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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Servindo onde melhor estivermos preparados para servir

Fevereiro de 1917

Uma pergunta foi me colocada recentemente; ei-la: “Você fala tanto sobre o serviço; mas o que isso significa? Há muitas pessoas em nossa Fraternidade Rosacruz que dizem que gostam muito de servir, mas nada fazem além do que gostam de fazer. Isto é servir?”.

Parece-me que essa questão nos oferece alimento para uma reflexão proveitosa e que uma análise sobre o assunto pode beneficiar a todos nós, por isso decidimos dedicar a carta mensal a esse propósito.

É evidente que a maioria das pessoas no mundo não prestará serviço algum a não ser que haja “algum proveito disso” para ela. Estão procurando por uma recompensa material, e esta é a maneira sábia empregada pelos poderes invisíveis para estimular as pessoas à ação, pois assim elas estão evoluindo inconscientemente até atingir a etapa do crescimento anímico, onde as pessoas servirão pelo amor de servir. Mas não se pode esperar que tal coisa mude da noite para o dia; não há transformações repentinas na Natureza. Quando a casca do ovo se rompe e o pintinho sai, ou quando o casulo se rompe e a borboleta voa por entre as flores, sabemos que a mágica não foi instantânea. Houve um processo interno de preparação antes que pudesse haver a mudança externa. Um processo similar de um crescimento interior ou interno é necessário para transformar os servidores de Mamon[1] em servidores do Amor.

Se queremos construir um edifício maior, tudo o que temos que fazer é transportar nossos tijolos e demais materiais de construção para o local, montar uma força tarefa de trabalhadores e pronto! O edifício começa a crescer rapidamente em qualquer dimensão e na velocidade que desejarmos, dependendo tão somente da nossa habilidade em equipar a mão de obra e em fornecer todo material necessário. Mas, se queremos aumentar o tamanho de uma árvore ou de um animal, não podemos atingir nosso objetivo pregando madeira no tronco da árvore ou colocando carne e pele no dorso do animal. O edifício cresce por acréscimos externos, porém, em todas as coisas viventes o crescimento físico é de dentro para fora e não pode ser apressado em nenhuma extensão apreciável sem o perigo de se provocar complicações.  É a mesma coisa que acontece com o crescimento espiritual; ele procede de dentro para fora e deve ter tempo. Não podemos esperar que pessoas que começaram recentemente a sentir o impulso interior, que as impele a uma associação altruísta, renunciem em um piscar de olhos a todo egoísmo e a outros vícios e se desenvolvam à estatura de Cristo. Na melhor das hipóteses, somos apenas um pouco melhores do que éramos, exceto pelo fato de estarmos nos esforçando e nos empenhando para seguir “Seus passos”. No entanto, nisto está toda a diferença, pois estamos tentando servir como Ele serviu.

Se este é o motivo, de modo algum, diminui o serviço de um músico que nos inspira com devoção em nossos serviços, por ele amar sua música. Tampouco torna o serviço menos valioso, porque o orador que nos inflama com fervor na obra do Mestre, gosta de revestir suas ideias com belas palavras. Nem por isso, um salão se torna menos atraente porque a pessoa que o varreu, limpou e decorou gosta de deixar seu ambiente externo bonito. Cada um pode, de fato, servir com muito mais vantagem se a linha de serviço estiver no caminho de suas inclinações e habilidades naturais, e devemos encorajar uns aos outros a procurar oportunidades onde cada um esteja mais apto para servir.

Não há mérito especial em procurar servir em uma função ou situação que nos seja desagradável. Seria um erro se o músico dissesse a um encarregado da organização de um recinto: “Não gosto de esfregar o chão e nem de decorar ambientes, e sei que você treme só de pensar em tocar, pois está sem prática, mas vamos trocar de lugar por amor ao serviço”. Por outro lado, se não houvesse ninguém para tocar, seria dever do encarregado da organização de um recinto deixar a desconfiança de lado e servir da melhor forma possível. Se fosse necessário esfregar o chão e limpar as cadeiras, o orador e o músico deveriam estar dispostos a fazer esse trabalho também, de livre e espontânea vontade, independentemente de qualquer aversão pessoal. Nada é insignificante, servil, subalterno ou inferior. O mesmo princípio deve ser aplicado no lar, no ambiente de trabalho ou em qualquer lugar que se esteja. O serviço prestado pode ser definido como o melhor uso de nossos talentos – a colocação de nossos talentos para melhor utilização em cada caso de necessidade imediata, independentemente da nossa preferência de gostar ou não.

Se nos esforçarmos em proceder dessa maneira, nosso progresso e crescimento da alma aumentarão de forma proporcional.

(Carta nº 75 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Mamon é um termo, derivado da Bíblia, usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre, personificado como uma divindade. A própria palavra é uma transliteração da palavra hebraica “Mamom”, que significa literalmente “dinheiro”. No Evangelho, a palavra é utilizada quando afirma que não é possível servir simultaneamente a Deus e a Mamon (Lc 16:13). O termo, no texto original, também é citado no Evangelho Segundo São Mateus.

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Uma Mensagem aos que relutam em Servir

Uma Mensagem aos que relutam em Servir

Os nossos serviços destinam-se a DAR e não a receber: a ajudar os outros através do poder espiritual. É claro que quem dá desta maneira, também recebe. No entanto, a ideia principal deverá sempre ser a de servir, ao nível espiritual. Este é o princípio básico do trabalho Rosacruz e constitui uma das razões mais importantes para participarmos desses serviços.

SERVIR é o desejo mais premente e elevado que se apresenta à consciência de um Aspirante sincero, quando participa de um serviço ou medita a sós. A Luz e o Poder espirituais irradiados de Mount Ecclesia e dos Centros e Grupos Rosacruzes refletem a aspiração e as preces (a concentração imbuída da força do amor) de todos os colaboradores nesses trabalhos.

Do acima exposto depreende-se que o grande objetivo da Fraternidade Rosacruz é ajudar a humanidade em seus passos evolutivos. O método de desenvolvimento preconizado pelos Irmãos Maiores conduz o Aspirante, com toda segurança e à realização espiritual, ao reconhecimento e vivência de sua própria divindade.

Sendo assim, somente aqueles homens e mulheres predispostos, internamente, a dar e não a receber sintonizam-se harmoniosamente com a corrente espiritual da Fraternidade Rosacruz. Sabemos quão difícil é proceder dessa maneira, ainda mais na época em que vivemos. Entretanto, só há essa via de acesso ao portal da Iniciação na Ordem Rosacruz.

“Muitos são os chamados, mas poucos do os escolhidos”. Essas palavras de Cristo servem também “como uma luva” para os Estudantes Rosacruzes. Muitas pessoas, representando todas as camadas sociais e culturais da sociedade, já assistiram às conferências, palestras, reuniões de estudos e até festividades promovidas pelos Centros e Grupos Rosacruzes, iniciando até no Caminho da Preparação Rosacruz, inscrevendo-se no Curso Preliminar e se tornando um Estudante Preliminar Rosacruz.

Por que alguns nem sequer chegam a quinta lição desse Curso, tão simples, tão fácil, mas tão rico? Outros, por que desistem, estando já bem adiantados no Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz, alcançando, inclusive o grau de Estudante Regular Rosacruz?

Isso intriga muita gente. Contudo, nas entrelinhas cremos ser possível encontrar uma ou várias das razões pelas quais ainda não somos muitos.

Se o indivíduo ingressa na Fraternidade Rosacruz com intuito exclusivo de resolver seus problemas, ou seja, de receber apenas, por certo, com o passar do tempo deverá revisar sua atitude, passando também a dar. Se tal não ocorrer, encontrará dificuldades em prosseguir, porque não está devidamente harmonizado com a dinâmica da Grande Obra Rosacruz. O próprio Estudante acabará por se excluir.

É certo que todos, ou quase todos, trazem suas cargas de problemas, carências ou limitações. São frutos de erros passados. Contudo, sempre é tempo de corrigir antigos desvios, de iniciar uma reforma interior.

Também é certo que essas dificuldades absorvem grande parte do tempo e dos esforços do Aspirante, sendo justo procurar resolve-las. Tenhamos em mente, entretanto, que a realização espiritual implica, primeiramente, no sacrifício de interesses pessoais no altar do serviço. É condição sine qua non, pois é necessário grande desprendimento para trabalhar em prol de um ideal superior.

É conveniente esclarecer: essa atitude de abnegação não significa o abandono das obrigações familiares e profissionais. Pelo contrário, exige maior zelo no cumprimento de todos os deveres. Todavia, e as horas que sobram, muitas vezes desperdiçadas em entretenimentos e conversas inúteis? Por que não as aproveitar, por mais escassas que sejam, para servir ao próximo?

Muitas pessoas afirmam não terem condição de ajudar a outrem, porquanto se veem às voltas com problemas insolúveis. Será verdade? Tomamos a liberdade de sugerir-lhes o seguinte:

  1. Façam um esforço no sentido de esquecer parte de suas dificuldades, pelo menos temporariamente;
  2. Preencham o tempo, anteriormente despendido com algumas de suas preocupações, com a ocupação de interessar-se pelos problemas alheios;
  3. Procurem servir ao próximo, no que for possível (sem a pretensão de milagres) com humilde e desinteresse, sem ferir o livre arbítrio de ninguém;
  4. Divulguem os Ensinamentos Rosacruzes, sejam em ajudar outras pessoas a ter acesso, seja colocando-os na prática do seu cotidiano.

Passado algum tempo acabarão sentindo uma indescritível paz interior, uma satisfação íntima capaz de infundi-lhes mais coragem e decisão diante dos desafios. E, ficarão surpresos quando notarem que seus problemas, aqueles que os atormentavam e amarguravam, foram solucionados naturalmente.

Todo esforço empregado em benefício do semelhante será ressarcido ao seu devido tempo pela Lei do Dar e Receber. Todavia, nem cogite em se esforçar na caridade com intuito de retribuição.  Se o fizer, automaticamente se excluirá.

A Fraternidade Rosacruz é uma obra de Amor. É uma associação de serviço, a nível espiritual. Ninguém se iluda julgando ser passível atingir a meta apenas pela aquisição de conhecimento. Esse é apenas o passo inicial. O Aspirante há que se exercitar no amor, pelo serviço prestado aos demais. Não há outra via de progresso espiritual.

(Por Gilberto A. V. Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz – 09/79 – Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP)

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Serviço: a Tônica Rosacruz

Serviço: a Tônica Rosacruz

Não importa a nossa condição social. Por humilde que ela nos pareça, há sempre alguém que precisa de nossa ajuda. E, por pequeno que seja nosso talento, perto de nós há sempre um serviço a realizar.

A cada um são oferecidas inúmeras oportunidades de servir. Não as percamos com nosso descuido ou indiferença, nem protelemos, no aguardo de grandes oportunidades.

Até o serviço que nos parece insignificante pode produzir grandes bens. Basta-nos um instante para estender a mão amiga a alguém e ajudá-lo a encontrar o caminho ou a estrela-guia. Uma só palavra de alento ou de compreensão pode levantar a alma no mais profundo momento de desespero e auxiliá-la a iniciar vida nova.

Quando nos surge a oportunidade de servir, não desperdicemos o precioso ensejo, com estas evasivas:

Isso aumentará seu prestígio? Que proveito tirarei? Meu antecipado prazer diminuirá o valor da boa ação? Requererá ela muito esforço? Por que não permitir que outro a faça? Poderei deixar para depois? — E outras mil e uma escusas costumeiras.

Melhor será que digamos a palavra ou estendamos a mão ao que pede, com alegria e gratidão pela oportunidade que recebemos de servir como um privilégio oferecido pelos Irmãos Maiores ao nosso progresso espiritual.

“O que fizeres ao mais humilde de meus servos — disse Cristo — fá-lo-á a mim”.

O amor a Cristo, portanto, é demonstrado pelo amor ao nosso semelhante. Servimo-Lo melhor, servindo o próximo. Agradamo-Lo mais quando em Seu nome oferecemos nosso desinteressado e amoroso serviço.

Pratiquemo-lo desde já. O futuro muda AGORA.

Aprendemos que “o serviço desinteressado que oferecemos aos demais é o caminho mais curto, mais seguro e mais feliz que leva a Deus”.

Isto se refere ao serviço altruísta, sem visar a vantagens quaisquer.

O serviço desinteressado tem sua fonte no Amor — o amor a Nosso Pai e a nossos irmãos.

Desse serviço resulta nosso progresso espiritual e de sua falta derivam os atrasos, muitas vezes incompreendidos por nossos membros.

Tal atividade jamais se realizará com sonhos bonitos, personalismos, protelações, comodismos e inibições.

Sobreponhamo-nos às limitações e faltas, para servir. Em nosso trabalho, no lar ou em qualquer parte, há um serviço para ser feito e podemos efetivá-lo melhor do que qualquer outro no mundo.

FAÇAMO-LO, EM NOME DE DEUS!

 (Traduzido do Echoes from Mount Ecclesia e Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1978)

 

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A Transição

A Transição

Um sábio vivia num país distante, amado por todos que o conheciam. Durante muitos anos, o povo o procurava, pedindo conselhos, ou simplesmente desejando ouvi-lo falar.

Falou das sabedorias dos antigos e, embora muitas vezes não entendessem completamente o significado das suas palavras, eram aconselhados e confortados pela abundância de amor e simpatia que dele emanavam. O sábio tinha uma filha, a quem ele amava; e que a seu tempo seria capaz de adquirir a graça e sabedoria do pai.

Um dia, quando ele sentiu que o tempo da sua transição estava perto, falou com ela. “Minha criança” disse, quando ela sentou numa almofada à sua frente, deitando a cabeça no seu joelho,”o tempo da minha transição está chegando, vou logo partir para os reinos mais altos, e eu estou contente. Desenvolvi aqui e embora meu corpo tenha me servindo fielmente e bem; será um alívio me desprender do seu peso”.

Ela sorria para ele: “Eu sei pai, também senti que você vai nos deixar. Sentiremos falta, mas você realizará maiores trabalhos no mundo superior, onde viverá. Estou certa de que isto acontecerá”.

Seu pai a olhou fixamente com afeição, acariciando seus cabelos vendo-os brilhar à luz do Sol. Desde quando era uma menininha, seus momentos mais preciosos eram aqueles; quando ela deitava sua cabeça dourada no seu joelho e conversavam juntos com o maior entendimento e confiança. De tudo que ele mais amou na terra, e do que mais sentiria falta, era sua filha. Mas, sabia também, que apesar da vastidão do mundo, nunca estaria longe dela.”Uma coisa me perturba filha? disse ele. Sei que você não vai prantear a minha partida, com lágrimas e lamentos e por isso sou grato. Mas, eu me preocupo com os outros, – aqueles que vierem a mim buscar conforto e consolo – aqueles lamentarão minha passagem e se afligirão grandemente. Não por mim deploro isso, mas por eles mesmos. Sofrimento deste tipo, só pode ser destrutivo, como você já sabe.

“Sim, eu sei pai”, respondeu; “mas acredito que será mais fácil a mim proteger-me da aflição, do que para os outros. Estou contente por você porque sei como será livre e verdadeiramente vivo na sua nova condição.

Além disso, sou afortunada por lembrar-me das experiências que tive durante o sono, eu vi, como os outros que já partiram são mais felizes. Muitas pessoas que vivem na terra, não é tão afortunada como eu. Para eles, perdendo alguém que ama, o mundo toma-se vazio, porque eles não podem ver que aqueles que já partiram estão vivos no outro lado”.

O sábio continuou: “Esta é a razão porque pergunto se você ajudará aos outros quando eu já tiver partido. Lembre-se de que eu estarei ocupado com um trabalho novo e embora fique frequentemente com eles, isso não será óbvio nas suas horas de vigília. Urge a eles, da melhor maneira que possam; transmutar suas lágrimas em ação positiva.

Exorte-os a intensificar seus trabalhos aqui na terra, porque nada poderá superar melhor o luto e a dor”.

“Eu farei pai, eu o farei “ela assegurou. Por longo tempo sentaram juntos, falando pouco, mas, unidos em harmonia e profundo amor.

Na manhã seguinte, quando os adeptos se juntaram embaixo do grande carvalho, onde sempre se encontravam, foram surpreendidos ao ver a filha vir ter com eles. Frequentemente acompanhava o pai a estas reuniões, mas nunca antes viera sozinha. Estava vestida com um longo e flutuante vestido branco, seus cabelos estavam amarrados com um laço dourado.

Sorria gentilmente para os adeptos, que esperavam por uma explicação. Um ou outro teve o pressentimento súbito do que ela iria falar, suspiraram e olharam para longe.

“Queridos amigos” começou ela, “hoje de manhã meu pai passou, para os mundos superiores. Seu tempo na terra se esgotou, e consideravam-no com mérito para um trabalho maior. Ele se regozija por estar livre das dores terrenas, e ansioso por começar seus novos deveres. A ajuda na sua transição, foi confiada a um dos Iluminados Seres e partiu com muita paz”. A jovem parou de falar e olhou para os adeptos. Alguns choravam abertamente, outros a olharam como se não pudessem acreditar no que ouviam, outros -os mais velhos – balançavam a cabeça com inveja. “Sim; sim”, disse um deles suavemente, “era seu tempo”. “Mas o que nós vamos fazer?” gritavam alguns. “Sem ele não podemos viver, que faremos sem ele?”

“Nós devemos trabalho, todos temos trabalho a fazer, um vasto trabalho”, falou a jovem com a voz desapaixonada.

“Ele ofereceu conselhos e mostrou o caminho. Ele revelou muito, o que somos afortunados em conhecer. É por isso, por conhecermos a verdade, que somos obrigados a usar dela na nossa vida. Ele fez a sua marca. Então, agora é o tempo de nós fazermos a nossa.”.

A jovem suspirou fundo e indo embora falou suavemente: “Meu pai não queria que o pranteassem. Eu sei disso e no fundo do coração vocês também o sabem. Regozijem-se por ele – regozijem-se com ele – para que ele tenha bom motivo para estar contente. E mesmo que vocês nunca se comuniquem com ele, eu rezo a vocês para que não deixem a tristeza de seus corações pesar em cima dele”.

Outra vez a jovem os olhou gravemente, suplicante. “Seu último pedido foi que eu recomende a vós a submergir na ajuda aos outros. E eu acrescento a este pedido o meu: ponham os seus ensinamentos em prática. Façam com que se tornem parte das suas vidas – do seu próprio ser. Assim ele estará mais com vocês do que quando em seu corpo físico”.

Por longo tempo os adeptos permaneceram juntos, cada um com suas lembranças dos dias passados com o sábio, e meditavam sobre as coisas que sua filha lhes transmitiu.

Então, um levantou-se e falou: “a jovem está certa, convém que façamos o que ela pediu. Embora aquele que nós amamos tenha partido, deixando “seu corpo físico, ele é imortal nos céus como nós também. E podemos nos imortalizar mais na terra, servindo como ele nos ensinou. Vamos amigos, deixem de sofrer e cuidem de seus trabalhos”.

Um ano depois, os adeptos se reuniram outra vez embaixo do velho carvalho. O ano anterior dedicaram à uma escola, onde transmitiam os ensinamentos que aprenderam com o sábio, para aquelas que tinham ouvidos para ouvir.

O apelo do sábio para servir não foi desatendido e aconteceram muitas mudanças na região. Mendigos que antigamente, passivamente, lamentavam queixosos na beira da calçada, foram ensinados a ajudar a si mesmos e a ganhar o seu sustento, trabalhando, produzindo seu próprio alimento. Alguns adeptos trabalhavam sem compensação nos lares ou campos dos pobres, ajudando com trabalhos caseiros cotidianos e cuidando dos doentes. Outros reuniram crianças ao redor deles e infundiram o conhecimento do bem e da dignidade. Alguns fundaram hospitais, onde os doentes e sofredores recebiam conforto.

Neste dia de reunião, os adeptos saudaram uns aos outros, alegremente ansiosos por ouvir o relato de novidades que aconteceram nos doze meses passados. A filha do sábio estava ali, também, era ela a professora da nova escola. Quando passou entre os adeptos, apertando a mão de uns, abraçando outros, eles se maravilharam pela sua maturidade, compostura e beleza intensificada, que irradiava dos seus traços e da sua capacidade.

Evidentemente ela era digna sucessora do pai.

Então a cerimônia da dedicação começou. Orações eram oferecidas; palavras foram ditas, canções eram cantadas e este era o tributo amoroso, cheio de respeito à memória abençoadado sábio, que era o instigador de tudo que era bom.

Quando o último orador voltou ao seu lugar, ouviu-se um inesperado arquejo dos presentes. A figura familiar do sábio, vestido com um simples manto marrom que ele sempre usava, estava em pé visto tenuemente ao lado da multidão. A amada face outrora enrugada pela idade, era agora lisa, com brilho extraterreno, amoroso e entusiasmado. Era realmente o sábio, transmutado pelas características do mundo superior e sem dúvida reconhecido por todos. A figura permanecia sorrindo e abençoando com o olhar caloroso e aprovativo dos seus adeptos. Então, desapareceu.

Por momentos todos permaneceram em silêncio. Então, viraram-se e foram seguir seus caminhos separados.
A cerimônia terminou. Estava bem completa.

(Publicada na Revista ‘Serviço Rosacruz” – 01/86 – SP)

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Nossa Capacidade de Servir nos conhecendo melhor

Nossa Capacidade de Servir nos conhecendo melhor

Em qualquer plano, à medida que ampliamos nossa capacidade, também se amplia nossa utilidade.

Se esta é uma verdade indiscutível para a vida terrena, o é mais ainda para a vida espiritual. Assim, podemos dizer que, se a cultura religiosa não torna alguém mais cristão, também não é somente a vivência que sustenta o Cristianismo. A fé que reside apenas na vontade e no sentimento corre um grande risco. Em momentos de crise faltará sustentação do intelecto para dizer: não estou entendendo nem sentindo como gostaria, mas conheço o suficiente para tirar uma conclusão. Dificilmente uma fé sobreviverá sem a base sólida ou suficientemente sólida da doutrina.

A tônica dos ensinamentos Rosacruzes é servir. Mas será que não corremos o risco de nos acomodarmos ao serviço amoroso e desinteressado que procuramos executar e muitas vezes realmente o executamos, esquecendo-nos de que se aumentássemos nosso conhecimento da doutrina Rosacruz e outros poderíamos servir mais e melhor, reconhecendo realmente todas as oportunidades que se nos apresentam sem deixar passar alguma que, às vezes, nem percebemos serem oportunidades de serviço? E se, aumentando nossa capacidade de servir nesse plano aumentamos proporcionalmente nossa capacidade de servir nos planos internos, será que temos plena consciência da nossa responsabilidade ao nos contentarmos em permanecer no “status” espiritual que julgamos ter, sem melhorar ou melhorando muito aquém do que poderíamos e deveríamos, já que temos o privilégio enorme de sermos chamados pelos Irmãos Maiores para colaborar com eles na redenção da humanidade?

Temos a tendência em achar que, se fazemos o máximo pelos outros está tudo certo. Mas será que esse máximo que fazemos é realmente do que seríamos capazes se ampliássemos nossas capacidades, se estudássemos mais, se procurássemos colocar em nossos atos um embasamento maior de conhecimentos da Filosofia?

Tudo na natureza está na divina ordem: se não somos Auxiliares Visíveis, jamais chegaremos a Auxiliares Invisíveis. Se não trabalhamos pelos nossos irmãos, aqui e agora, aqueles que, com palavras e gestos muitas vezes imploram nosso auxilio, que credenciais teríamos para trabalhar como Auxiliares Invisíveis? Se o mundo físico é o “baluarte da evolução”, temos de trabalhar nele, antes de trabalhar em outros mundos. Deus respeita tanto nosso livre arbítrio que, se não servimos aqui e agora por nossa livre e espontânea vontade, onde praticamente tudo depende de nós, Ele não nos levará a servir no outro lado. Se não queremos servir aqui, quem garante que o queiramos do outro lado?

À medida que servimos, nos tornamos aptos a receber maiores e melhores oportunidades de serviço. Precisamos estar atentos a essas oportunidades e aproveitá-las todas, para formarmos o nosso Corpo-Alma, nosso dourado manto nupcial, pois não sabemos quando Cristo virá nos chamar para as bodas místicas.

Na nossa retrospecção, examinemos mais cuidadosamente o que deixamos de fazer e, se o que fizemos foi tão bem feito como o deveria, por falta de capacidade nossa. E assim poderemos nos conhecer melhor e ampliar nossa capacidade para, cada dia, podermos ser de maior utilidade na Vinha do Senhor.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/75 – Fraternidade Rosacruz)

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