Resposta: Para entendermos isso, vamos relembrar o significado da palavra Ego na Filosofia Rosacruz. No mesmo livro Conceito Rosacruz do Cosmos, citado acima, estudamos os seguintes trechos:
“Antes do princípio do Período de Saturno, os Espíritos Virginais, atualmente seres humanos, estavam no Mundo dos Espíritos Virginais. Eram ‘Todo-Conscientes’ como Deus, em Quem (não de Quem), se diferenciavam. Contudo não eram autoconscientes. A aquisição dessa faculdade é, em parte, o objetivo da evolução, que submerge os Espíritos Virginais num oceano de matéria de crescente densidade, o que os priva por fim da consciência do Todo.”.
“Dessa maneira, no Período de Saturno os Espíritos Virginais foram submersos no Mundo do Espírito Divino e encerrados em tênue envoltura da substância desse Mundo, no qual penetraram parcialmente por meio da ajuda dos Senhores da Chama. No Período Solar os Espíritos Virginais foram submersos no Mundo do Espírito de Vida, ainda mais denso, ficando assim mais cegos para a consciência do Todo, envolvidos, como estavam, por um segundo véu da substância desse Mundo. E nesse segundo véu penetraram parcialmente ainda com a ajuda dos Querubins. O sentimento de Unidade com o Todo também não foi perdido porque o Mundo do Espírito de Vida é um Mundo universal, interpenetrando e sendo comum a todos os Astros de um Sistema Solar. No Período Lunar, porém, os Espíritos Virginais se aprofundando mais em matéria ainda mais densa, entraram na Região do Pensamento Abstrato, onde se lhes agregou o mais opaco dos seus véus, o Espírito Humano. Daí em diante o Espírito Virginal perdeu a consciência do Todo.”.
“E assim o Espírito Virginal se viu encerrado num Tríplice véu, sendo o véu externo, o Espírito Humano, o que efetivamente o cegou a unidade da Vida, convertendo-o em um Ego e mantendo a ilusão de separatividade adquirida durante a Involução. A Evolução dissolverá gradualmente essa ilusão, trazendo de volta a consciência do todo, enriquecida pela consciência de si mesmo.”.
Ante o exposto, concluímos que o termo Ego designa certa fase do desenvolvimento do Espírito Virginal, indicando a fase de despertamento dos seus três aspectos e dos véus de substância dos Mundos do Espírito Divino, do Espírito de Vida e da Região do Pensamento Abstrato (veículos: Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano, respectivamente). A última substância mencionada é de natureza separatista, obscurecendo a visão do Espírito Virginal, embora isso não altere sua condição de imortalidade. Com o tempo essa ilusão de separatividade desaparecerá, e o Tríplice Espírito readquirirá a consciência global, acrescendo-se ainda a autoconsciência. Por conseguinte, o Ego é imortal. Não podemos adotar o termo Ego corretamente, sem incluir nele o Espírito Virginal como causa essencial interna. Usamos o mencionado termo para indicar o Tríplice Espírito mais o resultado da Involução.
Com referência à última pergunta, afirmamos ser o Espírito Virginal inerentemente Tríplice. Foi criado à imagem e semelhança de Deus, possuindo implicitamente os princípios da Vontade, Sabedoria e Atividade, para os quais correspondem as designações Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano, respectivamente. Esses princípios ou aspectos do Espírito foram despertados em determinados Períodos durante a jornada involutiva (primeira parte desse Esquema de Evolução), dando origem aos respectivos veículos ou Corpos, por meio das experiências adquiridas através desses veículos, desenvolve-se a Tríplice Alma que será absorvida pelo Tríplice Espírito. Além disso, o Espírito Divino absorverá o Espírito Humano ao final do Período de Júpiter; o Espírito de Vida ao final do Período de Vênus e a Mente ao final do Período de Vulcano. Afirmar-se que o Espírito Virginal será absorvido pelos Espíritos Divino, de Vida e Humano não é de todo correto. O Espírito Divino, um dos aspectos do Tríplice Espírito, absorverá os outros dois aspectos, porém os três estarão em íntima relação, uns com os outros. Não poderíamos afirmar que o Espírito Virginal absorveria os Espíritos Divino, de Vida e Humano, porque nesse caso ele absorveria a si mesmo.
Assim, o Espírito Virginal, que deverá absorver a Tríplice Alma e a Mente ao final do Período de Vulcano, é essencialmente o mesmo que iniciou a peregrinação no Período de Saturno, e adquirirá Poder Anímico e a Mente Criadora como fruto de sua peregrinação através da matéria. Avançará da impotência à onipotência, da inconsciência à omnisciência.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz janeiro/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Talvez uma razão fundamental para tanto distúrbio e violência entre nós seja o fato de que nós estamos atravessando um período em que forças antagônicas lutam por dominar a nossa consciência e o mundo que nos cerca.
A Filosofia Rosacruz afirma “o caminho evolucionário da Humanidade está indissoluvelmente ligado as Hierarquias Criadoras que regem os Astros e são os Signos do Zodíaco”.
A passagem do Sol e dos Astros através dos doze Signos zodiacais assinala o nosso progresso no tempo e no espaço. “Presentemente, o Sol, pelo movimento chamado de Precessão dos Equinócios, percorre o Signo de Peixes, encerrando uma Era de superstição e escravidão intelectual. Estamos já penetrando na Órbita de Influência de Aquário, um Signo intelectual, científico e altruísta. Desta forma sofremos a ação de vibrações Astros diferentes em nossa consciência e ao nosso redor”.
Os menos evoluídos são incapazes de manter-se num ponto de equilíbrio desejável para um progresso mais seguro.
Outro ponto a considerar: os separatistas Espíritos de Raça, engendrando diferentes Religiões, costumes, idiomas, tradições, leis, etc., influenciam grande parte da Humanidade, promovendo atritos e guerras. Lembrando que o objetivo dessas Religiões de Raça – mantidas pelos Espíritos de Raça é para que a pessoa que está sob tais Religiões se esforcem para conquistar o seu Corpo de Desejos. Somente com o unificante poder do Cristo, pode-se eliminar a força dos Espíritos de Raça, removendo assim a causa principal da violência.
Cristo encontra-se além dos outros Arcanjos, pois é o mais elevado Iniciado do Período Solar; o Arcanjo que aprendeu tudo que um Arcanjo deve aprender nesse Esquema de Evolução. Seu veículo inferior é o Espírito de Vida, não usando outro mais denso. O Mundo do Espírito de Vida é o primeiro mundo cósmico, ou seja: o Mundo onde não existe a separatividade, somente a Fraternidade. Unicamente pelo poder do Espírito de Vida é que o sentimento extremado de nacionalidade pode ser superado e a Fraternidade Universal tornar-se uma realidade.
Deve também ser lembrado que ao final de ciclos evolutivos (que é o momento que estamos: final da Era de Peixes, mas já na Órbita de Influência da Era de Aquário) renascem muitos Egos poucos evoluídos, os quais recebem assim sua oportunidade final de avançar suficientemente a ponto de não se perderem de seu grupo evolucionário. É desnecessário dizer que os Egos menos evoluídos são provocadores das ondas de violência, desejando atingir seus objetivos.
Outro fator a ser considerado diz respeito às dívidas de Destino Maduro (aquelas que só podem ser resgatadas através da expiação) geradas no passado por indivíduos e nações. Desde os tempos em que começamos a fazer uso do nosso livre arbítrio, o egoísmo e a crueldade compuseram parte do cenário terrestre. Debaixo da Lei de Causa e Efeito toda maldade deve ser resgatada com sofrimento, dor ou algo parecido. Se vivemos pela espada, morreremos pela espada. Se não acontecer em uma existência, sobrevirá na outra. Somos livres para decidir por um curso de ação, porém, essa liberdade nos traz a consequente responsabilidade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz junho/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)
“O Ancião ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade. Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma. Pois fiquei sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua verdade, como tu andas na verdade. Não tenho maior alegria do que essa, a de ouvir que meus filhos andam na verdade.” (IIIJo 1:4).
Nestes versículos o Apóstolo do Amor realça a diferença entre o regime Jeovístico e a Nova Dispensação Cristã. Contrastando com os meios externos de se encontrar a verdade, próprios da Dispensação Mosaica, hoje existe a “lei da liberdade”, ou seja, a lei “inserida” no nosso coração por intermédio de Cristo. A voz da verdade (a intuição) ecoa desde o coração, proporcionalmente ao desenvolvimento do princípio do Amor-Sabedoria. A Filosofia Rosacruz esclarece cientificamente o processo por meio do qual a inspiração intuitiva opera e como ela pode ser cultivada. A intuição é uma faculdade espiritual – a faculdade do Espírito de Vida – inerente a todos nós, mas expressando-se melhor quando o Corpo Vital é positivo.
O sangue, ao passar pelo coração, ciclo após ciclo, hora após hora, durante toda a vida, grava as recordações no Átomo-semente do Corpo Denso, enquanto permanecem frescas. Prepara um arquivo fidelíssimo da vida que, depois na existência post-mortem, se imprimirá indelevelmente no Átomo-semente do Corpo de Desejos, base para a nossa vida no Purgatório e Primeiro Céu. O coração está permanentemente em estreito contato com o Espírito de Vida, o espírito do amor e da unidade, o que o torna, o foco do amor altruísta.
Depois das recordações passarem ao Mundo do Espírito de Vida, em que se encontra a verdadeira Memória da Natureza, não volta através dos lentos sentidos físicos, mas diretamente através do quarto Éter (Éter Refletor) contido no ar que respiramos. O Espírito de Vida pode ver muito mais claramente no seu Mundo do que nos Mundos mais densos. No elevado Plano, que lhe é próprio, está em contato com a Sabedoria Cósmica e, em qualquer situação, sabendo imediatamente o que há de fazer, envia sua mensagem de orientação e de ação ao coração. Esse logo a retransmite ao cérebro por meio do nervo pneumogástrico ou nervo vago. Assim se formam as “primeiras impressões”, os impulsos intuitivos, sempre bons porque emanam diretamente da fonte de Amor e Sabedoria Cósmica.
A fonte da verdade que “está dentro de nós” é o Princípio do Espírito de Amor-Sabedoria. A manifestação dessa “voz interna” demanda pureza de vida e serviço amoroso prestado aos demais. Isto atrai o Éter Refletor do Corpo Vital por meio do qual a mensagem intuitiva é impressa, nos tornando mais sensível a sua influência.
Max Heindel afirma que o Exercício Esotérico noturno de Retrospecção é de grande valia para o desenvolvimento da “voz intuitiva”, porque nesse julgamento imparcial de si mesmo, noite após noite, o Aspirante à vida superior consegue discernir entre a verdade e o erro, o que não seria possível por outro meio.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – outubro/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)
“Portanto, orai deste modo:
‘Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o Vosso Nome.
Venha a nós o Vosso Reino.
Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como nos Céus.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas dívidas, assim como também perdoamos aos nossos devedores.
E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Porque Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre.
Amém.’”.
Mt 6:9-15
Esse modelo de oração fornecido à Humanidade por Cristo-Jesus é uma fórmula abstrata e algébrica para a elevação e purificação de todos os nossos veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos, Mente, Espírito Humano, Espírito de Vida, Espírito Divino).
Contém três partes de Oração e uma Súplica. Cada uma das três partes se refere às necessidades de um dos aspectos do Tríplice Espírito e sua contraparte no Tríplice Corpo.
Quando nós, que somos um Tríplice Espírito (um Ego humano que é um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui) e possuímos, também, um veículo que é a Mente pela qual governamos o nosso Tríplice Corpo, trabalhamos sobre esse Tríplice Corpo e o transmutamos em Tríplice Alma (que é a maneira como aumentamos a consciência de cada um dos nossos veículos espirituais (Espírito Humano, Espírito de Vida, Espírito Divino).
O Espírito Humano ergue-Se nas asas da devoção até sua origem, o Deus-Espírito Santo, na Sagrada Trindade, e entoa o canto iniciai, “Santificado seja o Vosso nome”.
O Espírito de Vida eleva-Se nas asas do amor e dirige-se à origem de seu Ser, o Deus-Filho: “Venha a nós o Vosso Reino”.
O Espírito Divino sobe, junto do conhecimento superior, até o manancial onde nasceu, na aurora dos tempos, Deus-Pai, e manifesta Sua confiança naquela Inteligência total pelas palavras “Seja feita a Vossa vontade”.
Tendo assim alcançado o Trono da Graça, nosso Tríplice Espírito apresenta seus pedidos relativos à Personalidade, o Tríplice Corpo.
O Espírito Divino ora a Deus-Pai pela sua contraparte, o Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”.
O Espírito de Vida ora a Deus-Filho pela sua contraparte, o Corpo Vital: “perdoai as nossas dívidas, assim como também perdoamos aos nossos devedores”.
No Corpo Vital estão armazenados os registros subconscientes de todos os acontecimentos passados de nossa vida. Se, mediante a oração contínua, obtivermos o perdão (o arrependimento) pelos males causados aos outros; se fizermos todas as reparações possíveis e se eliminarmos todos os ressentimentos, livramo-nos de muito sofrimento após a morte, além de prepararmos o caminho para a Fraternidade Universal, que está particularmente sujeita à vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos. Sob a forma de memória, o Corpo de Desejos imprime no Corpo Vital a ideia de vingança. Por isso o Aspirante à vida superior deve cultivar o controle emocional, porque assim estará agindo sobre os dois corpos.
O Espírito Humano ora a Deus-Espírito Santo pelo Corpo de Desejos com estas palavras: “E não nos deixeis cair em tentação”.
Então o Tríplice Espírito, em coro, fazem a súplica pela Mente: “Livrai-nos do mal”.
A introdução, “Pai nosso que estais no Céus” é somente um indicativo de direção.
O acréscimo: “Porque Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre” não foi dado por Cristo, mas é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito, por encerrar a diretriz correta para a Divindade.
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
A Filosofia Rosacruz nos ensina que quando estudamos a Bíblia podemos também ler o Primeiro Mandamento (que encabeça os Dez Mandamentos) da seguinte forma: “Não terás outros deuses (Personalidade) além do “Eu superior” (Individualidade)”.
A Personalidade – também conhecida como “Eu inferior” – é o conjunto composto do nosso Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e, devido à contaminação pelos desejos, sentimentos e pelas emoções inferiores, uma parte do nosso veículo Mente, que podemos chamar de “Mente inferior” ou “Mente concreta”.
Aqui está a raiz de todo nosso sofrimento e de todas as nossas dores, quando estamos renascidos aqui em mais uma vida terrestre: a nossa identificação com a Personalidade e, com isso, o ignorante modo de conduzir nossas faculdades.
Ativamos muito mais a nossa Personalidade, respondendo mais ao nosso Corpo de Desejos, o que nos faz agir pelo nosso próprio interesse, na grande maioria das vezes, ou seja: caminhamos muito, mas muito mais, pelo próprio interesse do que pelo dever.
Nós construímos a nossa Personalidade toda vez que renascemos nesse Mundo Físico. É ela que, por exemplo, nos faz “amar para sermos amados”, nos “faz amar quando somos amados”. É por ela que buscamos “a retribuição no amor”. É ela que nos impede de entender que “o amor é a própria recompensa”, pois distorce o conceito do que é “amor”, como Cristo nos ensinou. Ela não quer nem saber que “o dar gera o receber”; que “o dar não depende do receber” para viver no amor.
Todas as distorções dos nossos sentimentos, desejos e das nossas emoções, tais como: crueldade, opressão, injustiça, astúcia, raiva, ódio, ciúmes, inveja, cobiça e afins têm suas raízes no egoísmo, que é a expressão da Personalidade.
Os sentimentos, desejos e as emoções de posse exclusiva, a luta pelo interesse próprio sem levar em consideração os demais, os preconceitos, são frutos de uma vida vivida a base do próprio interesse, a base de respostas ao Corpo de Desejos, onde o que importa é o nosso bem-estar a qualquer custo. Frases como “mas todo mundo faz assim”…“se eu não fizer, outro fará e levará a vantagem”… “fiz para poder cuidar do meu filho, minha filha, meu pai, minha mãe, meu/minha…” … “é apenas uma mentirinha que não fará mal a ninguém” e outras afins demonstraram o viver pela Personalidade, como ou se só existisse ela, ou se ela fosse eterna, imutável e suficiente!
Se vivemos e agimos assim, já esquecemos que a Individualidade – também conhecida como “Eu superior”, que é o conjunto: do Espírito Humano, Espírito de Vida e Espírito Divino – é que nos impulsiona para viver uma vida de “reto pensar, reto sentir, reto agir”.
Ou seja: é por meio dela que conseguimos vivenciar aqui o correto modo de amar, honrar e obedecer às Leis de Deus. Por meio da nossa Individualidade experimentamos o mesmo amar, o mesmo honrar e o mesmos obedecer à divina essência oculta (que é a base da Fraternidade) em cada irmão e em cada irmã, cujos defeitos devemos esquecer – afinal também temos os nossos, senão não estaríamos renascidos mais uma vez aqui!
Uma das metas como Estudante Rosacruz ativo é tornar a nossa Personalidade passiva, serva da nossa Individualidade.
O “Eu inferior” – a Personalidade – deve comprometer a amar, honrar e obedecer ao “Eu superior” – a individualidade.
Se usarmos todos os valores externos e internos como meios evolutivos provisórios, a serviço do “Eu superior”, tornamos impossível qualquer interferência negativa em nossa harmonia básica aqui e agora mesmo.
Daqui vemos que a chave da nossa libertação está no conhecimento aplicado na vivência de que não existe nenhuma outra presença ou poder além da consciência universal que se expressa individualmente como consciência individual, ou seja: que se expressa pela nossa Individualidade.
Assim, se só existe um poder que é o poder de Deus, então temer o que? Afinal, como disse S. Paulo: “Se Deus é por nós, quem será contra nós.” (Rm 8:31)?
Assim, se só existe um poder que é o poder de Deus, então odiar por quê? Quem odeia é a Personalidade e não o “Eu superior”, a Individualidade.
Difícil praticar isso? Sim, difícil, mas não impossível. Veja aqui o que S. Paulo mesmo nos ensina: “Sabemos que a Lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido como escravo ao pecado. Realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto. Ora, se faço o que não quero, eu reconheço que a Lei é boa. Na realidade, não sou mais eu que pratico a ação, mas o pecado que habita em mim. Eu sei que o bem não mora em mim, isto é, na minha carne. Pois o querer o bem está ao meu alcance, não, porém o praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que eu quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se eu faço o que não quero, já não sou eu que estou agindo, e sim o pecado que habita em mim. Verifico, pois, esta lei: quando eu quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. Eu me comprazo na lei de Deus segundo o homem interior; mas percebo outra lei em meus membros, que peleja contra a lei da minha razão e que me acorrenta à lei do pecado que existe em meus membros. Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte? Graças sejam dadas a Deus, por Jesus Cristo Senhor nosso. Assim, pois, sou eu mesmo que pela razão sirvo à lei de Deus e pela carne à lei do pecado.” (Rm 7:14-25).
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Qual parte do Espírito Tríplice constitui o “Eu Superior”? Será o Espírito Divino? Afirma-se no Livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz” que o Espírito Humano é o Ego. O Espírito de Vida não é uma parte do Ego? O Ego inteiro fica no plano físico durante a vida terrena, ou somente parte dele, conforme o ensinamento hindu?
Resposta: O “Eu Superior” é o Espírito Tríplice, o Ego: o Espírito Divino, o Espírito de Vida e o Espírito Humano, mas não se deve conceber esses três como separados um do outro. O Espírito é indivisível, como a luz branca que vem do Sol através do espaço interplanetário, mas da mesma forma que a luz pode ser refratada em três cores primárias – azul, amarelo e vermelho – ao atravessar a atmosfera mais densa da Terra, o Espírito Virginal também aparece como sendo tríplice durante a manifestação, em virtude de estar rodeado por envoltórios de matéria de densidade variável.
Quando envolto apenas na substância do Mundo do Espírito Divino, é o Espírito Divino; quando o Espírito Divino recebe, em acréscimo, um envoltório de material oriundo do Mundo do Espírito de Vida, é um Ego manifestado de forma dupla; e quando, finalmente, é revestido na matéria da Região do Pensamento Abstrato, despertando o seu veículo Espírito Humano, é um Ego manifestado de forma tríplice: um Tríplice Espírito. É por isso que o Espírito Virginal, enredado nessas três camadas de matéria, está apartado de toda consciência de seu Pai Divino e, estando tão encoberto pela matéria que não consegue mais ver as coisas do ponto de vista cósmico, ao atingir o exterior, ele volta sua consciência para dentro e vê-se separado e isolado de todos os outros. Por isso, ele é um Ego – um indivíduo. Nesse ponto nasce o egoísmo, e começa a busca individual.
Quando o Espírito Humano atrai ao redor de si, para uma melhor expressão, os veículos inferiores e mais concretos – a Mente, o Corpo de Desejos, o Corpo Vital submergindo neles, e mesmo descendo até o Mundo Físico, ele adquire a consciência das coisas externas. A partir desse momento, tendo perdido o conhecimento do Mundo de Deus, de onde veio originalmente, ele começa a conquistar o Mundo Físico e a dominá-lo para atingir seus próprios fins.
Individualidade e Personalidade são iguais? Qual a diferença?
Não há outro inimigo, senão nós mesmos. Enquanto houver dentro de nós um resquício de Personalidade, haverá separação.
Na Fraternidade Rosacruz, distinguimos nitidamente entre Personalidade e Individualidade. Personalidade é a “persona”, o conjunto enganoso, provisório e em constante mudança formado pelas nossas sensações, emoções, nossos desejos, sentimentos e modo de expressar o pensamento. São os laços de sangue, as tradições, os elos do mundo, essas coisas mais fortes que algemas de aço, tudo a que o Cristo simbolicamente chamava de “o reino dos mortos”. O mundo, a família, os bens, tudo isso é meio de aprendizagem indispensável a nós – o Ego –, no presente estado evolutivo. Contudo, há o perigo de nos identificarmos com eles, de pensar que nos pertencem ou que lhes pertencemos, olvidando nossa origem celestial, nossa condição de espírito livre, em peregrinação e aprendizagem.
“Aquele que quiser ser meu discípulo, deve abandonar pai, mãe, irmãos, amigos, tudo” (Lc 14:26), nos ensinou o Cristo. Com isso não quis significar que devamos desleixar nossos deveres de pais, filhos, irmãos ou amigos Cristãos. Ao contrário, o verdadeiro Cristão é um excelente marido, pai, irmão, amigo, uma excelente esposa, mãe, porque oferece a sua afeição e trabalho o mais puro pensamento, sentimento, emoção, desejo e esforço. Oferece e não espera receber; ama e não espera ser amado; compreende e não espera ser compreendido. As ingratidões não lhe suscitam ressentimentos, mas o cuidado de verificar se não contribuiu para isso. O verdadeiro Cristão busca a amorosa tentativa de reconciliação; ora e espera pela pessoa que é teimosa e rancorosa.
Ser Cristão é exemplificar AMOR, em seu sentido lato. É deixar que o Cristo, em si, fale, viva, ame.
Individualidade é a expressão do “Eu” real (o que somos de fato, Espírito), verdadeiro e superior, comandando os pares físicos, morais e mentais como instrumentos de ação.
A Personalidade é a nossa expressão, de baixo para cima, o “homem invertido”, os valores instintivos, colorindo desordenadamente nosso modo de ser; é o nosso (Ego, Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado) amordaçamento e o nosso condicionamento às conveniências instintivas. Um pentagrama com a ponta superior para baixo…
A Individualidade não prescinde da bagagem de experiências anímicas; ao contrário, vale-se dela de um modo próprio, original, epigenético, criador. Porém, nós, o Espírito, é quem mandamos e orientamos. Como disse S. Paulo: “Não sou mais eu quem vive, mas o Cristo em mim” (Gl 2:20); e o próprio Cristo-Jesus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30).
É certo que essa condição vamos atingindo gradativamente, em uma luta constante entre a natureza inferior e a superior, entre as trevas e a luz dentro de nós. Por isso, a lenda dos Maniqueus, referindo-se internamente ao ser humano e ao mundo, fala da guerra dos Filhos das Trevas contra os Filhos da Luz. Esses acabam vencendo aqueles; entretanto, sendo bons, não podem exterminá-los. Incorporam, pois, o reino das trevas ao da Luz; ou seja, efetuam a transmutação dos valores inferiores em valores espirituais. Os alquimistas medievais faziam o mesmo, quando falavam sobre transformar os metais inferiores em ouro. Também entre os manuscritos encontrados no soterrado mosteiro dos Essênios, Qumran, às margens do Mar Morto, há um que fala da guerra dos Filhos das Trevas contra os Filhos da Luz.
Goethe, o grande Iniciado e autor de “Fausto”, falou, pela boca de um de seus personagens: “Duas almas — ai! — lutam dentro do meu peito pela posse de um reino indivisível; uma buscando alçar-se aos Céus em ilibados anseios, enquanto a outra se agarra à Terra, em passionais desejos”. São Paulo, o apóstolo, igualmente dizia: “Pobre homem sou! O bem que desejaria fazer, não faço; o mal que não desejaria fazer, esse eu faço”.
Tudo isso mostra, de sobejo, o que todas as Escolas (como a Fraternidade Rosacruz) e Ordens ocultistas (como a Ordem Rosacruz) ensinam.
Todo Aspirante sincero à espiritualidade “ora e vigia”, sobretudo quando se acha à frente de um movimento espiritualista e deve viver o que ensina. Ao mesmo tempo, o claro entendimento dessa luta dentro de cada um de nós nos torna rigorosos conosco e tolerantes com os demais, de modo a unir e não desunir, a estimular e não censurar; enfim, “a buscar a divina essência que existe em cada um”, o que constitui a base da Fraternidade Universal que almejamos formar, como precursores da Era de Aquário.
Assim, a Individualidade é a expressão do “Eu” real, verdadeiro e “Eu Superior”, comandando os pares físicos, morais e mentais como instrumentos de ação. A Individualidade não prescinde da bagagem de experiências anímicas, ao contrário, vale-se dela de um modo próprio, original, epigenético, criador. Porém o Espírito é quem manda e orienta. Compõe-se dos veículos Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano.
É o resultado da descida do Espírito dos Mundos superiores durante a Involução (neste Esquema de Evolução) e, por ação recíproca, no mesmo período os Corpos se elevaram. O encontro dessas duas correntes no foco, ou Mente, marca o momento em que nasce o indivíduo, o ser humano, o Ego, quando o Espírito toma posse dos seus veículos.
Consideremos, agora, a doutrina do Renascimento, que postula um processo de lento desenvolvimento, efetuado, persistentemente, por meio de repetidos renascimentos e em formas de crescente eficiência. Por intermédio dessas formas, tempo virá em que todos alcançarão o cume do esplendor espiritual, presentemente, a nós, inconcebível. Nada há nessa teoria que seja irrazoável ou difícil de aceitar. Olhando ao redor, vemos por toda a parte o esforço lento e perseverante, na natureza, para atingir a perfeição. Não vemos nenhum processo súbito de criação ou mesmo de destruição, mas nós vemos, isto sim, “Evolução”. Afinal, aprendemos que Evolução é “a história do progresso do Espírito no Tempo”.
Evolução é um processo de espirais dentro de espirais. Cada volta da espiral é um ciclo. Cada ciclo funde-se com o seguinte e, como as espirais são contínuas, cada ciclo é o produto melhorado do precedente e o criador de estados sucessivos de maior desenvolvimento.
Pela Lei de Consequência sabemos que “os Anjos do Destino estão acima de todo erro e dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para seu desenvolvimento.” Afinal, “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.” (IICor 5:10).
“Todas as Leis da Natureza, inclusive a Lei de Consequência, e suas aplicações na vida humana, encontram-se sob a direção de Grandes Seres de sublime espiritualidade e sabedoria superlativa. A Lei não opera às cegas, regendo-se pelo princípio do ‘olho por olho e dente por dente’. Os Grandes Seres e Seus colaboradores administram as coisas com sabedoria muito além da compreensão da nossa Mente finita. Alguns julgam não haver meio de escapar às dívidas do passado. Mas, há. Reiteradas vezes afirmamos: Deus, a Natureza ou os colaboradores da Grande Lei nunca a empregam com todo o seu rigor. Encontramo-nos aqui, neste grande Esquema de Evolução, resguardados por essas Leis, que foram instituídas para nos beneficiar e não para nos prejudicar, ainda que nos limitem de certo modo, de maneira idêntica como limitamos a liberdade concedida a nossos filhos menores visando a protegê-los contra os perigos de sua inexperiência”.
“Mediante nossas ações passadas deixamos dívidas em pendência (lições a serem aprendidas nessa Escola da Vida), sujeitas ao resgate, ou seja: a mostrar para nós mesmo que aprendemos a lição. No entanto, reconhecendo nossas falhas, procuramos escrever uma nova página de nossa vida, em harmonia com as Leis outrora infringidas. Essa transformação apaga as consequências dos erros passados e os agentes da Grande Lei, ao observarem isso, abstêm-se de nos infringir os sofrimentos dos quais fizemo-nos merecedores. Aí está a diferença entre os pontos de vista espiritual e fatalista. A mão de Deus, por intermédio de Seus agentes, encontra-se em toda parte, desde os acontecimentos mais importantes, como a passagem de um Planeta por sua órbita, até o mais simples como a queda de uma folha. Tudo está sob Seu cuidado amoroso e, por conseguinte, o que nos sucede harmoniza-se com o Grande Plano Divino. E tal Plano certamente não pode ser “fatalista”.
Vamos ver, agora, as fases da vida Terrestre e Celestial: em um ciclo de vida, temos a parte superior denominada “Celestial” e a parte inferior, “Terrestre”.
De cima para baixo, como Egos estamos no Terceiro Céu no Mundo do Pensamento Abstrato com uma vontade clara e intensa de adquirir mais experiências (por meio de aprendizagem de mais lições) e, assim, obter um Crescimento Anímico, somos atraídos para mais um renascimento ao qual escolhemos nosso Panorama de Vida (dentre alguns possíveis nos mostrados pelos Anjos do Destino) e partimos para o Segundo Céu, também no Mundo do Pensamento, mas na Região do Pensamento Concreto ao qual reunimos materiais para formar uma nova Mente. Partimos para o Primeiro Céu, que se situa no Mundo do Desejo, reunindo materiais para um novo Corpo de Desejos e, por fim, adentramos ao Mundo Físico na Região Etérica e, também, reunindo materiais para posterior construção do Corpo Vital e, auxiliados mais de perto pelos Anjos do Destino nos preparamos para mais um nascimento aqui (Nascimento do Corpo Denso).
Ao nascer, após o primeiro suspiro (primeira respiração) iniciamos nossa jornada na Vida Terrestre. A cada 7 anos, aproximadamente, temos o “nascimento” dos Corpos:
E a cada 7 anos temos uma mudança de fase na nossa vida (quer façamos ou não):
Após mais uma morte aqui, vemos o Panorama da nossa Vida recém-finda e, assim, se encerra mais uma jornada terrestre aqui, a qual é revista e gravada toda a experiência que acumulamos no Átomo-semente do Corpo Denso e é passada, via Átomo-semente do Corpo Vital, para o Átomo-semente do Corpo de Desejos. Essa gravação é a base da nossa nova vida celeste.
Na “subida”, inicia-se o retorno para mais uma vida celestial, nós aqui com o Corpo de Desejos (que assume o formato do Corpo Denso) e o veículo Mente, seguimos para o Purgatório, onde por meio do sofrimento purgamos o que de mal fizemos, e a Essência da Dor se incorpora em nós como consciência; de depois passamos para o Primeiro Céu, onde tudo que fizemos de bom se incorpora em nós como bons hábitos e/ou virtudes.
Ao entrar no Segundo Céu, vivemos com a Mente (que temos aqui) e se aqui nos esforçamos para viver uma vida cuidando mais da parte espiritual dela, temos a chance de trabalhar sobre novos ambientes, novos Corpos e veículos para os outros e para o nosso próximo renascimento.
Por fim retornamos para o Terceiro Céu e a essência da Mente do “reto pensar” e essência Anímica de “reto sentir” são incorporadas em nós como bases para futuros “atos de retidão”.
Encerra-se um ciclo de vida e aguardamos uma nova oportunidade de renascimento para aprendermos as lições que nos faltam, “pelo amor ou pela dor”.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Resposta: Enquanto o Sol entra em Câncer, no mês de julho o Senhor Cristo ascende ao Seu próprio mundo, o Mundo do Espírito de Vida. Esse é o reino onde a unidade e a harmonia reinam supremas, onde cessa toda a separatividade, onde reina a Fraternidade Universal. Cristo vive nesse Mundo cotidianamente, exatamente como nós vivemos aqui, no Mundo Físico, quando estamos encarnados.
O Mundo do Espírito de Vida também é a esfera de consciência que os primeiros Discípulos de Cristo contataram no Dia de Pentecostes. Isso será alcançado por toda a humanidade avançada no fim do presente Período Terrestre.
Por meio da operação do Cristo Cósmico é aqui que o Filho ou o princípio da Palavra e o segundo aspecto da Trindade, nosso Abençoado Senhor, contata a Hierarquia Criadora de Câncer, Querubins. Esses Seres celestiais são os guardiões de todos os lugares Sagrados no Céu e na Terra. Eles guardam até mesmo o maior mistério da vida. Sob a orientação do Senhor Cristo esse mistério sagrado é transmitido para baixo, de Câncer para o seu Signo oposto, Capricórnio, e fornecido para a Hierarquia Criadora dos Arcanjos ou Hierarquia Criadora de Capricórnio.
Foi por essa razão que o Salvador do Mundo, que veio para a Terra proclamando o mistério do Espírito Santo, teve o início da Sua primeira vinda sob o Signo de Capricórnio.
Para isso ter ocorrido, houve um tempo em que as forças de Capricórnio permearam a Terra para que fosse possível o nascimento do Mestre Jesus, da descendência de Davi, que se converteu no portador, cedendo o Corpo Denso e o Corpo Vital para Cristo (que como todo Arcanjo só sabe construir, como corpo mais denso, o Corpo de Desejos).
E assim, desde a Sua primeira vinda, a força Crística dourada, todo ano, recomeça o seu trabalho de auxílio para nos salvar, descendo da fonte do Sol, tocando a partir do lado externo da atmosfera terrestre no Equinócio de Setembro, passando pelo Mundo do Desejo durante novembro (Escorpião), passando pela Região Etérica do Mundo Físico durante dezembro (Sagitário) e chegando ao centro da Terra no Solstício de Dezembro (Capricórnio).
Que as Rosas floresçam em vossa cruz
“Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém, se não nasce dentro de ti, tua alma segue extraviada. Olharás em vão a Cruz do Gólgota, enquanto não fizeres um Gólgota de teu coração também.”
Angelus Silesius
A canção popular de hoje, que todo mundo canta com entusiasmo, mas que é esquecida amanhã; o espetáculo que é levado à cena talvez cem noites seguida, para depois ser abandonado e relegado ao pó, e todas as outras coisas que são evanescentes demonstram claramente que não têm um valor intrínseco. O brilho de uma estrela cadente ilumina o céu por um momento, mas embora o brilho das outras estrelas seja mais fraco e atraia menos a nossa atenção, suas luzes confortam ao caminhante noite após noite, através dos tempos. Somente as canções que por seu valor são reproduzidas sempre de novo, cuja música não nos cansa nunca, têm realmente algo de valioso na vida. O mesmo acontece nos ciclos cósmicos que sempre se repetem, marcados pelas festas do ano. Como elas se repetem sempre nos ensinam as mesmas antigas lições, sempre sob um novo ponto de vista.
Estamos novamente na época da Páscoa. O impulso de vida do Cristo Cósmico que entrou na Terra na última descida manifestou-se no Natal, quando realizou sua maravilhosa magia de fecundação; agora, se liberta da cruz da matéria para ascender novamente ao trono do Pai, cobrindo a Terra de uma glória verde da primavera, pronta para as atividades físicas do verão.
Como é em cima, assim também é embaixo. Os processos que se desenvolvem na Terra, em larga escala, manifestam-se também no ser humano. Você e eu fomos impregnados, nos últimos seis meses, por vibrações espirituais diferentes das que seremos impregnados nos próximos seis meses, muito mais do que foi possível sob as condições mais materiais que prevalecem nesses próximos seis meses. Chegou-nos com a descida do Cristo Cósmico um novo impulso para a vida superior; culminou na Noite Santa do Natal, e sua magia trabalhou dentro de nós e em nossas naturezas na proporção que aproveitamos nossas oportunidades. De acordo com a nossa aplicação ou descuido na última temporada, o progresso será apressado ou atrasado na próxima, porque não existe ensino mais certo do que aquele que preconiza que somos exatamente aquilo que fizemos de nós mesmos. O serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada irmão ou irmã – que é a base da Fraternidade – que prestamos ou deixamos de prestar determina se a nova oportunidade para um serviço maior nos proporciona um impulso mais forte para o alto; e não será nunca demais repetir que é inútil esperar libertação da cruz da matéria antes que tenhamos usado nossas oportunidades aqui e, com elas, ganhada a mais ampla capacidade de sermos úteis. Os pregos que prendem a Cristo na Cruz do Calvário encadeiam você e eu, até que o impulso dinâmico de amor flutua de nós em ondas e correntes rítmicas, tal como a maré de amor que, anualmente, entra na nossa Terra, e a embebe com renovada vida.
Conhecemos a analogia entre nós, o Ego, que entramos nos nossos veículos, quando despertamos pela manhã, vivemos neles e trabalhamos por meio deles, e à noite somos um Espírito livre, livre da escravidão do Corpo Denso, e por outro lado, o Espírito de Cristo que mora em nossa Terra uma parte do ano. Nós todos sabemos que peso e que encadeamento esse corpo representa, como nós somos cerceados pelas doenças e sofrimentos, porque não existe ninguém que esteja sempre em perfeita saúde, de maneira que nunca estamos livres de sentir as ânsias da dor, ao menos nenhum de nós que é um Aspirante à vida superior.
A mesma coisa acontece com o Cristo Cósmico que dirige Sua atenção para a nossa pequena Terra, enfocando Sua consciência neste Planeta, para que tenhamos vida. Ele tem que vitalizar esta massa morta (que nós mesmos cristalizamos do Sol) todos os anos; e essa massa é um peso e um aprisionamento para Ele. Esse é o motivo justo e próprio pelo qual devemos nos alegrar quando Ele chega à época do Natal, todos os anos, e nasce novamente no nosso mundo para nos ajudar a levar essa massa inerte, com a qual nos sobrecarregamos. Nossos corações, nessa época, devem se voltar para Ele; em gratidão, pelo sacrifício que faz por nós durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, penetrando este Planeta com Sua Vida, para despertá-lo mais uma vez, no qual permaneceria se não fosse Ele, pelo seu nascimento, para dar-lhe vida.
Durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro Ele sofre agonias e torturas, esperando pela libertação, a qual chega no tempo que conhecemos como “Semana da Paixão”; mas, nós afirmamos que, de acordo com os Ensinamentos Rosacruzes, que essa semana é exatamente a culminação ou ponto mais alto dos Seus sofrimentos, e que Ele, então, sai de sua prisão; e quando o Sol cruza o Equador (em um movimento aparente do sul para o norte), Ele é suspenso na Cruz, exclamando: “Consumatum est“, isto é, está consumado, ou está cumprido. Isso quer dizer que o Seu trabalho, para aquele momento, estava cumprido. Não é um grito de agonia, mas uma exclamação de triunfo, um grito de alegria, pois a hora da libertação chegou e mais uma vez Ele pode remontar aos ares por mais um período de tempo livre da prisão e do peso de nosso Planeta.
Nesse momento deveríamos nos alegrar nessa grande, gloriosa e triunfante hora, a hora da libertação, quando Ele exclama: “Está cumprido”. Afinemos os nossos corações para esse grande acontecimento cósmico. Alegremo-nos como Cristo, nosso Salvador, que o tempo de seu sacrifício anual se completou mais uma vez. Sintamo-nos agradecidos, no mais profundo dos nossos corações, nesse momento em que Ele se liberta da prisão terrena; pois, a vida que Ele ofereceu ao nosso Planeta agora é bastante para se conservar até o tempo do próximo Natal.
A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Por isso, quando queremos conhecer a Deus, precisamos estudar a Natureza, lembrando-nos sempre que existe um propósito em toda a manifestação; que a vida é uma escola e aprendendo suas muitas lições a evoluímos lentamente de uma chispa divina para a Divindade. Se tivéssemos aprendido as lições, tal como nos foram dadas, não teria havido necessidade do grande sacrifício que foi feito e que é anualmente repetido pelo Espírito de Cristo, que é a personificação do Amor. Por egoísmo e desobediência às Leis fomos cristalizando, não somente nosso corpo, mas, também a Terra na qual vivemos a ponto de nos tornarmos quase incapazes de acompanhar o plano evolutivo. Quando já não nos podíamos salvar dos resultados dos nossos próprios erros, o Cristo Compassivo se ofereceu com a Sua grande Força de Amor para romper essas condições cristalizadas dos nossos Corpos (especialmente o Corpo Denso e o Corpo de Desejos) e da Terra. Durante três anos Ele nos ensinou pela palavra, pelo preceito e pelo exemplo.
Quando Ele foi crucificado no Gólgota, o seu Grande Sacrifício por todos nós apenas começou. Cada ano, desde esse tempo, quando o Sol passa do Signo zodiacal de Virgem para o de Libra, o Espírito de Cristo toca a atmosfera da Terra. Ele começa a sua descida nas proximidades de 21 de Junho, no Solstício de Junho, quando o Sol entra em Câncer. Ele chega ao centro da nossa Terra à meia-noite de 24 de Dezembro. Aí Ele fica três dias e depois começa a voltar. Essa volta se completa na Páscoa. Até o Solstício de Junho Ele está passando pelos Mundos espirituais e chega ao Mundo do Espírito Divino, o Trono do Pai, em 21 de Junho. Durante Julho e Agosto, quando o Sol está em Câncer e Leão, Ele reconstrói o seu veículo do Espírito de Vida, que trará ao mundo e, com esse veículo, Ele voltará a rejuvenescer a Terra e os reinos que nela evolucionam. Do Natal até a Páscoa Ele se derrama, sem limitações nem medida, imbuindo com Sua Vida, Seu Amor e Sua Luz não apenas as sementes adormecidas, mas todas as coisas sobre e dentro da Terra.
Sem essa infusão da vida e energia divina, todos os seres viventes da nossa Terra morreriam imediatamente, e todo o progresso ordenado seria frustrado, no que concerne a nossa presente linha de desenvolvimento. Essa atividade germinativa da vida do Pai que nos é trazida por Cristo (o Filho) e entregue amplamente no tempo da Páscoa, renova o crescimento e intensifica a atividade na planta, no animal e no ser humano, nessa especial temporada do ano. Cristo não se afasta da Terra pela Páscoa senão depois de se oferecer completamente a Si Mesmo e, então, é que a infusão de Sua Vida, junto com os raios quase verticais do Sol, faz as sementes germinar; as árvores florir; os pássaros acasalar, dirigidos pelos seus Espíritos-Grupo, e construir seus ninhos. Então somos fortificados e embebidos com a energia e a coragem necessárias para enfrentarmos, aproveitarmos e crescermos nos encontros com os diversos e embaraçantes problemas da vida.
Para aqueles que se decidiram trabalhar consciente e inteligentemente com a Lei Cósmica (por exemplo, os Estudantes Rosacruzes que estão trilhando o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz), a Páscoa tem uma grande significação. Para eles significa a libertação anual do Espírito de Cristo das restrições dolorosas da Terra e Sua gloriosa ascensão ao Divino Lar de Sua Origem, para lá permanecer uma temporada junto ao Coração do Pai. E quando seus olhos se tornam capazes de perceber, podem ver os divinos Seres que o esperam, prontos para acompanhá-Lo na sua viagem em direção ao céu; quando seus ouvidos são afinados para os tons celestiais, eles ouvem os coros angélicos cantando seu louvor e hosanas jubilosos, elevados ao Deus Altíssimo.
Para as almas iluminadas a Páscoa traz uma profunda compreensão do fato de que somos peregrinos na Terra; que o nosso verdadeiro lar são os Mundo espirituais e para alcançar esse reino devemos nos esforçar em aprender as lições da escola da vida o mais rapidamente possível, de maneira a apressar o dia da libertação das cadeias da Terra. Então, da mesma forma como o Cristo libertado, chegaremos a uma realização dessa gloriosa imortalidade, como recompensa da conquista da perfeição espiritual. Para as almas iluminadas, a Páscoa simboliza o amanhecer de um dia feliz, quando todos nós, semelhante ao Cristo, seremos permanentemente livre das restrições materiais, ascendendo aos Reinos Celestes, nos tornando pilares de força na Casa do Pai, de onde não mais nos afastaremos.
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – março/1966 – do Livro: Interpretação Mística da Páscoa – Capítulo I – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: Estudando os Períodos anteriores, e sabendo que chegamos ao quarto, o Período Terrestre, poderia fazer uma recapitulação rápida de tudo o que os Espíritos Virginais obtiveram antes?
Resposta: Veja que no Período de Saturno tivemos um Senhor da Mente que, no final do Período, assumiu as atribuições de Deus-Pai, já que foi como o mais alto Iniciado (ou seja: aprendeu tudo que um Senhor da Mente poderia aprender nesse Esquema de Evolução). E que o Espírito Divino foi despertado em nós e o germe do Corpo Denso foi nos dados. É por isso que o Espírito Divino está correlacionado com Deus-Pai.
No Período Solar um Arcanjo – Cristo – que, no final do Período, assumiu as atribuições de Deus-Filho, já que foi como o mais alto Iniciado (ou seja: aprendeu tudo que um Arcanjo poderia aprender nesse Esquema de Evolução). E o Espírito de Vida foi despertado em nós e o germe do Corpo Vital foi nos dados. É por isso que o Espírito Divino está correlacionado com Deus-Filho.
No Período Lunar um Anjo – Jeová – que, no final do Período, assumiu as atribuições de Deus-Espírito Santo, já que foi como o mais alto Iniciado (ou seja: aprendeu tudo que um Anjo poderia aprender nesse Esquema de Evolução). E o Espírito Humano foi despertado em nós e o germe do Corpo de Desejos foi nos dados. É por isso que o Espírito Santo está correlacionado com Deus-Espírito Santo.
Pergunta: No Período Terrestre foi acrescido outro elemento que predominou em todos os Globos?
Resposta: Sim, o elemento Terra. Então até aqui temos quatro elementos da Natureza: Fogo, Ar, Água e Terra.
Pergunta: Qual Hierarquia foi responsável pelo germe da Mente no Período Terrestre?
Resposta: Os Senhores da Mente (uma das 12 Hierarquias Criadoras ou Zodiacais) que foram a Humanidade no Período de Saturno, hoje tornaram-se peritos na construção de corpos de ‘matéria mental’ e por ter alcançado o estado Criador, irradiaram de si mesmo o germe da Mente para cada um de nós.
Pergunta: Qual o estágio de evolução em que se encontra a nossa Mente atualmente?
Resposta: A Mente é o mais novo dos nossos veículos. Ela é o instrumento mais importante que possuímos e é o nosso instrumento especial no trabalho da criação. A Mente ainda se encontra em estágio mineral.
Pergunta: Qual é o formato do nosso veículo Mente hoje no Período Terrestre?
Resposta: Atualmente seu formato é ainda uma espécie de nuvem em torno da nossa cabeça e do nosso pescoço.
Pergunta: Como ainda é um germe ou veículo, quando se tornará um Corpo Mental?
Resposta: Para a Humanidade geral só se tornará Corpo Mental no Período de Vulcano.
Pergunta: O nosso veículo Mente é composto de que material?
Resposta: A Mente é composta de material da Região Concreta do Mundo do Pensamento.
Pergunta: Qual é a Onda de Vida que está atravessando o estágio “humanidade” no Período Terrestre?
Resposta: Os Espíritos Virginais da Onda de Vida Humana – nós -, também chamada de Hierarquia Zodiacal de Peixes.
Pergunta: Onde se localizam os Globos do Período Terrestre neste Esquema de Evolução?
Resposta: Estão nos quatro estados mais denso de matéria, ou seja, a Região do Pensamento Concreto, o Mundo do Desejo, as Regiões Etérica do Mundo Físico e nesta Região Química do Mundo Físico que é a nossa Terra atual – Globo D).
Pergunta: Qual a nossa consciência no Período Terrestre?
Resposta: Consciência de Vigília.
Pergunta: Quando foi que atingimos essa consciência de vigília?
Resposta: A mudança da consciência pictórica interna para a consciência objetiva e do “eu”, foi efetuada muito lentamente. Mais precisamente foi na segunda parte da Época Atlante – essa consciência imaginativa deu lugar à consciência plena de vigília atual, em que os objetos podem ser observados fora, distintos e definidos.
Pergunta: Por que antes não foi possível ter essa consciência?
Resposta: Veja que até a metade do Período Terrestre tínhamos o objetivo de desenvolver ferramentas ou veículos para nós mesmos, estando toda a força sexual criadora direcionada para esse propósito. Essa etapa de construção é conhecida, pela Filosofia Rosacruz, como período de Involução.
Pergunta: No período de Involução sempre tínhamos uma Hierarquia Criadora responsável por nosso veículo adquirido. Então a cargo de quem ficou o trabalho da Mente?
Resposta: Enquanto ‘Involução’ o Espírito trabalhava inconscientemente, mas era ajudado por diferentes Hierarquias espirituais. Já a Mente não ficou a cargo de nenhum ser externo, mas apenas sob o governo do ser humano, sem ajuda alguma de fora. Inicia-se o processo da Evolução.
Pergunta: Poderia esclarecer melhor esses dois processos?
Resposta: Nos primórdios evolutivos, o “Tríplice Espírito Virginal” estava desnudo (sem Corpos e nem veículos) e era inexperiente. Sua Involução implicava construção de Corpos e veículos, o que ele conseguiu inconscientemente com ajuda das Hierarquias Criadoras. Após a construção desses corpos e do despertar dos veículos, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana, nós, tornou-se consciente e então a Evolução teve início.
Pergunta: Agora que o Espírito Virginal da Onda de Vida humana, nós, se tornou consciente de si mesmo, as Hierarquias Criadoras: Senhores da Chama, Querubins e Serafins ainda continuam nos ajudando?
Resposta: Esses três Seres maravilhosos trabalharam para o ser humano voluntariamente e por puro Amor. Pois, de uma evolução como a nossa eles nada podiam aprender, portanto, já se retiraram no atual Período Terrestre, partindo para a libertação.
Pergunta: Então estamos sozinhos sem ajuda neste Período Terrestre?
Resposta: De maneira nenhuma. Como é um Período eminentemente da “Forma” e, sendo o fator mais dominante, a forma alcança o seu grau mais elevado, então, os Senhores da Forma (Hierarquia Zodiacal de Escorpião) trabalham ativamente conosco, além de outras Hierarquias Criadoras.
Pergunta: Mas, é uma Hierarquia que está evoluindo nesse serviço prestado amorosamente a Humanidade no Período Terrestre?
Resposta: Sim, esses Seres trabalham para completar sua própria evolução. E atualmente neste Período são encarregados do desenvolvimento do nosso veículo Espírito Humano, que é a contraparte do nosso Corpo de Desejos.
Pergunta: Que a outra Onda de Vida iniciou no Período Terrestre?
Resposta: A atual Onda de Vida Mineral iniciou a sua evolução neste Período.
Pergunta: Como essa Onda de Vida só possui o Corpo Denso, então, em qual Período chegará ao estágio Humanidade?
Resposta: No Período de Vulcano.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Todo nosso Sistema Solar pode ser imaginado como sendo um corpo cósmico de Deus. Desse grande Criador, o Pai de tudo, procedem Sete Grandes Seres. Esses Seres são Inteligências Divinas inferiores, apenas, ao próprio Deus, porém, superiores a todos os outros Seres do Sistema Solar. Cada Ser rege parte do Sistema Solar e dirige certa parte do trabalho a ser feito no grande Esquema de Evolução. A esses exaltados Seres chamamos de Regentes Planetários ou os Sete Espíritos diante do Trono. Recebem sua energia da Vida Una, e cada um se manifesta individualmente, conforme as necessidades requeridas pelos Seres em evolução a Seu cargo.
A Astrologia Rosacruz reconhece o importante papel desempenhado por essas sete Grandes Inteligências no destino da Humanidade. Tentemos, conforme explicitado abaixo, entender o modo pelo qual cada Espírito Planetário influencia a Humanidade e como Eles trabalham para instruir os Espíritos Virginais, que estão sob a esfera de influencia particular de cada um.
URANO é o grande despertador. O Cristo Cósmico focaliza o Raio do Amor de Deus sobre esse Planeta, e o Espírito Planetário que rege reflete essa vibração até que a Humanidade receba e responda à indução desse Grande Ser. Essa vibração faz com que a Humanidade se torne mais semelhante ao Cristo em sua vida diária. Esse Planeta simboliza o Espírito de Cristo ou Espírito de Vida dentro de cada um de nós. A sede positiva do Espírito de Vida está no Corpo Pituitário – que é uma Glândula Endócrina, também conhecida como Hipófise – e a sede negativa no Coração. Logo o Corpo Pituitário é o centro espiritual por meio do qual o Aspirante à vida superior pode transmutar o amor terreno de Vênus no amor universal de Urano que conduz à Iniciação.
Considerando esse Planeta do ponto de vista esotérico, verificamos que ele proporciona originalidade, independência e o amor à liberdade. Produz acontecimento súbito e inesperado em nossa vida e está sempre proeminente nos horóscopos dos inventores, eletricistas e investigadores cientistas.
SATURNO é o Planeta que agora consideraremos. Por meio da influência desse grande Espírito Planetário aprendemos a cantar com o salmista: “Bem-aventurado é o homem a quem tu repreendes, ó Senhor, e a quem ensina Tua Lei” (Sl 94:12). Se nos desenvolvemos apresentaremos os frutos, resultado de termos vivido.
É muito difícil o trabalho desse Grande Espírito Planetário, pois Saturno é o Planeta que nega, o que obstrui. Mas, também fornece a estabilidade, que é de grande necessidade para o progresso evolutivo.
Saturno é o primeiro Planeta cuja influência foi sentida pela Humanidade. Do ponto de vista esotérico Saturno está em íntima relação com o Corpo Denso, tendo muito a ver com a construção da forma. É ele quem liga o Espírito à Terra, por meio do Corpo Denso. Esse Planeta tem regência sobre o nervo pneumogástrico ou nervo vago pelo qual passa o Átomo-semente do Corpo Denso quando deixa o Corpo Denso, por ocasião da morte e, por essa forma, está relacionado com o fim da vida terrestre. Geralmente, vemos Saturno representado como a figura do tempo, segurando em uma das mãos uma ampulheta e na outra uma foice. Saturno é a ponte entre o real e o irreal, entre a luz e escuridão.
No plano físico, esse Planeta governa a idade avançada e, no Corpo Denso, rege as juntas, os ossos e os joelhos. O ser humano deve aprender a controlar o efeito cristalizante de Saturno, antes de poder atingir o estado Crístico ou a perfeição. É devido à influência desse grande Planeta sobre a Humanidade que temos os fazendeiros, mineralogistas e escultores e todos que lidam diretamente com a Terra.
Precisamos nos referir esotericamente ao seu símbolo para compreendermos o significado de Saturno. No símbolo dele encontramos a cruz da matéria (+) colocada sobre o símbolo da alma: o semicírculo. Atualmente, o Espírito parece estar sujeito à matéria, que lhe traz tristeza e sofrimento até que aprenda a substituir o egoísmo pelo sacrifício. Ninguém poderá elevar sua consciência a um nível superior enquanto não passar pelos testes oferecidos por esse símbolo.
Para a maioria, esse Planeta é considerado adverso, nos pondo à prova. Mas, o Estudante Rosacruz que estuda a Astrologia Rosacruz, que o vê em seus aspectos superiores, reconhece seus serviços benéficos. Quanto mais crescemos espiritualmente, mais apreciamos a ação desse Planeta, pois verificamos que ele fere, mas para curar. E com o tempo chegaremos à conclusão que é por meio da influência desse poderoso Planeta que aprendemos o verdadeiro valor das coisas; aprendemos que a riqueza material não tem importância, mas que a única riqueza de real valor é a que desenvolve os poderes do Espírito.
Agora estudaremos a influência de JÚPITER. É provável que a maioria de nós conheça a história desse Planeta contada pela mitologia. Ela nos ensina que esse grande deus era o primeiro no Olimpo. O monte Olimpo, segundo a mitologia, era a residência dos deuses.
Júpiter é o Planeta da expansão. Assim como precisamos da luz solar para vivermos, também precisamos da influencia de Júpiter para nos incitar ao progresso.
No Mundo Físico, Júpiter inclina o indivíduo a ocupações ligadas com igrejas, organizações religiosas, formas elevadas de educação e com a lei. A fase expansiva desse Planeta é denotada também por suas influências sobre os assuntos financeiros, por isso é chamado o “Planeta da Fortuna”. Júpiter governa, no Corpo Denso, o fígado, a circulação arterial e a distribuição das gorduras
O fato de Júpiter governar a nona Casa é suficiente para nos mostrar que todo crescimento mental e espiritual vem de dentro, do interior, e se quisermos expandir nossa consciência devemos aplicar nossas Mentes nos estudos das filosofias elevadas da vida, como o é a Filosofia Rosacruz.
Esotericamente, verificamos que o símbolo de Júpiter é muito revelador. O crescente lunar sobre a cruz (+) denota que o Espírito se elevou acima das limitações da cruz da matéria e que, portanto, se tornou livre. Indica que o Eu Superior está no controle e que não mais se preocupa com as coisas materiais, pois voltou sua atenção para a Religião, para a Filosofia e para as Ciências ocultas superiores.
MARTE, por vezes chamado o Deus da Guerra, quando com Aspectos benéficos, nos impele a dirigir nossas energias por linhas de ação construtivas.
Sabemos que a nossa Terra é o único Planeta onde existe o problema do sexo. Reconhecendo esse fato, Deus providenciou a força necessária para passarmos por essa experiência, na energia que Marte nos fornece. É esse Planeta que nos ensina: é unicamente pelo uso apropriado de todas as forças sexuais criadoras do Corpo e da Mente que poderemos compreender que a “inocência não é virtude e que o ser humano é aquilo que ele conquistou”.
No palco físico, esse Planeta é o senhor da guerra, da cirurgia e da engenharia mecânica. No Corpo Denso governa os nervos motores, o hemisfério cerebral esquerdo, os movimentos musculares, o segmento motor do cordão espinhal e os corpúsculos vermelhos do sangue.
A interpretação esotérica de Marte nos conduz de novo ao estudo do simbolismo. No símbolo de Marte encontramos a cruz (+) da Personalidade acima do círculo do Espírito (a Individualidade), denotando que o Espírito está escravizado à matéria. Fomos feitos a imagem de Deus e estamos destinados a nos tornarmos semelhantes a Ele. Seremos tentados e aprisionados à cruz do plano material.
A história de Jó[1] nos ajuda a conhecer a força desse Planeta, pois como Jó, também devemos aprender que dentro de cada indivíduo está a grandeza de Deus e o poder do Espírito, para triunfar sobre a matéria.
Quando o Eu inferior se entrega ao Eu superior, a cruz e o círculo ficam com a posição invertida e formam o símbolo de VÊNUS, a “Deusa do Amor”. Marte deseja combater, mas Vênus não precisa de batalhas, porque seus direitos espirituais estão acima da cruz e, portanto, tem o equilíbrio de forças que faz surgir o verdadeiro progresso. O raio de Vênus produz os atores, os artistas, os poetas e os músicos.
Vênus nos ensina a harmonia no plano material por meio de sua influência através de Touro, e o equilíbrio no plano mental, por sua regência sobre Libra. É assim que o Espírito, por meio da Mente, aprende a dominar as coisas da Terra. Pela influência Vênus-Touro aprendemos o valor da harmonia na construção dos Corpos Densos; pela influência de Vênus, focalizada por Libra, aprendemos que o refinamento da Mente nos traz sabedoria e, por meio de seu Signo de exaltação, Peixes, Vênus nos ensina a grande importância de espiritualizarmos o amor.
Consideraremos agora o “Deus da Sabedoria”, MERCÚRIO. A influência desse Planeta em nós se faz sentir mais por meio da razão. Mercúrio nos instrui como canais construtivos. Todo desenvolvimento depende de algum fator condutor, e no nosso atual estado de evolução, a Mente é o guia mais seguro na direção do nosso avanço. A Mente liga o Espírito com os Corpos e é o poder que controla as emoções.
É por meio da Mente que o Espírito pode obter a experiência que necessita nos seus diversos Corpos, pois ela dirige as nossas atividades na vida diária. Esotericamente, é por meio da influência desse Planeta que temos: nossos mercadores, nossos vendedores, nossos escritores e as pessoas ligadas à literatura.
Quando tivermos aprendido as lições que Mercúrio tem para nos ensinar, teremos construído o órgão etérico entre a cabeça e a garganta. Esse será o órgão criador que possibilitará o indivíduo a falar o fiat criador, a palavra de vida.
“Graças e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era e que há de vir, e dos Sete Espíritos que estão diante do Seu Trono.” (Apo 1:4).
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – novembro/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)
[1] N.R.: Mais do que qualquer outro livro, o Livro do Jó é o único, no Antigo Testamento, que se adapta às necessidades e requisitos do Discípulo do mundo moderno. O Discípulo pode aceitar esse livro como um manual de instrução, um texto para meditação e como um exemplo de santidade e fortaleza espiritual de comportamento cotidiano.
Há duas leis supremas que governam o Planeta Terra. Uma é a Lei do Espírito, a outra é a Lei da Materialidade. Cada ser humano possui o livre-arbítrio e a habilidade de escolher entre a lei que deseja estar sob jugo, seja no âmbito da casualidade material ou na liberdade de toda escravidão pelo Espírito. Os frutos de sua vida serão evidenciados por essa escolha.
No livro de Jó os dois caminhos são representados por Elifaz – o caminho do Espírito – e por seus três amigos – o Caminho da Materialidade. Os três amigos são conhecidos por nós, pois eles representam à enganosa sedução dos sentidos humanos que se expressam através do Corpo Denso, dos desejos (ou Corpo de Desejos) e pela Mente material ou “mortal”.
A Bíblia manifesta claramente que Deus ama quem castiga. Na verdade, o castigo não é um indicativo de punição, mas sim o meio pelo qual é possível trazer seus filhos de volta ao caminho da regeneração. O Livro de Jó pode ser denominado, adequadamente, como o Padrão Cósmico Típico de aperfeiçoamento do ser humano através do sofrimento. Membros de sua família são tirados dele. Todas as suas posses materiais são perdidas e, também sua reputação, e até seu nome. Por fim, Jó acaba atacado por uma enfermidade repugnante. Foi neste momento que sua esposa lhe aconselha a “amaldiçoar a Deu e morrer”. Isto representa o caminho estreito em que muitos acabam se suicidando equivocadamente, tentando escapar dos problemas da vida.
O interessante é que é neste mesmo ponto crítico que ocorreu uma coisa maravilhosa na vida de Jó: a chegada de Elifaz, que representa o despertar da espiritualização da Mente, que é conhecido no Cristianismo esotérico como a Cristificação da Mente. Aqui o Cristão aprende a ter apenas pensamentos Cristãos, falar somente palavras Cristãs e a realização somente de obras Cristãs. S. Paulo se referia a isto como a grande transformação: “morrendo o homem velho e nascendo o homem novo” (Col 3:9-10). Para ele isto ocorreu, exatamente, na estrada de Damasco. Ele entrou nesta estrada como um inimigo amargo e perseguidor de Cristo e dos Cristãos. No entanto, ele abandonou este jeito de ser e se tornou um dos servos mais devotos do Cristo. Seu nome permanecerá como uma das mais brilhantes luzes do Cristianismo, por todo o tempo.
Com a transformação de Jó, sua família retornou para ele, seus bens foram restituídos e multiplicados por dez. Sua reputação foi reestabelecida e seu corpo ficou totalmente curado. Finalmente, ele compreender o significado das palavras: “O homem é feito a imagem e semelhança de Deus”.
Deus é Amor – Deus é Todo Bondade – e quanto mais o ser humano se tornar semelhante a Deus, maior bondade será manifestada em sua vida. Quando alguém percebe a si próprio rodeado por más companhias ou submerso em um ambiente desarmônico, se este for um verdadeiro sábio, não procurará mudar tais condições com recursos e tentativas externos, mas procurará a solução dentro de si mesmo. Semelhante atrai semelhante e aquilo que doamos, inevitavelmente, retornará para nós.
Voltamos a repetir que, de todos os Livros do Antigo Testamento, o Livro de Jó é o que mais se adéqua as necessidades do Discípulo moderno, como manual de meditação e para viver a vida. Na atualidade, o Discípulo, assim como Jó, vive no meio de provas e confusão; é o tempo todo invadido por forças do mal que vem de dentro e de fora. Tais como as questões feitas por Jó, o Discípulo também as faz; e novamente, como Jó, ele receberá as respostas necessárias que virão do alto. Se persistir, terá sua recompensa: domínio de si mesmo e do mundo por meio da continuada comunhão com a Sabedoria do Eterno. (Corinne Heline)