Arquivo de categoria Estudos Bíblicos

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Canais da Ação Divina: Não Procurar fazer Valer a sua Vontade, mas sim a Vontade de Deus

No encerramento do Ritual do Serviço Devocional do Templo da Fraternidade Rosacruz há uma exortação que a seguinte: “nos tornemos melhores homens e mulheres e mais dignos de sermos utilizados como colaboradores conscientes na obra benfeitora dos Irmãos Maiores, a serviço da Humanidade.”.

Os excelsos seres mentores do nosso Esquema de Evolução necessitam de pontos de apoio aqui no Mundo material – que é a Região Química do Mundo Físico – para realizarem seu trabalho de regeneração (parte do Plano de Salvação inaugurado por Cristo, na Sua primeira vinda). Não fosse assim, pouco ou nada conseguiriam. A face do Planeta Terra se tornaria uma verdadeira desolação, em virtude das nossas falhas e, muitas vezes, insistências em querer destruir esse Campo de Evolução.

Cooperar com seres humanos elevados espiritualmente e com todas as Hierarquias Criadoras, além de um inigualável privilégio, é um dever. Todos aqueles ligados aos movimentos espiritualistas têm colhido grandes bênçãos, como resultado de seu esforço em procurar se aperfeiçoar espiritual e moralmente. Como muito recebem, cabe-lhes, em contrapartida, a responsabilidade de dar, fazendo, assim, cumprir a Lei de Deus.

Quem aceita, voluntariamente, a missão de servir se põe em sintonia com a Fonte Suprema de todas as coisas: Deus. Quanto mais ajuda, percebe como crescem suas qualidades, seus talentos e suas possibilidades de colaborar em esferas cada vez mais amplas. Converte-se em um canal por onde fluem todas as dádivas divinas.

É essa a condição de meio de expressão das forças espirituais: não esqueçamos que “amém” significa “assim seja”. Terminemos sempre nossas preces com esta poderosa expressão de fé e confiança no Poder Divino, na presença luminosa e sábia que é Cristo, o Ser sublime que nos fornece vida, e que habita em nós, no coração de cada um, saibamos ou não. Assim nos compenetraremos, cada vez mais, da verdade de que Cristo, não age por nós, mas sim por meio de nós. Os Seus ‘milagres’ são a maneira d’Ele de utilizar sabiamente as Leis de Deus. Quando deixamos que a nossa vontade se apoie, firmemente, nas Leis de Deus, vemos que Cristo pode criar tudo através de nós e fazer, assim, todos os milagres.

O requisito fundamental para servirmos de canais de ajuda e cura é estarmos sintonizados com o Cristo em nós mesmos. Por isso constitui valioso exercício, uma ou duas vezes ao dia, recolhermo-nos por alguns minutos, procurando nos conscientizar da Divina Presença e de nossa unidade com Deus-Pai – para isso é mister fazer os Exercícios Esotéricos Rosacruzes, durante o dia, de Concentração e Meditação. Isso é muito importante porque além de nos ensejar proteção contra os maus pensamentos ou sentimentos desejos e/ou más emoções – tão comuns, principalmente nos ambientes de trabalho, do lar e até de alguns outros lugares – poderá nos converter em meios de manutenção de equilíbrio e bem-estar.

Para muitos, essa prática pode parecer inédita ou até surpreendente. Mas não é verdade. Se consultarmos a Bíblia verificaremos inúmeros casos em que alguém ou algumas pessoas serviram de instrumento ou de canal para que se operassem “prodígios” ou “milagres”.

No capítulo 5 do Evangelho Segundo S. Lucas, por exemplo, vemos como um grupo de homens, pela intensidade de sua fé no poder curador do Cristo, se tornou o instrumento para a realização da cura[1]. E assim, em várias passagens encontramos fatos idênticos.

Tudo isso sempre foi uma realidade. Apenas agora que um número cada vez maior de pessoas começa a se sensibilizar a essa verdade. Como disse Salomão, no Livro de Eclesiastes: “O que foi, será, o que se fez, se tornará a fazer: nada há de novo debaixo do sol!” (Ecl 1:9).

Assim, consciente dessa responsabilidade, o Aspirante à vida superior deve se manter sempre calmo, paciente, humilde, simples, esperançoso, confiante e equilibrado diante de todas as circunstâncias. Não deve permitir que a dúvida ou a preocupação ofusquem sua visão interior, ou que alguma condição adversa venha a perturbá-lo. Sabe que o amor divino é expresso no mundo através dos canais humanos. Não procura, entretanto, fazer valer a sua vontade, mas sim a de Deus-Pai (“Pai, faça-se sempre a Sua vontade, e não a minha”).

Não é o que realizamos, nem a extensão de nossa influência, que nos torna importantes a Deus, mas, quão desejosos estamos por deixar que Seu amor encontre expressão, por meio de nós, exatamente onde estamos. Dessa forma, Ele pode, realmente, criar tudo através de nós, e realizar os assim chamados “milagres”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1980 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: 1Certa vez em que a multidão se comprimia ao redor dele para ouvir a palavra de Deus, à margem do lago de Genesaré, 2viu dois pequenos barcos parados à margem do lago; os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. 3Subindo num dos barcos, o de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra; depois, sentando-se ensinava do barco às multidões. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: “Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca”. 5Simão respondeu: “Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas, porque mandas, lançarei as redes”. 6Fizeram isso e apanharam tamanha quantidade de peixes que suas redes se rompiam. 7Fizeram então sinais aos sócios do outro barco para virem em seu auxílio. Eles vieram e encheram os dois barcos, a ponto de quase afundarem. 8À vista disso, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!”. 9O espanto, com efeito, se apoderara dele e de todos os que estavam em sua companhia, por causa da pesca que haviam acabado de fazer; 10e, também, de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão”. Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! Doravante serás pescador de homens”. 11Então, reconduzindo os barcos à terra e deixando tudo, eles o seguiram.

Cura de um leproso — 12Estava ele numa cidade, quando apareceu um homem cheio de lepra. Vendo a Jesus, caiu com o rosto por terra e suplicou-lhe: “Senhor, se queres, tens poder para purificar-me”. 13Ele estendeu a mão e, tocando-o, disse: “Eu quero. Sê purificado!”. E imediatamente a lepra o deixou. 14E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse: “Vai, porém, mostrar-te ao sacerdote, e oferece por tua purificação conforme prescreveu Moisés, para que lhes sirva de prova”. 15A notícia a seu respeito, porém, difundia-se cada vez mais, e acorriam numerosas multidões para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades. 16Ele, porém, permanecia, retirado em lugares desertos e orava.

Cura de um paralítico — 17Certo dia, enquanto ensinava, achavam-se ali sentados fariseus e doutores da Lei, vindos de todos os povoados da Galileia, da Judéia e de Jerusalém; e ele tinha um poder do Senhor para operar curas. 18Vieram então alguns homens carregando um paralítico numa maca; tentavam levá-lo para dentro e colocá-lo diante dele. 19E como não encontravam um jeito de introduzi-lo, por causa da multidão, subiram ao terraço e, através das telhas, desceram-no com a maca no meio dos assistentes, diante de Jesus. 20Vendo-lhes a fé, ele disse: “Homem, teus pecados estão perdoados”. 21Os escribas e os fariseus começaram a raciocinar: “Quem é este que diz blasfêmias? Não é só Deus que pode perdoar pecados?”. 22Jesus, porém, percebeu seus raciocínios e respondeu-lhes: “Por que raciocinais em vossos corações? 23Que é mais fácil dizer: Teus pecados estão perdoados, ou: Levanta-te e anda? 24Pois bem! Para que saibais que o Filho do Homem tem o poder de perdoar pecados na terra, eu te ordeno — disse ao paralítico — levanta-te, toma tua maca e vai para tua casa”. 25E no mesmo instante, levantando-se diante deles, tomou a maca onde estivera deitado e foi para casa, glorificando a Deus. 26O espanto apoderou-se de todos e glorificavam a Deus. Ficaram cheios de medo e diziam: “Hoje vimos coisas estranhas!”

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Você pode provar, por meio da Bíblia, que o Ego nasce e renasce até estar apto a se apresentar diante de Deus?

Resposta: Há algumas pessoas que acreditam que a Bíblia é totalmente exata, palavra por palavra, do começo ao fim. Além disso, se houver controvérsia, elas argumentam como se a Bíblia tivesse sido originalmente escrita em inglês e como se cada palavra significasse justamente o que expressa, e nada mais.

Na realidade, a Bíblia tem sido traduzida, transcrita, editada e reeditada tantas vezes que, naturalmente, surgiram interpolações. Algumas foram inseridas involuntariamente, devido a algum lapso ocasional por parte do copista. Também houve casos em que as interpolações foram colocadas intencionalmente, a fim de apoiar uma determinada doutrina na qual o copista acreditava e que não estava claramente enunciada. Entre os estudiosos nessa área é bem reconhecido que apenas um esboço geral dos ensinamentos originais permanece conosco atualmente.

Em todas as Religiões sempre foi dado às multidões um lado exotérico. Esse continha os ensinamentos mais elementares, mas uma opção para adquirir um conhecimento mais profundo foi fornecido àqueles que se prepararam, no decorrer de suas vidas, a compreender tais os mistérios. Podemos nos lembrar do conselho de Cristo aos Seus discípulos: “A vós foi dado o mistério do Reino de Deus; aos de fora, porém, tudo acontece em parábolas.” (Mc 4:11), como uma indicação que há um procedimento semelhante na Religião Cristã.

Entre esses mistérios estava a Doutrina do Renascimento, que você perceberá que Cristo-Jesus deve tê-la ensinado por meio do seguinte diálogo. Ele perguntou-lhes: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (Mt 16:13). E os Discípulos responderam: “Uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas.” (Mt 16:14). Todos esses personagens já haviam morrido e seus Corpos já deviam estar decompostos nos túmulos. Ainda assim, encontramos pessoas que creem ser Jesus um deles renascido. Se esse princípio do Renascimento estivesse errado, teria sido um dever de Cristo-Jesus, como Mestre, corrigir Seus discípulos e, provavelmente, Ele teria dito: “Que bobagem! Como posso ser um deles? Eles já partiram há séculos!”. Ao invés de tudo isso, Ele pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. (Mt 16:15)

No caso de Elias, Ele ensinou essa doutrina abertamente, pois Ele disse aos Seus Discípulos se referindo a João Batista: “…ele é o Elias que deve vir.” (Mt 11:14). Não há nenhum equívoco, mas uma afirmação direta: “Esse é Elias”. Essa declaração foi reiterada mais tarde, quando deixavam o Monte da Transfiguração, pois naquela ocasião, Cristo disse aos Seus Discípulos: “Eu vos digo, porém, que Elias já veio, mas não o reconheceram.” (Mt 17:12). Então: “os Discípulos entenderam que se referia a João Batista.” (Mt 17:13).

(Pergunta nº 104 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Poder de “ordenar aos demônios”

O Evangelho de S. Lucas relata que os homens retornaram contando com muita alegria: “Senhor, até os demônios se sujeitaram a nós por causa de Teu Nome” (Lc 10:17).

O poder de “ordenar aos demônios” constituía um dos pontos importantes do ministério de Cristo-Jesus. O Novo Testamento encontra-se repleto de narrativas alusivas ao demônio, a “força do mal”. Há frases nas quais são mencionados os termos: “mensageiros de Satanás”, “o pai da mentira”, o iníquo, o adversário e o destruidor. Toda essa nomenclatura mostrando a existência cósmica do “poder do mal”. Podemos ter certeza, dessa forma, que o mal existe na realidade e que é de natureza pessoal, tendo, naturalmente, efeitos sobre nós como indivíduos.

Um dos aspectos mais impressionantes relativos ao enorme interesse por temas do pseudo-ocultismo é que: pessoas que firmemente negam a existência de Deus acreditam e parecem profundamente impressionadas com o demônio. Devemos completar essa ideia mencionando o fato de que o demônio não é, em absoluto, uma invenção da Religião Cristã. Uma das formas mais persistentemente em evidência, um ser portador de chifres, asas e garras data, pelo menos, de épocas tão remotas como a antiga Mesopotâmia.

Pode-se observar, em nossos tempos, uma onda de fascinação exercida pelas “forças invisíveis”. O nosso mundo e a nossa arte sentem o impacto de cultos mais ou menos satânicos, sessões envolvendo bruxas e bruxaria e, como é de conhecimento de todos, drogas.

Parece de pouca consistência em nosso mundo supercientífico e supertecnológico, o exame, e reexame, tanto pelo público, como pelas elites intelectuais, das forças malignas invisíveis e suas manifestações.

Esse interesse também se reflete em nossos veículos de comunicação. A publicação de obras literárias e filmes servem de indicadores seguros do grau de interesse pela atuação dos “espíritos malignos”.

Assim sendo, pode não ser coincidência o fato dos autores dos Evangelhos terem distinguido a obsessão dos outros tipos de moléstias curadas. Como se sabe, grande parte das curas efetuadas por Cristo-Jesus foram desse tipo. Entre as curas individuais realizadas, conforme o Novo Testamento, sete envolviam pessoas obsidiadas por demônios: cinco homens, um menino e uma menina. Em cada um desses casos, Cristo-Jesus usava de métodos específicos e diferentes para a obtenção da cura, ponto merecedor de estudo detalhado do Aspirante à vida superior aplicado.

Em primeiro lugar, é de se notar que todas as entidades obsessoras reconheciam o Cristo, avaliavam seu poder sobre elas e se lhe declararam sujeitas sem opor resistência (Mc 1:23-26). Esse primeiro relato de exorcismo refere-se a um incidente ocorrida num domingo em Cafarnaum, na Galileia, no interior da Sinagoga, enquanto o Cristo ensinava. Relata o Evangelho: “E estava na sinagoga um homem com um espírito imundo, o qual exclamou dizendo: Ah! Que temos contigo Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és, o Santo de Deus. E repreendeu-o Jesus dizendo: Cala-te e sai dele. Então o espírito imundo convulsionando-o, e clamando, com grande voz, saiu dele.”. Essa cura foi espontânea e, sem dúvida, surpreendente para a multidão da sinagoga. O demônio não suportou as altas vibrações de Santa Presença e foi obrigado a se revelar, encontrando assim o destino relatado.

No Evangelho segundo S. Mateus (9:32-33) – “Logo que saíram, eis que lhe trouxeram um endemoninhado mudo. Expulso o demônio, o mudo falou. A multidão ficou admirada e pôs-se a dizer: “Nunca se viu coisa semelhante em Israel!”. Note que é um caso do endemoninhado surdo e mudo, cujos órgãos vocais e auditivos estavam sendo controlados por uma entidade. Imediatamente após o afastamento dela, o indivíduo recuperou a sua fala, voltando ao normal. Porém, isso não agradava aos fariseus! Dizem eles: “Os fariseus, porém, diziam: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios” (Mt 9:34).

Existe, porém, uma narrativa de um ato de exorcismo extraordinário contido nos Evangelhos e é de se admirar que tal incidente não consiga horrorizar ninguém não havendo, até hoje, um escritor bastante interessado em tecer um amplo comentário a respeito, o que traria à realidade, para os seres humanos de hoje, o tremendo poder à disposição do Cristo.

E o mais impressionante ato de exorcismo relatado na Bíblia é o do homem geraseno ou gadareno, cujos obsessores identificaram-se a si mesmos como “legião”. Essa cura deve ter particular importância, uma vez que três dos evangelistas, S. Mateus, S. Marcos e S. Lucas escreveram a respeito[1].

O incidente ocorreu num dia em que o Cristo e os Discípulos decidiram atravessar para a costa Oeste do Lago de Tiberíades. A área se compunha, em sua maioria, de pedras calcárias dispostas em penhascos pontilhados de cavernas, lugar em que se costumava sepultar os mortos.

Quando o pobre homem obsidiado avistou o Cristo, veio correndo e se prostrou diante d’Ele gritando “O que temos a haver contigo Filho do Altíssimo? Não nos atormente”. O Cristo reconheceu de imediato o grande mal que havia naquele homem e ordenou: “Saia desse homem espírito imundo”. Em seguida formulou uma pergunta que poderia parecer até irrelevante: “Qual é o seu nome?”. A resposta foi: “É legião, porque somos muitos”.

Há vários pontos a serem considerados nesse relato de exorcismo. O mais importante é que imediatamente após o afastamento das entidades obsessoras, o ser voltava de imediato à condição de ser humano normal. Do ser bestial, demente, cuja presença afastava a todos, surgia o ser humano absolutamente normal e comum, que só rogava aos santos homens que ficassem com ele. O Cristo disse, porém, que era mais útil levar o conhecimento dessa cura para o seu círculo de amigos como testemunho da dádiva recebida por ele de Deus. Tarefa não muito fácil, de fato, pois a família e os amigos representam, às vezes, a maior dificuldade a ser enfrentada por aquele que foi purificado pelo amor de Cristo, e quer segui-lo.

O Cristo instruía Seus Discípulos num método muito avançado de exorcismo. Mostrava-lhes que tão logo o exorcista estivesse de posse do nome da entidade, ela se encontrava debaixo de Seu poder. Nesse tipo de exorcismo os Discípulos recebiam instruções reservadas sobre o poder das vibrações contidas em nomes e como ele deveria ser usado nas curas comuns ou no exorcismo, bem como para finalidades superiores a outros.

O relato bíblico envolvendo o demônio chamado “legião” acaba por evidenciar que as entidades receberam a permissão de Cristo para entrar numa manada de porcos levada a um abismo.

Com referência a esse ato de destruição, é interessante voltar à antiga simbologia egípcia. Naqueles tempos, os porcos eram simbolicamente identificados com o Planeta Marte, ou seja, a natureza inferior e passional do ser humano.

Há aqui uma indicação simbólica do poder de Cristo em purificar os seres, enviando as entidades inferiores para o seu próprio elemento inferior, simbolizado na narrativa pela manada de porcos.

Parece quase certo que a cura de obsessões por intermédio de entidades desencarnadas será o ministério de maior importância no setor de cura durante a Nova Era.

S. Paulo aconselha que “oremos sem cessar”, cobrindo-nos assim da Aura Protetora da oração. Isso é assaz importante para o Aspirante à vida superior, uma vez que a quantidade de pensamentos, desejos, emoções, sentimentos, palavras, ações, obras e atos negativos, constantemente gerados em nosso Planeta, fica incorporada nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, podendo perfeitamente obsidiar qualquer indivíduo que não foi treinado a controlar ou destruir o seu impacto. Assim, “legião” passa a ser um espelho da luta que se trava no interior de cada ser humano e que só pode ser acalmada pelo Poder do Espírito unificador e purificador de Cristo-Jesus. A abordagem intelectual dessa situação só poderá frustrar os esforços de melhorar o estado do paciente.

A Filosofia Rosacruz foi dedicada ao mundo ocidental por causa do monopólio exercido pelo intelectualismo sobre os indivíduos dessa parte do globo. Max Heindel afirmou que é uma dura tarefa para intelectuais cultivar a compaixão, que deve temperar o seu conhecimento e ser o guia, realmente, no uso desse conhecimento.

É isso que o Método Rosacruz de desenvolvimento almeja por realizar, levando o candidato à compaixão, por meio do conhecimento. Esse método procura cultivar dentro do Aspirante à vida superior as faculdades latentes de visão e audição espirituais, já desde o começo de sua carreira como Aspirante à vida superior. Ensina-o a conhecer os mistérios ocultos do ser e da natureza e a perceber racionalmente a unidade de cada um com todos – onde desperta a compaixão por meio do misticismo – para que, finalmente, mediante o conhecimento, possa desabrochar dentro dele o sentimento que o que faz um com o Infinito.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/75 – Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: “Ao chegar ao outro lado, ao país dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois endemoninhados, saindo dos túmulos. Eram tão ferozes que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que se puseram a gritar: “Que queres de nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?”. Ora, a certa distância deles havia uma manada de porcos que estava pastando.  Os demônios lhe imploravam, dizendo: “Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos”.  Jesus lhes disse: “Ide”. Eles, saindo, foram para os porcos e logo toda a manada se precipitou no mar, do alto de um precipício, e pereceu nas águas. Os que os apascentavam fugiram e, dirigindo-se à cidade, contaram tudo o que acontecera, inclusive o caso dos endemoninhados. (Mt 8:28-33).

“Chegaram do outro lado do mar, à região dos gerasenos. Logo que Jesus desceu do barco, caminhou ao seu encontro, vindo dos túmulos, um homem possuído por um espírito impuro: habitava no meio das tumbas e ninguém podia dominá-lo, nem mesmo com correntes. Muitas vezes já o haviam prendido com grilhões e algemas, mas ele arrebentava os grilhões e estraçalhava as correntes, e ninguém conseguia subjugá-lo. E, sem descanso, noite e dia, perambulava pelas tumbas e pelas montanhas, dando gritos e ferindo-se com pedra. Ao ver Jesus, de longe, correu e prostrou-se diante d’Ele, clamando em alta voz: “Que queres de mim, Jesus, Filho de Deus altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes! “Com efeito, Jesus lhe disse: “Sai deste homem, espírito impuro!  “E perguntando-lhe: “Qual é o teu nome?” Respondeu: “Legião é o meu nome, porque, somos muitos”. E rogava-lhe insistentemente que não os mandasse para fora daquela região. Ora, havia ali, pastando na montanha, uma grande manada de porcos. Rogava-lhe, então, dizendo: “Manda-nos para os porcos, para que entremos neles”. Ele o permitiu. E os espíritos impuros saíram, entraram nos porcos e a manada — cerca de dois mil — se arrojou no mar, precipício abaixo, e eles se afogavam no mar. Os que os apascentavam fugiram e contaram o fato na cidade e nos campos. E correram a ver o que havia acontecido. Foram até Jesus e viram o endemoninhado sentado, vestido e em são juízo, aquele mesmo que tivera a Legião. E ficaram com medo. As testemunhas contaram-lhes o que acontecera com o endemoninhado e o que houve com os porcos. Começaram então a rogar-lhe que se afastasse do seu território. Quando entrou no barco, aquele que fora endemoninhado rogo-lhe que o deixasse ficar com Ele. Ele não deixou, e disse-lhe: “Vai para tua casa e para os teus e anuncia-lhes tudo o que fez por ti o Senhor na sua misericórdia”. Então partiu e começou a proclamar na Decápole o quanto Jesus fizera por ele. E todos ficaram espantados.” (Mc 5:1-20).

“Navegaram em direção à região dos gerasenos, que está do lado contrário da Galileia. Ao pisarem terra firme, veio ao seu encontro um homem da cidade, possesso de demônios. Havia muito que andava sem roupas e não habitava em casa alguma, mas em sepulturas. Logo que viu a Jesus começou a gritar, caiu-lhe aos pés e disse em alta voz: “Que queres de mim, Jesus, filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes”. Jesus, com efeito, ordenava ao espírito impuro que saísse do homem, pois se apossava dele com frequência. Para guardá-lo, prendiam-no com grilhões e algemas, mas ele arrebentava as correntes e era impelido pelo demônio para os lugares desertos. Jesus perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?”. — “Legião”, respondeu, porque muitos demônios haviam entrado nele. E rogavam-lhe que não os mandasse ir para o abismo. Ora, havia ali, pastando na montanha, uma numerosa manada de porcos. Os demônios rogavam que Jesus lhes permitisse entrar nos porcos. E ele o permitiu. Os demônios então saíram do homem, entraram nos porcos e a manada se arrojou pelo precipício, dentro do lago, e se afogou. Vendo o acontecido, os que apascentavam os porcos fugiram, contando o fato na cidade e pelos campos. As pessoas então saíram para ver o que acontecera. Foram até Jesus e encontraram o homem, do qual haviam saído os demônios, sentado aos pés de Jesus, vestido e em são juízo. E ficaram com medo. As testemunhas então contaram-lhes como fora salvo o endemoninhado.” (Lc 8:26-36)

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O Caminho para Frente e para Cima alinhado ao Cristianismo Esotérico

Os importantes passos da vida de nosso Salvador, Cristo, conforme narrados pelos quatro Evangelhos, compõem o esquema geral de Iniciação para todos nós, enquanto desenvolvemos gradualmente o Espírito do Cristo em nosso interior, o Cristo Interno.

Os quatro Evangelhos descrevem, dramaticamente e em símbolos, os incidentes que serão encontrados no nosso Caminho da Santidade.

Sabemos que havia três seres dentre os Discípulos mais íntimos do Cristo que alcançaram o pináculo da Iniciação. E os Evangelhos contêm um maravilhoso relato de do elevado contatos deles com a Memória da Natureza. Os três Discípulos eram: João, o bem-amado ou, em outras palavras, o mais avançado; Tiago, o primeiro a sacrificar sua vida pelos preceitos da nova Religião instituída por Cristo – o Cristianismo, e Pedro, a rocha, simbolizando o poder da fé e obras, sobre as quais a Religião Cristã foi estabelecida. Diz o Evangelho que “os levou para o Monte[1], explica Max Heindel que esse é um termo místico significando a Iniciação.

Max Heindel não foi um intérprete das Escrituras, segundo o seu próprio entendimento. As informações mencionadas foram colhidas através de visão espiritual e contato pessoal com a Região do Pensamento Concreto, na qual o Iniciado pode examinar as verdadeiras gravações feitas na Memória da Natureza.

Um dos mais importantes pontos desse relato é que os Discípulos averiguaram, durante a sua Iniciação, a realidade do Renascimento, uma vez que Moisés e Elias eram expressões de um mesmo espírito. Esse fato ilustrava o que o Cristo havia lhes dito a respeito de João Batista: “Esse é Elias, que devia vir[2].

Dessa forma, fica mais e mais aparente que o Cristo ensinava reservadamente aos seus Discípulos o fato do Renascimento. Porém, essa doutrina deveria constituir um ensinamento esotérico por muito tempo, conhecido somente de alguns pioneiros. É da maior significação que o trabalho real de Cristo-Jesus começou após a Transfiguração, quando preparou setenta pessoas como mensageiras e as enviou em grupos de dois para cada lugar onde elas deveriam ir.

Nos lugares onde eram bem recebidas, deviam ficar, curar os enfermos e pregar as boas novas. Quando não as recebiam, deveriam sacudir “o próprio pó das suas sandálias”.

Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que há três passos importantes no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz: o primeiro, quando o Estudante Rosacruz dá o primeiro passo, atraindo a atenção do Irmão Maior; o segundo, quando é admitido para o Probacionismo e assume a solene obrigação de servir a Humanidade por meio do sacrifício de sua natureza inferior (“eu inferior) ao Eu superior, ocasião em que a sua aura se mescla com a do Irmão Maior. O próximo passo é o Discipulado: não poderá mais voltar atrás, já que caminho do Discipulado foi comparado com a torre de uma igreja: estreita-se gradativamente até o topo, encontrando a solitária cruz.

Aí é o ponto máximo de provação do Aspirante à vida superior e os grandes problemas de disciplina espiritual aparecem, inicialmente, como dificílimos. No entanto ele deve continuar a trabalhar consciente e inconscientemente para frente e para cima, rumo ao próximo passo que é o de Irmão Leigo ou Irmã Leiga, para o grande clímax que na história do mais nobre de todos que tenham percorrido o Caminho do Cristão Místico foi chamado de Transfiguração.

A Transfiguração representa uma ocorrência, durante a qual um processo de transfiguração se efetua no corpo do Iniciado. A essência das experiências vividas e a união da Mente com o Coração produzem uma luz radiante que penetra todos os seus Corpos e veículos.

Temos agora uma melhor compreensão a respeito da Transfiguração, conforme narrada nos Evangelhos. Devemos lembrar que foram os veículos de Jesus que ficaram temporariamente afetados pelo Espírito de Cristo na Transfiguração. Escreve Max Heindel: “A Transfiguração, de acordo como é revelada na Memória da Natureza, mostra o corpo do Cristo de um branco deslumbrante, assim evidenciando Sua ligação com o Deus-Pai, o Espírito Universal. Não há nada no mundo tão raro e precioso como aquele extrato do ser humano: o Cristo Interno. E quando cresce, ele brilha através do corpo transparente como a Luz do Mundo”.

O estudo cuidadoso da vida de Cristo-Jesus, conforme relatada pelos Seus Discípulos, nos quatro Evangelhos, mostrará que Ele deixou a Sua orientação para qualquer tipo de problema que nós, como Aspirantes à vida superior, eventualmente encontraremos no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Derramando a Sua enorme força espiritual sobre nós, Ele acalma as tempestades do excesso emocional, cura a grande enfermidade que é a ignorância, devolve a visão aos cegos pelo materialismo, expulsa os demônios do ódio e do egoísmo, derrotando o último grande adversário: o medo da morte. Aqui temos o verdadeiro sentido da redenção: a vitória sobre a alienação do ser humano dele mesmo, dos outros e de Deus!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: At 1:12

[2] N.R.: Mt 11:14

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Oração do Senhor – o Pai-Nosso

As “Escrituras” apresentam as várias seções da Oração do Senhor na ordem adequada a nós, operando em seu nível mais alto, que está em contato com Deus. Na discussão que se segue, que parte do ponto de vista de nós focados em nosso nível mais inferior, na Região Química do Mundo Físico, a ordem das seções foi alterada para enfatizar nossos níveis graduados de aplicação.

A Oração do Senhor pode ser interpretada de vários pontos de vista diferentes, todos válidos. No nível mais baixo ou exotérico, é pura e simplesmente uma oração de pedido contendo um conjunto de reivindicações a Deus. Uma indicação clara de que essa oração se aplica a outros níveis também é o fato de que, como pedidos, certas partes da oração soam incongruentes ou são enganosas.

Provavelmente, a frase mais chocante e incongruente é o pedido a Deus para “não nos deixeis cair em tentação”, pois certamente Deus sabe o que faz. Pedir a Deus pelo nosso pão diário é incerto, pois isso não faz “o maná cair do céu”. Há um processo social complicado de produção e distribuição de alimentos. Aqueles que estão diretamente envolvidos na produção de alimentos fazem um excedente para a comunidade distribuir para aqueles que ajudam de outras maneiras. Em outras palavras, o pão diário tem que ser ganho pelo serviço à comunidade.

Todas essas dificuldades são esclarecidas quando a prece é interpretada de níveis progressivamente mais altos ou esotéricos. De um ponto de vista um pouco mais elevado, que é direcionado para dentro de nós, a Oração do Pai-Nosso se torna um manual de instruções para o cuidado e manutenção dos nossos vários veículos que nós, Espírito, possuímos. Quando assim considerada, a Oração revela a complexidade desses veículos. Primeiramente, recebemos um Corpo Denso e o “manual de instruções” diz: “Dê-lhe comida, diariamente”. “Perdão” é o bálsamo para o próximo veículo, o Corpo Vital que permeia o Corpo Denso e produz vitalidade ou a falta dela.

A matéria física, por exemplo, o cálcio, nunca fica doente; é a força vital e organizadora que, quando funciona mal, produz, nesse caso, as doenças ósseas. Isso se deve ao “pecado” ou transgressão das Leis de Deus. Em um nível óbvio, a raiva e a irritabilidade são fontes bem conhecidas de doenças. Em um nível mais sutil, todas as doenças são causadas por emoções, sentimentos e desejos em desarmonia (ou seja, criados a parte do uso de material das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo). Quando a harmonia mental e espiritual é restaurada, a força vital funciona em harmonia e ficamos sadios e não doentes. “Tentação” é o problema dos nossos desejos, sentimentos e das nossas emoções, mostrando a necessidade de controlá-los. Somos nós que devemos controlar nossos desejos para não cair nas tentações.

Livrai-nos do mal” é uma diretriz para a Mente, pois a razão pode ser usada objetivamente e sem emoção para planejar atos bons ou ruins.

É somente no nível do pedido que a oração é passiva. Em qualquer grau mais elevado, ela é dinâmica, pois requer uma ação definida nossa. Como um “manual de instruções”, a Oração não apenas mostra a complexidade dos nossos veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente), mas também a responsabilidade dada por Deus em reação a eles, por isso temos que cuidar dos nossos veículos e usá-los sabiamente.

No próximo nível mais alto, um direcionado para fora, a Oração do Senhor é um manual ambiental que define as nossas relações com um ambiente complexo que inclui nossos semelhantes. No nível físico, a Terra deve ser mantida como uma fonte contínua de alimento (o “pão diário”) e temos que cuidar e zelar do nosso ambiente físico para mantê-lo como fonte renovável de vida e energia, que são a base da ciência da ecologia. Assim como podemos poluir a Terra física e torná-la um deserto, também podemos poluir as atmosferas vitais, emocionais e mentais ao nosso redor. Certas áreas podem se tornar salubres ou irritantes; certas atmosferas podem gerar raiva e violência ou promover tranquilidade; e certos grupos podem fomentar o pensamento maligno, egoísta ou o planejamento altruísta. Assim, a Oração indica que o nosso ambiente também é deixado sob nossos cuidados e custódia e temos que trabalhar ativamente para mantê-lo bem, porque somos tão responsáveis ​​pelas condições ao nosso redor quanto pelas condições dentro de nós.

Outro passo para cima eleva a oração a níveis espirituais onde define claramente as nossas qualidades espirituais e nosso relacionamento com Deus. A oração é dirigida a “nosso Pai” nos “Céus”. Nosso Pai é conhecido somente através de Sua Vontade, um Princípio abstrato — razão pela qual Cristo não pôde “mostrar” o Pai aos seus Discípulos como solicitado por eles (Jo 14:1). O que podia ser visto era Cristo fazendo a Vontade do Pai (Jo 14:8-11). Similarmente, o princípio abstrato da justiça não pode ser mostrado, exceto através de pessoas praticando as Leis de Deus. A frase de abertura nos lembra que é em prol da Vontade de Deus que estamos aqui na Terra e a tarefa a ser cumprida é dada por este pedido: “Seja feita a Tua Vontade assim na Terra como no Céu”. “Céu” é onde Deus governa e Sua Vontade é feita; Cristo indicou que o “Céu” está entre nós (Lc 17:21). Esta fase da oração ensina que a Vontade de Deus, que é o Princípio espiritual do Amor dentro de nós, deve ser manifestado na Terra.

O poder energizante que torna possível a manifestação da Vontade de Deus é o “nome” de Deus usado em um sentido similar ao “nome da lei” que motiva a conduta dos oficiais da lei, ou o “nome da caridade, misericórdia, piedade” e assim por diante, usado como força motivadora. Quando Adão – nós, como Humanidade, na Época Polar – “nomeou” os animais (Gn 2:19), ele deu força à forma; isto é, ele energizou “modelos de argila” (terra). Na realidade são níveis de matéria energizante. Forças energizantes podem ser usadas para o bem ou para o mal, de maneira altruísta ou egoísta; portanto, a Oração insiste que o “nome” de Deus, que é uma força criadora, seja “santificado”; isto é, usado reverente e responsavelmente para criar apenas o bem em todos os níveis (físico, vital, emocional e mental).

Venha a nós o vosso Reino” relaciona-se diretamente com a missão do Cristo de despertar Deus ou o Bem em nós, quando este governar a Terra, mas não como um Reino dividido onde as obras de Deus e do diabo correspondem a direções conflitantes do nosso Eu superior e “eu inferior”; mas como um reino imaculado, unificado e inspirado por Cristo sob a direção do nosso “Cristo interior” (Cl 1:27), com seus Eu superior e “eu inferior” combinados em nós.

Por fim, a frase final “porque vosso é o reino, o poder e a glória para sempre” dedicam todo o projeto, depois de concluído, como uma oferta de amor ao nosso Pai, Deus.

À medida que nos desenvolvemos espiritualmente, nos tornamos mais e mais conscientes das forças complexas e maravilhosas que o auxiliam e a Oração se torna uma prece de louvor e ação de graças. Percebemos que somos Ego, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana, manifestado aqui como um Tríplice Espírito feitos à imagem de um Deus Trino (Pai, Filho e Espírito Santo) e estamos desenvolvendo os três aspectos espirituais (Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano) em nós, usando as contrapartes veiculares deles (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos, respectivamente). As várias partes da Oração mostram as ligações e dependências de nossos veículos com nosso Tríplice Espírito e, finalmente, com nosso Deus Trino. Cada veículo é uma expressão e está sob cuidado e orientação contínuos de um dos nossos três aspectos. O Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos representam cada uma das qualidades e a Mente é a ponte ou elo. A Oração, neste nível, nos eleva a um estado equilibrado e tranquilo, onde nos tornamos um radiador silencioso de louvor e ação de graças que, por sua vez, exerce um efeito edificante sobre nós mesmos e sobre o nosso ambiente no entorno.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/2003 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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Pergunta: Por que é que cada seita interpreta a Bíblia de maneira diferente e por que cada uma obtém desse livro uma aparente vindicação das suas ideias?

Resposta: Essa pergunta, se feita por um cético, proporciona-lhe uma grande satisfação, pois ele vê nela uma justificativa para sua ideia de que todas as seitas estão erradas em suas crenças e que a Bíblia é um conglomerado de bobagens, só que na verdade a caso é exatamente o contrário. Nós não defendemos a Divindade desse Livro, nem sustentamos que ele é a Palavra de Deus de capa a capa; reconhecemos o fato de que se trata de uma tradução deficiente dos originais e de que existem muitas interpolações, que foram inseridas em momentos diferentes para apoiar várias ideias, mas, no entanto, o próprio fato de tanta verdade ter sido reunida num espaço tão pequeno a faz uma fonte de constante admiração para o ocultista, que sabe o que esse Livro realmente é e o verdadeiro ocultista tem a chave do seu significado.

Há um fato que o cético não consegue perceber. A ideia dele é que se uma determinada interpretação é verdadeira, todas as outras interpretações devem necessariamente ser falsas. Esta ideia está enfaticamente errada. A verdade tem várias facetas e é eterna; a busca pela verdade também deve ser abrangente e interminável. Podemos comparar a verdade a uma montanha, e as várias interpretações dessa verdade a diferentes caminhos que conduzem ao cume. Muitas pessoas estão percorrendo todos esses caminhos e cada um pensa que seu caminho é o único enquanto está ainda percorrendo as primeiras partes do caminho; vê-se apenas uma pequena parte da montanha e pode-se, portanto, ter razão em clamar aos seus irmãos ou as suas irmãs: “Vocês estão errados; venham no meu caminho; esse é o único que leva ao topo.”. Mas à medida que todas essas pessoas vão caminhando mais e mais para cima, elas verão que os caminhos convergem no topo e que são todos um no final.

Pode-se dizer, com maior ênfase, que nenhum sistema de pensamento, que tenha sido capaz de atrair e reter a atenção de um grande número de pessoas durante um tempo considerável, ficou sem a sua versão da verdade; e quer percebamos isso ou não, existe em cada “seita” o cerne do Ensinamento Divino que, gradualmente, os leva para cima, em direção ao topo da montanha e, portanto, devemos praticar a máxima tolerância para com cada crença.

(Pergunta nº 73 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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Pergunta: No Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz nós lemos: “como o Espírito é necessariamente bissexual, renasce, alternadamente, em Corpos masculinos e femininos a fim de adquirir toda espécie de experiências, posto que a experiência de um sexo difere amplamente da do outro”. Lemos, também, que Elias renasceu como João Batista. Não se faz menção a renascimentos intermediários em sexos alternados. Isso está de acordo com o que está escrito?

Resposta: Essa é uma regra geral, aplicável às massas. Tratando-se de um Ego espiritualmente mais avançado, há maior oportunidade de escolher o sexo para um determinado renascimento, como também o tempo e o lugar.

Além disso, não é sempre que uma pessoa renasce consecutivamente em Corpos Densos masculinos e femininos. Alguns fatores em sua evolução exigem-lhe habitar um Corpo Denso masculino ou feminino, não alternadamente, a fim de que possa cumprir alguma missão importante. Essa natureza dual é inerente a todos os seres humanos, e ambos os aspectos podem ser plenamente desenvolvidos e harmonizados em cada Ego.

O Ego que renasceu como Elias e subsequentemente como S. João Batista estava consciente de que só poderia dar comprimento à sua missão, com maior eficiência, num Corpo Denso masculino do que renascendo em um Corpo Denso feminino.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – janeiro/1978 – Fraternidade Rosacruz-SP)

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Quem eram os Saduceus e os Fariseus

Os fariseus constituíam, ao tempo de Cristo, uma seita predominante, antipatizada pelos demais em razão do seu rigor na observância exterior da Lei e da Tradição e, principalmente, por seu menosprezo aos patrícios que não participavam desse rigorismo. Daí o nome fariseu, que quer dizer separado. Eram formalistas e hipócritas. Acreditavam na sobrevivência dos Espíritos, na reencarnação dos justos (os maus, segundo eles, ficavam sofrendo os tormentos do fogo eterno) e no livre arbítrio limitado pelo destino. Participavam do Sinédrio (uma associação de 20 ou 23 juízes que a Lei judaica ordenava existir em cada cidade. O Grande Sinédrio era uma assembleia de juízes judeus que constituía a corte e legislativo supremos da antiga Israel).

Os saduceus eram um grupo pouco numeroso, mais político que religioso, formado por personagens importantes que organizaram um senado com autoridade sobre toda a nação, mais tarde transformado no Sinédrio, com a participação de fariseus. Sua forma religiosa era subordinada à Lei (Thorah). Severos na aplicação da Lei de Talião (que consistia na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. Na perspectiva da Lei de Talião, a pessoa que fere outra deve ser penalizada em grau semelhante, e a punição deve ser aplicada pela parte lesada. Em interpretações mais suaves, significa que a vítima recebe o valor estimado da lesão em compensação. A intenção por trás do princípio era “restringir” a compensação ao valor da perda. A Lei de Talião é encontrada em muitos códigos de leis antigas. Ela pode ser encontrada nos livros do Antigo Testamento do Êxodo, Levítico e Deuteronômio. Mas, originalmente, a lei aparece no código babilônico de Hamurabi (datado de 1770 a.C.), que antecede os livros de direito judeus por centenas de anos.). Materialistas, não acreditavam na sobrevivência dos Espíritos, nem nos Anjos e desprezavam os Rituais; por isso os fariseus os detestavam.

A expressão “geração de víboras, quem vos recomendou que fugísseis da ira vindoura?” (Mt 3:7), dirigida por S. João Batista aos fariseus e saduceus, é para se referir que eles eram venenosos e astutos como as víboras, por isso, eram filhos delas. As víboras previam as enchentes do Mar Morto e antecipadamente fugiam para se refugiarem nos galhos das árvores. Esse fato é comparado com a condição deles, que tinham muitos pecados e estavam buscando se refugiar no Batismo de S. João Batista, antes que a Lei de Causa e Efeito lhes trouxesse as consequências.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1977 – Fraternidade Rosacruz-SP)

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Artigos Publicados: Diagramas e Figuras Bíblicos

A Arca da Aliança do Tabernáculo no Deserto
A Iniciação Cristã Mística
A Mesa dos Pães da Proposição – o Místico Significado da Sala Leste do Tabernáculo no Deserto
A Sala Leste do Templo do Tabernáculo no Deserto
A Sala Oeste do Templo do Tabernáculo no Deserto
A Transfiguração na Iniciação Cristã Mística e Cristã Ocultista
A Vara de Aarão e a sua Significância Oculta dentro da Arca da Aliança do Tabernáculo no Deserto e a sua Significância Oculta
As Tábuas da Lei dentro da Arca da Aliança do Tabernáculo no Deserto e a sua Significância Oculta
Correlações Astrológicas nos 12 Acontecimentos Marcantes da Vida de Cristo
O Altar do Incenso – o Místico Significado da Sala Leste do Tabernáculo no Deserto
O Altar dos Sacrifícios ou o Altar de Bronze do Tabernáculo no Deserto
O Átrio do Tabernáculo no Deserto
O Candelabro de Ouro ou de Sete Braços – o Místico Significado da Sala Leste do Tabernáculo no Deserto
O Lavabo de Bronze do Tabernáculo no Deserto
O Pote de Ouro do Maná, o Significado Oculto do Maná e do Pote que o guardava dentro da Arca da Aliança do Tabernáculo no Deserto
O Tabernáculo no Deserto – Antigo Templo de Mistérios Atlante – Vista Externa
Os Nove Degraus na Iniciação Cristã Mística
Tabernáculo no Deserto: A Sombra da Cruz
Um Resumo do mobiliário do Tabernáculo no Deserto
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As Experiências Espirituais de Jacó

Temos inúmeras informações na Bíblia de que Jacó era um “homem de Deus”. Embora falhasse às vezes, seus esforços convergiam sempre para elevados ideais. Por causa de sua lealdade a tudo que era nobre e verdadeiro, foi bendito e sua história dá testemunho de que Jeová esteve “perto dele” em muitas ocasiões.

Quando era jovem, Jacó empreende uma viagem de sua terra Canaã até Padanarã, a pátria de seus ancestrais, para “tomar uma mulher”. Simbolicamente, isso se refere ao desenvolvimento do coração, do lado místico da natureza de Jacó. Jacó era um tipo positivo de homem e, como todo ocultista desenvolvido, precisava um dia de equilibrar-se, desenvolvendo também o outro lado, o místico. Jacó conquistou o desenvolvimento da natureza cardinal, que o completaria e suavizaria.

Em sua viagem chegou a um lugar denominado “Luz”, que significa a própria Luz, e nele Jacó deita-se para repousar, apoiando sua cabeça sobre uma pedra. Na maioria dos versículos da Bíblia em que se usa a palavra pedra, aplica-se ela no sentido de conhecimento, compreensão, sabedoria ou poder espiritual. Exemplos disso são: Moisés ferindo a rocha com sua vara, a fim de obter águas vivas para dar de beber aos filhos de Israel; o peitoral do sumo sacerdote com as doze pedras que representam os doze Signos do Zodíaco; Davi matando o gigante Golias com uma pedra; a tentação de Cristo no deserto, para transformar pedras em pão; o encargo dado por Cristo a S. Pedro: “Tu és Pedro (pedra) e sobre esta pedra edificarei minha igreja.” (Mt 16:18) e muitos outros.

Na história de Jacó, a “pedra de luz” se refere à compreensão, à sabedoria, à iluminação espiritual de Jacó. E, quando usou seu conhecimento (recostou a cabeça na pedra), viu uma longa escada (a famosa escada de Jacó) que “se apoiava na Terra e se elevava até tocar o Céu”. Em outras palavras, ele havia desenvolvido o poder de atingir os diversos Mundos espirituais (alcançou várias Iniciações) e seus vários habitantes. Isto foi, certamente, uma experiência maravilhosa e Jacó põe outro nome a este lugar chamando-o Bether ou Betel, que significa “Casa de Deus“.

Verdadeiramente, quando atingimos esse estado, somos transformados e o nosso corpo passa a ser de fato uma “Casa de Deus”: “Não sabeis que sois templos do Altíssimo e o Espírito Santo habita dentro de Vós?”. “Sois o templo de Deus.” (ICor3:16-17 e 19).

Jacó permaneceu vinte anos nessa Terra (a Luz) passando por sucessivas experiências espirituais. Seu contato consciente com Jeová (Jeová é o Regente das Religiões de Raça, de que trata o Antigo Testamento) permitiu-lhe vencer muitos obstáculos que encontrou em seu caminho (debilidade de caráter). Recebeu instruções diretas e seguiu-as implicitamente, recebendo a recompensa de sua obediência, que foi justamente o de ser ele constituído “a semente de uma nova Raça”. Um mais alto passo evolutivo estava sendo preparado e, através dele, de acordo com a história bíblica, nasceram as doze tribos de Judá. Ele estava destinado a cumprir elevada missão e sua habilidade provada para “caminhar com Deus” permitiu-lhe a formação de uma nova Raça.

Em sua viagem de regresso de Padanarã, Jacó teve outra experiência espiritual única, desta feita em Peniel (a face de Deus): Jacó foi separado de sua gente e durante toda uma noite lutou contra um “Ser espiritual”; Jacó não o deixava ir enquanto este não o abençoasse. Tal Ser espiritual é chamado “Anjo” na Bíblia e está registrado em Gênesis 32:22-32 que o Anjo o abençoou porque ele (Jacó) havia lutado “com Deus e com os homens” e havia vencido. Desde esse momento o nome de Jacó foi mudado para Israel, que significa: “o que luta com Deus”. Na Iniciação antiga o candidato era mergulhado em catalepsia (noite de inconsciência) e tinha visão dos Mundos espirituais; mas antes de conquistá-los tem de vencer o “fantasma do umbral”[1] (a natureza espiritual formada pelos erros passados, representado pela nossa, a do Aspirante à vida superior, própria figura com face do sexo oposto. Só depois de vencê-lo é que serão franqueados a nós os Mundos espirituais). Jacó havia conquistado o direito de ser “um homem de Deus” pelo desenvolvimento de suas faculdades espirituais e, como tal, tinha direitos superiores aos do “homem comum”. Tal fato está amplamente ilustrado quando ele abençoou os filhos de José e deu a profecia de seus próprios filhos, tal como se conta no capítulo 49 do Livro do Gênesis.

Essa passagem nos conta sobre a família de Jacó, com suas quatro esposas e seus doze filhos. É um Mito Solar em que Jacó representa o Sol, suas esposas, as quatro fases da Lua e seus filhos, os doze Signos do Zodíaco, a saber:

Aquário – Rubens, o princípio do vigor solar (Era de Aquário…), o primogênito de sua fortaleza. Mas também lemos que não haverá fortaleza e proeminência, enquanto não houver controle, o que está simbolizado pela corrente como as águas (versículo 4), isto é, o “homem controlando a saída da água de seu jarro”.

Peixes – Zabulão ou Zabulam ou, ainda, Zabulon, um porto de mar (versículo 13), o embarque, o início de religiosidade, da Religião Cristã.

Áries – Gad. Um exército o acometerá (versículo 19). O princípio de atividade, de dinamismo, confiança.

Touro – Issachar, Issacar ou Isacar. É forte e chegou a ser um Servo como recompensa (versículo 14 e 15). Signo Fixo, persistente, sentimental, que sempre alcança resultados em perseverança.

Gêmeos – Simeão e Levi. São Irmãos (versículo 5). Representação da Humanidade infantil de meados da Época Atlante e futura fraternidade, pelo entendimento.

Câncer – Benjamim. Lobo (versículo 27) – Constelação do Cão, em Câncer, com a grande estrela Sirius.

Leão – Judá. Encurvou-se como Leão (versículo 9). Fartas referências você encontra no Livro “Maçonaria e Catolicismo – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz”.

Virgem – Diná, filha única de Jacó (Gn 30:21). Signo feminino e intuitivo.

Libra – Aser ou Asher. O pão de Aser será grande (versículo 20). A ocasião da colheita no hemisfério norte – a massa.

Escorpião – Dan ou Dã “Serpente junto ao caminho” (versículo 17). Signo de espiritualidade, da serpente da sabedoria, do Aspirante à vida superior que busca o Caminho.

Sagitário – José “Seu arco ficou forte”, “Os arqueiros o aborreceram.” (versículo 23 e 24). Signo do idealista que anela algo de natureza tão elevada (arco apontando as estrelas) que não sabe definir.

Capricórnio – Nephtalí ou Naftali, o cervo perdido (versículo 21), a cabra do Signo que inicia o ano, que foge em corrida, dando início a novo ano.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1962 – Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.T.: o Guardião do Umbral

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