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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Valor da Sinceridade para o Aspirante à Vida Superior

A sinceridade é qualidade de quem é sincero. Ser sincero é ser coerente consigo mesmo. Para o Aspirante à Vida Superior, é qualidade fundamental. Sua atuação sincera, aqui no Mundo Físico, produz substanciosa repercussão nos Mundos internos. Lembremo-nos da sinceridade de nosso amigo Max Heindel. Recordemos, também, a sinceridade dos Apóstolos do Cristo. Poderíamos continuar enumerando seres que alcançaram o cume da espiritualidade, mas, todos foram sinceros.

A sinceridade, como vem sendo demonstrado, é qualidade básica para que o Aspirante à vida superior se sintonize com as forças superiores. Ela o aproxima do Cristo, também, de maneira efetiva. Feliz, pois, de quem cultiva, assiduamente, essa luminosa qualidade!

O oposto dessa qualidade é aquela coisa que levou o Apóstolo Judas Iscariotes a trair Cristo-Jesus. É produto do “eu inferior”, da Personalidade, assim como a sinceridade é resultante do “Eu Superior”, da Individualidade, também chamado Deus Interno.

Viver sinceramente, embora o mundo não compreenda nem mesmo certas pessoas intelectualizadas, essa é a verdade, é ter conformado a vida às Leis Divinas. O ser que assim procede, apesar de não ter vaidade alguma e, nada ostentar, trata-se de um ser superior, a partir de si mesmo. Tem sólida estrutura em seu comportamento e conquistou o domínio das forças inferiores. Deixou de ser um joguete delas, para ser o seu controlador. Tornou-se, então, conscientemente, um filho de Deus e o artífice de seu destino, porque usa só com acerto o seu livre arbítrio.

(por: Hélio de Paula Coimbra – Publicado na Revista Serviço Rosacruz – de novembro/1966-Fraternidade Rosacruz-SP)

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Por que chamam Netuno de oitava superior de Mercúrio?

Resposta: Mercúrio está, geralmente, associado a razão e a inteligência; a ele atribuímos a regência sobre o sistema nervoso, que é o meio de transmissão entre o Espírito encarnado e o Mundo exterior. Da mesma forma que Netuno significa as inteligências sub-humanas e super-humanas que vivem e se movimentam nos Reinos espirituais do universo, mas que operam com e sobre nós, assim Mercúrio indica a inteligência humana focalizada no Mundo Físico terrestre no qual vivemos desde o nosso nascimento até a nossa morte. Por conseguinte, podemos dizer que Netuno é a oitava de Mercúrio; mas há nisso um sentido ainda mais profundo.

Se consultarmos um manual de anatomia ou de fisiologia do corpo humano, verificaremos que os sulcos longitudinais[1] na medula espinal[2] se dividem em três partes, que encerram um tubo oco. Cada uma dessas colunas é regida por uma das Hierarquias que estão em contato mais próximo de nós: a lunar, a marcial ou a mercurial, predominando conforme o estágio de evolução do indivíduo. No canal espinal[3], os raios de Netuno iniciam o fogo espiritual espinal por meio do qual o Espírito humano é capaz de penetrar pelo véu da carne e entrar em contato com os Mundos do além. Essa visão é colorida de acordo com a coluna da medula espinal mais ativamente excitada.

Na infância da humanidade, a força criadora, que está atualmente voltada para o exterior para construir navios, casas, ferrovias, telefones, etc., era usada internamente para construir os órgãos do nosso Corpo Denso, e da mesma forma como fotografamos o Mundo Físico ao nosso redor sobre a placa de uma câmara escura, assim também os Mundos espirituais são refletidos no canal espinal. Foi lá que, primeiramente, o ser humano contemplou o Deus lunar, Jeová, cujos Anjos eram, então, os tutores dele. Mais tarde, os Anjos que ficaram para trás em relação a evolução dos seus companheiros, e cujas necessidades evolutivas eram, portanto, diferentes, forçaram a entrada na medula espinal do ser humano. A visão interna espiritual dos seres humanos se extinguiu quando “seus olhos abriram-se e viram que estavam nus[4].

Então, os seres humanos perderam o contato com o “Eu superior”. Eles só viam a pessoa, e a dócil criatura de Jeová se transformou logo em um ser selvagem e bruto sob o impulso dos Espíritos de Lúcifer, a Hierarquia de Marte. Contudo, sob as instigações desses, o ser humano aprendeu, também, a conquistar os obstáculos materiais, a construir externamente e a se tornar o arquiteto do mundo. Para neutralizar o egoísmo feroz alimentado pelos Anjos marciais e para humanizar o gênero humano, os nossos Irmãos Maiores de Mercúrio, humanos como nós, cujo elevado grau evolutivo requeria vibrações mais elevadas, como as que são geradas e que prevalecem nas proximidades do Sol, foram solicitados a investir também na medula espinal do ser humano. Através dos esforços deles é que a civilização tomou uma forma diferente. A humanidade está recomeçando, novamente, a olhar para dentro, e quando o raio mercurial encontra o raio de Netuno, no canal espinal, o ser humano encontra novamente o seu “Eu superior” – o Cristo nasce internamente[5].

Portanto, há uma conexão entre a Lua, Mercúrio e Netuno. Os que entram em contato com Netuno por meio da Lua, podem se tornar médiuns irresponsáveis, vítimas de obsessão, etc., mas quando Mercúrio é a porta de entrada, a razão e a compreensão passam a guiar o Espírito aspirante. Um Mercúrio com Aspectos adversos[6] pode, às vezes, induzir aqueles que buscam a entrar pela porta errada, o que poderá resultar em perturbações mentais. Contudo, se estiverem conscientes do perigo, um cuidado e uma persistência contínua geralmente abrirão a porta do templo, pois as forças do bem estão agora em ascendência e crescem cada vez mais fortes à medida que o tempo passa.

(Pergunta nº 118 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: A medula espinal apresenta os seguintes sulcos longitudinais, que percorrem em toda a sua extensão: o sulco mediano posterior, fissura mediana anterior, sulco lateral.

[2] N.T.: Os termos “medula espinal” e “medula espinhal” são sinônimos, e ambos podem ser usados para fazer referência à medula e aos nervos periféricos. Os termos “espinal” e “espinais” são os termos utilizados na terminologia anatômica oficial.

[3] N.T.: Também chamado de canal medular (também conhecido como canal espinhal ou canal vertebral) é o espaço dentro das vértebras onde passa a medula espinal.

[4] N.T.: Gn 3:7

[5] N.T.: Refere-se ao nascimento do Cristo Interno.

[6] N.T.: Quadraturas, Oposições e algumas Conjunções.

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Um Período de Depressão

O assunto deste artigo foi retirado de pensamentos contidos nas seguintes passagens da Primeira Epístola aos Tessalonicenses (4-11): “Mas, irmãos, nós vos rogamos para que procureis estar quietos e tratar dos vossos próprios negócios”; e do Evangelho Segundo São Lucas (2-49), “Cristo Jesus disse: ‘Não sabeis que devo tratar dos negócios de meu Pai?’”.

Na vida de todo buscador sincero da verdade, como o é o Estudante Rosacruz, após o primeiro entusiasmo do despertar para suas possibilidades espirituais e da admiração por sua alegria recém-encontrada, chega um período de depressão em que tudo parece falhar e uma sombra de desânimo, quase uma falta de fé, parece se espalhar sobre ele. Em sua Mente surgem questionamentos, a princípio fugazes, depois cada vez mais persistentes: “Afinal, essa grande mudança que ocorreu em minha vida vale o esforço que fiz para abrir mão de velhos ideais e condições e remodelar minha vida? Essas novas ideias são práticas? Ou são meros sofismas efêmeros que falham em minha hora de necessidade? E tudo que já ouvi na Fraternidade Rosacruz, não são advindos de seres humanos cheios de fragilidades como eu, sem algo para me dar que eu já não tenha?”.

Um grande medo o possui de que as condições o derrotem e o obriguem a retomar a velha rotina de sua vida anterior, sem esperança e sem poder entrar em contato com o poder espiritual que o sustentou no início. Todas as suas belas experiências de alma, observadas a partir deste “Pântano do Desespero”[1], agora parecem ter sido apenas imaginações fantásticas e o grito surge: “Qual é a utilidade de toda essa luta?”. Nesse ponto, a menos que algum entendimento da Lei de Deus seja apreendido, o buscador está prestes a retroceder, a repudiar todas as boas resoluções e votos que fez ao seu “Eu Superior” e, como o ser humano de quem o espírito impuro foi expulso, ele então traz para si outros sete espíritos[2] imundos de preocupação, dúvida, medo e desânimo: seu último estado é pior do que o primeiro.

Se ele se voltar para o Salmo 23, encontrará: “Sim, ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum”. Este “Pântano do Desespero” é de fato o “vale da sombra da morte”, um vale que está entre duas alturas e, se ele persistir em subir e descer o vale por falta de coragem de tentar alcançar a altura mais adiante, a sombra irá descer e envolvê-lo.

Confiando na Lei de Deus para corrigir as faltas dos outros, você perceberá a alegria que vem de tal conquista e quando parar de se preocupar, será como um fardo físico rolando dos seus ombros.

(Publicado no Echoes de Mount Ecclesia, nº 3 de 10 de agosto de 1913 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: O “Pântano do Desespero” é um pântano fictício e profundo da obra de John Bunyan, The Pilgrim’s Progress, no qual o protagonista Christian afunda sob o peso de seus pecados e seu sentimento de culpa por eles.

[2] N.T.: Lc 11:24-26

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O que é Consciência?

Uma bolha do infinito que se emaranhou na matéria e que lentamente está voltando à sua fonte no Espírito Eterno. Assim como a manteiga evoluiu a partir do creme, da mesma forma o universo manifesto evoluiu a partir da Substância não manifestada e Infinita. E como as bolhas de leitelho (o soro de leite coalhado) são capturadas na massa de manteiga, também na Criação universal as bolhas do Espírito Infinito são capturadas na matéria.

Como uma bolha de ar que é liberada da sua escravidão na lama no fundo de um lago sobe lenta, mas seguramente, através da lama, do lodo e da água até atingir a superfície, onde se expande, explode e se une ao seu próprio elemento, assim também é o progresso do Ego individual em sua jornada ascendente para a união final com Deus. Nos primeiros estágios da sua evolução, no Reino mineral, o Ego individual, ou consciência, é fortemente oprimido pela matéria grosseira — isso é, a matéria pressiona tão fortemente a consciência que “sua vida é completamente esmagada”; daí, o seu estado de “inconsciência”. Mas, no Reino vegetal a pressão da matéria é um tanto aliviada e o Ego torna-se semiconsciente; uma forma ainda mais elevada de consciência é aparente no Reino animal; mas a autoconsciência não se torna manifesta até que o Reino humano seja alcançado.

Mas, também no Reino humano, em vários momentos e sob diversas condições, todas as formas inferiores são encontradas. Mesmo a autoconsciência assume várias formas — como a imaginativa, a intelectual, a intuitiva, a “classe” e os estados cósmicos. O verdadeiro Ego, ou “Eu superior”, “Aquilo que em ti conhece”, é claro, nada mais é do que a consciência. É Aquilo que pensa e sente, que move e age, que tem vontade. Percebendo isso, os problemas da vida, do desenvolvimento individual e da autoevolução tornam-se simplesmente uma questão de uso ou expansão da própria consciência, sendo ilimitada a extensão de tal uso ou sua expansão.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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Alcançar a Nova Era: uma Meta para Todos Nós

Embora os avanços tecnológicos e a rapidez dos fatos sejam a tônica dos tempos atuais, eles não representam, contudo, garantia de reflexos verdadeiros da humanidade ao impulso espiritual da Nova Era que se aproxima. É verdade que grupos de diferentes ramos e/ou pertencentes a diversos países, a diversas culturas e empresas estejam se alinhando em cooperação para atingir propósitos semelhantes, mas a sincera análise traz à tona que o motivo real dessas uniões está baseado na ilusória necessidade de sobrevivência material, ditadas por fatores econômicos e financeiros. Quando diferente, as trocas de talentos funcionam similarmente à economia feudal que predominava na Idade Média.

Sabemos, no entanto, que a verdadeira Fraternidade Universal não pode ser baseada na cooperação superficial guiada por interesses materiais, tampouco na ilusão de que as “novas” atitudes integrativas revelam alguma espiritualidade. Ainda que o Sol estivesse agora mesmo, por Precessão dos Equinócios, sob o Signo de Aquário e inundando a Terra com suas vibrações de Fraternidade Universal, tal acontecimento não garantiria a verdadeira Fraternidade Universal como uma realidade. Esse estado não pode nascer fora do ser humano, tampouco pode ter como bases referenciais físicos. Em verdade, a Nova Era ocorrerá quando o ser humano aprender a viver a Fraternidade de modo interno. Em outras palavras, o cooperativismo não deve ser ditado por necessidade e progresso materiais ou interesses pessoais, mas por ações voluntárias e espirituais, pois viver de outro modo constitui uma vida estéril, já que o benefício material não pode gerar vida.

Alcançar a Nova Era significa afinar as intenções (internas) com os propósitos da Era de Aquário. Não basta apenas receber suas vibrações pelo Sol físico. Deve haver uma decisão de buscar esse novo padrão de estilo de vida.

Tracemos as características do modelo de aprendizado que nos guiará até a Nova Era, e que foi deixado para a humanidade a milhares de anos atrás. Tal modelo já deveria ter sido assimilado por todos, mas, infelizmente, as amarras e apego ao Espírito de Raça e de família são tamanhos que algum atraso no caminho natural das coisas ocorreu! Apesar disso, a ação rápida da Era de Aquário permite que haja aceleramento do progresso espiritual, o que constitui uma graça e uma redenção de compensação do tempo perdido.

Para compreendermos o motivo das lições que nos guiarão para a Nova Era devemos compreender as tendências enraizadas em nossa Personalidade que foram formadas no passado. Somente assim poderemos nos livrar delas. No livro Conceito Rosacruz do Cosmos é ensinado que nós começamos nosso caminho de desenvolvimento no Período de Saturno. Em seguida passamos pelo Período Solar, Período Lunar e estamos atualmente no Período Terrestre. Até a metade do Período Terrestre tínhamos o objetivo de desenvolver ferramentas ou veículos para nós mesmos, estando toda a força criadora direcionada para esse propósito. Essa etapa de construção é conhecida, pela Filosofia Rosacruz, como período de Involução. Os veículos, que recebemos como germe e desenvolvemos até o momento atual, foram: um Corpo Denso (no Período de Saturno), um Corpo Vital (no Período Solar), um Corpo de Desejos (no Período Lunar) e uma Mente (no final da primeira metade do Período Terrestre – metade da quarta Revolução desse Período). Em verdade, a Mente atual constitui apenas um esboço rudimentar do que será futuramente e quão valiosa será para o nosso trabalho – por isso que ela é um veículo e não um Corpo, ainda. A partir desse ponto (cadeia de três Corpos e uma Mente) nós pudemos despertar uma consciência de vigília (nascimento do indivíduo). Em outras palavras, nós pudemos tomar posse de nossos veículos e esse é um marco importante, pois culmina o trabalho feito por nós, Ego – um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado –, com ajuda de diversos seres esplêndidos, chamados de Hierarquias Criadoras, de descer dos Mundos ditos superiores até aqui no Mundo Físico. O encontro entre os nossos Corpos e nós, o Ego, por meio da Mente, marca o nascimento do indivíduo. Isso ocorreu no atual Período Terrestre. Aqui se iniciou o período conhecido como Evolução (veja mais detalhes no Cap. XII do Livro o Conceito Rosacruz do Cosmos).

Para compreendermos as lições que nos levarão para a Nova Era, necessitamos focar nossa atenção no trabalho feito no atual Período, o Terrestre. O Período Terrestre é dividido em sete grandes Épocas: (1) Época Polar; (2) Época Hiperbórea; (3) Época Lemúrica; (4) Época Atlante; (5) Época Ária; (6) Época Nova Galileia; (7) Época Reino de Deus. Já passamos pelas quatro primeiras e estamos atualmente vivendo a Época Ária. Seguindo a Lei da Natureza conhecida como Espirais dentro de Espirais, durante a (1) Época Polar, aprimoramos nosso Corpo Denso, pois a primeira Época é uma representação menor do trabalho maior feito no primeiro Período ou Período de Saturno. Na segunda Época do Período Terrestre, Época Hiperbórea, trabalhamos sobre o Corpo Vital, pois essa segunda Época correlaciona-se com o trabalho do Período Solar. Durante a terceira Época do Período Terrestre, Época Lemúrica, desenvolvemos ainda mais o Corpo de Desejos, pois aqui o trabalho está relacionado com o que foi efetuado no terceiro Período, o Período Lunar. Lembrem-se, Espirais dentro de Espirais! Alguns pioneiros da Involução aprimoraram seus Corpos de Desejos de tal modo, que foram capazes de dividi-lo em duas partes: Corpo de Desejos superior e Corpo de Desejos inferior. Para esses, na última parte da Época Lemúrica, foi possível adiantar a entrega do Átomo-semente da Mente, pois a parte superior do Corpo de Desejos permitia certo controle das paixões para que o Ego pudesse tomar posse de seus veículos. Então, foi na 3ª Época (Lemúrica) que nasceram os primeiros indivíduos. Para os que ainda não tinham separado o Corpo de Desejos em duas partes, somente mais tarde foram capazes de tomar posse definitiva de seus veículos. Para esses, isso ocorreu na quarta Época ou Época Atlante (veja mais detalhes no Cap. X do Livro o Conceito Rosacruz do Cosmos, a revolução Lunar do Período Terrestre).

A partir do nascimento do indivíduo, iniciamos o trabalho original do Período Terrestre (note que até então houve Recapitulações ou aprimoramento de trabalhos já realizados em Períodos precedentes). Até esse ponto, nós não éramos fisicamente separados. Todos constituíam uma única Raça e éramos bissexuais ou hermafroditas. Com a separação da Terra do Sol, toda energia espiritual do Sol era assimilada por um único canal. Mas, como a Lua, a oitava esfera, acabou tendo que ser separada da Terra, duas fontes de energias começaram a ser derramadas sobre a Terra. Assim, uns tornaram-se melhores condutores de energia lunar e outros da procedente do Sol. Tal fator, juntamente com a necessidade de desenvolvimento do cérebro e da laringe físicos, promoveu a separação dos sexos, a cada vez que renascemos aqui, na Região Química do Mundo Físico.  

Essa foi a nossa primeira diferenciação física (mulher e homem). Com ela, metade da dual força criadora foi direcionada para construção de um cérebro e uma laringe, para expressar pensamentos, planejar ações e direcionar os sentimentos. Aqui, divididos entre homem e mulher, recebemos a ajuda de seres elevados conhecidos como os “Senhores de Vênus” e os “Senhores de Mercúrio”. Os primeiros constituíram guias das grandes massas. Seu ministério tinha o objetivo de nos fazer manifestar nossa vontade e decisão ao ponto de nos dirigir sozinhos. Aqueles que alcançaram esse propósito (os adiantados), eram, então, postos sob a direção dos “Senhores de Mercúrio” que ensinavam verdades mais elevadas para se tornarem seres humanos Líderes ou “Reis pela graça de Deus”. Assim, assumiriam o papel dos Senhores de Vênus. Somente aquele que tem domínio próprio poderá governar os demais.

Na última parte da Época Lemúrica, alguns de nós se desenvolveram de tal modo que começaram a construir corpos mais aprimorados. Assim, a primeira Raça surgiu, a Raça Lemúrica. Essa não tinha memória, nem sentimento algum, apenas a sensação de tato, dor e conforto.  O Corpo Denso era algo muito bruto e grande, e a nossa consciência ainda estava totalmente voltada para os Mundos internos. Dessa maneira, o único modo de chamar a nossa atenção para o Corpo e para o Mundo Físico era nos estimular para tal. Como os Corpos eram brutos e só tinham percepção de dor e conforto, métodos de ensino violentos foram necessários para despertar a nossa vontade e consciência para o Mundo Físico (veja sobre esses métodos no Cap. XII do Livro o Conceito Rosacruz do Cosmos). Os métodos eram simplesmente os que causavam dor física, e visavam estimular o Corpo Denso para que a nossa atenção para ele fosse despertada. Infelizmente, hoje, fatos revelam que muitos de nossos irmãos e de nossas irmãs permaneceram com reminiscências dessa Época. Isso constitui um fator de distanciamento para entrarmos na Nova Era. Devemos nos livrar disso!

Ainda no que se refere à última parte da Época Lemúrica, houve o episódio conhecido como “A Queda do Homem”. Não entraremos em detalhes sobre esse episódio aqui, mas ele constituiu um fator chave que nos fez, homem e mulher, conhecermos ou focarmos nossa consciência no Mundo Físico e em nossos Corpos, por meio da procriação autônoma.

Terminada a Época Lemúrica, iniciou-se a quarta Época ou Época Atlante. Com o uso da Mente, verificou-se que o pensamento esgotava as células nervosas; matava, destruía e levava-as à decomposição. Aqui, o alimento passou a ser composto de cadáveres. Matávamos para comer com o objetivo de formar um esqueleto mais sólido e denso (“Nimrod era um caçador poderoso”). Mesmo com um Corpo Denso mais aprimorado e conhecendo mais o Mundo Físico, insistíamos em não aproveitar as oportunidades que o Mundo Físico tinha para oferecer, pois amávamos demais os planos internos. Desse modo, um novo elemento foi dado, o “vinho”. O álcool é um espírito e atua sobre nós. Essa atuação paralisa totalmente a influência espiritual, deixando-nos propensos a focar somente no material. Fomos esquecendo, então, nossa origem espiritual e focamos na matéria.

O progresso individual e material começou a ser tão grande, que diferentes corpos foram necessários para dar conta da nossa expressão que evoluía. Assim, fomos divididos em sete Raças:

  • Raça Rmoahals – que além de sensações e dor, também tinham algum sentimento, mas pouca memória. Graças a essa última faculdade começou a nomear as coisas;
  • Raça Tlavatlis – sentimento egoísta com uma memória mais aguçada deu início à busca por reconhecimento de acordo com seus feitos. Tornaram-se ambiciosos e recordavam-se das proezas que faziam. Honra dos antepassados que virou adoração. Isso é muito comum ainda em igrejas exotéricas. Por exemplo, todas as vezes que adoramos a pessoa que fez grandes feitos, estamos revivendo a época de Tlavatlis. O que devemos fazer é admirar os feitos das pessoas e seguir seu modelo de santidade.
  • Raça Tolteca – valorizavam a experiência. Quanto mais experiências uma pessoa tinha, mais sábio era considerado e escolhido como guia para tomada de decisões. Com o tempo, essa admiração foi transformada em critério para se escolher quem iria governar o povo. Admiravam seus predecessores e inauguraram a monarquia de acordo com os feitos dos homens. Os filhos desses grandes homens eram também respeitados e honrados, por isso, o filho de um grande homem tinha bons privilégios de reconhecimento. Assim, inaugurou-se também a sucessão hereditária de poder. Obviamente que houve abusos de poder pelos reis, com opressão e vingança. Exemplo de reminiscências dessa Raça ainda hoje podemos ver nas monarquias.
  • Raça Turânios Originais – construíam templos onde reis eram adorados, oprimiam as classes inferiores. Florescia a magia negra. Os templos Egípcios constituem uma amostra desses santuários. Atualmente, muitos querem construir igrejas de pedra e cimento para adorarem Santos e Santas e não os seus feitos; isso também é uma reminiscência dos Turânios Originais.
  • Raça Semitas Originais – a mais importante das Raças, pois foi a semente da Raça Ária. Aqui, deu-se início ao uso da Mente como refreadora das paixões. Eles foram os primeiros a descobrirem que o cérebro é superior ao músculo. Mas faziam isso de modo astuto e egoísta, para conseguirem o que desejavam.
  • e (7) Raça Acádios e Raça Mongóis – desenvolveram mais ainda a capacidade de pensar. Mas se desvirtuaram do rumo da evolução, pelo excesso de astúcia e egoísmo.

Antes de entrarmos no estudo da atual ou quinta Época é importante retomarmos o estado das massas: primeiro nós tínhamos gastados, em demasia, nossa força criadora devido ao episódio “A Queda do Homem”; usamos e abusamos dela. Segundo, fizemos uso de álcool e de drogas, utilizando nossa Mente para fins egoístas e astutos ao ponto de nos esquecer de nossa origem divina e espiritual. O foco no Mundo Físico foi tamanho, que passamos a negar a existência de qualquer coisa espiritual (note a falta de equilíbrio: antes negávamos a existência do Mundo material; agora, pendemos para o lado oposto, e negamos a existência dos Mundos espirituais!). Terceiro, dividimo-nos em Raças. As Raças mais avançadas passaram a dominar ou escravizar as mais débeis. Quarto, a noção de separatividade fez com que nos apegássemos a termos o sentido egoísta de pertencer a uma família, uma tribo, uma nação ou a um país, de tal modo que nos prendíamos, por esse sentimento egoísta de pertencimento, a essa forma, não possibilitando mudanças e progressos.  Ficamos confinados nos corpos, nascendo e renascendo na mesma Raça, por muitos e muitos anos. Como essas reminiscências estão atualmente? A Tabela 1 mostra didaticamente.

Lições da ÉpocaAtingiu
seu objetivo
O ser humano se livrou
dela?
Roupagem atual
Lemúrica Causar dor no corpo para despertar a consciência e vontade. Relação sexual apaixonada para despertar a consciência para o Mundo Físico.SimNãoAutoflagelação, tatuagem, piercing, práticas Hindus de elevação do corpo por ganchos, esportes radicais que atingem os limites físicos suportáveis e, às vezes, insuportáveis. Sexo baseado na paixão e na posse do outro.
Atlante Acumular coisas, pois era nosso papel aprender a dominar sólidos, líquidos e gases. Nesse processo, aprendemos a guardar o que dominamos, termos referências visíveis que expressam nosso domínio.SimNão  Ainda procuramos a valorização da posse material ou imaterial: minha casa, meu carro, meu dinheiro, meus filhos, meu marido, minha esposa, minha saúde, minha fama, meu poder e acúmulo de bens para também termos referência física de que dominamos o mundo e estamos seguros por isso.
Atlante Uso do “vinho” e da carne animal para se esquecer da origem divina e formar um Corpo Denso com um esqueleto apropriado.SimNãoGrande parte de nossos irmãos e das nossas irmãos ainda contribuem para matança dos animais (mamíferos, aves, peixes, répteis, crustáceos, anfíbios, frutos do mar e afins) e utilizam bebidas alcoólicas em churrascos, festas e comemorações. Também, de modo cotidiano, com a astúcia de relaxar ou “se livrar” de doenças cardiovasculares.
Atlante Negar a existência de qualquer coisa espiritualSimNãoPessoas céticas e que acham pura bobagem acreditar nas fantasias sobre Deus ou Religiões.
Atlante Raças mais avançadas ou inteligentes passaram a dominar ou escravizar as mais débeisSimNãoHá ainda escravidão, inclusive econômico-financeira. Sem se falar na escravidão física, exploração sexual, exploração de crianças e outras. Os mais ricos e poderosos escravizam os trabalhadores mais pobres.
Atlante Divisão em Raças e o uso do cérebro para aprender a controlar as coisas físicas.SimNãoAlgumas vezes, não mais Raças, mas espírito de família, espírito de tribo. Ainda utiliza sua Mente para conseguir ser “melhor funcionário”, ter “melhor desempenho” e ser competitivo seja na família, seja no mercado de trabalho. Custe o que custar, empregará sua Mente para ter sucesso material e de carreira (“pisando no pescoço”, “puxando o tapete”, “apelando para a forma física”, “se prostituindo”, “se vendendo”)
Tabela 1 – Lições das Épocas e a roupagem atual que constituem suas reminiscências

É possível notar que ainda temos muitas dessas tendências enraizadas em nossa Personalidade, que tiveram origem durante a Época Lemúrica e Atlante. Com o término da Época Atlante, iniciou-se a quinta Época ou Época Ária. Aqui, um grande Iniciado apareceu para nos mostrar como devíamos nos livrar das reminiscências da Época Atlante e da Época Lemúrica, e o que devemos aprender da Época Ária para entrarmos na Nova Era. Tal Iniciado foi Abraão e sua vida pode ser estudada por meio da Bíblia.

Abraão foi o primeiro dos mestres Iniciados enviados a nova Quinta Época Raça-Raiz que habitaram a Terra depois da destruição do continente Atlântico pelo “Dilúvio”. Para desvencilhar a tendência de que somos algo material, um acidente da natureza e sem origem espiritual, Abraão, antes conhecido como Abrão, veio de Ur, cidade da “luz”, e se estabeleceu em Harã, “um lugar alto”. Significa que sua origem não é física ou material, mas espiritual.

Os espiritualmente iluminados sempre consideraram que cada lugar mencionado na Bíblia representa o aqui e agora, e cada personagem mencionado é você, você mesmo. Ora, também viemos de Ur (da luz) e nos estabelecemos em um lugar alto. Sabemos que nós, o Ego, não estamos aqui na Região Química do Mundo Físico (baixo), mas na Região do Pensamento Abstrato (alto). Além disso, a noção de que somos mais do que carne e osso têm uma implicação muito importante no modo como agimos no dia a dia. Se prestarmos atenção, facilmente notaremos que vivemos no mundo com a ilusão de que permaneceremos aqui para todo o sempre. Ignoramos o fato consumado que é a morte! Não há como permanecer vivo para sempre! Mesmo assim, alimentamos a ideia de que permaneceremos, e nossas ações diárias são modeladas a partir disso. “Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir”. (Hb 13:14). Se compreendermos que a morte do Corpo Denso não extingue a vida, a pergunta que aparece é: como devemos nos preparar para o que há de vir? Devemos dedicar algum tempo da nossa vida para essa preparação, e deixar de usar a Mente para alimentar traços atlantes como a competitividade, o ceticismo e a valorização de grandes feitos físicos. Além disso, a ideia de que aquilo que acumulamos de aprendizado não pode ter relação com a quantidade de posses físicas, nos faz procurar menos ostentação e avareza. As riquezas permanentes estão no Céu e não na Terra passageira. Essas constituem as primeiras lições que devemos aprender.

Outro fator importante: assim como Abraão, não estamos sozinhos quando iniciamos a vida na Terra. Em verdade ele estava acompanhado por Sara (sua natureza superior) e do filho de seu irmão (Ló) sua natureza inferior. É muito importante recorrermos ao texto bíblico em que o narrador esclarece que Abraão (Ego) era muito rico em prata e ouro e possuía muito em gado. Assim como Ló, também, possuía muitos bens. No capítulo 13 do Livro do Gênesis versículos 6, 7, 8 e 9, lemos: “E não tinha capacidade a terra para poderem habitar juntos, porque os seus bens eram muitos de maneira que não podiam habitar juntos. E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Lot, e os cananeus e os perizeus habitavam então na terra. E disse Abrão a Lot: ‘Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos. Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim, e se escolheres a esquerda, irei para a direita e se a direita escolheres, eu irei para a esquerda’”.

Com esse processo de reconhecimento que não há espaço para que as naturezas superior e inferior vivam juntas, começa uma separação em ideias entre ambas. Mesmo sendo pecador, isso não impede de começarmos uma busca por realizar as obras espirituais. Por meio da inanição, deixamos de alimentar a natureza inferior que, aos poucos, começa e perder força e alimentamos apenas a natureza superior. Na medida em que o “Eu superior”, a parte de nós que deve preencher a totalidade do nosso ser, passa a predominar, o crescimento anímico ocorre. Com esse poder, poderá haver o resgate e domínio do “eu inferior”. Isso é relatado na seguinte passagem da Bíblia: “Ouvindo, pois, Abrão que o seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascidos em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã”. O Senhor havia ordenado a Abraão que percorresse toda a terra, no seu comprimento e na sua largura, pois assim iria adquirir experiência. A soma do número 318 equivale ao número 12. A soma do número doze equivale a 3 que representa os três atributos de experiência de nós, o Ego: Alma Consciente, Alma Intelectual e Alma Emocional. Abraão estava, então, apto e suficientemente poderoso para resgatar Ló e não mais viver separado dele, mas com a capacidade de dominá-lo. “E dividiu-se contra eles de noite, ele (Ego ou Abraão) e os seus criados (seus poderes Anímicos), e os feriu, e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco. E tornou a trazer todos os seus bens, e tornou a trazer também a Ló (Personalidade ou natureza inferior), seu irmão, e os seus bens, e as mulheres, e o povo”.

Passadas tais provas, veio a palavra do Senhor a Abraão em visão, dizendo: “Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão.” (Gn 15:1). Apesar de os ideais de pureza, serviço e sacrifício parecerem estar, ainda, muito distantes de serem concretizados por nós, tais atributos (que são personificados por Abraão) são expressões superiores de Áries (a primeira das três Eras que iniciou na Época Ária, logo após o fim da Época Atlante).

Após essa etapa de domínio do “eu inferior” pelo “Eu Superior”, inicia-se um novo processo de produção de serviços espirituais. Muitas obras em favor da humanidade são realizadas pela pessoa que atingiu essa etapa. No entanto, quanto mais alto a alma ascende, mais sutis serão as tentações que deverá sofrer. Abraão finalmente enfrentou uma de suas maiores provas do Caminho Iniciático, a denominada Grande Renúncia. Assim como se lê no Livro do Gênesis 22:7-12. “Então falou Isaac a Abraão seu pai, e disse: ‘Meu pai!’. E ele disse: ‘Eis-me aqui, meu filho!’. E ele disse: ‘Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?’. E disse Abraão: ‘Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho’. Assim caminharam ambos juntos. E chegaram ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou Abraão ali um altar e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaac seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha. E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho; Mas o Anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: ‘Abraão, Abraão!’ E ele disse: ‘Eis-me aqui.’. Então disse: ‘Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho’.”.

Isaac representa as obras geradas pelo “Eu Superior” após dominar o “eu inferior” e alcançar a Iniciação. Ele é filho de Abraão e Sarah. A solicitação de Deus para renunciar às suas obras espiritualistas ou propriedades do “Eu superior”, é fundamental. Isso foi bem relatado por Max Heindel em uma de suas Cartas aos Estudantes, quando mencionou que sentia, por muitas vezes, a Fraternidade Rosacruz como uma obra pessoal (tentação) e não produto dos Irmãos Maiores. Esse é um ponto muito sutil, pois o Iniciado aqui acredita que todas as obras maravilhosas que realiza são dele, mas em verdade, pertencem a Deus. Uma vez ultrapassada essa noção, o Espírito mostra que está apto para viver a verdadeira união com todos e receber os verdadeiros ensinamentos universais Cristãos, reservados apenas àqueles que atingiram esse ponto.

Podemos resumir as lições da Época Ária em:

  • Renunciar ao “eu inferior” (traços que trazemos da Época Lemúrica e Época Atlante);
  • Fortalecer o “Eu Superior” para dominar o “eu inferior”;
  • Depois, servir com fidelidade e produzir obras com o “Eu Superior” (gerar filhos: Isaac);
  • Renunciar as obras do “Eu Superior”. Elas não são nossas, mas da humanidade.

Sem dúvida, somente pela devoção, fé e entrega total para Deus é que será possível superar essa grande prova de renúncia espiritual. Se assim procedermos, poderemos verdadeiramente, alcançar a Nova Era. “Aquele que encontrou sua vida, a perderá; e aquele que perdeu sua vida por minha causa, a encontrará.” (Mc 8:35).

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Frutos da União entre os nossos Polos Masculino e Feminino

A Sabedoria descrita nesse versículo dos Provérbios (“Obtenha sabedoria e compreensão” (Pr 1:2)) representa o princípio feminino de Deus, o fluir da revelação cósmica, enquanto a Compreensão representa o princípio masculino, que é alcançado pelo emprego da Vontade e da Razão (Logos). A temática do presente artigo aborda esses dois polos básicos que fundamentam qualquer desenvolvimento humano – até mesmo o desenvolvimento inconsciente que, mesmo sendo respeitado, não é sugerido aos Estudantes Rosacruzes, pois somente pelo emprego correto desses polos é que coisas originais podem ocorrer, de fato. Lembrando que a originalidade aqui mencionada, sempre será fundamentada no Amor, que também é o propósito de toda Ação, de todo o Poder e de toda a Sabedoria. Qualquer criação fundamentada fora do Amor é vaidade.

Duas figuras representam, em seu mais elevado grau, os polos feminino e masculino: a Virgem Maria que personifica o polo feminino e Hiram Abiff – o Construtor do Templo de Salomão – que representa o polo masculino. Lázaro, por sua vez, representa o fruto dessa união, ou o ser andrógeno ressuscitado pelo Leão de Judá, o Cristo. Ele, junto a Jesus, alcançou a vida eterna pela união dos dois polos. Essa androgenia foi majestosamente representada por Leonardo da Vinci na obra ‘A Última Ceia’, em que São João Evangelista é representado como um ser andrógeno.

Originalmente, o mundo foi concebido em equilíbrio e cooperação perfeita entre os polos masculino e feminino. Aqui todos os elementos da Natureza operam em consonância para a benignidade e para a vida. Condição conhecida na Bíblia como Jardim do Éden. Com o evento conhecido por “Queda do Homem” tanto o ser humano como a Natureza passaram a ser divididos: ao mesmo tempo em que a Natureza nos fornece a vida e o alimento de cada dia, há vírus, micróbios, vermes, infectuosos, animais e plantas que sugam, parasitam, lutam e matam. Catástrofes e desgraças provindos da Natureza, passaram a ocorrer após a “Queda do Homem”. Esse fenômeno é ilustrado por Ezequiel no Capítulo 31, versículos 16-17: “Ao som da sua queda fiz tremer as nações, quando o fiz descer ao inferno, com os que descem à cova; e todas as árvores do Éden, a flor e o melhor do Líbano, todas as árvores que bebem águas, se consolavam nas partes mais baixas da terra. Também estes com ele descerão ao inferno a juntar-se aos que foram traspassados à espada, sim, aos que foram seu braço, e que habitavam à sombra no meio dos gentios”.

Do mesmo modo, passamos a ter duas Naturezas pós-queda: uma superior (Imagem de Deus) e outra inferior (que atualmente é dessemelhante a Deus). A busca pelo reestabelecimento da condição antiga é meta do Aspirante a vida superior – o Estudante Rosacruz – e a Nova Jerusalém só poderá ser uma verdade quando essa condição for alcançada por nós.

O principal motivo pelo qual não atingimos esse estágio ocorre pelo fato de não compreendermos o Mistério do Divino Feminino e da não aplicação desse saber em nossa vida. A pureza é o elemento fundamental que transcende a experiência humana para além da representação ou do conhecimento cerebral (sombra da real essência pensante do Ego). Ao se buscar a pureza, alimenta-se a Virgem Maria interior, que desperta um saber acima do intelecto e permite a experiência da verdadeira Vida.

A quinta essência do polo masculino, conhecida na Fraternidade Rosacruz como quintessência da linhagem de Caim, se alimentada isoladamente, deslocada da pureza, seduzirá a pessoa ao ponto de acreditar ser detentora de grande poder e que pode bastar em si mesma.

O polo masculino isolado, então, jamais produzirá um poder epigenético (originalidade) colaborativo à Grande Obra. A originalidade sem pureza é muito perigosa, sendo sua expressão máxima manifestada em alguns sistemas econômicos atuais. Por exemplo, o capitalismo, que tem foco na produção e no lucro, induz seus adeptos (ainda que inconscientes em sua maioria) para a necessidade de ambição e originalidade. Estabelece, assim, a competição entre as pessoas. Pelo modo como esse sistema é aplicado hoje (sem pureza), aquele que tiver a melhor ideia (ou a ideia mais lucrativa) ganhará sua promoção ou recompensa. Por ser unilateral, possui efeitos colaterais como a exacerbação do individualismo, da vaidade e a periferia econômica-social.

Obviamente que os conceitos de: dinheiro, poder, amor e fama são os elementos colocados pelos Grandes Líderes da humanidade como fonte motivacional para que saíamos da inércia e dinamizamos nossos poderes latentes, por meio da obtenção de experiências e aprendizagem (ainda que isso pareça um absurdo quando se contempla a miséria que um sistema unilateral, como o acima mencionado, promove).

Lembrando o que estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos: “O Amor, a Fortuna, o Poder, a Fama! Eis os quatro grandes motivos de toda ação humana. O desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo por que o ser humano faz ou deixa de fazer algo. Os grandes Líderes da humanidade agiram sabiamente quando lhe deram tais incentivos para a ação, a fim de obter experiências e aprender. O Aspirante à vida superior deve continuar usando-os como motivos de ação, firmemente, mas deve transmutá-los em algo superior. Por meio de nobres aspirações, deve saber transcender o amor egoísta que busca a posse de outro Corpo, e todos os desejos de fortuna, poder e fama fundamentados em razões pessoais egoísticas. O Amor pelo qual se deve aspirar é unicamente o da Alma; que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe. A Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes. O Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a humanidade. A Fama pela qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração.”

No entanto, a questão que fica é o modo como utilizar os conceitos de fortuna, poder, amor e fama: se houver correspondência aos raios inferiores de Marte e Vênus, tem-se uma vida comum e materialista; por e outro lado, se houver preenchimento destes conceitos com coragem, bravura, intrepidez, simetria, simpatia e Amor, pode-se despertar o raio universal de Urano e concretizar, aqui e agora, a Nova Jerusalém.

Atualmente, o polo masculino impera de modo invertido na grande maioria das pessoas, principalmente nas pessoas que possuem Mentes com poder material e que determinam aquilo que seguramente as massas aderirão. Aqui existem dois problemas:

O foco unilateral no polo feminino (linhagem de Água) também possui seus efeitos colaterais: mesmo que promova a experiência de fidelidade e pureza, induz o ser humano a mergulhar no “Eu verdadeiro” – o Ego, a Individualidade – e suspender todas as suas faculdades pessoais. Quem busca o “Eu verdadeiro” suprimirá o centro falso que é o “Eu inferior” (alimentado isoladamente pelo polo masculino isolado). Nessa libertação radical se atinge o estado de consciência sem sopro e sem reflexão. Aqui se alcança a transcendência do fenômeno de existir no “Eu inferior”; de qualquer senso de consciência do tempo, espaço e causa. Chega-se na dissolução do senso do ser individual. Em outras palavras, mata-se a Personalidade!

Entretanto, o método inaugurado por Cristo-Jesus – o Cristianismo – é o mais eficaz no propósito de reequilibrar a Natureza e o ser humano. Nele, o Fogo se encontra com o Água e nada se extingue na Personalidade humana. Ao contrário, tudo nela se abrasa. Esta é, de fato, a experiência do binário legítimo ou a união das duas substâncias separadas na essência única (Deus). Em outras palavras, as substâncias continuam separadas (Espírito e Corpo – Binário) para não serem privadas daquilo que é o mais precioso em toda a existência: a aliança livre no amor. Por isso no Cristianismo se diz sobre o dom das lágrimas, pois a Personalidade permanece. O próprio Cristo Jesus chorou na ressureição de Lázaro, que é a personificação da união perfeita entre os polos masculino e feminino.

Neste sentido, o Amor, que é a base do ensinamento do Cristo, só pode se manifestar se houver um binário; se houver um Amante e um Amado; se houver um “Eu” e um “Tu”; se houver Sopro (Espírito, Fogo) e Reflexão (Corpos, Água). Este é o motivo pelo qual Cristo sempre dizia, “Em verdade, em verdade”, referenciando a consonância entre o Espírito (primeiro “em verdade”) e o Corpo (segundo “em verdade”), e que dessa fecundação, nascerá a Alma, que são os poderes anímicos, como aprendemos na Fraternidade Rosacruz, que é a Tríplice Alma: Alma Consciente, Alma Intelectual e Alma Emocional. Também este é o verdadeiro motivo pelo qual Ele curou um doente (fruto do círculo fechado) num Sábado, reabrindo a espiral em que Deus vem até o ser humano e o ser humano vai até Deus.

O principal meio para alcançarmos a união verdadeira entre os polos masculino e feminino (Originalidade-Pureza) é o Amor. Não é possível amar unilateralmente. Para o Amor se manifestar, deve haver os dois polos, em relação. Um alimenta o outro, sendo a Cristificação o fruto deste casamento. Somente assim a Nova Jerusalém se tornará uma realidade.

Do ponto de vista prático ou do cotidiano, dois são os meios que se pode atingir da união de complementares (Masculino-Feminino; Eu-Tu; Hiram-Rainha de Sabá; Espírito-Corpo; Sopro-Reflexão; Originalidade-Pureza): no nível pessoal (regeneração da Personalidade) e no nível coletivo (serviço amoroso e desinteressado aos outros), sendo que um aprimoramento não pode existir sem o outro. Isso está de acordo com a lógica de “espirais dentro de espirais” ou “de como é em cima, é embaixo”. Em ambos os níveis, a Imaculada Concepção e a Glória de Shekinah são alcançadas.

Os alquimistas revelaram uma grande verdade quando declararam que a Pedra Viva (o corpo da Nova Era) era formada pela união do Sol (polo masculino) e da Lua (polo feminino), e o percurso dos Astros no Sistema Solar, o Corpo-Templo de Deus, possui um correlato similar do Corpo-Templo do ser humano. Este é um dos maiores simbolismos do Corpo Humano.

A Semente Sol e a Semente Lua, conforme o Estudante Rosacruz se torna dedicado na busca espiritual, a cada ano, imediatamente após o Solstício de Junho, a Semente-Sol, ou semente masculina, inicia seu circuito anual através do corpo, simulando o caminho do Sol em seu curso pelo céu. As correntes vitais no ser humano e na Natureza estão sempre em sincronia, a menos que atrapalhemos esta harmonia. No Equinócio de Setembro a Semente-Sol alcança o centro do coração e no Solstício de Dezembro, o Sol alcança sua maior declinação, no Sul. Na humanidade comum, este ponto é onde fica o Plexo Celíaco. No Equinócio de Março, toca novamente o coração e, finalmente, no Solstício de Junho a semente-Sol toca a sua “Casa” que é a Glândula Pineal. Mas neste caso, temos as correntes vitais de um Adepto (um ser humano que já possui as Nove Iniciações Menores e uma Maior). Podemos utilizar a figura de uma lemniscata para ilustrar esse ponto: aqui, o ponto de maior declinação sul é na base do coração, enquanto em nós, humanidade comum, o ponto mais baixo é na região do Plexo Celíaco. Do mesmo modo, o ponto onde há o cruzamento do fluxo da energia vital, no Adepto ocorre na Laringe, seu novo órgão criador, enquanto em nós, ocorre no coração. Concomitante ao ciclo do Sol ocorre o ciclo da Lua.

A Semente-Lua (princípio feminino) segue o caminho da Lua. Na Lua Cheia, temos a ativação do centro da geração (Plexo Celíaco) – se a força sexual permanecer na pessoa, então ela subirá: “Qualquer um que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.” (1Jo: 3-9). Quando ocorre a Lua Cheia, a ativação da força de vida é sempre abundante, mas, a maior parte de nós acaba por derramá-la no robustecimento da incongruência entre Espírito, Alma e Corpo. Para aqueles que buscam uma vida casta, que é o esforço consciente para manter a sincronia entre Espírito (Céu), Alma (Purgatório) e Corpo (Terra), a semente permanecerá nele. Assim, o fluxo de energia de vida seguirá sua ascensão, a cada mês e, na Lua Nova, tem-se a ativação da Glândula Pituitária ou Corpo Pituitário. Se o Estudante Rosacruz for capaz de, a cada mês, trilhar o caminho da santidade, que é a mais solene preparação e com a maior reverência e devoção, então a semente permanecerá nele (12 sementes a cada ano, uma a cada ciclo da Lua em um Signo do Zodíaco). Assim, quando ocorrer o Solstício de Junho, as 12 sementes Lunares (polo feminino) serão unificadas a uma semente Solar (polo masculino). A fusão entre as sementes ocorre no terceiro ventrículo cerebral, que é a ponte entre as Glândulas Pituitária e Pineal. Por isso o terceiro ventrículo chamado de a cama da lua de mel, em que a Criança Santa (a união entre as sementes Lunar e Solar) é concebida e nascida. Também é chamado de “manjedoura” e as Glândulas Pituitária e Pineal denominadas: Pai e Mãe. O desequilíbrio desse processo, fruto da “Queda do Homem” no Jardim do Éden, causou a perturbação da sincronia entre as correntes de força cósmica e as correntes de força humana, que têm a mesma origem (“como em cima, é embaixo”). Este foi o nosso pecado, quando vivemos na antiga Lemúria (na Época Lemúrica), desperdiçamos nossas sementes sem levar em conta a lei e sem considerar o amor. Mas é nosso privilégio, enquanto Cristãos, nos redimir, pela pureza de nossa vida, em memória do Senhor. São João diz: “Sua semente permanece n’Ele” e este é o significado oculto “do pão e do vinho”. Vale lembrar que santidade é algo muito maior do que ter ou não ter relação sexual. “Não é o uso, mas o abuso que produz todas as perturbações e que interfere com a vida espiritual. Não há necessidade alguma de abandonar a vida superior quando não se possa ser casto, nem é necessário ser estritamente casto para passar pelas Iniciações Menores” (Max Heindel). A força sexual deve ser direcionada para outros propósitos, de modo a, gradativamente, sublimarmos a tendência passional e egoísta de satisfação pessoal, e a empregarmos em fins espirituais. Astrologicamente, isso é feito pela transmutação da paixão de Marte e do amor de Vênus (sensual e pessoal) no altruísmo de Urano exaltado em Escorpião, o Signo da regeneração.

“A Sala Oeste do Tabernáculo era tão escura como os céus o são quando a luz menor – a Lua – encontra-se na parte oeste do céu em oposição ao Sol, isto é, na Lua Nova, quando começa um novo ciclo num novo Signo do Zodíaco. Na parte mais ocidental deste escuro santuário ficava a Arca da Aliança com os Querubins pairando acima dela, e, também, a ardente Glória de Shekinah, da qual saía a Luz do Pai que comungava com Seus adoradores, mas que para a visão física era invisível, portanto, escura” (Max Heindel em Iniciação Antiga e Moderna). Para a compreensão do que é a Glória de Shekinah, devemos ter em mente que o elemento Fogo está presente em todo o universo. Não há nada que exista que não esteja envolvido por tal elemento. Talvez seja difícil compreendermos este fato, pois associamos fogo com chama. Mas bem sabemos que o fogo guarda a mesma relação com a chama que o Espírito tem com o Corpo; o Espírito é invisível assim como o fogo, e o corpo representa a chama, que é o fogo manifestado. Assim como a Árvore da Vida possui seu correlato no corpo do ser humano, assim também as partes do Tabernáculo do Deserto possuem correlatos anatômicos e funcionais com nosso Corpo-Templo. “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (ICor 3:16). A cabeça é o correlato anatômico da Sala Oeste do Tabernáculo do Deserto. Essa Sala é também conhecida como o Santo dos Santos ou Sanctum Sanctorum. Nenhum mortal poderia passar o véu que separava a Sala Leste da Sala Oeste, somente o Sumo Sacerdote em uma ocasião especial do ano, chamado Yom Kippur, o Dia da Expiação, é que podia ali adentrar. O Tabernáculo inteiro era o santuário de Deus, mas, neste lugar, sentia-se o imponente poder de Sua presença, a morada excepcional da Glória de Shekinah, e qualquer mortal tremeria dentro deste recinto sagrado, como devia acontecer ao Sumo Sacerdote no dia da Expiação (Max Heindel). Mesmo assim, essa entrada pelo Sumo Sacerdote, era feita após a mais solene preparação e com a maior reverência e devoção. É justamente sobre esta preparação que a Imaculada Concepção possui sua importância, pois somente “os puros verão a Deus”. No mundo existe matéria-prima dada por Deus, que é simbolizada pelo trigo. Ora, do mesmo modo que o trigo é a matéria-prima para elaboração e consumo do pão, os eventos de cada dia se apresentam como oportunidades de trabalho (originalidade) com a matéria-prima (gratidão, devoção e pureza), dadas por Deus, para elaboramos o “Pão da Vida”, que alimenta o Espírito. Note que a cada evento que nos deparamos, todos os dias, podemos enfocar nossa Mente sobre ele, e aqui trabalharemos com a matéria-prima do Mundo do Pensamento. Transformando o trigo em pão pelo emprego da duplicidade Originalidade-Pureza. O mesmo para os sentimentos que são despertados em nós na vivência dos fatos da vida. Se deixarmos que a nossa Natureza emocional degenerada sempre permaneça, sairemos da vida com o mesmo temperamento que entramos. Isso significa que não trabalhamos com a matéria-prima (trigo) do Mundo do Desejo que nos foi dada e, por isso, não produzimos nenhum pão. “Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.” (Mt 25:29). O mesmo para os hábitos que são o resultado que fazemos com o Corpo Vital. Se adquirirmos vícios e maus hábitos nesta vida, significa que estamos destruindo nosso Corpo-Templo que Deus habita e, nas próximas vidas, teremos mais doenças e morte. Finalmente, se não cuidamos de nosso Corpo Denso e do ambiente que vivemos (nossos lares e todos os locais que passamos), também deixamos de construir o “Pão da Vida”. Aqueles que já desenvolveram suas capacidades estão envolvidos nos sistemas acadêmicos, religiosos, políticos e artísticos, promovendo melhorias em nível coletivo, alcançaram consciência e capacidade que permitiram que seu círculo de ação fosse expandido. Veja que a vida se torna muito mais do que ter de trabalhar, comer, beber, nos momentos livres dedicar-se as distrações, prazeres e descansar. Se não criarmos vias originais para que a energia sexual floresça, com certeza ela fluirá para os órgãos sexuais e jamais a Imaculada Concepção permitirá a abertura dos olhos para ver o Fogo Invisível ou a Glória de Shekinah. O contato com o Altíssimo jamais ocorrerá, pois “somente os puros verão a Deus”. Com os “olhos abertos”, vendo face a face, um maior alcance de serviço amoroso nos será inaugurado e poderemos servir lá, como aqui procuramos servir. A Nova Jerusalém será, então, uma verdade. “E serás uma coroa de glória na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus. Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará jamais: Assolada; mas chamar-te-ão: O meu prazer está nela, e à tua terra: A casada; porque o Senhor se agrada de ti, e a tua terra se casará. Porque, como o jovem se casa com a virgem, assim teus filhos se casarão contigo; e como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus” (Is 62:3-5).

(Trecho do Livro The Life and Mission of the Blessed Virgin – Corinne Heline – traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz-Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Novamente o Trabalho em Grupo ou em Equipe

Somos apologistas do trabalho em equipe. Observamo-lo portador de inúmeras vantagens, como, por exemplo, o alcance de um rendimento máximo em tempo mínimo, mediante o aproveitamento racional das qualidades e aptidões de cada um em função do todo. Além disso, sua ação faz-se sentir individualmente, revertendo em benefício de cada um, em forma de disciplina, solidariedade, harmonia, companheirismo e expansão natural das próprias qualidades.

Mas, não se pense que o desenvolvimento do trabalho em grupo ou em equipe depende, única e exclusivamente, da aglutinação de pessoas dotadas de capacidade para realizar a obra proposta. Não. Não é tão simples assim. Certas aptidões, conhecimentos e habilidades são importantes e desejáveis. Mas, por si só não asseguram o êxito final de um trabalho coletivo. Há certos requisitos prioritários, tais como: boa vontade, sinceridade, desprendimento, altruísmo, harmonia, ausência de personalismo e outros. São essas qualidades, de natureza moral, que possibilitam a um grupo relativamente heterogêneo empreender e concretizar obras de vulto, num sentido comum.

É importante, na quadra atual, cada um meditar sobre isso, e perguntar-se: “Estou preparado para trabalhar em equipe?” Sempre estão se formando novos Grupos de Estudos Rosacruzes Informais e Formais e muitos estão se tornando Centro Rosacruz. E por meio deles os Estudantes Rosacruzes têm oportunidade de contribuir com sua parcela de esforço para a disseminação do Ideal Rosacruz.

O Método Rosacruz de Desenvolvimento oferece meios de realização estritamente individuais, objetivando o aprimoramento espiritual do Aspirante à vida superior, de modo a permitir-lhe transcender os entraves internos separatistas, integrando-o cada vez mais no puro sentido de equipe.

Todos temos alguma coisa a realizar, pois o mundo necessita de pessoas responsáveis, decididas a arregaçar as mangas e trabalhar. Não fiquemos aguardando o surgimento de condições favoráveis. Não esperemos o emergir do amanhã acenando-nos com as oportunidades. Essas já estão por aí à espera da nossa decisão. Nos dias que correm o “futuro é hoje”. E o trabalho deve ser realizado “aqui e agora”!

Se você quiser saber como deve funcionar um trabalho em grupo ou em equipe típico Rosacruz (pautado, logicamente, nos preceitos aquarianos) leia e estude esse material elaborado por um antigo Probacionista:

A Libertação Através Do Trabalho Em Grupo

“Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor e a Luz do mundo”.

Max Heindel

O conhecimento, em todos os seus aspectos, é a base reconhecida do progresso. À medida que novos fatos são descobertos, novas leis são formuladas, a tecnologia vai se aperfeiçoando e as evidências do progresso se manifestam. Desse modo o ser humano vai obtendo tudo o que previamente lhe parecia impossível. Tal acontece porque novos fragmentos de conhecimento em um campo provê a chave do mistério existente em outro campo. Consequentemente, em virtude do interrelacionamento comum entre todas as fases da vida e do conhecimento, quanto mais o ser humano sabe a respeito de determinado assunto, mais poderá saber a respeito dos outros. Assim, a luz do conhecimento cresce e se torna mais brilhante.

Muitos problemas da vida, mercê dessa transferência de capacidade e interrrelacionamento de conhecimento, são resolvidos satisfatoriamente. Mas, o progresso aí está, constantemente desafiando o ser humano com novas e diferentes situações que inevitavelmente suscita. Os novos problemas vão tornando mais amplos, envolvendo mais pessoas, abrangendo maiores horizontes e exigindo soluções mais rápidas. As conquistas da técnica e da ciência, aproximando cada vez mais e identificando os diferentes grupos humanos, fazem com que cada acontecimento afete a todos. É evidente que a humanidade está sendo submetida a um processo evolutivo acelerante. Os sinais apontados são o início desse processo.

Ninguém sabe tudo – nenhum ser humano, por mais disciplinado, inteligente e dono de seu tempo que seja, pode hoje aprender tudo o que está à disposição do conhecimento humano. Ninguém, por mais poderoso e influente, não poderá pensar, planejar e atuar, com o acerto e rapidez necessários, em todos os problemas sociais. Ora, não é do intento divino que seja a humanidade subjugada e vencida pelo desespero, ante os penosos e confusos tempos que vamos adentrando. Graças a alguns afortunados cérebros que não se deixam limitar pelo medo, que sobrepassaram o egoísmo e, pelo amor ao próximo, sincero e desinteressado, lograram alcançar as mais profundas verdades do Cristo, está sendo divulgado por todas as partes a necessidade imperiosa de congregar as pessoas em grupos. Pela conjugação dos recursos individuais, na busca da solução dos mais altos e legítimos problemas coletivos, vêm-se obtendo meios para enfrentar a evolução da técnica, a fim de utilizá-la convenientemente, sem violência aos sagrados direitos do ser humano. Ainda há muito erro, decorrente, as mais das vezes, da falta do espírito de equipe. Ademais, há pouco é que, praticamente, se evidenciam as vantagens desta técnica há tanto tempo pregada por Cristo. Mas, ninguém pode deter o fluxo do propósito evolucionário; verifica-se um rápido aumento do trabalho em grupo, em todo o mundo.

Necessidades para se trabalhar em grupo – o primeiro passo para o trabalho em grupo é o reconhecimento de nossas limitações pessoais. Isso nos leva a participar de esforços cooperativos, cujo brilhante futuro mal podemos prever. À medida que nossos egoísmos e interesses imediatistas forem dando lugar ao altruísmo e bem-comum, novas fases irão sendo exploradas no trabalho em grupo. De fato, a formação de grupos de trabalho ainda está na infância. As técnicas são relativamente desconhecidas de uma grande maioria de indivíduos e as forças cósmicas, que unem os indivíduos esparsos em grupos, estão apenas começando a produzir seus impactos sobre a consciência humana. Tais forças fluem primeiramente do Espírito do Cristo Interno e secundariamente da influência de Aquário. Ao se tornarem mais fortes, os grupos de pessoas, de uma natureza mais original e espiritual, se tornarão mais comuns. Eles serão os vanguardeiros e a glória da Era de Aquário. Pelo discernimento de assuntos públicos, Júpiter – o princípio da expansão e da boa vontade, da filantropia e da sociabilidade – revela o que é desejável em matéria de negócios, de religião, de ciência e outros assuntos, suscitando a revisão de atividades para novas e construtivas fases em grupos. Desse modo, utilizando os valores relativos pessoais, sob o impulso do altruísmo e sem ofender a liberdade individual, Júpiter vai tornando possível grandes melhoramentos. Para as pessoas integradas em movimentos humanísticos e espirituais, o trânsito desse Planeta enseja grandes oportunidades de progresso.

No passado, as transições de progresso que se operavam no mundo eram consequências do trabalho de indivíduos mais ou menos iluminados, cujas Personalidades exerciam poderosa ação, atraindo e dominando aqueles que se tornariam seus discípulos. Por intermédio de tais singulares indivíduos o trabalho era feito. Foram grandes homens e mulheres a quem devemos não somente as revelações religiosas, como o progresso nos vários ramos da arte, da ciência, das leis, da política, da filosofia, etc. Eles, em grande parte, fizeram a história, história de umas poucas pessoas, de cujo esforço e gênio dependeram as grandes realizações, em todos os campos de trabalho.

Atualmente essa condição está mudando. Novos métodos e novos homens e mulheres estão rapidamente emergindo. Muitos poucos indivíduos excepcionais surgem, mas, em compensação, levanta-se muitos homens e mulheres aptos para qualquer atividade. Em vez do antigo “mestre” que determinava tudo, observamos hoje muita gente com idêntica habilidade, trabalhando em conjunto. Ampliam-se enormemente as atribulações de responsabilidade e expansão da atividade humana. Devemos, hoje, aprender a trabalhar em conjunto ou nos desatualizaremos. Como predisse Max Heindel, devemos ser iguais, amigos, compartilhando experiências e ações, acima da preocupação de liderança. A Fraternidade é a nova ordem da Era que se aproxima. Ou nos entendemos ou nos limitaremos cada vez mais.

O desejo de se destacar – A ambição para se tornar líder leva a mesma razão que torna o indivíduo inadaptado para a mais elevada forma de trabalho em grupo, não importando quão altruístas e benevolentes possam ser as motivações. O desejo de se destacar, de exercer autoridade, encerra um erro de aproximação à moderna atividade em grupo, pois ressalta a Personalidade, em prejuízo de fatores anímicos de confraternização, de identidade incondicional. Em seus trabalhos com os Irmãos Leigos e Discípulos, os Irmãos Maiores nunca dão ordens, nunca censuram e nunca louvam. O anelo de servir, de viver retamente, deve brotar espontaneamente do interior do indivíduo. Isso o capacitará para a integração da equipe. Esse deve ser o espírito de todo trabalho em grupo.

Tempo está chegando em que, na vida de todo e qualquer indivíduo, a única autoridade a ser levada em conta será o “Eu Superior”, o foro íntimo. Na medida em que cada um aprenda a amar, a honrar e a obedecer a seu “Eu Superior” expressará o que é bom, o belo e o verdadeiro (o que é indispensável na evolução prática dos ideais Cristãos). E para isso é imprescindível se torna compreensivo e harmonioso com todos seus companheiros de atividade, entendendo e seguindo espontaneamente os objetivos do grupo. A intuição, em vez do intelecto, será o fator reinante. Desaparecerão as regras e os regulamentos impostos pelos líderes. Nos novos grupos, em vez de um líder, surge um representante, um porta-voz, o qual, pelo menos em teoria, preside aos trabalhos, por escolha de todos. Em virtude de seus méritos pessoais ele se tornou o SERVO DE TODOS, cujo conceito está muito distante do de um líder que, seguindo suas próprias ideias e determinações, modela e executa o sistema de um grupo.

A especialização em um determinado ramo de atividade – No sentido de ampliar mais as possibilidades do conhecimento, atualmente há uma tendência bastante generalizada: se especializar um determinado ramo de atividade, depois de ter sido adquirido o conhecimento geral da profissão escolhida. Reúnem-se, então, os especialistas de diversos ramos para que todos e cada um contribuam com seus talentos num objetivo e benefício comum. Essa conjugação de técnicos desempenhou importante papel no esforço da última guerra mundial. Igualmente, a interdependência de técnicos foi que produziu o tremendo avanço da medicina, da ciência em geral, da técnica dos negócios. É a prova de que, fundindo e focalizando o conhecimento e poder cerebral de muitos, resolvem-se os mais complexos problemas do mundo. De igual modo, se fundirmos e focalizarmos os atributos do coração, o conhecimento e as energias espirituais de muitos indivíduos devidamente preparados, então pode-se, com toda a certeza, exercer um poder espiritual quase ilimitado na tarefa de libertação do mundo. Esse é um palpitante, profundo e maravilhoso tema para o qual chamamos a atenção especial de todo Aspirante à vida superior sincero.

O trabalho em grupo – Existem utilíssimos conhecimentos em relação ao trabalho de grupo. Contudo, permitimo-nos tecer considerações acerca de fatores diretamente relacionados com atividades espirituais, que é o nosso caso. Temos amplas razões para admitir que, por meio da Fraternidade Rosacruz, conseguiremos promover uma expressiva fase de libertação da humanidade. E para compreendermos como atingir essa realização de efetiva ajuda ao Cristo, estudemos os cinco princípios básicos do nosso esforço em grupo:

1) O primeiro princípio é o SACRIFÍCIO, pois, sugere o impulso amoroso de dar, com renúncia de si mesmo, sem egoísmo. Sem o sacrifício o trabalho de grupo é praticamente impossível. Tudo o que não beneficie o conjunto e suas finalidades e que possa constituir obstáculo para Deus e para o ser humano, deve ser posto de lado. Sacrifício é fazer apenas o que é bom e implica renúncia aos reclamos da Personalidade. É interessante observar, de passagem, que embora exista muitas pessoas altruístas, em todos os lugares, atualmente, poucas são as que agem acima de sua Personalidade com o único propósito de servir e elevar os semelhantes. Aqueles que se reúnem para congregar forças a fim de obter mudanças políticas, para fundar uma instituição filantrópica, quase sempre cobram o preço do prestígio e do proveito pessoal. Raro é o que nada reclama para si, cuja presença e ação, eficientes e silenciosas, constituem o alicerce espiritual do movimento.

O fundamento e a causa de todo poder espiritual residem, em parte, no sacrifício. O egoísta transfere para um plano secundário o interesse impessoal da humanidade, sobrepondo-lhe a glória, a fama e poder material dos membros do grupo. Sacrifício é o “abc” do viver espiritual, é esquecimento próprio, é afastar tudo o que, de alguma forma, possa enfraquecer ou dividir os membros do grupo ou interferir no desenvolvimento de seus propósitos comuns. Não nos referimos somente ao que é errado, mas também ao não essencial, ao que não seja diretamente objetivado pelo movimento pelo qual o grupo está reunido – como, por exemplo, é o caso da Fraternidade Rosacruz –, embora interesse, de modo especial, a um ou a vários membros do grupo.

Cada membro deve ter boa vontade em relação ao grupo, deixando de lado sua vontade pessoal, seus esquemas favoritos e toda forma de ambição pessoal. O que prevalece é a vontade da maioria. Lembremos que, por força da presente condição humana, todos vemos “como que através de um vidro enfumaçado”, isto é, com nossas limitações não percebemos claramente a vontade de Deus e seus agentes, os Irmãos Maiores. Os propósitos dos Irmãos Maiores sobre a questão da elevação e libertação humana respeitam, em primeiro lugar, a liberdade individual, a valorização e o poder de uma FRATERNIDADE; conciliam os aspectos individuais mais legítimos com os propósitos de Deus. Mas, devido às limitações, apenas uma parte do trabalho pode, por ora, ser realizado, porque não enxergamos com clareza os detalhes do Divino Plano Redentor. Todavia, não nos desalentemos por isso.

Por meio do esforço sincero, o Aspirante à vida superior Rosacruz está conquistando, mais depressa, sua libertação e elevação, capacitando-se para um trabalho mais elevado. São poucos os que conseguem. Por enquanto, esforcemo-nos, sem nos aborrecermos por presenciar, frequentemente, membros que não trabalham com idênticas compreensão e unidade de propósito. A perfeição do trabalho em grupo é coisa do futuro. Contudo, um contato íntimo, fundado no amor e numa profunda realização de unidade em Cristo, é possível atualmente, com indivíduos incomuns, que saibam sobrepor-se às diferenças de opinião, que lutam contra as desuniões, porque essas resultam sempre das forças inferiores. É da maior importância, num trabalho em grupo, que todos aprendam a amarem-se uns aos outros, com o Amor de Cristo – amor ágape, incondicional –, de alma para alma, um amor nunca influenciado por fatores pessoais.

O amor é o que ilumina e valoriza o sacrifício. O serviço em favor da humanidade se realizará satisfatoriamente apenas quando se fundar num profundo e permanente amor, livre de crítica (em geral oriundas de frustrações) e orientado pelo firme propósito de não transigir com o erro, com o supérfluo e, sobretudo, com as brechas que entre seus membros produzam desuniões e enfraquecimentos. O sacrifício de fatores negativos pessoais, para perfeita integração e ajuda na Fraternidade, em prol da humanidade é, ao mesmo tempo, uma contribuição preciosa para si mesmo, um exemplo e cooperação à Fraternidade e uma ajuda à humanidade, porque todos os nossos pensamentos, emoções e atos refletem-se em todos os planos da Natureza. Pela contribuição perfeita ao grupo, o indivíduo realiza a superação automática de si mesmo. Pelo esforço de integração, pacificação e eliminação de divergências, cada um harmoniza-se, ao mesmo tempo, a si mesmo.

2) O sacrifício sábio traz, portanto, à atividade, o segundo princípio do trabalho em grupo: a IDENTIFICAÇÃO AMOROSA COM OS COMPANHEIROS DE LABOR. Ao sobrepor-se à Personalidade, cada membro do grupo, pela dedicação ao serviço, cresce em consciência quanto aos propósitos comuns. À medida que cresce, indiferente ao personalismo e egoísmos de toda ordem, identifica-se mais com seu verdadeiro “Eu” e adquire uma atitude de alegria, de confiança própria e de profundo amor ao próximo. Atinge, então, a vivência da “realização da unidade fundamental de si com os demais, em identidade espiritual”. Começa a manifestar sua deidade interna, que permite a superação espontânea de suas solicitações egoísticas e, ao mesmo tempo, fá-lo olhar seus semelhantes, não pelos aspectos externos, não por seus defeitos, senão pela “divina essência oculta em cada um”, o IRMÃO.

Só então atinge a consciência e vive a consciência real do grupo. Muitos de nós, nos instantes de oração ou oficiação de rituais em grupo (quando se processa uma perfeita fusão entre todos), tivemos oportunidade de sentir uma grande vibração. Isto é possível, devido ao princípio de fusão de semelhantes (semelhante atrai semelhante), que é muito mais forte do que uma unidade. Um grupo harmonioso é mais do que um simples ajuntamento de pessoas. São carvões que provocam um fogo que, e em conjunto, focalizados e vibrando num ideal comum, formam um instrumento de Cristo. Por isso foi dito que “onde dois ou mais se reunirem EM MEU NOME” ali Ele estaria! A fusão de almas é o mais poderoso instrumento de corporificação de Cristo, para um trabalho superior, porque produz um volume tão grande de vibração espiritual que pode canalizar, do Mundo do Espírito de Vida, um caudal de energia incalculável. Todos conhecemos essa lei: chama-se a Força de Atração.

Ela determina a atração de pessoas de vibração idênticas, levando-as a diariamente se reunir para um propósito comum. Eis o sentido de cada Centro ou Grupo de Estudos Rosacruz em todo o mundo! O semelhante atrai o semelhante. A mais alta expressão dessa Lei é a fusão de indivíduos preparados para um ideal superior, com plena consciência das leis que regem o trabalho em grupo, isto é, com renúncia de si mesmos e dedicação amorosa ao próximo. Eis como se realiza o trabalho de Cura da Fraternidade Rosacruz, a Cura Rosacruz. A fusão consciente e ardorosa de tais indivíduos forma um canal de natureza tão sublime que atrai um fluxo magnético poderoso do plano Crístico, beneficiando enfermos de todo gênero e enchendo a Terra de uma força equilibradora. Por meio do silencioso poder de tais grupos, os Seres Superiores podem fazer fluir o Poder Curador, a força, a Sabedoria e Amor, para todo este mundo carente. Atualmente o Mundo do Desejo se acha tão conturbado que seus reflexos na humanidade são os que observamos por aí. O contato de Egos, uns com os outros, em propósitos construtivos, é o meio mais eficiente, mais seguro, mais rápido, de libertação individual. O relacionamento de alma, pela autorrenúncia, leva-nos a um conhecimento superior e à unidade com o Cristo Cósmico, pelo despertar de nosso Cristo Interior. As aspirações devocionais e consagradoras para com o serviço, elevam os membros da Fraternidade a planos e condições que, sozinhos, abandonados a seus próprios recursos e às influências que vigoram desde a última conflagração mundial, não poderiam atingir.

3) O terceiro princípio do trabalho em grupo é o SERVIÇO (tônica da Fraternidade Rosacruz). Dele ninguém pode se evadir. Do mais elevado ao mais inferior dos seres vivos, o serviço é o preço a pagar, não somente para o progresso de todos, como também por mera imposição do direito de existir. De uma evasão deliberada, egoísta, do privilégio de SERVIR, origina severas penalidades das leis equilibradoras do Universo. É o que sucede a muitos Egos que atualmente, em alguns países, são obrigados, à FORÇA, a se conformar e servir com boa ou má vontade para atender às necessidades do grupo a que pertencem. O SERVIÇO é a capacidade de identificação do indivíduo com os interesses comuns. Pressupõe, como dissemos, a superação dos interesses pessoais, voluntariamente e regozijosamente. Quem é feliz servindo, torna-se simpático na vida íntima do grupo. É a técnica que liberta o indivíduo dos laços do “eu inferior” e o capacita a integrar a família de Cristo. O verdadeiro serviço não é fácil. Sua legítima expressão pressupõe muita renúncia, persistência e fé: “Poderosamente devem mourejar os que servem os deuses eternos”.

Servir significa sacrifício de tempo, de interesses pessoais, de ideias favoritas. Exige prudência, sabedoria, habilidade de trato, domínio das emoções. Observe-se quão poucos estão preparados para trabalhar impessoalmente. Não se trata de mero negócio, nem de interferências ou de esforços fanáticos. O verdadeiro serviço nasce da combinação das faculdades mentais com as do coração. Não é motivado por estados emotivos, por sentimentalismos, por arroubos acidentes de entusiasmos e tampouco do desejo de progresso espiritual da parte do servidor. O verdadeiro serviço salienta o grupo, em vez de o indivíduo. Por meio do verdadeiro trabalho em grupo nos tornamos mais úteis do que isoladamente poderíamos ser e mais nos aproximamos da nossa FONTE e ORIGEM. Através do serviço verdadeiro expressamos, com mais facilidade, os atributos de nosso “Eu Superior”, o Ego, cuja natureza é naturalmente boa e nobre, amorosa e fraternal, porque “feita à imagem e semelhança do Pai”.

O verdadeiro serviço não é solicitado nem planejado como um fim em si mesmo: surge espontaneamente na medida em que crescemos por dentro e nosso Cristo deseja expandir seus poderes anímicos. Gradualmente, à medida que vamos crescendo por dentro, irradiamos o amor e outras energias espirituais, nunca para nosso próprio engrandecimento, senão para elevação e libertação daqueles que de nós se aproximam. O verdadeiro servidor tira as vistas de si mesmo e de suas realizações, dando atenção integral para as necessidades de seus semelhantes, a começar por seu lar, sem deixar-se prender pelas insidiosas cadeias do interesse puramente familiar. Conduz-se equilibradamente em meio a todas as necessidades, seguindo os impulsos de seu Cristo Interior. A completa submissão à lei do serviço leva-o gradualmente ao íntimo do coração do grupo e a conhecer, para além de todas as dúvidas, que é UNO com as almas IRMÃS. À medida que os membros se elevam assim, o grupo vai atingindo a capacidade de serviço total, o poder e a oportunidade de executar as obras mais inimagináveis.

4) O quarto princípio consiste em RECUSAR tudo o que seja danoso aos interesses do grupo. Isso exige sinceridade, lealdade, coerência. Há muita gente de boa índole que falha neste princípio, por medo de ferir os membros do grupo. Mas a recusa não é desamorosa. Ao contrário: é firme, porém, amorosa, inteligente, esclarecida. Relaciona-se, como veem, com a Força de Repulsão, uma vez que, tudo o que não seja da mesma vibração do grupo tende a ser afastado. Pela manifestação desse princípio, todos os grupos tendem a repelir o que lhe seja estranho ao modo de ser e necessidades, envolvendo pessoas, coisas e condições. Não se trata propriamente de conservação. A evolução do grupo se processa naturalmente, à medida que seus membros evoluem e refletem amorosamente novas necessidades coletivas. Porém, o princípio que estamos considerando preserva o interesse de todos, elevando para Deus as pessoas e coisas identificadas, entre si, como conjunto.

Simbolicamente falando, a totalidade dos membros dedicados de um grupo “reúne seus carvões”, abanando-os pelo serviço amoroso, a fim de que flameje a chama do fogo espiritual, que é um poderoso dissipador das trevas da ignorância e do frio egoísmo que existe no mundo. Por meio de sua própria existência irradiará de tal grupo luz e calor que dissiparão as forças mentais negativas e as correntes miasmáticas do Mundo do Desejo, que escravizam a humanidade. Atuando sobre cada membro ou unidade do grupo, esse quarto princípio imprime, em suas consciências, uma profunda determinação de evitar e repelir, em sua maneira particular de vida, tudo o que possa obstar ou interferir desfavoravelmente nas atividades e interesses comuns. Disso decorre a necessidade de vigilância constante, de si mesmo e não propriamente quanto aos demais. Deve cada um vigiar todas as atividades físicas, emocionais e mentais, a fim de que não chegue a exprimir ação inconveniente.

Compreendendo que sua própria consciência é parte integrante do Todo, a qual, de algum modo misterioso, ele ajuda a sustentar, o membro dedicado e sincero pratica o discernimento e amiúde pergunta a si mesmo: “O que estou pensando, sentindo ou fazendo influencia favoravelmente o grupo? Aumentará ou diminuirá a Luz Espiritual do grupo?”. Então procura, sincero como é para si mesmo, atuar harmoniosamente, recusando tudo o que seja imoral, rancoroso, malicioso, interesseiro, crítica destrutiva, etc. e cultivando apenas, deliberadamente, as vibrações auxiliadoras da sã alegria, da simpatia e do altruísmo. Para o bem do grupo e não por motivos pessoais, trabalha para a pureza, para a estabilidade emocional e pelo controle do pensamento. Respeita e obedece aos propósitos do Grupo e recusa todas as faltas que, dentro de si, procurem prejudicar seu trabalho na equipe. Aprende que não é lutando que vence o egoísmo, senão pelo esquecimento de si mesmo, dedicação aos demais e prazerosa obediência à luz interna, conforme aquela frase de Cristo: “Aquele que perde sua vida por Minha causa, encontrá-la-á”.

5) Quando cada membro tenha aprendido a trabalhar em íntima cooperação mental e espiritual com seus companheiros; quando o desejo de crescimento pessoal e espiritual tenha sido transcendido e cada um tenha dado tudo o que pode ao grupo, então o quinto princípio começará a atuar. Esse princípio que brota da UNIDADE de cada um com todos, originará uma automática distribuição das conquistas do grupo, de forma que, qualquer unidade ou membro começará a sentir e expressar tudo o que o grupo tenha conquistado, embora individualmente não o tenha pretendido. Uma completa realização, por parte de um membro do poder do amor, por exemplo, eventualmente se tornará uma realização consciente de todo o grupo e, assim, em relação a tudo em evolução. É a lei que Cristo enunciou quando disse “Se eu ascender levarei comigo todos os seres humanos”.

Indubitavelmente existem outros princípios que operam nos grupos, a respeito das quais, atualmente, pouca noção temos. Contudo, a boa vontade de nossa parte, em adaptar nossa vida aos princípios aqui enunciados, nos possibilitará percorrer mais rapidamente e proveitosamente o longo caminho que nos conduz às novas e luminosas condições da Era de Aquário.

(por Elvin Joseph Noel)

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Gostaria de saber: Max Heindel pode operar no plano do Ego? Em caso afirmativo pergunto se ele poderá comunicar-se com meu Ego e fornecer-me as seguintes informações por mim desejadas: saber quem é meu Ego e que pretende ele com esta vida terrena e, também, como poderia ter consciência dele, diária e ininterruptamente.

Nesta vida terrena, quando estamos despertos, nós, o Ego – um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui – funcionamos no Mundo visível como um Espírito interior, mas durante as horas de sono nós trabalhamos a partir do Mundo do Desejo, onde também permanecemos por algum tempo após mais uma nossa morte aqui. Os estágios posteriores da existência post-mortem serão vividos na Região do Pensamento Concreto, onde está o Segundo Céu. Acima desse, está a Região do Pensamento Abstrato, onde está o Terceiro Céu, atualmente o nosso lar. E é nesse ciclo que excursionamos pela Terra com o fim de ganharmos experiências e crescimento espiritual.

Enquanto vivemos aqui na Terra formamos certas ligações com outros que, de acordo com a Lei de Causa e Efeito produzirão seus efeitos, mais cedo ou mais tarde. Isso tem a aparência de sorte ou destino.

Em virtude de transgressões voluntárias ou ignorantes das Leis de Deus, em renascimentos passados, nós acumulamos uma dívida de más ações que devem ser liquidadas em algum tempo.

Devemos colher o que semeamos, antes que nos tornemos puros e livres em espírito. O conhecimento dessa “sorte” iminente, quando uma parte da dívida já está paga, nos paralisaria, e a visão total de toda a horrenda dívida, provavelmente, nos esmagaria por mais fortes que fôssemos, a menos que tivéssemos nos tornados pelo menos um pouco iluminados e capazes de nos conformar com as Leis da Natureza. Quando essa grande luz brilhar dentro do nosso coração e nos sentirmos como um “espírito pródigo”, apartado do nosso Pai do céu, quando exclamarmos no íntimo do nosso coração: “Eu irei para meu Pai”, e que esse desejo esteja sempre ante a nossa visão espiritual, então, pela primeira vez enfrentaremos a concretização do nosso destino, chamada pelos ocultistas “Guardião do Umbral”.

Essa entidade nos encontra na porta entre os Mundos visível e invisíveis. Quando tentamos entrar nesse mundo que conhecemos anteriormente por meio da visão espiritual, nos defrontamos com esse “Guardião do Umbral”, e não podemos passar antes que o tenhamos reconhecido.

Todos nós devemos enfrentar esse espectro horrendo, tal como Clyndon o fez na novela “Zanoni”, da autoria de Bulwer Lutton; esse espectro não se manifesta à Humanidade comum, mesmo nos períodos entre a morte e o renascimento, porém, o neófito, como já foi explicado, deve encará-lo, reconhecê-lo e tentar passar por ele.

Como neófito, devemos proferir um voto solene de fazer tudo o que for possível e necessário para liquidarmos a dívida de que o fantasma é uma concretização e, também, o voto de silêncio sobre todas as coisas ali ocorridas.

Quando a consultante pergunta quem é seu Ego, pede justamente a informação que o “Guardião do Umbral” dos Mundos invisíveis esconde sob a caritativa Lei da Natureza que ninguém tem o privilégio de quebrar. Até que tenha atingido a força espiritual para ultrapassá-lo e aprender por si próprio, isso deve permanecer escondido de si.

E, mesmo então, não haverá um intercâmbio ininterrupto e consciente entre o “Eu superior” e a Personalidade, o “eu inferior”.

Isso pertence a um estágio voluntário muito posterior, quando já tivemos inteiramente espiritualizado nossos veículos. Há, pois, somente um caminho a ser seguido: é aplicar-se diligentemente ao problema.

Se continuar a buscar, encontrará, mas lembre-se, não há meios fáceis de chegar a esse conhecimento. Ninguém pode fornecê-lo ou vendê-lo pronto para ser usado. Quanto a nós, que estamos mais avançados, tudo o que podemos fazer pelos outros é indicar-lhes o caminho, encorajando-os a encetá-lo até o fim, a despeito de todos os revezes e obstáculos, confiantes de que o que um ser humano faz, qualquer outro pode fazer. Cada um de nós tem o mesmo poder divino e está habilitado a ser bem-sucedido em tudo o que fizer.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz agosto/1980 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Significância Esotérica da “Parábola da Rede”

Igualmente o Reino dos Céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, que recolhe toda a qualidade de peixe. E estando cheia, os pescadores arrastam-na para a praia, sentam-se e juntam os peixes bons nas cestas, e jogam fora os maus. Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos. E lançá-los-ão na fornalha de fogo, ali haverá pranto e ranger dos dentes. E disse-lhes Cristo Jesus: ‘Entendestes todas estas coisas?’. Disseram-lhe eles: ‘Sim, Senhor’. E Cristo Jesus disse-lhes: ‘Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas’.” (Mt 13:47 a 52).

A palavra “rede” usada frequentemente nos Evangelhos como um meio de apanhar “peixe” simboliza os veículos superiores (principalmente o Corpo de Desejos) que formam a parte invisível, mas extremamente importante no desempenho das funções complexas do organismo humano e que conduz ao Ego (o “Eu superior”) as experiências (peixes) que são transmutadas em Alma ou alimento para o Espírito.

Como está estabelecido no livro Conceito Rosacruz do Cosmos, o ser humano é Tríplice Espírito, possuindo uma Mente por meio da qual governa um Tríplice Corpo, que ele emanou de si mesmo para ganhar experiência. Transmuta o Tríplice Corpo em Tríplice Alma, por meio do qual ele se alimenta passando da impotência à onipotência.

O “mar” representa o Mundo do Desejo, que interpenetra a Terra e se estende além da sua superfície e com o qual cada pessoa tem contato por meio do seu próprio Corpo de Desejos individual.

Quando a “rede” fica cheia, isto é, quando no fim de uma vida terrestre o Corpo de Desejos fica cheio de experiências, o Corpo Denso é abandonado. Começa então, um período de separação, “juntando os bons num cesto e lançando os maus ao mar”. Vem, inicialmente, a experiência purgatorial, como Max Heindel nos ensina em sua obra básica. Há duas atividades distintas no Purgatório. Primeiro, há a erradicação dos maus hábitos. Por exemplo, o beberrão (aqueles que abusaram indiscriminadamente das bebidas alcoólicas) continua a desejar a bebida da mesma maneira que desejava antes de morrer, mas agora não tem aparelho digestivo que possa (metabolizar o álcool) conter o álcool. De forma que, embora possa frequentar todos os lugares onde é possível tomar bebidas alcoólicas ou possa meter-se num barril de vinho penetrando no líquido, não conseguirá se satisfizer, como antes, enquanto encarnado, poderia. Não se produzem os vapores que são produzidos quando tem lugar a combustão no estômago.

Mas, como o desejo aqui, quando como estamos renascido, morre quando verificamos que ele não pode ser gratificado, com o tempo o beberrão fica curado do seu desejo de tomar bebidas alcoólicas, porque ele não pode ingerir a bebida, e assim, no próximo renascimento nasce inocente deste vício. Todavia, ele deve sobrepor-se ao vício “conscientemente”, e assim, em certa ocasião, vem a tentação para prová-lo. Dependerá de ele sucumbir ou se sobrepor a essa tentação. Se ceder à tentação, peca novamente e de novo deverá ser purgado, até que por fim, as penas acumuladas nas repetidas existências purgatoriais, farão com que despreze a bebida alcoólica. Então, ele se sobreporá conscientemente à tentação e não mais terá sofrimentos provenientes dessa fonte.

Nas experiências seguintes, no Mundo celeste, os bons desejos e atos de desprendimento constituem a base dos sentimentos e desejos amalgamados no Ego pelas forças alquímicas espirituais geradas durante as experiências no Primeiro Céu que transformam essas experiências em faculdades utilizáveis em futuros renascimentos.

Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 1958 – Fraternidade Rosacruz – SP

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Fidelidade

Os Probacionistas são Estudantes da Fraternidade Rosacruz que se propõem a mais seriamente servir ao “Eu Superior” e aos Ideais de fraternidade e serviço que ele representa.

É um compromisso perante si mesmo, um voto de fidelidade à causa espiritual. Desde esse momento se lhe fornecerão Ensinamentos Rosacruzes mais profundos, que envolvem maior responsabilidade; deixou de tomar “o leite das crianças espirituais e passará a comer carne doutrinária”. A carne é símbolo de sabedoria no sentido filosófico atribuído pela mitologia nórdica (o javali Scrimner) e na sabedoria oriental (Buda estava farto de carne quando morreu).

Ora, a quem mais se dá, mais se lhe pede. Se recebemos recursos para aumentar o conhecimento de nós mesmos, se tomamos consciência dos poderes que podemos empregar em benefício dos demais e negligenciamos, teremos de ajustar contas conosco mesmo, o “Eu Superior”, a quem prometemos servir.

Sigfried descobriu Brunhilde, a Verdade, no meio do círculo de fogo e com ela se casou, jurando-lhe fidelidade eterna. É uma representação de um Probacionista. Porém, muitas vezes sofrerá o assédio de inimigos astutos, disfarçados em amigos, os vícios e falhas de sua Personalidade, apresentados como legítimas necessidades e impulsos, que defendem sua posição de prestígio, a todo custo, na corte do corpo humano. Não hesitam, pois, em trair o Senhor, o Cristo dentro de nós, o Cristo interno.

Precisamos compreender o verdadeiro sentido, o verdadeiro conceito, da palavra FIDELIDADE, em termos de obediência da Personalidade à Individualidade, o “Eu Superior”, em termos de vigilância e oração, para evitar, ao máximo de nossas possibilidades e entendimento, que nosso Senhor seja traído.

Olhemos a história: todas as pessoas de valor foram autênticas; não tiveram medo; não recuaram na defesa de seus ideais. São Paulo foi autêntico e sincero em dois extremos de ação, o Saulo, perseguidor e o Paulo, pregador, muitas vezes surrado e preso.

Não pretendemos sugerir façamos tanto. Mas, na medida de nosso nível evolutivo, devemos conservar a qualidade comum de sinceridade, de autenticidade, conosco mesmos. Isso equivale não apenas a sermos nós mesmos, sem máscaras, como também o reconhecimento de nossos defeitos e o propósito de os corrigirmos, para a indispensável regeneração que o ideal nos reclama. Ora, se somos fiéis a nosso “Eu Superior”, buscamos com ele conversar todos os dias, em recolhimento e prece, pedindo-lhe orientação e ajuda. Ele nos mostrará as tramas que se armam dentro de nós, pois está consciente de tudo que se passa com seus “discípulos”, sabe onde está Judas e o que faz contra ele, sabe das fraquezas de Pedro, perdoa-o e sempre o ajuda.

Podemos dizer que os únicos e grandes inimigos do Senhor estão dentro de nós. Não critiquemos, pois, os outros. A crítica é mau sinal. O “Eu Superior” jamais crítica.  Ele ilumina amorosamente. Quem critica é a natureza inferior, o “Eu inferior”, a Personalidade. Cada vez que criticamos mais engordamos os maus vassalos, e contribuímos para a discórdia de nosso Reino. Cada vez que criticamos, damos ênfase a tensões. Cada vez que criticamos, fazemo-lo com o disfarçado propósito de evidenciar nossa superioridade, rebaixando o outro, comparando-o negativamente a nós.

Fidelidade não é servir nosso “Eu Superior”, defendendo-o dos outros, de fora, que não partilham de nossas opiniões.  Cada Ego é um mundo à parte. Cada um deve responder por sua evolução. Nossa relação com eles deve ser de Ego para Ego, buscando ver em cada um a divina essência que nos identifica como irmãos, filhos do mesmo Pai. Com nosso discernimento, domínio próprio, com amor e firmeza evitaremos tudo o que da Personalidade, da natureza inferior dos outros, possa prejudicar-nos. Principalmente quando esses outros são importantes no “mundo dos homens” e nossa Personalidade tem interesse de agradá-los para tirar-lhes proveito da influência. Essa é uma prova muito expressiva. Se muitos gostam de bajuladores, se esses muitas vezes se beneficiam, não nos deve absolutamente tentar nem desiludir. Mantenhamos nossa autenticidade por meio de uma legítima cordialidade, tolerância e fraternidade. Muitos há que, por terem mais experiência da natureza humana ou por se cansarem dos bajuladores, atraem para si os mais sinceros servidores.

Tudo isto é humano e natural. Temos falhas e os outros também. Mas a luta mesmo é a que se trava dentro de nós. Precisamos de ser fiéis ao “Eu Superior”, haja o que houver: “Aquele que deseja salvar sua alma a perderá, e quem a perder em minha causa, ganhá-la-á”. Essa citação mostra o ensinamento de Cristo de que os lucros do mundo são os celestiais. Ele também disse: “Quem recebeu do mundo já nada tem a receber nos céus”.

Mas, esclareçamos: não quer dizer que as coisas mundanas sejam necessariamente antagônicas às coisas espirituais. O emprego das coisas é que, às vezes, o são. Nada é bom nem ruim, o emprego é que qualifica a ação ou a faculdade.

Esclareçamos também: não busquemos guarida nessas consolações, à guisa de pretexto, para justificar nossos insucessos e fracassos de relacionamento humano. Muita gente não progride por falhas pessoais e não porque os outros sejam ruins e ingratos. Temos observado que muitas pessoas que interpretam indevidamente os Ensinamentos Rosacruzes não são profissionais conscienciosos nem fraternais. Vivem mal, têm experiências desagradáveis com os demais e não chegam a atinar com seus defeitos, em que reside a causa da falha.

Por isso insistimos: a única fonte de esclarecimento é o nosso Ego. Ou renunciamos humildemente à nossa Personalidade e buscamos a orientação do “Eu Superior” e sua ajuda, propondo-nos a fielmente servi-lo, ou ficamos marcando passo e respondendo mais pesadamente pela oportunidade que nos foi dada, por meio de uma Escola Superior de conduta, com o é a Fraternidade Rosacruz.

Só desejamos que cada um se ilumine e se identifique como Espírito, como “Eu Superior”, como um Espírito Virginal da Onda de Vida Humana manifestado, um Ego. Nessa medida é que se estabelece a verdadeira Fraternidade, fundada em Luz, em Alma; nessa medida é que cada um pode melhor contribuir para si mesmo, para sua família, para o seu entorno e para a sociedade. Nessa medida é que cada um serve melhor a Cristo, nessa medida, finalmente, é que cada um se credencia a se constituir como um legítimo cidadão da futura Fraternidade Universal.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1969-Fraternidade Rosacruz-SP)

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