Arquivo de tag Dourado Traje de Bodas

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Procurando a verdade: o risco de usar métodos errados e como esse conceito muda durante a nossa vida

Procurando a verdade: o risco de usar métodos errados e como esse conceito muda durante a nossa vida

Há 2.000 anos Pilatos indagou: “O que é a verdade?”.

As distintas formas de fé religio­sa existentes são tentativas huma­nas de materializar seus concei­tos internos sobre a verdade. A religião avança à medida que a visão hu­mana se expande. O espírito inter­no clama por uma revelação mais completa. Uma nova Revelação surge em resposta a esse clamor e um conceito mais elevado de Deus começa a desabrochar na Mente do ser humano. Até hoje a religião não logrou alcançar uma oitava su­perior, mas nossas ideias relativas a ela são mais profundas. Cristo afirmou: “A verdade vos libertará”. A verdade é eterna e nossa busca por ela deve ser perdurável também. O Ocultismo não conhece “a fé de uma vez para sempre e relativa a to­das as coisas”. Todas as Escolas de Ocultismo baseiam-se nas mes­mas verdades fundamentais, passí­veis de serem apreciadas sob dife­rentes ângulos, dando a cada um uma vi­são diferente. Assim, elas se com­pletam.

Portanto, com o que atingimos por ora não é possível alcançar a verdade essencial. Em resposta à pergunta de Pila­tos, devemos primeiro notar que a verdade seja um princípio subjetivo. Não pode ser encontra­da no objetivo, se bem que esse conte­nha manifestações dela.

O erro consiste em pretender­mos descobri-la totalmente nas coisas externas ou em alguma par­te fora de nós mesmos. Nossa ideia sobre o que é verdade modifica-se à medida que progredimos, porque, à proporção que ascen­demos, novas fases dela nos são apresentadas, etapas que não foram percebidas anteriormente.

Onde, pois, encontraremos a ver­dade? Não podemos encontrá-la neste mundo fenomenal, pontilha­do de ilusões, no qual temos de proceder a constantes correções e mudanças, consciente ou incons­cientemente. Sabemos que nossa visão nos engana, quando faz as coisas parecerem unidas no final de uma rua, por exemplo.

Com referência à indagação so­bre onde encontraremos a verdade, a resposta só pode ser uma: dentro de nós mesmos.

É um assunto relativo ao próprio desenvolvimento interno, excluin­do-se de qualquer outra fonte. A promessa de Cristo, “se vivermos a vida, conheceremos a doutrina”, é verdadeira no senti­do mais literal. Os livros e os mes­tres podem despertar nosso inte­resse e nos incentivar a viver a vi­da. Contudo, só na medida em que julgarmos cuidadosamente suas ideias, antes dos preceitos constituírem parte de nossa vida interna, caminharemos na direção correta.

Conforme Max Heindel nos rela­tou, os Irmãos Maiores não lhe en­sinaram tudo diretamente desde o primeiro curto período em que lhe proporcionaram o material para es­crever O Conceito Rosacruz do Cosmos. A cada pergunta formu­lada, o Mestre indicava-lhe a dire­ção em que poderia encontrar a informação necessária. Pelo uso de nossas próprias faculdades conseguiremos sempre os melhores dados ou informações.

A aspiração é o primeiro passo a ser dado para sairmos da escravidão para a liberdade, porquanto à medida que um ser humano deseje ascender, será libertado.

Somente por nossa aspiração à virtude dominamos os vícios. A fi­delidade aos mandatos espirituais nos livra da sensualidade. A indi­ferença, entretanto, fará estiolar a mais bela flor do espírito.

Todo desenvolvimento oculto começa no Corpo Vital com o cultivo de faculdades objetivas e comuns tais como a observação, o discernimento, a razão, a justiça, o senso comum e o cultivo do inte­lecto. Todas essas qualidades, quando combinadas com oração e devoção, conduzem a estágios mais avançados, na jornada evolu­tiva. Essa preparação interna do Estudante deve ser realizada sem considerar as circuns­tâncias externas.

Os dois Éteres inferiores do Cor­po Vital, o Químico e o de Vida, decrescem em quantidade e densi­dade à proporção que os dois su­periores formam o Corpo Denso. Então um poder maior flui através nosso ser. Isso, às vezes, causa dis­túrbios no corpo denso, pois os Éteres inferiores mantêm a saúde física. Essa condição, não obstan­te, é transitória e tende a desapa­recer. Observe-se, portanto, como é de máxima importância para os Estudantes de Ocultismo persistir em suas aspirações.

Se alguém tentar adquirir pode­res ocultos sem ideais elevados ou objetivos altruístas, o resultado fí­sico será deplorável. Um grande número de males físicos entre os Estudantes de Ocultismo deve-se a esse fato.

Todo pensamento egoísta ou de ódio imprime-se no sangue e nos pulmões, retardando o processo regenerativo. Por outro lado, os pensamentos de amor, jus­tiça e harmonia constroem o Cor­po Vital e aumentam a vitalidade do Corpo Físico. A regeneração, na maior parte dos indivíduos, ocorre em um grau vibratório muito baixo, porque, por via de regra, o homem comum injeta continuamente os mesmos pensamentos negativos em sua corrente sanguínea. Daí estar sempre acompanhado de do­res e enfermidades.

No Estudante de Ocultismo, esse processo regenerativo se efetua muito mais rapidamente. E em mui­tos casos, a corrente sanguínea po­de ser praticamente regenerada em curto tempo. Alguns dos velhos pensamentos, não obstante, estão sujeitos a reintroduzirem-se na corrente. Por isso, o processo segue repetindo-se até que esteja­mos completamente purificados de toda escória.

Temos de trocar a roupagem de nossos corpos impuros pela bri­lhante veste que estamos tecendo dia-a-dia. Esse é o processo alquímico do qual resulta a saúde perfeita. Quando formos “ouro pu­ro”, quando a corrente sanguínea carregar só o puro, como os pen­samentos de Cristo, então aparen­temente operaremos milagres. Com a energia restante curaremos os demais, dissiparemos a desarmo­nia, a tristeza e o sofrimento, irradiaremos amor, paz e bons pensa­mentos. Então, transcenderemos os la­ços familiares e raciais sem deixar de cumprir todos os nossos deveres, porque nos teremos puri­ficado desses sanguíneos. Nós nos sentiremos, então, universais.

O coração, grande distribuidor de sangue, não alimentará prefe­rências, mas amará a tudo e to­dos sem considerar religião, cor ou casta.

Cristo disse: “Deveis nascer de novo”. Esse renascimento esten­de-se ao físico, conforme o axioma hermético “como é em ci­ma, assim é embaixo”.

Depende apenas de cada um de nós a formação do veículo que nos capacitará a perceber a verda­de nos Planos internos. Harmoni­zando nossas vidas com os princí­pios divinos, de acordo com a ver­dadeira religião, estaremos cons­truindo o Corpo-Alma, o Dourado Traje de Bodas.

Uma vida de amor e serviço aos demais constrói o Corpo-Alma. Esta vivência não só atrai e elabora os dois Éteres superiores, o Refle­tor e o Luminoso, como a seu tempo produzirá uma separação que os diferenciará dos dois Éteres inferiores. Depois de completada essa separa­ção, o Corpo-Alma encontra-se pronto para os voos da Alma. Isso constitui a cor azul-dourada do amor, que distingue o santo do ser humano comum.

Estamos recebendo ajuda para cons­truir este Corpo-Alma, ajuda do Cristo, o Espírito Interno da Terra, por meio de suas emanações etéricas que, brotando do centro do globo, atra­vessam nossos Corpos Vitais. Mes­mo depois de separados os Éteres superiores e inferiores, o Corpo-Alma prossegue crescendo, con­tanto que seja alimentado. Tal qual outro corpo, necessita de alimen­tação para crescer e permanecer em condições saudáveis. Porém se deixamos de alimentar o Cristo Interno, experimentaremos uma grande fome espiritual, muito mais intensa e dolorosa que a fome fí­sica. Conforme se ampliam nossos conceitos sobre a verdade, o Corpo Vi­tal demanda uma classe de alimen­to mais elevado, em forma de boa literatura, arte, música e uma vida de compaixão e serviço ao próxi­mo. Um conceito puramente inte­lectual da verdade não é suficiente, devendo-se consistir em um sentimento interno e espiritual. A razão e o discernimento são faculdades intelectuais; no entanto, o intelecto mais desenvolvido falharia sem assimilação espiri­tual: o coração e a Mente têm que cooperar entre si. Nem todos te­mos a mesma acuidade mental, donde a verdade concebida pela Mente não pode ser idêntica para todos. Contudo, o espírito é uno e quem é espiritualmente cons­ciente conhecerá a verdade. Evi­dentemente, existe uma grande di­ferença entre o conhecimento da verdade e a posse de um mero co­nhecimento mental dela.

O caminho da preparação pes­soal é o preço que pagamos pela verdade. A obtenção consciente dela é o resultado de viver a vida estri­tamente moral, consoante às normas espirituais. Não há outro meio.

Emerson disse: “O homem deve aprender a descobrir e observar esse facho de luz que resplandece através de sua Mente, oriundo de um lugar muito mais iluminador que o firmamento dos poetas e sá­bios”.

O dilema naturalmente surge na Mente do Estudante: quantos co­nhecem a verdade, quando a en­contram?

Em Cartas aos Estudantes, Max Heindel nos dá a resposta quando trata do exercício de Retrospecção. Segundo o Mestre, se for possível que esse exercício seja pra­ticado sinceramente pelas pessoas mais depravadas, durante seis me­ses e ininterruptamente, elas serão regeneradas. Os mais zelosos tes­temunham os benefícios dessa prá­tica, particularmente em relação às faculdades mentais e à memória.

Ademais, por esse juízo impar­cial de si mesmo, noite após noite, o Estudante aprende a distinguir o verdadeiro do falso em um grau im­possível de se obter por outros meios. Dentro de nós encontra-se o único tribunal da verdade. Se nos habituarmos a colocar nossos problemas diante desse tribunal, per­sistentemente, com o tempo desen­volveremos um sentido superior da verdade, facultando-nos a perceber se uma ideia avançada é falsa ou verdadeira. A menos que estabele­çamos esse tribunal interno da ver­dade, vagaremos de um lugar a outro falando mentalmente durante toda nossa vida, conhecendo um pouco mais no final do que no princípio ou, talvez, menos. Portanto, o Estudante nunca deve rejeitar ou aceitar, nem seguir às cegas qualquer pes­soa, mas procurar estabelecer o tribunal dentro de si mesmo.

Temos outro método pelo qual podemos diferenciar a verdade da imitação. Há pessoas, exímias fa­bricantes de imitações de artigos legítimos, tentando enganar compradores incautos. Esses, a menos que disponham dos meios para conhe­cer o artigo genuíno, correm o ris­co de serem ludibriados. Nesse as­pecto o buscador da verdade corre o mesmo risco. O colecionador amiúde guarda seu tesouro em um lugar especial, deleitando-se com ele a sós. Frequentemente, anos mais tarde ou após sua morte, descobre-se que algumas das peças guar­dadas e muito apreciadas eram grosseiras imitações sem valor algum; assim também, aquele que encontra algo que entende por verdade pode enterrá-lo em seu próprio peito, percebendo depois de muitos anos que houvesse sido en­ganado por uma imitação. Por isso, torna-se necessária uma prova fi­nal para eliminar toda possibilida­de de decepção. A questão é: como descobri-la e aplicá-la? A resposta é tão simples como efi­ciente: pelo método.

Os colecionadores descobrem que uma peça seja pura imitação por­que a exibem para quem conhece a original. Se expõem seus acervos ao público, ao invés de mantê-los em segredo, prontamente saberão se têm peças falsas ou legíti­mas. Assim como a preocupação em ocultar os objetos colecionados favorece e estimula a fraude por parte dos comerciantes de rarida­des, inescrupulosos, da mesma for­ma o desejo de guardar para si os conhecimentos pode facilitar o trabalho dos traficantes das imita­ções ocultas do saber. Como po­deríamos comprovar o valor de uma ferramenta, senão pelo uso? Nós a compraríamos, se o vendedor exigisse que a mantivés­semos guardada, em vez de utilizá-la? Seguramente que não!

Insistiríamos em empregá-la em nosso trabalho para constatar se serviria ao fim que lhe destina­mos. Uma vez comprovada sua utilidade, nós nos sentiríamos satisfei­tos em tê-la adquirido.

Considerando esse princípio, por que comprar certos artigos, se os comerciantes fazem questão de ocultá-los? Se fossem legítimos, não haveria necessidade de man­tê-los em segredo. E, a menos que possamos utilizá-los em nossas vi­das diárias, não terão valor algum.

Todo aquele que encontra a ver­dade deve empregá-la no trabalho do mundo para assegurar que sua legitimidade resista à prova e dar aos outros a oportunidade de compartilhar o tesouro encontrado.

Portanto, é mister observarmos a exortação do Cristo: “DEIXAI QUE BRILHE VOSSA LUZ”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como podemos caminhar na Luz? Significa isto que temos comunhão com o Cristo, ou uma pessoa com outra, ou a temos com o Cristo e simultaneamente com outras pessoas? Significará que todas as pessoas, caminhando na Luz, receberão iluminação?

Pergunta: Estou intrigado sobre o significado do verso da escritura utilizado em relação ao Emblema Rosacruz: “Se andarmos na Luz como Ele na Luz está, teremos comunhão uns com os outros”. Como podemos caminhar na Luz? Significa isto que temos comunhão com o Cristo, ou uma pessoa com outra, ou a temos com o Cristo e simultaneamente com outras pessoas? Significará que todas as pessoas, caminhando na Luz, receberão iluminação?

Resposta: A “Luz” em questão é a do Corpo-Alma, aquela vestimenta luminosa que tecemos pelo amor e sacrifício desinteressado ao próximo. Compõe-se dos dois Éteres superiores (de Luz e Refletor) do Corpo Vital e é o veículo particular do Cristo em nós. O Princípio Crístico é o Princípio de Unidade, estando relacionado ao Mundo do Espírito de Vida, o primeiro dos mundos universais e, portanto, quando construímos o Corpo-Alma e caminhamos em sua luz (é de fato luminoso) estamos andando num mar de UNIDADE, por assim dizer. Assim “temos comunhão” ou sentimos uma união com todas as criaturas de Deus.

Relativamente ao Corpo-Alma, é-nos ensinado nos Ensinamentos Rosacruzes, que: “A parte do Corpo Vital formada pelos dois Éteres superiores, é o que podemos chamar de Corpo-Alma, isto é, é mais diretamente ligado com o Corpo de Desejos e a Mente e também mais maleável para o contato com o Espírito, que os dois Éteres inferiores. É o veículo do intelecto, e responsável por tudo o que faz do ser humano um indivíduo. Nossas observações, aspirações, carácter, etc. são devidos ao trabalho do Espírito nestes dois Éteres superiores, os quais se tornam mais ou menos luminosos conforme a natureza de nosso carácter e hábitos. Também, conforme o Corpo Denso assimila partículas de alimento ganhando assim carne, os dois Éteres superiores assimilam nossas boas ações, crescendo de volume. De acordo com nossas ações aumentamos ou diminuímos, nesta vida, aquilo que trouxemos conosco ao nascer”.

“Conforme novas formas vão sendo propagadas através do segundo Éter (de Vida), o Ser Superior, o Cristo Interno, forma-se através deste mesmo veículo de geração, o Corpo Vital, em seus aspectos superiores incorporados aos dois Éteres superiores.

“Mas à semelhança de um bebê que requer nutrição, também o Cristo ao nascer é um bebê precisando de alimento para se tornar um pleno adulto. E assim como o corpo físico cresce por contínua assimilação de material da região química (sólidos, líquidos e gazes), semelhantemente, conforme o Cristo cresce, crescerão os dois Éteres Superiores, formando uma nuvem luminosa em volta do ser humano que seja suficientemente merecedor de apontar para o céu seu rosto; revestirá o peregrino com luz tão brilhante que ele “andará na luz”, literalmente”.

“São Paulo enfatiza que nós temos — um “soma psuchicon” (traduzido erradamente como corpo natural), um “Corpo-Alma”, feito de éter, que é mais leve que o ar e, portanto, capaz de levitar. Este é o Dourado Traje de Bodas, a Pedra Filosofal, ou a Pedra Viva, mencionada em algumas antigas filosofias como a Alma Diamantina, pois é luminosa, brilhante e faiscante — uma gema sem preço …. Este veículo eventualmente evoluirá na humanidade em seu todo, mas durante a mudança da Época Ária para as condições etéricas da Época Nova Galileia, haverá pioneiros como os Semitas originais fizeram na mudança da Época Atlante para Época Ária”.

“O Corpo-Alma ou ‘Traje de Bodas’ está latente em todos nós. Fica mais resplandecente pela alquimia espiritual, pela qual o serviço é transmutado em crescimento de alma. É a casa ‘feita sem mãos’, eterna nos céus, com a qual São Paulo aspirava cercar-se”.

O “Corpo-Alma” não deve ser confundido absolutamente com a alma que o interpenetra. O Auxiliar Invisível que o utiliza em voos anímicos sabe ser tão real e tangível como o corpo de carne e sangue. Mas dentro deste traje dourado de bodas há um “algo intangível” reconhecido pelo espírito de introspecção. E indescritível; foge aos mais persistentes esforços da imaginação, contudo, lá está tão certamente quanto está o veículo que ele preenche — sim, e ainda mais. Não é vida, amor, beleza, sabedoria, nem outro conceito humano que possa dar a ideia do que seja, pois é a soma de todas as faculdades, atributos e conceitos do bem imensamente intensificados. Se tudo o mais fosse-nos tirado, esta realidade suprema ainda permaneceria, e estaríamos ricos por sua posse, pois através dela sentimos o poder arrebatador de nosso Pai no Céu, o incentivo interior que todo aspirante conhece tão bem”.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – jan/fev/88)

Idiomas