Janeiro de 1912
Revendo a lição do mês passado, há a surpreendente afirmação de que na próxima Época nós vamos abandonar a nossa atual terra seca e firme e vamos viver no ar revestidos de um sem a substância ou solidez que hoje conhecemos. Outro escritor, nessa mesma linha, provocou muita diversão com uma série de artigos tão descontroladamente imaginários que as opiniões expressas que ouvimos, unanimemente, o consideraram o campeão entre os contadores de histórias. No entanto, ele ainda permanece nessa Terra; seus templos são tão sólidos como uma rocha; e eu hesitei muito antes de publicar os ensinamentos acima mencionados, mas decidi que o dever me obrigava a falar, ainda que alguns Estudantes Rosacruzes me classifiquem como um visionário.
O problema é que todos nós nos tornamos muito mais impregnados de materialismo do que imaginamos, e isso nos atrapalha em nossa busca. Como Estudantes de uma filosofia transcendental, nós nos acostumamos a considerar que a vida individual e intermitente em um Corpo etérico só é possível ser realizada por uns poucos, mas quando percebi, vi que a totalidade da Onda de Vida humana pode sim viver permanentemente no ar durante toda uma Época! – na verdade, fiquei sem fôlego quando percebi que a Bíblia quer dizer exatamente isso quando afirma que “encontraremos o Senhor no ar… estaremos com Ele para sempre”[1].
No entanto, olhando para o futuro, através da perspectiva do passado, a ideia realmente não nos deveria causar surpresa, pois está estritamente alinhada com o caminho por onde viemos até chegar ao nosso desenvolvimento atual. Outrora vivíamos como o mineral e estávamos imersos em uma Terra gasosa. Crescemos para fora do centro ígneo durante uma existência análoga ao vegetal. Nossa peregrinação começou, mais tarde, na fina crosta terrestre, longe do núcleo interno onde nossa evolução começou. A marcha da progressão foi sempre para fora, portanto, é evidente que o próximo passo deva ser para nos elevarmos acima do nível da Terra.
Eu estou divulgando esses ensinamentos para uma apreciação, porque a maioria dos nossos Estudantes Rosacruzes acredita no Renascimento e na Lei de Consequência, que são os árbitros principais do destino durante a presente Dispensação dos ciclos recorrentes. O conhecimento dessas Leis é de grande valor, pois nos permite ordenar nossa existência inteligentemente, construindo nessa vida as condições para o próximo renascimento.
A maioria dos Cristãos não têm essa grande vantagem, mas, eles vivem sofrendo totalmente as tribulações dessa Época – o “Reino dos Homens” – com a grande esperança de possam se qualificar para a admissão no Reino de Deus – a próxima Época. A nossa visão da vida tem um foco mais curto do que o deles, que é mais longo. Eles vivem menos cientificamente do que aqueles entre nós que aplicam, mais apropriadamente, os conhecimentos atuais,mas, eles estão se preparando para a futura Época, se viverem de acordo com os ensinamentos da Bíblia. Suas informações podem ser vagas, mas eles vivem e morrem com a firme convicção da suprema e principal verdade, de que vão para os Céus e estarão com o Senhor para todo o sempre, se forem realmente Cristãos.
Se acreditarmos somente no Renascimento, não podemos esperar nada além de um retorno contínuo à Terra para batalhar com a Lei de Jeová; não termos parte no amor de Cristo. Para estar perfeitamente em sintonia com os fatos, para poder viver toda a verdade, devemos perceber que o nascimento e a morte são condições evanescentes dessa Época de existência concreta, mas a vida em si mesma é interminável. São Paulo[2] nos diz muito claramente que, embora não saibamos como será a nossa constituição, seremos transformados à semelhança de Cristo e permaneceremos imortais durante toda a Época; e cabe a nós manter essa esperança firmemente diante de nós e orar pela vinda do Reino, como Nosso Senhor ensinou.
(Carta nº 14 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: ITs 4:17
[2] N.T.: ICor 15:50-53
Dezembro de 1916
Cristo comparou as almas aspirantes de Seu tempo aos servos que haviam recebido um certo número de talentos do senhor deles e deveriam negociar com eles para aumentar o capital confiado aos cuidados deles[1]. Podemos compreender, por essa Parábola, que a todos os que aspiram servi-Lo é exigido, igualmente, usar os seus talentos fornecidos por Deus, de tal maneira que possam mostrar um aumento de crescimento da alma quando, no devido tempo, forem chamados a prestar contas de sua administração.
Essa contabilidade, ao que diz respeito à maioria da humanidade, é adiada até que o Ceifador tenha fechado o livro de registros da vida e essa grande maioria da humanidade se encontre no Purgatório, para auferir o resultado das ações praticadas durante a vida aqui recém-terminada, tenham sido elas cometidas porque a pessoa quis ou porque nem sabia que fez, o que achou que era para o bem ou para o mal.
Mas, o que pensaríamos de um empresário que praticasse um método tão imprudente, como o simbolizado pela Parábola dos Talentos, em conduzir seus negócios? Não nos pareceria que ele estivesse se encaminhando diretamente para a falência, se não equilibrasse as suas contas e fizesse um balanço dos seus ativos e passivos anualmente? Certamente concluiríamos que ele mereceu o fracasso, devido a sua insistência em não seguir os métodos do seu negócio mais apropriados para a questão.
Se nós percebemos o valor de um sistema e o benefício de constantemente conhecer com precisão, como nos posicionarmos em relação aos nossos assuntos materiais, nós também devemos buscar os mesmos métodos seguros em relação aos nossos assuntos espirituais. Não, devemos ser muito mais circunspectos na conduta dos assuntos celestiais do que na dos assuntos mundanos, pois nossa prosperidade material é tão somente um manter-se acordado em uma noite comparada ao bem-estar eterno do Espírito.
Estamos nos aproximando do Solstício de Dezembro, que é o começo de um Ano Novo do ponto de vista espiritual, e estamos ansiosos pela nova efusão de amor do nosso Pai Celestial por meio do Cristo Menino. Portanto, essa é a melhor época para fazer um balanço e nos questionar de que forma empregamos as ofertas de amor do ano passado, de como temos nos esforçados para juntar tesouros nos céus. E nós devemos experimentar um grande benefício, se abordarmos esse levantamento com o estado de espírito apropriado e no momento mais auspicioso, pois há um tempo para semear e um tempo para colher, e para tudo que está debaixo do Sol há um tempo em que poderá ser feito com maiores chances de êxito do que em qualquer outra época[2].
As estrelas são os marcadores dos tempo celestiais. Delas procedem as forças que nos influenciam ao longo da vida. Na Noite Santa, entre os dias 24 e 25 de dezembro, à meia-noite, no lugar onde você habita, você verificará que a retrospecção e as resoluções engendradas nessa ocasião para o Ano Novo serão mais eficazes.
Em Mount Ecclesia e nos vários Centros Rosacruzes se celebra o Serviço da Meia-noite na Noite Santa[3], e os Estudantes Rosacruzes que participam desse Serviço são, por isso, liberados de quaisquer atividades de comunhão consigo mesmo, como explicada no parágrafo anterior. Outros podem não conseguir ficar despertos até este momento e por várias razões. Para esses, oficiar o Serviço da Meia-noite Santa em qualquer uma das primeiras horas da noite ou da manhã terá a mesma eficácia. Mas, vamos nos unir todos nesta noite num esforço espiritual concentrado de aspiração; e que cada Estudante Rosacruz, não apenas ore pelo crescimento anímico individual no próximo ano, mas que todos se unam em uma oração pelo crescimento coletivo do nosso movimento. Todos da Sede Mundial também solicitam seus pensamentos de ajuda.
Se, neste momento, todos trabalharem arduamente, fazendo um esforço extenuante, nós teremos a certeza de que receberemos uma bênção individual e coletiva excepcional e teremos um ano espiritualmente próspero.
(Carta nº 73 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: A Parábola dos Talentos: Pois será como um homem que, viajando para o estrangeiro, chamou os seus próprios servos e entregou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois, a outro um. A cada um de acordo com a sua capacidade. E partiu. Imediatamente, o que recebera cinco talentos saiu a trabalhar com eles e ganhou outros cinco. Da mesma maneira, o que recebera dois ganhou outros dois. Mas aquele que recebera um só o tomou e foi abrir uma cova no chão. E enterrou o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, o senhor daqueles servos voltou e pôs-se a ajustar contas com eles. Chegando aquele que recebera cinco talentos, entregou-lhe outros cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me confiaste cinco talentos. Aqui estão outros cinco que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’” Chegando também o dos dois talentos, disse: ‘Senhor, tu me confiaste dois talentos. Aqui estão outros dois talentos que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’ Por fim, chegando o que recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim, amedrontado, fui enterrar o teu talento no chão. Aqui tens o que é teu’. A isso respondeu-lhe o senhor: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei e que ajunto onde não espalhei? Pois então devias ter depositado o meu dinheiro com os banqueiros e, ao voltar, eu receberia com juros o que é meu. Tirai-lhe o talento que tem e dai-o àquele que tem dez, porque a todo aquele que tem será dado e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o fora nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’ (Mt 25:14-30).
[2] N.T.: “Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu. Tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar a planta. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de destruir, e tempo de construir. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de gemer, e tempo de bailar. Tempo de atirar pedras, e tempo de recolher pedras; tempo de abraçar, e tempo de se separar. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de jogar fora. Tempo de rasgar, e tempo de costurar; tempo de calar, e tempo de falar. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” (Ecl 3:1-8).
[3] N.T.: O Ritual Devocional do Serviço de Véspera de Natal.
Julho 1916
Dentro de poucos dias celebraremos nos Estados Unidos da América “O Glorioso 4 de Julho”, Dia da Independência, e desperdiçaremos muita pólvora em perfeito estado e de grande utilidade que poderia ser mais bem aproveitada do que para demonstrar nosso “patriotismo”. Se julgarmos os acontecimentos que antecederam essa data[1], podermos prever que ocorrerá um considerável número de incêndios e acidentes.
Para que propósito tudo isso quando observamos o dilacerante espetáculo da guerra que, por quase dois anos, fez das lágrimas uma escárnio, pois nenhum símbolo da profunda angústia, tristeza e arrependimento é adequado para a ocasião. Percebamos que se não houvesse o “patriotismo”, poderia não ter havido a guerra; e compreendendo a sua influência funesta, aprendamos a dizer como Thomas Paine[2]: “O Mundo é minha Pátria, e fazer o Bem é minha Religião”. Esse – parece para mim – é o evangelho que devemos pregar aos nossos semelhantes em qualquer país em que estejamos, pois, essa atitude da Mente será um dos fatores que irá realizar nossa emancipação do Espírito de Raça, que fomenta o sentimento de “patriotismo”, a fim de manter o poder dele sobre um determinado povo tanto quanto for possível. Em um certo sentido, o Espírito de Raça se alimenta da guerra, pois, naquele momento, fará com que a nação que esse Espírito de Raça rege dissipe suas diferenças internas, durante um certo tempo, reunindo seu povo uns perto dos outros para defesa ou agressão contra o inimigo comum. Assim, eles vibram em harmonia numa extensão maior que a habitual, e isso fortalece o Espírito de Raça e, por isso em certa medida retarda o advento de Cristo. Enquanto o patriotismo mantiver as nações escravizadas aos Espíritos de Raça, o Reino Universal não poderá ser iniciado.
Por isso, eu solicito fortemente que os Estudantes Rosacruzes se abstenham de participar de quaisquer exercícios patrióticos que sempre tem uma natureza marcial. Pratique a Fraternidade Universal nunca mencionando ou reconhecendo as diferenças de nacionalidade, pois todos somos um em Cristo.
(Carta nº 68 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: O autor se refere à Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que, em 1916, ainda estava em curso.
[2] N.T.: Thomas Paine (1737-1809) foi um político britânico, além de panfletário, revolucionário, inventor, intelectual e um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos da América. Thomas Paine foi, a um só tempo, ator, intérprete e testemunho não apenas das Revoluções Americana e Francesa, mas também dos movimentos revolucionários ingleses em fins do século XVIII e, em menor medida, do movimento revolucionário nos Países Baixos e na Irlanda, onde ele era continuamente citado e admirado.
Fevereiro de 1917
Uma pergunta foi me colocada recentemente; ei-la: “Você fala tanto sobre o serviço; mas o que isso significa? Há muitas pessoas em nossa Fraternidade Rosacruz que dizem que gostam muito de servir, mas nada fazem além do que gostam de fazer. Isto é servir?”.
Parece-me que essa questão nos oferece alimento para uma reflexão proveitosa e que uma análise sobre o assunto pode beneficiar a todos nós, por isso decidimos dedicar a carta mensal a esse propósito.
É evidente que a maioria das pessoas no mundo não prestará serviço algum a não ser que haja “algum proveito disso” para ela. Estão procurando por uma recompensa material, e esta é a maneira sábia empregada pelos poderes invisíveis para estimular as pessoas à ação, pois assim elas estão evoluindo inconscientemente até atingir a etapa do crescimento anímico, onde as pessoas servirão pelo amor de servir. Mas não se pode esperar que tal coisa mude da noite para o dia; não há transformações repentinas na Natureza. Quando a casca do ovo se rompe e o pintinho sai, ou quando o casulo se rompe e a borboleta voa por entre as flores, sabemos que a mágica não foi instantânea. Houve um processo interno de preparação antes que pudesse haver a mudança externa. Um processo similar de um crescimento interior ou interno é necessário para transformar os servidores de Mamon[1] em servidores do Amor.
Se queremos construir um edifício maior, tudo o que temos que fazer é transportar nossos tijolos e demais materiais de construção para o local, montar uma força tarefa de trabalhadores e pronto! O edifício começa a crescer rapidamente em qualquer dimensão e na velocidade que desejarmos, dependendo tão somente da nossa habilidade em equipar a mão de obra e em fornecer todo material necessário. Mas, se queremos aumentar o tamanho de uma árvore ou de um animal, não podemos atingir nosso objetivo pregando madeira no tronco da árvore ou colocando carne e pele no dorso do animal. O edifício cresce por acréscimos externos, porém, em todas as coisas viventes o crescimento físico é de dentro para fora e não pode ser apressado em nenhuma extensão apreciável sem o perigo de se provocar complicações. É a mesma coisa que acontece com o crescimento espiritual; ele procede de dentro para fora e deve ter tempo. Não podemos esperar que pessoas que começaram recentemente a sentir o impulso interior, que as impele a uma associação altruísta, renunciem em um piscar de olhos a todo egoísmo e a outros vícios e se desenvolvam à estatura de Cristo. Na melhor das hipóteses, somos apenas um pouco melhores do que éramos, exceto pelo fato de estarmos nos esforçando e nos empenhando para seguir “Seus passos”. No entanto, nisto está toda a diferença, pois estamos tentando servir como Ele serviu.
Se este é o motivo, de modo algum, diminui o serviço de um músico que nos inspira com devoção em nossos serviços, por ele amar sua música. Tampouco torna o serviço menos valioso, porque o orador que nos inflama com fervor na obra do Mestre, gosta de revestir suas ideias com belas palavras. Nem por isso, um salão se torna menos atraente porque a pessoa que o varreu, limpou e decorou gosta de deixar seu ambiente externo bonito. Cada um pode, de fato, servir com muito mais vantagem se a linha de serviço estiver no caminho de suas inclinações e habilidades naturais, e devemos encorajar uns aos outros a procurar oportunidades onde cada um esteja mais apto para servir.
Não há mérito especial em procurar servir em uma função ou situação que nos seja desagradável. Seria um erro se o músico dissesse a um encarregado da organização de um recinto: “Não gosto de esfregar o chão e nem de decorar ambientes, e sei que você treme só de pensar em tocar, pois está sem prática, mas vamos trocar de lugar por amor ao serviço”. Por outro lado, se não houvesse ninguém para tocar, seria dever do encarregado da organização de um recinto deixar a desconfiança de lado e servir da melhor forma possível. Se fosse necessário esfregar o chão e limpar as cadeiras, o orador e o músico deveriam estar dispostos a fazer esse trabalho também, de livre e espontânea vontade, independentemente de qualquer aversão pessoal. Nada é insignificante, servil, subalterno ou inferior. O mesmo princípio deve ser aplicado no lar, no ambiente de trabalho ou em qualquer lugar que se esteja. O serviço prestado pode ser definido como o melhor uso de nossos talentos – a colocação de nossos talentos para melhor utilização em cada caso de necessidade imediata, independentemente da nossa preferência de gostar ou não.
Se nos esforçarmos em proceder dessa maneira, nosso progresso e crescimento da alma aumentarão de forma proporcional.
(Carta nº 75 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Mamon é um termo, derivado da Bíblia, usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre, personificado como uma divindade. A própria palavra é uma transliteração da palavra hebraica “Mamom”, que significa literalmente “dinheiro”. No Evangelho, a palavra é utilizada quando afirma que não é possível servir simultaneamente a Deus e a Mamon (Lc 16:13). O termo, no texto original, também é citado no Evangelho Segundo São Mateus.
Janeiro de 1919
Parece apropriado iniciar nossa correspondência para 1919 desejando a você um Feliz e Próspero Ano Novo. Mas, como diz o provérbio: “Se querer fosse poder”. É necessário algo mais para garantir o êxito e a felicidade do que meros desejos e, talvez, os meus possam resultar em melhores frutos se eu explicar a você a Lei do Êxito.
Os Estudantes Rosacruzes estão familiarizados com o fato de que não existe “sorte” e estão bem de acordo com Mefistófeles em Fausto quando diz:
O quão intimamente a sorte está ligada ao mérito,
Nunca ocorre ao tolo.
Eu juro, ele tinha a pedra do sábio,
Não tinha a Pedra Filosofal.
Porém, aqui uma pergunta surgirá imediatamente à Mente de muitos: “É possível reduzir o êxito a uma lei?”
Sim, existe uma Lei do Êxito, tão certa e imutável como qualquer outras das grandes Leis Cósmicas. E, embora eu deva aplicá-la somente aos assuntos espirituais, certamente, não posso ocultar de vocês que ela também trará certa prosperidade nos assuntos materiais. Mas antes de aplicá-la nessa direção, considere cuidadosamente que, ao fazer isso implicará suicídio espiritual, pois “não podeis servir a Deus e a Mamon”[1]. É preferível que “buscai primeiro o Reino de Deus e Sua justiça; e todas as outras coisas vos serão dadas por acréscimo”[2]. Eu posso dar testemunho da veracidade dessa promessa, por estar vivendo-a há muitos anos.
Portanto, a Lei do Êxito pode ser enunciada da seguinte forma:
Primeiro, determine e defina claramente o que você deseja – desenvolvimento do poder de cura, aumento da visão espiritual, ser um Auxiliar Invisível, possuir a habilidade em se comunicar e disseminar a mensagem Rosacruz a outras pessoas, etc.
Segundo, ao estabelecer a sua meta, jamais admita, nem por uma momento, um pensamento de medo ou de fracasso, mas cultive uma atitude de determinação invencível para realizar seu objetivo, apesar de todos os obstáculos. Mantenha constantemente o pensamento: “Eu posso e farei”.
Não comece a fazer planos sobre como alcançar tal meta até que tenha adquirido o estado de absoluta confiança em si mesmo e na capacidade de fazer o que almeja, porque uma Mente influenciável pelo mais leve temor de fracasso não pode fazer planos que terão pleno êxito. Portanto, seja paciente e se certifique primeiro de cultivar uma fé absoluta em si mesmo e na sua capacidade de obter êxito, apesar de todas as adversidades.
Quando você atingir esse ponto, no qual estará totalmente convencido de que poderá ter êxito e positivamente determinado no sucesso da sua busca, não haverá poder na terra ou no céu que poderá resistir a você nesse desenvolvimento em particular; e você poderá, então, planejar como irá alcançar o desejo do seu coração com certeza de êxito.
Espero que você aplique essa lei fervorosamente na realização pelo crescimento da alma, não apenas durante o próximo ano, mas em todos os anos futuros.
(Carta nº 97 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Mt 6:24
[2] N.T.: Mt 6:33
Fevereiro de 1916
Um dos problemas mais difíceis que um líder de um movimento espiritual tem que enfrentar é a impaciência dos estudantes que querem colher onde não semearam. Eles não são, suficientemente, pacientes para esperar a colheita, pois, querem os resultados imediatamente e, se não conseguem fazer brotas asas dentro de um determinado tempo, feitas por eles mesmos, estão sempre dispostos a apregoar a “fraude” e procuram um “instrutor individual”, visível ou invisível. Desde que o líder “garanta” resultados, eles estão preparados para deixar o bom senso de lado e segui-lo cegamente, ainda que tal líder possa conduzi-los a um hospício ou à uma sepultura devido a uma doença consumptiva[1], ou nos casos daqueles que se livram com mais facilidade de uma punição severa, simplesmente separando uma parte do dinheiro deles.
Esse assunto já foi debatido em Cartas aos Estudantes anteriores, mas sempre há aquele que se esquece e, também, há sempre novos Estudantes Rosacruzes que, constantemente, ingressam nessa Escola; portanto, é necessário reiterar pontos importantes de tempos em tempos. Recentemente ouvimos de um Estudante que deixou um Centro Rosacruz para se juntar a um “instrutor individual” e, parece que foi até invejado por outros Estudantes do mesmo grupo que não foram tão afortunados (?) e, também por isso, me parece oportuno retomar o assunto.
Você já viu alguma instituição de ensino, desde o jardim de infância até a universidade, onde se mantêm um professor para cada aluno? Nós não temos. Nenhum Conselho de Educação sancionaria tal desperdício de energia, nem contrataria um professor individual para qualquer pessoa, simplesmente, pelo fato deste aluno estar impaciente por desejar concluir a escola “rapidamente”. E, finalmente, mesmo que fosse permitido pelo Conselho e nomeasse um professor em um caso especial que “abarrota-se” o cérebro de aluno de conhecimento, haveria um grande perigo de febre cerebral, insanidade e, talvez, de morte devido a este método.
Se isso é verdade nas escolas de ciências físicas, como alguém pode acreditar que haja diferença em relação à ciência espiritual? Cristo disse a Seus Discípulos: “Se não credes quando vos falo das coisas da terra, como ireis crer quando vos falar das coisas do céu?”[2] Nenhum “instrutor individual”, se tal houver, pode iniciar alguém nos mistérios da alma até que o aluno esteja preparado por seu próprio mérito. Quem professa fazê-lo se autodenomina um impostor de baixo nível. E assim, quem se deixa ludibriar, mostra não ter bom senso; pois, de outra forma, perceberia que nenhum instrutor altamente desenvolvido não poderia desperdiçar seu tempo e sua energia na instrução de um único aluno, quando poderia facilmente ensinar a muitos.
Imagine, se vocês podem conceber, os doze Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz cada um atendendo unicamente um aluno! Esse pensamento é um sacrilégio. Tais seres humanos, verdadeira e altamente desenvolvidos, têm outras tarefas e muito mais importantes para lidar, e mesmo os Irmãos Leigos e as Irmãs Leigas, que foram Iniciados por eles, não são permitidos incomodá-los por coisas tão pequenas e sem importância.
Portanto, podemos afirmar enfaticamente que os Irmãos Maiores não costumam visitar ninguém na Fraternidade Rosacruz ou fora dela, como um “instrutor individual”, e quem assim pensar, está se enganando. Eles transmitem certos ensinamentos que formam a base da instrução nessa escola, e aprendendo como viver essa ciência da alma, nós podemos, com o tempo, nos qualificar para encontrá-los, face a face, na escola dos Auxiliares Invisíveis. Não há outro caminho.
Eu acredito que essa ideia possa ser fixada mais firmeza em sua Mente, mais do que antes, e que isso possa lhe dar uma base para corrigir as outras pessoas que estão correndo o risco de se desviarem.
(Carta nº 63 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: doenças que provocam definhamento, enfraquecimento ou debilidade tal como a tuberculose, a síndrome consumptiva (ou síndrome de Wating) e doenças que provocam a caquexia (perda de tecido adiposo e músculo ósseo).
[2] N.T.: Jo 3:12
Novembro de 1915
Você já deve ter estudado no livro Conceito Rosacruz do Cosmos, que houve uma Raça no final da Época Lemúrica, sete Raças na Época Atlante, sete Raças na Época Ária e haverá uma na vindoura Época Nova Galileia, totalizando dezesseis Raças. Você também se lembra que essas dezesseis Raças são chamadas pelos Irmãos Maiores de “os dezesseis caminhos para a destruição”, porque o risco de se enredar nos corpos de qualquer Raça é tão alto, que o Espírito ficará incapaz de seguir os outros Espíritos ao longo do Caminho da Evolução. Durante os Períodos e as Épocas sempre há tempo suficiente para que os Líderes da humanidade possam reunir e ordenar da forma mais adequada e eficaz os que estão sob as suas responsabilidades. Contudo, os judeus são o exemplo do que pode acontecer a um povo que se tornou tão intensamente imbuído do espírito racial, que eles se recusam totalmente a abandonar tal espírito racial. Eles continuam como uma anomalia entre o restante da humanidade, um povo sem uma pátria, um rei ou outro qualquer dos fatores que impulsionam a evolução racial.
Essa foi a tendência entre as nações da Europa até a guerra atual[1]. Assim, o patriotismo e o ideal de Raça são fomentados, o que as conduz para longe de Deus. As inúmeras descobertas científicas foram precedidas por uma era de dúvida e de ceticismo, e as Raças pioneiras no mundo ocidental foram levadas muito próximas à beira da destruição. Por conseguinte, se tornou necessário que os Irmãos Maiores concebessem medidas para que a humanidade abandonasse o caminho do prazer e cultivasse o caminho da devoção, e isso só poderia ser feito removendo a catarata espiritual de um número suficientemente grande de pessoas para que, então, superar a dúvida e o ceticismo do restante da humanidade.
Quando nós habitávamos sob as águas na primitiva Época Atlante, éramos, como você sabe, incapazes de ver o Corpo Denso ou até mesmo senti-lo, porque a nossa consciência estava focada nos reinos espirituais. Víamo-nos uns aos outros, alma a alma. Estávamos inconscientes tanto do nascimento como da morte, e não sentíamos a separação daqueles que amávamos. Mas, quando nós, gradualmente, nos tornamos conscientes dos nossos Corpos Densos, e a nossa consciência foi focada no Mundo Físico desde ao nascimento até a morte aqui, e nos Mundos espirituais da morte até o nascimento lá, houve uma separação e o consequente pesar devido ao advento da morte. No entanto, em tempos passados, havia muitos seres humanos que eram capazes ver em ambos os mundos; eles formavam um número considerável entre toda a população humana. Os testemunhos desses seres humanos sobre a continuidade da vida foram um grande conforto para aqueles que ficavam desolados com a morte, pois eles acreditavam plenamente que aqueles que haviam morrido ainda estavam vivos e felizes, embora incapazes de se dar a conhecer. Mas, gradualmente, o mundo se tornou cada vez mais materialista; a fé na realidade da vida após a morte aqui se desvaneceu, e tornando-se mais intensa e profunda a angústia, a tristeza e até o arrependimento pela perda dos entes queridos, e ainda hoje muitos acreditam que a separação é definitiva. Para esses, a palavra “renascimento” é uma palavra vazia de sentido e, portanto, a angústia profunda e pungente é imensa.
Mas essa angústia profunda e pungente é o remédio da natureza para a catarata espiritual. Tão certo como o desejo de crescimento construiu o complicado canal alimentar desde o começo mais simples para que o anseio de crescimento pudesse ser satisfeito; tão certamente quanto o desejo de movimento desenvolveu as maravilhosas articulações, os tendões e ligamentos com os quais isso é realizado; com a mesma certeza, o intenso anseio de continuar os relacionamentos rompidos pela morte construirá o órgão para sua gratificação – o olho espiritual. Portanto, essa matança em massa de milhões de seres humanos ajudou e está ajudando mais a preencher o abismo entre os Mundos invisíveis e o Mundo visível do que mil anos de pregação poderiam fazer. Ao longo da história do mundo, foi registrado que os guerreiros (das batalhas e guerras) viram as chamadas manifestações sobrenaturais, e há muitos testemunhos de que estas visões também foram vistas na guerra atual. O choque da ferida, os sofrimentos nos hospitais, as lágrimas das viúvas, dos viúvos e dos órfãos, tudo isso está abrindo os olhos espirituais da Europa, e os tempos da dúvida e do ceticismo, aos poucos, desaparecerá. Em lugar de ficar envergonhado por ter fé em Deus, o mundo honrará o ser humano mais por sua devoção do que por suas proezas, e isso num futuro não muito distante. Elevemos uma prece para este dia chegar.
(Carta nº 60 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Refere-se à Primeira Grande Guerra Mundial.
Novembro de 1912
Fez um ano em 28 de outubro de 1912 que começamos a obra para a construção do primeiro edifício em Mount Ecclesia. Foi um glorioso e ensolarado dia típico na California, com um céu sem nuvens e cujo azul intenso rivalizava com o azul marinho do Oceano Pacífico que, dos terrenos da Sede Central onde estávamos, podia ser visto além de cento e cinquenta quilômetros. Éramos um pequeno grupo de nove, a maioria visitantes. Ao olharmos a leste, para o encantador vale verde de San Luis Rey[1] em direção às grandes montanhas cobertas de neve, e ao contemplarmos as paredes brancas, os telhados vermelhos e a cúpula dourada da Missão Católica de São Luis Rey[2], onde os padres franciscanos tanto trabalharam e ensinaram mexicanos e indígenas durante séculos, pareceu-nos de bom augúrio.
Aqui estávamos nós, uns poucos entusiastas, sobre um pedaço de terra baldia onde aspirávamos fundar um Centro Espiritual. Aqueles antigos padres tinham se encontrado em uma situação parecida, melhor em alguns casos e pior noutros. Os meios de locomoção e transportes modernos nos permitem chegar hoje a todas as partes do mundo, enquanto o campo de ação deles se achava, naquela época, limitado às proximidades imediatas. Viram-se obrigados a lavrar a terra, bem como a cuidar das almas do seu rebanho, para obter a sua subsistência. Pediram ajuda para o trabalho físico, enquanto planejavam, e por seus esforços conjuntos foi erguido um templo onde todos puderam orar e celebrar. Neste aspecto eles estiveram em melhores condições do que nós; todos os seus membros estavam presentes no local, prontos para ajudar fisicamente na edificação da Missão, que para eles era o que nossa Sede será para a Fraternidade Rosacruz. Mas, nós não temos pessoas a nossa disposição, não reivindicamos nenhuma autoridade e repudiamos a interferência na liberdade individual, pois tal interferência é diametralmente oposta aos Ensinamentos Rosacruzes, que são os mais elevados do mundo. “Se queres ser Cristo, ajuda-te a ti mesmo”, é o que se propõe desafiadoramente ao candidato que se submete à Iniciação quando ele geme ao peso da prova. Ninguém que for capaz de caminhar sem apoio ou consolação pode ser ao mesmo tempo um auxiliar; cada um deve aprender a caminhar sozinho.
A quantidade dos nossos Estudantes são hoje quatro vezes maior do que há um ano atrás e, claro, o trabalho é muito mais pesado – embora os procedimentos padronizados e a maquinaria possibilitem a três de nós, que trabalhamos nos escritórios, fazer o trabalho que exigiria muitos colaboradores, sendo que as tarefas caseiras e as de jardinagem são feitas por pessoas que pagamos. No entanto, o trabalho rotineiro constando da preparação das aulas e cartas dos vários cursos[3], a correção das lições desses cursos, o envio mensal de cerca de 1500 cartas individuais para ajudar nossos Estudantes Rosacruzes nas suas dificuldades, além das lições desses cursos, às vezes, nos sobrecarregam demais. Chega ao ponto de parecer que não poderíamos atender outro pedido por falta de ajuda para fazer a parte mecânica do trabalho. Mas, milagrosamente, parece que o céu de repente se abre, inventamos um novo método para realizar uma certa parte do trabalho com maior rapidez ou menor esforço; e estamos prontos para um novo crescimento; como dissemos, nós temos hoje quatro vezes mais trabalho do que há um ano, com menos ajuda e menos esforço.
Mas, enquanto a Fraternidade Rosacruz, em geral, está bem cuidada, a própria Sede foi um tanto descuidada. A pretendida Escola de Cura, o Estabelecimento que serviria para a preservação ou a recuperação da saúde – o nosso “Sanitarium” –, e o mais importante de tudo, a Ecclesia – onde a Panaceia deve ser preparada e onde os potentes e fervorosos Serviços de Cura devem espalhar a saúde moral e física por todo o mundo – tudo isso são apenas e ainda ideias germinais. À medida que o clamor da humanidade nos chega por meio de milhares de cartas, o nosso desejo pela realização dos planos dos Irmãos Maiores se torna mais intenso e, de fato, tão intenso que parece incorporar o anseio concentrado de todos os que apelam para nós por se encontrarem profundamente tristes, pesarosos e sofrendo.
A nossa Fraternidade Rosacruz já está espalhada por todo o mundo. Não podemos seguir o exemplo dos padres espanhóis e pedir aos nossos Estudantes Rosacruzes que façam tijolos físicos e os venham colocar, tijolo por tijolo, como um trabalho amoroso. Eu nunca pedi um centavo a ninguém – o trabalho da Fraternidade Rosacruz vem sendo inteiramente mantido por donativos voluntários e pela modesta receita financeira da venda dos meus livros. Nem posso, agora, fazer um apelo para obter fundos para a construção de um edifício; isto deve vir do coração dos amigos, se é que deve vir. Mas, sentindo, como estamos aqui na Sede, o intenso pulsar de dor no mundo, sou impelido a procurar os meios para realizar o plano de tornar a Sede da Fraternidade Rosacruz um Centro Espiritual mais eficiente.
Há um ano escrevi aos Estudantes Rosacruzes informando-os o momento exato em que iríamos começar a primeira construção em Mount Ecclesia, e pedi a cada um que entrasse nos seus aposentos e estivesse conosco em oração, se não pudesse estar conosco pessoalmente. É maravilhoso a elevação que sentimos como resultado desse esforço espiritual coletivo; o impulso inicial promoveu o trabalho em um grau inestimável durante o ano passado e, novamente, me sinto impelido a invocar a sua ajuda em linhas semelhantes.
O movimento Cientista Cristão[4] “demonstra” que quando deseja construir edifícios, e o dinheiro jorra em seus cofres; os Novo Pensador envia um “pedido” e Cristãos de todas as denominações “rezam” por fundos. Todos eles usam o mesmo método, mas empregam nomes diferentes. Todos querem colunas magníficas de pedras e vidros, e conseguem obtê-las. Eu sei que é necessário um lugar e um edifício apropriados à dignidade do nosso trabalho, mas, por mais que precisamos deles, não posso rezar por paus e pedras, nem posso pedir a vocês que o façam; mas posso, quero e peço a todos vocês que se unam comigo em oração para que a Sede da Fraternidade Rosacruz se torne um Centro Espiritual mais eficiente e poderoso. Orem, com toda a sua alma, para que os que trabalham na Sede alcancem a graça de levar esse trabalho adiante; torne-os um foco em seus pensamentos amorosos, para que possamos irradiar essa graça de volta ao mundo faminto por esse amor. Nós mesmos somos frágeis, mas por meio das suas orações e da Graça de Deus seremos uma força poderosa no mundo; e, se buscarmos primeiro o Reino de Deus, o restante, como os edifícios necessários ao nosso trabalho surgirão naturalmente, sem degradar a oração, tornando-a um meio para adquirir as posses materiais necessárias.
(Carta nº 24 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Localizado na região hidrológica da costa sul da Califórnia, o Upper San Luis Rey Valley (anteriormente chamado San Luis Rey Valley) tem em torno de 8000 quilômetros quadrados de tamanho.
[2] N.T.: A Missão San Luis Rey de Francia (espanhol: Misión San Luis Rey de Francia), fundada em 1798, é uma antiga missão espanhola em San Luis Rey, um bairro de Oceanside, Califórnia. Foi a maior das missões californianas, juntamente com suas terras agrícolas circundantes.
[3] N.T.: Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz, Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz, Curso Elementar de Astrologia Rosacruz, Curso Superior de Astrologia Rosacruz, Curso Superior Suplementar de Astrologia Rosacruz e Curso dos Ensinamentos Bíblicos Rosacruz.
[4] N.T.: A Ciência Cristã é um conjunto de crenças e práticas associadas aos membros da Primeira Igreja de Cristo, Cientista. Os adeptos são comumente conhecidos como Cientistas Cristãos ou estudantes da Ciência Cristã, e a igreja às vezes é informalmente conhecida como a igreja da Ciência Cristã.
Agosto de 1912
Você lembra de ter lido no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” sobre como nos tempos de Noé até os tempos de Cristo, sob o regime de Jeová, o egoísmo universal foi fomentado em toda a humanidade. Disseram ao homem: “O céu é o céu do Senhor, mas a terra, ele a deu para os filhos de Adão”[1]. Assim, o ser humano se viu forçado a procurar posses materiais e não tinha noção dos tesouros do Céu, que são os frutos do autossacrifício. Em consequência disso, sua vida espiritual se tornou cada vez mais estéril; o seu progresso espiritual decaiu e, a menos que um novo impulso lhe fosse fornecido, seu progresso espiritual teria cessado definitivamente.
Então, o Espírito do Cristo Cósmico, o “Redentor”, começou o Seu beneficente trabalho e, finalmente, conseguiu obter o acesso à Terra, mediante o “Sangue purificador de Jesus”, quando fluiu no Gólgota; e, agora, o Espírito do Cristo está trabalhando de dentro do nosso globo para atenuar os seus constituintes físicos e suprafísicos. Um enorme influxo espiritual foi sentido no momento em que Ele tomou posse total da Terra no Gólgota; tão grande que, verdadeiramente, aquela intensidade de luz cegou o povo. Desde aquele momento, o princípio do altruísmo começou a ter uma influência maior sobre a Onda de Vida humana; gradualmente, vamos deixando de olhar exclusivamente para os nossos próprios interesses, e estamos acumulando tesouros ao se interessar no bem-estar do nosso próximo. Se não fosse a vinda de Cristo, outra Lua deveria ter sido expelida para nos livrar dos piores elementos, mas fomos salvos graças ao sacrifício do Espírito do Cristo Cósmico – um sacrifício que não envolve a Sua morte, como comumente é entendido, mas que é uma infusão da Terra com a vida superior que nos capacita viver mais abundantemente no espírito.
Nós temos uma analogia entre essa vinda de Cristo à Terra e a administração da Panaceia espiritual, de acordo com a lei: “Como é em cima, assim é embaixo”. Em cada pequena célula do corpo humano há uma vida celular separada, mas, sobre e acima disso está o Ego que dirige e controla todas as células para que atuem em harmonia. Durante certas doenças prolongadas, o Ego se torna tão concentrado no seu sofrimento que cessa de vivificar plenamente as células; assim, as doenças corporais acarretam a inação mental e pode se tornar impossível se livrar da doença sem um impulso especial para dissipar a confusão mental e reiniciar as atividades das células. É isto que a Panaceia Espiritual faz. Assim como a dádiva da vida de Cristo no Gólgota começou a dissipar a nuvem do medo, criada pela lei inexorável que pendia sobre a Terra como uma mortalha, e assim como isso deu início a que milhares de pessoas encontrassem o caminho da paz e da boa vontade, assim também, quando a Panaceia é aplicada, a vida de Cristo nela concentrada penetra no corpo do paciente, e infunde cada célula com um ritmo que desperta o Ego aprisionado de sua letargia, devolvendo-lhe a vida e a saúde. Que Deus nos permita poder levar, o mais rapidamente possível, essa elevada dádiva à humanidade sofredora.
(Carta nº 21 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Sl 115(113B) (16)
Abril de 1915
Como essa lição chegará a você no tempo da Páscoa, eu achei que poderia ser melhor dedicar essa Carta a esse assunto recorrente.
Você conhece a analogia entre o ser humano – que entra em seus veículos durante o dia, vive neles e trabalha por meio deles e, à noite, é um Espírito livre, sem os grilhões do Corpo Denso – e o Espírito de Cristo que reside em nossa Terra uma parte do ano. Todos nós sabemos que grilhão e prisão é esse Corpo Denso, como nós somos dificultados e restringidos pela doença, enfermidade e pelo sofrimento, pois não há ninguém entre nós que sempre está com uma saúde perfeita, de modo que nunca tenha experimentado a agonia da dor, especialmente aqueles que trilham o Caminho superior, espiritual.
Isso se assemelha com o que ocorre com o Cristo Cósmico que volta a Sua atenção para a nossa pequena Terra, focalizando a Sua Consciência nesse Planeta a fim de que possamos ter vida. Ele tem que animar, anualmente, essa massa morta (que nós cristalizamos fora do Sol); e isso é um grilhão, algo que prende ou impede e é uma prisão para Ele. Por conseguinte, é justo e apropriado que devemos nos regozijar quando Ele vem no Natal, todos os anos e nasce de novo em nosso mundo para nos ajudar a fermentar essa massa morta com a qual nos sobrecarregamos. Nessa ocasião, os nossos corações devem se voltar para Ele em gratidão pelo sacrifício que Ele faz por nossa causa desde o Solstício de Dezembro, passando pelos meses de janeiro, fevereiro até Equinócio de Março, permeando esse Planeta com a Sua vida para despertá-lo do sono cristalizador em que permaneceria se Ele não tivesse nascido para vivificá-lo.
Desde Solstício de Dezembro, passando pelos meses de janeiro, fevereiro até Equinócio de Março, Ele padece agonias e torturas, “gemendo, com dores de parto e esperando o dia da libertação”[1] que acontece na época que a Igreja Cristã denomina Semana Santa. Mas, compreendemos que, de acordo com os ensinamentos místicos, essa semana é precisamente a culminação ou o ápice do Seu sofrimento e que Ele se eleva de Sua prisão; de modo que quando o Sol cruza o Equador, Ele pende da Cruz e exclama: “Consummatum est!”[2] – “Está consumado!”. Isto significa que o trabalho d’Ele para aquele ano foi concluído. Não é um brado de agonia, mas é um brado de triunfo; uma exclamação de regozijo pela hora da libertação que chegou e por mais uma vez Ele poder Se elevar por algum tempo, livre dos grilhões do nosso Planeta.
Agora, querido amigo, querida amiga, o ponto que eu gostaria de chamar a sua atenção e que nós devemos regozijar com Ele nesta grande, gloriosa e triunfante hora, a hora da libertação quando Ele exclama: “Está consumado!”. Vamos sintonizar os nossos corações com esse grandioso acontecimento cósmico; vamos nos regozijar com Cristo, nosso Salvador, por Seu sacrifício anual ter, mais uma vez, sido completado; e vamos nos sentir gratos, no mais profundo do nosso coração, por Ele estar livre das correntes da Terra, e que a vida que derramou em nosso Planeta seja suficiente para nos levar até o próximo Natal.
Espero que esses conhecimentos possam proporcionar a você um motivo excelente para uma piedosa meditação da Páscoa e que lhes tragam abundante crescimento anímico.
(Carta nº 53 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Rm 8:22
[2] N.T.: Joa 19:30