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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Núpcias do Cordeiro

No Livro do Apocalipse[1] há uma descrição bem detalhada do que é o casamento místico do nosso “Eu superior” com o “eu inferior” dentro de nós – o perfeito equilíbrio dos nossos polos positivo e negativo.

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental velam que nós, Ego (o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui) não somos nem homem nem mulher, mas que durante o presente estado de manifestação se tornou necessário dedicar uma metade da força sexual criadora para o desenvolvimento do cérebro e da laringe, por meio dos quais podemos criar pela palavra e produzir imagens mentais que serão reproduzidas em matéria concreta do Mundo Físico. Dessa forma se tornou necessário desenvolver um organismo físico, um Corpo Denso, com dois sexos: um expressando a qualidade espiritual da Vontade (masculina) e outro a da Imaginação (feminina). Note o Corpo Denso expressa ou o sexo masculino ou o sexo feminino. O Corpo Vital expressa o polo negativo (quando o Corpo Denso expressa o sexo masculino) e o polo positivo (quando o Corpo Denso expressa o sexo feminino). Já o Corpo de Desejos “não tem sexo”. E a Mente também “não tem sexo”.

Como cada um de nós nasce alternadamente em Corpos Densos masculinos e femininos, assim também expressamos, alternadamente, nossas faculdades gêmeas de Vontade e Imaginação. Cada uma dessas duas faculdades predomina em cada vida nossa aqui, enquanto a outra permanece latente, determinando, assim, os sexos masculino ou feminino. Porém, como renascemos aqui, vida após vida, na Grande Escola vamos nos tornando, com o aprendizado, mais capacitados a compreender e a dirigir o mecanismo dos sexos, até que vai nos sendo possível expressar simultaneamente e em certa medida essas duas qualidades. No Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz isso é possível para nós quando alcançamos o nível de Adepto. Mas esse trabalho vai sendo efetuado por graus, até que nos encontremos realmente nas mais sutis qualidades femininas e a mulher dentro de si se identifique com os mais nobres traços masculinos e nas mais sutis qualidades masculinas e a homem dentro de si se identifique com os mais nobres traços femininos. Quando tal ocorre, produz-se o equilíbrio e tem lugar o “casamento místico” ou “matrimônio místico”. Em tal condição, estaremos funcionando com os seus dois hemisférios cerebrais. É dito que no céu não há casamento, nem se dar em casamento, porque nós lá estamos livres das limitações e das imposições da carne. Lá não há problema sexual nem estamos sujeitos à expressão unilateral de um de seus polos. A nossa qualidade dual é então utilizável e, consequentemente, o casamento é desnecessário. Cada um cria o Arquétipo de seus futuros Corpos, com apenas a assistência das Hierarquias Criadoras. Só quando se deixa o Mundo celeste se penetrando na Região Química do Mundo Físico é que se torna necessária a cooperação de pessoas para a formação de Corpo Denso, que se adapte ao arquétipo construído no Segundo Céu. Este conhecimento de nossa constituição permite ao Estudante Rosacruz entender hoje a necessidade de se encarar como realmente é uma unidade criadora integral. Desse modo, ele vai preservando racional e conscientemente sua força sexual criadora, a fim de usá-la como energia para fins espirituais. E assim, naturalmente, a força sexual criadora provoca a ascensão do fogo espinhal para que, ao devido tempo, se defrontem dentro de nós o homem e a mulher. Tal fato foi muitas vezes exposto de modo falso por certas escolas espiritualistas na teoria das “almas gêmeas”, prestando-se a grosseiras concepções, uniões sexuais ilícitas, etc.

Realmente é do modo descrito que se realiza dentro de nós o Casamento Místico, com a ligação desses dois polos e o despertar de uma consciência criadora em todos os reinos da Natureza.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz – abril/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: “6Ouvi depois como que o rumor de uma grande multidão, semelhante ao fragor de águas torrenciais e ao ribombar de fortes trovões, aclamando: “Aleluia! Porque o Senhor, o Deus todo-poderoso passou a reinar! 7Alegremo-nos e exultemos, demos glória a Deus, porque estão para realizar-se as núpcias do Cordeiro, e sua esposa já está pronta: 8concederam-lhe vestir-se com linho puro, resplandecente” — pois o linho representa a conduta justa dos santos. 9A seguir, disse-me: “Escreve: felizes aqueles que foram convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro”. E acrescentou: “Estas são as verdadeiras palavras de Deus”. 10Caí então a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: “Não! Não o faças! Sou servo como tu e como teus irmãos que têm o testemunho de Jesus Cristo. É a Deus que deves adorar!”. Com efeito, o espírito da profecia é o testemunho de Jesus Cristo.” (Ap 19:6-10).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

“Faça-se a Tua vontade e não a minha”: declaremos e a pratiquemos de fato

“Faça-se a Tua vontade e não a minha”: declaremos e a pratiquemos de fato

Em todos os tempos existiram pessoas que procuravam conseguir as suas coisas materiais, através das religiões. Hoje em dia, ainda é grande o número delas que chega a se filiar a esta ou àquela entidade religiosa, com o principal objetivo de conseguir emprego, casamento, moradia, saúde e todas as demais necessidades, sem falar naquelas que usam a religião para fazer mal aos outros.

Toda a oração bem-intencionada é válida. O abuso ou o pedido mal encaminhado, é que constitui o grande perigo.

Porque, além de a pessoa estar se expondo a tornar-se preza de forças que desconhece, seus pedidos mal feitos ou feitos com forçada intensidade, poderão trazer consequências desagradáveis e até funestas.

Não há nenhum exagero no que ensina a Filosofia Rosacruz, especialmente no Ritual de Cura, que todo o pedido encaminhado diretamente a Deus, deve ser enfeixado com estas palavras: “Mas faça-se, Senhor, a Tua vontade e não a minha”.

Esta forma de pedir, aliás, não diminui o valor do pedido, como poderão pensar algumas pessoas. Pelo contrário, até orienta os resultados para que cheguem ao destino de maneira correta, sem nenhum prejuízo. E mesmo que as coisas não aconteçam exatamente como se pediu, podemos ficar tranquilos que o que vier, será a resposta certa do Pai.

Mesmo porque, se não usarmos aquela afirmação no final da oração, a responsabilidade de atingir, bem ou mal este ou aquele desejo, fica toda por nossa conta.

Porque, às vezes, para que se cumpra com exatidão o nosso pedido, poderá haver alguma exigência, alguma necessidade de acomodação que, por seu turno, vai recair em algum sacrifício a fim de que se chegue ao merecimento, do que se quer. Daí, ao transferirmos ao Pai a responsabilidade total no atendimento dos nossos pedidos, ficamos isentos de qualquer necessidade de acerto em nossos valores.

Às vezes, o pedido feito indiscriminadamente, não leva a necessária preocupação em saber se temos ou não, merecimento da dádiva de Deus. Se pensarmos, mesmo, só nos nossos desejos, talvez nem imaginemos se não será preciso, primeiro, fazer alguns ajustes em nós mesmos, em nosso temperamento, em nosso modo de vida, em nossos contatos com as outras pessoas, enfim, em muitos outros assuntos de vital importância, para que Deus possa atender-nos conforme a nossa vontade.

Além do mais, passando para Deus a responsabilidade do acerto, estamos cumprindo um ato de fé, pois confiando n´Ele e na Sua Sabedoria, estamos acreditando que Só Ele, que tudo vê, poderá dar-nos justamente aquilo que é para nós, que será melhor para a nossa vida e o nosso destino divino.

Então, mesmo que muitas vezes a solução pareça demorada e se passem semanas, meses e até anos, para que se cumpra o pedido, podemos estar seguros de que quando vier, será exatamente aquilo que merecemos, além de ter chegado na hora exata, no momento adequado. Nós mesmos, alguma vez podemos ter comprovado que certas coisas que pedimos cegamente e não as conseguimos logo, não teriam dado certo se tivessem vindo antes da hora em que vieram, como, aliás, pretendíamos que ocorresse. É que Deus, para tornar possível a nossa aquisição, esteve o tempo todo acertando os ponteiros do nosso relógio, acomodando certas coisas em torno de nós, inspirando-nos talvez à correção de alguns defeitos, ou acertando outras coisas dependentes de nós mesmos, para que o ambiente se ajuste à realização perfeita do pedido, sem choques nem desarmonias.

E há, também, um particular nesta questão de pedidos: quando a pessoa vai ter necessidade de receber alguma coisa, ou melhor, quando vai chegar ao ponto de merecer alguma dádiva material ou espiritual, ela própria irá se condicionando a querer aquilo, mesmo que, talvez durante muito tempo antes, se tivesse negado, a si mesma, a esse desejo, achando subconscientemente que não o merecia.

O próprio merecimento amadurece o momento, encaminhando as pessoas e preparando-as para receberem tudo aquilo que lhes está reservado pelo destino. Em suma, as pessoas, não raro, começam a querer aquilo que finalmente chegaram à condição de receber.

Por isso, jamais devemos fazer as nossas solicitações com data marcada nem com insistência. Sejamos humildes em nossos pedidos, entregando sempre diretamente a Deus a solução de todos os nossos problemas. Porque aqueles que forçam situações, muitas vezes até acendendo velas e impondo pedidos a entidades, sejam de terceiro ou mesmo dentro do catolicismo, para as almas do Purgatório, por exemplo, estão se expondo a receber, no futuro, talvez até depois da morte – a cobrança das suas imposições. Porque as almas do Purgatório nada mais são do que espíritos sofredores, atrasados, que estão cumprindo pena de seus próprios erros, e que, na sua ignorância e limitações fazem qualquer negócio para saírem da situação em que se encontram, acreditando que as velas em sua intenção, poderão abrir portas, cuja abertura, na verdade, está dependendo da expiação dos erros de cada um.

Assim sendo, antes de fazermos qualquer pedido por nós ou por outrem, abaixemos a cabeça com humildade, expondo a Deus os nossos problemas, dizendo-Lhe tudo o que desejaríamos, mas colocando, no fim, toda a solução em Suas Mãos. Porque, além d’Ele nos conhecer melhor do que nós mesmos, e só Ele sabe das nossas reais necessidades, se assumirmos sozinhos toda a responsabilidade do pedido – como já foi dito – estaremos nos arriscando a sofrer, na pele, a falta dos ajustes necessários, provavelmente até, sendo obrigados a passar algumas dificuldades, sofrer alguma perda, ou enfrentar desarmonias no lar, no trabalho ou seja onde a for, para que a situação consiga equilibrar-se, colocando-nos à altura de receber o que tanto desejávamos antes sem estar preparados pelo merecimento. Seja, pois, o nosso modo de orar, correto, finalizando sempre as nossas petições com a frase salvadora: “Apesar de tudo, Pai, faça-se a Tua vontade e não a minha”.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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