Não podemos gozar da verdadeira paz enquanto não tenhamos desprezado tudo que é incompatível com o nosso verdadeiro “Eu”, o Ego (o que somos: um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado), a nossa Natureza divina.
Por exemplo, se tentamos encher o vazio que existe dentro de nós, dentro de nossa alma, com apetites sensuais ou com os prazeres da vida material, nada conseguiremos, senão desespero e sofrimento.
Se tentarmos realizar os nossos anseios da verdade através da aplicação da nossa inteligência nos objetos externos, sejam eles: coisas do Mundo Físico; desejos, emoções ou sentimentos do Mundo do Desejo ou pensamentos do Mundo do Pensamento, nada conseguiremos, senão frustração, dor e desânimo.
A solução nós entenderemos cedo ou tarde. Depende somente da nossa própria vontade. Quanto mais demorarmos em mudar, mais sofreremos, mais nos aborreceremos e mais nos entediaremos; mais viveremos no enganoso e na ilusão.
A solução é nos aproximarmos da Luz, obedecendo à lei da Luz, a Lei Divina. Devemos transmutar nossos apetites sensuais em apetites criadores; afinal a energia é a mesma, somente temos de mudar a direção.
Devemos desistir de nos manter dirigidos pelas coisas externas. Devemos dirigir nossa visão espiritual para a Luz, para as coisas espirituais. O nosso despertar para essa verdadeira realidade nos trás um desejo enorme e descontrolável de progredir rapidamente.
É como se quiséssemos recuperar todo o tempo que perdemos vivendo na realidade ilusória de responder somente as coisas externas.
Desejamos rapidamente: ver os Mundos internos, funcionar conscientemente nesses Mundos, conviver com os seres desses Mundos. Rapidamente, acreditamos estarmos perfeitamente aptos para fazer tudo isso e, se possível, de uma só vez.
Aos poucos nos desanimamos e os motivos são sempre os mesmos, variando somente nas suas diversas intensidades e matizes. De qualquer modo, seja qual motivo dermos ênfase, o problema é nosso! Nós é que nos mostramos incapazes e somente nós é que podemos nos corrigir para prosseguir nesse caminho escolhido.
Mas, vamos aos motivos:
1.Largamos tudo e nos dedicamos exclusivamente aos estudos espirituais
Alteramos totalmente a nossa rotina. Reprogramamos nossos horários para termos tempo de fazermos meditações, concentrações, orações. Não admitimos sermos interrompidos. Nosso tempo para tratarmos das coisas exteriores é o menor possível, somente para garantir a nossa sobrevivência e subsistência. O restante do tempo é para estudar. Ler toda a biblioteca. Se possível reler. Participar de todos os seminários, reuniões, conferências. Se possível só ficar escutando para assimilar mais. Negar falar de outro assunto senão o que envolve as coisas espirituais, principalmente se for algum assunto que tenha dúvidas. Neste caso só falta nos isolarmos numa caverna, tal como faz um ermitão (só não o fazemos, porque teríamos que cozinhar, lavar, limpar, enfim, gastar o tempo em coisas que não tem nada a haver com as espirituais, segundo sua percepção!). E mesmo assim não entendemos por que, neste caso, o nosso progresso espiritual não é visível para nós. Mais do que isso, parece que retrocedemos.
Por meio deste motivo, esquecemos de uma coisa importantíssima: o nosso progresso espiritual não depende, de modo algum, de nossos próprios esforços. Ao contrário, quanto menos planejamos estabelecer leis por nós mesmos e quanto mais nos submetemos à Lei Universal, tanto mais rápidos serão nossos progressos. Jamais podemos dirigir nossa vontade num sentido diferente da Vontade Universal de Deus. Se a nossa vontade não é idêntica a vontade divina, nos pervertemos com efeitos funestos. Somente quando a nossa vontade se harmonizar por completo e cooperar com a vontade de Deus, ela será poderosa e efetiva. E qual é essa Lei Universal, essa vontade divina para esse motivo, e que foi a causa do aparente fracasso? O serviço amoroso e desinteressado para com os outros, para os que estão ao nosso redor.
Esquecemos a exortação de Cristo: “que o maior de entre vós seja ao servo de todos”.
Esquecemos, então, de nos esforçarmos, diariamente por servir o nosso semelhante – o nosso irmão e a nossa irmã que estão ao nosso redor –, em qualquer oportunidade que nos apresente, sempre com amor, simplicidade e humildade.
Vamos a um segundo motivo:
2.Quanto mais nos voltamos para a vida espiritual parece que maior adversidade encontramos em nosso entorno, e, muitas vezes, desistimos, desanimados, justamente por isso.
Aqui é o caso de um carro que leva uma grande carga numa descida: pouco esforço é despendido. Mas quando esse mesmo carro leva essa grande carga na subida: despende muito esforço e o progresso não é tão rápido. A mesma coisa ocorre com cada um de nós.
Enquanto caminhamos a favor das circunstâncias externas, das ocasiões, dos problemas, da sociedade e seus compromissos e dos valores materiais, sendo conduzido ao sabor do vento, navegando a favor da corrente da vida, tudo parece fácil.
Mas no momento em que decidimos seguir o caminho espiritual, o caminho para a vida superior, entramos em atrito com as pessoas que insistem em seguir o caminho material, o caminho da busca pela felicidade terrena. Tudo ao nosso redor se rebela. É como se tudo ao nosso redor conspirasse contra nós. Os atritos maiores são com os que estão mais próximos de nós. Por quê? Porque eles foram exatamente aqueles que nós escolhemos para percebermos melhor nossos defeitos e nossas qualidades. E quando decidimos transmutar nossos defeitos em qualidades escolhendo o caminho da vida espiritual, são eles os primeiros a cobrar.
Além disso, cada pessoa que está ao nosso redor também nos escolheu para conviver nessa existência através da afinidade, da semelhança e do desejo de aprender lições conjuntas. A partir do momento que rompemos com a inércia de caminharmos em busca da felicidade material e nos dedicamos à vida espiritual provocamos uma alteração total nesse nosso mundo ao redor. Isso é refletido nas consciências dos que estão ao nosso redor e, como semelhante atrai semelhante, perturbamos as consciências deles e mesmo não havendo resposta imediata, cada vez que nos vêem, é lembrada a necessidade de mudar e de também escolher o caminho da vida espiritual. Portanto, nós incomodamos. Se partíssemos para um mosteiro, um retiro e lá dedicássemos a nossa vida espiritual talvez não houvesse esse problema e a lembrança não seria tão presente e persistente.
Mas como fazer isso, se o destino de cada Aspirante à Vida Superior, de cada Estudante Rosacruz, é se transformar num esteio do ambiente em que se encontra? Se o nosso nascimento no ambiente e com essas pessoas ao redor é justamente para servirmos com o que melhor precisamos, tanto para o nosso desenvolvimento como para o desenvolvimento de cada um do nosso círculo de relacionamento? E se o meio para nos aferirmos se estamos progredindo ou não é justamente a convivência com os que nos cercam? Então, se desistimos de seguir o caminho para a vida espiritual por causa disto, alegando que não gostamos de entrar em atrito com ninguém, que queremos ser bonzinhos com todos, que tudo está bom do que jeito que está, estamos se esquecendo de exemplificar o exercício de uma das maiores qualidades que cada um de nós possui: não viemos nessa existência para buscar a felicidade material, seja ela traduzida em harmonia ilusória numa família, segurança em ter respaldo financeiro dos pais ou tutores e comodidade de estar provido de todo conforto material, ou em qualquer outra coisa que nos sirva de desculpas para nos manter na inércia de viver a vida ao sabor do vento. Estamos esquecendo que as nossas condições atuais são o resultado das ações que praticamos no passado (em vidas passadas) e que podemos construir o nosso futuro destino melhorando-nos por meio de uma atuação reta no presente, dedicando as nossas aspirações a exercitar uma das maiores qualidades que cada um de nós temos e com quanto esforço a obtivemos que é o livre arbítrio, lançando, assim, desde já boas sementes para o amanhã.
Além disso, o caminho não poderia ser diferente, como lemos em Jó (7,1): “É um combate a vida do homem sobre a terra”.
Vamos a um terceiro motivo:
3.Parece que nos tornamos chatos, insociáveis e exigentes na nossa convivência
Conforme vamos progredindo no caminho da realização espiritual – por meio do Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz –, gradativamente cairá o véu da ilusão. Vamos tendo uma visão mais clara da realidade. Tudo continua relativo, mas aprendemos a discernir de modo imparcial. Isso nos trás uma segurança de realizarmos opções, muitas vezes, não entendidas por quem não está seguindo o mesmo Caminho. O fato de: não deixarmos nos envolver por conversas fiadas; de não fazer coro quando nos chamam para participar de algo destrutivo; de selecionarmos os assuntos que gostamos de falar; de levar uma vida mais comedida, cuidando com zelo dos nossos veículos e de utilizar o nosso tempo da maneira mais lógica que conhecemos e que nos faz, muitas vezes, ser vistos como: um pretensioso “santo” ou o “dono da verdade” ou um metido a besta ou uma pessoa “certinha” demais e isso incomoda muito!
Muitas pessoas chegam até a idolatrar a vida em ilusão. E isso não combina com alguém que sempre está cobrando um posicionamento mais real, mais lógico. Muitas pessoas adoram jogar conversa fora, adora gastar todo o tempo com coisas que não comprometem e que dá prazer, principalmente o de desejos, sentimentos e emoções inferiores. Ou, ainda, com coisas que só servem para acumular conhecimento intelectual – e nada ou muito pouco do devocional – e isso não combina com alguém que busca utilizar o tempo da maneira mais lógica que conhecemos. Isso não combina com alguém que já sabe que “intelectualidade nada tem a haver com espiritualidade” (se assim o fosse, Cristo nos mostraria nos Seus ensinamentos). Outras pessoas gostam de falar mal dos outros e isso lhe dá até prazer e isso não combina com alguém que quer ver o bem em tudo.
Afinal o Aspirante à Vida Superior é um eterno questionador, é um eterno investigador. Afiado que é no seu modo de passar tudo pelo crivo da lógica, é natural que sinta certo desconforto de participar de ambientes que nada há de construtivo.
Mas sabemos que “semelhante atrai semelhante” e quão agradável é perceber que pessoas semelhantes, que compartilham dos mesmos novos ideais, se aproximam e formam um belo círculo de convivência! No entanto, não imaginem que nós como Aspirantes a Vida Superior teremos uma vida cheia de admiradores, amigos, cativadores, que estarão sempre nos cortejando nos bajulando ou, até mesmo, ansiosos pela nossa presença. O companheiro mais comum do Aspirante à Vida Superior, do Estudante Rosacruz, é a solidão.
Afinal, a evolução é individual. Os momentos mais importantes da nossa existência são vivenciados na solidão. O Aspirante à Vida Superior busca a autossuficiência como uma virtude fundamental. A fórmula é a seguinte: sempre praticar, tanto através de nossos pensamentos, como de nossos atos, os ideais que buscamos compreender. Sabemos, também, que a nossa divindade interior é o único tribunal real da verdade. Devemos nos esforçar por estabelecer e submetendo todos os assuntos ao seu veredito final.
Muitos outros motivos poderiam ser discutidos aqui. Todos eles levam as desculpas de irmãos e de irmãs que abandonam o Caminho, porque realmente é difícil percorrê-lo. Há obstáculos a vencer e até o menor deles é sentido.
Mas lembremos dos talentos da Parábola que lemos em Mt 25,14-30. O que aconteceu com aquele que aceitou a missão e multiplicou os talentos? “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, eu te confiarei muito, vem alegrar-te com teu senhor”.
E com aquele que não arregaçou as mangas, que preferiu a inércia e a comodidade? “Tirai-lhe o talento e dai ao que tem dez. Pois ao que tem muito, mais lhe será dado e ele terá em abundância. Mas ao que não tem, até mesmo o pouco lhe será tirado”.
Portanto, o Caminho do Aspirante à Vida Superior é um caminho onde parar, estacionar, ficar, esperar, não existe. Quanto mais ele progride mais talentos ele recebe, mas, também maior é sua responsabilidade.
Uma certeza que temos: jamais desistir diante das inúmeras dificuldades que seguramente temos e teremos. Deus nunca nos dará um fardo mais pesado do que aquele que somos capazes de carregar.
Além do que, sabendo que o fracasso reside apenas em deixar de tentar, como nos ensinou Max Heindel, ante qualquer obstáculo, procuremos, paciente e persistentemente atingir o alvo proposto, procurando realizar os elevados ideais ensinados por Cristo através da nossa vivência diária.
Pois, Cristo é o nosso ideal!
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Um verdadeiro Estudante Rosacruz, um Aspirante à vida superior, ao entendimento do que, como funciona e como se desenvolver para trabalhar eficientemente nos Mundos suprafísicos, nos Mundos invisíveis, busca continuamente se ligar ao Cristo Interno e está sempre ajudando o próximo, praticando fielmente o serviço amoroso e desinteressado (e, portanto, o mais anônimo possível) e focando na divina essência de cada um que ele serve.
Assim, ajuda no anonimato, é confiante em si mesmo, consegue permanecer só em todas as circunstâncias e luta em todas as condições sempre bem equilibrado (“sim, sim” e “não, não”, mas jamais morno!).
O verdadeiro Aspirante Rosacruz sabe que na Fraternidade Rosacruz não há mestres, nem instrutores, nem professores, mas amigos, irmãos e irmãs em Cristo sempre prontos a ajudar, a orientar, a mostrar o caminho reto que nos mostra por meio da obtenção do conhecimento direto, desenvolvendo em cada um de nós os veículos necessários e apropriados para funcionarmos diretamente em cada Região e Mundo suprafísicos.
Aquele que vive buscando proteção, novos autores, novos livros, correndo de uma a outra conferência, de um a outro site, de oradores que consideram ilustres, que vivem repetindo ideias alheias, não pode ser um Aspirante à vida superior, um Estudante Rosacruz, pois está sempre atendendo os anseios inferiores do seu Corpo de Desejos, e onde o Corpo de Desejos prevalece, o Corpo Vital (sede do alicerce para o desenvolvimento espiritual) não tem espaço, pois todo o seu tempo está voltado para reparar os estragos dos desejos, sentimentos e emoções que o Corpo de Desejos faz no Corpo Denso (como aprendemos nos Cursos de Filosofia Rosacruz).
Somos filhos de Deus, centelhas de Seu fogo, Espíritos feitos à Sua imagem e semelhança, tendo, dentro de nós, todos os atributos latentes à espera de desenvolvimento e potencialização. E isso a Fraternidade Rosacruz oferece ao fiel e sincero Estudante Rosacruz.
Eis o motivo dos Irmãos Maiores preconizarem o método direto para obtermos o conhecimento, sem utilizar nenhum instrumento (seja ele outra pessoa ou até artefatos físicos) para tal.
Somos criadores em formação, Cristos em desenvolvimento, portanto, firmes no nosso propósito, na nossa busca, na nossa independência, buscando sempre aprender os ensinamentos Cristãos e segui-los, colocando-os em prática na nossa vida cotidiana.
A Fraternidade Rosacruz não é obra de mestres terrenos, de literaturas rendadas, de promessas fantasiosas, de pretensas Iniciações.
Os Irmãos Maiores ditaram para Max Heindel, fundador da Fraternidade Rosacruz, aqui no Mundo Físico, a obra básica que é o Conceito Rosacruz do Cosmos, um livro de estudos permanente e de aplicação durante toda a nossa vida.
Esses Irmãos Maiores são elevados Iniciados, seres humanos como nós, muito conhecidos por seus grandes frutos.
A Fraternidade Rosacruz reúne o que há de mais atual às nossas necessidades internas, Egos, renascidos no ocidente, que somos; ela é o “alimento sólido do adulto”.
Ela desmascara ilusões e artificialismo, com seus princípios bem racionais e devocionais, em um equilíbrio perfeito entre “cabeça e coração”.
Ela se destina aos simples, aos essencialistas, aos sinceros, aos realizadores, aos servidores, aos humildes, aos corajosos, que podem e querem renunciar aos acenos do passado e buscam atingir o “Reino dos Céus por assalto” – como orientado pelo nosso Mestre, o Cristo –, por seu próprio esforço e sempre bem orientados, hoje mais ainda pelos meios aquarianos que, se bem utilizados, ajudam muito, tais como estudos on-line, site, redes sociais, e-mails e sim, quando houver um ambiente apropriado: seminários, palestras, reuniões de estudos e uma boa conversa.
Quem nela se inspira, liberta-se da sua natureza inferior, não mais se desilude porque não se ilude. Não fala de si mesmo, não se intitula “Mestre”, não conta suas “experiências”, não exibe seus recursos curadores, não busca fama, glória, nem poder, ocupa o último lugar sempre que puder, é simples, autêntico, humilde, sempre se refere à Deus em seu interior, é o que busca mais servir, desinteressadamente, anonimamente por amor aos seus semelhantes, sem pretensões ulteriores.
Pratica fielmente a máxima ocultista: “buscar o Reino de Deus e Sua justiça, que o resto vem por acréscimo”.
Quem entender isso, logo se engaja e se firma e caminha a passos largos no Caminho de Preparação para a Iniciação Rosacruz!!!
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Há verdades que se evidenciam naturalmente. Um cientista, um artista, um desportista, ou qualquer pessoa capaz de se destacar em um ramo de atividade, desenvolveu seu talento mediante longos anos de exaustivos exercitamentos. Lutou arduamente para chegar ao ponto de poder reclamar a atenção do mundo e seu reconhecimento como uma pessoa competente naquele campo para o qual direcionou suas energias.
Um ponto não deixa dúvidas: essa pessoa pagou o preço exigido pelo mundo. Não foi um sonhador, nem se deixou seduzir pela ideia de que bastaria imaginar uma determinada situação futura para que ela se materializasse pura e simplesmente.
Ao contrário, ele lutou, suou, “comeu o pão que o diabo amassou” – como se diz –, até conseguir o seu intento. Sentiu-se, finalmente, recompensado em todos os seus esforços.
Mas, existe uma outra linha de trabalho cuja recompensa é infinitamente maior e eterna. É a diligente investigação das verdades espirituais e o serviço amoroso e desinteressado aos demais, conforme preconizam os Ensinamentos Rosacruzes.
Representa essa linha de trabalho uma forma de chegar ao desenvolvimento superior e a abertura daqueles sentidos através dos quais é possível entrar em contato com os Mundos suprafísicos. Inegavelmente esses são os valores reais da vida, e devem constituir-se na razão de todo o esforço do ser humano.
Essa vida invisível de que a humanidade conhece tão pouco vale mais do que qualquer outra conquista. Sendo assim, se deveria lutar por ela com redobrado esforço e ânimo inquebrantável.
Mas quem se dispõe a pagar o preço exigido? O ser humano comum tentará enveredar pelo caminho da espiritualidade levado pela ânsia de glórias imediatas. A recompensa que almeja é o reconhecimento dos próprios seres humanos e sua ação visará o elogio, a gratidão, o poder e o prestígio. Como esses valores são efêmeros pouco tempo durará seu galardão.
O caminho da recompensa eterna é diametralmente oposto. Ao invés de encômios e reconhecimento público é mais lógico se esperar a incompreensão do mundo. Essa opção envolve renúncia, autodisciplina, nenhum egoísmo e outras qualidades. Este, porém, é o verdadeiro caminho a ser trilhado por quem conscientemente aspira por uma vida superior. Como afirmou Cristo no Capítulo 10 do Evangelho Segundo São João: “Em verdade, em verdade vos digo: o que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador“.
As faculdades espirituais que devem ser desenvolvidas por meio do serviço paciente e amoroso são as ferramentas com as quais o ser humano deve abrir seu caminho rumo aos planos internos da natureza. Lançar mão de qualquer outro meio que não estes, significa evitar a “porta verdadeira”, a estreita, tornando-se ladrão e salteador.
Cristo é a única porta através da qual pode-se entrar no Reino dos Céus. E Ele nos adverte: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida“. Ele é a única porta e esta porta é muito estreita.
(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de setembro-outubro/1987)
Alguns vislumbres sobre as condições da vida superior são gradativamente sentidos por aqueles que percorrem a senda da preparação. Cada novo passo percorrido na realização espiritual revela uma maior preparação para assumir maiores responsabilidades espirituais. Do mesmo modo, conforme a percepção do Estudante Rosacruz se expande, maiores noções da necessidade de mudanças passam a ocorrer, para que seu modo de vida fique congruente a tais vislumbres.
No entanto, a percepção de mudanças, infelizmente, não vem acompanhada das facilidades, sendo que tanto a Personalidade (eu inferior) do Estudante Rosacruz quanto seu ambiente (círculo relacional, incluindo família e círculo social) podem não acompanhar o movimento da verdade que iniciou em seu coração. No âmbito da Personalidade é fácil perceber que pensamentos e impulsos indesejáveis não o abandonam. Pelo contrário, parecem nunca terem ganhado tanta força. Se não permanecer com a arma da persistência voltada para oração e trabalho, perceberá que facilmente sucumbirá. Já em relação ao seu ambiente, bem sabemos que é difícil caminhar contra as ideias aderidas pelas massas e que é muito mais difícil levar uma vida de bondade, inofensiva e de pureza, do que uma que busca “olho por olho; dente por dente” e a gratificação da natureza inferior. Mesmos os Cristãos primitivos já sofreram devido ao seu novo modo de vida, e esse sofrimento ainda é sentido nos dias atuais (apesar de atualmente não haver sofrimentos físicos e mortes devido a isso, como ocorria naquela época).
A percepção e a consciência expandida significam maiores responsabilidades em lidar com as tormentas que o conhecimento da verdade exige. No Evangelho Segundo São Lucas, podemos encontrar uma parábola que remete às responsabilidades aqui mencionadas: “Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!” (Lc 12:42-48).
Possuir responsabilidades espirituais, como as mencionadas nessa parábola, significa trabalhar com as Leis de Deus que governam a vida do Estudante Rosacruz e de todos aqueles que estão inseridos em seu círculo de ação imediata. Significa imitar o Cristo nesse círculo. A cilada de toda essa questão está exatamente na permanência da inércia expressão física que o Estudante Rosacruz pode cair. Ou seja, apesar de serem bastante nobres todos esses sentimentos e conceitos, enquanto eles são concebidos apenas no mundo das ideias, pouco efeito prático e de mudança no mundo é produzido. E a dificuldade em expressar tais elevados ideais de espiritualidade no cotidiano está exatamente na percepção do peso que é assumir uma vida verdadeiramente Cristã.
Isso é o mesmo que dizer adeus à paz, à tranquilidade e ao descanso, tão almejados e desejados pela humanidade comum. Pelo contrário, quanto mais se revelam verdades, menos paz, descanso, objetos e situações pessoais preencherão a caminhada do aspirante. “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará.” (Lc 9,23-24).
Essa responsabilidade inclui parar de profanar os recursos pessoais e alheios que temos a disposição e que são necessários para nosso desenvolvimento (incluindo nossos corpos, ambientes e as pessoas com as quais estamos relacionados) e iniciar um movimento de trabalho incessante. “Felizes são os puros de coração, porque verão a Deus.” (Mt 5:8.). Isso significa que, quando uma pessoa não mais profana todos os recursos que possui e consagra uma vida de altruísmo, paralelamente um Corpo-Alma é criado, o qual é o traje necessário para que o casamento do Espírito com o Cristo Interno ocorra.
Os vislumbres de verdade mostram que o Estudante Rosacruz é “um com todos” e que não há separatividade. Isso quer dizer que o sofrimento dos outros é seu próprio sofrimento, que o sucesso dos outros também é seu próprio sucesso, e que tanto a vítima quanto o malfeitor constituem suas próprias fraquezas, seus próprios pecados e a sua ignorância. Ignorar todos esses fatos, como se não tivéssemos parte com os males que ameaçam o atraso do desenvolvimento espiritual humano, é o mesmo que reforçar os pregos da cruz de Cristo, deixando-o cada vez mais preso à Terra.
É importante ao Estudante Rosacruz iniciar a busca pelas barreiras invisíveis que o faz andar para trás e não alcançar novas etapas de realização. Por exemplo, cada vez que o Estudante Rosacruz se depara com a incongruência entre verdade e realidade, pode sofrer a tentação de se sentir impotente. Acaba por ter pensamentos pessimistas do tipo: “não estou à altura da responsabilidade que assumi” ou “tudo isso é uma pura utopia” ou ainda, “há certos hábitos ou traços em minha Personalidade que é inútil lutar para transmutá-los”. Em outras palavras, ele percebe que para tornar realidade os vislumbres de verdade que gradativamente sente, faz-se necessário renunciar toda uma atitude referencial condicionada (ou automática) de viver, que constitui sua identidade inferior, e passar a viver com responsabilidades pessoais e coletivas.
Esse sofrimento, que envolve o estreito caminho da santidade e de consagração a uma vida de altruísmo, deveria servir de combustível para que o Estudante Rosacruz encontre forças para transmutar suas pedras brutas (seus corpos impuros e não desenvolvidos) em pedras preciosas como o ouro, o rubi e o diamante. A senda da preparação nos guarda uma vida de sofrimento, renúncia e trabalho. Apesar disso, a sensação permanente de plenitude e certeza de estar no caminho não possui comparação a qualquer gozo mundano ou conceitos de felicidades materiais que o mundo ordinário oferece.
“Quem não trabalha, não tem direito de comer”. Comer significa ter gozo ou parte com Cristo, o Pão da Vida. “Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós.” (Mt 5:12).
Que as Rosas Floresçam em vossa Cruz
Por Max Heindel
Enquanto a incapacidade física causada pela cegueira é, sem dúvida, uma grande aflição, há uma cegueira que apresenta efeito mais prejudicial sobre aqueles que dela sofrem: a cegueira do coração. Um velho provérbio diz: “Ninguém é tão cego quanto aquele que não quer ver”[1]. Toda grande Religião trouxe ao povo a quem foi dada certas verdades vitais e necessárias para o seu desenvolvimento, e o próprio Cristo nos disse que a Verdade nos libertaria. Muitas das sublimes verdades contidas nos ensinamentos Cristãos foram, no entanto, obscurecidas por credos e dogmas com os quais as várias seitas e denominações se contentaram. Contrata-se um ministro ou um pastor para uma igreja protestante e o encarregam de expor a verdade da Bíblia, mas sua língua está atada ao credo de sua denominação específica; ele é proibido, sob pena de desgraça pública e dispensa, de publicar ou pregar algo que não esteja em estrito acordo com o tipo particular de Religião desejado por aqueles que lhe pagam o salário. Cada ministro ou pastor recebe “um par de óculos que são coloridos” de acordo com o credo específico que ele representa, e ai dele se ousar enxergar a Bíblia com outros óculos sobre o nariz: fazer isso significa sua ruína financeira e ostracismo social, que poucos são corajosos o suficiente para enfrentar.
Enquanto o ministro ou pastor mantiver seus óculos denominacionais, não haverá perigo; contudo, às vezes algum ministro ou pastor retira os óculos, porque planejou ou por acidente. Ele pode ser de natureza aventureira e, de alguma forma, tem a sensação de que há alguma coisa fora da sua esfera de visão particular, ou pode ter acidentalmente perdido seus óculos. Mas, em ambos os casos, se ele tropeça na verdade nua da palavra de Deus, torna-se infeliz. Esse escritor falou com vários ministros e pastores que confessaram ter a ciência de certas verdades, mas não ousavam pregá-las porque isso jogaria a fúria de sua congregação sobre eles, por perturbar as condições estabelecidas. E isso não é de se admirar; mesmo o Rei Jaime[2], um monarca e autocrata, advertiu os tradutores da Bíblia para não a traduzirem de maneira que a nova versão perturbasse as ideias estabelecidas, porque ele sabia que, no momento em que novos pontos fossem introduzidos, haveria uma controvérsia entre os defensores da antiga visão religiosa e os da nova, o que provavelmente resultaria em uma guerra civil. A maioria das pessoas sempre está pronta para sacrificar a verdade pelo bem da paz; portanto, hoje estamos presos, apesar de nossa liberdade vangloriada, e não importa o quanto seja aguçada a nossa visão física, um grande número entre nós está cego por uma escama tão opaca que quase obscurece completamente sua visão espiritual.
No entanto, apesar de tudo, a verdade surge e, às vezes, nos lugares mais inesperados, como mostra o recorte a seguir. Isso soa mais como as reflexões de um Místico do que os escritos de um ministro ou pastor presbiteriano, anotações ligadas à terrível doutrina da predestinação e ao compromisso das almas com o fogo eterno do inferno, onde torturas terríveis são suportadas pela eternidade, mesmo por bebês que foram predestinados a sofrer para sempre pelo seu criador. Foi escrito por J. R. Miller, um conhecido pastor de igreja da Filadélfia, e é apenas outra indicação do fato de que um sexto sentido está sendo desenvolvido lentamente e, frequentemente, como dito, nos lugares mais inesperados, esmagando o credo com evidências e conhecimentos Místicos. O reverendo Miller diz:
“Todos nós projetamos uma sombra. Há sobre nós uma espécie de penumbra — algo estranho e indefinível — que chamamos de influência pessoal e tem efeito em todas as outras vidas que ela toca. Vai conosco onde quer que vamos. Não é algo que possamos ter ou retirar quando quisermos, como uma roupa. É uma coisa que sempre brota da nossa vida, como a luz de uma lâmpada, o calor de uma chama, o perfume de uma flor.”.
Certa vez, quando Cristo estava sozinho com seus Discípulos, Ele lhes perguntou: “Quem dizem os homens que Eu, o Filho do Homem, sou?”. E eles responderam e disseram: “Alguns dizem que Tu és Elias; outros, Jeremias; e outros dizem que és um dos profetas”. E Cristo respondeu e disse: “Mas quem dizeis que Eu sou?”. E São Pedro disse em resposta a essa pergunta: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Ele havia descoberto a verdade, tinha visto o Cristo. E a resposta de Cristo veio rapidamente: “Bendito és tu, Simão, filho de Jonas, porque a carne e o sangue não te revelaram isso, mas meu Pai que está no Céu; a ti darei as chaves do Reino dos Céus e do Inferno”[3].
Aqui, a Religião dita Cristianismo popular, que tantas vezes desvalorizou a Arte a seu serviço, pode ver apenas uma chave material e, portanto, encontramos fotos em que São Pedro está com uma chave enorme na mão; porém o Místico descobre nesse incidente que os Discípulos receberam o ensinamento de uma grande verdade da natureza: o Renascimento! Pela chave da Iniciação, esse mistério foi descoberto, as portas do Céu e do Inferno foram abertas para mostrar a imortalidade do Espírito e nossa volta a esta esfera de ação para aprender novas e maiores lições vida após vida, como uma criança aprende suas lições na escola, dia após dia.
Se o Renascimento não fosse um fato natural, o retorno de espíritos que partiram, como Jeremias, Elias e outros, para então ocupar o corpo de Jesus, seria um absurdo e teria sido o dever de Jesus, como Mestre dos Discípulos, explicar que tais ideias fossem ridículas. Em vez disso, Ele mantém o assunto para descobrir a profundidade do seu discernimento e pergunta — “Quem então você diz que Eu sou?”. E quando a resposta chega, mostrando que eles percebem n’Ele alguém acima dos profetas e da Onda de Vida humana, o Cristo, o Filho do Deus vivo, Ele nota que estão prontos para a Iniciação que resolve, na Mente dos Discípulos, o problema do Renascimento para além de qualquer disputa. Nenhuma quantidade de leitura de livros, conversas ou explicações pode solucionar esse ponto para além de qualquer possibilidade de confusão. O candidato deve saber por si mesmo. Portanto, nas atuais Escolas de Mistérios, após a primeira Iniciação abrir-lhe os Mundos invisíveis, ele tem a oportunidade de se satisfazer com o Renascimento e lhe é mostrada uma criança que recentemente saiu do Corpo Denso. Por causa de seus poucos anos, ela renasce rapidamente, provavelmente dentro de um ano após a morte. O recém-Iniciado observa essa criança até que, finalmente, ela entra no útero da mãe para emergir como um bebê recém-nascido de novo. A razão pela qual ele assiste a uma criança e não a um adulto é porque esse fica fora da vida física aqui por aproximadamente mil anos, enquanto um bebê renasce em poucos anos; alguns chegam a encontrar um novo ambiente depois de alguns meses e renascem dentro de um ano. Durante esse período, o Iniciado também tem oportunidades de estudar a vida e as ações daqueles que estão no Purgatório e no Primeiro Céu, que são o Céu e o Inferno mencionados na Bíblia. Foi isso que Cristo ajudou seus Discípulos a fazer: ver e saber. Sobre a rocha dessa verdade a Igreja foi fundada, pois se não houvesse Renascimento, não haveria progresso evolutivo e, consequentemente, todo avanço seria uma impossibilidade.
Mas qual é o caminho para a realização? Eis a grandíssima questão e para isso há e pode haver apenas uma resposta — o desenvolvimento do sexto sentido por meio do qual o Místico descobre essa sombra imortal da qual o reverendo Miller fala. O Céu e o Inferno são relativos a nós: nossas vidas passadas e as vidas de nossos contemporâneos foram jogadas na tela do tempo e estão prontas para serem lidas a qualquer momento, mas devemos construir nossos sentidos para poder ler.
A luz elétrica, quando focada através de uma lente estereóptica, projeta a imagem brilhante de um slide, quando há escuridão; contudo, não deixa marcas visíveis quando os raios do Sol atingem a tela. Nós também, se quisermos ler o pergaminho Místico de nosso passado, devemos aprender a acalmar nossos sentidos para que o mundo externo desapareça nas trevas. Então, pela luz do espírito, veremos as imagens do passado tomarem o lugar do presente.
Tal sombra, vista pelo pastor Miller ao redor do corpo, é análoga à fotosfera, a Aura do Sol e dos Planetas. Cada um desses grandes corpos tem uma sombra invisível; ou melhor, invisível em condições normais. Vemos a fotosfera do Sol quando a esfera física é obscurecida durante um eclipse, mas em nenhum outro momento. O mesmo acontece com a sombra ou fotosfera do ser humano; quando aprendemos a controlar nosso senso de visão para que possamos observar um ser humano sem ver sua forma física, então essa fotosfera ou aura pode ser vista em todo seu esplendor, pois as cores da Terra são opacas em comparação com os fogos vivos e espirituais que envolvem e emanam de cada ser humano.
O fantástico jogo da Aurora Boreal nos dá uma noção de como essa fotosfera, ou sombra, age. Está em movimento incessante; dardos de força e chamas estão constantemente disparando de todas as suas partes, mas particularmente ativos ao redor da cabeça; e as cores e tons dessa atmosfera áurica mudam a cada pensamento ou movimento. Essa sombra é observável apenas para quem fecha os olhos a todas as visões da Terra; quem deixou de se preocupar com o louvor ou a culpa dos seres humanos, mas está concentrado apenas no Pai Celestial; quem está pronto e disposto a defender a verdade e somente ela; quem vê com o coração e no coração dos seres humanos que eles possam descobrir dentro de si mesmos o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Tampouco é o que nos rodeia uma sombra que desaparece quando o Sol da vida deixa de brilhar no Corpo Denso. Longe disso, é o vestuário resplandecente do Espírito humano, obscurecido durante a existência material pela roupa opaca feita de carne e sangue. Quando John L. McCreery[4] escreve sobre os amigos que faleceram, que
Eles deixaram cair o manto de barro
Para colocar uma roupa brilhante,
ele está incorreto. Seu traje é realmente “brilhante”; no entanto, eles não o colocam na ocasião da morte. Seria mais correto conceber a nós mesmos como vestindo uma roupa de substância de alma que seja intensamente brilhante, porém escondida por uma “camada de pele” escura e sem brilho: um Corpo Denso. Quando o deixamos de lado, a magnífica Casa do Céu mencionada por São Paulo no quinto capítulo da Segunda Epístola aos Coríntios[5] torna-se nossa habitação normal de Luz. É o Soma Psuchicon ou Corpo-Alma, traduzido de forma incorreta como “corpo natural”, no capítulo 15 da Primeira Epístola aos Coríntios, no quadragésimo quarto versículo, onde encontraremos o Senhor em Sua vinda, mas “carne e sangue”, como usamos atualmente, não podem herdar o Reino de Deus.
Há muita diferença nessas emanações áuricas que foram observadas pelo reverendo Miller; de fato, existem tantos tipos áuricos diferentes quanto pessoas. O jogo das cores nunca é o mesmo. Se assistíssemos ao nascer e ao pôr do Sol por toda a vida, nunca encontraríamos dois exatamente iguais quanto à cor, efeito das nuvens ou tantos outros detalhes. Da mesma forma, quando observamos o jogo das emoções humanas, revelado na aura, há uma variedade incontável inclusive na mesma pessoa, quando em posições e condições idênticas, porém momentos diferentes. Em certo sentido, todos os pores do Sol são iguais; certas pessoas não percebem diferenças, mas para o artista o jogo de cores variado, às vezes, é realmente doloroso em sua intensidade. Alguns também podem não apreciar a importância dessa nuvem áurica e luminosa. Contudo, quando um Cristo vê as lutas difíceis, sofridas e intensas da pobre humanidade cega, que maravilha que Ele grite: “Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes Eu lhe teria reunido sob minhas asas!”[6]. A menos que estejamos preparados para nos tornar “homens de dor”, não devemos desejar a extensão da visão que permite ao seu possuidor penetrar a opacidade do corpo que revela, assim, a Alma, pois a partir de então seremos obrigados a suportar, além das nossas, também as dores dos nossos irmãos e das nossas irmãs. No entanto, quem assim se tornar um “Servo” terá, ao lado de toda essa tristeza, também alegria e paz que ultrapassam qualquer entendimento.
Quando abrirmos os olhos espirituais e aprendemos a ter a visão celestial do Cristo dentro dos corações dos seres humanos, haverá outros passos que nos levarão mais adiante no caminho. Quando aprendemos a fechar nossos ouvidos à multidão que só clama e reclama, às brigas de pessoas sobre isso, aquilo ou qualquer outra coisa que não seja essencial; quando aprendemos que os credos, dogmas e todas as opiniões terrenas não tem valor e que existe apenas uma voz no universo que é digna de ouvirmos, a voz do nosso Deus-Pai que fala sempre aos que buscam o Seu rosto, então seremos capazes de ouvir a Canção das Esferas mencionada no imortal “Fausto”[7], nessas inspiradas palavras:
O Sol entoa sua velha canção,
Entre os cânticos rivais das esferas irmãs,
Seu caminho predestinado vai trilhar
Através dos anos, em retumbante marchar.
O que ocorre no caso da fotosfera do Sol, que é vista apenas durante um eclipse, quando sua esfera física é obscurecida, também acontece com a Canção das Esferas: ela não é ouvida até que todos os outros sons tenham sido silenciados, pois é a voz do Pai. Nessa sublime harmonia, as notas-chaves de Sabedoria, Força e Beleza reverberam por todo o Universo e nessas vibrações nós vivemos, nós nos movemos e temos o nosso ser. O Amor divino se derrama sobre nós em medida irrestrita através de cada acorde cósmico para animar os desanimados e instigar os retardatários. “Não se vendem dois pardais por um asse? E, no entanto, nenhum deles cai em terra sem o consentimento do vosso Pai!”[8] “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso.”[9] Repousem sobre o grande coração cósmico do Pai. Sua voz confortará e fortalecerá a alma.
A cada ano e idade, esse grande Canto Cósmico muda; a cada vida aprendemos a cantar uma nova música. Deus, em todos e através de todos, opera Seus milagres na natureza e no ser humano. Geralmente, estamos surdos à mágica produzida pelo som silencioso da Palavra divina; entretanto, se pudermos aprender a “ouvir”, sentiremos a verdadeira proximidade de nosso Pai, que está mais perto do que as mãos e os pés, e saberemos que nunca estamos sozinhos, nunca fora do Seu cuidado amoroso.
Assim como o Sol e os demais Astros produzem luz e som, o ser humano também tem sua estrutura de luz e som. Na medula queima uma luz como a chama de uma vela, mas não de maneira constante, silenciosa e quieta. Ela pulsa e, ao mesmo tempo, emite um som que varia do nascimento à morte e pode-se dizer que nunca é o mesmo. À medida que muda, também mudamos, pois é a tônica do ser humano. Aí estão expressas nossas esperanças e nossos medos, nossas tristezas e alegrias como foram trabalhadas no Mundo Físico, porque esse fogo é aceso pelo Arquétipo do Corpo Denso. O Arquétipo é uma esfera vazia; contudo, ao soar uma nota específica, atrai para si todas as concreções físicas que vemos aqui como manifestação — o Corpo Denso de um ser humano. Nessa chama sonora o maior número dos nervos do corpo humano tem sua raiz e origem. Esse lugar é o ponto vital do ser humano, a sede da vida, o núcleo da sombra da qual o pastor Miller falou. Quando atingimos esse ponto, quase chegamos ao coração do ser humano.
Para alcançar esse local supremo são necessários outros passos; no entanto, geralmente estamos tão envolvidos com nossos próprios interesses, independentemente dos negócios e cuidados das outras pessoas, que somos egocêntricos. Isso deve ser superado; precisamos aprender a enterrar nossas próprias tristezas e alegrias, a sufocar nossos próprios sentimentos, porque assim como a luz do Sol esconde a fotosfera e o opaco Corpo Denso do ser humano oculta a bela atmosfera áurica, assim também nossos sentimentos, emoções pessoais e interesses nos tornam insensíveis aos sentimentos dos outros. Quando aprendemos a acalmar o sentimento dos nossos próprios corações, a pensar pouco em nossas próprias tristezas e alegrias, começamos a sentir as batidas do grande Coração Cósmico que agora está trabalhando para trazer muitos filhos à glória.
As dores do nascimento do nosso Pai-Mãe no Céu são sentidas apenas pelo Místico em seus momentos mais elevados e sublimes, quando ele sufoca inteiramente os gemidos egoístas de seu próprio coração, pois esse é o inimigo mais forte e mais difícil de superar. No entanto, quando isso é alcançado, ele sente, como foi dito, o Grande Coração do nosso Pai Celestial. Assim, passo a passo, nós nos aproximamos da Luz, até mesmo do Pai das Luzes em quem “não há sombra”. É importante que deixemos o seguinte muito claro:
Pode ser uma marca de conquista ser capaz de ver “a sombra”.
Pode marcar um passo mais alto na conquista poder ouvir “a voz no silêncio”.
Acima de tudo, porém, vamos nos esforçar para sentir as batidas do coração de nossos semelhantes, para tornar nossas as suas tristezas, regozijar-nos em suas realizações e guiá-las ao seio de nosso Pai, por paz e conforto.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: de Matthew Henry
[2] N.T.: Rei Jaime VI e I, Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda.
[3] N.T.: Mt 16:13-19
[4] N.T.: John Luckey McCreery (1835-1906) foi um poeta americano mais conhecido pelo poema “A Morte não Existe”:
A morte não existe. Os astros escondem-se
para elevarem-se sobre novas terras.
E sempre brilhando no diadema celeste
espalham seu fulgor incessantemente.
A morte não existe. As folhas do bosque
converte em vida o ar invisível;
as rochas quebram-se para alimentar
o musgo faminto que nelas nascem.
A morte não existe. O chão que pisamos
converter-se-á, pelas chuvas do verão,
em grãos dourados ou doces frutos,
ou em flores com as cores do arco-íris.
A morte não existe. As folhas caem,
as flores murcham e secam;
esperam apenas, durante as horas do inverno,
pelo hálito morno e suave da primavera.
A morte não existe; embora lamentamos
quando as lindas formas familiares
que aprendemos a amar, sejam afastadas
dos nossos braços
Embora com o coração partido,
vestido de luto e com passos silenciosos,
levemos seus restos a repousar na terra,
e digamos que eles morreram.
Eles não morreram. Apenas partiram
para além da névoa que nos cega aqui,
para nova e maior vida
dessa esfera mais serena.
Apenas despiram suas vestes de barro,
para revestirem-se com traje mais brilhante;
não foram para longe,
não foram “perdidos”, nem partiram.
Embora invisível aos nossos olhos mortais,
continuam aqui e nos amando;
nunca se esquecem
dos seres amados que deixaram.
Por vezes sentimos sobre nossa fronte febril
sua carícia, um hálito balsâmico.
Nosso espírito os vê, e nossos corações
sentem conforto e calma.
Sim, sempre junto a nós, embora invisíveis
continuam nossos queridos espíritos imortais
pois todo o universo infinito de Deus
É VIDA – A MORTE NÃO EXISTE!
[5] N.T.: IICor 5:1
[6] N.T.: Mt 23:37
[7] N.T.: Fausto é um poema trágico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, dividido em duas partes.
[8] N.T.: Mt 10:29
[9] N.T.: Mt 11:28
Foi dito, muitas vezes, que a nota-chave do Corpo Vital é a REPETIÇÃO. Isso tem seu sentido, porque é por meio de ações repetidas que os bons ou maus hábitos são formados. Todas as verdades espirituais devem ser repetidas uma vez ou outra. É por meio de nossas boas ações que a nossa Alma cresce. Nosso Corpo Vital assimila a essência dos nossos bons atos da mesma maneira que nosso Corpo Denso se torna forte por meio do alimento que ingerimos. Portanto, devemos observar a admoestação de “não cansar de fazer o bem.” (Gl 6:9).
Construir o melhor caráter que nos é possível é algo básico e nenhuma estrutura suprema se pode fazer até que sejam feitos bons alicerces. Todos os nossos grandes planos para um grande futuro baseiam-se sobre isso.
Nessa escola que chamamos “a vida” é de maior importância cada um usufruir suas próprias experiências e tirar proveito delas. Nenhuma outra pessoa pode promover nosso próprio crescimento, nem em forma física nem moral. Cada um deve resolver seus próprios problemas, porque eles foram criados e postos em ação pelas faltas cometidas.
O ser humano, em nosso tempo, trata de eliminar as faltas graves chamando, por exemplo, um hipnotizador ou outros para curá-lo de seus próprios erros. Aparentemente recebe ajuda, porém sob o ponto de vista da ciência oculta esse bem aparente em verdade é uma perda.
A influência de um hipnotizador sobre sua vítima é grande e se converte em mais poderosa em cada esforço para hipnotizar o paciente. Nenhuma pessoa de firme vontade pode ser hipnotizada, a menos que primeiro seja posta em um estado negativo (passivo) pelo hipnotizador. Cada impulso para a ação deve ser aprovado pela vontade do ser humano: sua ação deve vir de dentro. Para recebermos o completo benefício de experiências de toda vida, devemos nos capacitar para tomar nossas próprias decisões. Devemos determinar se seguimos os conselhos dos outros e, por todos os meios possíveis, devemos nos decidir a escolher nosso próprio modo de ação.
Quando uma pessoa se encontra sob domínio de outra, a cabeça de seu Corpo Vital não está em seu lugar próprio. O hipnotizador pode interpenetrar a cabeça do hipnotizado com suas vibrações etéricas e, assim, dar-lhe ordens que são realizadas de maneira insuspeita. Esse resíduo do Corpo Vital do hipnotizador é também o fator para que as ordens sejam cumpridas no futuro, relacionadas com certo ato, em um dia determinado e à hora certa. Quando chega a hora, o impulso é libertado do mesmo modo que o dispositivo de um relógio despertador. E a vítima tem de cumprir a ordem.
Dado que uma parte do Corpo Vital do hipnotizador penetrou na cabeça da vítima, substituindo o seu próprio Corpo Vital, ela não pode ser completamente retirada. Um pequeno resíduo permanece, convertendo-se no núcleo por meio do qual se pode obter acesso fácil, na próxima vez. Esse laço se rompe somente depois da morte de um ou outro.
Quando aprendemos tudo o que podemos em nosso meio, nosso corpo morre e os dois Éteres inferiores do Corpo Vital decompõem-se com ele. Porém as forças dos dois Éteres superiores são levadas de vida em vida. A isso se chama Corpo-Alma ou Dourado Manto Nupcial. É o esforço sincero do aspirante no caminho que constrói o Corpo-Alma, de modo que possa ser forte e luminoso quando entrar na Nova Era, porque “a carne não pode herdar o Reino de Deus.” (ICor 15:50).
Uma vida simples, de serviço focado na divina essência do irmão ou da irmã, amoroso e desinteressado, pode construir esse veículo da Nova Dispensação, ou seja: a quarta Dispensação. Esse é o caminho dos filhos de Seth e muitos devotos Cristãos o estão construindo.
Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz nos deram Exercícios Esotéricos específicos que também ajudam a construir o Corpo-Alma. E aqueles que o estão tecendo dessa maneira são chamados Filhos de Caim. Essas duas correntes da humanidade, a seu tempo, vão se unir. Ambas estão conscientes ou inconscientes, tecendo esse Dourado Manto Nupcial, formando o Corpo-Alma, o “Abre-te Sésamo” para os Mundos invisíveis. Ali, todos seremos regidos pela Lei do Amor.
Nossas ações nessa vida possibilitarão uma existência mais ampla e melhor em todas as futuras. E a construção de um bom caráter proverá um destino melhor. A quintessência do bem, extraída da parte migratória do Corpo Vital, em uma vida determina a qualidade dos átomos etéricos e prismáticos na próxima vida. O superior em uma vida se converte no inferior na seguinte; assim e gradualmente escalamos os degraus da evolução até à Divindade.
“Semeia-se um corpo material, ressuscita-se um corpo espiritual. Se há corpo material, também há corpo espiritual.” (ICor 15:44).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1974-Fraternidade Rosacruz – SP)
Nas Antigas Escolas de Mistérios as formas de adoração mais amplamente disseminadas foram as de Ísis, Orfeu, Dionísio, Ceres e Mitras. Muitas nações bárbaras receberam seu conhecimento dos Mistérios em honra dessas divindades. Os Mistérios de Elêusis, celebrados em Atenas, em honra de Ceres, absorveram, por assim dizer, todos os outros. Estenderam-se através do Império Romano e ainda além de seus limites. Aristides chamou-os de “o templo comum de todo o mundo”.
Não é surpreendente dar-se conta que os ensinamentos desses antigos Mistérios têm relação pelo menos com os da Ordem Rosacruz, quando se trata dos Mistérios ou Iniciações Menores. Platão afirmou que o objetivo dos Mistérios era converter a alma à sua pureza primitiva e a esse estado de perfeição o qual havia perdido. A pureza moral e a elevação da alma eram requisitos indispensáveis aos Iniciados. Esses eram considerados os únicos indivíduos afortunados, os possuidores de incomuns virtudes, talvez viessem da Índia, porque todas velhas nações eram acordes em chamar a Ásia de o “berço da raça humana”. E a Filosofia Rosacruz ensina que os Semitas Originais, a quinta Raça atlante, surgiu do continente condenado, sendo conduzida a vagar pelo deserto de Gobi, até que uma nova Terra fosse preparada para eles. Durante esse intervalo de sua peregrinação, a maioria desobedeceu às instruções recebidas, deveriam manter puro seu sangue, casando-se com as “filhas dos homens”, enquanto as tribos fiéis extraviaram-se e pereceram. Mas, embora seus corpos morressem, renasceram na Terra Prometida, tal como é hoje, na forma da Raça Ária.
A corrente de vida humana fluiu para a Índia, China, Egito, Arábia e Fenícia. Assim, os Semitas Originais chegaram a ser a semente das sete Raças da presente Época. No Egito, toda Religião, ainda que em suas piores formas, era em menor ou maior grau um Mistério. A teologia popular e superficial deixava um anelo insatisfeito nas almas. A Religião, não obstante, poderia suprir e satisfazer os pensamentos mais profundos e as aspirações do ser. Nota-se aí um paralelo com condições atuais.
A Fraternidade Rosacruz esforça-se em ensinar a Religião Cristã com a pureza dos primeiros tempos, sem obscurecê-la com a teologia e dogmatismo do Cristianismo popular. E por meio desses Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, o Estudante Rosacruz obtém o conhecimento de como se tornar um Aspirante à vida superior, se preparando para as Iniciações Menores e depois para as Iniciações Maiores ou Cristãs na Ordem Rosacruz.
Há outra coisa em comum entre os antigos Mistérios e os do nosso tempo. Os poderes reverenciados nesses Mistérios dizem respeito à realidade dos deuses da Natureza. Os Mistérios ensinavam a doutrina da Divina Unidade. A essência de todos os antigos Mistérios girava em torno do conceito de um Ser inacessível, uniforme e eterno. Eram um drama sagrado exibindo alguma lenda significativa das transformações da natureza do Universo visível, na qual se revelava a Divindade. O método da sugestão indireta por meio da alegoria ou símbolo é mais eficaz que a linguagem. O mesmo método Cristo, nosso Mestre e Salvador, usou em Suas pregações populares durante Seu ministério. Os espetáculos dos Mistérios continham sugestões, quando não lições adaptadas para contribuir à elevação do caráter dos espectadores, ensejando-lhes vislumbrar algo do propósito da existência.
Sem dúvida, as cerimônias de Iniciação foram originalmente poucas e simples. Porém, como as grandes verdades da primitiva revelação se dissiparam da memória dos povos e a perversidade estendeu-se sobre a Terra, chegou a ser necessária a discriminação, requerendo-se mais tempo de prova e experiência aos candidatos. Pelo revelado nas grandes obras pictóricas, em especial nas obras Cristãs, os escritores deduziram que os Mistérios não só existem originalmente, como também se mantiveram rodeados de uma essência de pureza.
Antigamente, as cerimônias da Iniciação celebravam-se na quietude da noite, bem no “interno” da Terra ou no centro de uma pirâmide. Inumeráveis cerimônias, algumas aterradoras e outras plenas de inspiração, foram agregadas de tempos em tempos aos símbolos dos conhecimentos originais. No livro Cristianismo Rosacruz de Max Heindel-Fraternidade Rosacruz, conferência n.º 9, lemos: “As investigações baseadas nas imperecíveis imagens encontradas na Memória da Natureza, fixam a data da construção da grande pirâmide de Gizeh em 250.000 anos A.C., aproximadamente, quando era empregada como templo de Iniciação nos Mistérios e era o lugar onde se guardava um grande talismã”.
Encontramos vários Mistérios na Idade Média. Os Trotes do norte da Rússia ensinavam uma fase dos Mistérios do mundo. Os outros eram os Cavaleiros da Távola Redonda do rei Artur, e os Druidas da Irlanda. No norte da Espanha existiu o Mistério do Santo Graal. A lenda de Parsifal faz alusão aos Santos Cavaleiros, moradores do Castelo de Monte Salvat.
Na conferência n.º 17 do livro “Cristianismo Rosacruz” lemos: “Esse Mistério era custodiado por um grupo de santos cavaleiros residentes no Castelo de Monte Salvat e seu grande propósito era proclamar à humanidade, as grandes verdades espirituais em forma inteligível, apresentando por meio de imagens o que o intelecto não poderia compreender diretamente”. Os antigos Mistérios (os da Idade Média) e os de hoje são o trabalho de grandes instrutores que nos guiam em nossa evolução.
Na Fraternidade Rosacruz, o Estudante Rosacruz pode obter uma sabedoria e compreensão incomensuráveis desde que se esforce por viver a vida.
Que possamos ser guiados na busca da perfeição, não por ganância ou vaidade pessoal, mas como trabalhadores na “Vinha do Senhor”, o Cristo, nosso Salvador.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1974-Fraternidade Rosacruz-SP)
A relação do ser humano com Cristo e com o mundo é um tema abordado no Evangelho Segundo São João, capítulo 15: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim não der fruto ele corta. E tudo o que dá fruto, limpa para que produza mais frutos ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado. Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir frutos de si mesmo, se não permanecer na videira, assim nem vós o podeis dar se não permanecer em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora à semelhança do ramo e secará, e o apanham, lançam no fogo e queimam”.
Mas, como se dá essa relação? Consideremos, primeiramente, que o universo é como um todo harmônico. Se uma célula do nosso corpo tivesse consciência individual ela nos veria como um universo, isto é, como um conjunto regido por lei imutáveis, perpassado e vivificado por energias em fluxo constante.
No livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” Max Heindel se refere a Deus afirmando: “É uma verdade literal que n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser, porque ninguém pode existir fora das grandes inteligências que, com sua vida, interpenetram e sustentam os Mundos”. Então, todos os seres da Criação, independentemente da Onda de Vida a que pertençam, indissoluvelmente ligados a esse processo cósmico, em que recebem e irradiam energia.
Nós, seres humanos, recebemos particularmente a energia que o Cristo difunde nesse Planeta e a irradiação nas mais variadas formas. Ora, o que mantém os ramos de uma videira vivos e capacitados a produzir frutos é o fato de a ela os ramos estarem ligados e dela receberem a seiva vivificadora. Sem esse fluxo vital os ramos não produzem frutos. Mas, com o tempo secam e acabam morrendo. Analogamente, podemos considerar o Cristo como sendo a videira e a humanidade são os ramos a ela ligados. A chave da questão chama-se consciência. Nosso grau de consciência indica em que grau estamos ligados à videira, ou seja, ao Cristo.
Mas não estamos ligados ao Cristo, sabendo-se que Ele assumiu a regência e a salvação do nosso Planeta? SIM, porém há uma diferença entre estar em Cristo e estar ligado ao Cristo. Estar ligado ao Cristo é estar consciente desse fato e viver de acordo com ele. É fazer-se sensível e receptivo aos desígnios divinos, tornando-se um canal por onde possam fluir as bênçãos Crísticas. Um cano d’água está ligado ao reservatório através de todo o sistema hidráulico. Quando a água flui pelo cano, é o primeiro a molhar-se, ou seja, a beneficiar-se. Agora, se o registro permanecer fechado a água não circulará. O destino da água é abastecer a população, irrigar o solo, dessedentar animais, levando vida a todas as paragens. Isso é produzir frutos. Se tal não ocorrer, o cano será um elemento inútil, podendo ser retirado e lançado ao lixo. Quando a vida de uma pessoa se harmoniza com o Divino Plano da Evolução, ela está ligada ao Cristo e produz frutos.
(de Gilberto A. V. Silos – Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1975 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Como todos os símbolos que temos, os significados da cruz são muitos. Um deles é que ela é o símbolo oculto da vida humana em sua relação com as correntes vitais.
Ou como disse Platão: “A Alma do Mundo está crucificada”. Ou seja, no Mundo Físico temos Quatro Reinos de vida ou Ondas de Vida que estão representados na cruz: Mineral, Vegetal, Animal e Humano.
O Reino Mineral constitui-se de todas as substâncias químicas, qualquer tipo que seja; assim, a cruz feita de qualquer material dessa Região Química é o símbolo desse Reino.
A parte inferior da cruz é o símbolo do Reino Vegetal, porque tem as suas raízes na Terra química e porque os Espíritos-Grupo que dirigem os seres do Reino Vegetal estão no centro da Terra de onde enviam as correntes espirituais em direção à periferia da Terra.
A parte horizontal da cruz é o símbolo do Reino Animal, porque sua espinha dorsal é horizontal e por ela passam as correntes espirituais dos Espíritos-Grupo que dirigem os animais, e que tem uma direção circundante à Terra.
A parte superior da cruz é o símbolo do Reino Humano, porque o ser humano é um ser vegetal invertido.
Senão vejamos:
Outro significado da cruz é a sua representação como o conflito entre as duas naturezas aludidas por São Pedro em sua Primeira Epístola (2:1): “Eu vos rogo que vos abstenhais dos desejos carnais que lutam contra a alma.”.
Nesse sentido, são muito significativas as palavras de Cristo que temos no Evangelho Segundo São Mateus (16:24): “Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.”.
Para muitos parecem dura essas palavras. Muito mais duro, porém, será de ouvir aquela sentença final: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno” (Mt 25:41).
Pois a orientação do Esquema de Evolução traçado pelo nosso Pai e Criador, Deus do nosso Sistema Solar, é clara: uma vez conquistado, dominado e aprendido a trabalhar conscientemente com o material químico da Região Química do Mundo Físico, devemos partir para a Região Etérica do Mundo Físico.
Já alcançamos o nadir da materialidade, o ponto mais denso da Região Química do Mundo Físico, e conquistamos a Região Química do Mundo Físico, ainda lá na segunda fase da Época Atlante (hoje já estamos na Época Ária).
Para isso, devemos nos desapegar de tudo que tenha a conotação de posse material, de egoísmo, de ignorância, de preguiça, de desperdício, de foco nessa Região Química do Mundo Físico.
Em outras palavras, saibamos ou não já cumprimos a nossa missão de descida dos Mundos suprafísicos para essa parte do Mundo Físico, qual seja:
Agora é tempo de voltar para o Pai. Esse tempo foi anunciado por Cristo, nosso único Mestre e Salvador há mais dois mil anos atrás.
E o que significa voltar?
Significa entrar numa nova etapa da evolução, agora na direção “para cima e para frente”.
Aprendendo, daqui:
Caso insistamos em nos manter voltados para esse Mundo material, perdendo totalmente o interesse em construir o Corpo-Alma (por meio da insistência de permanecemos em egoísmo maldade e desperdício), então ouviremos a sentença final expressa no Evangelho Segundo São Mateus (25:41): “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno”. Quando da volta do Cristo em seu Corpo Vital, Ele espera cada um de nós com o Corpo-Alma construído e nele funcionando conscientemente. Essa sentença que lemos acima no Evangelho, simplesmente, significa perder toda a chance de evolução nesse Esquema de Evolução atual e ter que esperar o próximo Dia de Manifestação num cone sombrio de uma Lua qualquer.
Sabendo das dificuldades que uma Onda de Vida tem de se desvencilhar dos costumes cristalizados, quando da sua imersão no Mundo mais denso que teve que ir, foi nos dada, e continua sendo, muita ajuda, exemplos de vida e motivação para podermos soltar as amarras que nos prendem nesse Mundo de ilusões.
Tomar a nossa Cruz é assumir a responsabilidade e a atitude de voltar à casa do Pai. É ser o Filho Pródigo, aquele da Parábola que podemos ler no Evangelho Segundo São Lucas (15:11-32), no seu retorno à casa do Pai:
“Disse ainda: “Um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, ajuntando todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa. E gastou tudo. Sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai. Ele estava ainda ao longe, quando seu pai o viu, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho, então, disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois, este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!’ E começaram a festejar. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’ Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois, esse teu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado!’”.
A dificuldade está em continuar vivendo nessa Região Química do Mundo Físico, estando aqui, aprendendo os milhões de lições que ainda temos a aprender, mas não ser mais desse Mundo (“estar no mundo, mas não ser do mundo”), não o ter como fim da nossa existência, como objetivo da nossa vida a busca da felicidade nesse mundo.
É comum falar de um sofrimento, de uma limitação física ou de uma dura experiência como uma “cruz que se carrega”. Em certo sentido a comparação é exata, principalmente se a aflição foi causada por outra pessoa.
Nesse sentido podemos citar o sofrimento do Cristo pela humanidade, que levou na Cruz todos os pecados, todas as maldades, todo o egoísmo do mundo de então.
Quando Cristo disse que: “tome sua cruz e siga-me” está nos chamando para assumirmos as nossas limitações, as nossas imperfeições. Não é um trabalho suave. Romper com as próprias fraquezas exige um esforço hercúleo. Os apelos do mundo são mais envolventes que o chamamento espiritual.
Está nos dizendo para pararmos de dissimularmos, de utilizar a nossa Personalidade como máscara, achando que estamos enganando a todos, escondendo, dentro de nós, toda a podridão que existe.
A hipocrisia, a avareza, o egoísmo, a mentira, a astúcia, a ignorância são as barreiras que os impedem de caminhar na direção correta.
Preferimos esconder tais vícios achando que ninguém está vendo e que podemos utilizar tais “ferramentas” a nosso bel prazer.
Tomando a nossa cruz estamos dizendo que aceitamos aprender aquilo que planejamos aprender nessa vida; que aceitamos nossas imperfeições – sabendo que tanto aquilo que aceitamos aprender como as nossas imperfeiçoes fomos nós mesmos que escolhemos no Terceiro Céu quando estávamos nos preparando para renascer aqui –; que estamos conscientes que aquilo que agora não temos podemos conseguir no futuro. Afinal, não é dito que: “aquele que compreende a própria ignorância deu o primeiro passo para o conhecimento”?
Outro significado é a indicação do caminho do verdadeiro Aspirante à Vida espiritual. Mostra-nos que, cada um de nós, como um Ego humano (um Espírito Virginal manifestado aqui), está crucificado na matéria, seja Física, Etérica, de Desejos ou Mental. Essa crucificação turva nossa consciência nesses Mundos e como sofremos por não podermos atuar nesses Mundos como queremos. A ilusão imposta por essa crucificação resulta em todos os sofrimentos pelos quais passamos.
Já a inscrição colocada na cruz de Cristo nos indica o Aspirante à vida superior crucificado. INRI, traduzida erroneamente como Iezus Nazarenus Rex Iudeoros, contém um simbolismo muito mais forte do que isso. Representa o ser humano composto, o Pensador, no momento de seu desenvolvimento espiritual, quando começa a se libertar da cruz de seu Corpo Denso.
Senão vejamos:
Assim, o ser humano, Aspirante a vida Superior, no momento que começa a se libertar da cruz desse seu Corpo Denso inicia esse processo:
Por que então tememos tomar a cruz pela qual se caminha ao Reino do Céus?
Que As Rosas Floresçam Em Vossa Cruz
Um aluno nos enviou o seguinte recorte do Kansas City Post e imaginamos que ele mereça algum comentário; é interessante, por estar de acordo com os Ensinamentos Rosacruzes em certos pontos.
A guerra completou a conquista do ar pelo ser humano. Isso trouxe à tona uma teoria científica de que o ser humano algum dia poderá voar com suas próprias asas, sem a ajuda de máquinas. Esse seria o último passo para realizar o antigo sonho de conquistar o ar.
A ciência pode manipular o embrião humano de modo a recriar o poder de vôo possuído por seus progenitores anfíbios, na história evolutiva da criação? Pelo menos um cientista distinto acredita que essa concepção fantástica não seja totalmente impossível.
Ele é o Dr. George C. Shinji, biólogo japonês há anos ligado à Universidade de Missouri e agora realizando um incrível conjunto de experimentos para a Universidade da Califórnia.
Já tendo demonstrado em milhares de casos que o crescimento ou ausência de asas em insetos pode ser determinado positivamente, ele cita a crença comum do ser humano em Anjos alados como um suporte lógico para a teoria de que ele também possa navegar pelos céus.
Em mais de 10.000 experimentos com pulgões de rosa ou piolhos de plantas verdes, o Dr. Shinji conseguiu produzir insetos alados ou sem asas através de um processo de alimentação, após o período de incubação.
Se o pulgão receber álcool, vinagre, fermento em pó ou sais de álcalis, ele se tornará uma criatura sem asas. Ao alimentar o mesmo embrião com sais de Epsom, açúcar ou magnésio, ele invariavelmente desenvolverá um par de asas robustas.
“Da mesma maneira”, diz o Dr. Shinji, “peixes e certas aves foram transformadas em espécies aladas ou sem asas”. “Meus experimentos com pulgões, assim como os do Prof. W. T. Clarke e do Sr. J. D. Neills, provaram de modo inconstestável que o crescimento das asas depende do tipo de alimento fornecido ao inseto, dentro de um certo período após o nascimento.”
“Nossos experimentos, embora mais ou menos elementares, indicam que o mesmo processo possa ser aplicado a formas superiores de vida, com resultados semelhantes; não vejo razão para que eles não possam ser levados até o ser humano.”
O mito e a história aceita da criação evolucionária são curiosamente harmoniosos em dar validade às previsões surpreendentes do Dr. Shinji. Houve Ícaro, da lenda grega, que, desejando subir aos céus, construiu um par de asas e prendeu aos ombros com cera. Colocando seu anseio e desespero de conquistar o éter nessa aventura, eles disseram que ele caiu quando o sol derreteu a cera.
Existe o sonho do ser humano comum de voar, sonho que quase todo jovem tem de várias formas. Uma vaga lembrança, diz a ciência, dos dias antediluvianos, quando os progenitores do ser humano enfrentavam os ventos. Há a incrível aventura dos homens que lutaram nas batalhas do céu durante esta guerra — homens cujo instinto de voo e equilíbrio pareciam exceder em muito a qualquer mero treinamento técnico. E há a dedução biológica, baseada no fato de que todo ser humano tem em seu corpo rudimentos de órgãos antes usados, mas agora atrofiados por eras de desuso. Talvez, especulam Shinji e outros biólogos, haja algum rudimento de asa humana que possa se desenvolver quando o segredo tiver sido totalmente revelado.
“De qualquer forma”, afirma o investigador japonês, “se novas plantas podem ser desenvolvidas pelo cruzamento científico entre espécies e se a vida animal pode ser dirigida por alimentação e seleção”, está longe de ser absurdo acreditar que esses mesmos processos possam ser aplicados a formas mais elevadas da vida animal. “Asas para o ser humano — por que não? Talvez algum dia ele consiga voar sem o uso de aviões”.
Há, como dissemos, vários pontos interessantes nesste artigo. Em primeiro lugar, podemos notar que o Dr. Shinji afirma que, quando deu álcool aos pulgões com os quais fez os experimentos, eles se transformaram em criaturas sem asas, condenadas a se arrastar laboriosamente pela superfície da Terra; mas quando se alimentaram de açúcar, cresceram asas neles para subir ao céu. Em nosso Conceito Rosacruz do Cosmos e em outros lugares, mostramos como os alimentos cárneos e o álcool foram introduzidos na dieta humana, pelas Hierarquias Criadoras que guiam nossa evolução, com o propósito preciso de perdermos a nossa visão e poderes espirituais e nos fazer esquecer a nossa descendência divina para que aprendessemos as lições do Mundo material, a Região Química do Mundo Físico, com todo o nosso coração e e com toda a nossa vontade.
Como servos de Baco, nós nos tornamos seres da Terra, terrenos em maior grau do que imaginamos e é uma tarefa difícil nos levantar do atoleiro do materialismo, agora que está chegando o tempo de compensar nossa perda e desenvolver melhores faculdades e poderes maiores do que aqueles que possuíamos em épocas passadas.
Dissemos que o açúcar – não o refinado, mas o mascavo, o melado – é o novo alimento que vencerá o álcool e nos ajudará a cultivar a Individualidade que foi sacrificada ao “deus da uva”, que há tanto tempo escravizou o espírito do ser humano pelo espírito do vinho, que é fermentado fora do corpo humano e, por isso, é um espírito estranho, inimigo do ser humano. O espírito do açúcar, por outro lado, está sujeito ao espírito humano em cujo domínio corporal é fermentado e, portanto, dissemos que o açúcar é um estimulante seguro e fonte de energia. Tem sido amplamente demonstrado nos últimos anos que o açúcar substitui as bebidas espirituosas como estimulante, mas não tem nenhum dos efeitos nocivos do licor; portanto, está entrando em uso mais geral ano após ano.
Também é demonstrável que as nações que utilizam maior quantidade de açúcar per capita são as mais altruístas e avançadas. O açúcar está decompondo os grilhões do materialismo e nos tornando mais inclinados ao idealismo e à espiritualidade. Assim, os elementos grosseiros e sólidos do Corpo Denso estão desaparecendo. Estamos nos tornando mais refinados e os éteres que permeiam o Corpo Denso estão mais livres para vibrar. Isso nos torna mais sensíveis às vibrações psíquicas e abre caminho para a liberação do Corpo-Alma, composto pelos dois Éteres superiores do Corpo Vital. Quando esse ponto é alcançado, o corpo físico pode voar e voa mesmo, porque esse Corpo mais sutil não está sujeito à gravitação nem é sensível ao frio ou ao calor. Nós nos sentiremos perfeitamente à vontade se optarmos por voar para o Polo Norte, entrar na cratera de um vulcão ou explorar os mistérios das profundezas do oceano.
Então, a velocidade de um avião também parecerá um passo de caracol, pois o Ego se move com a velocidade da eletricidade; isto é, pode dar a volta em torno globo em um minuto ou menos. Nem pode ele ser ferido por colisão, pois as formas etéricas passam facilmente umas pelas outras sem perder consciência ou identidade.
Isso provavelmente soará como um conto de fadas para os desinformados, mas é um fato absoluto, testado e comprovado por milhares de pessoas sensatas todos os dias, por muitos anos, e o número está aumentando rapidamente, de modo que podemos esperar a qualquer dia ver estabelecido como um “fato científico” que o corpo físico possa voar e realmente voa mais rápido, e sem asas, do que agora com o avião.
“O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do espírito.” (Jo 3:8).
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro/1919 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)