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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Por favor, deem-me uma descrição clara dos Irmãos Maiores e digam-me se eles atuam nesse plano por meio de um corpo material e, também, em relação aos Irmãos Leigos e Irmãs Leigas, etc.?

Resposta: No que se refere aos Irmãos Maiores, eles possuem um corpo material exatamente como você e eu, e vivem numa casa que pode ser descrita como uma casa que pertence a uma pessoa próspera, mas não exibicionista. Parecem ocupar funções de destaque na comunidade onde vivem, mas essas posições são apenas um pretexto para justificar sua presença e não criar dúvidas quanto ao que eles representam ou quem são ou, ainda, para que não se note nada de extraordinário a seu respeito. Externa, internamente e através desta casa há o que pode ser chamado o Templo. Ele é etérico e é diferente das nossas construções comuns. Pode ser comparado à atmosfera áurica que circunda nossa Pro-Ecclesia em Mount Ecclesia, que é etérica e muito maior que a construção física.

A descrição oral de Manson[1] a respeito da igreja espiritual construída por ele, fornece uma ideia do que são tais estruturas. Elas envolvem totalmente os edifícios e as igrejas onde se reúnem pessoas de grande espiritualidade e, naturalmente, diferem em cores. Esse Templo Rosacruz é superlativo e não pode ser comparado a nenhum outro e a nenhuma outra coisa; ele envolve e permeia a casa onde vivem os Irmãos Maiores. A casa é tão permeada de espiritualidade que a maioria das pessoas não se sentiria muito confortável lá. E os Irmãos Leigos e as Irmãs Leigas têm um corpo material? Certamente. O autor[2] não é muito etérico e pode servir como uma ilustração da média.

 (Pergunta nº 134 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: É um personagem do Livro The Servant in the House (1908), do escritor anglo-americano Charles Rann Kennedy (1871-1950).

[2] N.T.: Lembrando: Max Heindel é um Irmão Leigo, que alcançou a 5ª Iniciação Menor.


PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Libertação através do Trabalho em Grupo

“Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor e a Luz do mundo”

Max Heindel

O conhecimento, em todos os seus aspectos, é a base reconhecida do progresso. À medida que novos fatos são descobertos, novas leis são formuladas, a tecnologia vai se aperfeiçoando e as evidências do progresso se manifestam. Desse modo o ser humano vai obtendo tudo o que previamente lhe parecia impossível. Tal acontece porque novos fragmentos de conhecimento em um campo provê a chave do mistério existente em outro campo. Consequentemente, em virtude do interrelacionamento comum entre todas as fases da vida e do conhecimento, quanto mais o ser humano sabe a respeito de determinado assunto, mais poderá saber a respeito dos outros. Assim, a luz do conhecimento cresce e se torna mais brilhante.

Muitos problemas da vida, mercê dessa transferência de capacidade e interrrelacionamento de conhecimento, são resolvidos satisfatoriamente. Mas, o progresso aí está, constantemente desafiando o ser humano com novas e diferentes situações que inevitavelmente suscita. Os novos problemas vão tornando mais amplos, envolvendo mais pessoas, abrangendo maiores horizontes e exigindo soluções mais rápidas. As conquistas da técnica e da ciência, aproximando cada vez mais e identificando os diferentes grupos humanos, fazem com que cada acontecimento afete a todos. É evidente que a humanidade está sendo submetida a um processo evolutivo acelerante. Os sinais apontados são o início desse processo.

Ninguém sabe tudo – nenhum ser humano, por mais disciplinado, inteligente e dono de seu tempo que seja, pode hoje aprender tudo o que está à disposição do conhecimento humano. Ninguém, por mais poderoso e influente, não poderá pensar, planejar e atuar, com o acerto e rapidez necessários, em todos os problemas sociais. Ora, não é do intento divino que seja a humanidade subjugada e vencida pelo desespero, ante os penosos e confusos tempos que vamos adentrando. Graças a alguns afortunados cérebros que não se deixam limitar pelo medo, que sobrepassaram o egoísmo e, pelo amor ao próximo, sincero e desinteressado, lograram alcançar as mais profundas verdades do Cristo, está sendo divulgado por todas as partes a necessidade imperiosa de congregar as pessoas em grupos. Pela conjugação dos recursos individuais, na busca da solução dos mais altos e legítimos problemas coletivos, vêm-se obtendo meios para enfrentar a evolução da técnica, a fim de utilizá-la convenientemente, sem violência aos sagrados direitos do ser humano. Ainda há muito erro, decorrente, as mais das vezes, da falta do espírito de equipe. Ademais, há pouco é que, praticamente, se evidenciam as vantagens desta técnica há tanto tempo pregada por Cristo. Mas, ninguém pode deter o fluxo do propósito evolucionário; verifica-se um rápido aumento do trabalho em grupo, em todo o mundo.

Necessidades para se trabalhar em grupo – o primeiro passo para o trabalho em grupo é o reconhecimento de nossas limitações pessoais. Isso nos leva a participar de esforços cooperativos, cujo brilhante futuro mal podemos prever. À medida que nossos egoísmos e interesses imediatistas forem dando lugar ao altruísmo e bem-comum, novas fases irão sendo exploradas no trabalho em grupo. De fato, a formação de grupos de trabalho ainda está na infância. As técnicas são relativamente desconhecidas de uma grande maioria de indivíduos e as forças cósmicas, que unem os indivíduos esparsos em grupos, estão apenas começando a produzir seus impactos sobre a consciência humana. Tais forças fluem primeiramente do Espírito do Cristo Interno e secundariamente da influência de Aquário. Ao se tornarem mais fortes, os grupos de pessoas, de uma natureza mais original e espiritual, se tornarão mais comuns. Eles serão os vanguardeiros e a glória da Era de Aquário. Pelo discernimento de assuntos públicos, Júpiter – o princípio da expansão e da boa vontade, da filantropia e da sociabilidade – revela o que é desejável em matéria de negócios, de religião, de ciência e outros assuntos, suscitando a revisão de atividades para novas e construtivas fases em grupos. Desse modo, utilizando os valores relativos pessoais, sob o impulso do altruísmo e sem ofender a liberdade individual, Júpiter vai tornando possível grandes melhoramentos. Para as pessoas integradas em movimentos humanísticos e espirituais, o trânsito desse Planeta enseja grandes oportunidades de progresso.

No passado, as transições de progresso que se operavam no mundo eram consequências do trabalho de indivíduos mais ou menos iluminados, cujas Personalidades exerciam poderosa ação, atraindo e dominando aqueles que se tornariam seus discípulos. Por intermédio de tais singulares indivíduos o trabalho era feito. Foram grandes homens e mulheres a quem devemos não somente as revelações religiosas, como o progresso nos vários ramos da arte, da ciência, das leis, da política, da filosofia, etc. Eles, em grande parte, fizeram a história, história de umas poucas pessoas, de cujo esforço e gênio dependeram as grandes realizações, em todos os campos de trabalho.

Atualmente essa condição está mudando. Novos métodos e novos homens e mulheres estão rapidamente emergindo. Muitos poucos indivíduos excepcionais surgem, mas, em compensação, levanta-se muitos homens e mulheres aptos para qualquer atividade. Em vez do antigo “mestre” que determinava tudo, observamos hoje muita gente com idêntica habilidade, trabalhando em conjunto. Ampliam-se enormemente as atribulações de responsabilidade e expansão da atividade humana. Devemos, hoje, aprender a trabalhar em conjunto ou nos desatualizaremos. Como predisse Max Heindel, devemos ser iguais, amigos, compartilhando experiências e ações, acima da preocupação de liderança. A Fraternidade é a nova ordem da Era que se aproxima. Ou nos entendemos ou nos limitaremos cada vez mais.

O desejo de se destacar – A ambição para se tornar líder leva a mesma razão que torna o indivíduo inadaptado para a mais elevada forma de trabalho em grupo, não importando quão altruístas e benevolentes possam ser as motivações. O desejo de se destacar, de exercer autoridade, encerra um erro de aproximação à moderna atividade em grupo, pois ressalta a Personalidade, em prejuízo de fatores anímicos de confraternização, de identidade incondicional. Em seus trabalhos com os Irmãos Leigos e Discípulos, os Irmãos Maiores nunca dão ordens, nunca censuram e nunca louvam. O anelo de servir, de viver retamente, deve brotar espontaneamente do interior do indivíduo. Isso o capacitará para a integração da equipe. Esse deve ser o espírito de todo trabalho em grupo.

Tempo está chegando em que, na vida de todo e qualquer indivíduo, a única autoridade a ser levada em conta será o “Eu Superior”, o foro íntimo. Na medida em que cada um aprenda a amar, a honrar e a obedecer a seu “Eu Superior” expressará o que é bom, o belo e o verdadeiro (o que é indispensável na evolução prática dos ideais Cristãos). E para isso é imprescindível se torna compreensivo e harmonioso com todos seus companheiros de atividade, entendendo e seguindo espontaneamente os objetivos do grupo. A intuição, em vez do intelecto, será o fator reinante. Desaparecerão as regras e os regulamentos impostos pelos líderes. Nos novos grupos, em vez de um líder, surge um representante, um porta-voz, o qual, pelo menos em teoria, preside aos trabalhos, por escolha de todos. Em virtude de seus méritos pessoais ele se tornou o SERVO DE TODOS, cujo conceito está muito distante do de um líder que, seguindo suas próprias ideias e determinações, modela e executa o sistema de um grupo.

A especialização em um determinado ramo de atividade – No sentido de ampliar mais as possibilidades do conhecimento, atualmente há uma tendência bastante generalizada: se especializar um determinado ramo de atividade, depois de ter sido adquirido o conhecimento geral da profissão escolhida. Reúnem-se, então, os especialistas de diversos ramos para que todos e cada um contribuam com seus talentos num objetivo e benefício comum. Essa conjugação de técnicos desempenhou importante papel no esforço da última guerra mundial. Igualmente, a interdependência de técnicos foi que produziu o tremendo avanço da medicina, da ciência em geral, da técnica dos negócios. É a prova de que, fundindo e focalizando o conhecimento e poder cerebral de muitos, resolvem-se os mais complexos problemas do mundo. De igual modo, se fundirmos e focalizarmos os atributos do coração, o conhecimento e as energias espirituais de muitos indivíduos devidamente preparados, então pode-se, com toda a certeza, exercer um poder espiritual quase ilimitado na tarefa de libertação do mundo. Esse é um palpitante, profundo e maravilhoso tema para o qual chamamos a atenção especial de todo Aspirante à vida superior sincero.

O trabalho em grupo – Existem utilíssimos conhecimentos em relação ao trabalho de grupo. Contudo, permitimo-nos tecer considerações acerca de fatores diretamente relacionados com atividades espirituais, que é o nosso caso. Temos amplas razões para admitir que, por meio da Fraternidade Rosacruz, conseguiremos promover uma expressiva fase de libertação da humanidade. E para compreendermos como atingir essa realização de efetiva ajuda ao Cristo, estudemos os cinco princípios básicos do nosso esforço em grupo:

1) O primeiro princípio é o SACRIFÍCIO, pois, sugere o impulso amoroso de dar, com renúncia de si mesmo, sem egoísmo. Sem o sacrifício o trabalho de grupo é praticamente impossível. Tudo o que não beneficie o conjunto e suas finalidades e que possa constituir obstáculo para Deus e para o ser humano, deve ser posto de lado. Sacrifício é fazer apenas o que é bom e implica renúncia aos reclamos da Personalidade. É interessante observar, de passagem, que embora exista muitas pessoas altruístas, em todos os lugares, atualmente, poucas são as que agem acima de sua Personalidade com o único propósito de servir e elevar os semelhantes. Aqueles que se reúnem para congregar forças a fim de obter mudanças políticas, para fundar uma instituição filantrópica, quase sempre cobram o preço do prestígio e do proveito pessoal. Raro é o que nada reclama para si, cuja presença e ação, eficientes e silenciosas, constituem o alicerce espiritual do movimento.

O fundamento e a causa de todo poder espiritual residem, em parte, no sacrifício. O egoísta transfere para um plano secundário o interesse impessoal da humanidade, sobrepondo-lhe a glória, a fama e poder material dos membros do grupo. Sacrifício é o “abc” do viver espiritual, é esquecimento próprio, é afastar tudo o que, de alguma forma, possa enfraquecer ou dividir os membros do grupo ou interferir no desenvolvimento de seus propósitos comuns. Não nos referimos somente ao que é errado, mas também ao não essencial, ao que não seja diretamente objetivado pelo movimento pelo qual o grupo está reunido – como, por exemplo, é o caso da Fraternidade Rosacruz –, embora interesse, de modo especial, a um ou a vários membros do grupo.

Cada membro deve ter boa vontade em relação ao grupo, deixando de lado sua vontade pessoal, seus esquemas favoritos e toda forma de ambição pessoal. O que prevalece é a vontade da maioria. Lembremos que, por força da presente condição humana, todos vemos “como que através de um vidro enfumaçado”, isto é, com nossas limitações não percebemos claramente a vontade de Deus e seus agentes, os Irmãos Maiores. Os propósitos dos Irmãos Maiores sobre a questão da elevação e libertação humana respeitam, em primeiro lugar, a liberdade individual, a valorização e o poder de uma FRATERNIDADE; conciliam os aspectos individuais mais legítimos com os propósitos de Deus. Mas, devido às limitações, apenas uma parte do trabalho pode, por ora, ser realizado, porque não enxergamos com clareza os detalhes do Divino Plano Redentor. Todavia, não nos desalentemos por isso.

Por meio do esforço sincero, o Aspirante à vida superior Rosacruz está conquistando, mais depressa, sua libertação e elevação, capacitando-se para um trabalho mais elevado. São poucos os que conseguem. Por enquanto, esforcemo-nos, sem nos aborrecermos por presenciar, frequentemente, membros que não trabalham com idênticas compreensão e unidade de propósito. A perfeição do trabalho em grupo é coisa do futuro. Contudo, um contato íntimo, fundado no amor e numa profunda realização de unidade em Cristo, é possível atualmente, com indivíduos incomuns, que saibam sobrepor-se às diferenças de opinião, que lutam contra as desuniões, porque essas resultam sempre das forças inferiores. É da maior importância, num trabalho em grupo, que todos aprendam a amarem-se uns aos outros, com o Amor de Cristo – amor ágape, incondicional –, de alma para alma, um amor nunca influenciado por fatores pessoais.

O amor é o que ilumina e valoriza o sacrifício. O serviço em favor da humanidade se realizará satisfatoriamente apenas quando se fundar num profundo e permanente amor, livre de crítica (em geral oriundas de frustrações) e orientado pelo firme propósito de não transigir com o erro, com o supérfluo e, sobretudo, com as brechas que entre seus membros produzam desuniões e enfraquecimentos. O sacrifício de fatores negativos pessoais, para perfeita integração e ajuda na Fraternidade, em prol da humanidade é, ao mesmo tempo, uma contribuição preciosa para si mesmo, um exemplo e cooperação à Fraternidade e uma ajuda à humanidade, porque todos os nossos pensamentos, emoções e atos refletem-se em todos os planos da Natureza. Pela contribuição perfeita ao grupo, o indivíduo realiza a superação automática de si mesmo. Pelo esforço de integração, pacificação e eliminação de divergências, cada um harmoniza-se, ao mesmo tempo, a si mesmo.

2) O sacrifício sábio traz, portanto, à atividade, o segundo princípio do trabalho em grupo: a IDENTIFICAÇÃO AMOROSA COM OS COMPANHEIROS DE LABOR. Ao sobrepor-se à Personalidade, cada membro do grupo, pela dedicação ao serviço, cresce em consciência quanto aos propósitos comuns. À medida que cresce, indiferente ao personalismo e egoísmos de toda ordem, identifica-se mais com seu verdadeiro “Eu” e adquire uma atitude de alegria, de confiança própria e de profundo amor ao próximo. Atinge, então, a vivência da “realização da unidade fundamental de si com os demais, em identidade espiritual”. Começa a manifestar sua deidade interna, que permite a superação espontânea de suas solicitações egoísticas e, ao mesmo tempo, fá-lo olhar seus semelhantes, não pelos aspectos externos, não por seus defeitos, senão pela “divina essência oculta em cada um”, o IRMÃO.

Só então atinge a consciência e vive a consciência real do grupo. Muitos de nós, nos instantes de oração ou oficiação de rituais em grupo (quando se processa uma perfeita fusão entre todos), tivemos oportunidade de sentir uma grande vibração. Isto é possível, devido ao princípio de fusão de semelhantes (semelhante atrai semelhante), que é muito mais forte do que uma unidade. Um grupo harmonioso é mais do que um simples ajuntamento de pessoas. São carvões que provocam um fogo que, e em conjunto, focalizados e vibrando num ideal comum, formam um instrumento de Cristo. Por isso foi dito que “onde dois ou mais se reunirem EM MEU NOME” ali Ele estaria! A fusão de almas é o mais poderoso instrumento de corporificação de Cristo, para um trabalho superior, porque produz um volume tão grande de vibração espiritual que pode canalizar, do Mundo do Espírito de Vida, um caudal de energia incalculável. Todos conhecemos essa lei: chama-se a Força de Atração.

Ela determina a atração de pessoas de vibração idênticas, levando-as a diariamente se reunir para um propósito comum. Eis o sentido de cada Centro ou Grupo de Estudos Rosacruz em todo o mundo! O semelhante atrai o semelhante. A mais alta expressão dessa Lei é a fusão de indivíduos preparados para um ideal superior, com plena consciência das leis que regem o trabalho em grupo, isto é, com renúncia de si mesmos e dedicação amorosa ao próximo. Eis como se realiza o trabalho de Cura da Fraternidade Rosacruz, a Cura Rosacruz. A fusão consciente e ardorosa de tais indivíduos forma um canal de natureza tão sublime que atrai um fluxo magnético poderoso do plano Crístico, beneficiando enfermos de todo gênero e enchendo a Terra de uma força equilibradora. Por meio do silencioso poder de tais grupos, os Seres Superiores podem fazer fluir o Poder Curador, a força, a Sabedoria e Amor, para todo este mundo carente. Atualmente o Mundo do Desejo se acha tão conturbado que seus reflexos na humanidade são os que observamos por aí. O contato de Egos, uns com os outros, em propósitos construtivos, é o meio mais eficiente, mais seguro, mais rápido, de libertação individual. O relacionamento de alma, pela autorrenúncia, leva-nos a um conhecimento superior e à unidade com o Cristo Cósmico, pelo despertar de nosso Cristo Interior. As aspirações devocionais e consagradoras para com o serviço, elevam os membros da Fraternidade a planos e condições que, sozinhos, abandonados a seus próprios recursos e às influências que vigoram desde a última conflagração mundial, não poderiam atingir.

3) O terceiro princípio do trabalho em grupo é o SERVIÇO (tônica da Fraternidade Rosacruz). Dele ninguém pode se evadir. Do mais elevado ao mais inferior dos seres vivos, o serviço é o preço a pagar, não somente para o progresso de todos, como também por mera imposição do direito de existir. De uma evasão deliberada, egoísta, do privilégio de SERVIR, origina severas penalidades das leis equilibradoras do Universo. É o que sucede a muitos Egos que atualmente, em alguns países, são obrigados, à FORÇA, a se conformar e servir com boa ou má vontade para atender às necessidades do grupo a que pertencem. O SERVIÇO é a capacidade de identificação do indivíduo com os interesses comuns. Pressupõe, como dissemos, a superação dos interesses pessoais, voluntariamente e regozijosamente. Quem é feliz servindo, torna-se simpático na vida íntima do grupo. É a técnica que liberta o indivíduo dos laços do “eu inferior” e o capacita a integrar a família de Cristo. O verdadeiro serviço não é fácil. Sua legítima expressão pressupõe muita renúncia, persistência e fé: “Poderosamente devem mourejar os que servem os deuses eternos”.

Servir significa sacrifício de tempo, de interesses pessoais, de ideias favoritas. Exige prudência, sabedoria, habilidade de trato, domínio das emoções. Observe-se quão poucos estão preparados para trabalhar impessoalmente. Não se trata de mero negócio, nem de interferências ou de esforços fanáticos. O verdadeiro serviço nasce da combinação das faculdades mentais com as do coração. Não é motivado por estados emotivos, por sentimentalismos, por arroubos acidentes de entusiasmos e tampouco do desejo de progresso espiritual da parte do servidor. O verdadeiro serviço salienta o grupo, em vez de o indivíduo. Por meio do verdadeiro trabalho em grupo nos tornamos mais úteis do que isoladamente poderíamos ser e mais nos aproximamos da nossa FONTE e ORIGEM. Através do serviço verdadeiro expressamos, com mais facilidade, os atributos de nosso “Eu Superior”, o Ego, cuja natureza é naturalmente boa e nobre, amorosa e fraternal, porque “feita à imagem e semelhança do Pai”.

O verdadeiro serviço não é solicitado nem planejado como um fim em si mesmo: surge espontaneamente na medida em que crescemos por dentro e nosso Cristo deseja expandir seus poderes anímicos. Gradualmente, à medida que vamos crescendo por dentro, irradiamos o amor e outras energias espirituais, nunca para nosso próprio engrandecimento, senão para elevação e libertação daqueles que de nós se aproximam. O verdadeiro servidor tira as vistas de si mesmo e de suas realizações, dando atenção integral para as necessidades de seus semelhantes, a começar por seu lar, sem deixar-se prender pelas insidiosas cadeias do interesse puramente familiar. Conduz-se equilibradamente em meio a todas as necessidades, seguindo os impulsos de seu Cristo Interior. A completa submissão à lei do serviço leva-o gradualmente ao íntimo do coração do grupo e a conhecer, para além de todas as dúvidas, que é UNO com as almas IRMÃS. À medida que os membros se elevam assim, o grupo vai atingindo a capacidade de serviço total, o poder e a oportunidade de executar as obras mais inimagináveis.

4) O quarto princípio consiste em RECUSAR tudo o que seja danoso aos interesses do grupo. Isso exige sinceridade, lealdade, coerência. Há muita gente de boa índole que falha neste princípio, por medo de ferir os membros do grupo. Mas a recusa não é desamorosa. Ao contrário: é firme, porém, amorosa, inteligente, esclarecida. Relaciona-se, como veem, com a Força de Repulsão, uma vez que, tudo o que não seja da mesma vibração do grupo tende a ser afastado. Pela manifestação desse princípio, todos os grupos tendem a repelir o que lhe seja estranho ao modo de ser e necessidades, envolvendo pessoas, coisas e condições. Não se trata propriamente de conservação. A evolução do grupo se processa naturalmente, à medida que seus membros evoluem e refletem amorosamente novas necessidades coletivas. Porém, o princípio que estamos considerando preserva o interesse de todos, elevando para Deus as pessoas e coisas identificadas, entre si, como conjunto.

Simbolicamente falando, a totalidade dos membros dedicados de um grupo “reúne seus carvões”, abanando-os pelo serviço amoroso, a fim de que flameje a chama do fogo espiritual, que é um poderoso dissipador das trevas da ignorância e do frio egoísmo que existe no mundo. Por meio de sua própria existência irradiará de tal grupo luz e calor que dissiparão as forças mentais negativas e as correntes miasmáticas do Mundo do Desejo, que escravizam a humanidade. Atuando sobre cada membro ou unidade do grupo, esse quarto princípio imprime, em suas consciências, uma profunda determinação de evitar e repelir, em sua maneira particular de vida, tudo o que possa obstar ou interferir desfavoravelmente nas atividades e interesses comuns. Disso decorre a necessidade de vigilância constante, de si mesmo e não propriamente quanto aos demais. Deve cada um vigiar todas as atividades físicas, emocionais e mentais, a fim de que não chegue a exprimir ação inconveniente.

Compreendendo que sua própria consciência é parte integrante do Todo, a qual, de algum modo misterioso, ele ajuda a sustentar, o membro dedicado e sincero pratica o discernimento e amiúde pergunta a si mesmo: “O que estou pensando, sentindo ou fazendo influencia favoravelmente o grupo? Aumentará ou diminuirá a Luz Espiritual do grupo?”. Então procura, sincero como é para si mesmo, atuar harmoniosamente, recusando tudo o que seja imoral, rancoroso, malicioso, interesseiro, crítica destrutiva, etc. e cultivando apenas, deliberadamente, as vibrações auxiliadoras da sã alegria, da simpatia e do altruísmo. Para o bem do grupo e não por motivos pessoais, trabalha para a pureza, para a estabilidade emocional e pelo controle do pensamento. Respeita e obedece aos propósitos do Grupo e recusa todas as faltas que, dentro de si, procurem prejudicar seu trabalho na equipe. Aprende que não é lutando que vence o egoísmo, senão pelo esquecimento de si mesmo, dedicação aos demais e prazerosa obediência à luz interna, conforme aquela frase de Cristo: “Aquele que perde sua vida por Minha causa, encontrá-la-á”.

5) Quando cada membro tenha aprendido a trabalhar em íntima cooperação mental e espiritual com seus companheiros; quando o desejo de crescimento pessoal e espiritual tenha sido transcendido e cada um tenha dado tudo o que pode ao grupo, então o quinto princípio começará a atuar. Esse princípio que brota da UNIDADE de cada um com todos, originará uma automática distribuição das conquistas do grupo, de forma que, qualquer unidade ou membro começará a sentir e expressar tudo o que o grupo tenha conquistado, embora individualmente não o tenha pretendido. Uma completa realização, por parte de um membro do poder do amor, por exemplo, eventualmente se tornará uma realização consciente de todo o grupo e, assim, em relação a tudo em evolução. É a lei que Cristo enunciou quando disse “Se eu ascender levarei comigo todos os seres humanos”.

Indubitavelmente existem outros princípios que operam nos grupos, a respeito das quais, atualmente, pouca noção temos. Contudo, a boa vontade de nossa parte, em adaptar nossa vida aos princípios aqui enunciados, nos possibilitará percorrer mais rapidamente e proveitosamente o longo caminho que nos conduz às novas e luminosas condições da Era de Aquário.

(por Elvin Joseph Noel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Cabeça – Coração

Cabeça–Coração

Em torno desse tema, debatem-se, milenarmente, quase todos os seres humanos, e, de modo especial, os filiados as diversas escolas, espiritualistas ou não.

Uns acham que a Cabeça tem maior importância.

Outros inclinam-se para o Coração.

Entretanto, a Ordem Rosacruz, através da Fraternidade Rosacruz, essa última fundada em 1909, por seu fiel mensageiro, Max Heindel, lançando luz sobre tão magno problema, nos esclarece que a importância está no equilíbrio.

Equilibrar a Cabeça e o Coração é tocar no ponto fundamental para a realização integral do homem ou da mulher.

É de suma importância o equilíbrio das funções intelectual e cardíaca. Essas funções equilibradas permitem, portanto, a harmonia. Assim, quando o Coração sente, a Razão sanciona, não deixando de aparar, todavia, os excessos. E, quando a Cabeça pensa, o Coração faz com que a Razão sinta o problema, evitando, desse modo, que ela se torne tirânica.

Conclui-se, então, que tanto um, como o outro, atuando isoladamente, nem sempre produz bons resultados. Por esse motivo, nada mais importante do que o conjunto, ambos funcionando em estreita e íntima colaboração, tendo em vista o progresso e felicidade do ser humano.

Nenhuma delas deverá, pois, querer se trajar de mais importante do que a outra. E, aquele que assim opinar, pendendo para um lado ou para o outro, mesmo que esteja imbuído da melhor intenção, revela estar vivendo, ainda, uma das fases de desenvolvimento unilateral.

Contudo, o esforço que cada um empreende, é algo respeitável. Produzirá, seguramente, resultado positivo. Contudo, se for empregado como a Escola Rosacruz orienta, o candidato dará largos passos, por meio do equilíbrio das funções.

Razão e Sentimento em perfeita consonância, no campo da ação. Após o equilíbrio, resta agir intensamente. O ser humano tem, agora, unidade para tanto. Está, portanto, apto às grandes realizações.

Quando o Probacionista atinge o equilíbrio Cabeça-Coração, encontra-se, sem a menor sombra de dúvida, às portas do Discipulado. Não importa o seu tempo de Probacionismo. Aliás, quanto menos tempo gastar para ingressar no grau seguinte, demonstra maior capacidade evolutiva. Não mais se prende a este ou aquele aspecto, exatamente porque se tornou um todo harmônico, em plena atividade. Seu desenvolvimento passou a ser total, tendo deixado para trás o sentido parcial das coisas. Assim, acaba de ampliar seu campo de realizações.

Ao discorrer a respeito do presente tema, dissemos logo no começo, quase todos os seres humanos. Não falamos todos, porque não seria justo incluir os Discípulos, Irmãos Leigos, Adeptos, etc. Esses são Seres que já conquistaram o equilíbrio, razão pela qual não há o que falar em desajuste de ditas funções. Então, esta é a verdade, em condições de ensinar a outros como equilibrá-las.

Examinando trabalhos dos Iniciados, neles constatamos haver completa fusão da sabedoria e do amor. Nas Cartas de São Paulo, por exemplo, o conteúdo delas é todo sabedoria-amor. Não pode haver trabalho sábio, sem que seja feito amorosamente. E, por outro lado, não existe trabalho amoroso que não encerre profunda sabedoria.

Tomemos os Evangelhos e, a cada passo, sentimos de perto o extraordinário equilíbrio da Cabeça-Coração, demonstrado pelos Evangelistas. A mesma coisa verificamos no Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Seria difícil dizer que nessa obra foi colocado mais amor do que sabedoria ou mais sabedoria do que amor. O que podemos perceber, entretanto, é que ambos foram colocados em alto grau.

Assim como não se chega à Iniciação sem primeiro alcançar o equilíbrio Cabeça-Coração, acrescido de intensa e desprendida ação, absurdo seria acreditar que existe Iniciado inconsciente. Na Iniciação, fornecida pela Ordem Rosacruz, cada um terá que percorrer o Caminho de Iniciação Rosacruz, palmo a palmo, sem o que tal Iniciação jamais se consumará.

Lembrem-se que o candidato é quem se carrega ou se prepara, através da própria jornada que empreende. Realizada a Iniciação, o Iniciado tem a consciência de vigília concernente à mesma. Um valor real ela encerra, tanto no Mundo visível, como nos Mundos invisíveis. Ajudado por Deus, é uma conquista sublime que o Ego alcança!

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 09/1964 – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz

Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz

 

Todos os Aspirantes que se colocam em linha ou “em espírito e em verdade” com a Fraternidade Rosacruz e os seus Ensinamentos colocam-se dentro da esfera de atenção e influência dos Iluminados da onda de vida humana: nós os conhecemos como Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. É uma grande vantagem para nós, como Aspirantes espirituais, compreender o pleno significado desse fato e nos esforçar zelosamente para colher todo o benefício de tão maravilhoso privilégio. Podemos atrair sua ajuda dedicando algum tempo à meditação sobre eles e os seus humanitários esforços, para lhes enviar nossa gratidão, amor e nos consagrar a servi-los em seus constantes esforços para elevar a humanidade.

Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz estão entre os seres Compassivos que, através de muitas vidas, desenvolveram em alto grau as faculdades internas, mediante o serviço amoroso e desinteressado à humanidade. Passaram por todas as Escolas de Mistérios Menores e Maiores, tendo alcançado, assim, um estado de evolução que os libera de todas as cadeias terrenas. No entanto, preferiram ficar aqui, na Terra, como Auxiliares, tendo sido dado a cada um deles um trabalho em harmonia com os seus interesses e inclinações particulares.

Esses Hierofantes dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental desenvolveram uma segunda medula espinal, atraindo para cima o raio do amor inferior de Vênus e transmutando-o em altruísmo, conquistando assim o domínio sobre o segmento simpático da primeira medula espinhal e o hemisfério cerebral esquerdo, agora governado pela apaixonada Hierarquia de Marte: os Espíritos de Lúcifer. Desse modo, cada Irmão é uma completa unidade criadora tanto no Plano físico como nos espirituais, sendo capaz de usar a força bipolar, masculina e feminina, ao longo dessa dupla medula, iluminada e elevada em sua energia potencial por meio dos fogos espirituais da coluna vertebral, regidos por Netuno (Vontade) e Urano (Amor e Imaginação). Essa energia criadora concebe nos hemisférios gêmeos do cérebro, regidos por Marte e Mercúrio, um veículo adequado para a expressão do Espírito, meio então objetivado e materializado no mundo por meio da Palavra Criadora que é falada. Através desse poder é capaz de perpetuar a sua existência física e criar um corpo, depois de abandonar o antigo.

Todos os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz possuem a capacidade de construir o Corpo Denso mais adequado que necessitarem. Agora, para participar as atividades do Templo Rosacruz, funcionam com veículos etéricos, pois esse Templo é de natureza etérica e diferente dos nossos edifícios ordinários; contudo, pode se comparar – não em intensidade, mas em composição – às atmosferas áuricas, às egrégoras, que existem nos Templos de todo Centro Rosacruz espalhados no mundo, desde que sejam templos solares e onde são oficiados fiel, constante e diariamente os Rituais Devocionais e que se mantenha, no  interior de cada um deles, um ambiente de silêncio e oração. Essas atmosferas áuricas, as egrégoras, são etéricas e maiores que os edifícios físicos. Também, tais estruturas existem em volta das igrejas, desde que sejam templos solares, e em todas as construções onde habitam pessoas muito espiritualizadas.

O Templo Rosacruz é superlativo e não pode ser comparado a coisa alguma; as vibrações espirituais compenetram de tal modo o entorno que a maioria das pessoas não se sentiria ali muito confortável.

Capazes de dirigir suas ações e emoções, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz evitam todo esforço desnecessário sobre os seus Corpos. Conhecem os elementos exatos requeridos para conservá-los e a proporção adequada em que devem tomá-los. Asseguram, desse modo, a máxima nutrição e o mínimo desgaste. Por essa razão podem preservar seus corpos em um estado de conservação juvenil com vigorosa saúde por centenas de anos.

Os Irmãos Leigos que estiveram em contato com o Templo por um lapso de tempo que vai de vinte a quarenta anos, desta vida, indicaram que os Irmãos Maiores têm hoje a mesma aparência que tinham há trinta ou quarenta anos. De acordo com os padrões dos indivíduos comuns parecem ter agora aproximadamente quarenta anos de idade.

Disseram, alguns Irmãos Leigos, que Christian Rosenkreuz usa hoje um corpo que foi conservado durante vários séculos. Isso pode ser ou não assim, mas nosso augusto condutor nunca foi visto pelos Irmãos Leigos que concorrem ao serviço espiritual da meia-noite no Templo etérico. Sua presença apenas é sentida e constitui o sinal para o começo do trabalho.

Investigar a origem dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz é tão difícil como achar a prova do princípio da primeira manifestação de Deus. Posto que o seu trabalho tenha por objeto estimular a evolução da humanidade, vêm trabalhando — de um modo ou outro — desde a mais remota antiguidade. Temos, não obstante, a prova histórica da aparição, já no século treze, de avançados ensinamentos que haviam de ser como que um brilhante astro para muitos.

Durante as poucas centúrias que passaram, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz trabalharam pela humanidade e em segredo. Todas as noites, à meia-noite, há um serviço no Templo em que os Irmãos Maiores, assistidos pelos Irmãos Leigos que podem deixar os seus corpos no mundo, porque muitos deles residem em lugares onde é dia quando é meia-noite no lugar do Templo da Rosacruz, atraem de todos os locais do Ocidente os pensamentos de sensualidade, cobiça, egoísmo e materialismo para transmutá-los em puro amor, benevolência, altruísmo e aspirações espirituais, enviando-os de regresso ao mundo para elevar e fomentar o Bem.

Não fosse essa poderosa fonte de vibração espiritual, o materialismo teria, já há muito, abortado todo o esforço espiritual, pois nunca houve época mais tenebrosa do ponto de vista espiritual como a que se prolonga pelos últimos trezentos anos de materialismo.

Sete, dos doze Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, vêm ao mundo quando as circunstâncias solicitam, aparecendo como “homens entre os homens” ou trabalhando em seus veículos invisíveis com, ou sobre, outros, se for necessário; contudo, devemos ter sempre em mente que eles nunca influenciam as pessoas contra a vontade delas, pois respeitam seus desejos e apenas fortalecem o bem onde o encontram. Os outros cinco Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz nunca abandonam o Templo etérico e, embora possuam corpos físicos, todo o seu trabalho é realizado a partir dos Mundos internos. O Décimo Terceiro da Ordem é o “cabeça da Ordem”, Christian Rosenkreuz, o elo que a ajusta com um superior Conselho Central composto de Hierofantes dos Mistérios Maiores que não têm contato nenhum com a humanidade comum, porém só com os graduados dos Mistérios Menores. Ele está oculto por doze círculos de tamanho igual. Mesmo os alunos da Escola nunca o veem, mas nos serviços noturnos do Templo a sua presença é sentida por todos.

Todas as meias-noites, no serviço, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz abrem seus peitos para atrair os dardos de ódio, malícia, inveja e todo mal que haja sido feito durante as últimas vinte e quatro horas. Primeiro, com o objetivo de privar as forças do Graal Negro do seu alimento; segundo, para transmutar o mal em bem. Desse modo, assim como as plantas absorvem o inerte dióxido de carbono exalado pela humanidade e com ele constroem seus corpos, também os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz transmutam o mal dentro do Templo e, assim como as plantas emitem o oxigênio renovado e tão necessário à vida humana, também os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz devolvem à humanidade a essência do mal transmutada em escrúpulos de consciência junto ao bem, a fim de que o mundo possa tornar-se melhor dia a dia.

Durante o Serviço do Templo, os doze Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, juntos dos Irmãos Leigos, funcionam em seus Corpos-Almas. É, portanto, evidente que a presença do “cabeça” da Ordem seja inteiramente espiritual. Todavia, ele está sempre ativo nos assuntos do mundo, trabalhando com os governos das nações do Mundo Ocidental para guiá-los ao longo do caminho adequado à sua evolução. Com essa finalidade aparece em um corpo físico, pelo menos em parte do tempo.

Após o primeiro ano da Primeira Guerra Mundial, 1914-1918, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, por causa do excessivo trabalho e da necessidade de se organizar auxílios, tiveram êxito na criação de um exército de Auxiliares Invisíveis, recrutados entre os que, tendo passado através das portas da morte, sentido a angústia e o sofrimento inerentes à passagem prematura, estavam cheios de compaixão pelos que chegavam constantemente, acalmando-os e ajudando até que tivessem encontrado o equilíbrio.

Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz possuem a consciência pictórica do Período de Júpiter, da qual se servem para iniciar seus Discípulos na Ordem Rosacruz. O Iniciador fixa a sua atenção em certos fatos cósmicos e o candidato, que se preparou para a Iniciação desenvolvendo em si mesmo certos poderes, é como um diapasão de idêntica nota que vibra com as ideias enviadas pelo Iniciador, em forma de quadros. Portanto, não somente vê os quadros, como também é capaz de responder à vibração; assim, o poder latente que nele existe é convertido em energia dinâmica e a sua consciência é elevada ao passo seguinte da escala iniciática.

A maioria da humanidade está a cargo da religião publicamente ensinada no país do seu nascimento; entretanto, há sempre precursores cuja precocidade requeira um ensinamento superior. A esses é ensinado uma doutrina mais profunda por meio da atividade da Escola de Mistérios pertencente ao seu país. Quando unicamente uns poucos estão aptos para tal ensinamento preparatório, são instruídos privadamente; contudo, à medida que o número aumenta, o ensinamento é dado publicamente.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Problema da Memória e da Recordação

O Problema da Memória e da Recordação

Com a intensidade do seu entusiasmo, ao estudar pela primeira ver os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental da Rosacruz, os Estudantes experimentam muitos despertares breves nos planos internos da Natureza. Frequentemente regressam ao corpo pela manhã, depois de uma noite de trabalho nos planos internos, com recordações confusas, recordações de ter visto o Mestre ou os Irmãos Leigos, e entre suas experiências mais comuns está a de lhes terem sido mostradas linhas ou páginas impressas, as quais esperava-se que lessem. Algumas vezes isso é lido exatamente como se lê um livro com os olhos no Mundo Físico. Outras vezes o impresso desaparece e o leitor encontra-se vivendo ele mesmo à narração que havia começado a ler nos planos astrais. Tudo é excessivamente claro e vívido no momento em que sucede, mas ao despertar começa a se desvanecer na memória e causa decepção perceber que se pode recordar apenas um esboço muito pobre do que foi visto e, às vezes, nem isso. Outras vezes a experiência não é totalmente lembrada ao despertar, e logo, no curso do dia, ou talvez, dias ou semanas depois, recorda-se subitamente que tal ou qual acontecimento sucedeu no mundo da alma, durante as horas em que o corpo esteve adormecido.

O Estudante acredita firmemente que quando chegue a ser Probacionista, sua memória será mais brilhante e que recordará tudo o que experimente nos planos internos. Agora, é certo que o Probacionista que vive uma vida intensamente devocional, ao mesmo tempo que conserva sua Mente alerta e concentrada, descobrirá certamente que tenha feito algum progresso, mas novamente deparar-se-á com a decepção ao perceber que a memória e a consciência estão bloqueadas. Poderá, então, desiludir-se e chegar à conclusão de que não alcançará a meta nesta vida, e voltar aos caminhos do mundo.

É bom, portanto, que o Estudante saiba que a memória plena da experiência do mundo interno é raramente alcançada, e isso não acontece senão muito tempo depois da primeira Iniciação, e que ainda assim, é necessário algum esforço para alcançar a plenitude da recordação do mundo da alma, no Mundo Físico.

Max Heindel mesmo nos fala a respeito disso em seus primeiros escritos, e como esses nem sempre são acessíveis ao Estudante de hoje, queremos aproveitar a oportunidade e copiar de nossa revista Rays from the Rose Cross, de novembro de 1945, em que esse problema foi tratado:

Pergunta: — Algumas vezes tenho recordações do trabalho que faço no mundo da alma, durante a noite, mas me incomoda o fato de não poder lembrar sempre a experiência completa. Quanto tempo se passará antes de que possa recordar inteiramente as experiências noturnas?

Resposta: — Essa aberração da memória da alma continua até depois da primeira Iniciação e ainda por esse tempo não é imediatamente corrigida. Max Heindel relata que, depois de sua Iniciação na Europa, encontrou certo número de Irmãos Leigos presentes ao Serviço do Templo em seus Corpos-Almas, entre eles um homem a quem designa como Sr. X. Max Heindel escreve: “Falamos a respeito de muitas coisas em comum interesse e o Sr. X disse ao que escreve que vivia em certa cidade da América do Norte e que esperava que nos encontrássemos ali em alguma oportunidade. Isso foi cordialmente acolhido por mim, porque eu acreditava que quando me encontrasse com o Sr. X, no corpo físico, tal cavalheiro explicaria multas coisas que eu, sendo um jovem neófito, não sabia, porque nesta época não estava preparado para recordar todas as experiências do mundo invisível com a consciência física”.

Note-se que essa afirmação foi feita depois que Max Heindel havia já tomado sua primeira Iniciação: ele, contudo, chamava-se a si mesmo um jovem neófito, e disse que, todavia, não estava preparado para recordar todas suas experiências dos planos internos. Essa capacidade é adquirida mediante a prática contínua, e a primeira Iniciação não confere automaticamente a plena memória contínua das experiências obtidas fora do corpo. Podemos esclarecer dizendo que o desenvolvimento da memória total do Espírito é parte do trabalho da Iniciação; mas a Iniciação propriamente dita não acontece subitamente, mas é a culminação de uma série ascendente de experiências com seu desenvolvimento espiritual concomitante.

O Estudante deve entender que a Iniciação é algo mais que ser liberado do corpo pela primeira vez. Esse é unicamente o primeiro passo da primeira Iniciação. Segue muito trabalho ulterior, como o elevar-se a planos mais altos, e ler nos registros da Memória da Natureza concernentes à Época Polar e à Revolução de Saturno, deste Período Terrestre. Essa leitura da Memória da Natureza não é feita simplesmente como um estudo de história: faz surgir na consciência as forças que trabalharam, então, no ser humano e as faz atuantes mais uma vez, com a vontade de vigília do neófito. Deve-se notar também que o simples fato de sair do corpo, ainda que com plena consciência de vigília, não é a Iniciação. A Iniciação consiste em fazer com que o neófito saia do corpo à vontade e com plena consciência. Há algumas pessoas que foram iniciadas em vidas anteriores e se recordam da maneira de fazer isso; mas esses casos são raros.

Recordação do trabalho feito nos planos internos durante a noite é registrada no Átomo-semente e é lembrado inteiramente depois da morte, quando o Espírito é liberto do corpo.

Contudo, Max Heindel adverte muitas vezes que o fato de ser simplesmente um membro da Fraternidade Rosacruz não abrirá nunca, nem nesta, nem em mil vidas, as portas das faculdades superiores, inclusive a falha recordação das experiências noturnas no Mundo do Desejo. Deve-se fazer um trabalho definido. As faculdades intelectuais e imaginativas devem ser treinadas, e a intuição espiritual que é o dom do Espírito do Cristo Interno, o Princípio do Espírito de Vida, deve Ser conduzida a certo grau de maturidade.

Todo o trabalho é feito pelo Espírito Virginal, que é o verdadeiro Ser Humano, o Eu Sou, feito à imagem e semelhança de Deus. Esse Espírito, como sabemos, possui três “potências” ou “princípios” que se ativam nos planos cósmicos correspondentes à sua natureza, e em cada um desses planos revestem-se a si mesmos com o que pode ser chamado “envolturas” da substância do plano, ainda que à palavra envoltura não expresse adequadamente a ideia pretendida. Essas três potências do Espírito Virginal são o Espírito Divino, o Espírito de Vida (Amor) e o Espírito Humano. Desses, tem se dito outras vezes nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental que: o Espírito Humano trabalha na Mente como Razão; o Espírito de Vida trabalha na Mente sob a forma de Intuição e que o Espírito Divino trabalha na Mente como Epigênese, que é o poder criador da Divindade, o poder mediante o qual o Espírito faz nascer novas iniciativas e progressos para a evolução. A Epigênese é a que torna possível que o Espírito inicie novas linhas de progresso e desenvolvimento. É ela que capacita o ser humano para “reger suas estrelas”.

Assim como o Espírito Humano se manifesta como Razão, e o Espírito de Vida como Amor e Intuição, assim O Espírito Divino se manifesta como Vontade Criadora.

Em todos os casos a Mente é a ponte, e a essência anímica de toda experiência chega ao Espírito por essa ponte. Não há outro caminho, diz Max Heindel. Com um pouco de reflexão, perceberemos como isso é certo. Se a Mente é descartada, o ser humano regride a um estado animal, ou ainda vegetal.

A Mente humana funciona no Mundo do Pensamento, que está dividido nas duas “regiões”: a Região do Pensamento Concreto e a Região do Pensamento Abstrato. A Memória da Natureza pertencente ao Período Terrestre encontra-se na região intermediária do Mundo do Pensamento, onde também têm seu lugar as forças arquetípicas. Essa Região das Forças Arquetípicas, que é o lugar da Memória da Natureza pertencente o Período Terrestre é, consequentemente, a “memória” do Espírito da Terra. As primeiras nove Iniciações dos Mistérios Menores revelam tudo que está oculto nesse registro. A primeira Iniciação Maior, que faz do Iniciado um Adepto, revela, então, o mistério da própria Mente. Esse é um mistério que pertence a “Deus, O Pai” — O aspecto Pai dos Logos Solar, que é o Líder dos Senhores da Mente. Nesse “mistério da Mente” está a solução dos problemas do Bem e do Mal, da “Queda do Homem” e da Ilusão.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – jul./ago./88)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Mente é o “Mensageiro de Deus”

A Mente é o “Mensageiro de Deus

Algumas lições antigas da Fraternidade chamam a Mente de “O Mensageiro de Deus”. Sua importância na atual fase de desenvolvimento é indiscutível, embora ainda se encontre no seu estágio mineral de evolução.

O grande valor da Mente, como um “Mensageiro de Deus” ao ser humano, é facilmente compreendido pelo fato de que os Estudantes da Filosofia Rosacruz trabalham com seu Corpo Denso; os Probacionistas com o Corpo Vital; os Discípulos com o Corpo de Desejos e os Irmãos Leigos com o Corpo Mental. Os últimos trabalham com a Mente, se esforçando por transmutar os pensamentos de sensualidade, avareza, egoísmo, violência e materialismo em pensamentos de amor, benevolência, compaixão, altruísmo, aspiração espiritual, devolvendo-os ao mundo para estimular todas as manifestações do bem.

Os Estudantes Rosacruzes, fieis aos ditames de seu coração, se esforçam por fazer a vontade de Deus, conforme a sentem. Entendem que nesta época de profundo racionalismo, em que o cérebro predomina sobre o coração, é necessário alcançar uma compreensão intelectual de Deus. Portanto, se lhes oferece, por meio da Filosofia Rosacruz, uma gama de conhecimentos científicos, lógicos e completos. Desse modo creem em seu coração aquilo que o intelecto sancionou e passam a viver uma vida religiosa.

Quando a humanidade se desviou do esquema original da evolução sob a influência de Lúcifer, os Senhores de Vênus tiverem de se esforçar por prover o amor em vez da luxúria. Ao mesmo tempo os Senhores de Mercúrio apelaram àqueles que haviam desenvolvido alguma capacidade mental por meio dos sagrados ensinamentos, para que a humanidade se tornasse menos egoísta.

Os Senhores de Mercúrio eram, originalmente, Hierofantes dos Mistérios Menores, aos quais estamos harmonizados como membros de uma associação de cristãos místicos. Iniciaram os mais avançados seres humanos, tornando-os reis e governantes, para o bem de todos e não para o autoengrandecimento.

Astrologicamente, Mercúrio é o educador mental da humanidade. Sendo assim, é o Planeta da razão, considerado mitologicamente o “Mensageiro dos Deuses”. O símbolo de Mercúrio expressa a característica da Mente como um elo ou mensageiro entre o Espírito e o corpo em suas manifestações.

Para interpretar com crescente clareza a mensagem de Deus devemos purificar a Mente, cultivando um interesse cada vez maior por assuntos religiosos e intelectuais de natureza abstrata. Uma Mente capaz de entender matemáticas pode se elevar ao mundo do Espírito sem estar aprisionada ao plano das sensações e desejos. Assim podemos sobrepor-nos à existência concreta que obscurece a verdade.

Não esqueçamos: a lógica é o melhor guia em qualquer Mundo, e ela nos preservará do orgulho intelectual, tornando-nos justos, porque “quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Poderiam dizer-nos algo a respeito de Christian Rosenkreuz, de sua pessoa, habitação, meio ambiente ou em que parte do mundo se encontra?

Pergunta: Poderiam dizer-nos algo a respeito de Christian Rosenkreuz, de sua pessoa, habitação, meio ambiente ou em que parte do mundo se encontra? Dizem que ele está na costa ocidental. Informem-nos, se for permitido.

Resposta: Não, não é permitido. O paradeiro e os movimentos do augusto chefe da Ordem Rosacruz são sempre protegidos pelo mistério. Se lerem a respeito da Iniciação Rosacruz, como está explicada no Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” – o “Conceito” – constatarão que ele nem aparece fisicamente nos serviços do Templo, de acordo com o testemunho dos Irmãos Leigos, pois, embora o Templo seja construído de Éter e os doze Irmãos Maiores, juntamente com os Irmãos Leigos, atuem em seus Corpos-Alma durante os serviços do Templo, a maioria dentre nós é capaz de ver um Corpo formado até mesmo por uma substância tão tênue quanto a matéria mental.

Assim, torna-se evidente que a presença do chefe da Ordem é totalmente espiritual, e diz-se que ele se manifesta exclusivamente aos doze que, como ele, são capazes de atuar nos veículos superiores.

Não obstante, como também foi explicado no “Conceito”, o chefe da nossa augusta Ordem está sempre ativo no que se refere aos negócios mundiais, trabalhando com os governos das nações do mundo ocidental, dirigindo-os pelo caminho apropriado a sua evolução. Para esse fim, ele aparece fisicamente no mundo, pelo menos uma certa parte do tempo e, se a memória não nos falha, uma Irmã Leiga aventurou-se a fazer uma pergunta sobre esse assunto a um dos Irmãos Maiores, logo após a deflagração da guerra . Todos nós ficamos com a respiração suspensa admirados diante de sua indiscrição. Ela desejava saber se Christian Rosenkreuz ocupava o trono de uma das nações em guerra. O Irmão Maior pareceu muito surpreso diante da pergunta, mas respondeu que tais assuntos não podiam ser discutidos, visto que a mais leve suspeita sobre a sua identidade poderia destruir a sua atuação. Todavia, ele respondeu à pergunta dizendo que Christian Rosenkreuz não ocupava o trono de nenhuma nação e, ao mesmo tempo, insinuou que ele era o poder por detrás do trono. Não obstante, não deu nenhum indício que pudesse apontar numa direção particular. Assim, fomos deixados livres para entregar-nos às nossas próprias especulações, e o autor pensou na Rússia, onde um monge obscuro parecia exercer uma influência estranha que se iniciara desde o fim do ano de 1905, quando Saturno e Marte estavam em Conjunção no Signo de Aquário, que rege a Rússia. Desde aquele ano, em que houve grandes revoltas, esse monge obteve uma estranha influência no Império. Nunca falamos disso a ninguém antes, mas agora que soubemos por meio de um jornal que a sua carreira terminou, provavelmente não prejudicará ninguém que nossa conjetura seja correta. Nesse caso, predizemos que devemos aguardar acontecimentos posteriores e que ouviremos falar novamente no monge de Tomsk. Se estivermos enganados, a especulação não prejudicará ninguém, nós a daremos e a notícia no jornal considerará somente o que for importante divulgar.

Esse monge foi caluniado ao extremo e acusado de todos os crimes registrados, fatos que tornam difícil acreditar que ele fosse realmente o nosso santo Irmão C.R.C., mas, se refletirmos um pouco, logo perceberemos que uma má reputação pode ser imputada até mesmo ao ser mais espiritual. Cristo não foi chamado de beberrão?

Não se disse d’Ele: “Ele está possuído pelo demônio? “. E não foi Ele crucificado como um criminoso? Não é de surpreender que o monge de Tomsk fosse acusado de ser beberrão e dissoluto? Por que estranhar que ele tenha sido assassinado pela suposta razão de estar influenciando o Czar para que concluísse a paz em separado com a Alemanha?

Há milhões de pessoas na Rússia que o veneram como santo. Ele era o amigo dos pobres. Há outros que procuram taxá-lo de bajulador, hipócrita e impostor, mas uma coisa é totalmente certa, ele era um homem dotado de um poder extraordinário, pois, de outra forma, não o temeriam.

A citação seguinte, publicada em um jornal enviado por um correspondente, é um dos vários relatos que apareceram em diversos lugares: “um reinado incrível acaba de terminar em Petrogrado. Foi o reinado de um monge. Um simples camponês, Grigori Rasputin, apareceu na capital da Rússia há alguns anos. Veio da Rússia Oriental – a Rússia que penetra na Ásia e compartilha de seu misticismo. Esse monge trilhou o caminho da vitória até alcançar o poder”.

“Jamais saberemos quão grande foi esse poder sobre as vidas de 180.000.000 de pessoas”.

“Sabe-se, contudo, que Grigori Rasputin – chamavam-no ‘São Grigori’ ao final – enviava ordens explícitas aos ministros, e essas ordens eram obedecidas. Sabe-se que suas recepções no palácio, outrora ocupado pelo Grão-Duque Alexis, eram frequentadas pela nobreza da Rússia – damas de alta linhagem do palácio, generais em uniformes cintilantes, todos que ocupavam cargos elevados e todos os poderosos do império. Os mais pobres também compareciam com súplicas e petições, que eram atendidas mediante ordem rubricada de Rasputin e endereçada aos auxiliares do governo”.

“Diz também que esse santo oriundo da Ásia exercia um misterioso poder sobre a consciência do Czar; que a Czarina curvava sua cabeça imperial diante de seus decretos; que governantes eram elevados ao céu ou rebaixados ao pó por uma simples palavra sua”.

“E a estranha história desse monge, que trouxe consigo as trevas da Idade Média, não está baseada em boatos.

Desde 1912, os representantes do povo russo lutaram para libertar a Rússia da influência desse Richelieu que mal sabia ler e escrever”.

“O Duma denunciou repetidamente as ‘forças obscuras’ que dominavam o palácio. Não obstante, esse exaltado camponês de Tomsk era tão poderoso que pôde desafiar os votos unânimes do Duma, exigindo a sua exclusão da vida da Rússia. Seu poder estava tão arraigado no trono dos poderosos, que pôde emitir um decreto ordenando à imprensa russa que parasse com seus protestos – e pôde obrigá-la a executar suas ordens”.

“Não há paralelo ao sombrio domínio deste monge, exceto na Idade Média ou na ‘Cidade Proibida’ de Pequim. Na Cidade Proibida, a fortaleza cercada de muralhas dos Manchus, uma concubina, em nossa época, tornou-se imperatriz, reinando sobre 400.000.000 de pessoas de raça amarela. Seu domínio era absoluto. A vaga figura do imperador, nominalmente reinante, foi suplantada pelo poder real da imperatriz-viúva. Tzu-Hsi, com o seu rosto de porcelana e seus deslumbrantes atavios, pronunciava as palavras que iriam determinar a vida ou a morte de cortesãos, governadores e vice-reis”.

“O que ocorria por detrás dos muros da Cidade Proibida, ninguém sabia. Uma ou duas mulheres europeias foram admitidas nesse domínio de escravos e eunucos. O relato delas foi extremamente interessante. Essas descrições permitiram vislumbrar um mundo que os europeus acreditavam ter desaparecido para sempre com o advento da pólvora, das ferrovias e do telégrafo. Mas o mecanismo que movia esse governo de mulheres e escravos permaneceu um mistério. O poder que controlava a vida de 400.000.000 de pessoas continuou na sombra”.

“A história de Rasputin é muito mais surpreendente do que a história da imperatriz-viúva Tzu-Hsi. O santo homem de Tomsk dominava, não um harém oriental estereotipado cercado por elevados muros de tijolos e tradição, mas uma das cortes mais brilhantes da Europa que está presenciando fatos tão trágicos. O império dominado por Rasputin, com suas estranhas pretensões a um poder e missão divinos, é um dos fatores determinantes de um período decisivo na história da civilização. O seu anacronismo pode muito bem ser considerado inacreditável”.

“Contudo, esse homem desempenhou ou tentou desempenhar um papel dominante, não apenas nos negócios da Rússia, mas de toda a Europa. Toda a Rússia acredita que, oito anos atrás, Rasputin, graças aos seus poderes misteriosos, evitou a deflagração da guerra entre a Rússia e a Áustria-Hungria, no momento em que a questão Bósnia-Herzegovina atiçava o fogo do ódio e da suspeita ao nível internacional”.

“Na atual crise, no ambiente solene do Parlamento russo, Rasputin foi acusado de planejar a venda de seu país ao inimigo, por meio da tentativa de uma paz em separado sob condições humilhantes entre a Rússia e os Poderes Centrais. O crime que pôs fim ao seu domínio místico absoluto sobre a mente e a consciência imperiais foi saudado no Duma e pela imprensa russa como um ato de libertação nacional”.

(Perg. 157 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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