Arquivo de categoria Estudos Bíblicos

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Oração: como devemos orar e para que devemos orar

5E quando orardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de fazer oração pondo-se em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 6Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará. 7Nas vossas orações não useis de vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. 8Não sejais como eles, porque o vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de lho pedirdes.” (Mt 6:5-8)

No “Sermão da Montanha”, Cristo fez essa importante preparação, para depois ensinar a “Oração do Senhor”, vulgarmente conhecida como o “Pai Nosso”.

Vejamos o sentido das frases-chave desse trecho:

Gostar de ser visto pelos homens — Eis uma regra básica que o Cristo deu, para sabermos quando é que a Personalidade falsa está nos condicionando: ela gosta de prestígio, de elogios, de parecer boa. Se levarmos à criteriosa análise essa regra, poderemos perceber essa intenção de “ser visto pelos homens” nas maneiras mais sutis, até mesmo em coisas aparentemente inocentes e sem gravidade. É preciso isenção de ânimo para tomar consciência disso em nós. Se estamos envolvidos na Personalidade, impossível constatá-lo. É preciso estar como “de fora”, num estado de observação imparcial de nós mesmos, sem julgamento nem objeção; sem resistência ao maligno (em nós) para não dar a perceber à Personalidade que ela está sob consciente observação e vigilância.

É preciso situar-nos como um Eu espiritual a testemunhar a ação da Personalidade, sem objetar nem julgar. Só observar. Essa simples constatação, sem identificação emocional e mental, permite-nos receber, da Mente (ou Memória) Supraconsciente, a voz da intuição. O conhecimento interior, se assenhoreará da verdade e essa dissolverá a magia da Personalidade. Eis uma excelente maneira de cultivar-se uma percepção certa da verdade libertadora. Como disse Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Isso depende unicamente de exercício, de repetição paciente, até que, no dizer de São Paulo, possamos “orar sem cessar”, ou seja: manter-nos no aqui e agora, conscientes de nossas intenções (sem recriminações!), na consciência de que o “Eu” verdadeiro e superior é quem faz as obras.

Em verdade já receberam sua recompensa — Receberam sua recompensa de quem? Do mundo. Assim, nada têm a reclamar dos céus ou do íntimo, como Alma, como crescimento evolutivo. É uma forma de dizer, pois não há recompensas. Não se pode dizer que os frutos sejam a recompensa à árvore. Simplesmente são um corolário, uma consequência natural de sua ação, na ordem evolutiva.

Mas, a Personalidade ignorante, que vive sob a ilusão de separatividade do Espírito, busca atrair os méritos da ação, reclamando paga e retribuição. Quando buscamos satisfação e realce da Personalidade, “engordamo-la”; assemelhamo-nos a árvores folhudas, de bela ramagem, de majestoso tronco, porém, estéril: toda a energia vital, toda a seiva que ela recebe, converge na apresentação de si própria, na promoção e projeção de si. Não sobra energia para os frutos. A alma fica desnutrida porque sua ação não alcança o íntimo. Não é natural, providencial, que a lei de Causa e Efeito precise de fazer-nos umas “podas” pedagógicas, para que sobre energia aos frutos e cumpramos o objetivo essencial de nossa vida, que é a evolução?

Quanto às pessoas que oram de pé ou nas esquinas, pode ser que sejam sinceras. Os israelitas e os muçulmanos têm horas prefixadas de oração e, onde estiverem, devem fazê-la. Mas como o orar numa esquina podia trazer fama de piedoso, com vantagens sociais, com o tempo se amiudaram as “coincidências”. O importante é a intenção e, como Deus não se acha num templo determinado, mas está em toda a parte, principalmente “dentro de nós”, a oração sincera deve ser discreta, evitando os meios sutis de chamar a atenção sobre si, inconscientemente.

Fecha-te no teu quarto — Segundo o original grego dos Evangelhos (do primeiro século), esse quarto era o “quarto de guardados” (“eis tò tameiõn”), onde as pessoas estranhas não podiam entrar. E justamente para mostrar-nos o sentido de “intimidade”. Refere-se a um recolhimento individual, pois a pessoa devia trancar a porta após entrar. Notem que nessa frase (verso 6) o tratamento é “tu” e não vós: é individual.

Ninguém pode penetrar o íntimo humano. Mesmo os Iniciados, que podem desvelar-nos o íntimo até certo ponto, não o fazem, porque o livre arbítrio é o mais sagrado direito. E, também, respeitam as “prisões sem grade” dos condicionamentos e restrições internos, porque sabem que o processo de libertação vem de dentro para fora e deve ser presidido pela própria pessoa interessada, se bem possa ela ser orientada e assistida “de fora”. Gandhi já dizia: “ainda que me prendam na mais profunda masmorra, serei um homem livre”. Ele se referia a essa liberdade interior que só o indivíduo pode roubar a si mesmo, por ignorância.

Nesse “lugar secreto do Altíssimo” (Salmo 91) do íntimo, é que a Personalidade humilde, consciente de sua função, como canal do Espírito, deve orar.

As palavras são desnecessárias e até podem prejudicar a abertura e receptividade interna, à manifestação da Presença, como uma taça erguida, de boca para cima, à espera de preenchimento da “água viva”. Podemos estar no banco de um ônibus, viajando quietamente num carro (não na direção), numa sala de espera ou numa fila — e orar internamente, sem demonstrações evidentes, como fechar olhos, mãos postas, cara de anjo, mover lábios. Mas será melhor, certamente, no silêncio de um quarto: um cantinho escolhido onde habitualmente nos recolhemos (se possível às mesmas horas). A prática vai formando no local e em torno dele um santuário invisível, um templo “não feito com mãos”, uma capela etérica, visível ao Clarividente como algo lindíssimo, de formas e cores próprias, que deve ser alimentado pela repetição fiel. Depois de certo tempo de prática notar-se-á ali uma vibração agradabilíssima. Não convém que outra pessoa esteja a entrar ali.

Esse mesmo princípio explica o porquê nos sentimos bem numa certa poltrona em que nos sentamos sempre, seja em casa ou numa fraternidade: ela fica impregnada por nossa vibração particular, quase sempre boa, porque naqueles momentos vibramos mental e emocionalmente em assuntos elevados.

Ora a teu Pai que está no secreto — Veja que uma boa definição de prece pode ser a silenciosa busca do “Eu interno”. Orar é escutar Cristo em nós, no silêncio e vazio da Personalidade. Quando Ele, de algum modo, “responde”, aí já é inspiração.

Essa orientação está claramente exposta nos Evangelhos: “Deus é Espírito e Verdade; importa que O adoremos em Espírito e Verdade”. “O Reino de Deus está dentro de vós.” O corpo é o templo do Altíssimo.

Passemos a orar corretamente, ainda que os resultados pressuponham longa prática, sincera e perseverante. Vale a pena. Estejamos prevenidos contra a tendência imediatista, de alcançar resultados a curto prazo. A impaciência contra as restrições é um sério entrave ao desenvolvimento espiritual. Não imponhamos prazos. As realizações internas dependem de um natural amadurecimento. Dependem do que tenhamos conquistado anteriormente, se bem que o método correto pode abreviar, agora, o acesso à Graça.

Pratiquemos fervorosa e pacientemente a oração mística, sem olhos voltados para os frutos da colheita. Lembremos a estória de um menino que plantou uma semente e todos os dias a desenterrava para ver em que ponto estava: arruinou-a! Igualmente, na realização espiritual é preciso fazer o que nos incumbe. Deus jamais falha em cumprir Sua parte. Cumpre-nos adubar, plantar, regar (prática regular e amorosa), confiando que a Terra faz sua parte, até que um raminho verde-esperança assome à superfície da consciência e nos mostre os primeiros resultados.

Max Heindel exprime de modo poético e profundo: “Busquemos o Cristo interno com renovada ânsia, como uma pessoa repleta de um amor verdadeiro e sincero, vigilante às horas dos encontros, embora não receba declaração alguma de amor”. Se O buscarmos, estejamos certos de que Ele vem ao nosso encontro. Embora não O possamos sentir (por causa de nosso grau vibratório) há inequívoca manifestação de paz. Devemos permanecer quietos, à parte da Personalidade, num vazio expectante, até que Ele nos encha o vácuo de luz. Estejamos sempre como ao telefone, dizendo: “Pai, fala que teu servo escuta”, até que a “pequenina e silenciosa voz” nos penetre a consciência, como uma réstia de luz coada pelos intervalos das folhas de uma árvore, iluminando o chão. Então, sentimos uma harmonia inenarrável: a paz que ultrapassa todo o humano entendimento.

Mas não devemos contar aos outros tais experiências. Nunca! Essa profanação é provocada pela Personalidade que deseja “ser vista” como superior. Essa profanação custa caro: podemos perder temporariamente o “contato”. Logo, é secreto mesmo. A instrução é clara: sacralidade!

Teu Pai que vê no secreto, te retribuirá — Quando aprendemos a orar corretamente, os resultados internos surgem com toda a segurança. Cristo esclareceu: “Pedis e não recebeis porque pedis mal”. Quando se fala, quando se pede, o pedido deve ser “do pão espiritual”, do amor, da sabedoria, porque “tudo o mais vem de acréscimo”. Isso é o que nos ensina o “Pai Nosso”. Salomão pediu bem (a Sabedoria) e recebeu tudo o mais que não havia pedido. O crescimento de consciência é inevitável, na medida em que Deus se nos vai manifestando. O que está no íntimo se vai extravasando inevitavelmente: eis a chamada “recompensa” deste passo. Não é que um Almoxarife celeste nos abra a torneira de graças quando fazemos uma oração jeitosa. É simplesmente a consequência lógica de uma transformação interior, de uma transferência, de apoio ao “Eu” verdadeiro e superior, que se vai expressando em nossa vida com sua natureza própria, que é paz, harmonia, sabedoria, amor etc. Não precisamos de criar essas coisas. Elas já existem dentro de nós (como ensina a “Oração Rosacruz”). Basta libertá-las. Por isso é que a Bíblia nos ensina: “Somos herdeiros de Deus e coerdeiros com o Cristo”. “Filho, tudo o que é meu é teu.”

Quando orais, não useis de vãs repetições, como os gentios que pensam que pelas muitas palavras serão ouvidos. – Hoje, podemos considerar como “gentios” as pessoas ignorantes da verdade espiritual, que evoluem por penosos meios e não sabem aplicar os recursos esotéricos para uma evolução mais rápida e fácil. Incluímos os religiosos comuns que atribuem valor demasiado às ladainhas, às longas repetições de preces mecânicas. Arrolamos igualmente os orientais que, na fase elementar, de repetição de “mantrans” e “japam” julgam ser transformados pelo “som”, sem um trabalho interno transformador. Nenhuma palavra, por mais sagrada que seja sua vibração, pode, por si mesma, levar-nos à santidade. A “palavra perdida” só pode exercer poder quando pronunciada por uma pessoa de consciência despertada. Isso é o que ensina a estória de “Aladim e a lâmpada maravilhosa”: só quem encontra a lâmpada (símbolo da sabedoria espiritual) pode pronunciar a palavra de poder (que suscita o gigante), esfregando-a (produzindo vibração).

A repetição de preces mecânicas e “mantrans” é um exercício para concentrar o íntimo em algo elevado; é um método para silenciar a Mente palradora e predispor o candidato à meditação. Preferimos ir mais diretamente à meta, exercitando o silêncio e a busca da Presença.

A repetição sem um objetivo elevado tem um perigo: tornar-se mecânica e fria. É preciso estar atento para renová-la com sentimento e intenção a cada prática.

Nenhum fator externo tem o poder de nos iniciar ou produzir uma abertura de consciência. Há muitas pessoas desejosas de rápida Iniciação e não hesitariam em pagar bem para consegui-lo de um “mestre”. O verdadeiro Mestre ensina que o processo vem “de dentro para fora” e tentar remover o caroço de um pêssego verde seria perder a fruta. A ajuda externa é como um fole: assopra para acender o fogo naquele que tem, no íntimo, os carvões já acesos.

A oração não é, pois, ensejo para darmos ordens ao Espírito, a fim de que Ele faça aquilo que nossa Personalidade acha melhor. Ele sabe melhor do que nós o que nos convém, antes mesmo de o pedirmos. Orar é não atrapalhar; é ser um canal vazio e fiel do fluxo divino, quando a união se efetiva. E dizer: meu alimento é fazer a vontade de meu “Eu” verdadeiro e superior! Daí a necessidade de aprendermos a orar corretamente.

Nessa ordem de ideias, mais vale um momento de sentida prece do que uma hora de ladainha. Uma fervorosa súplica, bem consciente, com a direção do pensamento e com a força do amor, forma duas asas que voam ao trono de Deus interno e trazem de volta uma resposta.

Não desconhecemos os efeitos da repetição sobre o Corpo Vital. As repetições formam os hábitos e os hábitos fazem a segunda natureza da Individualidade, de nós, o Ego. Por meio da repetição consciente de melhores hábitos é que promovemos nossa regeneração. Sabemos disso e o praticamos também, tornando nossa repetição um “orar sem cessar”, porque buscamos estar presentes no aqui e agora, vivendo muitas vezes ao dia a prática da Presença, o intento de servi-La como canal fiel. Ainda mais: levantamo-nos com o pensamento: “Meu Cristo. Este dia é teu. Estabelece tua unidade comigo, cada vez mais, até que sejamos UM. Pensa através de minha Mente; ama através do meu coração; fala por minha boca; age por meu inteiro Ser. Faze de mim um instrumento de tua vontade!”. E, ao deitar-nos, como último pensamento, antes do exercício de Retrospecção noturna, consagramo-nos: “Meu Cristo. Ensina-me esta noite. Permita que eu possa servir como Auxiliar Invisível”.

Não nos apoiemos meramente em palavras, senão em sincero propósito de elevação. As palavras, por si mesmas, são algo externo. Atribuir-lhes valor é materialismo. Como vestimenta, elas valem apenas quando revestem a verdade e o amor.

Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes que o peçais – A obra de Deus é perfeita. Nossa vida é prevista em suas linhas gerais. Deus, como Inteligência universal ou como Centelha individualizada como “Eu” e como “Tu”, é o único suprimento e JÁ está constantemente à nossa disposição. Cada qual recebe segundo sua necessidade interna. Lançamos ao exterior as expressões do nosso estado de consciência e recebemos o eco, a resposta, diretamente correspondente. Max Heindel o afirmou categoricamente: “Os Anjos do Destino dão, a cada um e a todos, exatamente o de que necessitam para o seu desenvolvimento”. Portanto, se estamos carentes de dinheiro, não peçamos dinheiro; se estamos enfermos, não peçamos saúde; se estamos infelizes, não peçamos felicidade. Não peçamos nada. Oração é pedir Deus. Só Deus. Sua mera Presença em nossa vida é reajustamento; é a expressão cabal de todas as mais justas necessidades. Como disse o Cristo: “Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus (elevação ao íntimo) e vosso ajustamento a Ele (viver de acordo com as Leis divinas) e tudo o mais vos será dado de acréscimo”.

9Portanto, orai desta maneira: ‘Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, 10venha nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na terra, como no céu. 11O pão nosso de cada dia nos dai hoje. 12Perdoai as nossas dívidas como nós perdoamos aos nossos devedores. 13E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal’. 14Pois, se perdoardes aos homens os seus delitos, também o vosso Pai celeste vos perdoará; 15mas se não perdoardes aos homens, o vosso Pai também não perdoará os vossos delitos.” (MT 6:9-15)

25E quando estiverdes orando, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhes, para que, também, o vosso Pai que está nos céus vos perdoe as vossas ofensas”. 26Mas se não perdoardes, também vosso Pai que está nos céus não vos perdoará vossas ofensas.” (Mc 11:25-26)

1Estando num certo lugar, orando, ao terminar, um de seus discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou a seus discípulos’. 2Respondeu-lhes: ‘Quando orardes, dizei: Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso Nome; venha a nós o Vosso Reino; seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu; 3o pão nosso de cada dia nos dai hoje; 4perdoai-nos as nossas dívidas, como nós perdoamos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal’.” (Lc 11:1-4)

Essa foi a única oração deixada por Cristo. Foram criadas muitas preces e formas de adoração, inclusive no Cristianismo, mas o “Pai Nosso” constitui uma síntese acabada e completa para atender a todas as necessidades do ser humano. Realmente, em seu conteúdo esotérico, tal como o constataram os Iniciados, é uma fórmula abstrata para satisfazer às necessidades dos sete princípios humanos. Ele nos dá a compreensão de como melhorar e purificar o Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente, de cuja atuação possamos extrair o pão da Tríplice Alma, para alimentar o Tríplice Espírito.

Tal é o propósito evolutivo: a dinamização das potencialidades divinas em cada ser, para aumentar a consciência Espiritual e ampliar sua expressão.

A Oração do Senhor se compõe de sete frases fundamentais, além de uma invocação inicial (Pai nosso que estás nos céus) e um fecho que não foi dado por Cristo, mas que termina de maneira apropriada a prece, (pois vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, amém).

Notem os números cabalísticos: sete frases básicas (série completa) mais a invocação e encerramento, dá-nos o número NOVE, representativo da humanidade (ADM ou 1+4+40=9).

No “Pai Nosso” se estabelece relação entre o Espírito individual (o ser humano real) com o Criador (a Trindade Universal).

A Trindade Universal é representada pelos nomes: Pai, Filho e Espírito Santo. É o UNO que se expressa como TRIUNO (tal como o branco se refrata nas três cores primárias: azul, amarelo e vermelho; ou como a tonalidade se exprime no acorde fundamental (dominante, mediante e tônica)).

O verdadeiro ser humano é feito à imagem e semelhança de Deus. Herdou-Lhe as mesmas características espirituais, das quais uma pequena parte já foi dinamizada (Alma, consciência) e uma parte infinita espera o despertar, para que sejamos perfeitos como o Pai celestial. Na nomenclatura da Fraternidade Rosacruz, os três aspectos da Trindade individual se chamam: Espírito Divino (emanação do Pai); Espírito de Vida (emanação do Filho) e Espírito Humano (emanação do Espírito Santo).

Os corpos que utilizamos, como Espíritos individualizados, foram sendo formados e aperfeiçoados com ajuda das Hierarquias Criadoras. Essa cadeia completa de veículos, cujos germes ou sementes nos foram dados pelas Hierarquias, tem ligação direta com os três aspectos da Trindade Individual: o Corpo Denso, químico, emanou do Espírito Divino; o Corpo Vital, etérico, emanou do Espírito de Vida; o Corpo de Desejos, emocional, emanou do Espírito Humano. A Mente é o elo ou foco, através da qual a Trindade Individual se exprime ao Tríplice Corpo, até que o consiga controlar completamente. Através desses três Corpos o Tríplice Espírito vai acumulando experiências ou Alma, nos correspondentes Átomos-semente.

Damos, a seguir, um diagrama para facilitar a compreensão do que expusemos. Nele se mostra a relação dos três Corpos com os três aspectos da Trindade Individual e dessa com a Trindade Universal.

O triângulo com a ponta para cima é símbolo da Trindade. O de cima representa a Trindade Universal, o de baixo (do meio) figura a Trindade Individual.

O triângulo com a ponta para baixo representa a Trindade manifestada como Personalidade, com seus três Corpos. Entre a Personalidade (em baixo) e o Espírito individualizado, a Individualidade (triângulo do meio), o foco da Mente está representado por uma linha horizontal, um elo entre a Personalidade e a Individualidade (o Espírito).

As linhas pontilhadas, verticais, mostram a relação de cada Corpo com o aspecto espiritual que o emanou e, através deste, com o Aspecto correspondente da Trindade Universal.

O Corpo Denso (o mais inferior) se liga ao mais elevado aspecto espiritual da Trindade Individual (Espírito Divino) e da Trindade Universal (Pai).

O Corpo Vital se liga ao segundo aspecto da Trindade Individual (Espírito de Vida) e da Trindade Universal (Filho).

O Corpo de Desejos se liga ao terceiro aspecto da Trindade Individual (Espírito Humano) e da Trindade Universal (Espírito Santo).

Esse esquema mostra a relação cósmica entre o Espírito individualizado e o seu Criador. Acompanhando as relações indicadas, vejamos, a seguir, sua aplicação ao “Pai Nosso”.

  1. Invocação: “Pai Nosso, que estás nos céus”.
  2. Santificado seja o vosso nome”.
  3. Adoração: “Venha a nós o vosso reino”.
  4. Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”.
  5. O pão nosso de cada dia nos dai hoje”.
  6. Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores”.
  7. E não nos deixeis cair em tentação”.
  8. Mas livrai-nos do mal”.
  9. Fecho: “Pois vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, AMÉM”.

A invocação é um reconhecimento da Onipresença do Criador que, embora se exprima puramente no Mundo de Deus, compenetra cada partícula de Sua Criação. Ao mesmo tempo mostra o entendimento de que somos Espíritos e não corpos (nem Personalidade), e nessa qualidade nos dirigimos a nosso Pai Universal.

1. As frases de adoração partem da Trindade individual para a Trindade Universal, cada aspecto por vez, e a Sua contraparte.

2. O Espírito Humano adora sua contraparte, o Espírito Santo, dizendo: “Santificado seja o vosso nome”.

3. O Espírito de Vida prostra-se ante sua contraparte, o Filho, e diz: “Venha a nós o vosso reino”.

4. O Espírito Divino ajoelha-se ante sua contraparte, o Pai, e diz: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”.

As frases de dedicação ensinam como formular os justos pedidos numa prece: o Espírito individual pede à Trindade Universal para atender às necessidades de seus veículos (conforme a Vontade e Sabedoria de Deus).

5. O Espírito Divino pede pelo Corpo Denso, ao Pai: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”.

6. O Espírito de Vida pede por sua contraparte, o Corpo Vital, ao Filho: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores”.

7. O Espírito Humano pede pelo Corpo de Desejos, ao Espírito Santo: “E não nos deixeis cair em tentação”.

8. Por último, os três Aspectos do Espírito individual juntam-se e formulam, em uníssono, um pedido pela Mente, à Trindade universal: “Mas livrai-nos do mal”.

9. E encerram a prece, exprimindo o reconhecimento de que Deus é a única Fonte, Presença e Poder eternos, infalíveis.

A frase 5 mostra que o ser humano encarnado é mantido e globalmente atendido pelo “pão” ou “pão da vida”, que se expressa em todas as múltiplas e legítimas necessidades humanas.

Esse “pão da vida” é a causa de nossas ações mentais, emocionais e físicas, para transformarmos as experiências em Alma.

A frase 6 revela que o Corpo Vital é o que grava, através do ar, no sangue, na Memória Subconsciente, os fatos da vida. Nesse Corpo é que, portanto, as transgressões e ódios devem ser dissolvidos.

A frase 7 ensina que o Corpo de Desejos é que nos impulsiona à ação, através da motivação emocional. O desejo é o grande tentador da humanidade e, ao mesmo tempo, o grande incentivo para a ação. É bom quando cumpre os propósitos do Espírito, mas quando se inclina para algo degradante, rebaixa-nos a natureza. A tentação do desejo existe sempre, mas não devemos nela cair.

A Mente é a ligação entre o lado superior (Espírito, Individualidade) e inferior (Personalidade). Nela é que nascem os conceitos de bem e de mal. Na maioria dos seres humanos (exceção dos Iniciados que transcenderam a quinta Iniciação Menor) a Mente está ligada ao Corpo de Desejos e comprometida por ele, criando enganos que geram ações errôneas e, por sua vez, suscitam dolorosas consequências da Lei de Causa e Efeito. Por isso, a oração pela Mente traduz a aspiração de nos libertarmos dos condicionamentos da “falsa luz”, transcendendo o intelecto limitador pela “metanoia” e alcançando a ligação permanente com o Espírito. É o anseio de, conscientemente, nos libertarmos das experiências resultantes da aliança com a natureza de desejos e de tudo quanto tal aliança origina.

Nos tópicos seguintes abordaremos os nove versos do “Pai Nosso”, um por vez, com mais clareza, a fim de que esta síntese se torne, para todos, um método claro e eficaz de realização interior.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro e março/1977- Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Os Ensinamentos Rosacruzes ensinam que Cristo é o Espírito Solar e, por essa razão, parece perfeitamente lógico que consideremos o domingo (Sunday – dia do Sol) para venerá-Lo nas terras Cristãs. Não obstante, Jeová é o Regente da Lua. Por que então os Judeus não santificam e guardam a segunda-feira (Monday – dia da Lua), em lugar do dia de Saturno (Saturday – sábado), que é atualmente o seu Sabbath?

Resposta: Há uma conexão esotérica entre Saturno, o Sol e a Lua, que regem o sábado, o domingo e a segunda-feira, respectivamente. O Sol e Saturno são ministros da vida e da morte, e a Lua é, por assim dizer, a lançadeira com o qual a humanidade se vê constantemente impelida de um polo a outro enquanto a teia da experiência está sendo tecida. O nodo setentrional da Lua, que chamamos de Cabeça do Dragão, compartilha da natureza vivificante do Sol e conduz a humanidade ao período de atividade física. O nodo meridional leva-nos para o repouso da morte por meio das forças saturninas da Cauda do Dragão. Em outras palavras, tanto Saturno como a Lua são os portões de entrada e saída dos Mundos invisíveis ou Caos, a Lua em termos de capacidade astral e Saturno em sentido cósmico.

Quando desponta um grande Dia Criador de Manifestação, a época sempre começa com um Período de Saturno, então, as Ondas de Vida do Espírito, que passaram pela fase subjetiva da evolução durante a Noite Cósmica precedente, são postas em ativa manifestação, e isso ocorre durante a Revolução de Saturno de cada Período. Na pequena esfera terrestre da nossa vida atual, quando um Ego está pronto para o renascimento na vida terrestre, a Lua marca os momentos tanto da concepção quanto do nascimento, assumindo assim a função saturnina de introduzir Egos em evolução tirados da escura “Noite Cósmica” da morte para o universo solar de vida e luz. Há, contudo, alguns Egos que não evoluem; são os atrasados no Caminho da Evolução. Chega um momento em que são expulsos para a Lua e é-lhes negada a oportunidade e privilégio de renascer dentro da atual classe evolucionária. Em consequência, permanecem na Lua até que os veículos, cristalizados por eles por falta de ação, finalmente se dissolvem. Como não podem acompanhar a corrente evolutiva, só lhes resta um caminho livre, isto é, gravitar de volta através do portão de Saturno para dentro do Caos, ou Noite Cósmica, onde deverão aguardar outra oportunidade de manifestação numa corrente de vida posterior.

Jeová não é o Regente dos Judeus ao ponto de excluir todos os outros povos. Ele é o Legislador e o Senhor Cósmico da fecundação. Ele tem uma missão especial a cumprir em relação a todos os povos pioneiros de qualquer Época ou Período em que haja uma grande hoste de Espíritos que devam ser providos de veículos de um novo tipo. É Ele que multiplica abundantemente os povos pioneiros, fornece-lhes as leis apropriadas para a sua evolução e prepara-os para um novo período de desenvolvimento. Lembremo-nos sempre que a primeira parte de uma Época (desde a Época Hiperbórea até a Época Reino de Deus) é saturnina, e assim entenderemos que, embora os Semitas Originais fossem os ancestrais da Raça Ária e tivessem se multiplicado como as areias da praia, recebendo suas leis através de Jeová, eles também viviam no estágio saturnino da Época Ária, portanto, eram logicamente instruídos a guardar o dia de Saturno como dia de descanso.

A Bíblia diz que a lei era suprema até o advento do grande Espírito Solar. Cristo iniciou uma nova fase da evolução sob o princípio do amor e da regeneração. Isso encerrou o regime de Jeová e a ascendência de Saturno, não de uma forma abrupta, pois há sempre uma sobreposição que se procura entre um regime antigo e um novo. Mas, desde então, nós, o povo pioneiro Cristão, já entramos na segunda parte, ou seja, na parte Solar da Época Ária, e estamos substituindo agora o dia de Saturno pelo dia do Sol como dia de culto.

Referimo-nos a Lua e a Saturno como sendo os portões do Caos, e isso pode levar os Estudantes Rosacruzes a quererem saber o que acontece ao restante da humanidade. Sobre isso daremos uma explicação resumida dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental:

A humanidade comum que segue o Caminho da Evolução é guiada em direção ao Reino de Cristo, o Espírito Solar.

Os atrasados, que não conseguem manter o ritmo do curso evolutivo, retrocedem para o Reino de Jeová, o Espírito Lunar.

Os avançados da humanidade, os Iniciados que passaram as Iniciações Menores e Maiores e seguem diante do Libertador (o grande Ser encarregado da evolução na Terra), têm a opção de ficar aqui para ajudar seus irmãos nesse mundo, ou ir para um satélite natural de Júpiter e preparar as condições sob as quais a humanidade poderá evoluir no futuro Período de Júpiter.

As almas avançadas que malbarataram os seus poderes exercendo a magia negra retrocedem diretamente para Saturno e são forçadas a penetrar no Caos pela dissolução de seus veículos.

Saturno tem uma preponderância do quarto Éter, o Éter Refletor. Daí a sua pálida luminosidade, e os Egos que vão para lá deixam um registro de suas vidas e são em seguida lançados para fora em direção ao Caos através das luas de Saturno.

Júpiter tem uma preponderância do terceiro Éter, ou Éter Luminoso. Daí o seu brilho, e os Egos avançados que vão para Júpiter, vindos do lado externo, dirigem-se para o interior através das luas e começam, então, como já dito, um trabalho construtivo para o Período de Júpiter.

 (Pergunta nº 77 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Quatro Graus para Chegarmos a Deus

Nesse Esquema de Evolução traçado para todos, nós, os Espíritos Virginais, passamos por quatro grandes etapas de educação e de percepção de Deus, nosso criador:

A primeira, Seres muito mais evoluídos (chamados de Hierarquias Criadoras ou Hierarquias Divinas ou, ainda, Hierarquias Zodiacais) agem sobre nós, de fora, dando-nos auxílio externo, ajudando-nos a construirmos nossos corpos: o Denso, o Vital, o de Desejos e o veículo Mente (os nossos veículos de evolução) – enquanto permanecemos inconscientes do Mundo Físico ao nosso redor. Nessa etapa, adorávamos a Deus por meio do medo, a Quem começamos a perceber a existência. Fazíamos sacrifícios para agradá-lo. Passamos a fase do fetichismo.

A segunda etapa, com os veículos já construídos, somos colocados sob a direção dos chamados Mensageiros Divinos e Reis, a quem nós vemos, e a cujas ordens tínhamos que obedecer. Esses Mensageiros Divinos ficaram conhecidos como:

  • Senhores de Vênus” – que num tempo bem longínquo nos iniciaram na Arte da forma, através da música, pintura, escultura e arquitetura e do domínio da palavra como forma de criação nesse Mundo Físico;
  • Senhores de Mercúrio” – que, também num tempo bem longínquo, começaram a nos ensinar como nos dominar, como alcançar o domínio próprio, a utilizar esse Corpo Denso como mais um veículo, por meio do qual pudéssemos sair e voltar nele à vontade e a funcionar nos veículos superiores independentemente do Corpo Denso.

Quase no final desta etapa, após o trabalho destes Mensageiros Divinos, com quem convivíamos no cotidiano, e o chamávamos de deuses, fomos ensinados a adorar somente um único Deus invisível, criador de todas as coisas.

Assim, nessa etapa, aprendemos a olhar a Deus como um doador de todas as coisas e a esperar d’Ele benefícios materiais, agora e sempre. Fazíamos sacrifícios externos por avareza, esperando que Deus nos dê cem por um, ou para livrar-nos do castigo imediato, como: pragas, guerras, doenças, etc.

A terceira etapa somos ensinados a reverenciar as ordens de um Deus a Quem não vemos. Aprendemos a adorar a Deus com orações e a viver em boa vida, a cultivar a fé num Céu onde obteremos recompensa no futuro, e a abster-nos do mal, para que possamos nos livrar do castigo futuro no Inferno.

A quarta e última etapa, aprendemos – e muitos ainda aprenderão – a elevar-nos sobre toda a ordem, a converter-nos em uma lei em nós mesmos. Conquistamo-nos a nós mesmos, aprendemos a viver voluntariamente, em harmonia com a Ordem da Natureza, que é a Lei de Deus. Nessa etapa chegamos a um ponto em que podemos agir bem sem pensar na recompensa ou no castigo, simplesmente porque “é justo agir retamente”. Amamos o bem por ser o bem e procuramos ordenar nossa conduta de acordo com este princípio, sem ter em conta seu benefício ou desgraça presente, ou os resultados dolorosos em algum tempo futuro.

Durante a nossa evolução passamos por todas essas etapas. Ainda hoje, todos nós, seres humanos, estamos distribuídos por elas. Alguns ainda permaneceram na primeira etapa, outros na segunda, na terceira e na quarta. Isso ocorre devido ao grau de evolução da pessoa.

Considerando a nossa história aqui na Terra, experimentamos pela primeira vez a primeira etapa há muito tempo atrás, numa Época chamada Lemúrica. Nessa Época fomos treinados a ver e gerar fenômenos físicos.

Práticas de como fazer acontecer e aparecer coisas nesse Mundo Físico. Isso porque estávamos muito focados nos Mundos espirituais, os Mundos invisíveis aos olhos físicos. Não víamos com clareza o Mundo Físico. Então tudo que fazíamos acontecer nesse Mundo nos impressionava.

Adorávamos o desconhecido por meio de qualquer peça constituída de matéria física. Buscávamos “ver” a Deus nesse Mundo Físico associando-O a alguma peça material. O fetichismo era necessário e próprio para essa etapa de evolução. Os seres humanos, naquela Época, que conseguiam praticar tais intentos eram os seres humanos mais adiantados.

Assim, tudo que se relaciona com fenômenos expressos nesse Mundo Físico, e obviamente o fetichismo, são reminiscências da nossa passagem na Época Lemúrica, há muito tempo atrás. Se hoje, alguém utiliza, é porque está revivendo a reminiscência daquela longínqua Época. Assim, os que praticam atualmente o fetichismo estão muito atrasados e como que vivendo ainda naquela longínqua Época.

Àqueles a quem o fenômeno no Mundo Físico ainda o impressiona, o faz temer e o fascina, possui fortes reminiscências daquela Época longínqua. Por meio do destino, terão lições que os ajudarão a se libertarem dessas reminiscências, a fim de poderem aprender lições mais avançadas.

Já na segunda etapa experimentamos nossas lições pela primeira vez, também há muito tempo, numa Época chamada Atlante. Mais especificamente, quando fizemos parte de uma das sete Raças que construímos lá, uma Raça conhecida como Semitas Originais. Então, fomos ensinados a esquecer dos fenômenos e fetiches – afinal, já estávamos suficientemente voltados para o Mundo Físico! Então, fomos ensinados a adorar um Deus invisível e a esperar recompensas em benefícios materiais ou castigos em aflições e dores. Os seres humanos, naquela Época, que conseguiam praticar tais intentos eram os seres humanos mais adiantados.

Temos muitos exemplos de ensinamentos dessa fase lendo o Antigo Testamento. Como passagem que mostra a nova orientação de adoração de vários deuses para adoração de um único Deus vemos no Livro do Êxodo 20:3: “Não terás outros deuses além de mim“.

E ainda, no Livro do Êxodo 20:5-6: “Eu sou um Deus ciumento que puno a iniquidade dos pais sobre os filhos até a terceira geração dos que me odeiam, mas que também ajo com amor até a milésima geração para aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos“.

Com esse recado, fomos ensinados a: se seguíssemos o preceito de Deus, seríamos abençoados e cobertos de bens materiais, no entanto, se nos afastássemos dos caminhos orientados por Ele, sofreríamos todos os males. A escolha era nossa. Éramos livres para escolher, mas sofreríamos as consequências dos nossos próprios atos.

Nasciam as Religiões de Raça, a Religião do Espírito Santo, as Religiões de Jeová, que muito nos ensinaram, e o livre arbítrio, que muito nos ensina. Assim, os que ainda vivem olhando a Deus como um doador de todas as coisas e a esperar d’Ele benefícios materiais, agora e sempre; os que ainda vivem sacrificando por avareza, esperando que Deus lhe dê cem por um, ou para livrar-se do castigo imediato, como doenças, guerras, pragas, pobreza, estão atrasados e vivendo como ainda estivessem naquela longínqua Época.

Àqueles a quem de Deus deve-se esperar recompensas em benefícios materiais ou castigos em aflições e dores possuem fortes reminiscências daquela Época longínqua. Por meio do destino, terão lições que o ajudarão a se libertar dessas reminiscências a fim de poderem aprender lições mais atuais.

Já a terceira etapa, experimentamos, pela primeira vez, somente nessa Época conhecida como Época Ária. Mais especificamente com o advindo do Cristianismo Popular através da Religião Cristã, a Religião do Filho.

Por meio dele, foi nos dada a Doutrina Cristã: a vinda do Cristo, a Trindade, a Imaculada Concepção, a Crucificação, a Salvação, a Condenação Eterna, a Conversão, a Confissão e Absolvição, o Perdão dos Pecados, à espera da segunda vinda do Cristo.

Aqui somos ensinados a adorar a Deus com orações e a viver em boa vida, a cultivar a fé num Céu onde obteremos recompensa no futuro, e a abster-nos do mal, para que possamos nos livrar do castigo futuro do Inferno. Todo o Novo Testamento nos orienta para o Cristianismo. Indica como não devemos ser hipócritas, nem idólatras, nem buscar recompensas em benefícios materiais quando adoramos a Deus. Por exemplo, lemos no Evangelho Segundo São Mateus 6:1: “Evitai praticar a justiça diante dos homens para serdes vistos. Do contrário, não tereis recompensa do Pai, que estás nos céus“. Quando orarmos a Deus, temos a seguinte orientação, no Evangelho Segundo São Mateus 6:5-8: “E quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé nas sinagogas e nas esquinas das praças para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a recompensa (a recompensa humana de serem cortejados). Mas quando rezares, entra no quarto, fecha a porta e reza ao Pai que vê no oculto. E o Pai, que vê no oculto, te dará a recompensa. E nas orações não faleis muitas palavras como os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por causa das muitas palavras. Não os imiteis; pois o Pai já sabe de vossas necessidades antes mesmo de pedirdes“.

Várias são as passagens em que Cristo nos ensina que não é mais para ofereceremos sacrifícios externos: Eis uma no Evangelho Segundo São Mateus: “Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia é que eu quero, e não sacrifício.” (Mt 6:13).

O modelo de oração que o Cristão deve fazer é dado no Evangelho Segundo São Mateus: 6:7-13, conhecida como a Oração do Senhor ou “Pai Nosso”: “Nas vossas orações não useis de vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. Não sejais como eles, porque o vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de lho pedirdes. Portanto, orai desta maneira: ‘Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a vossa Vontade, assim na Terra, como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal’”.

Há nela sete orações distintas e separadas, uma para cada um dos sete princípios do Ser Humano: o Tríplice Corpo, o Tríplice Espírito e o para o veículo Mente. Nessa etapa, já não devemos mais nos preocupar em acumular bens aqui na Terra. Afinal, o trabalho que tínhamos que fazer aqui já bem o fizemos!

Conquistamos a Região Química do Mundo Físico, transformando-a num paraíso para a evolução. Agora, nosso propósito é somente fornecer condições para utilizarmos as oportunidades para construir o Corpo que utilizaremos na próxima fase da nossa evolução: o Corpo-Alma. Assim, todo trabalho que envolve a conquista dessa Região Química deve ser substituído por tarefas que ajudem na conquista da próxima Região, ou seja: a Região Etérica do Mundo Físico.

Por isso que no Evangelho Segundo São Mateus 6:19-21, lemos: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e o caruncho os corroem e onde os ladrões arrombam e roubam, mas ajuntai para vós tesouros nos céus, onde nem a traça, nem o caruncho corroem e onde os ladrões não arrombam nem roubam; pois onde está o teu tesouro aí estará também teu coração“.
E, complementando, no versículo 24: “Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro“.

E para aqueles que vivem apenas se preocupando com as aparências, com o supérfluo, com o que um se veste ou outro deveria vestir, com o que os que estão ao seu redor fazem ou não fazem, ou com os prazeres da vida, quem sabe se lessem, compreendessem e vivessem o que o Evangelho Segundo São Mateus nos fala em 6:25-30 acordariam dessa ilusão e aproveitariam melhor a sua curta passagem nessa Terra:
Por isso vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida quanto ao que haveis de comer, nem com o vosso corpo quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa? Olhai as aves do céu: não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros. E, no entanto, vosso Pai celeste as alimenta. Ora, não valeis vós mais do que elas? Quem dentre vós, com as suas preocupações, pode acrescentar um só côvado à duração da sua vida? E com a roupa, por que andais preocupados? Aprendei dos lírios do campo, como crescem, e não trabalham e nem fiam. E, no entanto, eu vos asseguro que nem Salomão, em toda sua glória, se vestiu como um deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que existe hoje e amanhã será lançada ao forno, não fará ele muito mais por vós, homens fracos na fé?“.

Finalmente, a última etapa de educação e de percepção de Deus, nosso criador, é a etapa que representa o ponto em que podemos agir bem e sem pensar em recompensas ou em castigos, mas simplesmente porque “é justo agir retamente”.

Fazemos o bem pelo simples prazer de fazer o bem. Amamos o bem por ser o bem e procuramos ordenar nossa conduta de acordo com esse princípio, sem ter em conta seu benefício ou desgraça presente, ou os resultados dolorosos em algum tempo futuro.

Esta etapa experimentamos, pela primeira vez, também nessa Época conhecida como Época Ária. Mais especificamente com o advindo do Cristianismo Esotérico, trazido por Cristo, também pela Religião Cristã, a Religião do Filho.

Em particular, todos os Estudantes de todas as Escolas de Mistérios ocidentais – que preparam o Aspirante à vida superior para se desenvolver a fim de se candidatar às Iniciações Menores e as Iniciações Maiores ou Cristãs –, como o é a Fraternidade Rosacruz, estão procurando alcançar essa etapa. De modo geral, será alcançada na Sexta Época, a Nova Galileia, quando a Religião Cristã unificadora abrirá os corações dos seres humanos que estiverem aptos para isso.

Então, os seres humanos formarão novamente uma fraternidade, tendo Cristo como o Grande Guia Unificador.

A ideia de Raça será sobrepassada e a lei de unificação dada por Cristo no Novo Testamento e pouco compreendida: “Se alguém vem a mim e não odeia seu próprio pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não vem após mim, não pode ser meu discípulo.” (Lc 14:26-27), que agora tentamos viver um pouquinho – muitas vezes a vivemos empurrados pelas lições do destino – será o nosso cotidiano e viveremos felizes, porque formaremos uma grande fraternidade, independente da raça, nação, família, posição social, sexo, simpatia, tamanho, aparência e de todas as ilusões impostas pela nossa Personalidade.

Por enquanto, tentemos colocar em prática os Ensinamentos Rosacruzes – conhecidos como Ensinamentos da Sabedoria Ocidental – que não são nada mais, nada menos do que os ensinamentos Cristãos e bíblicos trocados em miúdos, adiantando-nos para a próxima etapa a fim de sermos os vanguardeiros, os indicadores do caminho, os servidores para os nossos irmãos e para as nossas irmãs que vem atrás, no trabalho de ajudá-los a chegarem lá e, juntos, formarmos a Fraternidade Universal que é o grande destino coletivo de todos nós.

Enquanto isso, a fim de aproveitarmos cada pequeno momento de mais uma passagem aqui na Terra, retirando a quintessência de cada pequena lição que passamos, gravemos os versículos 33 a 34 do capítulo 6 do Evangelho Segundo São Mateus: “Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta o seu fardo.“.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Por que o Senhor elogiou o administrador injusto, conforme relatado no capítulo décimo sexto do Evangelho Segundo São Lucas?

Resposta: A pessoa que fez essa pergunta deveria ler esse capítulo com mais atenção[1]. Lá ficamos conhecendo um administrador infiel que foi levado à presença do seu patrão, sob suspeita, por esse último, de que as contas daquele administrador não estavam corretas. Já esse administrador infiel fez um acordo com os devedores do seu patrão para que pudesse garantir sua posição, caso fosse demitido. No versículo 8 desse capítulo lemos que “o senhor elogiou o administrador infiel”. Quando o administrador prestou contas, deve tê-las expostas com tanta habilidade que o seu patrão foi enganado, pois o “senhor” do homem – seu patrão – foi aquele que o elogiou, como poderá ser verificado pelo fato de que a palavra “senhor” foi escrito em letras minúsculas, enquanto a letra maiúscula inicial é sempre usada quando se refere ao Cristo.

(Pergunta nº 109 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: <Cristo Jesus> “Dizia ainda a seus discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por estar dissipando os seus bens. Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isso que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não podes ser administrador!’ O administrador então refletiu: ‘Que farei, uma vez que meu senhor me retire a administração? Cavar? Não posso. Mendigar? Tenho vergonha… Já sei o que vou fazer para que, uma vez afastado da administração, tenha quem me receba na própria casa’. Convocou então os devedores do seu senhor um a um, e disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’ ’Cem barris de óleo’, respondeu ele. Disse então: ‘Toma tua conta, senta-te e escreve depressa cinquenta ‘. Depois, disse a outro: ‘E tu, quanto deves?’ — ‘Cem medidas de trigo’, respondeu. Ele disse: ‘Toma tua conta e escreve oitenta’. E o senhor louvou o administrador desonesto por ter agido com prudência.” (Lc 16:1-8).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O que é uma Oração?

Resposta: É a busca e contato com Deus em nosso interior. É o suprimento de nossas necessidades internas, pelo influxo de Seus atributos e virtudes em nossa parte humana, temporariamente separada, pelos véus dos veículos, de Sua permanente presença. É uma condição interna.

Pergunta: Quais os erros mais frequentes cometidos pelos que buscam orar?

Resposta: a) Considerar a prece uma mera fórmula, de mecânica repetição sem sentimentos. “Não é aquele que diz: senhor, senhor, que recebe o Reino dos Céus.” (Mt 7:21). “Quando orar, não use, como os gentios, de vãs repetições.” (Mt 6:7) “Antes que o peçais, o Senhor já sabe do que precisais.” (Mt 6:8). A parábola do homem que batia insistentemente à porta do rico, para dele pedir pão, não significa que devamos insistir para quebrar a relutância de Deus. Na verdade, a resistência que devemos quebrar, para alcançar o contato com Deus, é o de nossa Personalidade. Orar é sinceramente dar um passo de nossas limitações em direção ao Pai que sempre nos espera.

b) Ostentação.  “Quando orardes, não façais como os hipócritas que se comprazem em fazer nas esquinas das ruas, para serem vistos dos homens. Aquele que busca recompensa na terra, <poder, fama, fortuna> já está pago pela terra, e nada mais tem a receber dos Céus, <acréscimo anímico, da alma>” (Mt 6:5-8).  “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça e tudo o mais vos será dado de acréscimo.” (Mt 6:33). “Não acumuleis tesouros terrestres que o ladrão rouba, que a traça rói e a ferrugem destrói, buscai antes os tesouros celestes.” (Mt 6:19).

c) As mágoas, os ressentimentos, as invejas etc. “E se vieres apresentar tua oferta, mas tiveres algo contra o teu irmão, vai primeiro reconciliar-te com ele e depois volta.” (Mt 5:23-24). “Perdoai as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.” (Mt 6:12).

Pergunta: Por que muitas vezes as orações não são atendidas?

Resposta: “E tudo o que pedirdes em Meu nome <em nome do Espírito, não da Personalidade, a parte humana>, crendo-o, recebê-lo-eis.” (Mt 21:22).  “Mas se pedis e não recebeis, é porque não sabeis o que pedis.” (Tg 4:3).

Ou não procuramos primeiro o Reino de Deus e sua justiça, na confiança de que tudo o mais nos venha por acréscimo, sem com isso nos preocuparmos, ou porque pedimos mal.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1969-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Mistério de Melquisedec

Creio que um dos mais misteriosos personagens da Bíblia seja Melquisedeque:

  • Rei de Salém no tempo de Abraão. Quando este voltava de sua vitória contra os reis, saiu-lhe ao encontro o rei Melquisedeque que era também sacerdote e ofereceu um sacrifício de ação de graças e abençoou o patriarca.
  • Aquele ser que não teve pai, nem mãe, nem nenhum parente e que era ao mesmo tempo Sacerdote (aquele que zelava pelo bem-estar espiritual do povo) e Rei (chefe temporal do povo), como lemos na Epístola de São Paulo aos Hebreus, 7:3: “Sem pai, nem mãe, sem genealogia, seus dias não tem começo, sua vida não tem fim”.

Para entendermos tal mistério, seria muitíssimo interessante entender o plano evolutivo divino, o Plano da Evolução, no qual todos nós estamos inseridos, e do qual muita coisa já fez história.

Estamos num Período do nosso esquema evolutivo conhecido, na terminologia Rosacruz, por Período Terrestre. Nesse Período temos a divisão por Épocas. Essas Épocas são descritas na Bíblia, no Livro do Gênesis. Até agora passaram 4 Épocas: Polar, Hiperbórea, Lemúrica e Atlante.

Durante a Época Hiperbórea, nós, seres humanos, nos manifestávamos aqui, quando renascidos, como seres bissexuais (masculino e feminino). E com características de apatia e falta de aspiração, como hoje é a maioria das plantas, que fazem parte do Reino vegetal. Na Bíblia temos uma descrição detalhada quando vivíamos no Jardim do Éden. Éramos guiados em tudo pelas Hierarquias Divinas como um doce infante que começa uma longa jornada. A Bíblia trata as Hierarquias dessa Época como Reis de Edom, como pode ser verificado no Livro dos Números (20:14-21).

Na próxima Época, conhecida como Época Lemúrica, começamos a se manifestar, quando renascidos aqui, nos dois sexos que hoje conhecemos como masculino e feminino. O motivo foi a utilização de metade da força sexual criadora para a construção de órgãos que pudessem fazer-nos criar nessa Região Química do Mundo Físico, quais sejam: o cérebro e a laringe. Entretanto, apesar da separação dos sexos, não nos tornamos conscientes de imediato dessa separação. Isso porque estávamos muito mais voltados para os Mundos espirituais. Pouca consciência tínhamos do Mundo Físico, e, portanto, pouca atenção dávamos para tudo que nele se passava. Não conhecíamos nem o nascimento e nem a morte. Não tínhamos a consciência da geração de um novo corpo, da mesma forma que hoje não temos a consciência do ato da digestão. Outra distinção desta Época foi que todos nós formávamos uma única raça, a Raça Lemúrica. Éramos guiados pelas Hierarquias Divinas. Obedecíamos cegamente, pois tínhamos toda a confiança em sua sabedoria. Por estarmos enfocados nos Mundos espirituais sabíamos que a sua orientação era a mais correta.

Toda orientação espiritual que precisávamos era provida por essas Hierarquias. Nelas estavam todos os ensinamentos espirituais do qual necessitávamos e tínhamos confiança nisso. Eram os nossos confiáveis Sacerdotes, que nos guiavam espiritualmente. Toda orientação de como devíamos nos conduzir nesse novo Mundo Físico, até então muito obscuro para nós, era provida também por essas Hierarquias.

Nelas estavam todos os ensinamentos temporais do qual necessitávamos e tínhamos confiança nisso. Eles eram os nossos sábios Reis, que nos guiavam temporalmente.

Melquisedeque, então, era o nome simbólico dessas divinas Hierarquias que desempenhavam o duplo ofício de Sacerdote e Rei. O nome Melquisedeque, Rei de Salém, significa Paz e naquele tempo tudo reinava sobre um perfeito clima de Paz e de Fraternidade Universal.

Perceba que os papéis de Líder Espiritual e Líder Temporal estavam concentrados em uma única pessoa, as Hierarquias Divinas. Entretanto, o tempo foi passando e nós procuramos nos tornar mais e mais conscientes do Mundo Físico. Afinal esse é o Mundo onde devemos nos desenvolver, conhecer e aprender; em outras palavras: aqui é o baluarte da nossa evolução.

Por meio da inestimável ajuda dos Espíritos Lucíferos, os Anjos atrasados vindos do guerreiro Planeta Marte, nós tivemos a sensação da existência desse Corpo Físico durante o ato gerador. Encontramos esse maravilhoso momento de descoberta na Bíblia, quando lemos que: “Adão conheceu a Eva” ou quando lemos que comemos da “árvore do conhecimento” a partir de onde conhecemos a morte, a dor e o sofrimento nessa Região Química do Mundo Físico.

Com esse passo importante dado, fomos, aos poucos, conhecendo esse Mundo Físico, ao mesmo tempo em que fomos perdendo a consciência dos Mundos espirituais e, consequentemente, perdendo o contato consciente com as Hierarquias Divinas, até então, nosso líder seguríssimo nessa evolução.

Somente alguns de nós conservamos tal visão espiritual que nos conferia um perfeito relacionamento com tais Hierarquias. Estes poucos foram os profetas que lemos na Bíblia e que, por um bom tempo, atuaram como mensageiros entre aqueles Líderes Divinos e nós.

Nesse momento, já estávamos próximos da nova Época de nosso esquema evolutivo, a chamada Época Atlante. Fomos, então, diferenciando-nos devido à facilidade que uns tinham de assimilar o conhecimento desse Mundo Físico em relação aos outros. A diferenciação começou a ficar tão grande que houve a necessidade de nos dividirmos em Raças.

Com isso, tornou-se mais fácil cada Raça ter as lições específicas que necessitariam aprender. Contudo, com isso, também, nós começamos a sentir falta de governantes no Mundo Físico, onde todos nós pudéssemos vê-los, pois nem todos nós tínhamos a segurança da orientação das Hierarquias Divinas, das quais já não podíamos ver. E começamos a desejar que pudéssemos escolher nossos próprios guias e exigimos reis visíveis. Veja na Bíblia em I Samuel 7:15-17, 9:5 e 10:1, a exigência de se ter Saul como rei, enquanto Samuel era o sacerdote. Foi então que surgiram os Reis e os Sacerdotes. Veja, Moisés, um guia temporal e regente do povo judeu, e Aarão, sacerdote que cuidava do bem-estar espiritual, no mesmo momento.

Ao sacerdote cabia oferecer cada dia vítimas (animais), primeiro por seus próprios pecados e depois pelos pecados do povo. Perceba que o duplo papel de Sacerdote e Rei que as Hierarquias Divinas desempenharam no passado e que trazia coesão entre essas duas funções de evolução proporcionando toda a paz para o desenvolvimento, foi, então, dividido para 2 seres humanos.

Isso ocorreu porque não se encontrou ser humano suficientemente versado nos negócios do Mundo Físico para exercer o ofício de Rei e, que, ao mesmo tempo, tivesse o conhecimento dos negócios espirituais para desempenhar o ofício de Sacerdote.

Também não se encontrou um ser humano suficientemente capaz de guiar espiritualmente o povo, como Sacerdote e, que, ao mesmo tempo, tivesse o conhecimento para dirigir os interesses materiais de um governo temporal, como um Rei.

Daí originou-se a classe sacerdotal, por exemplo, dos Levitas entre os Judeus, dos Brâmanes entre os hindus. Concentravam os poderes eclesiásticos. Eram batizados pela água, onde se consideravam Iniciados no ofício de Sacerdote.

Daí originou-se os Reis, que no princípio eram Iniciados, Filhos da Luz. Concentravam os poderes temporais.

Eram batizados pelo fogo, onde se consideravam Iniciados no ofício de Rei.

Com a separação dessas duas funções, uma orientando para o desenvolvimento material e outra para o desenvolvimento espiritual, criou-se uma área de atrito.

Senão vejamos: o Rei tinha a seu cargo o desenvolvimento material do povo. No seu mais alto conceito, procurava governar o povo atendendo tão somente a prosperidade material. Já o Sacerdote tinha a seu cargo o desenvolvimento espiritual do povo. No seu mais alto conceito, aspirava, tão somente, o progresso espiritual do povo.

Forçoso, então, que tal separação de governos criasse conflitos, mesmo que Reis e Sacerdotes trabalhassem com intenções as mais elevadas e nobres possíveis. E é o que sempre estamos até hoje vendo: com a separação do poder espiritual da Igreja (Sacerdote) e do poder temporal do Estado (Rei) produzimos guerras, lutas, opressão, escravidão e derramamentos de sangue, porque se trata de duas funções que aparentam ter interesses diametralmente opostos.

Porque cada um desses poderes luta para ter supremacia: o Estado abraça a causa da Paternidade e do homem, mantendo o alto ideal das Artes, Ofícios, Indústrias, construtores no Mundo Físico, tendo como ideal masculino Hiram Abiff, depois renascido como Lázaro – no tempo de Cristo Jesus – depois Christian Rosenkreuz, da linhagem de Caim e disposto a servir ao Cristo.

A Igreja abraça a causa da Maternidade e da mulher, mantendo o alto ideal do amor e do lar, tendo como ideal feminino a Virgem Maria, também Salomão, depois renascido como Jesus, da linhagem de Seth e disposta a servir ao Cristo.

Já não há aquela paz que havia na época de Melquisedeque, o Rei de Salém, onde só havia paz. Todo esse sofrimento ocorre porque nós não entendemos que nenhum que não seja tão espiritual como um Sacerdote está preparado para governar como Rei e, ninguém que não tenha a sabedoria e a justiça de um Rei pode estar preparado para ser o guia espiritual de humanidade, como Sacerdote.

Agora, já estamos na Época Ária, a 5° Época. Vivemos tal divisão de poderes e muitos são testemunhas de quanto sofrimento isso nos tem causado. Contudo, é importante termos uma ideia de quanto aprendemos com tudo isso. Desenvolvemo-nos até o máximo grau possível nessa Região Química do Mundo Físico, transformando-o num paraíso para o nosso desenvolvimento e para o desenvolvimento de muitas outras ondas de vida. Todas as formas de criação que já imaginamos fazem parte da história do nosso Planeta Terra, sim, o baluarte da nossa evolução.

A parte espiritual alternou em ocasiões de obscuridade e de iluminação. Caminhamos muito pelo dogmatismo, pela fé ingênua, pelo medo do desconhecido, pela iluminação, e agora, pela consciência divina da certeza para onde vamos, pela religião esotérica, pelo desvendamento dos mistérios ocultos.

Entretanto, todo esse sofrimento causado pela separação dessas duas funções só terá fim quando essas qualidades se combinarem num só ser novamente, então o reino da paz e da fraternidade universal voltará.

Por causa dessa necessidade de aparecer tal ser, é muito significativo que o relato bíblico comece, no primeiro capítulo do Gêneses, no Jardim do Éden, onde a humanidade se manifestava bissexual, quando aqui renascida, e inocente, além de inconsciente desse Mundo Físico. Depois, no segundo capítulo, lemos sobre o processo da separação dos sexos, da desobediência ao comer o fruto da Árvore do Conhecimento e do consequente castigo ao “parir seus filhos com dor e ao estar sujeito à morte”, ou seja, a consciência da existência do seu Corpo Denso, o físico, e do Mundo Físico que o cerca. A partir daí o Antigo Testamento nos relata as guerras e as lutas e, no seu último capítulo profetiza a aparição de um Sol de justiça com a solução para todo esse sofrimento.

Já, no Novo Testamento, começa com o relato do nascimento de Cristo, que proclamou o futuro estabelecimento do Reino dos Céus. Como lemos na Epístola de São Paulo aos Hebreus 1:1-2:

Muitas vezes e de modos diversos, falou Deus outrora a nossos pais pelos profetas. Nos últimos dias nos falou pelo Filho, que constituiu herdeiro de tudo, por quem criou também o mundo”.

Naquele tempo todos os Sacerdotes do povo judeu vinham de uma ordem chamada Tribo de Levi. Entretanto, era uma ordem fundada na descendência carnal de “homens mortais”, sob a Lei que os fazia sacerdotes pecadores.

Jesus nasceu da Tribo de Judá que não tinha tradição de sacerdócio. Como lemos em Hebreus 7:13-14:

Pois bem: aquele a quem se aplicam estas palavras é de outra tribo, da qual ninguém se consagrou ao serviço do altar. Pois é notório que Nosso Senhor nasceu de Judá, a cuja tribo Moisés nada disse a respeito do sacerdócio”.

Ainda assim, Jesus Cristo foi tido como “Sumo Sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque” como lemos em Hebreus 6:20. Essa ordem de sacerdócio é superior à de Levi, como lemos em Hebreus 7:1-10. O anúncio dessa ordem foi necessário porque a ordem de Levi fora incapaz de levar à perfeição.

A ordem de Melquisedeque se baseia na vida imortal de Cristo glorioso, como lemos também em Hebreus 7:15-17: “Isto se torna ainda mais evidente, se à semelhança de Melquisedeque se levanta outro sacerdote, instituído não segundo a norma de uma lei que baseia na carne, mas segundo a força de vida indestrutível”.

Sendo a ordem de Melquisedeque mais perfeita, o que era imperfeita e provisória fica abolida como lemos em Hebreus 7:18-19: “Com isso está abolida a antiga legislação devido à sua ineficácia e inutilidade”.

Esse novo sacerdócio substitui o grande número de sacerdotes por um único e eterno sacerdote: Cristo. E ele é o Sacerdote que nos faltava, pois em Hebreus 7:26-28, lemos: “Tal é o efeito o Sumo Sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mácula, separado dos pecadores e mais alto do que os céus. Pois não necessita, como o sumo sacerdote, oferecer cada dia vítimas, primeiro por seus próprios pecados e depois pelos pecados do povo. Ele o fez uma única vez, oferecendo-se a si mesmo. É porque a Lei fez sumos sacerdotes homens sujeitos à fraqueza, mas a palavra do juramento, que sucedeu à Lei, constituiu o Filho eternamente perfeito.”

Assim as qualidades de Rei e de Sacerdote se combinam no Cristo, num só Ser novamente, então é ele que nos traz o reino da paz e da fraternidade universal.

Na sua primeira vinda ele inaugurou essa nova fase de busca a esse Reino da Paz e da Fraternidade Universal, limpando os Pecados do Mundo e nos dando a Doutrina Cristã. Somente o Cristo é capaz de unir a Igreja e o Estado como Rei e Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, Rei de Salém.

Na sua segunda vinda inaugurará a idade de paz e alegria em que a simbólica “Nova Jer-u-salém” (onde mora a Paz) reinará sobre as nações, novamente unidas numa única raça, em uma Fraternidade Universal.

Estaremos na 6° Época, a próxima, conhecida como a da Nova Galileia. Estaremos, novamente, sob o comando de um Sumo Sacerdote da ordem de Melquisedeque, só que, então:

  • Não mais inocentes e nem ingênuos, mas conscientes do Mundo Físico;
  • Não mais passivos, mas criadores dinâmicos nesse Esquema de Evolução;
  • Não mais auxiliares inconscientes, mas auxiliares conscientes de Deus no seu plano divino;
  • Não mais somente consumidores da forma física dos outros reinos de vida, mas colaboradores assíduos para a evolução de todos os reinos de vida que nos competir ajudar;
  • Não mais egoístas preocupados somente com a nossa própria evolução, mas altruístas preocupados principalmente com a evolução dos nossos irmãos.

                                                 Que As Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Revelação de João, O Evangelista

A “Revelação de Jesus Cristo” mostrou aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu Anjo as enviou, e as notificou a São João, evangelista, seu servo: “O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto” (Apo 1:2).

Bem-aventurado aquele que lê e os que ouvem as palavras dessa profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo“(Apo 1:3). Para encontrarmos as inestimáveis verdades contidas nas Sagradas Escrituras, particularmente no Livro da Revelação, ou o Livro do Apocalipse, devemos investigar o que se oculta sob suas “verdades”. Max Heindel nos lembra, no livro Conceito Rosacruz do Cosmos, do seguinte: “os que originalmente escreveram a Bíblia não pretenderam dar a verdade de maneira a poder tê-la quem quisesse. Nada estava mais distante de sua Mente do que a ideia de escrever ‘um livro aberto de Deus’. Os grandes ocultistas que escreveram o Zohar[1] são muito categóricos nesse ponto. Os segredos do Thorah não podem ser compreendidos por todos, como provará a citação seguinte:

‘Ai do ser humano que vê no Thorah[2] (a lei) só um simples recitativo de palavras comuns! Porque, em verdade, se fosse só isso, poderíamos escrever, ainda hoje, um Thorah muito mais digno de admiração. Contudo, não é assim. Cada palavra do Thorah tem um elevado significado e um mistério sublime…. Os versos do Thorah são como as vestes do Thorah. Ai daquele que toma essas vestes do Thorah pelo próprio Thorah! Os simples só notam os ornamentos e os versos do Thorah. Nada mais percebem. Não veem o que está encerrado nessas vestiduras. O ser humano mais esclarecido não presta atenção alguma às vestes, mas sim ao Corpo que encerram’”.

A Filosofia Oculta vem sendo ministrada por “aqueles mais instruídos dos seres humanos”, portanto, nos ensinamentos sobre a origem, evolução e futuro desenvolvimento da humanidade e do universo têm a chave dos mais profundos segredos da Bíblia. São João encontrava-se entre aqueles mais elevados Iniciados, aptos a lerem os registros imperecíveis da Memória da Natureza, onde obtém as informações impossíveis de serem alcançadas de outra forma. No Conceito Rosacruz do Cosmos encontremos a informação de que o Discípulo bem-amado, João, simboliza a Iniciação de Vênus (Iniciação Venusiana). O Apocalipse retrata em símbolos – para aqueles que têm olhos para ver – os sublimes registros do passado, do presente e do futuro da humanidade e do universo. Essa revelação diz respeito não somente às mudanças de condições dos Corpos humanos e da Terra, como também às transformações menos perceptíveis que se nos operam mais íntimos recessos do ser humano, na medida em que ele progride da matéria até Deus.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1969 – Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: É considerado como um dos trabalhos mais importantes da Cabalá, no misticismo judaico. E faz parte dos livros que seriam canônicos para os judeus.

[2] N.R.: Ou Torah, ou, ainda, Torá é o nome dado aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, o Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio e que constituem o texto central do judaísmo.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Significado Oculto de Babilônia e de Nova Jerusalém

Lemos na Bíblia que havia duas cidades muito parecidas, mas completamente opostas. Uma era a cidade de Babilônia, o berço da confusão, de onde os seres humanos deixaram de se considerar irmãos e se separaram uns dos outros. Estava localizada sobre sete colinas. Entre essas sete colinas passava um rio. Essa cidade era governada por um rei; seu nome: Lúcifer, o lucífero, filho da manhã, a “estrela do dia”, o dador de luz. Então, Lúcifer era o rei de Babel-On (a Porta do Sol). Ali a humanidade cessou de atuar como uma só nação e se separou em nações guerreiras. Babilônia é a semente de todas as enfermidades e doenças que se possa imaginar.

No Livro de Isaías, capítulo 13 e 14 lemos a queda da cidade de Babilônia: “A Babilônia, pérola dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, destruídas por Deus”.

Babilônia havia se convertido em uma abominação, e a chamavam de prostituta, provocando guerras, perturbações e desolações em todos os povos da Terra. No Livro de Isaías, 14, lemos: “O Senhor quebrou a vara dos perversos e o bastão dos dominadores que feria os povos com furor com golpes incessantes, que dominava com cólera as nações perseguindo-as implacavelmente.”.

De um lado totalmente oposto temos outra cidade chamada Nova Jerusalém, uma outra “Luz do Mundo”, um “Brilhante Luzeiro da Manhã”, a chamada Noiva. Também está sobre sete colinas. Mas não há nenhum rio fluente, e sim um Mar de Cristal. Tem como rei um outro dador de luz. É a cidade da paz, cujas portas nunca se fecham. Dentro dela está a Árvore da Vida. Não existe noite e nem iluminação externa. A luz é interior. Essa cidade não é uma cidade desse mundo, mas sim uma cidade que veio do céu. No Livro do Apocalipse 21:2 lemos: “Vi a cidade santa, a Nova Jerusalém, que descida céu do lado de Deus, ornada como uma esposa se enfeita para o esposo”.

Que significa a existência dessas duas cidades? Supondo ter existido Babilônia, não terá sido como foi descrita literalmente. Já Nova Jerusalém é contrária a todas as leis da natureza. Assim, as duas cidades são simbólicas.

Para entender essa simbologia vamos retroceder até a um longínquo passado, quando o ser humano não havia alcançado o desenvolvimento que alcançou atualmente.

Quando nós, como Espíritos Virginais manifestos, entramos no Período Terrestre, o quarto Período do nosso Esquema de Evolução, começamos o trabalho de união entre nós, o Ego, e o nosso Tríplice Corpo. O objetivo desse trabalho foi modificar os Corpos para serem interpenetrados pela Mente, o veículo mais novo que hoje possuímos.

No Corpo Denso começamos a construir a testa, para abrigar o cérebro, e seus dois hemisférios – hemisférios cerebrais –, e a dividir o Sistema Nervoso em Voluntário e Involuntário, criando a Medula Espinhal. Perceba que só com um Sistema Nervoso Voluntário é que podemos ter meios de estimular nosso Corpo Denso a fazer movimentos orientados por nós e não somente por impulsos externos.

No Corpo Vital, as modificações foram feitas para que esse continuasse com a forma do Corpo Denso, criando, assim, um cérebro vital e os Sistemas Nervosos Voluntário e Involuntário vital. Também, o ponto da raiz do nariz da parte etérica e da parte física foram colocados na mesma posição relativa, ou seja, concentrizados.

No Corpo de Desejos foi efetuada uma divisão em duas partes: uma superior e outra inferior.

Com isso, as Hierarquias Criadoras, as que nos auxiliavam nas modificações e aquisições de novas ferramentas para utilização nesse Mundo Físico, puderam nos dar as seguintes orientações:

  • Os Senhores da Mente (Hierarquia Zodiacal de Sagitário) cuidaram da parte superior do Corpo de Desejos, estimulando-nos a gerar desejos e emoções altruístas, superiores;
  • Os Senhores da Mente (Sagitário), também, nos deram o germe da Mente;
  • Os Arcanjos (Hierarquia Zodiacal de Capricórnio) foram ativos na parte inferior do Corpo de Desejos, dando-nos possibilidade de termos desejos e emoções inferiores;
  • Foi feita a divisão dos sexos. Metade da força sexual criadora foi utilizada para construirmos o cérebro e a laringe, órgãos indispensáveis para criar e se expressar no Mundo Físico.

Estava criada a base para a expressão individual aqui na Região Química do Mundo Físico. E com as modificações atmosféricas da Época Atlante, o ser humano pode ver os objetos da Região Química do Mundo Físico com claridade e nitidez. Como diz a Bíblia: “Eles olharam-se, seus olhos foram abertos e viram que estavam nus.”.

Foi daí por diante que o ser humano pode guiar a si mesmo, aprendendo a ser independente, assumindo responsabilidade por seus próprios atos. Os seres humanos eram infantis no Mundo Físico. A nossa consciência está toda voltada para os Mundos espirituais.

Como em toda Onda de Vida, também na Onda de Vida dos Anjos, houve seres atrasados. A esses seres conhecemos como Anjos Caídos ou Anjos Lucíferos ou, ainda, Espíritos Lucíferos, ou, simplesmente, Lucíferes. Estes estavam numa situação estranha. Os Anjos não necessitam de cérebro para adquirir conhecimento e, portanto, não havia necessidade de construir um. O ser humano necessita e sabe construir um. Os Anjos Lucíferos necessitam, mas não sabem construir um.

Quando os Anjos Lucíferos viram que o ser humano desenvolveu um cérebro e a medula espinhal, eles viram uma oportunidade de evoluir ajudando o ser humano a focar a sua consciência na Região Química do Mundo Físico.

Através de quando o ser humano renascia como mulher, que expressa o polo negativo da força criadora, a imaginação, eles conseguiram nos ajudar a entender que o ser humano possuía um Corpo Denso, que o Mundo Físico era também realidade, que podia aprender muito aqui, e que podia comer da Árvore do Conhecimento. Quando o ser humano renascia como mulher ajudava quando o ser humano renascia como homem a entender isso também e, desde então, “os seus olhos se abriram e conheceram o bem e o mal”.

Então, os Lucíferos apareceram como “Dadores de Luz”, aquele que mostrou o caminho do conhecimento. Incitaram o ser humano a tomar em suas mãos o domínio do uso da força sexual criadora. Incitaram – ou seja: tentaram – o ser humano a exercitar o egoísmo, a ambição, o abuso da força criadora e a conhecer a morte. Criaram um ponto de contato – que eles tanto necessitavam para seu desenvolvimento. Esse ponto é o lado esquerdo, ou o hemisfério esquerdo, do nosso cérebro. Esse lado tende para o egoísmo. Aí está assentado os Anjos Lucíferos, aí está a cidade da Babilônia.

Como lemos no Livro do Apocalipse 17:4: “A mulher se vestia de púrpura e escarlate, estava adornada de ouro e pedras preciosas e pérolas (…). Na fronte trazia escrito um nome: ‘Babilônia, a grande, mãe das prostitutas e das abominações da terra’”. E as “sete colinas (ou montes) sobre as quais a mulher (ou a prostituta) está sentada.” (Apo 17:9) são os sete lugares de observação localizados na cabeça: os dois ouvidos, as duas fossas nasais, a boca e os dois olhos. Sobre esses lugares se apoia o cérebro, donde o “Dador de Luz”, a razão, o raciocínio, o intelecto, governa o pequeno mundo, o microcosmo, os veículos dos seres humanos.

Aliás, os dez veículos que nós possuímos: o Tríplice Espírito, a Tríplice Alma, o Tríplice Corpo e a Mente, que os une, são os dez cornos da besta que São João fala no Livro do Apocalipse 17:12: “Os dez chifres que vês são dez reis, que ainda não receberam a realeza, mas com a besta receberão poder de reis por uma hora. Eles, de comum acordo, emprestarão à besta seu poder e autoridade”.

Os Espíritos Lucíferos nos ajudaram a enfocar a nossa consciência no Mundo Físico e a conquistá-lo, mas com isso sofremos e ficamos sujeitos a tristeza, a dor e a morte.

Agora está na hora de voltar. Como estudamos na parábola do Filho Pródigo.

Devemos nos livrar desse caminho de sofrimento, de dor, de tristeza. Mas como, se só sabemos conhecer algo através do raciocínio, da razão, da utilização do hemisfério esquerdo do nosso cérebro?

Aqui é nos dado outro meio de adquirir o conhecimento. É através da Intuição, que quer dizer, conhecimento interno. É uma faculdade espiritual, igualmente presente em todos nós, mas mais proeminente quando renascemos em um corpo feminino.

Sabemos que utilizamos muito pouco o hemisfério direito do nosso cérebro. Também sabemos que o coração está se movendo lentamente da esquerda para a direita. E também que se trata de um órgão que possui fibras musculares cruzadas, tipo este que está sob o controle da nossa vontade. Entretanto, não podemos controlá-lo…ainda.

Aos poucos, com as nossas ações altruísticas, de serviço, de amor desinteressado, de Fraternidade Universal, de utilização apropriada da força sexual criadora estamos construindo mais fibras cruzadas no coração de modo que, a devido tempo, poderemos controlá-lo.

Quando isso ocorrer, poderemos recusar enviar o sangue para o Hemisfério Esquerdo de nosso cérebro, a Babilônia e a cidade de Lúcifer cairá.

Então, poderemos enviar o sangue para o hemisfério direito do cérebro teremos construído a Nova Jerusalém, a cidade da Paz (Jer-u-Salem — ali haverá paz).

Concomitante a isso, nosso Corpo Denso se fará mais sutil, mais próximo de se fundir ao Corpo Vital, formado de Éteres. Isso faz parte da preparação para entrada na nova Época que se aproxima, a Época Nova Galileia, onde teremos outro novo veículo, o Corpo-Alma, formado dos dois Éteres superiores e construído por meio da quinta essência do nosso serviço amoroso e desinteressado prestado a todos os seres vivos. Tal Corpo não se cansará nunca! Portanto, não existirão noites (“Não existe noite.” Ap 21:25). As doze portas para o assento da consciência, que são os doze nervos cranianos, nunca estarão fechadas (“As portas nunca se fecharão.” Ap 21:25).

A Nova Jerusalém será formada de Éter Luminoso e deixará transluzir a luz solar. (“A cidade não tem necessidade de sol nem de lua que a ilumine.” Ap 21:23).

O amor será altruísta e a razão aprovará seus ditames. Cada um trabalhará para o bem de todos. A Fraternidade Universal abarcará todos os seres, unidos pelo amor e guiados por Cristo, que terá retornado (“Os seus servos o servirão e verão a sua face e trarão seu nome nas fontes.” Ap 22:4).

Não haverá morte porque a Árvore da Vida, a faculdade de gerar a força vital, estará lá e se fará possível para todos.

Para que tudo isso ocorra, temos que trabalhar muito, com o objetivo sempre voltado para “frente e para cima” por meio do nosso serviço amoroso e desinteressado para com os outros. O objetivo, agora, não é mais a conquista da Região Química do Mundo Físico, mas sim a Região Etérica do Mundo Físico, já no caminho de “volta para a casa do Pai”, onde seremos colaboradores conscientes do seu maravilhoso Esquema de Evolução.

Mas, como disse São Paulo: “devemos formar o Cristo dentro de nós”. Caso contrário, não estaremos prontos para a sua segunda vinda.

Terminamos repetindo Ângelus Silésius:

“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,

Se não nasce dentro de ti, tua alma seguirá extraviada.

Buscará em vão a cruz do Gólgota,

Enquanto ela não se levantar dentro de ti mesmo.”

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Misericórdia e a Piedade

Palavras tão pouco difundidas e com significados tão pouco conhecidos e, muito menos, aplicadas.

Misericórdia e piedade não têm nada a ver com a lógica, a razão, em primeira instância.

A primeira ideia que surge quando nelas pensamos é a de cunho místico, devocional, onde se sente pelo coração. Muitas vezes, a prática da misericórdia se limita a nossa incapacidade de ter feito algo correto, erros que estamos sofrendo. Já a piedade se limita a um modo de conformar os outros pelo erro cometido.

Quantas vezes por dia nos tornamos perturbados – e com razão – por causa daqueles que não se importam com pessoa alguma e desconhecem o próximo?

Quando estamos dirigindo um carro e outro nos corta subitamente, qual é a nossa reação? É raiva ou desdém?

Quando, em uma reunião, palestra ou até em uma audição, ouvimos alguém fazer um comentário que para nós não é totalmente válido, por estar sendo encarado do ponto de vista terreno, condenamos esse alguém por sua ignorância ou rimos pela sua falta de compreensão?

Quando vemos um criminoso na TV, nos vídeos da internet ou lemos sobre ele nos meios de comunicação, qual é a nossa reação? Dizemos: “Bem-feito, era isso que ele merecia”, esquecendo que ele é fraco e está perdido num mundo que sensacionaliza o crime? E que mais ainda e acima de tudo: é um nosso irmão ou uma nossa irmã?

Quando alguém nos faz algum aparente mal desejamos e procuramos uma oportunidade para se vingar?

Se a qualquer uma dessas perguntas respondemos “sim”, então somos fracos, ignorantes e negligentes em relação aos outros. Não praticamos a misericórdia.

Ter misericórdia é nos conscientizarmos da fraqueza do próximo, nosso irmão ou nossa irmã. E, além disso, ajudá-lo ou ajuda-la por meio da compreensão de seus atos, enviando-lhe pensamentos positivos ao invés de negativos.

Misericórdia é a manifestação do amor quando levamos em consideração a fraqueza do próximo, nosso irmão, nossa irmã.

Misericórdia é a manifestação do Amor de Deus, de modo especial quando considera a fraqueza das criaturas.

A misericórdia de Deus é infinita e universal. Lemos no Livro dos Salmos 144:9: “Para todos é bom o Senhor e a todas as criaturas estende-se a sua misericórdia”. No Livro do Eclesiástico 18:12: “A misericórdia do homem tem por objeto o seu próximo; mas a misericórdia de Deus estende-se a toda a carne”.

Tanto o pecador como o contrito são objetos da misericórdia de Deus. Lemos no Evangelho Segundo São Lucas 1:50: “E a sua misericórdia se estende de geração a geração sobre os que o temem”. E no Livro dos Números 14:18: “O Senhor é paciente e de muita misericórdia, que tira a iniquidade e as maldades e que a nenhum culpado deixa sem castigo”. No Livro de Isaías, 55:7: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem iníquo os seus pensamentos, e volte-se para o Senhor e haverá dele misericórdia, e para o nosso Deus, porque Ele é de muita bondade para perdoar”.

Ora, se Deus é misericordioso tanto com o pecador quanto com o arrependido, quem somos nós para não sermos?

A prática da misericórdia é impedida pela vaidade e pelo orgulho de não admitir as muitas ignorâncias que ainda possuímos. Ou ainda, que em muitos casos sabemos e temos certeza de que estamos corretos. Por isso julgamos.

Tornamo-nos juízes. E, assim, agindo como juízes, nos colocamos numa posição de autoafirmação e utilizamos da razão para justificar. Somos “aquele que nunca agiu assim”. Ou “se fosse conosco jamais teríamos feito desse modo”.

Primeiro: “será que nunca agimos deste modo?”. Segundo: “como saber se realmente isto está errado?”.

Segundo: se você tivesse o mesmo horóscopo do irmão ou da irmã que você está julgando, com as mesmas configurações adversas e benéficas e os mesmos Signos nas cúspides de cada Casa, tem certeza de que não agiria daquele modo ou, talvez, até pior?

Como não estamos certos, com toda a certeza, de termos agido deste modo ou não, tratemos de aproveitar as situações aqui descritas, como oportunidades para servir. Por exemplo: quando alguém passa por nós e nos injuria podemos dizer: “quantas vezes já me senti culpado por isto; quantas vezes agi dessa maneira”, ao invés de praguejar, de brigar ou de revidar.

Neste contexto, qual foi um dos mais característicos traços de Cristo-Jesus na sua jornada aqui na Terra? A Sua misericórdia. Principalmente para com os abandonados e arrependidos.

Podemos ler no Evangelho Segundo São Mateus 9:36: “e olhando para aquelas gentes, se compadeceu delas: porque estavam fatigadas e quebrantadas como ovelhas sem pastor”.

Podemos vê-la facilmente expressa nas parábolas: do filho pródigo, do bom samaritano e da ovelha perdida.

A compreensão da misericórdia na doutrina de Cristo leva-nos a concebê-la como: o perdão da ignorância e do egoísmo do nosso próximo e de nós mesmos.

Aqui praticamos a lei de dar e receber. E a lei de semelhante atrai semelhante. Pois se praticarmos a misericórdia – perdão pela ignorância – recebemos misericórdia – perdão pela nossa ignorância.

Como isso, vemos que o Amor de Deus não pode estar num coração sem misericórdia. E isso se dá na conscientização de que não sabemos tudo, que erramos, blasfemamos, somos ignorantes.

A partir daí, podemos agir:

. com maior compreensão, perdoando os que nos ofendem;

. com maior tolerância, procurando criticar construtivamente algo que não

. entendemos ou que, ao nosso ver, está errado;

. com paciência, procurando argumentos lógicos e amorosos em nossas colocações; com humildade, procurando entender as limitações, as restrições e lições que devemos aprender dos e com os outros.

Portanto, a misericórdia é uma virtude que deve ser vivida com toda a intensidade pelo Aspirante à vida superior em todas as circunstâncias e situações em que a ele for apresentada.

Quantas vezes ao ver um irmão ou uma irmã sofrer viramos o nosso rosto, torcendo para que ele ou ela e ninguém nos solicitem?

Quantas vezes nos esquecemos de dirigir uma oração a esse irmão sofredor ou a essa irmã sofredora que está passando por alguma dificuldade, seja física, moral, espiritual ou psíquica.

Quantas vezes não admitimos que a dificuldade que um irmão ou uma irmã está passando é realmente uma dificuldade?

Achando que nós, em seu lugar, tiraríamos de letra e, portanto, julgamos que ele ou ela está sofrendo porque quer?

Tudo isso é a falta de compreender o que é piedade.

Na verdade, achamos que compreendemos o que é piedade e acreditamos que a aplicamos quando a dificuldade é conosco, ou com algum familiar ou, no máximo, com algum conhecido muito querido. Então, passamos a procurar uma igreja e a realizar atos tais como acender velas, ajoelhar, rezar terços, novenas, jejuns, “envio de energias”, passe espiritual entre outras coisas.

Caso contrário, no máximo chegamos a alguma frase do tipo: “que Deus o ajude”, “deve estar pagando alguma dívida passada”, “coitado”, “tome e faça essa oração todos os dias”. E nos afastamos com a certeza do dever cumprido e torcendo para que não sobre nada para nós.

Afinal piedade não é a tristeza pelo sofrimento e desgraça alheia? Pois então: já ficamos tristes! Já expressamos nosso sofrimento pela desgraça alheia e muita gente viu (temos testemunhas). Agora voltamos a ser alegres e a esquecer a desgraça alheia, certo?

Agora, para o Aspirante à vida superior piedade é o primeiro passo para a compaixão. Piedade é a capacidade de sentir a dor alheia. Piedade é uma virtude que inclina o ser humano para Deus numa filial obediência e amor reverencial.

Na maioria das vezes a piedade praticada é aquela que os fariseus praticavam no tempo de Cristo-Jesus onde eles sobrepunham de tal modo o ritualismo externo às práticas internas que a verdadeira piedade interior ficou a perigo de desaparecer.

Cristo-Jesus, porém, iluminou novamente o caminho como vemos no Evangelho Segundo São Mateus 6:1-18: “Guardai-vos não façais as vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles (…). Não faças tocar a trombeta diante de ti”.

Ou: “e quando orais, não haveis de ser como os hipócritas, que gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos”.

Ele mostrou que a verdadeira piedade consiste em fé firme, confiança filial, submissão a vontade de Deus e que se manifesta pelo amor ao próximo. E é nesse sentido que precisamos ser capazes de sentir a dor alheia.

Uma das melhores maneiras é através das nossas próprias experiências: o que sentimos em determinada situação poderá ser transmitido para outro em situação similar.

Isso é aplicável desde que aprendamos com as nossas experiências, tomando consciência da relação causa e efeito. Para isso, sem dúvida, muito contribui o processo de captação da quinta essência que é feito pelo Exercício Esotérico da Retrospecção.

Agora, e em situações que ainda não experimentamos? Como podemos sentir o quão é doloroso ou dificultoso?

Se olharmos o nosso horóscopo podemos descobrir como tenderemos a sentir tal experiência. Ou se usarmos a imaginação pode criar um modelo que facilitará enormemente compreender a dor alheia.

Uma vez entendido, compreendido e assimilado a situação do irmão sofredor ou irmã sofredora estamos prontos a sentir a compaixão e, portanto, nasce naturalmente um desejo de ajudar a minorar o seu sofrimento. Podemos ter a certeza que aí, nesse ponto, a ajuda é eficaz, bem dosada e proveitosa.

Por exemplo: quando encontramos um irmão ou uma irmã doente podemos falar-lhe: “coitadinho. Deus o ajudará” ou, após imbuir-se do seu sofrimento, sentindo a tristeza e a dor que ele está sentindo, dizer-lhe: “está bem, você está doente e precisa de ajuda, o que você pretende fazer?”.

Outro exemplo: há muitas pessoas no mundo que sentem pena dos animais, que até fundam sociedades para protegê-los contra maus tratos. Mas continuam comendo essas mesmas criaturas que elas intencionam salvar (ou será que cachorro, gato, cavalo e outros “pets” não são animais com a mesma necessidade de evolução da vaca, do boi, da galinha – enfim de todas as espécies animais e aves, dos peixes, dos crustáceos, dos anfíbios e afins?). Até certo ponto, podemos considerar isso piedade. Mas essa só será totalmente verdadeira como primeiro passo para a compaixão quando puderem dizer: “eu sinto tanto por eles que estou preparado para renunciar a comê-los”.

Portanto, vemos que a piedade nos eleva acima das dificuldades impostas pela nossa Personalidade em entender as dificuldades, sofrimentos e tristezas dos nossos irmãos ou das nossas irmãs e, com isso, entender as nossas. É o meio que nos ajudam a ser mais eficazes no nosso servir. A ser mais conscientes do que é ajudar e o que não é.

É, enfim, a compreensão de que como Deus, nosso Pai, entende as nossas dificuldades e de como ele está sempre criando meios que nos ajudam a suplantá-las.

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Fogos de São João

Pensando sobre os “Fogos de São João”, apresentam-se vários aspectos sobre o tema, como de símbolos, de uma história verídica e, também, mística, em que a pessoa que chamamos São João, o Batista, está envolvida. A humanidade está intimamente ligada a essa pessoa, eminentemente desenvolvida, através dos milênios do passado.

Pela história bíblica sabemos que São João, o Batista, era o último dos Profetas em Israel, filho do sumo sacerdote Zacarias e de sua esposa Isabel. Isso consta nos Evangelhos. Max Heindel informa em seus estudos, como Elias, Profeta que existiu 700 anos antes da Era Cristã, como João Batista, era capacitado de dotes espirituais poderosos em vidas anteriores, por haver formado em si o Verbo Divino, a Vida Divina no ser humano.

Podemos ver essa afirmativa no segundo Capítulo 2, versículo 5, do Segundo Livro dos Reis, que diz o seguinte: “Os irmãos profetas que moravam em Jericó aproximaram-se de Eliseu e lhe disseram: ‘Sabes que hoje Iahweh vai levar teu mestre por sobre tua cabeça?’. Ele respondeu: ‘Sei; calai-vos’”.

Por essa conversa íntima entre os filhos dos Profetas (veja todo o segundo Capítulo[1]) a respeito de Elias (João Batista) com o Profeta Eliseu, podemos avaliar a sua educação espiritual. Eliseu, como discípulo de Elias, tinha conhecimentos sobre o afastamento de Elias da Terra num turbilhão de Fogo (“carro e cavalos em fogo”, versículo 11[2]) que separou o Mestre de seu Discípulo. Elias afasta-se em um redemoinho de fogo da Terra.

Os fatos acima tiveram relação fundamental na Anunciação do nascimento, vida e morte de São João Batista. A Anunciação da Concepção com Isabel foi feita em circunstâncias de ‘Fogos espirituais’, pois o Anunciador, o Anjo Gabriel, do plano do Espírito Santo, foi escolhido para essa sublime missão; foi o mesmo, que mais tarde, meses após, anunciaria a Maria a Concepção de seu filho Jesus. Zacarias e Isabel, como também José e Maria, em relação à Anunciação, ensinam que as personagens tinham Iniciações dos planos do Espírito de Vida, pois se aproximava a eles o Anjo Gabriel. Os Corpos Densos e suprafísicos deles mesmos tinham alcançado qualidades, onde a esfera Angelical os tangia.

O que nos importa nesses acontecimentos, puramente esotéricos, é sabermos a respeito de Elias em sua “ascensão fogosa” 700 anos A.C. e se manifestando mais tarde, no tempo de Cristo, como de anunciador d’Ele num fulgor de Verbo espiritual, anunciando a vinda “Daquele que havia de vir”, a quem prepararia o caminho, pregando as sábias palavras do arrependimento. Pois, clamava, que sem o arrependimento não haveria acesso do Salvador para suas almas. Disse que não haveria mais perdão por meio dos sacrifícios dos animais.

Sabemos perfeitamente, como Estudantes Rosacruzes, que o arrependimento resulta em nossos Corpos de Desejos, onde reside o fogo inferior dos desejos e da nossa Mente inferior, o limite para a ascensão aos planos de Deus. Os fogos inferiores dos Corpos de Desejos, com o meio do arrependimento, devem-se dar a purificação, resultando a ascensão para os “fogos espirituais do Espírito de Vida de Cristo, e de Seu Pai”.

Pensando sobre símbolos, mesmo tratando-se de datas, que se apresentam ao Estudante Rosacruz, no fato de Isabel concebendo João Batista (Elias), seis meses antes de Maria conceber a do Jesus, espírito que guiava o Rei Salomão, e antes de 3000 anos da Era Cristã, o guia espiritual da antiga Índia denominado Krishina, mostra por meio destes acontecimentos históricos-religiosos-espirituais, o valor que representam na evolução humana.

Colocando as datas calendários a nossa frente, dia 21 de junho para o nascimento de São João Batista, e Jesus no dia 24 de dezembro verificamos, em linha reta, a oposição dos Signos Zodiacais com os seus devidos Regentes. Encontramos o Signo de Câncer com o seu Regente, a Lua, para João Batista-Elias, e o Signo de Capricórnio, Regente de Saturno, para Jesus. Essa linha aparentemente oposta trata do equilíbrio dentro do Sistema Solar. Não é uma oposição cósmica, pelo contrário, uma harmonia perfeita, Água-Terra; sabemos que o Sol deriva do Período Saturno do Pai, e entra em seu avanço evolutivo ao Período Lunar. Mostra-se a Trindade. Havemos o perfeito equilíbrio, Sol em Câncer e em Capricórnio. Saturno-Sol-Lua. No plano Solar entra em função os Solstícios nas datas acima. As forças solares interligam-se às condições gerais da Terra.

Procurando a ligação entre os eminentes personagens em foco, Jesus-João Batista, verificamos que eles foram, pela Hierarquia, escolhidos para serem utilizados como conciliadores entre os seres humanos da Terra e os demais exaltados elementos celestiais.

Podemos também pensar, com base nos estudos, que eles não tinham mais necessidade de renascer por causa de sua Ressurreição em tempos passados, como dito, em um redemoinho de fogo. Para Jesus-Salomão seria o mesmo sentido de aplicar. Os Solstícios coincidem com seus renascimentos constantes em planos de revoluções solares, os quais incitam os tempos propícios para as Iniciações dos seres humanos da Terra.

Voltando para explicar a nossa preocupação a respeito da salvação da humanidade, verificamos, ainda, fora das palavras do arrependimento, as sábias palavras de São João Batista, que dizem, “Eu batizo com água. No meio de vós, está alguém que não conheceis, aquele que vem depois de mim, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália” (Jo 1:26-27), e Ele batiza com fogo.

Percebemos, nisso, que a divisa seria o Batismo do Fogo e do Espírito resultante do arrependimento. Mais logo haveria o batismo da Água e do Fogo, da água da Vida-do Corpo de Cristo ligado ao Espírito Santo. Cristo bem disse à Samaritana na fonte quando solicitava água que, se Ele ofereceria água, nunca mais sentiria sede, e haveria alcançado a Vida Eterna (a longa vida dos alquímicos, a Pedra Filosofal, que é o Cristo). Por meio do arrependimento assegura-se a mutação, a transfiguração do ser humano, a sua incorruptibilidade no corpo de Cristo.

(de F. PH. Preuss – Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/1984 – Fraternidade Rosacruz – SP)

(Pintura: John Baptist Birth – de Bartolomé-Esteban Murillo)


[1] N.T.: Segundo Capítulo do Segundo Livro dos Reis: 1Eis o que aconteceu quando Iahweh arrebatou Elias ao céu no turbilhão: Elias e Eliseu partiram de Guilgal, 2e Elias disse a Eliseu: “Fica aqui, pois Iahweh me enviou até Betel”; mas Eliseu respondeu: “Tão certo como Iahweh vive e tu vives, não te deixarei!”. e desceram a Betel. 3Os irmãos profetas que moravam em Betel foram ao encontro de Eliseu e disseram-lhe: “Sabes que hoje Iahweh vai levar teu mestre por sobre tua cabeça?”. Ele respondeu: “Sei; calai-vos”. 4Elias lhe disse: “Eliseu, fica aqui, pois Iahweh me envia só até Jericó”; mas ele respondeu: “Tão certo como Iahweh vive e tu vives, não te deixarei!”. E foram para Jericó. 5Os irmãos profetas que moravam em Jericó aproximaram-se de Eliseu e lhe disseram: “Sabes que hoje Iahweh vai levar teu mestre por sobre tua cabeça?”. Ele respondeu: “Sei; calai-vos. 6Elias lhe disse: “Fica aqui, pois Iahweh me envia só até o Jordão”; mas ele respondeu: “Tão certo como Iahweh vive e tu vives, não te deixarei!”. E partiram os dois juntos. 7Cinquenta irmãos profetas foram também e ficaram parados a distância, ao longe, enquanto eles dois se detinham à beira do Jordão. 8Então Elias tomou seu manto, enrolou-o e bateu com ele nas águas, que se dividiram de um lado e de outro, de modo que ambos passaram a pé enxuto. 9Depois que passaram, Elias disse a Eliseu: “Pede o que queres que eu faça por ti antes de ser arrebatado da tua presença”. E Eliseu respondeu: “Que me seja dada uma dupla porção do teu espírito!”. 10Elias respondeu: “Pedes uma coisa difícil: todavia, se me vires ao ser arrebatado da tua presença, isso te será concedido; caso contrário, isso não te será dado”. 11E aconteceu que, enquanto andavam e conversavam, eis que um carro de fogo e cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu no turbilhão. 12Eliseu olhava e gritava: “Meu pai! Meu pai! Carro e cavalaria de Israel!”. Depois não mais o viu e, tomando suas vestes, rasgou-as em duas. 13Apanhou o manto de Elias, que havia caído, e voltou para a beira do Jordão, onde ficou. 14Tomou o manto de Elias e bateu com ele nas águas, dizendo: “Onde está Iahweh, o Deus de Elias?”. Bateu nas águas, que se dividiram de um lado e de outro, e Eliseu atravessou o rio. 15Os irmãos profetas viram-no a distância e disseram: “O espírito de Elias repousa sobre Eliseu!”.; vieram ao seu encontro e se prostraram por terra, diante dele. 16Disseram-lhe: “Há aqui com teus servos cinquenta homens valentes. Permite que saiam à procura de teu mestre; talvez o Espírito de Iahweh o tenha arrebatado e lançado sobre algum monte ou em algum vale”. Mas ele respondeu: “Não mandeis ninguém”. 17Mas eles o importunaram a ponto de aborrecê-lo, e, então, disse: “Mandai!”. Mandaram, pois, cinquenta homens, que procuraram Elias durante três dias, sem encontrá-lo. 18Voltaram para junto de Eliseu, que tinha ficado em Jericó, o qual lhes disse: “Não vos dissera eu que não fôsseis?”  19Os homens da cidade disseram a Eliseu: “A cidade tem um ambiente agradável, como bem pode ver, o meu senhor, mas suas águas são ruins e tornam o país estéril”. 20Disse ele: “Trazei-me um prato novo e ponde nele sal”; e eles lho trouxeram. 21Ele foi à fonte das águas, lançou-lhe sal e disse: “Assim fala Iahweh: Eu saneio estas águas e elas não mais causarão nem morte nem esterilidade”. 22E as águas se tornaram sadias até hoje, segundo a palavra que Eliseu pronunciara. 23De lá subiu a Betel; ao subir pelo caminho, uns rapazinhos que saíram da cidade zombaram dele, dizendo: “Sobe, careca! Sobe, careca!”. 24Eliseu virou-se, olhou para eles e os amaldiçoou em nome de Iahweh. Então saíram do bosque duas ursas e despedaçaram quarenta e dois deles. 25Dali foi para o monte Carmelo e depois voltou para Samaria.

[2] N.T.: “11E aconteceu que, enquanto andavam e conversavam, eis que um carro de fogo e cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu no turbilhão.”

Idiomas