Arquivo anual 2024

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Cada nascimento é uma nova vida? Que acontece com a vida dessa forma? Não há resposta para esses mistérios ou segredos? Quais as pessoas aptas a conhecer esses mistérios? São necessários dons especiais?

Resposta: À primeira vista, cada coisa ou ser que nasce parece uma vida nova desabrochando entre nós. Se prestarmos atenção, vamos vendo como essa forma cresce e vive, convertendo-se pouco a pouco em um fator nas nossas vidas durante dias, meses e, muitas vezes, anos. Mas sempre chega um momento em que a forma definha, morre e se decompõe. Para quem presta atenção fica a observação: a vida que vem, não sabemos de onde, passou ao invisível além e com tristeza perguntamos: De onde veio? Por que esteve aqui? Para onde foi?

Uma coisa é fato: a morte aqui é uma coisa certa, óbvia e… necessária! Velhos ou jovens, sãos ou enfermos, ricos ou pobres, todos, todos nós passamos através da sombra da morte aqui e em todas as idades paira a pergunta angustiosa sobre o “segredo da vida” ou o “segredo da morte”.

Infelizmente a maioria das pessoas tem a opinião de que nada podemos conhecer sobre assuntos tão obscuros como a morte, de onde viemos, porque estamos aqui e, muito menos, para onde vamos. Logicamente, não é bem assim, não é?

Toda pessoa, sem exceção – e aqui exceção quer dizer: posição social, econômica, financeira, escolar, intelectual, espiritual, idade, ou qualquer outra que se invente –, pode se tornar apta para obter informações diretas (sem nenhum intermediário, seja isso outras pessoas ou coisas) e definidas sobre tais assuntos tão obscuros. Toda pessoa pode investigar o estado de outra pessoa antes do nascimento aqui e depois da morte aqui.

Reforçamos: nunca houve e nunca haverá favoritismo e nem a exigência de “dons especiais”. Toda pessoa tem, inerente, a faculdade de conhecer tudo isso, mas… há um grande “mas” e um “mas” notável: essa faculdade está para todas as pessoas, se bem que na maioria delas tal faculdade está em estado latente; assim, para despertá-la é necessário um esforço persistente da própria pessoa e isso parece assim como um poderoso dissuasivo, ou seja, uma desculpa para se convencer a desistir; no entanto, não é não! O que ocorre é que são muito poucas pessoas se prestam a “viver a vida” (ou seja: a cumprir com o que ela mesma decidiu quando escolheu essa vida – nas suas condições atuais – ainda no Terceiro Céu, na fase de Preparativos para esse Renascimento nesse processo do Ciclo de Nascimentos e Mortes aqui, quando escolheu um dos Panoramas da Vida que estavam a sua disposição) e isso: “viver a vida” é a condição básica para despertar essa faculdade. Não se pode comprá-la e para alcançá-la não há caminhos fáceis. Difícil? Sim, difícil, mas nunca impossível a ninguém!

Assim, qual é o primeiro requisito? Ele é o fundamental: todo o Aspirante a esse conhecimento oculto deve possuir uma vontade ardente, uma sede abrasadora de conhecimento oculto, que consiga sobrepassar quaisquer justificativa que ela tenha para não se aplicar a conquista desse conhecimento por meio do estudo e da prática constante. Só que o resultado somente aparecerá à pessoa se junto (ao mesmo tempo, desde o início) à vontade intensa de aprender, tenha a mesma vontade intensa de ajudar ao irmão e à irmã que estão ao seu lado por meio do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focando esse serviço na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade. É perigosa e frustrante a tentativa de obter esse conhecimento oculto a pessoa não for levada por esse motivo. O Estudante Rosacruz, trilhando o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, vai aprendendo a obter tal conhecimento oculto, de um modo seguro, direto, crescente e desenvolvendo seu autodomínio, indispensável para seguir para frente e para cima.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

De Escorpião a Águia

Ainda hoje observamos em muitas construções antigas de igrejas católicas quatro estátuas em cima do frontispício, representativas dos quatro Evangelistas – S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João –, tendo aos pés os símbolos dos quatro Signos Fixos que outrora compunham a esfinge: Escorpião (representado por uma águia), Leão (por um leão), Touro (por um touro) e Aquário (representado por um ser humano). É uma influência da primitiva igreja, pois os antigos “Pais da Igreja” conservavam o conhecimento dos Mistérios Cristãos e sabiam muito bem a parte Esotérica e a relação entre as Forças Cósmicas (Astrologia Espiritual) e a evolução humana. Os Evangelhos são Fórmulas de Iniciação diferentes: dentre as coletâneas feitas pelos diferentes Discípulos de Cristo-Jesus e por seus seguidores diretos, foram escolhidas apenas essas quatro, que hoje, divididas em capítulos, constituem os Evangelhos. As demais foram consideradas apócrifas ou não inspiradas. Contudo, havia uma razão de ser nessa escolha. Tais Evangelhos ou métodos iniciáticos formam as linhas angulares que determinariam o horóscopo e evolução do Cristianismo.

Podem alguns estranhar que Escorpião seja ali representado pela águia, como o foi na esfinge misteriosa. É que Escorpião representa a força sexual criadora, em que se fundamenta todo o nosso poder potencial encerra vários símbolos. Cada um deles exprime um estágio evolutivo.

As forças ocultas no ser humano são um mistério, cujo conhecimento e domínio nos abre as portas da regeneração e libertação, para a reconquista da condição de Filhos de Deus (religação ou a verdadeira Religião). Por isso, Escorpião rege o sexo e a força motriz emotiva. Por isso, Escorpião rege a oitava Casa do horóscopo, que expressa a regeneração ou a degeneração, segundo os Astros e Aspectos de cada horóscopo.

Na fase primitiva da evolução, Escorpião rasteja na paixão, escravizando o nativo às exigências dos sentidos. No aspecto espiritual, gira por detrás, com a cauda, mostrando o lado negativo em que vivíamos, como Clarividentes involuntários grandemente influenciados e dirigidos de fora. Aqueles que alcançam a Iniciação e, com isso o desenvolvimento positivo das suas faculdades (a Clarividência voluntária) eram relacionados com a serpente, que pica pela frente, mostrando o aspecto positivo, independente. Nos mistérios egípcios, os Najas, ou serpentes, levavam uma serpente que parecia sair da raiz do nariz (lugar da consciência individual, do Espírito Divino). Esses eram desenvolvidos positivamente nos mistérios. Eram Clarividentes voluntários! Os Clarividentes involuntários traziam uma serpente desenhada no ventre, na altura do Plexo Celíaco ou Plexo Solar. Essas posições da serpente mostravam que, no desenvolvimento positivo (da Clarividência voluntária) é a própria pessoa que alcança a possibilidade de “voos d’alma”, saindo e entrando do seu Corpo Denso, pela cabeça (entre as comissuras dos ossos parietais e occipital), ao passo que, no desenvolvimento negativo (da Clarividência involuntária) é um irmão desencarnado ou uma irmã desencarnada (que chamamos de “espírito apegado à Terra” e que, portanto, não entrou  no Purgatório) ou um Elemental (um ser de uma Onda de Vida sub-humana) que expulsa a pessoa residente e penetra no Corpo Denso dela pelos órgãos sexuais ou pelas paredes etéricas, rompidas, do Plexo Celíaco ou Plexo Solar.

Na Bíblia temos várias passagens elucidativas desses dois estados. Os israelitas tomaram a palavra “Naja” e modificaram-na, com o sufixo, negativo feminino “OTH”, que nos dá NAIOTH, para a Clarividência involuntária, e o final positivo masculino “IM” para a Clarividência voluntária. Saul foi a Naioth (foi tomado por um “espírito” e divertiu os outros com tiradas proféticas).

Cristo-Jesus foi Naim e ressuscitou o Filho da Viúva (Iniciação de Lázaro).

Mercúrio, o símbolo da razão, também leva uma serpente a lhe sair do chapéu; é indicação de que, com o chapéu de Mercúrio, a razão, chave evolutiva da presente Época Ária, o ser humano é livre e independente de influência externa para evoluir.

Quando, no antigo Egito, a pessoa levava duas serpentes a lhe sair da fronte, indicava exercer dois poderes: de Rei e Sacerdote.

Naja (Uraeus) é um emblema de Sabedoria. Cristo se refere aos detentores dessa Sabedoria quando aconselhou a sermos “sábios como as serpentes”. Na Índia, os guardiães dos mistérios eram chamados “nagas” ou serpentes. Nos “Eddas” de Islândia, vemos que Siegfried, investigador sincero, degolou a serpente, provou seu sangue e se converteu num sábio. Ora, o veneno é um símbolo da força sexual criadora. Siegfried o bebeu e se tornou sábio. Quem usa o veneno (poder, força sexual criador) de forma indevida, pica por detrás e se torna réu ou vítima do próprio veneno como o escorpião ao se matar, diante do perigo. Contudo, quem usa essas forças de forma positiva e justa, pica pela frente, como a serpente (razão).

Um estudo sobre Escorpião mostra como essa força age e a necessidade de ela ser transmutada, transubstanciada. Quando, pela regeneração da natureza criadora, transubstanciamos essa força sexual criadora dentro de nós, alcançamos a condição de águias, a que voa em busca das alturas, não com as asas de cera do falso desenvolvimento de um Ícaro, mas com asas reais, que nos torna possível deixar a prisão da ilha do nosso Corpo Denso.

Os alquimistas costumavam comparar o ser humano a um forno e representavam-no com uma chama inferior para queimar e sublimar em forma de vapor, a líquida natureza da força de Escorpião. De fato, sabemos que na medula espinhal do ser humano circula um gás, a força de Netuno que rege as faculdades supranormais. Esse gás pode converter-se no líquido passional que procura exteriorização pelo sexo ou pode ser incendiado pela aspiração e prática de ideais superiores, caso em que, eleva-se pelo tubo (medula) do forno (corpo humano) e vai fazer vibrar os dois centros espirituais da cabeça (da Glândula Pineal e da Pituitária), estabelecendo, com a persistência do processo regenerativo, uma ponte vibratória entre esses dois centros.

Abrem-se, então, os olhos espirituais e alcançamos a visão dos planos internos da natureza, atualmente encobertos pelos nossos olhos carnais.

Ora, o que cegou o ser humano foi a “Queda do Homem”, o uso da bebida alcoólica e de outros excitantes. Por isso, a Fraternidade Rosacruz recomenda aos Aspirantes à vida superior – o Estudante Rosacruz – o abandono da carne animal (mamífero, aves, peixes, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins) – que está impregnada pela paixão animal, pois como diz a Bíblia, “a alma da carne está no sangue[1] –, das bebidas alcoólicas, do fumo (de qualquer tipo e de qualquer forma) e de outros tóxicos que dificultam o processo regenerativo.

O modelo divino do Tabernáculo no Deserto, dado a Moisés no Monte, previa precisamente a elevação humana da degeneração em que estavam, para a regeneração. O Altar dos Sacrifícios simboliza a força sexual criadora voltada para satisfação egoísta de todos os desejos do ser humano. Ela deve ser queimada (sublimada) com sal (arrependimento). O odor que se elevava da queima agradava ao Senhor. Contudo, naquele tempo não estávamos preparados, ainda, para o sacrifício de nós mesmo e os Seres Superiores determinaram que sacrificássemos as nossas posses (machos bovinos e ovinos) além dos dízimos. Com o advento de Cristo e a purificação dos Estratos da Terra, alcançamos a possibilidade de fazer de nós mesmos, sob uma orientação racional, um sacrifício vivente. O Tabernáculo no Deserto, que era “uma sombra das coisas que viriam[2], antecipava essa possibilidade expressa por S. Paulo Apóstolo quando diz na sua Epístola aos Efésios 4:22 a 24: “que nos despojemos do homem velho e nos revistamos do homem novo, em novidade de espírito”. E, ainda mais, na sua Primeira Epístola aos Coríntios 15:42: “ressuscitarmos da corrupção para a incorrupção, de corpo animal para o corpo espiritual”. O Tabernáculo no Deserto é nosso Corpo Denso, o Templo de Deus Vivo, o Deus Interno. Se queremos trabalhar eficazmente a serviço da Humanidade, alcançando para nós, ao mesmo tempo, a verdadeira felicidade, é necessário que passemos além de seres humanos comuns, que funcionam apenas no Átrio externo do Tabernáculo no Deserto, no lado inferior. Aprendendo a queimar os atos errôneos de cada dia, com o fogo da consciência, durante o Exercício Esotérico noturno de Retrospeção, podemos nos lavar e nos purificar, a fim de entrar, durante o sono, no Sanctum (Sala Oriental do Tabernáculo no Deserto) e lá trabalhar como Auxiliares Invisíveis inconscientes, a serviço da Humanidade. Contudo, não basta isso, é necessário que durante o dia aproveitemos todas as oportunidades de bem agir, ou seja, de servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível) a divina essência oculta em cada irmão e irmã – que é a base da Fraternidade – que está ao nosso redor. Só podemos ser eficientes Auxiliares Invisíveis quando aprendemos a ser, aqui e agora, Auxiliares Visíveis provados pela prática, e não simplesmente em teoria e aspiração. Aí sim, o bem agir e um Exercício Esotérico noturno de Retrospeção bem-feito nos permite extrair a essência do serviço prestado, para oferecê-la aos semelhantes durante o trabalho noturno, a que nos consagramos diariamente.

Desse modo — afirma Max Heindel com o conhecimento de causa — o maior criminoso pode transformar-se radicalmente. É um trabalho de repetição no bem, de automatização do certo, deixando de lado, procurando esquecer o lado inferior, que morrerá de inanição, aos poucos, e um dia chegará em que, suficientemente equilibrados para nos dirigir seguramente no Mundo do Desejo, somos visitados pelo Irmão Maior e convidados a entrar no Sanctum Sanctorum (Sala Ocidental do Tabernáculo no Deserto). Esse extremo ocidental do Tabernáculo no Deserto é a nossa cabeça, onde estão os dois Querubins (Glândula Pineal e Pituitária ligando suas asas, ponte vibratória) sobre a arca, onde estão as Tábuas da Lei (a observância consciente e espontânea nas Leis de Deus), a Vara de Aarão (o fogo espinhal de Netuno, com todo seu poder potencial) e o Maná (o Espírito).

Contudo, essa transubstanciação é assunto delicado. Por isso fazemos o presente artigo, na esperança de reforçar e assegurar uma boa compreensão.

Precisamos nos conhecer sobre o assunto (Nosce Te Ipsum), por um estudo criterioso do nosso horóscopo (calculado e levantado ponto a ponto por nós mesmos – utilizando a Astrologia Rosacruz –, e não por outrem e, muito menos por meios automatizados), tomar consciência dos nossos pontos frágeis e fortes e depois trabalhar vigilantemente por nossa regeneração, seguindo um roteiro pessoal. Os pontos frágeis, principalmente os complexos impulsos emocionais e sexuais, não são sublimados pelo combate. Cristo recomenda mui oportunamente que “não resistamos ao mal[3], isto é, que não pensemos nele, que não lhe demos consideração pois, cada vez que pomos uma ideia na consciência fortificamo-la com nossa atenção. Conseguir bons resultados, nos mantém sempre ocupados em coisas nobres e prazerosas. Os Santos são, muitas vezes, representados pisando uma serpente. S. Jorge, por exemplo, matou o dragão; também nós, para dominar a força emocional de Escorpião, devemos unicamente estar alertas contra seu automatismo astuto e sutil e pensar e agir unicamente no que seja construtivo.

Há muitas coisas por aí a conspirar contra nosso aperfeiçoamento. Não faz mal. Não podemos ficar num convento ou num mosteiro. A oficina de aperfeiçoamento é aqui mesmo, no meio da tentação, na vida que nós mesmos escolhemos no Terceiro Céu. É a única forma de provarmos para nós mesmos se estamos seguros para enfrentar provas maiores. Estejamos alertas contra as insidiosas sensações e imagens que, pela mídia, pelos canais de comunicações, podem acumular-se e insidiosamente incitar-nos a natureza inferior. Olhemos o lado bom de cada coisa, desconcertando o mecanismo do subconsciente instintivo. Isto é, “vigiai e orai[4].

E, como ainda não somos santos, cuidadosamente demos vazão ao vapor da natureza emocional que se acumular, porque senão estoura a caldeira. Escorpião rege esse impulso de liberação e devemos ser prudentes. Contudo, entre ser prudentes e condescendentes com o instinto, vai uma grande distância!

Há, ainda, o perigo do recalque, isto é, não sublimar natural e inteligentemente a força sexual criadora e apenas querer contê-la à força de vontade ou por inibição. Isso é realmente um perigo. Na Lenda de Parsifal, Klingsor, buscando ser um dos cavaleiros do Graal (ser repentinamente elevado), mutilou-se, vedando a si mesmo a satisfação instintiva.

Contudo, com a vista espiritual o Guardião do Castelo percebeu o íntimo tenebroso e passional de Klingsor e não lhe permitiu o ingresso. É o problema da circuncisão debatido por S. Paulo Apóstolo. O Corpo de Desejos é distinto do Corpo Denso, se bem se expresse através dele, como Klingsor fazia com Kundry, quando a despertava antes que os Cavaleiros do Graal o fizessem, utilizando-a em propósitos egoístas. Klingsor morava no “vale”, indicativo da parte baixa do Corpo Denso, onde se situam os órgãos sexuais, expressão inferior da força emocional. O Castelo do Graal estava no “monte”, isto é, na cabeça. Os Cavaleiros são o gás netuniano. Atraídos e seduzidos pela flores-deusas deixam-se exterminar por Klingsor.

Parsifal foi tentado e venceu a prova. Contudo, teve, ademais, que provar seu valor altruístico, sofrendo e servindo, usando seu poder em benefício dos demais e nunca para si.

Assim, também nós, temos tudo isso dentro do nosso reino interno e é mister alcançar o mérito de Parsifal não insensatamente como Amfortas, mas sabiamente, como “serpentes” que desejam se transmutar em águia.

E das cinzas da queima da natureza inferior se elevará, gloriosamente, em repetidos renascimentos, cada vez mais luminosos, a Fênix!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1966-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: Lev 7:11

[2] N.R. Hb 10:13

[3] N.R. Mt 5:39

[4] N.R.: Mt 26:41)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Lei de Consequência e como Trabalhar com ela no Dia a Dia

A Lei da Consequência, ou Lei de Causa e Efeito, é uma das Leis de Deus, é a lei da justiça, que decreta que o que semeamos, colheremos.

O que somos, o que temos, todas as nossas boas qualidades são o resultado do nosso trabalho no passado e, portanto, nossos talentos. O que nos falta, física, moral ou mentalmente, é por não termos aproveitado certas oportunidades no passado ou por não as termos vivenciadas, mas em algum momento, em algum lugar, outras se apresentarão para nós e recuperaremos o que perdemos.

Quanto às nossas obrigações e dívidas para com os outros, a Lei de Consequência também trata disso. O que não pôde ser resolvido em uma vida acontecerá nas futuras. A morte não anula as nossas obrigações, assim como indo para outra cidade não pagamos as dívidas que contraímos aqui.

A Lei do Renascimento proporciona um novo ambiente, mas nele existem velhos inimigos. E, às vezes, os conhecemos, porque quando conhecemos algumas pessoas pela primeira vez, sentimos como se as conhecêssemos de algum lugar. Isso ocorre porque o Ego rompe o véu da carne e reconhece um velho amigo. Quando, pelo contrário, encontramos uma pessoa que nos inspira medo ou repúdio, é uma mensagem do nosso Ego, que nos alerta contra um inimigo de antigamente. A Lei de Consequência está operando continuamente.

A partir do momento do nascimento, as forças que foram acionadas em vidas anteriores e ainda não se esgotaram, passam a atuar na criança e em seus veículos. Todos os velhos amores e ódios vêm à tona. Antigos inimigos se apresentam, para que o Ego possa traçar com eles seu destino e transformá-los em amigos. Amigos anteriores ajudam o Ego trabalhando com ele para benefício mútuo.

Assim nos aproximamos lenta, mas irresistivelmente, da era da Amizade Universal. Através da Lei de Consequência, aprendemos que cada ato tem a sua responsabilidade correspondente e que cada força que pomos em movimento deve ter o seu efeito correspondente.

Se, por negligência ou egoísmo, causamos sofrimento ou dolo aos outros, fatalmente, a Lei de Consequência trará condições semelhantes em uma data mais remota, e assim compreenderemos a injustiça de agir dessa forma. Se não aprendemos a lição, teremos mais experiências e cada vez mais duras, até que finalmente faremos o esforço necessário e então obtenhamos o poder do autocontrole.

Os Ensinamentos Rosacruzes sobre a vida nos mostram que o mundo que nos rodeia nada mais é do que uma Escola de experiências – a Escola da Vida –, mas atrelada a solução nas inseparáveis Leis ​​de Consequência e Renascimento. Que assim como mandamos a criança para a escola dia após dia, e ano após ano, para que ela aprenda cada vez mais e, à medida que avança nas diferentes séries da escola até a universidade, o mesmo acontece com a gente, como Filho de Deus, entra na Escola da Vida. Mas numa vida mais ampla, onde para cada um de nós em cada dia escolar é para nós uma vida terrena, e a noite entre os dois dias letivos corresponde ao sono após a morte na vida mais ampla de cada um de nós.

Veja que numa escola há muitas séries. Onde as crianças mais velhas que frequentam a escola há muito tempo têm de aprender lições muito diferentes daquelas aprendidas pelas crianças pequenas que frequentam o “jardim de infância”.

Da mesma forma, na Escola da Vida, aqueles que ocupam altos cargos, sendo dotados de grandes faculdades, são os nossos Irmãos Maiores, e os retardatários são aqueles que mal frequentam as primeiras séries escolares. O que eles são, nós seremos, e todos acabarão por chegar a um ponto em que serão mais sábios do que os mais sábios que conhecemos agora.

Se os atos que praticamos forem construtivos e respeitarmos os direitos dos outros, então na vida futura nasceremos em condições que nos trarão sucesso e felicidade.

Se, pelo contrário, cedermos às nossas paixões, nossos desejos, sentimentos ou as nossas emoções inferiores, sem consideração pelos outros, ou se formos insolentes, preguiçosos e descuidados, certamente, renasceremos em condições e entre pessoas que farão da nossa vida um fracasso, e que nos trarão muitos sofrimentos. Através destes fracassos, porém, aprenderemos onde erramos em vidas anteriores e saberemos o que precisamos fazer para remediar o passado.

Assim, aplicando a nossa força de vontade na solução do problema, obteremos sucesso, e a Lei de Consequência, a partir desse momento, funcionará a nosso favor, e não contra nós.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Nós encontramos com os amigos e entes queridos após a morte, mesmo que eles tivessem crenças diferentes da nossa ou, ainda, que não passassem de ateus?

Resposta: Sim, certamente nós os encontramos e os reconhecemos, porque a morte não encerra poder transformador algum. A pessoa surge ali na mesma forma que o conhecemos aqui, porquanto ela se crê ainda possuidor dessa forma, mas, o lugar em que poderemos encontrá-la depende de vários fatores.

Em primeiro lugar, se tivermos vivido uma vida muito religiosa, não teremos que passar pelo Purgatório e, também, teremos uma existência muito curta no Primeiro Céu, e iremos quase que diretamente para o Segundo Céu[1], enquanto aquele a quem o amor era de tal natureza que ele teria uma longa estada no Mundo do Desejo, então, é claro que não deveríamos nos encontrar até que ele chegasse ao Segundo Céu. Se morremos aqui logo após esse ente querido, talvez o encontro não aconteceria, pelo menos, antes de vinte anos, mas isso não importância, porque nas referidas Regiões do Mundo do Desejo a pessoa está totalmente inconsciente do tempo.

A pessoa materialista, se tivesse vivido uma existência moralmente sã, como costumamos descobrir que essas pessoas fazem, permaneceria na quarta Região do Mundo do Desejo[2], durante certo número de anos, de acordo com o tempo vivido no plano físico, posteriormente passaria pelo Purgatório e Primeiro Céu e depois para o Segundo Céu, embora não tivesse lá uma consciência tão ampla e clara, como a pessoa devotada às realidades do Espírito.

Nós o veríamos, o reconheceríamos e associando-nos a ele durante séculos, na obra de engendrar o futuro ambiente, e lá ele não seria nada materialista, porque ao atingir essa elevada Região[3], o Espírito não se encontra dominado pelas ilusões que, muitas vezes, o envolveram no Mundo material. Todos e cada um se reconhecem como seres espirituais, lembrando-se desta vida terrestre da forma como recordamos algum pesadelo. O Espírito, ao penetrar no Segundo Céu, já sente a sua verdadeira natureza.

(Pergunta nº 56 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: No Mundo do Pensamento.

[2] N.T.: Região Limítrofe

[3] N.T.: o Segundo Céu, no Mundo do Pensamento

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Max Heindel, tal como eu o conheci

Minha mãe foi secretária de Astrologia ao tempo de Max Heindel e Augusta Foss de Heindel, no início de 1914. A Fraternidade Rosacruz era pequena em números, mas era uma família feliz e harmoniosa. Mamãe vinha a Los Angeles todos os fins de semana e numa dessas ocasiões me trouxe um volume de “O Conceito Rosacruz do Cosmos”. Eu fiquei impressionado pela apresentação clara e racional das verdades ocultas e quando Max Heindel veio ao Centro de Los Angeles, lá fui ouvi-lo. Ao nos encontrarmos, senti instantaneamente que já éramos amigos desde vidas anteriores.

Convidado a descer a Oceanside, no seguinte fim de semana, tomei o trem para Santa e ao descer em Oceanside verifiquei que era uma pequena povoação, com apenas uns dois quarteirões e algumas casas dispersas. Caminhei uns dois quilômetros por uma estrada de cascalho até chegar às terras da Fraternidade Rosacruz e percebi que havia somente um edifício de administração (abrigando todas as atividades), uma pequena capela e cerca três pequenas casas.

Depois passei a frequentar Oceanside em todos os fins de semana e me familiarizei com o Senhor Max Heindel e a Senhora Augusta Foss Heindel e quando havia acúmulo de trabalho no departamento astrológico eu ajudava a levantar e interpretar horóscopos, cooperando com minha mãe e a Sra. Augusta. Normalmente, depois do Serviços Matinal de Domingo, o Sr. Max Heindel e eu nos sentávamos próximos ao lugar onde se encontra hoje o Emblema Rosacruz Nós conversávamos sobre várias coisas de mútuo interesse, tais como astronomia, astrologia, filosofia e ciências, entremeadas de reminiscências humanas e reconfortantes gracejos. Tempos felizes foram esses!

Um domingo de manhã, certo visitante aproximou-se de nós para mencionar que havia gostado muito do harmonium da capela. O Sr. Max Heindel replicou: “Bem, harmonium é seu nome comum, porém o nome clássico é ‘venha a mim, vá a mim'”. Todos rimos cordialmente, e este incidente foi mencionado por mim várias vezes, para mostrar como a gente se prende gostosamente à Fraternidade depois que vem a conhecê-la. Um dia ajudando a Sra. Augusta Foss Heindel, chamei-a “Tia Gussie”, o que a alegrou, pois me pediu que sempre a, chamasse assim. Disse-lhe de minha satisfação em chamá-la “tia Gussie”, acrescentando que, neste caso, para completar minha alegria, estenderia o tratamento, chamando a Max Heindel de “Tio Max”, assim foram eles para mim todo o tempo um tio e uma tia muito simpáticos.

Minha colaboração mais direta começou quando, numa viagem à Oceanside, coincidindo no mesmo dia o Serviço Devocional do Templo e o de Véspera Lunar, fui convidado a falar, cabendo a Max Heindel dirigir a reunião. Havia uma cadeira vazia à esquerda na primeira fila, e o Irmão Maior está presentemente lá.

Depois procurei o Centro de Los Angeles e comecei a ministrar aulas de Filosofia Rosacruz durante algum tempo, particularmente sobre o Esquema de Evolução. Um dia, ao me sentar ao piano para praticar, percebi, num relance, que o esquema total da evolução, tão belamente retratado no “Conceito”, se relacionava e ampliava, sob meus olhos, com o teclado do piano, mostrando o significado das cinco Hierarquias que nos deram algum auxílio e passaram depois à libertação, bem como as outras sete que trabalharam em nossa involução espiritual e evolução corporal, continuando ainda a nos ajudar na ascensão evolutiva. Tudo isto ali estava, em progressão regular, nos mais mínimos detalhes. Na viagem seguinte a Oceanside contei minha inspiração ao Sr. Max Heindel. Isto o impressionou agradavelmente e sugeriu que eu escrevesse tudo, juntando um diagrama explicativo. Assim o fiz e publiquei o artigo no número de março de 1917 da revista “Rays from the Rose Cross”.

Eu sentia que conhecia o Sr. Max Heindel melhor que outras pessoas e achava razões para isso. Quando um autor é lido e estudado, a característica predominante de sua natureza é apenas aparente, o que não sucede com as outras facetas de seu ser. Elas se encontram mais ou menos ocultas nos trabalhos em que ele se concentra. Eu tive maior oportunidade ainda: a de privar muito tempo com o Sr. Max Heindel. Em uma mais íntima e pessoal convivência, outros aspectos de sua pessoa se revelam. Nós fomos capazes de examinar as aspirações reverentes e devocionais, a compreensão das culturas, da música, arte, das ciências e, o mais importante, do aspecto humano, tão essencial para um desenvolvimento equilibrado.

Max Heindel foi um exemplo vivo dos preceitos dos Ensinamentos da Fraternidade Rosacruz: “Uma Mente sã, um Coração nobre, um Corpo são” e da contraparte: “ser prudente como a serpente, forte como um leão, simples e inofensivo como a pomba”.

Ele sabia que os Irmãos Maiores eram contrários a tudo que parecesse organização e, portanto, e procurou cuidadosamente evitar mais do que era necessário para a administração. Além disso, ele estava profundamente ciente de que nosso progresso real no caminho da iluminação era interno – “o templo sem som de martelo”. Ele criticou qualquer forma de arregimentação, e frequentemente enfatizou que não devemos nos esforçar de forma tão brusca para nos tornar tão iluminados que perderíamos o valor da experiência do horóscopo particular que escolhemos para esse propósito.

Ele tentou, valentemente, enfatizar a natureza reverente e devocional do Místico, o lado oculto da compreensão intelectual e equilibrá-los com as influências saudáveis e humanas para o desenvolvimento racional. Foi um privilégio ter trabalhado com ele.

(por Art Taylor publicado no Rays from the Rose Cross Magazine, February, 1965, p. 64, 83 – traduzido na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – março/1979 – Fraternidade Rosacruz –SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Shakespeare à Luz dos Ensinamentos Rosacruzes

As obras de Shakespeare, assim como os dramas musicais de Wagner, o Fausto de Goethe, a Divina Comédia de Dante e muitos outros livros de igual valor são designados Esotéricos, embora de leitura Exotérica. Eles são comunicações diretas dos centros planetários da Divina Sabedoria.

Podemos dizer que a literatura que lida com a vida espiritual e é construída em torno de Mestre e Salvadores do mundo e, além disso, se revestem de uma estrutura baseada nos mistérios, torna-se, em virtude destes vários atributos e elementos, escrituras sagradas. Todas as outras literaturas têm menor classificação.

Voltando à análise da literatura não sagrada, encontraremos, por sua vez, que ela se divide em duas. Na primeira, temos a literatura que é possuidora de um sentido “interno”; na segunda, o “externo” somente. A primeira, como as escrituras sagradas, está fundamentada nos Mistérios e contém, na sua forma externa, um véu de Sabedoria Arcana claramente organizada, enquanto na outra classe tal esoterismo não está presente. Há trabalhos sobre assuntos espirituais, experiência religiosa e mesmo sobre os Mistérios que não possuem este sentido interno. Eles podem ser trabalhos altamente inspirados, contudo somente simplesmente estruturados. Por outro lado, temos trabalhos como os dramas de Shakespeare que o mundo não reconhece como literatura “espiritual”, mas que, em virtude de sua dupla estrutura, cultuam um compêndio de Sabedoria Iniciática só comparável a das sagradas escrituras.

No caso de Shakespeare, a fonte foi os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Para o esoterista, nenhuma outra evidência disto é necessária senão os trabalhos mesmos. Mas, sinais específicos, ocultamente transmitidos, estão também presentes nos dramas.

Max Heindel é a autoridade para a citação de que as obras que trazem o nome de Shakespeare e aquelas que trazem o nome de Bacon foram influenciadas pelo mesmo Iniciado Rosacruz.

Há 2 meios de você acessar esse Livro:

1.Em formato PDF (para download):

Shakespeare à Luz dos Ensinamentos Rosacruzes – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

2.Para ler no próprio site (OBSERVAÇÃO: nesse caso para você ter acesso aos ANEXOS, que são a íntegra de cada Obra citada, baixe a versão acima em PDF):

SHAKESPEARE À LUZ DOS ENSINAMENTOS ROSACRUZES

Por

Um Estudante

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

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Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, 1919, Shakespeare in the Light of the Rosicrucian Teaching, editada por The Rosicrucian Fellowship in Rays from The Rose Cross Magazine

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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PREFÁCIO

Esses textos foram originalmente utilizados como material de uma séria de Reuniões de Estudos sobre Shakespeare, em Mount Ecclesia, e são o resultado de uma cooperação verdadeiramente harmoniosa e inspiradora entre os participantes dessas Reuniões.

As obras de Shakespeare são designadas esotéricas, embora de leitura exotérica. Elas são comunicações diretas dos centros planetários da Divina Sabedoria. A fonte das obras de Shakespeare os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental – os Ensinamentos Rosacruzes. Para o esoterista, nenhuma outra evidência disto é necessário senão os trabalhos mesmos. Mas, sinais específicos, ocultamente transmitidos, estão também presentes nos dramas.

Shakespeare foi chamado de “A Máscara Rosacruciana”. Max Heindel é a autoridade para a citação de que as obras que trazem o nome de Shakespeare foram influenciadas pelo mesmo Iniciado Rosacruz.

ÍNDICE

PREFÁCIO.. 3

PARTE I – INTRODUÇÃO À OBRA DE SHAKESPEARE: SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO.. 5

PARTE II – SHAKESPEARE E O CASAMENTO CÓSMICO.. 9

PARTE III – SHAKESPEARE E A LEI DO RENASCIMENTO.. 16

PARTE 4 – SHAKESPEARE E A ORDEM ROSACRUZ.. 23

PARTE 5 – LEONATUS: UMA PROFECIA DA ERA VINDOURA.. 29

PARTE 6 – LEONATUS: UMA PROFECIA DA ERA VINDOURA – MARGARIDA WOLFF. 37

PARTE 7 – LEONATUS: O ABANDONO IMINENTE DO CORPO DENSO.. 47

ANEXO 1 – SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO.. 56

ANEXO 2 – OTELO – O MOURO DE VENEZA.. 90

ANEXO 3 – A TRÁGICA HISTÓRIA DE HAMLET – PRINCÍPE DA DINAMARCA (1603) 146

ANEXO 4 – ANTÔNIO E CLEÓPATRA.. 199

ANEXO 5 – O MERCADOR DE VENEZA.. 253

ANEXO 6 – REI LEAR.. 291

PARTE I – INTRODUÇÃO À OBRA DE SHAKESPEARE: SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO

É bem conhecido o ditado “não havia Fadas na Inglaterra antes de Shakespeare”.

No entanto, mesmo antes que o puritanismo tivesse extinguido a alegria da velha Inglaterra, essa era o próprio recreio das “pessoas pequenas”. Apareciam das sebes e provocavam os viandantes, faziam travessuras com os jovens e as donzelas nos caminhos dos amantes; todos os bosques e prados mostravam “anéis de Fadas” onde realizavam os seus bailes; tinham pontos de encontro nos pântanos de Yorkshire e nas planícies de Devon; as sereias penteavam-se nas falésias de Dover; e o alegre e brincalhão Robin Bom-camarada era uma palavra corrente em todo o país.

Sim, os contos de Fadas existiam, mas a crença neles era irregular e casual. Para algumas pessoas, eram realidades que faziam parte do seu quotidiano; para outras, eram apenas histórias bonitas ou assustadoras que se contava nas noites de verão ao luar ou à volta da lareira nas longas noites de inverno. Foi necessária a mão divinamente guiada do poeta para reunir todos os fios confusos, tecê-los em uma obra-prima e apresentá-la à Humanidade: aqui está o Mundo das Fadas das vossas chamadas “fantasias”; ele está vivo, é verdadeiro e real; é uma parte muito importante da vida no nosso globo!

No entanto, a grande lei da evolução funciona em espiral por toda parte. Há mais de 300 anos que os críticos tentam rebaixar o nível do Um Sonho de uma Noite de Verão de Shakespeare (Veja a obra no ANEXO 1) mediante interpretações tão cheias de equívocos que chegam a ser um sacrilégio. Essa obra foi escrita em 1590, aproximadamente. Mas só por volta de 1910 ela foi erguida na espiral do pensamento avançado. Não havia Fadas antes da obra Um Sonho de uma Noite de Verão. Shakespeare nos deu o Mundo das Fadas; no entanto, apenas quando a grande Luz Branca dos Ensinamentos Rosacruzes foi derramada sobre ele é que esse Mundo das Fadas apareceu na sua pureza e dignidade como parte integrante e sagrada da casa de Deus na Terra. Que a palavra sagrada penetre profundamente nos nossos corações. Um Sonho de uma Noite de Verão, apesar de borbulhar de riso, alegria, diversão, travessuras e truques, é uma peça sagrada e como tal foi citada por Max Heindel no texto do Ritual do Serviço Devocional do Solstício de Junho e em outros livros da Fraternidade Rosacruz.

A Noite de Natal e a Noite do Solstício de Junho são os dois polos da atividade divina que se manifesta na Terra durante o ciclo do ano. No meio do inverno (em dezembro para o hemisfério norte), sob os raios oblíquos do Sol, a atividade espiritual atinge o seu pico, a Natureza é abafada em uma grande quietude, uma expetativa de escuta, e na noite mais longa, a noite mais escura, a Estrela do Espírito brilha mais intensamente e o Cristo nasce na Terra.

Mas, como lemos no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”: “A evolução é a história da progressão do Espírito no tempo”. E o tempo está indissoluvelmente ligado à matéria. Enquanto a nossa Onda de Vida passa por esta Terra em Involução e Evolução, a existência material, a forma corporal e a manifestação física são necessárias e, a menos que o polo oposto, o da atividade física, seja mantido, o Espírito não pode continuar o seu caminho de “progressão no tempo”. Todos nós, o nosso Planeta e tudo o que nele existe de vida mineral, vegetal, animal e humana, temos de recolher essa experiência da existência física para podermos evoluir de centelhas Divinas a seres Divinos autoconscientes, cocriadores junto às Hierarquias Criadoras e copossuidores da Glória de Deus. Assim, no Solstício de Junho, sob os raios perpendiculares do Sol, as atividades físicas atingem o seu auge e, durante a noite mais curta e luminosa do ano, a de 24 de junho, as mil vozes da Natureza juntam-se em cânticos, risos e murmúrios alegres e os Espíritos da Natureza realizam o seu festival anual, uma festa de regozijo porque fizeram bem o seu trabalho e a vida física na Terra está assegurada por mais um ano.

O Mundo das Fadas de Shakespeare inclui todos os Espíritos da Natureza mencionados nos Ensinamentos Rosacruzes; esses Espíritos — sejamos muito claros sobre isso — são servos de Deus, agentes de Deus, que trabalham sob a direção das Hierarquias Criadoras que guiam nossa evolução. As ações dos Espíritos da Natureza, muitas vezes, parecem incoerentes e irresponsáveis para nós. Por quê? Porque ainda compreendemos mal o funcionamento das Leis da Natureza. Quando o ser humano está em harmonia com as Leis da Natureza e os Espíritos da Natureza lhe são simpáticos, ele os chama de “bons”. Quando ele está em desarmonia com as Leis da Natureza e elas parecem antagonizá-lo, ele as chama de “más”. Porém, todos trabalham juntos para o bem, a serviço da evolução. Os Espíritos precisam de corpos para adquirir experiência. Os Espíritos da Natureza são trabalhadores que constroem corpos, são criadores de forma. É por isso que no Fausto, de Goethe, eles aparecem à chamada de Mefistófeles que, em um dos seus muitos aspectos, é Satanás ou Saturno, o construtor da forma.

Ora, “Um Sonho de uma Noite de Verão” não é apenas o relato da Festival das Fadas no auge das suas atividades bem-sucedidas, mas também se preocupa muito com os males e as provações dos amantes e com a sua feliz união no final. Alguns críticos interpretam a peça como um espetáculo de amor inspirado nos perfumes de uma noite de verão, “Maluquice de uma noite de verão”. Essa é a interpretação mais triste de todas. E aqui, em particular, recordemos que Um Sonho de uma Noite de Verão é uma peça sagrada, apesar de muitos absurdos que são aparentes. Uma “peça” sim, mas apresentada para nós por um grande Iniciado para que possamos ver com ele as Forças da Natureza “brincando” no mundo.

Os Espíritos da Natureza estão sempre e particularmente interessados nos amantes e nos seus assuntos; eles gostam de provocar o jovem e a donzela enamorados, mas apenas durante algum tempo; depois, esses Espíritos os consolam e aproximam; ao final, eles pedem para serem convidados para o casamento e concedem ao casal feliz três desejos no dia do casamento. Os Espíritos da Natureza são construtores da forma e, como tal, precisam da atração entre os sexos para providenciar corpos para as almas que chegam. Um Sonho de uma Noite de Verão é uma Festa de Casamento regida por uma grande característica cósmica: a atração entre os sexos é um fator necessário em certos estágios da evolução em que o Espírito precisa de veículos físicos e densos para acumular experiência e, por isso, devido à sua missão Criadora ao Serviço do plano divino, o Amor entre homem e mulher é sagrado e o Matrimônio é um Sacramento; assim, temos que ter pena das almas mais jovens que o olham de maneira frívola e interpretam Um Sonho de uma Noite de Verão como uma graciosa e espirituosa brincadeira de fazer amor, quando ele é uma Peça Misteriosa realizada nos recintos sagrados do santuário da vida.

PARTE II – SHAKESPEARE E O CASAMENTO CÓSMICO

Quando o Poeta Iniciado, Goethe, terminou o seu drama místico, Fausto, disse sorrindo: “Nesta peça eu escondi muitos mistérios que manterão os críticos ocupados durante pelo menos cinquenta anos”. A obra “Sonho de uma Noite de Verão”, de Shakespeare, manteve-os assim ocupados durante mais de trezentos anos e não estão agora mais perto da solução dos problemas ocultos dessa magistral obra do que em 1° de maio de 1594, quando foi apresentada pela primeira vez nas festividades do casamento de um dos patronos aristocráticos de Shakespeare, na corte da Rainha Isabel; então as pessoas se perguntavam por que uma peça de maio[1] se chamava “Sonho de uma Noite de Verão”.

Muitos diziam naquela época, como dizem hoje, que as passagens que se referem ao primeiro de maio como a data do casamento do Duque Teseu foram inseridas na peça escrita por volta de 1590 como um elogio ao casal recém-casado perto do trono de Isabel. Essa é a forma mais fácil de evitar o fato embaraçoso de o poeta, no seu grande e misterioso drama nupcial, identificar o 1° de maio com o 25 de junho. A maioria dos expoentes ainda se contenta com essa solução, embora ela pareça bastante incompatível com a dignidade de um Shakespeare.

Alguns o desculpam com base em “erros ortográficos”; outros ainda o acusam de ter feito malabarismos com as datas, assim como o acusam frequentemente de ignorância ou de descuido em relação a fatos históricos, mitológicos ou geográficos. Ele, o Iniciado que sabia tudo o que aqueles que tentam em vão minimizar a sua grandeza não sabem! Gostam de acentuar a sua ignorância em geografia, por exemplo, porque na sua outra peça de mistério, a Tempestade, os navios singram para a Boêmia, que fica longe do oceano.

Sim, hoje em dia! Mas, no século XII, a Boêmia era um poderoso império que se estendia até ao Mar Adriático. Shakespeare, como é óbvio, conhecia esse fato e sabia bem “do que se tratava”, ao nos dizer que, quando o Duque Teseu de Atenas se casou com Hipólita, a sábia rainha das Amazonas, a data do Dia de Solstício de Verão era 1° de maio.

Vemos o grande Iniciado sorrindo com o seu sorriso gentil, como um pai sorri para os filhos que não podem ferir a sua dignidade quando, com razões superficiais e infantis, explicam seus ditos e feitos que ultrapassam a sua compreensão.

Não se confia às crianças a guarda da chama luminosa; — só quando um número suficiente de pessoas que vivem no ocidente atingiu a fase adulta é que se acenderam para elas as velas tão poderosas como temos, por exemplo, nos livros “Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz” e “A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz” – só para citar dois exemplos –, ambos do Iniciado Max Heindel. Esses livros não são meros manuais da Filosofia Rosacruz ou Astrologia Rosacruz, mas poderosos portadores de luz que levam a iluminação para todos os caminhos da vida. Não podemos compreender as obras dos grandes poetas, músicos, pintores e escultores sem a sua ajuda; e a razão para isso é facilmente encontrada. As pessoas que conhecemos como gênias que estavam muito à frente do seu tempo e, em muitos casos, foram iniciados da Ordem Rosacruz, nos deram a Religião Cristã Esotérica por meio de símbolos e parábolas, pois toda grande Arte é basicamente religiosa e a sua missão evolutiva é afirmada naquelas famosas palavras de Richard Wagner, frequentemente citadas por Max Heindel: “Onde a Religião se torna artificial está reservado à Arte salvar o espírito da Religião”. Max Heindel, como porta-voz dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, deu à Humanidade o conhecer a Religião Cristã Esotérica em uma linguagem simples e por meio dos livros que contêm os Ensinamentos Rosacruzes que são lições completas que temos que consultar e estudar a fundo, se quisermos compreender a beleza misteriosa dos roteiros imortais escritos pelos nossos mestres-artistas em cores, palavras ou tons.

Uma biblioteca inteira de obras eruditas sobre Shakespeare não pode ajudar a resolver o problema do “Sonho de uma Noite de Verão”, pois a informação valiosa que contêm é exotérica e ignora o potente fator da Astrologia Rosacruz. Mas se, com ajuda dos Ensinamentos Rosacruzes focarmos nossa atenção no fato de o “Sonho de uma Noite de Verão” ser um grande desfile do Sol e depois seguirmos a pista dada na sua explicação dos ciclos evolutivos ligados à Precessão dos Equinócios, a perplexidade se transforma em compreensão e a discrepância, em concórdia.

Como vimos anteriormente, o “Sonho de uma Noite de Verão” é uma apoteose das Forças da Natureza no auge das suas atividades, o grande “Festival das Fadas”, ou dos construtores da forma, que se regozijam porque fizeram bem o seu trabalho e asseguraram a vida física na Terra por mais um ano, para que o Espírito, em seu Caminho de Evolução, possa se manifestar através dos Corpos e dos veículos. Esse ponto culminante das forças físicas estimuladas pelo Sol ocorre todo ano entre 21 e 25 de junho, no polo oposto ao ponto culminante das forças espirituais, que ocorre entre 21 e 25 de dezembro, também todo ano.

Se a data do casamento na peça foi 1° de maio, o drama está aparentemente desequilibrado em relação ao Natal, afastado do caminho do Sol. — Sabemos que decorrem exatamente quatro dias entre o início da peça e o triplo casamento no final, pois o Duque Teseu abre-a com as palavras “Quatro dias felizes trazem outra Lua[2] e a Rainha Hipólita acrescenta:

Mergulharão depressa quatro dias na negra noite;

Quatro noites, presto, farão escoar o tempo como em sonhos.

E então a lua que, como arco argênteo,

no céu ora se encurva, verá a noite solene do esposório.

Depois, no final do Ato IV, na Cena I, nesse maravilhoso discurso referente aos seus cães de caça, que soa como uma marcha triunfante composta por harmonias majestosas, informa os seus ouvintes de que “agora a nossa observação está feita” e elucida a ocasião para essa observação, que se realizou em bosques e florestas e não no templo, acrescentando a respeito dos amantes: “Decerto madrugaram, para os ritos observarem de maio”. Esse Dia de Maio é o dia do casamento.

Ouvimos de novo o duque Teseu:

no templo, agora mesmo,

estes dois pares vão se unir para sempre.

Mais tarde, os bons artesãos não-gramaticais dizem: “Mestres, o duque vem vindo do templo, onde se casaram, juntamente com ele, mais três senhores e três senhoras.[3]. Depois, a companhia festiva será recebida no palácio, até que Teseu lembra:

Com a língua de ferro a meia-noite já deu doze batidas.

Para a cama, namorados! É quase hora das Fadas.

E agora a cena é inteiramente entregue às Fadas que cumprem o que no dia anterior Oberon, o rei das Fadas, anunciou à sua rainha, Titânia:

Já que nossa discórdia mal sofrida em harmonia se mudou garrida,

iremos amanhã, solenemente, dançar, à meia-noite,

bem em frente do quarto de Teseu.

…no Solstício de Junho (estação de verão para o hemisfério norte), — o Festival das Fadas! — para as fiéis Forças da Natureza, a grande, alegre e solene ocasião do ano! Os discursos de Titânia estão repletos de alusões ao Solstício de Junho. Mas não precisamos citá-las, pois o espírito do drama fala por si só. A peça está impregnada de Solstício de Junho, respira Solstício de Junho, canta e dança Solstício de Junho…, mas é mais rica em mistério e mais profunda em promessa do que um simples Solstício de Junho possa dar. Lembremo-nos do que Max Heindel ensina sobre os ciclos menores contidos nos maiores. Os ciclos diurno, anual e precessional são os ciclos do Sol. Uma nova vida é prometida a nós no Solstício de Junho através de Hermia e Lysander, Helena e Demetrius, os dois casais humanos cujo amor é abençoado pelas Fadas; vida abundante é prometida a toda a natureza pela reunião de Titânia e Oberon, o rei e a rainha das Fadas que, após um período de discórdia, celebram de novo o seu casamento e prometem abençoar a Terra com fecundidade. Mas, uma nova vida de um significado muito mais elevado e ampliado é prometida por meio do casamento de Teseu e Hipólita, esses dois seres exaltados que não são humanos nem Fadas, mas representantes cósmicos.

Shakespeare conhecia a mitologia e o seu simbolismo cósmico! Não acidentalmente, mas de forma muito deliberada, escolheu a Grécia como cenário para o seu drama. As Fadas, tipicamente do noroeste, em seu aspeto cosmopolita de Forças da Natureza, podiam ser facilmente transferidas para a Grécia; a sua rainha e o seu rei, Titânia e Oberon, são originários da Índia; assim, os arianos orientais e ocidentais contribuem a partir da sua tradição. Mas, nos mitos gregos foi encontrado o maravilhoso simbolismo dos “cães do céu” — a hoste estrelada — que acompanham a carruagem do deus Sol em uma corrida alegre “com a boca cheia de sinos, um debaixo do outro” e o saúdam com “gritos afináveis” — a música das esferas — aos quais a Terra ecoante responde.

…vai minha amada apreciar a orquestra de meus fortes lebréis. (…)

Tão galante barulheira jamais havia ouvido;

o bosque, o céu, as fontes, tudo, tudo, era em torno uma crebra gritaria.

Em parte alguma nunca ouvira música tão discorde, trovão tão agradável.

Ouvimos uma voz calma no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz” confirmando as rapsódias do mito e da poesia: “Pitágoras não fantasiava quando falou da música das esferas, porque cada um dos Corpos celestiais tem seu tom definido e, juntos, formam a sinfonia celestial”[4].

Finalmente, na mitologia grega este deus Sol, em uma de suas fases de Precessão, é representado por Teseu, o herói forte que matou o touro “devorador de homens”, o Minotauro. Esse terrível monstro tinha a sua fortaleza no Labirinto da ilha de Creta. Os atenienses tinham de oferecer todos os anos sete jovens e sete donzelas às mandíbulas cruéis desse touro. Ele representa o espírito do Ciclo Taurino e da Era de adoração ao touro[5] — o espírito da mais extrema crueldade e do mais cru materialismo ao qual os filhos e filhas da Humanidade eram sacrificados.

O espírito da Era de Touro foi morto por Teseu, o Sol. Isso significa que a Era de Touro terminou porque o Sol, por Precessão dos Equinócios, estava prestes a deixar a constelação de Touro e entrar em Áries. Max Heindel nos informa que em 498 d.C. o Sol cruzou o equador celeste no Equinócio de Março em 21 de março, a 0 grau de Áries. O Sol leva em torno de 2.156 anos para percorrer, pelo movimento da Terra Precessão dos Equinócios, os 30 graus de uma constelação. Ele entrou no 30° grau de Áries, o carneiro ou cordeiro, em 1658 a.C. e, portanto, 1659 a.C. é o último ano da Era de Touro.

Para nós, Áries é um Signo masculino; na astrologia grega era considerado um Signo feminino e o seu regente, o Planeta Marte, era representado não por um deus, mas por uma deusa, nomeadamente Palas Athena, a deusa da guerra e da sabedoria. A analogia entre Palas Athena e Hipolyta, a sábia rainha-guerreira, é evidente. Assim, 1659 a.C., o último ano da Era antiga ou de Touro, é o ano do casamento de Teseu, o Sol, com Hipólita, o Espírito Guardião da nova Era ou a Era de Áries, para que no próximo Equinócio de Março, 1658 a.C., ele pudesse entrar em sua nova casa, Áries, junto à parceira da sua exaltação.

Assim temos o ano; como é que obtemos a data? No que diz respeito à contagem do calendário, as nações antigas seguiam o exemplo da Babilônia ou da Caldeia, que eram seus mestres em todos os assuntos relacionados com a astrologia e a astronomia.

O calendário de Caldeia, que os egípcios, os gregos e os romanos, até ao tempo de César, copiaram, seguia de perto a trajetória do Sol e baseava-se em dois acontecimentos cíclicos: o menor e relativo ao Equinócio de Março e o maior, relativo à Precessão dos Equinócios. Assim, em 1659 a. C. o mês do “Equinócio de Março” foi janeiro e o mês do “Solstício de Junho” foi abril.

A Era de Touro dominou de 3814 a 1659 a.C. Na nossa Era de Peixes – em que nos encontramos atualmente –, estamos afastados de Touro por duas constelações e cada constelação através da qual o Sol passa por Precessão dos Equinócios coloca o ponto do Equinócio de Março um mês à frente. Os caldeus tinham meses lunares de 29 dias e, em certos intervalos, um mês bissexto, em vez do nosso ano bissexto. Se contarmos 91 dias entre o Equinócio de Março e o “Solstício de Junho” e tivermos em conta os meses mais curtos, então veremos que o 23 de abril do nosso calendário equivale ao 26 de abril do calendário caldeu da Era de Touro. Assim, o “Solstício de Junho” na Era de Touro aconteceu entre 26 de abril e 1° de maio; o Casamento Cósmico teve lugar em um dia de “Solstício de Junho”, 1° de maio de 1659 a.C.

PARTE III – SHAKESPEARE E A LEI DO RENASCIMENTO

Não faz muito tempo um Estudante Rosacruz enviou uma pergunta para aqui, em Mount Ecclesia. Ele perguntou se uma pessoa que deseje, no seu íntimo, não renascer na Terra, jamais renascerá.

Os Ensinamentos Rosacruzes afirmam que uma das principais Leis que guiam a evolução é a Lei do Renascimento, auxiliada pela sua irmã gêmea, a Lei de Consequência. Essas duas grandes Leis devem satisfazer o coração, o intelecto e a vontade. Elas são absolutamente justas e lógicas, mas cheias de esperança e promessa; elas dão um amplo espaço à vontade impetuosa e magistral dos filhos e filhas de Caim, que se recusam a seguir docilmente os líderes e querem trabalhar ativamente em sua própria evolução. Mesmo assim, o coração tenta dobrar a Lei de acordo com a sua impaciência, o intelecto gosta de fazer dela uma base de especulações e a vontade está ansiosa por afirmar a sua superioridade sobre ela. Quando eu me libertarei da Roda de Nascimentos e Mortes? Assim questiona o coração que acredita que a repetição da existência terrena, com as suas tristezas, seus sofrimentos e suas separações dolorosas seja demasiado difícil de suportar e anseia pela felicidade celestial e ininterrupta. Quantas vezes tenho de renascer e em que intervalos cíclicos ou rotações? Em que período da evolução a Lei do Renascimento será substituída por outra mais elevada? Assim pergunta o intelecto que gostaria de reduzir a Lei de Deus a um calendário ou fórmula matemática. E a vontade grita triunfante: assim que eu me recuso a renascer, a Lei deixa de funcionar.

A vontade, como a mais elevada faculdade do ser humano, é o seu direito. Max Heindel ensina no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” que o renascimento depende da vontade do Ego. Quando ele já não quer renascer, está livre. Só que esse direito é constituído de tal forma que não pode se recusar a renascer até ter atingido um certo grau no Caminho de Iniciação Rosacruz. Aqui, como nos casos anteriores, ouvimos um grande poeta acompanhando harmoniosamente esse processo. O problema parece complexo e intrincado. Mas o poeta-iniciado, Shakespeare, resolve em 16 palavras: “Os homens devem suportar tanto a sua partida quanto a sua vinda — a maturidade é tudo”. Essas palavras, que se encontram no drama Rei Lear – Veja no ANEXO 6 –, parecem ao mundo as mais enigmáticas das afirmações de Shakespeare, mas para nós, que as lemos sob a luz dos Ensinamentos Rosacruzes, estão entre as suas maiores verdades!

“Os homens devem suportar tanto a sua partida quanto a sua chegada”. O próprio ritmo das palavras parece transmitir a sequência rítmica de nascimento e morte, morte e nascimento em uma alternância constante e inquieta. Para cima e para baixo, para baixo e para cima o Ego viaja em um movimento cíclico e incessante, descendo à matéria para um período escolar sob a disciplina rigorosa da vida terrena e subindo aos Mundos celestes para um período de férias felizes e atividade intensa. Assimilar a experiência da vida terrena e preparar as condições para a próxima vida — eis o trabalho do Ego nos Mundos celestiais. Depois outro nascimento, mais um dia de escola com mais experiências. E isso se repete em intervalos cíclicos de 1.000 anos, geralmente. Não importa quantas vezes estivemos aqui, pecamos, sofremos e aprendemos, precisamos continuar, continuar… A lei é imutável. “Os homens precisam suportar a sua partida e a sua vinda”. Precisam porque eles próprios assim desejam. A imutabilidade da Lei atua a partir do interior, não do exterior.

No livro Conceito Rosacruz do Cosmos lemos que: “Depois de um tempo (de permanência no Terceiro Céu) vem ao Ego o desejo de novas experiências e a contemplação de um novo nascimento”. Nenhuma força externa o estimula isso, o próprio desejo do Ego confere o estímulo para o renascimento. Pois o Ego, na Região do Pensamento Abstrato, onde fica o Terceiro Céu, onde nenhuma matéria turva a sua percepção, é muito sábio e sabe que um novo mergulho na matéria física, outro período escolar na Terra, é absolutamente necessário para o seu desenvolvimento em direção ao objetivo final, que é a onisciência divina. A consciência total inclui todos os planos de consciência, tanto os mais baixos como os mais elevados, e o Ego compreende a necessidade de acumular experiência nos graus escolares mais baixos na Terra, de modo a estar apto para os mais avançados nos Mundos superiores. O coração insensato, enquanto palpita com a dor e a desilusão da vida terrena, anseia pela felicidade, mas o Ego, que é sábio, prepara-se deliberadamente para deixar a sua morada feliz no Céu e procurar de novo esta mesma existência terrena da qual o coração se ressente, pois ele sabe que “o propósito da vida não é a felicidade, mas sim a experiência” (livro Conceito Rosacruz do Cosmos). Ele deseja voltar até que todas as experiências, que a vida terrena proporciona, sejam reunidas e todas as lições que a vida terrena ensina sejam aprendidas. Só então o Ego estará pronto para experiências e lições em estágios mais elevados da existência. Amadurecimento é tudo!

Mas qual é a prova dessa maturidade, qual é a sua expressão? Como ela se manifesta? — Não é uma maturidade do intelecto que possa ser provada diante de uma banca de examinadores. A bela palavra “amadurecimento” indica um estado de Ser; vemos o grão dourado e o fruto doce, uma perfeição alcançada pelo crescimento natural que expande, suaviza e amacia cada átomo. Desaparecem então a dureza e a aspereza, que são atributos da falta de maturidade, e ganha-se uma bela suavidade! A dureza vem do “eu” que não tem consideração pelo outro; a aspereza surge da paixão que afasta os outros; a suavidade emerge do amor desinteressado. Não há outro teste, não há outra prova. Se o nosso estado de ser se manifesta como amor-próprio e paixão, então não estamos maduros; se ele se manifesta como Serviço amoroso e compaixão, então atingimos a maturidade.

Existem almas mais jovens que julgam demonstrar amadurecimento ao manifestarem desprezo e cansaço pela vida terrena, afirmando que a Terra já não exerce qualquer atração sobre elas, que esperam encontrar em outras esferas a felicidade que aqui não é possível. Felicidade! Aqui está novamente o “eu”, embora disfarçado de saudade dos Mundos celestes. O ser humano aparentemente espiritualizado que denuncia a Terra e deseja o Céu em nome da felicidade está tão enredado nas malhas do “eu” quanto o franco materialista que se agarra à Terra como o campo de caça para suas paixões e não pensa no Além. Os que se rebelam contra as lições da vida terrena amam tanto a si mesmos que não querem amar o outro e o sábio poeta balança tristemente a cabeça para eles: “Como são pobres os que não têm paciência” (Otelo – veja no ANEXO 2). Porque a derradeira lição a ser aprendida aqui na Terra é perder o “eu” e encontrar o outro. A essência de todas as experiências a serem acumuladas aqui é o amor compassivo. Com o objetivo de ganhar a consciência total, nós temos que carregar cada criatura viva, com suas riquezas e tristezas, para a nossa consciência; isso só pode ser feito através da compaixão.

“Ser ou não ser, eis a questão!” (Hamlet) – Veja no ANEXO 3. Quando é que a vontade do Ego decretará que nunca mais precisará “ser” em um Corpo Denso? Quando soubermos preservar a estabilidade da paciência, tanto nas alegrias como nas tristezas da vida, quando a alegria não nos levar ao êxtase nem a tristeza, ao desespero; quando não tivermos tempo a perder com os nossos desejos nem força para as nossas emoções, porque todas as nossas atividades estarão ocupadas de outra forma. O Aspirante à vida superior verdadeiramente maduro, aquele que se aproxima da libertação do nascimento e da morte, não fala nem discute sobre felicidade ou infelicidade, nem usa seu tempo para pensar nisso. Pacientemente, ele faz o seu trabalho diário como Auxiliar Visível ou Invisível, construindo, construindo o tempo todo, construindo estradas que levam para longe de si mesmo, para o fundo do coração, da vida, da necessidade do seu irmão e da sua irmã. E eis como é maravilhosa a lei do amadurecimento! Esse paciente construtor, que ajuda os outros infalivelmente, constrói e amadurece dentro de si mesmo aquilo que o pobre anseia em vão: o Corpo-Alma indestrutível que não pode ser prejudicado pela morte e, portanto, não precisa ser renovado pelo nascimento. — Pois o Ego, quando finalmente se desfizer do Corpo Denso, deverá ter um veículo pronto para funcionar, uma roupa com a qual se vestir.

A morte e o renascimento significam uma interrupção do contato entre este Plano de existência (Região Química do Mundo Físico) e os superiores (Mundos invisíveis à visão física). Enquanto estou nos Céus, estou morto para a Terra. Enquanto estou na Terra, estou morto para os Mundos Celestes. De eras em eras, a beleza celestial brilha, a música celestial soa e as almas vibram umas com as outras em perfeita harmonia.

Mesmo o menor globo que tu possas contemplar,

No seu movimento canta como um anjo,

Um quieto coro para os querubins de olhos jovens.

Tal harmonia existe nas almas imortais,

Mas enquanto estas vestes decadentes e enlameadas

Grosseiramente as encerrarem, não podemos ouvir”.

(O Mercador de Veneza) – Veja no ANEXO 5

Max Heindel nos diz que “Adão” significa “terra vermelha” e qualifica a matéria terrosa da qual, nos dias lemurianos, o corpo do primeiro Adão foi feito com “lama vulcânica, vermelha e quente”[6]. A Bíblia chama essa “veste lamacenta de decomposição”, pertencente ao primeiro Adão, de “o corpo da nossa humilhação”; mas nos assegura que ela será transformada até se assemelhar ao corpo glorioso do segundo Adão, que é o Cristo. Quando deixarmos de lado, pela última vez, essa veste de lama e imperfeição, então, em nosso Corpo-Alma amadurecido, um corpo de glória e perfeição, teremos um veículo que nos unirá a Terra e ao Céu. Nas asas da nossa dourada veste nupcial nós contataremos tanto o Céu como a Terra, porque seremos capazes de nos mover e funcionar em perfeita liberdade e consciência em Planos que, para nós, estão atual e tristemente separados uns dos outros pelo nascimento e pela morte. Max Heindel diz: “O Reino dos Céus foi invadido (Mt 11:12), há homens e mulheres que já aprenderam, através de uma vida santa e útil, a deixar de lado o corpo de carne e osso, intermitente ou permanentemente, e a caminhar pelos Céus com pés alados, empenhados nos negócios do seu Senhor e vestidos com as etéreas vestes nupciais da nova dispensação”1.

As tendências do “eu” são de contração, de endurecimento, de atração para baixo, de fechamento e de isolamento, correspondendo às qualidades dos dois Éteres inferiores que mantêm o Corpo Denso. A tendência do amor é expandir-se, suavizar-se, unir-se, elevar-nos, em correspondência com as qualidades dos dois Éteres superiores que estão incorporados no Corpo-Alma. O “eu”, junto dos dois Éteres inferiores, é responsável pela cristalização; o amor, junto dos dois Éteres superiores, produz a rarefação. Na linguagem dos alquimistas, os dois Éteres superiores eram chamados de “fogo” e “ar”, enquanto os dois Éteres inferiores eram comparados à “terra” e à “água”. Quando uma vida de serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), esquecendo os defeitos do irmão ou da irmã ao seu entorno, focado na divina essência oculta em cada um de nós, que é a base da Fraternidade tiver amadurecido, soltado e moldado os dois Éteres superiores, então o Ego, revestido do seu Corpo-Alma, que é rarefeito, glorificado e etéreo, será elevado para sempre acima da necessidade da existência física e, liberto da Lei do Renascimento, poderá exclamar com o poeta: “Eu sou fogo e ar, os meus outros elementos, eu os dou à vida inferior.” (Antônio e Cleópatra) – Veja no ANEXO 4.

“O amor será a palavra-chave da próxima Era, do mesmo modo que a Lei é a palavra-chave da presente ordem. A expressão intensa das qualidades mencionadas acima aumenta a luminosidade fosforescente é a densidade dos Éteres em nossos Corpos Vitais; as correntes ígneas cortam a ligação com os cuidados e as preocupações do dia a dia, e o ser humano, uma vez nascido da água em sua emersão da Atlântida (Hamlet) (tal como na Lemúria era nascido da terra), agora nasce do espírito, para o Reino de Deus1.

PARTE 4 – SHAKESPEARE E A ORDEM ROSACRUZ

A infeliz “teoria baconiana” ainda tem alguns seguidores, especialmente nos Estados Unidos, onde as pessoas estão longe da atmosfera convincente de Stratford. Essa pequena cidade no coração da Inglaterra, onde Shakespeare passou a maior parte da sua vida, ainda sonha entre suas sebes e rosas tal como sonhava no tempo de Shakespeare, mas todos os seus sonhos agora estão com ele, cuja grande personalidade deixou a sua poderosa marca na Memória da Natureza e ninguém minimamente sensível a essas vibrações pode ficar diante da velha igreja que narra o seu batismo e o seu enterro, ou passear entre as flores do seu jardim, ou ver as brumas a subir e descer sobre o rio, sem saber, com alegria, não só que William Shakespeare foi um habitante de Stratford, mas que um grande espírito viveu, moveu-se e teve o seu ser ali. “Os passos de um grande homem santificam o solo.” Não se fala de um William Shakespeare que foi um obscuro ator do qual se diz ter vendido o próprio nome para ser usado como máscara por Francis Bacon, “um nobre sem escrúpulos”, como se diz na atmosfera sagrada de Stratford; mas, de William Shakespeare, o poeta imortal, ele próprio um nobre em virtude do seu gênio e amigo próximo de Francis Bacon, o grande cientista e verdadeiro aristocrata do espírito.

Terá Shakespeare pressentido o que a calúnia tentaria fazer com ele, quando escreveu estas linhas em Otelo?

O bom nome no homem e na mulher, meu caro senhor,

É a joia imediata das suas almas:

Quem rouba a minha bolsa, rouba lixo;

É algo que é nada;

Era minha, é dele e foi escrava de milhares;

Mas aquele que me rouba o meu bom nome

Rouba-me o que não o enriquece

E me faz pobre de fato”.

Ele possui também um aspecto no seu horóscopo, desde que o mapa natal esteja correto, que é tanto mais notável quanto, passados trezentos anos, ainda esteja ativo na perseguição da personalidade de William Shakespeare, embora se possa supor com segurança que o grande espírito renasceu mais do que uma vez, talvez desde 1614, para desempenhar importantes missões a serviço da Humanidade. O Aspecto astrológico é o de Netuno em Oposição a Urano, que proporciona influências para a vida que visam a minar a reputação e fazer com que a pessoa sofra escândalo e prejuízo público.

Quem já passeou por Stratford, não junto da multidão tagarela dos turistas, mas com a memória do gênio por companhia sagrada, sente uma profunda gratidão por Max Heindel, ele que, com a voz da autoridade, explica a natureza da ligação entre William Shakespeare e Francis Bacon, refutando de uma vez por todas as invenções tão irreverentes para a memória e a missão desses dois grandes homens.

No livro “Conceito Rosacruz do Cosmos, lemos que “Rosacruzes como Paracelso, Commenius, Bacon, Hellmond e outros deram pistas em suas obras e influenciaram outros. A grande controvérsia sobre a autoria de Shakespeare (que em vão usou tantas penas de ganso e desperdiçou muita tinta boa que poderia servir para fins úteis) nunca teria surgido se os especuladores soubessem que a semelhança entre Shakespeare e Bacon se deve ao fato de ambos terem sido influenciados pelo mesmo Iniciado, que também influenciou Jacob Boehme e um pastor de Ingolstadt, Jacobus Baldus, que viveu depois da morte do Bardo de Avon, e escreveu versos líricos em latim. Se o primeiro poema de Jacobus Baldus for lido com uma determinada chave vamos verificar que, lendo as linhas para baixo e para cima, aparecerá a seguinte frase: ‘Até agora falei aqui, do outro lado do mar, e por meio do drama; agora vou me exprimir através das letras’”.

A controvérsia baconiana foi principalmente suscitada pela presença de uma certa palavra-chave na Cena I do Ato V, na comédia de Shakespeare chamada de Trabalho de Amor Perdido. Essa palavra, que é reivindicada pelos baconianos como o suporte mais forte da sua teoria, é composta por 27 letras: Honorificabilitudinitatibus. A forma como tem sido explorada para provar que Francis Bacon foi o autor das peças de William Shakespeare é um exemplo de alerta para a falácia de um método de investigação que ignora a existência do ocultismo e dos seus guardiões, os Iniciados das Escolas de Mistérios.

A palavra que os baconianos consideram sua propriedade exclusiva era bem conhecida nos tempos medievais e renascentistas, muito antes de Bacon e Shakespeare, entre os Místicos e Alquimistas que estavam ligados à Ordem Rosacruz. Quando ocorria em um livro ou manuscrito, revelava o fato do seu autor ser um Iniciado dessa Ordem ou, pelo menos, o aluno de um Iniciado. Mediante a alteração de uma ou duas letras, o grau de Iniciação podia ser indicado e eram dadas dicas valiosas que ninguém, exceto os Rosacruzes, podia compreender, pois somente eles sabiam da existência da palavra-chave acima mencionada.

O seu segredo tinha que ser cuidadosamente guardado devido às perseguições da igreja exotérica que punia com tortura e morte na fogueira os “hereges” que acreditavam no Cristianismo esotérico. Mesmo nos tempos de Shakespeare, a inquisição ainda era desenfreada, as “bruxas” e os “feiticeiros” eram queimados, o veneno e o punhal espreitavam por todo lado aquele que não aderisse à letra da Igreja, fosse ela romana ou anglicana, papista, puritana ou protestante; e o filho ilustre de uma Ordem muito mais poderosa do que a Igreja, mais poderosa em espírito, precisava usar uma escrita secreta se quisesse revelar a sua filiação aos contemporâneos e à posteridade. Para tornar o método duplamente seguro, colocava as palavras identificadoras na boca de bobos e palhaços em que, no meio de trocadilhos aparentemente sem sentido, malabarismos com o mau latim e restos mutilados de outras línguas, Honorificabilitudinitatibus não parece mais do que o produto bizarro da fantasia de um tolo, um tilintar dos sinos do bobo.

Para os seus irmãos e suas irmãs Iniciados a presença da palavra por si só já era suficiente, sem qualquer pista ou chave, porque, como já foi dito, era a palavra-chave aceita. Mas, aproximava-se o tempo em que o poder da igreja deveria diminuir e a existência da Ordem que guarda o bem-estar espiritual dos povos que vivem no ocidente deveria ser manifestada. William Shakespeare quis que a posteridade conhecesse a sua ligação com esse grêmio do espírito para que os seus Dramas pudessem ser lidos e compreendidos esotericamente, por isso insere, na conversa dos bobos, algumas dicas que nos chamam a atenção para a palavra e nos permitem lê-la, mesmo que não saibamos que seja uma antiga senha. Mas, aqueles que ignoram a existência das Escolas de Mistério nunca poderão decifrá-la. Um Sr. Dull (“Chato”) que testemunha a conversa é abordado assim no final: “Bom homem Dull, não disse uma única palavra”. Ao que ele responde: “Nem compreendi palavra alguma, senhor”. Este Sr. Dull é um policial. Assim, as revelações do poeta aos que entenderam estão perfeitamente seguras sob os olhos da lei estabelecida pela burrice exotérica, e o seu sentido de humor deleita-se evidentemente com esse fato, que é o pivô da Comédia para nós, os conhecedores. Os críticos exotéricos são unânimes em declarar que Trabalho de Amor Perdido é a mais pobre e “mais chata” das obras de Shakespeare.

A palavra longa representa um criptograma e as palavras escondidas dentro dele são latinas, pois essa era a língua da Religião, da Ciência e do Misticismo durante toda a Idade Média. Mas, o latim clássico foi degenerado, o “latim dos monges” se tornou proverbial e o dos alquimistas, embora bem adaptado aos seus objetivos, não era do melhor tipo. Diz Holofernes, o Pedagogo: “Isso tem cheiro de latim falso”. Fala também dos “patifes da ortografia” que “abreviam” ou introduzem “fantasias fanáticas” na ortografia das palavras. Isso é um indício de que temos de reorganizar as letras e repor as abreviaturas no lugar necessário. O autor menciona ainda “o cesto de esmolas das palavras”, “restos” do “banquete das línguas”. Isto é, fragmentos de palavras foram reunidos sem ordem e é nosso dever juntá-los e desfrutar o nosso achado. A nossa atenção é chamada para a “boa nova”, para a notícia do “homem novo”, o “homem de paz” e o “Cristão” — esse último a ser construído a partir de “Priscian, um pouco riscado, vai servir” e Chirra em vez da saudação habitual: Sirra. A vogal é I e a consoante é S; as duas letras simbolizam a Iniciação e constituem o caduceu ou bastão do Iniciado. Em Holofernes, o pedagogo ou professor, um Iniciado nos fala, pois ele “ensina a partir do livro do chifre”, que é o livro da Iniciação, e é dito que aqueles que recebem esses ensinamentos são os “escolhidos entre os bárbaros”.

Michelangelo, na sua sublime estátua de Moisés, representa o legislador com o atributo dos cornos de carneiro. Desde tempos imemoriais que esses simbolizam a Iniciação do Cordeiro, a Nova Dispensação que começa com a vinda do Cordeiro quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, passa pelo Signo de Áries. Os bobos da corte se referem ao Cordeiro e a Áries mencionando o “carneiro” e os “chifres” com a forma do Signo de Áries, um ♈︎. Falam também da “ovelha, o Signo de Áries, com um corno acrescentado”. Chifre em latim é cornu. Se juntarmos essa palavra, ou um traço que a represente, ao ♈︎, o símbolo do Carneiro, obtemos o ♑︎, símbolo de Capricórnio — que é o Signo da porta do Castelo do Graal ou do Templo no cimo da montanha (mons), onde ocorre a Iniciação. Mais adiante, ouvimos falar dos “Nove Dignos” — as Nove Iniciações nos Mistérios Menores, e depois da “Princesa” a quem os “Nove Dignos” devem ser apresentados no “posterior do dia”; ou seja, no final da tarde, período presidido pelo Signo de Libra, o Signo natural da 7ª Casa. A Princesa que vive na 7ª Casa é Vênus, o Regente de Libra, em cujo Signo também está Exaltado o grande iniciador Saturno, o Regente de Capricórnio.

Essa é uma alusão à Iniciação de Vênus, a terceira das quatro Grandes Iniciações – ou Iniciações Maiores ou, ainda, Iniciações Cristãs – para as quais as Iniciações Menores nos preparam. Com a ajuda das alusões que precedem e sucedem a grande palavra, não é difícil encontrar as 7 palavras que ela contém. O primeiro e o último desses sete honorabili e initiatus são quase claros, também ordoni; filius e bis são facilmente encontrados, especialmente se organizarmos as letras em pares. Foi dito que deveríamos encontrar “Christian” e, finalmente, no caso de não termos encontrado Rosicrucis ao agruparmos as letras, a nossa atenção é cuidadosamente chamada para ela, que contém as vogais o e u, além do “repetido” I e S, que precisa ser repetido para representar o caminho em espiral da Involução e da Evolução, em contraste com o caminho reto da Iniciação. O bastão do Iniciado é referido quando ouvimos falar da “entrada” de Hércules (Involução), da sua “saída” (Evolução) e do seu “esmagamento da serpente” (Iniciação). Através da Iniciação, o caminho da espiral, ou serpente, é transformado no caminho reto e estreito — “embora poucos tenham a graça de o percorrer”.

Três das sete palavras terminam em I e quatro, em S, em correspondência com os três veículos superiores e quatro inferiores do homem: “Honorabili Ordoni Christiani Rosicrucis Filius Bis Ininiatus”; ou seja, “Um filho duas vezes Iniciado da honorável Ordem de Christian Rosenkreuz”. As sete palavras contêm 54 letras, o dobro das que formam a palavra grande; mas o valor de 54 corresponde a 27, ou seja, 9 [2 + 7 = 9, 5 + 4 = 9], que é, segundo Max Heindel, “o número-raiz do nosso atual estágio de evolução”.

PARTE 5 – LEONATUS: UMA PROFECIA DA ERA VINDOURA

No drama romântico de Shakespeare, “Cimbelino”[7], ocorre uma estranha profecia: –

“Quando um filhote de leão de si mesmo desconhecido, encontrado sem ser procurado, for abraçado por um pouco de ar fagueiro, e quando de um cedro imponente os ramos amputados reviverem depois de estarem mortos muitos anos e, reunidos ao velho tronco, crescerem com frescor, as misérias de Póstumo chegarão ao seu termo, a Bretanha será feliz e florescerá na paz e na abundância”.

Há uma grande beleza nessas palavras, e um mistério que é reforçado pelo fato de terem sido dadas a Posthumus Leonatus, o herói da peça, pelo próprio Júpiter.

Leonatus está preso, condenado a morrer na madrugada, aparentemente abandonado por todo mundo. Ele cai em um breve sono de exaustão, no qual seus pais e seus dois irmãos, todos mortos há muito tempo, aparecem para ele. Eles vieram de “lugares silenciosos”, de “elevados jardins floridos que nunca murcham”, para confortá-lo e salvá-lo. Numa oração estranha, rítmica e vibrante, eles enviam suas súplicas por seu filho e irmão sofredor até ao trono de Júpiter. “Em trovões e relâmpagos, sentado sobre uma águia”, o deus desce e coloca uma tábua com a inscrição profética no peito de Leonatus que, após sua feliz libertação no final, relata ao Rei Cymbeline como “a chance de ouro” chegou até ele.

Vosso servo, príncipes.

Vós, meu bom senhor romano, chamai nosso adivinho.

Pareceu-me, quando a dormir estava,

que baixara do céu sentado na águia, o grande Júpiter,

cercado de espectros dos meus mortos.

Ao despertar, no peito deparou-se-me esta pequena placa,

cujo escrito de tal dificuldade é para o espírito, que não posso explicá-la.

Ele que a prova nos dê de sua habilidade nisso”.

“Considerando que um filhote de leão de si mesmo desconhecido, encontrado sem ser procurado, for abraçado por um pouco de ar fagueiro, – há uma promessa de amor nessas poucas palavras, um doce conforto, uma gentileza reconfortante que faz o coração se alegrar antes que o intelecto chegue a uma interpretação da profecia. O Adivinho, como veremos mais adiante, insinua o belo significado dos primeiros versos, mas sua interpretação mística como um todo permanece exotérica e local, confinada aos personagens da peça e da Bretanha na época da invasão Romana. Cabe à posteridade e àqueles que confiam no poeta, por meio dos Ensinamentos Rosacruzes, levantar o véu e olhar para o santuário esotérico que está no centro de cada drama shakespeariano.

Cada uma das suas peças é fiel à missão original do drama, tão tristemente esquecida nestes tempos de vaudeville[8] e comédia musical, que é nomeadamente dar uma “versão do mundo”, como expressa Richard Wagner; isto é, representar de forma simbólica uma fase da evolução humana ou cósmica.

“O passado ficou para trás, – eis que tudo se fez novo!” – O drama Cimbelino não contém apenas uma profecia com um ponto central elevado, e sim uma peça profética da primeira à última cena, representados pelos personagens Leonatus, o herói e a Imogem, a heroína, os quais encenam as novas fases do desenvolvimento individual, nacional e cósmico, mostrando a preparação e a culminação no advento da Era de Aquário. Embora a época marque o início da era Cristã, mesmo antes de os britânicos serem batizados em nome de Cristo, a visão de longo alcance do poeta alcança profundamente os séculos vindouros e, como a linguagem de um profeta, ele revela o futuro homem e a futura mulher.

Shakespeare foi um Mestre Astrólogo. Embora, tivesse que ocultar seu conhecimento da Ciência Divina, a fim de evitar suspeitas de bruxaria e magia negra, suas obras não apenas estão repletas de alusões astrológicas, como cheias de profunda sabedoria procedentes da escrita estrelar. Na juventude de Shakespeare há vários anos que não podem ser contabilizados. Ele trocou sua cidade natal, Stratford-on-Avon, por Londres e, depois de uma curta estada por lá, desapareceu por, aproximadamente, três ou quatro anos. E nesses anos se dedicou ao estudo das ciências ocultas, entre elas a Astrologia e, muito provavelmente na Itália, onde nas Universidades de Bolonha e Pádua as antigas tradições ocultas foram cuidadosamente preservadas. Como Iniciado da Ordem Rosacruz, mais tarde teve acesso a informações astrológicas muito além do alcance do astrólogo mediano de seu tempo, cujos prognósticos eram mais voltados para a adivinhação, e Shakespeare leu nas estrelas os desenvolvimentos nacionais e raciais pertencentes a um futuro distante; ou melhor, ele leu nas estrelas possibilidades de desenvolvimentos! Pois, nas Nações e nas Raças, assim como nas pessoas, o livre arbítrio é mais poderoso que as Leis do Zodíaco.

Na simbologia nacional, o Britânico é representado pelo Leão. Os Leonati são os filhos da Raça Anglo-Saxônica que, seguindo a águia de Júpiter em seu voo em direção ao Ocidente, conquistaram novas terras, fundaram novas nações e deram vida a uma nova Raça. Leonatus significa: Aquele que nasceu de um leão.

Tu Leonatus és o Filhote do Leão;

A construção provável e adequada do teu nome

Sendo Leo-Natus, por ventura isto importa tanto”.

Posthumus significa, “Aquele que vem depois”. Na época da invasão romana, a Grã-Bretanha estava povoado pelos Celtas; mas, Posthumus é o Anglo-Saxão que “vem depois” do Celta; é a nova Raça Leonina-Aquariana que “vem depois” da Anglo-Saxônica; está ascendendo a Humanidade. A história da evolução humana é a epopeia daquele que “vem depois”.

Veio a Sugestão, veio a Visão, veio o Poder com a Necessidade,

Até que a Alma que não é a alma do ser humano nos foi emprestada para liderar.

Assim como o cervo se afasta – à medida que o novilho se afasta – do rebanho onde pastam,

Na fé das criancinhas seguimos nossos caminhos,

Siga depois – siga depois! Regamos a raiz,

E o botão floresceu e amadureceu para dar frutos!

Tal como descrito por Kipling[9], no seu grandioso poema “A Canção dos Mortos”[10], os Leonati ou Anglo-Saxões são construtores de impérios. A missão deles era obedecer ao impulso sempre urgente do Signo errante jupteriano, Sagitário, e preparar a Terra para aqueles que virão depois, incluindo novos países no império da Civilização e do Cristianismo, de modo que, num solo mais puro e numa atmosfera mais rarefeita, novas Raças poderiam desenvolver as qualidades mais refinadas e superiores, necessárias para sustentar o império do Espírito em evolução. E a Raça que, embora os seus progenitores tenham surgido do Leão e, apesar de carregar a marca Anglo-Saxónica na sua civilização e fale a língua anglo-saxónica, ainda assim, abrange todas as nações – a Raça escolhida através da qual o princípio Crístico da Unidade se manifestará na Era da Fraternidade Universal, está nascendo naquela nação onde o “filhote de Leão é abraçado por uma atmosfera de ar rarefeito”, nomeadamente nos Estados Unidos da América onde o Signo de Ar, Gêmeos, reina supremo e envolve os filhos do Leão.

A nova Raça na qual a Fraternidade Universal será aperfeiçoada está apenas começando a se formar, mas a Era da Unidade está sendo prenunciada pela participação da América na guerra pelo fim das guerras, e pela orientação da América no movimento para a formação da Liga das Nações[11]. Entre os obstáculos no caminho desta Liga estão dois ramos mortos que foram “cortados” de um “cedro majestoso”. A Humanidade da Época Ária é representada por esta árvore de cedro sempre verde; as nações são os ramos. Há duas nações na Europa intimamente relacionadas com os anglo-saxões e anteriormente seus colegas de trabalho ao serviço da civilização. Os pensamentos de militarismo violento sustentados pelos seus líderes, moldaram um machado para cortar seus ramos irmãos, para que os dois pudessem crescer e verdejar abundantemente. O machado se tornou o machado do destino e se voltou contra os próprios dois ramos em que a seiva secou, ​​a vida murchou. Essas duas grandes Nações Ocidentais dessa Época Ária se tornaram “mortas”, porque o Espírito foi expulso delas, e os esforços para forçá-las a prosperar pela força da matéria permaneceram em vão. Mas, eles voltarão à vida, os ramos regados com muitas lágrimas voltarão a verdejar – o rei Cimbelino tem dois filhos “perdidos”, irmãos de Imogen, cunhados de Leonatus; em sua infância, eles foram roubados por Belarius, cujo nome significa ‘o Guerreiro’, separados de sua espécie e escondidos por muitos anos na escuridão de cavernas e florestas. A família deles pensa que estão mortos; e estranhos se perguntam que “os filhos de um rei deveriam ser tão desprotegidos” a ponto de serem “perdidos”. Mas, pelo fato de serem “filhos de um rei”, não permanecem perdidos; seu sangue real se afirma; depois de anos de isolamento e privação, simplicidade e frugalidade, durante os quais crescem fortes de Corpo, nobres de Mente e puros de Alma e, finalmente saem, voluntariamente, para oferecer suas vidas a serviço da Humanidade, cuja causa ouviu estar em perigo, uma vez que a Grã-Bretanha – o futuro – está envolvida com Roma – o passado – numa luta de vida ou morte. A família dela os reconhece pelo seu valor; “os ramos unidos ao tronco antigo crescem de novo”; e a árvore não apenas está perfeita novamente, mas evoluiu de uma árvore de cedro “imponente” para um cedro “majestoso”.

Só quando a árvore das Nações voltar a ficar verde em todos os seus ramos poderá reinar a paz final e duradoura que “acaba com as misérias de Póstumus”, inaugurando a era da cooperação e da Fraternidade Universal. A batalha em que os parentes perdidos de Leonatus lutam, lado a lado com ele, é travada entre princípios; Roma simbolizando o princípio do passado, ou seja, o poder que separa; a Grã-Bretanha representa o princípio do futuro, nomeadamente, o serviço que une. Os dois irmãos prestam ajuda valente e valiosa, mas a batalha é decidida em favor dos britânicos pelo próprio Leonatus que, após uma longa ausência da Grã-Bretanha, reaparece em trajes humildes de camponês e luta com tal “fúria nobre” que seus “feitos preciosos” inclinam a balança do destino. Não como um “cavaleiro de armadura”, mas como um “homem do povo”, ele luta e vence. As nações da Europa não podem superar a velha ordem das coisas e estabelecer a nova ordem sem a ajuda do povo da América. O país do Ocidente sobre o qual a águia de Júpiter voa “com asas elevadas”, até “desaparecer nos raios do sol”, o país do Ocidente onde o “filhote do Leão” está casado com uma “atmosfera rarefeita” deve liderar as suas Nações irmãs para a Nova Era.

Não somos irmãos? –

Assim deveriam ser todos!

Assim fala a gentil Senhora Imogen, como no humilde disfarce de um criado sob o comando de nome Fidele, o Fiel, ela encontra os dois “perdidos” na floresta. Imogen é a esposa de Leonatus, sua companheira e complemento e, como tal, a “atmosfera mais rarefeita?” que o envolve. Ela, ainda, é a representante do Signo nacional da América, Gêmeos, o Signo de Ar que envolve Póstumus em sua terra ocidental. Gêmeos é o Signo dos irmãos e das irmãs. Os Estados Unidos da América admitem homens e mulheres de todos os países na família nacional e, ao lhes conceder a cidadania, os reconhecem- como irmãos e irmãs. A cidadania os torna estrangeiros antes dos membros da família. Imogen fala lindas palavras sobre Fraternidade. E lindo é esse acolhimento familiar, estendido a estranhos por meio da cidadania. Mas, é apenas um preparativo para uma beleza maior que surgirá, um ideal mais elevado que será realizado sob outro Signo de Ar. A Fraternidade expressa por Gêmeos na América ainda está confinada à família nacional e depende do nascimento na pátria nacional ou da adoção nela. Não está muito distante o tempo em que o amor fraternal, que estamos aprendendo com Gêmeos e que gradualmente amplia seus limites, se tornará ilimitado; e a Nova Raça que se desenvolve sob Gêmeos será suficientemente aperfeiçoada para responder ao abraço do novo sinal que nos levará para cima, para a “atmosfera mais rarefeita” da Fraternidade Universal.

Imogen, como “a atmosfera rarefeita (ou tênue)”, tem uma simbologia tripla, assim como a profecia tem um aspecto triplo: individual, nacional, cósmico. Indivíduos e Nações têm propensões cósmicas e, ao progredirem no caminho espiral da sua própria evolução, elevam a Terra a um ponto mais elevado do caminho espiral planetário. A espiral individual, a espiral nacional e a espiral cósmica estão mais intimamente interligadas.

“Atmosfera rarefeita”, como explica o vidente, é “brisa suave” em latim. “E brisa suave nós a chamamos de mulier” – Mulher em Latim – “que mulher mais sublime é esta esposa mais constante”. Imogen, a fiel, a casta, a terna, é a Mulher, é o princípio feminino no Homem que nos seus aspectos de intuição e compaixão deve ser desenvolvido, para que a Era de Aquário, a Era da Mulher, possa começar quando toda a Humanidade, unida numa só família, seja envolvida por uma “atmosfera rarefeita”, nomeadamente o Signo de Ar, Aquário.     

PARTE 6 – LEONATUS: UMA PROFECIA DA ERA VINDOURA – MARGARIDA WOLFF

No livro de Max Heindel a Mensagem das Estrelas – Fraternidade Rosacruz, lemos que na Nova Dispensação, que começou com a vinda do Cristo e que foi fornecida para os povos ocidentais, tem três fases em correspondência com o caminho que Sol faz pelo evento chamado Precessão dos Equinócios, e que são a Era de Áries, Era de Peixes e Era de Aquário[12]. Quando, pela Precessão dos Equinócios, o Sol estava em Áries indicou o início de um novo ciclo de vida com a vinda do maior Espírito do Sol à nossa Terra, que se preparara com expectativa para o Seu advento, desde que o impulso para essa preparação foi recebido através de Libra (Signo oposto a Áries) a, aproximadamente, 13.000 anos antes. Sem dúvida era uma notícia excelente, mas isso ocorreu em Áries e encontrou o povo ocidental pronta para recebê-la, no entanto toda a Humanidade não poderá viver o ideal, do qual o Cristo é o Mestre e o exemplo, senão até que pela Precessão dos Equinócios o Sol tenha passado por Peixes. As lições a serem ensinadas por meio desse Signo de lágrimas, de tristeza e angústias profundas, de escravidão e de compaixão têm que ser aprendidas muito bem, pela repetição e mais repetição, por meio de Júpiter, o Regente de Peixes, antes que uma Humanidade, verdadeiramente Cristã, possa ascender ao “terno Signo de Ar” de Aquário.

Júpiter, o benevolente, gentilmente sorri para seus filhos e os abençoa abundantemente, ainda assim, empunha o método de aprendizagem duro, insistente, repetitivo – da dor, sob cujos golpes poderosos a armadura do “eu”[13] é quebrada na forja da tristeza e angústia profundas, e a Alma (a quintessência dessa aprendizagem) é “forjada em ouro vivo”. Quando os pais de Leonatus chamam Júpiter para libertar seu filho aprisionado, o “deus” fala:

“Seu filho humilde, nossa divindade será elevada,

Seu conforto prosperará, suas provações são bem aproveitadas,

Ele será o protetor de Lady Imogen,

E muito mais feliz por sua aflição causada”.

Os críticos que professam o Cristianismo Exotérico ficam intrigados com o fato de o “deus” greco-romano Júpiter ser invocado na Grã-Bretanha celta; e eles acusam Shakespeare de confundir os “deuses” do Olimpo grego com aqueles que eram adorados nos bosques druidas, e o desculpam alegando que ele não teve uma educação clássica. Mas, como vimos antes, o drama Cimbelino é uma exposição da Astrologia Esotérica e de sua referência profética à evolução humana. Somente através da mediação da Ciência Divina podemos compreender as muitas alusões a Júpiter, contidas na peça. Leonatus, o indivíduo, é libertado da prisão, salvo da morte, reintegrado com honra, reunido com sua esposa, por meio da proteção de sua estrela vital, Júpiter. “Nossa estrela jovial reinou em seu nascimento” – assim o “deus” apazigua a ansiedade dos pais. Na linguagem astrológica, deveríamos dizer que Júpiter era o Planeta que estava no Ascendente no horóscopo de Leonatus Posthumus, e que a influência protetora do grande Planeta da benevolência deve, finalmente, salvá-lo de todas as vicissitudes. Um Júpiter com Aspectos benéficos na 12ª Casa indica que o nativo triunfará sobre todos os seus inimigos. Portanto, parece que a “estrela jovial” no Ascendente de Leonatus está posicionada na 12ª Casa, próximo da cúspide da 1ª Casa.

Estamos tão acostumados a considerar Júpiter como o grande benfeitor, que irradia seus filhos e os abençoa com abundância, que tendemos a esquecer sua regência sobre Peixes, o Signo das lágrimas e da tristeza e angústia profundas. Júpiter é o grande benfeitor e, não só por isso, mas por ser o grande disciplinador, o que corrige tenazmente. “A quem mais amo, eu crucifico”[14]. Os golpes do método de Júpiter são terríveis, mas as correntes do “eu”, que nos mantêm em cativeiro, são tão fortes, que só golpes poderosos podem quebrá-las. Somente quando nossos olhos forem lavados em lágrimas é que eles poderão ver o sorriso paternal no semblante do “deus”. Júpiter é o Planeta da opulência, e não apenas para o indivíduo Leonatus Posthumus, mas também para todo povo ocidental, ou seja, para a Humanidade leonina-aquariana, ele promete “paz e abundância”. Contudo, isso não é uma opulência de coisas materiais: Júpiter, o magnânimo, torna o coração grande e amplo para que ele possa conter uma medida plena de compaixão, a força mágica por meio da qual somente a regeneração pode ser operada; pois o benevolente governante do profundamente triste e angustiado Signo de Peixes castiga seus filhos a fim de regenerá-los. O ser humano não pode atender aos requisitos evolutivos da terceira fase ou Era de Aquário dessa Dispensação que ocorre na Época Ária, pois o Evangelho do amor universal fraterno não deve ser somente pregado, mas vivido; a exceção é se o ser humano se purificar e se regenerar, de acordo com os ideais expostos no Signo de Peixes e no seu oposto, o Signo de Virgem.

Virgem é o Signo da Mãe Divina, da Imaculada Concepção e do Serviço. Por meio do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta no irmão e na irmã – que é a base da Fraternidade – a Humanidade aquariana deve expressar a sua evolução; tal qual o amor de uma mãe, que é todo abrangente, todo compreensivo e que tudo suporta, o amor de cada um deve abranger a todos, puro e altruísta. “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus[15]. A Mãe Divina é uma mãe virgem, aquela pureza de coração da qual brota um amor tão altruísta que não é possível abrir a visão espiritual para a percepção de Deus, enquanto a guerra dos sexos continua; enquanto um padrão estabelecido pelo ser humano sob Touro-Escorpião justifica a conduta do homem, naquilo que condena na mulher; e enquanto a santa palavra do amor é usada com sacrilégio para a emoção inferior da paixão sexual. As lágrimas derramadas na escuridão e na escravidão de Peixes são para purificar a alma das manchas causadas pelos erros cometidos pelo homem à mulher e pela mulher ao homem por meio do abuso da força sexual. Na obra “Sonho de uma Noite de Verão”, é-nos mostrado como é sagrado o uso correto dessa força sexual, de acordo com os ditames do verdadeiro amor e com o propósito de fornecer Corpos para as Almas que chegam; como o casamento, como um Sacramento – o do Matrimônio –, é favorecido e protegido tanto pelas Forças da Natureza quanto pelos “deuses”. Em Cimbelino, o homem Jachimo, que tenta em vão seduzir a pura Imogen à infidelidade contra seu marido Leonatus, é forçado a reconhecer ao rei:

Fui ensinado

Da sua filha casta

A grande diferença

Entre amoroso e o vilão”.

Shakespeare usa a palavra “amoroso” em seu sentido original, que é “sentindo ou demonstrando amor” ou “fortemente movido pelo amor”. Quando motivada pelo amor entre um homem e uma mulher, e prometendo amor à Alma que precisar renascer aqui, a união sexual é um mistério muito sagrado, mantido diante do próprio altar da Mãe Divina, a própria Virgem Imaculada. Aquele que é concebido com amor, e não com paixão, é concebido imaculadamente. Tal como nos dias anteriores à “Queda do Homem”, quando os Anjos dirigiam o ato sagrado da procriação, o homem e a mulher que amorosamente oferecem ao Ego que espera a oportunidade de renascer aqui, prestam um serviço aos guardiões da evolução humana, servindo no templo da Virgem Mãe. A virgindade encontra a sua máxima expressão no Regozijo arrebatador de dar – um sentimento inestimável que leva as pessoas a perceberem o verdadeiro sentido da vida e o seu impacto na vida dos outros –, para que o grande propósito da vida criadora possa ser servido. “Quando dou algo, dou-me por inteiro!”[16]Júpiter, que em Exaltação quando está em Câncer é, também, o guardião da fecundidade. Na mitologia grega ele é o deus-criador e Ceres-Virgem, a Mãe Divina, é sua irmã. Apertada no seu coração, Ceres segura uma criança ou um feixe de trigo; coelhos brincam na bainha de sua roupa; ela está profundamente conectada com a terra; seu amor envolve e irradia todas as coisas vivas. Ela é a Mãe-Terra, ao mesmo tempo que é a Mãe universal, a Mãe celestial. Seus servos devem ser virgens, “puros de coração”; sua flor é o narciso branco, em forma de estrela com um centro dourado. Virgem é um Signo de Terra, mas simboliza a pureza da Imaculada Conceição sob o ideal do serviço amoroso, e Maria, a Virgem Mãe do Salvador, se autodenominava de “uma serva do Senhor[17].

O Signo de Peixes, por onde o amor paterno de Júpiter zela pelo processo de regeneração por meio do sofrimento, e onde ocorre a transmutação da paixão em compaixão, está indissoluvelmente ligado a Virgem, onde a Mãe Divina ensina como se purificar por meio do serviço. A paixão separa; provoca a guerra dos sexos entre si; causa guerras entre as nações. A compaixão unifica. A autogratificação destrói; o serviço constrói e desenvolve. O ideal de Cristo é a unidade. A consequência mais grave da separação por meio do sexo é a separação através da morte. Mediante a compaixão e o serviço (amoroso e desinteressado, focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade –, ao irmão e à irmã) aprendidos em Peixes-Virgem formamos o Corpo-Alma, assexuado e imortal, que nos elevará ao “ar”[18] de Aquário.

Ele veio como um trovão; sua respiração celestial

Tinha cheiro sulfuroso; a águia sagrada

Inclinou-se para nos acompanhar: sua ascensão é

Mais doce que nossos campos abençoados; seu pássaro real

Poda a asa do Imortal e sacia seu bico,

Como quando seu deus está satisfeito”.

O deus-criador, Júpiter, se revela aos seus servos, os amantes virgens, e os eleva da tristeza e angústia profundas da carne e da escravidão nas paixões do Corpo Denso para o “teto radiante” de um Novo Céu sobre uma Nova Terra. Lá está o “ar terno” de Aquário, doce como o sopro de mil flores, na glória iridescente do céu uraniano, luminoso com o brilho suave de uma luz que nunca se apaga, uma Humanidade regenerada abrirá as asas da imortalidade: não mais vestida em peles vis e perecíveis, mas em Corpos-Alma etéricos e imortais, a Humanidade será libertada da “busca do homem e da mulher”; e seres sempre jovens, alados e adoráveis em suas vestes nupciais douradas, viverão em paz além da compreensão e em abundância além dos limites.

A ave real da ascensão, cujas “asas imortais” transporta o “deus” e aqueles que o servem para o “palácio cristalino”, é a águia de Escorpião. Através da geração Escorpião trata a morte; através da regeneração de Escorpião se dá a imortalidade, e Urano, o Planeta alado, o Regente do Signo de Aquário e da Era de Aquário, quando nossos Corpos se elevam para além da “humilhação” do sexo, será semelhante ao “corpo glorioso” de Cristo – Urano está em Exaltação, quando em Escorpião. A paixão sexual causou a “Queda do Homem”; é “vil”, pois persegue o outro para fins egoístas. A mulher deveria ser a guardiã de seu irmão, o homem deveria ser o guardião do santuário de sua irmã; em vez disso, o homem e a mulher caçam um ao outro, traem um ao outro, mancham um ao outro e usam um ao outro para a gratificação do “eu inferior”. Antes que a ascensão se torne possível, a paixão deve ser transmutada em amor Crístico com virgem pureza e estar liberta dessa condição. “Amoroso” significa “sentindo ou demonstrando amor” ou “fortemente movido pelo amor”. Na plenitude do seu amor altruísta, Imogen, a casta, e Leonatus, o compassivo, servem não apenas um ao outro, mas também ao propósito cósmico do deus-criador em cujo “templo eles se casaram”.

Escorpião, rastejando na lama, tem um ferrão que mata; Escorpião, regenerado na águia, tem asas que se elevam para a imortalidade. Antes que o ideal Crístico de perfeita unidade possa ser vivido na Terra, o último e maior inimigo separatista, que é a morte, tem que ser vencido. A morte está ligada ao sexo e, para vencê-la a Humanidade deve superar pelo poder mental ou moral o sexo. A virgindade é uma atitude mental, mas ao que tudo indica, é um estado mental mais difícil de adquirir do que qualquer outro, pela principal razão de que a Humanidade não compreenderá a santidade da função procriadora e de tudo o que lhe diz respeito. Nos tempos anteriores à “Queda do Homem” o acasalamento acontecia nos Templos. E no Templo da nossa consciência interior deveríamos considerar sagrado o amor entre o homem e a mulher, como uma capacidade, uma condição ou um estado de agir ou de exercer poder como o das Hierarquias Criadoras. Jachimo não é mau; ele é meramente frívolo e faz como todo mundo faz. No entanto, o maior mal em todo o mundo é causado por essa frivolidade nas questões sexuais. Ele se considera um cavalheiro irrepreensível, em seu cavalheirismo para com as mulheres; ele ficaria horrorizado diante de roubo ou assassinato, mas não percebe que toda vez que usa a força sexual para o prazer e sem amor, ele oferece um insulto mortal a sua esposa-irmã e comete um pecado, cuja consequência é a morte. A união como um Sacramento entre um homem e uma mulher, para que os dois se devam manter puros e imaculados: é isso que Jachimo não sabe.

Ele gosta de se divertir na companhia de mulheres, vaidosas e fracas ou confiantes e equivocadas por seus modos polidos; na companhia de homens, ele se refere com desprezo àquilo que deveria ser considerado sagrado e debocha, abertamente, em alusões a assuntos que deveriam ser tratados por uma dignidade muito acima humor cínico. Ele é tipicamente uma pessoa comum. Mas ele se interessa pela castidade de Imogem e pela fidelidade de Leonatus e aprende com esse a reconhecer a santidade do amor entre homem e mulher e a dignidade da função criadora. Ele muda sua atitude mental e, assim, ele dá o primeiro passo para a regeneração. Mercúrio, o Planeta da Mente, está em Exaltação quando em Virgem, o Signo da pureza, do serviço e da Imaculada Concepção. Quando a Mente tiver compreendido, definitivamente, a santidade do ato criador, então, começa a transmutação do Corpo; e não está longe o tempo em que o sexo cessará e a criação por meio da “palavra” será um processo apenas da vontade da Mente.

Leonatus Posthumus que, junto com Imogen, muda toda a perspectiva mental do cínico Jachimo, é descrito como um ser de uma nova ordem. Jachimo diz dele:

Ele se senta entre os homens como um deus descendente;

Ele tem uma espécie de honra que o destaca

Mais do que uma aparência mortal.

Ele tem uma nobreza natural de porte e caráter, em comparação com a qual Jachimo renuncia a qualquer pretensão à aristocracia.

Cavalaria e honras recebidas

Enquanto eu uso os meus títulos, mas de desdém.

Leonatus – nascido de um leão – natural de Leco! Com o selo radiante de Júpiter na testa! Pois nos lembramos das palavras do “deus”:

“Nossa estrela Jovial reinou em seu nascimento”.

Imogen fala de seu “rosto Jovial” e, novamente, ouvimos Jachimo:

Um senhor mais nobre nunca viveu

Entre o Céu e Terra

* * *

Ele é bom demais para estar

Onde estão os homens doentes, e é o melhor de todos

Entre os mais raros dos bons.

Ele tem o Signo de Leão no Ascendente e o Planeta Júpiter no Ascendente e expressa as melhores e mais nobres qualidades, que é possível desenvolver sob a influência da estrela e do Signo real, e num laço mais elevado da espiral do que o mero humano; ele atingiu tal perfeição que não é mais humano, mas super-humano, e cresce além do Leonatus individual, até se tornar o representante de um tipo novo e superior, o Leonati da Era de Aquário.

Estes Leonati, como verdadeiros seguidores de seu Mestre – o Leão, da tribo de Judá – viveram a vida de Cristo porque, por meio da pureza, da compaixão e do serviço, eles desenvolveram o poder de Cristo Interior. Nenhuma manifestação maior desse poder é possível do que por meio da obediência ao mandamento “ama os teus inimigos[19], que o ser humano considera impossível de cumprir até que o seu coração bata em sintonia com o Coração do Sistema Solar, de onde veio o Cristo. Para o inimigo que mais o prejudicou, Leonatus não tem censura, apenas essas palavras:

Não se ajoelhe diante de mim.

O poder que tenho sobre você é de poupá-lo,

A malícia para com você é de perdoá-lo: – viva

E trate melhor os outros.

Seu exemplo, o do verdadeiro pioneiro em Mente e Espírito, é tão poderoso que o Rei Cimbelino liberta todos os prisioneiros com essas palavras:

Aprendemos nossa liberdade

De um genro.

Perdão é a palavra para todos.

Leonatus é libertado da escravidão da Era de Peixes e conduz seus irmãos à liberdade e à unidade. Ele impressiona até mesmo seu carcereiro, que o dispensa, com as palavras:

Eu gostaria

Que todos tivessem a mesma opinião,

E uma Mente boa.

Palavras notáveis em um carcereiro e expressivas do grande anseio espiritual predominante no final da Era de Peixes. Leonatus e Imogen estão entre os primeiros frutos amadurecidos no Sol de Aquário-Leão, que começou a brilhar dentro deles muito antes de seus raios atingirem a Humanidade comum.

Deuses, coloquem a força

Dos Leonati em mim!

Para envergonhar a aparência do mundo, começarei

A moda, – menos fora e mais dentro.”

Assim vai Leonatus, consciente de sua missão, na batalha contra os principados da velha ordem, simbolizada pelo declínio do Império Romano. A força dos Leonati é o poder de Cristo nascido nos corações dos Filhos de Leão.

PARTE 7 – LEONATUS: O ABANDONO IMINENTE DO CORPO DENSO

Como “as espirais dentro de espirais” são os aspectos simbólicos assumidos pela personagem de Leonatus! O poeta faz dele, juntamente de sua contraparte feminina, a casta Imogen, o portador e representante de grandes verdades evolutivas e a principal delas conduz ao próprio centro da nossa Religião Cristã.

Shakespeare, como Iniciado da Ordem Rosacruz, sabia que “A Bíblia foi dada ao Mundo Ocidental pelos Anjos do Destino” e que ela contém todo o conhecimento necessário para o nosso desenvolvimento em conformidade com as leis da nossa evolução.

Como já foi dito, Leonatus significa “Aquele que nasceu de um Leão” e ouvimos um verdadeiro eco da Bíblia quando lhe dirigimos estas palavras: “Tu, Leonatus, és o filho do Leão”. No capítulo 49 do Livro do Gênesis, Jacó abençoa os seus doze filhos, os progenitores das doze tribos de Israel e, dirigindo-se a Judá, diz: “Judá é um filho de Leão”. Devemos lembrar que a Bíblia, tanto na sua história como nas suas partes proféticas, está majoritariamente escrita na linguagem do simbolismo astrológico.

A história e a profecia bíblicas são os relatos das fases pelas quais a evolução humana passou no passado e deve, para alcançar a perfeição, passar no futuro. A evolução humana segue o caminho precessional do Sol e depende, no seu progresso, do desenvolvimento sucessivo de certas qualidades que são governadas e, simbolicamente, representadas por certos Signos do Zodíaco e seus Regentes planetários.

O Sol, por Precessão dos Equinócios, se aproxima do “Signo do Homem nas nuvens”, ou seja, Aquário, e já está dentro da sua Órbita de Influência; o complemento de Aquário é Leão; as faculdades leoninas-aquarianas misturam-se e são inseparáveis umas das outras, como vimos em relação às propriedades piscianas de Virgem e como é o caso de Touro-Escorpião e de todos os Signos que nunca desempenham a sua missão evolutiva isoladamente, mas sempre em pares de opostos ou complementos, oferecendo os aspectos masculino e feminino, os polos positivo e negativo de um mesmo princípio. Leonatus e “o pedaço de ar tenro”!

Não pretendemos ter qualquer conhecimento das miríades de Sistemas Solares fora do nosso, mas sabemos que no nosso Sistema Solar prevalece esta lei: Como em cima, assim é em baixo. O microcosmo, o pequeno mundo do ser humano, corresponde ao macrocosmo, que é o grande mundo das nossas estrelas. O Sol é o coração do nosso Sistema Solar, cujas forças pulsantes e correntes circulantes de vida são reguladas por este Grande Coração, distribuídas por ele, alimentadas através dele, chamadas de volta para ele e enviadas dele novamente para todas as partes.

O ser humano sente as batidas do seu coração no seu pulso; e no pulso da vida que palpita através da nossa Terra bate o coração cósmico, o Sol. O Zodíaco é chamado de o Grande Ser humano do nosso Universo e este Grande Ser humano tem o seu coração em Leão; isso significa que as funções do Sol, como Coração cósmico, estão em correspondência com as forças da vida cósmica que trabalham através do Signo de Leão. Da mesma forma, o nosso coração humano, como representante microcósmico do Sol, não pode deixar de estar ligado a Leão.

O Sol, ou coração macrocósmico, e o coração humano, ou microcósmico, e o Signo de Leão formam uma trindade; o princípio espiritual que subjaz a cada um dos três aspectos é o amor unificador. O Espírito do Sol é o Cristo e a estrutura do Cristo é o amor; portanto, quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, passar por Aquário-Leão, devemos sintonizar os nossos corações com o amor Crístico e a tremenda velocidade das vibrações de amor geradas no coração humano vai libertá-lo da sujeição à matéria, convertê-lo em um músculo voluntário e torná-lo o mestre do Corpo Denso aperfeiçoado.

Cada uma das doze tribos israelitas representa um Signo do Zodíaco e as propriedades evolutivas específicas a serem desenvolvidas através dele. No centro está Judá, o Leão, que recebe uma promessa além da bênção que o Pai, Jacó, concede a todos os seus filhos. Cada um dos doze é abençoado; ou seja, cada Signo tem sua importância particular no processo de evolução, mas para a Humanidade esse processo culmina em Judá, o Leão, o Signo do coração.

E Jacó chamou seus (doze) filhos e disse: ‘ajuntai-vos para que eu vos diga o que vos acontecerá nos últimos dias. Judá, os teus inimigos te louvarão, os filhos de teu pai se curvarão diante de ti; (…) Judá é um filhote de leão e ele se abaixou, ele se agachou como um leão e como uma leoa o cetro não se afastará de Judá, nem o cajado de governante deixará seus pés até que o Príncipe da Paz (Siló) venha, e a Ele o povo obedecerá” (Gen 49:1-28). Essas palavras, frequentemente citadas e raramente compreendidas, são as maiores entre as chamadas profecias messiânicas; a saber, aquelas passagens do Antigo Testamento que se referem à vinda de Cristo Jesus e à Era de Aquário-Leão.

A tarefa evolutiva da Humanidade durante esta Era em que entraremos em breve é aperfeiçoar o Corpo Denso e sublimá-lo para que o Ego possa deixá-lo de lado para sempre e funcionar no Corpo Vital. Aperfeiçoar uma coisa significa terminá-la, completá-la. Nosso Corpo Denso ainda não está concluído; o feito máximo em seu desenvolvimento ainda precisa ser realizado e o requisito para que sua perfeição seja alcançada sob Leão-Aquário é a conversão do coração, de músculo involuntário em músculo voluntário.

Sabemos que a nossa constituição é sétupla, consistindo no Tríplice EspíritoEspírito Humano, Espírito de Vida e Espírito Divino —, no Tríplice Corpo (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) e na conexão entre todos eles, que é a Mente. O Tríplice Espírito somos nós, o Ego (o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui) e controla, ou deveria controlar, o Tríplice Corpo através da Mente; mas infelizmente o Corpo de Desejos tem uma vontade própria que afirmou pela “Queda do Homem” e essa vontade, inferior ou de desejo, que está centrada no próprio Corpo de Desejos, sobrepôs-se à vontade superior da Mente. Como estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos, “a Mente está limitada pelos desejos, submersa na egoísta natureza inferior, o que torna difícil ao Espírito o governo do Corpo. A Mente, o foco – que deveria se aliar à natureza superior, se afastou e está unida e secretamente trabalhando com a natureza inferior – escrava do desejo.”.

Se nós, o Ego, quiséssemos tornarmos o senhor dos nossos Corpos e assegurar a cooperação voluntária deles, teríamos de encontrar no Corpo Denso um ponto de vantagem que não estivesse sob a influência da natureza do desejo. Todos os músculos voluntários são expressões de Corpo de Desejos; portanto, o Ego deve controlar um músculo que seja involuntário e ainda assim conectado com o sistema nervoso voluntário. Tal músculo é o coração. Os músculos involuntários são formados por estrias longitudinais e estão conectados com funções que não estão sob o controle da vontade, como a digestão, a respiração e outras. Os músculos voluntários são aqueles que são controlados pela vontade através do Sistema Nervoso voluntário, como os músculos da mão e do braço. Eles são listrados tanto longitudinalmente quanto transversalmente. Isso é verdade para todos os músculos do corpo, exceto o coração, que é um músculo involuntário. Normalmente, não podemos controlar a circulação. Em condições normais, o batimento cardíaco é uma quantidade fixa, mas, para perplexidade dos fisiologistas, o coração é cruzado-listrado como um músculo voluntário.

O cientista ocultista sabe que, quando o Ego procurou pela primeira vez uma fortaleza no coração, este último era listrado apenas longitudinalmente, como qualquer outro músculo involuntário; mas à medida que o Ego ganhou mais e mais controle sobre o coração, as listras transversais foram gradualmente desenvolvidas. Elas não são tão numerosas nem bem definidas como nos músculos sob o controle total do Corpo de Desejos, mas à medida que os princípios altruístas de amor e fraternidade aumentam em força e gradualmente dominam o desejo, essas listras cruzadas também se tornarão mais numerosas e marcadas, até que prevaleçam e o coração, livre do desejo-emoção-sentimento egoísta, agirá inteiramente de acordo com os ditames da amorosa Vontade de Cristo.

O trabalho ativo do Ego está no sangue. Agora, se excluirmos os pulmões, o coração é o único órgão por onde passa todo o sangue. O coração é a porta de entrada do sangue que nutre todas as partes do corpo. E este sangue nutritivo que alimenta e sustenta a vida de todo o organismo físico é, nas palavras de Max Heindel, “a expressão mais elevada do Corpo Vital”. Espírito de Vida e Corpo Vital! Seus nomes são indicativos. O Corpo Vital, governado pelo Espírito de Vida, é o meio para o funcionamento da vida no organismo humano. À medida que o sangue passa pelo coração, a morada do Espírito de Vida, ciclo após ciclo, hora após hora, durante toda a vida, ele entra em contato mais próximo com o Espírito de Vida, o Espírito de Amor e Unidade; portanto, o coração é a morada do amor altruísta que, por meio do sangue, é transmitido gradualmente a cada célula do nosso Corpo Denso.

Max Heindel diz: “Os fisiólogos notam que certas áreas do cérebro estão dedicadas a determinadas atividades mentais. Os frenólogos levaram esse ramo da ciência ainda mais além. Sabe-se também que o pensamento destrói o tecido nervoso e que esse desgaste do Corpo, como qualquer outro, é restaurado pelo sangue. Quando o coração se converter em músculo voluntário, a circulação do sangue ficará completamente sob o domínio do unificante Espírito de Vida, o Espírito do Amor. Então, terá o poder de impedir que o sangue flua a essas partes do cérebro dedicadas a propósitos egoístas. Esses centros mentais irão se atrofiando gradualmente.”.

“Por outro lado, ser-lhe-á possível ativar o sangue quando as elaborações mentais foram altruístas, o que restaurará e vigorizará esses centros. A natureza passional será conquistada e, pelo Amor, a Mente será emancipada da escravidão do desejo. Só se emancipando completamente pelo Amor, o ser humano poderá se elevar além da lei e se converter, ele mesmo, numa lei. Tendo-se conquistado a si, conquistará então todo o mundo.”. E logo que se torna o conquistador do Mundo Físico, pelo domínio do Corpo Denso, já não precisa do Mundo Físico como Campo de Evolução, nem do Corpo Denso como instrumento de experiência evolutiva.

A perfeição das qualidades do coração em Leão-Aquário está correlacionada com a elevação dos nossos Corpos para o ar, onde nos encontraremos com Cristo na Sua segunda vinda. Aperfeiçoar e abandonar um Corpo é o mesmo fato evolutivo apresentado em duas fases. Logo que um dos nossos veículos é aperfeiçoado, é também abandonado; isto é, destruído para sempre na sua forma; e sua essência é incorporada no veículo seguinte. Quando a Humanidade tiver aperfeiçoado os seus Corpos Densos, eles serão postos de lado para sempre; terão então servido ao seu objetivo evolutivo e não serão mais necessários. Essa perfeição deve ser alcançada durante a chamada Metade Mercurial do Período Terrestre, que é onde nos encontramos agora; no próximo Período, o de Júpiter, funcionaremos então em Corpos Vitais.

A evolução do Período de Júpiter tem seu campo na Região Etérica do Mundo Físico. Por conseguinte, não é possível utilizar aí o Corpo Denso, pois na Região Etérica só pode ser utilizado um Corpo Vital. “A Natureza nada desperdiça. No Período de Júpiter, as forças do Corpo Denso, por adição, completarão as do Corpo Vital. Esse veículo possuirá, além das próprias faculdades, os poderes do Corpo Denso. Será um instrumento muito mais útil para expressão do Tríplice Espírito do que limitado somente às próprias forças do veículo”.

Essa transmutação do Corpo Denso em Corpo Vital será realizada através da libertação do coração durante a era precessional de Leão-Aquário e, embora não seja dada qualquer informação definitiva, é sugerido que entraremos no Período de Júpiter por meio das portas de Capricórnio-Câncer.

Como as leis da evolução operam maravilhosamente! Enquanto aperfeiçoamos um veículo, ao mesmo tempo preparamos o próximo e superior para uso do Ego. Pureza, temperança, abnegação e serviço amoroso e desinteressado – portanto, o mais anônimo possível – focado na divina essência oculta em cada um de nós (que é a base da Fraternidade) e para com o irmão ou a irmã que está ao nosso lado refinam o nosso Corpo Denso e trabalham para a libertação do coração; simultaneamente constroem o Corpo Vital, de modo que, quando deixarmos o Corpo Denso pela última vez possamos ter a nova vestimenta pronta para nos vestir. Isso explica como são inúteis todos os preceitos que ensinam a desenvolver o Corpo Vital e seus centros de consciência, enquanto pecam gravemente contra as Leis de Pureza e Serviço (amoroso e desinteressado – portanto, o mais anônimo possível – focado na divina essência oculta em cada um de nós (que é a base da Fraternidade) e para com o irmão ou a irmã que está ao nosso lado) que governam a perfeição do Corpo Denso.

Quando formos capazes de, por imposição do coração liberto, enviar o amor de Cristo para todas as células do corpo e, através dessa faculdade de Cristo, transmutar todas as células do Corpo Denso, então teremos de fato o Cristo dentro de nós – o Cristo Interno! O primeiro Corpo Denso que realizou a façanha da ação voluntária do coração foi o de Jesus, chamado pelo apóstolo de primícias. Seu pai e sua mãe eram “o leão e a leoa da tribo de Judá”, a tribo que representa o Signo de Leão. José, o homem puro e evoluído pela influência de Leão, uniu-se a Maria, a mulher pura e evoluída pela influência de Aquário. Livres da paixão sexual, entregaram-se castamente em espírito de serviço e sacrifício para que o grande Ego chamado Jesus pudesse ter material para modelar o seu Corpo Denso e seu Corpo Vital perfeitos. Daí surgiu o filhote de Leão, o verdadeiro “Leo-Natus”, o jovem leão de quem o salmista canta.

Jovem com a juventude de uma nova época, forte com o amor que preenchia cada fibra do seu Corpo radiante, assim Jesus triunfou! E, triunfante, rompeu os sete selos de que fala o Apocalipse. Os sete selos são os nossos sete veículos. A menos que o primeiro selo fosse rompido — isto é, que o Corpo Denso fosse expulso —, a evolução humana teria de permanecer um livro fechado. A evolução humana ascendente e simbolizada na quebra dos sete selos é o sucessivo aperfeiçoamento e abandono dos sete veículos, até que a essência de cada um seja atraída para o Espírito e o Espírito seja atraído para Deus. A profecia do Gênesis encontra o seu cumprimento no Apocalipse, onde lemos no capítulo quinto: “Eis que o Leão pertencente à tribo de Judá triunfou, abrirá o livro e romperá os seus sete selos.” (Apo 5:5).

“Como em cima, assim é em baixo” — Cristo, o Espírito do Sol que veio do coração do nosso Universo, tinha que funcionar em um Corpo Denso, se quisesse cumprir a Sua missão redentora na Terra; mas o Corpo Denso, para poder conter este grande Espírito e se manter sob as Suas poderosas vibrações, precisaria estar sintonizado com elas. Isso só seria possível no seu mais alto grau de perfeição, que é representado pelo controle total da ação do coração e da circulação do sangue.

O coração de Jesus tinha que bater em sintonia com o Espírito do Sol para continuar pulsando sob os impactos da tremenda taxa de vibração peculiar ao Cristo. As vibrações internas que encontraram o Espírito do Cristo tinham que ser do mesmo tom das vibrações externas que o Espírito do Cristo trouxe, senão o Corpo Denso de Jesus, em vez de receber o Cristo no batismo, teria sido desfeito ao contato com Ele, como as muralhas de Jericó. Como é que Jesus atingiu essa perfeição absoluta? Como é que ele libertou o seu coração? Não foi concentrando-se na perfeição do seu Corpo Denso, mas renunciando a ele em uma disponibilidade suprema para o serviço e o sacrifício. E o Espírito de Cristo, que veio habitar o Corpo Denso de Jesus, Corpo que, embora perfeito para os humanos, foi uma prisão para Ele, deixou, por sua vez, mundos de felicidade indescritível e caminhos de glória espantosa para nos servir e salvar.

Tanto o Espírito Solar, o Cristo, quanto o homem Jesus tinham a mesma estrutura; em um vibrava o coração do Sistema Solar, no outro, o coração do ser humano; nos dois temos o serviço amoroso e desinteressado – portanto, o mais anônimo possível – focado na divina essência oculta em cada um de nós (que é a base da Fraternidade) e para com o irmão ou a irmã que está ao nosso lado. A pureza e a compaixão, o serviço e o autossacrifício devem ser aprendidos através de Virgem-Peixes como os únicos fatores que podem realizar a libertação do coração. Jesus não foi Cristo, mas foi semelhante a Ele e por isso atraiu o Espírito de Cristo para si.

Sejamos muito claros sobre estes pontos importantes! A tarefa evolutiva da Nova Era é a perfeição do Corpo Denso; a exigência evolutiva é a libertação do coração; o método evolutivo é o Serviço caracterizado indistintamente como o amoroso e desinteressado – portanto, o mais anônimo possível – focado na divina essência oculta em cada um de nós (que é a base da Fraternidade) e para com o irmão ou a irmã que está ao nosso lado. FIM


[1] N.T.: já que a estação de verão do hemisfério norte se inicia em junho.

[2] N.T.: Ato I – Cena I

[3] N.T.: Ato IV – Cena II

[4] N.T.: Capítulo III – O Ser Humano e o Método de Evolução – O Primeiro Céu

[5] N.T.: A Era de Touro na Época Atlante.

[6] N.T.: Capítulo X do Livro Coletâneas de um Místico – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz: CAPÍTULO X – A PRÓXIMA ERA

Quando falamos da “Próxima Era”, “do Novo Céu e da Nova Terra” mencionados na Bíblia e, também, da “Era de Aquário”, as diferenças entre elas podem não ser claras nas Mentes dos nossos Estudantes Rosacruzes. A confusão dos conceitos é um dos campos mais férteis para a falácia, e os Ensinamentos Rosacruzes procuram evitar isso usando uma nomenclatura ou um conceito particularmente definido. Algumas vezes, um esforço extra se faz necessário para dissipar a confusão ou a distorção gerada por concepções nebulosas engendradas por outros, tão sinceros como o presente escritor, porém, não tão afortunados em ter acesso aos incomparáveis Ensinamentos da Sabedoria Ocidental.

Em nossa literatura aprendemos que quatro grandes Épocas de desenvolvimento gradual precederam a atual ordem das coisas; que a densidade da Terra, suas condições atmosféricas e as Leis da Natureza que prevaleciam numa Época eram tão diferentes das de outras Épocas, como a correspondente constituição fisiológica da Humanidade em uma Época era bem diferente das de outras Épocas.

Os corpos de ADM (o nome significa terra vermelha), a Humanidade da ígnea Lemúria, foram formados do “pó da terra”, da lama vermelha, quente e vulcânica, e estavam adaptados ao meio ambiente deles. A carne e o sangue teriam se atrofiado e se enrugado, especialmente pela perda de umidade, no calor intenso daqueles dias e, embora adaptados às condições presentes, São Paulo nos diz que “eles não podem herdar o Reino de Deus” (ICor 15:50). É evidente, portanto, que antes que uma nova ordem de coisas possa ser inaugurada, a constituição fisiológica da Humanidade precisa ser radicalmente alterada, isto sem mencionar a atitude espiritual. Serão necessários milhões de anos para regenerar toda a Onda de Vida humana e torná-la apta a viver em corpos etéricos (Corpos Vitais).

Por outro lado, nem mesmo um novo ambiente surge de um momento para o outro, mas a terra e os povos vêm evoluindo juntos, desde os menores e mais primitivos primórdios. Quando a neblina da Atlântida começou a assentar, alguns dos nossos antepassados já haviam desenvolvido pulmões embrionários, e foram compelidos a subir para as montanhas muito antes de seus pares ou companheiros. Eles vagaram pelo “deserto” enquanto a “Terra Prometida” estava emergindo das névoas mais tênues e, ao mesmo tempo, seus pulmões em crescimento estavam os preparando e os ajustando para viverem sob as condições atmosféricas atuais.

Mais duas Raças nasceram nas bacias da Terra, antes que uma sucessão de inundações os forçasse a ir para as montanhas; a última inundação aconteceu no momento quando o Sol entrou no Signo aquoso de Câncer, há cerca de dez mil anos atrás, como disseram os sacerdotes egípcios a Platão. Como vimos, não há uma mudança súbita no organismo humano ou no meio-ambiente para toda a Onda de Vida humana, quando uma nova Época é introduzida, mas uma sobreposição de condições que tornam isso possível para a maioria dos seres da Onda de Vida humana, por meio de um ajustamento gradual para entrar na nova condição, embora a mudança possa parecer súbita ao indivíduo que fez toda a mudança preparatória inconscientemente. A metamorfose do girino, de um habitante do elemento aquoso para um habitante do elemento aéreo, fornece uma analogia do passado, e a transformação de uma lagarta em uma borboleta se elevando pelo ar é uma ilustração apropriada da próxima Era. Quando o celestial marcador do tempo entrou em Áries, por Precessão (Movimento de Precessão dos Equinócios), um novo ciclo se iniciou e as “boas-novas” foram pregadas por Cristo. Ele enfatizou que o Novo Céu e a Nova Terra não estavam ainda prontos, quando disse a Seus discípulos: “Não podes seguir-me agora aonde vou, mas me seguirás mais tarde” (..) (Jo 13:36) “vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo” (Jo 14:2-3).

Mais tarde São João viu, numa visão, a Nova Jerusalém procedendo do Céu e São Paulo exortou os Tessalonicenses “pela palavra do Senhor” (ITess 4:15) que aqueles que vivem em Cristo, na Sua próxima vinda, deverão ser arrebatados no ar para se encontrarem com Ele e estar com Ele para a Nova Era.

Porém, durante essa mudança, há pioneiros que entram no Reino de Deus antes de seus irmãos e de suas irmãs em Cristo. Cristo disse, no Evangelho Segundo São Mateus 11:12: “Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e violentos se apoderam dele”. Essa não é uma tradução correta. A tradução deve ser: “O Reino dos Céus foi invadido (biaxetai) e os invasores se apoderaram dele”. Homens e mulheres já aprenderam, por meio de vidas santas e baseadas na prestação de serviços e auxílios, a deixar de lado o corpo de carne e de sangue, seja intermitente ou permanentemente, e caminhar pelos céus com pés alados, atentos aos assuntos do Senhor deles, vestidos do etérico “Manto Nupcial” (Corpo-Alma) da Nova Dispensação. Essa mudança pode ser conseguida por meio de uma vida de simples serviço, de ajuda, de auxílio e de oração e prece, como a praticada pelos Cristãos devotos, não importando a que igreja estejam afiliados, assim como por meio dos Exercícios Esotéricos específicos fornecidos pela Fraternidade Rosacruz. Esses Exercícios Esotéricos não trarão nenhum resultado, a não ser que sejam acompanhados por frequentes atos de amor, pois o amor será a palavra-chave da próxima Era, do mesmo modo que a Lei é a palavra-chave da presente ordem. A expressão intensa das qualidades mencionadas acima aumenta a luminosidade fosforescente é a densidade dos Éteres em nossos Corpos Vitais; as correntes ígneas cortam a ligação com os cuidados e as preocupações do dia a dia, e o ser humano, uma vez nascido da água em sua emersão da Atlântida, agora nasce do espírito, para o Reino de Deus. A força dinâmica do seu amor abriu um caminho para a terra do amor, e é indescritível o regozijo daqueles que já se encontram lá quando novos invasores chegam, pois cada um que chega apressa a vinda do Senhor e o estabelecimento definitivo do Reino.

Entre os religiosamente inclinados há um clamor definido e incessante: “Quanto tempo, Oh Senhor, quanto tempo?”. E, apesar da afirmação enfática de Cristo de que o dia e a hora são desconhecidos, mesmo para Ele, profetas continuam ganhando credibilidade quando predizem Sua volta para uma determinada data, embora cada um se frustra quando o dia passa e nada acontece. A questão também tem sido debatida entre nossos Estudantes Rosacruzes, e esse capítulo é uma tentativa de mostrar a falsa ou errada ideia de esperarmos pelo Segundo Advento no próximo ano, nos próximos cinquenta ou nos próximos quinhentos anos. Os Irmãos Maiores se recusam a expressar uma opinião e assinalam só o que deve ser realizado primeiramente.

Nos dias de Cristo, o Sol estava ao redor dos sete graus de Áries. Foram necessários quinhentos anos para, por Precessão, chegar ao décimo terceiro grau de Peixes. Durante este tempo, a nova igreja viveu fases de violência ofensiva e defensiva, justificando bem as palavras de Cristo: “Eu não vim trazer a paz, mas uma espada” (Mt 10:34). Passaram-se mais mil e quatrocentos anos sob a influência negativa de Peixes, que tem fomentado o poder da igreja e sujeitado o povo pelo credo e pelo dogma.

Em meados do último século (Século XIX), o Sol entrou na Órbita de Influência do Signo científico de Aquário e, embora ainda leve cerca de seiscentos anos para que a Era de Aquário comece, é altamente instrutivo notar que mudanças o mero contato com esse Signo tem acontecido e disponibilizadas para o uso no mundo. Nosso limitado espaço nos impede de enumerar os maravilhosos avanços realizados desde então; mas não demais dizer que a ciência, as invenções e a indústria decorrente desse desenvolvimento, tem mudado o mundo completamente, tanto na vida social como nas condições econômicas. Os grandes progressos realizados por meio da comunicação, têm contribuído muito para quebrar as barreiras do preconceito racial, nos preparando para as condições da Fraternidade Universal. Os instrumentos de destruição têm sido elaborados tão assustadoramente eficientes, que as nações militantes serão forçadas, dentro de pouco tempo, a “quebrar as suas espadas, transformando-as em arados, e as suas lanças, a fim de fazerem podadeiras” (Is 2:4). A espada tem tido seu reinado durante a Era de Peixes, mas a ciência governará na Era de Aquário.

Na terra do sol poente podemos esperar vislumbrar as condições ideais da Era de Aquário: uma mescla de Religião e ciência, formando uma ciência religiosa e uma Religião científica, que proporcionarão a saúde, a felicidade e o regozijo de uma vida vivida em sua plenitude.

[7] N.T.: também conhecida como A Tragédia de Cimbelino ou Cimbelino, Rei da Grã-Bretanha, é uma peça de William Shakespeare ambientada na Grã-Bretanha Antiga (sec. 10-14 DC) e baseada em lendas que faziam parte da Matéria da Grã-Bretanha a respeito do início histórico rei celta britânico Cunobeline. Embora seja listado como uma tragédia no Primeiro Fólio, os críticos modernos costumam classificar Cimbelino como um romance ou mesmo uma comédia. Assim como Otelo e The Winter’s Tale, trata dos temas da inocência e do ciúme. Embora a data precisa da composição permaneça desconhecida, a peça certamente foi produzida já em 1611.

[8] N.T.: Vaudeville, uma farsa com música. Nos Estados Unidos, o termo conota um entretenimento leve popular de meados da década de 1890 até o início da década de 1930, que consistia em 10 a 15 atos individuais não relacionados, apresentando mágicos, acrobatas, comediantes, animais treinados, malabaristas, cantores e dançarinos. É a contrapartida do music hall e da variedade na Inglaterra.

O termo vaudeville, adotado nos Estados Unidos a partir do teatro boulevard parisiense, é provavelmente uma corruptela de vaux-de-vire, canções satíricas em dísticos, cantadas em árias populares no século 15 no Val-de-Vire (Vau-de -Vire), Normandia, França. Passou ao uso teatral no início do século XVIII para descrever um dispositivo empregado por atores profissionais para contornar o monopólio dramático detido pela Comédie-Française. Proibidos de representar dramas legítimos, apresentavam suas peças em pantomima, interpretando a ação com letras e refrões de músicas populares. Acabou se desenvolvendo em uma forma de drama musical leve, com diálogos falados intercalados com canções, que era popular em toda a Europa.

[9] N.T.: Joseph Rudyard Kipling (1865-1936) foi um autor e poeta britânico

[10] N.T.: A Canção dos Mortos

Ouça agora a Canção dos Mortos – no Norte, pelas bordas rasgadas do iceberg –

Aqueles que ainda olham para o Polo, adormecidos em seus trenós despidos de couro.

Canção dos Mortos no Sul – ao sol ao lado de seus cavalos esqueletos,

Onde o warrigal choraminga e uiva através da poeira dos cursos dos rios escaldantes.

Canção dos Mortos no Leste – nas cavidades da selva apodrecidas pelo calor,

Onde o macaco-cão late no kloof – no freio dos búfalos.

Canção dos Mortos no Oeste – nos Sertões, o deserto que os traiu,

Onde o carcaju derruba suas mochilas do acampamento e do túmulo que eles fizeram;

 Ouça agora a Canção dos Mortos!

 EU

 Éramos sonhadores, sonhando muito, na cidade sufocada pelo homem;

 Ansiamos além da linha do horizonte, onde as estradas estranhas descem.

 Veio o Sussurro, veio a Visão, veio o Poder com a Necessidade,

 Até que a Alma que não é a alma do homem nos foi emprestada para liderar.

 Assim como o cervo se afasta – como o boi se separa – do rebanho onde pastam,

 Na fé das crianças seguimos o nosso caminho.

 Então a madeira falhou — então a comida falhou — então a última água secou—

 Na fé das crianças, deitamos e morremos.

 Na areia – no lado da savana – no matagal de samambaias nos deitamos,

 Para que nossos filhos possam segui-los pelos ossos no caminho.

 Siga depois – siga depois! Regamos a raiz,

 E o botão floresceu e amadureceu para dar fruto!

 Siga depois – estamos esperando, pelas trilhas que perdemos,

 Pelo som de muitos passos, pelos passos de uma hoste.

 Siga depois – siga depois – pois a colheita está semeada:

 Pelos ossos à beira do caminho, vocês chegarão aos seus!

 Quando Drake desceu para o Horn

 E a Inglaterra foi coroada assim,

 ‘Twixt mares não navegados e costas não exploradas

 Nossa Loja – nossa Loja nasceu

 (E a Inglaterra foi coroada assim!)

 Que nunca mais fechará

 De dia nem de noite,

 Enquanto o homem arriscará sua vida

 Em risco de cardume ou principal

 (De dia nem de noite).

 Mas permanece mesmo assim

 Como agora testemunhamos aqui,

 Enquanto os homens partem, de coração alegre,

 Aventura para conhecer

 (Como agora testemunhe aqui!)

 II

 Alimentamos nosso mar por mil anos

 E ela nos liga, ainda sem comida,

 Embora nunca haja uma onda de todas as suas ondas

 Mas marca nossos ingleses mortos:

 Nós demos o nosso melhor para a agitação da erva daninha

 Ao tubarão e à gaivota.

 Se o sangue for o preço do almirantado,

 Senhor Deus, pagamos integralmente!

 Nunca há uma inundação indo para a costa agora

 Mas levanta uma quilha que tripulamos;

 Nunca há um refluxo em direção ao mar agora

 Mas deixa cair nossos mortos na areia—

 Mas esgueira nossos mortos nas areias,

 Dos Ducados ao Swin.

 Se o sangue for o preço do almirantado,

 Se o sangue for o preço do almirantado,

 Senhor Deus, nós pagamos!

 Devemos alimentar o nosso mar durante mil anos,

 Pois essa é a nossa desgraça e orgulho,

 Como foi quando navegaram com o Golden Hind,

 Ou os destroços que atingiram a última maré—

 Ou os destroços que jazem no recife jorrando

 Onde as horríveis luzes azuis brilham.

 Se o sangue for o preço do almirantado,

 Se o sangue for o preço do almirantado,

 Se o sangue for o preço do almirantado,

 Senhor Deus, compramos justo!

[11] N.T.: semente do que se tornou, depois, a ONU.

[12] N.T.: Atualmente, estamos nos últimos graus da Era de Peixes.

[13] N.T.: a que se refere ao “eu inferior” e não ao “Eu superior”.

[14] N.T.: Apo 3:19

[15] N.T.: Mt 5:8

[16] N.T.: do poema Song of Myself, part 40 de Walt Whitman (1819-1892) – poeta, ensaísta e jornalista americano.

[17] N.T.: Lc 1:38

[18] N.T.: Região Etérica do Mundo Físico

[19] N.T.: Mt 5:44

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Vida Sublime

Em 23 de julho de 1865, nascia na fria Aarhus a capital da Dinamarca, em um nobre solar, o menino Carl Louis Fredrick Grasshoff.

Quarenta e quatro anos mais tarde, já longe da sua pátria e com o simples nome de Max Heindel, essa predestinada criatura recebia uma sublime missão: ser o mensageiro dos Irmãos Maiores, o transmissor dos ensinamentos rosacruzes para o mundo ocidental.

Qual foi o merecimento de tão elevado encargo? Sem dúvida alguma o seu indescritível impulso interno de encontrar a verdade, o seu virtuoso caráter e constância, o seu amor para com os seus semelhantes. Mesmo em contato com a mais profunda verdade, não ficou satisfeito enquanto não transmitiu (mesmo sob tremendos sacrifícios) os luminosos ensinamentos ao mundo. Foi levada a público a maravilhosa Filosofia Rosacruz, explicando com clareza os mistérios da vida, dando-nos fé, consolo e esperança em uma vida futura.

Que valioso privilégio nos concederam os Irmãos Maiores através de Max Heindel. Ele plantou uma fecunda semente — a Fraternidade Rosacruz —, que germinou, cresceu, tornou-se uma frondosa árvore, floresceu e frutificou. Sob ela nos abrigamos. Suas flores perfumam as nossas vidas e seus saborosos frutos alimentam a nossa alma.

Bem sabemos e avaliamos a responsabilidade que nos cabe, pois “a quem muito foi dado, muito lhe será pedido”. Embora ainda sejamos imperfeitos, podemos nos converter em Auxiliares dos Irmãos Maiores, “pregando o Evangelho e curando os enfermos”. A que missão mais sublime poderemos aspirar do que ajudar as criaturas de Deus e a evolução espiritual do mundo?

Riquezas materiais, honras e glórias são artigos temporais e efêmeros; porém os valores espirituais que acumulamos são o tesouro da alma (que a traça não rói e a ferrugem não destrói) e jamais os perderemos.

O Conceito Rosacruz do Cosmos e a Bíblia nos ensinam que Cristo abriu o “CAMINHO” para todos. Suas irradiações espirituais procuram tocar o coração, despertando o Espírito e o impulsionando à ação. Esforcemo-nos, pois, até ao limite de nossas capacidades para nos tornarmos receptivos a essas elevadas vibrações. Harmonizemo-nos com os princípios da nova Era, como Cristo nos ensinou.

No transcurso do centésimo quinquagésimo novo natalício de Max Heindel, elevemos nossos profundos sentimentos de gratidão ao Pai Celestial e aos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz pelas bênçãos que recebemos através desse iluminado amigo.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Um correspondente nos envia um recorte de jornal no qual alguém pergunta ao editor o que é realmente a Idade Aquária, e recebe a seguinte resposta: “não há Idade Aquária; essa FRAUDE foi inventada pelos charlatães profissionais ao ensinarem que o Sistema Solar entrou recentemente em Aquário a velocidade de, em torno, 20 quilômetros por segundo. O Sistema Solar está se afastando de Aquário à velocidade de doze milhas e meia por segundo. O Sistema Solar nunca esteve nem poderá estar perto de Aquário. Contudo, vemos panfletos e revistas mensais publicando constantemente artigos nos quais dizem que o Sistema Solar acaba de entrar em Aquário e que haverá grandes mudanças na raça humana. Mas tudo isso é inteiramente falso”.

Resposta: Nosso correspondente deseja nossa opinião a respeito do assunto, pois nós acreditamos nele e advogamos o ponto de vista de que a Era de Aquário (que ele chama de Idade Aquária) está próxima. Estamos, portanto, incluídos na classe de escritores que o editor acima citado denuncia como “charlatães”, mas não será por isso que deixaremos de atender ao nosso consulente a fim de lançar mais luz sobre o assunto. Não nos perturbamos pelo ataque, quando consideramos a sua origem.

A pergunta acima é daquelas que dependem de pontos de vista. Sabemos ser correto, como diz o editor, que o Sistema Solar nunca esteve e nem nunca estará em Aquário. Na realidade ele se afasta da constelação de Aquário. Sabemos também que o Sol nunca “se levantou nem nunca se levantará” e, contudo, não chamaremos de charlatão a pessoa que usar essas expressões. Sabemos que, do ponto de vista de um observador colocado sobre a Terra, o Sol parece se levantar, e o ocultista tem a mesma intenção ao dizer que vamos entrar em Aquário por Precessão dos Equinócios. Não perdemos tempo dizendo que, devido à rotação da Terra em torno do seu eixo, o Sol se torna visível às sete horas da manhã. Dizemos, simplesmente, que o Sol se levanta às sete horas. Pela mesma razão não dizemos que “devido à Precessão dos Equinócios parece que o Sol, quando visto da Terra, está se aproximando da constelação de Aquário ao cruzar o Equador por ocasião do Equinócio de Março”. Se o disséssemos, todos os astrônomos concordariam conosco a respeito do fenômeno observado no firmamento, embora pudessem discordar quando afirmássemos que isso influi sobre os afazeres da Humanidade. Em lugar de usarmos essa longa explicação, dizemos simplesmente que “o Sol se aproxima de Aquário”, e todos devem se abster de críticas antes de compreender o verdadeiro sentido daquilo que dizemos.

Enquanto isso os Estudantes Rosacruzes devem se familiarizarem com os fatos astronômicos de modo a poderem dar opiniões inteligentes que sustentem suas crenças. Estudantes Rosacruzes que estudarem a Filosofia Rosacruz e por meio dela adquiriram conhecimento dos fatos suprafísicos e, contudo, desconhecem os fatos mais comuns, fornecidos pela astronomia e pela fisiologia, não impressionam bem uma assistência, quando somos versados sobre os veículos mais sutis do ser humano devemos, também, conhecer, pelo menos, os fatos principais a respeito do Corpo Denso que todos veem. Quando falamos sobre a influência das estrelas devemos conhecer também algo a respeito dos movimentos mecânicos do firmamento, conhecidos e entendidos pelos astrônomos. A fim de que os Estudantes Rosacruzes, não familiarizados com esses fatos, possam ter discernimento a respeito do assunto, elucidá-los-emos rapidamente. Uma explicação mais detalhada é fornecida no Livro Astrologia Científica e Simplificada – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, que pode ser lida aqui[1]:

Quando a Terra se move em sua órbita anual em torno do Sol, parece, quando observamos da Terra, que o Sol percorre o céu através de uma faixa estreita constituída de doze Constelações ou grupos de Estrelas que possuem certos nomes: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. Se o eixo da Terra fosse estacionário como o eixo de uma roda, veríamos o Sol sempre no mesmo lugar da Constelação em que estava no dia anterior, mas o eixo da Terra tem um movimento de oscilação semelhante a um pião que diminui de velocidade. Isso faz com que a posição aparente do Sol varie, quando observado da Terra, de maneira que ele atinge uma determinada posição um pouquinho mais cedo cada dia. Ele precede, e é por isso que os astrônomos falam de “Precessão dos Equinócios”. Isto é, anualmente o Sol parece cruzar o Equador, por ocasião do Equinócio de Março, uma curta distância antes do ponto em que cruzara no ano anterior. Desse modo, se em um determinado ano cruzou o Equador no primeiro grau de Áries, no ano seguinte cruzará o mesmo círculo ligeiramente dentro dos limites da constelação de Peixes. No ano seguinte estará ainda em Peixes, porém ainda mais distanciado do primeiro grau de Áries, e assim por diante. Contudo, esse movimento retrógrado é tão lento que o Sol leva, em torno de, vinte e seis mil anos para percorrer, em sentido inverso, todos os Signos ou, em torno de, dois mil e cem anos para atravessar um Signo, ou, em torno de, setenta anos para percorrer um grau do círculo.

Usualmente os astrônomos falam de “graus de Ascensão Reta”, por meio dos quais dividem o círculo celeste no número usual de trezentos e sessenta graus, começando no ponto em que o Sol cruza o Equador no subsequente Equinócio de Março. Eles chamam de Áries aos primeiros trinta graus a partir desse ponto. Touro, aos segundos trinta graus, etc., de maneira semelhante aos astrólogos. Há, pois, o Zodíaco Natural, composto das doze Constelações ou grupos reais de estrelas no firmamento, cuja variação é tão pequena que seu movimento é imperceptível mesmo que transcorram várias centenas de anos, e o Zodíaco Intelectual que começa no ponto do Equinócio de Março de qualquer ano determinado.

Ao observarmos que o Sol, por Precessão dos Equinócios, caminha em sentido retrógrado através dos Signos do Zodíaco, perceberemos que chegará uma época em que o Equinócio de Março ocorrerá no primeiro ponto de Áries: e então, durante esse ano, os Zodíacos Natural e Intelectual coincidirão. A última vez em que isso aconteceu foi em cerca de 500 D.C. e visto o Sol ter retrocedido a taxa média de cerca de um grau em cada setenta anos, torna-se evidente que atualmente o Equinócio de Março ocorre em mais ou menos dez graus de Peixes. Portanto, será em cerca de 2.600 D.C. que o Sol entrará realmente na constelação de Aquário. Ou melhor, para estarmos de acordo com os fatos científicos, digamos que parecerá quando observado da Terra, como se o Sol cruzasse o equador na constelação de Aquário. Durante dois mil e cem anos a partir dessa época, o Sol aparecerá como se estivesse na constelação de Aquário, por ocasião do Equinócio de Março. Portanto, podemos dizer que a Era de Aquário compreenderá dois mil e cem anos contados a partir de mais ou menos 2.600 D.C., durante os quais o Sol, por Precessão dos Equinócios, parecerá estar na constelação de Aquário quando cruzar o Equador no Equinócio de Março.

O leitor certamente já passou pela experiência de sentir, repentinamente, alguém atrás de si enquanto lia, escrevia ou estava absorto em qualquer outra tarefa, sem que, contudo, notasse a aproximação dessa pessoa devido à concentração na leitura ou no trabalho. Essa pessoa não falou nem fez ruído, contudo sua presença foi sentida cada vez mais agudamente até obrigar ao leitor se voltar. Esta é uma experiência muito comum, e certamente todos já passaram por ela. Mas qual a sua explicação? É simplesmente o seguinte: além do Corpo Denso, possuímos certos veículos invisíveis a visão física. Esses invólucros sutis estendem-se além do Corpo Denso de maneira que quando estamos perto de outra pessoa os Corpos Vitais se interpenetram, e quando estamos muito quietos e passíveis sentimos mais rapidamente essas influências sutis que em outras ocasiões, embora elas existam sempre e sejam sempre fatores potentes em nossas vidas.

“Como em cima, é embaixo” e vice-versa, é a Lei da Analogia, a chave mestra dos mistérios. Nós somos o microcosmo e as estelares (Astros, Planetas e Satélites naturais) o macrocosmo. Podemos concluir, portanto, que os grandes estelares que se movimentam no céu e são corpos de Espíritos têm veículos sutis semelhantes à aura atmosférica da nossa Terra. Por isso, quando o Sol se aproxima da constelação de Aquário, por ocasião do Equinócio de Março, ele transmite essas influências à Terra juntamente com os raios solares. Assim como a primavera é a época particular em que tudo se torna impregnado de vida, podemos também julgar que o raio de Aquário ao ser transmitido se torna sentido entre as pessoas da Terra, não importa elas creiam nisso ou não. Portanto, se pudermos perceber o que é a influência de Aquário, estaremos habilitados a responder à pergunta: “O que é a Era de Aquário?”. Partindo de um outro ponto de vista, a Astrologia Rosacruz nos fornece esta informação, baseada na experiência e na observação.

Aquário tem uma influência intelectual que é original, inventiva, mística, científica, altruística e religiosa. Se aplicarmos o lema Bíblico: “Conhecê-los-eis pelos seus frutos[2] a esse problema, deveríamos esperar que a Era de Aquário seja anunciada por conquistas originais em todas as linhas ligadas à Ciência, Religião, misticismo e altruísmo. Podemos agora olhar, respectivamente, para os setenta anos anteriores em que o Sol avançou um grau em sua órbita, por Precessão dos Equinócios, em direção a Aquário. Verificamos que durante esse tempo houve uma mudança apreciável em todas as linhas de pensamento e de esforço que a história registra nos dois mil anos passados. Quase todas as invenções que fazem parte de nossa vida atual surgiram durante esse tempo. O telégrafo, o telefone, o emprego da eletricidade, a conquista do ar e do vapor, o motor a explosão e outras invenções em número muito extenso para serem mencionadas, estão marcando o progresso do Mundo Físico.

Notamos, também, a rapidez com que todos os movimentos de pensamento liberal a respeito de assuntos religiosos estão substituindo as condições antiquadas de crença limitada e o crescente número de pessoas que desenvolveram a visão espiritual e estão investigando as tendências da evolução nos planos superiores. Devemos, também, notar a rapidez com que a Ciência Divina da Astrologia Rosacruz ganha terreno.

Todos esses fatos mostram ou insinuam aquilo que devemos esperar que aconteça durante a Era de Aquário. Uma vez que tão grandes avanços foram feitos durante os setenta anos em que o Sol está apenas começando a transmitir a influência de Aquário, conjecturamos o que nos espera quando entrar realmente nesse Signo. Tanto as probabilidades estão muito além da mais arrojada imaginação, e isto se aplica tanto ao lado físico da vida quanta ao psíquico. É nossa opinião que pelo menos a visão espiritual desenvolver-se-á na maior parte da Humanidade, senão em toda ela, de maneira a remover, ao menos parcialmente, o aguilhão da morte através da companhia que então existirá com nossos inimigos e parentes que deixaram o corpo. Durante algum tempo continuaremos a vê-los e teremos tempo de acostumar-nos ao fato de que eles se dirigem a reinos superiores. Não lamentaremos pelas criancinhas que morrem e retêm seu Corpo Vital, pois elas, provavelmente, permanecerão com seus pais até que chegue a época de um novo renascimento o que, geralmente, ocorre na mesma família. Não haveria, pois, nesses casos, nenhuma sensação de perda.

Quando for alcançado esse ponto da evolução, a Humanidade também estará muito mais iluminada de maneira a evitar muitas das armadilhas que causam as perturbações atuais. O intelecto mais desenvolvido ajudar-nos-á a resolver os problemas sociais de maneira equitativa a todos, e o usa de maquinaria, constantemente aperfeiçoada, emancipará a Humanidade de grande parte da canseira física e deixará mais tempo e espaço para a melhoria intelectual e espiritual.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz dezembro/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: Em ambos os lados da eclíptica, ou caminho do Sol, encontramos uma posição de estrelas fixas que formam doze grupos ou constelações, as quais são chamadas, “Signos do Zodíaco”. E são assim chamadas não porque lembrem os animais que se supõem representarem, mas porque sua influência tem desenvolvido, e continua empenhada em pôr em relevo para nós, as principais características personificadas pelo animal-símbolo. A ostensiva arrogância, a energia e a coragem derivadas de Áries não poderiam ser melhor simbolizadas senão pelo carneiro, assim como a calma, mas prodigiosa força e teimosa persistência provenientes das Hierarquias Criadoras que atuam conosco desde a constelação de Touro, não poderiam ser mais adequadamente representadas senão pelo simbólico touro. Às características dos outros Signos devem ser interpretadas de modo semelhante, pois o Zodíaco é a matriz do Sistema Solar. Algum dia, quando nós e uma miríade de outros seres, que agora evoluem em nosso Sistema Solar, tivermos aprendido todas as lições desta fase de existência, formaremos também um Zodíaco e executaremos serviço análogo para outros, conforme fazem agora por nós as doze grandes Hierarquias Criadoras.

Essas doze constelações são chamadas Zodíaco “natural”, e permanecem sempre nas mesmas posições relativas. Seus movimentos são diminutos, pois passam-se séculos sem que se notem mudanças consideráveis em suas posições. Daí podermos usar uma Tabela de Casas por toda a nossa vida, enquanto as Efemérides, que dão as posições dos Astros (Sol, Lua e Planetas), precisam ser calculadas a cada ano.

Todos os anos, no dia 21 de março, o Sol deixa o Hemisfério Sul, cruza o Equador celestial e entra nos graus de latitude norte, onde permanece durante meados de junho, todo o mês de julho, de agosto e meados de setembro. Mas, devido ao movimento vibratório dos polos da Terra, chamado de “Nutação” pelos astrônomos, o Sol cruza o Equador celestial um pouco mais cedo (precede) do que o fez no ano anterior, e como os dias e as noites são de igual duração no ponto em que o Sol cruza o Equador celestial ou equinocial, esse cruzamento antecipado é chamado de “Precessão dos Equinócios”.

Se não houvesse a Precessão dos Equinócios, o Sol entraria sempre na constelação de Áries no Equinócio de Março, mas por causa desse movimento de retrocesso de 1 grau a cada 72 anos, aproximadamente, o Equinócio de Março ocorre no 1º grau de Peixes cerca de 2.156 anos mais tarde. Após outro período semelhante de tempo, ele alcança por retrocesso o 1º grau de Aquário, e assim, através de todo o círculo de doze Signos, em cerca de 25.868 anos. Na época em que o Sol se encontrava (por Precessão dos Equinócios) no Signo de Touro, no Equinócio de Março, os antigos egípcios adoravam o sagrado “Boi Ápis”, e seus sacerdotes exibiam o Uraeus, ou símbolo da serpente, pertencente a Escorpião, o Signo oposto a Touro, para indicar que possuíam a sabedoria esotérica. Quando o Sol entrou em Áries por Precessão dos Equinócios, tornou-se idolatria para o “o povo escolhido” adorar o “Touro”, ou Bezerro de Ouro. Eles então deixaram o “Egito”, e passaram a depositar sua fé no “cordeiro”, o carneiro, que então havia sido “sacrificado”. Mas, de acordo com o símbolo esotérico de Libra, a balança da justiça, Signo oposto a Áries, ele há de voltar novamente como juiz. No ano 498 de nossa era, o Sol estava no 1º grau de Áries ao Equinócio de Março, e nos 1.418 anos que se passaram desde então recuou 19 graus e 42 minutos, de maneira que em 1916 o Sol cruza o Equador nos 10 graus e 18 minutos de Peixes, e no ano 2.654 estará na cúspide de Aquário.

Durante os 2.000 anos que decorreram desde que o Equinócio de Março ficou dentro da órbita de Peixes, os ritos religiosos têm exigido que os fiéis se benzam com a Água Pisciana nas portas das igrejas, e que as celebrações sejam efetuadas por sacerdotes cujos barretes (a mitra que se usa na cabeça) tenham um formato que lembre a cabeça de um peixe, sendo-lhes recomendado absterem-se de comer carne em certas épocas, nas quais devem comer peixe em substituição à carne animal de mamíferos ou aves. Também são instruídos a venerar a Virgem imaculada, pois Virgem é o Signo oposto a Peixes, e essa veneração prosseguirá, embora em grau decrescente, até que o novo ideal representado pelo Signo de Aquário e seu oposto, o Signo de Leão, haja suplantado aquele que tomou o lugar das Religiões primitivas: o Cristianismo ortodoxo ou popular.

Desde meados do último século a influência aquariana, focalizada pelo Equinócio de Março, se faz sentir porque a órbita do Sol é tão grande que alcança a cúspide de Aquário. Consequentemente, tem havido um despertar sem precedentes do pensamento e uma miríade de invenções jamais sonhada, nem mesmo como remotas possibilidades. Mas, na medida em que os anos passam, o Sol equinocial iluminará as Mentes de tal maneira que justificará que nossos netos falem desta época como de uma “idade negra”, e quando no ano 2.654 a entrada do Sol no Signo de Aquário introduzir-nos em uma nova Era, os seres humanos desse tempo estarão certos ao pensarem da Era de Peixes o mesmo que pensamos da Era anterior a Cristo.

Vemos então que existe um Zodíaco Natural, formado de agrupamentos de estrelas estacionárias, Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes, e um Zodíaco móvel, que começa no ponto equinocial, não importando em que constelação ocorra. Os primeiros 30 graus a partir desse ponto são chamados Áries, os 30 graus seguintes são chamados Touro, e assim por diante. Isso constitui o Zodíaco Intelectual.

Essa pode parecer uma divisão arbitrária, mas é fato observado que, mesmo o Equinócio ocorrendo realmente nos 10 graus de Peixes atualmente, as atividades referentes ao Sol em Áries começam imediatamente após o Equinócio de Março.

Existe, contudo, uma combinação de Áries e Peixes que conta para certas mudanças evolutivas. Como dissemos acima, as doze constelações constituem o Zodíaco Natural e estão sempre nas mesmas posições relativas, mas devido ao movimento dos polos da Terra, o Sol cruza o equador num ponto ligeiramente diferente a cada ano no Equinócio de Março, e esse ponto de mudança é considerado na Astrologia como sendo o primeiro grau de Áries, o início do que chamamos de Zodíaco Intelectual. Esse Zodíaco muda a uma taxa, em média, de 50,1 segundos de ano para ano, 1 grau em 72 anos, 1 Signo em 2.156 anos, completando o círculo de 12 Signos em, aproximadamente, 25.868 anos. Esse movimento retrógrado é chamado de “Precessão dos Equinócios”.

Do ponto de vista materialista, parece não haver razão para essa alteração do Zodíaco, mas do ponto de vista do místico não é de modo algum arbitrária, ao contrário, é necessária e está em harmonia com o caminho espiral da evolução, seguido tanto pela estrela fixa quanto pela estrela do mar, observável em toda a natureza. Após a conclusão de cada ciclo, os Zodíacos Intelectual e Natural se ajustam (a última vez aconteceu em 498 d.C.), então começa um novo período mundial, uma nova fase de evolução, um ciclo da espiral mais elevado em que estamos sempre caminhando em direção a Deus. Mesmo sob o ponto de vista material é evidente que o caminho em espiral do Sistema Solar, observado pelos astrônomos, deve mudar o ângulo de incidência dos raios luminosos das estrelas fixas, e como o ângulo de incidência dos raios do Sol sobre nossa Terra possui o efeito de produzir as mudanças climáticas de verão e inverno, é razoável que uma mudança semelhante deve suceder-se à nossa mudança de posição em relação às estrelas fixas, o que pode ser responsável por mudanças graduais de condições, tais como estações de inverno menos frios e estações de verão menos quentes em algumas partes do mundo.

Além do mais, observou-se que as condições climáticas dispõem de um impacto nítido em nossas características ou inclinações habituais ou, ainda, no nosso modo de responder às emoções – nos sentimos de maneira diferente tanto no verão como no inverno – e não pode essa mudança lenta em relação às estrelas fixas ser a causa dessa mudança na humanidade, que conhecemos por evolução? O místico afirma que sim. Assim como os raios do Sol, pela mudança do ângulo de incidência, suscitam as folhas e flores da planta em determinado momento, e em outro as fazem murchar, assim também os raios das estrelas fixas suscitam e produzem as maiores mudanças na flora e fauna; eles são responsáveis pela ascensão e queda das nações e pela mudança marcada pela sensibilidade excessiva e alterações de humor impulsivas que chamamos de civilização.

Indo mais longe com a analogia, o Zodíaco Natural é composto pelas constelações que são vistas nos céus, e o Zodíaco Intelectual começa sua mudança no exato ponto onde o Sol cruza o Equador no Equinócio de Março. Essa é a época em que a Natureza faz nascer tudo aquilo que ela germinou no ventre dela no inverno anterior. Assim, o horóscopo do mundo muda de ano para ano. “Como em cima, assim embaixo”, é a Lei da Analogia e os mesmos pontos salientes são observáveis na evolução do ser humano, do micróbio, da estrela do céu e da estrela do mar.

No mapa natal do ser humano temos, também, o que pode ser chamado de horóscopo natural, que é o mapa levantado e calculado segundo as regras da Astrologia, em que qualquer Signo pode estar no Ascendente ou na Primeira Casa. A mudança do Equinócio de Março corresponde ao primeiro grau de Áries, no Zodíaco Intelectual, assim, o Ascendente no horóscopo de qualquer ser humano também tem uma influência correspondente a esse grau.

[2] N.T.: Mt 7:20

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Divina Ciência da Astrologia Rosacruz revela as Causas Ocultas que trabalham em Nossas Vidas

A Astrologia Rosacruz é, para o Estudante Rosacruz, uma fase da Religião, basicamente uma Ciência Divina. Essa Ciência, mais que nenhum outro estudo, nos revela a nós mesmos: nenhuma outra Ciência Divina é tão sublime, tão profunda e tão espiritual. Ela revela a relação entre Deus (o macrocosmo) e nós (o microcosmo), demonstrando que ambos são um fundamentalmente.

A Filosofia Rosacruz, ao investigar as forças mais sutis que chocam sobre nós (o Ego, o Espírito Virginal da Onda de Vida Humana manifestado aqui) e nosso veículos, tem traçado os seus efeitos com não menos precisão que a Ciência acadêmica tem feito com as reações do mar e do solo, da planta e do animal, com os raios do Sol e da Lua. Com esse conhecimento podemos determinar o padrão astrológico em nós e conhecermos a potência ou a debilidade relativa às diferentes forças atuantes em nossa vida.

De acordo com o que tenhamos alcançado do dito conhecimento, podemos começar a formação sistemática e científica do caráter — e o caráter é o destino. Nós observamos os períodos e estações que são, cosmicamente, vantajosos para o desenvolvimento de qualidades ainda não desenvolvidas, corrigindo traços defeituosos e eliminando inclinações destrutivas.

A Ciência Divina da Astrologia Rosacruz revela as causas ocultas que trabalham em nossas vidas. Assessora os pais ou responsáveis com respeito à vocação, a educação dos seus filhos, e ao profissional de saúde, no diagnóstico das doenças e enfermidades. Afinal, seja em quaisquer assuntos que estamos tratando, se maltratado, corre o risco de ativar uma doença ou enfermidade que já trazemos latente e que está clara no nosso horóscopo. Se bem tratado o assunto, a doença não será ativada e teremos êxito no assunto, que nada mais é do que lições que temos que aprender nessa Escola da Vida. Dessa maneira prestando ajuda a todos e em qualquer situação que se encontre.

Nenhum outro tema, dentro da margem de conhecimento humano, parece conter, até esta data, as possibilidades estendidas aos Astrólogos Rosacruzes para ajudar aos demais a sua própria dignidade como deveres em formação.

(Publicado na Revista O Encontro Rosacruz – Fraternidade Rosacruz de Santo André – SP – abril/1982)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Signos – Segmentados pelo Poder das Suas Vibrações (Tabela das Potências)

A delineação dos efeitos e das influências dos Astros nas várias Casas e Signos, também pelos Aspectos e pelas posições, tais como Paralelo, Conjunção, Sextil, Quadratura, Trígono e Oposição, está sujeita a amplas modificações, conforme outras configurações do horóscopo e, caso os Astros estejam Essencialmente Dignificados – ou no seu Regente – ou em Detrimentos, Exaltados ou em Queda.

A seguinte Tabela das Potências de cada Astro abaixo mostrará, em um relance, os Signos nos quais os vários Astros são fortes ou fracos, e quando o Estudante sabe em que Signo um Astro é Regente ou está Exaltado, é necessário apenas lembrar que ele está em Detrimento ou em Queda, respectivamente, no Signo oposto.

Assim, o Sol é Regente de Leão e está Exaltado em Áries; consequentemente é muito poderoso naqueles Signos e, como os Signos opostos são Aquário e Libra, é imediatamente evidente que quando o Sol está nestes Signos, ele é comparativamente fraco.

Consultando a Tabela das Potências de cada Astro, vemos que Marte é Regente de Áries e está Exaltado em Capricórnio. Suponhamos que em um horóscopo Marte está em Áries ou Capricórnio e em Quadratura com o Sol. Então, a adversidade será muito maior do que se Marte estivesse em Libra ou Câncer, os Signos do seu Detrimento e da sua Queda. Analogamente, se o Sol estivesse em Áries, seu Signo de Exaltação e em Trígono com Júpiter no Signo que é Regente, Sagitário, então ambos os Astros estariam muito fortes e seus efeitos seriam muito mais acentuados do que se estivessem nos Signos de sua Queda e de seu Detrimento.

Memorizando essa tabela o Estudante será capaz de formar um juízo muito mais acurado do efeito dos Astros em qualquer horóscopo, do que se isso não fosse levado em consideração.


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