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A Eulogia do Amor – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

Muito já se escreveu sobre o amor, mas ninguém soube elevá-lo tanto, ninguém o revestiu de profunda clareza, e ao mesmo tempo de suprema transcendentalidade, como São Paulo no Capítulo XIII em sua Primeira Epístola aos Coríntios.

S. Paulo, longe de simplesmente tecer uma rebuscada apologia ao amor, como alguns podem julgar, procura apresentá-lo em suas reais dimensões. Suas palavras deixam transparecer uma clareza meridiana. Seus apelos são diretos e incisivos, dispensando concessões e ambiguidades.

Como Cristãos só nos resta empreender os maiores esforços por expressá-lo em nossas vidas diárias, buscando concomitantemente, compreendê-lo em suas raízes mais profundas.

1. Para fazer download ou imprimir:

A Eulogia do Amor – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

A Eulogia do Amor

Por um Estudante

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido, Compilado e Revisado de acordo com:

Eulogy of Love

1ª Edição em Inglês, 1916, in The Rays from The Rose Cross – The Rosicrucian Fellowship

pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

Sumário

INTRODUÇÃO.. 4

O Amor Não é Invejoso.. 7

O Amor Não se Ufana.. 8

O Amor Não se Ensoberbece.. 9

O Amor Não se Conduz Inconvenientemente.. 10

O Amor Não Busca os Seus Interesses. 11

O Amor Não se Exaspera.. 12

O Amor Não se Ressente do Mal.. 13

O Amor Não se Alegra com a Injustiça, mas se Regozija-se com a Verdade.. 14

O Amor Tudo Sofre.. 15

O Amor Espera Todas as Coisas. 18

O Amor Suporta Todas as Coisas. 19

O Amor Nunca Falha.. 20

O Amor que o Estudante Rosacruz deve valorizar.. 21

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INTRODUÇÃO

S. Paulo, o grande Iniciado, escreveu uma tese maravilhosa sobre o amor. Maravilhosa pela sua brevidade abrangente e pelo seu alcance todo-inclusivo. Abrange toda a gama do amor e o seu acorde dominante de altruísmo. Foi escrita para a Igreja de Corinto, uma cidade do sul da Grécia conhecida pelo seu abandono a todas as formas de luxo e sensualidade. Aplica-se ainda mais a nós, nesta época, pois começamos a responder às altas vibrações espirituais e podemos mais facilmente viver os seus profundos ensinamentos.

Este capítulo maravilhoso da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios é um epítome do amor altruísta, o amor ágape. É o ideal que devemos nos esforçar para alcançar. Sabiamente, nós o incorporamos no nosso Ritual do Serviço Devocional do Templo e o seu glorioso resumo diz o seguinte: “E agora permanecem a fé, a esperança e o amor; mas o maior destes é o amor”.

A fé é importante — a fé que pode remover montanhas. A esperança é necessária — a esperança que ilumina o horizonte distante, por mais escuro que seja o ambiente atual. Ambas são grandes auxiliares da vida superior e da Humanidade comum; mas o amor coroa tudo. O amor é o poder que move o universo. Não é meramente o poder sobre o Trono, mas o poder por trás do Trono.

No prefácio desse maravilhoso epítome do amor nos é dito que, sem ele, somos nada — apenas um “metal que soa ou um sino que tine”. O metal pode emitir sons melodiosos, pode expressar a perfeição da arte, mas lhe falta algo. Não é humano. Não soa os tons da Alma — a qualidade vibrante da vida.

Sem amor não temos expressão. Esse fato é ilustrado por todos os lados. Tomemos a arte, por exemplo. Sem a qualidade que designamos por “alma”, ela é apenas o que o seu nome indica, “arte”. Mas ponha amor nela e deixe que a Alma aquecida, ávida e brilhante se expresse por meio dele: assim a Alma vive.

A cultura tem pouco valor (exceto como um bem de boa criação) sem o amor animador que a inspira e vivifica. Quão vazias, quão artificiais são todas as tentativas de expressão, em qualquer linha, sem o ávido brilho da Alma que brota do amor! Grande parte da nossa arte moderna dá um testemunho lamentável da ausência desse fogo divino.

Trazido para a Personalidade, como emociona e encanta! Como ilumina um rosto humano! Como atrai! Como somos dolorosamente repelidos pela sua antítese e aborrecidos pela sua ausência! O rosto mais simples, com esse brilho interior que transparece nas suas feições, torna-se belo para nós. O rosto mais belo, de acordo com o padrão de contorno físico do mundo, torna-se repulsivo sem essa luz da Alma e nós nos afastamos dele com um estremecimento interior.

Essa bela luz da Alma não pode ser enganada, mas alguns dos seus efeitos podem ser simulados durante algum tempo. Alguns dos modernos ensinamentos de beleza podem permitir que se adquira um certo efeito do “metal que soa”. Pode tornar possível que alguém se torne um “sino que tine” muito melodioso, mas isso é tudo o que faz sem o belo amor espiritual por detrás dele — brilhando através dele.

É isso que esse amor faz por nós, no plano da nossa Personalidade. De fato, ele cria a Personalidade. Sem ele, não há encanto, não há poder de atração ou de agradar. Não há disfarce que tenha valor. A qualidade interior transparece através da máscara mais espessa. Não podemos simulá-la sem sermos detectados. Do amor emana algo, uma força que se faz conhecer e sentir. A imitação adquirida através da, assim chamada, cultura pode mostrar certos truques de vivacidade ou certas graças da sociedade, mas reconhecemos instintivamente a pose, a farsa, o fingimento. Conhecemos a diferença entre essa aparência de vida e o verdadeiro amor que anima, vivifica e inspira.

O amor de que falamos é Espírito-Vida, é Fogo. Ele transmuta todas as qualidades mais inferiores em ouro puro. É uma chama viva que irradia de um centro puro. Deve irradiar e deve irradiar para outras vidas. É esse o seu poder e a sua prerrogativa. Sentimos instantaneamente a sua presença. Alguns estão tão cheios dessa vibração, desse poder mágico, que sentimos quando nos aproximamos deles. Isso, queridos amigos e queridas amigas, é o que todos nós precisamos cultivar cada vez mais. Só isso fará com que o nosso centro de comunhão cresça e viva. Isso deve começar individualmente. Pode e deve manifestar-se coletivamente. Quando nós, como organização, pudermos expressar esse belo amor divino, não mais lamentaremos a falta de trabalhadores. Não precisaremos mais de propaganda ou tentativas de atrair as pessoas para nós. Elas não poderão se afastar de nós, se irradiarmos esse amor de Cristo.

Pelo teste dado na Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, analisemos este amor divino em manifestação. Vejamos como a nossa vida se ajusta a ele!

O Amor Não é Invejoso

Outro teste: o amor vê demasiado longe para invejar. Reconhece o estatuto real do “Eu pessoal”. Sabe que os “Eus separados” são uma ilusão e pertencem ao plano da ilusão. Sabe que, na realidade, todos partilhamos o mesmo “Eu” e todos bebemos da mesma Fonte espiritual de acordo com a nossa capacidade de receber. Em uma visão cósmica, sabe que a sua vida, em todas as suas expressões e correlações, pertence a mim tal como a minha lhe pertence. Nós, diferenciados por um tempo, somos apenas expressões de várias linhas da Vida Única — o Espírito Único. Suas capacidades, seus talentos, seus dons e graças, o encanto da sua Personalidade, a sua beleza e nobreza, tudo isso é meu e, na minha consciência ampla eu os abraço e amo. São uma parte da Vida Cósmica — uma expressão da Deidade e, assim, pertencem a mim e a você. Por outro lado, o que eu sou na fase atual de desenvolvimento é uma parte da Vida Única e universal e por isso pertence igualmente a você. Logo, não há lugar para a inveja e o Amor não inveja.

O Amor Não se Ufana

Porque vê o “Eu pessoal” como ele realmente é; conhece todas as falhas e fraquezas, todas as debilidades e loucuras desse “Eu” limitado e as reconhece como parte do animal que tem que treinar, transmutar e glorificar, unindo-o ao Divino. Por isso, não há lugar para o orgulho ou ufanismo tolo — para a autoglorificação. Tudo que nos pertence individualmente, que é do nosso “Eu pessoal”, é a nossa limitação, a nossa imperfeição. É o transitório, a parte temporária — aquilo que se desvanecerá com a morte, se não for fundido com o que realmente somos: Espírito. Não é algo de que nos devamos orgulhar, particularmente. Quanto mais a Personalidade absorve algo da verdadeira beleza e brilho interiores, menos ela se torna uma Personalidade distinta e separada. Tudo que revelamos desse carácter interior que enriquece a vida é apenas uma expressão mais plena da Divindade interior e pertence igualmente a todos; por isso, o amor não pode ser orgulhoso.

O Amor Não se Ensoberbece

Não se vangloria, porque vê o mundo com olhos de terna compaixão. Não encontra espaço para o orgulho próprio, porque o seu centro não é o “Eu pessoal”. Tendo desenvolvido algo de beleza ou de valor da vida universal, especializando-se em algumas graças espirituais, não vê razão para orgulho ou vanglória. Se o “Eu pessoal” e separado adquiriu algum encanto próprio, alguma beleza, virtude ou graça, o amor sabe que tudo isso deve ser extraído, absorvido pelo “Eu superior” e levado adiante para enriquecer a vida universal — tanto para um como para outro.

O Amor Não se Conduz Inconvenientemente

É indecoroso brincar com coisas sagradas, ter pensamentos impuros, manter uma sugestão impura na Mente ou transmitir essa sugestão a outra pessoa. Todas as insinuações secretas, os duplos sentidos, as piadas tolas que sugerem sensualidade, tudo aquilo que rebaixa a vida e arrasta a Alma para baixo é inconveniente e o Amor não pode permitir ou suportar isso. O amor é castidade, é pureza, é brilho, beleza, serenidade — mas energia radiante. Sendo puro, não pode se afiliar à impureza; mas queridos amigos e queridas amigas, aqui está uma verdade oculta que, às vezes, não conseguimos descobrir: o amor brilha e transmite sua própria pureza mística às manchas mais sombrias da Alma de outra pessoa. Pode, pelo seu poder absorvente, transformar a vida que toca. O amor nunca toma atitudes de superioridade. O amor não se afasta do pecador penitente com um sentimento de autogratificação por suas próprias virtudes. Não pode comportar-se de forma contrária à sua natureza interior, mas pode e deve se aproximar de outras vidas — mesmo aquelas que chamamos de degradadas, a fim de irradiar o seu poder que abençoa e ajuda. A energia radiante do amor destrói o mal.

O Amor Não Busca os Seus Interesses

Porque o Cristo-Amor não reivindica nada para si mesmo. Suas correntes divinas fluem através da vida, trazendo bênçãos para todas as outras vidas que toca. Procura não guardar, acumular ou reter para si mesmo. Quando isso acontece, deixa de ser amor — mistura-se com a liga do desejo. Desejo é a vontade de possuir algo para si ou para outro “eu” que amamos. Está tudo bem em um determinado estágio do nosso crescimento, porque precisamos do estímulo que ele transmite. Quando manifestado em suas fases mais elevadas, acelera, inspira e leva aos impulsos mais elevados. Refinado até à essência, manifesta-se no mais terno amor materno, amor que deseja apenas para o filho o seu amor. Este amor está muito próximo da fronteira do divino, mas ainda é humano e limitado, pois está misturado com a liga do “eu”. Somente quando amamos aquilo que não nos pertence em qualquer sentido especial — aquilo sobre o qual não temos direito e que nunca nos beneficiará de forma alguma — é que realmente amamos com o amor divino. O amor é a energia radiante que se derrama em todas as formas. Seu poder restritivo é a devoção altruísta. Não busca o que é seu, não busca qualquer bem ou ganho para si mesmo. Em algum ponto da escala, a energia emitida e representada pelo desejo pode ser direcionada para dentro e usada como força espiritual. Então ela se funde com o amor.

Existem inúmeros graus de amor, porém mantendo continuamente o ideal mais elevado no pensamento o estágio sublime do perfeito amor de Cristo pode ser alcançado. Quando essa chama pura brilhar dentro de nós, enviaremos um poder vivificante, um calor, uma energia radiante que todos sentirão no mais breve contato. Nós o vemos brilhar nos olhos e sentimos seu hálito perfumado de vez em quando em alguns raros momentos. É a bênção mais rica do mundo — este poder de amar — e é um poder porque não procura o que é seu. Nem sequer pede que seja devolvido. É como a luz do Sol espalhando bênçãos e inspirando vida: só porque é amor!

O Amor Não se Exaspera

Nunca se ofende, nunca se exaspera — mesmo quando a intenção é ofender. Todos os ataques de língua afiada, as calúnias venenosas, os significados desvirtuados que os insensíveis, os mal-intencionados, os invejosos e os cruéis lançam contra a Alma consagrada caem inofensivamente. Eles caem dessa forma porque o amor verdadeiro consagrado aos fins mais elevados e não pode parar no caminho para considerar o mal; ele não tem tempo de se sentir magoado nem inclinação para se sentir ofendido. Conhece a Lei de Deus: “que tudo se reverterá para o remetente do mal” e tem compaixão da Alma ignorante e tola que pratica esses crimes contra o amor. O amor não é facilmente provocado.

O Amor Não se Ressente do Mal

Porque a sua própria essência é pura. O Cristo-Amor não poderia pensar mal do outro, porque não há mal dentro dele. Quando falamos mal de outra pessoa, traímos a nós mesmos — a qualidade interior de nossas Almas. Podemos ser forçados a reconhecer o mal ou a falha no outro, mas instantaneamente direcionamos o fluxo de amor radiante sobre ele e nos esforçamos para transmutá-lo ou consumi-lo. Apenas criticar é totalmente mal e não tem lugar em uma organização como essa. Os puros de coração, e não apenas os exteriormente puros, nunca procuram o mal. Quando o encontram, eles ficam tristes com isso e tentam com sua própria força maior ajudar o coração em dificuldades do irmão ou irmã a superá-lo. Todos os pensamentos malignos que permitimos vagar em nossos cérebros vêm de um plano inferior onde todos os acréscimos imundos de eras se acumularam. A corrente passa por nós continuamente através dos Éteres; mas lembre-se de que só nos apropriamos daquilo com que temos afinidade. Portanto, a qualidade do nosso pensamento mostra a nossa natureza interior. Nós nos autocondenamos quando pensamos o mal de outra pessoa; quando pensamos o mal em nós mesmos, revelamos a qualidade interior de nossa natureza.

O Amor Não se Alegra com a Injustiça, mas se Regozija-se com a Verdade

Ele não poderia se alegrar com a injustiça, porque o seu propósito é o desenvolvimento, a expansão, a manifestação da unidade na diversidade e o seu ser é a harmonia, a vida. Alegrar-se com a injustiça seria alegrar-se com aquilo que perturba, desintegra, destrói! Ele se alegra com a verdade e busca continuamente. Ele conduz à verdade e é a própria verdade, quando manifesta sua expressão última e plena.

O Amor Tudo Sofre

Se imaginarmos, por um momento, que o amor pode andar à deriva por jardins de rosas, escapando das tempestades da vida e dos seus males, não conseguiremos perceber a sua verdadeira natureza. O amor tem que sofrer, quando está aprisionado na forma. A sua própria natureza — energia radiante que procura expressão no plano físico, no meio de todos os “tipos e condições de servidão” — necessita de dor e tristeza.

A própria natureza do amor encontra em um verdadeiro Centro da Fraternidade Rosacruz (onde há um Templo onde se oficia os Rituais, onde há um Departamento de Cura e onde há Reuniões de Estudos focados em estudar fielmente e tão somente os Ensinamentos Rosacruzes) um campo para essa expressão. As diferentes Personalidades dos Estudantes Rosacruzes daquele Centro — muitas vezes desarmoniosas e, infelizmente, por vezes discordantes ao ponto do antagonismo —, as diferentes opiniões e ideias deles, os preconceitos e desejos deles, as várias formas de vaidade e egoísmo deles, tudo isso fornece um campo rico para a plena frutificação do amor através da provação e da dor. O amor idealiza-se quando é exposto por meio da Personalidade e, quando se desilude, surge o sofrimento. Isso é exemplificado não apenas nos nossos amores individuais, mas no coletivo, em nossas uniões para: o serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao irmão e à irmã, focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade, o estudo e a expressão, por exemplo.

Ora, se o amor pode suportar este processo de desilusão, então é amor. A imitação, que é apenas uma forma de desejo pessoal, desaparece e morre sob o estresse e a tensão da experiência. Por exemplo, somos atraídos pela Fraternidade Rosacruz. Formamos uma concepção ideal da mesma e realizamos suas atividades com um entusiasmo fulgurante. Mas nada do que encontra expressão física é ideal e, por isso, logo nos deparamos com a decepção! Na expressão das diferentes Personalidades, que ainda não estão totalmente dominadas por nós, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui, encontramos muita coisa que entra em conflito com os nossos ideais e, na repentina oposição de sentimentos que se segue, ficamos doentes do coração e somos levados a nos afastar. Mas aqui está a prova do amor. Se ele não pode resistir a um teste tão pequeno, como trilharemos o Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz?

O amor sofre por muito tempo. Não há limite de tempo para ele. O amor pode produzir muitas eras ou vidas de provação e carga, porque nos tornamos vencedores quando suportamos todos os testes. Os portões do Templo se abrem apenas para aqueles que se tornaram fortes por meio do amor e do sofrimento. A verdadeira grandeza é demonstrada pelo domínio de todas as situações e o amor se prova pelo seu poder de suportar. O amor é bondoso.

Amigos e Amigas, há um mundo de significado nessa pequena palavra: bondade. É dito que ela siga o sofrimento como um efeito. O amor nunca retalia quando lhe é feita uma injúria. Nunca imagina que uma ofensa foi feita. Nunca é ingrato quando lhe é feita uma gentileza. Nunca é invejoso. Nunca diz coisas rancorosas e maldosas. É bondoso no sentido mais completo da palavra. Nós nos magoamos tanto uns com os outros, quando não amamos verdadeiramente. Mas esse amor que estamos considerando agora ministra de mil maneiras ternas e belas ao Amado, seja ele individual ou reunido em um corpo como a nossa Fraternidade Rosacruz. O amor, que é o ideal pelo qual nos esforçamos, é bondoso.

Podemos imaginar situações em que o “amor” pode ser orgulhoso no seu sofrimento. Ele pode se afastar em um distanciamento ofendido e recusar a ser bondoso. Mas isso, caros amigos e caras amigas, é o amor fictício! O verdadeiro amor sofre muito e é bondoso. Mais do que tudo, ele teme causar dor ao outro. Prefere sofrer a magoar o outro, mesmo que tenha sido gravemente prejudicado. Nunca se vinga quando recebe uma injúria. Nunca imagina que uma ofensa foi feita. Nunca é ingrato quando recebe uma gentileza. Nunca é invejoso. Nunca diz coisas rancorosas e maldosas. É bondoso no sentido mais completo da palavra. Nós nos magoamos muito quando não amamos verdadeiramente. Mas esse amor que estamos considerando agora trata o Amado de mil maneiras ternas e belas, seja ele individual ou coletivo como um corpo igual à nossa Fraternidade Rosacruz. O amor, que é o ideal pelo qual nos esforçamos, é bondoso.

O Amor Espera Todas as Coisas

A esperança brota de fato e perene no seio humano, quando este amor de que falamos a inspira. O desespero não consegue encontrar um lugar onde seu veneno nocivo possa se alojar, quando esta chama do Amor Divino arde continuamente. Nas cavernas mais sombrias da Terra nunca poderá apagar este fogo e a sua luz. Ele destrói os gases venenosos e a esperança brilha como um farol, pois ela está inclusa no amor.

O Amor Suporta Todas as Coisas

Pode carregar fardos pesados e nunca vacilar. Pode suportar os fardos dos outros e nunca hesitar. Sua força de Alma brilhante lhe confere muito poder.

Aprende através do sofrimento a suportar pacientemente. Permite que os corações humanos perseverem. É a inspiração da vida. Suporta o sofrimento com sua energia radiante que anima. Pode tornar a Alma grande e elevada, permitindo-lhe, como tão belamente foi expresso, “navegar com um vento favorável através de muitas tempestades e no meio das ondas desfrutar de uma bela calma”[1].

O Amor Nunca Falha

Quando deixamos de aprender algumas das nossas lições da vida, é porque ainda não conhecemos este amor na sua plenitude. Quando ficamos fracos e cedemos a alguma tentação sutil, é porque ainda não nos tornamos um canal para essa força extraordinária. Quando falhamos em algum dever, é porque as correntes de amor são desviadas e não atingem nossas almas com seu poder animador e vivificante. Quando nos desviamos e desanimamos diante das tarefas desesperadoras, é porque ainda não conhecemos esse amor de que falamos. Nunca poderemos falhar enquanto ele brilhar dentro de nós e irradiar, a partir de nós, correntes de força viva. É a própria vida e sem ela somos meras sombras ou autômatos mecânicos.

O Amor que o Estudante Rosacruz deve valorizar

De acordo com este padrão podemos ver que muito do nosso assim-chamado amor é desejo. Pode ser um desejo que foi refinado até sua essência, mas ainda assim é um desejo, em última análise.

Talvez aqui surja uma questão: se o desejo é movimento, como se diz, como pode o amor maior estar separado do desejo? Quando Deus, que é Amor, começa a Se manifestar, Ele não deseja expressão? Ele flui por todo o universo e Se manifesta através dessas inúmeras formas. O que faz com que Ele Se manifeste? Não é desejo? Mas há uma diferença fundamental entre o desejo que move o Amor Divino em Sua missão benéfica e aquele que leva nossos corações humanos a agirem. O amor de Deus circula pelo Universo como as correntes arteriais em nosso microcosmo, trazendo vida, energia vital e cura; além disso, ele reúne em seu retorno, através de outros canais, todos os acréscimos, impurezas e manchas da nossa Personalidade e os transmuta, purifica e envia de novo em forma de corrente de amor para abençoar e rejuvenescer.

Quando amamos com o Amor Divino, não desejamos para nós mesmos, mas para o outro. Quando desejamos para nós mesmos, poluímos a pura corrente do amor e a enviamos carregada de veneno. Há um trabalho muito bonito que alguns dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz fazem pela Humanidade — e do qual todos nós podemos participar, se quisermos. À meia-noite, eles reúnem todos os maus pensamentos e forças que foram enviados durante o dia e, através da alquimia divina do amor, transmutam em forças para o bem. Algum trabalho poderia ser mais bonito? Vejamos se algo neste trabalho precisa ser feito por nós.

Nós podemos nos transformar em canais de bênçãos para a Humanidade, usando a força do nosso pensamento para os fins mais puros e elevados. No nosso Ritual do Serviço Devocional do Templo, falamos em sermos usados como “canais conscientes na obra benfeitora dos Irmãos Maiores à serviço da Humanidade”. Também usamos o Amor como tema da nossa meditação. Este amor é o poder que devemos usar em nossa vida superior. Nós o pervertemos em nosso desenvolvimento passado. Nós o usamos para atrair coisas para nós mesmos. Muitos dos nossos cultos e das nossas sociedades religiosas fazem isso agora em um grau alarmante. Podemos pensar em bens materiais ou tesouros emocionais, desejos e vontades do coração. Ele pode ser usado para atrair amor humano ou graças espirituais para nós. Seja o que for que procuremos ou desejemos para enriquecer nosso “Eu pessoal” de alguma forma, é uma perversão da força que chamamos de amor. Em um estágio do nosso avanço, isso se torna mau, se houver excesso.

Precisamente aqui, eu gostaria de falar sobre uma tendência entre as “escolas de pensamento superior” de ignorar o chamado amor humano (o amor filia) ou de refiná-lo até que mal seja uma essência. Para muitos ainda é difícil traçar uma linha entre o amor filia e o amor ágape. Quantos de nós, ao iniciar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, ficamos extremamente intrigados ao saber até que ponto podemos manter, guardar ou valorizar os nossos amores humanos? De alguma forma, talvez lendo superficialmente essas linhas, adquirimos a noção de que todo amor entre homem e mulher ou pais e filhos pertença a um plano inferior e deva ser renunciado. Na verdade, ele deve ser transcendido em algum estágio futuro, mas deve ser mantido e valorizado até que tenha servido ao seu propósito mais completo. O ponto de vista faz toda a diferença. Se o mantivermos para fins egoístas, ele se tornará um erro. Se o nosso amor se estende para abençoar o outro coração; se a alegria que sentimos em ser amados tem o seu centro no ser amado, então ele está de acordo com a Lei de Deus. E algum dia, amando assim, nossa consciência será estendida para abranger toda a Humanidade. Então conheceremos o verdadeiro significado e valor do amor, o amor ágape.

A razão pela qual o Estudante Rosacruz aprende que deva valorizar apenas o amor ágape é porque grande parte do nosso amor filia está misturado com o desejo egoísta. No entanto, até mesmo esse desejo tem a sua parte no grande plano cósmico; ele é a força dinâmica que nos faz agir. Marte representa a energia dinâmica e rege a natureza de desejo. Essa força, às vezes, atua de maneira muito sutil, quando misturada com os acréscimos da nossa Personalidade. Trabalhando através do raio de Marte, ele deseja e envia energia para cá e para lá, sem propósito, razão ou método. Mas Mercúrio, o símbolo da razão, está agora intervindo para ensinar como essa força de desejo deve ser usada. Então o raio de Vênus entra e nos inspira com um amor mais puro e impulsos mais nobres. Ele reúne e prende com um cinto de ouro os corações que toca. Além disso, acelera com sua radiante energia as almas que unifica. O raio de Vênus, na melhor das hipóteses, não busca o que é seu. Ele olha com seu lindo e terno amor para a outra Alma e abençoa com seu poder conquistador. Ele atrai para si todas as forças em conflito e as harmoniza, une e mantém. É o raio de Vênus que nos dá os amores humanos (que é o amor filia) que são ideais, a nossa rica música emocional, a vida artística, os interesses e laços pessoais, o encanto de Personalidades fascinantes que conquistam e atraem todos para si. É uma influência muito bonita e bastante benéfica. Ela mantém as vidas humanas unidas por um vínculo poderoso: ela dá vida, cor e charme.

A existência pareceria muito vazia e monótona sem o raio de Vênus. Não deve ser sufocado ou descartado, mas, isto sim, tomado e usado como um grande propulsor para o nosso progresso ascendente. O poder de amar e de atrair amor é um dom elevado, deve ser valorizado como tal e usados para os fins mais nobres. Mas o raio de Vênus, por mais bonito que seja, não é tudo; ele também serve a um propósito e deve desaparecer. Existe um Poder maior, uma Força superior que está entrando em nossa evolução. Foi Isso que começou a tocar a Humanidade entre as colinas da Judéia, quando o Mestre dos mestres as pisou com Seus pés sagrados. Isso nós chamamos de raio de Urano. É ele que os mais avançados da Humanidade estão começando a enfrentar agora. Esse Amor combina as influências de Marte e Vênus. É o amor ágape! É, ao mesmo tempo, extrovertido e introvertido. Possui toda a doçura e encanto, toda a beleza e harmonia do raio de Vênus. Possui toda a energia dinâmica e força do raio de Marte. É Espírito, fogo, vida, luz. É tudo que o amor expressa — é amor ágape. É a Divindade interior em manifestação. É o Deus-Amor.

O “Eu pessoal” não é o centro desse amor. Ele flui e transmuta tudo dentro do “Eu pessoal” em propósitos mais elevados, em ideais mais puros. Ele forma os nossos ideais e se eleva das terras baixas e dos vales da vida até às alturas onde a nossa visão pode abranger horizontes distantes.

Vemos, então, o significado e o propósito do amor. Sabemos que é uma parte da Chama universal e de forma alguma deve ser confinada dentro de formas — limitada, condicionada, restringida. Quando esse amor ágape nos possui, vemos todos como um e reconhecemos a Divina Essência oculta em cada um de nós. Afinal, nossas Personalidades são meras máscaras e quando adoramos a Personalidade, adoramos uma mera aparência — uma quimera que serve a um propósito temporário, mas que se dissolverá como a névoa diante do Sol na luz maior para a qual iremos. Tudo o que é belo e verdadeiro, tudo que é valioso em nossa Personalidade brilhará com uma juventude imortal e resplandecerá no grande Deus-Luz. Tudo o que é belo, doce e puro na máscara que usamos em cada vida terrena perdurará, pois faz parte do Deus interior. Aquilo que está ligado ao animal perecerá ou se dissolverá. Na verdade, nada perece, mas certas manifestações se desintegram e retornam a suas partes componentes. Só continua aquilo que é mantido unido pela Vida – o que tem coerência e unidade. A vida é Deus e Deus é Amor. Portanto, o Amor é o poder, a força que vence a morte e que incorpora na Alma a vida imortal. Este Amor de Cristo é como a radioatividade e flui do seu centro brilhante no Espírito, abençoando todos na periferia do seu Poder mágico.

Vamos aplicar o teste a nós mesmos como Fraternidade Rosacruz – o teste do raio de Urano (o amor ágape). Nós amamos? Estamos interessados apenas no grande trabalho a ser realizado para elevar, ajudar e ensinar a Humanidade? Deixamos de lado nossos próprios sentimentos e interesses individuais em prol de uma vida maior, de um motivo mais elevado, da vida de serviço? Estamos consagrados à vida superior, ao Ideal de Cristo? Ou magnificamos nossas Personalidades, adorando cegamente em algum santuário de grandeza imaginária ou criticando de forma ignóbil os nossos irmãos e as nossas irmãs? Permitimos que nossas pequenas animosidades e preconceitos pessoais nos levem a retardar o trabalho que nos comprometemos a fazer? Temos inveja do mérito superior e procuramos menosprezar ou destruir a influência daqueles que podem ter captado uma visão da verdade mais clara do que a nossa? Em outras palavras, estamos vivendo de acordo com a definição de amor do Cristo, o amor ágape? Esse amor é a Chama pura que acende todas as nossas pequenas lâmpadas. Somos parte da Chama, parte da corrente que dá luz; mas muitas vezes nos fechamos em nosso pequeno mundo e pensamos que a luz que possuímos pertence exclusivamente a nós mesmos. Não consideramos os outros “Eus”. Ligamos nossa corrente e fechamos nossas cortinas, imaginando que estejamos isolados do mundo. Mas lá embaixo, na rua, há um poderoso arco de luz e por trás dele há uma corrente que atravessa os outros onde existem forças poderosas. No entanto, não se origina aí. Ainda mais atrás — mais profundamente onde a paixão cessa e as forças elementais nascem — a corrente começa e termina. Seu circuito está completo em Deus.

Queridos amigos e queridas amigas, as nossas pequenas Personalidades deveriam encolher e desaparecer no nada diante dessa Grande Luz. Não deveríamos ser meros colecionadores ocupando o cargo mercurial, mas forças, poderes, um centro muito radiante que difunde a nossa luz para todos ao nosso redor. Expressaríamos assim a oitava superior de Mercúrio que é Netuno e a oitava superior de Vênus, que é Urano Isso é o que deveríamos fazer, queridos amigos e queridas amigas, no nosso atual estágio de avanço. Se evoluímos o bastante no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz para nos unirmos aqui como um Centro da Fraternidade Rosacruz ao longo dessas linhas mais elevadas, certamente deveríamos ser capazes de deixar de lado o nosso amor-próprio, a nossa vaidade mesquinha, a nossa presunção, a nossa sensibilidade mórbida, nossas calúnias e críticas indelicadas — tudo que, na verdade, é falso, feio e discordante. Deveríamos ser capazes de nos unir no único objetivo da vida superior: o serviço à Humanidade, que é serviço a Deus. Que diferença faz se a Essência Divina se expressa como você ou eu? A forma específica através da qual funciona realmente não importa. É a Essência interior que nós servimos.

Se irradiamos amor, pouco importa o que mais nos falta. Se não expressarmos em nosso coração e em nossa vida a prova que Cristo nos deu, pouco importa quais outras qualificações tenhamos. Riqueza, cultura, mentalidade brilhante, realizações intelectuais — tudo aquilo a que o mundo se curva em homenagem servil — é nada sem amor.

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver amor, serei como o metal que soa ou como o sino que tine”. “E ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e todo ciência; e ainda que eu tenha tamanha fé a ponto de remover montanhas, se não tiver amor, nada serei”. “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará”.

Portanto, queridos amigos e queridas irmãs, o amor é Deus e sem Ele nós somos meras conchas, unidades isoladas e sem vida, sem propósito, átomos à deriva no mar cósmico. Mas com esse amor preenchendo todo o nosso ser e brilhando através de nós, nós nos tornamos forças poderosas trabalhando com a vida cósmica.

FIM


[1] N.T.: Trecho do Livro St. Elmo de Augusta Jane Evans (1835-1909), escritora estadunidense.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Na educação das crianças é aconselhável que os pais procurem uma leitura astrológica das potencialidades da criança para inibir as tendências prejudiciais e fortalecer as benéficas. Isso valerá a pena? Não será necessário e fundamentalmente benéfico que a criança passe pelas situações e experiências assim chamadas adversas? A natureza espiritual não se fortalece quando elas são superadas? Uma virtude adquirida não é melhor do que a inocência ou a pureza conseguida por meio da fuga?

Resposta: Não, não aconselhamos os pais a pedir uma leitura astrológica para seus filhos. Aconselhamos que estudem a Astrologia Rosacruz para que sejam capazes de estudar e ler os horóscopos de seus filhos. Fazemos isso porque, embora astrólogos estranhos à família, profissionais ou não, possam ser muito mais competentes que os pais na leitura dos horóscopos das crianças, falta-lhes o interesse vital profundo e a simpatia que guiarão intuitivamente os pais a uma compreensão muito maior daquilo que está contido nessa pequena forma, o que nunca poderá ser alcançado por um estranho.

Os pais ressaltarão muito mais os fatos revelados pelo horóscopo da criança quando puderem interpretá-los por si mesmos, vendo-os representados numa forma simbólica, do que quando esse horoscopo é simplesmente registrado numa página para ser lido. Os pais que conhecem a Astrologia Rosacruz estarão muitos mais aptos e qualificados, graças a um discernimento mais profundo, a ajudar a criança a desenvolver as boas tendências e a evitar as armadilhas reveladas pelas más inclinações. Nosso correspondente pergunta, em seguida, se isso vale a pena e se não seria melhor para a criança deixá-la enfrentar as dificuldades e passar pelas experiências adversas que o horóscopo mostre. Não, absolutamente.

O que pensaríamos do capitão de um navio que iniciasse uma viagem desprovido de mapas e de uma bússola por achar muito melhor aprender pela experiência do que evitar rochedos e bancos de areia já descobertos e reproduzidos em mapas por outros? Nós o qualificaríamos de imprudente, e ficaríamos surpresos se ele não despedaçasse o seu navio de encontro aos rochedos. Se cada um de nós se recusasse a valer-se da experiência dos outros contidas em livros e em relatos, e do conhecimento geral atualmente disponível no mundo, quão limitada seria a experiência individual. O mundo cometeria os mesmos erros vezes sem conta.

A mesma situação se repete em nossas escolas, se compararmos os alunos aos mecânicos treinados manualmente. O aluno ou a aluna de mecânica que vai para uma oficina e aprende somente pela prática a executar o seu trabalho, pode se tornar, razoavelmente, hábil em sua tarefa durante o tempo que um outro despende numa escola técnica, mas, quando o aluno ou a aluna de mecânica se gradua e é admitido na oficina, não somente compreende rapidamente o que o primeiro aprendeu pela experiência, mas logo o ultrapassa. Assim é a experiência universal em todos os aspectos e departamentos da vida. Ao acrescentarmos a experiência prática dos outros, contida em livros e ensinada nas escolas, à nossa experiência, adquirimos um conhecimento muito mais vasto do que poderíamos obter por qualquer outro meio.

Dá-se o mesmo na Escola da Vida, no que se refere à ética e à moral. Se alguém, interessado em nós e conhecedor dos nossos pontos fracos estiver capacitado a nos fornecer o treino necessário, nos incentivar no aspecto particular da moral e da ética, se prontificando a nos ajudar, poderá refrear o nosso impulso quando estivermos prestes a cair de cabeça em um abismo. Ajudará a nós a adquirir as mesmas faculdades e qualidades, mas de maneira bem diferente da que teria sido, se fôssemos deixados entregues à nossa própria sorte, forçados a aprender pela experiência. Com esses esclarecimentos, podemos progredir no Caminho de Evolução de forma muito mais eficiente, do que se tivéssemos que aprender somente mediante nossos próprios erros e sofrimentos.

Se verificarmos no horóscopo de uma criancinha uma tendência à bebidas alcoólicas, e a levarmos durante os anos de sua infância, quando a natureza é compreensiva e sensível, a lugares onde outras pessoas estão se degradando, a lares onde as criancinhas estão sendo maltratadas ou até abandonadas por um pai bêbado, ou a qualquer outro lugar onde uma lição objetiva sobre esse assunto possa despertar o sentimento da criança, teremos oportunidade de instilar nessa criança ser uma aversão pela bebida alcoólica que perdurará por toda a sua vida e o conservará no caminho certo em relação a esse vício. A criança terá aprendido a lição tão bem por meio dos sofrimentos de outros, como se tivesse ela mesma passado pelas dificuldades. Dessa forma, o objetivo terá sido alcançado.

Além disso, os pais ou responsáveis que tiver prestado à criança tão maravilhoso serviço, acumulou para si um tesouro no céu, cujo valor ultrapassa tudo quanto as palavras possam expressar. Por essa razão, continuamos a insistir junto aos pais e responsáveis que estudem a Astrologia Rosacruz e a apliquem na educação infantil. Usando nosso sistema simplificado, torna-se fácil resolver a parte matemática, e a leitura não se torna difícil, quando o amor aponta o caminho.

 (Pergunta nº 120 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Amor na Essência do Natal

Nestes tempos de celebração do Natal (você comemora ou celebra o Natal?) percebe-se, estampada na fisionomia das pessoas, uma alegria serena e pura. Há no ar um sentimento generalizado de solidariedade, fruto do amor Crístico que se irradia pelo Planeta. Tudo parece interligado pelo amor.

O amor, no sentido mais amplo, segundo as palavras do Cristo, é a comunhão universal entre todos nós, seres humanos. É isso e muito mais, partindo do amor que devemos ter para conosco mesmos. Se você ama a si mesmo, necessariamente está amando o Deus que habita o seu interior, com o qual forma uma unidade, e está amando o próximo.

No amor estão contidos a lei e os profetas, ou seja, todos os ensinamentos e revelações. Cristo decretou o amor como mandamento por causa da dureza do coração humano. Quem não cultiva o amor em sua vida diária é como um filho pródigo que abandonou a paz e a harmonia para afundar-se na miséria do mundo, até que a dura lição do sofrimento o faça retornar à sua verdadeira essência.

O amor é o divisor de águas entre os seres espiritualizados e aqueles que ainda vivem nas trevas do egoísmo. O apóstolo S. Paulo, na sua Primeira Carta aos Coríntios, faz a apologia do amor: “ainda que eu fale as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver AMOR, serei como o metal que soa, ou como o sino que tine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de remover montanhas, se não tiver AMOR nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver AMOR nada disso me aproveitará.” (ICor 13:1-3).

A seguir, S. Paulo complementa: “O amor é paciente, é benigno; o amor não é invejoso, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não busca os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a Verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (ICor 13:4-7). Nada mais completo para definir o amor, no qual reside a verdadeira essência do Natal.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Palavra-chave do Cristianismo

Quando Cristo esteve diante de Pilatos, esse Lhe fez uma pergunta que tem sido feita por todas as eras desde que o ser humano começou a buscar conhecimento sobre o problema cósmico, a saber: o que é a verdade? A Bíblia responde à pergunta dizendo que “Tua palavra é verdade[1]. E, quando nós nos voltamos para o maravilhoso capítulo místico do Evangelho Segundo S. João, lemos que “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus; sem Ele nada do que se fez teria sido feito, n’Ele estava a Vida[2]. Assim sendo, temos um maravilhoso alimento para meditação a partir desses significados e relações de sinonímia entre as palavras Verdade, Deus e Vida.

Um grande obstáculo para a maioria dos que buscam a verdade é que eles procuram encontrar uma fé que seja entregue “de uma vez por todas”, completa e imutável. Falham em ver que a Verdade é a Palavra de Deus. A primeira sílaba do cecreto criador foi proferida no início da Evolução e cada uma das suas palavras, desde então, tem soado para nossa elevação, como as palavras de uma frase que lentamente revelam o significado projetado pelo orador.

A palavra-chave de todo avanço ainda está soando, toda a Palavra não terá sido proferida, a sentença não estará completa e a Verdade, revelada a nós em Sua plenitude, até que nossa própria carreira de desenvolvimento espiritual nos tenha dado o poder de espírito necessário para entender a Verdade final.

Logo, vemos que a grande Palavra criadora da Verdade e da vida está reverberando no universo, hoje, mantendo e sustentando tudo o que é e está nos revelando a medida tão grande da Verdade quanto agora somos capazes de compreender. É dever nosso procurar entender essa Verdade divina da melhor maneira possível, para que possamos vivê-La e nos encaixar no Plano divino; também devemos manter nossas Mentes em um estado de flexibilidade para que, à medida que visões maiores e mais nobres da Verdade se desdobrem diante de nossos olhos espirituais, possamos estar preparados para assumir o novo, deixando o velho para trás, como o Náutilos mencionado por Oliver Wendell Holmes, que constrói sua pequena câmara, então uma um pouco maior e assim por diante, até que finalmente deixe a casca superada e parta a uma nova evolução. Portanto, que esse também seja nosso o esforço:

Edifica-te mansões mais imponentes, ó minha alma:

Enquanto as estações velozes rolam!

Deixe seu passado abobadado!

Que cada novo templo seja mais nobre que o anterior,

Cale-te do céu com uma cúpula mais vasta,

Até que tu finalmente estejas livre,

Deixando tua concha superada pelo mar inquietante da vida!

Em cumprimento a essa política divina de adequar a Verdade à nossa capacidade de compreensão, diferentes Religiões foram fornecidas à Humanidade em vários momentos, cada uma adaptada àquela classe específica de pessoas que devessem crescer com ela. Para os chineses veio o confucionismo; aos hindus foi ensinada pela primeira vez a doutrina da Trindade na Unidade: Brahma, Vishnu e Shiva — o Criador, o Preservador e o Destruidor eram aspectos de uma Deidade que a tudo incluía, análoga ao nosso próprio Pai, Filho e Espírito Santo. Depois veio o budismo, que tem sido chamado de Religião sem Deus, porque enfatiza particularmente a responsabilidade do ser humano por suas próprias condições.

Não pergunte algo aos deuses indefesos com oração ou hino,

Nem os suborne com sangue, nem alimente com frutas ou bolos.

Dentro de vocês, a libertação deve ser buscada,

Cada homem que sua prisão faz,

Cada um tem poderes como os mais altos,

Não com deuses ao redor, acima, abaixo,

E com todas as coisas e tudo o que respira

Aja com alegria ou desgraça.

Como o hinduísmo afirma a existência do poder divino acima do indivíduo, o budismo afirma a divindade do próprio ser humano. Também descobrimos que Moisés, o líder divino que guiou seu povo para a mesma conquista, enfatizava isso de maneira semelhante, no chamado “Cântico de Moisés”, em que chama a atenção (dos hebreus) para o fato de que já tinham sido liderados pelos poderes divinos, mas depois receberam a escolha, a prerrogativa de poder moldar seu próprio destino. Contudo, ele também lhes disse que seriam responsabilizados pelas consequências de seus atos sob as leis outorgadas por seu governante divino, mas daí em diante invisível. Gradualmente, outras Religiões evoluíram no Egito, Pérsia, Grécia e Roma; também os países escandinavos do Norte receberam um sistema Religioso, prenunciando em grande parte a Religião mais recente e sublime de todas; a saber, a Religião ocidental — o Cristianismo.

Acabamos de celebrar o final do drama cósmico, que se repete anualmente; sendo seu começo o nascimento místico do Cristo no Natal e a morte mística na Páscoa, o seu fim. Pouco antes do ato final do drama, a crucificação, como retratada nos Evangelhos, encontramos o Cristo participando da Última Ceia com Seus discípulos. Afirma-se que Ele pegou o pão, partiu-o e lhes deu para comer, dizendo: “Este é o meu corpo.”[3]. Ele também pegou o “vinho” e todos beberam do sangue místico. Então veio a injunção que iremos observar particularmente: “Façam isso em memória de mim, até que Eu venha.[4].

Ele também afirmou isto e, neste mandamento, depositou a base do Cristianismo: “Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o coração, toda a mente e ao próximo como a ti mesmo.[5]. É fácil ir à mesa do Senhor nos domingos para “comer ou beber” com Ele; no entanto e, infelizmente, quão difícil é carregar Sua cruz na segunda-feira, negando a nós mesmos para servir e ajudar os outros. Agindo assim, mais do que merecemos a acusação do poeta: “A desumanidade do ser humano para com o ser humano produz incontáveis lamentações”.

A pergunta “O que é o amor?” parece difícil de responder. O maravilhoso 13° Capítulo da Primeira Carta de S. Paulo aos Coríntios [6] nos fornece uma ideia; porém, é bastante abstrata e, logo, precisamos de algo mais concreto para que possamos trabalhar e trazer a nossas vidas. Tomemos, portanto, como ilustração o amor fraterno em uma família. Nela, os filhos podem ser até dos mesmos pais e, portanto, pertencem a um relacionamento real de sangue entre irmãos. Dentro do círculo familiar podemos encontrar um excelente material para nos orientar em relação ao círculo maior da comunhão humana.

Uma das evidências mais impressionantes é que, embora, às vezes, irmãos e irmãs discordem e briguem entre si, o amor ainda permanece e eles defenderão alguém da família, se ofendido, tão prontamente quanto qualquer outro também da família. Quando um é atacado, parece agir como apelo ao resto para se reunir ao resgate e sempre fazem isso, em uma família normal. Se um membro da família comete ato vergonhoso, seus irmãos e suas irmãs não o publicam nem se alegram com o seu infortúnio, procurando, contudo, encobrir seu erro e achar justificativas, porque sentem uma unidade com ele.

Assim também nos sentiríamos em relação à família maior, se estivéssemos imbuídos do senso Cristão de amor. Procuraríamos desculpar os erros daqueles que chamamos de criminosos, ajudá-los, reformar e não retaliar; além disso, deveríamos sentir que sua desgraça também é, em realidade e verdade, parcialmente nossa. Quando um de nossos compatriotas consegue um feito notável, sentimos que temos o direito de desfrutar de suas honras. Apontamos com orgulho para todos os filhos notáveis ​​da nossa nação e, em nome da consistência, sentimos vergonha daqueles que falharam devido às condições da família nacional, já que somos verdadeiramente responsáveis ​​por sua queda, talvez até mais do que pelas honras daqueles que as alcançaram.

Na pequena família, quando um dos membros mostra talento, geralmente, todos se unem para lhe dar a oportunidade e a educação que os desenvolverão, pois todos são motivados pelo verdadeiro amor fraterno. Nós, da família nacional, geralmente obstruímos e sufocamos os precoces sob o calcanhar da necessidade econômica de ganhar a vida. Não lhes deixamos espaço para a realização. Oh! Que possamos entender nossa responsabilidade nacional e procurar, por meio de comissões, nossos irmãos e nossas irmãs mais novos que sejam talentosos em qualquer direção, para que possamos promover seus talentos visando ao eterno bem-estar da Humanidade, bem como socorrer aqueles que agora pisoteamos como criminosos.

Mas, o amor não consiste em doações indiscriminadas. Também leva em consideração o motivo por trás dos presentes. Muitas pessoas alimentam o vagabundo na porta dos fundos, porque as deixa desconfortáveis pensar que um humano esteja com fome. Isso não é amor! Às vezes, de fato, pode ser um grande ato de amor justamente recusar comida aos mendigos — mesmo que soframos ao pensar em sua atual situação —, se o fizermos com o objetivo de forçá-lo a procurar trabalho e se tornar um membro útil da sociedade. A indulgência com os maus hábitos em pessoas sem discriminação pode realmente levar um irmão ou uma irmã ao caminho descendente. Pode ser necessário, mesmo que desagradável e inoportuno, impedir que tais pessoas sigam desejos tolos. O ponto é este: independentemente do que nossas ações possam parecer, sob o ponto de vista superficial, devem ser ditadas pela palavra-chave do CristianismoAmor. Por falta disso, o Cristianismo Popular está definhando. A “luz sobre o altar” está quase apagada, pois muitos foram procurá-la em outro lugar.

Aí reside outro erro grave, pois tal conduta é análoga à da tripulação de um navio que afunda e demora para usar os meios disponíveis para o navio e/ou as pessoas que estão embarcadas. Está certo buscar a luz, mas deve haver o propósito de usá-la adequadamente. Você já esteve perto de uma ferrovia, em uma noite escura, e viu um trem se aproximando? Notou como o farol brilhante envia seus poderosos raios à frente da pista por uma grande distância? Como, quando se aproxima, esses raios cegam aos olhos? Como passa rápido e então, num momento, você está na escuridão total? A luz que brilhava tão forte na frente não envia o menor raio para trás e, portanto, a escuridão parece ainda mais intensa.

Há muitas pessoas que buscam a luz mística e adquirem bastante iluminação; entretanto, como o motor da locomotiva mencionada, elas se concentram e focalizam a pista que elas mesmas devem seguir. Tomam todo o cuidado possível para que nenhum raio se desvie desse caminho, para que todo vestígio de luz possa ser aproveitado e iluminar seu próprio caminho. Trabalham exclusivamente a este propósito: atingir poderes espirituais para si próprios. Estão tão concentrados nesse objetivo que nunca suspeitam da escuridão intensa que envolve todo o resto do mundo.

No entanto, Cristo ordenou que deixássemos nossa luz brilhar, que a colocássemos, como uma cidade, sobre a colina para que ninguém pudesse deixar de ver; para nunca a escondermos debaixo de uma mesa, mas sempre deixá-la iluminar nosso arredor, até onde seus raios chegassem. Somente na medida em que seguimos essa ordem, somos justificados para buscar a luz mística. Nunca devemos manter um único raio para nosso uso particular, mas nos esforçar, dia após dia, para nos tornar tão puros que não haja obstrução à divina luz interior, que ela possa fluir através de nós em sua plenitude para toda a família humana, que está sofrendo por falta de Luz e Amor. Muitos de fato são chamados e poucos são escolhidos. Levemos isso a sério, sendo muito zelosos por Cristo em todos os nossos tratos e nossas ações, para que realmente sejamos escolhidos: selecionados para fazer Sua obra de Amor.

(Por Max Heindel, publicado na Revista Rays from the Rose Cross de julho de 1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Jo 17:17

[2] N.T.: Jo 1:1-4

[3] N.T.: Mt 26:26

[4] N.T.: Lc 22:19

[5] N.T.: Mt 22:37

[6] N.T.: 1Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse amor, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine.2Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu nada seria. 3Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, isso nada me adiantaria. 4O amor é paciente, o amor é prestativo, não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. 5Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. 6Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. 7Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8O amor jamais passará. Quanto às profecias, desaparecerão. Quanto às línguas, cessarão. Quanto à ciência, também desaparecerá.9Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. 10Mas, quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. 11Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. 12Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. 13Agora, portanto, permanecem a fé, a esperança, o amor, estas três coisas. A maior delas, porém, é o amor.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Desde que comecei a estudar os Ensinamentos Rosacruzes e estou tentando viver uma vida melhor, parece que os problemas e as dificuldades desabaram sobre mim de uma maneira que nunca experimentei antes, e parece que aqueles que estão mais próximos de mim, por parentesco, são os que particularmente me põem à prova. Às vezes, sinto que estou crescendo espiritualmente, outras vezes parece que a vida é um fracasso. Qual é a situação real, e qual é a razão dessas provações?

Resposta: Quando um navio está navegando rio abaixo, a favor da correnteza, os motores operam sem esforço aparente, e o navio avança rapidamente. Da mesma maneira, quando um automóvel desce uma ladeira, o motor é capaz de carregar peso sem esforço e ele progride sem problemas. Mas, quando um navio deve navegar rio acima, contra a correnteza, ou quando um automóvel deve subir uma ladeira, isso requer um gasto considerável de esforço, e o progresso não é tão rápido. Há obstáculos a serem superados. Cada pedrinha no solo é sentida, etc.

Da mesma forma ocorre com o Espírito. Enquanto nos deixamos levar pela correnteza da vida e vamos a favor da maré da humanidade, tudo parecerá correr suavemente e não há obstáculos e nem problemas. No entanto, no momento em que deixamos a correnteza e nos esforçamos para seguir o caminho em direção à vida superior, nós enfrentamos o desacordo do curso geral da humanidade e, claro, aqueles que estão mais próximos de nós serão os que, naturalmente, provocarão maior atrito conosco. Assim, esses parecem ser a oposição, e retardar o nosso progresso em todas as ocasiões possíveis. Eles parecem se esforçar ao máximo para obstruir o nosso caminho, e nós sentimos isso mais intensamente, porque pensamos que aqueles que estão mais próximos, mais no dia a dia e mais queridos devem ser os primeiros a apreciar os nossos esforços, e nos apoiar nisso. No entanto, não é assim. Não devemos esperar isso deles. Eles estão seguindo a correnteza, indo a favor da maré. Nós estamos indo contra ela, e o atrito é tão absolutamente necessário quanto o atrito da água contra o navio que está navegando rio acima, contra a correnteza.

Ao caminhar à beira-mar, em uma praia com pedregulhos, você pode notar que os pedregulhos se tornaram arredondados e lisos, sim até mesmo polidos, graças ao atrito constante contra as outras pedras. Durante eras e eras, todas os cantos ásperos foram desgastados, e eles têm aquela superfície que é tão peculiar aos pedregulhos ao longo da praia. Podemos comparar esses pedregulhos à humanidade em geral. Pelo atrito um contra o outro por eras e eras, os cantos mais pontiagudos irão se desgastando e, finalmente, nos tornaremos arredondados, lisos, polidos e tão belos quanto o são os pedregulhos daquela praia. Mas, considere um diamante bruto: não podemos conseguir aquele polimento pelo processo lento comum, a exemplo dos pedregulhos da praia. O lapidário se encarrega dele, esmerilha-o e há um ruído estridente sempre que a pedra é tocada pelo esmeril.

No entanto, toda vez que um grito estridente alto como que expressando uma dor é emitido, há um pedaço áspero da superfície desgastado e, em seu lugar, aparece uma superfície polida brilhante. Ocorre o mesmo com o Ego que aspira a algo mais elevado. Deus é o lapidário que dá polimento à pedra, e não é nada agradável quando a parte áspera está sendo tirada de nós, quando somos pressionados contra o esmeril da angústia e tristeza mais profundas, bem como da miséria causada por grande infortúnio. Entretanto, de tudo isso sairemos cintilantes e brilhantes como diamantes. Portanto, não deixe seu coração ser perturbado, pois as angústias e tristezas profundas, bem como as tribulações que se apresentam e bloqueiam seu caminho são apenas o esmerilhamento da pedra pelo lapidário. Você pode ter certeza de que, qualquer que seja a sensação atual, o resultado será bom, pois Deus é AMOR. Embora Ele aplique as medidas mais severas no presente momento, no futuro isso o deixará polido e resplandecente.  

(Pergunta 143 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. II-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Misericórdia, a Piedade, a Paz e o Amor

Quanto a misericórdia, a Primeira Epístola de São Paulo a Timóteo nos ensina, referindo-se a ele mesmo:

“… a mim que anteriormente fui blasfemo, perseguidor e insolente; mas alcancei misericórdia, porque o fiz por ignorância e na minha incredulidade.” (ITim 1:13).

É, na verdade, uma virtude saber mostrar misericórdia aos ignorantes. Quantas vezes por dia nos tornamos perturbados – e com razão – por causa daqueles que não se importam com pessoa alguma e desconhecem o próximo.

Quando um carro nos “corta” subitamente, numa rodovia, qual é a nossa reação? É de raiva ou desdém? Quando, em uma reunião, ouvimos alguém fazer um comentário que para nós não é totalmente válido, por estar sendo encarado do ponto de vista terreno, condenamos esse alguém por sua ignorância ou rimos pela sua falta de compreensão?

Quando vemos um criminoso na T.V. ou lemos sobre ele nos jornais, qual é nossa reação? Dizemos: “bem-feito, era isso que ele merecia”, esquecendo que ele é fraco e está perdido num mundo sensacionalista do crime?

Se respondermos “sim”, com toda a honestidade, a qualquer dessas perguntas, então somos fracos, ignorantes e negligentes em relação aos outros. Ter misericórdia é conscientizarmo-nos da fraqueza do próximo e ajudá-lo com compreensão, enviando-lhe pensamentos positivos, ao invés de negativos. Misericórdia exige que uma coisa esteja ativa: o autoesquecimento, uma vez que encontramos em nosso desdém, raiva e improbidade, um elemento de nosso “Eu inferior” (Personalidade) que, no caso, age como juiz – nós nos arvoramos em juízes. É fácil que nos deixemos “cair” nesse estado de ignorar os outros, até porque estamos cercados de outras pessoas que não ligam para ninguém. No entanto, isso não nos isenta de culpa; somos tão culpados quanto aqueles que nos cercam. Deveríamos, portanto, tentar nos precaver contra esses hábitos, à medida que eles começam a dominar nossos pensamentos, nossos sentimentos, desejos, nossas emoções, palavras, nossos atos, nossas obras e ações.

Uma maneira de começar a trabalhar nisso é dizer-nos, quando alguém nos empurra ao passar por nós: “Quantas vezes já me senti culpado por isso; quantas vezes agi dessa forma?” – lembrando o quanto temos que mudar. Se procurarmos com verdadeira seriedade, descobriremos que nosso desdém, raiva e improbidade refletem uma única coisa: egoísmo.

Assim, misericórdia, segundo Timóteo, é o perdão da ignorância ou do egoísmo. Se pudermos perdoar aqueles que nos ofendem, encontraremos uma compreensão em nosso caráter, pois, aquilo que damos, também conservamos. Se dermos compreensão e misericórdia, retemos a compreensão sob a forma de conhecimento e grandeza interior. Tente agir assim e descobrirá que quanto mais ajudar os outros sob esse aspecto, mais aprenderá sobre você mesmo.

Na verdade, o objetivo de “viver a vida” não devia ser rebaixado a ponto de só se “dar” se houver recompensa. Porém, se seguirmos a fórmula mencionada anteriormente, sentiremos uma reação bastante marcante: quanto mais nos conhecemos, mais procuramos servir nossos irmãos e nossas irmãs. Quanto mais sentirmos a nossa Individualidade atuar em nós, mais perceberemos que estamos aqui para ajudar os outros e, com alegria e regozijo, colocaremos toda nossa energia nisso.

A seguir vem a piedade. O que é piedade? Segundo o Dicionário, piedade é “tristeza pelo sofrimento e desgraça alheia”.

O que isso significa para nós? Para aqueles que anseiam uma vida espiritual, significa muitas coisas que a maioria das pessoas nem percebe. Piedade é o primeiro passo para a compaixão. Precisamos ser capazes de sentir a dor alheia. Como Parsifal (o ser puro que almeja uma vida superior, personalizado na obra Parsifal de Richard Wagner), precisamos sentir a tentação e a dor da “queda”, pois, sem a compreensão do fracasso e da vitória, não poderemos dar consolo àqueles que foram tentados. Piedade, então, deve ser a capacidade de sentir o sofrimento ou a desgraça alheia, como foi definido acima.

Mas, como podemos compreender isso? Como podemos sentir a dor de outra pessoa? Uma das melhores maneiras é através das nossas próprias experiências; o que sentimos em determinada situação poderá ser transmitido para outro, em situação similar. Mas, como nos sentimos quando não experimentamos uma situação similar? O que poderá nos despertar para os sentimentos alheios? O que poderemos usar como modelo?

Sabemos que no passado remoto da nossa existência devemos ter sentido, provavelmente, todas as mágoas, todas as tristezas que alguém possa sentir. Mas, isso não está à nossa disposição assim tão prontamente, de maneira que precisamos encontrar um meio que nos faça lembrar, talvez não detalhadamente, esse sentimento do passado.

Uma maneira ou modelo é a imaginação. Ao nos colocarmos no lugar de outro, talvez possamos perceber como ele se sente e daí, então, compreender seu dilema. “O ser humano é aquilo que seu coração diz”. Se pensarmos ou imaginarmos aquilo que uma determinada pessoa está passando na vida, através de nossa própria experiência nesta vida, seremos capazes de despertar, em nós, a compreensão e o sentimento latente de amor por aqueles que sofrem e são desafortunados.

Descobrimos, assim, um modelo para nos ajudar a sentir piedade e, também, compreensão para a tristeza alheia. Mas, o que significa piedade para nós, em se tratando de grau de evolução? Piedade é um termômetro dos nossos próprios sentimentos, visto que para sentir piedade de alguém, no sentido mais verdadeiro da palavra, precisamos conhecer e estar conscientes dos nossos próprios sentimentos. Mas, sentir piedade é dar um passo mais adiante do que simplesmente sentir pena pela tristeza alheia, pois, nos leva a uma compreensão superior e a maior compaixão.

Quando sentimos “pena” de um amigo ou de uma amiga doente ou de alguém com problemas emocionais, talvez o abracemos e digamos: “Oh! coitadinho!”. Mas isso adianta? Isso lhe dá coragem para continuar vivendo? Talvez, não sei. Mas, quando sentimos uma compreensão ou compaixão verdadeira e desejo de ajudar a minorar o sofrimento diremos: “Está bem, você está doente e precisa de ajuda, o que você quer, o que você pretende fazer?”.

É uma ajuda e um conforto deixar alguém chorar nos nossos ombros, mas, só ajudaremos se fizermos algo para que ele possa vencer sua dificuldade. Há muitas pessoas no mundo que sentem pena dos animais, que até fundaram sociedade para protegê-los contra maus tratos. Mas, essas pessoas continuam comendo essas mesmas criaturas que eles intencionam salvar (ou animais de estimação são “diferentes” dos outros animais, apesar de pertencerem ao mesmo Reino, a Onda de Vida Animal?). Isso é piedade? Compaixão? Até certo ponto talvez, mas será verdadeira quando puderem dizer “eu sinto tanto por eles que estou preparada a renunciar comê-los”. A verdadeira piedade é o desejo de sacrificar ou desistir de algo, por uma ideia. Sentimos muito quando uma pessoa está doente, mas se dermos muita atenção a essa pessoa, ela poderá ficar doente por muito tempo, só pela atenção que lhe damos. Descobrimos, então, que precisamos controlar nosso sentimento pessoal de piedade e ajudá-lo, com amor e inteligência.

Compaixão também tem severidade, mas com a finalidade de ajudar, de algo bom. Sentimos a dor alheia, mas sabemos que ela precisa ser superada e a pessoa tem que lutar para que a saúde vença. Ajudar a pessoa a lutar, com firmeza e interesse.

Uma ótima ajuda e que realmente ajudará a pessoa doente ou enferma é solicitar a ela que se inscreva no Departamento de Cura de um Centro Rosacruz que o possua (mais informações, encontre aqui: Como os Rosacruzes Curam os Enfermos e aqui Como Funciona a Cura Rosacruz e como Solicitar Auxílio.

Vemos, então, que piedade é um passo que nos leva a um melhor entendimento de nós mesmos e a nossa capacidade de ajudar o próximo.

A seguir vem a paz, algo que todos nós almejamos. Thomas Kempis nos diz sobre a paz: “Poderíamos aproveitar a paz se não nos preocuparmos com o que os outros dizem ou fazem, pois isso não é de nossa alçada”.

Como alguém pode ter paz por um longo período se ele se intromete sempre na vida dos outros; vagueia sem sossego e não se esforça em perdoar?

Se procuramos o mundo e seus supostos tesouros, certamente não podemos esperar paz em nossas Mentes e em nossos Corações. A única paz verdadeira é a quietude que nos cerca, onde quer que estejamos ou o que for que estivermos fazendo.  A chave para essa paz é sermos honestos. Quando alguém possui essa virtude de verdade, ele está em paz. Mas, o que é a honestidade? Na verdade, enquanto estivermos procurando as muitas diversidades do mundo não podemos estar em paz. Mesmo que nos concentremos em um único objetivo no mundo como ter um carro novo ou uma nova televisão ou um cargo mais alto no trabalho, a paz dura somente até o momento em que aquilo for alcançado; aí passaremos a procurar outra coisa. Consequentemente, o que devemos procurar não está no mundo. Deve estar, se é que está, em algum lugar, dentro de nós.

Quando procuramos essa paz interior, um novo mundo se abre, o mundo de Cristo. Dentro de cada um de nós há essa chama de Luz e quando encontrada, a televisão, o carro, o cargo no trabalho terão a sua validade, mas não como antes, isto é, não serão mais uma pedra dentro da nossa alma. O que realmente estávamos procurando em todas essas coisas era o Maná para saciar uma fome que não sabíamos definir. Perceberemos que, dentro de nossas almas, há desejos e a única maneira de saciar essas dores interiores é a consolação interior. O alimento dessa consolação é a Luz. Podemos perguntar: “o que preciso fazer para conseguir essa fonte interior de alimento e de onde vem esse alimento?” Em poucas palavras podemos dizer: “Orando e vivendo a vida em sua plenitude”.

A prece procura nos elevar a esferas que crescem tanto quanto nós e ainda mais do que nós mesmos, à medida que somos capaz de compreendê-la. Essa grandeza é a expansão eterna, é o nosso desenvolvimento espiritual.

Paz, então, é prece, mas prece que expande e alerta o Espírito – a Individualidade –, além dos confins da Terra, para a realização do todo. Fomos ensinados a orar sem parar e isso é viver a vida (como São Paulo nos ensina); procurar o Cristo Interno e viver de acordo com aquelas Leis de Deus, do qual somos toda uma parte. Quando nossa vida for honesta, para perceber as maravilhas de Deus, teremos paz. Uma paz que supera toda compreensão.

Agora é a vez do maior sentimento de todos: amor. O que se pode dizer sobre amor? Muitas coisas foram ditas sobre amor e todos os anos na época do Natal sua forçaestá mais perto do que imaginamos. Na Noite da Véspera do Natal (Noite Santa) celebramos o simbólico “nascimento do corpo de Jesus” e para a maioria das pessoas, isso é suficiente; suficiente para encher-lhes o coração por algum tempo, com o espírito de dar. Para alguns é a época de comidas sofisticadas, luzes, presentes, reuniões mundanas e enfeites de Natal. Para muitas pessoas é uma época agitada, ocupada em coisas só materiais. É uma época agitada porque há algo mais no ar do que só “pinheiros e comidas”. Há o Cristo!

Cristo, agora, está entre nós, mais próximo do que o ar. Não é dizer que Ele está conosco somente no Natal, mas agora é uma época muito especial porque Ele nos prestou um dos mais lindos serviços que se possam encontrar. Ele nos deu Seu dom de liberdade e está, agora, nos mostrando o caminho para a libertação, embora esteja preso no interior da Terra. Tudo isso e mais ainda. O que Ele está mostrando com o dom da liberdade é o Amor. É aquela força libertadora que abre as correntes e soltas as amarras da Terra. Não aquele tipo de amor que diz que “você é meu e eu sou sua”, mas aquele tipo de amor que diz estarmos aqui para nos ajudar mutuamente a crescer, de modo a podermos nos entender conscientemente. Aprenderemos, pela experiência, que somos um no amor, um individualmente, mas provenientes da mesma fonte.

William Blake diz que “somos postos na Terra para gerar os raios do amor”. Isso é verdade. Precisamos tornarmo-nos flexíveis para a ginástica da vida e quanto mais resistência tivermos, mais fortes serão nossos músculos. Temos que tomar conhecimento das coisas gradualmente, entendê-las bem e estar preparados a resolvê-las quando nos colocarmos em contato com elas. Até atingirmos o ponto de expansão interior, nossa cura é vagarosa, nossos corações não podem, ainda, suportar a verdadeira Paixão de Cristo.

Paixão é dor e a dor do despertar do Cristo Interno eventualmente transcende o corpo e nos encontramos nos Mundos espirituais. É somente com um grande Treinamento Esotérico, com domínio próprio, que compreendemos que nos livramos dos valores do Mundo Físico. Isso não quer dizer que não exista alegria neste Mundo Físico, porque suportando essa Paixão ou Cruz, estamos se alegrando e dilatando o nosso Coração e a nossa Mente para regiões inexplicáveis para os menos atentos. A alegria, no entanto, está em todos os lugares e em todas as coisas. Está sempre perto, como Anjos cantando, suavemente, mas corretamente, no ouvido interior – cantando louvores para outro nascimento de Cristo e para a expansão d’Ele em nós.

(Publicado na Revista “Serviço Rosacruz” – setembro/1980 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Raízes do Amor Segundo o Apóstolo

Muito já se escreveu sobre o amor, mas ninguém soube elevá-lo tanto, ninguém o revestiu de profunda clareza, e ao mesmo tempo de suprema transcendentalidade, como São Paulo em sua Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo treze.

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver amor serei como o metal que soa ou como o sino que tine”. “Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha fé, a ponto de remover montanhas, se não tiver amor, nada serei”; “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará”, “O amor é paciente, é benigno; o amor não é invejoso, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente; não busca seus interesses, não se exaspera; não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre; tudo crê; tudo espera; tudo suporta”.

O trecho acima faz parte do Ofício Devocional Rosacruz (o Ritual do Serviço Devocional do Templo), o Ritual composto por Max Heindel sob a orientação dos Irmãos Maiores, para cultivo da natureza interna dos Estudantes Rosacruzes. Essa maravilhosa peça ritualística não constitui tão somente um conglomerado de frases, algumas extraídas da Bíblia, outras não, formando um sentido lógico. Sua profundidade, seu conteúdo místico, seus efeitos, desafiam a compreensão e a sensibilidade do mais sincero Estudante Rosacruz. Pode-se afirmar sem exagero: quanto mais o Estudante Rosacruz avançar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, mais atiladamente vislumbrará as riquezas espirituais contidas nesse Ritual.

Sua leitura, se levada a efeito regularmente – todos os dias, exceto nos dias do Ritual Devocional do Serviço de Cura – e em um ambiente adequado, produzirá resultados definidos.

Quanto a Primeira Epístola aos Coríntios, sua importância dentro desse contexto é fundamental.

O Apóstolo dos gentios, longe de simplesmente tecer uma rebuscada apologia ao amor, como alguns podem julgar, procura apresentá-lo em suas reais dimensões. Suas palavras deixam transparecer uma clareza meridiana. Seus apelos são diretos e incisivos, dispensando concessões e ambiguidades. “Se não tiver amor, nada serei”; “se não tiver amor, nada disso me aproveitará”. O amor é paciente. Logo, é de natureza distinta da impaciência. O amor não é invejoso. Por conseguinte, contrapõe-se a inveja. Não é compatível com o ufanismo, com o ressentimento, com a injustiça, com a soberba, porque todos esses sentimentos provocam a desarmonia e destroem a unidade. O amor, princípio essencial de Cristo, unifica, mantém a coesão, respalda a fraternidade, cura, enfim, todos os males. É a grande panaceia. Como pode medrar essa semente divina, quando o seu real significado é distorcido? Como tingiram-na de cores vulgares! Acomodaram-na às conveniências do momento, associando-a a ideia de sexo: na linguagem mundana, “fazer amor” é sinônimo de relações carnais, o que não tem a haver com o conceito do verdadeiro amor entre duas pessoas!

Mas São Paulo preservou sua identidade ao legar-nos Cartas ou Epístolas inspiradoras. Cada vez que participamos da oficiação do Ritual Devocional do Serviço do Templo Rosacruz, distantes momentaneamente do plano material, recebemos como que uma energia imunizadora contra os efeitos negativos das projeções deturpadas do amor.

Como herdeiros das promessas de Cristo, só nos resta empreender os maiores esforços por expressá-lo em nossas vidas diárias, buscando concomitantemente, compreendê-lo em suas raízes mais profundas.

(Gilberto A. V. Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz – maio/1975 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Uma Lenda do Heliotrópio

À medida que a beleza e pureza da mensagem que essa pequena flor retém na fragrância roxa de seu coração, torna-se mais profundamente implantada na alma da mulher, e à medida que a sagrada concepção da qual nasceu, derrama sua bênção por todo o mundo, essa pequenina mensageira dos Anjos, a mais etérea de todas as flores, gradativamente, perderá sua tênue fragilidade e alegrará por mais tempo os corações daqueles que aprenderam a ler seu significado na beleza perfeita de seu desabrochar. Mais detalhes? Leia aqui: Uma Lenda do Heliotrópio

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O amor é o único meio completo de conhecimento

O amor é o único meio completo de conhecimento

Além do elemento de dar, o caráter ativo do amor torna-se evidente no fato de implicar sempre certos elementos básicos e comuns a todas as formas de amor. São eles: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento.

Que o amor implique cuidado é mais do que evidente no amor da mãe pelo filho. Nenhuma afirmativa sobre seu amor nos impressionaria como sincera, se a víssemos sem cuidado para com a criança, se fosse desleixada em alimentá-la, banhá-la ou lhe dar conforto físico; ao passo que seu amor nos impressiona, se a vemos cuidar do filho. O caso não difere mesmo quanto ao amor por animais ou flores. Se uma mulher nos diz que ama as flores e vemos que ela se esquece de regá-las, não acreditamos em seu “amor” pelas flores. Amor é preocupação ativa e positiva pela vida e crescimento daquilo que amamos. Onde falta esse zelo positivo e ativo, não há amor.

O cuidado suscita outro aspecto do amor: o da responsabilidade. Hoje em dia, muitas vezes se entende a responsabilidade como denotando “dever”, algo imposto de fora. A responsabilidade, porém, em seu verdadeiro sentido, é ato inteiramente voluntário; é a resposta que damos às necessidades, expressas ou não, de outro ser humano. Ser “responsável” significa ter de “responder”, é estar pronto para isso. Essa responsabilidade, no caso da mãe e do filho, refere-se principalmente ao cuidado das necessidades físicas. No amor entre adultos, refere-se principalmente às necessidades psíquicas da outra pessoa.

A responsabilidade poderia facilmente corromper-se em dominação e possessividade, se não houvesse um terceiro elemento do amor: o respeito. Respeito não é medo ou temor, mas denota, de acordo com a raiz da palavra (respicereolhar para), a capacidade de ver uma pessoa tal como é, de ter conhecimento da sua individualidade. Respeito significa a preocupação em relação a outra pessoa, ao seu crescimento e desenvolvimento. Assim, o respeito produz ausência de exploração. Quero que a pessoa amada cresça e se desenvolva por si mesma, por seus próprios modos e não para o fim de me servir. Se amo outra pessoa, sinto-me um com ela, ou ele, tal como é, não como eu necessito que seja para objeto de meu interesse. É claro que o respeito só é possível se eu mesmo alcancei a independência; se puder levantar-me e caminhar sem precisar de muletas, sem ter de dominar e explorar outra pessoa. O respeito só existe na base da liberdade; como diz uma velha canção francesa “L’amour est 1’enfant de la liberté”; ou seja, o amor é filho da liberdade, nunca da dominação.

Contudo, não é possível respeitar uma pessoa sem conhecê-la. O cuidado e a responsabilidade seriam cegos, se não fossem guiados pelo conhecimento. O conhecimento, por sua vez, seria vazio, se não fosse motivado pelo cuidado, pelo zelo. Há muitas camadas de conhecimento; o conhecimento que é um aspecto do amor é aquele que não fica na periferia, mas penetra até o âmago. Só é possível quando podemos transcender o cuidado por nós mesmos e ver a outra pessoa em seus próprios termos. Podemos saber, por exemplo, que uma pessoa esteja encolerizada, ainda que não o mostre abertamente; mas podemos conhecê-la mais profundamente do que isso; sabemos então que esteja ansiosa e preocupada, que se sente só, que se sente culpada. Sabemos então que sua cólera seja apenas a manifestação de algo mais profundo e a vemos como ansiosa e preocupada; isto é, como uma pessoa que sofre e não como uma que se encoleriza.

O conhecimento tem outra relação — e mais fundamental — com a problemática do amor. A necessidade básica de fusão com outra pessoa de modo a transcender a prisão da própria separação relaciona-se muito de perto com outro desejo especificamente humano: o de conhecer “o segredo do ser humano”. Se a vida, em seus aspectos meramente biológicos, é um milagre e um segredo, o ser humano, em seus aspectos humanos, é um segredo insondável para si mesmo — e para seus semelhantes. Nós nos conhecemos e, contudo, mesmo apesar de todos os esforços que possamos fazer, não nos conhecemos. Conhecemos nosso semelhante e, contudo, não o conhecemos, porque não somos uma coisa, nem o nosso semelhante é. Quanto mais penetramos nas profundezas de nosso ser, ou do ser de outrem, tanto mais nos escapa o alvo do conhecimento. Não podemos, todavia, evitar o desejo de penetrar no segredo da alma do ser humano, no mais interno núcleo do que “ele” é.

Há um meio passivo de conhecimento desesperado: o completo poder sobre outra pessoa. É como a criança que apanha alguma coisa e a quebra a fim de conhecê-la e saber como é por dentro. O outro caminho, ativo, é amar. O amor é a penetração ativa na outra pessoa; aí, nosso desejo de conhecer é destilado pela união. No ato da fusão a conhecemos, conhecemo-nos também e conhecemos a todos — o conhecimento do que é vivo, pela experiência da união — e não por qualquer conhecimento que nosso pensamento possa dar.

O amor é o único meio completo de conhecimento. No ato de amar, de dar-me, no ato de perscrutar a outra pessoa eu me encontro e descubro; descubro-nos a ambos, descubro o ser humano.

A ardente aspiração de nos conhecer e conhecer nossos semelhantes encontrou expressão na sentença délfica “Conhece-te a ti mesmo”.

Na Filosofia Rosacruz vemos que o problema de conhecer o ser humano é paralelo à questão religiosa de conhecer Deus, mas não meramente como o faz a teologia convencional do Ocidente, tecendo afirmações a respeito de Deus, presumindo que O possamos conhecer apenas pelo pensamento. Mais ainda, une-se o intelecto ao coração (“cabeça” e “coração”), o conhecimento ao misticismo, acrescentando a experiência da união com Deus, na qual não há mais lugar para dúvida nem necessidade de palavras. Todavia, a experiência de união com o ser humano, ou, religiosamente falando, com Deus, não é de modo algum irracional. Ao contrário, é a consequência do racionalismo e seu efeito mais audacioso que se realiza pelo humilde reconhecimento de que, embora não possamos “aprender” tudo, por ora, do segredo do ser humano e do universo, podemos, não obstante, conhecer o semelhante e Deus nos atos de amor.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1967)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Fé, Esperança e Amor: a espera na porta do nosso coração, onde está o templo

, Esperança e Amor: a espera na porta do nosso coração, onde está o templo

Disse o Mestre: “No caminho para o Santo Castelo do Graal, onde se oferecem às almas o Elixir da Paz de Deus, leve sem demora, filho do meu coração, o bastão da Esperança, a Luz da e o néctar do verdadeiro Amor.

O bastão da Esperança te guardará contra as feras do medo e do desalento, que espreitam o caminho.

A Luz da te ilumina o caminho na noite do desespero e tornará visível a imagem magnífica diante de teus olhos espirituais.

O néctar do Amor Puro dar-te-á a força necessária para escalar o penhasco íngreme da melancolia!

Ele fortificará teu coração, conservará tua esperança e tua vivas!

Embora a tempestade do infortúnio seja tão forte que te ameace arrancar os pés do chão firme, não deixes cair das tuas mãos o bastão da Esperança!

Se as ondas do sofrimento e o tormento da tua alma ameaçam-te subjugar, mesmo assim, não percas a esperança, reanima-te e desafia com a força renovadora os obstáculos das ondas revoltadas!

Reconhece, porém, que no desespero mais alto existe ainda uma faísca de nova esperança!

Saibas que, mesmo que o céu esteja coberto de escuras nuvens, o sol, a lua e as estrelas estão escondidas além e em breve reaparecerão novamente!

Percebe que nenhuma tormenta jamais durou eternamente!

Após a noite desponta a aurora, o fluxo sucede ao refluxo das ondas, à luta sucede a paz!

Essa é a lei da Graça, do Amor e da Sabedoria Divina!

Portanto, espera meu filho, embora não haja mais motivo de esperança! Espera, mesmo no mais profundo desespero!

Espera, embora não vejas sequer tênue Luz de esperança! Porém, reconhece que a verdadeira esperança obtém sua força da verdadeira fé!

Verdadeira é aquela fonte de energia que nunca falha, nunca se esgota!

Verdadeira é aquela chama inflamada pela mão de Deus que nunca se apaga!

Por isso, conserva o bastão de tua esperança através da correnteza da verdadeira , sempre verde!

Sim, transforma tua esperança em verdadeira, como a lagarta rastejante se transforma numa alada e magnífica borboleta!

A verdadeira não conhece desânimo ou medo. Ela está inflamada do fogo do entusiasmo e compenetrada do alento da convicção interna!

A Luz da te mostrará os rastros dos peregrinos que sulcaram este caminho muito antes de ti; fortalecerá teus pés e dar-te-á forças novas!

A semente da Esperança só pode ser despertada para a vida pela Luz da ! Sem a Luz da , a árvore da vida do ser humano não pode crescer nem dar frutos! Na está a maior força da Cura!

A está enraizada na aperfeiçoada energia da vida!

Na desembocam todas as forças criadoras da alma!

Quem anda sem a Luz da cairá dentro em breve vítima do demônio do desespero! Não deixes, pois, ó peregrino do Santo Graal, que a Luz da convicção se apague em teu coração.

Crê na direção e na providência Divina!

Crê na força salvadora do sacrifício!

Crê na lei universal que não deixa esforço e sacrifício sem recompensa!

Crê, que também tu, por pequena a importância que pareças ter na posição em que te achas, terás de cumprir uma missão!

Crê na força criadora da tua própria alma!

Crê na potência do Santo Graal, no templo invisível da humanidade!

Crê, antes de tudo, no poder divino do verdadeiro Amor!

Reconheça que o Amor puro é o refúgio de todas as almas!

O Amor puro remove todo o antagonismo e todas as inimizades!

O Amor puro afasta todas as dificuldades da vida!

O Amor é o eixo da criação, a origem e o fim do caminho que conduzirá ao templo da redenção!

O Amor puro é distintivo dos Cavaleiros do Santo Graal!

O Amor puro é o alimento dos deuses e dos Anjos!

No Amor puro reflete-se a face de Deus — sim — ele é Deus mesmo!

Deixa, pois, a Luz de tua inflamada pela brasa do Amor puro!

O Amor puro é universal, por isso não conhece fronteiras e nele não há diferenças! É aquele sol ardente do coração de Deus o qual vivifica e ilumina tudo, seja alto ou baixo, bom ou mau, bonito ou feio!

Uma centelha desse Sol — o Amor do Criador — está oculta no coração de cada ser humano! O dever de cada alma é despertar e inflamar essa centelha!

Enquanto não despertares essa centelha divina em teu coração, és indigno de usar o nome ‘Cavaleiro do Santo Graal’!

O Amor puro não conhece ódio ou orgulho. Ele conhece somente perdão, sacrifício e benignidade. Ele é paciente, bondoso e tolerante!

O Amor dar-se-á e achará a bem-aventurança no sacrifício de si mesmo! Ele não deseja mais do que dedicação! Nunca se sente ferido ou magoado! Nunca para de chamejar e de entusiasmar, mesmo se for negado!

Ele vivifica tudo, alimenta tudo, salva tudo!

Ele perdoa os malfeitores, porque reconhece que eles sofrem e andam em treva espiritual. Ele os ilumina, cura-os e torna-os sadios!

O Amor sabe que os cegos pisoteiam a flor santa da verdade por cegueira. Por isso os conduza para o caminho certo!

O Amor sabe que as trevas não se podem vencer com trevas, porém só pela Luz!

Por isso ele andará com os malfeitores e decaídos, sempre misericordioso e compassivo!

Pela sua dedicação compadecedora, ele salva as almas obscurecidas e faz que os corações cegos recuperem a vista!

Assim, ama, ó peregrino, teus inimigos, para que possas salvá-los!

Ama também teus sofrimentos para que possas transformar sua força em bênção!

Tua admissão no exército dos Cavaleiros do Santo Graal depende da atividade desse amor puro. Tu deves conservá-lo sempre vivo, no viver de cada dia!

O guardião do Castelo do Graal te perguntará, um dia, antes de transpores os portais do Castelo: ‘Quantas almas trouxeste, peregrino, como sinal dos sacrifícios de amor puro?’.

Quem não apresentar uma única alma salva, como testemunho da sua dignidade, o portal do Santo Graal, então, jamais se abrirá para ele!

Bem-aventurado aquele que despertou e conduziu muitas almas pelo poder do amor puro, pois será admitido como servidor no Castelo do Santo Graal!

Agora, foste, ó saudoso peregrino, informado sobre o caminho que conduz ao Castelo do Graal!

Mas reconhece que ninguém é capaz de começar a peregrinação para o Castelo do Graal, se não for chamado por ele!

Recebe, agora, estas palavras como um chamado do Santo Graal e começa com o bastão da Esperança, a Luz da na tua mão e o néctar do Amor puro no coração — tua peregrinação.

Meus olhos cuidarão dos teus passos e a minha bênção te acompanhará. Eu te esperarei aqui, na porta do teu coração, onde está situado o templo.

Felicidades para ti! Felicidades para todos os Seres!”.

(Traduzido do alemão e publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1973)

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