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O Som e os Éteres

Há um “som de vida” acompanhando todas as coisas viventes e crescentes. A ciência moderna está agora chegando a este campo, assim como a outros campos de fenômenos etéricos, anteriormente admitidos apenas pelos ocultistas.

Houve sempre e ainda há muita confusão a respeito da Clariaudiência ou audição extrassensorial. Mais do que em outros campos, talvez, contam-se histórias de distúrbios mentais, acompanhados de “audição de vozes” ou outros sons.


Quer saber mais e como usar esse conhecimento? Acesse aqui: O Som e os Éteres

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A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 7: A Astrologia nos Século XVI e XVII

Chegamos ao século XVI, o chamado século “renascentista”, porque aí redescobrimos as antigas fontes. Os estudiosos dessa época são, em geral, favoráveis ​​à Astrologia.

Em 1520, uma cadeira de Astrologia foi fundada na universidade papal. O médico suíço Bombastus Von Hohenheim, mais conhecido como Paracelso (1493-1541), fundou a medicina hermética e utilizou o simbolismo astrológico na prática de sua arte. Ele escreve: “Aquilo que cura indica a natureza e a causa do mal, e como cada Astro é representado por um metal: Marte pelo ferro, Vênus pelo cobre, Saturno pelo chumbo, seguir-se-á que a ação terapêutica de cada metal indicará a influência mórbida da estrela correspondente”.

Catarina de Médicis (1519-1589), muito afeiçoada à Astrologia, trouxe para a corte muitos videntes e astrólogos e, em particular, o famoso Nostradamus (1503-1566). As profecias contidas em seus Centuries ainda fazem correr muita tinta…

Mas, a próspera era da Astrologia está terminando com a descoberta do heliocentrismo pelo astrônomo polonês Copérnico (1473-1543). Alguns meses antes de sua morte, ele publicou “revolutionibus orbium coelestium”, que teria uma grande influência no pensamento humano.

Pela primeira vez em 17 séculos, reafirma-se que a Terra e todos os outros Planetas giram em torno do Sol, girando a Terra, aliás, sobre si mesma em 24 horas. Deve-se saber que nenhum fato novo esteve na origem dessa teoria. Copérnico conhecia os escritos de Heráclides (388-315 a.C.) e Aristarco (310-230 a.C.), a quem saudou como seus precursores e é essencialmente por razões metafísicas que adotou esse ponto de vista.

De fato, ele considerava normal colocar a estrela mais brilhante no centro do mundo, aquela que fornece luz e calor à Terra. No entanto, os resultados das observações à sua disposição não lhe permitiram descobrir as leis exatas do movimento dos Planetas. Isso seria descoberto no século seguinte por Kepler, graças às observações astronômicas de um dinamarquês, apaixonado por Astrologia, Tycho-Brahe (1546-1601).

Tycho-Brahe estava inicialmente destinado à carreira jurídica, mas sua paixão pela Astrologia o levou a querer saber as posições dos Planetas com mais precisão do que se fazia na época. Com o apoio do rei Frederico da Dinamarca, ele mandou construir o primeiro observatório digno desse nome perto de Copenhague, que batizou de “Uranienborg” (nome profético quando Urano só seria descoberto quase dois séculos depois).

Com a ajuda dos instrumentos que construiu, conseguiu determinar com precisão a declinação e as coordenadas equatoriais dos Planetas. Tycho-Brahe nunca aceitou a teoria heliocêntrica. Talvez ele tenha percebido que essa teoria se tornaria uma arma contra a Astrologia?

Mas, vamos às descobertas do astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630). Kepler havia sido aluno de Tycho-Brahe e tinha os resultados de suas observações; mas, ao contrário de Tycho-Brahe, ele era partidário do sistema de Copérnico.

É, portanto, graças aos resultados de Tycho-Brahe que Kepler conseguiu destacar as leis do movimento dos Planetas: movimento elíptico dos Planetas ao redor do Sol, velocidades de revolução não uniformes (= lei das áreas).

No entanto, ele ainda era, ao contrário do que afirmam os detratores da Astrologia, um grande Astrólogo (embora tenha lutado contra a Astrologia de “baixo nível”).

Ele escreve: “Vinte anos de estudo prático convenceram meu espírito rebelde da realidade da Astrologia”.

Ele entende que o heliocentrismo não lhe diz respeito: “Basta ao astrólogo ver como os raios vêm do leste, do sul ou do oeste, basta que saibamos se dois Planetas estão em Conjunção ou em Oposição. O astrólogo pergunta como isso é feito? Na verdade, ele não faz isso, assim como o camponês não pergunta como se forma o verão ou o inverno e, no entanto, ele é regulado pelas estações”.

Ele também escreve: “Há um argumento bastante claro e além de qualquer exceção, em favor da autenticidade da Astrologia, é a comunidade de temas entre pais e filhos” (hereditariedade astrológica).

Com Kepler já cruzamos o limiar do século XVII. Ao mesmo tempo, Galileu (1564-1642) também aderiu ao sistema copernicano.

Ele foi o primeiro a usar, para observar as estrelas, o telescópio de “aproximação” (ampliação x50) que já existia há alguns anos. Ele descobriu milhares de estrelas que não eram visíveis a olho nu, os quatro maiores satélites de Júpiter, manchas solares e principalmente as fases de Vênus análogas às da Lua, que vieram a sustentar a teoria heliocêntrica.

Parece que Galileu, sem ter ele próprio praticado Astrologia, se interessou por ela. Ele teria dito a seu aluno, Paolo Dini, que a teoria de Copérnico não poderia abalar os fundamentos da Astrologia.

Em 1616, a Igreja advertiu-o de que esse sistema era “contrário às Sagradas Escrituras e, portanto, não pode ser mantido ou tido como verdadeiro” (Cardeal Bellarmi). Como ele manteve suas opiniões, teve que comparecer, em 1632, perante um tribunal de inquisição e teve que se retratar solenemente. O que ele faz, após 16 anos de resistência, para evitar a estaca; mas, depois, pronunciará esta famosa frase: “E ainda assim ela gira”.

Vale lembrar que o ex-monge Giordano Bruno havia sido queimado em 1600 por ter dito que as estrelas eram corpos semelhantes ao Sol e que havia outros mundos habitados.

Na primeira metade do século XVII, a Astrologia continuou a progredir, apesar da revolução copernicana. Placidus (de Titis ou Tito) (1603-1668), matemático e físico, professor da Universidade de Pavia, desenvolveu outro sistema de Casas.

Esse sistema é ainda mais complicado que os anteriores, pois não utiliza um único plano de referência, mas sucessivos paralelos de declinação. A ideia do método consiste em dividir por três o tempo que o ponto localizado no Ascendente leva para chegar ao MC. O primeiro terço desse tempo, reportado à eclíptica, dá a ponta da Casa 12, o segundo terço dá a ponta da Casa 11 e procedemos da mesma forma entre o MC e o DS (Descendente).

Quanto mais longe do equador você fica, mais ângulos desiguais você obtém; mas, isso também é verdade para os outros sistemas mencionados acima. Existem, ainda, em qualquer altura, duas localizações geográficas variáveis, uma no Círculo Polar Ártico, outra no Círculo Antártico onde não é possível definir um Ascendente: são os dois polos da eclíptica (não confundir com os polos norte e sul fixos que são os do equador).

As diferenças entre Casas de diferentes sistemas podem ser bastante significativas. Assim, um Astro pode estar na Casa 12 em um sistema e na Casa 1 ou mesmo 2 em outro. É o método de Placidus que ainda é o mais amplamente utilizado hoje. Max Heindel o adotou nas tabelas que editou.

Tendo uma base científica sólida, ele poderia ter desenvolvido tabelas de outro sistema, se tivesse encontrado um mais em conformidade com a realidade astrológica. Deve-se saber, no entanto, que certos astrólogos usam outros sistemas, incluindo o da Antiguidade, em que o Ascendente está a 15° do ponto da Casa 1.

Mas, voltando ao século XVII. Outra figura muito importante na Astrologia desse século é Jean-Baptiste Morin de Villefranche (1583-1656), médico, astrólogo do Duque de Luxemburgo, então professor do College de France.

Ele é o fundador da Astrologia moderna e deixa uma obra abundante, a Astrologia gálica, composta por 26 volumes escritos em latim. Richelieu não desdenhou de consultá-lo; Mazarin concedeu-lhe uma pensão.

Foi ele o responsável por traçar o mapa astral do futuro Luís XIV (nascido em 5 de setembro de 1638, às 11h11).

Morin teve que se defender dos ataques de um de seus colegas do College de France, Gassendi, um matemático que, provavelmente não tendo estudado Astrologia, o repreendeu por não ter adotado o sistema de Copérnico.

Ainda hoje encontramos essa resposta ou explicação sem sutileza, sem originalidade, como uma ideia difundida, já conhecida de todos e que ninguém verificou, com a da Precessão dos Equinócios

Em 1666, Colbert, ministro de Luís XIV, criou a Academia de Ciências e, “em nome da Razão”, proibiu que a Astrologia fosse ali ensinada, ou mesmo praticada por seus membros sob pena de perda de cargo. A partir de agora, esse ensino também será banido das universidades.

Um declínio invencível não demora a tomar forma.

Antes de deixar o século XVII, é necessário dizer algumas palavras sobre Newton (1643-1727), porque ele é o fundador da astronomia mecanicista que contribuirá para relegar a Astrologia um pouco mais para o armário das superstições como, para alguns, Religião em si.

Seu pai já havia morrido antes de ele nascer e ele foi criado pela avó. Quando ele tinha 16 anos, sua mãe pediu que ele assumisse a fazenda; felizmente, ela entende que ele é mais “feito para estudos”. Aos 18 anos ingressou em Cambridge, onde o professor de matemática Isaac Barrow lhe abriu as portas do conhecimento. Aos 25 anos, ele já é um matemático e físico genial. Interessa-se pela óptica e pelo estudo dos prismas desenvolve a sua teoria da luz (à qual Goethe se oporá), e descobre as leis da mecânica que permitem explicar, em particular, os movimentos dos Planetas assinalados por Kepler, um século antes.

Reza a lenda que foi ao observar a queda de uma maçã que teve a intuição da lei universal da atração. Paul Valéry escreveu: “Você tinha que ser Newton para ver que a Lua está caindo, quando todos podem ver claramente que ela não está caindo”. De fato, um objeto lançado ao ar cai pela lei da gravidade; mas, a mesma lei se aplica a um satélite (natural ou artificial): está a uma distância tal que a Terra não está mais perto o suficiente para cair sobre ela e é assim que começa a girar.

Podemos ver isso como uma queda contínua, a Terra constantemente “caindo”. O próprio Newton não era um materialista. Ele escreve: “Este sistema mais que admirável do Sol, dos Planetas e dos cometas, só pode emanar do desígnio e da autoridade de um Ser inteligente e poderoso”.

Mas, a maioria dos cientistas, por mais de dois séculos, preferiu ignorar esse aspecto do pensamento de Newton e acreditar, com base em suas descobertas, que “tudo” pode ser explicado mecanicamente e que “tudo é puramente físico”.

No capítulo XIV do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, Max Heindel descreve a experiência da água e do óleo representando, respectivamente, o espaço e a nebulosa original e o cientista que não percebe que ele próprio desempenha o papel de Deus criador através da concepção da experiência e sua intervenção com o auxílio de um bastão, para colocar em ação o movimento formativo dos “planetas”.

Foi somente no século XX, com os paradoxos da relatividade de Einstein e da mecânica quântica, que os cientistas (pelo menos alguns) adotaram uma posição mais aberta, como veremos adiante.

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 5: A Astrologia dos Séculos V a I a.C.

O famoso Hipócrates (460-377 a.C.) especifica a ação dos Astros em relação às doenças e enfermidades e fundamenta sua doutrina dos dias críticos com base nas fases da Lua.

Ele escreve: “O melhor médico é aquele que sabe prever”.

Ainda hoje devemos aplicar mais e mais esse preceito…

Destaquemos um fato importante datado desse período: encontramos, na Mesopotâmia, em uma tabuleta datada de 419 a.C. um Zodíaco com 12 Signos de 30° cada.

No entanto, vimos que as constelações do Zodíaco não fazem exatamente 30° e a diferença é grande demais para que os astrólogos caldeus não a tenham notado.

É claro, portanto, que eles não confundiam os Signos e as constelações, embora a diferença entre os dois Zodíacos fosse menos importante do que hoje.

Voltaremos a esse assunto mais adiante.

Em 333 a.C., Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, que nasceu em 356 a.C., toma o Egito onde funda a cidade de Alexandria. Em seguida, cruzando o Tigre e o Eufrates, ele derrotou os persas em Arbeles em 331 a.C. e se estabeleceu na Babilônia (onde morreu em 323 a.C.).

Alexandre foi aluno de Aristóteles (384-322 a,C.) que afirmou: “Este mundo está necessariamente ligado aos movimentos do mundo superior. Todo o poder em nosso mundo é governado por esses movimentos.

Além disso, quando Alexandre descobriu as riquezas da civilização babilônica e, em particular, o grau de avanço da Astrologia, ele enviou um astrólogo babilônico, chamado Berossus, à Grécia para ensinar lá.

Berossus fundou uma escola de Astrologia em Cos, na ilha de Ala.

Plínio relata que os atenienses o recompensaram por suas realizações erguendo uma estátua dele cuja língua era de ouro. Um provérbio diz: “A fala é de prata, mas o silêncio é de ouro”. No caso de Berossus, os gregos consideravam sua “palavra de ouro”…

Ao mesmo tempo, no Egito, chegou um governador macedônio, chamado Ptolemais (360-283 a.C.) que se tornou rei sob o nome de Ptolomeu Soter I. Seus descendentes (11 outras gerações) terão todos o mesmo nome que deu a esse período o nome de Egito ptolomaico.

Esse período durou até a conquista do Egito em 27 a.C., pelo imperador romano Augusto, sobrinho-neto de Júlio César.

Foi Ptolomeu I quem criou a famosa Biblioteca de Alexandria, que tinha dezenas de milhares de livros, alguns dos quais continham conhecimentos muito valiosos. Foi destruída em 47 a.C. pelo incêndio que Júlio César iniciou para evitar que sua frota, abandonada no grande porto, fosse tomada pelos egípcios.

Mas, vamos voltar ao século IV a.C., quando uma hipótese prodigiosa foi apresentada por um sucessor de Aristóteles e Platão na Escola de Atenas, Héraclide du Pont (388-315 a.C.). Para explicar os movimentos dos Planetas, ele afirma que a Terra é uma esfera que gira em torno de seu eixo e que Mercúrio e Vênus giram em torno do Sol.

Essa hipótese é retomada na Escola de Alexandria, por Aristarco de Samos (310-230 a.C.), que adota o ponto de vista heliocêntrico também para os outros Planetas, incluindo a Terra. Estamos longe da Terra fixa e plana da Idade Média

Mas, como a humanidade provavelmente ainda não estava pronta, esse ponto de vista será rejeitado pelos estudiosos da época e será necessário esperar 17 séculos antes de ser aceito novamente (Copérnico).

Íamos então lançar as bases para uma primitiva Astrologia, ainda com a antiga mecânica celeste, como veremos adiante.

Voltemos ao Egito, durante o período ptolomaico, para constatar que o teto de uma das salas do famoso templo de Dendera, situado a 50 km a noroeste de Luxor, cujas origens remontam ao Império Antigo (2800 a.C.), foi decorado com representações Astronômicas e em particular por um Zodíaco.

Max Heindel nos fala sobre isso: “No famoso Zodíaco do Templo de Denderah[1], Câncer não está representado como agora, nos dias modernos. Lá, ele é um besouro, um escaravelho. Esse era o emblema da alma, e Câncer sempre foi conhecido, tanto nos tempos antigos quanto entre os místicos modernos, como sendo a esfera da alma, o portal da vida no Zodíaco, por onde os espíritos renascentes entravam em nossas condições sublunares. Ele é, portanto, regido apropriadamente pela Lua, o luminar da fecundação.” (Livro A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz).

Dissemos que, segundo os documentos de que dispomos, parece que os babilônios não praticaram a Astrologia individual até três séculos depois dos egípcios.

Vamos agora dar um exemplo de horóscopos de nascimento, encontrados em tabuletas de argila babilônicas, datadas de 235 a.C.:

“A posição de Júpiter significa que sua vida será regular e tranquila, você ficará rico, envelhecerá, viverá até uma idade avançada. Vênus estava a 4° de Touro; a posição de Vênus significa que onde quer que você vá, as coisas vão acabar bem para você; terá filhos e filhas. A posição do Sol e Mercúrio significa que será corajoso”.

Podemos notar a clara evolução da interpretação Astrológica em comparação com os presságios feitos 400 anos antes…

Por volta do século II a.C., os babilônios atribuem cada um dos 7 dias da semana a um Planeta, cujos nomes latinos davam os nomes dos dias da nossa semana: segunda-feira – Lua, terça-feira – Marte, quarta-feira – Mercúrio, quinta-feira – Júpiter, Sexta-feira – Vênus, sábado – Saturno. Quanto à palavra “domingo”, vem de “dominica dies” = “dia de Deus”, mas corresponde a “dia do Sol” em inglês, alemão, holandês, dinamarquês etc.

Deve-se notar que alguns nomes para os dias da semana nos países anglo-saxões e escandinavos têm sua origem nos deuses nórdicos e que a mitologia associada se aproxima da mitologia do sul em alguns desses aspectos.

Por exemplo:

• Quarta-feira = o deus Wotan = quarta-feira – cujo cavalo de 8 patas Sleipnir simboliza a velocidade do movimento = Mercúrio

• Quinta-feira = Donnerstag = quinta-feira – o Deus Thor = Donner (trovão) = Júpiter

• Sexta-feira = Freitag = sexta-feira – a deusa da juventude e do amor é Freya = Vênus.

Por outro lado, não parece que saibamos se esses deuses estavam associados aos Planetas correspondentes.

De fato, a escrita nos países nórdicos remonta apenas ao século II d.C. e, como nos países celtas, foi proibida como meio de transmissão de conhecimento; apenas a fala sendo considerada suficientemente viva para isso.

Mas, voltemos à Grécia, no século II a.C. onde uma descoberta fundamental seria feita. O astrônomo Hiparco (190-120 a.C.) que, segundo Plínio, acreditava firmemente “no parentesco das estrelas com o ser humano e que nossas almas fazem parte do céu”, procede a comparações de dados ao longo de 150 anos e constata que o ponto do Equinócio, hoje de março, rebaixou 2° em relação às constelações: é a descoberta da Precessão dos Equinócios.

A partir dessa descoberta da Precessão dos Equinócios, o Zodíaco sideral formado pelas constelações não será mais utilizado pela maioria dos astrólogos, exceto para a consideração das Eras zodiacais, se é que antes o era.

Vimos, de fato, que um Zodíaco de 12 Signos de 30° já era usado no século V a.C. e, talvez, até muito antes. Afinal, talvez Hiparco só tenha feito uma redescoberta, como Copérnico mais tarde com o sistema heliocêntrico?

É bem possível que os babilônios, entre o início do segundo milênio e meados do primeiro milênio a.C., perceberam esse fenômeno, pois houve nesse período um deslocamento da ordem de 20° do ponto do Equinócio, hoje de março, com a passagem da Era de Touro para a Era de Áries, por volta de 1660 a.C.

Chegamos ao primeiro século a. C. Naquela época, os astrólogos tinham tabelas que permitiam saber as posições dos Planetas.

Sob a influência da escola pitagórica que incluía, recordemos, os Iniciados, passa-se a considerar os Aspectos de Sextil, Quadratura, Trígono e Oposição entre os Planetas, enquanto antes apenas a Conjunção intervinha na interpretação de um tema.

Já não consideramos apenas o nascer e o pôr dos Planetas (eixo Ascendente-Descendente), mas também as culminâncias superiores e inferiores (eixo Meio do Céu – Fundo do Céu).

Esses dois eixos raramente são perpendiculares (Isso só acontece quando o ponto do Equinócio, hoje de março, coincide com o Ascendente ou Descendente – horário sideral: 6h ou 18h).

Obtemos, assim, quatro setores, dois a dois opostos. Cada um deles é dividido em três partes iguais, ou seja, doze setores chamados de doze “lugares” ou Casas que fornecem informações sobre a experiência do sujeito cujo tema está sendo criado, nas diferentes áreas de sua vida.

Seus nomes latinos são:

• Horoscopus ou Vita (local de nascimento – Casa I)

• Porta Inferna (portão inferior – Casa II)

• Frates (fraternidade – Casa III), Genitor (parentes – Casa IV)

• Bona Fortuna (boa sorte – Casa V), Valetudo (servidão – Casa VI)

• Uxor (Casamento – Casa VII), Porta Superna (portão superior – Casa VIII)

• Pietas (piedade – Casa IX), Medium Coeli (meio do céu – Casa X)

• Agathos Daïmon (gênio – Casa XI), Carcer (prisão – Casa XII).

Na Antiguidade, também se usava outro sistema de Casas mais simples: todas as Casas têm 30° e o Ascendente é colocado no centro da Casa I e não na ponta. Veremos mais adiante que outros sistemas de Casas foram desenvolvidos ao longo da história.

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: ou Dendera, foi um antigo templo na pequena cidade de Dendera no Egito.

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A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 4: Primeiro Milênio depois de Cristo

Sob o Império Romano, muitos astrólogos eram apenas “adivinhos”. No entanto, os imperadores tinham, em sua maioria, seu astrólogo designado.

Augusto (63 a.C.- 14 d.C.) cunhou moedas de prata com o Signo de Capricórnio sob o qual nasceu (Signo Solar ou Lunar?).

Tibério (42 a.C.- 37 d.C.) jogou no mar do topo de uma rocha os astrólogos cujas previsões lhe pareciam suspeitas.

Diocleciano (245 – 313) proibiu qualquer tipo de adivinhação.

Constantino (280-337), que o sucedeu, suavizou essa proibição condenando apenas os abusos.

O grande teórico da Astrologia foi Cláudio Ptolomeu, astrônomo-astrólogo e matemático do século II d.C., nascido em Ptolemaida no Alto Egito e que fez suas pesquisas em Alexandria. Seu trabalho, o Tetrabiblos (4 livros), é uma compilação de todo o conhecimento astrológico de seu tempo.

Escreve também um livro de Astronomia, o Almagesto, em que a Terra está fixa, no centro do mundo e o Sol e a Lua giram em torno dela em órbitas circulares.

A grande originalidade de Ptolomeu é ter conseguido explicar as principais irregularidades dos movimentos dos diferentes Planetas, vistos da Terra (Retrogradações), na sua teoria dos epiciclos, que será dogma durante 14 séculos, até Copérnico.

Adota o sistema de Casas que divide cada um dos quatro ângulos: AS-MC, MC-DS, DS-FC, FC-AS em três partes iguais (AS = Ascendente; DS = Descendente; MC = Meio do Céu; FC = Fundo do Céu).

Mas, sem dúvida, a diferença com o outro sistema antigo do qual falamos anteriormente não é muito grande, faz com que a influência de uma Casa comece cinco graus antes e termine cinco graus antes da seguinte.

É, em parte, a noção de uma Órbita de Influência de uma Casa astrológica que ainda é usada hoje.

A Religião Cristã dos primeiros séculos era totalmente contra a Astrologia?

Sabemos que há condenações de “adivinhação” no Antigo Testamento (Dt 18:10-11[1]; ISm 28:7[2]; Is 8:19[3]), mas a palavra “astrologia” é uma tradução incorreta de uma palavra hebraica que significa “conjecturador” (veja: Bíblia de Chouraqui[4]).

Além disso, os cabalistas a praticavam tão bem quanto os essênios. Referências astrológicas muito claras foram encontradas nos Manuscritos do Mar Morto (Manuscrito 4Q186).

Nossos futuristas modernos também seriam condenados?

A Religião Cristã tem usado símbolos astrológicos desde o seu início:

– A Era de Áries estava chegando ao fim, quando Jesus Cristo veio à nossa Terra. Cristo foi o “Bom Pastor” (Jo 10:11[5]).

– Ele, frequentemente, compara seus Discípulos a ovelhas e se torna Ele mesmo o Cordeiro de Deus oferecido pelos pecados do mundo.

– Mas ele também anuncia a Era de Peixes quando diz: “Eu vos farei pescadores de homens” (Lc 5:10[6]).

– O sinal de união dos primeiros Cristãos nas catacumbas era formado por dois peixes cruzados (ichthus) e a mitra dos bispos em forma de cabeça de peixe.

– O nascimento de Jesus foi colocado em 24 de dezembro à meia-noite, quando o Signo de Virgem está no Ascendente e o Sol no Solstício de Dezembro vai “nascer” para nos salvar do frio (é claro que essa data é essencialmente simbólica porque faz muito frio nessa época do ano, mesmo em Israel, para encontrar ali pastores com suas ovelhas, lá fora no meio da noite…).

– Quem são os Magos, senão astrólogos?

– A Páscoa é fixada no domingo (dia do Sol) que segue a Lua Cheia do Equinócio de Março, quando o Sol está na cruz formada pela eclíptica e pelo equador celeste.

Entre os primeiros eclesiásticos, alguns se interessaram muito pela Astrologia, tanto que três concílios sucessivos em 381, 431, 451 reiteraram a proibição de praticar a Astrologia considerada, apesar do que acabamos de ver, contrária à doutrina da Religião Cristã.

São Jerônimo (347-420) respeitou essa proibição, mas escreveu: “Sou silencioso sobre filósofos, astrônomos, astrólogos, cuja ciência, muito útil aos seres humanos, é afirmada por dogmas, é explicada pelo método, é justificada pela experiência.

Santo Agostinho (354-430) é conhecido como opositor da Astrologia, após sua conversão. Ele já havia sido atraído pelo maniqueísmo e admite, em suas Confissões, ter estudado Astrologia. Ele escreve mesmo assim: “Não seria totalmente absurdo dizer que certas influências astrais não são destituídas de poder sobre as variações do corpo, mas que as vontades da alma dependem da situação das estrelas, não vemos isso” (parece-me que Max Heindel não discordaria totalmente dessa afirmação que é sobretudo a do livre arbítrio do ser humano).

Por fim, citemos a obra do pseudo Dionísio, o Areopagita, composta por 4 tratados de teologia mística em que a Astrologia está presente e que terão uma influência grande no Ocidente a partir do século XIII, como veremos mais adiante.

Essa obra é considerada datada do século V, tanto pelo caráter neoplatônico do conteúdo quanto pelo fato de nunca ter sido mencionada antes dessa época, embora seu autor afirme em seus escritos ser o Dionísio convertido por São Paulo durante sua visita ao Areópago (At 17:16[7] a 34[8]) e que teria sido o primeiro bispo de Atenas. A partir do século V e até o século XI, o Ocidente praticamente deixou de se interessar pela Astrologia, como também por várias outras ciências, salvo alguns religiosos cultos.

Sabemos, por exemplo, que Papas como Leão III (750-816) e Silvestre II, o Papa do ano 1000 (938-1003), se interessaram por ela.

(De: Introduction: L’astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: Que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia, ou que pratique encantamentos, que interrogue espíritos ou adivinhos, ou ainda que invoque os mortos;

[2] N.T.: Saul disse então aos seus servos: “Buscai-me uma necromante para que eu lhe fale e a consulte”. E os servos lhe responderam: “Há uma em Endor”.

[3] N.T.: Se vos disserem: “Ide consultar os espíritos e os adivinhos, cochichadores e balbuciadores”, não consultará o povo os seus deuses, e os mortos a favor dos vivos?

[4] N.T.: André Chouraqui, famoso tradutor francês.

[5] N.T.: Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas.

[6] N.T.: Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! Doravante serás pescador de homens”.

[7] N.T.: Enquanto os esperava em Atenas, seu espírito inflamava-se dentro dele, ao ver cheia de ídolos a cidade.

[8] N.T.: Alguns homens, porém, aderiram a ele e abraçaram a fé. Entre esses achava-se Dionísio, o Areopagita.

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