Não é sem razão que muitos estudiosos dos Evangelhos encontram dificuldade em compreendê-los, pois é necessário meditar longamente nas entrelinhas. Sem nos alargarmos demasiadamente, segundo nossa capacidade, seguem algumas citações do evangelista São Mateus:
“Se, pois, trouxeres ao altar a tua oferta e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeira reconciliar-te com ele; e então, voltando, faze tua oferta. Entra em acordo com o teu adversário enquanto estás com ele no caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali enquanto não pagares o último centavo (Mt 5; 21-26).
O que é altar senão a nossa consciência, e oferta senão as preces e vibrações que fazemos a todo mundo? Reconciliarmo-nos com o adversário é um convite do Mestre ao Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, de consciência e à oração. E caminho, na citação, é um indicativo da nossa presente existência. Interessante é notar, também, que os Senhores do Destino estão figuradamente representados pelo juiz e o oficial de justiça, que nos sentenciam à prisão de novos Corpos, pelo renascimento, até que tenhamos saldado a última parte da dívida perante a Lei de Causa e Efeito.
Mais adiante vemos enunciada uma disciplina preventiva de um renascimento triste: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti, pois te convém que se perca um dos teus membros e não seja todo o teu corpo lançado no inferno, (…) e assim também com as mãos” (Mt 5:29-30). Todos sabem das causas remotas de um renascimento num corpo aleijado ou idiota sem possibilidade de recuperação naquela vida, por efeito da lei “o que semeares isto mesmo colherás.” (Ga 6:7). Não é como estar num inferno? No entanto, é uma forma de prevenir que se caia em falta maior e se perca a própria alma.
Há passagens evangélicas que deixam perplexas as pessoas afeitas à sua meditação. Um exemplo é o paralítico trazido num leito perante Cristo-Jesus. E esse lhe disse: “tem bom ânimo, filho, a tua fé te salvou.” (Mt 9:22). Os escribas ficaram escandalizados com essas palavras e ainda hoje pode se julgar que o Mestre quisera exorbitar a Lei de Causa e Efeito. Outro caso é o do cego a quem o Nazareno curou, misturando saliva com a terra e fazendo lama. Outro ainda, o do paralítico que aguardava há muito a possibilidade de alcançar a piscina, quando o Anjo lhe vinha agitar as águas. O Mestre curou-o simplesmente e fora dizendo que seus pecados estavam perdoados. Pois bem, não há de que estranhar. O Cristo vira, em tais casos, a extinção das dívidas de destino pendente.
Quantas vezes uma pessoa que cai enferma é submetida pelo médico à rígida disciplina e, às vezes, impõe a necessidade de uma intervenção cirúrgica, com amputação de um membro para que se salve o restante do corpo! No entanto, isso não livra a vítima de futuras complicações, caso. de novo. ela deslize e caia em pecado.
Semelhantemente o Mestre dava por findas as causas de destino e, como o Grande Médico divino proclamava a cura. Mas não deixava de advertir: “…vai e não peques mais, para que te não suceda coisa pior.” (Jo 5:14), mostrando a cadeia ininterrupta de novas causas.
Aos ouvidos duros de entendimentos, Cristo cita, ainda, o caso de Elias, renascido como João Batista: “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos, ouça” (Mt 11:14-15). Não é preciso dizer que ainda hoje há ouvidos que ainda não querem ouvir, em virtude dos preconceitos, citações tão claras a respeito do renascimento.
Cristo compara, também, esta geração às crianças que brincam nas praças, gritando uns com os outros, sem cultivar os aspectos mais sérios da vida presente e futura, no além.
Vejamos agora em São Mateus capítulo 16 e versículos de 13 a 16: “E, chegando Cristo Jesus às partes de Cesarea de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: ‘Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?’ E eles disseram: ‘Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas’. Disse-lhes Ele: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ E Simão Pedro, respondendo, disse: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’”. Se para aquela gente Jesus seria ou João Batista (já decapitado) ou Elias (que o Antigo Testamento cita haver sido arrebatado ao céu num carro de fogo) não revela isso a crença natural, daquela gente, no renascimento?
Muitos mais poderiam dizer das outras partes do Novo Testamento e, também, do Velho Testamento para corroborar a declaração de Max Heindel, de que o renascimento era ensinado antes de Cristo e mesmo por Ele, em secreto, a seus Discípulos.
Outros pontos de ocultismo podem ser igualmente esquadrinhados pela mente inquiridora e lógica do estudante Rosacruz, mercê das chaves que se lhe dão.
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – 02/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Oração do Estudante Rosacruz define o procedimento correto que o Estudante Rosacruz deve ter, cotidianamente. É necessário viver em conformidade com o Ego dessa oração; mais do que necessário, é imprescindível, visto que as ações revestidas de tal caráter têm efeitos contagiantes e são agradáveis ao Senhor. Ei-la:
“Aumenta o meu amor por Ti, ó Deus
Para que eu possa servir-Te melhor a cada dia que passa
Faze com que as palavras dos meus lábios
E as meditações do meu coração
Sejam sempre agradáveis à Tua presença.
Ó Senhor, minha força e meu redentor”.
Sempre deve existir a fé e devem existir as obras, pois a “fé sem obras é morta”, e as obras sem a fé são de pouco valor. A fé, em nós, é a força que abre os canais que nos comunicam com Deus e é mediante a fé, que podemos nos pôr em contato com a Sua vida e o Seu poder.
A oração constitui uma das bases absolutamente essencial para o Crescimento da Alma, o crescimento anímico.
Porém, se dependermos somente da oração que sejam apenas palavras, pouco crescimento espiritual alcançaremos. Para obter resultados verdadeiros toda nossa vida deve ser uma oração, uma perene aspiração.
Devemos nos dar conta de que não são as palavras que mencionamos durante a oração que contam, senão a própria vida que conduz à oração. Só há uma maneira de provarmos nossa fé: é mediante as obras, os atos, as ações que realizamos dia a dia.
O fator determinante que sanciona corretamente se a classe de trabalho que fazemos é espiritual ou material é a atitude que adotamos ao fazê-lo.
(Revista Serviço Rosacruz – maio/1968-Fraternidade Rosacruz-SP)
“Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque se vivemos, para a Senhor vivemos, e se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morremos, somos do Senhor, porque para isto também morreu Cristo, e ressuscitou, e tornou a viver; para ser Senhor, tanto dos mortos como dos vivos.” (Rm 14:7-9).
De todas as verdades que recebemos dos Ensinamentos Rosacruzes, a mais importante e essencial para o nosso progresso é aquela que enuncia “a fundamental unidade de cada um com todos”. Quanto mais rápida e completamente possamos aprender essa verdade fundamental, tanto mais brevemente transcenderemos a guerra e os males, nos integrando no rumo ascensional da evolução.
A Filosofia Rosacruz nos ensina que o Universo, e tudo o que nele se encontra, funciona de acordo com um modelo divino, baseado em leis imutáveis, as Leis de Deus. No início de nossa grande peregrinação setenária interna e externamente na matéria, nosso Deus Solar diferenciou dentro de si uma hoste de Espíritos Virginais, possuindo cada um deles a consciência total e dotado potencialmente de todos os poderes de seu Criador, que as enviou a materialidade, manifestados como Egos humanos.
Esses Espíritos, no curso de sua longa peregrinação, adquiriram veículos individuais de crescente densidade, que lhes deram a ilusão de separatividade. Além disso, a fim de ajudá-Los a levar a carga humana, as Hierarquias Criadoras os separaram em Raças e lhes deram Religiões peculiares, adaptadas as necessidades desses Egos humanos, agora já enclausurados em um Tríplice Corpo e em uma Mente. Contudo, o egoísmo neles suscitado pelos Espíritos Lucíferos originou excessiva cristalização em seus corpos rácicos, de tal modo que, com o tempo, a maioria dos Egos humanos estava a ponto de retroceder e se perder nesse Esquema de Evolução.
Com intuito de evitar um atraso desastroso na evolução dos Egos humanos, Cristo – o mais elevado dos Arcanjos –, o poderoso Espírito Solar, uma emanação do Princípio do Cristo Cósmico e incorporação do poder do Amor-Sabedoria – o segundo aspecto de Deus –, voluntariamente veio a Terra e nela viveu pelo espaço de três anos e meio nos Corpos Denso e Vital (já que como Arcanjo, o Cristo tem como Corpo mais inferior o Corpo de Desejos) de um homem – chamado Jesus – que era um alto iniciado da Onda de Vida humana – composta dos Egos humanos. Jesus foi especialmente preparado para desempenhar a parte dele nesse importante drama cósmico. Com isso Cristo, pode se manifestar como “um homem entre os homens”, e possuindo uma cadeia de veículos desde um Corpo Denso até um Corpo formado de material do Mundo de Deus. Na crucificação, o Espírito de Cristo deixou os Corpos de Jesus e por meio do sangue dele entrou na Terra, tornando- se a Espírito Interno do nosso Planeta, o Regente Planetário. Desde então irradia, com intensidade crescente, poderosíssimas vibrações através da Terra, que é a Sua vida, a Sua luz e o Seu amor.
Cristo representa o princípio Unificante que se difunde no Universo – o Segundo Aspecto Macrocósmico do Deus de nosso Sistema Solar, bem como do microcósmico, no ser humano. A vinda desse Poder a Terra trouxe um ímpeto definido à nós, no sentido de nos livrar das cadeias da Raça, do credo e do sexo. Deu-nos, igualmente, a possibilidade para compreender o princípio da unidade de cada um com todos, de modo a pô-lo em prática, na conquista de uma verdadeira fraternidade humana.
Realmente não podemos fugir a realidade de que todos nós, quer nos planos invisíveis, quer no plano visível, estamos unidos por intangíveis e indissolúveis laços do Espírito, tão reais como as que unem a Luz com o Sol de onde veio.
Desse modo, tudo a que nós, como indivíduos, possamos pensar, sentir, dizer ou fazer afeta não somente a nós mesmos como também aos nossos semelhantes, tanto os remotamente distantes com os que estão próximos de nós.
Ainda que o tentássemos por todos os meios não podemos viver apenas como indivíduos ou famílias ou comunidades ou nações separados, porque realmente vivemos num mundo só, que compenetra tudo. Funcionando em nossos veículos, nesse Mundo material, vivemos nesse Mundo; deixando esses veículos, pela morte, entramos nos reinos suprafísicos – nos Mundos suprafísicos ou Mundos invisíveis aos olhos físicos –, mas continuamos fazendo parte do nosso Criador e estamos sob Sua guarda.
“Para onde me irei de teu Espírito ou para onde fugirei de Tua face? Se subir aos céus aí estás; se fizer no Sheol a minha cama, eis aí também estás; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e tua destra me sustentará.” (Sl 139:7-10).
“O Senhor é meu pastor; não me faltarás. Em verdes pastagens, guia-me mansamente a águas tranquilas, refrigera minha alma, guia-me pelas veredas da justiça, por amor de Seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo.” (Sl 23:1-4).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)
“E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça”.
“E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz”.
“E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas”.
“E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”.
“E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono”.
“E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias”. (Apo 12:1-6)
O Espírito Humano é uma chispa do infinito, abrangendo todas as possibilidades. O indivíduo é apenas uma unidade separada, embora venha situar-se como tal desde que o observemos como membro de uma família, de uma comunidade, de uma nação como habitante da Terra. Mesmo assim, liga-se a outros Mundos e, consequentemente, com os habitantes desses Mundos.
Notamos a relação existente entre o Sol, a Lua e outros Planetas em cada uma das diferentes Religiões, inclusive na Religião Cristã.
Em 21 de junho, isto é, no Solstício de Junho o Sol deixa o seu trono, passando através do Signo de Leão, o Leão de Judá. Em 15 de agosto a Igreja Católica festeja a Assunção. Daí em direção ao nodo ocidental, o Sol entra em Virgem, mais ou menos a 22 de Agosto. A Virgem nasce do Sol, por assim dizer. Tal fato correlaciona-se com a passagem do Apocalipse acima transcrita: “E viu-se um grande sinal no céu; uma mulher vestida de Sol e a Lua debaixo de seus pés”. Observando, desde a Terra, temos a impressão de que em setembro o Sol cobre ou veste completamente o Signo de Virgem, e como a Lua vai afrouxando a sua Conjunção com o Sol, ela parece se situar sob “os pés da Virgem”.
A vida de todos os Salvadores da Humanidade se desenvolve sincronicamente com a passagem do Sol ao redor do círculo do Zodíaco, o qual retrata as provas e os triunfos dos Iniciados. Tal fato vem dando margens às interpretações errôneas, entre outras, a de que estes Salvadores nunca existiram, de que os relatos sobre as suas existências são meramente mitos solares. Isto é um erro. Como ensina os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, todos os Mestres Divinos enviados para nos auxiliar são Individualidades Cósmicas que ordenam suas existências de conformidade com as órbitas solares, que contêm antecipadamente, por assim dizer, uma biografia de suas vidas. Cada um deles vem com o conhecimento e a luz divina espiritual indispensável para nos ajudar a encontrar a Deus. Há, portanto, uma sincronização natural entre os eventos de suas vidas com os eventos do nosso “dador de luz” – o Sol – em sua peregrinação de trezentos e sessenta e cinco dias no ano.
Os Salvadores nascem de uma Virgem Imaculada ao tempo em que a obscuridade é maior entre nós. Sincronicamente, o Sol do ano vindouro nasce ou inicia a sua jornada na mais longa noite do ano, quando o Signo da Virgem permanece no horizonte oriental em todas as latitudes, entre 22 horas e meia-noite. Ela permanece tão Imaculada como sempre, mesmo depois de ter dado nascimento ao seu infante solar.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – março/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Elman Bacher, em seus Estudos de Astrologia, escreveu: “o artista no indivíduo durante as épocas passadas tratou de interpretar em versos, canções e quadros seu conceito de vida como uma grande luta. Toda escritura narra a história, em símbolos e alegorias, dos ataques furiosos das forças das trevas contra a fortaleza da luz, a contenda do diabo contra Deus pela alma do ser humano, a fricção incessante entre o mal e o bem, o tentador que procura, eternamente, acabar com aquilo que é aspiração no coração humano”.
Isso faz parte da nossa evolução e saber como funciona nos fortalece para extrair melhor o ensinamento que nos é oferecido. Vejamos, então, de onde vem tudo isso.
Todos nós descendemos de uma raça chamada Semitas Originais. Nós, como Semitas, fomos a primeira raça a ganhar o livre arbítrio e a faculdade de poder escolher o que fazer.
Essas duas condições – caminhar por conta própria e decidir o que fazer – eram necessárias, como ainda o são, para desenvolver a faculdade da razão, a nossa Mente, a fim de aprendermos a pensar estando na consciência de vigília nesta Região Química do Mundo Físico.
Em qualquer escola que cursamos, seja no primeiro grau, segundo, na faculdade, de tempos em tempos são dados testes ou provas a fim de nos examinar e descobrir se aprendemos as lições dadas.
Do mesmo modo, na escola da vida, os sublimes mestres que nos orientam na nossa evolução, de tempos em tempos, nos dão provas que realcem ou destaquem os nossos pontos débeis.
Essa é a maneira mais eficaz de corrigir as nossas deficiências e fortalecer o nosso caráter. Esse é o momento em que o mestre se converte em tentador, ou em outras palavras: se converte num adversário ou inimigo (Satã ou Satanás em hebreu).
Temos vários casos na Bíblia: por exemplo, no cap. 24 do Segundo Livro de Samuel de 1 a 15: “Tornou-se de novo a acender o furor do Senhor contra Israel e excitou o Senhor contra eles a Davi, permitindo que dissesse: vai e numera a Israel e Judá. Disse, pois, Davi a Joab, General do seu exército: corre todas as tribos de Israel desde Dan até Betsabée, e fazei a resenha do povo, para eu saber o seu número (…) e tendo percorrido toda a terra, voltaram para Jerusalém depois de nove meses e vinte dias (…) acharam-se em Israel 860 mil homens robustos (…) mas, depois que foi contado o povo, sentiu Davi ao Senhor: eu cometi, nessa ação, um grande pecado: mas rogo-te, ó Senhor que perdoe a iniquidade de teu servo, porque obrei muito nesciamente (…) mandou, pois, o Senhor, a peste a Israel (…) e morreram do povo desde Dan até Betsabée 70 mil homens”.
Na passagem: “excitou o Senhor” vemos que o Senhor permitiu que Davi caísse na tentação de vã glória e ambição ordenando o recenseamento. Isso é evidenciado se notamos que em primeiro Paralipômenos Capítulo 21, versículos de 1 a 13 temos a mesma passagem só que relatada da seguinte forma: “Levantou-se, pois, Satanás contra Israel e incitou a Davi a fazer resenha de Israel e disse Davi a Joab, e aos principais do seu povo: Ide e fazei a conta a Israel desde Betsabée até Dan e trazei-me o número para eu saber”.
Davi deveria ter confiança em Deus e atribuído a ele toda força e poder que possuía e não à quantidade de soldados que existiam.
Ora, Davi era semita e Jeová era o Deus de Raça responsável por toda a evolução naquela época. Os Semitas eram teimosos e gostavam de fazer tudo por si só. Aí a represália em forma de peste de modo a deixar bem claro que a quantidade de homens era insignificante se comparado ao poder de Jeová.
Note, então, que Satanás apareceu com o significado de adversário, de tentador, a fim de provar ao próprio Davi até onde ia a sua fé.
Perceba que o próprio Davi tão logo viu a estupidez que fez caiu em remorso no seu coração. Só que naquela época não havia o Perdão dos Pecados e estavam sob a lei e devia-se aprender pela dor – aí a peste e todo o sofrimento. Entretanto, da mesma forma que hoje, uma vez aprendida a lição, o ensino foi suspenso!
Temos um segundo exemplo no livro de Jó (1:6-22 e 2:1-10): “Um dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, veio também Satanás entre eles (…). E o Senhor disse-lhe: ‘Notaste o meu servo Jó? Não há ninguém igual a ele na terra: íntegro, reto, temente a Deus, afastado do mal’. Mas, Satanás respondeu ao Senhor: ‘e a troco de nada que só teme a Deus? Não cercaste como de uma muralha a sua pessoa, a sua casa e todos os seus bens? (…), Mas estende a tua mão e toca em tudo o que ele possui: juro-te que te amaldiçoará na tua face’. ‘Pois bem’, respondeu o Senhor. ‘Tudo o que ele tem está em teu poder; mas não estendas a tua mão contra a sua pessoa’”.
Daí por diante tudo o que Jó possuía foi sendo destruído por inimigos ou por fogo ou por furacão. Jó perdeu tudo.
Então, Jó se levantou, rasgou o manto e raspou a cabeça. Depois, caído, prosternado por terra, disse: “Nu saí do ventre de minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu; o Senhor tirou. Bendito seja o nome do Senhor”.
Em tudo isso Jó não cometeu nenhum pecado, nem proferiu contra Deus nenhuma blasfêmia. “Ora, um dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, Satanás apareceu também no meio deles (…) o Senhor disse-lhe: Notaste o meu servo Jó? (…) Foi em vão que me incitasse a perdê-lo”.
“Pele por pele!” – respondeu Satanás. “O homem dá tudo que tem para salvar a própria vida. Mas estende a sua mão, toca-lhe nos ossos, na carne; juro que te renegará na tua face”.
O Senhor disse a Satanás: “Pois bem, ele está em teu poder, poupa-lhe apenas a vida! (…) Satanás feriu Jó com uma lepra maligna, desde a planta dos pés até o alto da cabeça. (…) Sua mulher disse-lhe: Persiste ainda em tua integridade? Amaldiçoa a Deus; e morre! Falas, respondeu-lhe ele, como uma insensata. Aceitamos a felicidade da mão de Deus; não devemos também aceitar a infelicidade?”.
Em tudo isso Jó não pecou por palavras. Essas provações só mostram quão firmes devemos ser. Tudo Deus nos deu. Tudo só Ele pode nos tirar. Tudo que possuímos são bens que temos o privilégio de administrar. Se administrarmos bem, mais possuímos. Se administrarmos mal, até o que temos nos será tirado.
Esses são os talentos que Cristo nos fala, em Mateus 25:14-30.
Satanás, aqui, é senão o adversário se empenhando para provar a Jó. Entretanto, perceba que ele nada faz sem a permissão de Deus que, por outro lado, não permite que Satanás nos tente acima de nossas forças!
Além disso, Deus nos ajuda com a sua graça de tal forma que tudo o que o adversário ou o inimigo nos faça redunde em nosso bem, mostrando-nos e reforçando em nós as virtudes e o merecimento. Lembrarmo-nos disso nos ajudará, e muito, a nos mantermos firmes em meio às adversidades.
Qualquer pessoa, qualquer circunstância ou qualquer ser pode se tornar um Satanás, um adversário, um inimigo para nós num momento em que dele precisamos.
E o que é Satanás para nós, pode não ser, e muitas vezes não é para os outros. O importante é ter em mente que quando qualquer pessoa ou qualquer sugestão de qualquer pessoa – seja ela a pessoa que mais amamos ou que mais respeitamos ou, ainda, a em que mais nos espelhamos – vier nos pedir ou sugerir que façamos algo que, pela lógica, pela razão e pelo nosso coração é errado devemos dizer como Cristo disse a São Pedro no Evangelho Segundo São Mateus (16:23): “Afasta-te Satanás; tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!”.
Não devemos também amaldiçoar o tentador, o nosso adversário, só porque ele se apresentou como tal para nós.
De repente essa apresentação se deu só uma vez e não se dará mais. De repente ele nem se sentiu adversário nosso. Também não adianta tentar ensiná-lo que está errado ao pedir ou sugerir “algo errado”. Nesse momento, nós é que estamos sendo tentados; a lição é para provar-nos, não a ele. Ele é apenas o instrumento; devemos sim repreendê-lo como Cristo o fez, mostrando nossa consciência no bem. Outras vezes nós nos tornamos o adversário de nós mesmos. Quando não temos vontade e inteligência de agir corretamente.
Na Bíblia, Saturno é Satanás, Satã, o adversário, o inimigo, o opositor, o que luta contra o contrário. Aquele que limita; que obstrui; que cristaliza; que nos incomoda. Aquele que nos deixará passar para um nível mais elevado se provarmos ter o merecimento necessário. Aquele que nos incita a nada fazer; a fraquejar; a xingar; a blasfemar; a cristalizar; a perder tempo. Enquanto ficamos nisso, nada conseguiremos e só retrocedemos. Aprendamos com as nossas fraquezas e elas nos elevarão. É nosso dever prosseguir, agir, desafiar novos opositores, abrir novos horizontes. Lembremos que: “a messe é grande e os operários são poucos”.
Daqui concluímos que Saturno é o tentador que nos incita a não agir; a blasfemar; a opor-se.
Outro tentador há que nos incita a agir, mas agir para o mal; a manter uma compreensão errada pela Mente; a viver na ignorância. Nesse sentido Cristo-Jesus foi tentado três vezes pelo demônio no deserto. As tentações visavam tocar no ponto mais fraco, com isso o tentador poderia justificar a sua queda alegando que: ou se fazia assim ou morreria.
Entretanto, é preferível morrer a trabalhar para o mal! Após Cristo-Jesus ter jejuado 40 dias e 40 noites “o tentador aproximou dele e lhe disse: ‘se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pão’. Cristo-Jesus respondeu: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’.” (Mt 4:1-14).
Através do seu poder espiritual, Cristo-Jesus poderia matar sua fome, mas é uma lei cósmica que não se pode usar o próprio poder para tirar algum proveito material para si mesmo. Se o fizesse estaria praticando magia negra! E o demônio sabia disso.
Na segunda tentação, “o demônio transportou-o à cidade santa, colocou-a no ponto mais alto do templo e disse-lhe: ‘se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: ele deu a seus Anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra’. Disse-lhe Cristo-Jesus: ‘Também está escrito: ‘não tentarás o Senhor teu Deus’”.
Note que o demônio percebeu que Cristo se apoiava nas Sagradas Escrituras e, também, se apoiou nela para fundamentar a sua sugestão!
Na terceira e última tentação “o demônio transportou Cristo-Jesus, uma vez mais, para um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe: ‘dar-te-ei tudo isto se, prostrando-o diante de mim, me adorares’. Respondeu-lhe Cristo-Jesus: ‘Para trás, pois está escrito: ‘Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele servirás’”. Com a ajuda do demônio, que possuía o controle sobre a terra, naquele tempo, seria fácil se tornar um herói maravilhoso no conceito das pessoas sem ter os transtornos e as dificuldades que viriam.
Entretanto, logo descobria que “teria ganhado o mundo inteiro, mas perdido não só a sua própria alma, mas a alma do mundo inteiro, que tinha esperança de salvar”! Além do que a Reino de Deus não é deste mundo; não é o Reino dos homens; o Reino de Deus é celeste.
Após essa última tentação “o demônio deixou-o por um certo tempo”.
Repare na última frase: “por um certo tempo”, pois a prova não foi feita de uma vez, mas de tempos em tempos. Durante a Sua vida terrestre, encontramos a Cristo refutando as mesmas provas.
Esses três tipos de provas, de tentações, são as três mais difíceis pelas quais estamos, constantemente, passando: interesse pessoal, poder pessoal e fama pessoal. No início do nosso caminho Espiritual essas provas nos apresentam como simples e clara de serem refutadas, mas conforme progredimos, torna-se menos óbvio e mais sutil. E como diz Tomás de Kempis, em Imitação de Cristo: “por isso lemos no livro de Jó (7:1): ‘É um combate a vida do homem sobre a Terra’. Cada qual deve estar acautelado contra as tentações mediante a vigilância e a oração, para não dar azo às ilusões do demônio, que nunca dorme, mas anda por toda parte em busca de quem possa devorar (1Pd 5:8)”.
O demônio ou o diabo é o nome comum dado a Lúcifer ou Espíritos Lucíferos, cujo Planeta residente é Marte. Como diz em Fausto, quando pergunta quem é Lúcifer: “o Espírito da negação; o poder que trabalha para o bem, embora planejando o mal”.
O trabalho de Lúcifer foi, e ainda é, mostrar-nos que existem o bem e o mal. Com isso ele trouxe-nos a dor, a tristeza e a morte, roubando-nos a inocência e a paz. Pois, como éramos ingênuos e ignorantes abusamos da força criadora sexual, tornamo-nos conscientes do nosso corpo físico – nosso Corpo Denso – esquecemos os mundos espirituais e mergulhamos no pecado, mas obtivemos a possibilidade de escolher entre fazer o bem ou cair na tentação fazendo o mal.
A tentação tornou-se parte fundamental da nossa vida. É ela que nos traz a paciência, quando tentamos e não conseguimos fazer o certo; a humildade, quando erramos e nos humilhamos; a esperança, quando, após muito sofrimento estamos prestes a desistir; a fé, quando se sentindo perdido apoiamo-nos na graça e na consolação divina; ânimo, quando nos sentimos fortalecidos ante uma tentação superada e; principalmente, a consciência que, através da sua voz e quando aconteçam circunstâncias em que antigas tentações nos apresentam, ela nos orienta como agir não nos deixando nelas cair.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Muito já se escreveu sobre o amor, mas ninguém soube elevá-lo tanto, ninguém o revestiu de profunda clareza, e ao mesmo tempo de suprema transcendentalidade, como São Paulo em sua Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo treze.
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver amor serei como o metal que soa ou como o sino que tine”. “Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha fé, a ponto de remover montanhas, se não tiver amor, nada serei”; “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará”, “O amor é paciente, é benigno; o amor não é invejoso, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente; não busca seus interesses, não se exaspera; não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre; tudo crê; tudo espera; tudo suporta”.
O trecho acima faz parte do Ofício Devocional Rosacruz (o Ritual do Serviço Devocional do Templo), o Ritual composto por Max Heindel sob a orientação dos Irmãos Maiores, para cultivo da natureza interna dos Estudantes Rosacruzes. Essa maravilhosa peça ritualística não constitui tão somente um conglomerado de frases, algumas extraídas da Bíblia, outras não, formando um sentido lógico. Sua profundidade, seu conteúdo místico, seus efeitos, desafiam a compreensão e a sensibilidade do mais sincero Estudante Rosacruz. Pode-se afirmar sem exagero: quanto mais o Estudante Rosacruz avançar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, mais atiladamente vislumbrará as riquezas espirituais contidas nesse Ritual.
Sua leitura, se levada a efeito regularmente – todos os dias, exceto nos dias do Ritual Devocional do Serviço de Cura – e em um ambiente adequado, produzirá resultados definidos.
Quanto a Primeira Epístola aos Coríntios, sua importância dentro desse contexto é fundamental.
O Apóstolo dos gentios, longe de simplesmente tecer uma rebuscada apologia ao amor, como alguns podem julgar, procura apresentá-lo em suas reais dimensões. Suas palavras deixam transparecer uma clareza meridiana. Seus apelos são diretos e incisivos, dispensando concessões e ambiguidades. “Se não tiver amor, nada serei”; “se não tiver amor, nada disso me aproveitará”. O amor é paciente. Logo, é de natureza distinta da impaciência. O amor não é invejoso. Por conseguinte, contrapõe-se a inveja. Não é compatível com o ufanismo, com o ressentimento, com a injustiça, com a soberba, porque todos esses sentimentos provocam a desarmonia e destroem a unidade. O amor, princípio essencial de Cristo, unifica, mantém a coesão, respalda a fraternidade, cura, enfim, todos os males. É a grande panaceia. Como pode medrar essa semente divina, quando o seu real significado é distorcido? Como tingiram-na de cores vulgares! Acomodaram-na às conveniências do momento, associando-a a ideia de sexo: na linguagem mundana, “fazer amor” é sinônimo de relações carnais, o que não tem a haver com o conceito do verdadeiro amor entre duas pessoas!
Mas São Paulo preservou sua identidade ao legar-nos Cartas ou Epístolas inspiradoras. Cada vez que participamos da oficiação do Ritual Devocional do Serviço do Templo Rosacruz, distantes momentaneamente do plano material, recebemos como que uma energia imunizadora contra os efeitos negativos das projeções deturpadas do amor.
Como herdeiros das promessas de Cristo, só nos resta empreender os maiores esforços por expressá-lo em nossas vidas diárias, buscando concomitantemente, compreendê-lo em suas raízes mais profundas.
(Gilberto A. V. Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz – maio/1975 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Meus dias, cada um é toda uma existência. Na manhã de cada um vivo para mundo; pela tarde sou Siegfried, o Buscador; à noite esforço-me por ser ocultista e místico. E ao dormir estou entre um renascimento e outro.
De manhã cuido de mim e do intelecto; à tarde cuido da família e do espírito; à noite cuido do meu semelhante e morro. Pois a manhã é minha juventude insensata e egoísta — quando focalizo apenas mundanismo; a tarde é meu amadurecimento físico-mental e despertar espiritual — quando ergo meus olhos para o céu e me volto para os seres que estão mais próximos; a noite é meu amadurecimento espiritual, minha velhice — quando, reconhecendo que “viver é servir”, passo a existir mais para os outros do que para mim mesmo. E no afã do serviço amoroso findo os meus dias na Escola da Experiência.
Descanso, durmo e sonho.
Sonho com o Purgatório e com as coisas do Primeiro Céu, do Segundo e do Terceiro, onde estiveram “sonhando acordados” vários companheiros de jornada que seguem a estrada muitos passos à minha frente. Inclusive São Paulo e meu Iluminado amigo Max Heindel, aos quais devoto particular estima e admiração. Aliás, foi o primeiro deles quem me levou a essas reflexões, pois foi quem disse há dois mil anos: “Morro todos os dias...”
Após sonhar, desperto e me levanto para um novo dia. Um dia, sem dúvida, melhor que o anterior, pois desperto mais forte, mais saudável, mais bondoso, mais sábio, enfim, mais próximo da perfeição. E até mais bonito…
Antes de despertar, contudo, tudo vi. Em sonhos. Contemplei todo o dia que tenho pela frente, embora de nada me recorde agora que me acordo. E só por não me poder recordar do panorama, agora, é que, às vezes, ainda me aborreço com os percalços da jornada. E em certas horas até me esqueço de louvar a Sabedoria e exaltar o Amor de Deus, que me soube planejar mais este dia!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Max Heindel responde a essa pergunta: depois da Ressurreição, Cristo apareceu entre Seus Discípulos reunidos em um recinto fechado. Não o reconheceram prontamente, nem creram que Ele estivesse em Corpo Denso. Ele, porém, utilizava o Corpo Vital de Jesus. Dessa maneira podia atrair matéria da Região Química e construir um veículo tangível – um Corpo Denso.
Para convencê-los, pediu algo para comer e lhe foi dado um pedaço de favo de mel e algum peixe. Afirma-se que comeu o mel, mas não o peixe. Todo aquele que tivesse se dedicado ao vegetarianismo, como era comum entre os Essênios, nunca mais teria comido qualquer alimento cárneo (mamíferos, aves, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins), incluindo o peixe.
Lembramos também que no Novo Testamento o “peixe” é uma forma simbólica de apresentação. Segundo os Evangelhos, os Discípulos eram pescadores. As passagens bíblicas relatam que eles foram alimentados com pães e peixes, afirmações essas de caráter simbólicos. A história de “Jonas e a Baleia“ e outras narrações são formas simbólicas reapresentação esotérica e astrológica.
Ao tempo de Cristo o Sol, pelo movimento da Precessão dos Equinócios, encontrava-se a sete graus do Signo de Áries (o Cordeiro) e dentro da Órbita de Influência do Signo seguinte – por Precessão dos Equinócios, que se conta ao contrário -, que é o de Peixes (os peixes). Ele era o Salvador da Nova Dispensação, portanto, nada mais natural seria procurar “pescadores”, e quando os encontrou, afirmou que os tornariam “pescadores de homens”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1969 – Traduzido da Revista Rays From The Rose Cross-Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: “Então alguns dos escribas e fariseus tomaram a palavra: ‘Mestre quiséramos ver-te fazer um milagre'”. (Mt 15:1)
“Esta geração adúltera e perversa pede um sinal; mas não lhe será dado outro sinal do que aquele do profeta Jonas. Do mesmo modo que Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no seio da terra. No dia do juízo, os ninivitas se levantarão com esta raça e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas. No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará com esta raça e a condenará, porque veio das extremidades da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora, aqui está quem é mais do que Salomão”. (Mt 12:38-42)
Cristo afirmou aos escribas e fariseus que “uma geração má e adúltera buscava um sinal, porém, nenhum lhe seria dado, senão o do profeta Jonas“.
Muita especulação tem sido feita e muitas controvérsias têm surgido em consequência dessa afirmação do Mestre; contudo, nos registros ocultos encontramos uma interpretação razoável.
Jonas significa pomba, o bem reconhecido símbolo do Espírito Santo. Durante três dias, correspondendo às Revoluções de Saturno, Solar e Lunar do Período Terrestre, bem como às “noites” que entre elas se intercalam, o Espírito Santo e todas as Hierarquias Criadoras trabalharam na “grande profundidade”, isto é, aprimoraram as partes internas da Terra e do ser humano.
Daí então a Terra emergiu de seu estado aquoso de desenvolvimento, durante a Época Atlante, para um estado gradativamente mais seco, mais luminoso, na atual Época Ária. Dessa forma “Jonas, a Pomba Espírito” consumou a salvação da maior parte do gênero humano.
Entretanto, houve uma época em que a natureza passional do ser humano tornou-se tão descontrolada, a ponto de engendrar sérias dívidas ante a Lei de Consequência, e que fatalmente incorreria num perigo quanto à estabilidade e equilíbrio do próprio Planeta. Por esta razão, Cristo iniciou um trabalho de auxílio à carente humanidade. Quando do Batismo desceu “como uma pomba” (não na forma de pomba) sobre o homem Jesus.
Como Jonas (a pomba do Espírito Santo) permaneceu três dias e três noites no Grande Peixe (a Terra aquosa), assim, o Cristo penetra anualmente no coração da Terra, atingindo-o no Solstício de Dezembro, todos os anos e permanecendo lá por três dias, proporcionando-nos o impulso necessário à jornada que abrangerá outras três revoluções no Período Terrestre. Ele está nos ajudando a eterizar a Terra, nos preparando para as futuras condições do Período de Júpiter.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1968-Fraternidade Rosacruz-SP)
Entramos na Primavera, a mais bela estação do ano. As matas cobrem-se de luxuriante verde-esmeralda, jardins adornam-se de suas mais preciosas joias, as flores dos seus variados matizes.
Os pássaros vestem-se de cores, os cantos florestais tornam-se possantes sinfonias, os arroios correm cristalinos, contentes, saltitando aos beijos mornos do novo Sol, que tudo atrai, fecunda, rejuvenesce num poema de cósmica beleza, em formas e sons. Tudo é euforia, festejando o maravilhoso evento.
E para nós, Estudantes Rosacruzes, torna-se este evento ainda mais festivo, num motivo de júbilo e contentamento, pela volta de nosso Salvador e sustentador, o Cristo Cósmico.
A esposa, quando espera pelo esposo, ou o esposo quando espera a esposa ajeita-se da maneira mais agradável aos olhos do seu amado ou da sua amada. Veste-se da maneira mais apreciada, se arruma do jeito que melhor pode e enche-se de júbilo e de cantos. Da mesma forma, assim terá que acontecer conosco, à volta anual de Cristo, nosso Salvador, nosso Redentor, nosso único Ideal. Teremos que nos preparar fisicamente e espiritualmente para esse grande acontecimento, desalojando a sujeira dos baixos instintos, a poeira da vaidade e do orgulho, revestindo-nos do “homem novo” – como nos ensina São Paulo na sua Epístola aos Efésios (4:22-24): “despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade” –, vivificado em Cristo. Tornemo-nos quais crianças, em simplicidade e novidade de espírito. Fortaleçamo-nos, ou melhor, alimentemos o Cristo criança que em nós há de nascer, através da Fé, da Esperança e do Amor e, acima de tudo, pelo emprego de nossos dons e talentos no trabalho dignificante, amoroso, e desinteressado a todas as criaturas. Imitemos a sábia Natureza que nesta época, dá-se toda generosa, sem limites, através dos tenros frutos que nos alimentam, das chuvas abundantes e amigas, das graciosas flores multicoloridas enfeitando-nos os olhos e a alma.
Façamos, como a Natureza, o “dom” de nós mesmos, “servindo e amando”, ativando e desabrochando o princípio amor dentro de nós, pois, como um instrumento não responde à nota vibrada por outro se não estiverem ambos afinados no mesmo diapasão, da mesma forma, se não afinarmo-nos, por meio da renúncia e de um plano de trabalho sincero, e cheios de boa vontade, à nota Crística, tudo o que fizermos será em vão, porque somente desabrochando e deixando agir o princípio Amor, atributo do Filho, o Cristo, poderemos encontrá-lo, vê-lo face a face dentro de nós mesmos como disse Angelus Silésius:
“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,
se não nascer dentro de ti mesmo,
tua alma seguirá extraviada.”
Somente pela percepção consciente do Cristo interior é que poderemos perceber e sentir o Cristo exterior e nada melhor do que esta época para preparar-nos como digna morada para Ele.
Conforme for se dando essa iluminação interna, ativada pelas Luzes de Cristo nessa Sua descida anual em nosso Planeta, Sua verdadeira Cruz, poderemos, então, tornar-nos trabalhadores conscientes na “Vinha do Senhor” e termos o privilégio de executar a sua tarefa guiando o nosso Planeta. E para tanto, empenhemo-nos, desde já, como servos vigilantes, no trabalho altruístico e amoroso, apressando assim, o grande dia da Libertação de Cristo e a vinda de Seu Reino, a Nova Jerusalém. Esperemos, portanto, com intensa alegria, desde já, quando as Forças Crísticas são ativadas, e com todo o anelo do nosso coração repitamos em tom de amor e humildade: “Senhor, não sou digno que entreis debaixo do meu teto; dize, porém, uma palavra, e minha alma será salva.” (Mt 8:8).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1969 – Fraternidade Rosacruz-SP)