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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Sou um Estudante Rosacruz. Qual o curso que deverei seguir inicialmente e como poderei concomitantemente ajudar ao próximo e difundir os ensinamentos da Fraternidade Rosacruz?

Resposta: O Aspirante ao caminho espiritual deverá, primeiramente, fazer um inventário de si mesmo, relacionando os seus “débitos” e “créditos”, isto é, reconhecer e analisar os defeitos que possui, no sentido de gradativamente poder sublimá-los, e racionalmente procurar fortalecer as virtudes de que é possuidor. Desde que a sua habilidade para servir seja determinada pela sua espiritualidade e respectivas aptidões para executar certos tipos de trabalho, é mister então levar avante um regime de automelhoramento, bem como procurar, mediante a prática, tornar-se um perito no serviço que deseja realizar. Autopurificação é o primeiro passo no caminho. Isso compreende purificação ou limpeza dos veículos utilizados pelo Ego para a sua expressão. Asseio, ar fresco, alimentação pura e exercícios adequados são meios necessários para manter o Corpo Denso em boas condições (pois será por meio desse Corpo que você praticará o serviço amoroso e desinteressado, portanto o mais anônimo possível, ao seu irmão e a sua irmã que está próximo de você, sempre esquecendo os defeitos deles e focando na divina essência oculta em cada um de nós, pois essa é a base da Fraternidade). Similarmente, para mantermos o nosso Corpo de Desejos e a nossa Mente em condições ideais, nossos sentimentos, desejos e nossas emoções e nossos pensamentos deverão também ser portadores das mesmas características (desejos, sentimentos e emoções criados a partir de materiais das três Regiões superiores do Mundo do Desejo; e os que forem criados a partir de materiais das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo devo me esforçar para sublimá-los promovendo o seu oposto nas três Regiões superiores do Mundo do Desejo). Exemplos: cultivar um espírito de bondade, sentimentos de alegria, humildade, paciência, calma, tolerância e disposição sempre em servir. Um período regular de oração diária serve como meio de purificação das emoçõese e dos desejos e os Exercícios Esotéricos noturno de Retrospecção e matutino de Concentração são indispensáveis e a parte mais importante a se praticar (como se deve e não como se pensa que é) especificamente com o propósito de desenvolvimento da alma.

Cada Estudante Rosacruz deverá compreender perfeitamente que o conjunto que designamos sob o nome de Fraternidade Rosacruz implica  união de todos aqueles que estão integrados ao movimento. Cada pensamento, desejo, emoção, sentimento, palavra, obra, ação e ato reflete sobre o todo. Cada vez que sentimentos e desejos de amor Crístico e compaixão são estimulados, intensificam a vibração do todo, seja executado na aqui ou em qualquer outro lugar do mundo. Toda expressão de qualquer sentimento contrário à harmonia refletirá negativamente sobre o conjunto da Fraternidade Rosacruz. A todo momento estamos auxiliando ou dificultando o trabalho dos Irmãos Maiores e todas as Hierarquias Criadoras que nos ajudam.

Os Estudantes da Fraternidade Rosacruzes são como uma cidade situada no cimo de uma colina, cujas luzes não poderão estar ocultas. A tarefa deles é de se harmonizarem de maneira que emitam apenas uma nota verdadeira.

Quando ocorrer o contrário, isto é, quando agirem de maneira dissonante em relação a tudo aquilo que representa o lado espiritual das coisas, algo de indesejável se constatará dentro da Fraternidade Rosacruz. Então, cada um deverá indagar a si mesmo o que fez para criar tal situação indesejável. Cada um, diante da barra do tribunal da consciência deverá se acusar, porque ninguém está livre de transgredir as Leis de Deus.

Quando uma pessoa renuncia ao “modus vivendi” mundano, e resolve trilhar o caminho que conduz para o alto, todos os olhos se dirigem para ela. Os Anjos se regozijam e o auxiliam, ao passo que as forças do mal lhe armam ciladas na esperança de contemplar sua queda. Muitas vezes tropeçará e por certo também cairá, porém, cada vez que reiniciar a jornada, estará ajudando o conjunto total da Fraternidade Rosacruz. Portanto, cada um deve se esforçar, jamais esmorecendo ante os obstáculos que surgirem, procurando seguir, tão identicamente como possa, a vida de Cristo-Jesus.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1967-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Deveres de um Aspirante à Vida Superior

Estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz que “em nosso presente estágio de desenvolvimento, os Sentimentos gêmeos Interesse e Indiferença – que trabalham na quarta Região do Mundo do Desejo – proporcionam o incentivo para a ação e são as molas que movem o mundo. Em estágio ulterior de desenvolvimento esses Sentimentos deixarão de ter importância. Então, o fator determinante será o dever”. A tarefa mais importante enfrentada por todo Estudante Rosacruz é a execução consciente de seus deveres, sejam eles quais forem e onde quer que estejam. Antes que possamos ter responsabilidades espirituais maiores no nosso crescimento precisamos provar o nosso valor no cumprimento consciente do nosso dever aqui na Terra.

De uma forma geral, o nosso dever é aquele que está mais próximo de nós e não o que está distante. E nem buscar formas astronômicas de realizar o trabalho que pode ficar apenas na ilusão e se perder no caminho. Lembremos do que disse Goethe: “O dever é a exigência do momento!”. Precisamos desenvolver nossa observação para saber que o dever assume muitas formas e devemos ser capazes de determinar a prioridade adequada de cada uma delas.

O nosso dever para com nossas famílias é o mais urgente de todos. A responsabilidade de cuidar dos nossos filhos pequenos e dos nossos familiares idosos e doentes é óbvia. Apoio moral a um marido ou uma esposa que esteja passando por uma crise pessoal; a manutenção de um ambiente familiar harmonioso e amoroso; paciência com os adolescentes “rebeldes”, compreendendo-os e orientando-os; preparando refeições saudáveis ​​com uma atitude alegre e amorosa. Procuremos fazer o nosso melhor, seja no trabalho ou com vizinhos, conhecidos ou estranhos que possam precisar de nossa ajuda. Não esquecendo da nossa responsabilidade e dever para com os Reinos de Vida animal, vegetal e mineral.

Por outro lado, há também o dever para com nós mesmos. Temos um dever para com a vida superior que não podemos esquecer, portanto, quando as nossas tarefas mundanas estiverem temporariamente concluídas e pudermos, com tranquilidade nos afastarmos delas por um tempo, devemos direcionar nossos pensamentos para os assuntos espirituais, para o Divino. Max Heindel nos lembra com a seguinte frase: “pratiquemos o hábito de direcionar os nossos pensamentos para Deus, enquanto estivermos nos momentos de folga. Se praticarmos isso fielmente, nos encontraremos muito mais avançados no caminho do crescimento anímico” (Carta nº 86 : Deus – A Fonte e a Meta da Existência do Livro Carta aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz).

Todo este autossacrifício que empregamos nestas tarefas diárias deve ter uma conotação de execução voluntária e alegre dos nossos deveres. Veja que a quantidade de empatia e amor, que só pode ser expressa através da doação, e que levamos quando realizamos nossas tarefas, é que determinará o grau de sucesso e de extensão do nosso progresso espiritual.

‘O verdadeiro Aspirante à vida superior, que é um Estudante Rosacruz, ativo é autêntico, simples, humilde, e tudo refere a Deus dentro de si; é o que ocupa o último lugar e o que busca mais servir, sem pretensões ulteriores’.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Exemplo do Pequeno Zaqueu

Vivemos, atualmente, uma fase de intensos conflitos. Em todos os campos de atividade nota-se o aparecimento ou o recrudescimento de crises. Embora a ciência acadêmica tenha alcançado um grande estágio de desenvolvimento, muitos problemas aí estão a desafiá-la, como se nada lhes pudesse fazer frente. De um modo geral, ela tem logrado combater apenas os efeitos, na maior parte dos casos, mostrando-se impotente para eliminar ou até mesmo detectar as causas. Poucas foram as soluções definitivas encontradas até hoje.

Nos meios intelectuais, encontramos homens e mulheres brilhantes, eruditos, dotados de um nível de inteligência notáveis. Poucos, entretanto, alcançaram essa grande verdade: as origens dos problemas que enfrentamos se encontram sempre em nosso interior, no mais recôndito do nosso ser!

Projetamos aquilo que somos intimamente. Nossos medos, nossas frustrações, neuroses, preocupações (pré-ocupações) e muitos outros desses tipos de desejos, emoções e sentimentos formam o quadro geral que conhecemos.

Lamentavelmente, muitas pessoas sofrem as pressões do meio em que vivem. Como as sociedades modernas são hedonistas, competitivas e materialistas, compelem seus membros a agirem dessa forma. Caso contrário, ficarão deslocados, marginalizados.

É comum depararmos com jovens idealistas e desinteressados cursando universidades, onde acalentam sonhos de construir um mundo melhor. E com tristeza verificamos que a maioria acaba, na vida profissional, abandonando suas puras aspirações. Deixam-se influenciar pela falsa necessidade de adquirir “status”, prestígio, poder consumista, ao invés de servirem altruisticamente aos seus semelhantes.

É bom frisar, todavia, que esse processo diabólico tem suas raízes nos primeiros anos de vida quando, no lar, o ser humano cresce carente de bons exemplos. O ser humano “moderno” recebe uma educação distorcida, quando a recebe. Talvez nem mereça o nome de “educação”, mas sim “deseducação”.

Muitos de nós somos condicionados, desde tenra idade, a procurar “vencer na vida”, indiferentes aos meios conducentes a essa situação. Na vida adulta isso se torna uma obsessão e fator capaz de gerar muito sofrimento.

As escolas e as igrejas têm obtido pouquíssimo êxito no mister de formar caracteres equilibrados. Aquelas primam por oferecer aos jovens uma orientação materialista e superficial. As instituições religiosas, por seu lado, embora cumprindo uma missão moralizante, falham quando impõem uma visão sectarista e limitada a seus membros.

Todo esse processo acaba por rebaixar e escravizar o ser humano, tornando-o presa fácil da natureza inferior. Embota-lhe a Mente, animaliza seus sentimentos, desejos e suas emoções, reduz-lhe a sensibilidade para com as verdades espirituais (que são as reais, as eternas, as fundamentais).

Como, então, despertar-lhe a consciência para as realidades espirituais?

Lembramos sempre que a Fraternidade Rosacruz oferece a todos um programa de regeneração e libertação. Inspirada na mais pura moral Cristã Esotérica, procura nos tornar melhor em todos os sentidos. Essa educação integral, equilibrada, ampla, consubstancia-se no lema: “Um Coração nobre, uma Mente pura, um Corpo são”. Essa é a meta de todos os Estudantes Rosacruzes ativos e sinceros.

Não se pense, porém, que ideal tão elevado possa ser atingido apenas pela aquisição de conhecimento. Requer-se, sobretudo, uma autodisciplina vigorosa, séria, sem concessões à natureza inferior. Não é tarefa fácil nem agradável. Sacrifício, renúncia e, às vezes, radicais transformações, não fazem o gênero da maioria. Poucos ainda se dão ao trabalho de uma destemida autocrítica, para em seguida iniciarem um denodado esforço de auto-regeneração.

O “homem-velho” deve dar lugar ao “homem-novo” (Ef 4:22-24) em novidade de Espírito. “Não se podem colocar vinho novo em odres velhos, … nem remendo novo em pano velho” (Mt 9:16-17). Cada um, sincera e corajosamente, deve libertar-se de suas falhas procurando a expressão do Cristo em si mesmo. Este ato de decisão e vontade encontra, nos Evangelhos, seu grande exemplo na figura de Zaqueu.

O pequeno Zaqueu elevou-se acima do comum dos “homens”, quando subiu no sicômoro para ver o Cristo. Assim, o Estudante Rosacruz ativo deve se elevar em dignidade e retidão para merecer, do Cristo Interno, aquele convite maravilhoso: “Desce depressa Zaqueu. Está noite irei cear contigo” (Lc 19:2-5).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1980 – Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Foco do Estudante Rosacruz Ativo nos Seus Objetivos

O Estudante Rosacruz ativo busca alcançar o grau do Probacionismo no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.

Para tal deverá então, estar consciente de que o único, mas grande privilégio que adquire é a maior possibilidade de receber mais luz espiritual. Isto, porém, lhe advirá tão somente em consequência proporcional ao cumprimento consciente e correto dos Ensinamentos Rosacruzes na sua vida cotidiana. É um privilégio, sim, o despertar para as obrigações inerentes a todo ser desejoso de evoluir espiritualmente. Deverá ser a meta daquele que recebeu o chamado Rosacruz, o chamado de Cristo.

O Estudante Rosacruz ativo – aquele que cumpre com suas obrigações segundo os Ensinamentos Rosacruzes – sabe que doravante os erros cometidos pesarão em dobro de responsabilidade, pois comprometeu-se a dedicar sua vida para o serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade – a cada irmão e irmã ao seu lado. Isto pressupõe “orar e vigiar”, “viver no mundo e não ser do mundo”, desfazer-se a pouco e pouco de todo o sentimento de egoísmo até automatizar os hábitos do seu Corpo Vital na direção dos aspectos superiores da vida, sublimar seus desejos, sentimentos e suas emoções inferiores para os superiores, não perder as oportunidades de exprimir bons pensamentos, desejos, sentimentos e boas emoções, de realizar os pequenos e grandes serviços ao próximo com o mesmo entusiasmo e sem nenhum “segundos interesses”.

Ora, o serviço não é só trabalho, atividade física senão também atitude mental, emocional, moral, ou seja, principalmente atividade interna. É domínio próprio, é humildade, é buscar e exaltar o lado bom de tudo, enfim, é amor, que nos reverte em paz de consciência. E uma vez que haja buscado, encontrado e desenvolvido em certa extensão as virtudes de caráter, cumpre-lhe exemplificá-las e predicá-las humildemente aos que lhas pedirem. A menos que exercite o que aprendeu e conquistou pelo serviço aos demais, sua conquista é avara e fatalmente atrofiará, por contrariar as Leis da Natureza. Conhecer meramente a Filosofia Rosacruz ou realizar superficialmente trabalhos de “assistência”, não avançam o Estudante Rosacruz (nem a ninguém!) no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, pois a convicção apenas, o conhecimento, o trabalho de “fachada” sem o amor, é como “o metal que soa ou o sino que tine”, como nos ensinou S. Paulo (e como lemos todas as vezes que oficiamos o Ritual do Serviço Devocional do Templo.

O Estudante Rosacruz consciente e ativo sabe o que é amar ao próximo (com o amor Crístico), considerando a transitoriedade da existência terrena e sobretudo, seus efeitos físicos, morais e mentais. As ações de cada pessoa, via de regra, correspondem às causas e hábitos gerados anteriormente, pelos quais é responsável. Não cabem, pois, as críticas, as intromissões, as malquerenças. Em vez de agir negativamente como as pessoas comuns, o Estudante Rosacruz consciente e ativo ajuda com orações e pensamentos positivos. Com isso não atrai as reações das leis naturais, respeita o livre arbítrio de seu semelhante e exercita o domínio próprio, caso a desinteligência o procure envolver.

O Estudante Rosacruz consciente e ativo recebe os desafios da vida como oportunidades de exercitamento anímico: serenidade, reconhecimento de erros próprios, esforço sincero de arrependimento e emenda, superação das falhas, cultivo do bem e da verdade. Ele sabe que do Alto só lhe vêm oportunidades de elevação e as forças necessárias para a ascensão. 

Esse desejo constante de progresso anímico, de forma equilibrada, através da autossuperação e do serviço, é o verdadeiro caráter do Estudante Rosacruz consciente e ativo, é o reflexo natural da Filosofia Rosacruz superior que abraçou, cuja luz dele emanará onde estiver, credenciando-o cada vez mais à confiança e a serviços de esferas progressivamente mais largas, no mundo. É disto que o Cristo necessita em sua “Vinha”: auxiliares reais, ativos, fiéis e persistentes. Quando haja um número suficiente de seres humanos desse caráter, o mundo estará efetivamente salvo e Sua missão terminará. E seremos a força ascensora e levitadora do Globo Terrestre, participando realmente da Obra e da Evolução Divina.

Até lá, oremos e vigiemos para não perdermos a sintonia com o alto, de onde nos vem o Poder, a Sabedoria, o Amor e a Força Motora de realização. Até lá, oremos para não nos deixarmos vencer pelas ciladas da vaidade, do personalismo, que cegam e desviam muitas vezes, de sua meta, os escolhidos!

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – maio/1970 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Os Esforços Extenuantes da Alma Aspirante diante das Dificuldades

Agosto de 1916

De tempos em tempos, em Mount Ecclesia são recebidas cartas contando os desânimos, a falta de entusiasmo e de desencorajamento, procedentes de pessoas profundamente afetadas ou atingidas pela própria consciência por não se sentirem capazes de viver conforme os elevados ideais delas mesmas, e sentem que seria mais honesto abandonar a fé e viver como vivem os outros que não fizeram profissão de fé alguma. Asseveram que, enquanto leem, estudam ou ouvem passagens que os exortam a amar seus inimigos, a abençoar aqueles que os amaldiçoam e orar por aqueles que as maltratam, estão de acordo, em alma e coração, com esses sentimentos, e estão dispostos a seguir e cumprir alegremente estes preceitos; mas, ao deparar com tais condições no mundo, não conseguem cumprir ao mandamento bíblico e, portanto, sentem que são hipócritas.

Se o ser humano fosse um todo homogêneo, se o Espírito, a Alma e o Corpo fossem “um” e indivisíveis, seria uma verdade que essas pessoas são hipócritas. Mas o Espírito, a Alma e o Corpo não são “um”, pois isso descobrimos, para a nossa profunda angústia e tristeza, desde o primeiro dia que sentimos o desejo de trilhar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. E nesse fato está a solução do problema. Há duas naturezas distintas em cada um de nós. Nos dias em que não alimentamos aspirações superiores, a natureza espiritual permanece adormecida e o “eu inferior”[1] é o senhor indiscutível de todas as nossas ações. Então, há paz e serenidade. Mas, no momento em que a natureza espiritual desperta, a guerra começa. À medida que crescemos na espiritualidade, os esforços extenuantes diante das dificuldades se intensificam até que, em algum momento no futuro, a Personalidade sucumbirá e alcançaremos a paz que excede todo o entendimento e compreensão.

Enquanto isso, temos a condição da qual nossos Estudantes reclamam (a exemplo de S. Paulo, de Fausto e todas as demais almas Aspirantes à vida superior): é fácil querer ou desejar, mas “não fazemos o bem que queremos e fazemos o mal que não deveríamos fazer”[2]. Este que lhe escreve tem sentido e sente mais intensamente, todos os dias dessa vida, essa discrepância entre os Ensinamentos e as próprias ações. Uma parte do seu ser aspira com um ardor que é doloroso em sua intensidade a todas as coisas mais elevadas e nobres, enquanto, por outro lado, uma Personalidade forte, extremamente difícil de dominar, é uma fonte de um contínuo sofrimento, de uma contínua aflição profunda e pungente. Mas ele sente que, enquanto não “posar de santo”, enquanto admitir, honestamente, suas deficiências e professar sua profunda angústia e tristeza por causa delas, e enquanto usar a palavra “nós” inclusivo em todas as suas exortações, ele não enganará ninguém e não será um hipócrita. Tudo o que ele diz, ele leva para si mesmo em primeiro lugar e, por mais malsucedido que seja, ele se esforça para seguir os Ensinamentos Rosacruzes. Se todos os outros Estudantes se sentem incomodados, da mesma forma que os correspondentes que inspiraram essa Carta, esperamos que isso possa ajudá-los a não desistir.

Além disso, o que mais podemos fazer senão continuar? Uma vez despertada a natureza superior, ela não pode ser silenciada permanentemente, sem correr o risco de se sofrer a miséria do arrependimento e do remorso, se abandonarmos o esforço. Já chamamos a atenção, diversas vezes, para a maneira como um marinheiro conduz seu navio através da imensidão do oceano, guiando-se por uma estrela. Ele nunca chegará a alcançá-la, mesmo assim, ela o conduzirá em segurança, desviando dos bancos de areia e das rochas, ao porto destinado. Da mesma forma, se os nossos ideais são tão elevados, a ponto de percebermos que nunca os alcançaremos nessa vida, lembremo-nos que dispomos de um tempo ilimitado ou infinito pela frente e que o que não pudermos realizar hoje, faremos amanhã e depois e nas próximas vidas. Sigamos o exemplo de S. Paulo, e pela paciente “persistência em fazer o bem”, continuemos “buscando a glória espiritual, a honra e a imortalidade[3].

(Cartas aos Estudantes – nº 69 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: nosso Tríplice Corpo, agindo como tendo uma “vontade própria” – especialmente a parte inferior do nosso Corpo de Desejos que comanda a nossa Mente concreta –, independente de nós, o Tríplice Espírito.

[2] N.T.: “Porque não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero, esse faço.” (Rm 7:19)

[3] N.T.: Rm 12:12

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Cada nascimento é uma nova vida? Que acontece com a vida dessa forma? Não há resposta para esses mistérios ou segredos? Quais as pessoas aptas a conhecer esses mistérios? São necessários dons especiais?

Resposta: À primeira vista, cada coisa ou ser que nasce parece uma vida nova desabrochando entre nós. Se prestarmos atenção, vamos vendo como essa forma cresce e vive, convertendo-se pouco a pouco em um fator nas nossas vidas durante dias, meses e, muitas vezes, anos. Mas sempre chega um momento em que a forma definha, morre e se decompõe. Para quem presta atenção fica a observação: a vida que vem, não sabemos de onde, passou ao invisível além e com tristeza perguntamos: De onde veio? Por que esteve aqui? Para onde foi?

Uma coisa é fato: a morte aqui é uma coisa certa, óbvia e… necessária! Velhos ou jovens, sãos ou enfermos, ricos ou pobres, todos, todos nós passamos através da sombra da morte aqui e em todas as idades paira a pergunta angustiosa sobre o “segredo da vida” ou o “segredo da morte”.

Infelizmente a maioria das pessoas tem a opinião de que nada podemos conhecer sobre assuntos tão obscuros como a morte, de onde viemos, porque estamos aqui e, muito menos, para onde vamos. Logicamente, não é bem assim, não é?

Toda pessoa, sem exceção – e aqui exceção quer dizer: posição social, econômica, financeira, escolar, intelectual, espiritual, idade, ou qualquer outra que se invente –, pode se tornar apta para obter informações diretas (sem nenhum intermediário, seja isso outras pessoas ou coisas) e definidas sobre tais assuntos tão obscuros. Toda pessoa pode investigar o estado de outra pessoa antes do nascimento aqui e depois da morte aqui.

Reforçamos: nunca houve e nunca haverá favoritismo e nem a exigência de “dons especiais”. Toda pessoa tem, inerente, a faculdade de conhecer tudo isso, mas… há um grande “mas” e um “mas” notável: essa faculdade está para todas as pessoas, se bem que na maioria delas tal faculdade está em estado latente; assim, para despertá-la é necessário um esforço persistente da própria pessoa e isso parece assim como um poderoso dissuasivo, ou seja, uma desculpa para se convencer a desistir; no entanto, não é não! O que ocorre é que são muito poucas pessoas se prestam a “viver a vida” (ou seja: a cumprir com o que ela mesma decidiu quando escolheu essa vida – nas suas condições atuais – ainda no Terceiro Céu, na fase de Preparativos para esse Renascimento nesse processo do Ciclo de Nascimentos e Mortes aqui, quando escolheu um dos Panoramas da Vida que estavam a sua disposição) e isso: “viver a vida” é a condição básica para despertar essa faculdade. Não se pode comprá-la e para alcançá-la não há caminhos fáceis. Difícil? Sim, difícil, mas nunca impossível a ninguém!

Assim, qual é o primeiro requisito? Ele é o fundamental: todo o Aspirante a esse conhecimento oculto deve possuir uma vontade ardente, uma sede abrasadora de conhecimento oculto, que consiga sobrepassar quaisquer justificativa que ela tenha para não se aplicar a conquista desse conhecimento por meio do estudo e da prática constante. Só que o resultado somente aparecerá à pessoa se junto (ao mesmo tempo, desde o início) à vontade intensa de aprender, tenha a mesma vontade intensa de ajudar ao irmão e à irmã que estão ao seu lado por meio do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focando esse serviço na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade. É perigosa e frustrante a tentativa de obter esse conhecimento oculto a pessoa não for levada por esse motivo. O Estudante Rosacruz, trilhando o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, vai aprendendo a obter tal conhecimento oculto, de um modo seguro, direto, crescente e desenvolvendo seu autodomínio, indispensável para seguir para frente e para cima.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Qualidades do verdadeiro Aspirante Rosacruz

O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo promove a sua Individualidade, não a sua Personalidade. Sim, existe diferença entre o que busca promover a sua Individualidade, e o que vive na sua Personalidade. O verdadeiro Aspirante Rosacruz busca continuamente se ligar-se ao seu Cristo Interno – expressão da sua Individualidade – e se expressar superiormente em servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta deles e dele, que é a base da Fraternidade. É coerente, no sentido de que age segundo a consciência. Embora imperfeito ainda, cônscio das ciladas de sua natureza inferior (expressão da sua Personalidade), ele “ora e vigia” constantemente.

Ao contrário do que parece, a promoção da Individualidade, bem entendida, une e valoriza a Fraternidade, da mesma forma que cidadãos conscientes formam um povo e não massa.

Atende-se bem no que, sobre o assunto, escreveu Max Heindel, no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, a obra básica da Filosofia Rosacruz: “O método de realização espiritual Rosacruz difere de outros sistemas num ponto especial: procura, desde o princípio, emancipar o discípulo de toda dependência dos outros, tornando-o confiante em si, no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e lutar em todas as condições. Somente aquele que for bem equilibrado, pode ajudar ao débil”.

Há um perigo de se interpretar mal essa independência. Julgamos, rigorosamente, como dependência externa, inclusive a que se pode ter a nossa Personalidade, que não faz parte real de nosso “Eu Superior”. Isto quer dizer que o verdadeiro Aspirante Rosacruz não procura mestres, guias, instrutores, ídolos, “preferidos”, “seguidores” externos; que em nossa Fraternidade não há estres ou instrutores, senão orientadores no reto sentido de quem procura ajudar cada Estudante Rosacruz a se ajudar, a se libertar, a se independer, a se confiar para ser um valioso servidor na obra de Cristo na Terra. Aquele que gosta de proteção não pode ser um Aspirante Rosacruz, um Estudante Rosacruz de fato. Aquele que vive buscando novos autores, novos livros, “novas tendências”, novos conferencistas ou oradores da vez e correndo de uma a outra conferência, exposições, “retiros”, encontros, simpósios, seminários de oradores ilustres ou da “moda”, que se empolga, que vive repetindo ideias alheias e, afinal de contas, continua sendo o mesmo indivíduo, não pode ser um Aspirante Rosacruz, um Estudante Rosacruz de fato.

Perscrute-se letra a letra, linha a linha, página a página, no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e as demais obras de Max Heindel e veja-se que todas elas são libertadoras. Os Irmãos Maiores não gostam de dependências. Temos de gravar com letras de fogo em nossa consciência anestesiada pela escravidão do mundo, que somos “príncipes”, filhos de Deus, centelhas de seu Fogo, Espíritos feitos à Sua Imagem e Semelhança tendo dentro de nós todos os divinos atributos, latentes, à espera de desenvolvimento e potencialização. Somos criadores em formação, Cristos em desenvolvimento. “Não sabeis que sois templo do Altíssimo e o Espírito Santo habita em vós?” (ICor 3:16). “O Reino dos Céus está dentro de vós” (Lc 17:21). Ensinou-nos o próprio Cristo: “Aquilo que eu faço vós o fareis e obras maiores ainda” (Jo 14:12). São promessas bíblicas, são reconhecimento de nossa divindade em formação.

Mas para que essa Individualidade se forme harmoniosamente é necessário que se a oriente honestamente em humildade, em amor, em serviço, em entendimento. Não conhecemos outra Escola que o faça melhor, do que a Fraternidade Rosacruz! Ela não é obra de mestres terrenos, de literaturas rendadas, de promessas fantasiosas, de pretensas Iniciações. Os Irmãos Maiores que a ditaram, são elevados Iniciados, conhecidos por seus frutos. Ela é simples e profunda como a própria natureza; racional e lógica como a própria nudez simbólica da verdade. Ela reúne a que há de mais atual e conveniente às necessidades internas de cada um de nós, Egos ocidentais; é uma fase mais elevada do Cristianismo, aquilo que o Cristo ainda não podia ensinar em seu tempo, porque não podíamos suportar; é o alimento sólido do “adulto espiritual”.

Respeitamos o “leite das criancinhas”; a necessidade de dependência de muitas pessoas a outras; compreendemos a curiosidade dos que buscam coisas novas, porque se encantaram com as “vestes coloridas e não podem avaliar, ainda, a essência”. Mas a Escola Fraternidade Rosacruz se destina aos simples, aos essencialistas, aos sinceros, aos realizadores, aos servidores, aos humildes, aos corajosos que podem renunciar aos acenos do passado e “buscam alcançar o Reino dos Céus por assalto” (Lc 16:16), por seu próprio esforço e orientação esclarecida da Fraternidade. Não é uma dependência; é o reconhecimento de um método melhor, mais apropriado. O Irmão Maior leva em conta as possibilidades do verdadeiro Aspirante Rosacruz e, tendo já percorrido o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, previne os desvios retardantes e o prepara para vencer as dificuldades que defrontará.

A Escola Fraternidade Rosacruz (dizemos “de Max Heindel” só porque já andam deturpando o nome “Rosacruz”) é uma compilação atualizada de todos os mistérios antigos, conciliados com os mistérios Cristãos, de modo a dar a mentalidade inquiridora e dinâmica do povo ocidental, uma explicação lógica e simples do ser humano, do universo e de sua missão no mundo. Daí chamar-se “Escola Ocidental de Mistérios, preparatória para uma Nova Era – a de Aquário –, em que seus ensinamentos constituirão a futura Religião, o Cristianismo Esotérico”.

Compreende-se, então, que ela não pode ainda atrair grande número de pessoas, porque pressupõe qualidade, porque ensina primeiro a dar, a primeiro “buscar o Reino de Deus e Sua justiça”, e por mérito, como consequência natural o desenvolvimento interno lhe venha “como acréscimo”.

Essa é a Iniciação: um processo natural de desenvolvimento interno, como decorrência do mérito que se conquista pelo domínio de si mesmo e pelo serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta deles e dele, que é a base da Fraternidade. O resto é fantasia.

A Fraternidade Rosacruz é desinteresseira e sincera, desmascara ilusões e artificialismo pela simples apresentação de seus princípios racionais.

O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo que nela se inspira e forma se liberta de sua natureza inferior e concomitantemente, de todas as dependências externas. Não mais se desilude porque não se ilude. Sabe que seus poderes internos serão proporcionais a capacidade moral que ele desenvolve, para usá-los retamente. Não fala de si como um Mestre ou Instrutor, não conta suas “experiências”, não exibe seus recursos curadores – porque sabe que atrás de tudo isso está a Personalidade a reclamar preço, glória, reputação, que o distinga dos demais.

O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo é autêntico, simples, humilde, e tudo refere a Deus dentro de si; é o que ocupa o último lugar e o que busca mais servir, sem pretensões ulteriores.

Quão necessário e oportuno se compreender isto para avançar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz!

(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – outubro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Os Estudantes Rosacruzes, que praticam os Ensinamentos Rosacruzes, creem em uma vida depois da morte? Por quê?

Resposta: Sim. Os Ensinamentos Rosacruzes “tiram”, da morte, o aguilhão da dor, porque eles preparam o Estudante Rosacruz para o que deve esperar na vida futura.

Uma viagem para países estrangeiros se torna agradável quando estamos preparados e sabemos algo do país ao qual nos dirigimos. De modo semelhante, conforta muito conhecer as condições existentes naquelas paragens que se nos apresentam tão misteriosas, em virtude da sombra negra que tem pesado sobre muitas pessoas quando chegam a fase que conhecemos como “terceira idade” ou pessoas idosas, ou “melhor idade”, ou pessoas senis, incluindo aqui alguns casos de pessoas doentes ou enfermas de qualquer idade.

O conhecimento da vida além da tumba conforta mais ainda aqueles que perderam seus entes queridos.

Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, com seu conhecimento superior dos Mundos espirituais, nos trazem a prova de uma existência desses sublimes Mundos. Muitos Estudantes Rosacruzes avançados também têm recebido provas positivas de uma vida depois da morte. Para eles, tal vida já não consiste apenas em uma teoria, mas, sim em uma verdade.

É possível, com o desenvolvimento de um sentido mais sutil, experimentar e ver realmente as condições que existem nessa invisível “terra dos mortos que vivem”. Ela interpenetra nosso Mundo Físico, denso, embora não seja vista pelos que têm unicamente desenvolvido o sentido da vista física. Na Fraternidade Rosacruz o Estudante Rosacruz pratica Exercícios Esotéricos que o ajudam nesse desenvolvimento.

John Mc Creery em seu belo poema diz:

Eles não estão mortos.

Eles apenas passaram além da névoa que aqui nos cega,

para uma vida nova e maior,

naquela esfera mais serena”.

A morte é, para um Estudante Rosacruz, que pratica os Ensinamentos Rosacruzes, somente uma mudança de consciência. É tirar um vestido usado (o Corpo Denso) para funcionar somente com o Corpo de Desejos (que toma a forma do Corpo Denso) na nossa vida celeste e depois funcionar só com a Mente na nossa passagem pela Região do Pensamento Concreto e, por fim, vivenciarmos sem nenhum Corpo ou veículo, mas com toda a potência do Tríplice Espírito que é o que realmente somos: um Ego!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1978 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Na primeira igreja que tivemos, Tabernáculo no Deserto, por que o incenso era usado se é prejudicial? Como poderia ser ofertado ao Senhor simbolizando o aroma do serviço?

Resposta: Na época em que o Tabernáculo no Deserto era a única igreja que tínhamos para praticar a incipiente Religião (onde buscávamos religarmos à Deus, depois de termos alcançarmos o pináculo da materialidade), o incenso não era simplesmente um incenso comum queimado, mas um composto deste com outras espécies doces, elaborado sob a direção de Jeová para este fim especial e por isso considerado santo, de modo que a nenhum ser humano era possível manipular essa composição para uso comum. O sacerdote era encarregado de zelar para que nenhum incenso estranho fosse oferecido no Altar de Ouro [1], isto é, nenhum outro que não tivesse a composição sagrada.

Atualmente, o uso do incenso é totalmente diferente. Afinal, é uma verdade, evidente por si mesma, que “não se colhem uvas de espinheiros” e porque um Espírito não tem Corpo Denso não quer dizer que ele seja um filantropo. Há no Mundo Físico mais ervas daninhas do que flores e há nos Mundos invisíveis mais Espíritos nocivos, por serem pouco desenvolvidos, do que Espíritos bons e nobres. Quando alguém queima incenso em uma sala, a fumaça que vemos e o odor que sentimos constituem material de tal densidade que pode ser usado por certas classes de Espíritos que estão afinados a frequência vibratória do incenso que está sendo queimado. Quando Espíritos desencarnados desejam influenciar aqueles que ainda estão emaranhados na espiral dos mortais, é necessário que tenham um veículo de densidade suficiente para invadir os centros cerebrais ou, sob certas circunstâncias, os mecanismos de coordenação no cerebelo. Adquirindo tal veículo, os Espíritos podem, e o fazem, impressionar suas vítimas: física, moral ou mentalmente de acordo com sua disposição. Quando um Estudante Rosacruz, ocultista sério, tenha desenvolvido a visão espiritual e se encontre apto a ver as várias entidades nos Mundos invisíveis, aí sim pode produzir um incenso capaz de oferecer um veículo somente para Espíritos de natureza benéfica, os quais possibilitam a elevação das vibrações daqueles que inalam o incenso e os Espíritos junto dele; ou, então, a queima do incenso poderá se constituir em ajuda durante as orações para elevar a consciência dos devotos até a união com o Divino.

Porém, se por outro lado o incenso tiver sido produzido por alguém ignorante em ocultismo, talvez por alguém com motivações egoístas, então esse incenso irá se constituir em veículo para os Espíritos de natureza similar os quais, revestidos pela fumaça e odor, entram nos Corpos Densos daqueles que estão presentes onde o incenso está queimando, incitando-os a atos de libertinagem e sensualidade. As hastes chinesas são um bom exemplo dessa variedade.

Também é possível que quando esta prática tenha sido satisfeita, por algum tempo, os Espíritos obsessores podem obter tal controle sobre suas vítimas, que eles incitam até o delírio fazendo com que apresentem os sintomas de epilepsia – espuma pela boca e outros efeitos – ou que possam interferir com os movimentos corporais de maneira similar àquela exibida na assim chamada dança de São Vito. Consequentemente, a prática de queimar incenso é muito perigosa e deve ser vigorosamente desencorajada.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)

[1] O Altar do Incenso ou Altar de Ouro era o terceiro objeto do mobiliário da Sala Leste do Templo no Tabernáculo no Deserto. Ficava no centro da sala, isto é, a meio caminho entre as paredes norte e sul, em frente ao segundo véu. Nenhuma carne jamais foi queimada nesse altar e nenhum sangue jamais fora derramado sobre ele, exceto em ocasiões muito solenes, e apenas os seus chifres eram marcados com a mancha vermelha. A fumaça que era vista no topo, nunca foi outra senão a fumaça do incenso queimado. Isso acontecia todas as manhãs e todas as noites, preenchendo o Santuário com uma nuvem de fragrância agradável que impregnava todo o ambiente interior e que se estendia por todo o país de todos os lados por milhas ao redor. Pelo fato de o incenso ser queimado todos os dias foi chamado: “um perpétuo incenso diante do Senhor”. Não era simplesmente um incenso comum queimado, mas um composto disso com outras especiarias doces, elaborado sob a direção de Jeová para este fim especial e por isso considerado santo, de modo que nenhum ser humano poderia fazer uso dessa composição para si. O sacerdote era encarregado de zelar para que nenhum incenso estranho fosse oferecido no Altar de Ouro, isto é, nenhum outro que não tivesse a composição sagrada. Esse Altar estava colocado diretamente diante do véu, do lado de fora, mas diante do Propiciatório, que estava dentro da sala do segundo véu. Por isso, quem ministrasse no Altar do Incenso não podia ver o Propiciatório por causa do véu interposto, mas devia olhar nessa direção e para ela orientar o fluxo do incenso. Era costume, quando a nuvem fragrante do incenso se erguia por cima do templo, que todas as pessoas que estivessem no Átrio do Santuário enviassem suas preces a Deus, cada uma silenciosamente dentro de si.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Quem foram os Pastores que estavam no momento do nascimento de Jesus?

Resposta: Grande fonte econômica daqueles tempos era a criação de caprinos (em particular carneiros, ovelhas, cabras) e, por essa razão, centenas de pastores viviam pelas colinas da Judéia sem que, entretanto, a maioria notasse algo de extraordinário naquela noite. O Estudante Rosacruz sabe que esses pastores, a quem o Anjo do Senhor apareceu, eram os Iniciados da Religião de Áries (o Carneiro) e como seres humanos de elevada espiritualidade que eram, puderam, clarividentemente, perceber o Anjo mensageiro e, clariaudientemente, ouviram os cantos celestiais proclamando a Nova Era que se inaugurava naquela noite (já que entrávamos na “Órbita de Influência” da Era de Peixes). Foi, na verdade, uma Noite Santa para a Humanidade; foi a abertura do novo caminho que eventualmente nos livrará da roda do nascimento e da morte, possibilitando, a todos aqueles que desejarem, “beber da Água da Vida” (Jo 4:14).

O nome Davi significa “bem-amado”; Belém, a “casa do pão” ou o “princípio coração”, feminino, manifestando-se em todas as coisas, do átomo a Deus. O desejo natural deve ser purificado e esse amor ou princípio coração deve ser expandido antes de Cristo poder nascer dentro de nós, pois as passagens da Bíblia se correlacionam intimamente com nossas próprias vidas. Assim, embora José e Maria vivessem em Nazaré, em torno de 100 quilômetros além, era necessária, de acordo com a lei, que eles se deslocassem para Belém na ocasião em que se deu o nascimento da criança.

Similarmente, o grande princípio redentor do amor não poderá nascer em nenhum outro lugar, a não ser em Belém, que é a representação da vida purificada. Jesus nasceu em uma manjedoura, onde os animais se alimentavam. Esse lugar representa a natureza de desejo inferior, que deve ser regenerada antes que o Poder do Cristo possa nascer na estalagem, a qual simboliza a cabeça. Assim, cada neófito no Caminho da Iniciação deve também deixar Nazaré, a vida material, e iniciar a jornada a Belém, a vida impessoal purificada. Cada um verificará, a princípio, que não há acomodações na estalagem e que o renascimento deve ter lugar numa manjedoura, onde os animais alimentam-se. Esse é, realmente, o significado do Natal.

Pouco significa para Jesus que reverenciemos o seu nascimento na Santa Noite, pois o importante é que possamos aprender a seguir o Cristo, encontrando o caminho que nos conduzirá à realização da nossa Noite Santa individual.

Escreveu, nos ensinando, Angelus Silesius:

“Embora Cristo nasça mil vezes

em Belém, se não nascer em teu coração,

tua alma segue extraviada”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz março/1967 – Fraternidade Rosacruz-SP)

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