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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Nosso Planeta não consegue aproveitar todos os raios dos outros Astros…assim como cada um de nós

Verdadeiramente, Deus é UNO e indivisível. Ele inclui dentro de Seu ser tudo o que existe, assim como a luz branca encerra, dentro de si mesma, todas as cores. Mas, Ele parece tríplice em Sua manifestação, assim como a luz branca se refrata nas três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Onde quer que vejamos essas cores, elas simbolizam o Pai, o Filho e o Espírito Santo, respectivamente. Esses três raios primários da Vida Divina derramam-se ou são irradiados pelo Sol, produzindo Vida, Consciência e Forma sobre cada um dos Sete portadores de Luz, os Planetas, chamados “os Sete Espíritos diante do Trono”. Seus nomes são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano. A Lei de Bode demonstra que Netuno e Plutão não pertencem ao nosso Sistema Solar. Apontamos ao leitor a obra “Astrologia Científica Simplificada”, escrita por Max Heindel, para a demonstração matemática dessa afirmação.

Cada um dos sete Planetas recebe a luz do Sol, em proporção diferente, de acordo com sua proximidade do globo central e a constituição da sua atmosfera; e os seres que habitam cada um deles, de acordo com seu estado evolutivo, têm afinidade com certos raios solares. Absorvem a cor, ou as cores, que lhe são correspondentes, e refletem o restante sobre os outros Planetas. Esses raios refletidos levam consigo um impulso da natureza dos seres com os quais estiveram em contato.

Assim, a Luz e a Vida divinas chegam a todos os Planetas, quer diretamente do Sol, quer refletidos pelos outros seis, semelhantemente à brisa do verão que tendo passado pelos campos em flor, leva em suas silenciosas e invisíveis asas a fragrância mesclada de uma variedade de flores. Assim também as influências sutis do Jardim de Deus nos trazem os impulsos reunidos de todos os espíritos, e nessa luz multicor “nós vivemos, nos movemos e temos a nossa existência[1].

Os raios irradiados diretamente do Sol produzem a iluminação espiritual. Os raios refletidos dos outros Planetas servem para aumentar a consciência, produzindo desenvolvimento moral. E os refletidos pela Lua produzem o crescimento físico.

Como cada Planeta só pode absorver uma quantidade determinada de uma ou mais cores, de acordo com o estado geral de evolução ali prevalecente, assim também cada ser vivo sobre a Terra, mineral, vegetal, animal ou humano, pode absorver e assimilar somente uma determinada quantidade dos diversos raios projetados sobre o Planeta. O resto não o afeta nem lhe produz nenhuma sensação, do mesmo modo como o cego não é consciente da luz e da cor existentes por toda parte ao seu redor. Por isso, cada ser é afetado distintamente pelos raios astrais, e a Ciência da Astrologia é uma verdade fundamental da natureza, ensejando enorme benefício para o crescimento espiritual.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz em novembro/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R. At 17:28

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A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 8: A Astrologia no Século XVIII

Podemos dizer, em tom de brincadeira, que no século XVIII, o Iluminismo, “as estrelas já não brilham”.

Esse é o título de um parágrafo do interessante livro: “Astrology: Proof by two” dedicado às estatísticas sobre gêmeos escrito, em 1992, por Suzel Fuzeau-Braesh, pesquisadora em biologia do CNRS.

A partir de 1710, não há mais edições de efemérides astrológicas. Para construir um gráfico, você terá que usar diretórios astronômicos.

No entanto, esse último dá as posições dos Planetas em um sistema de rastreamento vinculado ao equador celeste (ascensão reta e declinação) e não em relação à eclíptica (longitude e latitude celeste) como é necessário na Astrologia. A conversão de um sistema para outro requer conhecimento de trigonometria esférica. E, justamente, a maioria das pessoas que tem esse conhecimento não acredita mais na Astrologia.

Restará então uma vaga astrologia de almanaques que contribui para desacreditar ainda mais a Astrologia.

Diderot (1713-1784) escreve em sua Encyclopédie: “Hoje o nome de astrólogo tornou-se tão ridículo que as pessoas comuns dificilmente acrescentam qualquer fé às previsões dos almanaques”.

Henri de Boulainvilliers (1656-1722), historiador e filósofo, pratica a Astrologia e tenta defendê-la. Infelizmente permite-se prever que Voltaire (1694-1778) morreria aos 33 anos, o que lhe permitiu escrever, em 1757, com o seu humor habitual: “Tive a malícia de o enganar já há trinta anos, pelo que humildemente implore perdão”.

Citemos os nomes de Cagliostro (1743-1795) e do misterioso Conde de Saint-Germain, considerados aventureiros pelos historiadores, mas que eram Iniciados e conheciam Astrologia.

Max Heindel nos diz em sua resposta à pergunta nº 69 (em “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume 2”): “Quando um Adepto cria um corpo é sempre com o objetivo de deixar o lugar onde ele está e iniciar uma nova missão em outro lugar. É por isso que a história nos fala de homens como Cagliostro, Saint-Germain e outros, que um dia aparecem em um determinado meio, fazem um trabalho importante e depois desaparecem”.

Na questão nº 76, ele diz ainda mais claramente: “Eles eram Adeptos…”.

O Iniciado não deve ser confundido com o Conde Claude Louis De Saint-Germain (1707-1778), que foi Ministro da Guerra de Luís XVI entre 1774 e 1777.

Diz-se que o Iniciado “surpreendeu a corte de Luís XV com sua prodigiosa memória”; assim foi antes de 1774, ano da morte de Luís XV.

Max Heindel escreve, no capítulo XVII do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”: “Também podemos citar como exemplo histórico moderno o fato de que o Conde de Saint-Germain (que foi uma das recentes encarnações de Christian Rosenkreuz, fundador de nossa Sagrada Ordem) falou todas as línguas, de modo que todos com quem falava pensavam que ele era um de seus compatriotas. Ele também alcançou a união com o Espírito Santo”.

No final da sua resposta à pergunta n°69, Max Heindel acrescenta, a propósito de Christian Rosenkreuz: “Diz-se que ele assumiu o corpo de uma dama da Corte de França antes da Revolução e que fez todo o possível para evitar essa catástrofe iminente, embora sem sucesso. Embora acreditemos que isso seja possível, só sabemos disso por boatos”.

Se for esse o caso, deve-se admitir que o conde de Saint-Germain, falecido em 1784, teria continuado sua missão na Corte em um veículo feminino apenas cinco anos antes da Revolução.

Na mesma resposta, Max Heindel diz que um Adepto sai do lugar onde se encontra quando constitui um novo corpo físico, o que pode parecer contraditório, porém, deve-se reconhecer que no caso do Conde de Saint-Germain, foi um caso de emergência, pelo que, excepcionalmente, foi feita uma segunda tentativa, por Christian Rosenkreuz, com o objetivo de evitar esse banho de sangue…

LEI DE BODE

Não se pode deixar o século XVIII sem abordar a lei de Bode, mencionada, por Max Heindel, no primeiro capítulo do livro “Astrologia Científica Simplificada” e no final do segundo capítulo do livro “Mensagem das Estrelas”.

Esse é um capítulo bastante longo porque teremos que considerar as descobertas de diferentes corpos celestes entre o século XVIII e o início do século XXI.

Em 1741, o filósofo alemão Christian Wolff (1679-1754) descobriu que as distâncias dos Planetas ao Sol seguem aproximadamente uma lei geométrica. Mas, essa aproximação é bastante grosseira.

Trinta e um anos depois, outro astrônomo alemão, Johann Daniel Tietz (1729-1796), que latinizou seu nome como era comum na época chamando-se Titius, melhorou essa lei da seguinte maneira: se multiplicarmos por 10, a unidade astronômica (distância média entre a Terra e o Sol), obtemos uma boa aproximação das distâncias médias dos Planetas ao Sol tomando para Mercúrio o número 4, para Vênus o número 7 = 4+3, para a Terra o número 10 = 4+6, para Marte: 16 = 4+12, para Júpiter: 52 = 4+48, para Saturno: 100 = 4+96.

Para quem não é alérgico à matemática, essa lei pode ser expressa da seguinte forma: 10di / d3 = 4+3(2^(i-2))

onde d3 designa a distância média Terra-Sol e di designa a distância média do i-ésimo Planeta do sistema solar ao Sol, sendo: 1 Mercúrio, 2 Vênus, 3 Terra, 4 Marte, 6 Júpiter, 7 Saturno.

Recorde-se que só conhecíamos seis Planetas na altura e assinalamos que era necessário ir diretamente de 12 para Marte para 48 para Júpiter, em vez de 24.

Poderia haver um Planeta invisível entre Marte e Júpiter? Os astrônomos logo descobririam.

Em 1778, o diretor do observatório de Berlim, Jean Elert Bode (1747-1826) mencionou essa lei em uma de suas publicações. Acontece que três anos depois, Sir William Herschel (1738-1822) descobriu o Planeta Urano “por acaso”.

Ele estava engajado na Guarda Real Britânica como oboísta e só começou a estudar astronomia aos 28 anos.

Não tendo como comprar um telescópio, ele construiu um, muito mais eficiente, com as próprias mãos (a ampliação era de 200).

Em 13 de março de 1781, por volta das 23 horas, ele apontou seu telescópio na direção “certa” e inicialmente pensou que era um cometa embora não tivesse “aparência peluda” (ele anunciou como um “cometa careca” …).

Vários estudiosos (Brochart de Saron, Laplace, Lexell, …) provaram que era um Planeta. Bode notou que a distância média de Urano ao Sol correspondia bem à mesma lei e é por isso que essa lei tomou o nome de lei de Bode, apesar dos protestos desse último, a quem a lei foi indevidamente atribuída. Posteriormente, esse erro de nomenclatura foi parcialmente corrigido, pois foi acrescentado o nome Titius.

É usando a lei de Titius-Bode que se comprometeu a preencher a lacuna observada entre Marte e Júpiter. Já em 1786, o astrônomo francês Jérôme Lalande (1732-1807), empreendeu essa pesquisa, mas sem sucesso.

Você tem que cruzar o limiar do século 19 e ir para a Itália.

Essa lacuna entre Marte e Júpiter destacada pela lei de Titius-Bode foi preenchida em 1º de janeiro de 1801, no observatório de Palermo, na Sicília, por um astrônomo e monge beneditino chamado Giuseppe Piazzi (1746-1826).

Ele descobriu o maior dos asteroides, Ceres, cuja distância média do Sol corresponde à quinta posição na lei de Bode.

Em 1802, Pallas foi descoberto. Isso intrigou os astrônomos porque era surpreendente que dois Planetas orbitassem tão próximos um do outro.

O espanto aumentou ainda mais quando Juno foi descoberto em 1804 e depois Vesta em 1807. Não se tratava, portanto, de um único Planeta, mas de um conjunto de corpos, que chamamos de “asteroides”, localizados em torno da famosa “distância de Bode”.

Será necessário esperar até 1845 para descobrir um quinto asteroide chamado Astrée.

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 7: A Astrologia nos Século XVI e XVII

Chegamos ao século XVI, o chamado século “renascentista”, porque aí redescobrimos as antigas fontes. Os estudiosos dessa época são, em geral, favoráveis ​​à Astrologia.

Em 1520, uma cadeira de Astrologia foi fundada na universidade papal. O médico suíço Bombastus Von Hohenheim, mais conhecido como Paracelso (1493-1541), fundou a medicina hermética e utilizou o simbolismo astrológico na prática de sua arte. Ele escreve: “Aquilo que cura indica a natureza e a causa do mal, e como cada Astro é representado por um metal: Marte pelo ferro, Vênus pelo cobre, Saturno pelo chumbo, seguir-se-á que a ação terapêutica de cada metal indicará a influência mórbida da estrela correspondente”.

Catarina de Médicis (1519-1589), muito afeiçoada à Astrologia, trouxe para a corte muitos videntes e astrólogos e, em particular, o famoso Nostradamus (1503-1566). As profecias contidas em seus Centuries ainda fazem correr muita tinta…

Mas, a próspera era da Astrologia está terminando com a descoberta do heliocentrismo pelo astrônomo polonês Copérnico (1473-1543). Alguns meses antes de sua morte, ele publicou “revolutionibus orbium coelestium”, que teria uma grande influência no pensamento humano.

Pela primeira vez em 17 séculos, reafirma-se que a Terra e todos os outros Planetas giram em torno do Sol, girando a Terra, aliás, sobre si mesma em 24 horas. Deve-se saber que nenhum fato novo esteve na origem dessa teoria. Copérnico conhecia os escritos de Heráclides (388-315 a.C.) e Aristarco (310-230 a.C.), a quem saudou como seus precursores e é essencialmente por razões metafísicas que adotou esse ponto de vista.

De fato, ele considerava normal colocar a estrela mais brilhante no centro do mundo, aquela que fornece luz e calor à Terra. No entanto, os resultados das observações à sua disposição não lhe permitiram descobrir as leis exatas do movimento dos Planetas. Isso seria descoberto no século seguinte por Kepler, graças às observações astronômicas de um dinamarquês, apaixonado por Astrologia, Tycho-Brahe (1546-1601).

Tycho-Brahe estava inicialmente destinado à carreira jurídica, mas sua paixão pela Astrologia o levou a querer saber as posições dos Planetas com mais precisão do que se fazia na época. Com o apoio do rei Frederico da Dinamarca, ele mandou construir o primeiro observatório digno desse nome perto de Copenhague, que batizou de “Uranienborg” (nome profético quando Urano só seria descoberto quase dois séculos depois).

Com a ajuda dos instrumentos que construiu, conseguiu determinar com precisão a declinação e as coordenadas equatoriais dos Planetas. Tycho-Brahe nunca aceitou a teoria heliocêntrica. Talvez ele tenha percebido que essa teoria se tornaria uma arma contra a Astrologia?

Mas, vamos às descobertas do astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630). Kepler havia sido aluno de Tycho-Brahe e tinha os resultados de suas observações; mas, ao contrário de Tycho-Brahe, ele era partidário do sistema de Copérnico.

É, portanto, graças aos resultados de Tycho-Brahe que Kepler conseguiu destacar as leis do movimento dos Planetas: movimento elíptico dos Planetas ao redor do Sol, velocidades de revolução não uniformes (= lei das áreas).

No entanto, ele ainda era, ao contrário do que afirmam os detratores da Astrologia, um grande Astrólogo (embora tenha lutado contra a Astrologia de “baixo nível”).

Ele escreve: “Vinte anos de estudo prático convenceram meu espírito rebelde da realidade da Astrologia”.

Ele entende que o heliocentrismo não lhe diz respeito: “Basta ao astrólogo ver como os raios vêm do leste, do sul ou do oeste, basta que saibamos se dois Planetas estão em Conjunção ou em Oposição. O astrólogo pergunta como isso é feito? Na verdade, ele não faz isso, assim como o camponês não pergunta como se forma o verão ou o inverno e, no entanto, ele é regulado pelas estações”.

Ele também escreve: “Há um argumento bastante claro e além de qualquer exceção, em favor da autenticidade da Astrologia, é a comunidade de temas entre pais e filhos” (hereditariedade astrológica).

Com Kepler já cruzamos o limiar do século XVII. Ao mesmo tempo, Galileu (1564-1642) também aderiu ao sistema copernicano.

Ele foi o primeiro a usar, para observar as estrelas, o telescópio de “aproximação” (ampliação x50) que já existia há alguns anos. Ele descobriu milhares de estrelas que não eram visíveis a olho nu, os quatro maiores satélites de Júpiter, manchas solares e principalmente as fases de Vênus análogas às da Lua, que vieram a sustentar a teoria heliocêntrica.

Parece que Galileu, sem ter ele próprio praticado Astrologia, se interessou por ela. Ele teria dito a seu aluno, Paolo Dini, que a teoria de Copérnico não poderia abalar os fundamentos da Astrologia.

Em 1616, a Igreja advertiu-o de que esse sistema era “contrário às Sagradas Escrituras e, portanto, não pode ser mantido ou tido como verdadeiro” (Cardeal Bellarmi). Como ele manteve suas opiniões, teve que comparecer, em 1632, perante um tribunal de inquisição e teve que se retratar solenemente. O que ele faz, após 16 anos de resistência, para evitar a estaca; mas, depois, pronunciará esta famosa frase: “E ainda assim ela gira”.

Vale lembrar que o ex-monge Giordano Bruno havia sido queimado em 1600 por ter dito que as estrelas eram corpos semelhantes ao Sol e que havia outros mundos habitados.

Na primeira metade do século XVII, a Astrologia continuou a progredir, apesar da revolução copernicana. Placidus (de Titis ou Tito) (1603-1668), matemático e físico, professor da Universidade de Pavia, desenvolveu outro sistema de Casas.

Esse sistema é ainda mais complicado que os anteriores, pois não utiliza um único plano de referência, mas sucessivos paralelos de declinação. A ideia do método consiste em dividir por três o tempo que o ponto localizado no Ascendente leva para chegar ao MC. O primeiro terço desse tempo, reportado à eclíptica, dá a ponta da Casa 12, o segundo terço dá a ponta da Casa 11 e procedemos da mesma forma entre o MC e o DS (Descendente).

Quanto mais longe do equador você fica, mais ângulos desiguais você obtém; mas, isso também é verdade para os outros sistemas mencionados acima. Existem, ainda, em qualquer altura, duas localizações geográficas variáveis, uma no Círculo Polar Ártico, outra no Círculo Antártico onde não é possível definir um Ascendente: são os dois polos da eclíptica (não confundir com os polos norte e sul fixos que são os do equador).

As diferenças entre Casas de diferentes sistemas podem ser bastante significativas. Assim, um Astro pode estar na Casa 12 em um sistema e na Casa 1 ou mesmo 2 em outro. É o método de Placidus que ainda é o mais amplamente utilizado hoje. Max Heindel o adotou nas tabelas que editou.

Tendo uma base científica sólida, ele poderia ter desenvolvido tabelas de outro sistema, se tivesse encontrado um mais em conformidade com a realidade astrológica. Deve-se saber, no entanto, que certos astrólogos usam outros sistemas, incluindo o da Antiguidade, em que o Ascendente está a 15° do ponto da Casa 1.

Mas, voltando ao século XVII. Outra figura muito importante na Astrologia desse século é Jean-Baptiste Morin de Villefranche (1583-1656), médico, astrólogo do Duque de Luxemburgo, então professor do College de France.

Ele é o fundador da Astrologia moderna e deixa uma obra abundante, a Astrologia gálica, composta por 26 volumes escritos em latim. Richelieu não desdenhou de consultá-lo; Mazarin concedeu-lhe uma pensão.

Foi ele o responsável por traçar o mapa astral do futuro Luís XIV (nascido em 5 de setembro de 1638, às 11h11).

Morin teve que se defender dos ataques de um de seus colegas do College de France, Gassendi, um matemático que, provavelmente não tendo estudado Astrologia, o repreendeu por não ter adotado o sistema de Copérnico.

Ainda hoje encontramos essa resposta ou explicação sem sutileza, sem originalidade, como uma ideia difundida, já conhecida de todos e que ninguém verificou, com a da Precessão dos Equinócios

Em 1666, Colbert, ministro de Luís XIV, criou a Academia de Ciências e, “em nome da Razão”, proibiu que a Astrologia fosse ali ensinada, ou mesmo praticada por seus membros sob pena de perda de cargo. A partir de agora, esse ensino também será banido das universidades.

Um declínio invencível não demora a tomar forma.

Antes de deixar o século XVII, é necessário dizer algumas palavras sobre Newton (1643-1727), porque ele é o fundador da astronomia mecanicista que contribuirá para relegar a Astrologia um pouco mais para o armário das superstições como, para alguns, Religião em si.

Seu pai já havia morrido antes de ele nascer e ele foi criado pela avó. Quando ele tinha 16 anos, sua mãe pediu que ele assumisse a fazenda; felizmente, ela entende que ele é mais “feito para estudos”. Aos 18 anos ingressou em Cambridge, onde o professor de matemática Isaac Barrow lhe abriu as portas do conhecimento. Aos 25 anos, ele já é um matemático e físico genial. Interessa-se pela óptica e pelo estudo dos prismas desenvolve a sua teoria da luz (à qual Goethe se oporá), e descobre as leis da mecânica que permitem explicar, em particular, os movimentos dos Planetas assinalados por Kepler, um século antes.

Reza a lenda que foi ao observar a queda de uma maçã que teve a intuição da lei universal da atração. Paul Valéry escreveu: “Você tinha que ser Newton para ver que a Lua está caindo, quando todos podem ver claramente que ela não está caindo”. De fato, um objeto lançado ao ar cai pela lei da gravidade; mas, a mesma lei se aplica a um satélite (natural ou artificial): está a uma distância tal que a Terra não está mais perto o suficiente para cair sobre ela e é assim que começa a girar.

Podemos ver isso como uma queda contínua, a Terra constantemente “caindo”. O próprio Newton não era um materialista. Ele escreve: “Este sistema mais que admirável do Sol, dos Planetas e dos cometas, só pode emanar do desígnio e da autoridade de um Ser inteligente e poderoso”.

Mas, a maioria dos cientistas, por mais de dois séculos, preferiu ignorar esse aspecto do pensamento de Newton e acreditar, com base em suas descobertas, que “tudo” pode ser explicado mecanicamente e que “tudo é puramente físico”.

No capítulo XIV do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, Max Heindel descreve a experiência da água e do óleo representando, respectivamente, o espaço e a nebulosa original e o cientista que não percebe que ele próprio desempenha o papel de Deus criador através da concepção da experiência e sua intervenção com o auxílio de um bastão, para colocar em ação o movimento formativo dos “planetas”.

Foi somente no século XX, com os paradoxos da relatividade de Einstein e da mecânica quântica, que os cientistas (pelo menos alguns) adotaram uma posição mais aberta, como veremos adiante.

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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Os Problemas dos Gêmeos

Costuma-se dizer que os problemas nunca vêm sozinhos. Isso é literalmente verdade para gêmeos que nasceram bastante próximos do Ascendente no mesmo Signo, pois cada gêmeo recebe uma parte de qualquer problema que surja. Tudo que acontece a um acontece, se não exatamente da mesma maneira, também ao outro, e isso se aplica, é claro, como muitas vezes foi mostrado pelo horóscopo, também a pessoas nascidas na mesma cidade e na mesma hora do mesmo dia. Vários casos históricos podem ser citados em apoio a essas afirmações.

O motivo dessas observações é um recorte de jornal que nos foi enviado, que não tem a menor referência à Astrologia, mas registra o fato como uma notícia. O editor considera uma “curiosa coincidência” que irmãos gêmeos na Escócia se alistaram na mesma Companhia no mesmo dia e forem enviados juntos para a França. Em um ataque, ambos foram baleados no tornozelo esquerdo ao mesmo tempo e as balas, em ambos os casos, foram alojadas no pé direito. Os homens foram levados juntos para a Inglaterra e estão em um hospital, em camas adjacentes.

Se o editor dessa revista investigasse a vida desses dois jovens, provavelmente encontraria várias outras “coincidências” em que experiências semelhantes recaíram sobre eles ao mesmo tempo, uma vez que as influências estelares agiram de maneira semelhante sobre ambos e eles também reagiram de maneira idêntica, trazendo, assim, resultados concordantes.

Mas, isso não é tudo que existe neste assunto de experiências semelhantes. A lei parece funcionar de outras maneiras em que há semelhanças no horóscopo. Por exemplo, o editor nasceu na Dinamarca em uma manhã de julho, quando Leão estava ascendendo… A Sra. Heindel nascera em Ohio seis meses antes, em janeiro, quando Leão também estava no Ascendente. Assim, nossos Ascendentes estão em Conjunção. O Sol e a Lua do editor estão no Ascendente, mas os da Sra. Heindel estão em Oposição a Aquário. Nosso Netuno, Urano, Saturno e Júpiter estão em Conjunção, tornando os horóscopos iguais em alguns aspectos e opostos em outros. Mas, é curioso notar que cada um de nós teve três acidentes que danificaram as mesmas partes do corpo, mas em lados opostos. O tornozelo esquerdo do editor e o tornozelo direito da Sra. Heindel foram feridos; o polegar direito do editor e o esquerdo da Sra. Heindel também foram feridos; e o editor recebeu um golpe de uma bomba acima do olho esquerdo, enquanto a Sra. Heindel sofreu um ferimento similar, mas acima do olho direito. Uma similaridade de experiências também foi notada em muitos outros assuntos e eles parecem vir primeiro para a Sra. Heindel por causa da prioridade do seu nascimento; mais tarde, o editor se depara com circunstâncias semelhantes.

Esse é um assunto que vale a pena investigar e sugerimos que os Estudantes Rosacruzes procurem informações entre seu círculo de conhecidos, enviando-nos quaisquer fatos que encontrarem para que possamos espalhar a luz sobre outros.

(Por Max Heindel – Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de abril de 1918 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Por que há exceção no valor de órbita dos Planetas lentos que se encontram em Signos Fixos, para as Conjunções, Quadraturas e Oposições?

Resposta: Segundo a Astrologia Rosacruz, qualquer Astro que está em um Signo Fixo (Touro, Leão, Escorpião e Aquário) quando está formando os Aspectos “angulares” (Conjunção – 0 graus; Quadratura – 90 graus; ou Oposição – 180 graus), aumenta sua influência de concentração em um único ponto. Já os Planetas lentos (Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão) possuem órbitas enormes, e com uma velocidade de translação ao redor da Terra (e com referência à Terra) extremamente baixa (enquanto Marte demora, em torno de 50 dias em um Signo, Júpiter demora em torno de 164 dias, Saturno em torno de 257 dias, Urano em torno de 600 dias, Netuno em torno de 900 dias e Plutão em torno de 1200 dias). O efeito desses dois fenômenos astronômicos gera uma Órbita de Influência de 8 graus, ao invés dos 6 graus, quando das demais condições (outros Signos, outros Aspectos).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Propósito Renovado para Aprender o Melhor possível aquilo que é ensinado

Naftali, um dos símbolos de Capricórnio, é o veado perdido, um dos filhos de Jacó, o Sol, que, de novo, dispara a fim de percorrer mais uma jornada anual. Começamos 2023.

Embora, aparentemente, todos os anos sejam iguais, porque são medidos pela marcha da Terra em torno do Sol, a translação, sabemos, à luz da Astrologia Rosacruz, que nada se repete. Espirais dentro de espirais, recapitulações sem conta, mas sempre sob novas condições. Na contínua e harmoniosa marcha dos Astros em suas respectivas órbitas, o quadro dos céus se renova constantemente, de minuto a minuto. Somente após 25.920 anos comuns, a contar de uma configuração determinada, a posição dos Astros, no céu, volta a formar o mesmo quadro. Contudo, mesmo assim esse quadro repetido nos céus realiza-se sob novas condições, em uma espiral acima. A humanidade e os demais Reinos se encontram então com novas condições internas e reagem diferentemente. Nada se repete, em realidade. A vida é movimento e renovação constantes, mesmo nos aparentes repousos.

Começa um ano novo exotérico, de fato. Começa pela experiência saturnina adquirida no passado. Renova-se pelo revolucionador Urano; reveste-se, racionalmente, de novas aspirações aquarianas; infunde-se da religiosidade de Peixes; galvaniza-se com a energia de Áries; firma-se na calma e persistência de Touro; empreende os voos inquiridores de Gêmeos; lança a semente germinadora e imaginativa de Câncer; acrescenta o calor e a coragem de Leão; concebe os grãos de realização de Virgem; dá o equilíbrio e a beleza de Libra; o dinamismo e a emoção de Escorpião; o idealismo e a bondade de Sagitário e, assim, termina mais uma obra anual. É uma escola admirável. Temos de frequentá-la dia após dia, ano após ano com as capacidades que trouxemos das vidas e anos anteriores, modificando sempre nossas reações às influências astrais. Enquanto houver dor, sofrimento, tristeza, angústia, neurose, ódio, violência é sinal seguro de que o “fermento” dentro de nós encontra matéria reativa de defeitos, de ignorância. Temos de chegar ao ponto em que nenhuma qualidade adversa dos Signos ou dos Astros encontrem reação e sintamos como o Cristo — “não resistir ao mal”.

Lenta e seguramente, o altruísmo ganha terreno e o ser humano interno se converte em um Hércules, o ousado filho dos deuses capaz de vencer as doze tarefas; isso é, capaz de formar em si, de forma alquímica, as qualidades positivas dos corpos macrocósmicos e se converter em uma réplica dos céus, um eco de Deus, uma partícula individualizada do Cosmos.

Desejamos que cada tropeço, dor ou alegria, no decorrer do ano que inicia, seja encarado pelo Estudante Rosacruz de forma segura, positiva e compreensiva, como correções e elogios que um professor põe nas provas de seus alunos. São 365 páginas em branco para preenchermos com nossos atos. Por eles é que será avaliado o nosso avanço. O Estudante Rosacruz sincero e humilde medita muito sobre cada correção e advertência, para que não a repita mais, porque sabe que mais profundamente aprende com os erros do que com os êxitos.

E persiste, cheio de esperança, no futuro, não apenas para passar pela vida ou “passar de ano”, mas para aprender o melhor possível aquilo que lhe é ensinado; persiste, não para obter um diploma, porém com o amoroso propósito de melhor servir a seu próximo, à semelhança dos invisíveis mestres que agora o ensinam.

Nessa ordem de ideias é que, muito sinceramente, desejamos a todos que renovem seu propósito para uma vida melhor e mais alta no decorrer do ano de 2023, perseguindo aquele ideal enunciado por nosso Sublime Mestre: “Que sejamos perfeitos como nosso Pai Celestial é perfeito”.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Mente no Tema Natal ou no Horóscopo Natal

Quando vamos ponderar as qualidades mentais de uma pessoa, em um tema astrológico, a primeira coisa que devemos considerar é a posição de Mercúrio. Primeiramente, notemos em que Signo está ele colocado, depois a Casa e, finalmente, os Aspectos que mantém com os outros Astros.

Para não nos estendermos demasiadamente nesta explanação, remeteremos o caro leitor ao livro “Mensagem das Estrelas” para estudar e compreender os efeitos produzidos pelo Astro da razão, nos diferentes Signos do Zodíaco.

Lá encontrará, também, as qualidades básicas de Mercúrio nos doze Signos. Tais qualidades devem ser estudadas cuidadosamente pois do proveito desse estudo dependem os fundamentos em que basearemos depois nossas conclusões. O outro Astro a considerar, no estudo da razão ou mentalidade, é a Lua. Se há um bom Aspecto entre a Lua e Mercúrio, especialmente se esses dois Astros estão colocados nos ângulos do tema e em Signos que podem expressar suas melhores qualidades, podemos confiar que o paciente cooperará com o médico em sua cura.

Todavia, Mercúrio em Conjunção com Saturno proporciona a uma pessoa uma mentalidade obstinada, teimosa, lenta e propensa à melancolia. Mas, Mercúrio em Trígono ou Sextil com Saturno, proporciona a ela uma memória retentiva, uma Mente bem equilibrada possibilitando o desenvolvimento de boas qualidades de razoamento. Marte e Urano em Conjunção com Mercúrio, proporciona ao paciente uma mentalidade impressionável, sensitiva e emocional; também lhe proporciona tendências a ser um lunático, com pouco controle sobre a Mente. Mas, Marte e Urano em Sextil ou Trígono com Mercúrio, fornecerá a ela uma tendência à sensibilidade e à acuidade mental. Mercúrio ou a Lua em Aspecto adverso (Quadratura ou Oposição) à Netuno, proporciona a ela uma Mente inclinada às condições antinaturais e doentias; propenderá às manias e ao fanatismo na prática da Religião, da mediunidade, das bebidas alcoólicas e das drogas. Observe-se a Casa e o Signo em que estão colocados esses Astros, para conhecer o modo como tendem a se manifestar.

Sendo Netuno a oitava superior de Mercúrio, tem ele influência sobre a Mente superior. Netuno em Aspecto adverso com Urano ou com a Lua proporciona tendências para indesejáveis experiências de psiquismo. Afligido por Marte, especialmente em Conjunção com esse ígneo Planeta, o nativo se vê tentado a empregar amiúde o hipnotismo ou a magia negra sobre os demais, expondo-se, por si mesmo, a ser vítima dos que, faltos de quaisquer escrúpulos, usam essas horrendas práticas sobre os outros.

Quando as aflições mentais se verificam na oitava ou décima segunda Casa têm uma influência mais sutil do que em qualquer outra posição. As aflições ou Aspectos adversos ocorrentes na oitava Casa podem resultar à Mente tendências suicidas.

Desejamos imprimir firmemente na memória do leitor que nunca e por nenhuma razão baseie seu diagnóstico somente em um ou dois Aspectos, senão que deve julgar o horóscopo como um todo. Para ilustrar o perigo em que pode se incorrer pelo exame superficial, tomemos o tema de um homem com Mercúrio em Capricórnio e na sexta Casa, formando um só Aspecto, que era uma débil Quadratura com Netuno. Julgando o horóscopo à ligeira se poderia dizer que o nativo tem a tendência a ter uma mentalidade obtusa. No entanto, quando criança foi o primeiro aluno de sua classe. Em matemática e ortografia era verdadeiramente notável. Já homem, ocupou postos relevantes em suas posições e profissão, sendo depois um diretor de uma empresa que exigia muita habilidade executiva e aguda mentalidade. Para esclarecer isso passemos ao que indicavam os outros Astros de seu tema: tinha sete Astros em Signos de Ar, cinco Astros em Signos mentais, a Lua e Netuno com Aspectos benéficos entre si e nos ângulos, o Sol e a Lua em Signos Fixos. Ao resumir o horóscopo pode-se ver claramente por que tal pessoa alcançou tão elevada posição num trabalho mental, apesar de um débil Mercúrio.

Assim, pois, cremos necessário que o leitor tenha sempre em mira, sem esquecer jamais, o conjunto do tema astrológico – o horóscopo –, empregando bem o raciocínio antes de emitir juízo sobre um horóscopo, quer se trate de qualidades mentais, quer de morais, espirituais ou físicas.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Princípio da Sublimidade e os papéis de Netuno e Urano nisso

E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinhas contigo antes que o mundo existisse.” (Jo 17:5).

O nosso mais elevado grau de realização é a nossa realização consciente da Paternidade de Deus em nosso interior. Essa meta elevadíssima glorifica a finalidade da nossa evolução.

Dos Ensinamentos da Fraternidade Rosacruz sabemos que somos um Tríplice Espírito que possuímos uma Mente para controlar um Tríplice Corpo. Deste Tríplice Corpo é extraído a Tríplice Alma que finalmente é absorvida pelo Tríplice Espírito. Contudo não são três Espíritos, três Almas ou três Corpos, mas somente um Espírito, uma Alma e um Corpo. Temos, então, o mistério dos três em um e de um em três – a Trindade na Unidade e a Unidade na Trindade. O Deus Uno é Trípliceem Sua Natureza: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Tríplice Espírito extrai a Tríplice Alma do Tríplice Corpo, embora em última análise, atue como uma unidade de: Espírito, Alma e Corpo.

Os termos Espírito e Deus são um tanto confusos, mas se neste caso nós usarmos a palavra “Espírito” como aspectos de um Deus Uno, talvez o assunto fique mais bem esclarecido; assim, o Espírito Divino, o Espírito de Vida e o Espírito Humano são, respectivamente: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, em manifestação em nós.

Na evolução humana nós usamos o poder do Espírito Humano para possibilitar, por meio dos Corpos, conquistar, reger e guiar, tanto quanto possível, as coisas do Mundo material. A força do Espírito de Vida é usada para extrair a Alma das coisas do Mundo material, enquanto o poder do Espírito Divino é utilizado para adquirir, da Alma das coisas, as realidades espirituais, já que Alma se torna o alimento para a evolução espiritual. É necessário que observemos que o nosso supremo desenvolvimento consiste na majestosa consecução da ativação do aspecto mais elevado de Deus em nós, o Espírito Divino, ou seja, a Paternidade de Deus.

Paternidade é aquele estado de ser dotado, por natureza, com os requisitos necessários para a responsabilidade de prover e cuidar da vida da família. É a forma diretora positiva agindo por meio do poder da vontade que forma, que modela a evolução. É o poder supremo que dá de si para que outros possam ganhar em substância e em Espírito. Aí reside a razão pela qual o Pai deu Seu Filho Unigênito para que, por seu intermédio, o mundo se salvasse.

Não existe maior função ou tarefa dada por Deus a nós do que a Paternidade, pois até o reinado, a presidência ou o governo de um indivíduo sobre os outros, qualquer que seja a sua forma, nada mais é do que o exercício dos Princípios da Paternidade. Essa característica de Paternidade está em todos nós, latente ou ativo, não importa, pois, segundo disse o Adorável Cristo: “Eu estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós.” (Jo 14:20) e o exercício da Paternidade nos traz a maior glória; mas com ela vem uma grande responsabilidade já que estamos sujeitos a usá-la incorretamente, o que nos acarretará muitas penas e sofrimentos.

O grau em que usaremos corretamente este princípio de autoridade depende, em grande extensão, da nossa compreensão e da nossa prática das características da Maternidade, pois “Ninguém vem ao Pai senão por Mim.” (Jo 14:6), conforme disse o Cristo. Devemos conhecer o amor da mãe pelo seu filho, o seu desejo de sustentá-lo e de nutri-lo, e conhecer a necessidade de compaixão, caridade e unidade, antes de podermos ser considerados sabiamente como a respeitada “cabeça do lar”. Lembremo-nos que fomos ensinados a oferecer nossas preces ao “Pai nosso que está nos céus” (Mt 6:9), pois somente Ele conhece nossas necessidades e as administrará de acordo com a Sua Exaltada Sabedoria.

Para melhor compreensão do Princípio da Sublimidade, voltemo-nos para a nossa querida ciência da Astrologia Rosacruz que nos leva mais próximo daquilo que queremos ser e fazer.

Deus-Pai, o Espírito Divino, vem a nós por meio dos raios do Planeta Netuno, se formos capazes de nos sintonizar com o seu grau vibratório excessivamente elevado. A fim de que o Espírito Divino possa extrair a Alma Consciente, que é o seu trabalho particular, é absolutamente necessário sensibilizar o Corpo Denso. Netuno é o Regente do Signo da Divindade, Peixes, o último dos doze Signos do Zodíaco, no qual nos voltamos das coisas materiais para as do Espírito, na nossa preparação para o Além.

Netuno, por assim dizer, impele o trabalho em nossas vidas onde Urano o faz parar e, assim, há uma grande semelhança entre esses dois Planetas. Seus símbolos são semelhantes, com a exceção de que no caso de Netuno, as duas Luas estão juntas sobre a cruz da matéria, enquanto no de Urano, elas são separadas pela cruz da matéria. Urano nos fornece o princípio da unidade que deveremos compreender antes de podermos desenvolver o Princípio da Sublimidade que Netuno nos proporciona.

Netuno, como Urano, é duplo – duas Luas opostas – e é basicamente um Planeta plástico, negativo, como é necessário para receber as mais refinadas forças. Diz-se que é uma combinação do polo negativo de Marte, por meio de Escorpião, e dos raios mensageiros do alado Mercúrio, por meio do seu Signo de Virgem. Assim, Netuno produz os segredos de Escorpião combinados com a pureza de Virgem. Tais são os requisitos para a manifestação do Princípio da Sublimidade.

O trabalho de Urano é transmutar o sexo em Alma; o de Netuno se relaciona com a absorção da Alma como alimento para a evolução do Espírito. Logo, Netuno impele onde Urano faz parar e dessa maneira nos conduz a maior glória.

As Luas opostas são os dois polos da Alma, positivo ou masculino e negativo ou feminino que devem ser mantidos juntos, como uma unidade, um todo completo, que Urano faz no plano físico e Netuno faz no plano espiritual, pois “assim como é em baixo, é em cima” e “assim como é em cima é em baixo”.

Portanto, não nos esquecemos de que embora esses Planetas, com seus poderes e suas características, pareçam separados, eles, na realidade, se interpenetram, e o contato com um deles traz consigo as qualidades do outro. Assim, enquanto estamos atravessando a Era de Peixes estamos, também, recebendo influências da Era de Aquário, e durante essa Era haverá alguma força de Capricórnio em manifestação.

Enquanto aprendemos a Religião ou Filosofia da Fraternidade Humana pelos Ensinamentos Cristãos estamos, ao mesmo tempo, aprendendo a Paternidade de Deus para uma data futura na nossa evolução. Não podemos avançar em uma, sem receber algo da outra.

Estamos começando a ver o valor e a necessidade da sequência natural das coisas e, por isso, atualmente, devemos considerar, em primeiro lugar, o princípio de Cristo, mas aos poucos que estão adiantados, a Paternidade de Deus e o desenvolvimento especial Espírito Divino os conduzirá para frente e para cima, à medida que eles respondam ao impulso de Netuno por meio do Princípio da Sublimidade, o Zênite da Glória.

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1959 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Tocha da Razão por Guia

Einstein afirmou em certa ocasião: “Nunca perca a sua santa curiosidade”. E que dádiva maravilhosa essa santa curiosidade nos outorgou! Por seu intermédio encontramos ensinamentos capazes de nos explicar tão claramente a época tão conturbada em que vivemos, ajudando-nos a manter uma conduta serena em meio ao rugir das tempestades.

Enquanto aprofundávamo-nos à procura das respostas, nem imaginávamos quão bem ocultas estavam as pérolas tão avidamente almejadas.  Cristo-Jesus asseverou: “Conhecereis a verdade e a verdade vós libertará[1]. Pôncio Pilatos tão somente soube perguntar: “O que é a verdade?” Como não recebia respostas do seu mundo interior, nenhuma resposta lhe foi dada do exterior.

Muitos encontram fragmentos da verdade e por eles combatem tenazmente. Julgando único seu fragmento, investem desabridamente contra todos os outros. Esse não é um bom método para se alcançar a verdade. Há verdades de maior ou menor profundidade. Há ângulos enfocando certas fases dessa verdade e há profundezas que o nosso entendimento não alcança.

O Hino Rosacruz de Abertura[2] nos ensina que, tendo a tocha da razão por guia, compreenderemos pontos até então completamente obscuros. Suas palavras irradiam essa verdade: pelo uso da razão e pela persistência, seremos capazes de anular a discórdia produzida no mundo.

Nesses poucos versos do hino, Max Heindel procurou imprimir ênfase a cada palavra para que obtenhamos respostas às nossas indagações: como? Por quê? Qual o método? Qual o nosso raio de ação? O fundador da Fraternidade Rosacruz sempre destacou o fator tempo. Sua vida nos mostrou essa imagem: cada hora tem de ser aproveitada; não há imobilismo, nem pausas, tampouco saltos ou recuos para outras sendas. Assegurou-nos de que assim agindo, seremos capazes de sublimar o mal do mundo pelo bem do qual somos canais.

Todas as Religiões e todas as ciências ocultas velam as suas verdades transcendentais. Há acesso somente para aqueles conhecedores da chave indispensável à percepção da verdade no meio das falsas explicações, mitos e símbolos. Esses servem para iludir aqueles que merecem ser iludidos, preservando a verdade da qual ainda devem ser afastados. A verdade é perigosa para quem é destituído de mérito ou preparo, da mesma forma como o fogo oferece riscos a uma criança. Siegfried teve de deixar pai e mãe, credo, convencionalismos, ideias preconcebidas, opiniões e desejos mundanos antes de iniciar sua busca, como lemos no livro “Mistérios das Grandes Óperas”.

A esse respeito Max Heindel nos ensina em “Cartas aos Estudantes”: “devemos viver nas condições e ambiente em que nos encontramos, procurando aprender as lições que essas condições proporcionam. Quem flutua nas nuvens em busca de ideias espirituais, negligenciando seus deveres no mundo, erra da mesma forma como aqueles que batalham no lodo do materialismo impelidos pela ambição, atraídos pelas luzes multicores da glória, ou por outros valores mundanos”.

As duas categorias de pessoas necessitam de ajuda, porém em direções diferentes. Uns devem colocar firmemente seus pés na Terra. Outros devem elevar-se até enxergar as luzes do céu, para onde cumprem dirigir seus esforços na acumulação de tesouros de valor mais permanente.

Max Heindel afirma que só há uma Grande Verdade: Deus. Esse, porém, possui infinitas facetas, ou várias formas de manifestação. Essa é a razão de todas as Religiões. Cada agrupamento tem a sua lição a aprender. A criança na fase pré-escolar recebe um ensinamento; no curso fundamental outro; no universitário tem direito a um currículo mais avançado. E o que é verdadeiro para o filósofo, não o será necessariamente para o camponês. Cada Mente recebe a verdade de modo diferente. Todos nós já palmilhamos muitos caminhos em nossas vidas: sob o raio de Marte, impelindo-nos à atividade e à paixão, muitas vezes às custas dos nossos semelhantes; sob a suavidade de Vênus, ou a austeridade de Saturno, ou ainda sob a benevolência de Júpiter. Alegramo-nos na esperança de perceber a amplitude de consciência que nos será outorgada pelo raio de Urano, mesmo que devamos nos contentar, hoje, com o raio de Mercúrio. Estamos ascendendo para a Luz Branca, do Sol, e que unirá todas os outros matizes.

Como podemos considerar-nos afortunados por viver em uma época em que esses conhecimentos foram liberados pelos Irmãos Maiores para todos que os procuram. Antigamente eram acessíveis unicamente aos Iniciados. Após a crucificação de Cristo Jesus, porém, o Véu do Templo rasgou de alto a baixo, revelando-nos que a Luz Branca é um reflexo ainda imperfeito da Grande Luz. Por isso, é exortado que usemos “a tocha da razão por guia”. É por isso que Max Heindel escreveu: “Devemos ser capazes de reconhecer a verdade internamente”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1977 – Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.T.: Jo 8:32

[2] N.T.: Hino Rosacruz de Abertura

Seguindo a órbita a girar

lei firme, o astro vem mostrar;

do eterno Deus ele é expressão

quais ciclos de alternação.

O Astro dança em linha oval;

no espaço e tempo em espiral,

e as harmonias ao girar

de esferas vão ressoar.

Por não saber a lei geramos dor,

a morte e desarmonia;

sofrendo, agora, procuramos

ter, de novo, paz e harmonia.

A lei buscamos aprender

e a verdade conhecer,

e o que encontrarmos da verdade

dar ao bem da humanidade.

Cumpramos todos o dever

do nobre e reto proceder;

sem ódio por amor agir

e nunca ao nosso dever fugir.

Sabendo por amor obrar

e o repetindo sem cessar,

o medo e o pecado, assim,

iremos dominar enfim.

Co’a tocha da razão por guia

nós buscamos restaurar

a juventude e harmonia

que só a verdade pode dar.

Falhando, embora, vamos ver

a persistência há de vencer,

e num crescendo gradual

o bem sublimará o mal.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Espírito Oculto: Saturno

Os astrólogos mundanos falam de Plutão, Netuno, Urano, Saturno e Marte como sendo maléficos, enquanto Vênus e Júpiter são qualificados de benéficos. No Reino de Deus nada há que seja realmente malévolo. O que assim aparente ser, nada mais é que um bem em gestação. Tampouco devemos acreditar que as inerências de algum Astro, seja qual for, constituem um obstáculo ao ser humano.

Retornamos várias vezes a este Mundo com o propósito de obter certas experiências, necessárias ao nosso desenvolvimento espiritual. E quanto mais tratemos de compreender as influências Astrais (do Sol, da Lua e dos Planetas), mais facilmente concluiremos que são fatores potentíssimos para ajudar-nos a colher as referidas experiências.

Por exemplo: Saturno é o depurador. Quando nos afastamos do caminho da retidão, ele surge para deter-nos, impedindo-nos de prosseguir na transgressão.

Quem sabe, coube-nos uma herança e a malbaratamos em todos os sentidos, inclusive fisicamente. Surge, então, um Aspecto astrológico de Saturno, representado por uma enfermidade ou doença, confinando-nos ao leito. Sujeitamo-nos a uma dieta rigorosa. Nosso organismo repousa. E quando nos erguemos, somos um novo ser. Durante todo esse tempo tivemos a oportunidade de meditar sobre a vida que temos levado. Em caso afirmativo aproveitamos a lição, porque então saberemos como agir, evitando aquilo que possa causar enfermidades ou doenças.

Quando dilapidamos nossa herança, podemos acabar com os bolsos vazios. Talvez nem tenhamos onde pedir auxílio. Então, veremo-nos obrigados a pensar e abrir um caminho pelo nosso próprio esforço. Nossos talentos foram inúteis quando desperdiçamos o dinheiro. Na pobreza temos que explorá-los, que empregá-los, para realizar nossa parte na obra do Mundo. Perdemos nossa herança, mas o Mundo ganhou um trabalhador. Se a lição foi aprendida, a influência de Saturno foi uma benção!

E assim sucede com tudo aquilo que em um horóscopo possa parecer um mal. Além disso, quanto mais nos desenvolvemos espiritualmente, tanto menos seremos afetados adversamente por esses Planetas ou Aspectos chamados “maléficos”. Veremos que, na realidade, esses Aspectos são “adversos” (Quadratura, Oposição e algumas Conjunções). Ajudam-nos a nos emendar, a nos esforçar, a persistir, a retomarmos a direção para Deus, a nos colocar em linha com a nossa evolução e a entendermos que devemos servir amorosa e desinteressadamente a divina essência do irmão e da irmã que estão ao nosso redor, no nosso dia a dia.

Saturno não gera desastres ao ser humano espiritualizado, mas apenas persistência; não enfermidades ou doenças, mas fortaleza. E dessa maneira, conformando-nos às Leis da Natureza – que são as Leis de Deus –, vivendo em harmonia com os Astros, os dominaremos e modificaremos nossas existências enquanto renascidos aqui.

A maior parte da humanidade deixa-se arrastar pelas influências Astrais. Porém, quanto mais vivemos nos dedicando a nossa vida espiritual em uma Escola de Mistérios como a Fraternidade Rosacruz, tanto mais nos converteremos em um fator que se deve ter em conta, e “as predições do astrólogo fracassarão em proporção direta à nossa realização espiritual”.

Os Astros são nossos auxiliares evolutivos. Não são corpos de matéria morta, mas corpos viventes e vibrantes de grandes Inteligências Espirituais que, na Religião Cristã, são chamados de Sete Espíritos ante o Trono.

Conforme nos modificamos, muda também sua influência sobre nós, porém a ela não escapamos pelo simples incidente de morrer. Quando a aurora de uma nova vida despontar, surgiremos com um novo horóscopo. Se empenharmo-nos em um desenvolvimento espiritual para aprender as lições que esses Espíritos Planetários trataram de nos ensinar nas vidas passadas, teremos novos Aspectos e novas posições do Sol, da Lua e dos Planetas que nos ajudarão no Caminho da Evolução, trafegando por Esquema de Evolução e nos realizando nessa Obra de Evolução.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1978-Fraternidade Rosacruz-SP)

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