Outubro de 1912
Revendo a lição do mês passado, os pontos mais importantes são a grande antiguidade e a origem cósmica dos dois grandes movimentos conhecidos agora como Maçonaria e Catolicismo – movimentos instituídos, respectivamente, pelos Filhos do Fogo e pelos Filhos da Água. É verdade, como estabelecido no livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, que a Iniciação dos seres humanos só começou nos meados do Período Terrestre, quando o fogo da Lemúria batalhava com as águas da Atlântida, mas também é verdade que a educação da Humanidade depende do preparo que os seus instrutores tenham recebido em evoluções anteriores. A atitude assumida pelos dois grupos de Anjos teve como resultado os movimentos antagônicos acima mencionados. Os Anjos caídos[1] e o ser humano caído[2] estão intimamente conectados com o trabalho do mundo e sob o domínio dos seus governantes temporais. De Lúcifer, o Espírito de Marte, procede o ígneo sangue vermelho, que é o veículo de toda a energia material, da ambição e do progresso; mas, também, é o veículo da paixão que o mancha e que tem causa o fluir até a Terra ficar vermelha. De Jeová procede a Lei restritiva e o castigo pelo pecado cometido.
O Diagrama abaixo reproduz as Épocas através das quais o Espírito Virginal desce e ascende e, também, os Mundos e seus correspondentes Corpos – assim as conexões relativas dos vários fatores ser tornarão evidentes.
Na Lemúria, a terra da Terceira Época, a Humanidade foi separada em sexos: masculino e feminino. Naquele momento, éramos seres espirituais alcançando a materialidade, e os pioneiros ouviam ansiosamente o “evangelho do Corpo” que eles sentiam vagamente, mas, aprenderam a conhecê-lo, conforme o tempo passava, e os Mundos espirituais desaparecia de sua visão. Então, os Espíritos Lucíferos foram os instrutores da mulher (Eva), e Jeová se dirigiu-se ao homem (Adão). Naqueles tempos, a mulher era mais adiantada que o homem, em assuntos materiais, porque estávamos no arco descendente do Caminho de Evolução.
Quando o ponto de virada foi alcançado e passado, em meados da Época Atlante, a mulher, gradualmente, se tornou mais inclinada para a espiritualidade. Ela começou a ouvir a voz de Jeová e a encher as igrejas em um esforço para satisfazer as aspirações espirituais dela, enquanto o homem foi gastando a energia marciana dele ao longo de linhas materiais, originalmente, defendidas pelo “Portador da Luz”, Lúcifer.
Assim como a luz branca muda de cor de acordo com o ângulo de refração, assim também o ponto de vista do Espírito muda com o sexo de sua vestimenta; mas, da mesma forma que o Espírito alterna, em seus renascimentos, o sexo masculino e feminino, nós podemos facilmente equilibrar os pratos da balança e escolher o melhor caminho em ambos os sexos. Nossas próximas lições apontarão o caminho, mas podemos afirmar que, Aquele que disse: “Eu sou a Luz verdadeira”[3], está no final do caminho. Tanto Lúcifer como Jeová são, igualmente, degraus no Caminho para a Verdade e a Vida.
(Cartas aos Estudantes – nº 23 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Nome que significa os Anjos Lucíferos ou Espíritos Lucíferos.
[2] N.T.: É o ser humano que praticou o evento a “Queda do Homem”, abusando da força sexual criadora.
[3] N.T.: Jo 1:9
Resposta: Durante as primeiras três e meia Revoluções do Período Terrestre, a influência de Marte foi primordial para nos galvanizar à ação, mas, desde os meados da Época Atlante, quando a Mente foi fornecida a todos nós, a Evolução e a Epigênese (o exercício do nosso talento criativo original) estão, gradualmente, nos levando em direção a Deus. Enquanto a influência de Marte era primordial, como já foi dito, a influência mercurial era quase nula, pois o Planeta Mercúrio estava em obscuridade, passando a um dos repousos planetários periódicos, do qual começou a emergir durante a Época Atlante, quando os Senhores de Mercúrio foram chamados por Jeová para ajudá-lo a contrabalançar a influência dos Espíritos Lucíferos sobre a Humanidade. Desde então, a influência de Mercúrio vem aumentando constantemente, mas levará ainda muitos milênios antes que toda a influência dele se faça sentir. Não há processos repentinos na Natureza e leva muito tempo para um Planeta entrar em repouso ou para sair de um período de obscuridade. Não podemos esquecer, também, que não estamos mentalmente qualificados para aproveitar ao máximo as vibrações mercuriais tais como existem atualmente, pois os seres que evoluem no Campo de Evolução do Planeta Mercúrio estão muito além do nosso estágio de desenvolvimento, embora eles, tanto quanto todos os outros Planetas, estejam seguindo linhas de Evolução diferentes comparadas as que se desenvolvem na Terra.
Quanto à cor de Mercúrio, podemos dizer que quando alguém está no Corpo Denso e focaliza a sua visão no Mundo do Pensamento Concreto, a primeira cor que vê é o azul-escuro ou índigo, algo semelhante à cor intensa do núcleo azul de uma chama de gás. Às vezes, a cor parece mais escura do que em outras, embora, provavelmente, isso seja devido às condições do observador, mas dá uma impressão de totalmente vazio. O sentimento e a sensação são algo semelhante àquela que tem uma pessoa que esteve exposta a uma luz solar intensa e que, rapidamente, entra em casa. A visão deve se adaptar às condições internas da casa e, até que o faça, tudo aparece preto ou escuro. Então, gradualmente, a pessoa percebe uma luz branca sobre e através de todas as coisas.
Toda a Região do Pensamento Concreto é, basicamente, de um branco deslumbrante e brilhante, ou talvez incolor, e aí as diferentes coisas assumem uma cor que se destaca ainda mais nítida e brilhante devido à luz totalmente incolor que permeia toda a Região. É, provavelmente, devido a essa claridade absolutamente cristalina que não há percepção espacial possível. A Mente é formada dessa matéria mental incolor e, por ser perfeitamente neutra, é capaz de mostrar outras coisas em suas verdadeiras cores.
Talvez possamos explicar melhor o assunto pela ilustração de um binóculo. Se usarmos um de qualidade inferior, veremos que o vidro não é muito nítido e que as lentes mostram várias cores. Por isso, os objetos sobre os quais essas lentes estão focalizadas são vistos de forma indistinta, com suas cores distorcidas; mas, se conseguirmos um instrumento de primeira qualidade, por assim dizer, cromático, ele não apresentará quaisquer cores nas lentes e poderá, portanto, transmitir as verdadeiras cores dos objetos sobre os quais está focalizado. Sendo perfeitamente claro e absolutamente neutro, pode ser focalizado sobre objetos distantes. Os raios mercuriais são singularmente bem adaptados para expressar a faculdade mental pela razão semelhante de que eles próprios são incolores.
(Pergunta nº 122 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Há dois importantes assuntos ligados com a vida do Cristão e que é nos ensinado por S. Paulo: “Rogai-vos, pois, irmãos pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos Corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Que é o vosso culto racional.” (Rm 12:1). O primeiro, é o fato de que o Corpo Denso deveria ser um sacrifício vivo oferecido ao Deus interior, e o segundo, é o culto ou o Serviço prestado pelo Corpo ao Espírito em sua evolução. Em poucas palavras, os Corpos são necessidades ou requisitos para a evolução do Espírito e, por isso, são os servos do Deus interior. Esse serviço é o seu sacrifício que termina com a morte.
O Estudante Rosacruz ponderará, agora, o valor da Filosofia Rosacruz que, em sua sabedoria, ensina a manter uma Mente Pura, um Coração Nobre e um Corpo São, para servir a nós, o Ego (um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado), durante o nosso desenvolvimento. De fato, tudo foi criado para o propósito de servir aos outros. Cada um, a seu modo, fornece o necessário para a existência do outro, consciente ou inconscientemente, e dessa forma, o Serviço se torna o fator proeminente da evolução. Logo, “aquele que quiser ser o maior, seja o servo de todos.” (Mc 9:36)!
Nós fomos, primeiramente em um passado longínquo (que na Fraternidade Rosacruz chamamos de Primeira e Segunda Dispensações, ou Dispensações Jeovísticas), ensinados a servir o nosso Deus, fazendo e oferecendo sacrifícios ao nosso Criador e, assim, aprendemos que o serviço requer sacrifício. Naquele tempo não poderíamos compreender que devíamos fazer de nós mesmos um sacrifício vivente e, por isso, oferecíamos, em seu lugar, um animal, que era parte de nós, pois nos pertencia para compensar o pecado que houvéssemos cometido, de acordo coma Lei da Religião de Raça vigente, a de Jeová, o Deus de Raça. Hoje, como seguidores de Cristo, nós nos oferecemos como sacrifícios vivos, e não as nossas posses, para agradá-Lo. Sacrificamos nosso “eu pessoal” pelo bem da Individualidade impessoal, servindo e auxiliando os outros onde e quando podemos. Nosso primeiro serviço foi para obter algum lucro, mas quando estamos sintonizados com o Raio de Cristo, nosso serviço é pela Glória da Alma. Procuramos fazer aos outros o que o Cristo fez por nós, tornando-nos servos do Cristo, que é o nosso culto racional e devocional.
Na evolução do modo de servir, como na evolução de todas as coisas, avançamos por meio da purgação da escória e dos resíduos. Isto é, na realidade, uma purificação. Nosso progresso, em “qualidade” de serviço, depende grandemente da purificação das nossas emoções, dos nossos desejos e dos nossos pensamentos que bem adquirimos por meio de nossa tentativa honesta de praticar o Exercício Esotérico noturno da Retrospecção. “Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus” (Mt 5:8). Por mais que falemos, não poderemos exaltar, convenientemente, a importância do Exercício Esotérico noturno da Retrospecção, quando apresentamos nossos Corpos como sacrifícios viventes, oferecidos a Deus. Devemos compreender, perfeitamente, que um Exercício Esotérico noturno da Retrospecção feito pela metade, isto é, sem o correspondente profundo sentimento, não poderá queimar e, portanto, apagar os acontecimentos indesejáveis que praticamos durante o dia e que foram gravados no Átomo-semente do Corpo Denso. A menos que sintamos o fogo do remorso cauterizar, queimar o âmago do nosso coração, o Exercício Esotérico noturno da Retrospecção não está completo; a gravação não será apagada, e nossas vidas continuarão sem crescimento anímico apreciável.
Temos o testemunho que o serviço perfeito e ideal é um exemplo para nosso progresso, no sacrifício do Cristo que volta a nós nesta época do ano no mês de setembro. O Sol, passando pelo Signo do Serviço, o da Imaculada Virgem, concebe e nos traz o Raio do Cristo dos Reinos superiores. Esse Raio do Cristo Cósmico nasce no último princípio da trindade maternal por meio do Signo de Virgem, com sua essência de pureza. Podemos, na realidade, sentir que a Gloriosa Luz Dourada, o Corpo do Cristo Cósmico descendo do “Céu à Terra”, reveste a Vida e o Amor do nosso Redentor. Esse acontecimento nos traz o terceiro Grande Festival Cristão, na série dos acontecimentos da Vida de Cristo, e é celebrado na Festa da Concepção. A terceira mudança na Vida de Cristo ocorre no Equinócio de Setembro, quando o Sol está no Signo de Virgem e a Vida do Cristo viaja desde a superfície da Terra até o seu centro, que é atingido pelo Natal, com mais um “Nascimento” do Cristo aqui na Terra. É essa Imaculada Concepção da Virgem, do Signo de Virgem, que presta o maior dos serviços: a Vida do Cristo “morre para o Mundo Celeste para nascer no mundo terrestre”. “Maior amor não existe do que esse: dar a vida pelo seu amigo.” (Jo 15:13); esse é o maior serviço que pode ser prestado.
É interessante notar que o Signo Virgem é, essencialmente, o Signo da pureza e que Mercúrio é o Planeta que nesse Signo está, ao mesmo tempo, Exaltado e Essencialmente Dignificado, por ser seu Regente. A Hierarquia Criadora de Virgem é conhecida como os Senhores da Sabedoria e, sendo a mais elevada Hierarquia Criadora ativa atualmente, tem a seu cargo auxiliar o desenvolvimento do nosso veículo Espírito Divino de cada um de nós, durante o atual Período Terrestre. Foi durante a segunda Revolução do Período Solar que os Senhores da Sabedoria irradiaram de seus próprios Corpos o germe do Corpo Vital, tornando-o capaz de interpretar o nosso Corpo Denso com a capacidade de crescimento e de propagação posterior, excitando os centros dos sentidos do Corpo Denso e fazendo-o, com isso, capaz de se mover, servindo de instrumento perfeito e obediente para o nosso uso.
Do Planeta Mercúrio, alguns dos seus habitantes foram enviados a Terra para trabalhar conosco. São conhecidos pelos Estudantes Rosacruzes como Senhores de Mercúrio. Eles ensinaram e guiaram os mais adiantados seres humanos da Humanidade e os elevaram à categoria de reis, fazendo-os dirigentes do povo, por meio da arte do domínio próprio e do domínio sobre os outros. No atual Período Terrestre, já passamos pela metade dita marciana do Período Terrestre (até metade da quarta Revolução no Globo D) e estamos seguindo o curso da metade dita mercuriana do Período Terrestre (da metade da quarta Revolução no Globo D até o final da sétima Revolução no Globo G), estando, portanto, sob uma maior influência mercuriana. Uma das coisas que os Senhores de Mercúrio vão nos ensinando é como deixar o Corpo Denso utilizando a nossa vontade e como funcionar nos nossos veículos superiores, independentemente do Corpo Denso que, assim, se tornou uma habitação aprazível, ao invés vez de uma prisão fechada; se tornou um instrumento, ao invés de grilhões embaraçantes. Durante as últimas três e meia Revoluções do Período Terrestre, Mercúrio está nos ensinando isso por meio da Iniciação. Mercúrio polarizou o metal que leva o seu nome, o mercúrio, que evapora pelas paredes do vaso que o contiver e que é assemelhando à Mente. Essa Iniciação pode ser alcançada por meio da purificação da Mente, enquanto o Sol passa pelo Signo da Virgem, e por meio da influência dos Senhores de Mercúrio, Irmãos Maiores da atual Humanidade.
O cordão espinhal é o elo entre os dois órgãos criadores: o cérebro, que é o campo de ação dos intelectuais mercurianos, e os genitais que são o campo de ação dos sensuais e apaixonados Espíritos Lucíferos. A Mente inferior (ou concreta) se juntou à paixão egoísta, sendo missão dos Senhores de Mercúrio, que são de inteligência superior, nos ensinar como usar a Mente sem egoísmo, como torná-la verdadeiramente criadora, de modo, que não mais dependeremos do progresso sexual de gerações que agora está sendo utilizado em Corpos separados.
Hoje, como estamos dentro da época Mental-Mercuriana, os efeitos mentais à distância estão sendo realizados e, portanto, bem podemos compreender a verdade enunciada por Cristo no Seu Sermão da Montanha: “Todo aquele que olhar para uma mulher desejando-a, com ela já praticou o adultério no seu coração” (Mt 5:28).
Assim, setembro é, na verdade, o mês da purificação mental. Tenhamos diante de nossa Mente a imagem da Virgem Imaculada simbolizada pelo Signo de Virgem. É o estado atual da Mente, neste momento de concepção, que dará à luz mais tarde, quando o Raio da Luz do Cristo entrar na Terra no Equinócio de Setembro e viajar para o centro da Terra para nascer pelo Natal.
O Cristo do novo ano vem a nós de Deus-Pai, o mais elevado Iniciado do Período de Saturno, cuja Humanidade constitui, agora, os Senhores da Mente. Vem revestido da pureza mental e está pronto a nos assistir na transformação da nossa Mente apaixonada em uma Mente compassiva. É por intermédio de Mercúrio, o Mensageiro dos Deuses, e oitava inferior de Netuno, que poderemos acender, no canal espinhal, o fogo luminoso e brilhante da purificação e regeneração que nos habilitará a apresentarmos nossos Corpos como um sacrifício vivente, tanto agradável a Deus por ocasião da Festa dos Tabernáculos. Afinal, não há outro caminho senão: “Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém me servir, meu Pai o honrará.” (Jo 12:26).
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – agosto/1979 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Setembro de 1916
O ponto mais importante da lição do mês passado é o poder da paixão para degenerar aqueles que se entregam a ela. Isso nós ilustramos no caso dos antropoides superiores (orangotangos, gorilas, chimpanzés e bonobos)[1], que ficaram para trás e degeneraram em forma semelhante à dos animais, por causa das ações deles em abusar da força sexual criadora. A responsabilidade dos Espíritos Lucíferos por aquela condição foi detalhada no livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz e, também, o fato de que os antropoides superiores podem nos alcançar se evoluírem suficientemente antes da metade da próxima Revolução[2].
Mas, há uma dupla responsabilidade no conhecimento, como ensinado por Cristo: “A quem muito é dado, muito será exigido”[3]. E enquanto a transgressão dos que existiram naqueles dias primitivos pode ser perdoada, e isso comporta um atraso de milhões e milhões de anos, a condição daqueles que possuem a iluminação do conhecimento superior, que foi dado à Humanidade de hoje, e que transgridem a Lei[4] pelo abuso da força sexual criadora, pode se tornar mais sério do que o da classe que agora está evoluindo em formas de antropoides superiores.
A Magia Negra é praticada com muito mais frequência do que se poderia supor, algumas vezes de forma absolutamente inconsciente, pois a linha divisória pode estar unicamente no motivo. No entanto, se abusarmos do nosso conhecimento superior, ainda que sejamos mais refinados na indulgência com as nossas paixões, o resultado será certamente desastroso. Na atualidade, a força vital (exceto a quantidade insignificante que é necessária para a propagação da raça humana) deveria ser transmutada em Poder Anímico. Portanto, vamos continuar, insistentemente, no caminho da pureza, para que não nos vejamos em situação pior que a desses seres humanos degenerados encontrados como escravos de Lúcifer na “cozinha das bruxas” – como representado no mito de Fausto[5].
Se, em algum momento, formos tentados por pensamentos impuros, imediatamente voltemos nossas Mentes para outro assunto bem distante da sensualidade. Acima de tudo, respeitemos as leis do nosso país que requer o cerimonial de casamento, antes da união, pois ainda que as palavras da cerimônia de casamento não unam as pessoas, no entanto, são apropriadas para que professemos elevados ideais espirituais e não queiramos escandalizar vivendo juntos sem o casamento. Os que se acham sob as leis de um país, prestam perfeita obediência, como Cristo fez, pois quando cumprimos todas as leis de um país sem protesto porque é certo fazê-lo, então nos elevamos acima da lei e não estamos mais em cativeiro.
(Cartas aos Estudantes – nº 34 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: que pertencem a Onda de Vida humana, a que nós seres humanos pertencemos.
[2] N.T.: a quinta Revolução desse Período Terrestre. Hoje estamos na metade da quarta Revolução do Período Terrestre.
[3] N.T.: Lc 12:48
[4] N.T.: refere-se à Lei de Deus.
[5] N.T.: “Cozinha da Bruxa”, também chamado de “caverna de Feiticeira”, em português, faz parte da obra Fausto de Johann Wolfgang von Goethe. Segundo as palavras do próprio Goethe, que Eckermann registrou numa conversa datada de 10 de abril de 1829, a cena “A Cozinha da Bruxa” foi escrita no jardim da Villa Borghese em Roma, na primeira metade de 1788.
QUADRO VII
Vasta caverna de Feiticeira. Ao fundo, uma porta baixa e informe. Do lado esquerdo, uma lareira térrea; por cima dela uma espaçosa chaminé. Na lareira, assente numa trempe, um grande caldeirão. Na fumarada que dele sai, vão vislumbrando várias figuras. Espalhadas pela caverna tripeças, e uma canastra com diversos objetos, entre os quais um copo de dados, archotes, uma bola, uma coroa, um cartapácio encadernado de preto com broches de ferro. Pelas paredes sem reboco e afumadas, pendem desordenadamente vasilhas de mil formas, uma peneira, um espelho, uma vara, um abano de cauda. Uma cantareira com garrafas e copos.
CENA I
Ao pé do caldeirão, e a escumá-lo, com sentido que não se deite por fora, está sentada uma CERCOPITECA (macaca muito grande, de rabo comprido) (). O CERCOPITECO (o macho) está sentado, com os filhinhos ao pé, a aquecer-se. FAUSTO, MEFISTÓFELES.
FAUSTO (a Mefistófeles)
Este sarapatel de nigromâncias
faz-me nojo, declaro. E projetava
este diabo restaurar-me a vida
em tão vil charco de hediondezes fúteis!
Aconselhem-se lá co’uma carcaça!
Ou tenham fé que possam burundangas
duma cozinha assim descarregar-me
trinta anos do cachaço. A não saberes
receita que mais valha, estou servido.
Pois dar-se-á que não tenha a natureza
algum bálsamo seu, já descoberto
por algum alto engenho?
MEFISTÓFELES
Aí ’stão palavras
que mostram não ser parvo o nosso amigo.
Sim senhor; sem sair da natureza
há também com que um homem se remoce.
Vem isso noutra obra; e bem curioso
que ele é, o tal capítulo.
FAUSTO
Declara-o!
MEFISTÓFELES
Guapa receita. E curativo grátis,
sem precisar Doutor, nem feiticeira.
Ponha-se fora; vá-se aos campos; are;
cave; enclausure-se, alma e corpo, em solo
dadivoso, mas parco; esteie a vida
com frugal passadio; aprenda e exerça
co’os seus brutinhos o viver nativo;
não julgue desairar-se, em repartindo
por suas mãos o adubo ao chão que o nutre.
Fie-se em mim: se há coisa que descargue
de oitenta anos, é isto.
FAUSTO
Agora é tarde
para me acostumar. Nunca até hoje
peguei num alvião. Para o meu génio
esse viver obscuro era insofrível.
MEFISTÓFELES
Então, é recorrer à feiticeira.
FAUSTO
Mas porque há-de ser logo a preferida
a tal mondonga velha? Não podias
preparar-me tu próprio a beberagem?
MEFISTÓFELES
Belo divertimento! Eu preferia
gastar o tempo em construir mil pontes.
Para arranjar os filtros desta casta
quer-se, além do saber, paciência e muita,
e atenção de anos largos; só co’o tempo
é que se alcança o fermentar completo
do líquido eficaz. Pois a quantia
d’ingredientes raríssimos! É certo
que o diabo é quem os sabe, e ensina tudo;
mas lá para os estar manipulando
é que não tem pachorra.
(Reparando nos animais)
Olhe a gracinha
do casal que ali está! São a criada
e o servo cá da casa.
(Aos animais)
Olá! já vejo
que a velhusca, vossa ama, anda por fora.
OS ANIMAIS
Eh eh eh eh!
Ao fricassé!
Foi pelo cano
da chaminé.
MEFISTÓFELES
Gasta lá nessas frescatas
muito tempo a feiticeira?
OS ANIMAIS
O tempo em que na lareira
nós aquecemos as patas.
MEFISTÓFELES (a Fausto)
Que tais acha estes nossos bicharecos?
FAUSTO
Ai! de apetite! Nunca os vi mais feios.
MEFISTÓFELES
E eu então o meu gosto é conversá-los.
(Aos animais)
Dizei, bonecos danados,
que tendes no caldeirão,
que estais tão azafamados
a mexer co’o colherão?
OS ANIMAIS
Pois não vês? esta iguaria
são as sopas dos mendigos.
MEFISTÓFELES
Nesse caso, meus amigos,
tereis muita freguesia.
O CERCOPITECO (tira da canastra o copo dos dados, e vai-se chegando a MEFISTÓFELES fazendo-lhe muitas festas)
Joguemos aos dados!
Meu rico parceiro,
não tenho dinheiro,
fazei-mo ganhar.
Ser pobre é ser parvo.
Espírito nobre,
salvai-me de pobre,
salvai-me de alvar.
MEFISTÓFELES
Este cercopiteco endoidecia,
se pudesse ganhar na loteria.
(Nestes entrementeses, andam os cercopitequinhos a brincar com uma grande bola que tiraram da canastra, e vão rolando diante de si.)
O CERCOPITECO
Tal é o mundo!
Rolar, correr,
subir, descer.
Vidro rotundo
sonoro e oco,
a pouco e pouco
fendas a abrir.
Aqui brilhante;
lá coruscante;
sempre cambiante,
sempre a fugir.
Fala-te um ente,
qual tu vivente,
qual tu mortal.
Evita, amigo,
esse inimigo
mundo fatal.
Crê-lo maciço,
e é quebradiço
como cristal.
MEFISTÓFELES
Que faz aqui esta peneira?
Tem algum préstimo?
O CERCOPITECO (tirando a peneira do prego)
Pois não?
Mostra a verdade nua e inteira.
Supõe que fosses um ladrão,
cara de santo e fala arteira,
logo eu te via a maganeira,
em observando o teu carão
pela peneira!
(Corre para a fêmea, a quem obriga a olhar para Mefistófeles, através da peneira)
Toma a luneta, companheira,
observa, observa o figurão.
Reconheceste-lo à primeira.
Declara o nome do ladrão!
Viva a peneira!
MEFISTÓFELES (aproximando-se do lume)
E este pote?
OS CERCOPITECOS (macho e fêmea)
Fora zote,
burro, estúpido, asneirão.
Não vês que é um caldeirão?
Chama a um caldeirão um pote!
MEFISTÓFELES
Bruta corja!
O CERCOPITECO (levanta-se arrebatadamente do chão um abano de rabo e mete-o na mão de Mefistófeles)
O quê! Depressa!
Toma o rabo deste abano!
Assenta-te na tripeça,
e esperta a fogueira, mano!
(Obriga Mefistófeles a sentar-se numa das tripeças, fazendo do abano ventarola)
FAUSTO (que durante todo este tempo, estivera parado defronte de um espelho, ora aproximando-se, ora recuando)
Oh mago espelho! que divina imagem!
Asas, asas, Amor! conduz-me a ela!
Se me acerco, recua, e mal a avisto
sombra de sombra esmorecida em névoa.
Tais graças feminis, dar-se-á que existam?
Estarei vendo neste esbelto corpo
das delícias dos céus a quinta essência?
Cabe ao mundo um tal dom?
MEFISTÓFELES
Naturalmente.
Quando lida na obra um Deus seis dias,
ao sétimo a contempla, e exclama: Bravo!
De ver está que executou portento
de costa acima. Farte os olhos, farte!
Deixe-me furoar que tarde ou cedo
lhe hei-de desencantar esse tesoiro.
Feliz quem no obtiver.
(Continua Fausto a olhar para o espelho. Mefistófeles espreguiçando-se na tripeça, e brincando com o abano, continua a falar.)
Que belo assento,
em que eu me estou aqui repetenando!
Nem rei no trono. Empunho um ceptro. Resta
vir a coroa radiar-me a testa.
OS ANIMAIS (que até aqui tem estado, uns com os outros, fazendo trejeitos e momices, trazem da canastra a Mefistófeles uma coroa, com grande algazarra)
Tome-a lá! Grude-a a si bem grudada,
com suores e sangue, oh Senhor!
(Ao brincarem à doida, deixam cair a coroa, que se parte em pedaços. Apanham-nos e atiram-nos por joguete uns aos outros.)
Ih! Quebrou-se a coroa sagrada!
Viva a turba! Acabou-se o temor.
Galrar já podemos,
de ventas no ar.
As zangas que temos,
até poderemos,
querendo, rimar.
FAUSTO (sem se apartar do espelho)
Ui que sanzala! Esvaem-me o juízo!
MEFISTÓFELES
Se até eu tenho a bola à roda, à roda!
OS ANIMAIS
E se a coisa desta feita
vinga e dá seu resultado,
das ideias a colheita
torna o mundo afortunado.
FAUSTO (como acima)
Já me arde o coração. Presto, fujamos!
MEFISTÓFELES
Já se vê pelo menos que estes mecos
tem para a poesia embocadura.
(Como a macaca tinha largado o caldeirão, começa este a entornar-se, ocasionando grande lavareda que sobe pela chaminé. Pelo meio dessa lavareda, desce a Feiticeira vozeando.)
CENA II
A FEITICEIRA e os MESMOS
FEITICEIRA
Ão, ão, ão, ão!
Maldita mona,
que me entornaste
o caldeirão,
e a vossa dona
incendiaste!
Maldita! ão, ão!
(Repara em Fausto e Mefistófeles)
Que temos? Vós quem sois? Quem teve o atrevimento
de vos deixar entrar? qual era o vosso intento?
Por entrardes sem vénia e a furto aos lares nossos,
má fogo que vos queime, e vos derreta os ossos!
(Mete o colherão na caldeira; tira-o cheio; sacode o líquido, que vai cair, convertido em chamas, sobre Fausto, Mefistófeles e os animais. Os bichos lançam grandes guinchos)
MEFISTÓFELES (levantando-se a súbitas, revira o abano com o cabo para fora, e começa a malhar com ele na caldeira, e em tudo que vê diante)
Ah! tu brincas? Pois eu faço
à tua solfa o meu compasso,
múmia ascosa. Na fogueira
vaso as sopas. A caldeira
ela aí vai tornada estilhas;
e atrás dela estas vasilhas…
Nada inteiro há-de ficar.
(A Feiticeira tem ido retrocedendo, cheia de terror)
Monstro! horror! arcaboiço! Olá! Não reconheces
o teu amo e senhor? Ínfima das refeces,
queres-te opor a mim? Não sei que me tem mão
que vos não leve a pau, desfeitas, de rondão,
tu, e toda a relé da tua bicharia.
Pois já esta demente acaso esqueceria
este cocar de galo? a cor de grã que eu visto?
até o meu semblante? Ainda, após tudo isto,
para saber quem sou precisa que lhe ponha
claro, eu próprio, o meu nome, a biltre sem vergonha!
A FEITICEIRA
Confesso, Grão Senhor, que foi mal-recebido.
Vossa alteza perdoe;… mas tinha-lhe esquecido
o pezinho cabrum e o par de corvos.
MEFISTÓFELES
Bem.
Por esta inda te passo.
(A Fausto)
Ele havia também
já tantíssimo tempo, a dizer a verdade,
que me não tinha visto!… A lei da humanidade
também se estende a nós: Le monde marche. Um vento
que se chama O Progresso, ora rijo, ora lento
mas constante, que varre e leva a quanto existe,
também por cá chegou. Foi-se o fantasma triste
do nevoento Norte. Onde há já ’í diabo,
que use chavelhos, garra ou pé de cabra e rabo?
Ora eu enquanto ao pé, – membro que não dispenso,
por ser quem me carreia em basta gente assenso –
quanto ao pé, anos há que uso ao disfarce botas,
como usam panturrilha os magrizéis janotas.
A FEITICEIRA (cantando e dançando)
Não caibo em mim d’alegria
por ver meu Dom Santanás
nesta minha cova fria,
tal como outrora soía,
lá quando eu era algum dia
menos velha, e ele rapaz.
Viva o meu Dom Santanás!
MEFISTÓFELES
Vedo que nunca mais tal nome se me dê.
A FEITICEIRA
Pois que mal lhe fez ele? explique-se: por quê?
MEFISTÓFELES
Nome é que anda há já muito entre outros mil escritos
no volumoso rol das fábulas e mitos.
(A Fausto)
Coisas da espécie humana: o génio mau proscrevem
e ficam-se co’os maus; a esses não se atrevem.
(À Feiticeira)
Chama-me se te apraz «Barão!» «Senhor Barão!»
Não há mais que dizer. Fico um fidalgarrão
como os do sangue azul. Quanto eu sou nobre, escuso
encarecer-to; e aí vão as armas do meu uso!
(Faz certo acionado.)
A FEITICEIRA (rindo a bandeiras despregadas)
Ah ah ah ah!
Ih ih ih ih!
Nunca vi, não há,
não há, nunca vi
brejeiro maior!
Bargante, bargante!
Em moço, tunante;
em velho, pior!
MEFISTÓFELES (a Fausto)
Repare, meu amigo e aprenda! Esta a maneira
como deve tratar co’a súcia feiticeira.
A FEITICEIRA
Que desejam agora estes senhores?
MEFISTÓFELES
Mando
que nos tragas já já um copo trasbordando
da sabida mistela, e quanto mais anosa
a tiveres, melhor, mais eficaz.
A FEITICEIRA
Gostosa
obedeço já já.
(Tira uma garrafa e um copo da cantareira)
Nesta garrafa tenho
com que dar ao seu mando óptimo desempenho.
Desta é que eu muita vez mato o bicho. Fortum
nem por onde ele passe. Um copo! e mais do que um
se quiser, essa é boa!
(Baixo a Mefistófeles)
Olhe que o sujeitinho,
se traga aquilo assim como quem bebe vinho,
sem se ter preparado, estoira antes de um’hora,
bem sabe.
MEFISTÓFELES (baixo à Feiticeira)
O teu receio é mal cabido agora.
Eu sou amigo dele e não lhe quero a morte.
Podes-lhe dar sem medo o que haja de mais forte
no teu laboratório. A l’obra, presto, a l’obra!
Risca-me nesse chão o círculo da cobra.
Reza lá o conjuro, e dá-lhe um copo cheio.
(A Feiticeira com solenes ademães, risca um círculo e põe-lhe dentro coisas esquisitas. Para logo principiam os utensis e os copos a traquinar, com certa afinação. Traz afinal um cartapácio. Mete no círculo os cercopitecos. Um deles fica a servir-lhe de estante. Os outros archotes tirados da canastra, e que per si se acenderam simultaneamente. A Feiticeira acena a Fausto, que se lhe acerque)
FAUSTO (a Mefistófeles)
Mas tudo isso a que vem? Patranhas vãs! Descreio
de quanto vejo aqui: visagens estudadas,
imposturas sem sal, tontices, meros nadas.
Sei tudo isso de cor; tenho-lhe nojo.
MEFISTÓFELES,
Asneira!
É forte bravejar contra uma brincadeira!
Pois não vês que a mulher não faz em tudo aquilo
senão seguir à risca o medical estilo?
para que te aproveite e preste a beberagem,
põe muito palavrão, muitíssima visagem.
A FEITICEIRA (empurra Fausto para dentro do círculo; e põe-se a ler no livro, declamando com grande ênfase)
Agora me explico,
Do um, dez fareis;
o dois deixareis;
o três uguareis;
e já sondes rico.
Lançar quatro fora.
Dos cinco e dos seis,
sete e oito fareis.
São estas as leis,
e andai-vos embora.
E os nove são um;
e os dez são nenhum.
E tenho acabada,
segundo cumpria,
toda a tabuada
da feitiçaria.
FAUSTO (a Mefistófeles)
Ela estará com febre? A modo que extravaga.
MEFISTÓFELES
Ai! de pouco se admira. Inda por ora a saga
do introito não passou; e todo o calhamaço
vai no mesmo teor. Eu já o li de espaço;
por sinal que até fiz sobre o seu conteúdo
o estudo mais cabal, mais sério, mais miúdo,
do que vim a inferir o que lhe exponho franco:
no que é contraditório, o sábio fica em branco,
assim como o ignorante. Esta arte, meu amigo,
é velha e nova; há nela, a par do imenso antigo,
algo também moderno. Inda não houve idade,
que, a bem de traficar co’a pobre humanidade,
não andasse a espalhar, com rara impavidez,
erros de três por um, ou erros de um por três.
Onde havia ensinar-se o claro, o verdadeiro,
mentiu-se adrede ao vulgo estólido e crendeiro.
Contra a superstição e audácia, era preciso
combater e suar; e a gente de juízo
preferiu sempre a tudo um bom viver pacato.
Nos mortais em geral dá-se um pendor inato
para absorverem crença. Era melhor primeiro
pensar, e crer depois; crer só no verdadeiro.
A FEITICEIRA (continuando)
A potência da ciência
que anda oculta em névoa escura,
só revela a sua essência
ao mortal que a não procura.
FAUSTO
Que absurdo nos diz ela? A tantos disparates
já se me oira a cabeça; oitenta mil orates
não doidejavam mais.
MEFISTÓFELES
Nobre sibila, basta!
Venha o copo e bem cheio. Um homem desta casta,
um famoso Doutor em tanta faculdade,
pode beber sem risco e sem dificuldade.
Mal imaginas tu que tragos de alto engodo
ele já tem provado.
(Notando em Fausto alguma hesitação, continua.)
Abaixo! abaixo! Todo!
Animo! escorripicha! E tu verás em breve
como esse coração bate contente e leve.
Ora gosto de ti! Convives co’o demónio
tu cá, tu lá, e agora estás como um bolónio
com medo a um fogachinho!
(Fausto acaba de beber resolutamente o copo apesar de saírem dele pequenas chamas.)
(A Feiticeira desfaz o círculo. Fausto sai dele.)
Estás liberto. Agora,
exercício que farte.
A FEITICEIRA
Em muito boa hora
que tomasse o meu filtro.
MEFISTÓFELES (à Feiticeira)
E tu, se me quiseres
alguma coisa, velha, é bom que lá me esperes
na Valburga esta noite.
A FEITICEIRA (a Fausto)
Aprenda outra cantiga
antes de se ir embora; e é dadiva de amiga.
Toda a vez que a entoar, há-de sentir no peito
um certo não lho digo; enfim um certo efeito
(Fausto dá-lhe costas enjoado, com ar desprezativo)
MEFISTÓFELES (a Fausto)
Vem comigo, eu te guio. A fim de que a poção
no interior e por fora opere a sua ação,
não há que estar à espera; é necessário e urgente
medir terra, correr, suar copiosamente.
Depois te ensinarei como se logra a vida
no suave far niente em flores envolvida,
e como o deus de amor brinca, borboleteia,
e oferta aos lábios mel pela áurea taça cheia.
FAUSTO (querendo tornar-se ao espelho)
Deixem-me inda uma vez mirar nesse brilhante
venturoso cristal a que é sem semelhante,
da graça o non plus ultra.
MEFISTÓFELES
À fé, que a imagem dela
era de todo o ponto e em todo o extremo bela;
mas que não dirás tu, em vendo o original?
vivinho! em carne e osso! ao pé de ti!
(À parte)
Que tal!
Co’a dose que tomou, qualquer mulher que aviste
vai julgá-la outra Helena.
Ah, sábio, alfim caíste!
A cozinha da bruxa levará Fausto a completar seu grande “livramento” no âmbito da materialidade. Ele deveria rejuvenescer para que sua aparência lhe proporcionasse maior mobilidade no mundo das suas aspirações. Porém, rejuvenescer para o doutor fazia parte de um aspecto bem maior. A magia lhe proporcionava vencer a finitude do corpo do herói velho sem mobilidade. Ele necessita agora de energia para pôr em prática sua ânsia de conhecimento. Precisa de disposição para o amor, e assim recobrar o tempo perdido. A poção da bruxa confere um novo conteúdo à sua forma. Fausto assume o ímpeto da juventude e sua alma fáustica está agora em perfeita conformidade com suas forças físicas.
Resposta: Sabiam os alquimistas que as naturezas física e moral do ser humano haviam se embrutecido, por causa das paixões infundidas pelos Espíritos Lucíferos e que, em consequência, era necessário um processo de purificação, de refinamento, para eliminar tais características elevando-o as sublimes alturas, onde nunca se eclipsa o fulgor do Espírito. Consideravam o Corpo Denso como um laboratório e falavam do processo espiritual em termos químicos. Eles observavam que esse processo espiritual começa e tem seu peculiar campo de atividade na espinha dorsal, o elo entre dois órgãos criadores: o cérebro, ou campo de operação dos inteligentes mercurianos, e os órgãos genitais, onde tem sua mais vantajosa posição os passionais e luxuriosos Espíritos de Lúcifer. A Força Criadora, empregada por Deus, para a manifestação de um Sistema Solar, e a energia empregada pelas Hierarquias Criadoras, para construir os veículos físicos dos Reinos inferiores, que dirigem como Espíritos-Grupo, manifestam-se em forma dual de Vontade e Imaginação. É a mesma força que, agindo no macho e na fêmea, os une para gerar um Corpo Denso!
Em épocas remotas éramos bissexuais. Cada um de nós podia propagar a espécie, sem a cooperação do outro. Porém, a metade da nossa força sexual criadora foi dirigida na construção de um cérebro e de uma laringe, para que fosse capaz de expressar a criação mentalmente, de manifestar os pensamentos e de enunciar a palavra de poder, que transformará seus pensamentos em realidade material. Nesta operação, tomaram parte três grandes Hierarquias Criadoras: os Anjos Lunares, os Senhores de Mercúrio e os Espíritos Lucíferos de Marte.
Os alquimistas relacionaram os Anjos Lunares, que governam as marés, com o elemento sal; os Espíritos Lucíferos de Marte com o elemento enxofre e os Senhores de Mercúrio com o metal mercúrio.
Valeram-se desta simbólica representação, porque a intolerância religiosa não permitia outros ensinamentos, além dos sancionados pelas pessoas que promulgavam o Cristianismo Exotérico, dogmático e superficial ao Cristianismo Esotérico, daquela época e, também, porque a Humanidade não estava apta para compreender as verdades contidas na filosofia dos alquimistas.
A tripartida coluna vertebral era, para os alquimistas, o crisol da consciência. Sabiam que os Anjos Lunares eram especialmente ativos na secção simpática da espinha dorsal, que rege as funções relacionadas com a conservação e bem-estar do corpo. Designavam a dita secção pelo elemento sal.
Viam, claramente, que os Espíritos Lucíferos marcianos governavam a secção relacionada com os nervos motores, que difundem a energia dinâmica, armazenada no corpo pelos alimentos. Simbolizavam esta secção pelo enxofre.
A terceira secção, que assinala e registra as sensações, transmitidas pelos nervos, recebeu o nome de mercúrio. Diziam estar regida pelos seres espirituais de Mercúrio.
Contrariamente ao que afirmam os anatomistas, o canal formado pelas vértebras não contém, além da medula, um líquido, mas um gás, semelhante ao vapor d’agua, que se condensa, quando exposto à ação atmosférica. Pode ser superaquecido pela atividade vibratória do Espírito, até se converter no brilhante e luminoso fogo de regeneração.
Os alquimistas falavam, também, de um quarto elemento, Azoth – nome em que entram a primeira e a última letras do alfabeto, como se quisessem significar a mesma ideia que “alfa e ômega”, ou seja, o que tudo encerra e inclui. Dito elemento referia-se ao que, agora, conhecemos como o raio espiritual de Netuno, a oitava superior de Mercúrio, a sublimada essência do poder espiritual. Este é o campo onde atuam as grandes Hierarquias Espirituais de Netuno, e é designado Azoth pelos alquimistas. Este fogo espiritual não é o mesmo, nem brilha igualmente, em todos os seres humanos: sua intensidade depende do grau de evolução espiritual do indivíduo.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1976 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Algumas Religiões julgam que a Bíblia condena a Astrologia, mas isso, além de um engano, é uma interpretação incorreta. O que a Bíblia realmente condena é o mau uso da Astrologia e o culto das estrelas e dos Astros. Os povos que viveram no tempo do Antigo Testamento adoravam ídolos de madeira e de pedra, e, muitos deles, veneravam as estrelas e os Astros. Adoração por alguém ou por alguma coisa que não seja o Criador é idolatria e, por isso, corretamente condenado.
As estrelas e os Astros foram colocados nas suas posições de acordo com o desejo e o propósito de Deus, assim como seguem e estão seguros em seus cursos por Seu Poder. Podemos calcular e saber onde esses Astros estarão daqui a muitos anos, porque eles não se desviam de seus cursos. No livro do Eclesiastes 3:2 lemos: “Um tempo para nascer, um tempo para morrer, um tempo para plantar, um tempo para colher”. Isso parece-nos suficientemente claro, indicando que um indivíduo nasce no momento certo, num lugar certo, por uma determinação e um propósito, e não por acaso.
O horóscopo mostra-nos esse propósito, assim como a indicação geral das prováveis circunstâncias que surgirão no decorrer de uma vida. O propósito da Astrologia Rosacruz é fornecer orientação para nos ajudar a aprender as lições que escolhemos, no Terceiro Céu, aprender aqui de modo que nascendo no tempo, no lugar e entre pessoas que nos fornecerão as oportunidades para as nossas experiências, que precisamos para o nosso desenvolvimento, sem ativar as doenças e enfermidades que também escolhemos para, uma vez que não queremos aprender pelo amor, sigamos o caminho da dor e do sofrimento, que advém das doenças físicas, emocionais e mentais.
E, nesse sentido, o estudo da Bíblia é fundamental para nos orientar no caminho e na finalidade da nossa existência. Fomos criados à imagem de Deus, somos uma parte integrante d’Ele e temos em nós todas as potências divinas. Descemos na matéria para desenvolvermos todos os nossos poderes através de contínuas experiências até alcançarmos e, então, desfrutar do nosso destino glorioso. No entanto, fomos tentados (pelos Espíritos Lucíferos) a desenvolver as Leis de Deus (pecado) e, em consequência, tivemos que sofrer a doença e a morte.
Do começo ao fim da Bíblia, há dois temas constantes: a constatação do pecado e como podemos nos redimir dele. É pena que a maior parte de nós julgue o pecado como alguma coisa de aparência só externa, como o homicídio, o roubo, o adultério. Na realidade, a manifestação de uma desobediência à Lei de Deus é resultado de uma desarmonia interior e é necessário, nesse caso, uma análise muito mais profunda.
Essa desarmonia interna é consequência de atitudes como o egoísmo, ressentimento, ódio, ciúme, luxúria e desejos, sentimentos e emoções afins. Se o pecado é incompatível com Deus e Suas leis, é incompatível com o nosso semelhante. Essas desarmonias, muitas vezes, causam sentimentos profundos de culpa que agem através do subconsciente até o Corpo Denso, causando posteriores doenças e enfermidades. As palavras-chave do lado adverso dos Astros no nosso Sistema Solar mostram essas coisas. Vamos a alguns exemplos.
Plutão tem entre suas palavras-chave: pecado, culpa, a Mente subconsciente, o submundo mental, forças no plano interno e oculto que ainda não foram redimidas, crimes etc. Por isso, quando nós reprimimos ou interiorizamos nossos sentimentos de culpa, sérios conflitos e tensões podem surgir. No seu lado positivo, Plutão representa a necessidade de renovação, transformação, regeneração espiritual, purificação e liberação. As forças plutonianas mostram que há um caminho para libertar os complexos de pecado-culpa. Isso é possível mediante a experiência, a vivência espiritual e o resultado dessas será a conquista da paz interna.
O papel de Saturno no plano da vida é mostrar onde nos desviamos e nos disciplinar nas áreas onde precisamos ter força e firmeza e conduzirmo-nos da desobediência para o arrependimento e, em consequência, para a obediência.
Ambos, Saturno e Plutão, pode dizer-se, são Planetas do destino; através deles somos forçados a aprender nossas lições pela disciplina e sofrimento. Somos forçados a colher o que semeamos. Se não fosse por sofrimentos ou circunstâncias adversas (usualmente mostrados por Plutão e Saturno), nós continuaríamos no nosso caminho, cometendo sempre e novamente os mesmos erros, não parando para pensar; do contrário estaríamos indo pelo caminho errado.
Netuno é outro Planeta ligado com o subconsciente e regiões ocultas de nossas vidas. Conflitos internos e complexos psicológicos estão muitas vezes ligados a profundos sentimentos de culpa e, como Netuno rege a Glândula Pineal, culpas recalcadas podem causar um desequilíbrio nas funções dessa Glândula, resultando distúrbios psíquicos. Da mesma forma, Netuno está ligado ao progresso espiritual, sensibilidade para forças e revelações espirituais. Isso tudo mostra como a culpa pode ser erradicada e os problemas psicológicos desaparecerem.
Urano desempenha um papel importante trazendo, por vezes, crises de natureza espiritual, quando está com Aspectos adversos (Conjunção, Quadratura e Oposição) com Netuno e Plutão. Sob Aspectos benéficos (Sextil e Trígono) é possível acontecerem revelações espirituais que mudarão ou transformarão, para melhor, a vida de uma pessoa. Urano rege a intuição, o altruísmo e as descobertas, e pode ser um fator importantíssimo ao proporcionar uma transformação espiritual quando a pessoa está consciente dos problemas que terá de enfrentar no caminho do progresso.
O horóscopo mostra as imperfeições individuais, faltas, os pontos fracos de saúde, assim como a parte agradável e forte do caráter. O andamento dos Astros no Zodíaco indica períodos em que a pessoa “nada de acordo com a corrente”, e faz progresso ou “enfrenta a corrente”, e progride ainda mais.
Vamos detalhar o horóscopo de uma pessoa que quando fez 15 anos, o Sol progredido atingiu um Sextil com Netuno natal. A tendência era a pessoa ter uma experiência de uma conversão espiritual.
Mas, ela ficou muito perturbada, porque foi ensinada sobre a “doutrina dos tormentos e do fogo eterno” para aqueles menos afortunados que não fizessem o bastante para obter a “salvação”. Por outro lado, achou impossível conciliar a “doutrina do castigo externo” com o Deus de amor e justiça, e isso a levou a se perguntar por que uma pessoa deveria ser relegada a esse tormento eterno, depois de ter vivido uma média de somente 70 anos. Mesmo as pessoas mais insensíveis acharão essa punição muito injusta.
Nesse horóscopo Saturno estava com Aspectos adversos no Signo de Peixes, e isso proporcionava a essa pessoa medos, ansiedades, preocupações e conflitos de inferioridade e autocondenação. E esses sentimentos estavam enfatizados pelo fato de que Saturno, Regente da 12ª Casa onde estão as coisas ocultas e o subconsciente. Júpiter, governando a Religião, estava em Quadratura em trânsito com Saturno e Netuno e exatamente no meio, entre os dois, a Religião representava para essa pessoa uma fonte de tensões e conflitos, e isso a levou a ter medo da morte e do que aconteceria do outro lado, além da sepultura. Marte estava em Quadratura com Saturno, o que causava a essa pessoa sentimentos de mágoa e ressentimentos contra as adversidades da vida, de tal forma que ela achava impossível conciliar injustiças, sofrimentos e maldades que presenciava no mundo, com o tipo de Plano Divino para os seres humanos na Terra. E tudo isso a levou a não ter um propósito nem um sentido no viver. Essa pessoa ainda não tinha se decidido a respeito da Lei do Renascimento, mesmo que essa posição pudesse responder a ela muitas perguntas. Ou seja, tudo isso a levava a ter dificuldades para acalmar os sentimentos fortes de revolta contra as aparentes injustiças da vida. Urano regia o Ascendente dela, que estava num Signo Fixo, em Quadratura com a Lua que também estava num Signo Fixo.
Com Saturno em Peixes, que regia 12ª Casa, com Aspectos adversos proporcionava a ela muitos dos conflitos internos que causaram males sobre o Corpo Denso. Repare o estranho paradoxo que, enquanto a pessoa sentia que as coisas não estavam bem dentro dela e o horóscopo dela mostrava exatamente isso, ela não conseguia se decidir a admitir esses mesmos problemas. Ela escolhia só ter consciência dos sentimentos negativos dela, os quais afloravam de tempos em tempos a este mesmo nível de consciência, juntamente com a necessidade e carência de paz interior.
Uma manhã, em torno das 4 horas da madrugada, a pessoa estava totalmente acordada e ouviu uma voz interior que lhe falava distinta e claramente dos ressentimentos que ela abrigava há tantos anos dentro dela como a principal razão da incapacidade dela de alcançar uma paz interior. Ouvindo isso ela compreendeu que esses sentimentos só poderiam ser dominados de uma maneira espiritual e que ela, sozinha, não poderia nunca os retirar dela mesma. Conseguiu entender que o pecado tem raízes mais profundas internamente e não se localiza só nas aparências. Quando finalmente admitiu e sentiu que essas coisas eram verdades, um imenso sentimento de amor e ternura a envolveu. Mediante muita oração e confissões a Deus, conseguiu se livrar dos sentimentos negativos e, em consequência, alcançou a almejada paz interior e, também, um grande entendimento. Entendeu que quando se vive uma grande experiência de amor com Deus, como ela teve, se livrou de todos os complexos psicológicos, de todos os conflitos íntimos.
Tomou conhecimento da conexão bem-marcada com o Signo de Libra, regido por Vênus, o Planeta do amor, da harmonia, do equilíbrio e da paz. Libra simboliza a paz celestial, quando experimentada, o relacionamento pleno com Deus; e, também, e em consequência traz harmonia e um bom relacionamento com outra pessoa (7ª Casa regida por Libra, oposta a Áries, regente de si mesmo). Descobriu que todos os ressentimentos que tinha contra os outros desapareceram com essa experiência.
Três semanas mais tarde, ao amanhecer, teve outra experiência. Estava rezando, com os olhos fechados, quando uma luz brilhante a envolveu e um sentimento maravilhoso de amor se apossou dela e fluiu através dela. Sentiu um sentimento indescritível, mas nos dias que se seguiram ela permanecia nessa alegria extática, que fluía continuamente nela.
Uma terceira experiência ocorreu com ela numa manhã, um mês após. Parecia que ela estava andando por uma estrada e se aproximando de uma bifurcação; resolveu entrar pelo caminho que não era a estrada principal. Andou até ao fim dessa estrada e então caiu num buraco muito fundo. Tentou sair do buraco, escalando pelas paredes, mas elas eram íngremes e escarpadas, e a pessoa escorregava. Sentia, então, na consciência dela, que o buraco, o precipício representava a escravidão do pecado, que a puxava para baixo e que sozinha não podia se salvar. Ajoelhou-se, rezou profundamente e implorou a Deus pela salvação dela.
Uma voz veio do alto até ela: “Melhora, progride! Segura forte o que vou jogar e só então eu vou tirar-te daí”. Uma grande cruz desceu até ela e enquanto ela a segurava, abraçado na parte inferior da cruz, alguma coisa desceu também sobre ela. Sentia-se limpa, assim como limpo ficou também todo o ambiente que a cercava.
A cruz foi içada e a pessoa seguiu agarrada a ela, e então foi colocada na estrada certa. Ela olhava ao redor e via um caminho glorioso que levava para diante e para cima até a Cidade Santa, a Nova Jerusalém. Então entendeu que o futuro seria pleno de alegria e glória.
A quarta experiência aconteceu com ela duas semanas mais tarde. Acordou pela manhã com uma sensação maravilhosa do amor de Deus e uma voz interior lhe falou: “Você pode se entregar confiantemente a Cristo”.
Ela sabia que precisava se entregar completamente a Ele e, então, resolveu fazê-lo, na entrega total de si mesmo. Uma luz brilhante a rodeou e se surpreendeu dirigindo palavras de amor e louvor a Deus.
Era como se uma fonte de amor estivesse jorrando dentro dela. A brilhante luz branca, pura como um cristal branco, se tornou cada vez mais brilhante, foi crescendo em brilho e ela sentiu a mais profunda paz, sentimento esse que jamais havia experimentado em toda a vida dela. Ondas e ondas de amor fluíam sobre, dentro e através dela. Era como uma imersão, de todo o seu ser, no amor.
A única palavra que podia usar para descrever essa sensação era ÊXTASE.
É significativo constatar que, durante os meses que a pessoa teve essas experiências espirituais, todos os Astros espirituais estavam fortemente com Aspectos no horóscopo dela. O mais notável Aspecto durante o trânsito era o de Plutão na 8ª Casa, em Paralelo exato com Urano natal. Plutão significa: regeneração espiritual, redenção de pecado, liberação e purificação; e Urano é o Planeta das crises. Outro trânsito importante era Júpiter sobre o Ascendente, Saturno em Quadratura com Netuno e depois em Oposição a Júpiter; mais tarde Netuno estava na 10ª Casa exatamente em Trígono com a Lua Natal e Urano estava Paralelo com Netuno natal (Saturno é uma influência tipo Netuno, desde que é nativo em Peixes e regendo a 12ª Casa). A forte ênfase de Netuno indica experiências espirituais de natureza estática, envolvendo grande poder espiritual.
O horóscopo fornece a indicação geral das circunstâncias da vida, no entanto, Aspectos envolvendo Astros espirituais não significam que um indivíduo vá ser beneficiado – cada um tem a liberdade de escolha.
Se uma pessoa responde de uma maneira negativa, ele ou ela estarão em pior situação do que antes, porque rejeitaram verdades espirituais. Se responderem positivamente, construtivamente, muito progresso espiritual chegará a eles. As Escrituras – a Bíblia – nos dizem que Deus vela por todos os filhos d’Ele, igualmente, mas que a todos são dadas oportunidades, e em todos os momentos da vida, de responder ao amor e à misericórdia de Deus, nosso Criador.
Para aqueles que sabiamente respondem a Ele haverá a recompensa de grande paz e alegria, assim como o enriquecimento da Personalidade e do caráter, até alcançarem e se integrarem na perfeita “imagem de Deus”.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1979-Fraternidade Rosacruz-SP)
Pergunta: Por que houve a necessidade de passarmos pelo Período Lunar?
Resposta: Porque precisávamos continuar nesse Esquema de Evolução submergindo mais profundamente na matéria. Daí avançarmos para mais um passo: o Período Lunar.
Pergunta: Então foram criados novos Globos?
Resposta: Sim, foram necessários novos Globos, cujas posições nos sete Mundos tinham que ser diferentes daquelas ocupadas pelos Globos do Período de Saturno e do Período Solar.
Pergunta: Como assim?
Resposta: No Período de Saturno o Mundo mais denso estava situado na Região Concreta do Mundo do Pensamento; no Período Solar o mais inferior dos Globos encontrava-se no Mundo do Desejo. Já no Período Lunar o mais inferior dos Globos encontrava-se na Região Etérica do Mundo Físico.
Pergunta: E o que aconteceu com o Período Solar e seus Globos?
Resposta: Tenhamos sempre em mente que na criação de Deus nada se perde. O Espírito Virginal passa por cada Globo sete vezes, então, quando passou pela sétima vez no Globo A, este já começou a se desintegrar lentamente, pois não havia mais utilidade e assim aconteceu com os demais. O mesmo acontecerá com o Período Lunar.
Pergunta: Como era a atmosfera dos 7 Globos do Período Lunar?
Resposta: Os sete Globos desse Período eram aquosos e a atmosfera era uma névoa ígnea.
Pergunta: No Período Lunar existia outro elemento que predominou em todos os Globos?
Resposta: No Período Lunar os Globos eram esferas luminosas, brilhantes, de consistência análoga à dos gases. Portanto, existiam três elementos, o Fogo, Ar e a Água.
Pergunta: Qual era a Onda de Vida que estava atravessando o estágio “humanidade” no Período Lunar?
Resposta: Era a Onda de Vida dos Anjos.
Pergunta: Na Onda de Vida dos Anjos algum ser se destacou na evolução?
Resposta: Sim, o mais elevado Iniciado desse Período foi Jeová, o “Espírito Santo”, que é um Anjo, isto é, o mais elevado de todos os Anjos.
Pergunta: Então, nesse caso, Jeová, o “Espírito Santo”, alcançou o segundo aspecto de Deus?
Resposta: Ele conseguiu aprender tudo que precisava aprender até o Período de Vulcano, alcançado o mérito de construir um Corpo com material do Mundo de Deus. Assim, se tornou responsável pelas atribuições divinas do Espírito Santo.
Pergunta: Qual é o veículo inferior de um Anjo?
Resposta: O Corpo Vital é o veículo cotidiano dos Anjos e, portanto, são especialistas em matéria etérica.
Pergunta: Até que Região do Mundo Físico os Anjos trabalham?
Resposta: A Região mais densa que os Anjos desceram nesse Esquema de Evolução foi a Região Etérica do Mundo Físico, ou seja, é até nessa Região que os Anjos trabalham.
Pergunta: Qual era o nível da nossa consciência?
Resposta: No Período Lunar tínhamos a consciência do sono com sonhos, uma consciência pictórica interna. Era uma consciência pictórica interna das coisas externas, tipo uma representação interna dos objetos, das cores e dos sons externos. Não víamos as coisas concretas, mas as qualidades anímicas.
Pergunta: Havia uma Hierarquia Criadora responsável nesse terceiro Período pelo desenvolvimento dos Espíritos Virginais, que já tinha o germe do Corpo Denso e do Corpo Vital?
Resposta: Nesse Período os Senhores da Individualidade (uma das 12 Hierarquias Criadoras ou Zodiacais) irradiaram de si mesmo o germe do Corpo de Desejos e, também, ajudaram na reconstrução do Corpo Denso e Vital e começaram, em forma germinal, a desenvolver o esqueleto, os músculos e os nervos.
Pergunta: E qual Hierarquia ficou responsável para despertar a contraparte espiritual do Corpo de Desejos?
Resposta: Os Serafins (outra das 12 Hierarquias Criadoras ou Zodiacais) despertaram em nós o nosso veículo Espírito Humano.
Pergunta: No Período de Saturno tivemos o desabrochar da Onda de Vida humana, no Período Solar, a Onda de Vida animal e no Período Lunar qual foi a Onda de Vida que iniciou sua evolução?
Resposta: Uma nova Onda de Vida que começou sua evolução ao princípio do Período Lunar é a vida que anima atualmente as nossas plantas – a Onda de Vida Vegetal – e, nesse Período, eram como hoje é a Onda de Vida mineral, ou seja, fazia a “crosta” ou a base onde evoluíam a Onda de Vida humana e a Onda de Vida animal.
Pergunta: Na Onda de Vida anterior do Período Solar houve seres que se atrasaram em sua evolução?
Resposta: Certamente. Em todos os Períodos sempre houve atrasados das Ondas de Vida.
Pergunta: Então, quais eram as classes de seres que iniciam no Período Lunar?
Resposta: a) Os Pioneiros dos Períodos de Saturno e Solar. Tinham os Corpos Vital e Denso, Espíritos de Vida e Divino, em forma germinal e ativos.
b) Os Atrasados do Período Solar que tinham Corpos Denso e Vital e, também, Espírito Divino, todos germinais.
c) Os Atrasados do Período de Saturno que tinham sido promovidos na sétima Revolução do Período Solar. Possuíam os germes do Corpo Denso e do Espírito Divino.
d) Os Pioneiros da nova Onda de Vida Solar que tinham os mesmos veículos que os da classe 3, mas pertenciam a um esquema de evolução diferente do nosso.
e) Os Atrasados da nova Onda de Vida Solar que tinham somente o germe do Corpo Denso.
f) Uma nova Onda de Vida que começou sua evolução ao princípio do Período Lunar e é a vida que anima atualmente as nossas plantas.
Pergunta: E na “humanidade” do Período Lunar houve atrasados na Hierarquia do Anjos?
Resposta: Os Espíritos Lucíferos foram os atrasados da Onda de Vida dos Anjos; eles não progrediram tanto quanto os Anjos, pois não conseguiam obter conhecimento sem um órgão interno, como faz um Anjo normalmente.
Pergunta: Se os Espíritos Lucíferos se atrasaram nesse Período, onde eles ficaram para evoluir?
Resposta: No final do Período Lunar houve uma divisão no Globo e a parte menor se tornou como um satélite para a evolução dos Espíritos Lucíferos. Algo parecido como a nossa Lua.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
O Signo de Escorpião começou a exercer importante papel na evolução da Humanidade depois que o Planeta Marte foi diferenciado. Os Espíritos Lucíferos de Marte começaram sua atividade influenciando a Mente humana. Como consta no livro “Conceito Rosacruz do Cosmo”: “a Mente foi dada ao ser humano na Época Atlante para incentivá-lo à ação. Mas, sendo o Ego excessivamente fraco e a natureza de desejo, forte, a Mente uniu-se ao Corpo de Desejos. Dessa união resultou a faculdade da astúcia, causa de toda malícia do terço médio da Época Atlante”.
Notamos, também, que Escorpião simboliza a doutrina esotérica do sacerdócio Atlante, guardião dos Mistérios da Escola Atlante. Hoje, ele simboliza as forças secretas da Natureza em sentido astrológico.
Agora talvez possamos ver como a astúcia está ligada e profundamente enraizada no Corpo de Desejos regido por Marte-Lua. Podemos também observar como Escorpião age na Mente tanto quanto as emoções. Além disso, Marte rege o lado esquerdo do cérebro. Desde que a astúcia se tornou a auxiliar do desejo não tem sido fácil a tarefa de transmutá-la em razão.
A personalidade de Escorpião não se submete a imposições, permanecendo firme naquilo que considera seus direitos. Ao mesmo tempo pode ser rude para com seu antagonista. Tem em sua língua o ferrão do escorpião, possuindo também a bravura de um mártir no combate, sempre com a Mente fria e aguçada. A outra polaridade de Escorpião mostra a águia voando a grande altura, desejosa de se sacrificar em benefício dos outros. É o tipo perfeitamente representado pelo Dr. Jeckil e Mr. Hilde, (O médico e o monstro).
O corpo do nativo de Escorpião (nascido entre os 11º e 20º grau de Escorpião no Ascendente e sem nenhum Astro na 1ª Casa) tende a ser rude e pequeno, com um pescoço taurino. O nariz é grande; e recurvado como o bico da águia. Um queixo quadrado, indicando determinação; a face é angular e escura.
Se o Sol está neste Signo, o nativo poderá mostrar seu lado elevado e ter interesse pelos estudos místicos e ocultos. A natureza marciana quer ação e não apenas exercícios devocionais. Embora possa ir longe na metafísica, tende a ter dificuldades com o materialista Marte. A seu favor encontramos a honestidade, habilidade executiva e o trabalho em linhas construtivas. Todavia, depois de ter adquirido algum poder, pode, subitamente, usá-lo impropriamente. Seu temperamento é a força que proporciona destruição material, e a paixão e perversão sexual acompanham seu lado negativo.
O corpo do nativo de Escorpião suporta inúmeras contravenções, se não for destruído por acidente, pela guerra, pelo suicídio ou pelas bebidas alcoólicas. As partes do Corpo Denso mais suscetíveis à doença ou enfermidade são: o cólon, a bexiga, os órgãos genitais, uretra, próstata, flexura sigmoide (a última curva do cólon descendente antes de entrar no reto), púbis e a substância vermelha corante do sangue.
Quando Marte está ativo, pode haver problemas também com os nervos motores, os movimentos musculares, o hemisfério cerebral esquerdo e o reto. Os Aspectos de Marte indicam, em geral, a natureza exata e a extensão da aflição.
Vênus em Escorpião é uma vibração difícil de controlar, pois o raio amoroso de Vênus mistura-se com o fogo marciano da paixão, resultando em desejo sexual exagerado. Isso, em geral, tende a minar e debilitar a constituição do Corpo Denso; se não for controlado, segue-se a perda de vitalidade e a decadência do organismo. O amor à luxuria e uma disposição ciumenta tendem a prejudicar a saúde emocional, desequilibrando o Corpo Denso. Especificamente, Vênus em Escorpião proporciona a tendência à varicocele, doenças venéreas, tumores uterinos, menstruações dolorosas e por ação reflexa em Touro, afecções na garganta.
Mercúrio rege a Mente concreta e quando situado em Escorpião proporciona percepção rápida e língua afiada. Se está com Aspectos adversos (Quadratura, Oposição e certas Conjunções), a natureza é propensa a brigas e ao ceticismo, rasgos que se manifestam em desequilíbrios no Corpo Denso. Mercúrio rege também o hemisfério cerebral direito, as cordas vocais e os nervos sensórios. Mercúrio com Aspectos adversos em Escorpião demonstra enfermidades na bexiga e nos órgãos genitais, dificuldades menstruais, e por ação reflexa em Touro, rouquidão, surdez ou gagueira.
A Lua, tendo regência sobre o estômago, os linfáticos, sistema nervoso simpático, o fluído sinovial, os ovários e o útero, quando com Aspectos adversos em Escorpião afetará o funcionamento desses órgãos. E, também, quando com Aspectos adversos em Escorpião a influência lunar pode se manifestar em perturbações da bexiga, hidrocele e distúrbios menstruais.
Saturno, o Planeta da obstrução, da cristalização e da atrofia, rege os dentes, a pele e a vesícula biliar. Com Aspectos adversos em Escorpião, Saturno pode obstruir o metabolismo e tende a indicar dificuldades com o companheiro de matrimônio, e consequente sofrimento do sistema nervoso. Também, com Aspectos adversos em Escorpião, Saturno indicará a tendência à esterilidade, às hemorroidas, a prisão de ventre, e por ação reflexa, poderá ocasionar gagueira, catarro nasal e outras afecções da garganta. Saturno com Aspectos benéficos (Sextil, Trígono e algumas Conjunções) em Escorpião contribui para a boa saúde, a vida longa e interesse pelo ocultismo.
O grande centro de atividade de Júpiter é o fígado. Na posição referencial desse órgão, o fígado, também está localizado o grande vórtice do Corpo de Desejos. Portanto, um fígado funcionando bem, facilita a pessoa amar a vida e estar pronta para servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível) ao irmão e a irmã que estão ao seu lado em qualquer ocasião, mesmo com sacrifício próprio. Um Júpiter com Aspectos adversos em Escorpião fornece a tendência a tumores uterinos, hipertrofia da próstata, abcessos na uretra, hidremia e, por ação reflexa de Touro, hemorragias nasais e apoplexia. Também tende à necessidade de combater a indulgência própria, particularmente a ingestão de alimentos muito condimentados que requererão a ação do fígado para assimilá-lo apropriadamente.
O Planeta Urano, Regente do corpo pituitário ou Glândula Pituitária (Hipófise), tem papel preponderante no processo da assimilação. Quando com Aspectos adversos em Escorpião poderá resultar em condições assimilativas impróprias que se manifestarão nas partes do corpo regidas por esse Signo. E, também, tendência para abortos e doenças venéreas. Por ação reflexa em Touro, poderá haver espasmos, soluços, histeria ou doença de São Vito. Felizmente, Urano em Escorpião tende a fortalecer a vontade, e assim o nativo pode, se tentar, obter êxito no desenvolvimento espiritual.
Netuno, com Aspectos benéficos em Escorpião, inclina o nativo a se aprofundar nos segredos da Natureza fornecendo, também, uma percepção inspirada nos domínios da razão. Isso poderá ser de grande auxílio para evitar as enfermidades e doenças. Todavia, Netuno com Aspectos adversos em Escorpião tende ao sensualismo, à ira e ao grande desejo pelas bebidas alcoólicas ou pelas drogas. Netuno age no sistema nervoso e rege o canal espinhal e seus efeitos negativos são de natureza destrutiva.
Resumindo, as características básicas de Escorpião são: as forças secretas da natureza, a cirurgia, o poder curador, a magia, as profissões que exigem forte disciplina e respeito à hierarquia e ao sexo. O nativo de Escorpião, polarizado positivamente, se empregar seus talentos latentes (mostrados pelos Aspectos benéficos) alcançará gradativamente a regeneração. Tende a ter a habilidade natural para fazer investigações secretas. O tipo menos desenvolvido tende a causar muita discórdia, tanto interna como externa, e a usar mal sua força sexual criadora. Tende à vingança, ao ciúme, à perversidade e à cólera. A cólera ou explosão emocional de qualquer espécie, faz com que se formem corpúsculos brancos no baço. Os corpúsculos brancos se avolumam no sangue, seguindo-se a anemia, e o Corpo Denso se torna mais sujeito às doenças.
A afinidade metálica de Escorpião é pelo ferro; a pedra afim é o topázio ou a malaquita; a cor afim é a vermelha. A nota musical básica é Mi maior, cujos acordes têm quatro sustenidos e quando Escorpião está no Signo Ascendente, músicas com tom em Mi maior poderão trazer harmonia ao Corpos.
As regras básicas para os nativos de Escorpião melhorarem e manter a saúde são: higiene, alimento integral e natural (de preferência vegetariano), controle emocional e atividade física construtiva.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1971-Fraternidade Rosacruz-SP)
Como Chispas Divinas criadas por Deus, devemos percorrer o caminho de desenvolvimento que parte da impotência até a onipotência. Este caminho iniciou no Período de Saturno quando, pelo emprego da inerente força criadora que possuímos, começamos a construção e integração de nossos corpos. Isso ocorreu sob a orientação das Hierarquias Divinas ou Hierarquias Criadoras (veja mais informações no artigo “Arco Descendente: de onde viemos?” disponível no endereço eletrônico: https://www.fraternidaderosacruz.com/estudos-de-filosofia/arco-descendente-da-evolucao-de-onde-viemos).
O mecanismo da nossa evolução humana, que nos permitirá nos tornarmos um Deus, funciona do seguinte modo:
(1) todo o trabalho que realizamos com nosso Corpo Denso se converte em uma experiência (quintessência) ou Poder Anímico, que conhecemos como Alma Consciente e que deverá se amalgamar ao Espírito Divino ou a primeira faceta, ou o primeiro aspecto, do Ego;
(2) todo o trabalho que realizamos com o Corpo Vital se converte em uma experiência (quintessência) que conhecemos como Alma Intelectual. Essa se amalgamará ao Espírito de Vida ou segunda faceta, ou segundo aspecto, do Ego, e finalmente;
(3) todo o trabalho realizado com o Corpo de Desejos se converte em Alma Emocional que se amalgamará ao Espírito Humano ou segunda faceta, ou terceiro aspecto, do Ego.
O germe da Mente foi nos fornecido mais tarde e o trabalho feito com ela não será amalgamado de modo específico a algum aspecto de nós, o Ego humano, mas como um todo, afinal, sua função é servir como um elo ou meio pelo qual nós podemos transmitir nossos comandos para todos os nossos três Corpos. Façamos a importante observação de que o objetivo da evolução não é desenvolver corpos, mas experiências que promovem poder de expressão a nós, o Ego. O aperfeiçoamento dos Corpos é uma mera consequência da necessidade de novas experiências mais profundas que geram Alma ou Poder Anímico para nós, o Ego. Essa noção pode nos auxiliar na percepção da nossa real natureza, considerando o forte apego que possuímos para com o nosso Corpo Denso que naturalmente morrerá, pois chegamos ao ponto de confundir nossa identidade com o próprio Corpo Denso. Conclui-se, então, que a vida deve se resumir na busca por experiências que se convertem em Poderes Anímicos para nós, o Ego. O resto é pura ilusão.
No entanto, alguém pode se perguntar: este plano parece não justiçar as condições de misérias físicas que muitos de nós vivemos atualmente. Por que temos doenças, por que sofremos e por que morremos? Vamos tentar responder essas questões:
A doença, o sofrimento e a morte deram origem exatamente quando decidimos tomar as rédeas da nossa própria evolução, no episódio conhecido como a “Queda do Homem”. Antes da Queda, estávamos vivendo no Jardim do Éden, que é a Região Etérica do Mundo Físico. Lá, funcionávamos em um Corpo Vital que não morria bem diferente do Corpo Denso. Nessa época, éramos ingênuos e não possuíamos qualquer percepção do Mundo Físico e do Corpo Denso. Contávamos com a ajuda de Hierarquias Criadoras que neutralizavam nossos Corpos de Desejos e nos colocavam em condições difíceis de gerar dor. Mas essa dor não possuía a mesma natureza da dor que conhecemos atualmente, provocada pela desarmonia da Lei de Causa e Efeito. Aquela dor era positiva e estimulante, e tinha o objetivo de despertar a vontade, quando lá renascíamos como homens, e a imaginação, quando lá renascíamos como mulher. Ambos os métodos objetivavam fazer o despertar da consciência material (veja mais detalhes no Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos, Capítulo XII – Época Lemúrica). Mas tal processo era demasiadamente lento.
Nós poderíamos adiantar este processo se desejássemos, bastava respondermos ao incentivo dado pelos Espíritos Lucíferos (“serpente”) que sugeriu a Eva que comesse da fruta do conhecimento e disse: “Certamente não morrereis” (Gn 3:4) se comerdes do fruto da árvore proibida. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos (para o Mundo Físico), e sereis como Deus (Objetivo da Evolução), sabendo o bem e o mal” (Gn 3:5). “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus (virão seus Corpos Densos). No suor do teu rosto comerás o teu pão (isto é, deverão seguir independentes e produzir poder anímico por conta), até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3:19).
A decisão de tomar as rédeas da evolução significou abrir mão de toda ajuda divina, inclusive à ajuda que neutralizava nossos Corpos de Desejos e que evitava que tivéssemos desejos desenfreados. Perdemos a instrução de procriar apenas nas épocas propícias e o ensino dado pelas Hierarquias Criadoras, que tinham por objetivo nos ajudar a focarmos a consciência no Mundo Físico. “Adão conheceu Eva”, em verdade, começamos a estabelecer relacionamentos sexuais de modo independente e demasiadamente, conhecendo o sexo oposto. Deste contato físico, fomos percebendo que muitas outras coisas físicas também ocorriam além da percepção do outro corpo pelo qual nos relacionávamos (foram abertos os olhos de ambos). Assim, adiantamos todo o processo.
O problema é que a força gasta com o sexo é exatamente a mesma força que nos faz desenvolver ações efetivas para produzir o nosso alimento (Almas ou poder anímico). Tínhamos três problemas:
(1) um Corpo de Desejos desneutralizado e com materiais das regiões inferiores;
(2) pouca força de vontade ou poder anímico desenvolvido;
(3) uma Mente totalmente nova (que foi nos dada no Período Terrestre), que pouco conseguia refrear os impulsos do Corpo de Desejos.
Deste modo, a natureza corpórea (ou Personalidade) ganhou a cena e fez com que “sua vontade desenfreada” ficasse mais proeminente do que a nossa vontade pouco desenvolvida (nós, Ego): “Todo o bem que quero fazer não faço, e todo mal que não quero fazer, esse sim, faço” (Rm 7:15). Apesar da condição corajosa de assumirmos as rédeas da evolução, estávamos sem qualquer preparo para tal, e a forte tendência de gastarmos indiscriminadamente a força criadora nos fez gerar desequilíbrios importantes na natureza. As consequências sempre geraram dor, e pela dor fomos, gradativamente, perdendo nossa percepção espiritual e ganhando consciência na Região Química do Mundo Físico, onde a separatividade e o egoísmo reinam. Conhecemos a fome, o frio e a morte (fatores desta Região). Mas não apenas os fatores inerentes desta região de morte, mas também os desequilíbrios gerados fizeram com que houvesse doenças e corpos de morte. A perda da percepção etérica (do jardim do Éden) nos fez acreditar que somos apenas um Corpo Denso e não há vida após a morte.
Depois de focar totalmente nossa consciência aqui, conquistamos a Região Química do Mundo Físico (ainda na Época Atlante). Deveríamos, portanto, abandoná-la e partir de volta ao Jardim do Éden (agora conhecida como Nova Jerusalém) com toda a experiência produzida ali. Infelizmente, muitos de nós, ainda permanecem com o resquício enraizado e direcionam todos seus esforços para gratificar suas paixões sensualistas. Se não forem direcionados ao sexo, são direcionados aos negócios do mundo ou para o ser no mundo (como carreiras, cargos ou posição social). Chegamos ao ponto de necessitarmos de doenças e enfermidades para que haja o despertar de nossa consciência de volta a vida (para as coisas espirituais). Insistimos em agir como se não tivéssemos conquistado as experiências deste mundo. Por isso, continuamos a morrer, sofrer e “a comer o pão com nosso suor”.
Se aspiramos em ser arautos da Nova Jerusalém, nós, como aspirantes a vida superior, devemos compreender que nossos esforços criadores devem, agora, ser direcionados para um “corpo de vida”, onde não há morte, fome e sofrimento. O modo pelo qual podemos deixar a Região Química do Mundo Físico, interromper a morte e iniciar o processo de vida eterna se dá pelo caminho que permite tecermos o Dourado Manto Nupcial ou Corpo-Alma. Este é o “corpo de vida” que não conhece a morte. Este caminho foi ensinado por ninguém menos que Cristo Jesus, em seus três anos de Ministério na Terra, na Sua primeira vinda.
Devemos compreender que o maior mandamento Cristão consiste em “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei.” (Jo 15:12-17); que devemos deixar os resquícios de separatividade do passado e buscar o amor universal, afinal “Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos” (Mc 3:33-34); compreende que o foco atual não é conquistar coisas da Terra, pois: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem (afinal, está região é a região da morte e tudo é passageiro), e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração (foco de sua consciência e propósito de vida)”. (Mt 6:19-21).
Qualquer pessoa sabe que não mais devemos fazer uso de bebidas alcoólicas que nos faz focar, ainda mais, a consciência no Mundo Físico, e isto é ensinado aqui: “Pois vos digo que desde agora não beberei o fruto da videira até que venha o Reino de Deus” (Lc 22:16), aqui: “Mas digo-vos que desta hora em diante não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber de novo convosco no reino do meu Pai” (Mt 26:29), e aqui “Em verdade vos digo que nunca mais beberei do fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber de novo no Reino de Deus” (Mc 16:25).
Qualquer um compreende que devemos deixar o adultério e o gasto da força criadora sexual desenfreada, sendo puros já em nossos veículos internos: “Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura; no coração já cometeu adultério com ela.” (Mt 5:28), e que o serviço amoroso e desinteressado é o caminho mais curto, mais seguro e maia agradável que nos conduz a Deus: “Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mt 25:35-40); “Aquele que quiser o maior entre vós, seja o servo de todos.” (Lc 22:26).
Todas estas práticas são diferentes daquelas que estamos habituados com o propósito de crescermos materialmente, de acumularmos fortuna e subirmos de posição social. Muitas das práticas que nos levam a Nova Jerusalém, onde não há doenças, sofrimentos e morte, parecem ser irracionais do ponto de vista material, e são impossíveis de serem colocadas em prática. No entanto, não podemos reproduzir o erro que já executamos no passado, “pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento (foco na Região Química do Mundo Físico já naquela época), até ao dia em que Noé entrou na arca (final da Época Atlante), e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt24:36-39). “Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite. Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão” (ITss 5:1-3).
Um novo dilúvio está por vir, não pela condensação da atmosfera gasosa em água, como ocorreu no passado, mas pela eterificação do ar que respiramos. A Nova Jerusalém está próxima e se não estivermos preparados para entrar e viver lá, o “dilúvio” nos consumirá novamente. Possamos mudar nossos hábitos materiais de morte, que produzem mais e mais sofrimento no mundo, para objetivos espirituais conforme ensinados pelo Cristo. Somente assim estaremos:
(1) aprimorando cada um dos corpos que possuímos;
(2) produzindo mais e mais poder anímico para o Ego;
(3) não mais nos perdendo com afazeres inúteis que atrasam nossa evolução; e
(4) finalmente livres da doença, sofrimento e da morte.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Max Heindel
Reunimo-nos novamente esta noite com o propósito de concentrar nossos pensamentos na segunda parte do mandamento de Cristo: “curai os enfermos”. Pois consideramos essa parte do mandamento divino tão obrigatória para seus seguidores quanto a primeira parte, que nos exorta a “pregar o Evangelho”. Mas, se entendermos bem esse mandamento, não nos contentaremos em meramente tentar aliviar a dor, a tristeza profunda, a angústia e o sofrimento de qualquer um ou de qualquer número de pessoas. Tentaremos chegar à causa de todo sofrimento humano para que, eliminando a causa principal (a causa fundamental, a causa-raiz) possamos erradicar os efeitos. Para fazer isso, para chegar a uma conclusão verdadeira sobre a origem da tristeza profunda, da angústia e do sofrimento, ao tempo em que descobrimos os meios para sua erradicação permanente, devemos voltar ao passado distante; de fato, ao início da existência física.
A Bíblia foi dada ao mundo ocidental pelos Anjos do Destino que, estando acima de todos os erros, dão a cada nação a Religião mais adequada para guiá-la no caminho da sua evolução espiritual e física; e, se buscarmos a luz nessa fonte, certamente a encontraremos. Deve-se ter em mente que o Cristo ensinou a multidão por parábolas, mas deu aos Seus Discípulos o significado dessas parábolas e as coisas mais profundas sobre os mistérios do Reino dos Céus. São Paulo também ensinou uma verdade diferente, ou melhor, mais profunda (“carne”) para aqueles que eram fortes na fé, mas deu o “leite” das doutrinas mais elementares aos bebês. Da mesma forma, devemos entender que, além do significado que a Palavra de Deus carrega em sua face, há um lado mais profundo e oculto sobre o qual faremos bem em ponderar esta noite.
Aprendemos primeiro a ideia de que a Terra nem sempre foi como é hoje; que houve um imenso período de formação e que este Planeta deve ter passado por vários estágios de desenvolvimento antes de atingir a condição atual. Vemos nas nebulosas do céu, que agora são ígneas. Podemos entender que a umidade deve ser condensada por esse fogo da fria extensão do espaço; também podemos entender que essa umidade se evapora rapidamente quando entra em contato com um vórtice tão ardente e rodopiante; que o vapor gerado sobe ao espaço para ser ali condensado novamente pelo frio, passando assim por inúmeros ciclos de evaporação e condensação até que, finalmente, forma-se uma crosta ao redor do núcleo ígneo. Essa crosta se torna mais dura quando gradualmente a umidade supérflua é evaporada como uma névoa. A névoa eventualmente se reúne e condensa em uma nuvem, caindo novamente sobre o Planeta como um dilúvio e deixando as condições climáticas como as encontramos hoje na Terra. A esses estágios os Ensinamentos Rosacruzes chamam de Épocas, denominadas Época Hiperbórea, Época Atlante e Época Ária.
Não falaremos da primeira dessas Épocas mencionadas. Mas, durante a última parte da Época Lemúrica, quando a humanidade ainda vivia em ilhas cercadas de fogo na crosta em formação, os humanos eram muito diferentes da humanidade de hoje. Eles eram, de fato, gigantes de uma forma corporal que seria repulsiva para nossas atuais noções de simetria e beleza corporal; mas, diferiam de nós particularmente neste fato: o Ego ainda não tinha aprendido a administrar o seu corpo de forma adequada e permanente. Na verdade, eles não sabiam, naquela Época, que tinham corpos; eles os usavam tão inconscientemente quanto usamos atualmente o nosso aparelho digestivo. A visão deles estava totalmente focada nos Mundo espirituais e eles viam Deus face-a-face, ou melhor, aqueles que eles pensavam ser Deus; isto é, os Mensageiros Divinos que os guiaram como as crianças são guiadas por seus pais, porque naquela época eles não tinham desenvolvido a vontade, como temos hoje.
Estando inconscientes de seus corpos, eles não conheciam o nascimento nem a morte. A perda de um veículo físico acontecia frequentemente por causa das erupções vulcânicas que eram comuns em nossa Terra em formação; mas, era como a queda de uma folha seca da árvore e não produzia diferença alguma em sua consciência. Nem era o nascimento de um novo corpo um evento de distração, porque durante o nascimento e a morte sua consciência estava focada nos Mundos Invisíveis aos olhos físicos.
Em certas épocas do ano, os Anjos, que sempre foram os precursores do nascimento, conduziam essas hostes de humanos em grandes templos em que o ato propagativo era realizado como um ato de sacrifício sob os raios astrais (Sol, Lua e Planetas) apropriados. Nesses momentos de intenso contato íntimo, a atenção do ser humano era temporariamente desviada dos Mundos espirituais para a Região Química do Mundo Físico e, assim, “Adão conheceu sua esposa”.
Assim, a tônica do corpo, então concebido, estava em perfeita sintonia com a harmonia das esferas naquele momento e, portanto, o parto era indolor, a saúde era perfeita e a morte não aterrorizava a humanidade daquela época.
Mas, os Anjos não eram todos da mesma natureza. Havia duas classes; uma sintonizada com a Água e outra, com o Fogo. É a última classe que foi interpelada por Isaías (14:12) naquela maravilhosa passagem em que ele diz:
Ó Lúcifer, filho da manhã,
Como você caiu do Céu!
Dos Espíritos da Água, ou verdadeiros Anjos, o ser humano recebeu o cérebro; mas Lúcifer (lucis + ferre = o portador da luz; no original em hebraico temos Hêlêl = o brilhante), Espírito do Fogo, é o “doador de luz”. Dos Espíritos do Fogo veio a luz da razão.
O Corpo de Desejos do ser humano foi por eles impregnado de uma nova faculdade: impulso. E como era necessário que eles usassem um instrumento físico para seu próprio desenvolvimento, embora fossem incapazes de criar tal veículo, eles ensinaram ao ser humano para que esse tivesse um Corpo Denso e o esclareceram sobre o método pelo qual ele poderia gerar um novo veículo a qualquer momento, quando o antigo morresse, independentemente das condições astrais; e o ser humano, cedendo ao impulso dos Espíritos de Lúcifer, incitado pela paixão que eles incutiram, passou a considerar o ato gerador como meio de gozo e gratificação, em vez de um Sacramento. Assim, os corpos nascidos sob tais condições estavam fora de sintonia com a Harmonia Cósmica. Portanto, o parto tornou-se doloroso, a saúde ficou prejudicada e a Morte entrou em seu reinado como o “Rei dos Terrores”.
Enquanto Adão conhecia sua esposa apenas durante o tempo em que os Anjos presidiam o ato propagativo, sua consciência estava focada durante todo o tempo restante nos Mundos espirituais. Mas, as coisas tornaram-se radicalmente diferentes quando o ser humano tomou o assunto em suas próprias mãos. Quanto mais frequentemente ele conhecia sua esposa para autogratificação, mais frequente e completamente sua consciência se concentrava no Mundo Físico e mais ele perdia de vista os reinos superiores, até que finalmente eles foram esquecidos, ou quase. Portanto, o nascimento agora parece o começo da vida. Começa com dor para mãe e bebê; a própria vida costuma ser um caminho de dor e sofrimento, porque em Espírito nos sentimos órfãos de nosso Pai; e no final está a morte, o “Rei dos Terrores”, para introduzir o Espírito no que é, para nossa consciência física, um grande desconhecido, e tudo isso por causa do impulso e da paixão que os Espíritos marciais de Lúcifer gravaram em nossa natureza de desejo. E enquanto a luz do fogo da paixão manchar nossa natureza de desejo, esse regime deve continuar.
O Antigo Testamento começa com o relato de como o ser humano foi desviado de Deus pela falsa Luz dos Espíritos de Lúcifer, dando origem a toda tristeza profunda, angústia e sofrimento do mundo; termina com a promessa de que o Sol da Justiça surgirá com a Cura em suas asas. E no Novo Testamento encontramos o Sol da Justiça, a verdadeira Luz, vindo para salvar o mundo e o primeiro fato que se afirma sobre Ele é que seja de uma Imaculada Conceição.
Agora, esse ponto deve ser totalmente compreendido e deve ficar claro a partir do que foi dito anteriormente: que é a mácula luciferiana da paixão que trouxe tristeza, pecado e sofrimento ao mundo. Antes da impregnação do Corpo de Desejos com esse princípio demoníaco, a Concepção era Imaculada e um Sacramento. O ser humano caminhava então na presença dos Anjos, puro e livre de vergonha. O ato da fertilização era tão casto quanto o da flor. Portanto, quando o mal foi feito, imediatamente o mensageiro, ou Anjo, cingiu-os com folhas para imprimir neles o ideal que eles deveriam aprender a viver; ou seja, a castidade, como a planta é casta. Sempre que somos capazes de realizar o ato gerador de maneira pura, casta e desapaixonada como a planta, ocorre uma Concepção Imaculada e nasce um Cristo capaz de curar todos os sofrimentos da humanidade, capaz de vencer a morte e estabelecer a imortalidade, uma verdadeira luz para conduzir a humanidade para longe do fogo-fátuo da paixão; isso é feito através do autossacrifício pelo companheiro.
Esse, então, é o grande ideal pelo qual estamos lutando: purificar-nos da mácula do egoísmo e da busca egoísta. E, portanto, consideramos o emblema da Rosacruz como um ideal. Pois as sete rosas vermelhas tipificam o sangue purificado; a rosa branca mostra a pureza da vida e a estrela dourada e radiante simboliza aquela inestimável influência para a saúde, utilidade e elevação espiritual que irradia de cada Servo da humanidade.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)