Há dois importantes assuntos ligados com a vida do Cristão e que é nos ensinado por S. Paulo: “Rogai-vos, pois, irmãos pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos Corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Que é o vosso culto racional.” (Rm 12:1). O primeiro, é o fato de que o Corpo Denso deveria ser um sacrifício vivo oferecido ao Deus interior, e o segundo, é o culto ou o Serviço prestado pelo Corpo ao Espírito em sua evolução. Em poucas palavras, os Corpos são necessidades ou requisitos para a evolução do Espírito e, por isso, são os servos do Deus interior. Esse serviço é o seu sacrifício que termina com a morte.
O Estudante Rosacruz ponderará, agora, o valor da Filosofia Rosacruz que, em sua sabedoria, ensina a manter uma Mente Pura, um Coração Nobre e um Corpo São, para servir a nós, o Ego (um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado), durante o nosso desenvolvimento. De fato, tudo foi criado para o propósito de servir aos outros. Cada um, a seu modo, fornece o necessário para a existência do outro, consciente ou inconscientemente, e dessa forma, o Serviço se torna o fator proeminente da evolução. Logo, “aquele que quiser ser o maior, seja o servo de todos.” (Mc 9:36)!
Nós fomos, primeiramente em um passado longínquo (que na Fraternidade Rosacruz chamamos de Primeira e Segunda Dispensações, ou Dispensações Jeovísticas), ensinados a servir o nosso Deus, fazendo e oferecendo sacrifícios ao nosso Criador e, assim, aprendemos que o serviço requer sacrifício. Naquele tempo não poderíamos compreender que devíamos fazer de nós mesmos um sacrifício vivente e, por isso, oferecíamos, em seu lugar, um animal, que era parte de nós, pois nos pertencia para compensar o pecado que houvéssemos cometido, de acordo coma Lei da Religião de Raça vigente, a de Jeová, o Deus de Raça. Hoje, como seguidores de Cristo, nós nos oferecemos como sacrifícios vivos, e não as nossas posses, para agradá-Lo. Sacrificamos nosso “eu pessoal” pelo bem da Individualidade impessoal, servindo e auxiliando os outros onde e quando podemos. Nosso primeiro serviço foi para obter algum lucro, mas quando estamos sintonizados com o Raio de Cristo, nosso serviço é pela Glória da Alma. Procuramos fazer aos outros o que o Cristo fez por nós, tornando-nos servos do Cristo, que é o nosso culto racional e devocional.
Na evolução do modo de servir, como na evolução de todas as coisas, avançamos por meio da purgação da escória e dos resíduos. Isto é, na realidade, uma purificação. Nosso progresso, em “qualidade” de serviço, depende grandemente da purificação das nossas emoções, dos nossos desejos e dos nossos pensamentos que bem adquirimos por meio de nossa tentativa honesta de praticar o Exercício Esotérico noturno da Retrospecção. “Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus” (Mt 5:8). Por mais que falemos, não poderemos exaltar, convenientemente, a importância do Exercício Esotérico noturno da Retrospecção, quando apresentamos nossos Corpos como sacrifícios viventes, oferecidos a Deus. Devemos compreender, perfeitamente, que um Exercício Esotérico noturno da Retrospecção feito pela metade, isto é, sem o correspondente profundo sentimento, não poderá queimar e, portanto, apagar os acontecimentos indesejáveis que praticamos durante o dia e que foram gravados no Átomo-semente do Corpo Denso. A menos que sintamos o fogo do remorso cauterizar, queimar o âmago do nosso coração, o Exercício Esotérico noturno da Retrospecção não está completo; a gravação não será apagada, e nossas vidas continuarão sem crescimento anímico apreciável.
Temos o testemunho que o serviço perfeito e ideal é um exemplo para nosso progresso, no sacrifício do Cristo que volta a nós nesta época do ano no mês de setembro. O Sol, passando pelo Signo do Serviço, o da Imaculada Virgem, concebe e nos traz o Raio do Cristo dos Reinos superiores. Esse Raio do Cristo Cósmico nasce no último princípio da trindade maternal por meio do Signo de Virgem, com sua essência de pureza. Podemos, na realidade, sentir que a Gloriosa Luz Dourada, o Corpo do Cristo Cósmico descendo do “Céu à Terra”, reveste a Vida e o Amor do nosso Redentor. Esse acontecimento nos traz o terceiro Grande Festival Cristão, na série dos acontecimentos da Vida de Cristo, e é celebrado na Festa da Concepção. A terceira mudança na Vida de Cristo ocorre no Equinócio de Setembro, quando o Sol está no Signo de Virgem e a Vida do Cristo viaja desde a superfície da Terra até o seu centro, que é atingido pelo Natal, com mais um “Nascimento” do Cristo aqui na Terra. É essa Imaculada Concepção da Virgem, do Signo de Virgem, que presta o maior dos serviços: a Vida do Cristo “morre para o Mundo Celeste para nascer no mundo terrestre”. “Maior amor não existe do que esse: dar a vida pelo seu amigo.” (Jo 15:13); esse é o maior serviço que pode ser prestado.
É interessante notar que o Signo Virgem é, essencialmente, o Signo da pureza e que Mercúrio é o Planeta que nesse Signo está, ao mesmo tempo, Exaltado e Essencialmente Dignificado, por ser seu Regente. A Hierarquia Criadora de Virgem é conhecida como os Senhores da Sabedoria e, sendo a mais elevada Hierarquia Criadora ativa atualmente, tem a seu cargo auxiliar o desenvolvimento do nosso veículo Espírito Divino de cada um de nós, durante o atual Período Terrestre. Foi durante a segunda Revolução do Período Solar que os Senhores da Sabedoria irradiaram de seus próprios Corpos o germe do Corpo Vital, tornando-o capaz de interpretar o nosso Corpo Denso com a capacidade de crescimento e de propagação posterior, excitando os centros dos sentidos do Corpo Denso e fazendo-o, com isso, capaz de se mover, servindo de instrumento perfeito e obediente para o nosso uso.
Do Planeta Mercúrio, alguns dos seus habitantes foram enviados a Terra para trabalhar conosco. São conhecidos pelos Estudantes Rosacruzes como Senhores de Mercúrio. Eles ensinaram e guiaram os mais adiantados seres humanos da Humanidade e os elevaram à categoria de reis, fazendo-os dirigentes do povo, por meio da arte do domínio próprio e do domínio sobre os outros. No atual Período Terrestre, já passamos pela metade dita marciana do Período Terrestre (até metade da quarta Revolução no Globo D) e estamos seguindo o curso da metade dita mercuriana do Período Terrestre (da metade da quarta Revolução no Globo D até o final da sétima Revolução no Globo G), estando, portanto, sob uma maior influência mercuriana. Uma das coisas que os Senhores de Mercúrio vão nos ensinando é como deixar o Corpo Denso utilizando a nossa vontade e como funcionar nos nossos veículos superiores, independentemente do Corpo Denso que, assim, se tornou uma habitação aprazível, ao invés vez de uma prisão fechada; se tornou um instrumento, ao invés de grilhões embaraçantes. Durante as últimas três e meia Revoluções do Período Terrestre, Mercúrio está nos ensinando isso por meio da Iniciação. Mercúrio polarizou o metal que leva o seu nome, o mercúrio, que evapora pelas paredes do vaso que o contiver e que é assemelhando à Mente. Essa Iniciação pode ser alcançada por meio da purificação da Mente, enquanto o Sol passa pelo Signo da Virgem, e por meio da influência dos Senhores de Mercúrio, Irmãos Maiores da atual Humanidade.
O cordão espinhal é o elo entre os dois órgãos criadores: o cérebro, que é o campo de ação dos intelectuais mercurianos, e os genitais que são o campo de ação dos sensuais e apaixonados Espíritos Lucíferos. A Mente inferior (ou concreta) se juntou à paixão egoísta, sendo missão dos Senhores de Mercúrio, que são de inteligência superior, nos ensinar como usar a Mente sem egoísmo, como torná-la verdadeiramente criadora, de modo, que não mais dependeremos do progresso sexual de gerações que agora está sendo utilizado em Corpos separados.
Hoje, como estamos dentro da época Mental-Mercuriana, os efeitos mentais à distância estão sendo realizados e, portanto, bem podemos compreender a verdade enunciada por Cristo no Seu Sermão da Montanha: “Todo aquele que olhar para uma mulher desejando-a, com ela já praticou o adultério no seu coração” (Mt 5:28).
Assim, setembro é, na verdade, o mês da purificação mental. Tenhamos diante de nossa Mente a imagem da Virgem Imaculada simbolizada pelo Signo de Virgem. É o estado atual da Mente, neste momento de concepção, que dará à luz mais tarde, quando o Raio da Luz do Cristo entrar na Terra no Equinócio de Setembro e viajar para o centro da Terra para nascer pelo Natal.
O Cristo do novo ano vem a nós de Deus-Pai, o mais elevado Iniciado do Período de Saturno, cuja Humanidade constitui, agora, os Senhores da Mente. Vem revestido da pureza mental e está pronto a nos assistir na transformação da nossa Mente apaixonada em uma Mente compassiva. É por intermédio de Mercúrio, o Mensageiro dos Deuses, e oitava inferior de Netuno, que poderemos acender, no canal espinhal, o fogo luminoso e brilhante da purificação e regeneração que nos habilitará a apresentarmos nossos Corpos como um sacrifício vivente, tanto agradável a Deus por ocasião da Festa dos Tabernáculos. Afinal, não há outro caminho senão: “Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém me servir, meu Pai o honrará.” (Jo 12:26).
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – agosto/1979 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Já sabemos que os Ensinamentos Rosacruzes objetivam o desenvolvimento da nossa Mente e do nosso Coração, de modo igual, fornecendo todas as explicações de tal maneira que a Mente esteja pronta a aceitá-los e, então, o Coração fique possibilitado quanto ao âmbito do trabalho em relação ao material recebido.
Caso o amigo leitor leia um capítulo do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, ou qualquer outro trecho dos livros da Biblioteca Rosacruz; medite a respeito e considere-o razoável como explicação; depois é melhor largá-lo e esquecê-lo por completo, uma vez que empregou apenas o intelecto e não o Coração!
Devemos tentar sentir tais Ensinamentos, porque o sentimento é função do Coração. Devemos procurar visualizar as diversas coisas e matérias absorvidas no que lemos na literatura da Fraternidade Rosacruz. Desse modo podemos, então, vivenciá-las de modo que elas se tornem partes integrantes de nós próprios.
Será muito difícil convencer a outrem a respeito dos Ensinamentos Rosacruzes, a menos que possamos provar-lhes serem o melhor meio de se viver aqui nessa mais uma vida!
Em nossa civilização, o abismo que separa a Mente e o Coração abre-se profundo e largo. À medida em que a Mente voa de descoberta a descoberta nos domínios da ciência, a separação se torna cada vez mais profunda e ampla, e o Coração é deixado cada vez mais para trás. Somente quando se puder manter a cooperação entre Mente e Coração, sem desvios, quando cada qual possa ter o completo campo de ação, nunca praticando violência contra outro e quando ambos possam se sentir satisfeitos, somente então atingiremos a elevada e verdadeira compreensão de nós mesmos e do mundo do qual fazemos parte.
Como aprendemos, estudando o Conceito Rosacruz do Cosmos: “A Ordem Rosacruz foi fundada, especialmente, para aqueles cujo elevado grau de desenvolvimento intelectual lhes obriga a esquecer do coração. O intelecto pede imperiosamente uma explicação lógica de todas as coisas, do mistério do mundo, do problema da vida e da morte. O preceito sacerdotal ‘não procureis conhecer os mistérios de Deus’ não explicou as razões e o modus operandi da existência.”.
Contudo, o conhecimento intelectual é por si só, apenas um meio para um certo fim. Destarte, os Ensinamentos Rosacruzes visam, em primeiro lugar, satisfazer o Aspirante ao conhecimento de que tudo no universo é razoável, vencendo-se assim o intelecto rebelde. Quando ele cessar de criticar, estará pronto para aceitar, provisoriamente, como provavelmente verdadeiro, enunciados que não podem ser verificados imediatamente; então, e não até, então, o Treinamento Esotérico será eficaz no desenvolver as mais elevadas faculdades pelas quais transitamos da fé até o conhecimento de primeira mão, o Conhecimento Direto.
A todos os que tencionarem dar os primeiros passos em direção ao conhecimento superior, caso as orientações fornecidas sejam inteiramente seguidas, deve ser ministrada completa confiança, como força destinada a cumprir a sua finalidade; segui-las com pouca vontade seria sem proveito, quaisquer que fossem. A descrença mata até a mais bela flor produzida pelo Espírito.
A ideia geral da Iniciação é a de que se trata meramente de uma cerimônia que torna alguém um membro de uma sociedade secreta — de que ela poderá ser conferida a qualquer um que deseje pagar um certo preço, uma soma monetária na maioria dos casos. Embora isso seja verdade em relação às assim chamadas “iniciações de ordens fraternais” e, também, na maioria das ordens pseudo-ocultistas, trata-se de uma ideia completamente errônea quando aplicada à Iniciação a vários graus de Fraternidades verdadeiramente ocultas, como o é a Ordem Rosacruz. Uma pequena compreensão das reais necessidades e de sua racionalidade tornará isso bastante claro, rapidamente.
Em primeiro lugar não há uma chave de ouro para o Templo — o mérito conta, porém não os recursos financeiros. O mérito não é adquirido em um dia; é o produto acumulado das boas ações do passado, dessa vida e de outras vidas. O candidato, costumeiramente, está totalmente inconsciente de ser um candidato; comumente vive a sua vida na comunidade, servindo aos seus colegas durante dias e anos sem qualquer pensamento ulterior, até que certo dia aparece em sua vida um Hierofante dos Mistérios Menores, adequado ao país no qual residia. Nessa época o candidato terá cultivado dentro de si certas faculdades, armazenado certos poderes destinados ao serviço e auxílio, dos quais ele frequentemente não tem consciência ou os quais não sabe como utilizar adequadamente.
A missão do iniciador é a de mostrar ao candidato as faculdades latentes, os poderes adormecidos e de iniciá-lo no uso dessas faculdades e desses poderes. Explica e demonstra-lhe pela primeira vez como ele poderá despertar a energia dinâmica. Certamente que isso nunca deverá ocorrer até que o necessário desenvolvimento interior tenha sido acumulado, do mesmo modo que o derramar um balde de água, não verterá água, a não ser que o balde tenha sido enchido de água previamente. Nem há qualquer perigo de que o Hierofante dos Mistérios Menores possa não atender alguém que tenha atingido o desenvolvimento necessário. Cada ação, obra boa, cada ato bom e não egoística aumenta enormemente a luminosidade da aura do candidato e, tão certo quanto o imã atrai a agulha, assim o brilho dessa luz áurica trará o Hierofante dos Mistérios Menores.
Na Bíblia, o Livro da Revelação fala do Altar Dourado ou Altar de Ouro (Apo 8:3). O Altar Dourado poderá muito bem simbolizar os nossos corações guiados pelo ouro do Sol e o turíbulo é, na verdade, o nosso serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) prestado ao irmão e à irmã, focado na divina essência oculta – que é a base da Fraternidade – em cada um de nós; o incenso, a essência desse serviço que ascende de todo ao Trono de Deus e poderá, necessariamente, atrair o Hierofante dos Mistérios Menores.
No 4.º capítulo do Livro da Revelação, figura: “Diante do trono estavam quatro bestas cheias de olhos dianteiros e traseiros. E a primeira besta era como um leão, a segunda como um bezerro, a terceira parecida com um homem, a quarta como uma águia voadora” (Apo 4:6-7). Aqui temos os Signos Fixos: Leão, Touro, Aquário e Escorpião; cada um deles, em tempos remotos, incluía o Signo anterior e o posterior a ele, como nos diz a escritura: “com olhos dianteiros e traseiros”. Cada Signo Fixo tem um Signo Cardeal antes dele e um Signo Comum lhe seguindo imediatamente.
Um estudo do Tabernáculo no Deserto mostra que isso é um meio de Iniciação. As decorações do Tabernáculo estão colocadas de tal modo que descrevem uma cruz. Trata-se da cruz na qual, nas palavras de Platão, o Iniciado, a Alma Mundana, é crucificada. É o nosso Corpo Denso que quando em pé e de braços distendidos, forma uma cruz, cruz esse à qual nós, o Ego (um Espírito Virginal manifestado aqui) nos prendemos, à medida em que lutamos através da limitação da matéria, para despertar e desenvolver os poderes divinos latentes dentro de nós.
No plano desta Terra, nós somos um peregrino, não tendo um lugar de habitação permanente. Trata-se de um plano no qual as experiências são acumuladas, cujos resultados nos dão a força e a sabedoria que possibilitam o nosso retorno à “Casa de nosso Pai”. A nossa natureza migratória está indicada pela natureza portátil do Tabernáculo no Deserto. As barras, colocadas nas argolas presas dos lados da Arca da Aliança, o objeto mais precioso do Tabernáculo no Deserto, nunca foram retiradas dela. Estiveram posicionados para prestarem serviço a qualquer momento, quando os Israelitas viajassem em direção à Terra Santa – o celestial (mundo).
S. Paulo refere-se ao Tabernáculo no Deserto como sendo o símbolo das “boas coisas que virão” (Hb 10:1: a sombra dos bens futuros). Observe-se que o Velho sempre antecipa o Novo.
O Tabernáculo no Deserto era uma tenda retangular, montada no lado ocidental de uma câmara, cobrindo cerca de três vezes a área do próprio santuário. O Tabernáculo foi dividido em duas secções chamadas de Lugar Santo e Santo dos Santos; a área fechada, na parte exterior, era o Átrio. As três divisões foram estipuladas de acordo com os três passos que conduzem da primeira indagação relativa à vida espiritual à aceitação da disciplina, do treinamento e da purificação que pertencem ao caminho estreito do Probacionista até que, finalmente, seja atingido o estado de iluminação interior. As três divisões correspondem, também, à multidão indiferente, não meditadoras, os desvendadores sérios e esforçados, e as pessoas que tenham conseguido a superação e atingido a Iniciação. Dentro desse Santuário o Deus Trino chega para habitar com o ser humano. Neste Tabernáculo no Deserto nós chegávamos com três poderes: Corpo, Alma e Espírito para comungar com o nosso Criador.
Até mesmo os números contidos nas especificações da construção do Tabernáculo no Deserto oferecem as chaves com as quais se pode abrir os Mistérios do Templo. Existem símbolos e véus, que encobertam segredos inestimáveis aos curiosos e indignos, porém os revela aos que, através de uma busca sincera, ganham acesso a seus tesouros de vida e de luz.
Adentrando-se no Átrio, no lado oriental, o primeiro objeto encontrado era o Altar dos Sacrifícios. Nesse Altar dois cordeiros eram sacrificados diariamente, um pela manhã e o outro à noite. Era especialmente prescrito de que fosse uma “oferenda contínua”, através das gerações “na porta da tenda de encontro”. O caminho foi aberto, graças ao sangue do Cordeiro, no adorador, para prosseguir e adentrar no local Santo; graças no sangue do Cordeiro, foi aberto o caminho, para toda a Humanidade, a fim de recuperar o seu estado perdido e retornar ao Deus-Pai. Novamente a simbologia da Antiga Dispensação é idêntica à da Nova Dispensação e o significado também é o mesmo. O sacrifício animal que deve ser efetuado quando da primeira entrada no Átrio, representa as propensões bestiais que devem ser sacrificadas nos fogos da purificação, antes de se progredir no caminho estreito, se possível. E, como os sacrifícios sobre o Altar dos Sacrifícios eram animados por um fogo que não era feito por nós, porém descia do alto, assim as paixões físicas devem ser purificadas pelos fogos da aspiração, que se originam dentro de nós mesmos, uma vez despertos.
Fisiologicamente, isto ocorre no centro sagrado da geração, na terceira divisão inferior do Corpo Denso. O trabalho de regeneração começa, adentrou-se no caminho da vida do Espírito.
Entre o Altar dos Sacrifícios e o Tabernáculo propriamente dito ficava o Lavabo da Purificação ou o Altar de Bronze, no qual os sacerdotes se lavavam. Somente o puro de Coração pode ver a Deus. Assim, foi feita a provisão no Átrio, para uma adequada preparação, pelo fogo e pela água, para se adentrar no Lugar Santo. A natureza foi limpa; as forças corporais foram erguidas a partir do centro localizado na base da espinha, e levadas para cima através do plexo solar, até os centros do Coração e da garganta. O que busca a Luz ficou, então, habilitado a entrar no Lugar Santo, a Sala Leste do Tabernáculo.
Antes da cortina, que cobre o Santo dos Santos, ficava o Altar do Incenso, à direita do qual ficava a Mesa dos Pães da Proposição e, a esquerda dessa o Candelabro de Ouro, com sete braços.
O Altar do Incenso, que ficava no centro da Sala Leste, representava o Coração, o verdadeiro centro de nossa vida. É governado pelo dourado Sol e é para o Corpo Denso aquilo que o centro solar representa para nosso sistema planetário.
Os doze Pães da Proposição, ázimos, sobre a Mesa, representam as doze qualidades ou atributos de caráter que foram armazenados através de muitas vidas, sob a tutela das Escolas Celestiais do Zodíaco. O incenso que foi posto nos doze pães e queimado pelo sacerdote (ou “Eu superior”), como oferenda ao Senhor, significa a agradável fragrância que emana de uma Alma consagrada e desenvolvida.
O Candelabro de Ouro de sete braços simboliza os sete centros do Corpo Denso que, quando despertados para a atividade, aparecem a uma vista espiritual como sendo muitos vórtices de luz. Estas luzes foram alimentadas com “azeite puro de oliva”, uma substância que simboliza as forças no nosso Corpo, quando regenerado.
Da Sala Leste, o caminho estreito leva à Sala Oeste mais interna, o Santo dos Santos, onde está a Arca da Aliança. Somente o Sumo Sacerdote (o “Eu superior”) era admitido nessa câmara sagrada e ele próprio não tinha permissão de adentrá-la a qualquer tempo. Apenas uma vez por ano ele podia passar pelos recintos santos e cumprir as cerimônias prescritas pelo Senhor (a Lei). O Ego não habita perpetuamente no puro estado espiritual; ele não poderia fazer isso e perceber seus poderes latentes.
O Santo dos Santos representa o estado onde habita o Espírito, não condicionado pela matéria, à luz de sua natureza divina, não obscura. Nesse lugar não havia luz provinda do exterior, pois não era necessária, uma vez que o Espírito iluminado havia nela penetrado.
A Arca da Aliança é um símbolo da Alma; sua tampa era de ouro maciço e servia de Propiciatório. Nas duas extremidades deste banco estavam dois Querubins de ouro, com suas asas distendidas cobrindo a Arca preciosa. Dentro da Arca estavam as duas Tábuas da Lei, o Bastão (ou Vara) Florido de Aarão e o Pote do Maná; o Maná é o “Espírito humano que desceu desde o nosso Deus-Pai do alto para uma peregrinação através de matéria e o Pote de Ouro, no qual era mantido, simbolizava a Aura Dourada do Corpo-Alma”.
As duas Tábuas da Lei, os Dez Mandamentos, são as forças gêmeas que operam na Ordem Cósmica as quais, quando harmonizadas na natureza do ser humano, levam-no em suas correntes até o verdadeiro Coração do Ser Infinito. A Vara de Aarão, que floresceu, é o fogo espiritual espinhal que se levantou desde os centros na base da espinha até os localizados no topo da cabeça. Os fogos internos foram iluminados e a visão se abriu a uma radiação que, a uma vista física, não passaria de escuridão. Somente os que tiverem atingido este estado entrarão no Santo dos Santos.
Assim como o Átrio corresponde à região pélvica do Corpo Denso, e à Sala Leste à região torácica, assim o Santo dos Santos se correlaciona com a Cabeça. Dentro dela “reside” o Ego, à presença divina, diante da qual ninguém pode retirar o véu. Isto fica sob o único controle do Deus habitante, o Ego, o “Eu Sou”. Os órgãos da cabeça que quando ativados proporcionam a percepção dos Mundos espirituais, são a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário.
Entre os Querubins descansava a Glória de Shekinah. Trata-se do centro magnético no qual há a comunicação entre Jeová e Moisés. Era para a Antiga Dispensação o que o Santo Confortador o é para a Nova Dispensação.
O significado espiritual das quatro estações sagradas, os Solstícios e os Equinócios, está incorporado no simbolismo do Tabernáculo no Deserto. O Altar dos Sacrifícios, no sul, corresponde ao Solstício de Dezembro (em Capricórnio). O Candelabro Dourado de Sete Braços, a leste, correlaciona-se com a vida ressurgido e à luz do Equinócio de Março (em Áries). O Santo dos Santos, ao norte, simboliza o Solstício de Junho, a Hierarquia Criadora dos Querubins (em Câncer). As Mesas dos Pães da Proposição, a oeste, correspondem ao Equinócio de Setembro (em Libra), a época festiva da estação da colheita.
O Tabernáculo no Deserto foi a nossa Escola de Mistérios da Época Atlante. Conservou, em símbolo e em ritual, a Sabedoria limitada, a medida em que passamos da civilização da Época Ária.
Os Mistérios (ou as Iniciações) Menores se referem apenas à nossa evolução durante o Período Terrestre. Nas três primeiras Revoluções desse Período Terrestre, em torno dos sete Globos, nós, os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana, ainda não tínhamos atingido a consciência de nós próprios. Ignorávamos como nós iríamos nos tornar do modo como somos hoje. O candidato está prestes a ter esclarecimento sobre esse assunto, de modo que, pela fala dos Hierofantes durante o período da primeira Iniciação, no primeiro grau, sua consciência se volta para essa página da Memória da Natureza que traz os registros da primeira Revolução, quando recapitulamos o desenvolvimento do Período de Saturno. Ele está ainda de posse de sua consciência de todos os dias (a Consciência de Vigília); conhece e lembra-se de fatos da vida que está vivendo aqui, mas agora observa conscientemente o progresso das hostes em evolução dos Espíritos Virginais, com às quais formou uma unidade durante o Período de Saturno e sua recapitulação na Época Polar.
No segundo grau ele, do mesmo modo, propende a dar atenção às condições da segunda Revolução ou Revolução Solar do Período Terrestre e vigia, em plena consciência, o progresso feito durante esse tempo pelos Espíritos Virginais e, também, o progresso feito durante sua recapitulação na Época Hiperbórea.
Durante o terceiro grau ele observa o trabalho executado na Revolução Lunar e sua recapitulação na Época Lemúrica.
Durante o quarto grau ele observa a evolução da última meia Revolução com o seu período de tempo correspondente em nosso estágio atual na Terra. Na primeira metade da Época Atlante a noite da inconsciência foi ultrapassada, os olhos do Ego habitante foram completamente abertos e ele ficou capacitado a dirigir a luz da razão sobre o problema da conquista do Mundo. Foi o tempo em que nós, tal como nos conhecemos, nascemos pela primeira vez.
Nos métodos de Iniciação de tempos remotos, o candidato permanecia em transe profundo, durante três dias e meio. Ele era, então, levado através do desenvolvimento inconsciente da Humanidade, durante as Revoluções anteriores e, quando se diz que estava desperto no momento da alvorada do quarto dia, era o modo místico de expressar que a sua Iniciação no trabalho da carreira involutiva do ser humano cessou, quando o Sol se ergueu acima da clara atmosfera de Atlântida. Então o candidato era saudado como “nascido pela primeira vez”.
O quinto grau leva o candidato ao fim do Período Terrestre, quando uma Humanidade gloriosa estará colhendo os frutos desse Período e a afastando dos sete Globos sob os quais ela evoluiu durante cada dia da manifestação no primeiro dos cinco Globos obscuros que é a sua habitação durante as Noites Cósmicas (entre um Período e outro). A mais densa dessas Noites Cósmicas está localizada na Região do Pensamento Abstrato e, na realidade, é o “Caos” a que se refere o livro Conceito Rosacruz do Cosmos.
Portanto, lembremo-nos da advertência escrita na Porta do Templo: “homem, conhece-te a ti mesmo”.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – abril/1970-Fraternidade Rosacruz-SP)
A Lei da Consequência, ou Lei de Causa e Efeito, é uma das Leis de Deus, é a lei da justiça, que decreta que o que semeamos, colheremos.
O que somos, o que temos, todas as nossas boas qualidades são o resultado do nosso trabalho no passado e, portanto, nossos talentos. O que nos falta, física, moral ou mentalmente, é por não termos aproveitado certas oportunidades no passado ou por não as termos vivenciadas, mas em algum momento, em algum lugar, outras se apresentarão para nós e recuperaremos o que perdemos.
Quanto às nossas obrigações e dívidas para com os outros, a Lei de Consequência também trata disso. O que não pôde ser resolvido em uma vida acontecerá nas futuras. A morte não anula as nossas obrigações, assim como indo para outra cidade não pagamos as dívidas que contraímos aqui.
A Lei do Renascimento proporciona um novo ambiente, mas nele existem velhos inimigos. E, às vezes, os conhecemos, porque quando conhecemos algumas pessoas pela primeira vez, sentimos como se as conhecêssemos de algum lugar. Isso ocorre porque o Ego rompe o véu da carne e reconhece um velho amigo. Quando, pelo contrário, encontramos uma pessoa que nos inspira medo ou repúdio, é uma mensagem do nosso Ego, que nos alerta contra um inimigo de antigamente. A Lei de Consequência está operando continuamente.
A partir do momento do nascimento, as forças que foram acionadas em vidas anteriores e ainda não se esgotaram, passam a atuar na criança e em seus veículos. Todos os velhos amores e ódios vêm à tona. Antigos inimigos se apresentam, para que o Ego possa traçar com eles seu destino e transformá-los em amigos. Amigos anteriores ajudam o Ego trabalhando com ele para benefício mútuo.
Assim nos aproximamos lenta, mas irresistivelmente, da era da Amizade Universal. Através da Lei de Consequência, aprendemos que cada ato tem a sua responsabilidade correspondente e que cada força que pomos em movimento deve ter o seu efeito correspondente.
Se, por negligência ou egoísmo, causamos sofrimento ou dolo aos outros, fatalmente, a Lei de Consequência trará condições semelhantes em uma data mais remota, e assim compreenderemos a injustiça de agir dessa forma. Se não aprendemos a lição, teremos mais experiências e cada vez mais duras, até que finalmente faremos o esforço necessário e então obtenhamos o poder do autocontrole.
Os Ensinamentos Rosacruzes sobre a vida nos mostram que o mundo que nos rodeia nada mais é do que uma Escola de experiências – a Escola da Vida –, mas atrelada a solução nas inseparáveis Leis de Consequência e Renascimento. Que assim como mandamos a criança para a escola dia após dia, e ano após ano, para que ela aprenda cada vez mais e, à medida que avança nas diferentes séries da escola até a universidade, o mesmo acontece com a gente, como Filho de Deus, entra na Escola da Vida. Mas numa vida mais ampla, onde para cada um de nós em cada dia escolar é para nós uma vida terrena, e a noite entre os dois dias letivos corresponde ao sono após a morte na vida mais ampla de cada um de nós.
Veja que numa escola há muitas séries. Onde as crianças mais velhas que frequentam a escola há muito tempo têm de aprender lições muito diferentes daquelas aprendidas pelas crianças pequenas que frequentam o “jardim de infância”.
Da mesma forma, na Escola da Vida, aqueles que ocupam altos cargos, sendo dotados de grandes faculdades, são os nossos Irmãos Maiores, e os retardatários são aqueles que mal frequentam as primeiras séries escolares. O que eles são, nós seremos, e todos acabarão por chegar a um ponto em que serão mais sábios do que os mais sábios que conhecemos agora.
Se os atos que praticamos forem construtivos e respeitarmos os direitos dos outros, então na vida futura nasceremos em condições que nos trarão sucesso e felicidade.
Se, pelo contrário, cedermos às nossas paixões, nossos desejos, sentimentos ou as nossas emoções inferiores, sem consideração pelos outros, ou se formos insolentes, preguiçosos e descuidados, certamente, renasceremos em condições e entre pessoas que farão da nossa vida um fracasso, e que nos trarão muitos sofrimentos. Através destes fracassos, porém, aprenderemos onde erramos em vidas anteriores e saberemos o que precisamos fazer para remediar o passado.
Assim, aplicando a nossa força de vontade na solução do problema, obteremos sucesso, e a Lei de Consequência, a partir desse momento, funcionará a nosso favor, e não contra nós.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Já sabemos que a Lei de Causa e Efeito (ou Lei de Consequência), associada à Lei do Renascimento, vem responder a todos os “por quês?” de nossa vida material. No entanto, na maior parte das vezes, compreendemos tal Lei, na medida de nossa própria superfície, sem a penetração que ela contém. Isso porque a maioria de nós, em geral, não “sabe pensar”. E não “sabe pensar”, porque não quer pensar. Resiste sempre a tudo o que venha tentar nos retirar do comodismo da nossa superficialidade.
A Filosofia Rosacruz esclarece a respeito dessas duas Leis de Consequência e Renascimento, porque elas justificam toda a nossa evolução, a partir da “Queda do Homem”. E não só daqueles que “caíram”, mas como se pode evoluir pelo exercício da originalidade (Epigênese) sem esbarrar nas fronteiras que a Lei de Causa e Efeito revela, mostrando a totalidade da evolução em si mesma.
Muita gente costuma dizer que Deus castiga; que “é castigo de Deus” isso ou aquilo que aconteça de mal em sua vida. É, na verdade, uma forma de expressar a Lei de Consequência. Mas não é a Lei em si mesma. Deus não castiga ninguém! Nossa consciência espiritual é que se coloca na condição de punição, quando agimos contrariamente às Leis da Natureza, mesmo que a consciência material não perceba isso. Até aí não há dificuldade. Em estágio um pouco acima de uma pessoa comum, entende-se perfeitamente que seja assim. Porém não se confunda facilidade, naturalidade, com superficialidade. Muitas vezes são as nossas próprias criações mentais que colocam embaraços e enganos à nossa frente, obstruindo nosso caminho. E ficamos marcando passo, vítima de nossos próprios pensamentos mal orientados por uma Mente concreta que está “contaminada” pela parte inferior do Corpo de Desejos. É isso. Voltamos ao âmago da questão: temos, normalmente, dificuldades de expressar nosso pensamento não o contaminando com os desejos. E dessas dificuldades só conseguiremos nos libertar quando tivermos desenvolvido a Mente abstrata. Quando se exige um pouco mais de esforço da Mente, criamos desculpas para justificar a preguiça mental e a inércia. É por essa razão que muitos de nós não conseguem conservar o interesse pelos Estudos de uma filosofia como a Filosofia Rosacruz, e se deixam arrastar e vencer pelas dificuldades.
Mas, se não houvesse mais resistência da Mente, se aprendêssemos a penetrar, a conhecer e a limpar os nossos pensamentos dos desejos, dirigindo as rédeas da conduta interior dela, nada mais seria difícil para a Mente e ela deixaria de ser preguiçosa. Um mundo novo e maravilhoso se abriria, então, à nossa frente. Um mundo mental mais limpo, sem a escória das desculpas, dos comodismos, da inércia. Da resistência ao avanço. Por isso é que Max Heindel nos ensina o valor do esforço, dizendo-nos que o “único fracasso é deixar de lutar”. Mas, lutar mesmo. Em franca e constante atividade.
E quando se fala em atividade, muitos podem pensar que se trate, tão somente, de atividade material, de ação física, e que é necessário usar o Corpo Denso nessa atividade, e fazer muitas coisas para ser realmente ativo. Entretanto, a Atividade, sendo o terceiro aspecto de Deus, é sob condição divina que deve ser encarada, antes de qualquer outra condição. De nada nos serviria, mesmo, a atividade externa sem o impulso da Atividade interior. Sem a criação ativa do poder interno, a ação fica vazia. Eis porque não é o tipo de trabalho que importa para a nossa elevação. É a nossa forma de executar esse trabalho, é o acionamento do nosso motor interno. É a atividade do pensamento, dos sentimentos, desejos e das emoções quando se realiza alguma coisa, seja escrever um livro ou lavar uma louça. É isso. Nós, o Ego – o “Eu superior” –, cada vez mais próximo de nós mesmo, mais consciente da nossa divindade, não fazemos seleção de trabalho, de valores, de criaturas. Uma pessoa assim é sempre a consequência de um longo processo de purificação de uma atividade permanente, persistente e tranquila através dos tempos. De uma atividade incansável como a das formigas. Já repararam alguma vez em um formigueiro? Já viram como as formigas são organizadas no seu trabalho individual que vai redundar em benefício da coletividade? Pois, nós devemos ser como as formigas: trabalhar individualmente, procurando penetrar incansavelmente, cada vez mais, nos recessos de nosso próprio interior, com a plena consciência de que esse trabalho está sendo realizado em benefício de toda a Humanidade, de toda a criação. Portanto, em benefício do Cristo Cósmico que sabemos que só será libertado da cruz do seu sacrifício quando tivermos nos libertado da cruz do nosso “eu inferior”, atingindo a união com toda a Humanidade.
Eis porque cada um deve dar o que tem, mas trabalhar fervorosamente. Quem ainda não souber amar, procure aprender a amar. Quem não souber expressar seu pensamento aqui como deve, procure aprender a expressar. Alguma coisa tem que ter em nós que possa servir de ponto de partida para um trabalho maior, para um trabalho real. O essencial é não parar, não resistir ao avanço. O nosso destino é sempre para frente e para cima. Ponhamos de lado as superficialidades e vamos viver corretamente para promover melhores e verdadeiros efeitos em nossas atividades.
Lembremo-nos sempre que o aperfeiçoamento é como a torre de uma igreja, como diz Max Heindel: “à medida que subimos, vai-se estreitando até que nada mais nos reste de apoio senão a Cruz“, lá no topo. Caminhemos, pois, para ela!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – agosto/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Na Memória da Natureza, situada no Mundo do Espírito de Vida, está guardado todo o conhecimento e todos os acontecimentos do passado de tudo que existe, inclusive dos nossos pensamentos, desejos, sentimentos, nossas emoções, palavras, obras, ações e nossos atos; todos os mistérios do futuro também estão ali registrados. Para obter essas informações, basta que o Estudante Rosacruz cultive dentro de si a verdadeira espiritualidade, processo que será acompanhado naturalmente, nesta vida terrena ou em uma vida posterior, pelo desenvolvimento do sexto sentido (ou Clarividência) e do Corpo-Alma, uma subdivisão do Corpo Vital.
Um Clarividente devidamente desenvolvido pode localizar na Memória da Natureza a história de qualquer acontecimento passado que ele queira investigar, mesmo que tenha ocorrido há milhões de anos. O futuro também é um livro aberto para ele. Por meio do Corpo-Alma é possível entrar conscientemente nos Mundos invisíveis, enquanto o Corpo Denso (o físico) é deixado para trás em um estado de sono; e, nesse estado, recolher desses Mundos conhecimentos relativos às leis e condições de cada um deles.
Aqueles que duvidam das afirmações acima serão convencidos da veracidade delas se investigarem suficientemente; no entanto, a prova final da possibilidade de possuir tais poderes pode somente ser encontrada quando uma pessoa começa a desenvolvê-los por si própria. Muitos milhares de pessoas possuem atualmente esses poderes e o número aumenta anualmente. O cientista materialista de hoje é incapaz de lançar qualquer luz no assunto, pois só a Ciência espiritual pode resolver problemas espirituais.
Mas, a Ciência material pode verificar muitos dos fatos extraídos da Memória da Natureza (ou seja, os efeitos) pela Ciência oculta e, desse modo, ser um valioso aliado dessa última.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1920 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
O vocábulo “renascimento” se constitui, no campo linguístico, do prefixo “re”, mais “nascimento”. Significa, etimologicamente, nascer de novo. E o nascer de novo é o renascimento do Ego em cada plano.
Difere, portanto, da reencarnação, cujo significado é entrar na carne. Popularmente, essas duas expressões são usadas como se fossem sinônimos, mas, a nós, Estudantes Rosacruzes, que nos foi transmitida pelo fiel mensageiro da Ordem Rosacruz, Max Heindel, cabe entendermos os termos com precisão, pois sabemos quão importante é a gravação certa no Corpo Vital, do que aprendemos. Assim, usaremos cada umas dessas palavras em seu exato sentido.
Vamos dizer algo a respeito do renascimento. Depois do Ego ter feito os últimos preparativos, no Terceiro Céu, a fim de renascer com seus Corpos e veículos aqui mais uma vez e chegado o momento de sua descida, se encontra despido de Corpos e veículos tendo, tão somente, as forças dos quatro Átomos-sementes, ou seja, o núcleo do Tríplice Corpo e da Mente.
Devemos lembrar aqui, que falarmos de Ego ou de Tríplice Espírito vem a ser a mesma coisa, pois estamos nos referindo a uma só realidade. A essência é a mesma. As expressões é que são sinônimas.
Ao iniciar a sua jornada, o Ego desce à subdivisão mais elevada da Região do Pensamento Concreto. Com o despertar das forças mentais conquistadas em vidas anteriores, que se achavam latentes no respectivo Átomo-semente, atrai e incorpora em si mesmo o material que lhe é necessário para construir um veículo por meio da qual poderá funcionar nesse Mundo. Adotando o mesmo processo, desce o Ego às outras três Regiões inferiores do Mundo do Pensamento Concreto, completando, consequentemente, a formação da sua nova Mente.
Continuando em sua descida, atinge o Ego a sétima Região do Mundo do Desejo, da qual atrai o material afim e indispensável, agrupando-o em torno de si. Prosseguindo, desce ele à sexta Região, onde adquire, também, o material afim que lhe é imprescindível. Segue, fazendo o mesmo até alcançar a primeira Região do Mundo do Desejo. Completa-se, dessa maneira, a formação do seu novo Corpo de Desejos.
Em seguida, desce o Ego à sétima Região do Mundo Físico, isto é, a Região Etérica do Éter Refletor. A formação do Corpo Vital não é, entretanto, tão simples como acontece com a formação do Corpo de Desejo e da Mente, a que anteriormente nos referimos. Só em um ponto é idêntica, ou seja, na quantidade e qualidade do material a ser atraído, obedecendo, ainda, a mesma lei que rege os corpos superiores: a Lei da Semelhança ou Lei da Atração. Para construir o Corpo Vital e colocá-lo no ambiente adequado, trabalham, em número de quatro, os Anjos Relatores, também conhecidos por Senhores do Destino ou Anjos do Destino. Esses Seres são portadores de incomensurável sabedoria. Estão acima de todo e qualquer erro. Eles fazem com que seja incorporado o Éter Refletor no Corpo Vital, em formação, para que as cenas da vida que seguirá, reflitam nele. Convém notar que, além dos habitantes do Mundo Celeste participam da construção do Corpo Vital, os espíritos elementais. Integra, finalmente, a plêiade de construtores desse Corpo, o Ego que se prepara para renascer com seus Corpos e veículos aqui, incorpora também a quinta-essência dos seus Corpos Vitais anteriores, realizando, ainda, um pequeno trabalho original. Esse trabalho possibilita ao Ego expressar-se, na vida prestes a ter início, de modo individual e original, quer dizer, não determinado por ações de existências pretéritas. Verificamos, assim, que as causas e efeitos não se constituem numa repetição rotineira. Constatamos, isso sim, a existência palpitante e viva de um influxo constante de causas novas e originais. Temos aí, a Involução e a Evolução completadas, cabalmente, pela Epigênese. Podemos dizer, em outras palavras, que a Epigênese consiste na liberdade de que desfruta o Ego, no sentido de criar, em cada renascimento, coisas novas. Ele atua, nessa parte, sempre de maneira original. Convém lembrarmos que a Fraternidade Rosacruz é a única que fala na Epigênese. Além de falar, devemos convir, o faz com invulgar sabedoria, esclarecendo o ponto de vital importância, concernente às possibilidades do Ego, em seu roteiro evolutivo.
Na matriz do Corpo Vital vamos encontrar a formação, órgão por órgão, do Corpo Denso.
Relativamente ao Átomo-semente do Corpo Denso, situa-se, como nos ensina Max Heindel, no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, na cabeça triangular de um dos espermatozoides do sémen paterno. Nesse espermatozoide, unicamente, é que reside a possibilidade de fertilização. Nesta altura, entende-se perfeitamente, a causa de uniões estéreis.
Voltando ao Átomo-semente, esse, devemos recordar, é o determinador da quantidade e qualidade da matéria para que se possa formar o Corpo Denso, que é feito, tomando-lhe como modelo, o Corpo Vital.
Apesar de restrita a atividade doEgo na construção do Corpo Denso, neste ele incorpora a quinta-essência das qualidades físicas das vidas anteriores. E, muito embora o Ego tome, imprescindivelmente, os materiais dos corpos do pai e da mãe, a fim de formar o seu, esse não traz com exatidão, as mesmas características dos corpos paternos. Como se vê, o referido Corpo Denso é a expressão do próprio Tríplice Espírito ou Ego renascente. A hereditariedade poderá explicar alguma coisa, porém, jamais tudo. Não esclarece, por exemplo, as qualidades da alma, as quais são absolutamente individuais. Cada Ego, ao renascer, traz características próprias. Estão ligadas às suas existências passadas, pois são o fruto de seu mérito ou demérito nelas.
Após a impregnação do óvulo, o Corpo de Desejos da mãe trabalha sobre ele, seguramente, durante espaço de tempo que vai de 18 a 21 dias. Nesse período, o Ego se encontra fora da matriz materna, todavia mantém-se em contato com ela. Acha-se ele, em seu Corpo de Desejos e em sua Mente. Decorrido esse prazo, ele entra no corpo da mãe. Daí por diante, o Ego incuba seu novo Corpo até que se dê o nascimento da criança, iniciando-se, assim, a nova vida aqui. Desse modo, acaba o Ego de chegar ao máximo de sua descida, pois atingiu o ponto mais denso que ele deve descer: a Região Química do Mundo Físico. Ele vive, nesse Mundo, habitando um Corpo Denso, como estamos, por exemplo, todos nós aqui, até que lhe advenha mais uma morte aqui, com a qual o Ego começa a sua viagem de retorno aos Mundos Celestes.
A ruptura do Cordão Prateado ocasiona a morte. Com essa, abandona o Ego o Corpo Denso, que foi o último a ser, por ele, adquirido. Permanece, entretanto, durante três dias e meio, aproximadamente, na Região Etérica do Mundo Físico, pairando sobre o Corpo Denso e assimilando as experiências da existência terrestre que acabou de terminar. Feita essa assimilação, entra o Ego no Purgatório, situado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, levando consigo os Átomos-semente dos Corpos Denso e do Corpo Vital. Ali se desenrola de novo, o Panorama da Vida passada, apresentando todos os incidentes dela em que prejudicou alguém – por omissão ou por querer –, incorporando ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, a consciência que atuará no futuro como impulso para não repetir o mal cometido. Purgados os maus hábitos, vícios, falhas e omissões, passa ele ao Primeiro Céu, que se situa nas três Regiões Superiores do Mundo do Desejo. Aqui, desenrola-se de novo, o Panorama da Vida passada, apresentando todos os incidentes dela em que ajudou alguém – por fatos ou boas e sinceras intenções –, incorpora ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, a qualidade de sentimento reto que atuará no futuro como impulso para o bem e repulsão para o mal. No Mundo do Desejo o Ego permanece, em média, um terço do tempo da vida que terminou. Esse período de tempo poderá, entretanto, ser maior ou menor, dependendo do grau de espiritualização dele.
A seguir, entrando no Segundo Céu, encontra-se o Ego envolto no veículo mental, contendo esse a quinta-essência dos três veículos abandonados. Agora, acha-se ele, em sua verdadeira pátria. Leva vida ativa e variada, assimila os frutos de sua última vida terrestre, procura também, ir preparando o ambiente, ou seja, o ambiente na terra, tendo em vista o seu próximo renascimento. Prestam-lhe colaboração, como sabemos, todos os habitantes do mundo celeste, alterando as formas físicas e produzindo mudanças em seu aspecto, conforme a necessidade.
Nos Mundos Celestes o Ego aprende a construir os seus veículos e a usá-los no Mundo Físico. O músico aprende a construir mãos próprias e ouvido perfeito para captar com precisão o som. Ao despertar no Segundo Céu, ouve o Ego a música das esferas. O ser humano tem, por destinação, converter-se em inteligência criadora. Assim, chegará a ser algum dia, verdadeiro artífice de seu destino, deixando, portanto, de ser escravo dele.
Passa o Ego, em seguida, ao Terceiro Céu, onde faz os últimos preparativos, a fim de empreender outra vez, nova descida aqui, na Região Química do Mundo Físico. Leva o Ego, de conformidade com esclarecimento de Max Heindel, geralmente, 1.000 anos de um renascimento a outro, salvo exceções, ou seja: considerando a sua evolução espiritual ou missão que tenha de realizar, poderá ser esse espaço de tempo, bastante reduzido. Com o próprio Max Heindel, isto aconteceu, pois levou, do penúltimo renascimento ao último, apenas uns trezentos anos. Outra exceção é a criança. Essa, como ao morrer é inocente, não lhe tendo nascido o Corpo de Desejos, razão por que não pecou, vai diretamente para o Primeiro Céu onde é bem recebida por parentes ou adotada por alguém e permanece de um a vinte e um anos, a fim de renascer.
Quando o ser humano passou pelas nove Iniciações Menores e, também, pelas quatro Grandes Iniciações libertou-se, totalmente, da roda de nascimentos e mortes. Poderá renascer na Terra e geralmente o faz, mas não por sua causa, e sim, unicamente por causa da Humanidade. Nesta altura, temos plena convicção de que só a Teoria do Renascimento satisfaz, dentro da lógica e do bom senso, atendendo, com perfeição toda e quaisquer necessidades evolutivas da Humanidade. Para essa Teoria, cada alma é parte integrante de Deus e está desenvolvendo, por meio de vidas sucessivas, em corpos de crescente perfeição, os latentes poderes divinos em energia dinâmica. Ninguém se perde. Todos, a seu tempo, alcançarão a perfeição, integrando-se em Deus, e levarão o fruto anímico de sua peregrinação através da matéria. Quanto às teorias materialista e teológica, têm visão sobremaneira estreita, que não resistem à análise, desde que se ponha um pouco de bom senso. Não satisfazem nem mesmo os elementares de justiça ou de lógica.
O Espírito Divino, emanando de si o Corpo Denso, obtém como fruto a Alma Consciente. O Espírito de Vida emana de si o Corpo Vital, obtém a Alma Intelectual. O Espírito Humano emana de si o Corpo de Desejos e obtém a Alma Emocional.
São nessas descidas e subidas que realizamos, vindo até o Mundo Físico e subindo, após a morte, até o Mundo Celeste, que nos tornamos artífice do nosso destino, pois nos converteremos em Inteligência Criadora.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Em todas as atividades filosóficas religiosas aparecem, frequentemente, os símbolos. O esoterista conhece um bom número deles e, por isso, pode interpretar logicamente os mitos. O Cristão esoterista sabe que a Bíblia não é um “livro aberto”. Ao contrário, é um compêndio riquíssimo, composto pelos Anjos do Destino, com tal Sabedoria que pode ser interpretada validamente por muitos modos. Podemos fazer uma ideia disso, pela citação de S. Paulo apóstolo, em uma de suas Epístolas: “a história de Sara e Agar é simbólica”[1]. “Cristo-Jesus dizia falar por meio de parábolas, a fim de que, ouvindo-o, não o entendessem”. Em outra passagem, S. Paulo, pedagogicamente, afirma: “aos pequeninos na doutrina damos leite; aos adultos, alimento sólido”[2]. Pelo exposto vemos que os livros mais profundos se constituem de “chaves” ou “mistérios” que vão sendo desvelados pelos seres humanos, na medida de sua iluminação interna.
Realmente, todas as coisas criadas devem ser consideradas de um duplo ponto de vista: espiritual e material. O Cristão-cientista leva evidente vantagem na compreensão de tudo, porque tem essa visão global. Ele sabe que o plano espiritual é o mundo das causas e o material, o dos efeitos. A visão do materialista é parcial e defeituosa, sendo amiúde induzido a erros. Também o Cristão místico muitas vezes se engana, porque dedica pouca atenção às leis da matéria. O ideal é a fusão da Ciência, Religião e Arte, ensinada pela Fraternidade Rosacruz e conducente a uma compreensão integral, una, coerente, dos aspectos externo e interno, do micro e do macrocosmo.
Que os Mundos espirituais são os das causas e o Mundo material, o dos efeitos, não há dúvida. Podemos comprová-lo a cada passo. O ser humano, racional que é, nada faz que não seja precedido pelo pensamento, pelo planejamento. Tudo o que existe ao nosso redor nasceu primeiramente de um pensamento, que era invisível a todos, menos a seu criador. O início do Evangelho de S. João, o mais profundo e misterioso dos quatro, afirma que “tudo nasceu do Verbo”[3] e tudo o que vemos manifesto, inclusive nós, é carne provinda do Verbo.
No mundo mental, a Hierarquia Zodiacal de Sagitário, os Senhores da Mente, já em estado criador são os responsáveis pela formação dos quatro Reinos em evolução. Eles nos deram o germe da Mente e nos ajudam a desenvolvê-la. Nesse plano, consideram nossa evolução e Epigênese admitindo nossa interferência na formação de nossos futuros corpos e do ambiente em que vamos renascer, quando ainda estamos na vida antenatal.
De cada coisa criada – nossos veículos, os de um determinado animal, vegetal, um continente – há naquele plano mental um molde vivente, chamado Arquétipo, que é a origem vibratória que modela e sustenta as coisas manifestadas. Tais Arquétipos têm, cada um, determinado tempo de vibração, durante o qual a forma se mantém. Vencido esse prazo, deixa de vibrar e a forma se desfaz, porque a energia que a mantinha coesa se afasta, voltando à sua origem para formação de novos Arquétipos. É a morte física. Fica, todavia, na Memória da Natureza, uma gravação da forma criada, permitindo que, em qualquer tempo futuro, um Iniciado de quarto grau, como foi Max Heindel, possa verificar, na Região arquetípica do Mundo do Pensamento, os sucessos do passado, tais como foram e não como a história os relata.
Muitas vezes ocorre que uma coisa criada seja a combinação de vários Arquétipos. E muitas vezes um Arquétipo é modificado para que a forma, neste Mundo material, também o seja. É o caso, por exemplo, de certa região que sofra modificações, em virtude de uma erupção vulcânica. É o caso de todas as mudanças havidas através dos tempos no globo terrestre. Mas, as modificações, primeiramente, ocorrem no plano mental e depois no físico. É o mesmo que um indivíduo que, anos após haver construído sua casa, faz uma reforma e a modifica. Para isso ele modificou o primeiro planejamento, em sua Mente, atendendo a certas conveniências. Isso nos mostra como realmente “o que é em cima é como o que está embaixo”.
Esse preâmbulo é importante fundamento para o tema que nos propomos, sobre símbolos e emblemas.
Que é um símbolo? É a representação de uma verdade espiritual. É bem diferente de emblema.
Que é um emblema? É a combinação de certas ideias e coisas, de um ponto de vista material ou filosófico.
Nesta época de conquistas espaciais tem se falado como poderíamos fazer-nos compreender por habitantes de outros Astros ou de outros Sistemas Solares. Pois nós respondemos: através dos símbolos. Se projetarmos, por exemplo, um triângulo perfeito, damos imediatamente, a qualquer ser racional, deste ou de outros Sistemas Solares, a ideia de uma trindade em um. E por que entenderão? Porque somos todos, nós e eles, essencialmente Espíritos e o íntimo nos revela a significação do símbolo, não importa quão diferente seja nosso exterior do deles. Já o emblema, não; ele é o resultado do mundo fenomênico. Um brasão que represente um município, combinando ideias e coisas caracterizadoras dessa região, nada ou pouco dirá a um habitante de terras distantes, necessitando ser interpretado.
É verdade que também o símbolo, para ser compreendido com certa profundidade, deverá ser interpretado por pessoa competente. Mas, os significados do símbolo encontram eco em nosso interior, provocam certas vivências internas, reações espirituais, porque nosso íntimo reconhece algo familiar, que está sendo gravado em nossa persona ou natureza humana. O emblema já não provoca essa correspondência interna. No máximo, atende a certa correlação lógica de coisas e fatos. Às vezes, nem isso, como é o caso da pintura moderna, em que as representações exprimem uma indefinida vivência de seu criador.
A cruz é um símbolo. Ela corresponde a um conjunto de Arquétipos e de verdades pré-existentes. O madeiro inferior, partindo de baixo para cima, é uma expressão do reino de vida vegetal, porque as forças vitais mantenedoras do reino vegetal se exteriorizam, de dentro do Globo para a periferia, das raízes para as copas. O madeiro horizontal simboliza o Reino de vida animal, porque as forças espirituais mantenedoras desse Reino transitam pela superfície da Terra, passando pela espinha dorsal dos animais. Nenhum deles, por isso, pode manter-se durante muito tempo em posição vertical, pois morreria por falta desse influxo do Espírito-Grupo. O madeiro superior corresponde ao Reino de vida humano, porque as forças espirituais que se infundem em nós, vêm de cima para baixo. Assim, a cruz, fixada no solo mineral, é um conjunto de Arquétipos correspondentes aos quatro Reinos atualmente em evolução na Terra. Representa, igualmente, o conjunto instrumental do ser humano, a série de Corpos pelos quais atualmente se expressa: o Corpo Denso (o solo em que se fixa a cruz, o mundo em que evolucionam os elementos de que ele se formou), o Corpo Vital (o madeiro inferior, a capacidade etérica de metabolismo, procriação, capacidade sensorial, calor e circulação sanguíneos, memória), o Corpo de Desejos ou emocional (madeiro horizontal, capacidade de movimento, instintos, desejos e emoções) e veículo Mente (madeiro superior, laringe em vertical, influxo espiritual de cima para baixo, capacidade racional).
Dentre os materiais que Max Heindel recebeu dos Irmãos Maiores, para fundação da Fraternidade Rosacruz, está o símbolo da Cruz e das Rosas. Consiste numa Cruz trilobada e branca sobreposta a uma Estrela Dourada de cinco pontas. No centro da Cruz há uma rosa branca, rodeada por uma quase coroa de sete rosas vermelhas.
Já vimos o simbolismo da Cruz. É uma realidade arquetípica ter uma correspondência no Mundo do Pensamento Concreto. A cruz representa a cadeia completa de veículos pelos quais se expressa o gênero humano. Representa, igualmente, os quatro Reinos em evolução na Terra. As razões já foram explicadas.
As rosas simbolizam os Centros sensoriais do Corpo de Desejos, os pontos de percepção que devem ser despertados em nosso Corpo de Desejos. São faculdades latentes adormecidas, cujo despertar corresponde ao desabrochar das rosas das virtudes. O ser humano é uma planta invertida. A planta recebe o alimento pelas raízes e o encaminha para cima. O ser humano o toma em cima, pela boca, e o dirige para baixo. Os órgãos geradores da planta são a flor, coisa bela que deleita a quem a vê; que inspira o artista. A geração é feita castamente, sem paixão. O ser humano tem seus órgãos geradores em baixo e os esconde com vergonha. Seu ato gerador é mesclado de paixão. Desse modo, a flor simboliza um ideal de pureza que o ser humano deve alcançar um dia, quando haja sublimado seus instintos e dirija a força sexual criadora à cabeça, para despertar os dois centros sensoriais situados no crâneo.
Surge, então, a Clarividência, a iluminação, e a cabeça se converte numa auréola de luz, cuja haste etérica desce pela laringe, como autêntica flor espiritual. Nos trabalhos da Fraternidade Rosacruz, o Oficiante (o Estudante Rosacruz que está oficiando o Ritual do Serviço Devocional) sempre se dirige aos presentes com a saudação “que as rosas floresçam em vossa cruz”. É o desejo que ele expressa de que essa iluminação interna se realize em cada Aspirante à vida superior. Os ouvintes retribuem dizendo: “E na vossa também!”. As rosas são vermelhas, não o vermelho da paixão do sangue venoso, senão a expressão de energia pura. A rosa branca do centro é a súmula, a síntese das cores, o símbolo da Unidade de nossas virtudes.
Quando Max Heindel concebeu esse símbolo sob orientação dos Irmãos Maiores, sendo um Iniciado que havia atingido a Região Arquetípica do Mundo do Pensamento Concreto, sabia que ele correspondia a uma realidade espiritual com força interna para suscitar, no íntimo de quem o vê, uma mensagem de regeneração, um convite à elevação, algo que faz bem a nossa Alma. Não deve, pois, ser alterado em nenhum de seus detalhes, porque a forma mental de um emblema (pois não seria um símbolo) semelhante seria atraída ao Arquétipo verdadeiro, pela similitude vibratória da forma, provocando desarmonias no ideal de quem o criou.
Pelo exposto podemos compreender que os verdadeiros símbolos têm raiz espiritual e só podem ser transmitidos por um Iniciado. Aquilo que os neófitos criam para representar a mensagem que desejam transmitir a seus companheiros é apenas emblema, sem força de gerar em nossa alma os impulsos vibratórios induzidos dos Mundos internos. É por isso que os Evangelhos dizem: “Não temos outra autoridade senão a que recebemos dos céus; não precisamos combater nada; o que vem de Deus subsiste; o que vem do ser humano, logo passa”. “Mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6; 33).
Dessa fonte interna, quando começa a jorrar, é que provém a inspiração, a intuição, o magnetismo que atrai o poder de comunicar a ideia, a capacidade de congregar seres humanos e esforços.
A força comunicada pelos símbolos é que tem eternizado o Cristianismo. A força da Religião antiga judaica, transmitida por Moisés, igualmente residia nas coisas ocultas. O Tabernáculo no Deserto com suas dimensões, formas e finalidades era um símbolo do universo, do mundo e do ser humano. Por isso ainda se conserva o Antigo Testamento, que, junto ao Novo Testamento, constitui o mais completo documento evolucionário jamais dado à Humanidade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1968 – Fraternidade Rosacruz – SP)
[1] N.R.: Gl 4:24
[2] N.R.: ICor 3:1-3
[3] N.R.: Jo 1:1
O renascimento, para muitos, é apenas uma ideia ridícula e fantástica sobre aqueles que faleceram e retornaram em alguma forma grotesca ao Reino animal ou vegetal. Isso ocorre, sem dúvida, devido ao antigo ensino de Confúcio que, mais tarde, infelizmente foi mal interpretado. Nenhum verdadeiro seguidor de Confúcio alguma vez acreditou nisso, pois Confúcio nunca ensinou que sua avó pudesse reencarnar em uma vaca, um gato ou repolho. Somente aqueles que, em sua ignorância, riem dele pensam que os “chineses pagãos” admitam tal absurdo. Ele, de fato, acreditava na involução, a transferência de poder para um nível inferior e na evolução; que o mal da Humanidade se transformará em seres inferiores e o bem evoluirá para seres superiores.
Toda a criação evoluiu de uma substância — Deus. O fundamento da criação é o átomo da vida. Se toda a criação é construída a partir de átomos idênticos, como podemos explicar as diferentes formas que eles assumem? Em primeiro lugar, porque foi predeterminado pelo Criador. Mas essa explicação dificilmente basta.
Não há coisa alguma no universo que não tenha vida. Até o pavimento debaixo dos pés tem vida. Se não tivesse, não se desintegraria. Não há nada sem vida, sem vibração; porque vida é vibração e vibração é vida. A taxa de vibração de um determinado átomo depende da variedade de outros átomos que ele atraia para si e, portanto, da forma que ele assumirá.
Da inclinação do polo de um átomo (toda vida tem polo positivo e negativo) depende sua taxa de vibração. E a inclinação de seu polo depende do tempo que empregou em sua evolução. Portanto, os átomos que compõem o reino mineral tiveram o menor tempo em evolução e os do reino humano, o ser humano, o mais longo.
Contudo, a Bíblia nos diz que o ser humano foi criado por último. Verdadeiro. Não há qualquer coisa na Bíblia que não seja verdadeira, e literal, quando interpretada de maneira inteligente. A Bíblia e a afirmação de que o ser humano foi criado primeiro não estão em desacordo. Ambas estão corretas.
No início da primavera, plantamos o bulbo do açafrão. Em algumas semanas ele cresce, floresce, cai e murcha; mas, a rosa que deve florescer aproximadamente um mês depois do açafrão, nós devemos plantar no outono anterior. Portanto, a rosa é criada primeiro porque nós a damos à terra primeiro e é criada por último, nasce, porque é quando atinge a maturidade do seu último desenvolvimento.
Assim, como um pensamento Divino, um princípio Divino, uma vibração Divina, um átomo Divino, o ser humano foi criado primeiro; contudo, o ser humano como o conhecemos, plenamente desenvolvido, com posse mais ou menos consciente de todos os seus sentidos, faculdades e corpos, como um átomo atraindo para si um certo número de todos os átomos existentes, porque o ser humano é feito à imagem de Deus e Deus é tudo em tudo — tal ser humano foi criado por último do mesmo jeito que a rosa ostenta sua flor por último.
A ciência frequentemente chama a atenção e força a convicção em que os pensamentos mais elevados não conseguem. Vamos pegar como exemplo uma descoberta, o elemento químico rádio, para ilustrar o princípio do renascimento.
A força do elemento rádio não está no próprio elemento rádio, mas na emanação, ou gás, que a ciência extraiu dele. O ser humano é um átomo como o elemento rádio; um átomo composto. Ele é composto em maior grau apenas porque tem mais tempo de evolução, pois o elemento rádio também é composto. Se o elemento rádio não fosse composto, as emanações não poderiam ser separadas dele. Um processo natural no universo, a separação dos corpos superiores do ser humano do Corpo Denso, a chamada morte, pode ser comparada à separação do elemento rádio, pela ciência, das suas emanações.
O elemento rádio, do qual as emanações foram inteiramente extraídas, não seria diferente do elemento chumbo, a substância mais inerte conhecida na natureza. Essa substância, abandonada à natureza, iria se desintegrar em elementos. A isso pode ser comparada a desintegração do Corpo Denso do ser humano.
Contudo, o elemento rádio, diferentemente dos Corpos Densos, é precioso demais para ser abandonado à desintegração. A ciência o usa repetidamente, com novas emanações de átomos de vida regressando a ele. A ciência nunca fez e nunca poderá fazer algo fora dos limites naturais ou que seja contrário às Leis da Natureza. Mas, e por outro lado demonstra leis desconhecidas para ela. Assim, ela provou conclusivamente o retorno da vida à matéria. Da mesma forma, o princípio superior do ser humano deve renascer num Corpo Denso.
Mas o que acontece com as emanações ou átomos de vida, depois que eles saem do elemento rádio? Eles se unem ao Éter planetário. Os corpos superiores do ser humano vão para os Mundos Celestiais. O ser humano espiritual (Corpo de Desejos, Mente e o Tríplice Espírito) tem a mesma relação com os gases do elemento rádio, nos Mundos Celestiais, que o ser humano físico (Corpo Denso e Corpo Vital) tem com os minerais do elemento rádio, no mundo material (Mundo Físico).
Assim, o Criador está desenvolvendo TODA a criação para a perfeição suprema; as mesmas Leis da Natureza, perfeitas, inalteráveis e predeterminadas, governam um único átomo de vida ou um universo, o elemento rádio ou um ser humano, um sapo ou uma borboleta, um riacho ou as pedras sobre as quais ele balbucia. Cada um e todos têm o seu valor relativo e, como tal, todos e cada um devem alcançar sua perfeição relativa. Infelizmente, isso é difícil para algumas pessoas compreenderem — o Senhor da Criação deles fazendo leis apenas para quebrá-las por favoritismo ou falta de normas, influenciando Sua soberania.
Todas as Religiões ou doutrinas religiosas credenciadas, sejam antigas ou modernas, incorporam o princípio do renascimento; no entanto, originalmente divino, ele tem sido desvirtuado para atender às necessidades de credos e dogmas criados pelo ser humano.
A moderna doutrina ortodoxa é um bom exemplo. Aqui encontramos o princípio da ressurreição, mas ele não convence as Mentes lógicas e racionais de que ao som de trombetas os corpos que se tornaram pó e do pó sejam restaurados inteiros e perfeitos para as almas dos mortos neles reentrarem; nem convence de que de uma vasta multidão concebida em pecado e com apenas uma chance de se redimir, Deus salvará uns poucos escolhidos para habitar eternamente em uma Terra glorificada, jogando o restante na escuridão externa e no tormento eterno. Uma concepção assustadora de um Pai amável e gentil! E um equívoco terrível de uma grande e fundamental Lei da Natureza.
Aqueles que realmente mostram o caminho para sairmos da ignorância e das trevas e chegarmos até o conhecimento e a luz não pedem a nenhuma pessoa íntegra e racional que a alma humana aceite algo apenas pela fé ou por alguém ter afirmado. A Verdade, toda a Verdade e nada mais que a Verdade pode ser CONHECIDA se, por livre arbítrio, for buscada para poder ser vivenciada.
(Traduzida da Revista Rays From The Rose Cross de agosto de 1915 pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
O renascimento é a única explicação lógica da existência física. Não só nos fornece uma concepção lúcida das várias discrepâncias da vida, mas, também, fornece um objetivo ou um propósito para nós, sem o qual todo o Esquema de Evolução se tornaria inútil e irrisório. Ninguém que, testemunhando as gloriosas maravilhas da natureza, poderia imaginar que um Criador com uma visão de amplitude e magnitude em projetar um universo tão vasto, o povoaria com pequenas marionetes, cuja única percepção d’Ele seria o medo, e o único tempo de vivência na terra seria meros, mais ou menos, setenta anos; na verdade, na maioria dos casos consideravelmente menos tempo ainda. E tão pouco Sua única “Palavra” poderia ser um registro que está inserido na Bíblia. É certo, não obstante, que encerra muitos conhecimentos ocultos inestimáveis. Esses conhecimentos se acham, em grande extensão ocultos, devido às interpolações e interpretações “tendenciosas”. As traduções da Bíblia não podem ter escapado do duvidoso reconhecimento da mutilação nas mãos da Religião e do Estado; embora, essas traduções foram e são agora pregadas literalmente pelos irmãos devotos de inúmeras seitas, e que são consideradas inquestionavelmente autênticas pelas multidões, que não têm a inclinação de estudá-las por vontade própria. É de admirar que o objetivo dessa existência física seja perdido no pântano do mal-entendido? E que o credo de que só o mais forte e o que teve mais sucesso se salvará é o fator dominante da civilização moderna? Afinal, para aprendermos o real significado do que está na Bíblia é indispensável estudarmos e aplicar o Cristianismo Esotérico, tal como preconizado pela Fraternidade Rosacruz.
Como podemos esperar que milhões de pobres trabalhadores, labutando seu dia dentro e fora de casa por um salário insignificante, que mal dá para cobrir suas necessidades corporais, desgastadas pelas doenças e enfermidades, possa amar e reverenciar um Deus que, por intermédio de suas “religiões”, não dá uma resposta satisfatória ao seu grito eterno de “Por quê”?
Eles são orientados a orar, mas eles são ensinados como orar? Não; e a única resposta dos responsáveis pela direção desses tipos de movimentos espirituais aos buscadores sinceros é: “É a vontade de Deus; não devemos questionar isso”. Assim, podemos imaginar que as pessoas se voltem apenas aos prazeres materialistas para se consolar, e se submergem nas alegrias superficiais que as invenções modernas os podem oferecer? No entanto, a explicação é tão simples: as leis gêmeas de Causa e Efeito que até mesmo a mentalidade mais infantil pode entender, e a seguindo pode ganhar paz mental e quietude. Essa verdade irá sufocar os rebeldes dissabores que assediam nossas Mentes e nos conduzem silenciosa, mas seguramente ao longo do caminho rumo à perfeição.
A vida não é mais do que uma escola na qual nós, os Egos, nos manifestamos por meio de um conjunto de veículos, aprendendo lições que, com o tempo, nos tornam dignos de pertencer ao Deus-Pai, nosso Criador. É somente renascendo e renascendo novamente nesta esfera física que podemos acumular experiências empíricas que resultam em um completo desenvolvimento físico, mental e espiritual. Seria possível prever que um indivíduo fizesse isto num corpo de 60 anos? Não seria razoável que ele esperasse e levando em consideração as limitações do ambiente, potencialidades mentais, etc., é impossível. Contudo, aqui é onde a verdade do renascimento é capaz de provar, conclusivamente, sua argumentação de autenticidade. Como estudamos na Bíblia: “Como semeastes, assim colhereis”[1], e é exatamente isso que significa a Lei de Causa e Efeito. Nenhum de nós pode receber da vida nada mais além daquilo que depositamos, e assim, todos nós descansamos inteiramente nas condições e circunstâncias que deveremos reencarnar aqui: como semeamos nessa vida, assim colheremos na próxima.
Quando herdamos um Corpo Denso defeituoso, não é necessário culpar nossos antepassados, pois só podemos criar seu habitat em um corpo que nós mesmos aprendemos a construir e controlar. Os pais fornecem os materiais que nós precisamos e os utilizamos da melhor maneira possível. Se construímos um Corpo Denso com um mecanismo defeituoso para esta vida, podemos concluir que os erros de uma vida anterior nos limitaram a isso, de uma mentalidade pobre, físico fraco ou é mostrada qualquer que seja a falta. Nada é feito sem uma causa justa, pois essa Lei é muito precisa e não conseguiremos ludibriá-la. Qualquer esforço colocado em determinada coisa, colheremos sua recompensa; agora ou mais tarde; portanto, hábitos vividos e pensados erroneamente também terão sua avaliação a semelhantes casos.
Assim, podemos ver do que foi exposto, que as condições do mundo de hoje são o resultado de nossos esforços coletivos passados, e o que está por vir, está sendo criado agora por nós. Nós, e somente nós, somos os únicos culpados pelas circunstâncias angustiantes pelas quais todos nós estamos passando, e quando percebermos esse fato, mesmo que por razões egoístas, o incentivo virá como segurança coletiva no futuro.
“Eu sou um Deus justo”[2], afirma a Bíblia, e o renascimento é visto a partir da concepção, sendo ela verdadeira em todos os sentidos. A culpa recai sobre nós, cujo ponto de vista é tão estreito que requer uma ideia restrita do grande plano, e vendo somente uma parte dele, erroneamente concluímos que não há justificativa para as nossas provações e tribulações, ou mesmo aceitar nossas misérias ou alegrias sem questionar.
Esse é apenas um breve esboço dessa grande verdade, concluindo que até que o conhecimento do renascimento seja compreendido e aceito, a Fraternidade Universal só pode ser um ideal abstrato, em vez de uma realidade concreta.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro/1940 – traduzida pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: Mt 13:3-9
[2] N.T.: Rm 1:17, Sl 103:6, Dt 32:4