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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Significado da Ressurreição de Lázaro: um marco

Ao contrário do que é costume fazer-se devemos ver o Evangelho Segundo São João como um todo, buscando analisá-lo em seus pontos principais. Desde os primeiros capítulos, vê-se pela composição e pelo estilo, que esta obra é o documento mais completo que existe no mundo. Porém, não é com uma leitura superficial que se verificará essa asserção. É mister compreender-se o que está oculto em suas palavras.

Notemos que o Evangelho enumera sete milagres até a ressurreição de Lázaro:

  1. – As Bodas de Canãa;
  2. – A Cura do Oficial do Rei;
  3. – A Cura do Homem Doente a 38 anos;
  4. – A Multiplicação dos Pães;
  5. – O Milagre de Jesus andando sobre as águas;
  6. – A Cura do Cego de Nascença;
  7. – (O maior de todos os milagres): a Iniciação de Lázaro.

Partamos de um ponto chave, para esboçar o estudo deste último e maravilhoso acontecimento: “Os chefes dos sacerdotes decidiram, então, matar também a Lázaro” (Jo 12:10). Por que matar a Lázaro? Cristo-Jesus havia beneficiado outros e os sacerdotes não procuraram matá-los… Isto nos leva a conclusão de que o ato da ressurreição de Lázaro foi a prova pública, dada por Cristo, de que a Iniciação estava aberta para todo aquele que quisesse. Ora, isso era a derrocada do regime sacerdotal. Só havia, pois, uma solução: matar o autor e também a obra, para que nenhum testemunho ficasse. Mas, façamos um estudo mais detalhado.

Dentre os milagres acima enumerados atribuídos a Cristo-Jesus, devemos dar um significado muito especial à ressurreição de Lázaro. Tudo concorre para dar ao fato aí narrado o lugar principal no Novo Testamento. Lembremo-nos de que esse fato é citado no Evangelho Segundo São João apenas, isto é, o Evangelho que, desde suas palavras iniciais, reclama interpretação precisa de todo o seu conteúdo.

São João começa dizendo: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus (…). E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade”. (Jo 1:1 e 14)

Quem inicia um relatório com tais palavras indica claramente que todo o relatório deve ser interpretado em sentido particularmente profundo. Não nos podemos cingir a raciocínios superficiais. Então, que o Apóstolo São João quis dizer com estas palavras de introdução? Disse claramente de algo eterno, que existia desde o começo. Os fatos narrados por São João não se endereçam à vista nem aos ouvidos; reclamam maturidade interior e lógica. O “Verbo” que agiu no princípio está oculto em todos os fatos. Os fatos são, para ele, os veículos nos quais se exprime em sentido superior. Pode-se, pois, supor, que por baixo do fato da ressureição de um homem de entre os mortos (fato difícil de conceber pelos olhos, pelos ouvidos e pela inteligência material) esconde-se um sentido mais profundo.

A isso vem juntar-se outra coisa: não há nenhuma dúvida de que a ressurreição de Lázaro teve influência decisiva sobre a morte de Jesus. Pois, por que o fato de ter Cristo-Jesus ressuscitado um morto, tornou-O tão perigoso aos seus adversários? É preciso admitir, com efeito, que Cristo-Jesus fez algo particularmente importante para justificar palavras como estas: “Então, os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e disseram: “Que faremos? Esse homem realiza muitos sinais.” (Jo 11:47).

É preciso reconhecer que todo o Evangelho Segundo São João está envolto em um mistério. Verificaremos isto num instante. Se o seu conteúdo fosse tomado ao pé da letra, que sentido teriam estas palavras: “A essa notícia, Jesus disse: ‘Essa doença não é mortal, mas para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de Deus” (Jo 11:4)? E o que dizer ainda destas palavras: “Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” (Jo; 11:25). Seria muito fútil acreditar que Cristo-Jesus quisesse significar: “Lázaro adoeceu para dar oportunidade a Jesus de mostrar sua arte”. Seria também muito fútil atribuir a Cristo-Jesus o pensamento de que a fé n’Ele fazia reviver os mortos. E que haveria de extraordinário num homem ressuscitado dentre os mortos e que depois da ressurreição continuasse a ser o mesmo de antes? E como poderíamos atribuir a esse homem o sentido dado pelas palavras: “Eu sou a ressurreição e a vida”? A vida e o sentido entram nas palavras de Cristo-Jesus se as tomarmos simbolicamente e, em seguida, de certo modo literalmente, tal como estão no texto. Cristo-Jesus não disse que Ele personificava a ressurreição havida com Lázaro e que Ele é a Vida que vive em Lázaro? Tome-se ao pé da letra o que é o Cristo no Evangelho de São João: “O Verbo feito carne“. Ele é o eterno que era desde o começo. Ora, se de fato Ele é a ressurreição, é também a vida primordial que foi despertada em Lázaro. Trata se aqui de uma evocação do “Verbo” eterno e este Verbo é a Vida a qual Lazaro foi despertado. Trata-se de uma doença que não leva a morte, mas a “glória de Deus”. Se o Verbo eterno ressurgiu em Lázaro, então, todo esse acontecimento manifesta a glória de Deus, de vez que, por esse processo, Lázaro tornou-se outro. Antes disso, o Verbo, o Espírito, não vivia nele; agora, o Espírito nele vive. Esse espírito foi gerado em sua alma.

É claro que todo nascimento é acompanhado de doença. Ora, essa doença não leva à morte, mas a uma vida nova.

Onde está o túmulo onde nasceu o Verbo? Para responder a esta pergunta basta pensar no iniciado Platão[1], que chama o corpo do ser humano de “o túmulo da alma”. E Platão falou também duma espécie de ressurreição quando fez alusão ao despertar da vida espiritual no corpo. O que Platão chamou de “alma espiritual”, São João o designa por Logos, Verbo ou a Palavra. Platão poderia ter dito “quem se torna espiritual ressuscitou o divino do túmulo de seu corpo”. E para São João a vida de Cristo é essa Ressurreição. Nada de espantoso, pois ele disse de Cristo: “Eu sou a Ressurreição”.

Não há como duvidar de que o episódio de Betânia é uma ressurreição no sentido espiritual. É bastante caracterizar esse fato com as palavras dos que se iniciaram nos mistérios, e seu sentido logo aparece. Que disse Plutarco[2] do propósito desses mistérios? Que eles serviam para desprender a alma da vida corporal e uni-la ao Divino. E eis como Schelling[3] descreve as sensações de um Iniciado: “O Iniciado tornava-se pela Iniciação um membro da cadeia mágica; era recebido num organismo indestrutível e, como exprimem as velhas inscrições, associado ao exército dos deuses superiores. Não se pode designar de modo mais significativo a reviravolta que se produzia na vida do ser humano que recebia a Iniciação, do que pelas palavras de Edésio[4] a seu discípulo, o imperador Constantino: “Um dia, quando tomares parte nos Mistérios, terás vergonha de teres nascido como ser humano”.

Quando nossa alma ficar penetrada por esse sentimento, o acontecimento de Betânia aparecerá em sua verdadeira luz. Então, a narração de São João nos fará viver algo em particular. Mal se entreve a certeza de que não podemos dar nenhuma interpretação, nenhuma explicação racional. Um mistério, no verdadeiro sentido da palavra está diante de nossos olhos. “O Verbo Eterno” penetrou em Lázaro. Ele tornou-se, falando na linguagem dos Mistérios, um verdadeiro Iniciado. E o acontecimento que São João nos conta é um fenômeno de Iniciação.

Imaginemos a cena como sendo uma Iniciação. Cristo Jesus ama Lázaro. Não é uma amizade no sentido vulgar da palavra. Isso seria contrário ao sentido do Evangelho Segundo São João, onde Cristo-Jesus é “O Verbo”. Cristo-Jesus amou Lázaro porque viu que ele estava “maduro”, pronto para despertar do “Verbo” em si. Existiam relações entre Cristo-Jesus e a família de Lázaro. Isso quer dizer que Cristo havia preparado tudo nessa família para o ato final do drama: a ressurreição de Lázaro. Este é o discípulo de Cristo-Jesus. É um discípulo no qual Cristo-Jesus tem a certeza de que a ressureição se completará. O último ato da ressureição consistia em uma ação simbólica. O ser humano não devia compreender apenas as palavras: “morre e volta”; devia justificá-las com um ato. Devia repelir sua parte terrestre, aquela da qual o indivíduo superior, no dizer dos mistérios, deve ter vergonha. O ser humano terrestre devia morrer. Seu corpo era mergulhado durante três dias num sono letárgico. Prodigiosa transformação vital, então, se produzia nele. Mas esse processo dividia a vida do místico em duas partes. Quem não conhece, por experiência própria, o conteúdo superior de semelhante ato, não o pode compreender. Pode apenas ter uma ideia aproximada por meio de uma comparação.

Resumamos, por exemplo, em algumas palavras, a substância da tragédia do Hamlet, de Shakespeare. Quem compreendeu esse resumo, pode dizer que conhece Hamlet, em certa medida. Pela lógica, conhece-o de fato. Outro conhecimento, porém, teria quem assistisse ao desenrolar de toda a tragédia, com toda a sua riqueza. Este teria compreendido sua essência e nenhuma descrição poderia substituir a sensação viva obtida por ter assistido ao desenrolar da tragédia. Para ele, Hamlet tornou-se um acontecimento artístico, uma experiência da alma.

O que se passa na imaginação do expectador durante uma representação dramática passa-se no ser humano, em plano superior da consciência, no acontecimento mágico e significativo da ressurreição que é o coroamento à Iniciação. O ser humano vive simbolicamente em si aquilo que adquiriu espiritualmente. O Corpo Denso está, de fato, morto durante três dias. Do seio da morte brota a nova vida. A alma imortal sobrevive à morte. Ela surge com a consciência de sua imortalidade, pois venceu a morte.

Foi isso que aconteceu com Lázaro. Cristo-Jesus o havia preparado para a ressurreição. A doença de que se fala no Evangelho de São João é, ao mesmo tempo, simbólica e real. É uma prova da Iniciação que deve conduzir o Iniciado, depois de um sono de três dias, a uma vida verdadeiramente nova.

Lázaro estava pronto para sofrer esta metamorfose em si mesmo. Veste a túnica de linho dos místicos, cai na letargia, que é o símbolo da morte. Adoece na cripta. Quando Cristo-Jesus chegou já se haviam passado três dias. Tiraram, pois, a pedra. E Cristo-Jesus, levantando os olhos para o Céu, disse: “Pai graças Te dou, por me haveres ouvido” (Jo 11:41).

O Pai havia ouvido Cristo-Jesus, pois Lázaro chegara ao ato final do grande acontecimento. Tinha reconhecido como chegar a ressureição. Acabava-se de cumprir uma Iniciação aos Mistérios. A Iniciação, como era feita na antiguidade, se havia consumado à luz do dia, publicamente. Cristo-Jesus fora o Iniciador.

As palavras de Cristo-Jesus que se seguiram a esse ato, são significativas: “Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que me enviaste.” (Jo 11:42). No fundo, este acontecimento era para Cristo-Jesus o meio e não o fim. Ele o provocou, para que os que não criam na ressurreição, senão como uma cerimônia, acreditassem na Sua palavra. Para Ele, o principal é a ressurreição da alma, da qual a ressurreição do corpo é apenas o símbolo. Conclui-se, portanto, que haveria outra ressurreição e que esta era exatamente a do próprio Cristo. Mas, a ressurreição deveria produzir efeito sobre toda a humanidade. Deveria ser para todos os indivíduos, o que era para os Iniciados, a Iniciação nos mistérios. Lázaro, o ressuscitado, devia ser o testemunho consciente do grande acontecimento histórico da ressurreição de Cristo. Em Cristo-Jesus a tradição personificou-se. E o evangelista assim teve o direito de dizer: “n’Ele o Verbo se fez carne”. Teve o direito de ver em Cristo-Jesus um mistério corporificado. Eis porque o Evangelho Segundo São João é um mistério. É preciso lê-lo pensando que os fatos nele narrados são de natureza espiritual.

Na exclamação de Cristo: “Lázaro, sai para fora” pode-se reconhecer a voz dos Iniciadores antigos, chamando à vida de todos os dias, seus discípulos colocados no túmulo e mergulhados no sono letárgico para morrer para as coisas terrestres e receber o mundo divino num êxtase. Mas Cristo-Jesus havia divulgado o segredo dos mistérios. Havia tornado pública a Iniciação, privilégio de determinada casta.

Compreende-se, pois, que os Judeus quisessem punir tal atitude e buscassem meios de matar, não somente Cristo-Jesus, senão também a Lázaro (Jo 12:10). Mas Cristo-Jesus não dava nenhuma importância ao processo exterior da Iniciação: “ Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que me enviaste.” (Jo 11:42).

Na Iniciação antiga provocava-se a convicção da imortalidade da alma por processos sábios e secretos. Antigamente se podia dizer: “Felizes os Iniciados; pois eles viram”. Mas, Cristo-Jesus queria dar essa felicidade a todos. Por isso, Ele fez dizer pela boca do Apóstolo: “Felizes os que não viram, mas que, assim mesmo, creram[5].

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – outubro/1967 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental.

[2] N.R.: historiador, biógrafo, ensaísta e filósofo médio platônico grego.

[3] N.R.: Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling foi um filósofo alemão, um dos representantes do idealismo alemão.

[4] N.R. filósofo neoplatônico e místico.

[5] N.R. Jo 20:29

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Sagrada Família e as Três Classes Sociais que existiam naquele tempo

Ao tempo de José e Maria havia, na Palestina, três classes religiosas: os fariseus, os saduceus e os essênios, cada uma com características próprias.

Os Fariseus seguiam à risca o Torah. Chamavam a atenção pelo seu excessivo formalismo religioso, censurando acerbadamente aos que não observavam rigorosamente a lei. Acreditavam na sobrevivência dos espíritos, no renascimento dos justos e no livre arbítrio limitado pelo destino.

Zelosos em fazer cumprir os princípios, na verdade assumiam uma postura meramente de fachada. Cristo desmascarou-os publicamente ao compará-los a sepulcros caiados: belos por fora, mas interiormente cheios de imundície. O zelo que demonstravam, no fundo, não passava de hipocrisia. O nome fariseu vem de “pherusin” que quer dizer “separados”.

O nome Saduceu, provavelmente, provenha de Sadoc, sumo sacerdote ao tempo de Davi. Constituíam minoria, exercendo influência mais política que religiosa. Eram materialistas, não acreditando na sobrevivência dos espíritos, nem na existência dos Anjos. Essa classe pouco valor atribuía à ritualística e às tradições, preferindo ater-se à lei de Talião. Mesmo assim, em termo de poder seu peso específico era considerável porquanto faziam parte do Sinédrio.

Já a seita dos Essênios era bem diferente. Em primeiro lugar, não se ostentavam publicamente. Eram piedosos, estudiosos e contemplativos.

Enquanto os saduceus se perdiam num materialismo estéril e os fariseus se comprometiam com a interpretação puramente literal da lei, a Ordem Essênica procurava o sentido mais profundo das coisas. Conheciam as leis naturais e primavam por viver consoante esses princípios. Viviam em vários mosteiros espalhados pelo oriente médio, sendo o mais famoso o de Qumram, descoberto em 1947, as margens do Mar Morto. Nele foram encontrados diversos pergaminhos cuja decifração possibilitou o esclarecimento de muitos mistérios dos Evangelhos. Uma vida plena de Oração e devoção afastava os essênios de um convívio maior com o povo. No entanto, sua bondade natural, sua pureza de costumes e outras virtudes, atraiam-lhes os sofredores, os desamparados e os sequiosos de alívio.

Essênios foram João Batista, Zacarias, Maria, José e alguns dos Apóstolos. Jesus de Nazaré cresceu e fortificou-se nesse ambiente elevado. Desde tenra idade irradiava uma espantosa sabedoria e a “benevolência de Deus estava sobre ele”. Esse fato é confirmado nos Evangelhos quando do relato do encontro entre o menino e os doutores do Templo.

José e Maria, elevados Iniciados, iam anualmente a Jerusalém, pela Páscoa. Finda a festividade, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Não o achando regressaram à sua procura. Três dias depois foram encontrá-lo no Templo, ouvindo e interrogando os doutores. Todos se admiravam de sua inteligência e de suas respostas. Afinal, aquilo não era comum em uma criança de sua idade.

Maria repreendeu-o: “Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para a festa. Terminados os dias, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. E não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, eles o encontraram no Templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; e todos os que o ouviam ficavam extasiados com sua inteligência e com suas respostas. Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: ‘Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos’. Ele respondeu: ‘Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?’. Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes dissera.” (Lc 2:41-49)

Dessa forma, Jesus preparou-se para aquele que seria o mais elevado propósito jamais cumprido por um ser humano: ceder seus veículos inferiores (Corpo Denso e Corpo Vital) ao Cristo, para que fosse cumprida a missão de ajudar a humanidade a elevar-se e a libertar-se dos grilhões da materialidade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1981 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Por que a Sabedoria deve ser oculta e como acessá-la?

Aprendemos com São Paulo na sua Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 2 e versículos de 7 a 10 que: Ensinamos a sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, que Deus, antes dos séculos, de antemão destinou para a nossa glória. Nenhum dos príncipes deste mundo a conheceu, pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da Glória. Mas, como está escrito, o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam. A nós, porém, Deus o revelou pelo Espírito. Pois o Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus.“.

O fato da “Sabedoria de Deus” se tornar oculta e ser um “mistério” para a Humanidade é devido ao evento conhecido como “A Queda do Homem”. Em determinado ponto de sua longa jornada evolutiva setenária, para passar da “consciência coletiva” para uma “consciência própria”, nós nos desviamos do plano divino original que nos fora reservado. Com isso nós nos cristalizamos tanto que perdemos o contato consciente com os Mundos e seres, agora invisíveis para nós. Ao mesmo tempo e do mesmo modo, perdemos a consciência das verdades espirituais relacionadas com a nossa origem e peregrinação na matéria. Anteriormente, em determinado tempo da Época Lemúrica, a nossa consciência estava focalizada nos Reinos espirituais. Nós éramos inconscientes do processo físico de propagação, do nascimento e da morte do Corpo Denso. Quando nossos “olhos se abriram”, a nossa consciência foi projetada para o exterior, em relação com os fatos dessa Região Química do Mundo Físico. As condições, então, se alteraram. Gradualmente, depois disso, nossa consciência interna, relacionada com os Mundos superiores, e os seres a eles pertencentes, foi desaparecendo.

Entretanto, o nadir da materialidade foi finalmente ultrapassado já na segunda metade da Época Atlante (lembrando: estamos na Época Ária); Cristo, o mais poderoso dos Arcanjos, veio ao mundo, foi crucificado e se tornou o Espírito Interno de nosso Planeta (o Espírito Planetário). Do centro da Terra Ele irradia seu poderoso amor, nos ajudando a atingir a perfeição do nosso Corpo Denso de modo que esse possa se fundir ao Corpo Vital (esse processo é chamado de eterificação do Corpo), expandir nossas faculdades espirituais e, assim, reaver nossa herança perdida. Desse modo a “sabedoria oculta” nos será revelada e penetraremos a essência, intuitivamente, das coisas que “Deus preparou para aqueles que O amam“.

A Filosofia Rosacruz descreve o processo intuitivo da seguinte maneira: “À medida que o sangue passa pelo coração, ciclo após ciclo, hora após hora, durante uma vida inteira, imprime as imagens que ele transporta, no Átomo-semente do Corpo Denso (situado no ápice do ventrículo esquerdo do coração), realizando um registro perfeito da vida. E isso sempre está em contato com o Espírito de Vida, o Espírito do Amor e da União”.

“Portanto, o coração é o lar do amor altruísta”. “Na proporção em que essas imagens passam internamente para o Mundo do Espírito de Vida, onde se encontra a verdadeira Memória da Natureza, para que se tornem conscientes, poderemos invocar tais imagens de experiências passadas, não pelo processo comum e lento dos sentidos, mas diretamente, por meio do quarto Éter, o Éter Refletor, contido no ar que respiramos”.

“No Mundo do Espírito de Vida, o nosso veículo Espírito de Vida vê muito mais claramente do que nos Mundos mais densos”. “Lá, (que é aqui também, porque os Mundos superiores interpenetram os inferiores) o Espírito de Vida, segundo aspecto de nossa Trindade interna (que é Espírito Divino, o Espírito de Vida e o Espírito Humano), está em contato com a Sabedoria Divina e em qualquer situação sabe, imediatamente, o que fazer, transmitindo a mensagem da apropriada ação, diretamente ao coração que, por sua vez, a retransmite rapidamente ao cérebro, por intermédio do nervo pneumogástrico ou nervo vago. Assim é que surgem as “primeiras impressões” – o impulso intuitivo que sempre é bom, porque vem diretamente da fonte de Amor e Sabedoria Cósmica”.

Esse processo é instantâneo e tão rápido que o coração, mais sensível e havendo-o recebido de primeira mão, tem seu controle antes que a lenta razão tenha tido tempo para orientar-se. Este primeiro impulso, se realmente intuitivo, é verdadeiro. Segui-lo é um caminho de felicidade para nós. Mas, para a maioria de nós, pouco alerta, a Mente, o raciocínio, muitas vezes condena e sacrifica este primeiro impulso. Realmente “pensamos no que temos em nosso coração” e isso é sempre verdadeiro. Mas o “racionalista” que se apoia apenas em sua capacidade de análise, muitas vezes julga, em seu interior, que a verdade não é verdade!

Felizes dos que podem atingir este estado e unir a Mente ao Coração!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1966 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como se utiliza a Astrologia no dia a dia e como há charlatões que tentam desvirtuá-la

Apesar desta revista destinar-se aos filiados à Fraternidade Rosacruz que já conhecem o valor da Astrologia, queremos nos dirigir àqueles que, não participando ainda dos nossos ideais, venham a se espantar pelo fato de aparecer, numa Revista que se diz destinada a difundir a sublime Filosofia Rosacruz, uma seção destinada à Astrologia Rosacruz.

Até certo ponto, esses amigos céticos têm razão; a Astrologia, atualmente e para muitas pessoas, é tida como algo para adivinhar, como charlatanismo. Porém, quem fez da Astrologia charlatanismo? Naturalmente que ela, por si mesma, não o foi; foram, portanto, os próprios charlatães que, com a falsa capa de astrólogos, deturparam essa ciência sagrada. Pelo fato de haver médicos inescrupulosos ou pessoas que exerçam a falsa medicina, não concluímos daí que essa utilíssima ciência seja charlatanismo, não é verdade? Muito pelo contrário, chamamos de charlatães aos que desvirtuam tão nobre ciência; mas, a Medicina continua no seu pedestal, continua a ter crédito e a ser de utilidade para a humanidade.

Esse mesmo princípio, esse mesmo raciocínio deveria ser empregado com relação à Astrologia. Por que deveremos tachar a Astrologia de charlatanismo? Pelo fato de haver charlatães que deturpam e desvirtuam os seus ensinamentos? Não, Amigos. Já vimos que esse não é motivo que faça a Astrologia descer das alturas em que deve ser mantida. Combatamos o charlatanismo e não a Astrologia.

A pessoa que se utiliza do calendário, não faz outra coisa do que utilizar-se da Astrologia. Dizer que “estamos em 22 de dezembro”, é o mesmo que dizer: “o Sol entrou no Signo de Capricórnio”. Dizer: “em 21 de setembro começa a primavera”, significa, na verdade, que o Sol acaba de entrar no Signo de Libra. E, em verdade, não é exatamente em 21 de setembro que começa a primavera, mas em 23. Cada grau que o Sol percorre no Zodíaco, assinala um dia no calendário. O fato de que o Zodíaco tenha 360 graus e o ano 365 dias é porque o Sol não percorre exatamente um grau por dia. O cômodo calendário, a simples folhinha, não é, pois, outra coisa do que uma simples e imperfeita interpretação do ciclo solar anual, já utilizado pelos antigos “caldeus”.

É claro que a referência é feita ao movimento “aparente” do Sol, pois em verdade quem perfaz o ciclo é a Terra.

O agricultor que realiza sua sementeira em épocas determinadas, de acordo com as fases da Lua, é um astrólogo que ignora que o é, mas sabe que depois da Conjunção Lua-Sol (Lua Nova) tudo cresce, e que depois da Oposição dos luminares (Lua Cheia), as forças criadoras da natureza decrescem. Astrologia pura, como se vê.

Qualquer marinheiro do mundo sabe que para entrar em portos de pouca profundidade de água, deverá chegar quando se produza a Oposição ou a Conjunção da Lua com o Sol, porque do contrário faltará água para o calado do seu navio. E que as marés altas se produzem nesses períodos. O marinheiro talvez não saiba, mas isso é Astrologia pura.

Finalmente, quando na linguagem do povo se diz: “Um lunático”, faz-se Astrologia. Porque um lunático sempre tem forte influência de Câncer, que é um Signo Zodiacal.

É nosso propósito mostrar e demonstrar a veracidade da Astrologia Rosacruz. É nossa intenção procurar despertar o interesse do Amigo leitor para que se dedique ao estudo dessa ciência tão menosprezada.

Procuremos demonstrar a universalidade do uso da Astrologia Rosacruz. Nós a usamos constantemente sem repararmos que, apesar de todo o nosso ceticismo, estamos praticando a Astrologia Rosacruz.

Vamos ver algumas experiências materiais que atestam a influência astrológica no nosso dia a dia:

Já em outra ordem de ideias, estritamente científicas, isto é, dentro de um método apoiado em rigorosas demonstrações positivas, comprovou-se a influência dos Astros sobre os metais e sobre os Corpos simples. Isso não é obra dos astrólogos, mas dos físicos e dos químicos.

Assim, servindo-se de papel mata-borrão impregnado em uma solução de sais de prata e de ferro, o casal Kolisko demonstrou a influência da Lua e de Marte sobre esses sais. No momento da Conjunção desses Astros, formaram-se no papel mata-borrão uma série de “linhas de força” que terminavam em pontas de flecha de cor pardacenta, as quais se iam apagando à medida que a Lua se afastava de Marte.

Léon Mercier, físico francês contemporâneo, demonstrou, apoiando-se em experiências que realizou durante 15 anos, que os raios da Lua corroem com muito maior rapidez o mármore, ou seja, o carbonato de cálcio, do que os raios do Sol, apesar de que a luz emitida pela Lua é 465.000 vezes menos potente do que a do Sol. Isso vem demonstrar que a Lua emite um comprimento de onda que lhe é próprio e, em certos sentidos, mais poderoso do que o Sol.

Citamos essas experiências para deixar bem patenteada a seguinte verdade: os Astros influem sobre os metais e sobre os corpos simples – como prova a influência lunar sobre o crescimento dos vegetais – em virtude de que princípio lógico poderia alguém de boa-fé negar a influência dos Astros sobre o Corpo humano, constituindo em sua essência molecular por esses mesmos corpos simples? Na realidade, como alguém já disse, é mais fácil provar a verdade, a legitimidade da Astrologia do que a de qualquer outra ciência.

Provada essa influência dos Astros sobre o Corpo Denso, e como todos sabemos que o intelectual, o mental e o espiritual são inseparáveis do Corpo Denso, fica de fato demonstrada a influência dos Astros sobre o caráter, a inteligência, a saúde, as predisposições, em uma palavra, sobre o destino total do ser humano.

Durante todos os séculos que antecederam, a experiência dos astrólogos foram se acumulando e dados foram sendo compilados; tais dados foram submetidos a rigorosas comprovações, por meio de rigorosas estatísticas e por outros processos de observação direta. Desses dados, que outra coisa não são do que posições planetárias comuns a determinados temperamentos e inteligência, concluíram-se LEIS que permitem saber com exatidão, como é um ser humano, física e moralmente, da mesma maneira que o médico diagnostica uma enfermidade pela repetição dos sintomas já observados em outros casos dessa mesma enfermidade. E tudo isso os verdadeiros astrólogos conseguem sem outros dados além da data, hora e lugar do nascimento, dados esses que permitem estabelecer o “diagnóstico astral”, isto é, representar a posição dos Astros nesse ponto da Terra e nessa hora determinada até o minuto.

É muito certo que, da influência dos Astros, a maioria dos astrólogos só conhece os efeitos; porém, nós, que consideramos a Astrologia Rosacruz como sagrada, não podemos separá-la da Religião e, por isso, vamos mais longe, partindo dos efeitos para conhecer as causas. Isso, porém, não constitui descrédito à Astrologia Rosacruz, pois o mesmo ocorre com a eletricidade da qual apenas conhecemos os efeitos, e parece-me ainda não ocorreu a ninguém negar a existência da eletricidade.

O fato é que, no instante do nascimento, as forças astrais “sensibilizam” o ser para toda a vida, assim como um raio de luz, ao passar através da câmera escura, fixa para sempre a imagem na chapa fotográfica. Tudo o que um homem ou mulher traz potencialmente ao nascer, sua “predisposição” inata para alguma coisa está escrita no seu céu de nascimento. E o cálculo das probabilidades aplicado à estatística, demonstrou, pela frequência das semelhanças humanas que correspondem a posições planetárias também semelhantes, que os antigos estavam com razão.

A Astrologia Rosacruz é, pois, uma ciência experimental, como a física, a medicina ou a química, e a ela, nos domínios da saúde, da vocação, da descoberta de nós mesmos, e em infinitos campos impossíveis sequer de esboçar neste pequeno espaço, a humanidade deverá as mais formosas e inesperadas descobertas em um futuro não longínquo. Chegamos, pois, a uma evidência que nenhum ser humano de boa-fé, que se aproxime desta ciência com os olhos abertos, tem direito de duvidar e muito menos de negar a Astrologia Rosacruz.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1979- Fraternidade Rosacruz-SP)      

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Exercícios para Adquirir Conhecimento Direto – Concentração

Podemos investigar por nós próprios tudo o que aprendemos nos ensinamentos rosacruzes. Todos nós podemos analisar os domínios suprafísicos sem depender da veracidade de outrem. Sem dúvida, há um método para adquirir essa faculdade de valor inestimável. Para isso, temos que receber todas as informações que desejamos, a fim de que o coração possa falar quando a cabeça esteja satisfeita.

Assim, chegamos ao propósito dos Ensinamentos Rosacruzes: “satisfazer o Aspirante à vida superior a lhe provar que no universo tudo é razoável, para que triunfe sobre o rebelde intelecto”.

No entanto, há necessidade de sermos humildes e pacientes. Devemos deixar de criticar, passando a aceitar provisoriamente, como verdade provável, afirmações que, de imediato, não podemos constatar. Afinal, a incapacidade é nossa, e é função nossa desenvolvermos as faculdades superiores, pelo Treinamento Esotérico.

Deixando de ser um simples ser humano de fé, passaremos ao conhecimento direto. O primeiro passo desse método é adquirirmos as ferramentas necessárias. Tais ferramentas não são nada mais do que nossos veículos, nossos instrumentos.

Depois, com boas ferramentas para se trabalhar, podemos atentar para o segundo passo: como organizar tais instrumentos, a fim de que nossas necessidades nos mundos suprafísicos sejam satisfeitas, tal como o Corpo Denso nos é útil no Mundo Físico.

Com esses requisitos adquiridos, estaremos aptos para o próximo passo: as práticas nos mundos internos, ou seja, o treinamento que objetiva o domínio desses instrumentos para suas novas funções – a manifestação de nossa consciência nos Mundos suprafísicos.

Tudo isso depende somente de nós, de nossa aplicação, do nosso desenvolvimento e do modo pelo qual lidamos com nosso destino pendente.

Vamos ver como preencheremos os três passos acima: obtenção de veículos apropriados, organização desses veículos e práticas a executar.

Os veículos que temos para funcionar nos planos internos:

(1) Corpo Denso – formado de sólidos, líquidos e gases;

(2) Corpo Vital – formado de quatro Éteres: Químico, de Vida, Luminoso e Refletor;

(3) Corpo de Desejos – dividido em inferior e superior; e

(3) o veículo Mente – também dividido em superior e inferior.

Como organizar os veículos aqui, enquanto renascido, é o que constitui o maior desafio. Nossos instrumentos devem ser purificados e afinados. Estabelecidas essas condições, podemos começar a trabalhar para realizar nosso propósito. À medida que esses maravilhosos instrumentos são usados no trabalho, eles mesmos melhoram com o uso apropriado, e tornam-se mais e mais eficientes na obra em que nos ajudam.

O treinamento dos nossos diferentes veículos faz-se sincronicamente. Não pode um corpo ser influenciado sem que os outros sejam afetados, porém, o trabalho principal ou definido pode fazer-se em qualquer deles.

O Corpo Denso é predominantemente afetado quando se presta estrita atenção à higiene, dieta e emprego de exercícios adequadamente. Esse trabalho sobre o Corpo Denso, ao mesmo tempo, produzirá um efeito sobre o Corpo Vital e o de Desejos. Os mais puros e melhores alimentos têm suas partículas envolvidas por éter planetário e matéria de desejos mais pura.

Se forem empregados na construção do Corpo Denso, purificam e melhoram todos aqueles Corpos. Só que o alimento é uma coisa tão individual que não é possível estabelecer regras fixas. A única regra fixa que se pode estabelecer é o mal que faz comer carne. A dificuldade do nosso Corpo Denso de assimilar as partículas da carne produz desgaste e destruição do nosso Corpo o que nos torna menos ativos e menos pacientes. Além, é claro, da demonstração da nossa falta de consciência e de compaixão para com os nossos irmãos menores do Reino Animal. Quanto mais nos aproximarmos do Reino vegetal tanto mais energia obteremos do nosso alimento.

Quando o cuidado é dirigido unicamente à higiene e ao alimento, os Corpos Vital e de Desejos poderão permanecer tão impuros como antes. Contudo, tal cuidado facilita um pouco o contato com o bem, mais do que o uso de alimentos grosseiros.

O mesmo ocorre com o cultivo de um temperamento equânime e bom gosto literário e artístico para o Corpo Vital e o cultivo de sentimentos e emoções elevadas para o Corpo de Desejos, sem que cuidemos do Corpo Denso. Isso significa que apesar dos cultivos elevados, o Corpo Denso pode ser mantido impuro e mau cuidado. Em longo prazo, isso implicaria em morte prematura e frustração do plano de vida traçado previamente pelo Ego.

Outra ajuda importante para a organização dos nossos veículos vem da oração, principalmente através da oração do Pai Nosso, que possui todos os componentes para satisfazer integralmente as necessidades dos nossos três Corpos, da Mente e do nosso Tríplice Espírito, auxiliando-nos a organizar e funcionar em harmonia com eles. Façamos tal Oração muitas vezes ao dia, o que nos ajuda no domínio próprio. Domínio esse que se estende por todos os itens da nossa vida cotidiana. Tanto nas nossas necessidades da vida superior, como na necessidade de dominar a nossa força criadora sexual como cultivar uma disposição serena e tranquila. Então, produziremos menos perturbações nos nossos veículos durante as nossas horas de vigília, durante o dia e, portanto, durante o sono, gastaremos muito menos tempo para reparar os desgastes no nosso Corpo Denso. O resultado disso: mais tempo para nos dedicarmos às práticas espirituais.

Antes de entrarmos nelas, vejamos qual o veículo que utilizaremos. O Corpo Denso é claro que não. Pertence à Região Química do Mundo Físico. Já temos total consciência e domínio nesse Mundo, utilizando tal Corpo. O Corpo de Desejos e a Mente não estão organizados para isso. O Corpo de Desejos apesar de estar mais estruturado do que a Mente, não possui organização suficiente que capacite o Ego a funcionar nos mundos internos. Ele é passível de separação (Inferior e Superior). A Superior é composta de materiais das Regiões superiores do Mundo do Desejo (Vida Anímica, Luz Anímica e Poder Anímico) e muito pode nos ajudar na obtenção do conhecimento direto. Mas, não funcionará sozinho, como veículo principal. Aliás, na maioria dos nossos irmãos, os vórtices do Corpo de Desejos estão quase que paralisados, só se movem através do látego da necessidade ou por manifestações negativas.

Já a Mente, nosso veículo mais novo, ainda é uma nuvem pairando pela nossa cabeça física, descendo até a região do pescoço. Portanto, o que nos sobra é o Corpo Vital. Dividimo-lo em duas partes: (1) Éter Químico e de Vida; (2) Éter Luminoso e Éter Refletor. A primeira parte tem como única finalidade efetuar o processo restaurador do nosso Corpo Denso, por isso, é inútil para ser utilizada para investigação do Ego nos Mundos internos. Assim, essa parte permanece com o Corpo Denso para realização de seu propósito. A segunda parte do Corpo Vital serve para a investigação espiritual, pois o Éter Luminoso é a sede dos sentidos e o Éter Refletor, a sede da memória. Assim, essa parte é o único modo possível para entrarmos nos Mundos suprafísicos, e é empregada durante o sono ou em qualquer outra oportunidade.

Aqui entra o treinamento esotérico: como separar adequadamente o Corpo Vital. A parte do Corpo Vital que sai está muito bem-organizada. A parte superior do Corpo de Desejos e a Mente, não estão organizadas, mas são úteis porque estão conectadas com o altamente organizado Corpo Denso.

Existe mais uma necessidade: a fim de podermos trabalhar no Mundo do Desejo, precisamos despertar os centros sensoriais do nosso Corpo de Desejos. Isso se faz alcançando o seguinte estágio: permanecermos dentro dos nossos corpos com todas as nossas forças dirigidas também para dentro.

Estamos com todos os nossos sentidos fechados para o mundo externo, mas plenamente conscientes.

Nesse estado, temos pleno controle de nossas faculdades e, assim, podemos atuar internamente e sensibilizar todos os nossos veículos. Isso é a Concentração. É através dela que conseguimos despertar todos os centros sensoriais do nosso Corpo de Desejos e conectá-los com os outros Corpos. Todos nós devemos cultivar a faculdade de se absorver em qualquer assunto que estamos tratando.

Somente assim é que entendemos o conceito da palavra concentração: “convergir para um centro”; permanecer dentro dos nossos corpos com todas as nossas forças dirigidas também para dentro; permanecer com todos os nossos sentidos fechados para o mundo externo, mas plenamente conscientes.

Com isso executamos duas coisas ao mesmo tempo:

  • nos dedicamos uma vez para cada tarefa – maior probabilidade de sucesso;
  • exercitamos o fechamento dos sentidos para o Mundo externo, a concentração do pensamento sobre os diferentes centros sensoriais do nosso Corpo de Desejos.

E assim, tais centros sensoriais começam a girar, lenta mais persistentemente vão se preparando para serem conectados como pontos de contato nos nossos Corpos Denso e Vital.

Meios para acelerar a eficácia na prática do Exercício Esotérico de Concentração:

  1. Exercício matutino, tão logo nos despertamos (utilizando assuntos superiores, como os primeiros cinco versículos do Evangelho segundo São João, a imagem de um Cristo vivo, atuante, uma rosa branca e seu significado como símbolo de pureza);
  2. Praticá-la quando se estiver em uma fila de espera, aguardando uma condução e em casa.

                                                                             Que as Rosas Floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Qual é a diferença entre a visão Etérica, a Clarividência e a visão pertencente ao Mundo do Pensamento?

Resposta: Quando olhamos para uma pessoa utilizando a visão etérica, primeiro vemos sua vestimenta externa, depois o revestimento interno, a peça de roupa usada junto à pele e sob outra roupa, a própria pele, as costelas e os vários órgãos do Corpo Denso próximo de nossa visão; em seguida, a coluna espinal, a parte posterior das costelas, a carne, novamente, a pele e a roupa das costas dela. Em outras palavras, vemos através dela. Pela visão etérica, uma pessoa pode ver através de livros, papéis, cartas, paredes ou de qualquer outra coisa a uma curta distância. De fato, essa faculdade pode ser chamada de visão de raio-X. Somente uma substância nossa é à prova de sua faculdade penetrante. O vidro é tão opaco à visão etérica quanto uma parede de pedra para a visão física comum, talvez pela mesma razão pela qual o vidro é um esplêndido isolante de eletricidade.

Quando olhamos para uma pessoa por meio da visão do Clarividente voluntário, vemos o Corpo de Desejos dela e as contrapartes de seus outros veículos por dentro e por fora – todas as partículas ao mesmo tempo. É muito difícil ler um livro ou mesmo uma carta com a visão etérica, porque devemos olhar através de outras páginas que acabam borrando aquela página que desejamos ler. Quando usamos a Clarividência voluntária, parece que o livro ou a carta está aberto para que pudéssemos preparar qualquer página ou parte sem ter que olhar para qualquer outra parte. Mas quando olhamos para um objeto com a visão pertencente às quatro Regiões inferiores do Mundo do Pensamento, e o autor não tem nenhum conhecimento pessoal de nenhum dos Reinos superiores, descobrimos que, em vez de formas, há espaços ocos ou moldes, que nos falam e nos contam a respeito de si mesmos. A necessidade de investigação é eliminada naquele Mundo. Nele sabemos, de uma vez só, tudo o que se torna objeto de nossa atenção. Há, no entanto, uma curiosa desvantagem no conhecimento obtido dessa maneira – ele se manifesta tudo de uma só vez. A soma desse conhecimento é um todo e não tem começo nem fim. Portanto, geralmente, é uma tarefa hercúlea desdobrá-lo em um conceito ordenado e contínuo que possa ser expresso de forma abrangente para nós mesmos e para os outros.

(Pergunta 140 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A importância do Fósforo para Aspirante ansioso de se empregar em trabalhos mentais e espirituais

Como estudamos no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”: “O cérebro é o mecanismo coordenador por meio do qual os movimentos do Corpo são controlados e as nossas ideias são expressas. É constituído pelas mesmas substâncias que as demais partes do Corpo, com a adição do fósforo, que é peculiar somente ao cérebro.

A conclusão lógica é que o fósforo é o alimento particular por meio do qual o Ego é capaz de expressar pensamentos e influenciar o Corpo Denso físico. É, também, um fato que a proporção e a variação dessa substância estão diretamente associadas ao estado e ao estágio de inteligência do indivíduo. Pessoas afetadas com deficiência intelectual extrema têm muito pouco fósforo; os pensadores marcados por uma consciência inteligente hábil e viva têm muito; e no Reino Animal o grau de consciência e de inteligência está em proporção direta à quantidade de fósforo contida no cérebro.

Portanto, é de suma importância que o Aspirante ansioso de se empregar em trabalhos mentais e espirituais dê ao cérebro esta necessária substância.”

Apesar de pouco lembrado, ele é extremamente importante e tem um mecanismo delicado que precisa de um mínimo de atenção por parte dos veganos e vegetarianos.

Vamos ver para o que serve o fósforo: ingerir alimentos que são fontes de fósforo é importante porque assim você garante estrutura e força para ossos e dentes. O fósforo também compõe os ácidos nucleicos DNA e RNA, responsáveis pelo código genético e pela reprodução e reparação celular, e ainda faz parte da composição de muitas enzimas e hormônios. Ele participa do metabolismo de músculos, carboidratos e gorduras. Também equilibra o pH do sangue e é necessário para a produção de energia e o transporte de ácidos graxos (gorduras). Todas as células do corpo contêm o mineral, mas 85% dele você encontra depositado nos ossos e nos dentes.

Encontramos o fósforo na maioria dos vegetais (principalmente legumes, leguminosas, sementes, nozes e cereais integrais, mas também em verduras), frutas, quinoa, amaranto contém certa quantidade de fósforo. Maiores concentrações: uvas, cebolas, sálvia, feijões, abacaxi, alhos, e nas folhas e talos de muitos vegetais. Também no suco da cana de açúcar, mas não no açúcar refinado. A maior quantidade se encontra sempre nas folhas, geralmente desprezadas. Isso porque as plantas retiram o fósforo disponível no solo para fortalecer raízes, folhas e frutos.

O Corpo Denso de um adulto tem de 600 g a 900 g de fósforo: 85% presentes em ossos e dentes na forma de fosfato e o restante dividido entre tecidos e líquido extracelular. Quando você consome alimentos que são fontes de fósforo, entre 55% e 70% do mineral será absorvido no intestino. Em uma dieta vegetariana, essa porcentagem vale inclusive para o fósforo presente nos ovos (orgânicos) e leite (orgânico).

Para melhor absorvimento do fósforo o pH do intestino tem que estar certo e saudável. Após a absorção, o fósforo cai na corrente sanguínea onde se junta ao cálcio, magnésio, sódio e às proteínas para chegar aos ossos, onde se deposita.

Deixar as leguminosas de molho na água por oito horas antes de cozinhar é fundamental para eliminar o fitato, um antinutriente que atrapalha a absorção do ferro, do cálcio e do zinco. Isso reduz o fitato, mas também o fósforo. Por isso que é importante uma alimentação baseada em vegetais. Entretanto, alguns alimentos, as bactérias intestinais e o levedo utilizado na fabricação de pães possuem a enzima fitase que decompõe o fósforo do fitato, sendo que esses alimentos e essas bactérias contribuem para tornar disponível certa quantidade de fósforo para absorção no trato gastrointestinal. Assim: cuide bem da flora intestinal e garanta um bom aporte de fósforo.

Além do mais, o fósforo melhora o desempenho físico porque ele faz um papel importante na produção de energia e atua na contração muscular, reduzindo a fadiga, quando você faz um esforço muscular muito grande.

Agora, como tudo, o excesso faz mal. Seu excesso no sangue é associado a maior risco de doença cardiovascular e mortalidade em pessoas com ou sem doença renal.

Seu excesso também prejudica a síntese da vitamina D e acelera o funcionamento da tireoide, que, por sua vez, pode atrapalhar a vida dos ossos, principalmente, se a ingestão de cálcio for inadequada.

Aparentemente as pessoas estão consumindo mais fósforo do que o necessário, porque aditivos fosfatos aparecem em alimentos industrializados e refrigerantes.

As deficiências do fósforo são raras, exceto em doenças que afetam a absorção do mineral, como diabetes, ou em casos extremos de fome total. Alguns sintomas de deficiência: perda de apetite, fraqueza muscular, fragilidade óssea, dormência nas extremidades, suscetibilidade a infecções e raquitismo em crianças.

Lembremos sempre que antiácidos contendo alumínio reduzem a absorção de fósforo na dieta pela formação de fosfato de alumínio, que o corpo é incapaz de absorver. Quando consumidos em altas doses, esses antiácidos podem produzir níveis muito baixos de fósforo no sangue, bem como agravar a deficiência do mineral. Também: redução da acidez estomacal, reposição hormonal em mulheres na pós-menopausa e doses excessivamente altas de forma ativa da vitamina D podem provocar uma diminuição dos níveis do fósforo no Corpo Denso.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: De acordo com o que li, é possível reproduzir os vários estados místicos, por meio de drogas; como pode o Aspirante à vida superior separar o verdadeiro do falso? Como distinguir entre iluminação espiritual e intoxicação psíquica?

Resposta: Muitos pesquisadores científicos empenhados em pesquisas psíquicas tiveram seu objetivo frustrado devido a uma dose excessiva de ceticismo, chegando seu absurdo a tal extremo que um deles nos disse não acreditar em fantasmas, mesmo que os visse, pois ele sabe que não existem fantasmas, não passando de uma alucinação o que, por acaso, visse nesse sentido. Eles são semelhantes ao Celta formidável que declarava ter uma Mente aberta e desejava ser convencido, e logo em seguida acrescentou com toda a intensidade que poderia por numa frase: “Mas mostrem-me o ser humano que pode fazê-lo”. Contudo o Movimento de Pesquisa Psíquica (Society for Psychical Research) fez algo de bom: reuniu uma imensa quantidade de fatos que são altamente valiosos para o estudo das fases ocultas da vida, quando examinados separadamente do aspecto que os investigadores científicos lhes deram.

Entre outras coisas, foram notados certos casos em que médiuns com toda a aparência de serem inteiramente ignorantes e incultos, quando em estado de transe agiam de maneira a deixar os presentes atônitos. Há um caso registrado de uma pessoa que no estado normal era extremamente estúpida e ignorante, mas quando no estado de transe pronunciou um discurso de natureza muito erudita em Hebreu; surge, portanto, uma pergunta: como acontecem essas coisas?

Há somente uma explicação adequada cobrindo todos os fatos em todos os casos, isto é, nós todos chegamos ao nosso estado atual na escala da evolução através de muitos dias na escola da vida; em cada vida aprendemos algumas lições, e continuamos aprendendo mais. Desse modo, no decorrer do tempo nós adquirimos uma vasta quantidade de conhecimento que aumenta a cada dia e a cada vida que passam. Por outro lado, tornamo-nos melhores, mais sensíveis e refinados, mas não há corpo na Terra capaz de expressar o que sabe o Espírito que nele habita. Nem é intenção das Hierarquias Criadoras que lideram a nossa evolução que isso aconteça, pois essa versatilidade poderia impedir-nos de concentrarmos nossos esforços sobre as lições particulares que devemos aprender aqui num determinado meio-ambiente. Tomemos, por exemplo, o caso da pessoa inculta que, em estado de transe, mostrou ser erudita. A julgar pelos fatos, em nossa opinião, ela possuiu uma Mente brilhante numa existência anterior, mas talvez fosse orgulhosa, arrogante e dominante. Tornou-se, então, necessário dar-lhe uma lição de humildade; assim ela nasceu num meio humilde onde não pudesse ter meios de educação. Seu cérebro tornou-se, pois, obtuso e ela mergulhou numa condição servil pouco diferente da escravidão (tão comum em algumas partes do mundo, a fim de que ela pudesse aprender uma lição muito necessária de humildade).

Casos como estes revelam que existe uma quantidade maior de conhecimento e experiência que jazem latentes e ocultos em cada indivíduo e que é acessível quando o ritmo normal de vida corporal é retido durante algum tempo.

Podemos também notar que este fenômeno difere rigorosa e radicalmente das atividades psíquicas observáveis sob o controle do Espírito. De acordo com nossa observação em centenas de casos, quando um médium é controlado por um Espírito obsessor (uma pessoa sem Corpo Denso, ou desencarnada que está no estado de Apegado à Terra), o Ego do médium, revestido de seus veículos mais sutis sai do Corpo Denso, e o Espírito controlador então, permanece atrás da vítima manipulando sua língua e seus membros por meio da medula oblongada, forçando-o a mover-se e a falar como for necessário. Vê-se, então, a “luz da vida” com o aspecto de uma tocha ardente, alçando-se do canal espinal e da medula, onde se ouve um som semelhante ao zumbido de um arco voltaico de corrente alternada. Outra luz sonora, projetada pelo Espírito obsessor que controla o médium, obscurece e encobre a primeira luz, conservando assim o Corpo Denso inconsciente. É realmente penoso ouvir o zumbido frenético da luz da vida da vítima, a lutar contra o agressor. Este fenômeno não se apresenta quando o transe é produzido por sugestão ou autossugestão. Aqui o Ego também é retirado do Corpo Denso, e pode ser visto ao lado dele manipulando seus membros e órgãos da fala e usando o Corpo Denso de acordo com seu desejo, tanto quanto o permite sua posição externa. Mas nesses casos a luz da vida entoa sua canção de modo sereno e contente; não há sinais perceptíveis de influência antagônica, como acontece quando há um Espírito assediando e controlando o Corpo Denso de outra pessoa. Uma pessoa que possua visão espiritual diferenciará entre esse caso e do anterior.

Pelas observações nos casos que tivemos a oportunidade de observar, o estado de transe também não difere do último caso quando é produzido por drogas, e excetuando-se, evidentemente, o fato de que o Espírito só pode retornar ao veículo depois que passa a ação da droga.

“Mas como pode o Aspirante à vida superior separar o verdadeiro do falso? Como distinguir uma verdadeira iluminação espiritual de uma intoxicação psíquica?” pergunta nosso consulente.

O estado de transe nunca é um sinal de iluminação espiritual, não importa como tenha sido causado. É um estado mórbido e anormal que não deve ser incentivado por quem esteja realmente buscando iluminação espiritual. Há somente uma trilha verdadeira para o conhecimento direto, e somente um caminho reto para a iluminação espiritual, e é pelo cultivo dos próprios poderes espirituais do Estudante Rosacruz. Ele constrói o seu próprio Corpo-Alma pela paciência persistente nas boas ações, iluminando os outros que sabem menos que ele; utilizando o pouco que agora sabe, buscando as oportunidades de servir aos outros tanto nas coisas pequenas e corriqueiras quanto nas grandes, de acordo com as habilidades e oportunidades dele. Então, algum dia, ele cessará de ver através de uma vidraça escura e conhecerá tudo por ele mesmo, sem depender dos outros.

(Pergunta 56 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Todas as crianças são Clarividentes até uma determinada idade?

Resposta: Sim, todas são Clarividentes, pelo menos durante o primeiro ano das vidas delas. O período de tempo em que elas conservarão essa faculdade dependerá, em grande parte, da espiritualidade e, também, do ambiente em que vivem, pois, a maioria das crianças comunica tudo o que veem para as pessoas com mais idade e a faculdade da Clarividência acaba sendo afetada pela atitude dessas pessoas. Muitas vezes, as crianças são ridicularizadas, mas nada disso afeta a natureza sensível desses pequeninos. Pois, logo aprendem a excluir as cenas que provocam a reprovação das pessoas com mais idade ou, pelo menos, aprendem a guardar essas experiências só para si. Quando são ouvidas, muitas vezes, revelam coisas maravilhosas e, assim, é possível traçar como foi uma vida anterior delas por meio dessas informações. Isso acontece, particularmente e com mais facilidade, se a criança morreu na vida anterior dela ainda criança, uma vez que o tempo de estada dela nos Mundos invisíveis foi de um a vinte anos, de modo que é possível verificar esta informação. Crianças que, em suas vidas anteriores, morreram na infância são muito mais aptas a lembrar do passado e a serem Clarividentes do que aquelas que, em vidas anteriores, não morreram como crianças, porque o Corpo Vital e o Corpo de Desejos não nascem na mesma época em que ocorre o nascimento do Corpo Denso da criança, mas nascem aos sete e aos quatorze anos de idade, respectivamente, e o que não foi vivificado não pode morrer, de forma que, se uma criança falece antes do nascimento do Corpo Vital ou do Corpo de Desejos, não irá para o Segundo e Terceiro Céus, mas permanecerá no Mundo do Desejo e, assim, renascerá com o mesmo Corpo de Desejos e a mesma Mente que possuía em sua vida anterior, estando, consequentemente, muito mais apta a se lembrar de tudo que aconteceu. O autor se deparou com um desses exemplos anos atrás no sul da Califórnia.

Um dia em Santa Bárbara, Califórnia, um homem chamado Roberts procurou um Clarividente treinado e teósofo e, também, conferencista, para pedir-lhe ajuda num caso muito invulgar. O Sr. Roberts passeava pela rua no dia anterior, quando uma menina de uns três anos correu para ele, abraçou-lhe os joelhos, chamando-o “papai”. O Sr. Roberts indignou-se, julgando que alguém procurava atribuir-lhe a paternidade da criança. Entretanto, a mãe da criança chegou rapidamente e, tão surpresa quanto o Sr. Roberts, tentou levá-la. Contudo, a menina não queria largá-lo, insistindo em que o Sr. Roberts era seu pai. Devido a circunstâncias que depois mencionaremos, o Sr. Roberts não pôde afastar essa cena do pensamento, resolvendo procurar o Clarividente, que o acompanhou até a casa dos pais da menina. Esta, ao vê-lo, correu novamente para ele, chamando-o outra vez de papai. O Clarividente, a quem chamaremos “X”, primeiramente conduziu a menina para perto da janela a fim de verificar se a íris do seu olho se dilatava e contraia-se conforme se afastasse ou se aproximasse da luz. Isso comprovaria se alguma outra entidade que não fosse a legítima dona estava de posse do Corpo da menina, posto que o olho é a janela da Alma e nenhuma entidade “obsessora” pode controlar essa parte do Corpo. Concluindo que a menina era normal, o Clarividente passou cuidadosamente a inquirir a pequena. Depois de paciente trabalho efetuado durante a tarde, e com intermitência para não a cansar, eis, abaixo, o que ela contou.

Vivera com seu pai, o Sr. Roberts, e outra mamãe numa casinha solitária, de onde não se via nenhuma outra casa. Próximo havia um riacho, em cuja margem cresciam algumas flores (nesse momento a menina correu para fora, trazendo na volta umas pequenas flores de salgueiro) e havia uma tábua sobre esse riacho, tendo sido advertida para não o cruzar, pois havia o perigo de cair nele. Um dia o pai abandonou-as, a ela e à mãe, para não mais voltar. Quando acabaram os alimentos sua mãe deitou-se na cama, onde ficou muito quieta. Por fim, disse singularmente: “então eu também morri, mas não morri. Eu vim para cá”.

Era a vez de o Sr. Roberts contar a sua história: há dezoito anos vivera em Londres, onde o pai era cervejeiro. Apaixonando-se pela jovem criada da casa, o pai se opôs, mas ele se casou e fugiu com ela para a Austrália. Ali rumaram para o campo, construíram uma pequena granja e edificaram uma casinha junto a um riacho, exatamente como dissera a menina. Então, eles tiveram uma filha. Um dia, quando ela tinha perto de dois anos, o pai saiu cedo com destino a uma clareira, algo distante da casa. Ali um homem armado lhe deu voz de prisão, alegando que ele fora o autor do roubo de um banco justamente na noite em que deixara a Inglaterra. O Sr. Roberts pediu, então, que lhe fosse permitido ver sua mulher e filhinha. O guarda recusou, julgando se tratar de uma armadilha para fazê-lo cair nas mãos dos confederados, e obrigou-o, de arma apontada, a caminhar até a costa. Dali foi enviado à Inglaterra e submetido a julgamento, quando pôde provar sua inocência.

Muito tempo se passou até que as autoridades atendessem seus constantes rogos para que fossem buscar sua esposa e filha, as quais já presumia quase mortas de fome naquele país selvagem e isolado. Mais tarde, uma expedição foi enviada à cabana e não encontraram mais que os esqueletos de ambas. Entrementes, o pai do Sr. Roberts havia morrido e, embora o houvesse deserdado, seus irmãos dividiram com ele a herança. Então, completamente aniquilado, viajou para a América.

O Sr. Roberts exibiu na ocasião algumas fotos suas, de sua esposa e da filha. Por sugestão do Sr. “X” foram elas misturadas com certo número de outras e mostradas à menina, que sem vacilar assinalou as fotografias de seus antigos pais, mesmo tendo o Sr. Roberts mudado bastante em seu aspecto físico.

(Pergunta 139 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Canção do Ser

A música é a “canção do ser”, cantada por Deus, o Mestre Supremo, através do tempo e do espaço. O primeiro versículo do Evangelho Segundo São João revela a importância do tom ou música em nossa criação ou evolução espiritual, pois as palavras: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”, podem ser interpretadas desta forma: “No princípio era a Música e a Música estava com Deus e a Música era Deus”, pois São João ao usar o termo o ‘Verbo’, sugere tom ou vibração harmoniosa e toda vibração ou tom harmonioso pode se chamar de música. Esse foi o Fiat Criador que fez com que tudo existisse.

O Deus de nosso Sistema Solar se manifesta em três aspectos: Vontade, Sabedoria e Atividade.

A Vontade de Deus trouxe à existência a melodia ou o tom: depois, em Sua Sabedoria, harmonizou esta melodia em forma e depois, por Sua Atividade, fez que esta forma do tom se fizesse movimento ou ritmo, pulsando com rítmica cadência a tudo o que vive e se move.

De modo que através da Criação tudo canta, tudo é música, ou foi criado por ela. Assim sucede com o compositor quando toma uma melodia, harmoniza-a e lhe dá ritmo, fazendo que sua composição seja uma reprodução infinitesimal de criação do arquétipo todo poderoso de Deus.

O livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” diz que as formas que vemos ao nosso redor são sons-figuras cristalizadas das forças arquetípicas que trabalham nos Mundos Celestes. Quão ignorante encontra-se a humanidade, em sua quase totalidade, sobre o fato de que o mesmo veículo em que cada qual funciona e vive neste Mundo Físico, foi construído por meio da música na Região do Pensamento Concreto! Sem essa música nós não teríamos um Corpo Denso no qual funcionar neste Mundo Físico, ainda que a maior parte das pessoas sejam ignorantes desta realidade e pensem que a música seleta é somente para os poucos escolhidos que a compreendem. Algum dia, em algum renascimento, cada um de nós teremos que despertar as vibrações dessa música, teremos que nos fazer conscientes de seu poder etéreo e espiritual. Antes de que tenhamos terminado de viver na Terra através de seus diferentes períodos, teremos que nos tornar músicos, pois teremos em nosso Esquema de Evolução que nos converter em criadores de verdade por meio do som e da palavra para podermos emanar o tom do Fiat Criador. Isto teremos que fazer para complementar nosso destino.

Existem três classes de seres humanos que não são músicos, mas ocupam uma escala diferente dentro desta possibilidade.

Primeiro: os que manifestam abertamente que a música não lhes interessa para nada; em seu estado presente, esses seres ficam fora de nossa consideração por enquanto.

Segundo: aqueles que manifestam certa inclinação e a escutam com agrado, mas dizem que não a entendem; para estes há uma esperança de que cheguem a ser músicos num futuro próximo.

Terceiro: os que ainda sem ser músicos, todavia, mostram uma grande ansiedade por ela e frequentam os lugares de concerto para escutar com verdadeira devoção; estas pessoas acham-se muito próximas de alcançar o talento musical. Elas despertaram em vidas passadas algum interesse musical, aumentando-o até certo grau e convertendo-se em amantes intensos de sua sublime beleza. Estes seres, através da sublimada essência acumulada, poderão tocar repentinamente algum instrumento musical, ou faculdade para cantar. Desenvolverão assim este talento por várias vidas até converterem-se em criadores de música, isto é, em compositores. Então, começam a penetrar mais além do físico, afinando-se às vibrações musicais do Segundo Céu, a Região do Pensamento Concreto, especialmente durante a vida que existe entre os renascimentos.

Existe um regozijo na criação da música que é somente comparável com uma coisa: a Iniciação Mística. Ela é, em sua própria expressão, um grau menor desta Iniciação, quando o compositor se torna o suficientemente avançado para compor grandes obras; chega, então, às vibrações cósmicas mais elevadas que as que alcança o compositor ordinário e neste exaltado estado, encontra-se mais perto de Deus, assim como o Iniciado Místico está mais perto de Deus que o ser humano ordinário. Quando o compositor penetra nestas elevadas vibrações do Segundo Céu, está escutando realmente a palavra de Deus. A verdade está ainda a uma grande distância, mas já se encontra em grande adiantamento em sua evolução, uma posição conquistada com o esforço de muitas vidas; não um privilégio como muitos creem, mas uma recompensa ao trabalho empreendido.

É certo que o escultor, o poeta e o pintor também se afinam às vibrações celestiais, mas as vibrações que eles empregam situam-se na Região mais elevada do Mundo do Desejo, conhecida como Primeiro Céu, enquanto os músicos vão mais alto, ou seja, à Região do Pensamento Concreto, no Segundo Céu, onde o tom é o originador da cor e da forma. Assim, de todas as artes e credos em questões de arte, a música e o músico são os que chegaram mais alto e, portanto, é a mais elevada expressão da vida da alma que temos em nossa existência e é lógico pensar que tem uma mais refinada influência sobre o Corpo de Desejos que qualquer outra das partes. Como diz Max Heindel: “Não há outra classe superior à do músico. A ele corresponde a mais alta missão, porque como um modo de expressão para a vida da alma, a música reina suprema”. Também diz: “Somente na Região do Pensamento Concreto, onde os arquétipos de todas as coisas se unem no grande coro celeste de que falou Pitágoras: a harmonia das esferas, encontramos a verdade revelada em toda sua beleza”. Vemos, portanto, que é ali, naquela Região da Verdade em toda sua beleza, onde se acha o lugar da música.

Pergunta-se por que, se a música é tão bom estímulo para o crescimento espiritual, frequentemente encontramos músicos cujas vidas, no sentido moral e ético, não estão de acordo com suas habilidades artísticas. Acredita-se que um músico devesse se encontrar, em todos os aspectos, ao nível de seu gênio criador, mas não é assim. A razão disto é que os gênios dedicaram o melhor de suas vidas passadas ao desenvolvimento da música exclusivamente, abandonando outras fases morais da vida e outros detalhes importantes. Assim, gravando constantemente essa devoção nos Átomos-semente dos seus Corpos e os desenvolvendo mais e mais em cada vida, fica tão profundamente impressa que a pode expressar nos planos superiores musicalmente, apesar de suas deficiências gerais em muitos outros aspectos humanos.

Na vida que segue à morte finaliza sua existência nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, onde o ser purga seus erros da vida passada, e depois ascende ao Primeiro Céu – localizado nas três Regiões superiores do Mundo do Desejo – para receber a recompensa das ações de sua vida anterior. Então, purifica-se e está pronto para gozar do descanso que existe entre renascimentos.

Ao deixar o Primeiro Céu, encontra-se envolto em uma beatífica quietude, uma paz absoluta, tão perfeita e completa que é difícil explicar.

Pela primeira vez, desde que começou seu último renascimento, goza a plenitude desta paz, que o absorve todo.

Todos conhecemos a paz que pode existir neste Mundo Físico, até certo ponto, mas quando o Ego chega a este Segundo Céu percebe pela primeira vez o verdadeiro sentido do termo “paz”, ainda que sem nenhum de seus sentidos, pois já não os necessita.

Quando seu Espírito se banha nesta profunda tranquilidade e absorve da mesma tudo o que é capaz, segundo seu alcance espiritual, encontra-se pronto para as atividades do Segundo Céu. O fato de ter desenvolvido, no passado, sua capacidade musical o recompensará grandemente, porque suas experiências neste reino estão todas relacionadas com sua capacidade para compreendê-la.

A partir daí começa a preparação para seu próximo renascimento por meio da absorção espiritual.

No umbral do Segundo Céu é despertado o estado de paz e quietude, no qual está submerso por meio do som da música perfeita. Conforme cruza este umbral, entra no lugar de trabalho de Deus, envolto neste maravilhoso som da música. Para o músico, principalmente, este é o paraíso perfeito.

O Segundo Céu está situado na Região do Pensamento Concreto; todo pensamento aqui é uma expressão do som. Tudo o que existe chega à existência por meio do som. É a vibração de vida, ritmo pulsante, melodioso e harmonioso.

Este reino molda todas as coisas e lhes dá forma: as rochas, areias, flores, aves, animais e o ser humano. Aqui o Ego é recebido pela música mais sublime que possa experimentar, algo que transcende a tudo que tenha escutado na Terra. Este é o paraíso dos compositores, onde podem se entregar ao sonho do som vívido, como sonhava na Terra sem o lograr.

Se deseja renascer como músico, prepara-se para isto enquanto está neste reino. Aprende a desenvolver o sentido do ouvido, mãos e nervos que sejam super sensitivos. Para isto, é ajudado pelas mais elevadas Hierarquias Criadoras.

Max Heindel nos diz que a habilidade musical depende do ajuste dos canais semicirculares do ouvido e que é necessário não só ter o ajuste apropriado destes canais, mas que também há que ter extremadamente delicadas as “fibras de Corti”, das quais existem umas dez mil no ouvido humano, sendo cada uma capaz de interpretar umas vinte e cinco gradações de tom.

Estas fibras no ouvido da maioria das pessoas não respondem a mais de três ou dez das possíveis gradações. Um músico ordinário não possui mais de quinze sons em cada fibra, mas o mestre musical requer uma categoria superior. Portanto, é fácil compreender o porquê os mestres das mais elevadas Hierarquias Criadoras ajudam o músico, especialmente o compositor, durante o tempo em que se encontra construindo seu arquétipo para seu próximo Corpo Denso, como diz Max Heindel: “o mais alto grau de seu desenvolvimento, torna-o merecedor, além de requerer ajuda, e o instrumento por meio do qual o ser humano se faz sensível à música é o órgão mais perfeito do corpo humano”.

O ouvido do ser humano começou seu desenvolvimento no Período de Saturno, de modo que é o mais desenvolvido do tempo presente de todos os sentidos físicos.

Enquanto pode compor esta música perfeita quando se encontra no Segundo Céu, o compositor não pode expressá-la com a mesma pureza neste plano físico, pois se encontra impelido pelas baixas vibrações do Corpo Denso e a Mente não pode alcançar até as mais altas regiões do som.

Não obstante, com o tempo chegaremos tão alto em nossa evolução que poderemos vibrar facilmente com esse Mundo e expressar seus sons em nossas vidas diárias. É a música a que faz o Arquétipo individual e quanto mais desenvolvemos esse sentido, mais glorioso é o tom e a harmonia que o criam.

A nota-chave individual do corpo humano situada na parte de trás da cabeça é um tom, um definido tom musical, que constrói e mantém unida a massa de células que compõem nosso Corpo Denso.

Quando nos submergimos na música, ela permanece entre nós e as coisas desagradáveis da vida, a sordidez do materialismo, que geralmente oprime nosso coração, diminui por meio do toque gentil da música.

É um grande tônico para os nervos. Se alguém se sente cansado e esgotado e deixa seu corpo em repouso para escutar música clássica (ou erudita) seleta, as vibrações do corpo podem, em uns poucos momentos, elevar-se e desfazer a fadiga.

Quando aprendermos a usar a música em sua relação apropriada como nossos distintos veículos: Mente, Corpo de Desejos, Corpo Vital, por meio do Corpo Denso não necessitaremos mais de medicinas para nos curar.

Em Deus tudo é Melodia, Harmonia e Ritmo, porque os pensamentos de Deus são todos Melodia; as criações de Deus são Harmonia e os movimentos (ou gestos) de Deus são Ritmos. Se Deus emprega a música como meio criador, porque não havemos de imitá-Lo, empregando-a para formar nosso “Eu Superior”?

Max Heindel diz: “Sobre as asas da música a alma podo voar para o trono do Deus, onde o mero intelecto não pode chegar”.

Temos estas inspiradas mensagens que nos foram dadas para nossos corações e para nosso estímulo, sem ter em conta qual seja o grau de interesse presente pela música.

A música é sempre um aliciante para a alma e para apressar a formação de uma maior consciência.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – janeiro-fevereiro/1988-Fratrernidade Rosacruz-SP)

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