Sob o Império Romano, muitos astrólogos eram apenas “adivinhos”. No entanto, os imperadores tinham, em sua maioria, seu astrólogo designado.
Augusto (63 a.C.- 14 d.C.) cunhou moedas de prata com o Signo de Capricórnio sob o qual nasceu (Signo Solar ou Lunar?).
Tibério (42 a.C.- 37 d.C.) jogou no mar do topo de uma rocha os astrólogos cujas previsões lhe pareciam suspeitas.
Diocleciano (245 – 313) proibiu qualquer tipo de adivinhação.
Constantino (280-337), que o sucedeu, suavizou essa proibição condenando apenas os abusos.
O grande teórico da Astrologia foi Cláudio Ptolomeu, astrônomo-astrólogo e matemático do século II d.C., nascido em Ptolemaida no Alto Egito e que fez suas pesquisas em Alexandria. Seu trabalho, o Tetrabiblos (4 livros), é uma compilação de todo o conhecimento astrológico de seu tempo.
Escreve também um livro de Astronomia, o Almagesto, em que a Terra está fixa, no centro do mundo e o Sol e a Lua giram em torno dela em órbitas circulares.
A grande originalidade de Ptolomeu é ter conseguido explicar as principais irregularidades dos movimentos dos diferentes Planetas, vistos da Terra (Retrogradações), na sua teoria dos epiciclos, que será dogma durante 14 séculos, até Copérnico.
Adota o sistema de Casas que divide cada um dos quatro ângulos: AS-MC, MC-DS, DS-FC, FC-AS em três partes iguais (AS = Ascendente; DS = Descendente; MC = Meio do Céu; FC = Fundo do Céu).
Mas, sem dúvida, a diferença com o outro sistema antigo do qual falamos anteriormente não é muito grande, faz com que a influência de uma Casa comece cinco graus antes e termine cinco graus antes da seguinte.
É, em parte, a noção de uma Órbita de Influência de uma Casa astrológica que ainda é usada hoje.
A Religião Cristã dos primeiros séculos era totalmente contra a Astrologia?
Sabemos que há condenações de “adivinhação” no Antigo Testamento (Dt 18:10-11[1]; ISm 28:7[2]; Is 8:19[3]), mas a palavra “astrologia” é uma tradução incorreta de uma palavra hebraica que significa “conjecturador” (veja: Bíblia de Chouraqui[4]).
Além disso, os cabalistas a praticavam tão bem quanto os essênios. Referências astrológicas muito claras foram encontradas nos Manuscritos do Mar Morto (Manuscrito 4Q186).
Nossos futuristas modernos também seriam condenados?
A Religião Cristã tem usado símbolos astrológicos desde o seu início:
– A Era de Áries estava chegando ao fim, quando Jesus Cristo veio à nossa Terra. Cristo foi o “Bom Pastor” (Jo 10:11[5]).
– Ele, frequentemente, compara seus Discípulos a ovelhas e se torna Ele mesmo o Cordeiro de Deus oferecido pelos pecados do mundo.
– Mas ele também anuncia a Era de Peixes quando diz: “Eu vos farei pescadores de homens” (Lc 5:10[6]).
– O sinal de união dos primeiros Cristãos nas catacumbas era formado por dois peixes cruzados (ichthus) e a mitra dos bispos em forma de cabeça de peixe.
– O nascimento de Jesus foi colocado em 24 de dezembro à meia-noite, quando o Signo de Virgem está no Ascendente e o Sol no Solstício de Dezembro vai “nascer” para nos salvar do frio (é claro que essa data é essencialmente simbólica porque faz muito frio nessa época do ano, mesmo em Israel, para encontrar ali pastores com suas ovelhas, lá fora no meio da noite…).
– Quem são os Magos, senão astrólogos?
– A Páscoa é fixada no domingo (dia do Sol) que segue a Lua Cheia do Equinócio de Março, quando o Sol está na cruz formada pela eclíptica e pelo equador celeste.
Entre os primeiros eclesiásticos, alguns se interessaram muito pela Astrologia, tanto que três concílios sucessivos em 381, 431, 451 reiteraram a proibição de praticar a Astrologia considerada, apesar do que acabamos de ver, contrária à doutrina da Religião Cristã.
São Jerônimo (347-420) respeitou essa proibição, mas escreveu: “Sou silencioso sobre filósofos, astrônomos, astrólogos, cuja ciência, muito útil aos seres humanos, é afirmada por dogmas, é explicada pelo método, é justificada pela experiência.
Santo Agostinho (354-430) é conhecido como opositor da Astrologia, após sua conversão. Ele já havia sido atraído pelo maniqueísmo e admite, em suas Confissões, ter estudado Astrologia. Ele escreve mesmo assim: “Não seria totalmente absurdo dizer que certas influências astrais não são destituídas de poder sobre as variações do corpo, mas que as vontades da alma dependem da situação das estrelas, não vemos isso” (parece-me que Max Heindel não discordaria totalmente dessa afirmação que é sobretudo a do livre arbítrio do ser humano).
Por fim, citemos a obra do pseudo Dionísio, o Areopagita, composta por 4 tratados de teologia mística em que a Astrologia está presente e que terão uma influência grande no Ocidente a partir do século XIII, como veremos mais adiante.
Essa obra é considerada datada do século V, tanto pelo caráter neoplatônico do conteúdo quanto pelo fato de nunca ter sido mencionada antes dessa época, embora seu autor afirme em seus escritos ser o Dionísio convertido por São Paulo durante sua visita ao Areópago (At 17:16[7] a 34[8]) e que teria sido o primeiro bispo de Atenas. A partir do século V e até o século XI, o Ocidente praticamente deixou de se interessar pela Astrologia, como também por várias outras ciências, salvo alguns religiosos cultos.
Sabemos, por exemplo, que Papas como Leão III (750-816) e Silvestre II, o Papa do ano 1000 (938-1003), se interessaram por ela.
(De: Introduction: L’astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: Que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia, ou que pratique encantamentos, que interrogue espíritos ou adivinhos, ou ainda que invoque os mortos;
[2] N.T.: Saul disse então aos seus servos: “Buscai-me uma necromante para que eu lhe fale e a consulte”. E os servos lhe responderam: “Há uma em Endor”.
[3] N.T.: Se vos disserem: “Ide consultar os espíritos e os adivinhos, cochichadores e balbuciadores”, não consultará o povo os seus deuses, e os mortos a favor dos vivos?
[4] N.T.: André Chouraqui, famoso tradutor francês.
[5] N.T.: Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas.
[6] N.T.: Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! Doravante serás pescador de homens”.
[7] N.T.: Enquanto os esperava em Atenas, seu espírito inflamava-se dentro dele, ao ver cheia de ídolos a cidade.
[8] N.T.: Alguns homens, porém, aderiram a ele e abraçaram a fé. Entre esses achava-se Dionísio, o Areopagita.
Vamos ver o que podemos descobrir sobre a genialidade e como ela funciona na vida de algumas pessoas. Nos vários livros da Fraternidade Rosacruz, é-nos dito muito sobre o gênio e o porquê de algumas crianças mostrarem habilidades marcantes em algumas linhas desde tenra idade.
Todas as boas qualidades que possuímos agora, os lugares que ocupamos na sociedade e tudo o que temos são resultados de nossas próprias ações em vidas passadas. O que nos falta em termos físicos, morais ou mentais poderá ser obtido por nós no futuro, se fizermos o esforço necessário.
Todas as manhãs retomamos nossas vidas onde as deixamos na noite anterior. Nós criamos as condições atuais, sob as quais vivemos e trabalhamos, pelo trabalho que fizemos em vidas anteriores. No momento presente, estamos construindo as condições de nossas vidas futuras. Não devemos lamentar nossa falta de habilidade em várias linhas de empreendimento, mas devemos começar a trabalhar para adquirir as habilidades que desejamos ter.
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São João, durante as viagens que realizava de Juta a Jerusalém, presenciava os atos de extrema crueldade dos soldados romanos e a afrontosa cobrança de impostos. Os serviços do Templo se revestiam de um caráter mundano e o povo vivia debaixo de uma execrável opressão. São João indignou-se contra esse estado de coisas e sua índole, totalmente avessa a tais injustiças, impeliu-o mais tarde a censurar acerbamente o Estado e a Igreja.
Desde a infância mostrava-se diferente dos de sua geração. As outras crianças olhavam-no como se ele pertencesse a outro mundo. O convívio com seus elevados pais, e as instruções que recebia, tornavam-no apto a cumprir uma missão de destaque.
Embora tivesse passado pelas provas que o habilitavam ao noviciado no Templo, seu Espírito encontrava-se além. Não lhe estava destinada uma vida de mera rotina. Uma grande missão o esperava.
Depois da morte de seus pais, São João defrontou-se com o problema comum a todos os Aspirantes que procuram se dedicar de corpo e alma à Vida espiritual, isto é, manter-se equilibrado entre as coisas do Espírito e as do mundo. Como sacerdote teria pela frente uma Vida relativamente tranquila. Seus deveres para com o Templo restringiam-se a umas poucas semanas durante o ano. Isso lhe desagradava profundamente. Jamais se conformaria em servir a uma Religião formal, em que os ritos purificadores eram celebrados por pessoas devotas ao “príncipe do mundo”. Tudo ao seu redor lembrava os rogos das viúvas e os choros dos órfãos, enquanto os publicanos ofereciam as suas infindáveis orações, sem vestígio algum de espiritualidade.
São João ponderou sobre essas coisas e acabou retirando-se para o deserto. Viveu durante quase vinte anos na solidão, a que já se habituara desde sua existência passada quando renasceu como o rude profeta Elias. Nesse isolamento, encontrou todas as condições para preparar-se devidamente como o precursor da Nova Dispensação.
A Galileia, no tempo de São João, era a encruzilhada do mundo, povoada por uma mistura de raças de natureza arrojada, movidas pelo espírito de aventura. Esse trecho do território palestiniano caracterizava-se pela sua grande densidade demográfica, e pela sua população cosmopolita. Fenícios, gregos e pessoas do extremo leste eram figuras familiares nas cidades da Galileia. São João, em contato com esses povos, adquiriu um sentimento de liberalismo, desprendendo-se das convenções tão naturais ao seu povo. Os galileus eram detestados de forma particular pelos saduceus, a mais ortodoxa das castas sacerdotais. Ponderavam sobre o atroz sofrimento em que viviam sob o jugo romano e alimentavam sólidas esperanças quanto à vinda do Messias profetizada pelos livros ocultos. Ressalte-se que todos os Apóstolos, com exceção de Judas Iscariotes, eram originários da Galileia.
Depois de longo período de provas no deserto, São João iniciou a grande missão de arauto da Era de Peixes. O íntimo contato travado com a natureza e com seres superiores facultou-lhe distinguir instantaneamente o falso do verdadeiro, o real do irreal. Sua voz desafiadora e vibrante marcou-o realmente como a “Voz que Clama no Deserto”. Organizou uma escola preparatória em que seus Discípulos recebiam profunda orientação e ensinamentos alusivos à vinda do Messias (o Cristo). Um dos passos iniciáticos dessa Escola era o Batismo que, no Cristianismo Esotérico não consiste apenas na imersão, mas trata-se de um ritual conferindo poderes de Clarividência.
Cristo dirigiu-se a São João para submeter-se ao ritual do Batismo às margens do Jordão, inaugurando, assim, o seu Ministério.
São João preparou-se durante anos para uma missão que, embora durasse apenas seis meses, revestiu-se de grande importância como movimento preparatório à vinda d’Aquele a quem a seu devido tempo “todo joelho se dobrará e toda língua confessará”.
(Publicado na Revista Rosacruz – agosto/1968-Fraternidade Rosacruz-SP)
A Fraternidade Rosacruz foi encarregada pelos Irmãos Maiores para promulgar o Evangelho da Era de Aquário.
Muitos de nossos hábitos e costumes ainda estão sob a influência da Era de Peixes, a Era em que atualmente estamos. No entanto, já estamos na órbita de influência da Era de Aquário!
Devemos concentrar nossos esforços a fim de conquistar certas metas para a Era de Aquário. As principais são:
Publicado na Revsita Rays from the RoseCross de janeiro/1986 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz-Campinas-SP-Brasil
“E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinhas contigo antes que o mundo existisse.” (Jo 17:5).
O nosso mais elevado grau de realização é a nossa realização consciente da Paternidade de Deus em nosso interior. Essa meta elevadíssima glorifica a finalidade da nossa evolução.
Dos Ensinamentos da Fraternidade Rosacruz sabemos que somos um Tríplice Espírito que possuímos uma Mente para controlar um Tríplice Corpo. Deste Tríplice Corpo é extraído a Tríplice Alma que finalmente é absorvida pelo Tríplice Espírito. Contudo não são três Espíritos, três Almas ou três Corpos, mas somente um Espírito, uma Alma e um Corpo. Temos, então, o mistério dos três em um e de um em três – a Trindade na Unidade e a Unidade na Trindade. O Deus Uno é Trípliceem Sua Natureza: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Tríplice Espírito extrai a Tríplice Alma do Tríplice Corpo, embora em última análise, atue como uma unidade de: Espírito, Alma e Corpo.
Os termos Espírito e Deus são um tanto confusos, mas se neste caso nós usarmos a palavra “Espírito” como aspectos de um Deus Uno, talvez o assunto fique mais bem esclarecido; assim, o Espírito Divino, o Espírito de Vida e o Espírito Humano são, respectivamente: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, em manifestação em nós.
Na evolução humana nós usamos o poder do Espírito Humano para possibilitar, por meio dos Corpos, conquistar, reger e guiar, tanto quanto possível, as coisas do Mundo material. A força do Espírito de Vida é usada para extrair a Alma das coisas do Mundo material, enquanto o poder do Espírito Divino é utilizado para adquirir, da Alma das coisas, as realidades espirituais, já que Alma se torna o alimento para a evolução espiritual. É necessário que observemos que o nosso supremo desenvolvimento consiste na majestosa consecução da ativação do aspecto mais elevado de Deus em nós, o Espírito Divino, ou seja, a Paternidade de Deus.
Paternidade é aquele estado de ser dotado, por natureza, com os requisitos necessários para a responsabilidade de prover e cuidar da vida da família. É a forma diretora positiva agindo por meio do poder da vontade que forma, que modela a evolução. É o poder supremo que dá de si para que outros possam ganhar em substância e em Espírito. Aí reside a razão pela qual o Pai deu Seu Filho Unigênito para que, por seu intermédio, o mundo se salvasse.
Não existe maior função ou tarefa dada por Deus a nós do que a Paternidade, pois até o reinado, a presidência ou o governo de um indivíduo sobre os outros, qualquer que seja a sua forma, nada mais é do que o exercício dos Princípios da Paternidade. Essa característica de Paternidade está em todos nós, latente ou ativo, não importa, pois, segundo disse o Adorável Cristo: “Eu estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós.” (Jo 14:20) e o exercício da Paternidade nos traz a maior glória; mas com ela vem uma grande responsabilidade já que estamos sujeitos a usá-la incorretamente, o que nos acarretará muitas penas e sofrimentos.
O grau em que usaremos corretamente este princípio de autoridade depende, em grande extensão, da nossa compreensão e da nossa prática das características da Maternidade, pois “Ninguém vem ao Pai senão por Mim.” (Jo 14:6), conforme disse o Cristo. Devemos conhecer o amor da mãe pelo seu filho, o seu desejo de sustentá-lo e de nutri-lo, e conhecer a necessidade de compaixão, caridade e unidade, antes de podermos ser considerados sabiamente como a respeitada “cabeça do lar”. Lembremo-nos que fomos ensinados a oferecer nossas preces ao “Pai nosso que está nos céus” (Mt 6:9), pois somente Ele conhece nossas necessidades e as administrará de acordo com a Sua Exaltada Sabedoria.
Para melhor compreensão do Princípio da Sublimidade, voltemo-nos para a nossa querida ciência da Astrologia Rosacruz que nos leva mais próximo daquilo que queremos ser e fazer.
Deus-Pai, o Espírito Divino, vem a nós por meio dos raios do Planeta Netuno, se formos capazes de nos sintonizar com o seu grau vibratório excessivamente elevado. A fim de que o Espírito Divino possa extrair a Alma Consciente, que é o seu trabalho particular, é absolutamente necessário sensibilizar o Corpo Denso. Netuno é o Regente do Signo da Divindade, Peixes, o último dos doze Signos do Zodíaco, no qual nos voltamos das coisas materiais para as do Espírito, na nossa preparação para o Além.
Netuno, por assim dizer, impele o trabalho em nossas vidas onde Urano o faz parar e, assim, há uma grande semelhança entre esses dois Planetas. Seus símbolos são semelhantes, com a exceção de que no caso de Netuno, as duas Luas estão juntas sobre a cruz da matéria, enquanto no de Urano, elas são separadas pela cruz da matéria. Urano nos fornece o princípio da unidade que deveremos compreender antes de podermos desenvolver o Princípio da Sublimidade que Netuno nos proporciona.
Netuno, como Urano, é duplo – duas Luas opostas – e é basicamente um Planeta plástico, negativo, como é necessário para receber as mais refinadas forças. Diz-se que é uma combinação do polo negativo de Marte, por meio de Escorpião, e dos raios mensageiros do alado Mercúrio, por meio do seu Signo de Virgem. Assim, Netuno produz os segredos de Escorpião combinados com a pureza de Virgem. Tais são os requisitos para a manifestação do Princípio da Sublimidade.
O trabalho de Urano é transmutar o sexo em Alma; o de Netuno se relaciona com a absorção da Alma como alimento para a evolução do Espírito. Logo, Netuno impele onde Urano faz parar e dessa maneira nos conduz a maior glória.
As Luas opostas são os dois polos da Alma, positivo ou masculino e negativo ou feminino que devem ser mantidos juntos, como uma unidade, um todo completo, que Urano faz no plano físico e Netuno faz no plano espiritual, pois “assim como é em baixo, é em cima” e “assim como é em cima é em baixo”.
Portanto, não nos esquecemos de que embora esses Planetas, com seus poderes e suas características, pareçam separados, eles, na realidade, se interpenetram, e o contato com um deles traz consigo as qualidades do outro. Assim, enquanto estamos atravessando a Era de Peixes estamos, também, recebendo influências da Era de Aquário, e durante essa Era haverá alguma força de Capricórnio em manifestação.
Enquanto aprendemos a Religião ou Filosofia da Fraternidade Humana pelos Ensinamentos Cristãos estamos, ao mesmo tempo, aprendendo a Paternidade de Deus para uma data futura na nossa evolução. Não podemos avançar em uma, sem receber algo da outra.
Estamos começando a ver o valor e a necessidade da sequência natural das coisas e, por isso, atualmente, devemos considerar, em primeiro lugar, o princípio de Cristo, mas aos poucos que estão adiantados, a Paternidade de Deus e o desenvolvimento especial Espírito Divino os conduzirá para frente e para cima, à medida que eles respondam ao impulso de Netuno por meio do Princípio da Sublimidade, o Zênite da Glória.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1959 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Resposta: A Era de Aquário ainda não chegou, embora sua influência já comece a ser sentida, mas não estará integralmente conosco a não ser daqui a aproximadamente 600 anos. A Era de Aquário é resultante de um movimento do eixo da Terra, similar ao movimento de um pião que está perdendo sua velocidade de rotação, que é chamado de Precessão dos Equinócios. O Equinócio é o momento em que o Sol, em seu o movimento aparente em torno da Terra, cruza o equador celeste. Seria, portanto, a intersecção da eclíptica com o equador celeste. O Equinócio se dá em dois momentos: um na primavera e outro no outono. O Equinócio de Março é o momento em que o Sol cruza o equador celeste no sentido sul-norte. Nesse momento, o Sol está em conjunção (ou aponta) para um grau de um determinado Signo em um dado grau. Devido ao movimento de Precessão dos Equinócios, a cada ano, o Sol aponta para um grau do Zodíaco que precede o do ano anterior. Assim, se em um ano o Sol cruza o primeiro grau de Áries, no ano seguinte, cruza em um grau dentro do Signo de Peixes (o movimento é no sentido inverso ao movimento aparente anual do Sol ao longo do Zodíaco). Esse movimento retrógrado é muito lento, cerca de 25950 anos para dar uma volta completa no Zodíaco e cerca de 2160 anos para cada Signo. A última vez que o Sol apontou para o primeiro grau de Áries foi em torno do ano 500 DC. Atualmente, está em torno dos 8 graus de Peixes, alcançando o 30º grau de Aquário (início da Era de Aquário) em torno de 2600 DC.
Podemos reconhecer a influência pisciana ao longo dos últimos dois mil anos. A superstição, a censura intelectual e a fé cega são bem conhecidas da história da humanidade. Por outro lado, os ensinamentos de amor e altruísmo deixados por Cristo dificilmente seriam internalizados sem a força da fé, mesmo sendo uma fé cega. A Era de Peixes pode ser, portanto, lembrada como a Era da Fé, em oposição ao que será a Era de Aquário, a Era da Razão, mas é durante a Era de Peixes que estão sendo lançados os pilares do Cristianismo — amor e altruísmo – a um círculo crescente de crentes. Aquário tem uma influência intelectual que é original, inovadora, mística, cientifica, altruísta e religiosa.
Durante a Era de Aquário, veremos a mistura da Religião com a Ciência a tal grau que dela resultarão uma Ciência religiosa e uma Religião científica, cada uma aprendendo com as experiências e descobertas da outra.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz no Rio de Janeiro-RJ-janeiro/fevereiro/março/2001)
Cristo foi o Grande Pastor, mas chamou Seus Discípulos para serem “pescadores de homens”, pois o Sol, por Precessão, estava saindo do Signo do Carneiro e entrando no de Peixes, o Signo dos peixes.
Por conseguinte, uma nova fase da Religião Ária estava começando.
O Novo Testamento, pois, não menciona o Touro ou o Carneiro, mas inúmeras são as referências aos peixes.
Também encontramos a Virgem Celestial proeminente, e a espiga de trigo de Virgem é o Pão da Vida, a ser conseguido somente por meio da pureza imaculada.
Por isso Cristo alimentou a multidão com peixes (Peixes) e pães (Virgem).
A Religião do Carneiro haveria de se projetar durante a passagem do Sol por Precessão através do Signo de Peixes, os peixes. É a Religião Cristã.
Essa profecia vem se cumprindo, pois, durante os mais de 2.000 anos que passaram; desde o nascimento de Jesus, a Religião ocidental tem sido ensinada por sacerdotes celibatários, os quais adoram uma virgem imaculada, simbolizada pelo Signo celestial de Virgem, o Signo oposto a Peixes.
Já nos quinhentos anos, aproximadamente, que faltam para a Era de Aquário introduzir-se definitivamente, nós faremos, com toda probabilidade, grandes progressos tanto vencendo a luxúria da carne quanto a vontade de se alimentar dela.
Pois Virgem, a imaculada virgem celestial, e as espigas de trigo contidas no Signo mostram esses dois ideais como proveitosos ao crescimento anímico na era atual.
Júpiter, o Planeta da benevolência e da filantropia, Regente de Peixes, tem sido um fator proeminente na promoção do altruísmo durante os dois últimos milênios.
Isso tudo começou lá atrás, ao findar a Época Atlante, quando o Sol, por Precessão, deixou o Signo de Touro e entrou em Áries (o Cordeiro). A humanidade entrou, então, na Época Ária que compreende as Eras de Áries, Peixes e Aquário.
Cristo surgiu na Era de Peixes e a lição que trouxe foi a do Amor, o que ainda deverá ser devidamente aprendido na Era seguinte – a de Aquário.
Por isso ele é que nos está ajudando a entrarmos na Era de Aquário, a Era da Fraternidade Universal.
Os seres humanos mais avançados já estão sentindo o impulso em direção a esses ideais.
Há muitas parábolas que Cristo nos deixou sobre como trabalhar na Era de Peixes para alicerçar o nosso desenvolvimento oculto.
Uma delas é a da casa sobre a rocha e a casa sobre a areia:
“Todo aquele que ouve essas minhas palavras e as põe em prática será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha.
Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha.
Por outro lado, todo aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia.
Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande sua ruína!”. (Mt 7:24-28)
Que as Rosas floresçam em vossa cruz
Max Heindel
Hoje em dia, muitas pessoas, geralmente, olham para o oriente, quando empreendem a busca pela Luz Mística. No entanto, na verdade, o curso das estrelas é do leste ao oeste e os doadores de luz celestiais acima, assim como os lugares de luz terrestre, abaixo, são periodicamente movidos em direção ao oeste. Os sábios do Oriente, mencionados na Bíblia, não olharam para o leste em busca da estrela, mas a seguiram e foram com ela para o oeste. No antigo Templo de Mistério da Atlântida, chamado de Tabernáculo no Deserto, havia uma luz dentro do portão oriental, por onde o Aspirante entrava. Ele estava então voltado para o oeste e via a luz lá dentro; ou seja, a luz no Altar dos Sacrifícios.
Ele estava cego e procurando a luz; esta luz o confronta quando olha para o Ocidente. A lei era seu vigia para trazê-lo à luz que, então, brilhava para sua orientação; enquanto ele a seguia em sua jornada e caminhava para o oeste, em direção ao primeiro véu, outra luz aparecia: o Candelabro de Sete Braços no Lugar Santo. Esta era uma luz mais pura e sagrada do que a luz do Altar dos Sacrifícios, onde o fogo era alimentado com as carcaças fumegantes e sangrentas dos sacrifícios. A luz do Lugar Santo era alimentada com o mais puro azeite de oliva, feito especialmente para esse fim; portanto, era uma luz de ordem superior, acima daquela das carcaças que queimavam ao lado de fora. No entanto, o candidato prosseguia mais para o Oeste e, quando ele chegava à parte mais ocidental de todas, o Santo dos Santos, havia escuridão aparente onde estava a Arca da Aliança; mas acima dela havia uma luz espiritual, mencionada na Bíblia como a “Glória de Shekinah”, pairando sobre a Arca como o símbolo do ser humano purificado. Enquanto ele estava no portão leste e a luz brilhava resultado do Altar dos Sacrifícios, o Aspirante estava sem a lei dentro dele e obedecia à lei externa como se ela fosse um seu feitor.
Já nessa extremidade ocidental do Tabernáculo ele encontrava a Arca da Aliança com as tábuas da lei dentro dela, símbolo do fato de que o ser humano que chegou àquela altura tem dentro de si todas as leis da natureza e é um com elas. Portanto, ele as obedece prontamente; elas não são para ele um vigia e ele não agiria contrário a elas, mesmo se pudesse. O Pote de Ouro de Maná, simbolizando o pão que desceu do céu, o Cristo Interno, nos fornece outra chave para decifrar a natureza deste símbolo. A Vara de Aarão, com a qual operou os milagres no Egito, é como a lança do Graal, um símbolo do poder espiritual que pode ser empunhado por um ser humano que atingiu aquela Luz Espiritual do Oeste.
Contudo, o propósito dessa conquista é, e deve ser sempre, o serviço; portanto, as varas estavam sempre colocados nos anéis da Arca, para que ela pudesse ser movida a qualquer momento. Da mesma forma, o homem ou mulher elevado espiritualmente em quem brilha aquela maravilhosa Glória de Shekinah e que tem dentro de si as tábuas da lei, o Maná que caiu do Céu e a Varas Sagradas, está alerta ao menor chamado de serviço, para que ele ou ela possa se apressar em aliviar o sofrimento de seus irmãos e irmãs que estão para trás no Caminho da Evolução, em direção ao Oriente.
Também, sabemos que há seiscentos ou setecentos anos A.C. uma nova onda de espiritualidade iniciou-se nas margens ocidentais do Oceano Pacífico, para iluminar a nação chinesa. Hoje em dia, milhões de habitantes do Celeste Império professam a religião de Confúcio. Notamos o efeito posterior dessa onda na religiãode Buda, um ensinamento destinado a despertar as aspirações de milhões de hindus e chineses ocidentais. Em seu curso para Oeste, surge entre os gregos mais intelectuais, nas filosofias elevadas de Pitágoras e Platão, e por último, invade o mundo ocidental e alcança os precursores da Raça humana, onde assume a elevada forma da Religião Cristã.
O Cristianismo abriu gradualmente seu caminho para Oeste até a costa do Oceano Pacífico, onde vem reunindo e concentrando as aspirações espirituais. Ali alcançará um ponto culminante, antes de prosseguir através do Oceano para inaugurar no Oriente um despertar mais elevado e mais nobre, muito mais do que existente até agora nessa parte da Terra.
Esses são fatos místicos e a visão do autor os percebeu corretamente. Tudo muda à medida que vamos do Leste para o Oeste para promover o desenvolvimento do novo atributo que devemos desenvolver nesta Era de Peixes, para que a Era vindoura, a de Aquário, possa ser utilizada por quem esteja pronto.
Quando o autor foi para a Alemanha, em 1907, ele sentiu, de forma mais aguda, a opressão do Espírito-Grupo ali, como uma nuvem sobre a Terra, segurando o povo em suas garras. Assim como está registrado que nos tempos antigos Jeová foi à frente dos israelitas e estava como numa nuvem, assim o Espírito-Grupo das nações governa o seu próprio povo, refletindo sobre ele e desenvolvendo nele certas características. Portanto, as características dos europeus persistem, apesar da frequência crescente de casamentos internacionais, porque o Espírito-Grupo invariavelmente marca sua prole. Na América é diferente; esse é o caldeirão e nenhum Espírito-Grupo foi desenvolvido para guiar este lugar. Uma nova classe de Egos está renascendo, com traços de caráter e qualidades diferentes das que existem entre as pessoas mais velhas.
Quando investigamos as condições climáticas, também descobrimos que há uma grande diferença entre a atmosfera da América e da Europa; a atmosfera da América é elétrica e, particularmente no sul do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, o Éter é abundante em grau nunca experimentado em qualquer lugar da Terra. Isso tem um efeito muito brilhante sobre as pessoas que vivem nos diferentes países e o escritor não pode ilustrar tal característica de maneira melhor do que relatando um certo incidente e uma conversa que aconteceu no Templo da Rosacruz na Alemanha, que ele visitou, por ser convidado, para receber os ensinamentos incorporados no Conceito Rosacruz do Cosmos.
Por meio de um trabalho incessante dia e noite, por muito tempo, o autor conseguira fazer um esboço da filosofia. Isso, ele mostrou aos Irmãos Maiores, que o estavam instruindo, mas seu entusiasmo logo esfriou quando lhe disseram que, embora agora estivesse muito satisfeito com o resultado, assim que chegasse aos Estados Unidos, a atmosfera elétrica da América o faria olhar para as coisas de maneira diferente, que ele iria reescrever e tornar completamente distinto; ele supunha que isso fosse absolutamente impossível, na época; porém os Irmãos Maiores então disseram.
“Você foi convidado a vir para a Alemanha porque a atmosfera deste local, pesada, carregada pelo Espírito-Grupo, leva à persistência e perseverança, favorecendo a concentração, o pensamento profundo e uma grande percepção. Só aqui o esqueleto para tal livro poderia ser escrito; mas para terminá-lo e dar a ele um traço de vida que deve ter para lhe tornar sucesso entre as massas, a atmosfera elétrica da América é necessária”.
A atitude mental de um alemão, devido ao Espírito-Grupo na atmosfera, pode ser comparada a um ser humano que viaja de Berlim a Paris em diligência; vai levar muito tempo para chegar, mas no caminho ele vê pessoas de diferentes nações e se familiariza com cada passo da estrada, percebendo a paisagem e se familiarizado totalmente a cada passo do caminho, de modo que possa dar uma boa descrição, se ele depois precisar. Os processos mentais na América também são como seus métodos de viagem. Quando deseja ir de um lugar na América para outro lugar também na América, ele dorme à noite para não perder qualquer uma das preciosas horas comerciais da luz do dia, corre pelo país a uma velocidade a mais que ele possa e chega ao seu destino na madrugada do dia seguinte; ele não sabe coisa alguma dos locais por onde passou, mas chegou rápido: esse é o ponto essencial.
Vamos a um exemplo: um alemão teria usado, pelo menos, dois volumes para expressar sua opinião sobre todos os detalhes do projeto do Canal do Panamá. O presidente Roosevelt cobriu bem o assunto em um único discurso; ele chegou ao destino sem todos os detalhes.
Em outra ocasião, quando a questão da Sede Mundial estava em discussão, o escritor foi instruído a procurar um lugar com vista para o Oceano Pacífico, no sul do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, tendo ao fundo montanhas cobertas de neve. Tentamos primeiro comprar um lugar que parecia se adequar à descrição, em parte; mas os obstáculos foram se acumulando de modo que não pudemos aperfeiçoar a compra. Então Mt. Ecclesia foi encontrada e imediatamente reconhecida pelos Irmãos Maiores como cumprindo todas as condições exigidas.
O número de prédios está aumentando, o jardim está ficando mais bonito ano após ano. Este local já se tornou um destino para Estudantes Rosacruzes de muitos lugares que vêm aqui para reunir inspirações e levar de volta para suas casas a luz recebida aqui; com o passar do tempo, não podemos esperar que isso possa, de fato, tornar-se um centro de grande influência espiritual na obra do mundo. Vamos puxar o vagão das aspirações para entregá-lo à Estrela da Esperança; quanto mais elevado for o nosso ideal, melhor talvez vivamos de acordo com ele.
Uma coisa é certa — o templo espiritual que estamos construindo com nossas esperanças e aspirações, ao redor do santuário terrestre que já erigimos, está gradualmente crescendo mais e se tornando mais bonito, luminoso e mais parecido com aquele templo admirável que Manson descreve tão eloquentemente em O Servo da Casa. Pela Graça de Deus continuaremos na alegria e no contentamento. Como disse Manson: “Descobrimos ser verdade que, às vezes, o trabalho continua na escuridão quase total; mas ocasionalmente chegam os raios de esperança, as nuvens se desmancham e o sol da alegria e contentamento brilha para aliviar a carga”. Contudo, quer estejamos construindo nas trevas ou na luz ofuscante, é algo que podemos dizer: nunca cessamos em nossa persistência incansável. Ajudados pelas aspirações de milhares de Estudantes Rosacruzes mentalmente centrados neste lugar, o trabalho prossegue com alegria ou tristeza e, algum dia, a visão será realizada e Mt. Ecclesia, a sede da Fraternidade Rosacruz, dará sua cota total de luz para “o mundo que espera”.
Como o Sol, por precessão, está se aproximando da cúspide do Signo de Aquário, as influências uranianas e netunianas estão ficando cada vez mais fortes. Pessoas em todo o mundo estão atualmente sendo atraídas para o lado espiritual da sua natureza de uma forma, e com uma força, nunca vista. A onda do materialismo e do dogmatismo, tanto o religioso quanto o científico, está gradualmente recuando e, em seu lugar, este novo raio estelar está trazendo mais luz, mais amor pela humanidade.
A necessidade do ser humano é a oportunidade de Deus e não demorará muito para encontrar, aqueles que agora estão se preparando para a tarefa através do estudo adequado e de uma vida consagrada, um público pronto entre os povos onde anteriormente o prazer mundano era o objetivo principal da vida. Possa cada um que vê a luz mística aproveitar a oportunidade de se preparar adequadamente para o grande privilégio de levar luz aos povos e colher, assim, o óleo da alegria como a recompensa, ganhando oportunidades cada vez maiores de serviço no futuro, pelo trabalho do presente.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Por ser um movimento aquariano, a Fraternidade Rosacruz dispensa, em seu meio, a figura do líder. Sua renovada mensagem procura estimular o trabalho de equipe, sendo que as qualidades individuais se completem e os esforços se somem em torno de um ideal comum. Substitui-se a imposição pelo consenso. Delibera-se a partir do livro debate.
Opta-se pelo trabalho em grupos, ao invés da ação unipessoal. Todo esforço comunitário nada mais é do que uma expressão antecipada da próxima Era, a de Aquário.
No entanto, a consecução desse objetivo maior tem sido uma tarefa das mais difíceis, pois apenas uma minoria encontra-se preparada para tal.
Essa elevada aspiração não será concretizada sem prévia transposição de alguns obstáculos. Removê-los consiste em árduo trabalho, porque arraigados estão na própria natureza humana. O ser humano acomodou-se, desde vidas passadas, a obedecer, transferindo a outrem a responsabilidade de decisão. As comunidades primitivas eram chefiadas pelos mais fortes e corajosos fisicamente. Essa foi a gênese da liderança.
Os modernos líderes reúnem atributos tais como inteligência, visão e, principalmente, uma personalidade forte e arrebatadora. Como raras vezes esses atributos vêm temperados com amor, vias de regra, transformam-se numa tirania, ostensiva ou sub-reptícia.
Tais lideranças, obviamente, acabam por se tornarem nocivas ao grupo. Não obstante, a força da inércia é tão grande, a ponto de as pessoas se acomodarem até àquilo que lhes é prejudicial.
Os povos do oriente, com algumas exceções, é claro, tanto política como religiosamente, encontram dificuldades para se libertar da necessidade de liderança. Basta atentar-nos para suas comunidades religiosas e constatarmos como se obedece fielmente ao chefe ou guru. Não há meio termo. Entretanto, alguns líderes mais avançados, não se atribuem essa condição. Conscientes de sua missão procuram apenas indicar o caminho a seu povo, respeitando-lhe, ao máximo, o livre arbítrio. Mas como a humanidade não resiste ao fascínio de uma personalidade magnética, nem sempre lograram se livrar de seu carisma.
O estudo do carisma constitui um interessante exercício para os modernos psicólogos. O que torna um indivíduo um líder? A grosso modo, uma personalidade forte, atraente, destemida, oratória fluente, somadas a outras qualidades pessoais devidamente inseridas num contexto todo especial – as condições vigentes são importantes – são os ingredientes básicos do espírito de liderança. Certos fenômenos conjunturais servem de campo fértil ao surgimento dessa postura.
Não é justo, entretanto, omitir um ponto importante: alguns seres humanos se converteram em líderes face à sua elevada formação espiritual. Muitas vezes esses são fisicamente frágeis e pouco atraentes, às vezes até com uma voz desagradável, lembrando muito mais um mendigo do que um líder, sabe se impor ao respeito dos seus e do mundo, graças à sua bondade natural. É esse sentimento humanitário que confere a posição de um líder, quando há necessidade de um verdadeiro nessa Era, a de Peixes.
Seja qual for a sua origem, a liderança tende a dar lugar a algo mais elevado. Aos poucos o ser humano vai aprendendo a se libertar de tutelas, assumindo responsabilidades na sociedade em que vive. Quanto maior seu avanço espiritual, tanto mais acentuada sua emancipação em relação a pessoas e sua participação na vida comunitária.
As decisões tomadas em conjunto são, comprovadamente, mais sensatas. Havendo consenso, as responsabilidades pelos erros e acertos serão divididas, evitando-se, ou pelo menos minimizando-se cisões ou traumatismos na coletividade.
Para muitos, esse ideal avançado é considerado como utópico. Nós, Estudantes da Fraternidade Rosacruz, todavia, não pensamos assim. Utopia é a verdade que não foi levada à prática. A distância não torna uma meta inatingível. Tanto estamos convencidos disso, que a Fraternidade Rosacruz tem sido uma das vanguardeiras do desenvolvimento espiritual sem lideranças. Líder é o Cristo, nosso paradigma e Luz do Mundo. Mas, se alguém entre nós deseja destacar que comece sendo o “servo de todos”. Que procure, sinceramente, se identificar com nosso ideário. Tornar-se-á, então, o “maior”, no bom sentido.
Pode ocorrer que Estudantes novos ou menos avisados, impressionarem-se com as qualidades de algum membro mais antigo. Elegendo-o como modelo, acabam, não raro, por decepcionarem-se, tão logo lhe constatem falhas de caráter. Esquecem-se que ele é um ser humano, lutando por aprimorar-se, sujeito a quedas. Se assim não fosse ele não seria membro da Fraternidade, mas sim da Ordem Rosacruz. E mesmo os membros da Ordem, embora se encontrem acima do ser humano comum, também evoluem e queimam etapas.
Alguns Estudantes Rosacruzes – e até simpatizantes – se empolgam com os palestrantes ou conferencistas, deixando-se fascinar por um carisma de que, às vezes, eles nem se dão conta. Quando, no momento de uma maior intimidade, lhe descobrem o lado humano, chegam a desiludir e abandonar o ideal, como se a Fraternidade Rosacruz fosse os seus membros. É uma pena que isso, às vezes, aconteça.
Os palestrantes ou conferencistas, ao tomarem a posição de expositores para falar sobre a nossa amada filosofia, carregam uma grande responsabilidade sobre os ombros. Fazem-nos desprendidamente, conscientes de suas possibilidades e limitações. Procuram apenas colaborar no esforço de divulgação. Não são líderes, não se arvoram em “mestres”, nem se julgam “donos da verdade”. Apenas aspiram a que os Estudantes entendam este posicionamento: numa palestra ou conferência o importante não é o conferencista ou palestrante, mas a mensagem por ele transmitida. Não se conceda destaque ou louvor a “quem fala”, mas ao “que fala”. Como disse Descartes: “É preciso tornar as pessoas discípulas da verdade e não sectárias, obstinados do que o expositor ensina”.
Esperamos, assim, que todos os Estudantes Rosacruzes procurem emancipar de quaisquer influências externas, consolidando, dessa forma, a Fraternidade Rosacruz como a precursora da Era de Aquário.
(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de 1/79)