Arquivo de categoria Estudos Bíblicos

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Vocês consideram a Doutrina da Trindade legítima? Se assim for como podem explicá-la?

Resposta: Sim, de acordo com a Filosofia Rosacruz, a Doutrina da Trindade ou Santíssima Trindade é um fato. Deus é Um, mas ao mesmo tempo Ele é Trino, incorporando o Pai, o Filho e o Espírito Santo, ou seja, os princípios da Vontade, da Sabedoria e da Atividade. Todos são um Poder Espiritual definido, intimamente relacionados, funcionando como uma unidade. Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que S. João Evangelista nos fornece uma definição maravilhosa da Deidade quando diz: “Deus é Luz[1]! Notamos, a partir daí, que o termo “luz” vem sendo usado para ilustrar a natureza de Deus nos Ensinamentos Rosacruzes, especialmente no que diz respeito ao mistério da Trindade na Unidade. Nos nossos Estudos Bíblicos Rosacruzes vemos na Sagrada Escritura que Deus é uno e indivisível. Ao mesmo tempo, sabemos que a luz branca se refrata e se divide nas três cores primárias: o vermelho, o amarelo e o azul. Assim Deus aparece em um tríplice papel, quando está se manifestando, como agora nesse Grande Dia de Manifestação, por meio do exercício das três funções divinas: a criação, a preservação e a dissolução.

Deus exerce Seu atributo de criação quando aparece como Jeová, o Espírito Santo. Aqui Ele é o Senhor da Lei e da geração, e para isso projeta o princípio solar fertilizante indiretamente através das luas de todos os Planetas, quando é necessário fornecer Corpos para os seres que estão evoluindo no Planeta da qual a lua faz parte.

Deus exerce o Seu atributo de preservação quando é necessário sustentar os Corpos gerados por Jeová, sob o domínio das Leis da Natureza. Aqui ele aparece como o Cristo, irradiando os Princípios do Amor e da Regeneração diretamente para quaisquer Planetas onde os seres que lá estão evoluindo necessitem desse auxílio; como isso liberta esses seres da mortalidade e do egoísmo; induz esses seres a praticarem o altruísmo e a obter a vida sem fim.

Deus exerce o Seu atributo de dissolução quando aparece como Pai. Aqui Ele que nos chama de volta ao nosso verdadeiro Lar Celestial. O objetivo é que os frutos da experiência e do crescimento anímico, por nós entesourados durante o Dia de Manifestação, sejam assimilados.

Se observarmos bem no nosso entorno, veremos que todo esse processo de criação e nascimento, de preservação e de vida, de dissolução e morte, e volta ao Autor do nosso Ser executado por Deus pode ser observado em tudo. Se assim o fizermos será fácil reconhecer o fato de que são atividades do Deus Trino, quando está se manifestando.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1971-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: IJo 1:5

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O que é, de fato, o Reino dos Céus?

Resposta: Comecemos relatando as Parábolas que descrevem o Reino dos Céus:

3E disse-lhes muitas coisas em parábolas: 4 ‘Eis que o semeador saiu para semear. E ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho e as aves vieram e a comeram. 5Outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra. Logo brotou, porque a terra era pouco profunda. 6Mas, ao surgir o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou. 7Outra ainda caiu entre os espinhos. Os espinhos cresceram e a abafaram. 8Outra parte, finalmente, caiu em terra boa e produziu fruto, uma cem, outra sessenta e outra trinta’.” (Mt 13:3-8).

24Propôs-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante a um ser humano que semeou boa semente no seu campo. 25Enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e foi-se embora. 26Quando o trigo cresceu e começou a granar, apareceu também o joio, 27Os servos do proprietário foram procurá-lo e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Como então está cheio de joio?’ 28Ao que este respondeu: ‘Um inimigo é que fez isso’. Os servos perguntaram-lhe: ‘Queres, então, que vamos arrancá-lo?’ 29Ele respondeu: ‘Não, para não acontecer que, ao arrancar o joio, com ele arranqueis também o trigo. 30Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ‘Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo, recolhei-o no meu celeiro.’” (Mt 13:24-30).

31Propôs-lhes outra parábola, dizendo: ‘O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um ser humano tomou e semeou no seu campo. 32Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos seus ramos.’” (Mt 13:31-32).

33Contou-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e pôs em três medidas de farinha, até que tudo ficasse fermentado’.” (Mt 13:33).

44O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo; um ser humano o acha e torna a esconder e, na sua alegria, vai, vende tudo o que possui e compra aquele campo.” (Mt 13:44).

45O Reino dos Céus é ainda semelhante a um negociante que anda em busca de pérolas finas. 46Ao achar uma pérola de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra.” (Mt 13:45-46).

47O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha de tudo. 48Quando está cheia, puxam-na para a praia e, sentados, juntam o que é bom em vasilhas, mas o que não presta, deitam fora. 49Assim será no fim do mundo: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos 50e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes. 51Entendestes todas essas coisas? Responderam-lhe: ‘Sim’.” (Mt 13:47-51).

52Então lhes disse: ‘Por isso, todo escriba que se tornou discípulo do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que do seu tesouro tira coisas, novas e velhas’.” (Mt 13:52).

Há sete interpretações para cada parábola bíblica; cada uma em nível mais profundo do que a outra. Estamos familiarizados com as explicações exotéricas aprendidas durante a infância; isso que propomos delinear, encontra-se em segundo plano, pois o primeiro véu foi levantado por meio do estudo do livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz.

O Reino dos Céus não deve ser confundido com o Reino de Deus, o qual é uma esfera completamente diferente. A chave das parábolas nesse capítulo do Evangelho Segundo S. Mateus encontra-se no último versículo citado – algumas são velhas, outras novas, algumas são passadas, outras ainda virão. Os outros Evangelhos dão somente as primeiras quatro. Talvez esse capítulo constitua um símbolo completo.

A primeira parábola refere-se ao semeador, Deus, que semeia a semente de uma nova colheita, ou seja, uma nova onda de vida cujo sinônimo é a primeira ou Período de Saturno em que os Espíritos Virginais representados pela Humanidade atual, foram diferenciados ou “plantados”.

A segunda parábola que historia o fato de que o semeador encontrou joio em seu campo, deixando-o crescer com receio de que os grãos bons pudessem ser destruídos, é uma descrição do Período Solar, quando houve tanto a luz como a treva. Há uma antiga tradição oculta segundo a qual alguns desses líderes originais dessa Onda de Vida recusaram-se a descer à matéria, retardando a nossa evolução. Esse é o primeiro registro de egoísmo ou joio entrando em nossa onda de vida.

A terceira parábola, a do grão de mostarda, a menor semente, corresponde ao Período Lunar, ocasião em que o germe do Corpo de Desejos foi dado à Humanidade infante, relacionando-se também com o seu rápido crescimento. A mostarda é um condimento que excita nosso Corpo de Desejos.

A quarta parábola, do pouco de fermento que leveda três medidas de farinha, descreve o nosso próprio Período Terrestre. No Antigo Testamento todos os pães não eram levedados porque Jeová queria manter o povo passivo, de modo que pudesse ser mais facilmente conduzido. Porém ao cruzarmos o nadir da materialidade e com a vinda do Espírito de Cristo e consequente difusão de um amor altruísta, encontramos uma nova ordem.

“No peito de cada ser humano essa força do altruísmo opera como o fermento. É a transformação do selvagem do ser humano civilizado, que no devido tempo transformar-se-á num Deus” (do Livro: Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz).

A quinta parábola, aquela do tesouro escondido, reflete antecipadamente o Período seguinte da evolução da Humanidade e da Terra, o Período de Júpiter. Nesse tempo futuro “guiaremos a evolução do Reino Vegetal, porque o mineral atual ver-se-á num estado análogo ao que o vegetal hoje se encontra. O nosso trabalho será idêntico ao que os Anjos atualmente executam em relação ao Reino Vegetal. Quanto à nossa faculdade – a Imaginação – estará tão desenvolvidaque teremos não somente a habilidade de criar formas por meio dela, mas também de vitalizá-las. “Assim para nós os tesouros do Reino dos Céus no Período de Júpiter estarão ocultos num campo”, não na terra ou num animal. Devemos envidar todas as nossas energias para adquirir e desenvolver esse tesouro.

A sexta parábola, aquela da “pérola de alto valor” assinala o Período de Vênus, quanto então as nossas formas minerais atuais, encontrar-se-ão no estágio animal. A pérola é somente uma gema feita por criaturas viventes. Max Heindel diz em relação ao ser humano no Período de Vênus: “No final do Período de Vênus ele estará apto a usar a sua própria força para dar vida aos seus quadros (de cores, objetos e tons) e colocá-los fora de si como formas no espaço”. Podemos certamente concordar que o ser humano tudo dará para obter essa faculdade.

A sétima parábola que se refere às redes e a divisão de seus conteúdos pelos Anjos, trata-se de uma referência ao último dos Períodos – o Período de Vulcano – quando então o Espírito Divino estará mais forte, porque o seu desenvolvimento iniciou-se no primeiro Período de Saturno. Nesse tempo os joios serão removidos do trigo e por isso estaremos todos aptos a um repouso cósmico. “24 A seguir haverá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus Pai, depois de ter destruído todo Principado, toda Autoridade, todo Poder.” (ICor 15:24).

O que foi descrito é meramente um esboço. As verdades antigas e tradicionais de todos os Ensinamentos Rosacruzes estão incorporadas em nossas Sagradas Escrituras. Ao crescermos em Sabedoria e Graça elas se tornarão viventes para nós.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1971-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como resposta à Pergunta 113 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume I[1] – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz lemos que Cristo não ressuscitou os mortos. No Evangelho Segundo S. João, Capítulo 11, versículo 11, Cristo-Jesus disse, “Nosso amigo Lázaro dorme” e, em seguida, no versículo 14, Cristo-Jesus disse-lhes claramente, “Lázaro está morto”. Isso nos leva a pensar que Cristo se enganou na primeira passagem. O que está correto? Novamente no Evangelho Segundo S. Mateus, Capítulo 1, versículo 8, os Apóstolos recebem a missão de ressuscitar os mortos.


Resposta: A maior parte dos problemas e interpretações errôneas sobre o que os Evangelhos realmente significam vem do grande mal-entendido da maioria das pessoas que acreditam que os Evangelhos pretendem relatar a história da vida de um indivíduo chamado Jesus Cristo. É a pura verdade que os Evangelhos tiveram como modelo a vida de Jesus, relatando a grandeza da vida dele e como ele serviu de exemplo para os que registraram as quatro diferentes Escolas de Iniciação. Entretanto, o que esses autores dos Evangelhos pretenderam realmente escrever foram as fórmulas de Iniciação, e os quatro Evangelhos, portanto, incorporam, ocultas debaixo de uma camada externa de fatos e coisas não essenciais, as fórmulas de Iniciação de quatro diferentes Escolas de Mistérios.

O exemplo mencionado, a Ressurreição de Lázaro[2], ou do Filho da Viúva de Naim[3], não significa que um Espírito que partiu tenha sido chamado a retornar ao veículo descartado. Isso não é feito. “Quando o Cordão Prateado é rompido, o Espírito retorno a Deus que o enviou e ao pó de onde foi tirado”[4]. Quando um candidato atinge o ponto em que deve ser elevado a um nível superior e a um poder maior do que já possuía antes, ele deve primeiro morrer para as coisas passadas e que ficaram para trás. O caminho se torna mais e mais estreito a cada passo, e ele não pode entrar pelo portão estreito, que conduz direto a um reino mais elevado da natureza, até que ele se livrado do Corpo que o correlacionava ao reino inferior imediato. Portanto, nesse sentido, se diz que, no momento em que está pronto para a transição, ele está morto.

Se você estudar o livro Maçonaria e Catolicismo – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, descobrirá que Lázaro havia sido anteriormente Hiram Abiff, o Mestre Maçom, e construtor-chefe do Templo de Salomão; que Jesus havia sido previamente encarnado como a Personalidade chamada Salomão; e que o Espírito de Cristo, que habitava nos Corpos Denso e Vital cedidos por Jesus, na época da citada ressurreição de Lázaro, foi o grande Iniciador que ergueu Lázaro e o tornou um Hierofante dos Mistérios Menores. Ele, agora, é conhecido como Christian Rosenkreuz, o líder da Escola dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, e colaborador de Jesus para unir a Humanidade e conduzi-la ao Reino de Cristo.

De maneira semelhante, e em menor escala, os Apóstolos receberam o poder de ressuscitar os mortos. Aos inexperientes eles davam somente leite, mas aos que eram fortes eles davam a carne da doutrina, instruindo-os nos mistérios até que eles atingissem um certo ponto em que, após Viverem a Vida, morressem, e fossem ressuscitados para uma vida mais abundante em uma esfera maior de utilidade. No entanto, como já foi dito, essas mortes não envolveram o que, normalmente, chamamos de morte do Corpo Denso aqui.

(Pergunta nº 73 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Repostas” – Volume 2 – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T: Pergunta: Com que poder S. Pedro ressuscitou Dorcas dentre os mortos?

Resposta: S. Pedro não ressuscitou Dorcas dentre os mortos, nem o Cristo ressuscitou Lázaro ou qualquer outro, e nenhum deles afirmou isso. Cristo disse: “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo” (Jo 11:11).

Para que esse assunto seja bem compreendido, explicaremos o que ocorre na morte e em que ponto a morte é diferente do estado de transe, pois as pessoas mencionadas estavam em transe quando se sucederam os supostos milagres.

Durante o estado de vigília, quando o Ego está funcionando conscientemente no Mundo Físico, seus vários veículos estão concêntricos – eles ocupam o mesmo espaço – mas à noite, quando o Corpo Denso dorme, ocorre uma separação. O Ego, junto com a Mente e o Corpo de Desejos, liberta-se do Corpo Denso e do Corpo Vital, que são deixados sobre a cama ou outro lugar em que a pessoa esteja dormindo. Os veículos superiores pairam acima ou próximo ao Corpo Denso. Eles estão conectados aos veículos mais densos pelo Cordão Prateado, um fio tênue e reluzente que assume a forma de dois números seis, tendo uma extremidade ligada ao Átomo-semente no coração e a outra ao vórtice central do Corpo de Desejos (onde está o Átomo-semente do Corpo de Desejos, na posição referencial do fígado físico).

No momento da morte, esse tênue fio se rompe no Átomo-semente do coração e as forças desse Átomo-semente passam ao longo do nervo pneumogástrico (também chamado de nervo vago), através do terceiro ventrículo do cérebro e, daí para fora através da sutura entre os ossos occipital e parietal do crânio, ao longo do Cordão Prateado até aos veículos superiores. Simultaneamente a essa ruptura, o Corpo Vital também se desprende e junta-se aos veículos superiores que estão flutuando sobre o Corpo Denso sem vida. Permanece ali cerca de três dias e meio. Em seguida, os veículos superiores se desprendem do Corpo Vital que, nos casos comuns, se desintegra sincronicamente com o Corpo Denso.

No momento dessa última separação, o Cordão Prateado também se rompe ao meio, e o Ego está livre do contato com o Mundo material.

Durante o sono, o Ego também se retira do Corpo Denso, mas o Corpo Vital permanece com o Corpo Denso e o Cordão Prateado permanece intacto.

Algumas vezes acontece que o Ego não retorna ao Corpo Denso pela manhã para acordá-lo, como de costume, mas permanece fora por um tempo que varia de um a um número indefinido de dias. Então, dizemos que o Corpo Denso está em um estado de transe natural. Mas, o Cordão Prateado não se rompeu em nenhum dos dois pontos mencionados acima. Quando ocorrem essas rupturas, não há restauração possível. O Cristo e o Apóstolo eram clarividentes; eles viram que nenhuma ruptura ocorrera nos casos mencionados, por isso, disse: “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo”. Eles também possuíam o poder de forçar o Ego a retornar a seu Corpo Denso e restaurar a condição normal. Assim, os chamados milagres foram realizados por eles.(Pergunta nº 113 do Livro “Filosofia Perguntas e Repostas – Volume I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

[2] N.T.: 1Havia um doente, Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e de sua irmã Marta. 2Maria era aquela que ungira o Senhor com bálsamo e lhe enxugara os pés com seus cabelos. Seu irmão Lázaro se achava doente. 3As duas irmãs mandaram, então, dizer a Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”. 4A essa notícia, Jesus disse: “Essa doença não é mortal, mas para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de Deus”. 5Ora, Jesus amava Marta e sua irmã e Lázaro. 6Quando soube que este se achava doente, permaneceu ainda dois dias no lugar em que se encontrava; 7só depois, disse aos discípulos: “Vamos outra vez até a Judéia!”. 8Seus discípulos disseram-lhe: “Rabi, há pouco os judeus procuravam apedrejar-te e vais outra vez para lá?”. 9Respondeu Jesus: “Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; 10mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele”. “Disse isso e depois acrescentou: 11 “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo”. 12Os discípulos responderam: “Senhor, se ele está dormindo, vai se salvar!”. 13Jesus, porém, falara de sua morte e eles julgaram que falasse do repouso do sono. 14Então Jesus lhes falou claramente: “Lázaro morreu. 15Por vossa causa, alegro-me de não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos para junto dele!”. 16Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros discípulos: “Vamos também nós, para morrermos com ele!”. 17Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias. 18Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns quinze estádios. 19Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria, para as consolar da perda do irmão. 20Quando Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria, porém, continuava sentada, em casa. 21Então, disse Marta a Jesus: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá”. 23Disse-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. 24 “Sei, disse Marta, que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia!”. 25Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. 26 “E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês nisso?”. 27Disse ela: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo”. 28Tendo dito isso, afastou-se e chamou sua irmã Maria, dizendo baixinho: “O Senhor está aqui e te chama!”. 29Esta, ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro. 30Jesus não entrara ainda no povoado, mas estava no lugar em que Marta o fora encontrar. 31Quando os judeus, que estavam na casa com Maria, consolando-a, viram-na levantar-se rapidamente e sair, acompanharam-na, julgando que fosse ao sepulcro para aí chorar. 32Chegando ao lugar onde Jesus estava, Maria, vendo-o, prostrou-se a seus pés e lhe disse: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”. 33Quando Jesus a viu chorar e, também, os judeus que a acompanhavam, comoveu-se interiormente e ficou conturbado. 34E perguntou: “Onde o colocastes?”. Responderam-lhe: “Senhor, vem e vê!”. 35Jesus chorou. 36Diziam, então, os judeus: “Vede como ele o amava!”. 37Alguns deles disseram: “Esse, que abriu os olhos do cego, não poderia ter feito com que ele não morresse?”. 38Comoveu-se de novo Jesus e dirigiu-se ao sepulcro. Era uma gruta, com uma pedra sobreposta. 39Disse Jesus: “Retirai a pedra!”. Marta, a irmã do morto, disse-lhe: “Senhor, já cheira mal: é o quarto dia!”. 40Disse-lhe Jesus: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?”. 41Retiraram, então, a pedra. Jesus ergueu os olhos para o alto e disse: “Pai, dou-te graças porque me ouviste. 42Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que me enviaste”. 43Tendo dito isso, gritou em alta voz: “Lázaro, vem para fora!”. 44O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com um sudário. Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o ir embora”. (Jo 1:1-44)

[3] N.T.: 11Ele foi em seguida a uma cidade chamada Naim. Seus discípulos e numerosa multidão caminhavam com ele. 12Ao se aproximar da porta da cidade, coincidiu que levavam a enterrar um morto, filho único de mãe viúva; e grande multidão da cidade estava com ela. 13O Senhor, ao vê-la, ficou comovido e disse-lhe “Não chores!”. 14Depois, aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse ele, então: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!”. 15E o morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. 16Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo”. 17E essa notícia difundiu-se pela Judéia inteira e por toda a redondeza. (Lc 7:11-17)

[4] N.T.: Do Ritual do Serviço Devocional de Funeral e do Capítulo 2 – O Problema da Vida e Sua Solução do livro Mistérios Rosacruzes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz.

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Pergunta: Para onde foi o Espírito de Jesus, quando o Espírito do Cristo entrou em seu Corpo Físico no momento do Batismo? Esse Espírito renasce novamente ou já atingiu o máximo de perfeição pela evolução no Planeta Terra?

Resposta: No momento do Batismo, Jesus cedeu tanto os Corpos Denso e Vital, como os respectivos Átomos-sementes ao Arcanjo Cristo. Durante a Crucificação, porém, os dois Átomos-sementes lhe foram devolvidos.

No período entre o Batismo e a Crucificação, o ser humano Jesus formou um veículo etérico do mesmo modo que um Auxiliar Invisível Iniciado forma e, obviamente um Corpo Denso total, ou parcial, quando e se há necessidade de materialização; porém, um material que difere do Átomo-semente não pode ser permanentemente apropriado.

Desintegra cedo quando o poder da Vontade que o formou é retirado. Assim sendo, esse Corpo não era permanente. Quando os Átomos-sementes de seus Corpos Denso e Vital lhe foram devolvidos, Jesus formou um novo Corpo Vital, no qual esteve e ainda está funcionando, trabalhando com as igrejas desde os planos internos.

Nunca retomou um Corpo Denso, apesar de estar perfeitamente capacitado a fazê-lo. Provavelmente, a razão pela qual nunca mais usou um Corpo Denso se deve ao fato de que seu trabalho não tem ligação alguma com coisas materiais.

Por outro lado, Jesus chegou a um estado evolutivo em que poderia escolher livremente se continuava ajudando as populações da Terra, ou se ingressava numa outra Evolução como Auxiliar.

(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e Publicado na Revista Serviço Rosacruz – dezembro/1974- Fraternidade Rosacruz-SP)

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Pintura: The Baptism Of Jesus – Gustave Doré

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Significância Esotérica de que o Tabernáculo no Deserto era uma sombra das coisas boas que viriam

Aprendemos por meio dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental que o Apóstolo S. Paulo estava certo quando disse que o Tabernáculo no Deserto (nossa primeira Igreja) era uma sombra das coisas boas que viriam[1]. Vamos ver como mais detalhes a questão da sombra da Cruz no Tabernáculo do Deserto.

Nos nossos Estudos Bíblicos Rosacruzes aprendemos que na Epístola de S. Paulo aos Hebreus, há uma descrição do Tabernáculo no Deserto com muitas informações sobre os costumes usados ​​ali, que beneficiam muito o Estudante Rosacruz saber. No Tabernáculo no deserto há uma promessa que foi dada nesse passado longínquo e que ainda não foi cumprida, uma promessa que se mantém válida hoje tão bem quanto no dia em que foi dada. Pois, se prestarmos a atenção devida conseguimos visualizar o arranjo das coisas dentro do Tabernáculo no Deserto formando a sombra da Cruz.

Vamos detalhar aqui para ficar mais fácil: começando no portão oriental – por onde se adentra ao Átrio do Tabernáculo no Deserto –, havia o Altar dos Sacrifícios (também chamado do Altar dos Holocaustos); um pouco mais adiante no caminho direto para o próprio Tabernáculo no Deserto, encontramos o Lavabo de Bronze, onde os Sacerdotes (que prestavam serviço no Tabernáculo) se lavavam. Entrando no Tabernáculo propriamente dito, na Sala Leste do Templo, encontramos um primeiro artigo de mobília, o Candelabro de Sete Braços – também chamado de Candelabro Dourado – na extrema esquerda dessa Sala; já na extrema direita tínhamos a Mesa dos Pães da Proposição, formando uma cruz com o caminho que temos seguido em direção ao Tabernáculo no Deserto. Bem a nossa frente, no centro, em frente ao segundo Véu, encontramos o Altar de Incenso, que forma o centro da cruz; e já na Sala Oeste – chamado o Santo dos Santos –, na parte mais ocidental do Tabernáculo no Deserto, temos a Arca da Aliança, que representa a parte mais curta ou superior da cruz.

Note, então, que o nosso atual símbolo do desenvolvimento espiritual, o nosso ideal particular de hoje, foi sombreado no antigo Templo de Mistério (o Tabernáculo no Deserto). Perceba que aquela consumação, que é alcançada no final da cruz, ou seja, a realização de obter a Lei dentro de nós mesmos, assim como estava dentro da própria Arca da Aliança, justamente é aquela com a qual todos nós devemos nos ocupar no momento presente.

(Publicado na Revista Rays from The Rose Cross de setembro/1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T. Hb 10:1 e Cl 2:17

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A Sombra da Cruz: Recebemos Nossa Cruz em Proporção as Nossas Forças

A cruz é o símbolo oculto da vida humana em sua relação com as correntes vitais. O madeiro vertical superior nos representa, o ser humano, que recebemos a energia solar verticalmente e a Força Crística do interior da Terra. O madeiro horizontal configura o corpo animal, por cuja espinha dorsal perpassa as correntes circulantes pelo nosso Planeta. O madeiro vertical inferior simboliza o Reino vegetal.

A cruz representa o conflito entre as duas naturezas aludidas por S. Pedro quando nos ensinou (IPd 2:1): “Eu vos rogo que vos abstenhais dos desejos carnais que lutam contra a alma”. Sob tal ponto de vista são muito significativas as palavras de Cristo: “Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Lc 9:23).

É comum ouvir falar de sofrimentos, de alguma limitação física ou alguma dura experiência como uma “cruz” que se carrega. Em certo sentido a comparação é exata, se a aflição é causada por outrem. Como exemplo podemos citar o sofrimento do Cristo pela Humanidade, seu confinamento a um mundo de baixa vibração, como o nosso.

Que comparação podemos estabelecer entre essa limitação do Mestre e os nossos pesares, por grandes que sejam? No entanto, recebemos nossa cruz em proporção as nossas forças. Mas, a cruz que tomamos após Cristo é a mesma vida terrestre que lhe dedicamos no serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta nos irmãos, nas irmãs e em nós – que é a base da Fraternidade.

A doença ou enfermidade pode nos deixar preocupados, porém, se constitui uma parte de nossa cruz, chega a se converter em benção, até a saúde se refletir no Corpo Denso.

Nestes conturbados dias, quem serão aqueles que tomarão a sua cruz e seguirão o Mestre amado?

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1976 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como podemos conciliar o ensinamento de S. Paulo: “É bom para o homem não tocar em mulher” (ICor 7: 1) com o ensinamento do Conceito Rosacruz do Cosmos (Cap. XVII – O Voto do Celibato) em que o autor diz: “os Aspirantes à vida superior é que estão em melhores condições para gerar Corpos Densos apropriados às necessidades do desenvolvimento das entidades que querem renascer”?

Resposta: Ao interpretar passagens bíblicas devemos levar em conta às épocas, os costumes e o grau de evolução nosso que vivemos na época em que a passagem citada foi escrita. Lembre-se que S. Paulo falou sobre os direitos e os deveres das pessoas casadas e disse também “é melhor casar-se do que abrasar-se” (ICor 7:9).

Os sábios Ensinamentos Ocidentais nos ensinam que nossa meta espiritual deveria ser “regeneração”, isto é, alcançar um estágio onde possamos controlar nossos desejos e executar o ato sexual sem paixão. Pessoas que são capazes de educar uma criança deveriam proporcionar oportunidades para que os Egos pudessem renascer aqui, ter experiências e ajudar o progresso.

Não há desarmonia nestas ideias. Devemos continuar em nossa meta de uma maneira cada vez mais iluminada.

(Traduzido da Revista “Rays From The Rose Cross” e publicado na Revista Serviço Rosacruz – agosto/1981 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: A Bíblia menciona os Fariseus, Saduceus e Publicanos, mas não faz referência aos Essênios. Vocês podem esclarecer isto?

Resposta: Os Fariseus, Saduceus e Essênios eram todos de seitas religiosas pertencentes à raça judaica. Os Publicanos eram cobradores de taxas ou tributos, daí o povo não gostar deles.

Os Fariseus pertenciam a uma seita religiosa separada do resto dos Judeus por causa da devoção e cumprimento rigoroso e formal dos ritos e cerimônias contidos na lei escrita. Os Fariseus pretendiam fazer da Religião algo supremo na vida da nação. Eles aceitavam a tradição dos escribas, acreditavam na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo, na futura recompensa, na vinda do Messias, nos Anjos e Espíritos, na divina providência e livre arbítrio.

Os Saduceus formavam um partido ou seita ligada aos sacerdotes aristocratas e estava política e doutrinariamente em oposição aos Fariseus. Eles estavam abertos às influências mundanas de todos os tipos; eles aceitavam a lei escrita, mas rejeitavam as tradições dos escribas, a esperança Messiânica, a doutrina da ressurreição, a existência de Anjos, espíritos e demônios. Eles ridicularizavam a imortalidade pessoal e a recompensa numa vida futura, também a dominante mão de Deus nas ações da Humanidade e exigiam o livre arbítrio.

Os Essênios formavam uma espécie de Fraternidade Esotérica que foi encarregada dos Ensinamentos dos Mistérios. Viviam uma vida comunitária, cada um compartilhando tudo com todos os outros membros da colônia. Eles eram quietos, cidadãos obedientes à lei, leais com seu País e dispostos a ajudá-lo por meio do pagamento de impostos. Obedeciam às autoridades, reconheciam os sagrados livros dos Judeus, mas o interpretavam esotericamente. Essas pessoas bondosas e despretensiosas guardavam os dez mandamentos sem reserva porque eles tinham a lei dentro deles e não por causa de influências de fora. A poligamia era protegida pela lei e praticada muito comumente pelos Judeus, mas não entre os Essênios. Para eles, o casamento não era um contrato feito pelo ser humano, mas um sacramento sagrado que ligava um homem a uma mulher.

Havia dois grupos ou ordens distintas entre os Essênios. Um grupo casava no plano material e usava a força sexual criadora com o propósito de fornecer Corpos para os Egos renascentes. A relação no casamento não era proibida na outra ordem, mas era elevada a uma pura esfera de amor, de alma para alma, uma verdadeira união espiritual. A cerimônia de casamento dos Essênios não estava de acordo com o costume Judeu que requeria um contrato assinado entre os parentes. Esse contrato continha muitos detalhes com especificações relativas a dinheiro, casas, gado e terras, mas não fazia referência ao sagrado sacramento da instituição. O marido podia se separar de sua mulher, a qualquer tempo, dando-lhe uma carta de divórcio, o que constituía um cancelamento legal do contrato.

No que se referem às diferenças nos regulamentos do casamento, os Essênios nunca mandavam seus casais casados para colônias distantes da proteção da Ordem. Mulheres casadas sem um contrato estavam em perigo de serem molestadas e possivelmente perseguidas.

Maria e José eram Iniciados da mais elevada ordem dos Essênios. Eles receberam o sacramento do matrimônio, mas eles eram castos e desprovidos de paixão. Por causa de sua extrema pureza e grandes atributos espirituais, foram escolhidos para tornarem-se pais do Ego conhecido como Jesus.

Os Essênios desapareceram da Palestina tão misteriosamente como apareceram. A Ordem Rosacruz buscou sua origem nessa Fraternidade misteriosa.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – dezembro/1985 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Substituição dos Festivais que celebravam o Sol pela Celebração do Natal

Aos Cristãos comuns o festival natalino vem a ser a celebração da maior oferenda de Deus à nós: a vinda de um Redentor, uma época de grande júbilo, de felicidade e boa vontade transbordantes. Realmente, o mês de dezembro é a época mais apropriada para a celebração da vinda do Salvador.

Do mesmo modo com que o Solstício de Dezembro assinala o término do movimento descendente do Sol, salvando-nos assim de virmos a perecer de frio e fome, especialmente no hemisfério norte deste Planeta, assim também, quando Cristo veio, Ele deteve o movimento descendente da Humanidade e nos fez voltar à direção certa: para frente e para cima. Destarte, foi bastante apropriado que os antigos festivais solares – pré-Cristãos –, que celebravam o nascimento do Sol do novo ano, fossem substituídos pelo Natal.

Há também o retorno anual do Cristo, nesse período do ano, que não deve ser confundido com o Seu retorno, como prometera, no Corpo Vital de Jesus.

No momento da Crucificação, o Raio do Cristo Cósmico, que utilizava o corpo de Jesus, sobrepairou o Planeta Terra e nele adentrou. A cada ano, no Equinócio de Março, Ele recomeça o Seu retorno para os Mundos superiores e então celebramos a Páscoa. Inicia uma nova estação com o Sol nos céus do norte, misticamente chamado de “Polo Norte”, e retorna trazendo outro ano de suprimento do espiritualmente chamado Seu “sangue”, que, conforme lemos no Evangelho Segundo S. João 6:53[1], recebemos junto à nossa comida diária para limpeza de todo pecado, nutrindo o Cristo desperto, parcialmente desperto ou ainda adormecido dentro de nós (“A estes quis Deus tornar conhecida qual é entre os gentios a riqueza da glória deste mistério, que é Cristo em vós, a esperança da glória!” (Cl 1:27)). Isso começa a ser derramado sobre a Terra no Equinócio de Setembro, atinge a sua intensidade máxima na estação do Natal e cessa quando Ele retorna aos Mundos superiores, na Páscoa.

Naturalmente, quando isso está no auge, os impulsos de regozijo, do altruísmo e da boa vontade Crísticos são mais sentidos por nós. A isso se chama de espírito do Natal, sendo sua influência sentida por todos, em maior ou menor grau. Ele pode ser simbolizado por um ser humano idoso, de longa barba branca, com um corpo rotundo e natureza maravilhosamente benigna, alegre e generosa. Ele passou o verão no “Polo Norte” e traz aos “filhos dos homens” os presentes que esteve fazendo. S. Nicolau ou “Papai Noel” não é, realmente, um mito ou fábula, mas, sim um símbolo do grande fato que é o retorno anual do Cristo – ainda que hoje, por ignorância, muitos transformem o símbolo do “Papai Noel” em apelo comercial.

Um dos presentes trazidos por S. Nicolau, sobre o qual são pendurados os outros, é a árvore de Natal. O mais significativo a respeito da árvore de Natal é que ela é, ou deveria ser, um pinheiro. As árvores comuns, que perdem suas folhas no outono e apresentam novas na primavera, simbolizam os ciclos periódicos de morte e ressurreição do Corpo Denso por meio do renascimento; o pinheiro, porém, simboliza a vida eterna, a contínua consciência de que o Cristo veio para Se oferecer a nós.

A maioria de nós não receberá essa vida eterna, a não ser algum tempo após a Segunda Vinda de Cristo. A Bíblia diz que o último inimigo que deve ser destruído é a morte (“O último inimigo a ser destruído será a Morte, pois ele tudo colocou debaixo dos pés dele.” (ICor 15:26)). De fato, não mais existindo morte não haverá necessidade de renascimento.

O lenho dos pinheiros é comumente menos denso do que a madeira das árvores que deixam cair suas folhas. Isso está em acordo com o ensinamento de que nossos novos Corpos Densos serão menos cristalizados do que os atuais, de carne e sangue, que não podem herdar o Reino de Deus (ICor 15:50). Também a árvore de Natal tem as suas próprias luzes, proféticas de nossa futura e íntima ligação com a fonte de toda luz, de forma tal que os ensinamentos profanos serão quase, ou totalmente, desnecessários.

A história do “nascimento virginal”, na Bíblia, é um pormenorizado relato alegórico do que realmente sucederá a cada um de nós, quando tivermos “nascido novamente”, como Cristo explicou a Nicodemos, no Evangelho Segundo S. João (Jesus lhe respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer do alto não pode ver o Reino de Deus”. Disse-lhe Nicodemos: “Como pode um homem nascer, sendo já velho? Poderá entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer?”. Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: deveis nascer do alto. O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito”. (Jo 3:3-8). Teremos então a mesma espécie de “chaves” que foram oferecidas a S. Pedro (“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16-19)) e seremos capazes de ver os Mundos superiores, chamados de Reino de Deus, e entrar neles, à semelhança do vento, em nossos novos corpos, “como fantasmas” chamados “Vestido Dourado de Bodas” ou “Manto Nupcial” – o Corpo-Alma – enquanto os Corpos Densos estão adormecidos durante a noite ou em outros momentos.

Alguns pais tentam fazer com que seus filhos creiam literalmente em S. Nicolau e, quando estes começam a pensar de outra maneira, a fé em seus pais é fortemente abalada. Alguns líderes religiosos nos fizeram crer em um literal nascimento virginal, tais como as afirmações de Buda, Tamuz e outros, assim chamados, líderes. Isso faz com que muitos percam a confiança nas Igrejas.

Outro ângulo da história do Natal, que se relaciona ao “nascer novamente”, é a estrela. S. Mateus nos diz que ela foi vista por “homens sábios”, mas não disse que foi vista por alguém mais[2]. S. Lucas não se refere a isso, absolutamente. Os “homens sábios” de hoje ainda seguem essa mesma estrela, a fim de que possam ser conduzidos até o nascimento de seus próprios “Cristos Internos”. Esse constrói para si, dentro do Corpo Denso e nele interpenetrando, o novo e etérico “corpo anímico”, o Corpo-Alma. Antes do seu “nascimento” ou formação, que é consumado sob a orientação e o controle dos Irmãos Maiores, está ligado ao Corpo Denso em sete pontos, cinco dos quais — a fronte, as palmas de ambas as mãos e as plantas de ambos os pés — configuram uma estrela.

Uma vez que, simbolicamente falando, o véu do templo foi rasgado em dois, todos podem aspirar agora ao “novo nascimento”, que S. Paulo chama de “o elevado chamado de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:14).

Do mesmo modo que o Sol do ano novo leva algum tempo para banir o frio do inverno, assim também é necessário certo tempo para que o Cristo limpe as condições adversas acumuladas em épocas anteriores a Ele. Quando consideramos que 2.000 anos correspondem a menos de um mês em um Ano Sideral, que tem aproximadamente 25.000 anos, e comparamos as condições não tão boas da atualidade com as muito piores de 2.000 anos atrás, sentimos que houve muito progresso. E o índice de melhora aumentará do mesmo modo que o grau de aquecimento aumenta à medida que realmente chegamos à “primavera”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: “Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós.”

[2] N.R.: Onde está o rei dos judeus recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no seu surgir e viemos homenageá-lo”. Ouvindo isso, o rei Herodes ficou alarmado e com ele toda Jerusalém. E, convocando todos os chefes dos sacerdotes e os escribas do povo, procurou saber deles onde havia de nascer o Cristo. Eles responderam: “Em Belém da Judéia, pois é isto que foi escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és o menor entre os clãs de Judá, pois de ti sairá um chefe que apascentará Israel, o meu povo”. Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e procurou certificar-se com eles a respeito do tempo em que a estrela tinha aparecido. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: “Ide e procurai obter informações exatas a respeito do menino e, ao encontrá-lo, avisai-me, para que, também, eu vá homenageá-lo”. A essas palavras do rei, eles partiram. E eis que a estrela que tinham visto no seu surgir ia à frente deles até que parou sobre o lugar onde se encontrava o menino. 10Eles, revendo a estrela, alegraram-se imensamente. (Mt 2:2:10).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Três Reis Magos

Por que este número três?

Seria por causa de S. Mateus que só menciona três presentes: ouro, incenso e mirra – atribuindo-se, assim, simplesmente um presente para cada Rei?

O texto evangélico não diz mais, além do que os “Magos vieram do Oriente à Jerusalém” (Mt 2:1) onde perguntaram a todos pelo recém-nascido – “Onde está o rei dos judeus recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no seu surgir e viemos homenageá-lo” (Mt 2:2).

Segundo S. Mateus, os Magos encontraram o Menino Jesus e Maria em “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes” (Mt 2:1). Quem seriam esses Magos? Max Heindel dá-nos uma resposta rica em detalhes de conhecimento oculto: “Nos tempos antigos antes da vinda de Cristo, somente uns poucos escolhidos podiam seguir o caminho da Iniciação” (do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz). Era um privilégio ao alcance de uma minoria, tais como os Levitas, Druidas, Trotes. Estes eram levados aos Templos, onde lá permaneciam. Casavam-se em condições determinadas. Alguns se preparavam para fins definidos, como por exemplo, desenvolver um apropriado afrouxamento entre os Corpos Vital e Corpo Denso, cuja separação é necessária para a Iniciação. Tem de haver esta separação para que se possam desprender os dois Éteres Superiores e deixar os outros dois Éteres Inferiores. Isso não se podia fazer com a Humanidade comum daquele momento evolutivo. A maioria das pessoas estava, ainda, muito aferrada ao Corpo de Desejos, e por isso, devia aguardar até mais tarde, quando as condições evolutivas dessa maioria fossem melhores.

Até àqueles que se encontravam reunidos nos Templos era perigoso o trabalho de libertá-los fora de certas épocas; e a mais longa noite do ano, a noite de Natal, era uma das mais apropriadas para a Iniciação.

Quando o maior impulso espiritual estava presente, havia melhor oportunidade para estabelecer contato com Ele, do que em qualquer outra parte do ano. Na Noite Santa do Natal era costume dos Seres Sábios – os Magos – que estavam, evolutivamente, acima da Humanidade comum, levar ao Templo aqueles que se estavam tornando sábios e, portanto, com direito a serem Iniciados. Realizavam-se determinadas cerimônias e os candidatos eram mergulhados numa espécie de transe. Naquele tempo não se lhes podia conceder a Iniciação em estado de completa vigília, como hoje. Quando despertada a sua percepção espiritual, podiam ver através da Terra que para a sua visão espiritual tornava-se transparente, por assim dizer, e viam a Estrela da Meia-Noite, o Sol espiritual do outro lado do globo terrestre.

Porém, essa estrela não brilhava somente nessa época. É mais fácil vê-la agora, porque Cristo alterou as vibrações da Terra e desde então o seu aperfeiçoamento se efetiva. Ele rasgou o véu do templo, e fez o Santo dos Santos – o lugar da Iniciação – accessível a todo aquele que, de coração devoto, queira alcançar a Iniciação. Desde então não mais foi necessário o transe ou estados subjetivos. Há uma chamada consciente dentro do Templo para todo aquele que deseja entrar.

Temos de considerar outra coisa: as oferendas dos Magos, postas aos pés do Salvador recém-nascido. Segundo a lenda um trouxe ouro, outro mirra e o terceiro incenso.

Sempre temos ouvido falar do ouro, como símbolo do Espírito. O Espírito é simbolizado deste modo no Anel dos Nibelungos[1]. Na primeira cena vemos o ouro do Reno. O rio é tomado como emblema da água e ali se vê o ouro brilhando sobre a rocha, simbolizando o Espírito Universal em perfeita pureza. Mais tarde roubam-no e o convertem em anel. Isto o fez Alberico, simbolizando a Humanidade na parte média da Atlântida em cuja época o Espírito penetrou nos veículos humanos. Depois o ouro foi adulterado, perdeu-se e foi à causa de toda a tristeza sobre a Terra. Os Alquimistas dizem ser possível transmutar os metais baixos ou vis em ouro puro; este é o modo espiritual de dizer que eles queriam purificar o Corpo Denso, refiná-lo e extrair dele a essência espiritual, pela sublimação dos instintos, e não pela sua supressão ou pelo recalcamento.

Portanto, o presente de um dos reis Magos, o ouro, simboliza o Espírito puro.

A Mirra é extraída duma planta aromática, cultivada na Arábia. Por esse motivo simboliza aquilo que extraímos de nós mesmos quando nos purificamos, libertando o nosso sangue da paixão que nos consome. Deste modo, nos convertemos em algo semelhante às plantas, na nossa castidade e pureza. Então, o nosso Corpo Denso se torna uma essência aromática. É certo que existem homens e mulheres tão santos que emitem de si um aroma agradável, e daí dizer-se que morreram em odor de santidade. A mirra representa a essência da alma, extraída da experiência realizada enquanto se vive em Corpos Densos. Por isso ela simboliza a Alma.

O incenso é uma substância física de um caráter muito sutil e usada muito amiúde, nos serviços religiosos, onde serve de veículo físico para as forças invisíveis, simbolizando assim o Corpo Denso.

Esta é a chave dos três presentes oferecidos pelos Magos, ou seja: o Espírito, a Alma e o Corpo.

Cristo afirmou: ” Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens” (Mt 19:21). Não deve ficar com coisa alguma. Tem que dar o Corpo, a Alma e o Espírito, tudo, pela Vida Superior para Cristo, não para um Cristo exterior, mas para o Cristo Interno, o Cristo que está dentro de cada um de nós. Os três Magos, segundo diz a lenda, eram: um amarelo, outro negro e outro branco. Representavam as três Raças existentes sobre a Terra: a Mongólia – amarela; da África – a negra; e do Cáucaso – a branca. A lenda demonstra que seu tempo todas as Raças se unirão na benéfica Religião do Cristo, porque “diante d’Ele todo o joelho se dobra” (Rm 14:11). E cada um, a seu tempo, será guiado pela Estrela de Belém.

(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – dezembro/1968 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: O Anel de Nibelungo é, na mitologia nórdica, um anel mágico que daria ao seu portador um grande poder. Na Fraternidade Rosacruz, essa obra é estudada no Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz.

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