Este livro contém os últimos escritos de Max Heindel, o místico. Nele temos alguns dos pensamentos mais profundos dele e são o resultado de anos de pesquisa e investigação oculta. Ele, também, poderia dizer como Parsifal: “Por meio do erro e do sofrimento, através de muitos fracassos e de incontáveis sofrimentos, arrependimentos e dores, eu vim”. Finalmente, foi fornecida a ele a água vivificante com a qual pôde saciar a sede espiritual de muitas almas. Ele, também, desenvolveu profundamente a piedade, o amor e pôde sentir o palpitar do coração da humanidade sofredora.
Aqui encontramos vinte e quatro lições que foram, originalmente, enviadas aos Estudantes Rosacruzes. É um desejo da autora desta introdução, que essas lições possam levar uma mensagem de amor e ânimo às almas famintas e esperança aos desconsolados.
Há 4 meios de você acessar esse Livro:
1. Em formato PDF (para download):
Coletâneas de um Místico – por Max Heindel – Fraternidade Rosacruz em PDF
2. Em forma audiobook ou audiolivro:
Audiobook – Coletâneas de um Místico – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
3. Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube que é esse:
https://www.youtube.com/@fraternidaderosacruzcampinasbr/videos
onde você encontra o videobook ou videolivro desse livro aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=EpybMWCmVWo&list=PLEXN-V28CRa3ZVnRTHxAkeOBSwHw2kYmM
4. Para estudar no próprio site (ou para fazer download ou imprimir):
COLETÂNEAS DE UM MÍSTICO
Por
Max Heindel
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1922, Gleanings of a Mystic, editada por The Rosicrucian Fellowship
1ª Edição em Português, 1986, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
O conteúdo desse livro está entre os últimos escritos de Max Heindel, o Místico. Eles contêm alguns de seus pensamentos mais profundos e são o resultado de anos de pesquisa e investigação ocultas. Ele, também poderia dizer como disse Parsifal: “Eu vim através do erro e por meio do sofrimento; vim através de muitos fracassos e por meio de incontáveis angústias”. Finalmente, a ele foi fornecida a água vivificante com a qual foi capaz de saciar a sede espiritual de muitas almas. Ele, também, desenvolveu profundamente a piedade e o amor e pôde sentir o palpitar do coração da Humanidade sofredora.
Normalmente, as almas fortes são dotadas de grande energia e impulso e, por meio dessas mesmas forças, com dispêndio de muito esforço chegam às primeiras fileiras, embora muitas vezes sofram muito. Como resultado disso, eles sentem imensa compaixão pelos outros. O autor dessas lições sacrificou esse seu Corpo Denso no altar do serviço.
Ao escrever os livros e as lições mensais da Fraternidade, em suas palestras e aulas, e no árduo trabalho pioneiro de fundar a Sede Mundial no curto período de dez anos, Max Heindel realizou mais do que muitos, que são abençoados com uma ótima saúde, poderiam ter realizado em toda a vida. Seu primeiro livro, sua obra-prima, “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, foi escrito sob a orientação direta dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Esse livro leva uma mensagem vital para o mundo. Satisfaz não apenas o intelecto, mas também o coração. Seu livro “A Maçonaria e o Catolicismo” pode ser encontrado em muitas bibliotecas maçônicas. O Ocultista tem aprendido muito com o estudo do livro “A Teia do Destino”, que é uma fonte de conhecimentos místicos e de proveitosas verdades ocultas. É também um guia para o investigador, quando indica os sinais de perigo aos aventureiros que desejam tomar o céu por assalto. Para a Ciência da Astrologia, ele forneceu, em poucos anos, mais informações do que haviam sido fornecidas anteriormente, em séculos. Seus dois valiosos trabalhos, “Astrologia Científica Simplificada” e “A Mensagem das Estrelas” tratam amplamente dos aspectos espirituais e da saúde e respectivos tratamentos de doenças da Astrologia. A obra “A Mensagem das Estrelas” fornece os métodos de diagnóstico e de cura, o que constitui um acréscimo valioso para os trabalhos de outros autores, tanto antigos quanto modernos. Esses livros podem ser encontrados nas bibliotecas de muitos profissionais da saúde da escola antiga.
Em “Coletâneas de um Místico” encontramos vinte e quatro lições que foram, originalmente, enviadas aos Estudantes. É um desejo da autora desse prefácio que essas lições levem uma mensagem de amor e ânimo aos leitores com sede de conhecimentos espirituais e esperança aos desconsolados.
Augusta Foss Heindel
Sumário
CAPÍTULO I – INICIAÇÃO: O QUE É E O QUE NÃO É – PARTE I. 7
CAPÍTULO II – INICIAÇÃO: O QUE É E O QUE NÃO É – PARTE II. 13
CAPÍTULO III – O SACRAMENTO DA COMUNHÃO – PARTE I. 19
CAPÍTULO IV – O SACRAMENTO DA COMUNHÃO – “em memória de Mim” – PARTE II. 24
CAPÍTULO V – O SACRAMENTO DO BATISMO.. 30
CAPÍTULO VI – O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO.. 37
CAPÍTULO VII – O PECADO IMPERDOÁVEL E AS ALMAS PERDIDAS. 43
CAPÍTULO VIII – A IMACULADA CONCEPÇÃO.. 48
CAPÍTULO IX – A VINDA DO CRISTO.. 54
CAPÍTULO X – A PRÓXIMA ERA.. 60
CAPÍTULO XI – A CARNE ANIMAL E A BEBIDA ALCOÓLICA COMO FATORES NA EVOLUÇÃO.. 66
CAPÍTULO XII – UM SACRIFÍCIO VIVENTE.. 71
CAPÍTULO XIII – A MAGIA BRANCA E A MAGIA NEGRA.. 77
CAPÍTULO XIV – NOSSO GOVERNO INVISÍVEL.. 83
CAPÍTULO XV – PRECEITOS PRÁTICOS PARA PESSOAS PRÁTICAS. 89
CAPÍTULO XVI – O SOM, O SILÊNCIO E O CRESCIMENTO ANÍMICO.. 95
CAPÍTULO XVII – O “MAGNO MISTÉRIO” DA ROSACRUZ.. 103
CAPÍTULO XVIII – PEDRAS DE TROPEÇO.. 110
CAPÍTULO XIX – A ECLUSA DA ELEVAÇÃO.. 118
CAPÍTULO XX – O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA – PARTE 1. 123
CAPÍTULO XXI – O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA – PARTE 2. 130
CAPÍTULO XXII – O CRISTO RECÉM-NASCIDO.. 136
CAPÍTULO XXIII – PORQUE SOU UM ESTUDANTE ROSACRUZ.. 141
CAPÍTULO XXIV – O OBJETIVO DA FRATERNIDADE ROSACRUZ.. 147
Frequentemente recebemos perguntas referentes à Iniciação e, também com frequência, nos pedem para informar se essa ordem ou aquela sociedade é genuína e se as Iniciações que elas oferecem aos interessados – algumas estipulando até o preço – são “feitas de boa-fé, sem fraude ou engano”. Por essa razão, nos parece necessário escrever uma exposição sistemática sobre o assunto, incluindo uma discussão metódica dos fatos e princípios envolvidos e uma conclusão clara, para que os Estudantes da Fraternidade Rosacruz possam ter um esclarecimento oficial que lhes sirva de referência e orientação no futuro.
Em primeiro lugar, deixemos aqui bem claramente entendido que nós consideramos repreensível expressar uma condenação sobre qualquer ordem ou sociedade, independentemente do que ela pratique. Pode ser perfeitamente sincera e honesta, de acordo com a sua luz. Não acreditamos que possamos nos elevar no conceito das pessoas discriminando homens e mulheres por meio de menções em termos depreciativos; nem labutamos sob a falsa crença que nós temos toda a verdade e que as outras sociedades estão imersas nas trevas. Reiteramos o que muitas vezes já dissemos, que todas as Religiões foram dadas à Humanidade pelos Anjos do Destino, que conhecem as necessidades espirituais de cada classe, nação e povo, e têm a inteligência de fornecer a cada uma a forma de adoração perfeitamente ajustada à sua necessidade em particular; assim, o Hinduísmo é apropriado ao indiano, o Islamismo ao árabe e a Religião Cristã aos nascidos no hemisfério ocidental.
As Escolas de Mistérios de cada Religião fornecem aos membros mais avançados do povo ou nação que a adote um ensinamento mais elevado, o qual, se vivenciado, os promovem a uma esfera superior de espiritualidade em relação aos seus irmãos da mesma Religião. Mas, assim como a Religião das Raças mais atrasadas é de uma ordem mais inferior que a Religião dos pioneiros, os povos Cristãos, assim também os Ensinamentos das Escolas de Mistérios Orientais são mais elementares que os do Ocidente, e o Iniciado hindu ou chinês está em um grau de realizações correspondentemente inferior ao do Místico ocidental. Por favor, pondere isso muito bem, para que você não seja mais uma vítima de pessoas mal-informadas que tentam persuadir os outros dizendo que a Religião Cristã é cruel, comparada com os cultos orientais. Sempre para o oeste, seguindo o sol brilhante, a luz do mundo, caminhou a estrela do império e, não é razoável supor que a luz espiritual acompanhou a civilização ou, até mesmo, a precedeu do mesmo modo que o pensamento precede a ação? Nós sustentamos que esse é o caso, que a Religião Cristã é a mais elevada, em caráter e em espírito, já fornecida ao ser humano, e que repudiá-la, seja esotericamente ou exotericamente, por qualquer outro sistema mais antigo, é análogo a preferir livros científicos desatualizados ao invés dos mais novos que contém as descobertas recentes.
Nem as práticas, executadas pelos aspirantes orientais para uma vida mais elevada, devem ser imitadas pelos Aspirantes à vida superior ocidentais; referimo-nos, particularmente, aos exercícios respiratórios. Esses são benéficos e necessários ao desenvolvimento do hindu, mas a mesma coisa não se aplica ao Aspirante à vida superior ocidental. Para ele, é perigoso praticar tais exercícios de respiração, almejando o desenvolvimento anímico; esses exercícios se provarão, até mesmo, ser uma causa de atraso ou interrupção do desenvolvimento anímico, e inclusive são absolutamente desnecessários. A razão é explicada a seguir.
Durante a Involução, o Tríplice Espírito, gradualmente, se incrustou em um Tríplice Corpo. Na Época Atlante, o ser humano estava no Nadir da Materialidade. Presentemente, estamos circulando pelo ponto mais baixo no arco da Involução e começamos a subir o arco da Evolução. Nesse ponto, então, toda a Humanidade está enclausurada nesta prisão terrestre, e de tal forma que as vibrações espirituais estão quase extintas. Isso é, claro, particularmente verdade para as raças atrasadas e para as classes mais inferiores do mundo ocidental. Os átomos nos corpos das pessoas dessas raças atrasadas estão vibrando com uma intensidade extremamente baixa, e quando, com o decorrer do tempo, uma dessas pessoas se desenvolve a um ponto em que é possível elevar o seu tom vibratório no caminho da realização, se faz necessário aumentar essa velocidade de rotação vibratória do átomo para que o Corpo Vital, que é o agente do crescimento oculto, possa ser, até certo ponto, liberado da força enfraquecedora do átomo físico. Esse resultado é atingido por meio de exercícios respiratórios que, com o tempo, aceleram a vibração do átomo e permitem o crescimento espiritual necessário para que o indivíduo consiga atingir esse estado.
Esses exercícios também podem ser praticados por muitas pessoas no mundo ocidental, particularmente por aquelas que não estão de fato interessadas no desenvolvimento espiritual. Mas, mesmo entre aquelas que desejam o crescimento anímico, há muitas ainda que não atingiram o ponto em que os átomos dos seus corpos tenham evoluídos a um tom de vibração que uma aceleração, além da usual, poderia prejudicá-las. Nesses casos, os exercícios respiratórios não causariam nenhum dano; mas, se forem fornecidos a uma pessoa que, realmente, tem a capacidade de entrar no caminho do desenvolvimento, normalmente preparado para os precoces irmãos e irmãs Hinduístas no oeste, ou em outras palavras, quando ela está quase pronta para a Iniciação e poderia ser beneficiada por exercícios espirituais, então, o caso se torna bem diferente.
Durante todo um período incomensuravelmente longo que nós percorremos na evolução, desde quando estávamos em corpos indianos, os tons vibratórios dos nossos átomos vêm acelerando enormemente e, como foi explicado no caso da pessoa que está, realmente, quase pronta para a Iniciação, o tom de vibração está mais elevado do que o da média dos outros seres humanos. Portanto, a pessoa não precisa dos exercícios respiratórios para acelerar esse grau, mas de certos exercícios espirituais, individualmente adequados, que a fará avançar no caminho certo. Se nesse período crítico, ela encontra alguém que, ignorante e inescrupulosamente, lhe fornece exercícios respiratórios, e se ela segue as instruções fidedignamente na esperança de obter resultados mais rápidos, ela os obterá rapidamente, mas não da forma que esperava, pois a taxa vibratória dos átomos em seu corpo se tornará, em muito pouco tempo, acelerado a um tom que se assemelhará como se ela estivesse caminhando no ar; então, também, poderá ocorrer uma divisão imprópria no Corpo Vital, e um desgaste físico ou uma doença mental grave se seguirá. Agora, por favor, grave bem em sua consciência e com letras de fogo, o seguinte: a Iniciação é um processo espiritual, e o progresso espiritual não pode ser concluído por meios físicos, mas somente por exercícios espirituais.
Existem muitas ordens no ocidente que alegam iniciar qualquer pessoa, desde que pague por isso. Algumas dessas ordens têm nomes muito parecidos com o nosso e muitos Estudantes Rosacruzes, constantemente, nos perguntam se estão afiliadas a nós. A fim de resolver essa questão de uma vez por todas, por favor, percebam que a Fraternidade Rosacruz tem ensinado constantemente que nenhum dom espiritual pode ser negociado por dinheiro. Se você pensar nisso especialmente como um alerta, você poderá deduzir que nós não temos conexão com qualquer ordem que solicite dinheiro para a transferência de nenhum tipo de poder espiritual. Aquele que tem algo a oferecer de natureza verdadeiramente espiritual, não o permutará por dinheiro. Recebi uma injunção particular a esse respeito dos Irmãos Maiores no Templo Rosacruz, quando me disseram para ser o mensageiro deles no mundo de língua inglesa, uma declaração que não tenho a expectativa que você acredite, salvo se você vir que ela é justificada pelos seus frutos.
Agora, então, voltemos à Iniciação. O que é? É uma cerimônia da forma como é afirmada por certas ordens? Se assim for, qualquer ordem poderá, certamente, inventar cerimônias de um tipo mais ou menos elaborado. Podem, por meio de vestes esvoaçantes e cruzamento de espadas, apelar para as emoções; podem apelar para o senso de deslumbramento e de emoção que combina de forma variada o temor, a veneração e a admiração – inspirada pela autoridade – chacoalhando correntes e ressoando fortemente gongos e, assim produzir em seus membros uma “sensação oculta”. Muitos se deleitam com as aventuras e experiências do herói do “O Irmão do Terceiro Grau”[1], pensando que isso é, de fato, Iniciação, mas eu asseguro que isso está muito longe de ser Iniciação. Nenhuma cerimônia pode fornecer a alguém a experiência interna que constitui a Iniciação, não importa quanto foi pago ou quão impactante foi a declaração solene da verdade ou inviolabilidade das palavras de alguém, quão terrível ou linda foi a cerimônia, ou quão deslumbrantes são as vestimentas, o fato é que não é passando por uma cerimônia que se pode converter um pecador em um santo, pois a conversão é, para o religioso exotérico, exatamente o que a Iniciação é para o misticismo mais elevado. Por favor, considere esse ponto com muito cuidado e terá a chave do problema.
Você acha que alguém poderia se aproximar de uma pessoa de caráter depravado, concordar em convertê-la em troca de uma certa soma de dinheiro e cumprir com a parte dele no acordo? Certamente, você sabe que nenhuma quantia de dinheiro poderia realizar essa transformação no caráter de um ser humano. Pergunte a um verdadeiro convertido onde e como obteve a sua religiosidade. Um poderá lhe dizer que a recebeu na estrada, enquanto caminhava; outro lhe dirá que a luz e a sua transformação o alcançaram na solidão do seu quarto; outro, ainda, que a luz incidiu sobre ele, como aconteceu a São Paulo na estrada de Damasco, convertendo-o. Cada um tem uma experiência diferente, mas, em cada caso, é uma experiência interna e a manifestação externa dessa experiência interna é que transforma toda a vida do ser humano, desde o menor até os maiores de todos os seus aspectos.
Assim, tudo isso acontece, também, com a Iniciação; ela é uma experiência interna, totalmente separada e à parte de qualquer cerimonial e, portanto, é uma impossibilidade absoluta que alguém possa vendê-la para qualquer outra pessoa. A Iniciação transforma por completo a vida de um ser humano. Fornece a ele uma confiança que jamais possuiu. Envolve-o com um manto de autoridade que nunca lhe será retirado. Não importam as circunstâncias que se apresentem na vida, ela difunde uma luz sobre todo seu ser que é simplesmente maravilhosa. Nenhuma cerimônia pode efetuar tal transformação. Portanto, nós repetimos que aquele que oferece a Iniciação em uma ordem ocultista por meio de cerimoniais que envolve, de qualquer forma, um preço financeiro, se qualifica de imediato como um impostor. Se um Aspirante se aproximar de um verdadeiro Mestre e oferecer a ele uma quantia financeira – seja de que forma – para obter os conhecimentos espirituais, o verdadeiro Mestre responderá, indignamente, usando as mesmas palavras proferidas por São Pedro a Simão, o feiticeiro, que lhe ofereceu dinheiro para obter poderes espirituais: “Tua prata perecerá contigo”[2].
Para obter uma melhor compreensão do que constitui a Iniciação e quais são os seus pré-requisitos, primeiro de tudo, o Estudante deve fixar firmemente em sua Mente que uma grande parte da Humanidade, como um todo, está progredindo lentamente no Caminho da Evolução e, assim, muito lentamente, quase imperceptivelmente, está alcançando estados de consciência cada vez mais elevados. O Caminho da Evolução é uma espiral quando o observamos unicamente sob o ponto de vista físico, mas é uma lemniscata quando visto tanto em seu lado físico como no espiritual (Veja o Diagrama do caduceu químico no Conceito Rosacruz do Cosmos). Na lemniscata, ou forma de “oito”, há dois círculos que convergem para um ponto central e esses círculos podem ser considerados símbolos do espírito imortal, do Ego em evolução. Um dos círculos significa sua vida no Mundo Físico, do nascimento à morte. Durante esse intervalo de tempo, ele planta uma semente em cada ato praticado e, em troca, deve colher uma correspondente quantidade de experiência. No entanto, do mesmo modo que podemos semear e nada colher, porque a semente caiu em um solo pedregoso, entre espinhos, etc., também a semente da oportunidade pode ser desperdiçada devido à negligência em cultivar o solo. A vida, então, será infrutífera. Por outro lado, assim como o interesse ou cuidado aplicado no cultivo aumentam, imensamente, o poder produtivo da semente, assim também a séria dedicação aos vários afazeres da vida – o aproveitamento das oportunidades para aprender as lições da vida e extrair delas a experiência que contêm – resulta em mais oportunidades; e ao fim de um dia de existência, o Ego se encontra à porta da morte repleto com os mais ricos frutos colhidos durante a vida.
Ao terminar o trabalho objetivo da existência física, com o consequente findar dos dias dedicados às ações, o Ego entra no trabalho subjetivo da assimilação, realizado durante sua permanência nos Mundos invisíveis, compreendendo o período desde a morte até ao nascimento, simbolizado pelo outro anel da lemniscata. Como o método da realização dessa assimilação já foi minuciosamente descrito em várias partes da nossa literatura, não é necessário repeti-lo aqui. É suficiente dizer que no momento em que um Ego chega ao ponto central na lemniscata, o qual divide o Mundo Físico dos Mundos psíquicos, e que chamamos a porta do nascimento ou da morte, dependendo se o Ego está entrando ou saindo da vida aqui, ele tem consigo um conjunto de faculdades ou talentos adquiridos em todas as suas vidas anteriores, e que poderá usá-los ou não durante sua próxima existência; assim, seu crescimento anímico dependerá do uso que fizer dessas suas faculdades ou desses seus talentos.
Se por muitas vidas ele alimentou, principalmente, a natureza inferior, vivendo para comer, beber e se divertir, ou se sonhou e passou a vida em especulações metafísicas sobre a natureza de Deus, diligentemente se abstendo de todas as ações necessárias, gradualmente será deixado para traz pelos mais ativos e progressistas. Agrupamentos desses que passam o tempo ociosamente formam o que chamamos de “raças atrasadas”, enquanto os ativos, os atentos e os completamente despertos, que aproveitam a maior quantidade possível das oportunidades, são os pioneiros. Contrariamente à ideia comumente aceita, isso se aplica também àqueles engajados em trabalhos sistemáticos especialmente para algum propósito útil ou a criação de algo de valor (por exemplo, em qualquer tipo de empresa, na prestação de serviços, na agricultura, etc.). O fato de ganhar dinheiro é somente uma circunstância, um incentivo. Além desse aspecto, o trabalho deles é tão ou mais espiritual que o daqueles que passam seu tempo orando em prejuízo de um trabalho útil.
Do que foi dito, torna-se claro que o método de crescimento da alma, alcançado pelo processo da evolução, requer ação na vida física, seguido de um processo de reflexão no estado “post-mortem”, o qual se efetiva por um repassar repetidamente e muitas vezes casualmente ou lentamente, durante o qual as lições da vida são extraídas e completamente incorporadas à consciência do Ego, embora as experiências, em si mesmas, sejam esquecidas – do mesmo modo que esquecemos o nosso esforço quando aprendemos a tabuada, embora a faculdade de utilizá-la permaneça conosco.
Esse processo extremamente vagaroso e tedioso está perfeitamente de acordo com as necessidades da imensa maioria das pessoas; porém, há alguns que consomem inteira e normalmente as experiências fornecidas, exigindo, então, e merecendo um campo maior para utilizar suas energias. A diferença de temperamento é a responsável pela divisão desses grupos em duas classes.
Uma classe, guiada por sua devoção a Cristo, simplesmente segue os ditames do coração nos trabalhos deles de amor por seus semelhantes – índoles maravilhosas, tornam-se luzes de amor num mundo sofredor; nunca são movidas por motivos egoístas, mas estão sempre prontas a abdicar de seu conforto pessoal para ajudar os outros. Assim foram os santos; eles tanto trabalharam como rezaram; nunca se esquivando do dever e da oração. Não estão mortos hoje. A Terra seria um deserto estéril, apesar de toda a sua civilização, se eles não tivessem circulado pelo mundo com mensagens de perdão, iluminando a vida dos sofredores com a luz da esperança que irradia de seus semblantes amorosos. Se eles tivessem apenas o conhecimento possuído pela outra classe, certamente, não teriam ajudado tanto, incentivando e acompanhando juntos, os que buscam o caminho para o Reino.
A Mente é a característica predominante da outra classe. Com o objetivo de ajudar essa classe em seus esforços para obter o conhecimento, as Escolas de Mistérios foram inicialmente estabelecidas onde o drama do mundo estava sendo representado para fornecer à alma aspirante, enquanto estava admirada e repleta de interesse e atenção, respostas às perguntas sobre a origem e o destino da Humanidade. Uma vez ciente disso, era instruída na ciência sagrada de como ascender mais seguindo o método da natureza – que é Deus em manifestação – plantando a semente da ação, meditando sobre a experiência e incorporando a moral essencial para obter, finalmente, um crescimento anímico correspondente; também, por meio desse importante método, considerando o curso normal das coisas, se uma vida inteira for dedicada à semeadura e uma existência inteira “post-mortem” dedicada ao processo de repassar repetidamente e muitas vezes casualmente ou lentamente e à incorporação da substância anímica, então esse ciclo de mais ou menos mil anos[3] pode ser reduzido a um dia, como assegura a máxima mística: “Um dia é como mil anos e mil anos como um dia”[4]. Para ser mais explícito, seja qual for o trabalho executado em um único dia, se repassado repetidamente e muitas vezes casualmente ou lentamente à noite, antes de cruzarmos o ponto neutro entre o estado de vigília e o sono, pode ser incorporado à consciência do espírito como um valioso poder anímico. Quando esse exercício é executado fielmente, os pecados de cada dia, assim revistos, são realmente eliminados e a pessoa começa cada dia como se fosse uma nova vida, com um poder anímico adicional, obtido em todos os dias precedentes de sua vida de Probacionista[5].
Mas! – sim, há um grande “MAS”; a natureza não deve ser enganada; Deus não pode ser zombado. “O que o homem semear, isso colherá”[6]. Não devemos pensar que uma revisão superficial dos acontecimentos de um dia com, talvez, admitindo despreocupadamente ou sem seriedade: “gostaria de não ter feito isso”, ao rever uma cena em que tenhamos feito algo obviamente e perceptivelmente errado, nos salvará da punição retributiva futura. Quando, ao morrer, abandonamos o Corpo Denso e entramos no Purgatório e o panorama da nossa vida passada se desenrola em ordem inversa para nos mostrar, primeiro, os efeitos e depois as causas das nossas ações, sentimos em uma proporção intensificada a dor que causamos aos outros; e a menos que efetuemos nossos exercícios de um modo único em que vivamos todas as noites nosso inferno, sentindo aguda e criticamente toda a dor extrema – seja física ou psíquica, seja agonia ou sofrimento – que infligimos, esses exercícios de nada valerão. Da mesma forma, devemos nos esforçar para sentir, com a mesma intensidade, a gratidão pela bondade que recebemos dos outros e a aprovação pelo bem que tenhamos feito aos outros.
Somente assim estaremos realmente vivendo a existência “post-mortem” e avançando cientificamente em direção à Iniciação. O maior perigo do Aspirante, que está trilhando esse caminho, é que ele pode ficar enredado na armadilha do egotismo[7], e sua única proteção deve advir do cultivo das faculdades da fé, devoção e compaixão para com todos. É difícil, mas pode ser feito, e quando isto acontece, a pessoa se torna um maravilhoso poder para o bem no mundo.
Agora, se o Estudante ponderou bem os argumentos anteriores, provavelmente compreendeu – a natureza, a significância e o significado – da analogia entre o ciclo longo da evolução e os ciclos curtos ou degraus percorridos no Caminho da Preparação. Deve ficar bem claro que ninguém pode fazer esse trabalho “post-mortem” por nós e nos transmitir crescimento anímico resultante, assim como uma pessoa não pode comer o alimento físico de outra e lhe transmitir o sustento e o crescimento. Você acha contrário à natureza, à razão ou ao senso comum quando um sacerdote (seja de qualquer religião) oferece encurtar a permanência de uma alma no purgatório. Como, então, podemos acreditar que alguém possa – não importa quais as considerações feitas – antecipar e prevenir ou até considerar algumas existências purgatoriais desnecessárias para o nosso próprio benefício e transmitir a você, de uma vez só, o poder anímico que você mesmo deveria ter adquirido prosseguindo o curso normal da vida, até o dia que estivesse pronto para a Iniciação? Portanto, é isso que é: contrário à natureza, à razão ou ao senso comum a oferta para iniciar uma pessoa que ainda não está pronta para a Iniciação. Você deve ter o poder anímico necessário para a Iniciação, caso contrário, ninguém poderá lhe iniciar. Se você tiver esse poder, estará pronto graças aos seus próprios esforços, sem dever nada a ninguém, e pode solicitar a Iniciação como um direito que ninguém ousaria refutar ou deter. Se você não a possuísse e pudesse comprá-la, seria muito barato mesmo por vinte e cinco milhões de dólares, e a pessoa que a oferece por vinte e cinco dólares é tão ridícula como aquela que foi lograda. Por favor, lembre-se que se alguém se oferece para lhe iniciar em uma ordem ocultista, não importa se tem o nome de “Rosacruz” ou qualquer outro, exigindo pagamento (direta ou indiretamente) por uma taxa de Iniciação, imediatamente, o considere e o classifique como um impostor. Explicações de que a taxa será usada para comprar insígnias, etc., são outras evidências da natureza fraudulenta da ordem. Por tudo isso é dito que “a Iniciação, enfaticamente, não é uma cerimônia externa, mas uma experiência interna”. Posso acrescentar ainda que os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz no Templo Místico, onde eu recebi a Luz, deixou clara uma condição de que a ciência sagrada deles nunca deve ser negociada por dinheiro. Gratuitamente a recebi e gratuitamente fui exigido a dar. Tenho obedecido a esse preceito, tanto em espírito como em tudo o que escrevo, como é do conhecimento de todos que se relacionam com a Fraternidade Rosacruz.
Para obter um conhecimento detalhado e completo em todos os aspectos da profunda e abrangente significância do modo como o Sacramento da Comunhão foi instituído, é necessário considerar a evolução do nosso Planeta e a composição do ser humano, assim como a química dos alimentos e a sua influência sobre a Humanidade. A fim de elucidar melhor, nós recapitularemos sucintamente os Ensinamentos Rosacruzes e nos vários pontos envolvidos aqui. Isso foi fornecido amplamente no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” e em outros trabalhos nossos.
Os Espíritos Virginais, que hoje são a Humanidade, começaram sua peregrinação através da matéria na aurora dos tempos e, pelo atrito da existência concreta, seus poderes latentes puderam ser transmutados em energia cinética como um poder anímico utilizável. Três véus sucessivos de matéria, cada vez mais densa, foram adquiridos pelos Espíritos em evolução durante os Períodos de Saturno, Solar e Lunar. Assim, cada Espírito foi separado de todos os outros e a consciência, que não podia penetrar as paredes da prisão da matéria e se comunicar com os outros, foi forçada a se interiorizar e, ao fazê-lo, se descobriu A SI MESMA. Assim foi obtida a consciência de si mesmo.
Uma cristalização ulterior dos véus acima mencionados ocorreu no Período Terrestre durante as Épocas Polar, Hiperbórea e Lemúrica. Na Época Atlante, a Mente foi acrescentada como um ponto focal entre o Espírito e o corpo, completando a constituição do ser humano que ficou, então, equipado para conquistar o mundo e gerar força anímica pelo seu esforço e experiência, tendo individualmente vontade própria e livre-arbítrio, exceto quando limitado pelas leis da natureza e por suas próprias ações anteriores.
À medida que o ser humano em formação evoluía, grandes Hierarquias Criadoras guiavam os seus passos. Nada era deixado ao acaso. Até o alimento era escolhido, para que obtivesse daí o material necessário para construir os vários veículos de consciência necessários para realizar o processo do crescimento anímico. A Bíblia menciona essas várias etapas, embora coloque Nimrod em lugar errado ao fazê-lo simbolizar os reis da Atlântida que viveram antes do Dilúvio.
Na Época Polar, a matéria mineral pura tornou-se uma parte constituinte do ser humano. Assim, Adão foi feito de terra, isto é, quanto ao seu Corpo Denso.
Na Época Hiperbórea, o Corpo Vital foi acrescentado e assim sua constituição tornou-se semelhante à de uma planta, e Caim, o ser humano dessa época, viveu dos frutos do solo.
A Época Lemúrica presenciou a evolução de um Corpo de Desejos que fez o ser humano semelhante aos animais atuais. O leite, produto dos animais vivos, foi acrescentado à dieta humana. Abel era um pastor, mas em nenhum lugar consta que tenha matado um animal.
Naquele tempo, a Humanidade vivia inocente e pacificamente na atmosfera nebulosa que envolvia a Terra durante a última parte da Época Lemúrica, como está descrito no capítulo sobre o “Batismo”. Os homens eram como crianças sob os cuidados de um pai comum, até que receberam a Mente no início da Época Atlante. A atividade do pensamento desgasta o tecido que precisa ser reposto. Quanto mais baixo e mais materialista for o pensamento, maior será a destruição e mais premente a necessidade de albumina por meio da qual se efetuam reparos rápidos. Daí a necessidade, a mãe da invenção, de iniciar a repugnante prática de comer carne e, enquanto continuarmos com pensamentos voltados só para os negócios e puramente materialistas, temos que prosseguir usando nosso estômago como receptáculo de nossas vítimas: os corpos em decomposição dos animais assassinados. Contudo, como veremos mais adiante, a alimentação carnívora possibilitou-nos alcançar o maravilhoso progresso material no Mundo Ocidental, enquanto os vegetarianos hindus e chineses permaneceram num estado quase primitivo. É triste saber que eles serão forçados a seguir nossos passos e verter o sangue desses animais quando nós já tivermos acabado com esta prática bárbara, da mesma forma que acabamos com o canibalismo.
Quanto mais crescermos espiritualmente, mais nossos pensamentos se harmonizarão com o ritmo de nosso corpo, e menos albumina será necessária para reconstituir os tecidos. Consequentemente, uma dieta vegetariana preencherá nossas necessidades. Pitágoras pregou abstinência de vegetais aos alunos mais avançados por achar que eram ricos em albumina e reavivariam os apetites inferiores. Não vá o estudante concluir, apressadamente, que deve eliminar os vegetais de sua dieta. Muitos não estão ainda preparados para tais extremos, e nem mesmo aconselharíamos todos os estudantes a absterem-se totalmente da carne. A mudança deve vir de dentro. No entanto, verificamos que a maioria das pessoas come carne demais pensando que lhe faz bem. Mas isto é uma digressão, portanto, voltemos à evolução ulterior da Humanidade no que se relaciona ao Sacramento da Comunhão.
Quando a neblina densa que envolvia a Terra esfriou, condensou-se e inundou as diversas bacias, a atmosfera clareou e, em consequência dessa mudança atmosférica, houve uma adaptação fisiológica no ser humano. As fissuras em forma de brânquias, que haviam permitido que ele respirasse no ar denso carregado de água (que são vistas no feto humano até hoje), gradualmente se atrofiaram e sua função foi exercida pelos pulmões, com o ar puro entrando e saindo deles através da laringe. Isso permitiu que o Espírito, confinado pelo véu da carne, pudesse expressar-se em palavras e ações.
Foi nos meados da Época Atlante, que o Sol brilhou pela primeira vez sobre o SER HUMANO como o conhecemos hoje. Foi quando ele nasceu pela primeira vez no mundo. Até então, havia estado sob o controle absoluto das grandes Hierarquias espirituais, mudo, sem voz ou escolha no que se referia à sua educação, do mesmo modo que uma criança está agora sob o controle de seus pais.
Porém, no dia em que finalmente emergiu da atmosfera densa da Atlântida, quando contemplou pela primeira vez e claramente a silhueta das montanhas e os contornos nítidos da abóbada azul-celeste; quando se deparou com a beleza das charnecas, das campinas, das criaturas que se moviam, dos pássaros no ar, e viu seu semelhante, o ser humano; quando sua visão se tornou clara por não mais existir aquela obscuridade parcial da nebulosa que antes embaraçava a percepção e, acima de tudo, quando tomou conhecimento de SI MESMO como ser separado e à parte de todos os outros, brotou de seus lábios o grito glorioso e triunfante, “EU SOU”.
Agora, já possuía faculdades que o possibilitavam entrar na escola da experiência, o mundo fenomenal, como um agente livre para aprender as lições da vida, sem impedimentos, exceto pelas leis da natureza e pela reação de suas próprias ações anteriores, que se converteram em destino.
A dieta contendo um excesso de albumina proveniente da carne, com a qual se fartava, sobrecarregava seu fígado além de sua capacidade e obstruía o sistema, tornando-o moroso, obstinado e brutal. Assim, foi perdendo a visão espiritual que lhe revelava os anjos guardiães nos quais confiava, e viu somente as formas dos animais e dos homens. Os Espíritos, com os quais viveu em amor e fraternidade durante o início da Época Atlante, foram obscurecidos pelo véu da carne. Tudo era muito estranho e ele os temia.
Daí tornou-se necessário dar-lhe um novo alimento que pudesse ajudar seu Espírito a dominar as moléculas de carne altamente individualizadas (como é explicado no “O Conceito Rosacruz do Cosmos”; no capítulo sobre Assimilação), apoiá-lo na batalha do mundo e estimulá-lo em sua autoafirmação.
Assim como nossos corpos visíveis formados de componentes químicos desenvolvem-se somente com alimentos químicos, assim também é necessário o Espírito para atuar sobre o Espírito, para ajudar a dissolver a pesada substância proteica e estimular o decaído Espírito humano.
O emergir da Atlântida inundada, a liberação da Humanidade do governo absoluto dos visíveis guardiães sobre-humanos, sua colocação sob a Lei de Consequência e as Leis da Natureza, e a dádiva do VINHO são fatos descritos nas narrativas de Noé e Moisés, embora em relatos diferentes de um mesmo acontecimento.
Tanto Noé quanto Moisés conduziram seus prosélitos através da água. Moisés clama aos céus e à terra para que testemunhem que colocou diante deles a bênção e a maldição, exorta-os a escolher o bem ou arcar com as consequências de seus atos. Em seguida, deixa-os.
O fenômeno do arco-íris necessita que o Sol esteja perto do horizonte, quanto mais perto melhor, e requer uma atmosfera límpida e uma nuvem escura na parte oposta do céu. Sob tais condições, um observador que permanecer de costas para o Sol, poderá ver os raios deste astro refletidos através das gotas da chuva como um arco-íris. No início da Época Atlante, quando ainda não havia chuva e a atmosfera era uma névoa úmida e quente, através da qual o Sol parecia uma de nossas lâmpadas num dia de neblina, o fenômeno do arco-íris era uma impossibilidade. Só teve condições de aparecer quando a névoa se condensou em chuva, inundou as bacias da Terra e deixou a atmosfera clara como descrita na história de Noé, que assim aponta os ciclos da Lei de Alternância que trazem o dia e a noite, o verão e o inverno, em sequência invariável, à qual o ser humano está sujeito na época atual.
Noé cultivou a vinha e forneceu uma bebida alcoólica para estimular o ser humano. Dessa forma, equipado com uma constituição heterogênea, com uma dieta apropriada à ocasião e leis divinas para guiá-lo, o ser humano tornou-se responsável por suas próprias iniciativas na batalha da vida.
“… na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim”. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim”. Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha. Eis porque todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação. Eis porque há entre vós tantos débeis e enfermos e muitos morreram.” (ICor 11:23-30).
Nos trechos acima há um significado esotérico profundamente oculto que é particularmente obscuro na tradução inglesa, mas em alemão, latim e grego o Estudante Rosacruz ainda tem um indício do que realmente foi pretendido com essa última admoestação do Salvador a Seus Discípulos. Antes de examinar esse aspecto do assunto, vamos considerar primeiro as palavras: “em memória de Mim”. Estaremos, então, talvez em melhores condições para compreender o que significa o “cálice” e o “pão”.
Suponhamos que uma pessoa procedente de um lugar distante venha ao nosso país e viaje através dele, visitando vários lugares. Por toda parte verá pequenas comunidades se reunindo ao redor da Mesa do Senhor para celebrar esse rito mais sagrado para todos os Cristãos, e se perguntasse a razão de fazerem isso, as pessoas lhe responderiam que elas faziam isso em memória d’Aquele que viveu uma vida mais nobre do que qualquer um que já viveu nesta Terra; d’Aquele que foi a bondade e o amor personificados; d’Aquele que foi o servo de todos sem se preocupar em ganhar ou perder. Se esse estranho comparasse a atitude dessas comunidades religiosas aos domingos na celebração desse rito com as vidas deles durante o restante da semana, o que veria?
Cada um de nós sai para o mundo para batalhar pela existência. Sob a lei da necessidade, esquecemos o amor que deveria ser o fator principal nas vidas Cristãs. A mão de uma pessoa está sempre contra seu irmão ou sua irmã. Todos lutam por posição, riqueza e pelo poder que advém com esses atributos. Esquecemos na segunda-feira o que, reverentemente, relembramos no domingo e, em consequência, todo o mundo é digno de pena por isso. Fazemos, também, uma distinção entre “o pão e o vinho” que bebemos na chamada “Mesa do Senhor” e o alimento que comemos ou bebemos durante os intervalos entre o comparecimento à Comunhão. Porém, nada é mencionado nas Escrituras que justifique tal distinção, como qualquer um pode verificar mesmo na versão inglesa, que omite as palavras impressas em itálico inseridas pelos tradutores para dar o que pensavam ser o sentido da passagem. Pelo contrário, é-nos dito que tudo o que comermos, bebermos ou qualquer coisa que fizermos, deveria ser feito para a glória de Deus. Todos os nossos atos deveriam ser uma oração. A “ação de graças” superficial que fazemos às refeições é, na realidade, uma blasfêmia e o pensamento silencioso de gratidão Àquele que nos dá o pão de cada dia está longe de ser o suficiente. Quando lembramos, à cada refeição, que o alimento retirado da substância da Terra é o corpo do Espírito de Cristo que ali habita, que aquele corpo está sendo repartido para nós diariamente, podemos compreender apropriadamente a bondade amorosa que O impele a Se dar por nós; por isso vamos, também, relembrar que não há um momento, dia ou noite, que Ele não esteja sofrendo por estar aprisionado a esta Terra. Portanto, quando comemos e percebemos a verdadeira situação, de fato estamos proclamando a morte do Senhor Cristo, cujo espírito está gemendo e labutando, esperando pelo dia da libertação, quando não haverá necessidade de uma envoltura tão densa como a que necessitamos agora.
Mas há um outro mistério, maior e mais maravilhoso ainda, oculto nessas palavras de Cristo. Richard Wagner, com a rara intuição do gênio do músico, percebeu essa ideia quando, sentado em meditação à beira do Lago de Zurique numa Sexta-Feira Santa, sentiu brotar em sua Mente um pensamento: “Que conexão há entre a morte do Salvador e os milhões de sementes que germinam na terra nessa época do ano?”. Se meditarmos sobre aquela vida que anualmente brota na primavera, vemo-la como algo gigantesco e inspirador; uma intensidade enorme de vida que transforma o globo, de um momento próximo à morte congelante a uma vida rejuvenescida, em um curto espaço de tempo; e a vida que assim se propaga nos brotos de milhões e milhões de plantas é a vida do Espírito da Terra.
Dela vem tanto o trigo como a uva. Esses representam o corpo e o sangue do aprisionado Espírito da Terra, incumbido de sustentar a Humanidade durante a presente fase da evolução dela. Nós repudiamos a argumentação daqueles que alegam que o mundo tem a obrigação de lhes dar uma vida boa, sem que eles se esforcem e onde não tenham nenhuma responsabilidade material da parte deles; no entanto, nós insistimos que há uma responsabilidade espiritual conectada com “o pão e o vinho” servidos na Última Ceia do Senhor: devem ser ingeridos dignamente, caso contrário, causarão problemas de saúde e até mesmo a morte. Superficialmente lido, poderá parecer um conceito forçado, porém, quando meditamos à luz do esoterismo, examinando outras traduções da Bíblia e observando as condições atuais do mundo, veremos que não é assim tão forçado.
Retornemos ao momento na Evolução em que o ser humano vivia sob a guarda dos Anjos, construindo, inconscientemente, o Corpo que agora ele usa. Isso foi na antiga Época Lemúrica. Era necessário um cérebro para evolução do pensamento e uma laringe para expressão verbal desse mesmo pensamento. Portanto, metade da força criadora foi dirigida para cima e usada pelo ser humano para formar esses órgãos. Por isso, a Humanidade se tornou separada em sexos masculino e feminino, e foi forçada a procurar um complemento quando foi necessário criar um outro novo Corpo Denso e um Corpo Vital para servir como um instrumento numa fase mais elevada da evolução.
Enquanto o ato do amor era consumado sob a sábia custódia dos Anjos, a existência do ser humano estava livre de angústias e tristezas profundas, e de dores e da morte. Mas quando, sob a tutela dos Espíritos Lucíferos, ele comeu da Árvore do Conhecimento e perpetuou a raça, sem levar em conta as linhas de forças interplanetárias, transgrediu a lei e os Corpos assim formados se cristalizaram excessivamente e se tornaram sujeitos à morte, de uma maneira muito mais perceptível do que haviam estado até então. Por isso, foi forçado a criar Corpos novos mais frequentemente, à medida que seu período de vida aqui se encurtava. Os guardiães celestiais da força criadora expulsaram o ser humano do jardim de amor para o deserto do mundo, e ele se tornou responsável por suas ações sob a lei cósmica que governa o universo. Desde então, por um longo tempo, o ser humano continua essa luta difícil e esgotante para conseguir sua própria salvação, e a Terra, em consequência disso, se cristalizou cada vez mais.
Hierarquias divinas, incluindo o Espírito de Cristo, trabalharam sobre a Terra externamente, assim como o Espírito-Grupo guia os animais sob sua proteção; mas, como diz São Paulo tão corretamente: “Ninguém pode ser justificado sob a lei, pois sob ela todos pecaram e todos devem morrer”[8]. Não há no antigo pacto nenhuma esperança além da presente, salvo um presságio de alguém que há de vir e que restaurará o agir de acordo com a Lei Divina, livre de culpa ou pecado. Por isso, São João proclama que a lei foi dada por Moisés e a graça veio por meio de Cristo[9]. Mas, o que é a graça? Ela pode trabalhar contra a lei e revogá-la completamente? Certamente não. As Leis de Deus são imutáveis e firmes, ou o universo se tornaria um caos. A lei de gravidade mantém nossas casas em posição relativa às outras casas e por isso, quando saímos delas sabemos, com certeza, que as encontraremos no mesmo lugar ao retornarmos. Pelo mesmo princípio, todas as outras divisões no universo estão sujeitas a leis imutáveis.
Assim como a lei, separada do amor, originou o pecado, assim também a lei temperada com amor é a graça. Tomemos um exemplo de nossas condições sociais concretas: temos leis que decretam uma certa penalidade para uma ofensa específica e, quando a lei é observada, chamamos isso de justiça. Porém, a longa experiência está começando a nos ensinar que justiça, pura e simples, é como os dentes do dragão Colchian[10] que gera disputas e lutas cada vez maiores. O chamado criminoso permanece criminoso e se torna cada vez mais embrutecido pelas penalidades da lei; mas, quando um regime menos rigoroso, nos tempos atuais, permite que a sentença imputada àquele que transgrediu a lei seja suspensa, então ele estará sob a graça e não sob a lei. Também, o Cristão que procura seguir os passos do Mestre é emancipado da lei do pecado pela graça, desde que abandone o caminho do pecado.
Esse foi o pecado dos nossos progenitores na antiga Época Lemúrica que eles espalharam suas sementes independentemente da lei e sem o amor. Mas é o privilégio do Cristão se redimir pela pureza da sua vida, em memória do Senhor. São João diz: “Sua semente permanece nele”[11] e esse é o significado oculto do “pão e vinho”. Na versão inglesa lemos simplesmente: “Esse é a taça do Novo Testamento”, mas no alemão, a palavra que designa cálice é “Kelch” e em latim é “Calix”[12], ambas significando a parte externa que envolve a semente da flor. Em grego temos um significado mais sutil ainda, não expresso em outras línguas, na palavra “poterion”, um significado que se torna evidente quando consideramos a etimologia da palavra “pot”. Isso nos fornece, imediatamente, a mesma ideia de cálice ou “calix” – um receptáculo; e verbo latino “potare” (beber) também mostra que a “taça” é um receptáculo capaz de reter um líquido. As palavras inglesas “potente” e “impotente”, designando possuir ou ter falta da força viril, mostra o significado dessa palavra grega que indica a evolução do “homem para um super-homem”.
Já vivemos existências semelhantes ao mineral, à planta e ao animal, respectivamente, antes de nos tornarmos humanos como o somos hoje e, diante de nós existem ainda outras evoluções até nos aproximarmos cada vez mais do Divino. Prontamente aceitamos como verdade e válido que são nossas paixões animais que nos retêm no caminho da realização; a natureza inferior está constantemente em luta com o “eu superior”. Isso acontece, pelo menos, com os que já experimentaram um despertar espiritual; uma guerra está sendo travada silenciosamente no interior e pior seria se isso fosse reprimido. Goethe[13], com arte magistral, exprimiu esse sentimento nas palavras de Fausto, a alma aspirante, ao se dirigir a seu amigo materialista, Wagner:
“Por um só impulso tu estás possuído,
Inconsciente do outro permaneces, ainda não o tens sentido.
Duas almas, oh! moram dentro do meu peito,
E aí lutam por um indivisível reino;
Uma aspira pela terra, com vontade apaixonada
Às íntimas entranhas ainda está ligada.
Acima das névoas, a outro aspira, de certeza,
Com ardor sagrado por esferas onde reine a pureza”.
Foi o conhecimento dessa necessidade absoluta de castidade (exceto quando o objetivo é a procriação) por parte daqueles que já haviam tido um despertar espiritual, que inspirou as palavras de Cristo e o Apóstolo Paulo exprimiu uma verdade esotérica quando disse que aqueles que tomam a comunhão sem viver a vida, estão em perigo de doença e morte. Assim como, sob uma tutela espiritual, a pureza de vida pode elevar o Discípulo de uma maneira maravilhosa, assim também a falta de castidade produz um efeito muito maior sobre os Corpos mais sensibilizados do que sobre aqueles que estão ainda sob a lei e não se tornaram participantes da graça, pelo cálice da Nova Aliança.
Tendo estudado a significância esotérica das festividades Cristãs, tais como a do Natal e a da Páscoa, e tendo também estudado a doutrina da Imaculada Concepção, agora podemos dedicar a nossa atenção ao significado interno dos Sacramentos da igreja que são ministrados a cada pessoa em todos os países Cristãos, desde o berço até o túmulo, e que fazem parte de todos os momentos importantes da vida de um Cristão.
Assim que ele inicia a jornada da vida, a igreja o admite em seu meio pelo rito do Batismo, que lhe é concedido quando ele ainda não é responsável por si mesmo; mais tarde, quando sua mentalidade já está um pouco mais desenvolvida, ele ratifica aquele pacto e é admitido na Comunhão, em que o pão é partido e o vinho é bebido em memória do Fundador da nossa fé. Mais adiante, ele se depara com o sacramento do Matrimônio e, finalmente, quando seu caminhar na Terra expira e o Espírito, novamente, se retira e retorna para o céu, de onde se originou, o corpo terreno é entregue ao pó, de onde veio, acompanhado pelas bênçãos da igreja.
Em alguns movimentos Protestantes, o espírito do protesto é desenfreado ao extremo e os discordantes erguem suas vozes se rebelando contra a arrogância ilusória dos Católicos e desaprovam os Sacramentos, qualificando-os como meras fantasias, ridículos e hipócritas. Em consequência dessa atitude, essas funções se tornaram de pouco ou nenhum efeito na vida da comunidade; dissensões surgiram entre os próprios responsáveis pelas igrejas e várias seitas se formaram e se afastaram da congregação apostólica original.
Apesar de todos os protestos, as várias doutrinas e os Sacramentos da igreja são, contudo, as próprias pedras angulares no arco da evolução, pois inculcam moralidade da mais sublime, nobre e elevada natureza, e até mesmo cientistas materialistas, como Husley[14], admitiram que, enquanto a autoproteção promove “a sobrevivência do mais forte” no Reino Animal e é, consequentemente, a base da evolução animal, o autossacrifício é o princípio sustentador do progresso humano. Quando isso é o caso entre os simples mortais, nós podemos muito bem acreditar que assim deva ser, também, em extensão muito maior, no Autor Divino do nosso ser.
Entre os animais, a força é um direito, mas nós reconhecemos que os fracos reivindicam a proteção dos fortes. A borboleta põe seus ovos no lado de baixo de uma folha verde e os abandona sem se importar com o bem deles. Nos mamíferos, o instinto materno é fortemente desenvolvido e vemos a leoa cuidando dos seus filhotes e pronta para defendê-los com sua própria vida; mas, somente quando o Reino Humano é alcançado, é que o pai começa a desempenhar plenamente a sua responsabilidade como alguém que ampara, que sustenta, que educa e que ajuda a criança a se desenvolver. Entre os selvagens, o cuidado com os filhos praticamente termina quando esses já são capazes fisicamente de se cuidarem sozinhos, mas, quanto mais ascendemos em civilização, mais o jovem recebe cuidados de seus pais e maior esforço é despendido na sua educação mental, para que, quando alcançar a maturidade, a batalha pela vida possa ser travada com mais vantagens do ponto de vista mental do que do físico; quanto mais avançamos no caminho da evolução, mais desenvolvemos o poder da Mente sobre a matéria. Pelo autossacrifício cada vez mais prolongado dos pais, a Onda de Vida humana vai se tornando cada vez mais com uma sensibilidade aguçada e fino discernimento e o que perdemos em rudeza material, ganhamos em percepção espiritual.
À medida que essa faculdade cresce e se torna cada vez mais forte e mais desenvolvida, o desejo ardente do Espírito, encerrado dentro desse Corpo Denso, busca mais intensamente a compreensão do lado espiritual do seu desenvolvimento. Wallace[15] e Darwin[16], Huxley e Spencer[17] apontaram como a evolução da forma é realizada na natureza; Ernest Haeckel[18] tentou resolver o enigma do universo, mas nenhum deles pôde explicar, satisfatoriamente, o Autor Divino daquilo que vemos. A grande deusa, a Seleção Natural, está sendo abandonada ou deixada de lado por um após o outro de seus defensores à medida que os anos passam. Mesmo Haeckel, o eminente materialista, em seus últimos anos demonstrou uma ansiedade quase histérica para achar um lugar para Deus em seu sistema, e o dia virá, em um futuro não muito longínquo, quando a ciência se tornará tão religiosa quanto a própria Religião. A igreja, por outro lado, embora ainda extremamente conservadora, está, entretanto, pouco a pouco abandonando o seu dogmatismo autocrático e se tornando mais científica em suas explicações. No devido tempo, veremos a união da ciência e da Religião como existia nos antigos templos de mistérios e, quando isso acontecer, as doutrinas e Sacramentos da igreja estarão fundamentadas em leis cósmicas imutáveis, tão importantes quanto a lei da gravidade que mantém os Planetas em marcha nos seus trajetos ao redor do Sol. Assim como os pontos dos Equinócios e Solstícios são marcos decisivos no caminho cíclico de um Planeta, marcados por festividades como o Natal e a Páscoa, assim também o nascimento no Mundo Físico, a admissão na igreja, a cerimônia do matrimônio e, finalmente, a partida da vida física, são marcos no caminho cíclico do Espírito humano ao redor de sua fonte central – Deus – e são caracterizados pelos Sacramentos do Batismo, da Comunhão, do Matrimônio e da Extrema Unção.
Consideraremos agora o rito do Batismo. Muito foi dito pelos dissidentes contra a prática de se levar uma criança, no seu primeiro período de vida, para a igreja e prometer, em seu nome, uma vida religiosa. Discussões inflamadas quanto ao aspergir da água versus o mergulhar na água resultaram em divisões de igrejas. Se quisermos obter a noção verdadeira do Batismo, temos que retroceder aos princípios da história da Onda de Vida humana, como está gravada na Memória da Natureza. Tudo que já aconteceu está indelevelmente gravado no Éter, do mesmo modo que uma cena cinematográfica está impressa sobre uma película, e essa mesma cena pode ser reproduzida sobre uma tela a qualquer momento. As imagens na Memória da Natureza podem ser vistas por um Clarividente treinado, mesmo que milhões de anos já tenham passados desde que as cenas lá retratadas foram promulgadas na vida.
Quando consultamos aquele incontestável registro, observamos que houve um tempo em que a nossa Terra saiu do Caos, escura e não organizada regularmente em forma ou ordem, como diz a Bíblia. As correntes desenvolvidas pelos agentes espirituais nessa massa nebulosa geraram calor, e a massa se inflamou quando Deus pronunciou: “Faça-se a luz”[19]. O calor da massa ígnea e o espaço frio que a circundava geraram um líquido difundido ou condensado em quantidade relativamente pequena; a névoa incandescente ficou cercada por água que fervia, e o vapor foi projetado na atmosfera; então, “Deus dividiu as águas… das águas…”[20] – a água densa que estava mais próxima da névoa incandescente do vapor (que é água em suspensão), como está relatado na Bíblia.
Quando a água contendo sedimento é fervida repetidamente, uma crosta é formada e, similarmente, a água que circundava nosso Planeta finalmente formou uma crosta ao redor do centro ígneo. A Bíblia nos informa, mais adiante, que uma névoa subiu do solo, e podemos muito bem imaginar como aquele líquido difundido ou condensado em quantidade relativamente pequena foi gradualmente se evaporando do nosso Planeta naqueles dias longínquos.
Os mitos antigos são, atualmente e em geral, tidos como superstições, mas, na realidade, cada um deles contém uma grande verdade espiritual em símbolos pictóricos. Essas histórias fantásticas foram dadas à Humanidade infantil para ensiná-la lições morais que seus intelectos recém-nascidos não estavam, ainda, preparados para receber. Ela era ensinada por meio de mitos – do mesmo modo que ensinamos nossas crianças por meio de livros com ilustrações e fábulas – lições além de sua compreensão intelectual.
Uma das mais famosas histórias desse gênero é “O Anel dos Niebelungos[21]”, que nos fala de um maravilhoso tesouro escondido sob as águas do Reno[22]. Era uma massa de ouro em seu estado natural. Colocada sobre um alto rochedo, iluminava todo o cenário submarino, onde as Ninfas[23] se exibiam inocentemente em alegres brincadeiras. Porém, um dos Niebelungos, levado pela cobiça, roubou o tesouro, tirou-o da água e fugiu. Entretanto, era impossível para ele dar forma a essa massa, se não renunciasse ao amor. Então, ele o transformou num anel que lhe deu poder sobre todos os tesouros da Terra, mas, ao mesmo tempo, isso deu início a dissenções e conflitos. Por sua causa, amigo traiu amigo, irmão matou violentamente irmão, e em todos os lugares causou opressão, tristeza e angústias profundas, pecado e morte, até que, finalmente, foi devolvido ao elemento aquoso e a Terra se consumiu em chamas. Contudo, mais tarde, como uma nova fênix[24] das cinzas da velha ave, um novo céu e uma nova Terra se ergueu onde a retidão foi restabelecida.
Essa antiga história popular nos fornece uma maravilhosa imagem da evolução humana. O nome Niebelungen é derivado das palavras alemãs nebel (que significa névoa), e ungen (que significa filhos). Assim, a palavra Niebelungen significa filhos da névoa e refere-se ao tempo em que a Humanidade vivia na atmosfera nublada que circundava nossa Terra, no estágio de desenvolvimento anteriormente mencionado. Ali, a Humanidade infantil vivia numa grande fraternidade, inocente de todo o mal como um bebê de hoje, e iluminada pelo Espírito Universal, simbolizado pelo Ouro do Reno, que irradiava sua luz sobre as Ninfas de nossa história. Contudo, com o tempo, a Terra foi ficando cada vez mais fria, a neblina se condensou, a água inundou as depressões da terra, a atmosfera clareou, os olhos do ser humano foram abertos e ele se percebeu como um Ego separado. Então, o Espírito Universal de amor e solidariedade foi posto de lado pelo egoísmo e interesse próprio.
Esse foi o desenrolar do roubo do Ouro do Reno e a tristeza e angústia profundas, o pecado, a discórdia, a traição e o assassinato substituíram o amor infantil que existia entre a Humanidade daquele estado primitivo, quando ela habitava naquela atmosfera aquosa tempos atrás. Gradualmente essa tendência está se tornando cada vez mais marcante e a maldição do egoísmo cresce mais e mais visivelmente. “A desumanidade do homem para com homem”[25] pesa como uma mortalha sobre a Terra e deve, inevitavelmente, trazer a destruição das condições existentes. Toda a criação está gemendo e labutando, esperando pelo dia da redenção, e a Religião Ocidental faz soar a palavra-chave do caminho da realização, quando nos exorta a amar nosso próximo como amamos a nós mesmos; dessa forma, o egotismo – o amor exagerado pela própria personalidade – será revogado pela fraternidade universal e pelo amor.
Portanto, quando uma pessoa é admitida na igreja, que é uma instituição espiritual onde o amor e a fraternidade são as molas principais da ação, é conveniente colocá-la sob as águas do batismo, como símbolo da condição da inocência infantil e do amor que prevaleceram quando a Humanidade habitava sob a neblina naquele período longínquo. Naquele tempo os olhos do ser humano infantil ainda não haviam sido abertos para as vantagens materiais deste mundo. A pequena criança que é trazida para a igreja ainda não está desperta para o poder de atração ou da fascinação da vida, e outros se propõem a guiá-la para lhe proporcionar uma existência santa e proveitosa, porque a experiência adquirida desde o Dilúvio nos ensinou que o amplo caminho do mundo está coberto de dor, tristeza e angústia profundas e decepções; que só pelo caminho reto e estreito podemos escapar da morte e entrar na vida eterna.
Portanto, vemos que há uma significância maravilhosamente profunda e mística por trás do Sacramento do Batismo; que é para nos lembrar das bênçãos que caem sobre aqueles que são membros de uma fraternidade, em que o interesse próprio é colocado em segundo plano e o serviço ao próximo é a palavra-chave e a mola propulsora da ação. Enquanto estamos no mundo, o serviço é o que temos de melhor para dominar os outros com sucesso. Na igreja, temos a definição de Cristo: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”[26].
Quando despojados das coisas não essenciais, os argumentos da Religião Cristã ortodoxa podem ser resumidos conforme abaixo.
Primeiro: que tentados pelo demônio, nossos primeiros pais pecaram e foram exilados do estado anterior deles de bem-aventurança celestial, postos sob a lei, sujeitos à morte, ficando incapazes de se libertarem disso por seus próprios esforços.
Segundo: que Deus amou tanto o mundo que Ele enviou Cristo, Seu único Filho gerado, para a redenção do mundo e para estabelecer o Reino dos Céus. Assim, a morte será finalmente absorvida pela imortalidade.
Essa simples crença tem provocado o sorriso dos ateus e dos puramente intelectuais que estudaram filosofias transcendentais com suas sutilezas de lógica e argumentação; e até mesmo de alguns Estudantes dos Ensinamentos dos Mistérios Ocidentais.
Tal atitude mental é inteiramente gratuita. Deveríamos saber que os líderes divinos da Humanidade não permitiriam que milhões de pessoas continuassem em erro por milênios. Quando os Ensinamentos dos Mistérios Ocidentais se despojam de suas explicações excessivas e das suas descrições detalhadas, e quando seus ensinamentos básicos são expostos, vemos que estão em exata concordância com os ensinamentos Cristãos ortodoxos.
Houve, sim, um tempo em que a Humanidade vivia em um estado livre de pecado, quando a tristeza profunda, a dor e a morte eram desconhecidas. Nem o tentador pessoal do Cristianismo é um mito, pois podemos seguramente dizer que os Espíritos Lucíferos são os Anjos caídos, e a tentação que eles exercem na Humanidade resultou na focalização da consciência do ser humano na fase material da existência, em que ele está sob a lei da decrepitude e da morte. Igualmente verdadeira é a missão de Cristo no auxílio à Humanidade, elevando-a a um estado mais etérico, em que a morte aqui não mais será necessária para livrá-la dos veículos que se tornaram muito pesados para uso futuro. O que temos agora é um “corpo de morte”, no qual só uma ínfima quantidade de material está realmente viva, visto que parte de seu volume é matéria nutriente que ainda não foi assimilada e a outra grande parte já está no caminho para ser eliminada, e somente entre esses dois polos é que pode ser encontrado o material que é totalmente vivificado pelo Espírito.
Em outros capítulos consideramos o Sacramento do Batismo e da Comunhão, Sacramentos esses que estão muito ligados ao Espírito. Procuremos, agora, compreender o lado mais profundo do Sacramento do Matrimônio, que tem a ver, particularmente com o corpo. Como os outros Sacramentos, a instituição do matrimônio teve seu começo e, também, terá seu fim. Seu início foi descrito por Cristo quando Ele disse: “Não lestes que desde o princípio o Criador os fez homem e mulher?” e que disse: “Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne?”(Mt 19:4-6). Pelo que Ele indicou também o fim do matrimônio ao dizer: “Com efeito, na ressurreição, nem eles se casam e nem elas se dão em casamento, mas são todos como os Anjos no céu.” (Mt 22:30).
Sob essa luz, a lógica do ensinamento é evidente, pois o matrimônio se tornou necessário para que o nascimento pudesse proporcionar novos instrumentos para substituir os que foram desfeitos pela morte; e quando a morte for absorvida pela imortalidade e não houver necessidade de prover novos instrumentos, o matrimônio será, também, desnecessário.
A ciência, com admirável audácia, tem tentado resolver o mistério da fecundação e já desvendou como a invaginação[27] se processa dentro das paredes do ovário; como o pequeno óvulo é formado na reclusão de sua cavidade escura; como emerge daí e entra na trompa de Falópio; como é penetrado pelo espermatozoide do macho e como o núcleo de um corpo humano se completa. Supõe-se que assim seja “a fonte e a origem da vida”! Mas a vida não tem começo e nem fim, e o que a ciência erradamente considera a fonte da vida é, na realidade, a fonte da morte, pois tudo que vem do útero está destinado, mais cedo ou mais tarde, a terminar no túmulo. A festa do matrimônio, que prepara para o nascimento, ao mesmo tempo provê o alimento para a insaciável garra da morte, e enquanto o matrimônio for necessário para a geração e o nascimento, a desintegração e a morte devem ser os resultados inevitáveis. Portanto, é de suma importância conhecer a história do matrimônio, suas leis e atividades envolvidas, a duração dessa instituição e como pode ser transcendida.
Quando obtivemos nossos Corpos Vitais na Época Hiperbórea, o Sol, a Lua e a Terra ainda estavam unidos e as forças solares-lunares permeavam cada ser em proporção igual, de maneira que todos eram capazes de perpetuar sua espécie por meio de brotos e esporos como fazem certas plantas atualmente. Os esforços do Corpo Vital para suavizar o Corpo Denso e conservá-lo vivo, em nada interferia nele e esses corpos primitivos, semelhantes à planta, viviam por muito tempo. Mas o ser humano era inconsciente e estacionário como uma planta; não fazia nenhum esforço, nem se empenhava nisso. O acréscimo de um Corpo de Desejos forneceu o incentivo e desejo, e a consciência resultou da luta entre o Corpo Vital, que constrói, e o Corpo de Desejos, que destrói o Corpo Denso.
Assim, a dissolução se tornou apenas uma questão de tempo, principalmente porque a energia construtiva do Corpo Vital foi também dividida, posto que uma parte ou polo foi usada nas funções vitais do corpo e a outra serviu para substituir o veículo destruído pela morte. Mas, como os dois polos de um ímã ou dínamo são necessários para a manifestação, assim também dois seres unissexuais se tornaram necessários para a geração; dessa forma, o matrimônio e o nascimento foram necessariamente instituídos para compensar o efeito da morte. A morte, então, é o preço que pagamos pela consciência no mundo atual; o matrimônio e os repetidos nascimentos são nossas armas contra a morte, até que a nossa constituição seja alterada e que nos tornemos como os Anjos.
Preste bastante atenção aqui: isso não quer dizer que vamos nos tornar Anjos, mas que vamos ser como os Anjos; eles são a Humanidade do Período Lunar; eles pertencem a uma corrente de evolução totalmente diferente da nossa, tão diferente como os espíritos humanos o são dos animais atuais. São Paulo diz, em sua Epístola aos Hebreus, que o ser humano foi feito por pouco tempo inferior aos Anjos[28]; o ser humano desceu mais baixo na escala de materialidade durante o Período Terrestre, enquanto os Anjos nunca habitaram um globo mais denso que o Éter. Da mesma maneira que construímos nossos corpos com os constituintes químicos da Terra[29], os Anjos constroem os seus corpos de Éter[30]. Essa substância é o caminho direto de todas as forças de vida, e quando o ser humano conseguir se tornar como os Anjos e aprender a construir seu corpo de Éter, naturalmente, não haverá mais morte e nem a necessidade do matrimônio para promover os nascimentos.
Porém, considerando o matrimônio sob outro ponto de vista, reconhecendo-o como uma união de almas, ao invés de uma união de sexos, entramos em contato com o maravilhoso mistério do Amor. Logicamente, a união dos sexos deve servir para perpetuar a Onda de Vida humana aqui, mas o verdadeiro matrimônio é também um companheirismo de almas que transcende o sexo completamente. Aqueles que realmente forem capazes de encontrar esse elevado plano de intimidade espiritual, alegremente, oferecem seus corpos como sacrifícios vivos sobre o altar do Amor ao Não Nascido, atraindo amorosamente um Espírito que está esperando para renascer em um corpo imaculadamente concebido. Assim, a Humanidade poderá ser salva do reinado da morte.
Isso manifesta-se facilmente à compreensão tão logo consideremos a ação não áspera, nem severa nem violenta do Corpo Vital em contraste com o do Corpo de Desejos num período curto e repentino de raiva descontrolada, quando se diz que uma pessoa “perdeu o controle de si mesma”. Sob tais condições, os músculos se tornam tensos e a energia nervosa é gasta em grau suicida, de maneira que, depois de tal explosão, o Corpo Denso pode ficar prostrado, algumas vezes, por várias semanas. O mais árduo trabalho não traz a fadiga proporcionada por um período curto e repentino de raiva descontrolada; do mesmo modo, uma criança concebida sob paixão, sob as tendências cristalizantes da natureza do desejo terá, certamente, uma existência curta aqui, e é um fato lamentável que a duração de vida aqui seja, atualmente, quase um contrassenso; em vista da espantosa mortalidade infantil, devíamos chamá-la de brevidade de existência.
As tendências construtivas do Corpo Vital, que é o veículo do amor, não são tão facilmente consideradas, porém, essa observação prova que a satisfação prolonga a vida daquele que cultiva essa qualidade e, seguramente, podemos concluir que uma criança concebida sob condições de harmonia e amor tem uma maior possibilidade de ser bem-sucedida na vida do que aquela concebida sob condições de raiva, de embriaguez e de paixão.
De acordo com o Gênesis foi dito à mulher: “na dor darás à luz filhos”[31] e sempre foi um delicado enigma para aqueles que comentam a Bíblia explicar que conexão lógica pode existir entre o ato de comer uma fruta e as dores do parto. Mas, quando compreendemos as castas referências da Bíblia ao ato de geração, a conexão é facilmente percebida. Enquanto uma mulher negra, que vive no interior da África, ou uma mulher índia, que ainda vive no seu ambiente natural – ambas possuidoras de corpos menos sensíveis – dão à luz e voltam logo aos seus trabalhos no campo, a mulher ocidental, que vive nas cidades ou nas vilas, tendo um corpo mais sensível e de temperamento mais nervoso, a cada ano que passa acha mais difícil desempenhar a tarefa da maternidade, embora auxiliada pelas melhores e mais sofisticadas ajudas científicas.
As razões que contribuem para isso são várias: em primeiro lugar, enquanto insistimos em selecionar os nossos cavalos e gado para a reprodução, enquanto insistirmos no pedigree dos nossos animais para que possamos obter a melhor linhagem – a fim de melhorar a espécie, promovendo corpos mais sadios, mais altivos –, não agimos com tanto cuidado com respeito à escolha de um pai ou uma mãe para nossos filhos. Unimo-nos por impulso e depois nos lastimamos e nos arrependemos, auxiliados por leis que tornam muito fácil entrar ou sair dos laços sagrados do Matrimônio. As palavras pronunciadas pelos padres, pastores ou juízes são tomadas como permissão para uma indulgência sem limites, como se qualquer lei feita pelo ser humano pudesse permitir a contravenção da lei de Deus. Enquanto os animais se cruzam somente em certas épocas do ano e a mãe não é molestada durante o período de gravidez, o mesmo não acontece com a Onda de Vida humana.
Tendo em vista esses fatos, não é de estranhar que encontremos tanto medo da maternidade e já não é tempo de solucionar esse problema por meio de uma relação mais sã entre os cônjuges? A astrologia revelará o temperamento e as tendências de cada ser humano; ela capacitará duas pessoas a combinarem suas personalidades de tal maneira que uma vida de amor possa ser vivida, e indicará os períodos em que as linhas de força interplanetárias estão mais propícias para um parto sem dor. Assim, a astrologia nos permite tirar das entranhas da natureza crianças nascidas do amor, capazes de viver longas vidas com excelente saúde. Finalmente, chegará o dia em que esses corpos serão feitos com tal perfeição em sua pureza etérica, que perdurarão do começo ao fim da próxima Era, tornando assim supérfluo o matrimônio.
Mas, se nós podemos amar agora, quando nos vemos um ao outro “obscuramente, como por espelho”, através da máscara da personalidade e do véu da incompreensão, então mais convictos estaremos de que o amor da alma para alma, purificado da paixão no crisol do sofrimento, será nossa joia mais preciosa e brilhante no céu, assim como o peso de sua sombra está agora na Terra.
Alguns dos nossos Estudantes Rosacruzes já foram esclarecidos sobre o pecado imperdoável, e como esse assunto tem uma certa ligação relativa ao matrimônio, o primeiro considerado um sacrilégio e o segundo, um sacramento, será melhor elucidar essa matéria sob um ponto de vista diferente daquele anteriormente abordado em nossa literatura.
Inicialmente, vejamos o significado de um sacramento e porque os Ritos do Batismo, da Comunhão, do Matrimônio e da Extrema Unção são apropriadamente assim chamados; então, estaremos numa posição para compreender o porquê de um sacrilégio ser imperdoável.
Os Rosacruzes ensinam, embora com mais detalhes, a mesma doutrina que São Paulo pregou no décimo quinto Capítulo da Primeira Carta aos Coríntios, começando no trigésimo quinto Versículo, quando diz que além do “corpo de carne e sangue”, temos um Corpo-Alma, um soma psuchicon (mal traduzido para corpo “natural”), e um “corpo espiritual”; que cada um desses Corpos cresce de um Átomo-semente diferente e que há três estágios de desenvolvimento para Adão ou o ser humano. O primeiro Adão foi tirado da terra e não tinha vida senciente. A alma foi acrescentada ao segundo Adão; por isso, ele tinha uma vida interior, como um fermento trabalhando para promovê-lo de um torrão de terra à Deus. Quando o potencial da alma extraído do corpo físico tiver sido elevado ao espiritual, o último Adão se tornará um espírito dador de vida, capaz de transmitir o impulso da vida diretamente a outros, do mesmo modo que a chama de uma vela pode ser passada para muitas outras sem diminuir a magnitude da luz original.
Entretanto, o germe para nosso corpo terrestre tinha que ser apropriadamente colocado em solo frutífero para o crescimento de um veículo adequado e, desde o início, foram fornecidos órgãos geradores para alcançar esse propósito. Está declarado no Livro do Gênesis (1:27) que os Elohim os criaram macho e fêmea. As palavras em hebreu são “sacre va n’cabah”. Esses são os nomes dos órgãos sexuais. Traduzido literalmente, sacr significa “portador do germe”. Assim, o casamento é um sacr-amento, pois abre o caminho para transmissão de um Átomo-semente físico do pai para a mãe, e tende a preservar a Onda de Vida aqui contra as devastações da morte. O Batismo, como um Sacramento, significa a força ou o impulso germinal que empreende a realização, com energia e entusiasmo, da alma para a vida superior. A Sagrada Comunhão, na qual partilhamos do pão (feito da semente de plantas castas) e do vinho (o cálice simbolizando o pistilo desprovido de paixão), aponta-nos para a Era que virá, uma Era quando será desnecessário transmitir a semente através de um pai e de uma mãe, uma vez que poderemos nos alimentar diretamente da vida cósmica e, então, conquistar a morte. Finalmente, a Extrema Unção é o Sacramento que marca o rompimento do Cordão Prateado e a extração do germe sagrado, libertando-o até que possa, novamente, ser implantado em outro n’cabah, ou mãe.
Como a semente e o óvulo são as raízes e a base do desenvolvimento da Onda de Vida aqui, é fácil compreender que nenhum pecado pode ser mais sério do que aquele que abusa da função criadora, já que por aquele “sacr-ilégio” impedimos o crescimento normal, o desenvolvimento ou o progresso de futuras gerações e transgredimos contra o Espírito Santo, Jeová, que é guardião das forças criadoras lunares. Seus Anjos anunciam nascimentos, como nos casos de Isaac, João Batista e Jesus. Quando Jeová queria recompensar seus seguidores mais fiéis, prometia fazer a semente deles tão numerosa quanto as areias da praia. Ele também ordenou que os sodomitas deveriam ser punidos por terem cometidos “sacr-ilégio”, por usarem ou empregarem a semente de uma forma incorreta e desapropriada. Inclusive ele impôs aos filhos os pecados dos pais até a terceira e quarta gerações, pois, sob seu regime, a Lei reinava suprema. O ser humano ainda não evoluiu ao ponto em que possa responder ao amor. Age com seus inimigos pela regra do “olho por olho” e, da mesma maneira como mede, é medido pelos outros.
Embora isso nos pareça muito cruel, em virtude de estarmos diariamente desenvolvendo mais e mais as faculdades do amor e do perdão, precisamos lembrar que essa justiça retributiva se relaciona puramente com o Corpo Denso, que está sob as Leis da Natureza, tanto quanto qualquer outra composição química no Universo. Quando os abusos tenham enfraquecido esse Corpo Denso, ele se torna incapaz de cumprir sua missão e de responder às nossas exigências, como ocorre com qualquer outra máquina que tenhamos construído com os materiais que estão em torno de nós. Portanto, não há milagres como um que seria necessário para gerar um corpo são, vigoroso e saudável vindo de pais que transgrediram as Leis da Natureza pelos seus abusos; consequentemente, aquele pecado não pode ser redimido, mas deve ser expiado; porém, quando o tempo e o cuidado restaurarem a necessária força e vigor, o Corpo Denso desempenhará novamente as suas funções de uma maneira normal e saudável.
Assim, compreendemos que sob a Lei não existe a misericórdia, pois a misericórdia é ditada pelo amor. Logo, isso estava em perfeita consonância com a ordem cósmica quando Cristo, o Senhor do Amor, disse que todas as coisas feitas por qualquer pessoa contra Ele seriam perdoadas, pois o amor é a característica predominante no Seu Reino; porém, o que for feito contrário à Lei de Jeová terá seu justo castigo. Nunca poderemos ser suficientemente gratos pela maravilhosa Religião que Ele nos deu, particularmente se a comparamos com aquelas Religiões sob as quais nossos irmãos e irmãs menos evoluídos estão agora enfrentando resolutamente. Tomemos, por exemplo, os budistas: embora seu fundador tenha sido grande e sublime, ele viu somente o sentimento de profunda tristeza e lamentação, um combate constante contra as Leis da Natureza. Ele aspirava ensinar seus seguidores a transcenderem aquela condição por meio da perfeita obediência, tal como nós conquistamos as leis da eletricidade e outras forças da natureza. O budista nada vê além da lei fria e impiedosa; por outro lado, nós do Mundo Ocidental temos diante de nossos olhos, desde o berço até o túmulo, um quadro maravilhoso de Alguém que disse: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso”[32].
Porém, pode-se perguntar: “E as almas perdidas”, elas são também coisas da nossa imaginação? Para essa questão podemos responder que “sim”, embora isso precise de alguns esclarecimentos. Compreenderemos melhor o caso se retrocedermos na história da Humanidade e examinarmos as experiências daqueles que transgrediram, pois eles nos fornecerão um exemplo do que pode acontecer. A fim de demonstrar esse ponto de maneira apropriada devemos reiterar algumas partes dos Ensinamentos Rosacruzes que detalham a gênese da Terra e do ser humano que a habita. Três grandes estágios de desenvolvimento e desdobramento precederam o atual Período Terrestre. O Pai é o mais elevado Iniciado do Período de Saturno, particularmente habitando o Sol Espiritual. O Filho, o Cristo Cósmico, é o mais elevado Iniciado do Período Solar, habitando o Sol Central e guiando os Planetas em suas órbitas por meio de um raio refletido de Si mesmo, que se torna o Espírito morador dentro de cada Planeta, quando esse amadureceu suficientemente para conter tão grande Inteligência. Jeová, o Espírito Santo, é o mais elevado Iniciado do Período Lunar e tem sua morada interna no Sol físico visível. Ele é o regente das diversas Luas derivadas dos diferentes Planetas, com o propósito de fornecer aos seres que tenham ficado para trás na marcha de evolução, uma disciplina mais rígida, sob uma Lei mais firme, para despertá-los e impeli-los, se possível, na direção certa.
Quando olhamos para o espaço, percebemos que alguns Planetas têm um certo número de Luas e outros não têm nenhuma; mas, do mesmo modo que existem pessoas que ficam para trás (que se atrasam, que demoram para avançar) em qualquer grupo e como as Luas são necessárias para auxiliar esses retardatários a alcançarem o estado em que se perderam, se for possível, podemos estar certos de que os Planetas que agora não têm Luas, já as tiveram no passado. Aqueles Grandes Seres, os quais no Conceito Rosacruz do Cosmos são chamados de “Senhores de Vênus” e “Senhores de Mercúrio,” eram, de fato, retardatários daqueles dois Planetas. No ofuscado e distante passado, eles habitavam Luas que circundavam seus respectivos Planetas e foram bem-sucedidos em alcançarem o estado em que eles se perderam por meio de muita disciplina que lhes foi imposta. Mais tarde, receberam a oportunidade de servir a Humanidade da nossa Terra e por esse serviço asseguraram um retorno ao Planeta natal do qual haviam sido exilados. Estavam perdidos sob a Lei, porém redimidos pelo amor; e assim podemos inferir que as oportunidades para servir também trarão para outros seres, que se “perderam”, a oportunidade de reaver o passado.
Uma vez que isso pode confundir o Estudante Rosacruz quanto ao que acontece com as Luas em que tais seres habitam por um tempo, podemos dizer que o Sistema Solar deve ser visto como o corpo do Grande Espírito a quem chamamos Deus e, da mesma maneira que um tumor motivado por um processo anormal no nosso corpo nos causa dor, assim também essas cristalizações em Luas são fontes de desconforto para aquele Grande Ser. Além disso, assim como nosso próprio sistema orgânico se esforça por eliminar tais anomalias, como os tumores, o universo também se esforça para expelir Luas que já tenham cumprido o propósito delas. Enquanto os seres que foram exilados para uma Lua lá permanecem, o Espírito Planetário do Planeta do qual se originou a Lua, por seu cuidado para com esses seres, conserva a Lua em sua órbita, e falamos do seu amor por eles como a Lei de Atração; mas, quando eles retornam ao Planeta que originou a Lua, o Espírito Planetário não tem mais interesse naquela habitação semelhantes a cinzas. Então, lentamente, a órbita da Lua desocupada se dilata, começando a se desintegrar e, finalmente, é expelida para o espaço interestelar. Os asteroides são remanescentes de Luas que, uma vez, circundaram Vênus e Mercúrio. Há, também, outras Luas e fragmentos lunares semelhantes em nosso Sistema Solar, porém o Conceito Rosacruz do Cosmos não se ocupa delas, pois estão fora dos limites da evolução.
A periódica alteração, de um modo regular e repetitivo, das forças materiais e espirituais que envolvem a Terra são as causas invisíveis das atividades físicas, morais e mentais do nosso globo.
De acordo com o axioma hermético “assim como é em cima, assim é embaixo”, uma atividade similar deve acontecer no ser humano, que não é mais do que uma edição menor da Mãe Natureza.
Os animais têm vinte e oito pares de nervos espinhais e estão, agora, em seu estágio lunar, perfeitamente sintonizados com os vinte e oito dias que a Lua leva para transitar pelo Zodíaco. No estado selvagem em que eles se encontram, o Espírito-Grupo regula o acasalamento, com o objetivo de procriação. Com isso não há extravasamento com eles. Por outro lado, o ser humano está num estágio de transição; ele progrediu o suficiente para não ser influenciado pelas vibrações lunares, pois tem trinta e um pares de nervos espinhais. Mas não está, ainda, sintonizado com o mês solar de trinta e um dias e pratica a reprodução sexual em qualquer época do ano; consequentemente o fluxo periódico na mulher, sob condições apropriadas, é utilizado para formar parte do corpo de uma criança mais perfeita que seus pais. Similarmente, o fluxo periódico na Humanidade se torna a força resiliente sólida e a fundação ou a parte mais substancial do avanço dos povos; e o fluxo periódico das forças espirituais da Terra, que ocorrem por ocasião do Natal, resulta no nascimento dos Salvadores que, de tempos em tempos, proporcionam um impulso renovador para o progresso espiritual da Onda de Vida humana.
Há duas partes na nossa Bíblia: o Antigo e o Novo Testamentos. Depois de fazer um breve relato de como o mundo surgiu, o Antigo Testamento nos conta a história da “Queda”. Considerando o que foi escrito em nossa literatura, compreendemos que a “Queda” foi ocasionada pelo uso impulsivo e ignorante das forças sexuais pelo ser humano em momentos nos quais os raios interplanetários eram adversos, obstrutivos ou prejudiciais à concepção de melhores e mais puros veículos. Dessa forma, gradualmente, o ser humano se tornou prisioneiro num Corpo Denso, cristalizado pela paixão pecaminosa e, consequentemente, um veículo imperfeito, sujeito à dor e à morte.
Dessa forma, ele começou a peregrinação através da matéria, e por milênios tem vivido nesse duro e rígido envoltório do corpo que obscurece a luz do céu ao Espírito interno. O Espírito é como um diamante bruto, e os lapidários celestiais, os Anjos do Destino, estão constantemente se esforçando para remover essa camada bruta a fim de que o Espírito possa brilhar por meio do veículo que ele dota e imbui de uma alma.
Quando o lapidário coloca o diamante nas máquinas para clivagem e raspagem, essa pedra emite um guincho agudo semelhante a um grito de dor à medida que a camada opaca é removida; mas, gradualmente, com muitas sucessivas aplicações de clivagem e raspagem, o diamante bruto pode se tornar uma gema de transcendente beleza e pureza. Similarmente, os seres celestiais encarregados da nossa evolução nos mantêm próximos à clivagem e raspagem da experiência. Daí resultam a dor e o sofrimento, que despertam o Espírito que está adormecido dentro de nós. O ser humano que até então se contenta com as coisas materiais, indulgente com seus sentidos e com o sexo, se torna imbuído de uma inquietação divina que o impele a procurar uma vida superior.
Contudo, a satisfação dessa aspiração não é normalmente realizada sem um esforço extenuante e severo diante das dificuldades ou oposições impostas pela nossa natureza inferior. Foi durante esses esforços extenuantes diante de dificuldades ou oposições que São Paulo exclamou com toda a angústia de um coração devoto e aspirante: “Infeliz de mim!… (…) Com efeito, não faço o bem que eu quero, mas pratico o mal que não quero. (…) 22Eu me comprazo na lei de Deus segundo o homem interior; mas percebo outra lei em meus membros, que peleja contra a lei da minha razão e que me acorrenta à lei do pecado que existe em meus membros.” (Rm 7:19-24).
Quando a flor é amassada ou espremida, seu perfume é liberado e enche o ambiente ao redor com uma agradável fragrância, deliciando todos aqueles que, privilegiadamente, se encontram próximos. Os golpes esmagadores do destino podem abater um homem ou uma mulher que tenham alcançado o estágio de eflorescência; mas, tais golpes servirão para exteriorizar a doçura da natureza e intensificar a beleza da alma, até que ela brilhe com um esplendor que marque, com uma auréola, a pessoa que a possui. Então, ela está no Caminho da Iniciação. Ela tem aprendido como o uso desenfreado do sexo, sem levar em conta os raios astrais, a tem aprisionado no corpo e como esse restringe seu progresso, e como pelo uso apropriado dessa mesma força em harmonia com os Astros pode, gradualmente, melhorar e eterizar seu corpo e, finalmente, libertá-la da existência concreta.
Um construtor naval não pode construir um forte navio de carvalho com a casca de abeto; não “se vindimam uvas de sarças”[33]; semelhante sempre atrai o semelhante, e um Ego possuidor de uma natureza apaixonada é atraído para pais de natureza semelhante, quando, então, seu corpo é concebido pelo impulso do momento, num sopro de paixão.
A alma que tenha experimentado o cálice da amargura, em consequência do abuso da força sexual criadora, e tenha bebido a parte mais indesejável, amarga, nele contida, procurará, gradualmente, por pais de natureza cada vez menos passional, até que alcance a Iniciação.
Tendo sido ensinada a influência dos raios astrais sobre o parto, durante o processo de Iniciação, o próximo corpo proporcionado será gerado por pais Iniciados sem paixão, sob a constelação mais favorável ao trabalho que é contemplado pelo Ego. É por esse motivo que os Evangelhos (que são fórmulas de Iniciação) começam com o relato sobre a Imaculada Concepção e terminam com a Crucificação, ambos ideais maravilhosos que nós devemos alcançar um dia, porque cada um de nós é um Cristo em formação e, algum dia, iremos passar tanto pelo nascimento místico como pela morte mística delineados nos Evangelhos. Por meio do conhecimento podemos antecipar o dia cooperando, inteligentemente, ao invés de, como fazemos agora e muitas vezes, frustrando, pela ignorância, o objetivo do desenvolvimento espiritual.
Em relação à Imaculada Concepção, prevalecem interpretações errôneas em vários pontos: a virgindade perpétua da mãe, mesmo depois de ter dado à luz a outros filhos; a humilde profissão de José, o suposto padrasto, etc. Vamos examiná-las abaixo, brevemente, sob a luz dos fatos como são revelados na Memória da Natureza.
Em algumas partes da Europa, pessoas de classes sociais mais altas são chamadas de “bem-nascidas” ou mesmo de “muito bem-nascidas”, indicando que são filhos de pais de elevada posição social. Tais pessoas, normalmente, olham com desprezo para aquelas de posição mais modesta. Nada temos contra a expressão “pessoa bem-nascida”; nós desejaríamos que todas as crianças fossem bem-nascidas, isto é, nascidas de pais possuidores de elevada reputação moral, não importando sua posição social na vida. Há uma virgindade de alma que é independente do estado do corpo, uma pureza de Mente que levará quem a possui ao ato de gerar sem a mácula de paixão, e permitirá que a mãe carregue seu filho em gestação com o coração cheio de um amor que nada tem a ver com sexo.
Isso teria sido impossível antes da primeira vinda do Cristo entre nós. Nos primeiros tempos da nossa caminhada na Terra, a quantidade era desejável e a qualidade era de menor importância. Assim, a ordem dada era: “Ide, sede férteis e multiplicai-vos”. Além disso, era necessário que nós esquecêssemos, temporariamente, a nossa natureza espiritual e concentrássemos nossas energias nos objetivos materiais. A indulgência com a paixão sexual favoreceu esse objetivo e foi fornecido um domínio pleno à natureza de desejos. A poligamia floresceu e quanto maior o número de filhos, mais dignos de respeito se tornavam um homem e uma mulher, enquanto a esterilidade era vista como a pior das desgraças possíveis.
Em outras direções, a natureza de desejos estava sendo reprimida pelas Leis dadas por Deus, e a obediência aos mandamentos divinos era imposta pela punição imediata ao transgressor, tal como guerras, pestes ou fome. Recompensas para aquele que estava pleno ou motivado pelo senso de dever em cumprir a Lei não eram poucas, também; aos “filhos do homem honrado”, o seu gado e as colheitas eram numerosos; ele se sentia vitorioso sobre seus inimigos e era, para ele, a evidência da bondade e da benção de Deus para com ele.
Mais tarde, quando a Terra já estava suficientemente povoada, depois do Dilúvio Atlante, a poligamia se tornou cada vez mais obsoleta, o que resultou em uma melhor qualidade dos corpos e, na época de Cristo a natureza de desejos se tornou tão suscetível de ser controlada pelos mais avançados da Humanidade, que o ato de gerar uma criança podia ser executado sem paixão, advindo do amor puro, de maneira que a criança podia ser concebida imaculadamente.
Assim aconteceu com os pais de Jesus. Diz-se que José era um carpinteiro, mas ele não trabalhava com madeira. Ele era um “construtor”, no sentido mais elevado. Deus é o Grande Arquiteto do Universo. Sob Ele estão muitos construtores de diversos graus de esplendor espiritual, alguns ainda abaixo dos que conhecemos como Maçons. Todos estão empenhados em construir um templo sem o ruído de martelo, e José não era exceção.
Pergunta-se, algumas vezes, porque os Iniciados são sempre homens. Não é assim; nos graus mais baixos há muitas mulheres, mas, quando um Iniciado é capaz de escolher seu sexo, normalmente, escolhe o positivo Corpo Denso masculino, uma vez que a vida que o levou à Iniciação espiritualizou seu Corpo Vital e o tornou positivo sob todos os aspectos, de maneira que ele consegue ter um instrumento altamente eficiente.
No entanto, há ocasiões em que as exigências requerem um Corpo Denso feminino, como, por exemplo, para prover um Corpo do tipo mais elevado para receber um Ego superlativamente evoluído. Então, um elevado Iniciado pode escolher vir em um Corpo Denso feminino, disposto a passar pela experiência da maternidade novamente, talvez depois de ter evitado por motivos práticos nas várias vidas anteriores, como aconteceu com o lindo caráter que conhecemos como Maria de Belém.
Concluindo, lembremo-nos dos principais pontos apresentados. Explicamos que nós somos todos Cristos em formação; que, algumas vezes, devemos cultivar o nosso caráter livre de impurezas de forma que sejamos dignos de habitar em corpos que são imaculadamente concebidos; e quanto mais cedo começarmos a purificar nossas Mentes de pensamentos passionais, mais cedo alcançaremos esse grau. Numa análise final, isso depende exclusivamente da seriedade dos nossos propósitos e da força da nossa vontade. As condições atuais são tais que nós podemos viver vidas puras, quer estejamos casados ou solteiros, não sendo exigidas as frias relações do gênero irmã-irmão.
Será que uma vida de absoluta pureza ainda está fora do nosso alcance? Não nos devemos desencorajar; Roma não foi construída em um dia. Continue aspirando a ela, mesmo que erre muitas vezes, pois o único fracasso é deixar de lutar.
Que Deus fortaleça suas aspirações para a pureza.
Vimos, anteriormente, como a infante Humanidade da Atlântida vivia em uma condição de harmonia, de união, sob a orientação direta dos líderes divinos, e como ela foi retirada da água e levada para uma atmosfera clara, onde a separatividade de cada indivíduo dos demais se tornou imediatamente evidente.
“Deus é Luz”[34] – a Luz que se tornou vida no ser humano. Ela era fraca e acromaticamente difusa na atmosfera enevoada dos primórdios da Atlântida, tão incolor quanto o ar o é num dia coberto por uma intensa umidade nos dias de hoje, daí a unidade de todos os seres que viviam nessa luz. Mas, quando o ser humano se elevou acima das águas, quando emergiu no ar onde a manifestação divina, a Luz, era refratada em numerosos matizes, essa luz multicolorida foi absorvida de forma diferenciada por cada pessoa. Assim se iniciou a diversidade, quando a Humanidade contemplou o grandioso arco-íris com suas variegadas e belas cores. Portanto, esse arco pode ser considerado um portão de entrada para “a Terra Prometida”, o mundo como está atualmente constituído. Aqui, a luz de Deus não é mais um único e insípido matiz, como no início da Atlântida. O atual deslumbrante jogo de cores nos diz que o lema da Época atual é a segregação e, portanto, enquanto permanecermos na condição atual, sob a Lei de Ciclos Alternantes, em que o verão e o inverno, as marés, alta e baixa, se sucedem numa sequência ininterrupta, enquanto o arco de Deus permanecer no céu, um símbolo da diversidade, ainda estaremos no “reino dos homens”, e o Reino de Deus permanecerá em um estado temporário de inatividade.
Entretanto, tão certo como as condições Edênicas sobre o cinturão de fogo das ilhas da antiga Lemúria terminaram na separação dos sexos, cada um expressando um elemento do fogo criador, e tornando a união do homem e da mulher tão necessária à geração de um corpo, assim como a união do hidrogênio e oxigênio o é para a produção da água; e tão certo como a emersão da atmosfera aquosa da Atlântida no meio ambiente aéreo da Ariana, o mundo de hoje, estimulou uma segregação posterior entre nações e indivíduos, que lutam e se oprimem uns aos outros (porque as formas nitidamente diferenciadas que eles observam não os permitem ver a unidade inalienável de cada alma com as demais); assim também a condição atual desse mundo dará lugar a um “novo Céu e uma nova Terra, onde habitará a justiça”[35].
No início da Atlântida vivíamos nas bacias mais profundas da Terra, onde a névoa era mais densa; respirávamos por meio de um órgão (parecido com as brânquias dos peixes atuais) para obter oxigênio da água e seria impossível viver numa atmosfera como a que temos agora. Com o decorrer do tempo, o desejo de explorar mais além levou à invenção de aeronaves mais leves que o ar com sistemas de propulsão baseados na força expansiva do grão em germinação. A história da “arca”[36] é uma lembrança deturpada desse fato. Aquelas naves, na verdade, paravam e caíam nos topos das montanhas onde a atmosfera era muito rarefeita para suportá-las. Hoje, nossas naves flutuam sobre o elemento no qual as naves atlantes, naquele passado, estiveram imersas. Agora, já foram formados e criados engenhosa e artisticamente vários meios de propulsão capazes de nos transportar sobre as partes mais elevadas e montanhosas da Terra, e estamos começando a alcançar a atmosfera para conquistar esse elemento, da mesma maneira que subjugamos as águas; e assim como nossos ancestrais atlantes abriram um caminho pelo elemento aquoso em que respiravam e daqui se elevaram acima dele, para viver em um novo elemento, do mesmo modo e certamente deveremos conquistar o ar e, depois, nos elevaremos acima dele, para o recém-descoberto elemento que chamamos Éter.
Dessa forma, cada Época tem suas condições e leis peculiares; os seres que evoluem têm uma constituição fisiológica adequada ao meio ambiente daquela Época, porém, são dominados pelas forças da natureza prevalecentes no momento, até que aprendam a se ajustar a elas. Então, essas forças se tornam auxiliares de imenso valor como, por exemplo, o vapor e a eletricidade, que temos aproveitados parcialmente. A lei de gravidade ainda nos segura na sua aderência poderosa, apesar de estarmos, por meios mecânicos, tentando escapar para um novo elemento. Deveremos, dentro de pouco tempo, obter o domínio do ar, mas como as embarcações da Atlântida caíram e pararam nos topos das montanhas da Terra, porque a flutuabilidade delas era insuficiente para permiti-las que se elevassem acima na clara névoa daquelas altitudes e porque a respiração era difícil, assim também a rarefação crescente da nossa atual atmosfera nos impedirá de entrar no “novo Céu e na nova Terra”, que servirão de cenário para a Nova Dispensação.
Antes de atingirmos esse estado, mudanças fisiológicas e, também, morais e espirituais devem ocorrer. O texto grego do Novo Testamento não nos deixa dúvidas quanto a isso, embora a falta de conhecimento dos ensinamentos dos mistérios tenha impedido os tradutores de mencioná-los na versão inglesa. Se apenas acreditássemos na Bíblia, como a temos, seríamos poupados de muitas ilusões e inquietações em relação ao tempo disso. Comunidades religiosas, seitas, movimentos espiritualistas inteiros se dispuseram dos seus pertences pela antecipação do advento de Cristo que, segundo eles, aconteceria num determinado dia, e sofreram incontáveis privações posteriores. Impostores fizeram-se passar por Cristo ou mesmo por Deus, se casaram, constituíram família e morreram, deixando a seus filhos a crença que eram Cristos e que lutassem por seu reino. Um governo secular foi forçado a banir um desses “Cristos” militantes para uma ilha do Mediterrâneo, e outro para uma cidade asiática onde ele está atualmente sob vigilância militar. Não há sinais de que tais pretendentes venham a diminuir no futuro; pelo contrário, a impostura sacrílega está se espalhando.
Podemos ficar tranquilos que os líderes divinos da evolução não cometeram nenhum erro quando deram a Religião Cristã ao Mundo Ocidental – o mais avançado ensinamento para os mais precoces entre a Humanidade. Portanto, pode ser considerado como um detrimento quando uma organização se propõe introduzir uma Religião Hindu (que é excelente para as pessoas a quem foi divinamente dada) sobre o nosso povo. Os exercícios de respiração importados dos orientais Hindus têm, certamente, levados muitas pessoas para hospitais psiquiátricos, unidades de saúde mental ou unidades de saúde comportamental.
Se acreditássemos nas palavras de Cristo: “Meu Reino não é deste mundo”[37] (kosmos, a palavra grega usada para “mundo” significa “ordem das coisas”, ao invés de nosso Planeta, a Terra, que é chamada gee) saberíamos melhor como procurar Cristo atualmente.
“A carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus”[38], do mesmo modo que a criatura que respirava por meio de um órgão (parecido com as brânquias dos peixes atuais) para obter oxigênio da água, no início da Época Atlante, não estava preparada para viver sob as condições naturais prevalecentes na presente Época, onde existe “o Reino dos homens”. São Paulo, falando sobre a Ressurreição, não diz como está na versão inglesa: “Há um corpo natural e um corpo espiritual” (ICor 15:14). Ele afirma que há um “soma psuchicon”, um Corpo-Alma, e diz nos versículos anteriores como isso é gerado de uma “semente”, da mesma forma como é explicado nos Ensinamentos Rosacruzes. A Bíblia afirma que nossos corpos são corruptíveis. (Também nos ensina que um órgão, o coração, é uma exceção. Isto se refere ao Átomo-semente no coração (Sl 22:26)). Consequentemente, nossos corpos precisam ser mudados antes que Cristo possa vir.
Se acreditássemos verdadeiramente nisso, poucas pessoas correriam atrás dos impostores, pois o trabalho deles nada representaria. Mas, infelizmente, a imprensa ocidental dá notoriedade a tais maquinadores, embora os trate como uma piada, como o são realmente, pois seria contrário à razão ou ao bom senso, para não dizer absurdo, acreditar que o grande e sábio Ser que guia a evolução pudesse ser de uma visão tão acanhada que não saberia que o Mundo Ocidental nunca aceitaria seguir um caminho que reputa semibárbaro e que essa missão fosse atribuída ao seu Salvador.
Quando os preparativos para a vinda do Salvador do mundo foram feitos, há 2000 anos, a Galileia era a Meca dos espíritos errantes. Para lá afluíam povos da Ásia, África, Grécia, Itália e de outras partes do mundo daquele tempo. As condições lá existentes eram excepcionalmente atraentes e agradavelmente adequadas à natureza, aos gostos e às perspectivas, e a Galileia era, como declarado por muitos estudiosos que investigaram o assunto, tão cosmopolita quanto Roma. De fato, era o “crisol” daqueles dias. Entre muitos, José e Maria, os pais de Jesus, haviam emigrado da Judeia para Nazaré, na Galileia, antes do nascimento do seu primogênito, e o corpo gerado naquele ambiente era diferente do corpo comum da raça judaica.
É um fato incontestável que o ambiente desempenha um grande papel no processo da evolução. Temos hoje na Terra, três grandes raças. Uma, a negra, tem o fio do cabelo de secção chata e a cabeça é alongada, estreita e achatada nos lados. A órbita do globo ocular é também alongada e estreita. Os negros são descendentes da Raça Lemúrica.
Os Mongóis e povos semelhantes têm cabeças arredondadas. O fio de seu cabelo tem secção redonda, assim como as órbitas de seus olhos. São os descendentes da Raça Atlante.
A Raça Ariana tem o fio do cabelo oval, assim como o crânio e as órbitas dos olhos, com secção oval, sendo que esses traços são mais pronunciados nos Anglo-Saxões, que são o florescer da raça atual.
Na América, a Meca das nações de hoje, essas várias raças estão claramente representadas. Esse é o “crisol” onde elas estão sendo amalgamadas. Verifica-se que aqui há uma diferença entre as crianças que pertencem a uma mesma família. Os crânios das crianças que nascem na América são mais ovais do que o de seus irmãos mais velhos nascidos em outra parte do mundo.
Por esse e por outros fatos, que não precisam ser mencionados aqui, é evidente que uma nova Raça está nascendo no continente americano; e, raciocinando do fato conhecido de que o Cristo veio da parte mais cosmopolita do mundo civilizado 2.000 anos atrás, seria bem lógico esperar que, se um renascimento estivesse sendo preparado para esse exaltado Ser, Seu corpo seria, provavelmente, formado de uma nova Raça, ao invés de uma Raça antiga. Por outro lado, se fosse conveniente buscar um Salvador nas Raças antigas, porque não um Bushman[39] ou um Hotenote[40]?
Contudo, podemos ter certeza de que, embora os impostores iludam por algum tempo, mais cedo ou mais tarde eles serão descobertos e seus planos estão fadados ao fracasso. Enquanto isto, o progresso continua nos levando para mais próximo da Era de Aquário, e um Mestre está vindo para fornecer à Religião Cristã um estímulo e encorajamento, resultando em um aumento de atividades, numa nova direção.
Quando falamos da “Próxima Era”, “do Novo Céu e da Nova Terra” mencionados na Bíblia e, também, da “Era de Aquário”, as diferenças entre elas podem não ser claras nas Mentes dos nossos Estudantes Rosacruzes. A confusão dos conceitos é um dos campos mais férteis para a falácia, e os Ensinamentos Rosacruzes procuram evitar isso usando uma nomenclatura ou um conceito particularmente definido. Algumas vezes, um esforço extra se faz necessário para dissipar a confusão ou a distorção gerada por concepções nebulosas engendradas por outros, tão sinceros como o presente escritor, porém, não tão afortunados em ter acesso aos incomparáveis Ensinamentos da Sabedoria Ocidental.
Em nossa literatura aprendemos que quatro grandes Épocas de desenvolvimento gradual precederam a atual ordem das coisas; que a densidade da Terra, suas condições atmosféricas e as Leis da Natureza que prevaleciam numa Época eram tão diferentes das de outras Épocas, como a correspondente constituição fisiológica da Humanidade em uma Época era bem diferente das de outras Épocas.
Os corpos de ADM (o nome significa terra vermelha), a Humanidade da ígnea Lemúria, foram formados do “pó da terra”, da lama vermelha, quente e vulcânica, e estavam adaptados ao meio ambiente deles. A carne e o sangue teriam se atrofiado e se enrugado, especialmente pela perda de umidade, no calor intenso daqueles dias e, embora adaptados às condições presentes, São Paulo nos diz que “eles não podem herdar o Reino de Deus”[41]. É evidente, portanto, que antes que uma nova ordem de coisas possa ser inaugurada, a constituição fisiológica da Humanidade precisa ser radicalmente alterada, isto sem mencionar a atitude espiritual. Serão necessários milhões de anos para regenerar toda a Onda de Vida humana e torná-la apta a viver em corpos etéricos[42].
Por outro lado, nem mesmo um novo ambiente surge de um momento para o outro, mas a terra e os povos vêm evoluindo juntos, desde os menores e mais primitivos primórdios. Quando a neblina da Atlântida começou a assentar, alguns dos nossos antepassados já haviam desenvolvido pulmões embrionários, e foram compelidos a subir para as montanhas muito antes de seus pares ou companheiros. Eles vagaram pelo “deserto” enquanto a “Terra Prometida” estava emergindo das névoas mais tênues e, ao mesmo tempo, seus pulmões em crescimento estavam os preparando e os ajustando para viverem sob as condições atmosféricas atuais.
Mais duas Raças nasceram nas bacias da Terra, antes que uma sucessão de inundações os forçasse a ir para as montanhas; a última inundação aconteceu no momento quando o Sol entrou no Signo aquoso de Câncer, há cerca de dez mil anos atrás, como disseram os sacerdotes egípcios a Platão. Como vimos, não há uma mudança súbita no organismo humano ou no meio-ambiente para toda a Onda de Vida humana, quando uma nova Época é introduzida, mas uma sobreposição de condições que tornam isso possível para a maioria dos seres da Onda de Vida humana, por meio de um ajustamento gradual para entrar na nova condição, embora a mudança possa parecer súbita ao indivíduo que fez toda a mudança preparatória inconscientemente. A metamorfose do girino, de um habitante do elemento aquoso para um habitante do elemento aéreo, fornece uma analogia do passado, e a transformação de uma lagarta em uma borboleta se elevando pelo ar é uma ilustração apropriada da próxima Era. Quando o celestial marcador do tempo entrou em Áries, por Precessão[43], um novo ciclo se iniciou e as “boas-novas” foram pregadas por Cristo. Ele enfatizou que o Novo Céu e a Nova Terra não estavam ainda prontos, quando disse a Seus discípulos: “Não podes seguir-me agora aonde vou, mas me seguirás mais tarde”[44] (..) “vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo”[45].
Mais tarde São João viu, numa visão, a Nova Jerusalém procedendo do Céu e São Paulo exortou os Tessalonicenses “pela palavra do Senhor”[46] que aqueles que vivem em Cristo, na Sua próxima vinda, deverão ser arrebatados no ar para se encontrarem com Ele e estar com Ele para a Nova Era.
Porém, durante essa mudança, há pioneiros que entram no Reino de Deus antes de seus irmãos e de suas irmãs em Cristo. Cristo disse, no Evangelho Segundo São Mateus 11:12: “Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e violentos se apoderam dele”. Essa não é uma tradução correta. A tradução deve ser: “O Reino dos Céus foi invadido (biaxetai) e os invasores se apoderaram dele”. Homens e mulheres já aprenderam, por meio de vidas santas e baseadas na prestação de serviços e auxílios, a deixar de lado o corpo de carne e de sangue, seja intermitente ou permanentemente, e caminhar pelos céus com pés alados, atentos aos assuntos do Senhor deles, vestidos do etérico “Manto Nupcial”[47] da Nova Dispensação. Essa mudança pode ser conseguida por meio de uma vida de simples serviço, de ajuda, de auxílio e de oração e prece, como a praticada pelos Cristãos devotos, não importando a que igreja estejam afiliados, assim como por meio dos Exercícios Esotéricos específicos fornecidos pela Fraternidade Rosacruz. Esses Exercícios Esotéricos não trarão nenhum resultado, a não ser que sejam acompanhados por frequentes atos de amor, pois o amor será a palavra-chave da próxima Era, do mesmo modo que a Lei é a palavra-chave da presente ordem. A expressão intensa das qualidades mencionadas acima que aumenta a luminosidade fosforescente é a densidade dos Éteres em nossos Corpos Vitais; as correntes ígneas cortam a ligação com os cuidados e as preocupações do dia a dia, e o ser humano, uma vez nascido da água em sua emersão da Atlântida, agora nasce do espírito, para o Reino de Deus. A força dinâmica do seu amor abriu um caminho para a terra do amor, e é indescritível o regozijo daqueles que já se encontram lá quando novos seres chegam, pois cada um que chega apressa a vinda do Senhor e o estabelecimento definitivo do Reino.
Entre os religiosamente inclinados há um clamor definido e incessante: “Quanto tempo, Oh Senhor, quanto tempo?”. E, apesar da afirmação enfática de Cristo de que o dia e a hora são desconhecidos, mesmo para Ele, profetas continuam ganhando credibilidade quando predizem Sua volta para uma determinada data, embora cada um se frustra quando o dia passa e nada acontece. A questão também tem sido debatida entre nossos Estudantes Rosacruzes, e esse capítulo é uma tentativa de mostrar a falsa ou errada ideia de esperarmos pelo Segundo Advento no próximo ano, nos próximos cinquenta ou nos próximos quinhentos anos. Os Irmãos Maiores se recusam a expressar uma opinião e assinalam só o que deve ser realizado primeiramente.
Nos dias de Cristo, o Sol estava ao redor dos sete graus de Áries. Foram necessários quinhentos anos para, por Precessão, chegar ao trigésimo grau de Peixes. Durante este tempo, a nova igreja viveu fases de violência ofensiva e defensiva, justificando bem as palavras de Cristo: “Eu não vim trazer a paz, mas uma espada”[48]. Passaram-se mais mil e quatrocentos anos sob a influência negativa de Peixes, que tem fomentado o poder da igreja e sujeitado o povo pelo credo e pelo dogma.
Em meados do último século[49], o Sol entrou na Órbita de Influência do Signo científico de Aquário e, embora ainda leve cerca de seiscentos anos para que a Era de Aquário comece, é altamente instrutivo notar que mudanças ao mero contato com esse Signo tem acontecido e disponibilizadas para o uso no mundo. Nosso limitado espaço nos impede de enumerar os maravilhosos avanços realizados desde então; mas não demais dizer que a ciência, as invenções e a indústria decorrentes desse desenvolvimento, tem mudado o mundo completamente, tanto na vida social como nas condições econômicas. Os grandes progressos realizados por meio da comunicação, têm contribuído muito para quebrar as barreiras do preconceito racial, nos preparando para as condições da Fraternidade Universal. Os instrumentos de destruição têm sido elaborados tão assustadoramente eficientes, que as nações militantes serão forçadas, dentro de pouco tempo, a “quebrar as suas espadas, transformando-as em arados, e as suas lanças, a fim de fazerem podadeiras”[50]. A espada tem tido seu reinado durante a Era de Peixes, mas a ciência governará na Era de Aquário.
Na terra do sol poente podemos esperar vislumbrar as condições ideais da Era de Aquário: uma mescla de Religião e ciência, formando uma ciência religiosa e uma Religião científica, que proporcionarão a saúde, a felicidade e o regozijo de uma vida vivida em sua plenitude.
O Açúcar pelo Álcool
No capítulo que elucida a Lei de Assimilação, no livro Conceito Rosacruz do Cosmos, afirmamos que os minerais não podem ser assimilados porque lhes falta um Corpo Vital, e é a falta dele que torna impossível o ser humano elevar o grau vibratório deles até o seu próprio. As plantas[51] têm um Corpo Vital e não têm uma consciência própria, daí serem mais facilmente assimiladas e permanecerem com o ser humano por mais tempo do que as células da carne animal (mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins), que são permeadas por um Corpo de Desejos. A taxa vibratória dessas últimas é elevada, e muita energia é necessária na assimilação; suas células também escapam rapidamente e o carnívoro tem necessidade de ir atrás de alimento mais frequentemente.
Estamos cientes de que o álcool é um “espírito estranho” e um “espírito de decadência”, porque é gerado pela fermentação FORA do organismo daquele que o bebe. Sendo um “espírito”, vibra com rapidez tão intensa que o espírito humano é incapaz de regulá-lo e controlá-lo como o faz com o alimento e, por isso, o metabolismo é impossível. Ainda mais, como não podemos reduzir sua taxa vibratória às taxas dos nossos corpos, esse espírito estranho pode acelerar as taxas vibratórias dos nossos corpos e nos controlar, como acontece no estado de embriaguez. Assim, álcool é um grande perigo para a Humanidade e precisamos nos emancipar dele, antes que possamos realizar a nossa natureza divina.
Um espírito estimulante é necessário, enquanto vivemos numa dieta baseada de carne animal, ou o progresso pararia, e um alimento foi fornecido aos pioneiros do ocidente para preencher todos os requisitos necessários. Chama-se “açúcar”[52]. Do açúcar, o próprio Ego gera o álcool DENTRO do organismo pelo simples processo do metabolismo. Esse produto é, portanto, alimento e estimulante, perfeitamente em sintonia com a taxa vibratória do corpo. Tem todas as boas qualidades do álcool, em proporção maior e nenhuma das suas desvantagens e dos seus inconvenientes. Para percebermos claramente os efeitos desse alimento, vamos tomar como exemplo os povos da Europa oriental, onde pouco açúcar é consumido. São servis; falam de si mesmos em termos depreciativos; o pronome “eu” é sempre escrito em letras minúsculas e “você” em maiúsculas. A Inglaterra consome cinco vezes mais açúcar “per capita” do que a Rússia. Na primeira, há um espírito diferente: o maiúsculo “Eu” e o minúsculo “você”. Na América, as confeitarias são as grandes rivais dos bares e botecos, pois o ser humano que come doces não ingere bebidas alcoólicas, e não há cura melhor para o alcoolismo do que induzi-lo a comer doces livremente. O beberrão tem aversão ao açúcar, enquanto seu organismo está sob a influência do “espírito estranho”.
O movimento de temperança no uso de bebidas alcoólicas começou na terra onde mais açúcar é consumido, e tem gerado “o espírito do autorrespeito”.
Em capítulos anteriores, vimos como a Humanidade infantil era cuidada por guardiães sobre-humanos que lhe forneciam um alimento apropriado, afastavam-na dos perigos, protegiam-na sob todos os aspectos até alcançar a estatura humana, e preparavam-na para entrar na escola da experiência e aprender as lições da vida no Mundo fenomenal. Vimos, também, como o arco-íris indica as leis naturais peculiares da Época atual[53]; como foi fornecido à Humanidade o livre-arbítrio sob essas leis, e como o espírito do vinho foi-lhe ofertado para animar e estimular seu próprio Espírito tímido e temeroso e, assim, lhe proporcionar a força moral e a coragem para enfrentar a batalha do mundo.
De maneira análoga, a criancinha irresponsável, é trazida sob as águas do Batismo por seus guardiães naturais, é cuidada durante os anos da infância enquanto seus vários veículos estão sendo organizados. Quando o sangue dos pais, armazenado na Glândula Timo, se extingue a criança, então, se emancipa deles, desperta para a Individualidade, para o sentimento do “EU SOU”. Está, então, preparada com um conhecimento do bem e do mal, com o qual enfrentará a batalha da vida e, neste momento, o jovem ou a jovem é levado (a) à igreja e lá recebe o “pão e o vinho” para lhe proporcionar a força moral e a coragem e, também, para nutri-lo (a) espiritualmente. Isso simboliza que ele (a) é, daqui em diante, um (a) agente livre e responsável perante as Leis de Deus. Essa liberdade pode ser uma bênção ou uma maldição, dependendo da maneira como for usada.
Nos primórdios da Atlântida, a Humanidade era uma fraternidade universal, composta de crianças submissas, sem incentivo algum para entrar em conflitos de maneira ativa ou vigorosa ou, ainda, para brigar. Mais tarde, a Humanidade foi segregada em nações e as guerras inculcaram a lealdade à família e ao país. Cada soberano era um autocrata absoluto, com poder sobre a vida e os pertences dos seus súditos, que chegavam a ser centenas de milhares, os quais lhe rendiam a pronta e servil submissão, uma atitude mantida até o presente entre os milhões de asiáticos, que são vegetarianos e, consequentemente, não precisam da bebida alcoólica.
Quando se iniciou o hábito de comer carne animal, o vinho se tornou cada vez mais uma bebida comum. Em consequência da alimentação carnívora, houve um grande progresso material antes da vinda de Cristo e, devido à prática de beber vinho, um número crescente de seres humanos se declararam líderes. Disso resultou que, em lugar de poucas grandes nações como os povos da Ásia, muitas nações pequenas se formaram na porção sudoeste da Europa e Ásia Menor.
Porém, embora a grande massa de pessoas que formaram essas várias nações estivessem à frente de seus irmãos e irmãs asiáticos como artesãos, eles continuavam submissos a seus dirigentes e viviam tão arraigados às suas tradições como esses últimos. Cristo os repreendeu, pois se gloriavam de ser a semente de Abraão. Ele lhes disse: “Antes que Abraão existisse, EU SOU”[54], querendo dizer que o Ego sempre existiu.
É Sua missão emancipar a Humanidade da Lei e conduzi-la para o AMOR, para destruir “o reino dos homens” com todos os seus antagonismos, e construir sobre suas ruínas, “o Reino de Deus”. Uma ilustração elucidará melhor esse método.
Se temos um certo número de construções de alvenaria e desejamos uni-las numa única e grande estrutura, é necessário demoli-las primeiro, e limpar cada tijolo da argamassa que as liga. Do mesmo modo, cada ser humano deve ser libertado dos grilhões da família, por isso, Cristo ensinou-nos que: “A menos que um homem deixe pai e mãe, ele não poderá ser Meu discípulo”[55]. Ele deve superar o partidarismo religioso e o patriotismo, e aprender a dizer o que o incompreendido e caluniado Thomas Paine[56] disse: “O mundo é minha pátria e fazer o bem é minha Religião”.
Cristo não quis dizer que abandonemos aqueles que pedem a nossa ajuda e o nosso apoio, mas que não devemos permitir a anulação da nossa Individualidade em condescendência às tradições familiares e às crenças.
Consequentemente, Cristo veio “não para trazer a paz, mas uma espada.”[57], e enquanto as Religiões orientais desencorajam o uso do vinho, o primeiro milagre de Cristo foi transformar a água em vinho. A espada e o cálice de vinho são sinais da Religião Cristã, pois, por meio deles, nações se destroçaram e o indivíduo se emancipou. O governo pelo povo e para o povo é uma realidade no noroeste da Europa, onde os governantes são mais de nome que de fato.
Porém, o alimentar o espírito marcial, tal como prevalece na Europa, foi somente um meio para atingir um fim. A segregação que causou deve dar lugar a um regime de fraternidade, como professado por Paine. Um novo passo foi necessário para que isso se realizasse; um novo alimento devia ser encontrado para agir sobre o espírito de maneira a encorajar a Individualidade através da afirmação de si própria, sem a opressão de outras e sem a perda do autorrespeito. Já enunciamos isso como uma lei, isto é, somente o Espírito pode agir sobre o Espírito e, consequentemente, esse alimento precisa ser um espírito, mas diferindo em outros aspectos dos intoxicantes.
Antes de explicar isso, vejamos o que a carne animal fez para a evolução do mundo.
Vimos, anteriormente, que durante a Época Polar, o ser humano tinha somente um Corpo Denso; era como os minerais de hoje nesse aspecto e, por natureza, era inerte e passivo.
Ao absorver os cristaloides preparados pelas plantas, o ser humano desenvolveu um Corpo Vital durante a Época Hiperbórea e se tornou semelhante à planta de hoje, tanto em constituição quanto em natureza, pois vivia sem esforço e tão inconsciente quanto as plantas.
Mais tarde, extraiu leite dos então estacionários animais. O desejo por esse alimento de mais fácil digestão o estimulou a se esforçar e, gradualmente, sua natureza de desejos evoluiu durante a Época Lemúrica. Assim, sua constituição se tornou semelhante a atual classe de animais que se alimentam por meio de pastagem ou forragem (ervas, folhas e outras substâncias vegetais). Embora possuidor de uma natureza passional, ele era dócil e não se sentia induzido a lutar, a não ser para se defender, defender aos seus companheiros e à sua família. Só a fome tinha o poder de torná-lo agressivo.
Portanto, quando os animais começaram a se movimentar e procuraram escapar desse impiedoso parasita, aumentou a dificuldade do ser humano encontrar o tão cobiçado alimento, e isso elevou seu desejo a tal extremo que, quando tinha que caçar um animal, não mais se contentava em sorver seus úberes até secá-los, mas começou a se alimentar do seu sangue e da sua carne. Assim, ele se tornou tão feroz quanto nossos atuais animais da ordem dos mamíferos que se alimentam principalmente de carne.
A digestão da carne animal requer uma reação química muito mais poderosa e uma eliminação mais rápida dos resíduos do que aquela produzida por uma dieta vegetariana, como ficou provado pelas análises químicas dos sucos gástricos dos animais, e pelo fato de que os intestinos da classe de animais que se alimentam por meio de pastagem ou forragem (ervas, folhas e outras substâncias vegetais) serem muitas vezes mais longos do que os dos animais carnívoros de igual tamanho. Os animais da ordem dos mamíferos que se alimentam principalmente de carne, em geral, tornam-se sonolentos e aversos ao esforço físico.
Quando incitado a agir pela dor intensa da fome, o lobo feroz persegue sua presa com uma inabalável perseverança, e o salto e o posterior agachamento do leão, o rei dos animais, supera a alta velocidade do veado. Por meio de emboscadas, a família dos felinos frustra os mais velozes nas suas tentativas de fugir. A astúcia da raposa é proverbial, e os hábitos noturnos de ataque da hiena e de outros animais que se alimentam de carniça ilustram a profunda perversão resultante de uma dieta de carne putrefata.
Alguns dos padrões de comportamento anormal, que é prejudicial à saúde, resultantes da ingestão da carne animal podem ser a fadiga, a ferocidade, a astúcia e a depravação. Podemos domar o boi e o elefante, que são herbívoros. São dóceis e armazenam uma enorme força que, obedientemente, usam ao nosso serviço executando longos e árduos trabalhos. A ingestão de carne necessária às peculiaridades constitucionais dos animais da ordem dos mamíferos que se alimentam principalmente de carne, faz com que se tornem perigosos e incapazes de serem completamente domesticados. Um gato pode arranhar a qualquer momento, e os regulamentos nas cidades para que os cães sejam amordaçados são provas suficientes desse perigo. Além disso, a energia contida na dieta dos animais da ordem dos mamíferos que se alimentam principalmente de carne é tão utilizada na digestão, que eles ficam indolentes e incapazes de executar trabalhos mais árduos, como os desempenhados pelo cavalo e pelo elefante.
Volumes e volumes e livros – e até bibliotecas inteiras – já foram escritos para explicar a natureza de Deus, mas, provavelmente é uma experiência universal que quanto mais lemos a respeito das explanações feitas por outras pessoas, menos nós compreendemos. Há uma descrição, fornecida pelo inspirado Apóstolo São João quando ele escreveu: “Deus é Luz”[58], que é tão esclarecedora para a Mente, quanto as outras são confusas. Qualquer um que use essa passagem como assunto de Meditação encontrará, seguramente, uma maravilhosa recompensa à sua espera, pois não importa quantas vezes tomemos esse assunto, nosso próprio desenvolvimento, conforme os anos passam, nos assegura uma compreensão cada vez mais completa e melhor. Cada vez que mergulhamos nessas três palavras, sentimo-nos banhados por uma fonte espiritual de inesgotável profundidade e, a cada vez, sondamos mais minuciosamente as profundezas divinas e nos aproximamos mais do nosso Pai celestial.
Para mantermo-nos nesse assunto, voltemos no tempo para obter a posição e a direção da nossa futura linha de progresso.
A primeira vez que nossa consciência se dirigiu para a Luz, foi logo após sermos dotados da Mente. Quando entramos definitivamente em nossa evolução como seres humanos na Atlântida – a terra da névoa – nas profundezas das bacias de nosso planeta, a neblina quente, emitida da terra que se resfriava, pairava como um denso nevoeiro sobre a Terra. Nessa época, as estrelas nas grandes alturas do universo nunca eram vistas, e nem a luz prateada da Lua podia penetrar a atmosfera densa e nebulosa que pairava sobre aquela antiga terra. Mesmo o esplendor ígneo do Sol estava quase totalmente extinto, e quando estudamos a Memória da Natureza daquela época, vemos que ele se assemelhava a um lampião colocado num poste num dia enevoado. Era bastante obscuro e tinha uma aura de variadas cores, muito similar àquelas observadas ao redor de um arco de luz.
Mas, essa luz tinha um fascínio. Os antigos Atlantes foram instruídos pelas Hierarquias Divinas, que os acompanhavam, que aspirassem a luz e, como a visão espiritual já estava, então, em declínio (até mesmo os mensageiros, ou Elohim, eram percebidos com dificuldade pela maioria) eles aspiravam cada vez mais ardentemente à nova luz, pois temiam as trevas das quais se tornaram conscientes por meio da dádiva da Mente.
Então, ocorreu o inevitável dilúvio, quando a neblina esfriou e se condensou. A atmosfera clareou e o “povo escolhido” foi salvo. Aqueles que trabalharam internamente e aprenderam a construir os órgãos necessários para respirar numa atmosfera semelhante à atual, sobreviveram e vieram para a luz. Não foi uma escolha arbitrária; o trabalho do passado consistiu na construção do corpo. Aqueles que só possuíam fendas parecidas com brânquias, tal como o embrião humano que ainda as tem em seu desenvolvimento pré-natal[59], não estavam preparados fisiologicamente para entrar na nova Era[60], como não estaria o embrião humano se nascesse antes de construir os pulmões. O embrião humano morreria como morreram aqueles povos antigos quando a atmosfera rarefeita tornou inúteis as fendas parecidas com brânquias.
Desde o dia que saímos da antiga Atlântida, nossos corpos estão praticamente completos, isto é, não tivemos o acréscimo de novos veículos; mas, desde aqueles tempos e de agora em diante, os que desejam seguir a luz precisam se esforçar para obter o crescimento anímico. Os corpos que cristalizamos ao nosso redor precisam ser dissolvidos, e a quintessência da experiência extraída, que como “alma” pode ser amalgamada com o espírito, para fomentá-lo da impotência à onipotência. Por isso, o Tabernáculo no Deserto foi proporcionado aos antigos e a luz de Deus desceu sobre o Altar dos Sacrifícios. Isso tem uma grande significância: o Ego tinha acabado de descer para dentro do seu tabernáculo, o corpo. Todos nós conhecemos a tendência do instinto primitivo para o egoísmo e, se tivéssemos estudado as éticas superiores, saberíamos quão subversiva do bem é a indulgência às tendências egoístas; portanto, Deus imediatamente colocou ante a Humanidade, a Luz Divina sobre o Altar dos Sacrifícios.
Sobre esse altar, eles foram forçados, por uma terrível necessidade, a oferecer suas mais preciosas posses por cada transgressão cometida, pois imaginavam Deus como um chefe severo, a cujo desagrado era perigoso incorrer. Mesmo assim, a Luz os atraia. Eles sabiam, então, que era inútil tentar escapar das mãos de Deus. Eles nunca não tinham ouvido as palavras de São João: “Deus é Luz”, mas eles já tinham aprendido sobre os céus que, de algum modo, lhe davam o significado do infinito, como algo medido pelo reino da luz, pois ouvimos Davi exclamar: “Para onde ir, longe do teu sopro? Para onde fugir, longe da tua presença? Se subo aos céus, tu lá estás; se me deito no Xeol, aí te encontro. Se tomo as asas da alvorada para habitar nos limites do mar, mesmo lá é tua mão que me conduz, e tua mão direita me sustenta. Se eu dissesse: ‘Ao menos a treva me cubra, e a noite seja um cinto ao meu redor’ — mesmo a treva não é treva para ti, tanto a noite como o dia iluminam”[61].
Com o passar dos anos, com o auxílio dos mais poderosos telescópios que a engenhosidade e as habilidades mecânicas do ser humano foram capazes de construir para penetrar nas profundezas do espaço, se tornou mais evidente que a infinitude da luz nos mostra a infinitude de Deus. Quando ouvimos que “os homens preferiram mais trevas à luz, porque as suas obras eram más”[62], isto também se amolda ao que, infelizmente, conhecemos como fatos atuais, e ilumina a natureza de Deus para nós; pois não é verdade que sempre que nos sentimos em perigo no escuro, a luz nos proporciona uma sensação de segurança semelhante ao sentimento de uma criança que se sente protegida pela mão de seu pai?
Tornar permanente essa condição de estar na Luz foi o passo seguinte do trabalho de Deus para conosco, o qual culminou com o nascimento de Cristo que, como presença física do Pai, trouxe em Si mesmo aquela Luz, pois a Luz veio ao mundo para que todos que acreditassem em Cristo não perecessem, mas tivessem vida eterna. Ele disse: “Eu sou a Luz do Mundo”[63]. O Altar dos Sacrifícios no Tabernáculo no Deserto ilustrou o princípio do sacrifício como o meio de regeneração, por isso, Cristo disse a Seus discípulos: “Nenhum ser humano tem maior amor que este, o que dá sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos”[64]. E, imediatamente, Ele começou um sacrifício que, contrário à opinião ortodoxa vigente, não foi consumado em umas poucas horas de sofrimento físico numa cruz material, mas é tão perpétuo quanto eram os sacrifícios feitos no Altar dos Sacrifícios do Tabernáculo no Deserto, pois impõe uma descida anual para dentro da Terra e um enfrentamento de todas as condições cristalizadoras e limitadoras, como um aprisionamento, da Terra que deve significar para esse tão grande espírito.
Isto deve continuar até que um número suficiente de pessoas tenha evoluído a ponto de suportar a carga dessa densa massa de escuridão que nós chamamos de Terra, e que pende como uma pedra de moinho sobre o pescoço da Humanidade[65] impedindo seu futuro crescimento espiritual. Até que aprendamos a seguir “Seus passos”, não nos elevaremos em direção à Luz.
Conta-se que quando Leonardo da Vinci completou sua famosa obra “A Última Ceia”, pediu a um amigo para observá-la e dizer-lhe o que pensava a respeito.
O amigo olhou-a criticamente por alguns minutos e depois disse:
“Acho que você cometeu um erro ao pintar os cálices dos apóstolos tão ornamentados e parecendo ser de ouro. Pessoas na posição deles não iriam beber em recipientes tão caros”.
Da Vinci, então, passou o pincel sobre os cálices que tinham sido alvo das críticas de seu amigo, mas, ficou profundamente desgostoso, pois havia pintado aquele quadro com toda a sua alma, mais do que com suas mãos, na intenção de que este pudesse transmitir uma mensagem para o mundo. Havia colocado toda a grandeza de sua arte e a mais sincera devoção de sua alma no esforço de pintar um Cristo que, através de Sua palavra, levasse os seres humanos a seguir Seus passos.
Podemos vê-Lo como sentado naquela mesa na significativa reunião, a INCORPORAÇÃO DA LUZ, e proferindo aquelas maravilhosas palavras místicas: “Esse é meu corpo, (…) esse é meu sangue, dados a vós.”[66] – um sacrifício vivente.
No período anterior do nosso caminho espiritual, estávamos procurando uma Luz exterior a nós mesmos, porém, agora, chegamos ao ponto onde devemos procurar a luz de Cristo dentro de nós e tentar imitá-Lo, tornando-nos “sacrifícios viventes”, como Ele está fazendo. Vamos nos relembrar que, quando o sacrifício que está à nossa porta parece agradável e ao nosso gosto, quando nos sentimos capazes de escolher nosso trabalho “na vinha do Senhor” e fazer o que nos agrada, não estamos fazendo um verdadeiro sacrifício como Ele o fez, e nem quando somos vistos pelos outros a nossa volta e aplaudidos por nossa benevolência. Porém, quando estamos prontos para segui-Lo, desde aquela reunião significativa, onde Ele era o mais honrado entre os amigos, até o jardim de Getsemani onde Ele ficou sozinho e envolvido, como se estivesse em uma luta violenta e determinada, com o grande problema diante d’Ele enquanto Seus amigos dormiam, então, aí sim, estamos fazendo um sacrifício vivente.
Quando nos sentirmos satisfeitos em seguir “Seus passos” a ponto do autossacrifício, onde nós pudermos dizer do fundo do coração “Tua vontade e não a minha”[67], então, certamente teremos a luz interior e, desde esse momento, nunca mais existirá em nós o que entendíamos ser a escuridão. Andaremos na luz[68].
Esse é nosso glorioso privilégio, e a meditação sobre as palavras do apóstolo: “Deus é Luz”[69] nos ajudará a perceber esse ideal, desde que acrescentemos obras à nossa fé e digamos, pelos nossos atos, o mesmo que disse o Cristo: “Esse é o meu corpo e esse é o meu sangue”, um sacrifício vivente sobre o altar da Humanidade.
De tempos em tempos, conforme a exigência da ocasião, nós advertimos os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, em nossas cartas individuais, para não participarem de sessões espíritas, de lugares em que evocam “espíritos”, de demonstrações hipnóticas ou de lugares onde o incenso é queimado pelos diletantes do ocultismo. A Magia Negra é praticada tanto consciente como inconscientemente e, de tal forma, que chega a ser até inacreditável. O “perverso magnetismo animal”, que é somente outro nome dado à Força Negra, é responsável por mais fracassos nas atividades profissionais, na perda da saúde e infelicidade nos lares do que a maioria das pessoas pode imaginar. Mesmo os que perpetram tais ultrajes são, muitas vezes, inconscientes do mal que praticam. Portanto, me parece oportuno dedicar um capítulo à explanação de algumas leis de magia, que são as mesmas para a branca e para a negra. Há somente uma força, e essa pode ser usada para o bem ou para o mal; e de acordo com as razões que a motivam e do uso que é feito dela, se torna negra ou branca.
É um axioma científico que “Ex nihil, nihil fit” (do nada, nada vem). Deve haver uma semente antes que haja uma flor, porém, de onde veio a primeira semente é algo que a ciência não consegue explicar. O ocultista sabe que todas as coisas vieram do arche, a essência infinita do Caos, usada por Deus, o Grande Arquiteto, para a construção do nosso universo; e dado o núcleo de alguma coisa, o mago proficiente, como resultado da prática e de treinamento, pode usar, como uma fonte de recurso, a mesma essência para uma necessidade posterior. Cristo, por exemplo, tinha alguns pães e alguns peixes[70] e, por meio daqueles núcleos, Ele usou, como uma fonte de recurso, a essência primordial do Caos para suprir o que Lhe faltava, realizando o milagre de alimentar uma multidão. Um mago humano, cujo poder não é tão elevado, pode mais facilmente usar, como fonte de recurso, as coisas que já se tenham materializado, vindas do Caos. Ele pode pegar flores ou frutas pertencentes a alguém, numa distância de quilômetros ou centenas de quilômetros, desintegrá-las em seus constituintes atômicos, transportá-las através do ar e fazer com que elas assumam suas formas físicas regular no lugar onde está entretendo as pessoas a sua volta com o objetivo de surpreendê-las. Tal magia é, no mínimo, cinza, ainda que ele envie o pagamento pelas flores ou frutas que ele tirou de quem as pertencia; se ele assim não o fizer, é Magia Negra, pois roubou bens que pertencia a alguém. A magia para ser branca precisa, sempre, ser utilizada altruisticamente, e mais ainda: com propósitos nobres – como, por exemplo, salvar uma pessoa que está sofrendo. Cristo, quando alimentou a multidão, a partir do Caos, justificou Sua atitude pelo fato dessas pessoas estarem com Ele há vários dias e, se tivessem que voltar para os seus lares sem o alimento físico, por certo, desmaiariam pelo caminho e sofreriam privações.
Deus é o Grande Arquiteto do Universo e os Iniciados das Escolas de Magia Brancas são, também, “arche-tektons”, construtores da essência primordial em suas atividades beneficentes à humanidade. Esses Auxiliares Invisíveis necessitam de um núcleo do Corpo Vital do paciente que, como sabem os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, lhes é fornecido pelos eflúvios vindos da mão do solicitante e que impregnam o papel[71] quando ele assina pedindo auxílio e cura. Com esse núcleo do Corpo Vital do paciente, eles podem usar, como fonte de recurso, a matéria virgem necessária para restaurar a saúde, reconstruindo e fortalecendo o organismo afetado.
Os Magos Negros são espoliadores, atuam pelo ódio e pelo desejo de causar dor, injúria e angústia a outra pessoa. Eles, também, precisam de um núcleo para suas ações nefastas e conseguem mais facilmente obter tal núcleo do Corpo Vital da vítima nas sessões espíritas, em lugares em que evocam “espíritos” ou em sessões hipnóticas, onde os participantes relaxam, se colocam num estado mental negativo, deixam cair seus maxilares, enfraquecendo suas individualidades por meio de outras práticas distintas mediúnicas. Mesmo as pessoas que não frequentam esses lugares não estão totalmente imunes, pois há certas partes do Corpo Vital que são ignorantemente dispersadas pelas pessoas e que podem ser usadas eficazmente pelos Magos Negros. As principais partes do Corpo Vital que são utilizadas pelos Magos Negros são o cabelo e as unhas. Os praticantes da magia vodu[72] usam a placenta para seus propósitos horríveis. Um ser humano particularmente perverso, cujas práticas foram expostas há alguns anos atrás, obtinha de meninos o fluído vital que ele usava para seus atos demoníacos. Até mesmo uma coisa tão simples como um copo com água, colocado bem próximo a certas partes do corpo de uma vítima em perspectiva, pode absorver uma parte do Corpo Vital da vítima, enquanto o Mago Negro conversa com ela. Isso fornecerá ao Mago Negro o núcleo necessário, ou poderá obter esse núcleo necessário de um pedaço de roupa da pessoa. A mesma emanação invisível contida em uma vestimenta, que orienta um cão de caça na pista de determinada pessoa, não só guiará o Mago Branco ou Negro à residência daquela pessoa, como ainda fornecerá a chave do seu organismo ao Mago Branco ou Negro, que poderá ajudar ou prejudicar aquela pessoa, de acordo com a intenção do Mago.
Há, porém, métodos para se proteger das influências com disposições hostis, inimigas ou prejudiciais, as quais faremos menção na última parte desse capítulo. Debatemos longamente o fato de ser ou não prudente chamar a atenção dos Estudantes Rosacruzes para esses fatos, e chegamos à conclusão de que não devemos imitar o avestruz, que esconde sua cabeça num buraco na areia quando o perigo se aproxima. É melhor estarmos esclarecidos quanto às coisas que nos ameaçam para que, numa emergência, possamos tomar as precauções necessárias. A batalha entre as forças do bem e do mal está sendo travada com tal intensidade, que quem não estiver empenhado no verdadeiro combate não poderá compreender a natureza e o significado disso. Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz e outras ordens afins que, podemos dizer, representam o Santo Graal em sua totalidade, vivem do amor e da essência do serviço altruísta, que eles recolhem e armazenam como as abelhas que juntam o mel, de todos os que estão se esforçando para viver a vida na sua plenitude. Isso acrescenta brilho ao Santo Graal, que se torna mais esplendoroso irradiando uma influência mais forte sobre aqueles que estão espiritualmente inclinados, permeando-os e influenciando-os de um maior ardor, de um maior zelo e de uma maior dedicação ao trabalho amoroso, no combate da luta pelo bem. Semelhantemente, as forças do mal do Graal Negro florescem através do ódio, da traição, da crueldade e de todos os atos demoníacos do calendário do crime. Tanto as forças do Graal Branco como as do Graal Negro necessitam de um sustento, de um pábulo – um fornecido pelo bem, o outro pelo mal – para a continuidade da existência deles e poder para lutar. Se eles não conseguirem obter o que necessitam, eles passam fome e se tornam enfraquecidos. Daí a luta implacável que está ocorrendo entre os dois.
Todas as noites, à meia-noite, os Irmãos Maiores prestam um serviço onde abrem os seus peitos para atrair os dardos de ódio, inveja, dos desejos de causar dor, injúria e angústia a outra pessoa e de todo o mal que tenha sido perpetrado nas últimas vinte e quatro horas. Primeiro, para que eles possam privar as forças do Graal Negro de obter alimento; e segundo, para que eles possam transmutar o mal em bem. Então, da mesma maneira que as plantas juntam o inerte dióxido de carbono exalado pela humanidade e a partir daí constroem seus corpos, os Irmãos do Santo Graal transmutam o mal dentro do templo; e da mesma maneira que as plantas expelem o oxigênio renovado tão necessário à vida humana, assim também os Irmãos Maiores devolvem à humanidade a essência do mal transmutado como remorso, contrição ou compunção para que, juntamente com o bem, o mundo cresça cada dia melhor.
Os Irmãos Negros, ao invés de transmutar o mal, infundem a esse mal uma energia dinâmica maior e, em sua missão, o lançam em vãos esforços para conquistar os poderes do bem. Para esses fins, eles usam os Elementais e outras entidades desencarnadas, as quais, sendo de uma ordem inferior, estão disponíveis para tais práticas repulsivas, qual delas necessitam. No passado, quando as pessoas queimavam óleo advindo de gordura animal ou velas feitas do sebo de animais, os Elementais se aglomeravam ao redor do óleo ou das velas como diabos ou demônios, procurando obsediar aquele que oferecesse urna oportunidade. Até mesmo as velas de cera oferecem alimento para essas entidades, porém, os modernos métodos de iluminação por eletricidade, carvão ou mesmo velas de parafina são inadequados para os Elementais. Eles ainda gravitam por bares, matadouros e lugares semelhantes onde existem animais e pessoas parecidas com os animais. Eles também gostam muito de lugares onde se queime incenso, pois isto lhes oferece um meio de acesso fácil, e quando os participantes de sessões inalam o odor do incenso, estão inalando também os espíritos Elementais que os vão afetar de acordo com o caráter de cada um.
É aqui onde podemos usar a proteção da qual falamos anteriormente. Quando vivemos vidas de pureza, quando nossos dias são preenchidos em serviços para Deus e para nossos irmãos e as nossas irmãs com pensamentos e ações da mais alta nobreza, então estamos criando para nós o Dourado Manto Nupcial, que é uma força radiante para o bem. Nenhum mal é capaz de penetrar essa armadura, pois o mal age, então, como um bumerangue e retorna para aquele que o enviou, devolvendo-lhe o mal que ele engendrou.
Mas, infelizmente, nenhum de nós é completamente bom. Conhecemos muito bem a guerra travada entre a carne e o Espírito. Não podemos ignorar o fato de que, assim como São Paulo, “com efeito, não faço o bem que eu quero, mas pratico o mal que não quero.”[73]. Frequentemente nossas boas resoluções redundam em nada e fazemos o mal porque é mais fácil. Portanto, todos temos o núcleo do mal dentro de nós, que permite o “abre-te-sésamo” para que essas forças do mal possam agir. Por esta razão, é melhor não nos expormos sem necessidade em lugares onde são efetuadas sessões com espíritos invisíveis, mesmo que seus ensinamentos pareçam elevados para os mais incautos. Mesmo como espectadores, não devemos participar de demonstrações hipnóticas, pois uma atitude negativa pode deixar a pessoa sujeita ao perigo da obsessão. Deveríamos seguir sempre o conselho de São Paulo e nos revestir com a completa armadura de Deus. Devemos ser positivos em nossa luta pelo bem contra o mal, e nunca perder uma oportunidade de ajudar os Irmãos Maiores por meio da palavra ou da ação na Grande Luta pela supremacia espiritual.
É bem sabido dos Estudantes da Filosofia Rosacruz que cada espécie de animal é dominada por um Espírito-Grupo, que é o guardião e que cuida dela – como um protetor – com o objetivo de guiá-la pelo Caminho da Evolução naquilo que for mais conveniente para o desenvolvimento de cada espécie animal; não importa qual a posição geográfica desses animais; o leão nas selvas da África é dominado pelo mesmo Espírito-Grupo do leão que está na jaula de um zoológico em qualquer lugar do mundo. Portanto, esses animais são semelhantes em todas as suas principais características: têm os mesmos gostos e as mesmas aversões com respeito à alimentação, e agem de maneira quase idêntica sob circunstâncias similares. Se alguém quer estudar a espécie dos leões ou dos tigres tudo o que é necessário é estudar um deles, pois esse não tem o poder de escolha nem de prerrogativa, mas age inteiramente de acordo com o que dita o Espírito-Grupo. O mineral não pode escolher se vai se cristalizar ou não; a rosa é impelida a desabrochar; o leão é compelido a caçar e matar por comida; e em cada caso a atividade é ditada completamente pelo Espírito-Grupo.
Porém, o ser humano é diferente; quando queremos estudá-lo, percebemos que cada indivíduo é como se fosse uma espécie única em si mesmo. O que um faz sob determinada circunstância, não indica o que o outro fará em circunstância idêntica; “o que é bom para um, pode não ser para outro”; cada um tem diferentes preferências e aversões. Isso ocorre porque o ser humano, como o vemos no Mundo Físico, é a expressão de um Espírito interno individual, aparentemente tendo escolhas e prerrogativas.
Mas, na verdade, o ser humano não é tão livre quanto parece; todos os estudiosos da natureza humana já observaram que, em certas ocasiões, um grande número de pessoas agiria como se estivesse dominado por um único espírito. É fácil notar, também, sem recorrer ao ocultismo, que as diferentes nações têm certas características físicas próprias. Todos nós conhecemos os tipos alemães, franceses, ingleses, italianos e espanhóis. Cada uma dessas nações tem características que diferem das de outras nações, indicando assim que deve haver um “espírito de raça” na raiz dessas peculiaridades. O ocultista que é dotado de visão espiritual sabe que isso é um fato, que cada nação tem um Espírito de Raça diferente que a envolve e paira como uma nuvem sobre o país inteiro. Nele as pessoas vivem, se movimentam e têm a existência delas; é o guardião delas e está constantemente trabalhando para o desenvolvimento delas, construindo a civilização delas e amparando ideais da mais elevada natureza, compatíveis com a capacidade delas para o progresso.
Na Bíblia nós lemos que Jeová, Elohim, que era o Espírito de Raça dos judeus, foi adiante deles numa coluna ou numa nuvem, e no Livro de Daniel tomamos um conhecimento considerável do funcionamento e mecanismo desses Espíritos de Raça. A imagem vista por Nabucodonosor com cabeça de ouro e pés de argila mostrava, claramente, como uma civilização construída inicialmente com ideais dourados, pouco a pouco, degenerou até que na última parte de sua existência os pés eram de argila instável e desagregada e a imagem foi condenada a ruir. Assim, todas as civilizações quando cuidadas e orientadas, durante os estágios iniciais da existência, pelos diferentes Espíritos de Raça tiveram grandes e dourados ideais, mas a humanidade, por ter algum livre-arbítrio e algum poder de escolha, não segue implicitamente os ditames dos Espíritos de Raça, como os animais seguem os comandos dos Espíritos-Grupo. Por essa razão, com o correr do tempo, uma nação para de crescer e, como não pode haver imobilidade no cosmos, começa a degenerar até que, finalmente, os pés são de argila e é necessário desferir um golpe para destruí-la, para que outra civilização possa ser construída sobre suas ruínas.
Mas, os impérios não caem sem um forte golpe físico e, consequentemente, um instrumento do Espírito de Raça de uma nação é sempre levantado no momento em que essa nação está condenada a cair. Nos Capítulos X e XI do Livro de Daniel[74] temos uma explicação de uma visão do funcionamento e mecanismo dos governos invisíveis dos Espíritos de Raça, os poderes por detrás do trono. Daniel estava muito perturbado em espírito; jejuava por três semanas completas, rezando por iluminação e, ao final desse período, um Arcanjo, um Espírito de Raça, apareceu diante dele e lhe dizendo: “Não temas, homem das predileções, pois desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a te mortificar na presença de teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras e eu vim por causa dos teus rogos. Porém, o príncipe do reino dos Persas resistiu-me por vinte e um dias; mas eis que veio em meu socorro Miguel, um dos primeiros príncipes, e eu fiquei lá junto do rei dos Persas”. Em seguida, explica a Daniel o que irá acontecer: “Sabes tu porque eu vim ter contigo? Tenho de voltar para combater o Príncipe da Pérsia: quando eu tiver partido, deverá vir o Príncipe de Javã. Ninguém me presta auxílio para essas coisas senão Miguel, vosso Príncipe”. O Arcanjo também disse: “e eu, no primeiro ano de Dario, o Medo, me mantive firme para ajudá-lo e sustentá-lo.”.
Assim, quando a sentença é dada, alguém se erguerá para gerir o golpe; pode ser um Ciro, um Dario, um Alexandre, um César, um Napoleão ou um kaiser. Esse poderá pensar que é o primeiro a iniciar tal movimento, um indivíduo livre agindo por sua própria escolha e prerrogativa, mas, na verdade, é somente o instrumento do governo invisível do mundo, o poder por detrás dos tronos, os Espíritos de Raça, que veem a necessidade de destruir civilizações que já viveram além da utilidade delas, de modo que a humanidade possa ter um novo começo e possa evoluir sob um novo ideal, mais elevado do que aquele que a animava antes.
O próprio Cristo, quando na Terra na sua primeira vinda, disse: “Vim não para trazer a paz, mas uma espada”[75], pois era evidente para Ele que, enquanto a humanidade estivesse dividida em raças e nações, não poderia haver “paz na Terra e boa vontade entre os homens”[76]. Somente quando as nações se unirem numa fraternidade universal é que a paz será possível. As barreiras do nacionalismo devem ser abolidas e, para esse fim, os Estados Unidos da América têm sido trabalhado para ser um cadinho, onde tudo aquilo que há de bom das nações antigas está sendo reunido e amalgamado para que uma nova raça com ideais mais elevados e sentimentos de fraternidade universal possa nascer para a Era Aquariana. Entretanto, as barreiras do nacionalismo já foram parcialmente destruídas na Europa, através do terrível conflito que teve seu fim há pouco tempo[77]. Isso faz aproximar o Dia da Amizade universal e a realização da Fraternidade entre os seres humanos.
Há, também, outro objetivo a ser conquistado. De todos os terrores aos quais a humanidade está sujeita, não há nenhum maior que a morte, que nos separa daqueles que amamos, pois somos incapazes de vê-los depois que deixaram os seus corpos. Mas, tão certamente como ao dia se segue a noite, assim também todas as lágrimas vertidas destruirão a camada que agora cega os olhos do ser humano ocultando-lhe a terra dos mortos que vivem. Já dissemos, repetidas vezes e reafirmamos agora, que uma das maiores bênçãos que advirá da guerra[78] será a visão espiritual que se desenvolverá num grande número de pessoas. A intensa e profunda angústia, tristeza e arrependimento dos milhões de seres humanos, o anseio de rever os entes queridos que lhes foram arrebatados tão brusca e cruelmente, são uma força de incalculável potência e poder. Da mesma maneira, aqueles que morreram prematuramente e se encontram agora nos Mundos invisíveis estão igualmente desejosos de rever seus entes próximos e queridos para lhes transmitir palavras de conforto que possam convencê-los de seu bem-estar. Assim, podemos dizer que dois grandes exércitos compostos de milhões e milhões estão, com enorme energia e intensidade, abrindo um túnel com o propósito de ligar os Mundos invisíveis ao Mundo visível. Dia após dia, esse véu está ficando mais tênue e, mais cedo ou mais tarde, os vivos e os mortos que vivem se encontrarão no meio do túnel. Antes que percebamos, a comunicação será estabelecida e isso constituirá uma experiência tão comum que, quando nossos entes amados saírem de seus corpos gastos e doentes, não sentiremos nenhuma angústia ou tristeza e nem a perda, porque seremos capazes de vê-los em seus corpos etéricos, movimentando-se entre nós como costumavam fazer. Então, sairemos vitoriosos do grande conflito com a morte e poderemos dizer: “Oh, morte, onde está teu aguilhão? Oh, tumba, onde está tua vitória?”[79].
“Se eu tivesse que fazer negócios seguindo os princípios formulados no Sermão da Montanha, estaria totalmente arruinado em menos de um ano”, disse um crítico, recentemente. “Isso porque é absolutamente impraticável seguir a Bíblia em nossas atuais condições econômicas; é impossível viver de acordo com ela.”
Se isso é verdade, aqui está uma boa razão para o ceticismo nas questões de fé e de Religião do mundo, mas como num tribunal é sempre permitido ao acusado um julgamento justo, então vamos examinar a Bíblia do começo ao fim antes de julgá-la. Quais são as acusações específicas? “Porque elas são incontáveis”, respondeu o crítico, “mas para citar apenas algumas delas, vamos tomar certas passagens como: ‘Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus’, ‘Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra’[80], ‘Por isso, não andeis preocupados, dizendo: Que iremos comer? Ou, que iremos beber? Ou, que iremos vestir?’[81].
“Muito bem”, diz o apologista, “consideremos primeiramente a última asserção. A versão da Bíblia do Rei Jaime diz: “Nenhum homem pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon. Por isso eu vos digo: Não vos preocupeis pela vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que a comida, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu; pois elas não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai Celeste as alimenta. Não sois vós muito melhores do que elas? Mas quem de vós, com suas preocupações, poderá acrescentar um côvado à sua estatura? E quanto às vestes, por que vos preocupeis? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, vestiu-se como um deles. Portanto, se Deus assim veste a grama do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais, ó vós de pequena fé? Portanto, não fiqueis ansiosos, dizendo: O que comeremos ou o que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas essas coisas os gentios buscam). Porquanto vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas essas coisas. Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas”[82] .
Se isso pretende significar que devemos desperdiçar gastando prodigamente tudo o que temos, vivendo de maneira perdulária ou desenfreada, então, é realmente uma ideia impraticável, além de desmoralizante. Contudo, tal interpretação não está de acordo com o conteúdo e o ensinamento de toda a Bíblia, e não é isso que se quer dizer. A palavra grega merimnon significa ser excessivamente cuidadoso ou ansioso, e se lermos a passagem com essa alteração nós descobriremos que ela ensina uma lição diferente, que é inteiramente praticável. “Mammon” é a palavra siríaca[83] para as riquezas desejadas pelas pessoas sem bom senso ou sem julgamento, imprudentes ou néscias. No parágrafo anterior, Cristo exortou-os a não se tornarem servos ou escravos das riquezas, as quais devem ser abandonadas quando o Cordão Prateado se rompe e o Espírito retorna a Deus e, além disso, que almejassem viver vidas praticando o amor, servindo e acumulando tesouros de boas ações, que poderão levar consigo para o Reino dos Céus. Nesse meio tempo, Ele exortou-os para que não ficassem excessivamente ansiosos quanto ao que eles mesmos deveriam comer, beber ou vestir. Por que a preocupação? Você não pode acrescentar nem um milésimo de milímetro a mais na sua altura, nem um fio de cabelo em sua cabeça com essa preocupação. A preocupação é a mais inútil e extenuante de todas as nossas emoções e não traz nada de bom e nem faz bem. O seu Pai celestial sabe que você precisa das coisas materiais, portanto, busque primeiro o Seu Reino e a justiça, e tudo o mais necessário será acrescentado. Em, pelo menos, duas ocasiões, quando multidões acompanhavam Cristo em lugares distantes de seus lares e longe de cidades onde podiam obter o necessário para o sustento, Ele demonstrou isso; Ele deu à multidão primeiro o alimento espiritual que procuravam e, então, atendeu às suas necessidades físicas diretamente de uma fonte espiritual de abastecimento.
Isso funciona nos dias modernos? Certamente tem havido tantas demonstrações a esse respeito que não é necessário relatar nenhuma em especial. Quando trabalhamos e oramos, oramos e trabalhamos, e fazemos das nossas vidas uma prece viva de oportunidades para servir os outros, então, todas as coisas terrenas virão naturalmente conforme tenhamos necessidades delas, e continuarão vindo, cada vez em maior escala, de acordo com o grau em que forem usadas à serviço de Deus. Se nos consideramos apenas como administradores e guardiões de quaisquer bens terrenos que possuímos, então somos realmente “pobres de espírito”, no que diz respeito aos evanescentes tesouros terrenos, mas ricos nos tesouros mais duradouros do Reino dos Céus; se não formos totalmente materialistas, certamente essa é uma atitude prática.
Não faz muito tempo que “caveat emptor”[84], “o comprador que fique esperto”, era o lema dos negociantes vendedores que procuravam riquezas terrenas e consideravam o comprador como sua presa legítima. Quando já tinham vendido suas mercadorias e recebido o dinheiro, não se importavam se o comprador ficava satisfeito ou não. Ainda se gabavam por ter vendido um artigo inferior que logo se desgastaria, como fica evidente no lema: “a fragilidade da mercadoria é a força do comércio”. Porém, aos poucos, as mesmas pessoas que desprezavam a ideia de introduzir a Religião em seus negócios, estão rejeitando esse “caveat emptor” como uma conduta e estão, inconscientemente, adaptando o preceito de Cristo: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”[85]. Em toda parte, os mais esclarecidos seres humanos que negociam vendas são insistentes em sua reivindicação em proteger e cuidar bem do que venderam, com base no serviço que prestam ao comprador, porque é uma política que tem retorno e que se paga e pode, consequentemente, ser classificada como outro dos preceitos práticos da Bíblia.
No entanto, algumas vezes, acontece que, apesar do desejo desses mais esclarecidos seres humanos que negociam vendas em servir corretamente a seus clientes, alguma coisa não corre bem, e um comprador zangado e insatisfeito chega falando alto e agressivamente, depreciando até publicamente a mercadoria que adquiriu. Sob o antigo e imprevisível regime de “caveat emptor”, o vendedor teria simplesmente sorrido ou expulsado o cliente do recinto. Não é assim que o vendedor moderno se comporta, aquele que aplica a Bíblia em seus negócios. Ele relembra a sabedoria de Salomão que dizia: “Uma resposta branda aplaca a ira”[86] e a asserção de Cristo: “os humildes herdarão a terra”[87]. Assim, ele se desculpa pelos defeitos da mercadoria, oferece uma restituição e o comprador, anteriormente insatisfeito, sai sorrindo e ansioso para contar a forma corretíssima como o trataram. Então, obedecendo os preceitos práticos da Bíblia, mantendo sua disposição de mansidão, de suavidade e de humildade, o vendedor ganha mais clientes que confiam nele e têm certeza de que receberão um tratamento justo, e o lucro adicional nas vendas será suficiente para equilibrar a perda ocasionada pelas mercadorias que causaram a insatisfação dos outros clientes. Esse comportamento de mansidão resulta em um aumento financeiro, no entanto o aumento do ponto de vista moral e espiritual será bem maior. Não existe um lema melhor para os negócios do que aquele que pode ser encontrado no Livro de Eclesiastes: “Mais vale sabedoria do que armas…”[88]. “Que tua boca não se precipite e teu coração não se apresse em proferir uma palavra…”[89]. “…pois a irritação mora no peito dos insensatos.”[90] Tato e diplomacia são sempre melhores que a força; pois como diz o Livro de Deus: “Se o machado está cego e não for afiado, é preciso muita força; é mais vantajoso usar sabedoria”[91]. A linha de menor resistência, desde que seja pura e honrada, é sempre a melhor. Assim, “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem…”[92] “…e faça o bem a eles”[93]:
É uma boa prática de negócios tentar nos reconciliar com aqueles que nos prejudicaram para que não façam outra vez; e é melhor para nós superarmos nossas animosidades ou nossos ressentimentos do que os nutrir, pois o que o ser humano semear, isso também colherá, e se semeamos desejos de ferir, de aborrecer ou ofender alguém ou, ainda, se semeamos a mesquinharia, a baixeza, a mediocridade, a injustiça, reproduzimos e produzimos, como efeito e consequência, sentimentos da mesma natureza nos outros. Tudo isso se aplica, também, à vida particular e aos relacionamentos sociais como nos negócios cotidianos. Quantas discussões acaloradas e discordantes – geralmente sobre assuntos triviais e entre pessoas que, geralmente, têm bons relacionamentos – não poderiam ser evitadas se cultivássemos a virtude da mansidão, da suavidade e da humildade em nossos lares; quanto regozijo obteríamos; quanta felicidade entraria em nossas vidas, se em nossos relacionamentos sociais e profissionais aprendêssemos a “fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós”![94]
Não há necessidade para a grande tensão mental que muitos de nós despendem na preocupação do que deveriam comer e o que deveriam beber. Nosso Pai Celestial possui a Terra e toda abundância que nela há; os rebanhos de animais e tudo o mais em milhares de campos são d’Ele. Se aprendermos verdadeiramente a entregar nossos cuidados a Ele, não há dúvida que a solução para resolver todas as nossas dificuldades será providenciada. É um fato, conhecido por todos que investigaram o assunto, que poucas pessoas, comparativamente, morrem por falta de recursos necessários à vida, mas, muitos morrem pela indulgência excessiva – especialmente excessivo consumo de alimentos, de bebidas, etc. – aos seus apetites. É experiência prática e constante do autor, e de muitas outras pessoas, que se nós fizermos fielmente o nosso trabalho do dia a dia da forma como ele se apresenta diante de nós, dando o melhor que pudermos, o melhor da nossa capacidade, os recursos para o amanhã sempre serão fornecidos. Se seguirmos as instruções da Bíblia, fazendo tudo “como se fosse para o Senhor”[95], não importa que linha de trabalho honesto realizemos: nós estaremos, então, ao mesmo tempo, buscando o Reino de Deus. Mas, se somos apenas servos temporários, trabalhando por medo ou favor, não poderemos esperar ser bem-sucedidos a longo prazo; saúde, riqueza e felicidade podem nos servir por pouco tempo, mas fora dos fundamentos sólidos da Bíblia não pode haver prazer duradouro na vida e nem a real prosperidade nos negócios.
Os Estudantes sinceros da Ciência da Alma são, naturalmente, ansiosos para “crescerem na graça”[96] a fim de que eles possam servir o melhor possível no Grande Trabalho de Ascensão Humana. Sendo humildes e modestos, estão tristemente conscientes das suas deficiências, mas, frequentemente, enquanto procuram ao redor por meios que facilitam o progresso, eles se perguntam: “O que dificulta ou torna tão lento o meu progresso?”. Alguns, especialmente em tempos passados, quando a vida era menos intensa do que agora, perceberam que a vivência cotidiana entre as pessoas comuns tinha muitas desvantagens. Para vencê-las e promover o crescimento anímico, se retiravam da comunidade para um mosteiro ou para as montanhas, onde podiam se dedicar à vida espiritual sem serem perturbados.
Nós sabemos, no entanto, que aquele não é o caminho. Está bem definido nas Mentes da maioria dos nossos Estudantes Rosacruzes que se nós fugimos de uma experiência hoje, iremos confrontá-la novamente amanhã, e que a palma da vitória[97] é conseguida vencendo ou superando o mundo, não fugindo dele. O ambiente no qual fomos colocados pelos Anjos do Destino foi de nossa própria escolha, quando estávamos no momento decisivo do nosso ciclo de vida no Terceiro Céu. Éramos, então, espíritos puros[98], livres da cegueira ou ilusão da matéria que agora cobre a nossa visão. Assim, sem dúvida, aquela experiência contém as lições necessárias para nós, e cometeríamos um grave erro se tentássemos escapar dela completamente.
Contudo, recebemos uma Mente para um propósito definido: raciocinar sobre coisas e condições de modo que possamos aprender a discernir entre o que é essencial e o que não é essencial, entre o que é projetado para dificultar ou tornar tão lento com o propósito de nos ensinar uma virtude para sobrepassá-la e aquilo que é um empecilho, que abala as nossas sensibilidades e arruína os nossos nervos sem qualquer ganho espiritual compensatório. Será maior o proveito se nós pudermos aprender a diferenciar a fim de conservarmos as nossas forças, aceitando apenas o que devemos suportar em prol do nosso bem-estar espiritual. Então, economizaremos muita energia e teremos muito mais entusiasmo para seguirmos em direções mais produtivas do que temos agora. Os detalhes desse problema são diferentes em cada vida aqui; entretanto, há certos princípios gerais que nos beneficiarão a compreender e a aplicá-los em nossas vidas, e entre eles está o efeito do silêncio e do som no crescimento anímico.
Em um primeiro vislumbre ou uma primeira impressão pode nos surpreender a afirmação de que o som e o silêncio são fatores muito importantes no crescimento anímico, mas, quando examinamos o assunto, logo percebemos que isso não é uma noção absurda. Primeiro, consideremos a expressão gráfica: “A guerra é um inferno”, e depois vamos imaginar uma cena de guerra. A visão é aterrorizante, ainda mais para aqueles que veem isso com uma visão espiritual mais clara do que para os que estão limitados pela visão unicamente física, pois esses últimos podem, pelo menos, fechar os olhos deles para isso se o quiserem, porém, o verdadeiro horror da situação é sentido, pesadamente, no coração do Auxiliar Invisível, que não só ouve e vê, mas sente em seu próprio ser a angústia e a dor de tudo que o circunda, sofrendo como Parsifal[99] sentia, no coração dele, a ferida de Amfortas[100], o rei do Graal seriamente ferido; de fato, sem aquele intenso sentimento íntimo de unidade com o sofrimento, não poderia haver nem a cura nem o auxílio. No entanto, há uma coisa da qual ninguém pode escapar, o terrível barulho das granadas, o estrondear ensurdecedor dos canhões, o pipocar violento das metralhadoras, os gemidos profundos indicativos de dores dos feridos e as ofensivas expressões de raiva e outras emoções semelhantes de uma certa classe de participantes. Não precisamos de nenhum outro argumento para concordar que é, realmente, um “ruído infernal” e tão subversivo ao crescimento anímico quanto possível. O campo de batalha é o último lugar que alguém, com uma Mente sã, escolheria para obter crescimento anímico, embora não devamos esquecer que muito desse crescimento anímico foi alcançado pelas ações nobres e de autossacrifício ali realizadas; mas, tais resultados foram alcançados apesar das condições e não por causa delas.
Por outro lado, consideremos uma igreja ressoando com acordes de um canto gregoriano[101] ou de um oratório de Haendel[102], sobre os quais as orações da alma aspirante voam em direção ao Autor do nosso Ser. Essa música pode ser, certamente, denominada “celestial” e a igreja designada como oferecendo uma condição ideal para o crescimento anímico, mas, se lá permanecêssemos permanentemente, negligenciando nossos deveres, fracassaríamos, apesar da condição ideal.
No entanto, resta apenas um método seguro para nós, isto é, um método que nos possibilite permanecer no barulho dos campos da batalha do mundo, esforçando-nos para extrair, das condições menos promissoras, o material necessário para o crescimento anímico, por meio do serviço altruísta, e, ao mesmo tempo, construir dentro de nós um santuário repleto daquela música silenciosa que soa sempre na alma de quem serve amorosamente, como uma fonte de elevação acima de todas as vicissitudes da existência terrena. Possuindo aquela “igreja viva” interna, tornando-nos de fato, sob aquela condição, “templos vivos”, podemos voltar a qualquer momento, quando nossa atenção não for legitimamente exigida pelos assuntos temporais, para aquela casa espiritual, não construída por mãos, nos banhando em sua harmonia. Podemos fazer isso muitas vezes durante o dia e, assim, continuamente restaurar a harmonia que foi perturbada pelas discórdias das relações mundanas.
Então, como devemos construir este Templo e enchê-lo com a música celestial que tanto desejamos? O que ajudará e o que atrasará, impedirá ou evitará? Essas são questões que pedem uma solução prática, e devemos tentar elaborar respostas da maneira mais simples possível, pois esse é um assunto de vital importância. As pequenas coisas são particularmente importantes, pois o neófito precisa levar em conta até aquelas aparentemente insignificantes. Se acendermos um fósforo em meio a um vento muito forte, ele se apaga antes que alcance qualquer ponto perceptível de fogo, mas, se a pequena chama for colocada em um monte de mato ou galhos secos, e tiver a chance de crescer devagar e com calma, o vento crescente atiçará a chama ao invés de apagá-la. Os Adeptos ou as Grandes Almas podem permanecer serenos sob condições que perturbariam o Aspirante à vida superior comum, motivo por que tal Aspirante deve utilizar o discernimento e não se expor desnecessariamente às condições contrárias ao crescimento anímico; o que precisa, mais do que tudo, é um estado de equilíbrio estável, e nada é mais hostil ou prejudicial para alcançar essa condição do que o ruído.
Não podemos negar que nossas comunidades são lugares, cenas e até situações em que há alvoroços e confusões e que temos um direito legítimo de fugir, se possível, de alguns ruídos tais como os dos automóveis ao fazerem uma curva. Não precisamos viver nessas esquinas em detrimento dos nossos nervos ou em prejuízo dos nossos esforços de concentração, porém, se temos uma criança doente, chorando, que necessita dia e noite da nossa atenção, não importando, inclusive, como isso afete os nossos nervos, nós não temos o direito, perante Deus e os seres humanos, de fugir ou negligenciar o nosso dever com o pretexto de nos concentrar. Esses fatos são perfeitamente óbvios e aceitos imediatamente, mas, as coisas que mais ajudam ou impedem são, na maioria e como já dissemos, as tão pequenas que escapam inteiramente à nossa atenção. Quando começamos a enumerá-las, poderão provocar um sorriso de incredulidade, porém, se forem ponderadas e praticadas, logo perceberemos que é por aí mesmo, pois considerando o axioma, “pelos seus frutos os conhecereis.”[103], elas demonstrarão resultados e justificarão a nossa afirmação de que “o silêncio é um dos maiores auxiliares para o crescimento anímico”, e deve ser cultivado pelo Aspirante à vida superior em seu lar, em seu comportamento pessoal em relação aos outros, em suas caminhadas, em seus hábitos e, por mais paradoxal que pareça, até em suas conversas.
Uma prova do benefício da Religião é que ela faz as pessoas felizes, mas, a maior felicidade é, geralmente, muito profunda para ser mostrada externamente. Preenche todo nosso ser com tal plenitude, que é algo de extraordinário, e um modo de agir barulhento, tempestuoso ou turbulento nunca caminha junto com a verdadeira felicidade, pois o ruído é o sinal da superficialidade. A voz alta, a risada espalhafatosa, os modos de agir barulhentos, os saltos rijos dos sapatos que soam como batidas de martelo, o bater de portas e o barulho de pratos são as marcas características de pessoas de sentimentos grosseiros, pois elas gostam muito de zoada e quanto mais, melhor, pois excitam os Corpos de Desejos delas. Para tais pessoas, a música sacra ou litúrgica é um anátema; um conjunto musical ou uma banda de instrumentos metálicos é preferível a qualquer outra forma de divertimento, e quanto mais selvagem for a dança, melhor. Mas, isso não acontece, ou não deveria acontecer, com o Aspirante à vida superior.
Quando o menino Jesus foi perseguido por Herodes, que tinha uma intenção criminosa, a única salvação dele era a fuga e, por meio desse expediente foram preservados a sua vida e o seu poder para, assim, crescer e cumprir com a missão dele. Similarmente, quando o Cristo interno nasce no Aspirante à vida superior, ele pode melhor preservar essa vida espiritual fugindo ou se mantendo bem longe dos ambientes frequentados por pessoas que têm tais sentimentos grosseiros, onde essas coisas que atrasam a evolução são praticadas, e procurar um lugar entre pessoas de ideais semelhantes, desde que possa fazê-lo; mas, se colocado numa posição de responsabilidade para com uma família, é o dever dele dedicar um esforço e uma energia árduos para alterar as condições por meios de preceitos e exemplos, particularmente pelo exemplo, de maneira que, com o tempo, aquela atmosfera refinada e suave que transmite harmonia e vigor possa reinar sobre toda a casa. Não é essencial, para a felicidade das crianças, que lhes sejam permitidas o gritar com toda intensidade das vozes ou correr freneticamente pela casa, batendo portas e quebrando móveis em sua desabalada carreira; é, de fato, decidida e obviamente prejudicial, pois ensina-lhes a desrespeitar os sentimentos dos outros para a própria gratificação delas. Elas se beneficiarão mais do que a mãe ao utilizarem calçados com solas de borracha ou de material que não faça barulho ao caminhar e se forem ensinadas a reservar suas brincadeiras barulhentas para locais ao ar livre, brincando silenciosamente dentro de casa, fechando as portas com cuidado e falando em tom de voz moderado, como os pais ou responsáveis devem fazer.
Na infância começamos a danificar os nossos nervos, os quais, mais tarde, nos incomodarão. Assim, se ensinarmos às nossas crianças as lições acima indicadas, nós as pouparemos de muitos problemas na vida e, também, ajudaremos o nosso próprio crescimento anímico agora. Isso pode levar alguns anos para corrigir um lar que tenha esses erros aparentemente insignificantes e assegurar uma atmosfera que contribua para esse crescimento da alma, especialmente se as crianças já se tornaram adultas e se ressentem de correções dessa natureza, mas vale muito a pena tentar. Nós podemos e precisamos cultivar, pelo menos, a virtude do silêncio em nós mesmos ou nosso próprio crescimento anímico será muito pouco. Talvez, se considerarmos esse problema sob o ponto de vista oculto em conexão com o importante veículo, o Corpo Vital, essa necessidade ficará bem mais evidente.
Sabemos que o Corpo Vital está sempre armazenando força no Corpo Denso para ser utilizada nesta “Escola de Experiência” e que, durante o dia, o Corpo de Desejos está constantemente dissipando essa energia em ações que constituem a experiência a qual é, finalmente, transmutada em crescimento da alma. Sabemos isso muito bem, mas, o Corpo de Desejos tem a tendência a se exceder, se não for contido com rédea curta. O Corpo de Desejos tem intenso prazer e satisfação quando há movimentos sem restrições, quanto mais loucuras praticar, melhor, e se desenfreado age sobre o Corpo Denso fazendo-o assobiar, cantar, pular, dançar e fazer tantas outras coisas desnecessárias, tolas, impróprias e carentes de dignidade que são, obviamente, tão nocivas e danosas a esse crescimento anímico. Enquanto sob tal forte influência e atração de desarmonia e discórdia, a pessoa está como morta para as oportunidades espirituais no Mundo Físico e, à noite, quando deixa seu Corpo Denso, o processo de restauração desse veículo consome tanto tempo que sobra muito pouco, ou nenhum tempo para o trabalho espiritual, mesmo que a pessoa tenha a inclinação para pensar seriamente em se dedicar a esse trabalho espiritual.
Portanto, devemos, por todos os meios, fugir dos ruídos que não somos obrigados a ouvir, e cultivar, pessoalmente, o comportamento calmo e gentil, a voz modulada, o andar silencioso, a presença discreta e todas as outras virtudes que contribuem para a harmonia a fim de que o processo de restauração seja rapidamente realizado e, assim, ficarmos livres, a maior parte da noite, para trabalhar nos Mundos invisíveis, para adquirir mais crescimento anímico. Lembremo-nos, nessa tentativa de melhoria, de não nos deixarmos intimidar pelos fracassos ocasionais, recordando a admoestação de São Paulo de continuarmos fazendo o bem com paciência persistente.
Ocasionalmente, nós recebemos cartas de Estudantes Rosacruzes se queixando de que eles estão sozinhos no estudo da Filosofia Rosacruz, que os maridos deles, as esposas deles, os filhos deles ou outros parentes deles não simpatizam ou até mesmo são contrários aos Ensinamentos Rosacruzes, apesar de todos os esforços dos referidos Estudantes Rosacruzes para despertar o interesse desses amigos e, assim, obter a companhia deles nos estudos ou, pelo menos, a liberdade para seguir o caminho escolhido por eles. Esse atrito lhes causa uma certa infelicidade, de acordo com cada temperamento, e nós somos solicitados por esses Estudantes Rosacruzes a aconselhá-los como superar o antagonismo das pessoas com quem eles se relacionam e convertê-las. Isso já temos feito por meio de cartas pessoais e temos sido privilegiados por ajudar a mudar as condições em muitos lares quando nossas sugestões foram seguidas; mas, nós sabemos que, frequentemente, aqueles que sofrem mais agudamente não se manifestam e, portanto, decidimos tornar a discorrer um pouco sobre esse assunto.
Diz-se muito acertadamente que “pouco conhecimento é uma coisa perigosa”[104], e isso se aplica inteiramente tanto aos Ensinamentos Rosacruzes como a outros assuntos. Portanto, o primeiro passo de todos é avaliar se você tem o conhecimento suficiente para se certificar se está pronto para as perguntas e respostas que virão. Então, deixe-me fazer uma pergunta: “O que são os Ensinamentos Rosacruzes que você está tão ansioso para compartilhar com os outros e a quais desses Ensinamentos as pessoas se opõem? São as Leis gêmeas de “Causa e Efeito” e de “Renascimento”? Elas são excelentes para explicar uma imensa quantidade de problemas da vida, são um grande conforto quando o ceifador[105] da vida aparece e nos rouba de nosso lar um ente próximo e querido. Mas, você deve relembrar que há muitas pessoas que não sentem a necessidade de ter explicações sobre tais assuntos. Elas são, na sua estrutura, composição ou constituição tão inaptas para aplicar esses conhecimentos, quanto um surdo-mudo o é para usar um telefone. É verdade que trabalhamos com um aproveitamento maior quando conscientes da Lei e dos objetivos dela, mas tenhamos consciência do fato que essas Leis trabalham para o bem de todos, quer tenhamos conhecimento disso ou não e, portanto, esse conhecimento não é essencial. As pessoas não sofrerão nenhuma grande perda por não assumirem prontamente ou com prazer essa doutrina, e podem escapar do perigo que carregam o possuir “pouco conhecimento”.
Na Índia, onde essas verdades são conhecidas e milhões de pessoas acreditam nelas, as pessoas fazem pouco esforço para o progresso material, porque sabem que elas têm um tempo infinito, e o que não conseguirem realizar nesta vida podem esperar até na próxima vida ou nas outras à frente. Muitos ocidentais que assumiram prontamente ou com prazer a doutrina do renascimento deixaram de ser membros úteis e ativos em sua comunidade adotando uma vida de indolência, provocando, desse modo, a reprovação e a repreensão de muitos a esses chamados ensinamentos superiores. Se seus amigos não quiserem aceitar esses ensinamentos, os deixem em paz. Fazer conversões não é de modo algum o ponto essencial dos Ensinamentos Rosacruzes. O Guardião do Umbral não os examinará quanto ao conhecimento, e eles podem admitir que são totalmente ignorantes sobre esse assunto, e bater à porta na cara de outros que dedicaram a vida deles a estudar e a ensinar essas Leis.
Então, se as doutrinas de “Causa e Efeito” e “Renascimento” não são essenciais, o que dizer da complexa constituição do ser humano? Certamente é essencial saber que nós não somos meramente esse corpo visível, mas que temos um Corpo Vital que carrega esse corpo visível com energia, um Corpo de Desejos para gastar essa força, uma Mente para guiar nossos esforços físicos ou mentais pelos canais da razão, e que somos Espíritos Virginais envoltos em um véu tríplice como Egos. Não é essencial saber que o corpo físico é a contraparte material do Espírito Divino; que o Corpo Vital é uma réplica do Espírito de Vida e que o Corpo de Desejos é a sombra do Espírito Humano, enquanto a Mente forma a conexão entre o Tríplice Espírito e o Tríplice Corpo?
Não, não é essencial saber essas coisas. Esse conhecimento, quando usado apropriadamente, é uma vantagem, mas pode ser, também, uma desvantagem evidente no caso daqueles que possuem somente “pouco conhecimento” sobre esses assuntos. Há muitos que estão sempre meditando sobre o “Eu superior” enquanto se esquecem inteiramente dos muitos “eu inferiores” gemendo de miséria nas portas deles. Há muitos que sonham, dia e noite, com o momento de empreenderem seus voos de alma diários como “Auxiliares Invisíveis” e aliviarem os sofrimentos dos doentes e daqueles que sofrem com profundas angústias, tristezas ou profundos arrependimentos, ainda que não gastariam um só centavo numa corrida de táxi e nem uma hora do seu tempo para levar uma flor ou uma palavra de carinho a uma pobre e solitária alma que está num hospital. Repito que é mais provável que o Guardião do Umbral admita aquele que fez o que pôde, do que aquele que sonhou muito e nada fez para ajudar seus semelhantes que sofrem.
Se você pudesse fazer com que as pessoas estudassem os Ensinamentos Rosacruzes sobre a morte e a vida “post mortem”, você acharia importante que deveriam, também, conhecer sobre o Cordão Prateado, que permanece sem se romper por um período de, aproximadamente, três dias e meio depois que o Espírito deixa o Corpo Denso, e que o Corpo Denso deve ficar sem nenhum tipo de perturbação enquanto o Panorama da Vida que acaba de findar está sendo gravado no Corpo de Desejos, para servir como árbitro da vida da pessoa nos Mundos invisíveis? Você apreciaria que as pessoas conhecessem tudo sobre a vida do Espírito no Purgatório – como as más ações da vida recém-finda reagem sobre ele em forma de dor para criar a consciência e evitar que se repita, numa vida posterior, os atos que causaram sofrimento a alguém? Você gostaria que elas soubessem como as boas ações da vida recém-finda são transformadas em virtudes que serão utilizadas em vidas posteriores, como já foi explicado em nossa Filosofia Rosacruz?
Você, sem dúvida, ficou surpreso com a afirmação de que o conhecimento das grandes Leis gêmeas não é essencial. Provavelmente, a próxima afirmação que é irrelevante se os outros aprenderam sobre a constituição do ser humano, como a conhecemos, pode ter escandalizado você; e você, indubitavelmente, se sente chocado ao ouvir que os Ensinamentos Rosacruzes, referentes à morte e à passagem do Espírito para os Mundos invisíveis são, comparativamente, desnecessários para o objetivo que visamos alcançar. Realmente não importa se os seus pais compreendem ou acreditem nesses Ensinamentos Rosacruzes. No que diz respeito ao seu próprio falecimento, um pedido sincero para que deixem seu Corpo Denso quieto e imperturbável pelo período apropriado, provavelmente, será cumprido ao pé da letra, pois as pessoas têm uma consideração quase supersticiosa por esse “último pedido”; e se algum dos nossos amigos morrer, você está lá com o seu conhecimento e pode proceder da maneira correta para com ele. Então, não importa se eles se recusarem a admitir essa parte dos Ensinamentos Rosacruzes.
Mas, o Estudante Rosacruz pode dizer: “Se um conhecimento dos assuntos mencionados acima, que parecem de tanto valor prático é irrelevante para a progresso, então segue-se que os estudos sobre os Períodos, as Revoluções, os Globos, os Mundo, etc., também são totalmente irrelevantes. Isso refuta tudo o que foi ensinado no livro ‘Conceito Rosacruz do Cosmos’ e nada resta dos Ensinamentos Rosacruzes que temos abraçado e aos quais depositamos a nossa fé!”.
Nada resta? Sim, de fato, TUDO RESTA, pois os pontos acima mencionados são somente a casca que você deve remover para chegar ao fruto, à essência, ao cerne de tudo. Talvez você já tenha lido o livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” muitas vezes. Talvez você já o tenha estudado e se sente orgulhoso do seu conhecimento dos mistérios do mundo, porém, você algum dia já leu o mistério escondido em cada entrelinha? Esse é o maior e o mais essencial ensinamento, o único a ser ensinado e que desperta o interesse aos seus amigos, mas só se você conseguir encontrá-lo e fornecê-lo a eles. O livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” prega, em cada página, o EVANGELHO DO SERVIÇO.
Por nossa causa, a Divindade manifestou o universo. Todas as grandes Hierarquias Criadoras foram e algumas delas ainda são nossas servas. Os luminosos Anjos estelares, cujos corpos ígneos vemos movimentando-se rapidamente por todo o espaço, têm trabalhado conosco desde eras e, no devido tempo, Cristo veio para nos trazer o ímpeto espiritual necessário para aquele momento. Também é extremamente significativo que na Parábola do Juízo Final[106], Cristo não diz: “Bem fizeste, ó grande e erudito filósofo, … conheces a Bíblia, a Kabala, o “Conceito” e todas as outras literaturas misteriosas que revelam os intrincados trabalhos da natureza”, mas Ele disse: “Bem fizeste tu, bom e fiel servo… entrarás na alegria do teu Senhor… Pois Eu estava com fome e Me deste de comer, Eu estava com sede, e Me deste de beber…” Não há menção alguma à palavra conhecimento; toda a ênfase estava reservada à fidelidade e ao serviço.
Há uma profunda razão oculta para isso: o serviço constrói o Corpo-Alma, o glorioso Traje Nupcial, sem o qual nenhum ser humano pode entrar no Reino dos Céus, ocultamente chamado de “A Nova Galileia”, e não importa se somos conscientes de que estamos indo nesse caminho, contanto que realizemos o nosso trabalho. Além do mais, à medida que o luminoso Corpo-Alma cresce internamente e ao redor de uma pessoa, essa luz lhe ensinará os Mistérios sem a necessidade de livros, e aquele que assim aprende sobre Deus, conhece mais do que tudo que está contido em todos os livros do mundo. Em seu devido tempo, a visão interna lhe será aberta e o caminho para o Templo lhe será mostrado. Se você quer ensinar os seus amigos, não importa quão céticos possam ser, eles acreditarão em você, se você pregar o evangelho do serviço.
Mas, você deve pregar por meio da prática. Você deve se tornar um servo de todos, se quiser que acreditem em você. Se você quiser que eles o sigam, você deve servir como um canal, caso contrário, eles terão o direito de questionar a sua sinceridade. Lembre-se: “Tu és uma cidade sobre uma colina”[107], e quando você faz declarações de crenças nos Ensinamentos Rosacruzes, eles têm o direito de lhe julgar por meio dos seus frutos; portanto, fale pouco, sirva muito.
Há muitos que adoram discutir sobre a vida pacífica e inofensiva no jantar, alheios ao fato de que a carne assada na mesa e o cigarro na boca embotam o efeito. Há outros que endeusam o estômago e prefeririam estudar mais sobre gastronomia do que sobre a Bíblia; eles estão sempre dispostos a atrair a atenção dos seus amigos e os deter em conversas, mesmo contra a vontade deles, discorrendo sobre as últimas novidades gastronômicas. Eu conheci um homem que era dirigente de um grupo esotérico. A esposa dele era contra e se opunha ao ocultismo e à dieta sem carne animal. Ele a obrigava a preparar os vegetais dele em casa e a avisou que se ousasse trazer carne para a cozinha dele ou contaminar os pratos dele com a carne animal, ele a expulsaria de casa juntamente com todos os utensílios, acrescentando que se ela quisesse fazer o papel de porco, poderia ir comer carne num restaurante.
É de se admirar que ela julgou a Religião pelo homem e que não queria ter nada com ela? Certamente ele foi o culpado, sendo o “guardião do seu irmão”[108], e embora esse seja um caso extremo, torna a lição mais óbvia. É um louvor eterno para Maomé que a esposa dele se tornou a primeira discípula dele e ele ter sempre falado sobre a gentileza e a consideração no lar. Esse é um exemplo que todos deveríamos seguir, se quisermos conduzir nossos amigos para a vida superior, pois embora todos os sistemas religiosos difiram externamente, a essência de todos é o AMOR.
Não raramente, pessoas que não simpatizam com a ideia ou que não aspiram a viver uma vida superior, alegam que isso os torna incapazes para o trabalho do mundo. Infelizmente não podemos negar que há uma justificativa aparente para essa afirmação embora, na realidade, o primeiro requisito para se viver uma vida superior envolva uma obrigação em se comportar irrepreensivelmente ao lidar com assuntos materiais, pois, a menos que sejamos honestos nas pequenas coisas, como podemos esperar ser confiados em maiores responsabilidades? Portanto, julgamos conveniente dedicar uma lição à discussão de algumas coisas que atuam como pedras de tropeço na vida dos Aspirantes à vida superior.
Estudamos, na bíblia, uma passagem em que o rei enviou seus servos com convites para o banquete que havia preparado, e lemos lá que seus convites foram recusados por vários motivos[109]. Cada um tinha algum motivo material para usar como desculpas: compras, vendas, casamentos, portanto não podiam participar de algo espiritual e podemos dizer que tais pessoas representam a maior parte da humanidade de hoje, as quais estão muito absorvidas com os interesses do mundo para devotarem mesmo um pensamento à aspiração de um objetivo superior. Porém, há outras que se tornam tão entusiasmadas com a primeira experiência dos ensinamentos superiores, que estão prontas a desistir de todo trabalho no mundo, a repudiar toda a obrigação e a devotar o tempo delas àquilo que, com prazer, chamam de “ajudar a humanidade”. Elas rapidamente admitem que toma tempo aprender a ser um relojoeiro, um sapateiro, um engenheiro ou um musicista, e elas não sonhariam, nem por um momento, em desistir da atual atividade material delas para se estabelecerem como sapateiros, relojoeiros ou professores de música só porque se animaram com esses trabalhos ou se sentiram inclinadas a aprender esta ou aquela profissão. Elas compreenderiam que sem o preparo e o treinamento adequados estariam destinados ao fracasso e, no entanto, elas pensam que só porque se entusiasmaram pelos ensinamentos superiores estão imediatamente aptas para abandonar o trabalho do mundo e dedicar o tempo delas a serviços semelhantes, embora em menor grau, ao prestado pelo Cristo em Seu ministério.
Uma pessoa escreveu para Mount Ecclesia: “Desisti de comer carne animal e sinto um forte e poderoso desejo para viver uma vida ascética, longe do barulho do mundo que tem um efeito duramente desagradável em mim. Quero dar minha vida pela humanidade”. Outro diz: “Quero viver a vida espiritual, mas tenho uma esposa que precisa do meu carinho e apoio. Você acha que seria justo abandoná-la para ajudar meus semelhantes?”. Ainda, outro diz: “E estou em um negócio que não é espiritual; todos os dias tenho que fazer coisas que estão em oposição à minha natureza superior, mas tenho uma filha cuja educação depende de mim. Que devo fazer: continuar ou desistir?”. Claro que há muitos outros problemas que nos são apresentados, mas esses servem como bons exemplos, pois representam uma classe que está pronta para desistir do mundo à menor palavra de encorajamento, e correr para as montanhas na esperança de imediatamente criar asas. Se as pessoas que são dessa classe tiverem quaisquer laços que as prendam, elas o romperão sem escrúpulos ou ponderações.
Outras pessoas ainda sentem alguma obrigação, mas seriam facilmente persuadidas a repudiá-la a fim de viver o que chamam de “a vida espiritual”. Não podemos ignorar que quando as pessoas chegam a esse estado de espírito, quando perdem o desejo ardente delas de trabalhar no mundo, quando se tornam incapazes e negligentes com as obrigações delas, merecem a reprovação da comunidade.
Mas, como já foi dito, tal conduta está baseada na incompreensão dos ensinamentos superiores e não é, de maneira alguma, aprovada pela Bíblia ou pelos Irmãos Maiores.
É um passo na direção certa quando uma pessoa cessa de se alimentar de carne animal (mamífero, aves, peixes, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins) porque sente compaixão pelo sofrimento dos animais. Há muitas pessoas que se abstêm de comer carne animal só por motivos de saúde, mas esse motivo delas é um motivo egoísta, tal sacrifício não traz consigo nenhum mérito. Em circunstâncias em que o Aspirante à vida superior é levado a se abster de comer carne animal porque percebe que a influência refinadora de uma dieta isenta de carne animal sobre o Corpo o ajudará em sua busca, porque torna o Corpo mais sensível às influências espirituais, também não há um mérito real. De fato, as pessoas que se abstêm de comer carne animal por causa da saúde serão muito beneficiadas, e as que não comem carne animal para que seu Corpo se torne mais sensível, também terão a recompensa delas àquele respeito, mas, do ponto de vista espiritual, nenhuma delas alcançará o verdadeiro objetivo. Por outro lado, aquelas que se abstêm de comer carne animal porque percebem que a vida de Deus é imanente em todos os animais, assim como nelas mesmas, que compreendem, em última análise, que Deus sente todos os sofrimentos experimentados pelos animais, que é uma Lei Divina – “Não matarás” – e que elas devem se abster por compaixão, então essas pessoas não são beneficiadas apenas na saúde, nem apenas em tornar os Corpo delas mais sensíveis aos impactos espirituais, mas, devido aos motivos que as impelem, elas colherão uma recompensa no crescimento anímico imensuravelmente mais preciosa do que qualquer outra que se possa considerar. Assim, nós diríamos, de todas as formas, para se abster de comer carne animal, mas se certificar de tomar essa decisão inspirado no motivo espiritual correto, caso contrário, isso não afetará os seus interesses espirituais nem um pouco.
Quando um entusiasta diz que quer se retirar do mundo e do barulho que o atordoa para viver a vida ascética, isso é realmente uma ideia estranha de servir ao próximo. A razão pela qual estamos aqui neste mundo é para podermos acumular experiência, que então é transmutada em crescimento anímico. Se um diamante bruto for colocado numa gaveta e aí permanecer por muitos anos, permanecerá exatamente igual e em nada mudará, mas quando é submetido a uma pedra de esmeril, o processo de lapidação removerá até a última partícula da camada bruta e o transformará numa bela e preciosa gema. Cada um de nós é um diamante bruto, e Deus, o Grande Lapidário, usa o mundo como uma pedra de esmeril que, pela lapidação, retira a camada áspera e feia, deixando que nosso “Eu” espiritual brilhe e se torne luminoso. Cristo foi um exemplo vivo disso. Ele não se afastou dos centros da civilização, mas estava sempre entre os sofredores e os pobres, ensinando, orando e ajudando até o momento em que, pelo glorioso serviço prestado, Seu corpo se tornou luminoso no Monte da Transfiguração e Ele, que havia trilhado o Caminho, exortou Seus seguidores a “estarem no mundo, mas não serem do mundo”[110]. Essa é a grande lição que todo Aspirante à vida superior tem que aprender.
Uma coisa é ir para as montanhas onde não há uma só pessoa para nos contradizer ou abalar a nossa sensibilidade e manter facilmente nosso autocontrole e manter uma postura equilibrada; é outra coisa, inteiramente diferente, manter nossas aspirações espirituais e permanecer equilibrados num mundo onde tudo nos afeta; mas, quando permanecemos nesse caminho, ganhamos um autocontrole inatingível de qualquer outra maneira.
Contudo, embora tenhamos o cuidado de preparar bem a nossa comida e nos abstermos de comer carne animal ou evitemos qualquer outra influência contaminadora externa; embora desejemos fugir para as montanhas para escapar das coisas sórdidas da vida na cidade, e queiramos nos livrar de todas as coisas externas que podem ser uma pedra de tropeço para nosso progresso, o que acontece com as coisas que vêm de dentro, os pensamentos que temos em nossas Mentes e o nosso alimento mental? Em nada nos ajudará o alimentarmos nossos Corpos com néctar e ambrosia – o alimento etérico dos deuses – quando a Mente é um ossuário – onde se guardam os ossos humanos em um cemitério –, um habitat de pensamentos inferiores, pois, então seremos somente sepulcros caiados, belos de ser por fora, mas, por dentro, cheios de um fedor nauseante[111] e essa delinquência mental pode ser mantida com a mesma facilidade e talvez até com mais facilidade na solidão das montanhas ou num chamado retiro espiritual do que numa cidade onde estamos ocupados com o nosso trabalho cotidiano. É verdadeiro o axioma popular que diz: “um cérebro desocupado é a oficina do diabo”, e a maneira mais segura de alcançar a pureza e a limpeza interna é manter a Mente ocupada o tempo todo, encaminhando nossos desejos, sentimentos e nossas emoções para os problemas práticos da vida, e trabalhando, cada qual no seu próprio ambiente, para ajudar os pobres e necessitados e, assim, lhes fornecer a ajuda suficiente que cada caso requeira e para aqueles que mereçam. As pessoas que não têm laços próprios podem, com muito proveito, fazer laços de amor e amizade com aqueles que estão carentes desses dois importantes sentimentos.
Se é o cuidado de um parente – esposa, marido, filho, filha – ou qualquer um que nos peça ajuda, lembremo-nos das palavras de Cristo quando Ele disse: “Quem é minha mãe e quem é meu irmão?”[112]. E Ele respondeu à própria pergunta, dizendo: “Aqueles que fazem a vontade de Meu Pai”[113]. Essa afirmação foi interpretada erroneamente por alguns, que julgaram que Cristo repudiou os relacionamentos físicos d’Ele e preferiu os relacionamentos espirituais, mas é só nos lembrar que nos últimos momentos da vida d’Ele aqui na Terra, Ele chamou para perto d’Ele o Discípulo que mais amava e disse à mãe d’Ele que ali estava o filho dela e disse ao Discípulo que ali estava a mãe dele, encarregando-o de cuidar dela[114]. O amor é a força unificante na vida e, de acordo com os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, é indispensável amar nossos parentes, mas também estender nossa natureza amorosa de modo a incluir todos os nossos semelhantes. É bom que amemos os nossos pais, entretanto, devemos amar também os pais, irmãos e as irmãs dos outros, pois a fraternidade universal nunca se tornará uma realidade enquanto nosso amor estiver confinado somente à família. É preciso que todos sejam incluídos, indistintamente.
Havia, entre os Discípulos, um que Cristo amava especialmente e seguindo o exemplo d’Ele podemos, também, conceder uma afeição particular a alguns, embora devamos amar todos e fazer o bem, mesmo àqueles que se manifestam para nós por meio da malícia e do ódio. Esses são ideais elevados e difíceis de serem alcançados em nosso atual estágio de desenvolvimento, mas, assim como o marinheiro guia o seu navio se orientando por uma estrela-guia e alcança o seu porto desejado, embora nunca alcançando a própria estrela, assim também ao colocarmos os nossos ideais em planos elevados, viveremos vidas mais nobres e melhores do que se a nada aspirássemos e, futuramente, com o tempo e através de muitos renascimentos, finalmente alcançaremos esse estágio, porque a divindade inerente a nós o torna imperativo.
Afinal então, para resumir, realmente não importam as condições em que estejamos colocados na vida, se numa posição mais elevada ou em outra qualquer. O ambiente atual, com suas oportunidades e limitações, está exatamente de acordo com as nossas necessidades individuais, tais como determinadas pelo destino autocriado em existências anteriores. Portanto, isso encerra para nós uma lição que precisamos aprender a fim de progredirmos corretamente ou apropriadamente. Se temos uma esposa, um marido, um filho, uma filha ou outros relacionamentos de família que nos ligam a um ambiente comum, todos eles devem ser considerados como parte do que temos que enfrentar e, cumprindo com o nosso dever para com eles, aprendemos a lição necessária. Se eles são contrários à nossa crença, se não veem com simpatia nossas aspirações, se nós temos que levar adiante um trabalho, uma atividade ou um negócio por causa deles e fazer coisas que não nos agradam, é porque devemos aprender algo sobre isso, e o caminho correto para um Aspirante à vida superior sincero é encarar as condições diretamente com o objetivo de descobrir com exatidão o que é necessário. Isso pode não ser uma consideração fácil. Pode levar semanas, meses ou anos para resolver o problema, mas, se o Aspirante à vida superior se dedicar devotamente a essa tarefa, ele pode estar certo de que a luz brilhará um dia e, então, verá o que é necessário e o porquê dessas condições lhe terem sido impostas. Então, tendo aprendido a lição ou descoberto os propósitos dela, ele irá, se tiver o espírito esclarecido, suportar o fardo devotamente e em oração, pois saberá que está no caminho certo e que é uma certeza absoluta que, assim que a lição naquele ambiente for aprendida, um novo caminho lhe será aberto indicando o próximo passo no caminho do progresso. Assim, as “pedras de tropeço” terão sido transformadas em trampolim, o que nunca aconteceria se ele as tivesse evitado. Com relação a isso citaremos este belo pequeno poema[115]:
“Não desperdicemos nosso tempo ardentemente desejando
Feitos brilhantes, mas impossíveis.
Não fiquemos indolentemente esperando
O nascimento de asas angelicais visíveis.
Não desprezemos as pequenas luzes brilhando,
Pois nem todos podem ser uma estrela reluzente;
Mas, vamos realizar nossa missão, iluminando
O lugar onde estamos presentemente.
As velas pequenas são tão indispensáveis
Como o é no céu o Sol fulgente.
E as ações mais nobres são realizáveis
Quando as fazemos dignamente.
Talvez agora não consigamos, caminhando,
Alumiar a escuridão das distantes regiões, claramente.
Mas, vamos realizar nossa missão, iluminando
O lugar onde estamos presentemente.”.
Você já viu como os navios que sobem um canal ou um rio são elevados de um nível para outro? É um processo muito interessante e instrutivo. Primeiro, o navio é levado para uma pequena eclusa onde o nível da água é o mesmo que o da parte mais baixa do rio em que antes navegava. Depois, as entradas da eclusa são fechadas e o navio fica isolado do mundo externo pelas altas paredes do recinto. Não pode voltar para o rio; a própria luminosidade ao seu redor se torna bem menor, mas, acima dele as nuvens em movimento ou o brilho do Sol são visíveis como se estivessem acenando para ele. O navio não pode subir sem ajuda, e a lei de gravidade impossibilita a água, naquela parte do rio onde o navio estava navegando, a se elevar a um nível mais alto, uma vez que não há possibilidade de ajuda daquela parte.
Também há comportas na parte superior da eclusa que impedem que as águas do nível superior invadam a parte inferior, caso contrário, a água invasora inundaria a eclusa rapidamente, afundando o navio que está na parte inferior, porque ela age em conformidade com a mesma lei de gravidade. Contudo, é de cima que deve vir a força para o navio atingir um nível mais elevado do rio e, para ser feito com segurança uma pequena correnteza é dirigida para o fundo da eclusa que eleva o navio muito lenta e gradualmente, mas com segurança, ao nível do rio acima. Quando esse nível é alcançado, as comportas superiores podem ser abertas sem perigo para o navio, e esse pode prosseguir a viagem na ampla superfície do curso mais elevado do rio. Então, a eclusa é esvaziada lentamente e a água nela contida se junta à água do nível mais baixo que, dessa maneira, se eleva, mesmo que levemente. Assim, a eclusa está pronta para levantar outra embarcação.
Isso é, como foi dito no começo, uma operação física muito interessante e instrutiva, mostrando como a capacidade e o engenho humano vencem grandes obstáculos pelo uso das forças da natureza. Porém, é uma fonte de iluminação ainda maior quando se refere a assuntos espirituais, que são de vital importância para todos aqueles que aspiram e se esforçam por viver a vida superior, pois isso ilustra bem o único método seguro pelo qual o ser humano pode se elevar do mundo temporal para os Mundos Espirituais e refuta, também, aqueles falsos instrutores ou mestres que, para benefício próprio, jogam com os intensos anseios das pessoas ainda imaturas e se declaram habilitados para abrir os portões dos Mundos invisíveis, mediante uma taxa para obter a Iniciação. Nosso exemplo mostra que isso é impossível, pois as imutáveis Leis da Natureza não permitem que isso aconteça.
Para uma melhor elucidação, vamos chamar nosso rio de rio da vida e nós, como indivíduos, somos os navios que nele navegam; o rio mais baixo é o mundo temporal e quando já o tivermos navegado em todo o seu comprimento e largura através de muitas vidas, inevitavelmente, chegaremos à eclusa elevada que está localizada ao final. Podemos ficar muito tempo rondando e observando a entrada, impelidos por uma força interior para entrar, mas somos puxados, por outro impulso, para o largo rio da vida, o do lado de fora. Muitas vezes essa eclusa de elevação, com suas paredes altas e despidas, nos parece proibitiva e solitária, em comparação com o alegre e divertido rio da vida, repleto de embarcações coloridas que navegam vistosamente pelo rio, mas, quando o desejo interno se torna realmente intenso, finalmente nos dirigimos à eclusa de elevação, e nos imbuímos com uma determinação de não voltar para o rio da vida mundana. Porém, mesmo nesse estágio há algumas pessoas que vacilam e temem em fechar a comporta atrás de si; elas aspiram ardentemente aos momentos da vida em um nível mais elevado, mas isso faz com que se sintam menos sozinhas ao olhar para trás, para o rio da vida mundana e, algumas vezes, permanecem nessa condição por vidas inteiras, se perguntando por que não progridem, porque não experimentam nenhum derramamento espiritual[116], porque não há nenhuma melhoria espiritual em suas vidas. Nossa ilustração torna o motivo disso muito claro; não importa o quanto o capitão possa implorar, o encarregado da eclusa jamais pensaria em soltar a correnteza da água de cima até que a comporta da eclusa estivesse totalmente fechada atrás do navio, pois o fluxo da água não poderia levantar o navio nem um só centímetro nessas condições, mas escoaria através das comportas abertas para se perder no nível mais baixo do rio. Nem os guardiães dos portões dos Mundos superiores nos abririam o fluxo da elevação, não importa o quanto fervorosamente rezemos até que tenhamos fechado a porta do Mundo atrás de nós, e fechado muito bem em relação à concupiscência dos olhos[117] – ou seja: o desejo pecaminoso de possuir o que vemos ou ter todas as coisas que possuem apelo visual, especialmente quando delas não precisamos de fato – e ao orgulho da vida[118] – ou seja: qualquer coisa que se refira à busca de honras, títulos e pedigrees; gabando-se de ascendência, conexões familiares, grandes cargos, conhecidos honrosos e coisas do gênero –, pecados que tão facilmente nos cercam e que são cultivados por nós, descuidadamente, nestes dias mundanos. Devemos fechar a porta sobre todas elas, antes que estejamos realmente em uma condição para receber o fluxo da elevação, mas, uma vez que tenhamos fechado a porta e, irrevogavelmente, nos dirigirmos para frente, o derramamento começa, lento, mas de forma segura, assim como a correnteza da eclusa que eleva a embarcação.
Entretanto, tendo deixado o mundo temporal com todos os seus atrativos, e tendo voltado a sua face para os Mundos espirituais, o anseio do Aspirante à vida superior se torna mais intenso. À medida que o tempo passa, ele sente, cada vez mais, um vazio que o atinge nos dois lados de si mesmo. O mundo temporal e tudo relacionado a ele foram largados como uma roupa já usada; ele pode estar fisicamente neste mundo, desempenhando seus deveres, mas perdeu interesse; ele está no mundo, mas não faz parte dele[119], e os Mundos espirituais, onde aspira obter cidadania, parecem igualmente distantes. Ele se sente sozinho e todo seu ser chora e se contorce de dor, ansiando por luz.
Então, chega a vez do tentador: “Tenho uma escola de Iniciação e sou capaz de fazer com que meus alunos avancem rapidamente, mediante uma taxa”, ou palavras semelhantes e, geralmente, mais sutis; e quem pode culpar os pobres Aspirantes à vida superior que caem diante da astúcia desses impostores? Afortunados são eles se, como geralmente é o caso, passarem simplesmente por um cerimonial e lhes conferirem algum grau sem valor, mas, ocasionalmente, eles podem encontrar alguém que realmente os envolvem superficial ou intermitentemente com magia e que é capaz de abrir os portões da correnteza que vem do nível superior. Então, a entrada repentina do poder espiritual despedaça o organismo do malsucedido tolo, do mesmo modo que as águas do rio que estão acima despedaçaria um navio que está no fundo da eclusa, se uma pessoa ignorante ou mal-intencionada abrisse as comportas. A embarcação precisa ser elevada lentamente até por motivos de segurança e, assim também deve ser com o Aspirante à vida superior; paciência e uma persistência inabalável em fazer o bem são atributos absolutamente indispensáveis, e a porta para os prazeres do mundo deve ser mantida fechada. Se isso for feito, seguramente e sem nenhuma dúvida nós conseguiremos ascender às alturas dos Mundos invisíveis com todas as oportunidades lá encontradas para um crescimento anímico, porque isso é um processo natural governado por Leis da Natureza, do mesmo modo que ocorre com a elevação de um navio para níveis mais elevados de um rio por um sistema de eclusas.
Mas, como posso permanecer na eclusa da elevação e servir ao meu próximo? Se o crescimento anímico vem somente por meio do serviço, como posso avançar, isolando-me? Essas são perguntas que podem, naturalmente, surgir diante dos Estudantes Rosacruzes. Para respondê-las, mais uma vez devemos enfatizar que nenhuma pessoa pode elevar outra se ela própria não estiver num nível superior, não tão elevado a ponto de ser inatingível, mas suficientemente perto para poder ser alcançada. Há, infelizmente, muitos que professam os ensinamentos superiores, mas vivem ao nível de homens e mulheres vulgares do mundo ou mesmo abaixo desse nível. As declarações e as afirmações solenes deles tornam os ensinamentos superiores um sinônimo de desprezo e atraem o escárnio dos céticos. Mas, aqueles que vivenciam os ensinamentos superiores não têm necessidade de professá-los oralmente; mantêm-se discretos, mas são notados apesar de tudo, e embora prejudicados pelos erros dos “que professam o que não sabem”, com o tempo, conquistam o respeito e a confiança daqueles que os cercam; e, finalmente, despertam nesses o desejo para se esforçarem e chegarem ao resultados daqueles que realmente vivenciam os ensinamentos superiores, colhendo em troca desse serviço um crescimento anímico proporcional ao esforço.
Época de Natal é o momento do ano quando uma onda de poder espiritual envolve o mundo. Culmina no Solstício de Dezembro, quando o Cristo renasce em nosso Planeta e, embora impedido pelas condições da deplorável guerra[120] atual (sob o limitado ponto de vista), Sua vida, que nos é dada, pode ser, nesse momento do ano, mais facilmente auferida pelo Aspirante à vida superior para assim impulsionar o seu crescimento espiritual; portanto, todos aqueles que desejam alcançar os níveis superiores agiriam corretamente se empregassem esforços especiais naquela direção durante essa época do ano.
Na manhã da Sexta-Feira Santa de 1857, Richard Wagner[121], o maior artista do século dezenove, sentou-se na varanda de uma casa de veraneio que ficava às margens do lago de Zurich[122] na Suíça. A paisagem ao redor dele estava banhada por uma gloriosa luz solar; a paz e boa vontade pareciam vibrar através da Natureza. Toda a criação vibrava ritmicamente com a vida; o ar estava carregado com a deliciosa fragrância perfumada dos bosques de pinheiros em flor – um bálsamo gratificante para um coração atormentado ou uma Mente inquieta.
Então, de repente, como um raio de um céu azul, surgiu na alma profundamente mística de Wagner uma lembrança do portentoso significado daquele dia – o mais profundamente angustioso e triste do ano Cristão. Isso quase o dominou de tristeza, ao contemplar o contraste. Havia uma incongruência tão marcante entre o cenário aprazível e agradável que tinha diante de si, a clara atividade notável da natureza, em luta pela renovação da vida após o longo sono do inverno, e o mortal esforço de um Salvador torturado na cruz; entre o entoado canto de vida e amor por milhares de pequenos coristas emplumados na floresta, na charneca e no prado, e os portentosos gritos de ódio emitidos por uma multidão enfurecida que insultava e zombava do mais nobre ideal que o mundo já conheceu; entre a maravilhosa energia criadora manifestada pela natureza na primavera[123] e o elemento destruidor no ser humano, que assassinou o caráter mais nobre que já agraciou a Terra.
Enquanto Wagner meditava assim sobre as incongruências da existência, lhe ocorreu a pergunta: “há alguma conexão entre a morte do Salvador por crucificação, na Páscoa, e a energia vital que se manifesta tão prodigamente na primavera, quando a Natureza começa a vida de um novo ano?”.
Embora Wagner não percebesse e nem compreendesse, conscientemente, o significado total da conexão entre a morte do Salvador e o rejuvenescimento da natureza, ele havia, involuntariamente, esbarrado na chave de um dos mais sublimes mistérios com que o Espírito humano já deparou em sua peregrinação do “torrão de terra para Deus”.
Na noite mais escura do ano, quando a Terra dorme mais profundamente no abraço do frio Boreal, quando as atividades materiais descem ao nível mais baixo, uma onda de energia espiritual carrega em sua crista a divina criadora “Palavra do Céu” para um nascimento místico no Natal; e como uma nuvem luminosa, o impulso espiritual paira sobre o mundo que “não o conheceu”[124] porque ele “brilha nas trevas”[125] do inverno, quando a natureza está paralisada e muda.
Essa “Palavra” criadora divina contém uma mensagem e tem uma missão. Nasceu para “salvar o mundo”[126] e “para dar Sua vida pelo mundo”[127]. Deve, necessariamente, sacrificar Sua vida para conseguir o rejuvenescimento da natureza. Gradualmente, Ele se enterra na Terra e começa a infundir Sua própria energia vital nas milhões de sementes que jazem adormecidas no solo. Ele sussurra a “palavra de vida” nos ouvidos dos animais e pássaros, até que o evangelho ou as boas novas seja pregado a todas as criaturas. O sacrifício é totalmente consumado quando o Sol cruza seu nodo[128] oriental no Equinócio de Março. Então, a Palavra divina criadora expira. Em um sentido místico, Ele morre na cruz na Páscoa, enquanto profere um último brado triunfante: “Está Consumado”[129] (Consummatum est).
Mas, do mesmo modo que um eco volta a nós, muitas vezes, repetido, assim também a canção celestial de vida é repercutida na Terra. Toda a criação entoa um cântico de louvor. Um coro de uma legião de línguas repete sem cessar. As pequeninas sementes no seio da Mãe Terra começam a germinar, brotando e despontando em todas as direções, e logo um maravilhoso mosaico de vida, um tapete verde aveludado bordado com flores multicoloridas, substitui o manto de imaculado branco invernal. Das espécies de animais de pelo e pena, a “palavra de vida” ressoa como uma canção de amor, impelindo-os ao acasalamento. Geração e multiplicação é o lema em toda parte – o Espírito ressuscitou para uma vida mais abundante.
Assim, misticamente, podemos notar todos os anos o nascimento, a morte e a ressurreição do Salvador como o fluxo e o refluxo de um impulso espiritual que culmina no Solstício de Dezembro – época do Natal – e sai da Terra logo após a Páscoa, quando a “palavra” sobe ao Céus, no Domingo de Pentecostes. Mas, não permanece lá para sempre. Foi-nos ensinado que “dali retornará”, “no Juízo”. Portanto, quando o Sol atravessa a linha do equador em direção ao sul do Planeta Terra, em outubro, através do Signo de Libra – quando, no hemisfério norte, os frutos do ano são colhidos, pesados e classificados por tipos – inicia a descida do Espírito do novo ano. Essa descida culmina no nascimento, no Natal.
O ser humano é uma miniatura da Natureza. O que acontece em grande escala na vida de um Planeta, como a nossa Terra, ocorre em escala menor ao longo da vida do ser humano. Um Planeta é o corpo de um maravilhosamente grande e exaltado Ser, um dos Sete Espíritos diante do Trono (do Pai Sol). O ser humano também é um Espírito “feito à Sua imagem e semelhança”[130]. Assim como um Planeta orbita em seu caminho cíclico ao redor do Sol, de onde é emanado, assim também o Espírito humano se move numa órbita em volta de sua fonte central – Deus. As órbitas planetárias, sendo elípticas, possuem pontos muitíssimo próximos e pontos extremamente afastados dos seus centros solares. Similarmente, a órbita do Espírito humano é elíptica. Nós estamos mais perto de Deus quando nossa jornada cíclica nos leva à esfera de atividade celeste – os Céus – e estamos mais longe d’Ele durante a vida terrestre. Tais mudanças são necessárias ao nosso crescimento anímico. Assim como as festividades do ano marcam os eventos recorrentes importantes na vida de um Grande Espírito, do mesmo modo nossos nascimentos e nossas mortes são eventos de recorrência periódica. É tão impossível para o Espírito humano permanecer perpetuamente nos Céus ou na Terra, como o é para um Planeta se deter em sua órbita. A mesma lei imutável de periodicidade que determina a ininterrupta sequência das estações do ano, da alternação do dia com a noite e os fluxos e refluxos das marés governam também, a marcha progressiva do Espírito humano, tanto nos Céus quanto na Terra.
Dos reinos de luz celestial onde vivemos em liberdade, livres das limitações de tempo e de espaço, onde vibramos em sintonia com a harmonia infinita das esferas, nós descemos para nascer no Mundo Físico, onde nossa visão espiritual é obscurecida pela espiral mortal que nos cega para essa fase limitada da nossa existência. Vivemos aqui, na Terra, por algum tempo; depois nós morremos e ascendemos aos céus, para renascer e morrer novamente. Cada vida terrena é um capítulo da história seriada de vida, extremamente humilde em seus primórdios, mas crescendo em interesse e importância à medida que ascendemos a níveis cada vez mais elevados de responsabilidade humana. Nenhum limite é concebível, pois somos divinos em essência e, portanto, temos latentes em nós as infinitas possibilidades de Deus. Quando tivermos aprendido tudo o que este mundo tem para nos ensinar, uma órbita mais ampla, uma esfera maior de utilidade sobre-humana, se abrirá para nossas maiores capacidades.
“Constrói Alma minha, as mais belas mansões
Enquanto as estações se sucedem!
Deixa teu humilde passado!
Que cada novo templo, mais nobre que o anterior,
Te separe dos céus com um domo mais amplo,
Até que, por fim, possas ficar livre,
Abandonando tua pequena concha no revolto mar da vida!”[131]
Assim diz Oliver Wendell Holmes[132], comparando a progressão espiral com a concha espiralada com seções ou compartimentos separados de um náutilo à expansão da consciência que é o resultado do crescimento anímico em um ser humano em evolução.
“Mas, e quanto a Cristo?”, alguém pode perguntar. “Você não acredita n’Ele? Você está discorrendo sobre a Páscoa, a festividade que comemora a morte cruel e a ressurreição gloriosa e triunfante do Salvador, mas parece se referir a Ele mais de um ponto de vista alegórico do que como um fato real.”.
Certamente nós cremos em Cristo; nós O amamos de todo o coração e com toda a nossa alma, mas queremos enfatizar o ensinamento de que Cristo é a primícia[133] da Onda de Vida humana. Ele disse que nós poderíamos fazer as coisas que Ele fez, “e maiores ainda”[134]. Portanto, somos Cristos-em-formação.
“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua Alma segue extraviada.
Olharás em vão a Cruz do Gólgota,
Enquanto ela não se erguer dentro de ti mesmo novamente.”
Assim declara Angelus Silesius[135], com a verdadeira compreensão mística dos fundamentos para nos realizarmos espiritualmente.
Temos o hábito de olhar para um Salvador externo, enquanto abrigamos um demônio interior; mas, até que Cristo seja formado EM NÓS, conforme diz São Paulo[136], buscaremos em vão, pois é impossível para nós percebermos a luz e a cor, embora estejam ao nosso redor, a menos que o nosso nervo ótico registre as vibrações da luz e da cor, e permanecemos inconscientes do som quando os tímpanos dos nossos ouvidos estão insensíveis, também devemos permanecer cegos à presença de Cristo e surdos a Sua voz até que despertemos nossa natureza espiritual interna. Mas, uma vez que essa natureza espiritual tenha despertada, elas revelarão o Senhor do Amor como uma realidade primordial; isso com base no princípio de que, fazendo-se vibrar um diapasão, outro diapasão de mesmo tom começará também a vibrar, enquanto outros diapasões de tons diferentes permanecerão imóveis, sem nenhuma vibração. Por isso Cristo disse que Suas ovelhas O conheciam pelo som de Sua voz, à qual respondiam, mas não ouviam a voz do estranho (Jo 10:5). Não importam nosso credo, todos somos irmãos em Cristo, portanto nos regozijemos, o Senhor ressuscitou! Busquemos a Ele e esqueçamos nossos credos e outras diferenças de menor importância.
Mais uma vez chegamos ao ato final do drama cósmico que envolve a descida do Raio solar de Cristo na matéria de nossa Terra, que se completa no Nascimento Místico celebrado no Natal e, depois, na Morte Mística e na Libertação, que são celebradas logo após o Equinócio de Março, quando o Sol do novo ano inicia sua ascensão às esferas superiores dos céus setentrionais, depois de verter sua vida para salvar a Humanidade e revigorar todas as coisas sobre a Terra. Nessa época do ano, uma nova vida, uma energia intensificada circula com força irresistível nas veias e artérias de todos os seres vivos, inspirando-os e incutindo neles novas esperanças, novos anseios veementes de alcançar objetivos e uma nova vida, e impelindo-os para novas atividades pelas quais eles aprendem novas lições na escola da experiência. Consciente ou inconscientemente, tudo o que tem vida se beneficia desse manancial de energia fortalecida que transborda e revigora tudo o que tem vida. Até a planta responde com uma maior circulação da seiva, o que resulta em um crescimento adicional das folhas, flores e dos frutos, meios pelos quais essa classe de vida se expressa atualmente e evolui para um estado superior de consciência.
Mas, por mais maravilhosas que sejam essas manifestações físicas externas, e por mais gloriosa que possa ser chamada a transformação que converte a Terra de um deserto de neve e gelo num formoso jardim florido, tudo isso se torna insignificante diante das atividades espirituais que se efetuam paralelamente a ela. As características salientes do drama cósmico são idênticas, no momento, aos efeitos materiais do Sol nos quatro Signos Cardeais – Áries, Câncer, Libra e Capricórnio – pois os eventos mais significativos ocorrem nos pontos equinociais e solsticiais.
É realmente verdade que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”[137]. Fora d’Ele não poderíamos existir; vivemos por e através de Sua vida; nos movemos e agimos por e através de Sua fortaleza; ela é o Seu poder que sustenta a nossa morada, a Terra, e sem Seus incansáveis e inabaláveis esforços o próprio Universo se desintegraria. Somos ensinados que o ser humano foi feito à semelhança de Deus, assim como a compreender que, de acordo com a Lei de Analogia, possuímos certos poderes latentes dentro de nós que são similares àqueles que vemos tão poderosamente manifestados pela Deidade na obra do Universo. Isso desperta em nós um particular interesse no drama cósmico anual que envolve a morte e a ressurreição do Sol. A vida do Deus-Homem, Cristo-Jesus, foi moldada em conformidade com a história solar, e prenuncia de modo semelhante a tudo o que pode acontecer ao Homem-Deus, a quem Cristo-Jesus profetizou quando disse: “As obras que Eu faço vós fareis também, e maiores ainda.”[138]; para onde Eu vou agora vós não podeis ir, mas depois podereis seguir-Me”.
A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Ela não faz nada em vão ou gratuitamente, mas há um propósito por trás de cada coisa e de cada ato. Portanto, devemos estar alertas e observar cuidadosamente os sinais nos céus, pois eles têm um significado profundo e importante em relação às nossas próprias vidas. A compreensão inteligente do seu propósito nos permite trabalhar com muito mais eficiência com Deus em Seus maravilhosos esforços para a emancipação de nossa Onda de Vida humana, da escravidão às Leis da Natureza e, mediante essa liberação, alcançarmos a plena estatura de filhos de Deus – coroados com glória, honra e imortalidade, livres do poder do pecado, da doença e do sofrimento que agora encurtam nossas existências terrenas por causa da nossa ignorância e da inconformidade às Leis de Deus. O propósito divino exige essa emancipação, mas se essa emancipação vai ser alcançada por meio do longo e tedioso processo da Evolução ou pelo caminho muitíssimo mais curto e rápido da Iniciação, depende da nossa vontade em cooperar. A maioria da Humanidade passa a vida com olhos que não veem e ouvidos que não ouvem. Segue absorvida em seus negócios materiais, comprando e vendendo, trabalhando e se divertindo sem a devida apreciação ou compreensão dos propósitos da existência e, ainda que tais propósitos se tornassem claros, é provável que dificilmente se conformasse e cooperasse em virtude do sacrifício que isso envolve.
Não é de se admirar que Cristo se dirigiu particularmente aos pobres e que Ele enfatizou a dificuldade dos ricos entrarem no Reino dos Céus, pois, mesmo até hoje, quando a Humanidade já avançou mais de dois milênios na escola da evolução, vemos que a grande maioria valoriza ainda mais as suas casas e terras, as suas roupas e vestimentas, os prazeres sociais, as festas e os banquetes do que os tesouros celestiais que são acumulados pelo serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao irmão e à irmã que estão ao lado da pessoa e pelo autossacrifício. Embora possam perceber intelectualmente a beleza da vida espiritual, o desejo da pessoa em alcançá-los se torna insignificante quando comparado ao sacrifício exigido para obtê-los. Tal como o jovem rico, ela seguiria voluntariamente Cristo, não fora a necessidade de tanto sacrifício. Prefere prosseguir assim quando percebe que o sacrifício é a única condição que a conduziria ao Discipulado. Portanto, para tais pessoas a Páscoa é simplesmente uma ocasião de regozijo, porque representa uma mudança de estação, que convida a outros tipos de prazeres e diversões.
Mas, para aqueles que escolheram definitivamente o caminho do autossacrifício que conduz à Libertação, a Páscoa é o sinal anual que lhes é fornecido como prova da base cósmica das esperanças e aspirações deles. Como S. Paulo afirma apropriadamente naquele glorioso capítulo XV da Primeira Epístola aos Coríntios[139]:
“E, se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé. Acontece mesmo que somos falsas testemunhas de Deus, pois atestamos contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, quando de fato não ressuscitou, se é que os mortos não ressuscitam. Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, ilusória é a vossa fé; ainda estais nos vossos pecados. Por conseguinte, aqueles que adormeceram em Cristo estão perdidos. Se temos esperança em Cristo tão-somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens. Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram.”.
Mas, no Sol da Páscoa, que no Equinócio de Março começa a percorrer os céus setentrionais, após verter sua vida na Terra, temos o símbolo cósmico da veracidade da Ressurreição. Quando tomado como um fato cósmico, em conexão com a Lei de Analogia que relaciona o macrocosmo com o microcosmo, é uma garantia de que algum dia todos nós alcançaremos a consciência cósmica e saberemos positivamente, e por nossa própria experiência, que a morte não existe, e o que isso parece ser apenas uma transição para uma esfera mais sutil.
É um símbolo anual para fortalecer nossas almas no afã de fazer o bem, para que possamos tecer o Dourado Manto Nupcial necessário para nos convertermos em filhos de Deus, no sentido mais elevado e mais santo. É literalmente verdade que a menos que “andemos na luz, como Deus na luz está, não seremos fraternais uns com os outros”[140]; mas, ao fazermos os sacrifícios e prestarmos o serviço altruísta e desinteressado para ajudar a emancipação da Onda de Vida humana, estamos construindo o Corpo-Alma de radiante luz dourada, que é a substância especial emanada do Espírito do Sol, o Cristo Cósmico e, também, emanada dele mesmo. Quando essa substância dourada nos revestir com a densidade suficiente, seremos capazes de imitar o Sol da Páscoa e voar para as esferas mais elevadas.
Com esses ideais firmemente impressos em nossas Mentes, o tempo da Páscoa se torna numa estação em que é necessário rever a nossa vida durante o ano que passou e tomarmos novas resoluções, no tempo que se segue, com vistas à promoção do nosso crescimento anímico. É uma época em que o símbolo do Sol nascente deve nos levar a uma compreensão profunda do fato de que somos apenas peregrinos e estrangeiros na Terra; que, como Espíritos (que é o que realmente somos), nosso verdadeiro lar está no Céu; e que devemos nos esforçar para aprender as lições desta escola da vida tão depressa quanto nos permitam os caminhos apropriados, de modo que, como o Dia da Páscoa marca a Ressurreição e a libertação do Espírito de Cristo dos planos inferiores, assim também possamos olhar continuamente para a aurora daquele dia em que nos libertaremos, permanentemente, das malhas da matéria, do Corpo de Pecado e da morte, juntamente com todos os nossos irmãos e todas as nossas irmãs em escravidão, pois nenhum verdadeiro Aspirante à vida superior conceberia uma libertação que não incluísse todos os que estivessem em situação semelhante.
Essa é uma tarefa gigantesca; a contemplação disso pode muito bem desalentar o mais valente coração, e se estivéssemos sozinhos não poderíamos realizá-la; mas, as Hierarquias Divinas, que têm guiado a Humanidade no Caminho de Evolução desde o começo da nossa jornada, ainda estão ativas e trabalhando conosco desde os Mundos siderais e, com sua ajuda seremos finalmente capazes de conseguir, de realizar essa elevação da Humanidade como um todo e alcançar uma realização individual de glória, honra e imortalidade. Tendo em nós essa enorme esperança, essa grande missão no mundo, trabalhemos como nunca para sermos melhores homens e mulheres e que, por nossos exemplos, possamos despertar nos outros o desejo de levar uma vida que conduza à libertação.
Tem sido dito, muitas vezes, em nossa literatura, que o sacrifício de Cristo não foi um acontecimento que, tendo ocorrido no Gólgota, foi realizado em poucas horas e assim consumado, mas que os nascimentos e as mortes místicas do Redentor são ocorrências cósmicas contínuas. Podemos, portanto, concluir que esse sacrifício é necessário para a nossa evolução física e espiritual durante a presente fase do nosso desenvolvimento. À medida que o nascimento anual de Cristo Menino se aproxima, mais uma vez é-nos apresentado um tema para meditação, um tema que nunca envelhece e é sempre novo, do qual podemos tirar muito proveito ponderando sobre ele com uma oração, para que possa criar em nossos corações uma nova luz para nos guiar no caminho da regeneração.
O apóstolo inspirado nos deu uma definição maravilhosa da Deidade quando disse que “Deus é Luz”[141] e, portanto, “luz” tem sido usada para ilustrar a natureza do Divino nos Ensinamentos Rosacruzes, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. É claramente ensinada nas Sagradas Escrituras de todos os tempos que Deus é uno e indivisível. Ao mesmo tempo descobrimos que, do mesmo modo que a luz branca una se refrata nas três cores primárias – vermelho, amarelo e azul – Deus também Se revela em um papel tríplice durante a manifestação, pelo exercício das três funções divinas: criação, preservação e dissolução.
Quando Ele exerce o atributo criação, Deus SE revela como Jeová, o Espírito Santo; Ele é, então, o Senhor da lei e da geração, e projeta o princípio da fertilização solar indiretamente por meio dos satélites lunares de todos os planetas onde for necessário fornecer Corpos para seus seres em evolução.
Quando Ele exercita o atributo preservação, com o propósito de sustentar os corpos gerados por Jeová sob as Leis da Natureza, Deus Se revela como o Redentor, Cristo, e irradia os princípios de amor e regeneração diretamente a qualquer Planeta, onde as criaturas de Jeová requeiram essa ajuda para se libertarem das malhas da mortalidade e do egoísmo, a fim de alcançar o altruísmo e a vida infinita.
Quando Deus exerce o atributo divino da dissolução, Ele aparece como O Pai que nos chama de volta ao nosso lar celestial, para assimilarmos os frutos das experiências e do crescimento anímico que acumulamos durante o dia de manifestação. Esse Solvente Universal, o raio do Pai, emana do Sol Espiritual Invisível.
Esses processos divinos de criação e nascimento, preservação e vida, e dissolução, morte e retorno ao Autor do nosso ser, vemos em toda parte ao nosso redor, e reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Triuno em manifestação. Mas, já nos demos conta de que nos Mundo espirituais não existem acontecimentos definidos nem condições estáticas; que o começo e o fim de todas as aventuras, de todas as épocas, estão presentes no eterno “aqui” e “agora”? Do seio do Pai brota eternamente a essência das coisas e dos acontecimentos, que penetra nos reinos do “tempo” e do “espaço”. Lá gradualmente tudo se cristaliza e se torna inerte, necessitando de dissolução para que possa haver espaço para outras coisas e outros eventos.
Não há como escapar dessa Lei Cósmica; se aplica a tudo no reino do “tempo” e do “espaço”, incluindo o raio de Cristo. Assim, como o lago que deságua no oceano se reabastece quando a água que o deixou se evaporou e retorna a ele em forma de chuva, para fluir novamente incessantemente em direção ao oceano, assim o Espírito do Amor nasce eternamente do Pai, dia após dia, hora após hora, para o universo solar para nos redimir do mundo da matéria que nos envolve em suas garras mortais. Onda após onda é assim impelida do Sol em direção a todos os Planetas, o que proporciona um impulso rítmico às criaturas em evolução.
E assim é, no sentido mais verdadeiro e literal, um Cristo recém-nascido que saudamos em cada festa de Yule[142] que se aproxima, e o Natal é o evento anual mais importante para toda a Humanidade, quer tenhamos consciência ou não. Não é apenas uma comemoração do nascimento do nosso amado Irmão Maior, Jesus, mas sim da chegada ou do advento da vida amorosa rejuvenescedora do nosso Pai Celestial, enviada por Ele para redimir o mundo do glacial abraço da morte. Sem essa nova infusão de vida e energia divinas, logo pereceríamos fisicamente, frustrando o nosso progresso no que tange às atuais linhas de desenvolvimento. Esse é um ponto que devemos nos esforçar para compreender completamente, a fim de que aprendamos a apreciar o Natal, tão profundamente quanto deveríamos.
Podemos aprender uma lição a esse respeito, como em muitos outros, com os nossos filhos ou com as recordações da nossa própria infância. Quão vivas eram as nossas expectativas quando se aproximavam os festejos natalinos! Quão ansiosamente esperávamos pela hora em que receberíamos os presentes que sabíamos que viriam do Papai Noel, o misterioso benfeitor universal que trazia os brinquedos! Como nos sentiríamos se nossos pais ou responsáveis nos tivessem dado bonecas quebradas e os tambores danificados do ano passado? Certamente seria uma sensação como de um infortúnio avassalador, e teria deixado uma profunda sensação de quebra de confiança que mesmo com o tempo seria difícil de ser restabelecida; no entanto, não teria sido nada comparado à calamidade cósmica que se abateria sobre a Humanidade, se o nosso Pai Celeste não conseguisse providenciar o Cristo recém-nascido como a nossa dádiva cósmica de Natal.
O Cristo do ano passado não pode nos salvar da fome física, assim como as chuvas do ano passado não podem agora encharcar o solo e fazer crescer os milhões de sementes que dormitam na terra, à espera de que as atividades germinativas da vida do Pai as façam começar a crescer; o Cristo do ano passado não pode reacender em nossos corações as aspirações a ideais elevados que nos impelem a avançar espiritualmente, assim como o calor do verão passado não pode nos aquecer agora. O Cristo do ano passado nos deu o Seu amor e a Sua vida até o último suspiro, sem restrição ou medida; quando Ele nasceu na Terra no Natal passado, Ele impregnou de vida as sementes adormecidas, que cresceram e muito gratamente encheram os nossos celeiros com o pão da vida física; Ele derramou sobre nós o amor que lhe foi dado pelo Pai, e quando Ele gastou toda a Sua vida, Ele morreu na época da Páscoa para ressuscitar novamente para o Pai, como o rio volta para o céu pela evaporação.
Mas o amor divino jorra infinitamente; assim como os pais têm compaixão dos seus filhos, também nosso Pai Celestial se compadece de nós, pois Ele conhece a nossa fragilidade e as nossas dependências física e espiritual. Portanto, aguardamos agora com confiança o nascimento místico do Cristo de mais um ano, carregado de renovada vida e de renovado amor, enviado pelo Pai para nos preservar da fome física e espiritual, que seriam certas se não fosse essa oferta anual de amor.
As almas mais jovens, geralmente, acham difícil separar em suas Mentes a personalidade de Deus, de Cristo e do Espírito Santo, de modo que algumas só conseguem amar a Jesus, o ser humano. Elas se esquecem de Cristo, o Grande Espírito, que inaugurou uma nova Era, na qual as nações estabelecidas sob o regime de Jeová serão destroçadas, e a sublime estrutura da Fraternidade Universal poderá ser edificada sobre as suas ruínas. Com o tempo, todo o mundo perceberá que “Deus é espírito”[143], e é para ser adorado em “espírito e em verdade”. É bom amar Jesus e O imitar; desconhecemos um ideal mais nobre e mais digno. Se alguém mais nobre tivesse sido encontrado, Jesus não teria sido escolhido para ser o veículo do Grande Unigênito, Cristo, em que habita a Divindade. Portanto, fazemos bem em seguir “Seus passos”.
Ao mesmo tempo, exaltaremos Deus em nossas próprias consciências, aceitando a afirmação bíblica de que Ele é espírito e de que não podemos tentar representar a Sua imagem, nem retratá-Lo, pois Ele não se assemelha a nada nem a ninguém, quer nos céus quer na Terra. Podemos ver os veículos físicos de Jeová circulando como satélites em volta de diversos Planetas. Também podemos ver o Sol, que é o veículo visível de Cristo; mas o Sol Invisível, que é o veículo do Pai e fonte de tudo, aparece aos maiores Clarividentes apenas como a oitava superior da fotosfera do Sol, um anel de luminosidade azul-violeta por trás do Sol. Mas nós não precisamos vê-Lo; podemos sentir Seu amor, e esse sentimento nunca é tão grande como na época do Natal, quando Ele nos dá o maior de todos os presentes: o Cristo do novo ano.
Frequentemente aparece alguém que aproveita a oportunidade de estar conosco para explicar por que é Batista, Metodista, Católica, Cientista Cristão ou outra Religião que professe. Muitas vezes, nossos Estudantes nos pedem algo que os ajudassem a esclarecer por que adotaram os Ensinamentos Rosacruzes dos Irmãos Maiores, promulgados pela Fraternidade Rosacruz, em preferência à fé que eles deixaram. Tentarei, portanto, fornecer um resumo sucinto das razões que nos parecem suficientes, mas os Estudantes, sem dúvida, encontrarão muitas outras razões, igualmente boas ou até melhores, que poderão acrescentar verbalmente ao que é dito aqui.
Antes de tudo, deve ficar claro que os Estudantes da Fraternidade Rosacruz não se autodenominam Rosacruzes. Esse título se aplica aos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, que são os Hierofantes dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Eles estão muito além do maior santo vivo com relação ao desenvolvimento espiritual, assim como um santo está acima do mais baixo adorador de ídolos ou de fetiches.
Quando o barco da nossa vida navega levemente sobre os mares calmos e tranquilos, levado pelos bons ventos da saúde e prosperidade; quando os amigos estão sempre presentes, prontos para nos ajudar a compartilhar conosco dos prazeres que aumentarão os nossos desfrutes dos bens do mundo; quando as honras sociais ou os poderes políticos nos são conferidos em esferas em que nossas inclinações possam se expressar, então, de fato, poderemos dizer e parecer justificados em dizer de todo o nosso coração e a nossa alma: “Este mundo é bom e suficiente para mim”. Mas, quando o mar de sucessos acaba; quando o turbilhão da adversidade nos lança para as costas rochosas e uma onda de sofrimento ameaça nos engolir; quando os amigos nos abandonam e toda a ajuda humana nos parece estar longe e inacessível, então, como faz o marinheiro quando conduz o seu barco contra o ímpeto das ondas, nós devemos buscar orientação nos céus.
Mas, quando o navegante examina o céu em busca de uma estrela que o possa guiar com segurança, ele descobre que todo o céu está em movimento. Portanto, seguir simplesmente uma das miríades de estrelas visíveis a olho nu seria desastroso. Para atender aos requisitos a estrela-guia deve ser totalmente visível e parecer o mais imóvel possível, e só há uma, a saber, a Estrela Polar[144]. Por meio da luz orientadora dela, o marinheiro pode, com total confiança, conduzir e levar o seu barco a um lugar de descanso e segurança. Da mesma forma, quem procura uma orientação em quem possa confiar nos dias de provação – quando a angústia e a tristeza profundas e as adversidades se tornam presentes –, deve abraçar uma Religião fundada sobre leis eternas e princípios imutáveis, capaz de explicar o mistério da vida de uma maneira lógica, para que seu intelecto possa ser satisfeito e, ao mesmo tempo, contendo uma forma de devoção que possa satisfazer o Coração, para que esses fatores gêmeos na vida possam receber igual satisfação. Só quando a pessoa tenha uma concepção intelectual clara do esquema do desenvolvimento humano é que ela está em condições de se alinhar com ele. Quando ficar claro que esse esquema é benéfico e benevolente no mais elevado grau, que tudo é verdadeiramente governado pelo amor divino, então essa compreensão, mais cedo ou mais tarde, despertará nele uma verdadeira devoção e aquiescência sincera que se transformará no desejo de se tornar um colaborador de Deus na obra do mundo.
Quando almas que estão buscando ajuda se aproximam da Igreja procurando alívio para as angústias e tristezas profundas que estão passando, elas não podem ficar satisfeitas com banalidades de que é a vontade de Deus que sofram essas angústias e tristezas profundas; que em Sua Divina Providência Ele achou por bem flagelá-las e que elas devem interpretar tudo isso como uma indicação de que Ele as considera como Seus filhos amados e que estão satisfeitos, não importa o que lhes aconteça. Não conseguem ver que a Deidade faz justiça quando torna alguns ricos e outros pobres, alguns saudáveis e outros doentes; e muitas vezes fica evidente que a iniquidade é próspera enquanto a retidão as levou à miséria.
Os Ensinamentos Rosacruzes fornecem informações claras e lógicas sobre o mundo e o ser humano; eles convidam a se fazer perguntas em vez de desencorajá-las, para que aqueles que buscam a verdade espiritual possam receber plena satisfação intelectual; suas explicações são estritamente científicas e reverentemente religiosas. Esses Ensinamentos nos encaminham para obter informações sobre os problemas da vida, as leis que são tão imutáveis em sua esfera de ação, como imutável é a Estrela Polar no céu.
Embora a Terra gire em torno do seu eixo a uma velocidade incrível em torno de 1.666 quilômetros por hora, nós permanecemos em pé sobre a sua superfície, porque o princípio de gravidade nos impede de sermos lançados ao espaço por essa incrível velocidade. Sabemos que a lei de gravidade é eterna; não agirá hoje para ser suspensa amanhã. Quando entramos em um elevador hidráulico, permanecemos seguros sobre uma coluna de água ou de óleo, porque esse fluído exerce menos pressão que os sólidos e essa propriedade foi a mesma ontem, é hoje e o será sempre. Se a sua ação fosse suspensa, mesmo que por alguns momentos, milhares de pessoas morreriam; mas, essa lei é firme e constante e nós confiamos nela.
A Lei de Causa e Efeito também é imutável; se atirarmos uma pedra para cima, o ato não estará completo até que, pela lei da gravidade, ela volte à superfície da Terra. “Tudo o que o homem semear, assim também colherá”[145], é a forma com que essa Lei se expressa no domínio da moral. “Os moinhos de Deus moem devagar, mas moem extremamente fino” e, uma vez que um ato foi realizado, a reação ocorrerá em algum momento e de alguma maneira, tão certo quanto a pedra que foi atirada para cima volta à superfície da Terra.
Mas, é claro que nem todas as causas que colocamos em funcionamento na vida têm seu efeito na presente existência e, portanto, devem produzir seus efeitos em alguma parte ou em alguma outra ocasião, ou a Lei seria invalidada, uma proposição que seria tão absolutamente impossível quanto a suspensão da lei da gravidade, pois qualquer uma das duas coisas transformaria o Cosmos em caos. Os Ensinamentos Rosacruzes explicam isso afirmando que o ser humano é um Espírito que veio à Escola da Vida com o propósito de desenvolver o seu poder espiritual latente, e que para esse propósito ele vive muitas vidas em corpos terrestres de textura cada vez mais fina que o anterior, o que o capacita a se expressar cada vez melhor. Nos primeiros graus dessa Escola de evolução, o ser humano tem poucas faculdades ativas. Todos os dias da sua vida ele vem para a escola na manhã da infância e recebe lições que deve aprender e, à noite, quando idoso a cuidadora “Morte” o põe para dormir para que ele possa descansar de seus trabalhos até o amanhecer de um outro novo corpo infantil e outras novas lições. A cada dia, a “Experiência”, a mestra da Escola o ajuda a aprender algumas lições de vida e, gradualmente, ele se torna mais proficiente. Algum dia ele terá aprendido todo o currículo da Escola que inclui a construção de Corpos e, também, como utilizá-los.
Assim, quando vemos alguém que demonstra poucas faculdades, sabemos que é uma alma jovem que frequentou a Escola da Vida apenas por alguns dias; e quando encontramos um caráter belo, vemos que é uma alma experiente, que já passou por muitas vidas aprendendo, assimilando e praticando as suas lições. Portanto, não nos desesperemos do amor de Deus quando vemos as desigualdades, pois sabemos que, algum dia, tudo será perfeito, assim como nosso Pai Celestial é perfeito.
Os Ensinamentos Rosacruzes também tiram o aguilhão das angústias e das tristezas profundas da maior de todas as provações: a perda dos nossos entes queridos, mesmo que esses tenham sido o que se chama de rebeldes ou ovelhas negras; pois sabemos que é um fato que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”[146]; portanto, se uma única alma se perdesse, uma parte de Deus se perderia, e tal proposição é absolutamente impossível. Sob a imutável Lei de Causa e Efeito, estamos fadados a encontrar esses entes queridos em algum momento no futuro, sob outras circunstâncias, e aí o amor que nos une deve continuar até encontrar a sua mais elevada expressão. As Leis da Natureza seriam violadas se uma pedra atirada para cima ficasse suspensa na atmosfera e, sob essas leis imutáveis aqueles que passam para as esferas mais elevadas devem regressar. Cristo disse: “É necessário nascer outra vez”[147] e “Se eu for para meu Pai, retornarei”[148].
Mas, embora a nossa razão possa alcançar os mistérios da vida, ainda há um estágio mais elevado, o conhecimento direto, em primeira mão. Na verdade, as proposições anteriores são passíveis de verificação por cada um, pois todos temos um sexto sentido latente em nosso ser, que em algum momento nos permitirá ver os Mundos espirituais com a mesma clareza com que vemos o mundo temporal. Esse sexto sentido será desenvolvido por todos durante o curso da evolução, e existem certos meios pelos quais ele pode ser desenvolvido agora por todos que se dedicam ao trabalho e se esforçam para fazê-los. Alguns alcançaram esse resultado e nos contaram suas viagens pela terra da alma. Acreditamos no seu testemunho sobre esse lugar, tal como acreditamos no que as pessoas que viajaram para a África ou para a Austrália nos dizem sobre esses países. E tal como dizemos que sabemos que a Terra gira sobre o seu eixo e gira na sua órbita em torno do Sol, porque fomos assim informados pelos cientistas que fizeram as investigações e os cálculos que estabelecem esses fatos, assim também dizemos que sabemos que os mortos vivem, e que mortos ou vivos, no corpo ou fora dele, estamos todos envolvidos no amor de nosso Pai Celestial, sem cuja Vontade nem a menor folha cai no chão e que Ele cuida de todos e guia nossos passos em harmonia com Seus planos para desenvolver nossos poderes espirituais no mais elevado grau possível.
Assim, devido à filosofia de vida lógica e satisfatória da alma dada pelos Rosacruzes, seguimos os seus ensinamentos, preferindo-os a outros sistemas, e convidamos todos que desejem partilhar as suas bençãos a investigar.
O objetivo da Fraternidade Rosacruz já foi claramente apresentado em nossa literatura, assim como já foram enunciados os meios pelos quais se espera alcançar o fim a que se propõe; mas, em atendimento a inúmeros pedidos resolvemos dedicar o presente capítulo à apresentação de um resumo desse assunto.
O mundo é a escola de instrução de Deus. No passado aprendemos a construir diferentes veículos, entre eles o Corpo Denso. Através desse trabalho somos promovidos de nível em nível, cada um com seu escopo particular de consciência. Desenvolvemos olhos para podermos ver, ouvidos para podermos ouvir e outros órgãos para podermos saborear (paladar), para podermos cheirar (olfato) e para podermos sentir (tato). Mas, nem todos os Egos foram promovidos a cada passo. Quando, na Época Atlante, a névoa úmida que compunha o ar se condensou e encheu as bacias da Terra com oceanos de água líquida, forçando os seres humanos a rumarem para os lugares mais altos, muitos morreram por asfixia, porque não tinham pulmões desenvolvidos. Eles não puderam passar pelo portal do arco-íris que foi, por assim dizer, o portão de entrada da nova Era com as suas condições atmosféricas secas.
Outra grande transformação neste mundo está por vir, não sabemos quando; até o próprio Cristo confessou Sua ignorância quanto ao dia e à hora; mas, Ele nos alertou que o dia chegaria como o ladrão à noite, e Ele profetizou que as condições do mundo seriam, então, semelhantes às que prevaleceram nos dias de Noé; eles viviam despreocupados e se divertindo quando, de repente, as comportas do céu se abriram e a morte e a destruição se propagaram diante deles.
Cristo nos disse que é possível tomar de assalto o Reino de Deus[149] e alcançar a consciência e as condições que ali prevalecem. No entanto, S. Paulo nos informa que a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus[150]; ele afirma que temos um Corpo-Alma (soma psuchicon – ICor 15:44), e que encontraremos o Senhor no ar, quando Ele vier. Esse Corpo-Alma é, portanto, tão necessário para entrar na nova Era do Reino de Deus, como o corpo equipado com os pulmões foi necessário para os Atlantes que desejavam entrar na Era que vivemos agora. Portanto, é necessário que façamos a nossa parte, trabalhando para a nossa vocação e eleição, preparando a Veste Dourada de Bodas, o Corpo-Alma, o único que pode garantir a nossa admissão ao casamento místico.
O povo está se movendo lentamente na direção certa, conduzido pelas diferentes Religiões Cristãs, mas há uma classe sempre crescente que, por assim dizer, sente as asas do Corpo-Alma brotando, pessoas que sentem um desejo interior de tomar o Reino de Deus por assalto. Embora não possuam nenhum ideal definido, sentem uma verdade maior e uma luz mais evidente do que aquelas que as Religiões Cristãs atuais irradiam; elas estão cansadas de parábolas e anseiam aprender os fatos subjacentes aos próprios pés de Cristo.
A Fraternidade Rosacruz foi instituída com o propósito de alcançar essa classe de pessoas, para lhes mostrar o caminho para a iluminação, para ajudá-las a construir o Corpo-Alma delas e desenvolver os poderes anímicos, que as capacitarão a entrar, conscientemente, no Reino de Deus e obter o conhecimento direto.
Esse é um grande empreendimento, o maior de todos, e mesmo sob as condições mais favoráveis existentes, o progresso deve ser lento, mas, se o Aspirante à vida superior continuar com paciente perseverança em fazer o bem, isso pode ser feito.
Os métodos são definidos, científicos e religiosos; foram criados pela Escola Ocidental da Ordem Rosacruz e, portanto, são especialmente adequados para os povos ocidentais. Às vezes, mas muito raramente, produzem resultados a curto prazo; geralmente são necessários anos e até vidas antes que o Aspirante à vida superior alcance o objetivo dele, mas ao seguir esses métodos alcançará, ao final, a realização de tudo que o coração dele deseja.
O Tabernáculo no Deserto[151] era uma representação simbólica do caminho para Deus e, como diz S. Paulo, continha uma sombra das boas coisas que estavam por vir. Tudo nele tinha um significado espiritual. A Mesa dos Pães da Proposição[152] nos fornece uma lição importante pertinente à nossa atual situação. Os Estudantes Rosacruzes devem estar lembrados de que os antigos israelitas eram instruídos a levar os Pães da Proposição ao Tabernáculo em intervalos determinados. O grão, com o qual esses Pães foram feitos, foi fornecido por Deus, mas foram eles que deviam preparar o solo em que o grão iria crescer, eles é que tinham que plantar e cultivar, que deviam capinar e regar, de modo a garantir o maior crescimento possível; eles deveriam colher e debulhar, moer e cozer e, dessa forma, obtinham os Pães que traziam ao Tabernáculo como o pão da proposição, resultado do trabalho árduo e pesado deles. Da mesma forma, Deus fornece a todos nós a oportunidade de servir, mas é nosso dever cultivar essas oportunidades, nutri-las e alimentá-las no solo da bondade amorosa, para que possam alcançar um maior desenvolvimento. Devemos levar sempre em consideração as palavras de Cristo quando Ele diz que veio para prover e servir. Portanto, qualquer pessoa que aspire a seguir Seus passos e ser grande no Reino de Deus deve estar sempre atenta às oportunidades de servir aos seus semelhantes. Cada dia deve ser preenchido, tanto quanto possível, com atos, ações ou obras bondosos e prudentes, pois são a urdidura e a trama com o que é tecida a Veste Dourada das Bodas. Sem esses “atos, ações e obras” nenhuma oração, nenhum jejum ou outros exercícios religiosos terão valor. É inútil ir ao Templo sem esse Pão da Proposição para mostrar que realmente trabalhamos no serviço do Mestre.
O que foi dito acima é, também, o ensinamento das Religiões que praticam o Cristianismo exotérico; mas, o que exporemos a partir daqui são os ensinamentos e o método científico exclusivamente Rosacruz, baseado no mais profundo conhecimento dos fatos espirituais, por meio dos quais o Aspirante à vida superior é capaz de obter o máximo crescimento da alma em cada vida, de modo que seu avanço espiritual seja acelerado além de seus sonhos mais almejados. Portanto, esse é o ensinamento espiritual mais importante que foi fornecido a nós nos tempos atuais, e ninguém que tente honestamente seguir esse método pode deixar de ser enormemente beneficiado.
O Éter é o meio de transmissão da luz, e é aquele que grava uma imagem numa película sensível ou em um filme fotográfico. Ele permeia o ar e em cada respiração quando inspiramos, desde o nascimento até a morte, o Éter entra em nosso organismo e grava uma imagem de tudo que nos rodeia e das nossas ações em um pequeno átomo no coração[153]. Assim, cada um de nós carrega consigo um registro completo da sua vida, que é assimilado depois da morte. A expiação das más ações causa a dor e angústia quando no Purgatório. Essas são, assim, transmutadas em consciência para evitar a repetição dos mesmos erros nas vidas seguintes aqui; do mesmo modo as boas ações são transmutadas em amor e benevolência. Em vez de esperar por essa transmutação post-mortem do Pão da Proposição da vida, o Aspirante à vida superior que deseja “tomar o céu por assalto” pode assimilar os frutos de cada dia depois de se recolher à noite e antes de dormir, repassando as ações, obras e atos realizados. Os acontecimentos diários devem ser revistos e considerados na ordem inversa, isto é, se revê primeiro o que foi feito na noite, depois os acontecimentos da tarde, do meio-dia e da manhã. Isso é importante porque está de acordo com a forma como o Panorama da Vida é revisto depois da morte, desenrolando-se primeiro os acontecimentos que precederam a morte e recuando, sucessivamente, até os dias da infância. O objetivo é mostrar os efeitos das ações, obras e dos atos praticados e depois as causas que os originaram[154].
Nessa retrospectiva, não fará bem ao Aspirante à vida superior recapitular os acontecimentos do dia e se culpar moderadamente pelos erros que cometeu e se elogiar com entusiasmo pelas boas ações praticadas. Mas, ele deve se lembrar do Altar dos Sacrifícios[155], em que eram oferecidos os sacrifícios pelo pecado. Primeiro, esses sacrifícios eram esfregados com sal e depois colocados no Altar para serem consumidos por um fogo divinamente aceso.
Qualquer um sabe a dor intensa causada quando se esfrega sal em uma ferida, e essa fricção com sal simboliza a dor que o Aspirante à vida superior deve sentir pelo seu erro. Agora, observe que não era permitido depositar o sacrifício no Altar até que fosse esfregado com sal. Deus não o aceitaria antes, mas, depois de salgado, era consumido por um fogo aceso pelo próprio Deus.
Isso nos diz que, a menos que tenhamos lavado nossas más ações, obras e nossos maus atos do dia no sal de nossas lágrimas e com sincera contrição, Deus não aceitará nosso sacrifício de arrependimento; mas, quando realmente nos arrependemos, nossos pecados serão lavados e o nosso Átomo-semente ficará limpo, tão branco como a neve. Com respeito às nossas boas ações, podemos lembrar que havia duas pequenas pilhas de incenso sobre os Pães da Proposição. Essas pilhas de incenso eram oferecidas no Altar de Incenso[156], em que a fumaça subia como um suave aroma ao Senhor, bem diferente do odor nauseabundo que subia do Altar em que as oferendas pelos pecados eram queimadas. É de admirar que Deus não tenha se agradado do sacrifício de touros e bezerros, mas sim de um coração contrito e de um espírito arrependido?
É esse extrato espiritual aromático de nossas boas ações, obras e bons atos que constrói nosso Corpo-Alma. Pelo processo natural normal, são necessários cerca de um terço dos anos da nossa existência post-mortem, enquanto vivíamos aqui nesse Corpo Denso, para colher o que semeamos. Mas, quando um Aspirante à vida superior assimilou os frutos da vida por meio da fiel execução do Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, ao final de cada dia, ele se torna livre assim que deixa o Corpo Denso ao morrer aqui, e pode utilizar os anos passados por outros no Purgatório e no Primeiro Céu da maneira que lhe aprouver. Além disso, como não precisa de alimento, de abrigo ou de dormir, pode passar as vinte e quatro horas do dia fazendo o bem. Assim, ele tem, praticamente, tantos anos de serviço e de crescimento anímico após a morte aqui, quanto os anos de sua vida terrena recém-finda; e sendo treinado e instruído nessa atividade, suas realizações são, provavelmente, maiores do que poderiam ser obtidas em várias vidas vividas de maneira normal.
Para auxiliar os Aspirantes à vida superior merecedores, ensinamentos ainda mais profundos e definidos são fornecidos pelos Irmãos Maiores por meio da Fraternidade Rosacruz. Os Estudantes que sentem esse impulso interior podem pedir informações sobre esses ensinamentos.
FIM
[1] N.T.: do inglês “The Brother of the Third Degree”, livro publicado pela primeira vez em 1894, de autoria de Will L. Garver.
[2] N.T.: At 8:20
[3] N.T.: tempo médio entre dois renascimentos de um Ego da Onda de Vida humana.
[4] N.T.: IIPe 3:8
[5] N.T.: Esse exercício é chamado de Exercício Esotérico noturno da Retrospecção.
[6] N.T.: Gl 6:7
[7] N.T.: Diferente do egoísta, pessoa que manifesta o egotismo, ou seja, o egocentrismo se caracteriza pela simples aplicação prática do egoísmo. … Priorizando o seu ego, o egocêntrico simplesmente prioriza a sua razão sobre a razão de terceiros, ignorando o Ego dos outros. Já o egoísta, o que pratica o egoísmo, se coloca no centro do seu universo.
[8] N.T.: Rm (2:12)
[9] N.T.: Jo 1:17
[10] N.T.: No mito grego, os dentes do dragão aparecem com destaque nas lendas do príncipe fenício Cadmo e na busca de Jasão pelo Velocino de Ouro. Em cada caso, os dragões estão presentes e cospem fogo. Seus dentes, uma vez plantados, se transformariam em guerreiros totalmente armados. Cadmo, o portador da alfabetização e da civilização, matou o dragão sagrado que guardava a fonte de Ares. A deusa Atena disse-lhe para semear os dentes, de onde surgiu um grupo de guerreiros ferozes chamados spartoi (um povo mítico que surgiu dos dentes do dragão semeados por Cadmo e foram considerados os ancestrais da nobreza tebana.). Ele jogou uma joia preciosa no meio dos guerreiros, que se viraram na tentativa de se apoderar da pedra. Os cinco sobreviventes juntaram-se a Cadmo para fundar a cidade de Tebas. Da mesma forma, Jason foi desafiado pelo Rei Aeëtes da Cólquida a semear dentes de dragão (daí dragão de Colchian) em Atenas para obter o Velocino de Ouro. Medea, filha de Aeëtes, aconselhou Jason a jogar uma pedra entre os guerreiros que surgiram da terra. Os guerreiros começaram a lutar e matar uns aos outros, não deixando nenhum sobrevivente além de Jason. As lendas clássicas de Cadmo e Jasão deram origem à frase “semear dentes de dragão”. Isso é usado como uma metáfora para se referir a fazer algo que tem o efeito de fomentar disputas.
[11] N.T.: IJo 3:9
[12] N.T.: Na língua portuguesa temos a tradução como cálice.
[13] N.T.: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) foi um polímata, autor e estadista alemão do Sacro Império Romano-Germânico que também fez incursões pelo campo da ciência natural. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX.
[14] N.T.: Aldous Leonard Huxley foi um escritor inglês e um dos mais proeminentes membros da família Huxley. Mais conhecido pelos seus romances, como Admirável Mundo Novo e diversos ensaios.
[15] N.T.: Alfred Russel Wallace (1823-1913) foi um naturalista, geógrafo, antropólogo e biólogo britânico.
[16] N.T.: Charles Robert Darwin (1809-1882) foi um naturalista, geólogo e biólogo britânico, célebre por seus avanços sobre evolução nas ciências biológicas.
[17] N.T.: Herbert Spencer (1820-1903) foi um filósofo, biólogo e antropólogo inglês, bem como um dos representantes do liberalismo clássico.
[18] N.T.: Ernst Heinrich Philipp August Haeckel (1834-1919) foi um biólogo, naturalista, filósofo, médico, professor e artista alemão que ajudou a popularizar o trabalho de Charles Darwin e um dos grandes expoentes do cientificismo positivista.
[19] N.T.: Gn 1:1
[20] N.T.: Gn 1:6
[21] N.T.: Os Nibelungos são, na mitologia nórdica, um povo formado por anões. Eles habitavam Niflheim, também chamada de Mistland, ou Terra das Neblinas.
[22] N.T.: O rio Reno é um curso de água com 1 233 km de comprimento que atravessa a Europa de sul a norte, desaguando no mar do Norte no delta do Reno–Mosa–Escalda. Seu nome é de origem celta e significa “fluir”.
[23] N.T.: um dos Espíritos da Natureza das águas.
[24] N.T.: A fénix ou fênix, fênice é um pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em autocombustão e, passado algum tempo, ressurgia das próprias cinzas.
[25] N.T.: A frase “A desumanidade do homem para com o homem” foi documentada pela primeira vez no poema de Robert Burns, chamado “O homem foi feito para lamentar: A Dirge” em 1784. É possível que Burns tenha reformulado uma citação semelhante de Samuel von Pufendorf, que em 1673 escreveu: “Mais desumanidade foi cometida pelo próprio homem do que qualquer outra causa da natureza.”
[26] N.T.: Mt 20:26
[27] N.T.: nesse caso, são os processos morfogênicos pelos quais um embrião toma forma, e é a etapa inicial de gastrulação, a enorme reorganização do embrião a partir de uma simples esfera de células, a blástula, em um organismo multicamadas, com camadas diferenciadas: endoderme, mesoderma e ectoderme. As invaginações mais localizadas também ocorrem mais tarde no desenvolvimento embrionário.
[28] N.T.: Hb 2:7
[29] N.T.: Corpo Denso
[30] N.T.: Corpo Vital
[31] N.T.: Gn 3-16
[32] N.T.: Mt 11:28
[33] N.T.: Lc 16:44
[34] N.T.: IJo 1:1
[35] N.T.: IIPd 3:13
[36] N.T.: se trata da Arca de Noé.
[37] N.T.: Jo 18:36
[38] N.T.: ICor 15:50
[39] N.T.: Ou bushmen que vivem na região rural, inexplorada, conhecida como “bush” da Austrália. Bush é um termo usado principalmente no vernáculo inglês da Austrália e Nova Zelândia, onde é amplamente sinônimo de sertão, referindo-se a uma área natural não desenvolvida. A fauna e a flora contidas nesta área devem ser nativas da região, embora espécies exóticas muitas vezes também estarão presentes.
[40] N.T.: Os hotentotes constituem uma etnia negra, nativa da África do Sul, de cultura bastante primitiva. Caracterizam-se pela vida nômade, baseada na caça e na coleta, hoje combinada com a atividade pastoril e cultivos itinerantes.
[41] N.T.: ICor 15:50
[42] N.T.: Corpos Vitais
[43] N.T.: Movimento de Precessão dos Equinócios
[46] N.T.: ITess 4:15
[47] N.T.: Corpo-Alma
[49] N.T.: Século XIX
[51] N.T.: ou a Onda de Vida Vegetal
[52] N.T.: o mascavo e não o branco polido ou demerara ou cristal.
[53] N.T.: A Época Ária
[54] N.T.: Jo 8:58
[55] N.T.: Lc 14:26
[56] N.T.: Thomas Paine (1737-1809) foi um político britânico, além de panfletário, revolucionário, inventor, intelectual e um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos da América. Thomas Paine foi, a um só tempo, ator, intérprete e testemunho não apenas das Revoluções Americana e Francesa, mas também dos movimentos revolucionários ingleses em fins do século XVIII e, em menor medida, do movimento revolucionário nos Países Baixos e na Irlanda, onde ele era continuamente citado e admirado.
[57] N.T.: Mt 10:34
[58] N.T.: IJo 1:5
[59] N.T.: são fendas e arcos nos seus pescoços que são idênticos as fendas e arcos branquiais dos peixes atuais.
[60] N.T.: se refere à Era de Áries.
[61] N.T.: Sl 139:7-12
[62] N.T.: Jo 3:19
[63] N.T.: Jo 8:12
[64] N.T.: Jo 15:13-15
[65] N.T.: O enforcamento literal de uma pedra de moinho (ou mó) no pescoço é mencionado como uma punição no Novo Testamento, fazendo com que o malfeitor fosse afogado. Eis a passagem bíblica: “E aquele que receber uma criança como esta por causa do meu nome, recebe a mim. Caso alguém escandalize um destes pequeninos que creem em mim, melhor será que lhe pendurem ao pescoço uma pesada mó e seja precipitado nas profundezas do mar.” (Mt 18:5-6)
[66] N.T.: Lc 22:19-20
[67] N.T.: Lc 22:42
[68] N.T.: IJo 1:7
[69] N.T.: IJo 1:5
[70] N.T.: veja na Bíblia em Mc 8:1-9 e Mt 15:32-39
[71] N.T.: Ou seja, uma caneta carregada de fluído, como é o nanquim da caneta tinteiro (ou pena mosquitinho), que é um condutor de magnetismo muito maior do que um lápis seco ou uma caneta esferográfica ou hidrográfica ou, ainda, qualquer outro tipo de meio de escrita. O Éter, que impregna o papel sobre o qual o paciente escreve, semana a semana, fornece uma indicação de sua condição no momento da escrita, e é uma chave de entrada para acesso à parte (ou -partes) doentes do seu Corpo. Conforme mude o estado do paciente, muda igualmente o registro nas Fichas semanais! É algo que ele deu voluntariamente e com o propósito expresso de fornecer acesso aos Auxiliares Invisíveis. A menos que o doente faça a sua parte nesse aspecto, os Auxiliares Invisíveis são incapazes de fazer qualquer coisa pelo paciente. Portanto: os eflúvios que procedem da mão do paciente ao escrever proveem aos Auxiliares Invisíveis uma chave de admissão ao organismo do paciente. Por mais simples que seja essa regra, são muitos os que deixam de cumpri-la!
[72] N.T.: também escrito: vodum, vudu é uma tradição religiosa que é derivada do politeísmo africano e do culto aos ancestrais e é praticada principalmente no Haiti.
[73] N.T.: Rm 7:19
[74] N.T.: Capítulo 10 – No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, uma palavra foi revelada a Daniel, cognominado Baltassar. A palavra era verídica, e referia-se a uma grande luta. Ele compreendeu a palavra, e teve dela o entendimento em visão. Nesses dias, eu, Daniel, mortifiquei-me por três semanas: não comi nenhum alimento saboroso, carne e vinho não entraram em minha boca, nem me ungi de maneira alguma até se completarem três semanas. No vigésimo quarto dia do primeiro mês, estando às margens do grande rio, o Tigre, levantei os olhos para observar. E vi: Um homem revestido de linho, com os rins cingidos de ouro puro, seu corpo tinha a aparência do Crisólito e seu rosto o aspecto do relâmpago seus olhos como lâmpadas de fogo, seus braços e suas pernas como o fulgor do bronze polido, e o som de suas palavras como o clamor de uma multidão. Somente eu, Daniel, vi essa aparição. Os homens que estavam comigo não viam a visão e, no entanto, um grande tremor se abateu sobre eles, a ponto de fugirem para se esconderem. Fiquei, pois, sozinho a contemplar essa grande visão: não restou força alguma em mim, a bela cor do meu rosto mudou-se em lividez, perdi todo o vigor.
Aparição do anjo — Ouvi, então, o som de suas palavras. Ao ouvir o som de suas palavras, desfaleci sobre o meu rosto, meu rosto contra a terra. Mas eis que uma mão me tocou e me fez levantar, tremendo, sobre os joelhos e as palmas de minhas mãos. E ele disse-me: “Daniel, homem das predileções, compreende as palavras que vou te dizer. Põe-te de pé no teu lugar, porque é para ti que fui enviado”. Ao dizer-me ele essas palavras, levantei-me, todo trêmulo. E prosseguiu: “Não temas, Daniel. Pois desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender, mortificando-te diante do teu Deus, tuas palavras foram ouvidas. E é por causa de tuas palavras que eu vim. O Príncipe do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias, mas Miguel, um dos primeiros Príncipes, veio em meu auxílio. Eu o deixei afrontando os reis da Pérsia e vim para fazer-te compreender o que sucederá a teu povo, no fim dos dias, porque há ainda uma visão para esses dias”. Tendo-me ele falado essas coisas, inclinei meu rosto para o chão e emudeci. Foi quando alguém, com a semelhança de um filho de homem, tocou meus lábios. E abri a boca para falar, e disse ao que estava diante de mim: “Meu senhor, angústias me sobrevieram por causa da aparição e não tenho mais forças. Como, pois, este servo do meu senhor poderá falar com o meu senhor, quando não há mais força em mim e sequer me resta o próprio alento?”. De novo uma como aparência de homem tocou-me e me reconfortou. E disse: “Não temas, homem das predileções! A paz seja contigo! Toma força e coragem!”. Enquanto ele falava comigo eu me senti reanimar e disse: “Que fale o meu senhor, pois tu me reconfortaste!”.
O anúncio profético — Então ele disse: “Sabes por que vim ter contigo? Mas vou anunciar-te o que está escrito no Livro da Verdade. Tenho de voltar para combater o Príncipe da Pérsia: quando eu tiver partido, deverá vir o Príncipe de Javã. Ninguém me presta auxílio para essas coisas senão Miguel, vosso Príncipe,
Capítulo 11 – e eu, no primeiro ano de Dario, o medo, me mantive firme para ajudá-lo e sustentá-lo. E agora, vou anunciar-te a verdade.
Primeiras guerras entre Selêucidas e Lágidas — Surgirão ainda três reis na Pérsia. Depois o quarto acumulará mais riquezas que todos eles. E, quando se tiver tornado poderoso por suas riquezas, levantar-se-á contra todos os reinos de Javã. Surgirá então um rei guerreiro, o qual dominará um vasto império e fará o que bem lhe aprouver. Logo, porém, que se tiver estabelecido, seu reino será destroçado e dividido entre os quatro ventos do céu, e não em proveito de sua descendência. E não será mais governado como ele o havia feito, porque seu reino será extirpado e entregue a outros, e não a seus descendentes. O rei do sul tornar-se-á poderoso. Mas um de seus príncipes o ultrapassará em poder e seu império será maior que o dele. Alguns anos mais tarde eles celebrarão uma aliança, e a filha do rei do sul virá para junto do rei do norte para se ratificarem os acordos. Mas, a força do seu braço não a sustentará, nem a sua descendência subsistirá; ela será entregue, ela com os da sua comitiva e o seu filho, bem como o que teve poder sobre ela. A seu tempo, um rebento de suas raízes se levantará em seu lugar. Ele marchará contra o exército e penetrará na fortaleza do rei do norte; e, agindo contra eles, os vencerá. Até seus deuses, suas estátuas e seus objetos preciosos de ouro e prata, serão o espólio que ele arrebatará para o Egito. Depois, por alguns anos manterá distância do rei do norte. Esse, por sua vez, virá contra o reino do rei do sul e depois retornará para o seu território. Seus filhos levantar-se-ão e reunirão uma multidão de forças poderosas, e um deles avançará, desdobrar-se-á, passará e levará o ataque até a sua fortaleza. Então o rei do sul, exasperado, partirá em guerra contra o rei do norte, o qual recrutará imensa multidão; mas a multidão será entregue em suas mãos. Sendo aniquilada essa multidão, seu coração se exaltará: ele fará cair dezenas de milhares, mas não crescerá em força. O rei do norte voltará, depois de recrutar multidões mais numerosas que as primeiras: após alguns anos ele irromperá, com um grande exército e abundante equipamento. Nesses tempos, muitos se insurgirão contra o rei do sul, e os violentos dentre o teu povo se levantarão para cumprirem a visão, mas, eles hão de cair. Virá então o rei do norte, o qual construirá terraplenos e se apoderará da cidade fortificada. As forças do sul não o deterão, e nem mesmo a elite do seu povo terá a força de resistir-lhe. O invasor fará o que bem quiser, pois ninguém poderá detê-lo; e se estabelecerá no país do Esplendor, levando em suas mãos a destruição. Ele terá em mente conquistar todo o seu reino: fará um pacto com ele e lhe oferecerá uma dentre suas filhas para arruiná-lo, mas isso não dará resultado e ele não o conseguirá. Então se voltará para as ilhas e conquistará diversas delas. Mas um magistrado porá fim à sua arrogância, sem que ele possa revidar-lhe o ultraje. Ele voltará ainda seus olhares para as cidades fortificadas do seu próprio país, mas vacilará, cairá e não mais será encontrado. Em seu lugar surgirá um outro, o qual fará passar um exator pelo Esplendor do seu reino: em poucos dias ele será eliminado, mas não à vista de todos nem na guerra.
Em seu lugar levantar-se-á um miserável, a quem não se dariam as honras da realeza. Mas, ele se insinuará sorrateiramente e, à força de intrigas, apossar-se-á do reino. As forças de guerra serão dispersadas diante dele e até aniquiladas, o mesmo sucedendo a um príncipe da Aliança. A despeito de pactos firmados, ele agirá com perfídia. E irá crescendo e fortificando-se, embora com poucos partidários. Sorrateiramente penetrará nas regiões mais férteis da província e fará o que não haviam feito seus pais nem os pais de seus pais: distribuirá despojos, lucros e riquezas entre os seus, maquinando planos contra as cidades fortificadas, mas isso até certo tempo. Dirigirá então sua força e o seu coração contra o rei do sul, com um grande exército. O rei do sul por sua vez entrará na guerra com um exército extremamente grande e poderoso, mas não poderá resistir, porque se urdirão conjurações contra ele. Os que comem à sua mesa o arruinarão; seu exército será destroçado, e muitos cairão mortalmente feridos. Ambos esses reis, com o coração voltado para o mal, falarão mentirosamente à mesma mesa. Mas nada conseguirão, porque ainda há um prazo antes do tempo marcado. Ele voltará para o seu país com grandes riquezas, tendo no coração más intenções contra a Aliança sagrada. Ele as realizará, e então retornará à sua terra. No tempo fixado voltará em campanha contra o sul, mas o fim não será como o começo. Pois navios dos Cetim virão contra ele, tirando-lhe a coragem. Por isso, ao voltar, ele enfurecer-se-á contra a Aliança sagrada e, de novo, agirá de acordo com os que abandonam a Aliança sagrada. Tropas enviadas por ele virão profanar o Santuário-cidadela e abolirão o sacrifício perpétuo, ali introduzindo a abominação da desolação. Os que transgredirem a Aliança, ele os perverterá com suas lisonjas; mas o povo dos que conhecem o seu Deus agirá com firmeza. Os homens esclarecidos dentre o povo darão a compreensão a muitos; mas serão prostrados pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pela pilhagem — durante longos dias. Ao serem oprimidos, pequeno será o auxílio que de fato receberão; muitos, porém, pretenderão associar-se a eles por intrigas. Entre esses homens esclarecidos alguns serão prostrados a fim de que entre eles haja os que sejam acrisolados, purificados e alvejados — até o tempo do Fim, porque o tempo marcado ainda está por vir. O rei agirá a seu bel-prazer, exaltando-se e engrandecendo-se acima de todos os deuses. Ele proferirá coisas inauditas contra o Deus dos deuses e, no entanto, prosperará, até que a cólera chegue a seu cúmulo — porque o que está decretado se cumprirá. Sem consideração para com os deuses de seus pais, sem consideração para com o favorito das mulheres ou para com qualquer outro deus, é a si mesmo que ele exaltará acima de tudo. Mas, cultuará em seu lugar o deus das fortalezas; cultuará com ouro e prata, pedras preciosas e joias, um deus que seus pais não conheceram. Como defensores das fortalezas tomará o povo desse deus estrangeiro. E dará grandes honras àqueles que ele reconhecer, conferindo-lhes autoridade sobre a multidão e concedendo-lhes a terra em arrendamento.
No tempo do Fim, entrará em luta com ele o rei do Sul, contra o qual o rei do Norte se lançará com seus carros de guerra, seus cavaleiros e seus numerosos navios. Ele entrará em suas terras e, transbordando, as atravessará. E penetrará no país do Esplendor, onde muitos cairão. Esses, porém, hão de escapar de suas mãos: Edom, Moab e os sobreviventes dos filhos de Amon. Ele continuará a estender a mão sobre outras terras, e a terra do Egito não lhe escapará. Ele se tornará dono dos tesouros de ouro e prata e de todas as preciosidades do Egito, e os líbios e cuchitas pôr-se-ão a seus pés. Mas virão perturbá-lo notícias provindas do Oriente e do Norte, e ele partirá com grande furor para destruir e exterminar a muitos. Armará as tendas do seu palácio entre os mares e a montanha do santo Esplendor. E chegará a seu termo, sem que ninguém lhe venha em auxílio.
[75] N.T.: Mt 10:34
[76] N.T.: Lc 2:14
[77] N.T.: O autor se refere à Primeira Guerra Mundial.
[78] N.T.: O autor se refere à Primeira Guerra Mundial.
[79] N.T.: ICor 15:55
[80] N.T.: Mt 5:3-4
[81] N.T.: Mt 6:31
[82] N.T.: Mt 6:24-33
[83] N.T.: a língua da Síria antiga, um dialeto ocidental do aramaico no qual muitos textos Cristãos primitivos importantes são preservados e que ainda é usado pelos Cristãos sírios como língua litúrgica.
[84] N.T.: Caveat emptor é uma expressão em língua latina (ou latim) que significa, literalmente, “(toma) cuidado, comprador”. Em uma tradução livre, significa “o risco é do comprador”.
Ao colocar à venda um produto sob as regras do “caveat emptor”, o vendedor diz que não garante a qualidade ou procedência do produto. Cabe ao comprador avaliar a situação do bem e entender que defeitos ocultos não serão reembolsados. Esse tipo de venda é comum em leilões de carros, em que não é possível fazer um “test drive” ou uma revisão prévia do automóvel. Compra-se o que se vê. Qualquer defeito que o carro tiver, faz parte do pacote. Cabe ao consumidor munir-se de informações e cuidados para tomar a decisão de compra, não recaindo sobre o ofertante responsabilidades maiores, além de atuar dentro dos limites da lei.
A situação oposta ao “caveat emptor” é o “caveat venditor”. Nesse caso, o vendedor do produto deve dar a garantia de que, se o produto estiver estragado ou tenha procedência duvidosa, será trocado por um novo – ou o dinheiro pago será devolvido pelo vendedor. Entretanto, o vendedor pode estabelecer limites à garantia, desde que tais limites sejam previamente informados ao comprador. Esse tipo de situação impera nas relações de consumo no Brasil, desde a vigência do Código de Defesa do Consumidor.
[85] N.T.: Mt 20:26
[86] N.T.: Pb 15:1
[87] N.T.: Mt 5:5
[90] N.T.: Ecl 7:9
[91] N.T.: Ecl 10:10
[92] N.T.: Mt 5:44
[93] N.T.: Mc 6:35
[94] N.T.: Lc 6:31
[95] N.T.: Cl 3:23
[96] N.T.: 2Pd 3:18
[97] N.T.: O ramo de palmeira é um símbolo da vitória, do triunfo, da paz. A palma tornou-se tão intimamente associada à vitória na cultura romana antiga que a palavra latina palma poderia ser usada como uma metonímia para “vitória”, e era um sinal de qualquer tipo de vitória.
[98] N.T.: Ego humano sem o Tríplice Corpo e sem a Mente (somente com os quatro Átomos-sementes desses veículos).
[99] N.T.: Parsifal é uma ópera ou drama musical em três atos de Richard Wagner, e sua última composição. O libreto é vagamente baseado no poema épico alemão médio do século XIII Parzival do Minnesänger Wolfram von Eschenbach, contando a história do cavaleiro arturiano Parzival (Percival) e sua busca pelo Santo Graal.
[100] N.T.: A ópera Parsifal se passa nas legendárias colinas do Monte Salvat, na Espanha, onde vive uma fraternidade de cavaleiros do Santo Graal. O mago negro Klingsor teria construído um jardim mágico povoado com mulheres que, com seus perfumes e trejeitos, seduziriam os cavaleiros e faria com que eles quebrassem seus votos de castidade, e teria ferido Amfortas, rei do Graal, com a lança que perfurou o flanco de Cristo, e todas as vezes em que Amfortas olha em direção ao Graal sente a ferida arder. Tal redenção só poderia ser realizada por um “inocente casto” (significado da palavra “Parsifal”). Esse, em sua primeira aparição na ópera, surge ferindo um dos cisnes que purificavam a água do banho de Amfortas, e a todas as perguntas que os cavaleiros lhe fazem responde dizendo que não sabe de nada, nem ao menos seu nome. Parsifal atravessa o jardim mágico de Klingsor e é seduzido pela amazona Kundry, que ora é uma fiel serva do Graal, ora é escrava de Klingsor. Ao beijá-la, sente os estigmas das feridas que afligiam Amfortas e, quando Klingsor atira a lança contra ele, a lança dá a volta em seu corpo, e todo o castelo mágico é destruído. Tempos depois, tendo os cavaleiros se convencido de que ele é o “inocente casto” que faria a salvação, Parsifal cura as feridas de Amfortas e o destrona, assumindo a nova condição de rei do Graal.
[101] N.T.: É um gênero de música sacra cristã de recitação salmódica. Tem seu início no Cristianismo primitivo. É um canto monódico executado em uníssono com eventuais trechos em solo e executado sem acompanhamento de instrumentos, exceto acompanhamento pelo órgão de tubos, já que esse foi inventado justamente para substituir as vozes faltantes.
[102] N.T.: Georg Friedrich Händel ou Haendel (1685-1759) foi um compositor alemão, naturalizado cidadão britânico, considerado um dos maiores compositores da música barroca.
[103] N.T.: Mt 7:16
[104] N.T.: O provérbio ‘Um pouco de conhecimento é uma coisa perigosa’ expressa a ideia de que uma pequena quantidade de conhecimento pode levar as pessoas a pensarem que são mais experientes do que realmente são, o que pode levar a erros. Tal provérbio é atribuído a Alexander Pope (1688-1744).
[105] N.T.: uma personificação da morte na forma de um esqueleto encapuzado empunhando uma grande foice.
[106] N.T.: Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os Anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. E serão reunidas em sua presença todas as nações e ele separará os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então dirá o rei aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me’. Então os justos lhe responderão: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou nu e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te ver?’ Ao que lhes responderá o rei: ‘Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes’. Em seguida, dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer. Tive sede e não me destes de beber. Fui forasteiro e não me recolhestes. Estive nu e não me vestistes, doente e preso, e não me visitastes’. Então, também eles responderão: ‘Senhor, quando é que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso e não te servimos?’ E ele responderá com estas palavras: ‘Em verdade vos digo: todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer’. E irão estes para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”. (Mt 25:31-46).
[107] N.T.: Mt 5:14
[108] N.T.: A frase “guardião do meu irmão” é uma referência à história bíblica de Caim e Abel do Livro de Gênesis. É geralmente entendido como sendo responsável pelo bem-estar de um irmão ou outro irmão ou, por extensão, de outros seres humanos em geral.
[109] N. T.: “Cristo Jesus lhes falou novamente por parábolas, dizendo: ‘O Reino dos céus é como um rei que preparou um banquete de casamento para seu filho. Enviou seus servos aos que tinham sido convidados para o banquete, dizendo-lhes que viessem; mas eles não quiseram vir. (…)” (Mt 22:1-3).
[110] N.T.: Jo 17:14
[111] N.T.: Mt 23:27
[112] N.T.: Mt 12:48
[113] N.T.: Mt 12:50
[114] N.T.: Jo 19:25-34
[115] N.T.: do poema: “Shining Just Where We Are” – de Autor Desconhecido
[116] N.T.: como, por exemplo, aconteceu no evento Pentecostes (At 2) com os Discípulos.
[117] N.T.: IJo 2:16
[118] N.T.: IJo 2:16
[119] N.T.: Jo 15:19 e Jo 17:14-16
[120] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial, época em que esse livro foi escrito.
[121] N.T.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) – maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão.
[122] N.T.: ou Zurique é a maior cidade da Suíça, um país do hemisfério norte.
[123] N.T.: a Suíça fica no hemisfério norte, onde, em março, é a estação da primavera.
[124] N.T.: Jo 1:10
[125] N.T.: Jo 1:5
[126] N.T.: Jo 12:47
[127] N.T.: Jo 3:17
[128] N.T.: nodo, em astronomia, é a interseção do plano da órbita de algum corpo celeste, como a Lua, um Planeta, com o plano da eclíptica (o caminho aparente do Sol entre as estrelas) conforme projetado na esfera celeste. O nodo ascendente é aquele onde o corpo cruza do lado sul para o lado norte da eclíptica, sendo o oposto o nodo descendente. Por exemplo, em março o Sol cruza o equador da Terra (em uma visão geocêntrica) do sul para o norte, ou seja, é o nodo ascendente do Sol.
[129] N.T.: Jo 19:30
[130] N.T.: Gn 1:26
[131] N.T.: do poema “The Chambered Nautilus” de Oliver Wendell Holmes.
[132] N.T.: (1809-1894) – médico americano, professor, palestrante e autor.
[133] N.T.: ICor 15:20-23. Repare que como as primícias do Antigo Testamento simbolizavam e consagravam toda a colheita que se seguiria, a Ressurreição de Cristo foi a antecipação da ressurreição de todos os Cristãos que ainda viriam. Sua Ressurreição é nossa garantia de que um dia todos os Cristãos serão ressuscitados dentre os mortos e receberão novos corpos ressuscitados.
[134] N.T.: Jo 14:12
[135] N.T.: Pseudônimo de Johannes Scheffler (1624-1667) – Místico Cristão, filósofo, médico, poeta, jurista alemão.
[136] N.T.: Gl 4:19
[137] N.T.: At 17:28
[138] N.T.: Jo 14:12
[139] N.T.: ICor 15:14-20
[140] N.T.: IJo 1:7
[141] N.T.: IJo 1:5
[142] N.T.: Jól (do nórdico antigo: júl) ou Yule (do inglês antigo: géol ou géola) é uma comemoração do Norte da Europa pré-Cristã. Os pagãos Germânicos celebravam o Yule desde os finais de dezembro até aos primeiros dias de janeiro, abrangendo o Solstício de Dezembro. Foi a primeira festa sazonal comemorada pelas tribos neolíticas do norte da Europa, e é até hoje considerado o início da roda do ano por muitas tradições Pagãs. Embora Yule seja o nome do Solstício de Dezembro, originalmente é um tronco de árvore, possivelmente parecido com um tipo de pinheiro. Yule, o menino da promessa; semente de luz; festa medieval que comemorava a chegada do inverno no hemisfério norte; na língua inglesa significa em torno do Natal; natalício.
[143] N.T.: Jo 4:24
[144] N. T.: Polar (Polaris, α UMi, α Ursae Minoris, Alpha Ursae Minoris, comumente chamada de Estrela do Norte ou Estrela Polar) é a estrela mais brilhante da constelação da Ursa Menor, e situa-se aproximadamente no polo norte celeste, daí recebendo seu nome. Por esse motivo, ela permanece praticamente fixa no céu noturno, enquanto todas as outras estrelas parecem girar ao seu redor. A Estrela Polar tem sido usada, há séculos, como referência para orientação, tendo sido crucial, por exemplo, na navegação.
[145] N.T.: Gl 6:7
[146] N.T.: At 17:28
[147] N.T.: Jo 3:4-5
[148] N.T. Jo 16:28
[149] N.T.: Mt 11:12
[150] N.T.: ICor 15:50
[151] N.T.: Foi a primeira igreja erigida pela Humanidade sobre a Terra, quando constatada a necessidade de darmos início ao trilhar do “caminho de volta para Deus” (fim da Involução e início da Evolução). Estávamos na Época Atlante, por isso ficou conhecido como o Templo de Mistérios Atlante. Sua localização estava relacionada aos pontos cardeais, e foi colocada na direção leste para oeste (o caminho da evolução espiritual). Foi dado para que pudéssemos encontrar Deus quando nos qualificássemos pelo serviço e tivéssemos subjugado a natureza inferior pelo “Eu superior”. E essa mesma natureza ambulante dele que é uma excelente representação simbólica da nossa natureza migratória: um eterno peregrino, passando sempre do limite do tempo à eternidade – o nosso verdadeiro lar – para voltar novamente (ciclo de nascimentos e mortes). O Tabernáculo no Deserto mostra algo muito além do que a visão alcança. Em outras palavras, sob a aparência material e terrena estava esquematizada uma representação de fatos celestiais e espirituais que continham instruções aos candidatos à Iniciação.
[152] N.T.: A Mesa dos Pães da Proposição era um dos três objetos principais que compunham o mobiliário da Sala Leste (Lugar Santo – Sanctum) do Tabernáculo no Deserto e estava colocada ao lado norte, de modo a estar à mão direita do sacerdote quando ele se encaminhasse ao segundo véu. Doze pães sem fermento eram continuamente mantidos sobre a mesa. Eram colocados em duas pilhas, um pão sobre o outro, e em cima de cada pilha havia uma pequena quantidade de incenso. Esses pães eram chamados os Pães da Proposição ou pão da face, porque foram colocados solenemente diante da presença do Senhor que habitava a Glória de Shekinah, atrás do segundo véu. Todos os sábados, os pães eram substituídos pelo sacerdote, sendo os velhos retirados e os novos colocados no mesmo lugar. Os pães retirados eram entregues aos sacerdotes para comerem e ninguém mais tinha permissão de prová-los; também não era permitido comê-los em nenhum lugar fora do Santuário porque era santíssimo e, portanto, só poderia ser consumido por pessoas consagradas e em solo sagrado. O incenso que ficava sobre as duas pilhas dos Pães da Preposição era queimado quando havia a troca dos pães como uma oferta queimada ao Senhor por um memorial em lugar do pão. Detalhando um pouco mais: sobre essa mesa havia duas pilhas de Pães da Proposição, cada uma com seis pães, e sobre cada pilha havia uma pequena quantidade de incenso. O Aspirante que chegasse à porta do Templo, “pobre, nu e cego”, era conduzido à luz do Candelabro de Sete Braços, obtendo um determinado grau de conhecimento cósmico para ser utilizado unicamente a serviço de seus semelhantes. A Mesa do Pães da Proposição simboliza esse conceito.
[153] N.T.: Átomo-semente do Corpo Denso que está situado no Ápice do Ventrículo esquerdo do Coração.
[154] N.T.: Esse é o Exercício Esotérico noturno de Retrospecção.
[155] N.T.: O Altar de Bronze ou Altar dos Sacrifícios era uma peça que fazia parte do Tabernáculo no Deserto e que estava localizado dentro do portão leste (no Átrio do Tabernáculo) e era utilizado para o sacrifício de animais durante o serviço no templo. A ideia de utilizar bois e bodes como sacrifícios parece bárbaro para a mentalidade moderna, e não podemos alcançar a compreensão de que isso pudesse resultar em algo eficaz como efeito ao sacrifício. Mas, não devemos esquecer que o Tabernáculo no Deserto é um assunto do Antigo Testamento e se refere ao momento da primeira e segunda Dispensação, sobre as Religiões de Raça. Nessas Dispensações adorávamos as posses materiais e sabíamos que o aumento dos nossos rebanhos ocorria pela disposição de Deus, e dado por Ele segundo o mérito. Assim, fomos ensinados a agir corretamente na esperança de uma recompensa nesse mundo atual. Também fomos dissuadidos de praticar o mal, devido ao rápido castigo que sofreríamos em consequência da retribuição por nossos pecados. Isso era a única maneira que nós entendíamos. Nós não podíamos fazer o bem pelo simples prazer de fazer o bem, e muito menos podíamos compreender o princípio de nos tornarmos nós próprios “sacrifícios viventes” e, provavelmente, sentíamos tanto a perda de um animal quando cometíamos o pecado, assim, como nós sentimos as dores agudas da consciência por nossas más ações.
[156] N.T.: O Altar do Incenso ou Altar de Ouro era um dos três objetos principais que compunham o mobiliário da Sala Leste (Lugar Santo – Sanctum) do Tabernáculo no Deserto. Ficava no centro da sala, isto é, a meio caminho entre as paredes norte e sul, em frente ao segundo véu. Nenhuma carne jamais foi queimada nesse altar e nenhum sangue jamais fora derramado sobre ele, exceto em ocasiões muito solenes, e apenas os seus chifres eram marcados com a mancha vermelha. A fumaça que era vista no topo, nunca foi outra, senão a fumaça do incenso queimado. Isso acontecia todas as manhãs e todas as noites, preenchendo o Santuário com uma nuvem de fragrância agradável que impregnava todo o ambiente interior e que se estendia por todo o país de todos os lados por milhas ao redor.
Resposta: Isso depende do estágio evolutivo desse Espírito humano. Uma pessoa que não tem o Corpo Denso é exatamente a mesma pessoa de antes, com exceção de que já não possui Corpo Denso. É perfeitamente possível a ela atravessar uma parede espessa ou uma montanha. Entretanto, não tem acesso aos diversos Estratos da Terra. É interessante registrar: muitos Clarividentes e sensitivos comuns, que podem fornecer informações sobre cenas do Mundo do Desejo, dão relatos escassos concernentes ao interior da Terra. Alegam que ao tentarem penetrar ali chocam-se contra uma intransponível muralha. Isso ocorre porque nosso Planeta é o Corpo de um grande Espírito e ninguém pode se aproximar de seu centro, a não ser por meio das Iniciações.
Há nove Estratos terrestres em torno do coração central, o décimo por assim dizer. Nos Mistérios (ou Iniciações) Menores há nove graus. E em cada grau o candidato se habilita a penetrar em um Estrato. Depois de se alcançar a nona Iniciação Menor, a próxima é chamada de primeiro Mistério (ou Iniciação) Maior ou Cristã. E aqui temos quatro Mistérios (ou Iniciações) Maiores ou Cristãs. A primeira Iniciação Maior ensina tudo quanto possamos conhecer do Período Terrestre. A segunda Iniciação Maior enseja o conhecimento a ser obtido pela Humanidade no Período de Júpiter. A terceira Iniciação Maior compreende a sabedoria a ser lograda no Período de Vênus. E a quarta Iniciação Maior encerra o progresso do atual Esquema de Evolução. O Iniciado que alcançou a quarta Iniciação Maior se encontra na mesma situação equivalente ao da Humanidade no Período de Vulcano. Então saberá o que a Terra contém agora e em suas manifestações futuras. Os Mistérios Menores ensejam ensinamentos referentes ao desenvolvimento da Humanidade nos três Períodos anteriores ao atual Período Terrestre.
Esses segredos permanecem velados às pessoas até que possam desvendá-los por si próprias, na forma conveniente. Assim, nenhum Espírito humano, sem Corpo Denso ou não, pode observar o que há no interior da Terra, sem que a Iniciação específica haja despertado suas faculdades latentes.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz outubro/1974 – Fraternidade Rosacruz SP)
Nos quatro Evangelhos se fazem referências dos Discípulos como pescadores, porém, é um erro tomar isto como se fossem homens ordinários. Ao contrário, eles eram Egos altamente evoluídos e sua associação com a “pesca” deve ser considerada como uma expressão simbólica. “Pescadores”, como está mencionado nos Evangelhos, indica aquele que está conscientemente no caminho espiritual. Vamos ver um exemplo nesse trecho:
“Certa vez em que a multidão se comprimia ao redor dele para ouvir a palavra de Deus, à margem do lago de Genesaré, viu dois pequenos barcos parados à margem do lago; os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. Subindo num dos barcos, o de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra; depois, sentando-se ensinava do barco às multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: ‘Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca’. Simão respondeu: ‘Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas, porque mandas, lançarei as redes’. Fizeram isso e apanharam tamanha quantidade de peixes que suas redes se rompiam.” (Lc 5:1-6).
Esotericamente, o “pescado” se refere à Iniciação ou o processo de aprender a fazer uso dos poderes espirituais que foi gerado dentro de nós. Na época dos “três anos” de ministério de Cristo-Jesus, o Sol pelo movimento de Precessão dos Equinócios estava deixando o Signo de Áries, o cordeiro, e estava entrando no Signo de Peixes, o pescado ou os peixes. Assim, a antiga escola de Iniciação ou de desenvolvimento pelo Conhecimento Direto foi o da Dispensação de Áries, enquanto a Nova Dispensação tinha que ver com os “pescadores de homens”, a Dispensação de Peixes.
Afinal, já sabemos que cada vida neste plano terrestre não é mais que um dia na grande escola da existência e a experiência é o meio pelo qual progredimos.
No grande mar da vida usamos vários veículos para adquirir experiências de onde vem o crescimento da nossa alma, o crescimento anímico. Na medida em que usamos nossa sabedoria ou “redes” é para armazenar “pescados” ou “peixes” ou alimento para nós, o Ego – o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui –, assim progredimos no caminho espiritual para frente e para cima. Em nossa falta de sabedoria amiúde lançamos nossas “redes e não tiramos pescados”.
Por meio do desenvolvimento da nossa percepção espiritual por meio do amor e do serviço amoroso e desinteressado (e, portanto, o mais anônimo possível) ao irmão ou à irmã no seu entorno, procurando esquecer os defeitos deles e focando na divina essência oculta em cada um de nós, que é a base da Fraternidade, nos capacitamos para dirigir nossas atividades sabiamente e, assim, traremos uma pesada “rede” de recompensa espiritual ou crescimento anímico.
À medida que imitemos a Cristo, amando e servindo aos nossos semelhantes, obtemos a habilidade de fazer o melhor de nossas experiências. Aprendemos onde temos que servir e como devemos servir o melhor que possamos.
Dentro das “profundidades” das realidades da vida lançamos nossas “redes” e enchendo-as até que se rebentem. Talvez nossas “redes” se rompam devido a que nossa sabedoria aumenta, às vezes, devido ao demasiado esforço que fazemos para servir.
Novamente, o mar simboliza esse reino espiritual que chamamos de Mundo do Desejo. S. Pedro disse a Cristo-Jesus: “Estivemos pescando toda a noite e não apanhamos nada“. Isto se refere aos esforços nos planos internos que não foram frutíferos devido à falta de conhecimento.
Não havia alcançado o ponto onde poderiam funcionar sozinhos, vantajosamente, nos planos invisíveis e, consequentemente, seus esforços obtiveram fracos resultados.
O poder de Cristo foi tal que Ele pode funcionar perfeitamente nos planos invisíveis, sendo o único que possuía todos os veículos para alcançar desde o Mundo Físico até o Mundo de Deus (doze veículos!). Ele ensinou aos Seus Discípulos como usar seus poderes espirituais e em certas ocasiões os elevava a estados de consciência espiritual muito mais elevada do que nas que ordinariamente funcionavam. Sob sua direção podiam assegurar “uma grande quantidade de peixes“.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – maio/1982 – Fraternidade Rosacruz – SP)
“Ora, em Jope havia uma discípula, chamada Tabita, em grego Dorcas, notável pelas boas obras e esmolas que fazia. Aconteceu que naqueles dias ela caiu doente e morreu. Depois de a lavarem, puseram-na na sala superior. Como Lida está perto de Jope, os discípulos, sabendo que Pedro lá se encontrava, enviaram-lhe dois homens com este pedido: “Não te demores em vir ter conosco”. Pedro atendeu e veio com eles. Assim que chegou, levaram-no à sala superior, onde o cercaram todas as viúvas, chorando e mostrando túnicas e mantos, quantas coisas Dorcas lhes havia feito quando estava com elas. Pedro, mandando que todas saíssem, pôs-se de joelhos e orou. Voltando- se então para o corpo, disse: “Tabita, levanta-te!”. Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Este, dando-lhe a mão, fê-la erguer-se. E chamando os santos, especialmente as viúvas, apresentou-a viva. Espalhou-se a notícia por toda Jope, e muitos creram no Senhor. Pedro ficou em Jope por mais tempo, em casa de certo Simão, que era curtidor.” (At 9:36-42).
Os Apóstolos eram homens espiritualmente desenvolvidos. Sob a tutela de seu exaltado Mestre desenvolveram poderes espirituais no mais alto grau. Tornaram-se, assim, em condições de imitar o Mestre e, por isso, realizar milagres similares àqueles que Ele realizava.
Esse evento acima é um exemplo desse poder exercido por Pedro, revelando às pessoas um conhecimento que vai além do da cura de uma mera enfermidade física.
Frequentemente a palavra morte é adotada na Bíblia, não significando que o Cordão Prateado tenha se rompido (o que impediria a ressurreição), mas o que ocorre é um estado de coma ou que ele ou ela se encontram num estado de consciência que transcende os véus da carne. Em outras palavras, sendo Iniciados, os Apóstolos podiam, como Cristo-Jesus, levar aqueles que estavam em condições adequadas a estados de consciência superiores, representando, assim, fases de treinamento no Caminho.
No princípio há um período de purificação ou “enfermidade”, como poderá parecer ao não iluminado, antes que a iniciação tenha lugar. Mas uma enfermidade real pode ser necessária a fim de preparar o corpo para receber novo influxo do Espírito. Evidentemente há certas condições mentais e físicas que deverão ser mudadas antes que o corpo esteja preparado para suportar novas experiências iminentes. Assim, por meio de certas enfermidades essas mudanças podem ser feitas e realizadas.
Quando Dorcas foi levada a “um quarto alto” (uma câmara superior) significa o estado superior de consciência que acompanha a Iniciação. A ascenção do fogo espinal espiritual às Glândula Pituitária (Corpo Pituitário ou Hipófise) e Glândula Pineal (ou Epífise) situadas na cabeça proporciona a Clarividência positiva e o funcionamento consciente nos planos internos.
A vinda do Raio de Cristo, como Espírito Planetário da Terra, tornou possível a Iniciação para todos, portanto, muitas pessoas piedosas que se tornaram seus seguidores estavam prontas para serem ensinadas a usar esse poder acumulado internamente, mediante o reto viver. Suas ações brilharam em seus Corpos-Almas como um símbolo de sua retidão e elevaram-nas a degraus mais altos no Caminho Superior.
Hoje, a mesma áurea oportunidade existe para toda a Humanidade. “Todo aquele que quiser” pode seguir esse glorioso caminho do reto viver que desenvolve as possibilidades latentes, em poderes dinâmicos, ou seja, o Caminho da Iniciação (tanto as 9 Menores como depois as 4 Maiores ou Cristãs).
A habilidade de curar e “levantar o morto” virá a todos que desenvolverem o seu Cristo Interno.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – julho/1985 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Resposta: Assim como a luz é refratada nas sete cores do espectro, quando passa pela nossa atmosfera, assim também os Espíritos que estão diferenciados dentro de Deus são refratados em sete grandes raios. Cada classe está sob a direção e o domínio direto de um dos Sete Espíritos diante do Trono, que são os gênios planetários, os Anjos Estelares. Todos os Espíritos Virginais nos seus sucessivos renascimentos estão, continuamente, se misturando entre eles a fim de que possam obter as mais variadas experiências; no entanto, aqueles que foram emanados do mesmo Anjo Estelar são sempre irmãs ou almas-gêmeas e, quando elas buscam a vida superior, elas devem entrar no caminho da Iniciação através de um ambiente específico composto por membros do mesmo raio dos quais se originaram e, assim, retornar à fonte primordial deles. Portanto, todas as Escolas ocultistas são divididas em sete, uma para cada classe de Espíritos. Essa foi a razão pela qual Cristo-Jesus disse a seus Discípulos: “Vosso pai e meu” – ninguém poderia ter um contato tão próximo com Ele quanto seus Discípulos, exceto aqueles pertencentes ao mesmo raio.
Como acontece com outros mistérios, essa linda doutrina foi adulterada para um significado físico ou material, como acontece na concepção popular de almas gêmeas ou afinidades entre duas pessoas; quando se diz que um homem e uma mulher se casam porque encontraram a alma-gêmea. Nesses casos, a doutrina das almas-gêmeas serve como justificativas para encobrir a um casamento às escondidas ou às pressas e o adultério. Essa é uma perversão abominável. Cada Espírito é completo em si mesmo, assume um corpo masculino ou feminino em diferentes renascimentos para aprender as lições da vida e, é apenas durante o estágio atual de seu desenvolvimento que existe uma característica como o sexo. O Ego existia antes do sexo e persistirá depois que tiver decorrido essa fase de manifestação ora como um sexo, outra como outro.
(Pergunta nº 22 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Compreenda aqui a significância esotérica dessa frase mística: “Eu vim através do erro e por meio do sofrimento; vim através de muitos fracassos e por meio de incontáveis angústias”. E como obter um tipo de água vivificante com a qual é capaz de saciar a sede espiritual de muitas pessoas. Compreenda, também, como desenvolver uma profunda piedade e um profundo amor de modo a chegar até a sentir o palpitar do coração da Humanidade.
Descubra aqui como, normalmente, as almas fortes são dotadas de grande energia e impulso e porque é justamente por meio dessas mesmas forças, com dispêndio de muito esforço tais almas fortes chegam às primeiras fileiras, embora muitas vezes sofram muito. E qual é a causa do resultado disso elas sentirem imensa compaixão pelos outros.
Quer saber mais sobre isso? É só acessar aqui: As Coletâneas Selecionadas por um Místico
Muitos Estudantes Rosacruzes têm dificuldade em realizar convenientemente os Exercícios Esotéricos noturno e matutino. Vamos, por essa razão, indicar um bom método a seguir. Começaremos pelo Exercício noturno Esotérico de Retrospecção.
É errado supor que você deve pensar minuto por minuto durante o Exercício Esotérico Retrospecção a tudo quanto tenha feito durante o dia que passou, controlando assim todos os atos automáticos e todas as ações diárias. Tendo uma tal concepção desse Exercício Esotérico, descobrirá que o sucesso é nulo ou que perderá um tempo precioso. Há Estudantes Rosacruzes que desejam voluntariamente fixar seu pensamento sobre ideais elevados, a fim de que a passagem seja tão harmoniosa quanto possível. É muito prosaico ou indesejável que seu Exercício noturno Esotérico de Retrospecção se detenha sobre o fato de ter comido uma fatia de pão com goiaba ou de ter amarrado o seu calçado.
O êxito de seu Exercício Esotérico Retrospecção depende de uma vida diária consciente e do poder de pensar de maneira abstrata. Uma vida diária consciente é uma condição e pensar de maneira abstrata não toma quase tempo.
Deve refletir sobre a beleza deste método, ele justifica-se por si mesmo; o Exercício Esotérico Retrospecção não pode se tornar um meio para atingir a Iniciação a não ser que esse mesmo Exercício se torne a este respeito, um serviço diário. Se esse último ponto não for atingido milhões de Exercícios não darão nenhum resultado.
Um Estudante Rosacruz sério desempenhará, conscientemente, toda ação diária; ele será igualmente consciente de suas palavras, dos seus desejos, sentimentos, das suas emoções, dos seus pensamentos, atos, das suas ações e obras baseando-se sempre sobre a lei santa para o Estudante Rosacruz. Esse fundo devocional de toda sua manifestação se torna semelhante a uma segunda natureza e ele notará, sem demora que cada erro em palavra, desejos, sentimentos, emoções, pensamentos, atos, ações ou obras toma imediatamente sua desforra e que a consciência de sua falta se impõe imediatamente. É por essa razão que alguns Estudantes Rosacruzes sérios que realmente vivem a vida, dizem: “o Exercício Esotérico Retrospecção é para mim um serviço diário”, o que prova que se acham no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Entretanto, quando tiver feito essa experiência, não deve cometer a falta de crer que o Exercício Esotérico Retrospecção é supérfluo. Assim seria se o Exercício Esotérico Retrospecção não fosse mais do que um meio para atingir o conhecimento de si mesmo; ele é igualmente um dos meios mais eficazes, fornecidos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, para chegar à Iniciação.
Consideremos agora o Exercício Esotérico de Retrospecção na suposição que você o faz como um serviço noturno diário: depois de se deitar para dormir à noite, tome uma posição a mais confortável possível do seu Corpo Denso. Fixe seu pensamento sobre o Símbolo Rosacruz e deixe se aproximar de você mais e mais a Cruz com as Rosas até que ela se imponha em sua frente de maneira luminosa (Quando a Cruz luminosa se acha diante de você, pode pronunciar uma pequena prece antes de começar o Exercício Esotérico de Retrospecção). Depois disso examine rapidamente tudo o que se passou durante o dia (o que é fácil usando o Pensamento abstrato, não o Pensamento concreto). Isso supera o trabalho do cérebro e verá como as experiências importantes e notáveis do dia se apresentarão com a rapidez do relâmpago tocando o seu Coração e a sua Mente, conforme sejam as experiências de natureza mística ou intelectual, respectivamente.
Seguem-se primeiramente sensações de alegria e de paz ou sensações de tristeza e desespero (pelas boas ou más ações, atos ou obras). Em seguida, pelo choque ocasionado, importantes órgãos latentes do Corpo Denso recebem vibrações mais elevadas, graças às quais o caminho da liberação desenha-se de mais em mais.
Depois de executar o Exercício Esotérico de Retrospecção, que não dura mais do que alguns instantes, se eleva no abstrato, e depois de um certo tempo será possível a você passar conscientemente ao estado de sono, onde o outro Mundo lhe acenará. Estamos persuadidos de lhe ter dado uma outra visão desse serviço bem conhecido do Estudante Rosacruz.
Esperamos que compreenda bem o que foi explicado acima; nós rogamos para que os Estudantes Rosacruzes possam rapidamente franquear a porta de ferro do Serviço diário para ir ao verdadeiro Exercício Esotérico de Retrospecção que é de ouro. Assim você transformará o ferro em ouro e você se tornará um alquimista da Fraternidade Rosacruz.
Vamos, agora, falar sobre o Exercício Esotérico matutino de Concentração.
Muitos Estudantes Rosacruzes que antes quebravam a cabeça para preencher o Exercício Esotérico de Retrospecção se acham capacitados agora de se submeterem harmoniosamente ao plano estabelecido pelos Irmãos Maiores para auxiliarem nos esforços para atingir uma consciência mais elevada.
Esperamos poder auxiliar igualmente, submetendo a você uma nova perspectiva sobre o Exercício Esotérico matutino de Concentração.
Você sabe que o Exercício Esotérico de Retrospecção, depois que o neófito atingiu a prática do serviço diário, é uma penitência para desenvolver uma mais alta vibração em certos órgãos do Corpo Denso. É a Glândula Pituitária que é mais especialmente atingida pelo Exercício Esotérico de Retrospecção. O Exercício Esotérico matutino de Concentração age, por sua vez, sobre a Glândula Pineal, excitando-a a mais elevadas vibrações.
Não há nenhuma razão em se abster de um dos Exercícios Exotéricos e de crer conveniente realizar o outro. Um Exercício Esotérico feito sem o outro é perfeitamente inútil e até mesmo prejudicial. Trata-se de um só Exercício Esotérico com dois aspectos. Uma metade é feita antes de dormir, a outra, depois, um pouco antes de despertar totalmente. Trata-se de poder evadir-se conscientemente da chamada consciência de vigília para o inconsciente e de poder voltar conscientemente para poder, em seguida, como bem lhe parece, ir de um Mundo a outro.
Antes de falar do segundo aspecto desse importante Exercício Esotérico, nós chamamos novamente sua atenção sobre o “serviço diário”. Reveja o que temos dito acima; economizaremos tempo.
Quando o Estudante Rosacruz vive verdadeiramente a vida e na mais elevada expressão da palavra, toda sua vida, suas idas e vindas, todas suas ações estarão em concordância com o fim essencial de toda existência humana e tudo o que ela deve atingir; e dessa maneira, todo pensamento se dirigirá para esse Ideal. Cada dia ele vê diante de si sua vocação crescer em natureza, com todas as consequências relativas.
Você pode, pois, facilmente imaginar que um tal Estudante Rosacruz não tem falta de assuntos de reflexão para seu Exercício Esotérico matutino de Concentração, esse Exercício baseando-se sobre a verdadeira vida. Não deve se perder nas origens de um palito de fósforo, de um vestido ou de qualquer outro objeto empregado, pois quando você aspira à realidade do ato em todas as coisas o fato de ser pioneiro pode levar a situações grotescas nas quais nós podemos nos perder. Agora o método: depois da penitência consciente que levou o trabalho do fogo purificador ao Estudante Rosacruz, ele terá uma noite de atividade intensa, não obstante o Estudante Rosacruz novato não se lembrar de nada disto, a lembrança virá mais tarde.
Assim passam-se as horas da noite até o momento de despertar. Voltamos lentamente ao inconsciente na vida material. Cada um conhece esse estado passageiro.
“O assunto da concentração pode ser qualquer ideal sublime e elevado, mas deve ser preferentemente de tal natureza que faça com que o Aspirante se afaste das coisas comuns dos sentidos, além do tempo e do espaço, e para isso não há melhor fórmula do que os cinco primeiros versículos do primeiro Capítulo do Evangelho Segundo São João: “No princípio era o Verbo; e o Verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus; Ele estava no princípio com Deus; Tudo que foi feito, foi feito por Ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele; n’Ele estava a vida e a vida era a ‘luz dos homens’; a luz resplandece nas trevas; e as trevas não a compreenderam”. Tomando-os como assunto de concentração, sentença por sentença, todas as manhãs, com o tempo proporcionará ao Aspirante uma maravilhosa percepção do princípio do nosso Universo e do método da criação – uma compreensão muito além da que se poderia obter através dos livros.”
A vida que se aproxima nos traz seus conflitos, suas necessidades e suas forças, em relação aos deveres diários; o Estudante Rosacruz experimenta fora dessa multidão de coisas que se defrontam o que se acha em relação com sua tarefa particular, sua vocação e é isso que ele estuda durante esses momentos encantadores que precedem o despertamento real. Resulta disso um movimento oscilatório, um movimento ritmado; um retorno ao sono depois a aproximação do despertar. Depois vê uma formidável visão sobre seu trabalho, sua tarefa, sua vocação; um transporte da verdadeira essência espiritual sobre a personalidade toda, inteira, um verdadeiro banho espiritual, um afastamento de fronteiras.
Qual é, pois, o resultado de tudo isso? A Glândula Pineal foi levada pelo processo descrito a uma atividade intensa. A ação radiante desse órgão se amplifica e ele vibra em uníssono e entra em contato com a ação radiante da Glândula Pituitária. É um turbilhão de forças agindo o fluxo e o refluxo: é uma união contínua devida a uma reação constante; de onde resulta segundo a perspectiva idealizada um alargamento de consciência.
É o que há de mais importante no Exercício Esotérico matutino de Concentração. Tenha presentes nossas observações que nós resumimos abaixo: você não deve separar nunca o Exercício Esotérico matutino de Concentração do Exercício Esotérico noturno de Retrospecção. Colocando você na vida real e no seu Exercício Esotérico matutino de Concentração se tornará igualmente uma pluralidade de realidades. Ele lhe sustenta na vida e lhe fornece as mais altas possibilidades.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – Maio-Junho/1988-Fraternidade Rosacruz-SP)
O Ecos de um Centro Rosacruz tem como objetivo informar as ATIVIDADES PÚBLICAS de um Centro, bem como fornecer material de estudo sobre os assuntos estudados durante o mês anterior.
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1.Para acessar a Edição digital
clique aqui: Ecos da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil de Junho de 2023
2. Para acessar somente os textos (sem a formatação e as figuras) é só ler aqui:
A Fraternidade Rosacruz é uma Escola de Filosofia Cristã, que tem por finalidade divulgar a filosofia dos Rosacruzes, tal como ela foi transmitida ao mundo por Max Heindel. Exercitando nosso papel de Estudantes da Filosofia Rosacruz o Centro Rosacruz de Campinas-SP-Brasil edita o informativo: Ecos.
Informação
As reuniões presenciais abertas ao público ocorrem na nossa sede situada na Avenida Francisco Glicério, 1326 – Centro – Conj. 82 – Campinas – SP, aos domingos às 17hs.
É necessário que os interessados em participar presencialmente avisem antecipadamente pelo WhatsApp: 55 19 99185-4932 ou pelo e-mail fraternidade@fraternidaderosacruz.com
SUMÁRIO
Atividades gerais ocorridas em nosso Centro, no mês de Junho/2023: 2
Julho – Sol transitando pelo Signo de Leão (junho-julho) 3
Estudos Bíblicos Rosacruzes – Novo Testamento – Evangelho Segundo São Mateus 2,1-23. 3
Alguns Artigos Publicados nas redes sociais no mês de Junho: 14
Assumindo a responsabilidade pelo nosso destino. 15
A importância de cuidar dos nossos pensamentos. 16
Orar e praticar os Exercícios Esotéricos. 20
3) Pergunta: Por que o Templo dos Irmãos Maiores fica na Alemanha?. 21
Nota: Você pode obter uma cópia digital da Obra Básica Conceito Rosacruz do Cosmos da edição mais atualizada grátis aqui: https://fraternidaderosacruz.com/category/livros-digitalizados/o-conceito/
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Leão é o lar da Hierarquia dos Senhores da Chama, ou seja, da luz e do amor. A Dispensação Cristã está guiada pela Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama. Por isso a Iniciação do Fogo está diretamente conectada com os Mistérios Crísticos. Esse fogo não é uma chama que arde, mas uma luz que purifica e transmuta. A sarça que “ardia” não se consumia porque ardia nessa luz. Essa experiência de Moisés é uma expressão velada da exaltação produzida pela Iniciação do Fogo. A nota-chave bíblica de Leão ressoa nas palavras: “O amor é o cumprimento da lei”.
A constelação de Leão pertence à Triplicidade de Fogo. Luz, amor, autoridade e controle estão entre as suas notas-chaves. O coração rege o Corpo-Templo humano e é o centro do amor. O coração do Discípulo aumenta sua luminosidade com sua espiritualização crescente até que, finalmente, caminha na luz como Cristo, que está na luz. Como consequência dessa irradiação, chama a atenção e ganha lealdade. A Hierarquia de Leão está implantando esse ideal no mais profundo de cada ser humano ao focar seu poder de amor sobre a Terra.
“Depois de sua partida, um Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: ‘Eu chamei do Egito meu filho’ (Os 11:1)”. (Mt 2:13-15).
Retorno do Egito e estabelecimento em Nazaré
Para saber mais, assista ao vídeo da reunião em: https://www.youtube.com/watch?v=J_zr_iaDldI
É na posição referencial do fígado que está radicado o Corpo de Desejos, que possibilita aos seres de sangue quente sensações e emoções que se expressam no Mundo do Desejo. Estes são os seres mais desenvolvidos, e que vivem plenamente.
As correntes do Corpo de Desejos fluem da posição referencial do fígado para o exterior, fluindo continuamente para toda a periferia do Ovoide, e retornando posteriormente à posição referencial do fígado, como um circuito. Isto é feito através de Vórtices.
É através da contraparte etérica do Baço, que é absorvida a força vital do Sol, que se espalha através dos nervos e músculos, percorrendo todo o Corpo Denso. A força vital leva a mensagem do Ego através dos nervos e músculos.
Quando a mensagem é interrompida o Corpo Vital adoece, e o Corpo Denso ficará inerte.
Durante a saúde, o Corpo Vital com grande abundância de força vital atravessa o Corpo Denso, projetando em linhas retas em todas as direções periféricas, raios como se partissem do centro de um círculo.
Quando o Corpo Vital adoece, a força vital enfraquece, e as linhas projetadas para fora, curvam-se e decaem.
Estas linhas que se projetam, na verdade repelem germes e micróbios inimigos da saúde do Corpo Denso.
São os centros de percepção quando se tornam ativos no Corpo de Desejos (o Corpo de Desejos não possui órgãos).
A forma do Corpo de Desejos, na verdade, é ovoide que possui apenas centros de percepção, que entrando em atividade parecem vórtices, que em relação ao Corpo Denso sempre aparecem na mesma posição.
A maioria desses vórtices encontram-se ao redor da cabeça.
Na maioria das pessoas não possuem qualquer capacidade de percepção; para tanto precisam ser despertadas.
Isto fica claro ao examinarmos o que ocorre com Clarividentes involuntários ou Clarividentes voluntários (positivos e treinados).
Nos Clarividentes involuntários, estes vórtices giram da direita para a esquerda.
Nos Clarividentes voluntários, devidamente treinados, giram na posição do relógio analógico (da esquerda para direita), permitindo que este veja e investigue sempre de acordo com a sua vontade.
É importante lembrar que a possibilidade de termos um sangue vermelho surge no final da Época Hiperbórea. A Terra foi arrojada do Sol e passou a girar em torno dele.
Marte (que já havia sido arrojado) polarizava então o ferro, ao compenetrar o Corpo Solar, mas em função da Terra ter sido posteriormente arrojada houve uma modificação das órbitas planetárias, e assim reduziu-se o poder dinâmico de Marte sobre o ferro.
O ferro é a base da existência separada. Sem o ferro não há sangue vermelho para produzir calor, permitindo assim ao Ego governar o corpo.
Com o desenvolvimento do sangue vermelho na última parte da Época Lemúrica, o corpo tornou-se ereto e o Ego penetrou nele e o controlou de dentro.
É bom lembrar que para um ser possuir um Corpo de Desejos e ter controle sobre ele deverá ter um fígado e sangue vermelho e quente.
Existem animais que têm fígado e sangue vermelho, porém frio (peixes e répteis); neste caso, o Corpo de Desejos está totalmente fora do Corpo Denso do animal. Neste caso, é o Espírito-Grupo que dirige as correntes do Corpo de Desejos de fora para dentro.
Quando um animal com sangue frio, evolui o suficiente para ter um Espírito interno, o qual energiza as correntes de matéria de desejo, este começa a dirigir as correntes para fora.
Este é o princípio da existência passional e do sangue quente.
Também é bom observar que nos animais o Espírito ainda não está totalmente dentro de seus veículos. Os pontos do Corpo Vital e do Corpo de Desejos ainda deverão ser correspondentes.
Assim como um fio altamente carregado de eletricidade “induz” uma corrente mais próxima e mais fraca (campo magnético), assim, animais domésticos, vivendo a longo tempo com os seres humanos, são induzidos a uma atividade mental de ordem inferior, tornando-se assim, os mais elevados entre todos os animais, portanto, quase no ponto da individualização.
Animais, vegetais e minerais, dividem-se em “espécies”.
Tomemos um exemplar de qualquer das espécies e conheceremos as características delas, as semelhanças, preferências e aversões comuns. Saberemos, através de apenas um exemplar, como em determinada circunstância, agiriam todas elas.
Ainda que nos dividamos em Raças, Povos, Tribos e Nações; sejam caucasianos, negros ou orientais, não podemos ser conhecidos e identificados a partir de apenas um desses segmentos.
Cada indivíduo é “uma lei em si mesmo”.
Cada um de nós é um Espírito individual e interno, que dita os seus pensamentos e as suas ações individualmente. Não somos nossos Corpos, nem nossos veículos!
A cada espécie corresponde um único ‘Espírito-Grupo” que atua de fora sobre eles.
Os “Espíritos-Grupo” dirigem as ações dos animais em harmonia com as Leis Cósmicas, até que os Espíritos Virginais a seu cargo tenham adquirido consciência própria e cheguem ao estágio “humanos”.
Para finalizar, ainda há a atuação de Espírito de Raça, também um Arcanjo em alguns povos atualmente na Terra, lembrando sempre: são nossos irmãos e nossas irmãs que necessitam ainda desse tipo de condição para se desenvolver nesse Esquema de Evolução. Reminiscências da atividade do Espírito de Raça podemos encontrar no que chamamos de Espírito de Tribo, Espírito de Comunidade ou Espírito de família, ainda que de forma decrescente.
Trata-se do Ser Supremo, que é emanado do Absoluto.
Dessa Raiz da Existência – do Absoluto – procede o Ser Supremo que chamamos de UNO e é o Grande Arquiteto do Universo, do nosso Sistema Solar.
O Mundo do Ser Supremo está no primeiro Plano Cósmico.
Pergunta: O ‘pensar’ é um atributo de qual Onda de Vida?
Cada um de nós é um ser pensante, um ser Espírito Virginal da Onda de Vida Humana manifestado e, por isso, um Ego humano. Um ser que começou o seu desenvolvimento no Período de Saturno e o terminará no Período de Vulcano, pelo menos no que se refere a este Grande Dia de Manifestação.
Quem é o pensador?
O ser humano real – o Ego – aquele que desceu até à Região Química do Mundo Físico e aí nesta Região começa a dirigir os seus veículos, obtendo assim, o estado de consciência de vigília e continua aprendendo a controlar seus veículos.
É o corpo físico do ser humano, do animal, do vegetal e do mineral. Para qualquer Onda de Vida funcionar na Região Química do Mundo Físico precisa de um Corpo Denso adaptado ao ambiente dessa Região.
O Corpo Denso do ser humano é um composto químico, tanto quanto o da pedra, se bem que esta última esteja ocupada só pela vida mineral.
Todavia, mesmo falando do ponto de vista puramente físico e deixando de lado qualquer outra consideração, notamos várias diferenças importantes se comparamos o Corpo Denso do ser humano com o mineral da Terra.
O ser humano move-se, cresce e propaga a sua espécie, mas o mineral, em seu estado natural, nada disso pode fazer.
O Corpo Denso, construído na matriz do Corpo Vital durante a vida pré-natal, com uma exceção, é a cópia exata, molécula por molécula, do Corpo Vital.
Sólidos – Líquidos – Gases.
O Corpo Denso está em seu quarto grau de desenvolvimento: 1º no Período de Saturno, 2º Período Solar, 3º Período Lunar e 4º agora no Período Terrestre.
É o Corpo que usamos para podermos funcionar na Região Etérica do Mundo Físico (Aliás, nós, os animais e as plantas).
Ele é o condutor da “vitalidade” que torna possível praticarmos as ações.
O Corpo Vital tem exatamente a mesma forma que o Corpo Denso.
Ele se estende até 4 cm além do nosso Corpo Denso.
A parte que está fora do Corpo Denso é muito luminosa e tem uma cor parecida com a de uma flor de pessegueiro recém-aberta.
Ele é composto de materiais da Região Etérica do Mundo Físico, ou seja, dos quatros Éteres.
O Corpo Vital permeia o Corpo Denso como o Éter permeia todas as demais formas, com a exceção de que os seres humanos especializam uma maior quantidade do Éter universal que as outras formas. Por meio dele especializamos a energia vital do Sol. A propagação é uma faculdade do Corpo Vital.
O Corpo Denso é construído na matriz deste Corpo Vital, durante a vida pré-natal e com uma única exceção, é a cópia exata, molécula por molécula, do Corpo Vital.
Através da vida toda, o Corpo Vital é o construtor e restaurador das formas densas.
“Corpo de Desejos está no seu segundo estágio de evolução sendo, ainda como uma nuvem”.
Ele é o veículo dos sentimentos, desejos e das emoções, e por meio dele é que funcionamos e coletamos materiais de todas as sete Regiões do Mundo do Desejo e, também, produzimos os nossos sentimentos, desejos e nossas emoções, tanto superiores como inferiores (a escolha sempre será nossa). É responsável por nossas ações atualmente, especialmente pelo “Interesse”.
Não há órgão algum no Corpo de Desejos, como há nos Corpos Denso e Vital.
Pergunta: Se o Corpo de Desejos do animal é composto de materiais das Regiões inferiores do Mundo do Desejo, então ele está ou não sob o domínio das Forças gêmeas Atração e Repulsão? E quanto ao domínio da 4ª Região do Sentimento (Interesse e Indiferença)?
O Corpo de Desejos do animal se acha dominado pelos Sentimentos gêmeos e as forças gêmeas.
As Forças gêmeas e os Sentimentos gêmeos operam de modo semelhante, mas existe a diferença na composição no Corpo de Desejos do ser humano e do animal.
Uma tigresa na floresta passará com indiferença por um pedaço de pão, mas sentirá interesse pela pessoa que passar perto dele. Seu interesse vai fazer surgir a Força de Atração, no entanto, ela vai tentar matá-lo. O interesse do animal não é matar a presa, este não é o objetivo desta tigresa, mas sim a necessidade em assimilar o alimento.
Se ela percebe outro animal predador com interesse no que ela considera sua presa, isso também vai despertar seu interesse. Mas, nesse caso, o sentimento de interesse vai detonar a Força de Repulsão, e, se acontecer uma luta, a destruição do seu adversário será o seu objetivo. O animal é incapaz de sentir algo mais que desejo animal por comida, abrigo ou algo parecido.
A Mente é o mais novo dos nossos veículos. Lembrando que nós recebemos o germe da Mente na Época Atlante e está no seu primeiro estágio de Evolução. Atualmente seu formato é ainda uma espécie de nuvem em torno da nossa cabeça e do nosso pescoço. Para as pessoas que estão caminhando par e passo no Esquema de Evolução (não pegam o “atalho” das Iniciações) o veículo Mente só se tornará Corpo Mental no Período de Vulcano.
O veículo Mente ainda é informe e desorganizado. Hoje ainda está no seu estágio mineral, portanto, é impossível trabalharmos com a vida. Não conseguimos ainda dar vida à forma.
É um instrumento muito especial no trabalho da criação.
É composta da substância da Região do Pensamento Concreto.
É por meio da Mente que nós, Tríplice Espírito, a Individualidade, conseguimos trabalhar com o nosso Tríplice Corpo, a Personalidade.
A Mente usa o cérebro como um veículo físico de expressão.
Hoje a Mente ainda é frequentemente dominada pelo Corpo de Desejos – estando a serviço da natureza inferior (isso devido ao evento “Queda do Homem”).
É a Sabedoria Divina, aquela que advém diretamente do acesso ao Mundo do Espírito de Vida, onde se encontra a verdadeira Memória da Natureza. E para termos acesso direto e imediato a ela é imprescindível alcançarmos o equilíbrio Cabeça-Coração, Mente-Coração, Razão-Devoção.
Se formos procurar a definição de sabedoria encontraremos várias, mas qualquer uma delas estará incompleta se não partir do AMOR, pois a definição de sabedoria sempre será “o conhecimento temperado com amor”. Sem esse ingrediente tão essencial a sabedoria, quando muito, será apenas conhecimento ou qualquer outra coisa que o valha.
Exemplo de como funciona a Sabedoria Cósmica? Os Anjos: eles exteriorizam todo o seu amor, sem egoísmo nem desejo e, em troca, a Sabedoria Cósmica flui neles.
Pergunta:
• Qual o veículo inferior do Cristo, aquele que Ele utiliza no seu cotidiano?
O Corpo Espírito de Vida como veículo inferior, no Seu cotidiano (ao invés do Corpo de Desejos, que é o veículo mais inferior de um Arcanjo). O Mundo do Espírito de Vida é um Mundo onde reina cotidianamente a Fraternidade; é o primeiro Mundo, de baixo para cima, onde cessa toda a separatividade. Cristo é um ser da Onda de Vida dos Arcanjos. Ele é o mais elevado Iniciado do Período Solar, ou seja, o Arcanjo que aprendeu no Período de Solar tudo que um Arcanjo deveria aprender até o final do Período de Vulcano.
Somos nós, os Espíritos Virginais. Somos chispas de uma Chama maior da mesma natureza (Deus) e somos capazes de nos expandirmos até nos convertermos, também, em Chamas.
Chegaremos à Chama, através do Caminho do Esquema de Evolução. Primeiramente nos convertemos em seres humanos (desde o início do Período de Saturno até a metade do Período Terrestre) e depois nos converteremos em um Deus (da segunda metade do Período Terrestre até o final desse Esquema de Evolução, no final do Período de Vulcano).
Uma das práticas que aprendemos, como Estudantes Rosacruzes e na Fraternidade Rosacruz, a executar sempre, a toda hora, sem nunca se esquecer, é “ver o bem em tudo”, pois aprendemos que até o “mal é o bem em gestação”.
Conta-se uma história que onde Cristo e Seus Discípulos estando caminhando pelas terras da Palestina, se depararam com um cão morto, em estado de putrefação. Os Discípulos manifestaram sentimento de asco ante aquela cena. O Mestre, porém, resumiu o que sentia, nestas poucas palavras: “Seus dentes são mais alvos do que as pérolas”.
Qual a moral dessa história?
Ora é muito fácil; Cristo mostrou que devemos atentar sempre para o lado positivo de todas as coisas, ver o bem em tudo, em todas as situações.
Não seria deste modo de pensar, uma terapêutica para estabelecer a harmonia e alegria de viver de todo ser humano, na sociedade? Perfeitamente que sim!
Devemos observar que a razão de ser e a essência de tudo resume-se no BEM. Tudo se encontra debaixo de Leis Divinas – Leis de Deus –, imutáveis e sábias.
Ver o bem em tudo e em todos deve vir de dentro para fora, com coração puro.
A vida é uma experiência maravilhosa. Por que desperdiçá-la? Por que não a tornar mais ampla? Por que evidenciar a sombra se a luz é uma realidade? Deus é Luz!
Por que não contribuirmos para difundir essa luz?
Essa luminosidade resplandece ativa e em potencial em cada ser humano, em cada átomo. Tudo na vida tem o seu lado positivo, basta sabermos ver.
Realçar o bem, a luz, constitui o dever do Aspirante à vida superior, o verdadeiro Cristão. E no nosso cotidiano, não somente em acontecimentos marcantes!
Se olharmos para um enorme cartaz branco com um pontinho preto no meio, o que veremos ali? Um pontinho preto num cartaz branco ou um cartaz branco, enorme, brilhante talvez, com um pontinho preto no meio? Certamente o cartaz branco, a luz, o brilho.
Vamos no nosso dia a dia procurar o bem em tudo, sendo firmes em nossas convicções, sempre otimistas, afirmando o lado bom das coisas, das pessoas, a divina essência em cada irmão ou irmã, a despeito das circunstâncias, mesmo nas aparentemente adversas.
Não deixemos que coisas negativas nos contaminem, que se tornem “mal”.
O bem deve prevalecer sempre.
Deus criou tudo e viu que era bom, não foi assim?
Sejamos positivos sempre. Tenhamos a disposição de São Paulo apóstolo ao afirmar: “Tudo posso naquele que me fortalece”.
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Muitas pessoas escrevem, verbalizam uma indignação sobre Deus, pois dizem: “se Deus é bom, é nosso Pai e Criador, por que há aqui tanto sofrimento, tanta dor, tantas mortes violentas, tantos assassinatos, etc.?”.
Ora, ao invés de indignação ou revolta, ao lermos a história antiga, já podemos começar a entender. No passado (vidas anteriores) éramos demasiadamente egoístas, cruéis, sem escrúpulos, e por isso cometemos todo tipo de atrocidades. Fomos nós em encarnações anteriores (renascimentos e mais renascimentos aqui) que escrevemos a história!
A história dos Persas, dos Gregos e Romanos antigos, bem como as tribos Teutônicas e tantos outras deixa claro ali uma longa narrativa de derramamento de sangue, assassínios, muita tristeza e dor.
O conhecimento dessa história deve levar todo Aspirante à vida superior a compreender e aceitar melhor as Leis de Deus, as leis de Causa e Efeito, a responsabilidade de seu destino hoje e empreender esforços no sentido de assimilar a mensagem, uma vez que estávamos renascidos na época da história acima.
A liquidação de atos violentos, impuros, maldade, crueldade, constitui o débito de Destino Maduro (que, como aprendemos na Fraternidade Rosacruz, não é o “Carma”, ensinado nas escolas orientais), a cada um de nós. Foram causas geradas por nós mesmos.
Hoje, além do Destino Maduro, muitas vezes ainda cometemos alguns deslizes.
Antes da primeira vinda do Cristo à Terra o egoísmo e o regime de crimes era coisa comum. Todos esses atos e pensamentos ruins, ódio, tristeza, etc., produziram volumoso Destino Maduro, que não nos é ainda possível pagar de uma só vez, nem rapidamente; com certeza não suportaríamos; ele vai sendo resgatado em parcelas, um pouco numa vida, um pouco na outra, segundo a misericordiosa orientação dos Senhores do Destino, que dão o fardo conforme nossas forças, e a fim de que aprendamos melhor, já que a finalidade de Deus não é castigar, senão a nos levar a resgatar nossas dívidas, sempre com o propósito de avanço pessoal. Pensemos bem antes de criarmos mais dívidas de destino! Difícil, sim, mas não impossível.
Trabalhemos mais e mais na realização do bem, na compaixão, no amor aos nossos semelhantes, do nosso ambiente, da natureza (nosso Deus Invisível), pelos animais, enfim, façamos nosso melhor cada dia. Cristo ensinou como fazer. É só o seguir. E para isso, é só termos força de vontade. De novo, difícil, sim, mas não impossível. Por meio d’Ele, o caminho está aberto a todos (diferente do que havia antes d’Ele, quando estava aberto somente para poucos).
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Mesmo selecionando e fiscalizando o que dizem, muitas pessoas descuidam de seus pensamentos, na errônea crença de que não é inconveniente nem há prejuízo ter maus pensamentos, contanto que não os expressem.
Ledo engano. Nós não somos só Corpo Físico ou o Corpo Denso. Até a Terra e o Universo abrangem várias esferas de atividades, desde a física até a espiritual.
Vemos no Evangelho: “se um homem olha para uma mulher, desejando-a em pensamento, em verdade já cometeu adultério”.
O pensamento se difunde pelo mundo com maior força e amplitude que a palavra proferida. O pensamento vibra muito mais rapidamente que a palavra.
O pensamento desconhece as limitações do tempo e do espaço porque age e se difunde em seu Mundo (o Mundo do Pensamento), de Leis diferentes e mais sutis que as do Mundo Físico. O pensamento é criador; induz a produção no Mundo do Desejo, formas de desejos que depois, também induz na Região Etérica formas etéricas que chegam a ser arquétipos ou matrizes criadoras, para posterior expressão no plano material.
Nada existe materialmente que não tenha sido concebido pelo pensamento. Nada também sucede por acaso.
O pensamento atua sempre tingido e mesclado com o desejo, sentimento ou a emoção. A influência dessa tríade é imensa.
A qualidade do desejo, sentimento ou da emoção influi muito na saúde, na felicidade e no êxito de seu criador, como também nas condições de seu meio ambiente, porque os semelhantes se atraem.
É preciso dominar e disciplinar os nossos pensamentos e os nossos desejos, sentimentos e as nossas emoções pela força do caráter. A Religião Cristã nos ensina esse dever e nos proporciona meios de alcançá-lo, por intermédio de Cristo, nosso Senhor.
Quando se ouve dizer: “foi azar meu”, o correto seria a pessoa afirmar: “isso é resultado de meus pensamentos errados”.
Busquemos procurar cada vez mais e mais rápido, mudar nossos pensamentos quando vier alguma coisa ruim. Procuremos transmutá-los sempre. Muito nos ajuda os Exercícios Esotéricos Rosacruzes!
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Infelizmente ainda vemos pessoas desanimadas, tristes, ziguezagueando, sem forças para lutar, sem rumo, achando que o mundo está muito ruim, etc.
Sabemos que para quem tem fé, quem tem Cristo em seu coração, acredita que Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida”, não pode agir nem pensar assim.
Todos sabemos das coisas ruins que acontecem todos os dias, porém sabemos também que Deus é Pai, tudo vê, que não cai uma folha se Ele não permitir, que tudo tem sua razão de ser. Por mais triste que seja, não podemos perder nossa fé, nunca.
Aprofundemo-nos mais nos estudos bíblicos (a Fraternidade Rosacruz ensina como estudar isso; aliás o Curso Bíblico Rosacruz ajudará o Estudante Rosacruz a reconhecer na Bíblia um guia espiritual de valor inestimável, dado à humanidade pelos Anjos do Destino – também conhecidos como Senhores do Destino ou Anjos Relatores –, e o capacitará a interpretar e compreender seus segredos até então não revelados da vida e do ser a tal ponto de encontrar suas verdades corroboradas e iluminadas por descobertas científicas. Parábolas e incidentes aparentemente insignificantes são revelados como fornecedores de leis científicas e espirituais básicas sobre as quais uma vida mais satisfatória e verdadeiramente bem-sucedida pode ser modelada.).
Cristo disse: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus. (Evangelho Segundo São João).
São Paulo disse: “Nada dessas coisas me perturbam, pois Deus mora no meu coração”. Isso não é profundo?
Ao invés de vermos apenas o lado “ruim” das coisas, ver apenas o lado ilusório, de mentiras, etc., procuremos a clareza da fé, a esperança que advém dos Evangelhos (que são fórmulas de Iniciação). Há muita beleza ao nosso redor.
Ninguém recebe maior fardo do que aquele que pode carregar.
Todos temos nossa missão aqui, nossas dívidas adquiridas em vidas anteriores, Destino Maduro, etc.; quanto melhor soubermos passar por esses revezes, mais leve se tornarão e melhor aprenderemos as lições que são trazidas por meio deles.
Vamos procurar viver bem o hoje; não nos preocupemos tanto com o amanhã, vamos viver bem um dia de cada vez, nos fortalecendo na fé, orando muito, tendo humildade de falar com Pai, nosso Deus e Criador, que tudo sabe, tudo vê, conhece nossos corações, nossas fraquezas.
Vendo o bem em tudo e em todos, não temos tempo de pensarmos nem vivermos nada de ruim.
Levantar e abrir as janelas, ver esse dia lindo, é um grande privilégio. É obra de Deus!!
Não desanimemos jamais!
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Pela Fraternidade Rosacruz aprendemos a grande importância da união Cabeça-Coração. Além dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, uma grande ajuda é a Oração. Orar é falar com Deus.
As pessoas que são mais voltadas para o intelecto (repare: não são só os nossos irmãos ou as nossas irmãs materialistas, ateus, agnósticos, pois há muitos Estudantes Rosacruzes também muito mais intelectualizados e com muito pouca devoção desenvolvida) normalmente não fazem orações (ou se fazem, a “entendem” intelectualmente, o que a torna fria e ineficiente), são muito intelectuais, partem apenas para a concentração e meditação, mas não os Exercícios Esotéricos Espirituais de Concentração e Meditação ensinados pela Fraternidade Rosacruz, pois esses carregam uma grande dose de Coração quando são executados corretamente.
As pessoas que são mais voltadas para o “coração” são muito devotas, fazem muitas orações, tem muita Fé. O que também apresentam o perigo de responderem a dogmas, de expressar orações da primeira e segunda Dispensação (Deus um ser a quem se tem medo ou Deus um ser que se tenta barganhar com Ele para conseguir “coisas”, seja lá qual foram).
Busquemos sempre o equilíbrio cabeça-coração para que a oração seja perfeita! É a meta de todo verdadeiro Estudante Rosacruz.
De qualquer forma, a oração feita com devoção pura e impessoal, dirigida a ideais elevados, é muito superior à fria concentração, porque voa para a Divindade sobre as asas do Amor, a exaltação do Místico.
Temos a Oração do Senhor, a Oração do Pai Nosso deixada por Cristo, como uma fórmula abstrata dirigida ao melhoramento e purificação de todos os veículos do ser humano.
A introdução: “Pai nosso que estais no Céu” é somente um indicativo de direção.
Destacamos quatro pontos importantes dessa Oração:
A adição: “Porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre”, não foi dada por Cristo, mas é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito por encerrar a diretriz correta para a Divindade.
No livro Conceito Rosacruz do Cosmos temos a explicação completa da Oração do Pai Nosso, dividida em sete partes, mostrando como satisfaz todas as necessidades dos nossos sete princípios humanos.
É bom orar sempre, mas orar e vigiar para não cair em tentação! Experimente!!
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Todos os dias devemos dispor de algum tempo em que possamos nos recolher, fechar os olhos, nos voltar para dentro de nós em profunda oração, assim como também para fazer os Exercícios Esotéricos: matutino de Concentração, noturno de Retrospecção e os durante o dia de Discernimento, Observação e Concentração e, além disso, se capacitar nos Ensinamentos Rosacruzes por meio do estudo – daí porque somos intitulados Estudantes Rosacruzes –, só assim teremos uma melhor compreensão do que ocorre ao nosso redor, na nossa família, no nosso entorno, no nosso país, no mundo, etc.
Se nos voltamos para Deus em oração, O perceberemos em todos os lugares, pois Ele é Onipotente, Onipresente e Onisciente; está dentro, fora, acima e abaixo de tudo, de todos, e a tudo permeia.
Quando oramos, com muita fé, nos apercebemos dessa Presença a nos inundar e expandir-se em nós. Estamos então sob a Graça, a Presença e a Sabedoria Divinas que excedem todo entendimento.
Permita que a maravilhosa presença de Deus lhe guie, lhe inspire, lhe abençoe, lhe mostre o caminho a seguir, com confiança, sem medo.
Precisamos também dos Estudos Rosacruzes, buscar na teoria as explicações do “porquê” dos nossos sofrimentos, das nossas tristezas, de certos acontecimentos, das catástrofes, guerras, dos assassinatos, estupros, das mortes violentas, dos acidentes horríveis, etc. Para tudo há uma explicação, Deus que tudo criou não faz nada para se perder. Aliás nada se perde, tudo está sempre se renovando, pois Deus está continuamente criando.
Deus, o Criador, nosso Pai, tudo sabe, tudo vê, em tudo habita; no nosso Corpo, no nosso lar, no nosso trabalho, na Natureza, enfim, em tudo e em todos.
Sejamos, pois, um instrumento que Ele use para a realização do Seu Plano, que é esse Grande Dia de Manifestação, nesse Esquema de Evolução.
Tendo o entendimento, o hábito de repetir os Exercícios Esotéricos e orando, tudo fluirá sem dor; a vida passará a ter um outro propósito, um significado real, nossa natureza interna nos fará mais compreensíveis e compassíveis.
Pergunta: Quando se diz: “… Quando se estuda o ser humano Jesus na Memória da Natureza, pode-se segui-lo para trás vida após vida, …. em diferentes encarnações, …. Isto não pode ser feito com o Ser Cristo. No Seu caso só pode ser encontrada uma única encarnação.” Essa “única encarnação” refere-se a vida do Ser Cristo, como Cristo-Jesus, apenas em nosso Período Terrestre?
Reposta: Não. O Cristo pertence à Onda de Vida dos Arcanjos. Essa Onda de Vida não está sujeita à roda de nascimentos e mortes como está a nossa Onda de Vida, a humana.
O termo “única encarnação” aqui se refere a única vida de Cristo tomando os Corpos Denso e Vital de Jesus. Na Sua segunda vinda Ele virá no Corpo Vital, o mesmo que ele utilizou na primeira vinda, que está guardado em um receptáculo de cristal entre o centro e a superfície do Planeta Terra e vigiado 24 horas.
Pergunta: Todos nós estamos construindo o Corpo-Alma através de boas ações. Quando ele estiver pronto, no caso do Auxiliar Invisível, nós teremos um veículo adicional, totalizando cinco instrumentos, que seriam o Corpo Denso, o Vital, o de Desejos, a Mente e o Corpo-Alma?
Resposta: Não, continuaremos com cinco veículos: Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente.
Isso porque o Corpo-Alma é formado pelos 2 Éteres superiores do Corpo Vital (ele é a parte superior do Corpo Vital) – Éter Luminoso e Éter Refletor.
O que acontece é que a partir do Corpo-Alma (uma vez que aprendamos a utilizá-lo conscientemente) aprendemos a utilizar com a maior eficiência possível o nosso Corpo Vital: os 2 Éteres inferiores são utilizados para manter a vitalidade do Corpo Denso e os 2 Éteres superiores (Corpo-Alma) utilizados para aumentar a nossa capacidade de servir (participando dos processos de Cura Rosacruz à noite) e de aprender os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental.
Pergunta: Por que o Templo dos Irmãos Maiores fica na Alemanha?
Resposta: Na realidade não fica na Alemanha, nas terras da Alemanha, no espaço aéreo da Alemanha, mas sim na posição da Região Etérica do Mundo Físico onde atualmente está, em latitude e longitude o lugar que conhecemos como Alemanha. E a razão de estar nessa porção da Região Etérica do Mundo Físico é que essa porção é a que contém a maior quantidade de Éteres Luminoso e Refletor atualmente. Pode mudar? Sem dúvida. Basta outra porção da Região Etérica do Mundo Físico ter uma quantidade maior de Éteres Luminoso e Refletor. Todos que falaram até agora que o Templo mudou de lugar mentiram, pois quem “sabe não fala”, pois é Iniciado. E quem quer saber é curioso que utilizará essa informação para nada, a não ser para passar a ilusão “que tem informação privilegiada”, “ganhando” uma posição de destaque ilusório entre os seus.
Com certeza absoluta, se você tiver que saber onde ele se encontra, você saberá e a única razão para isso é porque você tem o mérito de poder participar de uma reunião que acontece na Região Etérica do Mundo Físico, estando ainda renascido aqui.
Resposta: Para um Estudante Rosacruz que oficia os rituais e executa os Exercícios Esotéricos Rosacruzes, a partir do momento em que não se ingere mais bebidas alcoólicas, o nosso Corpo Denso começa a expelir os componentes químicos e em 7 dias o ciclo estará totalmente completo.
Todas as semanas, quando a Lua se encontra num Signo Cardeal ou Cardinal (Áries, Câncer, Libra ou Capricórnio), reunimo-nos com o propósito de gerar a Força Curadora por meio de fervorosas preces e concentrações. Esta força pode depois ser utilizada pelos AUXILIARES INVISÍVEIS, que trabalham sob a direção dos IRMÃOS MAIORES com o propósito de curar os doentes e confortar os aflitos.
Nessas datas, as 18h30, os Estudantes podem contribuir com esse serviço de ajuda, conforto e cura, sentando-se e relaxando-se na quietude do seu lar ou onde quer que se encontre, fechando os olhos e fazendo uma imagem mental da Rosa Branca e Pura situada no centro do Símbolo Rosacruz. Em seguida leia o Serviço de Cura e concentre-se intensamente sobre AMOR DIVINO e CURA, pois só assim, você poderá fazer de si um canal vivo por onde flui o Poder Divino Curador que vem diretamente do Pai. Após o Serviço de Cura, emita os sentimentos mais profundos do amor e gratidão ao Grande Médico para as bênçãos passadas e futuras da cura.
Datas de Cura:
Julho: 03, 09, 16, 23, 30
“Certamente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças.” Is 53:4
Ao contrário do que é costume fazer-se devemos ver o Evangelho Segundo São João como um todo, buscando analisá-lo em seus pontos principais. Desde os primeiros capítulos, vê-se pela composição e pelo estilo, que esta obra é o documento mais completo que existe no mundo. Porém, não é com uma leitura superficial que se verificará essa asserção. É mister compreender-se o que está oculto em suas palavras.
Notemos que o Evangelho enumera sete milagres até a ressurreição de Lázaro:
Partamos de um ponto chave, para esboçar o estudo deste último e maravilhoso acontecimento: “Os chefes dos sacerdotes decidiram, então, matar também a Lázaro” (Jo 12:10). Por que matar a Lázaro? Cristo-Jesus havia beneficiado outros e os sacerdotes não procuraram matá-los… Isto nos leva a conclusão de que o ato da ressurreição de Lázaro foi a prova pública, dada por Cristo, de que a Iniciação estava aberta para todo aquele que quisesse. Ora, isso era a derrocada do regime sacerdotal. Só havia, pois, uma solução: matar o autor e também a obra, para que nenhum testemunho ficasse. Mas, façamos um estudo mais detalhado.
Dentre os milagres acima enumerados atribuídos a Cristo-Jesus, devemos dar um significado muito especial à ressurreição de Lázaro. Tudo concorre para dar ao fato aí narrado o lugar principal no Novo Testamento. Lembremo-nos de que esse fato é citado no Evangelho Segundo São João apenas, isto é, o Evangelho que, desde suas palavras iniciais, reclama interpretação precisa de todo o seu conteúdo.
São João começa dizendo: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus (…). E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade”. (Jo 1:1 e 14)
Quem inicia um relatório com tais palavras indica claramente que todo o relatório deve ser interpretado em sentido particularmente profundo. Não nos podemos cingir a raciocínios superficiais. Então, que o Apóstolo São João quis dizer com estas palavras de introdução? Disse claramente de algo eterno, que existia desde o começo. Os fatos narrados por São João não se endereçam à vista nem aos ouvidos; reclamam maturidade interior e lógica. O “Verbo” que agiu no princípio está oculto em todos os fatos. Os fatos são, para ele, os veículos nos quais se exprime em sentido superior. Pode-se, pois, supor, que por baixo do fato da ressureição de um homem de entre os mortos (fato difícil de conceber pelos olhos, pelos ouvidos e pela inteligência material) esconde-se um sentido mais profundo.
A isso vem juntar-se outra coisa: não há nenhuma dúvida de que a ressurreição de Lázaro teve influência decisiva sobre a morte de Jesus. Pois, por que o fato de ter Cristo-Jesus ressuscitado um morto, tornou-O tão perigoso aos seus adversários? É preciso admitir, com efeito, que Cristo-Jesus fez algo particularmente importante para justificar palavras como estas: “Então, os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e disseram: “Que faremos? Esse homem realiza muitos sinais.” (Jo 11:47).
É preciso reconhecer que todo o Evangelho Segundo São João está envolto em um mistério. Verificaremos isto num instante. Se o seu conteúdo fosse tomado ao pé da letra, que sentido teriam estas palavras: “A essa notícia, Jesus disse: ‘Essa doença não é mortal, mas para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de Deus’” (Jo 11:4)? E o que dizer ainda destas palavras: “Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” (Jo; 11:25). Seria muito fútil acreditar que Cristo-Jesus quisesse significar: “Lázaro adoeceu para dar oportunidade a Jesus de mostrar sua arte”. Seria também muito fútil atribuir a Cristo-Jesus o pensamento de que a fé n’Ele fazia reviver os mortos. E que haveria de extraordinário num homem ressuscitado dentre os mortos e que depois da ressurreição continuasse a ser o mesmo de antes? E como poderíamos atribuir a esse homem o sentido dado pelas palavras: “Eu sou a ressurreição e a vida”? A vida e o sentido entram nas palavras de Cristo-Jesus se as tomarmos simbolicamente e, em seguida, de certo modo literalmente, tal como estão no texto. Cristo-Jesus não disse que Ele personificava a ressurreição havida com Lázaro e que Ele é a Vida que vive em Lázaro? Tome-se ao pé da letra o que é o Cristo no Evangelho de São João: “O Verbo feito carne“. Ele é o eterno que era desde o começo. Ora, se de fato Ele é a ressurreição, é também a vida primordial que foi despertada em Lázaro. Trata se aqui de uma evocação do “Verbo” eterno e este Verbo é a Vida a qual Lazaro foi despertado. Trata-se de uma doença que não leva a morte, mas a “glória de Deus”. Se o Verbo eterno ressurgiu em Lázaro, então, todo esse acontecimento manifesta a glória de Deus, de vez que, por esse processo, Lázaro tornou-se outro. Antes disso, o Verbo, o Espírito, não vivia nele; agora, o Espírito nele vive. Esse espírito foi gerado em sua alma.
É claro que todo nascimento é acompanhado de doença. Ora, essa doença não leva à morte, mas a uma vida nova.
Onde está o túmulo onde nasceu o Verbo? Para responder a esta pergunta basta pensar no iniciado Platão[1], que chama o corpo do ser humano de “o túmulo da alma”. E Platão falou também duma espécie de ressurreição quando fez alusão ao despertar da vida espiritual no corpo. O que Platão chamou de “alma espiritual”, São João o designa por Logos, Verbo ou a Palavra. Platão poderia ter dito “quem se torna espiritual ressuscitou o divino do túmulo de seu corpo”. E para São João a vida de Cristo é essa Ressurreição. Nada de espantoso, pois ele disse de Cristo: “Eu sou a Ressurreição”.
Não há como duvidar de que o episódio de Betânia é uma ressurreição no sentido espiritual. É bastante caracterizar esse fato com as palavras dos que se iniciaram nos mistérios, e seu sentido logo aparece. Que disse Plutarco[2] do propósito desses mistérios? Que eles serviam para desprender a alma da vida corporal e uni-la ao Divino. E eis como Schelling[3] descreve as sensações de um Iniciado: “O Iniciado tornava-se pela Iniciação um membro da cadeia mágica; era recebido num organismo indestrutível e, como exprimem as velhas inscrições, associado ao exército dos deuses superiores. Não se pode designar de modo mais significativo a reviravolta que se produzia na vida do ser humano que recebia a Iniciação, do que pelas palavras de Edésio[4] a seu discípulo, o imperador Constantino: “Um dia, quando tomares parte nos Mistérios, terás vergonha de teres nascido como ser humano”.
Quando nossa alma ficar penetrada por esse sentimento, o acontecimento de Betânia aparecerá em sua verdadeira luz. Então, a narração de São João nos fará viver algo em particular. Mal se entreve a certeza de que não podemos dar nenhuma interpretação, nenhuma explicação racional. Um mistério, no verdadeiro sentido da palavra está diante de nossos olhos. “O Verbo Eterno” penetrou em Lázaro. Ele tornou-se, falando na linguagem dos Mistérios, um verdadeiro Iniciado. E o acontecimento que São João nos conta é um fenômeno de Iniciação.
Imaginemos a cena como sendo uma Iniciação. Cristo Jesus ama Lázaro. Não é uma amizade no sentido vulgar da palavra. Isso seria contrário ao sentido do Evangelho Segundo São João, onde Cristo-Jesus é “O Verbo”. Cristo-Jesus amou Lázaro porque viu que ele estava “maduro”, pronto para despertar do “Verbo” em si. Existiam relações entre Cristo-Jesus e a família de Lázaro. Isso quer dizer que Cristo havia preparado tudo nessa família para o ato final do drama: a ressurreição de Lázaro. Este é o discípulo de Cristo-Jesus. É um discípulo no qual Cristo-Jesus tem a certeza de que a ressureição se completará. O último ato da ressureição consistia em uma ação simbólica. O ser humano não devia compreender apenas as palavras: “morre e volta”; devia justificá-las com um ato. Devia repelir sua parte terrestre, aquela da qual o indivíduo superior, no dizer dos mistérios, deve ter vergonha. O ser humano terrestre devia morrer. Seu corpo era mergulhado durante três dias num sono letárgico. Prodigiosa transformação vital, então, se produzia nele. Mas esse processo dividia a vida do místico em duas partes. Quem não conhece, por experiência própria, o conteúdo superior de semelhante ato, não o pode compreender. Pode apenas ter uma ideia aproximada por meio de uma comparação.
Resumamos, por exemplo, em algumas palavras, a substância da tragédia do Hamlet, de Shakespeare. Quem compreendeu esse resumo, pode dizer que conhece Hamlet, em certa medida. Pela lógica, conhece-o de fato. Outro conhecimento, porém, teria quem assistisse ao desenrolar de toda a tragédia, com toda a sua riqueza. Este teria compreendido sua essência e nenhuma descrição poderia substituir a sensação viva obtida por ter assistido ao desenrolar da tragédia. Para ele, Hamlet tornou-se um acontecimento artístico, uma experiência da alma.
O que se passa na imaginação do expectador durante uma representação dramática passa-se no ser humano, em plano superior da consciência, no acontecimento mágico e significativo da ressurreição que é o coroamento à Iniciação. O ser humano vive simbolicamente em si aquilo que adquiriu espiritualmente. O Corpo Denso está, de fato, morto durante três dias. Do seio da morte brota a nova vida. A alma imortal sobrevive à morte. Ela surge com a consciência de sua imortalidade, pois venceu a morte.
Foi isso que aconteceu com Lázaro. Cristo-Jesus o havia preparado para a ressurreição. A doença de que se fala no Evangelho de São João é, ao mesmo tempo, simbólica e real. É uma prova da Iniciação que deve conduzir o Iniciado, depois de um sono de três dias, a uma vida verdadeiramente nova.
Lázaro estava pronto para sofrer esta metamorfose em si mesmo. Veste a túnica de linho dos místicos, cai na letargia, que é o símbolo da morte. Adoece na cripta. Quando Cristo-Jesus chegou já se haviam passado três dias. Tiraram, pois, a pedra. E Cristo-Jesus, levantando os olhos para o Céu, disse: “Pai graças Te dou, por me haveres ouvido” (Jo 11:41).
O Pai havia ouvido Cristo-Jesus, pois Lázaro chegara ao ato final do grande acontecimento. Tinha reconhecido como chegar a ressureição. Acabava-se de cumprir uma Iniciação aos Mistérios. A Iniciação, como era feita na antiguidade, se havia consumado à luz do dia, publicamente. Cristo-Jesus fora o Iniciador.
As palavras de Cristo-Jesus que se seguiram a esse ato, são significativas: “Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que me enviaste.” (Jo 11:42). No fundo, este acontecimento era para Cristo-Jesus o meio e não o fim. Ele o provocou, para que os que não criam na ressurreição, senão como uma cerimônia, acreditassem na Sua palavra. Para Ele, o principal é a ressurreição da alma, da qual a ressurreição do corpo é apenas o símbolo. Conclui-se, portanto, que haveria outra ressurreição e que esta era exatamente a do próprio Cristo. Mas, a ressurreição deveria produzir efeito sobre toda a humanidade. Deveria ser para todos os indivíduos, o que era para os Iniciados, a Iniciação nos mistérios. Lázaro, o ressuscitado, devia ser o testemunho consciente do grande acontecimento histórico da ressurreição de Cristo. Em Cristo-Jesus a tradição personificou-se. E o evangelista assim teve o direito de dizer: “n’Ele o Verbo se fez carne”. Teve o direito de ver em Cristo-Jesus um mistério corporificado. Eis porque o Evangelho Segundo São João é um mistério. É preciso lê-lo pensando que os fatos nele narrados são de natureza espiritual.
Na exclamação de Cristo: “Lázaro, sai para fora” pode-se reconhecer a voz dos Iniciadores antigos, chamando à vida de todos os dias, seus discípulos colocados no túmulo e mergulhados no sono letárgico para morrer para as coisas terrestres e receber o mundo divino num êxtase. Mas Cristo-Jesus havia divulgado o segredo dos mistérios. Havia tornado pública a Iniciação, privilégio de determinada casta.
Compreende-se, pois, que os Judeus quisessem punir tal atitude e buscassem meios de matar, não somente Cristo-Jesus, senão também a Lázaro (Jo 12:10). Mas Cristo-Jesus não dava nenhuma importância ao processo exterior da Iniciação: “ Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que me enviaste.” (Jo 11:42).
Na Iniciação antiga provocava-se a convicção da imortalidade da alma por processos sábios e secretos. Antigamente se podia dizer: “Felizes os Iniciados; pois eles viram”. Mas, Cristo-Jesus queria dar essa felicidade a todos. Por isso, Ele fez dizer pela boca do Apóstolo: “Felizes os que não viram, mas que, assim mesmo, creram“[5].
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – outubro/1967 – Fraternidade Rosacruz – SP)
[1] N.R.: filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental.
[2] N.R.: historiador, biógrafo, ensaísta e filósofo médio platônico grego.
[3] N.R.: Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling foi um filósofo alemão, um dos representantes do idealismo alemão.
[4] N.R. filósofo neoplatônico e místico.
[5] N.R. Jo 20:29
O Ecos de um Centro Rosacruz tem como objetivo informar as ATIVIDADES PÚBLICAS de um Centro, bem como fornecer material de estudo sobre os assuntos estudados durante o mês anterior.
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1.Para acessar a Edição digital, clique aqui: Ecos da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil – Maio de 2023
2. Para acessar somente os textos (sem a formatação e as figuras) é só ler aqui:
A Fraternidade Rosacruz é uma Escola de Filosofia Cristã, que tem por finalidade divulgar a filosofia dos Rosacruzes, tal como ela foi transmitida ao mundo por Max Heindel. Exercitando nosso papel de Estudantes da Filosofia Rosacruz o Centro Rosacruz de Campinas-SP-Brasil edita o informativo: Ecos.
Informação
As reuniões presenciais abertas ao público ocorrem na nossa sede situada na Avenida Francisco Glicério, 1326 – Centro – Conj. 82 – Campinas – SP, aos domingos às 17hs.
É necessário que os interessados em participar presencialmente avisem antecipadamente pelo fone: 55 19 99185-4932 ou pelo e-mail fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Sumário
Atividades gerais ocorridas em nosso Centro, no mês de Maio/2023: 3
Junho – Sol transitando pelo Signo de Câncer 4
Material produzido pelas Reuniões Dominicais de Estudos: 5
Estudos Bíblicos Rosacruzes: 1º Capítulo do Evangelho Segundo São Mateus. 5
Alguns Artigos Publicados nas redes sociais no mês de Maio: 19
A Tendência da Fraternidade Rosacruz. 20
Evangelhos: Quatro Fórmulas de Iniciação. 22
O Autêntico Estudante Rosacruz Demonstra Sinceridade no Seu Propósito. 25
A maternidade é Sagrada e, como tal, Deve Ser Reverenciada. 27
3) Pergunta: Por que a Terra não tem um Espírito Planetário que lhe seja próprio ou inerente?. 30
SERVIÇO DE AUXÍLIO E CURA.. 31
Atividades gerais ocorridas em nosso Centro, no mês de Maio/2023:
Nota: Você pode obter uma cópia digital da Obra Básica Conceito Rosacruz do Cosmos da edição mais atualizada grátis aqui: https://fraternidaderosacruz.com/category/livros-digitalizados/o-conceito/
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Junho – Sol transitando pelo Signo de Câncer
No Calendário Mensal da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil, o Estudante Rosacruz encontra todas as datas e períodos para várias atividades, eventos, oficiações e orientações, como o Trânsito do Sol. Para acessá-lo, é só clicar aqui: Calendário: Fraternidade Rosacruz em Campinas/SP/Brasil–2023 A Hierarquia de Câncer, que mantém sobre a Terra o modelo cósmico da exaltação do divino feminino em toda a Criação. A Hierarquia Criadora de Câncer é chamada, inclusive na Bíblia, de Querubins. O trabalho dessa Hierarquia consiste em guardar os lugares sagrados. Flutuavam sobre o Sanctum Sanctorum. Nas águas de Câncer se formam os germens da vida que animam a cada indivíduo dos reinos mineral, vegetal, animal e humano. Esse impulso vital eleva, progressivamente, do mineral para o vegetal, do vegetal para o animal, do animal para o ser humano e do ser humano para o Anjo, já que toda a evolução está sob a supervisão da Hierarquia.
Material produzido pelas Reuniões Dominicais de Estudos:
Estudos Bíblicos Rosacruzes: 1º Capítulo do Evangelho Segundo São Mateus
Primeiramente vamos ver Algumas Advertências importantes quando estudamos a Bíblia por meio dos Ensinamentos Rosacruzes. A Bíblia é um livro de “chaves” e mistérios. Em nada ela difere de todos os livros sagrados das antigas Religiões, que tinham uma parte pública (exotérica) e outra oculta (esotérica). São Paulo, em suas Epístolas, nos adverte que até o dia de hoje, na leitura do “No Antigo Testamento, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo ele é tirado; contudo, até hoje, sempre que leem a Moisés, está posto um véu sobre o coração deles; mas todas as vezes que algum deles se “converter” ao Senhor, o véu lhe é tirado.” (IICor 3:14-16). E isso porque somos “ministros não da letra, mas do espírito, pois a letra mata, mas o espírito vivifica” (IICor 3:16). Mostremos, pois, nessas aparentes contradições, o sentido oculto nas entrelinhas, “o espírito da letra”.
Sabemos, pelos Ensinamentos Rosacruzes que os quatro Evangelhos são fórmulas de Iniciação. O de São Mateus começa no Natal ou no Sagrado Nascimento porque é um dos 3 que são as fórmulas dos Mistérios ou Iniciações Menores.
Antes de falarmos da genealogia de Jesus, como nos foi dado por São Mateus, lembremos que Jesus pertence à nossa humanidade, ou seja é um ser humano, ou um Espírito Virginal da Onda de Vida humana, exatamente como um de nós. Assim, estudando o ser humano Jesus na Memória da Natureza podemos segui-lo em suas vidas anteriores, renascido aqui inúmeras vezes: durante um certo tempo na sua evolução, de 1000 em 1000 anos (com a manifestação de sexo aqui alternado: uma vez homem, outra vez mulher) e depois, evoluindo espiritualmente, não mais de 1000 em 1000 anos e nem mais alternadamente homem e mulher. Já quando renasceu como Jesus, não era um indivíduo comum. Tinha desenvolvimento uma Mente singularmente pura, muito superior à grande maioria da nossa presente humanidade. Um Corpo Denso mais próximo da perfeição do que qualquer outro Corpo Denso construído por qualquer outro ser humano. E, obviamente, um Corpo Vital mais próximo da perfeição do que qualquer outro Corpo Vital construído por qualquer outro ser humano. E, com certeza absoluta, um Corpo de Desejos mais próximo da perfeição do que qualquer outro Corpo de Desejos construído por qualquer outro ser humano. Além de um Corpo Mental, ao invés de um veículo Mente, como temos. Pois esteve percorrendo o Caminho da Santidade através de muitos renascimentos aqui, preparando-se para a maior honra que poderia ter recebido um ser humano.
Vamos enumerar a genealogia de Jesus, conforme nos dado por São Mateus:
1. Abraão
2. Isaac
3. Jacó
4. Judá
5. Farés
6. Esrom
7. Aram
8. Aminadab
9. Naasson
10. Salmon
11. Booz
12. Jobed
13. Jessé
14. Davi
15. Salomão
16. Roboão
17. Abias
18. Asa
19. Josafá
20. Jorão
21. Ozias
22. Joatão
23. Acaz
24. Ezequias
25. Manassés
26. Amon
27. Josias
28. Jeconias
29. Salatiel
30. Zorobabel
31. Abiud
32. Eliacim
33. Azor
34. Sadoc
35. Aquim
36. Eliud
37. Eleazar
38. Matã
39. Jacó
40. José, o esposo de Maria, da qual nasceu
41. Jesus
Nesse Capítulo São Mateus mostra 41 gerações sendo que na última ele considera a geração vinda de Maria, totalizando 42 gerações. Obviamente não se quis mostrar aqui todos os renascimentos de Jesus aqui (com certeza houve muito mais!) e muito menos que todas essas pessoas foram renascimentos anteriores de Jesus. O único que é nos revelado como um renascimento anterior de Jesus foi Salomão. E só nos foi revelado porque há coisas importantes para compreendermos com essa revelação, como já estudamos na Filosofia Rosacruz.
Há que se tomar muito cuidado em interpretações usando o significado dos nomes aqui expostos: devido a dificuldades de grafia, a chance de “fantasiar” é enorme. Sugerimos não perder tempo, nem em tentar, nem em ler.
Dentre várias coisas que São Mateus quis ensinar aqui, da parte esotérica, podemos ver alguns exemplos (muitos outros podemos ter, mas vamos nos ater ao tempo limitado): como alguns grandes Iniciados, por meio de fornecer Corpos para vários Egos, foram auxiliando para que Jesus pudesse chegar a esse nível de perfeição no Corpo Denso e, consequentemente, no Corpo Vital. Imaginem se alguns deles não quisessem ter filhos pelos motivos que hoje ouvimos: “dá muito trabalho”, “deforma meu corpo”, “colocá-lo nesse mundo? Nem pensar!”, “cria-lo é um preço de apartamento ou de um carrão!”.
Se decompormos 42 pela Matemática Esotérica, teremos 4+2 = 6; 1+2+3+4+5+6=21; 2+1=3. Ou seja: como sempre o número 3 significa “chegou-se a um nível necessário e suficiente para atender o era preciso”. No caso de Jesus: ter os melhores Corpos possíveis para que Cristo pudesse iniciar o seu Plano de Salvação estando aqui, entre nós. Estudem a vida e os acontecimentos de alguns desses nomes, como Davi, Salomão, Jeconias e outros na Bíblia e veja a evolução espiritual deles, para ter mais exemplos.
Vamos ver agora a questão da revelação à José sobre o nascimento de Jesus (vers. 18 a 25). Para isso, lembremos que Maria, a mãe de Jesus, a Virgem Maria, possuía a mais elevada pureza humana, por isso foi escolhida para ser a mãe de Jesus. Já era uma elevada Iniciada. O pai, José, também era um elevado Iniciado, capaz de realizar o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou paixão pessoal. Em consequência, o formoso, puro e amoroso espírito conhecido pelo nome de Jesus de Nazaré veio ao mundo num Corpo puro e sem paixões.
Como falamos antes, esse Corpo era o melhor, o mais próximo à perfeição que se podia produzir na Terra. A tarefa de Jesus, nessa encarnação, era cuidar e desenvolver o seu Corpo até o maior grau de eficiência possível para o grande propósito a que devia servir. Jesus surgiu do povo comum, não foi um levita, classe para quem era uma herança o sacerdócio. Ainda que não surgisse de uma classe de instrutores, seus ensinamentos foram superiores aos de Moisés.
Quando fazemos o Curso Bíblico Rosacruz, aprendemos que “conhecer alguém” no contexto colocado significa ter que se relacionar sexualmente para, por meio de um sentimento de paixão e posse, egoisticamente, criar condições de fornecer um Corpo Denso a um Ego com um único interesse: garantir que em renascimentos futuros, também se tenha a condição de receber um Corpo Denso.
José e Maria, como dissemos, como elevados Iniciados não precisavam disso. Iniciados quando precisam fazer o sacrifício de terem relações sexuais a fim de garantir um Corpo Denso a um ser até mais elevado do que os dois, o faz sem “conhecer”, ou seja, sem paixão ou sentimento algum inferior.
Por isso é feito como sacrifício, ou seja, um SACRO-OFÍCIO. Depois desse sacrifício, nunca mais tiveram relações sexuais. Por quê? Porque não precisaram mais fazer o sacrifício para fornecer um Corpo Denso a algum ser elevado. Imagine o regozijo de Maria e de José quando descobriram que tal SACRO-OFÍCIO redundou na fecundação e em todo um período de gravidez (em uma época que a taxa de natimorto era enorme!) que terminou bem-sucedido com o nascimento de um ser humano tão elevado que seria o que cederia os Corpos Denso e Vital para o Arcanjo Cristo!
Por fim, vamos a alguns detalhes:
• No versículo 22: “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel”. Isso se refere à Isaias no Capítulo 7 e versículo 14 do seu Livro no Antigo Testamento. No Novo Testamento veremos muitas confirmações dos Profetas que manifestaram suas profecias no Antigo Testamento.
• O “Anjo do Senhor” aqui é o Anjo Gabriel, o que guarda e guia o Espírito da Maternidade. Ele envia Anjos ministros para abençoar toda mãe. Esses mensageiros angélicos cuidam e dirigem um espírito para a mãe e o lar onde ele vai se desenvolver. Todas as canções de ninar e de acalanto compostas por inspirados músicos acham-se sintonizadas com a palavra-chave do Anjo Gabriel.
• Logicamente, José, segundo um elevado Iniciado, podia funcionar conscientemente na Região Etérica do Mundo Físico e conversar tranquilidade com os seres que vivem lá, inclusive os Anjos. • Sobre: “grávida pelo Espírito Santo”. Sabemos que o Espírito Santo (Jeová) é a energia criadora da Natureza, e a energia sexual é seu reflexo no ser humano. Tudo que se relaciona com a propagação da espécie humana, quando tal ato é executado como um Sacro-ofício (como era feito antes da “Queda do Homem”) é executado sob a direção dos Anjos, por sua vez, guiados por Jeová. Ou seja, todas as vezes que utilizamos a energia sexual criadora do modo santo, como se deve, manifestamos o Espírito Santo. Exatamente como fez José e Maria.
Conceito Rosacruz do Cosmos – Estudo das Terminologias Rosacruzes – Capítulo 2 – Mundo do Desejo – P.2
Se você quiser assistir uma apresentação sobre essa parte do Mundo do Desejo é só acessar esse vídeo aqui: https://youtu.be/U4Adq_nM88c
Vamos definir alguns Termos Rosacruzes utilizados nesse trecho sobre o Mundo do Desejo:
Segundo a Fraternidade Rosacruz o que é o Mundo do Desejo?
É de onde obtemos material para formamos os nossos desejos, sentimentos e as nossas emoções. E para isso temos um veículo formado com material desse Mundo: o Corpo de Desejos.
No Mundo do Desejo tudo está em movimento constante. Ele está dividido em 7 Regiões com materiais de diferentes densidades e, mais: a taxa de vibração da matéria do Mundo do Desejo: muitíssima mais elevada do que a da matéria do Mundo Físico.
Vamos agora definir cada uma das 7 Regiões do Mundo do Desejo e compreender que tipo de material de desejos, emoções e sentimentos se colher de cada uma dessa Regiões para que possamos criar os nossos desejos, sentimentos e nossas emoções:
Conceito Rosacruz do Cosmos – Estudo das Terminologias Rosacruzes – Capítulo II – Mundo do Pensamento
Se você quiser assistir uma apresentação sobre essa parte do Mundo do Pensamento é só acessar esse vídeo aqui: Parte 1 – https://youtu.be/1FizVoKRAfg e Parte 2 – https://youtu.be/lRjQqqEVm5k
Vamos definir alguns Termos Rosacruzes utilizados nesse trecho sobre o Mundo do Pensamento:
Segundo a Fraternidade Rosacruz o que é o Mundo do Pensamento?
É o Mundo onde buscamos o material para criarmos as nossas ideias e conclusões e elaborarmos os nossos Pensamentos-Formas (nossas ideias projetadas através da Mente e revestida de material da Região do Pensamento Concreto). Se compõe de sete Regiões de diversas qualidades e densidades e, à semelhança do Mundo Físico, é dividido em duas principais divisões: a Região do Pensamento Concreto, que compreende as quatro Regiões mais densas e a Região do Pensamento Abstrato, que compreende as três Regiões de substâncias mais sutis. A quarta subdivisão do Mundo do Pensamento, a mais elevada das quatro subdivisões contidas na Região do Pensamento Concreto – é a pátria da Mente humana. Ali se encontra uma versão muito mais clara da Memória da Natureza do que no Éter Refletor.
Assim, a Região do Pensamento Concreto: compreende as quatro Regiões mais densas do Mundo do Pensamento. Suprem a matéria mental com a qual incorporamos e concretizamos nossas ideias. É onde formamos os nossos pensamentos-formas. Nossa Mente é formada por substância da Região do Pensamento Concreto.
E a Região do Pensamento Abstrato: compreende as três Regiões de substâncias mais sutis. Estas três divisões superiores são a base para o pensamento abstrato. É de onde criamos as nossas ideias e conclusões. É onde nós, o EGO, funcionamos e a partir daqui trabalhamos nas Regiões e Mundos abaixo. É também o Mundo em que o Anjo Jeová, o mais elevado Iniciado dos Anjos, vive. O ser que exerce o aspecto Espírito Santo, Movimento, o terceiro aspecto de Deus. Temos um veículo formado de material dessa Região: o Espírito Humano.
Vamos agora definir cada uma das 7 Regiões do Mundo do Pensamento e compreender que tipo de material de ideias e pensamento-forma se pode colher de cada uma dessa Regiões para que possamos criar as nossas ideias e os nossos pensamentos-formas:
Conceito Rosacruz do Cosmos – Estudo das Terminologias Rosacruzes – Capítulo II – Os Quatro Reinos – P.1
Se quiser assistir uma apresentação sobre essa parte, eis um vídeo muito legal: https://youtu.be/R3_19B-wzr8
Como se define Reinos de Vida na Fraternidade Rosacruz?
Antes de tudo, repare que é uma definição esotérica e não exotérica, já que a ciência moderna tem uma classificação diferente e que está sempre mudando.
Na verdade, Reinos de vida são correntes de vida, formadas por Espíritos, criadas por Deus que evoluem conjunta, mas separadamente em um Esquema de Evolução. Como Deus é infinito, também são infinitos os Reinos de vida que existem. No entanto, presentemente, somente 4 Reinos de vida nos interessam, a saber: Reino mineral, Reino Vegetal, Reino Animal e Reino Humano, que são justamente os Reinos que evoluem diretamente conosco nesse atual Esquema de Evolução. As diferentes características deles que aparecem nesse diagrama é o que vamos discutir durante o estudo desse Capítulo II.
Reino mineral: Como os outros 3 é a Hierarquia Criadora que chamamos de Espíritos Virginais. É a Onda de Vida dos minerais. O Espírito-Grupo dos minerais está na Região do Pensamento Abstrato. Eles iniciaram sua evolução aqui no Período presente, o Período Terrestre. Eles possuem somente 1 Corpo, justamente o que vemos deles, o Corpo Denso. O nível de consciência dos minerais atualmente é o de Transe Profundo. Atualmente formam vários dos Estratos do Planeta Terra. Todas as formas químicas são compostas por eles. Eles atingirão o estado humano, ou seja, o estágio de humanidade, como nós, somente no Período de Vulcano. Todos eles, sem exceção, são inertes devido à falta de veículos sutis. O estado mineral é a meta final das formas de todos os reinos quando alcançam o máximo de degeneração (exe. Carvão de pedra, granito e outros que veremos no Conceito).
Reino vegetal: Também, como os outros 3 é a Hierarquia Criadora que chamamos de Espíritos Virginais. É a Onda de Vida dos vegetais. O Espírito-Grupo dos vegetais está na Região do Pensamento Concreto e são uma das funções dos Anjos. Eles iniciaram sua evolução aqui no Período Lunar. Eles possuem 2 Corpos: o Corpo Denso e o Corpo Vital e no Corpo Vital somente os Éteres Químicos e de Vida são ativos. O nível de consciência dos minerais atualmente é o de Consciência sem Sonhos. Atualmente é a melhor forma de obtermos todos os componentes alimentares necessários para o nosso Corpo Denso. Eles atingirão o estado humano, ou seja, o estágio de humanidade, como nós, somente no Período de Vênus. São fundamentais e imprescindíveis para podermos viver aqui e de diversas formas.
Reino animal: Também, como os outros 3 é a Hierarquia Criadora que chamamos de Espíritos Virginais. É a Onda de Vida dos animais. O Espírito-Grupo dos vegetais está no Mundo do Desejo e são uma das funções dos Arcanjos. Eles iniciaram sua evolução aqui no Período Solar. Eles possuem 3 Corpos: o Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos, no Corpo de Desejos somente com materiais das 3 Regiões inferiores. O nível de consciência dos minerais atualmente é o de Consciência com Sonhos. Eles atingirão o estado humano, ou seja, o estágio de humanidade, como nós, somente no Período de Vênus. São os irmãos mais jovens, ou menores, de nós, os seres humanos.Reino animal: Também, como os outros 3 é a Hierarquia Criadora que chamamos de Espíritos Virginais. É a nossa Onda de Vida, a humana. Somos um indivíduo: um Ego manifestado aqui, uma Individualidade. Temos o livre arbítrio. Temos uma Personalidade separada. Somos o Reino mais elevado dos 4. Iniciamos nossa evolução no Período de Saturno. Possuímos Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos e o veículo Mente. A consciência normal é a de vigília. Meta é ser especialista em matéria da Região Química. Atingiremos o maior estado criador no Período de Vulcano.
Conceito Rosacruz do Cosmos – Estudo das Terminologias Rosacruzes – Capítulo II – Os Quatro Reinos – P.2
Se quiser assistir uma apresentação sobre essa parte, eis um vídeo muito legal: https://youtu.be/Pw1slyrUcGc
Alguns Artigos Publicados nas redes sociais no mês de Maio:
Por que devemos renascer?
“Pode-se, porém, perguntar: por que devemos renascer? Por que devemos voltar a esta limitada e miserável existência terrena? Por que não podemos adquirir experiência nesses Reinos superiores sem necessidade de vir a Terra? Estamos cansados desta enfadonha e penosa vida terrena!
Tais queixas estão baseadas em mal-entendidos de várias classes. Em primeiro lugar, compreendamos e gravemos profundamente em nossa memória que o propósito da vida não é a felicidade, mas sim a experiência. A tristeza e a dor são nossos mais benévolos mestres (!). As alegrias da vida não são mais que coisas fugazes (!!).”
Pelos Ensinamentos da Fraternidade Rosacruz, muitos de nós, Espíritos Virginais, da Onda de Vida Humana, ainda devemos renascer aqui no Mundo Físico, o baluarte da evolução, e viver as experiências já determinadas lá no Terceiro Céu.
Precisamos encontrar forças, coragem, arregaçar as mangas e passar aqui o tempo necessário para a aquisição de experiências, como também, pagarmos nossas dívidas de destino, contraídas em vidas passadas, quando prejudicamos alguém ou muitos, fazendo-os sofrer das mais diversas formas.
Como já dissemos outra vezes, a Fraternidade Rosacruz nos ajuda nessa grande caminhada. Graças ao trabalho dos Irmãos Maiores, há Centros espalhados pelo mundo inteiro, e hoje com as facilidades da internet, podemos adiantar nossa caminhada em muito.
Nosso trabalho é aqui, no Mundo Físico, então aqui, vamos trabalhar, dando o nosso melhor todos os dias.
Que cada um de nós, Aspirantes à vida superior, cientes dos nossos trabalhos aqui, ajudemos de alguma forma levar essa Grande Obra adiante, ajudando ainda mais nossos irmãos e irmãs de toda parte.
Vamos trabalhar e tentar estender o mais que pudermos nossa passagem por aqui, na Terra, e cumprir fielmente com nossas promessas e crescer espiritualmente, o mais que pudermos também.
Por fim, não nos esquecemos, da mesma forma que os Anjos se tornaram especialistas em matéria etérica, os Arcanjos em matéria de desejos e os Senhores da Mente em matéria mental, nós os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana temos objetivo de nos tornarmos especialistas em matéria química desse Mundo Físico. E para isso, devemos aprender tudo que precisamos a partir daqui, renascendo vida após vida. Um Irmão Maior, por exemplo, já aprendeu!!
A Tendência da Fraternidade Rosacruz
É de suma importância e sempre que possível, pararmos um pouco e meditarmos sobre a Fraternidade Rosacruz, essa grande Obra que, sem dúvida alguma, é totalmente Aquariana.
Muitas pessoas acham que vivemos tempos difíceis hoje, porém vivemos a aurora de novos tempos, temos que visar o bem coletivo, o crescimento espiritual de uma grande maioria Cristã.
As pessoas que têm Cristo como seu único Ideal, portanto despojadas de preconceitos e crenças ultrapassadas, mantêm-se sintonizadas com as vibrações da Nova Era, a de Aquário.
A Fraternidade Rosacruz foi concebida dentro de um espírito futurista.
Sua orientação respeita, acima de tudo, o livre arbítrio de cada um.
Procura emancipar todo Aspirante à vida superior de toda limitação e dependência externa, objetivando dar-lhe condições de tornar-se um perfeito cidadão do mundo, e que prega, com certeza, o bem.
Esse Movimento Rosacruz, porém, é uma Escola onde os Estudantes não são guiados cegamente, pois reúne princípios superiores, inalteráveis ao esforço Crístico, pois há um Caminho a ser percorrido.
Temos por trás desse grande Movimento uma ajuda esclarecedora, observadores conscientes, respeitando a liberdade de todos, mas estimulando-os, compreendendo-os como um pedagogo incomparável: os Irmãos Maiores.
Há, portanto, uma grande força espiritual mantendo a Fraternidade.
Entendemos a Fraternidade Rosacruz como algo interno, vivente, formado com grande esforço e aspiração a ideais elevados e harmoniosos.
Há uma missão de fazer florescer nos corações de cada irmão e irmã as bases do Cristianismo Esotérico, a Religião do futuro.
Vemos, então, que a Fraternidade Rosacruz foi engendrada com e por amor.
Sabemos que o Amor une e edifica, portanto, a tendência nesse grande e maravilhoso Movimento, Fraternidade Rosacruz, é crescer. Façamos a nossa parte percorrendo seriamente o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz e divulgando-o.
Evangelhos: Quatro Fórmulas de Iniciação
Aprendemos nos Estudos Bíblicos Rosacruzes que os quatro Evangelhos são fórmulas de Iniciação e quando bem o entendemos, quando o interpretamos corretamente, nos tira das ilusões, nos incomodam, nos faz refletir e pensar sobre a vida que vivemos aqui.
Por exemplo, o Evangelho Segundo São João, em 13, 16-20, nos mostra o evento na vida de Cristo Jesus do “Lava pés”, e se bem entendido, vemos a extrema humildade de Cristo, este Ser maravilhoso, o Deus Filho, onde Ele nos mostra que não basta falar, saber, achar bonito a humildade, mas há que praticar.
Um Ser como o Cristo, o Regente do Planeta Terra, e que é Deus Filho, é de tamanha grandeza, sempre mostrou humildade; curava as pessoas, pedindo apenas que fossem e não pecassem mais, ensinava pelo exemplo, não condenava, não humilhava, chamava à razão, e sempre saia de cena discretamente, sem aplausos, sem holofotes: isso é o serviço amoroso e desinteressadamente, focado na divina essência do irmão e da irmã e, ainda, o mais anonimamente possível; não é digno de O seguirmos?
Ele, sendo Deus, sempre se mostrou simples, humilde, com palavras sábias, com gestos firmes e desconcertantes, mas de ajuda, para se pensar.
Hoje o que temos visto muito é justamente o contrário para uma grande maioria: querendo reconhecimento, aplausos, holofotes, fama, poder, dinheiro, as pessoas querem ser servidas, querem luxos, carrões, ótimos resorts onde são servidos o tempo todo, muitas vezes sem se importar com os irmãos ou as irmãs que os servem, etc.
O que menos vemos hoje são pessoas humildes, vivendo na simplicidade (isso não implica desleixo), servindo aos outros, buscando mais a parte espiritual do que a vida material. Muito triste isso!
É uma pena, pois se todos tivessem Cristo como Ideal de vida a ser seguido, tudo seria bem diferente, não haveria tanta ganância, materialismo, egoísmo, egocentrismo, fama, poder, gastos desnecessários, supérfluos, etc.
O que se deveria fazer hoje era: “viver mais renascido aqui, só que cada vez com menos bens e valores materiais, e cada vez com mais bens e valores espirituais”; era ser simples tendo somente aquilo que precisa para viver e não aquilo que se quer para viver, era ser humilde de coração, servindo aos semelhantes e aos mais necessitados que estão a sua volta o melhor que puder, era buscar construir o Corpo-Alma, esse veículo tão importante no crescimento espiritual e fundamental para darmos o próximo passo nesse Esquema de Evolução. Atualmente só não busca a parte espiritual quem não tem vontade (os que vivem arrumando desculpas para não o fazer), com isso o tempo vai passando, e quando se quiser “se dedicar a parte espiritual”, se quiser correr atrás do “do que será definido como tempo perdido”, poderá ser tarde demais para essa vida aqui. Quem sabe na próxima, daqui mais ou menos a 1000 anos?
O que é Mount Ecclesia?
Mount Ecclesia é um local pitoresco localizado na cidade de Oceanside, Califórnia (sul da Califórnia) e é a localização da sede internacional da Fraternidade Rosacruz (a The Rosicrucian Fellowship).
É também o local onde está Templo de Cura Espiritual, chamado “A Ecclesia”, situado no promontório de uma elevada mesa (ou seja, de um acidente geográfico caracterizado por uma área elevada de solo com um topo plano, rodeada por todos os lados por escarpas inclinadas.) com vista para o Vale do Rio San Luis Rey e a Missão Franciscana San Luis Rey de Francia fundada em 1798.
Em 7 de abril de 1995, foi adicionado ao Registro Nacional de Lugares Históricos como o Templo da Fraternidade Rosacruz.
Mount Ecclesia foi inaugurada em 28 de outubro de 1911, por meio de uma cerimônia da implantação de uma grande Cruz trilobada com as iniciais C.R.C. — significando Christian Rose Cross, o líder maior da Ordem Rosacruz — pintado em letras douradas nas três extremidades superiores – e com uma roseira trepadeira vermelho-sangue.
O Templo de Cura Espiritual, chamado “A Ecclesia” foi erguido com o propósito de fornecer meios mais poderosos para a cura de doenças e enfermidades, utilizando o processo de Cura Rosacruz, e dedicado em 25 de dezembro de 1920.
As Reuniões de Cura Espiritual Rosacruz são realizadas nesse local sagrado em um horário regular todos os dias pelos Probacionistas que dedicaram suas vidas a essa obra Rosacruz.
Desde a sua fundação, a Fraternidade Rosacruz observa fielmente a condição básica, estabelecida por seu fundador, Max Heindel, de que nenhum preço, quotas, taxas ou quaisquer outros tipos de pagamentos financeiros devem ser cobrados pelos Ensinamentos Rosacruzes.
O arquétipo da fundação de Mount Ecclesia, o mais alto ideal ou missão, é se tornar um Centro Espiritual no mundo, como um esforço “para unir e harmonizar uns com os outros, ensinando uma Religião que é tanto científica quanto artística, e reunir todo o Cristianismo Esotérico em uma só grande Fraternidade Cristã.”.
A paisagem de Mount Ecclesia, com suas 24 estruturas (23 edifícios e a área cônica da entrada principal), os belos jardins de rosas e uma maravilhosa vegetação preservada — no meio de uma das áreas de desenvolvimento imobiliário mais caras e intensivas do mundo, no sul da Califórnia — tornou-se um paradigma de equilíbrio paisagístico entre o desenvolvimento de um ambiente construído e a conservação do ambiente natural.
Como em todos os templos solares, o portal do Templo de Cura Espiritual (A Ecclesia) está voltado para o leste (o nascer do Sol). Em frente ao portal estão duas palmeiras.
O portal é constituído por uma estrutura triangular assente em duas colunas redondas (pilastras), contendo ao centro um triângulo equilátero com o ‘olho que tudo vê’.
As colunas fundem os estilos grego e romano, cada uma com um capitel coroado por um globo rematado.
A arquitetura redonda do edifício de 12 lados é composta por arcos redondos e estreitas janelas redondas internas.
Sua grande cúpula é composta por uma cúpula coroada por um globo dourado com remate de luzes.
O portal interno e o interior do Templo são ornamentados com símbolos alquímicos e astrológicos.
É um templo solar dedicado à chegada da Era de Aquário.
O Autêntico Estudante Rosacruz Demonstra Sinceridade no Seu Propósito
Ao estudar e praticar os ensinamentos que temos na Fraternidade Rosacruz, que é uma Escola Filosófica de Cristianismo Esotérico, isto é, interno, vamos nos desenvolvendo espiritual exatamente do modo que Cristo nos ensinou – na Sua primeira vinda –, isto é: de dentro para fora.
Aprendemos na Fraternidade Rosacruz as realidades do Cristianismo Esotérico, com uma clara compreensão do significa dizer que “somos feitos à imagem e semelhança de Deus”.
Se somos seguidores dos Ensinamentos de Cristo precisamos levar, também, uma vida de pureza – até onde conseguimos, dado que somos limitados – e, aqui sim sem limites, uma vida focada em servir amorosa e desinteressadamente o irmão ou a irmã que está ao nosso lado (o próximo) considerando unicamente a divina essência nele ou nela oculta (o que nos faz esquecer todos os defeitos dele ou dela), pois isso é a base da fraternidade!
Aprendemos a significância esotérico do evento bíblico onde “Cristo expulsou os mercadores do Templo”, o que nos leva a pensar, a refletir, a meditar que para haver paz dentro do nosso “templo interno” – que é realmente o que somos –, é preciso limpá-lo dos desejos, sentimentos e emoções inferiores, do egoísmo, da vanglória, do orgulho, das riquezas, do poder e da fama mundanos.
Estudamos na Fraternidade Rosacruz a trajetória de Cristo (desde antes de “aparecer entre nós”, passando pela Sua primeira vinda e depois que partiu “para preparar o lugar para nós”), onde aqui pessoalmente pregou o Evangelho e curou os enfermos, viveu os mandamentos básicos da Sua mensagem, mostrando como devemos agir para nos elevar espiritualmente e ajudar eficazmente aquele ou aquela que precisa e que quer ser ajudado ou curado de fato.
Para nós, Aspirantes à vida superior – Estudantes Rosacruzes – Cristo é um Ideal que buscamos atingir, para isso muito nos ajuda a Fraternidade Rosacruz, que por meio dos ensinamentos nos fornecidos pelos Irmãos Maiores – seres humanos exatamente como nós, mas que se esforçaram e por mérito chegaram a um elevadíssimo nível de conhecimento – e, assim, conhecedores da natureza humana, nos ensinam racional e devocionalmente (em um equilíbrio perfeito) como realizar essa gigantesca tarefa de transmutação, pelos caminhos paralelos e simultâneos do Coração e da Mente.
O autêntico Estudante Rosacruz demonstra sinceridade no seu propósito, buscando o bem coletivo, não guardam os Ensinamentos Rosacruzes para si mesmos, mas os vive, os pratica e os divulga no dia a dia, no cotidiano. São Cristãos conscientes; sabem que a tarefa é difícil, porém não é impossível, que tudo é questão de estudar, entender e vivenciar o Cristianismo Esotérico.
E isso é aberto é possível para qualquer um que queira: elevar-se espiritualmente; basta ter muita força de vontade e persistir, persistir e persistir. Afinal, como nos ensina Max Heindel: “o único fracasso é deixar de tentar, é deixar de lutar”.
A maternidade é Sagrada e, como tal, Deve Ser Reverenciada
Apesar de os “Dias das Mães” tem sido definido, desde o início, como um “evento para alavancar o comércio”, dado a quantidade de pensamentos positivos, desejos, emoções e sentimentos superiores criados por tantos filhos e filhas nesse dia, em direção às respectivas mães, vale a pena, aproveitar esse ambiente para “entender” esotericamente essa missão que, quando renascemos aqui com um ser do sexo feminino, podemos ter a graça de Deus em exercê-la.
Se acompanhamos as tendências, vira e mexe, há tentativas em menosprezar a maternidade e caracterizando-a como algo enfadonha, sofredora, “deformadora do corpo”, “prisioneira e restritora de um modo de vida” e outros adjetivos, todos de cunho egoísta.
No entanto, a maternidade quando analisada sob a luz dos Ensinamentos Rosacruzes é um dos atos mais nobres a que uma mulher pode aspirar, além de ser um dos mais importantes a que possa se submeter.
Isso porque as responsabilidades e os privilégios da maternidade, se encarada com reverencia e seriedade, pode ser uma das experiências mais gratificantes no plano físico, além de, logicamente, proporcionar grande crescimento anímico, crescimento da alma da mãe.
Oras, a mãe providencia o veículo inicial que irá ser utilizado pelo Ego que está a caminho do renascimento. É no útero da mãe, quando há a fecundação, onde o Átomo-semente do Corpo Denso do Ego, que está se preparando nascer, que está na cabeça do espermatozoide que fecundou o óvulo, e a matriz do Corpo Vital já está lá – no útero da mãe – é que se desenvolve todo o novo Corpo Denso desse Ego. A mãe exerce um trabalho importantíssimo nesse que é um dos momentos mais difíceis para o Ego: “morrer” nos Mundos espirituais para uma vez mais, “nascer” na Região Química do Mundo Físico, o Mundo material.
Uma vida pura, vivida sob os ditames das Leis de Deus, é o melhor preparo para a maternidade. Quanto mais experiência a mãe adquire ao procurar dar o melhor tratamento possível aos seus veículos, mais capaz ela será de trabalhar com a criança. Certamente, não importa que direção a vida tenha tido nos anos anteriores a concepção; tão logo uma mulher tome consciência de que está grávida, é de sua responsabilidade esforçar-se para ter bons pensamentos e praticar atos que beneficiem seu futuro filho ou sua futura filha.
A maternidade é sagrada e, como tal, deve ser reverenciada. Crianças devem nascer de uniões inspiradas pelo amor mais profundo e altruísta e ideais espirituais os mais elevados possíveis, porque assim, e somente assim pode a promessa de uma mais nobre humanidade ser cumprida e as crianças de um novo tipo de ser humano nascerem.
O maior poder conquistado do universo é o Amor e um elemento poderoso pode produzir esse poder e força — a maternidade. O amor de mãe poderá, algum dia, reger o mundo. Então, não mais haverá guerras e brigas.
Quando nós reconhecermos essa gloriosa missão de produzir crianças que criarão um estado de harmonia, paz, boa vontade e amor fraternal, isso nos fará compreender a resposta à prece: “O Reino vem; Ele será feito na Terra tanto como no Céu”. Então entenderemos verdadeiramente: “Paz na terra e a boa vontade entre os homens”. “Toda mulher é uma mãe em potencial e pode, por meio da maternidade, transmutar sua natureza inferior em elevados poderes espirituais para o seu próprio desenvolvimento. Toda mãe é, literalmente, a mãe de um Deus em gestação.” – por Augusta Foss Heindel
Fraternidade Rosacruz – Algumas das perguntas que recebemos e que talvez possam ser dúvidas de mais Estudantes Rosacruzes
1) Pergunta: Hitler não deveria vagar para Saturno e, de lá, ir para o Caos, por ter perdido a alma pelas crueldades indescritíveis que praticou?
Resposta: Nosso irmão Hitler (sim, ele é nosso irmão, filho do mesmo Deus que criou cada um de nós) não há como ter certeza de que ele perdeu seus Átomos-sementes devido as atrocidades que ele fez. Sim, ele cometeu coisas atrozes e indignas de um ser humano. Mas, e os outros que estavam com ele? Ah! fizeram só porque ele mandou? É assim que devemos pensar? Aqui não há uma pessoa só que é culpada, não é mesmo? Até o povo alemão que estava renascido naquela época tem uma grande parcela de culpa, não é?
Por outro lado, você já estudou outros irmãos e irmãs que foram tão – ou até mais – atrozes e indignas do que Hitler. E que não são considerados porque não há registros testemunhais, nem imprensa e muito menos vontade? Consegue nos citar alguns, para efeito de comparação?
Hoje temos, em torno, de 10 mil irmãos e irmãs que morrem de fome POR DIA! E isso já há alguns anos!! Quem são os irmãos e irmãs culpados dessa atrocidade e desumanidade? Consegue elencá-los ou você nos dirá que é a ONU ou o “conjunto de países mais ricos” ou “os homens mais ricos do mundo”?
Cuidemo-nos para não nos cristalizarmos, ao focarmos em “efeitos” e não em “causas”, em querer achar um único culpado por algo, quando há muito mais culpados do que pensamos.
Quando se diz que em tempo de pandemia e em tempo de guerra é que a Ciência material mais avança – e onde há muitas pessoas que ficam milionárias – há algo muito errado na tabela de valores da nossa humanidade, não?
2)Pergunta: Max Heindel nos diz — em “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas”, volume 2, pergunta 6, que nos Mundos invisíveis muitas pessoas vivem exatamente como aqui, inclusive tendo casa e comida. Mas em que região isso ocorre, no Mundo do Desejo? Acontece antes que essas pessoas decidam entrar no Purgatório e daí seguir sua jornada rumo aos Planos mais elevados?
Resposta: Sim, isso ocorre nas 3 Regiões superiores do Mundo do Desejo. Isso só ocorre depois do Ego passar pelo Purgatório e pelo Primeiro Céu. Normalmente, lá vivemos, referente ao tempo que contamos aqui, um terço do tempo da nossa última vida. Dependendo de como vivemos a última vida aqui, trabalhamos muito lá, seja nas reconstruções da fauna, da flora, dos ambientes de evolução, na aprendizagem de construções de Corpos Densos (em material de desejos, a partir dos Arquétipos) de irmãos e irmãs que estão se preparando para nascer. Como a matéria de desejos é extremamente plástica, dependendo do nosso desejo, podemos construir casas, lares, cidades, caminhos, jardins, e até uma rotina de dia a dia. Só não há uma coisa lá: descanso, pois não temos o Corpo Denso que é necessário revitalizar todas as noites. Não há noite nem dia. É um eterno momento de atividades. É o paraíso. O “Jardim do Éden”.
Pergunta: Por que a Terra não tem um Espírito Planetário que lhe seja próprio ou inerente?
Resposta: Não tem porque a grande maioria dos Egos humanos que estão usando esse Campo de Evolução (o Planeta Terra atual) para trilhar esse Esquema de Evolução cristalizou esse Campo a um nível tão intenso que quase todo o Campo foi perdido – e para que isso não ocorresse quase uma segunda Lua (como campo de desintegração) teve que ser criada para que os Egos humanos que foram os responsáveis por essa cristalização pudesse continuar evoluindo em um Campo de Evolução menos intenso e os demais pudesses continuar na Terra. Se isso ocorresse, TODOS sem exceção sofreria um grande atraso nesse Esquema de Evolução. Graças à Deus houve um Ser que se sacrificou para que isso não ocorresse e nos apresentou um Plano de Salvação que é para seguirmos, difícil sim, mas foi feito para conseguirmos chegar até o seu fim.
Antes, simplesmente não tinha; agora, é o Cristo; no futuro, será a humanidade divinizada. Por que os outros planetas têm Espíritos Planetários e a Terra, não? Resposta: Como ocorreu com todos os outros Planetas (exceto Marte) era para a Onda de Vida humana assumir o papel de Espírito Planetário, tão logo ela atingisse o desenvolvimento espiritual para tal. No entanto, devido a nos cristalizarmos na matéria e nos atrasar, Cristo teve que vir e, dentre outras coisas, assumir como Regente do Planeta Terra.
SERVIÇO DE AUXÍLIO E CURA
Todas as semanas, quando a Lua se encontra num Signo Cardeal ou Cardinal (Áries, Câncer, Libra ou Capricórnio), reunimo-nos com o propósito de gerar a Força Curadora por meio de fervorosas preces e concentrações. Esta força pode depois ser utilizada pelos AUXILIARES INVISÍVEIS, que trabalham sob a direção dos IRMÃOS MAIORES com o propósito de curar os doentes e confortar os aflitos.
Nessas datas, as 18h30, os Estudantes podem contribuir com esse serviço de ajuda, conforto e cura, sentando-se e relaxando-se na quietude do seu lar ou onde quer que se encontre, fechando os olhos e fazendo uma imagem mental da Rosa Branca e Pura situada no centro do Símbolo Rosacruz.
Em seguida oficie o Ritual do Serviço Devocional de Cura e concentre-se intensamente sobre AMOR DIVINO e CURA, pois só assim, você poderá fazer de si um canal vivo por onde flui o Poder Divino Curador que vem diretamente do Pai. Após o serviço de cura, emita os sentimentos mais profundos do amor e gratidão ao Grande Médico para as bênçãos passadas e futuras da cura.
Datas de Cura:
Junho: 06, 12, 19, 26
“Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.” Isaías 53:4-5