É fato que tanto o altruísmo impulsionado por Cristo, ano após ano, quanto a gradual expansão de consciência, promovem alterações na dinâmica do funcionamento biológico de diferentes partes do nosso Corpo Denso. Vamos ver parte destas mudanças graduais, que está estreitamente relacionada à promoção de maior longevidade e até mesmo da tão mal compreendida vida eterna.
Primeiro de tudo vamos recapitular o modo como nos tornamos conscientes no Mundo Físico. Essa recapitulação se faz necessária para traçar uma linha de referência de nosso desenvolvimento. Conforme aprendemos na Filosofia Rosacruz, nós, um Espírito Virginal da Onda Humana, descemos dos Mundos superiores na parte desse Esquema de Evolução que denominamos Involução. Por ação recíproca, Corpos constituídos de materiais correspondentes aos Mundos que passávamos foram construídos. Ao todo, três Corpos foram desenvolvidos (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) com o propósito de desenvolver os três princípios divinos que o ser humano (a Onda de Vida Humana composta de Espíritos Virginais) herdou de Deus (Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano); pois tal como Deus, quando se manifesta, o faz de forma tríplice (Pai, Filho, Espírito Santo), nós, criados a Sua imagem e semelhança, também o fazemos. Mas para que houvesse comunicação entre os princípios divinos e seus instrumentos um veículo mental teve de ser nos dado; assim a união entre os Corpos e os respectivos Espíritos foi estabelecida por meio desse veículo que chamamos de Mente. A partir daqui o Espírito se torna um Ego: um Espírito Virginal manifestado em forma sétupla (Tríplice Espírito, Tríplice Corpo e a Mente). Neste ponto do desenvolvimento, a dual força criadora (polo masculino ou vontade e polo feminino ou imaginação) ainda era direcionada para baixo. Isto é, ambos os polos, direcionados para o mesmo sentido, conferia a nós a capacidade de sermos hermafroditas.
No entanto, para que as vivências exteriores pudessem ser capturadas e para que as ideias concebidas pela Mente pudessem ser transmitidas, adaptações no Corpo Denso ocorreram. Para isso, um encéfalo, que fosse capaz de processar as informações provenientes do meio e enviar tais códigos para que o Espírito trabalhe sobre as mesmas e, por fim, transmitir estas conclusões de volta ao meio, deveria ser construído. Também uma laringe para facilitar a comunicação das conclusões que foram produzidas pelo processamento das informações provenientes do meio.
Concomitante a essas necessidades, a matéria que hoje constitui nosso Planeta foi arrojada do Sol e, posteriormente, a matéria que forma a Lua foi arrojada da Terra. Tais separações promoveram expressões separadas de forças (força do Sol e força da Lua). Deste modo, alguns Corpos passaram a ser melhores condutores das forças solares e outros lunares. Um dos polos da dual força criadora foi internalizado e direcionado para cima, a fim de construir o cérebro e a laringe. No caso do Corpo masculino (influência do Sol), o polo feminino foi internalizado para este fim. Já o Corpo feminino (influência da Lua), o oposto. A condição de ser hermafrodita cessou e a necessidade da cooperação do sexo oposto para procriar se fez necessária.
Além disso, um meio físico que suportasse as altas vibrações do Espírito individualizado era necessário, para que o Ego pudesse governar seus Corpos. O sangue vermelho e quente constitui tal veículo. O metal marciano conhecido como ferro é o elemento essencial para a produção deste sangue vermelho e quente. Já é bem consolidado pela ciência atual que grande quantidade de sangue é direcionada a regiões do Corpo Denso que participa da realização de tarefas. O ocultista sabe que tal fenômeno significa o Ego utilizando sua ferramenta corporal para adquirir experiências.
Foi somente na Época Lemúrica – uma das Épocas que atravessamos nesse Período Terrestre desse atual Esquema de Evolução – que o ferro pode ser livremente utilizado (após a eliminação da influência marciana sobre a Terra) e, assim, o sangue se tornar mais quente no interior do Corpo Denso em relação a temperatura ambiente. Com o sangue quente e vermelho e com um cérebro e uma laringe bem formados, pudemos alcançar o estado de consciência de vigília, parecido com o que temos atualmente.
O plano inicial era o seguinte: quando o Ego renascia em um corpo feminino (mulher) era exposto a estímulos ambientais extremamente fortes (tempestades gigantescas, ventos, explosões vulcânicas): o objetivo era despertar a nossa consciência quando renascíamos como mulher para fora, e, por meio desta exposição a acontecimentos alheios, a atenção seria direcionada também para isso. Esta atenção fez com que iniciássemos um processo de construção de representações mentais das coisas externas (criação de códigos para que o Espírito pudesse interpretar o meio externo). Note que isso está de acordo com o que compreendemos hoje: mostra que tudo aquilo que o cérebro interpreta é, em realidade, representações mentais subjetivas que servem como código ou referência. Não enxergamos as coisas como elas são, mas enxergamos as representações mentais que criamos para interpretar estas coisas. O meio pelo qual as representações foram criadas ocorreu pela imaginação (força feminina).
Já quando renascíamos como homem, os estímulos corporais de dor e de estados de prisões eram determinados. Os estados de prisões eram realizados de modo que o, então homem, pudesse, com um pouco de força de vontade, se libertar. Já a dor, fazia com que um movimento para que a mesma cessasse fosse realizado. Ambos tinham o objetivo de despertar a vontade (força masculina).
Vemos, deste modo, as duas polaridades sexuais agindo separadamente, e métodos de aprendizagem adaptados a cada um eram necessários. Juntamente com esses estímulos, os Arcanjos – seres que estão a dois graus de evolução acima de nós – neutralizavam o nosso Corpo de Desejos, e este só era libertado em épocas propícias para a procriação. A procriação era orientada pelos Anjos – seres que estão a um grau de evolução acima de nós.
Diferentemente dos Anjos, que direcionam toda sua energia criadora para fora de si e, em troca, recebem sabedoria, nós internalizamos metade de nossa força criadora para construção de uma laringe e um cérebro. A internalização para autosserviço determina uma característica de individualismo genuíno para nós. Se meditarmos sobre este caminho, compreenderá que o processo era demasiadamente lento, mas garantia o despertar seguro da vontade e da imaginação humana. Isto é, naquela época, a personalidade e o temperamento não agiam como um fator de dificuldade tal como ocorre nos dias de hoje. Pelo menos até o ponto em que este plano pôde perdurar.
Mesmo que a morte do Corpo Denso também ocorresse naquela época, a longevidade era muito maior do que atualmente, pois não conhecíamos o pecado (transgressões das leis). Quando renascíamos como mulher, pela imaginação, já conseguíamos identificar muitas coisas que ocorria fora de nós mesmos. Mas também conservávamos a visão etérica das coisas. Por isso, quando percebíamos a morte de um Corpo Denso, ao mesmo tempo, também percebíamos a permanência do Corpo Vital; isto é, a pessoa que morria no Mundo Físico permanecia viva, e esse fato nos deixava extremamente confusos.
Para acelerar o processo de evolução, os Espíritos Lucíferos – uma parte da Onda de Vida Angélica que se atrasou – entraram em contato quando renascíamos como mulher pela coluna espinhal, relatando que poderia gerar um novo Corpo Denso que morria. Para isso, deveria realizar o ato sexual (“árvore do conhecimento”) sem esperar o comando dos Anjos. Isso a tornaria, juntamente com o homem, semelhante aos deuses (com capacidade de “criar”). Esse ato também favoreceria a libertação do Corpo de Desejos, pois haveria motivação para procriação sem a presença dos Arcanjos.
Por isso a Bíblia relata que Lúcifer era uma serpente sábia (coluna espinhal) que apareceu para Eva em uma árvore. Lúcifer (portador da luz) tentou adiantar o processo, nos ensinando a nos libertarmos da influência dos Anjos e dos Arcanjos, assumindo a própria evolução e geração de novos Corpos.
Isto é relatado na Bíblia como a expulsão da humanidade do Jardim do Éden, que a obrigou a “comer poeira todos os dias de tua vida” e “com o suor de teu rosto, comer teu pão, até que retornes ao solo” (Gn 3:14 e 19). O problema é que o Corpo de Desejos estava em situação muito rudimentar, composto, praticamente, apenas de materiais das Regiões inferiores do Mundo do Desejo. A Mente também estava em situação similar, sendo muito fraca para refrear o desejo e direcioná-lo aos propósitos do Ego. Somados a genuína condição de individualismo, o egoísmo e as paixões predominaram e uma série de desequilíbrios deu início.
Devemos, pois, a Lúcifer e a seus “Anjos caídos”, à capacidade de ser autômato e da possibilidade de desenvolvermos ao ponto de nos tornarmos semelhante aos deuses – por isso, a ideia de que Lúcifer é mau e que devemos abominá-lo está incutido no inconsciente humano, pois foi ele que nos abriu os olhos para utilizamos nossos poderes para sermos iguais aos deuses (superiores aos Anjos). O problema é que tal estado só será alcançado quando a personalidade for dominada (estado ainda sonhado pela maioria das pessoas que já despertaram para a vida espiritual).
O individualismo genuíno, transformado agora em egoísmo e orgulho pela personalidade, fez com que cada ato nosso fosse direcionado para benefício próprio e quase nenhuma cooperação era conseguida. A sabedoria divina, incutindo determinadas motivações no âmago da personalidade, fez com que a evolução não fosse totalmente frustrada. As motivações foram: Amor, Fortuna, Poder e Fama. O desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo pelo qual fazemos ou deixamos de fazer algo. Isso promove alguma experiência e aprendizado. O livro Conceito Rosacruz do Cosmos já explorou todos os fatos mencionados até o momento com extraordinária maestria. Convidamos o leitor a estudar este livro, a fim de que tenha uma ideia melhor de tudo isso.
Agora que foi recapitulado o processo de aquisição do estado de vigília e esclarecido o modo pelo qual deixamos o plano inicial de evolução e iniciamos o processo de evolução “por nossa própria conta e risco”, podemos ver que mudanças físicas estão ocorrendo devido ao aumento da consciência e do altruísmo no mundo.
O Corpo Denso é um instrumento que, atualmente, possui duração pré-determinada de utilidade para servir ao propósito do Ego que é: extrair a quintessência das experiências vividas (experiência). Com o passar do tempo, suas funções vão declinando (devido a nossa incompetência em não o deixar cristalizar), até que a morte (a nossa incapacidade em se manter renascido nesse Corpo Denso) sobrevém.
Dois fatores importantes atrapalham o desenvolvimento dos nossos poderes: 1) a busca da satisfação pessoal imposta pela personalidade que inclui o gasto demasiado da força sexual, a gula, os vícios, os maus hábitos, as omissões, as preguiças e irresponsabilidades com a saúde, todos constituem maiores prazeres físicos e encurtamento da vida. Isso significa menores oportunidades de crescimento para nós. 2) Outro fator é a influência da Lei de Consequência, pois muitos desequilíbrios foram gerados a partir da falsa iluminação lucífera. As doenças limitam, consideravelmente, a qualidade da nossa produção anímica.
Entretanto, isso não significa ausência de possibilidades para geração produção anímica. A Graça Divina é tamanha que há espaço para o desenrolar concomitante de produção anímica e o reequilíbrio das Leis transgredidas. Esse plano só pôde ser concretizado a partir do trabalho misericordioso de Nosso Senhor (o Cristo), que anualmente “retira o pecado do mundo”, isto é, purifica o Mundo do Desejo da Terra com seu Altruísmo. Com isso, disponibiliza materiais para que possamos avançar no caminho, mesmo que ainda tenhamos muitos pecados.
O tema astrológico natal revela as nossas tendências de pontos fracos, cuja ciência material compreende como de origem genética e ambiental. Tais tendências são determinadas a partir dos desequilíbrios praticados em nossas vidas precedentes e de desequilíbrios que tenderemos a realizar na presente vida. Por meio da progressão pode-se saber o momento em que tais tendências estarão ativas e fortes.
Independentemente do tipo de doença e do tratamento que o doente e seus cuidadores devem buscar, duas são as fontes de energia que, se deficitárias, acelerarão o desenvolvimento de qualquer patologia: 1) a energia vital que vem diretamente do Sol e é absorvida através do baço; e 2) a energia proveniente dos alimentos físicos, produto da respiração celular realizada, principalmente, pelas mitocôndrias. “É a fusão dessas duas correntes que produz o poder latente que está armazenado em nosso Corpo Vital até converter-se em energia dinâmica pelo desejo marciano natural” (veja mais detalhes no livro O Mistério das Glândulas Endócrinas) e, assim, podemos utilizar essa energia para produzir crescimento anímico.
Com foco na corrente de energia proveniente do consumo de alimentos, Max Heindel descreve: “o sangue que entra em contato com o ar, todas as vezes que respiramos, passa pelos pulmões e, da mesma maneira que uma agulha é atraída para um imã, o oxigênio do ar inspirado se mistura com o ferro no sangue. Realiza-se, então, um processo de combustão que é semelhante à ferrugem ou oxidação que observamos no ferro exposto ao ar”. Continua: “a experiência ensinou-nos que o material combustível pode ser colocado em uma fornalha com todas as condições necessárias para a combustão, porém, até que se use o fósforo, os materiais não serão consumidos. Aqueles que estudaram as leis de combustão sabem que uma corrente de ar bem forte leva consigo grande quantidade de oxigênio, que é necessário para se obter calor do combustível que contém muito mineral”. Assim, oxigênio é o acelerador deste processo. “Um processo similar ocorre dentro do corpo, que é o templo do espírito” (veja mais detalhes no livro Maçonaria e Catolicismo).
O processo de combustão que ocorre dentro do Corpo é um pouco diferente da combustão verificada, por exemplo, quando se queima gasolina, madeira ou papel. Neste último, o processo de retirada de energia ocorre em grande quantidade e de uma única vez. Por outro lado, a respiração celular promove quebra das cadeias de carbono (processo químico necessário para a retirada de energia das moléculas) de modo gradativo e em pequenas parcelas. Isto é necessário para a preservação da estrutura das células, pois se a combustão ocorresse como no primeiro exemplo, as células pereceriam pelo excesso de energia. Além disso, a energia retirada pelas mitocôndrias não é consumida rapidamente, mas permanece dissolvida na célula e, gradativamente, é utilizada no metabolismo.
Um dos problemas é que durante a extração de energia, moléculas incompletas de oxigênio também são geradas: incompletas por conterem um número ímpar de elétrons em sua última camada eletrônica. Este elétron ímpar, que se estabelece após cada quebra das cadeias de carbono, pode ser não pareado com o restante dos elétrons do átomo em questão. Em outras palavras, sua órbita segue uma rota diferente da órbita dos demais elétrons. Tal característica confere-lhe grande capacidade de reagir com outras biomoléculas que existem na célula, contra as quais colidem. Essa reação forçará a retirada de elétrons de outras moléculas que já são completas e possuem função importante dentro do sistema biológico (principalmente lipídios e proteínas das membranas celulares e, até mesmo, o DNA). Essa retirada de elétrons modificará suas adequadas estrutura e função. Os exemplos mais comuns de radicais de oxigênio altamente reativos são: radicais superóxido (O2-), hidroxila (OH-), peroxila (RO2), alkoxila (RO) e hidroperoxila (HO2). O óxido nítrico (NO) e o dióxido de nitrogênio (NO2) são espécies reativas de nitrogênio.
O organismo normalmente consegue equilibrar os efeitos desses radicais de oxigênio reativos (radicais livres). Porém, há casos em que ocorrem desequilíbrios a favor do sistema pró-oxidantes em detrimento do sistema antioxidantes. Isto é denominado estresse oxidativo. O acúmulo dos efeitos do estresse oxidativo promove danos nas células e acelera o surgimento de doenças e envelhecimento (principalmente se ocorrer em órgãos do corpo relacionados a vulnerabilidades que acumulamos em outras vidas), fatores estes que limitam as nossas oportunidades de gerar experiências e crescimento anímico.
Dentre as doenças já comprovadas pela ciência física que estão relacionadas aos efeitos dos radicais livres, somados a outros fatores estão: demência de Alzheimer, doença de Parkinson, aterosclerose, complicações da diabetes mellitus, câncer, doenças cardiovasculares, catarata, declínio do sistema imunológico, disfunções cerebrais, o envelhecimento precoce, enfisema pulmonar, doenças inflamatórias, entre outras.
Sobre a respiração celular e oxigênio dentro do Corpo Denso, Max Heindel continua: “É a chama que acende o fogo interior e gera o produto espiritual que se exterioriza de todas as criaturas de sangue quente, da mesma maneira que o calor se irradia de uma estufa. Estas linhas radiantes de força que emanam de nossos Corpos Densos de maneira invisível à visão física, são nossa aura, como já foi dito e, não obstante a cor da aura de cada indivíduo diferir da dos outros, existe uma cor básica ou fundamental que mostra sua posição na escala da evolução. Nas raças inferiores esta cor básica é um vermelho fraco, semelhante ao vermelho de um fogo que queima lentamente, que indica sua natureza passional e emocional (isso indica que a pessoa ainda responde a Lúcifer e a Jeová). Ao examinarmos as pessoas que estão em grau mais elevado na escala da evolução, a cor básica ou a vibração irradiada por elas parece ser de uma tonalidade alaranjada, que é o amarelo do intelecto misturado com o vermelho da paixão”.
O uso de antioxidantes, pela alimentação, naturalmente pode evitar os danos corrosivos dos radicais livres de oxigênio. O problema é que as transgressões das Leis Divinas e a natureza passional, em muitos casos, são tamanhas, que o uso de oxidantes nem sempre é suficiente, e os danos ainda permanecem. A produção de radicais livres constitui um fator natural do Corpo Denso e sempre foi programada por nós mesmos. Afinal, o propósito da existência física é o acúmulo de experiências e não devemos permanecer na Terra para “todo o sempre”. Naturalmente, processos que facilitam a morte e o desgaste do Corpo Denso devem ocorrer. O comer da Árvore da Vida, provavelmente, implicaria em também solucionar o problema dos efeitos dos radicais livres, dentre outros relacionados a doenças e morte do Corpo Denso.
“A auréola dourada ao redor dos santos, pintada por artistas dotados de visão espiritual, é a representação física de uma promessa espiritual que se aplica à humanidade como um todo, embora isto tenha sido compreendido apenas por alguns poucos, que são chamados Santos. Após vidas de luta com suas paixões, perseverança no fazer o bem, cultivando nobres aspirações e depois de aderir firmemente a propósitos superiores, estas pessoas elevaram-se acima do raio vermelho e estão agora totalmente imbuídas com o raio dourado de Cristo e sua vibração.” Max Heindel continua: “A cor dourada natural é o raio de Cristo, que encontra sua expressão química no oxigênio, um elemento solar”.
Naturalmente, podemos concluir que conforme a correspondência às vibrações Crísticas e o estabelecimento de uma vida com propósitos superiores, tanto a eficiência das mitocôndrias no processo de respiração celular quanto fatores que neutralizam os radicais livres aumentarão, promovendo menores danos às células e maior longevidade saudável. Porém, tal conclusão parece ser equivocada. Lembre-se: o propósito do Ego não é permanecer na Região Química do Mundo Físico, mas retornar ao Pai com sua herança divina despertada e totalmente desenvolvida (essa é a significância da Parábola dos Talentos que lemos na Bíblia).
Qual a diferença de desempenho de uma pessoa experiente de outra iniciante, em uma dada tarefa em comum? A diferença básica é que a pessoa experiente já aprendeu todos os mecanismos e as técnicas necessárias para desempenhar, com segurança, cada etapa de uma tarefa. Por isso, aplica de modo direcionado, com paciência e observação, a quantidade ideal de energia (vontade) e estratégias para cumprir o propósito com eficiência. Já o inexperiente, por não conhecer os mecanismos e nem as técnicas, necessita muito tempo para aprender e tirar conclusões. Além disso, mesmo que realize todo este movimento, se realmente não se dedicar na extração da experiência, pouca memória formará. Isso significa que “viveu as cegas”, e continuará a gastar bastante energia todas as vezes que se deparar com a mesma situação, sendo um eterno aprendiz das mesmas coisas.
O acúmulo de experiência permite o menor gasto de energia e, assim, menor necessidade das funções das mitocôndrias para gerar energia. Isso não significa que há menos atividades ou produção anímica. Inversamente, se faz muito mais com muito menos! Conforme a correspondência de vida vai gradativamente se afinando com as lições Cristãs, o uso dos Corpos ocorre mais adequadamente. Isto é, o Eu Superior domina a personalidade. Este domínio pode ser ilustrado da seguinte maneira:
Vemos, pois, que uma vida bem vivida está pautada no acúmulo de sabedoria e firmada a propósitos superiores. Não há outro propósito maior do que estes. A fé, o amor universal, o propósito de contribuir com a evolução da humanidade e a convivência com verdades espirituais, revelam caminhos tão sublimes e infinitos que tornam cada ato da vida uma nota musical afinada à grande sinfonia divina. Não haverá mais espaços para desequilíbrios ou transgressões das leis, mas sim ações que nos aproximam de Deus.
Lógica do menor esforço e maior eficiência é o padrão de ouro para a vida espiritual, mas ela exige o emprego constante da observação e aprendizado. Com o tempo, passaremos a evocar as experiências de modo tão eficiente que não mais necessitaremos dos arquivos do cérebro químico para nos fornecer referência de como agir, mas iremos acessar diretamente o Éter Refletor, não mais necessitando de energia física. Consequentemente haverá menos necessidade de mitocôndrias e menos radicais livres. Como a aproximação da nova Era passaremos a utilizar o Éter, um material com vibração superior aos elementos químicos, para manifestação do estado de vigília (já o fazemos atualmente, mas a quantidade será muito maior), pois o poder do Ego será tamanho que necessitará de materiais mais vibrantes para dar conta de sua expressão. Neste estado de Corpo de Vida, não mais conheceremos a morte e a vida eterna será, então, uma realidade.
Um dos polos da dual força criadora foi internalizada e direcionada para cima, a fim de construir um cérebro e uma laringe. Antes, ambas eram direcionadas para baixo com o propósito de gerar Corpos Densos. Com o novo Corpo de Vida, não mais haverá mortes, sendo o ser humano Cristificado isento da paixão lucífera. O casamento místico, conforme bem expressado por Salomão em seu “Cântico dos Cânticos”, mostra a reunião dos polos da força criadora, mas agora com parte que permaneceu para baixo também direcionada para cima. “O homem deve se casar com a mulher que possui dentro de si mesmo, e a mulher com seu homem interno”. O mito denominava cada polo como Anima (feminino) e Animus (masculino). Com esta re-união dos polos criadores, mas direcionados para cima, a palavra fornecerá o molde (o verbo se fará carne) para gerar obras tão grandiosas como as obras dos deuses.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Quando investigamos o significado de qualquer mito, lenda ou símbolo de valor oculto é absolutamente necessário entendermos que, assim como todo objeto do mundo tridimensional deve ser examinado de todos os ângulos para dele obtermos uma compreensão completa, igualmente todos os símbolos têm também certo número de aspectos. Cada ponto de vista revela uma fase diferente das demais, e todas merecem igual consideração.
Visto em toda sua plenitude, esse maravilhoso símbolo contém a chave da evolução passada do ser humano, sua presente constituição e desenvolvimento futuro, mais o método de sua obtenção. Quando ele se apresenta com uma só rosa no centro simboliza o espírito irradiando de si mesmo os quatro veículos: os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente significando que o espírito entrou em seus instrumentos, convertendo-se em espírito humano interno.
No entanto, houve um tempo em que essa condição ainda não havia sido alcançada, um tempo em que o Tríplice Espírito pairava acima dos seus veículos, incapaz de neles entrar. Então a cruz erguia-se sem a rosa, simbolizando as condições prevalecentes no começo da terça parte da Época Atlante.
Houve também um tempo em que faltava o madeiro superior da cruz. A constituição humana era, pois, representada pela Tau (T), isto na Época Lemúrica, quando o ser humano só dispunha dos Corpos Denso, Vital e de Desejos e carecia da Mente. O que predominava, então, era a natureza animal. O ser humano seguia os seus desejos sem reserva.
Anteriormente ainda, na Época Hiperbórea, só possuía os Corpos Denso e Vital, faltando o de Desejos. Então o ser humano, em formação, era análogo às plantas: casto e sem desejos. Nesse tempo sua constituição não podia ser representada por uma cruz; era simbolizada por uma coluna reta, um pilar (I).
Esse símbolo foi considerado fálico, indicando a libertinagem do povo que o venerava. Por certo é um emblema de geração, mas geração não é absolutamente sinônimo de degradação. Longe disso. O pilar é o madeiro inferior da cruz, símbolo do ser humano em formação, quando era análogo às plantas. A planta é inconsciente de toda paixão ou desejo e inocente do mal. Gera e perpetua sua espécie de modo tão puro, tão casto, que propriamente compreendida é um exemplo para a decaída e luxuriosa humanidade, a qual deveria venerá-la como um ideal. Aliás, o símbolo foi dado às Raças primitivas com esse objetivo. O Falo e o Yona, empregados nos Templos de Mistério da Grécia, foram dados pelos Hierofantes com esse espírito. No frontispício do templo colocavam-se as enigmáticas palavras: “Ser humano, conhece a ti mesmo”. Esse lema, bem compreendido, é análogo ao da Rosacruz, pois mostra as razões da queda do ser humano no desejo, na paixão e no pecado, e dá a chave de sua liberação do mesmo modo que as rosas sobre a cruz indicam o caminho da libertação.
A planta é inocente, porém, não virtuosa. Não tem desejos nem livre escolha. O ser humano tem ambas as coisas. Pode seguir seus desejos ou não, conforme queira, para aprender a dominar-se.
Enquanto foi como as plantas, um hermafrodita, ele podia gerar por si, sem cooperação de outrem; mas ainda que fosse tão inocente e tão casto como as plantas, ele era também como elas: inconsciente e inerte. Para poder avançar, necessitava que os desejos o estimulassem e uma Mente o guiasse. Por isso, a metade de sua força criadora foi retida com o propósito de construir um cérebro e uma laringe. Naquele tempo o ser humano tinha a forma arredondada. Era curvado para dentro, semelhante a um embrião, e a laringe atual era então uma parte do órgão criador, aderindo à cabeça quando o Corpo tomou a forma ereta. A relação entre as duas metades pode-se ver ainda hoje na mudança de voz do rapaz, expressão do polo positivo da força geradora, ao alcançar a puberdade. A mesma força que constrói outro Corpo, quando se exterioriza, constrói o cérebro quando retida. Compreende-se isso claramente ao sabermos que o excesso sexual conduz à loucura. O pensador profundo sente pouquíssima inclinação para as práticas amorosas, de modo que emprega toda sua força geradora na criação de pensamentos, ao invés de desperdiçá-la na gratificação dos sentidos.
Quando o ser humano começou a reter a metade de sua força criadora para o fim já mencionado, sua consciência foi dirigida para dentro, para construir órgãos. Ele podia ver esses órgãos, e empregou a mesma força criadora, então sob a direção das Hierarquias Criadoras, para planejar e executar os projetos dos órgãos, assim como agora a emprega no mundo externo para construir aeroplanos, casas, automóveis, telefones, etc. Naquele tempo o ser humano era inconsciente de como a metade daquela força criadora se exteriorizava na geração de outro Corpo.
A geração efetuava-se sob a direção dos Anjos, que em certas épocas do ano, agrupavam os humanos aptos em grandes templos, onde se realizava o ato criador. O ser humano era inconsciente desse fato. Seus olhos ainda não tinham sido abertos, e embora fosse necessária a colaboração de uma parceira, que tivesse a outra metade ou o outro polo da força criadora indispensável à geração, cuja metade ele retinha para construir órgãos internos, em princípio não conhecia sua esposa. Na vida ordinária o ser humano estava encerrado dentro de si, pelo menos no que tangia ao Mundo Físico. Isto, porém, começou a mudar quando foi posto em íntimo contato, como acontece no ato gerador. Então, por um momento, o espírito rasgou o véu da carne e Adão conheceu sua esposa. Deixou de conhecer-se a si mesmo,quando sua consciência se concentrou mais e mais no mundo externo, e foi perdendo a sua percepção interna, a qual não poderá ser readquirida plenamente enquanto necessitar da cooperação de outro ser para criar, e não tenha alcançado o desenvolvimento que lhe permita utilizar, de novo e voluntariamente, toda sua força criadora. Então voltará a conhecer-se a si mesmo, como no tempo em que atravessava o estágio análogo ao vegetal, mas com esta importantíssima diferença: usará sua faculdade criadora conscientemente, e não será restringido a empregá-la só na procriação de sua espécie, mas poderá criar o que quiser. Outrossim, não usará os seus atuais órgãos de geração: a laringe, dirigida pelo espírito, falará a palavra criadora através do mecanismo coordenador do cérebro. Assim, os dois órgãos, formados pela metade da força criadora, serão os meios pelos quais o ser humano se converterá finalmente em um criador independente e autoconsciente.
Mesmo presentemente o ser humano já modela a matéria pela voz e pelo pensamento ao mesmo tempo, como vimos nas experiências científicas em que os pensamentos criaram imagens em placas fotográficas, e noutras em que a voz humana criou figuras geométricas na areia, etc. Em proporção direta ao altruísmo que demonstre, o ser humano poderá exteriorizar a força criadora que retiver. Isto lhe dará maior poder mental e o capacitará a utilizar-se de tal poder na elevação dos demais, ao invés de tentar degradá-los e sujeitá-los à sua vontade. Aprendendo a dominar-se, cessará de tentar dominar aos outros, salvo quando o fizer temporariamente para o bem deles,jamais para fins egoísticos. Somente aquele que se domina está qualificado para orientar aos demais e, quando necessário, é competente para julgá-los no modo que melhor lhes convenha.
Vemos, portanto, que, a seu devido tempo, o atual modo passional de geração será substituído por um método mais puro e mais eficiente que o atual. Isto também está simbolizado pela Rosacruz, em que a rosa se situa no centro, entre os quatro braços. O madeiro mais comprido representa o Corpo; os dois horizontais, os dois braços; e o madeiro curto superior representa a cabeça. A rosa branca está colocada no lugar da laringe.
Como qualquer outra flor, a rosa é o órgão gerador da planta. Seu caule verde leva o sangue vegetal, incolor e sem paixão. A rosa de cor vermelho-sangue mostra a paixão que inunda o sangue da Raça humana, embora na rosa propriamente dita o fluido vital não seja sensual, mas sim casto e puro. Ela é, por conseguinte, excelente símbolo dos órgãos geradores em seu estado puríssimo e santo, estado que o ser humano alcançará quando haja purificado e limpo seu sangue de todo desejo, quando se tenha tornado casto e puro, análogo a Cristo.
Por isso os Rosacruzes esperam, ardentemente, o dia em que as rosas floresçam na cruz da humanidade; por isso os Irmãos Maiores saúdam a alma Aspirante com as palavras de saudação Rosacruz: “Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz”; e é por esse motivo que essa saudação é usada nas reuniões dos Núcleos da Fraternidade pelo dirigente, ocasião em que os Estudantes, Probacionistas e Discípulos presentesrespondem à saudação dizendo: “E na vossa também”.
Ao falar de sua purificação, São João (IJo 3:9) diz que aquele que nasce de Deus não pode pecar, porque guarda dentro de si a sua semente. Para progredir é absolutamente necessário que o Aspirante seja casto. Todavia, deve-se ter bem presente que a castidade absoluta não é exigida enquanto o ser humano não tenha alcançado o ponto em que esteja apto para as Grandes Iniciações, e que a perpetuação da Raça é um dever que temos para com o todo. Se estivermos aptos: mental, moral, financeira e fisicamente, podemos executar o ato da geração, não para gratificar a sensualidade, mas como um santo sacrifício oferecido no altar da humanidade. Tampouco deve ser realizado austeramente, em repulsiva disposição mental, mas sim numa feliz entrega de si mesmo, pelo privilégio de oferecer a algum amigo que esteja desejando renascer, um Corpo e ambiente apropriados ao seu desenvolvimento. Desse modo estaremos também o ajudando a cultivar o florescimento das rosas em sua cruz.
UM LEMBRETE MUITO IMPORTANTE:
A EXPOSIÇÃO PÚBLICA DO SÍMBOLO ROSACRUZ QUE CONTÉM A ROSA BRANCA VISÍVEL deve ser feita publicamente somente nos momentos em que os Rituais Rosacruzes (do Templo, de Cura, dos Equinócios e Solstícios, de Véspera da Noite Santa) forem oficiados com mais um detalhe: descobri-lo depois do Hino Rosacruz de Abertura e recobri-lo antes do Hino Rosacruz de Encerramento.
E Após o Ritual o Símbolo Rosacruz deve ser guardado, em local apropriado, não visível publicamente.
A oração abre um canal pelo qual a Vida e a Luz divinas podem fluir sobre nós, do mesmo modo que o acionar de uma chave elétrica abre o caminho que possibilita à corrente fluir da usina geradora para a nossa casa.
A fé na oração é a força que aciona a chave. Sem força muscular, não podemos ligar a chave para obter a luz física, e sem fé não podemos orar de maneira a conseguir iluminação espiritual segura.
Se oramos por objetivos mundanos, para fins que contrariam as leis do amor e do bem universal, nossas orações serão tão inúteis quanto uma chave de vidro num circuito elétrico. O vidro é isolante elétrico, portanto, representa uma barreira ao fluxo da corrente. Analogamente, a oração egoísta representa uma barreira aos propósitos divinos devendo, portanto, ficar sem resposta. Devemos, pois, orar corretamente e, no “Pai Nosso” temos o mais admirável modelo de oração, porque atende as nossas necessidades a tal ponto que nenhuma outra fórmula consegue igualá-la. Com umas poucas e curtas sentenças, ela abarca toda a complexidade do relacionamento entre Deus e nós.
A fim de compreendermos devidamente essa sublime oração e nos capacitar a proferi-la inteligível, consciente e eficazmente, recordemos, de modo rápido, alguns conceitos Rosacruzes aqui envolvidos:
O Pai é o mais elevado Iniciado do Período de Saturno.
O Filho é o mais elevado Iniciado do Período Solar.
O Espírito Santo é o mais elevado Iniciado do Período Lunar.
O Espírito Divino e o nosso Corpo Denso iniciaram sua evolução no Período de Saturno estando, por isso, sob os cuidados do Pai.
O Espírito de Vida e o nosso Corpo Vital iniciaram sua evolução no Período Solar ficando, consequentemente, a cargo do Filho.
O Espírito Humano e o nosso Corpo de Desejos começaram a evoluir no Período Lunar; portanto, ficaram especialmente sob os cuidados do Espírito Santo.
A Mente foi acrescentada no Período Terrestre e não ficou a cargo de nenhum Ser externo, mas apenas sob o nosso governo, sem qualquer outra ajuda de fora.
Aliás, dentre as ajudas espirituais, que recebemos para que possamos avançar no nosso progresso, temos a Oração do Senhor (Pai Nosso), conforme Cristo nos ensinou no Evangelho Segundo São Mateus (6:9-13):
“Pai nosso que estás nos céus,
santificado seja o teu Nome,
venha o teu Reino,
seja feita a tua Vontade assim na terra, como no céu.
O pão nosso de cada dia dai-nos hoje.
Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
E não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.”
No Pai Nosso há sete orações, ou melhor, há três grupos de duas orações e uma súplica simples. Cada grupo faz referência às necessidades de um dos nossos aspectos, Tríplice Espírito, e de sua contraparte no Tríplice Corpo.
Essa oração é uma fórmula abstrata ao melhoramento e purificação de todos os nossos veículos.
Cada aspecto do Tríplice Espírito, começando pelo inferior, expressa adoração ao aspecto correspondente da Divindade. Quando os três aspectos do espírito estão colocados ante o Trono da Graça, cada um emite uma oração apropriada às necessidades da sua contraparte material. No fim os três unem-se para proferir a oração da Mente.
O Espírito Humano se ergue nas asas da devoção e se eleva à sua contraparte na Santíssima Trindade, o Espírito Santo (Jeová), dizendo: “Santificado seja o Vosso Nome”.
O Espírito de Vida alça-se nas asas do amor e se reverencia ante sua contraparte, o Filho (Cristo), dizendo: “Venha a nós o Vosso Reino”.
O Espírito Divino eleva-se com superior entendimento até a matriz da fonte de onde emergiu na aurora dos tempos e se ajoelha ante sua contraparte, o Pai, e diz: “Seja feita a Vossa Vontade…”.
Tendo assim alcançado o Trono da Graça, nós, o Tríplice Espírito, apresenta seus pedidos para a personalidade, o Tríplice Corpo.
Então, o mais elevado, o Espírito Divino, pede ao mais elevado aspecto da Divindade, o Pai, para a sua contraparte, o cuidado a prestar ao Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia, nos dai hoje”.
O próximo aspecto, em elevação, o Espírito de Vida, roga ao Filho, pela sua contraparte em natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O aspecto inferior do espírito, o Espírito-Humano, dirige o seu pedido ao aspecto mais inferior da Divindade para o mais elevado do tríplice Corpo, o de Desejos: “Não nos deixeis cair em tentação”.
Por último, os três aspectos do Tríplice Espírito se juntam para a mais importante das orações, a súplica pela Mente, dizendo em uníssono: “Livrai-nos do mal”.
A introdução, “Pai nosso que estais no Céu” é somente um indicativo de direção.
A adição: “Porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, Amém” não foi dada por Cristo, mas é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito por encerrar a diretriz correta para a Divindade.
O Diagrama 16 ilustra a explicação antecedente de forma fácil e simples, mostrando a relação entre as diferentes orações, em suas respectivas cores e os veículos correspondentes.
Algumas notas importantes para compreendermos o quão é abrangente a Oração do Pai-Nosso:
Afinal, o Corpo Vital é a sede da memória. Nele estão arquivadas, subconscientemente, as lembranças de todos os acontecimentos passados, bons ou maus, isto é, tanto a injúria como os benefícios feitos ou recebidos. Lembremos que, ao morrer, as recordações da vida são tomadas desses arquivos imediatamente depois de abandonar-se o Corpo Denso e que todos os sofrimentos da existência pós-morte são resultado dos acontecimentos aí registrados como imagens. Se pela oração contínua obtemos o perdão ou esquecimento das injúrias que tenhamos praticado e procuramos prestar toda compensação possível, purificamos nossos Corpos Vitais. Esquecer e perdoar àqueles que agiram mal contra nós elimina todos os maus sentimentos e nos salva dos sofrimentos pós-morte. Além disso, prepara o caminho para a Fraternidade Universal, que depende mui especialmente da vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos. As ideias de vingança são impressas pelo Corpo de Desejos, em forma de memória, sobre o Corpo Vital. A vitória sobre isso é indicada por um temperamento equânime em meio dos incômodos e sofrimentos da vida. O Aspirante deve cultivar o domínio próprio, porque tem ação benéfica sobre os dois Corpos. A Oração do Senhor exerce o mesmo efeito porque ao fazer-nos ver que estamos injuriando os outros voltamo-nos para nós mesmos e resolvemo-nos a descobrir as causas. Uma dessas causas é a perda do domínio próprio, originada no Corpo de Desejos. Ao desencarnar, a maioria dos seres humanos deixa a vida física com o mesmo temperamento que trouxe ao nascer. O Aspirante deve conquistar, sistematicamente, todos os arrebatamentos do Corpo de Desejos e assumir o próprio domínio. Isto se efetua pela concentração sobre elevados ideais, que vigoriza o Corpo Vital. É um meio muito mais eficaz do que as orações da igreja. O ocultista cientista prefere empregar a concentração à oração porque a primeira realiza-se com o auxílio da Mente, que é fria e insensível, enquanto a oração, geralmente, é ditada pela emoção. Feita com devoção pura e impessoal, dirigida a elevados ideais, a oração é muito superior à fria concentração. Aliás, nunca poderá ser fria, porque voa para Divindade sobre as asas do Amor, a exaltação do místico.
Por fim repare que a Oração do Senhor ou a Oração do Pai-Nosso satisfaz as várias partes que nos constitui e indica as necessidades reais de cada uma, mostrando a maravilhosa sabedoria contida em fórmula tão simples.
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Pergunta: Uma ideia geralmente aceita que cada alma individual teve um começo, não obstante constituída de tal maneira a ser imperecível. Isso foi posto em dúvida por uma pessoa que acredita ser a morte o fim de todas as coisas; eu gostaria de encontrar alguns argumentos ou passagens da Bíblia de modo a poder convencê-la de que está equivocada. Poderia me ajudar?
Resposta: Embora haja um número considerável de meios pelos quais é possível demonstrar que a morte não é o fim de tudo, tememos que nem mesmo “uma montanha” de argumentos convencerá uma pessoa daquilo que ela não está pré-disposta a crer. O questionador deve estar lembrado da parábola contada por Cristo, a respeito da morte de um rico e de um mendigo chamado Lázaro (Lc 16:19-31). Quando o rico desejou que fosse permitido a Lázaro voltar à Terra para avisar seus irmãos, Abraão disse: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite“. Essa é a questão. Já ouvimos cientistas jactarem-se de não crer na vida post-mortem mesmo que vissem realmente um Espírito. A lógica e a razão os tornaram convictos, para sua inteira e completa satisfação, de que não há Espírito. E considerariam estarem sofrendo de alucinações se vissem realmente um fantasma.
Também não nos é possível extrair citações categóricas da Bíblia. A palavra “imortal” não parece no Antigo Testamento. Aparece a expressão “mortal, deves morrer”, e a vida longa era olhada como uma recompensa à obediência. A palavra “imortal” também não ocorreu nos quatro Evangelhos, porém nas Epístolas de São Paulo ela aparece seis vezes. Em uma das passagens ele fala de Cristo ter trazido à luz a imortalidade por meio da revelação. Noutra ele nos diz que “essa mortalidade deve revestir-se de imortalidade“. Na terceira passagem ele torna claro que a imortalidade é proporcionada aos que a procuram. Num quarto trecho ele fala de nosso estado, “quando este mortal revestir-se de imortalidade“. Numa quinta passagem, declara que “somente Deus é imortal“, e na sexta passagem é uma adoração do Rei Eterno, imortal e invisível. Vemos, pois, que a Bíblia não ensina, por nenhum meio, que a alma é imortal, mas por outro lado ela diz enfaticamente, “a alma que peca deve morrer“. Isto seria uma impossibilidade se a alma fosse inerente e intrinsecamente imperecível. Também não podemos provar a imortalidade da alma usando passagens tais como lemos no Evangelho Segundo São João no capítulo 3 e versículo 16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”. Se basearmo-nos nessa citação, para provar que a alma é eterna, possuída de uma vida interminável, também devemos aceitar as passagens que dizem serem as almas condenadas a um tormento eterno, como o exigem algumas denominações ortodoxas. Na realidade, essas passagens nada provam de uma felicidade ou um tormento eterno. Se tomarmos o dicionário Grego de Liddel e Scott, veremos que a palavra traduzida por “eterno” na Bíblia, corresponde à palavra grega “aionian”, que significa “um tempo, um período indefinido, uma vida toda”, etc. Vemos essa expressão empregada corretamente na Epístola de São Paulo a Filemon, quando lhe devolve o escravo Onésimo com as seguintes palavras: “Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre”. A palavra “para sempre” é a mesma palavra “aionian” que é traduzida como “eterna” quando se refere à condenação e à salvação e, facilmente, podemos ver que, nesse caso, pode significar apenas uma parte de uma vida, pois nem São Paulo nem Filemon, dessa forma, viveriam para sempre.
Qual é, pois, a solução? Será a imortalidade apenas uma invenção da fantasia, incapaz de ser comprovada? Certamente que não, porém é necessário que façamos uma diferença rigorosa entre alma e Espírito. Essas duas palavras são tomadas, frequentemente, como sinônimas, sem o serem. Temos na Bíblia a palavra hebreia Ruach, e a palavra grega Pneuma, ambas significando Espírito, enquanto que a palavra hebreia Neshammah e a grega Psuke significam alma. Em acréscimo a essas, temos a palavra hebreia Nephesh, que significa sopro, respiração, mas que foi traduzida por vida em alguns lugares e por alma em outros, de acordo com as conveniências dos tradutores da Bíblia. É isso que causa a confusão. Por exemplo, narra-se no Livro do Gênesis que Jeová formou o ser humano do pó da terra e soprou em suas narinas a respiração, o fôlego (nephesh) e o ser humano tornou-se uma criatura que respira (nephesh chayim), e não uma alma vivente tal como está no Livro do Gênesis, capítulo 2, versículo 7.
Com referência à morte, lemos no Livro do Eclesiastes capítulo 3, versículo 19-20, e também em outros trechos, que não há diferença entre o ser humano e o animal, “como morre um, assim morre o outro; e todos tem o mesmo folego (nephesh, novamente)”. Isso parece indicar que o ser humano não tem preeminência sobre as bestas e que todos vão para o mesmo lugar. Há, porém uma distinção bem definida entre Espirito e corpo, pois sabemos que “quando o Cordão Prateado se rompe, o corpo volta ao pó de onde foi tirado e o Espírito retorna a Deus, de onde saiu”. A palavra morte em parte alguma está associada a Espírito, e a doutrina da imortalidade do Espírito é ensinada de modo conclusivo pelo menos uma vez na Bíblia Evangelho Segundo São Mateus capítulo 11, versículo 14, onde Cristo diz, referindo-se a João Batista: “É este o Elias“. O Espírito que deu alma ao corpo de Elias renasceu como Joao Batista. Deve, pois, ter sobrevivido a morte corporal e ter sido capaz de continuar a viver. Para obter ensinamentos mais profundos e definitivos sobre este assunto, devemos, porém procurar um ensinamento místico, e aprendemos no Livro “Conceito Rosacruz de Cosmos” que os Espíritos Virginais, enviados as asperezas deste mundo como Raios de Luz da Chama Divina (que é nosso Pai que está nos céus), devem primeiro sofrer um processo de involução na matéria, cristalizando-se cada raio num Tríplice Corpo. Receberam, então, uma Mente que se tornou o ponto de apoio sobre o qual a Involução se transforma em Evolução. E a Epigênese, a divina habilidade criadora do Espírito, é a alavanca com a qual o Tríplice Corpo espiritualiza-se em Tríplice Alma e amalgama-se com o Tríplice Espírito, sendo a alma o extrato da experiência com a qual o Espírito é levado da ignorância até a onisciência, da impotência à onipotência, tornando-se, finalmente, semelhante a seu Pai que está nos céus.
É-nos impossível, com nosso intelecto racional limitado, compreender a magnitude dessa tarefa, mas percebemos (intuitivamente) que há um caminho longo para chegar à onisciência e a onipotência. E isso deve exigir muitas vidas. Vamos, portanto a Escola da Vida do mesmo modo que as crianças vão as escolas aqui na Terra. E, assim como há noites de descanso entre um dia escolar e outro, há também noites (a morte) entre nossos dias na Escola da Vida. A criança sempre retoma a lição no ponto em que foi deixada no dia anterior. Também nós, quando voltamos a renascer, retomamos as lições da vida no ponto em que foram deixadas na existência anterior.
Quanto à pergunta de porque não nos lembramos de nossas existências passadas, a resposta é simples. Não nos lembramos claramente do que fizemos há um mês, um ano ou há vários anos atrás; como, pois, esperamos lembrar-nos do que está muito mais recuado no tempo? Só se tivéssemos um cérebro diferente, harmonizado a consciência de vidas anteriores. Não obstante, há pessoas que recordam de suas existências passadas, e muitas mais pessoas estão cultivando essa faculdade cada ano que passa, pois é uma faculdade latente em todos os seres humanos.
Portanto, o neófito que transpôs os umbrais da Iniciação para os Mundos invisíveis é sempre levado ao leito de uma criança moribunda. Ele vê o Espírito sair e cuida de observar esse Espírito no Mundos invisíveis até que ele se apresente para um novo renascimento. Uma criança é escolhida para esse fim, pois está destinada a renascer dentro de um ou dois anos. Desse modo, dentro de um espaço de tempo relativamente curto, o neófito vê com seus próprios olhos como um Espírito cruza os umbrais da morte e volta a entrar na vida física, através do ventre materno. Ele tem, então, a prova. A razão e a fé devem bastar aqueles que não estão preparados para o conhecimento direto, que “não é cobrado em ouro, mas por meio uma vida de abnegado e amoroso serviço aos demais”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 04/1974 – pela Fraternidade Rosacruz – SP – traduzido da Revista Rays From the Rose Cross)
Em tempo remoto, o simbolismo foi tão usado que os historiadores modernos falam dele como se fora a “linguagem do homem primitivo”. Não obstante, nós continuamos a encontrar nos símbolos extrema utilidade, porque algumas vezes, por meio de uma simples figura ou emblema, comunicamos às nossas Mentes uma compreensão maior sobre os profundos princípios e leis cósmicas, como não poderíamos fazer por meio de palavras. O valor educacional dos símbolos expressa-se também nesta máxima: “Um quadro ou imagem é melhor do que mil palavras”.
A palavra é o símbolo da ideia. Assim também, na música, na arte, na literatura, na dança, no drama e em muitos outras formas de expressão o simbolismo é usado para transmitir as mensagens dos seus criadores.
Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, também chamados de Mestres, há muito esperam o florescimento das rosas da humanidade e dão a todos os Aspirantes ao conhecimento espiritual esta saudação: “Que as rosas floresçam em vossa Cruz!”.
Assim também, em todas as reuniões da Fraternidade Rosacruz, em todo o mundo, os Estudantes, Probacionistas e Discípulos são saudados e se saúdam de igual maneira e todos lhe respondem: “Na vossa também”.
Das doze Hierarquias Criadoras que ajudaram o ser humano na sua evolução, cinco já se libertaram dessa missão sublime; as outras sete continuam na Sua nobilíssima tarefa de amparar e guiar o ser humano na sua jornada, estando simbolizadas nas sete rosas sobre a Cruz. E assim como as referidas Hierarquias são a expressão do Macrocosmos, assim também o Microcosmo está simbolizado por nós, o Ego, dirigindo as nossas atividades para fora, através dos sete orifícios visíveis do Corpo Denso. As cinco Hierarquias que terminaram a Sua missão e retiraram-Se estão simbolizadas na estrela dourada de cinco pontas e nos cinco orifícios parcialmente cerrados do nosso Corpo Denso: os mamilos, o umbigo e os canais de excreção.
A CRUZ BRANCA simboliza a vida dedicada do servidor da humanidade. Na forma em que tem uma rosa apenas, no centro, simboliza o Espírito irradiando de Si mesmo o quádruplo corpo, isto é, o Corpo Denso ou de carne e ossos, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente, de onde o Ego, o Espírito, fiscaliza os Seus instrumentos e chega a ser o Espírito humano que mora internamente. Em Épocas anteriores não existia essa condição.
O Tríplice Espírito então flutuava sobre os seus veículos, nos quais não podia entrar. Quando a Cruz se erguia sozinha, simbolizava a condição existente no primeiro terço da Época Atlante. Houve ainda um tempo no qual o madeiro superior da Cruz faltava e a constituição humana era representada pela letra hebraica Tau (T), que sucedeu no tempo da Época Lemúrica, quando o ser humano tinha apenas o Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos, faltando-lhe a Mente.
A natureza animal predominava nessa Época. Em Época ainda mais remota, a Hiperbórea, faltava o Corpo de Desejos e o ser humano possuía unicamente o Corpo Denso e o Corpo Vital. Então o ser humano, em potência, era como as plantas: casto e sem desejos. Não podia ser representado por uma Cruz e por esse motivo o símbolo era um pilar ou coluna, como a letra “I”.
Esse símbolo foi considerado fálico, um emblema da geração. Esse pilar é hoje representado pelo madeiro inferior da Cruz, emblemático do ser humano em potência, quando era semelhante a uma planta. A planta não tem paixão nem desejos e, por conseguinte, é inocente. O falus e o lone, imagens dos órgãos masculino e feminino, usados nos templos de mistérios da Grécia, foram dados pelos hierofantes; nesse sentido e sobre os pórticos dos templos, foram colocadas as palavras: “HOMEM, CONHECE A TI MESMO”. Palavras que, quando bem compreendidas, são semelhantes aos Ensinamentos Rosacruzes e mostram a razão da “queda do homem” no desejo e no pecado, dando a chave da sua liberação da mesma forma que as rosas sobre a Cruz indicam o caminho da emancipação. Através do “conhecimento” de Eva, Adão “caiu” e perdeu a sua consciência dos Mundos invisíveis. Não achará outra vez essa interna percepção das esferas celestes até que tenha aprendido de novo, em uma espiral mais elevada, como criar de si mesmo usando a sua força criadora e total à vontade. Então se conhecerá outra vez.
Através dos tempos o ser humano usou várias cruzes: a cruz latina, a TAT ou cruz grega, a TAU ou cruz hebraica, a cruz ANSATA ou egípcia (cruz com asa ou círculo por cima), a cruz céltica, a cruz de Lorena, a cruz papal, a cruz do Calvário, a cruz Suástica ou gamada, a cruz de Santo André, a Cruz de Malta, a cruz em forma de trevo. A cruz Ansata foi o mais antigo símbolo da Maçonaria egípcia, instituída pelo Conde Cagliostro, e significava imortalidade. A asa colocada no topo superior da cruz Ansata apresenta duplo significado: como símbolo mundano era um atributo de ISIS, uma imagem da Lei; como símbolo da imortalidade era usado sobre o peito das múmias; uma eternidade sem princípio nem fim que desce sobre o plano da natureza material e, logo, emerge dele.
A cruz do Calvário encontra-se sobre três degraus, sendo o maior a base; o segundo, ligeiramente mais estreito; e o terceiro, sobre o qual descansa a cruz, menor ainda. Esses três degraus representam os três primeiros graus da Maçonaria, os passos necessários para se chegar a ser um Mestre Maçon. Recordam-nos os três dias entre a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo, aqueles três dias que significaram setenta e duas horas, que representam o número nove, do qual é dito que representa a humanidade atual. Os três degraus também simbolizam o Deus Trino: Pai, Filho, Espírito Santo, além dos três aspectos da Divindade: Vontade, Sabedoria, Atividade.
A Cruz em forma de folha de trevo é a base do emblema Rosacruz. É uma cruz branca e brilhante, tendo três semicírculos nos extremos de cada madeiro. Esses doze semicírculos no emblema Rosacruz simbolizam as doze Hierarquias que Se manifestaram no início da Criação, têm os mesmos nomes dos Signos do Zodíaco e ajudaram o ser humano em seus esforços para governar o seu quádruplo veículo. No centro da cruz está a Rosa pura e branca, simbolizando o coração do Auxiliar Invisível. É o sinal da PURIFICAÇÃO.
No serviço que se lê à tarde no Templo de Cura, exceto por ocasião da Lua Nova e da Lua Cheia, dão-se os passos mais diretos para se alcançar essa realização: “O amor (…) não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não busca os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a Verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
Suspensa na cruz está uma coroa de sete rosas vermelho-sangue, imaculados receptáculos da semente da roseira e livres de paixão, emblemas da força geradora, purificada e elevada. Como a vida do ser humano está no sangue, vivendo uma vida de Serviço, dedicado, e ao mesmo tempo desinteressado, aos outros, cada um de nós pode transmutar as forças vitais e impuras em força criadora e pura do Espírito de Vida, alcançando assim o mais elevado estado humano. As sete Rosas sobre a cruz também significam os sete passos que deve dar o Aspirante no caminho estreito.
A primeira rosa significa a Clarividência e a Clariaudiência; no desenvolvimento dessas faculdades é essencial o poder de observação. Essas duas Faculdades desenvolvem-se na ação positiva, na qual o Aspirante quer “ver e ouvir claramente”.
A segunda rosa significa a Profecia e para desenvolver essa última usa-se o discernimento. Cristo disse: “E muitos falsos Profetas se levantarão e enganarão a muitos”[1]; “Porque se levantarão falsos Cristos e falsos Profetas e darão grandes sinais de prodígios, tais que, se fora possível, até enganariam os escolhidos”; “E então aparecerá o sinal do Filho do Homem que virá sobre as nuvens com toda a pompa e glória”[2].
A terceira rosa é a da Pregação e do Ensino da Verdade. Esse é o primeiro dos mandamentos do Senhor: “Pregai o Evangelho”[3]. Ou seja, “pregai a verdade por Mim ensinada”. A maneira mais direta de pregar a verdade é deixar que a nossa vida seja um exemplo constante dessa Verdade.
A quarta rosa é a Rosa da Cura. Este é o segundo mandamento: “Curai os enfermos”[4]. Antes que possamos chegar a ser um Auxiliar Invisível e ajudar na cura dos enfermos, devemos mostrar merecimento, manifestando-nos como auxiliares visíveis.
A quinta rosa é a da Expulsão dos Demônios. Há numerosas passagens nas Escrituras Sagradas que mencionam esse fato. No Livro Conceito Rosacruz do Cosmos o leitor é advertido de que deve ter muito cuidado com a maneira de prestar esse serviço. Cada um dos que se prestam a expulsar os demônios deve estar bem armado em nome de Cristo, antes de se aventurar a fazer esse melindroso trabalho. Alguns historiadores profanos disseram que Maria Madalena estava possuída por sete demônios e que, depois que esses sete diabos foram lançados para fora dela, deixando-a novamente livre, ela voltou a ser uma nobre mulher.
A sexta rosa é a da Pronunciação da Palavra de Poder, expressando os três aspectos da Divindade, falando (ação) com o poder (vontade) da palavra (sabedoria). Quando o Aspirante alcança esse ponto de desenvolvimento no caminho da Iniciação, ele aprende a invocar a manifestação da Divindade e a falar em seu NOME.
A sétima rosa é a do Poder de Ressuscitar os mortos, isto é, os adormecidos no esquecimento da Divindade. Cristo afirmou: “Em verdade vos digo que aquele que crê em Mim fará as obras que eu faço e ainda maiores, porque Eu vou a meu Pai”[5].
Na História Sagrada, é São Pedro o único depois de Cristo de quem se diz que ressuscitou mortos: “Havia em Jope uma discípula chamada Tabita, ou Dorcas. Esta estava cheia de boas obras e de esmolas que fazia. Mas Pedro, lançando fora a todos, pôs-se de joelhos e orou; voltando-se para o corpo disse: ‘Tabita, levanta-te!’. Ela abriu os seus olhos e, vendo Pedro, assentou-se. Fez-se isto notório em Jope; e creram muitos no Senhor”[6].
O Aspirante sabe também que pode ser ressuscitado da morte da sua antiga vida para se levantar e viver uma vida nova, na consciência da sua unidade com Deus, em Quem vivemos, movemo-nos e temos o nosso ser. O centro da cruz irradia a estrela dourada de cinco pontas, uma das quais se dirige para cima. Essa estrela simboliza o Manto Dourado Nupcial – o Corpo-Alma – que todos nós, seres humanos, estamos tecendo para nós mesmos, com os nossos pensamentos amorosos e ações bondosas.
A Estrela é dourada por ser essa a cor do ouro, a mais parecida com a irradiada pelo Amor Crístico, O qual deve ser o motivo das nossas ações. O amarelo é símbolo do segundo aspecto da Divindade, o Filho ou Cristo; no entanto, dado que o ser humano de hoje não pode manifestar o amarelo puro do Amor de Cristo, esse se expressa no alaranjado do ouro. O Corpo-Alma ou Veste Dourada de Bodas deve ser desenvolvido antes que o Cristo interno possa nascer.
Por detrás da Estrela e da Cruz está o campo azul, símbolo do Espírito Puro, assim como o céu azul é um símbolo do Caos do qual procedeu a Manifestação. Essa cor simboliza o primeiro aspecto da Divindade, o Pai. Cristo disse que devia atrair todas as coisas para Si e que podia, então, entregar o Reino ao Pai.
Quase nada sabemos a respeito desse Reino e, como o pouco que sabemos vem por meio dos Seus ensinamentos, o azul está mesclado de amarelo, não sendo azul puro, mas azul-turquesa, altamente translúcido e vibrante de vida. O vermelho das rosas é o símbolo do Terceiro aspecto da Divindade e é a única cor pura que é mostrada no símbolo Rosacruz.
Portanto, o Símbolo Rosacruz é um símbolo da nossa evolução passada, da nossa presente constituição e do nosso futuro desenvolvimento, junto ao método de realização.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross; traduzido e publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1969)
[1] N.T.: Mt 24:11
[2] N.T.: Mt 24:30
[3] N.T.: Mt 16:15 e Mc 16:15
[4] N.T.: Mt 10:8
[5] N.T.: Jo14:12
[6] N.T.: At 9:36-42
Os Conceitos sobre: Espíritos Obsessores, Espíritos Apegados à Terra e Purgatório e seus correlacionamentos
Hoje trataremos do tema “Obsessão”. Apesar de ser um assunto complexo, é fundamental abordá-lo para que possamos nos proteger contra estes espíritos obsessores.
Entres os espíritos obsessores existem os elementais que são de uma classe de espíritos sub-humanos. Trata-se de uma onda de vida em adição às Hierarquias Divinas e às ondas de vida dos espíritos que se acham agora evoluindo no Mundo Físico por meio dos quatro Reinos: mineral, vegetal, animal e humano.
Inicialmente seria bom esclarecer a relação de inferno e Purgatório. O “inferno” é tido popularmente como o lugar que ficaremos sofrendo depois da morte, se praticarmos o mal nesta vida. Nos Ensinamentos Rosacruzes o chamado inferno, nada mais é do que o Purgatório.
O Purgatório está localizado nas três regiões inferiores do Mundo do Desejo, para onde vamos logo após a morte. Aqui os registros gravados de nossas ações errôneas na vida terrena provocam uma reação da força de repulsão e esses sofrimentos são três vezes mais curtos e de maior intensidade, pois não temos o Corpo Denso para amenizar essa dor.
Nesse processo purgatorial desenvolvemos, por meio da dor, a consciência. Essa é aquela voz interna que nos permite discernir entre o bem e o mal, quando despertos neste Mundo Físico.
No Conceito Rosacruz do Cosmos, Max Heindel nos mostra que trabalhamos nos três Corpos. E que somos um Espírito Tríplice. Porém, somente o Corpo Denso é visível aos nossos olhos físicos.
Na Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 15, Versículos de 40 e 44, São Paulo diz o seguinte: “Há corpos celestes e corpos terrestres… e há corpo animal e há corpo espiritual”.
O Corpo Denso está interpenetrado por um corpo chamado Corpo Vital, que mantém a saúde do Corpo Denso uma vez que este é destruído pelos desejos inferiores que nós criamos, no nosso dia a dia. Durante a vida no Mundo Físico temos a chance de desenvolver nossos corpos e veículos invisíveis e superiores por meio de bons hábitos (Corpo Vital), pensamentos (Mente), desejos e emoções (Corpo de Desejos).
Mas, quando os nossos desejos deixam de ser direcionados para a construção dos veículos superiores e nos negligenciamos desses bons desejos e boas emoções, acabamos sendo atraídos até a região purgatorial, após a morte, e lá deveremos nos purgar desses maus hábitos.
Se não nos apegamos a esta existência terrestre, seguimos o nosso caminho rumo aos Mundos superiores: Regiões superiores do Mundo do Desejo e Mundo do Pensamento.
Porém, existem alguns irmãos nossos que após a morte se apegam à vida terrena e não deixam seus veículos espirituais aprenderem novas lições. E os chamamos de “espíritos apegados à Terra”, enquanto estiverem nessa situação.
E como não possuem um Corpo Denso para manifestarem-se, ficam perambulando na atmosfera da Terra e tentando e utilizando os Corpos Denso e Vital de outros irmãos que entram em sintonia ou vibração com esses espíritos apegados à Terra. Sabemos que ao nosso redor existem milhões de “espíritos sem luz” (pois “espíritos de luz” não tenta reencarnar em alguém, nem parcial, nem totalmente), pobres irmãos apegados à vida terrestre.
Chamamos de “espíritos sem luz” porque após a morte não seguiram seu caminho de aceitação aos Mundos superiores.
E por não aceitarem a separação do seu Corpo Denso e tudo o que aqui deixaram, ficam presos a atmosfera tentando satisfazer seus prazeres, resolver suas preocupações ou fazer o mal.
Quando esses espíritos desencarnados desejam influenciar seres encarnados, precisarão de um veículo da mesma densidade de vibração da sua para atingir os centros cerebrais. Mas, quem são esses espíritos desencarnados?
Max Heindel, no Conceito Rosacruz do Cosmos, nos diz que a região inferior do Mundo do Desejo está cheia de espíritos apegados à Terra ou espíritos obsessores que estão em contato com o Mundo Físico.
Quando deixam este Mundo Físico cheios de ódios e desejos baixos se encontram despreparados para viver nos planos invisíveis.
Nessa Região inferior do Mundo do Desejo encontramos muitos irmãos e irmãs que foram, na vida recém-finda, drogados, alcoólatras, assassinos, outros que morreram em guerras, pessoas que nutrem ódio, rancor e vingança, pessoas apegadas a bens materiais como casas, terras, joias, etc. Estes últimos espíritos são os que mais têm nos dias de hoje.
Exemplifiquemos o caso do assassino que cumpre sua pena perante a sociedade na prisão.
Poderá ocorrer que o remorso pelo seu ato cometido o leve, mediante a oração e íntimo arrependimento, a apagar o ódio nutrido a sua vítima.
E quando seu Espírito estiver livre no Mundo do Desejo poderá caminhar feliz e quem sabe numa vida futura procurará ajudar aquelas pessoas a quem maltratou na vida anterior.
Mas, se a sociedade quiser se vingar do criminoso e levá-lo à pena de morte pelo crime cometido, ele, achando que foi injustiçado, permanecerá por muito tempo entre os encarnados, incitando outros a cometerem o mesmo crime. E toda vez que isso acontece, e quando a vítima cai nas garras da justiça esses espíritos obsessores conseguem se realizar e deixam a pessoa para ir atrás de outras.
Se isso sempre acontecer, certamente teremos uma epidemia de assassinatos espalhados em comunidades.
Podemos classificar a Clarividência em duas classes:
1) As de caráter positivo, tornando-se assim um clarividente treinado e um Auxiliar Invisível;
2) As de temperamento negativo, submissa à vontade dos outros que se desenvolve com ajuda desses espíritos apegados à Terra.
Esses espíritos apegados à Terra, normalmente, se intitulam como “guias espirituais” e agem como espíritos de controle em busca de sua satisfação. Para manifestarem-se no Mundo Físico podem retirar o Corpo Vital da pessoa por meio do baço e usar temporariamente o Éter, do qual é composto, a fim de se materializar, devolvendo o Éter à pessoa após terminada a sessão.
Transformando suas vítimas em “médiuns de transe” ou em “médiuns de materialização”.
O espírito obsessor tomando posse do corpo de sua vítima utiliza-o à mercê de sua vontade, e mesmo que a pessoa tente deter a influência dele não conseguirá, pois houve a permissão para a posse.
Lembrando que o nosso Corpo Denso é o bem mais precioso que temos nesta vida terrestre. Sabemos que existem famílias inteiras à mercê desses espíritos obsessores. Por isso que Max Heindel nos orienta para não assistir às sessões ou reuniões em que invoquem a presença de espíritos de irmãos ou irmãs desencarnados – seja para reencarnarem parcial ou totalmente, seja para se manifestarem de quaisquer formas -, demonstrações hipnóticas; não frequentar lugares em que são queimados incensos, defumadores, bola de cristal, etc.
Normalmente toda vez que você frequenta tais ambientes, os chamados “guias” o convocam para desenvolver sua mediunidade, só que de forma negativa. Essa é a maneira de estarem formando sua grande falange de controle.
É evidente que a grande maioria das pessoas que evocam a presença de espíritos de irmãos ou irmãs desencarnados ou os médiuns não compreendem o grande perigo que os aguarda após a morte.
E mesmo nesta vida não sabem o perigo que está por vir, pois enquanto fazem tudo que seus obsessores ordenam, estes são dóceis e compassivos. Mas, se algum deles tentar recusar a ceder seu corpo ao desencarnado, logo sentirá a espada do obsessor.
Todos nascemos com a Clarividência. Se quisermos desenvolvê-la, façamos de maneira positiva por meio dos exercícios para um Treinamento Esotérico positivo, dados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz.
Sabemos que existem pessoas que em determinados momentos de sua vida deixam se arrastar por pensamentos e emoções negativas, chegando a ficarem perturbados, irritados e, às vezes, desequilibrados emocionalmente e muitas vezes não encontram o caminho de volta à razão. É bom lembrar que essa crise foi gerada pela própria pessoa, e é neste momento que damos abertura ou permissão para a invasão de espíritos obsessores. Tornamo-nos, assim, joguetes desses espíritos perturbadores e essas entidades jamais se preocuparão com a reputação daqueles cujos corpos violaram.
Isso acontece diariamente sem saber se aquela pessoa está possuída ou não. Mas existe uma forma infalível de descobrirmos se uma pessoa está possuída: através do diagnóstico dos olhos.
Max Heindel fala que “os olhos são as janelas da alma”, pois somente o verdadeiro dono do corpo é capaz de contrair e dilatar a íris.
Naquele que estiver possuído, notaremos que a íris de seus olhos não se dilatará quando penetrar em um quarto escuro ou quando fixar um objeto distante. Isto é, a íris não responde nem à luz nem à distância.
O que podemos fazer para nos proteger contra a obsessão? Simplesmente manter uma atitude positiva da Mente, pois temer alguma coisa é atraí-la.
Devemos construir uma aura protetora e invulnerável contra qualquer classe de ataque ou influências negativas.
Max Heindel expressa que “ao vivermos existências de pureza, quando os nossos dias estão preenchidos com serviços a Deus e a nossos semelhantes, com atos e pensamentos da mais elevada nobreza, então construímos o ‘manto dourado nupcial’ (o Corpo-Alma), que é uma força radiante do bem, nenhum mal é capaz de penetrar por essa armadura e então é refletido em direção àquele que o emitiu”.
É sempre oportuno recordar uma frase de São Paulo que diz: “Orai e vigiai para não cair em tentação” e, assim, orar sempre.
Lembremos o seguinte: “Não temos mestres. Os Irmãos Maiores são nossos amigos e nossos instrutores. Nunca ordenam, nem exigem obediência a qualquer uma de suas sugestões, seja em que condição for. O mais que fazem é aconselhar, deixando-nos livres para seguirmos as suas sugestões ou não”.
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Pouco antes de ter sentado para estudar, em uma dessas tardes, apertei o interruptor e imediatamente a luz inundou o quarto. Apanhei o livro e, abrindo, deparei com um trecho que tratava do trabalho executado pelos Adeptos — os Iluminados que podem pronunciar a Palavra Criadora.
Veio-me então à minha Mente o desejo de me tornar idêntico a eles e servir como fazem os Irmãos Maiores da Humanidade, levando luz à consciência da Humanidade. O que deveria fazer para me tornar igual a Eles?
Pensativamente, contemplei a lâmpada próxima a mim: a pressão sobre o interruptor não a criou; ele meramente tornou o dispositivo (a lâmpada) apto a transmitir luz, a contatando com certos itens (fios, ligações, cabos) que transportam a energia elétrica gerada pela fonte central (o gerador). O que aconteceria, se a lâmpada fosse feita de madeira? Quando eu apertasse o interruptor, poderia a luz inundar o meu quarto? Poderá o meu ser físico, tal como é agora, transmitir a luz de Deus?
Se as linhas elétricas fossem defeituosas, a pressão do meu dedo sobre o interruptor poderia proporcionar luz perfeita em meu quarto? Terei eu uma conexão apropriada com a fonte de energia espiritual para torná-la usável? Ou o que ocorreria, se o gerador funcionasse imperfeitamente? Para que serviriam os fios, os cabos, as ligações, as lâmpadas ou quaisquer outros dispositivos para a produção da luz, se o gerador não produzisse energia? Estarei eu, uma célula no Grande Corpo de Deus, produzindo e liberando energia para as mais altas funções dos meus veículos?
Essa autopesquisa me conduziu a uma revisão sobre o procedimento ensinado pela Filosofia Rosacruz para o aperfeiçoamento de nós mesmos, no sentido de nos tornar um “canal consciente” para o trabalho daqueles Elevadíssimos Seres, de modo a poder aplicar-me com renovado zelo ao trabalho indispensável para o crescimento da alma. O método: “Serviço amoroso, altruísta e desinteressado” então me veio à Mente como linha de conduta a ser sempre observada e lembrada. Ao mesmo tempo, eu me recordei de certas instruções específicas para a espiritualização de nossos veículos e, consequentemente, do crescimento da alma. O que me ocorreu foi o seguinte:
A Filosofia Rosacruz ensina que “o ser humano é um Tríplice Espírito” que possui uma Mente por meio da qual governa seu Tríplice Corpo, que ele emanou de si mesmo para obter experiências. Esse Tríplice Corpo, ele transmuta em Tríplice Alma da qual ele se nutre a fim de ir da impotência para a onipotência. O Espírito Divino emana de Si mesmo o Corpo Denso, extraindo como pábulo a Alma Consciente; o Espírito de Vida emana o Corpo Vital, extraindo a Alma Intelectual; e do Espírito Humano deriva o Corpo de Desejos, para extração da Alma Emocional.
Nosso desafio, como Aspirantes espirituais, então é planejar e controlar nossas atividades diárias de modo que, por meio delas, possamos extrair maior quantidade de poderes conscientes, intelectuais e emocionais dos nossos corpos. Uma vez que nossos veículos estão intimamente interrelacionados, a melhora de um automaticamente produz a evolução dos outros. Porém certas atividades afetam determinado corpo mais definidamente do que os outros.
O Corpo Denso, nosso corpo físico, é um maravilhoso instrumento mecanizado para a ação no plano material e é por meio das experiências que obtemos por seu intermédio, nossas retas ações em relação aos impactos externos, e pela observação acurada que o transformamos em Alma Consciente. Quanto mais ativos formos e mais retas forem nossas ações, maior crescimento de Alma Consciente alcançaremos. Basicamente, para a reta ação tornam-se necessários a higiene, o exercício, o ar fresco, uma dieta simples e constante à base de alimento integral e o altruísmo, o desejo de ajudar, a boa vontade. Em relação à observação correta, ensina-nos a Filosofia Rosacruz o seguinte.
É da mais alta importância ao nosso desenvolvimento que observemos os fatos e as cenas ao nosso redor acuradamente. Do contrário, as impressões em nossa memória consciente não coincidirão com os registros automáticos e subconscientes. O ritmo do Corpo Denso perturba-se na proporção da incapacidade da nossa observação durante o dia. Na proporção em que aprendemos a observar acuradamente, ganharemos saúde, longevidade e necessitaremos de menos descanso e sono. O Aspirante sistematicamente deve tudo observar, retirar conclusões das ações, cultivar a faculdade do raciocínio lógico, pois a lógica é o melhor mestre no plano físico e o guia mais seguro e certo em qualquer Mundo. Ao praticarmos esse método de observação, devemos sempre ter em Mente que ele deve ser usado apenas para reunir fatos e não com o propósito de criticismo, pelo menos não o azedo criticismo. A crítica construtiva que assinala defeitos e dá os meios de remediá-los é a base do progresso.
O Corpo Vital, o veículo do hábito, o armazém da memória consciente e subconsciente, é composto de quatro Éteres: o Éter Químico, o Éter de Vida, o Éter de Luz ou Luminoso e o Éter Refletor. Os dois primeiros constituem a matriz na qual o Corpo Denso é construído. A repetição é a nota-chave desse Corpo Vital. Daí o valor da repetição dos impactos espirituais do estudo, dos sermões, das conferências e leituras. Também a arte e a religião são de primeira importância no refinamento do Corpo Vital, bem como o cultivo da memória e da discriminação, particularmente efetivas na geração da Alma Intelectual. A memória liga as experiências passadas às presentes e aos sentimentos por elas engendrados, criando “simpatia” e “antipatia” que, de outro modo, não poderiam existir.
O discernimento é a faculdade por meio da qual distinguimos aquilo que não é importante, não é essencial, separando o real da ilusão, o duradouro do evanescente.
Na vida comum, muitos pensam em si mesmos como se fossem o Corpo Denso. O discernimento nos orienta no sentido de que somos Espíritos e que os nossos Corpos são temporariamente lugares residenciais, instrumentos de uso. Pelo discernimento aprendemos a “considerar o corpo um servo valioso, na medida em que se torna dócil às nossas ordens; assim considerando, veremos ser possível fazer muitas coisas que de outro modo pareceriam impossíveis”.
Os dois Éteres superiores do Corpo Vital, o Luminoso e o Refletor, são os que compõem o Corpo-Alma e em cada vida são renovados por meio do “serviço amoroso, altruísta e desinteressado”. A quintessência desses atos de bem deles extraídos determina a qualidade dos átomos estacionários e prismáticos de que são compostos os dois Éteres inferiores na vida seguinte. Esse Corpo-Alma é a parte do Corpo Vital que o Aspirante imortaliza como Alma Intelectual.
O Corpo de Desejos é nosso veículo dos desejos, das emoções e dos sentimentos. Durante o estado de vigília, ele se encontra constantemente em luta contra o Corpo Vital. O Corpo Vital constrói e suaviza, ao passo que o Corpo de Desejos cristaliza e destrói. Por meio da devoção persistente aos suaves ideais da vida superior, dominamos nossos instintos animais, eliminando os traços indesejáveis do hábito e do caráter resultantes da geração e do desenvolvimento da Alma Emocional. A importância do cultivo da faculdade da devoção dificilmente é enfatizada; assim, um dos melhores sistemas de desenvolvimento desse poder é a Retrospecção – esse exercício noturno ensinado pela Escola Rosacruz por meio do qual nos lembramos, em ordem inversa, dos acontecimentos do dia, cuidadosa e adequadamente nos louvando ou reprochando.
Uma explosão temperamental é detrimento para o crescimento da alma — é a dissipação em larga escala de uma energia que possa ser usada de forma proveitosa. Tal evento envenena o corpo, deixa-o alquebrado e impede enormemente o seu desenvolvimento. O Aspirante deve, sistematicamente, controlar todas as tentativas do Corpo de Desejos de sair de controle, o que poderá ser feito pela concentração em elevados ideais, que fortalece o Corpo Vital e é muito mais eficiente do que as orações comuns, usadas nas igrejas. Quando ditada pela devoção pura e altruísta a altos ideais, porém, a oração é muito superior à fria concentração.
Em nossos esforços para transmutar o Corpo de Desejos em poder anímico, devemos também nos lembrar de que o Espírito Humano, que está correlacionado com o Corpo do Desejos, é a contraparte do Espírito Santo — a energia criativa da Natureza que o Aspirante deve aprender a usar nos processos mentais e emocionais superiores para regeneração. Ao vivermos castamente, a força criadora sobe, pelo trabalho mental e espiritual, e nos refinamos, eterizando nosso Corpo Denso e, ao mesmo tempo, fortalecemos os veículos superiores. Dessa maneira, alargamos materialmente nossa vida e aumentamos nossas oportunidades de crescimento anímico, avançando em graus definidos.
É-nos ensinado que a Mente é o elo entre o Espírito e seus Corpos, sendo também real que “a Mente é o instrumento mais importante que o Espírito possui”. Um dos principais alvos da evolução, durante este Período, é aprender a controlar o pensamento, o que será conseguido por meio do exercício do princípio da vontade do Espírito. Possuindo a prerrogativa divina da livre volição, podemos nos treinar habitualmente a pensar como quisermos; dessa forma, se persistentemente continuarmos em nossos esforços de espiritualização dos corpos pela reta ação de sentimento e pensamento, tempo virá no qual seremos auxiliares altruístas de nosso próximo e guardiães do poder do pensamento. Tendo-nos, então, adaptado ao uso desse tremendo poder para o bem de todos, indiferentes ao interesse próprio, estaremos aptos a formar ideias acuradas que se cristalizarão em coisas úteis. Por meio da laringe perfeita falaremos a Palavra Criadora e, assim, atingiremos o ambicionado lugar na escada evolucionária.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: Admite-se, geralmente, que cada Alma individual teve um princípio, mas está de tal forma constituída que seja imperecível. Essa ideia foi questionada por alguém que acredita que a morte seja o fim de tudo. Gostaria de encontrar algum argumento ou passagem da Bíblia que possa convencê-lo do seu erro. Poderiam me ajudar?
Resposta: Embora haja várias maneiras possíveis de demonstrar que a morte não seja o fim de tudo, receamos que não existam argumentos que possam convencer alguém que não queira ser convencido. Recordam-se da parábola de Cristo a respeito do homem rico e de Lázaro? Quando o homem rico pediu que Lázaro retornasse dentre os mortos a fim de avisar os seus irmãos, Cristo disse: “Se eles não acreditam em Moisés e nos profetas, não acreditarão também que alguém ressuscite dentre os mortos.” (Lc 16:31). Esse é o problema. Ouvimos alguns “cientistas” dizerem que, mesmo que vissem um fantasma, não se convenceriam da existência de uma vida após a morte, pois tendo eles, baseados na razão e na lógica estabelecidas por eles próprios, chegado à conclusão de que não existam fantasmas, considerariam estar sendo vítimas de uma alucinação qualquer, se realmente chegassem a ver tal aparição.
Tampouco é possível indicar declarações tiradas da Bíblia. A palavra “imortal” não é encontrada no Antigo Testamento. Aqui lemos: “Morrendo, morrerás”; e uma longa vida era concedida como recompensa pela obediência. Essa palavra também não é encontrada nos quatro Evangelhos, mas nas Epístolas de São Paulo ela é citada seis vezes. Em uma passagem, ele fala que o Cristo trouxe à luz a questão da imortalidade através do Evangelho. Em outra, ele nos diz que: “Este corpo mortal deve ser revestido de imortalidade”. Na terceira passagem, ele torna claro que essa imortalidade seja conferida àqueles que a procuram. No quarto trecho, ele fala da nossa condição: “E quando este corpo mortal revestir-se de imortalidade”. No quinto, declara: “Somente Deus possui a imortalidade”. A sexta passagem é uma adoração ao Rei Eterno, Imortal e Invisível. Assim, a Bíblia não ensina que a Alma seja imortal; contudo, e por outro lado, ela diz enfaticamente: “A Alma que pecar deve morrer”.
Se a Alma fosse inerente e intrinsecamente imperecível, isto seria uma impossibilidade. Nem podemos provar a imortalidade baseados em passagens da Bíblia, como a de Jo 3:16, “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Se nos basearmos nessas palavras para provar que a Alma seja imortal, dotada de vida eterna, teremos que aceitar, também, as passagens que citam que as Almas estejam fadadas a um suplício eterno, como é afirmado por algumas das seitas ortodoxas. No entanto, na realidade, essas passagens não provam a existência de uma felicidade ou suplício eterno. Se recorrermos ao dicionário grego de Liddel e Scott e procurarmos o termo, veremos que foi traduzido por “eterno” na Bíblia a palavra grega “aionian”, que significa “algum tempo”, “uma era”, “um curto período”, “uma vida”. Vemos isso imediatamente na Carta de São Paulo a Filemon, quando lhe devolve o escravo Onésimus: “Talvez tenha sido bom que o perdesses por algum tempo, para que retornasse a ti para sempre”. Essas palavras, “para sempre”, só poderiam significar os breves anos que duraria a vida de Onésimus na Terra e não uma duração infinita.
Então, qual é a solução? A imortalidade é apenas uma utopia criada pela imaginação e incapaz de ser provada? De nenhuma forma. Entretanto, devemos diferenciar nitidamente entre a Alma e Espírito. Essas duas palavras são consideradas, na maioria das vezes, sinônimos; entretanto, não são. Temos na Bíblia a palavra hebraica ruach e a palavra grega pneuma, ambas significando Espírito, enquanto a palavra hebraica neshammah e a palavra grega psike significam Alma. Além disso, temos a palavra hebraica nephesh, que significa sopro; porém foi traduzida por vida em alguns trechos e por Alma em outros, conforme isso se adequava aos propósitos dos tradutores da Bíblia. É isso que cria a confusão. Por exemplo, é-nos dito no Gênesis que Jeová criou o homem a partir do pó da terra, soprou em suas narinas a vida (nephesh) e ele se tomou uma criatura vivente (nephes chayim), mas não uma Alma vivente.
A respeito da morte, diz o Ecl 3:19-20 e outros trechos que não há diferença entre o homem e o animal: “Do mesmo modo que morre o homem, assim morre também o outro o animal: todos respiram do mesmo sopro” (nephesh, novamente). Desse modo é mostrado que o “homem” não ocupa um lugar privilegiado em relação à fera e que todos caminham para o mesmo lugar. Mas há uma distinção bem definida entre o Espírito e o corpo, pois é dito que: “Quando o Cordão Prateado se rompe, o corpo volta para a terra, de onde veio, e o Espírito volta para Deus, que o deu”. A palavra morte em trecho nenhum está ligada ao Espírito e a doutrina da imortalidade do Espírito é ensinada de forma contundente pelo menos uma vez na Bíblia, em Mt 11:14, onde o Cristo disse a respeito de São João, o Batista: “Este é Elias”. O Espírito que animou o corpo de Elias renasceu como São João, o Batista. Ele deve ter sobrevivido à morte corporal e ter tido acesso à continuidade da vida, portanto.
Quanto a ensinamentos mais profundos e definidos a respeito desse assunto, precisamos recorrer ao místico. No Conceito Rosacruz do Cosmos aprendemos que os Espíritos Virginais, enviados para o deserto do mundo como chispas de luz da Chama Divina, que é o nosso Pai no Céu, primeiro se submeteram a um processo de involução na matéria, cada chispa se cristalizando em um Tríplice Corpo. Então, a Mente foi dada e se tornou o sustentáculo sobre o qual a involução passou para evolução. A Epigênese, habilidade criadora, divina e inerente ao Espírito interno, é a alavanca por meio da qual o Tríplice Corpo se espiritualiza, torna-se Tríplice Alma e é amalgamada com o Tríplice Espírito, constituindo-se a Alma o extrato da experiência por meio do qual o Espírito é alimentado, passando da ignorância para a onisciência, da impotência à onipotência, tornando-se, desse modo, finalmente, semelhante ao seu Pai Celestial.
É impossível, devido às nossas atuais capacidades limitadas, conceber a grandiosidade dessa missão, mas conseguimos entender que estejamos muito, muito longe da onisciência e da onopotência, de forma que isso deve requerer ainda muitas vidas. Por essa razão, frequentamos a escola da vida exatamente como a criança frequenta as nossas escolas. E, da mesma forma que noites de descanso se intercalam entre os dias escolares, noites de morte também se intercalam entre os dias, na Escola da Vida. A criança retoma os seus estudos a cada dia, a partir do ponto em que os deixou no dia anterior. E nós também, voltando a renascer, retomamos as lições de vida no ponto em que paramos na nossa existência prévia.
Se a pergunta fosse “por que não nos lembramos das nossas existências prévias, se é que as tivemos”, a resposta seria fácil. Não nos lembramos do que fizemos um mês atrás, um ano ou alguns anos. Como poderíamos lembrar coisas que remontam há tanto tempo? Tínhamos um cérebro diferente sintonizado com a consciência da vida anterior. Contudo, há pessoas que lembram de suas existências passadas e muitas outras estão cultivando essa faculdade a cada ano, pois ela está latente em cada ser humano.
Contudo, como São Paulo diz tão apropriadamente no décimo quinto capítulo da Primeira Epístola aos Coríntios: “Se os mortos não ressuscitam, é vã a nossa fé e somos nós os mais infelizes de todos os homens”. Por essa razão, o neófito que passou pela porta da Iniciação, adentrando os Mundos invisíveis, é sempre levado à cabeceira de uma criança que esteja prestes a morrer. Ele assiste à saída do Espírito e é solicitado a acompanhar esse Espírito nos Mundos invisíveis, até que procure um novo renascimento. Com esse propósito é que se escolhe, geralmente, uma criança destinada a procurar o renascimento dentro do período de um ano ou dois. Assim, em um período relativamente curto, o neófito verifica, por si mesmo, o modo pelo qual um Espírito passa através do portal da morte e retorna à vida física pelo útero. Então, ele tem a prova. A razão e a fé devem bastar àqueles que não estejam preparados a pagar o preço pelo conhecimento direto, que não pode ser comprado por ouro. Esse preço é pago com o esforço de uma vida.
(Pergunta nº 29 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. II – Max Heindel)
Como chegamos ao ponto de poder utilizar o pensamento aqui, no Mundo Físico
Havia um tempo em que não tínhamos a capacidade de experimentar nossos pensamentos aqui no Mundo Físico. Éramos autômatos, guiados em tudo. Criávamos somente nosso próprio Corpo Denso (o físico), Corpo Vital e Corpo de Desejos e ainda de maneira inconsciente. Para podermos ser conscientes da manifestação desses Corpos nos seus respectivos Mundos, além de poder ter a capacidade de experimentar nossos pensamentos aqui no Mundo Físico, houve a necessidade de algumas alterações na nossa constituição.
A primeira alteração foi feita no nosso Corpo de Desejos, o veículo que utilizamos para gerar nossos desejos, nossos sentimentos e nossas emoções. Estávamos a milhares e milhares de anos atrás, em meados de uma Época que conhecemos como Época Lemúrica, a terceira Época desse grande Período, conhecido como Período Terrestre.
Nessa Época, a parte mais avançada da nossa humanidade experimentou uma divisão em duas partes no Corpo de Desejos: a superior e a inferior. O restante da humanidade sofreu divisão semelhante um pouco mais tarde, na primeira parte da quarta Época, conhecida como Época Atlante.
A parte superior construiu o sistema nervoso cérebro espinhal e os músculos voluntários. Com isso, essa parte do Corpo de Desejos dominou a parte inferior do Tríplice Corpo, ou seja, a parte inferior do Corpo de Desejos, o Corpo Vital e o Corpo Denso.
A segunda alteração dependeu da ajuda de uma classe de seres mais evoluídos do que nós, especialistas em matéria mental, denominados Senhores da Mente. Foram, então, os Senhores da Mente que nos deram o germe da Mente. Depois de feito isso, eles impregnaram a parte superior do Corpo de Desejos e da Mente com o sentimento da personalidade separada, a personalidade individual.
É esse sentimento que nos capacita, hoje, de saber, ou ainda, de ter consciência de que “eu sou eu, você é você”, de que cada um de nós é um indivíduo. Com a Mente ganhamos o elo que nos faltava para ligar o Tríplice Espírito (o Espírito Humano, o Espírito de Vida e o Espírito Divino) ao seu correspondente Tríplice Corpo (o Corpo de Desejos, o Corpo Vital e o Corpo Denso). Portanto, a Mente é o foco em que o Tríplice Espírito, a individualidade, o Ego, reflete-se no Tríplice Corpo, a personalidade.
Essa ligação marca o “nascimento” do indivíduo, do ser humano, do Ego, quando tomamos a posse, de fato, dos nossos veículos Mente, Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso.
Entretanto, isso não foi suficiente para nos tornar conscientes deste Mundo Físico, nem para nos tornar um pensador, a partir desse Mundo, como somos hoje.
A terceira alteração necessária para tornar isso possível foi a construção do cérebro, destinado a ser o instrumento da Mente no Mundo Físico. Note que a necessidade de se ter um instrumento formou o cérebro, porém o pensamento existiu antes da formação desse órgão!
Para isso foi necessário nos separar em sexos. Isso é descrito na Bíblia (Gn 2:21-25) como a criação de Eva.
Precisávamos nos expressar no Mundo Físico e criar a partir dele. Para isso precisávamos construir órgãos criadores. Esses órgãos são: a laringe e o cérebro. Por serem criadores, eles deviam ser criados e mantidos pela força sexual criadora.
Antes da necessidade de criação desses órgãos, essa força era utilizada só para criar outro Corpo Denso, ou seja, só para a propagação. O excesso era irradiado. O ser humano era hermafrodita, capaz de criar outro Corpo Denso sem intervenção de outra pessoa.
Foi então necessário utilizar metade dessa força para a construção desses órgãos. Conforme o Corpo Denso foi se verticalizando, parte dessa força foi se dirigindo para cima. Com isso obtivemos material para construir o cérebro e a laringe, “o meio para o Ego pensar e comunicar pensamentos aos demais seres no Mundo Físico”.
A outra metade dessa força continuou sendo dirigida para baixo, para a propagação. Ou seja, como só metade dessa força passou a ser destinado para criação de outro Corpo Denso, cada um de nós teve que procurar a cooperação de outro ser que possuísse a outra metade complementar. Deixamos de ser hermafrodita. Assim, a partir de então, quando estamos aqui renascidos, o homem expressa mais a vontade, que é uma força masculina, ligada ao Sol, enquanto a mulher expressa mais a imaginação, que é uma força feminina, ligada à Lua.
É importante salientar que sexo só tem a ver com a expressão do Corpo Denso. O Espírito, o Ego, nós de fato, é bissexual.
Em cada renascimento expressamos ou o polo feminino ou o polo masculino com o único objetivo de melhor aprender as lições a que estamos destinados.
Perceba que quando toda a força sexual criadora era utilizada para a propagação, realizávamos muito pouco no sentido do próprio crescimento anímico, quando renascidos aqui, no Mundo Físico. Após essa separação, e consequente construção do cérebro e da laringe, pudemos utilizar o restante da força não empregada na propagação como força para o nosso crescimento anímico a partir daqui.
Assim, podemos conceituar o cérebro como o órgão que “liga” o Ego ao Mundo Físico. É por meio dele que podemos saber qualquer coisa sobre o Mundo Físico.
Já os órgãos dos sentidos levam os impactos exteriores até o cérebro, o Ego os interpenetra e atua no cérebro coordenando essas impressões, respondendo-as por meio de movimentos, observações ou memorização.
Entretanto, não pensemos que uma vez feita essas alterações nos tornamos consciente, pensante, tal como hoje, no estado atual de nossa evolução. Para alcançar esse estado tivemos que percorrer um longo e penoso caminho.
Ainda no final da terceira Época, a Época Lemúrica, começamos a expressar algum som pela laringe. Esses sons eram baseados nos sons da natureza: o murmúrio dos ventos, o barulho das tempestades, o ruído dos rios. A linguagem era considerada santa. Por meio dela tínhamos poder sobre os animais e sobre a natureza. Entretanto, ainda éramos guiados em tudo: os Anjos nos guiavam em tudo que se relacionava com a propagação da raça. Uma outra Hierarquia, conhecida como Senhores de Vênus, guiavam a nossa evolução com o objetivo de conseguirmos manifestar a vontade e a imaginação. Quando renascíamos como homens, éramos ensinados como desenvolver a vontade. Quando renascíamos como mulher, éramos ensinados como desenvolver a imaginação. Os métodos utilizados chegavam a ser cruéis. Entretanto não tínhamos memória. Uma vez passada a experiência, esquecíamo-nos dela imediatamente. Aos poucos essas experiências foram imprimindo no cérebro impactos violentos e repetidos. Com isso uma memória germinal foi sendo desenvolvida.
Entretanto, por sermos guiados em tudo, éramos inocentes e, por conseguinte, ignorantes.
Os resultados das experiências proporcionadas pelos métodos empregados nos deram a primeira ideia do bem e do mal. Já a Iniciação daquela Época era voltada para o desenvolvimento do poder da vontade e da imaginação. Como já dissemos, quando renascíamos como mulher éramos treinados para desenvolver a imaginação. Com isso, começamos a perceber que aqueles que estavam renascidos como homens perdiam seus corpos muito frequentemente. Isso por causa dos métodos empregados para desenvolver a força de vontade. Entretanto, devido à imperfeita percepção do Mundo Físico, renascido como mulher não conseguíamos revelar àqueles renascidos como homem o que estava acontecendo. Foi aí que apareceram uns seres que procuraram nos esclarecer o que acontecia. Seus nomes: Espíritos Lucíferos.
Esses seres entraram através da coluna espinhal serpentina nos seres renascidos como mulher. Devido à consciência voltada para o interior e porque esses Espíritos Lucíferos tinham entrado através da coluna espinhal serpentina, os seres renascidos como mulher os viram como serpentes. Isso é descrito na Bíblia (Gn 3:1-13). Os seres renascidos como mulher aceitaram essa sugestão. Então, os Espíritos Lucíferos “abriram-lhe os olhos”, fizeram-nos cientes dos Corpos Densos, seus e dos seres renascidos como homem.
Os seres, enquanto renascidos como mulher, ajudaram os seres, enquanto renascidos como homem, a “abrir os seus olhos” também. Assim, ambos, voltaram sua consciência para o Mundo Físico. Reparem bem: como pela Lei do Renascimento, cada renascimento é alternado (ora renascemos como homem, ora como mulher), todos passamos por essa experiência luciferiana. Aprendemos “o bem e o mal”, a como propagar a espécie. Entretanto, em virtude da nossa ignorância, abusamos da força sexual, empregando-a para gratificação dos nossos sentidos.
Aos poucos a consciência foi enfocada para o Mundo Físico. Com isso conhecemos a morte, a dor e o sofrimento.
“Se o ser humano continuasse sendo um autômato guiado por Deus, não teria conhecido, até hoje, nem a enfermidade, nem a dor, nem a morte, mas também não teria obtido a consciência cerebral e a independência resultante da iluminação proporcionada pelos Espíritos Lucíferos, os dadores da luz. Eles abriram o entendimento e ensinaram a empregar a obscura visão para obter conhecimento do Mundo Físico”. Essa é a história da queda. Através dela, tomamos as rédeas da nossa evolução. Conhecendo o bem e o mal, o certo e o errado e tendo a liberdade de agir, podemos cultivar a virtude e a sabedoria que nada mais é do que o conhecimento temperado com amor.
Perceba que com essa “queda”, conseguimos utilizar aquele sentimento com que os Senhores da Mente impregnaram a parte superior dos nossos Corpos de Desejos e das Mentes e que nos dão a noção de indivíduo. Porque foi com a queda que começamos a sentir que somos individuais.
Existe um ponto no Corpo Denso colocado na “Raiz do Nariz”, a meia polegada abaixo da pele. É o assento do Espírito Divino. Há um correspondente desse ponto no Corpo Vital. Até antes da queda esses dois pontos não estavam concêntricos, ou seja, estavam distantes um do outro. Isso propagava uma percepção mais nítida dos mundos internos e bem menos nítida do Mundo Físico. Aos poucos, a distância entre esses dois pontos foi diminuindo.
Finalmente, no último terço da quarta Época, a Época Atlante, o ponto do Corpo Vital uniu-se ao ponto correspondente do Corpo Denso. Desde esse momento obtivemos a plena visão e percepção do Mundo Físico. A partir daí começamos a aprender como utilizar os pensamentos.
Como somos imperfeitos, muito sofremos, não só pelo mau uso do pensamento, mas também pela criação de coisas ruins.
Inicialmente começamos desenvolvendo os sentimentos mentais como a alegria, a tristeza, a simpatia, etc. Com esses sentimentos formamos uma incipiente memória. Essa nos proporcionou a disposição para uma rudimentar linguagem, criamos algumas palavras, demos nomes às coisas.
Com o desenvolvimento da memória, tornamo-nos ambiciosos, pois começamos a nos lembrar das nossas obras, e compará-las com as de outrem. Enaltecíamos as pessoas que tinham alcançado algum mérito. Esse foi o princípio da adoração. Graças a isso tudo, fomos dando importância à aquisição da experiência. Em qualquer situação, procurávamos experiências análogas anteriores como base. Se não as encontrássemos, experimentaríamos. Com o desenvolvimento da adoração e a valorização da experiência, criamos o costume de honrar as pessoas em atenção às proezas de seus antecessores.
Pelo mau uso do pensamento, criamos a astúcia, esse terrível vício de querer sempre levar vantagem sobre o nosso próximo. Junto a ela veio o egoísmo, esse terrível vício de querer tomar posse de tudo que desejamos.
Esses sentimentos negativos foram crescendo e usávamos tudo que podíamos para gratificar a nossa vaidade e a nossa ostentação externa. Aos poucos utilizamos a Mente para controlar os nossos desejos. Fomos aprendendo a refrear as nossas paixões. Descobrimos que “o cérebro é superior ao músculo”.
Mais tarde foi nos dado a consciência do livre arbítrio, ou seja, a capacidade de fazer o que quiser, mas, também, de responder por isso, através da Lei de Consequência.
Em paralelo a esse nosso desenvolvimento, foram criadas condições para que enfocássemos nossa atenção aqui no Mundo Físico: as condições atmosféricas foram alteradas com alternância das estações, a nossa alimentação foi sendo acrescida de alimentos que endurecessem nosso Corpo Denso, a mescla de sangue com casamentos entre indivíduos de raças diferentes, entre outros.
Voltando a nossa atenção para o Mundo Físico, começamos a aperfeiçoar o nosso pensamento e a nossa razão, como resultado do nosso trabalho sobre a Mente. Transformamos o Planeta Terra num verdadeiro jardim com todas as facilidades para ser habitado e funcionar num Corpo Denso. Manipulamos os minerais com grande destreza, fazendo com eles móveis, ferramentas, carros, alimentos, etc.
Perceba que só podemos exercitar nosso poder mental nos minerais, sólidos, líquidos e gasosos – manipulando-os, por causa do estágio em que se encontra a nossa Mente: o primeiro estágio, ou mineral.
Transformando o nosso Planeta numa boa morada, conquistamos o Mundo Físico. Com isso ganhamos mais conhecimento, e como o fizemos? Por meio da aplicação do pensamento aqui. Sabemos que temos um Corpo Denso, formado de matéria do Corpo Denso, um Corpo Vital, formado de Éter – matéria também do Mundo Físico -, um Corpo de Desejos formado de matéria do Mundo do Desejo e uma Mente, formada de matéria da Região Concreta do Mundo do Pensamento.
Portanto, carregamos conosco matéria de cada um desses Mundos. Podemos manipulá-las, colorí-las, utilizá-las.
Como Espírito que somos, ou Egos – Espírito Virginal manifestado e envolto no Tríplice véu: Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano – funcionamos na Região do Pensamento Abstrato.
Dessa região é que observamos o mundo exterior, que, através dos sentidos, produz impressões sobre o Corpo Vital. Essas impressões produzem sentimentos e emoções no Corpo de Desejos. Essas impressões são levadas, também, através dos sentidos até o cérebro. Daí essas impressões refletem-se na Mente.
Então, manipulamos o material da Região do Pensamento Abstrato, tendo como base a reflexão dessas impressões, criando a ideia. Essa ideia é projetada, através da nossa força de vontade, na Mente. Manipulamos, através da Mente, a matéria da Região do Pensamento Concreto, revestimos a ideia com tal matéria, e a ideia se transforma em pensamento-forma. A Mente pode projetar, então, esse pensamento-forma em três direções possíveis: no Corpo de Desejos, no Corpo Vital ou sobre a Mente de outra pessoa.
Se for sobre o Corpo de Desejos, pode ainda ser envolvido por matéria de desejos, depois atuar na parte etérica do cérebro e daí até os centros cerebrais do cérebro físico que movimentará os músculos para a ação, construindo alguma coisa.
Pode ainda não resultar em ação e ficar arquivado, por falta de vontade.
Se for sobre o Corpo Vital, não provoca uma ação imediata. Fica na memória para uso posterior.
Por fim, projetado sobre a Mente de outra pessoa, pode atuar como sugestão, como na telepatia, ou como meio de ação, como na hipnose.
Com isso concluímos que os pensamentos são gerados no Mundo do Pensamento. E que no Mundo Físico aprendemos como usá-los de maneira correta.
É o nosso principal poder e devemos aprender a mantê-lo sob o nosso absoluto domínio, de modo a não produzir ilusões induzidas pelas circunstâncias exteriores, mas sim verdadeiras imaginações geradas pelo Espírito. O Exercício de Concentração, que deve ser realizado de manhã, assim que despertamos, tem esse objetivo. Não desperdicemos nossos pensamentos em matérias sem nenhuma importância que nos envolve em ambientes de tédio e de medo.
Tenhamos sempre nossos pensamentos voltados para Deus. Com isso fica muito mais fácil dominá-los. Os maus pensamentos só destroem e paralisam qualquer eventual ação. Dominando nossos pensamentos, poderemos dirigi-los para a finalidade que desejarmos.
Aos poucos não precisaremos experimentar, no Mundo Físico, o que criamos no Mundo do Pensamento. Com o desenvolvimento da nossa Mente poderemos imaginar formas que viverão, crescerão e pensarão. E a nossa laringe falará a palavra criadora, pois se tornará espiritualizada e perfeita. Teremos então contato direto com a sabedoria da natureza.
E nos tornaremos um criador de verdade, colaborador mais ativo no plano de Deus.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Os pais e educadores conscienciosos de hoje, bem como todos os interessados no bem-estar da humanidade, estão dedicando considerável atenção à questão educacional, tanto das crianças quanto dos adultos.
Os métodos e programas das escolas elementares e secundárias estão passando por uma análise crítica e por nova apreciação à luz das inúmeras mudanças em nosso modo de vida, resultantes das descobertas e invenções científicas, assim como das influências espirituais que estão, à revelia de muitos, afetando o conhecimento humano.
A intensificação de uma percepção mundial revelou com grande insistência o fato de que milhões de seres humanos estejam com extrema necessidade não somente de alimento para sua substância física, mas também de ideias para nutrir suas personalidades espirituais e livrá-las da ignorância, da pobreza, da doença e escravidão a mercê das quais têm estado há tanto tempo. Consciente ou inconscientemente, muitas pessoas percebem que as ideias extremamente nacionalistas ou separatistas não favorecem a formação de bons cidadãos da Nova Era, a Era de Aquário, que ora surge; sinal disso é a maneira com que se acentua hoje a necessidade das “relações humanas” nas escolas públicas e nos cursos profissionais. A educação planejada para pessoas de todas as idades, abrangendo o lar, a fábrica e a escola é considerada o meio lógico de ajudar a humanidade, em todas as partes, a construir uma vida melhor e um nível de conhecimento mais elevado.
Até aqui tudo isso está muito bom. Porém, se todos os educadores estivessem cientes do fato de que agora estejamos atravessando um período de transição, seus planos educativos seriam elaborados com mais segurança, de modo a satisfazer as necessidades da nova raça de seres humanos. Quer muita gente saiba, quer não, o fato é que estamos preparando as condições das quais emergirá uma parte mais evoluída da humanidade. Agora, estamos nos libertando da matéria e, futuramente, o lado real ou mais elevado do ser humano, em vez do lado físico, deverá ter a preferência.
Os sistemas escolares do passado e do presente, nos diversos países do mundo, embora diferindo em muitos aspectos, têm sido destinados principalmente a desenvolver a natureza infantil em relação às coisas. A criança, desde os tempos primordiais, tem se tornado cônscia do seu ser físico e do Mundo material em que vive esse ser físico. O programa escolar é elaborado principalmente para prepará-la a funcionar bem como um ser físico. Sua alimentação, roupa, habitação e prazeres físicos receberam máxima consideração.
Contudo, o fato de que uma Nova Era esteja raiando torna necessário que novos princípios básicos substituam os do passado e do presente. O ser humano, o Tríplice Espírito, possui outros Corpos, que são mais sutis do que o veículo físico, o Corpo Denso. Esses Corpos, o Vital e o de Desejos, estão relacionados diretamente aos mundos suprafísicos, os reinos de força, causa e significado, e ligados ao Espírito pela ponte da Mente. A fim de orientar a educação com sabedoria, o ser humano precisa primeiro compreender a existência dos Mundos invisíveis e se adaptar as suas realidades.
É muito bom aprender a ler, escrever e contar; contudo, o objetivo de tal aprendizagem, bem como dos métodos empregados, deve basear-se na evidência fundamental de o ser humano ser um Tríplice Espírito e a Mente, a ponte entre o Espírito e seus veículos, ser o instrumento por meio do qual se atinge um dos propósitos da evolução: o controle da personalidade, do Ego. Daí a necessidade de se dispensar atenção especial à educação da Mente, embora nunca se deva esquecer que ela seja apenas um instrumento, sendo o Espírito a energia central, a força dentro do ser humano.
A Mente concreta, que é inferior, reflete os desejos inferiores e precisa ser utilizada para transmitir ao Ego as experiências sensórias ou as informações que ela projeta, vindas do Mundo do Desejo. Contudo, o processo de educar a mentalidade humana e desenvolver os sentidos superiores precisa estar relacionado com o mundo das causas e significados, ao invés do mundo dos fenômenos físicos. Existem Leis que regem esse processo e elas abrangem muito mais do que decorar e sistematizar fatos, exigem que se ponham em exercício as três forças fundamentais do Espírito: Vontade, Sabedoria, Atividade.
A Vontade é o princípio mais elevado do Deus trino que está dentro do ser humano; seu desenvolvimento e orientação acertada deveriam ser a maior preocupação de todos os educadores. As crianças deveriam ser ensinadas, desde os primeiros anos, a desejar o bem, o verdadeiro e o belo. A vontade de ajudar e servir os outros deveria ser um dos objetivos específicos. O desenvolvimento da vontade impede que a natureza dos desejos se imponha e desvirtue as atividades.
A Sabedoria, o segundo Aspecto do Deus interno do ser humano, é o princípio unificador mediante o qual todas as pessoas podem compreender sua identidade com todas as outras criaturas e, assim, viver coletivamente, estabelecendo relações humanas harmoniosas, construtivas. É bom sinal o aumento constante do número de pessoas que compreendem o fato de que conviver harmoniosamente com os seus semelhantes, qualquer que seja a sua natureza, sua religião, raça ou cor, seja requisito indispensável para viver feliz hoje — e amanhã.
O terceiro, ou princípio de Atividade, compreende o desenvolvimento da força criadora, inata ao Espírito, e sua transmutação da potencialidade física em potencialidade superior. Os educadores verificaram que as crianças apreciam e aprendem melhor fazendo coisas. Isto aplica-se grandemente aos artigos físicos, é verdade, mas também à música, literatura e todos os outros setores onde são utilizadas as faculdades criadoras. Desejar criar objetos úteis à humanidade é o passo seguinte.
Para promover o desenvolvimento das três forças do Espírito interior certas faculdades podem ser aproveitadas, tanto no ensino tradicional como praticamente em todos os processos educativos e indiretos. Uma faculdade importante é o discernimento. A criança aprende a distinguir entre real e irreal — essencial e não-essencial. Compreender que as realidades existam nos mundos suprafísicos torna possível encarar os eventos do mundo material como secundários e, não raro, de pequeno ou nenhum valor real. Devidamente orientada, a criança aprende a dedicar suas energias para controlar e transmutar a personalidade, ao invés de egoisticamente ganhar dinheiro e adquirir posses materiais.
A observação é outra faculdade de máxima importância. A menos que aprendamos a observar com precisão as cenas ao nosso redor, as imagens em nossa memória consciente não coincidirão com os registros automáticos e subconscientes. Existe uma perturbação do ritmo e da harmonia no Corpo Denso que atua em proporção à falta de precisão de nossas observações diárias.
A devoção também deve ser incluída na educação da criança, devoção à realização de ideais elevados e ao Criador. Como Max Heindel disse: “A devoção aos ideais elevados é um freio aos instintos animais, ela gera e desenvolve a alma (que é alimento para o Espírito)”. Isso é particularmente certo para as pessoas que têm inclinação à vida intelectual, porque aqueles que se excedem no intelectualismo, em relação ao coração, e seguem “o caminho do saber simplesmente para aprender e não para servir podem acabar na magia negra”.
A ordem também deve ser ensinada ao Ego em desenvolvimento, não somente em relação ao seu mundo objetivo, mas também a sua atividade criadora. O universo se baseia em um plano divinamente ordenado. Daí a manifestação de suas maravilhas. O ser humano também possui a habilidade inata de funcionar melhor debaixo de um propósito dirigido e um ritual. O máximo grau de atividade construtiva obedece a um ritmo ordenado. Entretanto, ele não é imposto por terceiros. É uma obediência interior às Leis espirituais que foram estabelecidas e sempre conduz a ritmos espirais mais elevados.
Acima de tudo, a educação para o futuro deve dirigir a atenção e o propósito do ser humano para o autoaperfeiçoamento físico, emotivo, mental e espiritual, afastando-o das glórias nacionalistas do passado e das possíveis conquistas do futuro. Quando colocarmos a personalidade sob o controle do Espírito, que é trino e equilibrado, poderemos observar energias que formam condições melhores para uma humanidade mais altamente desenvolvida.
(Tradução da Revista: Rays From The Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1966)