Arquivo de categoria Estudos Bíblicos Rosacruzes: Novo Testamento

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Última Ceia e o Lavapés: o domínio dos poderes espirituais

A chave para o mais profundo significado da “Última Ceia” e do “Lavapés” – e o caminho do Cristão Místico – pode ser encontrada considerando o significado interno das duas coisas que Cristo Jesus serviu na Ceia: o “pão e o vinho”.

Isso é descrito nessas passagens bíblicas:

Ao cair da tarde, ele pôs-se à mesa com os Doze e, enquanto comiam, disse-lhes: ‘Em verdade vos digo que um de vós me entregará’. Eles, muito entristecidos, puseram-se um por um — a perguntar-lhe: ‘Acaso sou eu, Senhor?’ Ele respondeu: ‘O que comigo põe a mão no prato, esse me entregará. Com efeito, o Filho do Homem vai, conforme está escrito a seu respeito, mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem for entregue! Melhor seria para aquele homem não ter nascido!’ Então Judas, seu traidor, perguntou: ‘Porventura sou eu, Rabi?’. Jesus respondeu-lhe: ‘Tu o dizes’. Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo-o abençoado, partiu-o e, distribuindo-o aos discípulos, disse: ‘Tomai e comei, isto é o meu corpo’. Depois, tomou um cálice e, dando graças, o ofereceu aos discípulos, dizendo: ‘Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados. Eu vos digo: desde agora não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco beberei o vinho novo no Reino do meu Pai” (Mt 26:20-29).

Durante a ceia, quando já o diabo colocara no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, o projeto de entregá-lo, sabendo que o Pai tudo colocara em suas mãos e que ele viera de Deus e a Deus voltava, levanta-se da mesa, depõe o manto e, tomando uma toalha, cinge-se com ela. Depois coloca água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido.” (Jo 13:2-5).

O “pão” é um produto da Imaculada Concepção da terra: o “trigo”, que é o símbolo do princípio feminino no ser humano – o polo negativo do Espírito. O “fruto da videira” é um produto da uva que nasce na terra e representa o princípio masculino – o polo positivo do Espírito. Ambos vieram ao mundo por meio da vida que irradia através de todas as partes da Terra, o Espírito Crístico, o Espírito Planetário morador interno e em verdade constituem “o corpo e o sangue” de nosso Salvador. Não são meras palavras de Cristo Jesus quando disse: “Tomai, comei, isto é meu corpo… isto é meu sangue da aliança.” (Mt 26:26-27).

Durante a cerimônia da Última Ceia, Cristo Jesus estava ensinando a seus Discípulos que o mistério da transmutação se achava encarnado no “trigo” e na “uva”. Repartir o “pão” e o “fruto da videira” significa o domínio dos poderes espirituais – a transmutação completa do “Eu inferior” nas transcendentes glórias do “Eu Superior”.

No laboratório de seu próprio Corpo, o alquimista espiritual trabalha a Pedra Filosofal; se converte nessa joia luminosa e resplandecente, à medida que purifica e espiritualiza suas faculdades e seus veículos por meio do “serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), esquecendo os defeitos do irmão ou da irmã ao seu entorno, focado na divina essência oculta em cada um de nós, que é a base da Fraternidade”. Depois que Cristo Jesus terminou a cerimônia da Última Ceia, começou o ritual místico do Lavapés. Nesse ato de humilde gratidão, deu exemplo aos seguidores d’Ele da necessidade de possuir a grandiosa qualidade da humildade. Na evolução espiritual o Aspirante à vida superior, que é o Estudante Rosacruz, se eleva prestando justamente o serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), esquecendo os defeitos do irmão ou da irmã ao seu entorno, focado na divina essência oculta em cada um de nós, que é a base da Fraternidade, e aqueles a quem serve e exalta são os degraus que formam a escada que ajuda o próprio Estudante Rosacruz a escalar as alturas. Eles se beneficiam pelos Ensinamentos Rosacruzes, mas ao mesmo tempo proveem as oportunidades benditas para o progresso por meio do serviço, e sem dúvida alguma, com eles contrai uma dívida de gratidão. Havendo subjugado todo orgulho e toda a hipocrisia, o Estudante Rosacruz tem uma consciência tão ampla que expressa de um modo natural, a Humanidade simbolizada pelo Lavapés.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1981 – Fraternidade Rosacruz-SP)

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As Núpcias do Cordeiro

No Livro do Apocalipse[1] há uma descrição bem detalhada do que é o casamento místico do nosso “Eu superior” com o “eu inferior” dentro de nós – o perfeito equilíbrio dos nossos polos positivo e negativo.

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental velam que nós, Ego (o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui) não somos nem homem nem mulher, mas que durante o presente estado de manifestação se tornou necessário dedicar uma metade da força sexual criadora para o desenvolvimento do cérebro e da laringe, por meio dos quais podemos criar pela palavra e produzir imagens mentais que serão reproduzidas em matéria concreta do Mundo Físico. Dessa forma se tornou necessário desenvolver um organismo físico, um Corpo Denso, com dois sexos: um expressando a qualidade espiritual da Vontade (masculina) e outro a da Imaginação (feminina). Note o Corpo Denso expressa ou o sexo masculino ou o sexo feminino. O Corpo Vital expressa o polo negativo (quando o Corpo Denso expressa o sexo masculino) e o polo positivo (quando o Corpo Denso expressa o sexo feminino). Já o Corpo de Desejos “não tem sexo”. E a Mente também “não tem sexo”.

Como cada um de nós nasce alternadamente em Corpos Densos masculinos e femininos, assim também expressamos, alternadamente, nossas faculdades gêmeas de Vontade e Imaginação. Cada uma dessas duas faculdades predomina em cada vida nossa aqui, enquanto a outra permanece latente, determinando, assim, os sexos masculino ou feminino. Porém, como renascemos aqui, vida após vida, na Grande Escola vamos nos tornando, com o aprendizado, mais capacitados a compreender e a dirigir o mecanismo dos sexos, até que vai nos sendo possível expressar simultaneamente e em certa medida essas duas qualidades. No Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz isso é possível para nós quando alcançamos o nível de Adepto. Mas esse trabalho vai sendo efetuado por graus, até que nos encontremos realmente nas mais sutis qualidades femininas e a mulher dentro de si se identifique com os mais nobres traços masculinos e nas mais sutis qualidades masculinas e a homem dentro de si se identifique com os mais nobres traços femininos. Quando tal ocorre, produz-se o equilíbrio e tem lugar o “casamento místico” ou “matrimônio místico”. Em tal condição, estaremos funcionando com os seus dois hemisférios cerebrais. É dito que no céu não há casamento, nem se dar em casamento, porque nós lá estamos livres das limitações e das imposições da carne. Lá não há problema sexual nem estamos sujeitos à expressão unilateral de um de seus polos. A nossa qualidade dual é então utilizável e, consequentemente, o casamento é desnecessário. Cada um cria o Arquétipo de seus futuros Corpos, com apenas a assistência das Hierarquias Criadoras. Só quando se deixa o Mundo celeste se penetrando na Região Química do Mundo Físico é que se torna necessária a cooperação de pessoas para a formação de Corpo Denso, que se adapte ao arquétipo construído no Segundo Céu. Este conhecimento de nossa constituição permite ao Estudante Rosacruz entender hoje a necessidade de se encarar como realmente é uma unidade criadora integral. Desse modo, ele vai preservando racional e conscientemente sua força sexual criadora, a fim de usá-la como energia para fins espirituais. E assim, naturalmente, a força sexual criadora provoca a ascensão do fogo espinhal para que, ao devido tempo, se defrontem dentro de nós o homem e a mulher. Tal fato foi muitas vezes exposto de modo falso por certas escolas espiritualistas na teoria das “almas gêmeas”, prestando-se a grosseiras concepções, uniões sexuais ilícitas, etc.

Realmente é do modo descrito que se realiza dentro de nós o Casamento Místico, com a ligação desses dois polos e o despertar de uma consciência criadora em todos os reinos da Natureza.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz – abril/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: “6Ouvi depois como que o rumor de uma grande multidão, semelhante ao fragor de águas torrenciais e ao ribombar de fortes trovões, aclamando: “Aleluia! Porque o Senhor, o Deus todo-poderoso passou a reinar! 7Alegremo-nos e exultemos, demos glória a Deus, porque estão para realizar-se as núpcias do Cordeiro, e sua esposa já está pronta: 8concederam-lhe vestir-se com linho puro, resplandecente” — pois o linho representa a conduta justa dos santos. 9A seguir, disse-me: “Escreve: felizes aqueles que foram convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro”. E acrescentou: “Estas são as verdadeiras palavras de Deus”. 10Caí então a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: “Não! Não o faças! Sou servo como tu e como teus irmãos que têm o testemunho de Jesus Cristo. É a Deus que deves adorar!”. Com efeito, o espírito da profecia é o testemunho de Jesus Cristo.” (Ap 19:6-10).

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O Milagre dos Peixes

Nos quatro Evangelhos se fazem referências dos Discípulos como pescadores, porém, é um erro tomar isto como se fossem homens ordinários. Ao contrário, eles eram Egos altamente evoluídos e sua associação com a “pesca” deve ser considerada como uma expressão simbólica. “Pescadores”, como está mencionado nos Evangelhos, indica aquele que está conscientemente no caminho espiritual. Vamos ver um exemplo nesse trecho:

Certa vez em que a multidão se comprimia ao redor dele para ouvir a palavra de Deus, à margem do lago de Genesaré, viu dois pequenos barcos parados à margem do lago; os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. Subindo num dos barcos, o de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra; depois, sentando-se ensinava do barco às multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: ‘Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca’. Simão respondeu: ‘Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas, porque mandas, lançarei as redes’. Fizeram isso e apanharam tamanha quantidade de peixes que suas redes se rompiam.” (Lc 5:1-6).

Esotericamente, o “pescado” se refere à Iniciação ou o processo de aprender a fazer uso dos poderes espirituais que foi gerado dentro de nós. Na época dos “três anos” de ministério de Cristo-Jesus, o Sol pelo movimento de Precessão dos Equinócios estava deixando o Signo de Áries, o cordeiro, e estava entrando no Signo de Peixes, o pescado ou os peixes. Assim, a antiga escola de Iniciação ou de desenvolvimento pelo Conhecimento Direto foi o da Dispensação de Áries, enquanto a Nova Dispensação tinha que ver com os “pescadores de homens”, a Dispensação de Peixes.

Afinal, já sabemos que cada vida neste plano terrestre não é mais que um dia na grande escola da existência e a experiência é o meio pelo qual progredimos.

No grande mar da vida usamos vários veículos para adquirir experiências de onde vem o crescimento da nossa alma, o crescimento anímico. Na medida em que usamos nossa sabedoria ou “redes” é para armazenar “pescados” ou “peixes” ou alimento para nós, o Ego – o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui –, assim progredimos no caminho espiritual para frente e para cima. Em nossa falta de sabedoria amiúde lançamos nossas “redes e não tiramos pescados”.

Por meio do desenvolvimento da nossa percepção espiritual por meio do amor e do serviço amoroso e desinteressado (e, portanto, o mais anônimo possível) ao irmão ou à irmã no seu entorno, procurando esquecer os defeitos deles e focando na divina essência oculta em cada um de nós, que é a base da Fraternidade, nos capacitamos para dirigir nossas atividades sabiamente e, assim, traremos uma pesada “rede” de recompensa espiritual ou crescimento anímico.

À medida que imitemos a Cristo, amando e servindo aos nossos semelhantes, obtemos a habilidade de fazer o melhor de nossas experiências. Aprendemos onde temos que servir e como devemos servir o melhor que possamos.

Dentro das “profundidades” das realidades da vida lançamos nossas “redes” e enchendo-as até que se rebentem. Talvez nossas “redes” se rompam devido a que nossa sabedoria aumenta, às vezes, devido ao demasiado esforço que fazemos para servir.

Novamente, o mar simboliza esse reino espiritual que chamamos de Mundo do Desejo. S. Pedro disse a Cristo-Jesus: “Estivemos pescando toda a noite e não apanhamos nada“. Isto se refere aos esforços nos planos internos que não foram frutíferos devido à falta de conhecimento.

Não havia alcançado o ponto onde poderiam funcionar sozinhos, vantajosamente, nos planos invisíveis e, consequentemente, seus esforços obtiveram fracos resultados.

O poder de Cristo foi tal que Ele pode funcionar perfeitamente nos planos invisíveis, sendo o único que possuía todos os veículos para alcançar desde o Mundo Físico até o Mundo de Deus (doze veículos!). Ele ensinou aos Seus Discípulos como usar seus poderes espirituais e em certas ocasiões os elevava a estados de consciência espiritual muito mais elevada do que nas que ordinariamente funcionavam. Sob sua direção podiam assegurar “uma grande quantidade de peixes“.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – maio/1982 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Levantar o Morto: o Caso de Tabita que quer dizer Dorcas

Ora, em Jope havia uma discípula, chamada Tabita, em grego Dorcas, notável pelas boas obras e esmolas que fazia. Aconteceu que naqueles dias ela caiu doente e morreu. Depois de a lavarem, puseram-na na sala superior. Como Lida está perto de Jope, os discípulos, sabendo que Pedro lá se encontrava, enviaram-lhe dois homens com este pedido: “Não te demores em vir ter conosco”. Pedro atendeu e veio com eles. Assim que chegou, levaram-no à sala superior, onde o cercaram todas as viúvas, chorando e mostrando túnicas e mantos, quantas coisas Dorcas lhes havia feito quando estava com elas. Pedro, mandando que todas saíssem, pôs-se de joelhos e orou. Voltando- se então para o corpo, disse: “Tabita, levanta-te!”. Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Este, dando-lhe a mão, fê-la erguer-se. E chamando os santos, especialmente as viúvas, apresentou-a viva. Espalhou-se a notícia por toda Jope, e muitos creram no Senhor. Pedro ficou em Jope por mais tempo, em casa de certo Simão, que era curtidor.” (At 9:36-42).

Os Apóstolos eram homens espiritualmente desenvolvidos. Sob a tutela de seu exaltado Mestre desenvolveram poderes espirituais no mais alto grau. Tornaram-se, assim, em condições de imitar o Mestre e, por isso, realizar milagres similares àqueles que Ele realizava.

Esse evento acima é um exemplo desse poder exercido por Pedro, revelando às pessoas um conhecimento que vai além do da cura de uma mera enfermidade física.

Frequentemente a palavra morte é adotada na Bíblia, não significando que o Cordão Prateado tenha se rompido (o que impediria a ressurreição), mas o que ocorre é um estado de coma ou que ele ou ela se encontram num estado de consciência que transcende os véus da carne. Em outras palavras, sendo Iniciados, os Apóstolos podiam, como Cristo-Jesus, levar aqueles que estavam em condições adequadas a estados de consciência superiores, representando, assim, fases de treinamento no Caminho.

No princípio há um período de purificação ou “enfermidade”, como poderá parecer ao não iluminado, antes que a iniciação tenha lugar. Mas uma enfermidade real pode ser necessária a fim de preparar o corpo para receber novo influxo do Espírito. Evidentemente há certas condições mentais e físicas que deverão ser mudadas antes que o corpo esteja preparado para suportar novas experiências iminentes. Assim, por meio de certas enfermidades essas mudanças podem ser feitas e realizadas.

Quando Dorcas foi levada a “um quarto alto” (uma câmara superior) significa o estado superior de consciência que acompanha a Iniciação. A ascenção do fogo espinal espiritual às Glândula Pituitária (Corpo Pituitário ou Hipófise) e Glândula Pineal (ou Epífise) situadas na cabeça proporciona a Clarividência positiva e o funcionamento consciente nos planos internos.

A vinda do Raio de Cristo, como Espírito Planetário da Terra, tornou possível a Iniciação para todos, portanto, muitas pessoas piedosas que se tornaram seus seguidores estavam prontas para serem ensinadas a usar esse poder acumulado internamente, mediante o reto viver. Suas ações brilharam em seus Corpos-Almas como um símbolo de sua retidão e elevaram-nas a degraus mais altos no Caminho Superior.

Hoje, a mesma áurea oportunidade existe para toda a Humanidade. “Todo aquele que quiser” pode seguir esse glorioso caminho do reto viver que desenvolve as possibilidades latentes, em poderes dinâmicos, ou seja, o Caminho da Iniciação (tanto as 9 Menores como depois as 4 Maiores ou Cristãs).

A habilidade de curar e “levantar o morto” virá a todos que desenvolverem o seu Cristo Interno.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – julho/1985 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Como Combater o Bom Combate

Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, o Senhor falou a Josué, filho de Nun, ministro de Moisés, dizendo: “Moisés, meu servo, está morto; levanta-te, pois, agora, passa por este Jordão, tu e todo este povo, para a terra que eu dou aos filhos de Israel. Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, eu tenho dado a ti, como disse a Moisés. Desde o deserto e este Líbano até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus e até ao grande mar, ao pôr do sol, tudo será vosso. Durante todos os dias da tua vida ninguém poderá resistir diante de ti; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.” (Js 1:1-5).

Tratava-se de uma dádiva magnífica, acompanhada de uma promessa do Deus da criação que garantia o êxito de Josué, desde que esse cumprisse as ordens que lhe fossem dadas. Josué[1] olhou para a Terra Prometida e viu logo a fertilidade dela, os seus tremendos recursos, as suas possibilidades ilimitadas — uma terra da qual, de fato, emanam leite e mel. Mas, não foi só isso que ele viu. Viu ali os filhos de Anaque[2], homens de enormes proporções, superfortes e sempre em alerta. Outras tribos também habitavam a terra, que não eram apenas de homens de força, mas homens treinados em todas as artes da guerra.

A Terra Prometida à qual os filhos de Israel deveriam ir e possuir representa o corpo humano. Josué simboliza o Ego. O rio Jordão simboliza a separação, na medida em que separou os filhos de Israel da Terra Prometida. O sacerdote, que conduzia a Arca da Aliança em que Deus estava, representa os nossos princípios mais elevados e nobres.

Como se diz mais adiante na versão bíblica, logo após a travessia do rio foi necessária uma nova purificação em forma de circuncisão para que fossem afastados todos os que não fossem dignos. E como é verdade que uma purificação semelhante era exigida de cada indivíduo quando ele decide, em seu coração, atravessar o rio! Uma grande prova o confronta, na qual o seu próprio coração é levado a sangrar.

Essa terra, com a sua população variada, suas tribos e clãs, suas cidades muradas e fortificadas, representa os nossos vários pecados e fraquezas, individuais e coletivos. Como eles se destacam em desafio a nós! Agora começamos a entender por que a ordem foi destruir total e completamente todos os habitantes. Não é difícil entende esses gigantes da tribo de Anaque. São os nossos maiores pecados. Como eles nos atrapalharam em nosso caminho! E os muitos outros pecados, alguns dos quais são velhos e grisalhos no serviço, quantas vezes nos confundiram e desafiaram o nosso direito de progredir! E depois da batalha, quando o conflito terminou, quantas vezes regressamos exaustos e sangrando pelas muitas feridas! Mas, quando o coração sangra, é então que o Espírito de Cristo se precipita, e não só renova as nossas forças, como as aumenta muitas vezes, permitindo assim que façamos coisas ainda maiores.

Há outra classe de pecados que é representada pela mulher, aquela classe em relação à qual exibimos uma espécie de atitude respeitosa. Não nos sentimos inclinados a entrar em conflito com eles. Não parecem causar dano algum e, além disso, temos um prazer considerável junto a eles. Assim são os pecados das formas menores de sensualidade. Eles são mais atraentes ou menos e não nos sentimos dispostos a ser violentos com eles; consequentemente, deixamos de cumprir a ordem de destruir totalmente “todos os que estão na cidade, tanto homens quanto mulheres” e, assim, poupamos esses pecados, que aumentam em força para nossa confusão posterior.

O último pecado que gostaria de mencionar é o da classe infantil. É aqui que muitos falham. Esses pecados, tal como os bebês, parecem inofensivos e inocentes. Já ouvi pessoas dizerem: “Por que abençoar sua vida? Minha querida e velha mãe fez isso e aquilo todos os dias de sua vida e foi para casa de Deus e certamente não há mal algum nisso; pelo menos eu não consigo ver algum”. Amigos, quando chegarem ao fim do caminho, quando o Sol se puser sobre o último dia da sua vida e vocês se encontrarem aquém da meta, vocês procurarão a causa nas páginas do livro da vida e verão que não foram as “cidades muradas” que pareciam inexpugnáveis nem os “filhos de Anaque” com quem lutaram tão valentemente; mas, o grande número de “crianças” que não conseguiram destruir. Foram os pecados infantis, de aparência bastante inocente, que obscureceram a sua visão e os fizeram ficar aquém do prêmio. Por isso, tenham cuidado e não se deixem enganar: destruam totalmente todos os pecados.

Temos que deixar de lado todo o peso e os pecados que tão facilmente nos assaltam e correr com paciência a corrida que nos está proposta. Depois, no final, tendo vencido a corrida, poderemos dizer: “Combati o bom combate, guardei a fé, matei todos os meus inimigos internos[3]. Por conseguinte, será reservada para nós uma coroa de justiça.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro de 1920 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Moisés era um representante da Era de Áries e não poderia auxiliar o povo escolhido a entrar na Era de Peixes. Isso conseguiria Josué, o filho de Nun, ou melhor, Jesus, o filho de Peixes; a Era de Peixes.

[2] N.T.: ou filhos de Enaque (Num 13:22 e 33).

[3] N.T.: IITim 4:7

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Duas Formas de Caridade

Duas são as formas de exercer a caridade: anímica e material. Essa que podemos chamar beneficência consiste em distribuir por certo número de nossos semelhantes o pão material, dar-lhes o nosso apoio, socorrê-los nas suas necessidades. Aquela, porém, que abrange a totalidade da Humanidade deve abraçar a todos os que participam de nossa existência neste mundo. Não mais consiste em esmolas, porém numa benevolência que deve envolver todos os seres humanos, desde o mais bem dotado em virtudes até ao mais criminoso.

A verdadeira caridade é paciente e indulgente. Não ofende e nem desdenha pessoa alguma; é tolerante e mesmo procurando orientar a outrem, o faz sempre com doçura, humildade, sem maltratar e sem atacar ideias enraizadas. Essa caridade, porém, é rara.

Certo fundo de egoísmo nos leva, muitas vezes, a observar, a criticar os defeitos do próximo sem primeiro reparar nossos próprios defeitos. Existindo em nós tantas imperfeições, empregamos ainda a astúcia em fazer sobressair às qualidades ruins dos nossos semelhantes. Por isso, não há verdadeira superioridade moral ou anímica sem caridade e modéstia. Não temos o direito de condenar nos outros as faltas que nós mesmos estamos expostos a cometer, contudo, devemos nos lembrar que houve tempo em que nos debatíamos contra a paixão e o vício.

Conhece-se o ser humano caridoso, não tanto pelos seus atos públicos, mas, e principalmente, pelas suas obras e atos exercitados às ocultas, longe das vistas do mundo.

Devemos sempre preferir ao invés dos aplausos dos seres humanos, o assentimento da nossa consciência, que é a manifestação sensível da aprovação dessa lei moral, escrita no nosso ser espiritual.

Mesmo o Cristo já se tinha pronunciado a esse respeito aos seus discípulos: “guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis a recompensa da mão de vosso Pai que está nos céus. Mas, quando derdes a esmola que vossa mão esquerda não saiba o que faz a direita” (Mt 6:1-6).

Difícil é, para o frágil ser humano deste mundo, tão baldo de virtudes, a prática dessa caridade aconselhada por Cristo-Jesus, porque ela exige de quem a pratica uma grande soma de desprendimento, coragem e intrepidez. A caridade, essa que brota, que nasce do amor e tem suas raízes no ser moral, na alma, impõe a imolação de todos os maus e baixos sentimentos, desejos e más e baixas emoções que tanto nos degradam.

A caridade, na sua mais ampla expressão e na sua mais alta cultura, abrange o universo, a totalidade das criaturas, estende-se a todos os seres. Não tem pátria, não é sectária, não conhece bandeiras, marco divisório e nem fronteiras; porque todo o universo é sua pátria, toda a Humanidade, sua família. Ela é a irmã caridosa de todas as criaturas e a elas une-se em doce e amorosíssimo consórcio, acompanhando-as, seguindo-as através das vicissitudes da existência; ora guiando-as as devesas sorridentes da esperança e da fé; ora auxiliando-as, ajudando-as, qual corajoso cireneu a carregar a cruz pesadíssima das provações; ora a desviá-las dos abismos cavados a seus pés pelas injunções dos maus e os estímulos da carne.

Livrai-nos de fazer sofrer a quem quer que seja, mesmo por uma palavra insignificante ou por um simples olhar, pois que o sublime da caridade está, muitas vezes, naquilo que passa despercebido às vistas dos seres humanos. Lembre-se que nem sempre a soma grandiosa da dádiva traduz a verdadeira caridade, mas que ela transparece e se afirma no insignificante óbolo feito com sacrifício e desprendimento. E, a esse respeito, ouçamos as judiciosas palavras de Cristo-Jesus, com referência à pobre viúva que, no templo de Jerusalém, após as largas espórtulas, que eram vultosas doações, deitadas no gasofilácio (que era lugar do templo em que se guardavam os vasos e se recolhiam as oferendas) pelos ricos deitou por sua vez uma diminuta moeda de cobre: “Na verdade vos digo que mais deitou esta pobre viúva do que todos os outros, porque todos deitaram no seu supérfluo, porém esta deitou da sua mesma indigência tudo o que tinha e tudo o que lhe restava para seu sustento” (Lc 21:3).

Faça sempre acompanhar a sua “esmola” (que nunca seja  as “moedas que você separa e deixa no carro para dar”; que não seja o dinheiro que você dá para quem pede e sim o que você compra com esse dinheiro para atender a necessidade de quem o pediu) de doce e carinhoso olhar, que traduz fielmente a emoção de vossas almas. E mais edificante seria ainda que ao prestar um benefício, o fizesse de tal modo que se julgasse que fosse você mesmo o beneficiado. Sempre dê sem muito indagar se o que recebe é digno da sua esmola; dê primeiro, indague depois: lembre-se que os frutos da caridade são muitas vezes tardios, que a verdadeira dedicação não conta com os frutos quando planta a semente ou quando enxerta o arbusto.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz novembro/1968 – Fraternidade Rosacruz SP)

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Os Sacramentos Cristãos: Exercícios reais espirituais ou disciplinas de grande poder

Nas Sagradas Escrituras encontramos a expressão “Jornada Através do Deserto”. Esta se supõe que se refere a presente fase de nossa evolução, a nossa permanência aqui no plano físico. Porque aqui vivemos na condição de relativa obscuridade espiritual e até que, de novo voltemos ao “Jardim do Éden” (a Região Etérica do Mundo Físico), teremos que viver grandemente pela fé.

Para nos confortar e estimular uma crença em nosso triunfo final, as Hierarquias Criadoras nos têm prestado uma maravilhosa ajuda, chamada Religião. Assim sendo, todas as Religiões do mundo são de origem divina, e as várias formas de adoração dadas à Humanidade, de quando em quando, foram todas designadas para atender as necessidades de uma Raça ou grupo em determinada época e determinado lugar.

Cada subsequente Religião tem dado ao mundo mais luz espiritual que a anterior e assim, em geral, a última Religião recebida por uma Raça ou nação, se verá que é a de maior utilidade. Muitas pessoas não se dão conta da expressão dual das doutrinas religiosas. Sem dúvida, em toda Religião podemos encontrar um ensinamento Esotérico ou interno. Assim como também o ensinamento Exotérico ou externo que se dá ao público. Nas Sagradas Escrituras é dito que S. Paulo deu “leite” à multidão e “carne” (ICor 3:2) aos mais avançados. A história antiga faz muitas referências às “Escolas de Mistérios” do passado. O historiador grego Heródoto, fala de sua Iniciação nos Mistérios Egípcios, mas das maravilhas e conhecimento secreto que lhe foi revelado. diz: “… é ilícito relatá-lo”. As Escolas de Mistérios foram chamadas segundo seu fundador ou a cidade onde se encontravam, e quase todas elas são bem conhecidas, quando menos, aos estudantes de história.

As várias Religiões exotéricas do passado diferem consideravelmente em aparência, mas os ensinamentos esotéricos são extraordinariamente similares e só diferem, principalmente, em que cada uma, a sua vez, revela mais detalhes do Plano Cósmico Divino do que a que a precede.

Por exemplo, os Mistérios Rosacruzes (Cristianismo Esotérico) a última é a mais compreensível de todas as Escolas de Mistérios. Foi plenamente anunciada no Antigo Templo de Mistérios Atlante. Esse “Tabernáculo no Deserto”, a primeira das Escolas de Mistérios foi, na verdade, “a sombra de melhores coisas por vir” (Col 2:17), pois em seu desenho se vê claramente os rasgos da Cruz Trilobada, o símbolo da Escola de Mistérios Rosacruzes.

A mais excepcional oportunidade para progredir se oferece assim a todos aqueles privilegiados para encontrar essa maravilhosa fonte de sabedoria. A maior parte dos Estudantes Rosacruzes está consciente disso, mas não muitos parecem que compreendem que as Sagradas Escrituras (Cristianismo Exotérico) podem também ser de grande auxílio ao Estudante Rosacruz. Sem dúvida, realmente, tanto o Antigo como o Novo Testamento da Bíblia contêm gemas de sabedoria e um estudo atento revelará que eles unem totalmente o vazio entre a Religião exotérica e esotérica. A Bíblia é mais que um simples livro. Tem sido descrito como um “vórtice espiritual” e serve como ponto de concentração por verter a energia espiritual por meio de todos aqueles que prestam sua atenção a esse livro de livros. Unicamente essa propriedade das Sagradas Escrituras tem sido observada igualmente pelo clero e pelos leigos, e é a base para a prática comum da leitura de alguns versículos da Bíblia todos os dias. Sabemos que “a Bíblia foi dada a cada um e a todos pelos Anjos do Destino, que estando acima de todos os erros, dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para o seu desenvolvimento”. Esses grandes seres espirituais são responsáveis pelo efeito dela sobre a Humanidade e permanecem sempre dispostos para auxiliar aqueles que buscam sua orientação por meio da Bíblia. Pois a Bíblia é, na verdade, o elo dos Anjos com a Humanidade, e seu verdadeiro valor para nós pode não ser compreendido inteiramente, durante muitos ainda, muitos anos por vir.

Em geral, a Religião nos assegura uma salvação verdadeira (um retorno seguro) e não devemos descuidar dos muitos benefícios que dela podemos obter.

Vamos ver um resumo do valor e propósito verdadeiro dos Sacramentos Cristãos. A Graça tem sido definida como o “Cimento” do Cristianismo e os Sacramentos são sua “Estrutura”; e poucos Estudantes Rosacruzes parecem compreender o verdadeiro propósito dessas partes básicas estruturais da Religião Cristã. Certamente, o Cristianismo perderia muito de sua beleza e poder sem os Sacramentos.

Como a Bíblia, os Sacramentos Cristãos não são dádivas ou ministérios dados de uma vez por todas. Verdade é que são simbolizados por rituais externos de curta duração, e sem dúvida, seu propósito, como a Bíblia, é o de nos prover de uma contínua ajuda no exercício para o crescimento espiritual. Os Sacramentos, então, não são meras cerimônias, mas Exercícios reais espirituais ou disciplinas de grande poder.

Os Sete Sacramentos Cristãos foram fornecidos aos Apóstolos pelo Cristo, e justamente como invocamos aos Anjos todas as vezes que lemos a Bíblia, assim atraímos o Raio de Cristo quando quer que observemos os Sacramentos Cristãos. A maior parte das Religiões Protestantes, que preconiza o Cristianismo Popular, observa só dois dos Sacramentos; a Religião Católica – que também preconiza o Cristianismo Popular –, por sua vez, observa todos os Sacramentos Cristãos. Fornecemos os nomes deles como os conhecemos: Batismo, Confirmação, Sagrada Comunhão (Eucaristia), Matrimônio, Penitência, Ordem Sacerdotal e Extrema-unção ou Últimos Ritos.

Vamos a uma explicação parcial o suficiente para sugerir ao Estudante Rosacruz a maravilhosa eficácia dessas disciplinas religiosas dadas por Deus.

Por exemplo, o Sacramento da Sagrada Comunhão, simbolizado pela Última Ceia, pode ser um fator vital em nossas vidas quando se lhe entende devidamente. Referindo-se ao pão e ao vinho, Cristo disse: “Este é meu corpo, e este é meu sangue” (Mt 26:26-28). Essa declaração não é uma mera figura de oratória, pois nossas plantas, grãos e frutas, com seus sucos, são cristalizações verdadeiras do Corpo Vital da Terra, o etérico Princípio-Crístico que absoluta e literalmente é o Corpo de Cristo. De tal modo, “quantas vezes participamos do pão e do vinho”, teremos comunhão com o Cristo, quando assim o fazemos “em Sua Memória” (Lc 22:19). E essa recoroação da origem verdadeira de nosso alimento o que constitui a base da Comunhão e é por meio da observação deste Sacramento – “quantas vezes partimos pão” – que podemos mais rapidamente despertar o Cristo interno. A beleza e poder desse exercício espiritual estão absolutamente além de nosso poder de compreensão na atualidade, mas os resultados são fáceis de discernir quando observamos esse Sacramento compreensivamente. No Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz” se nos recorda que o alimento e a Religião foram os auxílios divinos que recebemos para nos sustentar em nossa “Jornada através do deserto“, o que sugere o hábito descuidado de que nossos alimentos possam ser tão importantes como a Religião em nossa evolução espiritual. Como uma medida prática, sugerimos que a graça ou gratidão que expressamos ao nos alimentarmos, deveriam incluir um esforço para compreender a verdadeira santidade do alimento quando participamos de cada um e todos os bocados.

Vamos a mais um exemplo: o Sacramento da Penitência é parecido com nosso Exercício Esotérico noturno de Retrospecção. Consiste em uma confissão ao Pai (Eu Superior) cada noite, de todos os eventos do dia, arrependendo-se sinceramente por todos os pecados cometidos e descuidos, junto com a firme resolução de reformar-se tanto como seja possível. Os efeitos de grande alcance do Exercício Esotérico noturno de Retrospecção estão relevados no Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz“, onde se declara que: “A prática vespertina Exercício Esotérico noturno de Retrospecção é o exercício espiritual mais poderoso que tem sido fornecido ao ser humano”.

Vamos a outro exemplo: o Sacramento do Matrimônio tem um propósito que ordinariamente não se reconhece. O Ego está destinado a evoluir os elementos negativos e positivos de sua natureza. Essa mescla dos aspectos masculinos e femininos é facilitada grandemente por meio da íntima relação do estado marital, e não é possível que essa união dos extemos possa se efetuar de outra maneira, atualmente. A função sexual, também, é um fator nesse processo, pois como muitos Estudantes Rosacruzes supõem, serve a um processo que não é o da procriação. Sem dúvida, não se dá informação pública relacionada com esse assunto; pois os segredos do sexo estão guardados com segurança dentro do mais interno Estrato da Terra, e se revela totalmente apenas aos Iniciados que podem penetrar nesse Santuário interno. No presente, nosso interesse principal deveria ser transmutar, tanto como sejam possíveis, nossos desejos, sentimentos e nossas emoções inferiores em poder criador mental, que é bem melhor que buscar desculpas para a própria indulgência, já que a força sexual criadora é a mesma utilizada para manifestar o pensamento por meio do cérebro e da laringe e para praticar a relação sexual. O Sacramento do Matrimônio é um dos passos no caminho, um necessário preliminar até níveis maiores de realização. Por meio desse Sacramento aprendemos que no “Sagrado Laço do Matrimônio” cada fase da relação pessoal deve ser enfrentada com espírito de pureza e santidade. O Estudante Rosacruz aprende mais rapidamente a sublimar as paixões ígneas quando não estão insufladas por sentimentos lascivos ou licenciosos.

O desejo veemente ajuda realmente ao Estudante Rosacruz para que dedique todas as energias à vida superior. Por exemplo, aqui, o Sacramento da Ordem Sacerdotal (que nada tem a ver com a formação de pastor, ministro, padre, monge, freira e afins) por meio de suas meditações e disciplinas auxilia ao Estudante Rosacruz a se elevar acima de qualquer necessidade para a expressão inferior das energias criadoras, ou seja, da força sexual criadora. Afinal, esse Sacramento não está reservado apenas ao clero de uma Religião do Cristianismo popular, senão é mais uma instrução ou conduta que todo Aspirante à vide superior no caminho da realização espiritual Cristã terá que observar algum dia.

Vemos agora a evidência da profunda sabedoria no desígnio dos sete Sacramentos Cristãos. E um estudo mais profundo revela mais claramente a Luz Divina que brilha através de todas as Sagradas Escrituras. Max Heindel nos recorda que a Bíblia é o mais profundo e consagrado de todos os livros de ocultismo. Entretanto, com frequência descuidamos desta afirmação, e continuamos nossa procura de maiores segredos e documentos mais minuciosos. Tais esforços devem, supostamente, resultar em um fracasso completo, pois os Ensinamentos Cristãos são os mais compreensíveis que se tem dado ao mundo.

A Filosofia Rosacruz é uma parte do Cristianismo Esotérico e pelo seu estudo, aprenderemos realmente a abrir, um, por um, os “sete selos” que envolvem o Livro de Livros, a dádiva dos Anjos do Destino à Humanidade.

(Texto de Elsa M. Glover da The Rosicrucian Fellowship, traduzido e publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – agosto/1984 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carregai os Fardos Uns dos Outros…

Quando a pergunta “Por que você estuda a Filosofia Rosacruz?” é feita, nove Estudantes Rosacruzes em cada dez responderão, de modo fundamental: “Porque ela resolve problemas para mim cuja solução nunca encontrei em outro lugar”. As perguntas são aquelas eternas questões que, mais cedo ou mais tarde, colocam-se a todos nós: De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? Como pode um Deus de amor permitir que os seus filhos sofram de doença, pobreza e pecado, quando é onipotente e onisciente? Quem pode descrever a paz que entra na vida quando essas perguntas são respondidas de uma forma que satisfaz tanto a cabeça quanto o coração? Ou a alegria de saber, apesar da confusão e da aparente contradição superficial, que verdadeiramente “Deus está no Seu Céu e tudo está bem no mundo”?

Às vezes, porém, a satisfação completa da lógica e da razão tende a endurecer o coração e a represar as fontes de compaixão e simpatia que naturalmente se dirigiriam ao nosso irmão ou a nossa irmã em dificuldade. Quando aprendemos que a Lei de Causa e Efeito opera literalmente na vida de uma pessoa e em seu ambiente ou quando entendemos que a doença da qual ela sofre é parte da sua própria obra e, na verdade, é sua colheita tão verdadeiramente quanto a espiga de milho que ela colhe em seu milharal, temos a propensão de raciocinar assim: tudo isso é culpa dela mesma devido à sua própria ignorância, e sua salvação depende do seu próprio domínio da lição. Por que razão devo interferir no seu desenvolvimento, carregando o seu fardo? Por que tentar aliviá-la daquilo que foi provocado pela sua própria ignorância? Não permitirei assim que essa ignorância continue e, portanto, atrasarei o seu desenvolvimento, em vez de ajudar?

Esse raciocínio é friamente lógico e tem o sabor do pensamento deste mundo, mas não o da sabedoria divina. Devemos nos lembrar de que, embora a lógica e a razão tenham direito às considerações adequadas, elas não podem servir como único guia para o desenvolvimento espiritual. Devemos nos esforçar para obter um desenvolvimento global e elevar o nosso raciocínio mundano ao plano da sabedoria divina. Nesse desenvolvimento, tanto a simpatia de um coração amoroso deve ser satisfeita quanto a justiça exigida pela razão e pela lógica.

Os Anjos do Destino deram a todos os povos, em todos os tempos, uma luz adequada e suficiente para guiá-los em sua evolução e a nós ofereceram a Bíblia. Nela nos é dito claramente, em tom inequívoco: “carregai os fardos uns dos outros e assim cumprireis a Lei de Cristo. Pois cada um carregará o seu próprio fardo”[1]. Quando o Cristo nasce em nós, torna-se não apenas o nosso dever, mas também o nosso prazer, aprender a Sua Lei e aplicá-la a cada pensamento ou ato para que possamos crescer “até a estatura e a plenitude do Cristo[2]. Como podemos então saber se estamos ou não interferindo no desenvolvimento do nosso irmão ou da nossa irmã e retardando o seu crescimento, quando carregamos com ele ou com ela, e por ele ou por ela, o seu fardo?

A “ovelha perdida[3] que o Cristo veio procurar e salvar não é o indivíduo isolado que pode recorrer ao Crucificado para a salvação da alma dele. O sacrifício de Cristo foi pela Humanidade para salvá-la das suas trevas e da sua ignorância, e a ignorância e os pecados dos vários são a ignorância e os pecados de todos. Eu sou o guardião do meu irmão e da minha irmã porque a minha ignorância, tal como a dele ou a dela, é a causa da queda dele ou dela e eu também sou ignorante e pecador. Além disso, a salvação só se encontra em Cristo, que não veio para me salvar individualmente, mas a mim porque faço parte da Humanidade que estava e está perdida. A minha salvação não pode ser desfrutada na sua plenitude enquanto o que está perdido não for redimido. A minha vida está tecida e entrelaçada com a vida do meu irmão ou da minha irmã e, se a Luz raiou sobre mim, satisfazendo tanto o coração como a mente e me restituindo um Deus de amor e justiça, essa Luz revela também o fato de que o fardo do meu irmão ou da minha irmã não é mais individual do que a sua redenção.

Mas, o que significa a última parte do nosso texto: “Porque cada um deve carregar o seu fardo”? Não é isso uma contradição? Por que devo me preocupar com o problema do meu irmão ou da minha irmã, se no fim não posso carregá-lo? A resposta é que a única parte do fardo que podemos ajudar a carregar é o seu aspeto exterior — o alívio material. Apenas alguns de nós aprenderam a oferecer qualquer tipo de alívio a partir de um plano superior. Como somos propensos a engrandecer o material! Quando damos uma moeda para o mendigo ou lhe aliviamos a fome, pensamos que o ajudamos a suportar o seu fardo.

Quando nos compadecemos do nosso amigo ou da nossa amiga e ele ou ela segue o seu caminho com o coração mais leve e as forças renovadas, quanto vocês pensam que, na realidade, suportamos do seu fardo? Quando aliviamos o seu sofrimento, não estamos lidando em grande parte com o efeito, em vez da causa? Com que frequência procuramos cuidadosamente e em espírito de oração a causa do seu problema? Podemos, ou não, com mansidão e amor, mostrar para ele a Luz de tal forma que ele a possa compreender sem ser sobrecarregado pela nossa sabedoria superior ou oprimido pelo remorso?

Se tivermos feito tudo isso com humildade, não precisaremos que nos digam que “cada um deve carregar o seu fardo”. Há muito tempo enfrentamos nossas limitações e sentimos a nossa impotência. A origem de todo pecado é a ignorância e o seu único remédio é a sabedoria. A aquisição da sabedoria é um crescimento e o crescimento é um processo lento, puramente individual. Podemos ajudar nosso irmão ou nossa irmã a atravessar um caminho pedregoso, podemos firmar seus passos vacilantes e atar os pés que sangram, mas não podemos percorrer o caminho por ele. Cada um deve carregar o seu próprio fardo.

Não precisamos temer a interferência no desenvolvimento do nosso irmão ou da nossa irmã, quando lhe prestamos o nosso melhor serviço na sua hora de necessidade. Ao contrário, tenhamos medo é de negligenciar o serviço e retardar o nosso próprio crescimento. Nosso destino está entrelaçado com o dele ou com o dela; quando partilhamos o nosso pouco com ele ou com ela na sua hora de necessidade, aprendemos a tão necessária lição da confiança em Deus e não nos bens materiais ou no ambiente. Aprendemos, então, que o serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) é o caminho mais curto e mais seguro que nos conduz a Deus e que “aquele que quiser ser o maior entre vós, que seja o servo de todos[4].

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross outubro/1920 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Gl 6:2-5

[2] N.T.: Ef 4:13-16

[3] N.T.: Mt 18:10-14 e Lc 15:1-7

[4] N.T.: Mc 10:43 e Mt 20:26

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Segunda Vinda de Cristo

E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco, e o que estava montado sobre ele chamava-se Fiel e Verdadeiro, e com justiça julga e peleja”.

Os seus olhos eram chama de fogo, e na sua cabeça estavam muitos diademas; e tinha um nome escrito que ninguém sabe senão ele mesmo”.

E vestia uma capa imersa no sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus”.

E os exércitos que estão no céu seguiam-no sobre cavalos brancos, e vestidos de linho finíssimo, branco e puro”.

Da sua boca saia uma espada afiada para com ela ferir as nações; e ele as regerá com uma vara de ferro, e ele é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo Poderoso”.

Ele traz sobre a sua capa e sobre a sua coxa este nome escrito: REI DOS REIS e SENHOR DOS SENHORES” (Apo 19:11-16).

Vamos a significância esotérica de algumas palavras: o cavalo simboliza o intelecto ou a inteligência. Também é comum a associação entre as expressões “branca” com a pureza. Daí se poder relacionar o primeiro dos versículos dessa passagem da Revelação de São João com a Mente purificada e espiritualizada, alvo a ser atingido pela humanidade. A vida de pureza e de serviço amoroso aos demais, exemplificada por Cristo-Jesus, durante todo seu Ministério sobre a Terra, não somente levará o neófito a espiritualização de sua Mente, como também limpará seu sangue (o Lar do Ego) dos desejos, sentimentos e emoções inferiores e das paixões – tudo isso formamos usando material das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo –, atraindo os dois Éteres superiores do Corpo Vital (Éter Luminoso e Éter Refletor) componentes do Corpo-Alma ou Vestido Dourado Nupcial, a ser usado por todos aqueles que viverão na Nova Galileia (a Sexta Época do Período Terrestre) sob a regência do Cristo. A “Palavra de Deus” é o Segundo Aspecto da Trindade, o Amor-Sabedoria, a respeito do qual São João fala em seu Evangelho: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1:1).

A espada, muitas vezes, é o símbolo da energia positiva, da Mente superior (ou Mente abstrata, para diferenciarmos a Mente concreta que está “contaminada” pelos desejos), levando avante o conflito entre a verdade e o erro. Esse conflito deve perdurar até que a influência separativa dos Espíritos de Raça e a Mente concreta — unida com o desejo — tenha sido suplantada pelo unificante poder do Cristo.

O Raio do Cristo Cósmico veio a Terra (no Gólgota) para se tornar o Espírito Planetário interno desse Planeta, irradiando o Seu poderoso Amor, Sua poderosa Luz e Vida para nos auxiliar, em trabalho de redenção de nossas transgressões passadas e presentes das Leis de Deus. Quando tenhamos evoluído a ponto dos nossos Corpos-Almas estarem suficientemente fortes para manter flutuando a Terra em sua órbita — Serviço esse atualmente realizado pelo Cristo — Ele retornará, no Corpo Vital de Jesus, o qual está sendo preservado cuidadosamente em um sarcófago de cristal no centro da Terra, por alguns Irmãos Maiores. Então, Ele reinará entre nós, que formaremos uma Humanidade purificada e regenerada.

Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que a Segunda Vinda de Cristo não ocorrerá provavelmente antes de que o Sol, por Precessão, entre no Signo de Capricórnio. É evidente que a nossa atual condição está longe ainda daquele estado espiritual necessário para a próxima vinda do Cristo. Contudo, como os Raios Crísticos se tornam mais e mais poderosos, ano após ano, e recebemos a vibração do humanitário Signo de Aquário, indubitavelmente faremos maior e mais rápido progresso desenvolvendo nossos Corpos-Almas a fim de que possamos “encontrar Cristo no ar e estar com Ele para todo o sempre.” (ITes 4:17).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/72 – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Não se detenha na Comemoração Histórica do Natal

Além das luzes que feericamente enfeitam as ruas, as vitrines e as casas; além dos enfeites variados, haja a luz de uma compreensão maior em você, que o (a) capacite ao viver fraternal.

Além dos cânticos de louvor, entoe seu coração um hino de gratidão a Deus e ao Cristo, por todos os dons maiores e menores que lhe proporcionaram no ano que passou.

Além da leitura dos Evangelhos Segundo São Mateus[1] e Segundo São Lucas[2], respectivamente, acerca do Nascimento de Jesus, na Noite Santa, compreenda que somos Cristos em formação. Portanto, abençoe todas as vicissitudes e êxitos, as alegrias e tristezas, discernindo as causas para decididamente agir melhor no futuro.

Faça um inventário do ano e liberte seu passado, extraindo-lhe a experiência, para utilizá-la, aqui e agora mesmo, em seu crescimento de consciência.

Além dos presentes, haja, sobretudo, o propósito de dar de si mesmo (a) em cada coisa que oferece ou faz, tudo atribuindo ao seu Cristo interno. Com isso, as tarefas mais simples se tornarão riquezas celestiais.

Aja e cante de sua própria consciência, advertindo-o (a) de todas as fraquezas para com Ele.

Além do presépio, haja a humilde receptividade, de seu íntimo, à manifestação do Cristo que deseja nascer em você, quando já estiverem domesticados os animaizinhos de seus instintos.

Além de uma mesa farta e festiva, haja em você o sincero intuito de abster-se, na Noite Santa, de tudo o que fira o espírito de Natal: troque a alegria ruidosa do efeito alcoólico, pelo júbilo puro dessa comemoração; troque os holocaustos sangrentos – como dos tempos pré-cristãos – por pratos sadios, lembrando a recomendação bíblica “quero misericórdia e não sacrifícios”.

Procure manter a Mente e o Coração sintonizados com o Cristo que nos visita, em vez de entreter-se com conversas vazias. No entanto, respeite os outros. A mera abstenção dessas coisas não santifica a mesa Natalina. Há mesas com bebidas alcoólicas e carne animal mais harmoniosas do que mesas sem eles. Essa abstenção tem valor como complemento de um íntimo devoto.

Compreenda igualmente os que cantam: “Adeus ano velho, feliz ano novo, muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender”. De sua parte, você saberá que todas as coisas são consequências do íntimo e, por isso, tratará de formar uma consciência digna de uma vida mais ampla, de justo uso das coisas.

Realize o espírito de Natal para estar realmente NOVO. Então poderá começar outro ano em nível de consciência mais elevado. Só assim o próximo ano lhe será um ano realmente NOVO!

Para terminar: recolha, pelo íntimo receptivo e puro, as bênçãos do Natal, para distribuí-las em cada dia do ano que vem, numa profícua sementeira, a fim de oferecer, no próximo Natal, as primícias de seu espírito Natalino.

Desejamos que o Cristo nasça em você!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – dezembro/1976 – Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: Mt (1:19-25): 18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, comprometida em casamento com José, antes que coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. 19José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em segredo. 20Enquanto assim decidia, eis que o Anjo do Senhor manifestou- se a ele em sonho, dizendo: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados”. 22Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa: “Deus está conosco”. 24José, ao despertar do sono, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher. 25Mas não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho. E ele o chamou com o nome de Jesus.

[2] N.R.: Lc (2:1-20): 1Naqueles dias, apareceu um edito de César Augusto, ordenando o recenseamento de todo o mundo habitado. 2Esse recenseamento foi o primeiro enquanto Quirino era governador da Síria. 3E todos iam se alistar, cada um na própria cidade. 4Também José subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, para a Judéia, na cidade de Davi, chamada Belém, por ser da casa e da família de Davi, 5para se inscrever com Maria, sua mulher, que estava grávida. 6Enquanto lá estavam, completaram-se os dias para o parto, 7e ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia um lugar para eles na sala. 8Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho. 9O Anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor envolveu-os de luz; e ficaram tomados de grande temor. 10O anjo, porém, disse-lhes: “Não temais! Eis que eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: 11Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo-Senhor, na cidade de Davi. 12Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas deitado numa manjedoura”. 13E de repente juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste a louvar a Deus dizendo:14“Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama!”.15Quando os anjos os deixaram, em direção ao céu, os pastores disseram entre si: “Vamos já a Belém e vejamos o que aconteceu, o que o Senhor nos deu a conhecer”. 16Foram então às pressas, e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura. 17Vendo-o, contaram o que lhes fora dito a respeito do menino; 18e todos os que os ouviam ficavam maravilhados com as palavras dos pastores. 19Maria, contudo, conservava cuidadosamente todos esses acontecimentos e os meditava em seu coração. 20E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora dito.

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