Resposta: Se uma pessoa está preparada para receber tais tipos de ensinamentos, é porque já fez um nível de progresso no caminho espiritual, encontrando-se além da maioria de seus contemporâneos que conhecemos no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz como Irmão Leigo ou Irmã Leiga. O elevado conhecimento adquirido, o intuitivo discernimento obtido, com a consequente mudança no comportamento dele ou dela, sobrepassam a compreensão mundana. Em virtude disso, muitos passam a hostilizar esse irmão ou irmã, não significando que ele ou ela se insurja contra eles ou deixe de amá-los. Significa tão somente que ele ou ela deve deixá-los temporariamente, até que atinjam um estágio semelhante de desenvolvimento. Não há razão para deixar de irradiar amor e simpatia para todos, quer seja correspondida ou não. Um Ego mais avançado pode permanecer só, embora, sempre irradiando ternura.
No Livro “Mistério das Grandes Óperas”, de Max Heindel, Fraternidade Rosacruz, lemos que o ser humano que tem a capacidade de passar instruções individuais para conhecimentos que sozinho um Irmão ou Irmã não conseguiria obter não aparecerá até que o Aspirante abandone o mundo e seja abandonado por ele. Isso quer dizer, certamente, o Mundo material com o apego às coisas materiais (especialmente em detrimento às coisas espirituais). Assuntos meramente mundanos, incluindo os negócios materiais com que seus amigos estão grandemente ocupados, não lhe interessam. Dessa forma, ele tem, naquele momento, pouca coisa em comum com tudo o que o rodeia. E, em seu contexto, parece estar desamparado. Contudo, isso constitui um estado de coisas passageiro. Seus contemporâneos e toda Onda de Vida Humana também evoluirão.
A Fraternidade Universal é o ideal da Era de Aquário. O sentimento fraternal será levado à prática de uma forma muito mais elevada do que observamos hoje em dia. Haverá uma ética, estética e espiritual irmandade, da qual todos serão partícipes e ninguém parecerá se encontrar abandonado.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1973 – Fraternidade Rosacruz SP)
Resposta: Há uma razão oculta para o declínio da fé, e é inútil discutir um remédio até que uma causa tenha sido descoberta. Nenhuma medida não planejada ou bem direcionada fará com que a Humanidade retorne, permanentemente, ao caminho da retidão. Vamos, primeiro, considerar algumas das causas, normalmente, apontadas e então poderemos compreender melhor a razão científica oculta.
Frequentemente ouvimos dizer, de uma maneira irônica, que a razão pela qual as igrejas estão vazias é que o ministro, pastor ou padre não tem nenhuma mensagem nova, mas está continuamente apresentando ou usando de outra forma e de novo, sem nenhuma mudança ou melhoria substancial, as antigas histórias da Bíblia. Tal expressão de repreensão ou desaprovação perde sua força no momento em que perguntamos: “Sabemos a Bíblia de cor?”. Fazemos com que uma criança repita a tabuada de multiplicação, indefinidamente, até que a conheça e saiba aplicá-la. É mais importante que conheçamos a Bíblia profunda e completamente do que a criança se lembrar da tabuada; por isso a repetição é necessária.
Os Atenienses, quando se reuniam na Colina de Marte[1], sempre buscavam algo novo que lhes proporcionasse material para discussão, mas algo mais é necessário para o crescimento da alma. S. Paulo nos ensina, especificamente, que “ainda que eu conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor, (…) nada serei”[2].
A expressão de repreensão ou desaprovação relativa aos bancos vazios se baseia, particularmente, nas igrejas protestantes e católicas de todas as denominações ditas “modernas” e em vários países e, entretanto, não seria fora de propósito fazer uma comparação entre o método empregado por essas igrejas e o método empregado por uma igreja tradicional e histórica, seja ela de uma Religião Protestante ou de uma Religião Católica. Se estivermos ansiosos por aprender alguma coisa sobre essas igrejas tradicionais e históricas, devemos pôr de lado o preconceito e nos empenharmos em considerar os méritos e os deméritos de cada uma de uma maneira imparcial.
Vamos, primeiramente, examinar uma igreja protestante ou católica tradicional ou histórica, em que o ministro, pastor ou padre se empenha em transmitir o Evangelho às pessoas. Muitos de seus assentos estão vazios. Entre aqueles presentes, geralmente, o número de mulheres supera de seis vezes ou mais o número de homens. O ministro, pastor ou padre é, normalmente, sério e intenso e se esforça para ser eloquente quando se dirige à Divindade na oração, mas ele já ouviu tantas vezes a expressão de repreensão e desaprovação sobre a repetição que sempre teme que seus ofícios sejam parecidos, não importa a que grau. Procurará apresentar uma nova oração, um novo sermão, um novo hino, tudo tão novo quanto possível, a fim de evitar essa terrível repreensão e desaprovação. Ele está quase tendo um colapso nervoso por causa do pensamento atormentador de que seus fiéis possam achá-lo “chato, repetitivo e nada original”.
Em seguida, vamos a uma igreja “popular” – dita moderna, atualizada e “inovadora” – e vejamos que métodos elas usam. O ministro, pastor ou padre dessas igrejas é sempre “progressista” e está “atualizado”. Há, frequentemente, algo tão grande como um ginásio para esportes e uma equipe de “animação” ligada ao estabelecimento. Todas as noites da semana há uma reunião relacionada a este, àquele ou a outro clube, grupo ou segmento específico com um determinado nome que chama a atenção. Há piqueniques, festas ao ar livre, shows e comemorações, além de ceias e refeições na igreja. Muitas vezes, há reuniões só para os homens e outras só para as mulheres, geralmente intercaladas, de modo que sempre há uma fantasmagoria deslumbrante, sem um momento monótono durante a semana, e no domingo – ah, esse é o verdadeiro deleite, a grande atração – então, é o ministro, o pastor ou o padre que os entretém, como só ele sabe fazer. Ele é auxiliado por um grupo musical ou coro sem igual, muitas vezes composto por artistas. A música não é particularmente religiosa, exceto que, como toda boa música oriunda do mundo celestial, ela fala do ser humano espiritual e desperta as recordações do nosso lar eterno. É um atrativo para os amantes da música e, por isso, atrai centenas de pessoas.
Entre a abertura e o encerramento do programa musical há o que chamam de “sermão”. Uma pessoa conhecida nos relatou que, certa vez, ficou chocado ao entrar numa igreja e ver no púlpito esta inscrição: “Eu não prego o Evangelho”. As palavras do contexto: “Que a tristeza venha a mim se o fizer”, estavam ocultas do outro lado do púlpito, e o efeito deve ter sido espantoso, é o mínimo que se pode dizer. Contudo, é um lema que pode ser encontrado no púlpito de mais de uma igreja “progressista”, pois, embora o “sermão” possa começar com uma citação bíblica, essa é, geralmente, a única referência à palavra de Deus. O restante é um excelente discurso sobre qualquer tópico mais em evidência no panorama local ou nacional ou, se as fontes sociais e políticas se tornarem escassas, há sempre problemas a serem abordados relativos à temperança e a pureza. É bem verdade que são temas gastos como os Evangelhos, mas, se o pastor, o padre ou o ministro levar uma garrafa de cerveja ao púlpito e arremessá-la com furor, despedaçando-a como uma coisa maldita, poderá apelar para o gosto ávido de sensacionalismo que será, posteriormente, desenvolvido pela maioria dos ouvintes dele. Mas, de repente, o pastor, o padre ou o ministro “progressista” recebe uma chamada para ir construir uma outra igreja em outro lugar.
Isso é universalmente admitido: sob a tutela continuada de um só pastor, ministro ou padre, os frequentadores da igreja perdem o interesse. Entretanto, isso não é por causa desses ministros, padres ou pastores não serem sinceros e esforçados em sua obra. A grande maioria é exemplar, sob todos os aspectos, mas, de certa forma, não conseguem manter sua influência sobre as pessoas. Algumas denominações religiosas distribuem, por um certo período, as igrejas sob sua jurisdição a seus ministros, pastores ou padres, e esgotado esse tempo, os transferem para outra seção, em que trabalharão por um outro período.
Pode-se dizer muita coisa a favor e contra esses diversos esquemas, mas isso está além da presente discussão. Para combater a falta de interesse parece só haver um remédio suficientemente capaz de obter a aprovação geral e de produzir um entusiasmo, nem que seja temporário: o reavivamento.
As pessoas se juntam para ouvir um estranho, que sempre possui uma personalidade forte, dominante e agressiva, com uma voz que abrange várias oitavas, que vão desde uma súplica em voz sussurrante que cativa o pecador subjugado, até o som estridente que soa como um golpe de condenação aos ouvidos dos recalcitrantes. Como o pastor, ministro ou padre “progressista”, ele é habilmente auxiliado por um pessoal treinado, um coro e um conjunto de instrumentos musicais, tudo arranjado para fazer um apelo poderoso às sensações. Milhares de pessoas são “convertidas” e a religião (?) recebe um novo influxo vital naquela comunidade.
Contudo, infelizmente, isso dura pouco. É um fato incontestável que, após um curto espaço de tempo, a maioria, exceto uma diminuta parcela dos convertidos, reincide, e o pobre ministro, pastor ou padre deve continuar a lutar para dar uma aparência de “religião” a uma comunidade cada vez mais negligente em assuntos espirituais.
Esse estado de coisas se tornou tão notório que, comparativamente, poucos jovens ingressam, hoje em dia, nos seminários ou nas escolas formadoras de pastores ou ministros. Há, por isso, um declínio tanto em termos de fiéis na igreja quanto no de ministros, pastores ou padres, fato que, se continuar, só pode ter um fim: a extinção da igreja Protestante ou Católica.
Quando investigamos os métodos da igreja da Religião Católica, a título de comparação e chegamos à conclusão correta quanto ao poder de atração dela, nós notamos, em primeiro lugar, o contraste absoluto existente entre o ofício realizado lá e o ofício realizado na igreja da Religião Protestante. Se nos detivermos por um instante à porta de uma dúzia de edifícios de denominações protestantes, verificaremos que cada ministro ou pastor trata de um tópico diferente, mas nós podemos ir a qualquer igreja da Religião Católica em qualquer parte do mundo, e veremos que todas aplicam o mesmo ritual no altar, nas mesmas datas. O que o padre pode dizer do púlpito é irrelevante diante do fato importantíssimo acima mencionado, pois palavras são vibrações. Elas são criadoras, como o demonstram as figuras geométricas formadas na areia e nos esporos pela voz de um cantor, e a Missa, entoada em inúmeras igrejas da Religião Católica espalhadas por todo o mundo, ecoa com força cumulativa pelo universo como um hino poderoso, influindo sobre todos os que estão sintonizados com ela, elevando seu fervor religioso e sua lealdade para com a sua igreja, de uma forma inigualável em relação aos esforços isolados e eventuais de indivíduos, não importa quão sinceros sejam.
Notem, então, o poder acumulativo de um ritual. O efeito oculto decorrente do esforço concentrado obtido ao usar textos idênticos em todas as igrejas da Religião Católica (as partes “fixas” da missa, a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Comunhão) existentes no mundo, gera um efeito cumulativo que pode ser sentido por cada participante da missa que estiver sintonizado com ele. Esse efeito é muito mais forte, pois o ofício é entoado num determinado tom na Missa.
Assim, resumindo esse aspecto da questão, as tentativas individuais persistentemente continuadas dos pastores ou ministros das igrejas da Religião Protestante para guiar o seu povo com sermões novos e originais são um fracasso, enquanto esforços combinados centralizados em rituais uniformes, repetidos ano após ano, como os que são praticados nas igrejas da Religião Católica atraem grande audiência.
Para melhor entender esse mistério e aplicar a solução inteligentemente, é necessário compreender a constituição do ser humano, tanto durante o crescimento dele, como quando se torna um adulto, quando aqui renascido.
Além do corpo humano visível, o Corpo Denso, que vemos com nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que não são vistos pela grande maioria das pessoas. Contudo, não são apêndices supérfluos do Corpo Denso, mas, na realidade, muito mais importantes por serem as fontes de toda ação. Sem esses veículos superiores, o Corpo Denso ficaria inerte, insensível e morto.
Chamamos o primeiro desses veículos de Corpo Vital, por ele ser o caminho da vitalidade que fermenta a massa inanimada do invólucro mortal durante os anos de vida, e que nos fornece a força para nos movermos.
O segundo veículo é o Corpo de Desejos, a base das nossas emoções, desejos e sentimentos, que galvaniza esse Corpo Denso a entrar em ação. Esses três veículos (Corpos Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) unidos à Mente, constituem a Personalidade que é, então, regida por cada um de nós (o Ego, a Individualidade, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui). Cada um dos Corpos e o veículo Mente que citamos tem a sua própria natureza essencial, e podemos dizer que a palavra-chave do Corpo Denso é “inércia”, visto que nunca se move, a menos que seja impelido a isso por esses Corpos invisíveis mais sutis. A palavra-chave do Corpo Vital é “repetição”. Isso é facilmente entendido, quando consideramos que, embora ele tenha o poder de movimentar o Corpo Denso, tais movimentos resultam apenas de impulsos repetidos da mesma espécie. Ele é ensinado a coordenar os movimentos do Corpo Denso de acordo com a nossa vontade, a vontade do Ego. Se nos sentarmos diante de um instrumento musical, como um órgão, pela primeira vez e tentarmos tocar, não seremos capazes de movimentar os dedos de maneira a produzir os sons adequados. Esforços repetidos são necessários para executar, até mesmo os mais simples movimentos coordenados dos dedos para resultar em uma harmonia correta. Essa necessidade de repetição revela uma máxima oculta que diz que “todo desenvolvimento oculto começa com o treinamento do Corpo Vital”.
Por outro lado, o Corpo de Desejos, que sentimos como sendo a nossa natureza emocional e de desejos, está sempre procurando algo novo. Esse desejo por mudança de condição, mudança de ambiente, mudança de humor, amor à emoção, ao desejo e à sensação, se deve às atividades do Corpo de Desejos, o qual é semelhante ao mar durante uma tempestade, com ondas que se agitam sem destino, cada qual mais poderosa e destrutiva quando estão desenfreadas e sem ligação com o poder diretor central.
A Mente, na realidade, é o foco através do qual nós, o Ego, tentamos subjugar a Personalidade e guiá-la de acordo com a habilidade durante seu período evolucionário. Mas, atualmente, esse foco é tão vago e indefinido que a maioria das pessoas não o percebe; portanto, são guiadas principalmente pelos seus sentimentos, desejos e emoções, sem muita obediência à razão ou ao pensamento.
Reconhecendo o grande e maravilhoso poder do Corpo de Desejos e a receptividade dele ao “ritmo”, que se pode considerar sua palavra-chave, a teologia progressista se dirigiu e focalizou seus esforços em direção a esse Corpo, o Corpo de Desejos. É essa a parte da nossa natureza que se diverte com os espetáculos do sensacional tipo de pastor, padre ou ministro que gosta de apresentar novidades para atrair e manter a atenção. É esse Corpo de Desejos que vibra e geme sob a linguagem bombástica do pastor, ministro ou padre, vibrante de emoção, que se eleva e decai conforme a cadência bem calculada da voz do orador. Uma unidade vibratória é logo estabelecida, como um estado real de hipnose, em que a vítima não pode evitar de se juntar aos demais em um estado emocional de lamentações, de “arrependimentos”, da mesma forma que a água não pode deixar de correr encosta abaixo. Nesse momento, eles pensam intensamente na enormidade de seus pecados e todos anseiam pelo início de uma vida melhor. Infelizmente, a próxima onda de simpatia, gerada pela natureza emocional deles, esquece tudo o que foi dito pelo pregador assim como todas as resoluções deles, e eles se encontram exatamente no mesmo ponto em que estavam antes, para o dissabor e pesar do evangelista interessado.
Consequentemente, todos os esforços realizados para elevar a Humanidade, agindo sobre o instável Corpo de Desejos, são e serão sempre inúteis. Esse é um fato reconhecido por todas as escolas ocultas de todas as épocas – em especial pela Fraternidade Rosacruz –, e é por essa razão que a Fraternidade Rosacruz se dedica e foca na mudança do Corpo Vital, operando com sua palavra-chave, que é a repetição. Para esse fim, a Fraternidade Rosacruz possui Rituais adequados à Humanidade nos diferentes estágios do desenvolvimento de cada um e, dessa forma, promove, lenta, mas seguramente, o crescimento da alma, independentemente do fato do ser humano estar ciente ou não de estar sendo trabalhado dessa maneira. O Antigo Templo de Mistérios Atlante, ao qual nos referimos como sendo o Tabernáculo no Deserto, tinha determinados Rituais prescritos no monte pelo Divino Hierarca, que era seu mestre particular. Certos Rituais eram realizados durante os dias da semana. Outros no Sabbath, e outros Rituais por ocasião da Lua Nova e nos grandes festivais solares. Nenhum sacerdote, seja qual fosse o grau a que pertencesse, tinha o poder de alterar esse Ritual, pois se o fizesse sobreviria o sofrimento e penalidade de morte.
Encontramos, também, mesmo entre outros povos antigos – os indianos, os caldeus e os egípcios – a evidência de um Ritual que usavam em seus ofícios religiosos. Entre os egípcios, por exemplo, encontramos o chamado Livro dos Mortos, como evidência do valor oculto e do objetivo de tais ofícios ritualísticos. Mesmo entre os gregos, embora fossem notoriamente individualistas e ansiosos para expressar suas próprias concepções, encontramos o Ritual nos mistérios. Posteriormente, durante a chamada Era Cristã, encontramos o mesmo Ritual, ocultamente inspirado, na Religião Católica, como meio de promover o crescimento da alma, por meio do trabalho sobre o Corpo Vital.
É verdade que houve abusos no âmbito desses vários sistemas religiosos (tanto na Religião Católica como na Religião Protestante). Nem sempre os ministros, pastores ou padres foram homens santos, e nem sempre suas mãos se encontravam limpas e imaculadas, quando ministravam o sacrifício ou Ritual. É bem verdade que os abusos, às vezes, se intensificaram tanto, que foram necessárias reorganizações. Um exemplo foi o próprio movimento Protestante iniciado por Martinho Lutero, a fim de acabar com os abusos que haviam surgido dentro da Religião Católica. Não obstante, todos esses sistemas tinham em si a semente da verdade e do poder, visto que trabalhavam para o desenvolvimento do Corpo Vital, portanto, a despeito do sacerdote (padre, ministro ou pastor) ser corrupto, os Rituais sempre mantinham o seu grande poder. Por isso, quando os reformadores abandonaram o Ritual, eles se achavam exatamente na mesma posição que a dos Atenienses na Colina de Marte: viram-se forçados a buscar algo novo. Em cada denominação religiosa há um desejo pela verdade. Cada uma delas existentes na atualidade luta a seu modo para resolver o problema da vida. No entanto, cada uma está tocando uma nova nota de uma forma casual e, por essa razão, estão todas falhando. A Religião Católica, com todos os seus abusos, ainda conserva uma ascendência admirável sobre seus adeptos devido ao poder combinado do seu Ritual.
Para que possamos aprender com os irmãos e as irmãs da Religião Católica e da Religião Protestante que por meio de Rituais repetitivos, mesmo sem ter a consciência, focam no Corpo Vital, devemos primeiramente considerar que “a união faz a força”. Refletimos sobre as palavras de Abraão Lincoln: “Unidade nas coisas essenciais, liberdade nas não essenciais e caridade em tudo”, devem ser adotadas antes que alguma coisa possa ser feita.
Antes que um Ritual possa produzir seu máximo efeito, aqueles que devem utilizá-lo para crescer precisam se sintonizar com ele. Isso exige trabalho em seus Corpos Vitais, enquanto esses veículos ainda estão em formação.
É matéria de conhecimento oculto que o nascimento é um acontecimento quádruplo, e esse nascimento do corpo físico é apenas um passo dentro do processo. O Corpo Vital submete-se também a um desenvolvimento análogo ao crescimento intrauterino do Corpo Denso. Ele nasce, aproximadamente, no sétimo ano de vida. Durante os sete anos seguintes, o Corpo de Desejos amadurece e nasce, aproximadamente, aos quatorze anos, quando se atinge a adolescência. A Mente nasce aos vinte e um, quando se inicia a vida adulta.
Esses fatos ocultos são bem conhecidos da Religião Católica e, enquanto muitos ministros e pastores protestantes trabalham sobre a natureza emocional (sobre o Corpo de Desejos), que está sempre à procura de algo novo e sensacional sem imaginar a futilidade da luta e o fato de que é esse veículo descontrolado que afasta as pessoas das igrejas em busca de novidades mais sensacionais, a Religião Católica, ocultamente informada, concentra seus esforços nas crianças. “Deem-nos crianças até aos sete anos, e elas serão nossas para sempre”, dizem eles, e estão corretos. Durante esses sete anos tão importantes, eles inculcam suas ideias nos Corpos Vitais plásticos dos que estão sob sua tutela, por meio da repetição. As orações repetidas, o tempo e o tom dos vários cânticos, tudo exerce um poderoso efeito sobre o Corpo Vital em desenvolvimento. Não importa que o Ritual seja celebrado numa língua desconhecida, pois, para o Ego, essa mensagem vibratória é um cântico de cor divina, inteligível para todos os Espíritos. Também não importa que a criança repita como um papagaio, sem entender, contanto que repita o que lhe é dado. Quanto mais, melhor, pois essas vibrações ocultas se incorporam em seu Corpo Vital antes que esse se consolide, e permanecem com ela por toda a vida. Cada vez que a Missa é entoada pelo padre em qualquer parte do mundo, o poder vibratório cumulativo do seu esforço agita os que têm suas linhas de força em seus Corpos Vitais, de maneira tal que são atraídos para a igreja por uma força geralmente irresistível. Isso se baseia no mesmo princípio de que ao ser vibrado um diapasão todos os outros de tom idêntico também começam a vibrar.
Alguns católicos voltaram-se contra a Igreja Católica, mas, subconscientemente e no fundo, eles permaneceram católicos até a morte, pois é extremamente difícil mudar o Corpo Vital, e as linhas de força construídas dentro dele, durante seu período gestatório, são mais fortes do que quase todas as vontades individuais.
Disso se infere que, se nós quiséssemos mudar a tendência do mundo de perseguir o prazer e a satisfação dos sentidos em detrimento da Religião, faríamos bem em começar com as criancinhas. Se as reunirmos ao pé do altar e as ensinarmos a amar a Casa de Deus – uma igreja verdadeira –, incorporando determinadas orações universais e partes do Ritual em seus Corpos Vitais em formação, evitando posturas impróprias para um Templo, mas cultivando em todos os que entrarem ali o ideal de reverência para com um lugar santo, aos poucos construiremos em volta da estrutura física de pedra, um templo invisível de Luz e Vida, tal como descrito pelo personagem Manson em “O Servo na Casa”[3].
(Pergunta nº 161 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” Volume II -Fraternidade Rosacruz – Max Heindel)
[1] N.T.: O Areópago ou a Colina de Marte é um afloramento rochoso proeminente localizado a noroeste da Acrópole em Atenas, Grécia. Seu nome em inglês é a forma composta do latim tardio do nome grego Areios Pagos, traduzido como “Monte de Ares”. Nos tempos clássicos, era o local de um tribunal, também frequentemente chamado de Areópago, que julgava casos de homicídio deliberado, ferimentos e questões religiosas, bem como casos envolvendo incêndios criminosos em oliveiras. O Areópago, como a maioria das instituições da cidade-estado, continuou a funcionar na época romana, e foi a partir desse local, extraindo do significado potencial do altar ateniense para o Deus Desconhecido, que o Apóstolo São Paulo teria proferido o famoso discurso: “De pé, então, no meio do Areópago, Paulo falou:’ Cidadãos atenienses! Vejo que, sob todos os aspectos, sois os mais religiosos dos homens. Pois, percorrendo a vossa cidade e observando os vossos monumentos sagrados, encontrei até um altar com a inscrição: ‘Ao Deus desconhecido’. Ora bem, o que adorais sem conhecer, isso venho eu anunciar-vos. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos humanas.’” (At 17:22-24).
[2] N.T.: ICor 12:13
[3] N.T.: “O Servo da Casa” (The Servant in the House) de Charles Rann Kennedy (1871-1950): foi um escritor anglo-americano. No Segundo Ato: “Ao entrar, você ouve um som – um som como o de algum poderoso poema cantado. Ouça por bastante tempo e você aprenderá que ela é feita das batidas dos corações humanos, da música sem nome das almas dos homens — isto é, se você tiver ouvidos. Se você tiver olhos, verá em breve a própria igreja – um mistério iminente de muitas formas e sombras, saltando do chão até a cúpula. O trabalho de nenhum construtor comum!
Os seus pilares erguem-se como os troncos musculosos dos heróis: a doce carne humana dos homens e das mulheres molda-se nos seus baluartes, forte, inexpugnável: os rostos das crianças riem de cada pedra angular: os terríveis vãos e arcos da são as mãos unidas dos camaradas; e nas alturas e nos espaços estão inscritas as inúmeras reflexões de todos os sonhadores do mundo. Ainda está sendo construído – construído e construído. Às vezes o trabalho avança em trevas profundas: às vezes sob uma luz ofuscante: ora sob o peso de uma angústia indescritível: ora ao som de grandes risadas e gritos heróicos como o grito de um trovão. [Mais suave.] Às vezes, no silêncio da noite, podem-se ouvir as pequenas marteladas dos camaradas que trabalham na cúpula – os camaradas que subiram à frente.”
Resposta: Com respeito a esta pergunta, Max Heindel disse que é muito difícil estar seguro quanto ao destino desses irmãos e dessas irmãs. Um grande número daqueles que ficaram para trás, na Atlântida, devido a que não haviam desenvolvido os pulmões, que lhes permitiram respirar a atmosfera quando houve a mudança, ainda não puderam alcançar a Humanidade atual.
Existe uma dúvida de que as pessoas que não houvessem desenvolvido um Corpo-Alma, ao ponto de poder utilizá-lo, se lhes permitirá viver na Terra durante essa época, ou teriam que ir posteriormente a algum lugar separado daqueles que desenvolveram esse veículo.
(Publicado na Revista Rosacruz de janeiro/1981 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: O valor dos exercícios respiratórios espirituais depende do conhecimento da pessoa a quem foi fornecido. Os exercícios respiratórios espirituais fornecidos em livros e por supostos instrutores, que anunciam cursos de desenvolvimento psíquico, são extremamente perigosos e muitas pessoas estão hoje em hospitais para pessoas com doenças mentais (hospitais psiquiátricos) por terem tentado essas práticas, ou talvez, já morreram por doença consuntiva[1].
Cada ser humano é um indivíduo e precisa de exercícios espirituais individuais. Os exercícios respiratórios espirituais apropriados só podem ser ministrados por uma pessoa que seja Clarividente voluntário e que, também, seja capaz de observar o crescimento de certos órgãos etéricos no Corpo Denso de quem ele está ensinando. Ele também deve conhecer qual deve ser esse crescimento em cada caso individual. Quem tem a capacidade de assim fornecer esse exercício respiratório espiritual individual, também conhece como checar os desenvolvimentos indesejáveis. Mas tal pessoa capaz de fornecer esses exercícios não faz propaganda da sua capacidade ou do desenvolvimento que ocorre. Tais exercícios nunca são vendidos por nenhum tipo de compensação financeira, mas sempre são fornecidos pelo mérito de quem busca.
A razão é evidente. Alguém que tenha a faculdade da Clarividência positiva ou voluntária (ou seja: tem todo o controle desse talento) tem um enorme poder; se mal utilizado, ele pode causar mais danos do que qualquer arma terrena. Poderia causar um pânico nos mercados mundiais, provocar guerras e inimizades entre as pessoas de todos os lugares e, assim, o possuidor desse conhecimento se tornaria um flagelo para a sociedade, exceto se usar essa sua faculdade somente para o bem. Os poderes por trás da evolução, os Irmãos Maiores da Humanidade, que já desenvolveram esses poderes e são capazes de ensiná-los, tomam muito cuidado para que ninguém alcance esse poder, até que tenha dado provas de altruísmo e que tenha feito obrigações por meio de votos e restrições do uso desse poder. Portanto, pode-se dizer que ninguém deveria realizar exercícios respiratórios espirituais, a menos que prescritos por um Clarividente voluntário competente, e nem é necessário correr à procura de tal pessoa. O Aspirante à vida superior deve antes se esforçar para fazer o bem e utilizar as faculdades, que agora possui, no ambiente em que se encontra, pois esse é o único trampolim adequado para alcançar um poder superior. Quando ele estiver suficientemente apto, a pessoa competente para fornecer tal ensinamento aparecerá em sua vida e ele não duvidará, nem por um momento, da genuinidade do ensinamento que lhe será fornecido. A esse respeito podemos citar um pequeno poema[2] que é extremamente belo:
“Não perca seu tempo com saudades
por coisas brilhantes e impossíveis.
Não fique sentado esperando
pelo nascimento de asas angelicais.
Não desdenhe de ser uma luz brilhante.
Nem todo mundo pode ser uma estrela,
mas ilumine um pouco da escuridão
brilhando exatamente onde você está.
Há necessidade das velas menores,
assim como do vistoso Sol.
E a ação mais humilde é enobrecida,
quando é feita dignamente.
Você nunca pode ser chamado para iluminar
regiões escuras distantes;
Então, preencha sua missão dia a dia;
brilhando exatamente onde você está.”
(Pergunta nº 151 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Volume 1, Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: p.exe.: tuberculose, endocardite e todos os tipos que vão fazendo a pessoa decair aos poucos, perdendo, progressivamente, a vitalidade, debilitando a pessoa.
[2] N.T.: trecho do Poema Shine Just Where You Are de John Hay (1838-1905), estadista estadounidense.
Resposta: De várias maneiras. Em primeiro lugar, muitas pessoas têm grande medo da morte; o simples fato de mencionar a palavra “morte” provoca arrepios nas costas delas e, assim, sempre evitam o assunto. O medo da morte gera pensamentos-forma de uma natureza hedionda e quando uma pessoa abandona o Corpo Denso, por ocasião da morte para entrar nos Mundos invisíveis, ela vê essas formas terríveis cercando-a como muitos demônios e, às vezes, a levam quase à insanidade. No entanto, eles são a progênie da pessoa, dos quais ela não poderá se livrar, até que aprenda que eles não têm o poder sobre as pessoas e que, destemidamente, os mande embora. Então, eles desaparecem como o orvalho diante do Sol.
O ser humano que tem cultivado a Clarividência voluntária durante a sua vida terrena é, às vezes, atormentado, no primeiro momento de sua entrada nos Mundos invisíveis, por várias entidades elementais, que assumem as formas mais hediondas. Essas reconhecem no neófito um possível futuro mestre e procuram desviá-lo do propósito do Clarividente pela intimidação; mas, como ele é normalmente ajudado por alguém mais elevado que o está acompanhando e que o esclarece que esses seres não têm poder sobre ele, o Clarividente rapidamente supera o medo. Quando mais tarde ele deixa seu Corpo Denso na hora da morte e entra nos Mundos invisíveis, ele já está familiarizado com muitas das visões e cenas de lá; acima de tudo, ele não tem nenhum medo do que possa impedi-lo.
(Pergunta nº 145 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” -Volume 1, Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)
Resposta: A finalidade do matrimônio é a perpetuação da raça humana e, de acordo com a natureza física dos pais, somada ao ambiente em que ambos vivem, assim será a criança. Vemos, por exemplo, que os emigrantes, que chegam a um determinado país, são diferentes das crianças que eles mesmos, uma vez chegados ao novo país, geram e, que as crianças geradas no continente americano são diferentes das geradas no continente europeu, por exemplo. Assim, os sicilianos – que vieram da Itália – possuem a cabeça mais alongada e os filhos que eles geram no país para o qual emigraram têm uma cabeça mais arredondada; da mesma forma os judeus possuem a cabeça mais arredondada e os filhos que geram no país para onde emigraram têm uma cabeça mais ovalada, o que mostra que as pessoas oriundas de vários lugares quando migram para outros países, especialmente, do continente americano, têm uma tendência de amalgamar e gerar um novo formato de partes do Corpo.
Essas mudanças não são frutos do acaso. Os Grandes Líderes da Humanidade sempre concentram seus esforços em criar certas condições que permitam o surgimento de determinados tipos. Pois, somente dessa forma, podem se desenvolver as faculdades necessárias ao progresso do Espírito. Houve um tempo em que foi necessário, para a evolução do Ego, que se casassem dentro de uma mesma família. Naquela época, a Humanidade não era tão evoluída e individualizada como é atualmente. Ela era regida por um Espírito de Família que entrava no sangue por meio do ar que inspiravam para ajudar o Ego a controlar seus Corpos. Então a Humanidade tinha o que é conhecido como a “segunda visão”, a qual é ainda encontrada entre as pessoas que persistiram, principalmente, em se casar dentro da própria família, como, por exemplo, os indivíduos que habitam as Terras Altas da Escócia (norte daquele país) e os Ciganos.
Mas, era necessário que os seres humanos esquecessem os Mundos espirituais, por um certo tempo, e não se lembrassem de outra vida, a não ser a presente. Para realizar essa mudança conscientemente, os Grandes Líderes da Humanidade tomaram algumas medidas, entre elas a proibição de casamentos dentro de uma mesma família. Quando lemos no quinto capítulo do Livro do Gênesis que Adão viveu mais de 900 anos e todos os patriarcas viveram séculos, isso não significa realmente que essas pessoas viveram durante todo esse período de tempo, mas o sangue que corria em suas veias era transmitido diretamente aos descendentes deles e esse sangue continha os acontecimentos da família individual deles como agora contém os acontecimentos de nossas vidas individuais, pois o sangue é o detentor de todas as nossas experiências. Consequentemente, os descendentes das famílias patriarcais se viam como Adão, Matusalém, etc. É natural que, com o passar dos séculos, as imagens desses acontecimentos, gradualmente, iam se enfraquecendo e, quando a memória de Adão se apagou do sangue de seus descendentes diretos, foi dito que Adão morreu.
À medida que o ser humano se tornou mais individualizado, foi necessário aprender a se manter ereto sobre as próprias pernas, sem a ajuda do Espírito de Família. Então, os casamentos entre membros de diferentes grupos raciais foram permitidos, ou até mesmo ordenados, e o casamento dentro da família não era mais autorizado. Isso pôs fim à Clarividência. A ciência demonstrou que quando o sangue de um animal é inoculado nas veias de outro animal, ocorre a hemólise, ou a destruição do sangue, de modo que a espécie inferior morre. Porém, com a inoculação de sangue estranho, seja de que modo for, sempre mata alguma coisa, se não a forma, pelo menos uma faculdade, e o sangue estranho introduzido pelo casamento pôs fim à Clarividência adquirida pelo ser humano primitivo. Sobre a afirmação de que o sangue estranho pode destruir, tanto é verdadeira que podemos ver isso no caso dos híbridos. Onde, por exemplo, um cavalo e um burro são acasalados, a progênie é uma mula, mas essa mula não tem a faculdade reprodutora porque não está sob o Espírito-Grupo dos cavalos nem sob o domínio do Espírito-Grupo dos burros, e se fosse reproduzir, o resultado seria uma espécie que não estaria sob o domínio de nenhum Espírito-Grupo. A mula não está tão evoluída a ponto de poder guiar o seu instrumento sem o auxílio de um Espírito-Grupo, assim lhe é negada a faculdade de reprodução – o Espírito-Grupo retém o Átomo-semente da fecundação. No entanto, com a Humanidade foi diferente. Quando se chegou à fase em que os casamentos fora do grupo foram ordenados, os seres humanos haviam chegado ao ponto da evolução da autoconsciência em que eram capazes de se guiar deixando de ser autômatos guiados por Deus para se tornarem indivíduos autônomos. Quanto maior for a mistura de sangue, menor será a influência que o Espírito encarnado receberá de qualquer Espírito de Raça ou Espírito de Família, os quais influenciaram os nossos ancestrais. Assim, maior abrangência será dada aos Egos que renascem quando há casamentos com estranhos, do que quando o fazemos com um primo, por exemplo.
(Pergunta nº 23 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Resposta: Assim como a luz é refratada nas sete cores do espectro, quando passa pela nossa atmosfera, assim também os Espíritos que estão diferenciados dentro de Deus são refratados em sete grandes raios. Cada classe está sob a direção e o domínio direto de um dos Sete Espíritos diante do Trono, que são os gênios planetários, os Anjos Estelares. Todos os Espíritos Virginais nos seus sucessivos renascimentos estão, continuamente, se misturando entre eles a fim de que possam obter as mais variadas experiências; no entanto, aqueles que foram emanados do mesmo Anjo Estelar são sempre irmãs ou almas-gêmeas e, quando elas buscam a vida superior, elas devem entrar no caminho da Iniciação através de um ambiente específico composto por membros do mesmo raio dos quais se originaram e, assim, retornar à fonte primordial deles. Portanto, todas as Escolas ocultistas são divididas em sete, uma para cada classe de Espíritos. Essa foi a razão pela qual Cristo-Jesus disse a seus Discípulos: “Vosso pai e meu” – ninguém poderia ter um contato tão próximo com Ele quanto seus Discípulos, exceto aqueles pertencentes ao mesmo raio.
Como acontece com outros mistérios, essa linda doutrina foi adulterada para um significado físico ou material, como acontece na concepção popular de almas gêmeas ou afinidades entre duas pessoas; quando se diz que um homem e uma mulher se casam porque encontraram a alma-gêmea. Nesses casos, a doutrina das almas-gêmeas serve como justificativas para encobrir a um casamento às escondidas ou às pressas e o adultério. Essa é uma perversão abominável. Cada Espírito é completo em si mesmo, assume um corpo masculino ou feminino em diferentes renascimentos para aprender as lições da vida e, é apenas durante o estágio atual de seu desenvolvimento que existe uma característica como o sexo. O Ego existia antes do sexo e persistirá depois que tiver decorrido essa fase de manifestação ora como um sexo, outra como outro.
(Pergunta nº 22 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Resposta: No embrião, situada no peito, entre os dois pulmões, e por trás do osso esterno, há uma Glândula chamada Timo que apresenta um tamanho maior durante o período de gestação; porém, gradualmente, ela é substituída por um tecido adiposo à medida que a criança cresce e se aproxima dos quatorze anos, quando os ossos estão devidamente formados. O desenvolvimento dessa Glândula tem causado perplexidade à ciência quanto ao seu uso e, poucas teorias foram apresentadas para explicá-la. Entre essas teorias uma é que ela fornece o material necessário para a fabricação dos glóbulos vermelhos, até que os ossos estejam devidamente formados na criança para produzir seus próprios glóbulos sanguíneos. Essa teoria está correta.
Durante os primeiros anos, o Ego não está plenamente de posse de seu Corpo Denso e, nós reconhecemos que a criança não é responsável por seus atos até os sete anos, aproximadamente, condição essa que se estende até por volta dos quatorze anos. Durante esse tempo, nenhuma responsabilidade jurídica ou legal por seus atos recairá sobre a criança e, assim deveria ser, pois o Ego só pode atuar adequadamente no sangue que ele mesmo produz. No período em foco, no corpo da criança, o estoque de sangue é fornecido pelos pais, por meio da Glândula Timo; consequentemente, a criança não pode ainda ter domínio sobre si mesma. Eis o motivo pelo qual nos primeiros anos as crianças não falam tanto de si mesmas como “Eu”, mas se identificam com a família; elas se intitulam como a filhinha do papai e o filhinho da mamãe. A criança dirá “Maria quer isso” ou “João quer aquilo”. Mas tão logo elas alcancem o período da puberdade e comecem a fabricar seus próprios glóbulos sanguíneos, ouviremos, então, o menino ou a menina dizer: “eu” farei isso ou “eu” farei aquilo. A partir desse momento, elas começam a afirmar sua própria identidade e a se desvincular da família.
Então, vemos que durante a infância tanto o sangue como o Corpo Denso são herdados dos pais e, assim, as tendências para as enfermidades são também transmitidas, mas não as doenças propriamente ditas e sim as tendências. Após os quatorze anos, aproximadamente, quando o Ego manifestado começa a fabricar seus próprios glóbulos sanguíneos, fica dependendo de si mesmo a manifestação ou não dessas tendências na vida dele.
(Pergunta nº 31 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Resposta: S. Pedro não ressuscitou Dorcas dentre os mortos, nem o Cristo ressuscitou Lázaro ou qualquer outro, e nenhum deles afirmou isso. Cristo disse: “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo”[1]”.
Para que esse assunto seja bem compreendido, explicaremos o que ocorre na morte e em que ponto a morte é diferente do estado de transe, pois as pessoas mencionadas estavam em transe quando se sucederam os supostos milagres.
Durante o estado de vigília, quando o Ego está funcionando conscientemente no Mundo Físico, seus vários veículos estão concêntricos – eles ocupam o mesmo espaço – mas à noite, quando o Corpo Denso dorme, ocorre uma separação. O Ego, junto com a Mente e o Corpo de Desejos, liberta-se do Corpo Denso e do Corpo Vital, que são deixados sobre a cama ou outro lugar em que a pessoa esteja dormindo. Os veículos superiores pairam acima ou próximo ao Corpo Denso. Eles estão conectados aos veículos mais densos pelo Cordão Prateado, um fio tênue e reluzente que assume a forma de dois números seis, tendo uma extremidade ligada ao Átomo-semente no coração e a outra ao vórtice central do Corpo de Desejos[2].
No momento da morte, esse tênue fio se rompe no Átomo-semente do coração e as forças desse Átomo-semente passam ao longo do nervo pneumogástrico[3], através do terceiro ventrículo do cérebro e, daí para fora através da sutura parieto-occipital do crânio, ao longo do Cordão Prateado até aos veículos superiores. Simultaneamente a essa ruptura, o Corpo Vital também se desprende e junta-se aos veículos superiores que estão flutuando sobre o Corpo Denso sem vida. Permanece ali cerca de três dias e meio. Em seguida, os veículos superiores se desprendem do Corpo Vital que, nos casos comuns, se desintegra sincronicamente com o Corpo Denso.
No momento dessa última separação, o Cordão Prateado também se rompe ao meio, e o Ego está livre do contato com o Mundo material.
Durante o sono, o Ego também se retira do Corpo Denso, mas o Corpo Vital permanece com o Corpo Denso e o Cordão Prateado permanece intacto.
Algumas vezes acontece que o Ego não retorna ao Corpo Denso pela manhã para acordá-lo, como de costume, mas permanece fora por um tempo que varia de um a um número indefinido de dias. Então, dizemos que o Corpo Denso está em um estado de transe natural. Mas, o Cordão Prateado não se rompeu em nenhum dos dois pontos mencionados acima. Quando ocorrem essas rupturas, não há restauração possível. O Cristo e o Apóstolo eram clarividentes; eles viram que nenhuma ruptura ocorrera nos casos mencionados, por isso, disse: “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo”. Eles também possuíam o poder de forçar o Ego a retornar a seu Corpo Denso e restaurar a condição normal. Assim, os chamados milagres foram realizados por eles.
(Pergunta nº 113 do Livro “Filosofia Perguntas e Repostas – Volume I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Jo 11:11
[2] N.T.: onde está o Átomo-semente do Corpo de Desejos, na posição referencial do fígado físico.
[3] N.T.: também chamado de nervo vago.
Resposta: Deus é a Realidade Primordial. O Mundo do Desejo e o Mundo do Pensamento estão um e dois degraus mais próximos dessa fonte central de energia e, portanto, são mais reais. Por “real” a pessoa que pergunta, presumivelmente, quer dizer que neste Mundo aqui as formas são estáveis e não mudam facilmente, enquanto nos Mundos invisíveis elas são mais plásticas e mudam com a velocidade do pensamento, mas a vida ali dentro é a realidade e não a forma. A estabilidade não é uma evidência da realidade. Tudo no Mundo aqui que agora está cristalizado e estável, existiu primeiramente numa condição plástica nos Mundos invisíveis. Tudo o que foi feito pela mão do ser humano foi, primeiro, um pensamento-forma na Mente do seu criador.
Quando um arquiteto deseja construir uma casa, ele primeiro pensa nisso. Ele procura formar uma ideia tão clara quanto possível do que a casa deve ser. Se os trabalhadores pudessem ver o pensamento-forma na Mente do arquiteto, eles seriam capazes de construí-la a partir desse pensamento-forma, sem precisar das plantas. Mas, a ideia do arquiteto está escondida deles pelo véu da carne e, portanto, é necessário que o arquiteto coloque a sua ideia no papel, elaborando a planta. Esse é o primeiro estágio da cristalização; depois, os trabalhadores podem construir a casa em ferro, madeira e pedra.
De acordo com as ideias da maioria das pessoas, essa casa é muito mais real do que o pensamento-forma na Mente do arquiteto, mas, na realidade, não é assim. A casa de material químico pode ser destruída por um terremoto, por explosões com dinamites ou por qualquer outro meio, mas a ideia na Mente do arquiteto durará enquanto ele viver e, a partir dessa ideia original, uma nova casa – ou uma dúzia delas – poderá ser construída a qualquer momento; sim, mesmo após a morte do arquiteto a casa existirá ainda como um modelo etérico, e qualquer Clarividente Voluntário treinado, capaz de contatar os Mundos invisíveis e ler na Memória da Natureza, é capaz de identificá-la ali a qualquer momento, embora milhões de anos possam decorrer. Assim, os Mundos invisíveis são as fontes e os registros eternos de tudo o que existe ou existiu aqui; portanto, constituem a realidade primordial.
(Pergunta nº 152 do Livro “Filosofia Perguntas e Repostas – Volume I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)