PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Podemos relacionar os peixes com o elemento Água, os pássaros com o elemento Ar, os mamíferos, em sua maioria, com o elemento Terra? Quais os animais que podemos relacionar com o elemento Fogo?

Resposta: É uma questão de natureza especulativa. Em primeiro lugar, depende do modo de classificar os animais. Ha inúmeras maneiras de se estabelecer uma classificação. Usando uma classificação anatômica, o ser humano é um animal (lembrando, naturalmente, que do ponto-de-vista espiritual o ser humano faz parte de outra Onda de Vida). Diríamos que o animal relacionado com o elemento Fogo é o ser humano.

O elemento Fogo é uma manifestação do Espírito. O ser humano se diferencia do animal por possuir um Espírito individual que o guia de dentro para fora. Os membros da Onda de Vida animal são dirigidos pelos respectivos Espíritos-Grupos. O ser humano é o único “animal” capaz de usar a contraparte do Fogo divino, ou Espírito, para cumprir seus propósitos no Mundo material.

O Fogo Espinhal espiritual no ser humano é o elemento essencial na alquimia espiritual, o elixir da vida. Transforma o ser humano comum em um Pedra Filosofal, formada quando o Cristo interno cresceu a sua estatura completa.

É conhecimento comum da anatomia que o cordão espinhal é dividido em três secções pelas quais são controladas as funções motoras, sensoriais e simpáticas. Astrologicamente são governadas respectivamente por Marte, pela Lua e Mercúrio.

Alquimicamente os elementos foram designados como enxofre, sal e mercúrio. Ao redor desses vibra o Fogo espiritual de Netuno, elevando-se em coluna serpentina através do cordão espinhal até a cabeça. Na maioria das pessoas esse Fogo espiritual é extremamente tênue. Quando, porém, ocorre o despertamento espiritual, a pessoa recebe enorme energia anímica, aumentando o Fogo espinhal em intensidades incríveis. Começa, então, um processo de regeneração, pelo qual todas as substâncias grosseiras do Tríplice Corpo são gradualmente eliminadas, crescendo, assim, sua sensibilidade às vibrações suprafísicas. Paulatinamente o corpo do Estudante Rosacruz se converte na Pedra Filosofal. Quando essa meta for atingida por todos os seres humanos, se logrará a Transfiguração da humanidade.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de agosto/1977 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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Evidências do Renascimento na Bíblia

Não é sem razão que muitos estudiosos dos Evangelhos encontram dificuldade em compreendê-los, pois é necessário meditar longamente nas entrelinhas. Sem nos alargarmos demasiadamente, segundo nossa capacidade, seguem algumas citações do evangelista São Mateus:

Se, pois, trouxeres ao altar a tua oferta e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeira reconciliar-te com ele; e então, voltando, faze tua oferta. Entra em acordo com o teu adversário enquanto estás com ele no caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali enquanto não pagares o último centavo (Mt 5; 21-26).

O que é altar senão a nossa consciência, e oferta senão as preces e vibrações que fazemos a todo mundo? Reconciliarmo-nos com o adversário é um convite do Mestre ao Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, de consciência e à oração. E caminho, na citação, é um indicativo da nossa presente existência. Interessante é notar, também, que os Senhores do Destino estão figuradamente representados pelo juiz e o oficial de justiça, que nos sentenciam à prisão de novos Corpos, pelo renascimento, até que tenhamos saldado a última parte da dívida perante a Lei de Causa e Efeito.

Mais adiante vemos enunciada uma disciplina preventiva de um renascimento triste: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti, pois te convém que se perca um dos teus membros e não seja todo o teu corpo lançado no inferno, (…) e assim também com as mãos” (Mt 5:29-30). Todos sabem das causas remotas de um renascimento num corpo aleijado ou idiota sem possibilidade de recuperação naquela vida, por efeito da lei “o que semeares isto mesmo colherás.” (Ga 6:7). Não é como estar num inferno? No entanto, é uma forma de prevenir que se caia em falta maior e se perca a própria alma.

Há passagens evangélicas que deixam perplexas as pessoas afeitas à sua meditação. Um exemplo é o paralítico trazido num leito perante Cristo-Jesus. E esse lhe disse: “tem bom ânimo, filho, a tua fé te salvou.” (Mt 9:22). Os escribas ficaram escandalizados com essas palavras e ainda hoje pode se julgar que o Mestre quisera exorbitar a Lei de Causa e Efeito. Outro caso é o do cego a quem o Nazareno curou, misturando saliva com a terra e fazendo lama. Outro ainda, o do paralítico que aguardava há muito a possibilidade de alcançar a piscina, quando o Anjo lhe vinha agitar as águas. O Mestre curou-o simplesmente e fora dizendo que seus pecados estavam perdoados. Pois bem, não há de que estranhar. O Cristo vira, em tais casos, a extinção das dívidas de destino pendente.

Quantas vezes uma pessoa que cai enferma é submetida pelo médico à rígida disciplina e, às vezes, impõe a necessidade de uma intervenção cirúrgica, com amputação de um membro para que se salve o restante do corpo! No entanto, isso não livra a vítima de futuras complicações, caso. de novo. ela deslize e caia em pecado.

Semelhantemente o Mestre dava por findas as causas de destino e, como o Grande Médico divino proclamava a cura. Mas não deixava de advertir: “…vai e não peques mais, para que te não suceda coisa pior.” (Jo 5:14), mostrando a cadeia ininterrupta de novas causas.

Aos ouvidos duros de entendimentos, Cristo cita, ainda, o caso de Elias, renascido como João Batista: “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos, ouça” (Mt 11:14-15). Não é preciso dizer que ainda hoje há ouvidos que ainda não querem ouvir, em virtude dos preconceitos, citações tão claras a respeito do renascimento.

Cristo compara, também, esta geração às crianças que brincam nas praças, gritando uns com os outros, sem cultivar os aspectos mais sérios da vida presente e futura, no além.

Vejamos agora em São Mateus capítulo 16 e versículos de 13 a 16: “E, chegando Cristo Jesus às partes de Cesarea de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: ‘Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?’ E eles disseram: ‘Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas’. Disse-lhes Ele: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ E Simão Pedro, respondendo, disse: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’”. Se para aquela gente Jesus seria ou João Batista (já decapitado) ou Elias (que o Antigo Testamento cita haver sido arrebatado ao céu num carro de fogo) não revela isso a crença natural, daquela gente, no renascimento?

Muitos mais poderiam dizer das outras partes do Novo Testamento e, também, do Velho Testamento para corroborar a declaração de Max Heindel, de que o renascimento era ensinado antes de Cristo e mesmo por Ele, em secreto, a seus Discípulos.

Outros pontos de ocultismo podem ser igualmente esquadrinhados pela mente inquiridora e lógica do estudante Rosacruz, mercê das chaves que se lhe dão.

(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – 02/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Pergunta: Um vampiro é o mesmo que um lobisomem?

Resposta: Não, um vampiro é uma pessoa que absorve a vitalidade de outra pessoa, ao passo que aquele que era chamado de lobisomem, na época medieval, era o Corpo Vital de uma ordem inferior de magos negros. Ele dava uma forma ao Corpo Vital dele que inspirava horror e repulsão e, parcialmente o enchia com matéria densa para prejudicar a outras pessoas. As antigas histórias folclóricas diziam ser inútil golpeá-lo, pois os golpes não o feririam. Mas, se fosse ferido com uma faca ou outro instrumento pontiagudo, começaria a vomitar o sangue de suas vítimas, fugindo uivando para a casa dele, onde o mago negro, que se manifestara como um lobo, poderia ser encontrado com um ferimento no local exato em que havia sido ferido. Isso se deve a uma curiosa circunstância conhecida pelos ocultistas como repercussão, e os mesmos fenômenos podem ser observados quando os espíritos se materializam numa sessão dedicada a esse propósito. O Éter, no qual esses espíritos se materializam, foi retirado do Corpo Vital do médium, e se um pedaço for cortado da veste etérica de tal espírito, esse pedaço  estará faltando nas vestimentas do médium no final da sessão. Esse fato foi utilizado por investigadores céticos, ignorantes da lei de repercussão, para qualificar os médiuns como impostores quando, na verdade, eles eram perfeitamente honestos, embora incapazes de explicar as evidências aparentemente condenatórias.

(Pergunta nº 128 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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Progredindo para entrarmos, de fato, na Era de Aquário

A Fraternidade Rosacruz foi encarregada pelos Irmãos Maiores para promulgar o Evangelho da Era de Aquário.

Muitos de nossos hábitos e costumes ainda estão sob a influência da Era de Peixes, a Era em que atualmente estamos. No entanto, já estamos na órbita de influência da Era de Aquário!

Devemos concentrar nossos esforços a fim de conquistar certas metas para a Era de Aquário. As principais são:

  1. Ser um Cristão ativo, definitivo e sem dúvidas;
  2. Focar na construção do Corpo-Alma;
  3. Desenvolver nossas capacidades de encontrarmos a Verdade por nós mesmos, tornando-nos confiantes e responsáveis;
  4. Aprender e se dedicar a ensinar aos demais por meio do raciocínio lógico, estimulando o pensamento por meio do método socrático;
  5. Respeitar e defender o direito e a liberdade dos demais;
  6. Manter, onde estiver, um sistema democrático de organização, informando a todos sobre todas as decisões;
  7. Manter discussões livres e abertas com enfoques nas ideias, e, não permitir que as argumentações se degenerem em ataques emocionais e pessoais;
  8. Compreender que a Verdade possui muitas facetas e cada um de nós conhece apenas uma delas;
  9. Ter sempre na nossa Mente – e praticar – que a paciência, a tolerância e a humildade devem ser os nossos guias nesse esforço de disseminar o Evangelho da Era de Aquário.

Publicado na Revsita Rays from the RoseCross de janeiro/1986 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz-Campinas-SP-Brasil

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A Astrologia e os Evangelhos

Há muitos Estudantes Rosacruzes que ainda não vislumbraram a sublime analogia existente entre os ensinamentos da Astrologia Rosacruz fornecidos pela Fraternidade Rosacruz, a história nos Evangelhos e o Treinamento Esotérico que direcionará adequadamente as nossas forças no Corpo Denso, o qual, segundo a máxima oculta Hermética de “Como é em cima, assim é embaixo”, é um reflexo do ser humano Cósmico. Esse esquema é dado como alimento para o pensamento; há muitas relações não mencionadas que, não obstante, serão reveladas na meditação.

O primeiro grande caráter na históriado Evangelho é a Virgem Maria. É pura e imaculada, mas dá Nascimento ao Redentor. Na Astrologia celestial vemos o Signo de Virgem, a virgem, sempre pura e, não obstante, a “Mãe de todas as coisas criadas”. A Hierarquia Criadora (Elohim) relacionada com esse Signo Zodiacal é a dos Senhores da Sabedoria. O seu reflexo terrestre é a Terra, como produtora de sementes e cachos de uvas, que o ser humano, com o seu engenho, transforma em “pão e vinho”. O ser humano cria com o que Deus deu e pode instrumentalizar ou tornar essa criação mais eficiente, pelo uso do poder de Mercúrio, o “pensador”. Mercúrio, “o mensageiro de Deus”, rege a Mente Concreta; esse é o refletor entre o Espírito, a Alma e o Corpo. Mercúrio é o Regente de Virgem.

No microcosmo, reflexo do macrocosmo, Virgem rege a região abdominal. Virgem governa o baço, o qual é a porta de entrada da energia solar, que pela alquimia de Mercúrio é transformada no rosado fluído vital. Virgem, assim como as vísceras, é o alambique no qual o alimento, que tomamos, é transmutado dentro do Corpo Denso em células renovadas, a fim de que os nossos veículos não morram de inanição. A Terra Mãe provê a substância necessária.

Pois bem, o nascimento de Jesus aconteceu desta maneira: um Anjo (Gabriel) anuncia a Maria, que é uma virgem casada com José (Tekton), da casa de Davi: “Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo.[1]. Maria era clarividente e podia perceber o Ministério dos Anjos nas concepções.

“O pai de Jesus, José, era um Iniciado de elevado grau, que uma única vez na sua vida deixou o caminho do celibato. Em anteriores renascimentos tinha esgotado o tempo de ser pai de Família” (Livro: Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel). Somente um Mestre pode ser pai do Corpo de outro Mestre. José era um Iniciado e podia discernir o Mistério dos Anjos.

Jesus nasceu em Belém, quando José e Maria ali foram pagar os seus tributos. Belém (de Bethlem) significa “um lugar de pão” (Virgem). Mas, a hospedaria estava tão cheia e o nascimento teve lugar na “cova de Davi” que desde remotos anos tinha sido usada como estábulo. E “o menino foi colocado num presépio”.

Surpreende a muitos de nós que o nascimento do Redentor fosse rodeado de tal ambiente. Mas, devemos aprender que o simbolismo da história dos Evangelhos tem um significado para todos da educação esotérica.

Herodes, o mundano governante da Terra, procurou matar o pequeno porque lhe tinham dito que o menino seria maior do que ele e que governaria em seu lugar.

Os “três reis magos” advertiram José e Maria e esses levaram o menino e fugiram para o Egito. Quando Herodes morreu, voltaram à Terra e subiram a Jerusalém (a cidade da Paz). Ali Jesus ensinou no Templo e mais tarde expulsou dele os agiotas e aqueles que vendiam animais para os sacrifícios.

O grande capítulo da analogia evangélica que se segue refere-se ao grande trabalho, o “Caminho da Cruz”, aos trabalhos desde Jerusalém ao Gólgota, a Crucificação, Ressureição e Pentecostes.

Na Astrologia Rosacruz é-nos ensinado que há três grandes correntes de fogo espiritual simbolizado pelo Signo de Fogo de Áries (a cabeça, regente da triplicidade intelectual), de Leão (o coração; regente da Triplicidade Maternal) e de Sagitário (regente da Triplicidade Reprodutora). Estão relacionados com a Trindade de Deus, com as três grandes Hierarquias e com três centros espirituais do ser humano.

Áries significa o Fogo Intelectual, Leão, o Fogo Vital Funcional e Sagitário, o Fogo Reprodutor. Têm os seus grandes centros, respectivamente, na cabeça e no cérebro; no coração e no Plexo Celíaco; na região sacra e no órgãos sexuais. O grande trabalho da evolução é o de aumentar e equilibrar a ação dessas três grandes correntes de Fogo Espiritual Único.

Aprendemos que antes que o ser humano desenvolvesse o cérebro e a inteligência, os fogos reprodutores e funcionais eram mais poderosos e durante algum tempo tivemos duplo sexo, as fases positiva e negativa do fogo reprodutor aparente nas gerações. O grande trabalho de equilibrar esses três fogos mencionados não está ainda cumprido e é nos mistérios do Redentor, em que achamos escondida a indicação dos processos conducentes a esse objetivo. Esses processos estão relacionados com os grandes Mistérios Solares e com a Transmutação. Têm relação com o Mistério do Tabernáculo no Deserto. Esses processos estão indicados nos ensinamentos esotéricos de todas as Religiões, ali colocados para aqueles que “têm olhos para ver”.

Nos tempos atuais são os Mistérios desvendados e o ser humano é posto sobre a sua própria responsabilidade, como Deus do Templo. À humanidade é ensinada a natureza das suas forças e os efeitos do pensamento, da emoção e das ações sobre o seu Corpo Denso; seu ambiente e a sua evolução espiritual. Não há nada oculto que não possa ser revelado.

Quando compreendermos a Individualidade e a relacionarmos com esta lição, veremos como os frutos da transmutação são incorporados ao Ser Imortal, esse “Eu Sou” que foi antes de Abraão: o Espírito Humano.

O veículo Espírito Humano é o terceiro aspeto do Trino Espírito Virginal. Funciona na Região do Pensamento Abstrato, o “lar” do Espírito Humano e Ego.

O Espírito Humano atua na eterna realização de princípios e poderes abstratos, tendo acesso a toda a sabedoria acumulada durante as duas grandes partes desse Esquema de Evolução: a Involução e a Evolução, veículo do Tríplice Espírito e da Tríplice Alma.

Todas as ordens de inerências espirituais agem na região do Pensamento Abstrato. As Hierarquias Criadoras não têm pensamento concreto. O seu trabalho está em harmonia com uma perfeita unidade espiritual e cumprindo a Vontade de Deus. Elas não conhecem o mal. As ordens criadoras conscientes de si mesmas, como a humanidade, especializam-se como Egos e recolhem experiências das relações do bem e do mal.

Do ponto de vista do Evangelho, José representa o iluminado Ego. Doponto de vista astrológico, Mercúrio, desenvolvendo-se por meio dos poderes de Gêmeos, Libra e Aquário, simboliza José.

Esse é preparado para a Matrimônio Místico. Maria é unida a José pelo Sumo Sacerdote. O Sumo Sacerdote é o Espírito Humano. Esse é representado astrologicamente por Júpiter e Sagitário e a nona Casa astrológica.

Recorde-se que o Sumo Sacerdote oficiava no Santo dos Santos e via a Glória de Sekinah. Recebia instruções para o povo, da Gloriosa Trindade, na Arca da Aliança. Do ponto de vista esotérico, o Ego, consciente de si mesmo como Personalidade com um nome definido, demasiado identificado com o organismo, pode despertar na sua real dignidade pelo Espírito Humano. Isso pode alcançar-se guiando-nos pelos ditames superiores antes que pelas atrações externas. E dessa forma instruídos com essas asas emancipadoras, chegaremos a amar e apreciar Maria, que é o fruto espiritual da vida pessoal.

Desta união da “Cabeça com o Coração”, consumada pela inteligência abstrata, nasce dentro de nós o Redentor, enquanto trabalhamos na senda do dever. Jesus nasce enquanto José e Maria estão em Belém para “pagar tributo”. Mas, as pousadas estavam cheias e o nascimento ocorre num estábulo onde dormiam animais e Jesus foi colocado num presépio. Esotericamente, o poder unido da inteligência iluminada e do coração purificado pode alcançar o fogo sexual e transmutar parte dele pela região sacra (Sagitário). José e Maria pegam o Menino Jesus e fogem para o Egito (Sagitário, um país estrangeiro). Fogem para o Egito para escaparem da perseguição de Herodes, que procura o menino para matar. Herodes representa Marte, o desejo, o eu inferior, a paixão e todos os vícios.

Neste estado do nosso estudo esotérico, o nosso egoísmo luta contra o ameaçador triunfo do “Eu Superior”. O Sol, todavia, governa Leão, onde Cristo é Rei. Paralelamente Herodes governa em Jerusalém. Judas (Marte e Escorpião) trai Cristo “com um beijo” (Vênus e Touro). Paixão que delata o Amor, enquanto o Redentor (o Sol em Leão) chega ao seu próprio lugar.

Quando Herodes morreu e o seu país foi governado por outro, José e Maria voltam a Israel e vão a Jerusalém. Jesus é encontrado ensinando no Templo, donde mais tarde Ele expulsa os mercadores e todos aqueles que vendiam animais para o sacrifício.

Pela nossa lealdade à “Luz que está diante de nós” e o sagrado “Trabalho do Templo”, os Probacionistas e aqueles que se esforçam em ser Discípulos, estão ajudando a trazer Jesus do Egito a Jerusalém. Nessa analogia física e espiritual, o fogo reprodutor é, primeiramente, desviado do sexo (em alguma extensão) e centralizado na região sacra, além de vivificar o Plexo Celíaco. Esse, por sua vez, estimula a atividade harmoniosa das glândulas endócrinas das suprarrenais e do baço e o ritmo do sistema nervoso.

Paralelamente com esse trabalho, é subjugado o materialismo, abolida a alimentação carnívora (mamíferos, aves, peixes, crustáceos, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins), assim como as paixões e o egoísmo. O ritmo amoroso do coração é mudado parcialmente desde a paixão egoísta do amor possessivo (Marte em Escorpião) até ao amor de Cristo (Sol em Leão). Jesus, em Jerusalém, afirma ser um Filho de Deus. Faz milagres provendo o que se necessita e curando os enfermos e doentes. Além disso, passa pelo “Caminho da Cruz” de Jerusalém ao Gólgota. Esforça-se por salvar “aos que estavam perdidos”, a consciência espiritual da multidão. “Ressuscita os mortos”, aqueles que acreditavam ser somente organismos físicos. Ajuda outros a chegarem a ser “Filhos de Deus”. “Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos[2], reprende os Seus Discípulos. Ele ensina e cura, expulsa os demônios e fala com o poder da Palavra.

Do ponto de vista esotérico, o Redentor depois de purificar o “Templo” (o Corpo Denso), mudada a natureza do sangue e depois de ter dominado a “natureza inferior”, cumpre o seu ministério em prol da humanidade. Ensinando, curando, liberando com o poder da verdade, o Discípulo serve o Mestre. Mas, Jesus pode ser conduzido perante Pilatos. E o Grande Uno é julgado por um inferior. Pilatos representa a Mente Concreta, com grande desenvolvimento de faculdades; síntese do mentalismo não iluminado, não subjugado pelo Espírito Humano nem pela Sabedoria do Coração.

O “Tribunal de Pilatos” é a cabeça, o cérebro, a Mente pessoal. Pilatos representa esse último inimigo da consciência espiritual, enquanto luta para se estabelecer dentro de si mesmo e manifestar a sua divindade. Pilatos representa o Ego forte em poderes pessoais, mas ainda não preparado para se entregar ao “Eu impessoal”, e reconhecer a Cristo.

Muitos filósofos e mestres bem conhecidos passaram por essa prova ou julgamento de suas obras. Grandes dirigentes nacionais chegaram ao zênite da glória, do poder mundano, mas tendo sempre na sua Mente martelando a interrogação interna: “o que é a Verdade?[3].

Devemos recordar aquelas palavras de Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. Se me conheceis, também conhecereis a meu Pai[4]. Recordemos a acusação de um mestre a Napoleão: “E agora que alcançaste o máximo do poder mundano a quem és útil: a Napoleão ou a França?”. O Egoísmo provocou a sua ruína. Esse “Eu Sou” chamado Napoleão abandonou o “Eu Sou Impessoal”, que era “antes de Abraão”.

Muitos Mestres espirituais passaram por essa prova. Depois de anos dedicados ao trabalho, autossacrifício e desinteressado serviço, veem acusada ou desafiada a sua autoridade e em vez de permanecerem fiéis ao Doce Nazareno, rebelam-se defendendo o seu direito e razão, entrando num período de megalomania ou supremacia egoística, até que, novamente, encontram a Luz. Cristo Jesus foi fiel à definição do amor espiritual que demonstrou com a Sua obra na Sua morte serena sobre a cruz. Nós, como Cristãos, passamos pelo Caminho da Cruz percorrendo uma parte dele, até que o Pai nos recolha em seu seio para nos fazer descansar e preparar-nos para outro dia na Escola da Vida Terrestre.

Aprendamos novas lições no “grande laboratório alquimista” seguido de outro passo de transmutação, até alcançar a meta. Pequeno menino em Cristo: “Sê de bom ânimo e perfeita inclinação para que conheça quem te enviou e para que estejas aqui. Segue a Luz, Nosso Senhor, que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Até que Cristo seja formado em ti, nós te ajudaremos”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1969-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: Lc 1:30-32

[2] N.T.: Mt 8:22

[3] N.R.: Jo 18:38

[4] N.R.: Jo 14:6-7

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Efemérides Científica e Simplificada – Calculada para o Meio-dia (Noon) Greenwich – 2023

OBSERVAÇÕES:

1. Efemérides calculada para: Noon at Greenwich (Meio dia de Greenwich) – não há necessidade de qualquer ajuste ou fatores de correção para utilização na Astrologia Rosacruz

2. Repare que os valores da Longitude dos Astros são fornecidos com a precisão de centésimos de minutos, que, para o nosso caso, não é necessária tamanha precisão.

Assim, considere o arredondamento matemático:

– Até 4, arredonde para baixo

– Acima de 5, arredonde para cima

Exemplo: 25o10.5 = 25o11’

A mesma regra aplique para a Hora Sideral (Sideral Time – ST)

  • Exemplos:
  • 18:44:28.0 = 18:44:28
  • 18:44:24.6= 18:44:29
  • 18:52:21.1= 18:52:21

Efemérides Científica e Simplificada – Calculada para o Meio-dia (Noon) Greenwich – 2023 com as Declinações

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O Princípio da Sublimidade e os papéis de Netuno e Urano nisso

E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinhas contigo antes que o mundo existisse.” (Jo 17:5).

O nosso mais elevado grau de realização é a nossa realização consciente da Paternidade de Deus em nosso interior. Essa meta elevadíssima glorifica a finalidade da nossa evolução.

Dos Ensinamentos da Fraternidade Rosacruz sabemos que somos um Tríplice Espírito que possuímos uma Mente para controlar um Tríplice Corpo. Deste Tríplice Corpo é extraído a Tríplice Alma que finalmente é absorvida pelo Tríplice Espírito. Contudo não são três Espíritos, três Almas ou três Corpos, mas somente um Espírito, uma Alma e um Corpo. Temos, então, o mistério dos três em um e de um em três – a Trindade na Unidade e a Unidade na Trindade. O Deus Uno é Trípliceem Sua Natureza: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Tríplice Espírito extrai a Tríplice Alma do Tríplice Corpo, embora em última análise, atue como uma unidade de: Espírito, Alma e Corpo.

Os termos Espírito e Deus são um tanto confusos, mas se neste caso nós usarmos a palavra “Espírito” como aspectos de um Deus Uno, talvez o assunto fique mais bem esclarecido; assim, o Espírito Divino, o Espírito de Vida e o Espírito Humano são, respectivamente: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, em manifestação em nós.

Na evolução humana nós usamos o poder do Espírito Humano para possibilitar, por meio dos Corpos, conquistar, reger e guiar, tanto quanto possível, as coisas do Mundo material. A força do Espírito de Vida é usada para extrair a Alma das coisas do Mundo material, enquanto o poder do Espírito Divino é utilizado para adquirir, da Alma das coisas, as realidades espirituais, já que Alma se torna o alimento para a evolução espiritual. É necessário que observemos que o nosso supremo desenvolvimento consiste na majestosa consecução da ativação do aspecto mais elevado de Deus em nós, o Espírito Divino, ou seja, a Paternidade de Deus.

Paternidade é aquele estado de ser dotado, por natureza, com os requisitos necessários para a responsabilidade de prover e cuidar da vida da família. É a forma diretora positiva agindo por meio do poder da vontade que forma, que modela a evolução. É o poder supremo que dá de si para que outros possam ganhar em substância e em Espírito. Aí reside a razão pela qual o Pai deu Seu Filho Unigênito para que, por seu intermédio, o mundo se salvasse.

Não existe maior função ou tarefa dada por Deus a nós do que a Paternidade, pois até o reinado, a presidência ou o governo de um indivíduo sobre os outros, qualquer que seja a sua forma, nada mais é do que o exercício dos Princípios da Paternidade. Essa característica de Paternidade está em todos nós, latente ou ativo, não importa, pois, segundo disse o Adorável Cristo: “Eu estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós.” (Jo 14:20) e o exercício da Paternidade nos traz a maior glória; mas com ela vem uma grande responsabilidade já que estamos sujeitos a usá-la incorretamente, o que nos acarretará muitas penas e sofrimentos.

O grau em que usaremos corretamente este princípio de autoridade depende, em grande extensão, da nossa compreensão e da nossa prática das características da Maternidade, pois “Ninguém vem ao Pai senão por Mim.” (Jo 14:6), conforme disse o Cristo. Devemos conhecer o amor da mãe pelo seu filho, o seu desejo de sustentá-lo e de nutri-lo, e conhecer a necessidade de compaixão, caridade e unidade, antes de podermos ser considerados sabiamente como a respeitada “cabeça do lar”. Lembremo-nos que fomos ensinados a oferecer nossas preces ao “Pai nosso que está nos céus” (Mt 6:9), pois somente Ele conhece nossas necessidades e as administrará de acordo com a Sua Exaltada Sabedoria.

Para melhor compreensão do Princípio da Sublimidade, voltemo-nos para a nossa querida ciência da Astrologia Rosacruz que nos leva mais próximo daquilo que queremos ser e fazer.

Deus-Pai, o Espírito Divino, vem a nós por meio dos raios do Planeta Netuno, se formos capazes de nos sintonizar com o seu grau vibratório excessivamente elevado. A fim de que o Espírito Divino possa extrair a Alma Consciente, que é o seu trabalho particular, é absolutamente necessário sensibilizar o Corpo Denso. Netuno é o Regente do Signo da Divindade, Peixes, o último dos doze Signos do Zodíaco, no qual nos voltamos das coisas materiais para as do Espírito, na nossa preparação para o Além.

Netuno, por assim dizer, impele o trabalho em nossas vidas onde Urano o faz parar e, assim, há uma grande semelhança entre esses dois Planetas. Seus símbolos são semelhantes, com a exceção de que no caso de Netuno, as duas Luas estão juntas sobre a cruz da matéria, enquanto no de Urano, elas são separadas pela cruz da matéria. Urano nos fornece o princípio da unidade que deveremos compreender antes de podermos desenvolver o Princípio da Sublimidade que Netuno nos proporciona.

Netuno, como Urano, é duplo – duas Luas opostas – e é basicamente um Planeta plástico, negativo, como é necessário para receber as mais refinadas forças. Diz-se que é uma combinação do polo negativo de Marte, por meio de Escorpião, e dos raios mensageiros do alado Mercúrio, por meio do seu Signo de Virgem. Assim, Netuno produz os segredos de Escorpião combinados com a pureza de Virgem. Tais são os requisitos para a manifestação do Princípio da Sublimidade.

O trabalho de Urano é transmutar o sexo em Alma; o de Netuno se relaciona com a absorção da Alma como alimento para a evolução do Espírito. Logo, Netuno impele onde Urano faz parar e dessa maneira nos conduz a maior glória.

As Luas opostas são os dois polos da Alma, positivo ou masculino e negativo ou feminino que devem ser mantidos juntos, como uma unidade, um todo completo, que Urano faz no plano físico e Netuno faz no plano espiritual, pois “assim como é em baixo, é em cima” e “assim como é em cima é em baixo”.

Portanto, não nos esquecemos de que embora esses Planetas, com seus poderes e suas características, pareçam separados, eles, na realidade, se interpenetram, e o contato com um deles traz consigo as qualidades do outro. Assim, enquanto estamos atravessando a Era de Peixes estamos, também, recebendo influências da Era de Aquário, e durante essa Era haverá alguma força de Capricórnio em manifestação.

Enquanto aprendemos a Religião ou Filosofia da Fraternidade Humana pelos Ensinamentos Cristãos estamos, ao mesmo tempo, aprendendo a Paternidade de Deus para uma data futura na nossa evolução. Não podemos avançar em uma, sem receber algo da outra.

Estamos começando a ver o valor e a necessidade da sequência natural das coisas e, por isso, atualmente, devemos considerar, em primeiro lugar, o princípio de Cristo, mas aos poucos que estão adiantados, a Paternidade de Deus e o desenvolvimento especial Espírito Divino os conduzirá para frente e para cima, à medida que eles respondam ao impulso de Netuno por meio do Princípio da Sublimidade, o Zênite da Glória.

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1959 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Oração Científica

“Muitas vezes vi-me impelido e ajoelhar-me por uma poderosa convicção de que não tinha outra parte aonde ir. Minha própria sabedoria, e aquela de tudo o que está ao meu derredor parecia insignificante para o dia.” (Abrahão Lincoln).

A oração científica é um dos métodos poderosos de perceber a luz que recebemos no Caminho dos nossos esforços para conseguir iluminação. “Deus é Luz” e na medida em que nos voltamos para Ele, em oração, a Luz brilhará e iluminará nossa obscuridade espiritual.

Os líderes que são responsáveis pelo Esquema da Evolução para a Onda de Vida humana, ou seja, pela nossa evolução, desejando nos ajudar, “instituíram a oração como um meio de produzir pensamentos elevados e puros para refinar nosso Corpo Vital”. Todos podemos trabalhar e orar nos auxiliando na escala da evolução.

Para nossa oração diária cada um deveria ter certo lugar fixo, onde pudesse se sentar em posição cômoda, os músculos relaxados, em quietude. Não sendo possível, devemos exercitar para criar um lugar tranquilo em nossa Mente, “uma câmara superior”. Nesse templo interno pedimos a nosso Pai por nossa transformação e iluminação, até conseguirmos formar o luminoso Traje Dourado de Bodas (o nosso Corpo-Alma) de nossa reunião (re-ligare – Religião ao sentido legítimo) com Ele.

Todavia, todos aprendemos na Filosofia Rosacruz – e ademais, sentimos internamente – esta verdade: “a oração por si só, por mais fervente que seja, não converterá o pecador num santo, a menos que nossos atos, nossa vida toda, seja uma constante oração”. Só então é possível “transformar a lagarta rastejante numa borboleta linda que busca as alturas”. “Orar e Trabalhar” é a conjugação oculta. Nós, que nos encontramos misturados na materialidade do mundo, muitas vezes sentimos a necessidade de ficar sós, em oração. Desejaríamos até nos isolar, definitivamente, em prece. Contudo, é-nos assegurado que se executamos nosso trabalho conscientemente e “fazemos todas as coisas em nome do Senhor”, nossa existência será uma grande oração e finalmente escutaremos Sua voz: “Muito bem, servo bom e fiel. Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!” (Mt 25:23).

(Publicado na Revista Rosacruz – abril/1968 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Pergunta: Por que há sempre, em suas obras, uma nota de caráter sombrio ou deprimente, sempre há um elemento sombrio e tão pouca emoção evocada pelo bem-estar, por ser bem-sucedido e tão pouca felicidade? Não há felicidade a ser encontrada na vida mais elevada? Contentamento, satisfação, paz – sim, mas não aquela emoção evocada pelo bem-estar, por ser bem-sucedido?

Resposta:

“Oh, que poder teríamos,

se nós nos víssemos como os outros nos veem”.

Assim cantou Robert Burns[1] e, sem dúvida, estava certamente correto ao presumir que nenhum de nós pode se ver como realmente nós somos. O autor não sabia que há um elemento sombrio e uma nota de caráter sombrio ou deprimente pairando sobre seus escritos, mas talvez essa observação tenha sido oportuna, embora seria errado tirar a conclusão de que não emoção evocada pelo bem-estar, nem por ser bem-sucedido e nem tão pouca felicidade na vida mais elevada. Há uma emoção evocada pelo bem-estar, e por ser bem-sucedido e uma felicidade que não podem ser expressas em palavras, no privilégio de nos ser permitido auxiliar os milhares de pessoas que vêm a nós em busca de ajuda, de orientação ou de conforto espiritual.

Entretanto, embora nós percebamos a necessidade e o benefício final que resultarão da grande operação cirúrgica que o mundo está atravessando atualmente[2], teríamos que ser “super-homens” para não nos curvarmos com a angústia profunda, a tristeza e o arrependimento à vista dessas centenas de milhares, mais ainda, de milhões de pessoas que estão sofrendo diariamente. Três anos e meio de trabalho com os feridos, agonizantes e os chamados mortos, não conseguiram nos fazer mais insensíveis do que o éramos na primeira noite em que nós estávamos emocionalmente quase fora de controle diante da cruel carnificina. Esforçamo-nos para não transferir as experiências da noite para o dia, pois isso nos tornaria inaptos para o trabalho que temos que realizar aqui, mas talvez seria excessivo esperar que essa vivência não se estamparia, de algum modo, em nossa vida quando no estado de vigília.

Isso pode ser um ponto muito bom a ser considerado por aqueles Estudantes Rosacruzes que estão excessivamente desejosos de obter a consciência nos Mundos espirituais. Diríamos a eles que os invejamos e trocaríamos de lugar com eles de bom grado, a fim de nos livrar das visões muito angustiantes, tristes e carregadas de arrependimentos que o dever e o amor por nossos semelhantes nos impelem a testemunhar todas as noites, embora, naturalmente, não seja a visão de cavalos selvagens que nos afastariam dos soldados que sofrem, ou de seus parentes enlutados. Não abriríamos mão, por nada, do privilégio de ajudar nossos semelhantes, mas gostaríamos de estar inconscientes do nosso trabalho ao retornarmos ao Corpo Denso. Desse modo, seríamos bem mais felizes e, provavelmente, concordaríamos em infundir felicidade em nossos escritos.

Nossa Personalidade sempre seria mantida em um segundo plano, mas se os Estudantes Rosacruzes levarem isso a sério, talvez a resposta a essa pergunta possa servir a um bom propósito.

(Pergunta nº 132 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)


[1] N.T.: Robert Burns, também conhecido como Robbie Burns e O Bardo de Ayrshire (1759-1796), foi um poeta escocês. Amplamente considerado o poeta nacional da Escócia, os trabalhos de Burns estão entre os primeiros escritos em língua escocesa, embora tenha também escrito em dialeto escocês (uma forma mais leve de escocês, mais suscetível de ser compreendida por anglófonos) e em língua inglesa. Burns escreveu poemas que prefiguram o romantismo e comédia, e, cheias de simplicidade e espontaneidade, suas poesias tinham como temas principais sua aldeia, a natureza e seus amores.

[2] N.T.: O autor se refere à Primeira Guerra Mundial, que estava ocorrendo naqueles tempos.

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A Oração Necessária, mas Não Suficiente

A Oração do Estudante Rosacruz define o procedimento correto que o Estudante Rosacruz deve ter, cotidianamente. É necessário viver em conformidade com o Ego dessa oração; mais do que necessário, é imprescindível, visto que as ações revestidas de tal caráter têm efeitos contagiantes e são agradáveis ao Senhor. Ei-la:

“Aumenta o meu amor por Ti, ó Deus

Para que eu possa servir-Te melhor a cada dia que passa

Faze com que as palavras dos meus lábios

E as meditações do meu coração

Sejam sempre agradáveis à Tua presença.

Ó Senhor, minha força e meu redentor”.

Sempre deve existir a fé e devem existir as obras, pois a “fé sem obras é morta”, e as obras sem a fé são de pouco valor. A fé, em nós, é a força que abre os canais que nos comunicam com Deus e é mediante a fé, que podemos nos pôr em contato com a Sua vida e o Seu poder.

A oração constitui uma das bases absolutamente essencial para o Crescimento da Alma, o crescimento anímico.

Porém, se dependermos somente da oração que sejam apenas palavras, pouco crescimento espiritual alcançaremos. Para obter resultados verdadeiros toda nossa vida deve ser uma oração, uma perene aspiração.

Devemos nos dar conta de que não são as palavras que mencionamos durante a oração que contam, senão a própria vida que conduz à oração. Só há uma maneira de provarmos nossa fé: é mediante as obras, os atos, as ações que realizamos dia a dia.

O fator determinante que sanciona corretamente se a classe de trabalho que fazemos é espiritual ou material é a atitude que adotamos ao fazê-lo.

(Revista Serviço Rosacruz – maio/1968-Fraternidade Rosacruz-SP)

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