Arquivo de categoria Método e Leis cósmicas que regem a evolução

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Palavra-chave do Cristianismo

Quando Cristo esteve diante de Pilatos, esse Lhe fez uma pergunta que tem sido feita por todas as eras desde que o ser humano começou a buscar conhecimento sobre o problema cósmico, a saber: o que é a verdade? A Bíblia responde à pergunta dizendo que “Tua palavra é verdade[1]. E, quando nós nos voltamos para o maravilhoso capítulo místico do Evangelho Segundo S. João, lemos que “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus; sem Ele nada do que se fez teria sido feito, n’Ele estava a Vida[2]. Assim sendo, temos um maravilhoso alimento para meditação a partir desses significados e relações de sinonímia entre as palavras Verdade, Deus e Vida.

Um grande obstáculo para a maioria dos que buscam a verdade é que eles procuram encontrar uma fé que seja entregue “de uma vez por todas”, completa e imutável. Falham em ver que a Verdade é a Palavra de Deus. A primeira sílaba do cecreto criador foi proferida no início da Evolução e cada uma das suas palavras, desde então, tem soado para nossa elevação, como as palavras de uma frase que lentamente revelam o significado projetado pelo orador.

A palavra-chave de todo avanço ainda está soando, toda a Palavra não terá sido proferida, a sentença não estará completa e a Verdade, revelada a nós em Sua plenitude, até que nossa própria carreira de desenvolvimento espiritual nos tenha dado o poder de espírito necessário para entender a Verdade final.

Logo, vemos que a grande Palavra criadora da Verdade e da vida está reverberando no universo, hoje, mantendo e sustentando tudo o que é e está nos revelando a medida tão grande da Verdade quanto agora somos capazes de compreender. É dever nosso procurar entender essa Verdade divina da melhor maneira possível, para que possamos vivê-La e nos encaixar no Plano divino; também devemos manter nossas Mentes em um estado de flexibilidade para que, à medida que visões maiores e mais nobres da Verdade se desdobrem diante de nossos olhos espirituais, possamos estar preparados para assumir o novo, deixando o velho para trás, como o Náutilos mencionado por Oliver Wendell Holmes, que constrói sua pequena câmara, então uma um pouco maior e assim por diante, até que finalmente deixe a casca superada e parta a uma nova evolução. Portanto, que esse também seja nosso o esforço:

Edifica-te mansões mais imponentes, ó minha alma:

Enquanto as estações velozes rolam!

Deixe seu passado abobadado!

Que cada novo templo seja mais nobre que o anterior,

Cale-te do céu com uma cúpula mais vasta,

Até que tu finalmente estejas livre,

Deixando tua concha superada pelo mar inquietante da vida!

Em cumprimento a essa política divina de adequar a Verdade à nossa capacidade de compreensão, diferentes Religiões foram fornecidas à Humanidade em vários momentos, cada uma adaptada àquela classe específica de pessoas que devessem crescer com ela. Para os chineses veio o confucionismo; aos hindus foi ensinada pela primeira vez a doutrina da Trindade na Unidade: Brahma, Vishnu e Shiva — o Criador, o Preservador e o Destruidor eram aspectos de uma Deidade que a tudo incluía, análoga ao nosso próprio Pai, Filho e Espírito Santo. Depois veio o budismo, que tem sido chamado de Religião sem Deus, porque enfatiza particularmente a responsabilidade do ser humano por suas próprias condições.

Não pergunte algo aos deuses indefesos com oração ou hino,

Nem os suborne com sangue, nem alimente com frutas ou bolos.

Dentro de vocês, a libertação deve ser buscada,

Cada homem que sua prisão faz,

Cada um tem poderes como os mais altos,

Não com deuses ao redor, acima, abaixo,

E com todas as coisas e tudo o que respira

Aja com alegria ou desgraça.

Como o hinduísmo afirma a existência do poder divino acima do indivíduo, o budismo afirma a divindade do próprio ser humano. Também descobrimos que Moisés, o líder divino que guiou seu povo para a mesma conquista, enfatizava isso de maneira semelhante, no chamado “Cântico de Moisés”, em que chama a atenção (dos hebreus) para o fato de que já tinham sido liderados pelos poderes divinos, mas depois receberam a escolha, a prerrogativa de poder moldar seu próprio destino. Contudo, ele também lhes disse que seriam responsabilizados pelas consequências de seus atos sob as leis outorgadas por seu governante divino, mas daí em diante invisível. Gradualmente, outras Religiões evoluíram no Egito, Pérsia, Grécia e Roma; também os países escandinavos do Norte receberam um sistema Religioso, prenunciando em grande parte a Religião mais recente e sublime de todas; a saber, a Religião ocidental — o Cristianismo.

Acabamos de celebrar o final do drama cósmico, que se repete anualmente; sendo seu começo o nascimento místico do Cristo no Natal e a morte mística na Páscoa, o seu fim. Pouco antes do ato final do drama, a crucificação, como retratada nos Evangelhos, encontramos o Cristo participando da Última Ceia com Seus discípulos. Afirma-se que Ele pegou o pão, partiu-o e lhes deu para comer, dizendo: “Este é o meu corpo.”[3]. Ele também pegou o “vinho” e todos beberam do sangue místico. Então veio a injunção que iremos observar particularmente: “Façam isso em memória de mim, até que Eu venha.[4].

Ele também afirmou isto e, neste mandamento, depositou a base do Cristianismo: “Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o coração, toda a mente e ao próximo como a ti mesmo.[5]. É fácil ir à mesa do Senhor nos domingos para “comer ou beber” com Ele; no entanto e, infelizmente, quão difícil é carregar Sua cruz na segunda-feira, negando a nós mesmos para servir e ajudar os outros. Agindo assim, mais do que merecemos a acusação do poeta: “A desumanidade do ser humano para com o ser humano produz incontáveis lamentações”.

A pergunta “O que é o amor?” parece difícil de responder. O maravilhoso 13° Capítulo da Primeira Carta de S. Paulo aos Coríntios [6] nos fornece uma ideia; porém, é bastante abstrata e, logo, precisamos de algo mais concreto para que possamos trabalhar e trazer a nossas vidas. Tomemos, portanto, como ilustração o amor fraterno em uma família. Nela, os filhos podem ser até dos mesmos pais e, portanto, pertencem a um relacionamento real de sangue entre irmãos. Dentro do círculo familiar podemos encontrar um excelente material para nos orientar em relação ao círculo maior da comunhão humana.

Uma das evidências mais impressionantes é que, embora, às vezes, irmãos e irmãs discordem e briguem entre si, o amor ainda permanece e eles defenderão alguém da família, se ofendido, tão prontamente quanto qualquer outro também da família. Quando um é atacado, parece agir como apelo ao resto para se reunir ao resgate e sempre fazem isso, em uma família normal. Se um membro da família comete ato vergonhoso, seus irmãos e suas irmãs não o publicam nem se alegram com o seu infortúnio, procurando, contudo, encobrir seu erro e achar justificativas, porque sentem uma unidade com ele.

Assim também nos sentiríamos em relação à família maior, se estivéssemos imbuídos do senso Cristão de amor. Procuraríamos desculpar os erros daqueles que chamamos de criminosos, ajudá-los, reformar e não retaliar; além disso, deveríamos sentir que sua desgraça também é, em realidade e verdade, parcialmente nossa. Quando um de nossos compatriotas consegue um feito notável, sentimos que temos o direito de desfrutar de suas honras. Apontamos com orgulho para todos os filhos notáveis ​​da nossa nação e, em nome da consistência, sentimos vergonha daqueles que falharam devido às condições da família nacional, já que somos verdadeiramente responsáveis ​​por sua queda, talvez até mais do que pelas honras daqueles que as alcançaram.

Na pequena família, quando um dos membros mostra talento, geralmente, todos se unem para lhe dar a oportunidade e a educação que os desenvolverão, pois todos são motivados pelo verdadeiro amor fraterno. Nós, da família nacional, geralmente obstruímos e sufocamos os precoces sob o calcanhar da necessidade econômica de ganhar a vida. Não lhes deixamos espaço para a realização. Oh! Que possamos entender nossa responsabilidade nacional e procurar, por meio de comissões, nossos irmãos e nossas irmãs mais novos que sejam talentosos em qualquer direção, para que possamos promover seus talentos visando ao eterno bem-estar da Humanidade, bem como socorrer aqueles que agora pisoteamos como criminosos.

Mas, o amor não consiste em doações indiscriminadas. Também leva em consideração o motivo por trás dos presentes. Muitas pessoas alimentam o vagabundo na porta dos fundos, porque as deixa desconfortáveis pensar que um humano esteja com fome. Isso não é amor! Às vezes, de fato, pode ser um grande ato de amor justamente recusar comida aos mendigos — mesmo que soframos ao pensar em sua atual situação —, se o fizermos com o objetivo de forçá-lo a procurar trabalho e se tornar um membro útil da sociedade. A indulgência com os maus hábitos em pessoas sem discriminação pode realmente levar um irmão ou uma irmã ao caminho descendente. Pode ser necessário, mesmo que desagradável e inoportuno, impedir que tais pessoas sigam desejos tolos. O ponto é este: independentemente do que nossas ações possam parecer, sob o ponto de vista superficial, devem ser ditadas pela palavra-chave do CristianismoAmor. Por falta disso, o Cristianismo Popular está definhando. A “luz sobre o altar” está quase apagada, pois muitos foram procurá-la em outro lugar.

Aí reside outro erro grave, pois tal conduta é análoga à da tripulação de um navio que afunda e demora para usar os meios disponíveis para o navio e/ou as pessoas que estão embarcadas. Está certo buscar a luz, mas deve haver o propósito de usá-la adequadamente. Você já esteve perto de uma ferrovia, em uma noite escura, e viu um trem se aproximando? Notou como o farol brilhante envia seus poderosos raios à frente da pista por uma grande distância? Como, quando se aproxima, esses raios cegam aos olhos? Como passa rápido e então, num momento, você está na escuridão total? A luz que brilhava tão forte na frente não envia o menor raio para trás e, portanto, a escuridão parece ainda mais intensa.

Há muitas pessoas que buscam a luz mística e adquirem bastante iluminação; entretanto, como o motor da locomotiva mencionada, elas se concentram e focalizam a pista que elas mesmas devem seguir. Tomam todo o cuidado possível para que nenhum raio se desvie desse caminho, para que todo vestígio de luz possa ser aproveitado e iluminar seu próprio caminho. Trabalham exclusivamente a este propósito: atingir poderes espirituais para si próprios. Estão tão concentrados nesse objetivo que nunca suspeitam da escuridão intensa que envolve todo o resto do mundo.

No entanto, Cristo ordenou que deixássemos nossa luz brilhar, que a colocássemos, como uma cidade, sobre a colina para que ninguém pudesse deixar de ver; para nunca a escondermos debaixo de uma mesa, mas sempre deixá-la iluminar nosso arredor, até onde seus raios chegassem. Somente na medida em que seguimos essa ordem, somos justificados para buscar a luz mística. Nunca devemos manter um único raio para nosso uso particular, mas nos esforçar, dia após dia, para nos tornar tão puros que não haja obstrução à divina luz interior, que ela possa fluir através de nós em sua plenitude para toda a família humana, que está sofrendo por falta de Luz e Amor. Muitos de fato são chamados e poucos são escolhidos. Levemos isso a sério, sendo muito zelosos por Cristo em todos os nossos tratos e nossas ações, para que realmente sejamos escolhidos: selecionados para fazer Sua obra de Amor.

(Por Max Heindel, publicado na Revista Rays from the Rose Cross de julho de 1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Jo 17:17

[2] N.T.: Jo 1:1-4

[3] N.T.: Mt 26:26

[4] N.T.: Lc 22:19

[5] N.T.: Mt 22:37

[6] N.T.: 1Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse amor, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine.2Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu nada seria. 3Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, isso nada me adiantaria. 4O amor é paciente, o amor é prestativo, não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. 5Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. 6Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. 7Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8O amor jamais passará. Quanto às profecias, desaparecerão. Quanto às línguas, cessarão. Quanto à ciência, também desaparecerá.9Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. 10Mas, quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. 11Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. 12Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. 13Agora, portanto, permanecem a fé, a esperança, o amor, estas três coisas. A maior delas, porém, é o amor.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Mundo do Som

Mundo do Pensamento é conhecido como o Mundo do Som.

Quando se diz que o Segundo Céu, que está localizado dentro das Regiões do Mundo do Pensamento Concreto, é o Mundo do Som, não se deve pensar que nele não haja cores. Para muitos de nós, sabemos que há uma relação muito íntima entre a cor e o som; pois, quando se toca certa nota gera-se, simultaneamente, a cor que lhe corresponde.

Portanto, podemos dizer que no Mundo Celeste a cor e o som estão presentes ao mesmo tempo, mas, é o som que origina a cor.

Por isso se diz que o Mundo do Pensamento é especialmente o Mundo do som, e esse som é que constrói todas as formas do Mundo Físico.

O Som é de suma importância, pois, graças a ele os mundos foram criados, e por outro lado o Som é, particularmente, indispensável na vida do aspirante enquanto caminha no desenvolvimento espiritual. A expressão máxima do som em nosso Mundo Físico, vamos encontrar quando cantamos um dos Hinos Astrológicos Rosacruzes que é Harmonia Cósmica (Touro) quando o Sol transita pelo Signo de Touro que diz: “Pelo som da Palavra, este mundo apareceu. Da harmonia alegre e pura, a matéria o caos rompeu…”. Outro ponto também é na música pura e elevada. Pois, de todos os milhões de pessoas que povoam a Terra, pouquíssimas são capazes de compreender a música em sua essência primitiva. Pelo contrário, a maioria prefere ritmos sensuais.

O músico pode ouvir certos sons em diferentes partes da Natureza, tal como o do vento no bosque, o rumor das ondas quebrando nas praias, o bramido do oceano e o ruído sonoro das águas. A combinação de tais sons forma um todo que é a nota-chave da Terra, seu “tom”.

Todo Aspirante à vida superior deve cultivar o gosto pela boa música, se não tocar um instrumento, ouvindo frequentemente a mais elevada que os grandes compositores (aqueles que produziram obras em que a harmonia, a melodia e o ritmo estão alinhados com as superiores vibrações do Mundo do Pensamento) nos transmitiram.

Então, todas as formas que vemos em torno de nós são figuras cristalizadas de sons produzidos pelas forças que atuam nos arquétipos no Mundo Celeste.

No Mundo Físico, o som morre logo que nasce. No Primeiro Céu (no Mundo do Desejo), porém, esses ecos são muito mais formosos e permanentes, daí o músico poder ouvir, ali, os mais doces acordes que jamais ouviu em toda sua vida terrena. O ser humano percebe a música através do mais perfeito órgão dos sentidos do corpo humano.

Tal como a luz, o som pode refletir-se, como o sabemos pelo eco: o reflexo múltiplo das ondas sonoras que produz a reverberação do som nos grandes auditórios.

É através do som e da cor que trabalhamos sobre os Arquétipos da Terra, do mar, na flora e na fauna, provocando mudanças que gradualmente alteram a aparência e a condição da Terra, e assim proporcionam um novo ambiente, feito por nós mesmo, quando colheremos nova experiência na próxima vida.

Entendamos mediante dois exemplos, como as vibrações ou o som no Mundo Celeste (Mundo do Desejo e Mundo do Pensamento) pode traduzir em efeitos concretos para o ser humano.

Primeiramente, a oração é um auxílio que, dito conscientemente, produz vibrações, tudo de acordo com o som utilizado. Esses sons reduzem as vibrações negativas e produzem um ritmo suave da mesma natureza que você deseja obter do “alto”. É por isso que a nota repetida várias vezes pode produzir um efeito de vida ou morte.

O outro é referente à história do Antigo Testamento sobre a batalha de Jericó, que diz que o som emitido por trombetas feitas de chifre de carneiro fez com que as muralhas da cidade desabassem enquanto os artistas marchavam pela cidade.

Assim, podemos concluir que a cor e som estão simultaneamente presentes, mas o som (como já foi dito) é que origina a cor. Por isso, podemos ver a importância do som, sob cujo impulso os mundos foram criados; é um aspecto particularmente indispensável na vida do aspirante no Caminho da Realização.

Como dissemos anteriormente, há uma relação muito íntima entre Cor e Som nos Mundos invisíveis, até porque sabemos que o Som origina a Cor. E numa Carta aos Estudantes de Max Heindel (intitulada: Mensagem Mística do Natal) aprendemos que: “S. Paulo nos exortou a estarmos sempre preparados para dar uma razão à nossa fé, e há uma razão mística para as muitas práticas da igreja, as quais são transmitidas às gerações, desde a mais remota antiguidade. Em que mostra o costume do soar o sino quando a vela acende sobre o altar e essa prática foi iniciada por videntes espiritualmente iluminados para demonstrar a unidade cósmica da Luz e do Som. Fala também do badalo metálico do sino que traz a mensagem mística de Cristo à humanidade, tão claramente hoje como da primeira vez que Ele anunciou o amoroso convite: ‘Vinde a Mim todos os que estão cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei’ (Mt 11:28). Portanto, o sino é um símbolo de Cristo.”.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Compassivos Seres

Hoje, pouco se sabe a respeito de Hierarquias ou Seres superiores que nos auxiliam em nossa evolução. Quando buscamos pesquisar o significado da palavra “compassivo”, nos deparamos com empatia e compaixão para com as pessoas que nos cercam, portanto, isso deve fazer parte do nosso dia a dia, quando o dever é expressar nosso amor e compaixão, mas de forma prática, isto é, ajudar nossos irmãos e irmãs que precisam de um sorriso, de um aperto de mão, de serem ouvidos e mais além, precisamos nos colocar no lugar deles em busca de uma mínima compreensão do que os outros estão passando, pois somos compassivos e sensíveis ao sofrimento alheio.

Esses “Compassivos Seres” são as Hierarquias Criadoras, que têm guiado a Humanidade no Caminho de Evolução desde o começo da nossa jornada, no início do Período de Saturno e, ainda estão ativas e trabalhando conosco para que sejamos capazes de alcançar uma realização individual de glória, honra e imortalidade. E a maneira mais eficiente de colaborarmos é servindo à Humanidade.

No Período Terrestre, que é o ponto em que nos encontramos no atual Esquema de Evolução, temos as seguintes Hierarquias Criadoras, as quais apresentam, para conosco, respectivamente, relacionamentos específicos de trabalho:

1) Hierarquia Criadora Senhores da Sabedoria – também chamada de Hierarquia Zodiacal de Virgem – São encarregados de nos ajudar no desenvolvimento do nosso veículo Espírito Divino. O Espírito Divino é a contraparte superior do nosso Corpo Denso;

2) Hierarquia Criadora Senhores da Individualidade – também chamada de Hierarquia Zodiacal de Libra – São encarregados de nos ajudar no desenvolvimento do nosso veículo Espírito de Vida. O Espírito de Vida é a contraparte superior do nosso Corpo Vital;

3) Hierarquia Criadora Senhores da Forma, também chamada de Hierarquia Zodiacal de Escorpião – São encarregados de nos ajudar no desenvolvimento do nosso veículo Espírito Humano. O Espírito Humano é a contraparte superior do nosso Corpo de Desejos;

4) Hierarquia Criadora Senhores da Mente, também chamada de Hierarquia Zodiacal de Sagitário – Nos ajudam a desenvolver o veículo Mente, que hoje é apenas uma nuvem sobre nossas cabeças;

5) Hierarquia Criadora dos Arcanjos, também chamada de Hierarquia Zodiacal de Capricórnio – São especialistas em trabalhar com materiais do Mundo do Desejo. Neste Período Terrestre exercem várias funções, dentre as mais destacadas: Espírito-Grupo dos animais (quando são responsáveis pela evolução de cada ser animal existente), Espírito de Raça, em que a função desses grandes Arcanjos é auxiliar Jeová na sua missão de orientar a humanidade. Sabemos que atualmente são poucos os seres humanos que necessitam desse tipo de segmentação. E outra função dos Arcanjos é nos ajudam a controlar o nosso Corpo de Desejos;

6) Hierarquia Criadora dos Anjos, também chamada de Hierarquia Zodiacal de Aquário. Neste Período Terrestre exercem várias funções, dentre as mais destacadas temos: Espírito-Grupo dos vegetais (em que são responsáveis pela evolução de cada ser vegetal existente), Anjos do Destino – também chamados de Senhores do Destino ou Anjos Relatores –  em que uma das funções é nos ajudar na escolha de nosso ambiente do próximo nascimento e dedicando que a cada vida o destino produza os necessários efeitos. E outra função não menos importante é a ajuda prestada a nós no manuseio do material etérico e

7) Hierarquia Criadora dos Espíritos Virginais da Onda de Vida Humana – o ser humano -, também chamada de Hierarquia Zodiacal de Peixes. E dentre os irmãos desta Onda de vida que nos ajudam em nossa evolução, podemos citar os Irmãos Maiores que escolheram ficar aqui para ajudar a humanidade.

 Isto nos faz lembrar que as sublimes Hierarquias Criadoras não descuram de nossa evolução, e, se bem que tenhamos o privilégio do livre-arbítrio, é bom ressaltar os limites dele, face, ainda, ao desconhecimento que temos, em boa parte, das Leis Divinas. 

Diante de toda essa maravilhosa ajuda que recebemos, o Aspirante à Vida Superior deve ter como foco: ajudar sempre, sejam quais forem as circunstâncias e ocasiões, mesmo diante de problemas graves e delicados. Por isso, a importância da constância em ajudar, ajuda essa sempre pautada pelo forte espírito de equipe, que significa, entre outras coisas, compreensão e desprendimento, fatores esses indispensáveis, se realmente queremos colaborar efetivamente neste belo trabalho iniciado pelos queridos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, que trabalham sempre, sempre em benefício da Humanidade.

Max Heindel nos deixa um grande exemplo que é jamais desistir quando tropeçamos. Pois sabemos que esse maravilhoso e sublime trabalho iniciado por esses compassivos seres, que nos ajudam e guiam na redenção da Humanidade e que, em momento algum, deverão sofrer arranhões, críticas, desconfiança, devido às nossas deficiências ou ignorância, quando deixamos o nosso eu inferior duvidar desse trabalho.

Só mediante a prática diária dos Ensinamentos Rosacruzes o Aspirante à vida superior conseguirá, em sua peregrinação, de modo muito seguro e efetivo, superar essas tramas do “eu inferior” e, sempre ter a oportunidade de retornar ao caminho reto. Pois, quanto mais buscamos nos alimentar do bem, por meio de pensamentos positivos e amorosos, maior será o brilho da luz que o Cristo Interno lançará para iluminar os nossos caminhos.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Mundo da Cor

Mundo do Desejo é o Mundo em que buscamos material para criar e expressar os nossos desejos, sentimentos e as nossas emoções superiores e inferiores. Para sermos capazes de fazer isso precisamos de um veículo apropriado, denominado Corpo de Desejos, formado com material desse Mundo. O Mundo do Desejo é especialmente o Mundo da Cor.

O desenvolvimento das cores sempre esteve em harmonia com a evolução humana. O mais primitivo dos povos não tinha senso de cor; ele estava ciente apenas das cores preta e branca, respectivamente. Hoje é possível ao ser humano comum ver muitas cores, só que, graças ao desenvolvimento de certas faculdades espirituais. Aqueles irmãos ou irmãs que possuem capacidade de explorar reinos internos veem neles muitas cores bonitas que são, atualmente, invisíveis para os nossos olhos físicos comuns, algumas delas apresentando-se muito requintadas para a sua descrição.

Por isso, sabemos que a cor tem uma grande importância na vida do Aspirante à vida superior porque ela é necessária vista em todo este ambiente material que nos rodeia.

Poucas pessoas, no entanto, sabem que à medida que a visão humana se sensibiliza e se desenvolvem instrumentos mais refinados para a investigação, uma escala de cores de doze tons será revelada. Tanto é verdade que, o ocultista consegue distinguir até doze cores, além do vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta no espectro visível. Isto é, cinco cores a mais, além das sete cores que conseguimos ver; quatro dessas cinco cores são indescritíveis, porém, a quinta, que está no meio dessas cinco cores vista pelo ocultista, tem um tom parecido ao da flor de pessegueiro recém-aberta. Que, pela Filosofia Rosacruz, nós conhecemos como a cor predominante de um Corpo Vital normal. É a nossa cegueira espiritual que nos impede de ver a luz e as cores além do espectro visível.

Na Filosofia Rosacruz aprendemos que no Mundo do Desejo, a luz e a cor são muito cambiantes, sendo bem diferente do estado de cores que encontramos aqui, na Região Química do Mundo Físico.

Nós temos uma maior propensão a nos sentirmos bem espiritualmente e até fisicamente confortável quando estamos num local de belas cores ou diante de uma bela decoração de flores, do que quando estamos diante de um local onde reina a desordem e o caos estético. Um ambiente assim, nos incomoda.

Para o esoterista, a visão de cores significa que o olho espiritual da Clarividência se tornou consciente das cores vivas, que são um fenômeno básico do Mundo do Desejo. No Mundo do Desejo – emoções, sentimentos e desejos são visíveis em formações objetivas —, nuvens de cores exibem as qualidades da vida da alma de toda a raça humana. Aqui também são vistas as formações de cores criadas pelas emoções cósmicas de AnjosArcanjos e outros seres cósmicos, bem como pelos animais e pelos Espíritos da Natureza que trabalham nos reinos vegetal e mineral.

Todas as manifestações de cores que ocorrem nos reinos interno e externo desse Planeta Terra estão sob a supervisão e direção das três grandes Hierarquias Criadoras e Zodiacais, a saber: Sagitário, os Senhores da Mente; Capricórnio, os Arcanjos; Aquário, os Anjos.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

É preciso mais uma Doutrina Unificadora?

“Vai, porque é para os gentios, para longe, que quero enviar-te.” (At 23:21)

Sete são as Escolas de Mistérios Menores Ocidentais responsáveis por fornecer um caminho seguro de desenvolvimento espiritual para todos que desejarem e que possuem requisitos mínimos quanto à organização e funcionamento de seus Corpos e dos seus veículos. Tais requisitos são:

  1. Ter ultrapassado o nadir da materialidade;
  2. Possuir uma conexão frouxa entre o Corpo Vital e o Corpo Denso (físico);
  3. Possuir uma pré-condição apropriada que facilitará a separação correta do Corpo Vital em duas partes, isto é, entre os Éteres inferiores (Químico e de Vida) e os superiores (Éteres de Luz e Refletor) e
  4. Possuir um Corpo de Desejos também dividido em duas partes: a parte mais sutil e a parte animal.

Esses quatro requisitos devem estar presentes. Se, por exemplo, houver frouxidão entre o Corpo Vital e o Corpo Denso, sem que o Ego tenha passado pelo nadir da materialidade, como é o caso, por exemplo, dos nossos irmãos e nossas irmãs que vivem no oriente, não há como o método produzir grandes resultados. Deve ocorrer, previamente, o desenvolvimento necessário para que esse Ego possa corresponder ao método. Em verdade, os métodos orientais verdadeiros objetivam exatamente a promoção do desabrochar dos quatro requisitos, acima mencionados.

Atingir tal status é uma meta para todos os irmãos e todas as irmãs que vivem no ocidente. Assim, os irmãos e as irmãs que vivem no ocidente possuem esse “talento”, pois já percorreu o caminho necessário para desenvolver esses requisitos. O mesmo para pessoas que nasceram em outras regiões do mundo, mas que migraram para o ocidente e aqui constituíram suas vidas. Um novo passo na constituição dos corpos e dos veículos deve ser realizado, que é tornar a pré-condição de separação dos Éteres em condição verdadeira. Isso é feito de uma única maneira: doar a si mesmo como “pão e água” para todos aqueles que necessitam; imitar o Cristo dentro de seu círculo de ação; servir amorosa e desinteressadamente (e, portanto, o mais anônimo possível) ao irmão e à irmã que está ao seu lado, focando na divina essência oculta em cada um deles – que é a base da Fraternidade – não importa a quem nem onde estiver.

Vamos ao exemplo de S. Paulo que ficou conhecido como o Apóstolo dos Gentios. Isso porque ele realizou a divina missão de levar o Cristianismo para outros povos do mundo, mas povos que já estavam preparados para receber as novas instruções. Veja que S. Paulo não viajou para a África, para a China ou outros países do oriente. Mas, para a Grécia, a Ásia menor, a Síria e a Europa. Lugares esses em que já havia povos que possuíam os quatro requisitos mencionados no início. Lá chegando, os mais avançados desses povos encontravam o método novo que lhes faltava. Assim, aderiam ao Cristianismo.

Por outro lado, os judeus que se convertem ao Cristianismo em Jerusalém, lugar onde o próprio Cristo viveu fisicamente, exigiram que todos os gentios fossem primeiramente circuncidados para depois aderirem aos métodos Cristãos. Exigiam que se assim não procedessem, os gentios estariam profanando a Lei. Eles entendiam que, primeiramente, todos deveriam passar a praticar e respeitar a Lei de Moisés e os profetas, para depois chegarem até o Cristo. Não estavam suficientemente livres do apego a sua Religião – que é uma Religião de Raça –, para enxergarem o que realmente importa: atingir um nível de desenvolvimento espiritual suficiente que os levarão até o portador da Luz verdadeira, o Espírito Solar, o Cristo, não importa por qual Religião precedente.

Assim, S. Paulo promoveu o primeiro vislumbre da Religião Cristã: a união entre diversos povos tendo como critério a percepção interna ou espiritual, independentemente da forma ou aspecto exterior, a Fraternidade Universal. Obviamente que sofreu muito com essa promoção. Até S. Pedro ficou confuso em relação a isso, como podemos ler nessa passagem bíblica: “E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam bem e diretamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus. Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Pois, se nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós mesmos também somos achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus.” (Gl 2:11-19).

Correspondendo ao universalismo, que a cada dia se faz mais presente, a Fraternidade Rosacruz tem a finalidade de divulgar a admirável Filosofia da Ordem Rosacruz. Essa última constitui uma dessas Sete Escolas de Iniciações Menores Ocidentais e seu Templo está estabelecido na Região Etérica do Mundo Físico, ou seja, não existe nada dela manifestada na Região Química do Mundo Físico (constituído de materiais sólidos, líquidos e gasosos).

Seus fundamentos foram constituídos de modo a seguir esse mesmo poder conciliador que une todas as partes que estão atualmente separadas umas das outras. Assim, ela busca construir pontes ou fórmulas químicas capazes de unir componentes que não coexistem num mesmo espaço. Por exemplo, unir o Fogo e a Água, unir a Ciência e a Religião, unir o Intelecto e o Coração. Por isso, seus métodos de ensino são tão amplos e incluem, basicamente, Filosofia, Bíblia, Astrologia Rosacruzes. Mas, apesar da forma ser aparentemente tão discrepante, o Estudante Rosacruz dedicado logo percebe que essas três facetas constituem um único espírito. Mas, deve ser assim, para que o intelectualista possa desenvolver sua devoção e o devoto, sua parte intelectual, para então, ambos completarem a parte que lhes falta, ou seja o equilíbrio cabeça-coração, razão-devoção.

Há, no entanto, dois perigos presentes em nosso cotidiano:

  1. As sutis amarras do passado não permitirem que se enxergue o Espírito universal em tudo e, por isso, a pessoa pode se perder na separatividade ilusória;
  2. Aqueles que acreditam que a Fraternidade Rosacruz já não mais possui o universalismo necessário para fazer com que o ser humano possa avançar. Para esses, fica a conclusão lógica de que somente praticando os Exercícios Esotéricos noturno de Retrospecção e matutino de Concentração, e vivendo uma vida rica em experiências, que acumularão material espiritual suficiente para chamar a atenção do Mestre. E a partir dos planos internos, poderão saber o que fazer para acrescentar ou não alguma coisa na Grande Obra de Cristo.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Exemplo Acima de Tudo

Uma das falhas comumente apontada pelos jovens quando desejam expressar a descrença deles nas gerações passadas é a incoerência de atitudes. “Falso moralismo” é o termo mais empregado no afã de definir aquilo que mais lhes desagrada em seus pais ou outros ascendentes, de quem criticam a maneira farisaica de apregoarem, e, às vezes, até de imporem certas normas de conduta que velada ou abertamente não observam. É a filosofia do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Se bem reconheçamos a temeridade de tal generalização sobre a referida falha de caráter, somos forçados a admitir que alguns de seus aspectos têm resistido aos séculos de tão antigos que são.

Há dois mil anos Cristo já censurara os escribas e fariseus por sobrecarregarem o povo com uma infinidade de leis e obrigações morais. Eles mesmos não as cumpriam.

Guardem-se os Estudantes Rosacruzes de incorrerem ou perseverarem em erros de tal natureza, pois estarão assim se desacreditando no meio onde vivem.

A Fraternidade Rosacruz está empenhada na árdua tarefa de, divulgando a admirável filosofia dos Ensinamentos Rosacruzes, tornar-se fator vivente na regeneração e evolução da Humanidade.

Para tanto, ela não pode prescindir do concurso de um Estudante Rosacruz sequer.

Todos podem e devem colaborar dentro de suas possibilidades e aptidões para a concretização dos ideais Rosacruzes.

Diariamente se nos oferecem valiosas oportunidades de servir. Na medida em que as aproveitamos, elas parecem multiplicar-se, crescendo com isso os nossos talentos. Nossas vidas, em tais condições, cobrem-se de bênçãos.

Contudo, não basta apenas nossa disposição em ajudar aos necessitados, e muito menos nosso empenho em proclamar aos outros as excelências da Filosofia Rosacruz, se a nossa vida moral deixa a desejar. Assim procedendo estaremos construindo castelos sobre a areia. Mais cedo ou mais tarde ruirão sob o peso da nossa incoerência.

Cada Estudante Rosacruz, pelo seu trabalho e pelo seu procedimento, deve constituir-se em uma “luz” onde quer que esteja. Porém, que não seja uma falsa luz!

Evitemos escandalizar aqueles que em nós confiam, observando uma permanente autovigilância. “Uma vida exemplar é o melhor sermão“, afirmou certa vez Max Heindel.

(por Gilberto A. V. Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz – abril/1975 – Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Por que trabalhar e o que significa realmente trabalhar?

Uma das vantagens de trabalhar, quer se goste ou não do pensamento, é a associação que ele traz por meio da cooperação.

Os esforços desinteressados ​​da humanidade, trabalhando juntos em uma causa comum, criam um propósito unificador que une a humanidade como poucas outras coisas podem fazer.

O que estamos acostumados a considerar como incômodos – os sem-teto que pedem doações, as queixas contínuas de um conhecido, cartas importunas de estranhos – podem ser oportunidades de ajuda. Devemos lembrar que uma bênção retida nos empobrece mais do que o solicitante.

O serviço aos outros é um campo de trabalho em que nunca é necessário o desemprego. Como Elizabeth Barrett Browning observou com precisão e belamente:

Um pobre homem, servido por ti, te fará rico;

Um homem doente, ajudado por ti, te fortalecerá;

Serás servido a ti mesmo por todo sentido de serviço que ofereces.

O melhor serviço que podemos dar a algumas pessoas é concentrar a atenção em algo fora de si mesmas; para elevar sua visão do zero da ponta do seu nariz até as colinas eternas ou até as verdades eternas; afastar suas Mentes de seus próprios pequenos problemas e direcionar suas energias e habilidades para a resolução dos problemas dos outros; alargar o horizonte para além dos obstáculos temporários as perspectivas de oportunidades de ouro.

Vamos aprender a pensar em termos das necessidades dos outros. Vamos ajudar as pessoas a realizar seus sonhos – depois de descobrir quais são seus sonhos. O que muitas pessoas precisam é de alguém que ouça com compreensão, quando elas falam sobre o que querem fazer. Quando pensamos sobre outras pessoas e seus interesses e bem-estar, fazemos um ímã de nós mesmos que atrai para nós as boas coisas do Espírito. Como somos para eles uma fonte de suprimento, eles trabalharão com poder e principalmente para nos permitir continuar sendo essa fonte.

Poucas pessoas pensam nas pequenas coisas que dão prazer aos outros. Sempre que tivermos um pensamento agradável sobre alguém que não esteja presente, ou desejar parabenizar alguém, por que não publicar uma breve nota, enviar um e-mail, uma mensagem ou ligar? Cada pessoa que encontramos tem fome de amizade e, ao responder a essa fome, contribuímos de verdade para o bem-estar do nosso mundo. Podemos até nos tornar líderes em nossa comunidade através de atos amigáveis ​​que aliviam a solidão humana, ampliando assim nosso escopo para promover o progresso de toda a humanidade.

Na história de Alice no País das Maravilhas, nos é dito que Alice não conseguia regular sua altura. Um minuto a cabeça dela bateu no teto, e no momento seguinte o queixo dela descansou nas fivelas do sapato. Uma lagarta que estava sentada em um cogumelo disse a ela para mordiscar um lado do cogumelo para ficar mais alto e o outro lado para ficar mais curto; mas, o cogumelo não tem lados porque é redondo. Isso nos ensina que a vida não pode ser totalmente compartimentada, pois é toda uma peça.

As pessoas sábias não se preocupam se algum bom trabalho que estão fazendo começa a ficar monótono. Eles, por assim dizer, simplesmente variam sua dieta, comem do outro lado do cogumelo, sabendo que nada deve ser abandonado, para que não voltem a ter que fazê-lo. Eles estão alegremente resignados e aguardam pacientemente até completar a tarefa.

Robert Louis Stevenson fala de pessoas “amarradas para a vida em uma mala que ninguém pode desfazer”. Não há muitas dessas malas que o serviço de amor não desfaça, mas serviços desse tipo não são fáceis. Devemos esperar compartilhar as tristezas e alegrias de nossos vizinhos. Embora existam muitas vezes em que não podemos encontrar ajuda, raramente há um tempo em que não podemos dar. É um fato aceito que não há melhor escapatória da auto-preocupação mórbida do que no serviço aos outros. Assim, a corrente da vida continua fluindo livremente; há pouca chance de que se formem poças nojentas de autopiedade, ressentimento e desânimo. Orgulho egoísta, sentimentos feridos, inveja e ciúmes não conseguem encontrar uma vida vital saudável.

Você se lembra de como Robinson Crusoé o fascinou quando criança? Foi emocionante ler sobre um homem que poderia viver sozinho em uma ilha. Mas provavelmente não era tão emocionante para o próprio Robinson. Ele corria o risco de perder seu discurso e sua Mente até salvar a vida do outro homem na sexta-feira, que virou o Sexta-feira.

Só quando Sexta-feira veio com sua força que a canoa pesada pôde ser empurrada para a água. Robinson Crusoé passou por muitos perigos em suas viagens, mas nunca fez amizade com nenhum deles até trabalhar com um deles.

Quando Napoleão foi exilado em Santa Helena, uma senhora titulada veio visitá-lo. Quando ele estava prestes a conduzi-la por uma escadaria íngreme e estreita, avistou um nativo cambaleando sob uma carga pesada de lenha. A dama também viu o operário, mas virou-se para subir os degraus. Napoleão deteve-a, pegando-a pelo braço e puxando-a para fora do caminho, dizendo: “Madame, respeite o fardo”. E o trabalhador continuou sem parar.

Estamos respeitando o fardo? A mudança para o individualismo pode estar servindo a um propósito definido na evolução do ser humano, mas não deve ir tão longe a ponto de ser um prejuízo para o crescimento do altruísmo e do universalismo. Muitas pessoas estão relegando o cuidado de seus filhos a outros, transferindo os idosos e enfermos de casa para uma instituição, evitando qualquer obrigação que possa interferir em sua liberdade egoísta e conforto corporal. Nós nos aproveitamos para o trabalho do mundo de maneira desajeitada e antinatural. Recusamo-nos a respeitar os fardos da vida, e assim esses fardos vão algum dia, seja em uma vida futura, recusar-se a nos respeitar.

O egocentrismo assume duas formas: pensando muito bem em si mesmo ou pensando muito mal. Os psiquiatras afirmam que é mais difícil curar o segundo que o primeiro. As pessoas afligidas por um forte senso de inferioridade são vulneráveis ​​a toda palavra descuidada, sensíveis a desprezos não intencionais, cheias de pequenos preconceitos. Em vez de aceitar com casual indiferença o “dar e receber” do contato diário e dar crédito às pessoas com os bons motivos que elas geralmente têm, essas pessoas negativas se retiram para si mesmas e nutrem suas queixas. E quando elas chegam ao ponto de apreciar suas aflições e gostam de falar sobre elas, elas se tornaram neuróticos; e os neuróticos não são muito úteis no desempenho do trabalho do mundo.

Vamos levar conosco estas palavras de Max Heindel: “Estamos agora nos preparando para a rápida aproximação da Era de Aquário com seu grande desenvolvimento intelectual e espiritual. Isso requer um despertar do Corpo Vital inativo, cuja palavra-chave é a repetição. A rotina do nosso trabalho diário fornece isso. Se nos rebelarmos, isso gera monotonia e retarda o progresso. Mas se levamos nosso trabalho com amor, devemos avançar muito na evolução e colher a recompensa do contentamento ”.

Que as rosas floresçam em vossa cruz!

(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross de março/abril de 2002 pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Por que Morremos? Como Podemos Alcançar a Vida Eterna?

Como Chispas Divinas criadas por Deus, devemos percorrer o caminho de desenvolvimento que parte da impotência até a onipotência. Este caminho iniciou no Período de Saturno quando, pelo emprego da inerente força criadora que possuímos, começamos a construção e integração de nossos corpos. Isso ocorreu sob a orientação das Hierarquias Divinas ou Hierarquias Criadoras (veja mais informações no artigo “Arco Descendente: de onde viemos?” disponível no endereço eletrônico: https://www.fraternidaderosacruz.com/estudos-de-filosofia/arco-descendente-da-evolucao-de-onde-viemos).

O mecanismo da nossa evolução humana, que nos permitirá nos tornarmos um Deus, funciona do seguinte modo:

(1) todo o trabalho que realizamos com nosso Corpo Denso se converte em uma experiência (quintessência) ou Poder Anímico, que conhecemos como Alma Consciente e que deverá se amalgamar ao Espírito Divino ou a primeira faceta, ou o primeiro aspecto, do Ego;

(2) todo o trabalho que realizamos com o Corpo Vital se converte em uma experiência (quintessência) que conhecemos como Alma Intelectual. Essa se amalgamará ao Espírito de Vida ou segunda faceta, ou segundo aspecto, do Ego, e finalmente;

(3) todo o trabalho realizado com o Corpo de Desejos se converte em Alma Emocional que se amalgamará ao Espírito Humano ou segunda faceta, ou terceiro aspecto, do Ego.

O germe da Mente foi nos fornecido mais tarde e o trabalho feito com ela não será amalgamado de modo específico a algum aspecto de nós, o Ego humano, mas como um todo, afinal, sua função é servir como um elo ou meio pelo qual nós podemos transmitir nossos comandos para todos os nossos três Corpos. Façamos a importante observação de que o objetivo da evolução não é desenvolver corpos, mas experiências que promovem poder de expressão a nós, o Ego. O aperfeiçoamento dos Corpos é uma mera consequência da necessidade de novas experiências mais profundas que geram Alma ou Poder Anímico para nós, o Ego. Essa noção pode nos auxiliar na percepção da nossa real natureza, considerando o forte apego que possuímos para com o nosso Corpo Denso que naturalmente morrerá, pois chegamos ao ponto de confundir nossa identidade com o próprio Corpo Denso. Conclui-se, então, que a vida deve se resumir na busca por experiências que se convertem em Poderes Anímicos para nós, o Ego. O resto é pura ilusão.

No entanto, alguém pode se perguntar: este plano parece não justiçar as condições de misérias físicas que muitos de nós vivemos atualmente. Por que temos doenças, por que sofremos e por que morremos? Vamos tentar responder essas questões:

A doença, o sofrimento e a morte deram origem exatamente quando decidimos tomar as rédeas da nossa própria evolução, no episódio conhecido como a “Queda do Homem”. Antes da Queda, estávamos vivendo no Jardim do Éden, que é a Região Etérica do Mundo Físico. Lá, funcionávamos em um Corpo Vital que não morria bem diferente do Corpo Denso. Nessa época, éramos ingênuos e não possuíamos qualquer percepção do Mundo Físico e do Corpo Denso. Contávamos com a ajuda de Hierarquias Criadoras que neutralizavam nossos Corpos de Desejos e nos colocavam em condições difíceis de gerar dor. Mas essa dor não possuía a mesma natureza da dor que conhecemos atualmente, provocada pela desarmonia da Lei de Causa e Efeito. Aquela dor era positiva e estimulante, e tinha o objetivo de despertar a vontade, quando lá renascíamos como homens, e a imaginação, quando lá renascíamos como mulher. Ambos os métodos objetivavam fazer o despertar da consciência material (veja mais detalhes no Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos, Capítulo XII – Época Lemúrica). Mas tal processo era demasiadamente lento.

Nós poderíamos adiantar este processo se desejássemos, bastava respondermos ao incentivo dado pelos Espíritos Lucíferos (“serpente”) que sugeriu a Eva que comesse da fruta do conhecimento e disse: “Certamente não morrereis” (Gn 3:4) se comerdes do fruto da árvore proibida. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos (para o Mundo Físico), e sereis como Deus (Objetivo da Evolução), sabendo o bem e o mal” (Gn 3:5). “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus (virão seus Corpos Densos). No suor do teu rosto comerás o teu pão (isto é, deverão seguir independentes e produzir poder anímico por conta), até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3:19).

A decisão de tomar as rédeas da evolução significou abrir mão de toda ajuda divina, inclusive à ajuda que neutralizava nossos Corpos de Desejos e que evitava que tivéssemos desejos desenfreados. Perdemos a instrução de procriar apenas nas épocas propícias e o ensino dado pelas Hierarquias Criadoras, que tinham por objetivo nos ajudar a focarmos a consciência no Mundo Físico. “Adão conheceu Eva”, em verdade, começamos a estabelecer relacionamentos sexuais de modo independente e demasiadamente, conhecendo o sexo oposto. Deste contato físico, fomos percebendo que muitas outras coisas físicas também ocorriam além da percepção do outro corpo pelo qual nos relacionávamos (foram abertos os olhos de ambos). Assim, adiantamos todo o processo.

O problema é que a força gasta com o sexo é exatamente a mesma força que nos faz desenvolver ações efetivas para produzir o nosso alimento (Almas ou poder anímico). Tínhamos três problemas:

(1) um Corpo de Desejos desneutralizado e com materiais das regiões inferiores;

(2) pouca força de vontade ou poder anímico desenvolvido;

(3) uma Mente totalmente nova (que foi nos dada no Período Terrestre), que pouco conseguia refrear os impulsos do Corpo de Desejos.

Deste modo, a natureza corpórea (ou Personalidade) ganhou a cena e fez com que “sua vontade desenfreada” ficasse mais proeminente do que a nossa vontade pouco desenvolvida (nós, Ego): “Todo o bem que quero fazer não faço, e todo mal que não quero fazer, esse sim, faço” (Rm 7:15). Apesar da condição corajosa de assumirmos as rédeas da evolução, estávamos sem qualquer preparo para tal, e a forte tendência de gastarmos indiscriminadamente a força criadora nos fez gerar desequilíbrios importantes na natureza. As consequências sempre geraram dor, e pela dor fomos, gradativamente, perdendo nossa percepção espiritual e ganhando consciência na Região Química do Mundo Físico, onde a separatividade e o egoísmo reinam. Conhecemos a fome, o frio e a morte (fatores desta Região). Mas não apenas os fatores inerentes desta região de morte, mas também os desequilíbrios gerados fizeram com que houvesse doenças e corpos de morte. A perda da percepção etérica (do jardim do Éden) nos fez acreditar que somos apenas um Corpo Denso e não há vida após a morte.

Depois de focar totalmente nossa consciência aqui, conquistamos a Região Química do Mundo Físico (ainda na Época Atlante). Deveríamos, portanto, abandoná-la e partir de volta ao Jardim do Éden (agora conhecida como Nova Jerusalém) com toda a experiência produzida ali. Infelizmente, muitos de nós, ainda permanecem com o resquício enraizado e direcionam todos seus esforços para gratificar suas paixões sensualistas. Se não forem direcionados ao sexo, são direcionados aos negócios do mundo ou para o ser no mundo (como carreiras, cargos ou posição social). Chegamos ao ponto de necessitarmos de doenças e enfermidades para que haja o despertar de nossa consciência de volta a vida (para as coisas espirituais). Insistimos em agir como se não tivéssemos conquistado as experiências deste mundo. Por isso, continuamos a morrer, sofrer e “a comer o pão com nosso suor”.

Se aspiramos em ser arautos da Nova Jerusalém, nós, como aspirantes a vida superior, devemos compreender que nossos esforços criadores devem, agora, ser direcionados para um “corpo de vida”, onde não há morte, fome e sofrimento. O modo pelo qual podemos deixar a Região Química do Mundo Físico, interromper a morte e iniciar o processo de vida eterna se dá pelo caminho que permite tecermos o Dourado Manto Nupcial ou Corpo-Alma. Este é o “corpo de vida” que não conhece a morte. Este caminho foi ensinado por ninguém menos que Cristo Jesus, em seus três anos de Ministério na Terra, na Sua primeira vinda.

Devemos compreender que o maior mandamento Cristão consiste em “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei.” (Jo 15:12-17); que devemos deixar os resquícios de separatividade do passado e buscar o amor universal, afinal “Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos” (Mc 3:33-34); compreende que o foco atual não é conquistar coisas da Terra, pois: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem (afinal, está região é a região da morte e tudo é passageiro), e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração (foco de sua consciência e propósito de vida)”. (Mt 6:19-21).

Qualquer pessoa sabe que não mais devemos fazer uso de bebidas alcoólicas que nos faz focar, ainda mais, a consciência no Mundo Físico, e isto é ensinado aqui: “Pois vos digo que desde agora não beberei o fruto da videira até que venha o Reino de Deus” (Lc 22:16), aqui: “Mas digo-vos que desta hora em diante não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber de novo convosco no reino do meu Pai” (Mt 26:29), e aqui “Em verdade vos digo que nunca mais beberei do fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber de novo no Reino de Deus” (Mc 16:25).

Qualquer um compreende que devemos deixar o adultério e o gasto da força criadora sexual desenfreada, sendo puros já em nossos veículos internos: “Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura; no coração já cometeu adultério com ela.” (Mt 5:28), e que o serviço amoroso e desinteressado é o caminho mais curto, mais seguro e maia agradável que nos conduz a Deus: “Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mt 25:35-40); “Aquele que quiser o maior entre vós, seja o servo de todos.” (Lc 22:26).

Todas estas práticas são diferentes daquelas que estamos habituados com o propósito de crescermos materialmente, de acumularmos fortuna e subirmos de posição social. Muitas das práticas que nos levam a Nova Jerusalém, onde não há doenças, sofrimentos e morte, parecem ser irracionais do ponto de vista material, e são impossíveis de serem colocadas em prática. No entanto, não podemos reproduzir o erro que já executamos no passado, “pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento (foco na Região Química do Mundo Físico já naquela época), até ao dia em que Noé entrou na arca (final da Época Atlante), e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt24:36-39). “Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite. Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão” (ITss 5:1-3).

Um novo dilúvio está por vir, não pela condensação da atmosfera gasosa em água, como ocorreu no passado, mas pela eterificação do ar que respiramos. A Nova Jerusalém está próxima e se não estivermos preparados para entrar e viver lá, o “dilúvio” nos consumirá novamente. Possamos mudar nossos hábitos materiais de morte, que produzem mais e mais sofrimento no mundo, para objetivos espirituais conforme ensinados pelo Cristo. Somente assim estaremos:

(1)   aprimorando cada um dos corpos que possuímos;

(2)   produzindo mais e mais poder anímico para o Ego;

(3)   não mais nos perdendo com afazeres inúteis que atrasam nossa evolução; e

(4)   finalmente livres da doença, sofrimento e da morte.

 Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Lamparina e o Coração

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, promulgados pela Fraternidade Rosacruz, são dirigidos especialmente àqueles que não aceitam o Cristo exclusivamente pela fé. Tais pessoas, amadurecidas, mas caracteristicamente intelectuais, correm o risco de perigosamente se enlearem nas teias retardadoras do materialismo. Por meio de uma explicação lógica e profunda do Cristianismo – somente propiciada pelo Cristianismo Esotérico – poderão, uma vez satisfeita a Mente, atender aos reclamos do Coração.

O embasamento do nosso crescimento anímico não poderá ser unilateral, pois caso contrário “haverá fome em alguma parte” do nosso ser. A segurança do nosso desenvolvimento depende de um método equilibrado e equilibrador. Tal equilíbrio compreende o desenvolvimento paralelo de nossas naturezas ocultista e mística, isto é, no cultivo da razão (simbolizada pela lamparina) e do sentimento (simbolizado pelo coração). Daí resultará um corpo são e melhor serviço à humanidade. Segundo Platão, devemos ser “sábios, santos e atletas”. E o lema Rosacruz o parafraseia: “Mente pura, Coração nobre, Corpo São”.

Com o propósito de realizar essas duas finalidades, a Fraternidade Rosacruz promove a publicação de artigos, de materiais, dos textos dos Rituais, de vídeos fiéis aos Ensinamentos Rosacruzes, de livros da biblioteca Rosacruz, a execução de Reuniões de Estudos, Palestras, Oficinas e Seminários e a promoção de Cursos que ajudam a orientar, a percorrer, a avançar nos graus e a se aprofundar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.

Isso tem maior importância do que podemos imaginar. Se realmente levamos a sério nosso ideal, na medida do possível devemos estudar esse material, fazer os Cursos, participar dos eventos e ajudar naquilo que mais se precisa em cada caso por meio de um Centro Rosacruz.

Quando de palestras ou eventos que durem, no máximo duas horas, procedemos de uma de duas maneiras: a primeira, em palestra ou evento o terminamos com o ofício do Ritual Devocional de Serviço próprio do dia. A segunda maneira, antecedendo a palestra ou o evento, começamos a oficiar o Ritual Devocional de Serviço próprio do dia até após o momento da Concentração; ao terminá-la fazemos a palestra ou o evento e depois terminamos o ofício com as partes próprias de cada Ritual Devocional de Serviço. A repetição das mesmas palavras ritualísticas a cada encontro grava em nosso íntimo preceitos básicos para nossa formação Cristã-esotérica. Essa, devidamente sedimentada e sinceramente expressa em obras na vida diária, constrói o “templo sem ruído de martelos”.

Cultivar os dois polos de nossa divindade interna é condição essencial para um crescimento harmonioso. O potencial equilibrado desses dois polos é que nos tornará, gradativamente, uma “usina de força”, uma fonte de luz. Deus é Luz. Somos feitos a imagem e semelhança d’Ele. Essa Luz encontra-se em toda parte, principalmente em nós. Como manifestá-la? Por meio do despertamento dos divinos atributos latentes em nós, objetivo maior do método Rosacruz de desenvolvimento.

Devorar ansiosamente os livros, correr de palestra em palestra, de evento em evento atrás de novidades intelectuais, percorrer diletantemente várias escolas filosóficas, vários movimentos cristãos ou não, ao mesmo tempo, não conduz a nenhum resultado positivo. O intelectual é presa fácil da vaidade e do personalismo. Igualmente, o místico, por falta de discernimento, pode ser enganado nas suas experiências internas, confundindo os meros reflexos de seu subconsciente com os raios da intuição, essa sim originária do Espírito de Vida.

As razões apresentadas justificam, sobejamente, a natureza equilibradora do método Rosacruz, conduzindo o Aspirante à vida superior com segurança pelo, geralmente íngreme, caminho da realização espiritual. Daí a simbologia maravilhosa da lamparina e do Coração.

(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de março/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Alquimia Espiritual

É possível transmutar ferro em ouro! Essa, na realidade, magna verdade alquímica, foi explorada jocosamente num recente comercial da TV norte-americana, agrupada, sem muito critério, com crendices antigas como: “Se o destino do ser humano fosse voar, teria asas”, “A superfície da Terra é plana” e, por último, “Todas as ‘aspirinas’ são iguais”. O patrocinador finaliza, logicamente, decantando as qualidades de sua ‘aspirina’ “especial”. A química ensejou, naturalmente, verdadeiros milagres em nossa vida diária, porém, a alquimia é a verdadeira chave para os mistérios internos, esclarecendo o propósito da vida. Somente quando essas duas ciências se encontrarem, eclodirão descobertas definitivas no campo da química. Quando existir maior conhecimento do público a esse respeito, dando conta de que os problemas que afligem o Mundo Físico têm sua origem na desarmonia implantada nos Corpos invisíveis (aos olhos físicos), certamente teremos anúncios nos meios de comunicação com mais ou menos este teor: “Amigo, seu Corpo Vital anda esgotado e o seu Corpo de Desejos o impele para a destruição? Prove a Alquimia! Conheça o propósito da vida! Receba a sua herança espiritual! Use a Alquimia!”.

A Ciência, ou a Arte da Alquimia trata dos seguintes pontos do Grande Trabalho: 1. Encontrar o Elixir da Juventude; 2. Encontrar a Pedra Filosofal; e 3. Transmutar os metais inferiores em ouro.

Perseguidos, por reis e clérigos, em sua ânsia de glória, os alquimistas da Idade Média foram alvos do fogo da Inquisição, da prisão e da tortura. Quando as suas descobertas contrariavam ideias da época e sabendo que o conhecimento é uma arma perigosa, nas mãos daqueles cujos Corações e Mentes não são temperados com a pureza, sabedoria e compaixão, os alquimistas enterraram os seus segredos em lendas e mistérios.

O tesouro está agora à espera de todos aqueles que o desejam descobrir, através de uma vida pura, plena de devoção, trabalho, meditação e aplicação da Lei da Analogia, mencionada no axioma hermético: “Como é em cima assim é embaixo”.

O propósito de Deus e da Natureza é a perfeição. Todos os metais são, realmente, ouro em formação. Todos os seres humanos são, realmente, deuses em formação. Como alquimistas espirituais percebemos que é essa a nossa herança e aspiramos a servir. Porém, para servir eficientemente devemos, antes de mais nada, aperfeiçoar-nos através da transmutação da “natureza inferior” (metais comuns) em “natureza superior” (ouro).

Nós (o microcosmo) somos o Grande Trabalho (realizado pelos padrões do macrocosmo). Constituímo-nos, ao mesmo tempo, no próprio laboratório no qual o Trabalho está sendo efetuado. Nossas ferramentas são as nossas habilidades e os veículos aperfeiçoados em vidas passadas que trouxemos para essa existência. Nosso minério é formado das experiências da presente vida. NOTEM: as nossas reações a essas experiências e a utilização das oportunidades apresentadas determinam a quantidade de ouro extraído (imortal) do nosso minério, e a escória que sobra (o transitório). Temos uma abundância de minério à nossa disposição cuja diversificação é maravilhosa. Como a luz branca se refrata, quando entra na atmosfera, em sete raios e cores diferentes, há muitas oportunidades à nossa disposição! É claro que no Mundo Físico preferimos a alegria, riqueza, saúde e popularidade à dor, pobreza, sofrimento, doença e ostracismo. Porém, do ponto de vista espiritual, todas oferecem experiências de grande valor para a nossa alma. Um bastão parece torto quando colocado na água. Nós também quando mergulhados no materialismo temos de acautelar-nos a fim de que as nossas motivações na aquisição de conhecimentos e de experiência não sejam pervertidas como no exemplo do bastão refratado na água. Os escritos de Max Heindel nos ensinam que os quatro grandes motivos de toda ação humana são: Amor, a Fortuna, o Poder, a Fama. Ou seja, o desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo por que o ser humano faz ou deixa de fazer algo Contudo, devem ser usados na seguinte exaltada escala de valores:  “o Amor pelo qual se deve aspirar é unicamente o da Alma; que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe; a Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes; o Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a humanidade, e a Fama pela qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração”. Tanto chamemos a experiência de dor ou de júbilo, monotonia, medo ou felicidade, saibamos que se trata do minério do qual nós, seres imortais, extraímos o nosso ouro. E para se conseguir ouro requer-se a presença de todos os sete metais espirituais, conforme abaixo.

O CHUMBO

Esse é considerado o metal mais inferior. Com sua grande densidade, tem afinidade com o Planeta Saturno, e é pesado, como pesados são o trabalho, as lições e as responsabilidades advindas do Destino Maduro designadas por Saturno. O interesse exclusivo nas posses e na gratificação dos sentidos nos torna escravos do meio ambiente e assim, sujeitos às suas vicissitudes. Somos obrigados a fazer meia-volta, por meio do medo, da pobreza, da perda de entes queridos, das enfermidades, cristalização e morte. Como escreveu Goethe: “Quem nunca comeu seu pão abatido pela tristeza, quem nunca passou noites em claro esperando pelo amanhecer, esse não conhece ainda os poderes celestiais”.

Saturno é o grande mestre nesta escola da vida e, quando, finalmente, aprendermos a lição, não haverá mais repetição do sofrimento. Suportar a cruz com dignidade, exercitando o tato, a vigilância e a consideração, com disciplina e perseverança durante a adversidade constrói o caráter e, certamente, ajudará na purificação do chumbo espiritual.

O ESTANHO

Esse metal se encontra sob a influência da grande fortuna astral: Júpiter. Tratando-se de um Planeta dinâmico, encontramos grande dificuldade na assimilação de suas lições, como há dificuldade na assimilação das lições de Saturno. As ligas de estanho, os minérios com os quais devemos trabalhar, são: boa saúde, riqueza, prosperidade, popularidade e êxito na vida, aspectos altamente desejáveis do ponto de vista físico, porém, extremamente perigosos para a alma que pode morrer de inanição, caso um correto critério espiritual não seja aplicado pelo ser humano.

A riqueza acarreta grandes responsabilidades: dependendo de seu emprego tanto eleva, como corrompe. O estanho (abundância) sem o tempero de Mercúrio (intelecto) pode armar ciladas mortais. A extravagância, a arrogância e a indolência são sinais de estanho misturado com escórias. Até a partilha dos bens exige grande discernimento: é extremamente errado oferecer uma vida despreocupada à outrem, usurpando-lhe o direito às suas experiências dolorosas, que ajudam a construir o caráter.

O que auxilia a purificação do estanho espiritual é esse conjunto de qualidades: gratidão para tudo o que se possui, e um sincero e sábio dividir para o bem espiritual de todas as pessoas envolvidas.

O FERRO

Esse metal é forte, firme e inflexível, sendo um dos mais úteis pelo fato de fortalecer os outros, com os quais se encontra combinado. A ferramenta construtiva do operário e a arma destrutiva do criminoso são feitas de ferro. Isso nos indica que a qualidade é obtida pela direção em que é usada essa energia. O ferro vibra harmonicamente com o Planeta Marte, o Planeta da energia dinâmica e da ação. Esse Planeta é o Regente do Corpo de Desejos e dos Signos Zodiacais Áries e Escorpião, cujos centros de energia são, respectivamente, “EU SOU” e “EU DESEJO”. Mal dirigida, essa energia se expressa por meio da cólera, do temperamento explosivo, da beligerância, das cabeçadas impulsivas, da concupiscência, vingança e do egoísmo voraz que tentará lograr as suas finalidades, sem levar em consideração os danos e a dor provocadas aos outros. Porém, o ser “egoísta”, na atualidade é “Ego-destruidor” porque “com a mesma medida com que medirdes, também sereis medidos.” (Lc 6:38).

Não podemos nos deixar levar por essa energia, tampouco tentar sufocá-la, já que sem ela não teríamos energia, seríamos temerosos e carentes de iniciativa. Os maiores pecadores podem transformar-se nos maiores santos, quando essa energia é redirecionada por meio da purificação dos desejos, do cultivo do equilíbrio, da coragem, e da superação firme e constante dos obstáculos que se encontram no caminho. Para a obtenção da Pedra Filosofal há grande necessidade de ferro espiritual, porquanto o trabalho requer dedicação positiva na conquista da natureza inferior, a dedicação enérgica e altruísta às necessidades dos outros, para que o Estudante Rosacrfuz seja um soldado das Forças da Luz e um operário diligente na Nova Jerusalém.

O COBRE

Esse metal tem afinidade vibratória com o Planeta Vênus, regente da atração, coalisão e harmonia. Às vezes, encontramos dificuldades extremas em tolerar alguma pessoa; a sua mera presença nos causa irritação. Isso é ainda mais desconcertante quando essa pessoa nos é estreitamente vinculada. Tal acontecerá até nos conscientizarmos de que essa pessoa é, realmente, o nosso “Professor”! Assim como um diapasão faz vibrar outro diapasão afinado em tom idêntico, haverá despertamento, em nosso caráter, de partes negativas, ao simples encontro dessa pessoa que nos enerva. Essa é a lei: o negativo deve ser eliminado e substituído pela compreensão e harmonia.

Vênus é também o Planeta da beleza e do amor. A sua energia não regenerada, ou seja, a escória do cobre, são manifestações de sensualidade, preguiça, dominação possesiva e egoísta de um outro ser. A oitava superior do amor se externa pela estética faculdade que reconhece o divino em toda a Criação, incluindo em seu amor a todos, formando uma Fraternidade Universal.

A admirável apologia de São Paulo à caridade (ICor 13[1]) representa, com perfeição, o amor transmutado, ou seja, o cobre purificado: “A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”.

O MERCÚRIO

Esse metal vibra em uníssono com o Planeta Mercúrio, o Planeta da Mente. Gotas dele (tão fugidio como os próprios pensamentos) podem penetrar substâncias impermeáveis a outros metais, unindo-as, da mesma forma que muitos de nossos pensamentos isolados podem formar um conceito organizado através dos processos mentais. Porém, devemos estar atentos à qualidade desses pensamentos, bem como, ao seu efeito sobre a nossa Alma!

A Mente, elo entre o Ego e o seu Tríplice Corpo, permite a percepção dele no mundo material, tirando proveito, dessa forma, das muitas e variadas lições à sua disposição, isso no caso de seu funcionamento normal. Como diz Max Heindel, no livro Conceito Rosacruz do Cosmos: “Nós mesmos, como Egos, funcionamos diretamente na substância sutil da Região do Pensamento Abstrato, que especializamos dentro da periferia da nossa aura individual. Dessa Região nós observamos, através dos sentidos, as impressões produzidas pelo mundo exterior sobre o Corpo Vital, como também os sentimentos e emoções gerados por elas no Corpo de Desejos e refletidos na Mente. Dessas imagens mentais formamos as nossas conclusões na substância da Região do Pensamento Abstrato relativas aos assuntos a que se referem. Tais conclusões são ideias.”.

A Mente, esse veículo de recente aquisição, encontra-se numa necessidade premente de exercício e de disciplina. O estudo da matemática, da Astrologia Rosacruz, do Esquema, Obra e Caminho da Evolução e da música elevada (que tenha harmonia, ritmo e melodia que nos eleve às Regiões superiores do Mundo do Pensamento) são formas construtivas de ginástica mental de alto nível.

Os Exercícios Esotéricos matutino de Concentração e noturno de Retrospecção, recomendados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, são de inestimável valor para a aquisição de disciplina mental, pois empregam a faculdade de penetração do mercúrio. Passado algum tempo, a Mente consegue transpassar a parte exterior e contemplar o que há de mais íntimo no objeto estudado. O Exercício Esotérico de Retrospecção emprega a qualidade altamente refletora do mercúrio: quando corretamente executado, revela a escória de mercúrio, formada por razões pervertidas, falsas e egoístas de cada uma de nossos pensamentos, desejos, sentimentos, nossas emoções, palavras, nossos atos, nossas ações e obras. É mister que haja purificação dos minérios de mercúrio, como os nossos pensamentos, desejos, sentimentos, as nossas emoções, palavras, os nossos atos, as nossas ações e obras, visto que o incorreto uso da Mente dispersa a fonte da juventude, ou força vital ascendente.

A Tríplice Alma é afetada pela nossa reação às situações vividas. Devemos admitir o fato, uma vez constatado o erro, procurando, em seguida fazer a devida correção em todos os planos, por meio do arrependimento e da reforma íntima. Numa conclusão apressada, não percebemos os fatos, devido ao bloqueio exercido pelos nossos conceitos errados que obscurecem a luz da verdade.

A escória do mercúrio espiritual é removida por meio de exercícios mentais construtivos, do Exercício Esotérico do Discernimento e do uso correto das faculdades da comunicação.

A PRATA

Esse metal nobre sintoniza-se com a Lua, regente da natureza emocional, a qual, se purificada, transforma-se na “água viva” mencionada pelo Cristo, ou na “prata viva” dos alquimistas — o ELIXIR VITAE.

A Lua rege também a fecundação e o princípio da maternidade. O zelo para com um outro ser humano é um trabalho sagrado e que prepara o Estudante Rosacruz para trabalhos maiores. Os minérios da prata são formados pelas experiências domésticas do Estudante Rosacruz, no papel paterno ou materno, e dependem estritamente da harmonia ou não, desses relacionamentos. Quando há resistência, ou má vontade para com essas responsabilidades, ou preferências egoístas, ou emocionais, a prata carece de pureza.

Aqueles que temperam com o amor os alimentos para a sua família; cuidam dos pequeninos com luminosa alegria; exercitam a inteligência; promovem a harmonia doméstica e preenchem as necessidades dos seus dependentes por motivos altruístas e afeição sincera, estão juntando prata pura.

O OURO

Esse metal é o doador de vida da economia, indústria e comércio das nações; é regido pelo dador da vida: o Sol. O despotismo é uma forma de ouro alquímico impuro. Aquele em cujas mãos se encontra o poder, deverá preocupar-se com o seu sábio exercício, para a elevação de todos. Quando uma honra, ou uma posição elevada são negadas, a experiência deve ser vivida com dignidade e entendimento, a fim de purificar o ouro espiritual.

O nosso ouro é o Ego, a imperecível chispa da Divina Chama. O ouro transmutado (o Corpo-Alma, que nos oferece a imortalidade consciente) é um ouro mais refinado, porquanto a virtude tem mais valor que a inocência.

Quando todos os metais estão presentes, deve haver equilíbrio: quantidades iguais de prata e ferro, tornam os desejos altruístas e dão energia ao serviço. A fulgurante alegria e a beleza do cobre aliviam a pesada labuta do chumbo. Por sua vez, o chumbo equilibra a frivolidade do cobre, quando em excesso. O mercúrio tempera a abundância do estanho jupiteriano pelo Exercício Esotérico do Discernimento; uma quantidade correspondente de estanho neutraliza um excesso de mercúrio (orgulho intelectual), por intermédio de orações e obediência, aspirações elevadas e FILANTROPIA.

Após conseguido o equilíbrio entre os metais, eles resistirão à transmutação, a menos que haja remoção das respectivas características separadoras: isso se faz reduzindo todos os metais à Matéria Primordial, que é a substância primária da qual os Elohim formaram o Universo.

A PEDRA FILOSOFAL

Os alquimistas concordaram com os princípios básicos do trabalho a ser realizado, porém os seus métodos diferem. Segundo Max Heindel, “cada pedra tem sua individualidade própria, correspondendo à Individualidade do filósofo que a produziu. Por esse motivo, é difícil produzir uma fórmula generalizando o trabalho, sendo aconselhável dar indicações individuais àqueles que adquiriram, pelo menos, o direito à sua elaboração.”.

A arte da Alquimia Espiritual pode ser aprendida, mais não ensinada. Deve ser uma experiência pessoal e mística. Os seguintes degraus, enunciados por Paracelso, contêm farto material para meditação:

  • a calcinação – é o aquecimento dos metais inferiores, no ar, a temperaturas tão elevadas, que ficam reduzidos a pó. A fornalha é aquecida por intermédio duma chama que se encontra na sua parte superior. A chama espiritual (o Cristo Interno) localiza-se na parte superior e dirige-se para baixo, na direção da base do cordão espinhal. Similarmente ao emprego dado ao mercúrio na mineração, ou seja, de separar o ouro de seu minério, os fogos da Mente se tornam intensos através da aspiração, dedicação, autodisciplina e pureza dos desejos; e como se elevam, carregam consigo o ouro Crístico. Os fogos purificadores da autoanálise e arrependimento, desintegram e limpam a natureza inferior.
  • a sublimação – é um estágio mais avançado de refinamento.
  • a solução – nela dissolve-se o material já em forma de pó, em líquido isento de umidade. O mercúrio é um líquido, portanto não umedece o pó com o qual se encontra. Pela solução da razão penetrante e clara compreensão, o puro (verdade) é separado do impuro (ilusão). Conforme disse São Paulo: “Sede transformados pela renovação de vossas Mentes”. Os alquimistas consideram a “Aqua Mercurialis” a alma de seu trabalho. Não há trabalho espiritual sem a purificação e a espiritualização da Mente.
  • a putrefação – é o estágio em que se consegue a “Matéria Primordial”. … “A terra estava sem forma e vazia… e o Espírito de Deus se movia na superfície das águas”. Aqui exemplifica-se o enunciado dos alquimistas de que “a água é tudo” e de que a pedra é feita de fogo (ignis noster) e água (aqua permanens) agindo sobre a Matéria Primordial, em estado de putrefação. A Centelha de vida nova espera a sua libertação, conforme aconteceu na Crucificação e na Ressurreição e como exposto no Evangelho Segundo São João 12:24: “Na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só. Mas se morrer, dará muito fruto”.
  • a destilação – produz a separação entre a água e o material oleoso. Esse processo produz a prata, ou “condição Lunar”: da escuridão da Matéria Primordial se produz a “pedra branca”.
  • a coagulação – consiste na união dos opostos, fogo é água. A pedra branca da Lua é transmutada na pedra vermelha do Sol: … “Na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito (fogo), não pode entrar no Reino de Deus.”.

Obtém-se, dessa maneira a pedra que transforma em ouro tudo que por ela é atingido, e todo o corpo é impregnado com a iluminação do Cristo Interno, a Pedra Filosofal viva, que os alquimistas chamam de estado de “tinctura”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.T.: ICor 13: 1Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine.2Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria. 3Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria. 4A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. 5Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. 6Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. 7Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8A caridade jamais passará. Quanto às profecias, desaparecerão. Quanto às línguas, cessarão. Quanto à ciência, também desaparecerá.9Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. 10Mas, quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. 11Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. 12Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. 13Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade.

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