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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que é estar entre os Escolhidos? Há injustiça de Deus nisso?

O que é estar entre os Escolhidos? Há injustiça de Deus nisso?

Ninguém vem a mim, a não ser que meu Pai o chame.

(Jo 6:44)

Não há injustiças nem erros da parte de Deus. Os quatro excelsos Seres a quem chamamos os Anjos Arquivistas ou Anjos do Destino se acham, em seu elevado estado evolutivo, acima dos erros e dão a cada um e a todos exatamente o de que necessitam para o seu desenvolvimento. Temos a prerrogativa da liberdade e por ela estamos aprendendo a nos dirigir e nos credenciarmos a serviços mais elevados. São nossos atos os determinadores do destino, em seus aspectos positivo e negativo. Somos nós mesmos que determinamos a amplitude e a natureza de nossa ação na Terra. Tal fato está fora de questão: tudo está no devido lugar e as mudanças para melhor ou pior dependem de novas causas que colocamos em ação.

Se estamos conscientemente na Fraternidade Rosacruz, significa que procuramos um compromisso maior em relação ao processo evolutivo, e isso é um bom sinal. A simples oportunidade que nos oferecem de conhecer a portadora de tão elevada Filosofia Cristã revela mérito e responsabilidade com o próximo.

E agora? – Nos perguntamos.

Chegamos à Fraternidade Rosacruz, recebemos todos os esclarecimentos de que necessitávamos, temos ampla liberdade para assistir as reuniões, palestras, seminários, fazer os cursos, examinar, deduzir para, finalmente, concluir que realmente nos serve. Mais que isso, temos a nossa disposição explicação lógica, simples e objetiva de tudo o que é essencial relacionado com o ser humano e o mundo. Nada nos pede e tudo nos oferece.

Fazemos os cursos, lemos os substanciosos livros de Max Heindel e de toda literatura da Fraternidade Rosacruz, assistimos regularmente as reuniões, participamos dos Rituais de Serviço: do Templo, de Cura, dos Equinócios e Solstícios, de Véspera da Noite Santa.

Sim, e agora? Basta isso para nos elevar de estado anímico?

– Não! – Respondemos. Estamos procurando viver seus princípios e o reconhecemos, de um nível Cristão, o método de desenvolvimento mais avançado até agora exposto ao mundo, capaz de transformar um grande pecador num indivíduo virtuoso, desde que se esforce sincera e persistentemente no método que ela oferece?

Contudo, será mesmo que nós estamos nos esforçando devidamente? Estaremos nós vivendo seus princípios?

Bem, dentro de nossas possibilidades de tempo, podemos justificar, dizendo que a vida está muito dura, que o tempo é escasso; mas estamos fazendo, de fato, o que é possível?

Na verdade, mesmo diante do fiel testemunho de nossa consciência, sabemos que estamos fazendo pouco. O que se observa é maior interesse INTELECTUAL do que a busca pelo despertar de uma VIVÊNCIA. Apesar de triste, tal fato é compreensível.

Cristo dizia que “muitos serão os chamados e poucos os escolhidos” (Mt 22:14). A seleção é justa. Deus não se engana.

É certo que o conhecimento intelectual ajuda e é necessário. A Filosofia Rosacruz se destina, especialmente, a satisfazer a razão dos que não encontram o Cristo pela fé para que, uma vez satisfeita à razão, o coração comece a “falar”. A Mente compreende, se satisfaz, nos entusiasmamos e, então, é que nossa vida começa a mudar para melhor. Quando muda!

Há o perigo de ficarmos apenas na compreensão dos Ensinamentos Rosacruzes e de não construirmos a ponte que ativa o Coração. Além disso, se existe uma boa distância, um abismo entre a compreensão e a prática, há também a responsabilidade maior de quem sabe o que é bom e não o pratica, se tornando, perante sua consciência e Deus, maior transgressor que o ignorante, um criminoso detentor de uma riqueza que deveria fazer circular em benefício dos outros, porque nada lhe pertence.

A Filosofia Rosacruz, assim como as demais bênçãos que nos chegam, por mérito, dos planos invisíveis, são meios de elevação pelo serviço.

Vejamos bem isso. Nossa vida é muito curta aqui e ela representa a sementeira dos frutos que vamos colher e assimilar no estado post-mortem. Além disso, os frutos assimilados determinarão as condições de nossas vidas futuras, até que possamos nos libertar do ciclo de renascimentos e mortes, que, para nós, é uma Lei!

A questão é muito pessoal. Sabemo-lo muito bem. Veja o que cada um está fazendo com tão grande riqueza. Ou não a aprecia devidamente e, nesse caso, sua oportunidade fica transferida; ou, embora reconhecendo-a de grande valia, não tem forças para dominar sua natureza inferior, se deixando ficar nos mesmos hábitos e comodismo, ou se esforça e avança.

Cristo não gostava dos mornos, instruiu para sermos quentes ou frios. Ninguém pode servir a dois senhores: ou a Deus ou a Mamon, o Deus da cobiça. Ruy Barbosa, referindo-se a questões de direito, afirmou: “diante do erro, ou somos a favor ou contra. A neutralidade é criminosa”.

Definamo-nos. O mundo precisa de seres humanos, de Cristãos autênticos. Ninguém pode se enganar. Em nossa vida particular, íntima, em nossa relação com a família, companheiros de trabalho e demais como na Fraternidade Rosacruz temos um dever a cumprir. A tônica da Fraternidade Rosacruz é SERVIÇO, num amplo sentido. Façamos a nossa parte. Ofereçamos nossos préstimos. Há sempre o que oferecer. Particularmente nossos irmãos que lutam na condução do movimento precisam de nosso apoio.

Lembremos a parábola dos talentos: a boa administração dos bens mentais, emocionais e materiais que Deus nos oferece e que nos capacita e eleva à condição de ESCOLHIDOS, com os recursos pessoais maiores e apoio externo superior, para mais elevados serviços da “Vinha do Cristo”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 06/1966 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Porque Entrar pela “Porta Estreita”: mais fácil servir

Porque Entrar pela “Porta Estreita”: mais fácil servir

Ao terminar o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz, a maioria dos Estudantes sente um forte impulso para indagar: como se pode servir?

O serviço não é apenas um simples exercício da alma. É a responsabilidade assumida pela aquisição do conhecimento. Quando o neófito se acerca do portal do Templo do amor, sente uma transformação total em si mesmo: há confusão, alegria, otimismo, entusiasmo, jovialidade, saúde da alma e do corpo, fortaleza… até convencer-se plenamente de que é um ser humano novo. Do entusiasmo e confusão passa a uma serenidade profunda, uma majestosa dignidade que o faz compreender o valor do Eu Superior como ente espiritual.

Amigo, se você quer “Servir”, há mil maneiras diferentes de fazê-lo, como melhor apraz a seu coração. Em sua profissão, no trato diário com os familiares, na fábrica, no escritório ou na oficina, os preceitos Rosacruzes encontram campo para serem vividos e empregados. Eles constituem um “código de elevada moral”.

Se você quer servir, frequente o Grupo ou Centro Rosacruz mais próximo. Cada Centro tem a missão de orientar aqueles que pela primeira vez sentem o anseio de conhecer os ensinamentos transmitidos ao mundo por Max Heindel. Nele reúnem-se Estudantes da Filosofia, que espontaneamente assumiram a responsabilidade de difundir tão sagrados conhecimentos. Eles oferecem parte de seu tempo, datilografando, mimeografando, escrevendo e proferindo conferências sobre Astrologia, Bíblia e Filosofia, atendendo aqueles que chegam em busca da panaceia espiritual. Visitam os necessitados e os doentes. Traduzem folhetos. Reúnem-se em um dia da semana para orar em benefício dos enfermos do mundo todo, cumprindo assim os dizeres do nosso ritual: “Um só carvão não produz fogo, mas quando se juntam vários carvões…”.

A essa tarefa dedicam-se os mais esforçados, pois o Estudante desejoso de servir sabe que, para se tornar um auxiliar atuante, deve reunir em si mesmo as condições expressas nos ensinamentos Rosacruzes. Assim, logrará a realização de um serviço completo. A Rosacruz oferece só uma resposta ao Estudante: Quem penetrar no caminho esotérico deve manter sua conduta sob vigilância, vivendo conforme as Leis Divinas, como preceituam os Irmãos Maiores.

Todo Estudante Rosacruz deve conscientizar-se do seguinte: um membro sincero e ativo nunca ingere bebidas alcoólicas, não fuma, nem come carne, pois conhece a importância da vibração de sua nota-chave e de como pode transmiti-la, não só através da palavra e do pensamento, como também da ação. A vibração emanada de uma simples carta pode ser portadora de um oásis de paz para quem a recebe. Tal é o poder do ritmo e da vibração que alguém emite quando “vive a vida”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1976)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Pequena Árvore Perturbada

A Pequena Árvore Perturbada

A pequena árvore estava assustada. Bem, talvez não exatamente assustada, mas terrivelmente perturbada.

No entanto, não era a primeira vez que ela se sentia assim. Houve aquela vez quando ela estava dormindo de forma tão confortável. Be-e-em, não era propriamente dormindo, mas dormitando no solo gostoso, escuro e muito bem aquecido. Tinha sido tão delicioso permanecer lá, no solo amigo, espreguiçando-se de vez em quando para se desenferrujar. Mas, um dia, uma esticada ambiciosa tirou sua cabeça do solo e um exuberante bocejo transformou-se em um grito assustado. A situação foi efetivamente muito difícil. Por mais que ela tentasse, não podia retirar sua cabeça debaixo do solo amigo.

O solo tinha sido um tanto desalmado, também. Antes, tinha sido sempre muito amigo, aconselhando a arvorezinha a espalhar suas raízes para fora, a fim de colher alimento com mais facilidade. Esse mesmo solo tinha sido tão prestativo em armazenar alimentos e umidade no local adequado – como se estivesse colocando uma mesa de banquete bem em frente dela, apesar da arvorezinha nada entender sobre mesas. Mas, agora, o solo tinha apenas rido de sua terrível situação.

– O que posso fazer? lastimou a arvorezinha. É tão estranho ter minha cabeça descoberta.

– Estranho, realmente, zombou o insensível solo. Meu Deus, será que terei de suportá-la durante toda sua vida?

Pare de se lastimar e absorva tudo o que você puder dessa maravilhosa luz do Sol.

– O que é a luz do Sol? perguntou a arvorezinha.

– Boba, disse o solo, olhe para cima e você verá o Sol. Não há engano!

Naturalmente, a arvorezinha não o conhecia, como tudo isso aconteceu logo pela manhã, o Sol estava apenas iniciando sua jornada através do céu, assim, quando a arvorezinha olhou para cima, lá estava o Sol. Ele sorriu da maneira mais gentil possível, de forma que a arvorezinha retribuiu o seu sorriso sentindo-se muito bem. Esta situação era excelente e ela parou para pensar sobre isso.

– Por que você não me falou antes sobre este adorável lugar? Disse a árvore, repreendendo o solo, olhando-o fixamente. Você sabia disso o tempo todo, ela acusou.

O solo não lhe deu qualquer resposta, mas sorriu de maneira cordial. A arvorezinha suspirou aliviada. Mais uma vez ela virou sua face para o Sol. Ela olhou tão fixamente para esse Astro amigo que quase ficou cega. Então, transferiu seu olhar para o solo, piscou e piscou até que sua visão se tornou normal outra vez. Aí começou a olhar para todos os lados. Ela estava cercada por uma verdadeira floresta ou qualquer outra coisa, porque não sabia como chamá-la. E algumas de suas companheiras eram bem maiores que ela.

– Olá, ela saudou a árvore mais próxima, que era muito maior que ela.

– Você está se dirigindo a mim? perguntou friamente a árvore alta, com grande dignidade. A arvorezinha nada sabia sobre dignidade, e espantou-se, e isto fez com que ela se sentisse encabulada.

– Sim, senhora, a arvorezinha rapidamente respondeu, recuperando-se. Que lugar é este?

– Este é um viveiro, explicou a árvore grande.

– O que é um viveiro? quis saber a arvorezinha.

– É um lugar, disse a árvore grande, onde as arvorezinhas como você são cuidadas até que chegue a hora de partir.

-Partir? A arvorezinha estava se tornando cada vez mais perplexa. O que significa partir?

– Bem, é – partir.

A árvore grande estava evidentemente em dificuldades – talvez nem mesmo soubesse a resposta.

– Você não sabe o que significa partir? a arvorezinha persistiu.

Mas, antes que a grande árvore pudesse responder, as companheiras que estavam ao seu redor puseram-se a rir, agitando-se em contentamento, enquanto a árvore alta parecia agitar-se de desgosto. Só que toda essa agitação devia ser por causa de uma brisa brincalhona que veio dançando e balançava as árvores para lá e para cá.

As demais árvores não deram opinião, e até mesmo o solo não a ajudou, pois ele tinha aconselhado:

– Não faça tantas perguntas. Somente espere, que no devido tempo você saberá.

– O que é o tempo? a arvorezinha quis saber.

Porém, o solo não deu resposta. Depois disso, a pequena árvore passou o dia entretida olhando para o Sol e para suas companheiras.

Depois, ficou novamente perturbada, mais ainda do que quando retirou sua cabeça do solo. Notou que o Sol estava fazendo uma espécie de jogo. Parecia estar perseguindo ou correndo atrás de alguma coisa no céu, mas a arvorezinha não foi capaz de saber o que era. E, de repente, o Sol sumiu de vista. Isto a surpreendeu tanto, que perguntou novamente, e desta vez em um tom mais digno de uma árvore.

– O que aconteceu? a arvorezinha indagou timidamente, para ninguém em particular.

– É noite, bobinha, as outras árvores responderam em coro.

– O que é noite? desejava saber a arvorezinha.

– Hora de dormir, disse a árvore maior, que tinha respondido durante o dia, às suas perguntas.

Então, como que sentindo um pouco de vergonha de si mesma pela impaciência anterior, acrescentou:

– O Sol foi dormir para estar revigorado de manhã e seria melhor você fazer o mesmo.

A arvorezinha queria saber o que era manhã, mas achou melhor não perguntar. Estava ainda perturbada e em nenhum momento sentiu sono e sequer sonhou durante toda a noite.

Na manhã seguinte estava muito surpresa. Naturalmente lá estava o Sol e todas as outras árvores e o solo. Mas, o surpreendente era que, embora não se lembrasse de ter se esticado – isto devia ter ocorrido pois sua cabeça estava muito mais alta – estava mais próxima do Sol do que quando fora dormir. Todas essas coisas surpreendentes aconteceram e tudo muito de repente.

A arvorezinha estava feliz – mesmo com todos os seus sobressaltos – e, à medida que os dias passavam, ela notava com satisfação que, mesmo durante o dia, sua cabeça tornava-se mais alta, cada vez mais próxima do Sol.

Ela aceitou o conselho do solo e raramente fazia qualquer pergunta agora. O ambiente que a cercava já não a incomodava – acostumara-se a ele. Sabia, sem que lhe dissessem, que o seu corpo se chamava tronco, e ficou orgulhosa o dia em que uma folhinha tinha aparecido no seu próprio tronco! Lá ela permaneceu fazendo uma bela decoração, pensou a arvorezinha. Ela nada mencionou, pois notou que algumas de suas companheiras estavam enfeitadas com duas e até com três folhinhas. Ela não as invejou. Absolutamente. Parecia a ela que muitos enfeites não significavam bom gosto. De qualquer forma, ela decidira esperar e ver como as coisas se desenrolariam. E assim o tempo passou meses naturalmente, apenas a arvorezinha não sabia disso porque não sabia ler um calendário.

Um dia, algo que se movia caminhou por entre seu grupo e amarrou alguma coisa no seu tronco. A princípio ela se sentiu desconfortável, mas logo habituou-se com aquela coisa. Como decoração deveria ter o seu valor, exceto que todas as suas amigas tinham as mesmas coisas amarradas em seus troncos, assim ela não levava nisso qualquer vantagem. Essas coisas que se moviam entre o seu grupo eram muito estranhas. Não pareciam árvores, isto é, não muito. E emitiam sons esquisitos enquanto falavam. A arvorezinha desejou saber como seria movimentar-se como elas, embora jamais pudesse se mover dessa maneira, pois elas tinham dois troncos. Ela tentou arrancar suas raízes do solo, de maneira que pudesse tentar a experiência, mas teve que desistir porque o solo estava tão aderido a elas, que não conseguiu movê-las. E a única resposta que recebeu ao questionar o solo foi de censura: “Não seja boba”. Ela gostaria de saber, um tanto ansiosa, o que significava ser boba, mas decidiu não perguntar.

Depois de desfrutar de uma vida sem problemas por alguns meses, durante os quais sua cabeça continuou cada vez mais próxima do Sol, ela estava novamente pen…. Não, desta vez ela estava realmente assustada. Aquelas coisas que frequentemente se moviam entre seu grupo tinham vindo novamente e olhado, com atenção, a coisa amarrada em seu tronco e uma delas disse:

– Aqui está exatamente o que você procura, um vigoroso pessegueiro dourado.

Isto lhe soou tão engraçado que a arvorezinha quase entrou em convulsão de tanto rir. Uma daquelas coisas que se movia a chamara de vigoroso pessegueiro dourado, quando ela e todas as suas amigas sabiam, com toda certeza, que ela era uma árvore. Mas, seu sorriso foi sufocado quando algo duro passou através do solo muito rudemente e quase cortou uma parte de suas raízes. De repente, suas raízes estavam fora do solo e ela estava se movendo diretamente através das fileiras de suas companheiras, sem mesmo tocar no chão. Ela tentou gritar, mas estava obstruída em sua seiva e mal conseguiu respirar. Ela ouviu debilmente a voz da árvore mais alta,que tinha respondido a tantas de suas perguntas, dizer:

– Agora, você sabe o que significar partir.

Se isso significava partir, a arvorezinha decidiu que não gostava disso, nem um pouco. De fato, quando se recuperou de seu susto, ela ressentiu-se enormemente. O fato de ter perguntado o significado de partir, não queria dizer que ela realmente quisesse saber. Não podia entender porque mostravam a ela as coisas, quando simplesmente se interessava em saber como eram e aí nem sempre recebia resposta. A vida realmente estava se tornando muito complexa.

O partir não tinha sido tão mal, como descobriu depois, pois suas raízes encontraram um novo solo amigo que imediatamente as abrigou de maneira mais reconfortante. Assim, a pequena árvore voltou ao seu estado normal de fazer perguntas enquanto olhava ansiosamente o seu novo lar, o Sol ainda apostava corrida no céu, o que era reconfortante, e o solo era tão amigo como tinha sido o outro. Aí, deu um olhar mais atento para as redondezas.

Suas companheiras estavam bem mais distantes umas das outras do que estavam antes, e aparentemente ela era a única árvore pequenina neste estranho novo lugar.

Uma grande e velha árvore estava por perto e a arvorezinha pediu a ela uma informação.

– Isto é um viveiro? ela queria saber.

A velha árvore respondeu, de maneira cordial, dizendo:

– Não, isto é um pomar.

– O que é um pomar? perguntou a arvorezinha.

– Um lugar onde as árvores vivem, foi a resposta.

– Mas pensei que este lugar onde as árvores vivem fosse um viveiro, pelo menos foi o que me disseram as outras arvorezinhas.

– Bem, explicou a velha árvore, há lugares e lugares. As árvores moram em ambos; no viveiro quando são pequenas e no pomar quando são mais velhas.

– Oh, murmurou a arvorezinha excitadamente e, em seguida agitou os seis galhos que lhe tinham crescido, enquanto permaneceu no viveiro. Entendi, um viveiro é um viveiro, mas um pomar é um partir.

– Um partir?

A velha árvore ficou muito surpresa até que a arvorezinha explicou sobre como a árvore mais alta, no viveiro tinha lhe dito que haveria uma época de partir.

– Sei, a velha árvore riu. Não, um pomar não é um partir. Um viveiro é um viveiro, um pomar é um pomar, e o que acontece entre dois é que é partir.

Essa explicação não ajudou muito a arvorezinha, mas ela decidiu nada mais perguntar sobre o assunto.

– Você é quase uma árvore grande, disse-lhe a velha árvore.

Isso deu à arvorezinha um sentimento de importância que era muito agradável – algo como o agradável sentimento que tinha quando se esticava.

– O ano que vem, disse-lhe a velha árvore, você dará frutos.

– O que é fruto? perguntou a arvorezinha.

– Espere e verá, respondeu a velha árvore e, então, como o solo lhe havia dito uma vez, acrescentou: espere e no tempo certo você saberá.

Respostas estranhas, pensou a arvorezinha com irritação. Por que não respondiam suas perguntas? Parecia-lhe que era tão fácil responder suas perguntas quanto dizer que ela esperasse. Logo esqueceu disso, pois estava interessada em descobrir e conhecer o que estava à sua volta. Ela tinha muitas folhas agora, mas em vez de estarem no seu tronco, estavam nos seus galhos. Davam-lhe um bom efeito, ela pensou.

E assim, muitos meses se passaram. Mais galhos brotaram e os mais velhos tornaram-se maiores e mais folhas surgiram. A arvorezinha realmente estava emocionada até às raízes. Aí, começou a acontecer uma coisa. Ela não ficou assustada nem perturbada, mas desejava saber por que sua seiva se dirigia as suas raízes, em vez de ir para seu tronco e seus galhos.

– Não pense nada sobre isso, a velha árvore aconselhou. Você está se preparando para o sono do inverno.

– Mas eu durmo todas as noites, protestou a arvorezinha. E se eu devo dormir durante esse inverno o que é isso? O inverno vem entre o dia e a noite ou entre a noite e o dia?

– Nem uma coisa nem outra, respondeu a velha árvore. Você já passou por isso no viveiro, mas era muito jovem para se lembrar. Apenas espere e, no tempo devido, você saberá.

Mas a arvorezinha estava experimentando uma sonolência tão grande que nem se ressentiu da resposta que tantas vezes já ouvira. E ela estava cada vez mais sonolenta, de maneira que nem percebeu que suas folhas caíram. E logo se esqueceu de tudo e entrou num sono profundo.

Mais tarde acordou – a velha árvore lhe disse que era primavera. Naturalmente a arvorezinha agora mais do que quando dormira – queria saber o que era a primavera, mas estava muito ocupada para perguntar. Sua seiva, ela percebia, estava fluindo fortemente através de seu tronco e de seus galhos. O Sol brilhava alegremente, e suas folhas estavam brotando de uma forma maravilhosa. A vida, parecia a ela, era algo que valia a pena. Este sentimento, ela pensou, devia ter alguma relação com a coisa chamada primavera, mas ela percebeu que não adiantava querer saber como a primavera tinha chegado, pois tanto ela como as suas amigas tinham dormido, e assim não havia ninguém para lhe responder sobre tais assuntos.

Então, um dia, ela ficou terrivelmente surpresa, pois pequenas coisas brancas e rosadas estavam em todos os seus galhos. Nada de assustar naturalmente e eram bem decorativas, mais ainda do que as folhas. Ela estava bastante orgulhosa dessa nova contribuição ao seu guarda roupa. Notou que a árvore velha também tinha as mesmas coisas em seus galhos, só que em maior número; assim sendo, pediu a ela explicações.

– São botões, explicou a árvore velha. Primeiro os botões, depois os frutos.

A arvorezinha decidiu nada perguntar sobre os frutos – ela já havia perguntado uma vez, sem resultado. De qualquer forma, ela estava muito ocupada com os acontecimentos. Passarinhos e abelhas ficavam em volta dela o tempo todo. Soube de seus nomes pela velha árvore. Eles eram ótimos companheiros e divertidos. Os passarinhos sentavam-se em seus galhos e faziam um barulho agradável – eles eram efetivamente bem alegres e simpáticos. Naturalmente que a linguagem deles era muito mais forte do que a do suave suspiro das árvores. E as abelhas pareciam se deliciar com os botões, pois ficavam à sua volta e dentro deles a maior parte do dia.

Mas, aí chegou um dia de consternação, seus botões estavam caindo. Ela apelou para o conselho da árvore velha.
Meus botões estão caindo, ela disse excitadamente. Será que eu também vou cair?

– Absolutamente, assegurou-lhe a árvore velha. Você está se preparando para os frutos. Você é um pessegueiro e os seus frutos serão pêssegos.

– Oh! a arvorezinha recebeu a informação dolorosamente. É uma pena eu perder os botões quando eles são tão atraentes.

Ela tinha certeza que se sentiria nua, ou como alguém se sentiria com um mínimo de adornos.

Porém, sobreviveu à tragédia e permaneceu bem atenta observando o crescimento de seu primeiro fruto. De início, sentiu-se um tanto desapontada. As pequenas coisas verdes, nodosas, não eram tão bonitas como seus botões e, de qualquer forma, ela tinha esperado algo diferente. Não podia explicar bem o que esperava – a única coisa que sabia é que não estava satisfeita. Mas, pouco a pouco, dia após dia, refez sua opinião. Não se podia negar o fato de que se tornavam mais bonitos cada dia – todos os seus seis frutos. Ela tinha ficado muito entusiasmada e tinha até mesmo se vangloriado um pouco de sua proeza para a árvore velha. Esta tinha sorrido, afavelmente.

Entretanto, tinha chegado o dia da grande tragédia o dia em que outros tomaram conhecimento da arvorezinha. Ela tinha notado que aquelas mesmas coisas que se moviam sobre o solo, no viveiro, também se moviam e do mesmo modo, no pomar. De início, suspeitou muito delas, pois teve medo que ela fosse partir novamente. Porém, como nada aconteceu, ela gradualmente deixou de suspeitar deles e até mesmo lhes deu boas vindas, especialmente quando admiravam suas vestes de folhas e botões. Mas, ultimamente, elas estavam admirando seus frutos – até mesmo os tocavam. Ela não se importava muito. Coitados, eles não possuíam os frutos dourados que ela possuía.

Mas, que horror! Aquelas coisas que se moviam no pomar tinham arrancado seus belos frutos – todos os seis, covardemente! Como ela poderia sobreviver a isso? Seus belos frutos – seus únicos frutos!

Com sofrimento, ela contou para a árvore velha o terrível golpe. Contou-lhe todo o cuidado que tomara com seus frutos, do orgulho que tinha deles – tudo reduzido a nada.

E a árvore velha com carinho a consolava:

– Arvorezinha, você completou um ciclo de sua Vida. Você veio aqui para cumprir uma missão.

– Quem fez isso? perguntou a arvorezinha. Nunca ninguém me contou sobre uma missão. Houve partidas, tempos, invernos e primaveras, mas nunca ninguém me falou sobre missão.

Diante disso, a árvore velha sorriu com ternura, através de seus muitos troncos.

– Ouça, ela disse, as coisas que pegaram os seus frutos chamam-se homens. Eles pensam que colocaram você aqui, mas não é bem assim. Deus, que criou você, é que o fez. E Deus lhe deu uma missão a cumprir. Ele quis que você tivesse folhas, após lhe dar galhos vigorosos. Assim, os passarinhos puderam descansar e gozar de sua sombra.

– Quem fez os passarinhos? perguntou a arvorezinha. Eles têm uma missão? E por que não criam sua própria sombra?

– Bem, bem, reprovou a árvore velha, não faça muitas perguntas. Estou falando sobre você, apesar de falar sobre os passarinhos, Deus os criou, como criou as outras coisas.

Deus é uma árvore como nós? a arvorezinha quis saber.

– Não, respondeu a velha árvore. Agora deixe-me terminar sua história. Depois que suas folhas cresceram, vieram os botões. Isto foi a primeira tarefa para, em seguida, crescerem os frutos. Mas você também foi feita para enfeitar o mundo – e isso é tão importante quanto frutificar – pois você estava muito bela com suas folhas verdes e botões cor-de-rosa.

A arvorezinha aprumou-se. Era bom ser apreciada, pensou.

– Também, continuou a velha árvore, os botões continham alimento para as abelhas que você tanto admirou. Aí vieram os frutos que os homens comerão, pois eles não podem comer a luz solar, como faz você.

– Eu não gosto que eles comam os meus frutos, disse a arvorezinha. Meus pêssegos são tão belos!

– Esse é o motivo de você ser uma árvore, continuou a velha árvore, como se não tivesse sido interrompida. Olhe o que você fez: abrigou os pássaros, alimentou as abelhas, foi uma coisa de grande beleza e agora alimenta os homens. Esta é sua missão. Deus lhe deu uma grande participação no trabalho da vida. No próximo ano, você fará tudo novamente.

– Bem, murmurou a arvorezinha, espero que Deus esteja satisfeito. Quanto ao próximo ano – esperarei e saberei, no devido tempo – talvez.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Oração

A Oração

O tema é tão amplo, que talvez nunca possamos encará-lo sob todos os aspectos. Tão profundo que a maioria de nós não o alcança em toda a sua profundidade. Assim, seguindo o que Cristo falou, “orai incessantemente” queremos fazer o possível para que possamos dar subsídios para que todos consideremos a prece em seus mais variados aspectos, para que possamos realmente orar e orar incessantemente.

São Lucas, ao descrever a Transfiguração nos diz “Estando Ele orando, transfigurou-Se diante deles”. Parece-nos, pois, que o primeiro passo para que possamos nos transfigurar é orar. A transfiguração que podemos chamar de reforma íntima, começa com a prece. Somente orando, seja em que forma for: pensamentos, palavras ou ações conseguiremos nos transformar em melhores seres humanos.

Não são as fórmulas decoradas e ditas apressadamente que nos conduzem a Deus. Nem devemos pensar que orar é sinônimo de pedir e que a única finalidade da prece é contar a Deus das nossas necessidades ou agradecer os benefícios recebidos. É claro que Cristo ao dizer: “Pedi e recebereis para que vossa alegria seja completa”, se referia aos pedidos que fazemos a Deus para podermos solucionar nossos problemas espirituais ou matérias. No Pai Nosso que Ele mesmo ensinou também pedimos pelas mossas necessidades. Mas se somente fizermos isso, a nossa comunhão com Deus que é realmente a finalidade da prece estará apenas iniciando.

Mesmo se dissermos “Obrigado Senhor” por um benefício recebido, e ficarmos somente no “faça o favor e muito obrigado” estaremos somente tendo um contato com Ele que, mesmo sendo muito útil para nós, não permite um maior desenvolvimento espiritual.

Sabemos também que muitas pessoas não conseguem orar como gostaria, porque “o pensamento voa” e não lhe permite a tão sonhada devoção. E isso é muito mais comum do que se imagina. O pensamento abstrato para a maioria de nós requer muito treino e talvez nem consigamos atingi-lo nesta vida.

Mas se não sabemos rezar como gostaríamos de fazê-lo, como agir? A nosso ver, se começarmos a sentir realmente o que dizemos nos nossos rituais e em outras orações que fazemos, mesmo em se tratando de ORAÇÕES QUE SE SABE DE COR, aos poucos conseguiremos orar como realmente deve ser ungida do sentimento e amor. Também se nossa imaginação não estiver constantemente em movimento, planejando ou fazendo contas, focalizando fatos muitas vezes desagradáveis e nos dispusemos a ficar em silêncio e disponibilidade para ouvir o que nosso Cristo Interno tem a dizer estaremos orando. Se nos compenetrarmos realmente de que “o serviço amoroso e desinteressado é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus” e realmente nos preocuparmos em Servir, também estaremos orando. Podemos orar com nosso trabalho, se este for feito, digo, oferecido a Deus e feito com amor, dedicação e alegria. Aos poucos, se começarmos com boa vontade iremos aprendendo a orar incessantemente, uma vez que sabemos que a chave do Corpo Vital é a repetição e que se repetirmos coisas boas, principalmente se o fizermos conscientes e conscienciosamente aos poucos iremos nos desenvolvendo espiritualmente.

Não importa quanto tempo ou quantas vidas levemos para isso. Em toda a caminhada, por mais longa que seja, há um primeiro passo. Compete a nós darmos esse passo. E Deus que nunca falha, nos ajudará a aprendermos a rezar e a fazê-lo cada vez melhor até que toda nossa vida seja uma oração.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Gerda e Derbi – Palavra-chave: Serviço

Gerda e Derbi
Palavra-chave: Serviço

Duas sementinhas estavam, lado a lado, no chão de um pequeno jardim entre as montanhas. Uma delas tinha a pele enrugada e tão esquisita. Seu nome era Gerda; ela era uma sementinha de chagas (N.R.: Planta da família das Tropeoláceas, também conhecida como agrião-do-méxico, agrião-grande-do-peru, agrião-maior-da-índia, capuchinha-de-flores-grandes, capuchinha-grande, chagas, flor-de-chagas, capucina, capuchinho, chagas-de-flores-grandes, chagas-da miúda, cinco-chagas, cochlearia-dos-jardins, coleária-dos-jardins, curculiare, flor-de-sangue, mastruço, mastruço-do-peru, nastúrcio, nastúrio, sapatinho-do-diabo). A outra se chamava Derbi e parecia uma bolinha redonda; ela era uma semente de ervilha de cheiro.
As duas pequeninas sementes olhavam para cima, querendo saber o que o céu azul sobre suas cabeças deveria ser. Ouviam os pássaros cantando suas canções na grande árvore do bordo (N.R.: tipo de árvore em climas frios que armazenam o açúcar em suas raízes antes do inverno, e a seiva, que se eleva no começo da primavera; no Canadá a extração da seiva do bordo canadense, gera o famoso xarope – maple syrup, um dos produtos mais conhecidos do país; a bandeira canadense tem uma folha dessa árvore) e sentiam-se tão sonolentas que se aconchegavam uma na outra no seio da Mãe Terra e adormeciam profundamente. Elas não tinham nada com que se cobrir, mas não se importavam, pois os dias eram quentes e, de qualquer modo, eram muito pequenas para pensarem nessas coisas. Mas, pouco a pouco, as noites tornavam-se cada vez mais frias, mais frias e as coitadinhas sementinhas, Gerda e Derbi, começaram a tremer e tremer. A Mãe Terra ficou com tanta pena delas, que perguntou à árvore de bordo se poderia dar a elas algumas de suas folhas para fazer um lençol para cobri-las.

 

A árvore de bordo olhou para baixo e viu as duas sementinhas tremendo enquanto dormiam e respondeu:

– Claro que sim!

Ela se sacudiu o quanto pôde, mas nenhuma folha caiu, porque todas estavam bem presas.

– Vou chamar o vento para me ajudar, adiantou ela.

Assim o fez, e o vento veio voando rápido. Então, a árvore de bordo pediu-lhe para soprar o mais forte que pudesse para derrubar suas folhas sobre as duas sementinhas.

O vento olhou para baixo e viu as duas sementinhas tremendo enquanto dormiam e disse que ficaria feliz em poder ajudá-las. E o vento soprou, soprou tanto que suas bochechas ficaram estufadas, mas não conseguiu mesmo derrubar as folhas para fazer a coberta.

– Vou lhe dizer o que farei, disse o vento. Pedirei ao Jack Gelado para vir e ajudar-nos.

Então, ele voou até o Polo Norte, onde encontrou Jack Gelado cortando flocos de neve.

– Venha comigo, pediu. Há duas sementinhas que precisam de um cobertor para cobri-las ou morrerão de frio.

Quando Jack Gelado ouviu isso, pediu ao vento para apressar-se e lhe mostrasse onde estavam as sementinhas. Assim, eles voaram para o pequeno jardim no alto das montanhas, onde as sementinhas dormiam tremendo. Quando Jack Gelado viu-as ali deitadas, tão pequenas e desprotegidas, tocou as folhas das árvores com seus dedos para soltá-las. Quando as folhas sentiram seu toque suave, algumas delas tornaram-se avermelhadas e outras em um bonito amarelo dourado. A árvore ficou muito bonita com aquelas amorosas cores. Mas o mais importante é que ela estava desejando dar suas folhas para esquentar as pequenas Gerda e Derbi.

O vento brincou entre os galhos e derrubou as folhas, que pareciam formar um lindo tapete. Elas caíram suavemente sobre as duas sementinhas, deixando-as bem agasalhadas e quentinhas. Ali, elas dormiram durante todos os dias frios do inverno, enquanto do lado de fora chovia e nevava. Que longo e longo sono elas tiveram! Aos poucos, quando a primavera chegou e os pássaros voltaram a cantar, as sementinhas mexeram-se um pouco em seu sono. Elas sorriram também porque estavam sonhando com coisas bonitas que as fadas tinham sussurrado em seus ouvidos.

Um dia, Gerda acordou com uma voz que a chamava:

– Acorde, Gerda, acorde!

Ela esfregou os olhos; espiou através das folhas e viu o Sol sorrindo para ela. Esticou a cabeça e começou a espreguiçar-se.

Então, o Sol chamou Derbi:

– Acorde, doçura!

Quando Derbi ouviu a voz do Sol chamando-o e sentiu seus beijos quentes no rosto, começou a cantar.

Gerda e Derbi sabiam tudo sobre exercício de respiração e como vocês acham que elas o fizeram? Como vocês respiram? Com seus pulmões! Quem sabe onde Gerda e Derbi tinham seus pulmões? É realmente muito curioso, mas seus pulmões estavam nas suas folhas; portanto, elas respiravam pelas folhas, como fazem todas as plantas. É por isso que as plantas não crescem bem em lugar com muito pó. O pó as sufoca e elas não conseguem respirar bem, tornando-se fracas e doentes, como muitas pessoas que deixam de respirar bastante ar puro.

Gerda e Derbi cresceram viçosas e ambas deram muitas flores. As de Gerda eram vermelhas e brilhantes.

As de Derbi eram cor-de-rosa e violetas e tinham um doce perfume.

 

Quando alguma flor murchava, em seu lugar nascia uma minúscula semente bebê. Havia milhares de sementinhas em cada planta e cada uma delas precisava de bastante alimento. A pobre Gerda começou a murchar e ficar pálida, porque tinha de alimentar muitas sementinhas e não lhe sobrava tempo para si mesma. Derbi também estava cansada. Ela carregava seus bebês em graciosas vagens e, quando estas se retornaram duras e secas, abriam-se libertando as sementinhas.

Finalmente, lado a lado, Gerda e Derbi tornaram-se velhas e fracas. Tiveram, ambas, vida maravilhosa, alegrando com suas flores todos os que por elas passavam. Cuidaram muito bem de seus bebês sementes. Mas, estavam agora tão fracas, que quase não podiam aderir-se à cerca, agarrando alegremente como faziam quando eram jovens e fortes. Com surpresa, ouviram uma voz suave dirigindo-lhes a palavra. Era a Mãe Terra chamando-as para o lar:

– Vocês foram boas e leais, minhas filhas. Voltem para o lar para descansar.

Gerda e Derbi afundaram-se felizes, lado a lado, no colo da Mãe Terra, que lhes cantou uma suave canção de ninar.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

 

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