Outubro de 1912
Revendo a lição do mês passado, os pontos mais importantes são a grande antiguidade e a origem cósmica dos dois grandes movimentos conhecidos agora como Maçonaria e Catolicismo – movimentos instituídos, respectivamente, pelos Filhos do Fogo e pelos Filhos da Água. É verdade, como estabelecido no livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, que a Iniciação dos seres humanos só começou nos meados do Período Terrestre, quando o fogo da Lemúria batalhava com as águas da Atlântida, mas também é verdade que a educação da Humanidade depende do preparo que os seus instrutores tenham recebido em evoluções anteriores. A atitude assumida pelos dois grupos de Anjos teve como resultado os movimentos antagônicos acima mencionados. Os Anjos caídos[1] e o ser humano caído[2] estão intimamente conectados com o trabalho do mundo e sob o domínio dos seus governantes temporais. De Lúcifer, o Espírito de Marte, procede o ígneo sangue vermelho, que é o veículo de toda a energia material, da ambição e do progresso; mas, também, é o veículo da paixão que o mancha e que tem causa o fluir até a Terra ficar vermelha. De Jeová procede a Lei restritiva e o castigo pelo pecado cometido.
O Diagrama abaixo reproduz as Épocas através das quais o Espírito Virginal desce e ascende e, também, os Mundos e seus correspondentes Corpos – assim as conexões relativas dos vários fatores ser tornarão evidentes.
Na Lemúria, a terra da Terceira Época, a Humanidade foi separada em sexos: masculino e feminino. Naquele momento, éramos seres espirituais alcançando a materialidade, e os pioneiros ouviam ansiosamente o “evangelho do Corpo” que eles sentiam vagamente, mas, aprenderam a conhecê-lo, conforme o tempo passava, e os Mundos espirituais desaparecia de sua visão. Então, os Espíritos Lucíferos foram os instrutores da mulher (Eva), e Jeová se dirigiu-se ao homem (Adão). Naqueles tempos, a mulher era mais adiantada que o homem, em assuntos materiais, porque estávamos no arco descendente do Caminho de Evolução.
Quando o ponto de virada foi alcançado e passado, em meados da Época Atlante, a mulher, gradualmente, se tornou mais inclinada para a espiritualidade. Ela começou a ouvir a voz de Jeová e a encher as igrejas em um esforço para satisfazer as aspirações espirituais dela, enquanto o homem foi gastando a energia marciana dele ao longo de linhas materiais, originalmente, defendidas pelo “Portador da Luz”, Lúcifer.
Assim como a luz branca muda de cor de acordo com o ângulo de refração, assim também o ponto de vista do Espírito muda com o sexo de sua vestimenta; mas, da mesma forma que o Espírito alterna, em seus renascimentos, o sexo masculino e feminino, nós podemos facilmente equilibrar os pratos da balança e escolher o melhor caminho em ambos os sexos. Nossas próximas lições apontarão o caminho, mas podemos afirmar que, Aquele que disse: “Eu sou a Luz verdadeira”[3], está no final do caminho. Tanto Lúcifer como Jeová são, igualmente, degraus no Caminho para a Verdade e a Vida.
(Cartas aos Estudantes – nº 23 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Nome que significa os Anjos Lucíferos ou Espíritos Lucíferos.
[2] N.T.: É o ser humano que praticou o evento a “Queda do Homem”, abusando da força sexual criadora.
[3] N.T.: Jo 1:9
É um fato notável, o de que a técnica e a ciência física evoluíram muito, desde meados do século retrasado, mas o desenvolvimento moral e a força equilibradora do amor não seguiram paralelamente; ficou muito para trás. Com isto, recebemos recursos materiais, conforto de toda ordem, mas, carecendo de base moral para usar dignamente essas coisas, muitos de nós, passa a ser prejudicado por elas. No fundo é esse desequilíbrio que faz mal a tantas pessoas, senão até a nós mesmos!
Somos um ser complexo, pois temos veículos espirituais (Tríplice Espírito), veículos corporais (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos), um veículo chamado Mente e, ainda, um produto do nosso trabalho sobre os nossos três Corpos, que chamamos de Tríplice Alma. Isso nos leva a conclusão de que temos que sermos atendidos inteiramente em nossas necessidades.
O materialismo não leva em conta os fatores extras físicos e daí verificamos que a ilustração apenas e o conhecimento cientifico não podem proporcionar a nós o equilíbrio e felicidade de que prescindimos nesse Mundo Físico. Conhecemos muitos intelectuais, “homens da ciência”, muitos ditos até “sábios”, porém, quantos seres humanos realmente santos conhecemos? Está aqui um exemplo de um desequilíbrio enorme entre Intelectualidade e Espiritualidade, entre Razão e Devoção.
A ciência e a técnica têm se caracterizado pela violência, pela agressividade aos direitos humanos mais sagrados, inclusive com argumentos egoístas e ignorantes como: “o fim justificam os meios”. Elas estabeleceram uma ordem de coisas em que o ser humano, um filho de Deus, criado a imagem e semelhança do Criador, herdeiro de todas as promessas bíblicas, foi convertido à força como originado a partir de um acidente de resultados de reações químicas aleatórias, um acessório da máquina, num produtor de lucros, ainda escravo de injustiças sociais. Muitos seres humanos, iluminados por Deus, apelaram e apelam para o resultado que essas forças materialistas produzem como escravizadoras do ser humano em todos os lugares da Terra e a necessidade urgente da luta pelo direito humano real e o estabelecimento de uma sociedade democrática contínua. É óbvio que, lentamente, em lugares da Terra conceituados como “mais desenvolvidos”, os seres humanos vão tratando de conhecer a tão desprezada e útil disciplina das relações humanas e da filosofia da discussão, para tentar chegar ao entendimento do “amai-vos uns aos outros”. Então, até muitos chegam a compreender a frase de Cristo: “Não vim trazer a paz, senão a espada” (Mt 10:34). Afinal, como aprendemos na Filosofia Rosacruz, “todas as Religiões de Raça são do Espírito Santo. Baseadas na lei são insuficientes, porque produzem o pecado e acarretam a morte, a dor e a tristeza.”. E “todos os Espíritos de Raça sabem disso e compreendem que suas Religiões são, tão somente, passos necessários para atingir algo melhor. Todas as Religiões de Raça, sem exceção, indicam Alguém que virá, o que demonstra a assertiva anterior.”. E é nesse sentido que “todos os templos principais foram construídos com frente para leste, para que os raios do Sol nascente pudessem brilhar diretamente através das portas abertas. O templo de S. Pedro, em Roma, foi assim edificado. Todos estes fatos demonstram que, geralmente, era sabido que Aquele que viria seria um Sol Espiritual, para salvar a Humanidade das influências separatistas das Religiões de Raça.”
As Religiões de Raça foram os passos necessários para todos nós com o objetivo de nos prepararmos para a vinda de Cristo. Afinal de contas, antes de tudo, precisamos cultivar um “eu” – um indivíduo separado, interessado em seu desenvolvimento enquanto está aqui renascido na Região Química do Mundo Físico – antes de poder sermos desinteressado e, a partir daí sim compreender o aspecto superior da Fraternidade Universal – que une todos nós –, que exprime unidade de propósitos e interesses. Na Sua primeira vinda “Cristo lançou as primeiras bases da Fraternidade Universal.”. Essa Fraternidade Universal só será coisa verdadeiramente realizada quando o Cristo voltar!
“Como o princípio fundamental de toda Religião de Raça é a separação, que indica o engrandecimento próprio a expensas de outros seres humanos e nações, é evidente que, levado às suas últimas consequências, esse princípio teria necessariamente uma tendência destrutiva e frustraria a evolução, a menos que a Religião de Raça fosse substituída por uma Religião mais construtiva.”.
Estudando profundamente o assunto é fácil chegar à conclusão de que as Religiões de Raça, que também chamamos de “Religiões separatistas do Espírito Santo devem dar lugar à unificante Religião do Filho, a Religião Cristã.”.
Ou seja, a Lei (que é base das Religiões de Raça) “deve ceder lugar ao Amor, e as Raças e nações separadas devem se unir numa Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmão Maior.”.
Agora, não confundamos a Religião Cristã como a que temos evidenciado no mundo atualmente, pois “a Religião Cristã não teve ainda o tempo necessário para realizar o seu grande objetivo” que é unir todos os seres humanos numa “Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmão Maior”. Até agora a grande maioria dos seres humanos está sob a influência do dominante Espírito de Raça (ainda que, muitos, não continuamente; ainda que muitos se esforçando – e até se destruindo – para viver em reminiscências, tais como o patriotismo, o Espírito de tribo e até o Espírito de família). De fato, se observarmos bem os ideais do Cristianismo ainda são demasiado elevados para muitas pessoas! “O intelecto pode ver nesses ideais – verdadeiramente Cristãos – algumas belezas e, facilmente, admite que devemos amar os nossos inimigos, mas as paixões do Corpo de Desejos permanecem demasiado fortes. Sendo a lei do Espírito de Raça ‘olho por olho’, o sentimento afirma: ‘hei de me vingar’. O coração pede Amor, mas o Corpo de Desejos anseia por vingança. O intelecto vê, em abstrato, a beleza de amar os nossos inimigos, mas nos casos concretos, se alia aos sentimentos vingativos do Corpo de Desejos com a desculpa de fazer justiça, porque ‘o organismo social deve ser protegido’”.
Agora, logicamente, é motivo de regozijo quando percebemos em muitos lugares que se sinta o “desejo de criticar os métodos empregados. Os métodos corretivos e a misericórdia vão se tornando cada vez mais preponderantes na administração das leis”. Se observarmos bem e estudarmos um pouco, “podemos notar manifestações desta tendência na frequência com que são suspensas as sentenças e deixados à prova prisioneiros convictos, e no espírito da Humanidade que nos tempos atuais se usa para com os prisioneiros de guerra. É a vanguarda do sentimento de Fraternidade Universal que está fazendo sentir sua lenta, mas segura influência.”.
Agora, não sejamos hipócritas: “em geral, o mundo não gosta de considerar coisas que julga ‘demasiado’ altruísta, como se falar de Fraternidade Universal. Deve haver uma razão para isso. Não considera norma de conduta natural a que não ofereça uma oportunidade de ‘conseguir alguma coisa dos seus semelhantes’. As empresas comerciais são planejadas e conduzidas segundo esse princípio. Ante a Mente desses que estão escravizados ao desejo de acumular riquezas inúteis, a ideia da Fraternidade Universal evoca as terríveis visões da abolição do capitalismo e sua inevitável consequência, a exploração dos demais, e enfim, o fatal naufrágio dos ‘interesses de negócios’. A palavra ‘escravizados’ descreve exatamente a condição.”.
Por meio dos Ensinamentos Bíblicos Rosacruzes é fácil concluir que de acordo com a Bíblia, nós deveríamos ter domínio sobre as “coisas do mundo”, mas na grande maioria dos casos, o inverso é a verdade: as “coisas do mundo” é que tem domínio sobre nós. Afinal, se nós temos interesses próprios admitiremos, em nossos momentos de lucidez, “que as posses constituem uma fonte inesgotável de aborrecimentos, que se vê constantemente obrigado a traçar planos para conservar seus bens, ou pelo menos cuidar deles para evitar perdê-los, pois sabe ‘por dura experiência’ que os outros estão sempre procurando tomá-los. O ser humano é escravo de tudo aquilo que, por inconsciente ironia, chama de ‘minhas posses’ quando, em realidade, são elas que o possuem.”.
Como disse o filósofo e poeta Ralph Waldo Emerson: “São as coisas que vão montadas e cavalgam sobre a Humanidade”.
“Esse estado resulta das Religiões de Raça e seus sistemas de Leis; por isso, todas elas assinalam ‘Aquele que deve vir’. A Religião Cristã é a única que não espera Aquele que deve vir, mas sim Aquele que deve voltar. Sua volta se fará quando a Igreja se liberte do Estado.”.
Isso porque, em muitos lugares da Terra, a Igreja ainda está atrelada ao carro do Estado (direta ou indiretamente). “Os ministros da Igreja – sejam pastores, padres ou outra denominação que usem – se encontram coibidos por considerações econômicas, não se atrevem a proclamar as verdades que seus estudos lhes têm revelado.”. Um exemplo? Quando o pastor, ministro, padre ora pelo rei, pelo presidente, pelos “governantes” e/ou pelos legisladores, para que estes pudessem reger o país sabiamente. Enquanto existirem rei, pelo presidente, pelos “governantes” e/ou pelos legisladores, “essa oração será muito apropriada. Quer outro exemplo mais chocante: ouvir o pastor, ministro, padre “exclamar ao final: ‘…e, o Todo-Poderoso Deus proteja e fortifique o nosso exército e nossa armada’”. É óbvio que “uma oração semelhante só demonstra claramente que o Deus adorado é o Deus da Tribo ou Nacional, o Espírito de Raça. O último ato de Cristo Jesus foi arrancar a espada das mãos (Mt 26:52) do amigo que queria protegê-lo, todavia, Ele disse que não tinha vindo para trazer a paz, mas uma espada. Disse-o por que previa os mares de sangue que as nações ‘cristãs’ militantes provocariam, em consequência da má interpretação dos Seus ensinamentos. Seus elevados ideais não podiam ser imediatamente alcançados pela Humanidade. São terríveis os assassínios nas guerras e outras atrocidades semelhantes, mas são também potentes ilustrações daquilo que o amor há de abolir.”.
Também, por meio dos Ensinamentos Bíblicos Rosacruzes, aprendemos que não há nenhuma contradição entre as palavras de Cristo-Jesus (“Eu não venho trazer a paz, mas uma espada” – Mt 10:34) e as palavras do cântico celestial que anunciava o nascimento de Jesus: “Paz na Terra, e boa vontade entre os homens” (Lc 2:14).
Para ficar mais fácil compreendermos isso é só considerar “a mesma contradição aparente que existe entre as palavras e os atos de uma pessoa que diz: ‘vou limpar toda a casa e arrumá-la’. E começa a tirar os tapetes, a empilhar as cadeiras, etc., produzindo uma desordem geral na casa anteriormente em ordem. Quem observasse unicamente esse aspecto, poderia exclamar justificadamente: ‘está pondo as coisas piores do que antes’. Contudo, quando compreender o propósito do trabalho, compreenderá também a momentânea desordem, sabendo que a casa ficará, depois, em melhores condições. Analogamente, devemos ter presente que o tempo transcorrido desde a vinda de Cristo-Jesus não é mais do que um momento, quando comparado com um só Dia de Manifestação.
Aprendemos a conhecer o “tempo de Deus” “e a olhar além das passadas e presentes crueldades e dos zelos das seitas em guerra, a caminho da Fraternidade Universal. Essa marcará o grande novo passo do progresso humano em sua larga e gloriosa jornada desde o barro até Deus, desde o protoplasma até a consciente unidade com o Pai.”.
Aqui entra o motivo pelos quais os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, vigilantes da evolução humana, perceberam nos Mundos invisíveis o reflexo antecipado dessa onda de materialismo – que levaram e levam muitas pessoas do fanatismo nas Religiões de Raça à descrença de qualquer coisa que não possa provar com os meios que temos na Região Química do Mundo Físico e, que portanto, o que “vale é a vida que temos aqui, é que é a única, e que nascemos para sermos felizes (e, portanto, ricos”, revivendo valores que até a segunda parte da Época Atlante, até poderiam ser verdadeiros, considerando o objetivo a ser alcançado – já alcançamos e temos outro objetivo hoje! – naquele momento desse Esquema de Evolução). Assim, muitas pessoas “saíram de um lugar ruim para um lugar pior” para a sua Evolução!
E para contrabalançar essa influência desmoralizadora, têm difundido muitos ensinamentos ocultos. No início do século passado, por intermédio de Max Heindel – o iluminado mensageiro, Iniciado treinado, Místico e Ocultista em um nível de equilíbrio elevado – fundaram a Fraternidade Rosacruz com esse fim: preparar cada Aspirante à vida superior a conhecer devidamente as Leis de Deus que regem o mundo e o ser humano para, por meio do exemplo de cada ser humano e da ação em todas as esferas, possa neutralizar a onda materialista; para que eduque seus filhos, oriente sua família, as pessoas dos seus relacionamentos e, dentro do respeito ao livre arbítrio, se capacite a influir beneficamente no sentido de fazer compreender a obra de Deus no mundo e vislumbrar a Sabedoria Divina em nosso plano evolutivo.
Pensou-se que oferecendo esses conhecimentos e educando os poucos que os recebessem, seria possível contrabalancear o materialismo, pelo menos os Aspirantes à vida superior que se acham mais atinados e que, sem essa ajuda, poderiam ver muito retardado na evolução deles, com a influência material.
Com efeito, a base que nossos filhos recebem nas escolas e faculdades é quase sempre materialista, pretensiosa e irreverentemente materialista. A menos que tenhamos conquistado, pelo respeito, nossos filhos, desde pequenos, e passamos neles influir após a puberdade os efeitos daquela orientação, causarão prejuízos maiores ou menores, segundos suas tendências. Quando conseguiram os especialistas, organizados, constituir faculdades reconhecidas em que se ensinem a Religião, a Arte e a Ciência em bases realmente condizentes com as verdades cósmicas, observadas nos Mundos superiores? Muito poucos, ou quase nenhum! Mas hão de vir com a aproximação da Era de Aquário!
O certo é que, tendo negado tanto tempo a espiritualidade, muitas gerações se ressentem de equilíbrio quando, pela morte se vem privado do Corpo Denso e percebem que continuam existindo, mais conscientes do que antes. E as doenças consultivas, como a tuberculose, que tanto grassou entre nós, é uma das causas de crenças materialistas em vidas anteriores.
Como Aspirantes à vida superior, um Estudante Rosacruz ativo, temos o dever de andar a par das coisas aí fora, embora sugerimos sempre uma conduta apolítica; de incentivar e apoiar o estudo das relações humanas, porque sempre se fundam em bases Cristãs; de ler e estudar a Filosofia Rosacruz, que encaminha o conhecimento humano para rumos acertados; e, sobretudo, de agirmos como verdadeiros Cristãos, coerentemente, em nossas esferas de ação, porque a prática é que demonstra o que entendemos e constitui a mudança, porém, convincente argumentação do que desejamos testificar.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Ordem Rosacruz consiste de doze Irmãos Maiores em torno de Christian Rosenkreuz e um desses Irmãos está especificamente ligado à Fraternidade Rosacruz, porque ela é uma Escola Preparatória para a Ordem Rosacruz, nos planos internos, especificamente, na Região Etérica do Mundo Físico.
É por isso que o Irmão Maior promove o desenvolvimento de “uma Mente Sã, um Coração Nobre e um Corpo São”, bem como um completo Treinamento Esotérico (ou Educação Esotérica) diário e o desenvolvimento de um Traje Dourado de Bodas, um Dourado Manto de Bodas, uma Vestimenta Dourada para o Casamento Místico entre o “Eu superior” e o “eu inferior”, o Soma psuchicon, que são os nomes para designar o Corpo-Alma, que é necessário à transição para uma vida consciente nos Mundos invisíveis. Por analogia, imaginem o Corpo-Alma como o “traje espacial do astronauta”. O seu corpo é utilizado para viajar em um campo diferente, um mar invisível de energia que nos rodeia, mas do qual temos pouca, ou até nenhuma, percepção.
Depois da Época Lemúrica (a terceira das sete Épocas do Período Terrestre), na Época Atlante (a quarta), quando a atmosfera tinha muita névoa e nós respirávamos com alguns órgãos que se assemelhavam às guelras como dos peixes, nós precisávamos construir os pulmões para nos preparar para a Época Ária (a atual, a quinta). A água da atmosfera, por meio de inundações, foi transformada em oceanos e assim começamos a respirar o ar fresco da nova atmosfera seca. As inundações ocorreram em série; não houve apenas uma inundação, mas um grande número delas durante um período de tempo excecionalmente longo. O último dilúvio ocorreu aproximadamente há de 10.000 anos, quando o Sol atravessava, por Precessão dos Equinócios, o Signo de Câncer.
Assim, os seres humanos que conseguiram construir os pulmões para respirar na nova atmosfera da Época Ária foram os pioneiros dessa Época. Eles se reuniam e subiam para as terras altas, acima das brumas e da água, e já tinham desenvolvido pulmões e podiam respirar o ar rarefeito. Mas os seres humanos que viviam nas terras baixas ainda estavam na atmosfera aquosa e tinham que aprender a construir pulmões, porque ainda respiravam por meio daqueles órgãos semelhantes às guelras. Quando as várias séries de cheias se tornaram pouco frequentes, aqueles que não tinham pulmões não conseguiram sobreviver e ficaram atrasados, conseguindo construir os pulmões muito tempo depois. Atualmente, ainda temos 85% de água nos nossos Corpos Densos, mas quando entrarmos na Era de Aquário, daqui a uns 500 anos, aproximadamente, a água vai evaporar e será substituída por Éteres. Aqueles que não treinaram seus Corpos Vitais não serão capazes de sobreviver na atmosfera etérica mais elevada da Era de Aquário. Portanto, é importante que desenvolvamos nossos Corpos-Alma agora!
Os Irmãos Maiores fornecem Treinamento Esotérico (ou Educação Esotérica) para cada geração de Aspirantes à vida superior que já compreenderam a necessidade urgente de desenvolver, treinar e funcionar consciente em um Corpo-Alma. Os Irmãos Maiores trabalham muito para superar os efeitos destrutivos do materialismo, da nacionalidade, do racismo, da ganância, do poder mundano, da fama mundana, do foco somente nas coisas materiais, do egoísmo e do pensamento negativo. Todas as noites, à meia-noite, eles realizam um serviço no Templo da Ordem Rosacruz que fica na Região Etérica do Mundo Físico. Atraem todo o tipo de energia negativa para transmutar em amor puro, benevolência, altruísmo, positivismo e elevada aspiração espiritual, que depois enviam de volta ao mundo para elevar e encorajar todo tipo de bem. Se não fossem as suas poderosas vibrações espirituais, as forças do materialismo já teriam esmagado os esforços espirituais.
Por isso é imperativo que nós, Estudantes Rosacruzes e Aspirantes à vida superior, os ajudemos, aprendendo a fazer este trabalho, ou seja, praticando no nosso dia-a-dia os Ensinamentos Rosacruzes que eles disponibilizaram para quem quiser. Por isso, sempre que notarmos um pensamento negativo em nós, temos que parar e pensar sobre isso. Precisamos fazer uma retrospectiva e ver como podemos agir de maneira diferente, dando ênfase ao que é mais construtivo. Quando nos deparamos com situações em que as pessoas nos causam mal e começamos a nutrir ressentimentos e sentimentos negativos, temos que olhar para isso também, porque, de qualquer forma, isso nos deixa doentes ou enfermos. Não só destrói os nossos Éteres, como também queima a nossa energia interior; por isso é importante aprender a perdoar, aprender a praticar os princípios de Cristo, porque todos esses são princípios alquímicos que transformam as energias internas e externas. Tudo que fazemos tem efeito. Se temos um pensamento, ele afeta nossas funções internas e, também, o nosso ambiente. Afeta a nossa aura, claro, mas também o solo e as energias à nossa volta; além disso, afeta as outras pessoas.
O mesmo acontece com os nossos sentimentos. Se temos sentimentos negativos em relação a coisas com as quais temos dificuldade em lidar emocionalmente, temos que nos concentrar nelas para tentar encontrar uma solução, uma forma de transmutar esses sentimentos negativos em algo mais construtivo. É o trabalho da alquimia, um processo consciente que exige certa dose de esforço.
Isso também é válido para nossas intenções, os nossos motivos. Quais são os nossos motivos? São universais? Estamos tentando fazer algo de bom para o todo? Ou apenas nos limitando a nós próprios, querendo unicamente nos ajudar? Se for esse o caso, temos que analisar a nossa conduta, porque estamos todos no mesmo barco — aqui, neste Planeta – e tudo que fazemos afeta todos os outros.
Se começarmos a gerar pensamentos positivos, emoções, sentimentos e desejos positivos, intenções positivas e, consequentemente, gerarmos ações e obras positivas, mudaremos o nosso Planeta e vamos torná-lo um mundo melhor para todos. Não só precisamos nos esforçar para praticar essa filosofia positiva, mas também temos que ensiná-la ao mundo.
Ao contrário de muitos que vemos por aí, nós da Fraternidade Rosacruz não fazemos proselitismo. Tudo que fazemos e temos que fazer é ser um exemplo daquilo em que acreditamos. Quando mostramos, pelas nossas próprias obras, os princípios da nossa Filosofia Rosacruz, estamos de fato ensinando. Devemos ser os exemplos vivos daquilo em que acreditamos. Devemos educar o mundo sobre como viver a vida, um modo de vida positivo que a ninguém prejudica, que respeita toda forma de vida, que nutre o nosso Planeta, que protege os nossos recursos e que ama e respeita os nossos irmãos e as nossas irmãs. Quando digo irmãos e irmãs, não me refiro apenas aos irmãos e às irmãs humanos. Eu me refiro também aos nossos irmãos menores, os animais, ao nosso respeito pelo Reino de Vida vegetal e pela própria crosta e atmosfera da Terra, o Reino de Vida mineral. Temos que pôr em prática o princípio cósmico do amor e da compaixão universais que Cristo nos deu há mais de dois mil anos. À medida que a Era de Aquário desponta na Terra, uma Era Dourada de vida consciente e luz espiritual, aboliremos todas as guerras e eliminaremos as doenças enfermidades. As pessoas de boa vontade partilharão o amor e a paz duradoura.
É nossa responsabilidade cuidar do Planeta e dos seus habitantes; somos os guardiões dos nossos irmãos e das nossas irmãs. Devemos praticar o amor tal como ensinado por Cristo Jesus, de fato e em verdade, e não apenas em palavras: devemos lutar pela Fraternidade Universal.
(de uma exposição na Pró-Ecclesia em novembro/2009 – The Rosicrucian Fellowship e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP- Brasil)
É extremamente importante perceber que a Astrologia não nos mostra o que e onde estamos. Tudo o que a Astrologia nos mostra são as forças com as quais temos que trabalhar e os problemas que enfrentaremos na vida.
O que fazemos com estas forças e se resolvemos estes problemas de forma construtiva depende de como exercemos o nosso livre arbítrio, o que não é mostrado no horóscopo.
No Livro “A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz”, no Capítulo 2[1], se observa que se um astrólogo quiser ler um horóscopo com precisão, ele deve conhecer o estado de evolução espiritual do indivíduo. Pessoas com diferentes graus de evolução espiritual podem responder de maneira diferente a qualquer conjunto de forças astrológicas.
Certa vez, um astrólogo francês fez uma experiência em que reuniu os horóscopos de vários criminosos presos e os misturou com os horóscopos de várias outras pessoas e depois perguntou a alguns astrólogos para dizer quais eram os criminosos e quais eram as outras pessoas. Os astrólogos não foram capazes de fazê-lo. A razão pela qual os astrólogos não foram capazes de fazer isso é que, para qualquer conjunto de forças astrológicas, algumas pessoas podem agir como folhas sopradas pelo vento e cair no potencial armadilhas indicadas, e outros podem exercer a sua sabedoria e a sua vontade e usar as forças de forma construtiva.
Com o exercício da sabedoria e da força de vontade, os problemas da vida podem ser resolvidos e as forças nas Quadraturas e Oposições podem ser usadas de forma tão construtiva quanto as forças nos Sextis e Trígonos.
Conheci pessoas principalmente com Sextis e Trígonos, e apenas uma ou duas Quadraturas ou Oposições, que estavam bagunçando suas vidas. Conheço outras pessoas que têm muitas Quadraturas e Oposições, que ganharam o controle de suas vidas e estão vivendo de forma construtiva.
Quando o horóscopo mostra problemas, a pessoa, se quiser, saberá que através de suas ações em vidas passadas acumulou esta pesada dívida (que nada mais são do que lições não aprendidas nessa Escola da Vida) que deve ser paga (lição aprendida) em algum momento.
Suponha que uma criança trouxe algum dever de casa da escola. Se os pais virem o dever de casa, que conclusões tirarão? Eles presumirão que a criança foi reprovada em algum teste e recebeu essa lição de casa como trabalho corretivo? Eles presumirão que esse dever de casa é apenas parte do processo de aprendizagem atribuído a todos os alunos da turma? Ou irão presumir que a criança está à frente do resto da turma e realizou algum trabalho extra? Obviamente, apenas ver os trabalhos de casa não é suficiente para dizer aos pais as razões da lição de casa e qual suposição está correta.
O horóscopo mostra os problemas de “lição de casa” que devemos resolver nesta vida. Não deveríamos fazer suposições sobre se estes são problemas antigos que não conseguimos aprender anteriormente ou se são novos desafios que estão a nos ajudar a desenvolver força espiritual. Somente quem investigou diretamente as vidas passadas de um indivíduo pode fazer qualquer afirmação sobre se os problemas que enfrenta são antigos ou novos.
Além disso, as pessoas precisam ter cuidado ao fazer declarações sobre essa pesada dívida (repetimos: que nada mais são do que lições não aprendidas nessa Escola da Vida). Na retrospectiva post mortem, todas as dívidas de sofrimento são “pagas” integralmente, resultando na consciência que orienta na próxima vida a testar se realmente aprendeu a lição. Se, através de nenhuma por culpa própria nesta vida, uma pessoa experimenta sofrimento, as possíveis causas são:
1) A pessoa tem alguma lição para aprender ou alguma força espiritual para desenvolver a partir desta experiência ou;
2) a pessoa pode ser atormentada por outra pessoa que esteja exercendo seu livre arbítrio. Quando for esse o caso, o algoz sofrerá por sua indiscrição no Purgatório. Sem a visão espiritual não podemos dizer qual destas explicações é aplicável ou se ambas são aplicáveis num determinado caso.
(de Elsa Glover, publicada na Revista Rays from the Rose Cross de julho-agosto/2003 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: CAPÍTULO II – O GRAU DE SUSCETIBILIDADE ÀS VIBRAÇÕES ASTRAIS
Quando julgamos um horóscopo, é de suma importância que levemos em consideração a posição social e etnológica do indivíduo, pois configurações de grande importância no horóscopo de um caucasiano instruído podem significar pouco ou nada no horóscopo de um trabalhador nativo não qualificado chinês, e vice-versa. Esquecer tal fator nos levaria, inevitavelmente, a conclusões falsas, como nós explicaremos a seguir.
É uma máxima mística que quanto mais baixo um indivíduo estiver na escala da evolução, mais certamente ele responderá aos raios astrais, e, inversamente, quanto mais elevado um indivíduo na escala da realização, mais ele conquistará e governará suas estrelas, se libertando da dependência ou tutela das Hierarquias Divinas. Esse jugo, contudo, não foi imposto ao ser humano para refreá-lo desnecessariamente, mas do mesmo modo que impedimos uma criança, na nossa vida cotidiana, de fazer coisas que desconhece, e que poderiam machucá-la ou talvez invalidá-la por toda a vida, também somos contidos pelas Hierarquias Divinas por meio dos Aspectos entre os Astros, de modo a não nos machucarmos além do que possamos nos recuperar nas experiências da vida.
Contudo, juntamente com essa a orientação, existe, é claro, certo grau de livre arbítrio, o qual cresce à medida que evoluímos. Entre nós, a criança possui, na verdade, pouquíssimo livre arbítrio, estando sujeita não somente aos seus pais, mas também aos empregados da casa, e a todos a quem esteja relacionada, todo o mundo a controlando para o próprio bem dela. À medida que a criança cresce, esse cerceamento vai se moderando pouco a pouco, até que, com o passar dos anos, a criança aprenda a exercitar esse seu livre arbítrio. Esse método é seguido pelas Hierarquias Divinas, no caso do ser humano. Na sua infância a Humanidade foi totalmente guiada pelas regras Divinas, sem exercitar nenhum Arbítrio; “Portanto, deverás fazer isto, ou não fazer” eram as ordens impostas a ela, e que deviam ser implicitamente obedecidas, caso contrário, o descontentamento Divino seria, imediatamente, mostrado por meio de manifestações enérgicas como um recurso para impressionar a Mente da Humanidade infantil, tais como: raios, trovões, terremotos e ocorrências de grandes pragas. Isso ocorria para a orientação coletiva da Humanidade; para repressão individual havia as leis, os mandamentos e as regras rígidos. Tributos deviam ser pagos continuamente ao Líder Divino e oferecidos no altar como sacrifícios, e para cada infração à lei um determinado sacrifício de bens materiais devia ser feito. Temor era a nota-chave dominante daquela Dispensação, pois “O começo da sabedoria é o temor do Senhor Deus” (Prov 9:10). Esse regime prosseguia sob as condições astrais de Marte e da Lua. Marte, sendo o lar dos Espíritos Luciferinos dominantes, dava à Humanidade a energia necessária para que a evolução pudesse ser realizada; essa energia marciana era da maior importância, particularmente, é claro, nos estágios iniciais. A Lua, que é o lar dos Anjos, sob o Divino Líder deles Jeová, deu à Humanidade em sua infância aquele cérebro-mente como de criança, que é passível de ser governado e se curva facilmente perante a autoridade.
Esses dois Astros com Saturno eram os únicos raios astrais que afetavam a Humanidade como um todo durante a Época Lemúrica, de modo que, se se levantasse um horóscopo para qualquer pessoa naquele tempo, seria desnecessário considerar outros Astros, pois ela não podia responder aos seus raios. Mesmo hoje, uma grande parte da Humanidade ainda não evoluiu muito além daquele ponto. Uma grande classe, particularmente entre aquelas que chamamos de “raças inferiores”, e mesmo as classes mais baixas do nosso mundo ocidental, são dominadas, principalmente, por esses raios astrais. Sob seus impulsos essas duas classes atuam com infalibilidade automática em uma maneira específica, de forma que é possível predizer exatamente o que farão sob determinados Aspectos desses Astros, porque elas vivem inteiramente em suas emoções e raramente, se tanto, são suscetíveis às vibrações intelectuais de Mercúrio. Elas nem podem apreciar as emoções tais como as expressas por Vênus ou pela sua oitava, Urano; tais pessoas respondem somente à natureza inferior, às paixões animais. Movem-se sob os impulsos de Marte e da Lua, com respeito ao sexo e à subsistência. Seus prazeres são da natureza a mais baixa e mais sensual. Elas vivem como animais em bando no físico, e seus credos é “comer, beber e se divertir”. Seus desejos são dirigidos principalmente para “vinho e amores”, pois ainda não despertaram para o encanto da música; nem a beleza teve ainda a oportunidade para encantar o coração selvagem, nesse estágio de desenvolvimento, porque isso provém dos raios de Vênus, que estão além dessas pessoas. Em tal estágio, a mulher é apenas um animal de carga e uma conveniência para o homem.
Enquanto isso o “Pai Tempo”, representado pelo Planeta Saturno, marca a contagem e brande sobre elas o açoite da necessidade, a fim de impeli-los para frente, nesse caminho evolutivo, retribuindo a cada um, na época da colheita entre vidas, com os frutos de seu trabalho. Quando o ser humano já cultivou as rudes virtudes de bravura, resistência física, etc., sonha na existência post-mortem com novos campos para conquistar, e vê onde fracassou, e a razão de seus desejos frustrados por falta de ferramentas. Gradualmente, o raio marciano construtivo e a destreza de Saturno fertilizam o cérebro lunar que ele está construindo, de maneira que, com o tempo, aprende a fazer as toscas ferramentas necessárias à realização de suas ambições primitivas. Mesmo atualmente vemos os mesmos traços de caráter hábil, as mesmas técnicas primitivas manifestadas nas “raças inferiores” e por meio delas, com o propósito de irrigar a terra, extrair minério ou moer grãos. Todos aqueles primeiros instrumentos resultaram dos raios astrais de Saturno, da Lua e de Marte, influenciando o cérebro primitivo da Humanidade infantil.
Um pouco adiante no caminho evolutivo, na Época Atlante, os Senhores de Vênus e os Senhores de Mercúrio vieram a Terra com o objetivo de dar um impulso no desenvolvimento mental e emocional. A tarefa de Vênus era combater as emoções inferiores e elevar a rude paixão animal de Marte ao mais terno e mais belo amor de Vênus. Devia acrescentar beleza à força, e para alcançar aquele ideal, os Senhores de Vênus estimularam as artes plásticas, a pintura e a escultura. Tais artes não eram ensinadas aos seres humanos comuns daquela época; os ideais que precisam ser desenvolvidos numa raça são sempre ensinados primeiramente aos mais avançados, em um templo de mistério, e, naquela época, a Iniciação não incluía instrução espiritual, mas consistia em educação nas artes liberais (compostas da lógica, gramática, retórica e da aritmética, música, geometria, astronomia.). A escultura ensinava como o belo pode ser incorporado à forma física. Chamava a atenção para o corpo, e tornava um ideal as suaves linhas curvas. O resultado está agora incorporado ao nosso próprio corpo, pois, compreenda-se bem, numa escola de mistério um ideal não é ensinado hoje simplesmente para ser esquecido amanhã ou na geração seguinte, mas ideais são inculcados para que, com o tempo, eles se tornem parte da própria vida, da alma e corpo de uma raça. Compare o corpo de raça do ser humano civilizado moderno com o do indiano, do australiano, do hotentote (Povo da África ao norte do Rio Orange), etc., e verá que nele a beleza foi de fato acrescentada à força.
Pode-se argumentar que estamos degenerando, se comparados ao que mostram as Artes Helênicas, mas isso positivamente não está acontecendo, mesmo porque ainda não alcançamos esse ideal tão elevado. Na Grécia antiga os templos de mistério ocupavam uma posição muito mais proeminente do que hoje; a forma bonita era idolatrada em detrimento da Mente, não obstante se constatar o fato de que a Grécia teve um Platão e um Sócrates. Os Senhores de Mercúrio, que tinham a incumbência de desenvolver a Mente à época em que os Senhores de Vênus exerciam sua grande influência sobre as emoções, não foram então capazes de causar uma impressão universalmente forte na Humanidade primitiva. Sabemos muito bem que mesmo hoje é difícil pensar, ao passo que é fácil se entregar às emoções. Hoje em dia, a classe média do ocidente está muito mais adiantada do que os Gregos antigos, em virtude da influência desses dois raios planetários em nossas vidas. A mulher, naturalmente, sobressai na faculdade altamente imaginativa de Vênus, devido à sua participação na função criadora, que ajuda a moldar o corpo da raça. Por isso, a sua silhueta possui as curvas graciosas que naturalmente expressam a beleza, ao passo que o homem possui um intelecto de conhecimento mundano, estimulado pelos Senhores de Mercúrio, que é o expoente da razão e o agente criador do progresso físico no trabalho do mundo.
Sempre almejamos, admiramos e aspiramos àquilo que nos falta. Nos dias de selvageria, quando golpes e pontapés era seu pagamento diário, a mulher ansiava pelo carinho de seu senhor. O raio de Vênus lhe deu a beleza e a fez adepta dos artifícios femininos que conquistaram o coração masculino, de modo que agora o homem desempenha o papel de protetor sob o pretexto de que a mulher não é mentalmente competente; entretanto, ele está se tornando aquilo que admira nela; ele está mais gentil e afável. Vênus está conquistando Marte, mas a ilusão da superioridade intelectual de Mercúrio precisa de outra influência para conquistá-lo. Agora, a mulher está suprindo isso, por meio de sua aspiração. Do mesmo modo que ela dominou a brutalidade marciana através da beleza de Vênus, assim também ela vai se libertar da escravidão mercuriana pela intuição uraniana.
Para o ser humano primitivo, impelido pelo aguilhão da necessidade saturnina, quando não pela luxúria e pelas paixões animais de Marte e Lua, o mundo parece sombrio. O medo é a palavra-chave de sua existência: o medo dos animais; o medo dos outros seres humanos; o medo das forças da natureza; medo de tudo ao seu redor. Ele precisa estar sempre atento e em alerta; a vigilância é eternamente o preço da sua segurança. Contudo, quando a evolução o torna mais sensível às influências de Vênus e Mercúrio, estes abrandam suas emoções e clareiam sua mentalidade; ele começa a olhar o amor e a razão como fatores na vida. O Sol também começa a iluminar sua visão da vida, e o brilho na natureza do ser humano, durante essa fase evolutiva, parcialmente dispersa as sombras de Saturno. Assim, gradativamente, à medida que o ser humano evolui e se torna mais sensível à música das esferas, na harpa celestial uma corda após outra toca um acorde semelhante na alma humana e a faz sensível às suas vibrações, de forma que, do mesmo modo que um diapasão, quando tocado, desperta a música em outros diapasões do mesmo tom a uma distância razoável, assim também os Planetas em nosso Sistema Solar, na sucessão evolutiva, tocaram vários acordes que encontraram eco no coração humano.
No entanto, as cordas da Lira celestial de Apolo não estão todas em harmonia. Algumas se encontram em verdadeira dissonância, de maneira que, enquanto o ser humano responde a algumas, ele permanece necessariamente, pelo menos em parte, indiferente às outras. De fato, antes de poder responder, perfeitamente, aos raios de Vênus, é necessário que o ser humano domine Marte em um grau considerável e mantê-lo sob controle, de maneira que alguns indesejáveis traços marcianos de sua natureza sejam suplantados, enquanto outros, que possam ter valor, sejam preservados. O amor de Vênus, que tudo deseja àqueles que ama, não pode conviver lado a lado no coração com o raio de Marte, que requer todas as coisas para si próprio. Por conseguinte, o ser humano primitivo precisa aprender a se dominar, em certa medida, a fim de poder se tornar o mais civilizado ser humano da família dos tempos modernos. Sob os desenfreados e apaixonados raios de Marte e da Lua, os pais põem crianças no mundo e as deixam entregues a si mesmas, quase como fazem os animais, já que são produtos da paixão animal. As fêmeas são compradas e vendidas como um cavalo ou uma vaca, ou são tomadas à força. Até mesmo em tempos mais recentes, já na obscura época medieval, o cavaleiro costumava, muitas vezes, tomar sua noiva pela força das armas, praticamente do mesmo modo que, entre os animais, os machos lutam pela posse da fêmea nos períodos de acasalamento.
Vemos, então, que o primeiro passo rumo à civilização exige que o ser humano domine um ou mais dos Planetas, pelo menos até certo ponto. A paixão desenfreada, como a gerada pelos raios do primitivo Marte, não é mais permitida sob o regime da civilização moderna, nem é mais admissível o princípio de que “força é direito”, exceto nas guerras, quando voltamos ao barbarismo. A qualidade da bravura física de Marte, que, em certo período, era tida como uma virtude para atacar a outros e roubar propriedades, não é mais admirada no indivíduo. Ela é punida de diversos modos, de acordo com a lei, embora seja ainda válida quando se trata de nações que entram em guerra, as quais agem sob esse impulso primitivo com propósitos de expansão territorial. Contudo, como dissemos, Marte foi dominado em grande parte na vida civil e social para que o amor de Vênus pudesse tomar o lugar da paixão de Marte.
Como dissemos acima, os filhos do ser humano primitivo eram deixados entregues a si mesmos, tão logo houvessem aprendido a se defender nas lutas físicas. Com o advento de Mercúrio, outro método foi introduzido. A batalha da vida hoje em dia não é mais travada somente com armas físicas. O cérebro, mais do que os músculos, determina o sucesso. Consequentemente, o período de educação foi sendo dilatado à medida que a Humanidade avançava, visando principalmente uma realização mental, pois os raios de Mercúrio acompanham o desenvolvimento de Vênus na civilização moderna. Assim, o ser humano vê a natureza de um prisma mais iluminado quando aprende a responder ao Sol, a Vênus, Mercúrio, Marte, Lua e Saturno, mesmo que em grau muito reduzido.
Contudo, embora esses vários estágios da evolução tenham, gradualmente, submetido o ser humano ao domínio de um número de raios astrais, o progresso foi unilateral, pois esse domínio fomentou apenas os interesses em coisas sobre as quais ele tem direito de propriedade: seu negócio, sua casa, sua família, seu gado, sua fazenda, etc., tudo de vital importância e precisando de cuidados. Suas posses devem ser aumentadas, se possível, não importando o que aconteça aos bens, à família, etc., dos outros, que absolutamente não lhe interessam. Entretanto, antes que possa alcançar um estágio mais avançado de evolução, é necessário que esse desejo de se apoderar das terras e de retê-las para si, deva dar lugar a um desejo que beneficie seus semelhantes. Em outras palavras, o Egoísmo deve dar lugar ao Altruísmo, e assim como Saturno, brandindo sobre ele o açoite da necessidade em seus dias primitivos, trouxe-o até seu atual estágio de civilização, do mesmo modo também Júpiter, o Planeta do altruísmo, está destinado a erguê-lo da condição de ser humano à condição de “super-homem”, onde ele estará sob o raio de Urano, no que tange à sua natureza emocional, quando a paixão gerada por Marte será substituída pela Compaixão e quando a consciência infantil de origem lunar será substituída pela consciência cósmica do raio netuniano. Portanto, o advento do raio jupteriano em nossa vida marca um avanço muito destacado no desenvolvimento humano. Conforme nos ensina o livro O Conceito Rosacruz do Cosmos (Você pode obter uma cópia digital desse livro, de graça, aqui no nosso site: www.fraternidaderosacruz.com), estamos a ponto de avançar do nosso atual Período Terrestre para o Período de Júpiter e, entretanto, o raio jupteriano marca aquele estágio elevado de altruísmo, que será então um fator proeminente em nossas relações mútuas; e será compreendido de imediato que, antes de podermos realmente responder aos raios de Júpiter, precisamos cultivar o altruísmo a um tanto e dominar o Egoísmo proveniente da força racional de Mercúrio. Aprendemos a dominar algumas das influências de Marte e da Lua, mas podíamos também ter aprendido a dominar algumas das influências inferiores de Mercúrio e Vênus, pois quanto mais as dominarmos, mais capazes seremos de responder às forças vibratórias superiores que emanam desses Astros; sim, se nos esforçarmos com afinco, um dia seremos capazes de dominar até mesmo a influência mais elevada do amor de Vênus, que sempre se prende a um objeto possuído por nós. Amamos nossos filhos porque são nossos; amamos nossos maridos e esposas porque nos pertencem; orgulhamo-nos – orgulho venusiano – de suas características morais – orgulho mercurial – de suas realizações, embora Cristo estabeleceu uma norma mais elevada: “Se alguém vem a mim e não deixe seu próprio pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14:26). A ideia de que devemos negligenciar nossos pais e mães, ou de que devemos odiá-los para podermos segui-Lo, esteve longe de passar pela Sua Mente, é claro, mas pai e mãe são apenas corpos; a alma que habita o corpo de seu pai e de sua mãe é que deve ser amada, não o simples invólucro físico. Nosso amor deveria ser o mesmo, seja a pessoa velha ou jovem, feia ou bonita. Devemos buscar a beleza da alma, buscar o relacionamento universal entre todas as almas, sem que importe tanto o relacionamento entre os corpos. “Quem são minha mãe e meus irmãos?” (Mt 12:48), disse Cristo, e apontou para seus Discípulos, aqueles que eram um só com Ele em Sua grande obra. Com efeito, eles estavam mais perto d’Ele do que qualquer irmão poderia estar, em virtude do mero relacionamento físico. Essa atitude constitui um passo adiante em relação ao amor de Vênus, que enfatiza os invólucros físicos dos entes amados e não considera a alma que está em seu interior. Por outro lado, o amor jupteriano reconhece somente a alma, independentemente do corpo que ela usa. A fase mercurial ou racional da mentalidade também é modificada em razão da sensibilidade ao altruístico Júpiter. E aqui o cálculo frio fica fora de cogitação. Aquele que sente o raio expansivo de Júpiter é generoso em tudo, do princípio ao fim, permanentemente, generoso no que se refere às suas emoções, ao seu amor, generoso no que diz respeito a todas as coisas do mundo. “Uma pessoa jovial” é uma expressão adequada. Ele é sempre bem-vindo e amado por todos aqueles que encontra, porque não irradia o Egoísmo comum, mas o desejo de beneficiar os outros, que em nós desperta uma sensação de confiança, sensação diametralmente oposta àquela que sentimos, instintivamente, quando entramos em contato com uma pessoa Saturno-Mercúrio.
É uma questão de experiência real para os astrólogos dotados com a visão espiritual que os raios astrais de cada pessoa produzem certas cores em sua aura, além da cor básica que identifica a “raça” à qual o indivíduo pertence. O ser humano com os pobres e doentios tons azuis da combinação Saturno e Mercúrio deve ser digno de compaixão e não censurado, pela avareza e melancolia que são sua constante atitude mental; ele vê tudo no mundo através do espelho áurico que ele criou ao seu redor; ele sente que o mundo é frio, duro e Egoísta, e que, portanto, é preciso que ele seja ainda mais Egoísta e frio, a fim de se proteger. Por outro lado, quando vemos o divino raio azul de Júpiter, tingido talvez com o delicado ouro da natureza uraniana, percebemos o quanto a visão de tão nobre indivíduo é diferente do modo sórdido com que o outro vê as coisas. Mesmo os que possuem a mais fraca tonalidade jupteriana estão num mundo repleto do brilho do sol, de flores desabrochando, vendo o todo da natureza colorido e alegre. E, ao contemplarem o mundo através dessa atmosfera, eles atraem de outras fontes uma resposta semelhante, do mesmo modo que o diapasão, já mencionado, faz vibrar outro diapasão do mesmo tom.
Depois do que foi dito, não será difícil compreender que as características uranianas, nas quais o amor se converte em compaixão, proporciona uma sabedoria que não depende da razão; um amor que não se prende a um objeto único, mas inclui tudo o que vive, se move e tem o seu ser com características semelhantes às que serão desenvolvidas pela Humanidade durante o Período de Vênus (o sexto Período nesse Esquema de Evolução. Veja nesse Livro, Conceito Rosacruz do Cosmos, mais detalhes), quando o amor perfeito substituirá todo o medo, quando o ser humano dominará todos os aspectos inferiores de sua natureza, e o amor será tão puro quanto é universal o seu alcance.
Quando essas vibrações uranianas são sentidas por antecipação na vida superior por meio da aspiração, há o grande perigo de rompermos os grilhões da lei e do convencionalismo, antes de estarmos realmente preparados para nos governar segundo a lei do divino Amor; de desrespeitarmos as leis que são do mundo; de não darmos “a César o que é de César”, em obediência ou dinheiro; de não sermos cuidadosos em evitar a presença do mal; de pensarmos que já superamos, em muito, o estágio da Humanidade comum; que podemos viver como super-humanos; de que a paixão de Marte, em nosso caso, se converta em compaixão uraniana, que é assexuada. Com tais equívocos, muitas pessoas, que se esforçam em seguir o caminho, desprezam as leis do Matrimônio, passando a se relacionar como almas gêmeas e afinidades. Elas sentem o raio uraniano, mas não podem responder totalmente à sua sublime pureza e, portanto, experimentam uma falsa sensação venusiana que normalmente termina em adultério e perversão sexual, de modo que, em vez da natural paixão animal de Marte, ela se transmuta na compaixão de Urano, e, de fato, degenera em algo muito pior que a completa expressão sexual dos raios marcianos, levada a efeito de maneira franca e apropriada. Esse é um perigo que não se pode evitar completamente e compete a cada um, que se esforça em viver a vida superior, não tentar almejar os raios uranianos até que esteja, primeiro, completamente imbuído das vibrações altruísticas de Júpiter, pois aqueles que têm aspirações elevadas e que depois caem, trazem mais desgraça para o mundo do que aqueles que não almejam o suficiente. “O orgulho vem antes da queda” é um provérbio antigo e muito verdadeiro, que cabe a cada um de nós guardar de cor. Cristo participou das bodas de Canaã. O Matrimônio é uma instituição Cristã regular, e deve existir até que seja abolido no reino que há de vir; lá nossos corpos não se desgastarão, pelo que não mais haverá necessidade do Matrimônio para gerar outros novos corpos.
Que seja também entendido que o ministro que realiza o Matrimônio não pode realmente casar as pessoas, portanto, a presença da harmonia básica para o verdadeiro Matrimônio deve ser determinada antes da cerimônia do Matrimônio.
Como vimos acima, Marte, Vênus e Urano marcam três estágios no desenvolvimento emocional do ser humano. Durante o estágio em que ele é suscetível somente à Marte, a paixão animal reina suprema, e ele busca, desenfreadamente, a gratificação de todos os seus desejos inferiores na relação sexual com o semelhante, principalmente com o sexo oposto; durante o estágio em que se torna suscetível aos raios de Vênus, o amor lhe abranda a brutalidade dos desejos, e as paixões animais são, de algum modo, controladas; sob as influências superiores desse Planeta, ele se dispõe até mesmo a se sacrificar a si próprio e aos seus desejos para o bem e o conforto daqueles a quem ama. Quando evoluiu ao ponto em que pode sentir os raios de Urano, a paixão de Marte se volta, gradativamente, para a compaixão; aqui o amor de Vênus, que é dirigido somente a uma pessoa em particular, se torna tão abrangente que abarca toda a Humanidade, não importando o sexo ou qualquer outra distinção, pois se trata do divino amor de alma para alma, o qual está acima de todas as considerações materiais de qualquer natureza.
A mentalidade também evolui através de três estágios, de acordo com a suscetibilidade da pessoa às vibrações da Lua, de Mercúrio e de Netuno. Enquanto o ser humano for susceptível apenas à influência lunar, será como uma criança, facilmente guiada pelos poderes superiores que o conduzem através dos vários estágios mencionados nos capítulos anteriores. Sob o raio planetário de Mercúrio, ele desenvolve, gradualmente, seus poderes intelectuais e se converte em um ser racional. E, como tal, é posto sob a Lei de Causa e Efeito, e considerado responsável por suas próprias ações, de maneira que pode colher o que semeou e, assim, aprender as lições que a vida humana tem para lhe ensinar no atual regime. Sendo inexperiente, comete erros em quaisquer das direções indicadas pelas aflições de Mercúrio em seu horóscopo e, consequentemente, sofre a correspondente punição em sofrimento e dificuldades. Se não tiver inteligência para raciocinar sobre a conexão entre seus erros e as tristes experiências consequentes deles durante sua vida, o panorama de vida que se desenrola no estado post-mortem torna isso claro, e deixa com ele uma essência de “sentimento correto”, conhecida como “consciência”.
Essa consciência o impede de repetir erros passados, já que o sentimento gerado se torna bastante forte para contrabalançar uma tendência a ceder à particular tentação que causou seu sofrimento. Assim, o indivíduo, gradativamente, desenvolve uma consciência espiritual que está acima e além do raciocínio humano, mas a qual, não obstante, também está conectada à razão e, de tal modo que quando o resultado é alcançado, o ser humano que possui essa Consciência Cósmica sabe por que este fato é e deve ser assim, ou porque deve executar uma certa ação. Essa Consciência Cósmica é desenvolvida sob o raio de Netuno, e difere daquele correto sentimento intuitivo desenvolvido sob o raio de Urano no fato muito importante de que, ainda que a pessoa que desenvolveu a qualidade intuitiva de Urano chegue à verdade instantaneamente, sem necessidade de pensar e raciocinar sobre o assunto, ela é incapaz de dar qualquer coisa além do resultado, isto é, não consegue conectar as várias etapas da sequência lógica, por meio das quais o resultado final foi alcançado. Todavia, o ser humano que desenvolve a faculdade de neptuniana também tem a resposta imediata para qualquer pergunta, e é capaz de dar a razão pela qual aquela é a resposta adequada e certa.
A faculdade da intuição, construída desde a base da paixão marciana, através do estágio do amor venusiano e do raio da compaixão uraniano, depende da capacidade da pessoa envolvida para sentir muito intensamente. Pelo amor e pela devoção, o coração se sintoniza com todos os outros corações do universo, e, desse modo, conhece e sente tudo o que pode ser conhecido e sentido por qualquer outro coração no universo, compartilhando assim da omnisciência divina que une Nosso Pai no Céu a Seus filhos, e por meio do toque direto que vai de coração a coração com aquela omnisciência, a pessoa obtém as respostas de todos os problemas com que se depare.
Os seres humanos mais nobres de todos os tempos, os santos Cristãos da mais transcendente espiritualidade, alcançaram seu maravilhoso desenvolvimento por meio dos raios espirituais desse Planeta, em virtude do intenso sentimento de Unidade com o divino e com tudo que vive e respira no universo.
Mas há outros que não são assim constituídos, não sendo, pois, capazes de trilhar aquele caminho. Esses, por meio da Lua, de Mercúrio e de Netuno, desenvolveram seu intelecto e alcançaram os mesmos resultados e o mesmo poder de idealização netuniano.
Esse é um ponto muito importante e é só revelado nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, pois, embora tenha sido ensinado anteriormente que o Espírito se envolve na matéria e, desse modo, se cristaliza na forma que depois desenvolve, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental nos dizem que existe, além disso, um terceiro fator no avanço universal, a saber: a Epigênese; a faculdade pela qual o Espírito pode escolher um rumo que, ao mesmo tempo, é novo e independente daquele que seguia antes. Nós vemos a expressão disso em todos os reinos relativos à forma, mas, no reino humano, a Epigênese se expressa como gênio, como um instinto criador, que torna o ser humano mais próximo ao divino do que qualquer outra de suas conquistas. Isso é desenvolvido sob o raio de Netuno, quando esse Planeta está bem-posicionado no horóscopo. Naturalmente, há também coisas como o gênio mau, uma faculdade destrutiva desenvolvida sob um Netuno afligido.
Somente as pessoas mais sensíveis no mundo sentem os raios de Urano e de Netuno na atualidade. Para sentir tais vibrações, a conexão entre o Corpo Denso e o Corpo Vital, que é feito de Éter, deve ser bastante frouxa, pois quando esses dois veículos estão firmemente interligados, a pessoa sempre tende para o materialismo, não podendo responder às vibrações mais elevadas e sutis do Mundo espiritual. Mas, quando os raios estelares desses dois Planetas se projetam sobre uma pessoa, cujo Corpo Vital está frouxamente conectado ao Corpo Denso, temos aquele é chamado de sensitivo. No entanto, A direção e qualidade dessa faculdade dependem do posicionamento e dos Aspectos dos dois Planetas em questão. Aqueles que, particularmente, se acham sob o domínio de um Aspecto adverso do raio de Urano, geralmente, desenvolvem as mais indesejáveis fases de Clarividência e de mediunidade. Tornam-se, facilmente, presas de entidades dos Mundos invisíveis, as quais não têm nenhuma consideração pelo desejo de suas vítimas, mesmo que essas pudessem protestar debilmente. Tais médiuns são, geralmente, usados em simples comunicações de transe, e nos poucos casos conhecidos pelo autor tiveram as vidas belas e felizes, em virtude de crerem implicitamente nos Espíritos que os dominavam. Nesses casos, os Espíritos-controle eram de uma classe melhor que aquela dos que geralmente conhecemos. Mas, assim como essa faculdade uraniana é construída através de Marte e Vênus, a paixão é proeminente em tais naturezas, de maneira que, sob a influência de Espíritos obsessivos, muitas dessas pessoas são levadas à imoralidade completa. O vampirismo e outras práticas infames semelhantes são, também, engendradas pelo uso pervertido do raio uraniano em médiuns.
Pode-se dizer que Netuno representa os Mundos invisíveis, nos seus Aspectos mais benéficos (Trígonos, Sextis e algumas Conjunções), e nos Aspectos que estão sob os raios adversos (Quadraturas, Oposições e algumas Conjunções) desse Planeta são, portanto, postos em contato com os mais indesejáveis ocupantes dos Mundos invisíveis. A obsessão real, pela qual o possuidor de um Corpo é despojado de seu veículo, ocorre sob o raio de Netuno e nenhuma sessão de materialização se poderia efetuar não fora essa vibração estelar. A magia branca ou negra jamais pode ser posta em prática, a não ser sob e por causa dessa vibração netuniana. Fora da influência desse raio, tudo é teoria, especulação e literatura. Portanto, os Iniciados de todas as Escolas de Mistérios – Clarividentes Espirituais – que têm pleno controle de suas faculdades, e os Astrólogos são sensíveis ao raio de Netuno, em graus variáveis. O Mago Negro e o Hipnotizador, seu irmão gêmeo, dependem também do poder desse raio estelar para uso em suas práticas nefastas.
O nível mais elevado de desenvolvimento humano atualmente, ou seja, o desenvolvimento da alma que é realizado nos Templos de Mistérios, por meio da Iniciação, é resultado direto do raio de Netuno, pois, assim como as configurações adversas sujeitam os seres humanos às investidas das entidades invisíveis, também as configurações benéficas de Netuno são, particularmente, necessárias para capacitar um indivíduo que desenvolva, pela Iniciação, todos os seus poderes da alma, e a se tornar um agente consciente nos Mundos invisíveis. Lembremo-nos, no entanto, que as configurações benéficas ou adversas não são o resultado do acaso ou da sorte, mas são o produto de nossos próprios atos passados; o horóscopo o que ganhamos nas nossas vidas passadas e, portanto, o que merecemos na vida presente.
Além disso, devemos sempre nos lembrar que as estrelas impelem, mas não compelem; porque se um homem ou uma mulher tem uma configuração adversa de Netuno ou Urano, não significa que deva ficar sujeito, ativamente, a má Mediunidade ou a Magia Negra, tornando a sua própria vida mais difícil no futuro. A oportunidade de fazê-lo e a tentação virão, em determinados momentos, quando os marcadores celestiais do tempo apontarem para a hora exata no relógio do destino. Então, será hora de se manter firme no bem e no correto; sendo alertado por meio de um conhecimento de Astrologia, ele também se prevenirá, e pode superar mais facilmente quando tal Aspecto culmine.
Assim, vemos que o ser humano é sensível aos raios astrais em um grau crescente, à medida que avança através da evolução, mas, quanto mais espiritualmente evoluído se torna, menos ele permitirá que os Astros o dominem, enquanto a alma mais jovem é arrastada, irresistivelmente, pela maré da vida, em qualquer direção que as vibrações astrais a impelem. É a característica da alma avançada manter o curso verdadeiro, a despeito das vibrações astrais. Entre esses dois extremos existem, naturalmente, todas as gradações, umas sensíveis aos raios de um Astro, algumas aos de outro. O barco da vida dos homens e das mulheres é, frequentemente, impelido para os rochedos das tristezas e dos sofrimentos, isso para que eles possam aprender a desenvolverem, dentro de si mesmos, a força de vontade que, finalmente, os libertem de todo o domínio das estrelas regentes. Como disse o grande místico Goethe:
“De todo poder que mantém o mundo agrilhoado,
O ser humano se liberta, quando o autocontrole é conquistado.”
E pode-se perguntar: teremos percorrido toda a escala de vibrações, quando houvermos aprendido a responder a todos os sete Planetas que estão representados no mito como as sete cordas da Lira de Apolo? Em outras palavras, é Netuno a vibração mais elevada a que ainda devemos responder? Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental (Nome como também é conhecida a Filosofia Rosacruz) nos dizem que ainda existem mais dois Planetas no universo, os quais serão conhecidos no futuro, e influenciarão no desenvolvimento de qualidades de natureza tão transcendental que não as podemos compreender, por enquanto. O número de Adão – ser humano ou Humanidade – é nove, e há nove degraus na escada estelar pela qual ele está ascendendo a Deus; até o momento, subiu apenas cinco desses degraus: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, e nem mesmo as vibrações desses ele, por algum meio, aprendeu; Urano e Netuno estão, aos poucos, entrando em nossas vidas; eles não se tornarão ativos do mesmo modo e grau como, por exemplo, a Lua e Marte o são presentemente, até que muitas eras se tenham passado. No entanto, mesmo que tenhamos aprendido a lhes responder, existem mais dois, a respeito dos quais conheceremos algo mais tarde; é a opinião dos autores que esses, provavelmente, não são sentidos por ninguém, exceto por aqueles formados numa Escola de Mistérios Maiores e pelos Hierofantes desta sublime instituição.
Concluindo esse artigo sobre a Suscetibilidade do Ser Humano às Vibrações Astrais, nos reportemos ao artigo sobre “Luz, Cor e Consciência”, do livro Os Mistérios Rosacruzes:
“Verdadeiramente, Deus é Uno e indivisível. Ele contém em Seu Ser tudo o que é, da mesma forma que a luz branca inclui todas as cores. Mas Ele aparece em manifestação tríplice, assim como a luz branca se refrata em três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Onde quer que vejamos essas cores, elas simbolizam o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Esses três raios primários da Vida Divina se difundem ou são irradiados pelo Sol e produz: A Vida, a Consciência e a Forma em cada um dos sete portadores de luz, os Planetas, que são chamados “Os Sete Espíritos diante do Trono”. Seus nomes são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano. A Lei de Bode prova que Netuno não pertence ainda ao nosso Sistema Solar e indicamos ao leitor o Livro Astrologia Científica e Simplificada, escrita pelo autor do presente trabalho, para a demonstração matemática dessa afirmação.”
“Cada um dos sete Planetas recebe a luz do Sol em proporções diferentes, de acordo com sua proximidade da órbita central e a constituição de sua atmosfera; e os seres em cada um deles, de acordo com o seu estado de desenvolvimento, têm afinidade com alguns dos raios solares. Os Planetas absorvem a cor ou as cores que lhes são harmônicas e refletem as restantes sobre os outros Planetas. Esses raios refletidos levam consigo um impulso da natureza dos seres com os quais estiveram em contato.”
“Desse modo, a Luz e a Vida Divinas chegam a cada um dos Planetas, quer diretamente do Sol, quer refletidas pelos seis Planetas irmãos, de modo semelhante à brisa do verão que, tendo passado pelos campos em flor, leva em suas asas silenciosas e invisíveis a fragrância mesclada de uma multidão de flores, assim como também as influências sutis do Jardim de Deus nos trazem os impulsos reunidos de todos os Espíritos Planetários e, nessa luz multicor, nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”.
“Os raios que vêm diretamente do Sol são produtores da iluminação espiritual; os raios refletidos dos outros Planetas aumentam a consciência e o desenvolvimento moral; e os raios refletidos pela Lua proporcionam o crescimento físico”.
“Contudo, como cada Planeta só pode absorver uma quantidade determinada de uma ou mais cores, de acordo com o estado geral de sua evolução lá, assim cada ser sobre a Terra, seja mineral, vegetal, animal ou humano, só pode absorver e assimilar uma determinada quantidade dos diversos raios projetados sobre a Terra. O restante não o afeta nem lhe causa sensação nenhuma, do mesmo modo que o indivíduo totalmente cego não tem consciência da luz e da cor que existem em volta dele. Portanto, cada ser é afetado distintamente pelos raios estelares, e a ciência da Astrologia, uma verdade fundamental na natureza, é de enorme benefício na obtenção do crescimento espiritual”.
A história da Astrologia é a história do pensamento e das nossas aspirações. A ciência astrológica foi aperfeiçoada pelos magos filósofos da Época Atlante, estando, de um lado o surgimento do sacerdócio ariano e a profanação dos mistérios (ciências) e do outro o declínio dos últimos atlantes. Nesse momento começou a haver a separação: Astrologia e Medicina.
Os sacerdotes religiosos não mais exerceram o monopólio sobre as artes proféticas e médicas, separando-se da fundamental unidade entre as ciências físicas e espirituais. Surgiram novas categorias de: adivinhos e curadores, representantes do aprendizado da essência do conhecimento dividido e de fragmentos não cooperativos, assim como inúmeras partes discordantes: bruxaria, especialistas, comerciantes de horóscopos, experimentalistas, charlatães e supersticiosos.
Já na Idade Média, tivemos o nobre médico Paracelso dizendo: “Feliz o homem que não venha perecer pela mão de seu médico” e a Astrologia emitindo predições terríveis, com amuletos astrais, predizendo a sorte e superficialidades.
A despeito de tudo isso, grupos de seres humanos cultos e iluminados preservaram os segredos esotéricos da medicina e da astrologia, mantendo o conhecimento interpretado misticamente e os segredos espirituais: restaurados, ocultos do vulgo e dados somente àqueles que anelavam por coisas do espírito. Entre esses grupos de seres humanos estavam os Rosacruzes.
Agora, no Mundo moderno vemos educadores que ignoram os valores espirituais; vemos a ciência material tornar-se uma instituição orgulhosa, que ignoram a alma, fascinados pela matéria não deixando lugar para o misticismo. Como resultado, temos uma desilusão geral e um abatimento pela insignificância das coisas materiais: fuga, desespero e tristeza. Tudo isso, somado a proximidade da Era de Aquário, da qual já estamos sentindo as suas fraternas influências, presenciamos: a volta do misticismo – trazendo um novo padrão interpretativo; o interesse renovado pela Astrologia e Cura e um apego pela Teoria Microcósmica (conceito de ordem e relação universal).
Observem que os primitivos Rosacruzes se apegaram a Teoria Microcósmica – geralmente rejeitada pela ciência. Paracelso foi o expoente mais destacado deste conceito de ordem e relação universal: “Assim como existem estrelas nos céus, assim também há estrelas dentro do ser humano. Portanto, nada existe no universo que não tenha seu equivalente no microcosmo (o corpo humano)” e “O espírito do ser humano deriva das constelações (estrelas fixas); sua alma, dos estelares; e seu corpo, dos elementos”.
Vejam no Livro do Gênesis, na Bíblia onde lemos que “Deus fez o homem a Sua imagem e semelhança”. E ao definirmos o Macrocosmo como a difusão do cosmos infinita com as suas: ilhas, galáxias, nebulosas, estrelas, estelares, corpos celestes onde inumeráveis formas de vida estão sempre evoluindo e; o Microcosmo como as células do nosso corpo incontáveis como as estrelas do céu e inumeráveis categorias de coisas vivas, espécies, tipos, gêneros se desenvolvendo dentro: da carne, dos músculos, dos ossos, dos tendões, chegaremos à chave mestra para todos os mistérios: “Como é em cima, assim é embaixo”.
Aqui, então, podemos definir a Astrologia como a inter-relação das forças celestiais entre o Macrocosmo e o Microcosmo, entre o externo a nós e o nosso interior, além de ser uma instrumentadora para a realização da Lei de Consequência ou Lei de Causa e Efeito:
Que ninguém se iluda: só colhemos aquilo que semeamos.
A grande maioria de nossas doenças e enfermidades origina-se no nosso comportamento negativo face às circunstâncias e, quase sempre, envolvendo o nosso semelhante. É a velha história ou velho e misterioso conselho dado por Cristo no Sermão da Montanha: “se qualquer membro do teu corpo te escandalizar (o mau uso) arranca-o e joga-o fora…”. E é o que fazemos literalmente antes de renascer!
Vejamos, agora, a questão do diagnóstico das nossas doenças ou enfermidades. Obviamente há dois tipos: através de efeitos ou através da causa.
Através dos efeitos baseia-se em sintomas externos ou reação dos medicamentos
Através da causa vai à origem da doença ou enfermidade. É esse o método preconizado pela Astrodiagnose e Astroterapia, preconizadas pela Astrologia Rosacruz, envolvendo: o conhecimento dos melhores métodos para efetuar a cura; o tratamento que melhor o paciente responderá e o caráter do doente ou enfermo (forte, débil, negativo, emocional).
Pois, enquanto os exames médicos mostram as condições do nosso Corpo Denso no momento, o horóscopo mostra as doenças ou enfermidades latentes de toda essa nossa vida terrestre. Deste modo temos tempo suficiente para: prevenir-nos, minimizar os efeitos e até não ter essa doença ou enfermidade, pois: “os Astros impelem, mas não obrigam”!
E isso é possível porque a Astrodiagnose e Astroterapia indica o dia em que as crises vão se manifestar e quando as influências adversas diminuirão. Com o conhecimento de que a recuperação ocorrerá, nós temos forças para suportar e oferecer ajuda e esperança.
Todos sabem que estamos sujeitos aos seguintes tipos de doenças e enfermidades: física, emocional e mental.
Nós construímos nosso Corpo Denso e o controlamos. Havendo doença ou enfermidade nele concluímos que nós não fizemos o nosso trabalho como deveria ser. E isso é expresso nas duas classes de doenças e enfermidades apontadas em um horóscopo:
Para aplicarmos no estudo dessa ciência e dessa arte de obter conhecimento científico das doenças e enfermidades, das suas causas, segundo indicações dos Astros, e dos meios de curar é necessário, pelo menos 7 ações cotidianas para toda a nossa vida:
Que as Rosas floresçam em vossa cruz
Resposta: Nenhum Planeta é maléfico. No Reino de Deus não existe algo realmente mal. O aparentemente mal é, em realidade, um bem em formação ou um bem em gestação. A influência de determinados Planetas não é intencionalmente adversa, que dirá maléfica! Quem assim o conceitua está usando da astúcia (resquício de uma prática cotidiana na longínqua Época Atlante) para se “justificar quanto a não conseguir fazer algo, a cair em uma tentação e/ou a não se portar como deveria se portar”. Vivemos no Plano físico a fim de adquirirmos experiências indispensáveis ao desenvolvimento de nossos poderes espirituais. Tais experiências são propiciadas pelas influências astrais (do Sol, da Lua e dos Planetas).
Em todos os aspectos esses grandes Seres Espirituais estão trabalhando para o nosso bem. Suponhamos que cometamos abusos em todas as direções e, por reflexo, nossos Corpos (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) e/ou a Mente sejam influenciados negativamente. Surgem, assim, os Aspectos adversos de Saturno: uma doença ou enfermidade nos sobrevém, forçando-nos a uma dieta específica e um repouso indispensável à nossa recuperação. Porém o importante é: “aprendemos a lição?”. Durante o repouso forçado que nos foi imposto, pensamos a respeito da vida que levamos? Analisamos as nossas ações passadas para admitir as causas que nos deixaram doentes ou enfermos? Se, de fato, discernimos convenientemente sobre todos esses pontos, saberemos aproveitar a dura lição recebida e saberemos, também, como evitar a repetição futura desses acontecimentos, procurando viver uma vida mais equilibrada.
Outro exemplo poderá ilustrar claramente a questão em pauta: suponhamos que tivéssemos sido contemplados com uma herança e a malbaratássemos, dissipando-a inutilmente ou empregando-a para abusar do nosso poder mundano, para buscar uma fama mundana ou para maltratar as pessoas que estão ao nosso lado. Hoje, nós nos encontraríamos de “bolsos vazios”, carentes de auxílio, quiçá até desesperados ou em uma profunda e triste solidão (logicamente muito longe de Deus!). Contudo, poderíamos tirar proveito dessa lição sábia. Nossas habilidades foram inúteis enquanto esbanjávamos o dinheiro, porém a necessidade nos levaria a procurar um meio de sustento e, assim, emprestaríamos nossa contribuição ao trabalho do mundo. Dessa forma, perdemos a herança, mas a experiência nos ensinou a ser prudentes, ao utilizar sabiamente o dinheiro e ganhá-lo por meio do trabalho honrado. O indolente e dissipador se torna um cidadão inútil, assim. A ação de Saturno, tirando-nos a fortuna, constitui, logo e sempre, uma bênção disfarçada.
Isso é válido para tudo aquilo que aparenta ser uma adversidade, em relação à influência desses Grandes Seres. Esses Se empenham para nos ensinar as valiosas lições que não poderiam ser aprendidas por nenhum de nós de outra forma. Além disso, quanto mais crescemos espiritualmente, menos sentiremos o “Aspecto adverso” (Quadratura, Oposição e algumas Conjunções) dos Planetas. Todas as influências vão sendo transmutadas, por nós mesmos, em bem! Saturno não trará os desastres aparentes, porém, nos trará a persistência e o espírito de luta; não nos trará as doenças e enfermidades, mas nos trará a saúde, pelo viver em harmonia com as Leis de Deus.
Pelo exposto, deduzimos que as influências planetárias não constituem “adversidades” em si mesmas: apenas nos forçam a executar tarefas que não gostamos, que, não obstante, são essenciais ao nosso desenvolvimento enquanto estamos vivendo nessa vida que, lembrando sempre: nós mesmos escolhemos lá no Terceiro Céu (foi lá que fizemos esse horóscopo aqui).
E, nos lembremos sempre: “os Astros (Sol, Lua e Planetas) sugerem e nunca obrigam”. Muitos de nós é que “se esquecem” disso e afirmam, de uma forma errônea e ingrata para com Eles, “eu sou assim por causa do MEU Saturno”… “eu estou assim por causa do MEU Marte”!
Os Planetas são os veículos vivos, palpitantes e vibrantes de grandes Inteligências Espirituais. À medida que mudamos, suas influências sobre nós também mudam, até que, na aurora de uma nova vida se, de fato, aprendemos conscientemente as lições, voltaremos à Terra com um horóscopo marcado por novos Aspectos e novas posições planetárias que favorecerão um caminhar mais rápido por esse Caminho de Evolução. Gozaremos de uma existência mais ampla pelo desabrochar de nossas qualidades espirituais, desfrutando então da única e verdadeira felicidade, que é trabalhar incansável e eficientemente na “Vinha do Senhor”.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1970-Fraternidade Rosacruz-SP)
Nós, a Humanidade, estamos passando, atualmente, pela quinta Época que chamamos de Época Ária. Sob a direção de uma grande Entidade, a Raça Semitas Originais – a quinta e mais importante das sete Raças atlantes – foi levada para leste até a grande extensão das estepes da Ásia Central, atualmente denominada Deserto de Gobi. Ali ela foi preparada para se converter na semente das sete Raças da Época Ária, nutrindo-a, potencialmente, das qualidades que deviam ser desenvolvidas por seus descendentes.
Esse nome se deu em virtude da Ásia Central ter sido o berço das Raças Árias, descendente dos Semitas Originais, que aperfeiçoou a Mente e a razão, e à qual pertencemos.
Nessa Época conhecíamos o uso do fogo e de outras forças, que nos foram intencionalmente ocultadas nas Épocas anteriores, para que pudéssemos usá-las livremente para os propósitos mais elevados do nosso próprio desenvolvimento.
Pois, durante as primeiras quatro Épocas, tínhamos um conhecimento maior dos Mundos espirituais. Porém, houve a necessidade de despertarmos completamente para a grande importância desta existência concreta. Por isso, fomos privados da recordação da existência espiritual superior nesta quinta Época. Assim, fomos obrigados a aproveitar e viver a vida intensamente, visando nosso crescimento no conhecimento do que tínhamos a disposição.
No início da Época Ária, os mais avançados da nossa Humanidade obtiveram as Iniciações Maiores para que pudessem ocupar o lugar dos Mensageiros de Deus, ou seja, dos Senhores de Vênus.
Esses Iniciados humanos foram, desde então, os únicos mediadores entre nós e Deus. Embora não apareçam publicamente nem mostrem sinais ou maravilhas são Líderes. Ficamos completamente livres para procurá-los ou não, quando quiséssemos.
Na metade da Época Atlante, nós, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado, penetramos completamente nos nossos veículos e começamos a trabalhar no veículo Mente, produzindo a manifestação do Pensamento e da Razão: a habilidade de deduzir uma causa pelo efeito da atividade do próprio pensamento. A faculdade de raciocínio ou lógica se desenvolveu mais completamente na Época Ária. Os Semitas Originais constituíram um “povo escolhido”, destinado a levar essa faculdade germinal a tal ponto de maturação que impregnasse completamente seus descendentes, para se converterem em uma Nova Raça.
Com a manifestação do pensamento e a aquisição da Mente – ainda no seu primeiro estágio de desenvolvimento, o mineral –, exercemos, presentemente, o nosso poder, apenas sobre os minerais e as substâncias químicas.
Não pode exercer o menor poder sobre a vida animal ou vegetal. Utilizam nas indústrias, madeiras, diversas substâncias vegetais, e certas partes do animal, substâncias que, em última análise, são todas matérias químicas animadas pela vida mineral, da qual se compõem todos os Corpos, conforme já se explicou. Atualmente, podemos ter domínio sobre todas essas variedades de combinações químico-minerais.
No final da nossa Época atual, o mais elevado Iniciado aparecerá publicamente, quando suficiente número de pessoas da humanidade comum desejar submeter-se voluntariamente a um Líder. Constituirão, dessa forma, o núcleo para a última Raça, que aparecerá no princípio da Sexta Época. Depois disso as Raças e nações deixarão de existir, a Humanidade formará uma Fraternidade Espiritual, como antes do fim da Época Lemúrica.
Os nomes das Raças que apareceram sobre a Terra durante a Época Ária, até agora, são os seguintes:
1) A Ariana, que se dirigiu para o sul da Índia,
2) A Babilônica-Assíria-Caldaica,
3) A Persa-Greco-Latina,
4) A Céltica e
5) A Teuto-Anglo-Saxônica.
Da mescla das diferentes nações, como atualmente acontece na América, virá a “semente” para a última Raça, no início da Sexta Época.
Duas Raças mais se desenvolverão na nossa Época atual, uma delas a Eslava. Quando, no transcurso de algumas centenas de anos, o Sol, em virtude da Precessão dos Equinócios, tenha entrado no Signo de Aquário, o povo russo e as Raças eslavas em geral alcançarão um grau de desenvolvimento espiritual que os levarão muito além de sua condição atual. A música será o fator principal para que isso aconteça, pois nas asas da música a Alma, que está sintonizada com ela, pode voar para o próprio Trono de Deus, onde o mero intelecto não pode alcançar.
Entretanto, o desenvolvimento assim obtido não é permanente, porque é unilateral e, portanto, não está em harmonia com a lei da evolução, que demanda que o desenvolvimento, para ser permanente, deve ser uniformemente equilibrado – em outras palavras, a espiritualidade deve se desenvolver através do, ou pelo menos igualmente com o, intelecto. Por esse motivo, a civilização eslava será de vida curta, mas será grande e muito feliz enquanto durar, porque terá nascido da dor e do sentimento de tristeza, de pesar e de sofrimento sem conta, e a lei de Compensação lhe levará ao oposto, a seu devido tempo.
Dos eslavos descenderá um povo que formará a última das sete Raças da Época Ária. Da América descenderá a última de todas as Raças desse Esquema de Evolução, que começará seu curso ao princípio da Sexta Época.
A Época Ária corresponde ao sétimo dia da Criação, quando os Elohim, como Criadores e Líderes, descansaram do seu trabalho e a humanidade foi deixada ao próprio cuidado.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Épocas – Eras
Vejamos, agora, os elementos adicionados em nossa Evolução em cada Época do Período Terrestre
Relembrando que estamos na 3ª Revolução e meia ou na metade da 4ª Revolução do Período Terrestre, denominada também como Revolução Terrestre. Precisamente no Globo D, nesta 4ª Revolução ou Revolução Terrestre a qual está dividida em 7 Épocas, Épocas essas perfeitamente correlacionadas com os Períodos mencionados na Bíblia.
No quadro a seguir apresentamos as 7 Épocas supramencionadas, vinculadas a um Elemento que as correlacionam, respectivamente, com os Ensinamentos Bíblicos e com o trabalho específico processado em cada Corpo até os dias atuais e futuros
4ª Revolução Período Terrestre | Elemento | Simbologia Bíblia | Trabalho | |
1ª | Época Polar | Mineral | “Adão foi feito da Terra” | Corpo Denso |
2ª | Época Hiperbórea | Vegetais | “Caim era um agricultor” | Corpo Vital |
3ª | Época Lemúrica | Leite | “Abel era pastor de ovelhas” | Corpo de Desejos |
4ª | Época Atlante | Carne | “Nimrod era um caçador” | Veículo Mente |
5ª | Época Ária | Álcool Sem carne Sem álcool | 1ª parte: “Noé se embriagou” 2ª parte: Dias atuais | 1ª focar na Região Química 2ª sutilizar os Desejos / Altruísmo – Construção do Corpo-Alma |
6ª | Época Nova Galileia – Nova Jerusalém | Éter | “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus” – S. Paulo apóstolo. Cristo voltará e emitirá a nota-chave para viverem no Corpo-Alma. | Corpo-Alma |
7ª | Época Reino de Deus | Éter | Corpo-Alma |
Observemos que para garantir nosso sucesso na transição da Época Atlante para a Época Ária fez-se necessário a ingestão da carne animal para endurecimento dos ossos, formação de tendões, de músculos e construção do esqueleto para podermos funcionar na Região Química do Mundo Físico com a atmosfera que temos agora; indispensável também se tornou o consumo de bebidas alcoólicas para focarmos na Região Química do Mundo Físico e para auxiliar na transformação interna da carne animal como alimento.
Ou seja, a inclusão da bebida alcoólica teve dois motivos principais:
1-Dominar as células da carne animal – para depois tirar nosso “sustento”; dominar depois assimilar;
2-Dominar/conquistar a Região Química do Mundo Físico (estávamos em uma fase “cômoda” de “esperar as instruções dos Anjos, Senhores da Mente, de Mercúrio etc.)
Relembremos, também, que nesta atual Época Ária quem nasceu no ocidente tem como objetivos: construir o Corpo-Alma para poder funcionar conscientemente na Região Etérica do Mundo Físico, devendo, para isso, vivenciar o Cristianismo Esotérico, ter “Cristo como ideal” e sutilizar os Corpos.
Já quem nasceu no oriente tem como objetivos: conquistar, ainda, a Região Química do Mundo Físico.
O método de desenvolvimento espiritual da Fraternidade Rosacruz é ocidental porque é Cristão e é para todas as pessoas que compreendem a necessidade de funcionar conscientemente na Região Etérica do Mundo Físico, começando já a trabalhar como um Auxiliar Invisível ainda que inconsciente. O caminho dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental é o mais seguro, porque ensina o neófito como limpar seu Corpo de Desejos, diariamente. Dessa maneira, vive, aqui e agora, suas experiências do Primeiro Céu e Purgatório.
Abordemos, agora, o assunto Era. Dá-se o nome de Era à passagem do Sol, ao “cruzar” o equador terrestre no sentido norte para o sul, a cada ano (uma vez por ano) por determinado Signo, em virtude da Precessão dos Equinócios.Estamos no final da Era de Peixes, já em transição e influência da Era de Aquário.
As Eras estão ligadas à Precessão dos Equinócios – fenômeno que ocorre quando o Sol percorre todo o Zodíaco e o período de tempo é de 25.868 anos. A cada ano o Sol cruza o Equador da Terra por volta de 21 de março (data em que os dias e as Noites registram a mesma duração). Em decorrência da Precessão dos Equinócios, o Sol move-se para trás através dos doze Signos do Zodíaco à razão aproximada de um grau de espaço a cada 72 anos; através de um Signo (30 graus de espaço) a cada 2.100 anos, aproximadamente, completando todo o círculo em cerca de 26.000 anos.
Deve-se isso ao fato de a Terra não girar em torno de um eixo estacionário. O eixo dela tem um movimento lento, oscilante, próprio (semelhante ao de um pião que já perdeu parte da força), descrevendo, assim, um círculo no espaço, pelo que uma estrela após outra se converte em Estrela Polar.
Por causa desse movimento oscilante o Sol não cruza o Equador no mesmo ponto todos os anos, mas sempre um pouco antes, razão do termo “Precessão dos Equinócios”, isso é, o equinócio “precede” – chega mais cedo.
Se a cada 1000 anos nascemos em sexos alternados (Mulher e Homem) temos a oportunidade de aprender em cada Era uma vez com Corpo Feminino (Imaginação) e outra com Corpo Masculino (Vontade)
Todo fim de uma Era, nos últimos 8 graus de cada Signo, irmãos e irmãs atrasados aproveitam essa época – vibrações da próxima Era – para acelerar seu desenvolvimento e recuperar e aprender as lições que negligenciaram na Era que ora finda. Quando Cristo apareceu aqui estávamos a 8 graus do Signo de Áries, assim o que devemos fazer para vivenciar os ensinamentos da Era de Peixes é fornecido pela seguinte lógica: se estamos em uma Era para passar para outra Era temos que vivenciar e aprender as lições proporcionadas pelo Signo oposto ou Era anterior. Assim, se estamos na Era de Peixes indo para Era de Aquário temos que aprender as lições do Signo oposto que é Virgem.
Se estamos na Era de Áries para passar para Era de Peixes temos que aprender as lições de Libra (Justiça, Equilíbrio, Harmonia, Parcimônia, capacidade de se relacionar por meio de associações, sociedades, grupos equipes cônjuges para entender como funciona o processo, saber até onde começa seu direito e até onde vai o direito do outro e por último: Eu posso não concordar com seu ponto de vista, mas eu o defenderei até o final de minha vida).
Vamos ver o que aconteceu na transição da Época Atlante para a Época Ária. Recordemos que a Época Atlante foi a quarta das sete Épocas que estamos passando, aqui na 4ª Revolução do Globo D do Período Terrestre. Uma Mente foi acrescentada a nós em evolução, que ficou com o estado atual: um Tríplice Corpo e a Mente. Nimrod ou Nemrod, descrito como um caçador na Bíblia, simboliza o ser humano da Época Atlante: matava para comer. Esse é o significado da frase bíblica: “Nimrod era um caçador poderoso “. Uso da astúcia no cotidiano. Tínhamos percepção espiritual, mas nos portávamos como um Clarividente involuntário atualmente. Nós, o Ego, éramos muito fracos na condução e no domínio dos nossos Corpos e a natureza de desejos era muito forte. É mencionada na Bíblia (Gn 1:24-27). Sexto dia da criação na Bíblia. Passamos por sete Raças, em que a quinta Raça foi a que mais evoluiu. Obtivemos a Consciência de Vigília. O calor interno do Globo e o frio exterior produziram uma atmosfera de névoa.
Já na quinta Época, a Ária – a Época atual –, das sete Épocas que estamos passando, aqui na 4ª Revolução do Globo D do Período Terrestre. Nossos Corpos se tornaram concêntricos: total consciência de vigília. O pensamento e a razão foram desenvolvidos por nós para nos manifestarmos aqui. Aqui começou, de fato, o nosso trabalho neste Período. Tudo foi feito para que focássemos no nosso desenvolvimento aqui na Região Química do Mundo Físico. Foi acrescentado o vinho na nossa alimentação (Noé). É mencionada na Bíblia (Gn 1:28). É o sétimo dia da criação na Bíblia. Os vanguardeiros ou pioneiros da Onda de Vida humana foram Iniciados na Época Ária. Passamos pelas sete Raças da Época Ária. Virão mais duas Raças ainda nesta Época.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Maio de 1913
Na lição do mês passado, vimos o valor da dissonância na música; também, o papel correspondente do mal no mundo, isto é, enfatizamos por contraste a beleza e a harmonia do bem. Assim, à primeira vista, pode parecer que o mal aparente foi concebido por Deus, o Autor e Arquiteto do nosso sistema – como se Ele fosse responsável por toda a dor, todo sofrimento, toda tristeza e angústia sob os quais o mundo todo geme. No entanto, esse não é o caso. A Bíblia diz claramente que os Elohim, que são os agentes de Deus, “viram que isso era bom” quando o trabalho foi concluído. O nosso livro Conceito Rosacruz do Cosmos[1] e [2] e as Conferências 13[3] e 14[4] do livro Cristianismo Rosacruz explicam detalhadamente o relato da Bíblia de como o aparente mal entrou através dos Espíritos de Lúcifer; e que quando o mal entrou, as forças que trabalham para o bem o utilizaram para servir a um propósito benéfico e para alcançar um bem maior do que seria possível sem esse fator.
Na última parte da Época Lemúrica e nos primeiros tempos da Época Atlante, nós éramos puros e inocentes – o dócil protegido dos Anjos guardiães que guiaram todos cada passo o nosso caminho do desenvolvimento.
Nós não possuíamos a razão; essa era desnecessária quando só havia um caminho a seguir, pois nesse estado não havia escolha. Os Senhores de Vênus foram enviados para promover a bondade, o amor e a devoção. Se nenhum fator perturbador tivesse entrado, essa Terra teria permanecido um paraíso, e nós teríamos permanecido nela como uma bela flor. A dor, o sofrimento, a tristeza, a angústia e as doenças seriam desconhecidas. Sob o regime dos Anjos lunares e dos Senhores de Vênus, automaticamente, nós teríamos nos tornados sábios, porque não teria tido outra alternativa. Quando os Espíritos de Lúcifer abriram os nossos olhos para outra direção e os Senhores de Mercúrio promoveram a razão para nos guiar, tornamo-nos potencialmente maior que ambos, como exigido àqueles que seguem o caminho espiral da evolução.
Assim, equipado com as faculdades de escolha e da razão, é nossa prerrogativa gloriosa se elevar até o pináculo da maior perfeição possível nesse Esquema de Evolução. Por isso, Cristo disse: “Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço; e obras maiores que estes farão.”[5].
Aprendamos, do mito de Fausto[6], a seguir os passos dos nossos preceptores, usando o aparente mal para alcançar um bem maior; aprendamos a não ser vencidos pelo mal, mas a vencê-lo e transmutá-lo em bem. Há um ditado que diz que “o que quer que seja, é o melhor”[7]. Se isso fosse verdade, não haveria incentivo para lutar por algo mais elevado, melhor ou maior. As palavras do Salvador nos impelem a avançar e as lendas, como a do mito de Fausto, nos ensinam como utilizar as forças aparentemente destrutivas e subversivas.
A quem muito é dado, muito lhe será exigido. Os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, que recebem os avançados Ensinamentos avançados da Sabedoria Ocidental, são particularmente compromissados a fazer os maiores esforços. Que nos esforcemos com todas as nossas forças para viver à altura do nosso grande privilégio.
P.S. Muitos novos Estudantes foram adicionados a nossa lista desde que pedimos suas orações diárias para os trabalhadores em Mount Ecclesia. Assim, sentimos que servirá a um bom propósito reiterar o pedido de que nos incluam em suas devoções para que a Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz possa se tornar um Centro Espiritual mais eficiente. Como sabem pelos prospectos enviados, estamos prestes a abrir a Escola de Cura e, neste passo importante, sentimos como nunca a necessidade da Graça Divina. Ajudem-nos, por favor, para que possamos ser bem-sucedidos.
(Cartas aos Estudantes – nº 30 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Os Espíritos Lucíferos
Esses espíritos eram uma classe de atrasados da Onda de Vida dos Anjos. No Período Lunar estavam muito além da grande massa que atualmente constitui os mais avançados da nossa Humanidade. Não progrediram tanto como os Anjos, que eram a Humanidade pioneira do Período Lunar, entretanto, estavam tão avançados do que a nossa Humanidade atual que era impossível para eles tomar um Corpo Denso como nós fizemos; ainda mais, eles não poderiam obter conhecimento sem o uso de um órgão interno, um cérebro físico. Estavam a meio caminho entre o ser humano, que tem cérebro, e os Anjos que não necessitam dele – em uma palavra, eram semideuses.
Eles estavam, assim, em uma situação muito séria. O único caminho que puderam encontrar para se expressarem e adquirir conhecimento foi usar o cérebro físico do ser humano. Através dele podiam se fazer compreender por um ser físico dotado de cérebro, o que os Anjos não podiam fazer.
Como dissemos, o ser humano, na última parte da Época Lemúrica, não podia ver o Mundo Físico, tal como nós o vemos atualmente, pois estava inconsciente do Mundo exterior. O Mundo do Desejo lhe era muito mais real. Tinha a consciência do sono com sonhos do Período Lunar, uma consciência pictórica interna. Os Lucíferos não encontraram dificuldade alguma em se manifestarem a essa consciência interna e lhe chamar a atenção para a forma exterior, que antes o ser humano não tinha percebido. Ensinaram-lhe como podia deixar de ser simplesmente o escravo dos poderes exteriores e como poderia se converter em seu próprio dono e senhor, se parecendo aos deuses, “conhecendo o bem e o mal”.
Outrossim, fizeram compreender que não devia ter apreensão quanto à morte do Corpo; que possuía em si a capacidade de formar novos Corpos, sem necessidade da intervenção dos Anjos. Todas essas coisas os Lucíferos disseram com o único propósito de que o ser humano dirigisse sua consciência ao exterior, para que eles aproveitassem e adquirissem conhecimentos conforme o ser humano os fosse obtendo.
Estas experiências resultaram em dor e sofrimento, o que, antes, o ser humano não conhecia, mas deram também a inestimável bênção da emancipação das influências e direção alheias e o ser humano iniciou a evolução de seus poderes espirituais. Essa evolução, um dia, permitir-lhe-á construir por si próprio, com tanta sabedoria como os Anjos e os outros Seres que o guiaram antes de exercitar sua vontade.
Antes dos seres humanos serem iluminados pelos Espíritos Lucíferos não conheciam enfermidades, nem dor, nem morte. Essas coisas foram o resultado do emprego ignorante da faculdade propagadora e de seu abuso na gratificação dos sentidos. Os animais em estado selvagem são livres de enfermidades e dores, porque se propagam sob o cuidado e direção dos sábios Espíritos-grupo, nas épocas do ano propícias a tal objetivo. A função sexual tem por única finalidade a perpetuação das espécies e não a gratificação dos desejos sensuais, seja qual for o prisma pelo qual se examine a questão.
Se o ser humano continuasse sendo um autômato guiado por Deus, não teria conhecido, até hoje, nem a enfermidade, nem a dor, nem a morte, mas também não teria obtido a consciência cerebral e a independência resultante da iluminação proporcionada pelos Espíritos Lucíferos, os “dadores da luz”. Eles abriram o entendimento e ensinaram a empregar a obscura visão para obter conhecimento do Mundo Físico, o qual estavam destinados a conquistar.
Desde esse tempo, duas forças agem no ser humano. Uma, a dos Anjos, se dirige para baixo, para a propagação e, por meio do Amor, forma novos seres na matriz. Os Anjos são, portanto, os perpetuadores da Raça. A outra força é a dos Espíritos Lucíferos, os investigadores de todas as atividades mentais. Dirige para cima, para o trabalho cerebral, a outra parte da força sexual.
Os Lucíferos são também chamados “serpentes”. Diversas mitologias assim os representam. Diremos mais sobre eles quando chegarmos à análise do Gênese. No momento já dissemos o bastante para encaminhar a investigação para o progresso evolutivo que trouxe o ser humano desde os tempos remotos, através das Épocas Atlante e Ária, até nossos dias.
O que temos dito acerca da iluminação dos lemurianos se aplica somente à minoria daqueles que viveram na última parte daquela Época, e foram a semente das sete Raças atlantes. A maior parte dos lemurianos era análoga aos animais, e as formas ocupadas por eles degeneraram para as dos selvagens e antropoides atuais.
Recomendamos ao Estudante gravar cuidadosamente que as formas é que degeneram. Devemos sempre recordar que há uma distinção importantíssima entre os Corpos (ou formas) de uma Raça, e os Egos (ou vidas) renascentes nesses Corpos de Raça.
Quando nasce uma Raça, as formas, animadas por certo grupo de espíritos têm a inerente capacidade de evoluir somente até certo grau. Na Natureza nada pode parar. Quando uma Raça atinge o limite de sua evolução, os Corpos ou formas dessa Raça começam a degenerar, caindo de forma para forma até a Raça extinguir-se.
A razão disso não se encontra longe. Novos Corpos de Raça aparecem flexíveis e plásticos, que proporcionam, aos Egos neles renascentes, grande margem de condições para melhorar esses veículos e, por consequência, eles mesmos progredirem. Os Egos mais avançados nascem nesses Corpos e melhoram-nos o mais que podem. Contudo, sendo esses Egos unicamente aprendizes, não podem evitar que esses veículos se cristalizem lentamente, até chegar ao limite mínimo de eficiência que esse Corpo seja capaz de proporcionar. Então, novas formas são criadas para proporcionar aos Egos de uma nova Raça maior margem de experiência e desenvolvimento. Os Corpos descartados se convertem em habitações de Egos menos avançados, que os aproveitam como degraus do largo caminho do progresso. Desta sorte, os antigos Corpos de uma Raça vão sendo empregados por Egos de crescente inferioridade, e degeneram gradualmente, até que já não haja Egos suficientemente inferiores que possam obter algum proveito do renascimento em tais Corpos. As mulheres se tornam estéreis e os Corpos da Raça morrem.
Podemos facilmente mostrar esse processo por meio de certos exemplos. A Raça teutônica-anglo-saxônica (especialmente o ramo americano) tem um Corpo mais brando e flexível e um Sistema Nervoso mais sensível do que qualquer outra Raça dos tempos atuais. Os indianos e os negros, por terem Corpos muito mais endurecidos e Sistema Nervoso mais rude, são muito menos sensíveis aos ferimentos. Um indiano continua lutando depois de receber ferimentos, cujo choque bastaria para derrubar ou matar um branco, enquanto o indiano se restabelece imediatamente. Os aborígines australianos (Bushmen) são um exemplo palpável da morte de uma Raça, devido à esterilidade, apesar de todos os esforços que o governo britânico vem fazendo para perpetuá-los.
Diz-se que onde entra a Raça branca as outras Raças desaparecem. Os brancos têm sido acusados de terríveis opressões sobre as outras Raças, tendo massacrado multidões de nativos indefesos e desprevenidos, como prova a conduta dos espanhóis com os antigos peruanos e mexicanos, se temos que apontar um entre tantos exemplos. As obrigações resultantes de tais abusos de confiança, de inteligência e de poder serão pagas até o último centavo, por aqueles que neles incorreram. Todavia, ainda que os brancos não tivessem massacrado, escravizado, martirizado e maltratado as antigas Raças, elas desapareceriam, sem bem que mais lentamente. Tal é a Lei da Evolução, a ordem da Natureza. No futuro, quando os Corpos das Raças brancas forem habitados por Egos que atualmente ocupam Corpos das Raças vermelha, negra, amarela ou parda, terão degenerado tanto que também desaparecerão, para serem substituídos por outros e melhores veículos.
A Ciência fala unicamente de evolução. Porém, não considera as linhas de degeneração que, lenta, mas seguramente, estão destruindo os Corpos, levando-os a tal extremo de cristalização que já não podem ser utilizados.
[2] N.T.: A “Queda do Homem”
Ainda sobre a análise do Gênesis, podemos juntar mais algumas palavras sobre “a Queda”, à base do Cristianismo popular. Se não tivesse havido queda não haveria necessidade de “plano de salvação”.
Quando em meados da Época Lemúrica se efetuou a separação dos sexos (na qual trabalharam Jeová e seus Anjos), o Ego começou a agir ligeiramente em seu Corpo Denso, criando órgãos internos. Naquele tempo, o ser humano não tinha plena consciência de vigília, tal como possui hoje, mas com metade da força sexual, construiu o cérebro para expressão de pensamento, na forma já indicada. Estava mais desperto no Mundo Espiritual do que no Físico, mal podia ver seu Corpo e era inconsciente do ato de propagação. A afirmação da Bíblia de que Jeová adormeceu o ser humano, nesse ato é correta. Não havia nem dor nem perturbação alguma relacionada com o parto. Sua obscura consciência do ambiente não o inteirava, ao morrer, da perda do Corpo nem, ao renascer, da entrada noutro Corpo Denso.
Recorde-se: os Espíritos Lucíferos eram uma parte da Humanidade do Período Lunar, os atrasados da Onda de Vida dos Anjos. Eram demasiado avançados para tomarem um Corpo Denso físico, mas necessitando de um “órgão interno” para aquisição de conhecimento podiam trabalhar por meio deum cérebro físico, coisa fora do poder dos Anjos ou de Jeová.
Esses espíritos entraram na coluna espinhal e no cérebro e falaram à mulher, cuja imaginação, conforme já se explicou, tinha sido despertada pelas práticas da Raça Lemúrica. Sendo a consciência predominantemente interna, pictórica, e porque tinham entrado em seu cérebro por meio da medula espinhal serpentina, a mulher viu aqueles espíritos como serpentes.
No preparo da mulher estava incluído assistir e observar as perigosas lutas e feitos dos seres humanos que se exercitavam no desenvolvimento da vontade. Muito frequentemente os Corpos morriam nas lutas.
A mulher se surpreendia ao ver essas coisas tão raras e tinha obscura consciência de que algo estranho acontecia. Embora consciente dos espíritos que perdiam seus Corpos, a imperfeita percepção do Mundo Físico não lhe dava poder para revelar aos amigos que seus Corpos físicos tinham sido destruídos.
Os Espíritos Lucíferos resolveram o problema “abrindo-lhe os olhos”. Fizeram-na ciente dos Corpos, o seu e o do homem, e ensinaram-na como podiam conquistar a morte, criando Corpos novos. A morte não poderia mais dominá-los porque, como Jeová, teriam o poder de criar à vontade.
Assim, Lúcifer abriu os olhos da mulher, e ela, vendo, ajudou o homem a abrir o seu. Desta maneira, de forma real, se bem que obscura, começaram a “conhecer” ou a se perceberem uns aos outros e, também, ao Mundo Físico. Fizeram-se conscientes da morte e da dor, aprendendo a diferenciar o ser humano interno da roupagem que usava e renovava cada vez que era preciso dar um novo passo na evolução. O ser humano deixou de ser um autômato. se converteu num ser que podia pensar livremente, à custa de sua imunidade à dor, às enfermidades e à morte.
Interpretar o comer do fruto como um símbolo do ato gerador não é uma ideia absurda, como demonstra a declaração de Jeová (que não é um capricho, mas a declaração formal das consequências que adviriam do ato): morreriam e a mulher teria seus filhos com dor e sofrimento. Jeová sabia que o ser humano, agora com a atenção fixada em sua roupagem física, perceberia a morte, e que, não tendo ainda sabedoria para refrear as paixões e regular a relação sexual pelas posições dos Astros, o abuso da função produziria o parto com dor.
Para comentadores da Bíblia sempre tem sido um enigma relacionar o comer de uma fruta com o nascimento de uma criança. A solução é bem fácil quando se compreende que o comer a fruta simboliza o ato gerador, ato pelo qual o ser humano se converte em algo “semelhante a Deus”, conhece sua espécie e se capacita para gerar novos seres.
Na última parte da Época Lemúrica, quando o ser humano se arrogou o direito de praticar sem peias o ato gerador, foi sua poderosa vontade que lhe permitiu realizá-lo. “Comendo da árvore do conhecimento” quando quisesse, se capacitou para, livremente, criar um Corpo novo ao perder o antigo veículo.
Geralmente, a morte é considerada algo temível. Se o ser humano também tivesse “comido da árvore da Vida” teria aprendido o segredo de vitalizar perpetuamente seu Corpo, o que teria sido ainda pior. Nossos Corpos atuais não são perfeitos, mas os desses tempos antiquíssimos eram excessivamente primitivos. Por isso, foi bem fundada a medida quando as Hierarquias Criadoras impediram o ser humano de “comer da árvore da vida”, impedindo de renovar o Corpo Vital. Se o tivesse conseguido ter-se-ia feito imortal, mas não poderia mais progredir. A evolução do Ego depende da evolução dos seus veículos. Se não pudesse obter novos e mais perfeitos veículos por meio de sucessivas mortes e renascimentos, ter-se-ia estagnado. É máxima oculta: quanto mais frequentemente morremos, melhor poderemos viver. Cada nascimento proporciona uma nova oportunidade.
Como vimos, o ser humano obteve o conhecimento por via cerebral, com o concomitante egoísmo, à custa do poder de criar sozinho, e a vontade livre à custa da dor e da morte. Quando aprender a empregar a inteligência para o bem da Humanidade, adquirirá poder espiritual sobre a vida, e se guiar-se-á por um conhecimento inato muito superior à atual consciência manifestada por via cerebral, tão superior a esta como a sua consciência de hoje é superior à consciência animal.
A queda na geração foi necessária à construção do cérebro, que é um meio indireto de adquirir conhecimento. Será sucedido pelo contato direto com a Sabedoria da Natureza. Então, sem cooperação alguma, o ser humano poderá utilizar esta Sabedoria na geração de novos Corpos. A laringe falará novamente a “Palavra perdida”, ou “Fiat Criador”, outrora empregada pelos antigos lemurianos sob a direção dos grandes instrutores, para criar vegetais e animais.
Será um criador de verdade e não na forma relativa e convencional do presente. Empregando a palavra apropriada ou a fórmula mágica poderá criar um Corpo novo.
[3] N.T.: CONFERÊNCIA Nº 13 – OS ANJOS COMO FATORES DA EVOLUÇÃO
Quando falamos de evolução, a ideia disso no ocidente é, principalmente, focada no materialismo. Acostumamo-nos a olhar a matéria pelo ponto de vista puramente científico: que o nosso Sistema Solar procede daquilo que, uma vez, foi uma incandescente nebulosa, cujas correntes foram geradas e postas em um movimento a partir de um movimento espontâneo. Essa nebulosa assumiu a forma esférica e lançou de si anéis conforme se contraía. Esses anéis se romperam e formaram, assim, os Planetas que se esfriaram e se solidificaram. Pelo menos um Planeta – nossa Terra – espontaneamente gerou organismos simples que mais tarde, pelo processo evolutivo, se tornaram cada vez mais complexos, elevando-se na escala através dos Radiados (ouriços, estrelas do mar, etc.), depois pelos Moluscos (ostras, mexilhões, etc.) e daí pelos Articulados (caranguejos, lagostas, etc.) até as espécies vertebradas. Após percorrer as quatro classes de vertebrados – Peixes, Répteis, Aves e Mamíferos – esse impulso evolutivo espontâneo alcançou o seu mais elevado estágio no ser humano, que é considerado a fina flor da evolução – a mais elevada inteligência do Cosmos.
O cientista materialista expressará desprezo ou impaciência com tudo aquilo que sugere a existência de um Deus, ou mesmo de qualquer outro agente externo, como totalmente desnecessária para explicar o universo. Em apoio a essa sua posição, ele pega uma vasilha com água e despeja nela um pouco de óleo. A água representa o espaço, e o óleo a nebulosa incandescente. A seguir, ele começa a mexer o óleo, girando-o na vasilha até formar uma “bola” no centro, e essa vai engrossando mais nas bordas, formando um anel, até se desprender desse anel. Isto formará uma esfera menor e revolve sobre a massa central como um Astro em volta do Sol. Então, o cientista pode, triunfalmente, se voltar e indagar com um sorriso compassivo: “Agora, você viu quão natural é isso, como é supérfluo o seu Deus?”
Na verdade, é de causar pasmo a constatação de quão obtusas podem ser as mais brilhantes inteligências quando influenciadas por noções preconcebidas. É de pasmar também que alguém, capaz de idealizar essa excelente demonstração, seja ao mesmo tempo incapaz de ver que ele próprio representa, em sua experiência, o Autor do nosso sistema a quem chamamos Deus, porque a experiência jamais teria sido imaginada, nem o óleo jamais teria sido posto a girar sobre a água, formando algo semelhante a um sistema planetário, não fora o pensamento e a ação atuarem sobre a matéria. Por isso, ao invés de provar a “superficialidade” da existência de Deus, sua demonstração da teoria nebular prova, no sentido mais amplo, a absoluta necessidade de uma Causa Primeira – seja ela chamada Deus ou tenha qualquer outro nome. Percebendo isto foi que Herbert Spencer, o grande pensador do século XIX, rejeitou esta teoria. Contudo, foi por sua vez incapaz de explicar satisfatoriamente a origem do sistema solar independentemente da mesma, que considerou falha. A ciência, pois, embora não queira reconhecê-lo, também apoia a teoria da origem do mundo que requer a ação inteligente de um ser ou seres estranhos à matéria do universo: um Criador ou Criadores.
Propriamente compreendida, essa teoria está em perfeita harmonia com a Bíblia que nos fala de um certo número de diferentes Seres que tomam parte ativa na evolução da Terra e das criaturas que nela vivem. Ouvimos falar de Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, Tronos, Principados, Poder das Trevas, Poder dos Ares, etc., de modo que a Mente indagadora não pode deixar de perguntar: “Quem são todos eles? que papel desempenharam no passado? e qual o seu trabalho no presente?” Porque a Mente indagadora não pode acreditar que os Anjos sejam seres humanos transformados pela morte em entidades espirituais cujo único prazer e única tarefa consiste em soprar uma trombeta e dedilhar uma harpa, quando na vida terrena eram incapazes até de distinguir uma nota de outra. Tal suposição contraria a razão e está em desacordo com todos os métodos da Natureza, que exige que nos esforcemos para desenvolver nossas faculdades.
Os ensinamentos ocultos – em harmonia com a Bíblia e com as modernas teorias científicas – e que se encontram no Capítulo “Análise Oculta do Gênesis” de “O Conceito Rosacruz do Cosmos” dizem que o corpo que agora é a Terra nem sempre foi tão denso e sólido como no presente, mas que já passou por três Períodos de desenvolvimento antes de chegar ao atual Período Terrestre, e que, “após este, haverá ainda mais outros três antes de completar-se nossa evolução”.
Durante os três Períodos precedentes à nossa atual condição, isto que agora é a Terra, juntamente com o ser humano sobre ela, foram ambos gradativamente solidificados a partir de um sutil estado etéreo até outro de densidade muito maior do que é presentemente. Enquanto a “Involução” – o processo de consolidação – prosseguia, o Espírito que agora é o Ego humano construía um corpo ou um veículo para cada grau de densidade. Trabalhava inconscientemente, mas nisso era ajudado por diferentes Hierarquias espirituais, tais como os Tronos, os Querubins e os Serafins.
Quando o máximo de densidade foi alcançado, o Espírito teve a consciência despertada para si mesmo como um Ego separado no mundo material. Este foi o ponto decisivo para o retorno, pois, uma vez consciente, o Espírito não pode continuar submergindo-se na matéria. Assim, à medida que sua consciência espiritual paulatinamente desponta, ele também aos poucos espiritualiza seus corpos, deles extraindo a alma que é a essência do poder de cada um.
Deste modo, ele se elevará gradativamente das regiões materiais mais densas, juntamente com a Terra, durante o resto do Período Terrestre e nos três Períodos subsequentes.
Nos primórdios da evolução, o tríplice “Espírito Virginal” estava “desnudo” e era inexperiente. Sua Involução implicava na construção de corpos, o que ele conseguiu inconscientemente com a ajuda de poderes superiores. Quando seus corpos foram concluídos e o Espírito tornou-se consciente, então a Evolução teve início. Mas esta exige crescimento anímico, que só pode ser alcançado mediante os esforços individuais do espírito no ser humano, o Ego, que ao final desta fase possuirá poder anímico como fruto de sua peregrinação através da matéria. E será daí uma Inteligência Criadora.
Os Rosacruzes deram aos sete Períodos de desenvolvimento os nomes dos Astros que regem os dias da semana porque, usando o termo em seu sentido mais amplo, tais Períodos são os Sete Dias da Criação. Significam também metamorfoses da Terra, nada tendo a ver com os Astros no céu, exceto que as condições que eles representam aproximam-se das dos Astros de mesmo nome, como segue: 1) Período de Saturno; 2) Período Solar; 3) Período Lunar; 4) Período Terrestre (cuja primeira metade é chamada “Marciana” e a segunda “Mercurial”, segundo o exposto no “Conceito Rosacruz do Cosmos”); 5) Período de Júpiter; 6) Período de Vênus; 7) Período de Vulcano.
Nossa evolução começou na Terra como ela era no quente e escuro Período de Saturno, em que a matéria era constituída de uma substância gasosa extraída da Região do Pensamento Concreto. Ali, o Espírito Divino (que é o mais elevado aspecto do tríplice “Espírito Virginal”, feito à semelhança de Deus) foi despertado pelos Senhores da Chama, também chamados Tronos no esoterismo Cristão, os quais irradiaram de si próprios o germe do pensamento-forma como contraparte material do Espírito Divino. Este pensamento-forma foi mais tarde aperfeiçoado e consolidado na forma do Corpo Denso do ser humano, pelo que o seu mais elevado Espírito e o mais inferior dos seus corpos são frutos do Período de Saturno.
No Período Solar, a Terra alcançou a densidade do Mundo do Desejo, convertendo-se em algo assim como um nevoeiro incandescente de brilhante luminosidade. Então, os Querubins despertaram o segundo aspecto do Espírito Virginal tríplice: o Espírito de Vida. Sua contraparte – o Corpo Vital – nasceu aí como pensamento-forma e foi feito para interpenetrar o Corpo Denso germinal que se tinha consolidado e alcançado a mesma densidade da Terra. Foi, portanto, formado de matéria de desejos.
Ao fim das condições a que chamamos Período Solar, o ser humano possuía um duplo espírito e um duplo corpo.
No Período Lunar, a densidade da Terra aumentou a tal ponto que alcançou o estado de matéria que constitui a chamada Região Etérica. Era então um núcleo ígneo envolto em vapor e recoberto por uma atmosfera de nevoeiro quente ou de gás também vaporoso e quente. Quando a água esquentava pela proximidade com o núcleo ígneo, dele se afastava evaporando-se para o exterior; e quando resfriada pelo contato com o espaço externo, o vapor tornava a descer em direção ao núcleo ígneo.
Dessa substância úmida é que se formou o corpo mais denso dos “homens aquáticos”. O pensamento-forma do Corpo Denso havia se consolidado em um gás úmido; o pensamento-forma do nosso atual Corpo Vital havia descido até o Mundo do Desejo, pois da matéria desse Mundo foi formado, conforme vimos anteriormente. O pensamento-forma do nosso atual Corpo de Desejos foi acrescentado a esse duplo corpo no Período Lunar, tendo sido os Serafins que despertaram aí o terceiro aspecto do Espírito Virginal: o Espírito Humano. Foi então que o Espírito Virginal se tornou um “Ego”, de modo que, ao fim do Período Lunar, o ser humano nascente possuía um Tríplice Espírito e um Tríplice Corpo, a saber:
1) o Espírito Divino e sua contraparte – o Corpo Denso;
2) o Espírito de Vida e sua contraparte – o Corpo Vital;
3) o Espírito Humano e sua contraparte – o Corpo de Desejos.
O Tríplice Corpo é a “sombra” do Tríplice Espírito, lançada na Região do Pensamento Concreto nos três Períodos que precederam o atual Período Terrestre. Desde ali, todos esses pensamentos-forma condensaram-se: 1 grau o Corpo de Desejos, 2 graus o Corpo Vital e 3 graus o Corpo Denso, antes de alcançarem sua presente densidade.
Os Senhores da Chama (Tronos), os Querubins e os Serafins trabalharam para o ser humano voluntariamente e por puro Amor. De uma evolução como a nossa, eles nada podiam aprender. Agora que já se retiraram no atual Período Terrestre, os “Poderes” (Exusiai) do Cristianismo Esotérico – chamados Senhores da Forma pelos Rosacruzes – assumiram um encargo especial, porque este é um Período eminentemente da “Forma” e foi esta Hierarquia espiritual quem deu a todas as coisas suas atuais, definidas e nítidas formas concretas, as quais eram incipientes e indistintas nos Períodos anteriores.
Além das Hierarquias espirituais mencionadas, houve outros que ajudaram, mas vamos ater-nos somente aos seres que alcançaram no desenvolvimento a condição de humanos nos três Períodos precedentes. Esses seres avançaram naturalmente, de modo que os homens do Período de Saturno estão agora três passos à frente dos humanos atuais, sendo conhecidos como “Senhores da Mente”. A humanidade do Período Solar encontra-se dois passos adiante de nós e são chamados “Arcanjos”. E a humanidade do Período Lunar acha-se apenas um passo à nossa frente: são os “Anjos”.
Os Períodos são dias da Criação e, entre cada dois Períodos, há um intervalo de repouso ou atividade subjetiva – uma Noite Cósmica, análoga à noite de sono restaurador que desfrutamos entre um dia e outro de nossa vida terrena. Quando a vida evoluinte emerge do “Caos” na aurora de um novo Período, efetua-se em primeiro lugar uma recapitulação um grau à frente do trabalho realizado nos Períodos anteriores, antes de iniciar-se a obra do novo Período. Assim é alcançado o apogeu da perfeição capaz de ser atingida.
Portanto, a evolução do ser humano sobre a Terra, tal como se acha agora constituída, divide-se em “Épocas”, nas quais ele primeiro recapitula o seu passado, indo depois em frente às condições que prefiguram desenvolvimento e que só alcançarão expressão plena em Períodos futuros.
Na primeira – ou Época Polar – “Adão” ou humanidade – foi formado de “terra”. Atravessava ele aquela fase puramente mineral do Período de Saturno em que possuía somente o Corpo Denso, modelado por ele próprio sob a orientação dos Senhores da Forma. Estava submerso no então escuro e gasoso Astro que acabava de emergir do caos, “sem forma e vazio”, como diz a Bíblia. Pois, do mesmo modo que as framboesas são formadas de pequenas bagas, assim foi a nossa “mãe Terra” formada da multidão de corpos densos parecidos com minerais de todos os reinos, e as correntes de vida que se expressavam como minerais, animais e homens, trabalhavam para libertá-los.
Na segunda – ou Época Hiperbórea – disse Deus: “Haja luz”, e o calor transformou-se em uma nuvem incandescente idêntica àquela do Período Solar. Nessa Época, foi o Corpo Denso do ser humano interpenetrado por um Corpo Vital, ficando a flutuar de um lado para outro sobre a Terra ígnea como uma enorme coisa em forma de saco. O ser humano era então como as plantas porque dispunha dos mesmos veículos que estas possuem agora, enquanto os Anjos o auxiliavam a organizar seu Corpo Vital, conforme continuam fazendo até o presente.
Isso pode parecer uma anomalia, já que os Anjos são a humanidade do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Mas não é, porque somente no Período Lunar a Terra evoluinte condensou-se em Éter, tal como o que agora forma a substância de nosso Corpo Vital. A humanidade de então (os atuais Anjos) aprenderam ali a construir seus corpos mais densos de matéria etérea, assim como aprendemos a construir os nossos com matéria sólida, líquida e gasosa da Região Química. E nisso os Anjos tornaram-se peritos, conforme seremos também na construção de nossos corpos densos ao fim do Período Terrestre.
Eles estão, portanto, especialmente preparados para ajudar as outras ondas de vida em funções que digam respeito às importantes expressões do Corpo Vital. Ajudam assim na formação e manutenção das plantas, dos animais e do ser humano, relacionando-se muito de perto com a assimilação, crescimento e propagação desses reinos. Os Anjos anunciaram o nascimento de Isaac ao fiel Abraão, mas foram também os arautos da destruição de Sodoma por abusar-se ali das funções criadoras. O Anjo Gabriel (não Arcanjo, de acordo com a Bíblia) predisse os nascimentos de Jesus e João. Outros Anjos já haviam anunciado os nascimentos de Samuel e Sansão.
Os Anjos atuam particularmente nos corpos vitais dos vegetais porque a corrente de vida que anima esse reino iniciou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos e trabalhavam com os vegetais do mesmo modo que agora trabalhamos com os minerais. Há, portanto, uma afinidade especial entre o Anjo e o Espírito-Grupo das plantas. Pode-se assim explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também alcançou enorme estatura na segunda Época – ou Época Hiperbórea – que estava principalmente a cargo dos Anjos. A mesma coisa se dá com a criança em sua segunda Época setenária de vida, porque então os Anjos podem trabalhar mais amplamente sobre ela de maneira que, ao fim dessa Época, aos quatorze anos, a criança alcança a puberdade e torna-se apta a reproduzir sua espécie – também com a ajuda dos Anjos.
A terceira – ou Época Lemúrica – apresentava condições análogas ao Período Lunar, embora mais densas. O núcleo ígneo da Terra ficava ao centro. Envolvendo-o, havia uma fervilhante camada de água em ebulição que, por sua vez, era envolvida na parte mais externa por uma atmosfera vaporosa de “neblina ardente”, pois assim “havia Deus dividido a terra das águas”, segundo o Gênese. Com a umidade mais densa do vapor, podia o ser humano viver em ilhas com crostas sólidas em formação espalhadas num mar de águas ferventes. Sua forma era então completamente firme e sólida, possuía tronco e membros e a cabeça começava a formar-se. O Corpo de Desejos foi acrescentado e aí o ser humano passou ao encargo dos Arcanjos.
Temos aqui outra vez o que se parece com uma anomalia, pois os Arcanjos foram a humanidade do Período Solar, Período em que nasceu o Corpo Vital, quando o ser humano não possuía ainda Corpo de Desejos. A dificuldade, porém, se desvanece quando recordamos que cada veículo nosso é a sombra de um dos aspectos do Espírito, conforme dissemos anteriormente, e que tais veículos não foram dados por essas Hierarquias. Estas simplesmente ajudam o ser humano no aperfeiçoamento de determinado veículo, dada a sua especial aptidão para trabalhar com a matéria dele. Os Arcanjos são educadores do nosso Corpo de Desejos, pois se fizeram peritos na construção e uso de tal veículo quando eram humanos no Período Solar. Neste Período, eles construíram o seu corpo mais denso com “matéria de Desejos”, da mesma forma que agora construímos nosso corpo mais denso com matéria química mineral.
Os Arcanjos são também o principal apoio do Espírito-Grupo animal, porque os atuais animais começaram como minerais no Período Solar. Na Época Lemúrica, o ser humano encontrava-se em idêntica situação à daqueles na Época atual: o Espírito estava fora do corpo que tinha de dirigir, ainda que os corpos de todos já estivessem sido impregnados com o germe da personalidade individual, conforme esclareceremos a seguir. Deste modo, os homens não eram tão fáceis de guiar como os animais do presente, pois o espírito separado de cada um destes ainda está inconsciente. O desejo então predominava, necessitando por isso de uma forte sujeição. Isto foi feito em alguns dos mais dóceis entre a nascente humanidade da Época Lemúrica, sendo que estes, no devido tempo, vieram a ser instrutores dos demais. A grande maioria, contudo, não recebeu tal vantagem.
Na quarta – ou Época Atlante – teve início o verdadeiro trabalho do Período Terrestre. O Tríplice Espírito estava destinado a entrar no Tríplice Corpo e converter-se num Espírito interno para alcançar pleno domínio sobre seus veículos, mas faltava ainda o elo da Mente. Tal elo, nós o devemos aos Senhores da Mente que haviam antes impregnado os corpos com a sensação de personalidade separada. Esta preponderou sobre a primitiva sensação de unidade com o todo, possibilitando a cada um colher experiências individuais de condições semelhantes.
Os Senhores da Mente alcançaram o estado humano no Período de Saturno. Não eram “deuses” vindos de uma evolução anterior como os Querubins e os Serafins. Daí a tradição oriental de os chamar de “A-suras” – “Não-deuses” – e a Bíblia os denominar “Poderes das Trevas”, em parte porque procederam do escuro Período de Saturno e em parte porque os considera como o mal. São Paulo apóstolo fala do nosso dever de lutar contra eles.
São Paulo estava certo, mas é bom compreendermos que não existe nada absolutamente de mal, e que no passado eles foram os benfeitores do gênero humano. O mal não é outra coisa senão o bem mal colocado ou não desenvolvido. Por exemplo: suponhamos um especialista em fabricação de órgãos que construa um, todo especial – sua obra-prima. Neste caso, ele é uma encarnação do bem. Mas se ele leva o órgão até a igreja e, mesmo não sendo músico, insiste em tocá-lo substituindo o organista, então ele representa o mal.
Quando os Senhores da Mente eram humanos no Período de Saturno e a Terra era constituída de substância da Região do Pensamento Concreto, aí começamos nossa evolução como minerais. Então, os Senhores da Mente aprenderam a construir seus corpos mais densos com esses minerais, do mesmo modo que agora construímos nossos corpos dos presentes minerais. Assim, especializaram-se no uso dessa “matéria mental”, estabelecendo também, portanto, uma relação extraordinariamente íntima conosco.
Chegado o tempo em que o Tríplice Corpo estava pronto para que o Espírito nele habitasse, o ser humano precisou da Mente para servir como elo entre o Espírito e o corpo. Mas isto os deuses não lhe podiam dar. Era demasiado para eles. Os Arcanjos e os Anjos ainda não podiam criar, mas os Senhores da Mente já haviam alcançado o terceiro Período além daquele em que tinham sido humanos, tornando-se, pois, Inteligências Criadoras. Assim, puderam naturalmente preencher a lacuna irradiando de si a substância de que está formada a nossa Mente.
Procedendo de tal forma, nossa Mente tinha de ser, como é de fato, naturalmente separatista e inclinada a ressentir-se da autoridade. Devia ser o instrumento do infante Espírito no governo do Tríplice Corpo e um freio ao desejo imoderado. Contudo, ela veio acrescentar ao desejo a poderosa astúcia, depois paixão e malvadez, sendo por si mesma mais difícil de domar que um potro selvagem. À Mente, agrada mais dominar o inferior do que obedecer ao superior. Por conseguinte, a paixão e a perversidade predominaram na Época Atlante. A raça degenerou e então tornou-se imperiosa a criação de outra e sob diferentes condições.
Entretanto, a atmosfera quente e vaporosa da Lemúria havia-se esfriado e condensado, convertendo-se em espesso nevoeiro na Época Atlante. Ali viveram os “niebelungen” (“filhos da névoa”) das velhas lendas, que foram os atlantes. Então, Deus ordenou que “as águas se juntassem em um lugar e que aparecesse a terra seca”. A névoa condensou-se gradualmente, caindo em torrentes e inundando os vales da Atlântida. A raça perversa pereceu, com exceção de uns poucos, conhecidos depois como “o povo eleito”, e escolhidos para serem o núcleo da atual raça ariana e herdarem a terra prometida: a Terra como é agora constituída. Estes poucos foram salvos conforme relatado diversamente nas histórias de Noé e Moisés, este tirando o povo de Deus do Egito (Atlântida) e guiando-o através do Mar Vermelho (o dilúvio ou inundação atlântica), onde o Faraó (o malvado rei atlante) pereceu com todos os seus seguidores.
As Hierarquias espirituais têm sido seriamente embaraçadas em seus esforços para ajudar o ser humano desde a Época em que este recebeu a luz da razão e se lhe abriu o entendimento, porque então tinha de lidar com assuntos dos quais não possuía o menor conhecimento, como por exemplo a propagação da espécie. Por ignorar as Leis Cósmicas que a regiam, o parto tornou-se doloroso e a morte converteu-se na experiência mais frequente e desagradável. Severas medidas impuseram-se, portanto, para controlar a natureza inferior. Isto foi feito por Jeová, o mais alto Iniciado do Período Lunar e regente dos Anjos, auxiliado nessa tarefa pelos Arcanjos, que são os Espíritos de Raça (Dn 12:1).
Jeová ajudou o ser humano a controlar a Mente e a dominar o Corpo de Desejos impondo leis e decretando castigos para as transgressões. O temor de Deus opôs-se então aos desejos da carne, e assim foi o pecado manifestado ao mundo.
Os Arcanjos, como Espíritos de Raça, lutavam a favor ou contra uma nação por intermédio de outra para castigar aquela em que houvesse pecado (Dn 10:20).
Eram os Anjos que faziam vicejar ou secar os trigais e vinhedos; os que aumentavam ou diminuíam os rebanhos; os que multiplicavam ou reduziam a família, conforme fosse necessário recompensar ou punir o ser humano por sua obediência ou transgressão às leis do Chefe dos Espíritos de Raça – Jeová. Sob o reinado deste, todas as religiões de raça – Confucionismo, Taoísmo, Budismo, Judaísmo, etc. – floresceram e atuaram no Corpo de Desejos como Religiões do Espírito Santo. Jeová ajudou o ser humano a dominar o Corpo de Desejos porque este foi obtido no Período Lunar.
Mas a Lei conduz ao pecado, pois é separatista. Além disso, o ser humano deve aprender a agir bem independentemente do medo. Portanto, Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, veio para ensinar a Religião do Filho, que atua sobre o Corpo Vital, obtido no Período Solar. Ele ensinou que o Amor é superior à Lei. O amor perfeito lança fora o temor e liberta a humanidade do racismo, da casta e do nacionalismo, conduzindo-o à Fraternidade Universal, que será um fato quando o cristianismo for vivenciado.
Quando o cristianismo haja espiritualizado plenamente o Corpo Vital, um passo ainda mais elevado será dado com a Religião do Pai, o qual, como o mais alto Iniciado do Período de Saturno, ajudará o ser humano a espiritualizar o corpo que obteve nesse Período: o Corpo Denso. Então, até a Fraternidade Universal será superada. Não haverá mais eu ou tu, porque todos serão conscientemente “Um” em Deus, e o ser humano terá sido emancipado da tutela dos Anjos, dos Arcanjos e dos Poderes ainda maiores.
[4] N.T: Lúcifer: Tentador ou Benfeitor
Ao olharmos o mundo ao nosso redor, constatamos que não há fato mais evidente do que aquele expresso pelo poeta hebreu: “Poucos são os dias do homem, e plenos de desgraça”. E perguntamo-nos, naturalmente: “Por que deve ser assim?”
O teólogo afirma que Deus decretou que sofrêssemos porque nossos primeiros pais pecaram ao serem tentados pelo diabo. E procura justificar Deus nesta frase burlesca: “Na queda de Adão, todos pecamos.” Mas por que o comer-se uma maçã, como causa, deve merecer o castigo do parto doloroso como efeito? Isto tem sido sempre um enigma difícil para os comentaristas da Bíblia. E como poderia um Deus sábio e amoroso decretar tanta miséria sobre toda a raça humana só pela tão irrelevante falta de um casal? Isto é tão difícil de entender que justifica até certo ponto a Robert Ingersoll quando exclamou: “Um Deus honesto é a obra mais nobre do homem!”
Semelhante anomalia nasce naturalmente da falta de conhecimentos ocultos e da consequente interpretação materialista dessa mina de informação esotérica que é a Bíblia.
Para conseguirmos um esclarecimento verdadeiro no que tange à dor e à tristeza, devemos, de início, basear-nos na informação puramente oculta, procurando ver então que luz lança a Bíblia sobre a mesma.
Recordemos que quatro grandes Épocas ou Idades precederam a nossa presente Época Ária: a Polar, a Hiperbórea, a Lemúrica e a Atlante.
Na Época Polar, o homem dispunha apenas de um Corpo Denso precariamente organizado. Daí que estivesse inconsciente e imóvel como os minerais que agora são assim constituídos. Na Época Hiperbórea, seu Corpo Denso foi envolvido por um Corpo Vital, ficando o Espírito “flutuando” fora. Os efeitos de tal natureza podem ser constatados pelo exame dos vegetais que, no presente, são analogamente constituídos.
Neles, podemos ver a repetição permanente, a formação de talos e folhas em sucessão alternada que prolongar-se-iam infinitamente caso não houvesse outra influência. Mas, como a planta não tem um Corpo de Desejos separado, o Corpo de Desejos da Terra, o Mundo do Desejo, endurece o vegetal e impede em determinado ponto o seu excessivo crescimento para cima. A força criadora, impedida de expressar-se no fazer a planta crescer mais ainda, busca outra saída: forma as flores nessa planta e encaixa-se na semente, de forma que possa crescer de novo em outra planta.
Na Época Hiperbórea, em que o homem se encontrava em condições idênticas, seu Corpo Vital fazia-o crescer a gigantescos tamanhos. Agindo sobre ele, o Mundo do Desejo levava-o a expelir sementes parecidas com esporos, das quais outro Ego humano apoderava-se ou eram utilizados pelos Espíritos da Natureza na construção de corpos para os animais que começavam a emergir do Caos (a onda de vida mais avançada começa primeiro, no início de um período, e retorna por último ao Caos: as ondas de vida que se seguem – animal, vegetal e mineral – começam mais tarde e retornam mais cedo).
Portanto, na Época Hiperbórea, quando o homem era constituído identicamente aos vegetais, seu Corpo Vital formou vértebra sobre vértebra e teria continuado a formá-las caso um Corpo de Desejos individual não houvesse sido dado na Época Lemúrica. Este corpo começou a endurecer a estrutura e a restringir a tendência a um maior crescimento. Como resultado, o crânio, a flor que se encontra na ponta do caule (da coluna vertebral), estava incipientemente formado.
Contrariada em seus esforços para construir uma forma maior, tornou-se necessária à força criadora no Corpo Vital buscar uma nova saída pela qual pudesse continuar a crescer em outro ser humano. O homem então tornou-se hermafrodita, capaz de gerar sozinho um novo corpo.
A planta não tem Corpo de Desejos individual, daí não sentir paixão. Apenas estende seu órgão criador – a flor – casta e inocentemente em direção ao Sol, uma das coisas mais belas e encantadoras que existem.
No ser humano, o Corpo de Desejos individual deve necessariamente produzir a paixão e o desejo, a menos que seja subjugado de algum modo. Por conseguinte, o ser humano, tanto figurada quanto literalmente, é o inverso da casta planta, pois é apaixonado, tem órgãos criadores voltados para a Terra e deles se envergonha. A planta toma seu alimento por baixo, pela raiz; o ser humano se alimenta por cima, pela cabeça. O ser humano inala o vivificante oxigênio e exala o deletério dióxido de carbono. Este é absorvido pela planta que lhe extrai o veneno e devolve ao ser humano o princípio vitalizante.
Com a finalidade de controlar a paixão e prevenir o abuso da função criadora, diversas medidas foram tomadas pelos Líderes encarregados da Evolução.
Esta criatura semianimal de meados da Época Lemúrica, embora horrenda em seu aspecto, era, no entanto, um diamante bruto, destinada a tornar-se mais tarde o instrumento perfeito e o formoso templo de um Espírito interno. Para isto, era preciso um mecanismo de controle, um cérebro, e um segundo sistema nervoso, capazes ambos de serem comandados pela Vontade, que era a força do morador em perspectiva, o Ego.
O total da força criadora podia ter sido usado com esse propósito, mas, como o uso de qualquer ferramenta causa o seu desgaste, um plano para substituir o instrumento gasto quando abandonado pelo Espírito, na morte, foi também idealizado, e assim a força criadora em cada ser humano foi dividida: metade continuou fluindo para cima, como antes, para construir um cérebro e uma laringe, através dos quais o Espírito pode controlar seus instrumentos e expressar-se em pensamentos e palavras; e a outra metade foi impelida para baixo, aos órgãos criadores, para reprodução.
Este arranjo valeu mais para prevenir os abusos, já que tornou mais difícil a geração. Antes da separação dos sexos, cada um podia gerar sem ajuda. Depois da divisão, fez-se necessário a cada um procurar a cooperação de outrem que possuísse a metade oposta da força sexual necessária à reprodução.
A mudança de voz dos rapazes na puberdade mostra a relação que existe entre os órgãos criadores e a laringe. Uma vez que metade da força sexual constrói o cérebro, aquele que se super-excede no uso do sexo converte-se em idiota. Por outro lado, o pensador profundo, particularmente o espiritualista, sente pouca ou nenhuma inclinação para o coito, já que emprega a maior parte de sua energia criadora no cérebro.
Apenas os Anjos trabalharam com o homem na Época Hiperbórea, quando este dispunha somente do Corpo Denso e do Corpo Vital, mas, na Época Lemúrica, – quando o Corpo de Desejos lhe foi acrescentado – os Arcanjos também começaram a participar do trabalho, ajudando o infante Espírito humano a controlar seus futuros veículos. Assim, pois, neutralizaram eles o Corpo de Desejos de tal modo que o mesmo só se tornava sexualmente ativo em determinadas épocas do ano. Na última parte da Época Lemúrica e princípio da Época Atlante, o cérebro e o sistema cérebro-espinhal haviam evoluído o suficiente para permitir que o elo da Mente fosse estabelecido. Então, o Ego começou a penetrar aos poucos em seus corpos, tornando-se assim um espírito interno em meados da Época Atlante, plenamente consciente de seu ambiente externo. Antes que a entrada nos corpos fosse completada – especialmente na última parte da Época Lemúrica – a consciência do homem estava voltada para dentro, sendo ele mais consciente do mundo espiritual. Nascimento e morte eram, portanto, inexistentes para, do mesmo modo que o brotar, secar e cair de uma folha não existe para a planta. Sua consciência permanecia continuamente nos mundos internos quer tivesse ou não um corpo, pois era inconsciente deste, embora utilizando-o por completo, à semelhança do que ocorre no uso de nosso estômago e pulmões, isto é, utilizamo-los inconscientemente.
Nas aludidas épocas do ano, os Arcanjos suspendiam sua influência restritiva sobre os Corpos de Desejos. Então, os Anjos conduziam os seres humanos a grandes templos, onde o ato gerador era realizado nos momentos estelares mais propícios. As viagens de lua-de-mel de nossos dias são reminiscências atávicas daquelas migrações com propósitos geradores e mostram a relação que tinham com os corpos celestiais pela denominação “lua-de-mel”.
Quando a propagação havia sido efetuada, o Corpo de Desejos era novamente neutralizado. Em consequência, o parto era totalmente indolor, conforme se dá atualmente com os animais, que se encontram em idênticas condições.
Esse era um estado livre de cuidados, mas o homem era extremamente limitado em sua consciência, sendo guiado e controlado independentemente de sua vontade por agentes externos. Se tais condições houvessem prevalecido, o homem continuaria sendo um autômato guiado por Deus. Nunca poderia tornar-se uma Inteligência Criadora autoconsciente – conforme está destinado a ser – até que afastasse toda sujeição e atuasse em sua própria salvação.
Por conseguinte, exaltados Guias de uma evolução mais avançada foram enviados para instruir o homem e despertá-lo para conhecer o mundo externo ou material. Drásticas medidas impuseram-se, então, naturalmente, e por seguidas eras. Os meninos eram exercitados no desenvolvimento da Vontade, que era a contraparte espiritual de sua força criadora positiva. Faziam-nos carregar pesados fardos, ensinando-os a fortalecerem os braços pela vontade. Os rapazes eram obrigados a se enfrentarem em lutais brutais; seus membros eram estropiados; seus corpos eram queimados ou empalados, etc., num esforço para despertar o Ego à consciência do Corpo Denso e do mundo externo.
As mulheres eram conduzidas às imensas florestas em formação que vicejavam luxuriantes no solo úmido e quente. Eram expostas à fúria das tempestades e furacões que assolavam a Terra na Época Lemúrica e levadas a contemplar as erupções vulcânicas, o que produzia imagens ante sua visão interna. Faziam-nas presenciar também lutas ferozes entre os homens com o objetivo de despertar-lhes a Imaginação.
Imaginação é o polo espiritual negativo da força criadora, que reflete na consciência interna as cenas do mundo externo como se fossem sonhos. Deste modo, as mulheres foram as primeiras a dar-se conta da existência do Mundo Físico e do Corpo Denso, pelo que começaram a pregar o evangelho do corpo do homem, a quem falaram daquela obscura percepção inicial da existência física.
Em nossos dias, aqueles que começaram a sentir a alma e por isso tentam pregar o evangelho do mundo espiritual onde o Espírito vive, geralmente encontram a barreira da incredulidade e do ridículo, tal como aconteceu às mulheres lemúricas quando tentaram convencer seus contemporâneos de que tinham um Corpo Denso.
Entre as observações feitas por essas videntes, estava o fato de que às vezes o homem perdia o seu corpo, o qual se desintegrava. Elas podiam continuar a vê-lo no mundo espiritual conforme o viam antes, mas como ele se havia ido da existência material, isso as deixava confusas.
Dos Anjos, nenhuma informação elas podiam obter, pois, ainda que estes atuassem sobre o Corpo Denso, não o faziam diretamente, mas usavam o Corpo Vital como transmissor, não se podendo fazer entender por um ser que raciocinasse cerebralmente. Os Anjos conseguiram o conhecimento sem precisar utilizar o raciocínio, pois externaram todo o seu amor em seu trabalho, recebendo em troca torrentes de Sabedoria Cósmica. O ser humano também cria pelo amor, embora seu amor seja egoísta. Ele ama porque deseja. A cooperação na propagação é um exemplo, porque nisso ela participa somente com a metade da força criadora. A outra metade é conservada egoisticamente para manter seu próprio órgão pensante – o cérebro – e utiliza-se dessa metade também egoisticamente para pensar, porque deseja conhecimento. Daí, ele precisar esforçar-se e raciocinar para obter sabedoria. No devido tempo, porém, ele alcançará um estado muito superior ao dos Anjos e Arcanjos. Então, haverá ultrapassado a necessidade dos órgãos criadores inferiores: criará por meio da laringe, podendo “fazer do verbo carne”.
Naquela fase, a mulher também não podia raciocinar, pois, tendo sido a Mente dada pelos Poderes das Trevas, era naturalmente obscura. De forma que, antes de poder ser utilizada para correlacionar fatos, precisava ser iluminada. Somente depois de ter isso acontecido, pôde o homem lançar a “Luz da Razão” sobre os seus problemas.
É aqui que pela primeira vez ouvimos falar de “Lúcifer” – o “Portador de Luz” – que falou à mulher e ajudou-a a solucionar o enigma, indicando-lhe como, com a cooperação do homem, poderia ela exercer a função criadora independentemente dos Anjos, de modo a prover de novo corpos àqueles que os tivessem perdido, escapando dessa maneira à morte.
Ele pergunta se Deus os havia proibido de comer os frutos das árvores. É-lhe dito, então, que haviam sido proibidos de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal sob pena de morrerem.
Que a árvore do conhecimento é uma expressão simbólica da função geradora, torna-se evidente quando recordamos quão limitada era a consciência humana naquela época. O homem não conhecia ou não se dava conta de nada fora de si mesmo; seus olhos ainda não haviam sido abertos; sua consciência era interna, como a consciência pictórica dos nossos sonhos, exceto em que não era confusa. Mas achava-se tão alheio ao mundo e aos seres externos, como em nossos dias estamos do mundo espiritual, salvo nas ocasiões em que era conduzido aos templos e posto em íntimo contato sexual com outro ser humano. Então, por um momento, o Espírito rompia o véu da carne e homem e mulher se conheciam um ao outro em Corpo Denso. Para o Iniciado, a Bíblia registra isso de maneira maravilhosamente iluminadora quando usa a mesma expressão em muitas passagens, tais como: “Adão conheceu sua mulher”, e na pergunta de Maria: “Como poderei conceber, visto que não conheço homem? As dores do parto são, pela lógica, mais uma penalidade pela violação de uma regra de relação sexual do que um castigo por se haver comido uma maçã.
A serpente disse à mulher: “É certo que não morrereis, porque Deus sabe que no dia em que dela comerdes abrir-se-vos-ão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal “. Este último era ainda desconhecido para o homem.
Seguindo o conselho, a mulher obteve a cooperação do homem e, mediante a força de vontade, libertaram seus corpos de desejos. Esta faculdade era então muito mais poderosa que agora, porque é lei que toda nova faculdade sempre é adquirida à custa do enfraquecimento de outro poder anterior, como quando se adquiriu a faculdade de pensar ao preço da metade da força criadora. A força de vontade do homem era tal que a preocupação de Deus “receando que o homem comesse também da árvore da vida e se tornasse imortal” estava plenamente justificada, pois, tivesse ele se apoderado do segredo para renovar o Corpo Vital e o denso, teria sido capaz de criar um corpo e vitalizá-lo para sempre. Então, a morte não teria verdadeiramente existido, mas tampouco teria havido qualquer evolução. E, como o homem então não sabia – e não sabe até agora – construir um corpo perfeito, a posse daquele segredo teria sido, com efeito, a maior de todas as calamidades. A morte não é uma desgraça, mas um amigo, quando chega naturalmente, porque liberta-nos de um ambiente cujo proveito já haurimos e de um corpo que já nos tolhe. Isto para que possamos ter outra oportunidade de aprender novas lições em novo e melhor corpo.
O uso desenfreado da função sexual resultou em fazer o homem cada vez mais consciente do seu corpo. “Seus olhos foram abertos” e sua atenção focalizou-se mais e mais no Mundo Físico até que, gradativamente, todos se esqueceram dos mundos superiores, chegando muitos a descrer de que o homem habita um espírito imortal. A morte do corpo converteu-se para eles em uma coisa terrível, uma tremenda calamidade, a despeito de todas as afirmações em contrário, pois acreditavam na aniquilação total. Assim, ainda que a palavra de Lúcifer fosse verdadeira quanto à criação de um novo corpo, a palavra do Anjo o fora ainda mais, porque de fato a morte não existiu até o homem haver perdido sua consciência dos mundos superiores.
Quanto ao anátema: “Em dores darás à luz teus filhos”, não se trata absolutamente de uma maldição. A frase bíblica é apenas o enunciado dos efeitos que inevitavelmente resultariam do abuso ou uso ignorante da função criadora.
Enquanto essa se realizava sob a sábia orientação dos Anjos, em certas épocas do ano em que as forças cósmicas entre os planetas eram mais favoráveis, o parto efetuava-se sem dor, mas, como o homem era e é ignorante desses fatores, a transgressão às suas regras resultou em dor.
Por conseguinte, o cérebro e o órgão vocal foram adquiridos ao custo da metade da força criadora. A emancipação da guia dos Anjos, o poder de iniciativa na ação para a escolha do bem ou do mal, e a consciência do mundo material, isso tudo é nosso ao preço da tristeza, da dor e da morte.
Mas todas as coisas no mundo trabalham para o bem no reino de Deus. Mesmo aquilo que é mal transmuta-se, por meio de sutilíssima alquimia espiritual, em trampolim para um bem maior.
Tendo sido exilado do Jardim do Éden – a Região Etérea – por ter aprendido a conhecer o mundo material mediante repetidos abusos sexuais que focalizaram sua atenção aqui, o homem começou a ter seu Corpo Denso endurecido por esse crescente uso do Corpo de Desejos. Então, precisou de alimento e abrigo. Deste modo, impunha-se a habilidade física, a destreza, para que seu corpo fosse sustentado. A fome e o frio, portanto, foram os látegos do mal que despertaram essa habilidade, pois forçaram o homem a pensar e agir no sentido de prover suas próprias necessidades. E assim, gradativamente, ele aprendeu a ser prudente. Aprendeu a acumular para essas contingências antes mesmo que elas surgissem, porque os tormentos da fome e do frio já o haviam ensinado a prevenir-se. Assim é que a sabedoria é sofrimento cristalizado. Quando podemos serenamente contemplar os sofrimentos nossos que ficaram para trás, extraindo deles as lições que trouxeram, então eles se convertem em fontes de sabedoria e de futuros regozijos, porque através deles é que aprendemos o conhecimento aplicado, a única salvação. Isto pode parecer uma asserção indelicada e duvidosa, mas, se experimentarmos meditar sobre o assunto, concluiremos que ela é tão absolutamente verdadeira e possível de demonstrar como dois e dois são quatro.
Sobre a pergunta: “Quem são esses Lucíferes?” (pois, embora a Bíblia pareça referir-se a uma pessoa apenas, é um erro considerarmos essa singularidade; o mesmo se dá com referência a Deus no singular, no primeiro capítulo do Gênese), esta classe de Seres pertence a uma onda de vida que alcançou um estado evolutivo muito superior ao de nossa humanidade no Período Lunar, mas que ficou um pouco aquém do desenvolvimento alcançado pelos Anjos. Os Lucíferes são semideuses, mas não puderam possuir um Corpo Denso como o homem, nem puderam adquirir experiências, conforme acontece com os Anjos. Precisavam para isso de um cérebro e de uma medula espinhal. Portanto, quando o homem havia construído tais instrumentos, foi para proveito deles que o instigaram a usá-los sem demora.
Naquela época, a incipiente consciência do homem estava voltada para dentro. Por isso, ele via seus órgãos internos e os construía com a mesma força que agora se exterioriza para construir casas, navios, etc., e os músculos externos de seu corpo. Deste modo, a mulher, que estava mais avançada em tal direção em virtude de ter exercitado sua Imaginação, viu a inteligência encarnada em sua medula espinhal serpentina, de maneira que, num estado posterior, quando o homem recordou essa experiência, a serpente pareceu-lhe a semelhança mais próxima daquilo que desejava exprimir a respeito.
Esta ideia transparece por toda a Bíblia. No Capítulo XIV do livro do profeta Isaías, ele é chamado Lúcifer (a “estrela da manhã”), rei de Babel-On (a “porta do Sol”), cidade situada sobre sete colinas, com domínio sobre o Mundo.
A humanidade deixou então de agir uniformemente, dividindo-se em diversas nações guerreiras. Isto foi a geratriz de todos os males imagináveis, e que a Revelação denomina “Rameira” ao descrever sua queda.
Como suprema antítese, ouvimos falar de uma outra “Luz do Mundo”, de outra “luminosa estrela da manhã”, de uma luz verdadeira (Cristo) que se erguerá após a queda da Babilônia e reinará para sempre na cidade da paz – Jer-u-salem – também chamada “Noiva”. Esta descerá dos céus e terá doze portais que nunca se fecharão, embora a preciosa árvore da vida esteja lá dentro. Iluminação externa não existe, pois nela toda a luz está dentro, e a noite não existe.
Essa cidade é verdadeiramente maravilhosa, e a maior antítese da outra, jamais imaginável. Mas o que significam essas duas cidades, já que uma interpretação literal para ambas está fora de cogitação? Admitindo-se que a Babilônia tenha existido, tal cidade não era literalmente conforme a descreveram. Por outro lado, a futura “Nova Jerusalém” é contrária a todas as leis conhecidas da natureza. Estas duas cidades devem, portanto, ser apenas simbólicas.
A fim de decifrarmos seu significado, consideremos as duas cidades situadas no alto de sete colinas ou montes, posição que oferece uma especial vantagem à observação. Moisés foi à “montanha” e “viu” e “ouviu”, o mesmo acontecendo àqueles que subiram ao “monte” da transfiguração. Daniel compara a Babilônia à cabeça da estátua que Nabucodonosor viu em sonhos. E na cabeça humana existem sete pontos de observação: dois olhos, dois ouvidos, dois orifícios nasais e uma boca. Sobre estes, situa-se o cérebro, de onde o “dador de Luz” – a razão – governa o pequeno mundo, o microcosmo, assim como o Grande dador de Luz – Deus – governa o macrocosmo.
A razão é produto do egoísmo, pois é gerada pela Mente dada pelos “Poderes das Trevas” em um cérebro construído pela metade da força sexual egoisticamente acumulada, e que foi estimulada pelos egoístas Lucíferes. Por conseguinte, ela é a “semente da serpente” e, embora possa ser convertida em sabedoria mediante a dor e a tristeza, deve, contudo, dar lugar a algo superior: a intuição, que significa “ensino que provém de dentro”. Sendo uma faculdade espiritual, a intuição faz-se presente de modo equitativo em todos os Espíritos – quer estejam estes funcionando num corpo masculino, quer num corpo feminino – muito embora manifeste-se mais enfaticamente nos Egos encarnados em organismos femininos, pois nestes a contraparte do Espírito de Vida (o Corpo Vital) é masculina ou positiva. Sendo, pois, uma faculdade do Espírito de Vida, a intuição pode apropriadamente ser chamada “semente da mulher”, de onde emanam todas as tendências altruísticas e, mediante as quais, todas as nações do mundo, lenta, mas seguramente, agrupar-se-ão até formarem uma Fraternidade Universal de amor sem preconceito de raça, sexo ou cor.
Nosso cérebro, entretanto, não é um todo homogêneo. Divide-se em duas metades, e, de acordo com os fisiologistas, a grande maioria das pessoas utiliza-se principalmente de apenas um desses hemisférios cerebrais: o esquerdo. O outro hemisfério, o direito, é ativo só parcialmente. O coração também se situa no lado esquerdo do nosso corpo, mas começa a dirigir-se para o lado “direito”. O cérebro “direito” tornar-se-á cada vez mais ativo de modo que, em consequência destas duas alterações fisiológicas, o caráter do homem será completamente modificado. O lado esquerdo está sob o domínio dos Lucíferes e entregue ao egoísmo, mas o Ego terá, por sua vez, crescente domínio sobre ele à medida que o lado direito do cérebro vá conquistando o poder de atuar sobre o corpo inteiro como “critério reto”.
Que esteja havendo uma mudança no coração que faz dele uma anomalia, um enigma, não é novidade para os fisiologistas. Temos duas grandes classes de músculos. Uma delas está sob o controle da vontade, como por exemplo os músculos dos braços e das mãos. Estes são estriados em dois sentidos: longitudinal e transversal. Os músculos involuntários que respondem pelas funções que estão fora do alcance da vontade e que não podem ser acionados pelo desejo são estriados apenas no sentido longitudinal. Mas, destes, o coração é a única exceção. Ele não está sob o domínio do desejo, contudo começa a mostrar estrias transversais como um músculo voluntário.
No devido tempo, essas estrias transversais ter-se-ão desenvolvido plenamente, e o coração estará sob o nosso controle. Então seremos capazes de dirigir a corrente sanguínea para onde queiramos fazê-lo. Poderemos ainda limitar o suprimento normal do sangue para o hemisfério cerebral esquerdo, provocando, desta maneira, a queda de Babilônia, a cidade de Lúcifer.
Quando o sangue puder ser enviado para o hemisfério cerebral direito, estaremos construindo a Nova Jerusalém. Por enquanto, preparamo-nos para aquela era, construindo as estrias transversais no coração por meio de ideais altruísticos ou, no caso do discípulo, enviando para lá as correntes sexuais através do caminho da direita do coração.
Recordemos que os Querubins despertaram o Espírito de Vida – a fonte do amor divino – cuja contraparte é o Corpo Vital, o meio de propagação, e que, quando o homem foi expulso da Região Etérea com suas quatro camadas de éter, o Jardim do Éden, por ter usado indevidamente a força sexual, um Querubim postou-se à sua entrada empunhando uma espada flamejante. O uso apropriado da força sexual constrói um órgão que dará ao homem a chave dos Mundos internos e o ajudará a criar por meio do pensamento. Então, a tristeza e a dor não mais existirão e ele terá entrado na senda que conduz à Cidade da Paz – Jer-u-salem.
A Lemúrica sucumbiu pelo fogo, em meio a terríveis cataclismas vulcânicos, surgindo em seu lugar a Atlântida. No devido tempo, esta foi sepultada sob as águas, dando lugar à Ariana – a Terra como a vemos na atual Época Ária – e que logo passará. As Salamandras começam a avivar o fogo na forja, a fim de que se façam “um novo Céu e uma nova Terra” a que as Escolas de Mistério do Ocidente chamam de “Nova Galileia”.
Nas duas primeiras épocas, o homem desenvolveu um Corpo e o vitalizou; na Época Lemúrica, desenvolveu o Desejo; a época Atlante produziu a Habilidade; e o fruto da Época Ária é a Razão.
Na Nova Galileia, a humanidade terá um corpo muito mais delicado e etéreo que agora, a Terra também será transparente e, como resultado, esses corpos responderão mais facilmente aos impactos espirituais da Intuição. Tais corpos não conhecerão o cansaço, daí não precisarem das noites para repouso, as quais também não existirão. Os doze nervos cranianos, que são os portais para o trono da consciência, nunca estarão fechados. Além disso, a Nova Galileia será formada de éter luminoso e transmitirá luz solar. Essa será uma terra de paz (Jer-u-salem), pois a Fraternidade Universal unirá todos os seres de toda a Terra no Amor. A morte não poderá existir porque a árvore da vida – a faculdade de gerar energia vital – será possibilitada através do já referido órgão etéreo da cabeça, o qual estará aperfeiçoado naqueles que desde agora estão sendo escolhidos para serem os precursores da humanidade nessa Era vindoura.
Fala-se dessa raça futura como sendo a “Raça de Cristo”. Entenda-se, porém, que tal denominação não se deve ao Cristo externo, mas sim porque a humanidade de então terá desenvolvido o princípio Crístico dentro de si, agindo somente pelos ditames do espírito através da Intuição, de modo que tudo o que fizer será feito por Amor. Somente por tal progresso individual pode a salvação da Raça ser efetuada, pois, conforme Angelus Silesius:
“Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma ficará perdida.
Em vão olharás a Cruz do Gólgota
A menos que dentro de ti Ela seja novamente erguida.”
[5] N.T.: Jo 14:12
[6] N.T.: Ao mencionar o nome de Fausto, a maioria da gente culta pensa na adaptação teatral desta ópera, feita por Gounod. Alguns admiram a música, mas o argumento não parece impressionar ninguém, de modo particular. Tal como se apresenta nesta ópera, a história parece ser demasiadamente comum: um homem sensual atraiçoa uma donzela ingênua e abandona-a, depois, para que expie sua loucura e sofra o resultado do seu excesso de confiança. A magia e bruxaria de algumas cenas da obra são consideradas, pela maioria das pessoas, como fantasias de um autor, aí introduzidas para dar às ações sórdidas mais vigor e interesse. Quando Fausto é levado por Mefistófeles aos infernos e Margarida sobe ao céu nas asas angelicais, no final, as pessoas imaginam que esta é a moral que convém para concluir dignamente a obra. Todavia, pouca gente sabe que a ópera de Gounod está baseada no drama de Goethe (um poema trágico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, dividido em duas partes. Está redigido como uma peça de teatro com diálogos rimados, pensado mais para ser lido que para ser encenado. É considerado uma das grandes obras-primas da literatura alemã.). Os que estudaram esse drama, forma dele uma ideia muito diferente da que o argumento da ópera sugere. Somente os poucos místicos iluminados veem na obra de Goethe a mão inequívoca de um companheiro Iniciado e iluminado e reconhecem, perfeitamente, a grande significação cósmica da obra. É preciso compreender, claramente, que a história de Fausto é um mito, tão antigo como a Humanidade. Goethe apresentou-o numa forma mística apropriada, esclarecendo um dos mais antigos problemas da atualidade: a relação e a luta entre a Maçonaria e o Catolicismo, já examinada, sob outro ponto de vista, num livro anteriormente publicado “A Maçonaria e o Catolicismo-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz”.
[7] N.T.: do livro: “Whatever is, is best: A collection of poems” de Ella Wheeler Wilcox, cuja frase: “Não, o que quer que seja, é o melhor”, foi dita por Theophilus Lindsey, teólogo e clérigo unitário inglês (3 de novembro de 1808), a um amigo que sugeriu que Lindsey foi fortalecido pelo ditado: “Tudo o que é, está certo”.
Podemos dizer que a principal característica dessa Época estava na constituição da atmosfera do nosso Campo de Evolução, no caso, a Terra. Pois do norte do Planeta Terra vinham os blocos de gelo da região boreal e do sul vinha o sopro ardente dos vulcões, que ainda estavam muito ativos. O continente atlante era o ponto de encontro dessas duas correntes e, consequentemente, a atmosfera estava sempre sobrecarregada por um nevoeiro espesso e pesado.
A água não era tão densa como agora, pois continha uma proporção maior de ar e de outros elementos gasosos em suspensão. Além disso, havia muita água suspensa na atmosfera pesada e nebulosa desse lugar que chamávamos de Atlântida. Nesse início da Época Atlante ainda não havia chuva e a atmosfera era uma névoa úmida e quente, através da qual o Sol parecia como uma de nossas lâmpadas incandescentes num dia de neblina; além disso, o fenômeno do arco-íris era uma impossibilidade de acontecer (já que se trata de um fenômeno ótico e meteorológico que se forma quando a luz branca solar entra em contato com as gotas de água na superfície, sofrendo os fenômenos de reflexão e refração da luz, que ocasionam a dispersão da luz em todas as suas sete tonalidades: vermelha, laranja, amarela, verde, azul, anil e violeta.). Assim, o arco-íris teve condições de aparecer na próxima Época – a presente Época Ária – quando a névoa se condensou em chuva, inundou as bacias da Terra e deixou a atmosfera clara, como descrita na história de Noé (relatada na Bíblia), e que com isso apontou o início dos ciclos da Lei das Alternâncias que trazem o que temos hoje, como o dia e a noite, o verão e o inverno.
Até meados da primeira parte da Época Atlante estávamos sob a orientação direta das Hierarquias Criadoras. Nós éramos incapazes de tomar iniciativas; as mudanças ocorriam mediante grandes cataclismos naturais planejados pelas Hierarquias Criadoras encarregadas da nossa evolução.
Uma das doze Hierarquias Criadoras ou Zodiacais, conhecida como os Senhores da Mente, irradiaram de si mesmo o germe da Mente para cada um de nós. O veículo Mente nos foi fornecida como um ponto focal entre nós, o Ego, e o nosso Tríplice Corpo, completando a nossa constituição que ficou, então, equipada para conquistar o mundo e gerar força anímica pelo seu esforço e experiência, tendo individualmente vontade própria e livre-arbítrio, exceto quando limitado pelas leis da natureza e por suas próprias ações anteriores.
Como o nosso – Ego – domínio era excessivamente débil e a nossa natureza passional (de desejos) muito forte, a Mente nascente uniu-se ao Corpo de Desejos, originando a astúcia, causa de todas as debilidades dos meados do último terço da Época Atlante. Portanto, a astúcia foi desenvolvida, produto da Mente não governada por nós. A astúcia une-se ao desejo sem ter em conta se esse é bom ou mau, ou se pode trazer alegria ou dor.
Até a segunda das três partes da Época Atlante ainda estávamos na fase “Involução” do Esquema de Evolução, ou seja, nós, o Ego – o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui, ou o Tríplice Espírito, ainda estávamos tomando posse do nosso Tríplice Corpo. No final da segunda parte da Época Atlante alcançamos o nadir da materialidade, isto é, o ponto mais denso em matéria (na Região Química do Mundo Físico) que devemos passar em todo o atual Esquema de Evolução, ou seja: findamos a parte de “Involução” e começamos a subir na parte “Evolução” deste Esquema de Evolução.
A construção dos nossos olhos, como temos atualmente, começou na Época Lemúrica e progrediu, mas, até o final da Época Atlante, não havia o sentido da visão, como hoje o conhecemos.
No último terço da Época Atlante, o ponto do Corpo Vital uniu-se ao ponto correspondente do Corpo Denso. Desde esse momento obteve a plena visão e percepção do Mundo Físico. A maioria perdeu gradualmente a capacidade de perceber os Mundos superiores. Por isso, nossa consciência foi se focalizando no Mundo Físico, se bem que as coisas não apareceram com nitidez até a última parte da Época Atlante. Só então começamos a conhecer a morte como solução de continuidade que se produzia na consciência, ao passar para os Mundos superiores depois de morrermos, e quando retrocedíamos ao Mundo Físico para renascermos aqui.
O nosso cérebro e a nossa laringe foram construídos durante a última parte da Época Lemúrica e os primeiros dois terços da Época Atlante, até que nos convertemos em um ser pensante, que raciocina: completamente consciente no Mundo Físico.
Em meados do último terço da Época Atlante, começavam a surgir as nações separadas. Grupos de pessoas entre si notavam gostos e costumes semelhantes, abandonavam os antigos lugares e fundavam uma nova colônia. Porém, recordavam os antigos costumes e, no possível, seguiam-nos em seus novos lugares, criando ao mesmo tempo outros em harmonia com novas ideias e necessidades particulares.
No final da Época Atlante o Sol brilhou pela primeira vez sobre nós, tal como o conhecemos hoje. Podemos dizer que foi quando “nascemos pela primeira vez no mundo atual”. Foi quando contemplamos as montanhas e seus contornos, deparamos com a beleza das campinas, das criaturas que se moviam, dos pássaros, ou melhor, quando tomamos conhecimento de nós mesmos na Região Química do Mundo Físico.
Como em todas as Épocas, o alimento era escolhido especificamente para servir às necessidades. A atividade do pensamento esgota as células nervosas; mata, destrói e leva à decomposição. Por isso, o alimento do Atlante era, por analogia, constituído de carcaças mortas. Eles matavam para comer, razão pela qual a Bíblia diz que “Nimrod era um caçador poderoso”. Nimrod representa o ser humano da Quarta Época.
Depois da imersão da Atlântida – continente que existiu entre a Europa e a América, no lugar ocupado agora pelo Oceano Atlântico – os que se salvaram da destruição começaram a cultivar a videira e a fazer vinho, conforme conta a Bíblia na história de Noé. E Noé simboliza os remanescentes da Época Atlante, núcleo da quinta Raça e, portanto, nossos progenitores.
Noé cultivou a vinha e forneceu uma bebida alcoólica para estimular o ser humano dessa Época Atlante. Dessa forma, equipado com uma constituição heterogênea, com uma dieta apropriada à ocasião e leis divinas para guiá-lo, nos tornamos responsáveis por nossas próprias iniciativas na batalha da vida.
Essa Época é mencionada na Bíblia (Gn 1:24-27) como o Sexto dia da criação.
Que as rosas floresçam em vossa cruz