e destrutivos. Obtivemos conhecimento, mas muitos de nós ainda não permitiram à Luz do Cristo Interno iluminar e dirigir as vidas deles.

Uma mudança efetiva e consciente no nosso íntimo deve abrir novas perspectivas de crescimento. É importante que essa mudança ocorra porque a Consciência Crística nasce do mais puro amor. Nenhuma condição inferior pode ser transmutada mediante o criticismo, essa antítese da Luz. Para a irradiação da Luz de Deus, necessitamos de pensar e trabalhar construtivamente. A Sabedoria Divina se manifesta unicamente se nos convertemos num adequado receptáculo dessa Luz, por meio de uma vida reta.

Cristo afirmou: “Vós sois a Luz do mundo” (Mt 5:14). Cabe a nós aproveitarmos a vibração espiritual mais exuberante nessa época Santa do ano para meditar sobre o privilégio de “ser a luz do mundo”. É um privilégio e responsabilidade daqueles que optaram por entrar pela “porta estreita”.

Possamos dedicar nossos esforços em irradiar essa Luz, deixando-a resplandecer em forma de simpatia e amor, para que o Cristo, assim, encontre morada em nossos corações. Todos nós seremos beneficiados com isso e o dia de “paz e boa vontade entre os homens” (Lc 2:14) se encontrará mais próximo do que nunca. Uma vez isso aconteça, jamais retornaremos às limitadas condições do passado. Terá assim o Cristo Interno estabelecido uma perfeita união com o Cristo Cósmico. Estaremos preparados, então, para nos oferecermos amorosamente a serviço da Fraternidade Universal. Que todos possam participar dessa Grande Obra, inspirados na lição que o Natal oferece a cada ano que passa!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – dezembro/1986-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que é o Purgatório, o que é Purgar e quais os Resultados Práticos para a Nossa Vida

A morte é a passagem do indivíduo de um Mundo para outro, uma remoção para outro plano onde vivemos sem qualquer alteração, pois apenas o nosso ambiente e as condições exteriores são alterados. Essa ida de um Mundo para outro é, geralmente, acompanhada por mais inconsciência ou menos. Quando despertamos no Mundo do Desejo, nós somos, com uma exceção, a mesma pessoa com todos os aspectos que tínhamos antes da morte. Qualquer um que nos visse lá iria nos reconhecer, se nos conheceu aqui, na Região Química do Mundo Físico.

Não há poder transformador na morte; o nosso caráter não muda! O ser humano perverso e o bêbado continuam perverso e bêbado; o avarento ainda é um avarento; o ladrão é tão desonesto como antes. Mas há uma grande e importante mudança em todos eles: todos perderam seu Corpo Denso e isso faz toda a diferença em relação à satisfação de seus vários desejos. O bêbado não pode beber nada, pois ele não tem estômago (nem físico e nem vital) e embora tente de todas as maneiras possíveis satisfazer o seu desejo de bebida alcoólica, é estritamente impossível e em consequência disso ele sofre as torturas de Tântalo[1] até que, finalmente, o desejo se queima por falta de satisfação, como acontece com todos os desejos, sentimentos e emoções, inclusive na nossa vida física aqui.

Note que não é uma Divindade vingadora que mede o sofrimento no Purgatório, nem um demônio que executa o julgamento; mas os desejos, sentimentos e as emoções malignos, cultivados em cada vida terrena por nós e incapazes de gratificação no Mundo do Desejo, é que causam o sofrimento, até que, com o tempo, eles são dissipados. Assim, o sofrimento é estritamente proporcional à força de cada hábito maligno praticado na vida recém-finda.

Enquanto nossos maus hábitos são tratados dessa maneira geral, nossas ações más e específicas são tratadas da seguinte maneira: no momento da morte, antes que nós, o Espírito ou Ego humano, vestido com a bainha da Mente e do Corpo de Desejos, seja inteiramente retirado da forma física, um Panorama da Vida prestes a terminar é gravado no Corpo de Desejos e esse panorama começa a se desdobrar para trás da morte ao nascimento, após nossa entrada no Purgatório, que está localizado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo. No Corpo de Desejos de alguns existe uma preponderância de matéria de desejo grosseira ou inferior e, em outros, de matéria de desejo fina ou superior; isso faz a diferença no nosso ambiente e status quando entramos no Mundo do Desejo após a morte, pois então a matéria do Corpo de Desejos, enquanto assume o aspecto e a forma do Corpo Denso que foi descartado, ao mesmo tempo se organiza de modo que a matéria mais sutil e pertencente às Regiões superiores do Mundo do Desejo forma o centro do veículo, enquanto a matéria das três Regiões inferior fica na periferia desse Corpo.

Quando mais uma vida terrena nossa termina, nós exercemos uma força centrífuga para nos libertarmos do nossos Corpos. Seguindo a mesma lei que faz um Planeta lançar ao espaço a parte de si mesmo que é mais densa e cristalizada, primeiramente descartamos o nosso Corpo Denso. E isso nós chamamos de “morte”. Esse é o momento em que o Panorama da Vida é gravado no nosso Corpo de Desejos. Quando entramos no Mundo do Desejo, essa força centrífuga continua a agir de modo a lançar a matéria mais grosseira ou inferior desse Corpo de Desejos para fora; assim somos forçados a permanecer nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo, o Purgatório, até ser purgado dos desejos, sentimentos e emoções mais grosseiros que foram incorporados à nossa matéria de desejo. A matéria de desejo mais grosseira ou inferior está, portanto, sempre na periferia do nosso Corpo de Desejos, enquanto passamos pelo Purgatório, sendo gradualmente eliminada pela força centrífuga.

Durante esse tempo, o Panorama da Vida é, gradualmente, desdobrado para trás, da morte ao nascimento, como dito acima, a uma taxa de, aproximadamente, três vezes a velocidade da nossa vida física, de modo que alguém que tivesse sessenta anos no momento da morte viveria sua vida no Mundo do Desejo em vinte anos. No Purgatório, enquanto o Panorama da Vida que acabou se desenvolve, o bem contido nele não causa qualquer impressão em nós, mas todo o mal reage sobre nós de tal forma que, nas cenas em que nós fizemos outro ser sofrer, nós próprios nos sentimos sofrendo como o ser que fizemos sofrer sofreu. Sofremos toda a dor e angústia que nossa vítima sentiu; como a velocidade da vida é triplicada aqui, o sofrimento também é! E ainda mais agudo, pois o Corpo Denso tem uma vibração tão lenta que diminui até mesmo o sofrimento, mas no Mundo do Desejo, quando estamos sem o veículo físico, o sofrimento é muito mais intenso e quanto mais nítida a impressão panorâmica da vida passada for gravada no Corpo de Desejos no momento da morte, mais sofreremos e mais claramente sentiremos em nossas vidas futuras que a transgressão deve ser evitada, ou que “vida do transgressor é dura e sofrida” (Pb 13:15).

Assim, somos purgados de todo tipo de mal, pois a missão do Purgatório é erradicar os nossos hábitos prejudiciais, tornando nossa gratificação impossível. É por causa do nosso sofrimento lá que aprendemos a agir gentilmente, honestamente e com tolerância para com os outros aqui. Quando nascemos de novo, estamos livres dos maus hábitos e nova obra, ação ou todo novo ato malignos que cometemos vem do livre-arbítrio. Às vezes, essas tendências nos tentam, proporcionando-nos uma oportunidade de nos posicionar do lado da misericórdia, da compaixão, da paciência e da virtude, contra o vício e a crueldade.

Mas para indicar o ato, a ação ou a obra correta e nos ajudar a resistir às armadilhas e artimanhas da tentação, temos o sentimento resultante da expurgação de hábitos malignos e da expiação dos atos errados de vidas passadas: a consciência moral produzida pelo sofrimento purgatorial. Se dermos atenção a esse sentimento e nos abstermos do mal a tentação cessará: nós nos libertaremos dela para sempre. Se cedermos, porém, experimentaremos um sofrimento mais agudo do que antes até que finalmente tenhamos aprendido a viver pela Regra de Ouro (Mt 7:12), porque o “caminho do transgressor é muito difícil”. Logo, o Purgatório tem influência fundamental no Crescimento da Alma.

Entretanto aprendemos na Fraternidade Rosacruz que há um benefício inestimável em conhecer o método e o objetivo dessa purgação, porque assim somos capazes de evitá-la, vivendo nosso Purgatório aqui e agora, dia a dia, avançando muito mais rápido do que seria possível de outra forma. Um exercício é fornecido na última parte do livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, cuja intenção é a purificação como ajuda para o desenvolvimento da visão espiritual. Consiste em refletir sobre os acontecimentos do dia após se retirar para dormir, à noite, e julgar cada incidente para verificar se agimos corretamente ou não. Se dessa maneira superarmos conscientemente nossas fraquezas, também faremos um avanço muito objetivo na Escola da Evolução. Mesmo se falharmos em corrigir nossas ações, teremos um imenso benefício ao julgar a nós mesmos, gerando assim aspirações para o bem que, com o tempo, certamente darão frutos em forma de ações corretas.

Arrependimento e reforma íntima também são fatores poderosos para encurtar a existência purgatorial, pois a natureza nunca desperdiça esforços em processos inúteis. Quando percebemos o erro de certos hábitos ou atos em nossa vida e determinamos erradicar esse hábito e compensar o erro, nós drenamos suas imagens da Memória ou Mente Subconsciente e eles não estarão no Purgatório para nos julgar após a morte. Mesmo que não sejamos capazes de fazer a restituição por um erro cometido, a sinceridade do nosso arrependimento será suficiente. A indenização pode ser oferecida à nossa vítima de outras maneiras.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de maio de 1916, e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Em sua história, conta-se que, ousando testar a omnisciência dos deuses, roubou os manjares divinos e serviu-lhes a carne do próprio filho Pélope num festim. Como castigo foi lançado ao Tártaro, onde, em um vale abundante em vegetação e água, foi sentenciado a não poder saciar sua fome e sede, visto que, ao aproximar-se da água essa escoava e ao erguer-se para colher os frutos das árvores, os ramos moviam-se para longe de seu alcance sob a força do vento. A expressão suplício de Tântalo refere-se ao sofrimento daquele que deseja algo aparentemente próximo, porém, inalcançável, a exemplo do ditado popular “Tão perto e, ainda assim, tão longe”.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Natal, uma Lição de Amor

O Natal é a época Santa do ano, ocasião em que o Raio Crístico retorna esplendoroso ao nosso Planeta. Sem a aura rejuvenescedora, curadora e fortalecedora do Cristo, penetrando anualmente em nosso globo terrestre, grande parte da Onda de Vida humana estaria inexoravelmente perdida. Esse grande presente Natalino que recebemos é a mais profunda manifestação do amor nascido eternamente de Deus-Pai.

Max Heindel, o grande místico ocultista, descreve de forma divinamente inspirada (no livro Coletâneas de um Místico – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz) a natureza do Amor Cósmico, com estas palavras: “o Espírito do Amor nasce eternamente do Pai, dia após dia, hora após hora, para o universo solar para nos redimir do mundo da matéria que nos envolve em suas garras mortais”. Este tema é particularmente oportuno para meditarmos durante esta época.

Por outro lado, causa-nos compaixão a ideia de que a maioria das pessoas faz do Natal, tornando-o um evento mais social e comercial do que místico. É verdade que o relacionamento entre nós se torna mais ameno e que há uma tendência geral à confraternização. Falta, porém, uma vivência mais mística: as pessoas acabam por se preocupar mais com presentes, ceias e coisas do gênero.

Falta um aprofundamento no significado desta festividade religiosa que se revestiu de um caráter mundano. Falta, enfim, o verdadeiro espírito do Natal!

Nós, Estudantes Rosacruzes, ou Estudantes dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, não podemos transigir com nossos princípios e valores. Devemos vivenciar os conhecimentos que recebemos. Se as circunstâncias nos obrigam ao cumprimento dos nossos deveres sociais, participando da ceia natalina em companhia dos nossos familiares, façamo-lo digna e moralmente, mostrando os nossos valores Cristãos. Abstenhamo-nos de carne animal (mamíferos, aves, peixes, crustáceos, anfíbios, frutos do mar e afins), de bebidas alcoólicas, do uso de quaisquer materiais advindos de partes dos corpos de quaisquer tipos de animais e quaisquer outros excessos. Guardemo-nos contra a pusilanimidade de violentar nossos princípios, apenas para não desagradar alguém (lembremos do ensinamento do Cristo: “sim, sim…não, não”). Sejamos firmes e coerentes em nossas convicções e estaremos contribuindo, com esse exemplo, para o estabelecimento do Reino de Deus aqui na Terra.

Não nos esqueçamos de oficiar o lindo e profundo Ritual do Serviço de Véspera de Natal – Noite Santa  que nos ajudará e muito em nos manter firmes e a criar um ambiente mais voltado para a significância real do Natal.

Se a tradição nos aconselha a dar presentes materiais, façamo-lo consoante nossas posses e com dignidade. Nada de presentes luxuosos ou fúteis. Porque não dar algo edificante? Dar presentes úteis e que reconhecidamente podem preencher uma necessidade justa de um amigo, de uma amiga ou de um parente é uma postura sensata.

Porém, o Natal verdadeiro se constitui de presentes espirituais. São aquelas dádivas que revelam a presença do Cristo em nossas vidas. E a maior dessas dádivas é o amor!

O amor deve fluir espontaneamente do nosso coração ao coração das pessoas. Deus é Amor! Somos parte de Deus e o amor que d’Ele se irradia em ilimitada medida também existe dentro de nós, aguardando apenas oportunidade de liberar. Que este Natal nos seja mais intenso em amorosidade.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – novembro/dezembro/1988 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como cultivar a importantíssima virtude, para o Estudante Rosacruz, da paciência

Vocês precisam de paciência para que, depois de terem feito a vontade de Deus, possam receber a recompensa”[1].

Sem dúvida, S. Paulo viu a impaciência dos “Pequeninos”, como os Estudantes de hoje, ansiosos para “colher onde não haviam semeado” e se queixam de seu lento progresso. Primeiro a natureza e depois o espiritual, o crescimento do anterior e a analogia do superior. São necessários vinte e oito anos de vida terrestre para fazer da personalidade do ser humano um bebê primogênito; isto é, um indivíduo fisicamente adulto e seguro. É provável que um ser eterno e imortal possa desenvolver e definir um caráter cristão e uma profunda raiz espiritual em poucos anos?

O Espiritual só pode se desenvolver quando a Natureza cede, pois em um jardim a planta preferida floresce exatamente na proporção em que as ervas daninhas são arrancadas e o cultivo é restabelecido.

Nosso Salvador Cristo não prometeu transformar o ser humano. Ele prometeu “Poder” para se tornarem Filhos de Deus e “acreditar em Seu nome”. O poder de se tornar uma árvore ou flor perfeita está em uma semente, o pequeno começo do crescimento espiritual, está na “crença n’Ele”.

O jardineiro tem um trabalho a fazer: manter todas as ervas daninhas afastadas e cultivar a terra. A vida cresce na semente.

Quando alguém aceita a Cristo com o coração, ele dá a vida que crescerá para a perfeição espiritual para o cultivo. Os frutos do Espírito são todas as belas qualidades da alma que tornam uma vida nobre e útil, porém, não são vistas ao mesmo tempo produzidas em sua plenitude. A aparente mudança pode ser grande em relação à de um mundano – egoísta, mercenário, vaidoso e impuro – porém, leva tempo para desenterrar as velhas raízes e ervas daninhas, cujas sementes tendem a ter uma periodicidade de aparecer.

Muitos que se consideram firmemente estabelecidos no bem-estar, são pegos dormindo e derrubados por algum defeito do passado por falta de vigilância. A espiritualidade, em seus estágios iniciais, é facilmente desviada do coração por influências mundanas; ninguém precisa de uma amamentação mais prolongada para manter seu poder afetivo. O cérebro é o elo de conexão e os pensamentos mentais devem estar focados para alcançar seu ideal, a fim de se manter longe das muitas tentações que o mundo oferece, especialmente aos jovens.

Os Ensinamentos Rosacruzes apelam para os Cristãos que, de certa forma, se afastaram dos desejos da natureza e que, talvez, tenham sido plenamente experimentados e provados que estão carentes das qualidades que satisfazem a alma; contudo, a Natureza morre lentamente, as exigências da santidade são difíceis e, especialmente nos Cristãos com mais idade física, retroceder não é incomum. Muitos chegam a qualquer novo ensinamento para os obter “os pães e os peixes”, enquanto que um grande número se unem a uma igreja popular para curar seus males corporais e permanecer ali a fim de continuar recebendo as bênçãos da saúde. Esse motivo parece ser depreciativo para o crescimento da alma, mas, não se pode entrar em contato com a Espiritualidade sem sentir sua influência para a elevação; e assim, com o tempo, aqueles que chegam por razões egoístas podem se tornar seguidores sinceros da fé. Há muitas almas vacilantes indo de um culto a outro para encontrar descanso para as solas dos pés, e onde a Verdade for encontrada em maior medida, a grande multidão virá para o “pão da vida”. Elas podem ser muito sinceras, honestas, mas de modo alguns estão prontas para a Iniciação. As plantas que, às vezes, dão flores e frutos em abundância precisam ser transplantadas várias vezes antes de mostrarem seu verdadeiro vigor e, quando finalmente chegam ao lar permanente, ainda precisam esperar longos meses e até anos de desenvolvimento, antes que o fruto nasça. Somente a maturidade do tempo traz a produtividade total.

Analise as lágrimas de qualquer um dos verdadeiros Santos que se mantiveram na fé e terminaram o caminho para Deus; o caminho deles, certamente, não foi de rosas. Morrer diariamente para si mesmo, para as paixões da Natureza inferior, para a adoração material; sacrifícios diários na cruz do Corpo Denso, com olhos fixos no Senhor, com Cristo interno repleto no coração, com todos os presentes no altar na consagração à Humanidade. Os Cristãos são compostos de vários tipos e qualidades, parecido com os tipos das embarcações marítimas: alguns parecem apenas com barcos a remo amarrados à costa, com medo de se aventurar sozinhos; outros mais ousados, mas com medo de águas profundas; outros, então, como um navio veloz para passageiros, preparado para a viagem, bem equipado, o Capitão em seu posto, de olho na bússola. E mesmo assim, algumas vezes, batem em uma rocha ou falham em resistir a um vendaval, e afundam. Existem outros que parecem submarinos que exploram os segredos das profundezas.

Tais são os Adeptos na Fraternidade Rosacruz, talvez profundamente envolvidos nos segredos do governo, em missões importantes, guardiões avançados na pesquisa, difíceis de se encontrar, difíceis de destruir, vencedores do inimigo das almas. Depois, existem as aeronaves; essas são símbolos dos Irmãos Maiores, que navegam em outro elemento. Pois, Eles estão no ar, na atmosfera clara de um ar rarefeito, e enxergam além das brumas que escondem o passado e o futuro da nossa visão limitada. Esses tipos de pessoas não surgiram em um só dia. Há muito tempo de desenvolvimento entre o barco a remo frágil e o submarino ou a aeronave.

A paciência deve ter seu ciclo de trabalho terminado: a alma deve crescer de maneira ordenada, primeiro a folha, depois a espiga e depois a espiga cheia de milho. Um dia de cada vez, uma falha superada, um ato altruísta, um pensamento amoroso verdadeiramente universal; através de todos e de cada um de nossos passos no “Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz”. Não adianta se preocupar, não adianta se apressar; é uma daquelas situações onde é melhor fazer isso bem devagar, pois se você fizer isso muito depressa, você cometerá erros. Somente o tempo e a paciência podem curar a alma de sua incapacidade e levá-la à estatura total de “Uma pessoa em Cristo Jesus[2]. A sequoia, a maior árvore do mundo, leva milhares de anos para atingir sua altura elevada, e as outras árvores de mais de cem anos parecem pequenas mudas delas, em comparação.

Estruturas fortes e permanentes avançam lenta e seguramente, contudo, são construídas para durar, suportar os vendavais, o estresse da vida. Aos Estudantes da Filosofia Rosacruz é muito bom o manter essas verdades, constantemente nas suas Mente (e não aumentar os encargos da sede de um Centro Rosacruz, escrevendo com espírito de crítica, de impaciência, como alguns que conheço. O escritor está longe, e mesmo assim, acaba entrando em contato com outros Estudantes que também demonstram essa falta de compreensão da vida). Os meios de crescimento, cultivo e poder da alma estão nas nossas mãos, em nossos lares e no ambiente ao nosso redor. Aqui e agora é o nosso lugar e hora para começar de novo, a cada dia abençoado para desenvolver um corpo espiritual, para preparar as glórias prometidas aos fiéis até o fim. “Você tem pouca força se cair no dia da adversidade[3].

(Publicado na: Rays From The Rose Cross – janeiro/1916 – e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

[1] N.T.: Hb 10:36

[2] N.T.: IICor 12:2

[3] N.T.: Pb 24:10

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Natal e a Evolução

Nessa época do ano, nós, Aspirantes à vida superior, voltamos nossos pensamentos ao grande Drama Cósmico que se desenrola na Terra, ano após ano.

Aprendemos, pelos iluminadores Ensinamentos dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, que o Natal constitui uma das quatro fases anuais na vida do nosso Espírito Planetário Interno (um Raio do Cristo Cósmico), sendo o Natal análogo ao nosso próprio nascimento físico.

Os místicos nascimentos e mortes do nosso Salvador são contínuas ocorrências cósmicas: um sacrifício contínuo, necessário para nossa evolução física e espiritual durante a presente fase do nosso progresso.

Assim como o lago que desagua no mar enche-se de novo quando a água evaporada retorna em forma de chuva, para fluir incessantemente rumo ao oceano, assim o Espírito do Amor nasce eternamente do Pai.

E o faz dia após dia, hora após hora, fluindo sem cessar em direção ao universo solar, com a finalidade de redimir-nos do Mundo da matéria que nos tem enredado em suas garras mortais, obstaculizando o nosso desenvolvimento para viver conscientemente na Região Etérica do Mundo Físico. Onda após onda, é assim emitida do Sol a todos os Astros, ensejando um impulso rítmico às criaturas que neles evoluem.

Na Santa época do Natal, os fogos espirituais da Terra são mais brilhantes, de tal maneira que é o melhor período para absorvermos os benefícios do nosso crescimento anímico, assim como para investigar e estudar os mistérios da vida.

Portanto, “cabe-nos”, como asseverou Max Heindel, “aproveitarmos a oportunidade, de forma a utilizarmos o tempo presente com a melhor vantagem possível, paciente e persistentemente. Sabemos que essa grande onda de luz espiritual estará conosco durante as épocas vindouras. E, naturalmente, se fará mais e mais brilhante, à medida que a Terra e nós mesmos evoluirmos a graus superiores de espiritualidade.”

Possamos, todos e cada um de nós, empenharmo-nos novamente para que nossa luz ilumine a grande “Árvore Cósmica” do Natal, de modo a ser observada por todos nós, atraindo-os às verdades que sabemos de vital importância para o desenvolvimento da Humanidade.

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro de 1976-Fraternidade Rosacruz-SP)

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