Muitas vezes somos ensinados por meio da linguagem simbólica que, ao mesmo tempo, encobre e revela as verdades espirituais que devemos aprender e aplicar durante esse Esquema de Evolução.
Por exemplo, o Tabernáculo no Deserto – a primeira igreja que foi construída com o objetivo de começarmos a “nossa volta para Deus”, pois “d’Ele viemos para Deus voltaremos” – foi nos fornecido para que pudéssemos encontrar Deus, quando nos qualificássemos pelo serviço praticado e tivéssemos subjugado a nossa natureza inferior pelo “Eu superior”.
O “caminho de volta para Deus” tinha que ser começado a ser trilhado por nós, pois estávamos terminando a fase de Involução e começamos a fase de Evolução, o que indicou uma mudança de direção de: para frente e para baixo (rumo à conquista, consciente, da Região Química do Mundo Físico), para: para frente e para cima (rumo à conquista, consciente, da Região Etérica do Mundo Físico).
A localização do Tabernáculo no Deserto estava relacionada aos pontos cardeais, e foi colocado na direção leste para oeste (o Caminho da Evolução espiritual): leste a sua entrada (o portal do Átrio) e oeste onde estava o lugar mais sagrado do Tabernáculo: a Sala Oeste.
O Tabernáculo no Deserto foi construído e funcionou durante o início da Época Ária até os “tempos de Salomão”. A descrição dele está mostrada em detalhes no Antigo Testamento na Bíblia[1].
A natureza ambulante do Tabernáculo no Deserto (ele não permanecia somente em um lugar) é a representação simbólica da nossa natureza migratória, já que somos um eterno peregrino passando sempre do limite do tempo para a eternidade para voltar novamente (Ciclo de Nascimentos e Mortes).
Sob a aparência material e terrena, estava esquematizada uma representação de fatos celestiais e espirituais que continham instruções a todos os candidatos à Iniciação daquela época.
Antes que o símbolo do Tabernáculo no Deserto possa, hoje, realmente nos ajudar, devemos transferi-lo do espaço do deserto para o lar em nosso coração. Assim teremos alcançado o verdadeiro significado da espiritualidade. E aqui já vemos que não há nada exterior a nós que nos salva dessa condição que nos colocamos, mas sim no nosso interior, ou seja: não é o Cristo externo que nos salva, mas o Cristo Interno.
Vamos a um resumo do mobiliário do Tabernáculo no Deserto:
Vamos detalhar algumas peças e mobiliários do Tabernáculo no Deserto:
Tendo percorrido os dois primeiros passos no caminho do Tabernáculo no Deserto, o Aspirante tinha acesso à Sala Leste, em cuja entrada pendia um Véu ou cortina nas cores azul (cor do Pai), vermelho (cor do Espírito Santo), púrpura (resultado do azul + vermelho) e o branco (que contém todas as cores). O amarelo (cor de Cristo) não estava presente de forma manifestada, mas oculto na composição da cor branca, mostrando-nos, assim, a realidade espiritual da Humanidade da época.
Se visualizarmos em nossa Mente a disposição dos objetos no interior do Tabernáculo, nitidamente perceberemos a sombra da cruz. Começando pelo Portão Oriental, havia o Altar dos Sacrifícios; um pouco além, em direção ao Tabernáculo mesmo, encontramos o Lavabo de Bronze, no qual os sacerdotes se lavavam logo depois de entrarem na Sala Leste do Tabernáculo no Deserto.
Encontramos no extremo esquerdo o Candelabro de Sete Braços; e no extremo direito a Mesa dos Pães da Proposição, os dois formando uma cruz no caminho que estamos seguindo ao longo e dentro do Tabernáculo. No centro, em frente ao segundo véu, encontramos o Altar de Incenso que forma o centro da cruz, enquanto a Arca da Aliança, colocada na parte mais ocidental (o Sanctum Sanctorum), representa a parte superior da cruz.
Desse modo, o símbolo do desenvolvimento espiritual, que é o nosso mais elevado ideal nos dias de hoje, já estava delineado no antigo templo de Mistérios.
S. Paulo em sua Epístola aos Hebreus (8:5), nos fala do tabernáculo como “… uma sombra das coisas celestiais …”
“Se visualizarmos em nossa Mente a disposição dos objetos no interior do Tabernáculo, perceberemos nitidamente a sombra da cruz.”
Quer ter mais detalhes do simbolismo do Tabernáculo no Deserto? Acesse o Livro Iniciação Antiga e Moderna – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
[1] Livro do Êxodo: Capítulos de 25 a 40
25 — 1Iahweh falou a Moisés, dizendo: 2 “Dize aos filhos de Israel que me tragam uma contribuição Tomareis a contribuição de todo homem cujo coração o mover a isso. 3Eis a contribuição que recebereis deles: ouro, prata e bronze; 4púrpura violeta e escarlate, carmesim, linho fino e pêlos de cabra; 5peles de carneiro tingidas de vermelho, couro fino, e madeira de acácia; 6azeite para a lâmpada, aromas para o óleo de unção e para o incenso aromático; 7pedras de ônix, e pedras de engaste, para o efod e para o peitoral. 8Faze-me um santuário, para que eu possa habitar no meio deles. 9Farás tudo conforme o modelo da Habitação e o modelo da sua mobília que irei te mostrar.
A Tenda e sua mobília. A Arca — 10 “Farás uma arca de madeira de acácia com dois côvados e meio de comprimento, um côvado e meio de largura e um côvado e meio de altura. 11Tu a cobrirás de ouro puro por dentro e por fora, e farás sobre ela uma moldura de ouro ao redor. 12Fundirás para ela quatro argolas de ouro, que porás nos quatro cantos inferiores da arca: 13Farás também varais de madeira de acácia, e os cobrirás de ouro. 14E enfiarás os varais nas argolas aos lados da arca, para ser carregada por meio deles. 15Os varais ficarão nas argolas da arca, não serão tirados dela. 16E colocarás na arca o Testemunho que te darei. 17Farás também um propiciatório de ouro puro, com dois côvados e meio de comprimento e um côvado e meio de largura. 18Farás dois querubins de ouro, de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório; 19faze-me um dos querubins numa extremidade e o outro na outra farás os querubins formando um só corpo com o propiciatório, nas duas extremidades. 20Os querubins terão as asas estendidas para cima e protegerão o propiciatório com suas asas, um voltado para o outro. As faces dos querubins estarão voltadas para o propiciatório. 21Porás o propiciatório em cima da arca; e dentro dela porás o Testemunho que te darei. 22Ali virei a ti, e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel.
A Mesa dos Pães da Proposição — 23 “Farás uma mesa de madeira de acácia, com dois côvados de comprimento, um côvado de largura e um côvado e meio de altura. 24De ouro puro a cobrirás, e lhe farás uma moldura de ouro no redor. 25Far-lhe-ás ao redor um enquadramento com um palmo de largura, e ao redor do enquadramento uma moldura de ouro. 26Far-lhe-ás também quatro argolas de ouro, e as porás nos quatro cantos formados pelos quatro pés. 27Perto das molduras estarão as argolas, por onde passarão os varais para se carregar a mesa. 28Farás, pois, os varais de madeira de acácia, e os cobrirás de ouro; por meio deles se carregará a mesa. 29Farás os seus pratos, as suas taças, as suas galhetas e os seus recipientes para as libações; de ouro puro os farás. 30E colocarás para sempre sobre a mesa, diante de mim, os pães da oblação.
O Candelabro de Ouro — 31 “Farás um candelabro de ouro puro; o candelabro, o seu pedestal e a sua haste serão em relevo; os seus cálices, os seus botões e flores formarão com ele uma só peça. 32Seis braços sairão dos seus lados: três braços do candelabro de um lado e três braços do candelabro do outro lado. 33Num braço haverá três cálices com formato de flor de amêndoa, com botão e flor; e três cálices com formato de flor de amêndoa no outro braço, com botão e flor; assim serão os seis braços saindo do candelabro. 34Mas o candelabro mesmo terá quatro cálices com formato de flor de amêndoa, com botão e flor: 35um botão sob os dois primeiros braços que saem do candelabro, um botão sob os dois braços seguintes e um botão sob os dois últimos braços — assim se fará com estes seis braços que saem do candelabro. 36Os botões e os braços formarão uma só peça com o candelabro e tudo se fará com um bloco de ouro batido. 37Far-lhe-ás também sete lâmpadas. As lâmpadas serão elevadas de tal modo que alumiem defronte dele.38As suas espevitadeiras e os seus aparadores serão de ouro puro. 39Com um talento de ouro puro tu o farás e todos os seus acessórios. 40Vê, pois, e faze tudo conforme o modelo que te foi mostrado sobre a montanha.
26 A Habitação. As cortinas e os estofos
— 1 “Farás a Habitação com dez cortinas de linho fino retorcido, púrpura violeta, púrpura escarlate e carmesim; tu as farás com querubins bordados. 2O comprimento de cada cortina será de vinte e oito côvados e a largura de quatro côvados, e todas as cortinas terão o mesmo tamanho. 3Cinco das cortinas estarão unidas uma com a outra; e as outras cinco cortinas também estarão unidas uma com a outra. 4Farás laços de púrpura violeta na franja da primeira cortina que está na extremidade do conjunto; e farás o mesmo na franja da cortina que está na extremidade do segundo conjunto. 5Farás cinquenta laçadas na primeira cortina, e cinquenta laçadas na extremidade da cor tina que está no segundo conjunto. As laçadas se corresponderão mutuamente. 6Farás também cinquenta colchetes de ouro e unirás as cortinas uma com a outra por meio de colchetes, de modo que a Habitação venha a ser um todo. 7Farás cortinas de pêlo de cabra como tenda que esteja sobre a Habitação; farás onze delas. 😯 comprimento de cada cortina será de trinta côvados, e sua largura de quatro côvados; as onze cortinas terão a mesma medida. 9Unirás cinco cortinas em uma peça e seis cortinas em outra, e dobrarás a sexta cortina sobre a parte anterior da tenda. 10Farás cinquenta laçadas na franja da primeira cortina, na extremidade do primeiro conjunto, e outras cinquenta laçadas na franja da cortina do segundo conjunto. 11Farás assim também, cinquenta colchetes de bronze e introduzirás os colchetes nas laçadas, para unir a tenda que assim formará um todo. 12A parte que restar das cortinas da tenda, a metade da cortina que sobrar, penderá na parte posterior da habitação. 13O côvado que sobrar de um lado e o côvado que sobrar do outro lado, ao longo das cortinas da tenda, penderá dos dois lados da Habitação, de cá e de lá, para cobri-la. 14Farás para a tenda uma cobertura de peles de carneiro tingidas de vermelho, e uma cobertura de couro fino por cima.
A armação — 15 “Farás também para a Habitação tábuas de madeira de acácia, que serão colocadas verticalmente. 16Cada tábua terá dez côvados de comprimento e um côvado e meio de largura. 17Cada tábua terá dois encaixes, travados um com o outro; assim farás com todas as tábuas da Habitação. 18Disporás as tábuas para a Habitação: vinte tábuas para o lado do Negueb, para o sul. 19Farás quarenta bases de prata debaixo das vinte tábuas: duas bases debaixo de uma tábua, para os seus dois encaixes, e duas bases debaixo de outra tábua, para os seus dois encaixes. 20No outro lado da Habitação, do lado do norte, haverá vinte tábuas 21e as suas quarenta bases de prata, duas bases debaixo de uma tábua e duas bases debaixo de outra tábua. 22Para o fundo da Habitação, do lado do mar, farás seis tábuas, 23e farás outras duas tábuas para os cantos do fundo da Habitação. 24Estarão unidas pela parte debaixo, e ficarão unidas até a parte de cima, na altura da primeira argola: assim se fará com as duas tábuas, serão duas para cada um dos dois cantos. 25Serão, pois, oito tábuas com nas bases de prata, dezesseis bases: duas bases debaixo de uma tábua e luas debaixo de outra tábua. 26Farás travessas de madeira de acácia: cinco para as tábuas de um lado da Habitação, 27cinco para as tábuas do outro lado da Habitação, e igualmente cinco travessas para as tábuas do lado posterior da Habitação, do lado do mar. 28A travessa central esteja na metade das tábuas, atravessando-as de um extremo ao outro. 29Cobrirás de ouro as tábuas, e de ouro farás as suas argolas, pelas quais hão de passar as travessas; e cobrirás também de ouro as travessas. 30Levantarás a Habitação segundo o modelo que te foi mostrado na montanha.
O véu — 31 “Farás também um véu de púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino retorcido; farás nele um bordado com figuras de querubins. 32Tu o colocarás sobre quatro colunas de acácia recobertas de ouro, munidas de ganchos de ouro, assentadas sobre quatro bases de prata. 33Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e trarás para lá, para dentro do véu, a arca do Testemunho. O véu vos servirá de separação entre o Santo e o Santo dos Santos. 34Porás o propiciatório sobre a arca do Testemunho, no Santo dos Santos. 35A mesa, porém, a porás fora do véu, e o candelabro frente a ela, no lado sul da Habitação; a mesa, ao contrário, a porás no lado norte. 36Farás também, para a entrada da tenda, uma cortina de púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido, obra de bordador. 37Para esta cortina farás cinco colunas de acácia, que recobrirás de ouro, com os seus ganchos também de ouro, e fundirás para elas cinco bases de bronze.
27 O Altar dos Sacrifícios ou o Altar dos Holocaustos
— 1 “Farás o altar de madeira de acácia; com cinco côvados de comprimento e cinco côvados de largura, o altar será quadrado; a sua altura será de três côvados. 2Dos quatro lados farás levantar chifres, que formarão uma só peça com o altar; e o cobrirás de bronze. 3Far-lhe-ás, também recipientes para recolher a gordura incinerada; e pás, bacias para a aspersão, garfos e braseiros; farás todos esses acessórios de bronze. 4Far-lhe-ás também uma grelha de bronze, em forma de rede, e farás quatro argolas de bronze nos quatro cantos da grelha, 5e as porás sob o rebordo do altar, embaixo, de maneira que ela chegue até o meio do altar. 6Farás também varais para o altar, varais de madeira de acácia, e os cobrirás de bronze. 7Os varais se enfiarão nas argolas, de modo que os varais estejam dos dois lados do altar, quando for transportado. 8Oco e de tábuas o farás; como te foi mostrado na montanha, assim o farás.
O átrio — 9 “Farás também o átrio da Habitação. Para o lado do Negueb, do lado do sul, o átrio terá cortinas de linho fino retorcido; o comprimento delas será de cem côvados (para o primeiro lado). 10As suas vinte colunas e as suas vinte bases serão de bronze; os ganchos das colunas e suas vergas serão de prata. 11Do mesmo modo para o lado norte, as cortinas terão cem côvados de comprimento; as suas vinte colunas e as suas vinte bases serão de bronze. Os ganchos das colunas e as suas vergas serão de prata. 12A largura do átrio, do lado do mar, será de cinquenta côvados de cortinas, com as suas dez colunas e com as suas dez bases. 13A largura do átrio, do seu lado leste, a oriente, será de cinquenta côvados, 14quinze côvados de cortinas para um lado da entrada, com as suas três colunas e as suas três bases, 15e quinze côvados de cortinas para o outro lado da entrada, com as suas três colunas e as suas três bases. 16Na entrada do átrio haverá um véu adamascado de vinte côvados, de púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido; as suas colunas serão quatro e as suas bases, quatro. 17Todas as colunas em torno do átrio estarão unidas com vergas de prata, os seus ganchos serão de prata, e as suas bases de bronze. 18O comprimento do átrio será de cem côvados, sua largura de cinquenta côvados e a sua altura de cinco côvados. Todas as cortinas serão de linho fino retorcido, e as suas bases, de bronze. 19Todos os acessórios para o serviço geral da Habitação, todas as suas estacas e todas as estacas do átrio serão de bronze.
O azeite para o candelabro — 20 “Ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de olivas amassadas para o candelabro, para que haja uma lâmpada continuamente acesa. 21Aarão e os seus filhos colocarão esta lâmpada na Tenda da Reunião, fora do véu que está diante do Testemunho, para que ela queime desde a tarde até a manhã perante Iahweh. É um decreto perpétuo para as gerações dos filhos de Israel.
28 As vestimentas dos sacerdotes
— 1 “Farás aproximar de ti, dentre os filhos de Israel, Aarão teu irmão e os seus filhos com ele, para que sejam meus sacerdotes: Aarão, Nadab, Abiú, Eleazar e Itamar, filhos de Aarão. 2Farás para Aarão, teu irmão, vestimentas sagradas para esplendor e ornamento. 3Dirás a todas as pessoas hábeis, a quem enchi de espírito de sabedoria, que façam vestimentas para Aarão, para consagrá-lo ao exercício do meu sacerdócio. 4Eis as vestimentas que farão: um peitoral, um efod, um manto, uma túnica bordada, um turbante e um cinto. Farão vestimentas sagradas para o teu irmão Aarão e para os seus filhos, a fim de que exerçam o meu sacerdócio. 5Empregarão ouro, púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino.
O efod — 6 “Farão o efod bordado de ouro, púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido. 7Duas ombreiras nele serão fixadas; ele aí será fixado por suas duas extremidades. 😯 cinto que está por cima dele para sustentá-lo, formando uma só peça com ele, será do mesmo trabalho: ouro, púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido. 9Tomarás duas pedras de ônix e gravarás nelas os nomes dos filhos de Israel. 10Seis nomes em uma e os outros seis na outra, por ordem de nascimento. 11Como faz quem trabalha a pedra para a incisão de um selo, gravarás nas duas pedras os nomes dos filhos de Israel, engastadas com ouro ao redor as farás. 12Porás as duas pedras nas ombreiras do efod, como memorial para os filhos de Israel; e Aarão levará os seus nomes sobre os ombros à presença de Iahweh, para memória. 13Farás também engastes de ouro 14e duas correntes de ouro puro, trançadas como um cordão, e fixarás as correntes assim trançadas nos engastes.
O peitoral — 15 “Farás o peitoral do julgamento; tu o farás bordado como o efod, de ouro, púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido. 16Será quadrado e duplo, com um palmo de comprimento e um palmo de largura. 17Colocarás nele engastes de pedras dispostas em quatro filas: uma sardônica, um topázio e uma esmeralda na primeira fileira; 18na segunda: um carbúnculo, uma safira e um diamante; 19a terceira fileira será de jacinto, ágata e ametista; 20na quarta fileira: berilo, ônix e jaspe; elas serão guarnecidas de ouro nos seus engastes. 21 As pedras corresponderão aos nomes dos filhos de Israel: doze, como os seus nomes; estarão gravadas como os selos, cada uma com o seu nome segundo as doze tribos. 22Farás para o peitoral correntes trançadas como um cordão, de ouro puro, 23e farás para o peitoral duas argolas de ouro, e as porás nas extremidades do peitoral. 24Passarás as duas correntes de ouro pelas duas argolas, nas extremidades do peitoral. 25Fixarás as duas pontas das correntes nos dois engastes, e as porás nas ombreiras do efod, na sua parte dianteira. 26Farás duas argolas de ouro e as porás nas duas pontas do peitoral, na sua orla interior, junto ao efod. 27Farás igualmente duas argolas de ouro, e as porás nas duas ombreiras do efod, na sua parte inferior dianteira, perto de sua juntura sobre o cinto do efod. 28Prender-se-á o peitoral, através de suas argolas, às argolas do efod, com um cordão de púrpura violeta, para que ele fique por cima do cinto do efod e não possa desprender-se do efod. 29Assim Aarão levará os nomes dos filhos de Israel no peitoral do julgamento, sobre o coração, quando entrar no santuário, para memória diante de Iahweh, continuamente. 30Porás também no peitoral do julgamento o Urim e o Tummim, para que estejam sobre o coração de Aarão quando entrar na presença de Iahweh, e Aarão levará sobre seu coração o julgamento dos filhos de Israel diante de Iahweh, continuamente.
O manto — 31 “Farás o manto do efod todo de púrpura violeta. 32No meio dele haverá uma abertura para a cabeça; essa abertura será debruada como a abertura de um colete, para que não se rompa. 33Ao redor da sua orla inferior porás romãs de púrpura violeta, púrpura escarlate e carmesim, e linho fino retorcido, e entre elas, em todo o redor, campainhas de ouro. 34Haverá em toda a orla do manto uma campainha de ouro e uma romã, outra campainha de ouro e outra romã. 35Aarão o vestirá para oficiai para que se ouça o seu sonido quando entrar no santuário diante de Iahweh, ou quando sair, e assim não morra.
O sinal da consagração — 36 “Farás uma flor de ouro puro, na qual gravarás, como se gravam os selos: ‘Consagrado a Iahweh.’ 37Atá-la-ás com um cordão de púrpura violeta, de maneira que esteja sobre o turbante: deverá estar na sua parte dianteira. 38Ela estará sobre a fronte de Aarão, e Aarão carregará a iniquidade concernente às coisas santas, que os filhos de Israel consagrarão em todas as suas santas oferendas. Estará continua mente sobre a sua fronte, para obter para eles favor diante de Iahweh. 39Tecerás uma túnica de linho fino, farás um turbante de linho fino e um cinto com trabalho de bordador.
Vestimentas dos sacerdotes — 40 “Para os filhos de Aarão farás túnicas e cintos. Far-lhes-ás também barretes para esplendor e ornamento. 41E com isso vestirás a Aarão, teu irmão, bem como a seus filhos. Depois os ungirás, dar-lhes-ás a investidura e os consagrarás para que exerçam o meu sacerdócio. 42Faze-lhes também calções de linho para cobrir a sua nudez: irão da cintura às coxas. 43Aarão e seus filhos os vestirão quando entrarem na Tenda da Reunião, ou quando se aproximarem do altar para ministrar no santuário, a fim de não incorrerem em pecado e não morrerem. Isto será um decreto perpétuo para Aarão e para a sua posteridade depois dele.
29 Consagração de Aarão e de seus filhos. Preparação
— 1 “Eis o que farás com eles para consagrá-los ao meu sacerdócio. Tomarás um bezerro e dois carneiros sem mancha, 2pães ázimos, bolos ázimos, amassados com azeite, obréias ázimas untadas com azeite. Com flor de farinha de trigo os farás, 3e os porás num cesto e nos cestos os trarás; trarás também o bezerro e os dois carneiros.
Purificação, investidura e unção — 4 “Farás Aarão e os seus filhos se aproximarem da entrada da Tenda da Reunião e os lavarás com água. 5Tomarás as vestimentas e porás em Aarão a túnica, o manto, o efod e o peitoral, e o cingirás com o cinto do efod. 6Pôr-lhe-ás o turbante na cabeça, e sobre o turbante o sinal da santa consagração. 7Tomarás do óleo da unção e, derramando-o sobre a cabeça dele, o ungirás. 8Do mesmo modo, farás se aproximarem os seus filhos e os revestirás túnicas, 9e os cingirás com o cinto e lhes porás os barretes. O sacerdócio lhes pertencerá então por um decreto perpétuo. Assim farás a investidura de Aarão e de seus filhos.
Oferendas — 10 “Farás o bezerro chegar diante da Tenda da Reunião, e Aarão e seus filhos porão a mão sobre a cabeça do bezerro. 11Imolarás o bezerro diante de Iahweh, na entrada da Tenda da Reunião. 12Tomarás parir do sangue do bezerro e com o dedo o porás sobre os chifres do altar, derramando o resto do sangue ao pé do altar. 13Tomarás toda a gordura que cobre as entranhas, o redenho do fígado, os dois rins com a gordura que os envolve e farás subir o seu suave odor sobre o altar. 14Mas, queimarás fora do acampamento a carne do bezerro, juntamente com o pêlo o excremento. É um sacrifício pelo pecado. 15Tomarás depois um dos carneiros, e Aarão com seus filhos porão as mãos sobre a cabeça dele. 16Imolarás o carneiro, tomarás o seu sangue e o jogarás sobre o altar, todo ao redor. 17Partirás o carneiro em pedaços e, lavadas as entranhas e as pernas, tu as porás sobre os pedaços e sobre a cabeça. 18Assim, queimarás todo o carneiro, fazendo subir a sua fumava sobre o altar. É um holocausto para Iahweh. É um perfume de suave odor, uma oferta queimada para Iahweh. 19Tomarás depois o segundo carneiro, e Aarão com seus filhos porão as mãos sobre a cabeça dele. 20Imolarás o carneiro, tomarás um pouco de seu sangue e o porás sobre a ponta da orelha direita de Aarão e sobre a ponta da orelha direita dos seus filhos, sobre o polegar das suas mãos direitas, como também sobre o polegar dos seus pés direitos; o restante do sangue, tu o jogarás sobre o altar, todo ao redor. 21 “Tomarás então do sangue que está sobre o altar, e do óleo da unção, e os espargirás sobre Aarão e suas vestimentas, e sobre seus filhos e as vestimentas dos seus filhos; assim eles serão consagrados; ele e as suas vestimentas, assim como os seus filhos e as suas vestimentas.
A investidura dos sacerdotes — 22 “Depois tomarás, do carneiro, a gordura, a cauda, a gordura que cobre as entranhas, o redenho do fígado, os dois rins e a gordura que está nele, e a coxa direita, porque é o carneiro da investidura. 23Tomarás também um pão, um bolo untado no azeite e uma obréia do cesto dos pães ázimos que está diante de Iahweh. 24Porás tudo isso nas palmas das mãos de Aarão e dos seus filhos, e farás o gesto de apresentação diante de Iahweh. 25Em seguida, os tomarás de suas mãos e os farás subir em fumaça sobre o altar, sobre o holocausto, em suave odor diante de Iahweh. É uma oferta queimada para Iahweh. 26Tomarás o peito do carneiro da investidura de Aarão e farás com ele o gesto de apresentação diante de Iahweh. E essa será a tua porção. 27Consagrarás o peito que foi apresentado, e a coxa da porção que foi tirada, o que se tirou do carneiro da investidura, que é de Aarão e de seus filhos. 28Isto será, segundo um decreto perpétuo, o que Aarão e seus filhos receberão dos filhos de Israel, porque é uma apresentação: a apresentação a Iahweh, feita pelos filhos de Israel sobre os seus sacrifícios de comunhão É uma apresentação para Iahweh. 29As vestimentas sagradas de Aarão passarão depois dele para os seus filhos, que as vestirão quando da sua unção e da sua investidura. 30Durante sete dias ele as vestirá, aquele dentre os filhos de Aarão que for sacerdote depois dele e que entrar na Tenda da Reunião para servir no santuário.
Refeição sagrada — 31 “Tomarás depois o carneiro da investidura e farás cozinhar a sua carne num lugar sagrado. 32Aarão e os seus filhos comerão da carne do carneiro e do pão que está no cesto, à entrada da Tenda da Reunião. 33Comerão do que serviu para fazer a expiação por eles, quando da sua investidura e consagração. Nenhum profano comerá disso, porque são coisas sagradas. 34Se ficar para o dia seguinte parte da carne do sacrifício de investidura ou dos pães, a queimarás ao fogo; não se comerá, porque é coisa sagrada. 35Assim, pois, farás a Aarão e a seus filhos, conforme tudo o que te ordenei. Sete dias durará o rito da investidura deles.
A consagração do altar dos holocaustos — 36 “Cada dia oferecerás também um bezerro em sacrifício pelo pecado, em expiação. Oferecerás pelo altar um sacrifício pelo pecado, quando fizeres por ele a expiação, e o ungirás para consagrá-lo. 37Durante sete dias farás a expiação pelo altar, e o consagrarás; assim, o altar será santíssimo, e tudo o que o tocar será santificado.
Holocausto cotidiano — 38 “Eis o que oferecerás sobre o altar: dois cordeiros machos de um ano, cada dia, e de modo perpétuo. 39Oferecerás um desses cordeiros pela manhã e o outro ao crepúsculo. 40Com o primeiro cordeiro oferecerás a décima parte de um efá de flor de farinha amassada com a quarta parte de um him de azeite de olivas amassadas, e para libação a quarta parte de um him de vinho. 41Oferecerás o segundo cordeiro ao crepúsculo; tu o oferecerás com uma oblação e uma libação semelhante à da manhã: em suave odor, em oferenda queimada para Iahweh. 42Este será o holocausto perpétuo por todas as vossas gerações, à entrada da Tenda da Reunião, diante de Iahweh, onde me comunicarei convosco, para falar contigo. 43Ali virei me encontrar com os filhos de Israel, e o lugar ficará santificado por minha glória. 44Santificarei a Tenda da Reunião e o altar. Consagrarei também Aarão e os seus filhos para que exerçam o meu sacerdócio. 45Habitarei no meio dos filhos de Israel e serei o seu Deus. 46E eles conhecerão que eu sou Iahweh, o seu Deus, que os fez sair do país do Egito para habitar no meio deles, eu, Iahweh, o seu Deus.
30 O Altar do Incenso
— 1 “Farás também um altar para queimares nele o incenso, de madeira de acácia o farás. 2Terá um côvado de comprimento e um de largura, será quadrado, e terá a altura de dois côvados e meio; os chifres formarão uma só peça com ele. 3Cobrirás de ouro puro a sua parte superior, as paredes ao redor e os chifres; e lhe farás uma moldura de ouro ao redor. 4Far-lhe-ás duas argolas de ouro debaixo da moldura, de ambos os lados as farás; nelas se enfiarão os varais para se levar o altar. 5Farás os varais de madeira de acácia e os cobrirás de ouro. 6Porás o altar defronte do véu que está diante da arca do Testemunho — diante do propiciatório que está sobre o Testemunho — onde me encontrarei contigo. 7Aarão fará fumegar sobre ele o incenso aromático; cada manhã, quando preparar as lâmpadas, ele o fará fumegar. 8Quando Aarão acender as lâmpadas, ao crepúsculo, o fará fumegar. Será um incenso perpétuo diante de Iahweh, pelas vossas gerações. 9Não oferecereis sobre ele incenso profano, nem holocausto, nem oblação, nem derramareis sobre ele nenhuma libação. 10Uma vez no ano Aarão realizará sobre os chifres do altar o rito da expiação: com o sangue do sacrifício pelo pecado, no dia da Expiação, uma vez por ano, ele fará a expiação por si, pelas vossas gerastes. Está consagrado de modo especial a Iahweh”.
O tributo para o culto — 11Iahweh falou a Moisés, dizendo: 12 “Quando o fizeres o recenseamento dos filhos de Israel, cada um pagará a Iahweh um resgate por sua pessoa, para que não haja entre eles nenhuma praga, quando os recenseares. 13Todo o que estiver submetido ao recenseamento dará meio siclo, na base do siclo do santuário: vinte geras por siclo. Esse meio siclo é o seu tributo a Iahweh. 14Todo o que estiver sujeito ao recenseamento, de vinte anos para cima, dará o tributo a Iahweh. 15O rico não dará mais e o pobre não dará menos do que meio siclo, ao pagar o tributo a Iahweh em resgate por vossas pessoas. 16Tomarás o dinheiro do resgate dos filhos de Israel e o entregarás para o serviço da Tenda da Reunião; ele será para os filhos de Israel um memorial diante de Iahweh, para o resgate de vossas pessoas”.
A bacia ou o Lavabo de Bronze — 17Iahweh falou a Moisés, dizendo: 18 “Farás uma bacia de bronze, com a base, também, de bronze, para as abluções. Colocá-la-ás entre a Tenda da Reunião e o altar, e a encherás de água, 19com a qual Aarão e os seus filhos lavarão as mãos e os pés. 20Quando entrarem na Tenda da Reunião, lavar-se-ão com água, para que não morram, e, também, quando se aproximarem do altar para oficiar, para fazer fumegar uma oferenda queimada para Iahweh. 21Lavarão as mãos e os pés, e não morrerão. Isto será um decreto perpétuo para ele e para a sua descendência, de geração em geração”.
O óleo da unção — 22Iahweh falou a Moisés, dizendo: 23 “Quanto a ti, procura bálsamo de primeira qualidade: quinhentos siclos de mirra virgem; a metade, ou seja, duzentos e cinquenta, de cinamono balsâmico, e outro duzentos e cinquenta de cálamo balsâmico; 24quinhentos siclos de cássia, segundo o peso do siclo do santuário, e um him de azeite de oliveira. 25Com tudo isso farás um óleo para a unção sagrada, um perfume aromático, trabalho de perfumista. Será o óleo para a unção sagrada. 26Com ele, ungirás a Tenda da Reunião e a arca do Testemunho, 27a mesa com todos os seus acessórios, o candelabro com todos os seus acessórios, o altar dos perfumes, 28o altar dos holocaustos com todos os seus acessórios, e a bacia com a sua base. 29Consagrarás essas coisas e serão muito santas; quem as tocai ficará santificado. 30Ungirás também a Aarão e a seus filhos e os consagrarás para que exerçam o sacerdócio em minha honra. 31E falarás aos filhos de Israel, dizendo: Isto será para vós e para as vossas gerações um óleo de unção sagrada. 32Não será derramado sobre o corpo de nenhum homem e, quanto à sua composição, não fareis outro semelhante a ele. Isto é coisa sagrada, coisa sagrada para vós. 33Quem fizer um outro parecido e colocá-lo sobre um profano, será retirado do seu povo”.
O perfume — 34Iahweh disse a Moisés: “Procura aromas: estoraque, craveiro e gálbano, aromas e incenso puro: cada um em quantidade igual. 35Com eles, farás um perfume, uma composição aromática, obra de perfumista, misturando com sal puro e santo. 36Pulverizarás uma parte dele e a colocarás diante do Testemunho, na Tenda da Reunião, onde me encontro contigo, e será para vós uma coisa muito santa. 37Não fareis para vós nenhum perfume de composição semelhante à que deves fazer. Será para vós coisa santa, consagrada a Iahweh. 38Quem fizer um como este, para o cheirar, será retirado do seu povo”.
31 Os operários do santuário
— 1Iahweh falou a Moisés, dizendo: 2 “Eis que chamei pelo nome a Beseleel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá. 3Eu o enchi com o espírito de Deus em sabedoria, entendimento e conhecimento para toda espécie de trabalho, 4para elaborar desenhos, para trabalhar em ouro, prata e bronze, 5para lapidação de pedras de engaste, para entalho de madeira, e para realizar toda espécie de trabalhos. 6Eis que lhe dou por companheiro Ooliab, filho de Aquisamec, da tribo de Dã; coloquei a sabedoria no coração de todos os homens de coração sábio, para que façam tudo o que te ordenei: 7a Tenda da Reunião, a arca do Testemunho, o propiciatório que está sobre ela e toda a mobília da Tenda; 8a mesa com todos os seus acessórios, o candelabro de ouro puro com todos os seus acessórios, o altar do incenso, 9o altar do holocausto com todos os seus acessórios, a bacia com a sua base; 10as vestimentas litúrgicas, as vestimentas sagradas para o sacerdote Aarão e as vestimentas dos seus filhos para o exercício do sacerdócio; 11o óleo da unção e o incenso para o santuário. Farão tudo de acordo com o que te ordenei”.
Repouso sabático — 12Iahweh disse a Moisés: 13 “Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Observareis de verdade os meus sábados, porque são um sinal entre mim e vós em vossas gerações, a fim de que saibais que eu sou Iahweh, o que vos santifica. 14Observareis, pois, o sábado, porque é uma coisa santa para vós. Quem o profanar será castigado com a morte. Todo o que realizar nele algum trabalho será retirado do meio do povo. 15Durante os dias poder-se-á trabalhar; no sétimo dia, porém, se fará repouso absoluto, em honra de Iahweh. Todo aquele que trabalhar no dia do sábado deverá ser morto. 16Os filhos de Israel observarão o sábado, celebrando-o de geração em geração, como uma aliança eterna. 17Será um sinal perpétuo entre mim e os filhos de Israel, porque em seis dias Iahweh fez os céus e a terra; no sétimo dia, porém, descansou e tomou alento”.
Entrega das tábuas da lei a Moisés — 18Quando ele terminou de falar com Moisés no monte Sinai, entregou-lhe as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra escritas pelo dedo de Deus.
5. O BEZERRO DE OURO E A RENOVAÇÃO DA ALIANÇA
32 O bezerro de ouro
— 1Quando o povo viu que Moisés tardava em descer da montanha, congregou-se em torno de Aarão e lhe disse: “Vamos, faze-nos um deus que vá à nossa frente, porque a esse Moisés, a esse homem que nos fez subir da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu”. 2Aarão respondeu-lhes: “Tirai os brincos de ouro das orelhas de vossas mulheres, de vossos filhos e filhas, e trazei-mos”. 3Então todo o povo tirou das orelhas os brincos e os trouxeram a Aarão. 4Este recebeu o ouro das suas mãos, o fez fundir em um molde e fabricou com ele uma estátua de bezerro. Então exclamaram: “Este é o teu Deus, ó Israel, o que te fez subir da terra do Egito”. 5Quando Aarão viu isso, edificou um aliar diante da estátua e fez esta proclamação: “Amanhã será festa para Iahweh”. 6No dia seguinte, levantaram-se cedo, ofereceram holocaustos e trouxeram sacrifícios de comunhão. O povo assentou-se para comer e para beber, depois se levantou para se divertir.
Iahweh avisa Moisés — 7Iahweh disse a Moisés: “Vai, desce, porque o teu povo, que fizeste subir da terra do Egito, perverteu-se. 8Depressa se desviaram do caminho que eu lhes havia ordenado. Fizeram para si um bezerro de metal fundido, o adoraram, lhe ofereceram sacrifícios e disseram: Este é o teu Deus, ó Israel, que te fez subir do país do Egito”. 9Iahweh disse a Moisés: “Tenho visto a este povo: é um povo de cerviz dura. 10Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles a minha ira e eu os consuma; e farei de ti uma grande nação”.
Oração de Moisés — 11Moisés, porém, suplicou a Iahweh, seu Deus, e disse: “Por que, ó Iahweh, se acende a tua ira contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte? 12Por que os egípcios haveriam de dizer: ‘Ele os fez sair com engano, para matá-los nas montanhas e exterminá-los da face da terra’? Abranda o furor da tua ira e renuncia ao castigo que pretendias impor ao teu povo. 13Lembra-te dos teus servos Abraão, Isaac e Israel, aos quais juraste por ti mesmo, dizendo: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas do céu, e toda a terra que vos prometi, dá-la-ei a vossos filhos para que a possuam para sempre”. 14Iahweh, então, desistiu do castigo com o qual havia ameaçado o povo,
Moisés quebra as tábuas da Lei — 15Moisés voltou-se e desceu da montanha com as duas tábuas do Testemunho nas mãos, tábuas escritas nos dois lados: estavam escritas em uma e outra superfície. 16As tábuas eram obra de Deus, e a escritura era obra de Deus, gravada nas tábuas. 17Josué ouviu o barulho do povo que dava gritos e disse a Moisés: “Há um grito de guerra no acampamento”. 18Respondeu ele: “Não são gritos de vitória, nem gritos de derrota: o que ouço são cantos alternados”. 19Quando se aproximou do acampamento e viu o bezerro e as danças, Moisés acendeu-se em ira; lançou das mãos as tábuas e quebrou-as no sopé da montanha. 20Pegou o bezerro que haviam feito, queimou-o e triturou-o até reduzi-lo a pó miúdo, que espalhou na água e fez os filhos de Israel beberem. 21Moisés disse a Aarão: “Que fez este povo para atrair sobre si um pecado tão grave?”. 22Aarão respondeu: “Que não se acenda a cólera do meu senhor; tu sabes quanto este povo é inclinado para o mal. 23Eles me disseram: ‘Faze-nos um deus que marche à nossa frente, porque a esse Moisés, o homem que nos fez subir do país do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu.’ 24Eu disse: ‘Quem tiver ouro, tire-o.’ Eles mo deram; eu o lancei no fogo e saiu esse bezerro”.
O zelo dos Levitas — 25Moisés viu que o povo estava desenfreado, porque Aarão os havia abandonado à vergonha no meio dos seus inimigos. 26Moisés ficou de pé no meio do acampamento e exclamou: “Quem for de Iahweh venha até mim!”. Todos os filhos de Levi reuniram-se em torno dele. 27Ele lhes disse: “Assim fala Iahweh, o Deus de Israel: Cinja, cada um de vós, a espada sobre o lado, passai e tornai a passar pelo acampamento, de porta em porta, e mate, cada qual, a seu irmão, a seu amigo, a seu parente”. 28Os filhos de Levi fizeram segundo a palavra de Moisés, e naquele dia morreram do povo uns três mil homens. 29Moisés então disse: “Hoje recebestes a investidura para Iahweh, cada qual contra o seu filho e o seu irmão, para que ele vos conceda hoje a bênção”.
Nova oração de Moisés — 30No dia seguinte, Moisés disse ao povo: “Vós cometestes um pecado grave. Todavia, vou subir a Iahweh para tratar de expiar o vosso pecado”. 31Voltou, pois, Moisés a Iahweh e disse: “Este povo cometeu um grave pecado ao fabricar um deus de ouro. 32Agora, pois se perdoasses o seu pecado… Se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste”.33Iahweh respondeu a Moisés: “Riscarei do meu livro todo aquele que pecou contra mim. 34Vai, pois, agora, e conduze o povo para onde eu te disse. Eis que o meu Anjo irá adiante de ti. Mas, no dia da minha visita, eu punirei o pecado deles”. 35E Iahweh castigou o povo pelo que havia feito com o bezerro fabricado por Aarão.
33 A ordem para a partida
— 1Iahweh disse a Moisés: “Vai, sobe daqui, tu e o povo que fizeste subir do Egito, para a terra que prometi com juramento a Abraão, Isaac e Jacó, dizendo: Eu a darei à tua descendência. 2Enviarei adiante de ti um anjo e expulsarei os cananeus, os amorreus, os heteus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. 3Sobe para uma terra que mana leite e mel. Eu não subirei no meio de ti, porque és povo de cerviz dura, para não te exterminar no meio do caminho”. 4Quando o povo ouviu essas duras palavras, pôs-se a prantear, e nenhum deles pôs os seus enfeites. 5Iahweh disse a Moisés: “Dize aos filhos de Israel: sois um povo de cerviz dura; se por um momento subisse em vosso meio, eu vos exterminaria. Agora, pois, retirai os vossos enfeites, para saber o que devo fazer-vos”. 6Então, desde o monte Horeb os filhos de Israel deixaram os seus enfeites.
A Tenda — 7Moisés tomou a Tenda e a armou para ele, fora do acampamento, longe do acampamento. Haviam-lhe dado o nome de Tenda da Reunião. Quem quisesse interrogar a Iahweh ia até a Tenda da Reunião, que estava fora do acampamento. 8Quando Moisés se dirigia para a Tenda, todo o povo se levantava, cada um permanecia de pé, na entrada da na tenda, e seguia Moisés com o olhar, até que ele entrasse na Tenda. 9E acontecia que quando Moisés entrava na Tenda, baixava uma coluna de nuvem, parava à entrada da Tenda, e Ele falava com Moisés. 10Quando o povo via a coluna de nuvem parada à entrada da Tenda, todo o povo se levantava e cada um se prosternava à porta da própria tenda. 11Iahweh, então falava com Moisés face a face, como um homem fala com o outro. Depois ele voltava para o acampamento. Mas seu servidor Josué, filho de Nun, moço ainda, não se afastava do interior da Tenda.
Oração de Moisés — 12Moisés disse a Iahweh: “Tu me disseste: ‘Faze subir este povo’, mas não me revelaste quem mandarás comigo. Contudo disseste: ‘Conheço-te pelo nome, e encontraste graça aos meus olhos.’ 13Agora, pois, se encontrei graça aos teus olhos, mostra-me o teu caminho, e que eu te conheça e encontre graça aos teus olhos; e considera que esta nação é teu povo”. 14Iahweh disse: “Eu mesmo irei e te darei descanso”. 15Disse Moisés: “Se não vieres tu mesmo, não nos faças sair daqui. 16Como se poderá saber que encontramos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não será pelo fato de ires conosco? Assim seremos distintos, eu e o teu povo, de todos os povos da face da terra”. 17Iahweh disse a Moisés: “Farei ainda o que disseste porque encontraste graça aos meus olhos e conheço-te pelo nome”.
Moisés sobre a montanha — 18Moisés respondeu a Iahweh: “Rogo-te que me mostres a tua glória”. 19Ele replicou: “Farei passar diante de ti toda a minha beleza, e diante de ti pronunciarei o nome de Iahweh. Terei piedade de quem eu quiser ter piedade e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão”. 20E acrescentou: “Não poderás ver a minha face, porque o homem não pode ver-me e continuar vivendo”. 21E Iahweh disse ainda: “Eis aqui um lugar junto a mim; põe-te sobre a rocha. 22Quando passar a minha glória, colocar-te-ei na fenda da rocha e cobrir-te-ei com a palma da mão até que eu tenha passado. 23Depois tirarei a palma da mão e me verás pelas costas. Minha face, porém, não se pode ver”.
34 Renovação da Aliança. As tábuas da Lei
— 1Iahweh disse a Moisés: “Lavra duas tábuas de pedra, como às primeiras, e eu escreverei sobre as tábuas as mesmas palavras que estavam nas primeiras tábuas, que quebraste. 2Fica preparado de manhã; de madrugada subirás à montanha do Sinai e lá me esperarás, no cimo da montanha. 3Ninguém subirá contigo, e não se verá ninguém em toda a montanha. Nem as ovelhas ou bois pastarão diante da montanha”. 4Moisés lavrou duas tábuas de pedra como as primeiras, levantou-se de madrugada e subiu à montanha do Sinai, como Iahweh lhe havia ordenado, e levou nas mãos as duas tábuas de pedra. 5Iahweh desceu na nuvem e ali esteve junto dele.
A aparição de Deus — Ele invocou o nome de Iahweh. 6Iahweh passou diante dele, e ele exclamou: “Iahweh! Iahweh… Deus de compaixão e de piedade, lento para a cólera e cheio de amor e fidelidade; 7que guarda o seu amor a milhares, tolera a falta, a transgressão e o pecado, mas a ninguém deixa impune e castiga a falta dos pais nos filhos e nos filhos dos seus filhos, até a terceira e quarta geração”. 8Imediatamente Moisés caiu de joelhos por terra e adorou; 9depois ele disse: “Iahweh, se agora encontrei graça aos teus olhos, segue em nosso meio conosco, mesmo que este povo seja de cerviz dura. Perdoa as nossas faltas e os nossos pecados, e toma-nos por tua herança”.
A Aliança — 10Então ele disse: “Eis que faço uma aliança. Farei diante de todo o teu povo maravilhas como não se fizeram em toda a terra, nem em nação alguma. Todo este povo, no meio do qual estás, verá a obra de Iahweh, porque coisa temível é o que vou fazer contigo. 11Fica atento paia observar o que hoje te ordeno: expulsarei de diante de ti os amorreus, os cananeus, os heteus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. 12Abstém-te de fazer aliança com os moradores da terra para onde vais; para que não te sejam uma cilada. 13Ao contrário, derrubareis os seus altares, quebrareis as suas colunas e os seus postes sagrados:14Não adorarás outro deus. Pois Iahweh tem por nome Zeloso: é um Deus zeloso. 15Não faças aliança com os moradores da terra. Não suceda que, em se prostituindo com os deuses deles e lhes sacrificando, alguém te convide e comas dos seus sacrifícios, 16e tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas, prostituindo-se com seus deuses, façam com que, também, os teus filhos se prostituam com os seus deuses. 17Não farás para ti deuses de metal fundido. 18Guardarás a festa dos Ázimos. Durante sete dias comerás ázimo, como te ordenei, no tempo fixado no mês de Abib, porque foi no mês de Abib que saíste do Egito. 19Todo o que sair por primeiro do seio materno é meu: todo macho, todo primogênito das tuas ovelhas e do teu gado. 20O jumento, porém, que sair por primeiro do seio materno, tu o resgatarás com um cordeiro; se não o resgatares, quebrar-lhe-ás a nuca. Resgatarás todos os primogênitos dos teus filhos. Não comparecerás diante de mim de mãos vazias. 21Seis dias trabalharás; mas no sétimo descansarás, quer na aradura quer na colheita. 22Guardarás a festa das Semanas: as primícias da colheita do trigo e a festa da colheita na passagem de ano. 23Três vezes por ano todo o homem do teu meio aparecerá perante o Senhor Iahweh, Deus de Israel. 24Porque expulsarei as nações de diante de ti, e alargarei o teu território; ninguém cobiçará a tua terra, quando subires para comparecer na presença de Iahweh teu Deus, três vezes por ano. 25Não oferecerás o sangue do meu sacrifício com pão levedado. Não ficará a vítima da festa da Páscoa da noite para a manhã. 26Trarás o melhor das primícias para a Casa de Iahweh teu Deus. Não cozerás o cabrito no leite da sua própria mãe”. 27Disse ainda Iahweh a Moisés: “Escreve estas palavras; porque segundo o teor destas palavras fiz aliança contigo e com Israel”. 28Moisés esteve ali com Iahweh quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. Ele escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras.
Moisés desce da montanha — 29Quando Moisés desceu da montanha do Sinai, trazendo nas mãos as duas tábuas do Testemunho, sim, quando desceu da montanha, não sabia que a pele de seu rosto resplandecia porque havia falado com ele. 30Olhando Aarão e todos os filhos de Israel para Moisés, eis que a pele de seu rosto resplandecia; e tinham medo de aproximar-se dele. 31Moisés, porém, os chamou; Aarão e os chefes da comunidade foram até ele, e Moisés lhes falou. 32Depois aproximaram-se todos os filhos de Israel, e ordenou-lhes tudo o que Iahweh havia dito sobre a montanha do Sinai. 33Quando Moisés terminou de lhes falar, colocou um véu sobre a face. 34Quando Moisés entrava diante de Iahweh para falar com ele, retirava o véu, até o momento de sair. Ao sair, dizia aos filhos de Israel o que lhe havia sido ordenado, 35e os filhos de Israel viam resplandecer o rosto de Moisés. Depois Moisés colocava o véu sobre a face, até que entrasse para falar com ele.
6 CONSTRUÇÃO E EREÇÃO DO SANTUÁRIO
35 A lei do repouso sabático
— 1Moisés reuniu toda a comunidade dos filhos de Israel e lhes disse: “Eis o que Iahweh ordenou que se cumprisse: 2Durante seis dias far-se-á o trabalho, mas o sétimo dia será para vós um dia santo, um dia de repouso completo consagrado a Iahweh. Todo aquele que trabalhar nesse dia será punido com a morte. 3No dia de sábado não acendereis fogo em nenhuma de vossas casas”.
Coleta dos materiais — 4Moisés disse a toda a comunidade dos filhos de Israel: “Eis que Iahweh ordenou: 5Fazei entre vós uma coleta para Iahweh. Todo aquele que tiver um coração generoso leve a Iahweh como oferta: ouro, prata, bronze, 6púrpura violeta e escarlate, carmesim, linho fino, pêlo de cabra, 7peles de carneiro tingidas de vermelho e couro fino, madeira de acácia, 8azeite para a lâmpada, aromas para o óleo de unção e o perfume aromático, ‘pedras de ônix e pedras de engaste para o efod e o peitoral. 10Todos os que forem habilidosos entre vós venham executar o que Iahweh ordenou: 11a Habitação, a sua tenda e a sua cobertura, os seus ganchos, as suas tábuas, as suas vergas, as suas colunas e as suas bases; 12a arca e os seus varais, o propiciatório e a cortina do véu; 13a mesa, os seus varais e todos os seus acessórios e os pães da proposição; 14o candelabro da iluminação, os seus acessórios, as suas lâmpadas e o azeite para a iluminação; 15o altar dos perfumes e os seus varais, o óleo da unção, o perfume aromático e a cortina de ingresso, para a entrada da Habitação; 16o altar dos holocaustos e a sua grelha de bronze, os seus varais e todos os seus acessórios, a bacia e a sua base; 17as cortinas do átrio, as suas colunas e as suas bases, a cortina da porta do átrio; 18as estacas da Habitação e as estacas do átrio, com as suas cordas; 19as vestimentas litúrgicas para oficiar no santuário: as vestimentas sagradas para o sacerdote Aarão e as vestimentas dos seus filhos, para o exercício do sacerdócio. 20Então, toda a comunidade dos filhos de Israel retirou-se da presença de Moisés. 21Depois vieram todos aqueles aos quais movia o coração e todos aqueles cujo espírito os fazia sentirem-se generosos, e trouxeram a sua oferenda para Iahweh, para a obra da Tenda da Reunião, para todo o seu serviço e para as vestimentas sagradas. 22Vieram os homens junto com as mulheres. Todos os generosos de coração trouxeram fivelas, pingentes, anéis, braceletes, todos os objetos de ouro; — todos os que haviam oferecido ouro a Iahweh. 23Todos aqueles em cujo poder havia púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim, linho fino, pêlo de cabra, peles de carneiro tingidas de vermelho e couro fino, os traziam. 24Todo aquele que fazia oferta de prata e de bronze a Iahweh a trazia, e todo aquele em cujo poder havia madeira de acácia para toda a obra do serviço, a trazia. 25As mulheres habilidosas traziam o que por suas próprias mãos tinham fiado: púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino. 26As mulheres às quais o coração movia a trabalhar com habilidade fiavam os pêlos de cabra. 27Os chefes trouxeram pedras de ônix e pedras de engaste para o efod e o peitoral, 28os aromas e o azeite para a iluminação, para o óleo da unção e para o perfume aromático. 29Os filhos de Israel trouxeram oferta voluntária a Iahweh, a saber, todo homem e mulher, cujo coração os movia a trazerem uma oferta para toda a obra que Iahweh, por intermédio de Moisés, tinha ordenado que se fizesse.
Os operários do santuário — 30Moisés disse aos filhos de Israel: “Vede, Iahweh chamou a Beseleel por seu nome, o filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, 31e o encheu com o espírito de Deus, de sabedoria, entendi mento e conhecimento para toda espécie de trabalhos; 32para elaborai desenhos, para trabalhar o ouro, a prata e o bronze, 33para lapidar pedras de engaste, para trabalhar a madeira e para realizar toda espécie de trabalho artístico. 34Também lhe dispôs o coração, a ele e a Ooliab, filho de Aquisamec, da tribo de Dã, para ensinar aos outros. 35Encheu-lhes o coração de sabedoria para executar toda espécie de trabalho, para entalhar, para desenhar, para recamar a púrpura violeta e escarlate, o carmesim o linho fino, e para tecer; hábeis em toda espécie de trabalhos e desenhistas de projetos.
36 1Beseleel, Ooliab e todos os homens de coração sábio, nos quais Iahweh havia depositado sabedoria e entendimento para executar com perícia toda espécie de trabalhos para o culto do santuário, farão tudo de acordo com o que Iahweh ordenou”.
A entrega da coleta — 2Moisés chamou, pois, a Beseleel e Ooliab e todos os homens hábeis aos quais Iahweh havia dado sabedoria, a todos cujo coração os impelia a entregar-se à realização de algum trabalho. 3Eles receberam, na presença de Moisés, todas as oferendas que os filhos de Israel haviam trazido para a realização das obras do culto do santuário. Contudo, os filhos de Israel continuavam trazendo espontaneamente suas ofertas todas as manhãs. 4Todos os peritos que realizavam os trabalhos do santuário, interrompendo cada um a tarefa que estava fazendo, vieram 5e disseram a Moisés: “O povo traz muito mais que o necessário para realizar a obra que Iahweh ordenou que se fizesse”. 6Então ordenou Moisés, e a sua ordem foi proclamada no acampamento, dizendo: “Nenhum homem ou mulher faça mais obra alguma para a oferta do santuário”. Assim o povo foi proibido de trazer mais. 7Pois já havia material suficiente para realizar todas as obras e ainda sobrava.
A Habitação — 8Os artistas mais habilidosos, dentre todos os que trabalhavam na obra, fizeram a Habitação. Ele fez uma obra de arte com dez cortinas de linho fino retorcido, púrpura violeta, púrpura escarlate e carmesim, com figuras de querubins. 9O comprimento de cada cortina era de vinte e oito côvados, e a largura de quatro côvados; uma única medida para todas. 10Cinco cortinas eram ligadas uma à outra; e as outras cinco eram também ligadas uma à outra. 11Fez laçadas de púrpura violeta na franja da primeira cortina, que estava na extremidade do conjunto. Fez o mesmo na franja da cortina que terminava o segundo conjunto. 12Fez cinquenta laçadas na primeira cortina e cinquenta laçadas na extremidade da cortina do segundo conjunto, correspondendo as laçadas entre si. 13Fez também cinquenta colchetes de ouro, com os quais prendeu as cortinas uma à outra, de modo que a Habitação formava um todo. 14Fez cortinas de pêlo de cabra, à maneira de tenda sobre a Habitação, em número de onze. 15 O comprimento de cada cortina era de trinta côvados, e a largura de quatro côvados; as onze cortinas eram de igual medida. 16Ajuntou à parte cinco cortinas entre si, e de igual modo as seis restantes. 17E fez cinquenta laçadas na franja da cortina que terminava o primeiro conjunto, e cinquenta na franja do segundo conjunto. 18Fez também cinquenta colchetes de bronze para ajuntar a tenda, para que formasse um todo. 19Fez também, para a tenda, uma cobertura de peles de carneiro tingidas de vermelho, e outra de couro fino.
A armação — 20Fez para a Habitação tábuas de madeira de acácia, para colocá-las em posição vertical. 21Cada tábua tinha dez côvados de comprimento, e um côvado e meio de largura. 22Cada tábua tinha dois encaixes travados um com o outro. Assim fez com as tábuas da Habitação. 23Ele fez as tábuas para a Habitação: vinte tábuas para o lado do Negueb, para o sul. 24Fez também quarenta bases de prata para as vinte tábuas: duas bases debaixo de uma tábua, para os seus dois encaixes, e duas bases debaixo da outra tábua, para os seus dois encaixes. 25Fez, para o segundo lado da Habitação, para o norte, vinte tábuas e quarenta bases de prata: 26duas bases debaixo de uma tábua e duas bases debaixo da outra tábua. 27Para o fundo da Habitação, para o oeste, fez seis tábuas. 28Fez também duas tábuas para os cantos do fundo da Habitação. 29Eram geminadas na parte inferior e assim permaneciam até o cimo, à altura da primeira argola. Assim se fez com as duas tábuas nos dois cantos. 30Havia oito tábuas com as suas dezesseis bases de prata, duas bases para cada tábua. 31Fez também travessas de madeira de acácia, 32cinco para as tábuas do primeiro lado da Habitação, cinco para as tábuas do segundo lado da Habitação e cinco para as tábuas do fundo da Habitação, do lado do mar. 33Fez a travessa do meio para ajuntar as tábuas à meia altura, de uma extremidade à outra. 34Cobriu de ouro as tábuas, e de ouro fez as suas argolas, pelas quais passavam as travessas; e cobriu de ouro também as travessas.
A cortina — 35Fez a cortina de púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido. Fê-la bordada com figuras de querubins. 36Fez para ela quatro colunas de acácia, que cobriu de ouro; os seus colchetes eram de ouro, e fundiu para elas quatro bases de prata. 37Fez também para a entrada da Tenda um véu bordado de púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido, 38com as suas cinco colunas e respectivos colchetes; e cobriu de ouro os seus capitéis e as suas molduras. As suas cinco bases eram de bronze.
37 A Arca da Aliança
— 1Beseleel fez a arca de madeira de acácia. De dois côvados e meio era o seu comprimento, de um côvado e meio a largura, e de um côvado e meio a altura. 2Cobriu-a de ouro puro por dentro e por fora; e fez ao redor uma moldura de ouro. 3Fundiu para ela quatro argolas de ouro sobre os seus quatro pés; duas argolas de um lado e duas do outro. 4Fez varais de madeira de acácia, e os cobriu de ouro; 5e os enfiou nas argolas dos lados da arca, para poder transportá-la. 6Fez o propiciatório de ouro puro: dois côvados e meio de comprimento, e um e meio de largura. 7Fez também dois querubins de ouro. De ouro batido os fez nas duas extremidades do propiciatório: 8um querubim numa extremidade e o outro na extremidade oposta. Ele os fez formando um só conjunto com o propiciatório em ambos os lados dele. 9Os querubins tinham as asas estendidas para cima e cobriam com suas asas o propiciatório. Estavam com as faces voltadas uma para a outra, olhando para o propiciatório.
A mesa dos pães da oblação — 10Fez também a mesa de madeira de acácia. Tinha o comprimento de dois côvados, a largura de um côvado e a altura de um côvado e meio. 11De ouro puro a cobriu, e lhe fez uma moldura de ouro ao redor. 12Também lhe fez um enquadramento ao redor, com um palmo de largura, e fez uma moldura de ouro ao redor da moldura. 13Fundiu para ela quatro argolas de ouro, e colocou-as nos quatro cantos formados pelos quatro pés. 14As argolas estavam colocadas perto do enquadramento, como lugares para os varais, para se levar a mesa. 15Fez os varais de madeira de acácia e os cobriu de ouro, para se levar a mesa. 16Fez também os acessórios que deviam estar sobre a mesa: os seus pratos, os seus recipientes para o incenso, as suas galhetas e as suas taças para as libações: todos de ouro puro.
O candelabro — 17De ouro puro fez o candelabro. De ouro batido o fabricou. O seu pedestal, a sua haste, os seus cálices, as suas maçanetas e flores formavam uma só peça com ele. 18Seis braços saíam dos seus lados: três de um lado e três de outro. 19Três cálices em forma de flor de amêndoas em um braço, um botão e uma flor; e três cálices em forma de flor de amêndoas no outro braço, com o botão e a flor. Assim para os seis braços que saíam do candelabro. 20No candelabro havia quatro cálices em forma de flor de amêndoas, com os seus botões e flores: 21um botão debaixo dos dois primeiros braços que saíam do candelabro, outro debaixo dos outros dois e outro debaixo dos dois últimos que, também, saíam do candelabro. Assim para os seis braços que saíam do candelabro. 22Os botões e os braços formavam uma só peça com ele: um único bloco de ouro puro batido. 23Fez também as suas lâmpadas, em número de sete. As suas espevitadeiras e os seus aparadores eram de ouro puro. 24Com um talento de ouro puro fez o candelabro e todos os seus acessórios.
O altar dos perfumes. O óleo da unção e o perfume — 25Fez o altar dos perfumes de madeira de acácia: um côvado de comprimento, um côvado de largura — era quadrado — e dois côvados de altura. Os seus chifres formavam uma só peça com ele. 26De ouro puro o cobriu: a sua mesa, os seus lados em todo o redor e os seus chifres. E lhe fez uma moldura de ouro ao redor. 27Debaixo dessa moldura lhe fez duas argolas de ouro em cada um dos lados, em ambos os lados, para receber os varais destinados a transportá-lo. 28Fez os varais de madeira de acácia, e os cobriu de ouro. 29Preparou o óleo santo da unção e o perfume aromático — como um perfumista.
38 O altar dos holocaustos
— 1Fez o altar dos holocaustos de madeira de acácia: cinco côvados de comprimento, cinco côvados de largura — era quadrado — e três côvados de altura. 2Nos quatro ângulos, fez levantar chifres, formando uma só peça com ele, e o cobriu de bronze. 3Fez também todos os acessórios do altar: recipientes para recolher suas cinzas, pás, bacias, garfos e braseiros. Fez todos os seus acessórios de bronze. 4Fez para o altar uma grelha de bronze, em forma de rede, sob o rebordo do altar, embaixo, desde a parte inferior até a metade do altar. 5Fundiu quatro argolas nas quatro pontas da grelha de bronze, para que servissem de receptáculo aos varais. 6De madeira de acácia fez os varais e os cobriu de bronze. 7Enfiou os varais nas argolas, de um e do outro lado do altar, para transportá-lo com eles. Ele o fez oco e de tábuas.
A bacia — 8Fez uma bacia de bronze e a sua base de bronze com os espelhos das mulheres que serviam à entrada da Tenda da Reunião.
Construção do átrio — 9Construiu também o átrio. Para o lado do Negueb, que olha para o sul, as cortinas do átrio eram de linho fino retorcido, com cem côvados. 10As suas vinte colunas e as suas bases eram de bronze. Os ganchos das colunas e as suas vergas eram de prata. 11Para o lado do norte, cem côvados. As suas vinte colunas e as suas bases eram de bronze. Os ganchos das colunas e as suas vergas eram de prata. 12Para o lado do mar, cortinas numa extensão de cinquenta côvados, com suas dez colunas e suas dez bases. Os ganchos das colunas e as suas vergas eram de prata. 13Para a parte oriental, que olha para o nascente, cinquenta côvados: 14cortinas numa extensão de quinze côvados em um dos lados, com as suas três colunas e as suas três bases; 15e do outro lado, em ambos os lados da porta do átrio, cortinas numa extensão de quinze côvados, com as suas três colunas e as suas três bases. 16Todas as cortinas ao redor do átrio eram de linho fino retorcido. 17As bases das colunas eram de bronze, e os ganchos das colunas e os seus varais, de prata. O revestimento dos seus capitéis era de prata, e todas as colunas do átrio tinham vergas de prata. 18A cortina da porta do átrio era bordada, de púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido: vinte côvados de comprimento e cinco de altura e de largura, como as cortinas do átrio. 19As suas quatro colunas e as suas quatro bases eram de bronze, e os seus ganchos, de prata; e o revestimento dos seus capitéis e vergas, de prata. 20Todas as estacas da Habitação e do recinto do átrio eram de bronze.
Enumeração dos metais — 21Eis as contas da Habitação — a Habitação do Testemunho — estabelecidas por ordem de Moisés, trabalho dos levitas, por intermédio de Itamar, filho de Aarão, o sacerdote. 22Beseleel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, fez tudo o que Iahweh havia ordenado a Moisés. 23Com ele estava Ooliab, filho de Aquisamec, da tribo de Dã, hábil nos entalhes, desenhista, bordador em púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino. 24O total do ouro empregado na obra, entre todos os trabalhos do santuário, ouro que provinha das ofertas, foi de vinte e nove talentos e setecentos e trinta siclos, segundo o valor do siclo do santuário. 25A prata do recenseamento da comunidade: cem talentos e mil e setecentos e setenta e cinco siclos, segundo o valor do siclo do santuário: 26um beca por pessoa, meio siclo, segundo o valor do siclo do santuário, por todos os que foram recenseados, de vinte anos para cima, que foram seiscentos e três mil, quinhentos e cinquenta. 27Empregaram-se cem talentos de prata para fundir as bases do santuário e as bases do véu; para as cem bases cem talentos: um talento para cada base. 28Com os mil setecentos e setenta e cinco siclos fabricou os ganchos para as colunas, recobriu os seus capitéis e lhes pôs as vergas. 29O bronze das ofertas: setenta talentos e dois mil e quatrocentos siclos. 30Com ele fez as bases da entrada da Tenda da Reunião, o altar de bronze e a sua grelha de bronze e todos os acessórios do altar, 31as bases do átrio ao redor, as bases da porta do átrio e todas as estacas do recinto do átrio.
39 A vestimenta do sumo sacerdote
— 1Com a púrpura violeta e escarlate, o carmesim e o linho fino fizeram as vestimentas rituais para oficiar no santuário. Fizeram também as vestimentas sagradas para o sacerdote Aarão, como Iahweh havia ordenado a Moisés.
O efod — 2Fizeram o efod com ouro, púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino retorcido. 3Bateram o ouro em lâminas delgadas e cortaram-nas em tiras para trançá-las, num artístico trabalho de trançado. 4Tinha duas ombreiras que se juntavam às suas duas extremidades, e assim se uniam. 5O cinto que estava em cima, para apertá-lo, formava uma só peça com ele e era da mesma feitura: ouro, púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido. Tal como Iahweh havia ordenado a Moisés. 6Prepararam as pedras de ônix, engastadas em ouro, gravadas à semelhança da incisão de um selo, com os nomes dos filhos de Israel. 7Colocaram-nas sobre as ombreiras do efod, à maneira de pedras destinadas a recordar aos filhos de Israel, como Iahweh havia ordenado a Moisés.
O peitoral — 8Fizeram o peitoral, trabalho artístico trançado, da mesma feitura do efod: ouro, púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido. 9Era quadrado, e o fizeram dobrado em dois, com um palmo de comprimento e um de largura. 10Colocaram nele engastes de pedras dispostas em quatro filas: uma sardónica, um topázio e uma esmeralda para a primeira. 11A segunda fileira era de carbúnculo, safira e diamante. 12A terceira, uma ágata, um jacinto e uma ametista. 13A quarta era um berilo, um ônix e um jaspe. Estavam engastadas com engastes de ouro em suas guarnições. 14As pedras correspondiam aos nomes dos filhos de Israel: doze, como os seus nomes. Estavam gravadas como um selo, cada qual com o seu nome, segundo as doze tribos. 15Fizeram sobre o peitoral correntes trançadas como um cordão de ouro puro. 16Fizeram também dois engastes de ouro e duas argolas de ouro, e fixaram ambas as argolas nas duas extremidades do peitoral. 17Passaram os dois cordões de ouro pelas argolas dos extremos do peitoral. 18Fixaram as duas pontas dos cordões nos engastes, e os prenderam nas duas ombreiras do efod em sua parte dianteira. 19Fizeram duas argolas de ouro que puseram nas duas pontas do peitoral, na sua orla, que atravessava o efod por sua parte inferior. 20Fizeram também outras duas argolas de ouro, que fixaram nas duas ombreiras do efod em sua parte inferior dianteira, perto da juntura, por cima do cinto do efod.21 Juntaram o peitoral por suas argolas às argolas do efod com um cordão de púrpura violeta, para que ficasse fixo por cima do cinto do efod não pudesse o peitoral desprender-se do efod. Tudo como Iahweh havia ordenado a Moisés.
O manto — 22Depois fizeram o manto do efod. Todo ele era tecido com púrpura violeta. 23A abertura no meio do manto era como a abertura de um colete de malhas. A abertura trazia em toda a sua volta uma dobra que não se rasgava. 24Fizeram, na parte inferior do manto, romãs de púrpura violeta e escarlate, de carmesim e de linho fino retorcido. 25Também fizeram campainhas de ouro puro e colocaram as campainhas entre as romãs. 26Era uma campainha e uma romã, uma campainha e uma romã em toda a volta da parte inferior do manto que se usava para o serviço religioso, como Iahweh havia ordenado a Moisés.
Vestimentas sacerdotais — 27Fizeram também, para Aarão e seus filhos, as túnicas tecidas de linho fino; 28o turbante de linho fino, os barretes de linho fino, os calções de linho fino retorcido 29e o cinto de linho fino retorcido de púrpura violeta e escarlate de carmesim, como Iahweh havia ordenado a Moisés.
O sinal de consagração — 30Depois fizeram a flor — o sinal da santa consagração, de ouro puro — e nela gravaram como num selo: “Consagrado a Iahweh”. 31Colocaram por cima um cordão de púrpura violeta, para pô-lo sobre o turbante, em cima, como Iahweh havia ordenado a Moisés. 32Assim se concluiu todo o trabalho da Habitação, da Tenda da Reunião. E os filhos de Israel fizeram tudo o que Iahweh havia ordenado a Moisés.
Entrega das obras realizadas a Moisés — 33Levaram a Moisés a Habitação, a Tenda e todos os seus acessórios, suas argolas, suas tábuas, suas travessas, suas colunas e suas bases; 34a cobertura de peles de carneiro tingidas de vermelho, a cobertura de couro fino e o véu protetor; 35a arca do Testemunho com os seus varais e o propiciatório; 36a mesa, todos os seus acessórios e os pães da oblação; 37o candelabro de ouro puro, as suas lâmpadas — uma fileira de lâmpadas — e todos os seus acessórios, e o óleo para o candelabro; 38o altar de ouro, o óleo da unção, o incenso aromático e o véu para a entrada da Tenda; 39o altar de bronze e a sua grelha de bronze, os seus varais e todos os seus acessórios; a bacia e a sua base; 40as cortinas do átrio, as suas colunas, as suas bases e o véu para a porta do átrio, as suas cordas, as suas estacas e todos os acessórios para o serviço da Habitação, para a Tenda da Reunião; 41as vestimentas litúrgicas para oficiar no santuário — as vestimentas sagradas para Aarão, o sacerdote, e as vestimentas dos seus filhos para exercer o sacerdócio. 42Os filhos de Israel fizeram todos os trabalhos como Iahweh havia ordenado a Moisés. 43Moisés viu toda a obra. Tinham feito como Iahweh havia ordenado. E Moisés os abençoou.
40 Ereção e consagração do santuário
— 1Iahweh falou a Moisés, dizendo: 2 “No primeiro dia do primeiro mês, levantarás a Habitação, a Tenda da Reunião. 3Colocarás nela a arca do Testemunho e cobrirás a arca com o véu. 4Trarás a mesa e arrumarás tudo. Trarás o candelabro e montarás as lâmpadas. 5Colocarás o altar de ouro diante da arca do Testemunho e colocarás o véu na entrada da Habitação. 6Colocarás o altar dos holocaustos diante da entrada da Habitação, da Tenda da Reunião. 7Porás a bacia entre a Tenda da Reunião e o altar, e nela colocarás água. 8Colocarás o átrio ao redor e porás o véu na porta do átrio. 9Tomarás do óleo da unção e ungirás a Habitação e tudo o que está dentro dela; tu a consagrarás com todos os seus acessórios, e ela será muito santa. 10Ungirás o altar dos holocaustos com os seus acessórios, consagrarás o altar, e o altar será eminentemente santo. 11Ungirás a bacia e a sua base e as consagrarás. 12Depois farás Aarão e seus filhos se aproximarem da entrada da Tenda da Reunião; tu os lavarás com água 13e revestirás Aarão com as vestimentas sagradas; tu o ungirás e o consagrarás para que exerça o meu sacerdócio. 14Os seus filhos, tu os farás se aproximar e os revestirás com as túnicas. 15Tu os ungirás como ungiste o pai deles, para que exerçam o meu sacerdócio. Isto se fará para que a unção deles lhes confira um sacerdócio perpétuo, em suas gerações”.
Realização das ordens divinas — 16Moisés o fez. Fez tudo como Iahweh havia ordenado. 17No primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, levantaram a Habitação. 18Moisés levantou a Habitação. Colocou as travessas e ergueu as colunas. 19Estendeu a tenda para a Habitação e colocou por cima a cobertura da Tenda, como Iahweh havia ordenado a Moisés. 20Tomou o Testemunho, colocou-o na arca, colocou os varais na arca e pôs o propiciatório sobre a arca. 21Introduziu a arca na Habitação e colocou a cortina do véu. Velou assim a arca do Testemunho, como Iahweh havia ordenado a Moisés. 22Colocou a mesa na Tenda da Reunião, ao lado da Habitação, ao norte, na extremidade do véu, 23e dispôs em ordem o pão diante de Iahweh, como Iahweh havia ordenado a Moisés. 24Colocou o candelabro na Tenda da Reunião, diante da mesa, ao lado da Habitação, ao sul, 25e dispôs as lâmpadas diante de Iahweh, como Iahweh havia ordenado a Moisés. 26CoIocou o altar de ouro na Tenda da Reunião, diante do véu, 27e em cima dele queimou o incenso aromático, como Iahweh havia ordenado a Moisés. 28Depois colocou o véu na entrada da Habitação. 29Colocou o altar dos holocaustos na entrada da Habitação, da Tenda da Reunião, e nele ofereceu holocaustos e a oblação, como Iahweh havia ordenado a Moisés. 30Colocou a bacia entre a Tenda da Reunião e o altar, e pôs nela água para as abluções, 31com a qual Moisés, Aarão e os seus filhos lavavam as mãos e os pés. 32Quando entravam na Tenda da Reunião ou se aproximavam do altar, lavavam-se, como Iahweh havia ordenado a Moisés. 33Levantou o átrio ao redor da Habitação e do altar, e colocou o véu na porta do átrio. Assim Moisés terminou os trabalhos.
Iahweh toma posse do santuário — 34A nuvem cobriu a Tenda da Reunião, e a glória de Iahweh encheu a Habitação. 35Moisés não pôde entrar na Tenda da Reunião porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória de Iahweh enchia a Habitação.
A nuvem guia os filhos de Israel — 36Em todas as etapas, quando a nuvem se levantava por cima da Habitação, os filhos de Israel punham-se em marcha. 37Mas se a nuvem não se levantava, também eles não marchavam até que ela se levantasse. 38Pois, de dia, a nuvem de Iahweh ficava sobre a Habitação, e de noite havia dentro dela um fogo, aos olhos de toda a casa de Israel, durante todas as suas etapas.
No último verso do belo poema de Max Heindel, Credo ou Cristo[1], lemos sobre a compaixão e o amor como as chaves que destrancam os portões dos Céus e asseguram a vida eterna. O único requisito para o progresso espiritual é o Amor. Nós lemos:
“Só uma coisa o Mundo necessita conhecer:
apenas um bálsamo existe para curar toda a humana dor;
apenas um caminho há que conduz, acima, aos céus:
Este caminho é: a COMPAIXÃO e o AMOR.”
Não é suficiente saber sobre a consciência ininterrupta ou possuir uma compreensão completa das Leis de Deus; nem mesmo um entendimento abrangente sobre a nossa jornada após a morte constitui os requisitos para a entrada na existência celeste. O conhecimento é uma vantagem, uma pérola de grande valor, mas antes e por último o vínculo da compaixão humana deve despertar nos corações de todos nós a percepção de que “o Guardião do Nosso Irmão e da Nossa Irmã”[2] é um fato e um mandamento.
Sem a compaixão humana, como pode o vasto conhecimento encontrar um meio de expressão? Negado um meio de expressão, um meio para a conversão de riquezas acumuladas em conhecimento, como pode haver benefício? Não é ensinado que possuir talento, ou entendimento, gera a administração que deve ser contabilizada e somente em igual medida o prêmio é compatível com a ação? Aquele que recebeu cinco talentos na Parábola[3] teve sucesso no bom uso da habilidade, acumulou mais cinco e foi premiado com a administração em muitas coisas, “sendo fiel sobre algumas”. Aquele que recebeu dois talentos também teve êxito em dobrar a quantia, merecendo assim o justo elogio. O operário que recebeu um talento ficou com medo e o escondeu para mantê-lo seguro, mas até mesmo o cuidado tomado para reter o que recebeu foi condenado, pois a preguiça não merece aprovação e somente o crescimento e o desenvolvimento daquilo que é dado recebe o “Muito bem, servo bom e fiel” (Mt 25:21).
Ter muito conhecimento gera grande responsabilidade e mesmo um pequeno conhecimento requer uso correto e justo. Usar nossos talentos para promover o bem-estar de nossos semelhantes, independentemente de interesses próprios, é o meio mais seguro de adquirir essa compaixão e amor, a chave para o desenvolvimento espiritual. O amor pelos ideais espirituais não é suficiente, pois assim como o mais elevado encontra reflexo no mais baixo, o amor divino cresce e brilha através do humano e do ato de bondade; é pelo ato de misericórdia e pela missão de administração útil que o amor de Deus é refletido. À medida que elevamos os outros, elevamos a nós mesmos; é através do amor e da compaixão humanos que crescemos em direção à manifestação mais elevada.
A compaixão e o amor humanos são promovidos por meio de apenas um canal: o do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), focado na Divina Essência oculta em cada um de nós, para com o nosso irmão e a nossa irmã que estão ao nosso redor. O serviço é divulgado abertamente, é bradado para todos os lados e o próprio ar parece vibrante com a sua entoação. Por quê? Porque por meio do serviço é adquirido o amor de fazer aos outros pelo simples fazer e não porque, por trás de cada ato, esteja o pensamento “Eu cresço espiritualmente fazendo isso”. Mas todo crescimento espiritual é esquecido e todos os exercícios e métodos são secundários, uma vez que se começou realmente a servir como se deve. Ao realizar ações gentis para os outros, esquecemos tudo, exceto a necessidade daquele que estamos ajudando; é nisso que está o segredo do crescimento da alma.
Obter os melhores resultados do nosso trabalho para que o bem-estar do outro possa ser promovido e porque nos sentimos motivados a dar o nosso melhor, em espírito de amor para desempenhar os deveres que atendem à nossa vocação, é o tipo de serviço que devemos prestar! Nós nos esquecemos de nós mesmos e tornamos atentos ao bem-estar do outro; nesse esquecimento está um grande progresso. É exigido de todos que se doem em todos os momentos e a melhor maneira de fazer isso é esquecer os interesses próprios, usando nossos talentos para o bem-estar daqueles com quem entramos em contato. Ao esquecer de si mesmo, começamos a nos aproximar de nossos semelhantes e a sentir mais os seus esforços; surge assim uma resposta a suas lutas e encontramos oportunidades para aliviar sua vida; assim, é estabelecido o vínculo da compaixão humana. A compaixão é semelhante ao amor; na verdade, ela é a mais alta expressão do amor, está no amor: é amor.
É o esquecimento de si no cuidado do bebê em seus braços que desperta emoções internas de tal forma que cada mágoa, cada choro ou necessidade da criança é sentida pela mãe. Seu interesse é centrado no bem-estar da criança, independentemente de interesses próprios; tal é a sua compaixão e o seu amor que todas as crianças trazem um sorriso gentil em seu rosto, uma demonstração de amor e cuidado.
Servir significa fazer o que está mais próximo da melhor maneira possível, com espírito altruísta. É verdade que não podemos ser, todos nós, professores, médicos, enfermeiros, profissionais de saúde ou ter uma profissão que dê oportunidade constante de ajudar os outros; mas, sejamos balconistas em uma loja ou engenheiros em qualquer indústria ou empresa ou até profissionais liberais, somos servos na medida em que nossos irmãos ou irmãs que estão ao nosso lado dependem de nós. É o espírito com que servimos que determina nosso crescimento. Se o (ou a) balconista atua de maneira cortês e faz todos os esforços para atender às necessidades do seu cliente, não por causa da recompensa material, mas porque o cliente depende do seu julgamento e justiça para receber o melhor que pode ser obtido, então esse (ou essa) balconista serve a Deus e ao seu irmão ou sua irmã ao redor. Por menor que seja o ato, a obra ou ação, ele é muito agradável aos olhos de Deus, caso o Ego que inicia a ação seja altruísta.
Para o Aspirante à vida superior, que busca desenvolver suas potencialidades latentes, a necessidade de servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível), focado na Divina Essência oculta em cada um de nós, para com o irmão e a irmã que estão ao redor dele é intensamente sentida e ele se esforça fielmente para se esquecer de si mesmo e ser o servo de todos. Há uma força que pode ser usada por todos para servir aos outros[4] e nela está o desdobramento de todos os poderes latentes; além disso, é pelo uso dessa força que nossos semelhantes são beneficiados. Refiro-me à força do pensamento!
Aprendemos estudando o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz que os pensamentos-forma estão dentro e sendo continuamente projetados sobre o Corpo de Desejos em um esforço para despertar um dos dois Sentimentos, Interesse ou Indiferença, que levarão à ação ou não e que a razão deva governar a natureza inferior (ou “eu inferior) e deixar o escopo do “Eu superior” para a expressão de suas propensões divinas. Também sabemos que o pensamento habitual tem o poder de moldar a matéria física, pois a natureza do sensualista é claramente discernível em suas feições, que são grosseiras e toscas, assim como as feições do espiritualista são delicadas e finas.
O poder do pensamento é ainda maior em sua potência de moldar os Corpos mais sutis. Pensamentos de medo e preocupação congelam o Corpo de Desejos de quem se entrega a eles e é igualmente certo que, cultivando um estado de espírito feliz e otimista em todas as circunstâncias, podemos sintonizar nossos Corpos de Desejos com qualquer tom que desejarmos; depois de um tempo, isso se tornará um hábito, embora devamos confessar que seja muito mais difícil manter o Corpo de Desejos em linhas definidas, mas isso pode ser realizado e a tentativa deve ser feita por todos que querem avanço espiritual.
Pelo exposto será percebido que os pensamentos têm poder e conhecendo isso nos tornamos administradores dessa força à medida que as usamos para o bem ou para o mal, para nós mesmos ou para os outros, merecemos uma recompensa correspondente. À medida que semeamos, colhemos e o pensamento-forma enviado retorna à sua fonte, trazendo o registro da jornada, seu sucesso ou fracasso, e é impresso nos átomos negativos do Éter Refletor do Corpo Vital do seu criador, onde molda aquela parte do registro da vida e ação do pensador que, às vezes, chamamos de Mente Subconsciente. Também notamos que o poder do pensamento está na repetição; pensamentos habituais têm poder suficiente para modificar até mesmo a matéria física.
Possuímos uma força que precisa apenas de controle e intensidade suficientes para se tornar dinâmica; isso torna evidente que sejamos obrigados a lidar com o modo como a usamos. Ou o desenvolvimento da força do pensamento está adormecido ou crescente, tornando-se bom ou mau de acordo com nossa vontade. Desdobrar as potencialidades dinâmicas requer esforço constante e, assim como a força do pensamento, que é uma potencialidade, o esforço constante, intensidade e propósito são necessários para reunir forças dispersas de pensamento e moldar uma forma vibrante e potente com energia dinâmica que seja capaz de cumprir a vontade do seu criador.
Ao enviar pensamentos de esperança e alegria aos outros não somente os cercamos com sugestões de boa vontade como, por meio da repetição, somos capazes de estabelecer um vínculo pelo qual nossos pensamentos são recebidos e postos em prática. O Poder de Cura por meio do pensamento fornece uma vasta oportunidade de serviço por meio do envio de pensamentos-formas vibrantes que tenham o Poder Divino de Cura. A força do pensamento deve ser concentrada e controlada. É preciso haver intensidade e grande poder fundamentando o pensamento-forma que é projetado.
Pensamentos amorosos, constantemente saindo de nós em missões de serviço a Deus no tempo certo, se tornarão dinâmicos e estarão sob nosso comando para serem usados em prol dos outros. O retorno dessas formas aumentará tanto o brilho das nossas auras que o Estudante Rosacruz ativo atrai a atenção dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz; com esse poder seremos canais para o grande trabalho deles e, ao usar nossas forças de pensamento para elevar os outros, ajudamos a nós mesmos, pois através do amor e da compaixão irradiamos a luz de Deus e nossa própria presença se torna um testemunho vivo do Nosso Pai.
“Não desperdicemos nosso tempo ardentemente desejando
Feitos brilhantes, mas impossíveis.
Não fiquemos indolentemente esperando
O nascimento de asas angelicais visíveis.
Não desprezemos as pequenas luzes brilhando,
Pois nem todos podem ser uma estrela reluzente;
Mas, vamos realizar nossa missão, iluminando
O lugar onde estamos presentemente.
As velas pequenas são tão indispensáveis
Como o é no céu o Sol fulgente.
E as ações mais nobres são realizáveis
Quando as fazemos dignamente.
Talvez agora não consigamos, caminhando,
Alumiar a escuridão das distantes regiões, claramente.
Mas, vamos realizar nossa missão, iluminando
O lugar onde estamos presentemente.”[5]
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: do livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
[2] N.T.: É uma expressão que enfatiza a responsabilidade compartilhada e a interconexão dentro de uma comunidade ou sociedade. Sugere que temos a obrigação moral de cuidar, proteger e apoiar uns aos outros. Na Bíblia vemos essa pergunta: “Acaso sou guardião de meu irmão?” (Gn 4:9).
[3] N.T.: A Parábola do Talentos descrita na Bíblia: 14Pois será como um homem que, viajando para o estrangeiro, chamou os seus próprios servos e entregou-lhes os seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro dois, a outro um. A cada um de acordo com a sua capacidade. E partiu. Imediatamente, 16o que recebera cinco talentos saiu a trabalhar com eles e ganhou outros cinco. 17Da mesma maneira, o que recebera dois ganhou outros dois. 18Mas aquele que recebera um só o tomou e foi abrir uma cova no chão. E enterrou o dinheiro do seu senhor. 19Depois de muito tempo, o senhor daqueles servos voltou e pôs-se a ajustar contas com eles. 20Chegando aquele que recebera cinco talentos, entregou-lhe outros cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me confiaste cinco talentos. Aqui estão outros cinco que ganhei’. 21Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’” 22Chegando também o dos dois talentos, disse: ‘Senhor, tu me confiaste dois talentos. Aqui estão outros dois talentos que ganhei’. 23Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’ 24Por fim, chegando o que recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. 25Assim, amedrontado, fui enterrar o teu talento no chão. Aqui tens o que é teu’. 26A isso respondeu-lhe o senhor: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei e que ajunto onde não espalhei? 27Pois então devias ter depositado o meu dinheiro com os banqueiros e, ao voltar, eu receberia com juros o que é meu. 28Tirai-lhe o talento que tem e dai-o àquele que tem dez, 29porque a todo aquele que tem será dado e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem será tirado. 30Quanto ao servo inútil, lançai-o fora nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’ (Mt 25:14-30)
[4] N.T.: Mc 9:35
[5] N.T.: do poema: “Shining Just Where We Are” – de Autor Desconhecido
Vamos refletir sobre o poder de “Orar e Vigiar” e para que isso se aplica no nosso desenvolvimento espiritual.
A Bíblia é, ao mesmo tempo, um livro aberto e fechado, isto é, guarda em cada citação, no mínimo sete gradações de verdade igualmente válidas, segundo o nível de consciência da pessoa que a estuda. Conduz, por assim dizer, o Estudante Rosacruz, de porta em porta, à compreensão cada vez mais profunda do trecho em exame. E esse despertar nos vem de diversos modos, ora como um lampejo iluminador, ora numa percepção de outro ângulo por algo que lemos ou ouvimos. De toda a maneira é sempre um despertar interno, um abrir de consciência que nos leva, dali adiante, a perceber todas as outras coisas um pouco mais profundamente. Mas esse despertar não nos vem da Mente, senão do pensador: a Mente é um veículo nosso, um Ego ou Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui, que através dela reflete as nossas conclusões.
Quanto mais nos abrimos como Espíritos Virginais manifestados aqui como Egos humanos que somos, mais fielmente escutamos internamente. Quanto mais abrimos mão de “nossas ideias, de nossos pontos de vista”, tanto mais ouvimos a novidade que vem de dentro de nós, que nos renova a percepção e nos liberta do círculo vicioso dos conceitos pessoais.
Meditemos, por exemplo, sobre a exortação “Orai e Vigiai” (Mt 26:41). O alcance da compreensão de cada um de nós está limitado pelo que se entende por orar e por vigiar. Uns acham que orar é recitar fórmulas pré-estabelecidas e que tais palavras têm um poder mágico, independentemente do nível de consciência de quem pronuncia essas palavras. Outros usam afirmações e negações de verdades fixadas por outrem ou redigidas mentalmente por eles. Outros, ainda, “conversam” honesta e sentidamente com Deus. E ainda outros nada pensam, nada dizem; simplesmente buscam Deus em seu íntimo, na convicção de que isso basta para preencher o verdadeiro sentido de oração.
São degraus, eles todos respeitáveis. Uns mais eficientes que outros. No entanto, muitos pedem e não recebem, porque não sabem pedir. Não é que Deus faça distinções e exija normas. É que muitos de nós não se endereça a Deus, não sai de si mesmo ao encontro de Deus. Não é que devemos vencer a relutância de Deus. A verdade é que devemos vencer a nossa própria relutância. Relutamos e não saímos de nós mesmos: quando oramos para ser visto pelos outros como um devoto; quando falamos muito e bonito, para satisfazer a nossa própria vaidade intelectual. Mas Deus não vê a embalagem, senão o conteúdo… a intenção.
A nosso ver, a mais alta forma de oração é o contato com o Cristo Interno. E até que o consigamos, é a busca, em nosso íntimo, de nossa centelha divina: fechamos “nosso aposento” e O buscamos, dizendo simplesmente: “Senhor, aqui está o teu servo (a natureza humana); fala que eu escuto; enche meu vaso” (ISm 3:10).
Isto pode ser feito em qualquer lugar. Quando temos de esperar alguma coisa, aproveitemos um minuto e façamo-lo. Porém, na tranquilidade e com tempo é melhor. Então podemos nos relaxar, meditar sobre algo elevado, edificante, e depois, naquela atitude de escuta, de calma expectativa, com a Mente e as emoções esvaziadas, esperamos que Deus se comunique conosco.
Quem já recebeu uma centelha que seja dessa mensagem divina, pode comprovar que a verdadeira direção humana vem de sua Fonte Divina. E passa a buscá-la em todas as oportunidades e circunstâncias, quer como um namorado saudoso que não vê a hora de reencontrar a amada, quer como uma namorada saudosa que não vê a hora de reencontrar o amado, quer como um esposo preocupado que se vai desabafar e aconselhar com a esposa ou um amigo (ou amiga) prudente, quer como uma esposa preocupada que se vai desabafar e aconselhar com o esposo ou um amigo (ou amiga) prudente.
Vigiar é se manter num estado de consciência em que seja possível ser dirigido por Deus. É uma questão de sintonia, como uma “chave de onda” de rádio, que nos liga com a faixa de onda correspondente. É claro, pois, que para Deus conversar conosco devemos ter equilíbrio emocional, emoções e pensamentos construtivos. As águas revoltas, como que despedaçam a imagem do céu; só no espelho tranquilo de um lago podemos ver refletidas as estrelas do firmamento. Assim também Deus se mira e fala em nós. A falta de controle emocional, os pensamentos negativos, as piadas maliciosas e mentiras com as quais condescendemos, no que chamamos “interesses e imposições comerciais”, debilitam e acabam por destruir o que de bom temos em nós.
“Vigiar e orar” é isto. Não pense que pelo simples fato de se ingressar numa Escola esotérica como a Fraternidade Rosacruz, por honesta e eficiente que seja, em estudando, ouvindo, respondendo-lhe às lições dos Cursos de Filosofia, Bíblico e/ou Astrologia de formação, conseguimos grande avanço. Por esse engano é que muitos antigos Estudantes Rosacruzes chegam a desanimar e até desistem de trilhar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. O estímulo e a orientação vêm de fora, por amor de quem nos deseja elevar. Mas o proveito vem de dentro, de nossa assimilação e prática da verdade. Não é a verdade objetiva que nos liberta, mas a compreensão, a vivência da verdade, a apropriação da verdade e sua expressão prática na vida cotidiana.
Podem objetar que isto seja impossível. Não é fácil realmente, mas é possível. Disse o Cristo aos apóstolos, que os lançaria ao encontro das pessoas comuns, como ovelhas no meio de lobos e, por isso, que “fossem mansos como as pombas, porém prudentes como as serpentes” (Mt 10:16).
O valor e o progresso nos advêm desses pequenos méritos diários. Herói não é o que realiza num gesto denodado um ato grandioso; é o que vence as pequenas provas de todos os dias e persiste no bem, até chegar, degrau e degrau, àquele objetivo de todo Estudante Rosacruz a espiritualidade: o encontro consigo mesmo, a entrega de sua vida ao “Eu superior”, a cujos pés deporemos os despojos de nossas batalhas, como o fez Abrahão e Melquisedeque, porque então, o Cristo interior será nosso “Rei e Sumo Sacerdote” (Hb 7:2-4 e 7:10).
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1971-Fraternidade Rosacruz-SP)
Março de 1916
De tempos em tempos, ficamos chateados ao receber cartas de Estudantes Rosacruzes domiciliados em países que estão em guerra1, nos repreendendo por não tomarmos partido por não defendermos o lado deles. Não houve um só dia, desde que se iniciou este amargo conflito[1], que não tenhamos lamentado profundamente esta pavorosa mortandade, embora reconfortados pelo conhecimento de que ele está ajudando, como nenhuma outra coisa o poderia fazer, a quebrar a barreira entre os vivos e os mortos. Assim, a guerra contribuirá muito para abolir o pesar, que agora as pessoas experimentam, quando se veem separadas dos seus entes amados. Além disso, o sofrimento atual está afastando a maioria dos povos ocidentais dos prazeres do mundo, reconduzindo-os à devoção a Deus. Não houve uma só noite em que não tivéssemos trabalhado diligentemente com os mortos e os feridos, aliviando suas angústias mentais e suas dores físicas.
O patriotismo foi muito bom em outros tempos – bem antigamente –, mas Cristo disse: “Antes de Abraão, Eu sou”[2] (Ego sum). As raças e as nações, incluídas no termo “Abraão”, são fatos evanescentes, mas o “Ego”, que existiu antes de Abraão, o “pai da raça”, ainda existirá quando as nações forem uma coisa do passado. Portanto, a Fraternidade Rosacruz prescinde das diferenças nacionais e raciais, se esforçando por unir todos os seres humanos em um vínculo de amor para que travem a Grande Guerra – a única guerra em que, inflexivelmente e sem trégua, um verdadeiro Cristão deve lutar – a guerra contra a sua natureza inferior. S. Paulo disse: “Eu sei que o bem não mora em mim, isto é, na minha carne. Pois o querer o bem está ao meu alcance, não, porém o praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que eu quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se eu faço o que não quero, já não sou eu que estou agindo, e sim o pecado que habita em mim. Verifico pois esta lei: quando eu quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. Eu me comprazo na lei de Deus segundo o homem interior; mas percebo outra lei em meus membros, que peleja contra a lei da minha razão e que me acorrenta à lei do pecado que existe em meus membros. Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte?”.[3]
S. Paulo não descreve aqui com muita precisão o estado de toda alma aspirante? Não todos sofremos espiritualmente por causa do conflito que se desenrola dentro de nós? Eu espero que haja uma só resposta a essas perguntas, isto é, que esta guerra interna está sendo travada feroz e incansavelmente por cada Estudante da Fraternidade Rosacruz; pois onde não há luta, há uma indicação segura de coma espiritual. E o Corpo de Pecado tem, então, a vantagem. Mas, quanto mais feroz for a luta, mais esperançoso será nosso estado e progresso espiritual.
Aqui, nos Estados Unidos da América, ouvimos falar muito sobre “neutralidade”, “preparação” com fins “defensivos”. Na guerra mais nobre que devemos travar, não pode haver “neutralidade”. Ou há paz, e “a carne” nos governa e nos mantém em sujeição abjeta, ou há guerra travada agressivamente tanto pela “carne” quanto pelo Espírito. E enquanto continuarmos vivendo nesse “corpo de morte”, essa guerra prosseguirá, pois até mesmo Cristo foi tentado, e não podemos esperar uma situação melhor do que Ele.
“Preparação” é um ato edificante. Cada dia torna-se mais necessário nos preparar, pois, da mesma maneira que um inimigo físico tenta encurralar e emboscar um adversário mais poderoso, em vez de se arriscar em uma batalha aberta, assim também as tentações que nos afligem no “Caminho” se tornam mais sutis a cada ano que passa.
Escritores, como Tomás de Kempis[4], costumavam falar de si mesmos como “vermes vis” e usar termos como “auto-humilhação”, porque conheciam o sutil e imenso perigo da “autoaprovação”. Mas, mesmo isso pode ser levado longe demais, e podemos sentir que somos “muito, muito bons” e até “mais santos” que os demais, porque abusamos de nós mesmos; e podemos fazer isso pelo prazer que sentimos ao ouvir outras pessoas nos contradizerem. Na verdade, as armadilhas do Corpo de Desejos são inescrutáveis.
Há uma maneira de estar preparado, e ela é segura: “Olhe para Cristo”, e conserve a sua Mente ocupada em todos os momentos de vigília quando não estiver envolvido em seu trabalho diário, estudando como você pode servi-Lo. Esforce-se, por todos os meios disponíveis, para executar de forma prática as ideias assim concebidos. Quanto mais de perto imitarmos Cristo, mais lealmente seguiremos os ditames do “Eu Superior”, mais seguramente venceremos a natureza inferior e venceremos a única batalha guerra que vale a pena vencer.
(Carta nº 64 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: refere-se à Primeira Guerra Mundial
[2] N.T.: Jo 8:58
[3] N.T.: Rm (7:18-24)
[4] N.T.: também conhecido como Tomás de Kempen, Thomas Hemerken, Thomas à Kempis, ou Thomas von Kempen (1380-1471), Monge e escritor alemão. Tomás de Kempis produziu cerca de quarenta obras representantes da literatura devocional moderna. Destaca-se o seu livro mais célebre, Imitação de Cristo, composto por quatro volumes, no qual apela a uma vida seguida no exemplo de Cristo, valorizando a comunhão como forma de reforçar a fé.
Como estudamos no livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz: “os Símbolos Divinos que foram dados a nós, de tempos em tempos, falam àquele fórum da verdade que está dentro de nossos corações, e despertam nossa consciência para ideias divinas inteiramente além das palavras. Portanto, o simbolismo, que desempenhou um papel importantíssimo em nossa evolução passada, ainda é uma necessidade primordial em nosso desenvolvimento espiritual; daí a conveniência de estudá-lo com nossos intelectos e nossos corações.”
Contemplando as rosas na cruz do Símbolo Rosacruz primeiro notamos que elas são da cor vermelho-sangue, cuja cor representa as atividades de Deus na natureza se manifestando como o Espírito Santo. O paralelo humano aponta para o mistério do Sangue Purificado.
O sangue é o veículo através do qual nós, o Ego, mantemos o controle do nosso Corpo Denso, e em particular através do ferro mediado por Marte, tornando possível o calor necessário no sangue. Por meio dos processos de viver retamente, as vibrações do Corpo Denso são harmoniosamente elevadas e o sangue é purificado e transformado no Sangue de Cristo. Este é um dos processos regeneradores do Cristo em nós, o nosso Cristo Interno. Alguns dos frutos desta condição são que o Corpo Denso se torna um instrumento nosso mais sensível e responsivo. Os poderes dele de imunidade são fortalecidos. Se alguém sofrer a picada de uma cobra venenosa, o veneno é neutralizado e eliminado, como afirma a Bíblia.
Quando Cristo-Jesus ressuscitou dos mortos, Ele veio aos Seus apóstolos e os imbuiu com o Poder do Espírito Santo em cumprimento à Sua promessa. Este foi o Batismo de Fogo. Ele só pode ser invocado com segurança, quando estamos estabelecidos nos Princípios de Cristo, os Princípios Crísticos. Nos Mistérios ou Iniciações, este Batismo é a realização do Casamento Místico, ou a união da Personalidade (o “eu inferior”) com a Individualidade (o “Eu superior”). As barreiras na Mente concreta são queimadas e grandes obras seguem.
Assim como as sete Rosas Vermelho-sangue no Símbolo Rosacruz se referem, macrocosmicamente, às sete Hierarquias Criadoras atualmente ativas na evolução humana, no nível microcósmico elas se referem aos sete dons pentecostais que cada Aspirante à semelhança de Cristo alcançará.
A Primeira Rosa é um penhor da bela promessa de Clarividência e Clariaudiência, ou visão clara e audição clara dos Mundos invisíveis. Quando, no progresso espiritual científico no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, os canais dos sentidos forem limpos de obstruções e harmoniosamente sintonizados com vibrações supranormais, essas habilidades serão adquiridas. Eles estão sob o controle da vontade iluminada e são usadas no amor para justamente o serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada irmão e em cada irmã no nosso entorno. Esta primeira Flor do Espírito tem sua raiz, folha e seu broto na vida diária simples. A observação é o começo de toda a realização espiritual. Você veria claramente? Então deseje de todo o coração ver “de maneira direta” – sem instrumentos físicos ou por meio de outra pessoa – e compreensivamente. Livre a Mente do preconceito e das opiniões preconcebidas. Absorva a verdade do que você contempla, deixando de lado todas as ilusões do “eu inferior” que distorcem a sua visão. Somente os olhos do amor podem ver a verdade. A audição clara, a Clariaudiência, também depende das qualidades acima e do cultivo de um foco pronto e completo da atenção. Você chegará a entender outras pessoas muito melhor pelo cultivo e persistência em fazer o Exercício Esotérico de Observação, focando a sua atenção em uma atitude gentil e, assim, as revelações seguirão.
A Segunda Rosa é o símbolo da profecia. Este poder do Espírito Santo fornece o discernimento das causas de eventos passados e presentes e confere a inspiração para prever o futuro. É essencialmente um poder intelectual de discernimento aguçado. E isso se obtém com a prática constante do Exercício Esotérico de Discernimento. O Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz exige o cultivo da capacidade de identificar o essencial entre o não essencial na experiência e evolução humanas. Cego para o futuro que estão criando por atividade não iluminada, uma Humanidade sofredora clama por líderes de visão verdadeira. Esta condição escurecida é um resultado da Mente concreta estar em seu estágio de evolução de Saturno ou mineral; ela ainda não despertou na consciência espiritual. Estamos construindo formas de pensamento e desenvolvendo faculdades, mas não dotamos a Mente com a sabedoria do Coração. Devemos aprender a correlacionar adequadamente Causa e Efeito. Sem essa habilidade, não estamos nem preparados para receber e seguir um profeta, porque não desenvolvemos os meios infalíveis para provar sua verdade. Então, tateamos até que, em conformidade com as Leis Divinas, escrevemos nas “tábuas de carne de nossos corações”[1]. “Ainda que eu tenha o dom de profecia e não tenha amor, nada sou.”[2] Então, no amor, estudamos causa e efeito e aprendemos a profetizar.
A Terceira Rosa designa o poder de ensinar a Verdade e o conhecimento que a Verdade gera. Aprendemos por meio dos sentidos, das emoções e do pensamento, mas todas essas faculdades estão sujeitas a erros. Todo entendimento verdadeiro se origina no “Eu superior”; ele vem de cima. Embora primeiro tome forma na Mente abstrata, ele deriva sua sabedoria e seu poder do Mundo do Espírito da Vida.
À medida que nos afastamos da vida pessoal e nos esforçamos para viver a vida espiritual, gradualmente, estabelecemos linhas de força ou canais de comunicação entre a Mente concreta e a Mente abstrata. Finalmente, com a ajuda do Espírito Santo, o Casamento Místico é consumado. A partir desse momento, a Verdade é discernida em medida cada vez maior. Não precisamos mais confiar inteiramente nos registros dos outros. Lemos no livro Memória da Natureza, que é o pergaminho de Deus. O julgamento justo é alcançado, e podemos então distinguir, infalivelmente, entre profetas verdadeiros e falsos. Ensinar no conhecimento da Verdade nos ajuda a ser todas as coisas para todos os seres humanos e fornecer a eles o que é realmente necessário, de acordo com suas necessidades. É então que nos tornamos canais verdadeiros e autoconscientes para os Irmãos Maiores em seu trabalho pela Humanidade. Então “nascerá o Sol da Justiça, com cura em Suas asas” (Mal 4:2).
A Quarta Rosa convida à meditação sobre a natureza do Poder de Cura, os métodos de adquiri-lo e os frutos de sua operação. Da Divindade em nós emanam três fluxos especializados de energia radiante: Força de Vontade, Sabedoria e Atividade, correlacionados aos raios azul, amarelo e vermelho, respectivamente. O Poder de Cura é essencialmente do raio dourado, tendo sua fonte no Espírito da Vida, operando através da Alma Intelectual sobre a Mente. A natureza desta vibração é harmonizadora e vitalizante. Deus é Amor, Sabedoria e Luz; portanto, todo o sofrimento e toda a discórdia na experiência humana são o resultado de expressar nossas energias fora de harmonia com as Leis Divinas, que é sempre imutável. Durante a metade marciana do presente Período Terrestre ou, mais especificamente, até a metade da quarta Revolução no Globo D do Período Terrestre, a tônica principal da atividade humana foi caracterizada pela diferenciação, repulsão e força centrífuga. Durante a metade mercuriana (da metade da quarta Revolução no Globo D do Período Terrestre em diante), estamos lentamente aprendendo a verdadeira relatividade e as Leis da Natureza. O Discípulo da Cura deve seguir as sequências indicadas na analogia divina. Ele deve endireitar os caminhos do Senhor[3] em si mesmo. Paz, purificação, compreensão e amor devem se tornar seu estado de ser. Entre os frutos da Cura Espiritual Rosacruz, a recuperação de doenças físicas é o último fator a ser considerado, pois é o efeito da saúde, força e regeneração primeiramente transmitido aos veículos superiores. Devemos lidar com as causas da discórdia. Todos os métodos de cura que não consideram esse processo de regeneração como primordial apenas frustram a Natureza em suas medidas corretivas, que estão lenta, mas seguramente nos levando à conformidade com as Leis Divinas.
A Quinta Rosa simboliza o poder de expulsar demônios. “Fará coisas ainda maiores do que estas”[4]. Este poder da Mente Divina, a Mente Crística, inclui a capacidade de nos libertar de todas as formas de obsessão em inimizade com Deus e o ser humano. Residências para os psiquicamente perturbados estão lotadas de infelizes que são vítimas de vários tipos de obsessão, desde a de um pensamento ou emoção até a de entidades desencarnadas. Vamos esperar libertá-los pela promessa fiel de nosso Salvador. Aprendemos a natureza dos demônios por uma longa lista de qualidades descritas em qualquer enciclopédia bíblica. Violência, luxúria, engano, sutileza, orgulho, mentira, crueldade e medo são algumas das enumeradas. Aqui temos um esboço claro da obra que cada Discípulo de Cristo deve primeiro realizar dentro de si mesmo. Como podemos esperar expulsar demônios dos outros sem primeiro expulsá-los de nós mesmos! Vamos “vigiar e orar, para que não entremos em tentação”[5].
A Sexta Rosa relembra à nossa aspiração o poder glorioso da Palavra manifestado por nosso Senhor quando Ele acalmou a tempestade no mar da Galileia[6] e liberou a vida da figueira estéril[7]. Existem grandes Inteligências que comandam as atividades dos Elementais do Fogo, Ar, da Água e Terra. A Mente Crística pode comungar com esses seres espirituais e modificar as atividades de seus encargos. O cultivo do poder da Palavra tem seu humilde começo na condução de nossas atividades diárias. Quando consagramos o privilégio sagrado da fala à verdade e ao amor, um poder gradualmente impregna a palavra, e nossos ouvintes sentem algo dentro de si concedendo consentimento. Confiança e compreensão brilham de alma para alma: “Que as palavras da minha boca e as meditações do meu coração sejam agradáveis a Tua presença, ó Senhor, minha força e meu Redentor.”
A Sétima Rosa é emblemática do poder glorioso de ressuscitar os mortos. Como todos os outros dons espirituais, ela tem muitas aplicações. De uma forma geral, significa a sobrevivência do verdadeiro Eu após a morte da Personalidade ou do “eu inferior”. Elias ressuscitou o filho da viúva como uma testemunha do poder de Deus. Cristo Jesus ressuscitou Lázaro como uma testemunha do poder de Deus, naqueles a quem Ele envia como mensageiros para uma Humanidade espiritualmente adormecida.
A ressurreição de Lázaro é o símbolo da Iniciação espiritual. Quando o tempo de preparação é cumprido, a alma na consciência desperta se separa do Corpo Denso e entra nos Mundos invisíveis onde o propósito divino é revelado e os registros das fases passadas da evolução humana são mostrados na Memória da Natureza.
Sabedoria e maestria das forças da Alma e do Espírito dotam o Iniciado com poder glorioso para guiar e auxiliar a Humanidade. O medo da morte é conquistado e a morte física é reconhecida como um evento misericordioso na Vida Eterna.
Mas podemos ressuscitar os mortos no poder da revelação que nos chegou nos ensinamentos dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Por nossa compreensão e pelas experiências que nos chegaram como Probacionistas e Discípulos, estamos equipados com conhecimento que pode convencer as pessoas que acreditam ser apenas entidades físicas condenadas à extinção na morte, que são essencialmente divinas e eternas em ser. Então nós os ressuscitamos dos mortos. “Ó Morte, onde está teu aguilhão, ó Sepultura, onde está tua vitória”[8], quando conhecemos o propósito da vida e nosso parentesco com nosso Criador?
A Rosa Branca que a Fraternidade Rosacruz utiliza: no Ritual do Serviço Devocional do Templo, no Ritual do Serviço Devocional de Cura e outros Rituais do Serviço Devocional é o início e o fim dos seus Símbolos de aspiração espiritual. No Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz, simboliza a paz e purificação, duas condições que devem ser estabelecidas como estados de ser antes que as obras superiores sejam alcançadas. Na analogia sublime, a Rosa Branca indica a transmutação de todos os poderes na Luz Branca de Deus. Na luta diária para conformar nossas vidas ao Plano Divino, estamos construindo o Corpo-Alma, o corpo celestial de luz, no qual funcionamos como Auxiliares Invisíveis.
“São as pequenas sementes de pensamentos gentis que são espalhadas aqui e ali, Que produzem uma colheita abundante, para que todo o mundo possa compartilhar.”
(Publicado na Revista Rays from The Rose Cross de novembro-dezembro/1997 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: Começaremos de novo a nos recomendar? Ou será que, como alguns, precisamos de cartas de recomendação para vós ou da vossa parte? Nossa carta sois vós, carta escrita em nossos corações, reconhecida e lida por todos os homens. Evidentemente, sois uma carta de Cristo, entregue ao nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações!”. Tal é a certeza que temos, graças a Cristo, diante de Deus. (IICor 3:1-5)
[2] N.T.: ICor 13:2
[3] N.T.: Is 40:3-4 e Is 45:2-3, e em Pb 3:6-10
[4] N.T. Jo 14:12
[5] N.T.: Mt 26:41
[6] N.T.: Depois disso, entrou no barco e os seus discípulos o seguiram. E, nisso, houve no mar uma grande agitação, de modo que o barco era varrido pelas ondas. Ele, entretanto, dormia. Os discípulos então chegaram-se a ele e o despertaram, dizendo: “Senhor, salva nos, estamos perecendo!”. Disse-lhes ele: “Por que tendes medo, homens fracos na fé?”. Depois, pondo-se de pé, conjurou severamente os ventos e o mar. E houve uma grande bonança. Os homens ficaram espantados e diziam: “Quem é este a quem até os ventos e o mar obedecem?”. (Mt 8:23-27)
[7] N.T.: Contou ainda essa parábola: “Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Veio a ela procurar frutos, mas não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho buscar frutos nesta figueira e não encontro. Corta-a; por que há de tornar a terra infrutífera?’ Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda este ano para que eu cave ao redor e coloque adubo. Depois, talvez, dê frutos… Caso contrário, tu a cortarás’”. (Lc 13:6-9)
[8] N.T. ICor 15:55
Tantas pessoas ouvem e veem o termo “o Caminho”, mas quanto à sua localização, poucos sabem ou parecem se importar. Toda a Humanidade deve, mais cedo ou mais tarde, chegar ao lugar onde a entrada dele está escondida. No primeiro portão, guardando a entrada do Caminho, sacrifícios são exigidos e é o Ego (o que realmente você é, ou seja, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana) que os exige. Aparentemente, você é chamado a fazer esses sacrifícios pelo bem dos outros, mas eles são realmente para o bem final da sua própria alma. Esse fato é escondido do neófito até que ele tenha feito os sacrifícios. Há muitos portões pelos quais você tem que passar antes de chegar ao teste final. Em cada um deles, você deve ser capaz de desistir de algo.
Lembre-se que as coisas que são valiosas para você no Mundo exterior, absolutamente, não têm nenhum valor no Caminho. Orgulho e ambição são duas coisas que são “excesso de bagagem” e quanto mais cedo forem deixadas de lado, mais cedo você encontrará o Caminho. Muitas coisas que eram úteis no mundo serão um fardo no Caminho.
Os portões para o Caminho não podem ser revelados a você por outra pessoa; mas outra pessoa pode fornecer as regras pelas quais você pode encontrá-los. Depois de ter passado pelo primeiro portão, certifique-se de que seus motivos estejam certos, porque se você tiver o mínimo de egoísmo restante, achará ainda mais difícil eliminá-lo.
Depois de chegar ao último estágio, o neófito deve colocar sua própria alma na balança, antes que ele possa passar pelo Guardião do portão. Ele será questionado se quer continuar sozinho e se desenvolver, ou se deseja parar onde está e ajudar os outros; se ele escolher continuar, ele falhará em seu teste, mas ele nem saberá que falhou. No entanto, quem, neste último portão, estiver disposto a sacrificar seu próprio progresso para ajudar os outros, descobrirá que este foi o último teste para ver se cada pedaço de egoísmo foi erradicado.
Você descobrirá que ficar para trás para ajudar os outros pode, por muito tempo, parecer algo ruim, pois aqueles a quem você quer ajudar podem recusar a sua ajuda; eles talvez pensem que você esteja interferindo em seus assuntos e podem até tratá-lo com desprezo. Mas isso também é um teste, já que é necessário observar se você pode permanecer na ingratidão e injustiça e, ainda assim, estar disposto a continuar. A alma neste estágio deve ser crucificada por experiências desse tipo. Depois que permite que isso aconteça, uma grande paz se seguirá, junto de uma felicidade além das palavras. Então o neófito, que é um Aspirante à vida superior, saberá que algo foi ganho e não pode ser tirado.
Após essa avaliação, a dualidade que constantemente incomodava o neófito não está mais em evidência, pois o “Eu superior” e o “eu inferior” se tornaram um. Não há palavras que possam descrever o estado de consciência resultante dessa fusão: ele precisa ser experimentado para ser compreendido.
O Discípulo agora não precisa de algo que esteja fora de si mesmo, pois conhece a Lei e se tornou um com ela. Ele não se preocupa quando vê seus amigos passando por experiências amargas, porque sabe que apenas dessa maneira a consciência da sua própria Divindade será revelada a eles.
E se tornou uma seta no Caminho, que nada mais é do que o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz!
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março de 1921, e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Os verdadeiros presentes de Natal são mais profundos que aqueles que muitos de nós dão, por ensejo tradicional.
Afinal, o Caminho da Espiritualidade começa em dar de si. Não se trata de dar presentes, mas dar de si mesmo, nas menores coisas e manifestações (pelos pensar, sentir, falar e agir). Tal é “o caminho mais curto, o mais seguro e mais agradável que nos conduz à Deus” (que repetimos todas as vezes que oficiamos o Ritual do Serviço Devocional do Templo), ou seja, à religação consciente com o “Eu superior”, o que realmente somos, a Individualidade, o Ego, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui.
O Natal é o símbolo da culminância de um estado de transição, do humano para o espiritual. Para chegar a esse portal e ser admitido como “novo nascido” é mister aprender a lição do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base para a Fraternidade Universal, em cada minuto do ano.
Cristo é o divino presente a que todos devemos almejar: é o coração que preparamos para recebê-lo; é a consciência despojada de valores negativos que pode conceber o Messias interno. Devemos nos preparar, “Somos Cristos em formação”, como nos ensina S. Paulo em suas Epístolas. Que Deus fortaleça nossas aspirações!
Vamos falar do símbolo que há no pinheirinho de Natal. O pinheirinho é árvore de folhas perenes. No auge do inverno no hemisfério norte, quando a neve se vai acumulando, pesando e crestando suas folhas, ele permanece firme, à espera do hálito quente da primavera que vem reanimá-lo. Daí haver sido tomado como símbolo da vida eterna, que transita pelas estações do ano, inalterável aos desafios dos renascimentos, ereto, olhando para o céu e levantando os braços em oração.
A silhueta do pinheiro é triangular. O triângulo com a ponta para cima é o símbolo da Trindade Divina, em que reside a vida eterna. Seu verde constante é o símbolo da esperança que não se abate nas vicissitudes.
Assim, não importa que aqui no hemisfério sul não haja neve. Pense no símbolo e ponha uns flocos de algodão sobre as folhas de seu pinheirinho. E as lampadazinhas lembrarão o significado da vida, que por si só ele exprime.
Agora, vamos falar sobre a simbologia que há nas velas natalinas. As velas que se acendem ou que figuram nos adornos natalinos, representam a luz do Aspirante à vida superior, Cristão. Nosso estado atual de consciência ainda não pode libertar a luz total do Espírito interno. É apenas uma fresta, uma pequenina luz. No entanto, todas as trevas do mundo não podem esconder a luz de uma pequenina vela. Ao contrário, quanto mais profunda as trevas, mais ressalta a luz, por pequena que seja. Se não podemos ser uma estrela, sejamos uma lâmpada que alumia a todos e a nós mesmos. Se não podemos ser uma lâmpada, sejamos, pelo menos uma pequena vela. Dizendo melhor, não é que humanamente possamos ser alguma coisa. Em verdade depende de compreendermos que o Divino, em nós, é quem faz. “Deus é Luz” (IJo 1:5). Somos feitos à Sua imagem e semelhança. Basta, pois, que deixemos a luz interna brilhar, na medida em que removemos os condicionamentos da Personalidade, como as nuvens desfeitas revelam o Sol. Acenda as velas de Natal e pense nisso.
Será que o verdadeiro “Papai Noel” – não esse que temos nos comerciais vestido de vermelho, azul e outras cores e o branco e que, para muitos, é o que é o Natal – também é um símbolo natalino? Vejamos! A figura simpática, sempre esperada, de “Papai Noel” ou S. Nicolau (conforme a tradição) está ligada a Júpiter, governante de Sagitário: alto, forte, rosado, risonho, dadivoso – as características físicas e internas de Júpiter, Regente de Sagitário, que precede e anuncia o Natal.
E por falar em presentes, não podíamos deixar de citar os três Reis Magos e seus presentes. Vamos ver a simbologia que aqui há: a narrativa da visita dos Reis Magos está no Evangelho segundo S. Mateus[1]. Nesse trecho se fala indeterminadamente de alguns magos que vieram do oriente. A tradição designou três representantes das Raças: branca, amarela e negra. Beda, um escritor inglês (673-735) foi quem os batizou de Gaspar, Melchior e Baltazar. A palavra “mago” vem do hebraico “magh”, em sânscrito “mahat”, que significa “grande”.
A simbologia é clara: a realização do verdadeiro Cristianismo há de abraçar a Humanidade inteira e dissolver todo o conceito de Raças na unidade espiritual. Mas, isso acontecerá quando cada um de nós se tornar um “mago”, isto é, grande (por dentro), um rei (que governa a si mesmo), ao alcançar a união com o “Eu superior” – e servir à “divina essência oculta” em todos nossos irmãos e nossas irmãs, acima de todos os preconceitos que são as divisórias atuais.
Os presentes que três Reis Magos deram: ouro, incenso e mirra são alegorias do Espírito, Corpo e Alma, respectivamente. Estamos evoluindo, e quando iluminados pela consciência é o ouro depositado das escórias. A mirra é uma erva amarga (resina de Balemodendron) procedente da Arábia e alude às dores e dificuldades com que o nós, o Ego humano, evoluímos acumulando nossas experiências por meio dos Renascimentos aqui. O incenso é utilizado nos ofícios religiosos para incorporação de Elementais que trabalham, sob as ordens dos Anjos, pela respectiva comunidade. A Fraternidade Rosacruz desaconselha o seu uso e prefere meios internos, já que é um recurso de incorporação. Daí estar ligado com o “corpo”.
Conjuntamente, os presentes dos magos representam a dedicação integral do Aspirante à vida superior ao seu Cristo Interno, quando Ele nasce. Somente quando a consciência do que realmente somos (a Individualidade, um Espírito, um Ego humano) desperta se diz que o Cristo Interno nasceu.
O Cristo definiu essa dedicação integral como o maior mandamento Cristão: “Amar a Deus (o Divino em si, nos semelhantes e no Universo) de todo o coração, de todo o entendimento, com todas as forças, de toda alma” (Mt 12:30).
Agora, vamos ver o símbolo que há oculto no presépio natalino. Segundo a história, o presépio foi instituído por S. Francisco de Assis, para representar a cena da manjedoura, descrita pelo Evangelho segundo S. Lucas. Seria ideal que nossos filhos e nossas filhas aprendessem a modelar as figurinhas de massinha, para representar essa cena. Uma caixa de areia, com o auxílio de uns pedaços de plástico para imitar os rios, pontilhões de papelão, manjedoura com palhinha e pauzinhos, detritos de madeira serrada e pintados de verde, para imitar a grama, fixam vivamente, no íntimo da criança, o cenário natalino, de tão formosos símbolos. O presépio nos enseja ocasião de explicar às crianças, com palavras simples, aquilo que Cristo pede a cada um de nós (“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, não para os homens.” (Col 3:23); “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade.” (IICor 9:7); “Devemos dar nossa vida pelos irmãos.” (IJo 3:16)). José e Maria não encontram lugar para Jesus nascer e tiveram que se ajeitar em uma manjedoura (lugar anexo à casa onde pernoitavam e alimentavam os animais, principalmente no inverno). Pergunta: Você tem um lugarzinho em seu coração, para nascer Jesus?
A cidade se chamava Belém, que significa “casa do pão”. Essa “casa de pão” é o nosso coração, quando aprendemos a viver bem, isto é, quando aproveitamos as oportunidades de cada dia, como grãozinhos de trigo, e vamos moendo, cozendo, com bons pensamentos, sentimentos, desejos, boas emoções, palavras verdadeiras e amorosas, atos bons, ações e obras boas, o pão vivo, a hóstia sagrada.
Belém ficava na região da Galileia, que significa “Jardim fechado”; quer dizer o nosso íntimo, o lugar secreto do Altíssimo mencionado no Salmo 91[2]. Ali é que tem que nascer nosso Cristo Interno, como “nasceu” o Cristo aqui entre nós. É Cristo que nos ensina que deve haver um Natal interno. Angelus Silésius nos ensinou: “Ainda que o Cristo nascesse mil vezes em Belém, se não nascer dentro de ti, tua alma continuará extraviada… Olharás em vão a cruz do Gólgota, a menos que ela seja erguida em teu próprio coração”.
José conduziu Maria grávida, para Belém. Também nós devemos estar cheios de luz, de bem, de amor, de entendimento da verdade espiritual, para que nasça o Cristo Interno. A gestação é de tempo variável: depende do nosso preparo. Podemos abreviá-lo ou retardá-lo. Os incômodos da gravidez são altamente compensados pela alegria do nascimento.
O menino se chamou Jesus. Jesus significa “aquele que é salvo por Deus”. Salvo de quê? De quem? De você mesmo, de sua falsa Personalidade, egoísta, que é o “anticristo”. Só a Graça de Deus pode conseguir isso, bem como aprendemos no Livro das Crônicas: “Não temais, não vos deixeis atemorizar diante dessa imensa multidão; pois esta guerra não é vossa, mas de Deus.” (IICro 20;15). Então você poderá se chamar também Jesus, “aquele que é salvo por Deus”.
A mesma Trindade (pai, mãe e filho, aqui representada por José, Maria e Jesus respectivamente) aparece igualmente na tradição filosófica de outros países. Sempre um iluminado ser nascia de uma “virgem” e esses Iniciados estavam relacionados com o Sol. Entre os persas foi Mitras; entre caldeus foi Tamuz; entre os egípcios foi Horus, filho de Osíris e Isis. Os antigos deuses do norte previam a aproximação da “luz-dos-Deuses” como a chegada de Surt, o brilhante Sol-Espiritual desses deuses e inaugurar harmonia em “”Gimie”, a terra regenerada.
Só o Cristianismo fala de Alguém que veio e que voltará!
No ponto de vista externo, exotérico, essas crenças criaram a adoração do Sol, como fonte de espiritualidade, luz e vida. Em todas as partes se construíram os Templos com as portas em direção ao Leste, onde “nasce o Sol”.
Do ponto de vista interno, esotérico, o “místico Sol da meia-noite” há de brilhar na escuridão da nossa inconsciência atual, com o irromper da Luz interna, do Cristo Interno, que vem estabelecer definitiva harmonia em nosso ser, quando estejamos preparados, em condição de uma “terra regenerada”, isto é, uma Personalidade transformada para servir de canal ao “Eu superior”. Isso pressupõe uma Personalidade humilde (a “manjedoura”) e a parte instintiva, animal, domesticada (o boi e o burrico) que S. Francisco de Assis colocou ali inspirado pelo Livro de Habacuc[3].
De um prisma cósmico, mais amplo, Cristo veio efetivamente do Sol, pois é o mais elevado Iniciado entre os Arcanjos. O que possibilitou Sua vinda foi o preparo de Jesus, que lhe cedeu os veículos Corpo Denso e Corpo Vital, para que se manifestasse entre nós como um ser humano. “Como é em cima é em baixo” e, assim, para manifestação do Cristo Interno é necessário que a Personalidade se regenere. Então, se cumpre a profecia da vinda do Messias o “Himmanu-El”[4], “o Deus conosco” – Aquele que nascerá no íntimo de cada um de nós, quando transformado e libertado.
O nascimento de Jesus foi narrado por S. Mateus e S. Lucas. Cada um deles fez a narrativa de forma diversa, porque os Evangelhos são métodos de Iniciação. S. Mateus é o método masculino, positivo, do fator vontade. Sua narrativa é marcada de aventuras e perigos. José é avisado pelo Anjo para receber Maria, que “concebeu do Espírito Santo”, o que mostra que da vontade humana não pode vir a realização espiritual, mas de uma fonte mais elevada, pois é Deus-Pai “em mim quem faz as obras; eu, de mim mesmo, nada posso”. Receber a visita dos Reis Magos seus presentes (dedicação consciente ao Cristo interno. Prevalece o fator masculino). José é avisado novamente para deixar Belém, antes do ataque de Herodes (o egoísmo, natureza inferior enciumada), refugiando-se no Egito, a Terra do Silêncio (o preparo interno e silencioso). Já em S. Lucas é o método místico na cena da manjedoura, em humildade e recolhimento, mostrando que o processo de preparo é interno, reservado. É sempre Maria (o fator feminino, coração) que é avisada pelo Anjo. Ela deve ser virgem (um ser humano despojado de impurezas internas, em sua imaginação, o lado feminino), desposada com José, um viúvo, segundo a tradição, ou seja, a vontade humana a serviço do justo, desligada da esposa, do mundo, do vício.
Na Fraternidade Rosacruz aprendemos que os dois lados são necessários: o Ocultista (intelecto, cabeça, razão) e o Místico (coração, a devoção). Por isso, a Fraternidade Rosacruz adota os emblemas de uma lâmpada ou lamparina (a razão) e de um coração (a devoção), que são os dois polos que temos. Quando esses dois polos se aperfeiçoam, de seu encontro nasce a luz, a sabedoria interna, decorrente da união do amor e do conhecimento, para tornar a Mente amorosa e o Coração sábio.
O fato histórico existiu e persiste como tradição, porque esotericamente a vida de Cristo-Jesus é um convite à realização interna. À nossa maneira, todos devemos realizar, individualmente, as fases daquele que nos serviu de modelo.
Agora, vamos ver como é o verdadeiro presente natalino que todos, pobres e ricos, bons e maus, crianças e idosos, homens e mulheres e quaisquer outras “duplas” que podemos segmentar recebem na época do Natal.
Do ponto de vista cósmico é o que anuncia o presente do céu: o Cristo do Ano Novo, a vida que vem dar novo alento à Terra (na noite mais longa e escura do Ano) física, em uma boa parte da Terra e espiritual em toda à Terra; o Cristo é a promessa da nova vida, com a beleza de cores e perfumes, com as sementes que se converterão em alimento físico e espiritual, para que a Humanidade não pereça.
Do ponto de vista coletivo, Cristo é o presente celeste, confortando pelo novo impulso de altruísmo e luz que dá ao globo terrestre, para nos assegurar a evolução e nos livrar de uma nova espécie de “Queda do Homem”. É um eterno presente, já que Ele voluntariamente se encadeou a cruz do mundo, até que sejamos salvos: “Estarei convosco até a consumação dos séculos” (Mt 28-20).
Do ponto de vista individual, é a promessa do fruto espiritual, já que todos somos “Cristos em formação” e Ele é o modelo, o exemplo que todos devemos imitar, a nosso modo, internamente. É o convite de um Natal interno, pela religação consciente com o “Eu superior”.
Assim, de modo geral, os presentes natalinos e o coração generoso que os oferece, representam as dádivas divinas, em todos os sentidos, já que “Deus é Amor” (IJo 4:8). É o Espírito de Natal expresso em todos os minutos do ano, mas que assumiu sua mais significativa expressão pela vinda do Cristo, o excelso presente.
Oxalá que esta orientação do Cristianismo Esotérico da Filosofia Rosacruz lhe traga uma nova abertura e um firme propósito para alcançar essa meta sublime!
(Publicado na Revista O Encontro Rosacruz de dezembro/1982 – Fraternidade Rosacruz de Santo André-SP)
[1] N.R. : Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram magos do Oriente a Jerusalém, 2perguntando: “Onde está o rei dos judeus recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no seu surgir e viemos homenageá-lo”. 3Ouvindo isso, o rei Herodes ficou alarmado e com ele toda Jerusalém. 4E, convocando todos os chefes dos sacerdotes e os escribas do povo, procurou saber deles onde havia de nascer o Cristo. 5Eles responderam: “Em Belém da Judéia, pois é isto que foi escrito pelo profeta: 6E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és o menor entre os clãs de Judá, pois de ti sairá um chefe que apascentará Israel, o meu povo”. 7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e procurou certificar-se com eles a respeito do tempo em que a estrela tinha aparecido. 8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: “Ide e procurai obter informações exatas a respeito do menino e, ao encontrá-lo, avisai-me, para que, também, eu vá homenageá-lo”. 9A essas palavras do rei, eles partiram. E eis que a estrela que tinham visto no seu surgir ia à frente deles até que parou sobre o lugar onde se encontrava o menino. 10Eles, revendo a estrela, alegraram-se imensamente. 11Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o homenagearam. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. 12Avisados em sonho que não voltassem a Herodes, regressaram por outro caminho para a sua região.
[2] N.R.: 1Quem habita na proteção do Altíssimo pernoita à sombra de Shaddai, 2dizendo a Iahweh: Meu abrigo, minha fortaleza, meu Deus, em quem confio! 3É ele quem te livra do laço do caçador que se ocupa em destruir; 4ele te esconde com suas penas, sob suas asas encontras um abrigo. Sua fidelidade é escudo e couraça. 5Não temerás o terror da noite nem a flecha que voa de dia, 6nem a peste que caminha na treva, nem a epidemia que devasta ao meio-dia. 7Caiam mil ao teu lado e dez mil à tua direita, a ti nada atingirá. 8Basta que olhes com teus olhos, para ver o salário dos ímpios, 9tu, que dizes: Iahweh é o meu abrigo, e fazes do Altíssimo teu, refúgio. 10A desgraça jamais te atingirá e praga nenhuma chegará à tua tenda: 11pois em teu favor ele ordenou aos seus anjos que te guardem em teus caminhos todos. 12Eles te levarão em suas mãos, para que teus pés não tropecem numa pedra; 13poderás caminhar sobre o leão e a víbora, pisarás o leãozinho e o dragão. 14Porque a mim se apegou, eu o livrarei, eu o protegerei, pois conhece o meu nome. 15Ele me invocará e eu responderei: “Na angústia estarei com ele, eu o livrarei e o glorificarei; 16vou saciá-lo com longos dias e lhe mostrarei a minha salvação”.
[3] N.R.: 1 Título — 1Oráculo que o profeta Habacuc recebeu em visão.
I. Diálogo entre o profeta e o seu Deus
Primeira lamentação do profeta: a derrota da justiça
2Até quando, Iahweh, pedirei socorro e não ouvirás, gritarei a ti: “Violência!”., e não salvarás? 3Por que me fazes ver a iniquidade e contemplas a opressão? Rapina e violência estão diante de mim, há disputa, levantam-se contendas! 4Por isso a lei se enfraquece, e o direito não aparece nunca mais! Sim, o ímpio cerca o justo, por isso o direito aparece torcido!
Primeiro oráculo: os caldeus flagelo de Deus
5Olhai entre os povos e contemplai, espantai-vos, admirai-vos! Porque realizo, em vossos dias, uma obra, vós não acreditaríeis, se fosse contada. 6Sim, eis que suscitarei os caldeus, esse povo cruel e impetuoso, que percorre vastas extensões da terra para conquistar habitações que não lhe pertencem. 7Ele é terrível e temível, dele procede seu direito e sua grandeza! 8Seus cavalos são mais rápidos do que panteras, mais ferozes do que lobos da tarde. Os seus cavaleiros galopam, seus cavaleiros chegam de longe, eles voam como a águia que se precipita para devorar. 9Acorrem todos para a violência, sua face ardente é como um vento do oriente; eles amontoam prisioneiros como areia! 10Ele zomba dos reis, príncipes são para ele motivo de riso. Ele se ri de toda fortaleza; ele amontoa terra e a toma! 11Então o vento virou e passou… É culpado aquele cuja força é seu deus!
Segunda lamentação do profeta: as extorsões do opressor
12Não és tu, Iahweh, desde o início o meu Deus, o meu santo, que não morre? Iahweh, tu o estabeleceste para exercer o direito, ó Rochedo,” tu o constituíste para castigar! 13Teus olhos são puros demais para ver o mal, tu não podes contemplar a opressão. Por que contemplas os traidores, silencias quando um ímpio devora alguém mais justo do que ele? 14Tu tratas o homem como os peixes do mar, como répteis que não têm chefe! 15Ele os tira a todos com o anzol, puxa-os com a sua rede e os recolhe em sua nassa; por isso ele ri e se alegra! 16Por isso ele oferece sacrifícios à sua rede, incenso à sua nassa; pois por causa delas a sua porção foi abundante e o seu alimento copioso. 17Esvaziará ele, sem cessar, a sua rede, massacrando os povos sem piedade?
2 Segundo oráculo: o justo viverá por sua fidelidade
1Vou ficar de pé em meu posto de guarda, vou colocar-me sobre minha muralha e espreitar para ver o que ele me dirá e o que responderá à minha queixa. 2Então Iahweh respondeu-me, dizendo: “Escreve a visão, grava-a claramente sobre tábuas, para que se possa ler facilmente. 3Porque é ainda uma visão para um tempo determinado: ela aspira por seu termo e não engana; se ela tarda, espera-a, porque certamente virá, não falhará! 4Eis que sucumbe aquele cuja alma não é reta, mas o justo viverá por sua fidelidade”.
II. Maldições contra o opressor
Prelúdio
5Verdadeiramente a riqueza engana! Um homem arrogante não permanecerá, ainda que escancare suas fauces como o Xeol, e, como a morte, seja insaciável; ainda que reúna para si todas as nações e congregue a seu redor todos os povos! 6Não entoarão, todos eles, uma Sátira contra ele? não dirigirão epigramas a ele? Eles dirão:
As cinco imprecações
I Ai daquele que acumula o que não é seu, (até quando?) e se carrega de penhores! 7Não se levantarão, de repente, os teus credores, não despertarão os teus exatores? Tu serás a sua presa. 8Porque saqueaste numerosas nações, tudo o que resta dos povos te saqueará, por causa do sangue humano, pela violência feita à terra, à cidade e a todos os seus habitantes!
II 9Ai daquele que ajunta ganhos injustos para a sua casa, para colocar bem alto o seu ninho, para escapar à mão da desgraça! 10Decidiste a vergonha para a tua casa: destruindo muitas nações, pecaste contra ti mesmo. 11Sim, da parede a pedra gritará, e do madeiramento as vigas responderão.
III 12Ai daquele que constrói uma cidade com sangue e funda uma capital na injustiça! 13Não é de Iahweh dos Exércitos que os povos trabalhem para o fogo e que as nações se esforcem para o nada? 14Porque a terra será repleta do conhecimento da glória de Iahweh, como as águas cobrem o fundo do mar!
IV 15Ai daquele que faz beber seus vizinhos, e que mistura seu veneno até embriagá-los,para ver a sua nudez! 16Tu te saciaste de ignomínia e não de glória! Hebe, pois, tu também, e mostra o teu prepúcio! Volta-se contra ti a taça da direita de Iahweh, e a infâmia vai cobrir a tua glória! 17Porque a violência contra o Líbano te cobrirá, e a matança de animais te causará terror, por causa do sangue humano, pela violência feita à terra, à cidade e a todos os seus habitantes!
V 19Ai” daquele que diz à madeira: “Desperta!”. E à pedra silenciosa: “Acorda!”. (Ele ensina!) Ei-lo revestido de ouro e prata, mas não há sopro de vida em seu seio. 18De que serve uma escultura para que seu artista a esculpa? Um ídolo de metal, um mestre de mentira, para que nele confie o seu artista, construindo ídolos mudos? 20Mas Iahweh está em seu Santuário sagrado: Silêncio em sua presença, terra inteira!
III. Apelo à intervenção de Iahweh
3 Título — 1Uma oração do profeta Habacuc no tom das lamentações.
Prelúdio. Súplica
2Iahweh, ouvi a tua fama, temi, Iahweh, a tua obra! Em nosso tempo faz revivê-la, em nosso tempo manifesta-a, na cólera lembra-te de ter compaixão!
Teofania. A chegada de Iahweh
3Eloá vem de Temã, e o Santo do monte Farã. A sua majestade cobre os céus, e a terra está cheia de seu louvor. 4Seu brilho é como a luz, raios saem de sua mão, lá está o segredo de sua força. 5Diante dele caminha a peste, e a febre segue os seus passos. 6Ele pára e faz tremer a terra, olha e faz vacilar as nações. As montanhas eternas são destroçadas, desfazem-se as colinas antigas, seus caminhos de sempre. 7Vi em aflição as tendas de Cusã, estão agitadas as tendas da terra de Madiã.
O combate de Iahweh
8Será contra os rios, Iahweh,que a tua cólera se inflama, ou o teu furor contra o mar para que montes em teus cavalos, em teus carros vitoriosos? 9Tu desnudas o teu arco, sacias de flechas a sua corda. Cavas o solo com torrentes. 10Ao ver-te as montanhas tremem; uma tromba d’água passa, o abismo faz ouvir a sua voz, levanta para o alto as suas mãos. 11Sol e lua permanecem em sua morada, diante da luz de tuas flechas que partem, diante do brilho do relâmpago de tua lança. 12Com cólera percorres a terra, com ira pisas as nações. 13Tu saíste para salvar o teu povo, para salvar o teu ungido, destroçaste o teto da casa do ímpio, desnudando os fundamentos até à rocha. 14Traspassaste com teus dardos o chefe de seus guerreiros, que se arremessavam para nos dispersar com gritos de alegria, como se fossem devorar um miserável em lugar escondido. 15Pisaste o mar com teus cavalos, o turbilhão das grandes águas!
Conclusão: Temor humano e fé em Deus
16Eu ouvi!’ Minhas entranhas tremeram. A esse ruído meus lábios estremeceram, a cárie penetra em meus ossos, e os meus passos tornam-se vacilantes. Espero tranquilo o dia da angústia que se levantará contra o povo que nos ataca! 17(Porque a figueira não dará fruto, e não haverá frutos nas vinhas. Decepcionará o produto da oliveira, e os campos não darão de comer, as ovelhas desaparecerão do aprisco e não haverá gado nos estábulos). 18Eu, porém, me alegrarei em Iahweh, exultarei no Deus de minha salvação! 19Iahweh, meu Senhor, é a minha força, torna meus pés semelhantes aos das gazelas, e faz-me caminhar nas alturas. Ao mestre de canto. Para instrumentos de corda.
[4] N.R.: ou Immanu-El, que é uma forma de se referir a Cristo Jesus, o Messias, como “Deus conosco”. O nome aparece em Mateus 1:23, onde se lê: “E ele será chamado Emanuel, que significa, Deus conosco“.
Resposta: Nos renascimentos, todos pelos quais nós já passamos, na Terra, muitas vezes violamos as Leis do Universo, que são as Leis de Deus. Na maior parte das vezes tais transgressões foram praticadas por ignorância, voluntariamente ou pelo desejo de autogratificação de qualquer natureza. Todas as violações das Leis Cósmicas ou Leis de Deus devem ser liquidadas ou transmutadas por pensamentos, desejos, emoções, sentimentos, palavras, atos, obras e/ou ações que obedeçam às Leis de Deus, bem como a consequente transformação do caráter, a fim de que se torne impossível à continuação de tais atos (afinal, caráter é destino!).
A liquidação dos pensamentos, desejos, emoções, sentimentos, palavras, atos, obras e/ou ações ditos como “maus” – porque violam as Leis de Deus – constitui o “débito do destino”, imposto como consequência por cada um de nós, a nós mesmos, segundo as causas geradas em vidas anteriores. Se as causas são “boas” – estão de acordo com as Leis de Deus –, as consequências também serão, e se as causas não são “boas” – não estão de acordo com as Leis de Deus –, as consequências também não serão. Isso é que na Fraternidade Rosacruz são chamados de efeitos de causas postas em atividades no passado. Esses efeitos podem ser “bons” (qualidades) ou “maus” (dívidas ou débitos do destino), se bem que no fundo é sempre “bom”, mesmo quando doloroso. Dizemos que pensamentos, desejos, emoções, sentimentos, palavras, atos, obras e/ou ações “bons” produzem bom destino e, ao contrário, pensamentos, desejos, emoções, sentimentos, palavras, atos, obras e/ou ações “maus” produzem mal destino. Porém, o propósito das Leis de Deus, por suas relações, é nos incentivar a virtude ou “endireitar-nos as veredas nos casos de desvios”. Dessa forma o conjunto de uma vida é um misto de ambos, porque estamos aprendendo, pelas aquiescências ou negativas de Deus-Pai celestial, a conhecer-lhe os altos desígnios para a Onda de Vida humana, para extrair da Escola da Vida nesse Planeta Terra as lições programadas. Ora, o conhecimento dessas coisas leva o Aspirante à vida superior a compreender e aceitar, sem revolta, a responsabilidade de seu destino e empreender esforços no sentido de assimilar a mensagem de cada experiência e avançar mais rapidamente para frente e para cima.
Quantos e quantos renascimentos anteriores nos manifestamos aqui como enormes egoístas, cruéis, sem escrúpulos e, por isso, cometemos toda sorte de atrocidades. Veja-se a história antiga. Fomos nós quem as escrevemos. Comparemo-la com os tempos atuais. Por exemplo: a história dos Persas, dos Gregos e Romanos antigos, bem como das tribos Teutônicas, é uma narrativa de crimes, derramamento de sangue, infelicidades e assassínios. Antes da vinda de Cristo à Terra, para se tornar o Espírito Interno do nosso Planeta – Espírito Planetário – e mesmo até algumas centenas de anos depois, o egoísmo e o regime de crimes foi coisa comum. Todos esses pensamentos, desejos, emoções, sentimentos, palavras, atos, obras e/ou ações correspondentes produziram volumoso e doloroso destino, que não nos é possível pagar rapidamente porque não suportaríamos; ele vai sendo resgatado em parcelas, segundo a misericórdia e orientação dos Anjos do Destino, que “dão o fardo conforme as forças” e a fim de que aprendamos melhor, já que sua finalidade não é castigar, senão nos levar a resgatar as dívidas – a aprender as lições como um ser divino em formação que somos – sempre com o propósito do nosso avanço nessa Escola da Vida.
Meditemos nisso muito bem. Os quatro Evangelhos nos figuram como administradores das coisas de Deus. Realmente o somos. Não somos esse Corpo Denso somente. Ele é composto de sólidos, líquidos e gases, emprestados ao Reino mineral. Não somos esse Corpo Vital, embora utilizemos os Éteres em nossa oficina. Não somos esse Corpo de Desejos e muito menos essa Mente; eles são formas de expressão que vão sendo modificadas para melhor, matérias mais sutis, experimentais, do Pensador, do Ego, do Eu superior e verdadeiro, da Individualidade.
E pensando nos erros que, posteriormente àquelas épocas, cometemos também, será conveniente pormos mais atenção à nossa contabilidade individual, deixando de incorrer em novos débitos e trabalhando bastante na realização do bem, a fim de chegarmos a desfrutar melhor situação interior e exterior. Isso depende do reto uso que fizermos do que temos ao nosso dispor: tempo, dinheiro, energia, talentos, dedicação, disciplina, persistência, espiritualidade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz janeiro/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Os importantes passos da vida de nosso Salvador, Cristo, conforme narrados pelos quatro Evangelhos, compõem o esquema geral de Iniciação para todos nós, enquanto desenvolvemos gradualmente o Espírito do Cristo em nosso interior, o Cristo Interno.
Os quatro Evangelhos descrevem, dramaticamente e em símbolos, os incidentes que serão encontrados no nosso Caminho da Santidade.
Sabemos que havia três seres dentre os Discípulos mais íntimos do Cristo que alcançaram o pináculo da Iniciação. E os Evangelhos contêm um maravilhoso relato de do elevado contatos deles com a Memória da Natureza. Os três Discípulos eram: João, o bem-amado ou, em outras palavras, o mais avançado; Tiago, o primeiro a sacrificar sua vida pelos preceitos da nova Religião instituída por Cristo – o Cristianismo, e Pedro, a rocha, simbolizando o poder da fé e obras, sobre as quais a Religião Cristã foi estabelecida. Diz o Evangelho que “os levou para o Monte”[1], explica Max Heindel que esse é um termo místico significando a Iniciação.
Max Heindel não foi um intérprete das Escrituras, segundo o seu próprio entendimento. As informações mencionadas foram colhidas através de visão espiritual e contato pessoal com a Região do Pensamento Concreto, na qual o Iniciado pode examinar as verdadeiras gravações feitas na Memória da Natureza.
Um dos mais importantes pontos desse relato é que os Discípulos averiguaram, durante a sua Iniciação, a realidade do Renascimento, uma vez que Moisés e Elias eram expressões de um mesmo espírito. Esse fato ilustrava o que o Cristo havia lhes dito a respeito de João Batista: “Esse é Elias, que devia vir”[2].
Dessa forma, fica mais e mais aparente que o Cristo ensinava reservadamente aos seus Discípulos o fato do Renascimento. Porém, essa doutrina deveria constituir um ensinamento esotérico por muito tempo, conhecido somente de alguns pioneiros. É da maior significação que o trabalho real de Cristo-Jesus começou após a Transfiguração, quando preparou setenta pessoas como mensageiras e as enviou em grupos de dois para cada lugar onde elas deveriam ir.
Nos lugares onde eram bem recebidas, deviam ficar, curar os enfermos e pregar as boas novas. Quando não as recebiam, deveriam sacudir “o próprio pó das suas sandálias”.
Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que há três passos importantes no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz: o primeiro, quando o Estudante Rosacruz dá o primeiro passo, atraindo a atenção do Irmão Maior; o segundo, quando é admitido para o Probacionismo e assume a solene obrigação de servir a Humanidade por meio do sacrifício de sua natureza inferior (“eu inferior) ao Eu superior, ocasião em que a sua aura se mescla com a do Irmão Maior. O próximo passo é o Discipulado: não poderá mais voltar atrás, já que caminho do Discipulado foi comparado com a torre de uma igreja: estreita-se gradativamente até o topo, encontrando a solitária cruz.
Aí é o ponto máximo de provação do Aspirante à vida superior e os grandes problemas de disciplina espiritual aparecem, inicialmente, como dificílimos. No entanto ele deve continuar a trabalhar consciente e inconscientemente para frente e para cima, rumo ao próximo passo que é o de Irmão Leigo ou Irmã Leiga, para o grande clímax que na história do mais nobre de todos que tenham percorrido o Caminho do Cristão Místico foi chamado de Transfiguração.
A Transfiguração representa uma ocorrência, durante a qual um processo de transfiguração se efetua no corpo do Iniciado. A essência das experiências vividas e a união da Mente com o Coração produzem uma luz radiante que penetra todos os seus Corpos e veículos.
Temos agora uma melhor compreensão a respeito da Transfiguração, conforme narrada nos Evangelhos. Devemos lembrar que foram os veículos de Jesus que ficaram temporariamente afetados pelo Espírito de Cristo na Transfiguração. Escreve Max Heindel: “A Transfiguração, de acordo como é revelada na Memória da Natureza, mostra o corpo do Cristo de um branco deslumbrante, assim evidenciando Sua ligação com o Deus-Pai, o Espírito Universal. Não há nada no mundo tão raro e precioso como aquele extrato do ser humano: o Cristo Interno. E quando cresce, ele brilha através do corpo transparente como a Luz do Mundo”.
O estudo cuidadoso da vida de Cristo-Jesus, conforme relatada pelos Seus Discípulos, nos quatro Evangelhos, mostrará que Ele deixou a Sua orientação para qualquer tipo de problema que nós, como Aspirantes à vida superior, eventualmente encontraremos no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Derramando a Sua enorme força espiritual sobre nós, Ele acalma as tempestades do excesso emocional, cura a grande enfermidade que é a ignorância, devolve a visão aos cegos pelo materialismo, expulsa os demônios do ódio e do egoísmo, derrotando o último grande adversário: o medo da morte. Aqui temos o verdadeiro sentido da redenção: a vitória sobre a alienação do ser humano dele mesmo, dos outros e de Deus!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: At 1:12
[2] N.R.: Mt 11:14
Resposta: As adversidades são mais benéficas que os fatos agradáveis que nos sucedem. O indivíduo comum – mormente o que não se dedica aos estudos espirituais esotéricos dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental – dificilmente aceitará ou compreenderá esta afirmação, mas o Aspirante à vida superior, por certo, reconhecerá a verdade subjacente nestas palavras.
Em uma de suas “Cartas aos Estudantes”, Max Heindel afirma categoricamente: ” As provas são um sinal de progresso e uma causa de grande regozijo”[1]. E segue explicando que, uma vez alguém reconheça suas responsabilidades espirituais e enverede pelo caminho da espiritualidade, passa a receber contínuas oportunidades de expiar as “dívidas morais” contraídas em vidas passadas sob a Lei de Causa e Efeito.
Todo ato perverso cometido e todo pensamento desarmonioso emitido devem ser compensados. Deve haver restituição, seja diretamente a pessoa atingida, seja por meio de serviço altruísta prestado a outrem. Se o indivíduo sofre, é porque violou as Leis da Natureza – que são as Leis de Deus – e não pela vontade de um “Deus caprichoso”.
As adversidades que se manifestam como privações e sofrimento, em realidade, são oportunidades de aprendermos nossas lições – lembrando: que nós mesmo escolhemos! – e, consequentemente, crescer moral, mental e espiritualmente. Devemos expiar, aprender e crescer. Cabe-nos superar todos os resíduos de destino. Isso é imprescindível se desejamos ser suficientemente puros para conquistar o elevado grau de espiritualidade, exigível na culminação de nossos esforços para o despertamento do Cristo interno. Naturalmente, quanto mais rápido isso acontecer, mais aptos estaremos para assumir nossa responsabilidade de servir à Humanidade.
Mais capacitados, ainda, estaremos para ajudar nossos semelhantes a trilharem o mesmo Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz que agora estamos percorrendo.
Cada prova a nos atormentar, cada dilema a nos confundir, cada sensação de dor ou conflito – seja existencial ou espiritual – a nos abalar, representam oportunidades de crescimento. O recebimento dessas oportunidades é, em si mesmo, um sinal de progresso.
As Potestades Superiores estão conscientes de nossos primeiros esforços no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Reconhecendo nosso empenho sincero, imediatamente fazem com que as provas se interponham em nossa caminhada.
Entendidos dessa forma, esses obstáculos são, inquestionavelmente, grandes bênçãos em nossas vidas!
Os benefícios que as provações nos trazem dependem de nossa atitude em relação a elas. Se deploremos nosso destino, só nos preocupamos; se, de alguma forma, reagimos negativamente, fazendo concessões à natureza inferior, perderemos a oportunidade de progredir. Se não aprendermos a lição da primeira vez, podemos estar seguros de que outra oportunidade se oferecerá e, provavelmente bem mais desagradável.
Não podemos fugir indefinidamente. O fracasso da primeira vez significa uma segunda prova ou quantas mais forem necessárias. Neste caso, a adversidade já deixou de ser uma benção para se converter num obstáculo ao nosso progresso.
Se reconhecermos em cada prova a sua verdadeira natureza; se encararmos o problema de frente, com alegria e otimismo, convictos de que no final tudo se resolverá satisfatoriamente, então, veremos como as coisas não são tão amargas como imaginávamos. Se reagimos a cada dificuldade, inspirados nos Ensinamentos Cristãos – como preconizados pela Fraternidade Rosacruz –, nos cuidando de, sob a mais extrema provação, agir compassivamente, fazendo o possível para promover a harmonia, daremos um grande passo em direção a nossa meta espiritual. Aprenderemos importantes lições de uma forma menos dolorosa e seremos beneficiados com um crescimento anímico inimaginável. Então, certamente, a adversidade terá sido um privilégio.
As provas, como bem o sabemos, assumem formas diversas. Vão desde o mais evidente até o incrivelmente sutil. Chegam a nos desafiar em assuntos de bem-estar físico e estabilidade emocional. Entram em nossas relações com a família, os amigos e conhecidos. Importuna-nos no trabalho e perturbam nosso descanso. Frustram nossos planos e interferem com nossas esperanças e nossos ideais.
Em certo sentido, é correto afirmar que estamos sendo constantemente provados. E se vivermos cada minuto de nossas vidas como sabemos que Cristo desejaria que o vivêssemos, então passaremos todas nossas provas gloriosamente.
Considere por um momento o significado desta afirmação: “Se vivermos cada minuto de nossas vidas como sabemos que Cristo desejaria que o vivêssemos”. Há, dentro de nós, uma pequena voz chamada consciência, dizendo como nos portar em qualquer eventualidade.
Devemos responder com paciência e amor, não importa que injustamente pareçamos ser tratados por outro indivíduo. Sabemos que se alguém necessita de ajuda, devemos prestá-la, deixando de lado nossos interesses pessoais. Sabemos, também, que em momentos de dificuldades econômicas, aparentemente sem solução, se apresentam, por si mesmas, saídas alternativas, quando recorremos a meditação e oração – como nos ensinam a Filosofia Rosacruz. E sabemos, ainda, que nossas aparentes tribulações perdem importância quando, observando o mundo ao redor, constatamos a situação muito mais desesperadora de outras pessoas. Aí, então, nos sentimos impelidos a aliviar seus sofrimentos.
Se, depois de estudarmos os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, nos perguntarmos como agiria o Cristo em uma determinada situação, logo o saberíamos. O Cristo em todas as circunstâncias seria compassivo, paciente, compreensivo e amoroso. E nós podemos agir dessa forma… se o quisermos. Afirmar tudo isso é fácil, e crer também. Difícil é fazê-lo! Mas, podemos manifestar essas elevadas virtudes… se o quisermos. Isso, claro, é difícil, porque via de regra “não o queremos”. Nossa natureza de desejos predomina sobre a razão e obtém o melhor do nosso Eu Superior. Os sentimentos de altruísmo sucumbem ante a tirania da Personalidade e o amor fraternal é vencido pela satisfação de si mesmo.
Quando fracassamos em uma de nossas provas podemos estar certos de que isso aconteceu por uma razão egoísta. É muito mais cômodo retribuir com a mesma moeda e tratar com agressividade alguém que nos tenha acusado injustamente, ou agindo de má fé. Requer-se um caráter altamente evoluído para “caminhar o outro quilômetro”[2], procurar a “divina essência oculta” dentro de tal pessoa e se sobrepor as suas palavras vilipendiosas.
É egoísmo fugir de uma situação, porque a fuga, naquele momento, parece ser o caminho mais fácil, uma forma de alívio ou a saída para não encarar o problema de frente.
É egoísmo nos preocupar, nos impacientar, alimentar temores, porque isso é desperdiçar tempo valioso que melhor seria empregado em propósitos construtivos.
Em realidade, é egoísmo fazer coisa que nos impeça de passar por uma prova, porquanto consiste numa recusa em progredir. O crescimento de um indivíduo acrescenta muito à evolução da Onda de Vida humana. Caso uma só pessoa relute em fazer sua parte, impedirá que nossa Onda de Vida avance um pouco mais.
Se alguém considera exagerada esta afirmação lembre-se de que “uma corrente e tão forte como seu elo mais fraco”. Qualquer pessoa incapaz de assumir sua responsabilidade e se empenhar no seu fortalecimento mental, moral e espiritual, está debilitando a corrente que é a nossa Onda de Vida.
Não esqueçamos: esta mesma Onda de Vida está destinada a evoluir até o ponto de, vestida com o Dourado Traje de Bodas – o Corpo-Alma-, se tornar capaz de fazer a Terra levitar no espaço, liberando o Espírito de Cristo dos grilhões que o prendem ao nosso Planeta.
Se pensarmos como fracasso em passar por uma prova constitui um obstáculo à consumação desse glorioso dia, talvez sejamos mais persistentes e escrupulosos em nossos esforços.
Então, aprendamos a aceitar nossas adversidades como bênçãos, recordando que procedendo assim ajudaremos a nós mesmos, a nossos semelhantes e ao Espírito de Cristo.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1986 – Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: Carta ao Estudante nº 72 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
[2] N.R.: Mt 5:39